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PLANO DE RECURSOS HíDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO 2016-2025 ATUALIZAÇÃO 2016 - 2025 PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO Foto original: Mariela Guimarães RP5 - ARRANJO INSTITUCIONAL PARA A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E DIRETRIZES E CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS Volume 3 - Relatório - 3ª parte setembro 2016

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PLANO DE RECURSOS HíDRICOSDA BACIA HIDROGRÁFICA

DO RIO SÃO FRANCISCO2016-2025

ATUALIZAÇÃO2016 - 2025

PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO

SÃO FRANCISCO

Foto original: Mariela Guimarães

RP5 - ARRANJO INSTITUCIONAL PARA AGESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E DIRETRIZES E

CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOSDE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Volume 3 - Relatório - 3ª partesetembro 2016

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PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO

RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos

e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrumentos de

Gestão dos Recursos Hídricos

Volume 1 – Relatório – 1ª parte

Volume 2 – Relatório – 2ª parte

Volume 3 – Relatório – 3ª parte

Volume 4 – Mapas

Volume 5 – Apêndices

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: i

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Registro de Controle de Documentos Document Control Record

Cliente Client Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe

Vivo

Projeto Project Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

Documento Document

RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos e Diretrizes e

Critérios para Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos

Volume 3 – Relatório – 3ª parte

Aprovação do Autor Author’s Approval

Supervisionado por Supervised by Pedro Bettencourt Correia Revisão Revision 3

Aprovado por Approved by Pedro Bettencourt Correia Data Date 14.09.2016

Aprovação do Cliente Client’s Approval

Data Date

____ / ____ / _________

Assinatura Signature

Revisão Data Descrição Breve Autor Supervisão Aprovação

Revision Date Short Description Author Supervision Approval

0 19.01.2016 RP5; Volume 1 NEMUS

1 31.05.2016 RP5; Volume 3 NEMUS

2 08.08.2016 RP5; Volume 3 NEMUS

3 14.09.2016 RP5; Volume 3 NEMUS

Elaborado por Prepared by

NEMUS, Gestão e Requalificação Ambiental, Lda.

HQ: Campus do Lumiar – Estrada do Paço do Lumiar,

Edifício D – 1649-038 Lisboa, Portugal

T: +351 217 103 160 • F: +351 217 103 169

www.nemus.pt

Brasil: Rua Rio Grande do Sul, nº 332, Salas 701 a 705,

Edifício Torre Ilha da Madeira, Pituba, CEP 41.830-140, Salvador – Bahia,

T : 55 (71) 3357 3979 • F: +55 (21) 2158 1115

[email protected]

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ii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

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Estrada do Paço do Lumiar, Campus do Lumiar

Edifício D --- 1649-038 Lisboa,

Portugal

Rua Rio Grande do Sul, n.º 332, salas 701 a 705, Edifício Torre Ilha da Madeira, Pituba, Salvador --- BA,

CEP 41830-140, Brasil

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Apresentação

A NEMUS – Gestão e Requalificação Ambiental, Lda. apresenta o Arranjo Institucional para a Gestão de

Recursos Hídricos e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos (RP5)

do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, composto por:

• Volume 1 – Relatório – 1ª parte;

• Volume 2 – Relatório – 2ª parte;

• Volume 3 – Relatório – 3ª parte;

• Volume 4 – Mapas;

• Volume 5 – Apêndices.

A NEMUS agradece a confiança demonstrada, o acompanhamento e todo o apoio prestados pelo Comitê

de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e pela Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas

Peixe Vivo durante a realização do trabalho.

Salvador, setembro de 2016

O Coordenador Geral

Pedro Bettencourt Correia

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: iii

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO

RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos

e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrumentos de

Gestão dos Recursos Hídricos

Volume 3 – Relatório – 3ª parte

SUMÁRIO

7. Avaliação do Arranjo Institucional 1

7.1. Introdução 1

7.2. Mapeamento institucional 3

7.2.1. Contexto 3 7.2.2. Órgãos e organismos de recursos hídricos de âmbito federal e estadual 5 7.2.3. Órgãos e instituições federais e estaduais setoriais 19 7.2.4. Comitês da bacia, organismos de bacia e consórcios 32 7.2.5. Principais atores e parceiros estratégicos na gestão de recursos hídricos46 7.2.6. Matriz de atuação dos atores estratégicos 50

7.3. Fragilidades e oportunidades na gestão dos recursos hídricos 53

7.3.1. Integração entre entidades e políticas 53 7.3.2. Funcionamento do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos 54 7.3.3. Funcionamento dos comitês de bacia afluentes e do CBHSF 55 7.3.4. Funcionamento da AGB Peixe Vivo 62 7.3.5. Lacunas de governança da água 67 7.3.6. Principais conflitos na BHSF 71 7.3.7. Monitoramento e fiscalização 81

7.4. Compromissos estabelecidos para melhoria do arranjo institucional 92

7.4.1. Pacto Nacional pela Gestão das Águas 92 7.4.2. Carta de Petrolina 96

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iv Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

7.4.3. Sistemas Estaduais de Recursos Hídricos 99 7.4.4. Sub-bacias hidrográficas 106

8. Proposta de Aprimoramento do Modelo Atual de Gestão 109

8.1. Introdução 109

8.2. Planejamento Institucional Estratégico 111

8.2.1. Conceitos e Procedimentos Metodológicos 111 8.2.2. Abordagens Territoriais Estratégicas da Bacia do Rio São Francisco 114

8.3. Articulação institucional prioritária 125

8.3.1. Consultas e entendimentos alcançados 125 8.3.2. Alocação de águas e operação de reservatórios 129 8.3.3. Aumento do conhecimento e controle das águas 134 8.3.4. Revitalização da bacia 136 8.3.5. Síntese da articulação institucional prioritária 138

8.4. Propostas para Fortalecimento Institucional 145

8.4.1. Fortalecimento da governança da água 145 8.4.2. Recomendações para atores-chave 148 8.4.3. Integração entre o PRH-SF e as iniciativas das diversas instâncias governamentais 159 8.4.4. Instrumentos necessários à implementação do plano 164 8.4.5. Capacitação, comunicação e mobilização social 166

9. Síntese Conclusiva 167

Referências Bibliográficas 181

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: v

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapeamento institucional da gestão dos recursos hídricos no Brasil. 4 Figura 2 – Organograma do CBHSF. 37 Figura 3 – Organograma da AGB Peixe Vivo. 44 Figura 4 – Mapa das Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos de Minas Gerais. 118 Figura 5 – Áreas críticas da BHSF. 121

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vi Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Instituições que integram o SINGREH no que diz respeito à BHSF. 5 Quadro 2 – Usinas hidroelétricas por estado, e respectivos agentes. 26 Quadro 3 – Objetivos, finalidade e competências do CBHSF. 32 Quadro 4 – Composição do CBHSF, segundo o Regimento Interno. 34 Quadro 5 – Estrutura organizacional do CBHSF: órgãos, atribuições do Plenário e competências dos restantes órgãos. 35 Quadro 6 – Objetivos e finalidade da AGB Peixe Vivo. 41 Quadro 7 – Estrutura Organizacional da AGB Peixe Vivo: órgãos e principais competências. 41 Quadro 8 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: poder público federal. 46 Quadro 9 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: poder público estadual e municipal. 47 Quadro 10 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: sociedade civil. 48 Quadro 11 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: usuários. 48 Quadro 12 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: consórcios, associações municipais e comitês de bacias afluentes. 49 Quadro 13 – Setores de atuação direta e indireta dos principais atores estratégicos. 51 Quadro 14 – Indicadores e critérios para avaliação do alcance das metas dispostas no Plano de Trabalho da AGB Peixe Vivo. 62 Quadro 15 – Necessidade de Custos das Estruturas que compõem a Agência da BHSF e as Arrecadações Correspondentes. 65 Quadro 16 – Necessidade de Custos das Estruturas que compõem a Agência da BHSF e as Arrecadações Correspondentes. 65 Quadro 17 – Entidades envolvidas em problemas de conflitos de uso reportados em oficinas (maio 2013). 73 Quadro 18 – Recomendações de políticas por Estado da BHSF. 94 Quadro 19 – Recomendações para o SEGRH/MG. 99 Quadro 20 – Ordenamento de Diferentes Leituras Territoriais. 120 Quadro 21 – Níveis de prioridade da articulação institucional. 139 Quadro 22 – Proposta de prioridades nível 1, instrumentos e fases de articulação. 139 Quadro 23 – Proposta de prioridades nível 2, instrumentos e fases de articulação. 143 Quadro 24 – Relação entre prioridades do PRH-SF 2016-2025 e PPA Federal 2016-2019. 162 Quadro 25 – Relação entre prioridades do PRH-SF 2016-2025 e PPA Estaduais 2016-2019. 163

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: vii

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

LISTA DE NOMENCLATURAS E SIGLAS

AAF Autorização Ambiental de Funcionamento

ABAS Associação Brasileira de Águas Subterrâneas

ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitarista e Ambiental

ABRH Associação Brasileira de Recursos Hídricos

ADASA Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do

Distrito Federal

ADEMA Administração Estadual do Meio Ambiente

AGB Peixe

Vivo

Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas

Peixe Vivo

AGERSA Agência Reguladora de Saneamento Básico do estado da Bahia

AGR Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços

Públicos

AHSFRA Administração da Hidrovia do São Francisco

AIBA Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia

AMMESF Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco

AMM-MG Associação Mineira de Municípios

ANA Agência Nacional de Águas

ANAI Associação Nacional de Ação Indigenista

ANAMMA Associação Nacional dos Órgãos Municipais de Meio Ambiente

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários

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viii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

APA Área de Proteção Ambiental

APAC Agência Pernambucana de Águas e Clima

APP Áreas de Preservação Permanente

ARPE Agência de Regulação de Pernambuco

ARSAE-MG Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e

Esgotamento Sanitário de Minas Gerais

ARSAL Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas

ART Anotações de Responsabilidade Técnica

ASPAFF

(Jacobina)

Associação de Ação Social e Preservação das Águas, Fauna e Flora

da Chapada Norte

ASSEMAE Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento

Assobege Associação dos Empreendedores de Mármore Bege de Ourolândia

BDIGRH Banco de Dados e Informações Georreferenciadas sobre Recursos

Hídricos

BHSF Bacia Hidrográfica do rio São Francisco

CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal

CASAL Companhia de Saneamento de Alagoas

CBH Comitê de Bacia Hidrográfica

CBHSF Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

CCR Câmaras Consultivas Regionais

CDBO Concentração média de DBO5,20 anual lançada

CEAL Companhia Energética de Alagoas

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: ix

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

CEB Companhia Energética de Brasília

CEEP Águas Centro Estadual de Educação Profissional Águas

CEHOP Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas

CELG Companhia Energética de Goiás

CELPE Companhia Energética de Pernambuco

CEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente

CEMADEN Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais

CEMAm Conselho Estadual do Meio Ambiente

CEMG Comitê Especializado na Estruturação de Metadados Geoespaciais

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

CENAD Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres

CEPED/UFSC Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

CEPRAM Conselho Estadual do Meio Ambiente / Conselho Estadual de

Proteção Ambiental

CERAQUA –

SF

Centro de Referência em Aquicultura e Recursos Pesqueiros do São

Francisco

CERB Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos

CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CERTOH Certificado de Sustentabilidade da Obra Hídrica

CETEM Centro de Tecnologia Mineral

CETEP Centro Territorial de Educação Profissional

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x Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

CIEB Centro das Indústrias do Estado da Bahia

CINDE Comitê de Planejamento da Infraestrutura Nacional de Dados

Espaciais

CIRPA Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura

CMND Comitê Especializado da Mapoteca Nacional Digital

CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

CNARH Cadastro Nacional dos Usuários de Recursos Hídricos

CNI Confederação Nacional da Indústria

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CODBO Carga anual de DBO5,20 efetivamente lançada

CODEMIG Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais

CODEP Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável do Piemonte da

Diamantina

CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e

Parnaíba

CODISE Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe

COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia

COGEF Conselho Gestor do Fundo de Defesa do Meio Ambiente

COHIDRO Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação

de Sergipe

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xi

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

COMBASF Consórcio de Saneamento Básico do Baixo São Francisco

Sergipiano

COMLAGO Consórcio dos municípios do Lago de Três Marias

COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento

CONAM Conselho do Meio Ambiente do Distrito Federal

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONCAR Comissão Nacional de Cartografia

CONERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CONSEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco

CONSU Conselhos Gestores

CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

COOPETUR Cooperativa para o Turismo de Sobradinho

COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental

COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais

CPRH Agência Estadual de Meio Ambiente

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CRAD Centro de Referência de Áreas Degradadas

CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco

CRJ Consórcio Rio Jequitaí

CT Câmaras Técnicas do CBHSF

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xii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

CUBAPE Central Única dos Bairros de Petrolina

DAURH Declaração de Uso de Recursos Hídricos

DBO5,20 Demanda Bioquímica de Oxigênio durante um período de 5 dias em

uma temperatura de incubação de 20º C

DDHS Declaração de Disponibilidade Hídrica Subterrânea

DESO Companhia de Saneamento de Sergipe

DIGICOB Sistema Digital de Cobrança da ANA

DIREC Diretoria Colegiada do CBHSF

DIREX Diretoria Executiva do CBHSF

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

DRDH Declarações de Reserva de Disponibilidade Hídrica

EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola

EFA Escola Família Agrícola

EH Energia anual de origem hidráulica

EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EMDAGRO Empresa de Desenvolvimento Agropecuário

EMPETUR Empresa de Turismo de Pernambuco

EMUTUR Empresa Municipal de Turismo de Pirapora

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xiii

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais

EPE Empresa de Pesquisa Energética

FACAPE Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina

FAEMG Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais

FCE Formulário Integrado de Caracterização do Empreendimento

FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente

FECITUR Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais

FEHEPE Fundo de Eficiência Hídrica e Energética Pernambuco

FEHIDRO Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável

das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais

FEPAMG Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado de Minas

Gerais

FEPEAL Federação dos Pescadores do Estado de Alagoas

FEPESBA Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado da Bahia

FEPESE Federação de Pescadores de Sergipe

FIBRA Federação das Indústrias do Distrito Federal

FIEA Federação das Indústrias do Estado de Alagoas

FIEB Federação das Indústrias do Estado da Bahia

FIEG Federação das Indústrias do Estado de Goiás

FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

FIEPE Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco

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xiv Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

FIES Federação das Indústrias do Estado de Sergipe

FMI Fundo Monetário Internacional

FOB Formulário de Orientação Básica Integrado

FUNAI Fundação Nacional do Índio

FUNDIFRAN Fundação de Desenvolvimento Integrado do São Francisco

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBPEX Instituto Brasileiro de Pós-graduação e extensão

IBRAM

Instituto Brasileiro de Mineração / Instituto Brasília Ambiental

(Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito

Federal)

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IEF Instituto Estadual de Floresta

IFAL Instituto Federal de Alagoas

IFBA Instituto Federal da Bahia

IFS Instituto Federal de Sergipe

IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas

IMA Instituto do Meio Ambiente de Alagoas / Instituto Mineiro de

Agropecuária

INB Indústrias Nucleares do Brasil

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INDE Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xv

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

INSA Instituto Nacional do Semiárido

IPA Instituto Agronômico Pernambuco

IPC Índice de Preços no Consumidor

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IRPAA Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

ITEP Instituto de Tecnologia de Pernambuco

ITERAL Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas

ITPS Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe

Kcap Coeficiente que considera objetivos específicos a serem atingidos

mediante a cobrança pela captação de água = Kcap classe × Kt

Kcap classe Coeficiente que leva em conta a classe de enquadramento do corpo

d’água no qual se faz a captação

Kcons irrig Coeficiente que visa quantificar o volume de água consumido pelo

uso específico da irrigação

Kgestão

Coeficiente que leva em conta o efetivo retorno à bacia do rio São

Francisco dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da

água nos rios de domínio da União

Klanç Coeficiente que leva em conta objetivos específicos a serem

atingidos mediante a cobrança pelo lançamento de carga orgânica

Kprioridade Coeficiente que leva em conta a prioridade de uso estabelecida no

Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio São Francisco

Kt Coeficiente de abatimento que leva em conta as boas práticas de

uso e conservação da água

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xvi Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

LI Licença de Instalação

LO Licença de Operação

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MC Ministério das Cidades

MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MG MINASLIGAS

MGB Metadados Geográficos do Brasil

MI Ministério da Integração Nacional

MMA Ministério do Meio Ambiente

MME/SEE Ministério de Minas e Energia/ Secretaria de Energia Elétrica

MPA Ministério da Pesca e Aquicultura / Movimento dos Pequenos

Agricultores

MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

MS/FUNASA Ministério da Saúde/ Fundação Nacional de Saúde

MST Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra

MT/DNIT Ministério dos Transportes/Departamento Nacional de

Infraestruturas de Transportes

OD Oxigênio Dissolvido

ODS Organização de Desenvolvimento Sustentável

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xvii

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PAP Plano Plurianual

PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas

PDDUA Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental

PDOT Plano Diretor de Ordenamento Territorial

PDRH Plano de Recursos Hídricos

PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos

PGIRH Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do Distrito

Federal

PISF Programa de Integração do rio São Francisco com as Bacias

Hidrográficas do Nordeste Setentrional

PLD Plano Diretor de Água e Esgotos do Distrito Federal

PMA Polícia Militar Ambiental Brasil

PNGA Pacto Nacional pela Gestão das Águas

PNQA Programa Nacional de Avaliação da Qualidade da Água

PPU Preço Público Unitário

PPUcap Preço Público Unitário para captação superficial

PPUcons Preço Público Unitário para consumo de água

PPUDBO Preço Público Unitário para diluição de carga orgânica

PRODES Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas

PROGESTÃO Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das

Águas

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xviii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Qareia Volume anual de areia produzido

Qcap Volume anual de água captado

Qcons Volume anual de água consumido

Qlanç Volume anual de água lançado

Qmmm Vazão mínima média mensal

R Razão de mistura da polpa dragada (relação entre o volume médio

de água e o volume médio de areia na mistura da polpa dragada)

RPPN Reservas Particulares do Patrimônio Natural

RURALMINAS Fundação Rural Mineira

SAAE Serviço Autônomo de Água e Esgoto

SAGRI Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário

SANEAGO Saneamento de Goiás

SARA Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária

SDE/SDEC Secretaria de Desenvolvimento Econômico

SDR Secretaria de Desenvolvimento Rural

SEAGRI Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura /

Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural

SEAPA Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SECIMA Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura,

Cidades e Assuntos Metropolitanos

SECTEC Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xix

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

SED Secretaria de Desenvolvimento

SEDA Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário

SEDEC Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil

SEDETEC Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência e

Tecnologia

SEDETUR Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo

SEDINOR Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e

Nordeste de Minas Gerais

SEDRU Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política

Urbana

SEDS Secretaria de Estado de Economia e Desenvolvimento Sustentável

SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano

SEGPLAN Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento

SEGREH Sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos

SEIA Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos

Hídricos

SEINFRA Secretaria de Estado de Infraestrutura e de Desenvolvimento

Urbano

SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente

SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável

SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos

SEMAS Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade

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xx Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SENAT Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

SENIR Secretaria Nacional de Irrigação

SEPLAG Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão

SES Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

SESI Serviço Social de Indústria

SEST Serviço Social do Transporte

SETOP Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas

SETUR Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais

SFA Região fisiográfica do Alto São Francisco

SFB Região fisiográfica do Baixo São Francisco

SFM Região fisiográfica do Médio São Francisco

SFSM Região fisiográfica do Submédio São Francisco

SFT Total da bacia do rio São Francisco

SIAM Sistema Integrado de Informação Ambiental

SIAMIG Associação das indústrias sucroenergéticas de Minas Gerais

SIG Sistema de Informação Geográfica

SIH Secretaria de Infraestrutura Hídrica

SIHS Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xxi

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

SINERGIA Sindicato dos eletricitários da Bahia

SINESP Secretaria de Estado de Infraestrutura e Serviços Públicos

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente

SLU Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal

SNIRH Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos

SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

SRE Superintendência de Regulação

SRH Secretaria Executiva de Recursos Hídricos

SRHU Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano

STD Sólidos Totais Dissolvidos

SUPRAM Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável

TAR Tarifa Atualizada de Referência, definida pela ANEEL

TVR Trecho de Vazão Reduzida

UAVS União das Associações do Vale do Salitre

UFAL Universidade Federal de Alagoas

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFOP Universidade Federal de Ouro Preto

UNEAL Universidade Estadual de Alagoas

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xxii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

UNEB Universidade do Estado da Bahia

UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros

UNIPAC Universidade Presidente Antônio Carlos

UNIPAM Centro Universitário de Patos de Minas

UNIT Universidade Tiradentes

UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco

UPE Universidade de Pernambuco

UPGRH Unidades de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos

Valoralocação

externa Pagamento anual pela alocação externa de água

Valorcap Valor anual da cobrança pela captação de água

Valorcons Valor anual da cobrança pelo consumo de água

ValorDBO Valor anual da cobrança pelo lançamento de carga orgânica

ValorPCH Valor anual da cobrança pela geração de energia elétrica por PCH

Valortotal Valor total anual da cobrança pelo uso de água para uso interno

ZAE Zoneamento Agroecológico

ZEE Zoneamento Ecológico – Econômico

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 1

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

7. AVALIAÇÃO DO ARRANJO INSTITUCIONAL

7.1. Introdução

Os órgãos gestores de recursos hídricos, os comitês de bacia hidrográfica e as

agências de bacia, representam o arranjo institucional básico por bacia hidrográfica

em torno do qual se vinculam os demais atores estratégicos: usuários de água, atores

sociais, instâncias de governo e instâncias não governamentais. As bacias

hidrográficas estaduais respondem e se articulam com o Conselho Estadual de

Recursos Hídricos (CERH), o qual conta, também, com uma estrutura de

representação setorial e institucional e que, em última instância, aprova e delega

competências aos comitês de bacia.

Mais propriamente quanto ao Rio São Francisco, cabe sublinhar que suas águas são

de domínio federal, por consequência, com as suas devidas articulações junto ao

Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), assim como, com os comitês de

seus rios afluentes – federais ou estaduais –, em alguns deles, ainda sem estas

instâncias constituídas ou instaladas, fato a ser considerado na avaliação do atual

sistema de gestão da BHSF.

Como um antecedente importante, no Volume 1 – Caracterização da bacia

hidrográfica (1ª parte) do RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional,

procedeu-se à análise dos aspectos institucionais na bacia hidrográfica, quanto a:

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH)

e sistemas estaduais de gerenciamento de recursos hídricos –

objetivos, composição e legislação regulamentar;

Identificação de instituições atuantes na bacia – atores do SINGREH e

da esfera federal, assim como dos atores mais relevantes de sistemas

estaduais de recursos hídricos e de outros atores;

Identificação de tensões e conflitos, de ordem político-institucional.

Foi ainda apresentado o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF)

(composição, estrutura organizacional) e a entidade equiparada à agência de águas

que constitui o braço executivo do Comitê – a Associação Executiva de Apoio à

Gestão de Bacias Hidrográficas (AGB Peixe Vivo).

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2 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Agora, com o presente Relatório pretendendo avaliar mais profundamente o arranjo

institucional de gestão da BHSF, retoma-se de novo esta temática.

As esferas de competência dos principais atores da bacia são apresentadas na seção

7.2, onde se referem também os programas com maior relevância para a bacia

hidrográfica sob alçada de cada entidade. Aprofunda-se nesta seção o papel do

Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e da AGB Peixe Vivo na gestão da

bacia. Os principais atores estratégicos são classificados quanto ao segmento da

sociedade a que pertencem, à esfera de atuação, abrangência espacial e relevância,

sendo a natureza da sua atuação (direta ou indireta) sistematizada em uma matriz.

Na seção 7.3 apresentam-se fragilidades e oportunidades na gestão de recursos

hídricos a nível institucional, mediante a análise de aspectos como: a integração entre

entidades e políticas; o funcionamento do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e

dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; o funcionamento dos comitês de

bacia afluentes e do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco;

Funcionamento da AGB Peixe Vivo; as lacunas de governança da água, com base no

documento “Governança dos Recursos Hídricos no Brasil” (OCDE, 2015); os principais

conflitos na BHSF; monitoramento e fiscalização na bacia.

Finalmente, apresentam-se os principais compromissos (seção 7.4) já estabelecidos

para melhoria do arranjo institucional, com repercussões na bacia, notadamente, os

compromissos integrados no Pacto Nacional pela Gestão das Águas, na Carta de

Petrolina, nos Planos Estaduais de Recursos Hídricos e nos Planos de Recursos

Hídricos.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 3

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

7.2. Mapeamento institucional

7.2.1. Contexto

A Figura 1 representa, em termos gerais, o mapeamento institucional da gestão dos

recursos hídricos no Brasil.

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4 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Figura 1 – Mapeamento institucional da gestão dos recursos hídricos no Brasil.

Fonte: OCDE (2015), modificado.

Vinculação

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 5

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

7.2.2. Órgãos e organismos de recursos hídricos de âmbito federal e estadual

A. SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) integra as

seguintes instituições:

Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH);

Agência Nacional de Águas (ANA);

Conselhos Estaduais e do Distrito Federal de Recursos Hídricos;

Comitês de Bacia Hidrográfica (CBH);

Órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e

municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos

hídricos;

Agências de Água.

Apresenta-se no Quadro 1 uma síntese dos elementos integrantes do SINGREH no

que diz respeito à BHSF.

Quadro 1 – Instituições que integram o SINGREH no que diz respeito à BHSF.

Âmbito

Formulação da Política Implementação dos Instrumentos

de Política

Organismos Colegiados

(Conselhos e Comitês)

Administração

Direta

(“Governos”)

Poder Outorgante

(órgãos gestores)

Entidade da

Bacia

Nacional

e BHSF CNRH

CBHSF

CBH Verde Grande MMA/SRHU ANA AGB Peixe Vivo

Esta

du

al

e B

HS

F

MG CERH CBH-SF1 a SF10 SEMAD IGAM AGB Peixe Vivo

(SF5 e SF2)

BA CONERH CBH-BA 5,6,7,9,10

e 13 SEMA INEMA -

PE CRH CBH Pajeú SRHE APAC -

AL CERH CBH Piauí SEMARH SEMARH -

SE CONERH - SEMARH SEMARH -

GO CERHI

CBH dos Afluentes

Goianos do São

Francisco

SECIMA SECIMA -

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6 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Âmbito

Formulação da Política Implementação dos Instrumentos

de Política

Organismos Colegiados

(Conselhos e Comitês)

Administração

Direta

(“Governos”)

Poder Outorgante

(órgãos gestores)

Entidade da

Bacia

DF CRH CBH Afluentes Rio

Preto SEMA ADASA -

Fonte: ANA, 2013 (modificado).

Em âmbito federal a formulação e implementação da Política Nacional de Recursos

Hídricos competem a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano – SRHU, ao

CNRH e à ANA, instituições que integram a estrutura do Ministério do Meio Ambiente

– MMA, nas categorias de órgãos específicos singulares, de órgãos colegiados e

entidades vinculadas, respectivamente. A formulação e implementação de planos,

programas e projetos de aproveitamento de recursos hídricos em âmbito federal é da

competência da Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração

Nacional.

As principais atribuições dessas entidades e dos órgãos e organismos estaduais de

recursos hídricos, bem como a legislação aplicável, foram já apresentadas nos

Volumes 1 e 3 do RP1A – Caracterização e Diagnóstico, retomando-se no presente

documento alguns aspectos dessa análise.

Os estados de Alagoas e Sergipe têm suas formulações de políticas em Secretarias

de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos; na Bahia e Distrito Federal esta

função cabe à Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), em Minas Gerais à

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), em

Pernambuco à Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco (SRHE)

e em Goiás à Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades

e Assuntos Metropolitanos (SECIMA).

Quanto aos órgãos gestores de recursos hídricos, no Distrito Federal esta função cabe

à Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (ADASA), em Minas

Gerais ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), na Bahia ao Instituto do Meio

Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) e em Pernambuco à Agência Pernambucana

de Águas e Clima (APAC). Nos estados de Alagoas, Sergipe e Goiás não estão

estabelecidos órgãos específicos para a gestão dos recursos hídricos, o que leva a

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 7

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

administração direta (a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, no caso de

Alagoas e Sergipe, e a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos,

Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos, no caso de Goiás) a acumular

funções como órgãos gestores de recursos hídricos.

Encontram-se em funcionamento dois comitês de bacia nos rios de domínio da União:

o da bacia hidrográfica do rio São Francisco e o da bacia hidrográfica do rio Verde

Grande. Na área da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais possui 10 comitês

estaduais em funcionamento, a Bahia seis, Goiás, Pernambuco, Alagoas e Distrito

Federal um comitê. Sergipe não tem comitês na bacia.

À época da aprovação do PRH-SF 2004-2013 (ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2004), os

Estados de Alagoas, Bahia, Goiás, Minas Gerais e o Distrito Federal tinham suas

formulações de políticas em Secretarias de Estados do Meio Ambiente e Recursos

Hídricos. No estado de Pernambuco, o tema recursos hídricos estava na Secretaria de

Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, enquanto, em Sergipe, pertencia à Secretaria

do Planejamento e da Ciência e Tecnologia.

Quanto aos órgãos gestores, o Distrito Federal recorria a uma Subsecretaria de

Recursos Hídricos; Minas Gerais, ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas; enquanto

os demais Estados - Bahia, Goiás e Sergipe -, recorriam às suas Superintendências

de Recursos Hídricos. Alagoas e Pernambuco não dispunham de órgãos gestores,

sendo as próprias Secretarias implementadoras e executoras das políticas de

Recursos Hídricos.

Existiam então os mesmos dois comitês de bacia nos rios de domínio da União. O

Estado de Minas Gerais possuía já o maior número de Comitês de Bacia Hidrográfica

em rios de seu domínio: dos rios Pará, Paracatu, Paraopeba, das Velhas, dos

Afluentes Mineiros do Alto São Francisco, do Entorno do Reservatório de Três Marias

e dos rios Jequitaí e Pacuí. Na Bahia, existia uma Associação dos Usuários dos

Recursos Hídricos do Rio Salitre (se constituído para se transformar no primeiro

Comitê de rio de domínio do Estado). Em Pernambuco, existiam dois Comitês de

Bacia Hidrográfica instalados, dos rios Pajeú e Moxotó. Nos estados de Alagoas,

Goiás, Sergipe e no Distrito Federal, não existiam Comitês instalados.

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8 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Não tinha ainda sido criada uma agência de apoio à gestão da bacia hidrográfica para

subsidiar o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, tendo esta

necessidade sido identificada no PRH-SF 2004-2013.

B. ATUAÇÃO E PROGRAMAS RELEVANTES PARA A BHSF

Na presente seção apresentam-se as esferas de competência das seguintes

entidades:

Agência Nacional de Águas (ANA)

Secretaria dos Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU)

Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR)

Secretaria de Infraestrutura Hídrica (SIH)

Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS)

Secretarias e Órgãos Estaduais Gestores de Recursos Hídricos

Referem-se também os programas com maior relevância para a bacia hidrográfica sob

alçada de cada uma dessas entidades.

ÂMBITO FEDERAL

Agência Nacional de Águas (ANA)

Além de outros inúmeros méritos da ANA, por óbvio que cabe um grande destaque

para o próprio Plano Decenal da Bacia do Rio São Francisco – 2004-2013, em

plena atualização pelo presente trabalho em pauta, inclusive mediante este RP5.

Mais especificamente a respeito deste Plano Decenal, é importante lembrar que foi

elaborado sob uma ótica mais estratégica, para que objetivos e metas quali-

quantitativas de recursos hídricos, em determinados pontos da região, chegassem a

ser objetos de acordos entre os estados que possuem porções de seus territórios

componentes da BHSF.

Isto significa que este Plano Decenal apresenta certas condições de articular-se com

a iniciativa da ANA voltada ao Pacto Nacional das Águas, ou seja, para que acordos

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 9

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

entre os estados federativos da BHSF venham a ser firmados, para tanto, com

debates e decisões nos contextos do próprio CBHSF e, também, do CNRH.

Além de seus bons mecanismos de gestão – a exemplo do Cadastro Nacional de

Recursos Hídricos (CNARH) e do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos

Hídricos (SNIRH), que podem ser mais abordados pelos órgãos estaduais gestores,

para que avancem na consistência e coerência entre seus dados e informações –,

dentre outros programas da ANA para o caso da BHSF, cabe destacar:

- Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (PRODES), já inserido no

contexto da estrutura do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), com uma

concepção inovadora que oferece estímulo na forma de pagamento pelos

resultados alcançados com o tratamento de esgoto, a Prestadores de Serviço de

Saneamento que investirem na implantação e operação de Estações de Tratamento

de Esgotos (ETEs), desde que cumpridos os indicadores e as condições previstas

em contrato. Este programa pode ser visto como frente de trabalho para

concessionários de saneamento, na escala dos principais municípios da BHSF com

áreas-problema de poluição.

- Programa Produtor de Água, que poderá ser mais expandido em diversas áreas

do país, concebido como um programa de adesão voluntária, que prevê o apoio

técnico e financeiro à execução de ações de conservação da água e do solo, e o

pagamento de incentivos financeiros aos produtores rurais que comprovadamente

contribuem para a proteção e recuperação de mananciais, gerando benefícios para

certas bacias e suas respectivas populações. A concessão dos incentivos ocorre

somente após a implantação, parcial ou total, das ações e práticas ambientalmente

conservacionistas, previamente contratadas.

- Programa de Conservação de Bacias Hidrográficas (PROBACIAS), concebido

para abordar problemas decorrentes de desequilíbrios entre a oferta e demanda de

recursos hídricos, seja em termos de quantidade e/ou de qualidade, a serem

adequados aos diversos tipos de usos. O programa tem como principal objetivo

viabilizar a implantação de um sistema de gestão, criando condições para uma

efetiva aplicação dos instrumentos de gestão das águas e promover a recuperação

e a conservação de bacias hidrográficas, identificadas como frentes de trabalho.

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10 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Tangencialmente, o PROBACIAS também busca contribuir para a consolidação e

aperfeiçoamento do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e do Sistema

Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), interagindo fortemente com a

questão ambiental nas políticas públicas e beneficiando os usuários de recursos

hídricos e as populações que deles dependem.

- Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas (PNQA), que tem

como meta geral oferecer conhecimento sobre a qualidade das águas superficiais,

de forma a subsidiar os tomadores de decisão (ministérios, agências, órgãos

gestores de recursos hídricos e de meio ambiente) na definição de políticas

públicas para a recuperação da qualidade das águas, contribuindo para a gestão

sustentável dos recursos hídricos. Sobretudo, trata da instalação de uma rede de

monitoramento de indicadores relacionados à qualidade das águas, portanto,

podendo ser considerado como uma resposta a um dos objetivos do PRH-SF.

- Agenda Nacional de Águas Subterrâneas, implantada pela ANA desde 2007,

cujo foco central é fortalecer a gestão integrada entre as águas subterrâneas e

superficiais, sobretudo para dotar os órgãos estaduais gestores de recursos

hídricos de mais conhecimento hidrogeológico, técnico-gerencial e de capacitação

específica em águas subterrâneas, de forma que possam desempenhar

adequadamente a gestão sistêmica e integrada dos recursos hídricos.

- Programa de Desenvolvimento do Setor Água (INTERÁGUAS), com uma

particular atenção a ser conferida para este programa, que foi concebido e está

em implementação mediante um Acordo de Empréstimo celebrado com o Banco

Mundial, cabem destaques para ações institucionais de avanços em sistemas de

gestão, portanto, com muita proximidade com o objetivo do presente RP5.

Assim, este programa busca uma melhor articulação e coordenação de ações

relacionadas aos usos múltiplos das águas e de serviços associados, portanto,

criando um ambiente integrador.

Enfim, o INTERÁGUAS procura fortalecer iniciativas de articulações

intersetoriais, na busca de uma melhor coordenação e implementação de ações

que tenham os recursos hídricos como o principal elemento. Neste contexto,

espera-se uma maior atuação voltada para áreas críticas e com certas

fragilidades de gestão hídrica, nas quais ações sejam identificadas como

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 11

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

necessárias, para alavancar o capital institucional. Sendo assim, entende-se que

este programa pode conferir uma boa prioridade para a própria BHSF.

Já no que concerne à estratégia que foi traçada para o INTERÁGUAS, percebe-

se uma grande convergência com a proposta efetuada para o Plano Nacional de

Recursos Hídricos (PNRH), convergência esta expressa pelo Arranjo

Institucional do Programa. Com efeito, o entendimento comum é de que a gestão

de recursos hídricos deve ser transversal aos setores usuários, portanto, com

diversas ações previstas sob a responsabilidade executiva de outros ministérios

e das respectivas entidades a eles vinculadas.

Além desses programas, que podem responder a objetivos, metas e interesses do

PRH-SF, cabe considerar a atual forma de atuação da ANA. A propósito, cumpre

reconhecer que este órgão gestor federal encontra-se, sem dúvidas, muito mais

avançado do que qualquer órgão estadual, tanto pelo seu orçamento assegurado,

quanto pelo seu quadro de funcionários, muitos com um elevado grau de qualificação.

Enfim, por certo que a reconhecida estagnação de muitos dos órgãos estaduais

gestores de recursos hídricos apresenta rebatimentos no contexto do SINGREH, que

poderia seguir com avanços mais expressivos, caso os estados sublinhassem a

gestão dos recursos hídricos como metas de governo e empreendessem planos de

bacias para uma efetiva execução, notadamente no caso da BHSF e de muitos de

seus afluentes.

Secretaria dos Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU), vinculada ao

Ministério do Meio Ambiente (MMA)

Tendo em vista os objetivos e metas do PRH-SF, no contexto da SRHU/MMA deve ser

considerado, especialmente, o seguinte programa:

- Programa Água Doce, que vem sendo empreendido em parceria com diversas

instituições federais, estaduais, municipais e da sociedade civil. Visa estabelecer

uma política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo

humano por meio do aproveitamento sustentável de águas subterrâneas,

incorporando cuidados ambientais e sociais na gestão de sistemas de

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12 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

dessalinização. Busca atender, prioritariamente, localidades rurais difusas do

semiárido brasileiro.

O Programa foi formulado já em 2003, de forma participativa, com a contribuição de

diversas entidades que tratam do tema, tanto a nível federal, como estadual. Até o

momento vem beneficiando milhares de pessoas, em dezenas de comunidades

distribuídas pelo semiárido, garantindo o acesso à água potável a seus moradores.

Além disso, o programa já capacitou muitos trabalhadores, entre técnicos estaduais

e operadores/gestores dos sistemas de dessalinização.

Por fim, de forma bem resumida, anotou-se que suas ações são iniciadas a partir

dos municípios mais críticos que foram identificados em cada estado e nas áreas

mais suscetíveis ao processo de desertificação.

Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR), vinculada ao Ministério da

Integração Nacional (MI)

A SDR/MI é a entidade responsável pelo Programa Água para Todos, cujo perfil

apresenta convergência com alguns dos objetivos e interesses do PRH-SF,

notadamente na porção semiárida da Bacia do Rio São Francisco, onde se localizam

moradores e comunidades rurais dispersas, com problemas de acesso à água,

sobretudo em períodos de baixa pluviometria. Sendo assim, segue um Box que

sintetiza o perfil deste Programa Água para Todos.

Box – Perfil do Programa Água para Todos

O Ministério da Integração Nacional (MI), conforme disposto pela Lei Federal nº 10.683, de

28 de maio de 2003, tem a sua atual estrutura regimental estabelecida pelo Decreto nº 7.472,

de 04 de maio de 2011, que definiu as competências da instituição, com destaque para a

formulação e condução de uma Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR).

Inserido neste contexto e sob a responsabilidade executiva da Secretaria de

Desenvolvimento Regional do MI, o Programa Água para Todos se encontra articulado ao

Plano Brasil sem Miséria, uma das principais prioridades conferidas pelo Governo Federal.

Este Programa tem como objetivo universalizar o acesso ao uso de água para populações

carentes e de extrema pobreza, em habitats isolados ou em pequenas comunidades

dispersas, não atendidas adequadamente por esse serviço público essencial, com

abastecimentos deficitários ou difusos, em muitas das áreas do país, notadamente na zona

rural do semiárido brasileiro, definida como prioritária.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 13

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

No Programa em tela são as seguintes intervenções e equipamentos previstos como

prioritários ao semiárido brasileiro:

a) a instalação de cisternas de consumo;

b) cisternas de produção;

c) sistemas de pequeno porte para abastecimento de água ou extensão de sistemas

existentes, de médio ou grande porte;

d) kits de irrigação; e,

e) pequenas barragens de água pluvial e/ou fluvial.

Como meta inicial, havia a intenção de serem construídas cerca de 750 mil cisternas pelo

Programa, sendo de competência do MI perto de 300 mil cisternas de consumo e 6 mil

sistemas de pequeno porte para o abastecimento de água e consumo humano. Em relação à

produção agropecuária, a intenção era de implantar 20 mil cisternas de produção, 20 mil

pequenos sistemas de irrigação e 3 mil barragens de água pluvial.

Com isto posto, percebe-se que certos objetivos e metas do PRH-SF poderão ser

alcançados mediante este Programa Água para Todos. Mesmo assim, segundo

avaliações de peritos contratados, cabe anotar que este Programa não deve se limitar

a abordagens pontuais e dispersas, uma vez que, mesmo no semiárido brasileiro, há

indicadores a considerar para que a atual ocupação territorial venha a ser

progressivamente alterada, tendo em vista um desenvolvimento regional mais

consistente, além da adequação indispensável à sustentabilidade ambiental e do

aproveitamento de iniciativas e empreendimentos dos demais setores usuários de

recursos hídricos.

Secretaria de Infraestrutura Hídrica (SIH), vinculada ao Ministério da Integração

Nacional (MI)

Em acréscimo, neste Ministério da Integração Nacional (MI) também ocorrem ações

de interesse do PRH-SF na Secretaria de Infraestrutura Hídrica, tal como no

Programa descrito a seguir, de forma sintética:

- Programa de Revitalização de Bacias Hidrográficas (PRBH), tendo como

objetivo revitalizar as principais bacias nacionais em situação de vulnerabilidade

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14 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

ambiental, visando sua recuperação, conservação e preservação. No presente, este

PRBH já abrange a BHSF, além das bacias do Paraíba do Sul e do Rio Tocantins-

Araguaia, além do Programa Pantanal (Bacia do Alto Paraguai).

Especificamente no caso da BHSF, o programa trata do manejo integrado das sub-

bacias dos rios Carinhanha, Corrente e Grande. As ações que vêm sendo

desenvolvidas visam proteger as nascentes, a recuperação das matas ciliares

mediante a recomposição da vegetação, quando for o caso, por meio de plantio de

mudas de espécies nativas, juntamente com a implantação de práticas de

conservação do solo e da água.

Estima-se que serão implantados 342 km de cercas, 736 hectares (ha) de

recomposição da vegetação da mata ciliar e 17 ha de estabilização de voçorós, que

é uma erosão hídrica com formação de grandes buracos e desmoronamento

causado pela participação ativa da água subterrânea. Além disso, devem ser

implantados 350 km de terraços, 1.105 barraginhas e 617 murundus (pequenas

elevações do terreno), que diminuem a velocidade do fluxo de água.

Ademais, entidades relevantes para a área de recursos hídricos, como a CODEVASF

e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), que atuam na

construção e, também, na operação e manutenção (O&M) de infraestruturas hídricas,

tendem a ser articuladas com os mencionados objetivos e metas do Programa de

Revitalização de Bacias Hidrográficas (PRBH).

