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PLANO DE RECURSOS HíDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO 2016-2025 ATUALIZAÇÃO 2016 - 2025 PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO Foto original: Mariela Guimarães RP5 - ARRANJO INSTITUCIONAL PARA A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E DIRETRIZES E CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS Volume 2 - Relatório - 2ª parte agosto 2016

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PLANO DE RECURSOS HíDRICOSDA BACIA HIDROGRÁFICA

DO RIO SÃO FRANCISCO2016-2025

ATUALIZAÇÃO2016 - 2025

PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO

SÃO FRANCISCO

Foto original: Mariela Guimarães

RP5 - ARRANJO INSTITUCIONAL PARA AGESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E DIRETRIZES E

CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOSDE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Volume 2 - Relatório - 2ª parteagosto 2016

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PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO

RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recurs os Hídricos e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrum entos de

Gestão dos Recursos Hídricos

Volume 1 – Relatório – 1ª parte

Volume 2 – Relatório – 2ª parte

Volume 3 – Relatório – 3ª parte

Volume 4 – Mapas

Volume 5 – Apêndices

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: i Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Registro de Controle de Documentos Document Control Record

Cliente Client Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe

Vivo

Projeto Project Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

Documento Document

RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos e Diretrizes e

Critérios para Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos

Volume 2 – Relatório – 2ª parte

Aprovação do Autor Author’s Approval

Supervisionado por Supervised by Pedro Bettencourt Correia Revisão Revision 2

Aprovado por Approved by Pedro Bettencourt Correia Data Date 08.08.2016

Aprovação do Cliente Client’s Approval

Data Date

____ / ____ / _________

Assinatura Signature

Revisão Data Descrição Breve Autor Supervisão Aprovação

Revision Date Short Description Author Supervision Approval

0 19.01.2016 RP5; Volume 1 NEMUS

1 31.05.2016 RP5; Volume 2 NEMUS

2 08.08.2016 RP5; Volume 2 NEMUS

Elaborado por Prepared by

NEMUS, Gestão e Requalificação Ambiental, Lda.

HQ: Campus do Lumiar – Estrada do Paço do Lumiar,

Edifício D – 1649-038 Lisboa, Portugal

T: +351 217 103 160 • F: +351 217 103 169

www.nemus.pt

Brasil: Rua Rio Grande do Sul, nº 332, Salas 701 a 705,

Edifício Torre Ilha da Madeira, Pituba, CEP 41.830-140, Salvador – Bahia,

T : 55 (71) 3357 3979 • F: +55 (21) 2158 1115

[email protected]

[email protected]

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ii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

Página deixada intencionalmente em branco.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: iii Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO

RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recurs os Hídricos e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrum entos de

Gestão dos Recursos Hídricos

Volume 2 – Relatório – 2ª parte

SUMÁRIO

5. Enquadramento dos Corpos d´Água 1

5.1. Introdução 1

5.2. Aspectos legais e normativos a observar 4

5.3. Proposta metodológica para o enquadramento das águas superficiais 7

5.3.1. Aspectos conceptuais da classificação das águas superficiais 7

5.3.2. Balanço do estado atual do conhecimento e gestão das águas superficiais12

5.3.3. Diretrizes para o enquadramento 49

5.4. Proposta metodológica para o enquadramento das águas subterrâneas 89

5.4.1. Aspectos conceptuais da classificação das águas subterrâneas 89

5.4.2. Balanço do estado atual do conhecimento das águas subterrâneas 90

5.4.3. Diretrizes para o enquadramento 91

6. Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos 115

6.1. Introdução 115

6.2. Aspectos legais e normativos a observar 118

6.3. Os Sistemas de Informações de Recursos Hídricos na Bacia do Rio São Francisco 121

6.3.1. Agência Nacional de Águas – Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos 121

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iv Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

6.3.2. Instituto Mineiro de Gestão das Águas – Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos (MG) 124

6.3.3. Secretaria do Meio Ambiente – Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos Hídricos (BA) 125

6.3.4. Agência Pernambucana de Águas e Clima – Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (PE) 126

6.3.5. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (AL) 127

6.3.6. Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos – Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (GO) 128

6.3.7. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SE) 129

6.3.8. Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (DF) 129

6.4. Coleta, análise e uso de dados e informações georreferenciadas sobre recursos hídricos no PRH-SF 131

6.5. Esquema de organização do SIG e BDIGRH do PRH-SF 132

6.5.1. Integração 132

6.5.2. Documentação 134

6.5.3. Representação 135

6.6. Diretrizes 136

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: v Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Classe de qualidade da meta final do enquadramento vigente para principais corpos de água superficiais da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 27 do Volume 4, reduzido). 13

Figura 2 – Classe de qualidade da meta final do enquadramento proposto pelo PRH-SF 2004-2013 para principais corpos de água superficiais da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 28 do Volume 4, reduzido). 14

Figura 3 – Classe de qualidade da meta final do enquadramento proposto a nível estadual após 2004 para principais corpos de água superficiais da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 29 do Volume 4, reduzido). 25

Figura 4 – Pressões sobre a qualidade das águas superficiais com origem no setor do saneamento (esgotamento sanitário e resíduos sólidos) na bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 30 do Volume 4, reduzido). 29

Figura 5 – Pressões sobre a qualidade das águas superficiais com origem no setor agropecuário na bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 31 do Volume 4, reduzido). 30

Figura 6 – Pressões sobre a qualidade das águas superficiais com origem no setor industrial e minerário na bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 32 do Volume 4, reduzido). 31

Figura 7 – Acordo da qualidade das águas superficiais com a meta final do enquadramento vigente nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 33 do Volume 4, reduzido). 32

Figura 8 – Acordo da qualidade das águas superficiais com a meta final do enquadramento proposto pelo PRH-SF 2004-2013 nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 34 do Volume 4, reduzido). 41

Figura 9 – Condição de qualidade das águas superficiais nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 35 do Volume 4, reduzido). 42

Figura 10 – Usos das águas superficiais nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 36 do Volume 4, reduzido). 43

Figura 11 – Principais etapas do processo de enquadramento de corpos de água. 51

Figura 12 – Esquema de Atribuições para o enquadramento de acordo com a Resolução CNRH nº 91/2008. 85

Figura 13 – Fases do processo de enquadramento. 91

Figura 14 – Esquema conceitual para a elaboração de cenários. 107

Figura 15 – Aspectos a considerar na proposta do Programa de Medidas. 110

Figura 16 – Estruturação de informações sobre recursos hídricos. 116

Figura 17 – Esquema da estrutura do SNIRH. 124

Figura 18 – Proposta de modelo conceitual da solução para o estabelecimento de uma plataforma para o SIRH da BHSF e sua integração com o SNIRH. 137

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vi Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação de águas doces (salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰) segundo os usos preponderantes. 7

Quadro 2 – Classificação de águas salobras (salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰) segundo os usos preponderantes. 9

Quadro 3 – Ações para alcance das metas do enquadramento propostas no PRH-SF 2004-2013. 15

Quadro 4 – Ações para alcance das metas do enquadramento propostas em planos de recursos hídricos de bacias afluentes após 2004. 26

Quadro 5 – Fontes de poluição, principais parâmetros em desacordo com a meta final do enquadramento vigente e ações necessárias para a melhoria da qualidade das águas. 33

Quadro 6 – Regime, usos preponderantes e situações de não atendimento pela condição das águas por principais cursos de água da bacia. 44

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: vii Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

LISTA DE NOMENCLATURAS E SIGLAS

AAF Autorização Ambiental de Funcionamento

ABAS Associação Brasileira de Águas Subterrâneas

ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitarista e Ambiental

ABRH Associação Brasileira de Recursos Hídricos

ADASA Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do

Distrito Federal

ADEMA Administração Estadual do Meio Ambiente

AGB Peixe

Vivo

Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas

Peixe Vivo

AGERSA Agência Reguladora de Saneamento Básico do estado da Bahia

AGR Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços

Públicos

AHSFRA Administração da Hidrovia do São Francisco

AIBA Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia

AMMESF Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco

AMM-MG Associação Mineira de Municípios

ANA Agência Nacional de Águas

ANAI Associação Nacional de Ação Indigenista

ANAMMA Associação Nacional dos Órgãos Municipais de Meio Ambiente

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários

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viii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

APA Área de Proteção Ambiental

APAC Agência Pernambucana de Águas e Clima

APP Áreas de Preservação Permanente

ARPE Agência de Regulação de Pernambuco

ARSAE-MG Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e

Esgotamento Sanitário de Minas Gerais

ARSAL Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas

ART Anotações de Responsabilidade Técnica

ASPAFF

(Jacobina)

Associação de Ação Social e Preservação das Águas, Fauna e Flora

da Chapada Norte

ASSEMAE Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento

Assobege Associação dos Empreendedores de Mármore Bege de Ourolândia

BDIGRH Banco de Dados e Informações Georreferenciadas sobre Recursos

Hídricos

BHSF Bacia Hidrográfica do rio São Francisco

CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal

CASAL Companhia de Saneamento de Alagoas

CBH Comitê de Bacia Hidrográfica

CBHSF Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

CCR Câmaras Consultivas Regionais

CDBO Concentração média de DBO5,20 anual lançada

CEAL Companhia Energética de Alagoas

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: ix Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

CEB Companhia Energética de Brasília

CEEP Águas Centro Estadual de Educação Profissional Águas

CEHOP Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas

CELG Companhia Energética de Goiás

CELPE Companhia Energética de Pernambuco

CEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente

CEMADEN Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais

CEMAm Conselho Estadual do Meio Ambiente

CEMG Comitê Especializado na Estruturação de Metadados Geoespaciais

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

CENAD Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres

CEPED/UFSC Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

CEPRAM Conselho Estadual do Meio Ambiente / Conselho Estadual de

Proteção Ambiental

CERAQUA –

SF

Centro de Referência em Aquicultura e Recursos Pesqueiros do São

Francisco

CERB Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos

CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CERTOH Certificado de Sustentabilidade da Obra Hídrica

CETEM Centro de Tecnologia Mineral

CETEP Centro Territorial de Educação Profissional

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x Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

CIEB Centro das Indústrias do Estado da Bahia

CINDE Comitê de Planejamento da Infraestrutura Nacional de Dados

Espaciais

CIRPA Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura

CMND Comitê Especializado da Mapoteca Nacional Digital

CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

CNARH Cadastro Nacional dos Usuários de Recursos Hídricos

CNI Confederação Nacional da Indústria

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CODBO Carga anual de DBO5,20 efetivamente lançada

CODEMIG Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais

CODEP Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável do Piemonte da

Diamantina

CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e

Parnaíba

CODISE Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe

COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia

COGEF Conselho Gestor do Fundo de Defesa do Meio Ambiente

COHIDRO Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação

de Sergipe

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xi Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

COMBASF Consórcio de Saneamento Básico do Baixo São Francisco

Sergipiano

COMLAGO Consórcio dos municípios do Lago de Três Marias

COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento

CONAM Conselho do Meio Ambiente do Distrito Federal

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONCAR Comissão Nacional de Cartografia

CONERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CONSEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco

CONSU Conselhos Gestores

CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

COOPETUR Cooperativa para o Turismo de Sobradinho

COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental

COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais

CPRH Agência Estadual de Meio Ambiente

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco

CRJ Consórcio Rio Jequitaí

CT Câmaras Técnicas do CBHSF

CUBAPE Central Única dos Bairros de Petrolina

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xii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

DAURH Declaração de Uso de Recursos Hídricos

DBO5,20 Demanda Bioquímica de Oxigênio durante um período de 5 dias em

uma temperatura de incubação de 20º C

DDHS Declaração de Disponibilidade Hídrica Subterrânea

DESO Companhia de Saneamento de Sergipe

DIGICOB Sistema Digital de Cobrança da ANA

DIREC Diretoria Colegiada do CBHSF

DIREX Diretoria Executiva do CBHSF

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

DRDH Declarações de Reserva de Disponibilidade Hídrica

EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola

EFA Escola Família Agrícola

EH Energia anual de origem hidráulica

EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EMDAGRO Empresa de Desenvolvimento Agropecuário

EMPETUR Empresa de Turismo de Pernambuco

EMUTUR Empresa Municipal de Turismo de Pirapora

EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xiii Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

EPE Empresa de Pesquisa Energética

FACAPE Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina

FAEMG Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais

FCE Formulário Integrado de Caracterização do Empreendimento

FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente

FECITUR Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais

FEHEPE Fundo de Eficiência Hídrica e Energética Pernambuco

FEHIDRO Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável

das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais

FEPAMG Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado de Minas

Gerais

FEPEAL Federação dos Pescadores do Estado de Alagoas

FEPESBA Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado da Bahia

FEPESE Federação de Pescadores de Sergipe

FIBRA Federação das Indústrias do Distrito Federal

FIEA Federação das Indústrias do Estado de Alagoas

FIEB Federação das Indústrias do Estado da Bahia

FIEG Federação das Indústrias do Estado de Goiás

FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

FIEPE Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco

FIES Federação das Indústrias do Estado de Sergipe

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xiv Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

FMI Fundo Monetário Internacional

FOB Formulário de Orientação Básica Integrado

FUNAI Fundação Nacional do Índio

FUNDIFRAN Fundação de Desenvolvimento Integrado do São Francisco

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBPEX Instituto Brasileiro de Pós-graduação e extensão

IBRAM

Instituto Brasileiro de Mineração / Instituto Brasília Ambiental

(Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito

Federal)

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IEF Instituto Estadual de Floresta

IFAL Instituto Federal de Alagoas

IFBA Instituto Federal da Bahia

IFS Instituto Federal de Sergipe

IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas

IMA Instituto do Meio Ambiente de Alagoas / Instituto Mineiro de

Agropecuária

INB Indústrias Nucleares do Brasil

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INDE Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais

INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xv Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

INSA Instituto Nacional do Semiárido

IPA Instituto Agronômico Pernambuco

IPC Índice de Preços no Consumidor

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IRPAA Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

ITEP Instituto de Tecnologia de Pernambuco

ITERAL Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas

ITPS Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe

Kcap Coeficiente que considera objetivos específicos a serem atingidos

mediante a cobrança pela captação de água = Kcap classe × Kt

Kcap classe Coeficiente que leva em conta a classe de enquadramento do corpo

d’água no qual se faz a captação

Kcons irrig Coeficiente que visa quantificar o volume de água consumido pelo

uso específico da irrigação

Kgestão

Coeficiente que leva em conta o efetivo retorno à bacia do rio São

Francisco dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da

água nos rios de domínio da União

Klanç Coeficiente que leva em conta objetivos específicos a serem

atingidos mediante a cobrança pelo lançamento de carga orgânica

Kprioridade Coeficiente que leva em conta a prioridade de uso estabelecida no

Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio São Francisco

Kt Coeficiente de abatimento que leva em conta as boas práticas de

uso e conservação da água

LI Licença de Instalação

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xvi Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

LO Licença de Operação

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MC Ministério das Cidades

MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MG MINASLIGAS

MGB Metadados Geográficos do Brasil

MI Ministério da Integração Nacional

MMA Ministério do Meio Ambiente

MME/SEE Ministério de Minas e Energia/ Secretaria de Energia Elétrica

MPA Ministério da Pesca e Aquicultura / Movimento dos Pequenos

Agricultores

MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

MS/FUNASA Ministério da Saúde/ Fundação Nacional de Saúde

MST Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra

MT/DNIT Ministério dos Transportes/Departamento Nacional de

Infraestruturas de Transportes

OD Oxigênio Dissolvido

ODS Organização de Desenvolvimento Sustentável

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xvii Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

PAP Plano Plurianual

PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas

PDDUA Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental

PDOT Plano Diretor de Ordenamento Territorial

PDRH Plano de Recursos Hídricos

PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos

PGIRH Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do Distrito

Federal

PISF Programa de Integração do rio São Francisco com as Bacias

Hidrográficas do Nordeste Setentrional

PLD Plano Diretor de Água e Esgotos do Distrito Federal

PMA Polícia Militar Ambiental Brasil

PNGA Pacto Nacional pela Gestão das Águas

PNQA Programa Nacional de Avaliação da Qualidade da Água

PPU Preço Público Unitário

PPUcap Preço Público Unitário para captação superficial

PPUcons Preço Público Unitário para consumo de água

PPUDBO Preço Público Unitário para diluição de carga orgânica

PRODES Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas

PROGESTÃO Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das

Águas

Qareia Volume anual de areia produzido

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xviii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

Qcap Volume anual de água captado

Qcons Volume anual de água consumido

Qlanç Volume anual de água lançado

Qmmm Vazão mínima média mensal

R Razão de mistura da polpa dragada (relação entre o volume médio

de água e o volume médio de areia na mistura da polpa dragada)

RPPN Reservas Particulares do Patrimônio Natural

RURALMINAS Fundação Rural Mineira

SAAE Serviço Autônomo de Água e Esgoto

SAGRI Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário

SANEAGO Saneamento de Goiás

SARA Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária

SDE/SDEC Secretaria de Desenvolvimento Econômico

SDR Secretaria de Desenvolvimento Rural

SEAGRI Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura /

Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural

SEAPA Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SECIMA Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura,

Cidades e Assuntos Metropolitanos

SECTEC Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação

SED Secretaria de Desenvolvimento

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xix Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

SEDA Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário

SEDEC Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil

SEDETEC Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência e

Tecnologia

SEDETUR Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo

SEDINOR Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e

Nordeste de Minas Gerais

SEDRU Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política

Urbana

SEDS Secretaria de Estado de Economia e Desenvolvimento Sustentável

SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano

SEGPLAN Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento

SEGREH Sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos

SEIA Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos

Hídricos

SEINFRA Secretaria de Estado de Infraestrutura e de Desenvolvimento

Urbano

SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente

SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável

SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos

SEMAS Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

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xx Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SENAT Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

SENIR Secretaria Nacional de Irrigação

SEPLAG Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão

SES Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

SESI Serviço Social de Indústria

SEST Serviço Social do Transporte

SETOP Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas

SETUR Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais

SFA Região fisiográfica do Alto São Francisco

SFB Região fisiográfica do Baixo São Francisco

SFM Região fisiográfica do Médio São Francisco

SFSM Região fisiográfica do Submédio São Francisco

SFT Total da bacia do rio São Francisco

SIAM Sistema Integrado de Informação Ambiental

SIAMIG Associação das indústrias sucroenergéticas de Minas Gerais

SIG Sistema de Informação Geográfica

SIH Secretaria de Infraestrutura Hídrica

SIHS Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento

SINERGIA Sindicato dos eletricitários da Bahia

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xxi Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

SINESP Secretaria de Estado de Infraestrutura e Serviços Públicos

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente

SLU Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal

SNIRH Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos

SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

SRE Superintendência de Regulação

SRH Secretaria Executiva de Recursos Hídricos

SRHU Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano

STD Sólidos Totais Dissolvidos

SUPRAM Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável

TAR Tarifa Atualizada de Referência, definida pela ANEEL

TVR Trecho de Vazão Reduzida

UAVS União das Associações do Vale do Salitre

UFAL Universidade Federal de Alagoas

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFOP Universidade Federal de Ouro Preto

UNEAL Universidade Estadual de Alagoas

UNEB Universidade do Estado da Bahia

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xxii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:

Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão

UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros

UNIPAC Universidade Presidente Antônio Carlos

UNIPAM Centro Universitário de Patos de Minas

UNIT Universidade Tiradentes

UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco

UPE Universidade de Pernambuco

UPGRH Unidades de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos

Valoralocação

externa Pagamento anual pela alocação externa de água

Valorcap Valor anual da cobrança pela captação de água

Valorcons Valor anual da cobrança pelo consumo de água

ValorDBO Valor anual da cobrança pelo lançamento de carga orgânica

ValorPCH Valor anual da cobrança pela geração de energia elétrica por PCH

Valortotal Valor total anual da cobrança pelo uso de água para uso interno

ZAE Zoneamento Agroecológico

ZEE Zoneamento Ecológico – Econômico

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 1 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

5. ENQUADRAMENTO DOS CORPOS D´ÁGUA

5.1. Introdução

A Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos

Hídricos, estabelece (capítulo IV) como seu instrumento o enquadramento dos corpos

de água em classes, estabelecidas pela legislação ambiental, segundo os usos

preponderantes da água. Este enquadramento visa (seção II):

• Assegurar às águas a qualidade compatível com os usos mais exigentes a

que forem destinadas;

• Diminuir os custos de combate à poluição das águas, através de ações

preventivas permanentes.

Na bacia hidrográfica do rio São Francisco, o enquadramento dos corpos de água em

classes, de acordo com os usos preponderantes, é considerado instrumento das

políticas de recursos hídricos, notadamente através de:

• Art. 9º da Lei n.º 13.199, de 29 de janeiro de 1999, que dispõe sobre a

Política Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais;

• Art. 5º da Lei n.º 11.612, de 8 de outubro de 2009, que dispõe sobre a

Política Estadual de Recursos Hídricos da Bahia;

• Art. 5º da Lei n.º 12.984, de 30 de dezembro de 2005, que dispõe sobre a

Política Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco;

• Art. 9º da Lei n.º 5.965, de 10 de novembro de 1997, que dispõe sobre a

Política Estadual de Recursos Hídricos de Alagoas;

• Art. 5º da Lei n.º 3.870, de 25 de setembro de 1997, que dispõe sobre a

Política Estadual de Recursos Hídricos do Sergipe, alterada por Lei n.º

4.600, de 2002;

• Como parte integrante dos planos de bacias hidrográficas, através do Art.

18º e 20º da Lei n.º 13.123, de 16 de julho de 1997, que dispõe sobre a

Política Estadual de Recursos Hídricos de Goiás;

• Art. 6º da Lei Distrital n.º 2.725, de 2001, que dispõe sobre a Política de

Recursos Hídricos do Distrito Federal.

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2 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

O enquadramento dos recursos hídricos é regulado pelos seguintes diplomas:

• Resolução CONAMA nº 396/2008 de 3 de abril;

• Resolução CNRH n.º 91/2008, de 5 de novembro;

• Resolução CONAMA n.º 357/2005, de 17 de março, alterada pela

Resolução CONAMA n.º 430/2011, de 13 de maio;

• Resolução CNRH n.º 141, de 10 de julho de 2012.

A Resolução CONAMA nº 396/2008 de 3 de abril estabelece a classificação e as

diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas.

A Resolução n.º 91/2008, de 5 de novembro, dispõe sobre procedimentos gerais para

o enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos, estabelecendo (art.

2º) que o enquadramento se dá pelo estabelecimento de classes de qualidade de

água, tendo como referências básicas a bacia hidrográfica como unidade de gestão e

os usos preponderantes mais restritivos.

Este enquadramento corresponde ao estabelecimento de objetivos de qualidade a

serem alcançados, através de metas progressivas intermediárias e final da qualidade

de água.

A Resolução CONAMA n.º 357/2005, de 17 de março, define (art. 4º) as classes de

qualidade de águas em função dos usos preponderantes em cada corpo de água

doce, salobra ou salina.

O enquadramento dos corpos de água vigente para o território da bacia hidrográfica do

rio São Francisco, abrangendo apenas águas superficiais, é definido pelo seguinte:

• Rio Piauí (Alagoas): Decreto 3.766/1978;

• Rios São Francisco, Paracatu, Preto, Urucuia, Verde Grande, Verde

Pequeno, Carinhanha, Moxotó, Ipanema e Traipu: Portaria IBAMA

715/1989;

• Principais corpos d’água da sub-bacia do rio Paraopeba (Minas Gerais):

DN COPAM 14/1995 (Minas Gerais);

• Principais corpos d’água da sub-bacia do rio das Velhas (Minas Gerais):

DN COPAM 20/1997 (Minas Gerais);

• Principais corpos d’água da sub-bacia do rio Pará (Minas Gerais): DN

COPAM 28/1998 (Minas Gerais);

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 3 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Para os restantes corpos d’água doce, considera-se o disposto no artigo

42º da Resolução CONAMA n.º 357/2005, sendo enquadrados em classe

2.

Junto com o PRH-SF 2004-2013 foi elaborada uma proposta de reenquadramento dos

corpos de água superficial da bacia hidrográfica. De acordo com a Deliberação

CBHSF n.º 12, de 30 de julho de 2004, esta proposta não veio a ser selecionada para

aprovação, devido às informações disponíveis respeitando usos preponderantes e

qualidade da água serem poucas e esparsas quanto aos rios intermitentes da bacia,

não permitindo um bom subsídio da proposta de enquadramento.

Até à data, não existe nenhuma classificação de corpos d’água subterrânea na bacia

do rio S. Francisco.

COSTA (2009) refere, entre outros aspectos, a ausência de metodologia, a falta de

capacidade técnica, de recursos, de coordenação e de ações de gestão, como alguns

dos principais problemas para a realização do enquadramento, segundo os órgãos de

gestão estadual. ANA (2009) também salienta o desconhecimento sobre este

instrumento, as dificuldades metodológicas para a sua aplicação e a prioridade de

aplicação de outros instrumentos de gestão, em detrimento dos instrumentos de

planejamento.

Na seção 5.2 apresentam-se os aspectos legais e normativos a observar quando se

analisa e implementa o enquadramento de corpos de água.

Segue-se na seção 5.3 a proposta metodológica para o enquadramento das águas

superficiais, que inclui o balanço do estado atual do conhecimento e da gestão da

qualidade das águas superficiais e as diretrizes para o seu enquadramento.

Finalmente, na seção 5.4 apresenta-se a proposta metodológica para o

enquadramento das águas superficiais, que inclui o balanço do estado atual do

conhecimento da qualidade das águas subterrâneas e as diretrizes para o seu

enquadramento.

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4 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

5.2. Aspectos legais e normativos a observar

Na atualização do enquadramento deverão ser observados diversos documentos

legais e normativos, notadamente os referentes a:

• Política de Recursos Hídricos e seus instrumentos (incluindo o

enquadramento dos corpos de água em classes e os Planos de Recursos

Hídricos):

o Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997: Política Nacional de Recursos

Hídricos;

o Lei n.º 13.199, de 29 de janeiro de 1999 (Minas Gerais): Política

Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais, regulamentada por

Decreto n.º 41.578/2001;

o Lei n.º 11.612, de 8 de outubro de 2009 (Bahia): Política Estadual de

Recursos Hídricos da Bahia, alterada pelas Leis n.º 12.035/10,

12.212/11 e 12.377/11;

o Lei n.º 12.984, de 30 de dezembro de 2005 (Pernambuco): Política

Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco;

o Lei n.º 5.965, de 1997 (Alagoas): Política Estadual de Recursos

Hídricos de Alagoas;

o Lei n.º 3.870, de 25 de setembro de 1997 (Sergipe): Política Estadual

de Recursos Hídricos do Sergipe, alterada por Lei n.º 4.600, de 2002;

o Lei n.º 13.123, de 16 de julho de 1997 (Goiás): Política Estadual de

Recursos Hídricos de Goiás;

o Lei Distrital n.º 2.725, de 2001 (Distrito Federal): Política de Recursos

Hídricos do Distrito Federal;

• Classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu

enquadramento:

o Resolução CONAMA n.º 357/2005, de 17 de março, alterada pela

Resolução CONAMA n.º 430/2011, de 13 de maio: Geral;

o Resolução CNRH n.º 141, de 10 de julho de 2012: rios intermitentes

e efêmeros;

o Deliberação Normativa Conjunta COPAM / CERH-MG n.º 01/2008:

Minas Gerais;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 5 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

o Resolução CONERH n.º 81/2011, de 25/08: enquadramento

transitório de corpos de água considerando a outorga de lançamento

de esgotos domésticos e outros efluentes líquidos na Bahia;

• Classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas

subterrâneas: Resolução CONAMA n.º 396, de 7 de abril de 2008;

• Procedimentos gerais para o enquadramento dos corpos de água

superficiais e subterrâneos: Resolução CNRH n.º 91, de 5 de novembro de

2008;

• Enquadramento vigente para os corpos de água superficiais:

o Decreto n.º 3.766, de 30 de outubro de 1978: rio Piauí (Alagoas);

o Deliberação Normativa COPAM n.º 14, de 28 de dezembro de 1995:

principais corpos de água da sub-bacia do rio Paraopeba (Minas

Gerais);

o Deliberação Normativa COPAM n.º 20, de 24 de junho de 1997:

principais corpos de água da sub-bacia do rio da Velhas (Minas

Gerais);

o Deliberação Normativa COPAM n.º 28, de 9 de setembro de 1998,

alterada pela Deliberação Normativa COPAM n.º 31, de 18 de

dezembro de 1998: principais corpos de água da sub-bacia do rio

Pará (Minas Gerais);

o Portaria n.º 715/MINTER/IBAMA, de 20 de setembro de 1989: para

os rios São Francisco, Paracatu, Preto, Urucuia, Verde Grande,

Verde Pequeno, Carinhanha, Moxotó, Ipanema e Traipu;

• Planos de Recursos Hídricos:

o Plano Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais – PERH –

MG: aprovado pelo Decreto n.º 45.565/2011, de 22/03;

o Plano Estadual de Recursos Hídricos do estado da Bahia – PERH –

BA: aprovado pela Resolução CONERH n.º 01/2005, de 22/03;

o Plano Estadual de Recursos Hídricos de Sergipe – PERH – SE;

o Plano Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco – PERH – PE;

o Plano Estadual de Recursos Hídricos de Alagoas – PERH – AL;

• Proposta de enquadramento dos corpos d’água estabelecidos no Plano de

Recursos Hídricos, adoção da Q95 como vazão de referência para o

enquadramento e sugestão de parâmetros mínimos prioritários:

Deliberação CBHSF n.º 12/2004, de 30/07;

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6 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Deverão ainda ser observados os documentos legais que disciplinam as Unidades de

Conservação e as Terras Indígenas, notadamente:

• Criação, implantação e gerenciamento de unidades de conservação: Lei n.º

9.985, de 18 de julho de 2000;

• Procedimento administrativo de demarcação das Terras Indígenas: Decreto

n.º 1.775, de 8 de janeiro de 1996.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 7 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

5.3. Proposta metodológica para o enquadramento das águas

superficiais

5.3.1. Aspectos conceptuais da classificação das ág uas superficiais

A Resolução CONAMA n.º 357/2005, de 17 de março, define (art. 4º) as classes de

qualidade de águas em função dos usos preponderantes em cada corpo de água doce

(salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰), salobra (salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a

30 ‰) ou salina (salinidade igual ou superior a 30 ‰).

Para as águas doces, que abrangem a maioria das águas dos corpos de água

superficiais da bacia do rio São Francisco, consideram-se as classes de qualidade em

função dos usos preponderantes apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1 – Classificação de águas doces (salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰)

segundo os usos preponderantes.

