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8/3/2019 Sabrina 388 - Uma Noite de Amor - Penny Jordan http://slidepdf.com/reader/full/sabrina-388-uma-noite-de-amor-penny-jordan 1/86  Penny Jordan Uma noite de amor  Sabrina 388 Um doce momento... Jane e Scott estavam marcados por toda a vida! Um amor antigo, uma paixão adolescente. Seria  possível reviver o passado? O coração de Jane, perdido de amor, clamava para que ela se atirasse nos braços de Scott. As carícias dele transformavam em cinzas o passado que ela lutava para esquecer.  Aquele encontro teria que seria o recomeço de um amor corroído pela separação e pelo tempo. Mas será que Scott  pensava assim? Ou aquela noite não passava de uma diversão? Copyright: Penny Jordan Título original: "What you made me"  Publicado originalmente em 1984 pela Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra Tradução: Orivan Pavan Palumbo Copyright para a língua portuguesa: 1986  Nova Cultural — São Paulo — Caixa Postal 2372  Esta obra foi composta na Linoart Ltda. e impressa na Divisão Gráfica da  Editora Abril S.A.  Foto da capa: Keystone  Digitalização e revisão: Márcia Goto

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 Penny JordanUma noite de amor

 Sabrina 388

Um doce momento... Jane e Scott estavammarcados por toda a vida!

Um amor antigo, uma paixão adolescente. Seria possível reviver o passado? 

O coração de Jane, perdido de amor, clamava para que

ela se atirasse nos braços de Scott. As carícias deletransformavam em cinzas o passado que ela lutava paraesquecer.

 Aquele encontro teria que seria o recomeço de um amorcorroído pela separação e pelo tempo. Mas será que Scott 

 pensava assim? Ou aquela noite não passava de umadiversão? 

Copyright: Penny JordanTítulo original: "What you made me" 

 Publicado originalmente em 1984 pela Mills & Boon Ltd., Londres, InglaterraTradução: Orivan Pavan PalumboCopyright para a língua portuguesa: 1986 Nova Cultural — São Paulo — Caixa Postal 2372 Esta obra foi composta na Linoart Ltda. e impressa na Divisão Gráfica da

 Editora Abril S.A. Foto da capa: Keystone

 Digitalização e revisão: Márcia Goto

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CAPÍTULO I 

O olhar cansado de Jane percorreu as caixas empilhadase os sacos de papel. Uma ponta de melancolia lhe apertou ocoração. Então aquilo era tudo o que havia restado dossessenta anos de vida de tia Mary? Pobre Mary Cromwell. . .Vivera tão sozinha que nem mesmo Jane sabia muita coisa arespeito dela, a não ser o que revelava um velho álbum de

 fotografias amarelecidas. Mas fora por causa de tia Mary que Jane voltara ao

vilarejo de Garston. Afinal, era sua única parenta, e nãohesitara em prestar-lhe ajuda nos últimos dias de vida. UmaVida solitária, estranha, que Jane nunca entendera bem.

Com um suspiro, ela se levantou e apanhou uma dasrevistas de motociclismo de Simon, seu filho. Com apenas dez anos de idade, o garoto era apaixonado por motocicletas etinha um grande interesse por mecânica e computação. Mas

 parecia não dar muita importância a horários, pois já passava das cinco e ele ainda não havia chegado, emborativesse ordem de retornar às quatro. Isso atrapalhava os

 planos de Jane, que havia planejado voltar para Londres logo

após o chá. Onde estaria Simon? Que menino! Não passaramais do que uma semana em Garston e já fizera muitosamigos. Na certa devia ter saído com eles. Aliás, váriosgarotos tinham ido procurá-lo pela manhã.

 Jane sorriu, ao pensar que, nesse ponto, era muitodiferente do filho. Tinha poucos amigos e, embora algumas

 pessoas na vila se lembrassem dela, o único que a visitou foi ovelho padre! Seu temperamento era mais parecido com o detia Mary, que, bastante reservada, passara a vida na casa que

 pertencia aos Garston. Como a propriedade ficasse longe davila, ela nunca tivera muito contato com os moradores e permanecia sozinha a maior parte do tempo. Exatamentecomo havia acontecido com Jane, no tempo em que haviamorado lá.

 Ela agora compreendia como devia ter sido difícil para tia Mary arcar com a responsabilidade de criar uma sobrinharebelde de catorze anos, chocada com a morte súbita dos pais,assassinados num ataque terrorista. Acostumada às regaliasque a vida de filha de diplomata lhe proporcionava, Jane

demorou a aceitar as mudanças que o destino lhe reservara.Teve que abandonar a escola particular e se contentar com as

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duas apólices de seguro que seu pai lhe deixara. Naquela época, tia Mary era professora e governanta de

 Edward Garston, e por isso tinha permissão para viver na propriedade da família, da qual cuidava como se fosse sua. E,

como os Garston fossem muito ricos, não se opuseram a que Jane fosse morar lá depois da morte dos pais. Ela se lembrava bem do luxo em que vivia a família

Garston, dona de muitas terras e de uma bela residência. Mascom o tempo, toda essa riqueza se perdeu e só restaram ochalé onde morava tia Mary e a antiga mansão da fazenda.

 Depois disso, mais uma tragédia abalou a vida dos Garston: Edward morreu num acidente de carro e sua herança passou para um primo, Scott.

 Jane nunca se esquecera do dia em que Scott e a mãechegaram à propriedade. O pai do rapaz era considerado aovelha negra da família e na vila corria um boato que diziaque o velho Garston, avô de Scott, havia jurado não lhe passara herança. Naquela época, Scott tinha vinte anos e, embora

 Jane passasse a maior parte do tempo em Oxford, estudando,lembrava-se de o ter observado algumas vezes, durante as

 férias. Ele vivia em sua moto barulhenta, o que deixava o avômuito irritado. Jeffrey Garston não só havia permitido a vindada nora e do neto como também depositara todas as suas

esperanças nele. E era obrigado a engolir as excentricidadesde Scott, que não se cansava de trabalhar para recuperar a fortuna perdida.

 Por onde ele andaria agora? Jane recebera uma carta detia Mary, informando que o velho Garston havia morrido logodepois de sua partida e que o neto fechara a mansão e partira.Tal notícia a surpreendera, pois Scott sempre pareceraobstinado em fazer da propriedade um império comercial.Comentou isso na resposta que enviou à tia, contando também

sobre o nascimento de Simon. E a partir daí não houve maiscorrespondência. Uma sobrinha solteira, com um filho, eraalgo incompreensível para o rígido código moral da velhasenhora puritana. Foi por isso que, durante onze anos, umanão soube da outra, até que a doença de tia Mary as uniunovamente.

 Jane sorriu, ao pensar que, quando Simon nascera, sermãe solteira ainda era um escândalo. Porém, hoje em dia, eraum fato tão normal e corriqueiro que ninguém mais seabalava com ele. Nem mesmo os filhos dessas mulheres tinham

 problemas com isso, já que com a maioria dos coleguinhasacontecia a mesma coisa. No caso de Simon, mais da metade

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de seus amigos de escola moravam somente com a mãe. Pensando naquela época, Jane olhou-se no espelho e fez 

uma careta. Como havia sido infantil, inocente! Tinhadezessete anos quando concebera Simon e era muito imatura.

 Mas não fazia mal. Tinha aprendido a lição e agora, aos vintee oito anos, se tornara uma mulher madura e esperta, queaprendera a viver pelo caminho mais difícil.

O que ela não notou, ao observar a própria imagem, foram as linhas do rosto, bem mais acentuadas, e um ar dereserva que lhe tirava um pouco o brilho dos olhos e escondiaseus sentimentos mais verdadeiros.

Quando partira de Garston, Jane tinha cabeloscurtos,pois a tia achava que era mais decente. Agora, noentanto, costumava prendê-los num coque, que combinavamelhor com a figura de secretária eficiente do sr. Nigel 

 Barnes, diretor da Merrit Plastics. Mas, quando ela soltava ocoque, os cabelos loiros lhe caíam sobre os ombros, formandoondas macias e sedosas que chamavam a atenção de qualquer

 pessoa. Até nesse ponto ela e Simon eram diferentes. O menino

tinha belos cabelos pretos e por isso dificilmente alguém osveria, num olhar menos observador, como mãe e filho. Simonhavia herdado quase tudo do pai, temperamento, cabelos,

altura, ombros largos. Aos dez anos, aparentava treze e estavaamadurecendo rapidamente. Depressa demais, talvez. Exatamente o oposto do que acontecera com Jane.

 Ela suspirou e voltou a prestar atenção ao espelho.Vestida com um jeans desbotado e uma velha camiseta que lherealçava o corpo esbelto, e com um simples rabo-de-cavalo,

 Jane parecia ser a irmã mais velha de Simon, não sua mãe. Principalmente porque ele era quatro centímetros mais alto.

 Pensando no filho, ela começou a ficar preocupada. Por

onde andaria? Só Deus poderia saber. Simon era umsonhador. Uma vez envolvido com uma tarefa, esquecia-se dotempo. Que ele era extremamente inteligente, já havia sidoafirmado com ênfase pelo diretor da escola, que o consideravaum pequeno gênio. Para o velho professor, era uma pena o

 fato de Simon estudar num colégio que não lhe daria chances para explorar todos os seus dotes. No entanto, embora sendomuito bom com as mãos, em assuntos mecânicos oumatemáticos, Simon enfrentava dificuldades com o inglês e asmatérias da área de ciências humanas.

— Sem uma nota sete, no mínimo, ele nunca chegará auma universidade — comentava o diretor. — Uma escola

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 particular talvez resolvesse o problema, mas elas cobrammuito caro. Outra alternativa seria um colégio menor,numa cidade do interior, onde o professor pode dedicar maisatenção ao aluno.

 Infelizmente, as duas sugestões estavam fora decogitação. O salário de Jane era bom, mas não o suficiente para pagar uma escola particular. Morar em Londressignificava ter muitas despesas. Se ela arrumasse mais umemprego, seria possível pôr Simon num bom colégio, porémisso a faria ficar longe do filho por muito tempo. Jane nãotinha muitas alternativas. Fazia o papel de mãe e pai aomesmo tempo. Tinha que trabalhar para sustentar a si mesmae a Simon. Não havia como fugir disso.

O barulho de um carro que se aproximava afastou aqueles pensamentos. Aquilo era estranho, pois, segundo o padre,aquela estrada não era usada desde que uma grande empresade computação, a Computex, comprara a propriedade dosGarston. Essa notícia, aliás, a surpreendera muito, porque a

 fazenda ficava muito distante dos centros mais desenvolvidos. Na certa, Scott devia tê-la vendido depois de se recusar acasar-se com Mary Tatlow, filha de um milionário que poderiasalvar as finanças da família Garston. Pelo menos era esse odesejo do avô de Scott.

 Afastando as lembranças da mente, Jane debruçou-s na janela e viu, com espanto, um enorme Rolls-Royce descendo aestrada. Havia marcas de uma batida recente no pára-lama e,a julgar pelo estrago, o conserto ser is terrivelmente caro. Masisso não devia ser problema para o dono de um carro comoaquele. Fosse como fosse, fato era que o luxuoso veículo

 parava em frente à casa e Jane via, surpresa, Simon sair dedentro dele.

 Assustada, desceu a escada rapidamente, imaginando o

que o filho poderia estar fazendo num Rolls-Royce. Dequalquer maneira, o menino havia ignorado todos osconselhos maternos, no sentido de evitar caronas de estranhos.

 Ao sair para o jardim, ela notou que Simon estava quietoe bastante pálido. Nesse momento, outra porta do carro seabriu e um homem caminhou na direção dos dois. O coraçãode Jane disparou.

— Scott!— Jane! Que surpresa! Quer dizer então que esse mocinho

aí é seu filho? 

 Scott parou ao lado de Simon, encarando-o como seestivesse observando as diferenças entre mãe e filho. Depois

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olhou para Jane e se dirigiu para a porta, entrando no chalé. Ela se surpreendeu com Scott. Onze anos o haviam

transformado bastante, e o mais impressionante era a falta de prazer e de calor que os olhos transmitiam. As pupilas bem

azuis, que costumavam mostrar brilho e vida, agora pareciamcheias de frieza e desprezo.Quanto tempo se passara depois do último encontro... Ele

devia estar com trinta e cinco anos. Trajava um ternoelegante, feito sob medida, que combinava com o Rolls-Royceestacionado em frente à casa. É, aquele Scott não tinha nada aver com o que usava jeans desbotados, cabelos longos emdesalinho e cuja expressão era sempre aberta e bem-humorada.

 Jane sentiu uma tristeza infinita, ao observá-lo. Fitaraqueles olhos era como admirar uma paisagem de gelo. Masos traços marcantes não haviam mudado muito. Ele sempre

 fora um homem atraente e, embora o tempo houvesse lhe dado feições mais austeras, não o modificara tanto. O rosto, queacusava a descendência espanhola por parte da mãe, agoratinha algumas rugas e estava mais arrogante.

— Simon, por onde andou? Eu o avisei que queria partircedo.

 Jane dirigiu-se ao filho controlando a raiva e esperando

que Scott não percebesse como estava irritada. Olhou para Simon e viu em seus olhos verdes um ar de culpa. Foi o quebastou para que o remorso a dominasse imediatamente. E teria sido mais doce para com o filho se Scott não interviesse:

— Eu sei onde ele esteve: invadindo propriedade alheia. Entrou na Computex; pilotou uma motocicleta sem ter idadenem autorização para isso. E o que é pior: bateu no meu carro.

 Atordoada com a notícia, Jane olhou pela janela paraobservar de novo o pára-lama totalmente amassado.

— Oh, Simon! Como pôde. .. fazer uma coisa dessas? — Juro que foi sem querer, mãezinha... A moto estavaquebrada e ajudei a consertá-la. Então Tommy Hargreavesdisse que, se eu quisesse, poderia dar uma voltinha.

O menino lançou um olhar a Scott. A mãe sentiu pena. Pobre Simon... o que Scott devia ter lhe dito para que estivessetão assustado? E a batida? Certamente, o dano não foracausado somente pela moto.

— Tommy disse que sempre usa aquela estrada... —continuou o garoto. — Eu avisei que não tinha carta de

motociclista, mas ele respondeu que não havia problema. Aí,então. . .

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— . . .então você atravessou a passagem, saindoinesperadamente de trás das árvores, e quase foi atropelado

 por mim, que estava indo para casa. Se eu não tivessedesviado a tempo, agora seria um menino morto.

 As palavras de Scott foram reveladoras. Ele havia ditoque estava indo para casa, e isso significava que voltara aviver em Garston. Dissera também que desviara o carro e,

 portanto, não devia ter colidido com a moto. Jane abraçou o filho, acariciando-o. Ele parecia um

garotinho frágil e amedrontado.— Foi um acidente, mãe. Tentei explicar, mas o senhor ...

senhor...— Scott Garston. Vejo que não contou muito a seu filho

sobre sua vida, Jane. Por quê?  Ela ignorou a pergunta.— Você disse que desviou a tempo, o que significa que não

 foi Simon quem amassou o carro, certo? — Certo, mas duvido que a polícia o julgue inocente.Ele

estava dirigindo sem licença e em propriedade particular. Issovai lhe custar alguns milhares de libras.

 Jane não acreditou estar ouvindo aquilo tudo. Milhares delibras! Como Scott poderia ser cruel a ponto de lhe arrancaraté o último centavo? Ele havia jurado vingança, há onze

anos, e ela apenas rira, pois nunca poderia imaginar o que o futuro lhe reservava. Será que ele se lembrava da distantetarde de verão em que Jane comunicara que iria embora? 

 Ao fitá-lo, ela percebeu que Scott se lembrava, sim, e que a faria pagar por aquilo.

 Afinal, há muito tempo, ambos haviam se apaixonado:um romance adolescente para ela; para ele um amor de verão.

 No entanto, Jane ferira o orgulho masculino, quando disseraadeus, e as palavras de Scott mostravam que ele ainda não a

 perdoara.— Scott... Jane se aproximou dele e notou que nada que dissesse o

 faria esquecer o passado. Scott parecia querer mantê-lo vivo;queria puni-la e talvez tivesse razão. Ela havia jurado amoreterno, porém logo percebera que se enganara e dissera-lheque amava outro homem. Ele tinha o direito de estarressentido.

— Mãe. . . A voz preocupada de Simon interrompeu os pensamentos

de Jane. Ele parecia sentir a tensão que pairava no ar.— Suba, querido. Você ainda não fez as malas e quero

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 partir o mais breve possível.Visivelmente contrariado, o garoto se retirou. Então, Jane

encarou Scott e começou, com voz firme e controlada:— Sinto muito pelo que aconteceu. Estamos aqui há pouco

tempo e Simon não conhece a região. Tenho certeza de que elenão sabia que estava invadindo uma propriedade particular.— O que está tentando dizer? Que ele se enganou? Qual é a

idade dele? Doze? Treze? — Dez — respondeu ela, irritada. Afinal, Scott sabia

 perfeitamente a idade de Simon.— Ele parece bem mais velho. O juizado de menores daqui 

é bastante conservador, principalmente em se tratando dedanos à propriedade privada. Além do carro, haverá umamulta por invasão.

— Invasão! Foi um acidente!— Você conseguirá provar o que está dizendo? Posso

inclusive declarar que foi proposital. Sabe, pensei que vocênunca fosse voltar. Imaginei que seu amante a tivesse levado

 para algum lugar bonito. Sul da França, você disse. . . Quantotempo ele levou para perceber que não a amava? Não muito, a

 julgar pela rapidez com que a abandonou. No Natal ele jáestava de volta a Woolverton e na primavera casou-se com

 Mary Tatlow. Sua tia Mary ficou muito desapontada, sabe? 

 Disse que nunca mais queria vê-la. Então, por que você voltou? — Porque não me achei no direito de abandoná-laquando soube que estava doente!

— Não minta! Você nunca soube o que é lealdade! Por queagora vem posar de boazinha? 

O tom de Scott era gelado. Jane não sabia o que doíamais, se eram as palavras ou o modo como eram ditas.

— Scott, eu...— Você o quê? Errou? Quando descobriu isso? Quando

Geoff recusou-se a casar por causa do filho que vocêcarregava? Ora. . . foi até engraçado, sabe? Ainda posso ouvi-la falar, com uma voz toda melosa, que havia outro. Disse quenão poderia se casar comigo porque amava outro, certo? 

 Depois, claro, de ter dito que esperava um filho dele. Você faz idéia do que isso representou para mim? Desafiei meu avô porsua causa. Estava preparado para deixar Garston e desistir detudo. Porém, para você, eu não valia nada, valia? Quandodescobriu que meu avô me deserdaria, se nos casássemos,

 fugiu com Geoff Rivers. Contou-lhe que havia feito amor

comigo? Ou ele não se importava? Afinal, ele a deixou, não foi? Quando fiquei sabendo disso, me senti vingado!

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— Posso imaginar.. . Jane parecia calma, mas estava pálida como cera. A força

daquele ódio a atingia como um punhal, despertando-lhelembranças de fatos que ela preferia esquecer.

— Sabe, Jane, até hoje não consigo entender por que vocêse entregou a mim. Se fosse virgem, teria conseguido mais deGeoff.

— Não quero falar sobre isso. Ela sentia-se muito mal. Estava perdendo o controle e não

queria se lembrar de mais nada.— Então quer falar de quê? De como vai pagar o conserto

do meu carro? Meu carro, Jane, não da Computex... Ah, sim, aComputex é minha. Como vê, consegui algo, afinal. Se tivesse

 ficado comigo, hoje seria uma mulher rica. Meu avô me ajudouum pouco e, com alguma sorte, reergui a fazenda. Apenasimagine como as coisas seriam se você não tivesse fugido:madame Jane, a senhora de tudo! De mim e de Garston. Diga-me, o que valia mais para você? Eu ou a propriedade? 

— Nenhum dos dois!— Ah, é claro!.Eu estava me esquecendo de Geoff. .. Como

me iludi! Você se divertiu, sua leviana, deixando-me pensarque me amava enquanto. . .

— Scott. . . com relação ao carro, sinto muito, mas não

tenho dinheiro para pagar o conserto.— Oh, mas que azar o seu. . . Então o que sugere que eu faça? Que simplesmente esqueça? 

 Ela fez que não com a cabeça, desolada.— Você já me custou muito. Agora chegou a minha vez e

vou recuperar tudo. Você se divertiu muito às minhas custas, Jane, e desta vez eu vou rir por último!

— Ouça, você não pode usar meu filho como instrumentoda sua vingança. Não é justo. Não é direito.

— Quem disse que vou usar o garoto? É você quem vai  pagar, e, se não puder ser em dinheiro, será de alguma outra forma.

 Ao ouvir Scott pronunciar essas palavras, Jane sentiu umtorpor envolvê-la. Nada parecia racional e era impossível ignorar o ódio do antigo namorado. Sabia que ele possuía

 poder suficiente para prejudicar Simon. Tinha que fazê-lo parar com aquilo, a qualquer custo.

— Scott, por favor. . .— Por favor o quê? Quer que eu perdoe seu filho? Muito

bem. . . mas quero algo em troca.— O quê? 

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— Você trabalha como secretária em Londres, não é?  Jane ficou perplexa. Como Scott podia saber tanto a seu

respeito? — Peça demissão e venha trabalhar para mim, aqui em

Garston.— Como sua secretária? — Exatamente. E mais alguns serviços.— Nunca!Um silêncio terrível tomou conta dos dois. Momentos

depois, ele sentenciou:— Pense de novo. Esperei com ansiedade por uma

oportunidade como esta. Quero humilhá-la da mesmamaneira como fui humilhado e não deixarei escapar estachance. O sacrifício será seu. Não me importa se envolverá seu

 filho também.— Não posso trabalhar para você e. . . e. . .— Dormir comigo? Claro que pode. Não foi assim com

Geoff? Você trabalhava para ele, quando começaram a dormir juntos, não é? Quero sua resposta, e agora, caso contráriolevarei Simon à polícia e farei uma ocorrência.

— Não faça isso comigo! Preciso conversar com Simon! Não posso decidir tudo assim, às pressas!

— Pode e vai. Se o garoto não conhece a mãe que tem, está

na hora de saber. Não venha me dizer que Geoff foi o últimohomem de sua vida. Uma mulher que tinha dois amantes aomesmo tempo nunca. . .

 Jane levantou a mão para dar-lhe um tapa, mas Scott oevitou a tempo. Segurou-a, fazendo-a gemer de dor.

— Decida-se. Ou vem para mim e faz tudo o que eu quiser,ou mando seu filho para a polícia.

 Ela percebeu que não tinha escolha. Seu silêncioconfirmou sua submissão e, ao fitar os olhos de Scott, Jane

notou o triunfo da vingança tão esperada. Que fazer agora?  Revoltar-se contra ele? De que adiantaria? Afinal, uma pessoadura, fria, que falava calmamente em vingança e parecia nãoconhecer o significado de palavras como "pena" e"compaixão", não a ouviria nunca.

 Mas tudo tem seu lado positivo, e Jane considerou que, se ficasse, conseguiria esclarecer o passado. Ia fazer Scott entender que não fora sua intenção magoá-lo, mas ajudá-lo.Tendo essa esperança em mente, disse-lhe, devagar:

— Muito bem... se é isso que você quer, ficaremos. Terei 

que encontrar um lugar para morar e uma escola para Simon.— Qual é o problema com a escola local? Não é boa o

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suficiente para seu filho? Ora, não me aborreça. Não se preocupe com a casa. Vocês vão morar comigo. — Já iasaindo, quando se voltou e disse com ironia: — Isso vai causarum comentário dos diabos lá na vila. Mas não será nada,

comparado à confusão que você causou quando fugiu comGeoff. — Por um momento, ele pareceu estar vivendo cenas deonze anos atrás. Seu rosto transmitia amargura e tristeza. —Voltarei amanhã para levá-los para casa. Não tente fugir. Irei atrás e não serei generoso, de maneira alguma.

Quando Simon desceu, Scott já tinha ido embora. Janesorriu para o filho e abraçou-o, com o coração doendo.

— Ele se foi? — Sim, querido.— E ele não sabe? O tom de voz do menino era intrigante.— Sabe o quê? — Que é meu pai. Você não lhe contou que é meu pai? 