De fato, muitas das ações e intervenções voltadas à revitalização de bacias ficam sob

a responsabilidade dessas entidades mencionadas, ambas de cunho mais executivo e

com atuações que se espraiam sobre o semiárido brasileiro. Ambas serão abordadas

na sequência.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 15

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), vinculado ao

Ministério da Integração Nacional

O DNOCS é um órgão que completou 100 anos em 2009, portanto, se constituindo na

mais antiga instituição federal, com atuação no Nordeste brasileiro. Foi criado sob o

nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas, através do Decreto nº 7.619, de

21/10/1909, para estudar a problemática do semiárido nordestino. Em 1919, pelo

Decreto nº 13.687, teve seu nome alterado para Inspetoria Federal de Obras Contra

as Secas. Somente em 1945, através do Decreto-Lei nº 8.846, de 28/12/1945 teve a

sua atual denominação, como Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.

Passou à condição de uma autarquia federal, preservando o nome DNOCS através

da Lei nº 4.229 de 01/06/1963. Ademais, sofreu sucessivas adaptações

organizacionais, sendo que a última foi editada pelo Decreto nº 4.650 de 27/03/2003,

que aprovou a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo de Cargos em

Comissão e das Funções Gratificadas do DNOCS. Já em 2007 foi aprovado pelo

Ministério da Integração o seu novo Regimento Interno, através da Portaria nº 48, de

11/01/2007, o qual segue em plena vigência.

O DNOCS tem a sua atuação na região abrangida pelos Estados do Piauí, Ceará, Rio

Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e em zonas dos

Estados de Minas Gerais e do Maranhão, situadas no chamado “Polígono das

Secas”, que ocupa parte das bacias hidrográficas dos rios Parnaíba e Jequitinhonha,

respectivamente nos estados do Maranhão e de Minas Gerais.

Dentre outras, o DNOCS tem como competências e áreas de atuação:

contribuir para a implementação dos objetivos da Política Nacional de Recursos

Hídricos, definidos pela Lei Nacional nº 9.433/97 e legislações subsequentes;

contribuir para a elaboração de Planos Regionais de Recursos Hídricos, em ações

conjuntas com outras entidades federais e com os governos estaduais, em suas

áreas de atuação;

elaborar projetos de engenharia e executar obras públicas de captação,

acumulação, distribuição, proteção e utilização de recursos hídricos, em

conformidade com a Política e o SINGREH;

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16 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

contribuir para a implementação e a operação, sob sua responsabilidade ou

conjuntamente com outros órgãos, com vistas à melhor distribuição das

disponibilidades hídricas regionais;

implantar e apoiar a execução dos planos e projetos de irrigação e, em geral, de

valorização de áreas agricultáveis não-irrigáveis, que tenham por finalidade

contribuir para a sustentabilidade do semiárido;

colaborar na realização de estudos de avaliação permanente da oferta hídrica e

da estocagem nos seus reservatórios, visando procedimentos operacionais e

emergenciais de controle de cheias e preservação da qualidade da água;

colaborar na preparação dos planos regionais de operação, manutenção e

segurança de obras hidráulicas, incluindo atividades de manutenção preventiva e

corretiva, análise e avaliação de riscos e planos de ação emergencial em casos

de acidentes;

promover ações no sentido da regeneração de ecossistemas hídricos e de áreas

degradadas, com vistas à correção dos impactos ambientais decorrentes da

implantação de suas obras, podendo celebrar convênios e contratos para a

realização dessas ações;

desenvolver e apoiar as atividades voltadas para a organização e capacitação

administrativa das comunidades usuárias dos projetos de irrigação, visando a sua

emancipação;

promover, na forma da legislação em vigor, a desapropriação de terras destinadas

à implantação de projetos e proceder a concessão ou a alienação das glebas em

que forem divididas;

cooperar com outros órgãos públicos, estados, municípios e instituições oficiais de

crédito, em projetos e obras que envolvam desenvolvimento e aproveitamento de

recursos hídricos;

colaborar na concepção, instalação, manutenção e operação da rede de estações

hidrológicas e na promoção do estudo sistemático das bacias hidrográficas, de

modo a integrar o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos;

promover estudos, pesquisas e difusão de tecnologias destinadas ao

desenvolvimento sustentável da aquicultura e atividades afins;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 17

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

cooperar com outros organismos públicos no planejamento e na execução de

programas permanentes ou temporários, com vistas a prevenir e atenuar os

efeitos das adversidades climáticas;

realizar operações de crédito e financiamento, internas e externas, na forma da

legislação e de decretos vigentes;

cooperar com os órgãos públicos especializados na colonização de áreas que

possam absorver os excedentes demográficos, inclusive, em terras situadas em

áreas nas bacias dos açudes públicos; e,

mediante convênios, transferir conhecimentos tecnológicos nas áreas de recursos

hídricos e da aquicultura, para as instituições de ensino situadas em sua área de

atuação.

Em acréscimo, atualmente o DNOCS também funciona como um órgão transferidor de

recursos financeiros para a execução de obras hídricas, especificamente para a

construção de barragens. Como um exemplo a respeito, os recursos aplicados na

construção da Barragem Petrônio Portela foram oriundos do DNOCS.

Enfim, com tais áreas de competência e de atuação e mostrando-se de forma muito

similar à CODEVAF, também o DNOCS se mostra como muito relevante como uma

entidade executiva, inclusive podendo assumir certos encargos mais próximos de

agências de bacias locais de afluentes do Rio São Francisco, para que ocorra uma

efetiva implantação de planos de recursos hídricos. Dizendo em outras palavras, trata-

se de mais uma alternativa para avanços no sistema de gestão.

ÂMBITO ESTADUAL

Secretarias e Órgãos Estaduais Gestores de Recursos Hídricos

Mesmo que a maioria dos órgãos estaduais gestores de recursos hídricos não

apresente a mesma capacidade e competência e, também, programas e projetos

similares aos que já foram descritos no caso da ANA, tendo em vista as suas

proximidades junto a áreas-problema da BHSF, tornam-se relevantes como atores

estratégicos e fundamentais, para que ocorram avanços na gestão hídrica da BHSF,

levando em consideração o Princípio da Subsidiariedade.

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18 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

De fato, além de terem domínios sobre águas subterrâneas, certos açudes e

reservatórios e diversos rios estaduais – muitos deles como afluentes relevantes do

Rio São Francisco –, seus encargos de gestão demandam a disponibilidade de dados

e informações, neste caso, com a possibilidade de serem cruzados e avaliados em

termos de coerências com o Cadastro (CNARH) e o Sistema Nacional de Informações

sobre Recursos Hídricos (SNIRH).

Seguindo a respeito, cabe lembrar a intenção de que sejam efetuados acordos entre

os estados da BHSF, sobretudo, para que venham a ser definidos volumes de água –

em termos de quantidade e de qualidade – a serem entregues a jusante, via um Pacto

das Águas, para o qual a presença das secretarias e dos seus correspondentes

órgãos estaduais será fundamental.

Em acréscimo, estes órgãos estaduais devem assumir muitos dos encargos

relacionados ao monitoramento e fiscalização, assim como a relevante emissão de

outorgas, para que os usuários de recursos hídricos que ainda não estejam

regularizados passem a ser identificados, por consequência, com avanços na gestão

de usos múltiplos da água, especialmente em áreas onde há conflitos decorrentes de

mais demandas do que disponibilidades hídricas, ainda que em certos períodos

sazonais ou anuais de escassez.

Mesmo considerando todas as secretarias dos seis estados e do Distrito Feral, com

seus respectivos órgãos gestores de recursos hídricos, ao levar em consideração a

dimensão territorial junto à BHSF e suas consistências institucionais, surgem mais

destaques para o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), de Minas Gerais, e

para o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), da Bahia.

Para o caso do IGAM/MG, mesmo sem estar institucionalmente agregado com a

Fundação do Meio Ambiente (FEAM), sabe-se que há um processo unificado entre a

emissão de outorgas e de licenciamentos ambientais, portanto, com mais segurança

no sentido de que tais instrumentos se mostrem mutuamente coerentes. Já na Bahia,

o INEMA abrange ambos os campos, por consequência, com o atual Sistema Estadual

de Informações Ambientais (SEIA) passando a ser uma ferramenta unificada.

Agora, para finalizar esta breve descrição a respeito dos destaques das secretarias de

MG e da BA e de seus correspondentes órgãos gestores de recursos hídricos, cumpre

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 19

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

sublinhar que, em ambos, há fundos financeiros e programas executivos, com um

elevado destaque para os seus respectivos Planos Estaduais de Recursos Hídricos e

de muitas das bacias de afluentes do Rio SF, os quais, por óbvio, podem e devem ser

considerados como frentes para que certas metas e objetivos do PRH-SF possam ser

de fato cumpridos.

7.2.3. Órgãos e instituições federais e estaduais setoriais

SANEAMENTO

ÂMBITO FEDERAL

No tocante ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos

sólidos urbanos, cabe ao Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional

de Saneamento Ambiental, o atendimento a municípios com população superior a 50

mil habitantes ou integrantes de Regiões Metropolitanas, Regiões Integradas de

Desenvolvimento ou participantes de Consórcios Públicos afins. Para os municípios de

menor porte, com população inferior a 50 mil habitantes, a SNSA só atua por meio de

financiamento com recursos onerosos para as modalidades de abastecimento de água

e esgotamento sanitário.

A respeito das ações da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, com

possíveis execuções de objetivos e metas do PRH-SF, cabe registrar:

- Programa Saneamento para Todos, sucessor do Programa Pró-Saneamento,

concebido como financiamento oneroso a estados, municípios e concessionárias

estaduais e municipais, para a implantação e melhoria de iniciativas de

saneamento.

- Programa de Serviços Urbanos de Água e Esgoto, anteriormente denominado

Saneamento Ambiental Urbano, com o objetivo de proporcionar a elaboração de

estudos e projetos, equipamentos, a implantação, a ampliação e/ou a melhoria dos

sistemas de abastecimento de água, envolvendo atividades de captação, elevação,

adução, tratamento, reservação, distribuição, ligações domiciliares e sistemas

simplificados em municípios, com população superior a 50.000 habitantes.

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20 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Para os municípios com população de até 50 mil habitantes, o atendimento com

recursos não onerosos, é realizado pelo Ministério da Saúde, por meio da Fundação

Nacional de Saúde – Funasa, órgão executivo responsável por promover inclusão

social, por meio de ações de saneamento no país, atuando com base em indicadores

sanitários, epidemiológicos, ambientais e sociais. Para tanto, presta apoio técnico e/ou

financeiro no combate, controle e redução da mortalidade infantil e da incidência de

doenças com veiculação hídrica ou doenças causadas pela falta de saneamento

básico e ambiental.

A FUNASA teve, a partir de sua reestruturação realizada em 2003, uma ampliação de

suas atividades sobre a cobertura de serviços de saneamento básico, em todas as

regiões do país, que passaram a incluir, também, a proteção da saúde indígena e de

um saneamento ambiental integrado, portanto, envolvendo certas áreas da BHSF.

Quanto à suas funções relacionadas aos recursos hídricos, cabe registrar que a

atuação da FUNASA é feita através da implementação do Programa de Saneamento

para Promoção da Saúde. Neste caso, interfere na gestão das águas mediante a

regulamentação de normas legais sobre águas potáveis a serem consumidas,

sobretudo, quando há a ocorrência de doenças de veiculação hídrica. Em termos

executivos, também trabalha com a perfuração de poços e, em alguns sistemas

municipais por ela operados, pela construção e ampliação de redes de abastecimento

de água e de coleta e tratamento de esgotos sanitários. Em suma, para algumas das

pequenas cidades da BHSF, podem ser consideradas certas contribuições e

intervenções, a serem empreendidas pela FUNASA.

Em acréscimo, entende-se que, sob uma visão socioambiental mais ampla, a

FUNASA também aborda melhorias sanitárias domiciliares, implantação ou melhora

dos sistemas de tratamento e da destinação final de resíduos sólidos, que afetam o

controle da qualidade das águas.

Por fim, sob a sua responsabilidade orçamentária, há incentivos fiscais e financeiros,

chegando-se, até, a financiamentos de alguns projetos de pesquisas sobre a

engenharia de saúde e saneamento.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 21

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

ÂMBITO ESTADUAL

Dentre atores relevantes relacionados aos recursos hídricos, inclusive no que tange a

execução de obras para infraestruturas relacionadas ao abastecimento de água, coleta

e tratamento de esgotos, por óbvio que concessionárias de água e de saneamento

– sejam dos estados ou de certos municípios – devem ser bastante consideradas, até

devido ao fato de que recebem tarifas pela prestação de seus serviços, quer seja para

sustentar os serviços já em prestação, como também para as necessárias ampliações

das infraestruturas existentes.

A respeito de interesses mais próprios ao PRH-SF, na medida em que se inserem

dentre os usuários mais relevantes, a serem devidamente outorgados e, sempre que

possível, cobrados pelo uso da água e pelo lançamento de efluentes, as

concessionárias de água e de saneamento sempre devem estar presentes junto a

comitês de bacias e no CBHSF, para participarem de debates e decisões a respeito de

negociações entre os múltiplos usos da água. Ou seja, são relevantes para a gestão

de recursos hídricos e, também, para questões ambientais e socioeconômicas.

Com efeito, mesmo com o abastecimento de água já chegando a bons percentuais em

muitos dos estados do Brasil, sabe-se que a coleta e o tratamento de esgotos ainda é

um tanto precária, por consequência, com vários problemas sobre a qualidade das

águas, tal como consta no diagnóstico que foi elaborado e atualizado.

Por fim, agora no que concerne a encargos mais executivos de certos programas e

projetos do PRH-SF, sabe-se que as concessionárias estaduais apresentam muitas

unidades regionais, portanto, com sedes em muitas áreas da BHSF, a serem

consideradas para que este Plano venha a ser efetivamente implementado. Como um

mero exemplo a respeito, a EMBASA tem 13 unidades regionais no interior da Bahia, a

serem consideradas no caso de áreas prioritárias, como também serão certas

concessionárias municipais.

No estado de Minas Gerais, a formulação e a coordenação dos planos e programas

de saneamento básico e ambiental estão a cargo da Secretaria de Estado de

Desenvolvimento Regional de Política Urbana (SEDRU). Na área de saneamento,

integram a estrutura da SEDRU, por vinculação, a Agência Reguladora de Serviços de

Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais, e a

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22 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), empresa pública

responsável pela prestação de serviços públicos de abastecimento de água e

esgotamento sanitário.

Na Bahia, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR tem por finalidade

formular e executar a política estadual de saneamento básico. Dentro da SEDUR, a

SAN – Superintendência de Saneamento – é responsável pela condução da política

estadual de saneamento básico, compreendendo sua formulação, execução,

acompanhamento e avaliação de forma integrada e articulada com outros órgãos e

entidades com atuação no setor de saneamento. A Empresa Baiana de Águas e

Saneamento S.A. (EMBASA), ligada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano, opera

no atendimento urbano e rural de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

Referência ainda para a Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos

(CERB), vinculada à Secretaria do Meio Ambiente, tendo como missão garantir a

oferta de água para melhoria da qualidade de vida e um desenvolvimento sustentável,

com ênfase no saneamento rural. Trata-se, portanto, de uma empresa relevante para

boa parte do contexto regional do Médio e do Médio-Baixo São Francisco.

A CERB já vem atuando em todo o território baiano, especialmente no interior rural, no

presente, chegando a operar interligações que se mostrem como necessárias entre

sistemas de açudes e adutoras, além das devidas operações e manutenções de tais

infraestruturas e serviços.

A CERB também é responsável pela execução de programas, projetos e ações para

aproveitamento dos recursos hídricos, com ênfase na zona rural da Bahia,

especialmente para populações carentes do semiárido, no que se refere à perfuração

de poços tubulares profundos, construção de sistemas integrados (convencionais ou

simplificados) para abastecimento de água, além de outros serviços que sejam

demandados.

Para exercer tais atividades, a CERB conta com uma boa equipe especializada, em

sua maioria formada por engenheiros, geólogos e técnicos capacitados para a

elaboração e execução de projetos. Esta sua equipe está distribuída entre a sede em

Salvador e mais 11 núcleos regionais.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 23

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Voltando a interesses mais próximos ao PRH-SF, as principais atividades da CERB

incluem: perfuração de poços; construção, operação e manutenção de barragens;

construção de sistemas de esgotamento sanitário; e, construção e ampliação de

sistemas de abastecimento de água. Para tanto, seus principais programas, a serem

considerados pelo Plano em pauta, são os seguintes:

- Programa Água Para Todos, vinculado ao MI, já anteriormente descrito;

- Programa da Revitalização do Rio São Francisco, também já descrito como uma

iniciativa importante do MI, empreendida pela CODEVASF;

- Programa Água nas Escolas, com recursos do PAC empreendidos pela FUNASA;

e,

- Programa Quilombola, igualmente contando com recursos do PAC, dispostos pela

FUNASA.

No contexto de tais programas, as principais obras que se encontram em execução

contemplam sistemas de abastecimento de água em Barreiras, Palmares (Itapetinga),

Paratinga, Igaporã, Buritirama, Cocão, Boa Nova, Jenipapo e Jaguarari, e em

Jacobina, além de obras de Águas do Sertão.

Por fim, é importante ressaltar que a chamada Política Ambiental da CERB deve

contemplar todas as atividades da empresa, incluindo fiscalização, projetos, execução,

operação, manutenção e monitoramento de: barragens; sistemas simplificados de

abastecimento de água; sistemas de adução; tratamento e distribuição de água

potável a partir de mananciais superficiais e subterrâneos; perfuração de poços;

sistema de esgotamento sanitário; e, a instalação de equipamentos de bombeios,

movidos com energia renovável.

Trata-se, portanto, de uma empresa de economia mista com amplo espaço de

atuação, inclusive com elevada aproximação com objetivos e metas do PRH-SF.

Em Pernambuco, os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário são

desempenhados pela Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA),

vinculada ao Governo do Estado de Pernambuco por meio da Secretaria de

Recursos Hídricos e Energéticos, em Sergipe pela Companhia de Saneamento de

Sergipe (DESO), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDURB),

em Alagoas pela CASAL – Companhia de Saneamento de Alagoas, vinculada à

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24 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), em Goiás pela Saneamento de

Goiás (SANEAGO) vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos,

Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (SECIMA), e no Distrito

Federal pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB).

A Agência Reguladora de Água e Saneamento do Distrito Federal (ADASA)

regula, fiscaliza e controla as águas, e o saneamento básico no Distrito Federal.

ENERGIA

ÂMBITO FEDERAL

As políticas nacionais relacionadas ao setor de energia elétrica, na esfera federal,

estão sob a coordenação da Secretaria de Energia Elétrica – SEE, do Ministério de

Minas e Energia – MME.

Vinculada ao MME, a empresa pública Serviço Geológico do Brasil – CPRM, é o

órgão executor da Política Nacional de exploração de minerais. Esta empresa também

atua em todo o país na obtenção de informações hidro geológicas, dessa forma,

cooperando com o gerenciamento dos recursos hídricos, na medida em que possui um

banco de dados e informações sobre os poços que foram perfurados pela própria

CPRM, dados estes que revelam características hidro geológicas de certas regiões da

BHSF.

Mais propriamente, as ações da CPRM se enquadram nas seguintes atividades:

levantamentos geológicos e geofísicos, incluindo dados hidrológicos;

avaliação dos recursos minerais do Brasil;

gestão das informações geológicas e geofísicas; e,

análises químicas e minerais do Laboratório de Análises Minerais.

Mais especificamente como funções desempenhadas no campo dos recursos hídricos,

com ênfase para as águas subterrâneas, cabe considerar o seu levantamento de

dados básicos hidro meteorológicos, compreendendo as condições de oferta e de

coleta, além de análises quali-quantitativa de águas subterrâneas, bem como, das

características climatológicas a elas relacionadas.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 25

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Com tais dados e informações, também promove um apoio técnico e financeiro para

os devidos controles da qualidade das águas voltadas ao consumo humano, chegando

a publicar relatórios e mapas geológicos, além de manter uma base de dados hidro

geológicos e disseminar estas informações no campo dos recursos hídricos.

Em termos mais executivos, registra-se a perfuração de poços para a exploração de

águas subterrâneas, em muitas das regiões do país, inclusive na BHSF. Por fim, a

CPRM tem a atribuição de avaliar os prejuízos associados às inundações, erosões,

assoreamento e poluição de rios, adotando técnicas e métodos de previsão de

eventos críticos, como também para elaborar pesquisas de recursos minerais e

hídricos, assim, gerando e difundindo informações que são relevantes e

indispensáveis para um desenvolvimento mais sustentável do Brasil.

A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, autarquia vinculada ao MME, é

responsável por regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e

comercialização de energia elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do

governo federal.

As empresas de produção e transmissão de energia elétrica formam o Sistema

Interligado Nacional – SIN.

As principais usinas hidroelétricas da bacia hidrográfica do São Francisco estão

inseridas nos subsistemas do Nordeste (NE) e Sudeste/Centro Oeste (SE/CO) do

Sistema Interligado Nacional (SIN). As usinas da bacia do rio São Francisco

asseguram cerca de 92% da potência hidroelétrica instalada no subsistema do

Nordeste e menos de 2% do conjunto dos subsistemas do Sudeste/Centro Oeste.

O órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de

geração e transmissão de energia elétrica no SIN é o Operador Nacional do Sistema

Elétrico – ONS.

A Eletrobrás, empresa de capital aberto, controlada pelo governo brasileiro, atua nas

áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. A CHESF é

subsidiária da Eletrobrás, e tem como atividade principal a geração, transmissão e

comercialização de energia elétrica.

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26 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A Empresa de Pesquisa Energética - EPE tem por finalidade prestar serviços na

área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor

energético.

ÂMBITO ESTADUAL

As usinas hidroelétricas instaladas na bacia hidrográfica do rio S. Francisco de maior

potência são indicadas no quadro abaixo, por estado, indicando-se os respectivos

agentes.

Quadro 2 – Usinas hidroelétricas por estado, e respectivos agentes.

Estado Agente Usina Reservatório

BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

P. Afonso I Delmiro Gouveia

BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica

do São Francisco P. Afonso II Delmiro Gouveia

MG Companhia Energética de Minas

Gerais – CEMIG Três Marias Três Marias

BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica

do São Francisco P. Afonso III Delmiro Gouveia

PE/BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica

do São Francisco Apolônio Sales Moxotó

BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica

do São Francisco Sobradinho Sobradinho

BA COELBA – Companhia de

Eletricidade do Estado da Bahia P. Afonso IV Delmiro Gouveia

PE/BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica

do São Francisco Luiz Gonzaga Itaparica

AL/SE CHESF – Companhia Hidro Elétrica

do São Francisco Xingó Xingó

MG/GO Companhia Energética de Minas

Gerais – CEMIG Queimado Queimado

MG Retiro Baixo Energético SA Retiro Baixo Retiro Baixo

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 27

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

APROVEITAMENTO HIDROAGRÍCOLA

Os perímetros de irrigação que apresentam maior área cultivada/irrigada na bacia do

rio São Francisco são Senador Nilo Coelho (em Casa Nova e Petrolina – PE/BA;

responsabilidade da CODEVASF), Tourão (em Juazeiro – BA), Jaíba – Etapa 1 (em

Jaíba, Matias Cardoso e Verdelândia – MG; responsabilidade da CODEVASF),

Formoso (em Bom Jesus da Lapa – BA; responsabilidade da CODEVASF) e Platô de

Neópolis (em Neópolis, Japoatã, Pacatuba e Santana do São Francisco – SE;

responsabilidade da SEAGRI).

Os órgãos responsáveis pelos principais perímetros irrigados são a CODEVASF e a

SEAGRI - Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura do

Estado da Bahia; outro órgão responsável por vários perímetros (Vaza Barris (BA);

Brumado (BA); Cachoeira II (PE); Boa Vista (PE); Jacurici (BA); Moxotó (PE); Custódia

(PE)) é o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS.

ÂMBITO FEDERAL

Em âmbito federal, a Secretaria Nacional de Irrigação (SENIR), do Ministério da

Integração, possui a competência de promover e regular iniciativa para implantação,

operação e manutenção de obras públicas para o aproveitamento hidroagrícola.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é órgão

responsável pela gestão das políticas públicas de estímulo à agropecuária, pelo

fomento do agronegócio e pela regulação e normatização de serviços vinculados ao

setor, tendo iniciado uma agenda de discussão com a Agência Nacional de Águas

(ANA) para ampliar as ações e melhorar a eficiência do uso da água no setor agrícola.

Vinculada ao MAPA, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMPRAPA)

foi criada para gerar, adaptar e transferir tecnologias e conhecimentos técnico-

científicos, que contribuem para um desenvolvimento mais sustentável das atividades

agropecuárias, com benefícios para a sociedade.

Como frentes de sua atuação, a serem consideradas para o caso da BHSF, cabe

mencionar:

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28 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

- Programa Nacional de Microbacias Hidrográficas e Conservação de Solos na

Agricultura, com ações voltadas para o racional uso e manejo dos recursos

naturais, principalmente envolvendo o solo, a água e a biodiversidade, com vistas a

promover uma agricultura mais sustentável, aumentar a oferta de alimentos e

melhorar os níveis de emprego e renda no meio rural.

O objetivo geral deste programa é promover o desenvolvimento rural de uma forma

integrada, tendo microbacias como unidades de planejamento e a organização dos

produtores, sob uma estratégia para promover a melhoria da produtividade agrícola

e o uso de tecnologias adequadas sob um ponto de vista ambiental, econômico e

social.

Mais especificamente quanto às suas interfaces relacionadas aos recursos hídricos,

cumpre sublinhar pesquisas voltadas à agricultura irrigada, com manejo, captação e

armazenamento de água, além da forma do uso do solo e de drenagem, chegando à

salinidade, com o objetivo de chegar-se a mais eficiência no uso da água e a possível

utilização de fontes hídricas alternativas. Ademais, realiza estudos sobre impactos

ambientais das tecnologias geradas, com informações hídricas e ambientais que

podem ser utilizadas na síntese dos diagnósticos e análises que dão suporte a

projetos, tal como da BHSF.

Portanto, tendo em vista que a BHSF vem apresentando certas significativas áreas de

expansão do agronegócio brasileiro, mais proximidade com esta entidade deve gerar

avanços e benefícios ao PRH-SF.

A CODEVASF, empresa pública, vinculada ao Ministério da Integração Nacional,

mobiliza investimentos públicos para a implantação de projetos de irrigação nas

regiões de sua atuação. Promove ainda boa parte do Programa de Revitalização de

Bacias Hidrográficas (PRBH).

Para tanto, a empresa mobiliza investimentos públicos para a construção de obras de

infraestrutura, particularmente para a implantação de projetos de irrigação e de

aproveitamento racional dos recursos hídricos. É reconhecida principalmente pela

implantação de polos de irrigação, a exemplo do Polo Petrolina-Juazeiro entre

Pernambuco e Bahia. Investe, também, na aplicação de novas tecnologias,

diversificação de culturas, recuperação de áreas ecologicamente degradadas,

capacitação e treinamento de produtores rurais, além da realização de pesquisas e

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 29

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

estudos socioeconômicos e ambientais, entre outras ações. Por meio de parcerias

público-privadas (PPPs), a CODEVASF tem buscado viabilizar importantes projetos de

irrigação em andamento.

A história da CODEVASF está associada à importância da BHSF, no âmbito do

crescimento socioeconômico brasileiro, tendo sido criada em 16/07/1974 para suceder

entidades anteriores, todas voltadas à BHSF. Tem como objetivo precípuo promover o

desenvolvimento da região, utilizando os recursos hídricos, com mais ênfase para a

irrigação, vista como força propulsora. A partir de 06/01/2000, através da Lei nº 9.954,

a CODEVASF teve a sua área de atuação ampliada para a bacia do Rio Parnaíba

(com cerca de 330 mil km2, entre os estados de Maranhão e Piauí), assim, perfazendo

uma área total de abrangência de 968.000 km², equivalendo a perto de 11,4% do

território nacional.

Todas as iniciativas desta empresa visam à geração de emprego e renda, à redução

dos fluxos migratórios e dos efeitos econômicos e sociais decorrentes de secas e de

inundações e, ainda, à preservação dos recursos naturais de bacias hidrográficas,

com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos habitantes de suas regiões.

Quanto a sua forma de atuação, a CODEVASF possui sete Superintendências

Regionais, situadas nas cidades de Montes Claros/MG, Bom Jesus da Lapa/BA,

Petrolina/PE, Aracajú/SE, Penedo/AL, Juazeiro/BA e Teresina/PI. Além dessas,

também possui Escritórios de Apoio em Belo Horizonte, Recife, Salvador, Oeiras/PI,

Parnaíba/PI e Paulo Afonso/BA.

Mais propriamente quanto aos trechos do Médio e Submédio SF, a CODEVASF está

presente com foco em funções relevantes desempenhadas sobre o setor de recursos

hídricos. Neste sentido, tem atuado na função de oferta – através da construção de

barragens, perfuração de poços, construção de adutoras, construção de cisternas; na

função de uso consuntivo – promovendo as atividades de irrigação; e, na função de

uso não consuntivo – pesca, piscicultura em tanques-rede.

Sendo assim, no que concerne ao PRH-SF, a CODEVASF torna-se bastante relevante

como uma entidade executiva, inclusive podendo assumir certos encargos mais

próximos de uma agência de bacias locais de afluentes, para que ocorra uma efetiva

implantação de planos de recursos hídricos, parte deles mediante o já descrito

Programa de Revitalização de Bacias Hidrográficas (PRBH).

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30 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

ÂMBITO ESTADUAL

Em geral, as Secretarias Estaduais de Agricultura e Pecuária têm por finalidade

formular e executar políticas de desenvolvimento deste segmento produtivo, também

incluindo a agricultura familiar, piscicultura e aquicultura, além de frentes para uma

necessária reforma agrária, em certas regiões que forem identificadas.

Mesmo com muitas limitações e lacunas a respeito, estas secretarias e as empresas a

elas vinculadas deveriam ter atuações mais relevantes no que tange a um

monitoramento mais rigoroso e a uma proteção hídrica e ambiental, tendo em vista

mais sustentabilidade em termos de processos produtivos. Em acréscimo, cabe

registrar frentes com programas de pesquisas e estudos voltados a mais produtividade

e avanços tecnológicos, sob o interesse de um desenvolvimento socioeconômico

deste segmento.

Mais propriamente quanto à gestão de recursos hídricos, há uma relação importante

com superintendências e entidades que sejam destinas à irrigação, para as quais cabe

a concepção e a coordenação de obras de certas infraestruturas, a exemplo de

açudes, canais ou adutoras necessárias.

Com isto posto, mesmo sob uma forma muito resumida, no que tange à gestão de

recursos hídricos percebe-se a relevância dessas instituições, em decorrência do

elevado uso consuntivo da água, especialmente em casos de irrigação.

No Estado de Minas Gerais, compete à Secretaria de Estado de Agricultura,

Pecuária e Abastecimento - SEAPA formular, implementar e coordenar o Plano

Diretor de Agricultura Irrigada, como instrumento de planejamento e apoio às ações

governamentais para a dinamização e expansão da agricultura irrigada no Estado.

Vinculadas à SEAPA, encontram-se a Empresa de Assistência Técnica e Extensão

Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER); a Empresa de Pesquisa Agropecuária de

Minas Gerais (EPAMIG); o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA); e a Fundação

Rural Mineira (RURALMINAS).

Ainda no setor agropecuário, duas instituições desempenham papel relevante na

gestão: Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais

(FETAEMG) e Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 31

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

(FAEMG). A primeira é uma entidade sindical filiada à Confederação Nacional dos

Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), com a missão de implantação do

desenvolvimento rural sustentável. A segunda representa os produtores rurais

mineiros.

Equiparada à SEAPA/MG estão a SEAGRI - Secretaria da Agricultura, Pecuária,

Irrigação, Pesca e Aquicultura na Bahia, a Secretaria de Agricultura e Reforma

Agrária em Pernambuco, a Secretaria da Agricultura, Pesca e Aquicultura em

Alagoas, a Secretaria da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário em Sergipe, a

Secretaria de Agricultura e Abastecimento em Goiás, e a Secretaria da

Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural no Distrito Federal.

NAVEGAÇÃO

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) é responsável por

regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte

aquaviário e de exploração da infraestrutura portuária e aquaviária.

A Administração da Hidrovia do São Francisco (AHSFRA), constitui-se em um

órgão subordinado institucionalmente ao Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes – DNIT, e gerencialmente, à Companhia das Docas do Estado da Bahia –

CODEBA. Enquanto órgão de infraestrutura hidroviária e portuária, a AHSFRA tem por

atribuição principal a prestação de serviços públicos de manutenção e melhoramento

das condições de navegabilidade da Hidrovia do São Francisco.

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32 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

7.2.4. Comitês da bacia, organismos de bacia e consórcios

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO (CBHSF)

O Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHSF) é um órgão

colegiado, com atribuições normativas, deliberativas e consultivas que foi instituído

pelo Decreto Presidencial de 5 de junho de 2001.

No plano federal, o Comitê é vinculado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos –

CNRH, órgão colegiado do Ministério do Meio Ambiente, e se reporta ao órgão

responsável pela coordenação da gestão compartilhada e integrada dos recursos

hídricos no país, a Agência Nacional de Águas – ANA.

Os objetivos, a finalidade e as competências do CBHSF são definidos na Deliberação

CBHSF n.º 86 de 9 de dezembro de 2015, que consolida as alterações promovidas na

Deliberação n.º 79, de 5 de dezembro de 2013 no Regimento Interno do CBHSF

(Quadro 3). Inicialmente, o Regimento Interno do CBHSF foi aprovado em 2007 na XIII

Reunião Plenária do CBHSF, tendo sido posteriormente alterado, em 2013, pela

Deliberação n.º 75, de 5 de abril.

Quadro 3 – Objetivos, finalidade e competências do CBHSF.

Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHSF)

Objetivos Implementar a política de recursos hídricos em toda bacia, estabelecer regras de

conduta locais, gerenciar os conflitos e os interesses locais

Finalidade

Integração da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental, articulando a

viabilidade técnica, econômica e financeira de programas e projetos de investimento e

apoiando a integração entre as políticas públicas e setoriais, visando a o

desenvolvimento sustentável da bacia como um todo;

Articulação e integração entre os Sistemas Nacional e Estaduais de

Gerenciamento de Recursos Hídricos, inclusive integrando as políticas municipais

e as iniciativas regionais, estudos, planos, programas e projetos, às diretrizes e metas

estabelecidas para o desenvolvimento sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio São

Francisco, com vistas a conservar, preservar, proteger e recuperar os recursos

hídricos.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 33

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHSF)

Competências

Promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a

atuação das entidades intervenientes;

Arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos

hídricos;

Aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia e suas alterações, respeitando as

diretrizes do CNRH e do Plano Nacional de Recursos Hídricos, compatibilizando, de

forma articulada e integrada, os Planos de Recursos Hídricos das Bacias

Hidrográficas Afluentes ao rio São Francisco com o Plano de Recursos Hídricos da

Bacia Hidrográfica de sua área de atuação;

Acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as

providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

Propor ao CNRH quantitativos de acumulações, derivações, captações e

lançamentos de pouca expressão para efeito de isenção da obrigatoriedade de

outorga de direitos de uso de recursos hídricos de forma integrada com os critérios

definidos no âmbito das Políticas Estaduais de Recursos Hídricos, do Plano de Bacia

e do Pacto das Águas da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco;

Propor as metas do enquadramento ao CNRH e aprovar o seu plano de efetivação;

Competências

Estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir ao

CNRH os valores a serem cobrados na Bacia, em articulação com os Comitês de

Bacia Afluentes, de forma integrada com as respectivas Políticas Estaduais de

Recursos Hídricos;

Deliberar sobre as prioridades de aplicação de recursos oriundos da cobrança pelo

uso de recursos hídricos;

Solicitar a criação de sua agência de água ou indicar a entidade delegatária,

mediante processo seletivo prévio, que exercerá a função de secretaria executiva do

CBHSF;

Apreciar a proposta orçamentária da agência de água ou entidade delegatária e

deliberar sobre o Plano de Aplicação;

Estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de

interesse comum ou coletivo;

Desenvolver e apoiar iniciativas em educação ambiental em consonância com a lei

que institui a Política Nacional de Educação Ambiental;

Exercer as demais competências definidas pela legislação em cumprimento à Lei

Federal n.º 9.433/97 e sua regulamentação.

Fonte: Deliberação CBHSF n.º 86, de 9 de dezembro de 2015.

Os representantes dos diferentes segmentos e categorias do CBHSF, ou seja, a sua

composição, encontram-se no Quadro 4, tendo sido apresentados no Volume 3 –

Caracterização da bacia hidrográfica – Apêndices do RP1A do presente plano as

entidades que representam cada um dos segmentos no mandato 2013-2016.

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34 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Quadro 4 – Composição do CBHSF, segundo o Regimento Interno.

Composição do CBHSF

Segmentos e

categorias N. º Representantes

União 5

Ministério do Meio Ambiente; Ministério da Integração Nacional; Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministério de Minas e Energia;

Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

Unidade

Federativa 7 Minas Gerais; Goiás; Bahia; Pernambuco; Alagoas; Sergipe; Distrito Federal.

Municípios 8 Minas Gerais (3); Bahia (2); Pernambuco (1); Alagoas (1); Sergipe (1).

Usuários de

recursos hídricos 24

- Abastecimento urbano, incluindo diluições de efluentes urbanos (6):

Minas Gerais (2); Bahia (1); Pernambuco (1); Alagoas (1); Sergipe (1);

- Indústria, captação e diluição de efluentes industriais e mineração (5):

Minas Gerais (3); Bahia (1); Pernambuco (1);

- Irrigação e uso agropecuário (6): Minas Gerais (2); Bahia (2);

Pernambuco (1); Sergipe (1);

- Hidroviário (1): Bahia;

- Pesca, turismo e lazer (4): Minas Gerais (1); Bahia (1); Alagoas (1);

Pernambuco (1);

- Concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica (2).

Entidades civis

de recursos

hídricos

16

- Consórcios e associações intermunicipais ou de usuários (2): Minas

Gerais (1); Bahia (1);

- Organizações técnicas de ensino e pesquisa (5): Minas Gerais (1); Bahia

(1); Pernambuco (1); Alagoas (1); Sergipe (1);

- Organizações não governamentais (8): Minas Gerais (4); Bahia (1);

Pernambuco (1); Alagoas (1); Sergipe (1);

- Comunidades tradicionais quilombolas (1).

Povos indígenas 2 - Residentes ou com interesse na bacia

Fonte: Deliberação CBHSF n.º 86, de 9 de dezembro de 2015.

Relativamente à sua estrutura organizacional, o CBHSF é composto pelos seguintes

órgãos (cujas atribuições e competências se apresentam no Quadro 5):

Plenário: órgão deliberativo do CBHSF;

Diretoria Executiva (DIREX): composta pelo Presidente, Vice-

presidente e Secretário;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 35

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Diretoria Colegiada (DIREC): constituída pela DIREX e pelos

coordenadores das CCR do Alto, Médio, Submédio e Baixo São

Francisco;

Câmaras Consultivas Regionais (CCR): instâncias colegiadas

formadas com base na divisão fisiográfica da BHSF, composta por

membros titulares do Plenário do CBHSF, representantes da área de

atuação da CCR e um representante de cada um dos comitês de rios

Afluentes, legalmente constituídos, na sua área de atuação;

Câmaras Técnicas (CT): instâncias colegiadas, criadas por

Deliberação, compostas por membros titulares do Plenário do CBHSF,

que indicarão seus representantes. Existem cinco: CT de Articulação

Institucional (CTAI); CT de Comunidades Tradicionais (CTCT); CT

Institucional e Legal (CTIL); CT de Outorga e Cobrança (CTOC) e CT de

Planos, Programas e Projetos (CTPPP).

Quadro 5 – Estrutura organizacional do CBHSF: órgãos, atribuições do Plenário

e competências dos restantes órgãos.

Estrutura Organizacional

Órgãos Atribuições/Competências

Plenário

Deliberar sobre as matérias relacionadas com as competências do CBHSF;

Aprovar moção, quando se tratar de manifestação de qualquer outra natureza, relacionada

às finalidades do CBHSF;

Eleger e destituir o Presidente, o Vice-presidente e o Secretário do CBHSF e homologar a

indicação dos coordenadores das Câmaras Consultivas Regionais (CCR);

Deliberar sobre o Regimento Interno do CBHSF e suas alterações.

Diretoria

Executiva

(DIREX)

Deliberar sobre assuntos de natureza administrativa, encaminhados pelo Presidente ou

Secretário do CBHSF;

Tratar de assuntos institucionais encaminhados pelo Presidente, Secretário ou Vice-

presidente do CBHSF no âmbito de suas atribuições;

Encaminhar às Câmaras Técnicas (CT) matérias e propostas de cunho técnico, científico e

institucional, atinentes às suas competências.

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36 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Estrutura Organizacional

Órgãos Atribuições/Competências

Diretoria

Colegiada

(DIREC)

Receber e responder as demandas e solicitações encaminhadas pelas CCR;

Encaminhar matérias para análise e deliberação do Plenário, por meio do Secretário do

CBHSF, respeitados os critérios de prazo e encaminhamento previstos no Regimento

Interno;

Deliberar sobre matérias e assuntos encaminhados pelo Presidente do CBHSF;

Deliberar sobre matérias e assuntos encaminhados por quaisquer dos seus membros desde

que acatados pela maioria;

Encaminhar para análise e deliberação do Plenário os relatórios das CT e Grupos de

Trabalho do CBHSF, acompanhados, quando for o caso, de suas observações, acréscimos

ou supressões;

Baseado nos pareceres técnicos, pontuações e critérios estabelecidos nas deliberações

aprovadas pelo Plenário, proceder a escolha e priorização dos projetos encaminhados pela

Secretaria e pelas CCR;

Propor ao Presidente todas as iniciativas que considerar necessárias ao desempenho das

competências do CBHSF;

Definir a composição das CT a partir da manifestação de interesse dos membros do

Plenário do CBHSF;

Instaurar procedimento complementar, no prazo máximo de sessenta dias, para o

preenchimento de vagas remanescentes do processo eleitoral de membros do Plenário do

CBHSF, quando não preenchidas pela via ordinária.

Câmaras

Consultivas

Regionais

(CCR)

Promover a articulação e a integração do CBHSF com os Comitês de rios Afluentes;

Encaminhar ao Presidente do CBHSF as demandas provenientes dos Comitês de rios

Afluentes;

Apoiar o CBHSF no processo de gestão compartilhada no âmbito da bacia hidrográfica;

Discutir e apresentar sugestões ao CBHSF, referentes a assuntos relacionados à sua área

de atuação;

Proceder à divulgação das ações do CBHSF na sua área de abrangência;

Apoiar, no âmbito da sua área de atuação, o processo de mobilização para a renovação dos

mandatos de membros do CBHSF;

Realizar as consultas e audiências públicas aprovadas pelo Plenário;

Receber e encaminhar à DIREC as propostas de projetos a serem custeados com recursos

da cobrança pelo uso de recursos hídricos.

Câmaras

Técnicas

(CT)

Analisar as propostas e estudos relativos a assuntos de sua competência;

Manifestar-se sobre assuntos que lhe forem encaminhados pela DIREX;

Relatar ao Plenário, conforme o caso, os assuntos por ela analisados;

Solicitar ao consulente, quando necessário, a presença nas reuniões das CT, para

esclarecimentos.

Fonte: Deliberação CBHSF n.º 86, de 9 de dezembro de 2015.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 37

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A Figura 2 apresenta o organograma do CBHSF.

Figura 2 – Organograma do CBHSF.

Fonte: CBHSF, 2015.

A Deliberação CBHSF n.º 82, de 20 de novembro de 2014 institui e disciplina o

Procedimento Administrativo para a Resolução de Conflitos pelo Uso de Recursos

Hídricos (PARH) no âmbito do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

Entre 2004 e 2015 foram dirigidos ao CBHSF quatro procedimentos de resolução de

conflitos de uso das águas.

