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S:AJ38/1.T AJITaluaAO - SciELOção serosa - Sangram enio difuso Intervalo - Tempo enlre o tinal da C EC e o Inlclo dos sintomas Caso n~ 1: Paciente coronariopata com infarto inferior

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AULER JÚNIOR. J. O. C.: PASCUAL. J . M 5 .: SANTELLO. J. L. ; POMERANTZEFF, P M. A.: FALZONI . R .. AMARAL. R. V. G.; VERGINELLI. G.; JATENE, A. D. - Edema pulmonar nao cardiOgênico após circulaçêo exlracorpórea. Rev. Bras. Cir. Cardiovasc .. 1(2)'41·48, 1986.

CAsulsTICA

Os 6 pacientes que compõem esta casuística foram operados eletivamente. Os dados referentes a sexo, idade, diagnóstico clínico e antecedentes mórbidos constam da Tabela 1. Os dados refe­rentes ao tipo de operação realizada, tempo de CEC, doses de heparina e protamina e utilização de hemotransfusão compõem a Tabela 2. O tempo do aparecimento do EPNC, seguindo-se a CEC. bem como os sinais individuais estão na Tabela 3. Os dados relativos à terapêutica empregada, o perroclo de sobrevida após o EPNC e a evolução final estão na Tabela 4. Os achados histopatoló­gicos post-mortem de 3 pacientes estão sumari­zados na Tabela 5. Na CEC de toclos os casos, foi empregado oxigenador de bolhas, com hemodi­luição total com solução de Ringer e hipotermia de 28"C. A técnica anestésica. em todos os casos. consistiu na utilização de benzocliazepíRicos e len­tanil na indução e lentanil, óxido nitroso e halotano na manutenção. Todos os pacientes receberam a infusão de protamina por via venosa. com exceção de um caso (n~ 6), que recebeu infusão por via arterial. Três pacientes desenvolveram quadro de EPNC, após receberem hemotransfusão (n~ 2, 4 e 6). A radiografia de tórax evidenciou, em todos os casos, o aspecto de infiltrado difuso tipo edema agudo pulmonar, com predomínio bilateral em 5 pacientes e unilateral em , (caso n~ 1). Todos os pacientes. após a ocorrência do EPNC, foram moni­torizados com catéter de Swan-Ganz 131-7F. inse­rido por punção através da veia jugular interna e posicionada para obter pressão de capilar pulmo­nar durante oclusão. Determinou-se o débito car­dfaco pelo métoclo da termodiluição.

TABELA 1

CAsufsTICA

Pacientes Sexo Idade DiagnósHco

ICO

EM EAo OLAo ICC HAS AVC OM

1 M " ICO

2 F 62 ICO

3 F 54 EM

4 F " ICO + EAo

5 F 64 IGO

6 F 56 OLAo

- InsuficlAncis coronáfla - Est8flOS8 mitrai .. ESI8flO$8 aórtica

- Oup18 I8sAo aórtica - InSlJficltlncia camlsca

- H/per1ensAo arteflal - Acideflte v8SCtJlar cere/Jr81 - Dillbeftes melitlJs

Antecedenles

ICC

HAS + FUMO

FIBRILAÇÃO ATRIAL

ICC + HAS AVe OM

ICC

TABELA 2

DADOS INTRA·OPERA TÓRIOS

Pacientes CirorgiB T~po/ Hepanna Protamina

TrensfusAo CEC (mg) (mg)

