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SaO PAULO EDUCANDO PELA DIFERENcA PARA A IGUALDADE ~ ~

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SaO PAULOEDUCANDO

PELA DIFERENcAPARA A IGUALDADE

~

~

Caras Professoras

Caros Professores

É com alegria que fazemos chegar a vocês este projeto que é fruto do trabalho de

um grupo de professores/as e pesquisadores/as que vêm lutando há muito tempo contra

todo tipo de discriminação e pelo direito às diferenças.

A proposta de um projeto é sempre a idéia de um “projétil”, um arremesso. Uma

idéia que se lança para frente, com força, para produzir efeitos. A força e o impacto

dele dependem das pessoas que as idéias do projeto conseguirem agregar em seu

percurso, em seu caminho e movimento. E seus impactos e êxitos só se farão sentir se

conseguirmos juntar vários desejos e vontades na sua chegada.

Como professores, não podemos mais suportar que as crianças negras tenham um

desempenho pior que as outras crianças. Como professoras, não podemos mais suportar

atitudes discriminatórias e preconceituosas vindas de quem quer que seja. Como cidadãos

não podemos mais aturar as relações que a nossa cultura mantém com o diferente,

desejando ou fingindo que ele não existe.

Este material pretende retomar os conhecimentos que vocês já têm, como

professores, sistematizando outros que possam contribuir para um trabalho em sala de

aula contra a discriminação.

É preciso que as diferenças sejam o mote da ação pedagógica, produzir diferenças,

não apenas tolerá-las ou aceitá-las. Este projeto insere-se no âmbito das lutas, que são

travadas incansavelmente e cotidianamente por aqueles que desejam, efetivamente

incorporar os outros, os diferentes. As professoras e os professores do ensino fundamental

não podem estar fora desta empreitada. A empreitada da inclusão.

Este projeto é um convite para aceitarmos o desafio urgente de democratizar de

fato a escola: trazer a criança negra, a jovem negra, o adolescente negro e sua família,

com êxito para dentro da escola, acolher, ensinar e encantar-se.

Poderemos então (re) escrever novas e inéditas histórias de aprendizagem

proporcionando perspectivas de sucesso para todos aqueles, alunos e alunas que

ingressam na escola e que desejam e necessitam permanecer.

A escola não pode tudo mais pode mais. Pode acolher as diferenças. É possível

fazer uma pedagogia que não tenha medo da estranheza , do diferente do Outro. Este

é o convite deste projeto: educar na diferença para a igualdade.

Para todos, parabéns pela disposição ao estudo e bom proveito!

Este material é um Projeto Piloto e possui,

portanto, um caráter provisório e mais próximo

de um diagnóstico em relação a como têm sido

pensadas as temáticas aqui apresentadas, do que

de uma abordagem definitiva. Neste sentido,

pretendemos construir uma próxima etapa a

partir dos resultados que venham a ser obtidos.

A recepção desta proposta, acrescida das

contribuições dos/as professores/as, norteará a

construção do material definitivo.

As atividades sugeridas nesta apostila são

parte do projeto: Educando pela diferença para

a igualdade, que prevê, dentre as diversas

modalidades, momentos presenciais (10hs) e não-

presenciais: videoconferência e vídeo (20hs)

A apostila está dividida da seguinte forma:

· Texto 1: Conceitos básicos sobre racismo

Atividades monitoradas, Trabalhando em

Sala de Aula, Referências Adicionais

· Texto 2: Escola e Diversidade

Atividades monitoradas, Trabalhando em

Sala de Aula, Referências Adicionais

· Texto 3: Literatura infanto-juvenil com

personagens negros no Brasil

Atividades monitoradas, Trabalhando em

Sala de Aula, Referências Adicionais

Bom Trabalho

1

2

3

Conceitos Básicos

A escola e a diversidade

Livro didático e literatura

14

14

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Atividade 1Atividade 2

Trabalhando em Sala de AulaSaiba Mais

Assista

22

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2222

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Atividade 1Atividade 2

Trabalhando em Sala de AulaSaiba Mais

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Atividade 1Atividade 2

Leia MaisAssista

Referências Adicionais

22

2222

22

22

A História nos mostra que as

sociedades humanas, desde o passado

mais remoto, sempre foram marcadas por

suas relações com outras sociedades. A

própria noção de identidade sempre se

constrói por meio da consciência de que

existem diferenças entre a nossa cultura

e a cultura dos outros.

