Sal Panificadoras Publico 07

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/19/2019 Sal Panificadoras Publico 07

    1/1

     

    Fundação Portuguesa de Cardiologia tenta há vários anos convencer a indústria da panificação a reduzir o

    salPães portugueses têm teores de sal muito acima damédia europeia13.11.2007 - 08h46 Catarina Gomes

    A maior parte do pão vendido em Portugal tem perto de 10 gramas de sal por quilo, muitoacima da média de muitos dos pães consumidos na União Europeia, afirma o presidenteda Sociedade Portuguesa de Hipertensão, Luís Martins, um dos autores de um estudosobre o tema realizado na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, que é apresentadoquinta-feira em Lisboa.

    Luís Martins diz que os resultados do estudo que testou 40 tipos de pão - nomeadamenteo pão de trigo, de centeio e integral - são "assustadores". Os pães portugueses foramcomparados com outros de perto de dez países europeus e nalguns casos têm mais dodobro do sal.

    O médico nota que basta que cada pessoa coma duas carcaças para poder atingir a dosediária de sal recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 5,5gramas por dia. Um estudo dos mesmos autores do ano passado comprovou queconsumo médio de sal dos portugueses é dos mais elevados da Europa, com 12 gramaspor dia.

    Se o pão for acompanhado de presunto ou fiambre ainda o dia não vai a meio e já foiultrapassada a dose diária recomendada, alerta o responsável. "O nosso pão [dito] sem saltem sal a mais."

    A presença de sal tem uma relação directa com o cancro do estômago, a hipertensãoarterial e o acidente vascular cerebral (AVC), doença que continua a ser a principal causa

    de morte em Portugal. "Se conseguirmos reduzir alguns gramas por dois ou três anos éuma das medidas de saúde pública mais importantes dos últimos anos."

    O problema é há muito conhecido, reconhece o presidente da Fundação Portuguesa deCardiologia, Manuel Carrageta, que diz que há cerca de dez anos que fazem esforços junto da indústria da panificação para a redução do sal. Mas os apelos têm tido poucosucesso. Manuel Carrageta afirma que há "razões económicas" para a recusa da indústriaem mudar: quanto mais sal há nos alimentos mais estes retêm água e ficam maispesados, o que sai mais barato ao produtor porque implica o uso de menos farinha, explicao cardiologista. Ao mesmo tempo, "os produtos salgados estimulam a sede", o quepromove a indústria das cervejas e refrigerantes.

    Existe também um factor cultural, que está relacionado com "o desenvolvimento tardio darede de frio [frigoríficos]" (depois dos anos 1970). Isto significa que a conservação dealimentos em sal se manteve até tarde e isso criou hábitos de consumo de sal.

    Curioso é dizer que as papilas gustativas não dão por diferenças de sal até aos 20 porcento. "Se reduzirmos o sal em 19 por cento as pessoas não notam", o que podia permitira redução gradual do consumo. João Duarte Freitas, presidente da assembleia geral daConfraria do Pão (associação que defende o pão tradicional) e médico, concorda com anecessidade de reduzir o teor do sal porque isso não vem alterar as suas propriedades."Não se está a falar de sabores, está-se a falar de tempero."

    Página Web 1 de 1

    10-04-2008http://ww2.publico.clix.pt/print.aspx?id=1310478&idCanal=undefined