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S3C4T2 Fl. 12.616 1 12.615 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10835.720016/201487 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402003.076 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de maio de 2016 Matéria PIS/Cofins Recorrente Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO:NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 Ementa: DECADÊNCIA. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DIMINUIÇÃO DO PASSIVO. RECEITA. Constitui receita tributável na sistemática de apuração não cumulativa do PIS e da Cofins o valor decorrente da extinção de obrigação no Passivo (IPI a pagar) em face da decadência do IPI, sem a correspondente diminuição no Ativo, pois representa um acréscimo patrimonial. As contas de tributos a pagar tratamse de obrigações legais de valor e prazo certos, que não são consideradas provisões, devendo ser registradas como obrigações no passivo pelo regime de competência. CONTRIBUIÇÕES. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. AGROINDÚSTRIA. FASE AGRÍCOLA. Insumos, para fins de creditamento da contribuição social não cumulativa do PIS/Pasep ou da Cofins, são todos aqueles bens e serviços que são pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, ainda que sejam neles empregados indiretamente. No caso das indústrias do setor sucroalcooleiro, admitese o creditamento não só dos gastos incorridos na produção direta de açúcar e álcool, mas também no cultivo da canadeaçúcar que lhes serve de insumo. Recurso Voluntário provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntário da seguinte forma: (i) pelo voto de qualidade, negouse provimento quanto à questão ACÓRDÃO GERADO NO PG ARF PROCESSO 10835.720016/2014-87 Fl. 12616 DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓPIA Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 30/0 5/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 02/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM , Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 02/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 02/06/2016 por DIEGO DINIZ R IBEIRO

S3C4T2 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS … · só dos gastos incorridos na produção direta de açúcar e álcool ... sobre o açúcar comercializado ... proporcionalidade e

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    12.615

    S3C4T2 MINISTRIODAFAZENDACONSELHOADMINISTRATIVODERECURSOSFISCAISTERCEIRASEODEJULGAMENTO

    Processon 10835.720016/201487

    Recurson Voluntrio

    Acrdon 3402003.0764Cmara/2TurmaOrdinriaSessode 18demaiode2016

    Matria PIS/Cofins

    RecorrenteRecorrida FAZENDANACIONAL

    ASSUNTO:NORMASGERAISDEDIREITOTRIBUTRIOPerododeapurao:01/01/2009a31/12/2009

    Ementa:

    DECADNCIA. EXTINO DO CRDITO TRIBUTRIO.DIMINUIODOPASSIVO.RECEITA.

    ConstituireceitatributvelnasistemticadeapuraonocumulativadoPISe daCofins o valor decorrente da extino de obrigao no Passivo (IPI apagar) em face da decadncia do IPI, sem a correspondente diminuio noAtivo, pois representa um acrscimo patrimonial. As contas de tributos apagar tratamse de obrigaes legais de valor e prazo certos, que no soconsideradasprovises,devendoserregistradascomoobrigaesnopassivopeloregimedecompetncia.

    CONTRIBUIES. NO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.AGROINDSTRIA.FASEAGRCOLA.

    Insumos,parafinsdecreditamentodacontribuiosocialnocumulativadoPIS/PasepoudaCofins,sotodosaquelesbenseserviosquesopertinentese essenciais ao processo produtivo ou prestao de servios, ainda quesejamnelesempregadosindiretamente.

    Nocasodasindstriasdosetorsucroalcooleiro,admiteseocreditamentonosdosgastosincorridosnaproduodiretadeacarelcool,mastambmnocultivodacanadeacarquelhesservedeinsumo.

    RecursoVoluntrioprovidoemparte

    Vistos,relatadosediscutidosospresentesautos.

    Acordam osmembros do colegiado, em dar provimento parcial ao recursovoluntriodaseguinteforma:(i)pelovotodequalidade,negouseprovimentoquantoquesto

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    Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

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    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 02/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 02/06/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ, Assinado digitalmente em 02/06/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO

    10835.720016/2014-87 3402-003.076 TERCEIRA SEO DE JULGAMENTO Voluntrio Acrdo 4 Cmara / 2 Turma Ordinria 18/05/2016 PIS/Cofins USINA ALTO ALEGRE S/A FAZENDA NACIONAL Recurso Voluntrio Provido em Parte Crdito Tributrio Mantido em Parte CARF MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA 2.0.4 34020030762016CARF3402ACC Assunto: Normas Gerais de Direito Tributrio Perodo de apurao: 01/01/2009 a 31/12/2009 Ementa: DECADNCIA. EXTINO DO CRDITO TRIBUTRIO. DIMINUIO DO PASSIVO. RECEITA. Constitui receita tributvel na sistemtica de apurao no cumulativa do PIS e da Cofins o valor decorrente da extino de obrigao no Passivo (IPI a pagar) em face da decadncia do IPI, sem a correspondente diminuio no Ativo, pois representa um acrscimo patrimonial. As contas de tributos a pagar tratam-se de obrigaes legais de valor e prazo certos, que no so consideradas provises, devendo ser registradas como obrigaes no passivo pelo regime de competncia. CONTRIBUIES. NO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. AGROINDSTRIA. FASE AGRCOLA. Insumos, para fins de creditamento da contribuio social no cumulativa do PIS/Pasep ou da Cofins, so todos aqueles bens e servios que so pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou prestao de servios, ainda que sejam neles empregados indiretamente. No caso das indstrias do setor sucroalcooleiro, admite-se o creditamento no s dos gastos incorridos na produo direta de acar e lcool, mas tambm no cultivo da cana-de-acar que lhes serve de insumo. Recurso Voluntrio provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntrio da seguinte forma: (i) pelo voto de qualidade, negou-se provimento quanto questo da tributao dos valores baixados a ttulo de IPI a pagar. Vencidos os Conselheiros Valdete Aparecida Marinheiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Os Conselheiros Carlos Augusto Daniel Neto, Thais de Laurentiis Galkowicz e Diego Diniz Ribeiro apresentaram declarao de voto em conjunto; (ii) por maioria de votos, deu-se provimento para reverter as glosas em relao aos insumos "leos e graxas" e "servios agrcolas" discriminados no voto. Vencido, nesta parte, o Conselheiro Jorge Freire. Os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto acompanharam a relatora pelas concluses. Sustentou pela recorrente o Dr. Roberto Quiroga Mosquera, OAB/SP n 83.755. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Trata-se de recurso voluntrio contra deciso da Delegacia de Julgamento de em Ribeiro Preto, que julgou improcedente a impugnao da contribuinte.Trata-se de Autos de Infrao para a exigncia da Contribuio para Financiamento da Seguridade Social - Cofins e da contribuio para o Programa de Integrao Social-PIS, multa de ofcio e juros de mora calculados at 31/01/2014, no montante total de R$ 18.568.357,55.A autuao decorreu de: - (0001) omisso de receita sujeita incidncia de PIS/Pasep e Cofins; - (0002) crditos descontados indevidamente - crditos da no cumulatividade no perodo de apurao 06/2009 que foram utilizados de ofcio no perodo de apurao 05/2009, ocasionando contribuio a pagar relativamente quele perodo; e - (0003) crditos descontados indevidamente em relao aquisio de servios no cultivo da cana-de-acar.Conforme consta no Relatrio de Fiscalizao, a autuao deu-se, em sntese, sob os seguintes fatos e fundamentos:(...)a) No oferecimento tributao das baixas de dvidas de IPI A fiscalizada no ofereceu tributao das contribuies para o PIS e COFINS as receitas decorrentes da baixa de dvidas de IPI, contabilizadas em conta de passivo no grupo de obrigao tributria sob o ttulo de "IPI (a partir de 17/11/1997)", por perda do direito do fisco em cobr-las (decadncia).(...)Verifica-se que interessada registrava contabilmente em conta do passivo o IPI a pagar decorrente da venda de acar de produo prpria, conta n 22030201, nome da conta "IPI (a partir de 17/11/1997)" (vide Anexo IV do Relatrio de Fiscalizao), contudo no o declarava nem o recolhia. medida que acontecia a perda do direito do Fisco de fazer a cobrana dos dbitos de IPI contabilizados, a fiscalizada sistematicamente realizava a baixa das obrigaes tributrias no pagas, sucessivamente ano aps ano, conforme representado nos lanamentos dos Anexos I, II e III do Relatrio de Fiscalizao.A contabilizao pelo contribuinte do IPI incidente na venda de acar, no ano de 2003, era feito debitando-se o IPI em conta de resultado, sob o ttulo "(-) IPI s/Acar" (vide Anexo V do Relatrio de Fiscalizao), e creditando-se a conta de IPI a recolher do passivo "IPI (a partir de 17/11/1997)" (vide Anexo IV do Relatrio de Fiscalizao). Portanto, o IPI incidente na venda de acar foi deduzido na apurao do lucro lquido e no foi adicionado na determinao do lucro real, conforme se depreende do exame da Demonstrao do Lucro Real constante da DIPJ ano-calendrio 2003 s fls. 12014 a 12017, ficando demonstrado no se tratar de proviso, mas de uma verdadeira obrigao de IPI perante o fisco.

    Alm disso, cumpre ressaltar que o saldo contbil das obrigaes de IPI a recolher era atualizado pelo contribuinte com juros calculados com a taxa SELIC, que aplicvel no pagamento de tributos federais, conforme se verifica nos demonstrativos de composio de saldo s fls. 561 a 564, s fls. 11415 a 11417 e Anexos II e III do Relatrio de Fiscalizao .As receitas obtidas com a baixa das obrigaes do IPI a pagar deveriam ter sido oferecidas tributao das contribuies para o PIS e COFINS assim como foram oferecidas tributao do IRPJ, como se verifica da anlise da DRE representada a seguir.