1 RM lh23' 200 200 SIM

2 RM 3h l 0' 180 250 SIM. ·

3 TVM lh4S' 150 100 SIM

• RM + 2h30 375 200 SIM · TVAo

5 RM 2h2S' 450 150 SIM , TVAo lh37' 240 500 SIM·

RM '"' RevesculaflzsçAo do m~rdio TVM .. Troca vawer mitral TVAo .. Troca vawaraórtica

a Pacienles que receberam hemotranslusAo antes do EPNC

TABELA 3

~UADRO CLfNfCO

Pacientes Interveio Sinais Clfnlcos

1 lO' Broocoespasmo - Hipolensão - Secre-ção hemorrágica

2 15' Broncoespasmo - Secreção sero·he· morráglca - Sangramenlo dituso

3 60' Broncoespasmo - Hipolensão - Secre-ção hemorrâgica

4 15' Broncoespasmo Hipolensão Secre· ção hemorrágica

5 lO' Hipo1enstio - Secreçao hemorrágica

6 lO' Broncoespasmo - Hipo1ensão - Secre· ção serosa - Sangram enio difuso

Intervalo - Tempo enlre o tinal da C EC e o Inlclo dos sintomas

Caso n~ 1: Paciente coronariopata com infarto inferior prévio, classe funcional II (NYHA), subme­tido a cirurgia de revascularização do miocárdio (mamária esquerda para artéria descendente ante­rior, mamária direita para ventricular anterior e pon­te de safena para coronária direita). O ato opera­tório transcorreu sem intercorrências. porém, após a infusão da protamina, houve sarda de secreção hemorrágica pela cânula endotraqueaJ. broncoes­pasmo. hiperinsuflação pulmonar e hipotensão ar­terial, constatando-se pressão de átrio esquerdo inferior a 12 mmHg. Administraram-se 30 mg/kg de hidrocortisona, dobutamina e noradrenal na em altas doses, para manter a pressão arterial mé~ia ao redor de 60 mmHg. As tentativas de reposição volêmica acarretaram piora da transudação pul­monar sem estabilização hemodinâmica. Os dados hemodinâmicos estão ilustrados no Gráfico 1. Evo­luiu em insuficiência respiratória grave com hipoxe-

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AULER JÚNIOR. J. O. C.; PA5CUAL. J . M. 5 .; 5ANTELLO. J. L : POMERANTZEFF. P. M. A.; FALZONI. R.; AMARAL. R. V. G.; VERGINELLI . G.: JATENE. A. O. - Edema pulmonar nao cardiogéniCQ após ci rculaçao edracorpórea. Rev. Bras. Cir. Cardiovasc., 1(2):41·48, 1986.

mia importante, apesar de altas frações inspira­t6rias de oxigênio e pressão positiva expirat6ria final (PEEP). A deterioração hemodinâmica foi pro­gressiva e refratária, inclusive a suporte com con­trapulsação a6nica. Apresentou insuficiência renal e, na tentativa de remoção de Ifqüidos, instalou-se diálise peritoneal. Os dados laboratoriais eviden­ciaram complemento sérico (CHSO) menor que 30 U/L (normal: 170-33 UlL) e a taxa de proteínas totais na secreção traqueal de 3,8 mg% (albumina: 2,6 mg%), contra níveis séricos de 6,5 mg% (albu­mina sérica: 3,7 mg%). Os dados histopatológicos estão na Tabela 5.

TABELA 4

TRATAMENTO E EVOLUCÁO

Pacientes Tera~ulica Ou,.çAo E""'""",

1 Cor!. + drog. inoh:

3d/as -PEEP + BIA + OP

2 (.;Of1. + drog. inoh:

3dias 8b8 PEEP 3

Cort. + drag. inoh: /I """" ""'lO PEEP

4 Cort. + drag. lnolr.

3dias ""'lO PEEP + DP

5 Cor!. + drag. inoh:

2dias ""'lO PEEP + CEOM

6 con + drog. inoh:

7dias 8b8 PEEP

Cort. - Hldrocortisona PEEP ,., Pressão expiratÓfia final positiva

BIA - 88I!!1o Intraórtioo OP - Diálise peritoneal

CEOM - CirculaçAo extracorpóraa com oxigenador de mamo

""'"'

TABELA 5

ACHADOS ANÁrOMO·PA rOLóGlCOS

PULMtJES

p.,. HtIf710fTlIgÍB Vascvl;le OUlros

Paci8nles (9)

