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Salvador-Roma Negra: cidade diaspórica Maria Alice P. da Silva 1 O Brasil, entre os séculos XVI e XIX, recebeu mais de cinco milhões de negros, de várias nações e etnias, oriundos do continente africano. Eles não aceitaram pacificamente a ordem escravocrata. Faziam levantes, rebeliões na capital e no interior, fugiam para regiões bem escondidas e fortificadas no meio das matas, conhecidas como quilombos, levando insegurança para os seus senhores. (SILVA, 2017) Na Bahia, segundo Verger (2002b), o tráfico dos escravos foi dividido em quatro períodos: I - Ciclo da Guiné costa oeste da África ao norte da linha Equador durante a segunda metade século XVI; II - Ciclo de Angola e do Congo no século XVII; III - Ciclo da Costa da Mina nos três primeiros quartos do século XVIII; IV - Ciclo da Baía Benin, entre 1770 e 1850, incluindo aí a fase da ilegalidade, ou seja, o tráfico clandestino. Ao chegar ao solo brasileiro, não só a liberdade do negro africano era perdida definitivamente, mas também os seus laços familiares, sociais e culturais. A tristeza, saudade, a nostalgia e a depressão, muitas vezes chamada de banzo, refletiam o desejo dos africanos de retornar à terra natal, ao lugar de origem de onde fora retirado à força. Eles não aceitaram pacificamente a ordem escravocrata. Faziam levantes, rebeliões na capital e no interior, fugiam para regiões bem escondidas e fortificadas no meio das matas, conhecidas como quilombos, levando insegurança para os seus senhores. (SILVA, 2017) 1 Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pelo PPGAU/FAUFBA, Mestra em Arquitetura e Urbanismo pelo PPGAU-FAUFBA, Advogada, Bacharel em Direito pela UCSAL. Trabalha com Direitos de Povos de matrizes Africanas, Diáspora Negra no Mundo Atlântico, e Cidade e Negritude. E- mail:[email protected].

Salvador-Roma Negra: cidade diaspórica · Salvador-Roma Negra: cidade diaspórica Maria Alice P. da Silva 1 ... essa cidade mágica, bela, festiva, desigual, mas, sobretudo, negra

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Salvador-Roma Negra: cidade diaspórica

Maria Alice P. da Silva1

O Brasil, entre os séculos XVI e XIX, recebeu mais de cinco milhões de negros,

de várias nações e etnias, oriundos do continente africano. Eles não aceitaram

pacificamente a ordem escravocrata. Faziam levantes, rebeliões na capital e no interior,

fugiam para regiões bem escondidas e fortificadas no meio das matas, conhecidas

como quilombos, levando insegurança para os seus senhores. (SILVA, 2017)

Na Bahia, segundo Verger (2002b), o tráfico dos escravos foi dividido em quatro

períodos: I - Ciclo da Guiné – costa oeste da África – ao norte da linha Equador durante

a segunda metade século XVI; II - Ciclo de Angola e do Congo no século XVII; III -

Ciclo da Costa da Mina nos três primeiros quartos do século XVIII; IV - Ciclo da Baía

Benin, entre 1770 e 1850, incluindo aí a fase da ilegalidade, ou seja, o tráfico

clandestino.

Ao chegar ao solo brasileiro, não só a liberdade do negro africano era perdida

definitivamente, mas também os seus laços familiares, sociais e culturais. A tristeza,

saudade, a nostalgia e a depressão, muitas vezes chamada de banzo, refletiam o desejo

dos africanos de retornar à terra natal, ao lugar de origem de onde fora retirado à força.

Eles não aceitaram pacificamente a ordem escravocrata. Faziam levantes,

rebeliões na capital e no interior, fugiam para regiões bem escondidas e fortificadas

no meio das matas, conhecidas como quilombos, levando insegurança para os seus

senhores. (SILVA, 2017)

1 Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pelo PPGAU/FAUFBA, Mestra em Arquitetura e Urbanismo

pelo PPGAU-FAUFBA, Advogada, Bacharel em Direito pela UCSAL. Trabalha com Direitos de Povos

de matrizes Africanas, Diáspora Negra no Mundo Atlântico, e Cidade e Negritude. E-

mail:[email protected].

Nas suas angústias, aflições, incertezas, pressões, a espiritualidade tornou-se

uma arma poderosa. Assim, deslocando-se física e espiritualmente na diáspora africana,

os escravizados foram capazes de preservar os seus costumes, a sua cosmovisão de

mundo influenciando, decisivamente, na construção imagética da cidade de Salvador,

enquanto lugar de religiosidade – resistência - centro das mais diversas manifestações

culturais negras.