 Li no meu registro de nascimento, há algum tempo. Nunca liguei os fatos até virmos para cá. Só se ouve Scott Garston isso, Scott Garston aquilo. . .

 Jane empalideceu. Simon estivera muitas vezes na vila,mas ela nunca poderia imaginar que fosse fazer umadescoberta dessas.

— Me conte tudo, mamãe. .. por favor.Uma lágrima rolou pelo rosto cansado de Jane. Ela deviaexplicar ao filho, principalmente agora que iriam viver ali. Oh,

 por que concordara com tamanho absurdo? Talvez porqueainda fosse tola o suficiente para acreditar em contos de fadas,em finais felizes para tristes histórias de amor.

 Sentou-se, perdida em pensamentos, sem responder àsindagações do menino. Quando deixara Garston, havia juradoque esqueceria Scott... Mas.. . será que tinha conseguido? Por

que não se relacionara mais com homem algum? Por quetremera tanto, quando o ex-namorado aparecera? Será queainda o amava? 

Oh, quanto sofrera há onze anos! Mas quem sabe agoraconseguiria fazê-lo esquecer a amargura e o ressentimento? Talvez Scott se apaixonasse novamente... Por que não? Umaesperança animou-lhe o coração, e ela olhou para Simon, queinsistia:

— Vamos, mãezinha, me conte tudo. Quero toda ahistória.

— Está bem. Era uma vez...

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CAPÍTULO II 

 Há mais de onze anos, tudo parecera um conto de fadas. Eles eram dois jovens solitários que haviam se conhecido e seapaixonado sem reservas, partilhando pensamentos econfissões. Jane se lembrava muito bem de quando conhecera

 Scott. Ela estudava no jardim e ele passeava por ali,observando-a de quando em quando, até que resolveu ir ao seuencontro e se apresentar. A conversa fluíra naturalmente eeles logo descobriram um interesse mútuo pela Renascença.

 Fora o suficiente para que Scott a convidasse para uma visitaà biblioteca dos Garston. Lá poderiam pesquisar a história dovelho Abbey, vítima da reforma religiosa de Henrique VIII. E,aos poucos, a amizade que se iniciara de forma tão romântica

 foi cedendo lugar à paixão e ao amor.O primeiro beijo fora dado por ela e os fizera tremer de

emoção. Jane tomara a iniciativa de tocá-lo e abraçá-lo;queria sentir a pele queimada de sol, os músculos rígidos. Noentanto, Scott não ousara tocá-la, embora parecesse sentirvontade de fazê-lo.

— Eu te amo.

 Ela não se lembrava quem dissera aquelas palavras primeiro, mas sabia que haviam soado como uma lindacanção. Sabia também que a solidão em que ambos viviamintensificara aquele amor. Um relacionamento profundo semostrara inevitável.

 Scott a pedira em casamento antes mesmo de terem feitoamor pela primeira vez. Era o que Jane queria, casar-se comele e viver em Garston.

 Afinal, desde o princípio, Scott deixara claro que gostava

de Garston e que pretendia lutar pela recuperação da propriedade, que herdara de forma tão trágica. Dissera quetinha planos, esperanças e que contava com a ajuda danamorada para realizá-los.

 Jane logo conheceu a mãe dele, Eva Garston, com quemsimpatizou de imediato. Desde a morte do marido, a boasenhora dependera da ajuda financeira do sogro, sem a qual não teria sequer mandado o filho estudar na universidade.

"É, contado desse jeito, tudo parece mesmo um conto de fadas", pensou Jane, enquanto observava o rostinho de Simon,

que ouvia, fascinado, a história que a mãe lhe contava. Ele parecia entender que Jane guardara com carinho, através dos

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anos, aquelas lembranças bonitas, recusando-se a esquecê-lase encontrando nelas o conforto nos vários momentos difíceisque enfrentara: a chegada a Londres, a falta de dinheiro, onascimento de Simon na Casa da Mãe Solteira...

 Naquela época era mais fácil conseguir um emprego. Coma ajuda das voluntárias da Casa, Jane aprendera taquigrafiae datilografia. Depois que Simon nascera, encontrara umtrabalho no qual subira rapidamente, melhorando de posto ede salário.

— Por que ele não se casou com você, mamãe? Por minhacausa? 

Os olhos do menino transmitiam aflição.— Não foi nada disso, meu bem. Scott queria se casar

antes mesmo de você nascer. Se soubesse que era seu pai, nadao teria impedido de se casar comigo. .. mas eu lhe disse quevocê era filho de outra pessoa.

 Ao ver a dor que essa afirmação causou em Simon, elatentou logo explicar:

— Foi para o bem de Scott. O avô não gostava muitodele. . . Se tivesse ficado comigo, provavelmente teria perdidoa herança. E ele amava tanto Garston.. .

— Mais do que a você, mãe? — Não. Apenas de outra maneira. Havia também um

 problema com Eva. Ela sofria de artrite e precisava submeter-se a uma cirurgia delicada para voltar a andar. Teria queesperar muito tempo para ser operada num hospital público,mas o avô de Scott havia prometido pagar as despesas de umaclínica particular. E então o velho descobriu o nosso namoro emandou me chamar.

 Ao se lembrar daquele dia, as cenas começaram a vir àmemória de Jane. A mensagem do velho chegara logo após ocafé da manhã, e tia Mary de imediato repreendera a

sobrinha, embora não soubesse do que se tratava. Ela nãosabia do namoro de Jane e concluíra que o motivo do chamadoseria alguma pequena transgressão da jovem, como andar debicicleta perto da mansão ou da entrada principal.

 Decididamente, Jeffrey Garston era um homem antiquado e preconceituoso. Uma das condições impostas para que tia Mary ocupasse o chalé era a de que ela e a sobrinha seutilizassem do caminho secundário. Aquilo serviria paracolocá-las no devido lugar.

Com um suspiro, Jane se lembrou de que fora conduzida à

biblioteca. O fato de estar sozinha com o velho a incomodava. Jeffrey sempre a deixara nervosa. Ele era baixo, magro e

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tinha cabelos muito brancos. Os olhos eram parecidos com osdo neto, embora fossem frios, severos. Ele não a convidara

 para sentar nem tivera qualquer outro gesto amistoso. Para ganhar coragem e enfrentar Jeffrey, Jane começou

a pensar na primeira vez que fizera amor com Scott. Lembroucom detalhes do quarto dele, da linda paisagem que sedescortinava da janela. . . Era como se isso a fizesse mais forte

 perante o velho. Então continuou a recordar, e veio-lhe àmente o brilho apaixonado dos olhos de Scott, o beijo aomesmo tempo selvagem e doce que trocaram, o abraçoapertado, os corpos colados que procuraram a cama. . .

 Suados, enlouquecidos de paixão, os dois haviam seentregado sem reservas às belezas e aos prazeres do amor.

 Naqueles momentos mágicos não existiam regras moraisconservadoras, nem medo, nem repressão. Naquelesmomentos, o mundo era deles, só deles, que se uniram emgritos roucos, quando o orgasmo os abençoou.

— Agora você terá que se casar comigo, Jane. .. E sua tianão poderá dizer não.

 Palavras doces, ditas num instante doce... Jane jamais seesqueceria delas. Estava enlevada com essas recordações,quando a voz de Simon a trouxe de volta à realidade:

— Continue, mamãe, por favor. O que aconteceu na

biblioteca, com o velho Garston? — Ele me disse que desejava um bom casamento para Scott, de preferência com a filha de um amigo muito rico quehavia prometido salvar as finanças da fazenda, caso as duas

 famílias se unissem. Scott não conhecia nada a respeitodaqueles planos, mas o avô sabia quanto seu neto amava a

 fazenda e tinha certeza de que, se eu não estivesse lá paraatrapalhar, tudo daria certo.

— Mas por que você concordou? Por que não contou tudo

a meu pai?  Seria difícil explicar a Simon como ela havia se sentido ao pensar que seria a causa da infelicidade de Scott.

— Tente entender, filho. Seu pai sempre quis ficar comigo. Desde o início do nosso namoro, ele dizia isso. Mas a situaçãoera muito delicada. A mãe de Scott era doente, o avô vivia

 fazendo ameaças. Naquela época, eu não sabia que estavagrávida e pensei que não valia a pena, para ele, jogar tudo

 fora por mim, . . Ao ouvir isso, Simon perguntou. . .

— Se você soubesse a meu respeito, teria mudado deidéia ? 

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Concluindo que o menino não havia se convencido, apesardas explicações, Jane se aproximou dele, segurou-lhe as mãose resolveu que seria melhor contar toda a verdade:

— Não foi bem assim. Scott não acreditaria em mim, se eu

simplesmente dissesse que não o amava mais . . .Foi quandodescobri que estava grávida. Fiquei desesperada, pois sabiaque, se ele soubesse que era o pai, nunca me deixaria partir.

 Mas veja bem: Scott havia acabado de se formar e ainda pretendia estudar computação. Então . . . então eu lhe disseque a criança não era dele.

O rosto de Simon ficou branco, e, naquele momento, Jane percebeu como o preço daquela decisão havia sidotremendamente alto. Ainda podia se lembrar de como foradolorosa a conversa que tivera com Scott. . .

— Pare com isso, Jane! Não venha dizer que já estácansada de mim. . . Sei que me ama e que quer ser minhamulher!

— Pois você está enganado. Já estou farta de você e de suaquerida Garston!

— Deus, você não sabe o que está dizendo!— Claro que sei! — afirmara Jane, buscando forças para

lançar o argumento final: — Você não tem sido meu únicocompanheiro, ultimamente, sabe? Foi apenas o primeiro.

— É mentira!— Não é não!— Então prove!

 A voz de Scott transmitia toda a dor e a agonia que arevelação lhe havia causado. Ah, se ele soubesse que umaoutra revelação, bem pior, estava por vir. . .

— Ouça, tive um caso com outra pessoa e acabei engravidando.

— 0 quê? Por favor, diga que é mentira!

— Mas é verdade.— Quem é ele, Jane? O primeiro nome que lhe viera à cabeça fora o de Geoff 

 Rivers, um garotão metido a galã que desfilava pela cidadecom seu carro de luxo e era filho de um poderoso homem denegócios.

— Geoff? Jane, como você pôde fazer isso? — Foi fácil...

 Se naquela hora Scott tivesse percebido que ela estavamentindo e dissesse que tinha certeza de que era o único

homem de sua vida. . . No entanto, não havia sido assim. Ele a encarara

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 friamente, dizendo:— Fico enojado só em pensar que quase abandonei tudo

 por você!— Bem, parece que foi melhor para todos, não é? Afinal,

eu achava que você era uma pessoa divertida, mas narealidade é um chato.— Divertido? Foi por isso que saiu com Rivers? Por

diversão? Por que não lhe conta a respeito do bebê? Acho queele não vai achar muita graça nisso!

 Sem dizer mais nada, Scott saíra, sem olhar para trás. Nomesmo dia, mais tarde, Jane recebera um envelope comquinhentas libras dentro. Sentira náuseas; rasgara as notas eas enviara de volta ao remetente. Em seguida, arrumara asmalas e partira, deixando um bilhete para a tia. Nunca maisencontrara ninguém de Garston.

— Você realmente o amava, mãe? Simon continuava pálido e confuso.

— Demais. Jane o acariciou. Percebia que, se ele não podia conhecer

o significado de uma família completa, pelo menos teria oconforto de saber que fora concebido num momento de amor.

— Foi por isso que o deixei. Porque o amava demais. E elesabia, quando veio me procurar. Estava zangado porque

 pensava que eu o havia traído...— Mas você não o traiu, e ele não se casou com a tal  Mary. Foi o Rob Harrison quem me contou. Estávamosconversando a respeito dele quando Rob mencionou o nome de

 Scott, e eu o reconheci. Queria saber mais e... Jane sentiu-se angustiada. Simon ficara sabendo por

conta própria quem era seu pai e, mesmo assim, nunca haviatocado no assunto.

— Você ainda o ama, mãe? 

 Ela sentiu uma ponta de esperança naquela pergunta e fez que não com a cabeça, dizendo que já fazia muito tempo quetudo acontecera e que as coisas haviam mudado.

O menino insistiu:— Talvez ele ainda ame você. Não é casado. E se você lhe

contasse a meu respeito? — Não adianta, Simon. Ele não acreditaria em mim. Está

mudado e agora me odeia.— Mas quer que fiquemos aqui. Eu ouvi quando ele disse...— Isso não significa que me ame. Eu o magoei muito,

quando parti. Você sabe que muitas pessoas, ao se sentiremmagoadas, fazem de tudo para se vingar. É isso o que ele quer.

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— Se ele deseja machucá-la, é porque nunca amou você. Pronto, Simon havia tocado na ferida mais profunda

de Jane, ferida que havia doído bastante, quando elaouvira as insinuações e os ataques de Scott. Será que ele a

amara tão intensamente quanto dizia? Ou simplesmente tinhaconfundido os próprios sentimentos Fosse como fosse, isso não importava agora. Tudo não

 passava de lembranças; o homem gentil e carinhoso que Janeconhecera não existia mais.

— Oh, Simon! Se você não tivesse pilotado aquelamoto, não teríamos que ficar aqui. O que esteve fazendo? 

— Consegui consertá-la e, como recompensa, Tommydisse que eu podia dar uma volta nela. Afirmou que ninguémusava aquela estrada e que não havia problemas. Tentei recusar, mas me chamaram de maricas. . .

 Dizendo isso, encolheu os ombros, aborrecido. Janesorriu. Ele crescera muito, nos últimos meses, e as roupas queusava, apesar de novas, já estavam pequenas.

— Eu gostaria de ficar aqui, mãe.— Não temos muitas opções, querido. Precisamos ficar.— Por que será que ele nos quer aqui? 

 Jane poderia ter respondido que era para humilhá-la e fazê-la sofrer, mas preferiu não atormentar o filho com esse

tipo de preocupação. Simon estava fascinado com os acontecimentos. Descobrirquem era seu pai o deixara emocionado demais, e Jane achousensato aconselhar-lhe para que não se entusiasmasse muito eque não comentasse nada a respeito. Com ninguém. Seria

 para seu próprio bem.— Mamãe, você acha que ele não vai me querer? É.. . seria

difícil fazer o garoto entender.— Não sei, meu bem. Mas acho melhor esquecermos o

 passado.— Eu não sou passado. Estou vivo e tenho um pai.— Simon...— Oh, está bem. Não direi mais nada. Vou dormir.

 Enquanto ele subia para o quarto, lágrimas rolaram pelas faces de Jane. Bom Deus, será que ficar em Garston seria bom para Simon? Mas não havia opções. Ela sabia que, se tentasse partir, Scott não teria escrúpulos em levar o caso adiante. Seria impossível pagar os danos do carro. Mas seria ainda pior ver Simon preso numa casa de recuperação de menores.

 Jane levantou-se cedo, pois não conseguira dormir. Resolveu escrever algumas cartas. Poderia alugar o

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apartamento de Londres com certa facilidade, mas... porquanto tempo? Não fazia idéia das intenções de Scott.

 No fundo, o fato de Simon ter descoberto tudo e haverdeixado claro que gostaria de ter um relacionamento com o

 pai pesava em sua decisão. No entanto, ela não alimentava ilusões de que a vida ali seria fácil. Quando Scott soubesse sobre o filho, na certa iriarejeitá-lo. Mas não era justo negar a Simon a chance de falar

 francamente com o pai. Quem sabe a revelação fizesse de Scott um homem menos amargurado? 

 Foi pensando nisso que Jane pegou o velho telefone dochalé e ligou para o patrão. Com o coração apertado, explicouque não iria voltar e, como esperava, ouviu-o dizer que nãoaceitava o pedido de demissão. Mas acabou convencendo-o, aoafirmar que havia outras secretárias na firma com capacidade

 para ocupar a vaga.— Você é a melhor secretária que já tive — murmurou ele,

quando Jane disse que decidira ficar em Yorkshire —, mas, seestá mesmo decidida a não voltar. . .

— Simon quer ficar aqui e, como já lhe disse, surgiu umaboa proposta de emprego...

— Na Computex, não é? É uma excelente firma. Tem sedado muito bem e recentemente conseguiu ganhar duas

concorrências. Com quem você disse que vai trabalhar?  Jane não havia dito com quem, mas sabia que sir Nigel era um homem que não se convencia tão facilmente.

— Com Scott Garston.— Sei, sei... Ele é o presidente da empresa, o cérebro que

conduz a companhia. Acho que o encontrei uma vez. Alto,moreno, esperto como uma raposa, mas um tanto triste. Eunão gostaria de ser inimigo dele, portanto é melhor deixarvocê livre. , . Não quero que Scott declare guerra à minha

 Merrit Plastics. Jane riu do comentário, sir Nigel era um homem famoso pela perspicácia com que conduzia os negócios e ela duvidavade que alguém ousaria tentar passá-lo para trás. Muito menos

 Scott, que já tinha trabalho demais com a Computex. Aliás,agora que o primeiro choque havia passado, ela se lembravade mais detalhes a respeito da companhia. Lera uma longareportagem num jornal especializado, certa vez, embora nãotivesse nenhuma referência a Scott.

 Perdida em pensamentos, Jane disse adeus a sir Nigel e

desligou o telefone. Nesse instante, viu Simon descer. Ainda parecia pálido, cansado, e evitou o olhar da mãe enquanto

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 preparava um prato de flocos de milho.— Quer dizer então que vamos mesmo ficar, não é? —

disse, com um certo ar de censura, demonstrando ter ouvido aconversa.

— Não era isso que você queria? Terei que ligar para asua escola. Ainda bem que estamos no meio do ano. Vou procurar o diretor do colégio daqui para saber se há umavaga para você.

— Onde iremos morar? Aqui?  Ela deu uma olhada no chalé e sentiu o coração bater

mais forte. Seria capaz de convencer Scott a deixá-los ali? Nomesmo instante, ouviu um carro estacionando. Dessa vez nãoera um Rolls-Royce, mas uma linda Ferrari. Era Scott.

— Não está se lembrando desse carro? — perguntou ele friamente, quando Jane lhe abriu a porta. — Geoff Riverstinha um igual, não tinha? Causava mais impressão do que amoto, meu único transporte, naquela época. Você deveria ter

 ficado comigo, querida. Ao ver Simon, parou de falar e o encarou. Jane aproveitou

a pausa para sugerir:— Estávamos pensando em ficar aqui no chalé.

Gostaríamos de saber se você nos autoriza a ocupá-lo. Ele deu um sorriso irônico e disse em voz baixa, para que

o menino não ouvisse:— Por quê? Para receber seus amantes discretamente?  Não. Já prometi este lugar para outra pessoa e, além disso,quero você perto de minhas vistas.

— Bem, se você já se comprometeu com outros ... tudobem.

— Vocês morarão comigo, na sede da fazenda. Vim buscá-los, aliás.

— Mamãe, terminei o café. Vou arrumar minhas coisas.

— Seu filho não se parece muito com Geoff Rivers, não é? — ironizou Scott. — Ele era loiro como você, se não me engano. Já parou para pensar que poderíamos ter tido um bebê? Masvocê não queria um filho meu, queria? Eu não podia ofereceras mesmas coisas que Geoff oferecia, mas nunca a teriaabandonado.

— Seu avô o teria deserdado.— Acha que eu estava preocupado com isso? Eu te amava

demais. De qualquer maneira, não teria feito diferençaalguma. Parti logo depois que você se foi e o velho me

deserdou do mesmo jeito. — Ao ver a expressão dela, riu comironia. — Tive que comprar Garston da National Trust.

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 Ficaram agradecidos por terem se livrado da fazenda. Não évelha o suficiente para ter valor histórico, mas dá muitadespesa.

— Para onde você foi, quando. . . saiu daqui? 

 Nem ela mesma entendeu por que fizera a pergunta. Parecia masoquismo.— Para os Estados Unidos. Tinha um padrinho lá, que me

emprestou dinheiro para iniciar um negócio. Eu havia pensado em levá-la comigo. Aliás, tinha tudo planejado. Oempréstimo daria para a operação de minha mãe, que iriamorar com uma amiga; nós viveríamos nos Estados Unidos.

 Eu sabia que, no final das contas, vovô não me deixariaGarston. Logo que percebeu o quanto eu queria a fazenda,tratou de me afastar dela. — Respirou fundo, antes decontinuar: — Eu costumava pensar que não tinha nada de

 parecido com o velho, mas, quando você me enganou, aprendi como o veneno penetra na alma de um homem, corroendo-lheas entranhas com a amargura. Você me puniu afastando-medaquilo que eu mais queria. Tome cuidado, pois ainda nãodescobri do que você mais gosta, Jane.

— Deus, você é cruel!— Você me tornou assim, mocinha. Sente-se orgulhosa de

sua obra? Dá para perceber que você, e somente você, é a

responsável pelo que sou hoje? Quando a vi partir, eu não possuía nada. . . Ri muito, quando soube que Geoff tinha secasado com outra mulher. Consegue imaginar? 

— Eu. . . consigo. Jane estava ao mesmo tempo assustada e revoltada com

as mudanças que haviam se operado nele. Sentia medo equeria protestar, dizendo-lhe que não fosse assim tão amargo;que ela havia feito aquilo única e exclusivamente por amor.

O que havia saído errado? O velho Garston estava tão

confiante em que o neto se casaria com Mary que Jane sofriasó em pensar que havia desistido de tudo por nada. Talvez, se fosse mais madura na época, tivesse percebido que Scott nuncase submeteria às vontades do avô. Mas não passava de umaadolescente amedrontada... E se imaginara uma heroínasonhadora, que sacrifica a própria felicidade pela do amante.

 Porém, tudo o que fizera fora sacrificar a ambos. . . não, aostrês, pensou, lembrando do rostinho infeliz de Simon.

— Terei que entrar em contato com a escola de Simon ealugar meu apartamento. Já liguei para o meu patrão, mas. . .

— Você poderá tomar todas as providências lá de casa. Eua levarei até a escola hoje à tarde. O menino poderá ir

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conosco. Ele sabe de quem é filho?  A pergunta a atordoou. Vários segundos se passaram até

que recuperasse o fôlego. Em seguida afirmou:— Sim, ele sabe.

— E a perdoou? Afinal, Simon e eu temos algo em comum:você enganou a nós dois."Você tem mais coisas em comum com ele do que

imagina", pensou Jane, com tristeza, enquanto Simon descia.Quando saíram em direção ao carro, os olhos do garoto

brilharam.— Posso dar uma olhada na máquina? Como é que Scott não notara a semelhança entre ele e o

 filho? Quanto tempo passaria até que aquele pesadeloacabasse? 

— Pode olhar, mas não toque nele. Não quero que odestrua. — Depois encarou Jane e disse, com voz gelada: —

 Bem, se estão prontos, partimos. Mandarei alguém vir buscaro resto das coisas depois.

0 jeito era seguir em frente. Simon ficara simplesmente fascinado pela Ferrari e não se cansava de admirar asmodernas linhas aerodinâmicas, enquanto bombardeava Scott com perguntas sobre cada detalhe do painel e do desempenho.

 De certa forma, a tagarelice do filho agradava a Jane, pois

 prendia a atenção de Scott. Aliviada, ela percebeu que nenhumdos dois notou que sua tensão aumentava à medida quevislumbrava a entrada principal da casa, rodeada de árvores,e, mais adiante, a fachada.

 A mansão não havia mudado. As paredes externascontinuavam ornadas com pedras cinzentas, as janelas comvista para as colinas ainda eram brancas e as duas alaslaterais que saíam do bloco principal mantinham-se intactas.

 As janelas abertas deixavam que uma leve brisa agitasse

as cortinas. Jane pensou em fazer algum comentário arespeito de como estava emocionada, mas Scott se antecipou,dizendo que lutara muito para reaver a mansão que nuncaesquecera. Fora ele quem mandara reabrir as alas que agoraabrigavam o escritório central e os aposentos dos hóspedes.Também construíra salas de recreação e descanso. Comrelação ao bloco central, permanecera destinado àacomodação do proprietário.

 Novamente sem saber por quê, ela fez outra pergunta:— Você vive aí sozinho? 

— Não, minha mãe e uma governanta moram comigo. Jane não soube explicar o motivo, mas sentiu-se aliviada.

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 Então não havia outra mulher na vida dele!