Aspecto sEdems N6cro>8 -AIYeoI

1 2000 vinhoso + IAM

3 1900 """" +++ +++ 5 1100 vinhoso ++ +++ CIVO

IAM - Inlarto agudo do miocárdio

CIVO '" CoagulaçAo Intravascular disseminada

-o Õ 1.0 ,

GRÁFICO 1 - EVOLUÇÃO HEMOOIHÃMICA

"---i Ó81TOS _ BRE\lIO~

, " " PRESSÃO CAPILAR PULMONAR (mmHg J

Caso n~ 2: Paciente coronariopata com infarto inferior prévio, hipertensa e tabagista, submetida a cirurgia de !evascularização do miocárdio com pontes de safena para descendente anterior, mar­ginal esquerda e coronária direita. Ao final da CEC, observou-se sangramento difuso no campo cirúr­gico, reinstituindo-se a CEC para facilitar a revisão da hemostasia. Na segunda saída de perfusão, ob­servou-se broncoespasmo com hiperinsuflação pulmonar e saída de secreção sero-hemorrágica pelas vias aéreas. A pressão atrial esquerda era muito baixa, com hipotensão arterial simultânea. Após administração de hidrocortisona (30 mg/kg) , dopamina, aminofilina e expansão vOlêmica, houve melhora parcial do quadro respiratório e hemodi­nãmico. A evolução hemodinâmica encontra-se no Gráfico 1. Permaneceu com assistência ventilatória por 48 horas, apresentando melhora radiol6gica, gasimétrica e diminuição progressiva da secreção sero-hemorrágica pelas vias aáreas, sendo extu­bada.

Caso n~ 3: Paciente portadora de estenose mitral em classe funcional III (NYHA), submetida a troca valvar mitral por bioprótese porcina e comis­surotomia aórtica. A cirurgia transcorreu sem anor­malidades, até Que, 60 minutos' após o final da CEC, começou a apresentar secreção sero-hemor­rágica pela cânula traqueal , broncoespasmo e hipo­tensão arterial, refratária à infusão de altas doses de dopamina e noradrenalina. Recebeu, também, hidrocortisona (30 mg/kg) e reposição volêmica, mas ocorreu deterioração rápida das condições ge­rais, até o óbito. Ao exame anátomo-patol6gico, a prótese mitral e o ventrículo esquerdo foram con­siderados normais. Os demais dados estão na Ta­belaS.

Caso n~ 4: Paciente portadora de estenose a6rtica, evoluindo há seis meses com episódios de angina aos esforços e insuficiência cardfaca

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classe III/ IV (NYHA). Antecedentes de acidente vascular cerebral prévio, hipertensão arterial e epi­sódio de edema agudo de pulmão durante cineco­ronariografia. Submetida a comissurotomia aórtica e revascularização do miocárdio com pontes de safena para artéria circunflexa e coronária direita. Na tentativa de interromper a CEC, houve disten­são da parede anterior do ventrículo esquerdo, sen­do detectada lesão crítica de óstio de tronco de coronária esquerda. Após realizar-se ponte de sa­fena para artéria descendente anterior, houve me­lhora da contratUidade ventricular. permitindo a saí­da de CEC. Após 15 minutos, surgiu quadro de broncoespasmo, hipotensão e secreção hemorrá­gica pelas vias aéreas, sendo detectada baixa pres­são a nível de átrio esquerdo. Recebeu hidrocor­tisana (50 mglkg), anti-histamínicos. aminofilina e drogas inotrópicas. Os dados hemodinâmicos es­tão no Gráfico 1. A taxa de proteínas na secreção traqueal era de 4,2 mg% (albumina: 2,8 mg%), en­quanto a dosagem de proteínas sérieas era de 6,7 mg% (albumina sérica: 3,4 mg%). Evoluiu com in­suficiência renal, sendo instalada diálise peritoneal no 2' dia de pós-operatório. Apesar das medidas terapêuticas, evoluiu com insuficiências respirató­ria e circulatória graves e irreversíveis, até o óbito no ~ dia de lX1s-operatório.

