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S1C3T1 Fl. 5.217 1 5.216 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11516.721262/201260 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1301001.852 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 9 de dezembro de 2015 Matéria IRPJ ágio Recorrentes FAZENDA NACIONAL BRF BRASIL FOODS S.A. ASSUNTO:IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2009, 2010 AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ÁGIO. PARTES INDEPENDENTES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. POSTERIOR INCORPORAÇÃO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. DEDUTIBILIDADE. Ao se constatar que o ágio questionado pelo Fisco foi formado em operação de compra e venda de participações societárias, firmada entre partes independentes, baseado em expectativa de rentabilidade futura da investida, e cujo preço foi pago, sendo ainda o preço superior ao valor de patrimônio líquido do investimento, correta a segregação do custo do investimento em valor de patrimônio líquido e ágio. Ao ocorrer, posteriormente, a incorporação da investida pela investidora, a amortização do ágio passa a ser dedutível para fins tributários. Inexistente qualquer acusação de simulação ou outro vício dos atos praticados, e havendo motivação negocial, correta a decisão de primeira instância que afastou essa parte do lançamento. AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ÁGIO. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. PARTES INDEPENDENTES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. POSTERIOR INCORPORAÇÃO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. DEDUTIBILIDADE. O instituto da incorporação de ações, previsto no art. 252 da Lei nº 6.404/1976, não proíbe que o critério para determinar a relação de substituição de ações leve em consideração a expectativa de rentabilidade futura. Deve haver equivalência econômica na operação, ou seja, as ações na incorporada são entregues em substituição por novas ações emitidas pela incorporadora, e essas riquezas devem se equivaler. A relação de substituição de ações tem sentido econômico, não sendo possível empregála para fins de comparação entre valores patrimoniais. Efetuada a substituição de ações, e sendo o valor do aumento de capital (valor das ações emitidas e entregues) superior ao valor patrimonial das ações recebidas, correta a segregação do ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO 11516.721262/2012-60 Fl. 5217 DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓPIA Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES

S1C3T1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS … · do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito. ... conforme previsto no artigo 391 do RIR/99. ... enquadra

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S1C3T1Fl.5.217

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S1C3T1 MINISTRIODAFAZENDACONSELHOADMINISTRATIVODERECURSOSFISCAISPRIMEIRASEODEJULGAMENTO

Processon 11516.721262/201260

Recurson DeOfcioeVoluntrio

Acrdon 1301001.8523Cmara/1TurmaOrdinriaSessode 9dedezembrode2015

Matria IRPJgio

Recorrentes FAZENDANACIONAL

BRFBRASILFOODSS.A.

ASSUNTO:IMPOSTOSOBREARENDADEPESSOAJURDICAIRPJExerccio:2009,2010

AQUISIO DE PARTICIPAO SOCIETRIA. GIO. PARTESINDEPENDENTES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA.POSTERIOR INCORPORAO. AMORTIZAO DO GIO.DEDUTIBILIDADE.

AoseconstatarqueogioquestionadopeloFiscofoiformadoemoperaode compra e venda de participaes societrias, firmada entre partesindependentes,baseadoemexpectativaderentabilidadefuturadainvestida,ecujo preo foi pago, sendo ainda o preo superior ao valor de patrimniolquido do investimento, correta a segregao do custo do investimento emvalor de patrimnio lquido e gio. Ao ocorrer, posteriormente, aincorporaodainvestidapelainvestidora,aamortizaodogiopassaaserdedutvelparafinstributrios.Inexistentequalqueracusaodesimulaoououtro vcio dos atos praticados, e havendo motivao negocial, correta adecisodeprimeirainstnciaqueafastouessapartedolanamento.

AQUISIO DE PARTICIPAO SOCIETRIA. GIO.INCORPORAO DE AES. PARTES INDEPENDENTES.EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. POSTERIORINCORPORAO.AMORTIZAODOGIO.DEDUTIBILIDADE.

O instituto da incorporao de aes, previsto no art. 252 da Lei n6.404/1976, no probe que o critrio para determinar a relao desubstituio de aes leve em considerao a expectativa de rentabilidadefutura.Devehaverequivalnciaeconmicanaoperao,ouseja,asaesnaincorporada so entregues em substituio por novas aes emitidas pelaincorporadora,eessasriquezasdevemseequivaler.Arelaodesubstituiodeaestemsentidoeconmico,nosendopossvelempreglaparafinsdecomparao entre valores patrimoniais. Efetuada a substituio de aes, esendoovalordoaumentodecapital (valordasaesemitidaseentregues)superior ao valor patrimonial das aes recebidas, correta a segregao do

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Fl. 5217DF CARF MF

Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

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Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 15/12/2015 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES

11516.721262/2012-60 1301-001.852 PRIMEIRA SEO DE JULGAMENTO De Ofcio e Voluntrio Acrdo 3 Cmara / 1 Turma Ordinria 09/12/2015 IRPJ - gio FAZENDA NACIONAL BRF - BRASIL FOODS S.A. RO Negado e RV Provido Crdito Tributrio Exonerado CARF Waldir Veiga Rocha 2.0.4 13010018522015CARF1301ACC Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurdica - IRPJ Exerccio: 2009, 2010 AQUISIO DE PARTICIPAO SOCIETRIA. GIO. PARTES INDEPENDENTES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. POSTERIOR INCORPORAO. AMORTIZAO DO GIO. DEDUTIBILIDADE. Ao se constatar que o gio questionado pelo Fisco foi formado em operao de compra e venda de participaes societrias, firmada entre partes independentes, baseado em expectativa de rentabilidade futura da investida, e cujo preo foi pago, sendo ainda o preo superior ao valor de patrimnio lquido do investimento, correta a segregao do custo do investimento em valor de patrimnio lquido e gio. Ao ocorrer, posteriormente, a incorporao da investida pela investidora, a amortizao do gio passa a ser dedutvel para fins tributrios. Inexistente qualquer acusao de simulao ou outro vcio dos atos praticados, e havendo motivao negocial, correta a deciso de primeira instncia que afastou essa parte do lanamento. AQUISIO DE PARTICIPAO SOCIETRIA. GIO. INCORPORAO DE AES. PARTES INDEPENDENTES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. POSTERIOR INCORPORAO. AMORTIZAO DO GIO. DEDUTIBILIDADE. O instituto da incorporao de aes, previsto no art. 252 da Lei n 6.404/1976, no probe que o critrio para determinar a relao de substituio de aes leve em considerao a expectativa de rentabilidade futura. Deve haver equivalncia econmica na operao, ou seja, as aes na incorporada so entregues em substituio por novas aes emitidas pela incorporadora, e essas riquezas devem se equivaler. A relao de substituio de aes tem sentido econmico, no sendo possvel empreg-la para fins de comparao entre valores patrimoniais. Efetuada a substituio de aes, e sendo o valor do aumento de capital (valor das aes emitidas e entregues) superior ao valor patrimonial das aes recebidas, correta a segregao do custo do investimento em valor de patrimnio lquido e gio, por imposio do art. 20 do DL 1.598/1977. Ao ocorrer, posteriormente, a incorporao da investida pela investidora, a amortizao do gio passa a ser dedutvel para fins tributrios. Inexistente qualquer acusao de simulao ou outro vcio dos atos praticados, e havendo motivao negocial, deve ser afastada tambm essa parcela do lanamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofcio. Por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntrio. Vencido o Conselheiro Paulo Jakson da Silva Lucas, que negava provimento ao recurso voluntrio. (assinado digitalmente) Wilson Fernandes Guimares - Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Hlio Eduardo de Paiva Arajo, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Gilberto Baptista e Wilson Fernandes Guimares. BRF - BRASIL FOODS S.A., j qualificada nestes autos, foi autuada e intimada a recolher crdito tributrio no valor total de R$ 31.800.147,09, discriminado no Demonstrativo Consolidado do Crdito Tributrio do Processo, fl. 4661.Por bem descrever o ocorrido, valho-me do relatrio elaborado por ocasio do julgamento do processo em primeira instncia, a seguir transcrito.O presente processo trata sobre Impugnao contra os lanamentos tributrios referentes a perodos dos anos-calendrios 2008 e 2009, consubstanciados nos seguintes autos de infrao:[...]2. A descrio dos fatos do auto de infrao de IRPJ contm as seguintes infraes:0001 CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS - GLOSA DE DESPESAS DE AMORTIZAO DE GIO.Valor referente a glosa de despesas de amortizao de gio surgido na incorporao da ELEVA S/A, deduzidas indevidamente nos perodos abaixo indicados, conforme descrito no Termo de Verificao e Encerramento de Ao Fiscal em anexo, que parte integrante deste auto de infrao.0002 EXCLUSES/COMPENSAES NO AUTORIZADAS NA APURAO DO LUCRO REAL - EXCLUSES INDEVIDASValor excludo do Lucro Lquido do perodo, na determinao do Lucro Real, referente deduo indevida de amortizao de gio surgido na incorporao da ELEVA S/A, conforme Termo de Verificao e Encerramento de ao Fiscal em anexo, que parte integrante deste auto de infrao.0003 MULTA OU JUROS ISOLADOS - FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CLCULO ESTIMADA Multa Isolada pela falta de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurdica, sob forma de estimativa mensal com base em balanos de suspenso ou reduo, nos perodos abaixo indicados, apurada em razo dos ajustes decorrentes das infraes constatadas pela Fiscalizao, tudo conforme consta da planilha "Estimativas Demonstrativo da Multa Isolada 2008" e descrito no "Termo de Verificao e Encerramento de Ao Fiscal", em anexo, que parte integrante deste auto de infrao.3. O Termo de Verificao e Encerramento de Ao Fiscal (TVEAF) supracitado encontra-se nas fls. 4702/4746 e apresenta os seguintes fatos e argumentos, em sntese:DA INCORPORAO DAS AES DA ELEVA E POSTERIOR INCORPORAO DA INVESTIDA Em 21.02.08, a Perdigo concluiu o processo de aquisio da ELEVA Alimentos S.A. (ELEVA) iniciado em 02.01.08, pelo montante total de R$1.676.160.000,00. Este montante composto de R$764.606.000,00 (46,23%) pagos em dinheiro ao antigo acionista controlador e aos acionistas no controladores da ELEVA e R$911.554.000,00 (53,77%) oriundo da troca de aes da ELEVA por aes da PERDIGO aos acionistas remanescentes (controladores e minoritrios), com base na relao de substituio (troca) estabelecida no Laudo de Avaliao elaborado pelo Credit Suisse. A PERDIGO informou que emitiu 20.000.000 novas aes, que foram entregues aos acionistas da ELEVA para concretizar a incorporao de aes (15.463.349 entregues aos acionistas controladores e 4.536.651 aes foram entregues aos acionistas minoritrios da ELEVA).Na operao, parte das aes da ELEVA foram adquiridas mediante pagamento em dinheiro, e parte mediante "troca de aes" (demonstrativo abaixo), utilizando-se do instituto da incorporao de aes, previsto no art. 252 da Lei das S.A. (a incorporao de aes um instituto diverso da incorporao de sociedades, que por sua vez est prevista no art. 227 da Lei das S.A.) . Com a operao, a ELEVA passou a ser subsidiria integral da Perdigo.Em 30/04/2008, a ELEVA foi incorporada pela PERDIGO.Com relao s aes da ELEVA, tanto na aquisio quanto na incorporao de aes, o preo praticado foi idntico, ou seja, R$ 25,8162443 por ao e na proporo de 1 ao de emisso da PERDIGO para cada 1,74308855 ao emitida pela ELEVA.Nesta operao, a PERDIGO informou ter apurado um gio inicial de R$ 1.345.127.894,03, conforme Nota l.c. das Notas Explicativas da DFP do AC 2008, que aps os ajustes (atualizao, custas, etc) passou para R$ 1.364.029.415,55.No caso em foco, se for analisada cada etapa da operao isoladamente concluir-se- que todas operaes foram realizadas formalmente luz da legislao especifica (a Lei das Sociedades Annimas, as Instrues CVM e orientaes do Conselho de Contabilidade), de modo que no h neste Termo, nos autos e seus anexos, qualquer infrao referida legislao, uma vez consideradas as operaes isoladamente.Assim, no porque o ato encontra proteo em outro campo da disciplina jurdica que essa proteo transferida para o mbito fiscal. Eventual ilicitude perante o ordenamento setorial, pertinente ao caso, contamina a conduta do contribuinte e retira a proteo jurdica aos efeitos fiscais do que foi realizado.DA AMORTIZAO DO GIO Realizada a incorporao da Eleva em 30/04/2008, a Perdigo passou a amortizar fiscalmente o gio "criado" a partir de maio de 2008, na proporo de 1/120, ou seja, no prazo de 120 meses. Diante do que foi relatado neste Termo e especialmente considerando:Que a amortizao do gio, como regra geral, indedutvel para a apurao do lucro real, bem como da base de clculo da CSLL, conforme previsto no artigo 391 do RIR/99. A possibilidade de deduzi-la contida nos artigos 7 e 8 da Lei n 9.532/97 restringe-se hiptese em que a pessoa jurdica absorve patrimnio de outra, em virtude de incorporao, fuso ou ciso, na qual detenha participao societria adquirida com gio fundamentado em rentabilidade da coligada ou controlada com base em previso dos resultados nos exerccios futuros.Que o gio registrado pela PERDIGO decorrente da utilizao de diferentes (dspares) critrios para avaliao e registro do investimento e o registro dos valores da equivalncia patrimonial da ELEVA, ou seja, utilizao do critrio do valor de mercado (Bovespa) para as aes da Perdigo e valor de patrimnio liquido a custo histrico para as aes da ELEVA. Houve to-somente reavaliao a preo de mercado e contabilizao do gio da advindo.Que a Instruo CVM n 285, de 31 de julho de 1998, que altera a Instruo CVM n 247, de 1996, estabelece que o gio por rentabilidade futura somente aquele que ultrapassar o valor de mercado dos ativos e passivos. Assim, se a PERDIGO quisesse considerar algum "gio por expectativa de rentabilidade futura", deveria considerar somente aquele que ultrapassasse o valor de mercado dos ativos e passivos da ELEVA, incluindo as suas subsidirias integrais, avaliadas pelos seus valores de mercado.Que o gio apurado na incorporao de aes teve contrapartida no aumento de capital da PERDIGO, conforme Ata da AGOE de 30/04/2008, sendo que a empresa no pagou pelo gio, no sacrificou nenhum ativo, nem tampouco assumiu dvida alguma em troca desse gio. Pelo contrrio, para pagar pelo gio a PERDIGO emitiu aes, aumentando seu capital no exato montante do valor das aes incorporadas. No houve desembolso algum.Que a despesa de amortizao desse gio indedutvel porque no se enquadra no conceito de despesa necessria prevista no art. 299 do RIR/99. Primeiro porque essa despesa no foi paga nem jamais ser paga pela fiscalizada. Ela no decorreu de consumo ou sacrifcio de ativos (presente ou futuro), pois o gio no foi pago nem o ser; trata-se de uma despesa fictcia criada para se reconhecer contabilmente a realizao de "suposto" um fluxo de rentabilidade futura pelo qual nada se pagou.Est-se, portanto, diante de um caso em que uma sociedade beneficiou-se de uma deduo prevista na legislao fiscal - o art. 386, inciso III, do RIR/1999 - sem que tenha havido o correspondente e efetivo pagamento do gio, da resultando em dano efetivo ao Errio (Fazenda Publica).Aceitar, enfim, a dedutibilidade tributria/fiscal da amortizao desse tipo de gio, sem amparo no fundamento de expectativa de rentabilidade futura e sem o efetivo pagamento seria perenizar um tipo de evaso fiscal, uma vez que a legislao tributria no ampara a deduo de despesas artificialmente criadas. A ilegitimidade da amortizao desse gio fica patente quando se imagina que, apenas baseado em laudos de avaliao e por meio de uma operao de incorporao, o contribuinte pudesse, ao seu arbtrio e de tempos em tempos, reduzir ou at zerar o pagamento de tributos, bastando, para tanto, criar uma despesa fictcia.DOS VALORES GLOSADOS Aps termos concludo pela improcedncia das excluses efetuadas pelo sujeito passivo restou recompor as bases de clculo para, a partir delas, apurar corretamente os tributos devidos em cada perodo de apurao, bem como, a ocorrncia de diferenas a lanar.No processo de recomposio da base de clculo foram encontradas duas infraes, a dizer: Falta ou insuficincia de recolhimento das estimativas mensais de IRPJ/CSLL, que implica a apurao da multa isolada sobre os valores no recolhidos no ano de 2008, bem como reduo dos prejuzos fiscais para o IRPJ e base de clculo negativa da CSLL; Falta de recolhimento de IRPJ/CSLL no primeiro e segundo trimestre de 2009, que implica o lanamento dos tributos e de multa proporcional e juros de mora (SELIC), bem como reduo dos prejuzos fiscais para o IRPJ e base de clculo negativa da CSLL em todos os perodos fiscalizados.O "Demonstrativo da Multa Isolada - 2008" aponta as bases de clculo recompostas do IRPJ e da CSLL, bem como, apura as diferenas nas estimativas e conseqentes multas isoladas devidas no ano calendrio de 2008.Essas planilhas encontram-se juntadas a este Termo e auto de infrao, no processo administrativo de exigncia do IRPJ e CSLL, no item "Planilhas de Apurao dos Tributos". Os valores glosados em bases mensais e no Ajuste Anual em 2008 e na apurao trimestral em 2009, como excluses indevidas das bases de clculo do IRPJ e da CSLL so informados nas referidas planilhas.a) Ano 2008:No ano, atravs da conta contbil de despesas - 6320 - Amortizao de gio em investimentos, o contribuinte deduziu na apurao de seu lucro liquido, despesas de amortizao de gio na aquisio de investimentos na Eleva S/A, no valor de R$ 90.704.839,79, conforme cpia do referido razo contbil e "Demonstrativo de Apurao e Amortizao Fiscal do gio", apresentado pela BRF, em resposta a intimao fiscal. b) Ano 2009:No ano de 2009 a "BRF" no realizou amortizao de gio em sua escrita contbil. Entretanto, realizou a excluso do lucro liquido de valores referentes a amortizao fiscal de gio de Eleva S/A na apurao das bases de clculo do IRPJ e CSLL devidos em cada trimestre, conforme "Demonstrativo de Apurao e Amortizao Fiscal do gio" apresentado pela BRF em atendimento a intimao fiscal e conforme se verifica na parte "A", folhas de apurao do Lucro Real LALUR, Livros de n 14 a 17, relativos ao ano de 2009. DA MULTA ISOLADA - FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS A fiscalizada, como j dito antes, apurou no ano calendrio de 2008, Imposto de Renda Pessoa Jurdica e Contribuio Social sobre o Lucro Liquido com base no lucro real com determinao anual, o que implica em recolhimentos mensais por estimativa, que neste caso a opo foi, pela apurao com base em Balano ou Balancete de Suspenso ou Reduo, nos meses de maio a dezembro 2008.As glosas de despesas (excluses) operadas pela Fiscalizao repercutiram na determinao da base de clculo da estimativa mensal para recolhimento obrigatrio do IRPJ e CSLL.Elaboramos uma planilha "Estimativas IRPJ e CSLL - Demonstrativo de Multa Isolada 2008" contemplando esta situao, que em verdade, deveria ser apurao procedida pelo contribuinte poca dos fatos (cpia integrante do PAF item "Planilhas Apurao dos Tributos").4. Cientificado pessoalmente dos autos de infrao em 18/05/2012, o contribuinte apresentou impugnao em 18/06/2012 (fls. 4748), com os seguintes argumentos:Ao contrrio do entendimento manifestado pelo Agente Fiscal, o laudo de avaliao em questo no tomou como base para definio do valor da companhia o valor das aes cotadas na Bovespa (que, nos termos do laudo de avaliao, no caso da Eleva, variaram de R$ 14,78 a R$ 24,84).Conforme consta no termo de verificao fiscal (fls. 32 do referido documento), na operao de aquisio da Eleva foi gerado um gio fiscal, correspondente diferena entre o custo de aquisio das aes da Eleva (R$1.679.175.000,00) e o valor do patrimnio lquido adquirido (R$315.146.000,00), no valor total de R$1.364.029.000,00, amortizvel em 120 (cento e vinte) meses.A operao de aquisio pode ser subdividida, em trs operaes diferentes: (i) operao de compra e venda de parte das aes detidas pelos acionistas majoritrios da Eleva, mediante pagamento em dinheiro; (ii) Oferta Pblica de Aquisio de controle (OPA), para aquisio das aes detidas pelos acionistas minoritrios; e (iii) incorporao do restante das aes da Eleva mediante emisso de aes da impugnante.A argumentao do Agente Fiscal acerca da inexistncia de pagamento ou preo da operao no tem qualquer aplicabilidade para as operaes em que a aquisio foi feita mediante compra e venda com pagamento em dinheiro. Contudo, a fiscalizao houve por bem apenas elencar diversas alegaes, como se fossem vlidas para todas as etapas da operao, que no possuem fundamento ou aplicabilidade, o que dificulta a compreenso pela impugnante das acusaes fiscais e a elaborao da presente defesa. O termo de verificao fiscal extenso e possui consideraes sobre a invalidade da formao do gio, sem que fosse esclarecido se as acusaes so vlidas para as trs etapas acima descritas ou se para apenas parte delas. Da no ter a impugnante certeza a respeito das acusaes fiscais que lhe foram imputadas, em evidente prejuzo ao seu direito de defesa, fato que, por si s, invalida o trabalho fiscal. Ferimento ao art. 142 do Cdigo Tributrio Nacional e descrio imprecisa das acusaes implica vcio na motivao do lanamento, o que afronta o art. 2 da Lei n. 9784, de 1999.Para a pessoa jurdica investidora, a amortizao contbil dos gios ou desgios no integra o lucro tributvel (art. 25 do Decreto-Lei n 1.598, de 1977), somente vindo a ser prevista a sua considerao nas bases de clculo do IRPJ e da CSLL se ocorrer um dos fatos descritos no art. 7 da Lei n. 9.532, de 1997, e segundo as respectivas condies, que so variveis de caso para caso.O custo total de aquisio tem que ser decomposto entre valor do investimento segundo o valor patrimonial contbil da investida (art. 20, inciso I, e pargrafo 1, e art. 21, do DL 1.598/77) e o valor do gio ou desgio (art. 20, inciso II, e pargrafo 1), devendo-se, para essa segregao, atender aos pargrafos 3 e 4 do art. 20 quanto ao fundamento econmico do gio ou desgio. irrelevante o ttulo jurdico pelo qual o investimento tenha sido adquirido, podendo a aquisio ter ocorrido por qualquer ato ou negcio jurdico (compra, permuta, subscrio de capital, incorporao de pessoa jurdica, incorporao de aes), isto porque no h no art. 20 do DL 1.598/77 qualquer limitao do seu alcance. Em qualquer caso de aquisio onerosa de propriedade, necessariamente h uma contraprestao e esta representa o custo da aquisio, a ser desdobrado de acordo com as regras do art. 20.A aquisio aparece na norma do art. 20 no como parte do seu antecedente, onde deveria estar se compusesse a hiptese ftica na norma, pois aparece como parte do conseqente, para fixar o elemento temporal para a aplicao da norma.O Acrdo n 107-08656, tratando de perda de capital, aceitou o gio formado em subscrio da participao societria, enquanto que o Acrdo n 105-16774 declarou textualmente que a subscrio forma de aquisio e o tratamento do gio apurado nessa circunstncia deve ser o mesmo que a lei admitiu para a aquisio das aes de terceiros. O mesmo ocorreu no julgamento de gio formado em aquisio mediante aumento de capital com entrega de aes em troca das conferidas, o qual est consubstanciado no Acrdo n 1101-00354. No mesmo sentido foi o entendimento proferido no Acrdo n 1101-00708, que reconheceu a validade do gio apurado na subscrio de capital em bens, sem que tenha ocorrido o pagamento em dinheiro.A disposio contida no artigo 14 da Instruo CVM n 247 no aplicvel para fins tributrios, dada sua flagrante contradio com o art. 20 do DL 1598 e com o art. 7 da Lei n 9532, de 1997, pois, ao contrrio do disposto na regra fiscal, que determina ser o gio a diferena entre o custo de aquisio e o valor do patrimnio lquido da sociedade adquirida, a norma regulatria determina ser o gio a diferena entre o custo de aquisio e o valor de mercado dos ativos da sociedade adquirida.Descabe a multa isolada, conforme decises do CARF, porque o pagamento mensal das estimativas constitui-se em mera tcnica de arrecadao fiscal. Uma vez encerrado o perodo de apurao, no h mais falar em sua imposio, pois ser exigvel apenas a diferena devida a ttulo de IRPJ e CSLL anuais.Deve ser afastada a incidncia dos juros de mora sobre os valores da multa de ofcio, pois a lei somente prescreve a aplicao do referido encargo sobre as multas isoladas.[Aduziu decises administrativas]A 4 Turma da DRJ em Fortaleza/CE analisou a impugnao apresentada pela contribuinte e, por via do Acrdo n 08-25.811, de 26/06/2013 (fls. 4921/4948), considerou procedente em parte o lanamento, com a seguinte ementa:ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCALAno-calendrio: 2008, 2009 LANAMENTO. NULIDADE.Sem a demonstrao da existncia de prejuzo concreto, no h falar em cerceamento do direito de defesa, inocorrendo, pois, nulidade do lanamento fiscal.ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA - IRPJ Ano-calendrio: 2008, 2009 GIO. DEFINIO LEGAL.O gio a diferena entre o custo de aquisio do investimento e o valor da proporo adquirida do patrimnio lquido da investida, na poca da aquisio, determinado com base em balano patrimonial ou balancete de verificao.AQUISIO DE PARTICIPAO SOCIETRIA. PERMUTA DE AES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. GIO.Na aquisio de participao societria realizada por meio de permuta de aes, o custo de aquisio para fins de clculo do gio determinado pelo valor patrimonial do conjunto de aes dadas em pagamento.A incluso da expectativa de rentabilidade futura da adquirente no custo de aquisio da participao societria viola o princpio contbil da prudncia e viola o artigo 20 do Decreto-Lei n 1.598, de 1977.MULTA ISOLADA. ESTIMATIVA MENSAL.Aplica-se a multa de 50%, exigida isoladamente, sobre o valor no pago da estimativa mensal de IRPJ, calculada com base na receita bruta ou em balancete de suspenso/reduo, ainda que o lanamento tenha ocorrido aps o fim do ano-calendrio correspondente.ASSUNTO: CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO - CSLL Ano-calendrio: 2008, 2009 TRIBUTAO REFLEXA. MULTA ISOLADA.Tratando-se da mesma matria ftica, e no havendo aspectos especficos a serem apreciados, ao lanamento decorrente aplica-se a mesma deciso do principal.ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTRIO Ano-calendrio: 2008, 2009 JUROS SOBRE MULTA DE OFCIO.No AgRg no REsp 1.335.688-PR, a 1 Seo do Superior Tribunal de Justia pacificou o entendimento das duas turmas que lhe compem, no sentido de que legtima a incidncia de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crdito tributrio, referenciando os seguintes precedentes: REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/09/2009; e REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 02/06/2010.Por relevante, de se esclarecer que o acrdo de primeira instncia manteve o lanamento na parte relativa ao alegado gio gerado pela permuta de aes, bem como as respectivas multas isoladas e os gravames moratrios.Como o sujeito passivo foi exonerado de crdito tributrio (principal e multa) em valor superior ao limite de alada (R$ 1.000.000,00), a Turma Julgadora recorreu de ofcio a este Colegiado. poca, esse procedimento era disciplinado pelo art. 34 do Decreto n 70.235/1972, com as alteraes introduzidas pela Lei n 9.532/1997, e, ainda, pela Portaria MF n 3/2008. Ciente da deciso de primeira instncia em 22/08/2013, conforme Aviso de Recebimento fl. 4961, a contribuinte apresentou recurso voluntrio em 20/09/2013 conforme carimbo de recepo folha 4962.No recurso interposto (fls. 4963/5022), aps historiar o ocorrido, sob sua tica, a recorrente reitera, preliminarmente, suas alegaes acerca de nulidade do lanamento por cerceamento ao seu direito ampla defesa e ao contraditrio. Sustenta que o termo de verificao fiscal extenso, e conteria acusaes sobre a invalidade da formao do gio, sem que fosse esclarecido se as acusaes seriam vlidas para as trs etapas da operao descritas ou se apenas para parte delas. Isto teria restado claro pela deciso de primeira instncia, ao decidir que aquelas consideraes no teriam qualquer aplicao operao de compra e venda com pagamento em dinheiro.No mrito, traz os argumentos abaixo sintetizados:Inicialmente, a recorrente busca situar e esclarecer o processo de reestruturao de negcios e expanso de suas atividades, especialmente a operao de aquisio da sociedade Eleva, que teria ocorrido em trs etapas distintas, a saber (fl. 4972):Iniciando o processo de aquisio da Eleva, na primeira etapa da operao, a Recorrente adquiriu aes dos controladores, representativas de 35,74% [...] do capital social da Eleva, nos termos do Contrato de Compra e Venda de Aes e Outras Avenas (fls. 3440/3479), firmado em 30.10.2007, mediante pagamento em dinheiro.Posteriormente, dando continuidade ao processo de aquisio da Eleva, a companhia efetuou liquidao financeira de aquisio das aes detidas pelos acionistas minoritrios, nos termos do Edital de Oferta Pblica para Aquisio de Aes Ordinrias de Emisso da Eleva Alimentos S.A., devidamente registrada na Comisso de Valores Mobilirios em 11.1.2008 (fls. 3774/3784).Ato subsequente, houve a aquisio do restante das aes detidas pelos acionistas controladores da Eleva mediante incorporao de aes, nos termos do disposto no art. 252 da Lei n. 6404, por meio da qual a Eleva passou a ser subsidiria integral da Recorrente.A interessada enfatiza que as partes envolvidas na operao optaram pela utilizao do laudo de avaliao de ambas as sociedades elaborado pelo Credit Suisse, com base no mtodo do fluxo de caixa descontado, para todas as etapas da operao, e especialmente para clculo da relao de substituio de aes da sociedade Eleva por aes da Recorrente.Com isso, na operao de aquisio da Eleva foi gerado um gio fiscal, correspondente diferena entre o custo de aquisio das aes da Eleva (custo total da operao no valor de R$ 1.679.175.000,00) e o valor do patrimnio lquido adquirido (correspondente a R$ 315.146.000,00), no valor total de R$ 1.364.029.000,00. Aps a incorporao da Eleva pela Perdigo, o gio passou a ser amortizvel para fins fiscais. A discriminao dos valores estaria fl. 3495 do processo.A recorrente ressalta que a fiscalizao no teria tecido qualquer considerao a respeito do valor do preo de venda das aes na primeira etapa, tampouco da OPA na segunda etapa nem mesmo o preo de emisso na operao de incorporao de aes. Os questionamentos do auto de infrao estariam relacionados ao valor do gio apurado (no entender do Fisco, deveria ser residual em relao ao valor de mercado dos bens do patrimnio lquido da investida); ao fundamento econmico do gio (segundo o Fisco, seria de mais valia de ativos); e a falta de desembolso de caixa, principalmente. A deciso recorrida teria inovado, ao questionar os critrios de avaliao das aes da Perdigo dadas em pagamento na aquisio das aes da Eleva, inovao que no seria admissvel, por trazer argumentos no cogitados pelo Fisco, quando da lavratura do auto de infrao. Apesar da nulidade da deciso recorrida, trazida pela inovao, lembra que esta pode ser superada se, no mrito, a autuao for cancelada, o que requer.A interessada reclama, ainda, que a deciso recorrida, mesmo tendo admitido o gio na operao de compra realizada, desconsiderando somente aquele surgido na operao de incorporao de aes, deixou de considerar o valor do gio apurado na Oferta Pblica de Aes, em que teria havido efetiva liquidao financeira da operao, conforme reconhecido pela fiscalizao.A recorrente passa, ento, a combater o entendimento do acrdo recorrido (inovao, por sua tica), de que a interessada no poderia ter considerado o valor de mercado das suas aes como custo de aquisio do investimento na Eleva, na etapa de incorporao de aes. Transcreve o art. 252 da Lei n 6.404/76, que disciplina o instituto da incorporao de aes, e colaciona doutrina sobre o assunto. Conclui que (fls. 4989 e segs.):A funo prtica do ato jurdico de incorporao de aes a transferncia do seu domnio dos acionistas de uma determinada companhia para outra, de maneira a que aquela se torne subsidiria integral desta, com a contrapartida da entrega, por esta, de aes do seu capital aos acionistas detentores da aes incorporadas; portanto, h alienao das aes incorporadas, feita pelos respectivos titulares, e a aquisio, por estes, de novas aes da companhia incorporadora.[...]Toda aquisio, como visto, pressupe uma contraprestao e, no caso da incorporao de aes, no diferente. evidente que a troca de aes pelos antigos acionistas da Eleva, que receberam aes da Perdigo, represente o pagamento de uma contraprestao pela Recorrente. Isto porque, ao contrrio do entendido pelo Sr. Agente Fiscal, houve um desembolso pela Perdigo, i.e., houve o pagamento do preo do valor das aes, tal como acordado pelas partes, mediante a entrega de suas aes.[...]O pagamento corresponde, a todo rigor, ao adimplemento de qualquer obrigao, sendo, portanto, irrelevante se for feito em dinheiro ou em bens.Sustenta a recorrente que o acrdo recorrido ter-se-ia equivocado ao equiparar a operao de incorporao de aes a uma permuta, e discorre sobre as diferenas entre esses institutos. Aduz (fl. 4993) que, sendo a incorporao de aes forma de aquisio onerosa de propriedade (tal como reconhecido pela prpria deciso recorrida) necessariamente h uma contraprestao, e esta representa o custo da aquisio, a ser desdobrado de acordo com as regras do art. 20. No que toca avaliao do valor das aes na incorporao de aes, a interessada pondera que (fls. 4995/4996):Ao incorporar as aes de uma companhia, a dita incorporadora emite novas aes, como contraprestao ao recebimento das aes incorporadas. Essas novas aes emitidas pela incorporadora so moeda de troca com os acionistas da companhia cujas aes so incorporadas e, como tal, devem possuir um preo.Esse preo, utilizado como moeda de troca, justamente o valor atribudo a elas quando do aumento de capital da companhia incorporadora (a prpria Lei n. 6404 utiliza o termo preo de emisso). Insista-se: a entrega das novas aes da companhia dita incorporadora ocorre como contraprestao pelo recebimento das aes incorporadas, que passam a ser de titularidade da empresa incorporadora, E como a lei estabelece que essa emisso possui um preo, esse ser o custo da incorporadora pela aquisio do investimento.Reporta-se ao art. 264 da Lei n 6.404/1976 e sustenta haver cumprido integralmente o ali disposto. Acrescenta que a deciso recorrida teria confundido o critrio de apurao do valor de aes com o fundamento econmico do pagamento do gio gerado. Afirma, ainda, que o acrdo combatido teria entendido que o correto no seria considerar o valor das sociedades apurado com base no fluxo de caixa descontado, devendo ser considerado o valor patrimonial das aes da referidas companhias, sem trazer qualquer fundamentao legal para esse critrio.A recorrente sustenta ser descabido o entendimento do Fisco de que o gio teria sido criado pelas empresas envolvidas e que as operaes teriam o fim ltimo de amortizao do gio. Ao contrrio, afirma que a operao teve evidente propsito negocial, o que teria ficado evidenciado pela deciso recorrida, ao reconhecer o gio em uma parte da operao. Tambm seria descabida qualquer afirmao sobre tratar-se de gio de si mesmo, por se estar diante de operao realizada com terceiros, em que h o efetivo desembolso de recursos, seja em dinheiro, seja mediante entrega de aes.A interessada passa, ento, a discorrer sobre outros argumentos, suscitados pela Fiscalizao, e que no teriam sido mantidos pela deciso recorrida. Com isso, pretende afastar quaisquer dvidas sobre a validade do gio gerado na aquisio da Eleva. Trata dos seguintes tpicos: (a) regime jurdico no qual aparecem os gios; (b) fundamentao do gio (no seu caso, rentabilidade futura).A recorrente aduz argumentos contrrios s multas exigidas isoladamente por falta/insuficincia no recolhimento de estimativas mensais, no ano-calendrio 2008.A recorrente sustenta a inaplicabilidade de juros sobre a multa de ofcio.