Neste artigo pretendemos demonstrar como os movimentos diaspóricos entre

Salvador e África, as idas e vindas, empreendidas por africanos e brasileiros

desempenharam um papel decisivo na consolidação da cidade de Salvador como berço

da religiosidade afro-brasileira, a matriarca Roma Negra, a capital da negritude no

mundo.

Palavras chaves: SALVADOR, ROMA NEGRA, CIDADE DIASPÓRICA.

Eu sou a chuva que lança a areia do Saara,

Sobre os automóveis de Roma

Eu sou a sereia que dança,

A destemida Iara, Água e folha da Amazônia

Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra,

Você não me pega. Você nem chega ame ver,

Meu som te cega careta, quem é você?

Que não sentiu o suingue de Henri Salvador,

Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô (VELOSO,1989)

Introdução

Diáspora é uma palavra de origem grega, impregnada de conteúdo ideológico e

empregada de várias maneiras a depender das realidades e do contexto histórico. No

sentido clássico, significa deslocamento, dispersão voluntária ou forçada dos povos por

motivos políticos, econômicos ou religiosos. (SILVA, 2017)

Diáspora africana ou diáspora negra, por sua vez, é o nome que se dá ao

fenômeno ou a experiência vivida por descendentes africanos nas Américas, na Europa

e em outros lugares e o rico patrimônio cultural que construíram. (LOPES, 2004)

A noção de diáspora africana é um processo dinâmico que está, e sempre esteve

associado à memória viva da escravidão, à experiência e luta contra o racismo, e ao

sentimento de dupla consciência onde o sujeito encontra-se dividido entre duas

realidades.

O deslocamento de africanos escravizados para o Brasil tem sido a principal

fonte inspiradora para “as chamadas culturas negras que se criam e se recriam por toda a

diáspora”. (PINHO, 2004, p.28) “Na margem de lá e na margem de cá” como diria

poeticamente Silva (2003) na obra “Um rio chamado Atlântico, a África no Brasil e o

Brasil na África” há toda uma história do Atlântico Negro. História da África ou de

várias Áfricas. História densa, profunda, de disputas políticas, comerciais, mas,

sobretudo, história de criação de redes, de solidariedades culturais, de elos construídos,

de ligações físicas, afetivas da memória material e imaterial que sobreviveram e

sobrevivem ao longo dos anos.

Patrícia Pinho (2004, p.30) revela que “a linguagem da diáspora é criada por

povos que sentem, vivem e inventam uma conexão com o lar primordial”. O que eles

buscam reencontrar são às raízes perdidas, a África mítica e que a cidade de Salvador

enquanto polo disseminador de uma cultura que não está congelada em uma “herança

africana”, mas que se reeinventa e desenvolve, exerce um papel de destaque nessas

relações transnacionais ao conectar os imaginários da negritude e africanidade à

multiplicidade do Atlântico Negro.

Considerada fenômeno sempre em construção, a diáspora problematiza a

mecânica cultural e histórica do pertencimento, da definição de identidade étnica ao

quebrar a sequencia simples de elos explanatórios entre lugar, localização e consciência.

(GILROY, 2007)

Paul Gilroy, ao conceituar a diáspora, apresenta-nos o papel dos africanos na

formação e transformação da cultura Atlântica. Sua pesquisa oferece um modelo para

quem quiser tentar entender o processo de formação cultural e sua adaptação ao Mundo

Atlântico. O termo Atlântico Negro por ele criado busca explicar as estruturas

transnacionais que se desenvolveram durante a era do comércio de escravos e que se

perpetuou ao longo dos anos ao proporcionar um sistema de redes e conexões,

constituídos por fluxos que transportam imagens, símbolos negros por todo o Atlântico.

A cidade de Salvador é conhecida como a “Roma Negra”, e, também, como a

maior cidade da diáspora atlântica. A incessante busca da África na Bahia tornou

Salvador ainda mais africanizada o que ampliou a sua imagética de negritude. Neste

trabalho investigamos como surgiu esse conceito e quando se consolidou essas trocas

diaspóricas, essas idas e vindas? Para tanto dividimos o artigo em três momentos: I –

Primeira diáspora: Roma Negra enquanto lugar da religiosidade afro-brasileira (1920);

II – Segunda diáspora: Roma Negra enquanto lugar da resistência da negritude (1970);

III – Terceira diáspora: Roma Negra enquanto lugar do turismo étnico (2000).

