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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 1

ISSN 0103-0779

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

S e ç õ e s

3 e 48 e 9

14 e 1519 a 26

4056

Agribusiness ............................................................................Flashes ................................................................................Novidades de Mercado ...............................................................Registro .................................................................................Lançamentos Editoriais .................................................................Vida Rural - soluções caseiras .........................................................

T e c n o l o g i a

R e p o r t a g e m

Agricultores organizados avançam na produção e comercialização deorgânicosReportagem de Paulo Sergio Tagliari ................................................................

Milho crioulo avança no Oeste CatarinenseReportagem de Paulo Sergio Tagliari ................................................................

10 a 13

27 a 32

O p i n i ã o

Epagri 10 anosEditorial ................................................................................................................

Uma nova visão do campoArtigo de Ainor Lotério ........................................................................................

O meio ambiente e a cultura dos povosArtigo de Geraldo Buogo ......................................................................................

Qual a finalidade da produção agrícola?Artigo de Cesar Augusto Freyesleben Silva ...........................................................

2

51

51

54

5

16

34

41

45

Contribuição ao estudo da qualidade do leite – comparação de doissistemas de pasteurizaçãoArtigo de Juliana Maria Amábile e Honório Domingos Benedet ...........................

Alternativa de armazenamento de ramas de mandiocaem Santa CatarinaArtigo de Lucio Francisco Thomazelli, Murilo Ternes eCarlos Luiz Gandin ...............................................................................................

A vespa-da-madeira – área de ocorrência, medidas de prevençãoe controleArtigo de Wilson Reis Filho, Edson Tadeu Iede,Susete do Rocio Chiarello Penteado e Vilson José Olsen .....................................

Época de semeadura de aveia branca ( Avena sativa L.) para produção degrãos no Estado de Santa CatarinaArtigo de Antonio Carlos Alves e Levi Ribas de Miranda Ramos ..........................

Influência da origem e do corte da batata-semente no rendimento decultivares de batata, no Litoral Sul CatarinenseArtigo de Antonio Carlos Ferreira da Silva, Zilmar da Silva Souza,José Carlos Castanheira Pedroza e Darci Antonio Althoff .....................................

As matérias e artigos assinados nãoexpressam necessariamente a opinião da

revista e são de inteira responsabilidade

dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento,

mesmo que parcial, só será permitidamediante a citação da fonte e dos autores.

Esta é a última revista Agropecuária Catarinense doano de 2001 e sua 54a edição. Neste volume sãoabordados cinco artigos técnicos sobre sistemas depasteurização de leite, corte de batata-semente, épocade semeadura para aveia branca, armazenagem deramas de mandioca e a vespa-da-madeira. E são apre-sentadas duas reportagens: uma destacando o milhocrioulo no Oeste Catarinense, um resgate dabiodiversidade e da cultura do agricultor catarinense,e a outra abordando o avanço na organização deprodutores orgânicos.

Em novembro, a Epagri completa dez anos detrabalhos dedicados à agropecuária e ao setor pesquei-ro. Para comemorar esse aniversário, estamos lançan-do o Caderno Especial – Epagri 10 anos com o objetivode mostrar à sociedade catarinense e brasileira osresultados conseguidos pela pesquisa e extensão namelhoria socioeconômica do homem do campo e dopescador catarinense.

Boa leitura!

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2 Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

REVISTA QUADRIMESTRAL COMITÊ DE PUBLICAÇÕES TÉCNICAS :Presidente: Paulo Henrique Simon, Secretário: Paulo SergioTagliari, Membros: Antônio Carlos Ferreira da Silva, OnofreBerton, Gilson José Marcinichen Gallotti, Jean Pierre Rosier,Jefferson Araújo Flaresso, Fernando Adami Tcacenco, RogerDelmar Flesch, Eduardo Carlos Humeres Flores, Névio JoãoNuernberg

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDIÇÃO:Jack Eliseu Crispim, José Maria Milanez, Marcio Mello, MauroLavina, Nelson Grau de Souza, Renato Arcângelo Pegoraro,Roger Delmar Flesch, Zenório Piana, Anisio Pedro Camilo

JORNALISTA: Márcia Corrêa Sampaio (MTb 14.695/SP)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTA: Mariza T. Martins

CAPA: Vilton Jorge de Souza

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, Janice da Silva Alves,Maria Teresinha Andrade da Silva, Marlete Maria da SilveiraSegalin, Rita de Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira, VâniaMaria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira e Zulma MariaVasco Amorim - GMC/Epagri, C.P. 502, fones: (048)239-5595 e 239-5536, fax: (048) 239-5597, 88034-901 Flo-rianópolis, SC.Assinatura anual (3 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE : Florianópolis: GMC/Epagri - fone: (048)239-5673, fax: (048) 239-5597 Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -1991)

Editada pela Epagri (1991 - )TrimestralA partir de março/2000 a periodicidade passou a ser

quadrimestral1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa Catari-

nense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II. Empresade Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina,Florianópolis, SC.

15 DE NOVEMBRO DE 2001

Impressão: Epagri CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação da Empresade Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa CatarinaS.A. – Epagri – , Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi,Caixa Postal 502, 88034-901 Florianópolis, Santa Catarina,Brasil, fone: (048) 239-5500, fax: (048) 239-5597, internet:www.epagri.rct-sc.br, e-mail: [email protected]

DIRETORIA EXECUTIVA DA EPAGRI: Presidente: Dionisio BressanLemos, Diretores: Ainor Francisco Lotério, Antônio EugênioTerêncio, Ari Geraldo Neumann, Gilmar Germano Jacobowski

EDITORAÇÃO: Editor: Paulo Henrique Simon, Editores-Assis-tentes: Paulo Sergio Tagliari e Anísio Pedro Camilo

CONSELHO EDITORIAL: Ainor Francisco Lotério, Celívio Holz,João Afonso Zanini Neto, Ludgero Lengert, Paulo HenriqueSimon, Paulo Sergio Tagliari

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

ISSN 0103-0779

A Epagri e seu comprometimento com o desenvolvimento ruralA Epagri e seu comprometimento com o desenvolvimento ruralA Epagri e seu comprometimento com o desenvolvimento ruralA Epagri e seu comprometimento com o desenvolvimento ruralA Epagri e seu comprometimento com o desenvolvimento rurale pesqueiro de Santa Catarinae pesqueiro de Santa Catarinae pesqueiro de Santa Catarinae pesqueiro de Santa Catarinae pesqueiro de Santa Catarina

Neste mês de novembro, quandoesta edição da Agropecuária Catari-nense estiver chegando às mãos denossos leitores, a Epagri (fusão daEmpasc, da Acaresc, da Acarpesc edo Iasc, em novembro de 1991) esta-rá completando dez anos de relevan-tes trabalhos dedicados à agropecuá-ria e ao setor pesqueiro de nossoEstado. É um marco que todos nósepagrianos e catarinenses devemosnos orgulhar.

São dez anos comemorados, masa história da pesquisa e da extensãorural ultrapassa, em muito, esse li-mite de tempo. Numa breve busca àsreminiscências de nossa história, va-mos nos deparar com a criação daprimeira Estação de Pesquisa – aEstação Agronômica de Rio dos Ce-dros – criada em 1895. A primeiracélula de extensão rural em SantaCatarina foi criada em 1956, com onome de ETA – Projeto 17 , que deuorigem, mais tarde, à Acaresc. Comesse breve retorno ao passado cons-tatamos que são 105 anos de pesqui-

sa e 45 de extensão rural, cuja conti-nuidade desse importante trabalhoestá hoje a cargo da Epagri.

Para comemorar essa data foilançada a publicação Balanço Social eagora, simultaneamente a esta ediçãoda Agropecuária Catarinense, estásendo entregue o Caderno Especial –Epagri 10 anos, que enfoca os feitos daEpagri e das instituições cuja fusãolhe deram origem.

Através de suas unidades de pes-quisa, que cobrem todo o Estado deSanta Catarina, a Epagri vem ge-rando e/ou adaptando novas tec-nologias capazes de permitir ao nossoprodutor rural e ao pescador aumen-tar sua renda, possibilitando reduziras diferenças sociais na busca de umasociedade mais justa e mais igualitá-ria.

A Epagri está presente fisicamen-te em 251 municípios e tecnicamenteem todos os municípios catarinenses.A nova proposta do governo estadualé que a Epagri deva fazer-se presenteem todo o território catarinense.

A Epagri tem como objetivos pro-mover a melhoria da qualidade devida do meio rural e pesqueiro; bus-car a competitividade da agricultu-ra catarinense frente aos mercadosglobalizados, adequando os produ-tos às exigências dos consumidores;e promover a preservação, recupe-ração, conservação e utilização sus-tentável dos recursos naturais. Aênfase é para a agricultura familiare a pesca artesanal, atendendo àvocação natural de nosso Estado.

A Epagri, seu corpo técnico edemais funcionários estão cientesde que muito mais pode e deve serfeito pela agropecuária e pelo setorpesqueiro de Santa Catarina, essepequeno e montanhoso Estado que,no entanto, é um dos mais impor-tantes na produção de alimentosdeste imenso país e que se destaca,principalmente, pela qualidade doque aqui se produz. E Santa Catarinasabe que, para atingir esse patamarde excelência, grande parcela deveser creditada à Epagri e às institui-ções que a antecederam ao longo dotempo.

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 3

AGRIBUSINESS

2000, atingindo 1,5 milhão de caixas. A produção de soja em grãocresceu 119%, com produção em 2000 de 7 mil toneladas.

Em 1998, as feiras orgânicas movimentaram cerca de R$ 1 milhão.As exportações acumulam cerca de US$ 100 milhões anuais, sendo osprincipais mercados os Estados Unidos, o Japão e a União Européia.Entre os produtos exportados, destacam-se café, de Minas Gerais;cacau, da Bahia; soja, açúcar mascavo e erva-mate, do Paraná; sucode laranja, óleo-de-dendê e frutas secas, de São Paulo; castanha-de--caju, do Nordeste, e guaraná, da Amazônia.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo – 5/9/2001, citado pela RedeAgroecologia, e-mail: [email protected].

Cresce o mercado de orgânicosCresce o mercado de orgânicosCresce o mercado de orgânicosCresce o mercado de orgânicosCresce o mercado de orgânicos

Os produtores de orgânicos encontraram um importante nicho demercado. Os consumos interno e externo vêm aumentando e aprodução tem grande potencial de crescimento. Estima-se que noBrasil existam cerca de 4.500 produtores de orgânicos certificados, queocuparam cerca de 100 mil hectares na safra 1999/00.

Por meio das entidades certificadoras, os produtores conquistamselos que agregam valor à mercadoria e, assim, conseguemcomercializá-las a preços elevados. O consumidor, por sua vez, por termais informações sobre o produto que adquire, aceita pagar mais caro.

O princípio básico da agricultura orgânica é a manutenção da vidabiológica do solo e a utilização da matéria orgânica. Desta forma,exclui-se o uso de fertilizantes sintéticos de alta solubilidade,agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos para a alimentaçãoanimal. As principais práticas utilizadas são o uso de estercos animais,a rotação de culturas, a adubação verde, a compostagem e o controlebiológico de pragas e doenças.

Segundo a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo –Faesp –, com base em dados do Departamento de Agricultura dos EUA– USDA –, a produção brasileira de orgânicos cresce rapidamente. Aprodução de laranja orgânica, por exemplo, cresceu 233% de 1999 para

Feira lança produtos orgânicosFeira lança produtos orgânicosFeira lança produtos orgânicosFeira lança produtos orgânicosFeira lança produtos orgânicos

A feira ProNatura e Terapêu-tica 2001, que aconteceu de 10 a 14de outubro, em São Paulo, foi agrande vitrine das novidades emprodutos naturais, fitoterápicos eorgânicos. Entre os destaquesdestes últimos, está a primeiralinha de suco orgânico pronto parabeber do mercado brasileiro,lançada pela expositora Wessanendo Brasil.

Os sucos orgânicos da marcaMaraú chegam ao mercado, logoapós a feira, em garrafasrecicláveis de vidro de um litro enos sabores laranja e manga. Pelofato de não envolver agrotóxicosdurante sua produção, a bebidapode ser conservada fora da gela-deira.

A proposta de oferecer produ-tos naturais, sem agredir o meioambiente e incentivando a convi-vência pacífica entre a humanida-de e a natureza, está implícita no

preparo dos sucos Maraú, con-forme a Wessanen. Segundo aempresa, as mangas, por exem-plo, se originam das aldeias indí-genas Terenas, do Pantanal Sul-Matogrossense. Cada unidadede um litro dos sucos de laranjae manga Maraú custará ao con-sumidor final entre R$ 3,60 eR$ 4,10.

Outra novidade daWessanen neste setor foi o lan-çamento de um mel silvestreorgânico, também durante afeira ProNatura e Terapêutica2001. Merece destaque tambémo relançamento, durante o even-to, da linha Fibraxx, de alimen-tos da categoria funcional, comalto teor de fibras e que forammostrados no evento com novasembalagens e receitas.

Mais informações com Re-nato de Souza, pelo fone: (011)5575-1233.

Cooperalfa distribui R$ 8 milhões àsCooperalfa distribui R$ 8 milhões àsCooperalfa distribui R$ 8 milhões àsCooperalfa distribui R$ 8 milhões àsCooperalfa distribui R$ 8 milhões àsfamílias cooperantesfamílias cooperantesfamílias cooperantesfamílias cooperantesfamílias cooperantes

Como crescer economicamente sem menosprezar a responsabi-lidade social? Para a Cooperativa Regional Alfa, de Chapecó, entidadeque congrega 10 mil famílias cooperantes, sendo 90% de médios epequenos agricultores, a resposta para esta questão veio através dadistribuição da Cota-Capital aos produtores. A diretoria atual entendeque “ser socialmente justo” é a melhor forma de comemorar o DiaInternacional do Cooperativismo, festejado no primeiro sábado dejulho.

A sistemática de acumulação dos recursos é simples. Ao ingressarna condição de associado na Cooperalfa, o agricultor paga o equiva-lente a 30 sacas de milho (R$ 261,00 ao preço atual do cereal). Essemontante é creditado em uma conta específica em nome do produtor.A essa conta é somado o lucro líquido da cooperativa no encerramentode cada exercício, dividido proporcionalmente ao volume de operaçõesde cada cooperante. Além disso, nessa Conta-Capital é adicionadomais 1% atribuído pela Cooperalfa como bonificação sobre a venda decereais e suínos à cooperativa. “Quando o associado completa 60 anos,retira 60% desse montante acumulado, que é uma espécie de poupan-

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Produtos orgânicos para exportaçãoProdutos orgânicos para exportaçãoProdutos orgânicos para exportaçãoProdutos orgânicos para exportaçãoProdutos orgânicos para exportação

O governo estadual doParaná já está investindo na agri-cultura orgânica e pretende,além dos produtos que estão nomercado, incentivar o plantio desoja, café e leite orgânicos. Osplanos do governo para incre-mentar o setor foram relatadospelo secretário da Comunica-ção, Rafael Greca, durante oquarto Dia de Campo da Pesqui-sa do Gengibre Orgânico, emMorretes, no litoral. Os resulta-dos da pesquisa com gengibreforam apresentados pelo pro-fessor de Fitopatologia e coorde-nador do projeto, Renato Tratch.

Dois produtores do municí-pio de Morretes, começam a co-lher a primeira safra de gengi-bre orgânico do Paraná. A expe-riência com o produto, que játem como certa a sua venda parao mercado externo, é resultadode uma parceria entre a Secre-taria da Agricultura e o curso deAgronomia da Pontifícia Uni-versidade Católica do Paraná –PUC. O objetivo é desenvolvertécnicas produtivas que empre-guem insumos agrícolas de bai-xo impacto ambiental na área,zona de preservação que já cul-tiva o gengibre em escala co-mercial pelo sistema tradicio-nal. Por enquanto, as culturasde gengibre orgânico cobremapenas 3 mil metros quadradosdos 142ha dedicados à lavoura

no município, considerado omaior produtor nacional. Essaárea deverá produzir, no mínimo,a mesma quantidade obtida naslavouras tradicionais (cerca de22t/ha) e proporcionar a mesmarentabilidade (até R$ 8 mil/ha). Adiferença é a redução do impactoambiental – já que ficam protegi-dos o solo, a água e os peixes, alémda saúde do agricultor e do consu-midor do produto – e o custo deprodução.

Enquanto o método conven-cional utiliza grandes quantida-des de agrotóxicos e adubos quí-micos NPK (como uréia,superfosfatos e cloreto de potás-sio), no método orgânico essesprodutos dão lugar ao fosfato na-tural e pó de rocha, biofertilizantes(esterco, água e pó de rocha fer-mentados) e compostagem (resí-duos vegetais e animais sobrepos-tos). A primeira técnica exige in-vestimentos de mais de R$ 20 mil/ha em insumos; na outra, os gas-tos ficam abaixo de R$ 6 mil/ha.

A partir do resultado do expe-rimento, que abrange também aprodução de mudas e recebeuR$ 108 mil em investimentos doprograma Paraná 12 Meses, a ex-pectativa é que todos os demais 90agricultores que se dedicam àcultura troquem o método con-vencional pelo orgânico.

Fonte: Jornal Paraná On Line– 30/8/01.

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4 Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001

AgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusiness

ça construída com a fidedignidade comercial para com sua entidade”,explica o agropecuarista, agrônomo e presidente da Cooperalfa, MárioLanznaster. “Ao completar 68 anos de idade, o cooperante, ou suafamília, retira o restante e, ainda assim, se desejar, poderá continuarcomo associado.”

A fórmula, que já está sendo estudada por outras cooperativas,originou-se de debate entre o colegiado de lideranças comunitárias eos próprios associados e foi aprovada por unanimidade em assembléiada Cooperalfa, órgão supremo de decisão no sistema cooperativo. Nosúltimos seis anos, incluindo o primeiro semestre de 2001, a Alfarestituiu aos sócios R$ 8 milhões, sem, contudo, a entidade ter deixadode se expandir. Entre as principais investidas nesse período está aaquisição da Cooperpindorama, de Xanxerê, e a incorporação daCooper São Miguel, do Extremo-Oeste, efetivada em janeiro de 2001,negociação esta que trouxe a tiracolo um passivo de RS 18,4 milhões,do qual parte está sendo suportada pela Cooper Central – Aurora.

Lanznaster, que possui lavoura e cria suínos em Linha Simonetto,Chapecó, SC, observa que a envergadura da Cooperalfa, que alcan-çará R$ 330 milhões de receita bruta em 2001, não deve se prestarapenas para nutrir investimentos de ordem patrimonial. O presidentedefende que a base produtiva, real razão da existência da cooperativa,deve receber retorno palpável do esforço desprendido de maneiracoletiva. “Precisamos fortalecer o fluxo de caixa das famíliascooperantes, pois, além de gerar mais dignidade no campo, numa visãode futuro estaremos atribuindo vida ao próprio empreendimentocooperativo”, prognosticou o líder empresarial.

Mais informações com Julmir Cecon – Imprensa/Cooperalfa, pelofone: (049) 321-7134.

de substâncias com base em ervasmedicinais e esterco durante ocultivo, sempre aplicadas em do-ses homeopáticas para gerar oequilíbrio natural. Trata-se de umprocesso criado pelo educador efilósofo Austríaco Rudolf Steiner,

em 1924, e que se dá a partir daobservação constante da natu-reza, como explica o diretor daprodutora gaúcha.

Mais informações com Re-nato de Souza, pelo fone: (011)5575-1233.

Primeiro arroz vermelho produzidoPrimeiro arroz vermelho produzidoPrimeiro arroz vermelho produzidoPrimeiro arroz vermelho produzidoPrimeiro arroz vermelho produzidono Brasilno Brasilno Brasilno Brasilno Brasil

A Agroparr Alimentos, fun-dada em 1945, com sede em Sen-tinela do Sul, RS, e empregandohoje 170 funcionários, lançouna maior feira de produtos natu-rais da América Latina – aProNatura e Terapêutica 2001,em São Paulo, de 10 a 14 deoutubro – o primeiro arroz inte-gral vermelho produzido no Bra-sil, que chega ao consumidorfinal com a marca Rozcato V.I.P.

A coloração avermelhada dopericarpo, a película que envol-ve o arroz – com tonalidades quevariam entre vermelho-pálido,vermelho-purpúreo, violeta ecastanho – decorre da concen-tração de corantes naturais,como antocianina e tanino, nascamadas mais externas do grão,logo abaixo da casca. Contudo, omais importante diferencial des-te cereal está no fato de ser maisrico em fibras, ideal para regularintestinos acelerados. Seu teorde gordura também é mais baixoque o do arroz branco.

O Rozcato V.I.P. é produzidopelo mesmo processo hidrotér-mico comum da fabricação doarroz parboilizado. ConformeVladimir Paulo Vencato, diretorda Agroparr, “o resultado final éum produto rico em fibras, vita-

minas e sais minerais, sem o pro-blema do ranço a que é suscetívelo arroz integral comum”. Aindaconforme a empresa, o novo arrozda Agroparr tem em seu favor apermanência dos elementos quesão normalmente descartados noarroz branco, dos quais são retira-das a película e uma parte dogerme por ocasião da extração dofarelo.

Com a produção nacional, oconsumidor brasileiro poderá ad-quirir, logo após a feira, em super-mercados de todo o país, um arrozmuito mais barato do que o tradi-cional vermelho importado da Itá-lia ou da Califórnia. ConformeVencato, o quilo do arroz verme-lho da Agroparr chegará ao con-sumidor final por volta de R$ 1,50,contra a média de R$ 5,00 dosimportados. O arroz vermelho temseus primeiros registros de culti-vo na história da humanidade noJapão, por volta do ano 700 d.C.

Além da Rozcato V.I.P., aAgroparr levará à feira sua linhacompleta de arroz integral Rozcatoe produtos biodinâmicos. A em-presa afirma ser a única no Brasila empregar a tecnologia dosbiodinâmicos, largamente difun-dida na agricultura praticada naAlemanha e que inclui a utilização

Frango colonial dá mais renda aFrango colonial dá mais renda aFrango colonial dá mais renda aFrango colonial dá mais renda aFrango colonial dá mais renda apequenos produtorespequenos produtorespequenos produtorespequenos produtorespequenos produtores

O Frango Colonial Embrapa 041, desenvolvido pela EmbrapaSuínos e Aves, empresa ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento – MAPA –, está proporcionando mais renda apequenos produtores de vários pontos do Brasil. Os acordos comcooperativas e a venda de pintinhos do frango colonial para produtoresindependentes levaram o 041, desde o seu lançamento, em agosto de2000, para nove Estados do país.

O Embrapa 041 é um frango de corte tipo colonial para criaçõessemiconfinadas e agroecológicas, atendendo à normatização oficialpara criações coloniais de aves. Apesar de apresentar característicascoloniais, preserva todas as vantagens do frango comercial, comocontrole sanitário e qualidade de carne. Essa característica faz comque não haja qualquer interferência da criação do frango colonialsobre o status sanitário de granjas convencionais próximas, umproblema que apresentavam as aves coloniais até pouco tempo. “OEmbrapa 041 segue os mesmos procedimentos de biossegurança dasgranjas integradas”, garante o pesquisador da Embrapa Suínos e AvesElsio Figueiredo, responsável pelo projeto que desenvolveu o frango.

De acordo com o pesquisador, a especialização da avicultura fezcom que a produção do frango industrial ficasse restrita a produtorescom alta capacidade de investimento. Já para os pequenos produtoresficou a opção de apostar em nichos de mercado, como o que demandaprodutos agroecológicos. Foi com a proposta de auxiliar pequenaspropriedades, cooperativas de famílias assentadas e prefeituras mu-nicipais interessadas em montar pequenos abatedouros (com inspe-ção municipal) que a Embrapa Suínos e Aves desenvolveu o FrangoColonial 041, que deve ser integrado (com lotes que variam de 100 a1.000 aves, alojadas em instalações já existentes) a outras atividadesdentro da propriedade, tais como suinocultura, bovinocultura de leite,fruticultura, piscicultura e horticultura.

O Embrapa 041 alcança idade de abate aos 84 dias, com peso vivode 2,4kg. É um cruzamento entre raças pesadas de corte e raçassemipesadas de postura, sendo, portanto, menos exigente e maistardio que o frango de corte industrial. Resultados de comparaçãoentre o Embrapa 041 e marcas comerciais também coloniais, para pesovivo e conversão alimentar aos 84 dias, mostraram que o frango daEmbrapa é tão eficiente quanto os demais nos itens analisados.

Até os 28 dias recomenda-se que os pintos do Embrapa 041 sejamcriados com os mesmos cuidados de aquecimento, alimentação econtrole sanitário dos frangos de corte confinados. A partir dessaidade, as aves podem ficar soltas (num espaço chamado de piquete,parque ou pastagem) e receber alimentação alternativa, como pastoverde picado ou inteiro, hortaliças, frutas, tubérculos e grãos. Hánecessidade, todavia, de balancear a alimentação fornecida. É impor-tante ter orientação de um nutricionista sobre as quantidades de cadaingrediente. A forma como é criado o Embrapa 041 e sua composiçãogenética fazem com que a pele se torne mais pigmentada (amarela),a carne seja menos gordurosa, mais saborosa e mais consistente, nãose desmanchando na hora de cozinhar. A carne do frango colonial éindicada principalmente para pratos cozidos, como sopas, risotos efrango ao molho. Deve-se ter em mente que o produtor necessita estarassociado a outros avicultores para fazer o abate e manter um contratode fornecimento com supermercados e feiras livres.

Informações adicionais com a jornalista Tânia Maria GiacomelliScolari, da Embrapa Suínos e Aves, fone: (049) 442-8555.

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 5

L e i t eL e i t eL e i t eL e i t eL e i t e

Contribuição ao estudo da qualidade do leite –Contribuição ao estudo da qualidade do leite –Contribuição ao estudo da qualidade do leite –Contribuição ao estudo da qualidade do leite –Contribuição ao estudo da qualidade do leite –comparação de dois sistemas de pasteurizaçãocomparação de dois sistemas de pasteurizaçãocomparação de dois sistemas de pasteurizaçãocomparação de dois sistemas de pasteurizaçãocomparação de dois sistemas de pasteurização

Juliana Maria Amábile eHonório Domingos Benedet

pequena propriedade rural noBrasil vem sendo excluída con-

tinuamente da cadeia produtiva atra-vés de algumas medidas políticas eeconômicas. Para contrapor a esseprocesso é necessário que os agri-cultores se organizem de formaassociativa ou coletiva de compra,venda, produção e transformação deprodutos agropecuários, a fim de con-tinuarem viabilizando as pequenaspropriedades rurais familiares. Paraisso, é preciso que estas formas deorganização sejam implementadasgradativamente e que sejam apoia-das técnica e financeiramente, cons-tituindo, assim, instrumentos via-bilizadores da pequena proprieda-de.

Conforme relatado pelo Centro deEstudos e Promoção da Agriculturade Grupo – Cepagro – (1), o que maisse tem discutido são alternativas deviabilização e sobrevivência dasunidades produtivas familiares, pa-ra que o espaço rural tenha agroin-dústrias de pequeno porte. Assim, aspequenas propriedades rurais, tendocapacidade de agregar valor aosprodutos agropecuários, proporcio-narão aumento da renda familiar e,com isso, poderão criar novos postosde trabalho no meio rural e elevar aarrecadação municipal pelos impostosgerados, contribuindo para adinamização local e a permanênciadas pessoas no meio rural, comqualidade de vida adequada.

Uma das opções para melhorremuneração dos produtores de leiteé a sua organização em condomíniospara produção e transformação quelhes facilite o acesso à tecnologia, àassistência técnica, ao crédito rural e

à comercialização direta ao consu-midor, com ganho maior ao produtor.Para isso, é necessário garantir aqualidade do produto através doprocesso de pasteurização comequipamentos eficientes e adaptadosà pequena propriedade. A pasteu-rização lenta é a opção mais baratadeste processo.

O objetivo deste trabalho é testar aeficiência da pasteurização lenta,instalada num condomínio leiteirorural, comparando-a com um sistemade pasteurização rápida, normalmenteutilizado em usinas de pasteurização.

Os microrganismos a serem detec-tados, indicadores da qualidade doleite, são as salmonelas, os coliformese a contagem total em placas(mesófilos), conforme a Portariano 451 (2).

Material e métodos

Pasteurização do leite num con-domínio leiteiro: A pasteurizaçãodo leite na miniusina do condomínioleiteiro, utilizado para este estudo, foifeita pelo processo lento. O leite em-balado em sacos plásticos de 1 litro foicolocado em banho-maria, à tempera-tura de 65oC, por 30 minutos, numrecipiente de aço inoxidável, com ca-pacidade para 50 litros. A seguir, asembalagens foram resfriadas em águatratada com hipoclorito de sódio, comtemperatura aproximada de 24oC, earmazenadas em refrigerador a 3oC,até a distribuição. O equipamento uti-lizado é o mostrado nas Figuras 1 e 2,composto por um tanque de aço inoxi-dável, um termostato e uma bombapara circulação da água. A pasteuriza-

A

Figura 1 – Vista geral do equipamento de pasteurização lenta do

condomínio leiteiro #

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6 Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001

Le i t eLe i t eLe i t eLe i t eLe i t e

ção rápida é aquela realizada em tro-cadores de calor de placas, através doqual o leite resfriado a 5oC é submeti-do ao aquecimento a 72oC durante 15segundos e resfriado imediatamenteà temperatura de 2oC a 4oC e envasadoem condições assépticas.

Coleta de amostras: Durante doismeses consecutivos, foram realizadasquatro coletas de amostras de leiteem cada local de processamento (con-domínio leiteiro e usina de pasteuri-zação rápida). Assim, foram coletadas,em quatro dias aleatórios de produ-ção, cinco amostras de leite cru naentrada do pasteurizador e cinco deleite pasteurizado na câmara deestocagem, perfazendo, no total, 40amostras de leite cru e 40 de leitepasteurizado de cada local. Tanto oleite cru quanto o pasteurizado esta-vam, no ato da coleta, armazenados àtemperatura ao redor de 4oC.

Eficiência da pasteurização:Avaliada através da análise enzimática(fosfatase alcalina e peroxidase) emicrobiológica (pesquisa de coliformestotais e fecais, Salmonella e contagemtotal de aeróbios mesófilos, de acordocom os métodos descritos pelaAmerican Public Health Association– APHA) (3).

Nos resultados obtidos após a aná-lise microbiológica de contagem totalde microrganismos aeróbios mesó-filos, que crescem na presença deoxigênio e em temperaturas interme-diárias, foram aplicados testes esta-tísticos usando o Statistic AnalysysSistems (SAS) para comparar os siste-mas de pasteurização.

Resultados e discussão

O teste de fosfatase alcalina, reali-

zado com as 20 amostras de leitepasteurizado pelo processo lento, deu

resultado negativo, confirmando queo leite foi tratado com temperatura e

tempo certos para uma pasteurizaçãoeficiente. Resultados semelhantes (4)

foram obtidos quando 90 amostras deleite pasteurizado foram submetidas

a testes com fosfatase alcalina, o quedemonstrou que a temperatura foi

adequada para a destruição da florapatogênica. O mesmo ocorreu com o

Figura 2 – Vista interior da panela de pasteurização

teste de peroxidase, que indica a tem-peratura aproximada a que o leite foiaquecido, onde apenas duas amostrasprovindas da usina de pasteurizaçãorápida foram negativas, indicando umatemperatura excessiva.

O número de unidades formadorasde colônias (UFC), permitido pelaPortaria n o 451 (2) para leite pasteuri-zado tipo C, para contagem-padrãoem placas é 3x105 UFC/ml. No caso decoliformes totais e fecais, pela técnicado número mais provável (NMP), é de10 UFC/ml e 2 UFC/ml, respectiva-mente. Comparando as contagens--padrão em placas, obtidas das amos-tras de leite pasteurizado pelos doisprocessos, verificou-se que todas es-tavam abaixo daqueles valores permi-tidos pela legislação, cuja média foi1,7x103 UFC/ml. Da mesma forma, acontagem de coliformes totais e fecaispelo NMP foi de 0,3 UFC/ml paraambos os microrganismos, ficandoabaixo do permitido pela legislação.Resultados semelhantes foram obti-dos por outros autores (5), ao analisa-rem microbiologicamente o leite em-balado e pasteurizado por processolento, em um protótipo desenvolvidopor eles, concluindo que este apresen-

tou boas condições de consumo, con-forme as normas higiênico-sanitáriaspara coliformes totais e fecais.

A Salmonella também é um mi-crorganismo indicador da qualidadehigiênico-sanitária do leite pasteuri-zado e deve estar ausente num volu-me de 25ml de leite pasteurizado tipoC, conforme a Portaria no 451 (2). Nostestes realizados com cada uma dasamostras de leite cru e pasteurizado,não se observou a presença deSalmonella. Também nas análisesmicrobiológicas em leite pasteuriza-do em banho-maria por processo len-to, outros autores (5 e 6) obtiveramausência do gênero Salmonella nasamostras que estudaram. Provavel-mente, esse resultado se deva à baixaincidência dessas bactérias no leiteou, ainda, à impossibilidade de compe-tição com a flora microbiológica nor-mal muito rica, como comentam al-guns autores (7 e 8).