CAPÍTULO III 

— Por aqui. Scott os guiou através da área em frente ao hall e indicou

a porta à direita. Simon ficara para trás e parecia um tantodecepcionado. Pobre criança... O que esperava queacontecesse? Que o pai o reconhecesse como seu filho? 

 Fora uma pena Simon ter encontrado sua certidão denascimento. Jane culpou-se por ter colocado no documento onome de Scott. No entanto, estivera tão desconsolada, depoisdo nascimento do bebê, tão solitária, que acabara dando onome do verdadeiro pai automaticamente, sem pensar no que

 fazia.Uma vez dentro da mansão, com Scott descrevendo o tipo

de trabalho da companhia, a atitude de Simon mudou. Embora os antigos e vazios aposentos tivessem sido

transformados num escritório de luxo, Jane não conseguiaafastar as imagens do passado. Foi com uma sensação deirrealidade que viu uma recepcionista sorridente dar-lhes as

boas-vindas e que seguiu Scott pelos outros escritórios. Enquanto isso, Simon, atento, fazia várias perguntas. Scott chegou a observar, sorrindo:

— Ele é extremamente esperto. Jane sentiu-se orgulhosa e começou a ter esperanças de

que os dois podiam se dar muito bem. Mais animada,ouviu Scott explicar:

— É aqui que o trabalho pesado é feito. Era uma sala muito grande, que ocupava todo o segundo

andar, cheia de computadores, terminais e equipamentosmodernos. Para Simon, aquilo tudo era uma verdadeiramaravilha; ele ficou tão fascinado que acabou chamando aatenção de dois jovens operadores.

— É aqui que testamos o equipamento, que, aliás, não é produzido aqui. A fabricação se dá em nossa indústria, pertode York.

 Durante a explicação, Simon interrompeu Scott váriasvezes, com perguntas a que ele respondeu com entusiasmo. Osdois acabaram se envolvendo numa discussão técnica demais

 para o gosto de Jane.— Parece que seu filho se interessa por esse tipo de

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assunto, não é? — comentou Scott, enquanto Simon ia ver de perto os terminais.

— Ele se interessa por qualquer coisa que se podedesmontar e montar novamente — comentou ela, lembrando-

se da primeira vez que encontrara a televisão transformadaem peças e parafusos. Scott comentou que aquela qualidade não devia ter sido

herdada de Geoff Rivers, um playboy que só soubera gastar oque o pai ganhara. Antes que Jane pudesse dizer algo, elecompletou:

— Vamos deixar Simon aqui enquanto lhe mostro meuescritório.

 Ela esperava algo mais luxuoso do que vira até ali, porém, para seu espanto, o escritório de Scott era quase monástico, naaparência. Havia uma sala contígua, que dali em diante seriao local de trabalho de Jane.

— Minha ex-secretária não agüentou o isolamento e preciso de alguém experiente, de confiança. Viajo com freqüência para o exterior e você cuidará das coisas quando euestiver fora.

— Acha que serei capaz?  Havia um tom de provocação na pergunta, que foi 

respondida de forma contundente:

— Você deve ser muito eficiente. Trabalhou para si Nigel,um dos maiores empresários do país. Não acho que ele acontrataria só para decorar o ambiente.

— Por quanto tempo pretende me manter aqui? Atéencontrar outra secretária? 

 A observação tinha a intenção de deixar claro que elaestava ali contra a vontade.

— Você vai ficar o tempo que eu quiser. E lembre-se, Jane:enquanto estiver aqui, fará tudo o que eu mandar. É parte do

trato.O que ele teria em mente? Perguntava-se Jane, enquantoexaminava a sala de jantar da diretoria e a sala deconferências. Na noite anterior, quando recebera o ultimato,notara que Scott a olhara como se pudesse enxergar-lhe aalma. Pensou que ele a desejasse de uma forma estranha eselvagem, mas agora já não estava tão certa. Parecia que elequeria humilhá-la da mesma maneira que acreditava ter sidohumilhado.

— Vou mostrar-lhe a outra sala. Por aqui.

Um longo corredor ligava as duas alas. As portas queantes davam para o bloco principal agora estavam trancadas,

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de modo a manter a privacidade dos aposentos pessoais de Scott.

— Você já havia planejado isso tudo, quando partiu paraos Estados Unidos? 

— Absolutamente. Eu não estava em condições de planejarcoisa alguma. Só sentia muita dor pelo que você tinha me feito. A idéia só surgiu quando vovô faleceu, e concluí que teria umachance de comprar Garston. Os negócios iam muito bem, massomente há dois anos foi que consegui dinheiro para reaver a

 propriedade. Haviam alcançado a porta no fim do corredor e ele a

abriu. A passagem, muito estreita, fez Jane esbarrar no braçode Scott e aquele contato a deixou arrepiada. Foi então que elase deu conta de quanto o desejava, e essa descoberta a fez sentir medo.

0 que haveria de errado com ela? Não tinha maisdezessete anos. Conhecera muitos homens sensuais eatraentes, desde que deixara Garston, mas nenhum

 provocara-lhe tantas emoções como Scott. Mesmo há onzeanos,quando o amara, havia sido diferente. Agora era umamulher que conhecia o próprio corpo e sabia o quesignificavam aquelas sensações. Pudera captar, naquelecontato sutil, toda a masculinidade e a sensualidade de Scott.

 Imaginou, de imediato, como seria um reencontro amoroso. Otempo provocara mudanças físicas nele. Não era mais umrapaz, e sim, um homem. Como seria fazer amor com o Scott de agora? 

 Jane censurou-se. Devia parar com aquelas fantasias. Oque estaria acontecendo? Teria ficado louca? Se ele soubesse oque pensava, ficaria tremendamente satisfeito. O negócio de

 Scott eram os computadores, não a sedução. Se ela se sentiadaquele jeito, que arcasse com a culpa. Afinal, ele não havia

 feito nada para deixá-la excitada, e Jane compreendeu que, senão quisesse se magoar, deveria manter distância. Ficou em silêncio enquanto observava a ala esquerda,

onde Scott mandara construir cinco suítes para hóspedes, umaimensa sala de jantar e um grande aposento de estar, comgrandes sofás confortáveis e uma televisão.

 No térreo, situavam-se os salões de prática esportiva,uma quadra de squash, uma sala de bilhar e uma piscinaaquecida. No lado de fora havia quadras de tênis.

— Num lugar isolado como este não é fácil manter o ritmo

de trabalho e, por isso, algumas melhorias são necessárias.Claro que estas instalações vêm a calhar, quando se trata de

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entreter compradores em potencial. Estamos trabalhandonum novo tipo de computador que pretendemos lançar nomercado, e tudo é válido para provocar boa impressão.

— Onde Simon e eu ficaremos? — perguntou Jane, ao

entrar no complexo esportivo. A luz do sol, que banhava o local, cegou-a por ummomento, e ela teria perdido o equilíbrio, se Scott não asegurasse. Ao tocá-la, os dedos dele aqueceram a pele fina e a

 fizeram estremecer.— Ficarão na casa, comigo. Por aqui.O hall de entrada se parecia com o que Jane conhecera,

embora agora o assoalho estivesse muito bem encerado e olugar se encontrasse todo decorado com flores. As portas àdireita e à esquerda levavam respectivamente à sala de

 pinturas e à biblioteca. No fundo havia uma passagem quedava na sala de jantar, ao lado da cozinha.

— Acabei com todas aquelas pequenas salas e modernizei a cozinha. Ficou bem melhor, distribuído assim.

— Você disse que sua mãe mora aqui? — Sim. Eu precisava de alguém para organizar o lado

doméstico da casa, embora mamãe sempre diga que devo mecasar. Ela reclama do trabalho, mesmo tendo Claire paraajudá-la.

— Ela foi operada? — Foi. Vejo que isso a preocupa. . . Foi por isso que vocêcorreu para Geoff Rivers? Será que a idéia de ter uma sograinválida e um marido desempregado a assustou demais? 

— Está tudo acabado, Scott. Gostaria que aceitasse arealidade, para seu próprio bem.

— Para o "seu" bem, você quer dizer. Como se sente,sabendo que está sob meu poder, depois de ter me destruído? 

 Não está apavorada? Pense no que posso fazer . ..

— Não sei e não me interessa. Não tenho culpa se você évingativo. Ele a segurou pelos ombros e fez com que se virasse,

encarando-o. Jane viu um par de olhos tristes, mas nem porisso menos rancorosos. Era o mesmo olhar que a perseguiraaqueles anos todos, o olhar do dia do adeus.

— Ora, não me venha com essa, sua mundana falsa! Porque acha que carrego este rancor?!

 Enquanto gritava, sacudiu-a com violência e a empurroucontra a parede, com tamanha força que lhe arrancou um

gemido.— Machucou-se? Não sinta pena de si mesma. Não sou

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mais o namoradinho tolo que você enganou com facilidade,usando sua fala macia. Sinto prazer em causar-lhe dor...

 Em seguida, subiram, e Scott mostrou qual seria o quartode Jane, que não sentiu a mínima vontade de entrar. Nada

havia mudado. O aposento permanecera exatamente igual aoque fora antes; era o quarto dele.O olhar de Jane logo se dirigiu para a cama. A cama de

 Scott. . . Estremeceu, relembrando o passado. Scott beijando-a.Tirando sua roupa. Fazendo amor com ela e acariciando seucorpinho com a boca e as mãos. . .

— Mas este é o seu quarto!— Ah, então você se lembra, não é? Pensei que tivesse

andado por tantos quartos que nem reconhecesse este aqui. . . Sim, era meu quarto. Depois que você se foi, nunca maisconsegui dormir aqui. A simples lembrança de tê-la trazido aeste lugar e sentido seu corpo junto ao meu me fazia mal.Tinha sido tudo apenas uma grande mentira, encenada poruma farsante que pensou estar trocando a virgindade por um

 futuro cheio de luxo e que fugiu quando descobriu que meu avôme deserdaria se ficasse comigo. O velho me contou a conversaque teve com você, como aceitou o dinheiro dele, dizendo queiria procurar outro amante. Alguém rico o bastante parasustentar suas ambições sujas e imorais. O velho riu de mim,

quando respondi que era tudo mentira. Aqui, neste quarto, elearrasou com meu orgulho. E você confirmou tudo. Dá paraentender por que não consegui mais dormir aqui? 

— Scott, eu... Ele a ignorou.— Mas você vai dormir aqui, Jane, e, quando o fizer,

estarei rezando para que os fantasmas do passado venhamvisitá-la. Eu não possuía nada além do amor que tinha porvocê. Agora quero que fique desesperada de desejo. Percebecomo aprendi muitas coisas nos Estados Unidos? 

 Ela não iria reagir como Scott esperava. Não choraria ou perderia a calma. Não participaria daquela cena absurda. Foi muito difícil atravessar a porta, rumo à janela, e dizer:

— Se este é meu quarto, onde fica o de Simon? — No andar de cima.

 Nisso, ela notou uma porta na parede ao lado.— Oh, claro, ia me esquecendo — continuou Scott. —

 Aquela porta dá para o meu quarto. Está vendo como nãoestou tão longe? E não se preocupe, pois tenho a chave. É comoeu disse: enquanto estiver aqui, fará tudo o que eu quiser.

— Não vou dormir com você, Scott. Pode tirar isso dacabeça.

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— Não quero discutir esse assunto. Bem, agora vou para omeu escritório. Pode usar o resto do dia para se instalar. O

 jantar é às oito.— Posso usar o telefone? 

— Para quê? — Scott se mostrou irritado. — A quem querchamar? Um de seus amantes? — A escola de Simon.

 Jane sentia que as forças a abandonavam e se esforçou para não explodir de raiva e tensão.

— Muito bem. Já falei com o Dr. Philipps e ele concordouem receber Simon como aluno. Não há dúvidas de que logodescobrirão a verdade sobre a paternidade dele. Não se podeesconder muita coisa, num lugar como este.

 Aquela foi a gota d'água; ela perdeu o controle. Com araiva estampada no rosto, Jane se dirigiu a Scott e disse-lhe:

— Se você fizer algo contra meu filho, esteja certo de que omatarei. Nem que seja com minhas próprias mãos! Podetentar me punir quanto quiser, mas fique longe dele!

— Qual é o problema? Ele não sabe quem é o pai? — Sim, sabe!— Então com o que se preocupa? Se ele sabe sobre Geoff 

 Rivers, deve ter ouvido falar que é casado e que tem duas filhas. Não que passe muito tempo com elas, claro. .

 Jane ainda estava perto de Scott, quando ele agarrou seus pulsos e os apertou.— Se ousar me ameaçar novamente, as conseqüências vão

ser duras. . . Ela ia perguntar quais seriam essas conseqüências

quando entrou em pânico. Ele lhe prendera os braços com umadas mãos e com a outra puxara-lhe o cabelo para trás, demodo que o mínimo movimento com a cabeça lhe seriadoloroso.

 Scott parecia um louco, ansiando por ver o medo que Janese recusava a mostrar.— Bem, acho que a julguei mal. Talvez o que realmente lhe

agrade seja isso. . . Sexo misturado com violência. É assim,não é? Então você gostará disso.

 Não houve como evitar que ele lhe cobrisse a boca com umbeijo que mais parecia um castigo. Jane logo sentiu o gosto dosangue que lhe escorria dos lábios, devido a uma mordida de

 Scott. Aquele gesto ameaçou estragar para sempre toda abeleza do amor que ambos um dia sentiram e as esperanças de

um reencontro feliz. No entanto, por mais contraditório que parecesse, aquele

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beijo estava carregado de erotismo, de desejo. Jane, em vez dese sentir humilhada, percebeu que uma chama de sensualidadequeimava seu corpo. Nunca experimentara uma sensaçãocomo aquela. Nem mesmo quando fizera amor com Scott, onze

anos atrás.— Lembre-se do motivo pelo qual está aqui, Jane. Minha paciência tem limites e, a não ser que eu esteja errado, achoque você gosta de ser maltratada.

 Disse isso e saiu, batendo a porta. Jane se recusou a chorar ou a fazer qualquer coisa que

desse vazão a seus sentimentos. Meia hora depois, mais calma,decidiu procurar Simon. Havia providenciado o envio dos

 pertences pessoais que estavam em Londres e o aluguel doapartamento. O diretor da escola de Simon aprovara os

 planos de transferência e agora tudo o que ela tinha a fazerera convencer-se de que jamais, nem por um segundo, haviasentido qualquer coisa que não fosse repulsa e horror por

 Scott. Mas tudo isso ficou relegado a um segundo plano, quando

ela saiu em busca do filho e não o encontrou. Um dos homensda sala de computadores disse-lhe que Simon havia ido à

 procura de Scott.— Pergunte a Hank Brierly, o assistente pessoal de Scott.

Talvez ele saiba. É ali, no fim do corredor. Hank era um americano quarentão, bastante amável. Aoser apresentado à nova secretária de Scott, comentou:

— Bem, bem, as coisas estão melhorando. Seu filho? Não,não o vi. Pode ser que esteja com Scott, embora ele não tenhamuito tempo para crianças. Alguém ou alguma coisa causou-lhe muitos tormentos em relação a famílias e crianças, hámuito tempo. Acho que ele ainda não se recuperou do trauma.

Quando Jane se aproximou do escritório de Scott, ouviu

vozes lá dentro e, na pressa de encontrar Simon, não esperouautorização; simplesmente bateu à porta e entrou. Uma loiraalta e esguia, com cabelos longos, encontrava-se ao lado damesa dele. Embora não tivesse certeza, Jane poderia jurar que

 Scott estivera acariciando a mão da jovem, que não devia termais que dezoito ou dezenove anos. Uma estranha emoçãoapoderou-se de seu coração. Ciúme? Mas por que sentiriaciúme? 

Os dois a encararam, com cara de poucos amigos. Seriadesnecessário descrever o olhar de Scott. Era uma mistura de

observação e satisfação maléfica, devidamente escondidas pela fria máscara que as ocultava.

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— Não me recordo de ter dado permissão para alguémentrar. Que quer? — O tom da voz era insolente.

— Procuro por Simon. Parece que se perdeu e pensei em procurá-lo aqui. . .

— Ele queria ver a Ferrari e eu lhe disse que poderia, massem se encostar nela, é claro. De qualquer maneira, da próxima vez que resolver invadir meu escritório, espere porminha permissão.

 Foi a careta da jovem que feriu o orgulho de Jane. Elahavia sido colocada no devido lugar e sentiu-se muito mal.Voltou para a sala de Hank Brierly.

— Scott lhe fez um sermão, não foi? — perguntou ele.— Quase isso. É que havia alguém com ele. Bati à porta,

mas acho que ninguém ouviu.— Ele estava acompanhado, é? Deve ser Cora Laine, filha

de Buck Laine. Scott quer que ele compre a nova linha na qual estamos trabalhando. O investimento do projeto foi alto e, se

 Buck o aprovar, muitos outros seguirão o exemplo. Mas, comoele ainda não está totalmente convencido, suspeito que Scott ande querendo namorar Cora.

— Ela é jovem. . . e bonita, não? — Também é muito perigosa e nada inocente, como

aparenta ser. Ela quer Scott e, a menos que eu esteja

enganado, ele descobrirá que vender computadores para Buck Laine significa vender-se para a pequena Cora. Essas coisasacontecem.

— Acha que ele seria capaz disso? — Do quê? De ir para a cama com ela apenas para

conseguir um contrato? Não sei. Scott é inteligente o bastante para saber que, uma vez fisgado, será difícil se livrar do anzol. Ela quer casamento e Scott parece ser o escolhido.

— Ele me contou que a mãe acha que deve se casar . . .

— Duvido que Cora seja o tipo que a velha tem em mente. Provavelmente, dona Eva estava pensando numa esposa que fosse capaz de quebrar a concha em que o filho se meteu etorná-lo humano novamente. Bem, agora é melhor voltar aotrabalho. Em hipótese alguma nosso patrão ficaria contente,se nos visse conversando a respeito dele.

O tom daquela conversa fora amistoso, porém Jane aindaestava nervosa.

— Está certo, claro. Mas preciso encontrar Simon.— Qual a idade dele? 

— Dez anos.— Dez? Mas você é jovem demais para ter um filho com

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essa idade!— Pois é.. .

 Ela sorriu para o americano e, pensativa, foi procurar o filho. Era irônico imaginar que os mesmos interesses que o

menino herdara do pai acabaram por colocá-los naquelasituação. Jane se perguntou quando partiriam, quandoacabaria aquele tormento, e não encontrou resposta.

 Lembrou-se da cena que interrompera no escritório. 0 que Scott sentiria por Cora Laine? Atração? Ou simplesmente aestaria usando? Hank dissera que ela queria casamento. . .Ora, mas o que importava isso? Não era de sua conta.

 Jane não desceu para o jantar. Dirigiu-se à cozinha econvenceu a Sra. Robinson, a cozinheira, a deixá-la tomar umchá ali mesmo, com Simon. Logo após, levou o filho para oquarto dele, onde ficaram assistindo televisão até que eladecidiu voltar ao seu quarto.

 Ao entrar, checou a tranca da porta ao lado. Estava fechada. Scott deveria estar em outro lugar.

O quarto tinha um banheiro privativo. Depois de tertomado banho, Jane foi direto para a cama, sem ler, como decostume. O dia havia sido quente, tão quente que ela nãochegou a vestir a camisola; deitou-se apenas com as roupas debaixo, cobrindo-se com um lençol.

 Disposta a não relembrar tudo o que no passado haviaacontecido naquele lugar, fechou os olhos e começou a respirar profundamente, tentando relaxar. Quando eslava quase pegando no sono, despertou.

 Algo fez com que seu coração disparasse e sua boca ficasse seca. Imediatamente pensou ter ouvido um chamado de Simon, mas lembrou-se de que seria impossível ouvi-lo, poisele estava em outro andar.

— Então está acordada, hein? 

 A voz veio do canto e a fez levantar-se, assustada,deixando o lençol cair.— Scott? — Eu mesmo. Por quê? Quem você esperava? Hank? Ele

mora na vila.— O que está fazendo aqui? 

 Ele não respondeu; começou a caminhar na direção dacama. A luz do luar, que entrava pela janela aberta, revelavaos contornos do corpo másculo e bem-feito, cheirando asabonete.

— Scott, o que está fazendo? — Pensei que estivesse claro que vou para a cama com

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você...— Mas eu não quero!— Nem eu. O tipo de relacionamento que teremos exclui o

 prazer de dormirmos juntos. Só quero satisfazer as minhas

necessidades.— Por Deus, Scott, você não pode fazer isso comigo!— Posso. E acho que você estava esperando por mim. Caso

contrário, por que estaria sem camisola? Você sabia o queestava fazendo, quando aceitou agir a meu modo. Hoje precisode uma mulher.

— Procure por Cora, então! — retrucou ela, entre furiosa ehorrorizada. — Estou certa de que ela gostaria de fazer amorcom você!

— Sem dúvida, se eu estivesse disposto a aceitar o preço.Cora deseja se casar. Quanto a você, não está em posição deexigir nada. Não se preocupe, não vou lhe fazer mal. Só querome divertir com seu corpo. . . Você vai gostar.

— Eu grito! Ele tirou o roupão e mostrou todo seu corpo a ela.— Vá em frente! Ninguém a ouvirá. Mamãe dorme no

andar de cima, assim como a governanta e Simon. Naverdade, acho que eu me divertiria mais se você gritasse. Estacena a faz lembrar algo? Deitada na minha cama: oferecendo-

se a mim?  Antes que ela pudesse evitar, Scott afastou as cobertas eestudou o corpo feminino e sensual.

— Eu não quero me lembrar de nada! — Jane controlavaas lágrimas. — Você está destruindo aquelas recordações!

— Não se pode destruir o que foi apenas ilusão. Não tenteme enganar de novo.

 Num segundo, ele já estava na cama, pronto a fazer amor. E não havia nada que Jane pudesse fazer para evitá-lo.

— É desse jeito que você quer se vingar? Usando meucorpo? ' — Isso é apenas o começo, o lado particular da vingança,

a ponta de iceberg. O resto virá com o tempo. Fui humilhadodemais, Jane, e quero que não se esqueça disso. Mas. . . porque acha que não vai gostar? 

— Como posso, quando você faz isso só para me ferir? — Oh, é fácil. Vou tentar ser o melhor possível. Quero que

se derreta em meus braços e me implore que a possua. Nãovou ficar satisfeito enquanto isso não acontecer.

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CAPÍTULO IV 

— Scott, não faça isso! Por favor, não!

— Não foi o que você me disse há onze anos. Ele a puxou para mais perto com a mesma fúria selvagemcom que a havia abraçado e beijado à tarde. O medo tomouconta de Jane, que tentava escapar a todo custo.

— Você não é mais o mesmo homem! — gritou, ofegante.— Isto é estupro!

Os dentes de Scott pareciam os de um lobo prestes aatacar sua presa.

— Não, não é. E você me deve isto. Noite após noite,semana após semana, mês após mês, sonhei em tê-la em meusbraços. Durante onze anos, sua imagem me torturou. Nuncaconsegui ter outro relacionamento. Com mulher alguma. Vocêé responsável por isso e agora vai me pagar!

— Pare com isso! Jane tinha que fazê-lo cair na realidade e convencê-lo de

que aquilo seria uma loucura. O Scott que ela amara nuncaagiria daquela maneira; não poderia estar definitivamenteenterrado, substituído por aquele monstro perigoso.

— Fique quieta, bonequinha. Nós já nos amamos antes,

lembra-se? — Mas não somos mais os mesmos, Scott!— O que está tentando me dizer? Que tem remorsos? Pois

saiba que não vai escapar assim. Me diga uma coisa:enquanto fazia amor com Geoff, você. . . pensava em mim? 

 Pensou em mim, quando estava dando à luz? Simon poderiater sido nosso filho!

Como ele poderia ser tão cego? Jane esperara tanto que Scott voltasse a procurá-la.. . que lhe pedisse para ficar. .

Tivera esperanças de que ele não acreditasse nas mentiras que fora forçada a dizer e que, de alguma maneira, descobrisseque ela nunca seria capaz de amar outro homem. . . Porém, arealidade fora diferente. Scott nunca mais a procurara.