    No presente caso, h extino de um passivo (obrigao) sem o desaparecimento concomitante de um ativo, de igual ou superior valor, constituindo um acrscimo patrimonial. Logo, a baixa da dvida h de ser reconhecida como nova receita.Quando ocorre a baixa da dvida, inegvel que h um acrscimo patrimonial por parte da devedora, pois desaparece to-somente um passivo (obrigao). Por certo, a contrapartida do lanamento contbil em que ocorre a baixa da obrigao uma conta de resultado credora (receita operacional), como se depreende dos lanamentos contbeis do SPED detalhados do Anexo I do Relatrio de Fiscalizao (anos 2008 a 2012) ou os lanamentos resumidos a seguir do ano fiscalizado de 2009:(...)Somente a partir do perodo de apurao abril de 2008 a fiscalizada comeou a discutir judicialmente o IPI incidente sobre o acar comercializado por meio do Processo n 2008.61.12.004804-8, protocolizado em 17/04/2008, na Justia Federal de Presidente Prudente - SP, suspendendo a exigibilidade do crdito tributria pelo depsito judicial. A fiscalizada discute a inconstitucionalidade da fixao da alquota de 5% de IPI para o acar vendido no varejo, por violao aos princpios da seletividade, igualdade, proporcionalidade e legalidade, e pede a suspenso da exigibilidade do crdito tributrio pelo depsito e a declarao da inconstitucionalidade e da ilegalidade da fixao de alquota de IPI para o acar em percentual incompatvel com a essencialidade do produto.Anteriormente ao perodo de apurao de abril de 2008, a fiscalizada reconhecia e contabilizava mensalmente o IPI devido, conforme j explanado, entretanto no o declarava nem recolhia.Desta forma, irrefutvel o acrscimo patrimonial (renda proveniente de disponibilidade, no caso econmica) por parte da devedora (fiscalizada), do qual h o inexorvel surgimento de capacidade contributiva objetiva. (...)(...)b) Glosa de crditos calculados sobre dispndios no cultivo da cana-de-acar A fiscalizada aproveitou indevidamente crditos das contribuies para o PIS e COFINS calculados sobre dispndios relativos ao cultivo da cana-de-acar destinada produo prpria de acar e lcool. Estes dispndios referem-se aquisio de: a) leo diesel, outros leos e graxa (vide Anexo VI do Relatrio de Fiscalizao); b) servios de aplicao area de inseticida, aplicao area de maturador, aplicao de herbicida tratorizado, desmanche/confeco de cerca/transporte de benfeitorias, dessecao tratorizado, mecnica agrcola diversa, transporte de cana-de-acar para moagem, transporte de cana para plantio e de anlises (vide Anexo VII do Relatrio de Fiscalizao).(...)O direito ao abatimento do valor de aquisio de insumos somente existe se o bem ou o servio adquiridos integrarem o processo de produo dos bens a serem vendidos.Verifica-se, pois, que dispndios indiretos, embora de alguma forma relacionados com a realizao da atividade, no podem ser considerados insumos para fins de apurao dos crditos de Cofins e de contribuio para o PIS/Pasep em regime de apurao no-cumulativo.A plantao de cana-de-acar considerada cultura permanente, ou seja, aquela que se mantm vinculada ao solo e proporciona mais de uma colheita ou produo, durando, mais de um ano, e os custos necessrios para a formao de plantao desta natureza devem compor o valor do ativo imobilizado da pessoa jurdica.Assim os gastos com bens e servios necessrios para o cultivo da cana-de-acar acabam sendo incorporados ao valor da plantao e, em consequncia, registrados no ativo imobilizado. Esses gastos com formao de lavoura de cana de acar sero objeto de quotas de exausto, medida que seus recursos forem exauridos (esgotados), conforme pergunta 019 do Captulo XII (Atividade Rural) do Perguntas e Respostas da DIPJ 2013, in verbis.(...)Com isso, em se tratando de ativo imobilizado, por bvio que os bens e servios adquiridos pelo contribuinte para serem utilizados na formao e manuteno da lavoura de cana-de- acar, cuja planta ser posteriormente utilizada como matria-prima para a fabricao de acar e lcool, no podem ser considerados insumos, nos termos da legislao que rege o PIS e a COFINS.(...)Vejamos com mais ateno, por se tratarem operaes de maior valor, as atividades ligadas lavoura de cana-de-acar em que foram empregadas o leo diesel objeto das glosas de crditos. Observa-se pelo quadro abaixo que os dispndios de leo diesel so realizados principalmente nas atividades de colheita mecanizada, transporte, preparo do solo, mecanizao do solo, aplicao de vinhaa, plantio, conservao de estradas, manuteno e abastecimento agrcola, adubao, passagem de herbicida, oficina mecnica agrcola, apoio de mo-de-obra, transporte de suprimentos, asfalto, almoxarifado agrcola etc., deixando claro que no se trata de atividades de fabricao de lcool e acar. (...) Para efeitos de aproveitamento de crdito, foram considerados como legtimos os gastos com leos e graxas empregados diretamente na atividade de produo industrial do acar e lcool, consoante observao do Anexo VI do Relatrio de Fiscalizao.(...)Da mesma forma, os servios de aplicao area de inseticida, aplicao area de maturador, aplicao de herbicida com trator, desmanche/confeco cerca/transporte, dessecao tratorizado, mecnica agrcola, transporte de cana-de-acar para plantio e transporte de cana-de-acar para moagem por no serem aplicados ou consumidos na fabricao do acar e lcool, no se caracterizam, para fins de apurao de crditos na forma do art.3, II, das Leis n10.637/2002 e n 10.833/2003, como insumos utilizados na atividade de fabricao de acar e lcool.Assim, os dispndios com leo diesel, leos em geral e graxa no cultivo da cana-de-acar, bem como com servios atinentes ao cultivo de cana-de-acar, no ensejam apurao de crditos de PIS e Cofins, por no caracterizarem como dispndios com insumos da fabricao de acar e lcool, tendo em vista a atividade do cultivo da cana-de-acar em nada se confundir com a atividade de fabricao de acar e de lcool, que so os produtos resultantes do processamento no estabelecimento fabril da cana colhida na lavoura.(...)Diante do exposto, cabvel a glosa de crditos de PIS e COFINS calculados sobre a aquisio de leo diesel, leos em geral e graxa (vide Anexo VI do Relatrio de Fiscalizao); e servios de aplicao area de inseticida, aplicao area de maturador, aplicao de herbicida tratorizado, desmanche/confeco de cerca/transporte de benfeitorias, dessecao tratorizado, servios mecnicos diversos, transporte de cana-de-acar para moagem, transporte de cana para plantio e de anlises (vide Anexo VII do Relatrio de Fiscalizao); todos dispndios da cultura da cana-de-acar, cabendo o lanamento de ofcio das diferenas das contribuies do PIS e COFINS devidas decorrentes das glosas efetuadas.(...)Cientificada da autuao, a contribuinte apresentou impugnao, alegando, em sntese:- Os registros acerca da baixa de proviso, aps decorrido o prazo decadencial do direito de o Fisco promover o lanamento de IPI, no integram a base de clculo do PIS/Pasep e Cofins. Ainda que o registro contbil do IPI no constitusse proviso, a sua baixa no pode ser entendida como receita.- Na agroindstria de cana-de-acar, o processo produtivo se inicia na lavoura, com a formao e cultivo do canavial, e finda com a produo do acar, do lcool e energia destinados ao consumo, aps o processamento no seu parque industrial. A nica condio imposta pelo legislador para apurao de crditos do PIS e da Cofins foi de que os insumos sejam utilizados na produo ou fabricao de produtos destinados venda, sendo irrelevantes que sejam consumidos ou que tenham sofrido desgaste pelo contato direto com o produto produzido, tal como ocorre com o IPI.Mediante o Acrdo n 14-52.034 - 14 Turma da DRJ/RPO, de 28 de julho de 2014, a DRJ/RPO julgou improcedente a impugnao da contribuinte, conforme ementa abaixo:ASSUNTO: CONTRIBUIO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Perodo de apurao: 01/01/2009 a 31/12/2009 BASE DE CLCULO. EXTINO DE PASSIVO. RECEITA. CARACTERIZAO.Constitui receita tributvel na sistemtica de apurao no cumulativa a receita decorrente da extino de item do Passivo sem a correspondente extino de item do Ativo. O registro de obrigaes tributrias no Passivo no constitui Proviso, na medida em que no h incerteza acerca da constituio, tempo ou dimenso do dbito.CRDITOS. INSUMOS. FABRICAO DE ACAR E LCOOL. PRODUO DE CANA-DE-ACAR.Consideram-se insumos, para fins de apurao de crditos da Cofins no cumulativa, os bens e servios adquiridos de pessoas jurdicas, utilizados na prestao de servios e na produo ou fabricao de bens ou produtos destinados venda. No caso de bens, para que estes possam ser considerados insumos, necessrio que sejam consumidos ou sofram desgaste, dano ou perda de propriedades fsicas ou qumicas em funo da ao diretamente exercida sobre o servio que est sendo prestado ou sobre o bem ou produto que est sendo fabricado.Bens e servios empregados no cultivo de cana-de-acar no se classificam como insumos na fabricao de lcool ou de acar, por se tratarem de processos produtivos diversos. As despesas com aqueles itens no geram direito apurao de crditos na determinao da contribuio devida sobre as receitas auferidas com vendas de acar e de lcool produzidos.ASSUNTO: CONTRIBUIO PARA O PIS/PASEP Perodo de apurao: 01/01/2009 a 31/12/2009(...)A contribuinte foi regularmente cientificada da deciso de primeira instncia em 23/08/2014, pelo decurso de prazo da sua disponibilizao na caixa postal no mdulo e-CAC. Em 19/09/2014, a contribuinte apresentou recurso voluntrio, alegando, em sntese: Da no incidncia da Cofins e contribuio para o PIS sobre os valores de reverso do IPI contabilizados sobre as sadas de acar- As Leis n 10.637/02 e n 10.833/03 estabelecem, expressamente, que no integram a base de clculo da contribuio para o PIS e da COFINS receitas referentes a "reverses de provises e recuperaes de crditos baixados como perda, que no representem ingresso de novas receitas".- Ocorre que, apesar de no destacar o IPI em suas notas fiscais de venda de acar, a Recorrente, de forma conservadora, atendendo a determinao da auditoria, contabilizava o IPI como forma de provisionar recursos para uma possvel sada de caixa no futuro, caso no prevalea seu entendimento sobre a no incidncia do imposto. Esse registro representa uma proviso contbil, tendo em vista que a Recorrente no sabe se ter que empenhar recursos para fazer face a esta suposta obrigao - que, como mencionado, no reconhece como devida.- No entanto, uma vez que aqueles registros no podero mais ser declarados como devidos, visto que no foram objeto de questionamento pelas autoridades fiscais e, dessa forma, no podero ser considerados como obrigao para a empresa, em eventual insucesso em sua discusso judicial, outra no poderia ser a providncia seno a sua reverso, segundo as normas contbeis.- (...) no todo registro contbil credor no resultado que pode ser considerado receita para fins de incidncia da contribuio para o PIS e da COFINS. So receitas apenas aqueles registros que representem um ingresso de recursos novos para a empresa.- Ocorre que, como demonstrado, a Recorrente estava obrigada a contabilizar o IPI que poderia vir a ser exigido, no futuro, a fim de atender aos princpios e normas contbeis, notadamente o do conservadorismo. Deveras, a contabilizao do IPI era procedimento necessrio, que no implicava, e nem poderia implicar, no reconhecimento da dvida. Pelo contrrio, sem o lanamento, o IPI em questo nunca foi devido pela Recorrente, porque, at 2008, no se estabeleceu a relao jurdico- tributria que o tornasse devido, na forma prescrita no artigo 142 do Cdigo Tributrio Nacional.- (...) se o mero registro contbil do IPI no o tornou exigvel, porque no constituda a dvida, consequncia lgica que a sua baixa no pode ser concebida como um ingresso de receita. Permissa vnia, beira o absurdo a afirmao de que a baixa contbil teria constitudo um acrscimo patrimonial, tendo-se em conta que o mero registro contbil em nada modificou a situao patrimonial da Recorrente.- Como se observa nos exemplos citados pelo Conselho Federal de Contabilidade [Resoluo CFC n 774/1994], a realizao da receita, quando no decorrente da venda de bens e servios, pressupe a extino de uma exigibilidade. Ora, sem dvida, no essa a hiptese do caso em tela, porque os valores contabilizados como IPI incidente sobre a venda de acar nunca se tornaram exigveis.Dos crditos de PIS e COFINS sobre dispndios no cultivo de cana-de-acar- O processo agroindustrial desenvolvido pela Recorrente , pois, uma atividade verticalizada, pois realiza a produo de cana-de-acar para processamento industrial, transformando o produto de origem vegetal (cana-de-acar) em acar, lcool e energia eltrica (derivada do bagao), que so os produtos comercializados no mercado. Dessa forma, fica evidente que seu processo produtivo se inicia na lavoura com a formao e cultivo do canavial e finda com a produo do acar, do lcool e energia destinados ao consumo, aps o processamento no seu parque industrial.- (...) i) so distintas a sistemtica da no cumulatividade do IPI e a sistemtica da no cumulatividade do PIS e da COFINS, de modo que o conceito de insumo legalmente previsto para aquele imposto no pode ser aplicado para essas contribuies; ii) para fins de apurao de crditos de PIS e COFINS devem ser considerados insumos todos os bens e servios utilizados na produo, independentemente do contato direto com o produto final, de se desgastarem ou serem consumidos no processo produtivo; iii) a contribuio para o PIS e a COFINS incidem sobre a receita bruta, o que autoriza, na sua sistemtica prpria de no cumulatividade, a apurao de crditos sobre todos os bens e servios formadores do custo de produo, porque empregados na consecuo dessa receita; e iv) os insumos sobre os quais a Recorrente apurou crditos atendem ao critrio da essencialidade, porque necessrios e teis ao seu processo produtivo de acar e lcool.- (...) apenas os gastos com a formao da lavoura de cana-de-acar (at a cobertura das mudas no solo) so registrados na contabilidade como ativo imobilizado. Ao depois, os dispndios para manuteno e tratamento da lavoura, bem como aqueles relativos ao corte, carregamento e transporte, da cana-de-acar so registrados contabilmente como custos agrcolas e alocados ao custo de produo do acar e lcool, pois conforme j demonstrado, devem ser considerados como insumos do processo produtivo da Recorrente.Na vspera da sesso de julgamento do presente processo, em 17/05/2016, o patrono da contribuinte anexou memoriais com o novo argumento de que haveria bis in idem sobre a exigncia de PIS/Cofins sobre a extino da obrigao de IPI a pagar em face da decadncia, vez que essa parcela j haveria sido tributada juntamente com a receita sobre venda de acar. o relatrio. Conselheira MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, RelatoraAtendidos aos requisitos de admissibilidade, toma-se conhecimento do recurso voluntrio.Da incidncia da Cofins e contribuio para o PIS sobre os valores de reverso do IPI contabilizados sobre as sadas de acarAlega a recorrente que os registros contbeis referentes obrigaes de IPI seriam de provises no passivo, vez que no destacou o IPI nas suas vendas e nem o declarou em DCTF, e, sendo assim, as baixas posteriores desses valores em face da decadncia do tributo, seriam reverses dessas provises, que no integrariam a base de clculo do PIS e da Cofins, eis que as Lei ns 10.637/02 e 10.833/03 expressamente excluem receitas referentes a "reverses de provises e recuperaes de crditos baixados como perda, que no representem ingresso de novas receitas". Entende a fiscalizao que as receitas obtidas com a baixa das obrigaes do IPI a pagar deveriam ter sido oferecidas pela recorrente tributao das contribuies para o PIS e COFINS, assim como o foram em relao ao IRPJ, eis que houve a extino de um passivo (obrigao) sem o desaparecimento concomitante de um ativo, de igual ou superior valor, constituindo um acrscimo patrimonial. Argumenta que a contrapartida do lanamento contbil em que ocorre a baixa da obrigao uma conta de resultado credora (receita operacional). A fiscalizao no acata a tese da contribuinte, pois a seu ver, os registros contbeis no seriam constituies de provises, mas obrigaes a pagar registradas no passivo, vez que: (...) o IPI incidente na venda de acar foi deduzido na apurao do lucro lquido e no foi adicionado na determinao do lucro real, conforme se depreende do exame da Demonstrao do Lucro Real constante da DIPJ ano-calendrio 2003 s fls. 12014 a 12017, ficando demonstrado no se tratar de proviso, mas de uma verdadeira obrigao de IPI perante o fisco.(...) o saldo contbil das obrigaes de IPI a recolher era atualizado pelo contribuinte com juros calculados com a taxa SELIC, que aplicvel no pagamento de tributos federais, conforme se verifica nos demonstrativos de composio de saldo s fls. 561 a 564, s fls. 11415 a 11417 e Anexos II e III do Relatrio de Fiscalizao .As receitas obtidas com a baixa das obrigaes do IPI a pagar deveriam ter sido oferecidas tributao das contribuies para o PIS e COFINS assim como foram oferecidas tributao do IRPJ, como se verifica da anlise da DRE representada a seguir.