Contrarrazes da Fazenda NacionalA Fazenda Nacional, por seu Procurador, com base no 2 do art. 48 do Regimento Interno do CARF em vigor, apresentou suas contrarrazes (fls. 5103/5141) ao recurso voluntrio interposto pela contribuinte.Aps sintetizar, sob sua tica, os fatos, a autuao, a deciso de primeira instncia e o recurso voluntrio, a Fazenda Nacional passa a expor seus argumentos, os quais entende que podem conduzir ao reestabelecimento integral do auto de infrao lavrado. Segue apertada sntese.Inicialmente, a Fazenda Nacional busca refutar o argumento da contribuinte, de que a Fiscalizao no teria tratado de forma individualizada cada uma das situaes abarcadas pela autuao (fl. 5108):Ocorre, entretanto, que o exclusivo propsito tributrio que permeou a operao, afastando-se de um desejvel propsito negocial, circunstncia que atinge todas as modalidades de aquisio envolvidas na aquisio global da Eleva.[...] A ausncia de propsito negocial macula, como veremos a seguir, toda a operao de aquisio, e no apenas a parcela envolvendo o suposto gio pago na incorporao de aes da Eleva pela Perdigo.A amortizao fiscal do gio como grande motivo para se realizar a aquisio da Eleva j teria sido identificada e apontada pela fiscalizao desde o incio, e consta inclusive como Fato Relevante divulgado pela Perdigo em 30/07/2007 e tambm no item 6.1 do Protocolo e Justificao de Incorporao de Aes. fl. 5110 assim se manifesta a douta PFN:Quando no Protocolo e justificao de Incorporao se afirma que as administraes da Perdigo e da Eleva entendem que a operao societria criar valor para os acionistas de ambas as companhias, estamos exatamente diante do real objetivo perseguido, que a criao de valores, atravs de uma reavaliao a preo de mercado das aes dos acionistas da Eleva, trazidas para dentro da Perdigo (incorporadas) a custo zero e ainda gerando despesas de amortizao do gio criado, reduzindo o Imposto de Renda Pessoa Juridica IRPJ e Contribuio Social sobre o Lucro lquido CSLL da Perdigo, beneficiando os acionistas em geral, inclusive os ex-acionistas de Eleva, agora acionistas da Perdigo.Prossegue a PFN, sustentando que no seria apenas a ausncia de propsito negocial a impedir o aproveitamento fiscal do gio. Especificamente no que toca incorporao de aes, a PFN lembra que a Fiscalizao (fls. 16 do TVF) analisa a relao de troca (substituio) das aes, que deve ser equitativa, concluindo que os critrios utilizados para determinar a relao de substituio podem ser os mais variados possveis, desde que visem a substituir de forma justa os direitos dos scios, que se extinguiro pela entrega de suas aes.Aps historiar os valores das aes de Perdigo e Eleva, a PFN conclui (fls. 5111/5112):Neste caso especificamente, no h que se falar em gio, uma vez que as aes adquiridas e as trocadas foram avaliadas (laudo de avaliao) pelo valor econmico, com base na expectativa de rentabilidade futura, cujos valores por ao, tanto da Perdigo quanto da Eleva, correspondem ao valor de mercado, calculado pela mdia ponderada dos preos praticados na Bovespa no perodo de 31/10/2007 a 10/11/2007, data de referncia da transao.Tanto na "Incorporao de Sociedades", quanto na "Incorporao de Aes" no h que se falar em "Preo de Emisso das Aes", uma vez que, as normas relativas s duas formas de incorporao determinam a adoo da "Relao de Substituio" dos direitos dos scios por aes representativas do capital social da incorporadora como garantia a equitatividade econmica a ser preservada para as partes envolvidas.Assim sendo, no h preo, no sentido prprio, porque um dos figurantes promete um bem, que no dinheiro, e o outro figurante promete outro bem, que no dinheiro.Nestes casos o comprador e vendedor se equivalem, pois h troca sempre que se presta direito de propriedade, ou posse, e se contrapresta outro direito de propriedade, ou posse, ou qualquer outro direito, inclusive o direito a alguma quantia certa. Assim sendo, no se caracteriza qualquer pagamento de gio na operao.No caso sob anlise, quanto incorporao de aes, os direitos e deveres de cada uma das empresas envolvidas foram criados e extintos na mesma proporo, ou seja, em condies de igualdade, sem prejuzo para nenhuma das partes, sem gerao ou alterao da riqueza nem pagamento de sobrepreo (gio), at porque no houve nenhum sacrifcio de ativo ou efetivo pagamento pelas aes da Eleva.[...]O gio apurado na incorporao de aes teve como contrapartida no aumento de capital da Perdigo, conforme Ata da AGOE de 30/04/2008, ou seja, a empresa no pagou pelo gio, no sacrificou nenhum ativo, nem tampouco assumiu dvida alguma em troca desse gio. Pelo contrrio, para pagar pelo gio a Perdigo emitiu aes, aumentando seu capital no exato montante do valor das aes incorporadas. No houve desembolso algum.Est-se, portanto, diante de um caso em que uma sociedade pretende beneficiar-se de uma deduo prevista na legislao fiscal - o art. 386, inciso III, do RIR/1999 - sem que tenha havido o correspondente e efetivo pagamento do gio, da resultando em dano efetivo ao Errio.A quantificao do gio tomou por base valores estabelecidos pelas diretorias da Perdigo e Eleva, prximos (intermedirios), porm no idnticos, aos estabelecidos nos laudos de avaliao pelo valor econmico das aes das duas empresas ou no preo mdio ponderado das aes no perodo de 31/10/2007 a 10/11/2007 na Bovespa de R$ 47,12 aes da Perdigo e R$ 24,84 aes da Eleva, conforme consta do Laudo de Avaliao elaborado pela Credit Suisse, tendo utilizado para cada ao de emisso da Perdigo o valor de R$ 45,00 e para as aes de emisso da Eleva de R$ 25,8162443 e relao de substituio de 1,74308855 aes da Eleva para cada 1 (uma) ao de emisso da Perdigo.Inconcebvel imaginar que numa relao de substituio, as duas partes firmassem protocolo de intenes com tamanho prejuzo para uma delas. As prprias administraes entenderam justa a relao de troca.[...]Dessa forma, a autuao dever ser mantida integralmente, inclusive a glosa de prejuzos fiscais e a multa isolada pela falta de recolhimento das estimativas do ano de 2008, sobretudo por encontrar amparo em sedimentada jurisprudncia do CARF.A Fazenda Nacional aduz, ainda, razes pela possibilidade de cumulao da multa isolada e da multa de ofcio, por se tratar de materialidades distintas, lembrando ainda que se cuida de fatos geradores posteriores MP 351/2007.A Fazenda Nacional aduz razes pela incidncia de juros sobre a multa de ofcio.A Fazenda Nacional conclui com o pedido de provimento ao recurso de ofcio e de desprovimento ao recurso voluntrio. o Relatrio.