A análise da redução do número decolônias teve como variável depen-dente as unidades formadoras de colô-nias obtidas na contagem-padrão emplaca nos dois processos de pasteuri-zação. O modelo estatístico usado naanálise dos dados levou em conta o

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 7

L e i t eL e i t eL e i t eL e i t eL e i t e

efeito da média, do local, do tratamen-to e da interação entre local e trata-mento e o resíduo.

A proporção da variação total, de-vido aos tratamentos, foi alta e houvediferença significativa devido aos tra-tamentos, havendo diminuição damargem de erro, sendo que a interaçãoentre local e tratamento mostrou-setambém significativa. Pode-se dizerque os dois métodos de pasteurizaçãomostraram-se eficientes na reduçãodo número de colônias.

Após comparar os processos depasteurização rápida e lenta, outrosautores (4) obtiveram resultados quedemonstraram não haver diferençasignificativa com relação ao númerode mesófilos. Porém, a taxa de redu-ção de aeróbios mesófilos na pasteu-rização rápida foi maior do que a doleite submetido a pasteurização lenta,justificando que pode ter havido fa-lhas no monitoramento do método etambém elevada carga microbiana noleite cru, que pode ter comprometidoo processo de pasteurização lenta.

O coeficiente de variação (CV) daredução do número de colônias noleite pasteurizado pelo método lentono condomínio foi de 75,64%, enquan-to o CV do leite da indústria compasteurização rápida foi de 15,36%.Isto indica uma maior uniformidadena pasteurização rápida, que pode sermelhorada no condomínio se o leitefor pasteurizado com aquecimentouniforme, através de um agitador parahomogeneizar o calor no aparelho.

A origem do leite, ou seja, suacarga microbiana inicial, interfere sig-nificativamente no resultado final dapasteurização. O leite cru do condo-mínio apresentou número de colôniassignificativamente menor que o cruda indústria, como resultado de suaobtenção higiênica e imediatoresfriamento, perfeita manutençãodos equipamentos e utensílios e asanidade dos animais. Para a manu-tenção deste requisito, é importanteque a pasteurização do leite seja rea-lizada no menor tempo possível apósordenhado, o que só é possível quandoo processo acontece na propriedade.

Pode-se afirmar, ainda, que opasteurizador adaptado no condomí-

nio rural é bastante adequado, práti-co, de fácil operacionalidade e de baixocusto em relação ao de pasteurizaçãorápida.

Conclusões

• Nas condições de coleta, o leitecru processado no condomínio leiteirorural apresentou melhor qualidadehigiênico-sanitária que o recebido naplataforma da usina de beneficia-mento.

• A carga microbiana inicial damatéria-prima tem influência na efi-ciência da pasteurização e na reduçãode microrganismos do leite pasteuri-zado.

• Os resultados das análisesmicrobiológicas mostraram que opasteurizador de leite por processolento, utilizado no condomínio leitei-ro rural estudado, é tão eficiente quan-to o pasteurizador rápido usado nausina de beneficiamento.

• O estudo demonstrou a viabilida-de técnica de se efetuar a pasteuriza-ção lenta do leite previamenteensacado nos condomínios leiteirosrurais, com simplicidade e segurança,atendendo aos padrões exigidos pelalegislação.

Literatura citada

1. CENTRO DE ESTUDOS E PROMOÇÃODA AGRICULTURA DE GRUPO.Agroindústria de pequeno porte, instru-mento para o desenvolvimento local epara a agricultura familiar. Brasília: MA/SDR/PNFC, 1997. 49p.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretariade Inspeção Sanitária, Divisão Nacionalde Vigilância Sanitária de Alimentos(DINAL). Portaria n

o 451, de 09/97. Brasília,

1997.

3. SPECK, M.L. Compendium of methodsfor the microbiological examination offoods. 2.ed. Washington: Americam PublicAssociation, 1994. 914p.

4. SOUZA, M.R. de; CERQUEIRA, M.M. deO.; SILVA, T.J.P.; SILVA, A.N. da;RODRIGUES, R.; SAMPAIO, I.B.M. Pas-teurização lenta e rápida: uma avaliaçãode eficiência. Leite & Derivados, São Pau-lo, v.5, n.29, p.55-64, jul.-ago. 1996.

5. TEIXEIRA NETO, R.O.; VAN DENDER,A.G.F.; BARBIERI, M.K.; EIROA, M.N.U.;MOURA, S.R. de. Pasteurização de leitena própria embalagem em banho-maria.Ciência e Tecnologia de Alimentos, Cam-pinas, v.2, n.17, p.142-147, mai.-ago. 1997.

6. NASCIMENTO, G.F.; FIGUEIREDO,S.H.M.; UBISSES, D.M.; ANTONELLI,E.M. Condições microbiológicas do leitepasteurizado comercializado emPiracicaba, SP . Boletim da SociedadeBrasileira de Ciência e Tecnologia deAlimentos, Campinas, v.25, n.1, p.13-21,jan.-jun. 1991.

7. MACEDO, L.R.T.; VATSMAN, J.;LOMBARDO, A.; FREITAS, C.A.; PAULA,O. Antibióticos no leite. Revista do Insti-tuto de Laticínios Cândido Tostes, Juizde Fora, v.31, p.21-24, 1976.

8. MELLO, V.C.S.; FRANCO, Z.C.; SILVA,T.J.C. Bacillus cereus em leite pasteuri-zado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEMICROBIOLOGIA, 12, 1983, São Paulo,SP. 280p.

Juliana Maria Amábile, enga agra, M.Sc.,UFMT/CCA/Departamento de Zootecnia eExtensão Rural/Laboratório de Tecnologiade Alimentos, 78000-000 Cuiabá, MT, fone:(065) 61-8602, e-mail: [email protected]; Honório Domingos Benedet, prof.aposentado, farmacêutico e bioquímico, doutorem Ciência dos Alimentos, UFSC/CCA,endereço para correspondência: Rua NiloCordeiro Dutra, 120, Carvoeira, 88040-650Florianópolis, SC, fone: (048) 233-0388,e-mail: [email protected].

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8 Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001

FLASHES

Cultivar de macieira da Epagri éCultivar de macieira da Epagri éCultivar de macieira da Epagri éCultivar de macieira da Epagri éCultivar de macieira da Epagri éprotegida para comercialização naprotegida para comercialização naprotegida para comercialização naprotegida para comercialização naprotegida para comercialização na

EuropaEuropaEuropaEuropaEuropa

acabamento de carcaça, fertilidade, precocidade sexual e ganho depeso. Os bezerros nascem pequenos, com cerca de 30 a 35kg, edesmamam ao atingir 280 a 320kg. Estão prontos para o abate aos 18meses, com peso em torno de 15 arrobas.

O objetivo da importação de aproximadamente 2.500 embriões,em 1999, foi fazer com que o Bonsmara cruzasse com vacas Nelore,por exemplo, que representam 70% do gado nacional, atingindo assimos mais altos padrões de qualidade. Outra preocupação era a de queo Bonsmara se desenvolvesse de forma pura, sem cruza.

Hoje, no Brasil, são 1.200 bezerros nascidos. Segundo os impor-tadores e criadores, a expectativa é que em 10 anos o país detenha omaior rebanho de Bonsmara do mundo.

A cultivar de macieira Fuji Suprema, desenvolvida pela Epagri/Estação Experimental de Caçador, obteve recentemente registro deproteção para comercialização em todo o território abrangido peloMercado Comum Europeu.

O novo nome de fantasia dessa cultivar passou a ser Cristia, devidoa já existir outra registrada com o nome Suprema. Todo o trabalho deregistro de proteção foi realizado pela Mondial Fruit Selection, empre-sa com a qual a Epagri mantém um contrato para comercialização dasnovas cultivares de macieira desenvolvidas pela Epagri/Estação Ex-perimental de Caçador.

A Mondial Fruit Selection só está aguardando a assinatura doContrato de Licenciamento Comercial para estender a comercializaçãoda Cristia aos Estados Unidos da América.

Mel catarinense fez sucesso em feiraMel catarinense fez sucesso em feiraMel catarinense fez sucesso em feiraMel catarinense fez sucesso em feiraMel catarinense fez sucesso em feirana Itáliana Itáliana Itáliana Itáliana Itália

O diretor técnico da Epagri,Gilmar Jacobowski, que acom-panhou apicultores catarinensesa uma Feira de Produtos Orgâ-nicos em Bologna (Itália) de 11 a19 de setembro, voltou impres-sionado com o grande mercadoaberto para os pequenos produ-tores e pescadores catarinensesque produzem ecologicamente.“A Feira de Bologna tinha 2 milestandes e todos os produtosoferecidos eram orgânicos”, con-tou Jacobowski, citando desdeprodutos cosméticos até artesa-natos em vime, travesseiros, col-chões e alimentos.

O mel catarinense fez su-cesso entre os italianos. Além domel, os produtos que mais inte-ressam aos italianos são as er-vas medicinais, artesanatos devime, lã de ovelha, palha de mi-lho e fibra de banana e, ainda,hortaliças e frutas. “O bom éque, neste mercado solidário, a

maior porcentagem de lucros temque ficar com o produtor”, garan-te Jacobowski.

A Epagri está iniciando o le-vantamento de produtos para ex-portação, a promoção de capa-citação dos técnicos através decursos e a sensibilização dos pro-dutores para este novo mercadoque se apresenta. A questão dacertificação internacional, exigidapelos países importadores, tam-bém será estudada, já que o Brasilsó possui um organismo decertificação que é o Instituto Bio-Dinâmico – IBD. ‘‘Já foi acertadacom a Fundação Lyndolpho Silvaa realização de oficinas de traba-lho em Santa Catarina para ade-quar os produtos artesanais àsexigências do mercado europeu”,disse Jacobowski confirmando avinda ao Estado de uma especia-lista em mercado internacionalque vai detalhar os procedimen-tos para exportação.

A raça construída pela ciênciaA raça construída pela ciênciaA raça construída pela ciênciaA raça construída pela ciênciaA raça construída pela ciência

Criadores, cientistas e especialistas em genética travaram verda-deira batalha em busca de uma raça de gado de corte que pudesseatender às mais variadas exigências de qualidade e praticidade.Originária da África do Sul, a raça Bonsmara promete suprir essasnecessidades, transformando o rebanho bovino nacional em um dosmais funcionais do mundo.

A raça é composta de 5/8 Afrikaner, um bovino sanga, que foicruzado com 3/16 Shourthorn e Hereford, estas duas últimas, britâ-nicas. A base do Afrikaner foi muito ampla e, com isso, conseguiram--se os mais rústicos animais, com a melhor habilidade materna,

Piscicultores de SC assinam acordoPiscicultores de SC assinam acordoPiscicultores de SC assinam acordoPiscicultores de SC assinam acordoPiscicultores de SC assinam acordoinédito no Brasilinédito no Brasilinédito no Brasilinédito no Brasilinédito no Brasil

Foi assinado em Agrolândia,SC, no dia 11 de julho, termo deajuste de conduta que envolve os42 piscicultores comerciais do mu-nicípio. Através do termo os pro-dutores reconhecem que seus em-preendimentos estão localizadosparcialmente dentro da Área dePreservação Permanente – APP –e se dispõem a recuperar, atravésde reflorestamento e proteção,esta faixa no rio/riacho que abas-tece seus empreendimentos. Emtroca, a atividade receberá daFundação do Meio Ambiente –Fatma – a devida licençaambiental, permitindo que asunidades de piscicultura sejamcompletamente legalizadas. Apósquatro anos a situação será reava-liada e as melhorias ambientais,quantificadas. Em caso positivo,deverá haver uma renovação dotermo. Originalmente propostopara a atividade de piscicultura, otermo de Agrolândia acabou sen-do estendido também para os su-inocultores do município. Além daPromotoria de Defesa do MeioAmbiente, assinam o termo aACAq, ACCS, Epagri, Cidasc,SDA, SDM, UFSC, PolíciaAmbiental, Apremavi, Fatma, oIbama, a Feec, Fundação Água

Viva, Associação dos Aqüicul-tores de Agrolândia, Associaçãodos Suinocultores de Agrolândiae o Frigorífico Pamplona. Se-gundo o secretário da ACAq,Matias Boll, em 1995 os piscicul-tores de Agrolândia foram acu-sados por entidades ambienta-listas de estar promovendo adegradação ambiental atravésdo cultivo de peixes integrado aouso de dejetos de suínos. Apósum período inicial de conflitoentre ambas as partes, os produ-tores, em conjunto com a Epagri,avaliaram os pontos fortes e fra-cos de suas unidades de produ-ção, levando a um redirecio-namento de todo o processo pro-dutivo em Santa Catarina. Ouso de dejetos foi limitado, atroca de água dos viveiros foireduzida ao mínimo e as novasunidades observam a distânciamínima de 30m dos cursos deágua. “Hoje, com a assinatura eefetiva implantação do termo deajuste de conduta, Agrolândiaquer ser um modelo de produ-ção de peixes conduzido de for-ma sustentável para outros mu-nicípios catarinenses”, declarouBoll (extraído do informativoAqüicultura em Dia, 7/6/01).

Alho ecológico entusiasma produtorAlho ecológico entusiasma produtorAlho ecológico entusiasma produtorAlho ecológico entusiasma produtorAlho ecológico entusiasma produtor

A área plantada com alhos nobres em Santa Catarina não deveráse modificar na próxima safra. Segundo estimativas iniciais, osprodutores do Planalto Catarinense, principal região produtora doEstado, não irão aumentar a área plantada na nova temporada, cujoplantio se iniciou no mês de junho. Salvo modificações de última hora,a área plantada no Estado deverá ser em torno de 2.800ha, apesar deo comportamento dos preços recebidos pelos produtores ter sidofavorável e de haver registrado boa recuperação nos últimos anos.

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 9

F lashesF lashesF lashesF lashesF lashes

Uma iniciativa do grupo comercial Carrefour e de um grupo dealhicultores da Cooperalho, de Curitibanos, poderá ser o incentivo quefaltava para o aumento da área plantada na região. Embora se saibaque o processo é lento e tido como experimental, muitos produtoresestão entusiasmados com a idéia e dispostos a investir. Trata-se daexploração do alho considerado ecologicamente correto. A partir daobtenção de uma produção que segue as normas estabelecidas pelogrupo comprador (em que são especificados desde os defensivos aserem utilizados até a maneira de plantar e o tipo de embalagem erótulo com a especificação do produto), a produção poderá exibir o selode alho ecológico se os testes feitos por técnicos do Carrefour oaprovarem. Esta alternativa, além de garantir a comercialização dasafra, beneficiará os produtores no aspecto preço, pois todo produtoecologicamente conduzido sofre agregação de valor; tanto que, noúltimo ano, a remuneração para os agricultores envolvidos rendeu10% a mais que o preço pago pelo produto tradicional.

Diferentemente da área plantada, a produção estadual deverá sermaior na próxima safra. As estimativas de maiores volumes estãosendo feitas a partir dos investimentos que estão sendo conduzidos emnovas tecnologias, com o objetivo de aumentar a produtividade daslavouras em até 20%. Hoje, a produtividade média estadual é de7.486kg/ha, enquanto na região de Curitibanos a média é de8.500kg/ha. Alguns produtores conseguem até 17t/ha.

conhecimento e tecnologia quan-to a convencional. “Quem diz queo produto orgânico é pequeno e bi-chado nunca praticou”, garante.

O cultivo do morango surgiucomo alternativa. O projeto inicialera produzir cogumelos e está“empacado” no Banco do Nordes-te há dois anos. Mas Érico não sequeixa. O morango tem bom pre-

Produção de morango orgânico naProdução de morango orgânico naProdução de morango orgânico naProdução de morango orgânico naProdução de morango orgânico naChapada DiamantinaChapada DiamantinaChapada DiamantinaChapada DiamantinaChapada Diamantina

Um exemplo da rentabilida-de alcançada por alimentos or-gânicos é o morango produzidoem uma propriedade de 22ha,vizinha à Cachoeira de VelhoDoido, um dos principais pontosturísticos de Morro do Chapéu,na Chapada Diamantina, BA.

O agricultor Érico SampaioSouza investiu cerca de R$ 3 milem apenas 0,2ha (2.000m2) commorango e está colhendo cercade 200kg desta fruta por sema-na. Extrapolando para 1ha, sãoaproximadamente, 30 mil quilosde morango em apenas seismeses. “Em 110 dias, meu inves-timento já está pago”, diz Érico,que comercializa o produto por

preço 50% acima das frutastrazidas de São Paulo e do EspíritoSanto. Este acréscimo, segundo oprodutor, compensa em vários as-pectos. “É um produto de alto va-lor biológico e de muito melhorqualidade. Temos morangos quepesam, cada um, mais de 40g. Omorango tem que ser colhido dedois em dois dias, devido a suarápida maturação, e não deve sertratado com agrotóxico. Quemconsome outro tipo de morangoestá colocando sua vida em risco,porque ele absorve muito os ve-nenos.”

Dos 22ha de sua propriedade,Érico dedica 5ha para a agricultu-ra orgânica – 3 com café, 0,2 com

morango e 1,8hacom fruteiras:manga, jaca, goi-aba, serigüela ejenipapo paraconsumo domés-tico. A produçãoorgânica de mo-rango ainda estáno início, mas jádá bons resulta-dos. A orientaçãoé dada por umtécnico da Em-brapa de Pelotas,RS. Érico atesta:a agricultura or-gânica é produ-tiva e rentável,mas exige tanto

Epagri recebe assessoriaEpagri recebe assessoriaEpagri recebe assessoriaEpagri recebe assessoriaEpagri recebe assessoriainternacionalinternacionalinternacionalinternacionalinternacional

Pioneiro do plantio direto recebePioneiro do plantio direto recebePioneiro do plantio direto recebePioneiro do plantio direto recebePioneiro do plantio direto recebeprêmio na Espanhaprêmio na Espanhaprêmio na Espanhaprêmio na Espanhaprêmio na Espanha

O vice-presidente da Federa-ção Brasileira de Plantio Diretona Palha – FEBRAPDP –, ManoelHenrique Pereira, o Nonô, quetambém é presidente da Confede-ração das Associações America-nas para Produção AgropecuáriaSustentável, recebeu este ano, naEspanha, o primeiro PrêmioAbulac de Agricultura Conserva-cionista. A Associação Burgalesade Laboreo de Conservación –Abulac –, responsável pela home-nagem, é a mais antiga eprestigiada entidade conserva-cionista espanhola.

Este prêmio serve de reco-nhecimento aos esforços de Nonô,paranaense de Ponta Grossa, no

apoio e divulgação à agricul-tura conservacionista. A Abulactambém lembra que ele é pio-neiro no sistema de plantio dire-to.

A Epagri tem dedicadoações, desde o final dos anos 80,também ao incentivo e orienta-ção aos agricultores nas técni-cas de plantio direto e cultivomínimo. Hoje o Brasil já é osegundo país do mundo em áreacultivada com plantio direto ecultivo mínimo, totalizando 14milhões de hectares. Em SantaCatarina a área atual já soma900 mil hectares, o que repre-senta 65% da área cultivada doEstado.

Nos meses de outubro e novembro deste ano, a Epagri contou coma assessoria internacional dos especialistas prof. Miguel Altiere e profa

Clara Nichols, engenheiros agrônomos da Universidade da Califórnia,EUA. Esta assessoria objetivou uma série de contatos, palestras eseminários em diversas regiões do Estado com o intuito de divulgarnovos fatos e conhecimentos na área da produção agroecológica, emespecial na orientação a novos projetos de pesquisa.

Um dos pontos de destaque da assessoria foi a realização de doisseminários técnicos com a duração de uma semana cada um, nosperíodos de 6 a 9 e 20 a 22 de novembro, respectivamente, nos centrosde treinamento da Epagri em Campos Novos e Florianópolis.

O governo do Estado de Santa Catarina está incentivando aprodução agroecológica, ou seja, culturas e criações sem uso deagrotóxicos e adubos químicos solúveis. Hoje, o mercado interno eexterno está exigindo alimentos de alta qualidade, de preferênciaorgânicos, não transgênicos, oriundos da agricultura familiar. SantaCatarina, por sua estrutura fundiária característica e com recursoshumanos afeitos ao trabalho intenso e criatividade tecnológica, temgrande potencial produtivo na área dos chamados produtos limpos eecológicos, podendo competir com vantagens no mercado nacional einternacional. Atualmente já são mais de 2.000 famílias produzindoagroecologicamente e organizadas em associações no Estado, semcontar empreendimentos privados que inclusive já exportam produ-tos como derivados de banana e soja orgânica.

ço e grande potencial de merca-do. Atualmente, Érico está emnegociação para comercializareste produto em uma conhecidarede de loja de conveniências deSalvador.

Fonte: Jornal A Tarde – BA –Caderno de Economia 20/9/2001,citado pela Rede Agroecologia,e-mail: [email protected].

o

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10 Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Agricultores organizados avançam na produçãoAgricultores organizados avançam na produçãoAgricultores organizados avançam na produçãoAgricultores organizados avançam na produçãoAgricultores organizados avançam na produçãoe comercialização de orgânicose comercialização de orgânicose comercialização de orgânicose comercialização de orgânicose comercialização de orgânicos

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

Nos últimos cinco anos tem

ocorrido um aumento vertiginoso

na criação de grupos, associações

de agricultores orgânicos em

Santa Catarina, como no resto do

Brasil e do mundo. Importantes

razões existem para isso, como a

maior demanda dos consu-

midores por alimentos sem o uso

de agrotóxicos, a redução dos

custos de produção, a melhoria

de renda e a maior oferta de

trabalho neste tipo de agricultura

alternativa, sem contar motivos

socioculturais, espirituais, etc.

Nesta reportagem são apresen-

tados dois destes grupos de pro-

dutores agroecológicos, como se

formaram, suas características e

como atuam.

centro da capital catarinense ga-nhou este ano sua primeira fei-

ra de produtos orgânicos. Trata-se deduas associações ecológicas que seformaram há quatro anos, que são aVerde Serra e a Recanto da Natureza.Juntas agregam atualmente 10 famí-lias, cuja origem é a comunidade deVargem do Braço, localizada no inte-rior da Reserva Ecológica da Serra doTabuleiro, no município de SantoAmaro da Imperatriz, vizinho deFlorianópolis. A feira acontece todosos sábados, a partir das 7 horas, noLargo São Sebastião, na Av. Beira

Mar Norte.No Estado, já existem aproxima-

damente 2 mil famílias, seja em pro-cesso de conversão para o orgânico,seja já completamente orgânicas. Parase ter uma idéia, há quatro ou cincoanos não havia mais do que meiadúzia de associações agroecológicasde produtores; hoje já passam de 50as entidades em Santa Catarina, econtinuam a crescer. Segundo o en-genheiro agrônomo da Epagri JoséCarlos Vieira Dalponte, gerente regio-nal de Florianópolis, uma das metasda feira agroecológica é aproximar o

produtor dos consumidores. Assim oagricultor conhece melhor os anseiose preferências de quem compra. “Poroutro lado, o consumidor vai valorizarmais o trabalho do produtor e, comisso, estabelecer uma relação de con-fiança entre as partes”, ressaltaDalponte.

Florianópolis tem outra feira deprodutos orgânicos, localizada na La-goa da Conceição, que funciona tam-bém aos sábados pela manhã. Para oextensionista da Epagri e engenheiroagrônomo Altamiro Morais MatosFilho, do Escritório Local de Floria-

Produtos orgânicos nas feiras agroecológicas têm preços mais atrativos aos

consumidores, sem perder qualidade

O

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 11

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

nópolis, a procura por produtos orgâ-nicos tem crescido nos últimos anos.“Há uma preocupação maior da popu-lação pela saúde e pela conservaçãodo ambiente”, explica. O extensionistaesclarece que os alimentos orgânicosvendidos nas feiras chegam a custaraté 50% menos que em supermerca-dos, isto porque não existe o interme-diário, que sempre agrega valor aoproduto, nem as embalagens que tam-bém agregam custos. Em geral, osprodutos orgânicos ou agroecológicosexigem mais mão-de-obra para produ-zir, e como são uma mercadoria emgrande demanda, o mercado põe ge-ralmente um sobrepreço, que podevariar conforme o produto e a épocade produção. Mas, pesquisas de opi-nião realizadas com consumidores emvárias capitais brasileiras e cidades demédio a grande porte demonstramque os consumidores estão dando pre-ferência aos produtos agroecológicosem relação aos convencionais e estãodispostos a pagar de 15% a 30% a maispelo diferencial qualitativo daquelesprodutos.

Treinamento e proteçãoambiental

Os agricultores que participam da

Diversidade de produtos é um dos destaques das associações do Parque da

Serra do Tabuleiro

feira livre no centro de Florianópolisforam treinados pela Epagri há pelomenos três anos, quando fizeram cur-sos de produção de hortaliças livres deagrotóxicos e adubos químicos solú-veis. “Levamos os agricultores tam-bém para visitar produtores que jávinham trabalhando com agroecologia

há mais tempo, como é o caso dasassociações ligadas à cooperativaCoolméia, de Porto Alegre”, lembra oengenheiro agrônomo Leo Kroth, atu-al gerente de Planejamento da Epagrie que na época ajudou a formar asduas associações. “Eles (os agriculto-res) ficaram muito entusiasmados coma excursão ao Rio Grande do Sul evoltaram com muita vontade parainiciar o cultivo orgânico em suaspropriedades”, comenta o técnico.

O Parque Estadual da Serra doTabuleiro é uma importante reservanatural, inclusive toda a água que éconsumida em Florianópolis é oriun-da da reserva. As duas associaçõesecológicas que agora cultivam no modoagroecológico estão investindo emcobertura natural do solo com aduba-ção verde e palhada de diversos vege-tais, fazendo compostagem e o míni-mo revolvimento possível do solo; comisso, protegem as margens do RioVargem do Braço e os córregos. Outraprática importante é que estes produ-tores ecológicos eliminaram as quei-madas, e com isso preservam a ativi-dade dos microrganismos dos solos(fungos, bactérias, minhocas, etc.), oque ajuda no momento dos plantios.“Este trabalho pioneiro está servindo

O engenheiro agrônomo José Ernani Muller mostra a solução de pimenta em álcool,

uma das técnicas agroecológicas para evitar ou controlar o ataque de insetos–pragas

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

para outros agricultores que aindaestão cultivando com agroquímicos eque agora podem observar os bonsresultados destas duas associações’’,observa o engenheiro agrônomo JoséErnani Muller, extensionista local deSanto Amaro da Imperatriz. Ele colo-ca, ainda, que “as famílias rurais dacomunidade da Vargem do Braço e deoutras ao redor que estão inseridas noParque Estadual da Serra do Tabulei-ro têm um compromisso com o meioambiente, e para permanecerem noslocais devem, a partir de agora, ado-tar um meio de produção mais condi-zente com a preservação da natureza,respeitando as matas, os animais, aqualidade da água’’.

Práticas agroecológicas

As duas associações atualmenteproduzem mais de 50 espécies vege-tais que são comercializadas, além dafeira em Florianópolis, em vários su-permercados da região. A reportagemda revista Agropecuária Catarinensevisitou a propriedade da família Voges,da Associação Ecológica Recanto daNatureza, por ocasião de um dia decampo com a presença de técnicos e

agricultores de diversos municípios.José Ernani Muller revela que osprodutores utilizam uma série de prá-ticas ecológicas de manejo das cultu-ras. Regularmente substituem,rotacionam as espécies, ou seja, ondefoi plantado alface, após a colheitadesta hortaliça, é semeado, por exem-plo, beterraba. “Com isso procura-seenganar os insetos e doenças queporventura estavam se instalando emdeterminada cultura”, explica Muller.Os agricultores ecologistas tambémprocuram manter barreiras naturaisentre um cultivo e outro, como umbosque de árvores, ou uma linha detouceiras tipo capim cameroon ou ca-pim-limão. Os adubos verdes comomucuna, nabo forrageiro, ervilhaca epalhadas e ervas espontâneas são se-meados ou manejados nos pousios dasculturas, formando uma coberturamorta, e, ao se degradarem, fornecemmatéria orgânica e nutrientes mine-rais, completados com composto orgâ-nico por ocasião do plantio. “Hoje jáutilizamos menos adubo orgânico(composto ou esterco animal) do quehá três anos, quando começamos oempreendimento’’, revela o agricul-tor Helio Voges, indicando que o solo

já está atingindo um equilíbrio defertilidade e recebe agora pratica-mente os nutrientes dos adubosverdes, fosfato natural e uma comple-mentação eventual com esterco ani-mal ou composto reforçado com obiofertilizante (esterco fermentadocom melado e cinza) colocado ao ladodas plantas no carreiro. Diga-se depassagem que a família Voges (pai,mãe e três irmãos, mais os avós enetos) possui cerca de 20 animaisbovinos e alguns cavalos que forne-cem esterco de sobra para a proprie-dade.

O irmão do Helio, o Hamilton, queé o que participa da feira emFlorianópolis, mostra que, para com-bater insetos maléficos, uma das fór-mulas usadas é um macerado de pi-menta e álcool. Outra dica é a utiliza-ção da folha de inhame, que combateas formigas. Ele diz que as folhas sãodeixadas nos carreiros das formigas,que as levam para seus ninhos, e aí,através de uma substância nociva, osinsetos são neutralizados. Para com-bater carrapatos nos bovinos, umafórmula caseira mencionada é a águacom limão. Os irmão Voges mencio-nam que antigamente matavammarimbondos, sapos, todo tipo de ani-mal e inseto repelente. Mas hoje sa-bem que as vespas são predadoras daslagartas que atacam as hortaliças e ossapos comem as lesmas que estragamas folhas das verduras. “Um dos se-gredos da agricultura ecológica é orespeito às leis da natureza. Nós,agricultores e técnicos, estamosaprendendo muito com as lições que anatureza nos oferece. Temos consci-ência de que muita coisa devemosaprender ainda e na agroecologia nãoexistem receitas prontas – cada famí-lia, cada propriedade deve observar asua realidade, seus recursos e aplicá--los equilibradamente’’, resumem osirmão Voges.

Comercializaçãodiversificada

No tocante à comercialização daprodução, a família Voges, além de

O agricultor Helio Voges, da Associação Recanto da Natureza, mostra a

cobertura verde de mucuna

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

diversificar seus clientes, tambémestá inovando através de venda dosprodutos orgânicos pela internet. Outraestratégia da associação Recanto daNatureza é a parceria com a Associa-ção dos Produtores Orgânicos deUrupema, a Apou. Nesta parceria, aApou envia produtos lá do alto daserra, na região mais fria do Brasil,com 1.400m de altitude, tais comomaçã, batatinha, quivi, batata-salsa,tomate. A Recanto da Natureza re-vende estes orgânicos nas feiras emercados do litoral, e ambos os gru-pos saem ganhando. Os produtosagroecológicos recebem um selo dequalidade, o chamado selo orgânico,que atesta aos consumidores a ori-gem dos alimentos. Esta certificaçãoé feita pela Fundação de Apoio aoDesenvolvimento Sustentável – Fun-dagro.

José Ernani Muller, que vemacompanhando bem de perto a trans-formação na propriedade dos Voges,relata que a produção orgânica exigemais mão-de-obra, é uma atividademais intensa. Mas os agricultoresaceitam com satisfação, toda afamília pode ajudar, até idosos e cri-anças, pois eles sabem que os ali-mentos são saudáveis, os cultivos sãoisentos de agrotóxicos. Muller infor-ma, também, que dos 20ha da pro-

priedade que antes eram quasetodos utilizados, hoje são aproveita-dos somente 8ha, o resto fica parapousio e rotação das culturas. E arenda também melhorou cerca de20% até o momento, permitindo àfamília Voges investir em melho-

rias, tais como a câmara fria e aampliação da estrutura de recepção elimpeza e beneficiamento dos produ-tos.

Para descontar as quebras e per-das de produtos nos mercados, osagricultores acertaram com os vare-jistas uma taxa de 12%, pois assimevitam ter que pegar de volta os pro-dutos estragados. No caso da famíliaVoges, eles acertaram que 50% dolíquido das vendas é repartido entreos irmãos e os outros 50% vão parauma caixa de reserva, para futurosinvestimentos, custeios, etc. Mullerconta ainda que, pelo menos uma vezpor mês, as duas associações, a VerdeSerra e a Recanto da Natureza, pro-movem reuniões com seus asso-ciados para discutir a contabilidade,problemas diversos, necessidades deinvestimentos, etc. Tal tem sido aevolução na produção e qualidade dashortaliças orgânicas destes agricul-tores, que dois grandes complexosturísticos, localizados nos municípiosde Santo Amaro da Imperatriz eÁguas Mornas, estão interessados emadquirir os produtos das duas asso-ciações para incluir nos seus cardá-pios diários e, com isso, apresentarum diferencial aos hóspedes que vêmde diversos Estados do Brasil e paísesvizinhos.