Contando com esta sua estrutura e regras de funcionamento e de deliberações, torna-

se importante sublinhar que muitas das ações determinadas pelo CBHSF devem ser

necessariamente consideradas pelos comitês de bacias de seus afluentes, o que

permite eventuais negociações para mitigar possíveis conflitos, uma vez que poderá

haver interesses divergentes entre os estados da federação e, também, entre certas

bacias de afluentes do Rio SF.

Como um mero exemplo, por certo que ações à montante (Minas Gerais) geram

repercussões a jusante (Bahia e demais estados), assim como também devem ser

analisadas quanto às suas repercussões sobre os trechos finais da bacia do SF

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38 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

(Pernambuco, Sergipe e Alagoas). Isto significa que os interesses a jusante poderão

determinar limites a usos da água localizados a montante.

Mesmo assim, tendo em vista uma efetiva gestão descentralizada e participativa, tal

como consta nos fundamentos e diretrizes gerais da Lei Nacional nº 9.433, volta-se a

sublinhar o já mencionado Princípio da Subsidiariedade, universalmente

reconhecido como um dos fatores fundamentais para uma eficácia na gestão dos

recursos hídricos. Novamente, segundo este princípio, toda e qualquer decisão que

possa ser assumida localmente e que não afete terceiros e/ou áreas mais abrangentes

– a montante ou a jusante –, não deverá subir a instâncias hierárquicas superiores.

Em termos práticos, isto significa que decisões relacionadas à gestão da BHSF devem

ser feitas tanto de alto para baixo, assim como vice-versa, ou seja, top-down and

bottom-up.

Dizendo em outras palavras, com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos (SINGREH) apresentando o fundamento de uma gestão descentralizada,

cumpre destacar que decisões locais sejam tomadas mais próximas à base, em

espaços institucionalizados. Portanto, os Sistemas Estaduais de Gerenciamento de

Recursos Hídricos (SEGREHs) tornam-se fundamentais para o Brasil, notadamente

em decorrência da grande extensão territorial do País e de suas distintas

características regionais, a exemplo da própria BHSF, tal como já foi abordado.

Sob tais conceitos, no que tange a uma governança descentralizada e participativa,

devem ser ponderadas no longo prazo as vantagens dos chamados “comitês de

integração”, sempre a serem constituídos sobre uma maior abrangência territorial,

que envolva e integre comitês mais locais, para que negociações, acordos e decisões

conjuntas venham a ser tomadas por estas instâncias locais, sem que se deixe de

considerar questões mais estratégicas e conjuntas.

Neste caso, é importante destacar que a integração entre comitês mais locais não

deve ser vista como uma necessária agregação imperativa, muitas vezes pretendida

para uniformizar certos procedimentos, tendo como resultado potenciais afastamentos

das realidades próprias, inclusive de áreas-problema.

Com isto posto, considera-se que não é de evitar que em bacias hidrográficas de

maior extensão territorial sejam instalados comitês em bacias de afluentes, ou mesmo

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 39

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

em trechos de rios, motivados por problemas específicos ou por níveis mais elevados

de mobilização social.

Entende-se que as instâncias sub-regionais não devem ser vistas como concorrentes

do comitê que abranja a totalidade da bacia, mas sim, como possíveis parceiros

estratégicos, com maior potencial de representatividade social, na proporção de sua

proximidade com problemas, temas e interesses locais ou sub-regionais.

Assim, volta-se a sublinhar o Princípio da Subsidiariedade no trato de uma

pragmática divisão de encargos, sempre zelando para que os problemas sejam

resolvidos no âmbito mais próximo à sua gênese, sendo alçadas instâncias mais

abrangentes somente quando ocorrer a impossibilidade de um equacionamento local

tornar-se adequado e efetivo, seja em razão de insuficiência de capacitação, seja em

casos de impasses decisórios, de falta de recursos ou, ainda, nos casos em que as

instâncias locais não abrigam todos os interessados das questões em pauta, a

exemplo de temas regionais mais abrangentes e estratégicos, tal como ocorre na

BHSF.

ENTIDADE EQUIPARADA À AGÊNCIA DE ÁGUAS

De acordo com a Lei n.º 10.881/2004 de 9 de junho, a Agência Nacional de Águas -

ANA poderá firmar contratos de gestão, por prazo determinado, com entidades sem

fins lucrativos que se enquadrem no disposto pelo art. 47 da Lei n.º 9.433, de 8 de

janeiro de 1997, que receberem delegação do Conselho Nacional de Recursos

Hídricos - CNRH para exercer funções de competência das Agências de Água,

previstas nos arts. 41 e 44 da mesma Lei, relativas a recursos hídricos de domínio da

União.

São asseguradas à entidade delegatária as transferências da ANA provenientes das

receitas da cobrança pelos usos de recursos hídricos em rios de domínio da União na

respectiva ou respectivas bacias hidrográficas.

A Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe Vivo – AGB

Peixe Vivo é uma entidade civil sem fins lucrativos, pessoa jurídica de direito privado,

constituída em 2006, que é desde junho de 2010 a entidade equiparada à Agência de

Águas na Bacia Hidrográfica do rio São Francisco.

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40 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Para exercerem estas funções, as agências de águas (e as entidades delegatárias)

são indicadas pelos comitês de bacia hidrográfica e poderão ser qualificadas pelo

CNRH ou pelos CERHs para o exercício de suas atribuições legais. As suas funções

passam, de forma geral, por prestar apoio administrativo, técnico e financeiro aos

respectivos Comitês.

Poderá ainda prestar serviços próprios como ministrar cursos e capacitações,

organizar e promover seminários, oficinas, elaborar e editar material didático, elaborar,

desenvolver e implementar projetos, programas e planos, entre outros, após a

aprovação do Conselho de Administração

A AGB Peixe Vivo começou a sua atividade como entidade equiparada à Agência de

Águas com o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio das Velhas, situação legitimada pela

Lei 13.199/99 de 29 de janeiro. Desde então, o número de comitês atendidos

aumentou, tendo sido necessária a reestruturação da organização. Esta entidade está

legalmente habilitada como entidade equiparada à Agência de Águas para sete

comitês estaduais mineiros (para além do CBHSF) (AGB, 2015): CBH Velhas; CBH

Entorno da Represa de Três Marias; CBH Pará; CBH Alto São Francisco; CBH

Jequitaí/Pacuí; CBH Paracatu; CBH Urucuia.

A Resolução CNRH n.º 114, de 10 de junho de 2010, delegou competência à AGB

Peixe Vivo para o exercício de funções inerentes à Agência de Águas na Bacia

Hidrográfica do rio São Francisco, tendo considerado a proposta do CBHSF, constante

da Deliberação CBHSF n.º 47, de 13 de maio de 2010, que indicou a AGB Peixe Vivo

para desempenhar a função de Agência de Águas do presente Comitê. A Deliberação

CBHSF n.º 84, de 21 de maio de 2015, renovou a indicação da AGB Peixe Vivo como

entidade equiparada à Agência de Águas do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São

Francisco.

A AGB Peixe Vivo tem a seguinte estrutura:

Assembleia Geral: órgão soberano, constituído por empresas usuárias

de recursos hídricos e organizações da sociedade civil;

Conselho de Administração: órgão de deliberação superior, que

define as linhas gerais das políticas, diretrizes e estratégias, orientando

a Diretoria Executiva no cumprimento de suas atribuições;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 41

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Conselho Fiscal: órgão fiscalizador e auxiliar da Assembleia Geral, do

Conselho de Administração e da Diretoria Executiva;

Diretoria Executiva: órgão executor das ações da AGB Peixe Vivo,

composta por Diretor Executivo, Diretor de Integração, Diretor de

Administração e Finanças e Diretor Técnico.

Os objetivos e finalidade da AGB Peixe Vivo apresentam-se no Quadro 6.

Quadro 6 – Objetivos e finalidade da AGB Peixe Vivo.

Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe Vivo

(AGB Peixe Vivo)

Objetivos

Exercer a função de secretaria executiva do Comitês;

Auxiliar os Comitês de Bacias no processo de decisão e gerenciamento da bacia

hidrográfica avaliando projetos e obras a partir de pareceres técnicos, celebrando

convênios e contratando financiamentos e serviços para execução de suas atribuições;

Manter atualizados os dados socioambientais da bacia hidrográfica em especial as

informações relacionadas à disponibilidade dos recursos hídricos de sua área de

atuação e o cadastro de usos e de usuários de recursos hídricos;

Auxiliar a implementação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos na sua área

de atuação, como por exemplo, a cobrança pelo uso da água, plano diretor, sistema de

informação e enquadramento dos corpos de água.

Finalidade

Prestar apoio técnico operativo à gestão dos recursos hídricos das bacias hidrográficas,

mediante o planejamento, a execução e o acompanhamento de ações, programas,

projetos, pesquisas e quaisquer outros procedimentos aprovados, deliberados e

determinados por cada Comitê de Bacia ou pelos Conselhos de Recursos Hídricos

Estaduais ou Federal.

Fonte: AGB, 2015.

A estrutura organizacional da entidade equiparada à agência de águas encontra-se no

Quadro 7, bem como as principais competências de cada órgão.

Quadro 7 – Estrutura Organizacional da AGB Peixe Vivo: órgãos e principais

competências.

Estrutura Organizacional da AGB Peixe Vivo

Órgãos Competências

Assembleia

Geral

Excluir associados;

Eleger os membros dos Conselhos de Administração e Fiscal;

Destituir os membros dos Conselhos de Administração e Fiscal;

Aprovar as contas;

Alterar e aprovar o estatuto;

Fixar a cota de adesão das empresas-usuárias de recursos hídricos;

Dissolver a associação.

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42 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Estrutura Organizacional da AGB Peixe Vivo

Órgãos Competências

Conselho de

Administração

Deliberar sobre as linhas gerais das políticas, diretrizes e estratégias da AGB Peixe

Vivo, orientando a Diretoria Executiva no cumprimento de suas atribuições;

Avaliar e aprovar os termos de contratos ou convênios relacionados à finalidade e aos

objetivos da AGB Peixe Vivo, inclusive termos de Contrato de Gestão ou instrumentos

equivalentes, excluídos os contratos resultantes de procedimentos licitatórios;

Determinar ou autorizar a contratação de auditoria externa;

Examinar e aprovar: proposta de orçamento e o plano de ação para execução das

atividades da AGB Peixe Vivo; relatórios gerenciais e de atividades, com os

respectivos balancetes; os demonstrativos financeiros e contábeis anuais; avaliação

de resultados de contratos, convênios ou outros instrumentos de ajuste e as análises

gerenciais cabíveis; propostas de alterações deste estatuto, bem como o plano de

cargos, salários e benefícios dos empregados;

Acompanhar e avaliar o desempenho da AGB Peixe Vivo, auxiliando-se do Conselho

Fiscal;

Definir e aprovar a contratação e a demissão dos membros da Diretoria Executiva;

Definir e aprovar a remuneração da Diretoria Executiva da AGB Peixe Vivo;

Fiscalizar a gestão, apurar irregularidades cometidas e, na forma de Regimento

Interno, advertir, suspender ou destituir os membros que compõem a Diretoria

Executiva da AGB Peixe Vivo;

Remeter ao Ministério Público processo em que se apure a responsabilidade dos

membros que compõem a Diretoria Executiva por crime contra o patrimônio público

sob a administração da AGB Peixe Vivo;

Estabelecer a forma pela qual se darão as solicitações de adesão e de desligamento

da AGB Peixe Vivo;

Conselho de

Administração

(cont.)

Avaliar e aprovar, com a devida exposição de motivos, proposta de alteração em

políticas, diretrizes, estratégias, planos de atividades e respectivos orçamentos;

Avaliar a necessidade e propor à Assembleia Geral os valores e a forma de ajuda de

custo aos representantes dos membros dos Conselhos;

Suspender o gozo de direitos do associado;

Autorizar, por proposta da Diretoria Executiva, a abertura de unidades da AGB Peixe

Vivo;

Propor à Assembleia Geral a dissolução da AGB Peixe Vivo;

Elaborar, alterar e aprovar o Regimento Interno, que disporá, no mínimo, sobre a

estrutura da AGB Peixe Vivo, sua forma de gerenciamento, seus cargos e respectivas

competências;

Aprovar a adesão de novos associados da AGB Peixe Vivo;

Resolver sobre os casos omissos no Estatuto Social.

Conselho Fiscal

Examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da associação e o estado

do caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as

informações solicitadas;

Lavrar pareceres em livro específico;

Apresentar o parecer sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que

servirem, tomando por base o balanço patrimonial e o de resultado econômico ao

Conselho de Administração para apreciação e posterior deliberação da Assembleia

Geral;

Denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo providências úteis

à sociedade;

Praticar, durante o período da liquidação da associação, os atos referidos

anteriormente, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 43

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Estrutura Organizacional da AGB Peixe Vivo

Órgãos Competências

Diretoria

Executiva

Diretor Geral:

Representar a AGB Peixe Vivo em qualquer oportunidade, ativa e passivamente,

judicial e extrajudicialmente;

Convocar e presidir as reuniões da Diretoria Executiva;

Assinar conjuntamente com o Diretor de Administração e Finanças os cheques, livros

de caixa, balancetes e balanços do movimento contábil;

Exercer outras atribuições que lhe forem conferidas pela Assembleia Geral ou pelos

Conselhos;

Abrir e movimentar contas bancárias, conjuntamente com o Diretor de Administração

e Finanças;

Exercer outras atividades correlatas;

Receber e encaminhar aos demais órgãos da Associação as reclamações,

sugestões, denúncias e outras demandas pertinentes;

Avaliar as minutas dos termos de contratos ou convênios relacionados à finalidade e

aos objetivos da AGB Peixe Vivo.

Diretor de Integração:

Exercer a interlocução entre os Comitês de Bacia Hidrográfica e a AGB Peixe Vivo

visando o planejamento integrado de ações;

Propor aos Comitês de Bacia Hidrográfica o Plano de Trabalho anual, a ser

executado pela AGB Peixe Vivo;

Exercer a interlocução e o atendimento ao direito de petição dos usuários e

comunidades das bacias atinentes às questões de gestão dos recursos hídricos:

Apoiar e articular as funções de secretaria-executiva dos Comitês de Bacia

Hidrográfica para os quais a AGB Peixe Vivo atua como agência de águas;

Exercer outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Diretor Geral.

Diretor de Administração e Finanças:

Executar as atividades administrativas, financeiras e contábeis;

Elaborar relatórios das atividades administrativas, financeiras e contábeis da AGB

Peixe Vivo;

Elaborar relatórios das atividades administrativas, financeiras e contábeis da AGB

Peixe Vivo, relacionadas aos Contratos de Gestão ou Instrumentos equivalentes

firmados com os órgãos gestores federal e estaduais;

Exercer outras atividades correlatas.

Diretor Técnico:

Executar as atividades necessárias ao desenvolvimento dos projetos, programas,

pesquisas e demais procedimentos demandados pelos comitês aos quais atua como

Entidade Delegatária ou equiparada à agência de águas;

Propor medidas que assegurem a consecução dos objetivos e metas estabelecidos;

Elaborar os relatórios de atividades;

Elaborar relatórios das atividades técnicas relacionadas aos Contratos de Gestão ou

instrumentos equivalentes firmados com os órgãos gestores federal e estaduais;

Exercer outras atividades correlatas.

Fonte: AGB, 2015.

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44 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A Figura 3 apresenta o organograma da AGB Peixe Vivo.

Figura 3 – Organograma da AGB Peixe Vivo.

Fonte: AGB, 2015.

As competências da AGB Peixe Vivo são elencadas na cláusula terceira do Contrato

de gestão n.º 014/ANA/2010 celebrado a 30 de junho de 2010 entre a Agência

Nacional de Águas (ANA) e a AGB Peixe Vivo, com a anuência do CBHSF

(Data de Publicação D.O.U. 01/07/2010).

COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS DE BACIAS AFLUENTES

Encontram-se em funcionamento dois comitês de bacia nos rios de domínio da União:

o da bacia hidrográfica do rio São Francisco e o da bacia hidrográfica do rio Verde

Grande. Na área da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais possui 10 comitês

estaduais em funcionamento, a Bahia seis, Goiás, Pernambuco, Alagoas e Distrito

Federal um comitê. Sergipe não tem comitês na bacia.

Os Comitês da bacia do rio São Francisco em Minas Gerais, foram criados entre 1998

e 2008, e são os seguintes: SF1 – Alto São Francisco; SF2 – Pará; SF3 – Paraopeba;

SF4 – Represa de Três Marias; SF5 – Velhas; SF6 – Jequitaí e Pacuí; SF7 –

Paracatu; SF8 – Urucuia; SF9 – Médio São Francisco; SF10 – Verde Grande.

Os Comitês da bacia do rio São Francisco na Bahia (BA5 – Rios Verde-Jacaré; BA6 –

Rio Salitre; BA7 – Rio Corrente; BA9 – Rio Grande; BA10 – Rios baianos do entorno

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 45

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

do Lago do Sobradinho; BA13 – Rio Paramirim e Santo Onofre), foram criados entre

2006 e 2012.

O CBH Pajeú (Pernambuco), foi criado em 2000, o CBH Piauí (Alagoas) em 2005, o

CBH dos Afluentes Goianos do São Francisco (Goiás), em 2014, e o CBH Afluentes

Rio Preto em 2010.

CONSÓRCIOS E ASSOCIAÇÕES INTERMUNICIPAIS

O Consórcio dos Municípios do Lago de Três Marias - COMLAGO e a AMAPAR –

Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Paranaíba têm representação

no CBHSF.

O Consórcio dos Municípios do Lago de Três Marias - COMLAGO é uma associação

civil, sem fins lucrativos e de finalidades comunitárias, órgão executivo do Comitê da

Bacia Hidrográfica do Entorno da Represa de Três Marias.

A AMAPAR é uma entidade política, de utilidade pública estadual – Lei nº 9.797/89 e

municipal – Lei nº 2.230/87, que congrega 18 municípios do Alto Paranaíba. A

instituição desenvolve suas atividades voltadas para a articulação política junto aos

poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, na busca do fortalecimento da causa

municipalista e regional, nas esferas estadual e federal.

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46 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

7.2.5. Principais atores e parceiros estratégicos na gestão de recursos hídricos

Como atores e parceiros estratégicos para a gestão dos recursos hídricos na bacia

hidrográfica do rio São Francisco consideram-se:

- Parte dos membros do CBHSF (assinalados com *, no quadro abaixo) - os que

se considerou apresentarem uma atuação menos pontual e mais estratégica;

- Os atores associados aos principais conflitos ou desafios da gestão de

recursos hídricos na bacia.

Estes são classificados quanto a:

Segmento da sociedade: poder público, sociedade civil ou usuário

Esfera de atuação: federal, estadual, municipal

Abrangência espacial: nacional, estadual, regional, municipal, bacia

hidrográfica

Relevância: estratégico, muito relevante, relevante

Quadro 8 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: poder

público federal.

Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância

ANA – Agência Nacional de Águas Nacional Estratégico

IBAMA Nacional Estratégico

Ministério das Cidades/SNSA Nacional Muito Relevante

Ministério da Saúde/FUNASA Nacional Estratégico

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento Nacional Muito Relevante

EMBRAPA – Semiárido* Regional Muito Relevante

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica Nacional Estratégico

MI – Ministério da Integração Nacional* Nacional Estratégico

CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento dos Vales

do São Francisco e do Parnaíba* Regional Estratégico

MMA – Ministério do Meio Ambiente* Nacional Estratégico

MME – Ministério de Minas e Energia* Nacional Estratégico

CPRM – Serviço Geológico do Brasil Nacional Estratégico

INSA – Instituto Nacional do Semiárido Nacional Estratégico

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 47

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral Nacional Muito Relevante

ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico Nacional Estratégico

CNRH – Conselho Nacional de Recursos Hídricos Nacional Muito Relevante

ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários Nacional Relevante

AHSFRA - Administração da Hidrovia do São Francisco Bacia Hidrográfica Relevante

Quadro 9 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: poder

público estadual e municipal.

Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância

Poder público estadual

MG SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável* Estadual Estratégico

MG IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das Águas Estadual Estratégico

BA INEMA – Instituto do Meio Ambiente e Recursos

Hídricos* Estadual Estratégico

BA SEMA – Secretaria de Meio Ambiente do Estado da

Bahia* Estadual Estratégico

PE SRHE – Secretaria de Recursos Hídricos e

Energéticos de Pernambuco* Estadual Estratégico

PE APAC – Agência Pernambucana de Águas e Clima* Estadual Estratégico

AL SEMARH – Secretaria de Meio Ambiente e

Recursos Hídricos de Alagoas* Estadual Estratégico

SE SEMARH – Secretaria de Meio Ambiente e dos

Recursos Hídricos de Sergipe* Estadual Estratégico

GO

SECIMA- Secretaria de Meio Ambiente, Recursos

Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos

Metropolitanos *

Estadual (pequena

área na BHSF) Estratégico

DF Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

do DF

Estadual (pequena

área na BHSF) Estratégico

DF ADASA – Agência Reguladora de Águas, Energia e

Saneamento Básico do Distrito Federal

Estadual (pequena

área na BHSF) Estratégico

DF IBRAM – Instituto Brasília Ambiental* Estadual (pequena

área na BHSF) Relevante

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48 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância

Poder público municipal

Prefeituras Municipal Estratégico

Quadro 10 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:

sociedade civil.

Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância

MG Associação Ambientalista do Alto São Francisco –

ASF* Regional Relevante

MG Instituto Guaicuy – SOS rio das Velhas* Bacia Hidrográfica Relevante

MG Associação de Usuários da Bacia Hidrográfica do

rio Pará* Bacia Hidrográfica Relevante

BA UFBA – Universidade Federal da Bahia* Nacional Relevante

BA IFBA – Instituto Federal da Bahia* Nacional Relevante

BA IRPAA – Instituto Regional da Pequena

Agropecuária Apropriada* Regional Muito Relevante

BA Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da

Diamantina Regional Relevante

BA Associação dos Pequenos Produtores Agrovila 18* Local Relevante

SE Canoa de Tolda – Sociedade Socioambiental do

Baixo São Francisco* Regional Relevante

Quadro 11 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:

usuários.

Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância

MG CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais* Estadual Estratégico

MG COPASA – Companhia de Saneamento de Minas

Gerais* Estadual Estratégico

MG IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração* Nacional Muito relevante

MG FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de

Minas Gerais* Estadual Estratégico

MG Bambuí Bioenergia* Estadual Relevante

MG Associação da Bacia do São Pedro* Local Relevante

MG Sindicato dos Produtores Rurais de Paracatu* Local Relevante

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 49

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância

MG Condomínio de Irrigação Paracatu Entre Ribeiros* Local Relevante

MG Federação dos Pescadores Artesanais e

Aquicultores de Minas Gerais – FEPAMG* Estadual Relevante

MG Colônia de Pescadores Z-05 de Três Marias* Municipal Relevante

BA EMBASA - Empresa Baiana de Águas e

Saneamento* Estadual Estratégico

BA Federação das Indústrias do Estado da Bahia –

FIEB* Estadual Estratégico

BA Bahia Mineração LTDA* Estadual Relevante

BA AIBA - Associação dos Agricultores e Irrigantes da

Bahia* Estadual Estratégico

BA Associação dos Criadores de Gado do Oeste da

Bahia* Estadual Muito Relevante

PE COMPESA – Companhia Pernambucana de

Saneamento* Estadual Estratégico

PE Federação das Indústrias do Estado de

Pernambuco – FIEPE* Estadual Estratégico

PE Associação dos Produtores Rurais Irrigantes do

Vale do Moxotó – UNIVALE* Local Muito Relevante

AL CASAL – Companhia de Saneamento de Alagoas* Estadual Estratégico

AL FEPAL – Federação dos Pescadores do Estado de

Alagoas* Estadual Relevante

SE DESO – Companhia de Saneamento de Sergipe* Estadual Estratégico

ASSEMAE – Associação das Empresas Municipais de

Água e Esgoto* Nacional Estratégico

CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco * Regional Estratégico

Quadro 12 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:

consórcios, associações municipais e comitês de bacias afluentes.

Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância

Consórcios e associações intermunicipais

MG COMLAGO – Consórcio e Associações de

Municípios do Lago de Três Marias* Municipal Relevante

MG AMAPAR – Associação dos Municípios da

Microrregião do Alto Paranaíba* Municipal Relevante

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50 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância

Comitês de bacias hidrográficas afluentes

CBH Verde Grande Bacia hidrográfica Estratégico

MG CBH-SF1 a SF10 Bacia hidrográfica Estratégico

BA CBH-BA 5,6,7,9,10 e 13 Bacia hidrográfica Estratégico

PE CBH Pajeú Bacia hidrográfica Estratégico

AL CBH Piauí Bacia hidrográfica Estratégico

GO CBH dos Afluentes Goianos do São Francisco

Bacia hidrográfica

(pequena área na

BHSF)

Estratégico

DF CBH Afluentes Rio Preto

Bacia hidrográfica

(pequena área na

BHSF)

Estratégico

7.2.6. Matriz de atuação dos atores estratégicos

A natureza de atuação1 dos atores do poder público e dos usuários de relevância

“estratégica” foi classificada como direta ou indireta nos setores:

Gestão de recursos hídricos (articulação, planejamento, gerenciamento

e regulamentação)

Preservação ambiental (conservação da natureza, revitalização)

Erosão, secas e cheias

Geração de energia

Educação ambiental

Saneamento

Agropecuária

Indústria e mineração

Navegação, pesca, aquicultura, turismo e lazer

Fiscalização ambiental

Pesquisa e inovação.

1 Categorias de classificação adaptadas da metodologia adotada no Plano Integrado de Recursos

Hídricos da Bacia do Rio Doce (2010)

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 51

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Quadro 13 – Setores de atuação direta e indireta dos principais atores estratégicos.

Setores

Poder Público Usuários de Recursos Hídricos

Federal MG BA PE AL SE GO DF Municipal MG BA PE AL SE

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Gestão de

recursos hídricos

(gestão,

gerenciamento,

regulamentação)

Preservação

ambiental

Erosão, secas e

cheias

Geração de

energia

Educação

ambiental

Saneamento

Agropecuária

Indústria e

mineração

Navegação, pesca,

aquicultura,

turismo e lazer

Fiscalização

ambiental

Pesquisa e

inovação

Atuação direta Atuação indireta

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52 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

LEGENDA:

SIGLA Designação da entidade SIGLA Designação da entidade

ANA Agência Nacional de Águas APAC Agência Pernambucana de Águas e Clima

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

MS/FUNASA Ministério da Saúde/ Fundação Nacional de Saúde

SECIMA Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos

Metropolitanos

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica ADASA Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal

MI Ministério da Integração Nacional COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais

CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

MMA Ministério do Meio Ambiente CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

MME Ministério de Minas e Energia EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais FIEB Federação das Indústrias do Estado da Bahia

INSA Instituto Nacional do Semiárido AIBA Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento

SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável FIEPE Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco

IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas CASAL Companhia de Saneamento de Alagoas

SEMA Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia DESO Companhia de Saneamento de Sergipe

INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos ASSEMAE Associação das Empresas Municipais de Água e Esgoto

SRHE Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco CHESF Companhia Hidroelétrica do São Francisco

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 53

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

7.3. Fragilidades e oportunidades na gestão dos recursos hídricos

7.3.1. Integração entre entidades e políticas

As abordagens isoladas presentes entre os ministérios relacionados à temática da

água prejudicam a coerência política nos diferentes níveis. Em particular, a fraca

coordenação entre as políticas de recursos hídricos, de uso do solo, de saneamento,

de meio ambiente e de desenvolvimento econômico é prejudicial para a política de

recursos hídricos. O fato de que os municípios estão em geral ausentes de estruturas

participativas é um fator agravante (OCDE, 2015).

É apontada a necessidade de melhor comunicação entre as instituições de bacia,

municipais, estaduais e federais, bem como entre os comitês de bacia e os conselhos

estaduais de recursos hídricos, especialmente em torno de questões específicas de

interesse comum.

Em contraponto, há uma gama de instrumentos em vigor no Brasil para coordenar a

política de águas com outras políticas públicas em diferentes níveis (OCDE,

2015):

No nível mais alto, o Ministério do Meio Ambiente, especialmente por

meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, é a

principal organização responsável pela promoção das políticas e da

coordenação com os outros ministérios. Alguns acordos foram

assinados com o Ministério da Agricultura e o Ministério da Integração

Nacional para promover a complementaridade e coerência política.

Foram formados também grupos de trabalho interministeriais (por

exemplo pelo Ministério das Cidades, para coordenar as políticas

urbanas e as questões relacionadas, tais como a água).

O CNRH também tem funções de coordenação que, até agora não

foram executadas de maneira eficiente, e poderiam ser fortalecidas para

permitir uma coordenação intersetorial efetiva e uma orientação de alto

nível para os tomadores de decisão finais.

Sob a coordenação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, o

Plano Nacional de Recursos Hídricos é também uma importante

ferramenta de coordenação intersetorial com as outras áreas de política

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54 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

envolvidas na sua elaboração (energia, mineração, integração nacional,

agricultura, saneamento).

Uma variedade de programas federais também oferece oportunidades

para a integração de políticas e iniciativas que são relevantes para os

recursos hídricos.

O Plano Nacional de Segurança Hídrica, em elaboração pela ANA, com

o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Integração Nacional

(com conclusão prevista para o final de 2016), ajudará a articular as

políticas e as medidas entre diversos ministérios e selecionar as obras

hídricas e atividades necessárias a fim de melhorar a segurança hídrica

geral no país.

7.3.2. Funcionamento do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e dos

Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos deveria se dedicar à melhoria da

coordenação intersetorial. Porém, ele não tem desempenhado plenamente o seu papel

por três motivos principais (OCDE, 2015):

O nível de representação dos vários ministérios não é tão alto quanto o

desejável. Funcionários de alto escalão tendem a delegar a

representação para substitutos de escalão inferior. De acordo com a lei

de 1977, o Ministro do Meio Ambiente deve presidir o Conselho, mas

isso raramente acontece na prática, o que produz um efeito cascata

sobre o nível de representação das outras partes interessadas e sobre a

capacidade tomar decisões;

O CNRH não está totalmente dedicado ou focado em questões

estratégicas. Se o Conselho tivesse um nível político mais alto e uma

agenda mais estratégica, o sistema poderia ser mais efetivo e os custos

de transação seriam menores. As 10 câmaras técnicas e 22 grupos de

trabalho, todos de natureza muito especializada, podem se sobrepor ou

replicar aquelas de determinadas agências públicas (por exemplo a

ANA). Um Conselho Nacional focado nas prioridades abrangentes do

país poderia ser mais atraente para os outros ministérios e

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 55

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

representantes dos usuários e organizações não governamentais

(ONGs);

Os conselhos estaduais não estão plenamente representados (de

acordo com o regimento interno do CNRH são 10 os conselhos

estaduais representados) e são muitas vezes mal informados sobre as

atividades do CNRH.

Verifica-se um desequilíbrio representativo no CNRH, com o número de

representantes do Poder Executivo Federal a corresponder a metade mais um (29) do

total de membros (57).

Os conselhos estaduais de recursos hídricos encontram-se em graus de maturidade

variáveis, com Minas Gerais entre os estados que mais atenção deram aos problemas

da água (OCDE, 2015).

A comunicação do Conselho Nacional com os conselhos estaduais de recursos

hídricos é às vezes insuficiente (OCDE, 2015). O mesmo acontece quanto à relação

dos conselhos com os comitês de bacias hidrográficas. Neste aspecto, a OCDE (2015)

sugere organizar reuniões nacionais dos conselhos estaduais e comitês de bacias

hidrográficas para compartilhar experiências, aumentar a sensibilização nacional e

revelar formadores de opinião em cada estado.

7.3.3. Funcionamento dos comitês de bacia afluentes e do CBHSF

O comitê de bacia é um organismo de Estado, criado por meio de Decreto do

Presidente da República ou, no âmbito de bacias de rios estaduais, do governador do

estado (ANA, 2011d). O reconhecimento pelos agentes públicos dos CBH como entes

do Estado tem, contudo, sido difícil.

A criação de comitês requer uma disposição da sociedade da bacia como um todo

(organizações civis, usuários e poder público) para o debate sobre o tema água. As

organizações civis do setor de recursos hídricos e os usuários de água, em geral, têm

demonstrado interesse em participar do processo de gestão da água, mas a criação

de um comitê poderá não ter o êxito esperado na solução ou na prevenção de

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56 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

problemas se não houver o engajamento dos poderes públicos e, especialmente, do

principal gestor do uso do solo: o município (ANA, 2011d).

Nas bacias interestaduais, o funcionamento dos comitês de bacia apresenta

complexidade adicional, inclusivamente considerando as diferenças entre as

legislações estaduais e a nacional, o diferente estágio de implementação dos

instrumentos para gerenciamento dos recursos hídricos e a dificuldade de os Estados

acatarem as decisões do comitê de bacia interestadual com relação às águas sob seu

domínio.

Os comitês de bacia hidrográfica possuem poderes deliberativos fortes, mas a sua

capacidade para implementação é limitada. Têm essencialmente um papel de

“defensores”, enquanto o seu papel é construir consenso sobre as prioridades e o

planejamento para orientar a tomada de decisão (OCDE, 2015).

Nas oficinas realizadas em Paulo Afonso (6 e 7/05/2013; Submédio SF), Penedo (9 e

10/05/2013; Baixo SF), Juazeiro (21 e 22/05/2013; Submédio SF), Barreiras (7/6/2013;

Médio SF) e Três Marias (10/06/2013; Alto SF), foram identificados os seguintes

problemas de articulação interinstitucional especificamente na bacia hidrográfica

do rio São Francisco (GARJULLI, 2013):

Ausência de participação efetiva do CBHSF no comitê gestor da

revitalização;

Fraca articulação entre o CBHSF e os órgãos responsáveis pela

geração de energia (CHESF, ONS, ANEEL) em termos do

estabelecimento de regras e procedimentos de operação dos

reservatórios;

Pouca articulação e integração entre órgãos gestores estaduais,

nacional e o CBHSF na gestão de recursos hídricos da Bacia, em

especial na implementação dos instrumentos de gestão;

Articulação insuficiente do CBHSF com CBHs afluentes e outros

colegiados das diferentes políticas públicas.

Em relação à participação do CBHSF no comitê gestor da revitalização, o Decreto n.º

8834 de 9 de agosto de 2016 indica o Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do

Rio São Francisco – CBHSF como constituinte do Comitê Gestor do Programa de

Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco - CG-PRSF.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 57

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A representação e a representatividade dos representantes do CBH devem

possibilitar que todos os segmentos da sociedade estejam presentes e tenham as

mesmas condições de intervir no processo decisório do CBH (Meier, M. et. al., 2014).

Compreende-se a representação do CBH em dois momentos (Meier, M. et. al., 2014):

1º momento: A representação dos stakeholders (por setor e por

categoria) compondo os membros da plenária do CBH;

2º momento: os representantes escolhidos pelos membros do CBH.

O número de membros do Plenário do CBHSF é de 62 (sessenta e dois) membros

titulares (cf. Deliberação CBHSF nº 86, de 09 de dezembro de 2015) de acordo com

as representações dos seguintes segmentos e categorias:

União, com 5 (cinco) representantes, sendo 1 (um) para cada uma das

seguintes instituições: a) Ministério do Meio Ambiente; b) Ministério da

Integração Nacional; c) Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão; d) Ministério de Minas e Energia; e) Fundação Nacional do

Índio – FUNAI;

Estados, com 6 (seis) representantes, sendo um para cada Unidade

Federativa que compõe a bacia hidrográfica, quais sejam: Minas Gerais,

Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e o Distrito Federal com 1

(um) representante;

Municípios, cujos territórios se situam total ou parcialmente na bacia,

com 8 (oito) representantes, assim distribuídos por Estado: a) 3 (três)

de Minas Gerais; b) 2 (dois) da Bahia; c) 1 (um) de Pernambuco; d) 1

(um) de Alagoas; e) 1 (um) de Sergipe;

Usuários de recursos hídricos de sua área de atuação, com 24 (vinte e

quatro) representantes, distribuídos por cada categoria descrita a

seguir: a) 6 (seis) para abastecimento urbano, inclusive diluição de

efluentes urbanos, sendo: 2 (dois) localizados em Minas Gerais; 1 (um)

na Bahia; 1 (um) em Pernambuco; 1 (um) em Alagoas e 1 (um) em

Sergipe; b) 5 (cinco) para indústria, captação e diluição de efluentes

industriais e mineração, sendo: 3 (três) localizados em Minas Gerais; 1

(um) na Bahia; 1 (um) em Pernambuco; c) 6 (seis) para irrigação e uso

agropecuário, sendo: 2 (dois) localizados em Minas Gerais; 2 (dois) na

Bahia; 1 (um) em Pernambuco e 1 (um) em Sergipe; d) 1 (um) para o

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58 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

hidroviário localizado na Bahia; e) 4 (quatro) para pesca, turismo e

lazer, sendo: 1 (um) localizado em Minas Gerais; 1 (um) na Bahia; 1

(um) em Alagoas e 1 (um) em Pernambuco; f) 2 (dois) para as

concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica;

Entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia,

com 16 (dezesseis) representantes, distribuídas de acordo com as

categorias definidas no art. 47 da Lei nº 9.433/97: a) 2 (dois), para

consórcios e associações intermunicipais ou de usuários, sendo: 1 (um)

em Minas Gerais e 1 (um) na Bahia; b) 5 (cinco) para as organizações

técnicas de ensino e pesquisa ou outras organizações, sendo: 1 (um) de

Minas Gerais; 1 (um) da Bahia; 1 (um) de Pernambuco; 1 (um) de

Alagoas e 1 (um) de Sergipe; c) 8 (oito), para organizações não

governamentais, sendo: 4 (quatro) de Minas Gerais; 1 (um) da Bahia; 1

(um) de Pernambuco; 1 (um) de Alagoas e 1 (um) de Sergipe; d) 1 (um)

para as comunidades tradicionais quilombolas, no âmbito da bacia.

Povos indígenas residentes ou com interesse na bacia, com 2 (dois)

representantes eleitos no âmbito da mesma.

Assim, 32,3% dos representantes pertencem ao poder público, 38,7% aos usuários,

25,8% à sociedade civil e 3,2% aos povos indígenas.

É, pois, obedecido o limite de 40% do total de votos atribuído ao poder público, de

acordo com a Resolução CNRH n.º 5, de 10 de abril de 2000 (modificada pela

Resolução n.º 24, de 24 de maio de 2002) e o mínimo de 20% do total de votos da

sociedade civil (ainda que, neste caso, sem a participação de representantes de Goiás

e do DF). O número de representantes dos usuários dos recursos hídricos obedece os

40% do total de votos indicados na mesma resolução se os representantes dos povos

indígenas forem contabilizados como usuários.

É respeitado o requisito da Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997 de acordo com o

qual nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras

indígenas, como é o caso da BHSF, devem ser incluídos representantes da Fundação

Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União e das comunidades

indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 59

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A análise das vagas não preenchidas no mandato 2013-2016 permite verificar que:

No poder público, existem 2 vagas de titulares sem nomeação;

Ao nível dos usuários, existe uma vaga não preenchida de titular e seis

vagas não preenchidas de suplentes;

Ao nível da sociedade civil, existe uma vaga de titular sem nomeação e

três vagas não preenchidas de suplentes.

De acordo com o regimento interno do CBHSF, as Câmaras Técnicas são constituídas

por, no mínimo 7 (sete), e no máximo 13 (treze) membros, aos quais cabe indicar um

representante titular e um suplente. A composição de cada Câmara Técnica é definida

pela Diretoria Colegiada, a partir de manifestação de interesse dos membros do

Plenário do CBHSF. Existem atualmente três Câmaras Técnicas constituídas: Câmara

Técnica Institucional e Legal – CTIL; Câmara Técnica de Outorga e Cobrança – CTOC

e Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos – CTPPP. A CTIL é composta por

quatro representantes de usuários, quatro da sociedade civil, quatro do poder público

estadual e um representante de povos indígenas. A CTOC é constituída por seis

representantes de usuários, três da sociedade civil e quatro representantes do poder

público. A CTPPP é constituída por sete representantes da sociedade civil, quatro

representantes de usuários e dois do poder público.

O regimento interno do CBHSF não define a composição dos grupos de trabalho.

Estão formados os seguintes grupos: Grupo de Acompanhamento do Contrato de

Gestão – GACG, Grupo de Acompanhamento Técnico – GAT e Grupo de Trabalho

Permanente de Acompanhamento da Operação Hidráulica na Bacia do Rio São

Francisco – GTOSF.

A Resolução DIREC CBHSF n.º 41 de 27 de janeiro de 2016 estabelece normas,

procedimentos e critérios para o processo eleitoral de renovação dos membros do

CBHSF.

Prevê-se a realização de uma análise mais aprofundada sobre a representação do

CBHSF através de estudo específico, considerado no relatório RP6 – Plano de metas,

ações prioritárias e investimentos. Sugere-se realizar, notadamente:

Uma análise do perfil dos representantes, verificando se a

representação do CBH é plural e distribuída socialmente. Essa análise

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60 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

poderá abranger características como o gênero, a idade, a renda

mensal e o nível de formação dos representantes, em cada setor;

Uma análise da representação dos setores, contabilizando os

representantes de cada setor nas reuniões do CBH e identificando as

justificativas para as faltas nas reuniões do CBH.

A representatividade dos representantes do CBH é compreendida em dois momentos

(Meier, M. et. al., 2014):

1º momento: a representatividade dos membros do CBH em nome dos

interesses da sociedade, dos usuários ou do poder público envolvidos

com as águas na bacia hidrográfica;

2º momento: a representatividade dos representantes em exprimir os

interesses da sua instituição de origem.

Vários fatores intervêm no processo de representatividade, como (Meier, M. et. al.,

2014):

- A capacidade que o representante tem de articular-se com a sua base,

possuindo as seguintes finalidades: colher opiniões, sugestões e

posicionamentos para serem levados às reuniões do CBH, garantindo os

interesses dessa base no processo de tomada de decisões; e divulgar às

suas bases as informações e decisões emanadas do CBH;

- Qualidades individuais dos representantes e os recursos disponíveis para

participar, como: a experiência que possui sobre a gestão dos recursos

hídricos, conhecimento sobre a BH, a qualificação técnica e política dos

representantes, conhecimento sobre o funcionamento do CBH,

engajamento dos representantes na participação, entre outros;

- A capacidade de articulação do representante com os demais

representantes no CBH.

Uma análise mais aprofundada relativa à representação está prevista em estudo

específico, no Plano de metas, ações e investimentos (relatório RP6). Sugere-se

verificar, notadamente:

- Relação entre o representante e sua instituição de origem, e quais os

principais motivos para que estabeleçam essa relação (coleta de

informações nas instituições de origem pelos seus representantes;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 61

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

construção de posições junto à entidade de origem para ser utilizada

nas discussões do CBH; divulgação de informações do CBH à entidade

de origem);

- Quais os principais canais de comunicação utilizados;

- Se existem regras para atuar dentro do CBH em nome de suas

entidades de origem;

- Se os representantes recebem a pauta das reuniões com antecedência

e a discutem com a sua entidade de origem;

- Interação e estruturação de alianças entre os representantes que

compartilham do mesmo posicionamento nos assuntos tratados no

CBH.

Uma análise relativa à representatividade dos representantes do CBH poderá

considerar questões como: os conhecimentos sobre o seu papel no CBH e sobre o

funcionamento dessa instância; experiência dentro do CBH e com a realidade da BH;

qualificação política e técnica; acesso a informações, entre outros.