Conselheiro Waldir Veiga Rocha, RelatorQuanto admissibilidade do recurso de ofcio, deve-se ressaltar o teor do art. 1 da Portaria MF n 3, de 03/01/2008, publicada no DOU de 07/01/2008, a seguir transcrito:Art. 1 O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrer de ofcio sempre que a deciso exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milho de reais).No caso em tela, ao somar os valores correspondentes a tributo e multa afastados em primeira instncia (fl. 4960), verifico que superam o limite de um milho de reais, estabelecido pela norma em referncia.Portanto, o recurso de ofcio cabvel, e dele conheo.Da mesma forma, o recurso voluntrio tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheo.Inicialmente, para maior clareza, devo estabelecer as duas etapas ou fases em que se dividiu a operao de aquisio da totalidade das aes da Eleva pela Perdigo. Antes dessa operao, as aes da Eleva pertenciam a um grupo de acionistas majoritrios e controladores (que sero doravante referidos como Famlia Shan), alm de acionistas minoritrios. Ao longo do presente processo, as partes atriburam nomes, letras ou nmeros diferentes s diversas etapas, o que pode causar alguma dificuldade no entendimento. Para os fins deste voto, sero referidas as fases (1) e (2), a seguir especificadas.1) Primeira etapa da operao: em 02/01/2008 a Perdigo adquiriu 23.170.156 aes da Eleva, at ento de propriedade da Famlia Shan, representativas de 35,74% do capital social da Eleva, nos termos do Contrato de Compra e Venda de Aes e Outras Avenas (fls. 3440/3479), firmado em 30.10.2007, mediante pagamento em dinheiro. Clusula 3.1 do Contrato, fl. 3452. Ainda dentro desta etapa, a Perdigo adquiriu, mediante pagamento em dinheiro, parte das aes da Eleva detidas pelos acionistas minoritrios, nos termos do Edital de Oferta Pblica para Aquisio de Aes Ordinrias de Emisso da Eleva Alimentos S.A., (fls. 3774/3784). O total, incluindo pagamentos a controladores e minoritrios, foi de R$ 764.606.000,00 (46,23% das aes). Vide TVF fl. 4713 e demonstrativo do contribuinte fl. 3495. A parte da autuao correspondente a esta fase foi afastada em primeira instncia, e objeto do recurso de ofcio.2) Segunda etapa da operao: A Perdigo adquiriu o restante das aes (53,77%) detidas pelos acionistas controladores e minoritrios da Eleva mediante incorporao de aes, nos termos do disposto no art. 252 da Lei n 6.404/1976, por meio da qual a Eleva passou a ser subsidiria integral da Perdigo. Em substituio s aes da Eleva recebidas, foram entregues 20.000.000 de aes da Perdigo (15.463.349 + 4.536.651), s quais foi atribudo o valor de R$ 911.554.000,00, com a relao de 1 ao da Perdigo para 1,74308855 ao da Eleva. A parte da autuao correspondente a esta fase foi mantida em primeira instncia, e objeto do recurso voluntrio.Ao final, a interessada demonstrou o gio por ela apurado no valor total de R$ 1.364.029.000,00, como sendo a diferena entre o custo total da operao (no valor de R$ 1.679.175.000,00) e o valor do patrimnio lquido adquirido (correspondente a R$ 315.146.000,00). Vide fl. 3495. Aps a incorporao da Eleva pela controladora Perdigo, o gio passou a ser amortizado, para fins fiscais, pela sociedade incorporadora.