Aspecto do "packing-house" e da câmara

fria com produtos orgânicoscomercializados pela família Voges

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Agropecuária Catarinense

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do país!

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14 Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001

NOVIDADES

DE MERCADO

ecológico que utiliza enzimas de extratos vegetais e de água ionizadapara descaracterizar o cheiro da urina, que sempre atrai os bichos.

Produzido em três versões: granulado, spray e líquido, com preçosque variam de R$ 20,00 a R$ 60,00, o produto chamado de Passa Fora!,além de eliminar o cheiro, higieniza o local sem deixar odores.

Além do descaracterizador de territórios, a empresa MRZM produzuma série de produtos ecológicos. Entre eles, destaca-se Kit Byebird,composto por três produtos: o Savage Eco, um detergentebacteriostático de base vegetal que elimina o mau cheiro e as bactérias;um gel repelente atóxico, comprovado por um laudo do InstitutoAdolfo Lutz, e uma espátula para aplicação do produto. O Kit Byebirdé um repelente ecológico utilizado para afastar pombos, pardais,morcegos e formigas.

Outro produto de destaque no mercado criado pela empresaMRZM é o Chupa-Mosca, que tem como objetivo capturar moscasdomésticas, berneiras, varejeiras, etc. Através da utilização de umSubstrato Orgânico de Atração (SOA) é exalado um odor característicoque atrai à armadilha as moscas, numa distância até 50m. Já o ByeInsect é um grande aliado na prevenção do mosquito Aedes aegypt,responsável pela transmissão da dengue, doença que já atingiu, só nacapital paulista, neste ano, aproximadamente 200 pessoas. Feito combase em extratos vegetais e com essência de citronela, uma plantamundialmente conhecida pelas propriedades de repelência, o ByeInsect atua descaracterizando os odores do ambiente, que são osatrativos para os mosquitos. A essência de citronela é utilizada paraatordoar os insetos, afastando-os do ambiente. A aplicação do produto,que é atóxico, é feita através de pulverização. Além de combater omosquito da dengue, o produto é eficiente no combate de pernilongos,ácaros e moscas em geral.

Para mais informações contate: Distribuição de Press ReleaseAmbiental, fone: (011) 5054-2713, internet: www.agpress.com.br.

Produto ecologicamente corretoProduto ecologicamente corretoProduto ecologicamente corretoProduto ecologicamente corretoProduto ecologicamente correto

Oxidação de aros de pneus e portões; contaminação do tecido desofás e camas por bactérias e calçadas sujas e mau-cheirosas – estassão algumas das conseqüências desagradáveis causadas pelo hábitode cães e gatos de fazer xixi em locais impróprios.

Segundo o veterinário Francisco Abrahão, em alguns casos,quando o animal apresenta problemas infecciosos, como a cistite, porexemplo, os riscos de contaminação pelas bactérias existentes naurina aumentam e podem prejudicar, principalmente, crianças ebebês, além de causar inconvenientes, como o mau cheiro.

Com o objetivo de eliminar os chamados “territórios”, criados poranimais domésticos, a empresa MRZM desenvolveu um produto

Manual de Produtos VManual de Produtos VManual de Produtos VManual de Produtos VManual de Produtos Veterinárioseterinárioseterinárioseterinárioseterináriosdisponível no mercadodisponível no mercadodisponível no mercadodisponível no mercadodisponível no mercado

Todos os produtos veteriná-rios disponíveis no país com regis-tro no Ministério da Agricul-tura, as indústrias veterinárias,a legislação da saúde animal, asclasses terapêuticas, as substân-cias ativas presentes nos medica-mentos destinados aos animais,tudo isso, e muito mais, faz partedo Manual de Produtos Vete-rinários – edição 2001/2002 – queacaba de ser lançado. A publi-cação tem a chancela do Minis-tério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento – Mapa – e doSindicato Nacional das Indústriasde Produtos para a Saúde Animal– Sindan –, entidade que reúne oslaboratórios presentes no Bra-sil.

A nova edição do manual (queé a terceira) está dividida em Clas-ses Terapêuticas e SubstânciasAtivas, Empresas e Produtos,Empresas, Índice por Produtos,CRMVs, Mapa e Legislação para osetor. O exemplar tem 960 pági-nas, vem acompanhado de CD-

ROM, reúne 2.612 produtos eapresentações, dos quais 20%são lançamentos em relação àsegunda edição (1999). E, ainda,podem ser encontrados endere-ços dos conselhos regionais demedicina veterinária, ministé-rio e delegacias estaduais daagricultura e a legislação emvigor.

Com o Manual de ProdutosVeterinários, a proposta doSindan é assegurar aos pro-fissionais da atividade umafonte confiável de informaçõessobre os produtos comercia-lizados para a saúde animal,fabricantes e importadores. Aelaboração contou com a Coor-denação de Fiscalização deProdutos Veterinários – CPV –,do Departamento de Defesa Ani-mal – DDA – do Mapa.

A edição 2001/2002 do Ma-nual de Produtos Veterináriosjá está disponível para os inte-ressados. Informações noSindan, fone: (011) 270-4633.

Aditivo alimentar suplementaAditivo alimentar suplementaAditivo alimentar suplementaAditivo alimentar suplementaAditivo alimentar suplementaalimentação animalalimentação animalalimentação animalalimentação animalalimentação animal

O ano de 2001 está sendo umdivisor de águas no conceito dequalidade na produção animal.Até poucos dias, a maioria dosprodutores estavam focados so-mente em aumentar a produ-ção, porém poucos se preocupa-vam em como estavam conse-guindo estes aumentos. Era umacultura desta maioria achar quea tal qualidade pudesse serestabelecida somente por crité-rios técnicos e científicos, ondeno setor leiteiro, por exemplo,uma análise do perfil quantitati-vo de nutrientes contidos no lei-te, teores de células somáticas,avaliações microbiológicas e al-guns outros parâmetros nestamesma linha pudessem conven-cer o mercado de que a qualida-de estava definida.

A verdade é que o consumi-dor quer saber o que a vacacomeu para produzir o leite queele vai beber.

Antes, deve-se lembrar queaditivos podem ser ingredientescom características nutricionaisou não, capazes de melhorar aperformance dos animais em ummesmo regime alimentar, atra-vés de processos pré-absor-tivos.

Dentro do grupo de aditivosnutricionais, podemos citar osaminoácidos: Lisina e Metionina,que podem melhorar o metabo-lismo ruminal (câmara de fer-mentação) aumentando a de-gradação de fibras e síntesemicrobiana, melhorando assimo perfil quantitativo de algunsnutrientes do leite (gordura e

proteína).As leveduras vivas (liofili-

zadas) também melhoram a di-gestão das fibras, aumentam apopulação das bactérias celulo-líticas e estabilizam o pH ruminal.Mais recentemente, derivados deácidos graxos essenciais ricos emácido linoléico estão sendo utiliza-dos com sucesso na alimentaçãode bovinos leiteiros para aumen-tar a eficiência alimentar, elimi-nar bactérias patogênicas do tratodigestivo, aumentar a respostaimunológica, colaborar com a re-dução na infestação de ectopa-rasitas (carrapatos e moscas-dos--chifres), melhorar respostasreprodutivas de fêmeas, além demelhorar a qualidade da gordurado leite.

Estas tecnologias já estãodisponibilizadas no mercado sob aforma de aditivo alimentar, de-senvolvido pela Premix com nomecomercial de Fator Premium, quepode estar incluído nos suplemen-tos tradicionais. Estas e outrasmais podem, sem dúvida, revolu-cionar e dar novos rumos à quali-dade e produtividade do leite semter-se que assistir aos bovinosserem transformados em sóciostalvez de animais decomposi-tores, sendo alimentados indis-criminadamente com subpro-dutos e dejetos que não se sabe oque de fato contêm de resíduospoluentes e não se conhecem asconseqüências finais no ser hu-mano.

Mais informações com JulianaVictorino, e-mail: [email protected].

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 15

Novidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercado

Malha termorefletora evita perda deMalha termorefletora evita perda deMalha termorefletora evita perda deMalha termorefletora evita perda deMalha termorefletora evita perda deplantações durante geadasplantações durante geadasplantações durante geadasplantações durante geadasplantações durante geadas

Um dos maiores problemas dos agricultores durante o inverno éa grande perda de produção de mudas, fortemente castigadas, duranteo período das geadas no centro-sul do país. Da mesma maneira noverão, quando há um forte aumento da temperatura, as mudas sofremcom estresse calórico. Para resolver ambas as situações, a Polysackdesenvolveu uma malha termorefletora que mantém a temperaturaevitando a perda das plantações.

Trata-se de uma malha de fios retorcidos, chamada Aluminet, queno verão diminui a temperatura em até 20% e adiciona luz difusa noambiente em 15% e no inverno mantém o calor dentro do ambiente.Estas variações fazem a planta realizar cerca de 30% a mais defotossíntese, ou seja, 30% a mais de precocidade ou produção, além dediminuir o volume de irrigação necessário para a cultura. Por exemplo,durante uma forte geada em Ibiúna, interior de São Paulo, a tempe-ratura exterior chegou à marca de 3oC negativos e dentro do ambienteprotegido ficou em 1,5oC positivo, fato que evitou o congelamento dasuperfície das plantas.

A Aluminet foi desenvolvida pela Polysack, empresa israelenseque fixou fábrica no Brasil com uma equipe de engenheiros paraassistir o produtor em microclima e controle alternativo de insetos--pragas.

Informações adicionais com Polysack Brasil, fone: (016) 3262-1766, internet: www.polysack.com.

Embrapa apresenta tomateEmbrapa apresenta tomateEmbrapa apresenta tomateEmbrapa apresenta tomateEmbrapa apresenta tomateDuradoroDuradoroDuradoroDuradoroDuradoro

A Embrapa, vinculada ao Mi-nistério da Agricultura, Pecuá-ria e Abastecimento – Mapa –,após inúmeras avaliações, estáapresentando um novo híbridode tomateiro para atender a umademanda por cultivares resis-tentes ao tospovírus. O tomateDuradoro foi desenvolvido comapoio da Emater-DF e da Agên-cia Rural de Goiás e possui gran-de capacidade de conservaçãopós-colheita. Contando com oauxílio de técnicos e produtores,os testes foram realizados naregião do Distrito Federal e en-torno, além dos Estados de SãoPaulo, Minas Gerais, Bahia, Riode Janeiro, Ceará e Mato Gros-so. Aprovado por agricultores edonas-de-casa, o tomate Dura-doro possui hábito de crescimen-to indeterminado, apresenta-secomo plantas vigorosas, bastan-te produtivas, e seus frutos sãode excelente tamanho, com 200a 250g. A colheita inicia-se aos

85 dias após o transplantio e osfrutos mantêm-se com boa con-servação por períodos variandoentre 15 e 20 dias.

Atualmente constam no mer-cado poucas cultivares de tomatelonga-vida, com resistência ao ví-rus vira-cabeça, muito comum emplantações desta espécie e quepredominantemente leva à perdatotal do campo. A pesquisa doDuradoro ainda não está finaliza-da – os resultados finais do produ-to deverão ser concluídos nos pró-ximos meses. No Brasil sãocomercializados anualmente cer-ca de 1,5 milhão de toneladas detomate. Originária de regiõesAndinas, é a espécie com maiorvolume de produção no país e, poresta razão, a principal do grupodas hortaliças.

Informações adicionais comjornalista Marina Campos,Embrapa Hortaliças, fone: (061)385-9038, fax: 556-5744, e-mail:[email protected].

Festo e Unesp desenvolvem respiradorFesto e Unesp desenvolvem respiradorFesto e Unesp desenvolvem respiradorFesto e Unesp desenvolvem respiradorFesto e Unesp desenvolvem respiradornacional para eqüinos, maisnacional para eqüinos, maisnacional para eqüinos, maisnacional para eqüinos, maisnacional para eqüinos, mais

barato e compactobarato e compactobarato e compactobarato e compactobarato e compacto

Uma maleta, com cerca de 20kg, é a diferença entre a vida e a mortepara eqüinos. Lá dentro está o respirador artificial para cavalosdesenvolvido em parceria entre a Festo Automação, empresa dosegmento de automação industrial, e a Faculdade de Medicina Vete-rinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista – FMVZ-Unesp.

O respirador artificial foi desenvolvido a partir da inquietação deFlávio Massone, professor titular de Anestesiologia da FMVZ-Unesp,que não se conformava com o alto custo e as dificuldades para importarum aparelho de respiração artificial para uso em eqüinos, duranteprocedimentos cirúrgicos. Então, ele decidiu desenvolver uma solu-ção nacional. De sua idéia até o produto, passaram-se quatro anos. Oprojeto ganhou impulso quando ele entrou em contato com técnicosda Festo Automação: “Passei aos técnicos da empresa os dadosfisiológicos dos animais e as funções que o aparelho deveria controlar,e eles foram traduzindo isso para a pneumoeletrônica”, explica oprofessor Massone.

Hoje, o respirador é uma realidade. Além de cumprir todas asfunções determinadas, é prático e portátil. Todos os componentesforam instalados em uma maleta de tamanho médio, que pesa cercade 20kg. Segundo o professor, não existia, em todo o mundo, umrespirador semelhante ao que resultou da parceria entre Unesp eFesto: “O respirador para eqüinos que é geralmente encontrado emcentros cirúrgicos utiliza um sistema de foles para reproduzir arespiração. É muito grande e caro. Nosso sistema, além de compacto,barateia a operação”, destaca.

Informações adicionais com Festo, Tereza Cristina, fone: (011)5013-1804.

Fundagro

Fundação de Apoio ao Desenvolvimento

Rural Sustentável do Estado de

Santa Catarina

Uma organização não-governamental para apoiar o

setor agrícola público e privado do Estado de Santa

Catarina.

• Diagnósticos rápidos.

• Pesquisas de opiniões e de necessidades do setor

agrícola.

• Consultorias.

• Realizações de cursos especiais.

• Projetos para captação de recursos.

• Produção de vídeos e filmes ligados ao setor

agrícola.

• Projetos de financiamento do Pronaf e outros.

• Serviços de previsão de tempo.

Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, C.P.

1.391, fone: (048) 234-0711, fax: (048) 239-5597,

e-mail: [email protected], 88010-970

Florianópolis, SC.

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MandiocaMandiocaMandiocaMandiocaMandioca

Alternativa de armazenamento de ramas deAlternativa de armazenamento de ramas deAlternativa de armazenamento de ramas deAlternativa de armazenamento de ramas deAlternativa de armazenamento de ramas demandioca em Santa Catarinamandioca em Santa Catarinamandioca em Santa Catarinamandioca em Santa Catarinamandioca em Santa Catarina

Lucio Francisco Thomazelli, Murito Ternes eCarlos Luiz Gandin

Estado de Santa Catarina temsido tradicionalmente um dos

principais produtores de mandioca dopaís. Na safra de 1997/98, a área colhidafoi de 36.563ha (1). Na Região do AltoVale do Itajaí, onde se produz 29,6%do total do Estado, a produtividademédia está em torno de 21,6t/ha paracultivo de dois ciclos (2). Esta produ-tividade é considerada baixa, quandocomparada com o potencial da culturae também com a de outras regiões dopaís.

O sucesso de uma lavoura demandioca está ligado diretamente aouso de boa maniva-semente. No suldo Brasil, onde as condições detemperatura e umidade são adversas,estas manivas devem ser provenientesde ramas que foram armazenadasadequadamente.

Nas regiões produtoras, faz-se ne-cessário armazenar as ramas paraviabilizar uma nova lavoura por oca-sião da primavera. O armazenamentotem por finalidade preservar a quali-dade das ramas de mandioca duranteo período de inverno, principalmentenas condições do Alto Vale do Itajaí,para o plantio na primavera.

Durante o período de armaze-namento, que vai desde o mês de maioaté o início de setembro, as ramas sãoprotegidas das geadas e dos ventosfrios, que podem desidratá-las einviabilizá-las. As perdas durante oarmazenamento podem ser parciaisou totais, comprometendo o vigor e oestande das lavouras. Uma boa con-servação das ramas durante o inver-no é de fundamental importância paraque as mesmas, quando forem utiliza-das para o plantio, estejam em perfei-tas condições físicas, fisiológicas e

fitossanitárias (3, 4).Muitas vezes, a forma inadequada

de armazenamento acaba comprome-tendo todo o material de multiplica-ção, por desidratação e/ou por ataquede doenças e/ou pragas. Quando ocor-re um destes problemas, o produtorse obriga a adquirir ramas em outrasregiões, que nem sempre são de culti-vares adaptadas às condições locais,com o agravante de poderem estarcontaminadas ou serem suscetíveis adoenças e/ou pragas (5, 6, 7).

O presente trabalho foi realizadocom o objetivo de oferecer uma novaalternativa para o armazenamento deramas de mandioca para minimizar asperdas durante o inverno.

Desenvolvimento dosistema

Esta tecnologia de armazenamentofoi desenvolvida e avaliada por cincoanos (não consecutivos) na EstaçãoExperimental de Ituporanga daEpagri, localizada na Região do AltoVale do Itajaí, no Estado de SantaCatarina, com altitude de 475m etemperatura média de 17oC, com cer-ca de 1.500mm de chuvas anuais emédia histórica de cinco geadas nosmeses de junho a agosto.

As condições climáticas que ocor-reram durante o período de armaze-namento nos anos avaliados são apre-sentadas na Tabela 1 e revelam queforam invernos semelhantes às condi-ções reinantes na média de dez anosna Região do Alto Vale do Itajaí, des-tacando-se vários dias com altas preci-pitações e com temperaturas abaixode zero grau Celcius.

Foram utilizadas ramas da culti-

var Mico, provenientes de lavouraconduzida conforme o Sistema de Pro-dução para Mandioca (8). As ramasforam colhidas no final do crescimen-to vegetativo do segundo ciclo, nofinal do mês de maio dos anos de 1990,92, 96, 97 e 98. Após a colheita, a cadaano, as ramas foram armazenadas emfeixes por um período de 90 dias,durante os meses de junho, julho eagosto.

Este sistema consistiu em armaze-nar ramas ou feixes de ramasselecionadas, fisiologicamente madu-ras, colocadas de pé, com a base emcontato com o solo previamentedestorroado. Posteriormente estasramas foram totalmente cobertas comuma camada de aproximadamente15cm de palha seca (Figura 1).

Pedaços de mangueira preta demeia polegada, com 50cm de compri-mento, foram colocados na base dasramas, ao nível do solo, para serviremcomo suspiros. Para cada metro cúbi-co de ramas foram colocados dois sus-piros. Uma parte dessa mangueira(25cm) ficou para dentro e a outra,para fora do armazém para proporci-onar a troca de gases com o ambienteexterno. Este processo de aeração foiadaptado a partir de um sistema utili-zado na Argentina para armaze-namento de batata-doce (9) e permitea renovação constante do ar, evitandoa deterioração das ramas.

Em seguida, as ramas foram co-bertas com filme de polietileno (plás-tico), conforme mostrado na Figura 2,tomando-se o cuidado de vedar todasas bordas com terra, para manter atemperatura interna mais estável esuperior à externa.

O plástico deve ser retirado quan-

O

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MandiocaMandiocaMandiocaMandiocaMandioca

do não houver mais risco de geada. Oatraso na sua retirada poderá propor-cionar aumento excessivo da tempe-ratura interna do armazém, devido àproximidade da primavera, que acele-ra a brotação das ramas (Figura 3) e asprejudica (10).

petições, sendo cada repetição com-posta por 20 ramas, retiradasaleatoriamente dos feixes armazena-dos por ocasião da abertura do plásti-co.

Na Tabela 2 são apresentados osresultados das ramas armazenadas,onde se verifica que a viabilidade dasmesmas foi sempre superior a 84%(média), com um aproveitamentomédio geral ao redor de 93%, indican-do a eficiência do sistema em propor-cionar ao produtor a garantia de qua-lidade do material de propagação des-ta cultura.

Utilizando-se esta tecnologia, ob-serva-se que os melhores resultadosforam obtidos no quarto ano, comaproveitamento médio das ramas su-perior a 97%. As maiores perdas, com80% a 87% de ramas viáveis, ocorre-ram no terceiro ano de condução doexperimento e deveram-se, possivel-mente, ao menor acúmulo de reser-vas nas ramas.

Além da viabilidade, a precocidadede brotação das ramas verificada emtodos os anos (Figura 3) permitiu con-cluir que as mesmas apresentaramalto vigor ao final do período dearmazenamento, reforçando a efici-ência deste sistema de armazena-mento.

Os sistemas tradicionalmente uti-lizados na região pelos produtorestêm sido em leira ou em túnel. Nosistema de leira, a preservação dasramas, muitas vezes, é comprometi-da em função das condições climáti-cas. Em anos de inverno rigoroso e dealta umidade relativa, as perdas dasramas armazenadas em sistema deleira têm sido de até 60% (11).

Além de eficiente, o sistema avali-ado é prático e de baixo custo, podendoser viabilizado próximo à área de plan-tio, reduzindo, com isso, a mão-de--obra, além de suportar, inclusive,períodos prolongados de chuva porocasião do armazenamento, sem com-prometer a qualidade das ramas.

A eficiência deste sistema dearmazenamento de ramas deve-se,basicamente, à proteção de plásticocontra a água da chuva e à manuten-ção da temperatura amena no inte-rior do armazém.

Tabela 1 – Dados meteorológicos médios observados no Alto Vale do Itajaí durante operíodo experimental (anos de 1990, 92, 96, 97 e 98) e média de treze anos (1985 a 1997)

Temperatura Média das Dias Precipi-mínima temperaturas de taçãoabsoluta mínimas geadas mensal

( oC) (oC) (un.) (mm)

90 -1,2 8,3 2 155,092 1,7 11,8 - 168,5

Junho 96 0,6 8,0 5 153,897 1,0 - 1 83,998 1,6 9,3 - 17,3

90 -2,8 7,1 6 218,692 -3,3 7,6 2 193,3

Julho 96 -2,0 6,8 3 79,797 0,8 - - 159,598 2,0 10,2 - 150,0

90 -3,0 9,0 2 139,892 -1,9 9,6 1 134,1

Agosto 96 2,5 10,0 - 130,297 4,2 10,0 - 115,498 3,4 11,8 - 189,0

Média de treze anos

Junho Julho Agosto

Média das temperaturas mínimas absolutas ( oC) -3,4 -3,3 -4,6Média das temperaturas mínimas (oC) 8,7 8,0 9,7Média precipitação total (mm) 115 115 87

Avaliação do armazém

A eficiência do armazém foi avali-ada através da viabilidade das ramas(expressa em porcentagem das ramasbrotadas), utilizando delineamentointeiramente casualizado, com 4 re-

Mês Ano

Figura 1 – Esquema ilustrativo do armazenamento de ramas de mandiocasob filme de polietileno (plástico)

PlásticoPalha

Ramas

Mangueira

#

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MandiocaMandiocaMandiocaMandiocaMandioca

Literatura citada

1. INFORME CONJUNTURAL. Florianó-polis: Instituto Cepa/SC, v.16, n.709,1998.

2. SÍNTESE ANUAL DA AGRICULTURADE SANTA CATARINA. Florianópolis:

Tabela 2 – Viabilidade das ramas de mandioca brotadas da cultivar Micode dois ciclos, armazenadas durante três meses, no período de cinco anos

(não consecutivos)

Ano

I II III IV ≅≅≅≅≅

1 88,5 96,8 94,2 96,0 93,82 91,5 91,1 92,8 91,9 91,63 80,1 85,8 87,0 86,7 84,94 96,9 97,9 96,2 99,4 97,65 95,7 90,7 95,4 97,8 95,9

Figura 2 – Vistaexterna das ramascobertas com filmede polietileno

Figura 3 –Vista interna

da brotação dasramas na

primavera

tecnologia de producion de mandioca. Cali,Colômbia: Ciat, 1992. 4 p.

4. SOUZA, A. da S.; MATTOS, P.L.P. da;ALMEIDA, P.A. de. Material de plantio:Poda, conservação, preparo e utilização.Cruz das Almas, BA: Embrapa-CNPMF,1990. 42p. Trabalho apresentado no VIICurso Intensivo Nacional de Mandioca,Cruz das Almas, BA, 1990.

5. ANDRADE, A.M. de S.; LEIHNER, D.E.Influência do período e condições dearmazenamento de ramas no crescimen-to e rendimento de mandioca. In:EMBRAPA. Práticas culturais da mandi-oca: anais do seminário em Salvador,Bahia, Brasil, 1980. Brasília: Embrapa,1984p. 53-60.

6. MATTOS, P.L.P. da. Poda e conservaçãode ramas de mandioca . Cruz das Almas,BA: Embrapa-CNPMF, 1977. 9p. Traba-lho apresentado no II Curso IntensivoNacional de Mandioca, Cruz das Almas,BA, 1977.

7. MATTOS, P. L. P. da; ALMEIDA, P.A. da.Poda e conservação de ramas de mandioca.Cruz das Almas, BA: Embrapa-CNPMF,1979. 11p. Trabalho apresentado no IIICurso Intensivo Nacional de Mandioca,Cruz das Almas, BA, 1979.

8. EMPASC. Sistemas de produção paramandioca ; Santa Catarina (2a revisão).Florianópolis: Empasc/Acaresc, 1987.38p. (Empasc/Acaresc. Sistemas de Pro-dução, 9).

9. BOY, A. Conservacion de batata bajopolietileno. Boletim Agropecuário n.3, SanPedro, 1974. p.6.

10. THOMAZELLI, L. ALMEIDA, E. X. de;PIANA. Z. Avaliação de diferentes tipos dearmazenamento na qualidade de manivasde mandioca. In: CONGRESSO BRASI-LEIRO DE MANDIOCA, 6., 1990, Londri-na, PR. Programação e Resumos. Londri-na, PR: SBM, 1990. p.75.

11. THOMAZELLI, L.F.; TERNES, M.;ALMEIDA, E. X. de; PETRY, D.J. Formasde armazenamento e qualidade de ramasde mandioca. Agropecuária Catarinense,Florianópolis, v.10, n.4, p.17-18, dez. 1997.

Lucio Francisco Thomazelli, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 3.822-D, Crea-PR, Epagri/Estação Experimental de Ituporanga, C.P.121, 88400-000 Ituporanga, SC, fone/fax: (047)833-1409, e-mail: [email protected];Murito Ternes , eng. agr. Ph.D., Cart. Prof.454-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimen-tal de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC,fone: (047) 346-5240, fax: (047) 346-5255;Carlos Luiz Gandin, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 3.141-D, Crea-SC, Epagri, C.P. 502,88034-901 Florianópolis, SC. fone: (048) 239-5500.

Instituto Cepa/SC, 1995. p.104-107.

3. MATTOS, P.L.P. da; THOMAZELLI, L.F.;MAEREGGER, T.G.; CUNHA, A.A.;CANDIA, J.C.; PLETSCH, R.;TAKAHASHI, M. Manejo de material depropagacion de mandioca. Unidades deaprendizaje para la capacitacion en

o

Amostra(%)

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REGISTRO

Laboratório da EpagriLaboratório da EpagriLaboratório da EpagriLaboratório da EpagriLaboratório da Epagrirecebe título derecebe título derecebe título derecebe título derecebe título de

qualidadequalidadequalidadequalidadequalidade

A análise de solo é uma das prin-cipais medidas que devem seradotadas pelo agricultor com o obje-tivo de melhor usar e, ao mesmotempo, preservar o solo. A Epagri/Estação Experimental de Ituporangavem trabalhando com seu laborató-rio de solos desde 1990, prestandoserviços praticamente para todas asregiões do Estado de Santa Catarina,especialmente à Região do Alto Valedo Itajaí, com 28 municípios. Recen-temente este laboratório recebeuvários investimentos para melhoriade pessoal e infra-estrutura, aumen-tando assim sua capacidade diária deprocessamento de amostras de soloem cerca de 70%. Esses aspectoscontribuíram de maneira decisivapara que essa entidade recebesse oConceito Máximo de Exatidão, con-ferido pelo Programa de Controle deQualidade de Análises de Solos daRede Oficial de Laboratórios de Aná-lises de Solo e de Tecido Vegetal dosEstados do Rio Grande do Sul e deSanta Catarina – Rolas –, o queproporciona uma garantia de quali-dade de seu serviço prestado. Dessaforma, a Epagri espera que esse ser-viço seja cada vez mais utilizadopelos produtores rurais.

Maiores esclarecimentos podemser obtidos através do fone: (047)533-1409 ou e-mail: [email protected].

mada em 162,25 milhões de doses peloMinistério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento – Mapa –, cujo pontomáximo será nos meses de outubro enovembro. A informação é de Sebas-tião da Costa Guedes, vice-presidentedo Sindicato Nacional da Indústria deProdutos para Saúde Animal – Sindan–, entidade que reúne os laboratóriosfabricantes de produtos veterinários.

Segundo Guedes, Mapa e iniciati-va privada estão tomando uma sériede medidas para ampliar a fabrica-ção de vacinas e suprir totalmenteas necessidades, além de gerarestoque estratégico de cerca de 10,75milhões de doses. Nos últimos dias,governo e indústrias tiveram váriosencontros para definir a estratégiade ação. Entre as medidas acertadascom o diretor do Departamento deDefesa Animal do Mapa, Paulo Lou-renço da Silva, estão a agilização dostestes de qualidade das vacinas e en-contros quinzenais para acompanha-mento da campanha e tomada de deci-sões. Nestas reuniões, técnicos dogoverno e dirigentes das indústriasvão discutir o ritmo de fabricação, aperformance dos testes e o atendi-mento da demanda, prevenindo e cor-rigindo eventuais problemas envolvi-dos.

Paulo Lourenço da Silva ressaltaque o governo deverá controlar 100%

das partidas produzidas de duas for-mas: acompanhando os testes deinocuidade e esterilidade – a seremfeitos em todas as partidas de vaci-nas – e agilizando os testes de potên-cias – estes de responsabilidade doMinistério e realizados em proprie-dade rural em Sarandi, RS. Outradecisão foi a possibilidade de realizartestes em paralelo, de forma a acele-rar o processo sem perder o foco naqualidade da vacina.

“Estas ações realizadas em con-junto possibilitarão maior agilidadeda logística envolvida nos testes,revertendo em menor prazo paraanálises e maior disponibilidade devacinas no mercado”, informa Se-bastião Costa Guedes, do Sindan.“Com isso, haverá vacina mais doque suficiente para atender à de-manda prevista”, complementa o di-rigente.

Produção recorde – O aumentoda disponibilidade de vacina contrafebre aftosa no segundo semestrenão significa apenas a tranqüilidadedo mercado em termos de oferta doproduto. As medidas implementadaspelo governo e pelas indústrias le-vam à produção recorde de 328 mi-lhões de doses, 44 milhões de dosesa mais (ou 15%) do que a demanda de284,6 milhões, prevista inicialmentepelo Ministério.

VVVVVacina contra febreacina contra febreacina contra febreacina contra febreacina contra febreaftosaaftosaaftosaaftosaaftosa

Governo e indústrias definem re-gras para aumentar oferta do produ-to e atender a todas as necessidadesda segunda fase da campanha devacinação.

A indústria veterinária deveráproduzir 173 milhões de doses devacina contra febre aftosa neste se-gundo semestre para atender a todaa demanda da campanha oficial deerradicação da doença no país, esti-

Biotecnologia aplicada à produção Biotecnologia aplicada à produção Biotecnologia aplicada à produção Biotecnologia aplicada à produção Biotecnologia aplicada à produção in vitroin vitroin vitroin vitroin vitrode mudasde mudasde mudasde mudasde mudas

Fernando Adami Tcacenco, Gilmar Roberto Zaffari, Antonio Oliveira Lessa,Edemar Brose, Renato Luís Vieira, Gilberto Luiz Dalagnol e

Mário Ângelo Vidor

Várias são as biotecnologias comaplicação na agricultura e na pecuá-ria. Na área animal, a cultura e atransferência de embriões podem con-tribuir para a melhoria genética dosrebanhos, e o diagnóstico de doenças,bem como a caracterização moleculardos patógenos, podem contribuir so-bremaneira para a melhoria das con-dições de saúde dos rebanhos. Aindana área animal, pode-se antever a

aplicação em larga escala de siste-mas de imunização genética. Na áreavegetal, incluem-se a cultura de ór-gãos e tecidos, a indução de muta-ções e o uso de marcadores mole-culares como auxiliares no melhora-mento genético. São também impor-tantes o desenvolvimento de estra-tégias de resistência a fitopatógenose a melhoria da qualidade nutricionale agronômica de culturas por enge-

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Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

nharia genética e criação de cultiva-res transgênicas, bem como a manu-tenção de bancos de germoplasma invitro . Na área ambiental, pode-seincluir o controle da qualidade daágua e do solo e a busca por micror-ganismos para a degradação de com-postos poluentes. Resta ainda a áreade microbiologia, com identificação,estudo e preservação de microrga-nismos benéficos para o controle bi-ológico de insetos e pragas, para oaumento da fixação de nutrientespor plantas e para a melhoria dosolo.