Classe de

qualidade Usos

Especial

Abastecimento para consumo humano, com desinfeção

Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas

Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral

1

Abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado*

Proteção das comunidades aquáticas

Recreação de contato primário, tal como natação, esqui aquático e mergulho, conforme

Resolução CONAMA no 274/2000

Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes

ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película

Proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas

2

Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional**

Proteção das comunidades aquáticas

Recreação de contato primário, tal como natação, esqui aquático e mergulho, conforme

Resolução CONAMA no 274/ 2000

Irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer,

com os quais o público possa vir a ter contato direto

Aquicultura e à atividade de pesca

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8 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Classe de

qualidade Usos

3

Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado***

Irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras

Pesca amadora

Recreação de contato secundário

Dessedentação de animais

4 Navegação

Harmonia paisagística

Fonte: Resolução CONAMA n.º357, 2005 (adaptado).

Nota: * tratamento por clarificação por meio de fil tração e desinfecção e correção de pH quando necessário; ** clarificação com utilização d e coagulação e floculação, seguida de desinfecção e correção de pH; *** técnicas de remoç ão e/ou inativação de constituintes refratários aos processos convencionais de tratamen to, os quais podem conferir à água características, tais como: cor, odor, sabor, ativi dade tóxica ou patogênica.

Para as águas enquadradas em classe Especial a Resolução CONAMA n.º 357/2005

estabelece (art. 13º) que devem ser mantidas as condições naturais do corpo de água.

Para as restantes classes, esta resolução define (art. 14º, 15º, 16º e 17º,

respectivamente, para as classes 1, 2, 3 e 4), para um conjunto de parâmetros de

qualidade da água (gerais, inorgânicos e orgânicos), os valores limites exigidos.

Para as águas salobras, que abrangem alguns dos corpos de água superficiais da

bacia do rio São Francisco, na região do Submédio e Baixo São Francisco,

consideram-se as classes de qualidade em função dos usos preponderantes

apresentadas no Quadro 2.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 9 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Quadro 2 – Classificação de águas salobras (salinid ade superior a 0,5 ‰ e

inferior a 30 ‰) segundo os usos preponderantes.

Classe de

qualidade Usos

Especial Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral

Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas

1

Recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA no 274/2000

Proteção das comunidades aquáticas

Aquicultura e atividade de pesca

Abastecimento para consumo humano após tratamento convencional* ou avançado**

Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes

ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de parques,

jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto

2 Pesca amadora

Recreação de contato secundário

3 Navegação

Harmonia paisagística

Fonte: Resolução CONAMA n.º357, 2005 (adaptado).

Nota: * clarificação com utilização de coagulação e floculação, seguida de desinfecção e correção de pH; ** técnicas de remoção e/ou inativa ção de constituintes refratários aos processos convencionais de tratamento, os quais pod em conferir à água características, tais como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou pa togênica.

A Resolução CONAMA n.º 357/2005 estabelece também diretrizes ambientais para o

enquadramento (art. 38º), incluindo:

• Quando a condição de qualidade esteja em desacordo com os usos

preponderantes pretendidos devem ser estabelecidas metas obrigatórias,

intermediárias e final, de melhoria da qualidade da água para efetivação

dos respectivos enquadramentos, exceto se os parâmetros excederem os

seus limites devido a condições naturais;

• As ações de gestão referentes ao uso dos recursos hídricos, como sejam a

outorga e cobrança pelo uso da água, ou referentes à gestão ambiental,

como sejam o licenciamento, termos de ajustamento de conduta e o

controle de poluição, devem basear-se nas metas progressivas

intermediárias e final aprovada para o enquadramento;

• As metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, devem ser

atingidas em regime de vazão de referência, exceto em casos em que não

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10 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

seja aplicável a vazão de referência, para os quais devem ser elaborados

estudos específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio

hídrico;

• Em corpos de água intermitentes ou com regime de vazão apresentando

diferença sazonal significativa, as metas progressivas obrigatórias podem

variar ao longo do ano;

• Em corpos de água utilizados para abastecimento de populações, o

enquadramento e o licenciamento ambiental de atividades a montante

preservarão, obrigatoriamente, as condições de consumo.

Como disposição transitória a Resolução CONAMA n.º 357/2005 estabelece (art. 42º)

que, enquanto não aprovado o seu enquadramento, as águas doces serão

classificadas com classe 2 e as salinas e salobras com classe 1, exceto se as

condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da

classe mais rigorosa correspondente.

A Resolução CNRH n.º 141/2012 estabelece critérios e diretrizes para a

implementação do enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos

preponderantes, em rios intermitentes e efêmeros. Esta resolução considera as

seguintes definições de regime dos corpos de água lóticos (art. 2º):

• Rios intermitentes: corpos de água que naturalmente não apresentam

escoamento superficial por períodos do ano;

• Rios efêmeros: corpos de água que possuem escoamento superficial

apenas durante ou imediatamente após períodos de precipitação;

• Rios perenes: corpos de água que possuem naturalmente escoamento

superficial durante todo o período do ano;

• Rios perenizados: trechos de rios intermitentes ou efêmeros cujo fluxo de

água seja mantido a partir de intervenções na bacia hidrográfica, inclusive

obras de infraestrutura hídrica.

Para os rios intermitentes ou efêmeros esta Resolução estabelece (art. 6º) que o

enquadramento somente será considerado no período em que o corpo hídrico

apresentar escoamento superficial. Para o enquadramento dos rios perenizados a

Resolução estabelece que se considere como vazão de referência a vazão

regularizada no respectivo trecho.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 11 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Os diplomas de enquadramento vigentes para a bacia hidrográfica do rio São

Francisco, bem como a proposta de reenquadramento acompanhando o PRH-SF

2004-2013, foram desenvolvidos ao abrigo da Resolução CONAMA n.º 20/1986,

revogada pela Resolução CONAMA 357/2005. As principais diferenças introduzidas

pela Resolução CONAMA n.º 357/2005 no que se refere às águas doces podem

concentrar-se, no essencial, no seguinte:

• Alteração e introdução dos usos preponderantes, notadamente:

a) Classe Especial: alteração do consumo para abastecimento doméstico para

abastecimento para consumo humano e introdução do uso de preservação

dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção

integral;

b) Classe 1: alteração do consumo para abastecimento doméstico para

abastecimento para consumo humano e introdução do uso de proteção das

comunidades aquáticas em Terras Indígenas;

c) Classe 2: alteração do consumo para abastecimento doméstico para

abastecimento para consumo humano e introdução dos usos de irrigação

de parques, jardins, campos de esporte e lazer, onde o público possa vir a

ter contato direto com a água, e para atividade de pesca;

d) Classe 3: alteração do consumo para abastecimento doméstico após

tratamento convencional para abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional ou avançado e introdução dos usos para pesca

amadora recreação de contato secundário;

e) Classe 4: remoção da menção a usos menos exigentes;

• Adoção de limites máximos mais restritivos para alguns parâmetros de

qualidade, como é o caso do cianeto e do cobre, entre outros.

• Introdução do conceito de progressividade para o alcance das metas de

enquadramento.

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12 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

5.3.2. Balanço do estado atual do conhecimento e ge stão das águas

superficiais

A análise do estado atual da qualidade da água foi apresentada detalhadamente no

RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional (Volume 4 – Análise

qualitativa e quantitativa – Águas superficiais) e RP2 – Diagnóstico Consolidado.

Na sequência dessa análise, apresenta-se em seguida:

• A representação da classe de qualidade da meta final do enquadramento

vigente para os principais corpos de água superficiais da bacia hidrográfica

do rio São Francisco;

• A representação da classe de qualidade da meta final do enquadramento

proposto pelo PRH-SF 2004-2013 para os principais corpos de água

superficiais da bacia hidrográfica do rio São Francisco;

• As ações propostas para o alcance das metas do enquadramento

propostas no PRH-SF 2004-2013 e o seu estado de implementação;

• As propostas de alteração das metas finais de enquadramento (face ao

PRH-SF 2004-2013), posteriores a 2004;

• As ações para alcance das metas do enquadramento propostas em planos

de recursos hídricos de bacias afluentes após 2004, e seu estado de

implementação;

• A representação indicativa da distribuição de pressões na bacia;

• A comparação da situação atual de qualidade das águas com as metas

finais do enquadramento vigente;

• As fontes de poluição, os principais parâmetros em desacordo com a meta

final do enquadramento vigente e as ações necessárias para melhoria da

qualidade das águas;

• A comparação da situação atual de qualidade das águas com as metas

finais do enquadramento proposto no PRH-SF 2004-2013;

• A condição de qualidade das águas superficiais nos principais corpos de

água da bacia hidrográfica do rio São Francisco;

• Os usos das águas superficiais nos principais corpos de água;

• O regime, os usos preponderantes e as situações de não atendimento,

pela condição das águas.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 13 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

As metas finais de qualidade da água do enquadramento vigente na bacia

hidrográfica do rio São Francisco são apresentadas na figura seguinte.

Figura 1 – Classe de qualidade da meta final do enq uadramento vigente para

principais corpos de água superficiais da bacia hid rográfica do rio São

Francisco (Mapa 27 do Volume 4, reduzido).

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14 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

No PRH-SF 2004-2013 foi feita uma proposta de alteração das metas finais de

enquadramento , que na maior parte dos corpos de água se traduz na adoção de uma

meta mais exigente, a qual se apresenta na figura seguinte.

Figura 2 – Classe de qualidade da meta final do enq uadramento proposto pelo

PRH-SF 2004-2013 para principais corpos de água sup erficiais da bacia

hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 28 do Volum e 4, reduzido).

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 15 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

No PRH-SF 2004-2013 foram também propostas ações para a melhoria da qualidade

das águas, conforme quadro seguinte.

Quadro 3 – Ações para alcance das metas do enquadra mento propostas no PRH-

SF 2004-2013.

Bacia Ações Implementação

Rio São

Francisco (da

nascente até

município de

Três Marias)

Adequar/regularizar os sistemas de controle

ambiental das indústrias alimentícias de

Abaeté e Luz; das indústrias extratoras de

calcário no município de Pains; de

suinoculturas dos municípios de Bom

Despacho, Luz, Martinho Campos e Santo

Antônio Dumont.

s.i.

(ver texto abaixo)

Incentivar o manejo conservacionista do solo e

da água, bem como a utilização equilibrada de

fertilizantes, herbicidas, fungicidas, bernicidas,

carrapaticidas, etc.

Duas ações de revitalização e

recuperação de nascentes financiadas

pelo CBHSF no entorno da Represa das

Três Marias: finalizada e executada em

75%

Promover gestão junto aos municípios de Luz,

Iguatama e Pains para implantação e/ou

adequação do sistema de tratamento de

esgotos sanitários dos referidos núcleos

urbanos.

3 municípios:

100% com ações financiadas pelo PAC

33% com obras concluídas (Luz)

67% com obras em execução

0% com obras em preparação

0% com projetos concluídos

67% com projetos em execução

Rio São

Francisco (do

município de

Pirapora até

divisa estadual

Minas Gerais /

Bahia)

Adequar e/ou regularizar os sistemas de

controle ambiental das indústrias metalúrgicas

localizadas nos municípios de Pirapora e

Itacarambí.

s.i.

(ver texto abaixo)

Identificar com precisão as causas e adotar

medidas emergenciais e definitivas para

contenção do processo de contaminação das

águas.

s.i.

(ver texto abaixo)

Adequar e/ou regularizar os sistemas de

controle ambiental das indústrias de extração

de calcário e manganês localizadas no

município de Januária.

s.i.

(ver texto abaixo)

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16 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Bacia Ações Implementação

Rio São

Francisco (da

divisa estadual

entre Minas

Gerais e Bahia

até a divisa

entre os

Estados da

Bahia e

Sergipe)

Implantação de rede coletora de esgotos e

sistemas de tratamento pelos municípios

pertencentes à bacia.

186 municípios na BHSF em BA e PE:

73% com ações financiadas pelo PAC

51% com obras concluídas

49% com obras em execução

18% com obras em preparação

3% com projetos em execução

Planos municipais de saneamento básico

em elaboração sob apoio do CBHSF em

doze municípios (Afogados da Ingazeira,

Angical, Barra, Barra do Mendes,

Carinhanha, Catolândia, Flores,

Jacobina, Miguel Calmon, Mirangaba,

Pesqueira, São Desidério)

Intensificar ações de fiscalização e

licenciamento de empreendimentos de

mineração.

s.i.

(ver texto abaixo)

Levantamento detalhado dos insumos

utilizados em projetos de irrigação.

Monitoramento destes elementos no corpo

receptor.

Programa de educação ambiental nos

perímetros irrigados.

s.i.

(ver texto abaixo)

Implementação de ações de controle e

recuperação de matas ciliares ao longo do

curso hídrico.

Dez ações de revitalização e

recuperação de nascentes, conservação

do solo, proteção de nascentes e

adequação das estradas rurais, proteção

de áreas de preservação permanente,

readequação de estradas e a

recuperação e conservação de áreas

degradadas e voçorocas e recuperação

hidroambiental em municípios da BA:

finalizadas (60%) e em executadas em

mais de 35%

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 17 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Bacia Ações Implementação

Rio São

Francisco (da

divisa entre os

Estados da

Bahia e Sergipe

até a foz)

Implantação de rede coletora de esgotos e

sistemas de tratamento pelos municípios

pertencentes à bacia.

78 municípios na BHSF em AL e SE:

62% com ações financiadas pelo PAC

27% com obras concluídas

50% com obras em execução

9% com obras em preparação

1% com projetos concluídos

Planos municipais de saneamento básico

finalizados sob apoio do CBHSF em sete

municípios (Igreja Nova, Telha, Propriá,

Ilha das Flores, Feira Grande, Belo

Monte, Traipu)

Rio Pará

Adequar e/ou regularizar os sistemas de

controle ambiental das Indústrias alimentícias

localizadas nos municípios de Conceição do

Pará, Passa-Tempo e Piracema.

Implantar e/ou adequar os sistemas de

controle ambiental da indústria siderúrgica

localizada em Pitangui.

s.i.

(ver texto abaixo)

Adequar os sistemas de controle ambiental

das mineradoras situadas em Piracema.

s.i.

(ver texto abaixo)

Incentivar o manejo conservacionista do solo e

da água na região de cabeceira do rio Pará.

Uma ação de revitalização e recuperação

de nascentes nos municípios de Lagoa

da Prata e Santo Antônio do Monte

financiada pelo CBHSF: executada em

88%

Dar sequência às ações de saneamento em

curso dos municípios de Piracema e Nova

Serrana. Implementar gestões junto às

Prefeituras de Desterro de Entre Rios,

Itaguara, Passa-Tempo, Carmo do Cajuru,

Conceição do Pará, Leandro Ferreira e São

Gonçalo do Pará

9 municípios:

67% com ações financiadas pelo PAC

11% com obras concluídas

22% com obras em execução

0% com obras em preparação

0% com projetos concluídos

33% com projetos em execução

11% com projetos em ação preparatória

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18 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Bacia Ações Implementação

Rio Paraopeba

Implantar / adequar / regularizar os sistemas

de controle ambiental das Indústrias de

Cristiano Otoni, Itatiaiuçu e Curvelo;

s.i.

(ver texto abaixo)

Implantar / adequar / regularizar os sistemas

das mineradoras localizadas nos municípios

de Betim, Belo Vale, Brumadinho, Esmeraldas,

Ibirité, Queluzita, Belo Vale, Brumadinho,

Itatiaiuçu, Igarapé, Juatuba, Mateus Leme e

Curvelo.

s.i.

(ver texto abaixo)

Verificar garimpagem clandestina no rio

Paraopeba nos municípios de Congonhas e

Jeceaba.

s.i.

(ver texto abaixo)

Dar sequência às ações de saneamento junto

aos municípios de Entre-Rios de Minas, S.

Brás de Suaçui, Brumadinho, S. Joaquim de

Bicas, Igarapé, Florestal e Juatuba; promover

gestões nos municípios de Casa Grande,

Cristiano Otoni, Queluzita, Belo Vale, Desterro

de Entre-Rios de Minas, Moeda Piedade dos

Gerais, Bonfim, Crucilândia, Itatiaiuçu, Ibirité,

Mário Campos, rio Manso, Sarzedo, Mateus

Leme, São José da Varginha, Pequi,

Caetanópolis, Maravilhas, Papagaios e

Paraopeba.

28 municípios:

71% com ações financiadas pelo PAC

39% com obras concluídas

46% com obras em execução

4% com obras em preparação

14% com projetos concluídos

25% com projetos em execução

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 19 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Bacia Ações Implementação

Rio das Velhas

Incentivar o manejo conservacionista do solo e

da água nas atividades agrícolas, bem como a

utilização equilibrada de bernicidas,

carrapaticidas, em toda a área de drenagem

do médio e baixo curso.

Apoiar as várias ações da COPASA para

2004-6 de implementar a Educação Ambiental

com o objetivo de orientar o uso dos

agrotóxicos incentivando o manejo

conservacionista do solo e da água, replantio

de vegetação ciliar

Duas ações de revitalização e

recuperação de nascentes financiadas

pelo CBHSF e finalizadas no córrego da

Onça e rio Jatobá

Apoiar as várias ações da COPASA para

2004-6 de controle das minerações

desativadas e em atividade; as ações para

2004-8 de controle ambiental das atividades

mineradoras nas regiões do alto e médio curso

do Rio das Velhas e as ações para 2004-10 de

controle das atividades mineradoras

s.i.

(ver texto abaixo)

Apoiar as várias ações da COPASA para

2004-10 de controle das atividades industriais

nas regiões do alto e médio curso do Rio das

Velhas.

1 município (Betim) com ação concluída

(SES na região industrial)

Implementar/adequar os sistemas de controle

ambiental em suinoculturas e incentivar a

utilização equilibrada de bernicidas,

carrapaticidas, etc. na região do médio curso

s.i.

(ver texto abaixo)

Implementar/adequar os sistemas de

disposição do lixo em todos os municípios da

RMBH

Apoiar as várias ações da COPASA para

2004-8 de destinação adequada de resíduos

sólidos nas regiões do alto e médio curso do

Rio das Velhas; e as ações para 2004-10 de

acompanhamento da destinação adequada de

resíduos sólidos nas regiões do alto e médio

curso do Rio das Velhas.

62 municípios na BHSF:

37% com ações financiadas pelo PAC

19% com obras concluídas

2% com obras em execução

16% com obras em preparação

0% com projetos concluídos

3% com projetos em execução

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20 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Bacia Ações Implementação

Implementar/adequar os sistemas de

saneamento em todos os municípios da RMBH

Apoiar as várias ações da para 2004-6 de

tratamento de esgoto nos municípios da

RMBH e do alto curso do Rio das Velhas;

as ações para 2004-8 de Implementar o

tratamento de esgoto nos municípios do médio

curso; e as ações para 2004-10 de

Implementar tratamento secundário de esgoto,

nas regiões do alto e médio curso do Rio das

Velhas.

62 municípios na BHSF:

87% com ações financiadas pelo PAC

61% com obras concluídas

61% com obras em execução

19% com obras em preparação

18% com projetos concluídos

23% com projetos em execução

2% com projetos em preparação

Implementar/adequar os sistemas de

drenagem de águas pluviais em todos os

municípios da RMBH

Apoiar as várias ações da COPASA para

2004-6 de drenagem de águas pluviais nos

municípios da RMBH e do alto curso do Rio

das Velhas; as ações para 2004-8 de

implementar a drenagem de águas pluviais

nos municípios do médio curso

62 municípios:

11% com ações financiadas pelo PAC

5% com obras concluídas

5% com obras em execução

3% com obras em preparação

0% com projetos concluídos

0% com projetos em execução

Apoiar as várias ações da COPASA para

2004-6 de reassentamento das famílias

residentes em margens do rio em seu médio

curso (RMBH)

4 municípios (Belo Horizonte, Betim,

Contagem, Sete Lagoas; financiamento

pelo PAC):

25% com obras concluídas

100% com obras em execução

Rio Jequitaí

Adequar e/ou regularizar os sistemas de

controle ambiental das indústrias metalúrgicas

localizadas no município de Jequitaí

s.i.

(ver texto abaixo)

Promover gestões junto à Prefeitura e

Promotoria Pública do município de Jequitaí

para adequação do sistema de coleta e

tratamento de esgotos sanitários do referido

município

Município de Jequitaí (financiamento pelo

PAC):

Projetos em execução

Obras concluídas

Obras em execução

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 21 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Bacia Ações Implementação

Rio Paracatu

Adequar e/ou regularizar os sistemas de

controle ambiental das indústrias de extração

de pedras preciosas e de argila e areia

localizadas no município de João Pinheiro

s.i.

(ver texto abaixo)

Promover gestões junto à Prefeitura e

Promotoria Pública dos municípios de

Paracatu e João Pinheiro para adequação do

sistema de coleta e tratamento de esgoto

sanitário dos referidos municípios

Município de Paracatu (financiamento

pelo PAC):

Projetos concluídos

Obras em execução

Rio Preto

Adequar e/ou regularizar os sistemas de

controle ambiental das indústrias de extração

de calcário localizadas no município de Unaí

s.i.

(ver texto abaixo)

Rio Urucuia

Promover gestões junto às Prefeituras e

Promotorias Públicas dos municípios de Buritis

e Arinos para adequação do sistema de coleta

e tratamento de esgotos sanitários dos

referidos municípios

2 municípios (financiamento pelo PAC):

50% com obras concluídas (Arinos)

50% com obras em execução (Arinos)

100% com obras em preparação

50% com projetos em execução (Arinos)

Rio Verde

Grande

Promover gestões junto às Prefeituras e

Promotorias Públicas dos municípios de

Capitão Enéias, Jaíba, Montes Claros e

Guaraciama para adequação do sistema de

coleta e tratamento de esgoto sanitário dos

referidos municípios

4 municípios (financiamento pelo PAC):

50% com obras concluídas (Montes

Claros, Jaíba)

75% com obras em execução (Capitão

Enéias, Jaíba, Montes Claros)

25% com projetos concluídos (Jaíba)

50% com projetos em execução

(Guaraciama)

Rio Gorutuba

Adequar e/ou regularizar os sistemas de

controle ambiental das indústrias alimentícias

localizadas no município de Janaúba

s.i.

(ver texto abaixo)

Promover gestões junto à Prefeitura e

Promotoria Pública do município de Janaúba

para adequação do sistema de coleta e

tratamento de esgotos sanitários do referido

município

Município de Janaúba (financiamento

pelo PAC):

Com obras concluídas

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22 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Bacia Ações Implementação

Rio Corrente

Controle da poluição dos matadouros s.i.

(ver texto abaixo)

Implantação de rede coletora de esgotos e

sistemas de tratamento pelos municípios de

Correntina, Santa Maria da Vitória e Jaborandi

3 municípios (financiamento pelo PAC):

67% com ações definidas (Santa Maria

da Vitória e Jaborandi)

33% com obras em execução (Santa

Maria da Vitória)

67% com projetos em contratação

Rio Salitre

Implantação de rede coletora de esgotos e

sistemas de tratamento pelos municípios

11 municípios:

100% com ações financiadas pelo PAC

27% com obras concluídas

100% com obras em execução

9% com obras em ação preparatória

27% com projetos em execução

Implantação de sistemas de coleta e

tratamento de resíduos sólidos em todas as

sedes municipais e na zona rural da bacia

11 municípios:

45% com ações financiadas pelo PAC

9% com obras em ação preparatória

45% com projetos em execução

Implantação de manejo adequado dos

dessalinizadores de água s.i.

Recuperação das matas ciliares

Duas ações financiadas pelo CBHSF no

município de Morro do Chapéu:

Cercamento e renaturalização das

nascentes (finalizada), proteção de área

de preservação permanente,

conservação de solos e recuperação e

estabilização de voçorocas (executada

em 41%)

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 23 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Bacia Ações Implementação

Afluentes

pernambucanos

da margem

esquerda do rio

São Francisco

Implantação de rede coletora de esgotos e

sistemas de tratamento pelos municípios

69 municípios na BHSF em PE:

81% com ações financiadas pelo PAC

52% com obras concluídas

58% com obras em execução

35% com obras em preparação

6% com projetos em execução

Planos municipais de saneamento básico

em execução sob apoio do CBHSF em

três municípios (Afogados da Ingazeira,

Flores, Pesqueira)

Afluentes

alagoanos da

margem

esquerda do rio

São Francisco

Implantação de rede coletora de esgotos e

sistemas de tratamento pelos municípios

50 municípios na BHSF em AL:

64% com ações financiadas pelo PAC

34% com obras concluídas

54% com obras em execução

2% com projetos concluídos

2% com projetos em licitação

Planos municipais de saneamento básico

finalizados sob apoio do CBHSF em

quatro municípios (Igreja Nova, Feira

Grande, Belo Monte, Traipu)

Afluentes

sergipanos da

margem direita

do rio São

Francisco

Implantação de rede coletora de esgotos e

sistemas de tratamento pelos municípios

28 municípios na BHSF em SE:

57% com ações financiadas pelo PAC

14% com obras concluídas

43% com obras em execução

25% com obras em preparação

Planos municipais de saneamento básico

finalizados sob apoio do CBHSF em três

municípios (Telha, Propriá, Ilha das

Flores)

Fonte: ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2004; MP, 2016; CBHSF, 20 16.

Nota: s.i – sem informação.

Na quase totalidade da bacia (exceto para o rio São Francisco do município de

Pirapora até à divisa estadual Minas Gerais / Bahia) as ações propostas para

efetivação do enquadramento incidiram sobre a melhoria da coleta e tratamento de

esgotos sanitários em municípios. De acordo com os investimentos do PAC I e PAC II,

a maioria dos municípios tem ações definidas, em execução ou em fase de projeto,

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24 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

fazendo sentido intensificar as ligações de esgotos dos domicílios. Ao nível dos

municípios assinalam-se também as ações referentes ao manejo de resíduos sólidos,

nas bacias do rio das Velhas e rio Salitre, com menor implementação que no setor do

esgotamento sanitário, de acordo com a informação dos investimentos do PAC I e

PAC II.

Entre os projetos concluídos e em execução, merecem destaque os Planos Municipais

de Saneamento Básico (PMSBs). De acordo com a Lei Nacional de Diretrizes para o

Saneamento Básico, Lei n.º 11.445/2007, a existência do PMSB significa para o

município a possibilidade de acesso a financiamento federal para aplicação em ações

de saneamento básico como manejo de esgotamento sanitário e resíduos sólidos. O

financiamento do CBHSF, abrangendo municípios das quatro regiões fisiográficas,

priorizou os municípios com maiores carências destas ações, entre os quais diversos

municípios dos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe onde o PRH-SF

2004-2013 havia identificado a necessidade de melhorias nos sistemas de coleta e

tratamento de esgotos domésticos e de manejo de resíduos sólidos. Os projetos ainda

em execução, relativos a municípios da Bahia, terão conclusão provável no ano de

2016/2017.

Merecem também destaque as ações de controle da poluição dos setores produtivos

(mineração, indústria e agropecuário), especialmente a montante da divisa Minas

Gerais / Bahia, as quais terão tido fraca implementação (ECOPLAN/SKILL, 2015a).

Após 2004 , foram apresentadas propostas de alteração das metas finais de

enquadramento (face ao PRH-SF 2004-2013) para algumas bacias afluentes do rio

São Francisco (Pará, das Velhas, Jequitaí, Paracatu, Peruaçu, Verde Grande, Salitre e

São Francisco), tal como apresentado na figura seguinte.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 25 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Figura 3 – Classe de qualidade da meta final do enq uadramento proposto a nível

estadual após 2004 para principais corpos de água s uperficiais da bacia

hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 29 do Volum e 4, reduzido).

Em geral, as alterações propostas correspondem à adoção de metas de qualidade

menos exigentes, em virtude da degradação constatada na qualidade da água.

Estas propostas foram acompanhadas de planos de ações , sumarizados no quadro

seguinte.

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26 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Quadro 4 – Ações para alcance das metas do enquadra mento propostas em

planos de recursos hídricos de bacias afluentes apó s 2004.

Bacia Ações Prazo

Rio Pará

Universalização da coleta e destinação de resíduos sólidos. 2008-2017

Universalização da coleta de esgoto. 2008-2017

Construção e implantação de ETEs. 2009-2013

Elaboração do Plano de Revitalização, 2009

Recuperação e Conservação Hidroambiental das Sub-bacias. 2009

Rio das Velhas

Ampliação da rede coletora de esgotos.

2005-2010

Serviços de implantação de ETEs.

Melhoria da coleta e disposição adequada dos resíduos sólidos.

Controle da erosão e do assoreamento.

Reflorestamento em áreas degradadas (topo, ciliar e nascentes).

Recuperação ambiental de áreas afetadas pelas atividades de

mineração. Adoção de medidas de desassoreamento.

Plano de Controle e Adequação do Setor Industrial

Plano de Controle e Adequação do Setor Mineral.

Plano de Controle e Adequação do Setor Agrícola.

Ações específicas para o alcance da Meta 2010 - Navegar, pescar

e nadar no rio das Velhas (ETE, Plano Municipal de Saneamento,

Unidade de Tratamento de Resíduos de Bela Fama, Programa

Caça Esgotos).

2005-2008

Ações específicas para o alcance da Meta 2014 – Consolidar a

volta dos peixes e nadar no rio das Velhas na RMBH em 2014

(Saneamento Rural, Saneamento Urbano, Despoluição da Lagoa

da Pampulha, Efluentes industriais – diagnóstico da poluição

difusa e acordos setoriais, Manutenção de áreas de preservação

permanente, Resíduos sólidos urbanos – erradicação dos lixões e

implantação de coleta seletiva, Biomonitoramento)

2012-2015

Ações específicas para o alcance da Meta Pescar, Nadar e Navegar no Trecho

Metropolitano do Rio das Velhas:

Interceção de 100% do esgoto da RMBH 2016

Sistema de tratamento terciário nas ETEs Arrudas e Onça 2016-2018

60% do esgoto da RMBH com tratamento terciário 2016-2022

80% do esgoto da RMBH com tratamento terciário 2016-2026

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 27 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Bacia Ações Prazo

Ações relativas a mineração e atividades industriais (controle de

carga poluidora, recuperação de áreas degradadas, controle de

processos erosivos)

2016-2030

Ações de manejo de recursos hídricos em Área Rural 2016-2030

Ações de conservação ambiental 2016-2030

Rio Jequitaí

Estudo sobre a implantação de sistemas de coleta e tratamento

de esgotamento sanitário urbano 2011-2012

Estudo sobre a mitigação das cargas poluidoras provenientes da

agricultura e da pecuária 2011-2014

Estudo sobre a coleta e destinação final dos resíduos sólidos

urbanos 2011-2012

Estudo sobre a implantação de sistemas de drenagem urbana 2011-2015

Estudo sobre a preservação de matas ciliares e áreas de

nascentes 2011-2016

Estudo sobre o controle da erosão e do assoreamento 2011-2016

Rio Paracatu

Ampliação de redes coletoras de esgotos.