 Era possível que seu comportamento tivesse provocadoinsegurança em Scott e destruído sua vida afetiva. Afinal, ele aamara intensamente. Agora não havia mais o que fazer. . . anão ser chorar. E Jane sentiu lágrimas rolando por seu rosto.Virou a cabeça rapidamente, mas, mesmo assim, ele a viuchorando. E deu uma sonora gargalhada.

— Lágrimas! Você também chorou quando fizemosamor pela primeira vez, lembra-se? 

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Uma tremedeira incontrolável se apossou dela e Scott riunovamente.

— Claro que uma mulher nunca esquece o primeiroamante. Mesmo uma mulher da sua laia. Duvido que se lembre

do que fiz! — Curvou a cabeça numa encenação mesquinha e fingiu tentar confortá-la. Enxugou as lágri1 mas com a bocaquente. Uma das mãos segurava o rosto de Jane e a outra amantinha deitada. — Você se deu com tanta inocência. . . Pelomenos foi o que pensei, e me senti culpado. Quando chorou,também senti vontade de chorar. A idéia de tê-la machucadome arrasou. Eu poderia ter parado, mas você não me deixaria.

 Simplesmente agarrou meu pescoço e sussurrou que sóhaveria dor na primeira vez, que haveria outras vezes. Eudevia ter adivinhado.

— Adivinhado o quê? — Que eu não participaria dessas outras vezes.

 Jane tentou escapar, humilhada, mas ele foi mais rápido esegurou-a pelos pulsos.

— Você disse que era por amor. . . Eu apenas estava nahora e no lugar certos, não é? Se na época eu fosse um poucomais maduro, teria percebido que você estava apenas curiosa,nada mais. Mas não, fui tolo o suficiente para pensar que

 poderíamos ser eternos namorados!

— Scott, poderíamos discutir este assunto por mil anos enada se alteraria. . .— Concordo.O tom de voz era sarcástico, os olhos, observadores. Ela já

se acostumara à escuridão do quarto e podia enxergar aslinhas do corpo e a pele macia de Scott. Era inevitável recordar como o havia tocado, com timidez, preocupação eadoração; como aquele corpo estremecera de prazer,enquanto fora acariciado por ela. Agora, ao contrário, ele

tinha pleno controle da situação e um estúpido desejo devingança.— Abra os olhos, Jane. Quero vê-los enquanto a beijo.

 Beijou-a sem encontrar resistência. Queria que elalutasse, mas Jane resolveu não fazer isso. Iria simplesmente

 ficar quieta e esperar que ele tivesse um pouco de bom sensoantes que fosse tarde demais.

 No entanto, a prática se mostrou mais difícil do que ateoria. Quando Scott percebeu que o beijo selvagem não

 provocou nenhuma reação, mudou de tática.

 Jane se surpreendeu. Teria sido fácil não reagir àviolência, mas era impossível não corresponder ao beijo suave

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que lhe provocava sensações maravilhosas. Mesmo assim, elatentou fugir uma última vez. Empurrou-o, querendo que ele se

 zangasse, que a machucasse, só assim conseguiria dizer não.— Fique quieta, senão vou machucá-la!

 Ela sentiu o hálito quente no rosto e virou a cabeçadepressa, para não sentir aquele calor. Desesperada, arqueouo corpo, tentando se livrar do peso dele, e desferiu-lhe algunssocos. Depositou naqueles gestos toda a mágoa que acumularadesde que o. reencontrara.

 Scott, pego de surpresa, vacilou por alguns segundos, maslogo subjugou-a novamente e a manteve presa à cama.

— Não conseguirá lutar comigo e vencer. Vá em frente,sequiser, e saiba que vou reagir. — Rindo, completou:— Vocênão é mais criança, Jane. Sabe muito bem o mal que mecausou. Hoje sou um homem destruído, e tenha certeza de quea culpa é sua. Por muito pouco eu poderia sentir grande

 prazer em machucá-la, física e emocionalmente. Quando umhomem é traído pela mulher que ama, se torna muitoestranho. Eu sentiria intensa satisfação, vendo-a sofrer.

— Quer dizer. . . fazer amor contra minha vontade? Por Deus, como haviam chegado àquele ponto? 0 que aconteceraao homem gentil e à garota inocente que correspondera tãodocemente aos clamores do amor? Como podiam ter se

transformado em seres capazes de se agredir fisicamente? — O passado acabou, Scott. Você tem que enxergar quenão ganhará nada, agindo assim. . . Por favor, seja razoável. ..

— Eu serei. Farei o que qualquer homem razoável fariaem minha posição.

 Dizendo isso, admirou o corpo de Jane, que agoraaparecia por inteiro, completamente descoberto. A luz 

 prateada da lua a iluminava, ressaltando as curvas bem-

 feitas. Ela sempre fora uma mulher um tanto tímida e outrora Scott respeitara essa timidez.. Agora, no entanto, eradiferente. Não havia respeito algum no olhar que devorava osseios rijos.

— Lembra-se de como você costumava gostar, quando eu fazia isso? 

Curvou-se sobre ela e começou a beijar-lhe os seios. Nomesmo instante, Jane sentiu-se arrastar por uma onda dedesejo, algo incontrolável, poderoso.

 Desde que Scott a acariciara daquela maneira, há onzeanos, ela nunca mais recebera carinhos tão íntimos. Não

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conhecera outros homens. Por isso, seu corpo estremeceu de prazer.

— Algumas coisas não mudaram, hein? — murmurou Scott, baixinho.

 A despeito da suavidade da voz, os olhos estavam gélidos. Ele acariciava com o polegar o bico de um dos seios e esperavaa reação de Jane.

 E a reação veio, tomando conta do corpo dela de uma forma louca, nunca experimentada. Nem mesmo quandoamara Scott sentira febre tão ardente. Os onze anos em que

 ficara só explodiam de uma vez.— Se não parar com isso agora mesmo, eu o odiarei para

sempre! Palavras desesperadas só serviram para excitá-lo ainda

mais.— Pode odiar. O ódio é um afrodisíaco poderoso. O que

odeia mais, Jane? Isto?  Soltou-lhe o pulso e correu-lhe a mão pelo corpo até

chegar aos quadris. Ela lutava desesperadamente para nãoreagir, para não excitá-lo ainda mais.

 Mas isso era quase impossível. As mãos que aacariciavam minavam suas últimas resistências. Jane sesentia traída pelo próprio corpo, que ardia de paixão.

 Ela fechou os lábios com força. O que estava acontecendoera algo muito simples: apesar de todas as mudanças, toda ador, Scott ainda a excitava, e nada modificaria aquilo. Nada.

Tentando manter o corpo rígido, ela ainda bradou:— Não toque em mim!— Antes que a noite termine, você estará implorando para

que eu faça muito mais do que apenas tocar. Ela percebeu que de nada adiantaria qualquer esforço

 para desencorajá-lo. Seria inútil lutar contra os beijos, agora

doces, e contra as carícias que já não eram violentas. Então Jane desistiu de lutar. Scott estava certo: ela aindao queria intensamente. Estava excitadíssima.

— Você me deseja, Jane. . . Era uma afirmação, e não uma pergunta. Scott 

acariciava-lhe os cabelos, dando-lhe beijos alucinantes nocanto da boca, no pescoço, passando a língua quente nosmamilos, esperando pacientemente o momento em que ela nãoagüentasse mais e cedesse à força do desejo.

— Scott!

O nome soou como um grito desesperado. Ela agarrou osombros largos e puxou-o para mais perto. Num impulso louco,

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 passou a língua pelo peito musculoso, saboreando a pelequente e macia.

 Nesse momento, Scott parou de acariciá-la.— Se você me quer, por que não vai adiante? Não é mais

uma criança tímida. Ninguém precisa lhe ensinar como seexcita um homem. Por um momento, Jane voltou a si e, percebendo isso,

 Scott reiniciou o ataque de carícias. Era impossível resistir. Ela respirou profundamente e deu um pequeno gemido, aosentir os seios apalpados novamente. O quarto pareceuescurecer e girar à sua volta; um calor que ardia como febretomara, conta de seu corpo. Quase sem notar, ela tocou eacariciou o ventre de Scott, descendo para as coxas.

— Jane! Aquele foi o estopim de uma história triste, mas

carregada de paixão. Ela se esqueceu de todas as ameaças de Scott. Tinha em mente apenas que se entregava a ele, seu primeiro e único amor.

 Suas bocas se uniram num beijo selvagem. O prazer eratão intenso que Jane gritou, cravando as unhas nas costaslargas de Scott:

— Oh, por favor!...— Por favor o quê? 

— Faça amor comigo. . . Ela não tinha consciência do que acabara de dizer nem dobrilho triunfante que surgiu nos olhos de Scott. Chegou mais

 perto dele e esfregou-se em seu corpo com movimentossinuosos e sensuais. Queria senti-lo com toda intensidade.

 Desejava que ele preenchesse o vazio que a atormentava.Quando foi possuída, sentiu uma dor que a deixou tensa,

mas que logo foi substituída por prazer. Aos poucos, os doiscorpos assumiram o ritmo alucinante do amor.

 Jane nunca experimentara prazer igual. Gritou, aoatingir o êxtase, e ficou tremendo de emoção, o corpo molhadode suor. Scott fez menção de sair, mas foi retido por umabraço. Logo adormeceram.

 Ao acordar, no dia seguinte, a fria realidade se abateusobre Jane. Não teve que abrir os olhos para saber que haviaoutra pessoa na cama.

— Ah, finalmente você acordou! Jane olhou para Scott com olhos sonolentos. Parecia

inacreditável, mas havia acontecido: eles tinham feito amor de

novo, onze anos depois da primeira vez. E ela se lembrava decada detalhe da noite anterior, cada gesto, cada palavra. Ao

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sentar, percebeu que estava nua e cobriu-se depressa.— Tarde demais para ter vergonha, não acha? — zombou

 Scott.— O que você está fazendo aqui? Pensei tê-lo ouvido dizer

que não dormiria comigo.— Acabei achando que seria melhor ficar. E espreguiçou-se como um gato, revelando o corpo

musculoso.Que horas seriam? Há tempo que Jane não dormia tão

 profundamente.— Então você resolveu ficar. . . Bem, aí está sua vingança.

 Acabou. Simon e eu partimos hoje.— Acabou? Oh, não, minha cara. 0 que aconteceu na noite

 passada foi apenas o começo, e não adianta dizer que nãogostou.

 Ela ficou confusa, à procura de uma saída. Aqueletratamento era intolerável. Não permitiria que Scott mandasse em sua vida e usasse seu corpo como bementendesse. Queria encontrar um jeito de acabar com aarrogância dele e resolveu feri-lo:

 __ Sabe, me diverti muito, ontem à noite. Fingi que vocêera Geoff. . . como da outra vez.

— O quê? 

 Ele ficou tão furioso que apertou os ombros de Jane atéque ela gritasse.— Sua. . . sua. . .

 A porta se abriu e chamou a atenção do casal. Era Simonque entrava. Embora morrendo de sono, se surpreendeu, aover que Scott estava ao lado de sua mãe.

— Mamãe...— Simon!

 Jane queria abraçá-lo, mas não podia, pois estava

despida. Scott simplesmente ficou assistindo à cena.— Simon, meu querido. . . Ao ver a expressão desolada do menino, Scott resolveu

contornar a situação:— Ouça, se você descer e falar com a sra. Robinson, ela lhe

 preparará um bom café da manhã. A sugestão fez com que Simon saísse, fechando a porta.

 Fora humilhante e doloroso demais.— Como você pôde ser tão cruel? Não viu que ele estava

chocado? 

— Tenho pena dele, sabe? Certamente, não é a primeiravez que a encontra na cama com um homem. Ele já está com

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dez anos, e você não ficou sozinha durante todo esse tempo,embora o "show" de ontem tenha sido convincente. Deveriaguardá-lo para os que a conhecem menos do que eu.

 Essas observações, para Jane, eram como chicotadas.

Talvez Scott se sentisse bem, agindo assim. Ela entendia oressentimento daquele homem obcecado pela vingança, masnão podia deixar de se sentir magoada. O nascimento de

 Simon fora algo delicado e causara muitas complicações. Meses se passaram, até que ela ficasse boa novamente.

— Em todo caso — estava dizendo Scott —, é melhor queele se acostume, pois vai me ver aqui muitas vezes,

 Jane sentiu um gosto amargo na garganta. Aquilo parecia um pesadelo horrível. Sabia das intenções de Scott nanoite anterior, mas havia sido fraca e sucumbira. Ainda oamaria? 

— Bem, são oito horas. Se pretende estar no escritório àsnove, é melhor se levantar.

— Então saia!— Não esqueça que sou o patrão e não tenho horário. Este

 problema é seu. Estou bem aqui. Jane encarou-o com rancor e levantou-se, caminhando

até o armário. Scott observava-lhe o corpo bem-feito, agoramuito mais sensual do que há onze anos.

Um incomodo silêncio pairava entre eles. Scott aadmirava, sem desviar os olhos. Uma estranha sensaçãoatravessou-lhe o corpo. Ele a queria! Conhecendo a própriavulnerabilidade, ela se vestiu rapidamente.

— Quer dizer que esteve pensando em Geoff Rivers, nanoite passada? Mas quem a possuiu fui eu. . .

— Pois é, mas saiba que as fantasias são um poderosoestimulante...

— O que quer dizer cora isso? 

 Jane viu que a porta do banheiro estava aberta. Entãoaproximou-se dela e disse:— Quero dizer que fiquei imaginando o tempo todo que

era Geoff quem me tocava. Antes que Scott respondesse, ela já se trancara no

banheiro. Tomou um banho e concluiu que ainda amavaaquele homem, apesar de tudo. Quisera fazer amor com ele e,se Simon não tivesse entrado naquele momento, teria repetidoa dose.

Quando saiu, ele já não estava mais no quarto e a porta

de comunicação fora trancada. Preocupada, ela desceu, pensando em Simon, que lanchava na sala de refeições.

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— Mamãe. . . __ Sim, meu bem?   __ Por que temos que morar aqui? Poderíamos ter

 ficado no chalé.

— Porque o sr. Garston quis assim — retrucou ela,tentando parecer natural. Mas ficou sem graça ao notar que o filho não acreditara. — Simon, não estamos aqui por escolha própria. Você sabe como é. Se o acidente não tivesseacontecido. . .

 Mordeu os lábios e calou-se. Não seria bom culpá-lo peloque acontecera.

— Por que ele estava na sua cama, nesta manhã? Vocêcontou a meu respeito? 

— Não. Oh, querido. . . Tenho que trabalhar.Conversaremos mais tarde. Dê-me um beijo e um abraço bem

 forte.— Você ainda o ama, mamãe? 

 Simon não conseguia olhá-la nos olhos; mantinha aatenção concentrada no chão, e Jane suspirou. O queresponderia a ele? Sempre tentara ser franca com o filho, masagora descobria que vivera num mundo de fantasias.

— Sim. . . sim, Simon, eu o amo. Mas não vamos falarnisso agora, certo? 

— Ele ainda está zangado? — Sim, Simon, está. E por isso estava em meu quarto.Quer me punir porque. . .

— Porque você o deixou? — Sim. Mas não pense mais nisso. Ouça, logo iremos à

escola para conhecer o diretor, certo? — Ué... a escola não está fechada, nas férias? Foi Scott 

quem me disse. . .— Scott? Sr. Garston seria mais educado.

— Ele é meu pai! Jane estava perdendo o controle da situação.— Tenho que trabalhar, Simon. Vejo você na hora do

almoço. O que vai fazer? — Vou ficar na sala de computadores. Scott deixou. Sabe,

mamãe. . . eu gosto dele, mesmo que ele não goste de você.

CAPÍTULO V 

 Jane mergulhou de corpo e alma no trabalho para ver se

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conseguia esquecer os problemas que a atormentavam. Porsorte, havia muita coisa a fazer, muitos arquivos para colocarem ordem, correspondência para ser posta em dia, enfim,tarefas que ocupariam seu tempo e sua mente.

 Hank fora ao seu encontro e ensinara-lhe como manejaros novos instrumentos com os quais teria que trabalhar. Eleestava elogiando a facilidade com que Jane aprendia, quando

 Scott entrou na sala, pedindo-lhe que fosse fazer algumasanotações. Ela percebeu no olhar triste um certo brilho, algoestranho. . . O que seria? Ciúme? Não, impossível. Talvez desconfiança, talvez raiva, talvez ressentimento. Ou todasessas coisas juntas. Fosse como fosse, Jane compreendeu queseria difícil, quase impossível, trabalhar para ele.

 Ao meio-dia, a porta do corredor abriu-se e Cora Laineentrou, trajando uma sofisticada roupa de linho, sóbriademais para sua idade. Assim como era sóbrio o penteado queusava, em contraste com a maquilagem carregada. Ela sedirigiu a Jane dizendo que não havia necessidade de seranunciada, pois estava sendo esperada por Scott. Em seguida,abriu a porta e falou:

— Sou eu, querido. Vim buscá-lo para o almoço. Conversei com papai hoje pela manhã e ele está ansioso para vê-lo.

 Será que o pai de Cora estaria tão entusiasmado por um

casamento com a filha? Jane duvidava e, ao pensar nisso,sentiu náuseas. Não suportaria, se isso acontecesse. Não levantou o olhar quando ouviu a porta se abrir,mas

 pôde adivinhar que Scott estava abraçando Cora. Segurou amuito custo as lágrimas e deu-se conta de que seu amor por eleera maior do que imaginava. Amargurada, repreendeu-se.

 Não devia sentir ciúme daquele homem, não podia estarapaixonada de novo! Isso seria sua ruína!

 Mas, por mais que se censurasse, que se obrigasse a pôr os

 pés no chão, meia hora mais tarde ainda não conseguira seconcentrar no que estava fazendo. O ciúme a corroía. Arrancou o papel da máquina de escrever, praguejando. Hankentrou exatamente quando ela jogava a folha amassada nalixeira e comentou:

— Não fique nervosa. Não vale a pena. Ouça, que tal almoçar comigo? O restaurante da vila tem uma comida muitoboa!

— Sinto, mas não posso. Prometi a Simon que almoçariacom ele.

— Bom garoto, o seu. Tentou ser útil, lá na sala decomputadores. Tem uma cabeça muito boa. Dave, o nosso

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técnico, ficou impressionado.— É verdade. Computadores e motocicletas são as

 paixões dele.— Os mesmos gostos de Scott, sabia? Por falar nele . . .

onde está? — Foi almoçar com Cora.— É. . . ela deve ter ouvido dizer que o melhor caminho

 para o coração de um homem é o estômago. Acho que é a primeira vez que essa menina encontra alguém que resiste aosdólares do papai todo-poderoso. Foi muito mimada, sempreteve o que quis e acha que o dinheiro compra tudo. . . e a todos.O pai é viúvo e a adora.

— Você não parece gostar muito dela, não é? — Por Deus, ela só tem dezoito anos e age como se tivesse

trinta! Se ela não parar de brincar com certas coisas, vai acabar se machucando.

— Isso o preocupa?  A pergunta fez Hank corar.— De certa forma, sim. Talvez eu seja um tolo, por pensar

assim, mas acho que ela quer Scott e não vai sossegarenquanto não o tiver.

— Bem, mas você mesmo disse que ele não pensa emcasamento. . .

— Não, mas é um homem como outro qualquer e conheceo raciocínio de Cora. Provavelmente, acha que a distânciaentre o quarto e o altar é muito curta. Não esqueça que ele

 precisa do contrato com o velho e a menina poderá usar issocomo argumento.

 Jane saiu do escritório com a cabeça doendo. Trabalharabastante durante a manhã e, assim que parara, os problemasvoltaram a preocupá-la. Agora, por exemplo, teria queenfrentar Simon e responder a um verdadeiro interrogatório.

 Pensara nas respostas que lhe daria ao entrar na cozinha. Foi recebida com um sorriso pela sra. Robinson. Qual seria aopinião da cozinheira a respeito de sua presença na casa? 

 Nenhum dos outros empregados morava lá. Será que correraalgum boato na vila? 

— O jovem Simon está lá fora com a sra. Garston. Achoque se encontram no jardim. Ela gosta muito daquele lugar, équente e aconchegante. É o dia de folga da governanta e

 parece que seu filho e a sra. Garston se deram muito. É sempreassim; o jovem e o velho se entendem. Se não for incomodo,

gostaria que os chamasse para o almoço. Hoje temos salmão,o prato favorito do pessoal da casa.

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— Salmão? Simon adora!— Bem, então o que está esperando? Vá chamá-lo! — O

sorriso animado e bondoso da sra. Robinson funcionou comoum consolo para o coração magoado de Jane. Sentindo-se

mais reconfortada com aquela demonstração de afeto esimpatia, ela tratou de ir ao jardim. Ao atravessar o pátio dos fundos, que no passado

abrigara os estábulos e agora servia de garagem, encantou-secom as reformas. A bagunça e a sujeira de outrora haviamcedido lugar à ordem e à limpeza. Um caminho bem cuidadolevava ao bosque, o velho bosque que Jane percorrera diversasvezes ao lado de Scott, em dias mais felizes. Ah, se ela pudesse

 fazer o tempo parar. . . Voltar ao passado, há exatamente onzeanos. . . Deus, como tudo seria diferente! Como tudo podia tersido diferente! Mas a dura realidade era outra e estava ali, àsua frente. Não havia outro jeito senão encará-la.

 Por isso, Jane continuou caminhando com passos firmes,até chegar ao jardim, onde encontrou Eva Garston sentadanum velho tronco de árvore, que fazia as vezes de banco, econversando, toda animada, com Simon. Quando os dois aviram, acenaram-lhe e sorriram.

— Jane, que bom revê-la! Sente-se ao meu lado e diga-mecomo tem passado. Faz tanto tempo que você nos deixou. . .

— Onze anos para ser mais exata, sra. Garston. Masvamos deixar essa conversa para depois. A sra. Robinson estános esperando com uma travessa cheia de salmão.

— Salmão? Oba, mamãe, que bom! Jane sorriu do entusiasmo do filho, mas logo depois

sentiu-se envergonhada, ao notar a maneira pensativa como Eva a observava. Sempre gostara da mãe de Scott e sempre fora solidária com seu sofrimento por viver sob o jugo do velho Jeffrey. Afinal, ele não aprovara o casamento do segundo filho

nem a carreira que seguira. Era fácil imaginar a vida difícil que Eva havia levado, embora aquele doce ar de serenidadenunca tivesse abandonado seu rosto. Ela pensava nissoquando viu Simon ajudando a avó a se levantar. No mesmoinstante, seu peito se encheu de .emoção.

— Você tem um filho muito bom e muito charmoso, Jane. Meus parabéns.

— Mãe, a sra. Garston estava me falando a respeito daoperação que fez e das articulações de plástico que foramcolocadas no corpo dela!

— Ora, não é tão impressionante assim, mas, graças a Deus, as dores se foram. — Sorriu com bondade e comentou,

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 fitando Jane: — Scott me disse que você será a novasecretária.

— Por algum tempo. O diretor da escola de Simon achaque o ambiente de um colégio pequeno lhe fará bem, e quando

 Scott me ofereceu o emprego. . . Embora Eva tivesse aceitado a explicação com facilidade, Jane notou que ela olhava com insistência para Simon,durante o almoço, como se suspeitasse de algo. Perguntoucomo havia sido a vida em Londres e educadamente evitou

 fazer alusões ao pai de Simon. Com certeza, Scott lhe contarasobre Geoff.

— A senhora deve se orgulhar de Scott. Ele se deu muitobem no que se propôs fazer.

— É verdade, mas eu gostaria de vê-lo feliz, não apenasrico. Como mãe, você deve entender.

— Sim, entendo. . . — disse Jane, pensativa, olhando paraos cabelos de Simon. Iguais aos do pai.

 A tarde transcorreu sem maiores problemas. Scott apareceu no escritório às três horas e logo encheu Jane detrabalho. Ela, no entanto, não reclamou; ficou contente por semanter bastante ocupada. A única coisa que a atormentou foi o cheiro do perfume de Cora, que impregnara a jaqueta dele.

 No jantar conheceu a governanta, que pareceu ser uma

 pessoa simpática.— Simon e Jane ficarão na mansão enquanto ela estivertrabalhando aqui. Isso simplifica as coisas — explicou Scott.