1.1 Primeira Diáspora - Roma Negra enquanto lugar de religiosidade afro-

brasileira (1920).

O Brasil, entre os séculos XVI e XIX, recebeu mais de cinco milhões de negros,

de várias nações e etnias, oriundos do continente africano. Eles não aceitaram

pacificamente a ordem escravocrata. Faziam levantes, rebeliões na capital e no interior,

fugiam para regiões bem escondidas e fortificadas no meio das matas, conhecidas

como quilombos, levando insegurança para os seus senhores. (SILVA, 2017)

Na Bahia, segundo Verger (2002b), o tráfico dos escravos foi dividido em quatro

períodos: I - Ciclo da Guiné – costa oeste da África – ao norte da linha Equador durante

a segunda metade século XVI; II - Ciclo de Angola e do Congo no século XVII; III -

Ciclo da Costa da Mina nos três primeiros quartos do século XVIII; IV - Ciclo da Baía

Benin, entre 1770 e 1850, incluindo aí a fase da ilegalidade, ou seja, o tráfico

clandestino.

A tristeza, saudade, a nostalgia e a depressão, muitas vezes chamada de banzo,

refletiam o desejo dos africanos de retornar à terra natal, ao lugar de origem de onde

fora retirado à força.

Ao chegar ao solo brasileiro, não só a liberdade do negro africano era perdida

definitivamente, mas também os seus laços familiares, sociais e culturais. Sweet, na

obra “Recriar a África: cultura, parentesco e religião no mundo afro-português (1441-

1770)”, descreve as histórias de negros africanos que lutaram para manter o seu legado

cultural, à medida que se movia, literal e espiritualmente, pela diáspora luso-africana –

de Angola ao Brasil, do Brasil a Portugal e de volta a Angola”. (SWEET, 2003, p. 30)

Desterritorializados2, reterritorializados os africanos dos mais variados grupos

étnicos exerciam suas práticas religiosas. Isso muito contribuiu para o processo de

formação da identidade afro-brasileira. As suas crenças, as suas concepções religiosas e

2.Desterritorialização – ato ou efeito de desterritorializar; anular ou reduzir os limites territoriais.

“Desterritorializar uma etnia é a melhor maneira de vê-la desaparecer para se fundir num magma

sociológica, como ocorre com as favelas do Terceiro Mundo ou de outros locais. Nesses lugares de

aculturação e de desenraizamento, o único meio de sobrevivência que resta a um grupo é constituir um

novo território, por ínfimo que ele seja, e, se isso não for possível, recriar um, num outro lugar, no sonho

e no mito [...]” (BONNEMAISON, 2012, p.291)

as suas culturas foram “trasladadas para o novo espaço social”, (PARÉS, 2007, p.109)

sendo ressignificadas e disseminadas em solo brasileiro.

Em Salvador- Bahia-Brasil, “a reunião simultânea de cultos de várias

divindades num mesmo terreiro deu origem[...] a fundação do primeiro terreiro de

Candomblé, o Ilê IyáNassô – ocorrida, segundo os cálculos mais arriscados, na última

década do século XVIII, ou segundo os mais conservadores, nas primeiras décadas do

século XIX”. (PARÉS, 2007, p.271), o terreiro é o espaço e território por excelência do

negro no Brasil;

O patrimônio simbólico do negro brasileiro (a memória cultural da

África) afirmou-se aqui como território político-mítico-religioso, para

a sua transmissão e preservação. Perdida a antiga dimensão do poder

guerreiro, ficou para os membros de uma civilização desprovida de

território físico a possibilidade de se “reterritorializar” na diáspora

através de um patrimônio simbólico consubstanciado no saber

vinculado ao culto aos muitos deuses, à institucionalização das festas,

das dramatizações dançadas e das formas musicais. É o egbé, a

comunidade litúrgica, o terreiro, que aparece na primeira metade do

século XIX. (SODRÉ, 2002, p.53)

Desse modo, os ritos, os mitos, os ritmos, as técnicas, os valores começaram a participar

da construção da urbe soteropolitana. Da religião às artes plásticas, das expressões linguísticas à

vida afetiva, da dança à culinária, das festas populares à criação poética e musical – não há um só

campo do pensar, do fazer e do viver cultura em Salvador, que não apresentem, as marcas

indeléveis, as cores, os sons, os sabores fortes da negritude. Enfim, não é possível imaginar a

cidade sem reconhecer a decisiva influência da cultura africana.