2006-2015

Serviços de implantação de ETEs.

Melhoria da coleta e disposição adequada dos resíduos sólidos.

Controle da erosão e do assoreamento.

Recuperação de áreas de preservação permanente (veredas,

lagoas marginais).

Reflorestamento em áreas degradadas (topo, ciliar e nascentes).

Plano de controle dos efluentes do setor mineral.

Plano de controle dos efluentes do setor agrícola.

Rio Peruaçu

Reflorestamento de matas ciliares e nascentes. 2015-2025

Práticas conservacionistas em propriedades rurais. 2015-2020

Controle de erosões em estradas vicinais. 2015-2018

Controle da poluição de origem agrícola. 2015-2018

Controle da poluição de origem animal. 2015-2018

Apoio aos Planos Municipais de Saneamento. 2015-2020

Ações de controle de poluição por esgotos sanitários. 2015-2025

Implantação de aterros sanitários. 2015-2025

Implantação de unidades de triagem e compostagem. 2015-2025

Implantação de coleta seletiva. 2015-2035

Recuperação de áreas degradadas por lixões abandonados. 2015-2035

Ações de drenagem urbana. 2015-2021

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28 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Bacia Ações Prazo

Rio Verde

Grande

Implementar / ampliar esgotamento sanitário (cidades de

Guaraciama, Glaucilândia, Montes Claros, Capitão Enéas,

Francisco Sá, Verdelândia e Jaíba, Espinosa, Urandi e Sebastião

das Laranjeiras, Riacho dos Machados, Janaúba, Nova

Porteirinha, Porteirinha, Monte Verde, Mato Azul e Gameleiras).

2010-2025

Implantar programa para redução do carreamento de sólidos

pelas chuvas. 2010-2015

Mudar a cultura de banana para outra área com água de melhor

qualidade 2010-2015

Avaliar controle ambiental das indústrias alimentícias. 2010-2030

Implantar ponto de monitoramento de qualidade da água próximo

à foz do rio Gorutuba 2010-2030

Eliminar lançamentos de esgotos sanitários na barragem Bico da

Pedra 2010-2025

Implantar plano de gestão do reservatório Bico da Pedra 2010-2015

Rio São

Francisco

(Sergipe)

Elaboração dos Planos Municipais de Saneamento 2010-2025

Coleta, Tratamento e Destinação Final dos Resíduos Sólidos 2010-2025

Sistema Integrado de Saneamento 2010-2025

Apoio à Agricultura Irrigada 2010-2025

Desenvolvimento da Agricultura Orgânica 2010-2015

Fonte: IGAM, 2006; Tese, 2008; SEMAD/CBH Jequitaí/P acuí/FHIDRO, 2010; ANA/ECOPLAN, 2011; PROJETEC/TECHNE, 2011; ECOPLAN/L UME/SKILL, 2014; ECOPLAN/SKILL, 2015.

A grande maioria das ações previstas encontra-se em curso, com data prevista de

finalização entre 2016 e 2035. O tipo de ação é bastante semelhante às apontadas

pelo PRH-SF 2004-2013, o que demonstra as lacunas de implementação verificadas

para as ações propostas por este plano. Neste escopo, note-se em particular a

manutenção de ações de controle da poluição dos setores produtivos.

A distribuição de pressões sobre a qualidade das águas superficiais da bacia é

representada, de forma indicativa (requerendo detalhamento e aferição em estudos

posteriores), nas figuras seguintes.

No setor de saneamento, consideraram-se como indicativos da distribuição da

poluição com esta origem, os municípios com índices de atendimento quanto à coleta

de resíduos sólidos e quanto à coleta de esgotos inferiores a 60%.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 29 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Figura 4 – Pressões sobre a qualidade das águas sup erficiais com origem no

setor do saneamento (esgotamento sanitário e resídu os sólidos) na bacia

hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 30 do Volum e 4, reduzido).

No setor agropecuário consideram-se como indicativos da distribuição da poluição

com esta origem os usos do solo associados a lavoura, pastagens e ocupação por

estabelecimentos agropecuários numa área entre 25-50%.

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30 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Figura 5 – Pressões sobre a qualidade das águas sup erficiais com origem no

setor agropecuário na bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 31 do

Volume 4, reduzido).

No setor industrial e minerário, as outorgas para esses usos foram consideradas

indicativas da distribuição de poluição com esta origem. Esta abordagem constitui uma

simplificação, requerendo estudos específicos posteriores.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 31 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Figura 6 – Pressões sobre a qualidade das águas sup erficiais com origem no

setor industrial e minerário na bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 32

do Volume 4, reduzido).

A situação atual de qualidade das águas face às metas finais do enquadramento

vigente apurada para os principais corpos de água para a bacia é apresentada na

figura seguinte (mediante a indicação do número de parâmetros em desacordo).

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32 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Figura 7 – Acordo da qualidade das águas superficia is com a meta final do

enquadramento vigente nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do

rio São Francisco (Mapa 33 do Volume 4, reduzido).

As principais fontes de poluição, influência da poluição difusa e principais parâmetros

em desacordo com a meta final do enquadramento vigente na calha do rio São

Francisco e nas principais sub-bacias afluentes são apresentados no quadro seguinte.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 33 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Quadro 5 – Fontes de poluição, principais parâmetro s em desacordo com a meta

final do enquadramento vigente e ações necessárias para a melhoria da

qualidade das águas.

Curso de

água Fontes de poluição

Principais parâmetros

em desacordo com

meta final do

enquadramento

vigente

Ações necessárias para melhoria da

qualidade das águas

Rio São

Francisco (da

nascente até

município de

Três Marias)

Atividade agropecuária,

lançamentos de

efluentes domésticos,

atividade agrícola,

efluentes industriais

(sucroalcooleira,

metalúrgica),

mineração (minerais

não metálicos)

E. coli, Fósforo total, fenóis

totais

Promover ou dar sequência a ações de

esgotamento sanitário, incluindo

tratamento de efluentes

Gerenciamento adequado na utilização de

fertilizantes

Melhoramento no gerenciamento de

atividades agropecuárias

Manejo adequado da água e do solo,

controle da erosão, preservação da

vegetação marginal

Investimentos em tratamento de efluentes

industriais e monitoramento no local de

descarga

Rio São

Francisco (do

reservatório

das Três

Marias até

divisa estadual

Minas Gerais /

Bahia)

Atividade agropecuária,

lançamentos de

efluentes domésticos,

atividade agrícola,

mineração (areias)

Fósforo total, Arsênio total

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes, com prioridade aos sistemas

que utilizam como meio receptor os corpos

de água onde ocorre desacordo com a

meta de enquadramento

Gerenciamento adequado na utilização de

fertilizantes e agrotóxicos, manejo

adequado da água e do solo, controle da

erosão, preservação da vegetação

marginal

Melhoramento no gerenciamento de

atividades pecuárias

Manejo sustentável do solo e da

vegetação evitando erosão e carreamento

de sedimentos.

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34 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Curso de

água Fontes de poluição

Principais parâmetros

em desacordo com

meta final do

enquadramento

vigente

Ações necessárias para melhoria da

qualidade das águas

Rio São

Francisco (da

divisa estadual

entre Minas

Gerais e Bahia

até a divisa

entre os

Estados da

Bahia e

Sergipe)

Lançamentos de

esgotos domésticos,

atividades

agropecuárias,

contaminação difusa de

origem agrícola ou

agropecuária

Coliformes

termotolerantes, turbidez,

DBO, fósforo

Manejo adequado do solo

Preservação da vegetação marginal

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes, com prioridade aos sistemas

que servem maior população e que

rejeitam maiores cargas poluentes.

Rio São

Francisco (da

divisa entre os

Estados da

Bahia e

Sergipe até a

foz)

Lançamentos de

esgotos domésticos,

despejos irregulares de

resíduos sólidos,

atividades agrícolas

Fósforo

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes e encerramento de lixões

Gerenciamento adequado na utilização de

fertilizantes, manejo adequado da água, do

solo e resíduos orgânicos, controle da

erosão, preservação da vegetação

marginal

Rio Pará

Lançamento de

efluentes de origem

doméstica e industrial,

incluindo siderurgia

(município de Pará de

Minas), poluição difusa

urbana

E. coli, fenóis totais,

cianeto, cobre

Promover ou dar sequência a ações de

esgotamento sanitário, incluindo

tratamento de efluentes

Investimentos em tratamento de efluentes

industriais e monitoramento no local de

descarga

Rio

Paraopeba

Lançamento de esgotos

domésticos, atividades

agropecuárias, poluição

de origem agrícola

(fertilizantes),

atividades industriais e

de mineração

E. coli, fósforo total,

arsênio, chumbo

Promover ou dar sequência a ações de

esgotamento sanitário, incluindo

tratamento de efluentes

Investimentos em tratamento de efluentes

industriais e monitoramento no local de

descarga

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 35 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Curso de

água Fontes de poluição

Principais parâmetros

em desacordo com

meta final do

enquadramento

vigente

Ações necessárias para melhoria da

qualidade das águas

Rio das

Velhas

Lançamentos de

esgotos domésticos

(RMBH e outros),

atividade agropecuária,

contaminação difusa de

origem agrícola e

urbana, geologia,

mineração, efluentes

industriais (curtumes,

frigoríficos, têxteis,

siderúrgica, produtos

metálicos, maquinaria,

etc.)

E. coli, fósforo, N

amoniacal, zinco, cromo,

cianeto, chumbo, arsênio,

fenóis, DBO, cádmio

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes, com prioridade aos sistemas

que servem maior população e que

rejeitam maiores cargas poluentes.

Gerenciamento adequado na utilização de

fertilizantes, manejo adequado da água, do

solo e resíduos orgânicos, controle da

erosão, preservação da vegetação

marginal

Investimentos em tratamentos específicos

de efluentes industriais e monitoramento

no local de descarga

Manejo sustentável do solo e da

vegetação evitando erosão e carreamento

de sedimentos no entorno de áreas de

mineração

Rio Jequitaí

Lançamentos de

esgotos domésticos

(municípios de

Bocaiúva, Jequitaí),

atividade agropecuária,

extração de areia,

lançamento de

efluentes industriais

(cachaça, metalúrgico)

DBO, E. coli, fósforo,

chumbo

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes

Manejo adequado da água e do solo,

controle da erosão, preservação da

vegetação marginal

Melhoramento no gerenciamento de

atividades agropecuárias

Investimentos em melhoria da eficiência do

tratamento de efluentes industriais

Rio Paracatu

Atividade agrícola e

agropecuária,

lançamentos de

esgotos domésticos, e

de efluentes industriais

Fósforo, E. coli, fenóis

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes

Investimentos em tratamento de efluentes

industriais (laticínios)

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36 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Curso de

água Fontes de poluição

Principais parâmetros

em desacordo com

meta final do

enquadramento

vigente

Ações necessárias para melhoria da

qualidade das águas

Rio Preto

Atividade agropecuária,

lançamentos de

efluentes industriais,

atividade de mineração,

poluição difusa urbana

Cianeto, fenóis, DBO

Gerenciamento adequado na utilização de

fertilizantes, manejo adequado da água e

do solo, controle da erosão, preservação

da vegetação marginal

Melhoramento no gerenciamento de

atividades agrossilvopastoris

Rio Urucuia

Lançamentos de

esgotos domésticos

(municípios de Buritis,

Bonfinópolis, São

Romão), atividade

agrícola e

agropecuária, extração

de areia

E. coli, cobre, cianeto,

fósforo, DBO, fenóis

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes

Gerenciamento adequado na utilização de

fertilizantes, manejo adequado da água e

do solo, controle da erosão, preservação

da vegetação marginal

Melhoramento no gerenciamento de

atividades pecuárias

Manejo sustentável do solo e da

vegetação evitando erosão e carreamento

de sedimentos no entorno de áreas de

extração de inertes

Rio Verde

Grande

Lançamentos de

esgotos domésticos,

atividade agropecuária,

efluentes industriais

(lacticínios, têxtil,

bebidas, cerâmica,

metalúrgica, química)

E. coli, fósforo, nitrato, N

amoniacal, DBO, cianeto,

cobre, chumbo

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes

Gerenciamento adequado na utilização de

fertilizantes, manejo adequado da água e

do solo, controle da erosão, preservação

da vegetação marginal

Melhoramento no gerenciamento de

atividades pecuárias

Melhorias no gerenciamento de efluentes

de laticínios

Melhoria no tratamento de efluentes

industriais

Rio Gorutuba

Lançamentos de

esgotos domésticos,

atividade agropecuária,

efluentes industriais

(lacticínios, têxtil,

bebidas, cerâmica,

metalúrgica, química)

E. coli, fósforo, DBO,

cianeto

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 37 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Curso de

água Fontes de poluição

Principais parâmetros

em desacordo com

meta final do

enquadramento

vigente

Ações necessárias para melhoria da

qualidade das águas

Rio Verde

Pequeno

Lançamentos de

esgotos domésticos,

atividade agropecuária

e agrícola

Coliformes

termotolerantes,

indeterminados (da

confluência do rio Cova da

Mandioca até foz no rio

Verde Grande)

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes

Rio

Carinhanha

Lançamentos de

esgotos domésticos,

atividade agropecuária

Coliformes

termotolerantes,

indeterminados (das

nascentes até confluência

com córregos Lorena e

Sabão)

Promover ou dar sequência a ações de

coleta e tratamento de esgoto doméstico.

Manejo adequado do solo.

Preservação da vegetação marginal.

Rio Corrente

Atividade agrícola,

lançamentos de

esgotos domésticos

Coliformes termotolerantes

(rio Correntina)

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes, com prioridade aos sistemas

que utilizam como meio receptor o rio

Correntina

Rio Grande

Lançamento de esgotos

domésticos (Barreiras),

atividade agropecuária

Coliformes

termotolerantes, DBO

Promover ações de saneamento básico,

incluindo tratamento de efluentes

Rios Verde e

Jacaré

Lançamento de esgotos

domésticos

(Cafarnaum), atividades

agrícolas

Clorofila a, STD, DBO, OD

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes

Manejo adequado do solo, melhorias nas

práticas agrícolas

Preservação da vegetação marginal

Rio Salitre

Atividade agrícola

(lavagem de terras de

produção de cana de

açúcar) e agropecuária,

lançamentos de

efluentes domésticos,

condições naturais de

geologia e clima,

extração de calcário

Clorofila a (ambiente

lêntico), STD, OD

Melhoria no gerenciamento de explorações

agrícolas e agropecuárias de modo a

reduzir a introdução de cargas de

nutrientes nos corpos de água

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes

Controle da erosão do solo, proteção da

vegetação marginal; fiscalização ambiental

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38 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Curso de

água Fontes de poluição

Principais parâmetros

em desacordo com

meta final do

enquadramento

vigente

Ações necessárias para melhoria da

qualidade das águas

Afluentes

pernambucan

os e

alagoanos da

margem

esquerda do

rio São

Francisco

Lançamento de

efluentes domésticos,

atividade agrícola,

aqüicultura, atividade

industrial (rio Capiá)

Indeterminados

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento básico, incluindo tratamento

de efluentes e encerramento de lixões

Afluentes

sergipianos da

margem

direita do rio

São Francisco

Atividade agrícola,

lançamento de esgotos

domésticos, despejos

irregulares de resíduos

sólidos (riacho Jacaré)

Nitrato, sólidos totais

Promover ou dar sequência a ações de

saneamento, incluindo tratamento de

efluentes, com prioridade aos sistemas

que servem maior população e que

rejeitam maiores cargas poluentes.

Gerenciamento adequado na utilização de

fertilizantes, manejo adequado da água, do

solo e resíduos orgânicos, controle da

erosão, preservação da vegetação

marginal

Fonte: RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e Ins titucional (Volume 4 – Análise Qualitativa e Quantitativa – Águas Superficiais, 20 15 (adaptado).

Merece também menção a qualidade das águas nos reservatórios na região do

Semiárido. Nesta região as condições climatéricas vigentes, caracterizadas por largos

períodos de escassez de precipitação e evaporação intensa, tendem a favorecer a

salinização excessiva das águas e a concentração de poluentes (cf. RP1A –

Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional (cf. RP1A – Diagnóstico da Dimensão

Técnica e Institucional, Volume 4 – Análise Qualitativa e Quantitativa – Águas

Superficiais). No período de estiagem é frequente a ocorrência de estados de eutrofia,

potenciando a ocorrência de floração de algas, traduzindo-se em concentrações de

clorofila a elevadas (cf. situação no Quadro 5 para a bacia do rio Salitre).

Relativamente à meta final do enquadramento vigente , verifica-se acordo da

qualidade da água em grande parte da calha do rio São Francisco. As situações de

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 39 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

desacordo verificam-se principalmente a montante da divisa estadual Minas Gerais /

Bahia, e a jusante da divisa Bahia / Pernambuco.

Esta situação revela, especialmente a jusante da divisa estadual Minas Gerais / Bahia,

uma tendência de melhoria da qualidade em relação ao diagnóstico efetuado no PRH-

SF 2004-2013, com redução do número de parâmetros em desacordo a jusante da

divisa estadual Minas Gerais / Bahia, com a aparente solução de alguns problemas de

contaminação com metais e refletindo as melhorias efetuadas ao nível de manejo do

esgoto doméstico nos municípios adjacentes. Entretanto, nota-se um aumento de

desacordo do fósforo a jusante da divisa Bahia / Sergipe, o que deverá estar

associado a uma maior influência da contaminação originada pela atividade

agropecuária.

Quanto às bacias afluentes, os principais problemas de desacordo com a meta final de

enquadramento verificam-se no estado de Minas Gerais, notadamente, nos rios das

Velhas e Verde Grande, onde existem trechos com mais de sete parâmetros em

desacordo, entre E. coli, nutrientes e metais. São de assinalar também os casos dos

rios Preto, Urucuia, Paraopeba, Pará e Jequitaí, com trechos com até cinco

parâmetros em desacordo e, no estado da Bahia, o caso do rio Salitre, com desacordo

de até três parâmetros, entre clorofila a, sólidos totais dissolvidos e oxigênio

dissolvido.

De forma menos expressiva, assinalam-se alguns problemas de desacordo com a

meta final do enquadramento vigente nas bacias dos rios Carinhanha, Corrente e

Grande, afetando um único parâmetro, geralmente referente aos coliformes

termotolerantes. No estado do Sergipe, assinala-se o caso do Riacho Jacaré, onde se

verifica desacordo nos parâmetros nitrato e sólidos totais.

Relativamente ao PRH-SF 2004-2013, a situação nas bacias dos rios das Velhas,

Verde Grande, Paraopeba e Jequitaí não revela melhoria, não obstante as

intervenções ao nível do saneamento: a contaminação por coliformes, DBO, nutrientes

e metais mantém-se. No caso dos rios Urucuia, Pará e Salitre registra-se uma

evolução positiva (especialmente neste último), refletindo uma redução por esgotos

domésticos. No rio Paracatu verifica-se uma melhoria da contaminação com metais,

embora se mantenha um problema de contaminação por fósforo. Quanto ao rio

Carinhanha, de acordo com o diagnóstico efetuado no PRH-SF 2004-2013, que

revelava a ausência de desacordo com a meta final do enquadramento vigente, parece

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40 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

ter ocorrido uma degradação, relacionada à contaminação por esgotos domésticos.

Para os rios Corrente e Grande, não se verifica uma tendência clara de evolução na

qualidade das águas.

É importante referir-se que, em alguns trechos do rio Rio Verde Pequeno e Rio

Carinhanha, e de modo geral nos afluentes pernambucanos e alagoanos da margem

esquerda do rio São Francisco, a escassez de monitoramento não permite o

conhecimento do acordo atual da qualidade da água com a meta final do

enquadramento vigente.

Considerando a meta final da proposta de enquadramento apresentada no PRH-

SF 2004-2013 a situação de acordo, notadamente, na calha do rio São Francisco, é

semelhante à obtida para a meta final do enquadramento vigente, devido à

coincidência da classificação (cf. figura seguinte). Nos rios em que a classificação

proposta é mais exigente, geralmente em classe 1, verifica-se um aumento da

extensão dos corpos de água ou número de parâmetros em desacordo (adição de

DBO ou oxigênio dissolvido), notadamente, no trecho de montante do rio Itaquari, na

bacia do rio Carinhanha, no rio Guará, na bacia do rio Corrente, e nos rios Preto,

Branco, das Ondas e das Fêmeas, na bacia do rio Grande. No trecho do rio das

Velhas para o qual o PRH-SF 2004-2013 propõe a alteração da meta final de classe 3

para classe 2, o desacordo aumenta de quatro a cinco parâmetros para até seis a sete

parâmetros, com aumento do desacordo entre os tóxicos e o azoto amoniacal.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 41 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Figura 8 – Acordo da qualidade das águas superficia is com a meta final do

enquadramento proposto pelo PRH-SF 2004-2013 nos pr incipais corpos de água

da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 34 do Volume 4, reduzido).

Tendo em conta esta situação, a condição de qualidade das águas é a apresentada na

figura seguinte.

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42 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Figura 9 – Condição de qualidade das águas superfic iais nos principais corpos

de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 35 do Volume 4,

reduzido).

Verifica-se que a calha do rio São Francisco apresenta geralmente condição

compatível com a classe 2 ou superior na maior parte da sua extensão entre as divisas

estaduais de Minas Gerais / Bahia e Bahia / Pernambuco. Fora deste trecho a calha

do rio São Francisco apresenta a maior parte de sua extensão com condição

compatível com classe 3 ou inferior, especialmente entre as confluências com o rio

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 43 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Pará e Paracatu e a jusante da Represa de Itaparica, próximo à divisa estadual Bahia /

Sergipe.

Os usos da água , considerando os cadastros de outorgas e a distribuição espacial de

unidades de conservação e Terras Indígenas, são apresentados na figura seguinte e

no quadro seguinte (por curso de água principal).

Figura 10 – Usos das águas superficiais nos princip ais corpos de água da bacia

hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 36 do Volum e 4, reduzido).

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44 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Quadro 6 – Regime, usos preponderantes e situações de não atendimento pela

condição das águas por principais cursos de água da bacia.

Curso de

água Regime Usos preponderantes

Situações de não atendimento

pela condição das águas

Rio São

Francisco P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional ou simplificado

(após divisa estadual BA/PE)

Dessedentação animal

Preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral (Parque Nacional da Serra da

Canastra, Parques estaduais Lagoa do

Cajueiro e Mata Seca e Parque Nacional

Cavernas do Peruaçu, Monumentos

Nacionais do Rio São Francisco e Grota do

Angico)

Proteção das comunidades aquáticas em

Terras Indígenas (Truká)

Irrigação (principalmente plantas frutíferas)

Aquicultura

Navegação

Abastecimento para consumo

humano / irrigação: entre as

confluências com rios Pará e

Paracatu, entre confluências com rios

Corrente e Grande, entre a divisa BA

/ PE e a represa de Itaparica, após a

represa de Itaparica

Proteção das comunidades aquáticas

em Terras Indígenas: Terra Indígena

Truká (Submédio)

Preservação dos ambientes

aquáticos em unidades de

conservação de proteção integral:

Monumentos Nacionais do Rio São

Francisco e Grota do Angico

Rio Pará P

Preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral (ESEC Mata do Cedro)

Proteção das comunidades aquáticas em

Terras Indígenas (Kaxixó)

Irrigação (milho)

Preservação dos ambientes

aquáticos em unidades de

conservação de proteção integral:

ESEC Mata do Cedro (na cabeceira)

Proteção das comunidades aquáticas

em Terras Indígenas: Terra Indígena

Kaxixó (junto a foz no rio São

Francisco)

Rio Paraopeba P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Irrigação

Abastecimento para consumo

humano: após confluência com rio

Maranhão

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 45 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Curso de

água Regime Usos preponderantes

Situações de não atendimento

pela condição das águas

Rio das Velhas P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral (Refúgio de Vida Silvestre Estadual

Macaúbas)

Irrigação

Abastecimento para consumo

humano: após confluência com rio

Maracujá

Preservação dos ambientes

aquáticos em unidades de

conservação de proteção integral:

Refúgio de Vida Silvestre Estadual

Macaúbas

Rio Jequitaí P

Preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral (Parque Nacional das Sempre Vivas)

Dessedentação animal

Irrigação

Preservação dos ambientes

aquáticos em unidades de

conservação de proteção integral:

Parque Nacional das Sempre Vivas

Rios Paracatu e

Preto P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Dessedentação animal

Irrigação (incluindo hortaliças)

Abastecimento para consumo

humano: da confluência com o rio

Escuro até foz

Rio Urucuia P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Dessedentação animal

Preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral (Reserva de Biosfera Sagarana-

Barra / Sagarana Logradouro)

Irrigação

Preservação dos ambientes

aquáticos em unidades de

conservação de proteção integral:

Reserva de Biosfera Sagarana-Barra

/ Sagarana Logradouro

Rio Peruaçu P

Preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral (Parque Estadual Veredas do

Peruaçu, Parque Nacional Cavernas do

Peruaçu)

Proteção das comunidades aquáticas em

Terras Indígenas (Xacriabá)

-

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46 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Curso de

água Regime Usos preponderantes

Situações de não atendimento

pela condição das águas

Rio Verde

Grande P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Dessedentação de animais

Preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral (Parque Estadual Verde Grande)

Irrigação (incluindo hortaliças e plantas

frutíferas)

Irrigação (incluindo hortaliças e

plantas frutíferas): entre confluência

com riachão Boa Vista e rio Arapoim

e entre confluência com córrego

Macaúbas e rio Gorutuba

Rio Gorutuba P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Dessedentação de animais

Irrigação

Abastecimento para consumo

humano / Irrigação de hortaliças e

plantas frutíferas

Rio Verde

Pequeno P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Dessedentação de animais

Irrigação

-

Rio Carinhanha P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral (Parque Nacional Grande Sertão

Veredas)

Irrigação (incluindo hortaliças)

Abastecimento para consumo

humano / Irrigação de hortaliças:

após confluência com rio Itaquari

Rio Corrente P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Dessedentação animal

Preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral (Refúgio de Vida Silvestre Veredas

do Oeste Baiano, rios Formoso e Pratudão)

Aquicultura (rio Correntina)

Irrigação (incluindo hortaliças)

Aquicultura: rio Correntina

Rio Grande P

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Dessedentação animal

Irrigação (culturas arbóreas e cerealíferas)

Navegação

Abastecimento para consumo

humano: entre confluência com rio

das Fêmeas e rio das Ondas

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 47 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Curso de

água Regime Usos preponderantes

Situações de não atendimento

pela condição das águas

Rios Verde e

Jacaré

P (rio

Verde)

I (rio

Jacaré)

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional ou simplificado

Irrigação

Abastecimento para consumo

humano / Irrigação de hortaliças e

plantas frutíferas

Rio Salitre I

Abastecimento para consumo humano, após

tratamento convencional ou simplificado

Dessedentação de animais

Preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral (Reserva Ecológica e Arqueológica

da Serra do Mulato)

Irrigação (plantas frutíferas)

Abastecimento para consumo

humano

Preservação dos ambientes

aquáticos em unidades de

conservação de proteção integral:

Reserva Ecológica e Arqueológica da

Serra do Mulato

Irrigação / Dessedentação de

animais: trecho salobro (da

confluência com riacho do Covão até

Barragem Casa Nova)

Afluentes

pernambucanos

e alagoanos da

margem

esquerda do rio

São Francisco

I (rios

Moxotó,

Capiá,

Ipanema,

Traipú)

P (rio

Piauí)

Abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional

Dessedentação de animais

Proteção das comunidades aquáticas em

Terras Indígenas (rio Moxotó - Fazenda

Cristo Rei, Tux de Inajá; Ipanema - Xukuru,

Xukuru de Cimbres, Fulni-ô)

Irrigação (rio Piauí)

Aquicultura (rio Piauí)

s.i.

Afluentes

sergipianos da

margem direita

do rio São

Francisco

I (riacho

Jacaré)

Dessedentação de animais

Irrigação Irrigação: riacho Jacaré

Fonte: RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e Ins titucional (Volume 1 – Caracterização da bacia hidrográfica; Volume 4 – An álise Qualitativa e Quantitativa – Águas Superficiais, Volume 7 – Usos, balanço hídric o e síntese do diagnóstico), 2015 (adaptado); Pessôa, 2013.

Nota: s.i. – sem informação.

Os usos preponderantes identificados para os vários cursos de água são geralmente

coincidentes com aqueles identificados no PRH-SF 2004-2013. Assinala-se contudo a

inclusão dos usos de proteção das comunidades aquáticas associados a Terras

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48 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Indígenas, por via da Resolução CONAMA n.º 357/2005, nos rios São Francisco, Pará,

Peruaçú, Moxotó e Ipanema.

De acordo com a informação reunida em etapa de Diagnóstico, exceto nos rios

Peruaçu e Verde Pequeno, todos os cursos de água apresentados evidenciam

situações em que a condição de qualidade das águas não atende alguns usos

preponderantes. Os principais usos lesados são os seguintes:

• Abastecimento para consumo humano : em diversos trechos do rio São

Francisco, rio Paraopeba, rio das Velhas, rios Paracatu e Preto, rio

Gorutuba, rio Carinhanha, rios Verde e Jacaré, rio Salitre; a situação é

particularmente severa para os rios das Velhas, Preto e Paraopeba, devido

à quantidade de parâmetros que têm alteração face ao padrão de

qualidade da Resolução CONAMA n.º 357/2005;

• Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação

de proteção integral : afetando as unidades de conservação Monumentos

Nacionais do Rio São Francisco e Grota do Angico, ESEC Mata do Cedro;

Refúgio de Vida Silvestre Estadual Macaúbas, Parque Nacional das

Sempre Vivas, Reserva de Biosfera Sagarana-Barra / Sagarana-

Logradouro, Reserva Ecológica e Arqueológica da Serra do Mulato;

• Irrigação : em diversos trechos dos rios São Francisco, Verde Grande,

Gorutuba, Carinhanha, Verde e Jacaré, Salitre; a situação é

particularmente severa no rio Verde Grande, devido à quantidade de

parâmetros com alteração face ao padrão de qualidade da resolução

CONAMA n.º 357/2005.

Assinala-se também que, para o uso de proteção das comunidades aquáticas em

Terras Indígenas, verifica-se não atendimento em alguns trechos do rio São Francisco

e do rio Pará.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 49 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

5.3.3. Diretrizes para o enquadramento

Como referido anteriormente, no PRH-SF 2004-2013 foi apresentada uma proposta de

enquadramento dos cursos de água da bacia do rio São Francisco que não chegou a

ser aprovada, tal como expresso na Deliberação do CBHSF n.º 12/2004 (art. 6º),

devido a lacunas importantes de informação respeitantes aos usos preponderantes e à

qualidade da água nos rios intermitentes da bacia.