RECURSO DE OFCIOSobre a etapa (1), acima, creio no haver maiores controvrsias. Trata-se de operao de compra e venda, firmada entre partes independentes, sendo o preo livremente estabelecido em condies de mercado. Desde que o preo pago superou o valor de patrimnio lquido do investimento adquirido, correta a segregao em valor de patrimnio lquido e gio, a teor do art. 20 do DL 1.598/77. Quanto classificao do gio, segundo seu fundamento econmico, o Fisco afirmou que somente poderia ser classificado como expectativa por rentabilidade futura aquilo que ultrapassasse o valor de mercado dos ativos e passivos da Eleva, avaliados a valor de mercado (TVF, fl. 4725). Esse entendimento, todavia, foi superado pela deciso de primeira instncia, confira-se o pargrafo a seguir transcrito, do voto vencedor do acrdo recorrido (fl. 4946):Considerando o valor total dessa operao e a quantidade de aes negociadas, conclui-se que foi praticado o preo de R$ 25,81624453 por ao, o que compatvel com o valor encontrado pela Credit Suisse ao aplicar o mtodo do fluxo de caixa descontado (R$ 25,04 por ao). Portanto, pode-se concluir que esse gio devido a uma expectativa de rentabilidade futura (goodwill) e passvel de amortizao, conforme a legislao tributria.Alm das razes acima, registre-se que a classificao e o clculo do gio, poca, eram regulados pelas disposies do art. 20 do DL n 1.598/1977, para as empresas optantes pelo RTT, situao da interessada (vide documentos s fls. 5165/5166). Diante disso, a metodologia de clculo adotada pelo Fisco foi corretamente afastada.A deciso de primeira instncia afastou as exigncias sobre a amortizao do gio formado nesse etapa (1), e no fao a qualquer reparo.Sustenta a Fazenda Nacional que o negcio estaria maculado pela falta de propsito negocial, tendo sido firmado com o grande motivo de aproveitamento fiscal do gio.Com todo o respeito, devo divergir. O grande motivo para a operao foi a aquisio da Eleva pela Perdigo. O negcio foi firmado entre o grupo Perdigo e o grupo controlador da Eleva, nada havendo nos autos que permita concluir que se tratasse de partes de alguma forma relacionadas ou sob controle comum. A transferncia foi de fato realizada, passando a Eleva condio de subsidiria integral da Perdigo. A questo, ento, reside na forma como foi conduzida a operao, primeiro com a aquisio, em dinheiro, de parte das aes da Eleva, a seguir com a aquisio, mediante incorporao de aes, da parcela restante das aes da Eleva e, finalmente, com a incorporao da Eleva. Se esse caminho passou pela formao de gio e, a seguir, permitiu sua amortizao para fins fiscais, tenho que se trata de benefcio adicional ao fim pretendido e conseguido, no se podendo exigir que o contribuinte adotasse um caminho que lhe fosse mais oneroso para conseguir seus objetivos societrios precpuos, a saber, a expanso e reorganizao de suas atividades empresariais. Observo, finalmente, que o Fisco fez lavrar a autuao com multa de 75% e em momento algum afirmou a presena de simulao ou de outra prtica dolosa. Com esses fundamentos, nego provimento ao recurso de ofcio, mantendo a deciso que afastou a tributao sobre a parcela do gio formado na aquisio de aes da Eleva at ento de propriedade dos acionistas controladores e minoritrios desta ultima, mediante pagamento em dinheiro (fase (1), antes referida). Por consequncia, tambm so afastadas as multas isoladas e encargos incidentes sobre as parcelas afastadas.

RECURSO VOLUNTRIOA discusso se adensa ao se analisar a etapa (2). Aqui no houve pagamento em dinheiro pelas aes da Eleva recebidas pela Perdigo. As partes se valeram do instituto da incorporao de aes, de que trata o art. 252 da Lei n 6.404/1976, verbis (grifos no constam do original):Art. 252. A incorporao de todas as aes do capital social ao patrimnio de outra companhia brasileira, para convert-la em subsidiria integral, ser submetida deliberao da assemblia-geral das duas companhias mediante protocolo e justificao, nos termos dos artigos 224 e 225. 1 A assemblia-geral da companhia incorporadora, se aprovar a operao, dever autorizar o aumento do capital, a ser realizado com as aes a serem incorporadas e nomear os peritos que as avaliaro; os acionistas no tero direito de preferncia para subscrever o aumento de capital, mas os dissidentes podero retirar-se da companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas aes, nos termos do art. 230.(Redao dada pela Lei n 9.457, de 1997) 2 A assemblia-geral da companhia cujas aes houverem de ser incorporadas somente poder aprovar a operao pelo voto de metade, no mnimo, das aes com direito a voto, e se a aprovar, autorizar a diretoria a subscrever o aumento do capital da incorporadora, por conta dos seus acionistas; os dissidentes da deliberao tero direito de retirar-se da companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas aes, nos termos do art. 230.(Redao dada pela Lei n 9.457, de 1997) 3 Aprovado o laudo de avaliao pela assemblia-geral da incorporadora, efetivar-se- a incorporao e os titulares das aes incorporadas recebero diretamente da incorporadora as aes que lhes couberem. 4o A Comisso de Valores Mobilirios estabelecer normas especiais de avaliao e contabilizao aplicveis s operaes de incorporao de aes que envolvam companhia aberta.(includo pela MP n 449, de 03/12/2008, convertida na Lei n 11.941, de 2009) O caput do artigo acima faz meno a protocolo e justificao, nos termos dos arts. 224 e 225 do mesmo diploma legal. Eis seu contedo (grifos no constam do original):Art. 224. As condies da incorporao, fuso ou ciso com incorporao em sociedade existente constaro de protocolo firmado pelos rgos de administrao ou scios das sociedades interessadas, que incluir: I - o nmero, espcie e classe das aes que sero atribudas em substituio dos direitos de scios que se extinguiro e os critrios utilizados para determinar as relaes de substituio; II - os elementos ativos e passivos que formaro cada parcela do patrimnio, no caso de ciso; III - os critrios de avaliao do patrimnio lquido, a data a que ser referida a avaliao, e o tratamento das variaes patrimoniais posteriores; IV - a soluo a ser adotada quanto s aes ou quotas do capital de uma das sociedades possudas por outra; V - o valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou reduo do capital das sociedades que forem parte na operao; VI - o projeto ou projetos de estatuto, ou de alteraes estatutrias, que devero ser aprovados para efetivar a operao; VII - todas as demais condies a que estiver sujeita a operao. Pargrafo nico. Os valores sujeitos a determinao sero indicados por estimativa.Art. 225. As operaes de incorporao, fuso e ciso sero submetidas deliberao da assemblia-geral das companhias interessadas mediante justificao, na qual sero expostos: I - os motivos ou fins da operao, e o interesse da companhia na sua realizao; II - as aes que os acionistas preferenciais recebero e as razes para a modificao dos seus direitos, se prevista; III - a composio, aps a operao, segundo espcies e classes das aes, do capital das companhias que devero emitir aes em substituio s que se devero extinguir; IV - o valor de reembolso das aes a que tero direito os acionistas dissidentes.Antes de iniciar a anlise, ressalto o fato (bvio) que a incorporao de aes instituto previsto em lei. No se trata de criao das partes envolvidas, muito menos de adaptao enviesada de mltiplas disposies legais para se chegar a um resultado. Em assim sendo, o que resta verificar se o instituto foi corretamente empregado, de acordo com a finalidade para a qual foi criado e seguindo as prescries legais. o que passo a fazer.O laudo de avaliao (mencionado no 1 e no 3 do art. 252) para avaliar as aes da companhia que ter suas aes incorporadas, no caso, a Eleva. O art. 252 no deixa claro qual seria o critrio de avaliao. Mas, como seu caput remete ao protocolo do art. 224, e este fala em critrios utilizados para determinar as relaes de substituio, parece-me possvel que a avaliao considere a expectativa de rentabilidade futura da Eleva. Esse foi o procedimento das partes envolvidas na operao aqui discutida.O 1 do art. 252, dirigido companhia incorporadora (no caso, Perdigo), diz que o aumento de capital ser realizado com as aes a serem incorporadas. O 2, agora dirigido companhia que ter suas aes incorporadas (Eleva), estabelece que a diretoria subscrever o aumento de capital da incorporadora, por conta dos seus acionistas (no caso, a Famlia Shan e demais acionistas minoritrios). Essa leitura, conjugada observao anterior quanto avaliao das aes que sero incorporadas, me conduz concluso de que o aumento de capital na incorporadora (Perdigo) deve ser feito pelo valor resultante da avaliao das aes que sero incorporadas (aes da Eleva).O Protocolo e Justificao de Incorporao de Aes de emisso da Eleva Alimentos S.A. pela Perdigo S.A. se encontra s fls. 3480/3487. Sua clusula 4.1 (fl. 3483), que trata do aumento do capital social da Perdigo, no especifica o valor do aumento, mas prescreve que ser conforme a Avaliao Econmico-Financeira da Eleva.A ata (fl. 3648) da AGE e AGO da Perdigo que aprovou o aumento de capital dispe:[...] 4. [...] (iii) em 21.02.2008, aprovando a emisso de 20.256.751 [...] aes ordinrias, escriturais, sem valor nominal, as quais foram integralizadas com as aes de emisso da Eleva e atribudas aos acionistas, de acordo com a relao de substituio de 1 (uma) nova ao ordinria da Companhia para cada 1,74308855 ao ordinria de emisso da Eleva, nos termos do artigo 5, pargrafo 1, do Estatuto Social da Companhia. O preo de emisso foi de R$ 45,00 por ao, resultando no aumento de capital social de R$ 911.553.795,00 [...].O valor do aumento de capital na Perdigo (R$ 911.553.795,00) corresponde, pois, s 34.860.000 aes da Eleva (vide demonstrativo fl. 4713/4714), a valores unitrios de R$ 25,80 (arredondei os valores). Da se extraiu a relao de substituio (1,743) entre as aes da Perdigo e da Eleva. Isso compatvel com o entendimento, do qual comungo, de que deve haver uma equivalncia econmica entre as riquezas envolvidas na incorporao de aes. Em se tratando de partes independentes, a Famlia Shan entrega uma riqueza (suas aes na Eleva) em troca de uma outra riqueza (as novas aes emitidas pela Perdigo). O valor global de cada uma das riquezas mencionadas deve ser equivalente. No caso, os critrios de avaliao foram os mesmos, a saber, a expectativa de rentabilidade futura de cada uma das empresas, mediante o emprego do mtodo do fluxo de caixa descontado, vide laudo s fls. 3497/3562.Com o exposto, possvel afastar o principal argumento empregado pelo julgador a quo para manter esta parte do lanamento. O voto vencedor do acrdo recorrido aplicou a relao de substituio (1,743) ao valor de patrimnio lquido de cada ao da Eleva (R$ 8,92), chegando ao valor de R$ 15,55. A seguir, comparou o valor assim obtido ao valor de patrimnio lquido de cada ao da Perdigo (R$ 13,81). Como o primeiro era maior do que o segundo, concluiu pela inexistncia de gio, dado que a Perdigo teve um sacrifcio patrimonial de R$ 13,81 para adquirir um patrimnio de R$ 15,55. Ora, a relao de substituio foi claramente obtida a partir da comparao entre valores avaliados pelo fluxo de caixa descontado, ou seja, valores nos quais estava embutida a expectativa de rentabilidade futura de cada uma das empresas, conforme se depreende da leitura dos itens 1.1 e 1.2 do Protocolo j mencionado (fl. 3482). Essa relao somente faz algum sentido (econmico) dentro do contexto em que foi determinada, com o fim de fazer com que as aes que trocaram de mos tivessem valores equivalente, avaliadas a critrios uniformes. Sua aplicao, como fez a DRJ, para fins de comparao entre valores patrimoniais no faz qualquer sentido.Da perspectiva da Perdigo, o aumento de capital (R$ 911.553.795,00) deve ser registrado contabilmente em seu patrimnio lquido, a crdito da conta de capital social. A contrapartida, por bvio, deve ser o registro contbil do investimento representado pelas aes da Eleva, antes pertencentes Famlia Shan, recebidas na incorporao de aes. A esta altura, imprescindvel lembrar que esse registro contbil deve obedecer ao disposto no art. 20 do Decreto-Lei n 1.598/1977, em sua redao vigente poca:Art 20 - O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimnio lquido dever, por ocasio da aquisio da participao, desdobrar o custo de aquisio em:I - valor de patrimnio lquido na poca da aquisio, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II - gio ou desgio na aquisio, que ser a diferena entre o custo de aquisio do investimento e o valor de que trata o nmero I. 1 - O valor de patrimnio lquido e o gio ou desgio sero registrados em subcontas distintas do custo de aquisio do investimento. 2 - O lanamento do gio ou desgio dever indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econmico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previso dos resultados nos exerccios futuros; c) fundo de comrcio, intangveis e outras razes econmicas. 3 - O lanamento com os fundamentos de que tratam as letras a e b do 2 dever ser baseado em demonstrao que o contribuinte arquivar como comprovante da escriturao.Ou seja, o registro do custo de aquisio do investimento ser, necessariamente, desdobrado entre valor de patrimnio lquido e gio, sendo este calculado pela diferena entre o custo total de aquisio e o valor de patrimnio lquido do investimento adquirido. Esse foi o procedimento da interessada, e da surgiu o gio cuja amortizao para fins fiscais, aps a incorporao da Eleva pela Perdigo, veio a ser questionada pelo Fisco. Melhor dizendo, a parcela do gio cuja amortizao permaneceu aps a deciso de primeira instncia. Ressalto que esse registro do investimento impositivo. Descabe, como chegou a sugerir a Fazenda Nacional (fl. 5114), o registro do investimento pelo valor do laudo de avaliao, o que conduziria a gio zero. O equilbrio entre o recebimento e a entrega de aes econmico, mas o registro contbil segue prescries estritas.Quanto motivao do gio e sua classificao como decorrente de expectativa de rentabilidade futura da investida, acredito que j foi sobejamente esclarecido que o laudo de avaliao adotou a metodologia do fluxo de caixa descontado, cujo resultado compatvel com esse fundamento. Acrescento que o Fisco no confrontou o laudo, em si, nem os valores a que chegou.Pode-se questionar que no se poderia chamar de custo de aquisio ao valor do aumento de capital da Perdigo. Afinal, no teria havido um sacrifcio de ativos para a aquisio do investimento, expresso comumente empregada no sentido de que no houve pagamento nem em dinheiro nem mediante a entrega de qualquer outro bem ou direito registrado no ativo, nem assuno de dvida. A esse argumento, deve-se contrapor que houve a entrega Famlia Shan de aes de emisso da prpria incorporadora das aes da Eleva (a Perdigo). Segundo a doutrina, ao a menor parcela em que se divide o capital social da companhia . Por sua vez, o capital social conceituado como segue:O investimento efetuado na companhia pelos acionistas representado pelo Capital Social. Este abrange no s as parcelas entregues pelos acionistas como tambm os valores obtidos pela sociedade e que, por decises dos proprietrios, se incorporam ao Capital Social, representando uma espcie de renncia a sua distribuio na forma de dinheiro ou de outros bens.Ou seja, aquele que recebe aes de uma companhia recebe frao de seu capital social e, em consequncia, frao do patrimnio lquido (valor contbil pertencente aos scios, por diferena entre ativos e passivos). Ademais, recebe tambm o direito de participar da vida ativa da companhia, seja pelo voto, seja pelo recebimento futuro e eventual de dividendos e juros sobre o capital prprio. Finalmente, as aes so negociveis no mercado, podendo ser convertidas, com maior ou menor facilidade, em dinheiro. Do ponto de vista do emitente (Perdigo), ao emitir aes e entreg-las a terceiros (Famlia Shan), est reduzindo a participao dos demais acionistas no capital social, ou seja, as aes em poder dos demais acionistas so diludas, passando a representar menor parcela do capital social. O mesmo ocorre com eventuais lucros a serem apurados no futuro, os quais tero que ser divididos entre maior nmero de acionistas. Com todo o exposto, concluo que a entrega de aes na situao analisada representa, sim, um sacrifcio patrimonial, muito embora diferente daquele a que estamos mais habituados, pela entrega de numerrio.Assim, devo concluir que o instituto da incorporao de aes, no caso concreto, foi utilizado de acordo com a lei que o instituiu, e que o registro contbil, pela Perdigo, do gio no investimento na Eleva, seguiu tambm os preceitos legais.Na sequncia, a Perdigo incorporou a Eleva. Com isso, passou a fazer jus ao benefcio do art. 7 da Lei n 9.532,1997, a saber, a possibilidade de amortizar, para fins fiscais, o gio at ento registrado em sua contabilidade.Ressalto que, tambm aqui, so vlidas as ponderaes feitas acerca do propsito negocial da operao (ou da alegao de sua inexistncia), quando da apreciao do recurso de ofcio. O mesmo vale tambm para as consideraes para afastar a metodologia de clculo do gio empregada pelo Fisco (somente poderia ser classificado como expectativa por rentabilidade futura aquilo que ultrapassasse o valor de mercado dos ativos e passivos da Eleva, avaliados a valor de mercado).O lanamento, assim, no se sustenta, e as exigncias devem ser canceladas.Afastadas as glosas de despesas com a amortizao de gio, desaparecem, por conseguinte, as insuficincias no recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL, motivo pelo qual tambm devem ser canceladas as multas exigidas isoladamente com esse fundamento.Deixo de me manifestar sobre a preliminar de nulidade da deciso recorrida em face do disposto no art. 59, 3, do Decreto n 70.235/1972, e sobre a incidncia de juros moratrios sobre a multa de ofcio, visto que a discusso sobre esse assunto se tornou irrelevante.Por todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntrio.