Os comitês de bacias hidrográficas não são instituições com personalidade jurídica e

com uma atuação cotidiana, mas sim, arenas coletivas decisórias, com reuniões

agendadas, chegando entre 6 a 2 reuniões por ano, por vezes, sem que o número

mínimo necessário de seus membros representantes – de entidades públicas, de

representantes da sociedade civil e de usuários de recursos hídricos – estejam

presentes, fato que resulta em reuniões suspensas, sem as decisões necessárias.

Como um exemplo a respeito, inclusive quanto a certas lacunas que seguem em

relação à devida representação, registram-se as vacâncias de membros de entidades

que atuam no âmbito do Comitê da Bacia do Rio Corrente – afluente à margem

esquerda do Médio SF.

Entende-se como relevante a identificação de atores estratégicos para a gestão de

recursos hídricos, em certos casos de comitês, sem que estejam atuando nestas

arenas decisórias, portanto, com questionamentos sobre efetivas decisões a respeito.

Ou seja, em muitos dos comitês há atores a serem considerados, todavia, sem contar

com suas presenças, contribuições e atuações.

Este problema deve ser mais considerado no caso do Brasil, na medida em que cabe

reconhecer os comitês como arenas decisórias relevantes, não somente devido à sua

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62 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

competência para aprovar o respetivo plano da bacia, como também para negociar e

definir os usos prioritários das águas.

Com efeito, tendo em vista o elevado número de comitês já instalados no Brasil

(chegando a mais de 200, abrangendo perto de 58% do território nacional), com

muitos podendo ser questionados quanto ao seu efetivo funcionamento,

representatividade e decisões consistentes, recomenda-se que suas composições

sejam periodicamente revistas e comparadas com a identificação de atores

estratégicos regionais, os quais já podem ser definidos mediante o cadastramento de

usuários outorgados. De fato, comparando o cadastro de usuários, cumpre reconhecer

que muitos deles relevantes não se encontram ou querem se aproximar dos comitês

de suas bacias hidrográficas.

Voltando ao caso próprio da BHSF, tendo em vista as descritas fragilidades

representativas e funcionais de certos comitês de bacias de seus afluentes, entende-

se que o CBHSF deve assumir algumas ações para que venham a ocorrer os seus

devidos fortalecimentos, fato bem positivo que também chegaria ao próprio CBHSF,

inclusive passando a contar com certos atores estratégicos que estejam distantes do

sistema de gestão e que, então, passariam a estar presentes, com suas contribuições

e atuações, inclusive executivas.

7.3.4. Funcionamento da AGB Peixe Vivo

O Contrato de gestão n.º 014/ANA/2010 tem por objeto o alcance, pela AGB-PV das

metas constantes no programa de trabalho detalhado no Anexo I daquele instrumento,

medido através de indicadores de desempenho e critérios de avaliação, que dizem

respeito às competências das agências de água descritas na Lei n.º 9.433/97.

Quadro 14 – Indicadores e critérios para avaliação do alcance das metas

dispostas no Plano de Trabalho da AGB Peixe Vivo.

Indicadores Critérios de Avaliação

1 Disponibilização

de Informações

Conteúdo disponibilizado e atualizado

Consultas às páginas eletrônicas

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 63

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Indicadores Critérios de Avaliação

2 Planejamento e

Gestão

Publicação sobre a situação da bacia do rio São Francisco

Relatório com subsídios para ações de regulação na bacia do rio São

Francisco

3

Cobrança pelo

uso dos recursos

hídricos

Valor desembolsado sobre o valor transferido pela ANA (%)

Recursos das contrapartidas alavancados com recursos da cobrança (%)

Agilidade na contratação das ações previstas no plano de aplicação

4 Gerenciamento

Interno Pontualidade no cumprimento das obrigações contratuais

5 Reconhecimento

Social Avaliação dos membros do CBHSF

Fonte: Contrato n.º 014/ANA/2010 (ANA, 2015d).

A avaliação realizada pela ANA quanto ao Contrato de Gestão n.º 014/ANA/2010

(Relatório de Avaliação do Exercício de 2014 – ANA, 2015e) concluiu que a agência

cumpriu com conceito “Ótimo” o Programa de Trabalho do Contrato de Gestão no ano

2014.

Em acréscimo a estas informações sobre a AGB-Peixe Vivo, uma questão de muito

interesse para as alternativas de arranjos institucionais de gestão da BHSF refere-se

com as condições de sustentabilidade financeira de entidades equiparadas a

Agências de Água de certas bacias de seus afluentes.

Como subsídio para este tema, o Box a seguir apresenta uma síntese de simulações

a respeito no âmbito da BHSF, segundo Nota Técnica emitida pela ANA2.

Box – Sustentabilidade Financeira de Entidade equiparada à Agência da Bacia do Rio

São Francisco

Em relação à sustentabilidade financeira de uma entidade equiparada à Agência da Bacia do

Rio São Francisco, foram analisadas duas possibilidades de organização institucional no

âmbito da BHSF:

- a primeira delas considera, além de entidade equiparada à Agência da BHSF, a adoção de

uma entidade como agência própria para cada comitê de bacia de rio sob o domínio estadual;

2 Nota Técnica nº 06/2010/SAG-ANA, emitida em 11 de fevereiro de 2010.

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64 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

- a outra se constitui na adesão de todos os comitês de bacias de rios afluentes a uma única

entidade.

O Edital para a seleção de uma entidade equiparada à agência de bacia hidrográfica para a

BHSF estabeleceu que a entidade deveria dar suporte técnico e operacional a todos os comitês

da BHSF, independentemente da capacidade de arrecadação de cada sub-bacia.

Para tanto, foi proposto um modelo que permite esse atendimento, sem ferir a previsão legal de

que seja gasto, no máximo, 7,5% dos valores arrecadados em custeio administrativo da

entidade. Este modelo consiste, além de uma sede central atendendo a toda a BHSF, em

quatro possibilidades de estrutura operacional de secretarias executivas. Em todos os casos,

essas secretarias executivas terão condições plenas de funcionar atendendo à demanda dos

respectivos comitês.

Assim, a entidade equiparada seria constituída não somente de uma sede, mas todos os

comitês de rios afluentes seriam contemplados com uma secretaria executiva localizada em

cada sub-bacia. Dessa forma, as responsabilidades técnicas relativas a toda a BHSF, bem

como a secretaria executiva do CBHSF, seriam atribuições da sede, enquanto que a

secretaria executiva dos comitês de rios afluentes seria exercida mediante as quatro

possibilidades de estruturas operacionais locais, conforme já mencionado.

O Quadro 15 apresentado na sequência, mostra os valores necessários para o custeio dessas

entidades, assim como a correspondente arrecadação com a cobrança e os valores totais. Sob

tais valores, para a sede da entidade equiparada seria necessário cerca de R$ 1,5 milhão

para o custeio anual, o que corresponderia a uma arrecadação necessária de R$ 19,9 milhões

advinda da cobrança pelo uso de recursos hídricos sob o domínio da União, considerando-se a

aplicação do percentual máximo de 7,5 % dos recursos arrecadados em despesas de custeio.

Dentre as tipologias de instâncias locais para vários comitês de afluentes, a do Tipo 4 teria a

estrutura mais simplificada, para cuja atuação seria necessário um custo anual estimado de R$

50,4 mil, que corresponde a uma arrecadação de R$ 672,0 mil.

No que concerne à viabilidade financeira de implantação da Agência da BHSF, estimativas são

apresentadas no

Quadro 16, a seguir, confrontando as duas alternativas mencionadas de organização

institucional: com uma agência para cada bacia; ou, com uma agência única e as mencionadas

secretarias executivas locais.

Para a primeira alternativa, são apresentados valores disponíveis para custeio de cada

entidade equiparada. Observa-se que apenas a arrecadação com a cobrança de domínio da

União e de domínio estadual na bacia do Rio das Velhas teria condições de oferecer

sustentabilidade a uma estrutura mínima de agência, caso seja considerando um valor anual

da ordem de R$ 500 mil.

Para a segunda alternativa, percebe-se que cada secretaria executiva seria custeada

respeitando-se ambas as condicionantes legais quanto aos percentuais de distribuição dos

recursos da cobrança: a despesa total anual de custeio da entidade equiparada como um todo

seria de cerca de R$ 3,3 milhões; e, 100% dos valores arrecadados com a cobrança sob o

domínio estadual retornariam para a sub-bacia de origem dos recursos.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 65

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Portanto, contando com estas simulações preliminares, verificou-se que, por conta exclusiva

da Cobrança pelo Uso da Água – tanto em rios sob o domínio da União, quanto dos

estados –, somente seria assegurada a viabilidade da segunda alternativa, com uma

única Agência centralizada da BHSF e com as mencionadas secretarias executivas dos

demais comitês de rios afluentes estaduais.

Quadro 15 – Necessidade de Custos das Estruturas que compõem a Agência da

BHSF e as Arrecadações Correspondentes.

Comitês de Bacias Tipologias Estimativa de Custos

Necessários (R$)

Arrecadação

Correspondente

CBHSF Sede 1.494.000,00 19.920.000,00

Rio das Velhas 1 624.000,00 8.320.000,00

Paraopeba 2 300.000,00 4.000.000,00

Pará e Verde Grande 3 145.200,00 1.936.000

Demais Comitês 4 50.400,00 (cada) 672.000,00 (cada)

Totais - 3.168.000,00 42.240.000,00

Quadro 16 – Necessidade de Custos das Estruturas que compõem a Agência da

BHSF e as Arrecadações Correspondentes.

Estados Comitês de

Bacia

Arrecadação Prevista

(mil R$)

Alternativa 1:

Uma Agência

para cada

comitê e/ou

bacia

Custeio

Máximo (7,5%)

Alternativa 2: Agência

Única

Custeio

Necessário

Tipo de

Secretaria

Executiva União Estados

- CBHSF 20.452,4 1.533,9 1.494,0 Sede

MG

Velhas 11.994,4 899,6 624,0 1

Paraopeba 4.822,3 361,7 300,0 2

Pará 1.844,2 138,3 145,2 3

Três Marias 251,0 18,8 50,4 4

Alto SF 487,4 36,6 50,4 4

Jequitaí/Pacuí 337,0 25,3 50,4 4

Paracatú 443,3 33,3 50,4 4

Urucuia 58,1 4,4 50,4 4

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66 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Estados Comitês de

Bacia

Arrecadação Prevista

(mil R$)

Alternativa 1:

Uma Agência

para cada

comitê e/ou

bacia

Custeio

Máximo (7,5%)

Alternativa 2: Agência

Única

Custeio

Necessário

Tipo de

Secretaria

Executiva União Estados

Médio SF 162,6 12,2 50,4 4

MG/BA Verde Grande 148,9 1.324,4 110,5 145,2 3

BA

Corrente 377,3 28,3 50,4 4

Grande 448,4 33,6 50,4 4

Entorno Sobradinho

246,5 18,5 50,4 4

Verde Jacaré 477,1 35,8 50,4 4

Salitre 94,5 7,1 50,4 4

AL/SE Baixo SF 192,3 14,4 50,4 4

Totais 20.601,3 23.560,7

3.312,2 3.313,20 - 44.162,1

NOTA: Em 2015, foram repassados à AGB Peixe Vivo pela ANA R$ 20.261.337, tendo o desembolso correspondido a R$ 20.637.481, dos quais R$3.279.350 referentes ao custeio administrativo da AGB Peixe Vivo e R$ 17.358.130,88 a ações de investimento.

Depois de dispostos estes fatores, os quais, sem dúvidas, interferiram em favor da

seleção da AGB Peixe Vivo como entidade equiparada à Agência da BHSF, cabe

registrar que, no âmbito do Plano Decenal da Bacia, foi elaborado um programa de

investimentos, contemplando ações a serem executadas entre 2004 e 2013. Em

média, foi estimado que a cada ano, entre 2011 e 2013, os aportes do PBHSF

chegariam perto de R$ 514,7 milhões, dos quais apenas 8,58%, portanto, R$ 44,1

milhões seriam advindos da Cobrança pelo Uso da Água em toda a BHSF.

Todavia, sem questionar a consistência de tais fatores, questiona-se se:

Apenas a sustentação financeira via Cobrança deve definir o perfil e a

natureza de uma entidade a exercer o papel de Agência de Águas do

um rio afluente do SF, ou

Devem ser consideradas outras variáveis, notadamente a natureza dos

encargos e problemas a enfrentar e do contexto institucional vigente.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 67

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Como resposta preliminar, em termos práticos cabe questionar a manutenção do atual

arranjo institucional de gestão, por certo com recomendações para que ajustes e

adequações possam ser indicados.

Sob tal perspectiva, será necessário considerar os perfis e as dinâmicas – inicial e

atual – da AGB Peixe Vivo, que começou sua atuação como entidade equiparada à

agência de bacia hidrográfica da bacia do Rio das Velhas, um dos principais

afluentes do Alto São Francisco, onde se localiza boa parte da Região Metropolitana

de Belo Horizonte, uma das maiores concentrações urbana-industriais do Brasil.

Atualmente, no âmbito do Estado de Minas Gerais a AGB Peixe Vivo também está

legalmente habilitada a exercer as funções de agência para outros seis comitês

estaduais, a saber: CBH Alto São Francisco (SF1), CBH Pará (SF2), CBH Entorno da

Represa de Três Marias (SF4), CBH Jequitaí e Pacuí (SF6), CBH Paracatu (SF7) e

CBH Urucuia (SF8).

Este questionamento segue em pauta, mesmo com a AGB-Peixe Vivo tendo sido

definida, em 2010, como agência da BHSF, que tem uma dimensão territorial muito

mais ampla e distintas naturezas de problemas hídricos, ambientais e de dinâmicas

socioeconômicas regionais e dos usuários das águas.

Em termos bem pragmáticos, isto significa que, mesmo seguindo como agência da

BHSF, a AGB-Peixe Vivo deverá ter mais atenção e considerações sobre as

particularidades regionais e sobre os posicionamentos e interesses próprios aos atores

locais, além dos diplomas legais vigentes em cada estado federativo da BHSF.

7.3.5. Lacunas de governança da água

A análise das lacunas de governança da água é baseada em dois documentos

principais:

“Governança dos recursos hídricos: proposta de indicadores para

acompanhar a sua implementação” (LIMA, A. et. al.; 2014);

“Governança dos Recursos Hídricos no Brasil” (OCDE, 2015).

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68 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A análise da governança dos recursos hídricos no Brasil sistematizada no primeiro

documento, abrangeu cinco dimensões:

Ambiente institucional (efetividade da lei e importância do tema água

para a agenda pública);

Capacidades estatais (recursos financeiros e qualidade da burocracia);

Instrumentos de gestão (planejamento, metas, monitoramento,

indicadores e avaliação das políticas públicas);

Relações intergovernamentais (articulação intersetorial e intrasetorial,

participação do município no sistema e fóruns federativos);

Interação Estado-sociedade (qualificação e canais de participação).

Para uma classificação sobre em qual estágio se encontra cada uma destas

dimensões do SINGREH, foi utilizado um termômetro que registrou três estágios:

básico, intermediário e avançado.

Na dimensão “Ambiente institucional”, quanto ao aspecto “Efetividade da lei”

considerou-se que a mesma se encontra em um estágio intermediário, tendo em vista

que a lei apresenta avanços claros: define valor econômico para um recurso natural;

garante a descentralização e participação da sociedade; possui instrumentos de

gestão consistentes. Por outro lado, não reconhece explicitamente as assimetrias

decorrentes da especificidade dos diferentes biomas brasileiros, não prevendo

arranjos institucionais diferenciados na escala dos problemas, dificultando o

reconhecimento de outras formas de organização e participação descentralizada além

dos comitês de bacias hidrográficas. Outra lacuna percebida é a ausência de definição

do papel dos municípios, não se adequando ao federalismo triplo do país. A legislação

também é considerada falha na definição das relações institucionais dentro do próprio

Sistema.

Na sua implementação, verifica-se que os avanços de administração pública da

legislação de recursos hídricos ainda não são recepcionados pelas regulações

administrativas e financeiras do Estado. Durante a sua implementação vem se

deparando com dificuldades administrativas, a exemplo do contingenciamento de

recursos orçamentários, entre outras. As regras externas, nas quais o Sistema se

insere, impedem uma regulação eficiente. Há setores importantes para a gestão dos

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 69

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

recursos hídricos que possuem regulação própria, a exemplo do setor elétrico e do

setor ambiental.

Verifica-se ainda que apenas o Sistema de Gestão de Recursos Hídricos não

consegue abraçar toda a agenda de água, especialmente um dos seus próprios

objetivos da Política de Recursos Hídricos, que é o controle e gestão dos eventos

críticos adversos (secas e inundações).

O aspecto “Importância do tema na agenda pública” encontra-se também em estágio

intermediário, considerando-se ser pouca a priorização política do tema água, com

obstruções principalmente por ausência ou insuficiência de coordenação, cooperação

e comunicação dos entes federativos.

Na dimensão “Capacidades estatais”, quanto aos “Recursos financeiros”, a situação

do financiamento da gestão dos recursos hídricos encontra-se em um estágio

intermediário, considerando, entre outros aspectos, que faltam regras para assegurar

uma aplicação dos recursos existentes de forma vinculada ao SINGREH.

A “Qualidade da burocracia”, foi classificada em estágio básico. Na maioria dos

estados a análise apontou para um baixo nível de capacitação (incluindo

conhecimento político institucional), equipe quantitativamente inadequada, e, em

alguns casos, problemas com a localização do sistema nas estruturas administrativas,

dificultando a formação de equipes técnicas permanentes.

Na dimensão “Instrumentos de gestão” foi considerado um estágio intermediário,

atendendo, notadamente, ao baixo nível de desenvolvimento do processo de

planejamento e à falta de monitoramento da efetividade dos planos.

Na dimensão “Relações intergovernamentais”, os três aspectos analisados foram

classificados em estágio básico.

O aspecto “Articulação intersetorial e intrasetorial”, notadamente, devido

à falta de articulação entre os ministérios e entre as secretarias no plano

subnacional;

O aspecto “Participação do município no sistema”, com a participação

dos municípios considerada incipiente e pouco classificada nos

colegiados de recursos hídricos e nas ações de sua competência

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70 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

referentes ao uso e ocupação do solo, área de saneamento e interface

com a gestão de recursos hídricos (não observada na elaboração das

Leis e Planos Municipais);

O aspecto “Fóruns federativos” teve sua pontuação motivada pela fraca

articulação institucional, falta de definição de uma agenda estratégica,

construída e pactuada entre esses entes e o não exercício pleno da

representação institucional e representatividade insuficientes.

Na dimensão “Interação Estado-Sociedade”, o aspecto “Qualificação da participação”

foi classificado em estágio básico, bem como o aspecto “Canais de participação”.

O documento “Governança dos Recursos Hídricos no Brasil” (OCDE, 2015) identifica

um conjunto de dificuldades na gestão dos recursos que se verificam também na bacia

hidrográfica do rio São Francisco:

Lacunas administrativas. A incompatibilidade entre as fronteiras

administrativas municipais, estaduais, federais e os limites hidrográficos

dificulta, por exemplo, a aplicação de normas de qualidade da água e

regras de captação em locais onde dois ou mais órgãos de gestão de

recursos hídricos são responsáveis por trechos diferentes de um rio.

Lacunas de política. Isolamento setorial dos ministérios e órgãos

públicos dificulta a coerência política entre os vários setores de recursos

hídricos, agricultura, energia, licenciamento ambiental, saneamento e

uso do solo. O fato de que o Conselho Nacional de Recursos Hídricos

não cumpre plenamente o seu papel reforça essa situação. Isolamento

institucional dos comitês.

Lacunas de financiamento. As cobranças pelo uso da água são baixas

e estão sujeitas às regras e procedimentos rígidos de gastos, muitas

vezes onerosos para os estados. Isso impede o seu uso como

instrumento de política de promoção do uso racional dos recursos

hídricos e de indicação da escassez. O valor cobrado é insuficiente para

prover uma fonte significativa de financiamento para a política de

recursos hídricos. A taxa de compensação financeira pelo uso da água

para a geração de energia hidroelétrica gera fundos que não são em

geral destinados exclusivamente ao setor de recursos hídricos. Os

usuários, que pagam tarifas como contribuição para melhorar as

condições da bacia, nem sempre testemunham os benefícios dessa

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 71

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

cobrança na melhoria dos resultados globais de água na bacia, o que

pode gerar um desincentivo para pagar no futuro ou para aceitar

aumentos na conta.

Lacunas de capacitação, geradas pela insuficiência de especialização

técnica e científica e de infraestrutura para formular e implementar

políticas de recursos hídricos. Necessidade de estimular a

descentralização para os estados e para os comitês de bacias

hidrográficas. Entre outras, as habilidades robustas em nível estadual e

de bacia asseguram a correta aplicação e o cumprimento da lei;

fortalecem os poderes e a capacidade de fiscalização; e melhoram os

sistemas de informações hídricas.

Lacunas de informação. Assimetria ou falta de informação entre

ministérios, entre os níveis de governo e entre atores locais envolvidos

na política de recursos hídricos. A assimetria de informação é agravada

pela falta de compartilhamento ativo de conhecimentos entre

autoridades.

O documento do Pacto Nacional pela Gestão das Águas (2013b) reporta, por seu lado:

O atraso relativamente à gestão integrada, considerando a

integração dos aspectos de qualidade e quantidade, da gestão

ambiental das águas, da gestão de recursos hídricos superficiais e

subterrâneos e ainda a integração da política de recursos hídricos com

as demais políticas setoriais;

O hiato entre a atuação do SINGREH e a atuação dos sistemas

estaduais de gerenciamento de recursos hídricos (SEGREHs), sendo

que estes últimos, somados às estruturas institucionais localizadas na

esfera federal (ANA, MMA e CNRH) são os blocos de constituição do

Sistema Nacional.

7.3.6. Principais conflitos na BHSF

O PRH-SF 2004-2013 indicava como principais áreas de conflito os rios das Velhas,

Paraopeba, Alto Preto, Alto Grande, Verde Grande, Salitre e Baixo São Francisco, de

forma geral, esses conflitos envolviam a agricultura irrigada, a geração de energia

(instalação de barragens e operação de reservatórios), o uso da água para

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72 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

abastecimento humano, a diluição de efluentes urbanos, industriais e da mineração e

a manutenção dos ecossistemas.

O presente plano confirma a manutenção de conflitos de utilização do recurso água,

majoritariamente associados:

À dificuldade em compatibilizar a satisfação da demanda de água para

usos consuntivos com as exigências de geração de energia elétrica – o

volume de água afeto à produção de energia é muito elevado, e o seu uso

é determinado pela dinâmica da satisfação da procura de energia na rede

elétrica nacional, o que conduz à imprevisibilidade dos níveis de água

devido às variações das vazões turbinadas; acresce ainda a inversão do

regime natural de cheias e estiagem, para referir apenas as consequências

que mais impactam os ecossistemas e as comunidades ribeirinhas a

montante e jusante das barragens; a própria existência dos barramentos

tem efeitos nocivos para a navegação e ecossistemas;

À competição pela água para satisfação dos diversos usos consuntivos,

conflitos que ganham destaque nas sub-bacias dos afluentes do rio São

Francisco, onde a produção de energia elétrica não é tão preponderante;

pelo volume de água envolvido, pela baixa porcentagem de retorno e pela

tendência de expansão da agroindústria, notadamente, na região oeste da

Bahia, a irrigação de extensas áreas poderá estar a interferir

significativamente com a capacidade de satisfazer todos os restantes usos.

Estes conflitos foram já referidos nos Relatórios decorrentes das “Oficinas

Participativas sobre os Usos Múltiplos das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio São

Francisco”, ocorridas durante os meses de maio e junho de 2013 (Deliberação CBHSF

n.º 76/2013), onde são sistematizados da seguinte forma os conflitos de usos por

região fisiográfica identificados nas oficinas (GARJULLI, 2013):

“Nos trechos de calha principal do rio localizados no Submédio e Baixo São

Francisco evidenciam-se os conflitos de uso entre a forma de operação das

barragens para geração de energia, determinadas pelo Operador Nacional

do Sistema e gerenciadas pela CHESF com os outros setores usuários

(abastecimento humano, navegação para transporte de cargas e

passageiros e para pesca, irrigação, pesca, piscicultura, agricultura de

vazante, turismo);

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 73

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

No Médio São Francisco evidencia-se o uso indiscriminado das águas

(inclusive as subterrâneas) e o manejo inadequado do solo, pela irrigação

provocando conflitos com os outros usos.

No Alto São Francisco evidenciam-se, novamente, os conflitos entre a

operação da barragem de Três Marias, para geração de energia,

gerenciada pela CEMIG, operando, entretanto, segundo as determinações

do Operador Nacional do Sistema Elétrico, e os demais usos (turismo,

esporte, lazer, abastecimento, irrigação, navegação, pesca, piscicultura);

(…) Ao longo de toda bacia, a ausência de saneamento básico, em

especial do tratamento de esgoto e da correta destinação do lixo, que

compromete a qualidade da água para os usos mais nobres, especialmente

o abastecimento humano, a dessedentação de animais e a reprodução dos

peixes”.

As entidades envolvidas nos conflitos de uso reportados nas oficinas realizadas em

maio de 2013 são apresentadas em seguida.

Quadro 17 – Entidades envolvidas em problemas de conflitos de uso reportados

em oficinas (maio 2013).

Entidades envolvidas Problemas

Oficina Paulo Afonso – 6 e 7 de maio de 2013

CHESF

Embasa

Operação de barragens hidroelétricas x captação para

abastecimento (Mudança na captação do abastecimento

no reservatório)

CHESF

Operação de barragens hidroelétricas x captação e

bombeamento para irrigação (Deslocamento do sistema

de bombeamento na irrigação (+-) 10 metros)

ONS

CHESF

IBAMA

ANA

ANTAQ

Operação de barragens hidroelétricas x navegação

(Bancos de areia / pedras que aparecem nos trechos

rodeadouro/Juazeiro)

Marinho

Empresas de navegação

Empresas de turismo

Navegação difusa

Prefeituras (transporte escolar)

Operação de barragens hidroelétricas x navegação (o

calado reduziu)

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74 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Entidades envolvidas Problemas

Oficina Penedo – 9 e 10 de maio de 2013

Aproximadamente 5.000 irrigantes

CHESF

Operação de barragens hidroelétricas x captação e

bombeamento para irrigação (Dificuldades de captação

devido à baixa Vazão; Aceleração do processo erosivo

ao longo dos perímetros)

Pescadores, ANA, Piscicultores, IBAMA,

CHESF, quilombolas, ONS, Codevasf,

cooperativas,

Operação de barragens hidroelétricas x pesca (baixo

nível de água e falta de cheias)

Fazendeiros, ICMbio, MP Operação de barragens hidroelétricas x pesca

(Assoreamento do rio)

Sociedade da Bacia

CHESF

ONS

IBAMA

ANEEL

MME

Entidades de classe (associações de

barqueiros, etc.)

As empresas (individuais ou não) de

navegação.

ANTAQ

Marinha

Ministério dos Transportes

Codevasf

Prefeituras

Estados

Instituições de Pesquisa.

MP

Operação de barragens hidroelétricas x navegação:

A operação de barragens não contempla

adequadamente os demais usos; Não há canal fluvial;

Assoreamento; Erosão marginal – degradação cobertura

vegetal ripária; Degradação dos rios intermitentes

afluentes – carreamento de detritos; Falta de

sazonalidade (não recupera o canal fluvial); Falta de

sedimentos – eutrofização – fixação de croas –

operação de barragens com programação desconhecida

pelos usuários; “marés” artificiais; Obstrução /

degradação na foz e região costeira de acesso; Foz

obstruída pela erosão costeira e sem canais de acesso

Sociedade local

ONG

Gestores públicos e privados

Turistas

visitantes

Operação de barragens hidroelétricas x turismo: Uso e

ocupação do recurso hídrico de forma inadequada

(lavagem de animais e mais; Ocupação desordenada

dos espaços ribeirinhos gerando desmatamento e

contraste na paisagem; O não engajamento social nas

discussões relacionadas às políticas de uso da água.

Vândalos, CPRM, CHESF e leiturista Setor elétrico: Vandalismo (extravio de réguas e de

sinalização de segurança)

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 75

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Entidades envolvidas Problemas

DESO, CASAL, Governos Estaduais e

CHESF

Setor elétrico: Tomadas de água da DESO e CASAL

(afetação das captações de água para abastecimento

devido à redução de vazões a jusante das barragens de

Sobradinho e Xingó)

Todos os setores

Serviços Ecossistêmicos: Pesca predatória;

Agropecuária; Construção de barragens; Efluentes e

rejeitos sólidos; Navegação;

Piscicultura; Turismo

Oficina Juazeiro – 21 e 22 de maio de 2013

Mineração

Pequenos irrigantes

Pequenos usuários

SAAE

Embasa

Mineração x abastecimento humano x irrigação

(Quantidade horas bombeadas x capacidade de

bombeamento)

Mineração

Pequenos irrigantes

Pequenos usuários

SAAE

Embasa

Mineração x abastecimento humano x irrigação

(Capacidade dos reservatórios da Embasa e do SAAE

não é suficiente para tender a demanda; Distribuição da

Embasa)

ONS, CHESF, ANEEL

Operação de barragens hidroelétricas x captação para

abastecimento (Priorização do uso para a geração de

energia Elétrica pelo sistema nacional)

Órgãos gestores dos Estados

Empreendimentos (projetos de irrigação,

etc.)

Mineração x abastecimento humano x irrigação

(Priorização para o uso da irrigação em algumas áreas

de mineração)

Embasa, COMPESA, CASAL, DESO,

SAAE.

Usuários em geral

Lançamento de efluentes comprometem qualidade da

água.

ONS, CHESF, Setor Aquaviário, ANA,

IBAMA

Operação de barragens hidroelétricas x navegação:

Dificuldades de navegação no rio

Diversos (pescadores profissionais,

eventuais e IBAMA)

Operação de barragens hidroelétricas x pesca: Pesca

em áreas de segurança

Empresas de navegação e barqueiros,

CHESF. ONS, ANA

Operação de barragens hidroelétricas x navegação:

Dificuldades em manter o trecho navegável

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76 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Entidades envolvidas Problemas

Governo Federal

CHESF

IBAMA

ANA

ANEEL

Governo Estadual

Inema

EBDA

Governos municipais: Seagri, Secretaria

de Obras, Abastecimento, meio ambiente

Produtores

Irrigação (uso irracional da água e abuso de

agrotóxicos) x disponibilidade e qualidade da água para

múltiplos usos:

Uso inadequado da água pelos sistemas

Alto custo de produção

Falta de gestão

Variação da vazão

Fonte: SILVA, 2013.

Os elementos recolhidos na fase de diagnóstico da dimensão da participação social do

presente plano, incluindo consultas públicas e oficinas setoriais realizadas entre março

e maio de 2015 (RP1B – Diagnóstico da Dimensão da Participação Social, agosto de

2015, e RP2 – Diagnóstico Consolidado, outubro de 2015) destacam conflitos

relacionados com:

Sentimento muito generalizado de que os grandes grupos

socioeconômicos são privilegiados na atribuição de outorgas de

uso de água (na aceitação de atribuição de outorga e na rapidez de

resposta);

Barramento ou condicionamento de acessos tradicionalmente

usados pelas populações para se deslocarem ou pelos usuários em

geral para chegar à água;

Degradação da qualidade da água (alterações da qualidade química e

da qualidade ecológica) devido às más práticas ou irregularidades nos

processos de exploração, emissão de poluentes e descarte de resíduos

e efluentes, situação agravada por falhas no processo de fiscalização;

Disputas pela água disponível, notadamente, em épocas de escassez

e sentimento de que os usos múltiplos não estão sendo assegurados,

havendo privilégio dos grandes setores (agrícola e produção elétrica em

particular);

Os setores identificados como sendo os maiores geradores de conflitos foram os

seguintes (RP1B – Diagnóstico da Dimensão da Participação Social, agosto de 2015):

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 77

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

AGRICULTURA IRRIGADA:

Conflitos dentro do próprio setor com os pequenos agricultores devido

a disputas pela água disponível e devido à degradação da qualidade da

água que promovem relacionadas às más práticas (essencialmente

utilização de agrotóxicos não regulada ou fiscalizada, e queimadas para

facilitar alguns processos agrícolas); Este conflito (entre grandes

irrigantes e pequenos agricultores) foi identificado em toda a bacia

hidrográfica mas ocorre mais marcadamente no Oeste do Estado da

Bahia que possui alta concentração de projetos do agronegócio, sendo

ocupado por diversas monoculturas;

Conflitos com todos os restantes usuários, com destaque para os

grupos de menor poder socioeconômico, pelos mesmos motivos

(afetação de quantidade e qualidade de água) e ainda pelo barramento

de acessos, embora esta questão não tenha sido mencionada de forma

central;

HIDROELETRICIDADE:

Conflitos essencialmente com os grupos de menor poder

socioeconômico por limitações da quantidade de água disponível

(retenção nos reservatórios) e consequente afetação da qualidade da

água (por estagnação, salinização, perda de sazonalidade

hidrodinâmica, entre outros);

INDÚSTRIA E MINERAÇÃO:

Conflitos especialmente pelos residentes no entorno de

empreendimentos deste tipo por: restrição espacial (condicionamento

ou barramento de acessos), instabilidade geológica, alterações na

qualidade da água, etc.; este conflito foi identificado de forma mais

marcante no Alto São Francisco, onde a presença do setor é mais

relevante;

Outros temas foram também identificados como fonte de conflito, notadamente a

transposição, que tem muita resistência por parte de toda a população da bacia

hidrográfica.

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78 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Assim, por região fisiográfica: no Alto São Francisco, as atividades mineradoras têm

produzido os maiores conflitos, além dos problemas causados pelo agronegócio

relacionados ao uso de agrotóxico nas lavouras e do excesso de água utilizada pelos

irrigantes. No Médio São Francisco, verificam-se conflitos com o agronegócio, tanto

no que tange ao uso da água quanto aos defensivos agrícolas. No Submédio São

Francisco destacam-se problemas com as hidrelétricas e a piscicultura. Por fim, no

Baixo São Francisco os problemas mais relevantes se referem ao agronegócio e ao

turismo predatório.

Além destes, há que considerar, na zona terminal do rio, problemas de salinização,

instabilidade das formações arenosas na embocadura e erosão nas praias adjacentes

e também problemas importantes de qualidade das águas devido às vazões

reduzidas.

Todas estas fontes de conflito são agravadas por uma fiscalização ineficiente e

insuficiente, que abre espaço para que os setores considerados mais privilegiados

realizem suas atividades com pouca responsabilidade socioambiental, dificultando o

desenvolvimento sustentável e acentuando a degradação hidroambiental.

Reconhecendo o problema dos conflitos associados à gestão de reservatórios, a

Agência Nacional de Águas criou, através da Portaria n.º 414 de 18 de dezembro de

2015, o Grupo de Trabalho do São Francisco – GTSF, composto por representantes

da ANA, do CBH São Francisco e de órgãos gestores de recursos hídricos de Minas

Gerais, Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe, cujo objetivo central é a elaboração

de uma proposta de condições de operação para os principais reservatórios da bacia

do rio São Francisco (ANA, 2016a).

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) recomendou já ao

Grupo de Trabalho do São Francisco (GTSF) um conjunto de proposições, indicadas

na seção 8.3.2 (Deliberação CBHSF n.º 89 de 19 de maio 2016).

Haverá ainda futuramente que assegurar a articulação/compatibilização com os

interesses internos e externos atuais e com os novos programas e projetos

identificados também na etapa de Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional do

presente plano:

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 79

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Expansão de perímetros irrigados

Canal do Sertão Alagoano (em implantação)

“Canal Oeste” do PISF (em estudo)

“Canal do Sertão Baiano – Eixo Sul” (em estudo)

O desenvolvimento da agroindústria e o aproveitamento do potencial hidroelétrico por

explorar são apenas uma parte das tendências/percepções que apontam para um

cenário futuro de aumento significativo das demandas por água na bacia do rio São

Francisco e uma restrição cada vez maior à sua disponibilidade natural, referidas por

RAMINA (2014a) nos “Cenários de Crescimento da Demanda e Escassez de

Disponibilidade” traçados no escopo da “Concepção de uma estratégia robusta para a

gestão dos usos múltiplos das águas na bacia hidrográfica do rio São Francisco”:

Expansão da agroindústria na região oeste da Bahia, acompanhada do

conjunto de projetos de infraestrutura, entre as quais, a Hidrovia do São

Francisco, o Porto Sul e a BR 242;

Pressão ainda maior para a redução das vazões mínimas em Sobradinho

pela competição da transposição com todos os outros usos a jusante e

inclusive com a geração em Sobradinho;

Ausência de uma política eficaz de comunicação entre os usuários e os

órgãos gestores, refletida, por exemplo, na escassez de dados sobre os

consumidores de água para irrigação que captariam água entre a Usina de

Três Marias e o Projeto Jaíba, evidenciada durante uma das reuniões

sobre a situação de crise em Três Marias. Esse também foi um dos

problemas que surgiu com frequência nas oficinas de usos múltiplos

realizadas no ano de 2013.

Para além dos projetos e tendências/percepções referidos acima, identificam-se

outros fatores internos e externos a articular/compatibilizar com os interesses da

bacia hidrográfica:

Fatores internos:

- Dinâmicas demográficas e econômicas instaladas, mais intensas no Alto e

Médio São Francisco;

- Assimetrias internas de desenvolvimento regional e sua dependência face

à localização ao longo da bacia: regiões mais desenvolvidas localizam-se,

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80 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

em geral, a montante, onde a água é mais abundante e o clima menos

árido;

- Transposição interna à bacia: a água captada em determinada sub-bacia

ou região fisiográfica nem sempre tem por objetivo satisfazer a respectiva

demanda – veja-se, por exemplo, o caso do Canal do Sertão Alagoano em

que a água captada no Riacho Seco/Talhado (Submédio) tem como

destino a bacia afluente do Baixo Ipanema e Baixo São Francisco, em

Alagoas;

- Desertificação: estão em áreas mapeadas como críticas de desertificação

municípios como Petrolina, em Pernambuco, e Paulo Afonso, na Bahia. Na

Bahia, é referido pelo jornal O GLOBO que em uma extensão de 300 mil

km² no Sertão do São Francisco, os solos já não conseguem reter água.

Na região de Rodelas, no Norte do estado, formou-se, a partir dos anos 80,

o deserto de Surubabel (O GLOBO, 2013);

Fatores externos:

- Evolução futura dos preços das matérias-primas nos mercados

internacionais, designadamente dos metais e dos bens agrícolas e

alimentares;

- Políticas federais, estaduais ou locais que influenciam, ou podem vir a

influenciar no futuro, a utilização e gerenciamento dos recursos hídricos

(exemplo: aposta nos biocombustíveis, para além da pressão para a

diversificação da matriz energética de um modo geral; política do governo

de dobrar a área irrigada no país até 2020 [Política Nacional de Irrigação],

etc.);

- Transposição de águas do rio Tocantins para o rio São Francisco; são

referidos vários estudos para determinar a viabilidade do reforço da

capacidade hídrica da bacia do rio São Francisco com origem na

transposição de águas do rio Tocantins.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 81

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

7.3.7. Monitoramento e fiscalização

A. CONCEITOS BÁSICOS E ABORDAGEM INICIAL

No que concerne ao instrumento do Sistema de Informações sobre recursos hídricos,

é muito importante considerar a base de dados – incluindo o devido monitoramento e a

fiscalização – como uma ferramenta fundamental deste instrumento, para que, de fato,

ocorra uma efetiva governabilidade, ou seja, a identificação das relações entre causas

e efeitos.

Dizendo de outra forma, mesmo não sendo considerado pela Lei n° 9.433/97 como um

específico instrumento de gestão, percebe-se a importância do devido monitoramento

e da fiscalização para o controle qualitativo e quantitativo da utilização de recursos

hídricos.

Para tanto, tendo em vista a grande dimensão da BHSF e certas limitações a respeito

de condições de monitoramento e, principalmente, de fiscalização, recomenda-se que

haja um acordo – com eventuais convênios – entre a ANA e os correspondentes

órgãos estaduais de recursos hídricos, para uma divisão de trabalhos a respeito,

segundo as condições que se apresentam em cada porção territorial. Mais do que

isso, também caberá avançar em termos de mais proximidade junto ao IBAMA e aos

órgãos ambientais dos estados da BHSF.

Neste sentido, registra-se que já há duas referências a respeito, quais sejam, nos

Estados da Bahia e de Alagoas, onde tais encargos de monitoramento e de

fiscalização vêm ocorrendo de uma forma mais integrada entre recursos hídricos e o

meio ambiente, lembrando-se, a respeito, que o INEMA é uma entidade unificada

entre estas duas frentes de gestão. Mesmo assim e nestes dois casos, entende-se

como relevante definir a melhor divisão de trabalhos para monitoramento e

fiscalização, entre os órgãos estaduais e entre o IBAMA e a ANA, órgãos federais,

além de outras entidades setoriais, com suas atuações mais específicas, a exemplo da

EMBRAPA, que atua sobre a produção agropecuária.

Com isto posto, torna-se evidente a necessidade de um programa a ser desenvolvido

a respeito, tanto para que ocorram diagnósticos, quanto para que seja definida a

melhor alternativa para uma divisão de trabalho entre as entidades mencionadas,

tendo em vista que o desenvolvimento deste instrumento deve seguir como uma

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82 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

atividade contínua, com certas dificuldades e complexidades, por consequência, sendo

um tanto onerosa em termos financeiros e técnico-administrativos.

Como outro possível e necessário avanço em termos do monitoramento e da

fiscalização, cumpre ressaltar que ainda seguem muitas lacunas no que tange à

emissão de poluentes – a exemplo da aplicação de agrotóxicos –, ou seja, sem que

seja considerada apenas a utilização de recursos hídricos, os quais, por óbvio,

acabam sendo muito impactados pela emissão de poluentes. Mais do que isso, sob

uma visão mais ampla e integrada, outra indispensável frente de monitoramento

refere-se às condições de certos ecossistemas e da vegetação natural, com ênfase

para matas ciliares, as quais são indispensáveis para reduzir casos de assoreamento

em certos trechos de rios.

Mais propriamente quanto ao caso da BHSF, sabe-se que a maior parte da demanda

hídrica está concentrada em um pequeno número de usuários de águas, com ênfase

para usinas hidroelétricas e certos perímetros de irrigação, além de núcleos urbano-

industriais e de mineração. Todavia, também cabe reconhecer que há um grande

número de usuários de pequeno porte com localização dispersas em várias regiões da

BHSF, além de frentes mais recentes de expansão do agronegócio brasileiro, com

ênfase para a chamada área MAPITOBA (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia).

Mesmo com este grande número de usuários sendo de pequeno porte, por vezes o

seu somatório pode chegar a ser relevante, com eventuais conflitos frente aos grandes

usuários, a exemplo do que ocorre no Baixo SF, onde atividades de pescadores e de

produtores rurais sofrem impactos advindos de regras das operações de reservatórios

de usinas hidroelétricas.

Portanto, torna-se evidente a importância de superar os atuais limites sobre dados e

informações de monitoramento e fiscalização, mesmo com a emissão de outorgas

seguindo mais concentrada nos usuários relevantes – tal como já foi definido pela ANA

em diversas outras bacias, por meio da Resolução ANA n° 1175/2013 –, além de

potenciais outorgas coletivas, ou seja, para um número conjunto de pequenos

usuários, por vezes via uma possível entidade de associados. Assim, os usuários de

pequeno porte podem ser controlados por meio de processos mais conjuntos e

simplificados, com negociações coletivas.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 83

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Seguindo em relação a dados e informações sobre pequenos usuários, por vezes

territorialmente dispersos, sabe-se que há dificuldades para a fiscalização de seus

efetivos usos da água, não somente de forma isolada, como também em relação ao

seu somatório. Agora com outra forma de abordagem, cumpre reconhecer que a

desconsideração do somatório de pequenos usuários pode afetar a consistência dos

devidos balanços hídricos para a emissão de outorgas.