— É bom ter um rosto jovem por aqui — comentou Evagentilmente. — Gostei da nossa conversa de hoje, Simon.Talvez pudéssemos conversar novamente amanhã.

— Se quiser, tudo bem. Posso lhe ensinar um jogo queconheço. Que tal hoje à noite? 

— Gostaria muito. Quando começamos? 

Os dias que se seguiram não foram diferentes desse. E,embora tudo parecesse calmo, Jane sentia tensão no ar. Scott não fizera novas tentativas de entrar em seu quarto ou detocá-la. Andava distante. Às vezes jantava com todos, emborasaísse com freqüência com Cora Laine. Simon passava a maior

 parte do tempo com Eva. As aulas haviam começado e ele parecia estar se adaptando bem à nova escola. No entanto, devez em quando, se mostrava aborrecido.

— O que há, querido? — Jane perguntou-lhe, uma noite,depois de ajeitá-lo na cama.

— É aquela Cora Laine, mamãe. Estão dizendo lá naescola que ela vai se casar com papai.

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 Jane suspirou. Simon resolvera se referir a Scott daquelamaneira — papai —, mesmo contra a vontade dela.

 Não adiantava repreendê-lo nem usar qualquer tipo deargumento. Ele não se convencia. Respondia que Scott era

mesmo seu pai e que não pretendia tratá-lo como um simplesdesconhecido. Nesses momentos, Jane amaldiçoava o dia em que pusera

os pés em Garston novamente. Se não tivesse voltado, nadadaquilo teria acontecido. No mais, se alguém ali não tinhaculpa nenhuma do que andava ocorrendo, esse alguém era

 Simon. Por isso, Jane lhe sorriu e disse:— Querido, em primeiro lugar, não se importe com o que

dizem na escola. Namorar, sair junto, não significa casar. Além disso, Scott é um homem livre e pode fazer o que bementender. Em segundo lugar, tome cuidado para que ninguémo ouça chamá-lo de pai.

— Por quê? Você acha que ele não me aceitaria, sesoubesse? 

— Oh, meu amor, tenho certeza que sim. Mas Scott nãoacreditaria em mim, mesmo que eu jurasse.

— Ele ainda dorme com você? — Não.— Mamãe. . . não quero que ele se case com Cora. Não

gosto dela e, além disso. . .— Além disso?. . .O coração lhe doía, pela tristeza do filho. Ele amava Scott 

e não aceitava a idéia de vê-lo casado com outra mulher quenão fosse a própria mãe.

 Jane tinha as mesmas preocupações. O ciúme aatormentava. Mas o pior era aquela maldita sensação derejeição que se apossara dela depois da primeira noite. Scott não a procurara mais, o que significava que não a queria.

 Amargurada, afastou esses pensamentos e acariciourostinho de Simon.— Durma, meu bem. Amanhã vai se sentir melhor. Deu-

lhe um beijo na testa, apagou a luz e saiu. Foi até a sala deestar, onde Eva assistia televisão.

— Você parece cansada, minha filha — disse a boasenhora, ao vê-la entrar. — Meu filho está sobrecarregandovocê de trabalho? 

— Não é bem isso. Ê que estou preocupada com Simon.— Entendo. É muito difícil criar um filho sozinha. Sabe, ele

se parece muito com o pai. — Olhou para Jane, que sentia a pulsação acelerada, e completou: — Ele é filho de Scott, não é? 

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 Se parece muito com ele, quando tinha essa idade. Scott nãosabe. . . a respeito de Simon. Ele acha que... que...

 Jane não agüentou. Começou a chorar.— Oh. . . pobre menina!

 Eva a abraçou com ternura, confortando-lhe a dor e odesespero.— Sinto muito, sra. Garston. . . Perdi o controle.— Entendo. Meu filho é demoníaco, às vezes, e sei que

 jamais a perdoou pelo que aconteceu no passado. Admito queme surpreendi e fiquei preocupada, quando ele me disse quevocê viria para cá. Scott se tornou tão amargo. .. Claro quenão desconfia que sei de tudo. Os filhos sempre acham que asmães são cegas. No meu caso, ele se acostumou a achar que eudevo me manter longe de qualquer problema. Mas o sextosentido materno me ajuda a descobrir tanta coisa.. . Porexemplo: no instante em que vi Simon, soube que era meuneto.

— Scott pensa que ele é filho de Geoff. . .— É mesmo? E por quê? Conte-me, por favor.Conversar com alguém sobre aquele assunto era

reconfortante, e Eva Garston parecia disposta a ouvi-la comatenção.

— A senhora sabe que o velho Jeffrey sempre detestou

 Scott. Detestava também o pai dele, por tê-lo abandonado.Quando descobriu que o neto gostava de Garston, decidiu usara senhora contra ele.

— Eu sei, querida. E, quando Scott me contou que vocêviria para cá, achei que ele estava sendo tão cruel quanto oavô.

— Sim, mas o que eu poderia fazer? Depois desse tempotodo... No fundo, eu ainda o amo.

— E também o amava, quando decidiu, abandonar

Garston por achar que isso seria melhor para ele, estou certa? — Sim. Eu era jovem, romântica e cheia de ilusões. Nuncame ocorreu que Jeffrey havia mentido e que Scott não ia secasar com Mary. Pensei ter tomado a melhor decisão.

— Vocês dois caíram direitinho na armadilha... Minha pobre criança, Jeffrey jamais teve intenções de deixar herançaalguma para o neto. Quando Scott lhe informou que não secasaria com Mary, ele quase enlouqueceu de raiva. Só pensavaem magoá-lo.

— Assim como Scott quer me magoar.

— Exatamente. Tenho me preocupado muito com isso, principalmente depois que descobri que Simon é meu neto. Se

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 Scott soubesse...— Ele não acreditaria.— Possivelmente não. Sabe que está pensando em se casar

com Cora Laine? 

— Sim, e Simon ficou muito infeliz com isso. Eu não querialhe contar nada sobre o pai, mas, quando viemos para cá, eleouviu falar de Scott e. . . bem, acabou descobrindo tudo. Tenho

 feito o possível para não magoá-lo. Simon ainda é umacriança e acho que está muito ressentido, muito chocado com averdade. Ele adora o pai.

— Percebi.— Scott ameaçou informar a polícia sobre o acidente com

a moto, se eu tentar partir. Há ainda o conserto do carro, parao qual não tenho dinheiro.

— Eu teria o maior prazer em lhe emprestar o dinheiro,mas acho que não adiantaria.

— É, não faria diferença alguma. Cheguei à conclusão deque a única atitude a tomar é deixá-lo levar a vingançaadiante e esperar que isso limpe o coração de Scott.

— Deus! Como você o ama!— Muito. Só notei isso quando o vi novamente. Bem, mas

devo me preocupar com meu filho. A senhora promete que nãocontará nada a Scott sobre Simon? 

— Acredito não ter esse direito. Contudo, ele é o pai e, sevocê lhe explicasse. . .— 0 que ele faria? Apenas me toleraria! Não. Na hora

certa partiremos.— E Simon, concordará em partir? 

 Jane não contou a Simon que Eva havia descoberto í<verdade. No entanto, a cada dia o menino ficava mais li gadoa Scott, que, por sua vez, respondia pacientemente a todas assuas perguntas. Pelo menos era bom ver que ele não incluíra

 Simon na sua dolorosa vingança.— Scott está se apegando a seu filho, Jane. Engraçadocomo os dois se parecem, não? — comentou Hank, um dia.

— É, eles têm interesses parecidos — disse ela,desconversando. — Alguma novidade a respeito do contratocom os americanos? 

— Não, nenhuma. Parece que as negociações esbarramnos interesses pessoais de Cora. Ela vem fazendo o possível 

 para retardar as coisas, com a intenção de ganhar tempo e fisgar Scott.

 Jane suspirou, desanimada. Não tinha dúvidas de queCora Laine acabaria vitoriosa, e isso a machucava muito

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Cora, aliás, já havia feito reclamações sobre Simon. Queixara-se de que ele vivia pendurado em Scott, dissera que Jane deviaarranjar-lhe um pai para que isso não acontecesse mais edivertia-se ao contar que na vila corriam boatos sobre um

homem que abandonara Jane para se casar com outra. Preocupada, ela se perguntava o que mais andariamdizendo. E suspeitava que Cora andava muito perto dedescobrir a verdade, pois fazia tudo para manter Scott afastado da sala de Jane, indo ao escritório várias vezes pordia.

Certa tarde, depois do expediente, Jane encontrou Simonchutando pedras no pátio, as mãos nos bolsos e o rosto

 fechado.— Que tal nadar um pouco, querido? 

 Simon adorava ficar na piscina interna. No entanto,apenas deu de ombros, sem responder.

— Eu ia sair com Scott, mamãe. . . ele prometeu! Mas elaveio e o levou embora. Odeio essa Cora!

— Oh, Simon, tente entender! Ela quer ficar junto de Scott assim como você quer. Adultos gostam de ficar sós,

de vez em quando.— Estão namorando, não é? Vão se casar? — Não sei. Isso não é da nossa conta.

 Simon ficou furioso e bradou:— É da minha conta sim! Ele é meu pai! Jane não estava disposta a levar a discussão adiante e por

isso resolveu se afastar. Jantou sozinha e se enfiou na cama,exausta. Mas ouviu quando Scott voltou e percebeu que eramadrugada. Então passou o resto da noite em claro, chorandoe se perguntando o que havia realmente entre ele e Cora.

O mês passou voando e o clima ia ficando cada vez maisquente. Certa tarde, depois do expediente, Jane resolveu nadar

um pouco. Ia pegar os trajes de banho quando ouviu a voz de Simon, vindo da garagem. Havia outras vozes no que pareciaser uma discussão. Imediatamente, ela se dirigiu ao pátio eteve uma desagradável surpresa, ao ver Scott e Simon de umlado da Ferrari e Cora do outro. A garota se mostrava furiosa.

— Scott, pelo amor de Deus, livre-se dessa droga demenino! Se gosta tanto de crianças, tenha um filho! Estoucerta de que é capaz e não precisaria procurar muito paraencontrar uma mulher com quem dividir a cama!

— Ele não precisa procurar ninguém — retrucou Simon,

calmamente. — Já divide a cama com minha mãe e vai secasar com ela.

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— Simon!Chocada, Jane não conseguiu fazer mais do que chamar o

 filho, que correu para seus braços.— Ah, então é verdade! Ouvi comentários na vila, mas

 pensei que Scott fosse um homem de bom senso! Bem,queridinho, fique com ela. Mas lembre-se de quanto lhe custouesta escolha. Acabou de perder um bom contrato.

 Saiu apressada em direção à casa, antes que Scott fizessealgo.

— Droga, Jane, você já acabou comigo uma vez! Pretende fazer isso de novo?! Pois saiba que eu não deixarei!

— Não me culpe, Scott. Você podia ter negado tudo e, noentanto, não o fez. Mas não se preocupe, ainda há tempo.Vamos, corra até ela e negue!

— Você pagará por isso, pode ter certeza!— O que quer que eu faça? Que mande Simon pedir

desculpas? Ele nos viu na cama, não se esqueça.— Mas eu nunca disse que me casaria com você. E 

suponho que andou enganando seu filho a nosso respeito. Bem,vou lhe dizer uma coisa. .

— Quem vai falar sou eu! Sua preciosa Cora quer se casarcom você e se dispõe a usar o poder do pai para comprá-lo! Váatrás dela e a convença de que foi tudo um terrível engano!

Que foi uma explosão de um garoto ciumento que se apegoudemais a um homem que não dá a mínima importância aossentimentos dos outros! Vamos, corra! 0 que está esperando? 

 Nesse instante, ouviram o barulho de um carro seafastando. Era Cora, que deixava a propriedade.

— Tem idéia do prejuízo que me deu, Jane? Percebe que posso perder tudo? Eu te odeio, sabe? Odeio! — E retirou-se.

 Na manhã seguinte, Simon estava tão desanimado quenem saiu da cama.

— Não se preocupe. Ficarei com ele — assegurou Eva.— Sabe o que aconteceu? — Mais ou menos. Scott comentou que Cora saiu daqui 

como louca e que poderíamos dar adeus ao contrato com osamericanos. Disse também que Simon fez uma cena.

— Meu filho ficou com ciúme de Cora. Ciúme e raiva. Elasempre o tratou muito mal.

 Embora não quisesse admitir, Jane esperava que Simonafirmasse ser filho de Scott, durante a discussão da tardeanterior. Não era justo que a culpa da perda do contrato

recaísse sobre eles. Scott poderia ter ido atrás de Cora e ter-lhecontado uma história qualquer. Era o que a moça queria, e ele

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sabia disso. No entanto, tudo o que fizera fora ficar e acusar Jane. Por quê? Será que a vingança valia mais que umcontrato milionário e uma bela mulher? 

CAPÍTULO VI 

— Que confusão a de ontem à noite, hein? — brincou Hank, entrando na sala de Jane.

— Já ficou sabendo do que aconteceu? As notíciasvoam, aqui...

— Pois é. Cora entrou no bar da cidade feito um furacão econtou tudo. Estava furiosa.

 Jane suspirou, descobriu a máquina de escrever e olhouatentamente para Hank.

— Você parece ter ficado contente com a briga. . . Oumuito me engano ou seu interesse por Cora não é apenascomercial, mas afetivo.

— Está insinuando que, com Scott fora do caminho, ascoisas ficarão mais fáceis para mim? Pode ser. Cora voltará

 para casa em dois dias e me ofereci para acompanhá-la.Consegui convencê-la de que é frágil e precisa de alguém para

ajudá-la. Tenho férias vencidas e posso deixar o escritório poruns tempos, porque o serviço está adiantado. Bem, mas émelhor eu ir esvaziar minha escrivaninha, se quiser partirdepressa. Até logo.

 Jane sorriu para o animado Hank e voltou ao trabalho. Mal tinha começado a datilografar alguns pedidos quando otelefone tocou.

— Computex, bom dia;— Jane, minha cara, como vai? 

 Era a voz de sir Nigel, e ela ficou surpresa. Por que estariatelefonando? — Que prazer ouvi-lo! A que devo a honra? — Acho que tenho um pequeno negócio para o seu novo

 patrão, minha cara. O sheikh Raschid veio do Qatar edemonstrou interesse em equipar a polícia de seu país comcomputadores modernos. Seria o primeiro de uma série de

 pedidos. Ele me solicitou que indicasse um fornecedor e pensei imediatamente em Scott Garston, que tem boa reputação e

 possui um projeto revolucionário, não é? Ele está? 

— No momento não.— Sei, sei. . . Bem, Raschid só ficará uma semana em

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 Londres, o que não nos dá muito tempo. Diga a Scott que metelefone, quando voltar. Pensei em marcar um encontro e levar

 Raschid até aí. Aliás, ele mandou lembranças para você.O charmoso árabe fora muito galante, na última vez que

se encontraram, e ela achara interessante.a maneira comohaviam flertado.— Darei o recado assim que Scott chegar, sir.— Então adeus. Até a vista.O resto do dia transcorreu normalmente e, quando Jane

 parou de trabalhar, no fim da tarde, ainda não havia sinal de Scott. Aliviada, ela caminhou até o jardim e ficou admirandoas velhas árvores, cujas folhas uma leve brisa agitava. Sentia-se covarde por não ter procurado Simon e mais uma vez 

 pensou que, pelo bem do filho, devia partir o mais depressa possível. Teria que dizer isso a Scott e aquele talvez fosse omomento propício, pois, após a cena1 da noite anterior, elehaveria de compreender que mantê-los ali podia ser atéarriscado.

 A atitude de Simon fora natural, levando em consideraçãoas circunstâncias. O menino não queria ver o pai casado comoutra, principalmente com Cora, que não escondia o fato denão gostar nem dele nem de sua amizade com Scott. Elasentia-se ameaçada, e Simon percebera isso, a ponto de usar

uma arma fatal contra a moça: confirmar suas suspeitas,mesmo passando dos limites, ao afirmar que Scott e Jane iamse casar. Mas isso também era compreensível. Na suacabecinha inocente e em seu coração puro, não havia razão

 para que seus pais vivessem separados. Ah, se ele soubessecomo os motivos dos adultos podiam ser diferentes. . .

 Eva saíra para jantar as amigas. Era uma pessoa muitobenquista na vizinhança, ao contrário do que acontecera como velho Jeffrey, que nunca fora muito popular na região. Jane

suspeitava de que devia haver alguma verdade nos rumoresque diziam ter ele sofrido o ataque cardíaco fatal emconseqüência do sucesso do neto. Teria imaginado que Scott compraria Garston? Talvez. De qualquer forma, manter a

 propriedade funcionando exigia j muito esforço e gastosimensos, e por isso Scott estava \ tão ansioso para vender onovo computador. Jane se culpava por haver sido, mesmoindiretamente, a responsável pela perda do contrato. Cora nacerta convenceria o pai a não fazer negócio com a Computex.

 Jane pensava nisso quando viu o carro de Scott 

estacionado no lado de fora da mansão. Perguntou-se se elehaveria encontrado Cora, na tentativa de fazê-la mudar de

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idéia. Contudo, a única coisa que a faria voltar atrás seriauma aliança de casamento, e Scott não estava preparado paraoferecer-lhe isso.

 Subiu a escada e encontrou Simon deitado. Resolveu

conversar com ele.— Concorda que foi muito rude, ontem à noite, e errou aodizer tudo aquilo, filho? 

— Mas é verdade! Ele estava em sua cama, e eu vi!Segurando-lhe as mãos, Jane continuou:

— Mas não é verdade que vamos nos casar. Você sabe.— Bem, eu não quero que ele se case com Cora. O que

acontecerá agora, mamãe? — Primeiro você vai pedir desculpas a Sco. . . ao sr.

Garston. Cora partirá amanhã, portanto não haverá tempo para se desculpar com ela.

 Havia situações nas quais a falta de um pai tornava tudomuito difícil, e essa era uma delas. Embora Janecompreendesse as razões de Simon, devia fazê-lo entender queagira de modo errado.

— Scott. . . quer dizer. . . o sr. Garston nos mandaráembora? 

— Não sei, filho. Vamos esperar. De qualquer forma,umdia partiremos.

— Quero que lhe conte a meu respeito. Esse era o ponto-chave da questão, e Jane não sabia o que fazer. Em outras circunstâncias pediria conselhos a Eva, masnesse caso sabia que ela recomendaria que a verdade fossedita.

— Simon, sei como se sente, acredite-me, mas não posso fazer isso. Não agora.

— Por quê? Ele é meu pai e quero ficar. Não tenho culpa sevocê mentiu para ele.

 Não havia jeito de contra-argumentar. Como explicar acomplexidade do mundo dos adultos a uma criança? O queaconteceria, se ele resolvesse procurar Scott e contar-lhe tudo? 

 Provavelmente seria rejeitado e ficaria arrasado.— Simon, não posso dizer nada enquanto estivermos aqui,

 pois não seria justo para ninguém. Tente entender. Faz poucotempo que você descobriu a identidade de seu pai e ele nãosabe sequer que tem um filho. Acho bom que sinta carinho pelosr. Garston e queira ficar aqui, mas isso só irá lhe fazer mal.

 Portanto, quando voltarmos para casa, escreverei uma carta

explicando tudo. Agora me prometa que não dirá nenhuma palavra sobre esse assunto para ninguém.

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 Aquilo era chantagem emocional, mas não havia outrasaída.

— Certo, mamãe, mas você tem de prometer que vai escrever.

— Prometo. Que tal jantarmos agora? — Não estou com fome. Jane compreendeu que Simon a estava punindo com

aquela atitude, mas era apenas uma criança inocente eassustada. Por isso, antes de sair do quarto, beijou-lhe a testae observou-lhe o corpinho. Ele se parecia muito com o pai.

 Sorriu, acenou-lhe e ganhou o corredor. Ouviu barulhonos aposentos de Scott e se lembrou do recado de sir Nigel.

 Resolveu falar com ele e bateu à porta.Ouviu Scott dizer que a porta estava aberta e entrou, mas

não ninguém no quarto. Então escutou a voz dele, que vinhado banheiro:

— O que deseja, sra. Robinson? — Não é a sra. Robinson, Scott. Sou eu. Ele se dirigiu a

 Jane, surpreso:— Ora, mas que surpresa agradável! Que aconteceu? 

Cansou-se de sua cama solitária? Ou o jovem Simon conseguiuconvencê-la de que deve se casar comigo? Se é isso, acho queestá onze anos atrasada. Sinto muito.

— Vim apenas dar um recado de sir Nigel. Ele pediu quevocê lhe telefonasse.— E por quê? Não vá me dizer que a quer de volta... Jane

assustou-se, ao vê-lo aproximar-se, com um brilho estranho noolhar. Deu um passo atrás, nervosa, sentindo um agradável aroma de sabonete. Será que Scott não percebia o domínio queexercia sobre ela? Seu coração batia mais forte e o desejo,

 pouco a pouco, começou a dominá-la. Tentando se recompor,disfarçar, ela comentou:

— Sir Nigel tem um cliente interessado em seu novocomputador e quer conversar a respeito...— É mesmo? E acaso você tem algo a ver com isso? Quer

recompensar a perda do contrato americano? — Claro que não! Acha que tenho esse poder? Ora,

 francamente! A idéia é de sir Nigel, que apenas pensou em fazer uma gentileza para outro empresário. Ele não éinteresseiro como você.

 Scott segurou-lhe o braço e ficou tão perto que ela pôdesentir o calor que emanava de sua pele. Jane tentou dar um

 passo atrás e manter-se a uma distância segura, mas foi impedida.

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— Sabe, mocinha, acho que sir Nigel não conhece averdadeira Jane e não sabe que ela se vende pela propostamais alta.

— Você se esqueceu de que estava disposto a se vender

 para garantir o contrato com os americanos? Quanto a mim,não tive escolha. Você me obrigou a ficar, o que é bemdiferente. Agora, se me disser que seu amor por Cora éverdadeiro, então retiro o que disse.

— Amor? Esta é uma emoção que você não é capaz deentender. Uma vez me falou que o amor é para os tolos e os

 fracos, lembra-se? Diga-me francamente, já amou alguém? Jáconseguiu dar algo mais do que o próprio corpo? 

 Jane soltou-se, indignada. Já não agüentava mais ocomportamento neurótico de Scott. Encarou-o com firmeza erespondeu:

— Como ousa falar-me tal absurdo? Claro que amei! Amo Simon e. ..

— Ama o pai dele, não é? No entanto, foi abandonada comuma criança para criar, não foi? Geoff não a amou osuficiente...

— Sim, eu amei o pai de Simon e, se quer a verdade, aindao amo!

 Parou de falar abruptamente, pois percebeu que as

afirmações que fizera a levariam para um terreno perigoso. Mas era muito tarde para reparar o que dissera e mais ainda para continuar fingindo. A raiva de Scott provocara-lhe umaexplosão que rompera as fronteiras da razão.

— Você ainda o quer, não? Azar seu, pois vai ter que ficarcomigo.

 E se aproximou de novo, abraçando-a e acariciando-lheos cabelos, o pescoço, os ombros. Jane sentiu a excitaçãoaumentar e pediu, num sussurro:

— Scott, não faça isso.. . por favor...— Quietinha, moça... a não ser que queira me ver mais zangado. E colou os lábios nos dela, num beijo selvagem masque tinha um quê de ternura. Ou seria impressão? Não, nãoera. Jane podia sentir que, apesar da dor e do ressentimento,

 Scott, talvez sem perceber, imprimia àquele beijo umasuavidade inesperada.

 Assustada com isso, ela tentou não corresponder e permaneceu com o corpo tenso, rígido. Ele notou que nadaconseguiria e começou a massagear-lhe a nuca e as costas,

 provocando-lhe arrepios. Um calor que aquecia a pele eminava as resistências foi aos poucos substituindo a tensão de

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 Jane.— Eu te quero e você também me quer, mesmo que finja

que não. As palavras a atingiram no coração, lembrando-a de

coisas que ela queria a todo custo esquecer. Foi impossível evitar que doces recordações a envolvessem num manto decarinho, de amor. Quantas coisas bonitas os dois haviamvivido juntos, compartilhado. .. Quantos momentos de loucura,de entrega total, de sonho e de magia. . .

 Não, não se esquece a felicidade. E Jane percebeu que issoa tornava perigosamente vulnerável. No fundo, guardava aesperança de poder reviver todos aqueles momentosencantados. . . os melhores de sua vida solitária.