CONCLUSOEm concluso, voto por negar provimento ao recurso de ofcio e dar provimento ao recurso voluntrio, com o que ficam integralmente afastadas as exigncias do presente processo.(assinado digitalmente)Waldir Veiga Rocha

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S1C3T1Fl.5.218

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custodoinvestimentoemvalordepatrimniolquidoegio,porimposiodoart.20doDL1.598/1977.Aoocorrer,posteriormente,aincorporaodainvestidapela investidora,aamortizaodogiopassaaserdedutvelparafins tributrios. Inexistente qualquer acusao de simulao ou outro vciodosatospraticados,ehavendomotivaonegocial,deveserafastadatambmessaparceladolanamento.

Vistos,relatadosediscutidosospresentesautos.

ACORDAMosmembrosdoColegiado,porunanimidadedevotos,emnegarprovimento ao recurso de ofcio. Por maioria de votos, em dar provimento ao recursovoluntrio.Vencido oConselheiro Paulo Jakson daSilvaLucas, que negava provimento aorecursovoluntrio.

(assinadodigitalmente)

WilsonFernandesGuimaresPresidente

(assinadodigitalmente)

WaldirVeigaRochaRelator

Participaram do presente julgamento os ConselheirosWaldirVeigaRocha,HlioEduardodePaivaArajo,PauloJaksondaSilvaLucas,LuizTadeuMatosinhoMachado,GilbertoBaptistaeWilsonFernandesGuimares.

Relatrio

BRF BRASIL FOODS S.A., j qualificada nestes autos, foi autuada eintimada a recolher crdito tributrio no valor total de R$ 31.800.147,09, discriminado noDemonstrativoConsolidadodoCrditoTributriodoProcesso,fl.4661.

Porbemdescreveroocorrido,valhomedo relatrio elaboradoporocasiodojulgamentodoprocessoemprimeirainstncia,aseguirtranscrito.

OpresenteprocessotratasobreImpugnaocontraoslanamentostributriosreferentes a perodos dos anoscalendrios 2008 e 2009, consubstanciados nosseguintesautosdeinfrao:

[...]

2. A descrio dos fatos do auto de infrao de IRPJ contm as seguintesinfraes:

0001 CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS GLOSADEDESPESASDEAMORTIZAODEGIO.

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Valor referente a glosa de despesas de amortizao de giosurgido na incorporao da ELEVA S/A, deduzidasindevidamentenosperodosabaixoindicados,conformedescritono Termo de Verificao e Encerramento de Ao Fiscal emanexo,queparteintegrantedesteautodeinfrao.

0002 EXCLUSES/COMPENSAES NO AUTORIZADASNAAPURAODOLUCROREALEXCLUSESINDEVIDAS

ValorexcludodoLucroLquidodoperodo,nadeterminaodoLucroReal,referentededuoindevidadeamortizaodegiosurgido na incorporao da ELEVA S/A, conforme Termo deVerificao e Encerramento de ao Fiscal em anexo, que parteintegrantedesteautodeinfrao.

0003 MULTA OU JUROS ISOLADOS FALTA DERECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CLCULOESTIMADA

Multa Isolada pela falta de recolhimento do Imposto deRendaPessoa Jurdica, sob forma de estimativamensal com base embalanos de suspenso ou reduo, nos perodos abaixoindicados, apurada em razo dos ajustes decorrentes dasinfraes constatadas pela Fiscalizao, tudo conforme constadaplanilha"EstimativasDemonstrativodaMultaIsolada2008"e descrito no "Termo de Verificao e Encerramento de AoFiscal",emanexo,queparteintegrantedesteautodeinfrao.

3. O Termo de Verificao e Encerramento de Ao Fiscal (TVEAF)supracitado encontrase nas fls. 4702/4746 e apresenta os seguintes fatos eargumentos,emsntese:

DA INCORPORAO DAS AES DA ELEVA E POSTERIORINCORPORAODAINVESTIDA

a) Em 21.02.08, a Perdigo concluiu o processo de aquisio daELEVA Alimentos S.A. (ELEVA) iniciado em 02.01.08, pelomontante total de R$1.676.160.000,00. Estemontante compostode R$764.606.000,00 (46,23%) pagos em dinheiro ao antigoacionistacontroladoreaosacionistasnocontroladoresdaELEVAeR$911.554.000,00(53,77%)oriundodatrocadeaesdaELEVApor aes da PERDIGO aos acionistas remanescentes(controladoreseminoritrios),combasenarelaodesubstituio(troca) estabelecida no Laudo deAvaliao elaborado pelo CreditSuisse. A PERDIGO informou que emitiu 20.000.000 novasaes, que foram entregues aos acionistas da ELEVA paraconcretizar a incorporao de aes (15.463.349 entregues aosacionistas controladores e 4.536.651 aes foram entregues aosacionistasminoritriosdaELEVA).

b) Naoperao,partedasaesdaELEVAforamadquiridasmediantepagamento em dinheiro, e parte mediante "troca de aes"(demonstrativo abaixo), utilizandose do instituto da incorporaode aes, previsto no art. 252 da Lei das S.A. (a incorporao deaesuminstitutodiversodaincorporaodesociedades,quepor

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suavezestprevistanoart.227daLeidasS.A.).Comaoperao,aELEVApassouasersubsidiriaintegraldaPerdigo.

c) Em30/04/2008,aELEVAfoiincorporadapelaPERDIGO.

d) Com relao s aes da ELEVA, tanto na aquisio quanto naincorporao de aes, o preo praticado foi idntico, ou seja,R$25,8162443 por ao e na proporo de 1 ao de emisso daPERDIGOparacada1,74308855aoemitidapelaELEVA.

e) Nestaoperao,aPERDIGOinformouterapuradoumgioinicialdeR$1.345.127.894,03,conformeNotal.c.dasNotasExplicativasdaDFPdoAC2008,queapsosajustes (atualizao,custas, etc)passouparaR$1.364.029.415,55.

f) No caso em foco, se for analisada cada etapa da operaoisoladamente concluirse que todas operaes foram realizadasformalmente luz da legislao especifica (a Lei das SociedadesAnnimas, as Instrues CVM e orientaes do Conselho deContabilidade),demodoquenohnesteTermo,nosautoseseusanexos, qualquer infrao referida legislao, uma vezconsideradasasoperaesisoladamente.

g) Assim, no porque o ato encontra proteo em outro campo dadisciplina jurdica que essa proteo transferida para o mbitofiscal.Eventual ilicitudeperanteoordenamentosetorial,pertinenteao caso, contamina a conduta do contribuinte e retira a proteojurdicaaosefeitosfiscaisdoquefoirealizado.