A existência de incompatibilidades entre a condição atual das águas e os usos

preponderantes, bem como a mudança no enquadramento legislativo (revogação da

Resolução CONAMA n.º 20/1986 pela Resolução CONAMA n.º 357/2005) tornam

necessária a atualização do enquadramento vigente dos cursos de água da bacia do

rio São Francisco.

A Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de novembro de 2008, estabelece os

procedimentos gerais para o enquadramento de corpos de água superficiais. No seu

art. 3º estabelece que a proposta de enquadramento deverá ser desenvolvida em

conformidade com o PRH e, preferencialmente, durante a sua elaboração.

Na atualização do PRH-SF, continuam a existir insuficiências na informação para

avaliação da qualidade das águas e do enquadramento vigente, notadamente, parte

importante dos cursos de água intermitentes não tem monitoramento regular, pelo que

não estão reunidos os subsídios necessários para fundamentar a concretização de

nova proposta de enquadramento para submeter a aprovação.

Entretanto, a informação apresentada no RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e

Institucional, sistematizada nas seções anteriores, permite a apresentação de

diretrizes e critérios metodológicos para auxiliar futuros trabalhos de enquadramento

dos corpos de água da bacia.

De acordo com a Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de novembro de 2008 (art. 3º) a

proposta de enquadramento deve conter os seguintes aspectos:

• Diagnóstico;

• Prognóstico;

• Propostas de metas relativas às alternativas de enquadramento;

• Programa para efetivação.

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50 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Esta resolução acrescenta que a proposta de enquadramento deve considerar as

águas superficiais e subterrâneas de forma integrada e associada. Acresce igualmente

que a elaboração da proposta de enquadramento deve dar-se com ampla participação

da comunidade da bacia hidrográfica.

As alternativas de enquadramento propostas, em conjunto com o programa de

efetivação respectivo, serão submetidas à análise pelo Comitê da Bacia Hidrográfica

do rio São Francisco, que selecionará uma das alternativas para encaminhamento

para análise e deliberação pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Em caso de

aprovação, será emitida uma resolução ou outro tipo de norma, estabelecendo, para

cada trecho de corpo de água, a classe de enquadramento. O enquadramento deverá

ser revisto periodicamente, em função de mudanças técnicas, econômicas e sociais

(COSTA; CONEJO, 2009).

As principais etapas do processo de enquadramento são sintetizadas na figura

seguinte.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 51 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Figura 11 – Principais etapas do processo de enquad ramento de corpos de água.

Fonte: Costa e Conejo, 2009.

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52 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Em seguida apresentam-se as diretrizes e critérios respeitantes aos principais

aspectos conducentes à proposta de enquadramento para a bacia do rio São

Francisco.

DIAGNÓSTICO

Na etapa de Diagnóstico devem ser abordados os seguintes aspectos:

• Caracterização geral da bacia hidrográfica e do uso e ocupação do solo;

• Identificação e localização dos usos e interferências;

• Disponibilidade, demanda e condições de qualidade das águas;

• Mapeamento das áreas vulneráveis e suscetíveis a riscos;

• Identificação das áreas reguladas por legislação específica;

• Arcabouço legal e institucional pertinente;

• Políticas, planos e programas locais e regionais;

• Caracterização socioeconômica da bacia hidrográfica;

• Capacidade de investimento em ações de gestão de recursos hídricos;

• Diagnóstico integrado.

Estes aspectos são desenvolvidos adiante com maior detalhe.

Caracterização geral da bacia hidrográfica e do uso e ocupação do solo

A caracterização geral deve incluir a identificação dos corpos de água superficiais e

suas interconexões hidráulicas com corpos de água subterrâneos, em escala

compatível.

Na identificação dos corpos de água superficiais devem ser considerados o rio São

Francisco e os seus principais afluentes, distinguindo e delimitando os trechos com

enquadramento vigente. Devem ser identificados os corpos de água que serão alvo da

atualização do enquadramento, os quais deverão corresponder no mínimo aos trechos

previamente enquadrados.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 53 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Usos e interferências

Devem ser identificados, localizados e quantificados os usos e interferências que

alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em cada corpo de

água, destacando-se os usos preponderantes.

De acordo com a Resolução CONAMA n.º 357/2005, os usos a identificar , que

alteram a quantidade de água existente em cada corpo de água, são os seguintes:

• Abastecimento para consumo humano;

• Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas;

• Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de

proteção integral;

• Proteção das comunidades aquáticas;

• Proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas;

• Recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e

mergulho, conforme Resolução CONAMA n.º 274, de 2000;

• Recreação de contato secundário;

• Irrigação;

• Aquicultura;

• Pesca;

• Dessedentação de animais;

• Navegação;

• Harmonia paisagística.

Entre estes, merecem especial menção os usos de preservação do equilíbrio natural

das comunidades aquáticas e de proteção das comunidades aquáticas, por não terem

identificação óbvia. Assim, para a sua identificação, recomenda-se a consideração das

seguintes indicações:

• Deve ser identificado o uso preservação do equilíbrio natural das

comunidades aquáticas onde exista o objetivo de manter as condições

originais das águas, sem se admitir o lançamento de quaisquer efluentes,

sem que ocorram Unidades de Proteção Integral: serão áreas com

vegetação preservada, especialmente nas cabeceiras das bacias

hidrográficas e em zonas de alta declividade, onde não existe ocupação

humana (de acordo com Agência Nacional de Águas, 2009);

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54 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

• O uso de proteção das comunidades aquáticas pode ser identificado em

áreas onde exista o objetivo de proteção da vida aquática sem que se

requeira a manutenção das condições originais de qualidade das águas

(classe Especial): podem ser consideradas com este uso as áreas de

unidades de conservação de uso sustentável, bem como outras áreas

indicadas para proteção, como as Áreas de Proteção Permanente (ex.

áreas de mata ciliar), nos termos da Lei Federal n.º 12.551/2012, alterada

pelas leis n.º 12.651/2012 e n.º 12.727/2012), e áreas definidas como

prioritárias para conservação, nos termos da Portaria do Ministério do Meio

Ambiente n.º 9, de 23 de janeiro de 2007 (de acordo com Agência Nacional

de Águas, 2009).

Os trabalhos de atualização do PRH-SF permitiram identificar a importância da

consideração na bacia do rio São Francisco de outros usos não considerados pela

Resolução CONAMA n.º 357/2005, pelo que se recomenda também a consideração

no escopo da atualização do enquadramento dos recursos hídricos (de acordo com o

sugerido por Agência Nacional de Águas, 2009) do uso industrial e para mineração

(especialmente no estado de Minas Gerais).

Os usos identificados devem ser localizados, incluindo-se as suas coordenadas e

determinando-se o corpo de água e trecho enquadrado respectivo.

Adicionalmente, os usos devem ser caracterizados quanto ao volume de água

captada, incluindo as informações relevantes para a determinação da sua importância

socioeconômica na bacia e do seu enquadramento em classes de qualidade sob a

Resolução CONAMA n.º 357/2005. Especificamente, estas informações devem incluir,

entre outras, as seguintes:

• O uso para abastecimento para consumo humano deve ser caracterizado

quanto ao tipo de tratamento de água, notadamente, simplificado,

convencional ou avançado;

• O uso para irrigação deve ser caracterizado para a cultura, notadamente,

distinguindo os casos de irrigação de hortaliças que são consumidas cruas

de irrigação de outras hortaliças, irrigação de frutas que se desenvolvam

rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película de

irrigação de outras plantas frutíferas, irrigação de culturas arbóreas,

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 55 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

cerealíferas e forrageiras e irrigação de parques, jardins, campos de

esporte e lazer, com os quais o público possa ter contato direto;

• O uso para pesca deve distinguir a pesca profissional e a pesca amadora;

• O uso industrial e para mineração deve incluir o tipo de atividade e o modo

como a água é integrada no processo produtivo (incorporação no produto,

operação de equipamento, etc.).

De acordo com os estudos efetuados no presente trabalho, as fontes de informação a

consultar para a identificação e caracterização dos usos de recursos hídricos

superficiais são, entre outras relevantes, as seguintes:

• Abastecimento para consumo humano: cadastros de outorgas e também,

para a caracterização do tratamento de água, o Atlas Brasil –

Abastecimento Urbano de Água;

• Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas: informação

de uso do solo produzida pelo IBGE e de características fisiográficas da

bacia (ex. Base Hidrográfica Ottocodificada, Agência Nacional de Águas,

2013);

• Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de

proteção integral: cadastros federal e estaduais de unidades de

conservação de proteção integral, notadamente, do tipo Estação Ecológica,

Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural, Refúgio da Vida

Silvestre;

• Proteção das comunidades aquáticas: cadastros federal e estaduais de

unidades de conservação de uso sustentável, notadamente, do tipo Área

de Proteção Ambiental, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva

Particular do Patrimônio Natural, informação de cobertura vegetal,

cadastros de áreas prioritárias para conservação do Ministério do Meio

Ambiente e de órgãos gestores das Unidades da Federação;

• Proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas: cadastro de

Terras Indígenas da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, considerando

as diferentes modalidades, notadamente: Terras Indígenas

Tradicionalmente Ocupadas (conforme art. 231 da Constituição Federal e

com demarcação pelo Decreto n.º 1.775/96); Reservas Indígenas (terras

doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela União para a

posse permanente dos povos indígenas); Terras Dominiais (propriedade

das comunidades indígenas); Interditadas (pela FUNAI para proteção dos

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56 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

povos e grupos indígenas isolados, com restrição de ingresso e trânsito por

terceiros, podem ser ou não demarcadas pelo Decreto n.º 1.775/96);

• Recreação: informação de monitoramento das condições de balneabilidade

e de áreas para a prática de desportos náuticos por prefeituras e orgãos

gestores do meio ambiente (federal e das Unidades da Federação);

• Irrigação, aquicultura, dessedentação de animais, uso industrial: cadastros

de outorgas e de centros integrados de recursos Pesqueiros e Aquicultura

(CIRPAs) da CODEVASF;

• Pesca: informações sobre existência de colônias de pescadores ou de

áreas onde se pratica pesca desportiva, recolhidas junto das prefeituras;

• Navegação: informações sobre a hidrovia do São Francisco da

Administração da Hidrovia do São Francisco (AHSFRA) e da Companhia

de Docas do Maranhão e ainda aquela contida no Plano Hidroviário

Estratégico (MT, 2013a), Plano Nacional de Integração Hidroviária

(ANTAQ, UFASC, 2013), Projeto do Corredor Multimodal do São Francisco

(CMSF, 2015) e Mapa Hidroviário (MT, 2013b).

O inventário de usos deve ser confirmado por trabalho de campo.

Os cadastros de outorgas a consultar devem considerar:

• Cadastro da ANA (ANA, 2015a ou subsequente), referente às outorgas de

direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da

União;

• Os cadastros dos órgãos gestores de recursos hídricos das Unidades da

Federação, notadamente IGAM, APAC, INEMA; SEMARH-AL, SEMARH-

SE, e o Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do

Distrito Federal (ECOPLAN, 2012) ou documento subsequente.

Face ao inventário de usos, devem ser identificados os usos preponderantes . De

acordo com Costa e Conejo (2009), entende-se uso preponderante como aquele que

tem mais importância entre todos os usos feitos dos recursos hídricos, não apenas

aquele com maiores volumes captados. Assim, na identificação dos usos

preponderantes de água superficial devem ser privilegiados:

• O uso para abastecimento para consumo humano;

• Os usos associados a unidades de conservação de proteção integral e de

uso sustentável;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 57 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• O uso associado a Terras Indígenas;

• Entre os restantes usos, privilegiar aqueles a que estejam associados

maiores volumes de água captada e/ou que possuam maior importância

socioeconômica para a população da bacia.

Deve ser realizada uma análise histórica das necessidades e das utilizações de água

e das tendências de evolução, discriminada pelos vários setores de utilização, tendo

presente os diferentes fatores sociais, econômicos e naturais que expliquem essas

tendências.

Quanto às interferências , estas referem-se geralmente a alteração na qualidade da

água ou no regime dos corpos de água, devendo ser identificadas, entre outras:

• Fontes de poluição pontual, associadas a rejeição de efluentes industriais,

agropecuários e domésticos;

• Fontes de poluição difusa associadas a atividades agropecuárias, despejo

irregular de resíduos sólidos e lançamento de efluentes domésticos no

solo, deficiente drenagem pluvial de zonas urbanas, bem como a

processos naturais de erosão do solo;

• Açudes e reservatórios, notadamente os associados à geração de energia

elétrica, controle de cheias, abastecimento de água e empreendimentos de

irrigação.

A caracterização das fontes de poluição deve permitir a determinação da magnitude

da sua interferência, devendo ser recolhida a seguinte informação para as fontes do

tipo pontual (cf. COSTA; CONEJO, 2009):

• Vazão de captação e lançamento;

• Características do efluente;

• Sazonalidade dos lançamentos;

• Coordenadas geográficas do ponto de lançamento.

Para identificação, localização e quantificação de interferências deverão ser

consultadas as seguintes fontes, entre outras:

• Processos de licenciamento ambiental;

• Cadastros de outorgas de utilização de recursos hídricos, da ANA e dos

órgãos gestores das Unidades da Federação;

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58 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

• Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), para

informação sobre atendimento dos municípios por sistemas de saneamento

básico referentes a esgotamento sanitário, coleta de resíduos sólidos e

drenagem pluvial.

Entretanto, deve ser observado que nem todas as interferências estão outorgadas,

notadamente, as referentes às fontes de poluição difusa. Para estas interferências

devem ser desenvolvidas metodologias de estimativa de cargas associadas.

Atualmente as metodologias disponíveis de quantificação das cargas difusas podem

ser classificadas em três tipos (cf. PESSÔA, 2013):

• Unidade de carga: obtenção de cargas poluentes relacionando as

categorias de uso do solo com valores médios de cargas poluentes e

considerando-se as áreas de contribuição com uso de solo homogêneo;

tem a deficiência de não considerar as características hidrológicas e

morfológicas da bacia;

• Concentração média do evento (CME): razão entre a massa de poluente na

bacia e o volume total de escoamento em determinado evento;

conhecendo o evento estabelecem-se, por análises estatísticas, relações

entre o pico do hidrograma, uso do solo e carga poluente, permitindo

estimar o potencial de geração de poluição difusa em cada evento; como

dificuldade esta metodologia tem a necessidade de necessidade de

extenso monitoramento da qualidade da água durante eventos, no espaço

e tempo, com custo significativo;

• Modelos matemáticos de simulação: capazes de simular a relação chuva-

vazão e estimar as cargas poluentes, a partir de dados de monitoramento,

de uso do solo e de fatores de emissão das atividades poluentes e

características da bacia.

Tendo em conta a dimensão da bacia hidrográfica do rio São Francisco recomenda-se

que a estimativa de cargas de poluição difusa se efetue fazendo uso de modelos

matemáticos de simulação, com a vantagem de os mesmos poderem ser utilizados

também para o desenvolvimento da etapa de Prognóstico e na análise regular de

dados de monitoramento.

Esta opção vai ao encontro da ação prioritária para a revitalização da bacia

hidrográfica do rio São Francisco identificada pelo Projeto de Lei n.º 2.988-A, de 2015,

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 59 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

de utilização de modelagens hidrológicas e de sedimentos para elaboração de

cenários presentes e futuros, permitindo o balanço entre oferta e demanda hídrica e a

degradação ambiental da bacia (art. 4º I).

Deverá ser realizado trabalho de campo sempre que se mostre necessário confirmar

as informações de fontes secundárias.

No desenvolvimento dos trabalhos, foram identificadas como principais fontes de

poluição, as abaixo indicadas, para cada região fisiográfica. Face à informação mais

atualizada e completa, tal informação deverá ser revista, nos estudos de atualização

do enquadramento:

• Alto São Francisco: lançamento de esgotos domésticos, lançamento de

efluentes industriais, poluição de origem urbana e agropecuária, atividades

de mineração;

• Médio São Francisco: lançamento de esgotos domésticos, poluição difusa

de origem urbana e agropecuária;

• Submédio São Francisco: lançamento de esgotos domésticos, atividades

agropecuárias, atividades de mineração;

• Baixo São Francisco: lançamento de esgotos domésticos, despejos

irregulares de resíduos sólidos, atividades agrícolas.

Disponibilidade, demanda e condições de qualidade d as águas superficiais

A disponibilidade hídrica superficial deverá ser definida como a quantidade de água

naturalmente disponível na bacia hidrográfica, relacionada à vazão natural dos cursos

de água. Assim, a disponibilidade hídrica é avaliada em um cenário sem qualquer

interferência humana, notadamente, derivações, regularizações, importações ou

exportações de água e usos consuntivos.

A disponibilidade hídrica deverá ser estimada e avaliada com a determinação dos

parâmetros seguintes, se possível ao nível do trecho de corpo de água:

• Vazão média;

• Vazões de permanência de 50, 90 e 95%;

• Vazão característica Q7,10 (vazão mínima de 7 dias de duração para um

período de recorrência de 10 anos).

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60 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Para estes cálculos deverão ser utilizados os dados de vazão obtidos por

monitoramento em estações fluviométricas pela Agência Nacional de Águas e pelo

Operador Nacional do Sistema Elétrico, entre outras fontes relevantes, para o período

mais longo possível, de modo a permitir uma boa estimativa dos referidos parâmetros

de vazão. Deverão ser desenvolvidas metodologias para o preenchimento de lacunas

de dados, notadamente, através de implementação de modelo de chuva-vazão

utilizando dados de estações pluviométricas da Agência Nacional de Águas.

Adicionalmente ao cálculo dos parâmetros de vazão, deverá ser caracterizado o

regime permanente ou intermitente, dos trechos dos corpos de água em análise.

Para os trechos de corpos de água sem monitoramento de vazão deverá ser, sempre

que possível, empreendido trabalho de campo que permita a validação das medidas

de estimativa de vazão utilizadas. Este monitoramento deverá ser essencial para a

caracterização dos rios intermitentes da bacia. De acordo com a ANA (2015f) os

seguintes corpos de água da bacia têm a quase totalidade da sua extensão (mais de

85%) em regime intermitente:

• Submédio São Francisco: rio Salitre e rio Moxotó;

• Baixo São Francisco: rio Capiá, rio Ipanema, Rio Traipú e Riacho Jacaré.

A demanda de águas superficiais é definida pela vazão de consumo (diferença entre

vazão de retirada e de vazão de retorno) dos usos consuntivos, podendo ser obtida

dos cadastros de outorgas.

Caso as outorgas sejam pouco representativas da demanda, devido à existência de

usos não outorgados, devem ser desenvolvidas metodologias de estimativa de

consumos de água. Para estas metodologias deverão ser consultados procedimentos

específicos utilizados pela Agência Nacional de Águas ou por órgãos gestores das

Unidades da Federação.

A determinação das condições de qualidade das águas superficiais deverá

consistir na identificação da classe de qualidade e dos respectivos usos, nos termos

da Resolução CONAMA n.º 357/2005, a que os corpos de água atendem atualmente,

devendo ainda ser identificados os parâmetros críticos que determinam a condição

das águas (cf. COSTA; CONEJO, 2009). Esta determinação deverá ser individualizada

para cada trecho de corpo de água alvo do processo de enquadramento.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 61 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Para este processo devem ser utilizados os dados de monitoramento mais recentes

disponíveis nas redes de estações de amostragem disponíveis na bacia hidrográfica,

de gerência de diversos órgãos federais e estaduais. Estes dados compreendem,

entre outros, os fornecidos pelas seguintes fontes de informação:

• Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade das Águas da Agência

Nacional de Águas, conforme Resolução n.º 903/2013;

• Rede de monitoramento para o estado de Minas Gerais (informação no

Portal do IGAM, 2015);

• Rede de monitoramento do Programa Monitora para o estado da Bahia

(informação no Portal do INEMA, 2015);

• Dados de monitoramento para outras Unidades da Federação, a recolher

junto dos órgãos gestores de recursos hídricos, bem como em estudos

científicos de universidades e institutos;

• Rede de monitoramento de mananciais por empresas operadoras de

sistemas de abastecimento público;

• Rede de monitoramento de reservatórios de operadores de hidrelétricas.

Devem ser desenvolvidas metodologias para a manipulação e interpretação de

conjuntos de dados com falhas, de forma a se considerar o maior conjunto possível de

dados para melhorar as interpretações realizadas sobre a condição das águas.

Tendo em conta o grande número de parâmetros considerado pela Resolução

CONAMA n.º 357/2005 para a definição das classes de enquadramento, recomenda-

se que a análise para determinação da condição das águas seja restringida a um

conjunto de parâmetros prioritários. Estes parâmetros deverão incluir, entre outros:

• Parâmetros em desacordo com o enquadramento vigente em cada trecho

de corpo de água, de acordo com os boletins e relatórios de qualidade da

água emitidos pelas entidades gestoras de recursos hídricos;

• Parâmetros associados aos usos preponderantes identificados em cada

trecho de corpo de água.

É importante que o mesmo conjunto de parâmetros seja utilizado na avaliação da

condição das águas nas várias regiões fisiográficas, corpos de água e trechos de

corpo de água, de forma a possibilitar a realização de análises de continuidade de

problemas de qualidade das águas.

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62 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Neste processo, cada parâmetro deve ser analisado individualmente, devendo evitar-

se a análise de índices de qualidade das águas.

Nos estudos de atualização do PRH-SF foram detectados diversos trechos de corpos

de água sem monitoramento, o que não permitiu a avaliação da condição atual de

qualidade das suas águas, notadamente:

• Rio Verde Pequeno: da confluência do rio Cova da Mandioca até foz no rio

Verde Grande;

• Rio Carinhanha: das nascentes até confluência com córregos Lorena e

Sabão;

• No Submédio São Francisco: rio Moxotó;

• No Baixo São Francisco: rio Capiá, rio Ipanema, rio Traipú, rio Piauí.

Para estes trechos recomenda-se a realização de amostragem de qualidade das

águas para o conjunto de parâmetros prioritários em duas campanhas anuais (uma em

estação seca e outra em estação úmida) durante pelo menos um ano, por forma a

permitir a avaliação da sua condição atual de qualidade das águas. A amostragem de

qualidade de águas deverá ser sempre acompanhada de medida de vazões, de forma

a permitir a estimativa de cargas poluentes e subsidiar a simulação de qualidade de

águas a realizar na etapa de Prognóstico.

De entre estes trechos, recomenda-se que tenham prioridade para a realização de

amostragem os que interceptam unidades de conservação de proteção integral ou

Terras Indígenas, por estarem associados a um enquadramento de referência mais

exigente quanto à qualidade das águas. À época da realização dos estudos de

atualização do PRH-SF determinou-se estarem nestas condições os seguintes:

• Rio Moxotó: terras indígenas Fazenda Cristo Rei e Tuxá de Inajá;

• Rio Ipanema: terras indígenas Xukuru, Xukuru de Cimbres e Fulni-ô.

A implementação em pleno da Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade das

Águas (RNQA), prevista até 2020, permitirá o aprimoramento da rede de

monitoramento da qualidade das águas superficiais assegurando na bacia hidrográfica

do rio São Francisco uma densidade mínima de 1 ponto por 1.000 km (total de 640

pontos; ANA, 2015) e contemplando um conjunto mínimo de parâmetros para

monitoramento da qualidade físico-química, microbiológica, biológica e nutrientes

(Resolução ANA, n.º 903/2013). A RNQA prevê pontos de monitoramento em alguns

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 63 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

dos rios não monitorados pelas redes atuais. Desta forma, as informações coletadas

pela RNQA constituirão um importante subsídio para atualização do enquadramento

da bacia.

A avaliação da condição atual de qualidade das águas efetuada para o presente plano,

faz realçar contudo a necessidade de alterar os requisitos mínimos de operação da

RNQA de acordo com as especificidades regionais, notadamente, para os rios

intermitentes, tal como previsto pelo art. 15º da Resolução n.º 903/2013.

Mapeamento das áreas vulneráveis e suscetíveis a ri scos

A Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de novembro de 2008, estabelece que devem ser

considerados os riscos e efeitos de poluição, contaminação, superexplotação,

escassez de água, conflitos de uso, cheias, erosão, entre outros.

Deve ser dada particular atenção à influência das prováveis alterações climáticas na

alteração das áreas vulneráveis e suscetíveis a riscos.

Identificação das áreas reguladas por legislação es pecífica

Deve ser realizada a caracterização das áreas regulamentadas por legislação

específica na bacia, incluindo:

• Identificação, zoneamento, descrição e estado atual da área;

• Descrição da legislação específica pela qual estão abrangidas, com

referência às sucessivas atualizações (em particular as diretrizes e normas

aplicáveis à ocupação do solo);

• Identificação de conflitos e problemas ambientais associados a áreas

ameaçadas e degradadas por atividades antrópicas.

Nesta identificação devem ser incluídas, entre outras que se mostrem relevantes para

a atualização e efetivação do enquadramento, as áreas de unidades de conservação

de proteção integral e de uso sustentável e as Terras Indígenas.

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64 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Arcabouço legal e institucional pertinente

No arcabouço legal deverão ser identificados e analisados os diplomas legais para o

estabelecimento e efetivação do enquadramento. Assim, deve ser a seguinte

legislação:

• Legislação referente ao estabelecimento e atualização do enquadramento

dos corpos de água;

• Legislação referente ao estabelecimento e regulação de unidades de

conservação de proteção integral e de uso sustentável;

• Legislação referente ao estabelecimento e regulação de Terras Indígenas.

O arcabouço institucional deverá incluir a identificação e caracterização de

competências e capacidade de intervenção na gestão dos recursos hídricos das

entidades relevantes para a efetivação do enquadramento, com destaque para as

seguintes:

• Os órgãos gestores de recursos hídricos e meio ambiente ao nível Federal

e das Unidades da Federação, incluindo os constituintes do Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

• O Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

• Os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;

• As agências de águas;

• Os comitês das bacias hidrográficas do rio São Francisco e seus afluentes;

• As prefeituras;

• Organizações não governamentais;

• Associações de setores de atividade econômica;

• FUNAI e representantes de comunidades indígenas;

• Órgãos gestores da conservação da natureza.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 65 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Políticas, planos e programas locais e regionais

As políticas, planos e programas locais e regionais a inventariar devem incluir aqueles

que focam especificamente os recursos hídricos, bem como aqueles que têm

relevante influência socioeconômica na bacia hidrográfica e, assim, possam

determinar os usos atuais e futuros destes recursos hídricos.

A Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de novembro de 2008, estabelece que devem ser

considerados especialmente os planos setoriais (ex.: saneamento), de

desenvolvimento socioeconômico, plurianuais governamentais e planos estaduais,

diretores dos municípios e ambientais e os zoneamentos ecológico econômico,

industrial e agrícola.

Para a necessária conformidade da atualização do enquadramento com o PRH

recomenda-se que se considerem, entre outros relevantes, as políticas, planos e

programas considerados na atualização do PRH.

Para cada um dos planos e programas identificados devem ser avaliados os efeitos

observados e esperados da sua implementação, tendo presente a realidade regional e

local, bem como os horizontes temporais associados.

O conhecimento das ações em curso e previstas permitirá a articulação conjunta de

medidas, a concertação dos financiamentos, a redução de custo e a criação de

sinergias de atuação para a proteção dos recursos hídricos.

Caracterização socioeconômica da bacia hidrográfica

A caracterização socioeconômica da bacia deve reunir a informação necessária para o

entendimento da influência socioeconômica nos recursos hídricos, notadamente,

através de usos e interferências, e subsidiar o exercício de projeção a efetuar em fase

de Prognóstico.

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66 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Capacidade de investimento em ações de gestão de re cursos hídricos

Devem ser inventariadas e quantificadas as fontes de financiamento, atuais e futuras

das entidades com responsabilidade e capacidade em ações de gestão de recursos

hídricos, notadamente aquelas consideradas no arcabouço institucional.

Diagnóstico integrado

Os estudos anteriores serão utilizados para elaboração de um diagnóstico integrado

da situação atual, identificando as principais condicionantes e vulnerabilidades, a

dinâmica econômica e social no território e os processos de intervenção antrópica com

interferência potencial nos recursos hídricos, as situações críticas existentes e

potenciais e suas relações de causa e efeito, as potencialidades e os requisitos

básicos para o desenvolvimento sustentável.

Esta análise integrada, essencial ao desenvolvimento das fases seguintes, deverá ser

suportada por uma análise SWOT para identificação dos aspectos relevantes na

avaliação das tendências evolutivas e no seu posicionamento face a um entorno com

dinâmicas próprias, notadamente forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.

PROGNÓSTICO

A etapa de Prognóstico culmina com a apresentação das alternativas de

enquadramento, consistindo nos trabalhos de previsão da condição futura de

qualidade das águas face a cenários de evolução dos usos e das interferências da

água.

Devem ser avaliados os impactos sobre os recursos hídricos advindos da

implementação dos planos e programas de desenvolvimento previstos, considerando a

realidade regional com horizontes de curto, médio e longo prazos.

Para esta avaliação devem ser formuladas projeções consubstanciadas em estudos

de simulação, focando a evolução dos seguintes aspectos:

• Potencialidade, disponibilidade e demanda de água;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 67 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Cargas poluidoras de origem urbana, industrial, agropecuária e de outras

fontes causadoras de alteração, degradação ou contaminação dos

recursos hídricos superficiais e subterrâneos;

• Condições de quantidade e qualidade dos corpos hídricos;

• Usos pretensos de recursos hídricos, considerando as características

específicas da bacia.

As projeções devem ser efetuadas considerando:

• Os diferentes cenários de uso e ocupação do solo, previstos nos planos e

políticas públicas;

• Os horizontes e prazos das projeções estabelecidos pela entidade

responsável pela proposta de enquadramento, considerando as

recomendações existentes para a bacia hidrográfica, formuladas pelo

Comitê de Bacia Hidrográfica, pelo órgão gestor de recursos hídricos ou

pelo Conselho de Recursos Hídricos competente;

Partindo dos resultados da fase de Diagnóstico e das informações obtidas em

Consulta Pública, consubstanciadas no Diagnóstico Consolidado, o exercício de

Prognóstico é efetuado com base na definição de um conjunto de aspectos, que

materializam a ideia desejada para os corpos de água futuros da bacia (“a água que

queremos ter”). Temos assim:

Para as águas superficiais:

• A seleção da vazão de referência dos corpos de água, isto é, aquela em

que o enquadramento será atendido e em que será avaliado o acordo da

condição das águas com a meta de enquadramento;

• A definição dos usos preponderantes desejados por trecho dos corpos de

água, notadamente, os usos que se pretende assegurar atendimento pelo

enquadramento;

• A seleção dos parâmetros prioritários, os quais serão utilizados para a

simulação das cargas poluidoras e para a avaliação do acordo face às

metas de enquadramento;

• Os cenários de evolução das cargas poluidoras e usos/demandas de água.