Casa n':' 5: Paciente coronariopata com história de angina estável há 18 meses, com instabilização há três meses. Diabética em uso de insulina NPH. Submetida a cirurgia de revascularização do mio­cárdio (mamária esquerda para descendente ante­rior e pontes de safena para coronária direita e primeira e segunda marginais esquerdas). A saída de CEC foi sem intercorrências, sendo que, após 10 minutos da infusao de protamina, ocorreu hipo­tensão arterial, secreçao hemorrágica pelas vias aéreas e hipoxemia severa. Recebeu corticoste­róides (30 mglkg de hidrocortisona), anti-histam(­nicos e doses progressivas de inotrópicos (dopa­mina e noradrenalina). Como apresentasse pres­são atrial esquerda baixa, recebeu expansão volê­mica sem melhora da hipotensão. Ainda na sala de operações, apresentou parada cardíaca decor­rente da hipoxemia importante. Como a situação cardiopulmonar estivesse insustentável, instalou­se circulação extracorpórea com oxigenador de membrana. O débito cardfaco sistêmico foi mantido desta maneira, em aproximadamente quatro litros por minuto, com melhora das condições hemodinã­micas. porém sem regressão do edema pulmonar. O nlvel de proteínas tolais de secreção traqueal era de 3,6 mg% (albumina: 1,7 mg%), enquanto a dosagem de proternas totais do plasma era de

7,2 mg% (albumina sérica: 3,8 mg%). Desenvolveu quadro hemorrágico difuso. sobrevindo o óbito após 48 horas. Os dados histopatológicos estão na Tabela 5.

Caso n~ 6: Paciente portadora de estenose aórtica. evoluindo com insuficiência cardlaca classe funcional IIII1V (NYHA). Submetida a troca valvar aórtica por bioprótese. sem intercorrências. Cerca de 30 minutos após a salda de CEC e imediata­mente após a infusão de protamina. ocorreu bron­coespasmo, hiperinsuflação pulmonar, secreção serosa abundante pelas vias aéreas, hipotensão arterial e sangramento difuso no campo operatório. Foi institu ída terapêutica com corticosteróides (hi­drocortisona 30 mg/kg), aminofilina, anti-histaml­nicos e drogas inotrópicas (dopamina e noradre­natina). Houve melhora imediata, embora parcial, dos quadros respiratório e press6rico. Os dados hemodinârnicos do pós-operatório revelaram pa­drão hiperdinâmico (vide Gráfico 1), permanecendo dependente de suporte inotrópico. Extubada após seis dias, leve suas condições circulatórias e respi­ratórias normalizadas ao redor do 12' dia de pós-o­peratório, quando teve alta.

DISCUSSÃO

O edema pulmonar, fisiologicamente, pode ser classificado em dois tipos : 1) por aumento de pres­são hidrostática, ou cardiogênico; 2) por aumento da permeabilidade. ou não cardiogênico. Morfologi­camente, o edema pode ser classificado como in­tersticial ou alveolar. Na gênese do edema pulmo­nar, é necessário que a capacidade normal de dre­nagem linfática do pulmão seja excedida: isto ocor­re quando as barreiras endotelial. intersticial e epitelial são vencidas por um dos mecanismos citados. No edema cardiogénico, a elevação da pressâo hidros­tática acarreta transudação de liqüido com baixo teor protéico. em vista da integridade do endotélio capilar. No edema não cardiogênico. a principal característica é a lesão direla do endotélio capilar, permitindo a formação de um líqüido de edema com teor protéico semelhante ao do plasma. Even­tualmente , ambos os mecanismos podem estar presentes e simultaneamente, como nos casos de microembolização pulmona,s, 2 • • 2!i