DAAMORTIZAODOGIO

Realizada a incorporao da Eleva em 30/04/2008, a Perdigo passou aamortizar fiscalmente o gio "criado" a partir demaio de 2008, na proporo de1/120, ou seja, noprazo de 120meses.Diantedo que foi relatadonesteTermo eespecialmenteconsiderando:

a) Que a amortizao do gio, como regra geral, indedutvel para aapurao do lucro real, bem como da base de clculo da CSLL,conforme previsto no artigo 391 do RIR/99. A possibilidade dededuzilacontidanosartigos7e8daLein9.532/97restringesehipteseemqueapessoajurdicaabsorvepatrimniodeoutra,emvirtudedeincorporao,fusoouciso,naqualdetenhaparticipaosocietria adquirida com gio fundamentado em rentabilidade dacoligada ou controlada com base em previso dos resultados nosexercciosfuturos.

b) QueogioregistradopelaPERDIGOdecorrentedautilizaodediferentes (dspares) critrios para avaliao e registro doinvestimentoeoregistrodosvaloresdaequivalnciapatrimonialdaELEVA, ou seja, utilizao do critrio do valor de mercado(Bovespa)paraasaesdaPerdigoevalordepatrimnioliquidoacusto histrico para as aes da ELEVA. Houve tosomentereavaliaoapreodemercadoecontabilizaodogiodaadvindo.

c) QueaInstruoCVMn285,de31dejulhode1998,quealteraaInstruo CVM n 247, de 1996, estabelece que o gio por

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rentabilidade futura somente aquele que ultrapassar o valor demercado dos ativos e passivos. Assim, se a PERDIGO quisesseconsiderar algum "gio por expectativa de rentabilidade futura",deveria considerar somente aquele que ultrapassasse o valor demercado dos ativos e passivos da ELEVA, incluindo as suassubsidiriasintegrais,avaliadaspelosseusvaloresdemercado.

d) Queogioapuradonaincorporaodeaestevecontrapartidanoaumento de capital da PERDIGO, conforme Ata da AGOE de30/04/2008, sendo que a empresa no pagou pelo gio, nosacrificounenhumativo,nemtampoucoassumiudvidaalgumaemtroca desse gio. Pelo contrrio, para pagar pelo gio aPERDIGO emitiu aes, aumentando seu capital no exatomontante do valor das aes incorporadas.No houve desembolsoalgum.

e) Queadespesadeamortizaodessegioindedutvelporquenoseenquadranoconceitodedespesanecessriaprevistanoart.299doRIR/99.Primeiroporqueessadespesanofoipaganemjamaisserpagapelafiscalizada.Elanodecorreudeconsumoousacrifciodeativos (presente ou futuro), pois o gio no foi pago nem o sertratase de uma despesa fictcia criada para se reconhecercontabilmente a realizao de "suposto" um fluxo de rentabilidadefuturapeloqualnadasepagou.

f) Estse, portanto, diante de um caso em que uma sociedadebeneficiouse de uma deduo prevista na legislao fiscal o art.386, inciso III, do RIR/1999 sem que tenha havido ocorrespondenteeefetivopagamentodogio,daresultandoemdanoefetivoaoErrio(FazendaPublica).

g) Aceitar, enfim, a dedutibilidade tributria/fiscal da amortizaodesse tipo de gio, sem amparo no fundamento de expectativa derentabilidade futura e sem o efetivo pagamento seria perenizar umtipodeevasofiscal,umavezquealegislaotributrianoamparaa deduo de despesas artificialmente criadas. A ilegitimidade daamortizaodessegioficapatentequandose imaginaque,apenasbaseado em laudos de avaliao e por meio de uma operao deincorporao,ocontribuintepudesse,aoseuarbtrioedetemposemtempos,reduzirouatzeraropagamentodetributos,bastando,paratanto,criarumadespesafictcia.

DOSVALORESGLOSADOS

Aps termos concludo pela improcedncia das excluses efetuadas pelosujeito passivo restou recompor as bases de clculo para, a partir delas, apurarcorretamente os tributos devidos em cada perodo de apurao, bem como, aocorrnciadediferenasalanar.

No processo de recomposio da base de clculo foram encontradas duasinfraes,adizer:

Falta ou insuficincia de recolhimento das estimativas mensais deIRPJ/CSLL,queimplicaaapuraodamultaisoladasobreosvaloresnorecolhidosno ano de 2008, bem como reduo dos prejuzos fiscais para o IRPJ e base declculonegativadaCSLL

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Falta de recolhimento de IRPJ/CSLL no primeiro e segundo trimestre de2009,queimplicaolanamentodostributosedemultaproporcionalejurosdemora(SELIC), bem como reduo dos prejuzos fiscais para o IRPJ e base de clculonegativadaCSLLemtodososperodosfiscalizados.

O "Demonstrativo da Multa Isolada 2008" aponta as bases de clculorecompostasdoIRPJedaCSLL,bemcomo,apuraasdiferenasnasestimativaseconseqentesmultasisoladasdevidasnoanocalendriode2008.

Essas planilhas encontramse juntadas a este Termo e auto de infrao, noprocesso administrativo de exigncia do IRPJ e CSLL, no item "Planilhas deApuraodosTributos".OsvaloresglosadosembasesmensaisenoAjusteAnualem2008enaapuraotrimestralem2009,comoexclusesindevidasdasbasesdeclculodoIRPJedaCSLLsoinformadosnasreferidasplanilhas.

a)Ano2008:

Noano,atravsdacontacontbildedespesas6320Amortizaodegioeminvestimentos,ocontribuintededuziunaapuraodeseulucroliquido,despesasdeamortizaodegionaaquisiodeinvestimentosnaElevaS/A,novalordeR$90.704.839,79, conforme cpia do referido razo contbil e "Demonstrativo deApurao e Amortizao Fiscal do gio", apresentado pela BRF, em resposta aintimaofiscal.

b)Ano2009:

No ano de 2009 a "BRF" no realizou amortizao de gio em sua escritacontbil. Entretanto, realizou a excluso do lucro liquido de valores referentes aamortizaofiscaldegiodeElevaS/AnaapuraodasbasesdeclculodoIRPJeCSLL devidos em cada trimestre, conforme "Demonstrativo de Apurao eAmortizao Fiscal dogio" apresentado pela BRF em atendimento a intimaofiscal e conforme se verifica na parte "A", folhas de apurao do Lucro RealLALUR,Livrosden14a17,relativosaoanode2009.

DA MULTA ISOLADA FALTA DE RECOLHIMENTO DASESTIMATIVASMENSAIS

Afiscalizada,comojditoantes,apurounoanocalendriode2008,ImpostodeRendaPessoaJurdicaeContribuioSocialsobreoLucroLiquidocombasenolucro real com determinao anual, o que implica em recolhimentos mensais porestimativa, que neste caso a opo foi, pela apurao com base em Balano ouBalancetedeSuspensoouReduo,nosmesesdemaioadezembro2008.

Asglosasdedespesas(excluses)operadaspelaFiscalizaorepercutiramnadeterminaodabasedeclculodaestimativamensalpararecolhimentoobrigatriodoIRPJeCSLL.

Elaboramos uma planilha "Estimativas IRPJ e CSLL Demonstrativo deMulta Isolada 2008" contemplando esta situao, que em verdade, deveria serapurao procedida pelo contribuinte poca dos fatos (cpia integrante do PAFitem"PlanilhasApuraodosTributos").

4. Cientificado pessoalmente dos autos de infrao em 18/05/2012, ocontribuinte apresentou impugnao em 18/06/2012 (fls. 4748), com os seguintesargumentos:

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S1C3T1Fl.5.223

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a) Ao contrrio do entendimento manifestado pelo Agente Fiscal, olaudodeavaliaoemquestonotomoucomobaseparadefiniodovalordacompanhiaovalordasaescotadasnaBovespa(que,nostermosdolaudodeavaliao,nocasodaEleva,variaramdeR$14,78aR$24,84).

b) Conformeconstanotermodeverificaofiscal(fls.32doreferidodocumento),naoperaodeaquisiodaElevafoigeradoumgiofiscal, correspondente diferena entre o custo de aquisio dasaes da Eleva (R$1.679.175.000,00) e o valor do patrimniolquido adquirido (R$315.146.000,00), no valor total deR$1.364.029.000,00,amortizvelem120(centoevinte)meses.

c) A operao de aquisio pode ser subdividida, em trs operaesdiferentes:(i)operaodecompraevendadepartedasaesdetidaspelos acionistas majoritrios da Eleva, mediante pagamento emdinheiro (ii)OfertaPblica deAquisio de controle (OPA), paraaquisio das aes detidas pelos acionistas minoritrios e (iii)incorporao do restante das aes da Elevamediante emisso deaesdaimpugnante.

d) A argumentao do Agente Fiscal acerca da inexistncia depagamento ou preo da operao no tem qualquer aplicabilidadepara as operaes em que a aquisio foi feitamediante compra evenda compagamento emdinheiro.Contudo, a fiscalizao houveporbemapenaselencardiversasalegaes,comosefossemvlidaspara todasasetapasdaoperao,quenopossuemfundamentoouaplicabilidade, o que dificulta a compreenso pela impugnante dasacusaesfiscaiseaelaboraodapresentedefesa.

e) Otermodeverificaofiscalextensoepossuiconsideraessobrea invalidadeda formaodogio, semque fosse esclarecido se asacusaessovlidasparaastrsetapasacimadescritasouseparaapenaspartedelas.Danotera impugnantecertezaarespeitodasacusaesfiscaisquelheforamimputadas,emevidenteprejuzoaoseudireitodedefesa, fatoque,porsis, invalidaotrabalhofiscal.Ferimento ao art. 142 do Cdigo Tributrio Nacional e descrioimprecisadasacusaesimplicavcionamotivaodolanamento,oqueafrontaoart.2daLein.9784,de1999.

f) Paraapessoajurdicainvestidora,aamortizaocontbildosgiosoudesgiosnointegraolucrotributvel(art.25doDecretoLein1.598,de1977),somentevindoaserprevistaasuaconsideraonasbases de clculo do IRPJ e da CSLL se ocorrer um dos fatosdescritos no art. 7 da Lei n. 9.532, de 1997, e segundo asrespectivascondies,quesovariveisdecasoparacaso.

g) O custo total de aquisio tem que ser decomposto entre valor doinvestimentosegundoovalorpatrimonialcontbildainvestida(art.20,incisoI,epargrafo1,eart.21,doDL1.598/77)eovalordogiooudesgio(art.20,incisoII,epargrafo1),devendose,paraessasegregao,atenderaospargrafos3e4doart.20quantoaofundamentoeconmicodogiooudesgio.