    Em que pese as alegaes da recorrente de que seus registros seriam constituies de provises e, posteriormente, suas correspondentes reverses, conforme se depreende da anlise da fiscalizao acima efetuada na contabilidade da contribuinte, no ano-calendrio de 2003, a contribuinte concedeu situao o tratamento contbil de uma obrigao de IPI a pagar registrada no passivo e no da constituio de uma proviso.Ademais, a pretenso da contribuinte de constituir proviso para uma obrigao legal de pagamento de tributos de valor e prazos certos no encontraria amparo nas normas de contabilidade, conforme se demonstra abaixo.O Conselho Federal de Contabilidade, no exerccio de suas atribuies legais e regimentais, mediante a Resoluo CFC n 1.066/05, aprovou a NBC T 19.7 Provises, Passivos, Contingncias Passivas e Contingncias Ativas, que apresenta as seguintes definies:19.7.2.1.2 - Provises Derivadas de Apropriaes por Competncia so passivos por mercadorias ou servios que foram recebidos ou fornecidos, mas que no foram faturados ou acordados formalmente com o fornecedor, incluindo montantes devidos a empregados (por exemplo, os montantes relativos proviso para frias), os devidos pela atualizao de obrigaes na data do balano, entre outros. Embora, s vezes, seja necessrio estimar o valor ou o tempo das provises derivadas de apropriaes por competncia o que poderia assemelhar-se conceitualmente a uma proviso a diferena bsica est no fato de que as provises derivadas de apropriaes por competncia so obrigaes j existentes, registradas no perodo de competncia, sendo muito menor o grau de incerteza que as envolve.19.7.2.1.3 - Proviso um passivo de prazo ou valor incerto. O termo proviso tambm tem sido usado no contexto de contas retificadoras, como depreciaes acumuladas, desvalorizao de ativos e ajustes de valores a receber. Esses ajustes aos valores contbeis de ativos no so abordados nesta Norma.(...)19.7.2.1.5. Passivo uma obrigao presente da entidade, decorrente de eventos j ocorridos, cuja liquidao resultar em uma entrega de recursos.19.7.2.1.6. Obrigao Legal aquela que deriva de um contrato, por meio de termos explcitos ou implcitos, de lei ou de outro instrumento fundamentado em lei.19.7.2.1.7. Obrigao No-formalizada aquela que surge quando a entidade, mediante prticas do passado, polticas divulgadas ou declaraes feitas, cria expectativa vlida por parte de terceiros e, por conta disso, assume um compromisso.19.7.2.1.8 - Contingncia Passiva :a) uma possvel obrigao presente cuja existncia ser confirmada somente pela ocorrncia, ou no, de um ou mais eventos futuros, que no estejam totalmente sob o controle da entidade; ou b) uma obrigao presente que surge de eventos passados, mas que no reconhecida porque:b.1) improvvel que a entidade tenha de liquid-la; ou b.2) o valor da obrigao no pode ser mensurado com suficiente segurana.19.7.2.1.9. Contingncia Ativa um possvel ativo, decorrente de eventos passados, cuja existncia ser confirmada somente pela ocorrncia, ou no, de um ou mais eventos futuros, que no estejam totalmente sob o controle da entidade. (...)19.7.3. PROVISES E OUTROS PASSIVOS 19.7.3.1. As provises podem ser distinguidas de outros passivos, tais como contas a pagar a fornecedores e provises derivadas de apropriaes por competncia, porque h incertezas sobre o tempo ou o valor dos desembolsos futuros exigidos na liquidao. Contas a pagar a fornecedores so passivos a pagar por mercadorias ou servios fornecidos, faturadas pelo fornecedor ou, formalmente, acordadas com este.19.7.3.2. As Provises Derivadas de Apropriaes por Competncia so, normalmente, classificadas como contas a pagar a fornecedores ou outras contas a pagar, conforme a natureza do item a que estiverem relacionadas. As demais provises devem ser apresentadas separadamente.(...)Anexo II EXEMPLOS DE TRATAMENTO A SER DADO ENVOLVENDO CONTINGNCIAS ATIVAS E CONTINGNCIAS PASSIVAS(...)4. Tributos a) A administrao da entidade entende que determinada lei federal, que alterou a alquota de um tributo ou introduziu novo tributo, inconstitucional. Por conta desse entendimento, ela, por intermdio de seus advogados, ajuizou ao alegando a inconstitucionalidade da lei. Nesse caso, existe obrigao legal a pagar Unio. Assim, a obrigao legal deve estar registrada, inclusive juros e outros encargos, se aplicvel, pois estes ltimos tm a caracterstica de proviso derivada de apropriaes por competncia. Trata-se de uma obrigao legal e no de proviso ou de contingncia passiva, considerando os conceitos da norma. Em etapa posterior, o advogado comunica que a ao foi julgada procedente em determinada instncia. Mesmo que haja tendncia de ganho, e ainda que o advogado julgue como provvel o ganho de causa em definitivo, pelo fato de que ainda cabe recurso por parte do credor (a Unio), a situao no ainda considerada praticamente certa, e, portanto, o ganho no deve ser registrado. de se ressaltar que a situao avaliada de contingncia ativa, e no de contingncia passiva a ser revertida, pois o passivo, como dito no item anterior, obrigao legal e, no, proviso ou contingncia passiva.(...)Assim, mesmo que a contribuinte entenda inconstitucional a norma instituidora do tributo e no pretenda pag-lo, sem um provimento judicial definitivo em sentido contrrio, no pode se furtar a contabilizar a obrigao legal respectiva no passivo pelo regime da competncia ao tempo do fato gerador.Assim, como a recorrente no constituiu a proviso na sua contabilidade, conforme apurado pela fiscalizao, e nem poderia em face das normas contbeis acima transcritas, no h que se falar em sua posterior reverso para excluso base da clculo das contribuies no cumulativas.De outra parte, tambm no pode prosperar a alegao da recorrente de que a baixa dos valores das obrigaes tributrias de IPI em face da decadncia no representaria ingressos de recursos novos tributveis pelo PIS e pela Cofins.A decadncia do tributo, tal como o perdo de uma dvida, representa um acrscimo patrimonial para o devedor, cuja consequncia o nascimento da capacidade contributiva. A extino do crdito tributrio pela decadncia constitui uma receita, que no pode ser qualificada como financeira, vez que no decorre de ganho em face da disponibilidade de recursos para terceiros em certo perodo de tempo, o que a caracteriza como uma receita tributvel pela Cofins e pelo PIS.Nesse sentido, a Cosit - Coordenao-Geral de Tributao j manifestou entendimento de que a remisso de dvida representa uma receita operacional, tributvel pelo IRPJ, CSLL, PIS/Pasep e Cofins:SOLUO DE CONSULTA N 17, DE 27 DE ABRIL DE 2010 ASSUNTO: Normas Gerais de Direito Tributrio EMENTA: REMISSO DE DVIDA. INCIDNCIA DE IRPJ, CSLL, PIS/PASEP E COFINS. A remisso de dvida importa para o devedor (remitido) acrscimo patrimonial (receita operacional diversa da receita financeira), por ser uma insubsistncia do passivo, cujo fato imponvel se concretiza no momento do ato remitente.DISPOSITIVOS LEGAIS: art.9, 3, II da Resoluo CFC No - 750, de 1993; PARECER CT/CFC N o - 11, de 2004; art.187 da Lei N o - 6.404, de 1976; arts. 373 e 374 do RIR, de 1999; art.3 da Lei N o - 9.718, de 1998; art. 1, 3, V, "b" da Lei N o - 10.833, de 2003; , art. 1, 3, V, "b", da Lei N o - 10.637/2002; art.53 da Lei N o - 9.430, de 1996; arts. 2 e 3 do Ato Declaratrio Interpretativo SRF N o 25, de 2003; art. 111, II do CTN.A questo do perdo de dvida j foi apreciada, no mbito do IRPJ, pelo extinto Primeiro Conselho de Contribuintes (1 CC), na 1 Cmara, mediante o Acrdo 10197.057, de 16/12/2008, Relatora Sandra Maria Faroni, com a seguinte ementa: "PERDO DE DVIDA. TRIBUTAO. Constitui receita tributvel o valor correspondente ao perdo de dvida concedido empresa".Tambm a 1 Turma da 4 Cmara da 1 Seo do CARF manifestou-se no mesmo sentido sobre o perdo de juros de mora, classificando-o como "outras receitas operacionais", tributveis pelo IRPJ, CSLL e PIS/Cofins, conforme ementa abaixo:Processo n 10245.003784/2008-74 Acrdo n 1401001.113 4 Cmara / 1 Turma Ordinria Sesso de 11 de fevereiro de 2014Relator: Antonio Bezerra NetoEmenta:ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTRIO Ano-calendrio: 2004, 2005, 2006, 2007 PERDO DE JUROS DE MORA. NORMAS GERAIS DE DIREITO.O valor relativo reduo de dvida decorrente de remisso no tem natureza de receita financeira, devendo ser registrada como "outras receitas operacionais".PERDO DE JUROS DE MORA. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTRIO. A remisso de dvida importa para o devedor (remitido) acrscimo patrimonial (receita operacional diversa da receita financeira), por ser uma insubsistncia do passivo, cujo fato imponvel se concretiza no momento do ato remitente.Na Cmara Superior de Recursos Fiscais j foi ratificado o entendimento de que o perdo de juros produz acrscimo patrimonial tributvel pelo IRPJ, exceto no que concerne ao lucro presumido, conforme trechos abaixo extrado do Voto Condutor do Acrdo:Processo n 10245.003789/200805 Acrdo n 9101002.052 1 Turma Sesso de 11 de novembro de 2014 Matria: Lucro Presumido. Perdo de dvida de juros.Relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO(...)13. Na cincia contbil, tem-se que o desaparecimento de uma obrigao, sem o surgimento de outro passivo, ou o desaparecimento de um ativo de igual ou maior valor caracteriza a realizao de uma receita. Com efeito, o que se extrai da Resoluo CFC n 750, de 29/12/1993, no dispositivo a seguir transcrito:"Art. 9 As receitas e as despesas devem ser includas na apurao do resultado do perodo em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento.... 3 As receitas consideram-se realizadas:...II quando da extino, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior;..." 14. No mesmo sentido a Resoluo CFC n 7746, de 16/12/1994:"2.6.3 Alguns detalhes sobre as receitas e seu reconhecimento A receita considerada realizada no momento em que h a venda de bens e direitos da Entidade ... Embora esta seja a forma mais usual de gerao de receita, tambm h uma segunda possibilidade, materializada na extino parcial ou total de uma exigibilidade, como no caso do perdo de multa fiscal, da anistia total ou parcial de uma dvida, da eliminao de passivo pelo desaparecimento do credor, pelo ganho de causa em ao em que se discutia uma dvida ou o seu montante, j devidamente provisionado, ou outras circunstncias semelhantes. ..."15. In casu, v-se claramente que quando h extino de uma obrigao (passivo), sem o desaparecimento concomitante de um bem ou direito (ativo), de igual ou superior valor, inegvel a ocorrncia de um acrscimo patrimonial. Logo, a remisso da dvida h de ser reconhecida como receita, o que repercute no lucro lquido positivamente.15.1. A tal fato d-se o nome de insubsistncia do passivo ou insubsistncia ativa (desaparecimento de uma obrigao), que um fato modificativo aumentativo do patrimnio (aumento de disponibilidade de recursos acrscimo patrimonial sem obrigao comutativa).Ou seja, o perdo de um passivo importa em aumento do patrimnio lquido da empresa agraciada. O lanamento contbil o seguinte:D Juros a pagar (conta de passivo extino da dvida)C Insubsistncia ativa (conta de resultado receita em sentido amplo)15.2. Sobre o conceito de Insubsistncia Ativa, ensina Ricardo J. Ferreira o seguinte:13.7 Insubsistncias e supervenincias Insubsistncia Passiva Insubsistncia a condio de algo que deixa de existir, que desaparece. O vocbulo passiva tem o sentido de negativa ou que causa efeito negativo", que no se confunde com a expresso do passivo" (das obrigaes, do passivo exigvel). Logo, a insubsistncia passiva relativa quilo que, ao deixar de existir, provoca efeito negativo sobre o patrimnio. A mercadoria perdida em um incndio, por exemplo, uma insubsistncia passiva. No se trata, porm, de uma insubsistncia do passivo. Como o que deixou de existir foi um bem, com a perda da mercadoria, houve insubsistncia do ativo. Portanto, a conta Insubsistncias Passivas de despesa (de natureza devedora).Insubsistncia Ativa Por analogia, insubsistncia ativa quando algo que deixou de existir provoca o aumento do patrimnio, vale dizer, significa o efeito positivo de algo que deixou de existir". Exemplo: a prescrio de uma dvida, que uma insubsistncia do passivo.A conta Insubsistncias Ativas de receita (de natureza credora).