Salvador foi uma das cidades que recebeu forte influência do legado africano.

O escritor Jorge Amado (2012), no romance intitulado “Bahia de Todos os Santos”, em

verso e prosa, discorre sobre a imagética da religiosidade presente na atmosfera, na

arquitetura, no dia a dia do povo soteropolitano.

Amado (2012) abre as portas da cidade para os leitores e narra a saga e força

dos negros disperso no mundo Atlântico. Fala-nos do ritmo, dos batuques, da culinária,

da criação literária e artística, enfim, dos encantos, mistérios e mazelas seculares das

ruas, ladeiras, terreiros, igrejas, mercados, trapiches, praias e convida-nos a conhecer

essa cidade mágica, bela, festiva, desigual, mas, sobretudo, negra por excelência.

Amado inicia a narrativa com a seguinte frase: “Quem guarda os caminhos da

cidade do Salvador da Bahia é Exu, orixá dos mais importantes na liturgia dos

Candomblés [...].” (AMADO, 2012, p.21)

E prossegue:

Roma já disseram dela. “Mãe das cidades do Brasil”, portuguesa e

africana, cheia de histórias, lendária, maternal e valorosa. Aqui estão

as grandes igrejas católicas e os grandes terreiros de candomblé [...]

Se o arcebispo é o primaz do Brasil, o pai Martiniano do Bonfim era

uma espécie de papa de todas as seitas negras em todo o país e mãe

Menininha é a papisa de todos os candomblés do mundo. (AMADO,

2012, p.28)

Jorge Amado apresenta Salvador como a cidade negra por excelência do Brasil,

onde a mistura de sangue é tamanha que “em sã consciência pouca gente poderá negar o avô

negro mais ou menos remoto. A influência do negro sente-se em toda parte. Não apenas no

aspecto físico da cidade, mas na sua vida”. (AMADO, 2012, p.24)

A imagem da cidade de Salvador, enquanto lugar de religiosidade afro-

brasileira, se consolidou nos idos de 1920 com a frase “Roma Negra” cunhada pela

famosa Babalorixá Mãe Aninha - fundadora do Terreiro Ilê Axé Apó Afonjá3 - ao se

referir a urbe como centro difusor da religião de matriz africana no Brasil.

A frase metafórica de Mãe Aninha foi citada pela primeira vez por Edson

Carneiro, no livro “Negros Bantus” (1937), quando buscou dar visibilidade à

contribuição decisiva dos negros bantos (angolas e congos) na formação sociocultural

do povo brasileiro.

Foi em grande parte por causa desses negros que a Cidade da Bahia

ganhou a fama de leader entre as cidades pitorescas do Brasil, centro

obrigatório de todos os estudos sobre o problema do negro brasileiro,

tornando-a “Roma africana”de que sempre me fala a mãe de santo

nagô Eugênia Ana Santos, “Aninha” do Centro Cruz Santa do Axé do

Opô Afonjá, de São Gonçalo do Retiro. (CARNEIRO, apud Lima,

2010, p.308)

3“ Mãe Aninha contou com a ajuda do Babalaô Martiniano que nasceu livre na Bahia em 1859. Filho de

iorubás libertos que lhe deram o nome de Ojeladê (LIMA, 1987) sua mãe, Manjebassá, cujo nome

católico foi Felicidade, era mãe de santo da etnia ijexá; seu pai, Eliseu do Bonfim (Oya Togum) da etnia

egbá, era comerciante e importava produtos africanos. Em 1875, adolescente ainda, Martiniano foi levado

pelo pai a Lagos, onde passou 11 anos. Estudou numa escola de missionários prebisterianos, passando

assim a dominar o inglês e o ioruba, falado e escrito. Martiniano coltou a morar no Brasil em 1886, na

véspera da Abolição, mais viajou duas vezes para a Costa.”(CASTILHO, 2010, p.108-109)

O termo aparece no II Congresso Afro-brasileiro em 1937, em Salvador,

realizado por Edson Carneiro com participação de inúmeros religiosos do candomblé.

“Um dos aspectos mais originais do Congresso da Bahia foi, sem dúvida, a contribuição

direta das mães-de-santo e de outros aficionados, como pesquisadores das suas próprias

seitas. Bernardino do Bate-Folha, Falefá da Formiga, Vavá Pau Brasil, Aninha [...]

Maria Bada”. (CARNEIRO, 1940, p.9)

A expressão, posteriormente, foi utilizada pela antropóloga Ruth Landes em dois

momentos: 1947, na obra “Cidade das Mulheres” e 1967, ao publicar os dois artigos: “O

culto fetichista no Brasil” e “Escravidão negra e status feminino”.