Para sistematizar e dinamizarações de pesquisa em algumas des-tas áreas, foi criado pela Epagri, noano de 2000, o projeto “Desenvolvi-mento da biotecnologia para cultu-ras e criações estratégicas em SantaCatarina”, que conta com várias li-nhas de pesquisa que incluem, alémda micropropagação e limpeza clonal,a obtenção e caracterização de mi-crorganismos de interesse para aagropecuária, o melhoramento ge-nético assistido e os estudos de va-riabilidade genética em culturas ecriações importantes para SantaCatarina.

Para a concretização desse proje-to, a Epagri conta com dois laborató-rios de biotecnologia, um localizadona Estação Experimental de Lages eoutro na Estação Experimental deItajaí, e com um laboratório satélite,na Estação Experimental de Caça-dor. Essas unidades possuem salasde propagação e crescimento, alémde uma estrutura para a realizaçãode testes sorológicos e moleculares,garantindo assim um volume consi-derável de produção de mudas comalta qualidade fitossanitária e gené-tica, nas culturas de banana, abaca-xi, pêra, maçã, alho, medicinais,citros, ornamentais, uva, ameixa,morango, mandioca e outras. As mu-das produzidas se destinam tanto aprojetos de pesquisa, para testar opotencial das mesmas no aumentoda produtividade das culturas, quan-to para a comercialização diretamen-te a produtores ou a associações deprodutores. Esses laboratórios de-senvolvem ainda outras linhas de

pesquisa, incluindo a caracterizaçãode linhagens e cultivares através debiologia molecular, a manutenção invitro de bancos de germoplasta devárias culturas, a obtenção de duploshaplóides na cultura do arroz e aprodução de inoculantes.

O que é amicropropagação?

A necessidade de produzir mudasde alta qualidade, com pureza varietale isentas de organismos conta-minantes, exige que novas estratégi-as biotecnológicas sejam utilizadas.Dentre as muitas técnicas, a micro-propagação clonal massal de genótiposselecionados é a mais recomendada.Esta técnica permite produzir umgrande número de plantas em curtoespaço de tempo, com maior unifor-midade do material e com isenção defitopatógenos, particularmente se as-sociada a métodos de detecção e elimi-nação de viroses e outras doenças.Técnicas sorológicas como o teste Elisa(enzyme-linked immunosorbent assay)e técnicas moleculares como a PCR(polymerase chain reaction) contri-buem no sentido de se detectaremorganismos contaminantes. Neste con-texto, a Epagri tem se engajado, atra-vés de seus laboratórios de biotec-nologia e cultura de tecidos vegetais,na produção de mudas sadias de bana-na, alho, maçã, pêra, mandioca, aba-caxi, citros, morango e tantas outrasculturas de importância para SantaCatarina, contribuindo assim para ocrescimento social e econômico doEstado.

A técnica de micropropagação oupropagação vegetativa in vitro é umabiotecnologia de cultivo de partes ve-getais como meristemas, gemasapicais e axilares, segmentos nodaisou outros tipos de explante, em condi-ções de laboratório. Para tanto, sãoutilizados vidros que contêm um meiode cultura com todos os nutrientesnecessários ao crescimento e desen-volvimento do material implantado.As condições de temperatura eluminosidade são geralmente próxi-mas às que a planta teria no campo,simulando assim as condições natu-

rais para cada espécie. Com o acrés-cimo de hormônios vegetais no meio,pode-se controlar a taxa de prolifera-ção e crescimento do material, deacordo com as necessidades impos-tas em cada caso.

Uma preocupação desses labora-tórios é a verificação mais profundade possíveis organismos que este-jam infectando as plantas micropro-pagadas. Técnicas já tradicionais,como o teste sorológico Elisa e oteste molecular de PCR, são freqüen-temente utilizadas para se garantira qualidade fitossanitária do materi-al micropropagado. No primeiro tipode teste, utilizam-se anticorpos de-senvolvidos para detectar viroses quepossam estar dentro dos tecidos ve-getais, e no segundo tipo, procura-sedetectar a presença de vírus, bacté-rias ou outros organismos contami-nantes através do DNA desses orga-nismos. Esses testes são o mesmotipo rotineiramente aplicado em ou-tras situações, tais como na medici-na, para a detecção de doenças hu-manas.

Vantagens damicropropagação

Há muitas vantagens na propa-gação in vitro de mudas de váriasespécies. Para citar um exemplo, nocaso da bananicultura, a utilizaçãode mudas micropropagadas permite:

• produção de um grande númerode mudas em épocas predeter-minadas, facilitando assim o planeja-mento de grandes plantios;

• precocidade na produção, já queem geral as mudas produzidas invitro crescem mais rapidamente, flo-rescem mais cedo e completam o seuciclo antes do que mudas produzidaspor outros métodos;

• maior produtividade, sendo quena média de vários experimentos opeso de cachos produzidos por plantasde cultura in vitro foi cerca de 7%superior ao de plantas convencionaise a produtividade foi cerca de 10%superior;

• uniformidade e sincronizaçãode produção, sendo que as plantas sedesenvolvem simultaneamente e são

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Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

colhidas em um curto espaço detempo;

• obtenção de mudas com melhorqualidade fitossanitária, já que asmudas não carregam a maior partedas pragas e doenças comuns nessacultura.

A produção de grandes volumesde mudas em pequenos ambientes é,sem dúvida, a vedete das vantagensda micropropagação. Para se ter umaidéia disto, é possível se produzir, apartir de uma única planta de banana,cerca de mil novas plantas in vitroem apenas dez meses, e utilizandonão mais do que alguns poucos metrosquadrados de sala de crescimento.Isto decorre da grande capacidade deproliferação do material quandoimplantado e cultivado em laborató-rio, sob as condições ideais. A campo,tal produção só seria possível emuma área de quase 0,5ha, já que cadaplanta pode produzir apenas algu-mas mudas. No caso do abacaxi, asituação é ainda mais favorável àmicropropagação, já que um vidro dotipo “maionese” de 250g pode conteraté 50 mudinhas.

Produtos e serviços naárea de micropropagaçãodisponibilizados pelaEpagri

Três estações experimentais daEpagri, localizadas em Lages, Itajaíe Caçador, contam com laboratóriosde biotecnologia e de micropropa-gação de plantas e poderão sercontatadas para maiores informa-ções, bem como para a aquisição demudas micropropagadas:

Estação Experimental deLages: o laboratório de biotecnologiadesta estação tem concentrado seusesforços em quatro áreas distintas:

• Cultura de tecidos: até outubrode 2001 foram produzidas 16.452matrizes de pereira e macieira, livresde pragas e doenças, fruto de termo-terapia e cultivo de meristemas, paraas Estações Experimentais de SãoJoaquim e Caçador; para fruticul-tores foram produzidos 30 mil porta--enxertos de pereira e 2 mil mudasde morango.

• Microbiologia do solo: estão sendoproduzidos inoculantes para trevos,cornichão, alfafa e leguminosas degrãos como ervilha, lentilha e grão--de-bico; no ano de 2001 foramproduzidas mais de 7 mil doses deinoculantes (uma dose inocula 10kgde sementes). Há a possibilidade deserem produzidos inoculantes paraoutras culturas de interesse dedeterminada região.

• Diagnose de doenças: já estãosendo realizados testes Elisa para adiagnose das quatro principais virosesda batata (PVX, PVY, PVS e PLRV) ehá a possibilidade de diagnóstico deviroses de fruteiras e hortaliças.

• Biologia molecular: estão sendodefinidos protocolos de trabalho pararealização de estudos de variabilidadegenética em apoio ao trabalho demelhoramento genético vegetal.

Contatos poderão ser feitos com aEpagri/Estação Experimental deLages pelo fone: (049) 224-4400.

Estação Experimental de Ca-çador: nesta unidade é feita aaclimatação de mudas micropro-pagadas de maçã e pêra, limpeza devírus de alho-semente em cooperaçãocom a unidade de Lages e, ainda,manutenção in vitro de materiais ge-néticos de maçã e pêra do programade melhoramento genético da Esta-ção Experimental de Caçador.

Maiores informações poderão serobtidas pelo fone: (049) 563-0211.

Estação Experimental deItajaí: o laboratório de micropro-pagação desta unidade de pesquisa daEpagri dedica-se a duas culturas prin-cipais: banana e abacaxi. No caso dabanana, há um constante volume deprodução de mudas das cultivaresGrand Naine, Nanicão, Enxerto eMaçã, além de produção de outrascultivares em menor escala. As mu-das são disponibilizadas praticamenteo ano todo, embora para Santa Catarinao período de plantio restrinja-se àprimavera e ao verão, devido às condi-ções climáticas. Como a obtenção demudas micropropagadas, desde a en-trada no laboratório até a aclimatação,consome cerca de dez meses, prefere--se trabalhar no sistema de pedidosantecipados, o que facilita a linha de

produção e também garante a entre-ga ao produtor no prazo delimitado.No entanto, havendo disponibilida-de de mudas não encomendadas, acomercialização é feita livremente aqualquer momento, bastando paraisto entrar em contato com a equipedo laboratório. Há também produ-ção, embora em escala menor, demudas de abacaxi das cultivares Pé-rola e Smooth Cayenne.

O laboratório de biotecnologia daEstação Experimental de Itajaí estádesenvolvendo pesquisas nas áreasde produção de plantas medicinais eornamentais. No primeiro caso, pre-tende-se obter um grande volume deprodução de mudas de babosa, entreoutras, e para tanto estão sendodefinidos os melhores meios de cul-tura. Situação semelhante ocorre nocaso de plantas ornamentais, ondeos produtores do litoral norte têmdemonstrado grande interesse naprodução de mudas de várias espé-cies. Tão logo exista a possibilidadede uma produção em nível comer-cial, tanto de plantas medicinaisquanto de plantas ornamentais, a co-munidade agrícola catarinense po-derá se beneficiar de mais esta tecno-logia proporcionada pela Epagri.

Contatos para a aquisição de mu-das de bananeira ou de abacaxi pode-rão ser feitos diretamente à EstaçãoExperimental de Itajaí pelo fone (047)346-5244.

Fernando Adami Tcacenco, eng. agr.,Ph.D., Cart. Prof. 25.131-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277,88301-970 Itajaí, SC, fone: (047) 346-5244,fax: (047) 346-5255, e-mail: [email protected]; Gilmar Roberto Zaffari,eng. agr., Dr., Cart. Prof. 5.090-D, Crea-SC,Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P.277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (047) 346-5244, fax: (047) 346-5255, e-mail: [email protected]; Antonio Oliveira Lessa,eng. agr., Dr., Cart. Prof. 6.911, Crea-SC,Epagri/Estação Experimental de Lages, C.P.181, 88502-970 Lages, SC, fone/fax: (049)224-4400, e-mail: [email protected];Edemar Brose, eng. agr., Ph.D., Cart. Prof.16.825, Crea-SC, Epagri/Estação Experi-mental de Lages, C.P. 181, 88502-970 Lages,SC, fone/fax: (049) 224-4400, e-mail:[email protected]; Renato LuísVieira, eng. agr., Cart. Prof. 050.850-7,Crea-SC, Epagri/Estação Experimental deCaçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC,

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Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

fone: (049) 563-0211, fax: (049) 563-3211, e-mail: [email protected]; GilbertoLuiz Dalagnol, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.18.834, Crea-SC, Epagri/Estação Experi-mental de Lages, C.P. 181, 88502-970 Lages,SC, fone/fax: (049) 224-4400, e-mail:

[email protected]; Mário ÂngeloVidor , eng. agr., Ph.D., Cart. Prof. 22.178,Crea-SC, Epagri/Estação Experimental deLages, C.P. 181, 88502-970 Lages, SC, fone/fax: (049) 224-4400, e-mail: [email protected].

grandes centros urbanos.Visando preservar os recursos ge-

néticos de raças suínas em perigo deextinção, a Embrapa Recursos Ge-néticos e Biotecnologia e a Emater--DF realizaram, em 1999, um levan-tamento com o objetivo de identifi-car os tipos suínos naturalizados en-contrados no Distrito Federal. Comoresultado desse trabalho foram iden-tificados os tipos Piau, Nilo,Pirapetinga, Caruncho, Cuié eBassê. O levantamento pioneiro naregião, foi concluído em 2000 e éparte do inventário que deverá serrealizado em todo o território nacio-nal. Além de fornecer informaçõesimportantes como área de ocorrên-cia e estimativa da população, o estu-do permitiu localizar os criadoresdestas raças os quais são colaborado-res potenciais para a conservaçãodas mesmas.

Após encerramento desta etapa,verificou-se que há interesse, porparte de alguns produtores rurais doDistrito Federal, em produzir o “por-co verde” ou “porco orgânico”, emconseqüência de existir uma deman-da para esse tipo de produto. Assim,o suíno orgânico poderá tornar-seum alimento mais presente na mesado brasiliense e do brasileiro. Esta éa principal perspectiva depois do in-teresse demonstrado pelos produto-res orgânicos, os quais, sensibiliza-dos com a conservação de suínosnaturalizados, demonstraram inte-resse na criação com fins comer-ciais.

Como conseqüência, foi elabora-do pela Emater-DF, com a participa-ção da Embrapa e de produtoresrurais, um sistema de produção parasuínos naturalizados, a ser validadodurante o ano de 2001. Através destaparceria, pretende-se instalar umaunidade demonstrativa a qual servi-rá de modelo. O trabalho envolve,também, o Departamento deParasitologia da Universidade deBrasília, através da realização deanálises com o objetivo de verificar,nos tipos naturalizados, o grau deinfestação por helmintos gastroin-testinais.

Os trabalhos estão em andamen-

Produção orgânica de suínos poderá usar raçasProdução orgânica de suínos poderá usar raçasProdução orgânica de suínos poderá usar raçasProdução orgânica de suínos poderá usar raçasProdução orgânica de suínos poderá usar raçasnaturalizadas em risco de extinçãonaturalizadas em risco de extinçãonaturalizadas em risco de extinçãonaturalizadas em risco de extinçãonaturalizadas em risco de extinção

Silvia Tereza Ribeiro Castro

Neste início do século XXIestamos vivendo as mudanças doprogresso científico e tecnológico.Entretanto, a despeito de toda atecnologia disponível para produçãode alimentos, tanto para a populaçãohumana quanto animal, está cadavez mais evidente, em países do Pri-meiro Mundo, uma demanda poralimentos produzidos sem uso deagrotóxicos e com pouca interferên-cia no processo natural de cresci-mento e terminação. Países comoInglaterra, França, Alemanha,Espanha, entre outros, apresentamno mercado produtos com “rótuloverde” procedentes de vegetais ouanimais produzidos nestas condições.

Dentro deste contexto, a produ-ção orgânica de alimentos, especifi-camente no Brasil, vem crescendo acada ano. Há cerca de dois anos, noDistrito Federal, a Emater-DF ini-ciou o Programa de Agricultura Or-gânica. Os produtores orgânicos doDistrito Federal colocam no merca-do, principalmente, frutas, legumes,leite, frango e ovos. Existem, hoje,no Distrito Federal, pelo menos duasassociações de produtores orgânicose uma terceira em formação.

No contexto da produção orgâni-ca de suínos, faz-se necessária a uti-lização de raças que respondam favo-ravelmente neste sistema. De modogeral, no mundo, muitos povos utili-zam animais que há décadas e, àsvezes, séculos são criados extensiva-mente, alimentam-se de vegetaçãonativa, não estão submetidos, emgeral, a controle sanitário rigoroso,estão adaptados a nichos ecológicos

específicos, sobrevivem a condiçõesadversas e demonstram resistência adeterminadas doenças, em alguns ca-sos, convivendo com os agentesetiológicos sem manifestá-las.

No Brasil, parte da população ru-ral utiliza para alimentação e traba-lho animais descendentes das raçastrazidas pelos colonizadores. Estasraças encontram-se dispersas e empequeno número nas propriedadesrurais de todo o território nacional.Tais animais são preferidos pelo pe-queno produtor rural pelas razõesacima mencionadas, bem como porserem aparentemente rústicos, me-nos exigentes em relação à alimenta-ção e manejo e por apresentaremsabor diferenciado da carne e deriva-dos.

Apesar da importância destes ani-mais para o homem do campo e paraa pesquisa, algumas raças natura-lizadas brasileiras encontram-se emrisco de extinção. Isto acontece por-que, em sua maioria, elas foram ab-sorvidas ou substituídas por raçasmelhoradas, mais precoces, com índi-ces de produtividade mais elevados.Contudo, a despeito de serem maisprodutivas, as raças melhoradas sãotambém menos resistentes a doen-ças, ou seja, mais exigentes em rela-ção a cuidados sanitários, tais comocontrole de parasitas internos (ver-mes) e externos (carrapatos, piolhos,sarnas), bem como, mais exigentesem relação à alimentação e manejo.Estes animais são próprios para cria-ções intensivas sob orientação técni-ca específica, visando atender, princi-palmente, à demanda alimentar de

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Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

to e vão beneficiar todos os envolvi-dos porque a Emater tem interesseem incentivar a produção orgânica,a Embrapa Recursos Genéticos eBiotecnologia tem como objetivo con-servar as raças naturalizadas e oprodutor rural poderá aumentar suarenda com a oferta de carne suínaorgânica proveniente de um sistemade produção tecnicamente orienta-

do. Os resultados da Unidade De-monstrativa, além disso, poderão ser-vir de base para recomendações aserem utilizadas em grande parte doterritório brasileiro.

Silvia Tereza Ribeiro Castro, pesquisado-ra da Embrapa Recursos Genéticos eBiotecnologia – Curadora de Animais Domés-ticos de Pequeno Porte da Embrapa, e-mail:[email protected].

milho permaneceria favorável e porum mercado externo que não mos-trava sinais de melhora, acusoudeclínio de 8,2% na área semeada.Todavia, como o clima proporcionouum bom avanço no rendimento mé-dio das lavouras (8,2% a mais que nasafra anterior), a produção quaseque se igualou à do ano passado, ouseja, ficou apenas 0,7% menor que as524,7 mil toneladas colhidas na safra1999/00.

A comercialização, com exceçãoda do milho, também apresentou umdesempenho melhor que no ano pas-sado. Quando comparados aos doprimeiro semestre de 2000, os pre-ços do arroz aumentaram 4,4%; osda soja, 2,6%; os do feijão da primei-ra safra, 78,2% e os do feijão dasegunda safra, 66,4%. Os preçosofertados aos produtores de milho,no entanto, ficaram 26,8% abaixodos da média do mesmo período doano anterior.

A comercialização do arroz, valeressaltar, foi favorecida pelo fato dea produção nacional ter permaneci-do abaixo do patamar da demanda,pelo encarecimento das importaçõesda Argentina e do Uruguai (devido àdesvalorização do real) e pelo lança-mento dos contratos de opção porparte do governo. O excelente de-sempenho dos preços do feijão tevecomo causa principal a forte quedada produção brasileira da primeirasafra, fato que, ao sinalizar para umquadro de suprimento nacional bas-tante apertado, proporcionou firme-za ao mercado. A comercialização dasoja foi sustentada pela forte desva-lorização cambial. Este fator com-pensou com pequena folga o recuodas cotações internacionais, que apre-sentaram, na média dos primeirosseis meses deste ano, valores 12,7%inferiores aos da média do primeirosemestre de 2000.

Dentre os produtos analisados, omilho foi o que apresentou o piorresultado comercial. O grande avan-ço da produção brasileira, ao sinali-zar para um quadro de suprimentomuito folgado, derrubou os preçosem nível nacional e também emSanta Catarina. A queda só não foi

Santa Catarina – produção de grãos cresceSanta Catarina – produção de grãos cresceSanta Catarina – produção de grãos cresceSanta Catarina – produção de grãos cresceSanta Catarina – produção de grãos crescesensivelmentesensivelmentesensivelmentesensivelmentesensivelmente

Simão Brugnago Neto

Na safra 2000/01, a produçãocatarinense de grãos apresentou,pelo segundo ano consecutivo, exce-lente desempenho. Apesar de no con-junto dos quatro principais grãoscultivados no verão (arroz, feijão,milho e soja) a área ter caído 1% emrelação à safra passada (de 1.388,9mil para 1.374,5 mil hectares), aprodução cresceu 11,4% sobre a dasafra 1999/00, que, por sua vez, jáhavia aumentado 19,1% em relaçãoà de 1998/99. Os fatores que propi-ciaram a elevação da produção de4,96 milhões para 5,52 milhões detoneladas foram o maior uso detecnologia e, principalmente, o bomcomportamento do clima, conformese pode observar pelo desempenhode cada cultura.

A área total cultivada com arroz,mesmo com os preços recebidos em2000, cerca de 23% inferiores aos de1999, ainda apresentou crescimentode 1,3%. Em decorrência disso e de oclima e o uso de tecnologia terempermitido um bom incremento naprodutividade (9,3%), a produção au-mentou de 800 mil para 886 miltoneladas.

O cultivo do feijão foi fortementedesestimulado pelos baixos preçosrecebidos em 2000. A área cultivadaacusou grande declínio, tanto na pri-meira (-33%) quanto na segunda sa-fra (-30%). No global das duas safras,

a área caiu de 215 mil para 145,4 milhectares (-32,4%). A produção, embo-ra refletindo a queda de plantio, apre-sentou um desempenho razoável gra-ças a um rendimento médio 8,7%maior que no ano anterior, propiciadopelo clima. Mesmo assim, o volumetotal colhido declinou de 227,9 milpara 167,6 mil toneladas (-26,5%).

O milho foi a cultura que apresen-tou o melhor desempenho. Os exce-lentes preços registrados até o final desetembro de 2000 estimularam não sóo plantio, que cresceu 8,6%, comotambém o uso de tecnologia. Estefator, aliado ao bom clima, proporcio-nou um ganho de produtividade dequase 7% em comparação ao já bompatamar obtido na safra anterior.Como conseqüência disso, a produçãoavançou de 3,4 milhões para 3,95 mi-lhões de toneladas.

A soja, principalmente pela expec-tativa de que a comercialização do

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24 Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001

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mais acentuada porque o surpreen-dente volume das exportações na-cionais (estimadas em 3 milhões detoneladas) e os contratos de opçãolançados pelo governo ajudaram asegurar os preços.

O fraco desempenho da comer-cialização de milho, por sua expres-siva participação no montante daprodução catarinense de grãos (cer-ca de 71% do total), repercutiu desfa-voravelmente na formação do ValorBruto da Produção (VPB).

No conjunto dos grãos analisados,o VBP atingiu R$ 1.020 milhões, valor3,2% menor que o 1.054 milhões doano passado. Neste contexto, vale sa-lientar que os preços recebidos pelosprodutores, mesmo no caso do milho,apresentaram comportamento positi-vo se comparados aos custos de produ-ção.

Simão Brugnago Neto, eng. agr., InstitutoCepa/SC, C.P. 1.587, 88034-000 Florianópolis,SC, fone: (048) 239-3922, fax: (048) 334-2311.

Período de produção e maior oferta de hortaliças ePeríodo de produção e maior oferta de hortaliças ePeríodo de produção e maior oferta de hortaliças ePeríodo de produção e maior oferta de hortaliças ePeríodo de produção e maior oferta de hortaliças efrutas produzidas na Microrregião da Grandefrutas produzidas na Microrregião da Grandefrutas produzidas na Microrregião da Grandefrutas produzidas na Microrregião da Grandefrutas produzidas na Microrregião da Grande

Florianópolis, SCFlorianópolis, SCFlorianópolis, SCFlorianópolis, SCFlorianópolis, SC

Zenório Piana e Renato Cesar Dittrich

A região metropolitana da Gran-de Florianópolis tem uma populaçãode 665.700 habitantes, que consome

cerca de 41.600t de hortaliças e frutaspor ano. Boa parte desses alimentossão adquiridos de outras regiões do

Estado ou do país, o que determinaum aumento no seu preço em funçãodo custo de transporte. A Epagri/Ciram conduziu uma pesquisa visan-do detectar as espécies produzidasna região e o período de maior produ-ção e oferta, com o objetivo de forne-cer subsídios para um trabalho deplanejamento, com possibilidades deincrementar a produção e ampliar operíodo de cultivo de hortaliças efrutas.

O estudo foi realizado junto ahorticultores da microrregiãopolarizada da Grande Florianópolis,constituída por catorze municípios(Águas Mornas, Angelina, Anitá-polis, Antônio Carlos, Biguaçu,Florianópolis, Governador CelsoRamos, Palhoça, Paulo Lopes,Rancho Queimado, Santo Amaro daImperatriz, São Bonifácio, São Josée São Pedro de Alcântara), no períodode 28/2 a 3/3/2000. Um questionáriofoi aplicado a uma amostra casualsimples de tamanho n=45, de umapopulação de aproximadamente 450agricultores, que comercializam asua produção hortícola (olerícolas efrutas) nas Centrais de Abaste-cimento de Santa Catarina – Ceasa/SC –, unidade de São José.

A pesquisa mostrou que, dos 14municípios da microrregião polari-zada da Grande Florianópolis, cincodestacam-se na produção de hortali-ças e frutas: Águas Mornas e Antô-nio Carlos, que representam 80%dos produtores (40% cada um), Ange-lina e Biguaçu, com 8,9% cada um eRancho Queimado, com 2,2%.

Na Tabela 1 são mostradas, porordem alfabética, as principais hor-taliças e frutas produzidas na regiãometropolitana, o período de produ-ção e de maior oferta e a porcenta-gem de horticultores envolvidos comcada cultura. Observou-se um nú-mero elevado de horticultores pro-duzindo abóbora, agrião, alface, ba-tata-inglesa, beringela, beterraba,brócolis, cebola, cebolinha, cenoura,chuchu, couve-flor, couve-folha, fei-jão-vagem, pepino, pimentão, repo-lho, salsa e tomate. A produção defrutas envolve uma porcentagempouco expressiva de agricultores, não

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ultrapassando 13,3% do total pesqui-sado.

Em termos tecnológicos, apenas6,7% das propriedades fazem cultivoprotegido. Observa-se um percentualexpressivo de horticultores que jápraticam a “agricultura orgânica”(13,3%), cultivando principalmentecouve-flor, pepino, repolho, rúcula esalsa. Supermercados da região me-tropolitana que há três anos comer-cializavam apenas 5% das hortaliçasfolhosas, produzidas no sistema or-gânico, atualmente vendem 50%,incluindo ainda produtos como ce-noura, beterraba e pimentão. Háuma possibilidade real de incremen-to na produção de hortaliças orgâni-cas na região, tendo em vista a de-manda crescente pela população porprodutos mais saudáveis. Pelos da-dos levantados, observa-se que exis-te um grande potencial de ampliaçãono período de produção de hortaliçasna região (Tabela 1), tendo em vistaa diversidade climática devida a dife-renças de altitude. Numa distânciainferior a 100km tem-se uma dife-rença de 800m de altitude, variandode 0 a 800m, o que ocasiona varia-ções de temperatura, permitindo aexploração das espécies em épocasdiferentes. Em determinadas situa-ções observam-se efeitos negativosdas geadas tardias ou precoces. Nou-tras, o efeito prejudicial de precipita-ções pluviométricas excessivas, poralagamento nas áreas mais baixas.Os períodos de seca normalmentesão contornados, na olericultura, coma tecnologia da irrigação. Existeainda a possibilidade de ampliar aárea com cultivo protegido e irrigadacom tecnologia adequada. Observou-se a falta de uma melhor organiza-ção da produção para evitar o avilta-mento dos preços, por excesso deoferta em determinados períodos,com conseqüente desperdício de pro-dutos.

Constata-se que as hortaliças maisintensamente cultivadas são abóbo-ra, alface, batata-inglesa, beringela,beterraba, brócolis, cebola, cebolinha,cenoura, chuchu, couve-flor, couve--folha, feijão-vagem, pimentão, re-polho, salsa e tomate. Das frutas,

Tabela 1 – Hortaliças e frutas produzidas na Microrregião da Grande Florianópolis,período de produção e maior oferta (meses) e porcentagem de horticultores envolvidos

com a cultura

Produção Maior oferta % produtoresA B C

Abóbora Ano todo Nov.-mar. 48,9Abobrinha-verde Ano todo Out.-mar. 17,8Acelga Ano todo Jun.-set. 4,4Agrião Ano todo Set.-out. 31,1Alface Ano todo Ano todo 35,6Alho Out.-nov. Nov.-fev. 2,2Alho-poró Ano todo Ano todo 2,2Almeirão Ano todo Ano todo 4,4Aipim Ano todo Abr.-nov. 28,9Batata-aipo Maio-nov. Maio-jul. 2,2Batata-doce Ano todo Fev.-jul. 17,8Batata-inglesa Ano todo Dez.-mar. 31,1Batata-salsa Maio-nov. Maio-jul. 11,1Beringela Ano todo Out.-fev. 35,6Beterraba Ano todo Maio-set. 42,2Brócolis Ano todo Maio-set. 35,6Cebola Nov.-jul. Dez.-abr. 35,6Cebolinha Ano todo Ano todo 31,1Cenoura Ano todo Abr.-dez. 40,0Chicória Ano todo Jun.-out. 24,4Chuchu Ano todo Set.-dez. 48,9Couve-flor Ano todo Jun.-out. 44,4Couve-folha Ano todo Ano todo 35,6Espinafre Ano todo Abr.-set. 28,9Ervilha Jun.-nov. Set.-out. 2,2Feijão-vagem Ano todo Set.-jan. 31,1Gengibre Maio-ago. Maio-ago. 2,2Hortelã Ano todo Ano todo 4,4Jiló Jun.-nov. Jun.-nov. 2,2Manjericão Ano todo Ano todo 2,2Melancia Dez.-mar. Dez.-mar. 24,4Milho verde Set.-abr. Nov.-mar. 20,1Moranguinho Set.-nov. Out.-nov. 4,4Mostarda Abr.-set. Abr.-set. 2,2Nabo Mar.-dez. Jul.-nov. 17,8Pepino Ano todo Nov.-mar. 51,1Pimentão Ano todo Ago.-fev. 48,9Quiabo Nov.-mar. Nov.-mar. 2,2‘‘Radicchio’’ Ano todo Jun.-out. 8,9Rabanete Ano todo Maio-nov. 24,4Repolho Ano todo Jun.-out. 42,2Rúcula Ano todo Jun.-out. 26,7Salsa Ano todo Ano todo 31,1Salsão Jun.-set. Jun.-set. 2,2Tomate Ano todo Nov.-fev. 46,7Abacaxi Dez.-mar. Dez.-mar. 8,9Banana Ano todo Ano todo 6,7Bergamota Abr.-set. Abr.-set. 13,3Laranja Mar.-jun. Mar.-jun. 13,3Limão Maio-out. Maio-set. 6,7Maracujá Nov.-fev. Nov.-fev. 2,2Tangerina Abr.-ago. Jun.-jul. 2,2Uva Dez.-fev. Dez.-jan. 2,2

Nota: A = Período total de cultivo (meses), mesmo com baixa produção.B = Período de maior oferta (meses) e maior disponibilidade do produto.C = Porcentagem de produtores que cultivam as espécies citadas.

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Produto

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destacam-se a berga-mota e a laranja (Tabe-la 1).

Estudos com análi-ses de curvas de distri-buição da produção re-gional, de importação dehortaliças e frutas deoutras regiões e Esta-dos e possibilidades deampliação do cultivo re-gional podem benefi-ciar os produtores daregião metropolitana.

Na Tabela 2 são mos-trados os meses de mai-or oferta de hortaliças efrutas na Microrregiãoda Grande Florianó-polis, servindo de refe-rência para os consumi-dores. Nesses períodoshá uma maior disponi-bilidade de produtos demelhor qualidade.

O levantamento efe-tuado possibilita às en-tidades públicas e pri-vadas um melhor pla-nejamento e direciona-mento das informaçõestecnológicas. Serve ain-da de informação aosconsumidores sobre operíodo de maior ofertade hortaliças produzidasna região, o que repre-senta normalmente pre-ços menores, já que nãonecessitam ser trans-portadas a grandes dis-tâncias e não têm gran-de valor de transporteagregado no seu preçofinal.

Zenório Piana, eng. agr.,Dr., Cart. Prof. 6.215, Crea-SC, Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone:(048) 239-5605, fax: (048)239-5597, e-mail: [email protected]; RenatoCesar Dittrich, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 18.072-8,Crea-SC, Epagri, C.P. 502,88034-901 Florianópolis, SC,fone: (048) 239-5560, fax:(048) 239-5597, e-mail:[email protected].