(...)16. Uma vez que tal acrscimo patrimonial advm de uma receita, depreende-se que foi concretizado um fato que influenciar na base de clculo do IRPJ e da CSLL, pois houve aumento do lucro lquido (ou reduo do prejuzo contbil).16.1. Perdoada a dvida sem o pagamento dos juros, tal valor ficar disponvel empresa, que poder empreg-lo da forma que melhor lhe aprouver. A disponibilidade econmica ou jurdica decorrente de acrscimo patrimonial fato gerador do imposto de renda, tal como previsto no art. 43, II, do CTN, in verbis:Art. 43. O imposto, de competncia da Unio, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisio da disponibilidade econmica ou jurdica:I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinao de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acrscimos patrimoniais no compreendidos no inciso anterior.(...)16.2. Destarte, irrefutvel o acrscimo patrimonial (renda proveniente de disponibilidade) por parte da devedora, que a presente recorrente, do qual h o inexorvel surgimento de capacidade contributiva objetiva. Isso posto, o perdo de uma dvida de juros fato gerador do imposto de renda.17. Pelo entendimento como receita, encontram-se os seguintes pronunciamentos da RFB:Soluo de Consulta n 17 SRRF01/ Disit "REMISSO DE DVIDA. INCIDNCIA DE IRPJ, CSLL, PIS/PASEP E COFINS.A remisso de dvida importa para o devedor (remitido) acrscimo patrimonial (receita operacional diversa da receita financeira), por ser uma insubsistncia do passivo, cujo fato imponvel se concretiza no momento do ato remitente."DECISO N 297 de 21/12/2000 SRRF06 EMENTA: INSUBSISTNCIA PASSIVA. baixa de valor registrado no passivo, por insubsistncia da obrigao de pagar (insubsistncia passiva) corresponde uma receita tributvel, no momento desta baixa.Soluo de Consulta n 306 SRRF09/ Disit O valor relativo reduo de dvida decorrente de remisso no tem natureza de receita financeira, devendo ser registrada como outras receitas operacionais.Soluo de Consulta n 31 SRRF10/ Disit "LUCRO REAL. PERDO DE DVIDA. CRDITO DE SCIO.Constitui receita da pessoa jurdica devedora a importncia correspondente ao perdo de dvida, no havendo previso legal para sua excluso do lucro lquido para efeito de apurao do lucro real."(...)Assim, com base nos argumentos citados acima, entendo que a extino das obrigaes tributrias de IPI da recorrente em face da decadncia representam receitas tributveis pelo PIS e pela Cofins.Com relao ao novo argumento juntado ao processo pelo patrono da contribuinte na vspera do presente julgamento, de que haveria bis in idem na exigncia de PIS/Cofins sobre os valores decados de IPI, que j teriam sido, conforme alega, oferecidos tributao juntamente com a receita bruta, alm da sua gritante intempestividade e da necessidade de eventual apurao do alegado na escriturao da contribuinte pela fiscalizao, o mrito do argumento da contribuinte tambm no merece acolhida neste processo.H que se esclarecer que, por ocasio da venda dos produtos sobre os quais incidia o IPI (no destacado, nem declarado pela contribuinte), ainda no havia ocorrido a materialidade do PIS/Cofins objeto do presente auto de infrao, o que somente veio a ocorrer aps a extino da obrigao do passivo (IPI a pagar) com a decadncia do IPI, que representou o acrscimo da riqueza tributvel.Assim, o alegado recolhimento maior que o devido de PIS/Cofins sobre a receita na venda de acar matria estranha ao presente processo, o qual trata somente da exigncia dessas contribuies em momento bem posterior, quando ocorreu a extino da obrigao legal de pagar o IPI. Nessa linha, eventual pleito da contribuinte de restituio ou compensao decorrente de pagamento indevido deveria ter sido formulado em outro processo administrativo, em consonncia com os prazos, forma e condies previstos na legislao tributria para os referidos institutos.Dessa forma, o novo argumento da contribuinte apresentado em memoriais em nada muda o entendimento mais acima exarado por esta Relatora, de que legtima a exigncia de PIS/Cofins sobre a extino da obrigao legal de pagar o IPI em face da sua decadncia, vez que representa riqueza nova no patrimnio da contribuinte.Dos crditos de PIS e Cofins sobre dispndios no cultivo de cana-de-acar Atualmente, este Conselho Administrativo, na maior parte de suas decises, no tem adotado, para fins de aproveitamento de crditos do PIS/Pasep e da Cofins, a interpretao do conceito de insumos segundo a legislao do Imposto de Renda, nem aquela veiculada pelas Instrues Normativas SRF ns 247/2002 e 404/2004.Filio-me ao entendimento deste CARF que tem aceitado os crditos relativos a bens e servios utilizados como insumos que so pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou prestao de servios, ainda que neles sejam empregados indiretamente, conforme ilustra a ementa abaixo do Acrdo n 3403-003.052, julgado em 23/07/2014, por voto condutor do Relator Conselheiro Alexandre Kern:(...)ASSUNTO: CONTRIBUIO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Perodo de apurao: 01/01/2007 a 31/03/2007 NO CUMULATIVIDADE. CRDITOS. INSUMOS. CONCEITO.Insumos, para fins de creditamento da Contribuio Social no cumulativa, so todos aqueles bens e servios pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestao de servios, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtrao importa na impossibilidade mesma da prestao do servio ou da produo, isto , cuja subtrao obsta a atividade empresria, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou servio da resultantes.O custo dos servios de remoo de resduos, em face das exigncias do controle ambiental, subsumem-se no conceito de insumo e ensejam a tomada de crditos.(...)A tendncia da jurisprudncia no CARF caminha no sentido de considerar como parmetro para o conceito de insumo o custo de produo, quando no haja vedao nas Leis ns 10.637/02 e 10.833/03, pois alm de vrios dos itens descritos no art. 3 dessas Leis integrarem o custo de produo, esse critrio oferece maior segurana jurdica tanto ao Fisco quanto aos contribuintes, por estar expressamente previsto no artigo 290 do Regulamento do Imposto de Renda. Nessa linha de raciocnio, este Colegiado vem entendendo que para um bem ser apto a gerar crditos da contribuio no cumulativa, com base no art. 3, II, das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2002, ele deve ser aplicado ao processo produtivo (integrar o custo de produo) e no ser passvel de ativao obrigatria luz do disposto no art. 301 do RIR/99. Se for passvel de ativao obrigatria, o crdito dever ser apropriado no com base no custo de aquisio, mas sim com base na despesa de depreciao ou amortizao, conforme normas especficas.Conforme j decidido por este CARF, mediante o Acrdo n 3403-002.824, de 24 de fevereiro de 2014, a fase agrcola da agroindstria tambm integra o seu processo produtivo para fins de aproveitamento de crdito das contribuies sociais no cumulativas, conforme se v no voto condutor do Conselheiro Antonio Carlos Atulim, abaixo transcrito:(...)Os referidos dispositivos legais, ao tratarem do direito de crdito das contribuies no regime no cumulativo, se referem a bens e servios utilizados na "produo ou fabricao "de bens ou produtos destinados venda.Uma breve consulta ao Dicionrio Aurlio permite constatar que os verbos "produzir" e "fabricar" possuem significados distintos. "Produzir" significa "gerar","dar lugar ao aparecimento de algo", "criar".Por seu turno, o verbo "fabricar" denota" transformar matrias em objetos de uso corrente", "manufaturar", "construir".Ao utilizar verbos com significados diferentes ligados pelo conectivo "ou", os arts. 3, II, das Leis n 10.637/02 e 10.833/03 asseguraram o direito de crdito em relao aos processos de fabricao; aos processos de produo, que englobam atividades no industriais, e tambm aos processos produtivos mistos que envolvam aquelas duas atividades das quais resultem um bem ou um servio que seja destinado venda. Isto porque a partcula "ou" foi empregada com valor semntico inclusivo.Quisesse o legislador excluir de forma deliberada a atividade mista (produo e fabricao), teria empregado no art. 3, II, a expresso "ou...ou" ("ou produo ou fabricao").No caso concreto, o contribuinte exerce as duas atividades: produz sua prpria matria-prima (produo de madeira) e extrai a celulose da matria-prima (fabricao) por meio do processo industrial descrito nos recursos apresentados neste processo.Tendo em vista que a lei contemplou com o direito de crdito os contribuintes que exeram as duas atividades, conclui-se, a partir da interpretao literal dos textos dos arts. 3, II, das Leis n 10.637/02 e 10.833/03, que no h respaldo legal para expurgar dos clculos do crdito os custos incorridos na fase agrcola (produo da madeira), sob argumento de que esta fase culmina na produo de bem para consumo prprio.Em outra linha de argumentao, bom lembrar que o art. 22-A da Lei n 8.212/91, introduzido pelo art.1 da Lei n 10.256/01, estabeleceu que para o fim de incidncia da contribuio previdenciria,"agroindstria" definida como sendo o produtor rural pessoa jurdica cuja atividade econmica seja a industrializao de produo prpria ou de produo prpria e adquirida de terceiros.Versando este processo sobre crditos de contribuies devidas ao sistema da seguridade social, foroso concluir que a "industrializao de produo prpria" foi contemplada pela legislao tributria como sendo uma atividade nica, fato que tambm desautoriza a seco da atividade do contribuinte, tal como foi feito pela autoridade administrativa.Portanto, com base nos dispositivos legais acima, tanto em relao ao cumprimento de obrigaes tributrias, quanto para o fim de aproveitamento de crditos das contribuies, o processo produtivo da recorrente deve ser visto como um todo nico, iniciando-se com a criao das mudas de eucalipto e terminando com o corte e o enfardamento das folhas de celulose, conforme descrito nos recursos apresentados.(...)Tambm a Cmara Superior de Recursos Fiscais, em julgamento de recurso especial do Procurador da Fazenda Nacional, no Acrdo n 9303-003.069, da 3 Turma, sesso de julgamento de 13/08/2014, ratifica o entendimento acima, conforme concluso do voto condutor do Relator Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda abaixo:(...)Em suma, a legislao do PIS e da COFINS no cumulativos estabelece critrios prprios quanto conceituao de insumos para fins de creditamento. um critrio que se afasta da simples vinculao ao conceito do IPI, presente na IN SRF n 247/2002, e que tambm no se aproxima do conceito de despesa necessria prevista na legislao do IRPJ.(...)No caso das indstrias de celulose, isso implica admitir no s os gastos incorridos na produo direta da celulose, mas tambm na prpria produo da madeira que lhe serve de insumo.Assim, todos os gastos incorridos como insumos dos insumos, que no caso so aqueles necessrios para a produo da madeira, devem ser considerados para atendimento da sistemtica no cumulativa. No faz sentido permitir o creditamento quando se compra a madeira e impedi-lo quando se incorre em gastos, por exemplo, no planejamento de plantio e investimento em tecnologia de produo da madeira, sendo que todos eles tm como objetivo incrementar a produo de celulose.Por conseguinte, em face de todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da Fazenda Nacional.Assim, no presente caso, devem ser analisadas se as seguintes glosas da fase agrcola esto em conformidade com o conceito de insumo exposto no presente Voto:a) leo diesel, outros leos e graxa (vide Anexo VI do Relatrio de Fiscalizao); b) servios de aplicao area de inseticida, aplicao area de maturador, aplicao de herbicida tratorizado, desmanche/confeco de cerca/transporte de benfeitorias, dessecao tratorizado, mecnica agrcola diversa, transporte de cana-de-acar para moagem, transporte de cana para plantio e de anlises (vide Anexo VII do Relatrio de Fiscalizao).Com relao s glosas sobre aquisies de leos e graxas, consta no Anexo VI, na fl. 12.194, o rateio percentual desses dispndios por aplicao na atividade da contribuinte, na seguinte forma:

    Diante da ausncia de comprovao, a cargo da recorrente, de que seriam vinculadas e essenciais ao cultivo da cana-de-acar, entendo que devem ser mantidas as seguintes glosas das aquisies de leos e graxas de aplicao sob os cdigos: 30701, 30702 e 30703 (Produo Agrcola - Pecuria de Corte, Pecuria de Leite e Equinos), 40100 (Gesto - Gesto), 40300 (Gesto - Recursos Humanos), 41000 (Gesto - rea Administrativa), 41306 (Gesto - Servios Sociais Diversos). As demais glosas de leos e graxas listadas acima devem ser revertidas, eis que em conformidade com o conceito de insumo exposto neste Voto.Nesse sentido, tambm foi decidido no Processo n 10840.002778/200538, Acrdo n 3402001.987 4 Cmara / 2 Turma Ordinria, Sesso de 29 de janeiro de 2013, para uma empresa do setor sucroalcooleiro, conforme trecho do Voto do Relator Joo Carlos Cassuli Junior abaixo:(...)Voltando a ateno ao caso em concreto, analisando efetivamente os dispndios cujo desconto de crditos fora obstado pela Autoridade Fiscal (Combustvel, Transporte de trabalhadores e Transporte da Cana de Acar), est comprovado que referidos gastos esto contabilizados como custo de produo (ou gastos gerais de produo), e assim, alocadas na fase anterior (e indispensvel) gerao da receita de venda, no transitando pelo resultado enquanto despesa (diretamente), e sim, no CPV (custo de produtos vendidos). Portanto, tais gastos no so lanados diretamente como despesa na Demonstrao do Resultado, mas antes compem os Estoques, apenas vindo a ser registrados no resultado atravs do CPV Custo dos Produtos Vendidos.Assim sendo, entendo que referidos itens so indispensveis ao processo produtivo do contribuinte, e so efetivamente, aplicados na produo dos produtos que so posteriormente destinados a venda. Se no participam fisicamente, em contato direto com o produto em fabricao do produto acabado (acar e lcool), no quer isso significar que no sejam insumos, para os fins de PIS e COFINS.Em sentido anlogo, j decidiu esse Conselho:(...)Assim sendo, considerando que os dispndios com combustveis (expressamente permitidos), transportes de trabalhadores e no transporte de cana de acar, efetivamente so parte indissocivel do processo produtivo da Recorrente, sem os quais no poderia levar a cabo sua atividade (a menos que adquirisse os insumos todos prontos e teria, ento direito ao crdito enquanto matria-prima), entendo que assiste-lhe o direito ao desconto de crditos sobre aludidos insumos, merecendo provimento o recurso nesse particular.(...)No que concerne aos servios agrcolas especificados no Anexo VII ao Relatrio de Fiscalizao, quais sejam, servios de aplicao area de inseticida, aplicao area de maturador, aplicao de herbicida tratorizado, desmanche/confeco de cerca/transporte de benfeitorias, dessecao tratorizada, mecnica agrcola diversa, transporte de cana-de-acar para moagem, transporte de cana para plantio e de anlises; todas as glosas correspondentes devem ser revertidas, eis que tais servios so essenciais e pertinentes ao cultivo da cana-de-acar conforme suas especificaes no Relatrio de Fiscalizao nas fls. 12.157/12.158.Assim, em face do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntrio, para exonerar parcialmente o crdito tributrio na parcela correspondente reverso das seguintes glosas:a) leos e graxas listadas Anexo VI, na fl. 12.194, com exceo daquelas de aplicao sob os cdigos: 30701, 30702 e 30703 (Produo Agrcola - Pecuria de Corte, Pecuria de Leite e Equinos), 40100 (Gesto - Gesto), 40300 (Gesto - Recursos Humanos), 41000 (Gesto - rea Administrativa), 41306 (Gesto - Servios Sociais Diversos).b) servios agrcolas especificados no Anexo VII ao Relatrio de Fiscalizao, quais sejam, servios de aplicao area de inseticida, aplicao area de maturador, aplicao de herbicida tratorizado, desmanche/confeco de cerca/transporte de benfeitorias, dessecao tratorizada, mecnica agrcola diversa, transporte de cana-de-acar para moagem, transporte de cana para plantio e de anlises. como voto.(Assinatura Digital)MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA - Relatora Inicialmente, frise-se que a presente declarao de voto se refere apenas parcela do mrito que versa sobre a incidncia da Cofins e contribuio para o PIS sobre os valores de reverso do IPI contabilizados sobre as sadas de acar.A Recorrente adotara a prtica de no destacar o IPI nas notas fiscais de sada do acar, por entender que a exigncia seria inconstitucional, optando por provisionar o valor devido a ttulo do imposto no pago como uma passivo. Posteriormente, ultrapassado o prazo decadencial do tributo, a Recorrente operava a reverso desses passivos em sua escriturao contbil, entendendo o Fisco tratar-se essa reverso de receita tributvel pelo PIS e a COFINS.Entende a fiscalizao que as receitas obtidas com a baixa das obrigaes do IPI a pagar deveriam ter sido oferecidas pela recorrente tributao das contribuies para o PIS e COFINS, assim como o foram em relao ao IRPJ, eis que houve a extino de um passivo (obrigao) sem o desaparecimento concomitante de um ativo, de igual ou superior valor, constituindo um acrscimo patrimonial. Argumenta que a contrapartida do lanamento contbil em que ocorre a baixa da obrigao uma conta de resultado credora (receita operacional). A fiscalizao no acata a tese da contribuinte, pois a seu ver, os registros contbeis no seriam constituies de provises, mas obrigaes a pagar registradas no passivo.Parece-nos ser indiscutvel a natureza de receita dos valores decorrentes da reverso do passivo - afastando de resto a discusso sobre a caracterizao enquanto proviso ou obrigao a pagar. A questo fulcral aqui o oferecimento ou no desses valores tributao do PIS e da COFINS no momento da sada do acar, o que configuraria um bis in idem a sua cobrana posteriormente, com a reverso.Analisando os demonstrativos de apurao de PIS e Cofins de fls. 11423-11470, o que se verifica que o clculo das contribuies levou em considerao a integralidade da receita para compor a base de clculo, excluindo apenas os valores do ICMS-ST, mas mantendo na base os valores a ttulo de IPI, ainda que no efetivamente pagos.Da mesma forma, ao se analisar as DACONs do perodo, verifica-se que a receita integral da venda de acar comps o valor declarado como receita decorrente das vendas no mercado interno, caracterizando a base de clculo das contribuies ao PIS e a Cofins, sem excluso dos valores do IPI.Isso indica claramente que os valores no pagos de IPI, registrados como provises, j haviam sido oferecidos tributao do PIS e da COFINS no momento da realizao das operaes, de modo pretender tributar a reverso desses valores aps o transcurso do prazo decadencial, pelas mesmas contribuies, consiste em inescapvel bis in idem. O mesmo dinheiro (o valor do IPI no pago) estaria sendo sujeito s mesmas contribuies duas vezes: a primeira no oferecimento do valor integral da receita de venda dos bens, sem desconto do IPI no pago (conforme farta documentao dos autos), e a segunda no momento da reverso da proviso desse mesmo valor.Em razo disso, entendemos ser equivocada a cobrana, pelo que damos integral provimento ao Recurso Voluntrio do contribuinte no tocante a esse tpico do mrito em anlise.Conselheiro Carlos Augusto Daniel NetoConselheira Thais de Laurentiis GalkowiczConselheiro Diego Diniz Ribeiro