No artigo “O culto fetichista no Brasil”, Landes afirma textualmente: “A Bahia

foi chamada a ‘Roma Negra’ porque o seu vigor cultural domina a vida popular no leste

densamente povoado”. (LANDES apud Lima, 2010, p.311)

Em “Escravidão negra e status feminino”, a autora revela que: “Foi nas regiões

latino-americanas que as mulheres negras encontraram maior reconhecimento de seu

próprio povo e dos senhores. Uma distinta sacerdotisa da Bahia chamou a sua cidade de

‘Roma Negra’ devido à sua atividade cultural.” (LANDES, apud LIMA, 2010, p.311)

Outros autores (brasileiros e estrangeiros) contribuíram para consolidar,

naturalizar no imaginário popular e acadêmico a metáfora “Salvador : Roma Negra”.

Dentre eles: Blaise Cendras, escritor francês que transitou na cidade, nos anos 50, e

publicou o livro “Brésil, les Hommes Sont Venus” em que fez referência à Bahia

enquanto une ville Noir; e Michel Agier, antropólogo francês, que por aqui residiu e

escreveu um artigo intitulado “Rome Noir, um Rêve de GhettoPaien”, citando reiterada

vezes, como epígrafe e ilustração, o texto de Cendras. (LIMA, 2010, p.311)

O título “Salvador: Roma Negra” faz parte do cotidiano e é aceita e repetida por

muitos. Luna, no artigo “Alguns comentários acerca da mitologia afro-brasileira em três

letras de canções de Gilberto Gil”, ao discorrer sobre uma estrofe da música “Buda

nagô”, onde Gil poeticamente fala que “Dorival é um monge chinês, nascido na Roma

Negra, Salvador”, dá uma explicação plausível sobre a associação da cidade à imagem

de Roma Negra. Vejamos:

[...] Roma, aqui, como capital de um império. O Império Romano

fortaleceu com o mercado de escravos (os gladiadores eram todos

escravos), figuras como Espártaco (escravo rebelde) tornaram-se

mártires célebres pelo desafio que fizeram ao poder romano. Salvador,

nesse contexto, não é apenas a capital da Bahia, mas é o centro para

onde convergiram grande leva de escravos aprisionados na África.

Não é por acaso que poetas abolicionistas como Castro Alves e Luiz

Gama (este, negro) eram baianos e destacaram-se no século XIX pela

denúncia da escravidão. Um dos poemas mais esquecidos, mas ao

mesmo tempo mais pungentes acerca da resistência à escravidão,

notadamente no episódio de Palmares é o poema “Tróia Negra” da

autoria de Oliveira Lima. Se para o historiador, crítico e poeta, o

Quilombo dos Palmares podia ser metaforizado na imagem de uma

“Tróia Negra”, para Gil, a cidade de Salvador se transforma na “Roma

Negra”. Nesse contexto, a calma e a ponderação características da

figura de Caymmi se contrapõem ao meio social, marcado pela tensão

social advindas de um meio em que resquícios da época da escravidão

permanecem disfarçados na marginalidade, no desemprego, na falta de

oportunidades que ainda são marcas de parcela considerável da

população de Salvador, a capital, ao que me parece, com maior

parcela de população de característica negra no Brasil. (LUNA, 2006)

Mãe Aninha, além de ter sido um ícone do candomblé no Brasil, era possuidora

de um vasto conhecimento da cultura africana e professava o credo católico. Foi Priora

das Irmandades do Senhor Bom Jesus dos Martírios e de Nossa Senhora do Rosário,

Provedora Perpétua de Nossa Senhora da Boa Morte, da Barroquinha e Irmã Remida da

Irmandade de São Benedito, nas Quintas.

Para Vivaldo da Costa Lima (2010, p.310), a frase célebre da sacerdotisa era

uma analogia de Salvador à cidade de Roma e tenta explicar o seu sentido:

Dessa maneira é que Aninha, ao falar em “Roma Africana” aludindo à

cidade da Bahia – como Salvador era então mais conhecida -, estava

claramente usando uma metáfora, tomando Roma, a cidade matriz do

Catolicismo, com o Vaticano, o Papa e as suas igrejas, como o símile

imagístico da Bahia pela predominância da sua religiosidade, do

candomblé, a religião de origem africana de que ela tanto se orgulhava

e a atmosférica católica das suas igrejas, de cujas irmandades, a várias

delas, Aninha pertencia; do catolicismo processional enfim, que não

sei até que ponto deva aqui chamar de catolicismo popular.