Face aos estudos desenvolvidos no âmbito da atualização do PRH-SF apresentam-se

em seguida recomendações para estes aspectos da etapa de Prognóstico.

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68 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Vazão de referência

A vazão de referência é a vazão do corpo hídrico utilizada como base para o processo

de gestão, tendo em vista o uso múltiplo das águas, de acordo com a Resolução

CONAMA n.º 357/2005 (art. 2º).

Esta vazão define-se como a vazão mínima a ser considerada para garantir que a

condição de qualidade de água é compatível com os usos preponderantes

considerados no enquadramento, durante a maior parte do tempo (COSTA; CONEJO,

2009). Assim, será também esta a vazão a utilizar para o monitoramento do alcance

das metas do enquadramento.

Para a seleção da vazão de referência deverá ser escolhido para a simulação de

prognóstico e para o monitoramento do enquadramento, um dos parâmetros

caracterizadores de vazão, determinados em fase de diagnóstico da disponibilidade

hídrica: média, de permanência de 50, 90 ou 95% ou característica Q7,10.

A vazão de referência considerada como base para o estabelecimento das alternativas

de enquadramento afeta a frequência de atendimento do enquadramento, traduzindo a

exigência que se coloca à efetivação de enquadramento.

Na Deliberação CBHSF n.º 12, de 30 de julho de 2004, que apresenta a proposta de

enquadramento dos corpos de água estabelecida com o PRH-SF 2004-2013, adota-se

(art. 3º) como vazão de referência para o enquadramento da bacia hidrográfica a

vazão de permanência de 95%. No processo de reenquadramento deverá ser

reavaliada esta escolha, face a novas informações disponíveis.

Usos preponderantes desejados

Considerando o exercício de cenarização de desenvolvimento e prognóstico efetuado

para a atualização do PRH-SF, o qual prevê a manutenção dos usos da água atuais,

será expetável que, no exercício de atualização do enquadramento, os usos

preponderantes a considerar no prognóstico devam incluir os usos preponderantes

atuais determinados na etapa de Diagnóstico Consolidado.

Ao nível de cada trecho de corpo de água/corpo de água subterrânea é necessário

contabilizar possíveis novos usos, resultantes de planos e programas analisados em

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 69 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

fase de Diagnóstico bem como de expetativas das comunidades da bacia,

consubstanciadas no Diagnóstico Consolidado, por via da Consulta Pública.

Recomenda-se que neste processo de definição de usos preponderantes devam ter

atenção especial os usos referentes às unidades de conservação e às Terras

Indígenas, por estarem associadas geralmente a usos mais exigentes da condição de

qualidade das águas.

De fato, o diagnóstico efetuado para a atualização do PRH-SF (RP1A – Diagnóstico da

Dimensão Técnica e Institucional) permitiu verificar que parte importante do número de

unidades de conservação da bacia (cerca de um terço) foi criada após o PRH-SF

2004-2013 (2004, cf. Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional, Volume 2 –

Caracterização da bacia hidrográfica, 2ª Parte). É ainda possível a criação no futuro de

novas unidades de conservação na bacia, que afetarão os usos dos trechos de corpos

de água.

Para a atualização do PRH-SF foi detectado o uso de proteção das comunidades

aquáticas em Terras Indígenas nos seguintes trechos de corpos de água:

• Rio Pará (da confluência com rio Itapecerica até confluência com rio São

Francisco): Kaxixó

• Rio Peruaçu: Xacriabá;

• Rio São Francisco: Truká; Rio Moxotó: Fazenda Cristo Rei, Tuxá de Inajá;

• Rio Ipanema: Xukuru, Xukuru de Cimbres e Fulni-ô.

Entretanto, é também possível que sejam demarcadas novas Terras Indígenas. Os

estudos efetuados para a atualização do PRH-SF permitiram identificar diversos

municípios intersetados pelos principais cursos de água da bacia em que foram

identificadas aldeias indígenas (cf. RP1A - Diagnóstico da Dimensão Técnica e

Institucional, Volume 2 – Caracterização da bacia hidrográfica, 1ª Parte), cuja

regularização de terras poderá ainda estar por realizar. Esta eventual regularização

poderá consubstanciar novos usos para os corpos de água que interceptam estes

municípios, notadamente:

• Rio São Francisco (até divisa estadual MG/BA): municípios de Martinho

Campos, Pompéu e Itacarambi;

• Rio São Francisco (entre a divisa estadual BA/PE e a divisa estadual

BA/SE): municípios de Cabrobó, Floresta, Itacuruba, Jatobá, Orocó,

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70 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Petrolândia, Santa Maria da Boa Vista, Curaçá, Glória, Ibotirama, Muquém

de São Francisco, Paulo Afonso, Rodelas, Abaré, Serra do Ramalho e

Sobradinho;

• Rio Salitre: município de Morro do Chapéu;

• Rio Moxotó: municípios de Ibimirim, Inajá, Jatobá, Sertânia, Tacaratu,

Pariconha;

• Rio São Francisco (a jusante da divisa estadual BA/SE): municípios de

Porto Real do Colégio, São Brás e Traipu;

• Rio Pará: municípios de Martinho Campos e Pompéu;

• Rio Paraopeba: município de Pompéu;

• Rio Peruaçu: município de Itacarambi;

• Rio Preto (afluente do rio Paracatu): município de Santa Rita de Cássia;

• Rio Carinhanha: município de Cocos;

• Rio Itaguari: município de Cocos;

• Rio Corrente: município de Serra do Ramalho;

• Rio Formoso: município de Cocos;

• Rio Grande: município de Cotegipe;

• Rio Capiá: municípios de Itaíba e Inhapi;

• Rio Ipanema: municípios de Pedra, Pesqueira, Águas Belas, Buíque, Itaíba,

Pedra e Tupanatinga;

• Rio Traipú: município de Traipú.

Deverá ainda ser tida em consideração a possível modificação dos usos de

abastecimento de água para consumo humano e de irrigação.

De fato, os estudos realizados para a atualização do PRH-SF permitiram detectar que,

em vários trechos de corpos de água da bacia onde existe o uso para abastecimento

para consumo humano, a condição atual das águas poderá ser inadequada ao grau de

tratamento efetuado, tendencialmente exigindo-se um tratamento mais completo.

Encontram-se nesta situação trechos dos rios seguintes:

• Rio São Francisco: entre as confluências com rios Pará e Paracatu, entre

confluências com rios Corrente e Grande, entre a divisa BA / PE e a

represa de Itaparica, após a represa de Itaparica;

• Rio Paraopeba: após confluência com rio Maranhão;

• Rio das Velhas;

• Rios Paracatu e Preto: da confluência com o rio Escuro até foz;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 71 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Rio Gorutuba;

• Rio Carinhanha: após confluência com rio Itaquari;

• Rio Grande: entre confluência com rio das Fêmeas e rio das Ondas;

• Rios Verde e Jacaré;

• Rio Salitre.

Nos trechos onde existe o uso para irrigação, poderá ser alterada a cultura, o que

exigirá a redefinição do uso, uma vez que esta influi na condição de qualidade da água

exigida.

Deverá ainda ser contabilizado o uso industrial. De acordo com Agência Nacional de

Águas (2009) este uso deverá ser ponderado considerando o tipo de indústria e a

qualidade de água exigida: por exemplo, caso a água seja incorporada em produtos

alimentares, esse uso industrial deverá ser contabilizado como uso de água para

abastecimento para consumo humano.

Em geral, a seleção dos usos preponderantes deverá ter ainda em conta o processo

de enquadramento das águas subterrâneas da bacia, notadamente a sua fase de

Prognóstico, já que se poderá processar no futuro transferência de uso de recursos

hídricos superficiais para subterrâneos e no sentido contrário, por variação de

disponibilidade nos recursos hídricos.

Parâmetros prioritários

Os parâmetros prioritários selecionados servirão de base para a definição de ações

prioritárias de prevenção e controle da qualidade da água.

Sendo as fontes de poluição pontuais mais controláveis em termos de medidas para a

efetivação do enquadramento, e sendo também aquelas cuja interferência será mais

facilmente perceptível às comunidades da bacia, os parâmetros prioritários deverão

ser escolhidos principalmente entre os parâmetros que caracterizam a interferência de

fontes de poluição pontual nos corpos de água, notadamente, aqueles que

determinam a condição atual de qualidade das águas.

Deve ser escolhido um reduzido conjunto de parâmetros, por forma a facilitar o

processo de simulação na etapa de Prognóstico e de monitoramento futuro da

efetivação do enquadramento (cf. COSTA; CONEJO, 2009).

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72 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

A Deliberação CBHSF n.º 12, de 30 de julho de 2004, que apresenta a proposta de

enquadramento dos corpos de água superficiais estabelecida no PRH-SF 2004-2013,

estabelece (art. 4º) que sejam adotados como parâmetros mínimos prioritários para o

enquadramento a DBO, oxigênio dissolvido e turbidez.

Os trabalhos de atualização do PRH-SF permitiram concluir pela existência das

seguintes fontes poluidoras principais e principais parâmetros associados em

desacordo com as metas de enquadramento:

• Lançamento de esgotos domésticos: ao longo de toda a bacia, traduzindo-

se em concentrações elevadas de coliformes termotolerantes, E. coli, DBO;

• Lançamento de efluentes industriais: no estado de Minas Gerais,

justificando níveis elevados para os metais, fenóis e o cianeto;

• Atividades agropecuárias e minerárias: ao longo de toda a bacia, mas de

forma mais preponderante a jusante da divisa estadual BA/PE,

influenciando, através da contaminação difusa, a concentrações

inadequadas para os parâmetros fósforo e compostos de azoto, DBO,

turbidez e Oxigênio Dissolvido.

No processo de reenquadramento das águas superficiais deve ser reavaliada a

escolha de parâmetros prioritários pela referida deliberação, face à nova informação

disponível.

Cenários de evolução das cargas poluidoras e usos/d emandas da água

Por forma a assegurar uma boa compatibilização entre o PRH-SF e a atualização do

enquadramento, tal como estabelecido pela Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de

novembro de 2008, é conveniente que os cenários adotados no Prognóstico

considerem, no possível, os adotados no RP3 – Cenários de Desenvolvimento e

Prognósticos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (Volume 1 – Relatório):

• Cenário tendencial ou base (B): evolução sem alteração, ou de forma

pouco incisiva ou menos fraturantes das tendências observadas na

situação atual em termos de políticas, usos e interferências na condição

das águas;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 73 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Cenário menos pressionante dos corpos de água (A): evolução mais

favorecedora da compatibilização entre os diversos usos da água e com

uma evolução política conducente a uma menor interferência na qualidade

dos corpos de água;

• Cenário mais pressionante dos corpos de água (C): no qual a evolução

tende para uma situação mais desfavorável que a atual em termos de

compatibilização dos usos e no sentido de uma maior interferência na

qualidade dos corpos de água.

Os horizontes de cenarização são, na atualização do PRH-SF, os de 2020, 2025, 2030

e 2035, pelo que se recomenda que os horizontes considerados para a atualização do

enquadramento sejam, no possível, coincidentes.

ELABORAÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE ENQUADRAMENTO

Alternativas de enquadramento

As alternativas de enquadramento dos corpos de água deverão ser desenvolvidas de

forma iterativa face aos resultados do prognóstico de potencialidade, disponibilidade e

demanda de água, cargas poluidoras, condições de quantidade e qualidade dos

corpos hídricos e dos usos pretensos de recursos hídricos.

Neste processo deverão ser tidos em consideração os usos pretensos,

consubstanciação da visão desejada para a água da bacia hidrográfica, e o custo

associado ao atendimento do enquadramento, traduzido na diferença entre a condição

de qualidade de água prevista e a classe de enquadramento proposta. Deverá ainda

ser considerada a disponibilidade de tecnologia para efetuar a redução de cargas

poluentes. Deste confronto resultará a visão da ”água que podemos ter”,

consubstanciada nas alternativas de enquadramento.

Parte integrante deste processo iterativo será a identificação de:

• Trechos de corpos de água com usos preponderantes compatíveis com a

condição atual de qualidade de águas, para os quais o enquadramento já

se encontra efetivo;

• Trechos de corpos de água com parâmetros em desacordo com a classe

de qualidade do enquadramento pretendido para o corpo de água, onde

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74 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

será requerida a implantação de metas progressivas e efetivação do

enquadramento;

• Custos das ações necessárias à efetivação do enquadramento;

• Fontes de financiamento para implementação destas ações, notadamente

considerando a informação reunida na etapa de Diagnóstico (de

atualização do enquadramento) sobre as instituições atuantes na gestão da

bacia e suas fontes de financiamento.

A informação reunida para a atualização do PRH-SF permitiu verificar que a condição

atual de qualidade das águas não está em acordo com a meta final do enquadramento

vigente em grande parte do rio São Francisco, especialmente no estado de Minas

Gerais, e em diversos trechos das bacias dos rios afluentes, predominantemente

também naqueles a montante da divisa estadual MG/BA. Como em alguns corpos de

água não existe informação de monitoramento para avaliar o acordo com a meta de

enquadramento (caso dos afluentes pernambucanos e alagoanos do rio São

Francisco), a situação atual pode ainda ser mais desfavorável.

Mesmo nos trechos em que existe acordo com a meta do enquadramento vigente, em

diversos casos não existe compatibilidade entre a qualidade das águas e alguns usos

preponderantes, possibilitando a ocorrência de uma condição de qualidade de águas

imprópria. Estão nesta situação os usos de preservação das comunidades aquáticas

em unidades de conservação de proteção integral e de proteção das comunidades

aquáticas em Terras Indígenas, os quais requerem condição de águas conforme

classe Especial e classe 1, respectivamente. Estão nesta situação, notadamente, os

seguintes corpos de água nos estados de Minas Gerais e Bahia:

• Rio São Francisco: com meta de enquadramento vigente em classe 2 o uso

associado às unidades de conservação de proteção integral Parque

Nacional Cavernas do Peruaçú, Parques Estaduais Lagoa do Cajueiro e

Mata Seca exigiram uma meta de enquadramento em classe Especial;

• Rio Peruaçú: com meta de enquadramento vigente em classe 2 os usos

associados a duas unidades de conservação de proteção integral (Parque

Estadual Veredas do Peruaçú e Parque Nacional Cavernas do Peruaçú) e

à Terra Indígena Xacriabá exigiriam uma meta de enquadramento em

classe Especial e classe 1, respectivamente;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 75 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Rio Verde Grande: com meta de enquadramento vigente em classe 2 o uso

associado à unidade de conservação de proteção integral Parque Estadual

Verde Grande exigiria uma meta de enquadramento em classe Especial;

• Rio Carinhanha: com meta de enquadramento vigente em classe 1, o uso

associado à unidade de conservação de proteção integral Parque Nacional

Grande Sertão Veredas exigiria um enquadramento em classe Especial;

• Rio Formoso e rio Pratudão (afluentes do rio Corrente): com meta de

enquadramento vigente em classe 2 o uso associado à unidade de

conservação de proteção integral Refúgio de Vida Silvestre Veredas do

Oeste Baiano exigiria uma meta enquadramento em classe Especial;

• Rio Preto (afluente do rio Grande): com meta de enquadramento vigente

em classe 2 o uso associado à unidade de conservação de proteção

integral Estação Ecológica do Rio Preto, na cabeceira do corpo de água,

exigiria uma meta de enquadramento em classe Especial.

Entretanto, a compatibilização da condição de qualidade das águas com os usos

preponderantes deve ser efetuada considerando os usos múltiplos. Desta forma, a

definição de meta de enquadramento em classe Especial para trechos de cursos de

água em unidades de conservação de proteção integral a jusante de trechos onde, em

virtude dos seus usos preponderantes, existe meta menos exigente poderá não ser

viável, uma vez que nas águas de classe Especial as condições naturais de qualidade

devem ser mantidas. Este é o caso dos trechos seguintes:

• Rios São Francisco e Peruaçú que atravessam o Parque Nacional

Cavernas do Peruaçú e os Parques Estaduais Lagoa do Cajueiro e Mata

Seca, os quais se localizam a jusante de outros usos da água (Terra

Indígena, irrigação e industrial / minerário) que poderão potencialmente

interferir na condição de qualidade das águas;

• Rio Urucuia no atravessamento da unidade de conservação Reserva de

Biosfera Sagarana-Barra / Sagarana Logradouro;

• Rio Verde Grande no atravessamento da unidade de conservação Parque

Estadual Verde Grande;

• Rio São Francisco no atravessamento das unidades de conservação

Monumento Natural do Rio São Francisco e Monumento Natural Grota do

Angico.

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76 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Contudo, estas situações são pontuais na bacia hidrográfica no rio São Francisco,

sendo que em geral as unidades de conservação de proteção integral se localizam na

cabeceira dos cursos de água, onde os outros usos de água são insignificantes,

possibilitando a adequação da meta final de enquadramento conforme a Resolução

CONAMA n.º 357/2005.

Deve ainda, na região do Semiárido, ser feita a identificação do regime (permanente

ou intermitente) dos cursos de água e a delimitação dos trechos intermitentes. De

acordo com a informação reunida para o Plano os rios Verde, Jacaré e Salitre na

Bahia e os rios Moxotó, Capiá, Ipanema e Traipú possuem trechos intermitentes. A

redução da disponibilidade hídrica por conflitos de uso de águas superficiais e

subterrâneas, bem por influência das prováveis alterações climáticas poderão alterar a

extensão dos trechos de regime intermitente.

Atualmente os rios Verde, Jacaré e Salitre não têm meta final de enquadramento

definido, sendo que os rios Verde e Jacaré e vários trechos intermitentes do rio Salitre

não foram considerados na proposta de enquadramento efetuada pelo PRH-SF 2004-

2013 devido a seu regime intermitente.

Os cursos de água sem meta de enquadramento definida têm, em termos

operacionais, pelo art. 42º da Resolução CONAMA n.º 357/2005, enquadramento por

classe 2 se águas doces, e classe 1 se águas salobras. Tal como realçado no estudo

de Pessôa (2013) este processo de ausência de definição da meta de enquadramento

tem dois efeitos nefastos:

• A consideração em todo o corpo de água de uma única classe de

qualidade, que equivale a assumir-se uma capacidade de assimilação de

cargas poluidoras maior que a real, o que origina a deterioração da

qualidade das águas;

• A ausência de controle dos usos da água, o que poderá originar

deterioração de maior significância.

A circunstância de ocorrência de água salobra, torna a ausência de definição da meta

de enquadramento uma situação mais gravosa que quando ocorrente em água doce,

uma vez o uso para abastecimento para consumo humano, prioritário no Semiárido,

requer qualidade superior nas águas salobras que nas águas doces (PESSÔA, 2013).

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 77 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Estes casos deverão ser particularmente considerados no desenvolvimento das

alternativas de enquadramento. Notadamente, a ausência dos trechos intermitentes

das alternativas de enquadramento não deverá ser mantida.

Tendo em conta os usos preponderantes da bacia hidrográfica do rio São Francisco

verifica-se que em geral a proposta de enquadramento do PRH-SF 2004-2013 permite

atender a algumas insuficiências do enquadramento vigente, notadamente:

• A situação de ausência de definição de meta final de enquadramento para

alguns dos principais corpos de água da bacia hidrográfica, como os rios

Jequitaí, Gorutuba, Corrente, Grande e Salitre;

• Melhorar o atendimento de usos associados a unidades de conservação de

proteção integral situadas nas cabeceiras dos rios Jequitaí, Peruaçú, Preto

(afluente do rio Grande), Carinhanha e Formoso / Pratudão (afluentes do

rio Corrente) através do estabelecimento de classe Especial ou classe 1

como meta final de enquadramento, em alternativa à classe 2;

• Melhorar o atendimento ao uso da água no rio Peruaçú na Terra Indígena

Xacriabé, através do estabelecimento de classe 1 como final de

enquadramento;

• Compatibilizar o enquadramento do rio das Velhas com a Meta 2014 –

Consolidar a volta dos peixes e nadar no rio das Velhas na RMBH em

2014, pelo estabelecimento de meta final de enquadramento em classe 2

para todo o rio das Velhas.

Como principal lacuna da proposta de enquadramento do PRH-SF 2004-2013

assinala-se a ausência de meta de enquadramento para os trechos intermitentes dos

corpos de água, notadamente nos rios Salitre, Verde e Jacaré.

Embora a situação no atendimento pelo enquadramento dos usos preponderantes

mais restritivos (unidades de conservação de proteção integral e terras indígenas)

tenha melhorado em geral com esta proposta, continuam sendo verificadas situações

em que a qualidade das águas requerida pela Resolução CONAMA n.º 357/2005 não

está assegurada pela meta de enquadramento:

• Rio Pará no atravessamento da Terra Indígena Kaxixó;

• Rio Urucuia no atravessamento da Reserva de Biosfera Sagarana-Barra /

Sagarana Logradouro, que fica com meta em classe 2, em alternativa à

classe Especial, requerida pela Resolução CONAMA n.º 357/2005;

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78 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

• Rio Peruaçú das nascentes ao limite do Parque Estadual Veredas do

Peruaçú, que fica com meta em classe 1, em alternativa à classe Especial,

requerida pela Resolução CONAMA n.º 357/2005;

• Rio Verde Grande no atravessamento do Parque Estadual Verde Grande;

• Rios Carinhanha e Formoso / Pratudão (afluentes do rio Corrente), no

atravessamento do Parque Nacional Grande Sertão Veredas e Refúgio de

Vida Silvestre Veredas do Oeste Baiano, que ficam com meta em classe 1,

em alternativa à classe Especial, requerida pela Resolução CONAMA n.º

357/2005;

• Rio São Francisco no atravessamento das unidades de conservação

Monumento Natural do Rio São Francisco e Monumento Natural Grota do

Angico e no atravessamento da Terra Indígena Truká, que se mantém com

meta em classe 2;

• Rio Moxotó no atravessamento das terras indígenas Fazenda Cristo Rei,

Tux de Inajá, que se altera de meta em classe 1 no enquadramento vigente

para meta em classe 2;

• Rio Ipanema no atravessamento da Terra Indígena Funil-ô, que se mantém

com meta em classe 2.

De acordo com os usos preponderantes, fontes de poluição e número de parâmetros

em desacordo com a meta de enquadramento vigente, identificados no presente

Plano, considera-se que na elaboração das alternativas de enquadramento deve ser

estudada, caso a condição de qualidade das águas revelada por monitoramento e a

reavaliação dos usos preponderantes o permita, a possibilidade da seguinte alteração

à proposta efetuada pelo PRH-SF 2004-2013, no sentido de assegurar os usos

preponderantes mais restritivos:

• Extensão da meta de classe 1 no rio Urucuia de modo a incluir o trecho que

atravessa a Reserva de Biosfera Sagarana-Barra / Sagarana Logradouro;

• Estabelecer como meta final do enquadramento a classe Especial no

trecho do rio Peruaçú das nascentes até ao limite do Parque Estadual

Veredas do Peruaçú;

• Extensão da meta de classe Especial no rio Carinhanha para incluir o

trecho em atravessamento do Parque Nacional Grande Sertão Veredas;

• Manutenção do rio Moxotó com meta de enquadramento em classe 1, para

assegurar os usos nas terras indígenas Fazenda Cristo Rei e Tux de Inajá;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 79 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Extensão (de montante para jusante) da meta de classe 1 no Rio Ipanema

para incluir o atravessamento da Terra Indígena Funil-ô.

Note-se que, no caso do rio Peruaçú, a alteração proposta está contemplada na

proposta de enquadramento apresentada pelo Plano Diretor de Recursos Hídricos da

Bacia Hidrográfica do Rio Pandeiros (ECOPLAN/LUME/SKILL, 2014).

Quanto às restantes propostas de enquadramento efetuadas após 2004 considera-se

que as alterações propostas de uma meta de enquadramento menos exigente (classe

3) para trechos dos rios Preto (afluente do rio Paracatu), Verde Grande e Gorutuba,

embora encontrando apoio na condição atual de qualidade das águas, entram em

conflito com alguns usos preponderantes, notadamente, os usos para irrigação de

hortaliças e plantas frutíferas (rios Preto e Verde Grande) e abastecimento para

consumo humano após tratamento convencional (rio Gorutuba).

Como uma das possíveis alternativas de enquadramento a considerar no início do

processo de desenvolvimento do enquadramento, propõe-se que seja considerada a

proposta do PRH-SF 2004-2013, com as alterações anteriormente assinaladas, para

os rios Urucuia, Peruaçú, Carinhanha, Moxotó e Ipanema.

Considerando a limitação de recursos para a atualização do enquadramento poderá

ser ponderado o encaminhamento para aprovação diferenciado para os corpos de

água da bacia, desde que se assegure a coerência entre os vários enquadramentos

aprovados, notadamente, na conexão de montante com jusante.

Tendo em conta as informações recolhidas para o presente plano, considera-se que

devem ter maior prioridade na atualização do enquadramento as bacias afluentes

onde se verifica desacordo entre a condição de qualidade das águas e o uso para

abastecimento para consumo humano, e em que o monitoramento permite subsidiar

desde já o processo de atualização do enquadramento:

• Rio Paraopeba;

• Rio das Velhas;

• Rio Paracatu (incluindo rio Preto);

• Rio Verde Grande (incluindo rio Gorutuba e rio Verde Pequeno);

• Rio Carinhanha;

• Rio Grande.

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80 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Entre estas bacias, destacam-se as bacias dos rios das Velhas e Verde Grande,

devido à grande degradação da qualidade da água face ao padrão da Resolução

CONAMA n.º 357/2005, afetando diversos parâmetros. Note-se que, excetuando-se a

bacia do rio Grande, todas as bacias se localizam no estado de Minas Gerais, onde o

monitoramento da qualidade das águas superficiais se encontra mais completo.

Assinalam-se também prioritárias, embora com menor prioridade que as anteriores, as

bacias afluentes com regime permanente nas quais o uso em unidades de

conservação de proteção integral ou Terras Indígenas não se encontra atendido pela

meta de enquadramento vigente sendo previsível que possa existir ajuste da meta de

enquadramento:

• Rio Jequitaí;

• Rio Peruaçú.

Embora se possam considerar, neste escopo, também as bacias dos rios Moxotó e

Ipanema, o fraco monitoramento atual aliado à maior dificuldade dos estados de

Pernambuco e Alagoas de melhorarem a sua rede de monitoramento (cf. Resolução

ANA n.º 1040, de 21 de julho de 2014), dificulta a obtenção dos subsídios necessários

à atualização do enquadramento a breve trecho, pelo que se recomenda que essa

atualização seja realizada em fase posterior ao aprimoramento da rede de

monitoramento.

No escopo das bacias de rios intermitentes da bacia, assinalam-se como mais

prioritárias para o enquadramento as dos rios Salitre, Verde e Jacaré, em virtude de a

qualidade atual das águas não atender o uso de abastecimento para consumo

humano. Neste caso, o regime intermitente do rio, a presença de trechos de água

salobra, e o défice de monitoramento, dificultam a atualização do enquadramento a

curto prazo.

Metas relativas às alternativas de enquadramento

A Resolução CNRH nº 91/2008 estabelece que os objetivos de qualidade para os

corpos de água são definidos através de metas finais de qualidade, ainda que possam

ser estabelecidas outras metas progressivas intermediárias quando tal se justifique.

As metas relativas às alternativas de enquadramento devem ser elaboradas com

vistas ao alcance (nos trechos com condição atual em desacordo) ou manutenção

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 81 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

(nos trechos com condição atual em acordo) das classes de qualidade de água

pretendidas em conformidade com os cenários de curto, médio e longo prazo.

As metas devem ser estabelecidas tendo em conta o estado atual, o custo necessário

ao alcance ou manutenção do enquadramento, e tendo em consideração,

notadamente, as necessidades dos usuários dos corpos de água e a suas

disponibilidades de investimento. Em particular, as metas devem ser resultado de

negociação com as principais fontes poluidoras de um cronograma para

implementação de ações de redução de poluição que permita que estas se adequem à

efetivação do enquadramento.

Notadamente, devem ser observados os seguintes aspectos:

• Propostas de metas devem ser elaboradas em função de um conjunto de

parâmetros de qualidade da água e das vazões de referência definidas

para o processo de gestão de recursos hídricos;

• O conjunto de parâmetros para propostas de metas deve ser utilizado

como base para as ações prioritárias de prevenção, controle e recuperação

da qualidade das águas da bacia hidrográfica, notadamente, devem ser

estabelecidos, para cada meta intermediária, os níveis desejados para

cada parâmetro, em um valor interposto entre a condição atual e a meta

final estabelecida pelo enquadramento;

• As metas devem ser apresentadas por meio de quadro comparativo entre

as condições atuais de qualidade das águas e aquelas necessárias ao

atendimento dos usos pretensos identificados;

• Associado às metas deve ser apresentado o grau de precisão das mesmas

e os fatores condicionadores à sua concretização;

• O quadro comparativo entre as condições atuais de qualidade das águas e

as condições necessárias ao atendimento dos usos pretensos deve ser

acompanhado de estimativa de custo para a implementação das ações de

gestão, incluindo planos de investimentos e instrumentos de compromisso.

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82 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

PROGRAMA PARA EFETIVAÇÃO

O programa de efetivação do enquadramento deve conter as ações necessárias ao

alcance ou manutenção do enquadramento proposto, devendo acompanhar cada uma

das alternativas de enquadramento submetidas a Consulta Pública e à análise do

Comitê de Bacia Hidrográfica do rio São Francisco.

A Resolução do CNRH n.º 91, de 5 de novembro de 2008, estabelece que o programa

de efetivação do enquadramento deve ser expressão de objetivos e metas articulados

ao correspondente plano de bacia hidrográfica, devendo conter propostas de ações de

gestão, prazos de execução, planos de investimentos e entidades responsáveis.

De forma geral, as ações que podem ser contempladas no programa de efetivação do

enquadramento compreendem (COSTA; CONEJO, 2009):

• Ações de despoluição, tais como o controle de fontes de poluição pontuais

(ex. construção de Estações de Tratamento de Esgotos): a utilizar nos

trechos de corpos de água cuja condição atual de qualidade de águas é

pior que aquela da meta do enquadramento;

• Ações que evitem a degradação da condição de qualidade de águas, tais

como o licenciamento, a outorga de lançamento de efluentes e o

zoneamento ambiental: a utilizar nos trechos de corpos de água cuja

condição atual de qualidade de águas é igual ou melhor que a meta de

enquadramento.