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    da tributaodosvaloresbaixadosa ttulodeIPIapagar.VencidososConselheirosValdeteAparecidaMarinheiro,ThaisdeLaurentiisGalkowicz,DiegoDinizRibeiroeCarlosAugustoDanielNeto.OsConselheirosCarlosAugustoDanielNeto,ThaisdeLaurentiisGalkowiczeDiegoDinizRibeiroapresentaramdeclaraodevotoemconjunto(ii)pormaioriadevotos,deuseprovimentoparareverterasglosasemrelaoaosinsumos"leosegraxas"e"serviosagrcolas" discriminados no voto. Vencido, nesta parte, o Conselheiro Jorge Freire. OsConselheiros Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto acompanharam a relatorapelas concluses. Sustentou pela recorrente o Dr. Roberto Quiroga Mosquera, OAB/SP n83.755.

    (assinadodigitalmente)

    AntonioCarlosAtulimPresidente

    (assinadodigitalmente)

    MariaAparecidaMartinsdePaulaRelatora

    Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio CarlosAtulim,JorgeOlmiroLockFreire,ValdeteAparecidaMarinheiro,MariaAparecidaMartinsdePaula,ThaisDeLaurentiisGalkowicz,WaldirNavarroBezerra,DiegoDinizRibeiroeCarlosAugustoDanielNeto.

    Relatrio

    TratasederecursovoluntriocontradecisodaDelegaciadeJulgamentodeemRibeiroPreto,quejulgouimprocedenteaimpugnaodacontribuinte.

    Tratase de Autos de Infrao para a exigncia da Contribuio paraFinanciamentodaSeguridadeSocialCofinsedacontribuioparaoProgramadeIntegraoSocialPIS,multadeofcioejurosdemoracalculadosat31/01/2014,nomontantetotaldeR$18.568.357,55.

    Aautuaodecorreude:

    (0001)omissodereceitasujeitaincidnciadePIS/PasepeCofins

    (0002) crditos descontados indevidamente crditos da nocumulatividadenoperododeapurao06/2009queforamutilizadosdeofcionoperododeapurao05/2009,ocasionandocontribuioapagarrelativamentequeleperodoe

    (0003) crditos descontados indevidamente em relao aquisio deserviosnocultivodacanadeacar.

    ConformeconstanoRelatriodeFiscalizao,aautuaodeuse,emsntese,sobosseguintesfatosefundamentos:

    (...)a)NooferecimentotributaodasbaixasdedvidasdeIPI

    AfiscalizadanoofereceutributaodascontribuiesparaoPIS e COFINS as receitas decorrentes da baixa de dvidas deIPI,contabilizadasemcontadepassivonogrupodeobrigao

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  • Processon10835.720016/201487Acrdon.3402003.076

    S3C4T2Fl.12.617

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    tributria sob o ttulo de "IPI (a partir de 17/11/1997)", porperdadodireitodofiscoemcobrlas(decadncia).(...)Verificase que interessada registrava contabilmente em contado passivo o IPI a pagar decorrente da venda de acar deproduo prpria, conta n 22030201, nome da conta "IPI (apartir de 17/11/1997)" (vide Anexo IV do Relatrio deFiscalizao), contudo no o declarava nem o recolhia. medida que acontecia a perda do direito do Fisco de fazer acobrana dos dbitos de IPI contabilizados, a fiscalizadasistematicamente realizava a baixa das obrigaes tributriasnopagas,sucessivamenteanoapsano,conformerepresentadonos lanamentos dos Anexos I, II e III do Relatrio deFiscalizao.AcontabilizaopelocontribuintedoIPIincidentenavendadeacar,noanode2003,erafeitodebitandoseoIPIemcontaderesultado, sob o ttulo "() IPI s/Acar" (vide Anexo V doRelatrio de Fiscalizao), e creditandose a conta de IPI arecolherdopassivo"IPI (apartirde17/11/1997)" (videAnexoIV do Relatrio de Fiscalizao). Portanto, o IPI incidente navendadeacarfoideduzidonaapuraodolucrolquidoenofoi adicionado na determinao do lucro real, conforme sedepreendedoexamedaDemonstraodoLucroRealconstanteda DIPJ anocalendrio 2003 s fls. 12014 a 12017, ficandodemonstradonosetratardeproviso,masdeumaverdadeiraobrigaodeIPIperanteofisco.

    Alm disso, cumpre ressaltar que o saldo contbil dasobrigaes de IPI a recolher era atualizado pelo contribuintecom juros calculados com a taxa SELIC, que aplicvel nopagamento de tributos federais, conforme se verifica nosdemonstrativosdecomposiodesaldosfls.561a564,sfls.11415a11417eAnexosIIeIIIdoRelatriodeFiscalizao.AsreceitasobtidascomabaixadasobrigaesdoIPIapagardeveriamtersidooferecidastributaodascontribuiesparaoPIS eCOFINSassimcomo foramoferecidas tributaodoIRPJ,comoseverificadaanlisedaDRErepresentadaaseguir.

    Nopresentecaso,hextinodeumpassivo(obrigao)semodesaparecimentoconcomitantedeumativo,deigualousuperiorvalor,constituindoumacrscimopatrimonial.Logo,abaixadadvidahdeserreconhecidacomonovareceita.

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    Quando ocorre a baixa da dvida, inegvel que h umacrscimo patrimonial por parte da devedora, pois desaparecetosomenteumpassivo(obrigao).Porcerto,acontrapartidado lanamento contbil emque ocorre a baixa daobrigaoumacontade resultadocredora (receitaoperacional), como sedepreende dos lanamentos contbeis do SPED detalhados doAnexoIdoRelatriodeFiscalizao(anos2008a2012)ouoslanamentosresumidosaseguirdoanofiscalizadode2009:(...)Somente a partir do perodo de apurao abril de 2008 afiscalizada comeou a discutir judicialmente o IPI incidentesobre o acar comercializado por meio do Processo n2008.61.12.0048048, protocolizado em 17/04/2008, na JustiaFederal de Presidente Prudente SP, suspendendo aexigibilidade do crdito tributria pelo depsito judicial. Afiscalizada discute a inconstitucionalidade da fixao daalquota de 5% de IPI para o acar vendido no varejo, porviolao aos princpios da seletividade, igualdade,proporcionalidade e legalidade, e pede a suspenso daexigibilidadedocrditotributriopelodepsitoeadeclaraodainconstitucionalidadeedailegalidadedafixaodealquotade IPI para o acar em percentual incompatvel com aessencialidadedoproduto.Anteriormente ao perodo de apurao de abril de 2008, afiscalizadareconheciaecontabilizavamensalmenteoIPIdevido,conforme j explanado, entretanto no o declarava nemrecolhia.Desta forma, irrefutvel o acrscimo patrimonial (rendaprovenientededisponibilidade,nocasoeconmica)porpartedadevedora (fiscalizada), do qual h o inexorvel surgimento decapacidadecontributivaobjetiva.(...)(...)

    b)Glosadecrditoscalculadossobredispndiosnocultivodacanadeacar

    A fiscalizada aproveitou indevidamente crditos dascontribuiesparaoPISeCOFINScalculadossobredispndiosrelativos ao cultivo da canadeacar destinada produoprpria de acar e lcool. Estes dispndios referemse aquisiode:a)leodiesel,outrosleosegraxa(videAnexoVIdoRelatriodeFiscalizao)b)serviosdeaplicaoareadeinseticida, aplicao area de maturador, aplicao deherbicidatratorizado,desmanche/confecodecerca/transportede benfeitorias, dessecao tratorizado, mecnica agrcoladiversa,transportedecanadeacarparamoagem,transportedecanaparaplantioedeanlises(videAnexoVIIdoRelatriodeFiscalizao).(...)O direito ao abatimento do valor de aquisio de insumossomente existe se o bem ou o servio adquiridos integrarem oprocessodeproduodosbensaseremvendidos.Verificase, pois, que dispndios indiretos, embora de algumaforma relacionados com a realizao da atividade, no podemserconsideradosinsumosparafinsdeapuraodoscrditosdeCofins e de contribuio para o PIS/Pasep em regime deapuraonocumulativo.