Sendo assim, sabe-se que todos os usuários – de grande, médio ou de pequeno porte

– deveriam ser bem mais monitorados e fiscalizados, sobretudo em áreas-problema e

especialmente caso não estejam sendo respeitadas as regras que foram definidas, via

a emissão de outorgas. Também em áreas-problema recomenda-se que sejam

identificados os consumidores de água que não tenham sido outorgados, por vezes

considerados como insignificantes, tendo em vista um balanço hídrico mais

consistente e robusto.

Neste sentido, na medida em que o monitoramento e a fiscalização apresentam

dificuldades e limitações, sublinha-se uma boa iniciativa que está sendo acordada

entre a ANA e a ANEEL, mediante a qual a identificação do funcionamento de

equipamentos elétricos para a irrigação pode ser explicitada pela conta de energia

elétrica de cada produtor agrícola. Além disso, imagens de satélites e outras possíveis

fontes de informação – algumas delas, junto a outras entidades – podem ser

consideradas, para que sejam identificados todos os tipos de usos da água que

ocorrem no contexto de bacias críticas que esteja em pauta.

Ademais, como uma opção complementar a esta proposta, deve ser considerado o

possível traçado de Unidades Territoriais Estratégicas de Gestão (UTEGs), nas quais

devem ser bem mais empreendidos o monitoramento e a fiscalização sobre os

usuários, tendo em vista a sua importância e a criticidade hídrica, que demanda a

consideração de novos padrões para a emissão de outorgas.

Em suma, especialmente em áreas mais críticas da BHSF, o devido monitoramento e

a fiscalização devem seguir com avanços, via um programa que considere e defina as

melhores alternativas que foram propostas nos parágrafos anteriores, seja em relação

às devidas articulações entre entidades ou em termos de procedimentos técnicos.

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84 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

B. DIRETRIZES GERAIS ADVINDAS DO PRH-SF 2004-2013

Seguindo a respeito de propostas para avanços em termos de monitoramento e de

fiscalização, já contando com a versão anterior do PRH-SF 2004-2013 como um

subsídio muito relevante, cabe rever e avaliar as diretrizes gerais que foram

formuladas para uma fiscalização mais integrada e o monitoramento de usos de

recursos hídricos. Neste rumo, primeiramente seguem transcritos o seu objetivo, a

justificativa e os diagnósticos efetuados sobre as estruturas de fiscalização e

procedimentos legais e administrativos e as logísticas existentes (cadastro de

usuários, monitoramento hídrico, logística e orçamento)3:

OBJETIVO

As presentes diretrizes têm por finalidade nortear e promover o desenvolvimento de

ações integradas e articuladas entre as entidades com atuação na BHSF, de modo a

evitar conflitos, duplicidades e inconsistências técnicas na fiscalização do uso dos

recursos hídricos na área. Por outro lado, a adoção destas linhas gerais ... deverá

favorecer a conciliação de eventuais divergências por intermédio de processos de

negociação e do estabelecimento de acordos que assegurem transparência e ampla

divulgação das decisões e das políticas, princípios e regulamentos adotados.

JUSTIFICATIVA

Considerando, por um lado, a extensão da área ocupada pela bacia hidrográfica, a

variedade de formas de ocupação e problemas decorrentes e a complexidade de

situações que envolvem a utilização dos recursos hídricos na área, e, por outro, a

diversidade dos aspectos legais e institucionais existentes entre os órgãos federais ou

estaduais com atuação na BHSF, faz-se necessário o estabelecimento de normas e

diretrizes gerais para a fiscalização e monitoramento dos usos dos recursos hídricos.

Essa iniciativa irá favorecer a integração entre as ações, proporcionar maior eficiência,

eficácia e economicidade de meios e instrumentos, promover a harmonização de

condutas e procedimentos, com vistas a ensejar a conjugação de esforços requeridos à

3 Fonte: Subprojeto 4.5C – Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São

Francisco (2004-2013) – Estudo Técnico de Apoio ao PBHSF – Nº 14, com DIRETRIZES PARA A

FISCALIZAÇÃO INTEGRADA E MONITORAMENTO Dos USOS DOS RECURSOS HÍDRICOS

(abril/2004).

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 85

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

gestão sistêmica, integrada e participativa dos recursos hídricos, conforme preconiza a

legislação.

DIAGNÓSTICO DA ESTRUTURA DE FISCALIZAÇÃO DO USO DE RECURSOS

HÍDRICOS

- PROCEDIMENTOS LEGAIS E ADMINISTRATIVOS

Com vistas a propor a harmonização entre os procedimentos legais e administrativos da

fiscalização dos usos de recursos hídricos existentes ..., foi feito um levantamento

desses aspectos, destacando-se três aspectos da fiscalização, a saber: a) Infrações; b)

Instrumentos; e, c) Penalidades.

De posse das normas ..., foram elaborados quadros comparativos contemplando os

dispositivos normativos de ambas as esferas e efetuada uma ponderação buscando

identificar o grau de compatibilidade entre as normas adotadas pela ANA e as adotadas

pelos Estados.

A ponderação foi feita por meio de símbolos ..., possibilitando a constatação imediata

das situações de alta, média e baixa compatibilidade entre as normas empregadas.

- LOGÍSTICA EXISTENTE PARA FISCALIZAÇÃO

Para subsidiar uma avaliação expedita da infraestrutura disponível para a fiscalização no

âmbito dos órgãos ... de recursos hídricos, foi elaborado o questionário que foi enviado

aos representantes... Dos questionários respondidos, destacam-se quatro informações

principais, a saber: Cadastro de Usuários; Monitoramento de Quantidade e Qualidade;

Logística; e, Orçamento.

Cadastro de Usuários

Todos os Estados possuem cadastros de usuários, entretanto há algumas pequenas

diferenças na forma que os usuários são cadastrados e na maneira que os dados são

atualizados. Por via de regra, os cadastros são montados em função das outorgas e das

campanhas de campo quando há demanda. As atualizações são precárias, dependendo

também das demandas de outorga e de fiscalização em campo quando há necessidades

específicas ou denúncias.

Monitoramento de Quantidade e Qualidade

Em todos os Estados existem laboratórios de análise de água que estão disponíveis para

análises de qualidade.

...

Em termos de quantidade, o principal instrumento de medição de vazão empregado nos

Estados é o molinete.

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86 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Logística

Com o intuito de conhecer a logística existente nos órgãos estaduais e distrital de

recursos hídricos ... estão discriminados o tipo e a quantidade de equipamentos que, por

meio de convênios ou por colaboração, poderão, eventualmente, ser empregados na

fiscalização de recursos hídricos na BHSF. A quantidade de equipamentos discriminados

corresponde aos quantitativos informados pelos Estados. A esses números foram

somados aqueles adquiridos pelos demais órgãos (Ministério Público, Polícia Militar,

Órgãos Estaduais de Meio Ambiente ...) e pelas Gerências Executivas do IBAMA, por

meio de convênios com o Conselho Gestor da Revitalização do São Francisco. ...

A logística e os recursos humanos das Gerências Executivas e Escritórios Regionais do

IBAMA, no âmbito da bacia, para realização de ações de fiscalização e monitoramento,

estão especificados ....

... pessoal dos órgãos estaduais de recursos hídricos pode ser acionado para a

fiscalização, bem como o respectivo vínculo empregatício.

Em termos de pessoas envolvidas na fiscalização de recursos hídricos, é apresentado ...

o número de pessoas por estado e o vínculo empregatício.

Orçamento

No que se refere a recursos financeiros, a situação mais comum à maior parte dos

Estados da bacia é a falta de alocação orçamentária para a fiscalização como uma

atividade finalística.

Cabe destacar o caso de Minas Gerais, onde foram garantidos, no orçamento do IGAM

para 2004, recursos provenientes do Tesouro do Estado para as atividades da

fiscalização. Quanto ao Distrito Federal, existe uma rubrica da fiscalização ambiental que

é usada também para a fiscalização de recursos hídricos. No entanto, em 2003, os

recursos alocados não foram empregados nessa atividade finalística. De maneira geral,

as atividades de fiscalização são custeadas pelas verbas de manutenção dos órgãos

estaduais de recursos hídricos.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 87

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Contando com tais subsídios, agora seguem transcritas as mencionadas diretrizes

gerais que foram elaboradas, com destaques para aquelas ainda vistas como muito

válidas, portanto, a serem mantidas na presente agenda de trabalho do PRH-SF4:

DIRETRIZES PARA A FISCALIZAÇÃO

- PREMISSAS BÁSICAS

As ações de fiscalização do uso dos recursos hídricos na área da BHSF serão

orientadas com base nos fundamentos, objetivos e diretrizes da Política Nacional

de Recursos Hídricos ..., visando garantir os usos múltiplos e o adequado

atendimento às necessidades e prioridades de uso dos recursos hídricos.

A fiscalização deverá ser exercida em articulação entre a União e os Estados,

inclusive mediante a definição de requisitos de vazão mínima e de concentração

máxima de poluentes na transição de corpos de água de domínio estadual para os de

domínio federal, visando compatibilizar os planos de recursos hídricos existentes com o

Plano da Bacia.

A fiscalização, de caráter preventivo ou repressivo, será realizada tendo como unidade

de planejamento e atuação a bacia hidrográfica. A fiscalização do uso dos recursos

hídricos da BHSF contará com o apoio do Sistema Nacional de Informações sobre

Recursos Hídricos.

A atividade fiscalizadora na bacia deverá primar pela orientação aos usuários de

recursos hídricos, a fim de prevenir condutas ilícitas ou indesejáveis.

- AÇÃO FISCALIZADORA

A fiscalização integrada privilegia o acompanhamento e o controle e preserva o caráter

educativo, preventivo e participativo das ações. Os órgãos federais, estaduais e

distrital ... são parceiros imprescindíveis para a observância das presentes

diretrizes.

A primazia pela orientação aos usuários não impede ou condiciona a imediata aplicação

de penalidades quando caracterizada a ocorrência de infrações.

No entanto, o atendimento ao princípio da prevenção e orientação ao usuário

quando da constatação da irregularidade deverá priorizar a aplicação da

4 Fonte: Subprojeto 4.5C – Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São

Francisco (2004-2013) – Estudo Técnico de Apoio ao PBHSF – Nº 14, com Diretrizes para a

Fiscalização Integrada e Monitoramento dos Usos dos Recursos Hídricos (abril/2004).

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88 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

penalidade de advertência ou notificação, fixando-se um prazo para a sua correção,

antes da imposição de sanções pecuniárias.

É recomendável a promoção de ampla divulgação dos instrumentos de parceria

porventura existentes na área da bacia que contemplem ações conjuntas de

fiscalização, de modo a facilitar e agilizar o atendimento dos objetivos pactuados.

As ações de fiscalização devem ser exercidas, preferencialmente, por pessoal treinado e

qualificado para tal.

- INFRAÇÕES E PENALIDADES

A fiscalização consiste no acompanhamento e controle, na apuração de infrações,

na aplicação de penalidades e na determinação de retificação das atividades,

obras e serviços pelos usuários de recursos hídricos.

O Poder de Polícia administrativa é uma prerrogativa do Poder Público e é exercido por

agentes credenciados, procurando impedir a prática de atos lesivos por infração a regras

de direito administrativo... Para fins de promoção da integração das ações de

fiscalização no âmbito da BHSF, os órgãos federais, estaduais e distrital competentes

deram início aos esforços para a adoção de critérios e rotinas administrativas

consensuais, de modo à harmonização de procedimentos que levem em conta a bacia

hidrográfica.

O confronto do conteúdo das normas legais incidentes na BHSF quanto à fiscalização do

uso dos recursos hídricos foi possível a partir do levantamento dos principais

regulamentos da legislação em nível federal, estadual e do Distrito Federal. O exame das

normas permitiu constatar o grau de compatibilidade existente entre as normas estaduais

e do DF e os dispositivos da Lei nº 9.433/97 e da Resolução nº 082/02 da ANA .... As

divergências constatadas tornaram-se parte ... das discussões com os órgãos

integrantes do GTT, com vistas à harmonização de procedimentos, levando em conta os

dispositivos do art. 17 da Resolução ANA n.º 082/02.

...

Pela análise ..., verifica-se que existe razoável compatibilidade entre as normas

empregadas pela ANA e pelos Estados e o Distrito Federal. As diferenças

encontradas se concentram em dois casos: a) nos critérios de enquadramento de

infrações em diferentes graus (leve, grave e gravíssima); e b) nos valores das multas.

No primeiro caso, foram identificadas 4 (quatro) formas de enquadramento de uma

infração segundo sua gravidade. Nesse sentido, uma infração pode ser classificada em

função: a) do porte do empreendimento; b) da extensão da infração; c) de critérios que

atenuam ou agravam a infração; d) do tipo de infração, como é o critério adotado nas

normas da ANA.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 89

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

No caso das multas, o que chama a atenção é o fato de existirem patamares muito

diferenciados, essa circunstância remete à necessidade de uma discussão com os

Estados e o DF.

Com relação aos instrumentos de fiscalização, verificou-se, uma compatibilidade

razoável na medida em que todos os Estados e o DF adotam, em suas normas, como

instrumentos gerais, a advertência, a aplicação de multas e os embargos provisório e

definitivo. Entretanto, as questões de prazo deverão ser objeto de um

aprofundamento das discussões.

A respeito desses parágrafos que foram transcritos, cabe esclarecer que as principais

diretrizes gerais foram negritadas e as mais relevantes também foram

sublinhadas, especialmente nos casos que devem seguir em pauta, portanto, com

grande convergência a respeito das abordagens conceituais e/ou operacionais

relacionadas a um bom monitoramento e fiscalização, indispensável para uma efetiva

gestão de recursos hídricos.

Seguem novas transcrições do referido documento do PRH-SF 2004-2013, agora

relacionados com algumas das ações mais relevantes para monitoramento e

fiscalização5.

FISCALIZAÇÃO E MONITORAMENTO

Aos órgãos responsáveis pelas ações de fiscalização no âmbito da bacia, recomenda-se

a adoção de sistema de informações que permita o monitoramento integral da situação

dos usos dos recursos hídricos em suas respectivas esferas de competência.

- MONITORAMENTO DE QUALIDADE E QUANTIDADE

Estratégia

A ANA, nas ações de fiscalização, tem utilizado o monitoramento como ferramenta

de auxílio à tomada de decisão. Medições de vazão têm sido realizadas nas captações

de água bruta e nos lançamentos de efluentes, para: a) conhecimento da demanda por

recursos hídricos; b) confirmação da categoria em que se encontra o uso, significante ou

insignificante; ou, c) checagem de dados declarados nas outorgas.

Além disso, análises de qualidade de água são realizadas sempre que esse

procedimento seja essencial para a conclusão dos laudos técnicos.

...

5 Fonte: idem com a anterior.

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90 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos com atuação na Bacia deverão conjugar esforços no sentido da

concepção de um Plano de Contingência, a ser implementado de forma articulada

em situações emergenciais ou de acidentes que possam comprometer a disponibilidade

dos recursos hídricos.

Competências relativas ao monitoramento da qualidade da água

A atribuição pelo monitoramento e controle da qualidade das águas está presente tanto

na Política Nacional de Recursos Hídricos quanto na de Meio Ambiente. Isso exige forte

articulação ..., que deverá incluir a definição do papel de cada instituição nesse

trabalho.

...

Equipamentos de Medição

...

- ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA FISCALIZAÇÃO E MONITORAMENTO

Os órgãos federais e estaduais, na esfera de suas respectivas competências,

deverão identificar as áreas de conflitos (atuais e potenciais) de uso dos recursos

hídricos e planejar articuladamente as ações necessárias para a realização de

campanhas de fiscalização.

Recomenda-se aqui a elaboração de planos anuais de fiscalização de forma a

concentrar esforços e recursos em bacias críticas.

.

RECOMENDAÇÕES

a) A análise comparativa entre as normas legais e os procedimentos administrativos

estaduais e do Distrito Federal com os dispositivos Federais de fiscalização permitiu

identificar as necessidades de harmonização de procedimentos entre Estados e a

ANA, para o alcance de uma fiscalização integrada da bacia. De maneira geral, ...

Também, como resultado, observou-se que há similaridades estruturais entre as normas,

o que abre espaço para ações conjuntas. Nos demais Estados, ....

...

c) Para o alcance de uma fiscalização integrada da bacia há a necessidade de

harmonização de procedimentos entre Estados e a ANA. Nesse sentido, propõe-se a

edição de um instrumento que expresse o consenso entre os atores sobre o modus

operandi a ser adotado.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 91

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

e) Também devem ser conhecidas as estruturas existentes para a fiscalização

como um todo, de modo a otimizar as ações e mesmo viabilizar sua realização nos

locais com pequena estrutura institucional.

f) Quanto às áreas prioritárias, definidas para fiscalização, essas devem ser

analisadas conjuntamente pela ANA e Estados afetos, de modo a se definir a

melhor estratégia para abordagem e resolução dos conflitos.

Novamente, registra-se que as principais recomendações foram negritadas e as

mais relevantes também foram sublinhadas, especialmente nos casos que devem

seguir em pauta.

Acrescenta-se ainda a importância do desenvolvimento de ações de fiscalização que

promovam a identificação de usuários não regularizados com a subsequente adoção

de medidas destinadas à regularização, bem como a verificação do cumprimento das

outorgas concedidas (uso e captação de água, e lançamento de efluentes).

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92 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

7.4. Compromissos estabelecidos para melhoria do arranjo institucional

Existe atualmente um conjunto de compromissos e diretrizes planejadas e em curso,

com repercussões na gestão de recursos hídricos na bacia hidrográfica de São

Francisco. Com o intuito de identificá-los, foram analisados:

O Pacto Nacional pela Gestão das Águas;

A Carta de Petrolina;

Os Planos Estaduais de Recursos Hídricos (PERH) mais recentes

(Minas Gerais – 2011, Alagoas - 2010, Sergipe - 2011, Goiás – 2015) e

o PGIRH do Distrito Federal - 2012;

Os Planos de Recursos Hídricos (posteriores a 2009).

7.4.1. Pacto Nacional pela Gestão das Águas

O principal objetivo do Pacto Nacional pela Gestão das Águas (PNGA) é a construção

de compromissos entre os entes federados para a superação dos desafios comuns e

para a promoção dos usos múltiplos de forma sustentável, sobretudo em bacias

compartilhadas, como é o caso da BHSF.

Em termos de objetivos específicos, este Pacto visa:

Promover a articulação entre os processos de gestão das águas e de

regulação dos seus usos, nas esferas nacional e estadual;

Fortalecer o modelo brasileiro de governança das águas integrado,

descentralizado e participativo (ANA, 2013a).

O Pacto foi concebido como um complemento para a gama de programas já existentes

em níveis federal e estadual (notadamente, os Programas selecionados pela ANA de

apoio à gestão dos recursos hídricos: Programa de Desenvolvimento do Setor Água

(INTERÁGUAS); Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (PRODES);

Programa Produtor de Água e Programa Nacional de Avaliação da Qualidade da Água

(PNQA)).

O Pacto proporciona um novo instrumento para dar prosseguimento ao diálogo entre

os níveis de governo. É o resultado de um processo de negociação entre a ANA,

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 93

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

governos estaduais e conselhos estaduais de recursos hídricos, que por si só

(independentemente de metas, objetivos e financiamento) abre janelas de

oportunidade para facilitar as interações em múltiplos níveis (com os comitês de

bacias hidrográficas, e com as instituições estaduais) (OCDE, 2015).

Ao aderir ao Pacto, os estados aumentam o compromisso político e a visibilidade dada

ao setor de recursos hídricos e também se beneficiam de resultados concretos, como

a sua integração às bases de dados nacionais (por exemplo cadastro de usuários)

(OCDE, 2015).

A Estratégia do PNGA adota:

A realização de memorandos de entendimento para oferecer os

elementos necessários à formalização de compromissos nas esferas

nacional e estadual – ações necessárias, custos envolvidos, possíveis

fontes de recursos para custeio e financiamento – submetidos à

anuência e aprovação das autoridades competentes.

A implementação de um Programa de Consolidação do Pacto Nacional

pela Gestão das Águas – PROGESTÃO, desenvolvido pela ANA com

base no pagamento pelo alcance de metas e adesão voluntária dos

Estados.

Foram assinados contratos de implementação entre a ANA e os governos estaduais e

os conselhos estaduais de recursos hídricos em todos os Estados da bacia.

Isso implica o comprometimento dos Estados em alcançar os objetivos, traduzidos em

metas de cooperação federativas (definidas pela ANA e comuns para todos os

Estados, a serem concluídas a cada ano) e metas estaduais (definidas pelos estados,

com apoio técnico da ANA). Ambos os tipos de metas são aprovados pelos conselhos

estaduais de recursos hídricos e certificados pela ANA, no primeiro caso, e

conjuntamente pela ANA e conselhos estaduais de recursos hídricos no segundo.

Dizem respeito à aplicação e desenvolvimento da parte institucional do SINGREH e à

implementação de instrumentos de apoio à gestão dos recursos hídricos, em termos

de planejamento, informação, operação e tomada de decisões (OCDE, 2015).

Alagoas, Sergipe e Goiás foram os primeiros estados da BHSF a assinar seus

contratos de adesão (em 2013).

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94 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

No campo institucional, o Documento Base do Pacto Nacional de Gestão das Águas

(ANA, 2013a) constata que ainda muito há a fazer nos próximos anos:

Maior articulação da política de recursos hídricos com a política

ambiental e com as políticas locais e setoriais;

Efetivação dos planos de recursos hídricos e do enquadramento;

Consolidação e aprimoramento dos processos de regulação do uso das

águas;

Ampliação das experiências de cobrança e diversificação de receitas e

fontes do SINGREH e SEGREHs;

Ampliação e fortalecimento dos organismos de bacias.

A OCDE, por seu lado, recomenda uma abordagem progressiva na adoção dos

instrumentos de gestão dos recursos hídricos entre os Estados, de acordo com a sua

tipologia, passando por:

Fortalecer a coordenação vertical;

Promover o engajamento dos atores;

Compartilhar informações e “aprender praticando”;

Transparência e responsabilidade;

Continuidade e sinergias.

Considerando as tipologias do Pacto, estas recomendações traduzem-se da seguinte

forma, para cada Estado da BHSF (a tipologia não foi definida para o Distrito Federal):

Quadro 18 – Recomendações de políticas por Estado da BHSF.

Recomendações Alagoas, Sergipe,

Goiás Bahia, Pernambuco Minas Gerais

Fortalecer a

coordenação

vertical

Entre os estados e as

autoridades federais

(apoio e orientação pela

ANA)

Entre as autoridades

estaduais

(maior diálogo entre os

conselhos e órgãos gestores

estaduais de recursos

hídricos sobre as atividades,

programas e ações de

implementação em curso,

exigidos pelos planos de

bacias hidrográficas)

Dentro do Estado,

especialmente nos

municípios dos grandes

centros

(contratos multipartes para

compartilhar capacidade e

financiamento para

objetivos convergentes –

p.ex. coleta e tratamento de

esgoto)

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 95

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Recomendações Alagoas, Sergipe,

Goiás Bahia, Pernambuco Minas Gerais

Promover o

engajamento dos

atores

Construir a confiança e

dar atenção às vozes

não ouvidas

(promoção dos objetivos

comuns a serem

alcançados, equilibrando

as reivindicações dos

grandes e pequenos

usuários com diferentes

interesses na água)

Sensibilizar e compartilhar o

progresso dos resultados do

Pacto

(Oficinas entre atores do

setor público e privado e da

sociedade civil)

Construir o consenso e

promover maior

responsabilização

(promover um diálogo

transparente sobre a

alocação dos recursos da

cobrança pela água e dos

recursos do Progestão)

Compartilhar

informações e

“aprender

praticando”

Entre Estados da mesma

tipologia

(Promoção da

cooperação interestadual

pela ANA)

Dentro do Estado e com

Estados semelhantes

(Campanha de disseminação

para mostrar e valorizar os

resultados concretos do

Pacto)

Compartilhamento

sistemático de informações

sobre o progresso do Pacto,

financiamento e desafios a

nível estadual

(site que reúna as

informações das oficinas,

reuniões dos conselhos

estaduais de recursos

hídricos, etc.)

Transparência e

responsabilidade

Priorização clara sobre

como usar os recursos

(Estabelecer uma clara

matriz de objetivos e

utilizar métodos de

avaliação financeira)

Ações voluntárias para

demonstrar boa vontade na

transparência do uso dos

recursos

(Atualizações regulares e

voluntárias e

compartilhamento de

informações)

Engajamento dos atores

nas discussões relativas ao

uso eficiente dos recursos

(Promoção do Pacto como

um instrumento de

compromisso público)

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96 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Recomendações Alagoas, Sergipe,

Goiás Bahia, Pernambuco Minas Gerais

Continuidade e

sinergias

Fomentar as sinergias

com outros programas

financeiros de

capacitação

(Investigação dos

programas em curso e

recursos disponíveis

para criar sinergias entre

as capacidades pesadas

e leves)

Explorar o acompanhamento

do pacto para assegurar a

continuidade e a capacitação

(Consultas inclusivas e de

baixo para cima sobre os

caminhos futuros baseadas

nas lições aprendidas com a

implementação)

Apoiar a continuidade das

políticas públicas estaduais

de gestão sustentável dos

recursos hídricos

(Criar incentivos para

motivar que todos os atores

permaneçam engajados;

abordagem territorial para

gerir recursos hídricos)

Fonte: OCDE, 2015.

7.4.2. Carta de Petrolina

A assinatura da Carta de Petrolina marcou a abertura da reunião comemorativa dos

10 anos de criação do CBHSF em 2011.

A carta de Petrolina pressupõe o reconhecimento das seguintes premissas:

As entidades envolvidas no gerenciamento de recursos hídricos (União,

entes federados, CBHSF, entes colegiados de bacias hidrográficas de

rios afluentes e demais entes do Sistema Nacional de Gerenciamento

dos Recursos Hídricos) necessitam de unir esforços para fortalecer o

gerenciamento, proteção e conservação dos recursos hídricos da bacia,

promovendo a integração de todos os planos, programas, projetos e

ações, previstos e em andamento;

A bacia hidrográfica necessita ser revitalizada, para que os cursos de

água apresentem vazões em quantidade e qualidade compatíveis com

seus múltiplos usos e as necessidades das populações atuais;

A bacia hidrográfica necessita ser conservada, para que as gerações

futuras possam se beneficiar das riquezas naturais e potenciais de suas

águas; e

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 97

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A gestão ambiental e, especialmente, a gestão dos recursos hídricos

devem se realizar visando a melhoria da qualidade de vida das

pessoas e o desenvolvimento sustentável.

Os signatários da carta avocaram as seguintes metas como objetivos de todos:

Água para Todos – atingir até 2020 a universalização do

abastecimento de águas para as populações urbanas, rurais e difusas;

Saneamento Ambiental – atingir até 2030 a universalização da coleta

e tratamento dos esgotos domésticos, da coleta e destinação final de

resíduos sólidos urbanos e a implementação de medidas para melhorar

a drenagem pluvial e a prevenção e controle de cheias em ambientes

urbanos;

Proteção e Conservação de Mananciais – implementar até 2030

intervenções para a proteção de áreas de recargas e nascentes,

recomposição das vegetações e matas ciliares e instituição de marcos

legais para apoiar financeiramente boas práticas conservacionistas.

Os signatários comprometeram-se a definir em conjunto, sob a coordenação do

Comitê de Bacia, as metas intermediárias a serem atingidas até 2014, bem como o

volume de recursos necessários à sua viabilização, com base nos prognósticos do

PPA 2012-2015.

Comprometeram-se também, por intermédio de seus representantes, a apresentar ao

CBHSF, por meio da AGB Peixe Vivo, o andamento dos planos, programas, projetos e

ações necessários para o atingimento das metas estabelecidas, possibilitando a

elaboração de um balanço a ser apresentado anualmente em Plenária Ordinária do

CBHSF.

Para o período 2011-2014, foram definidas as seguintes metas intermediárias para os

três compromissos, na Deliberação CBHSF n.º 64, de 17 de novembro de 2011:

Água para Todos:

- Atender cada região fisiográfica conforme referidas no Plano da Bacia,

com índice médio de 90% de cobertura total de abastecimento de água;

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98 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

- Aumentar em, no mínimo, 20% o índice de abastecimento de água para os

distritos, povoados e outros aglomerados rurais em cada região

fisiográfica;

- Universalizar o atendimento da população difusa por meio do Programa

Brasil sem Miséria/Programa Água Para Todos com a implantação de, no

mínimo, 50 mil novas cisternas.

Saneamento Ambiental:

- Atender cada região fisiográfica com índice médio de 70% de coleta total

de esgotos e implantar tratamento de esgotos coletados em 10% do total

de municípios;

- Atender cada região fisiográfica com índice médio de 90% de coleta

urbana e aumentar em 20% o número de municípios com destinação final

adequada;

- Realizar investimentos sustentáveis em obras de captação, infiltração e de

drenagem das águas pluviais em, no mínimo, 10% do número de

municípios com ocorrência de inundações ou enchentes nos últimos 5

anos.

Proteção e Conservação de Mananciais:

- Promover ações para a recuperação de 15 mil hectares de áreas

degradadas na bacia;

- Promover ações para a recuperação e proteção de 320 nascentes

distribuídas nas regiões fisiográficas;

- Implementar 4 projetos-pilotos de pagamento por serviços ambientais

(PSA) a exemplo do Programa Produtor de Água da ANA, sendo um

projeto por região fisiográfica, conforme referidas no Plano da Bacia.

Na Deliberação CBHSF n.º 64 de 17 de novembro de 2011 consta ainda um resumo

do levantamento das intervenções prioritárias na bacia hidrográfica do Rio São

Francisco, no período de 2011 a 2014 (correspondente a um investimento total de R$

9.269.341.739).

O Relatório Anual de Mapeamento de Fontes de Recursos Disponíveis de 2014

(ANA/CBHSF/AGB Peixe Vivo, 2014) reporta que:

Os investimentos realizados no período 2012-2014 pelo Governo

Federal, através de suas instituições (FUNASA, CODEVASF, Ministério

das Cidades, Ministério da Integração) na revitalização do rio São

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 99

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Francisco são da ordem de R$ 182 milhões, com os principais

investimentos ligados a obras para abastecimento de água e

esgotamento sanitário (não incluindo as obras relativas à transposição

do rio SF e outras obras acessórias relacionadas, onde o investimento

atribuído é superior a R$ 2 bilhões).

Existem contratos vigentes em execução na bacia do rio São Francisco,

com previsões de encerramento a partir de 2015, cujo montante de

valores investidos desde 2012 é de aproximadamente R$ 482 milhões.

Os investimentos em ações e projetos já concluídos, voltados à

revitalização da bacia hidrográfica do rio São Francisco, quando

somados aos valores aplicados de projetos em processo de execução

são da ordem de R$ 665 milhões, entre os anos de 2012 e 2014.

Investimentos ligados à proteção e conservação de mananciais são

muito irrelevantes quando comparados aos investimentos ligados ao

saneamento básico.

7.4.3. Sistemas Estaduais de Recursos Hídricos

Com vista a identificar os aprimoramentos planejados e em curso na estrutura e

funcionamento dos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos da

bacia, foram consultados os Planos Estaduais de Recursos Hídricos de elaboração

mais recente, relativos a Minas Gerais, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal.

No Quadro 19, encontram-se, de forma sucinta, as sugestões e recomendações do

Plano Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais (2011) para melhorar o

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Quadro 19 – Recomendações para o SEGRH/MG.

Temáticas Recomendações

IGAM

Realização de estudos especializados para o planejamento institucional estratégico do

IGAM, de acordo com metodologias inovadoras, nas quais a análise do seu

organograma e quadro de pessoal resulte na identificação de ações e atividades,

coerentes com as avaliações pretendidas para o SEGRH/MG.

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100 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Temáticas Recomendações

SEGRH/MG e

Comitês

Elaboração de estudos complementares para avaliação do SEGRH tendo por base um

conjunto de perguntas: qual o perfil e natureza dos problemas relacionados com os

recursos hídricos; quais os atores e atividades sociais e econômicas relacionados com

os problemas; como conciliar ou realocar as atividades; quais as instâncias

institucionais que podem resolver os problemas e quais as funções e encargos dos

atores envolvidos; consistência da atual divisão de encargos e da articulação entre as

instâncias decisórias e entidades existentes do SEGRH/MG (conselho estadual,

câmaras técnicas, comitês e agências de bacias e o órgão gestor de recursos hídricos,

IGAM). Pretende-se uma avaliação mais detida em cada comitê, com rebatimentos em

termos de uma estratégia estadual mais consistente e pragmática para o

gerenciamento de recursos hídricos, sem descartar a eventual agregação ou retraçado

das UPGRHs vigentes.

Arcabouço

jurídico-legal

vigente

Consolidação do arcabouço jurídico-legal vigente, de forma a conferir eficácia lógica,

organicidade e fácil consulta à extensa e complexa legislação inerente à política e ao

gerenciamento de recursos hídricos.

FHIDRO

Realização de estudos complementares tendo por base a recomendação de vincular

diretamente o orçamento do FHIDRO ao do IGAM, tendo o Conselho Estadual de

Recursos Hídricos o encargo de assumir as atribuições do Conselho de Administração

do FHIDRO, ou seja, sem a necessidade de conferir uma figura jurídica própria ao

Fundo.

Compensação

a Municípios

Realização de estudos em prol da implementação do instrumento Compensação a

Municípios com base em Pagamento por Serviços Ambientais, notadamente mediante

ajustes na legislação vigente do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e

Serviços) Ecológico: elevação do percentual a ser redistribuído aos municípios e

inclusão de novos critérios que considerem a recomposição de matas ciliares e

cobertura vegetal, com particular interesse na proteção de mananciais e reservatórios,

com impactos positivos em termos de melhoria quali-quantitativa dos recursos hídricos.

Fonte: PERH-MG-Vol III (HOLOS/FAHMA/DELGITEC, 2011).

O PERH-MG recomenda ainda:

A revisão dos critérios de outorga, em especial as vazões de referência;

A disponibilização de informação pela internet (cobertura vegetal,

pedologia, uso dos solos, geologia, imagens de satélite, dentre outra)

O estabelecimento de metas (por parte do CERH, quanto à

implementação dos instrumentos de gerenciamento, e por parte dos

CBH);

Uma melhor integração entre os sistemas de meio ambiente e recursos

hídricos.

Estas recomendações foram vertidas em Programas considerados nas Componentes

“Governabilidade sobre o Gerenciamento de Recursos Hídricos” e “Governança e

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 101

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Representatividade do SEGRH/MG” – as duas primeiras “frentes de trabalho” do

PERH-MG.

A Lei n.º 21.972 de 21 de janeiro de 2016 veio reestruturar o Sistema Estadual do

Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema).

O licenciamento ambiental poderá ser feito pelo COPAM ou pela SEMAD, dependendo

do tipo de empreendimento e de seu potencial poluidor. A SEMAD passou a ser

responsável por decidir sobre processos de licenciamento ambiental de classes 3 e 4,

enquanto o COPAM passou a decidir somente sobre processos de licenciamento

ambiental de classes 5 e 6, ou seja, empreendimentos com significativo impacto

ambiental.

Entre outras, passaram a ser competência do IGAM: outorgar o direito de uso dos

recursos hídricos de domínio do Estado, bem como dos de domínio da União, quando

houver delegação, ressalvadas as competências dos comitês de bacias hidrográficas e

do CERH-MG; e fiscalizar as barragens de acumulação destinadas à preservação de

água, bem como definir as condições de operação dos reservatórios.

O Plano Estadual de Recursos Hídricos de Alagoas (IBI/ENGESOFT, 2010)

reconhece o salto qualitativo que o estado já alcançou na implementação do Sistema

Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, não deixando, contudo, de apontar,

algumas carências. Entre estas, refere que falta o estado avançar nos instrumentos de

gestão (principalmente a cobrança pelo uso da água); complementar, regulamentar,

normatizar o aparato legal dos recursos hídricos e criar um Organismo Gerenciador

(OG) de Água do Estado. Apresenta depois várias recomendações propositivas no

sentido de superar as carências identificadas.

Com vistas a complementar o aprofundamento jurídico-institucional na formulação de

instrumentos para consolidar a gestão do SIGERH, sugere um conjunto de ajustes,

entre os quais: regulamentar o uso da água subterrânea; formalizar Convênio

Estado/SEMARH/CHESF/CODEVASF/ANA para gestão no território estadual de água

oriunda do Rio São Francisco (Rio e Lago Moxotó), principalmente relacionado ao

Canal do Serão Alagoano; regulamentar por decreto os parâmetros das outorgas, usos

e licenças considerados isentos ou não; regulamentar por portaria que todo usuário de

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102 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

água mesmo quando vinculado ao estado, se obriga a solicitar outorga ao organismo

gestor de oferta do SIGERH; regulamentar o reuso de água.

O PERH Alagoas propõe também medidas visando a mobilização e o envolvimento

dos municípios do estado na implementação das ações do Plano Estadual.

No âmbito das medidas não-estruturais de gestão quantitativa, o PERH-AL prevê um

conjunto de programas para o Desenvolvimento Institucional (Estruturação do Órgão

de Gerenciamento (OG); Estruturação da SEMARH; Implementação do Modelo

Organizacional da Descentralização do OG; Estabelecendo uma Base Física

Territorial; Política de Capacitação e Treinamento na Área de Recursos Hídricos;

Capacitação do Sistema de Gestão dos Recursos Hídricos; Participação Pública na

Gestão dos Recursos Hídricos – Comitês de Bacias Hidrográficas;

Formalização/Implementação de Convênios/Grupos de Trabalho).

O Plano Estadual de Recursos Hídricos de Sergipe (PROJETEC/TECHNE, 2011)

inclui as seguintes proposições para o bom funcionamento do sistema de gestão e

para a implementação dos instrumentos previstos na Política Estadual de Recursos

Hídricos:

Criação de uma entidade que funcione como braço executivo do órgão

gestor de recursos hídricos (a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos

Hídricos – SEMARH);

Criação de coordenadoria de gestão no âmbito da Superintendência de

Recursos Hídricos da SEMARH para a realização das atividades de

organização, orientação, supervisão e apoio aos órgãos colegiados

componentes do sistema;

Como solução alternativa à criação de novo órgão ou entidade, poder-

se-ia aproveitar a experiência da Administração Estadual do Meio

Ambiente (ADEMA) em tratar de questões ambientais, fazendo com que

atendesse também as questões de demanda hídrica. Isto faria com que

se reduzisse o trâmite burocrático da criação da nova entidade,

fortalecendo uma já existente que resultaria na ampliação das

atribuições da ADEMA;

Edição de legislação para repristinação expressa dos decretos de

criação da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 103

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Irrigação de Sergipe (COHIDRO), da Empresa de Desenvolvimento

Agropecuário (EMDAGRO) e da Companhia Estadual de Habitação e

Obras Públicas (CEHOP), convalidando os atos praticados até o

momento.

Alteração da legislação da Companhia de Desenvolvimento de

Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (COHIDRO) para que suas

atribuições espelhem as atividades hoje afetas àquela entidade;

Avaliação da conveniência de alterar as vinculações da COHIDRO e da

Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO);

Supressão das sobreposições existentes nas leis dos diversos órgãos e

entidades afetos aos recursos hídricos, estabelecendo, quando

possível, competências únicas para cada uma das atividades;

Definição de rotina de trabalho e atuação que possibilite maior

articulação entre os diversos órgãos da administração estadual –

CEHOP, COHIDRO, SEMARH, PRONESE (PCPR), DESO e SEPLAG

– que executam obras em interface com a questão hídrica, visando

potencializar e otimizar as ações.

O PERH de Goiás (INYPSA/COBRAPE, 2015) propõe um conjunto de Programas e

Subprogramas que contêm detalhadamente os objetivos, procedimentos (ações),

resultados esperados, metas, atores envolvidos, fontes de recursos e a articulação

entre os programas e subprogramas.

A primeira componente refere-se à Gestão de Recursos Hídricos, onde está integrado

o Programa 1.A – Fortalecimento Institucional e que por sua vez é constituído por

quatro subprogramas:

Subprograma 1.A.1 – Autonomia, Estruturação e Fortalecimento do

Órgão Gestor de RH e Capacitação dos Servidores;

Subprograma 1.A.2 – Estruturação e Capacitação dos Comitês de

Bacias no Estado de Goiás;

Subprograma 1.A.3 – Apoio à Organização e Capacitação de Usuários

de Água e da Sociedade Civil;

Subprograma 1.A.4 – Identificação de Lacunas, Adequação e

Regulamentação dos Dispositivos Legais da Política Estadual de

Recursos Hídricos.

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104 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Os objetivos gerais do Programa de Fortalecimento Institucional são:

Fortalecer os entes do Sistema Integrado de Gerenciamento de

Recursos Hídricos do Estado de Goiás (órgão gestor de recursos

hídricos, comitês estaduais de bacia hidrográfica e suas instâncias

componentes estratégicas);

Proporcionar o ambiente institucional necessário para que haja a

integração das políticas setoriais e implantação dos demais programas

previstos pelo PERH/GO.

O Programa de Fortalecimento Institucional está fundamentado em duas

estratégias:

Articulação interinstitucional entre os entes do Sistema Integrado de

Gerenciamento de Recursos Hídricos para a gestão integrada dos

recursos hídricos de Goiás; e,

Articulação entre a gestão de recursos hídricos e a gestão territorial nas

Unidades de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos

(UPGRHs).

O desenvolvimento do Programa de Fortalecimento Institucional propõe a

organização dos procedimentos considerados adequados à conjugação de esforços

transversais para implantação do PERH/GO, por parte das seguintes instituições:

O Órgão Gestor de Recursos Hídricos;

Os Comitês Estaduais de Bacia Hidrográfica, instalados e em processo

de instalação;

As Organizações de Usuários de Recursos Hídricos e da Sociedade

Civil.

No PGIRH do Distrito Federal (SEMARH/ADASA/ECOPLAN, 2012) são indicadas as

seguintes propostas para fortalecer o arranjo institucional no Distrito Federal (DF), no

escopo da Componente 4: Arranjo Institucional e Organizacional para Implementação

do PGIRH dos Planos e Programas de Ação considerados:

Proposta Organizacional e de Revisão do Arcabouço Institucional:

Deve ser instalado um Sistema de Acompanhamento da Implementação

do PGIRH, composto por instâncias administrativas com duas vertentes

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 105

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

de atuação: a primeira voltada para a articulação permanente do PGIRH

com outras instâncias de governo e da sociedade com interveniência

sobre os recursos hídricos do DF e a segunda voltada para a estrutura

da ADASA, com a atribuição de implementar as ações e programas que

compõem o PGIRH;

Propostas de Mudanças no Marco Legal e Regulatório: com o

objetivo de implantar normas que foquem o aproveitamento dos

recursos hídricos destinados à irrigação e a aprovação de programas

regionais e sub-regionais de irrigação, em articulação com o Ministério

do Interior;

Diretrizes para Gestão Integrada e Compartilhada com o Zoneamento

Ecológico – Econômico (ZEE), Plano Diretor de Ordenamento Territorial

(PDOT) e Plano Diretor de Água e Esgotos do Distrito Federal (PLD):

Propor diretrizes para uma gestão integrada e compartilhada do PGIRH

com os dois maiores planos relacionados com o ordenamento territorial

do Distrito Federal (PDOT e ZEE) e com o PLD;

Diretrizes para Consolidação da Gestão Integrada de Recursos

Hídricos na Região de Entorno do DF: Definir diretrizes que propiciem

a articulação da ADASA e dos comitês de bacias com os órgãos

gestores dos recursos hídricos do entorno do DF para que se consolide

um processo de gestão integrada;

Sistema de Acompanhamento da Implementação do PGIRH: Dar

apoio executivo, monitorar e avaliar o processo de implementação do

PGIRH.