Tendo em conta a informação reunida para o presente Plano relativa à qualidade das

águas superficiais da bacia e às fontes de poluição, considera-se que as ações

previstas nos programas de efetivação de enquadramento que acompanham as

propostas de enquadramento previamente apresentadas para a bacia, no PRH-SF

2004-2013, e para as bacias afluentes do rio São Francisco (resumidas anteriormente)

ainda se mantêm, de modo geral, válidas. Desta forma, estas ações poderão constituir

um subsídio para a definição das ações necessárias para efetivação do

reenquadramento da bacia hidrográfica do rio São Francisco.

Desta forma, recomenda-se que o plano de efetivação do enquadramento proposto

contemple a continuação das ações ainda por implementar.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 83 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

A estas ações deverão ser adicionadas outras que se venham a revelar pertinentes

pela reavaliação da qualidade das águas a realizar em fase de Diagnóstico. Nota-se,

desde já, a necessidade de se considerarem ações específicas para a melhoria da

qualidade das águas nos ambientes lênticos, notadamente, para os reservatórios do

Semiárido, onde a informação recolhida para o plano mostra que o clima favorece a

salinização das águas, a concentração de poluentes e a ocorrência de estados de

eutrofia, com potencial de existência de incidentes de floração de algas, prejudicando

a saúde pública. As prováveis alterações climáticas tenderão a tornar mais severos

estes problemas de qualidade das águas.

Entretanto, a fraca implementação de algumas ações propostas pelo PRH-SF 2004-

2013, notadamente, aquelas direcionadas para o controle da poluição originada pelos

setores produtivos, torna evidente que, para a efetivação do enquadramento, é

necessária a construção de vínculos entre os vários atores intervenientes na gestão

dos recursos hídricos, em especial entre os órgãos gestores e os agentes causadores

da poluição.

Assim, considerando a Resolução do CNRH n.º 91, de 5 de novembro de 2008,

realça-se que no programa de efetivação do enquadramento deverão ser incluídos os

instrumentos de compromisso necessários, incluindo, entre outros:

• Recomendações para os órgãos gestores de recursos hídricos e de meio

ambiente que possam subsidiar a implementação, integração ou

adequação de seus respectivos instrumentos de gestão, de acordo com as

metas estabelecidas, especialmente a outorga de direito de uso de

recursos hídricos e o licenciamento ambiental;

• Recomendações de ações educativas, preventivas e corretivas, de

mobilização social e de gestão, identificando-se os custos e as principais

fontes de financiamento;

• Recomendações aos agentes públicos e privados envolvidos, para

viabilizar o alcance das metas e os mecanismos de formalização, indicando

as atribuições e compromissos a serem assumidos;

• Propostas a serem apresentadas aos poderes públicos federal, estadual e

municipal para adequação dos respectivos planos, programas e projetos de

desenvolvimento e dos planos de uso e ocupação do solo às metas

estabelecidas na proposta de enquadramento;

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84 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

• Subsídios técnicos e recomendações para a atuação dos comitês de bacia

hidrográfica.

A condição atual de qualidade das águas superficiais e as perspectivas de evolução

das atividades minerárias e de irrigação na bacia, tornam urgente o estabelecimento

de compromissos entre o CBHSF e as empresas industriais, minerárias e entidades

gestoras de perímetros irrigados, fazendo a extensão do Pacto das Águas aos setores

produtivos. Sugere-se que estes compromissos sejam efetivados por:

• Acordos formais, com metas definidas para cada um dos setores

produtivos, industrial, minerário e agropecuário;

• Desenvolvimento e implementação de estímulos à adesão das empresas e

entidades aos acordos e à efetivação das metas definidas;

• Instituição de um papel supervisor / fiscalizador pelo CBHSF e dos comitês

de bacia hidrográfica para as ações a serem desenvolvidas pelos setores

produtivos no controle das suas interferências sobre as águas superficiais

da bacia.

ANÁLISE E DELIBERAÇÕES DO COMITÊ E DO CONSELHO DE R H

De acordo com o Art. 8º da Resolução CNRH nº 91/2008, as Agências de Água ou de

bacia ou entidades delegatárias, em articulação com órgãos gestores de recursos

hídricos e meio ambiente, elaborarão e encaminharão propostas de alternativas de

enquadramento aos respectivos Comitês de bacia Hidrográfica para discussão,

aprovação e posterior encaminhamento, para deliberação, ao Conselho de Recursos

Hídricos competente.

A seleção de uma das alternativas de enquadramento ocorre no âmbito do Comitê da

bacia, composto por representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos

municípios, dos usuários e das entidades civis de recursos hídricos com atuação

comprovada na bacia. Associada à alternativa de enquadramento selecionada, serão

igualmente aprovados o programa de medidas, os custos e os prazos da sua

implementação.

Após a aprovação da proposta de enquadramento seguem-se os respectivos atos

jurídicos, incluindo a elaboração da respectiva Resolução de Enquadramento.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 85 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Figura 12 – Esquema de Atribuições para o enquadram ento de acordo com a

Resolução CNRH nº 91/2008.

Fonte: COSTA, 2009.

PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

A participação ativa e consciente de todos os interessados e envolvidos nas questões

relacionadas com os recursos hídricos da Bacia do S. Francisco é decisiva para um

adequado enquadramento.

O público-alvo da participação pública deve ser o mais variado possível, de modo a

validar o processo e a permitir identificar as várias visões de futuro para a bacia.

A participação pública deverá permitir o envolvimento direto, desde a fase inicial do

processo de enquadramento, de forma ativa e construtiva, das várias entidades

públicas e privadas atuantes nas áreas de recursos hídricos e do meio ambiente na

bacia e dos principais atores/agentes presentes na área de incidência (usuários,

cooperativas, ONGs, universidades).

O processo de atualização do enquadramento dos corpos de água envolve a

realização de Consultas Públicas formais em três momentos:

• Etapa de Diagnóstico;

• Etapa de Prognóstico;

• Avaliação de Alternativas de Enquadramento.

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86 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Paralelamente, deverão ocorrer, ao longo do desenvolvimento do Diagnóstico,

Prognóstico e da elaboração das Alternativas de Enquadramento, eventos com a

participação pública, como encontros técnicos ou oficinas de trabalho, direcionados

para as comunidades da bacia e os usuários, atuais ou potenciais, dos corpos de

água.

Para fomentar a participação, é necessário que os assuntos técnicos sejam

apresentados em uma linguagem adequada à compreensão por todos os atores

envolvidos.

Para além da realização de eventos deve ser permitido o acesso público às

informações que vão sendo reunidas ao longo do processo de atualização do

enquadramento, devendo ser desenvolvidos mecanismos para permitir tal acesso,

como seja a publicitação em sítio na internet dos documentos elaborados.

Esta fase de participação social deverá ser transversal e permitir:

• Fomentar a ampla participação da sociedade civil, da comunidade técnica e

científica e dos usuários;

• Coletar dados relativamente aos usos e conflitos de qualidade da água em

determinados trechos e/ou sistemas aquíferos;

• Conhecer e compreender as expetativas da sociedade quanto ao futuro

dos recursos hídricos;

• Transmitir conhecimento da realidade de cada corpo de água, incluindo

das suas características, importância, utilização para os diferentes fins,

aspectos legais e institucionais;

• Incentivar a participação e a apresentação de propostas relativas aos usos

preponderantes desejados;

• Envolver a sociedade nas diferentes fases estratégicas de decisão,

incluindo o acompanhamento, discussão e validação dos dados da fase de

diagnóstico e prognóstico;

• Atingir uma visão global e de consenso sobre os principais problemas e

desafios para a futura utilização da água;

• Fortalecer a governança;

• Participar na definição do enquadramento e na adoção de medidas

destinadas a assegurar o cumprimento das metas;

• Legitimar as opções durante o processo de enquadramento;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 87 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Divulgar os resultados e as opções a todos os atores envolvidos.

A Participação Social deverá ser efetuada tendo por base um Projeto de Comunicação

que defina as ações destinadas à divulgação e compartilha de informação de forma

abrangente e que motive o público-alvo a participar de forma ativa.

A participação deverá ser acompanhada pela produção e distribuição de folders,

cartazes de divulgação e inquéritos.

ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO

A fase de acompanhamento destina-se a monitorar as condições de implementação

do programa de medidas e a avaliar o sucesso das mesmas.

Preconiza-se uma avaliação anual da sua eficácia, suportada na quantificação dos

indicadores e na avaliação do seu progresso face à situação de referência e às metas

a atingir.

Deverá ser apresentada uma bateria de indicadores do tipo pressão-estado-resposta,

quantificáveis e mensuráveis ao longo da implementação do programa de medidas

destinada a avaliar a eficiência e a eficácia do mesmo, a necessidade de ajustes ou a

implementação de medidas complementares.

Esta avaliação deverá permitir a caracterização da evolução do estado, das pressões,

das respostas e do progresso necessário para que as metas sejam atingidas.

RESULTADOS

O processo de enquadramento dos corpos d’água deverá ser sintetizado em um

Relatório Técnico com a descriminação dos estudos desenvolvidos e resultados

obtidos e a justificativa da proposta de enquadramento.

Este relatório deverá compreender o desenvolvimento dos seguintes aspectos:

• Diagnóstico da bacia, incluindo:

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88 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

- Caracterização geral, hidrológica e socioeconômica;

- Identificação dos usos preponderantes atuais;

- Classificação atual da qualidade das águas superficiais;

• Prognóstico da bacia, incluindo:

- Cenários prospetivos;

• Alternativas de enquadramento;

• Proposta de metas com a respectiva justificativa;

• Programa de Medidas, incluindo:

- Descrição das ações físicas e não-físicas para o alcance do

enquadramento proposto;

- Custos envolvidos em sua implementação;

- Responsabilidade na implementação das medidas.

• Projeto de participação pública

• Relatório síntese

O Relatório Técnico deverá ser acompanhado de cartografia de síntese da qualidade

atual das águas superficiais, bem como das metas estipuladas para cumprir os usos

preponderantes desejados.

Logo no início do processo de enquadramento deve ser criado um sítio na Internet em

que sejam disponibilizados os documentos elaborados ao longo do mesmo, incluindo a

informação elaborada no decurso da participação pública.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 89 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

5.4. Proposta metodológica para o enquadramento das águas

subterrâneas

5.4.1. Aspectos conceptuais da classificação das ág uas subterrâneas

De acordo com a Resolução CONAMA nº 396/2008, as águas subterrâneas são

classificadas nas seguintes classes:

• Classe Especial : águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção

desses, destinadas à preservação de ecossistemas em unidades de

conservação de proteção integral e as que contribuam diretamente para os

trechos de corpos d´água superficial enquadrados como classe especial.

Os valores para os parâmetros destas águas serão estabelecidos

casuisticamente em função da sensibilidade dos ecossistemas a preservar.

• Classe 1 : águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses,

sem alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, e que não

exigem tratamento para quaisquer usos preponderantes devido às suas

características hidrogeoquímicas naturais. Estas águas apresentam, para

todos os parâmetros, Valor de Referência de Qualidade (VRQs) abaixo ou

igual dos Valores Máximos Permitidos menos Restritivos (VMPr+).

• Classe 2 : águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses,

sem alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, e que podem

exigir tratamento adequado, dependendo do uso preponderante, devido às

suas características hidrogeoquímicas naturais. Estas águas apresentam,

em pelo menos um dos parâmetros, VRQ superior ao seu respectivo

VMPr+.

• Classe 3 : águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses,

com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, para as quais

não é necessário o tratamento em função dessas alterações, mas que

podem exigir tratamento adequado, dependendo do uso preponderante,

devido às suas características hidrogeoquímicas naturais. Estas águas

deverão atender ao VMPr+, para cada um dos parâmetros, exceto quando

for condição natural da água.

• Classe 4 : águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses,

com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, e que somente

possam ser utilizadas, sem tratamento, para o uso preponderante menos

restritivo. Estas águas deverão atender aos Valores Máximos Permitidos

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90 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

menos Restritivos (VMPr-) entre os usos preponderantes, para cada um

dos parâmetros, exceto quando for condição natural da água.

• Classe 5: águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses,

que possam estar com alteração de sua qualidade por atividades

antrópicas, destinadas a atividades que não têm requisitos de qualidade

para uso. Estas águas não terão condições e padrões de qualidade

conforme critérios estipulados pela legislação. Para além disto, é

necessário que as águas pertençam a aquíferos, conjunto de aquíferos ou

porções desses, confinados, e que apresentem valores de sólidos totais

dissolvidos superiores a 15.000 mg/l.

5.4.2. Balanço do estado atual do conhecimento das águas subterrâneas

O conhecimento do estado atual das águas subterrâneas na bacia é particularmente

influenciado pelo grau de implementação da rede de monitoramento, mas também

pela ausência de estudos hidrogeológicos que permitam subsidiar, de forma

adequada, o processo de enquadramento.

É um fato, que desde 2004 se tem verificado uma significativa melhoria do

conhecimento sobre a qualidade das águas subterrâneas, mas à exceção dos

aquíferos Urucuia, Tacaratu e Bambuí o monitoramento destinado a acompanhar as

condições hidroquímicas do meio hídrico subterrâneo é escasso.

Mesmo nestes casos, a informação disponível é ainda pouco representativa, uma vez

que a rede de monitoramento é relativamente recente. Para a grande parte dos

aquíferos da bacia hidrográfica a informação das características físico-químicas ou

não existe ou é antiga ou ainda é restrita a zonas muito específicas dos corpos d´água

subterrânea.

É assim particularmente importante a continuação no esforço de monitoramento de

aquíferos, bem como o desenvolvimento de um maior número de estudos

hidrogeológicos, que permitam estabelecer uma situação de referência e acompanhar

a evolução da qualidade da água subterrânea da bacia.

O enquadramento dos corpos d´água em classes de uso deve ser definido em

conformidade com o Plano de Bacia, contudo a atual ausência de informação que

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 91 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Participação pública

Diagnóstico PrognósticoProposta de

enquadramento

Análise e

Deliberações do

Comitê e do

Conselho de RH

Programa de efetivação

Acompanhamento da

implementação

subsidie esse processo não permitiu que nesta fase de atualização fosse concretizado

para qualquer um dos aquíferos. A falta de dados atuais e representativos da

qualidade da água subterrânea, mas também o conhecimento aprofundado dos usos

preponderantes dos aquíferos, não permitiu, até este momento, a classificação e a

definição das metas para se atingir a qualidade necessária aos usos desejáveis.

É neste contexto que se considera essencial a definição de critérios e diretrizes

destinados ao desenvolvimento do processo de enquadramento no período de

abrangência do PBH-SF.

5.4.3. Diretrizes para o enquadramento

Nos termos da Resolução CNRH nº 91/2008, o enquadramento é um instrumento de

planejamento que deverá assentar num processo sequencial de atividades interligadas

entre si desenvolvidas ao longo das seguintes fases:

Figura 13 – Fases do processo de enquadramento.

Nas seções seguintes apresentam-se as principais orientações e diretrizes propostas

para o desenvolvimento de cada uma destas fases para as águas subterrâneas da

bacia hidrográfica do rio São Francisco.

Conforme referido na seção referente às águas superficiais, as classes de qualidade

poderão ser feitas depender de condições específicas de porções dos corpos de água.

Contudo, para corpos de água subterrâneos, esta abordagem é pouco viável, dada a

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92 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

dificuldade em estabelecer, em muitos casos, as conexões hidráulicas entre áreas do

mesmo corpo, e portanto, definir os limites para as porções. Desta forma, as diretrizes

apresentadas visam enquadrar sistemas aquíferos, podendo, de acordo com o grau de

detalhe da informação hidrogeológica que venha a estar disponível, efetuar-se uma

classificação em determinadas porções dos mesmos.

DIAGNÓSTICO

O estabelecimento de usos preponderantes e de metas de qualidade, bem como a

classificação dos corpos d´água requere o cumprimento de uma primeira fase de

diagnóstico capaz de produzir informação relevante sobre os seguintes aspectos:

• Caracterização geral;

• Avaliação e diagnóstico da qualidade da água subterrânea;

• Identificação dos usos preponderantes da condição atual dos corpos

d’água e de áreas reguladas por legislação específica;

• Análise de pressões;

• Análise de planos e programas regionais previstos e existentes.

Na Etapa 2 de atualização do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do

Rio São Francisco foi efetuado o diagnóstico do estado atual das águas subterrâneas,

suportado por informação disponível e que evidencia as limitações de conhecimento

sobre os sistemas aquíferos.

Atendendo que se identificaram lacunas de informação importantes para o processo

de enquadramento, apresentam-se algumas das condições a cumprir e atividades a

desenvolver tendo em vista o aprofundamento e a consolidação do conhecimento que

existe atualmente.

Caracterização geral

A caracterização geral deverá compreender uma síntese das condições de cada

sistema aquífero, incluindo uma descrição acompanhada de mapas a escala

adequada, de perfis e quadros com informação relativa:

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 93 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Municípios abrangidos;

• Áreas;

• Dominialidade das águas subterrâneas;

• Litologias de suporte dominantes;

• Unidades aquíferas;

• Tipos de aquífero presentes;

• Uso e ocupação do solo na área de recarga do sistema aquífero;

• Taxa de recarga e áreas de infiltração preferencial;

• Produtividade;

• Parâmetros hidrogeológicos (transmissividade, condutividade hidráulica,

coeficiente de armazenamento, vazão específica e porosidade);

• Caracterização de aspectos jurídicos, institucionais e socioeconômicos da

bacia;

• Identificação de situações de associação entre águas subterrâneas e

águas superficiais;

• Recursos hídricos disponíveis.

Deverá ser descrito o modelo conceitual de funcionamento hidráulico, as direções

preferenciais de fluxo, os fenômenos de drenância entre camadas aqüíferas e a

identificação de situações em que se verifique a relação entre as águas superficiais e

subterrâneas.

Esta caracterização ganhará com os dados resultantes de estudos a desenvolver ao

longo dos próximos anos (incluindo os propostos no decurso da atualização do plano)

e dos resultados do monitoramento em curso e a implementar no futuro.

Avaliação e diagnóstico da qualidade da água subter rânea

Para a avaliação e diagnóstico da qualidade da água subterrânea torna-se de

essencial relevância o aprofundamento do conhecimento de base, compreendendo

para tanto o desenvolvimento das seguintes atividades:

• A implementação de uma rede de monitoramento, com representatividade

estatística para os aquíferos da bacia hidrográfica;

• A realização de estudos hidrogeológicos destinados a fornecer subsídios

ao enquadramento, em particular estudos para gestão integrada e

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94 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

sustentável dos recursos hídricos subterrâneos e superficiais e

notadamente de forma a garantir a preservação do escoamento de base do

rio São Francisco.

• A classificação da qualidade atual dos recursos hídricos subterrâneos

Até 2020, a ANA tem prevista a instalação de 3.000 pontos de monitoramento em

aquíferos prioritários. Este investimento para aumentar o esforço de monitoramento da

qualidade da água é essencial para a obtenção de dados confiáveis e capazes de

suportar uma classificação dos sistemas aquíferos da bacia do S. Francisco, bem

como para definir alternativas de enquadramento e apoiar o processo decisório a partir

de um diagnóstico detalhado.

Face à extensão regional da bacia hidrográfica e aos custos inerentes, quer à

implementação da rede de monitoramento, quer ao desenvolvimento de estudos

hidrogeológicos apresentam-se a seguir os principais aspectos a considerar

relativamente a estes casos.

DIRETRIZES PARA A REDE DE MONITORAMENTO

A rede de monitoramento das águas subterrâneas deve estender-se à globalidade dos

sistemas aquíferos da Bacia do S. Francisco.

Refira-se que, nos termos da Resolução CNRH 107/2010 de 13 de abril, a Rede

Nacional de Monitoramento Integrado Qualitativo e Quantitativo de Águas

Subterrâneas deverá ser planejada e coordenada pela Agência Nacional de Águas –

ANA e implantada, operada e mantida pela Companhia de Pesquisa de Recursos

Minerais - CPRM, ambas as instituições em articulação com os órgãos e entidades

gestoras de recursos hídricos dos estados e do Distrito Federal.

Uma rede de monitoramento adequada ao processo de enquadramento deve ser

delineada de forma a garantir que as estações de amostragem têm uma distribuição

regular e são representativas dos sistemas aquíferos. É ainda essencial que haja

continuidade nas observações, permitindo a obtenção de séries históricas.

A densidade e a localização dos pontos de monitoramento deverão assim respeitar o

estabelecido no Art. 3º da Resolução CNRH 107/2010, notadamente:

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 95 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• A caracterização geológica;

• A caracterização hidrogeológica, em termos hidráulicos, geometria, tipo de

aquífero, zonas de recarga/descarga, e interação das águas superficiais e

subterrâneas (e dos ecossistemas delas dependentes);

• A hidrogeoquímica, em termos das características naturais das águas

subterrâneas, e águas subterrâneas alteradas por ações antrópicas;

• A vulnerabilidade natural dos aquíferos, risco de poluição das águas

subterrâneas e áreas contaminadas;

• O clima, em termos dos tipos climáticos, e área sujeita a eventos

hidrometeorológicos críticos;

• O uso e a ocupação do solo;

• A demanda pela água subterrânea, em termos da densidade de poços,

volume de explotação, densidade e crescimento populacional, uso da água

para abastecimento público, tipo de atividade econômica; e áreas de

conflitos de uso;

• Os aquíferos de importância estratégica;

• A proximidade e possibilidade de integração com estações de

monitoramento hidrometeorológicas.

Para além disto, a Rede de Monitoramento de Águas Subterrâneas deve especificar,

para cada aquífero:

• A quantidade e distribuição espacial de poços georeferenciados a serem

construídos exclusivamente para monitoramento;

• A quantidade e distribuição de poços georeferenciados existentes a serem

integrados a rede de monitoramento.

A densidade de pontos de monitoramento necessária para a caracterização

quantitativa e qualitativa das águas subterrâneas é um dos aspectos técnicos que

oferece maior incerteza numa fase inicial de implementação de uma rede.

Não havendo ainda informação sobre a hidrodinâmica e química das águas para

sustentar uma análise quantitativa matemática, a estimativa da densidade pode ser

baseada nos seguintes critérios práticos:

• Parcimônia, i.e., inicia-se a rede com um número razoavelmente pequeno

de pontos, utilizando-se a informação recolhida nestes para decidir sobre a

melhor localização de novos pontos;

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96 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

• Comparação com casos semelhantes, notadamente com experiências

internacionais para redes com dimensão geográfica comparável. A título de

exemplo referem-se as redes de monitoramento das águas subterrâneas

instaladas nos Estados Unidos da América (EUA) e na União Europeia

(EU). Ambas foram iniciadas há várias décadas e têm evoluído de forma

dinâmica, à medida que nova informação é recolhida.

A rede dos EUA considera 0,7 pontos de monitoramento por cada 1.000

km2 (USGS, 2015); enquanto para a rede da UE a média das densidades

por tipo de aquífero são as seguintes: poroso (0.84 por cada 1.000 km2),

cárstico (0,94 por cada 1.000 km2), fraturado (1,15 por cada 1.000 km2)

(EEA, 2014).

Para esta última, a mediana das densidades, é, no entanto,

substancialmente maior: poroso (4,3 por cada 1.000 km2), cárstico (2,5 por

cada 1.000 km2), fraturado (3,9 por cada 1.000 km2).

Estas densidades apontariam para um total de pontos para a totalidade da

Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco de, respectivamente, 444 pontos,

661 pontos, e 2.566 pontos.

O número de pontos para cada aquífero deverá ser estimado recorrendo, se possível,

a metodologias estatísticas para amostragem estratificada, ou aleatória, consoante se

opte ou não pela subdivisão do corpo d´água subterrânea. Para tanto, poderá utilizar-

se uma variável hidráulica, ou geoquímica disponível para o aquífero, com um nível de

detalhe espacial suficiente.

A distribuição espacial dos pontos de monitoramento deverá ser o mais regular

possível para evitar problemas de enviesamento. Para este fim poderão utilizar-se

algoritmos específicos desenvolvidos para optimização de redes de monitoramento,

em particular os baseados em estatísticas espaciais, utilizando informação auxiliar

proveniente de estudos hidrogeológicos.

O projeto e as características construtivas dos poços de monitoramento deverão

cumprir os procedimentos de qualidade previstos nas Normas Brasileiras (Associação

Brasileira de Normas Técnicas).

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 97 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Para garantir a implementação de uma rede de monitoramento que forneça uma

panorâmica coerente e completa da qualidade da água subterrânea é ainda essencial

ter informação que permita avaliar tendências, a longo prazo, de aumento das

concentrações de poluentes antropogenicamente induzidas.

A rede de monitoramento deve cumprir, no mínimo, os seguintes requisitos

relativamente à amostragem:

• Todos os corpos d´água subterrâneos explotados para qualquer uso

humano deverão ser monitorados com uma frequência suficiente, de

acordo com períodos de maior recarga e explotação, pelo menos com uma

amostragem e medição dos níveis de água nos períodos seco e úmido. O

Art. 5º da Resolução CNRH 107/2010 estabelece que a Rede será objeto

das seguintes campanhas de obtenção de dados:

- Uma campanha inicial de coleta de água, repetida a cada cinco anos,

que analisará parâmetros selecionados conforme previsto na Resolução

CONAMA nº 396, de 2008, em função da hidrogeoquímica natural da

água, do uso e ocupação do solo e dos usos preponderantes da água

subterrânea;

- Uma campanha semestral abrangendo, pelo menos, os parâmetros pH,

cloretos, nitritos, nitratos, dureza total, alcalinidade total, ferro total,

sólidos totais dissolvidos, e coliformes termotolerantes;

- Uma campanha de medição contínua in loco, preferencialmente de

forma automática, para determinação do nível estático (NE),

temperatura e condutividade elétrica;

- Para águas usadas para abastecimento público deve ainda considerar-

se o conjunto de parâmetros padronizados na Resolução CONAMA

n 357/2005;

• Na presença de fontes de poluição com assinatura química não coberta

pelas análises previstas nos diplomas referidos, deverão ainda ser

acompanhadas as concentrações das substâncias indicadoras específicas

(por exemplo MTBE em zonas com contaminação de postos de

combustível). Deveria ainda ser estudada a possibilidade de vir a incluir na

lista de substâncias a monitorar alguns dos poluentes emergentes, em

função daquelas que são as principais pressões em cada aquífero. Nestas

substâncias incluem-se produtos farmacêuticos e de cuidado pessoal (e.g.,

hormonas esteroides, antibióticos, anti-inflamatórios), plastificantes

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98 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

(bisfenol A, ftalatos), degradação de surfactantes (nonilfenol), retardantes

de chama (e.g, éteres difenílicos polibromados (PBDE) e cloroalcanos),

aditivos da gasolina (metil-ter-butil-éter (MTBE)), estabilizantes térmicos

(compostos perfluorados (PFCs)), e outros disruptores endócrinos;

• Todos os corpos d´água subterrâneos passíveis de estarem expostos a

fontes de poluição (por exemplo agricultura, explotação mineral, indústria,

entre outros) deverão ser monitorados para acompanhamento da

qualidade, mesmo quando não utilizados para abastecimento, procurando-

se em particular acompanhar o impacto das substâncias potencialmente

contaminadoras pelas pressões presentes na sua área de recarga (por

exemplo, agrotóxicos, em perímetros agrícolas irrigados);

• As periodicidades e os parâmetros deverão ser ajustados em função das

características hidrogeológicas e hidrogeoquímicas dos aquíferos, e da

evolução das pressões e das concentrações observadas no histórico de

registros. A análise das tendências deverá ser realizada por quinquênio,

recorrendo a técnicas estatísticas robustas (por exemplo Mann-Kendall);

• A amostragem deverá utilizar os procedimentos de controle de qualidade

previstos na Resolução CONAMA nº 396/2008, bem como os

estabelecidos nas Normas Brasileiras sobre monitoramento de águas

subterrâneas (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Tendo em conta que atualmente pouco ou praticamente nada se conhece das

características físico-químicas da maioria das águas subterrâneas da bacia, o

diagnóstico só poderá ser realizado quando houver um registro de dados

representativo, recomendando-se que este seja de pelo menos cinco anos.

DIRETRIZES PARA O DESENVOLVIMENTO DE ESTUDOS HIDROGEOLÓGICOS

Consideram-se estudos hidrogeológicos prioritários para subsidiar o processo de

enquadramento:

• Estudos relativos ao enriquecimento natural de determinadas substâncias

nos sistemas aquíferos devido a processos de interação água-rocha;

• Estudos de aferição das taxas de recarga dos sistemas aquíferos;

• Estudos relativos ao potencial hidrogeológico das coberturas detrito-

lateríticas;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 99 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Estudos de avaliação das relações entre águas subterrâneas e águas

superficiais;

• Estudos de identificação dos ecossistemas dependentes de águas

subterrâneas;

• Avaliação da influência de fontes de contaminação na qualidade das águas

subterrâneas, em particular dos principais perímetros agrícolas irrigados e

de áreas de explotação mineira;

• Avaliação do fluxo e transporte em sistemas aquíferos que se desenvolvem

em bacias hidrográficas adjacentes (por exemplo a bacia sedimentar do

Parnaíba);

Nos casos em que os sistemas aquíferos são de pequena dimensão e a informação

disponível é escassa, deverão ser realizados trabalhos de campo destinados à

obtenção de dados e ao robustecimento do processo de enquadramento.

CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE ATUAL DOS RECURSOS HÍDRICOS

SUBTERRÂNEOS

Tendo por base os dados de qualidade resultantes do programa de monitoramento e

de estudos hidrogeológicos deverá ser verificada a qualidade atual da água

subterrânea, comparando-a com os objetivos de qualidade, estipulados na Resolução

CONAMA nº 396/2008, para os diferentes usos preponderantes atuais.

Para os parâmetros que apresentem desconformidades, devem ser avaliadas as

causas associadas.

Usos preponderantes atuais

Nesta etapa deverá proceder-se à:

• Identificação dos usos preponderantes da condição atual dos corpos

d’água;

• Identificação das áreas regulamentadas por legislação específica;

• Identificação das outorgas de direito de uso de recursos hídricos.

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100 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

USOS PREPONDERANTES

Os usos preponderantes de água subterrânea a analisar são:

• Consumo humano;

• Recreação;

• Irrigação;

• Dessedentação de animais;

• Atividades econômicas.

Pretende-se que sejam avaliadas as necessidades e consumos significativos para

cada um dos fins a que as águas subterrâneas explotadas se destinam.

Será realizada uma análise histórica das necessidades e das utilizações de água e

das tendências de evolução, discriminada pelos vários sectores de utilização, tendo

presente os diferentes fatores sociais, econômicos e naturais que expliquem essas

tendências.