Tabela 2 – Período de maior oferta das hortaliças e frutas produzidas na Microrregião da GrandeFlorianópolis

Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

HortaliçasAbóboraAbobrinha-verdeAcelgaAgriãoAlfaceAlhoAlho-PoróAlmeirãoAipimBatata-aipoBatata-doceBatata-inglesaBatata-salsaBeringelaBeterrabaBrócolisCebolaCebolinhaCenouraChicóriaChuchuCouve-florCouve-folhaErvilhaEspinafreFeijão-vagemHortelãJilóManjericãoMelanciaMilho verdeMoranguinhoNaboPepinoPimentãoQuiabo‘‘Radicchio’’RabaneteRepolhoRúculaSalsaSalsãoTomate

FrutasAbacaxiBananaBergamotaLaranjaLimãoMaracujáTangerinaUva

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 27

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Milho crioulo avança no Oeste CatarinenseMilho crioulo avança no Oeste CatarinenseMilho crioulo avança no Oeste CatarinenseMilho crioulo avança no Oeste CatarinenseMilho crioulo avança no Oeste Catarinense

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

Nos últimos anos, agricultores de Anchieta, município no Oeste Catarinense, com oauxílio de entidades como sindicato, prefeitura e Epagri, estão resgatando os

chamados milhos crioulos, variedades tradicionais que estavam esquecidas. Agora,com a crescente importância da manutenção e recuperação da biodiversidade,

aliadas à agroecologia, os milhos crioulos ganham grande importância econômica esocial. Esta reportagem mostra os trabalhos que estão sendo feitos nesta área

agrícola, destacando os esforços dos pequenos agricultores familiares.

Pequenos agricultores do Sul estão recuperando variedades de milho crioulo anteriores aodescobrimento do Brasil

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28 Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Planta pré-colombiana

Imaginemos a cena seguinte, há 3mil anos, na região onde atualmenteé o México. Um agricultor, precursorda civilização maia ou asteca, cuida doque se supõe seja um cultivo de plantaspara a alimentação de sua aldeia ougrupo. Provavelmente ele estariacultivando algumas hortaliças e alijunto estava crescendo um vegetalalto e fino, oriundo de uma seleção emelhoramento contínuos de umaplanta nativa, em centenas de anos,por antepassados deste agricultor.Esta planta, uma gramínea, apre-sentava uma característica muitoprópria, diferente de outros vegetaisconhecidos. Ela carregava no seu cauleereto um suporte onde havia umpedúnculo com vários grãos, algunsamarelados, outros avermelhados,escuros, enfim um jogo intenso decores. Mas o importante é que essesgrãos forneciam a principal fonte dedieta deste povo, rica em carboidratose proteína. Ainda hoje, não só noMéxico, mas em grande parte dosdemais países da América Central eAmérica do Sul, os descendentesdestas plantas continuam a prover aspopulações rurais de uma fonteinesgotável de alimento. E não é sóisso, no mundo inteiro esse vegetaltem sido alvo de melhoramentogenético e é hoje, se não a principalfonte alimentar humana e animal,um dos mais importantes produtosagrícolas nacionais.

Sim, a espécie botânica Zea mays,conhecida popularmente por “milho”na língua portuguesa, ou “maíz” emespanhol e “maize” ou “corn” em in-glês, hoje é a descendente de umaantiga planta centro-americana, oteosinto, que possivelmente mescla-do com outras espécies afins resultouno que hoje conhecemos como o mi-lho. A partir das décadas de 30 e 40,nos Estados Unidos da América, sur-giram os primeiros materiais de altaprodutividade, os chamados híbridos,que a partir da utilização intensa deadubação química conseguiram atin-gir rendimentos bem acima das popu-lações tradicionais de milho, os cha-mados milhos crioulos ou de

polinização aberta. Da década de 40para cá, as universidades, os centrosnacionais e internacionais de pesqui-sa, os serviços de pesquisa e extensãorural no mundo inteiro têm divulgadointensamente aos agricultores o usodos milhos híbridos, também chama-dos de milhos melhorados. Estatecnologia tem sido bastante adotadapelos produtores rurais, principal-mente os mecanizados, que possuemmais recursos que a maioria dos pe-quenos agricultores familiares. Aquestão é que os milhos híbridos exi-gem, além de altas doses de aduba-ção, a necessidade de que o agricultorcompre a semente praticamentetodo ano, pois a produtividade do hí-brido cai sensivelmente após o pri-meiro ano de plantio e nos anos poste-riores.

Em anos recentes, os altos custosdos insumos agrícolas e os baixospreços pagos aos agricultores pelosseus produtos têm levado milhares depequenos e médios produtores ruraisa uma intensa descapitalização, for-çando muitos, inclusive, a deixar ocampo e procurar outras atividades,não raro engrossando a fileira defavelados nas cidades. Diante disso, odesafio de buscar técnicas alternati-vas aos insumos da dita agriculturamoderna tem propiciado o ressurgi-mento ou resgate de práticas esqueci-das ou adormecidas no meio rural.Algumas, no entanto, vêm sendo uti-lizadas há décadas pelos pequenosagricultores, em paralelo ao intensomarketing das ditas tecnologias mo-dernas. Entre estas, uma das maisimportantes é a valorização do cha-mado milho crioulo, ou milho rústico,ou seja, aquelas sementes caseirasque os pequenos agricultores vêmconservando de geração em geração eque hoje estão voltando ao seio dapropriedade familiar rural, mercê deum trabalho vigoroso de coleta, con-servação e troca de materiais. Algunsmunicípios do sul do Brasil dedicamenormes esforços para resgatar estasvariedades de milho que há centenasde anos, desde a era pré-colombiana,existem nas Américas. Cidades comoIpê e Antonio Prado, no Rio Grande doSul, Anchieta, em Santa Catarina, e

União da Vitória, no Paraná, são des-taques nos trabalhos de recuperaçãoe difusão destas sementes.

“Não é só o milho variedade oucrioulo que estamos resgatando, jáiniciamos também o trabalho de res-gate de sementes de hortaliças,leguminosas, cereais, temperos e er-vas medicinais diversas”, conta o téc-nico agrícola Adriano Canci, do Sindi-cato dos Pequenos Agricultores deAnchieta – SPA –, autor da cartilha“Milho Crioulo: produção de semen-tes orgânicas em casa”, junto com oagricultor e presidente daquela enti-dade, Leucir Carpeggiani. Fruto doesforço e dedicação dos técnicos doSindicato, de muitos pequenos agri-cultores, com apoio da prefeituramunicipal e mais recentemente daEpagri, em Anchieta, cidade que selocaliza no Extremo Oeste Catari-nense, já são conhecidos 31 tipos desementes de milho crioulo. Muitasdelas foram desenvolvidas e preser-vadas pelos índios e produtores aolongo de anos, e quatro são varieda-des melhoradas de polinização aber-ta, resultado do trabalho do engenhei-ro agrônomo M.Sc. Ivo SeverinoMacagnam, especialista em melhora-mento de plantas e atualmente asses-sor técnico da Cooperativa Regionaldos Agricultores Bio-orgânicos –Cooperbiorga –, de Mondaí, atravésdo Centro de Apoio ao Pequeno Agri-cultor – Capa.

Mas não é só no milho que Anchietase destaca. O engenheiro agrônomoIvan José Canci, irmão do Adriano eatual extensionista local da Epagri,mostra que o município já conta comquatro associações de agricultoresorgânicos, entre as quais a Associaçãodos Produtores de Milho Crioulo Or-gânico e Derivados – Asso –, queproduz, além de sementes de milhocrioulo “de boa qualidade”, comoenfatiza o Ivan, também adubos ver-des de verão e inverno e, em breve,farinha, fubá e canjica. E foi fundadahá quatro meses com a ajuda do Sin-dicato e da Epagri local. “Estamosrecuperando a dignidade e indepen-dência dos agricultores, fomentandoa sua organização para que possamproduzir seus próprios alimentos e

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comercializar produtos da agricultu-ra familiar que estão com intensademanda pelos consumidores, como éo caso dos orgânicos”, fala orgulhoso oagrônomo Ivan. Ele cita que cada umadas várias associações (ao todo sãodoze, entre orgânicas e em fase deconversão) se especializou em deter-minados produtos, tais como deriva-dos de cana (açúcar mascavo, melado,aguardente, inclusive está resgatan-do também variedades crioulas decana-de-açúcar), conservas de horta-liças (picles) e doces de frutas diver-sas, hortaliças in natura, frangos, la-ticínios e embutidos de suínos e bovi-nos. Atualmente 20 propriedades es-tão adotando o pastoreio racionalVoisin, ou seja, a criação do gado comtécnicas orgânicas, em pastejo con-trolado, em piquetes cercados, sem ouso de adubação química e agrotóxicos.Citando uma pesquisa feita no muni-cípio, Leucir Carpeggiani, do SPA,aponta que “já somam cerca de 95(11,7%) as famílias envolvidas com aprodução orgânica ou em processo deconversão, e, dos 6,5 mil ha de milhono município, cerca de 1,7 mil é culti-vado com milhos crioulos”.

Sementes produzidas emcasa

Uma das importantes vantagensdo milho crioulo ou variedade depolinização aberta é que o agricultornão precisa comprar semente de foratodo ano, como é o caso dos híbridoscomerciais. O produtor pode selecio-nar as melhores sementes, ano apósano, em cada safra, e teoricamenteconsegue semear indefinidamente,economizando preciosas divisas. IvoMacagnan adaptou dos conhecimen-tos e tradições dos pequenos agricul-tores e a partir destes organizou algu-mas técnicas de seleção, produção earmazenagem dos milhos, e emAnchieta o Adriano vem imple-mentando estas práticas. Após a esco-lha da semente coletada em algumapropriedade, para multiplicá-la é im-portante escolher o terreno. O agri-cultor deve plantar em solos com fer-tilidade média ou pouco abaixo damédia. Deve evitar áreas onde ventaforte, pois isto dificulta a polinização,e utilizar uma área de, no mínimo 3mil m². Antes de plantar, é importan-te saber o percentual de germinação.O teste pode ser feito assim: paramilho, retirar 400 sementes e plantarnum canteiro. Após alguns dias, con-tar as plantas que germinaram nor-mais e dividir por quatro. O resultadoserá o percentual de germinação. Oideal é de, no mínimo, 85%.

Para impedir que a variedade esco-lhida se misture com outras (híbridosou mesmo milho-pipoca), deve-se se-mear a 400m de distância de outroscultivos, ou plantar de maneira quefloresçam em épocas diferentes comintervalo mínimo de 35 dias. O próxi-mo passo é a adubação. Para produzirsementes de qualidade, aí entra aimportância dos adubos verdes, comotremoço, vica (ervilhaca), naboforrageiro, mucuna, crotalária, fei-jão-de-porco, aveia, gorga, etc. Os adu-bos verdes podem ser consorciados,por exemplo: nabo forrageiro e vica;nabo e gorga; tremoço e aveia; tremoço,vica e aveia. Os técnicos aconselhama não consorciar adubos verdes damesma família, como só leguminosasou só gramíneas. No verão, a dica é

consorciar milho com mucuna, feijão--de-porco, crotalária, feijão ou soja.Os agrônomos também alertam quecada região possui características pró-prias de clima e solo, e, portanto, aadaptação dos adubos verdes podevariar, devendo ser consultado o agrô-nomo, técnico local, ou um vizinhocom experiência, para saber qual amelhor consorciação e como fazê-lapara dar certo. A adubação verde podeser completada com resíduos de cul-turas, dejetos animais e rochas natu-rais moídas. É claro, uma boa análisede solo, aliada à observação das plan-tas indicadoras, é importante paraorientar melhor o cultivo e prevenireventuais desequilíbrios ou deficiên-cias na fertilidade do solo.

O próximo passo é a seleção, partefundamental de todo o processo. Elacomeça com a escolha das melhoresplantas. No caso do milho ou feijão, oagricultor ou técnico deve observarnão apenas a espiga ou vagem, mas aplanta como um todo. A colheita dosgrãos deve ocorrer no período dematuração fisiológica, quando ao tirarum grão da espiga nota-se um pequeno

Ivan José Canci, da Epagri, ressalta adiversidade de cores dos milho crioulos:"Estamos resgatando a biodiversidade"

Leucir Carpeggiani, presidente da SPA:"As sementes crioulas e a agroecologiasão parte de um novo projeto para os

pequenos agricultores de SC e do Brasil"#

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

ponto escuro na sua base. Esta práticamantém o vigor e a qualidade dassementes. No momento da colheita,devem ser escolhidas as plantas pelotamanho, que tenham caule grossopara não tombar com a ação dos ventos.No caso do milho, é melhor que tenhaporte médio, pois assim sofre menos aação do vento e há menos risco deacamar. Também fica fácil para dobrae colheita. Quanto mais folhas acimada espiga melhor, pois são elas quemais ajudam na formação do grão. Asde baixo auxiliam no crescimento daplanta. É importante que as folhas decima estejam na posição apontandopara o alto. Isso ajuda a luz do sol atocar as folhas de baixo. Devem serretiradas as espigas da metade daplanta para baixo.

Depois de seca, a espiga deve ficarcom a ponta voltada para baixo. Comisso, diminui a entrada de umidade eevita ataque de insetos e doenças.Selecionar espigas bem empalhadas.As plantas devem ser competitivas,isto é, precisam estar disputando es-paço na cova com outras. Isoladas,elas produzem boas espigas, porém,podem não ser mais produtivas. Parafazer a coleta, o agricultor deve des-prezar as primeiras fileiras oubordaduras da lavoura, e, logo que osmateriais são retirados das roças, le-var para a casa. Nunca deve jogar omaterial no chão, para evitar que assementes sejam atacadas por fungos,umidade e outros contaminantes. Nãousar como sementes aquelas espigasmal formadas ou doentes, isso com-promete a qualidade e até a produtivi-dade. Observadas essas condições, oagricultor inicia por tirar a palha daespiga e amarrar de três em três. Emseguida, pendurar no galpão e deixarpor 45 dias. Ele deve tomar cuidadopara evitar ataque de ratos. Após, senecessário, secar ao sol, não muitoforte, até atingir cerca de 16% deumidade. Não usar lona preta, e, nocaso de utilizar secador, a temperatu-ra não pode passar de 38oC. Segundoos melhoristas, a debulha manualmantém melhor a qualidade das se-mentes. Para quantidades maiores,pode-se usar batedor com baixa rota-ção e dentes não muito apertados

(Fonte: cartilha “Milho Crioulo: Pro-dução de sementes orgânicas emcasa”).

Resgatando um valiosopatrimônio

Paralelamente ao trabalho de res-gate das sementes crioulas, Anchietaestá iniciando a organização de umaunidade de beneficiamento de semen-tes que, no futuro, irá possibilitararmazenar em maior escala os mate-riais obtidos das diversas famílias nomunicípio e adjacências e, ainda,comercializar para várias cidades emdiferentes Estados. “Esta unidade atualestá funcionando nesta pequena esco-la rural desativada”, explica o exten-sionista Ivan Canci. O técnico esclare-ce que as sementes vindas dos agricul-tores são classificadas por largura,espessura e comprimento, utilizandoum batedor com peneira eletro-mecâ-nico que fica na área de entrada daantiga escola. Feito isso, procede-se àarmazenagem das sementes orgâni-cas em bambonas plásticas de 20, 40ou 50kg e até em garrafas plásticas de2 litros, quando as quantidadesrequeridas são menores. Estes recipi-entes plásticos devem ser limpos esecos.

Ivan mostra que as bambonas de20kg são vendidas pela Asso ao preçode R$ 39,00, retornando ao agricultoro valor de um real por quilo de semen-te. A diferença fica para a Associação

dos Produtores de Milho Crioulo, queutiliza as sobras para os custeios einvestimentos, com destaque para aconstrução da nova unidade. Para seter uma idéia, as sementes de milhohíbrido no comércio em geral sãovendidas ao preço de R$ 100,00 aR$ 120,00 cada 20kg, e têm que seradquiridas todos os anos, enquanto asde milho crioulo podem ser plantadase melhoradas pelos agricultores portempo indeterminado. Existe umagrande variedade de tipos de milho àvenda no local, com nomes bastanteexóticos, como Pixurum (há os tipos1, 4, 5 e 6), Amarelão, Cunha, Cateto,Azteca, Sol da Manhã, Palha Roxa,Oito Carreira Rajado, Oito CarreiraBranco, Segredinho, Mato Grosso eoutros.

O técnico agrícola Adriano Canci,principal responsável pelo trabalhode resgate do plantio e melhoramentodo milho crioulo em Anchieta, contaque se trata de um verdadeiro esforçode garimpagem. “O Oito CarreiraRajado nós buscamos em Guaporé eIpê, no Rio Grande do Sul. E tem oCunha, que já está há mais de 100anos com uma família, que o trouxedo Rio Grande há mais de 40 anos, e éum milho da classe doce”, revela.“Outra variedade, o Branco, conse-guimos exemplares aqui no município,outros no Paraná e Rio Grande, eassim por diante. Para recuperá-logeneticamente, fixando suascaracterísticas, nós cruzamos dez

Equipamentosimples, práticoe barato realiza

a classificaçãodos grãos de

milho criouloem escola

desativada domunicípio de

Anchieta

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

coletas entre si e depois selecionamosmassalmente e aí obtivemos arecomposição da variedade”, escla-rece. “Quanto mais raro o milho, maisdevemos multiplicá-lo”, explica Adria-no e enumera também o Roxo, o MatoGrosso Palha Roxa e o Rajado comomateriais muito raros. O técnico reve-la, ainda, que o trabalho de resgateiniciou com o Sindicato, em meadosde 1996, com poucas famílias, e em1997 foram feitas as primeiras lavou-ras já envolvendo cerca de 141 famíliasde agricultores. Hoje, já estão noprocesso cerca de 525, e não pára decrescer em Anchieta e na região.

Os agricultores de Anchieta produ-tores de milho crioulo, junto com ostécnicos, já têm bem definido o quequerem de ora em diante. É umaagenda bem cheia e audaciosa, ini-ciando pela criação de treze novasvariedades de milho, o resgate deantigos materiais, a multiplicação e ocruzamento de outros. Especificamen-te, querem obter uma variedade só apartir de milho branco. Por exemplo,o Cinqüentinha, que é um milho anti-go do tipo branco, está sendo coletadoem dez locais diferentes. Outra pro-posta é conseguir uma variedade degrão vermelho e, ainda, uma varieda-de que sirva para ornamentação, comsementes multicoloridas.

Um trabalho digno de nota que jáestá a campo é a formação dos milhosde polinização aberta (MPAs), que vãopermitir ao agricultor cultivar suaprópria semente indefinidamente. Sãotreze variedades, como se falou hápouco, indo do MPA1 ao MPA13 (as va-riedades estão sendo batizadas de MPAem homenagem ao Movimento dosPequenos Agricultores), tendo comoorigem o município de Anchieta. Etem ainda o projeto de cruzamento de33 milhos crioulos de vários locais dosul do país. O responsável por esteúltimo trabalho é o engenheiro agrô-nomo Volmir Frandoloso, da Secreta-ria da Agricultura do município deSão Lourenço do Oeste, próximo àAnchieta.

A seguir está uma tabela com algunsdos milhos crioulos que estão sendorecuperados e algumas de suascaracterísticas.

Proteína Resistên-Nome do Algumas bruta Óleo cia aomilho crioulo características (%) (%) alumínio

tóxico

Moroti Farináceo, baixo, precoce 9,20 3,61 MédiaCateto Duro, médio-baixo – – –Branco Dentado, duro, alto 9,18 4,01 AltaPixurum 1 Porte médio, dentado, ciclo médio 8,41 5,03 BaixaPixurum 4 Dentado, precoce 9,75 5,10 AltaPixurum 5 Médio-baixo, duro, precoce 8,29 5,05 MédiaPixurum 6 Baixo, duro, precoce 8,49 2,37 AltaPalha Roxa Alto, dentado, tardio, bastante massa 8,42 4,41 AltaAzteca Dentado, alto, tardio 8,93 5,28 AltaAmarelão Dentado, alto, tardio 9,08 3,62 AltaCunha Alto, dentado, tardio 8,24 5,32 AltaMato Grosso Semidentado, precoce, porte médio 6,94 4,80 Alta

Fonte: Cartilha “Milho Crioulo: Produção orgânica de sementes em casa”.

Unidade debeneficiamento

de milhocrioulo, através

da Asso,disponibiliza

sementes de altaqualidade paravários Estados

do Brasil

Adriano Canci aponta que os dadosda cartilha foram obtidos de análisesfeitas pela Embrapa. Atualmente, oCentro de Pesquisa para PequenasPropriedades – CPPP – da Epagri e aUniversidade do Oeste de SantaCatarina – Unoesc – estão com proje-tos de estudo e experimentação comos milhos crioulos.

Pequenos agricultoresapostam no milho crioulo

O extensionista Ivan Canci relataque este projeto de Anchieta e deoutras cidades do sul do Brasil estáintegrado numa grande rede nacionalde resgate de sementes crioulas (nãosó de milho, também de outros ce-reais, leguminosas, hortaliças, etc.)

coordenada por Organizações Não-Governamentais – ONGs –, e queenvolve também, em diferentes graus,universidades, Embrapa, prefeituras,sindicatos, os próprios agricultores esuas associações, e agora, aos poucos,estão começando a participar os servi-ços de pesquisa e extensão estaduais.Por sua vez, o técnico Adriano ressal-ta que, em recente avaliação nacionalenvolvendo onze Estados brasileiros,certas variedades, como a Carioca,chegam a rendimentos de 9 mil kg/haou 150 sacos. Só em Anchieta, de 1997para cá, foram comercializados maisde 60 mil kg de sementes de milhoscrioulos, “algo além da expectativainicial”, conforme atesta LeucirCarpeggiani, do SPA. O técnicoAdriano traz a informação de que 19#

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famílias, organizadas na Asso, estãotrabalhando no sentido de produzirsementes certificadas de alta qualida-de, melhorando, portanto, aindamais o padrão do milho crioulo. “Sen-timos que os agricultores estão incre-mentando sua auto-estima, eles estãoorgulhosos de seu trabalho e dos re-sultados até agora obtidos, eles estãogostando do que fazem”, agregaIvan.

E quem não está se queixando doque faz é o agricultor Névio Forgiarini,apesar de pequeno produtor, com bai-xa renda, da Linha São Roque, inte-rior de Anchieta. Ele e a esposa Zeli emais três filhos pequenos estão apos-tando no milho crioulo, no caso oCateto Branco e o Cateto Roxo. Dos19ha da propriedade, quatro são dedi-cados ao milho crioulo, e na últimasafra colheu com rendimento de70 sacos/ha, que não chega a ser umalto resultado, mas, considerando quepraticamente nem usou esterco nalavoura, portanto com baixo custo, nofinal foi positivo. Ele cria seis vacascujo leite é comercializado para acooperativa Terra Viva, de São Migueldo Oeste. O interessante é que, aovisitar o paiol do agricultor, notou-se

que o milho Cateto, apesar de já estararmazenado há quatro meses semnenhum controle contra pragas, nemmesmo usou folha de eucalipto ouerva-cidreira, tratamentos naturaisrecomendados, mesmo assim apre-sentava pouco ataque de gorgulho.Outro pequeno agricultor, oPompilho Dioclesio Dalwit, atual te-soureiro da Asso, produz pouco maisde 3ha dos milhos crioulos Azteca ePixurum 4. Tem algumas vacas e suaprincipal fonte de renda é o laticínio,vendendo queijo a R$ 3,50 o quilo.Para escolher as melhores sementesno processo de seleção, ele dá umadica. Para começar, ele passa umacorda a cada 10m entre as fileiras dalavoura e neste espaço escolhe a espi-ga entre nem o mais alto, nem o maisbaixo pé, e daí pega uma espiga me-diana. Desta forma, colhe no mínimo300 espigas, uma a cada 10m de filei-ra, e após secadas adequadamenteescolhe de 30 a 50 grãos do meio, queserão as chamadas sementes genéti-cas.

O agricultor Vilmar José Martini,54 anos, mais a esposa Noeli e umfilho gerenciam também uma peque-na propriedade familiar na Linha SãoPedro, em Anchieta. A família possuiuma área de apenas 9,6ha, mas bemdiversificada nas atividades: suino-cultura com 115 matrizes, 8 vacas eum pequeno açude para produção depeixe para o consumo familiar. A hor-ta é farta, e ainda há galinhas caipirase árvores frutíferas para consumopróprio e eventual venda. O trabalhocom o milho crioulo iniciou em 1999,influenciado pelo Sindicato dos Pe-quenos Agricultores após uma reu-nião. Os Martini decidiram iniciaruma pequena área (0,5ha) com o mi-lho crioulo Pixurum 5 “para experi-mentar”, como comentou seu Vilmar.Apenas com o uso de esterco de suínose de uréia caseira (fermentado líquidode esterco bovino mais fostato naturale melaço de cana), o rendimento foimuito bom, 111 sacos/ha, ou seja,6.660kg, quase o dobro da produtivi-dade média estadual.

Parte da lavoura do primeiro ano(as melhores espigas) foi selecionadae colhida antes do restante que seriadestinado ao consumo animal. Entu-siasmados com o resultado e com a

possibilidade de produzir a sementeno próprio estabelecimento, osMartini plantaram, em 2000, 4ha demilho crioulo sobre adubação verdecom vica e com o uso de esterco desuíno. A produtividade variou de 90 a115 sacos/ha. Neste ano a famílianovamente fez a escolha de espigaspara semente, de acordo com o méto-do de seleção massal estratificado,ensinado pelos técnicos Ivo e Adriano,ou seja, de cada 10m de linha tira-seuma espiga que se destaca, até atingir300 espigas; destas 300 espigas, foramtirados cerca de 40 grãos de cada umapara formar a “semente genética”,destinada à produção de semente parao próximo ano. Para a safra 2001/02em curso, os Martini estão plantandocerca de 6ha. “Como nos dois últimosanos, não vamos usar adubos quími-cos”, salientou o seu Vilmar. DonaNoeli lembrou que a cada ano gasta-vam bastante com adubos e uréiaindustrial e que, com a economia,compraram forno elétrico, máquinade sovar pão elétrica, centrífuga e atéum telefone celular. Devido aos bonsresultados alcançados e à indepen-dência que gera ao agricultor, a famí-lia Martini já forneceu sementes paraoutras oito famílias vizinhas da comu-nidade, que também gostaram e pas-saram a plantar o milho crioulo.

Finalizando, Ivan Canci lembraainda que o projeto de resgate dassementes crioulas engloba também arecuperação da gastronomia típica daregião oeste, onde o milho desempe-nha importante papel na forma depolenta, pamonha, canjica, etc. Inclu-sive cursos de culinária estão sendoorganizados para agricultores e inte-ressados. O artesanato, com produtosà base de palha, também é uma ativi-dade que está sendo resgatada. E comoforma de integração, trocas de experi-ência com outras regiões e ampliaçãodo trabalho com as sementes crioulase com a agroecologia, Anchieta vaisediar, nos dias 6 e 7 de abril de 2002,a Festa Nacional do Milho Crioulo.O evento conta com o apoio de cercade 40 entidades de vários Estados dopaís e tem uma expectativa de reunirmais de 60 experiências comagroecologia e sementes crioulas eum público de cerca de 8 mil pes-soas.

Adriano Canci, do SPA, confirma quealguns milhos crioulos chegam a atingir

produtividade de 9 mil kg/ha

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V Simpósio Latino-americano sobre Investigação eExtensão em Sistemas Agropecuários – IESA

V Encontro da Sociedade Brasileira deSistemas de Produção – SBSP

Tema Central: Agroecossistemas,Agricultura Familiar e Agricultura Orgânica

A Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção – SBSP – está

organizando e promovendo o V Simpósio Latino-americano sobre

Investigação e Extensão em Sistemas Agropecuários – IESA – e V Encontro

da SBSP, denominado V Simpósio IESA/SBSP, a se realizar em

Florianópolis, no período de 20 a 23 de maio de 2002, no Hotel Maria do

Mar.

A Epagri, a Embrapa e a UFSC estão integradas na organização e

promoção do V Simpósio IESA/SBSP, o qual tem como temas centrais:

Avanços Conceituais e Metodológicos em Agroecossistemas.

Articulação entre Agricultura Familiar e Agroecologia.

Comercialização de Produtos da Agricultura Familiar. Iniciativas para o Fortalecimento da Agricultura Familiar.

Maiores informações sobre o evento poderão ser obtidas peloe-mail: [email protected] e na homepage: www.epagri.rct-sc.br

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34 Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001

A vespa-da-madeira – área de ocorrência,A vespa-da-madeira – área de ocorrência,A vespa-da-madeira – área de ocorrência,A vespa-da-madeira – área de ocorrência,A vespa-da-madeira – área de ocorrência,medidas de prevenção e controlemedidas de prevenção e controlemedidas de prevenção e controlemedidas de prevenção e controlemedidas de prevenção e controle

Wilson Reis Filho, Edson Tadeu Iede, Susete do Rocio Chiarello Penteado eVilson José Olsen

pesar de ser conhecida comopraga secundária nos países de

origem, a vespa-da-madeira, Sirexnoctilio F., 1793, passou a ser conside-rada como praga de importância eco-nômica nos povoamentos de Pinusspp., nos países onde foi introduzidaacidentalmente, como Nova Zelândia,Austrália, Uruguai, Argentina, Brasile, mais recentemente, África do Sul.

As espécies exóticas cultivadas emsistemas de monocultura são maissuscetíveis a problemas fitossanitáriosdo que as espécies nativas em flores-tas naturais. No caso de Pinus spp .,esta realidade foi agravada pelas prá-ticas culturais inadequadas, favore-cendo o ataque da vespa-da-madeira,Sirex noctilio, introduzida acidental-mente em 1988, no Rio Grande Sul.Atualmente, esta praga está presentetambém em Santa Catarina e noParaná, disseminando-se, em média,de 30 a 50km/ano, constituindo-se namais importante praga do Pinus spp.no Brasil.

Os prejuízos causados pela praga,desde a sua constatação no Brasil,levaram à criação, em 1989, do FundoNacional de Controle à Vespa-da-Ma-deira – Funcema –, com vistas à im-plantação do Programa Nacional deControle à Vespa-da-Madeira –PNCVM –, conduzido sob a responsa-bilidade técnica da Embrapa Flores-tas.

Em 1989, o Funcema, juntamentecom a Associação Catarinense deReflorestadores, o Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento –Mapa –, a Comissão Estadual de Con-trole da Vespa-da-Madeira, o Institu-to Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais – Ibama – e a

Embrapa Florestas, estruturou umplano de ação conjunta com o objetivode monitorar a presença da vespa-da--madeira no Estado de Santa Catarina.Foram instalados 31 grupos de árvo-res-armadilha na fronteira com o RioGrande do Sul (um grupo a cada 10km)para a detecção precoce do inseto.

Em Santa Catarina, onde a vespa--da-madeira ocorre em 84 municípios,para a execução do programa coopera-tivo de controle à vespa-da-madeira, oEstado foi dividido em 11 regiões, asquais ficaram sob a responsabilidade

das empresas do setor florestal (Figu-ra 1).

Aspectos bioecológicos

Os adultos deste inseto apresen-tam o corpo cilíndrico robusto, com aporção final do abdome pontiaguda. Otamanho do inseto é variável, oscilan-do de 9 a 36mm. A fêmea é de colora-ção azul-metálica, com exceção daspernas, que são marrom-averme-lhadas. A projeção final pontiaguda ébem pronunciada e serve para prote-

Fonte: Mobasa/Conglomerado Batistella.

Figura 1 - Área atacada por vespa-da-madeira (Sirex noctilio) em Santa Catarina

A

EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

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EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

ger o abdome. Os machos apresentamquatro segmentos amarelo-alaran-jados no abdome, com pernas posteri-ores grossas e quase completamentepretas (1) (Figura 2).

As larvas de S. noctilio são cilíndri-cas e de coloração branco-amarelada,com a cabeça arredondada, pernasrudimentares e um espinho supra--anal preto. As larvas-macho têm trêspequenas manchas marrons (2) (Figu-ra 3).

As fêmeas ovipositam em média212 ovos, variando de 21 a 458 deacordo com o tamanho do inseto (2).Podem realizar posturas simples (comuma única câmara) ou múltiplas (vá-rias galerias com ovos a partir de umaúnica perfuração) nas árvores de Pinusspp., a uma profundidade média de12mm (2). Em 1969 foi observado (3)que, em posturas simples, a fêmeadeposita apenas esporos de fungo e amuco-secreção (Figura 4).

Quando S. noctilio oviposita,freqüentemente perfura duas a trêscâmaras a partir de um único orifícioexterno. Em posturas múltiplas, édepositado um ovo em cada câmara,exceto na última, onde a fêmea depo-sita artrósporos do fungo simbionteAmylostereum areolatum, do qual alarva de S. noctilio se alimenta. Devi-do à possibilidade de contaminação doovipositor por artrósporos de umapostura anterior, pode-se constatarovos e fungo numa mesma câmara.As posturas simples (com uma únicaperfuração) são mais freqüentes emárvores vigorosas e, neste caso, ofungo está geralmente presente; noentanto, os ovos não são numerosos(4). A larva não ingere a madeira,extraindo seus nutrientes do micéliodo fungo, que são dissolvidos pelasaliva. A secreção salivar e os nutri-entes são ingeridos e os fragmentosde madeira são regurgitados (5).

Atratibilidade, sintomasde ataque e danos de S.

noctilio em plantas dePinus spp.