h) irrelevante o ttulo jurdico pelo qual o investimento tenha sidoadquirido, podendo a aquisio ter ocorrido por qualquer ato ou

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Processon11516.721262/201260Acrdon.1301001.852

S1C3T1Fl.5.224

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negcio jurdico (compra, permuta, subscrio de capital,incorporaodepessoajurdica,incorporaodeaes),istoporquenohnoart.20doDL1.598/77qualquerlimitaodoseualcance.Em qualquer caso de aquisio onerosa de propriedade,necessariamentehumacontraprestaoeestarepresentaocustodaaquisio,aserdesdobradodeacordocomasregrasdoart.20.

i) A aquisio aparece na norma do art. 20 no como parte do seuantecedente, onde deveria estar secompusesse ahiptese ftica nanorma, pois aparece como parte do conseqente, para fixar oelementotemporalparaaaplicaodanorma.

j) O Acrdo n 10708656, tratando de perda de capital, aceitou ogioformadoemsubscriodaparticipaosocietria,enquantoqueoAcrdon10516774declaroutextualmentequeasubscrioforma de aquisio e o tratamento do gio apurado nessacircunstnciadeve seromesmoque a lei admitiupara a aquisiodas aes de terceiros. Omesmo ocorreu no julgamento de gioformadoemaquisiomedianteaumentodecapitalcomentregadeaes em troca das conferidas, o qual est consubstanciado noAcrdo n 110100354. No mesmo sentido foi o entendimentoproferidonoAcrdon110100708,quereconheceuavalidadedogio apurado na subscrio de capital em bens, sem que tenhaocorridoopagamentoemdinheiro.

k) Adisposiocontidanoartigo14da InstruoCVMn247noaplicvelparafinstributrios,dadasuaflagrantecontradiocomoart.20doDL1598ecomoart.7daLein9532,de1997,pois,aocontrrio do disposto na regra fiscal, que determina ser o gio adiferenaentreocustodeaquisioeovalordopatrimniolquidodasociedadeadquirida,anorma regulatriadeterminaserogioadiferenaentreocustodeaquisioeovalordemercadodosativosdasociedadeadquirida.

l) Descabe a multa isolada, conforme decises do CARF, porque opagamentomensal das estimativas constituise emmera tcnica dearrecadao fiscal.Umavez encerradoo perodo de apurao,noh mais falar em sua imposio, pois ser exigvel apenas adiferenadevidaattulodeIRPJeCSLLanuais.

m) Deveserafastadaaincidnciadosjurosdemorasobreosvaloresdamultadeofcio,poisaleisomenteprescreveaaplicaodoreferidoencargosobreasmultasisoladas.

n) [Aduziudecisesadministrativas]

A4TurmadaDRJemFortaleza/CEanalisouaimpugnaoapresentadapelacontribuintee,porviadoAcrdon0825.811,de26/06/2013 (fls.4921/4948),considerouprocedenteemparteolanamento,comaseguinteementa:

ASSUNTO:PROCESSOADMINISTRATIVOFISCAL

Anocalendrio:2008,2009

LANAMENTO.NULIDADE.

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Processon11516.721262/201260Acrdon.1301001.852

S1C3T1Fl.5.225

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Semademonstraodaexistnciadeprejuzoconcreto,nohfalar em cerceamento do direito de defesa, inocorrendo, pois,nulidadedolanamentofiscal.

ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOAJURDICAIRPJ

Anocalendrio:2008,2009

GIO.DEFINIOLEGAL.

Ogioadiferenaentreocustodeaquisiodoinvestimentoeo valor da proporo adquirida do patrimnio lquido dainvestida, na poca da aquisio, determinado com base embalanopatrimonialoubalancetedeverificao.

AQUISIO DE PARTICIPAO SOCIETRIA. PERMUTADE AES. EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA.GIO.

Na aquisio de participao societria realizada pormeio depermutadeaes,ocustodeaquisioparafinsdeclculodogiodeterminadopelovalorpatrimonialdoconjuntodeaesdadasempagamento.

Ainclusodaexpectativaderentabilidadefuturadaadquirenteno custo de aquisio da participao societria viola oprincpiocontbildaprudnciaeviolaoartigo20doDecretoLein1.598,de1977.

MULTAISOLADA.ESTIMATIVAMENSAL.

Aplicaseamultade50%, exigida isoladamente, sobreo valornopagodaestimativamensaldeIRPJ,calculadacombasenareceitabrutaouembalancetedesuspenso/reduo,aindaqueo lanamento tenha ocorrido aps o fim do anocalendriocorrespondente.

ASSUNTO: CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCROLQUIDOCSLL

Anocalendrio:2008,2009

TRIBUTAOREFLEXA.MULTAISOLADA.

Tratandose damesmamatria ftica, e no havendo aspectosespecficos a serem apreciados, ao lanamento decorrenteaplicaseamesmadecisodoprincipal.

ASSUNTO:NORMASGERAISDEDIREITOTRIBUTRIO

Anocalendrio:2008,2009

JUROSSOBREMULTADEOFCIO.

No AgRg no REsp 1.335.688PR, a 1 Seo do SuperiorTribunal de Justia pacificou o entendimento das duas turmasquelhecompem,nosentidodequelegtimaaincidnciade

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Processon11516.721262/201260Acrdon.1301001.852

S1C3T1Fl.5.226

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juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra ocrdito tributrio, referenciando os seguintes precedentes:REsp1.129.990/PR,Rel.Min.CastroMeira,DJde14/09/2009e REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de02/06/2010.

Porrelevante,deseesclarecerqueoacrdodeprimeirainstnciamanteveo lanamentonaparte relativa ao alegadogio geradopelapermutade aes, bemcomo asrespectivasmultasisoladaseosgravamesmoratrios.

Comoosujeitopassivofoiexoneradodecrditotributrio(principalemulta)emvalorsuperioraolimitedealada(R$1.000.000,00),aTurmaJulgadorarecorreudeofcioa este Colegiado. poca, esse procedimento era disciplinado pelo art. 34 do Decreto n70.235/1972,comasalteraesintroduzidaspelaLein9.532/1997,e,ainda,pelaPortariaMFn3/2008.

Cientedadecisodeprimeira instnciaem22/08/2013,conformeAvisodeRecebimentofl.4961,acontribuinteapresentourecursovoluntrioem20/09/2013conformecarimboderecepofolha4962.

No recurso interposto (fls. 4963/5022), aps historiar o ocorrido, sob suatica,arecorrentereitera,preliminarmente,suasalegaesacercadenulidadedolanamentopor cerceamento ao seu direito ampla defesa e ao contraditrio. Sustenta que o termo deverificaofiscalextenso,econteriaacusaessobreainvalidadedaformaodogio,semquefosseesclarecidoseasacusaesseriamvlidasparaastrsetapasdaoperaodescritasou se apenas para parte delas. Isto teria restado claro pela deciso de primeira instncia, aodecidirqueaquelasconsideraesnoteriamqualqueraplicaooperaodecompraevendacompagamentoemdinheiro.

Nomrito,trazosargumentosabaixosintetizados:

Inicialmente, a recorrente busca situar e esclarecer o processo dereestruturao de negcios e expanso de suas atividades, especialmente a operao deaquisiodasociedadeEleva,queteriaocorridoemtrsetapasdistintas,asaber(fl.4972):

IniciandooprocessodeaquisiodaEleva,naprimeiraetapadaoperao,aRecorrente adquiriu aes dos controladores, representativas de 35,74% [...] docapital social daEleva, nos termos do Contrato deCompra eVenda deAes eOutrasAvenas(fls.3440/3479),firmadoem30.10.2007,mediantepagamentoemdinheiro.

Posteriormente, dando continuidade ao processo de aquisio da Eleva, acompanhia efetuou liquidao financeira de aquisio das aes detidas pelosacionistasminoritrios,nos termosdoEditaldeOfertaPblicaparaAquisiodeAesOrdinriasdeEmissodaElevaAlimentosS.A.,devidamenteregistradanaComissodeValoresMobiliriosem11.1.2008(fls.3774/3784).

Ato subsequente, houve a aquisio do restante das aes detidas pelosacionistas controladores da Elevamediante incorporao de aes, nos termos dodisposto no art. 252 da Lei n. 6404, por meio da qual a Eleva passou a sersubsidiriaintegraldaRecorrente.

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Processon11516.721262/201260Acrdon.1301001.852

S1C3T1Fl.5.227

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A interessada enfatiza que as partes envolvidas na operao optaram pelautilizao do laudo de avaliao de ambas as sociedades elaborado peloCredit Suisse, combase no mtodo do fluxo de caixa descontado, para todas as etapas da operao, eespecialmenteparaclculodarelaodesubstituiodeaesdasociedadeElevaporaesdaRecorrente.

Com isso, na operao de aquisio da Eleva foi gerado um gio fiscal,correspondente diferena entre o custo de aquisio das aes da Eleva (custo total daoperao no valor de R$ 1.679.175.000,00) e o valor do patrimnio lquido adquirido(correspondente a R$ 315.146.000,00), no valor total de R$ 1.364.029.000,00. Aps aincorporao da Eleva pela Perdigo, o gio passou a ser amortizvel para fins fiscais. Adiscriminaodosvaloresestariafl.3495doprocesso.

A recorrente ressalta que a fiscalizao no teria tecido qualquerconsideraoarespeitodovalordopreodevendadasaesnaprimeiraetapa,tampoucodaOPAnasegundaetapanemmesmoopreodeemissonaoperaodeincorporaodeaes.Osquestionamentosdo autode infraoestariam relacionados aovalordo gio apurado (noentenderdoFisco,deveriaserresidualemrelaoaovalordemercadodosbensdopatrimniolquidodainvestida)aofundamentoeconmicodogio(segundooFisco,seriademaisvaliadeativos)eafaltadedesembolsodecaixa,principalmente.Adecisorecorridateriainovado,aoquestionaroscritriosdeavaliaodasaesdaPerdigodadasempagamentonaaquisiodas aesdaEleva, inovaoqueno seria admissvel, por trazer argumentosnocogitadospeloFisco,quandodalavraturadoautodeinfrao.Apesardanulidadedadecisorecorrida,trazida pela inovao, lembra que esta pode ser superada se, no mrito, a autuao forcancelada,oquerequer.

Ainteressadareclama,ainda,queadecisorecorrida,mesmotendoadmitidoogionaoperaodecomprarealizada,desconsiderandosomenteaquelesurgidonaoperaodeincorporaodeaes,deixoudeconsiderarovalordogioapuradonaOfertaPblicadeAes,emque teriahavidoefetiva liquidao financeiradaoperao,conforme reconhecidopelafiscalizao.

A recorrentepassa, ento,acombatero entendimentodoacrdo recorrido(inovao,porsuatica),dequeainteressadanopoderiaterconsideradoovalordemercadodassuasaescomocustodeaquisiodoinvestimentonaEleva,naetapadeincorporaodeaes.Transcreveoart.252daLein6.404/76,quedisciplinaoinstitutodaincorporaodeaes,ecolacionadoutrinasobreoassunto.Concluique(fls.4989esegs.):

Afunoprticadoatojurdicodeincorporaodeaesatransfernciadoseudomniodosacionistasdeumadeterminadacompanhiaparaoutra,demaneiraaque aquela se torne subsidiria integraldesta, coma contrapartidadaentrega, poresta, de aes do seu capital aos acionistas detentores da aes incorporadasportanto,halienaodasaes incorporadas, feitapelos respectivos titulares, eaaquisio,porestes,denovasaesdacompanhiaincorporadora.

[...]

Toda aquisio, como visto, pressupe uma contraprestao e, no caso dai