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  • Processon10835.720016/201487Acrdon.3402003.076

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    A plantao de canadeacar considerada culturapermanente,ouseja,aquelaquesemantmvinculadaaosoloeproporcionamaisdeumacolheitaouproduo,durando,maisde um ano, e os custos necessrios para a formao deplantao desta natureza devem compor o valor do ativoimobilizadodapessoajurdica.Assimosgastoscombenseserviosnecessriosparaocultivoda canadeacar acabam sendo incorporados ao valor daplantaoe,emconsequncia,registradosnoativoimobilizado.Essesgastoscomformaodelavouradecanadeacarseroobjetodequotasdeexausto,medidaqueseusrecursosforemexauridos (esgotados), conforme pergunta 019 doCaptuloXII(Atividade Rural) do Perguntas e Respostas da DIPJ 2013, inverbis.(...)Comisso,emsetratandodeativoimobilizado,porbvioqueosbens e servios adquiridos pelo contribuinte para seremutilizados na formao e manuteno da lavoura de canadeacar,cujaplantaserposteriormenteutilizadacomomatriaprima para a fabricao de acar e lcool, no podem serconsideradosinsumos,nostermosdalegislaoqueregeoPISeaCOFINS.(...)Vejamoscommaisateno,porsetrataremoperaesdemaiorvalor,asatividadesligadaslavouradecanadeacaremqueforam empregadas o leo diesel objeto das glosas de crditos.Observasepeloquadroabaixoqueosdispndiosdeleodieselso realizados principalmente nas atividades de colheitamecanizada, transporte, preparodo solo,mecanizaodo solo,aplicao de vinhaa, plantio, conservao de estradas,manuteno e abastecimento agrcola, adubao, passagem deherbicida, oficina mecnica agrcola, apoio de modeobra,transporte de suprimentos, asfalto, almoxarifado agrcola etc.,deixandoclaroquenose tratadeatividadesdefabricaodelcooleacar.(...)Paraefeitosdeaproveitamentodecrdito,foramconsideradoscomolegtimososgastoscomleosegraxasempregadosdiretamentenaatividadedeproduoindustrialdoacarelcool,consoanteobservaodoAnexoVIdoRelatriodeFiscalizao.(...)Damesma forma,os serviosdeaplicaoareade inseticida,aplicao area de maturador, aplicao de herbicida comtrator, desmanche/confeco cerca/transporte, dessecaotratorizado, mecnica agrcola, transporte de canadeacarpara plantio e transportede canadeacar paramoagempornoseremaplicadosouconsumidosna fabricaodoacarelcool, no se caracterizam, para fins de apuraode crditosnaformadoart.3,II,dasLeisn10.637/2002en10.833/2003,comoinsumosutilizadosnaatividadedefabricaodeacarelcool.Assim,osdispndioscomleodiesel,leosemgeralegraxanocultivodacanadeacar,bemcomocomserviosatinentesaocultivodecanadeacar,noensejamapuraodecrditosdePIS e Cofins, por no caracterizarem como dispndios com

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    insumos da fabricao de acar e lcool, tendo em vista aatividade do cultivo da canadeacar em nada se confundircomaatividadedefabricaodeacaredelcool,quesoosprodutosresultantesdoprocessamentonoestabelecimentofabrildacanacolhidanalavoura.(...)Diante do exposto, cabvel a glosa de crditos de PIS eCOFINScalculados sobreaaquisiodeleodiesel, leos emgeral e graxa (vide Anexo VI do Relatrio de Fiscalizao) eservios de aplicao area de inseticida, aplicao area dematurador, aplicao de herbicida tratorizado,desmanche/confeco de cerca/transporte de benfeitorias,dessecaotratorizado,serviosmecnicosdiversos, transportede canadeacar para moagem, transporte de cana paraplantio e de anlises (vide Anexo VII do Relatrio deFiscalizao) todos dispndios da cultura da canadeacar,cabendoolanamentodeofciodasdiferenasdascontribuiesdoPISeCOFINSdevidasdecorrentesdasglosasefetuadas.(...)

    Cientificada da autuao, a contribuinte apresentou impugnao, alegando,emsntese:

    Os registros acerca da baixa de proviso, aps decorrido o prazodecadencial do direito de o Fisco promover o lanamento de IPI, no integram a base declculodoPIS/PasepeCofins.AindaqueoregistrocontbildoIPInoconstitusseproviso,asuabaixanopodeserentendidacomoreceita.

    Na agroindstria de canadeacar, o processo produtivo se inicia nalavoura,comaformaoecultivodocanavial,efindacomaproduodoacar,dolcooleenergia destinados ao consumo, aps o processamento no seu parque industrial. A nicacondioimpostapelolegisladorparaapuraodecrditosdoPISedaCofinsfoidequeosinsumos sejam utilizados na produo ou fabricao de produtos destinados venda, sendoirrelevantesquesejamconsumidosouquetenhamsofridodesgastepelocontatodiretocomoprodutoproduzido,talcomoocorrecomoIPI.

    MedianteoAcrdon1452.03414TurmadaDRJ/RPO,de28dejulhode 2014, aDRJ/RPO julgou improcedente a impugnao da contribuinte, conformeementaabaixo:

    ASSUNTO: CONTRIBUIO PARAO FINANCIAMENTODASEGURIDADESOCIALCOFINSPerododeapurao:01/01/2009a31/12/2009

    BASE DE CLCULO. EXTINO DE PASSIVO. RECEITA.CARACTERIZAO.Constitui receita tributvel na sistemtica de apurao nocumulativaareceitadecorrentedaextinodeitemdoPassivosema correspondente extino de itemdoAtivo.Oregistro deobrigaes tributrias no Passivo no constitui Proviso, namedidaemquenohincertezaacercadaconstituio, tempooudimensododbito.CRDITOS. INSUMOS. FABRICAO DE ACAR ELCOOL.PRODUODECANADEACAR.Consideramse insumos, para fins de apurao de crditos daCofinsnocumulativa,osbenseserviosadquiridosdepessoas

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  • Processon10835.720016/201487Acrdon.3402003.076

    S3C4T2Fl.12.619

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    jurdicas,utilizadosnaprestaodeserviosenaproduooufabricaodebensouprodutosdestinadosvenda.Nocasodebens, para que estes possam ser considerados insumos, necessrio que sejam consumidos ou soframdesgaste, danoouperda de propriedades fsicas ou qumicas em funo da aodiretamenteexercidasobreoservioqueestsendoprestadoousobreobemouprodutoqueestsendofabricado.Benseserviosempregadosnocultivodecanadeacarnoseclassificamcomoinsumosnafabricaodelcooloudeacar,por se tratarem de processos produtivos diversos. As despesascomaqueles itensnogeramdireitoapuraodecrditosnadeterminaodacontribuiodevidasobreasreceitasauferidascomvendasdeacaredelcoolproduzidos.

    ASSUNTO:CONTRIBUIOPARAOPIS/PASEPPerododeapurao:01/01/2009a31/12/2009(...)

    Acontribuintefoiregularmentecientificadadadecisodeprimeirainstnciaem23/08/2014,pelodecursodeprazoda suadisponibilizaona caixapostal nomdulo eCAC.

    Em19/09/2014, acontribuinte apresentou recursovoluntrio, alegando, emsntese:

    DanoincidnciadaCofinsecontribuioparaoPISsobreosvaloresdereversodoIPIcontabilizadossobreassadasdeacar

    As Leis n 10.637/02 e n 10.833/03 estabelecem,expressamente, que no integram a base de clculo dacontribuio para o PIS e da COFINS receitas referentes a"reverses de provises e recuperaes de crditos baixadoscomoperda,quenorepresentemingressodenovasreceitas".

    Ocorreque,apesardenodestacaroIPIemsuasnotasfiscaisde venda de acar, a Recorrente, de forma conservadora,atendendo a determinao da auditoria, contabilizava o IPIcomoformadeprovisionarrecursosparaumapossvelsadadecaixa no futuro, caso no prevalea seu entendimento sobre ano incidncia do imposto. Esse registro representa umaprovisocontbil, tendoemvistaqueaRecorrentenosabeseter que empenhar recursos para fazer face a esta supostaobrigaoque,comomencionado,noreconhececomodevida.

    Noentanto, uma vez que aqueles registrosnopoderomaisser declarados como devidos, visto que no foram objeto dequestionamento pelas autoridades fiscais e, dessa forma, nopodero serconsideradoscomoobrigaoparaa empresa, emeventualinsucessoemsuadiscussojudicial,outranopoderiaser a providncia seno a sua reverso, segundo as normascontbeis.

    (...)notodoregistrocontbilcredornoresultadoquepodeserconsideradoreceitapara finsdeincidnciadacontribuio

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    paraoPISedaCOFINS.Soreceitasapenasaquelesregistrosquerepresentemumingressoderecursosnovosparaaempresa.

    Ocorreque,comodemonstrado,aRecorrenteestavaobrigadaa contabilizaro IPIquepoderia vira serexigido,no futuro,afimdeatenderaosprincpiosenormascontbeis,notadamenteodo conservadorismo. Deveras, a contabilizao do IPI eraprocedimento necessrio, que no implicava, e nem poderiaimplicar, no reconhecimento da dvida. Pelo contrrio, sem olanamento,oIPIemquestonuncafoidevidopelaRecorrente,porque, at 2008, no se estabeleceu a relao jurdicotributria que o tornasse devido, na forma prescrita no artigo142doCdigoTributrioNacional.

    (...) seomero registro contbil do IPInoo tornouexigvel,porquenoconstitudaadvida,consequncialgicaqueasuabaixa no pode ser concebida como um ingresso de receita.Permissa vnia, beira o absurdo a afirmao de que a baixacontbilteriaconstitudoumacrscimopatrimonial,tendoseemcontaqueomeroregistrocontbilemnadamodificouasituaopatrimonialdaRecorrente.

    ComoseobservanosexemploscitadospeloConselhoFederaldeContabilidade[ResoluoCFCn774/1994],arealizaodareceita, quando no decorrente da venda de bens e servios,pressupeaextinodeumaexigibilidade.Ora,semdvida,no essa a hiptese do caso em tela, porque os valorescontabilizados como IPI incidente sobre a venda de acarnuncasetornaramexigveis.

    DoscrditosdePISeCOFINSsobredispndiosnocultivodecanadeacar

    O processo agroindustrial desenvolvido pela Recorrente ,pois, uma atividade verticalizada, pois realiza a produo decanadeacarparaprocessamentoindustrial,transformandooprodutodeorigemvegetal(canadeacar)emacar,lcooleenergia eltrica (derivada do bagao), que so os produtoscomercializadosnomercado.Dessaforma,ficaevidentequeseuprocesso produtivo se inicia na lavoura com a formao ecultivodocanavialefindacomaproduodoacar,dolcooleenergiadestinadosaoconsumo,apsoprocessamentonoseuparqueindustrial.