Os representantes do gênero Sirexnão são considerados pragas pri-márias, visto que outros fatorespredisponentes ao ataque devem ocor-rer inicialmente, para que a árvore setorne atrativa e em condições de oinseto se desenvolver (6). Esta atra-ção é devida à liberação, através dacasca da árvore, de hidrocarbonetosmonoterpenos, originários da seivado floema ou do câmbio. Isso ocorreem partes estressadas da planta, ondese verifica também um declínio dapressão osmótica e a paralisação tem-porária do crescimento da árvore (7).

Florestas mal conduzidas desen-volvem árvores mais suscetíveis aoataque de siricídeos. Árvores derru-badas e abandonadas nas florestas,galhos quebrados, copas rejeitadas erestos deixados após exploração flo-restal favorecem a infestação (8).

O mecanismo de patogenicidadede S. noctilio em Pinus spp. deve-se àação de A. areolatum e do mucofitotóxico. Juntos, o muco e o fungodebilitam a árvore e produzem condi-

Figura 2 - Adultos de Sirex noctilio (macho à esquerda e fêmea à direita)

Fonte: Embrapa Florestas – Colombo, PR.

Figura 3 - Larva de Sirex noctilio #

Fonte: Embrapa Florestas – Colombo, PR.

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EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

ções favoráveis para oviposição, cres-cimento e alimentação das larvas.Isoladamente, nenhum dos dois, mucoou fungo, é capaz de matar a árvore(3).

Observou-se que os plantios maissuscetíveis ao ataque de S. noctilioforam aqueles que possuíam mais dedoze anos, cujas árvores encontra-vam-se estressadas. O ataque da ves-pa-da-madeira reforça o estresse atra-vés da inoculação do fungo simbiontee do muco fitotóxico durante aoviposição, sendo este fungo o respon-sável pela seca da madeira e, conse-qüentemente, pela podridão branca(2).

A vespa-da-madeira é capaz, ainda,de atacar árvores vigorosas, inocu-lando somente muco e artrósporos dofungo, em um ataque inicial. A redu-ção do vigor leva a árvore a sofrer,posteriormente, múltiplos ataquescom alta proporção de oviposição (3).

O primeiro sintoma de ataque é aexsudação de resina que escorre apartir dos orifícios de oviposição notronco e que se solidifica formando“respingos” (Figura 5). Os sintomasexternos de ataque mais visíveis são:o amarelecimento progressivo da copa,que posteriormente torna-se marron--avermelhada; murchamento da fo-lhagem e perda das acículas (Figura

Figura 4 - Fêmea de Sirex noctilio realizando postura

6); respingos de resina na casca, apartir dos orifícios de postura e orifíci-os de emergência de adultos. Interna-mente, reconhece-se a ocorrência deS. noctilio pela presença de manchasmarrons ao longo do câmbio (abaixoda casca), causadas pelo fungo A.areolatum, e galerias feitas pelas lar-vas, que comprometem a qualidade da

madeira, comprometimento este re-forçado pela penetração de agentessecundários, podendo tornar a madei-ra imprópria para o mercado (2) (Figu-ra 7).

Na Nova Zelândia, as perdas devi-do ao ataque de S. noctilio foramestimadas em mais de 30% das árvo-res, em 120 mil hectares (9). NaTasmânia, a mortalidade atingiu 40%das árvores, embora várias tentativasde erradicação tenham sido realiza-das (10). No Uruguai, após cinco anosda sua detecção, a vespa-da-madeirafoi declarada como praga nacional. Aespécie mais suscetível foi Pinustaeda, registrando-se casos de até60% de mortalidade das árvores (11).

No Brasil, por ocasião da primeiraconstatação do ataque de S. noctilio,em uma área de 176ha, verificou-seque o nível de mortalidade de árvores,que era de 9,8% em fevereiro de 1988,atingiu 60% em agosto de 1989, tendosido necessário o corte raso do povoa-mento no ano seguinte (12).

Medidas de prevenção econtrole de Sirex noctilio

As árvores que não tenham sofridonenhum tipo de dano físico e que

Figura 5 - Respingo de seiva provocado pela postura de Sirex noctilio

Fonte: Embrapa Florestas – Colombo, PR.

Fonte: Embrapa Florestas – Colombo, PR.

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 37

EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

minimizar as lesões às árvoresdurante a realização de práticassilviculturais (2).

A detecção precoce do ataque de S.noctilio, utilizando-se árvores-arma-dilha obtidas através do estressa-mento das árvores pela aplicação deherbicida, é uma técnica eficiente,não só para detecção da ocorrência daespécie, mas também porque possibi-lita a determinação de pontos de libe-ração de inimigos naturais (12). Adetecção precoce permite a liberaçãode inimigos naturais antes que a po-pulação atinja o nível de dano econô-mico. O objetivo é detectá-la antes deesta provocar um nível de mortalida-de de árvores superior a 0,1%, ou seja,de uma a duas árvores atacadas porhectare, em povoamento não desbas-tado (13).

O controle biológico da vespa-da--madeira, utilizando-se entomopató-genos e/ou parasitóides, tem sidopesquisado exaustivamente no con-trole biológico da vespa-da-madeira,empregando-se maiores esforços noestudo do nematóide Deladenussiricidicola, o agente do controle maisefetivo desta praga, podendo atingiraté 73% de parasitismo (14).

tenham crescido em condições ade-quadas são as mais capazes de re-sistir ao ataque de S. noctilio, reco-mendando-se o plantio em áreas deboa qualidade e um manejo adequado,visando manter o vigor das plantas,reduzindo, assim, o índice de mor-talidade nos estágios iniciais de ata-que.

Considera-se o ataque de S. noctiliodecorrente de problema silviculturale recomenda-se o desbaste nas épo-cas adequadas, removendo as árvo-res dominadas, bifurcadas, defor-madas e danificadas; evitar a im-plantação de povoamentos em terre-nos íngremes, que dificultam a reali-zação de práticas silviculturais; evitara realização de desbaste e poda altaem períodos que antecedam a épocade revoada de S. noctilio, bem como

Figura 7 -Madeira com

galerias elarvas de

Sirexnoctilio

#

Fonte: Embrapa Florestas – Colombo, PR.

Fonte: Embrapa Florestas – Colombo, PR.

Figura 6 - Árvoreatacada por Sirexnoctilioapresentando a copaamarelada

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EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

Considerações finais erecomendações

Medidas preventivas de controle

A prevenção do ataque da pragapode ser obtida através da adoção demedidas de monitoramento dosplantios (principalmente instalando--se árvores armadilhas) e práticassilviculturais, incluindo o desbasteseletivo, com a remoção das árvoresdoentes, danificadas e bifurcadas,considerando-se que as árvoresresistentes ao ataque de S. noctiliosão aquelas que não sofreram danosfísicos e que tenham crescido emcondições adequadas.

Dentre as práticas silviculturais, odesbaste é uma das mais importantes.A maior parte dos desbastes reduzperdas por agentes de dano, nãosomente pela prevenção, comotambém pelo aumento de vigor eresistência das árvores. Somente sobcircunstâncias especiais, o desbasteaumenta a suscetibilidade das árvoresao ataque, por exemplo, se forrealizado no período de revoada doinseto.

Controle biológico

Experiências bem sucedidas ondea praga foi introduzida demostraramque o controle biológico associado amedidas de prevenção é o métodomais eficaz e econômico para o combatede Sirex, principalmente por tratar--se de uma praga exótica, introduzidasem o seu complexo de inimigosnaturais.

Para a implantação de umprograma semelhante, no Brasil,foram introduzidos o nematóide D.siridicola e os parasitóides Ibalialeucospoides, Rhyssa persuasoria eMegarhyssa nortoni, visando propor-cionar uma maior estabilidade dapraga com o seu ecossistema.

A inoculação de D. siridicola nasárvores é feita com o auxílio de ummartelo especial, com o qual se fazorifícios a cada 30cm no tronco dasárvores. Os nematóides, que sãoenviados a campo em doses de 20ml(cada dose contém aproximadamente

um milhão de nematóides, que medemde 5 a 25mm de comprimento), sãomisturados a uma solução de gelatinaa 10% e introduzidos com o auxílio deuma seringa nos orifícios feitos namadeira com o martelo de aplicação.

Após a inoculação, os nematóidespenetram na madeira em busca doalimento, o fungo, e reproduzem-sedando origem a nematóides juvenisde vida livre. No entanto, ao encontraras larvas de Sirex, os juvenis sedesenvolvem em formas adultasinfectivas e penetram nestas larvasdeixando uma cicatriz no tegumento.Dentro da larva, dobram em tamanhoe, quando ocorre a pupação dohospedeiro, dirigem-se para seuaparelho reprodutor e penetram nosovários, esterilizando as fêmeas de S.noctilio . A fêmea adulta infectadaemergirá da árvore e colocará ovosem outra árvore, no entanto, os ovossão inférteis.

Literatura citada

1. NUTTAL, M.J. Insect parasites of Sirex(Hymenoptera: Ichneumonidae, Ibaliidae eOrussidae) Rotorua: Forest Research Institute.1980. 1p. (Série, 47).

2 . NEUMANN, F.G.; MOREY, J.L.; McKIMM,R.J. The Sirex wasp in Victoria . Victoria:Department of conservation – Forest andLands, 1987. 41p. (Bulletin, 29).

3 . COUTTS, M.P. The mechanism ofpathogenicity of Sirex noctilio on Pinusradiata: effects of symbiotic fungusAmylosterum sp. (Telophporaceae). AustralianJournal of Biological Science, Melbourne, v.22,p.915-924, 1969.

4. COUTTS, M.P.; DOLEZAL, J.E. Sirex noctilio,its associated fungus, and some aspects ofwood moisture content. Australian ForestResearch. Melbourne. v.1, n.4, p.3-13. 1965.

5. MORGAN, D.F. Bionomics of Siricidae. AnnualReview of Entomology, Palo Alto, n.13, p.239-256, 1968.

6. CHRYSTAL, R.N. Studies of Sirex parasites.The Empire Forestry Journal, London, v.2,n.7, p.145-154, 1928.

7. MADDEN, J.L. Oviposition behavior of thewoodwasp Sirex noctilio F. Australian Journalof Zoology, Melbourne, v.22, p.341-351, 1974.

8. SPRADBERRY, J.P.; KIRK, A.A. Aspects ofecology of siricid woodwasps (Hymenoptera:Siricidae) in Europe, North Africa and Turkey,with special reference to the biological controlof Sirex noctilio F. in Australia. Bulletin of

o

Entomological Research, Wallingford, v.68,p.341-359. 1978.

9. RAWLINGS, G.B.; WILSON. N.M. Sirexnoctilio as beneficial and destructive insect toPinus radiata . New Zealand Journal ofForestry, Tokoroa, n.6, p.1-11, 1949.

10. TAYLOR, K.L. The Sirex woodwasp: ecologyand control of an introduced forest insect. In:KITCHING, R.L.; JONES, R.E. The ecology ofpests; some australian case histories. Melbourne:CSIRO, p.231- 248, 1981.

11. BIANCHI PLA, M. Situacion del Sirex noctilioF. y otros insectos plaga forestales en Uruguay.In: CONFERÊNCIA REGIONAL DA VESPA-DA-MADEIRA, Sirex noctilio, NA AMÉRICADO SUL, 1992, Florianópolis, SC. Anais.Colombo: Embrapa-CNPF/FAO/USDA/Funcema, 1993. p.65-71.

12. IEDE, E.T.; PENTEADO, S.R.C.; BISOL,J.C. Ocorrência de ataque de siricídeos(Hymenoptera: siricidae) em Pinus taeda L. noEstado do Rio Grande do Sul. In: CONGRES-SO FLORESTAL DO PARANÁ, 1988.Curitiba, PR. Anais... Curitiba: Instituto Flo-restal do Paraná, 1988a. p.2.

13. HAUGEN, D.A. UNDERDOWN, M.G. Sirexnoctilio control program in response to the1987 Green Triangle oubreak. AustralianForestry, Melbourne, v.53, n.1, p.33-40, 1990.

14. PENTEADO, S.R.C. Métodos de amostragempara Sirex noctilio F. (Hymenoptera: Siricidae)e seus inimigos naturais, em Pinus taeda L.e aspectos do controle biológico. Curitiba,1995. 132p. Tese (Mestrado em CiênciasBiológicas) – Setor de Ciências Biológicas,Universidade Federal do Paraná.

15. MORGAN, D.F.; STEWART, N.C. The biologyof the woodwasp Sirex noctilio (F) in NewZealand. Transactions of the Royal Society ofNew Zealand, Wellington. v.7, n.14, p.195-204, 1966.

Wilson Reis Filho, eng. agr., Dr., Cart. Prof.10.327, Crea-PR, Epagri/Embrapa Florestas,Estrada da Ribeira, km 111, 83411-000Colombo, PR, fone: (041) 666-1313, fax: (041)666-1276, e-mail: [email protected];Edson Tadeu Iede, biólogo, M.Sc., EmbrapaFlorestas, Estrada da Ribeira, km 111, 83411-000 Colombo, PR, fone: (041) 666-1313, fax:(041) 666-1276, e-mail: [email protected]; Susete do Rocio Chiarello Penteado,bióloga, M.Sc., Embrapa Florestas. Estradada Ribeira, km 111, 83411-000 Colombo, PR,fone: (041) 666-1313, fax: (041) 666-1276, e-mail: [email protected]; UlissesRibas Júnior, eng. florestal, Cart. Prof.22.589, Crea-SC, Mobasa/Modo Batistella, BR280, km 133, 89295-000 Rio Negrinho, SC,fone: (047) 641-2200, fax: (047) 641-2224, e-mail: [email protected]; VilsonOlsen, eng. agr., Cart. Prof. 1.863, Crea-SC,Mapa/Delegacia Federal da Agricultura, RuaJoão José Godinho, 305, 88502-970 Lages,SC, fone: (049) 222-1647.

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 41

AveiaAveiaAveiaAveiaAveia

Época de semeadura de aveia brancaÉpoca de semeadura de aveia brancaÉpoca de semeadura de aveia brancaÉpoca de semeadura de aveia brancaÉpoca de semeadura de aveia branca(((((AAAAAvena sativavena sativavena sativavena sativavena sativa L.) para produção de grãos no L.) para produção de grãos no L.) para produção de grãos no L.) para produção de grãos no L.) para produção de grãos no

Estado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa Catarina

Antonio Carlos Alves e

Levi Ribas de Miranda Ramos

aveia branca é uma espécie uti-lizada para múltiplos propósitos

na agricultura: rotação de culturas,plantio direto, forragem (pastejo,fenação e ensilagem) e produção degrãos para a alimentação animal ehumana. Além disso, é uma das poucasopções de cultivo para o inverno nosul do país.

A aveia, semeada isoladamente ouem consorciação com outras espéciesforrageiras, é uma importante alter-nativa econômica na engorda de bovi-nos na entressafra e também na esta-bilidade da produção leiteira no inver-no (1).

O grão de aveia, utilizado comoflocos, farelo e farinha na alimenta-ção humana, é um produto de altovalor nutritivo (2).

Em vista disso, a cultura da aveiabranca, no sul do Brasil, vem aumen-tando sua importância socioeconômicanos últimos anos. Em 1977, o paísproduzia 37 mil toneladas de grãos (3)e era um importador desse cereal. Em1994 a produção foi de 309 mil tonela-das (3) e o país, nesse período, tornou--se auto-suficiente na produção degrãos de aveia. Atualmente, o consu-mo de aveia em casca para alimenta-ção humana e animal, no Brasil, si-tua-se em torno de 47 mil toneladas/ano e 100 mil toneladas/ano, respecti-vamente (4).

A auto-suficiência nacional desseproduto deve-se, em grande parte,aos trabalhos realizados nos últimos20 anos pela Comissão Brasileira dePesquisa de Aveia. Essa Comissãocontribuiu para geração de tecnologiaspara que a cultura atingisse bons ren-dimentos e boa qualidade do grão. Os

programas de melhoramento genéti-co da aveia executados principalmen-te pela UPF e UFRGS contribuíramdecisivamente para que isso ocorres-se. A Universidade Federal de SantaCatarina/Departamento de Fitotecniado Centro de Ciências Agrárias e aEpagri/ Estação Experimental de Cam-pos Novos também têm contribuídopara esse sucesso.

O Estado de Santa Catarina, espe-cialmente a Região do Planalto Cata-rinense, vem se confirmando, atravésdos anos, como uma das regiões dopaís onde se obtêm os maiores rendi-mentos e alta qualidade de grãos paraa cultura (5).

Embora a cultura da aveia tenhaaumentado em produção e área plan-tada nos últimos anos, o manejo (adu-

bação, controle de invasoras, pragas edoenças e época de semeadura) aindabaseia-se, em grande parte, nos resul-tados de pesquisa gerados para a cul-tura do trigo.

A definição de um período de seme-adura adequado para culturas anuaisé uma importante ferramenta para osucesso na produção de grãos. Porisso, torna-se imprescindível ozoneamento agroclimático para o cul-tivo da aveia branca, permitindo aosagricultores a possibilidade de obteros melhores rendimentos e qualidadedo grão.

O atual período de semeadura paraaveia (Figura 1 e Tabela 1) sugeridopor Alves et al . (6) foi uma adaptaçãodo calendário de semeadura para otrigo proposto por Braga & Thomé

A

Figura 1 – Regionalização de épocas de semeadura de trigo: ciclo precoce

Adaptado de: Braga & Thomé (1986) para aveia branca.

Limite das regiões

Regiões para aveia – A a D

Região não recomendada – E

#

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AveiaAveiaAveiaAveiaAveia

(7), visto que não havia estudos es-pecíficos para a cultura da aveia.Compreende dois períodos de semea-dura, sendo o primeiro denominadode recomendado, que é um períodoamplo, e o segundo denominado depreferencial, que é um período res-trito de semeadura e onde ocorremaltos rendimentos de grãos. Na Re-gião do Planalto Catarinense, porexemplo, o primeiro período de seme-adura varia de 15 de junho a 31 de

julho e o segundo, de 25 de junho a 20de julho.

Nesse sentido, o presente trabalhoteve como objetivo estudar épocas desemeadura para a cultura da aveia,visando a produção com alto rendi-mento e qualidade de grãos.

Metodologia

O trabalho foi conduzido na áreaexperimental da Epagri localizada no

município de Campos Novos, SC, nosanos de 1993 a 1995. Esse local estáinserido na Região “A” do Zoneamentoagroclimático para a cultura da aveiano Estado de Santa Catarina (8).

Os tratamentos foram constituídosda combinação de cinco épocas desemeadura e três cultivares de aveia.As épocas de semeadura foram: 1o/6,15/6, 1o/07, 15/7 e 1o/08. As cultivaresutilizadas foram UFRGS-7, CTC-1 eUPF-10. A cultivar UFRGS-7 carac-teriza-se por apresentar porte baixo eter o menor ciclo entre as cultivaresutilizadas. A cultivar UPF-10caracteriza-se por apresentar portealto e ter o maior ciclo. A cultivarCTC-1 apresenta porte e ciclointermediários em relação às trêscultivares selecionadas. O preparo dosolo (Terra Roxa EstruturadaDistrófica) foi o convencional, comuma aração e duas gradagens.

O delineamento experimental foi ode blocos casualizados, com quatrorepetições, no esquema de parcelasubdividida, sendo as cultivaresalocadas na parcela e as épocas desemeadura, nas subparcelas. Oespaçamento entre linhas foi de0,20m e cada linha possuía 5m decomprimento, em uma densidade de60 sementes aptas por metro linear. Aárea útil de cada subparcela foi de3m2, sendo colhidas as três linhascentrais de cada subparcela. Porocasião da semeadura, o solo foiadubado com 250kg/ha da fórmula5-20-10, e no período do afilhamentoadicionou-se 20kg/ha de nitrogênioem cobertura.

As variáveis analisadas foramrendimento de grão, ciclo das plantas,peso hectolitro e peso de mil sementes.

Os dados obtidos foram submetidosà análise da variância e as médiasforam comparadas pelo teste de Tukeya 5% de probabilidade. O rendimentode grãos também foi analisado pelaanálise de regressão.

Resultados e discussão

A análise do rendimento de grãos,durante os três anos de condução dosensaios, mostrou que não houvediferença significativa entre culti-vares. No entanto, ocorreu diferença

Tabela 1 – Épocas de semeadura para a aveia no Estado de Santa Catarina(A)

Região (B) Ciclo Calendário recomendado(C) Período preferencial

A Precoce 15/6 a 31/7 26/6 a 20/7B Precoce 1o/6 a 20/7 15/6 a 15/7C Precoce 25/5 a 10/7 1o/6 a 30/6D Precoce 15/5 a 30/6 15/5 a 15/6

(A) Segundo Braga & Thomé (1987). Adaptado para aveia branca.(B) Para municípios limítrofes de regiões, adotar os seguintes critérios: Região A – altitudes

entre 600 e 800m. Adotar a recomendação da Região C. Para altitudes inferiores a 600m,adotar a recomendação da Região D; Região B – altitudes entre 600 e 800m. Adotar arecomendação da Região C; Região C – altitudes superiores a 800m. Adotar a recomen-dação para a região B. Abaixo de 600m, adotar a época recomendada para a Região D;Região D – altitudes superiores a 600m. Adotar a recomendação para a região C.

(C) Observações para épocas de semeadura: Região A – compreende os municípios de AbdonBatista, Celso Ramos, Lages, Bom Retiro, Alfredo Wagner, Petrolândia, Corrêa Pinto,Otacílio Costa, Ponte Alta, Taió, Salete, Curitibanos, São José do Cerrito, Campo Belo doSul, Campos Novos, Anita Garibaldi, Fraiburgo, Cerro Negro, Mirim Doce, Monte Carlo,Ponte Alta do Norte, São Cristóvão do Sul e Vargem. Nas áreas com altitudes entre 600e 800m, como parte do município de Anita Garibaldi, Alfredo Wagner, Petrolândia, Taióe Salete, a época recomendada é a da Região C, e nas áreas desses mesmos municípioscom altitudes menores de 600m, a época recomendada é a da Região D; Região B –composta pelos municípios de Campo Alegre, São Bento do Sul, Rio Negrinho, Mafra,Itaiópolis, Papanduva, Monte Castelo, Major Vieira, Três Barras, Canoinhas, TimbóGrande, Irineópolis, Porto União, Matos Costa, Santa Cecília, Rio do Campo, Lebon Régis,Caçador, Arroio Trinta, Salto Veloso, Treze Tilhas, Água Doce, Catanduvas, Irani, PonteSerrada, Vargeão, Faxinal dos Guedes, Abelardo Luz, Calmon, Ouro Verde, Passos Maia,Santa Terezinha, Vargem Bonita e Macieira. Nas áreas de altitude entre 600 e 800m, comoparte dos municípios de Abelardo Luz, Vargeão, Rio do Campo, Itaiópolis entre outros,a época recomendada é a da Região C; Região C – compreendendo os municípios deDionísio Cerqueira, Marema, Guarujá do Sul, Palma Sola, Anchieta, Campo Erê, SãoLourenço do Oeste, São Domingos, Galvão, Xaxim, Xanxerê, Xavantina, Ipumirim,Jaborá, Presidente Castelo Branco, Joaçaba, Herval do Oeste, Erval Velho, Ibicaré,Tangará, Pinheiro Preto, Videira, Rio das Antas, Coronel Martins, Ipuaçu, LageadoGrande, Novo Horizonte e parte do município de Concórdia. Nas áreas de altitudessuperiores a 800m, como parte dos municípios de Dionísio Cerqueira, Palma Sola, CampoErê, São Lourenço do Oeste, Galvão, São Domingos, Concórdia, Ipumirim, Xavantina,entre outros, a época recomendada é a da região B. Nas áreas de altitude inferior a 600m,como parte dos municípios de Anchieta, Campo Erê, São Domingos, Xaxim, Xavantina,Ipumirim, entre outros, a época recomendada é a da Região D; Região D – composta pelosmunicípios de São José do Cedro, Guaraciaba, São Miguel do Oeste, Romelândia,Descanso, Itapiranga, Mondaí, Caibi, Cunha Porã, Maravilha, Modelo, Pinhalzinho,Saudades, Palmitos, São Carlos, Águas de Chapecó, Caxambu do Sul, Nova Erechim,Coronel Freitas, Quilombo, Chapecó, Seara, Itá, parte do município de Concórdia,Peritiba, Ipira, Piratuba, Ouro, Lacerdópolis, Capinzal, Iporã do Oeste, União do Oeste,Iraceminha, Lindóia do Sul, Serra Alta, Águas Frias, Arabutã, Arvoredo, Belmonte,Cordilheira Alta, Formosa do Sul, Guatambu, Jardinópolis, Nova Itaberaba, Paraíso,Planalto Alegre, Riqueza, Santa Helena, São João do Oeste, São Miguel da Boa Vista eSul Brasil. Nas áreas de altitude superior a 600m, como parte dos municípios deGuaraciaba, São José do Cedro, Maravilha, Modelo, Capinzal e Ouro, a época recomen-dada é a da região C.

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É pocas de sem ea dura

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de

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a)

U FGR S 7 CTC 1 UPF 10

UFR GS 7 Y=1614 ,7 + 3 4,20 x - 0,64 x2

r2 = 0,74

CTC 1 Y=2094,4 + 18,0 6 x - 0,52 x2

r2 = 0,98

UPF 10 Y=23 20,0 + 16,65 x - 0,3 2 x2

r2 = 0,89

0 5/06 15/06 30/ 06 15 /07 3 0/07

AveiaAveiaAveiaAveiaAveia

no rendimento de grãos com o atrasoda semeadura (Tabela 2). Nesseaspecto, o melhor período de semea-dura, independentemente das culti-vares, foi de 1o de junho a 15 de julho(Tabela 2).

Por outro lado, a equação de regres-são para o rendimento de grãos, mos-trou que a melhor data de semeadurapara as cultivares CTC-1, UFRGS-7 eUPF-10 foi 15 de junho, 1o de julho e20 de julho, respectivamente (Figura2). A curva de rendimento de grãos dacultivar UFRGS-7 inclinou-se acentua-damente após a melhor data desemeadura em 1o de julho. A cultivarUPF-10 teve um comportamento está-vel durante todo o período de semea-dura, enquanto a cultivar CTC-1 man-

teve um rendimento estável no iníciodo período de semeadura até apro-ximadamente 15 de julho (Figura 2).

O ciclo da planta também foi igualentre as cultivares (Tabela 3). No en-tanto, ocorreu uma drástica reduçãodo ciclo, independentemente dascultivares, com o atraso da semeadura.Isso causou redução do rendimento degrãos (Tabela 2 e Figura 2), do peso demil sementes (Tabela 4) e do pesohectolitro (Tabela 5). Embora o ciclodas plantas tenha sido semelhante, acultivar UFRGS-7 foi a que apresentouo menor ciclo e, por isso, foi a que maisreduziu o peso de mil sementes (Tabe-la 4) e o peso hectolitro (Tabela 5).

O ciclo da aveia é determinado pelasoma térmica e é um importante fator

Tabela 2 – Rendimento de grãos desaristados (kg/ha) (média de três anos) de trêscultivares de aveia em cinco épocas de semeadura. UFSC, Epagri/EECN,

Campos Novos, SC

Épocas de semeaduraCultivar

1o/6 15/6 30/6 15/7 1o/8 Média(A)

UFGRS-7 1.583 1.982 2.260 1.599 1.456 1.776 aCTC-1 2.515 2.305 2.179 1.784 1.747 2.027 aUPF-10 2.368 2.337 2.366 2.297 1.805 2.235 aMédias(A) 2.156 a 2.208 a 2.268 a 1.893 ab 1.538 b

(A) Médias seguidas pela mesma letra no sentido vertical ou horizontal não diferemsignificativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Figura 2 – Rendimento de grãos (média de três anos) de três cultivares deaveia em cinco épocas de semeadura. Campos Novos, SC

que influencia o rendimento de grãos.Semeaduras tardias de aveia causamencurtamento do ciclo da planta (9,10) e redução do tamanho da folha(11). O encurtamento do ciclo, por suavez, reduz a área fotossintética daplanta e, conseqüentemente, orendimento de grãos (12). Em vistadisso, as cultivares de aveia de menorciclo não deverão ser semeadas nofinal do calendário de semeadura, poisocorrerá redução nos componentes dorendimento e na qualidade de grãos.Essas observações também sugeremum menor intervalo de semeadurapara essas cultivares em relaçãoàquelas com ciclo maior.

O melhor período de semeadurapara aveia, com base no rendimentode grãos e independentemente do ciclodas cultivares, foi de 1o de junho a 15de julho (Tabela 2). No entanto, operíodo de semeadura sugerido poressa análise merece algumasconsiderações. A indicação dasemeadura em 1o de junho para aRegião do Planalto Catarinense émuito arriscada, porque há grandeprobabilidade de ocorrência de geada,que coincide com o emborrachamentoe o início de florescimento. Porém,nos anos em que foram conduzidos osensaios (1993 a 1995) não ocorreramgeadas. Por isso, os resultados nãoforam afetados quando a semeadurafoi realizada em 1o de junho. Altosrendimentos de grãos de aveia sãoobtidos no início do período desemeadura mas, com o risco de perdaspor geadas (9 e 10). Portanto, ocalendário de semeadura da aveia paraprodução de grãos, nessa região e comessa restrição, deverá ser limitado aoperíodo de 15 de junho a 15 de julho.

Comparando-se as épocas desemeadura para aveia sugeridas poresse trabalho, ou seja, 15 de junho a15 de julho, com aquelas feitas porAlves et al. (6), entre 15 de junho e 31de julho, no calendário amplo, e entre25 de junho e 20 de julho, no períodorestrito, verifica-se que as mesmassão semelhantes. Desse modo, o atualperíodo recomendado de semeadurapara a aveia no Estado de SantaCatarina, particularmente para aRegião do Planalto Catarinense,

#

5/6 15/6 30/6 15/7 30/7

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mostrado na Figura 1 e Tabela 1,continua sendo válido. No entanto,sugere-se que as cultivares de aveiade ciclo precoce sejam semeadas entre20 de junho e 10 de julho. Esse períodofoi aquele no qual ocorreu o maiorrendimento de grãos para a cultivarde aveia com menor ciclo, de acordocom a curva de regressão pararendimento de grão (Figura 2).

Conclusão

A aveia branca para produção degrãos não deverá ser semeada noinício de junho na Região do PlanaltoCatarinense devido à grande proba-

Tabela 3 – Ciclo das plantas (dias) da emergência ao florescimento (média de três anos)de três cultivares de aveia em cinco épocas de semeadura. UFSC, Epagri/EECN,

Campos Novos, SC

Época de semeaduraCultivar

1o/6 15/6 1o/7 15/7 1o/8 Média(A)

UFGRS-7 89 81 76 77 69 78,4 aCTC-1 94 88 80 77 72 82,2 aUPF-10 96 79 80 77 71 80,6 aMédias(A) 93 a 83 b 79 bc 77 bc 71 c -

(A) Médias seguidas pela mesma letra no sentido vertical ou horizontal não diferemsignificativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 5 – Peso hectolitro (PH) (média de três anos) de três cultivares de aveia em cincoépocas de semeadura. UFSC/Epagri/EEA, Campos Novos, SC

Época de semeaduraCultivar

1o/6 15/6 1o/7 15/7 1o/8 Média(A)

UFGRS-7 46,4 37,1 41,1 33,6 33,1 38,3 bCTC-1 53,4 45,4 41,8 39,7 41,6 44,4 abUPF-10 50,2 49,1 43,2 44,2 45,3 46,4 aMédias(A) 50 a 43,9 b 42 b 39,2 b 40 b -

(A) Médias seguidas pela mesma letra no sentido vertical ou horizontal não diferemsignificativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 4 – Peso de mil sementes (g) (média de três anos) de três cultivares de aveia emcinco épocas de semeadura. UFSC, Epagri/EECN, Campos Novos, SC

Época de semeaduraCultivar

1o/6 15/6 1o/7 15/7 1o/8 Média(A)

UFGRS-7 26,5 a 23,3 b 21 b 18,4 b 19,9 b 21,8 bCTC-1 25,7 a 24,3 ab 24,5 ab 21,5 b 21,4 b 23,5 abUPF-10 28,9 a 30,8 a 27,3 a 28,1 a 28,5 a 28,7 aMédias(A) 27,0 a 26,1 ab 24,2 bc 22,7 c 23,2 bc -

(A) Médias seguidas pela mesma letra no sentido vertical ou horizontal não diferemsignificativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

bilidade de geada por ocasião doemborrachamento e florescimento dasplantas. Também não se recomenda asemeada no final de julho e início deagosto devido ao encurtamento dociclo e perda no rendimento de grãos.

O atual período de semeaduraadotado para aveia branca, que foiadaptado da cultura do trigo, está deacordo com as necessidades destaespécie para seu adequado cresci-mento, desenvolvimento e produti-vidade de grãos.

Literatura citada

1. FLOSS, E.L. O papel da aveia como componente de

uma agricultura sustentável. In: REUNIÃO DACOMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DEAVEIA, 21., 2001, Lages, SC. Anais... Lages:UDESC, 2001. 365p. p. 11-22.