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106 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

7.4.4. Sub-bacias hidrográficas

Consideraram-se as propostas apresentadas nos Planos de Recursos Hídricos

posteriores a 2009.

PDRH RIO DAS VELHAS (2015)

As diretrizes para o aprimoramento do modelo atual de gestão de recursos hídricos na

bacia do rio das Velhas estão divididas em proposição de instrumentos legais e

normativos e em diretrizes voltadas para ações de fortalecimento do arranjo

institucional. Encontram-se resumidamente listadas em seguida:

Instrumentos Legais e Normativos:

- Deliberação Normativa para procedimentos de concessão de outorgas e

produção e distribuição de informações do sistema de recursos hídricos;

- Pagamento de Serviços Ambientais (PSA).

Ações de Fortalecimento:

- Fortalecimento do CBH, suas Câmaras Técnicas e subcomitês

- Aprimoramento da Agência de Bacia

- Aprimoramento do sistema de informações de recursos hídricos

- Integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental

- Articulação com grandes outorgados

- Institucionalização de fóruns por agendas.

PDRH RIO URUCUIA (2014) E PDRH RIO PANDEIROS (2014)

Os Planos incluem a proposta de arranjo institucional no âmbito de um dos seus

programas (Programa 6.1, integrado na Componente 6 – Gestão do Plano Diretor dos

Programas previstos), tendo como foco o desenvolvimento de uma estrutura executiva

de apoio aos CBH (através de uma agência de águas a ser instituída ou equiparada).

Entretanto, a AGB-PV já constitui entidade equiparada a agência de águas para o

CBH Urucuia.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 107

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

PDRH DOS AFLUENTES MINEIROS DO RIO VERDE GRANDE (2011)

O plano refere que a bacia do rio Verde Grande conta com um sistema de governança

das águas com importante grau de amadurecimento baseado em dois pilares

essenciais: o consenso sobre conceito de comitê único e a existência de um pacto

entre os órgãos gestores de recursos hídricos que atuam na bacia.

O plano apresenta uma análise das alternativas de arranjo institucional considerando a

adoção do modelo de gestão da bacia do São Francisco com delegação para a AGB

Peixe Vivo e a criação de uma entidade exclusiva para a bacia do rio Verde Grande.

Os resultados indicam maior viabilidade operacional no reconhecimento da AGB Peixe

Vivo para o exercício das funções de agência na bacia do rio Verde Grande, tendo em

vista a otimização de boa parte dos custos operacionais e de gestão dadas as

economias de escala alcançadas.

PDRH RIOS JEQUITAÍ E PACUÍ (2010)

O plano refere que os passos iniciais para o desenvolvimento da gestão dos recursos

hídricos na UPGRH SF6 são aqueles propostos na sexta diretriz estratégica do

planejamento: bases físicas na bacia, pessoal qualificado e treinado,

instrumentalização para desempenho das atividades, sustentabilidade financeira,

gestão participativa. Entende-se que o comitê deva possuir uma unidade executiva,

nos moldes preconizados para a agência de águas, para que a efetiva gestão dos

recursos hídricos possa ser implementada. Considera-se a possibilidade da escolha

da AGB Peixe Vivo para o efeito, o que efetivamente veio a acontecer.

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108 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Página deixada intencionalmente em branco.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 109

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

8. PROPOSTA DE APRIMORAMENTO DO MODELO ATUAL DE GESTÃO

8.1. Introdução

A seção 8.2 é iniciada com a descrição de conceitos e procedimentos metodológicos

de um planejamento institucional estratégico. Sob tais conceitos e procedimentos,

são identificadas áreas distintas da bacia em pauta, para as quais podem ser

necessários avanços mais próprios e específicos em termos de gestão, notadamente

com uma descentralização e mais proximidade junto às chamadas áreas-problema,

por consequência, com fortalecimento e mais consistência de comitês e agências

locais, por certo, a serem devidamente articuladas com o CBHSF.

Dentre as alternativas apresentadas, constam as suas respectivas vantagens e

desvantagens, como subsídios importantes para que decisões mais consistentes

sejam tomadas a respeito dos pretendidos avanços institucionais de gestão.

Um dos aspectos estratégicos institucionais previstos no PRH-SF 2004-2013 que era

considerada a primeira prioridade do Plano e que não foi alcançado, foi a celebração

do Convênio de Gestão Integrada entre a União e os Estados da bacia, com

interveniência do CBHSF. Esse Convênio, tido como o instrumento que permitiria

compatibilizar demanda e disponibilidade, visava equacionar, em bases comuns,

temas como a alocação de água e a cobrança.

O presente Plano pretende de novo envolver um conjunto de entidades chave na

construção de entendimentos. Na seção 8.3 descreve-se a articulação institucional

que se considera prioritária para enfrentar os desafios da bacia em termos de

quantidade de água, qualidade da água, degradação ambiental, crescentes pressões

sobre a demanda e possível acentuar dos conflitos entre usuários. No final desta

seção, apresentam-se as prioridades de articulação, indicando-se de forma

sistematizada os principais atores envolvidos, os principais focos/objetivos da

articulação, os instrumentos de articulação e a fase de implementação do plano em

que a articulação deverá ocorrer.

Na seção 8.4 apresentam-se algumas recomendações para o fortalecimento

institucional, passando por: recomendações da OCDE (2015) para fortalecer a

governança da água; recomendações para determinados atores-chave (Agência

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110 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Nacional de Águas; Estados; Municípios; CBHSF e comitês de bacias afluentes;

agência de águas (ou entidade delegatária)); análise da integração entre o PRH-SF e

as iniciativas das diversas instâncias governamentais; sugestão dos instrumentos

necessários à implementação do plano e de programas de capacitação e comunicação

(na perspectiva de fortalecimento da capacidade técnica dos atores e entidades

envolvidas na gestão de recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio São Francisco).

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 111

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

8.2. Planejamento Institucional Estratégico

8.2.1. Conceitos e Procedimentos Metodológicos

Arranjos institucionais e modelos de gestão não devem ser constituídos como um fim

em si mesmo. Ao contrário, devem se apresentar como respostas consistentes frente à

plena natureza dos problemas a serem enfrentados.

Sob tal conceito, para que ocorra uma gestão e governança efetiva e eficaz, deve-se

aplicar uma metodologia atualizada de Planejamento Institucional Estratégico, tal

como será disposta na sequência. Isto significa que antes de qualquer proposta devem

ser abordados os diferentes perfis regionais da BHSF.

Assim, é possível antecipar que certos arranjos institucionais para a gestão das águas

em áreas-problema podem demandar novas perspectivas e possibilidades, contudo,

sem que deixem das devidas articulações com o CBHSF, o qual deve ser visto como

uma instância mais estratégica-coletiva, sob a ótica de um balanço conjunto da bacia

em pauta.

Com isto posto, no que concerne aos conceitos e procedimentos metodológicos mais

avançados de um Planejamento Institucional Estratégico, sabe-se que não

implicam apenas em definir, como passo inicial, organogramas de sistemas e

entidades, mas sim, analisar contextos institucionais, atribuições e encargos, que

devem então instruir a estruturação de um sistema de gestão, com vistas a uma

indispensável Governança.

Em termos práticos, isto implica nos seguintes passos e questionamentos a serem

abordados:

Diagnósticos sobre as naturezas distintas de problemas a serem

enfrentados, com a indispensável identificação de áreas-problema

(chamadas de problem-sheds), para que modelos de gestão sejam

estruturados como respostas objetivas e consistentes frente às

tipologias de demandas e conflitos pelos usos múltiplos de recursos

hídricos e ambientais;

Além de insumos dos diagnósticos, deve-se considerar o

posicionamento de órgãos públicos – federais, estaduais e

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112 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

municipais –, de usuários de recursos hídricos e de organizações da

sociedade civil, de modo a identificar impressões e prioridades – em

muitos casos, eventualmente distintas – que atores identificados como

estratégicos definam para o traçado de modelos de gestão;

A consideração e análise sobre estruturas de gestão existentes em

outras áreas com problemas similares e, também, em outros países,

tidos como referências, com a investigação do background institucional,

de modo a considerar seus aprendizados como insumos para possíveis

ajustes e complementações sobre a organização institucional vigente; e,

A identificação e consideração das interfaces existentes com outras

instituições que apresentam interferências sobre a gestão de recursos

hídricos e ambientais, portanto, com implicações em termos da divisão

de encargos e trabalhos, de modo a evitar sobreposições e conflitos e

estabelecer um conjunto coerente e articulado de competências,

atribuições e atividades técnicas e operacionais.

Uma vez contando com tais subsídios, caberá então desenvolver uma proposta mais

detalhada para as possíveis e necessárias adequações da gestão da BHSF.

Assim, como recomendações metodológicas gerais antecipadas a respeito de um

Planejamento Institucional Estratégico, deverão ser respondidas ou revisadas

respostas existentes para as seguintes questões:

Quais as diretrizes gerais em pauta e quais as diretrizes específicas,

advindas de diagnósticos – hídricos, ambientais, socioeconômicos e

político-institucionais – que devem instruir as possíveis adequações e

avanços na atual forma de gestão institucional da BHSF;

No contexto geral do BHSF e, também, de suas distintas regiões que

serão abordadas, como poderão ser distribuídas muitas das

missões necessárias para a desejada governança na gestão de

recursos hídricos;

Segundo cada perfil regional, quais são as inserções institucionais e

quem são os seus principais interlocutores e “clientes” – internos e

externos ao aparelho dos estados federativos e da União, em certos

casos, também considerando o contexto de municípios regionalmente

relevantes;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 113

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Para o cumprimento da missão principal estabelecida, quais as

funções, responsabilidades e encargos estruturantes e quais as

atividades de apoio e parcerias transversais demandadas para o

sistema de gestão, tendo em vista as demandas advindas dos

diagnósticos e de cenários prospectivos de cada região;

Postas as diretrizes gerais e específicas, a missão principal do sistema

de gestão da BHSF, a sua inserção institucional, as funções, os

encargos gerais e as atribuições específicas, além de potenciais

parcerias, qual a estrutura organizacional mais adequada para as

funções e atividades identificadas, tanto no que tange a aspectos mais

estratégicos e amplos, quanto aos mais operativos em certos locais,

com ênfase para áreas-problema;

A respeito da atual estrutura organizacional, que poderá ser retraçada,

quais as instâncias e instituições componentes e suas respectivas

funções, encargos e atribuições próprias, a serem estabelecidas como

uma consistente divisão de trabalho, chegando a traçados mais

específicos no caso de certas áreas prioritárias;

No contexto do sistema de gestão da BHSF, caso seja retraçado, quais

e como desenvolver as fundamentais formas de parceria e interação

com empresas e entidades – públicas e privadas – de setores

usuários, e com representantes da sociedade civil;

Por fim, também como uma referência relevante para avaliação de procedimentos e de

formas de gestão e de políticas públicas, no Volume 5- Apêndices consta uma breve

descrição da Metodologia APEX, com algumas de suas perguntas apresentadas

sendo aplicadas para o caso da gestão da BHSF.

Enfim, tendo estas perguntas recomendadas como conceitos e procedimentos

metodológicos, percebe-se que para ter respostas completas e consistentes,

demanda-se mais trabalho, a ser empreendido na sequência da presente atualização

do Plano da BHSF.

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114 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

8.2.2. Abordagens Territoriais Estratégicas da Bacia do Rio São Francisco

De acordo com os conceitos e procedimentos metodológicos apresentados, agora

entram em pauta as devidas abordagens territoriais estratégicas da BHSF,

principalmente considerando o objetivo de propor potenciais adequações para o seu

atual modelo institucional de gestão.

A. JUSTIFICATIVAS SOBRE A NECESSIDADE DE DIFERENTES ABORDAGENS

REGIONAIS

Dentre os fundamentos e diretrizes gerais que constam na Lei Nacional nº 9.433,

editada em 08 de janeiro de 1997, cabe destacar os seguintes tópicos (negritados ou

negritados e sublinhados), tendo em vista questões relacionadas com diferentes

abordagens regionais da BHSF:

Art. 1º - A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes

fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o

consumo humano e a dessedentação de animais;

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso

múltiplo das águas;

V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da

Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar

com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I. assegurar à atual e futuras gerações a necessária disponibilidade de

água, padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II. a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o

transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 115

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

III. a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem

natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política

Nacional de Recursos Hídricos:

I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos

de quantidade e qualidade;

II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas,

bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas

regiões do País;

III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;

IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos

setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional;

V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;

VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas

estuarinos e zonas costeiras.

Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o

gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum.

(negritados ou negritados e sublinhados pela Nemus)

Em relação ao Art. 1º e seus incisos II e III, as previsões da água como um recurso

natural limitado e possíveis situações de escassez já incentivam abordagens de

potenciais problemas relacionados a mudanças climáticas, tal como ocorreu nos anos

de 2014 e 2015, na BHSF.

O inciso V do Art. 1º estabelece que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para

implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Contudo, como uma das diretrizes

gerais, o inciso II do Art. 3º registra a necessária adequação da gestão de recursos

hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e

culturais das diversas regiões do País.

Em termos práticos, sem restrições ao fundamento estabelecido pelo inciso V do

Art.1º, esta “adequação” significa que, face à extensa dimensão do Brasil (com cerca

de 8,5 milhões de km2), como também com a BHSF sendo muito grande, chegando a

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116 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

638 mil km2 e com distintas características regionais, torna-se importante questionar

se o modelo institucional estabelecido para o SINGREH está sob uma tendência

uniforme ou com modelos ajustados de acordo com o perfil de cada região.

Neste sentido, o que poderá tornar o SINGREH e certos SEGREHs mais consistentes

em favor da gestão das águas será a definição de unidades territoriais estratégicas

para planejamento e gestão, na maioria dos casos, vistas apenas como certas

bacias hidrográficas, as quais, geralmente, não coincidem com os recortes

administrativos municipais e estaduais, o que dificulta o entrosamento entre as

diferentes esferas de competência e de domínio sobre as águas.

Seguindo a respeito deste tema, cumpre questionar sobre quais os conceitos e

metodologias aplicadas no Brasil, para definir Unidades Territoriais Estratégias de

Gestão (UTEGs), notadamente, se as abordagens se limitam apenas a leituras de

bacias hidrográficas (e neste caso, em qual escala), ou se chegam a aplicar

conceitos mais avançados, como o de “geometria variável”, mediante o qual são

sobrepostas diferentes leituras territoriais (biomas e sistemas ecológicos, perfis

climáticos distintos, dinâmicas socioeconômicas regionais, divisão entre estados,

infraestruturas setoriais instaladas, redes de cidades, problem-sheds, etc.).

Isto significa que caberá identificar e definir áreas-problema, especialmente

associadas a crises de disponibilidades hídricas, tanto decorrentes de conflitos entre

múltiplos usuários, quanto pela escassez pluviométrica e fluviométrica, com focos

próprios de gestão adequados ao planejamento e à intervenção nestas áreas.

Além disso, em relação aos SEGREHs verifica-se, comparativamente, que não há um

avanço similar, por vezes, com diferenças muito significativas quanto à implementação

de modelos de gestão das águas, mesmo em bacias hidrográficas compartilhadas.

Como referências a respeito advindas do próprio Brasil, cabe lembrar que o Estado de

São Paulo tem uma área de 249 mil km2, portanto, com apenas 1/4 da BHSF. Este é o

Estado mais avançado do Brasil, chegando a 33% do PIB Nacional. Mais do que isso,

também foi o primeiro a aprovar a sua lei estadual de recursos hídricos, já em 30 de

dezembro de 1991, a qual foi um dos principais subsídios e referências da própria Lei

Nacional nº 9.433, publicada em 08 de janeiro de 1997.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 117

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Ao aprovar a sua lei, o Estado de São Paulo desenhou as suas 22 Unidades de

Gestão Integrada de Recursos Hídricos (UGIRHs), dentre as quais cabe sublinhar a

divisão do Rio Tietê, com seu Alto (Região Metropolitana da capital São Paulo),

Médio e Baixo Tietê, tendo em vista diferentes perfis regionais e as suas próprias

associações municipais.

Em acréscimo, também merece destaque a UGIRH dos Rios Piracicaba, Capivari e

Jundiaí (vista como a bacia do “complexo PCJ”), e sua respectiva agência

executiva. A respeito, já em 1989 foi constituído um consórcio intermunicipal, no

formato de pessoa jurídica privada, sem fins lucrativos, contando com a essencial

participação de muitas das prefeituras municipais integrantes da bacia em tela, como

também, com os principais usuários de recursos hídricos, tanto sob a prevalência

estatal – a exemplos das empresas da Petrobrás e da Sabesp –, quanto do setor

privado, fato que tende a assegurar a presença dos principais atores estratégicos

para uma gestão regional consistente das águas, mediante um “consorciamento

coletivo”, o qual propiciou a aplicação da cobrança estadual pelo uso da água.

Mais propriamente quanto ao Plano da Bacia PCJ, deve ser visto como um bom

exemplo, especialmente em termos da aplicação do instrumento de enquadramento

dos corpos d’água, para o qual o território do complexo PCJ, com 15 mil km2, foi

dividido em nada menos do que 350 unidades para avaliação das relações entre

causas e efeitos, fato que elevou a efetiva aplicabilidade das classes definidas

segundo os usos predominantes.

Neste mesmo sentido de São Paulo, também o Estado de Minas Gerais dividiu seu

território, com 587 mil km2, em 36 Unidades de Planejamento e Gestão de

Recursos Hídricos (UPGRHs), tal como é apresentado na Figura 4, logo a seguir. No

caso da BHSF, verifica-se que há 10 UPGRHs de MG, com as bacias de seus rios

afluentes, sejam sob o domínio do próprio Estado ou da União.

Com isto posto e tendo em vista que a maioria absoluta destas UPGRHs de MG já tem

seus comitês de bacias instalados e em plena atividade, como também, muitos dos

devidos planos de recursos hídricos, questiona-se, considerando, por exemplo, o

Plano da Bacia do Rio das Velhas, se este é devidamente articulado e coerente frente

ao Plano da BHSF, ou se podem ser identificadas divergências entre ambos.

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118 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Figura 4 – Mapa das Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos

de Minas Gerais.

Também em termos conceituais, se questiona em que medida o Plano da BHSF se

apresenta como mais estratégico (tendo como um de seus principais objetivos mitigar

potenciais conflitos entre os estados federados e/ou entre as bacias de seus

afluentes), e o Plano da Bacia do Rio das Velhas com um perfil mais executivo e

operacional, em termos de infraestruturas hídricas e de resoluções de áreas-problema.

B. METODOLOGIA PARA A SOBREPOSIÇÃO DE DIFERENTES LEITURAS

TERRITORIAIS

Quanto a abordagem da já mencionada metodologia de “geometria variável”, voltada

a sobreposição de diferentes leituras e para o traçado de Unidades Territoriais

Estratégicas de Gestão (UTEGs), anota-se a inquestionável natureza distinta de

perfis regionais, em termos hídricos, ambientais e/ou socioeconômicos, além de áreas-

problema.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 119

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Em consonância a conceitos já apresentados, isto significa que, de fato, deve ser

conferida uma transversalidade à temática dos recursos hídricos, frente às políticas de

desenvolvimento regional e de meio ambiente, ambas vistas como variáveis

supervenientes e, igualmente, às políticas dos diferentes setores usuários das águas,

vistas como variáveis intervenientes.

Em termos práticos, percebe-se que a leitura territorial não deve basear-se apenas no

traçado das bacias hidrográficas, a serem vistas e consideradas pelas variáveis

supervenientes e pelas intervenientes. Ao contrário, para que haja um mútuo

entendimento entre as diferentes políticas relacionadas com as águas, uma gestão

integrada dos recursos hídricos (GIRH) deve considerar outras abordagens e leituras

territoriais, de acordo com a lógica própria a cada segmento.

Questiona-se se apenas os demais segmentos devem considerar a abordagem de

bacias hidrográficas, ou também a GIRH deve entender como cada setor usuário e as

políticas de desenvolvimento regional e do meio ambiente fazem suas abordagens

territoriais.

Ou seja, não obstante a bacia hidrográfica ser a unidade de planejamento e gestão de

recursos hídricos, a abordagem e estudos dos diferentes setores usuários das águas

deve sobrepor outros recortes territoriais, uma vez que, por exemplo, a dinâmica

econômica não é determinada pelo perfil do relevo do território e pela lei da gravidade.

Mais do que isto, as perspectivas de mudanças climáticas não são determinadas

sobre territórios de bacias hidrográficas, mas sim, segundo diferentes aspectos

regionais, bem mais complexos.

Neste sentido, tornam-se indispensáveis algumas leituras territoriais estratégicas, sob

o conceito inovador da “geometria variável”. Para tanto, recomenda-se que o

seguinte Quadro 20, disposto na sequência como um mero exemplo, seja utilizado

para organizar estas diferentes leituras territoriais, com escalas distintas e conjuntos

de variáveis a serem abordadas.

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120 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Quadro 20 – Ordenamento de Diferentes Leituras Territoriais.

PERSPECTIVAS

ESPACIAIS DE

ANÁLISE

BASE FÍSICA ATIVIDADES ORGANIZAÇÃO DA

SOCIEDADE

Natural Construída Produção Consumo Formal Informal

Inserção

Macrorregional da

BHSF

Biomas e

Ecossistemas

regionais

Divisas entre

Estados da

Federação

Bacias

Hidrográficas

(rios principais e

afluentes)

Abordagem de

UTEGs

Redes de Cidades

e áreas-problema

Dentre as escalas regionais, por certo que deve ser vista a inserção macrorregional da

BHSF e o conjunto de seu território, com distintos biomas e suas regiões hidrográficas,

até chegar à divisão entre as unidades federativas e as bacias de seus rios afluentes,

além de menores escalas, relacionadas a UTEGs e áreas-problemas, a exemplo de

certas regiões metropolitanas, onde elevadas concentrações populacionais e de

atividades urbano-industriais deverão ser objeto de abordagens mais específicas.

Quanto aos conjuntos de variáveis a serem analisadas, podem ser ordenados

segundo a base natural e a infraestrutura construída, os perfis das atividades de

produção e de consumo, além de diferentes formas de organização, formal e informal,

da sociedade.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 121

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

C. LEITURAS TERRITORIAIS DA BHSF

Contando com as formas de abordagens que já foram apresentadas, cumpre registrar

que o próprio Plano da BHSF, em sua versão anterior, empreendida pela Agência

Nacional de Águas (ANA), já identificou os diferentes perfis das bacias de seus

afluentes, tal como consta na Figura 5, apresentada a seguir.

Figura 5 – Áreas críticas da BHSF.

Fonte: Plano Decenal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (ANA, 2004).

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122 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

As principais áreas onde ocorrem conflitos são as sub-bacias dos rios Paraopeba, das

Velhas, Alto Preto, Alto Grande, Verde Grande, Salitre e Baixo São Francisco. De

forma geral, esses conflitos envolvem a agricultura irrigada, a geração de energia

hidroelétrica, com a instalação das barragens e operação de reservatórios, o uso da

água para o abastecimento humano, a diluição de efluentes urbanos, industriais e da

mineração e a manutenção dos ecossistemas.

Como outra leitura territorial da BHSF, no presente esta bacia é considerada com as

áreas indicadas no Capítulo 1 do Volume 1 – Relatório – 1ª parte.

Na região do Alto São Francisco, nas sub-bacias dos rios das Velhas e Paraopeba,

os problemas identificados têm origem na elevada atividade industrial e de mineração

e, também, da alta concentração populacional, especialmente na Região Metropolitana

de Belo Horizonte e em seu entorno, onde estas atividades exercem forte pressão

sobre os recursos hídricos.

Mesmo no Alto São Francisco, quando se chega mais ao norte de Minas Gerais, na

sub-bacia do Rio Verde Grande, a pressão deve-se à forte expansão da irrigação,

portanto, com um perfil regional um tanto diferenciado, fato que, em termos de gestão,

poderia gerar o Alto SF - A e o Alto SF - B, com o primeiro sendo mais urbano-

industrial e o outro mais rural. Neste sentido mais específico em termos regionais, em

2008, por meio de parceria entre ANA, IGAM, INGÁ e Comitê da Bacia Hidrográfica do

Rio Verde Grande, foi estabelecido um marco regulatório dos usos nesta sub-bacia.

Ainda quanto ao Alto SF – B, a expansão da irrigação também levou a impactos sobre

os recursos hídricos e disputas entre usuários nos afluentes do Paracatu, na sub-bacia

do Alto Preto. A mineração de ouro em Paracatu é outro fator de forte pressão sobre a

qualidade da água, principalmente no que se refere ao transporte de sedimentos e ao

assoreamento.

Chegando agora ao Médio SF, no trecho mais ao sul e sudoeste da Bahia, cabe um

destaque para a Chapada Diamantina, com esta região tendo áreas de proteção

ambiental e de importantes atividades de turismo, com um destaque para a sub-bacia

do Rio Corrente, na qual também há algumas atividades agrícolas.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 123

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Seguindo mais ao norte e ao noroeste da Bahia, nas últimas décadas houve uma

significativa expansão da ocupação do solo, provocada pelo crescimento da

agricultura na sub-bacia do Rio Grande e pelo aumento do uso da água para irrigação,

fato que tem deixado esta região um tanto vulnerável, com certos conflitos entre

usuários da água. No caso da sub-bacia do rio Salitre, além da expansão da irrigação,

observa-se a limitação de disponibilidade hídrica e a baixa capacidade de diluição de

efluentes em seus cursos d’água como fatores de geração de conflitos entre os

usuários. Observa-se também que o problema de escassez crônica de água dificulta o

abastecimento e a diluição de efluentes em grande parte da região semiárida da

BHSF.

Com isto posto, novamente é possível sublinhar que o Médio SF também poderá ser

dividido entre o Médio SF - A, mais ao sul, e o Médio SF - B, mais ao norte, tendo em

vista seus distintos perfis regionais, quer seja em termos ambientais e do turismo,

quanto das atividades de expansão da agricultura ao norte.

Agora estando no Submédio SF, apesar da relevância da produção de energia

hidroelétrica na BHSF, existem conflitos entre a operação dos reservatórios e a

navegação. A operação da barragem de Três Marias é determinante para a

manutenção das condições de navegabilidade no trecho entre Pirapora e São

Francisco. A oscilação brusca das vazões provoca a instabilidade dos bancos de areia

e impede que as rotas delineadas pela sinalização sejam confiáveis. Entre Pirapora e

Ibotirama, a navegação sofre contínuos reveses em virtude do intenso e continuado

processo de assoreamento que o rio vem apresentando.

A construção da barragem de Sobradinho também provocou mudanças na atividade

econômica no Baixo São Francisco, em função das oscilações do nível do rio entre o

período de cheias e vazantes e da coincidência com a estação chuvosa, o que

interferiu na exploração da rizicultura e na procriação dos peixes. Mesmo com a

adoção de medidas artificiais para tentar restabelecer as condições anteriores à

construção do reservatório, por meio de proteção das grandes várzeas com diques e

bombeamentos, ora para levar água do rio para elas, ora para drená-las, a base

econômica não foi restabelecida. Posteriormente, com a construção da barragem de

Xingó, pela falta de carreamento de sedimentos, a situação da ictiofauna agravou-se,

praticamente extinguindo a pesca como uma atividade econômica sustentável.

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124 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Por consequência, nestes casos do Submédio e do Baixo SF, ao invés dos anteriores

não há uma tendência de dividi-los internamente em termos de gestão, mas sim, de

tratá-los em conjunto – ou seja, Submédio + Baixo SF, para que ocorram mais

acordos e convergências sobre critérios e objetivos da operação dos reservatórios de

hidroelétricas, tendo em vista mitigar impactos que têm sido gerados a jusante, até a

foz do Rio São Francisco.

Em suma, em termos de potenciais avanços institucionais para a gestão de recursos

hídricos na BHSF, considerando as áreas críticas (Figura 5) e as regiões fisiográficas

propostas, devem ser abordadas 5 (cinco) áreas com perfis diferenciados, tanto em

termos de atividades socioeconômicas produtivas, quanto urbanas, hídricas e

ambientais, quais sejam: Alto SF - A; Alto SF - B; Médio SF - A; Médio SF - B; e,

Submédio + Baixo SF.

Por fim, para concluir um diagnóstico conjunto das áreas que foram abordadas, ainda

cabe destacar problemas advindos da falta de serviços de coleta e de tratamentos

sanitários na BHSF, fato que ainda é muito reduzido na maioria dos municípios.

Com isto posto, considerando os diferentes perfis regionais e as necessárias leituras

territoriais estratégicas, dentre os principais temas a respeito do atual modelo

institucional de gestão da BHSF, sublinha-se uma certa falta de articulação

institucional, especialmente com usuários e atores estratégicos mais locais, por

consequência, sem que atividades mais próprias e específicas às áreas-problema

sejam, de fato, empreendidas.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 125

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

8.3. Articulação institucional prioritária

8.3.1. Consultas e entendimentos alcançados

De setembro de 2015 a abril de 2016 foi realizado um processo de discussão e

consulta de um conjunto de entidades, com vista a promover a articulação institucional

e o engajamento dos atores para a implantação do PRH-SF, tendo em conta os

desafios que a bacia enfrenta em termos de:

Quantidade de água: presença de balanços hídricos desfavoráveis, em

particular no Submédio e Baixo São Francisco; existência de conflitos

de uso resultantes da dificuldade em compatibilizar a satisfação da

demanda de água para usos consuntivos com as exigências de geração

de energia elétrica, assim como da competição pela água dos diversos

usos consuntivos (sendo de destacar a irrigação); crescentes pressões

sobre a demanda (cf. RP3 – Cenários e Prognósticos) e previsível

acentuar dos conflitos entre usuários

Qualidade da água: desacordo da condição atual de qualidade da água

superficial com as metas finais de enquadramento vigente (sendo ainda

necessária uma atualização do enquadramento dos corpos d´água, face

à legislação em vigor), vulnerabilidade a acidentes de poluição,

aumento da salinização no semiárido, pressão gerada por determinadas

atividades (com particular destaque para a expansão da agricultura

irrigada)

Degradação ambiental: desmatamento, núcleos de desertificação,

fragmentação de habitats, supressão de matas ciliares.

Em setembro de 2015 o Workshop de Análise Intertemática do Plano da Bacia do

Rio São Francisco teve como objetivo apresentar o diagnóstico, participação social,

cenários de evolução/prognóstico e as principais opções, investimentos e eixos de

atuação no gerenciamento dos recursos hídricos no PBHSF 2016-2025. Além disso,

foram promovidos debates sobre os temas apresentados, no intuito de revelar e

absorver as propostas de prioridades para os programas, eixos de atuação e

articulação institucional.

Fizeram-se presentes 60 convidados, representando 20 instituições ligadas

diretamente ao uso, planejamento e gestão dos recursos hídricos. Destaca-se a

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126 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

presença de representantes do Ministério da Pesca e Aquicultura, Ministério do Meio

Ambiente, Ministério da Integração, ANA (Agência Nacional das Águas) e CODEVASF

(Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba), além de

gestores de 5 estados da bacia: Bahia, Sergipe, Minas Gerias, Alagoas e

Pernambuco.

O XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos e o 12º Simpósio de Hidráulica e

Recurso Hídricos dos Países de Língua Portuguesa (SILUSBA), em Brasília (DF),

em novembro de 2015, permitiram a apresentação e discussão do plano e de assuntos

relacionados ao mesmo. Foram feitas apresentações em Sessões Técnicas Orais;

Sessões Temáticas; participação em Mesas Redondas e exposição de trabalhos

técnicos.

Um dos termas em debate no painel de discussão sobre o rio São Francisco foi a

“implementação do plano de Bacia Hidrográfica do São Francisco - prioridades a curto

e médio prazo (2016 - 2025)”. Estiveram presentes os seguintes atores político-

institucionais: Vicente Andreu Guillo – Diretor Presidente da ANA; Wagner Soares

Costa – CBHSF; Eugênio Spengler – Secretário de Meio Ambiente do Estado da Bahia

(representado por assessor); Almir Cirilo – ABRH/Estado de Pernambuco; Senador

Otto Alencar – Estado da Bahia (representado por assessor); Marcus Vinícius

Polignano – Presidente CBH do Rio das Velhas; Maria de Fátima Chagas Dias Coelho

– Diretora Geral do IGAM / MG e outros representantes da ABRH e APRH.

Na sessão temática “Oito desafios cruciais para a gestão de uma grande bacia

hidrográfica: o rio São Francisco”, em que a equipe do plano apresentou o tema

“desafios da Governança no Plano da Bacia Hidrográfica do São Francisco”, outros

participantes se apresentaram com os seguintes temas correlatos: i) a dimensão do

conhecimento como elemento fundamental para o planejamento e gestão da Bacia

Hidrográfica do São Francisco (por Marianna Siegmund-Schultze - Coordenadora do

projeto INNOVATE da Universidade Técnica de Berlim); ii) os desafios do

desenvolvimento no Vale do São Francisco (por Eduardo Jorge de Oliveira Motta -

Diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas - Diretor da CODEVASF) e

iii) a dimensão social, a solidariedade e a coesão na Bacia Hidrográfica do São

Francisco (por Anivaldo de Miranda Pinto - Presidente do Comitê da Bacia

Hidrográfica do Rio São Francisco).

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 127

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A Nemus participou ainda da Mesa Redonda “Princípios para uma boa governança da

água – As experiências do Brasil e de Portugal”. Fizeram-se presentes no âmbito das

discussões o diretor da Nemus, Dr. Pedro Bettencourt; João Gilberto Lotufo Conejo -

Agência Nacional de Águas; Luiz Gabriel Todt de Azevedo - construtora Norberto

Odebrecht; Rodrigo Jorge Fonseca de Oliveira Maia - Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto; Rodrigo Proença de Oliveira – Bluefocus e Vinicius Fuzeira de

Sá e Benevides – ABAR (Associação Brasileira de Agências de Regulação).

Destacam-se ainda as reuniões realizadas com as seguintes entidades:

ANA (Joaquim Gondim, Superintendente de Operações e Eventos

Críticos; Rodrigo Flecha Alves, Superintendente de Regulação; Luciano

Meneses, Gerente de Outorgas; Sérgio Ayrimoraes, Superintendente de

Planejamento de Recursos Hídricos; Wagner Vilella, Coordenador de

Planos de Recursos Hídricos; Alexandre Lima, Coordenador de

Conjuntura e Gestão de Informação);

MMA – Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU)

(Dra Adriana Lustosa, Diretora de Recursos Hídricos);

MI (José Luís de Souza, Assessor do Ministro e Coordenador Geral de

Projetos de Apoio ao Desenvolvimento da Região do São Francisco);

CODEVASF (Eduardo Jorge Mota, Diretor de Revitalização de Bacias;

Athadeu Ferreira, Assessor da Presidência).

Dessas discussões e consultas, resultou o entendimento da necessidade de

estabelecer um Pacto das Águas entre os estados federados da bacia e a União,

para tanto, com a reflexão e construção de um entendimento sobre o sistema

multiusos de partilha das águas, mas também sobre a gestão e o cumprimento da

legislação relacionada aos recursos hídricos (pacto de legalidade) e sobre a

revitalização da bacia (pacto de revitalização, envolvendo diretamente o CBHSF no

processo de revitalização).

Sem que seja necessário e indispensável unificar as vazões de referência e critérios

para a emissão de outorga entre estados federados do Brasil que compõem a BHSF –

lembrando-se, a propósito, da referência internacional da Diretiva Quadro das Águas

(DQA) da União Europeia –, tendo em vista os problemas de disponibilidade hídrica

em determinados trechos da bacia do Rio São Francisco e de seus afluentes, como

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128 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

objetivo dessa proposta voltada ao estabelecimento de um Pacto das Águas entre

os estados federados que a compõem, será fundamental chegar inicialmente a um

protocolo de intenções ou acordo, assim que possível, formalizado como um

convênio.

Para tanto, será fundamental contar com a presença da ANA, tendo como objetivo

coordenar e mediar os acordos pretendidos entre os estados federados, como também

empreender os mecanismos de arbitramento que se mostrem como necessários.

Ademais, para que as vazões a serem entregues a jusante pelos estados, de fato,

venham a ocorrer, caberá a definição dos devidos encargos e mecanismos de

monitoramento e fiscalização, os quais, em certos casos, podem ficar sob uma

responsabilidade própria da ANA, tendo em vista assegurar os resultados esperados e

superar os interesses mais específicos e próprios aos estados em pauta.

Como justificativa a respeito, torna-se evidente que as vazões mínimas, que devem

ser entregues a jusante, apresentam uma grande dependência dos afluentes

estaduais, nos quais muitos dos usuários deixam de considerar os volumes mínimos a

serem entregues. Enfim, para superar problemas de criticidade hídrica na BHSF, será

necessário ter uma visão que não se limite a interesses muito pontuais e específicos

de certos usuários, que consomem significativos volumes de água, gerando, assim,

uma elevada redução da vazão mínima que deveria ser entregue a jusante, tendo em

vista outros usuários com importantes atividades socioeconômicas para o país, além

de questões relacionadas com a sustentabilidade hídrica e ambiental.

Em resumo, este Pacto das Águas entre os estados e a União tem, como um de seus

principais benefícios, a consideração de interesses mais amplos e estratégicos para a

BHSF e, também, para o país, para tanto, com acordos a respeito das águas a serem

entregues a jusante.

Sob tal abordagem, o Pacto das águas deverá abranger:

A alocação de água por sub-bacia e as vazões de entrega na calha

principal, diferenciadas conforme as regiões (em particular no

semiárido) e atendendo a critérios de sazonalidade e níveis de água a

jusante, em particular na calha principal;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 129

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A priorização atribuída aos diferentes usos da água (abastecimento

público; agropecuária e irrigação; industrial; mineração; navegação;

produção de energia elétrica; preservação ambiental; pesca e

aquicultura; turismo e recreação), a ser definida segundo cada diferente

perfil das dinâmicas regionais, em termos de aspectos socioeconômicos

e hídrico-ambientais, portanto, com alguns sendo ou deixando de serem

prioritários;

As regras de gestão operacional dos principais reservatórios;

Compromissos de:

o Aprimoramento dos principais instrumentos de gestão de recursos

hídricos da bacia, com ênfase para a indispensável base de dados e

informações, voltada à devida tomada de decisões mais consistente e

para critérios mais adequados para a emissão de outorgas;

o Melhoria do conhecimento e do controle da qualidade e quantidade das

águas; e,

o Revitalização da bacia, através de um conjunto de ações inovadoras,

experimentais e demonstrativas para desencadear exemplos de

processos de revitalização ecológica e ambiental na bacia hidrográfica.

8.3.2. Alocação de águas e operação de reservatórios

Nas sub-bacias dos afluentes do rio São Francisco, a produção de energia elétrica não

é tão preponderante e os conflitos entre os usos consuntivos ganham destaque.

Pelo volume de água envolvido, pela baixa porcentagem de retorno (20%) e pela

tendência de expansão da agroindústria, a irrigação de extensas áreas afeta

significativamente a capacidade de satisfazer os restantes usos.

Nesse âmbito, será necessário o estabelecimento de:

1. Acordo entre os Estados sobre um conjunto de dados de partida (vazões

de referência, vazões ambientais, etc.);

2. Identificação das projeções de demanda necessária por sub-bacia, por

parte de cada Estado, em um horizonte temporal comum;

3. Discussão, entre a União, os Estados e o CBHSF, da compatibilização dos

cenários desenvolvidos em 2, face às disponibilidades acordadas em 1;

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130 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

4. Definição, entre a União, os Estados e o CBHSF (com o apoio dos comitês

afluentes), de critérios de distribuição (alocação) das águas para satisfação

de usos múltiplos, das prioridades de uso e das regras de operação dos

principais reservatórios (aqui com a consulta do setor elétrico);

5. Estabelecimento e implementação de um acordo de partilha das águas.

Mais propriamente quanto a critérios para alocação de águas, cabe registrar as

seguintes propostas genéricas, a serem consideradas para determinados casos,

especialmente nas áreas mais relevantes da BHSF:

um planejamento antecipado para uso e ocupação do território,

considerando os respectivos contextos regionais, em termos

socioeconômicos e hídrico-ambientais;

identificar e traçar Unidades Territoriais Estratégicas de Gestão

(UTEGs), definindo seus critérios próprios e necessários;

avançar em termos do planejamento e gestão de recursos hídricos, com

mais transversalidade e abordagens estratégicas;

planejamento de infraestruturas hídricas para acumulação de água e

regularização de vazões a jusante;

avançar em termos do monitoramento e da fiscalização sobre as

disponibilidades e todos os usos da água;

aplicar instrumentos econômicos de gestão que incentivem mais

eficiência no uso da água;

incentivar e dispor formas para negociações entre os próprios usuários

de recursos hídricos;

assegurar informações sobre o comportamento e negociações entre

usuários, com possíveis intervenções em trechos críticos da BHSF,

especialmente sobre usuários que não respeitem as regras definidas

por outorgas, chegando a advertências e penalidades;

considerando as variações pluvio e fluviométricas mensais e sazonais e

os diferentes graus de risco entre usuários, adotar mais

flexibilidade nas vazões de referência a serem outorgadas; e,

identificar, considerar e gerenciar as relações e dinâmicas entre águas

superficiais e subterrâneas.

No que diz respeito à gestão de reservatórios, considerando que, na calha do rio

São Francisco:

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 131

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

O volume de água afeto à produção de energia é várias ordens de

grandeza superior ao requisitado pelos demais usos consuntivos,

existindo conflitos, com tendência de agravamento face ao previsível

aumento das demandas (Cf. RP3 – Cenários e Prognóstico);

As acentuadas variações da vazão turbinada e a inversão do regime

natural de cheias e estiagem, acarretam problemas para a navegação,

captações para abastecimento público, ecossistemas aquáticos e uso

do território nas margens do curso principal pelas comunidades

ribeirinhas;

Em situação de estiagem, não têm sido cumpridas as vazões mínimas

defluentes, com a vazão mínima da foz do Rio SF caindo de 1.200 para

800 m3/s, em decorrência de escassez nos anos de 2014 e 2015.

A revisão das regras de operação dos atuais e futuros reservatórios das

hidroelétricas visa à:

Alteração do paradigma de produção de energia elétrica para a

compatibilização dos usos múltiplos, conservação dos recursos hídricos

e armazenamento de água;

Gestão ativa da geração elétrica em função do estado hidrológico,

época do ano e previsões hidrometeorológicas;

Diminuição da imprevisibilidade das vazões, portanto, contando com

mais dados pluviométricos e fluviométricos;

Respeito pelas vazões mínimas, a serem entregues a jusante de

reservatórios, tanto no que tange à incorporação na vazão

remanescente de critérios ambientais quanto a outros usos da água.

Como se referiu no subcapítulo 3.6 do Volume 1 do presente relatório, pelo menos

dois passos importantes foram já dados no sentido de uma revisão da atual política de

gestão dos reservatórios:

A aprovação da Resolução Conjunta ANA-ANEEL n.° 1.305/2015, de

20/11, que estabelece um cronograma para solicitação de outorgas

junto à ANA, para os titulares de empreendimentos hidrelétricos em

operação comercial em cursos d’água de domínio da União, solicitação

essa que deverá incluir uma proposta de novas condições de operação

para compatibilização com os usos múltiplos da água;

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132 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A criação, por meio da Portaria ANA n.° 414/2015, do Grupo de

Trabalho do São Francisco (GTSF), composto por representantes da

ANA, do CBH São Francisco e de órgãos gestores de recursos hídricos

de Minas Gerais, Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe, cujo objetivo

central é a elaboração de uma proposta de condições de operação para

os principais reservatórios da bacia do rio São Francisco (ANA, 2016a).