 E foi em nome dessas lembranças que ela fechou os olhos ese deixou envolver pela paixão. Era impossível resistir aoamor que sentia por Scott e que ficara sufocado em seucoração por longos, intermináveis anos.

— Jane... A voz era sensual, rouca; os lábios quentes percorriam os

ombros macios, o pescoço, o colo, o vale entre os seios. Osdedos hábeis desciam aos quadris, procuravam as coxas

 firmes, a carne quente.. . Jane gemeu e deixou-se acariciar com loucura. Apoiou o

corpo contra a parede e, de olhos fechados, experimentou assensações mágicas que os dedos e a boca de Scott provocavamem seu corpo sedento. 0 clímax se aproximava e ela se coloumais às mãos fortes, ao braço musculoso que a enlouquecia,esfregando-se nele, até que um grito abafado lhe escapou doslábios.

 Abriu os olhos lentamente e viu que Scott estava maisexcitado que nunca. Preparava-se para satisfazê-lo quandoalguém bateu à porta:

— Trouxe seu chá, sr. Garston. Jane se recompôs rapidamente e atravessou a porta quedava para o seu quarto, trancando-a em seguida. Deitada,tentou controlar-se e esquecer o que acabava de acontecer.

 Desejara-o e teria feito amor, se a sra. Robinson não os tivesseinterrompido.

Cobriu o rosto com as mãos, querendo parar de tremer.Como as coisas haviam tomado aquele rumo? Scott era comouma droga pesada, contra a qual não podia lutar. Bastaraestarem no mesmo quarto para que o desejo explodisse; e,

quando ele a tocara, Jane ficara com o corpo em chamas. Oque aconteceria, se Scott descobrisse que ainda era amado? 

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 Por ela e por Simon?  Resolveu tomar um banho frio para acalmar a paixão que

ainda ardia dentro dela, mas tudo o que conseguiu foi ficarainda mais excitada. Impossível tirar do corpo o calor de

 Scott. Só ele a satisfazia, ninguém mais. E o que era aquilosenão um louco, insano amor? 

CAPÍTULO VII 

 No sábado, Jane acordou cedo. Prometera levar Simonaté a cidade e aproveitaria o passeio para fazer algumascompras, inclusive roupas para enfrentar o forte calordaquela época do ano. Tentou se lembrar das cores prediletasde Scott e pensou em comprar saias e blusas provo cantesnesses tons, mas depois mudou de idéia. Chegou mesmo a secensurar por isso. 0 que pretendia, afinal? Conquistar umhomem que jamais a perdoaria? Ou, pior que isso, um homemque nem sequer a queria? 

Tomou um banho bem demorado para acalmar o desejoque lhe ardia no corpo. Sua pele ainda guardava c toque dasmãos, dos lábios de Scott. No entanto, ele jamais poderia saber

que Jane ainda o amava, porque, a sim, sua vingança seriabem mais cruel. E ela já não agüentava mais tanta humilhação. Se

 pudesse, fugiria dali para sempre. Mas não podia. Tinha que ficar e se submeter aos caprichos do homem que ela mesmatransformara num monstro.

 Jane refletiu sobre o quanto Scott devia ter sofrido t comocentralizara todas as suas energias nos 'negócios Não era

 para menos que se tornara um empresário bem sucedido.

 Naqueles anos todos, não pensara em outra coisa a não ser notrabalho. Não se casara, não se apaixonara, não conhecera oardor do desejo. Tampouco conhecera a felicidade.

 Scott era um homem amargurado. E Jane agora sabiaque também era responsável por isso. Há onze anos tomarauma decisão que, segundo julgara, só iria lhe fazer bem, e, noentanto, apenas lhe causara muita dor, muito ressentimento.

 Ela suspirou, desanimada. Nesse instante, a porta seabriu e Simon entrou, afobado.

— Mamãe, os ônibus só saem de duas em duas horas. Se

não se apressar, perderemos o próximo.Tomaram o café da manhã a sós, pois Eva ainda estava

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deitada. Jane achou bom, pois não vinha gostando daquele arde família que se formava a cada refeição. Sabia que, quando

 fosse embora, Simon sentiria falta daquele ambiente que, no fundo, não passava de um joguinho de faz-de-conta.

O ônibus saiu com dez minutos de atraso. Na estrada paraYork passaram por muitos lugarejos interessantes, mas Simon parecia cada vez mais aborrecido.

— Se estivéssemos na Ferrari de Scott, já teríamoschegado há horas!

— Não deve chamá-lo assim, filho.— Como quer que eu o chame então, de papai? — Não, de sr. Garston.— E por que essa formalidade toda? Ele é meu amigo e

gosta de mim. . . Será que Simon sabia como a fizera sentir-se culpada? 

 Jane tentou se concentrar na paisagem. Se ao menos pudessem fugir de Garston. . . Aí sim, saberia como lidar como problema. Scott tinha que deixá-la partir. Conversaria comele.

 No momento, até agora, todas as tentativas de tocar noassunto haviam fracassado. Uma vez, ela o seguira até a

 piscina, na esperança de ter uma conversa particular. Mas,quando Scott se aproximara, sensações indescritíveis a

dominaram, e de forma tão intensa que não a deixaram nem falar. Perdida em pensamentos, Jane nem notou que a

velocidade do ônibus diminuía pouco a pouco e que o veículo parava junto a uma plataforma de estação rodoviária.

— Mãe, chegamos! Venha! A voz de Simon soou tão animada que ela sorriu, bem-

humorada.— Estou indo, meu bem, estou indo.

 Passaram a manhã visitando a cidade. E a únicamudança que Jane viu nela foram lojas e butiques novas.— Compras! — reclamava Simon. — Temos mesmo que

 fazê-las? Posso ir até o mosteiro e esperá-la?  Jane ficou com pena do filho. Afinal, não tinham muito

tempo, pois voltariam no ônibus das três. Como Simon fossebastante esperto para não se perder, ela resolveu deixá-lo

 fazer seu próprio programa enquanto se entregava àscompras.

 Esteve em três lojas, antes de encontrar o que procurava:

uma saia branca que lhe ressaltasse a cintura e os quadris.Comprou uma blusa bordada para usar com a saia e

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experimentou um vestido de algodão que á vendedora lhemostrara. Azul-pastel e lilás mesclados num moderno desenho.Um estilo simples mas sedutor.

— É muito decotado. . . Acho que não vou ter coragem de

usar.— Oh, não é tanto assim — contestou a vendedora. —Olhe-se no espelho e veja como caiu bem.

 Jane a seguiu distraída. E levou um susto quando viu Scott entrar na butique, acompanhado por Simon.

— Achei que a encontraríamos aqui. Ele a analisou de forma tão maliciosa que ela não o

encarou.— Obrigada, mas não ficarei com este vestido — disse

 Jane à vendedora, louca para sair logo dali e saber o que Scott  fazia junto com Simon.

— Oh, mas. . .— Acho que você deve comprá-lo.

 Jane se virou, surpresa. Desde quando Scott davaopiniões sobre seu jeito de se vestir? 

— Gosto dele, mamãe. Deixa você tão linda. . . A vozinha de Simon tinha um tom sincero, e Jane

compreendeu que não podia desapontá-lo. Aliás, também nãoqueria desapontar o homem que amava. Quando Scott olhara

 para o decote, ela sentira-se com dezessete anos novamente,loucamente apaixonada por alguém que a amava e a queria. Emocionada, acabou comprando o vestido.

 Ao saírem da loja, Scott contou que tinha negócios aresolver em York e que vira Simon sem querer.

— Ele me disse que você estava fazendo compras eimaginei encontrá-la numa dessas lojas. Esta é a parte maissofisticada da cidade e tem roupas muito bonitas.

 Ela tentou ignorar Scott e dirigiu-se a Simon:

— Suponha que eu tivesse ido à sua procura e não oencontrasse, querido. Já imaginou o que aconteceria? — Você deve culpar a mim — interveio Scott. — Se eu

soubesse que viriam a York, teria oferecido uma carona. Deus, como ele soava educado, civilizado! Uma pantera

tentando convencer a vítima de que não é mais perigosa doque um gato doméstico. . .

— Simon me disse que vocês ainda não almoçaram. — Sem esperar resposta, colocou as mãos nos ombros dela e osgirou para o outro lado da rua. — Por que não me

acompanham? Poderíamos almoçar juntos.— Obrigada, mas não queremos.

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— Mas, mãe. . . eu quero! Pronto, lá vinha Simon com mais uma das suas.— Ora, Jane, não seja uma estraga-prazeres. Simon disse

que visitou o mosteiro de ponta a ponta. Deve estar faminto.

 Não era justo que Scott usasse o garoto daquela maneira. Mas também não seria justo privar Simon da companhia do pai. E, bem no fundo, Jane também morria de vontade deestar com ele. Assim, pouco depois entravam num restauranteaconchegante e luxuoso.

— Ah, sr. Garston, que prazer revê-lo! — cumprimentou omaitre. — Acompanhe-me, por favor. Quer a mesa de sempre,suponho.

Tantas gentilezas faziam supor que Scott fosse freqüentador assíduo do lugar. E, por isso, sem saber bem porque, Jane ficou sem graça. Para disfarçar a timidez começou aolhar à sua volta e reparou no ambiente elegante, com paredesespelhadas e móveis em cana-da-índia. E plantas, muitas

 plantas. E flores. Havia também algumas mesas reservadas. Foram

levados para uma dessas mesas.Quem mais Scott teria levado ali? Cora? Ao lembrar-se da

americana, Jane sentiu uma angústia muito forte. Foi umsentimento tão profundo que ela empalideceu e suas pernas

 ficaram trêmulas.— Algum problema?  A voz de Scott soou tão gentil que Jane se surpreendeu.

 Aliás, nos últimos dias ele vinha agindo dessa maneira. Simpático, atencioso demais. Como se estivesse se preparando para agarrar a presa.

— É apenas o calor. Já estou melhor. Mentira. Não estava melhor coisa nenhuma. Seu coração

chegava a doer, de tão sufocado, e a respiração saía ofegante,

difícil. Nas mãos, um suor frio mostrou-lhe que não devia sedeixar afetar tanto assim por aquela situação ou acabariadoente. Ou louca.

 Jane nem sequer prestou atenção ao prato que pediu;disse o primeiro nome que leu no cardápio. E se forçou acomer apenas para afastar o mal-estar e a vertigem.

 Simon parecia não perceber seu desespero e conversavaalegremente com Scott. Estava ansioso pela atenção do pai equeria aproveitar a ocasião. Como reagiria quando tudoestivesse terminado e voltassem para Londres? 

Contra a vontade, Jane acabou tendo que aceitar umacarona até Garston, devido à insistência de Simon. Pior: foi 

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obrigada a ocupar o banco da frente. Nervosa, não conseguiuajustar o cinto de segurança, e Scott, que estava observando,curvou-se sobre ela e terminou de prendê-lo.

 Assim que Jane olhou aquela cabeleira negra,

 praticamente em seu colo, uma onda de desejo se apoderoudela. Sentiu vontade de tocá-lo, dizer-lhe o quanto o amava. . . Só que não podia fazer isso. Então se limitou a ouvir

 Simon, que falava sobre computadores, com grande familiaridade. Igualzinho ao pai. E bem diferente da mãe, quese interessa mais por artes em geral e literatura em particular.

 Assim, embalada pela voz do filho, pelo calor e pelorelaxamento da tensão por que passara momentos atrás, Janeacabou adormecendo. Só despertou quando Simon, sorrindo, achamou:

— Ei, mamãe, acorde! Ela abriu os olhos e viu que haviam chegado a Garston.

 Por quanto tempo dormira? Morreu de vergonha quando percebeu que apoiara a cabeça no ombro de Scott. Havia seencostado nele enquanto dormia.

— Desculpe-me. Tomei vinho demais no almoço. Scott, que até então observava um luxuoso carro estava

estacionado no pátio, virou-se para ela e, ignorando suas palavras, comentou:

— Parece que temos visitas. Um velho amigo seu, aliás. É melhor cumprimentá-lo.Quando Jane ia responder que não tinha idéia de quem

 poderia ser, percebeu o ar irônico de Scott, que já colocara obraço sobre seu ombro e apertava-o com certa força.

— Por aqui. Simon, ao seu lado, assistia à cena, perplexo. A porta da

sala foi aberta e Jane viu três pessoas ali dentro: Eva e maisum casal. O coração de Jane quase parou, quando ela

reconheceu Geoff Rivers.— Uma surpresa e tanto, não? — perguntou Scott,sarcástico.

 Eva tratou de quebrar o gelo:— Aqui está ela, Geoff. Acredita em mim agora? — Jan, minha querida!Geoff era a única pessoa, além de sir Nigel, que a

chamava daquele jeito. Adotara o apelido durante as poucassemanas em que haviam trabalhado juntos.

— Mary, esta é Jane — continuou Geoff, dirigindo-se à

esposa. — Trabalhou para mim durante algumas semanas. Acho que foi há mais de dez anos. ..

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 Scott inclinara a cabeça para ela, murmurando baixinho:— Veja como ele nem se lembra direito do que houve entre

vocês! Não é capaz nem de dizer quando foi. Quanto a mim,me recordo de tudo, Jane.

 Ela conhecera Mary Tatlow, esposa de Geoff, apenas por fotografias. A moça sempre aparecia no jornal da cidade.Como seria, se Mary estivesse sendo apresentada como esposade Scott? A mãe dos filhos dele? Jane empalideceu, só ao

 pensar nisso.— Prazer em vê-la — dizia Mary. — Oh, este deve ser

 Simon, não é? — Eva nos contou a respeito dele — acrescentou Geoff,

reparando na cor dos cabelos do menino.— Devo dizer que ele é muito frio — Scott sussurrou junto

ao ouvido de Jane. — Não deixou transparecer nada quando foi apresentado ao filho. Duvido que conte algo a Mary sobre Simon. Não tenciona assumi-lo.

— Vendo que me desaprova tanto, estou surpresa ao notarque perdoa meu filho.

— Ah, mas Simon não é responsável pelos erros da mãe. Além disso, gosto dele. Não se sente culpada por não sercasada? Certamente houve pretendentes. . .

— Sim, houve, mas nenhum estava à altura do pai de

 Simon. Foi a vez de Scott empalidecer, dando um sorriso amarelo. Por pouco não perdeu a compostura e armou uma feiadiscussão com Jane.

— Estou surpreso pelo fato de minha mãe convidar Geoff  para vir aqui quando sabe que.. .

— Que ele é o pai de meu filho? Mas qual é o problema?  Está com ciúme porque a criança não é sua? 

 Por um segundo, o tempo pareceu parar. Jane e Scott se

olharam nos olhos de uma forma estranha, diferente.— Ciúme? Ora, não diga tolices! Sabe... uma vez pensei emtê-la como esposa, e isso mostra como a amei. Mas amei alguém que não existia. Amei uma farsante, uma mentirosa.

 Não, eu não gostaria que você fosse mãe do meu filho. Agradeço a Deus por tê-la tirado do meu caminho a tempo.

 Dizendo isso, deu-lhe as costas e deixou-a. Jane não sabiao que fazer. Conhecia a dor e a humilhação, mas aquilo erademais!

Queria subir e trancar-se no quarto, mas não conseguia

se mover. As vozes dos outros soavam distantes, como se tudo fizesse parte de um pesadelo, não da realidade.

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— Mamãe... você está bem?  Ela esqueceu as preocupações por um segundo e encarou

o filho. Pelo bem dele, tinha que se recompor.— Estou bem, querido, fique sossegado.

 Eva dirigira-lhe a palavra, oferecendo uma xícara de chá. Jane aceitou na hora. Estava tremendo muito e o líquidoquente lhe faria bem.

— Bem, Jan, foi muito bom vê-la de novo. Faça-nos umavisita. O convite vale para você também, Simon. Logo Jamesestará de volta e vocês dois vão se dar bem. Quantos anos tem? 

— Dez.— Bem, James está com nove. É apenas um ano mais

novo. Ela nunca contara nada a Geoff a respeito de Scott e de

 Simon, porém notou como o olhar dele ia de um a outro.— Bem, se algum dia se cansar daqui, saiba que sempre

encontrará um lugar na nossa família. Até a próxima. Scott apertou o pulso de Jane e sussurrou ao seu ouvido:— E nós sabemos qual será o preço, não é? Ou você pensa

que Geoff fez o convite a troco de nada? — Isso não pode continuar assim, Scott. Deve deixar-nos

 partir. Simon. . .— Simon o quê? Tem medo de que ele descubra que tipo de

 pessoa é a mãe? — Ele está se apegando a você — respondeu ela, calando-se quando Eva e o menino se aproximaram. — Conversaremosdepois.

— Tem certeza de que quer conversar? Ou Geoff a deixoucom vontade de algo que só um homem pode dar?...

 Jane achou melhor não responder. Tudo o que dissesse só faria piorar as coisas.

 Na segunda-feira, ela retornou ao trabalho preocupada

em convencer Scott a deixá-la partir. Ouvira-o ao telefone comsir Nigel, quando entrara com a correspondência.— Oh, sim, estou certo de que está ansiosa por vê-lo. Até

logo. — Desligou e olhou para Jane. — Era seu antigo patrão. Ele e o sheikh Raschid chegarão na quarta-feira.

O telefone tocou de novo e Jane se retirou sem um; palavra. Teria que adiar de novo a conversa. Ao entrar em suasala, encontrou Hank, que parecia desanimado;

— Pelo seu jeito, já vi que não conseguiu dobrar Cora...— Tem razão, Jane. Ela ainda está zangada, mas acho

que chego lá. Jane, então, contou-lhe sobre a visita do sheikh e ele

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assoviou, impressionado.— Ótimo! Ele pode oferecer um contrato bem melhor do

que o do pai de Cora. Teremos que fazer figa... Mas o que hácom você hoje? Parece cansada...

 Antes que ela pudesse responder, Scott abriu a porta echamou:— Hank, quero que venha até aqui. Sempre matando o

tempo com minha secretária, hein? Traga-nos café, Jane.O mau humor de Scott era tão evidente que Hank se

surpreendeu.— O que há de errado com ele hoje? — Quem é que pode saber? — respondeu Jane. E foi buscar

o café. Depois do almoço, Jane os encontrou novamente. Hank

aparentava cansaço e Scott estava carrancudo.— Deus do céu, o chefe está terrível! O que será que

aconteceu? Nunca o vi assim! Jane balançou a cabeça, dando a entender que não sabia

de nada. E, como precisasse de algumas coisas que estavam nasala de computadores, pediu a Hank que atendesse ostelefonemas enquanto ia buscá-las.

— Scott me disse que pretende nadar, hoje. Acho que querdescarregar o mau humor. Você não saberia dizer o que

houve, saberia?  Seu olhar era amistoso, e Jane sentiu vontade de chorar.Tentou evitar, mas era tarde.

— Oh, Jane. .. Vamos, chore. Desabafe. — Dizendo isso,deu-lhe um abraço fraternal. — Quer contar-me o que houve? 

— Não — respondeu ela, sentindo-se tola.— Suponho que não seja nada relacionado com a

semelhança entre Simon e uma certa pessoa... Jane ia responder quando ouviu a porta se abrir. Era

 Scott.— Perdão se atrapalhei algo, mas acontece que este é meuescritório e não quero este tipo de cena aqui.

 Ninguém respondeu à provocação.— Voltei para pedir-lhe que verifique com a sra. Robinson

se os aposentos de sir Nigel e do sheikh estão preparados. E, Hank, eu apreciaria se restringisse suas atividades pessoais aoseu tempo livre. — Dizendo isso, saiu em direção ao jardim.

— A culpa é minha, Hank. Eu não devia ter-medescontrolado.

— Bem, se essa foi uma amostra do que tem passado, meadmiro de que não tenha se descontrolado antes. Quer

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desabafar?  Agradecendo, ela respondeu que não. Aquilo não poderia continuar. Tinha que convencer Scott 

de que seria melhor para todos se ela fosse embora. Antes que

mudasse de idéia, foi atrás dele. Encontrou-o na piscina. Scott nadava bem. O estilo borboleta lhe ressaltava osmúsculos firmes das costas. O coração de Jane disparou.Tentando manter o controle, ela o esperou na borda da

 piscina. Por um instante, pensou que seria ignorada, mas não foi.

— O que houve? Hank não a quer mais? — Scott, quero conversar sobre Simon. Ele está se

apegando muito a você, que não faz nada para evitar isso. Sei que quer me magoar, mas, por favor, poupe meu filho.

— Foi por isso que veio conversar comigo?  Saiu da piscina e segurou-a. Jane quase perdeu a

respiração, ao vê-lo totalmente nu.— Scott!Conseguiu desvencilhar-se dele e correu em direção à

 porta da casa. Estava em pânico. Deus, como ele podia sercruel e tratá-la daquela forma.

Tudo o que Scott desejava era saciar sua sede devingança. Ela, ao contrário, só tinha uma coisa a oferecer: seu

imenso, louco amor. E isso ele não queria.

CAPÍTULO VIII 

— A que horas sir Nigel disse que chegaria? — perguntou Scott, consultando o relógio.

 Jane, que sabia da importância daquela visita para futuro

da companhia, tratou de acalmá-lo:— Quatro horas. Falta mais de uma hora. Você gostará desir Nigel. É um homem muito simpático, muito generoso .. .

— Você fala como se sentisse algo especial por ele. Estoucerto? 

 Jane não lhe deu atenção, mas não pôde deixar de notarum tom estranho, diferente, em sua voz. Ciúme? Não, não era

 possível. Mas poderia jurar que Scott não dissera aquilo comindiferença, porém com ressentimento. As palavras estavamcarregadas com outro tipo de emoção, algo muito forte e

sincero que ele não fora capaz de esconder.— Sabe, Jane, não acredito que sir Nigel venha me

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 procurar assim, sem mais nem menos. Ainda acho que ele querajudar a consertar o que você estragou: o contrato com osamericanos.

— E por que ele faria isso? 

— Imagino que sinta alguma coisa por você... Talvez queira recompensá-la por, digamos, "serviços prestados". . . Jane resolveu ignorar a provocação. Seria difícil 

convencer Scott de que sir Nigel era um cavalheiro e só queriaajudar outro empresário.

 Seu antigo patrão era uma das pessoas mais simpáticasque conhecera. Simpático demais para ser presidente de umimpério multimilionário,

— Ele leu a respeito de seu novo computador muito antesde eu vir para cá. E se interessou pelo assunto.

 Não houve resposta.— Scott, quando vai me deixar partir? — Logo que puder. Como secretária você me custa muito

 pouco e, se eu não conseguir esse contrato...— Mas se conseguir, deixará? — Por que está tão ansiosa? O que quer mais? Está até

mesmo perto de Geoff...— Você sabe por que quero ir. Já lhe disse. Estou

 preocupada com Simon, que está se apegando demais a você.

— Isso acontece porque ele precisa de um pai. Quanto amim, gosto dele e pretendo ajudá-lo. — Olhou-a, pensativo, e perguntou: — Quem lhe contou a verdade sobre o pai? 

— Bem, coloquei o nome na certidão de nascimento e ele aencontrou. Simon sabe... ou melhor, entende. ..

— ... que a mãe dele foi apenas um passatempo para seu pai? É isso que ele sabe e entende? 

 Jane ficou furiosa, ao ouvir afirmações tão irônicas.— Simon sabe que amei o pai dele!

— Ah, é? E o menino também o ama, mesmo sabendo que foi abandonado?  Lágrimas, culpa, medo, ressentimento e desejo invadiram

 Jane, quando ela percebeu como Scott estava indignado porcausa de Simon. Isso provava que ele o amava, mesmoignorando que era o pai. Será que, se soubesse, continuarianutrindo esse sentimento? E será que acreditaria nisso? 

 Suspirando, Jane explicou:— Até pouco tempo, eu não sabia que Simon havia

descoberto a identidade do pai. Naturalmente, ele quis saber a

verdade e respondi a todas as perguntas com honestidade. Não permitiria que meu filho acreditasse que tinha sido

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concebido sem amor. Ele entende que, se as circunstânciastivessem sido diferentes, seu pai não o deixaria. Além disso,acho que ele o ama.