A famosa frase “Salvador: Roma Negra” resistiu ao tempo incólume, “o mistério

da mudança parcial da metáfora permanece, se há mistério”. (LIMA, 2010, p.312)

Intelectuais, militantes dos movimentos negros fizeram uma ressignificação do

conceito, transformando-o em uma mensagem política-ideológica de resistência.

1.2 Segunda Diáspora - Roma Negra enquanto lugar da resistência da

negritude (1970).

As independências de Gana (1957), Angola, Moçambique (1975) e as lutas e

guerras de independência de outros países africanos inauguram esse novo período que

vai se intensificar com o aumento vertiginoso das migrações de povos das ex-colônias

para as grandes metrópoles, como França, Inglaterra e Portugal.(GUERREIRO, 2010a)

O Pan-africanismo, o movimento das Panteras Negras; as lutas dos direitos

civis nos Estados Unidos das Américas, do Apartheid na África do Sul, do

rastafaranismo, reggae, hip hop, funk, também, caracterizaram o segundo processo

diaspórico, marcado, particularmente, pela luta contra a discriminação racial e

condições políticas-econômicas desiguais.

No cenário nacional, o Estado brasileiro continuava a negar a existência do

racismo, todavia a discriminação racial com a proibição de acessos dos negros aos

bares, clubes, associações carnavalescas, hotéis e a violência policial eram práticas

constantes no país.

Em 1978 houve uma grande manifestação negra nas escadarias do Teatro

Municipal de São Paulo em protesto a morte do trabalhador negro – Robson Silveira da

Luz – devido à tortura sofrida nas dependências de uma delegacia em Guainazes; a

expulsão de quatro atletas negros do time juvenil do Clube Regata Tietê e o assassinato

do operário negro Nilton Lourenço por um policial no bairro da Lapa. Nasce, neste ato,

o Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial - MNUCDR , hoje,

Movimento Negro Unificado – MNU – considerada segunda entidade negra de caráter

nacional – depois da Frente Negra Brasileira fundada em 1930.

Aconteciam em Salvador, por sua vez, a criação do primeiro bloco afro fundado

no Brasil, o Ilê Aiyê (1974), a retomada dos afoxés nos bairros periféricos, a

organização da classe operária negra na cidade, reorganização do movimento negro, e o

segundo processo de reafricanização dos terreiros de candomblé da Bahia com a ida de

diversos membros de lideres religiosos a África Ocidental, bem como a consolidação

de centros de pesquisa de colaboração Brasil-África.

No bojo dessa efervescência político-cultural, o termo Roma Negra sai da

imagética metafórica de artistas, acadêmicos e da religiosidade afro-brasileira e se

reveste em um instrumento de luta e resistência do povo negro contra o racismo e

segregação étnico-racial na cidade de Salvador.

Ao se organizar em associação cultural, o bloco afro o Ilê Ayê, movido por

autoestima e um processo de afirmação de identidade étnica propiciou o surgimento em

Salvador de diversos grupos denominados blocos afro e afoxés, a saber: Olodum,

Araketu, Malê Debalê, Muzenza, Filhos de Congo.

A Liberdade é o bairro de origem do Ilê Aiyê, o bloco afro pioneiro,

organizado em 1974. Andando na Liberdade, pode-se ver o traçado da

periferia urbana, que desenha o maior bairro negro-mestiço da

América Latina, uma espécie de Harlem soteropolitano. Os pretos

deste bairro foram os primeiros a manifestar sinais da consciência da

negritude, procurando demonstrá-la através das roupas coloridas, dos

cabelos trançados, das gírias africanizadas e sobretudo pela sua

musicalidade percussiva. (GUERREIRO, 2010, p.29)

Nesse período, a metáfora Salvador: Roma Negra foi incorporada às letras das

músicas dos blocos afros e afoxés que desfilavam nos dias de carnaval com

indumentárias e alegorias de temática negra, no passo e compasso da música dos

tambores, revivendo a sua história e, ao mesmo tempo, constituindo-se em bandeira de

luta contra a discriminação racial e o mito da democracia racial.