A proposta de inclusão ou modificação das regras operacionais deverá ser feita

através de deliberações e de ações regulatórias.

Nesse sentido, o CBHSF recomendou já ao GTSF as seguintes “proposições (…)

relacionadas à redução de vazões do rio São Francisco” (Deliberação CBHSF n.º 89

de 19 de maio 2016):

I. O reconhecimento de que os reservatórios na bacia hidrográfica do

Rio São Francisco são de usos múltiplos, sendo necessário alocar

vazões para satisfazer estes usos variados;

II. A gestão dos reservatórios na bacia hidrográfica do Rio São

Francisco exige a definição de estados hídricos seco/úmido/normal e

sua caracterização quanto às implicações operacionais;

III. A gestão dos reservatórios terá que considerar um hidrograma

ambiental, a ser definido para cada região da Bacia hidrográfica do Rio

São Francisco: Alto SF, Médio SF e Sub Médio SF. Para a região do

Baixo SF, o CBHSF recomenda a adoção do hidrograma ambiental

definido nos estudos AHIA/UFBA;

IV. Que sejam desconsiderados os atuais níveis mínimos operacionais

dos reservatórios, permitindo deste modo o uso dos volumes

intangíveis, notadamente em Três Marias e Sobradinho;

V. A operação sustentável dos reservatórios do Rio São Francisco é

indissociável de uma articulação da gestão da demanda hídrica em

nível federal e estadual, incluindo nesta gestão o controle integrado dos

usos das águas superficiais e das águas subterrâneas;

VI. O estabelecimento de mecanismos mais eficientes para a

quantificação das vazões no Rio São Francisco e a sua publicação e

divulgação regular e tempestiva;

VII. A definição e adoção de uma política de recuperação dos volumes

estocados nos reservatórios, que seja compatível com a gradual

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 133

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

recuperação ambiental da bacia, bem como, a satisfação dos usos

múltiplos da água.

Para o desenvolvimento da discussão em torno da revisão das regras de operação

dos atuais e futuros reservatórios, no sentido da alteração do paradigma de produção

de energia hidroelétrica para a compatibilização dos usos múltiplos, recuperam-se as

necessidades indicadas no “Cenários de Referência de Usos Múltiplos” de RAMINA

(2015):

Criar condições de navegabilidade em toda a Hidrovia do São Francisco

(ou pelo menos, nos trechos principais de hidrovias do São Francisco);

Auxiliar na garantia de níveis d´água necessários para as captações

para abastecimento de cidades e dos grandes projetos de irrigação

existentes principalmente em condições de anos secos ou

extremamente secos (neste sentido serão também propostos no plano

de ações investimentos em segurança hídrica, notadamente na

adaptação e flexibilização dos sistemas de abastecimento, de forma a

permitir maiores variações de nível de água junto à captação, quando

estiverem em causa apenas restrições hidráulicas e não hidrológicas ou

de vazão);

Promover o amortecimento das cheias e a atenuação do efeito das

“flutuações de curto prazo” resultantes da operação das hidroelétricas

para o atendimento dos períodos de ponta, através da utilização de

vertedouros livres (sem controle);

Permitir a passagem e migração de peixes em épocas de arribação e de

piracema, com a utilização de escadas de peixe, bem como auxiliar no

controle de inundação das lagoas marginais em períodos sazonais de

cheia, tornando-as mais adequadas para a desova e berçário das

espécies nativas;

Prever a instalação de descargas de fundo e eclusas em todas as

barragens, que passariam a operar em regime “a fio d’água”, sem

regularização de vazões localmente, mas beneficiando dos grandes

volumes de regularização da UHE Três Marias e de Sobradinho e

Itaparica;

Limitar a área inundada pelas novas barragens ao nível de inundação

das lagoas marginais, em épocas de cheias.

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134 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Deverá ser ainda considerado o Projeto de Lei n.º 2.988-A, de 2015 (Do Senado

Federal), que institui normas gerais para a revitalização da bacia hidrográfica do rio

São Francisco, em particular a ação prioritária “Estabelecimento de metas de volume

útil aos reservatórios da bacia do rio São Francisco destinados à acumulação de água

para uso não energético, de modo a preservar os usos múltiplos e prioritários de

recursos hídricos”.

8.3.3. Aumento do conhecimento e controle das águas

Considerando que há um défice de conhecimento quanto:

À real quantidade de água extraída e sua origem superficial/subterrânea

Às características hidrodinâmicas e ao modelo conceitual de

funcionamento dos sistemas aquíferos da bacia

À qualidade das águas subterrâneas, sendo a rede de monitoramento

incipiente e majoritariamente vocacionada para sistemas aquíferos de

maior relevância regional

À qualidade das águas superficiais, particularmente nas áreas com

menor cobertura de monitoramento: i) o monitoramento da qualidade da

água não é efetuado de forma regular em 23% dos trechos dos

principais corpos de água, sendo a situação muito crítica a jusante da

divisa entre os estados de Bahia e Alagoas; ii) a densidade de pontos

de monitoramento regular não cumpre a densidade desejável de 1

ponto por 1.000 km2 estabelecida pela ANA para a Região Hidrográfica

do São Francisco.

Há necessidade de pactuação (ANA, órgãos estaduais responsáveis pelo

monitoramento das águas superficiais e subterrâneas, CPRM) quanto à:

Realização de estudos hidrogeológicos que permitam determinar os

modelos conceituais de funcionamento, estimar as taxas de recarga,

aferir as disponibilidades hídricas subterrâneas e os efeitos dos

consumos nos níveis de água, conhecer a influência do contexto

geológico nas concentrações dos principais iões e avaliar a influência

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 135

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

de atividades potencialmente contaminantes (sobretudo a agricultura e

a mineração) sobre a qualidade do meio hídrico subterrâneo;

Implementação de uma rede básica de monitoramento das águas

subterrâneas;

Definição de critérios para a delimitação de perímetros de proteção de

poços destinados ao abastecimento público, com prioridade para

aquíferos de relevância regional e com maior pressão, destacando-se o

sistema aquífero Urucuia e os aquíferos cársticos Bambuí e Salitre;

Definição de uma estratégia integrada de atuação na implementação da

rede nacional de qualidade da água (RNQA) e de uma rede de

quantidade da água.

As entidades de ensino e pesquisa devem aqui ser envolvidas, através de Protocolos

de cooperação e, em sequência, de convênios para estudos específicos. A formação

de um Fórum de Pesquisadores das Universidades da BHSF pode também ser

equacionada.

É ainda necessário o compromisso:

Das principais entidades com responsabilidade no setor do

saneamento (a nível federal, estadual e municipal) no sentido de definir

e implementar uma estratégia integrada de atuação com vista ao

atingimento das metas do Plano Nacional de Saneamento Básico para a

bacia;

A realização de acordos entre o CBHSF e entidades de setores

específicos (minerário, agrícola e pecuário e industrial) com vista ao

estudo e controle da interferência das atividades na qualidade das

águas superficiais e subterrâneas (com prioridade para a área de

influência de mananciais usados para abastecimento);

Das entidades fiscalizadoras, no estabelecimento e implementação de

planos de fiscalização de recursos hídricos e na partilha de

informações sobre as ações realizadas, a realizar e seus resultados.

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136 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

8.3.4. Revitalização da bacia

Com vista a implementar um programa de revitalização da bacia nos próximos 10

anos, é necessária a articulação entre o MMA, a CODEVASF, as secretarias de

estado de ambiente das unidades da federação, os municípios e o CBHSF.

Considerando:

A velocidade a que tem acontecido o desmatamento de áreas com

relevância ecológica, que faz com que este constitua a principal ameaça

à conservação da natureza na bacia, refletindo-se na perda de habitats,

degradação das nascentes, alteração do regime de vazão, diminuição

da qualidade da água

A desertificação no semiárido, com tendência de agravamento como

resultado das alterações climáticas

A fragmentação de habitats, que coloca ainda maior ameaça sobre o já

elevado número de espécies ameaçadas

A supressão das matas ciliares, que acelera o assoreamento dos rios

Há necessidade de comprometimento quanto a:

Realização de estudos sobre o estado das áreas importantes para

conservação identificadas no Diagnóstico do Macrozoneamento

Econômico-Ecológico [proposta: meta: 50% das áreas (em ha) em

2025, com faseamento: 2018: 5%; 2020: 15%; 2022: 30%].

Marcação das áreas APP nos municípios [proposta: meta: em 2025,

80% dos municípios em falta atualmente, com faseamento: 2018: 10%;

2020: 30%; 2022: 50%].

Redução da taxa de desmatamento.

- PROPOSTA: considerando a porcentagem da área de cada Estado que é

desmatada por ano (dentro da bacia hidrográfica), diminuir as taxas de

desmatamento atuais para metade, até 2025.

- TAXAS ATUAIS DE DESMATAMENTO: Minas Gerais: 0,7% por ano;

Bahia: 0,5% por ano; Pernambuco: 0,4% por ano; Distrito Federal,

Sergipe e Goiás: 0,1% por ano;

- Proposta de redução para cada Estado:

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 137

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

- Minas Gerais: 2016-2020: máx. 0,50% por ano; 2020-2025: máx. 0,35%

por ano.

- Bahia: 2016-2020: máx. 0,35% por ano; 2020-2025: máx. 0,25% por ano;

- Pernambuco: 2016-2020: máx. 0,30% por ano; 2020-2025: máx. 0,20%

por ano;

- Distrito Federal, Sergipe e Goiás: 2016-2020: máx. 0,08% por ano; 2020-

2025: máx. 0,05% por ano.

Identificação de corredores ecológicos e aumento da conectividade

entre as áreas prioritárias para conservação nas classes “Extremamente

alta”, “Muito alta” e “Alta”

Implantação de projetos-piloto de recuperação de áreas degradadas,

matas ciliares e nascentes [proposta: meta de 5 novos

projetos/ano/Estado]

Replicação dos projetos-piloto que tiveram sucesso, em áreas

degradadas, matas ciliares e nascentes [proposta: início: 5 anos após

implantação dos primeiros projetos-piloto; meta: 5 novos projetos de

recuperação da cobertura vegetal de áreas degradadas/ ano/ Estado].

Uma nota ainda para a necessidade de regularização fundiária (pelo Ministério do

Planejamento Orçamento e Gestão – MPOG por meio da Secretaria de Patrimônio da

União – SPU) dos territórios de domínio da União ocupados historicamente pelas

comunidades tradicionais, e o estabelecimento de Termos de Utilização de Usos

Sustentável – TAUS.

A concretização dos direitos das comunidades tradicionais, beneficiaria da comunhão

de esforços de diversas instituições, como o Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária (Incra), o Ministério Público Federal, o Ministério do Meio Ambiente, o

ICMBio, a Fundação Cultural Palmares, a FUNAI, os municípios, bem como

instituições de ensino e pesquisa com estudos desenvolvidos junto a essas

comunidades (por exemplo, Unimontes, Universidade Federal da Bahia).

Deve também mencionar-se a importância do CAR – Cadastro Ambiental Rural

neste processo de revitalização da bacia e de identificação de corredores ecológicos.

O CAR é um instrumento fundamental para auxiliar no processo de regularização

ambiental de propriedades e posses rurais, que consiste no levantamento de

informações georreferenciadas do imóvel, com delimitação das Áreas de Proteção

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138 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação nativa, área

rural consolidada, áreas de interesse social e de utilidade pública, com o objetivo de

traçar um mapa digital a partir do qual são calculados os valores das áreas para

diagnóstico ambiental. O CAR foi criado pela Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012 e

foi regulado pelo Decreto n.º 7.830, de 17 de outubro de 2012, que criou o Sistema de

Cadastro Ambiental Rural - SICAR, que deverá integrar o CAR de todas as Unidades

da Federação. O CAR é autodeclaratório, ou seja, os próprios proprietários ou

posseiros (no caso de imóveis particulares) registram em uma plataforma virtual todos

os dados ambientais de seus imóveis, No momento atual (setembro 2016) o prazo

para que os pequenos produtores rurais e agricultores familiares façam o CAR de suas

terras foi prorrogado (pela terceira vez) pelo Governo, para maio de 2017, através da

publicação da Medida Provisória n.º 724/2016 no Diário Oficial da União.

8.3.5. Síntese da articulação institucional prioritária

Na seção 2.6.3 do Volume 1 do RP5 apresenta-se a sequência cronológica das

principais ações a desenvolver em cada fase de implementação do plano (inicial

(2016-2018), intermediária (2019-2021) e final (2022-2025).

A cronologia da articulação entre as principais entidades (e destas como CBHSF), é

identificada nessa seção, com ênfase para a fase inicial (2016-2018).

Na presente seção, sintetiza-se o que se consideram ser as prioridades de articulação,

indicando-se os principais atores envolvidos (sem prejuízo de outros atores e parceiros

potenciais), os principais focos/objetivos da articulação, os instrumentos de articulação

(se necessários) e a fase de implementação do plano em que a articulação deverá

ocorrer.

A priorização da articulação institucional considera dois níveis, segundo o Quadro 21.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 139

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Quadro 21 – Níveis de prioridade da articulação institucional.

Nível Objetivo

1

- Redução de situações de conflito entre usuários

- Aprimoramento dos instrumentos de gestão de recursos hídricos

- Atingimento das metas do PNSB

- Aprimoramento das redes de monitoramento

- Revitalização da bacia

- Melhoria da fiscalização

2

- Intervenção sobre a poluição gerada pelas atividades minerárias, agrícolas e

pecuárias

- Estudos hidrogeológicos de base à compreensão do funcionamento dos aquíferos

No que diz respeito à articulação institucional, o seguinte Quadro 22 sistematiza a

proposta de prioridades, instrumentos e fases de articulação.

Quadro 22 – Proposta de prioridades nível 1, instrumentos e fases de

articulação.

Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos de

articulação

Fase da

articulação

Redução de situações de conflito entre usuários

ANA, Estados, CBHSF,

Comitês Afluentes

- Definição de critérios para alocação

de água por sub-bacia e

estabelecimento das vazões de

entrega na calha principal

- Estabelecimento de prioridades de

uso da água

Acordo/Convênio 2016/2018

(fase inicial)

ANA, Estados, CBHSF,

Comitês Afluentes (com

consulta do setor

elétrico)

- Revisão das regras de operação

dos atuais e futuros reservatórios Acordo/Convênio

2016/2018

(fase inicial)

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140 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos de

articulação

Fase da

articulação

Aprimoramento dos instrumentos de gestão de recursos hídricos

ANA, Estados, CBHSF

- Definição de formas de

aprimoramento e simplificação do

modelo atual de outorga

- Definição de responsabilidades na

consolidação dos cadastros de

outorga superficial e subterrânea

- Aferição integrada dos usos

considerados como insignificantes

Convênios

específicos

2016/2018

(fase inicial)

ANA, Estados, CBHSF,

Comitês Afluentes

- Definição das formas de

implementação da cobrança em

águas de domínio dos estados

- Identificação de outros

instrumentos econômicos de gestão

a implementar, para mais eficiência

no uso da água

Acordo 2016/2018

(fase inicial)

ANA, Estados, CBHSF - Definição dos trechos prioritários a

enquadrar até 2021 e até 2025 Acordo

2016/2018

(fase inicial)

ANA, órgãos gestores

estaduais, CBHSF

- Concepção do Sistema de

Informações sobre Recursos

Hídricos (SIRH) da BHSF e dos

procedimentos de partilha de

informação

Protocolo comum de

troca de informações

2016/2018

(fase inicial)

Atingimento das metas do PNSB

Entidades responsáveis

pelo setor do

saneamento (estaduais e

municipais); Ministério

das Cidades e da Saúde

(FUNASA), CBHSF,

- Definição de estratégia e de

responsabilidades no atingimento

das metas do Plano Nacional de

Saneamento Básico para a bacia

Acordo/Protocolo 2016/2018

(fase inicial)

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 141

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos de

articulação

Fase da

articulação

Aprimoramento das redes de monitoramento

ANA, órgãos estaduais

responsáveis pelo

monitoramento das

águas superficiais,

CBHSF

- Definição e localização de novos

pontos de monitoramento, de forma

integrada na Bacia, e aprimoramento

dos requisitos mínimos da Rede

Nacional de Qualidade da Água

(RNQA) e de uma rede de

quantidade da água

Acordo/Protocolo 2016/2018

(fase inicial)

ANA, órgãos estaduais

responsáveis pelo

monitoramento das

águas subterrâneas,

CPRM, CBHSF

- Definição de uma rede de

monitoramento (qualitativa e

quantitativa) das águas subterrâneas

de forma articulada com a atual rede,

aferindo a localização/instalação de

estações de amostragem e

estabelecendo procedimentos

comuns para as campanhas

Acordo/Protocolo 2016/2018

(fase inicial)

Melhoria da fiscalização

Ministérios Públicos

Estaduais; ANA; Órgãos

Estaduais de Recursos

Hídricos; Instituto do

Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA);

Departamento Nacional

de Produção Mineral

(DNPM); Fundação

Nacional da Saúde

(FUNASA); CBHSF

- Elaboração e implementação de

planos de fiscalização de recursos

hídricos nos estados da bacia

- Manutenção de sistemas de

informações relativos às ações de

fiscalização realizadas, a realizar e

seus resultados

Acordo

2016/2018

(fase inicial)

2019-21 (fase

intermédia)

2022-25 (fase

final)

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142 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos de

articulação

Fase da

articulação

Revitalização da bacia

MMA, MC (Ministério das

Cidades), Governos

Estaduais, municípios,

CBHSF

- Definição dos estudos a

desenvolver por cada entidade sobre

o estado das áreas importantes para

conservação identificadas no

Diagnóstico do Macrozoneamento

Econômico-Ecológico

- Engajamento dos municípios na

delimitação das áreas de

preservação permanente em seu

território

- Definição de uma estratégia

integrada de atuação para a

delimitação de corredores de ligação

entre áreas protegidas

Acordo/Protocolo 2016/2018

(fase inicial)

CODEVASF, Governos

estaduais, CBHSF

- Definição dos projetos-piloto de

recuperação de áreas degradadas a

implementar, de forma articulada

Acordo/Protocolo 2019-21 (fase

intermédia)

MMA e Governos

estaduais, CBHSF

- Engajamento com as metas

estabelecidas no plano para a

redução das taxas de desmatamento

(e internalização desse objetivo,

transversalmente, nas suas políticas)

Acordo/Protocolo 2016/2018

(fase inicial)

Secretaria de Patrimônio

da União, Instituto

Nacional de Colonização

e Reforma Agrária

(Incra), Ministério Público

Federal, Ministério do

Meio Ambiente, ICMBio,

Fundação Cultural

Palmares, FUNAI,

municípios

- Regularização fundiária dos

territórios de domínio da União

ocupados historicamente pelas

comunidades tradicionais, e

estabelecimento de Termos de

Utilização de Usos Sustentável –

TAUS

Protocolo

2016/2018

(fase inicial)

2019-21 (fase

intermédia)

2022-25 (fase

final)

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 143

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Quadro 23 – Proposta de prioridades nível 2, instrumentos e fases de

articulação.

Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos

de articulação

Fase da

articulação

Intervenção sobre a poluição gerada pelas atividades minerárias, agrícolas e

pecuárias

DNPM, CPRM, empresas

de mineração, SEMAD-

MG, INEMA-BA, CBHSF

- Desenvolvimento de estudos de

avaliação da interferência da

atividade minerária na qualidade

das águas superficiais e

subterrâneas, identificando

pressões responsáveis por

situações críticas

Acordo/Protocolo 2016/2018 (fase

inicial)

- Elaboração de um Plano de

Ação integrado com as

intervenções destinadas à

minimização e reversão de

problemas de qualidade da água

Acordo/Protocolo 2019-21 (fase

intermédia)

- Elaboração dos projetos e

implementação das obras para a

reversão de problemas de

qualidade da água

Acordo/Protocolo 2022-25 (fase final)

Entidades responsáveis

pelo gerenciamento de

perímetros irrigados e

empresas agropecuárias,

CODEVASF, CBHSF

- Desenvolvimento de estudos de

avaliação da interferência das

atividades agrícolas e pecuárias

na qualidade das águas

superficiais e subterrâneas,

identificando pressões

responsáveis por situações

críticas

Acordo/Protocolo 2016/2018 (fase

inicial)

- Elaboração de um Plano de

Ação integrado com as

intervenções destinadas à

minimização e reversão de

problemas de qualidade da água

Acordo/Protocolo 2019-21 (fase

intermédia)

- Elaboração dos projetos e

implementação das obras para a

reversão de problemas de

qualidade da água

Acordo/Protocolo 2022-25 (fase final)

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144 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos

de articulação

Fase da

articulação

Estudos hidrogeológicos de base à compreensão do funcionamento dos aquíferos

ANA, órgãos estaduais

responsáveis pelo

monitoramento das águas

subterrâneas, CPRM,

CBHSF

- Elaboração (articulada) de

estudos hidrogeológicos Acordo/Protocolo

2016/2018 (fase

inicial)

(estudos a concluir

até 2020)

COPASA, EMBASA,

COMPESA, CASAL,

DESO, Municípios,

CBHSF

- Definição de metodologias e

critérios para a delimitação de

perímetros de proteção de poços

destinados ao abastecimento

público, com prioridade para

aquíferos de relevância regional e

com maior pressão, destacando-

se o sistema aquífero Urucuia e

os aquíferos cársticos Bambuí e

Salitre

Acordo/Protocolo 2016/2018 (fase

inicial)

SEMAD, INEMA, SRHE,

SEMARH (AL; SE),

CBHSF

Definição de procedimentos

similares a adotar pelos diferentes

Estados para a selagem de poços

abandonados e/ou de poços com

deficiências construtivas

Acordo 2016/2018 (fase

inicial)

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 145

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

8.4. Propostas para Fortalecimento Institucional

No documento “Governança dos recursos hídricos no Brasil”, a OCDE apresenta um

conjunto de recomendações para fortalecer a governança da água, seguidamente

apresentadas (seção 8.4.1).

Na seção 8.4.2 são apresentadas algumas diretrizes dirigidas à Agência Nacional de

Águas e aos estados no escopo do fortalecimento da governança da água, aos

municípios, ao CBHSF e comitês de bacias afluentes, e à agência de águas.

Este processo deve seguir como um caminho continuado para o fortalecimento do

atual sistema de gestão da BHSF, até que, como objetivos mais avançados, chegue-

se a uma descentralização, absolutamente necessária, tendo em vista a elevada

dimensão da BHSF e, também, seus diferentes perfis regionais.

Analisa-se ainda a integração entre o PRH-SF e as iniciativas das diversas instâncias

governamentais (seção 8.4.3), os instrumentos necessários à implementação do plano

(seção 8.4.4), e faz-se uma recomendação relativa à implementação de programas de

melhoria da capacitação, comunicação e mobilização na bacia (seção 8.4.5).

8.4.1. Fortalecimento da governança da água

Várias instituições prepararam orientação para a organização eficiente e efetiva das

organizações de bacias hidrográficas.

O conjunto de instrumentos da Parceria Global da Água (Global Water Partnership)

para a gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH) tirou algumas lições de uma

variedade de experiências bem-sucedidas no estabelecimento de instituições de bacia

efetivas e destaca os principais fatores de êxito (OCDE, 2015):

Foco nos problemas graves e recorrentes, e a provisão de soluções

aceitáveis por todos os atores envolvidos

O amplo envolvimento das partes interessadas, promovendo a

participação de pessoas comuns em nível de bacia (por exemplo

mediante fóruns de água)

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146 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A habilidade de estabelecer competências técnicas confiáveis

A capacidade de gerar alguma forma sustentável de receita

A capacidade de coletar taxas e atrair doações e/ou empréstimos

Fronteiras jurisdicionais claras e poderes adequados.

Constituem recomendações da OCDE (2015) para fortalecer a governança da água,

entre outras, as seguintes:

Fortalecer o poder, influência e efetividade dos conselhos nacional

e estaduais de recursos hídricos para orientar as decisões de mais

alto nível. Destacam-se duas ações para colocar em prática esta

recomendação são: i) maior representação dos conselhos estaduais; ii)

melhorar a comunicação com os níveis estaduais, municipais e de

bacia;

Fortalecer a efetividade das instituições de bacia para a

implementação e o engajamento das partes interessadas voltados

para resultados. Destacam-se três ações para colocar em prática esta

recomendação: i) criar e fortalecer obrigações estritas,

responsabilizáveis e monitoradas dos órgãos gestores estaduais (e

federais) de consultas aos conselhos (e comitês), “assessores”, e dar

explicações completas quando não seguirem suas recomendações; ii)

assegurar a representatividade das plataformas colegiadas; iii)

estabelecer critérios para garantir uma representação efetiva de todos

os setores nesses fóruns;

Melhorar a coordenação intersetorial para uma maior coerência e

consistência da política. Três das ações sugeridas para colocar em

prática esta recomendação são: i) integração da gestão do uso do solo

e dos recursos hídricos: fortalecer a presença dos municípios nos

conselhos estaduais de recursos hídricos e nos comitês de bacias

hidrográficas; planos regionais e municipais de uso do solo que

incorporem as preocupações com a água; ii) ações pedagógicas junto

aos municípios; iii) revisão da legislação de planejamento territorial para

incorporar requisitos de recursos hídricos; iii) promover um diálogo

permanente entre a ANA e os estados para dirimir questões emergentes

(p.ex. mudanças climáticas, alocação de água); iv) avaliar a

implementação e ajudar as prioridades e abordagens conforme a

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 147

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

necessidade (gestão adaptativa); v) criar arranjos de governança por

tema;

Fortalecer a capacidade e sustentabilidade financeira das

instituições de nível estadual. Entre as ações sugeridas para colocar

em prática esta recomendação destacam-se: i) melhorar a capacidade

técnica dos órgãos gestores estaduais para coletar e usar dados; ii)

assegurar que os órgãos gestores estaduais de recursos hídricos

disponham de equipes compatíveis com as tarefas e responsabilidades

a elas atribuídas; iii) obter financiamento sustentável, notadamente, por

meio de: pagamento mais disseminado da cobrança pelo uso da água;

uso de royalties pagos pelo setor energético para financiar sistemas

estaduais de recursos hídricos;

Promover mais interações com os municípios. Entre as ações

sugeridas para colocar em prática esta recomendação destacam-se: i)

análises econômicas sobre o custo da inação dos municípios, para

aumentar o seu interesse; ii) compromisso político dos prefeitos, com

ênfase especial nos serviços de água e gestão do uso do solo, nos

quais os municípios têm papel-chave; iii) fóruns ambientais reunindo

profissionais dos governos estaduais e municipais para promover o

diálogo técnico; iv) convênios entre os estados e municípios para a

implementação de metas estabelecidas no nível estadual que têm

consequências nos níveis inferiores.

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148 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

8.4.2. Recomendações para atores-chave

Além dos elementos já apresentados em itens anteriores (7.2.2. Órgãos e organismos

de recursos hídricos de âmbito federal e estadual; B. Atuação, programas e projetos;

7.3.1. Integração entre entidades e políticas; 7.3.2. Funcionamento do Conselho

Nacional de Recursos Hídricos e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; 7.3.3.

Funcionamento dos comitês de bacia afluentes e do CBHSF; 7.3.4. Funcionamento da

AGB Peixe Vivo), cabe voltar a abordar algumas recomendações para os seguintes

atores-chave:

Agência Nacional de Águas

Estados

Municípios

CBHSF e comitês de bacias afluentes

Agência de águas (ou entidade delegatária ou equiparada)

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS

Uma das indicações da OCDE (2015) é que a Agência Nacional de Águas pode servir

de ponto de encontro entre as políticas e as tendências de abordagem (“de cima para

baixo” e “de baixo para cima”), bem como de elo abrangente entre a descentralização

baseada na subsidiariedade (estados e municípios) e na solidariedade (bacias

hidrográficas).

A ANA pode tirar proveito de sua relação com os estados para defender, promover e,

na medida do possível, fazer cumprir a coordenação das políticas de recursos hídricos

com políticas setoriais relevantes. O Pacto Nacional pela Gestão das Águas e outros

programas são boas oportunidades para promover trocas com setores como energia,

agricultura, integração regional e saneamento, todos eles prioridades importantes para

as políticas econômicas e de desenvolvimento (OCDE, 2015).

Refere-se ainda que a ANA está em posição privilegiada para ajudar as partes

interessadas a melhorar as suas contribuições para o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos (não apenas nas instituições estaduais, mas

também na escala municipal).

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 149

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Para contornar o desafio do duplo domínio, pelo qual as competências sobre os rios

federais e estaduais são alocadas a diferentes níveis de governo, a ANA poderia

considerar ampliar a delegação de algumas das suas prerrogativas sobre rios federais

para os estados, com diretrizes acordadas em comum, desde que haja capacidade

para exercê-las, mantendo uma reserva de poderes para intervir (OCDE, 2015).

ESTADOS

O reforço do papel dos estados na gestão dos recursos hídricos é uma das

recomendações da OCDE.

Como referido anteriormente, considera-se necessário agir em duas frentes para

fortalecer em nível técnico e financeiro das autoridades estaduais na gestão dos

recursos hídricos (OCDE, 2015):

Melhorar a capacidade técnica dos órgãos gestores estaduais. Sua

capacidade de coletar e utilizar dados e realizar todas as funções

técnicas e administrativas necessárias é essencial para a interface com

os usuários e com os outros setores da administração.

Financiamento sustentável. É importante implementar ainda mais e de

modo mais abrangente a cobrança pelo uso da água como instrumento

de política, onde for relevante e necessário. Esses instrumentos

econômicos não apenas geram recursos para as administrações

estaduais, mas também podem desencadear um maior engajamento

dos usuários da água (o princípio do interessado-pagador-participante)

e promover o uso racional dos recursos hídricos. A disposição de pagar

dos diversos setores e a capacidade de suportar os custos da cobrança

pelo uso da água devem ser analisadas e levadas em conta.

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150 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

MUNICÍPIOS

A Política Nacional de Recursos Hídricos coloca como uma de suas diretrizes gerais

de ação, a articulação da gestão da água com a gestão do uso do solo. Complementa

também que na implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os municípios

deverão promover a integração das políticas locais de uso, ocupação e conservação

do solo, de meio ambiente e de saneamento básico com as políticas federal e

estaduais de recursos hídricos (Peres, R. et. al, 2010).

Além disso, a Lei 9.433/97, e seus textos regulamentares, asseguraram a participação

dos municípios no sistema de gestão dos recursos hídricos, na condição de usuários.

Os municípios possuem assentos nos Comitês de Bacias Hidrográficas, que

contribuem para promover a articulação intersetorial e federativa das políticas públicas

territoriais na perspectiva intermunicipal e/ou regional.

A bacia hidrográfica do rio São Francisco drena territórios de 505 municípios, com

significativa diversidade regional, as prefeituras municipais apresentam distintas

capacidades institucionais e de compromisso com a gestão dos recursos hídricos.

Importa assim promover esse compromisso, e fazer convergir as políticas e

investimentos municipais aos objetivos e ações previstas no PRH-SF.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF tem vindo a prestar

apoio financeiro aos municípios da bacia na elaboração dos Planos Municipais de

Saneamento Básico preconizados na Lei Federal nº 11.445/2007 (estabelece as

diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento

básico) de forma a contribuir para melhorar a qualidade da água. Várias demandas

foram já contratadas com recursos financeiros provenientes da cobrança pelo uso da

água, e o Plano de Aplicação Plurianual para o período 2016-2018 prevê dar

continuidade a este apoio.

Recomenda-se aos municípios:

Fortalecimento da participação em estruturas participativas;

Maior integração entre a gestão do uso do solo e da água,

notadamente, mediante a consideração das diretrizes dos planos

estaduais de recursos hídricos e dos planos de bacia na elaboração de

instrumentos de planejamento como o Zoneamento Ecológico-

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 151

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Econômico - ZEE, os planos regionais de usos do solo, o Plano Diretor

Municipal e o Plano Ambiental Municipal;

Consideração do mapeamento das áreas inundáveis realizado pela

CHESF, nas margens do rio São Francisco, no trecho entre os

reservatórios de Sobradinho e Itaparica, como subsídio para a

ordenação do uso e ocupação do solo e para o direcionamento das

expansões urbanas, bem como para a elaboração dos Planos Diretores

dos Municípios;

Os Planos Diretores devem auxiliar na proteção, conservação e

recuperação da água. Para o efeito, devem:

- Disciplinar o uso do solo para evitar impactos nas águas e minimizar os

efeitos negativos que podem ser causados pelas mesmas, tais como as

inundações, os movimentos de massa, as erosões nas margens dos

canais, ou onde o fluxo das águas pluviais possa ter capacidade erosiva ou

destrutiva;

- Criar áreas sujeitas à restrição de uso com vistas à proteção dos recursos

hídricos e dos ecossistemas aquáticos (notadamente, proteção das áreas

de entorno dos mananciais, corpos d'água, zonas de recarga de aquíferos,

faixa destinada à vegetação ripária, áreas de nascentes e de captação de

água e outras);

- Incluir coeficientes de permeabilidade e de cobertura vegetal,

proporcionando a redução da impermeabilização do solo, a melhor

infiltração e a redução do escoamento superficial; incluir a exigência, para

novos parcelamentos, de implantação de mecanismos de drenagem

sustentável;

- Contemplar a necessidade de sistemas de saneamento adequados e de

sistemas de controle da poluição difusa.

Criação de Planos de recuperação de APPs localizadas em áreas

urbanas, ocupadas com edificações residenciais, comerciais ou

industriais;

Continuação da elaboração dos Planos Municipais de Saneamento

Básico, analisando a possibilidade de desenvolvimento dos mesmos em

conjunto com municípios vizinhos. Esse tipo de contratação integrada

facilita a gestão, e proporciona a identificação, junto aos municípios

vizinhos, das possíveis áreas ou atividades onde pode haver

cooperação, complementaridade ou compartilhamento de processos,

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152 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

equipamentos e infraestrutura, relativos à gestão do saneamento básico

ou de cada um dos serviços ou componente em particular;

Estabelecimento de um sistema de informação sobre os serviços de

saneamento articulado com o Sistema Nacional de Informações em

Saneamento (art.º 23º);

Transmissão anual ao SNIS - Sistema Nacional de Informações Sobre

Saneamento da informação sobre os níveis de atendimento do

abastecimento de água, drenagem e tratamento de águas residuais e

coleta e disposição de resíduos, de forma a promover a melhoria do

conhecimento no domínio do saneamento na bacia;

Estimular ações de pagamento por serviços ambientais voltadas à

proteção de áreas de mananciais, recursos hídricos, matas ciliares,

florestas, oferecendo apoio financeiro aos produtores rurais para o

cumprimento de metas ambientais;

Contribuição para a identificação de áreas de máxima infiltração de

aquíferos e definição de restrições e condicionamentos ao uso do solo;

Promover condições para a selagem de captações de água subterrânea

abandonadas;

CBHSF E COMITÊS DE BACIAS AFLUENTES

Os comitês de bacias hidrográficas constituem a pedra angular do sistema de

gerenciamento de recursos hídricos, uma vez que nele se concentram as

representações tanto dos poderes públicos cujas jurisdições se relacionem com a

bacia considerada, como dos agentes setoriais e da sociedade civil com interesse no

uso dos recursos.

Para que seja efetivada a plena competência sobre todos os corpos d’água, o comitê

precisa ser instituído como integrante dos sistemas de gerenciamento dos estados

com domínio na respetiva bacia. Isto só se viabiliza com a efetivação de um acordo

com relação aos recursos hídricos da bacia (ANA, 2011d).

Paralelamente, deve preservar-se o fundamento legal da descentralização do

processo decisório. Há de se considerar relevante no modelo a ser implementado as

diferentes realidades dos recursos hídricos nas diversas regiões da bacia (ANA,

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 153

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

2011d), por exemplo, deixando para organizações locais atribuições de gestão de

problemas específicos.

Para que o comitê de fato represente toda a diversidade da bacia, há de se observar,

dentre outros, os seguintes aspectos: a dimensão territorial; a localização dos

usuários, a intensidade e o impacto dos usos na bacia; o número de unidades

federadas e de comitês em sub-bacias; os domínios das águas; a concentração de

conflitos; e mesmo as distâncias necessárias ao deslocamento dos membros do

comitê. São todos aspectos relevantes para construção do modelo institucional do

comitê de uma bacia interestadual, compartilhado pela União e pelos estados

federativos (ANA, 2011d).

A consolidação, capacitação e o fortalecimento do CBHSF são essenciais para

promover as suas funções na gestão da bacia.

Tendo em vista seus aspectos estratégicos em termos regionais da BHSF, caberá

reconhecer e não desconsiderar os comitês mais locais de seus afluentes, também

com uma perspectiva de mais descentralização, para que planos locais tenham

avanços, especialmente para equacionar áreas-problema, além de sua maior

proximidade com atores estratégicos locais.

Em termos institucionais, caso ocorram avanços nos comitês de afluentes e nas suas

respectivas agências locais, entende-se que o próprio CBHSF será fortalecido, na

medida em que esses comitês de afluentes devem se articular junto a ele, tendo em

vista aspectos regionais e estratégicos mais amplos, assim como negociações

conjuntas e o equacionamento de eventuais conflitos que possam ocorrer entre sub-

bacias.

Segue o entendimento de que as instâncias sub-regionais não devem ser vistas como

concorrentes do comitê que abrange a totalidade da bacia, mas sim, como possíveis

parceiros estratégicos, com maior potencial de representatividade social, na proporção

de sua proximidade com problemas, temas e interesses locais ou sub-regionais.

Assim, na próxima década, surge a prioridade de fortalecer o CBHSF e os CBH

afluentes, podendo ser um caminho a explorar a mais longo prazo, a passagem do

CBHSF a um comitê de integração.

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154 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Sendo uma das competências do CBHSF promover o debate das questões

relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes, é

de todo o interesse:

Garantir uma representação adequada: a representação deve ser:

plural, com o intuito de assegurar a heterogeneidade dos atores que se

envolvem com a questão em debate; significativa para a base

representada; equânime, em que os diversos atores tenham a

possibilidade de participar de forma igualitária; distribuída socialmente,

sem a estruturação de polos de poder político. É importante que os

representantes ocupem as vagas disponíveis e se façam presentes nas

reuniões, além de participarem ativamente das discussões

Ampliar as oportunidades de compartilhamento de experiência

entre as entidades federais, estaduais, municipais, não governamentais,

o CBHSF e os CBHs afluentes para promover a aprendizagem através

do diálogo entre pares, por exemplo, através de eventos virtuais e

presenciais, específicos para a promoção de ampla discussão: da

problemática hídrica; da construção de arranjos institucionais; da troca

de conhecimentos; da proposição de projetos específicos; do acesso a

fontes de financiamento e a recursos institucionais e operacionais

Promover a transparência e o compartilhamento regular de

informações entre entidades

Ampliar a representação do CBHSF nos diversos fóruns de

discussões, de planejamento e de tomada de decisão, que envolvam

temas relacionados ao meio ambiente e, em especial, aqueles

relacionados à gestão de recursos hídricos. Como exemplos, referem-

se: Fórum Agricultura Irrigada; Fórum Mundial da Água; Fórum Nacional

das Águas; Fórum de Secretários de RH do Nordeste; Fórum Regional

de Educação Ambiental; Fórum Nacional de Comitês de Bacias

Hidrográficas; Fórum Nacional de Órgãos Gestores das águas; Fórum

Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas;

Fórum Permanente de Convivência Produtiva com as Secas, entre

outros. Há que se considerar também a importância da integração do

CBHSF em organismos ligados aos recursos hídricos, como a Rede

Brasil de Organismos de Bacias Hidrográficas; Assemae – Associação

Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento; Associação

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 155

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Brasileira de Recursos Hídricos; Associação Brasileira de Engenharia

Sanitária e Ambiental; Associação Brasileira de Águas Subterrâneas;

Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva.

Em articulação com a AGB-PV, implementar projetos hidroambientais

de aperfeiçoamento da gestão de recursos hídricos na bacia,

compatíveis com o PBH-SF (ações deste tipo já vêm sendo

desenvolvidas, prevendo-se a sua continuidade no PPA 2016/2018)

Também com a devida articulação com a AGB-PV, investir em

sistemas de informação (cujas diretrizes foram anteriormente

apresentadas)

Identificar, avaliar e aumentar potenciais fontes próprias de receitas,

tanto relacionadas a seus gastos administrativos, quando aos da AGB-

PV, de modo a superar dificuldades derivadas de limitações

orçamentárias, com rebatimentos em termos do quadro de pessoal da

AGB-PV e de deficiências de instrumentos requeridos para a gestão

Definir estratégias de fortalecimento das câmaras consultivas

regionais visando sua maior interlocução com a sociedade da bacia.

De modo a ampliar a relação entre o CBHSF e os municípios, recomenda-se:

Criação de um grupo de trabalho no CBHSF com vista à promoção da

articulação com os municípios;

Realização de ações pedagógicas e encontros por parte do CBHSF,

para aproximação e apoio técnico aos municípios, com vista:

- À divulgação das atribuições do Comitê na gestão dos recursos hídricos da

bacia;

- À promoção da integração entre a gestão do uso do solo e da água;

- À divulgação do PRH-SF junto dos gestores da área de planejamento

urbano, notadamente, dos objetivos, metas e medidas previstas no PRH-

SF, para que suas diretrizes (e dos planos diretores de bacias afluentes)

sejam tidas em consideração na elaboração dos PPA municipais e no

planejamento municipal;

- À identificação de oportunidades e disponibilização de apoio junto aos

municípios para: a) a realização de projetos dirigidos a ações

hidroambientais e de revitalização da bacia (de nível municipal e

intermunicipal); b) a identificação e reversão dos processos inadequados

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156 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

de uso e ocupação do solo que ocorrem nos territórios municipais e que

afetam a bacia;

- À aferição do traçado de Unidades Territoriais Estratégicas de Gestão

(UTEgs), incluindo a identificação de áreas problema;

- À explicitação e divulgação dos procedimentos e critérios para

apresentação de demandas de planos municipais de saneamento básico.

O CBH Rio das Velhas apresenta já deliberação (Deliberação CBH Rio das

Velhas nº 06/2011) com esse objetivo.

Cedência de informação (inclusivamente em SIG) e esclarecimentos

sobre o plano, sempre que solicitado, aos municípios;

Participação de representantes do Comitê de Bacia Hidrográfica em

reuniões dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente e Recursos

Hídricos, e estímulo à participação destes nas reuniões do CBHSF.

AGÊNCIA DE ÁGUAS (OU ENTIDADE DELEGATÁRIA OU EQUIPARADA)

A par do CBHSF, a sua agência AGB Peixe Vivo também constitui uma instância

executiva fundamental para a gestão da bacia.

A AGB Peixe Vivo aplicou um método construtivo do Planejamento Sistêmico

Estratégico para explicitar as relações sistêmicas existentes entre a AGB Peixe Vivo,

os Comitês, os Órgãos Gestores e os principais atores envolvidos na gestão da bacia.

Ao final do método obteve-se a explicitação da Missão e Visão, a estruturação do

Mapa Estratégico da Agência com seus objetivos, os indicadores, as metas e os

projetos estratégicos.