Vários agentes etiológicos têm sido responsa­bilizados pelo surgimento de EPNC, entre os quais a septicemia, pancreatite aguda. choque de diver­sas etiologias. embolização gordurosa. traumatis­mo crãnio-encefático. pneumonias virais e bacteria­nas, reação a inúmeros fármacos, afogamento, ina­lação de gases tóxicos, hemodiálise, circulação ex-

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AULER JÚNIOR. J. O. C.; PASCUAL, J. M. S.; SANTELlQ, J . L.; POMERANTZEFF, P. M. A.: FALZONI. R. : AMARAL, R. V. G.; VERGINElU, G.; JATENE, A. D, - Edema pulmonar "Ao cardiogênico após circulaçAo exlracorpórea, Rev. Bras. Cir. CarrJiovasc .. 1(2):4 1,48, 1986.

tracorpórea, reação a hemotransfusão, etc,u. Em relação aos nossos casos, 3 seriam os agentes que poderiam estar implicados no desencadea­mento do processo: 1) CEC; 2) reação à protamina; 3) reação à hemotransfusão.

Há mais de duas décadas já foi demonstrado o EPNC seguindo-se à CEC; entretanto, o ENPC de caráter fulminante, com os relatados neste tra­balho, tem descrição mais recente3. la. Sugere-se que os poss(veis mecanismos mediadores da agressão à microcirculação seriam a ativação, pela CEC, do sistema complemento, induzindo seques­tração, com ativação de neutrófilos, e a ativação de plaquetas, Essa ativação bioqulmica levaria à liberação de radicais livres de oxigénio, enzimas lisossomiais, tromboxane, leucotrienos, peptídeos derivados da fibrina, etc" que estariam implicados no aumento da permeabilidade endoteliaP' B. 11. 2 1 . .....

Em relação à protamina, diversos efeitos cola­terais têm sido descritos à sua infusão, tais como: a) ação cardiovascular direta provocando diminui­ção da resistência vascular periférica e do Indice cardlaco determinando hipotensão arterial, de ma­neira isolada, ou formando complexos com a hepa­rinaS. 15. 28; b) reação anafilática mediada por imu­noglobulinas (lgG e IgE), determinando reaçOes urticariformes, broncoespasmo e hipotensão arte­rial, muitas vezes relacionadas à exposição prévia à insulina protamina-zinco, ou alergia a determi­nados tipos de peixes7• 11 . 13 . ", c) reação anafilac­tóide não mediada por anticorpos, desencadeada pela formação de oomplexos moleculares protami­na-heparina, ou pela própria protamina, levando a uma ativação maciça do sistema complemento, quer da via clássica, quer da via alternativa, bem oomo ativação de basófilos e mast6citos liberando substãncias vasoativas sem o envolvimento de imunoglobulinas, fato corroborado pelas evidências in vitro de degranular mast6citos peja protamina com manifestações que incluem colapso circula­t6rio, hipertensão pulmonar, broncoespasmo, au­mento súbito da permeabilidade endotelial, distúr­bios da coagulação, etc,

O terceiro mecanismo aventado como poSSível agente etiológico do EPNC seguindo-se à CEC se­ria a reação às leucoaglutininas, envolvendo san­gue do doador oom granul6citos do receptor. Esta reação em geral provoca febre e tremores, mas pode progredir para edema pulmonar através da ativação do sistema complemento, num prazo de 30 a 120 minutos após a hemotransfusã09 . 12. 19.

Em animais de experimentação, o complemento atlvado, principalmente a fração C5a, pode interagir

com leucócitos circulantes, causando leucoagluti­nação e sequestro destes leucócitos a nível pulmo­nar, desencadeando o EPNC'- i . 71, Vários casos de EPNC relacionados à hemotransfusão onde se detectaram anticorpos anti-Ieucocitários já foram descritos, sendo que o anticorpo responsabilizado está, em geral , no sangue do doador, embora já tenha sido relatada a sua ocorrência no plasma do receptore· 12. "

Ag. I - Ne<:tose d. perede' et18f\eJ, bem como <Idem. e hemorragle Õ'1tr.·.~ ... n (HE II S4t1).