E aí chegaram os negros com toda a sua beleza, sua cultura, sua

tradição, com toda sua religião, tentada, motivada a ser mutilada pelos

heróis brancos da história, e estamos aqui eles sobreviveram no bum

bumbum, no seu tambor e o negão vai cantando assim: pega a Rua

Chile, desce a ladeira, tá na Praça Castro Alves, fazendo o seu

deboche, transando o corpo, e o negão assume o microfone e na

beirada da multidão em cima do caminhão ele fala: ‘Alô rapaziada do

bloco, esse é o nosso bloco afro, vamos curtir agora o nosso som, a

nossa levada que é nossa cultura e segura comigo. Eu sou negão, eu

sou negão meu coração é a liberdade, sou do Curuzu, Ilê, igualmente

nagô, essa é a minha verdade”. (GERÔNIMO, 1987)

Já não interessava aos excluídos a glamourização de um passado onde eram

escravizados, nem a preservação de instituições e valores daquele tempo que ainda

orientava o pensamento e a prática da classe dominante. Não cabia mais a folclorização

das manifestações culturais afro-baianas (NASCIMENTO Albertino; LIRA, Altair;

BENTO, Cida; et al,2004). Buscava-se afirmar a negritude como algo positivo; “o mais

belo dos belos”, “beleza negra”; contestar o mito da democracia racial; denunciar as

inúmeras práticas de racismo e, sobretudo, a ausência de politicas públicas de reparação.

A expressão “Roma Negra” passa a então a ter uma conotação política, ou seja, significa

espaço de negritude, espaço de resistência.

Essa nova metáfora possibilitou o despertar da cultura negra em Salvador, nos

anos 1970. Desse modo, sua literatura, estética música, indumentária, dança, luta

(capoeira), pintura, gravura, sua rica, saborosa e colorida culinária (tabuleiros das

conhecidas baianas de acarajé), artesanato, arquitetura, paisagem urbana, praças,

esquinas, adros de igrejas, terreiros de candomblé constituíram-se em verdadeiros

lugares de resistências, de retomada das tradições, de reconstrução do saber viver, fazer

e expressar os símbolos afro-brasileiros.

Ainda nessa década, mais precisamente em 17 de março de 1974, após uma

reunião ocorrida no Terreiro da Casa Branca, com a presença de babalorixás, Iyalorixás

e demais membros da religião, nascia a Confederação Baiana dos Cultos Afro-

Brasileiros. Na época, o idealizador do encontro, Antônio Monteiro, então presidente

do Centro Etnográfico da Bahia, dissera que o candomblé não poderia “ser transposto

para os tablados das festas de carnaval, transformado em folclore ou industrializado

indiscriminadamente, em nome do progresso”.(MONTEIRO apud SANTOS, 2005,

p.131)

Santos (2005, p.132) retrata fielmente esse momento histórico ao afirmar que o

Estado constituiu uma política de incentivo turístico onde o candomblé passou a ser a

“imagem-força”, sintetizando “todo o ser baiano, as raízes profundas da cultura e do

povo da Bahia”.

No final dos anos 1990 com o desenvolvimento da globalização, o surgimento

das cidades-atrações, do entretenimento, da indústria cultural e do turismo, o termo

Roma Negra passou por mais uma apropriação e teve seu sentido ressignificado.

1.3 Terceira Diáspora- Roma Negra enquanto lugar do turismo étnico

(2000).

A terceira diáspora se caracteriza por ser uma atualização dos longos processos

migratórios, via a globalização onde ao mesmo tempo a unicidade e diversidade de uma

infinidade de microcosmos podem ser rastreados nas periferias, nos centros e nas

encruzilhadas do Ocidente. (GUERREIRO, 2010a)

A terceira diáspora abandona o campo de forças presentes nos navios negreiros,

nos processos migratórios voluntários e opta por tecer e fortalecer a rede através dos

meios de comunicação de massa: cinema, rádio, televisão, web. (GUERREIRO, 2010 a)

Nessa perspectiva, a cidade de Salvador da Bahia é considerada a maior cidade

da diáspora - o porto, o ponto de partida rumos a vários países do Atlântico Negro:

EUA, Cuba, Moçambique, Senegal, África do Sul, França, Inglaterra e outros. Com

base nessa posição estratégica, é que o governo do Estado da Bahia, durante os anos 90

pautou-se em consolidar a cidade de Salvador, como a Roma Negra, criando novos

produtos e destinos, notadamente, àqueles que congregassem cultura, turismo e lazer.

(SANT’ANNA, 2017)

A intenção governamental era criar uma política “capaz de assegurar a

preservação do patrimônio, o desenvolvimento do potencial turístico e a expansão dos

serviços e equipamentos turísticos.” (SANTOS, 2005, p.87)

Assim a política cultural da época incorporou a ideia de negritude e africanidade

dos movimentos culturais à imagem cotidiana da Bahia, pois tais apropriações eram

de suma importância para o desenvolvimento interno e externo do turismo no Estado,

notadamente, na cidade de Salvador.