— É mesmo? Pois não me pareceu assim. Simon

 praticamente nem olhou para Geoff, quando ele esteve aqui. Na realidade, quem o visse pensaria que o menino gosta maisde mim do que do pai. É por isso que está tão ansiosa por tirá-lo daqui? Isso não lhe prova nada? Você o privou de amor,

 Jane. E ele poderia ter sido nosso filho...— E se fosse? — Se tivesse sido, você teria o conforto de saber que ele

cresceria num ambiente familiar sadio. Com amor esegurança. Já passei por isso, lembra-se? Perdi meu pai aosquinze anos e foi terrível.

O som do telefone interrompeu a conversa, o que só fez aumentar a ansiedade de Jane. Estivera perto, muito perto derevelar a verdade. Deus, como a vida se tornara complicada!

 E como seria bom se a identidade do pai de Simon continuasseguardada a sete chaves em seu coração! Notara o modo como

 Eva olhava o menino.Quanto tempo levaria para Scott descobrir? 

 Preocupada, tentou concentrar-se de novo no trabalho. Eram pouco mais de quatro horas quando sir Nigel 

chegou em seu Rolls-Royce prateado. Desceu, bem vestidocomo sempre, e deu um sorriso largo ao ver Jane.— Que bom vê-la de novo! Ah, e deixe-me cumprimentar

 Scott Garston! Prazer em conhecê-lo. Afinal, tenhoacompanhado o progresso de sua companhia. Permita-meapresentar-lhe Raschid. Sheikh Raschid, Scott Garston. Jane,minha cara, venha cumprimentar o sheikh.

 Ignorando o olhar furioso de Scott, ela atendeu aoconvite. Sir Nigel induzira Scott a uma conversa particular e

ambos estavam de costas. Dessa maneira, ele não presenciou ocontentamento de Raschid ao reconhecê-la.— Ah, sim, é a linda e charmosa ex-secretária de sir Nigel,

não é? Notei que o escritório dele estava bem menos bonito,sem a sua agradável presença. . .

 Ela gostava do sheikh e sabia que, além do charme, eletinha um caráter nobre e bondoso.

 Depois dos cumprimentos iniciais, os hóspedes foramconhecer seus aposentos e as demais instalações da

 propriedade.

— Lugar agradável, este. Me faz pensar em sair de Londres e instalar a firma no campo. Você é feliz aqui? 

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 Era sir Nigel quem perguntava, admirando a fazenda da janela do quarto. Ele era astuto demais para não ter percebidoque a antiga secretária perdera peso e que olheiras haviamsurgido em seu rosto.

— Simon está muito contente.— Sei. . . Devo dizer que fiquei mais que surpreso, quandovocê insistiu em ficar aqui. Pensei que estivesse satisfeitaconosco. De qualquer forma, como vai o jovem Simon? 

— Está na escola agora. Voltará em breve.— Pode parecer estranho, mas tão logo coloquei os meus

olhos sobre Scott, notei que se parece muito com seu filho.Tarde demais para esconder o choque. Ela quase

desmaiou.— Sir Nigel, eu...— Não precisa dizer nada. Em primeiro lugar, eu devia

ter ficado calado. Jane sabia que o antigo patrão não seria indiscreto.— Scott não sabe. .. sobre Simon.— Não direi uma palavra, minha cara. Prometo.

 Incomoda-se de conversar a esse respeito?  Jane então resumiu a história, concluindo que tudo

evoluía para uma verdadeira farsa. Se os fatos continuassemse desenrolando daquela maneira, em breve Scott seria o único

a não saber que era o pai de Simon. Tais pensamentos foramreforçados quando sir Nigel comentou:— Entendo por que você não quer dizer nada, mas acho

que não vai conseguir manter esse segredo por muito tempo. Está na cara que o garoto é dele. Scott deve ser cego.

— É que ele só enxerga o que quer. Seria muitoembaraçoso, se a verdade viesse à tona agora. Scott se sentiriamoralmente responsável por Simon.

— Bem, sempre haverá um lugar para você em minha

empresa. Se quiser voltar, Jane, é só me dizer. Agora vou vercomo Raschid está. Vejo-a no jantar? — Não sei.

 Scott não lhe dissera nada a respeito de sua participaçãono jantar e, como secretária, ela não poderia esperar que fosseincluída. Então resolveu pedir à sra. Robinson que lhe servisseo jantar no quarto.

 Saiu da cozinha e encontrou Simon, que subia apressado aescada. O cabelo curto e a pele bronzeada lhe davam umaaparência bem mais saudável do que quando chegara a

Garston.— Oi, mãe! Viu Scott? 

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— O sr. Garston está recebendo convidados. Por favor,lembre-se de que estamos aqui porque trabalho na Computex,

 porque. . . Parou de falar ao ver a expressão de euforia no rosto de

 Simon, que vira Scott se aproximando.— Oi, garotão, como foi a escola hoje?  Ele acariciou os cabelos desalinhados do menino. E Jane

compreendeu que, a cada demonstração de afeto, ficava maisdifícil partir.

— Aborrecida, como sempre. Eu gosto é de mexer comcomputadores.

— Calma! Você chega lá. Agora me deixe falar com suamãe. Jane, parece que o sheikh ficará desapontado, se vocênão jantar conosco.

— Quem lhe disse isso? — Não importa. Acontece que o sheikh é nosso convidado e

um cliente em potencial. Portanto. . . Será que Scott esperava que ela simplesmente obedecesse,

mesmo não a querendo por lá? Será que não percebia que acada confronto seu coração se magoava? Ou Scott fazia tudode propósito? A suspeita a fez sentir-se mal. Ele nuncaesqueceria aquele desejo de vingança? 

— Sinto muito. Já tenho planos para esta noite — disse

ela, fria e serena.— A sra. Robinson me contou seus planos. Mas estou certode que, dadas as circunstâncias, Simon não se importará decomer sozinho. Certo, garotão? 

— Certo.O menino aceitaria qualquer pedido de Scott, e ele sabia

disso.—Ótimo. Jane, ficarei agradecido se você jantar conosco.

 Ela fez que sim com um gesto de cabeça e subiu para se

arrumar. Tomou um banho demorado e passou no corpo todoum creme que deixava sua pele macia como cetim. Depoiscolocou um discreto mas sensual perfume francês e foi sevestir. Escolheu um vestido cujo decote acentuado reforçava as

 formas dos seios. Não tinha mangas e a barra ficava doisdedos acima do joelho. 0 estilo ousado dava a Jane umaaparência sofisticada. Depois calçou um par de sandálias desalto alto e, para completar, colocou um fino cordão de ourotrançado no pescoço e um par de brincos de diamantes, jóiasque pertenceram a sua mãe.

 Estava pronta. A pele sedosa, envolvida no suave odor de perfume, lhe dava um ar sensual; os seios redondos e firmes,

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bem marcados pelo corte do vestido, a deixavam provocante.Contra a própria vontade, começou a imaginar a suave

massagem que Scott lhe fizera no busto. Esfregou as mãos novestido e experimentou um forte calor que vinha de dentro.

 Sete horas! Tinha trinta minutos para fazer a maquilagem. Seria simples e delicada, porém sensual. Uma sombra emtom pastel, rímel e batom vermelho.

 A lycra acentuava suas formas de maneira contundente. Escovou os cabelos finos e abundantes. Sete e vinte cinco. Devia descer.

 Deu uma última olhada no espelho. Que Scott reprovasse,se quisesse. Paciência.

 Não foi a primeira a chegar. Eva já estava lá,conversando com sir Nigel, e sorriu ao vê-la entrar.

— Jane querida, você está linda!— Ambas estão encantadoras — elogiou o visitante. —

  Raschid ficará maravilhado. Sabe, ele não gostou, quandosoube que você não trabalhava mais comigo.

 Ela riu, ao ver o espanto de Eva.— Sossegue. Sou sensível demais para fazer parte de um

harém. . .— É mesmo, chérie? — perguntou Raschid, entrando na

sala e juntando-se ao grupo. — Pois comete uma injustiça. Se

 fosse comigo para o Qatar, seria a única mulher da minhavida. Ah, Jane, mil e uma noites de prazer não seriamsuficientes para que eu lhe provasse o que sinto! Eu. . .

 Jane ria das extravagâncias do sheikh quando sentiu umarrepio na espinha. Scott chegara.

— Ah, vejo que meu anfitrião não concorda em que eumonopolize sua secretária. Não imagino por quê.

 Ela respondeu, bem-humorada:— Provavelmente porque desaprova os costumes dos

sheiks árabes. . .— Vestida como está, quem resistiria? Este tecido — disse Raschid, tocando no vestido — oculta e revela ao mesmotempo. Prometendo e recusando.

 Riu quando ela corou.— A inocência é muito rara, hoje em dia, mesmo no meu

 país. O que eu não daria para ver sua pele excitada pelos prazeres do amor, pequena Jane! Seus olhos são negros comoas noites de veludo do deserto! Mas vejo seu patrãoaproximar-se e sei que deseja conversar sobre coisas,

digamos, mais materiais. Raschid acertara. Scott veio direto na direção dela.

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 Admirava-lhe o corpo, vasculhando seus segredos, e, aocontrário do sheikh, parecia considerar o vestido maisrevelador do que outra coisa.

Uma forte onda de calor se apoderou dela, que sentiu as

 pernas bambas. Deixou-os a sós, mas não sem antes receberum olhar fulminante de Scott, que ouvira parte da conversa. Por que ele sempre pensava o pior a seu respeito? 

 Embora a comida estivesse ótima, Jane quase não comeu. E não se divertiu muito. Esteve desconcertada a maior partedo tempo, devido aos constantes e provocadores olhares de

 Scott.Com relação ao sheikh, ela o sabia apaixonado por uma

mulher de sua terra natal, que estudava em Paris. Ela queriadiplomar-se antes de se casar. E Raschid, ao mesmo tempo queaprovava tal determinação, também a desaprovava, conformedissera a Jane na última vez que haviam se encontrado.

— Você possui um modo de induzir o mais reservadocoração a se abrir chérie — dissera. — E, por causa disso, étremendamente perigosa.

— Seus segredos estão seguros comigo.— Ah, sim, eu sei. Chegará o dia no qual um homem não

revelará somente seus segredos e sua dor, mas também seucoração.

Contudo, o único coração que Jane desejava era feito de pedra. Uma pedra fria e dura.Quando o jantar acabou, Raschid sentou-se no sofá em

 frente à lareira, ao lado de Eva e sir Nigel. Jane fora providenciar o café e já o estava apanhando, quando notouque Scott estava atrás dela.

— Parece que sir Nigel gosta muito de você. É por isso queestá ansiosa para partir? Ele lhe ofereceu emprego? 

— Você sabe por que quero partir. Mas não pretendo falar

nisso agora. Percebi como Raschid ficou impressionado com ocomputador...— Pois é. Ele já fez um pedido.— Grande o suficiente para substituir o do pai de Cora? — Para que quer saber? Com certeza, não espera que eu

acredite que se sente culpada pela perda do contrato, não é? Tristeza novamente. Nada do que ela dissesse ou fizesse

lhe agradaria. Suspirando, Jane deu uma breve olhada nasala e viu que os outros estavam conversando com entusiasmo.

 Então percebeu que podia falar francamente com Scott.

— Você sabe por que quero deixar Garston. O que temacontecido conosco prova que é melhor enterrar o passado.

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Com este novo contrato, a Computex se estabilizará e não precisará de uma secretária que ganha pouco.

 Dessa feita, a reação foi inesperada:— Muito bem, então. Assim que o contrato estiver

assinado, você poderá partir. Para dizer a verdade, quando for firmado, haverá muito trabalho e eu não terei tempo para...

— Tirar proveito da situação na qual me colocou? — Isso mesmo. — E Scott voltou para a sala.

 Para Jane, o resto da noite passou num segundo. Percebera que Scott uma ou duas vezes olhara em sua direção. Porém disfarçava quando ela o encarava. Ele haviaconcordado com sua partida mais facilmente do que Janeesperara. Aquilo significava que o ódio estaria diminuindo ouque ele se cansara de atormentá-la? 

— Querida, sente-se bem?  Era Eva, e se mostrava preocupada. Pobre senhora...Queria tão desesperadamente um final feliz para aquela

história. . . Jane lhe confessara que ainda amava Scott. E nada poderia destruir aquele amor. Só que ele era impossível!

CAPÍTULO IX 

— Honestamente, Scott, não sei o que há de errado comvocê. Acabou de dizer que conseguiu o contrato. Raschid jáestá preparando os documentos. Aliás, ele é um homem muitocharmoso e meu coração até bateu mais depressa, ao vê-lo.

 Duvido que exista uma mulher capaz de permanecerindiferente aos galanteios do sheikh por muito tempo — disse

 Eva.

 Scott permanecia quieto.— Não entendo por que não está radiante. Deveria levar Jane para comemorar. Afinal, se não fosse pelo contato comsir Nigel. . .

— Isso não foi importante. Há muito sir Nigel acompanhaos progressos que estão surgindo. É quase um hobby — disse

 Jane. Mas Scott interveio:— Mamãe está certa.

 Jane encarou-o, sentindo o coração tomado pelo desejo. O

rosto de Scott, recém-barbeado, provocava-lhe uma vontadeimensa de tocá-lo. Seu amor aumentava a cada dia, assim

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como o medo de trair-se, demonstrando os sentimentos.— Vamos sair e comemorar — disse Scott. — De qualquer

maneira, estou em débito por todo o trabalho que Jane temrealizado. Ela vai nos deixar em breve, mamãe. . . portanto,

levá-la para jantar também terá um caráter de despedida.Uma voz ecoou dentro de Jane, dizendo que nãosuportaria aquilo. Lutando contra a forte vontade de negar oconvite, ela sorriu forçadamente.

— É muita gentileza sua.— Muito bem, prepararei tudo. Sairemos à noite. Por que

não usa o vestido que colocou na outra noite? Ficou muito bemem você.

 Assim que ele saiu, Jane refletiu sobre as últimas palavras. Ouvira bem? Scott lhe fizera um elogio? 

— Oh, Jane, estou tão contente por você ter aceitado oconvite dele! — disse Eva.

— Pois não se alegre muito. Isso não adiantaránada.Ouviu o que ele disse? Logo partirei.

— Mas você o ama!— Demais, e por isso mesmo não posso ficar. Você |

também sabe que ele me odeia.— Talvez o que eu vá dizer seja um pouco duro, mas. . .

 Bom, amor e ódio às vezes caminham tão juntos que não se

 podem distinguir. Lembre-se de que Scott acha que temmotivos para odiá-la, embora se sinta muito atraído por você. Não sou ingênua. Simon me contou a respeito de tê-lo visto emseu quarto. E ele não estaria lá, se não a quisesse.

— Ele encara o sexo como uma forma de me punir. ..— É mesmo? Pois ele pode ter convencido a si mesmo e a

você de que o motivo é esse, mas a mim não engana. Dê-lheuma chance, por favor. . . É tudo o que peço. Quebre asbarreiras e dê-lhe uma oportunidade de fazer o mesmo.

Quebrar as barreiras... Se Jane fizesse isso, estaria procurando problemas. Mesmo assim, enquanto se preparava para o jantar, sentiu-se excitada. Não se lembrava de ficardaquele jeito desde o verão em que se apaixonara por Scott:um tremor no estômago, o coração batendo tão forte que

 podia ouvi-lo. . . O vestido verde lhe delineava o corpo,deixando-o sedutor. Todavia, ela não acreditava que umareaproximação verdadeira fosse uma simples questão deoportunidade. Será que Eva via naquele jantar uma chance? 

Terminou de se aprontar e esperou no quarto até o relógioapontar sete e meia.

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 Scott estava esperando no andar térreo e mostrava umcharme irresistível. Não disse nenhuma palavra, enquanto alevou para o carro. Abriu-lhe a porta com cortesia e deixouescapar um comentário:

— Vejo que colocou o vestido...— É o único adequado que tenho. Ele ligou o carro e logo deixavam a mansão, envolvidos

num silêncio incomodo. Scott a levou a um restaurante em York. Estacionou o

carro e então lhe deu o braço para ajudá-la a descer, enquantoabria a porta.

 A decoração do lugar era elegante e Jane prendeu arespiração ao notar que as mesas tinham detalhes em verde enegro, como seu vestido. Uma sombra de desapontamento adominou ao pensar se aquilo seria proposital. Mas... o queesperara, afinal? Que ele tivesse feito a sugestão por tergostado do vestido? 

Uma vez acomodados, ela relaxou um pouco e, depois deter conversado por alguns minutos, percebeu que Scott aencorajava a falar, fazendo um esforço sutil para não deixar oassunto morrer ou ficar monótono. Então esqueceu o

 problema que enfrentava e sucumbiu ao imenso prazer detrocar impressões e idéias com ele. Enquanto isso, lembrava-se

de como o conhecera e as recordações a levaram a concluirque a necessidade que tinha daquele homem não seriasatisfeita apenas com um jantar e um bom papo. Ela queriatudo: a companhia, a conversa, a compreensão e o desejo queexistiram um dia. Queria o amor dele.

— Algo errado, Jane? — Não... tudo bem.— Então, o que fará, quando deixar Garston? — Eu... não sei.

 Baixou o olhar para que ele não lhe notasse a tristeza 100 E depois disso não conseguiu mais conversar nem ficar àvontade; só sentia um desejo imenso de chorar.

 Já era tarde quando saíram do restaurante. Scott quasenão tocara no vinho, mas Jane tomara algumas taças e talvez essa fosse a razão do calor que sentira ao apertar o cinto desegurança. Não estava acostumada a beber tanto; porém teveque admitir que o vinho lhe proporcionara um efeito

 fantástico. Pelo menos, fizera-a esquecer a angústia quesentira durante a noite inteira. Então, com uma sensação

gostosa a lhe dominar os sentidos, adormeceu.— Chegamos.

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 A voz de Scott a acordou e ela desencostou a cabeça doombro largo, murmurando:

— Perdão por ter feito isso. Scott permaneceu indiferente ao pedido de desculpas e

deu a volta ao carro para abrir-lhe a porta.— Venha, eu a acompanharei até o quarto para tercerteza de que não dormirá pelo caminho.

 A mansão estava às escuras, completamente em silêncio, e Jane até levou um susto, quando Scott acendeu as luzes dohall.

— Vamos. Pegou-a pelo braço e a guiou até a escada. Ignorando o

bom senso, que dizia ser melhor soltar-se, Jane deixou-seacompanhar, sem se importar se o gesto era impessoal ou não.

 Pararam em frente à porta do quarto e ele a abriu. Nessemomento, ela sentiu a cabeça girar e se apoiou em Scott, que asegurou nos braços e a carregou para dentro, fechando a

 porta em seguida. Acendeu uma luz fraca e estudou-lhe o rosto.— Não é nada, não se preocupe. Apenas tomei muito

vinho... Logo passa.— Pois eu preferiria que não passasse. Quero você assim,

bem relaxada.. . bonita. .. pronta para ser amada.

— Oh, Scott... eu te desejo tanto. . . As palavras soaram inesperadas e nenhum dos doisacreditou no que ouvira. Ele apenas a encarou, e de repentetornou-se imperativo que ao menos uma vez se tentasseapagar o passado. Ela se moveu suavemente na direção do ex-namorado.

— Jane!O nome parecia um brado de desespero. Scott a envolveu

nos braços e ela pôde sentir ã força da paixão que os unia.

 Então todas as promessas que fizera foram esquecidas numbeijo ardente. Havia desejo e necessidade na forte pressão dos lábios de

 Scott contra os dela, mas havia também um doce traço doamante de outrora, e por isso não houve jeito de resistir àsedução.

— Jane. . . Tantas vezes desejei que você estivesse aqui,como agora. ..

 Ela podia jurar que a voz de Scott estava carregada deemoção, e sussurrava palavras que se tornaram um murmúrio

contra sua pele macia. Contudo, mesmo sabendo que não eraamor o que ele queria, era impossível rejeitá-lo. Algo mais

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 poderoso do que bom senso e orgulho pulsava dentro dela,uma emoção incontida, combinando amor, remorso ecompaixão pela agonia que ele cultivava durante aqueles anostodos.

 As mãos de Jane tocaram os cabelos dele, acariciando-lhea nuca. A textura da pele de Scott despertou um desejo tãogrande que acabou com as últimas resistências dela.

— Seu cheiro e sua aparência me deixaram louco, lá norestaurante. Como poderia me concentrar na comida, quandotudo o que queria experimentar era você? 

Uma das mãos acariciava os cabelos dela, enquanto aoutra encontrava as formas suaves dos seios, tocando-os comternura. 0 polegar brincava com os bicos, sob o tecido macio.

— Lembra-se da primeira vez, Jane? Eu tirei suas roupas .. . Agora quero que se dispa para mim.

Olhou-a nos olhos sem imaginar o conflito que lhetorturava o coração. Ela queria atender-lhe o pedido, mais doque qualquer outra coisa no mundo, porém necessitava dasegurança de sentir-se amada.

— Não posso. Por um momento, ele pareceu hesitar, mas depois disse

suavemente:— Então terei de fazê-lo, não terei? 

O sussurro contra a curva do pescoço causou-lhe arrepiosde prazer. 0 corpo inteiro de Jane tremeu, quando ele desatouo colchete que segurava o vestido, que lhe escorregou pelosombros num movimento gracioso e a deixou nua e vulnerável.

 Instintivamente, ela cruzou os braços sobre os seios, provocando um breve sorriso em Scott.

— Se eu não a conhecesse bem, diria que continua tãotímida como antes.

 Dizendo isso, segurou-lhe os pulsos, puxando-os

gentilmente, até que ela descruzasse os braços e mostrasse obusto.— Jane... eu te quero tanto!...

 As palavras saíram rasgadas da garganta. Scott a soltoue percorreu-lhe o corpo com as mãos, como se fosse um cegoque tentasse adivinhar-lhe as formas pelo tato.

 Ao ser tocada, Jane sentiu que jamais poderia negar algoàquele homem. Ali estava Scott, seu amante, o único que asatisfizera, o único a quem amara mais que a tudo, no mundo,mais que a si mesma. Ela lhe murmurou o nome, enquanto as

mãos experientes deslizavam por suas costas até alcançarem acalcinha, a última barreira que o separava do corpo ardente.

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 Jane correspondia às carícias com loucura. Mexia osquadris, colocava as mãos por dentro da jaqueta de Scott parasentir-lhe o calor, enquanto o amor que tentara esconder portanto tempo explodia com furor.

— Meu Deus! Você tem idéia do que está me fazendo, Jane? Coloque seu corpo contra o meu. .. assim. .. Scott gemeu, arrancando a camisa sem desabotoá-la, e

abraçou Jane, apertando-se contra ela.O contato da pele e dos pêlos negros estimulou o prazer

que Jane sentia nos seios, fazendo-a esfregar-se nele de modoa prolongar e aumentar a pressão erótica.

— Não faça isso... A afirmação de Scott aumentou o delírio, fazendo-o parar

de beijá-la no pescoço. Admirou-lhe o corpo bem-feito e entãocontinuou:

— ...porque me dá vontade de... Sem terminar de falar, mordiscou-lhe os bicos dos seios,

 passando a língua molhada e quente em volta até arrancarum gemido profundo da amante, que por sua vez se entregoucompletamente aos beijos e carícias que recebia. Aquelaatitude certamente demonstrava o amor que sentia por ele.

 Ambos estavam cegos, surdos e mudos para tudo o que não serelacionasse com o desejo que nutriam um pelo outro.

 Não houve nenhum protesto por parte de Jane, quandoela se viu carregada para a cama. Em seguida, ele se ajoelhoua seu lado e lambeu-lhe o ventre, os quadris, as coxas. As mãosnão respeitavam as fronteiras do corpo e a deixavam perdidade desejo.

Os beijos dele queimavam a pele de Jane, e seus próprioslábios, quentes, ficavam secos de paixão, ao tocar-lhe o corpo.O único obstáculo que retardava o gosto de senti-lo por inteiroeram as roupas. Novamente, como se tivesse lido seus

 pensamentos, Scott a ajudou a tirá-las, sussurrando palavrasde amor. Quando finalmente se viu nu, pediu a Jane quebeijasse, que tocasse de todas as maneiras o membro rijo dedesejo, e gritou de prazer quando ela o fez.