ÁREAS REGULAMENTADAS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Será realizada a caracterização das áreas regulamentadas por legislação específica

na bacia, incluindo:

• Identificação, zoneamento, descrição e estado atual da área;

• Descrição da legislação específica pela qual estão abrangidas, com

referência às sucessivas atualizações (em particular as diretrizes e normas

aplicáveis à ocupação do solo);

• Identificação de conflitos e problemas ambientais associados a áreas

ameaçadas e degradadas por atividades antrópicas.

Análise de Pressões

A análise de pressões será feita tendo em consideração a sua influência ao nível da:

• Disponibilidade;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 101 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Qualidade.

Esta análise de pressões deverá ter em consideração as situações atuais e as

previstas que poderão interferir com a qualidade e a quantidade.

Ao nível da disponibilidade de água subterrânea será necessário apresentar um

cadastro de usuários e o balanço entre os recursos hídricos disponíveis, os consumos

e as necessidades de água a partir de cada sistema aquífero.

Para cada sistema aquífero será apresentado o cadastro de poços em operação,

indicando as explotações significativas para os diferentes fins (abastecimento público,

dessedentação animal, industrial e irrigação, entre outras).

Serão identificadas as áreas em que se verificam situações de escassez ou de

sobreexplotação, bem como uma descrição dos efeitos associadas às mesmas e as

medidas adotadas em sequência das mesmas.

Ao nível das pressões para a qualidade do meio hídrico subterrâneo proceder-se-á a

uma identificação das fontes de poluição tópica e difusa conhecidas e potenciais,

incluindo de efluentes domésticos, agropecuários e industriais, da agricultura, da

atividade mineradora, entre outras. Deve ainda ser tida em consideração a

vulnerabilidade à poluição dos sistemas aquíferos e o uso e a ocupação do solo sobre

as áreas de recarga dos mesmos.

Serão identificadas e avaliadas as situações de conflito entre a qualidade da água

subterrânea e os usos preponderantes.

Planos e programas em curso e previstos

Para o enquadramento das águas subterrâneas é essencial uma prévia análise crítica

dos planos e programas, locais e regionais, em curso e previstos relevantes, uma vez

que esta permitirá determinar o ponto de partida relativamente ao que foi estabelecido

para garantir a disponibilidade, proteção, conservação e aproveitamento racional dos

recursos hídricos.

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102 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Esta análise deverá incidir especialmente sobre os planos setoriais (ex.: saneamento),

de desenvolvimento socioeconômico, plurianuais governamentais e planos estaduais,

diretores de recursos hídricos e dos municípios.

Para cada um dos planos e programas identificados deverão ser avaliados os efeitos

observados e esperados da sua implementação, tendo presente a realidade regional e

local, bem como os horizontes temporais associados.

O conhecimento das ações em curso e previstas permitirá a articulação conjunta de

medidas, a concertação dos financiamentos, a redução de custo e a criação de

sinergias de atuação para a proteção dos recursos hídricos subterrâneos.

Diagnóstico integrado

Os estudos anteriores serão utilizados para elaboração de um diagnóstico integrado

da situação atual, identificando as principais condicionantes e vulnerabilidades dos

sistemas aquíferos, a dinâmica econômica e social no território e os processos de

intervenção antrópica com interferência potencial nos recursos hídricos, as situações

críticas existentes e potenciais e suas relações de causa e efeito, as potencialidades e

os requisitos básicos para o desenvolvimento sustentável.

Esta análise integrada, essencial ao desenvolvimento das fases seguintes, deverá ser

suportada por uma análise SWOT para identificação dos aspectos relevantes na

avaliação das tendências evolutivas e no seu posicionamento face a um entorno com

dinâmicas próprias.

PROGNÓSTICO

A fase de prognóstico incluirá:

• A definição dos usos preponderantes desejados, decorrentes da avaliação

realizada e das propriedades intrínsecas dos mesmos, especificamente da

sua vulnerabilidade à contaminação e mineralização natural;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 103 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• A seleção dos parâmetros prioritários em função das características

hidrogeoquímicas e dos usos preponderantes, ou relevantes como fonte de

contaminação;

• O desenvolvimento de cenários de evolução, recorrendo a modelos de

previsão com um nível de complexidade compatível com a informação de

base disponível, notadamente quanto à intensidade dos usos e ocupação

dos solos, bem como do aproveitamento dos recursos hídricos

subterrâneos, das emissões, e das condições hidrogeológicas;

• Com base nos cenários desenvolvidos deverão ser estudadas as

alternativas de enquadramento compatíveis com os usos previstos e os

respectivos custos;

• Estabelecimento de metas finais e progressivas intermediárias, atendendo

aos usos pretendidos e aos custos de implementação de medidas de

correção.

Usos preponderantes desejados

Tendo por base as informações obtidas no diagnóstico e as consultas públicas

desenvolvidas ao longo do processo de enquadramento deverão ser definidos os usos

preponderantes desejados para os corpos d´água subterrânea.

A seleção dos usos desejados deverá ser feita compatibilizando simultaneamente os

interesses da sociedade, a utilização sustentável dos recursos hídricos e as condições

de qualidade atuais das águas subterrâneas.

Refira-se que os processos físico-químicos e biológicos no meio hídrico subterrâneo

são complexos e demorados, existindo uma resiliência natural dos sistemas à

modificação das condições atuais, pelo que, uma vez ocorrida a sua contaminação, a

recuperação é complexa e demorada e na maior parte dos casos pode ser

tecnicamente impossível de reverter.

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104 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Parâmetros prioritários

A Resolução CONAMA nº 396/2008 estabelece no seu Art. 12 que parâmetros a

serem selecionados para subsidiar a proposta de enquadramento das águas

subterrâneas em classes deverão ser escolhidos em função dos usos preponderantes,

das características hidrogeológicas, hidrogeoquímicas, das fontes de poluição e outros

critérios técnicos definidos pelo órgão competente.

Os parâmetros selecionados deverão servir de base para a definição de ações

prioritárias de prevenção, controle e controle da qualidade da água subterrânea.

Neste sentido, é essencial estabelecer os padrões para qualidade da água

subterrânea, por classe, de acordo com o proposto no Anexo II da Resolução

CONAMA nº 396/2008, e seguindo os Valores Máximos Permitidos constantes no

Anexo I da mesma Resolução e Valores de Referência de Qualidade, sendo um dos

pontos de partida para o enquadramento a definição dos Valores de Referência de

Qualidade.

No âmbito da atualização do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio

São Francisco (PBH-SF) propõe-se a seguinte metodologia para a obtenção de

Valores de Referência de Qualidade.

PROCEDIMENTO PARA O ESTABELECIMENTO DE VALORES DE REFERÊNCIA

DE QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA

Os VQRs deverão ser estabelecidos por aquífero, utilizando dados de química da

água, quando disponíveis, ou valores espectáveis para a formação, de caráter

provisório, quando não existam resultados de monitoramento.

A metodologia a utilizar deverá seguir de perto a indicada na Resolução 420/2009, de

28 de dezembro, no que concerne à determinação de valores orientadores de

qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas.

O VRQ de cada substância deverá ser estabelecido com base no percentil 90 do

universo amostral, filtrado dos valores anômalos. O referido VRQ deverá ser

determinado utilizando tratamento estatístico aplicável e em conformidade com a

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 105 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

concepção do plano de amostragem e com o conjunto amostral obtido. As anomalias

deverão ser avaliadas por metodologias específicas e interpretadas estatisticamente.

Para a detecção e eliminação/substituição de valores anômalos poderá utilizar-se pelo

menos um dos seguintes métodos (SUN et al., 2011; MOURAD & BERTRAN-

KRAJEWSKI, 2002):

• Teste da gama física, em que é testado se o valor obtido está dentro do

admissível para o processo natural e o método de medição;

• Teste da variação, desenvolvido para a detecção de paragem nos

equipamentos de registro – aplicado a medidores automáticos;

• Teste do gradiente de sinal, desenvolvido para a detecção de mudanças

abruptas de gradiente nos valores dos registros;

• Método da banda de tolerância, para detecção de valores anômalos

particulares;

• Método da redundância material, utilizado para verificação da consistência

entre medições realizadas em locais diferentes, mas espacialmente

correlacionados;

• Em situações excepcionais, em que os resultados dos métodos anteriores

não sejam coerentes, poderão ainda utilizar-se metodologias baseadas em

modelagem matemática do transporte e de processos físico-químicos.

Para as determinações das substâncias químicas em que todos os resultados

analíticos forem menores do que o LQP do respectivo método analítico, deverá eleger-

se “< LQP” como sendo o VRQ da substância e excluir-se dos demais procedimentos

de interpretação estatística.

Para interpretação estatística das substâncias químicas em que parte dos resultados

analíticos forem menores que o LQP, substituir-se-á o valor por LQP/2.

Para as substâncias que apresentem mais do que 60% de resultados superiores ao

limite de quantificação, a definição de agrupamento de tipos de água subterrânea

deverá ser realizada com base em testes estatísticos para comparação de médias.

Para estabelecimento do VRQ de cada substância, avaliar-se-á a necessidade de se

excluir da matriz de dados os resultados discrepantes (outliers), identificados por

métodos estatísticos (conforme referidos anteriormente).

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106 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Para as substâncias cujo percentil selecionado for igual ao LQP/2, adotar-se-á “< LQP”

como sendo o VRQ da substância.

Cenários de evolução

O processo de enquadramento deverá ser suportado por um exercício prospectivo de

formulação de cenários alternativos capazes de representar diferentes tendências de

usos futuros e de evolução das águas subterrâneas.

Estes cenários objetivam adicionar uma componente estratégica, na medida em que

pretendem antecipar um tempo de decisão e resposta para minimizar problemas

futuros relacionados com as disponibilidades, a preservação e a proteção dos recursos

hídricos subterrâneos.

No decurso do processo de enquadramento deverão assim ser construídos cenários

prospetivos enquadrados por cenários socioeconômicos destinados a:

• Avaliar as condições futuras de qualidade da água face aos usos

pretendidos, à qualidade atual e à variabilidade e mudanças climáticas

expetáveis;

• Identificar e caracterizar o desvio potencial entre a qualidade pretendida e

o que previsivelmente ocorrerá caso não sejam implementadas medidas

tendentes a corrigir o mesmo;

• Estimar o quadro futuro de disponibilidade e demanda na bacia

hidrográfica;

• Avaliar a capacidade de recuperação dos sistemas aquíferos no decurso

da aplicação de medidas e nos horizontes temporais previstos para

alcançar as metas;

• Avaliar o impacto dos cenários na qualidade dos ecossistemas, incluindo

os dependentes de águas subterrâneas.

Os cenários de evolução devem ser construídos tendo presente a seguinte dinâmica:

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 107 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

O aquífero

que temos

atualmente

O aquífero

que

queremos

ter

O aquífero que

podemos ter face às limitações técnicas

e econômicas

Figura 14 – Esquema conceitual para a elaboração de cenários.

As projeções deverão considerar:

• A projeção para horizontes de curto, médio e longo prazo;

• As principais incertezas no desenvolvimento futuro;

• A evolução socioeconômica;

• A evolução de usos e ocupação do solo;

• As políticas, programas e projetos em curso e definidos;

• As condições de disponibilidade e demanda futuras de água subterrânea;

• As cargas poluidoras associadas às principais pressões para a água

subterrânea;

• As condições de quantidade e qualidade simuladas com recurso a

modelagem.

Proposta de enquadramento

Com base nos cenários desenvolvidos deverão ser:

• Estudadas alternativas de enquadramento compatíveis com os usos atuais

e previstos;

• Estabelecidas as metas finais e progressivas intermediárias atendendo aos

usos pretendidos e aos custos de implementação de medidas de

prevenção ou de correção;

• Definidas medidas de prevenção e correção.

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108 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Propostas alternativas de

enquadramento

Enquadramento de referência

visa atender usos atuais na bacia

hidrográfica

Enquadramento(s) prospectivo(s)

Visa(m) atender, determinada(s)

alternativa(s) de usos

ALTERNATIVAS DE ENQUADRAMENTO

Tendo em consideração o estado atual da água subterrânea e os cenários

prospetivos, deverão ser apresentadas alternativas de enquadramento dos sistemas

aquíferos.

As propostas de enquadramento deverão ser prioritariamente desenvolvidas em

sistemas aquíferos críticos do ponto de vista da importância dos recursos hídricos e

das pressões a que os mesmos estão sujeitos, de forma a poder, atempadamente,

implementar medidas tendo em vista a melhoria das suas condições de uso e a

garantia da preservação das condições de escoamento de base do rio S. Francisco.

As propostas de enquadramento devem ser subsidiadas como resultado de

monitoramento e de modelagem da qualidade da água subterrânea, devendo ter em

consideração o nível de qualidade desejado pela sociedade e as prioridades de uso

sustentável da água.

Estas propostas devem ser equacionadas tendo presente a importância de considerar

de forma integrada as águas subterrâneas com as superficiais, garantindo a

necessária disponibilidade de água com qualidade compatível com os usos.

Para todas as alternativas de enquadramento serão estimados os custos e benefícios

socioeconômicos e ambientais.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 109 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

ESTABELECIMENTO DE METAS

A Resolução CNRH nº 91/2008 estabelece que os objetivos de qualidade para os

corpos de água são definidos através de metas finais de qualidade, ainda que possam

ser estabelecidas outras metas progressivas intermediárias quando tal se justifique.

As metas deverão ser estabelecidas tendo presente o estado atual das águas

subterrâneas, as pressões a que estão/estarão sujeitas, as expetativas dos diversos

atores com interesse nos recursos hídricos da bacia, as condições naturais de

resposta dos sistemas aquíferos às medidas e a disponibilidade técnica e econômico-

financeira.

Associado às metas, deverá ser apresentado o grau de precisão das mesmas e os

fatores condicionadores à sua concretização.

As metas deverão ser estabelecidas para os horizontes de planejamento de curto (5

anos), médio (10 anos) e longo prazo (20 anos).

DEFINIÇÃO DE MEDIDAS

Para alcançar as metas de qualidade, serão necessárias medidas de mitigação dos

impactos, a fim de obter uma qualidade de água compatível com os usos

estabelecidos e pretendidos.

Deverá assim ser apresentado um programa de medidas destinado ao cumprimento

das metas, devidamente calendarizado e espacializado.

As medidas a apresentar devem, entre outros aspectos, ir ao encontro:

• Do cumprimento da legislação destinada à preservação da água

subterrânea e ao controle de emissões poluentes;

• Da implementação de áreas de proteção de aquíferos e do

estabelecimento de perímetros de proteção de poços de abastecimento;

• Da importância de condicionar, restringir e interditar usos e/ou alterações

ao uso do solo em áreas de recarga;

• Da melhoria e recuperação de sistemas aquíferos em que ocorrem

descumprimentos;

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110 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

• Da gestão integrada das águas superficiais e subterrâneas;

• Da necessidade de articular o enquadramento das águas subterrâneas

com outros instrumentos de planejamento (outorga de direito de uso,

cobrança pelo uso, licenciamento ambiental), bem como noutros que

tenham o enquadramento como referência para a sua aplicação;

• Da necessidade de proceder ao monitoramento e à divulgação periódica

das condições de qualidade do meio hídrico subterrâneo;

• Da necessidade de monitorar, e eventualmente recuperar, os ecossistemas

passíveis de serem afetados pelos usos da água.

Programa

de

Medidas

Denominação

Escopo da aplicação

Objetivos

Ações a implementar

Faseamento

Custos

Entidades envolvidas e

responsabilidades

Figura 15 – Aspectos a considerar na proposta do Pr ograma de Medidas.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 111 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

ANÁLISE E DELIBERAÇÕES DO COMITÊ E DO CONSELHO DE R H

De acordo com o Art. 8º da Resolução CNRH nº 91/2008, as Agências de Água ou de

Bacia ou entidades delegatárias, em articulação com órgãos gestores de recursos

hídricos e meio ambiente, elaborarão e encaminharão propostas de alternativas de

enquadramento aos respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica para discussão,

aprovação e posterior encaminhamento, para deliberação, ao Conselho de Recursos

Hídricos competente.

A seleção de uma das alternativas de enquadramento ocorre no âmbito do Comitê da

Bacia, composto por representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos

municípios, dos usuários e das entidades civis de recursos hídricos com atuação

comprovada na bacia. Associada à alternativa de enquadramento selecionada, serão

igualmente aprovados o programa de medidas, os custos e os prazos da sua

implementação.

Após a aprovação da proposta de enquadramento seguem-se os respectivos atos

jurídicos, incluindo a elaboração da respectiva Resolução de Enquadramento.

PROGRAMA DE EFETIVAÇÃO

O alcance ou manutenção das condições e dos padrões de qualidade, determinados

pelas classes em que o corpo d´água for enquadrado, deve ser viabilizado por um

programa para efetivação orientado para o cumprimento das metas estabelecidas,

bem como de avaliação da implementação do programa de medidas, e de

acompanhamento das condições financeiras.

O programa de medidas deve ser acompanhado das prioridades de implementação,

do modelo e da forma de operacionalização em que as mesmas devem ser

executadas, do cronograma físico-financeiro e das entidades com responsabilidade

pela sua aplicação.

O programa de efetivação do enquadramento identificará ainda as condições de

articulação entre entidades, quer daquelas que são responsáveis pela gestão dos

recursos hídricos, quer daquelas que são responsáveis por aspectos que os

influenciam (por exemplo entidades gestoras de saneamento ou agricultura, entre

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112 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

outras). Esta articulação é essencial para garantir a adequada implementação do

programa de medidas e serem atingidas as metas.

PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

A participação ativa e consciente de todos os interessados e envolvidos nas questões

relacionadas com os recursos hídricos subterrâneos da Bacia do S. Francisco é

decisiva para um adequado enquadramento.

O público-alvo da participação pública deve ser o mais variado possível, de modo a

validar o processo e a permitir identificar as várias visões de futuro para os sistemas

aquíferos da bacia.

A participação pública deverá permitir o envolvimento direto, desde a fase inicial do

processo de enquadramento, de forma ativa e construtiva, das várias entidades

públicas e privadas atuantes nas áreas de recursos hídricos e do meio ambiente na

bacia e dos principais atores/agentes presentes na área de incidência dos sistemas

aquíferos (usuários, cooperativas, ONGs, universidades).

A participação pública deverá ser um processo interativo, com o esclarecimento direto

junto dos principais atores, através de audiências públicas, reuniões e oficinas

setoriais.

A participação pública deve ocorrer nas fases de diagnóstico e prognóstico, bem como

durante a fase de elaboração das alternativas de enquadramento.

Esta fase de participação social será assim transversal e permitirá:

• Fomentar a ampla participação da sociedade civil, da comunidade técnica e

científica e dos usuários;

• Coletar dados relativamente aos usos e conflitos de qualidade da água em

determinadas zonas dos sistemas aquíferos;

• Conhecer e compreender as expetativas da sociedade quanto ao futuro

dos recursos hídricos;

• Transmitir conhecimento da realidade de cada sistema aquífero, incluindo

das suas características, importância, utilização para os diferentes fins,

aspectos legais e institucionais;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 113 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Incentivar a participação e a apresentação de propostas relativas aos usos

preponderantes desejados;

• Envolver a sociedade nas diferentes fases estratégicas de decisão,

incluindo o acompanhamento, discussão e validação dos dados da fase de

diagnóstico e prognóstico;

• Atingir uma visão global e de consenso sobre os principais problemas e

desafios para a futura utilização da água subterrânea;

• Fortalecer a governança;

• Participar na definição do enquadramento e na adoção de medidas

destinadas a assegurar o cumprimento das metas;

• Legitimar as opções durante o processo de enquadramento;

• Divulgar os resultados e as opções a todos os atores envolvidos.

A Participação Social deverá ser efetuada tendo por base um Projeto de Comunicação

que defina as ações destinadas à divulgação e compartilha de informação de forma

abrangente e que motive o público-alvo a participar de forma ativa.

ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO

A fase de acompanhamento destina-se a monitorar as condições de implementação

do programa de medidas e a avaliar o sucesso das mesmas.

Preconiza-se uma avaliação anual da sua eficácia, suportada na quantificação dos

indicadores e na avaliação do seu progresso face à situação de referência e às metas

a atingir.

Será apresentada uma bateria de indicadores do tipo pressão-estado-resposta,

quantificáveis e mensuráveis ao longo da implementação do programa de medidas

destinada a avaliar a eficiência e a eficácia do mesmo, a necessidade de ajustes ou a

implementação de medidas complementares.

Esta avaliação deverá permitir a caracterização da evolução do estado, das pressões,

das respostas e do progresso necessário para que as metas sejam atingidas.

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114 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Apresentação de resultados

O processo de enquadramento dos corpos d’água subterrâneos deverá ser sintetizado

num Relatório Técnico com a descriminação dos estudos desenvolvidos e resultados

obtidos para cada sistema aquífero e a justificativa da proposta de enquadramento.

Este relatório deverá ter uma estrutura idêntica para todos os sistemas aquíferos,

compreendendo o desenvolvimento dos seguintes aspectos abordados:

• Diagnóstico da bacia, incluindo:

- Caracterização geral, hidrogeológica e socioeconômica;

- Identificação dos usos preponderantes atuais;

- Classificação atual da qualidade da água subterrânea;

• Prognóstico da bacia, incluindo:

- Cenários prospetivos;

- Alternativas de enquadramento;

- Proposta de metas com a respectiva justificativa;

• Programa de Medidas, incluindo:

- Descrição das ações físicas e não-físicas para o alcance do

enquadramento proposto;

- Custos envolvidos em sua implementação;

- Responsabilidade na implementação das medidas.

• Projeto de participação pública;

• Relatório síntese.

O Relatório Técnico será acompanhado de cartografia de síntese da qualidade atual

da água subterrânea, bem como das metas estipuladas para cumprir os usos

preponderantes desejados.

Logo no início do processo de enquadramento deverá ser criado um sítio na Internet

em que sejam disponibilizados os documentos elaborados ao longo do mesmo,

incluindo a informação elaborada no decurso da participação pública.

A participação pública será acompanhada pela produção e distribuição de folders,

cartazes de divulgação e inquéritos.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 115 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

6. SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS

6.1. Introdução

A gestão de recursos hídricos influencia a atividade de diversos tipos de entidades e

em diferentes esferas de gerenciamento, de âmbito público e privado. Geralmente,

para articular as diversas partes interessadas nesse processo são estabelecidos

Sistemas de Gestão de Recursos Hídricos , envolvendo diferentes sensibilidades no

processo.

Como ferramenta para a operacionalização desses sistemas, podem ser

implementados Sistemas de Informação que permitam a harmonização de

informação sobre diversas temáticas ambientais e fenômenos associados aos

recursos hídricos.

Neste contexto, também a atualização do Plano de recursos hídricos da bacia

hidrográfica do rio São Francisco (PRH-SF) é em parte suportada pela consideração

de diversas temáticas ambientais, sociais e econômicas provenientes de diversos

Sistemas de Informação e passíveis de representação em dados georreferenciados.

Diante desse grande número de informações coletadas e produzidas para o PRH-SF,

foi desenvolvido um Sistema de Informação Geográfica (SIG), para manipulá-las de

forma integrada, de modo a estabelecer operações de análise de suas relações

espaciais. Efetivamente, o SIG é uma ferramenta para coleta, tratamento,

sistematização, arquivamento e análise integrada de informações distribuídas

espacialmente, essencial em contextos onde se produz e reúne uma grande

quantidade de dados secundários de diversos temas e fontes, como os planos de

recursos hídricos.

A partir do SIG, materializado em um Banco de Dados e Informações

Georreferenciadas sobre Recursos Hídricos (BDIGRH), será concebido,

posteriormente à atualização do PRH-SF, um Sistema de Informações sobre

Recursos Hídricos (SIRH), como instrumento de apoio a gestão da bacia hidrográfica

do rio São Francisco.

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116 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Se pretende que esse SIRH seja uma ferramenta de apoio à decisão de

gerenciamento dos recursos hídricos da bacia de São Francisco através da integração

de diversos tipos de informações e análises, por exemplo alfanuméricas, cadastrais

e/ou geográficas. Esses insumos podem ser produzidos no contexto de sistemas de

informação independentes, cuja integração deve ser prevista.

Um Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, conforme previsto na Política

Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), deverá ter como insumos (ANA, 2015g):

dados hidrológicos, hidrogeológicos e de qualidade da água, devidamente validados,

sistematizados e interpretados; cadastros de usos e usuários de recursos hídricos;

dados sobre as outorgas concedidas; informações sobre bacias hidrográficas, dos

meios físico, biótico e socioeconômico (geomorfologia, geologia, atividades de

produção e consumo, uso e ocupação do solo, biomas e dados ambientais,

infraestrutura instalada, fontes de poluição pontuais e difusas, dentre outras); leis e

normas referentes à política de recursos hídricos; dentre outros. Esta transversalidade

visa à prevenção e solução de conflitos ou de problemas associados à gestão de

recursos hídricos, o acesso mais completo a informações relacionadas e a melhoria do

processo de tomada de decisão. A Figura 16 mostra um esquema das “camadas” de

informações, que devem ser estruturados para a efetiva implementação de um sistema

de informações de recursos hídricos (NUNES, 2009).

Figura 16 – Estruturação de informações sobre recur sos hídricos.

Fonte: Nunes, 2009.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 117 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Assim, nesse capítulo são apresentados:

• Os principais recursos legais e normativos a serem observados no

desenvolvimento do SIG/BDIGRH e do futuro SIRH da BHSF (subcapítulo

6.2);

• Os Sistemas de Informações de Recursos Hídricos na Bacia do Rio São

Francisco (subcapítulo 6.3)

• Informação sobre a coleta, análise e uso de dados e informações

georreferenciadas sobre recursos hídricos no PRH-SF (subcapítulo 6.4);

• O esquema de organização do SIG e BDIGRH do PRH-SF , cuja versão

final, contendo a arquitetura e os módulos temáticos que o compõem, será

apresentada na etapa de consolidação final da atualização do PRH-SF

(subcapítulo 6.5);

• Um conjunto de diretrizes para o SIRH , cuja concepção será objeto de

contratação futura (subcapítulo 6.6).

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118 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

6.2. Aspectos legais e normativos a observar

A Lei das Águas n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997, define a base da Política

Nacional de Recursos Hídricos . A implementação desta política deve ser integrada

através das diversas esferas governamentais – federal, estadual e municipal –

tomando em consideração as especificidades regionais e temáticas da organização de

instrumentos de gestão de recursos hídricos.

Os sistemas de informações sobre recursos hídricos devem cumprir os princípios

básicos de:

• Descentralização da obtenção e produção de dados e informações;

• Coordenação unificada do sistema;

• Garantia de acesso geral aos dados.

Se destaca ainda o sexto fundamento da Lei das Águas, que define que as decisões

tomadas em âmbitos mais locais que não afetem os usos no âmbito geral não devem

ser influenciadas pelo manejamento a um nível superior. Como tal, os SIRH devem

adaptar-se às instâncias decisórias que suportam.

A Resolução n.º 13/2000, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, estabelece

diretrizes para a implementação do SNIRH , notadamente através da coordenação

de demais órgãos e entidades federais com atribuições ou competências relacionadas

com a gestão de recursos hídricos e seu monitoramento, avaliação e atribuição de

direitos e deveres aos utilizadores dos recursos.

No contexto regional, à escala da bacia hidrográfica, as Agências de Água são

responsáveis por gerir e atualizar os SIRH que se apliquem à sua área de atuação,

incluindo o enquadramento dos recursos hídricos, a outorga (considerando aspectos

quantitativos, qualitativos, uso racional e a distribuição temporal e espacial dos

recursos) e respectiva cobrança (ANA, 2015g).

Para a aquisição e desenvolvimento de software a ANA definiu uma metodologia para

cada aspecto do ciclo de vida do projeto de software, a Metodologia de

Desenvolvimento de Sistemas da ANA (MDSA) composta por três metodologias

distintas e interdependentes (NUNES, 2009):

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 119 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Uma metodologia de gestão de projetos, que envolve o planejamento, a

monitoração e o controle do pessoal, processo e eventos que ocorrem na

medida em que o software é desenvolvido;

• Outra metodologia de engenharia de sistemas é a que envolve os

processos, métodos e ferramentas da metodologia de engenharia de

software; ela descreve as etapas do ciclo de vida do software, para deixar

de forma explicita as atividades macros necessárias para a metodologia de

engenharia de software;

• A terceira metodologia é a de fornecimento de software, que estabelece os

procedimentos de contratação e acompanhamento de software de maneira

a diminuir os riscos das contratações dentro do ambiente público, sujeita a

inúmeras interferências.

Os recursos hídricos em causa devem ser enquadrados por dados de temáticas com

relevância para a sua gestão, notadamente topografia, meteorologia, hidrologia,

hidrogeologia, geomorfologia, geologia e atividades humanas. A consideração destas

temáticas fortemente espacializadas é facilitada pe la utilização de SIG , que traz

diversas capacidades de geração de cartografia, geoprocessamento e análise

essenciais à gestão de recursos hídricos de forma adaptada à escala regional da

gestão.

O Decreto n.º 6.666, de 27 de Novembro de 2008, institui, no âmbito do Poder

Executivo federal, a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE): “conjunto

integrado de tecnologias; políticas; mecanismos e procedimentos de coordenação e

monitoramento; padrões e acordos, necessário para facilitar e ordenar a geração, o

armazenamento, o acesso, o compartilhamento, a disseminação e o uso dos dados

geoespaciais de origem federal, estadual, distrital e municipal” (Art. 2.º).

O Decreto n.º 6.666/2008 não normatiza o desenvolvimento da INDE com

padronização na aquisição, parâmetro, armazenamento, tratamento e apresentação

da informação, apenas estabelece as linhas mestras para a sua efetivação, levando

em consideração os desequilíbrios estruturais entre os estados e municípios

brasileiros (PIMENTEL, 2011).

Um dos objetivos da instituição da INDE é “promover a utilização, na produção dos

dados geoespaciais pelos órgãos públicos das esferas federal, estadual, distrital e

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120 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

municipal, dos padrões e normas homologados pela Comissão Nacional de

Cartografia – CONCAR” (Art. 1.º do Decreto n.º 6.666/2008); a CONCAR mantém

Comissões de Especificações Técnicas para padronização das informações espaciais.

O Comitê Especializado da Mapoteca Nacional Digital (CMND), por exemplo, elaborou

em 2007 as Especificações Técnicas para Estruturação de Dados Geoespaciais

Digitais Vetoriais (versão 2.0) com o propósito de padronizar estruturas de dados

que viabilizem o compartilhamento, a interoperabilidade e a racionalização de recursos

entre os produtores e usuários de dados cartográficos (PIMENTEL, 2011).

Em 2009 é homologada, pela Resolução n.º 1, de 30 de Novembro, da Secretaria de

Planejamento e Investimentos Estratégicos, a Norma da Cartografia Nacional que

define o Perfil de Metadados Geoespaciais do Brasil (Perfil MGB ), publicada pelo

Comitê Especializado na Estruturação de Metadados Geoespaciais (CEMG).