2. BEBER, R. C. Estudo comparativo de cultivares deaveia de sul do Brasil. Florianópolis: UFSC, 1996.90f. Dissertação (Mestrado em Ciência dosAlimentos) – Curso de Pós-graduação em Ciênciasdos Alimentos. Universidade Federal de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

3. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio deJaneiro: IBGE, 1994. p.127.

4. SETTI, J.M.T. Estratégias para aumentar oconsumo de grãos de aveia no Brasil. In: REUNIÃODA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISADE AVEIA, 21, 2001, Lages, SC. Anais... Lages:UDESC, 2001. 365p. p. 7-8.

5. FLOSS, E. L.; PACHECO, M.; CARVALHO, F. I. F.et al. Análise Conjunta do Ensaio Nacional deCultivares Recomendadas de Aveia, 1996. In:REUNIÃO DA COMISSÃO SULBRASILEIRADE PESQUISA DE AVEIA, 17, 1997, Passo Fundo,RS. Anais... Passo Fundo: UPF. 1997. p. 180-198.

6. ALVES, A.C.; FANTINI, A.C.; ALEXANDRE, A.D.Aveia. In: EPAGRI. Recomendações de Cultivarespara o Estado de Santa Catarina 1992/1993.Florianópolis, 1992. p.23-25. (Epagri – BoletimTécnico, 57).

7. BRAGA, H. J. ; THOMÉ, V. M. R. Regionalização deépocas de semeadura de trigo; Ciclo Precoce/1986.Florianópolis: Empasc, 1986.

8. ALVES, A.C.; ALMEIDA, M.L. Aveia Branca. In:EPAGRI. Avaliação de cultivares para o Estado deSanta Catarina 2001/2002. Florianópolis, 2001.p.28-30. (Epagri. Boletim Técnico, 117).

9. ALMEIDA, J.L.; PINHEIRO, Z.S. Ensaio de épocasde semeadura em aveia, Entre Rios, 1995. In:REUNIÃO DA COMISSÃO SULBRASILEIRADE PESQUISA DE AVEIA, 16, Florianópolis,1996. Anais... Florianópolis: UFSC. 1996, p.407-411.

10. ALMEIDA, J.L.; WOBETO, C.; CABRAL, E.Ensaio de épocas de semeadura em aveia, EntreRios, 1996. In: REUNIÃO DA COMISSÃOSULBRASILEIRA DE PESQUISA DE AVEIA,16, 1996, Florianópolis, SC. Anais... Florianópolis:UFSC, 1996. p.220-225.

11. LAITANO, C.; MUNDSTOCK, C.M. Diferenciaçãodo meristema apical associado ao comprimento dabainha da primeira folha em duas cultivares deaveia. In: REUNIÃO DA COMISSÃOSULBRASILEIRA DE PESQUISA DE AVEIA,16., 1996, Florianópolis, SC. Anais... Florianópolis:UFSC, 1996. p.86-87.

12. AMARAL, A.L.; CARVALHO, F.I.F; BARBOSANETO, J.F. et al. Efeitos da seleção para ciclo eestatura no rendimento de grãos de aveia. In:REUNIÃO DA COMISSÃO SULBRASILEIRADE PESQUISA DE AVEIA, 16, 1996,Florianópolis, SC. Anais... Florianópolis: UFSC,1996. p.92-95.

Antonio Carlos Alves, professor, UFSC/CCA/Departamento de Fitotecnia, C.P. 476, 88040-900Florianópolis, SC; Levi Ribas de Miranda Ramos,professor (aposentado), UFSC/CCA/Departamento deFitotecnia.

AveiaAveiaAveiaAveiaAveia

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Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

Influência da origem e do corte daInfluência da origem e do corte daInfluência da origem e do corte daInfluência da origem e do corte daInfluência da origem e do corte dabatata-semente no rendimento de cultivares debatata-semente no rendimento de cultivares debatata-semente no rendimento de cultivares debatata-semente no rendimento de cultivares debatata-semente no rendimento de cultivares de

batata, no Litoral Sul Catarinensebatata, no Litoral Sul Catarinensebatata, no Litoral Sul Catarinensebatata, no Litoral Sul Catarinensebatata, no Litoral Sul Catarinense

Antonio Carlos Ferreira da Silva, Zilmar da Silva Souza, José Carlos Castanheira Pedroza eDarci Antonio Althoff

Estado de Santa Catarina, embo-ra se destaque como quinto pro-

dutor nacional e primeiro produtor debatata-semente certificada, apresen-ta uma das mais baixas produtivida-des do país (12,6t/ha). Este fato podeser explicado, em grande parte, pelopouco uso de semente de boa qualida-de, sendo que mais de 90% desteinsumo, fundamental para o sucessoda bataticultura, é comercializado emoutros Estados. O preço da batata-semente de boa qualidade, represen-tando em alguns anos até 40% docusto total de produção, limita o usodeste insumo pela maioria dos produ-tores catarinenses; em conseqüência,usam batata-semente própria, nor-malmente, infectada de viroses, ouentão adquirem de outros produtorespor um custo menor, mas sem o co-nhecimento da origem e, quase sem-pre, de péssima qualidade fitossani-tária (1).

A semente é o princípio e o fim aomesmo tempo; princípio, porque édela que vai ter origem a lavoura, efim, porque todas as características,boas ou ruins, dependem dos gens, dovigor e da sanidade da semente (2). Nabataticultura, a semente, que é a pró-pria batata, é ainda mais importante,pois, além de estar sujeita a inúmerasdoenças que são disseminadas porela, representa um grande volume(em torno de 2t/ha), elevando signifi-cativamente o custo de produção. Opotencial da cultivar de batata semanifesta quando a semente tiverboa sanidade e energia suficientepara o desenvolvimento inicial da plan-

ta, associada a práticas culturais reco-mendadas.

O custo da semente de qualidadecomprovada, aliado aos preços nãocompensadores obtidos pela batata--consumo, praticamente inviabiliza ouso desta tecnologia. Mas, como ospequenos produtores, de baixo poderaquisitivo e descapitalizados, poderãocomprar batata-semente certificada?Uma das alternativas é adquirir umaparte da quantidade necessária para oplantio (12,5%) e multiplicá-la para asafra seguinte, nas melhores condi-ções fitossanitárias possíveis (3). Al-guns produtores de batata-consumodo Litoral Catarinense têm adquirido,quando disponível, o refugo de batata--semente certificada por preços maisacessíveis. Outra opção é diminuir ocusto da semente através do corte dabatata-semente do tipo graúdo e deboa qualidade, prática comum em pa-

íses como Estados Unidos e Argenti-na e comprovada através de pesquisa(4 e 5).

A pior alternativa, que está sendoutilizada pela maioria dos produtorespara reduzir o custo com semente é,sem dúvida, o uso de batata-sementeprópria produzida em lavoura de bata-ta-consumo, reservando-se os tubér-culos menores, justamente os quetêm maiores chances de ser origina-dos de plantas contaminadas por do-enças.

A questão é como reduzir o custode produção e, ao mesmo tempo,melhorar a qualidade da semente uti-lizada pelos pequenos produtores; es-tes têm preferido os tubérculos-se-mente menores, porque uma caixa dotipo II e III contém cerca de 400 e 800tubérculos-semente, respectivamen-te, e o preço é o mesmo. O ajuste domercado de batata-semente certifica-

O

EPAGRI361-Catucha

(cultivaradaptada) x

Bintje (cultivarsuscetível às do-

enças dafolhagem) #

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Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

da a esta preferência é feito, geral-mente, com a prática do contingen-ciamento, ou seja, a compra do tipomenor está condicionada à aquisiçãode tipos maiores. No caso de adquirirsemente dos tipos I, II ou fora depadrão devido ao tamanho, o corte éuma opção, desde que seja de boaqualidade fitossanitária. No Brasil, deum modo geral, a prática do corte temsido desaconselhada em regiões e épo-cas de temperaturas elevadas porque,além de permitir a entrada de váriosorganismos causadores de infecçõesnos tubérculos-semente, ainda disse-mina doenças bacterianas, fúngicas eviróticas, bem como favorece o seuapodrecimento. Do ponto de vistafitopatológico, esta possibilidade é su-ficientemente grande a ponto de invia-bilizar a prática do corte? e, do pontode vista econômico, a redução obtidano custo será suficiente para cobrir aqueda de rendimento se comparadoao do tubérculo inteiro? As respostasjá foram obtidas através de pesquisanas condições edafo-climáticas de SantaCatarina (4 e 5), faltando apenas validá--las junto aos produtores.

O presente trabalho objetivou avalidação, em propriedades de produ-tores, de resultados de pesquisa sobrea prática do corte de batata-sementevisando a produção de batata-consu-mo, bem como evidenciar a importân-cia da qualidade da batata-sementepara o sucesso da bataticultura noLitoral Sul Catarinense.

Metodologia

Unidades de observação:origens de batata-semente xcultivares

As unidades foram conduzidas noperíodo de agosto a dezembro/94, se-guindo-se o sistema de produção dosagricultores, nos municípios de Urus-sanga, Pedras Grandes, São Ludgeroe São Martinho. As cultivares testadas foram Achat,Baraka, Bintje, Elvira e Monalisa (cul-tivares estrangeiras); Baronesa,EPAGRI 361-Catucha e Monte Bonito(cultivares nacionais). A batata-semente, de boa qualida-de fitossanitária, utilizada das cultiva-res testadas, teve três origens:

• semente produzida no plantio deprimavera/93 (setembro) e colhida emdezembro/93, em Canoinhas, SC;

• semente produzida no plantio deprimavera/93 (outubro) e colhida emfevereiro/94, em São Joaquim, SC;

• semente produzida no plantio deverão/94 (janeiro) e colhida em maio/94, em São Joaquim, SC.

Os tubérculos-semente produzi-dos em Canoinhas e São Joaquimforam armazenados, em condiçõesnaturais, na Estação Experimental deSão Joaquim, logo após a colheita atéo final de julho/94.

Por ocasião da instalação das uni-dades, observou-se que as batatas-semente provenientes do plantio de

primavera de São Joaquim de todas ascultivares, em geral, apresentavam-se com pleno vigor de brotação e comboa turgescência. As batatas-semen-te provenientes do plantio de prima-vera de Canoinhas estavam combrotação adequada, mas comturgescência irregular, devido a mai-or idade das mesmas. Por outro lado,a semente oriunda do plantio de verãode São Joaquim mostrava-se com óti-ma turgescência, mas com pouca ounenhuma brotação, em função demenor idade dos tubérculos-semente.Não foi realizada quebra de dormência(forçamento da brotação) dos tubércu-los-semente.

O plantio dos tubérculos-sementefoi realizado na última semana deagosto/94, no espaçamento de 0,80mentre linhas por 0,30m entre plantas.A adubação de base, aplicada no sulcode plantio, foi em média de 1.350kg/ha de NPK, da formulação 7-11-9. Osdemais tratos culturais seguiram osistema de produção dos produtores.Foram realizadas, em média, seispulverizações de fungicidas com baseem cobre e mancozeb, para o controlede doenças da parte aérea. As unida-des não foram irrigadas.

Avaliaram-se a data de emergên-cia, desenvolvimento vegetativo, ocor-rência de doenças da folhagem, rendi-mento total e rendimento de tubércu-los graúdos (> 45mm de diâmetro).

Para análise estatística dos resul-tados obtidos, considerou-se cada lo-cal de cultivo uma repetição, sendo asparcelas constituídas de seis linhas de4,5m (21,6m2) por cultivar e origem dasemente.

Unidades demonstrativas: cortedo tubérculo-semente xtubérculo-semente inteiro

As unidades foram conduzidas noperíodo de agosto a dezembro/95, se-guindo-se o sistema de produção dosagricultores, nos municípios deUrussanga, Criciúma e São Martinho.Utilizou-se batata-semente básica dacultivar EPAGRI 361-Catucha, noespaçamento de 0,80m entre linhaspor 0,30m entre plantas, fornecidapela Embrapa/Negócios Tecnológicos,

EPAGRI361-Catucha(cultivaradaptada) xAchat(cultivarsuscetível aestiagens)

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 47

Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

unidade de Canoinhas, SC.Os tratamentos testados foram:• tubérculos-semente do tipo II

inteiros (41 a 50mm de diâmetro);• tubérculos-semente do tipo III

inteiros (29 a 40mm);• tubérculos-semente do tipo I (51

a 60mm) com dois cortes (transversale longitudinal);

• tubérculos-semente do tipo IIcom um corte (longitudinal).

O procedimento adotado para rea-lizar os cortes consta na Figura 1.

O corte foi realizado em tubércu-los-semente com boa brotação, dei-xando-se no mínimo um broto emcada parte fragmentada. Os tubércu-los-semente cortados foram tratadospor produto com base em benomyl, nadosagem de 200g do produto comerci-al/100 litros de água, em imersão du-rante 3 minutos, 2 dias antes do plan-tio, para que ocorra a cicatrização.

A adubação de base utilizada foi de1.250kg/ha de NPK da formulação

7-11-9. O plantio e as práticas cultu-rais foram realizados conforme siste-ma de produção dos agricultores. Emmédia, foram realizadas quatro pulve-rizações de produtos com base emcobre, mancozeb e metalaxyl. As uni-dades não foram irrigadas.

As avaliações, realizadas em duaslinhas de 10m, totalizando uma áreade 16m2 por tratamento, constaramdo estande, desenvolvimento vegeta-tivo, número de hastes por planta erendimento total de tubérculos. Ava-liou-se também o lucro (receita – cus-tos variáveis) obtido em cada trata-mento.

Resultados e discussão

Efeito da origem da semente naprodução de batata-consumo

Analisando-se o desempenho dacultura com diferentes origens de ba-tata-semente, constatou-se que, namédia, os rendimentos de tubérculosforam maiores quando se utilizou se-mente produzida no plantio de prima-vera em São Joaquim (Tabela 1). Esteresultado pode ser explicado, em par-te, pelo estado mais adequado debrotação e turgescência da semente.Ao serem plantadas em outubro/93 ecolhidas em janeiro/94, e posterior-mente armazenadas em condições

naturais na Estação Experimental deSão Joaquim, as batatas-semente detodas as cultivares tiveram o tempoadequado para brotar, sem esgotarsuas reservas.

Os menores rendimentos de tu-bérculos, em média, foram obtidosquando se utilizou semente produzidana primavera/93 de Canoinhas e ve-rão de São Joaquim/94. As diferentesdormências das cultivares explicam,em parte, estes resultados. A brotaçãoprecoce de algumas cultivares, embo-ra tenha desfavorecido o desempenhodestas quando se utilizou semente demaior idade (plantio de primavera deCanoinhas), favoreceu os maiores ren-dimentos quando se usou semente demenor idade (semente produzida noverão de São Joaquim). Por outrolado, as cultivares tardias de brotaçãoforam prejudicadas quando se utili-zou semente com menor idade produ-zida no verão em São Joaquim, pelofato de estarem ainda na fase de dor-mência; para estas cultivares, há ne-cessidade de realizar-se a quebra dedormência dos tubérculos-semente.

Desempenho das cultivares xorigem das sementes

As cultivares não diferiram entresi, quanto ao rendimento de tubércu-los, quando se utilizou semente pro-

Figura 1 – Procedimento adotadopara o corte dos tubérculos-semente

Tubérculo-semente inteiro

Um corte

Dois cortes

Tabela 1 – Rendimento de tubérculos (t/ha) de oito cultivares de batata, utilizando-setrês origens de semente, no plantio de inverno/94, no Litoral Sul Catarinense – média

de quatro municípios. Epagri/EEUrussanga, 2001

Rendimento de tubérculos (t/ha)(A)

Semente produzida na Semente primavera/93 produzida no verão/94 Média

Canoinhas São Joaquim São Joaquim

Elvira 20,0 a 27,2 a 26,6 a 24,6 aCatucha 22,6 a 22,6 a 23,9 ab 23,0 abMonte Bonito 21,9 a 26,2 a 19,8 ab 22,6 abBaronesa 17,8 a 23,9 a 24,7 ab 22,1 abMonalisa 17,9 a 27,1 a 15,5 c 20,1 abBintje 15,5 a 22,0 a 17,6 bc 18,3 abBaraka 21,3 a 25,6 a 6,9 d 17,9 abAchat 16,7 a 20,2 a 16,5 bc 16,8 bMédia 19,2 24,3 18,9

(A) Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferiram significativamente pelo testede Duncan a 5%.

Cultivares

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duzida na primavera (Tabela 1). Poroutro lado, quando se utilizou semen-te produzida no verão em São Joa-quim, destacaram-se, quanto ao ren-dimento de tubérculos, as cultivaresElvira, EPAGRI 361-Catucha, MonteBonito e Baronesa. A maior precoci-dade de brotação destas cultivares,associada à maior produção de tubér-culos graúdos (Figura 2), explica estesresultados. A cultivar Elvira desta-cou-se como a mais produtiva, embo-ra não tenha diferido significativa-mente das cultivares Catucha, MonteBonito, Baronesa, Monalisa, Bintje eBaraka, considerando-se a média detodas as origens de semente.

Dentre as cultivares, a Catuchadestacou-se pela estabilidade na pro-dução de tubérculos, independente-mente da origem da semente; já ascultivares Monalisa e Baraka foramas mais influenciadas pela origem dasemente, apresentando alta e baixaprodutividade de tubérculos quandose utilizou semente produzida na pri-mavera e no verão de São Joaquim,respectivamente (Tabela 1 e Figura2). A baixa precipitação, ocorrida logoapós o plantio dos tubérculos-semen-te no mês de setembro/94 (27,2mm),contribuiu para o fraco desempenho

Tabela 2 – Rendimentos de tubérculos e lucros obtidos no Litoral Sul Catarinense,utilizando-se quatro tipos de semente, em quatro situações de preços de semente e

batata-consumo – média obtida nos municípios de Urussanga, Criciúma e SãoMartinho. Epagri/Estação Experimental de Urussanga, 2001

Tipos de Rendi- Lucro batata-semente mento (R$/ha) (A)

de tubér- Relação de preços semente/consumo(B)

Tamanho Necessidade culos(caixas/ha) (t/ha) 5:1 4:1 3:1 2:1

II inteiro 100 29,8 -1.135,60 -175,20 1.493,60 4.592,80III inteiro 50 27,5 -191,60 688,40 2.228,40 5.088,40

II com um corte 50 28,3 -82,80 822,80 2.407,60 5.350,80I com dois cortes 50 25,9 -409,20 419,60 1.870,00 4.563,60

(A) Lucro = receita – custos variáveis; para cálculo da receita considerou-se apenas 80% dorendimento total de tubérculos obtidos para cada tipo de semente. Os custos variáveis(R$ 3.931,60) representam os insumos e os serviços manuais e mecânicos de um sistemade produção medianamente tecnificado (1); a semente representa 31,8% dos custos.

(B) Relação de preços semente/consumo: considerou-se o preço médio da semente deR$0,83/kg, enquanto que a batata-consumo, de R$0,17; R$0,21; R$0,28 e R$0,41,equivalendo às relações de 5:1, 4:1, 3:1 e 2:1, respectivamente.

0

5

10

15

20

25

Elvira EPAGRI

361-

Catucha

Monte

Bonito

Baronesa Monalisa Bintje Baraka Achat

Cultivare s

Re

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os

(t/h

a)

Semente de Cano inhas: plan tio de primavera

Semente de São Joaquim: p lantio de primavera

Semente de São Joaquim: p lantio de verão

Figura 2 – Rendimento de batata-consumo (tubérculos graúdos) no plantio deinverno de oito cultivares de batata, no Litoral Sul Catarinense, utilizando-se três

origens de batata-semente. Epagri/EEUrussanga, 2001

das cultivares Monalisa e Baraka,quando se utilizou semente produzidano verão em São Joaquim, plantadasem condições inadequadas debrotação.

Com relação ao tamanho dos tu-bérculos produzidos, constatou-se, deum modo geral, que todas as cultiva-res, com exceção de Achat e Bintje,

alcançaram os maiores rendimentosde tubérculos graúdos, quando se usousemente produzida no plantio de pri-mavera de São Joaquim. A maiorsuscetibilidade às doenças da folha-gem e à estiagem ocorrida logo após oplantio explicam, em parte, o baixorendimento de tubérculos graúdos dascultivares Achat e Bintje (Figura 2).Verificou-se, também, que ao utilizar--se semente oriunda do plantio deprimavera/93 de São Joaquim, as cul-tivares Baraka e Monalisa alcança-ram as maiores produtividades de tu-bérculos graúdos. Estas cultivares,conhecidas pela maior produção detubérculos graúdos e por serem debrotação tardia, somente atingem omáximo de seu potencial quando emcondições adequadas de brotação eturgescência. Por outro lado, utili-zando-se semente proveniente do plan-tio de verão/94 de São Joaquim, cons-tatou-se, de um modo geral, para to-das as cultivares, uma tendência demaior produtividade de tubérculosgraúdos, devido ao menor número dehastes por planta, em função da me-nor brotação.

Efeito do corte dotubérculo-semente norendimento de batata-consumo

Os resultados obtidos nas unida-des demonstrativas, na média de trêslocais, revelaram alta produtividade

Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 49

de tubérculos, utilizando-se diversostipos de semente (Tabela 2). No en-tanto, quando se analisou o lucro,observaram-se vantagens significati-vas quando se utilizou semente demenor tamanho em relação ao tipo IIinteiro. Os tipos III inteiro e II comum corte superaram o tipo II inteiroem 61% e 49%, respectivamente, norendimento de tubérculos, conside-rando-se a relação mais comum depreços semente/consumo (3:1). Esteresultado pode ser explicado pelo me-nor custo da semente, associado aosrendimentos semelhantes, quandocomparado ao obtido utilizando-sesemente graúda.

A análise econômica dos resulta-dos mostrou que a vantagem do corteda semente, do tipo II em relação aotipo II inteiro, foi tanto maior quantomaior a relação de preços semente/consumo. Em situação desfavorávelpara o plantio de batata-semente (re-lação de preços semente/consumo de5:1), visando a produção de batata-consumo, verificou-se que, utilizan-do-se semente do tipo II inteiro, osprejuízos foram significativamentemaiores em relação aos tipos meno-res. Os resultados evidenciaram tam-bém que o plantio de tubérculos-se-mente do tipo II inteiro, de boa quali-dade, é a pior alternativa econômicapara a produção de batata-consumo,em qualquer relação de preços se-mente/consumo. Mesmo em situaçãofavorável para o plantio, ou seja, quan-do o preço da batata-consumo alcançaa metade do valor da semente (2:1),ainda assim o lucro com sementecortada é maior, comparado ao lucroobtido com o tipo II inteiro.

Considerando-se que o recurso fi-

nanceiro para adquirir a semente é ofator mais limitante para aumentar otamanho da lavoura, verifica-se pelaTabela 2 que é preferível, quando nãohouver disponibilidade do tipo III, cor-tar a batata-semente do tipo II, eassim dobrar a área de plantio, do queplantá-la inteira.

Conclusões erecomendações

Com base nos resultados obtidoscom este trabalho, conclui-se que:

• o uso de batata-semente de boaqualidade fitossanitária e com estadoadequado de brotação e turgescência,associado a escolha correta da culti-var, é essencial para melhorar o de-sempenho da bataticultura catari-nense;

• quando não há disponibilidade debatata-semente de menor tamanho(tipo III), o corte de semente do tipograúdo (tipos I e II) é uma boa opçãopara os pequenos produtores reduzi-rem o custo de produção;

• a prática do corte viabiliza o usode semente do tipo graúdo de boaqualidade fitossanitária.

Embora não tenha ocorrido pro-blemas de apodrecimento dos tubér-culos-semente cortados, recomenda-se, sempre que possível, utilizar se-mente do tipo III inteiro. No entanto,quando não há disponibilidade de ti-pos menores de semente, o corte éuma boa opção para viabilizar o usodos tipos graúdos.

A prática do corte da batata-se-mente somente deve ser realizada emtubérculos-semente do tipo graúdo(tipos I e II – peso médio maior que41g) e com origem conhecida (batata-

semente certificada, registrada oubásica). O corte de batata-sementecom vírus, bactérias e fungos podelevar ao fracasso da lavoura, causan-do o apodrecimento da semente e adisseminação ainda maior de doen-ças.

O escalonamento de plantios e autilização de tamanhos diferentes debatata-semente na mesma lavouradevem ser evitados, pois as plantasmais velhas são mais suscetíveis àpinta preta, além de serem focos paradisseminação de viroses e outras do-enças para as plantas mais jovens.

O corte deve ser realizado em se-mentes com brotação adequada. Ouso desta prática em tubérculos compouca ou mesmo muita brotação ecom fraca turgescência (esgotados)pode proporcionar uma lavouradesuniforme e com fraco desenvolvi-mento vegetativo.

Outras recomendações, tais comoescolha da área e preparo do solocorretamente, adubação e irrigaçãoadequadas, controle integrado de do-enças e pragas e, principalmente, arotação de culturas, não podem seresquecidas no cultivo de batata. Emregiões de cultivo tradicional de bata-ta e, especialmente, em pequenaspropriedades, a rotação de culturascom gramíneas é essencial paramanter-se alta produtividade e asustentabilidade da bataticultura, tor-nando-a menos dependente dosagrotóxicos (6).

Agradecimentos

Os autores agradecem a valiosacolaboração dos engenheiros agrôno-

Desenvolvimento vegetativo de lavoura de batata-consumo utilizando-se semente cortada em propriedades de agricultores

Unidade de Urussanga Unidade de Criciúma Unidade de São Martinho

Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

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mos Claudino Madalosso (Epagri/Criciúma), Fernando D. Prevê Filho(Epagri/São Ludgero) e Luis M. Bora(Epagri/Pedras Grandes) e dos técni-cos agrícolas Vilson Vanderlei Floriano(Epagri/São Martinho) e Sérgio F.Giongo (Epagri/Urussanga), que es-colheram os produtores e auxiliaramna instalação, acompanhamento e ava-liação das unidades.

Aos agricultores José DalmolimNeto (Criciúma), Evaristo Back (SãoMartinho), Domingos Pignatel(Urussanga), Nisio Niechues (SãoLudgero) e Genuir Scremin (PedrasGrandes), o reconhecimento dos au-tores, por tornarem possível a reali-zação deste trabalho em suas propri-edades e pela dedicação demonstradana condução das unidades.

Os autores agradecem também àEmbrapa/Negócios Tecnológicos, uni-dade de Canoinhas, SC, pelo forneci-

mento de tubérculos-semente paracondução do trabalho.

Literatura citada

1. SOUZA, Z. da S; SILVA, A C.F. da;BEPPLER NETO, R. Cadeias produtivasdo Estado de Santa Catarina: Batata.Florianópolis: Epagri, 1999. 84p. (Epagri.Boletim Técnico, 104).

2. WINANDY, A L.P. Produção de batata-semente certificada. Ipagro Informa, Por-to Alegre, n.29, p.13-34, 1987.

3. BISOGNIN, D. A. Recomendações técni-cas para o cultivo da batata no Rio Grandedo Sul e Santa Catarina. Santa Maria:UFSM/Centro de Ciências Agrárias, 1996.64p.

4. SILVA, A C.F. da; MULLER, J.J.V.;AGOSTINI, I. ; MIURA, L. Tecnologiasreduzem o custo de produção de batataconsumo. Agropecuária Catarinense,Florianópolis. v.1, n.1, p.14-18, 1988.

5. AGOSTINI, I.; SILVA, A C.F. da; MULLER,

J.J.V.; MIURA, L. O corte de batata-se-mente certificada, visando a produção debatata consumo é uma tecnologia viável?SOB Informa, Itajaí, v.7, n.1/2, p.24-29,1988.

6. VIEIRA, S.A; SILVA, A.C.F. da. Efeito darotação de culturas para a batata no Lito-ral Sul Catarinense. Agropecuária Catari-nense, Florianópolis, v.12, n.3, p.33-38,1999.

Antonio Carlos Ferreira da Silva, eng.agr., M.Sc., Cart. Prof. 9.820-D, Crea-SC,Epagri/Estação Experimental de Urussanga,C.P. 49, 88840-000 Urussanga, SC, fone/fax:(048) 465-1209, e-mail: [email protected]; Zilmar da Silva Souza, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 32.070-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de São Joaquim, C.P.81, 88600-000 São Joaquim, SC, fone/fax:(049) 233-0324; José Carlos CastanheiraPedroza, eng. agr., Cart. Prof. 2.551-D, Crea-SC, Epagri/Gerência Regional de Tubarão,C.P. 301, 88701-260 Tubarão, SC, fone/fax:(048) 626-0577; Darci Antonio Althoff, eng.agr., M.Sc., Cart. Prof. 846-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Urussanga, C.P. 49,88840-000 Urussanga, SC, fone/fax: (048)465-1209.

Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

A revista Agropecuária Catari-nense aceita, para publicação, artigostécnicos ligados à agropecuária, desdeque se enquadrem nas seguintes nor-mas:1. Os artigos devem ser originais e en-

caminhados com exclusividade àAgropecuária Catarinense.

2. A linguagem deve ser fluente, evi-tando-se expressões científicas e téc-nicas de difícil compreensão. Reco-menda-se adotar um estilo técnico--jornalístico na apresentação da ma-téria.

3. Quando o autor se utilizar de infor-mações, dados ou depoimentos deoutros autores, há necessidade deque estes autores sejam referen-ciados no final do artigo, fazendo-seamarração no texto através de núme-ros, em ordem crescente, colocadosentre parênteses logo após a infor-mação que ensejou este fato. Reco-menda-se ao autor que utilize nomáximo cinco citações.

4. Tabelas deverão vir acompanhadasde título objetivo e auto-explicativo,bem como de informações sobre afonte, quando houver. Recomenda-selimitar o número de dados da tabela,a fim de torná-la de fácil manuseio ecompreensão. As tabelas deverão virnumeradas conforme a sua apresen-

tação no texto. Abreviaturas, quandoexistirem, deverão ser esclarecidas.

5. Gráficos e figuras devem ser acom-panhados de legendas claras e obje-tivas e conter todos os elementos quepermitam sua artefinalização pordesenhistas e sua compreensão pe-los leitores. Serão preparados empapel vegetal ou similar, emnanquim, e devem obedecer às pro-porções do texto impresso. Dessemodo a sua largura será de 5,7 centí-metros (uma coluna), 12,3 centíme-tros (duas colunas), ou 18,7 centíme-tro (três colunas). Legendas claras eobjetivas deverão acompanhar osgráficos ou figuras.

6. Fotografias em preto e branco de-vem ser reveladas em papel brilhan-te liso. Para ilustrações em cores,enviar diapositivos (eslaides), acom-panhados das respectivas legendas.

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gos, para um determinado númeroda revista, expira 120 dias antes dadata de edição.

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10.Todos os artigos serão submetidos àrevisão técnica por, pelo menos, doisrevisores. Com base no parecer dosrevisores, o artigo será ou não aceitopara publicação, pelo Comitê de Pu-blicações.

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12.Situações imprevistas serão resolvi-das pela equipe de editoração da re-vista ou pelo Comitê de Publica-ções.

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Agropec. Catarin., v.14, n.3, nov. 2001 51

OPINIÃO

Uma nova visão doUma nova visão doUma nova visão doUma nova visão doUma nova visão docampocampocampocampocampo

Ainor Lotério

nquanto é alardeado por aí quea vida no campo está ficando

cada vez mais difícil, ousamos falarem uma visão alentadora dele.

No campo moram inúmeras opor-tunidades de trabalho e renda. Lá háespaço e possibilidades cada vez mai-ores de produzir com qualidade ebuscar a diferenciação. Apenas o novoagricultor, o agricultor da nova era,deve se portar como um profissionalautêntico, buscando cada vez mais oaperfeiçoamento consciente e o do-mínio do seu negócio. É sabido que adependência financeira, assim comoa dependência de conhecimentos, sãofatores desastrosos em certos mo-mentos de um empreendimento.

Destarte, para empreender nocampo o agricultor tem que possuiruma visão especial e espacial da suapropriedade, situando-a numa visãoglobal.

O campo não é coisa pequena,inferior, tosca ou rústica. O campo éo lugar das sensibilidades, da produ-ção, da produtividade, de pessoasfelizes, bem sucedidas e inteligentestambém.

Quando compreendermos que ascidades surgiram e se edificaram apartir da retirada das energias e demateriais do campo, então estare-mos compreendendo a interdepen-dência campo–cidade. Neste senti-do, dá para perceber que o desenvol-vimento deve ser harmônico e nãoconflitante.

De nada resolve querermos olharapenas para o urbano e esquecermoso rural. Sempre que uma área esti-ver desprestigiada a outra vai sofrera descarga dos seus problemas, prin-cipalmente, sociais.

A visão que temos do campo nasterras catarinenses é de um espaçocom uma boa estratificação de pro-priedades, quando comparado com oterritório nacional. Das 203 mil pro-priedades rurais (até bem pouco tem-po era falava-se em 240 mil proprie-

dades), aproximadamente 90% são deagricultores familiares. Agricultoresque lá estão produzindo, trabalhandoem conjunto com seus filhos e filhas.