No que tange aos Desafios Estratégicos da AGB Peixe Vivo, as seguintes questões

emergiram (AGB Peixe Vivo, 2012):

Cumprir a aplicação dos recursos financeiros dos Contratos de Gestão;

Alavancar recursos de outras fontes de captação e de parcerias;

Promover a articulação com os comitês da bacia do São Francisco,

ampliando a área de abrangência da AGB Peixe Vivo;

Promover a qualificação técnica da discussão dos entes/atores nos

comitês de bacia, na gestão dos recursos hídricos;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 157

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Apoiar os Comitês de Bacia Hidrográfica e Órgão Gestores no

diagnóstico, prospecção e discussão de temas estratégicos dos

recursos hídricos.

Foram adotados como Projetos Estratégicos a serem desenvolvidos pela Agência

(AGB Peixe Vivo, 2012):

Otimização dos processos internos e externos;

Relacionamento externo e construção da imagem junto às partes

interessadas;

Fórum estratégico e qualificação das partes interessadas da Bacia

Hidrográfica do rio São Francisco;

Fortalecimento da capacidade técnico administrativa da Agência.

O projeto que tratará da otimização dos processos internos e externos tem como

objetivo organizar, otimizar e padronizar os processos internos da AGB Peixe Vivo,

bem como estabelecer os acordos de níveis de serviço com os Comitês e Órgãos

Gestores, estabelecendo métricas de avaliação e acompanhamento da eficiência dos

processos da Agência.

O projeto referente ao relacionamento externo e construção da imagem junto às partes

interessadas trata do desenvolvimento e execução de um plano de relacionamento e

de marketing, objetivando a construção de um diálogo com as partes interessadas

estratégicas da AGB Peixe Vivo.

O projeto que abrange a estruturação de um fórum estratégico e qualificação das

partes interessadas da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco objetiva criar um

ambiente continuado para discussão de temas estratégicos da bacia hidrográfica, bem

como um conjunto de ações que visem à qualificação dos elementos da cadeia

produtiva, oferecendo capacitações, serviços de inteligência de recursos hídricos.

O quarto projeto estratégico tem por objetivo o fortalecimento da capacidade técnico

administrativa da Agência por meio do desenvolvimento de um plano de capacitação

técnico administrativo interno da AGB Peixe Vivo, produzindo conhecimento que seja

referenciado pelas partes interessadas.

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158 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Por seu lado, o Relatório de Gestão 2014 (ANA/AGB Peixe Vivo, 2015) apresenta um

conjunto de sugestões para melhorar o resultado alcançado pela AGB Peixe Vivo no

Indicador 5 – Reconhecimento Social, Sub-indicador 5 – Avaliação pelos membros do

CBH-SF, que aqui se recuperam:

Necessidade de intensificar a interação entre a AGB Peixe Vivo e o

Comitê, adotando um diálogo mais construtivo, além de uma interação

mais didática com as ações e demandas das Câmaras Consultivas

Regionais – CCR;

Necessidade de um maior aporte de recursos financeiros para a

Entidade Delegatária para a manutenção dos trabalhos da mesma e

manutenção da transparência da atuação e aplicação dos recursos

financeiros;

Ampliação da equipe técnica/administrativa da agência e melhoria da

área de comunicação, para que a sociedade tenha mais acesso a

informações das ações do comitê;

Necessidade de revisão das porcentagens destinadas ao custeio

administrativo e investimento;

Elaboração de um plano de capacitação para os membros do comitê;

Inclusão no Plano de Ação da Entidade Delegatária, aprovado pelo

CBHSF, de atividade de alinhamento com Órgãos Gestores Estaduais

nos processos de adesão à agência dos comitês afluentes;

Promover uma maior aproximação do Conselho de Administração da

Entidade Delegatária junto à diretoria do CBHSF para tratar dos

assuntos mais importantes e delicados;

Existem membros do CBHSF que alegaram não conhecer o Contrato de

Gestão e as competências da Entidade Delegatária. Neste sentido, a

AGB Peixe Vivo juntamente com a diretoria do Comitê deverá buscar

uma forma de minimizar ainda mais essa situação, além de propor um

aprimoramento do questionário para a avaliação de 2015.

Alguns dos itens que foram considerados como necessários para fortalecer o CBHSF

também devem ser reapresentados para fortalecer a AGB Peixe Vivo, a saber:

Contando com as devidas aprovações do CBHSF, implementar projetos

hidroambientais de aperfeiçoamento da gestão de recursos hídricos na

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 159

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

bacia, compatíveis com o PBH-SF (ações deste tipo já veem sendo

desenvolvidas, prevendo-se a sua continuidade no PPA 2016/2018);

Para melhorar suas condições e subsídios para a gestão, promover

investimentos em sistemas de informação (cujas diretrizes já foram

anteriormente apresentadas);

Identificar e submeter à devida aprovação do CBHSF as possibilidades do

aumento de potenciais fontes próprias de receitas, também relativas aos

gastos do Comitê, de modo a superar dificuldades derivadas de limitações

orçamentárias, com rebatimentos em termos do seu quadro de pessoal e

de deficiências de instrumentos requeridos para a gestão.

8.4.3. Integração entre o PRH-SF e as iniciativas das diversas instâncias

governamentais

O Plano não pode ignorar a existência de prioridades setoriais e centrar seus esforços

sobre uma plataforma de desenvolvimento institucional descolada daquelas.

Assim, pretende-se a inclusão das prioridades setoriais já definidas como elementos

do Plano de Bacia, a partir das quais se constrói um sistema de compromissos e de

apoio à gestão integrada.

Com vista a orientar o plano para as estratégias definidas a nível federal e estadual,

sistematizam-se no Volume 5 – Apêndices, os principais objetivos estratégicos e

metas com relevância para a BHSF, recolhidos nos seguintes documentos:

A nível federal:

Plano Nacional de Recursos Hídricos (MMA, 2006b)

Plano Nacional de Saneamento Básico (SNSA, 2013)

Plano Nacional de Logística e Transporte (MT/MD, 2007)

PPA Federal 2016-2019 (Governo Federal do Brasil, 2015)

A nível federal e estadual:

Pacto Nacional de Gestão das Águas (cf. capítulo 3.6)

Carta de Petrolina (cf. capítulo 3.6)

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160 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

A nível estadual:

Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado 2011-2030 (Governo de

Minas, sem data)

Plano Bahia 2023 (SEPLAN, 2010)

Visão de Futuro Pernambuco 2035 (Governo do Estado de Pernambuco,

sem data)

Atualização do Plano Estratégico do Estado de Alagoas para o horizonte

de 2011-2022 (integrada na Lei n.º 7333 de 5 de janeiro de 2012 que

dispõe sobre o PPA 2012-2015)

Plano Goiás 2030 (SEPLAN, 2011)

PPA Estaduais 2016-2019 (à data apenas disponíveis para MG, BA, PE).

Seguidamente procede-se à identificação de relações entre programas federal e

estaduais e as prioridades do Plano de Bacia, traduzidas nos grandes objetivos

orientadores da estratégia.

Recordam-se os grandes objetivos orientadores da estratégia para a

implementação do Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São

Francisco, apresentados no Volume 1 do RP5:

1. Melhorar significativamente a governança e participação social da bacia

hidrográfica;

2. Aumentar a presença e a visibilidade do CBHSF, garantindo uma

crescente consciencialização das questões chave para gestão

sustentável dos recursos hídricos;

3. Melhorar significativamente a qualidade ecológica dos sistemas fluviais

e a qualidade das águas;

4. Prevenir a contaminação e sobre-exploração dos aquíferos

subterrâneos;

5. Garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos;

6. Melhorar a qualidade de vida no semiárido;

7. Garantir um desenvolvimento equilibrado e sustentável do território da

bacia hidrográfica.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 161

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

No Quadro 24 assinalam-se as relações de maior aderência entre as prioridades do

PRH-SF 2016-2025 e os programas do PPA Federal 2016-2019, verificando-se que

estes poderão contribuir para o financiamento de várias atividades do plano:

O programa agropecuária sustentável constitui uma oportunidade

para a modernização de projetos públicos de irrigação, podendo

contribuir para a racionalização dos recursos hídricos na bacia

O programa de conservação e uso sustentável da biodiversidade e

o programa de desenvolvimento regional e territorial constituem

oportunidades para um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável

no território da bacia

O programa qualidade ambiental constitui oportunidade para reduzir a

poluição da qualidade da água e melhorar a fiscalização ambiental

O programa recursos hídricos constitui oportunidade para concretizar

ações que vão ao encontro de todos os grandes objetivos do plano

O programa saneamento básico constitui oportunidade para

implementar medidas para ir ao encontro das metas do PNSB

Os programas transporte aquaviário, energia elétrica, pesca e

aquicultura constituem oportunidades para a promoção de usos

múltiplos da bacia.

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162 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Quadro 24 – Relação entre prioridades do PRH-SF 2016-2025 e PPA Federal

2016-2019.

Programas

PPA Federal 2016-2019

Grandes objetivos

PRH-SF 2016-2025

O1 O2 O3 O4 O5 O6

Programa Agropecuária Sustentável ×

Programa Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade ×

Programa Desenvolvimento Regional e Territorial ×

Programa Mudança do Clima × × ×

Programa Pesca e Aquicultura ×

Programa Qualidade Ambiental × ×

Programa Recursos Hídricos × × × × × ×

Programa Saneamento Básico ×

Programa Transporte Aquaviário ×

Programa Energia Elétrica ×

Legenda: OE1: Melhorar significativamente a qualidade ecológica dos sistemas fluviais e a qualidade das águas; OE2: Garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos; OE3: Garantir um desenvolvimento equilibrado e sustentável do território da bacia hidrográfica; OE4: Aumentar a presença e a visibilidade do CBHSF, garantindo uma crescente consciencialização das questões chave para gestão sustentável dos recursos hídricos; OE5: Melhorar significativamente a governança da bacia hidrográfica; OE6: Melhorar a qualidade de vida no semiárido.

No Quadro 25 assinalam-se as relações de maior aderência entre as prioridades do

PRH-SF 2016-2025 e os programas dos PPA Estaduais 2016-2019 (MG; BA; PE; AL;

SE) relacionados ao ambiente e recursos hídricos, evidenciando-se que, tal como o

PPA Federal, também os PPA Estaduais poderão contribuir para o financiamento de

várias atividades do plano:

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 163

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Quadro 25 – Relação entre prioridades do PRH-SF 2016-2025 e PPA Estaduais

2016-2019.

Programas

PPA Estaduais 2016-2019

Grandes objetivos

PRH-SF 2016-2025

O1 O2 O3 O4 O5 O6

MG

Programa 0145: Saneamento é vida × × × ×

Programa 0122: Água para todos × × ×

Programa 0064: Barragens de Minas ×

Programa 0120: Gestão e desenvolvimento sustentável de

recursos hídricos × ×

Programa 0142: 3A – Alimento, água e ambiente ×

Programa 0143: Proteção das áreas ambientalmente

conservadas, a fauna, e a biodiversidade florestal ×

Programa 0191 – Melhoria da qualidade ambiental × × ×

Programa 0206: Cultivando água boa × × ×

BA

Programa “meio ambiente e sustentabilidade” × × ×

Programa “água para todos” × × × ×

PE

Programa 0258: Apoio às ações de recursos hídricos ×

Programa 0095: Conservação e preservação dos recursos

naturais do Estado × ×

Programa 0469: Plano estratégico ambiental de Pernambuco × ×

Programa 1081: Apoio às ações de eficiência hídrica e

energética ×

Programa 0030: Apoio às ações de convivência com o

semiárido ×

Programa 0469: Programa de melhoria da convivência com o

semiárido ×

Programa 1030: Melhoria da infraestrutura e dos serviços

básicos no meio rural × × ×

Programa 1040: Programa de desenvolvimento sustentável -

PRORURAL ×

Programa 0611: Gestão de Recursos Hídricos de Pernambuco × × × × × ×

Programa 0733: Gestão integrada de recursos hídricos – água

e clima × × ×

Programa 0912: Ampliação do acesso à água e esgotamento

sanitário ×

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164 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Programas

PPA Estaduais 2016-2019

Grandes objetivos

PRH-SF 2016-2025

O1 O2 O3 O4 O5 O6

Programa 1058: Redução dos efeitos das catástrofes naturais

e enxurradas × ×

AL

Programa “Recursos Hídricos e Meio Ambiente” x x x x x

Programa “Saúde e Saneamento” x x x

SE

Programa “Desenvolvimento Rural, Agropecuário e Pesca” x x

Programa “Gestão Ambiental e Saneamento Básico” x x x x x

Legenda: OE1: Melhorar significativamente a qualidade ecológica dos sistemas fluviais e a qualidade das águas; OE2: Garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos; OE3: Garantir um desenvolvimento equilibrado e sustentável do território da bacia hidrográfica; OE4: Aumentar a presença e a visibilidade do CBHSF, garantindo uma crescente consciencialização das questões chave para gestão sustentável dos recursos hídricos; OE5: Melhorar significativamente a governança da bacia hidrográfica; OE6: Melhorar a qualidade de vida no semiárido.

8.4.4. Instrumentos necessários à implementação do plano

No que tange a implementação do PRH-SF, de pronto cabe destacar a identificação

das principais entidades executoras de programas, tal como já consta no presente

volume do RP5 (item 7.2). Em relação às entidades que foram identificadas, para cada

caso, devem ser negociados possíveis convênios, contratos de execução, protocolos

ou acordos sobre metas e objetivos, inclusive com eventuais alterações de prioridades

de seus respectivos programas e projetos, levando em consideração o PRH-SF.

Também fica recomendado que sejam identificadas fontes de financiamento, tanto

decorrentes do Orçamento Geral da União (OGU) quando dos estados e do DF, além

de eventuais acordos de empréstimos, por exemplo, junto ao Banco Mundial (BIRD)

ou ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Por fim, ainda no que concerne a possíveis entidades executivas do PRH-SF, cabe

lembrar que alguns dos principais usuários também poderão ser contratados ou

conveniados, dentre outros, a exemplo de concessionários de saneamento, neste

caso, para programas voltados a sistemas de abastecimento de água e infraestruturas

de saneamento, os quais podem contar com recursos advindos dos próprios usuários.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 165

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Caberá ainda superar certos conflitos existentes quanto à base legal vigente, relativa

aos instrumentos de gestão de recursos hídricos. Nestes casos, ainda sem chegar a

muitos detalhes a respeito, registra-se que, segundo a Lei Nacional nº 9.433/97:

Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de

Recursos Hídricos:

...

II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas,

demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;

III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;

IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários

e com os planejamentos regional, estadual e nacional;

V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;

...

Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos

recursos hídricos de interesse comum.

Em acréscimo, cumpre sublinhar que na Constituição Federal do Brasil consta a

seguinte abordagem sobre as relações entre a União e os Estados:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar

concorrentemente sobre:

(...)

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos

recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

(...)

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de

valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

(...)

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a

estabelecer normas gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a

competência suplementar dos Estados.

Com tal base constitucional e legal, pensar em submeter todos os estados às leis

federais se mostra como um posicionamento autoritário, sem que o Brasil seja uma

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166 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

efetiva República Federativa, tendo como referências os Estados Unidos da América e

a União Europeia.

Assim, esta forma de abordagem deve ser mais isenta e restrita a eventuais

problemas decorrentes de contradições, não somente alterando leis estaduais, como

também, dando mais flexibilidade às leis federais.

8.4.5. Capacitação, comunicação e mobilização social

Na perspectiva de fortalecimento da capacidade técnica dos atores e entidades

envolvidas na gestão de recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio São Francisco e

de aumento da participação pública informada, propõe-se:

Desenvolver ações de reforço da capacitação dos recursos

humanos do Comitê para acompanhar e se posicionar nas situações

relacionadas à gestão de recursos hídricos (ações deste tipo já vêm

sendo desenvolvidas, prevendo-se a sua continuidade no PPA

2016/2018);

Oferecer oportunidades de formação e capacitação aos

representantes da sociedade civil sobre a política de recursos

hídricos;

Sensibilizar as instituições para a importância de atribuir aos recursos

hídricos uma posição de destaque na agenda política;

Desenvolver e implementar um Plano de Comunicação e Mobilização

Social; desenvolver ações de comunicação social voltadas para o

aperfeiçoamento da gestão de recursos hídricos de forma participativa e

descentralizada (ações deste tipo já vêm sendo desenvolvidas,

prevendo-se a sua continuidade no PPA 2016/2018);

Melhorar a qualidade da informação disponibilizada para promover

uma participação qualificada;

Avaliar a composição, representação e representatividade do

comitê e as suas lacunas. Com isso é possível identificar os vazios de

representação, verificar se existem setores que não estão

suficientemente representados e procurar pessoas-chave para criar

uma articulação, aprimorando, assim, a mobilização social para os

processos eleitorais subsequentes.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 167

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

9. SÍNTESE CONCLUSIVA

O presente relatório tem como principal objetivo apresentar diretrizes para a aplicação

dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos na bacia do rio São Francisco e

para aprimorar o atual modelo institucional de gestão. Apresenta-se em seguida uma

síntese da análise realizada, com enfoque nos compromissos fundamentais para fazer

face aos desafios que a bacia enfrenta.

A. OUTORGA

A outorga de direito de uso de recursos hídricos constitui uma “autorização do uso de

recursos hídricos para intervenções que promovam a alteração na quantidade, na

qualidade, ou no regime dos mesmos” (ANA, 2014). Trata-se de um ato administrativo

no qual o poder público outorgante (União, Estado ou Distrito Federal) faculta ao

outorgado (requerente) o direito de uso de recursos hídricos, por prazo determinado,

nos termos e nas condições expressas no respectivo ato (ANA, 2016b).

Apesar de todos os estados terem legislação referente à outorga – como se

demonstrou na descrição dos aspectos legais e normativos a observar –, nem

todos aplicam em plenitude este instrumento: é um processo que apresenta estágios

diferentes de implementação nas diferentes unidades federativas abrangidas pela

bacia. No presente relatório foram apresentados os aspectos gerais deste

instrumento de gestão de recursos hídricos (as principais definições, as categorias de

outorga, os usos sujeitos a outorga, os usos que independem de outorga, os seus

prazos), bem como um levantamento do modelo atual de outorga nas diversas

unidades federativas abrangidas pela bacia (incluindo os procedimentos

administrativos e os critérios para análise técnica de cada uso sujeito a outorga, com

foco para a captação/extração de água, lançamento de efluentes, aproveitamentos

hidroelétricos e outros empreendimentos, como os empreendimentos de grande porte

e potencial poluidor).

O modelo atual de outorga foi avaliado através de simulações de distribuição do

máximo alocável da vazão de retirada média anual para usos consuntivos,

considerando uma política de exploração dos reservatórios para satisfação dos usos

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168 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

não consuntivos, designadamente a produção de energia e a preservação dos

ecossistemas. A política proposta determina as vazões a libertar em cada momento

em função do estado hidrológico da bacia hidrográfica, definido pelo volume de água

armazenada em Três Marias e Sobradinho, permitindo turbinar valores significativos

de vazão durante os períodos normais e úmidos, e que durante os períodos secos

sejam cumpridos valores mínimos de vazão ao longo da calha principal.

Observados os aspectos legais, o modelo atual de outorga e os resultados das

simulações efetuadas (desde a etapa de diagnóstico e prognóstico), bem como

aspectos qualitativos dos recursos hídricos, foram propostos diretrizes e critérios

técnicos para serem sugeridos pelo CBHSF como subsídio aos órgãos gestores de

recursos hídricos na análise e deliberações sobre processos de outorga de direito de

uso dos recursos hídricos na bacia, de que se destaca:

A revisão dos procedimentos e critérios de análise dos pedidos de

outorga, bem como a necessidade de serem gradativamente revistas as

outorgas emitidas no passado, entre outras diretrizes gerais a serem

observadas nos processos de análise e emissão de outorgas; destas,

destaca-se a recomendação das seguintes prioridades de uso: 1.º

consumo humano, em áreas urbanas e rurais e dessedentação animal,

de entre os usos consuntivos, 2.º vazão ambiental (manutenção dos

ecossistemas), a que as políticas estaduais de recursos hídricos de

Alagoas e Minas Gerais também atribuem prioridade e 3.º demais usos

preponderantes, em cada sub-bacia a ser considerada (ou seja, além

dos usos priorizados por lei, não deve haver a primazia de um uso

sobre os demais); a definição de prioridades mais detalhadas e de

eventuais exceções ou condições de aplicação das prioridades

estabelecidas por lei poderão ser estabelecidas no âmbito do Pacto das

Águas a ser construído; é ainda de salientar a necessidade de

simplificação do processo de outorga, por exemplo através de um

processo de cadastramento conjunto, visando a criação de um cadastro

unificado e de uma elevação do limite para definição de usos

insignificantes em alguns trechos da calha do rio São Francisco – a

ponderar pelo CBHSF no âmbito do estudo especializado de cobrança

em curso, dada a possibilidade de contradição com a proposição de

alargamento da base da cobrança pelo uso da água;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 169

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

No que diz respeito à vazão de referência, propõe-se a adoção de

vazões de permanência (Q95, Q90), para definição das vazões de

referência em rios perenes, sem prescindir da autonomia dos Estados,

da “aversão ao risco” maior ou menor em cada caso ou da adoção de

vazões sazonais; quanto aos rios intermitentes, em particular os da

região semiárida, a vazão de referência deverá ser definida com base

na regularização proporcionada pelo reservatório (em rios

regularizados) ou considerando a análise do período com oferta hídrica,

emitindo as outorgas por épocas;

A vazão ambiental a definir deverá incluir, além dos requisitos de

conservação ou de preservação do meio ambiente, os usos de recursos

hídricos que devem ser preservados a jusante no corpo d’água e ser

objeto de estudos específicos a propor no plano de ações; ainda que

não correspondendo à vazão ambiental, até à definição desta, deverá

manter-se uma vazão remanescente – parcela não outorgável de 50%

ou 70% da Q7,10 (nas águas estaduais de MG), 20% da Qmmm (no DF),

50% da Q95 (nas águas estaduais de GO), 20% da Q90 (nas águas

estaduais da BA) e de 10% da Q90 (nas águas estaduais de PE, AL e

SE);

No que se refere ao critério de outorga e vazão alocável, recomenda-se

que o máximo alocável da vazão de retirada média anual seja 570 m3/s,

distribuídos entre 500 m3/s a satisfazer por origens superficiais e 70

m3/s a satisfazer por origens subterrâneas; este valor permite satisfazer

a demanda prevista no cenário B (cenário central), estimada em

585 m3/s, se forem adotadas ações para a promoção do uso eficiente

da água (a propor no plano de ações); ainda assim, após a revisão de

outorgas proposta anteriormente, poderá ser novamente avaliada a

possibilidade da alteração dos critérios de outorga, como critérios de

referências diferenciadas por tipologia de uso (setores), atribuindo

vazões com maior garantia (ou permanência) a usos mais nobres como

o abastecimento humano, e vazões com menor garantia (ou

permanência) para usos que possam conviver com níveis de risco mais

elevados (ECOPLAN/SKILL, 2015);

Na avaliação e proposição de condições de entrega (em quantidade e

qualidade) no exutório das principais bacias afluentes, do ponto de vista

quantitativo, recomendou-se o valor máximo alocável da vazão de

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170 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

retirada média anual referido acima; esse valor deverá ser distribuído

pelas diferentes sub-bacias tendo em conta os usos existentes e

projetados pelo cenário B e as disponibilidades de água (aferidas pelas

vazões de permanência Q90 ou Q95 e diferenciadas conforme as regiões,

em particular no semiárido), bem como a necessidade de atender a

critérios de sazonalidade e níveis de água a jusante, em particular na

calha principal; algumas sub-bacias e sistemas aquíferos (em particular

aqueles que apresentam um balanço desfavorável) deverão, neste

contexto, constituir áreas (potencial ou provavelmente) sujeitas a

restrições de uso, a ser aferidas em função de estudos específicos (a

propor no plano de ações); em termos qualitativos, as vazões entregues

pelas bacias afluentes devem situar-se na classe prevista nos estudos

de enquadramento no curso principal do rio São Francisco; estas

condições de entrega, em termos quali-quantitativos deverão resultar da

reflexão e construção de um entendimento sobre o sistema multiusos de

partilha das águas, entre a União, os Estados e o CBHSF, no contexto

do Pacto das águas a ser construído (incluído na Proposta de

Aprimoramento do Modelo Atual de Gestão);

Até à revisão dos cadastros de usuários e de outorgas da bacia do São

Francisco sugere-se a manutenção dos valores estabelecidos pelo

CNRH, CERH, órgãos gestores de recursos hídricos e comitês de

bacias hidrográficas, para a definição de usos de pouca expressão

(insignificantes); nos estudos a realizar entretanto, como a atualização

da metodologia de cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia do

rio São Francisco poderá avaliar-se a revisão e eventual uniformização

destes limites, por exemplo no sentido de uma redução da vazão

mínima sujeita a outorga, de forma a alargar a base de outorga (de

forma a aumentar a cobrança); em alternativa poderá estudar-se a

elevação dos limites em alguns trechos da calha do rio São Francisco,

para que a outorga seja emitida apenas para os usuários mais

relevantes na bacia em termos de uso da água, como já definido pela

ANA em outras bacias, com vantagem para a melhoria da eficiência do

procedimento de outorga; sobretudo se nestes e noutros trechos da

calha ou mesmo em algumas sub-bacias os usuários de menor porte

pudessem ser controlados por meio de processos simplificados;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 171

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

No que diz respeito à outorga de lançamento de efluentes, recomenda-

se considerar a sua integração com a outorga de captação/extração de

água, no contexto do processo de cadastramento conjunto já proposto,

bem como a implantação deste tipo de outorga nos estados em que isso

ainda não tenha sido feito, como SE e GO, observando os critérios

gerais de outorga de lançamento de efluentes definidos na Resolução

CNRH n.º 140 de 2012; quanto aos restantes modelos de outorga de

lançamento de efluentes implementados na bacia, que habitualmente

utilizam apenas a DBO como referência para a outorga, propõe-se que

sigam a recomendação do IGAM de adoção de outros parâmetros como

referência na análise dos processos de outorga, para que as melhorias

do IQA sejam significativas, já que seu cálculo é baseado nos valores

da DBO e em outros oito parâmetros;

Dado que, analisados os instrumentos legais e normativos atualmente

existentes, um (e apenas um) dos estados abrangidos pela BHSF –

Minas Gerais – dispõe de critérios e normas específicas, não só para

outorga de empreendimentos de grande porte e potencial poluidor, mas

também para a própria definição de porte em recursos hídricos,

recomenda-se a consideração dessas orientações na definição de

diretrizes e critérios técnicos específicos para a outorga de

empreendimentos de grande porte e potencial poluidor (em matéria de

recursos hídricos) a serem instalados na bacia, incluindo a aprovação

desta outorga pelos comitês de bacias hidrográficas.

B. COBRANÇA

A bacia do rio São Francisco foi a terceira a implementar, ao nível da União, a

Cobrança pelo Uso da Água (2010). A cobrança foi estabelecida após a consolidação

de um pacto entre os poderes públicos, os setores usuários e as organizações civis

representadas no âmbito do CBHSF com objetivo de melhorar a quantidade e a

qualidade das águas da bacia.

Os mecanismos e valores atuais de cobrança foram estabelecidos na Deliberação

CBHSF n.º 40, de 31 de outubro de 2008, e respectivos anexos I e II, aprovada pela

Resolução CNRH n.º 108, de 13 de abril de 2010. São cobrados os usos de captação,

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172 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

consumo e lançamento de efluentes de usuários sujeitos à Outorga de Direito de Uso

de Recursos Hídricos com captação de água superior a 4,0 l/s.

Posteriormente, a Resolução CNRH n.º 132, de 20 de setembro de 2011, viria a

aprovar critérios complementares para a cobrança dos usos externos das águas da

bacia do rio São Francisco, dando enquadramento às transposições, designadamente,

para o Nordeste Setentrional e para o Estado de Sergipe. Aliás, quase 60% do valor

total arrecadado pela ANA em águas de domínio da União (cerca de 24 milhões de

reais em 2014) é oriundo dos usos externos.

Estes mecanismos de cobrança seguem, em linhas gerais, as orientações da ANA e o

formato padronizado pelo Sistema Digital de Cobrança (DIGICOB). No entanto, ao

nível de algumas bacias afluentes (Velhas, Pará e Verde Grande), têm vindo a ser

introduzidas ou propostas (aguardando entrada em vigor) diversas inovações,

tipicamente aplicáveis aos corpos d’água de domínio estadual onde se incluem os

mananciais subterrâneos. Para além de uma maior penalização da captação de água

proveniente desses mananciais face às águas superficiais, inclusive de classe 1 ou

especial, esses mecanismos específicos de cobrança procuram, por exemplo,

introduzir uma maior racionalidade econômica no principal uso, a agropecuária (caso

do rio Pará).

Os mecanismos propostos para o rio Pará, cuja aplicação está apenas pendente da

assinatura de um Contrato de Gestão com a AGB Peixe Vivo, mormente a sua maior

complexidade, são especialmente interessantes por preverem a cobrança pelo uso de

água por outros segmentos como são os casos da produção de energia por Pequenas

Centrais Hidrelétricas (PCH) ou a mineração de areia em leito de rios. A atualização

dos Preços Públicos Unitários (PPU) foi também prevista no horizonte de 2017.

Em uma fase menos adiantada em termos de aprovação pelas entidades estaduais e

federais estão os mecanismos recentemente aprovados pelo CBH-Verde Grande

(Deliberação n.º 50/2015, de 5 de maio) que, não deixando de seguir de muito perto o

desenho aplicável aos corpos d’água de domínio da União, incluem a possibilidade de

aplicar um coeficiente específico em situações de restrições de uso determinadas

pelos órgãos gestores em função da escassez hídrica em alguns trechos da bacia.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 173

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

As recomendações ora propostas vão ao encontro de algumas preocupações

manifestadas e concretizadas ao nível destas bacias afluentes do rio São Francisco,

sendo de ponderar a respectiva aplicação mais universal, não apenas ao nível dos

demais mananciais de domínio estadual – uma importante prioridade no sentido de

aumentar os montantes obtidos (atualmente, apenas o Rio das Velhas é alvo dessa

cobrança de nível estadual) – mas também à calha e cursos de água principais,

inseridos no domínio da União. Assim, sugere-se que sejam desenvolvidos estudos ou

medidas específicas no sentido de implementar na bacia principal e afluentes do rio

São Francisco mecanismos de cobrança que incluam, notadamente, os seguintes

pontos:

Diferenciação do coeficiente baseado nas boas práticas (Kt) de acordo

com os sistemas de irrigação;

Diferenciação do coeficiente utilizado para quantificar o volume

consumido pela irrigação (Kcons irrig) de acordo com os sistemas de

irrigação;

Introdução de um coeficiente de aridez (Karidez) que possibilite refletir a

escassez relativa de água em função do nível de aridez do território,

eventualmente complementado com um Kescassez que possibilite lidar

com situações pontuais de restrição de uso;

Atualização dos Preços Públicos Unitários (PPU);

Universalização e alargamento da cobrança a outros domínios

(estaduais), usos e segmentos;

Decomposição da cobrança em duas partes.

Não obstante a pertinência destas iniciativas, é igualmente importante reforçar os

processos de regularização das outorgas e de emissão dos boletos de cobrança. É

que menos de 16% dos usuários com uso significante foram alvo de cobrança em

2014, havendo ainda muito trabalho a realizar no sentido de tornar a cobrança mais

abrangente e universal na bacia do rio São Francisco.

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174 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

C. ENQUADRAMENTO

A avaliação efetuada à implementação do enquadramento dos corpos de água

superficiais da bacia hidrográfica do rio São Francisco permitiu verificar que em parte

significativa da bacia os corpos de água têm qualidade em desacordo com a meta de

enquadramento vigente. Esta porcentagem é especialmente elevada a montante da

divisa estadual MG/BA. A falta de monitoramento dos corpos de água impede em

diversos afluentes do rio São Francisco da região do Semiárido a verificação da

situação face à meta do enquadramento.

Como resultado, verificam-se situações de impossibilidade de atender alguns usos

preponderantes, lesando especialmente os usos mais restritivos da qualidade da água,

notadamente, os usos associados ao abastecimento para consumo humano e às

unidades de conservação de proteção integral.

Quanto às águas subterrâneas, até à data, não existe classificação de corpos d’água

na bacia do rio São Francisco. A informação disponível é ainda pouco representativa,

uma vez que a rede de monitoramento é relativamente recente. Para a grande parte

dos aquíferos da bacia a informação das características físico-químicas ou não existe

ou está desatualizada, ou ainda é restrita a zonas muito específicas dos corpos

d´água.

De acordo com a Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de novembro de 2008 (art. 3º) a

proposta de enquadramento deve considerar as etapas de diagnóstico; prognóstico;

propostas de metas relativas às alternativas de enquadramento e programa para

efetivação. Esta resolução acrescenta que a proposta de enquadramento deve

considerar as águas superficiais e subterrâneas de forma integrada e ser realizada

mediante a ampla participação da comunidade da bacia hidrográfica.

Com base na situação de implementação do enquadramento apresentam-se no

presente documento diretrizes para a atualização do enquadramento dos corpos de

água da bacia, com enfoque no fortalecimento da coleta de informação para a etapa

de diagnóstico – em particular, diretrizes com vista à identificação dos usos e

interferências (incluindo fontes de poluição); à identificação da qualidade das águas

superficiais nos trechos sem monitoramento; identificação para as águas superficiais

de bacias prioritárias para atualização do enquadramento no curto prazo (rio

Paraopeba; rio das Velhas, rio Paracatu; rio Verde Grande; rio Carinhanha e rio

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 175

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Grande); à melhoria da rede de monitoramento das águas subterrâneas; à

identificação dos estudos hidrogeológicos prioritários para subsidiar o processo de

enquadramento –, e na metodologia para obtenção de valores de referência de

qualidade das águas subterrâneas, para melhor subsídio das alternativas de

enquadramento.

D. SISTEMA DE INFORMAÇÕES

A atualização do plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco

(PRH-SF) é suportada também pela consideração de diversas temáticas ambientais,

sociais e econômicas passíveis de representação em dados georreferenciados. Diante

desse grande número de informações coletadas e produzidas para o PRH-SF, foi

desenvolvido um Sistema de Informação Geográfica (SIG), para manipulá-las de forma

integrada, de modo a estabelecer operações de análise de suas relações espaciais.

A partir do SIG, materializado em um Banco de Dados e Informações

Georreferenciadas sobre Recursos Hídricos (BDIGRH), será concebido,

posteriormente à atualização do PRH-SF, o Sistema de Informações sobre Recursos

Hídricos (SIRH), como instrumento de apoio a gestão da bacia hidrográfica do rio São

Francisco.

Assim, partindo (i) dos principais recursos legais e normativos a serem observados

no desenvolvimento do SIG/BDIGRH e do futuro SIRH da BHSF, (ii) dos Sistemas de

Informações de Recursos Hídricos na Bacia do Rio São Francisco (SNIRH e SIRH

estaduais), (iii) de informação sobre a coleta, análise e uso de dados e

informações georreferenciadas sobre recursos hídricos no PRH-SF e (iv) do

esquema de organização proposto para o SIG e BDIGRH do PRH-SF (cuja versão

final, contendo a arquitetura e os módulos temáticos que o compõem, será

apresentada na etapa de consolidação final da atualização do PRH-SF), foi proposto

um conjunto de diretrizes para o SIRH (cuja concepção será objeto de contratação

futura), de que se destaca:

O SIRH deverá consistir em uma plataforma de informações

georreferenciadas, passível de ser continuamente atualizada com a

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176 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

entrada de novos dados e possibilitando o suporte às atividades de

planejamento e gestão da bacia, bem como servir a outras instituições e

finalidades e ser colocada à disposição do público geral pela internet;

O SIRH deverá integrar o BDIGRH – repositório dos dados e

informações georreferenciados relevantes para o PRH-SF, desenvolvido

de tal forma que possa ser instalado nos equipamentos do CBHSF/

AGB Peixe Vivo e a ser entregue junto com os relatórios finais do plano;

O seu desenvolvimento deverá ser articulado com a Metodologia de

Desenvolvimento de Sistemas da ANA (MDSA), permitindo a sua

integração facilitada no SNIRH;

Deverá ser promovida articulação com:

- Os órgãos a nível estadual, regional e nacional, no sentido de uma

integração atualizada dos dados, já que grande parte destes órgãos possui

seus Sistemas de Informações (Geográficas) sobre Recursos Hídricos,

mesmo que alguns em desenvolvimento; para tanto, recomenda-se um

estudo que avalie a atual situação destes sistemas e os esforços a serem

feitos para a integração; refere-se ainda que a ampla adoção do CNARH

como base cadastral única para usuários representa um importante passo

rumo a essa integração;

- Os restantes atores da matriz institucional (incluindo a ANA, órgãos

gestores estaduais, Comitês e Agências de bacia), para uso e alimentação

de seus dados no SIRH da bacia, por exemplo, através de

credenciamentos para alimentação direta de informações pelos

participantes da rede de alimentação de informações ou atualização

periódica de dados partilhados pelos produtores de informações;

O SIRH deverá também conter funcionalidades de:

- Acompanhamento e fiscalização independente dos Sistemas Estaduais e

Federal de Informações;

- Monitoramento e avaliação de resultados das ações do PRH-SF;

Será necessário definir necessidades de pessoal qualificado,

equipamento (hardware e software) e dados atualizados, por sub-bacia,

para os quais foram definidos requisitos mínimos, bem como uma

periodicidade para atividades de ampliação e atualização do SIRH, no

máximo a cada período decenal, durante as etapas de revisão do PRH-

SF.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 177

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

Propõe-se ainda uma estrutura de modelo conceitual da solução para o

estabelecimento de uma plataforma para o SIRH da BHSF. Não obstante, recomenda-

se que, previamente ao desenvolvimento de um SIRH específico para a bacia do rio

São Francisco, seja desenvolvido um protocolo comum de troca de informações entre

os diversos órgãos gestores e atores que atuam na bacia, bem como avaliada a

possibilidade de utilização dos sistemas já desenvolvidos pela ANA ou pelos órgãos

gestores estaduais.

E. ARRANJO INSTITUCIONAL E MODELO DE GESTÃO

A gestão da bacia hidrográfica do rio São Francisco é complexificada desde logo pela

incompatibilidade entre os limites hidrográficos e os limites administrativos, e pela

multiplicidade de entidades com responsabilidades sobre os recursos hídricos da bacia

(cf. Seção 7.2 – Mapeamento institucional). Acrescem ainda as especificidades

legislativas decorrentes da abrangência de sete unidades federativas, com

características territoriais e institucionais distintas, repercutidas nos respectivos

Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Sob tal contexto amplo e complexo da BHSF, o presente documento apresenta

diferentes leituras territoriais estratégicas, relevando a necessidade de se considerar,

no modelo a ser implementado, as diferentes realidades dos recursos hídricos nas

diversas regiões da bacia. Sublinha ainda o Princípio da Subsidiariedade, mediante

o qual a gestão de recursos hídricos deve ser mais descentralizada e participativa,

com o equacionamento sendo mais próximo às áreas-problemas identificadas.

Uma perspectiva importante é buscar uma descentralização da gestão, ou seja, com

instâncias coletivas mais próximas aos atores estratégicos, portanto, com

fortalecimento dos comitês de bacias de afluentes, como também de suas respectivas

agências executivas.

A gestão de recursos hídricos ocupa posição variada na agenda política dos Estados e

nas ações da União, determinando os recursos alocados aos órgãos gestores de

recursos hídricos, e consequentemente, à implementação do sistema de gestão.

Verifica-se também que o estágio de amadurecimento dos aparelhos político-

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178 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

administrativos e de implementação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos é

distinto entre Estados e entre municípios.

Mais propriamente quanto aos municípios, cumpre sublinhar a importância de sua

maior participação na gestão de recursos hídricos, notadamente, em decorrência de

que o uso e a ocupação do solo são de sua responsabilidade, com fortes intervenções

sobre as águas, tanto superficiais quando subterrâneas. Ademais, para que haja mais

presença dos municípios na gestão da BHSF, volta-se a registrar a necessidade de

uma gestão mais descentralizada, ou seja, com fortalecimento de instâncias coletivas

mais locais.

Apesar de os Planos Estaduais aprovados nos últimos cinco anos fazerem já

transparecer a preocupação com o fortalecimento institucional e a melhoria do

desempenho das políticas de recursos hídricos, o entendimento interestadual, com a

união e com os principais usuários em um conjunto de matérias chave implica o

envolvimento a um nível ainda não atingido na bacia. O Convênio de Gestão Integrada

entre a União e os Estados, previsto no PRH-SF 2004-2013, não chegou a ser

realizado, bem como várias medidas previstas no referido plano, que continuam ainda

a mostrar-se necessárias.

Pretende-se assim com a atualização do PRH-SF estabelecer as prioridades de

atuação futura e encontrar soluções aceitáveis para os atores envolvidos na gestão

dos recursos hídricos da bacia, passando depois à implementação de medidas.

De entre os compromissos já estabelecidos, destacam-se pelos potenciais efeitos na

bacia, o Pacto Nacional pela Gestão das Águas e a Carta de Petrolina (2011). Esta

última estabelece um conjunto de metas ambiciosas até 2020 e 2030, ao nível do

abastecimento de água, saneamento ambiental e proteção de mananciais. O presente

plano pretende atualizar os compromissos então estabelecidos, considerando também

as metas do Plano Nacional de Saneamento Básico (SNSA, 2013) para a região

hidrográfica do São Francisco, e especificando as metas relativas à proteção e

conservação de mananciais.

Face aos desafios que a bacia enfrenta, quer em termos de quantidade quer de

qualidade, e face à degradação ambiental, entende-se necessário estabelecer um

Pacto das águas entre a União, os Estados e o CBHSF, com vista à construção de

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 179

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

um entendimento sobre o sistema multiusos de partilha das águas (alocação de água

por sub-bacia e vazões de entrega na calha principal; regras de gestão dos principais

reservatórios; priorização de usos) e ao estabelecimento de compromissos de

aprimoramento dos principais instrumentos de gestão de recursos hídricos, melhoria

do conhecimento e controle da qualidade e quantidade das águas e revitalização da

bacia.

Face à complexa matriz institucional e aos conflitos e interesses instalados, o papel do

CBHSF (e da AGB Peixe Vivo, no presente, sendo a sua agência executiva) é

fundamental no cimentar dos compromissos e no envolvimento das entidades, na

promoção da participação pública, na implementação do Plano de Bacia, e no fomento

da implementação dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos, pelo que o

presente documento apresenta, entre outras, recomendações para o seu

fortalecimento.

F. SEMIÁRIDO

Cabe ainda uma referência, em particular, para a região do Semiárido, que ocupa 54%

da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (toda a região fisiográfica do Submédio e

uma parte considerável do Baixo São Francisco, assim como mais de metade do

Médio e quase um quarto do Alto São Francisco).

Um dos grandes objetivos do PRH-SF 2016-2025 é melhorar a qualidade de vida

nesta região, o que passará por apostar: na proteção e recuperação de áreas de

vegetação natural do semiárido, em particular da caatinga; no reuso, coleta e manejo

de água; numa nova matriz energética menos dependente da madeira; na educação

escolar e formação para convivência com o semiárido; no planejamento e preparação

da região para as mudanças climáticas e na promoção da governança e da articulação

institucional para que as medidas para o semiárido sejam consideradas nas políticas

federais e estatais.

De modo a atender às especificidades do semiárido, apresenta-se no Relatório RP6 –

Plano de Metas, Ações Prioritárias e Investimentos, um Eixo de atuação concentrado

na região semiárida. Neste eixo são definidas atividades que pelas suas

particularidades se adaptam às especificidades no semiárido, complementando, deste

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180 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão

modo, as atividades dos restantes cinco eixos de atuação que dizem respeito a toda a

Bacia Hidrográfica do São Francisco, e que, portanto, abrangem também essa região.

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PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO

SÃO FRANCISCO

Foto original: João Zinclar