O Comitê de Planejamento da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (CINDE)

elaborou o Plano de Ação para Implementação da INDE , divulgado em janeiro de

2010; oficialmente, o lançamento da Infraestrutura e do endereço eletrônico

(www.inde.gov.br) aconteceu em abril de 2010 em Brasília (PIMENTEL, 2011).

Para além de atender a legislação vigente em matéria de geração, tratamento e

armazenamento de dados geoespaciais, o SIG/BDIGRH e o SIRH do PRH-SF devem

observar os seguintes requisitos:

• Compatibilidade com o Sistema Nacional de Informações sobre

Recursos Hídricos (SNIRH), incluindo o Cadastro Nacional de Usuários

de Recursos Hídricos (CNARH) e com as bases de informações

disponíveis nos diferentes órgãos estaduais;

• Permitir a instalação nos equipamentos do CBHSF / AGB-PV ,

possibilitando aos mesmos o suporte às atividades de planejamento e

gestão da bacia.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 121 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

6.3. Os Sistemas de Informações de Recursos Hídrico s na Bacia do Rio

São Francisco

Como sistema de referência do setor de gestão dos recursos hídricos, o SNIRH deve

ser um sistema integrador de todos os sistemas relacionados à gestão de recursos

hídricos, permitindo a sua indexação e utilização para o contexto nacional.

Por sua vez, cada estado tem autonomia para desenvolver seu próprio sistema ou

sistemas, de acordo com a sua realidade prática e suas necessidades de gestão. As

entidades estaduais de gestão de recursos hídricos são também responsáveis pelo

desenvolvimento e manutenção dos sistemas de informação cobrindo os recursos

existentes nos seus domínios. Se descrevem em seguida os sistemas existentes no

contexto da bacia hidrográfica de São Francisco.

6.3.1. Agência Nacional de Águas – Sistema Nacional de Informações sobre

Recursos Hídricos

O Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH) foi estabelecido

pela Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei n.º 9.433/1997) e a sua organização,

implantação e coordenação é da responsabilidade da Agência Nacional de Águas,

pela Lei n.º 9.984/2000.

Esse sistema visa dar suporte ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos (SINGREH) através da coleção, tratamento, armazenamento e recuperação

de dados e informação nacional sobre recursos hídricos e outros fatores relevantes,

incluindo a integração de informações geradas pelos diferentes órgãos integrantes do

SNIGREH (ANA, 2015g).

Assim, o SNIRH deve ser flexível e adaptável aos bancos de dados relacionados,

suportando a publicação e sistematização de informações que sejam adquiridas ou

geradas nos processos de gestão de recursos hídricos. A integração deve respeitar as

diferenças de âmbito e detalhamento entre as diversas esferas governamentais de

nível federal, estadual e municipal. Tal significa que o SNIRH deve tomar em

consideração as especificidades regionais resultantes dos diferentes tipos de

organização e estruturação de instrumentos de gestão de recursos hídricos.

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122 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

O SNIRH tem como objetivos :

• Reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a

situação qualitativa e quantitativa dos Recursos Hídricos no Brasil;

• Atualizar permanentemente informações sobre disponibilidade e demanda

de Recursos Hídricos no Brasil;

• Fornecer subsídios para elaboração de planos de recursos hídricos.

A estrutura de um SNIRH deve consistir, no mínimo, dos seguintes componentes

(Proágua, 2000 apud ANA, 2015g):

• Redes de monitoramento quali-quantitativas, convencionais ou com

aquisição automática de dados;

• Banco de dados contendo séries históricas hidrológicas, meteorológicas e

de qualidade das águas; cadastro de usuários, de obras hídricas, relação

de municípios, características físicas, socioeconómicas; mapas e imagens;

informações documentais, tais como: leis, planos, estudos, resoluções e

informações primárias. Todas as informações que contenham

componentes espaciais devem ser mantidas em formato compatível com

sistemas de informação georreferenciada, quando pertinente;

• Sistema de informações geográficas para integrar os demais componentes;

• Módulos para o funcionamento de modelos de simulação;

• Sistemas de apoio à decisão, seja para outorgas, alocação de volumes em

reservatórios, ocorrência de eventos extremos, elaboração de

planejamento integrado e disseminação de informações entre os usuários.

Assim, o SNIRH inclui, para a identificação de usuários de recursos hídricos, o

Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos (CNARH), estabelecido pela

Resolução n.º126/2012, permitindo a integração com bases de dados referentes aos

recursos hídricos superficiais e subterrâneos aos níveis estadual e nacional. É

estruturado em seis subsistemas integrados e interdependentes, que são compostos

por aplicações computacionais desenhadas para auxiliar a gestão de recursos hídricos

(SOUSA et al., 2009, apud ANA, 2015g):

• Três subsistemas finalísticos (diretamente relacionados com a

regulação, monitoramento, planejamento e gestão dos recursos hídricos):

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 123 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

- Planejamento e Gestão (PLANN), que pretende dar visibilidade aos

processos de planejamento, permitir o acompanhamento sistemático e

viabilizar o acompanhamento do grau de implementação dos

instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos como os Relatórios

de Conjuntura;

- Quali-quantitativo (QUALT), para tratamento de dados de

monitoramento hidrometeorológico (através da Rede

Hidrometeorológica Nacional, e HIDROWEB), fluviométrico,

pluviométrico, de águas subterrâneas e de qualidade de água (Rede

Nacional de Monitoramento da Qualidade das Águas);

- Regulação de Uso (REGLA), que compila dados do uso da água

provenientes de diversos processos de gerenciamento de usos como

cadastros (por exemplo, o CNARH), outorgas (por exemplo, o SDO),

cobranças (por exemplo, o DIGICOB) e outros elementos

administrativos relacionados com o uso de águas superficiais ou

subterrâneas.

• Três subsistemas integradores (auxiliares, possibilitam a conexão entre

os módulos de diversos subsistemas):

- Inteligência Hídrica (IH), que prepara informações hidrológicas para

enquadrar necessidades de informações de disponibilidades hídricas;

- Inteligência Documental (ID), integrando os documentos produzidos no

âmbito da gestão descentralizada de recursos hídricos, incluindo os

apresentados pelos vários comitês de bacia hidrográfica;

- Inteligência Geográfica (IG), conjugando dados e informações espaciais

de suporte à gestão de recursos hídricos georreferenciadas ou

hidrorreferenciadas, conforme aplicável.

ANA (2015g) descreve ainda um subsistema Segurança da Informação (SGINF)

que permite administrar os usuários, grupos de usuários, perfis e componentes

funcionais do Snirh (cf. Figura 17). Além disso, o SGINF disponibiliza serviços de

autenticação e conformação de usuários, sistemas, subsistemas e módulos, para

atender as necessidades de segurança interna ou externa ao sistema.

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124 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

Figura 17 – Esquema da estrutura do SNIRH.

Fonte: ANA, 2015g.

Os subsistemas vêm sendo implementados por etapas, com destaque para o avanço

nos subsistemas REGLA e QUALT, além dos sistemas integradores. O SNIRH é

acessível ao público em geral através do portal www .snirh.gov.br/ , onde estão

disponíveis o Sistema de Monitoramento Hidrológico (Telemetria), o CNARH e mapas

diversos de temáticas como outorgas, domínio de cursos d’água, abastecimento

urbano de água, entre outras informações relacionadas.

6.3.2. Instituto Mineiro de Gestão das Águas – Sist ema Estadual de

Informações sobre Recursos Hídricos (MG)

O Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos (SEIRH) do estado de

Minas Gerais é responsabilidade do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e

se enquadra na implementação do Sistema Estadual de Gerenciamento de

Recursos Hídricos (SEGRH) . Esse instituto, através da Gerência de Informação em

Recursos Hídricos (GEIRH-IGAM), mantém a articulação com as entidades dos

setores relacionados para manter atualizadas e disponíveis as informações no SEIRH.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 125 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

Esse sistema inclui a disponibilização de módulos referentes a dados e informações

técnicas relacionadas com o gerenciamento de recursos hídricos através do portal

InfoHidro , em http://portalinfohidro.igam.mg.gov.br/ (IGAM, 2016b). Esse portal inclui:

• Informações detalhadas por bacia hidrográfica de cobrança pelo uso de

recursos hídricos;

• Enquadramentos aplicáveis aos recursos hídricos estaduais;

• Dados de monitoramento e relatórios de qualidade da água, incluindo

índices de qualidade da água e de contaminação por tóxicos;

• Planos de recursos hídricos;

• Unidades de planejamento e gestão de recursos hídricos e indicação dos

instrumentos de apoio à sua gestão;

• Monitoramento de reservatórios;

• Publicações técnicas no âmbito da gestão de recursos hídricos do estado;

• Bases cartográficas completadas para o estado de Minas Gerais.

O portal InfoHidro está ainda conectado com o portal do SISEMAnet , da SEMAD

(2016a), onde é possível efetuar e recolher informação sobre registros ambientais, e o

portal de meteorologia do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas

Gerais.

6.3.3. Secretaria do Meio Ambiente – Sistema Estadu al de Informações

Ambientais e de Recursos Hídricos (BA)

O Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos Hídricos (SEIA, 2016)

do estado da Bahia resulta da implementação da Política de Meio Ambiente e de

Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia, instituída pela Lei n.º 10.431/2006. É

pretendido que esse sistema seja a ferramenta única para acessamento de

informações e atendimento no contexto dos processos ambientais, sendo coordenado

pela Secretaria do Meio Ambiente.

Está presentemente em desenvolvimento software correspondente que fundamente

novas políticas estaduais de ambiente e recursos hídricos, permitindo a instrução e

gestão de processos ambientais via internet, com acompanhamento on-line do

cidadão. Esse sistema inclui (SEIA, 2016):

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126 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

• Regularização ambiental, para processos de controle florestal,

licenciamento ambiental, outorgas e unidades de conservação;

• Identificação institucional das entidades associadas ao sistema;

• Enquadramento para o Sistema Estadual de Unidades de Conservação;

• Disponibilização de diversos serviços on-line para estabelecimento e

acompanhamento de processos de certificação, cadastro ou registros;

• Sistema Estadual de Informações de Recursos Hídricos, fornecendo

diversos subsídios temáticos, de planejamento e de monitoramento das

águas estaduais;

• Sistema de informação geográfica, o GEOBAHIA, que tem por objetivo

integrar e possibilitar a análise de informações ambientais e

socioeconômicas georreferenciadas para suporte à gestão ambiental e a

tomada de decisão, assim como outros mapas temáticos relevantes;

• Ferramentas de fiscalização, monitoramento ambiental e respectiva

legislação ambiental aplicável;

• Instrumentos de planejamento e programação ambiental.

• Ferramentas para educação ambiental;

• Outras publicações técnicas de enquadramento ambiental do estado.

6.3.4. Agência Pernambucana de Águas e Clima – Sist ema Integrado de

Gerenciamento dos Recursos Hídricos (PE)

A Política Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco é estabelecida pela Lei

n.º 12.984/2005, sendo previsto o desenvolvimento do Sistema Integrado de

Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH) . A Agência Pernambucana de Águas

e Clima (APAC, 2016) foi criada pela Lei Estadual n.º 14.028/2010 para complementar

o SIGRH e fortalecer o planejamento e regulação dos usos múltiplos dos recursos

hídricos do estado.

O SIGRH é composto pela articulação de diversas instituições e partes interessadas

no processo de gestão de recursos hídricos, em particular Conselhos Gestores,

Comitês de Bacia Hidrográfica e público em geral.

Destaca-se o Sistema de Geoinformação Hidrometeorológico de Pernambuco

(disponível em http://www.apac.pe.gov.br/sighpe/, um portal de visualização de

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 127 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

informações geográficas temáticas), com a síntese do monitoramento

hidrometeorológico em tempo real de estações fluviométricas e pluviométricas

recolhido através de plataformas de coleta de dados distribuídas no estado de

Pernambuco.

6.3.5. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (AL)

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Alagoas

(SEMARH-AL) tem a seu cargo a implantação e coordenação das políticas de meio

ambiente e de recursos hídricos, a que acresce a execução direta de ações de gestão

e fiscalização de recursos hídricos, com articulação com as políticas de âmbito

regional e nacional.

No portal da SEMARH-AL (2016) são apresentadas as características gerais do

enquadramento estadual aos setores ambientais e de gestão de recursos hídricos. No

contexto da gestão de recursos hídricos, se destacam:

• Dados de outorga, incluindo documentação do procedimento para

obtenção de outorga;

• Identificação cartográfica e descritiva das regiões hidrográficas no estado;

• Descrição do Fundo Estadual de Recursos Hídricos, criado com a

finalidade de captar, gerir e aplicar recursos financeiros para a Política

Estadual respectiva;

• Plano Estadual de Recursos Hídricos;

• Descrição de infraestruturas hídricas;

• Legislação aplicável.

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128 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

6.3.6. Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídric os, Infraestrutura,

Cidades e Assuntos Metropolitanos – Sistema Integra do de Gerenciamento dos

Recursos Hídricos (GO)

No estado de Goiás, é a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos,

Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (SECIMA, 2016) que tem a

competência de implementar o Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos

Hídricos (SIGRH) . Esse sistema consiste na articulação de diversas entidades com

intervenção sobre a gestão de recursos hídricos, desde o utilizador individual à

entidade federal.

Esta integração é apresentada no portal da SECIMA (2016) através do elenco das

diversas instituições envolvidas e ferramentas de gestão disponibilizadas pela

secretaria:

• Caracterização do Sistema de Gestão de Recursos Hídricos, com

referência à utilização de sistemas de informações para a organização e

disponibilização de dados e informações;

• Legislação aplicável no contexto do Sistema Integrado de Gerenciamento

dos Recursos Hídricos do Estado de Goiás;

• Dados de outorga, incluindo documentação do procedimento para

obtenção de outorga;

• Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH),

• Plano estadual de recursos hídricos;

• Comitês de bacias hidrográficas incluídas no estado;

• Programa Produtor de água, um instrumento específico desenhado para

pagamento por serviços ambientais de produção de água;

• Dados de vazão, de monitoramento de reservatórios (SAR) e de

indicadores de saneamento, fornecidos pela ANA.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 129 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

6.3.7. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos –

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídri cos (SE)

O Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídri cos de Sergipe é

coordenado pela ADEMA (Administração Estadual do Meio Ambiente), mais

especificamente pela Superintendência de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado

do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Sergipe (SEMARH-SE).

Esse sistema articula a atividade dos órgãos e entidades de âmbito relacionado ao

gerenciamento de recursos hídricos no estado, considerando (ADEMA, 2016 e

SEMARH-SE, 2016):

• Resumo legislativo de aplicação aos recursos hídricos e a seu

gerenciamento;

• Programação e operacionalização de monitoramento e fiscalização de

condições de conservação, qualidade de água, balneabilidade e condições

hidrológicas;

• Instrumentos de planejamento e gerenciamento de recursos hídricos;

• Enquadramento qualitativo dos corpos d’água;

• Disposições e enquadramento do fundo estadual de recursos hídricos;

• Documentação para processos de outorga e cobrança;

• Elementos de articulação institucional: CONERH/SE (Conselho Estadual de

Recursos Hídricos) e Comitês de Bacias.

6.3.8. Agência Reguladora de Águas, Energia e Sanea mento Básico (DF)

A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico, originalmente criada

pela Lei n.º 3.365/2004, tem a seu cargo a articulação de diversas atividades no

Distrito Federal, destacando-se no âmbito da gestão de recursos hídricos a sua

utilização, águas e esgotos, drenagem urbana e regulação econômica dos sectores

(ADASAa, 2016).

O portal Recursos Hídricos – DF (ADASA, 2016b) elenca diversas funcionalidades

apresentadas pela ADASA relacionadas com o gerenciamento de recursos hídricos:

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130 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

• Iniciativas de monitoramento hidrológico e de qualidade de águas dos

recursos hídricos locais, incluindo representação cartográfica;

• Descrição e ferramentas de início e acompanhamento de processo de

outorga e cadastro de usos de recursos hídricos;

• Apresentação e relato de atividades de fiscalização dos recursos hídricos

locais;

• Descrição de enquadramento regulatório e estratégico das atividades de

planejamento e acompanhamento da gestão de recursos hídricos,

concentradas em conselhos e comités de atribuição regional;

• Outras informações relevantes para a articulação do sector, como

competências específicas da ADASA através da Superintendência de

Recursos Hídricos, legislação aplicáveis e guias de boas práticas.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 131 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

6.4. Coleta, análise e uso de dados e informações g eorreferenciadas

sobre recursos hídricos no PRH-SF

O SIG do PRH-SF, concretizado em um BDIGRH para a bacia, irá incluir as

informações de base do plano relativas às características e à situação dos recursos

hídricos e demais aspectos com implicações relevantes, como por exemplo a

hidrografia, a ecologia, a proteção da natureza, a geologia ou a hidrogeologia. Se

pretende, com esse banco de dados, sintetizar a informação considerada para a

atualização do PRH-SF e estabelecer a base para o SIRH que venha a ser

implementado.

As informações georreferenciadas foram obtidas nos estudos e entidades mais

relevantes em cada matéria, com particular ênfase nos recursos hídricos e em dados

posteriores a 2004, permitindo contribuir para a atualização substantiva do plano.

Os dados foram coletados, avaliados, validados e manipulados de fo rma

integrada ao longo do desenvolvimento do plano, em ambiente ArcGIS 10.0, da

ESRI, recorrendo, quando necessário, à criação de file geodatabases para validação

topológica e análise.

Quando necessária, a produção de dados geográficos primários foi desenvolvida

atendendo às Regras e Padrões para Nomenclatura de Objetos da Agência

Nacional de Águas (ANA, 2011c), com o uso de pentagramas de identificação de

objetos e de atributos. Devido à diversidade de contribuições consideradas, não só no

que se refere às temáticas abordadas, mas também às suas tipologias, coberturas,

níveis de completude e atributos, os dados geográficos secundários foram mantidos

no seu esquema original ao serem coligidos no BDIGRH, permitindo uma mais

completa rastreabilidade da informação.

Os dados considerados no BDIGRH correspondem à fase final dos trabalhos, após

consolidação e validação dos diversos produtos, o que inclui o Atlas da Bacia, onde se

agrupam todos os elementos esquemáticos e cartográficos (mapas e figuras) do plano.

Esses dados foram integrados e mapeados não só na fase inicial de diagnóstico, como

na formulação de cenários de desenvolvimento e proposição de diretrizes e ações

prioritárias, e de forma a possibilitar também o suporte futuro às atividades de

planejamento e gestão da bacia.

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132 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

6.5. Esquema de organização do SIG e BDIGRH do PRH- SF

Para além de o desenvolvimento de um SIG ser essencial à elaboração de um PRH, a

estruturação de um BDIGRH é um dos objetivos específicos da atualização do PRH-

SF. Assim, para a atualização do PRH-SF, na etapa de consolidação final da

atualização do plano será apresentada a versão final do SIG / BDIGRH do PRH-SF,

contendo a arquitetura e os módulos temáticos que o compõem, de forma a agrupar a

informação utilizada e gerada durante a elaboração do plano.

Não obstante, considerando que será a partir do SIG, materializado no BDIGRH, que

será concebido o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (SIRH) para o qual

devem ser propostas diretrizes nesta fase da atualização do PRH-SF, seguidamente é

apresentada uma proposta de esquema de organização do SIG / BDIGRH do PRH-

SF, repartida nos seguintes itens:

• Integração (seção 6.5.1);

• Documentação (seção 6.5.2);

• Representação (seção 6.5.3).

Considera-se que o esquema de organização apresentado permitirá constituir o

BDIGRH como o repositório principal dos dados e informações georreferenciados

relevantes para o PRH-SF, através da integração, documentação e representação de

informação gerada e considerada no desenvolvimento do plano.

6.5.1. Integração

O SIG do PRH-SF integra informações de base relativas às características e à

situação dos recursos hídricos e demais aspectos com implicações relevantes na sua

quantidade e qualidade, organizadas por tipo de ficheiro e área temática. Em

conjugação com esta organização para a informação de base, o BDIGRH incluirá a

reprodução em formato editável dos mapas produzidos ao longo do desenvolvimento

do PRH-SF. Para a integração desta informação propõe-se a seguinte es trutura :

• Pasta de informações de base georreferenciadas organizadas de acordo

com:

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 133 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

- tipo de informação, a nível primário:

o Matricial: raster em formato .tif;

o Vetorial: shapefile em formato . shp;

o Tabular: planilhas de uso relacional em formato .xls.

- por área temática, a nível secundário:

o Ecologia;

o Geologia e hidrogeologia;

o Hidrografia;

o Limites administrativos;

o Proteção de natureza;

o Qualidade de recursos hídricos;

o Socioeconomia;

o Solos;

o Usos de recursos hídricos.

• Pastas contendo os mapas desenvolvidos para cada produto entregue, em

versão editável (em formato .mxd, criado em ambiente ArcGIS 10.0) e

versão final apresentada (em formato .pdf ou .jpg), organizadas de acordo

com:

- o produto (relatório técnico) do plano para o qual o mapa foi gerado, a

nível primário:

o RF1, 2, 3, etc.;

o Atlas da Bacia.

- a tipologia de produto gráfico, a nível secundário:

o Mapa, em formato A3;

o Figura de representação esquemática.

Os tipos de ficheiro apresentados permitem maximizar a interoperabilidade e

compatibilidade com diversos sistemas, notadamente ArcGIS ou sistemas open-

source.

No cumprimento do disposto pelo IBGE e no termo de referência para a elaboração do

plano, foi implementado o sistema de projeção SIRGAS 2000 para referenciamento

geodésico. Esse sistema de projeção permitiu integrar os dados recolhidos projetados

em outros sistemas, notadamente SAD 1969 e WGS 1984, através da ferramenta de

conversão de coordenadas nativas do ArcGIS, software utilizado na gestão de

informação e no mapeamento. Em seu turno, o conteúdo cartográfico é desenvolvido

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134 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

com projeção policônica do sistema SIRGAS 2000 e o cálculo de comprimentos e

áreas com a projeção cônica equivalente de Albers definida pelo IBGE.

6.5.2. Documentação

Um aspecto fundamental do gerenciamento de dados e de informações

georreferenciadas em particular, é a documentação das suas características através

da manutenção de metadados atuais, contendo “um conjunto básico e necessário de

elementos que retrate as características dos produtos geoespaciais de uma

determinada comunidade e garante a sua identificação, avaliação e utilização

consistente” (CEMG-CONCAR, 2009).

Os elementos a apresentar no BDIGRH serão documentados através da ferramenta

open source CatMDEdit , do Instituto Geográfico Nacional espanhol, da Universidade

de Saragoça e do GeoSpatiumLab S.L. (SOUZA et al., 2013), seguindo sempre que

disponíveis os metadados disponibilizados pelas fontes consideradas. Nesse contexto,

será feito o preenchimento do Perfil de Metadados Geográficos do Brasil (MGB)

sumarizado , composto pelos atributos “Core Metadata for Geographic Datasets” da

norma ISO 19115:2003, acrescido do atributo Status, considerado necessário e

obrigatório pelo CEMG-CONCAR no contexto do perfil MGB:

• Título;

• Data;

• Responsável;

• Extensão Geográfica;

• Idioma;

• Código de caracteres do CDG;

• Categoria temática;

• Resolução espacial;

• Resumo;

• Formato de distribuição;

• Extensão temporal e altimétrica;

• Tipo de representação espacial;

• Sistema de Referência;

• Linhagem;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 135 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Acesso online;

• Identificador Metadados;

• Nome Padrão de Metadados;

• Versão da Norma de Metadados;

• Idioma dos Metadados;

• Código de Caracteres dos Metadados;

• Responsável pelos Metadados;

• Data dos Metadados;

• Status.

6.5.3. Representação

O esquema e escala de representação gráfica foram ajustados caso a caso de

acordo com a acurácia e precisão específica de cada classe e tema de mapeamento,

e com o formato a apresentar:

• Figuras esquemáticas de escala, âmbito geográfico e formato variáveis,

incluindo ocasionalmente a reprodução direta das representações de

dados de acordo com a fonte respectiva;

• Mapas de âmbito geográfico definido pela bacia do rio São Francisco, de

formato A3 (escala 1: 6.000.000), a que correspondem, intercaladas no

texto, versões reduzidas em figura esquemática dos mesmos.

Tal como indicado no item referente a integração, os produtos finais serão

disponibilizados em formato editável (.mxd em ArcGIS 10.0 ou posterior) e finalizado

(.pdf ou .jpg).

Os mapas produzidos ao longo do desenvolvimento do PRH-SF são desenvolvidos

tomando em consideração os padrões e as normas técnicas de cartografia adotadas,

propostas e referenciadas pela Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR),

contendo as identificações das instituições parceiras (sempre que possível, cedidas

pela AGB Peixe Vivo em imagens de alta qualidade), referenciação bibliográfica das

fontes de informação cartográfica, toponímias, legenda e especificações técnicas dos

mapas.

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136 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

6.6. Diretrizes

A concepção do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (SIRH) para

subsidiar a gestão dos recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco

deverá valer-se do SIG / BDIGRH do PRH-SF (desenvolvidos para apoiar a

elaboração e integrar toda a informação coletada e produzida no plano), do SNIRH,

incluindo o CNARH e das bases de informações disponíveis nos diferentes órgãos (por

exemplo nos respectivos SIRH) estaduais.

Um Sistema de Informação engloba ainda elementos de diversos tipos como

hardware, software, organização institucional e engajamento de recursos humanos.

Assim, a concepção desse SIRH deverá ser estruturada em etapas diferenciadas de

desenho, desenvolvimento, implantação e manutenção/atualização.

Nesse contexto, as diretrizes aqui apresentadas objetivam propor uma plataforma de

informações georreferenciadas , passível de ser continuamente atualizada com a

entrada de novos dados e possibilitando o suporte às atividades de planejamento e

gestão da bacia, bem como servir a outras instituições e finalidades e ser colocada à

disposição do público geral pela internet.

Para o alcance desses objetivos apresentam-se as seguintes diretrizes para o SIRH

da BHSF :

• Integração do BDIGRH – repositório dos dados e informações

georreferenciados relevantes para o PRH-SF, desenvolvido de tal forma

que possa ser instalado nos equipamentos do CBHSF/ AGB Peixe Vivo e a

ser entregue juntamente com os relatórios finais do plano:

- Prevendo esquemas de substituição, versionamento ou

complementação dos dados e informações aí armazenados;

- Possibilitando a representação cartográfica dos elementos

originalmente entregues no PRH, incluídos no BDIGRH, e dos

elementos posteriormente atualizados ou produzidos no decurso da

aplicação do Plano, prevendo a sua documentação;

• Desenvolvimento articulado com a Metodologia de Desenvolvimento de

Sistemas da ANA (MDSA), permitindo a sua integração facilitada no

SNIRH;

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 137 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Articulação com os órgãos a nível estadual, regional e nacional, no sentido

de uma integração atualizada dos dados, já que grande parte destes

órgãos possui seus Sistemas de Informações sobre Recursos Hídricos,

mesmo que alguns em desenvolvimento; nesse sentido, recomenda-se um

estudo que avalie o estado de implementação destes sistemas e os

esforços a serem feitos para a integração, pois somente com um

diagnóstico da situação de cada um é possível traçar uma diretriz para a

integração das bases e a real necessidade da busca por novos dados; a

ampla adoção do CNARH como base cadastral única para usuários

representa um importante passo rumo a essa integração (devendo ainda

considerar-se que, sem associação com o processo de regularização do

usuário, o cadastro perde sua consistência em curto espaço de tempo, por

desatualização de seus dados e por força da associação da dinâmica da

água ao desenvolvimento – COHIDRO, 2013); uma proposta de modelo

conceitual capaz de facilitar essa integração, em particular com o SNIRH, é

apresentada na Figura 18:

Figura 18 – Proposta de modelo conceitual da soluçã o para o estabelecimento de uma

plataforma para o SIRH da BHSF e sua integração com o SNIRH.

Fontes: Adaptado de ANA, 2008 apud Nunes, 2009 e de ANA, 2015g.

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138 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

• Reforço de mecanismos de articulação com os atores da matriz

institucional (incluindo a ANA, órgãos gestores estaduais, ADASA, Comitês

e Agências de bacia) para uso e alimentação de seus dados no SIRH da

bacia, por exemplo, através de credenciamentos para alimentação direta

de informações ou atualização periódica de dados partilhados pelos

produtores de informações;

• Disponibilização a outras instituições ou ao público geral pela internet

diretamente, pela partilha direta dos módulos relevantes de informação de

base e indiretamente, pela criação de produtos de mapeamento gráfico

para o serviço de Web Map Services ou Web Feature Services

(WMS/WFS);

• Funcionalidade de Sistema de Planejamento de Investimentos, que

contemple as diversas fontes de recursos em investimento e a investir na

BHSF, possibilitando dessa forma ao CBHSF acompanhar periodicamente

os investimentos em curso e projetados e definir estratégias que

direcionem seus esforços institucionais junto às diversas entidades;

• Funcionalidade de acompanhamento e fiscalização independente dos

Sistemas Estaduais e Federal de Informações;

• Funcionalidade de monitoramento e avaliação de resultados das ações do

PRH-SF;

• Escopo básico constituído de informações atualizadas, no mínimo por sub-

bacia, sobre:

- Vazões registradas;

- IQA e monitoramento da qualidade da água;

- Outorgas concedidas e solicitadas;

- Licenciamentos concedidos e solicitados;

• Atendimento das necessidades mínimas de pessoal qualificado,

equipamento (hardware e software) e dados atualizados, para que o SIRH

funcione como uma ferramenta de gestão; primeira aproximação de uma

estrutura mínima para suportar a gestão das informações para a bacia do

rio São Francisco:

- Pessoal especializado em geotecnologias, devidamente habilitado;

- Servidor de dados;

- Estações de trabalho;

- Software específico de SIG;

- Software específico de Banco de Dados relacional.

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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 139 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão

• Atividades de ampliação e atualização do SIRH da bacia programadas para

ocorrer no máximo a cada período decenal, durante as etapas de revisão

do PRH-SF.

Em todo o caso, previamente ao desenvolvimento de um SIRH específic o para a

bacia do rio São Francisco , propõe-se:

• O desenvolvimento de um protocolo comum de troca de informações entre

os diversos órgãos gestores e atores que atuam na bacia;

• A avaliação da possibilidade de utilização dos sistemas já desenvolvidos

pela ANA ou pelos órgãos gestores estaduais.

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140 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão

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ATUALIZAÇÃO2016 - 2025

PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO

SÃO FRANCISCO

Foto original: João Zinclar