GRÁFICO 2 - EVOLuç.lO RESPlRATORIA

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Embora os três mecanismos acima citados possam estar envolvidos na gênese do EPNC ocor­rido nos pacientes desta casulstica, torna-se diffcil identificar um fator causal único, sendo mais lógico aceitarmos uma etiologia multifaloriaJ para esta sln­droma. Devido a isto, o diagnóstico preciso e preco­ce ainda na sala de operações é fundamental , sur-

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AULER JÚNIOR, J. O. C.: PASCUAL, J. M, S.: SANTELLO, J . lo : POMERANTZEFF. P. M. A.: FALZONI , R : AMARAL. R. II, G.: IIERGINELlI, G.; JATENE, A. D. - Edema pLllmonar não cardlogénico após clrCLllação eKlraoorpórea. R6V. Bras. Clr. Cardiovasc. , 1(2):41 ·48. 1986.

gindo a medida da pressão no átrio esquerdo, ou no território vascular pulmonar, como o primeiro critério diferenciador entre os dois tipos de edema pulmonar. Exames laboratoriais, como dosagem de complemento, dosagem do teor protéico na secre­ção traqueal, determinação do título de leucoaglu­tininas, etc., podem ser importantes, como verifica­mos nos casos 1,4 e 5.

A slndrome, uma vez instalada, mostrou-se de alta morbidade em nossa casurstica, em concor­dAncia com a literatura. Mesmo instituindo-se uma terapêutica precoce, baseada em suporte cárdio­respiratório com drogas vaso--ativas , oxigenador de membrana, correçAo volêmica e drogas anti-infla-

mat6rias e anti-histamínicas. a lesão da microcir­culação pode ter atingido um ponto irreversível, conforme os nossos achados histopatol6gicos (Ta­bela 5) chegando, inclusive, a vasculite necro-he­morrâgica difusa (Figura 1).

O acompanhamento do perfil hemodinAmico e respirat6rio dos nossos casos mostrou S8r útil na avaliação da terapêutica, bem como ter um valor prognóstico, conforme mostram os Gráficos 1 e 2.

Concluímos que, pela multiplicidade dos fato­res envolvidos. maiores estudos são necessários, principalmente no que se refere aos mecanismos desencadeantes do processo.

RBCCV

AULER JÚNIOR, J. O. C.; PASCUAL. J . M. 5 .: SANTELLO, J. L : POMERANTZEFF. P. M. A.: FALZON1, R : AMARAL, R V. G.; VERGINELlI. G.: JATENE, A. D. - Non-cardlogenic pulmonary edema afler cardlopulmonary bypass. Rllv. eras. C/r. cardiovas .• 1 (2):41-48, 1986,

AB$TRACT: Nonoeardlogenlc pulmonary edema Is a recently described sanous complication which Iollows heart surgery unóef" cNdiopulmonary bypass. The ansat 01 symptoms Is rapid. wittl bronchospasm. saro-hemorrtlagic secretion through the ailWays, anel arlenal hypotension. Ditferential diagnosis wlth lalt ventricular lailure is obtained lrom lhe normal or Iow pressures in lhe putmonary c1rculatioo. Thls poInls out to an increased vascular permeability as lhe maln ethiological agem. The aulhors report the occurrence of this synelrome ln slK patients submitted to hean oparations under cardiopulmonary bypass anel discuss physlopathology, diagnosls. lhetapy anel histopathologlcal llnelings ln patienls wlth lethal evolutlon.

DESCRIPTORS: pulmonary edema, non-cardlogenlc: extracorporeal clrculalion.

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Dlscussio

DA. PAULO ROBERTO ~VORA SAo Paulo. SP.