 Jane sentiu que entrava em terreno desconhecido. Ambosestavam envolvidos num paixão impetuosa, uma necessidade

 febril que cada um alimentava no outro, um desejo além das palavras. Ela sabia que fora o amor que a incitara e serecusava a questionar qual fora o motivo de Scott. Talvez aquele fosse o caminho pelo qual a verdade surgiria.

 A boca de Scott queimava-lhe a pele, fazendo-a ficar cadavez mais excitada. Ela passava as mãos pelas costas do

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companheiro com muito carinho, arrancando-lhe gemidos de prazer e palavras ininteligíveis que podiam significar muitascoisas.

— Jane!

 Se não o conhecesse bem, ela diria que aquela exclamaçãoestava impregnada do mais profundo amor. Os olhos delebrilhavam, suplicantes, e mostravam uma emoção pura,cristalina.

— Você é tão linda... muito mais do que eu me lembrava. Sonhei tanto com isso...

 Lambeu-lhe novamente os seios, até que ela arqueasse ocorpo e lhe agarrasse os cabelos numa tentativa de prolongarao máximo aquela sensação, mas Scott tinha outras intençõese, assim, passou delicadamente a língua pelo corpo todo. Nãoera sangue o que corria pelas veias de Jane, e sim, fogo.

— E mais isso...Os dedos de Scott brincaram gentilmente entre as coxas,

 provocando reações que até-então ela desconhecia. Mas tal sensação não foi nada, comparada com o que Jane sentiuquando a boca viril a tocou com muita intimidade. Ela quaseenlouqueceu, ao perceber que ele não pretendia parar.

— Scott, por favor... Ele logo entendeu o significado daquele apelo. Sabia o

quanto a companheira ardia de desejo, queria ser possuída. E então, quando Jane o sentiu dentro de si, percebeu que aqueleato estava carregado de afeto. Seria possível? 

0 mundo explodiu em mil pedaços de prazer e os doiscorpos ficaram repletos de langor. Depois, esgotada, ela seaninhou nos braços do amante e adormeceu.

 Ao acordar, no dia seguinte, Jane sentiu-seagradavelmente sonolenta. Scott dormia a seu lado eaparentava tranqüilidade. Na noite anterior, ela quase se

convencera de que ele a amava. No entanto, a idéia agora lhe parecia louca. Aquela noite fora resultado de um estadoanormal de ânimos do qual, sem sombra de dúvida, ele searrependeria assim que acordasse e a encontrasse a seu lado.

 Jane concluiu que não suportaria ver nos olhos dele assombras da raiva, da rejeição. Devia partir antes que Scott acordasse e a fria realidade estragasse a doce lembrança doamor. Rapidamente levantou-se da cama. Aquela seria aúltima chance que teria de observá-lo daquela maneira. Elehavia sido tão gentil... Talvez estivesse errada em partir.. .

Ora, não era nada daquilo! Não ouvira palavras de amorou de conciliação. A ternura que sentira não passava de fruto

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da própria imaginação. Ela estivera sonhando, só isso.Vestiu-se com cuidado para não acordar Scott. Tinha que

avisar Simon de que partiriam sem demora. Simon... Como elereagiria? Saiu do quarto e se dirigiu à escada, sem hesitar.

— Jane?  Embora não quisesse, ela se voltou, ao ouvir a voz masculina e sonolenta que a chamara.

— Aonde vai?  A expressão de Scott era de irritação.— Vou acordar Simon e avisá-lo de que partiremos. Este

era o nosso trato, lembra-se? Você não concordou que partíssemos após a assinatura do contrato? Para dizer averdade, ontem celebramos a minha partida.

— Acha mesmo? Para você, a noite que passamos nãosignificou nada? 

 Ele se aproximara bastante e Jane compreendeu que, se fosse tocada, não conseguiria mais ocultar seu amor. Por isso,afastou-se, sem notar a escada atrás de si.

— Cuidado!O aviso foi dado tarde demais. Ela já havia pisado em

 falso e teria rolado degraus abaixo se Scott não a agarrasse pelo braço. No mesmo instante, ouviram um grito; era Simon,que presenciara a cena e estava furioso.

— Solte minha mãe! Você a está machucando! Ela abriu a boca para explicar que era um engano, porémnão teve tempo.

— Eu te odeio! — gritou o menino, cheio de raiva e deamargura. — Antes eu nunca tivesse encontrado aquelacertidão! Você é meu pai e... eu te odeio!

 Simon correu na direção da mãe, que estava prestes a perder os sentidos. Scott a soltara, completamente chocado. Em seguida, tudo começou a girar e Jane desmaiou, rolando

 pela escada.— Você matou minha mãe! Jane abriu os olhos. Acabara de ter um sonho

desagradável, mas o que estaria Eva fazendo em seu quarto? Olhou pela janela, viu o sol forte e sentiu um arrepio naespinha.

— Não foi um sonho, foi ? Eu realmente rolei pela escada e Simon.. .

 Eva fez um sinal para que ela não falasse e levantou-se dacadeira.

— Vou procurar Scott, minha querida. Ele mandou que ochamasse assim que você recobrasse os sentidos. Não há nada

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errado. Não quebrou nenhum osso, mas o dr. Forbes achoumelhor lhe dar um tranqüilizante. Disse que foi um choquemuito forte, e o pobre Simon estava praticamente histérico.

— Simon!

— Ele está bem, junto com Scott. Vou chamá-lo.— Não, por favor. Não quero vê-lo ainda.— Sinto muito, mas, quanto mais cedo você resolver isso,

melhor. Nesse instante, Scott surgiu pela porta interna que levava

a seu quarto. Usava jeans e uma camisa branca. Pareciacansado e cabisbaixo, mas trazia na mente um propósito: nãoa deixaria partir em hipótese alguma.

— Simon está na cozinha, mamãe. Por que não desce ealmoça com ele? 

 Aproximou-se da cama e sentou-se numa cadeira.— Jane, acho que temos muito que conversar. E, antes que

comece a mentir, saiba que já me contaram quase tudo. Levantou-se e foi até a janela, as mãos nos bolsos, a

respiração difícil.— Meu filho! Você me privou de meu próprio filho! Por

 Deus, por quê? Sabia que eu queria me casar. Sabia que acriança era minha e me enganou. Por quê? 

— Sua mãe não explicou? 

— Contou uma história maluca a respeito de meu avô lhedizer que queria me ver casado com Mary Tatlow, mas nãoacho que seja verdade. Você sabia que eu te amava.

— E também amava Garston. Eu tinha dezessete anos, Scott. Estava apaixonada e era uma idealista inocente. Nãoentende que eu queria o melhor para você? Não poderiasuportar a idéia de que um dia se arrependeria de ter secasado comigo e desistido de Garston. Quando eu lhe disse quenão poderia me casar, você simplesmente aceitou sem discutir.

.. Nunca tentou me fazer mudar de idéia.— Ora, você me disse que havia outro homem!— Mas não havia.

 Ele se levantou, vermelho de emoção.— Ouça, eu me prontifiquei a me casar mesmo com você

mesmo estando você grávida de outro. E recebi um não comoresposta. Agora diga-me a verdade... Geoff foi. . . seu amante? 

 Ela não queria recordar o passado e as pessoas quehaviam feito parte desse passado. Em algum lugar docaminho, tudo se perdera, o amor, a inocência, o altruísmo...

— Não, nunca, mas foi a única maneira que encontrei  para convencer você de que tudo havia acabado entre nós.

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— E deu resultado. Nunca lhe ocorreu que haveria umcaminho mais limpo? Foi como um veneno lento, que mematava aos poucos. Só não sucumbi por completo porqueachei que tinha que lhe mostrar que você escolhera o homem

errado.— Já faz muito tempo. Talvez agora você entenda por queeu estava tão ansiosa para levar Simon embora. Quando vim,não sabia que ele já descobrira a identidade do pai.

— Ele me disse que eu não tenho culpa de nada... que foi você quem decidiu nos afastar.

— Eu não queria que nosso filho se sentisse rejeitado.— Muito engraçado de sua parte!— Foi por isso que Simon sentiu tanto ciúme de Cora.— Entendo...— Acho que devemos partir o mais depressa possível.— Partir? Oh, vocês não partirão, a não ser que queira ir

sem Simon. Tivemos uma longa conversa, esta manhã. Elequer ficar comigo.

— Mas...— O que foi? Será boazinha de novo e irá deixá-lo passar

as férias aqui? Era isso o que ia dizer? Não é o suficiente,minha cara. Todos nós gostamos dele e queremos suacompanhia.

— Você não pode fazer isso, Scott! O lugar dele é ao meulado!— Ao nosso lado.— Não sei o que está sugerindo, mas saiba...— Estou sugerindo que façamos o que devíamos ter feito

há onze anos. Vamos nos casar e dar ao nosso filho uma família. Este é um débito que devemos saldar. Sabemos como éduro crescer sem pai nem mãe; portanto, não me diga que eleé feliz.

— Quer dizer que esse será o motivo do nosso casamento? — Existe outro melhor? Não acha que é nosso dever? Nãoacha que ele tem direito a ser feliz? Poderíamos até brigar pela

 posse do menino, mas não quero submetê-lo a isso.— Até hoje, você nem ligava para Simon, e agora...— Se eu tivesse conhecido a verdade, não estaríamos nesta

situação. Se soubesse que o filho era meu, teríamos nos casadode qualquer maneira. Você acreditou mesmo que meu avô

 poderia dirigir minha vida? Acreditou que eu me casaria comoutra, se amava você? 

— Você mudou tanto, Scott... Não acho que posso aceitá-lo agora, mesmo pelo bem de Simon. Nada restou do homem

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que conheci.— Nada restou porque você o destruiu. Roubou meu

coração e jogou-o fora. Acha que alguém sofre sem setransformar? 

— Não posso me casar com você!— Pode e vai. Para dizer a verdade, já falei com sir Nigel eele aprova nossos planos. Não vou discutir mais. Ou você secasa comigo ou teremos que levar o problema ao tribunal.Tenho mais condições de ganhar a causa. E lembre-se de que

 Simon quer ficar comigo. Pense bem.— Quero vê-lo.— Ele está muito aborrecido. Poderá encontrá-lo mais

tarde. O dr. Forbes aconselhou que descansasse. Descansar? Como poderia, após ter recebido aquela

notícia? De todos os absurdos que ouvira até então, aquele nacerta era o maior. Jane não queria se casar com Scott, pois,mesmo sendo o pai de Simon, era-lhe um estranho.

 Debatendo-se naquele dilema de difícil solução, ela tomouum calmante e adormeceu.

 Já estava escuro quando acordou novamente. Eva,sentada a seu lado, sorriu com doçura, ao vê-la abrir os olhos.

— Você deve estar com fome. Pedirei à sra. Robinson paratrazer sua refeição.

— Não, prefiro conversar. Scott quer se casar comigo.— Sim, eu sei. Ele me procurou pela manhã, após ter i conversado com Simon. Foi um choque bastante forte. Sei quevocê agiu com a melhor das intenções, mas ele sofreu muito,quando foi abandonado. A descoberta de que você lhe ocultouo próprio filho.. .

— Não entendo por que ele quer ficar com Simon. Sequeria filhos, por que não se casou? 

— Talvez nunca tenha encontrado a pessoa certa. Mas !

você nunca imaginou que ele quereria o filho, quando soubessea verdade? — Ao ponto de tirá-lo de mim através da Justiça? — Jane, minha querida, Scott mudou muito, depois que

você o deixou e o avô o deserdou. Ele tem carregado umcomplexo de rejeição por muitos anos. Tinha apenas vinteanos, quando a conheceu, e era bastante imaturo. Ficou muitomagoado. Você me disse, quando chegou aqui, que ainda oama... E, além do mais, Simon é meu único neto.

 Jane não estava disposta a se casar com alguém que i não

a amava. Contudo, foi Simon quem decidiu por ela. Asnecessidades do filho estavam acima de tudo. No dia |

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seguinte, ainda de cama, recebeu a visita dele.— Vai se casar, então? — É o que você deseja? — Sim. Podemos ficar aqui para sempre, com Sc... com

 papai. Oh, mãe, podemos? O que fazer? Scott sabia como ela era vulnerável, em' setratando de Simon, e não hesitaria em usar essa arma.

 Porém Jane teria que deixar claro que aquele casamentoseria apenas um negócio e mais nada. Não haveria mais noitesde paixão. Nunca mais.

CAPÍTULO X 

 Eles se casaram uma semana mais tarde. Mas nadamudaria entre os dois. A pedido de Jane, os quartos separadosseriam mantidos e a relação seria estritamente platônica. Asduras conseqüências das regras que a princípio ela pretenderaassumir doíam muito.

Qual seria o temor dele? Expor-se demais?  Simon estava vivendo num paraíso e não perdia uma

oportunidade para ficar junto ao pai. Olhar os dois;

conversando, Simon ouvindo enquanto Scott falava, deixava Jane muito solitária e com uma ponta de ciúme. Os doishaviam formado um círculo fechado, no qual não havia espaço

 para ela. Eva também estava contente e se mostrava satisfeita em

 passar o comando da casa para a nora, e Scott não se opôs àsmudanças que Jane quis fazer na ala residencial. A princípio,ela pensou que haveria muito tempo ocioso, mas logo percebeuque seus dias seriam facilmente preenchidos; havia o jardim

 para cuidar e uma série de almoços de negócios que precisavam de cuidados especiais. Duas semanas após o casamento, foram convidados para

um jantar por Geoff e Mary Rivers. Enquanto se preparava, Jane ouviu a porta do quarto de

 Scott se abrir. Embora relutante, estava preparada para fazertodo o esforço possível a fim de tornar o casamento umsucesso, no sentido contratual. Estavam casados e, pelo bemdo filho, deveriam ser vistos juntos em público.

 Naquela noite ela usava um vestido novo, verde, que lhe

caía muito bem. Aplicou uma leve maquilagem para esconderas olheiras que surgiram depois do casamento, juntamente

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com uma queda do peso. Ficou um pouco preocupada com essaconstatação, pois a tendência de uma esposa feliz é engordarum pouquinho, no início. Quando Scott entrou, ela já estava

 pronta. Ele usava um smoking preto e uma camisa de seda

branca. Parecia cansado, com rugas de preocupação na testa.Talvez aquela fantasia de casamento estivesse lhe fazendo mal.— Pronta? — Pareceu um pouco surpreso ao ouvir que

sim. Em seguida, entregou-lhe uma caixinha violeta quecontinha um par de brincos de brilhantes.

— Notei que não possui nada parecido e pensei quegostaria da lembrança. Não lhe dei nenhum presente decasamento.

— Oh, Scott, são maravilhosos! Para os próprios ouvidos de Jane sua voz soou artificial.

 Não lhe saía da cabeça a idéia de que, como esposa de Scott Garston, deveria usar jóias que causassem boa impressão.

 Dirigiram-se em silêncio à casa dos Rivers. Foram muitobem recebidos e Geoff abriu um champanhe em homenagemaos convidados.

— É claro que não ficamos totalmente surpresos, pois eraóbvio que Simon é filho de Scott.

 Jane corou e ficou satisfeita, quando o marido lhe apertoua mão com ternura.

— Teríamos nos casado há onze anos, se não fosse pelainterferência de meu avô.— Ele era terrível, não era? — Mary interveio. — Parece

que sugeriu a papai que nos casássemos, não é Scott?  A pergunta foi feita de modo natural, deixando claro que

 Mary não sabia que aquele havia sido o motivo de todo odrama. Os olhos de Jane lacrimejaram. Quantas vezesafirmara a si mesma que não haveria reconciliação? 

 Afastando tais pensamentos, tentou se concentrar na

conversa da mesa de jantar e sentiu-se aliviada quandochegou a hora de ir embora. Scott nada disse, durante o caminho de volta, e, quando

chegaram, reclamou de dores na nuca.— É tensão. Tenho estado muito preocupado com a falta

de pedidos, mas acho que o contrato do Qatar tirará adiferença. Gostaria de um drinque? 

— Não, obrigada. Receava ficar na intimidade da biblioteca. Ele deixara

bem claro, desde o casamento, que o que acontecera até ali 

havia sido uma aberração, uma forma de abrandar a dor quesofrera. Agora que sabia a verdade sobre Simon e sobre a

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separação, não nutria mais aquele desejo de vingança. Jane já havia se despido e escovava os cabelos, quando a

 porta interna se abriu. Ao ver o reflexo dele no espelho, abriu bem os olhos.

 Estava sem a casaca e parecia muito perigoso.— Scott? — Não se preocupe, pois não vim reclamar meus direitos

de marido. É esta maldita tensão. Se não me livrar dela,acordarei com torcicolo. Pensei que pudesse me fazer umamassagem na nuca. Não consigo alcançá-la.

 Jane queria recusar. Sua boca estava seca. Como se eletivesse lido os pensamentos dela, continuou:

— Não estou pedindo para fazer amor, portanto não meolhe desse jeito.

— Eu. . . eu.. . Dirigindo-se para a cama, Scott tirou a camisa, jogou-a

no chão e deitou-se de bruços. Tinha certeza de que ela omassagearia. Contudo, Jane tinha vontade de recusar. Masqual desculpa daria? Que estava com medo de tocá-lo porque oamava? Que, se o tocasse, teria de entregar-se a ele, pois nãoresistiria ao apelo de seu corpo? 

— Apague a luz, por favor. Me ofusca os olhos. Atendeu ao pedido dele. A penumbra que ficou deixava o

ambiente romântico e com uma aura sensual. Os músculosestavam rijos, sob a pele seca. Pegou uma loção e passou-a nocorpo de Scott, umedecendo-lhe as costas com movimentos

 firmes e agradáveis. Vagarosamente, uma ponta de excitação foi tomando conta dela.

— Melhorou? — Jane, por que sente tanta aversão em me tocar? 

 A pergunta pegou-a de surpresa e ela colocou a loção devolta no criado-mudo.

— Eu...— Tem medo de que aconteça alguma coisa? — Não quero falar sobre isso.— Concordo. Seria uma perda de tempo conversar

quando existem outros meios de comunicação.Virou-se rapidamente e puxou-a para perto, silenciando

os primeiros protestos com um beijo longo e doce, pasmando alíngua no contorno dos lábios de Jane.

— Scott, não faça isso. Sem dar-lhe ouvidos, continuou a acariciar aquela pele

sedosa, provocando nela uma onda de prazer.— Por que está fazendo isso comigo, Scott? 

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Tentou desvencilhar-se dele, porém com pouca convicção.— Simon merece uma irmã, ou um irmão, não concorda? — Scott, não!— Sim!

 A boca de Scott, antes provocadora e doce, agora ansiava por carinhos, exigia mais. Um prazer louco fazia suas línguas procurarem aumentar a excitação, fazendo Jane esquecer deque jurara nunca mais fazer amor. Seus corpos foramentrando num ritmo alucinante e faminto que prenunciavauma explosão de prazer. As roupas que ainda restavam foramsendo tiradas e jogadas ao chão.

 Ele a acariciou com delicadeza, porém, quando ela estavatotalmente entregue, afastou-a com um gesto firme.

— Pensei que não me quisesse!— O que você quer de mim? Que me arraste a seus pés? 

 Por favor, Scott, não posso suportar isso! Fechou os olhos e sentiu as lágrimas que escorriam pelo

rosto.— Você ainda me quer, Jane. Sinto que ainda me ama.— Não! — mentiu, tentando se afastar.— Diga a verdade. Você me ama. Diga... confesse... — A

mão dele cobriu um dos seios, enquanto a boca mordiscava o pescoço, descendo para os ombros. — Diga que me ama. Diga..

. Jane. Ela queria negar, mas não conseguiu.— Eu te amo Scott, amo muito... — disse, liberando uma

torrente de paixão que fez seu corpo vibrar de tanta emoção. Rolaram pela cama, as mãos buscando contatos mais

íntimos. A explosão veio depois do ritmo alucinante doscorpos. O gozo que se seguiu deixou os dois relaxados, masunidos.

— Jane.

 Ela não queria abrir os olhos, embora tivesse certeza deque ele sabia que estava acordada. O quarto estava escuro.— Por que fingiu não me amar mais? — Não fingi.— Acabou de fazê-lo.— Como poderia amar um homem que desejava me

magoar? O Scott que nunca amei... Entendo a sua amargura por ter se sentido enganado, mas seu ódio pareceu tão grandeque não adiantaria contar a verdade a você.

Um profundo tremor lhe percorreu o corpo, ao sentir o

calor da pele dele.— Me convenci de que te odiava. Era a única maneira de

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não enlouquecer. Fiquei doente de ciúme, a ponto de perder acapacidade de raciocinar. Não conseguia encarar Simon semme recordar de nosso passado e de como você tinha dito que eunão significava nada, porque amava Geoff. Mas, naquela

noite, depois de termos jantado... você queria partir na manhãseguinte, sem dizer nada.— Você estava dormindo. Queria contar a Simon. O nosso

acordo...— Por que fez amor comigo naquela noite? Ela não

encontrou uma explicação.— Ainda me ama. Minha mãe me contou, embora eu não

acreditasse. Não pude. Como me amaria, depois de tudo o que fiz a você? Deveria me odiar.

— Do mesmo modo que me odeia?  A frase foi dura, mas já havia sido dita.— Do modo que tentei odiar. Eu te amo, Jane.

 Por um momento, ela pensou que o coração havia paradode bater e recomeçara desordenadamente. Estariaimaginando coisas? 

— Sempre tive ciúme. Quando outro homem seaproximava de você, eu... Por que acha que inventei umadesculpa para obrigá-la a ficar aqui, quando o racional seriadeixar você partir? Parecia claro que não sentia nada por

mim.— Mas eu não sabia.. . As lágrimas haviam cessado e ele lhe colocou os dedos na

boca macia.— Que eu te amo? — Scott a interrompeu.— Pensei que estivesse apenas querendo me atormentar e

me seduzir.Corou um pouco, ao lembrar de como estiveram querendo

 fugir de uma realidade que seus corpos insistiam em mostrar.

— Atormentar? — Tem alguma idéia da agonia que passei, tendo-a em meus braços, enquanto você correspondiaaos meus apelos sem me amar? Pura tortura. Sua atitudearrasou com meu orgulho e me machucou demais. Deu-me seucorpo, mas sempre manteve algo escondido.

 A voz dele estava cheia de dor.— Eu tive que fazê-lo. Não podia mostrar que te

amava.— Então me deixou acreditar que fazia amor comigo mas

 pensava em Geoff. Meu Deus, você me fez perder a cabeça.

— Desculpe-me...— Foi muito cruel de sua parte. Ninguém gosta de ser

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usado como objeto. Isso gela qualquer um.— Não tinha notado. — Ela disse isto com sinceridade.— Você estava me deixando louco. Na noite do jantar

 pensei que estivesse maluco. Estava determinado a fazer você

admitir que me queria. Não, que me amava! Somente a mim. E aí decidi forçá-la a se casar comigo. Uma vez casados, seriamais fácil quebrar o gelo, fazê-la admitir seus reaissentimentos e, desse modo, abrir o caminho para que eu fizesseo mesmo.

— Ambos cometemos erros, Scott. Imaginei que tivesseagido da melhor maneira, pois sabia como amava este lugar.

— Não mais do que você. Quando descobri a verdade, nãoconsegui entender qual havia sido a minha falha. Duranteonze anos, eu a considerei uma mulher traidora e falsa. Diganovamente que me ama.

— Te amarei sempre. — Isto soou como uma doce cançãode primavera.

— Te amo tanto, Jane. . . Não imagina quanto. Todosesses anos desejando ter você em meus braços... Deveria terconfiado mais em você e percebido a trapaça de meu avô. Me

 perdoa?  Essas palavras foram acompanhadas pelas batidas dos

dois corações apaixonados, num crescendo incrível.

— Só se você me perdoar também — respondeu ela,abrindo os braços num quente e longo abraço de perdão ereencontro. Mais tarde teriam tempo suficiente para cicatrizaras feridas ainda profundas.

 Scott abaixou a cabeça e deu-lhe um beijo cheio deternura.

— Um novo começo. Hoje enterramos o passado,concorda? 

— Concordo. Ame-me Scott. De todas as maneiras que eu

 jamais sonhei.— 0 prazer será todo meu...Seu? Pensei que seria nosso!