    (...)i)sodistintasasistemticadanocumulatividadedoIPIeasistemticadanocumulatividadedoPISedaCOFINS,demodoqueoconceitodeinsumolegalmenteprevistoparaaqueleimpostonopodeseraplicadoparaessascontribuiesii)parafins de apurao de crditos de PIS e COFINS devem serconsiderados insumos todos os bens e servios utilizados naproduo, independentemente do contato direto com o produtofinal, de se desgastarem ou serem consumidos no processoprodutivo iii) a contribuio para oPIS e aCOFINS incidemsobreareceitabruta,oqueautoriza,nasuasistemticaprpriade no cumulatividade, a apurao de crditos sobre todos osbens e servios formadores do custo de produo, porqueempregadosnaconsecuodessareceitaeiv)osinsumossobreos quais a Recorrente apurou crditos atendem ao critrio da

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  • Processon10835.720016/201487Acrdon.3402003.076

    S3C4T2Fl.12.620

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    essencialidade, porque necessrios e teis ao seu processoprodutivodeacarelcool.

    (...)apenasosgastoscomaformaodalavouradecanadeacar (atacoberturadasmudasnosolo) soregistradosnacontabilidadecomoativo imobilizado.Aodepois,osdispndiospara manuteno e tratamento da lavoura, bem como aquelesrelativos ao corte, carregamento e transporte, da canadeacar so registrados contabilmente como custos agrcolas ealocados ao custo de produo do acar e lcool, poisconforme j demonstrado, devem ser considerados comoinsumosdoprocessoprodutivodaRecorrente.

    Navsperadasessodejulgamentodopresenteprocesso,em17/05/2016,opatronodacontribuinteanexoumemoriaiscomonovoargumentodequehaveriabisinidemsobre a exigncia de PIS/Cofins sobre a extino da obrigao de IPI a pagar em face dadecadncia, vez que essa parcela j haveria sido tributada juntamente com a receita sobrevendadeacar.

    orelatrio.

    Voto

    ConselheiraMARIAAPARECIDAMARTINSDEPAULA,Relatora

    Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento dorecursovoluntrio.

    Da incidnciadaCofins e contribuio para oPIS sobre os valores dereversodoIPIcontabilizadossobreassadasdeacar

    Alegaa recorrentequeos registroscontbeis referentesobrigaesde IPIseriamdeprovisesnopassivo,vezquenodestacouoIPInassuasvendasenemodeclarouem DCTF, e, sendo assim, as baixas posteriores desses valores em face da decadncia dotributo,seriamreversesdessasprovises,quenointegrariamabasedeclculodoPISedaCofins,eisqueasLeins10.637/02e10.833/03expressamenteexcluemreceitasreferentesa"reversesdeproviseserecuperaesdecrditosbaixadoscomoperda,quenorepresentemingressodenovasreceitas".

    EntendeafiscalizaoqueasreceitasobtidascomabaixadasobrigaesdoIPIapagardeveriamtersidooferecidaspelarecorrente tributaodascontribuiesparaoPIS e COFINS, assim como o foram em relao ao IRPJ, eis que houve a extino de umpassivo (obrigao) sem o desaparecimento concomitante de um ativo, de igual ou superiorvalor, constituindoumacrscimopatrimonial.Argumentaqueacontrapartidado lanamentocontbil em que ocorre a baixa da obrigao uma conta de resultado credora (receitaoperacional). A fiscalizao no acata a tese da contribuinte, pois a seu ver, os registroscontbeis no seriam constituies de provises, mas obrigaes a pagar registradas nopassivo,vezque:

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    (...)oIPIincidentenavendadeacarfoideduzidonaapuraodolucrolquidoenofoiadicionadonadeterminaodolucroreal, conforme se depreende do exame da Demonstrao doLucroRealconstantedaDIPJanocalendrio2003sfls.12014a12017,ficandodemonstradonosetratardeproviso,masdeumaverdadeiraobrigaodeIPIperanteofisco.

    (...) o saldo contbil das obrigaes de IPI a recolher eraatualizado pelo contribuinte com juros calculados com a taxaSELIC, que aplicvel no pagamento de tributos federais,conformeseverificanosdemonstrativosdecomposiodesaldos fls. 561 a 564, s fls. 11415 a 11417 e Anexos II e III doRelatriodeFiscalizao.AsreceitasobtidascomabaixadasobrigaesdoIPIapagardeveriamtersidooferecidastributaodascontribuiesparaoPIS eCOFINSassimcomo foramoferecidas tributaodoIRPJ,comoseverificadaanlisedaDRErepresentadaaseguir.

    Em que pese as alegaes da recorrente de que seus registros seriam

    constituies de provises e, posteriormente, suas correspondentes reverses, conforme sedepreendedaanlisedafiscalizaoacimaefetuadanacontabilidadedacontribuinte,noanocalendriode2003,acontribuinteconcedeusituaootratamentocontbildeumaobrigaodeIPIapagarregistradanopassivoenodaconstituiodeumaproviso.

    Ademais, a pretenso da contribuinte de constituir proviso para umaobrigaolegaldepagamentodetributosdevaloreprazoscertosnoencontrariaamparonasnormasdecontabilidade,conformesedemonstraabaixo.

    OConselhoFederaldeContabilidade,noexercciodesuasatribuieslegaise regimentais,mediante aResoluoCFC n 1.066/05, aprovou aNBC T 19.7 Provises,Passivos, Contingncias Passivas e Contingncias Ativas, que apresenta as seguintesdefinies:

    19.7.2.1.2 Provises Derivadas de Apropriaes porCompetncia so passivos por mercadorias ou servios queforamrecebidosoufornecidos,masquenoforamfaturadosouacordados formalmente como fornecedor, incluindomontantesdevidos a empregados (por exemplo, os montantes relativos provisoparafrias),osdevidospelaatualizaodeobrigaesna data do balano, entre outros. Embora, s vezes, sejanecessrioestimarovalorouo tempodasprovisesderivadasdeapropriaesporcompetnciaoquepoderiaassemelharseconceitualmente a uma proviso a diferena bsica est nofato de que as provises derivadas de apropriaes porcompetncia so obrigaes j existentes, registradas noperododecompetncia,sendomuitomenorograudeincertezaqueasenvolve.

    19.7.2.1.3Provisoumpassivodeprazoouvalorincerto.Otermo proviso tambm tem sido usado no contexto de contasretificadoras,comodepreciaesacumuladas,desvalorizaode

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  • Processon10835.720016/201487Acrdon.3402003.076

    S3C4T2Fl.12.621

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    ativos eajustesde valoresa receber.Essesajustesaos valorescontbeisdeativosnosoabordadosnestaNorma.

    (...)

    19.7.2.1.5. Passivo uma obrigao presente da entidade,decorrente de eventos j ocorridos, cuja liquidao resultaremumaentregaderecursos.

    19.7.2.1.6.ObrigaoLegalaquelaquederivadeumcontrato,pormeio de termos explcitos ou implcitos,de lei ou de outroinstrumentofundamentadoemlei.

    19.7.2.1.7. Obrigao Noformalizada aquela que surgequando a entidade, mediante prticas do passado, polticasdivulgadas ou declaraes feitas, cria expectativa vlida porpartedeterceirose,porcontadisso,assumeumcompromisso.

    19.7.2.1.8ContingnciaPassiva:

    a) uma possvel obrigao presente cuja existncia serconfirmada somente pela ocorrncia, ou no, de um ou maiseventos futuros, que no estejam totalmente sob o controle daentidadeou

    b)umaobrigaopresentequesurgedeeventospassados,masquenoreconhecidaporque:

    b.1) improvvelqueaentidadetenhadeliquidlaoub.2)ovalor da obrigao no pode ser mensurado com suficientesegurana.19.7.2.1.9.ContingnciaAtivaumpossvelativo,decorrentedeeventospassados,cujaexistnciaserconfirmadasomentepelaocorrncia, ou no, de um ou mais eventos futuros, que noestejamtotalmentesobocontroledaentidade.

    (...)

    19.7.3.PROVISESEOUTROSPASSIVOS

    19.7.3.1. As provises podem ser distinguidas de outrospassivos, tais como contas a pagar a fornecedores e provisesderivadas de apropriaes por competncia, porque hincertezas sobre o tempo ou o valor dos desembolsos futurosexigidos na liquidao. Contas a pagar a fornecedores sopassivos a pagar por mercadorias ou servios fornecidos,faturadaspelofornecedorou,formalmente,acordadascomeste.

    19.7.3.2. As Provises Derivadas de Apropriaes porCompetncia so, normalmente, classificadas como contas apagar a fornecedores ou outras contas a pagar, conforme anatureza do item a que estiverem relacionadas. As demaisprovisesdevemserapresentadasseparadamente.

    (...)

    AnexoIIEXEMPLOSDETRATAMENTOASERDADOENVOLVENDOCONTINGNCIASATIVASECONTINGNCIASPASSIVAS

    (...)

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    4.Tributos

    a) A administrao da entidade entende que determinada leifederal,quealterouaalquotadeumtributoouintroduziunovotributo, inconstitucional. Por conta desse entendimento, ela,por intermdio de seus advogados, ajuizou ao alegando ainconstitucionalidadeda lei.Nessecaso,existeobrigaolegala pagar Unio. Assim, a obrigao legal deve estarregistrada, inclusive juroseoutros encargos, seaplicvel, poisestes ltimos tm a caracterstica de proviso derivada deapropriaesporcompetncia.Tratasedeumaobrigaolegalenodeprovisooudecontingnciapassiva,considerandoosconceitosdanorma.

    Em etapa posterior, o advogado comunica que a ao foijulgadaprocedenteemdeterminada instncia.Mesmoquehajatendncia de ganho, e ainda que o advogado julgue comoprovveloganhodecausaemdefinitivo,pelofatodequeaindacabe recurso por parte do credor (aUnio), a situao no aindaconsideradapraticamentecerta,e,portanto,oganhonodeveserregistrado.deseressaltarqueasituaoavaliadade contingncia ativa, e no de contingncia passiva a serrevertida, pois o passivo, como dito no item anterior, obrigaolegale,no,provisooucontingnciapassiva.

    (...)

    Assim, mesmo que a contribuinte entenda inconstitucional a normainstituidora do tributo e no pretenda paglo, sem um provimento judicial definitivo emsentidocontrrio,nopodesefurtaracontabilizaraobrigaolegalrespectivanopassivopeloregimedacompetnciaaotempodofatogerador.

    Assim, como a recorrente no constituiu a proviso na sua contabilidade,conforme apurado pela fiscalizao, e nem poderia em face das normas contbeis acimatranscritas, no h que se falar em sua posterior reverso para excluso base da clculo dascontribuiesnocumulativas.

    Deoutraparte,tambmnopodeprosperaraalegaodarecorrentedequeabaixa dos valores das obrigaes tributrias de IPI em face da decadncia no representariaingressosderecursosnovostributveispeloPISepelaCofins.

    A decadncia do tributo, tal como o perdo de uma dvida, representa umacrscimo patrimonial para o devedor, cuja consequncia o nascimento da capacidadecontributiva.Aextinodocrdito tributriopeladecadncia constitui uma receita, quenopode ser qualificada como financeira, vez que no decorre de ganho em face dadisponibilidadederecursosparaterceirosemcertoperododetempo,oqueacaracterizacomoumareceitatributvelpelaCofinsepeloPIS.

    Nesse sentido, a Cosit CoordenaoGeral de Tributao j manifestouentendimentodequearemissodedvidarepresentaumareceitaoperacional,tributvelpeloIRPJ,CSLL,PIS/PasepeCofins:

    SOLUODECONSULTAN17,DE27DEABRILDE2010

    ASSUNTO:NormasGeraisdeDireitoTributrio

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