Uma nova visão do campo vai nosremeter a uma reflexão, vai requererde nós um direcionamento sobre odesafio dos novos padrões sucessóriosnas propriedades.

Hoje, as terras dos pequenos agri-cultores já não podem mais ser dividi-das entre três ou quatro filhos. Restaao produtor, dessa forma, adquirirnovas glebas de terra para os filhosque quiserem continuar produzindo.

De outra parte, vale mais para asociedade investir num pedaço de ter-ra para transformá-lo em uma propri-edade produtiva do que deixar os se-res humanos, cidadãos do campo, vi-rem para as cidades, na maioria dasvezes despreparados e sem mercadode trabalho, penar nas periferias.

“Se o campo não planta a cidadenão janta!” Esta é uma frase das mui-tas sábias que já ouvimos de agriculto-res nas lides do campo. Ela serve pararefletirmos sobre a importância que ocampo exerceu e exerce sobre os des-tinos e a expansão das cidades. Quan-do falamos de êxodo rural, as pessoasimaginam que ele é um mal para ocampo. Na verdade, o êxodo rural éum mal maior para as cidades, namedida em que acontece o inchaço dasperiferias, criando novas necessida-des ou demandas por serviços públi-cos, com o saneamento básico, infra--estrutura viária, saúde, energia elé-trica, água tratada, escolas, entre tan-tas outras necessidades que vão sur-gindo. Se tivessem mais consciênciados reflexos negativos que isso trazsobre as cidades, todas as administra-ções e, por conseguinte, todas as polí-ticas públicas primariam pelo apoio aohomem do campo. O êxodo rural ape-nas deixa o campo com menos popula-ção, mas não é ele o responsável pelaqueda na qualidade de vida. Pelo con-trário, a queda na qualidade de vida, afalta de lazer, a carência de serviçospúblicos que atendam bem as famíliasque lá vivem, bem como as dificulda-des relacionadas principalmente coma obtenção de recursos para investi-mentos, e a falta de organização dosprodutores para a comercialização

(mercado) é que fazem o homem docampo desistir de lá.

A agricultura é o melhor setor domundo, uma vez que ela oferece umespaço saudável para vivermos, con-dições para produzirmos comercial-mente e para a subsistência. Paraque isto aconteça, basta que saiba-mos aproveitar e apoiar com firmezao potencial que lá existe.

Não bastassem tantas vantagensque adornam e valorizam natural-mente o campo, atualmente os in-vestimentos em turismo ecológico-rural, turismo de interior, agrotu-rismo ou agroecoturismo estão setornando cada vez mais vantajosos.E o cenário catarinense, com umcaldo de cultura dos mais diversifica-dos, é propício para o desenvolvi-mento de atividades agregadoras devalor a propriedades como estas. Ocampo é um lugar ótimo para viver-mos, especialmente quando há amorpelo que fazemos. Para essa visão setornar cada vez mais uma realidade,o agricultor deve entender que ele éo principal agente do seu desenvolvi-mento, buscando apenas um com-plemento nas políticas para bem de-senvolver o seu negócio e gerar feli-cidade para a família.

A nova visão do campo envolveum novo olhar das lideranças dascidades e uma nova visão por partede todos os envolvidos no espaçorural.

Ainor Lotério, eng. agr., Cart. Prof. 51028524-3/D, Crea-SC, diretor da Epagri eGestor Estadual do Pró-Jovem/SDA, C.P.502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (048)239-5500, fax: (048) 239-5597.

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O meio ambiente eO meio ambiente eO meio ambiente eO meio ambiente eO meio ambiente ea cultura dos povosa cultura dos povosa cultura dos povosa cultura dos povosa cultura dos povos

Geraldo Buogo

studiosos do assunto dizem queem culturas tradicionais do

mundo inteiro é encontrada a imagemda terra como uma mãe (“Mãe Terra,Mãe Natureza”) e o ser humano fazen-do parte dela. Para essas culturas, a

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Opin iãoOpin iãoOpin iãoOpin iãoOpin ião

terra era sagrada, seja porque eraconsiderada a fonte da vida, sejaporque recebia os mortos. Imagi-nava-se que ela exalava o sopro davida que alimentava os seres vivosem sua superfície. Exemplo dessavisão é o que escreveu, em 1854, ochefe Seatle ao presidente dosEstados Unidos, diante da propostade compra de grande parte de suasterras: “... O que ocorre com a terrarecairá sobre os filhos da terra. Ohomem não tramou o tecido da vida;ele é simplesmente um de seus fios.Tudo o que fizer ao tecido fará a simesmo...”.

Desde a antigüidade, as lendas,os mitos, as tradições das antigascivilizações e os poetas descreviam anatureza como uma mãe generosa:ela oferecia sua bondade, havia paz,fertilidade, os animais viviam satis-feitos, havia flores em todos os luga-res, frutos em abundância, todos vi-viam em harmonia ... Era o que sechegou a denominar de “A Idade doOuro”. O poeta grego Ésquilo, háaproximadamente 2.500 anos, escre-veu que a terra “... dá a vida a todasas coisas, sustenta-as e as recebe denovo em seu ventre...”

Em seu livro “O Renascimento daNatureza”, Rupert Sheldrake dizque, durante muito tempo, essa su-posta idade do ouro foi, por muitos,considerada lenda ou saída da imagi-nação de poetas. Entretanto, pesqui-sas arqueológicas apontam para cer-ca de sete mil anos a.C. as origens daagricultura estabelecida na Europa.Elas indicam que essas primeirassociedades agrícolas viviam em colô-nias confortáveis, em geral nãofortificadas, adorando deusas e fabri-cando cerâmicas (não armas). Entre-tanto, entre 4000 e 3500 a.C., invaso-res, com “deuses guerreiros”, domi-naram essas sociedades e destruí-ram o seu modo de vida. As deusasforam substituídas pelos deuses e asmulheres passaram a ser somenteesposas e filhas.

Essa idéia do mundo natural comoser vivo e sagrado foi, gradativamente,perdendo força e, no século XVII, anatureza deixou de ser consideradamãe, deixou de ser considerada vivae passou a ser considerada “matéria

inanimada”. Desde então, um núme-ro grande de pessoas (cultas) chegou apensar que a natureza não tem vida,que o mundo seria uma “grande má-quina”. É o que alguns chamam de ateoria mecanicista da natureza, que,desde então, tem sido o pensamentocentral da ciência. Assim, a sociedademoderna passou a considerar a natu-reza uma simples fornecedora de “ma-téria-prima do desenvolvimento eco-nômico”.

Essa abordagem, se, de um lado,criou possibilidades inimagináveis hápoucas décadas, de outro, alterou detal modo as condições naturais queem vários lugares, atualmente, até oato de respirar se tornou perigoso. Elacontribuiu para que se perdesse aconsciência de que cada ser humanoestá ligado ao “Todo”. Assim, ao se verseparado desse “Todo”, o ser humanodeixou de perceber que o que quer quefizesse à natureza, mais cedo ou maistarde terminaria atingindo a si pró-prio.

Esse ver-se separado (eu em rela-ção ao outro, eu versus natureza...)ainda é tão forte que, em eventos queabordam questões ambientais, mui-tas pessoas, diante de perguntas como“Onde está o meio ambiente?” ou“Onde está a natureza?”, apontampara fora da sala onde estão, em dire-ção aos seres vegetais e/ou animaisque conseguem enxergar. Mais re-centemente, muitas já apontam parasi mesmas ou com uma das mãosapontam para fora, enquanto com aoutra apontam para si mesmas.

Segundo um número cada vezmaior de cientistas (os místicos sem-pre tiveram essa consciência), é nessever-se separado que se situaria a ori-gem dos muitos males que se vivematualmente. Para Albert Einstein, “Oser humano vivencia a si mesmo, seuspensamentos, como algo separado doresto do universo, numa espécie deilusão ótica de sua consciência. E essailusão é uma espécie de prisão que nosrestringe a nossos desejos pessoais,conceitos e ao afeto por pessoas maispróximas. Nossa principal tarefa é ade nos livrarmos dessa prisão, ampli-ando nosso ciclo de compaixão, paraque ele abranja todos os seres vivos etoda a natureza em sua beleza...”.

Assim, transformar-se é preciso!Deixar de ver-se separado é preciso!Sentir-se parte, sentir-se pertencen-te é preciso! Isso implica “respirarjunto”, “respirar com” ... “conspi-rar”. Implica ser “conspirador”. Econspirador é quem se transformaprimeiro, sem esperar pelo outro. “Atransformação é uma porta que seabre por dentro”, diz um antigo pro-vérbio francês. E essa transforma-ção interna um dia precisa “sair parafora”, passando, concretamente, do“consumir” para o “comungar” porcaminhos que se irão descobrindo,pois, como diz o poeta, “el camino sehace al caminar”.

No ano de 1854, o presidente dosEstados Unidos fez a uma tribo indí-gena a proposta de comprar grandeparte de suas terras, oferecendo, emcontrapartida, a concessão de umaoutra “reserva”.

O texto da resposta da carta dochefe Seatle ao Presidente dos Esta-dos Unidos, distribuído pela ONU(Programa para o Meio Ambiente) eaqui publicado na íntegra, tem sidoconsiderado, através dos tempos, umdos mais belos e profundos pronunci-amentos já feitos a respeito da defe-sa do meio ambiente:

“Como é que se pode comprar evender o céu, o calor da terra? Essaidéia nos parece estranha. Se nãopossuímos o frescor do ar e o brilhoda água, como é possível comprá--los?

Cada pedaço desta terra é sagra-do para meu povo. Cada ramo bri-lhante de um pinheiro, cada punha-do de areia das praias, a penumbrana floresta densa, cada clareira einseto a zumbir são sagrados namemória e experiência do meu povo.A selva que percorre o corpo dasárvores carrega consigo as lembran-ças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco es-quecem sua terra de origem quandovão caminhar entre as estrelas. Nos-sos mortos jamais esquecem estabela terra, pois ela é a mãe do ho-mem vermelho. Somos parte da ter-ra e ela faz parte de nós. As floresperfumadas são nossas irmãs; o cer-vo, o cavalo, a grande águia, sãonossos irmãos. Os picos rochosos, os

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Opin iãoOpin iãoOpin iãoOpin iãoOpin ião

sulcos úmidos nas campinas, o calordo corpo do potro e o homem – todospertencem à mesma família.

Portanto, quando o Grande Che-fe em Washington manda dizer quedeseja comprar nossa terra, pedemuito de nós. O Grande Chefe dizque nos reservará um lugar ondepossamos viver satisfeitos. Ele seránosso pai e nós seremos seus filhos.Portanto, nós vamos considerar suaoferta de comprar nossa terra. Masisso não será fácil. Esta terra é sa-grada para nós.

Essa água brilhante que escorrenos riachos e rios não é apenas água,mas o sangue de nossos antepassa-dos. Se lhes vendermos nossa terra,vocês devem lembrar-se de que ela ésagrada e devem ensinar as suascrianças que ela é sagrada e que cadareflexo nas águas límpidas dos lagosfala de acontecimento e lembrançasda vida do meu povo. O murmúriodas águas é a voz de meus ances-trais.

Os rios são nossos irmãos, sa-ciam nossa sede. Os rios carregamnossas canoas e alimentam nossascrianças. Se lhes vendermos nossaterra, vocês devem lembrar e ensi-nar a seus filhos que os rios sãonossos irmãos e seus também. E,portanto, vocês devem dar aos rios abondade que dedicam a qualquer ir-mão.

Sabemos que o homem branconão compreende nossos costumes.Uma porção de terra para ele tem omesmo significado que qualquer ou-tra, pois é um forasteiro que vem ànoite e extrai da terra aquilo de quenecessita. A terra não é sua irmã,mas sua inimiga, e quando ele aconquista, prossegue seu caminho.Deixa para trás os túmulos dos seusantepassados e não se incomoda.Rapta da terra aquilo que seria deseus filhos e não se importa. A sepul-tura do seu pai e os direitos de seusfilhos são esquecidos. Trata sua mãe,a terra, e seu irmão, o céu, comocoisas que possam ser compradas,saqueadas, vendidas como carneiroou enfeites coloridos. Seu apetitedevorará a terra, deixando somenteum deserto.

Não há um lugar quieto nas cida-des do homem branco. Nenhum lu-

gar onde se possa ouvir o desabrocharde folhas na primavera ou o bater deasas de um inseto. Mas talvez sejaporque eu sou um selvagem e nãocompreendo. O índio prefere o suavemurmúrio do vento encrespando aface do lago, e o próprio vento, limpopor uma chuva diurna ou perfumadopelos pinheiros.

O ar é precioso para o homemvermelho, pois todas as coisas com-partilham o mesmo sopro – o animal,a árvore, o homem, todos comparti-lham o mesmo sopro. Parece que ohomem branco não sente o ar querespira. Como um homem agonizantehá vários dias, é insensível ao maucheiro. Mas se vendermos nossa terraao homem branco, ele deve lembrarque o ar é precioso para nós, o arcompartilha seu espírito com toda avida que mantém. O vento que deu anosso avô seu primeiro inspirar tam-bém recebe seu último suspiro. Selhes vendermos nossa terra, vocêsdevem mantê-la intacta e sagrada,como um lugar onde até mesmo ohomem branco possa ir saborear ovento açucarado pelas flores dos pra-dos.

Portanto, vamos meditar sobre suaoferta de comprar nossa terra. Sedecidirmos aceitar, imporei uma con-dição: o homem branco deve tratar osanimais desta terra como seus ir-mãos.

Sou um selvagem e não compreen-do qualquer outra forma de agir. Vium milhar de búfalos apodrecendo naplanície, abandonados pelo homembranco que os alvejou de um trem aopassar. Eu sou um selvagem e nãocompreendo como é que o fumegantecavalo de ferro pode ser mais impor-tante que o búfalo, que sacrificamossomente para permanecer vivos.

O que é o homem sem os animais?Se todos os animais se fossem, o ho-mem morreria de uma grande solidãode espírito. Pois o que ocorre com osanimais, breve acontece com o ho-mem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar às suas cri-anças que o solo a seus pés é a cinza denossos avós. Para que respeitem aterra, digam a seus filhos que ela foienriquecida com as vidas de nossopovo. Ensinem às suas crianças o queensinamos às nossas, que a terra é

nossa mãe. Tudo o que acontecer àterra, acontecerá aos filhos da terra.Se o homem cospe no solo, estácuspindo em si mesmo.

Isto sabemos: a terra não perten-ce ao homem; o homem pertence àterra. Isto sabemos: todas as coisasestão ligadas como o sangue que uneuma família. Nem uma folha seca caisem que tenha conseqüências eter-nas. Há uma ligação em tudo.

O que ocorre com a terra recairásobre os filhos da terra. O homemnão tramou o tecido da vida; ele ésimplesmente um de seus fios. Tudoo que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujoDeus caminha e fala com ele deamigo para amigo, não pode estarisento do destino comum. É possívelque sejamos irmãos, apesar de tudo.Veremos. De uma coisa estamos cer-tos – e o homem branco poderá vir adescobrir um dia: nosso Deus é omesmo Deus. Vocês podem pensarque o possuem, como diziam possuira nossa terra; mas não é possível.Ele é o Deus do homem, e Sua com-paixão é igual para o homem verme-lho e para o homem branco. A terralhe é preciosa, e feri-la é desprezarseu criador. Os brancos também pas-sarão; talvez mais cedo que todas asoutras tribos. Contaminem suas ca-mas, e uma noite serão sufocadospelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição,vocês brilharão intensamente, ilu-minados pela força de Deus que ostrouxe a esta terra e por algumarazão especial lhes deu o domíniosobre a terra e sobre o homem ver-melho. Esse destino é um mistériopara nós, pois não compreendemosque todos os búfalos sejam extermi-nados, os cavalos bravios sejam to-dos domados, os recantos secretosda floresta densa impregnada do chei-ro de muitos homens, e a visão dosmorros obstruída por fios que falam.Onde está o arvoredo? Desapareceu.Onde está a águia? Desapareceu. É ofinal da vida e o início da sobrevivên-cia.”

Geraldo Buogo, eng. agr., Instituto Cepa/SC, Rodovia Admar Gonzaga, 1.486, C.P.1.587, 88034-001 Florianópolis, SC, fone:(048) 239-3900, fax: (048) 334-2311.

o

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CONJUNTURA

Qual a finalidadeQual a finalidadeQual a finalidadeQual a finalidadeQual a finalidadeda produçãoda produçãoda produçãoda produçãoda produção

agrícola?agrícola?agrícola?agrícola?agrícola?

Cesar Augusto Freyesleben Silva

Melhora a condição deexistência humana

A maioria dos países conhece,hoje, uma progressiva elevação dosíndices de desenvolvimento humano(IDH)1. Os casos negativos corrempor conta daqueles países assoladospor epidemia de Aids (Sul e Sudoesteda África), por conflitos (Iraque, Iu-goslávia, Timor e países da ÁfricaNegra) e por estagnação econômica(os países ex-socialistas da Europa).

Ao mesmo tempo, inserem-se noatual contexto mundial de baixo rit-mo de crescimento econômico: 2,5%em 1998, 3% em 1999 e 3,5% em 2000(PNUD – Relatório do Desenvolvi-mento Humano 2000).

Em contraposição, imensas par-celas da população não foramalcançadas por nenhum tipo de cres-cimento:

• em todo o mundo, cerca de umbilhão e duzentos milhões de pes-soas estão vivendo com menos deum dólar por dia;

• nos países “em desenvolvimen-to”, a subnutrição, se bem que redu-zida entre 1980 e 1999, ainda vitimaas crianças: 27% delas tiveram pesodeficiente e 33% ficaram atrofiadas;

• ainda nos países “em desenvol-

vimento”, mais de um bilhão de pes-soas não têm acesso à água potável emais de dois bilhões e quatrocentosmilhões, ao saneamento adequado(PNUD) – Relatório do Desenvolvi-mento Humano 2000, p.4).

Desses exemplos, pode-se deduzirque o acesso das populações à água,aos alimentos e aos serviços de saúdesão critérios de medida do desenvolvi-mento humano. Mas não os únicos. Aeles devem-se juntar o acesso aosserviços de educação e de segurança.

Produção de alimentos au-menta mais do que a popu-lação

Enfocando-se exclusivamente oacesso humano aos alimentos, saltaaos olhos o aumento progressivo desua produção em todo o mundo. Aprodução alimentar total chegou a2000 com pouco mais de 24% acima damédia dos anos 1989-1991. Por pes-soa, a produção de alimentos cresceu8% (Faostat Data Results – www.fao.org).

Entre países, a produção de ali-mentos mostrou-se mais dinâmica nosde médio nível de desenvolvimento(China, Brasil e Argentina), no pobreVietnã e no rico Canadá. Os paísescapitalistas de ponta, de modo geral,tiveram um desempenho entre mo-desto (EUA) e decepcionante (UniãoEuropéia e Japão) (Tabela 1).

Ao mesmo tempo, o público diretaou indiretamente consumidor de todaessa produção – a totalidade da popu-lação mundial – alcançou 6,06 bilhõesde pessoas em 2000. Esses dadosavalizam um crescimento populacional

de 15% entre 1989-1991 e 2000; o queimplica uma taxa 10% inferior à daprodução de alimentos.

A combinação dessas três situa-ções, quais sejam, as tendências aobaixo crescimento geral da econo-mia mundial (exceto a China e, maisrecentemente, o Vietnã), à elevaçãodo IDH e ao incremento da produçãode alimentos a taxas superiores à dapopulação, resulta de um conjuntode mudanças estruturais que vêmacompanhando o processo de mu-danças tecnológicas, impulsionando--o no sentido da concentração e cen-tralização de capital.

A “revolução verde”aprofundou a concentra-ção e a dependência

Mais concretamente, a relaçãoentre a produção e a distribuição dealimentos está mediada por uma com-plexa teia de estruturas empresa-riais de grande porte. Essa estru-turação, então dinamizada pela in-dústria, iniciou-se em fins do séculoXIX no bojo do processo de inter-nacionalização do capital. Acelerou--se no segundo pós-guerra, num con-texto de crescente disputa e tensãoentre os pólos dominantes dos doismundos, ocidental (EUA) e oriental(URSS).

Tendo como campo experimentalo México ainda na década de 40, foisomente nas décadas de 60 e 70 queos EUA impuseram ao mundo sobsua tutela (países desenvolvidos e“em desenvolvimento”) o seu mode-lo de desenvolvimento agrícola

2.

Teve por característica central a

Tabela 1 – Evolução do Índice de Produção Agrícola – IPA

Mundo China Vietnã Brasil Argentina Canadá EUA União Européia Japão

IPA net base 1989-1991 24,4 77,3 59,7 46,9 40,4 33,5 24,7 3,9 -6,4IPA net/pessoa base 1989-1992 8,2 60,2 33,5 27,7 23,4 19,1 13,8 1,1 -8,8

(A) IPA baseia-se na soma de quantidades relativas a preços ponderados de diversos produtos agropecuários, obtida após terem-se deduzidoas quantidades utilizadas com sementes e rações, ponderados de maneira semelhante.

Fonte: Faostat Data Results.

1. TDH = indicador que mede as realizações médias num país em três dimensões básicas do desenvolvimento humano. Compõe-se de trêsvariáveis: esperança de vida ao nascer, nível educacional e PIB per capita . Varia de zero a um.

2. Destaque-se que os paradigmas da “revolução verde” foram adotados plenamente pelo “arquiinimigo” o mundo tutelado pela URSS.

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ConjunturaConjunturaConjunturaConjunturaConjuntura

aplicação combinada dos métodos edos produtos da genética convencio-nal com os das indústrias metal-me-cânica e química (com ênfase pro-gressiva na petroquímica).

Os resultados, ao longo dessesanos todos, têm sido positivos emtermos simplesmente quantitativos– por terem elevado substancialmen-te o rendimento médio das produ-ções agrícolas. Em todos os demaisaspectos, entretanto, tal conjunto deinovações tecnológicas teve o impac-to devastador que se conhece. Al-guns exemplos:

• empobreceu a dieta humanabásica, por estreitar o leque produti-vo de alimentos (menos de 40, dentrecentenas de espécies alimentícias,são produzidas para consumo demassa) e por diminuir a qualidadedos alimentos produzidos em basesagroquímicas

2;

• aprofundou a dependência dospaíses pobres à metrópole norte-ame-ricana, via agricultura de exporta-ção, ao mesmo tempo em que desor-ganizou sua produção agrícola inter-na; sob este último aspecto, a expan-são da soja no Brasil no começo dosanos 70 é exemplar:

– provocou a redução das áreasplantadas com feijão preto, com ar-roz e com milho (neste último caso,com repercussões nos preços das ra-ções e, na seqüência, das carnes,especialmente a bovina, à época, ali-mento básico das grandes massas depopulação);

– eliminou do mercado um sem--número de pequenas empresas co-merciais e/ou processadoras (o au-mento da capacidade fabril creditadoà soja foi proporcionado por grandesempresas norte-americanas aqui ins-taladas);

– elevou os preços das terras agrí-colas;

– e, se não fosse pouco, exigiuvultosos investimentos estatais paraligar a produção ao processamento eà comercialização (corredores de ex-portação);

• intensificou ainda mais o pro-cesso de concentração fundiária agra-vando os problemas sociais desses

países – por exemplo, convertendo ospobres e miseráveis rurais (pequenosagricultores e trabalhadores rurais,basicamente) em pobres e miseráveisurbanos; e,

• promoveu a degradação ambien-tal em múltiplos aspectos, desde osvariados graus e formas de erosão dossolos até as contaminações do ar e daágua, passando, entre outros, pelaredução da biodiversidade.

Nova revoluçãotecnológica para matar afome?

Mesmo com impactos dessa mag-nitude nas vidas das pessoas e dospovos, as reações destes ao curso domodelo da “revolução verde” somenteganharam corpo quando de seu esgo-tamento, mais especificamente naúltima década e meia. Nesseinterregno, os laboratórios dos gru-pos econômicos agigantados pela “re-volução verde” gestaram uma nova“revolução tecnológica” fundada nabiotecnologia.

Assim gerada e desenvolvida, abiotecnologia vem sendo apresentadacomo estratégica para a resolução deproblemas:

• científico-tecnológicos, a sematerializarem através de plantas eanimais melhorados e plantas adaptá-veis a qualquer condição adversa, declima ou de solo, e da melhoria dosantigos produtos e processos industri-ais, bem como, da criação de novos;

• econômicos, que acarretariammenores custos, maior eficiência naprodução, dependência reduzida defontes externas de matéria-prima eenergia e melhoria das mercadoriasantigas e criação de novas, com aproteção das leis de patentes paramanter direitos autorais;

• sociais, a serem solucionadospor uma agricultura saudável ao ambi-ente, pela possibilidade de melhoraras antigas fontes de energia e criaroutras e pela erradicação da fome e dapobreza;

• político-ideológicos, que en-contrariam solução ao levar as nações

à auto-suficiência em alimentos, auma competitividade maior no mer-cado mundial e à independênciatecnológica e econômica

3.

Todo esse conjunto de concepçõese esperanças do mundo do grandecapital a respeito da “biorrevolução”tem pontos que não se encaixam nomundo real. Um dos mais trágicos éo fato amplamente reconhecido deque “quatro de cada cinco pessoasfamintas vivem em países exporta-dores de gêneros alimentícios” (OCorreio da Unesco

4, março de 2001,

p.31). Outro evidencia que “É paten-te o interesse da agroindústria domi-nante em conquistar novos merca-dos no Sul, pois os do Norte encon-tram-se saturados. Mas essa expan-são terá um custo: o desaparecimen-to de 500 milhões de camponeses doSul, sua morte social, pois eles nãotêm meios para serem competitivos,nem de virem a sê-lo” (O Correio daUnesco, março de 2001, p.22). Ade-mais, deve-se considerar que, paraalcançar esse objetivo, o mais plena-mente possível, tornou-se fundamen-tal liberalizar o comércio entre asnações e “proteger” a propriedadeintelectual, afunilada para o desen-volvimento da transgenia. Nesse úl-timo caso, aliás, está bem identifica-do que “as cinco principais empresasagroquímicas dominam o mercadodas sementes transgênicas” (O Cor-reio da Unesco, março de 2001, p.22).Tais imputações negativas aos pos-tulados biotecnológicos implicam re-conhecer o crescimento da reação àhegemonia dos interesses desses con-glomerados. No tocante à produçãode alimentos, já são múltiplos osgrupos e organizações populares pelaprodução e consumo de alimentos dequalidade (sem agroquímicos), emdefesa da agricultura familiar, daprodução com certificação de origem,da reforma agrária, da reforma daestrutura do poder, etc.

Cesar Augusto Freyesleben Silva, eng.agr., Instituto Cepa/SC, Rodovia AdmarGonzaga, 1.486, C.P. 1.587, fone: (048) 239-3900, fax: (048) 334-2311, 88034-000Florianópolis, SC.

3. Silva, José de Souza/Contradições da biorrevolução para o desenvolvimento da agricultura no Terceiro Mundo. AS-PTA, Rio de Janeiro,1981.

4. Sigla em inglês da Organização para Educação, Ciência e Cultura das Nações Unidas.o

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VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

Não jogue fora seu dinheiro

Segundo o IBGE, o desperdício no con-sumo doméstico de alimentos chega a20%. A forma mais comum de desperdíciocaseiro é a distorção no uso dos alimentos.“Talos, folhas e cascas são, muitas vezes,mais nutritivos do que a parte dos alimen-tos que estamos habituados a comer. Ra-mas de cenoura, folhas de beterraba, porexemplo, são riquíssimas em vitaminas esais minerais”, explicam os pesquisado-res João Batista Rezende, Renata FarhatBorges e Aparecida Kimie Sakotani. Asduas pesquisadoras, da Columbus Cultu-ral Editora, ajudaram a empresa Cardá-pio S/C Ltda, de São Paulo, a elaborarum manual que contém as seguintes dicassobre a utilização de alimentos, como for-ma de evitar o desperdício:

• Quando for usar uma metade doabacate, deixe a outra com caroço. Issoevita que ela deteriore com rapidez.

• Não jogue fora os talos de agrião,pois eles contêm muitas vitaminas. Lim-pe-os, pique-os e refogue-os com tempero eovos batidos.

• Todas as folhas verde-escuras sãoricas em ferro. Não deixe de aproveitá-las.

• Os talos de couve, taioba, espinafre,etc. contêm fibras e devem ser aproveita-dos em refogados, no feijão ou na sopa.

• Sobras de bolacha não devem ir parao lixo. Guarde-as em vidro fechado parausar como cobertura de bolos.

• O vinho azedado pode ser aproveita-do como vinagre.

• Se sobrou purê de batata, formepequenas bolinhas, polvilhe com farinhade rosca e frite como croquetes.

• A abóbora é altamente nutritiva.Lembre-se de aproveitá-la inteira: casca,polpa, folhas e pedúnculo (cabinho).

• Folhas de nabo, rabanete e beterrabatêm maior concentração de carboidratos,cálcio, fósforo e vitaminas A e C, se compa-radas com a raiz, que estamos acostuma-dos a comer. Pique-as bem e sirva emsalada, refogadas ou em conserva.

• As folhas de cenoura são riquíssimasem vitamina A e devem ser aproveitadaspara fazer bolinhos, sopa ou picadinhasem saladas. O mesmo se pode dizer dasfolhas duras da salsa.

• Alho é sempre muito caro. Evite as

perdas, transformando-o em pasta.• Somente depois de assado o peixe é que

se deve tirar-lhe a cabeça. Se não, a partecortada fica seca e dura.

• Cozinhe as verduras no vapor. Assimelas não perderão o valor nutritivo.

• Rale sobras de queijo e use em molhose sopas.

• Se a maionese talhar, não jogue fora,pingue água quente até que ela volte aoponto.

• Se for cozinhar batatas para usardurante alguns dias, acrescente uma cebolaà água do cozimento para que elas nãoescureçam.

• A água do cozimento das batatasacaba concentrando todas as vitaminas.Aproveite-a, juntando leite em pó e mantei-ga, para fazer purê.

• Adicione batatas cruas cortadas asopas ou ensopados que tenham ficado sal-gados demais. As batatas vão absorver o saldurante o cozimento.

• A parte branca da melancia pode serusada juntamente com mamão verde parafazer doce.

• A casca de laranja fresca pode serusada em pratos doces com base em leite,como arroz-doce e cremes.

• Para conservar a metade do limão queainda não foi usada, coloque-a num pirescom água, com a parte aberta para baixo,e leve à geladeira.

• Para não desperdiçar o suco que olimão pode dar, bata nele com ummartelinho antes de cortá-lo.

• Cebola tira o gosto de queimado dofeijão.

• Para que a farinha de trigo guardadanão encaroce, acrescente-lhe um pouco desal.

• Se quiser guardar a farinha de trigopor muito tempo, deixe-a na geladeira ou nocongelador para que não fermente.

• Para se tornar fresco o pão amanheci-do, basta umedecê-lo levemente em água ouleite e levar ao forno quente por algunsminutos.

• Se o tomate estiver mole, deixe-o demolho na água fria ou gelada por uns 15minutos. Ele ficará mais rijo e fácil de sercortado.

• Para conservar a salsa fresca, lave-a,

deixe-a secar e pique-a bem. Depois, guar-de-a num vidro coberta com óleo.

• Pó de folha de mandioca é alimentorico em vitamina A e ferro. As folhas devemsecar à sombra e ser moídas com pilão oubatidas no liquidificador. Guarde emvasilha fechada. Use pitadas nas refei-ções.

• Guarde o queijo-de-minas na gela-deira em recipiente fundo com um poucode água salgada. De manhã e à noite vireo queijo para umedecer os lados. Ele assimse conservará fresco.

• Para que o macarrão não grude,regue-o com um fio de óleo depois de escor-rer.

• Sempre que possível, evite bater osalimentos no liquidificador. Use a penei-ra ou amasse-os.

• Restos de verdura podem dar ótimossuflês.

• Para o óleo render mais, passe-o porum filtro a cada fritura.

• Caroços de abóbora torrados com salservem como aperitivo. Fazem bem paraos rins e a bexiga. O mesmo vale para asoja.

• Pão velho torrado no forno e raladoserve como farinha de rosca. Se amolecidocom leite, serve para recheio de frango,ligamento para bolinhos, tortas de carne,etc.

• Bolo velho pode ficar novo, se mergu-lhado em leite frio e assado em fornomédio. Para mantê-lo bom por mais tem-po, é só embrulhá-lo com toalha úmida eguardá-lo em lugar fresco.

Carne de aves : assadas ou cozidas,desfie-as e use-as para ensopados. Semoídas, podem dar ótimos croquetes, pas-téis, saladas ou recheio de omelete.

Peixes: sobras de peixe ensopado ser-vem para cuscuz. Sobras de filé de peixefrito servem para preparar maionese.

Arroz: bolinhos, canjas, sopas, risotosou mexido com ovos estrelados.

Feijão: tutu, mexido, sopa de feijão,salada.

Adaptado da Circular do Comitê deDefesa do Consumidor Organizado –Deconor/SC.