A religião do Candomblé passou, então, a ser o cartão postal do Estado. Cartazes

com a imagem de filhas de santo incorporadas pelos orixás eram veiculadas pelos

órgãos de turismo.

Além do candomblé, outros signos definiriam a baianidade: não era só

a paisagem. Não era só a arquitetura. Não era só o mar nem as terras.

Era a gente e o viver da Bahia”. O singular “viver baiano” pode ser

percebido nas distinções das origens africanas com a cultura

ocidental. A docilidade, o ritmo, a sensualidade, a malandragem, a

capoeira e a culinária seriam tanto os elementos básicos desse

contraste quanto o que imprimiria as características próprias do “jeito

baiano”. (SANTOS, 2005, p.88)

Salvador transforma-se na “capital da cultura e alegria” e a capoeira da Bahia

abandonava as “academias e centro esportivos para ganhar os palcos, as praças [...]

como espetáculo de manifestação folclórica [...] produzidos de qualquer forma [...] com

o intuito de entreter, enganar e ganhar o dinheiro dos turistas.” (FREITAS; BARRETO,

2009, p.151)

O discurso da negritude foi incorporado definitivamente às políticas culturais e

artísticas desenvolvidas pelos os órgãos oficiais BAHIATURSA e EMTURSA e

privados (imprensa escrita do Correio da Bahia e A Tarde) (ALTINO, 2006).

Nesse processo a imagem Roma Negra desligou-se diretamente como

o candomblé e passou a ser conectada aos fluxos festivos da negritude

soteropolitana vendida nos cartões postais e folhetos turísticos: o

caminhar pelas ruas do Pelô, as delícias vendidas pelas baianas de

acarajé, as festas de largo, as lavagens de escadarias, ao carnaval do

Ilê Ayê e dos outros blocos afro [...] numa apropriação estética dessa

imagem própria para o consumo fácil. (PORTELA, 2008)

A cultura negra tornou-se fetiche, objeto de consumo nos museus, parques,

praças, ao expor as diversas representações dos orixás, a exemplo do Dique do Tororó e

Parque de Pituaçu. (VELAME, 2007)

As lojas com temáticas afro-brasileiras, vendendo os mais diversos

produtos de roupas, colares, cartões postais, a miniaturas de Orixás,

suvinis da cultura nagô, espalhadas não só no Pelourinho, mas, em

todos os cantos da cidade [...] Oferece ao turista com fome de

consumo de cultura, ao observador distraído, ao baiano em busca de

diversão um produto valorizado e legitimado pelo reconhecimento e

proteção do Estado.(VELAME, 2007)

Assim, os signos, textos, sons imagens deslocam-se, comunicam-se, em tempo

real, no mundo globalizado, num circuito transatlântico negro onde as trocas de

informações retroalimentam e potencializam a concepção de Salvador como a capital da

negritude, a ponto de transformá-la em um produto cultural agenciada pelo turismo

étnico no capitalismo de acumulação flexível.

Considerações Finais

As lutas e os movimentos diaspóricos empreendidos por brasileiros e africanos,

sacerdotes e sacerdotisas dos terreiros de candomblé, representantes dos blocos afros e

afoxés, grupos de capoeira, grupos de samba, dentre outra instituições desempenharam

um papel decisivo na consolidação imagética da cidade de Salvador como a matriarca

Roma Negra.

Em um primeiro momento, a imagem de Salvador, como a Roma Africana,

esteve atrelada decisivamente a questão da religiosidade. Desse modo, o candomblé se

estabeleceu enquanto território político-mítico-religioso para a transmissão e preservação das

práticas ritualísticas afro-brasileiras.

Sob a égide das lutas contra a discriminação racial no Brasil e no mundo e o

apoio às guerras pela independência dos países africanos, a metáfora “Salvador - Roma

Negra” se consolidou, a partir de meados de 1970, como espaço de negritude, espaço de

resistência.

Finalmente, através dos meios de comunicação de massa (cinema, rádio,

televisão, web dentre outros recursos) repertórios culturais afro-brasileiros começaram a

navegar pela diáspora atlântica retroalimentando os fluxos e refluxos, as teias e redes

potencializando, por conseguinte, nessa nova era, a cidade de Salvador como território

africano, a cidade mais negra fora de África, um dos principais centros da negritude no

mundo.

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