A ocorrência do edema agudo pulmonar não­cardiogênico (EAPNC) é totalmente imprevíslvel e freqüentemente fatal . Trata-se de uma entidade que tem sido objeto de extensivas publicaç6es, nesta primeira metade da década de 80. A sua descrição é clássica com todos os comemorativos apresentados pelos 5 pacientes descritos pelo Dr. Auler Jr. A fisiopatologia desta slndrome ainda nAo é clara, incluindo os elementos citados no trabalho, Em excelente revisão de HORROW (ANESTH. ANALG" 64:348, 1985) sobre a protamina, existe uma classificação sobre os seus efeitos adversos. Os casos apresentados, se tiveram a participação provável da protamina, enquadrar-se-iam no tipo II-C: resposta anafilact6ide tard ia com edema pul­monar não-cardiogênico. A conduta, nestes casos, consiste em : oxigénio. IlqOidos, adrenalina, cortic6i­des, anti-histamfnicos e ventilação com pressão p0-

sitiva intermitente, Pela severidade de insuficiência respiratória, pode-se até necessitar de Circulação extracorpórea com oxigenador de membrana, re­curso utilizado em um dos pacientes documentados no trabalho. Em nosso Serviço, tivemos um caso de uma paciente do sexo feminino. 54 anos, subme­tida a revascularização do miocárdio e que desen­volveu uma complicação enquadrada no tipo 111 de HORROW: ocorreu grave edema, até com caracte­rlstica de hemorragia pulmonar, imediatamente

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AUlER JÚNIOR. J. O. C.: PASCUAl, J. M. S.: SANTEllO, J. l. : POMERANTZEFF. P. M. A.; FAl ZONl, R.: AMARAL, R. v . a .; VEAGINElll. G.: JATENE. A. D. - Edema pulmonar nao cardiogênico após circulação exlraoorpót'ea. Rev. Bras. Cir. Cardiov8SC., 1(2):4 1·48 , 1986.

após a injeção endovenosa direita de 100 mg de sulfato de protamina. Concomitantemente, O ventrí­culo direito distendeu-se, a PA média caiu de 70 para 20 mmHg, a PVC aumentou para 28 cm H20 e a PAE caiu de 10 para 3 cm H20 . O quadro hemodinâmico foi revertido pela administração len­ta de adrenalina por via endovenosa e 30 mgfkg de metilprednisolona, que não havia sido usada no prime da circulação elctracorpórea. Ainda em relação à protamina, deve-se ressaltar que a expo­sição prévia não é obrigatória, porém, a investi­gação de alergia a peixe e o uso de insulinas con­tendo protamina (NPH, PZI) 'devem ser investiga­dos. Além destes fatos, há menção, na literatura, de que a injeção arterial não previne as reaç6es adversas à protamina, sendo este também um as­sunto controverso. As outras causas também são djscutfveis. As conseqOências da transfusão de sangue e componentes são possfveis, porém a fre­qOência de sua utilização em circulação extracor­pórea é muito maior do que o aparecimento do EAPNC. A mediação do sistema de complemento também é controversa, existindo trabalhos, na lite­ratura, mostrando consumo de C3 e C4 pela CEC

..

"in vivo", sem demonstrar a sua ativaçao pela car­dioplegia, ou pela protamina. Finalmente, deve-se enfatizar que o mérito do trabalho do Dr. Auler Jr. consiste, por meio de uma notável documentação dos casos, em chamar a atenção para o problema, que é aluai e que esperamos seja solucionado o mais breve possível. Acreditamos que a sua ocor­rência não deva ser tão rara e que novos casos surgirão, a partir do ponto em que todos os Serviços de cirurgia cardfaca passem a preocupar-se com o problema. Oportunamente, volta-se à velha polé­mica: usar, ou não, os corticosteróides em circula­ção extracorpórea oomo medida preventiva.

DR. AUlER JÚNIOR (Encerrando)

O edema pulmonar decorre de um acúmulo anormal da água extravascular pulmonar, resultan­te de aumento da pressão hidrostática ou aumento da permeabilidade da microcirculação. No presente trabalho,o último fator foi a causa desencadeante desta grave complicação, que requer reconheci­mento rápido e decisivo para a evolução .