Antes de discutirmos um pouco mais

o que é racismo, preconceito e

intolerância, seria bom lembrarmos até

por volta da idade média, o preconceito

e a discriminação baseavam-se em fatores

religiosos, políticos, nacionalidade e na

linguagem e não em diferenças biológicas

ou raciais como acontece hoje. Assim

havia o cristão contra o não cristão, o

fiel contra o pagão etc.

O racismo, como hoje o

conhecemos, não surgiu de um momento

para o outro mas foi consolidando-se

historicamente a partir do fato de que

povos colonizadores começaram a usar

mão-de-obra negra e escrava para

conseguir riqueza e poder sem nenhum

1 Conceituações Básicassobre o Racismo

custo extra para os brancos,

colonizadores e opressores.

Diante de tal realidade de

exploração, aos poucos, foi construindo-

se o conceito de Racismo que pode ser

interpretado como uma ideologia que

postula a existência de hierarquia entre

os grupos humanos, partindo do princípio

de que certas raças são naturalmente

inferiores a outras, apenas porque

apresentam cor da pele ou traços

diferentes daqueles povos que se acham

“de raça superior” .

No entanto, segundo publicação da

revista Isto É, de 15 de novembro de

1998, recentemente, foi realizada uma

pesquisa por um grupo de cientistas

chefiados por Alan Templeton, que

comparou mais de oito mil amostras

genéticas colhidas aleatoriamente, de

pessoas em todo o mundo e comprovou,

após acuradas análises, que não há raças

entre os humanos porque as diferenças

genéticas entre os grupos de etnias

diversas, são tão insignificantes que a

conclusão a que se chegou foi que o

racismo não tem nenhuma base

científica, que somos todos cidadãos

humanos. Sendo assim confirma-se que

o racismo não passa de um fenômeno

cultural que precisa ser combatido.

No Brasil, a discriminação não

atinge somente os povos afro-

descendentes e os índios, mas afeta

também os descendentes de asiáticos,

os portadores de deficiências, os

homossexuais, as mulheres e outros

grupos que não são respeitados como

merecedores de direitos iguais.

Neste nosso estudo, porém, vamos

pensar nas pessoas negras, que são as

maiores vítimas do racismo em nossa

sociedade dentro da qual sua sala de aula

está incluída.

O debate sobre o racismo e a

discriminação no Brasil, felizmente, vem

ganhando cada vez mais espaço e a

participação dos professores, sem dúvida,

reveste-se de fundamental importância

nesse processo de erradicação de

comportamentos racistas e

preconceituosos que, freqüentemente,

manifestam-se nas salas de aula.

Sabemos que a interiorização do

racismo, do preconceito e da

discriminação é social, estando presente

em qualquer instituição socializadora.: na

família, na escola, na igreja, na

comunidade. Todavia entendemos que a

escola é lugar privilegiado para que se

estabeleça um diálogo sério e respeitoso

entre as diferentes culturas ali

representadas, sendo o professor o

mediador desse diálogo.Dado que todas as

evidências do cotidiano mostram-nos que

o Brasil não é a democracia racial, que

gostaríamos que fosse, cabe-nos trabalhar

para que um dia venha a sê-lo.

Para isso, professor/a, será

necessário esclarecermos alguns conceitos

que poderíamos considerar como

derivados do racismo, pois Racismo,

Intolerância e Preconceito, dos mais

diversos tipos, caminham de mãos dadas

com a ignorância. São todos graves

problemas que desafiam a sociedade e

colocam em questão a nossa capacidade

de tratá-los racionalmente.

Na urgência de resolvê-los, três

perguntas surgem como fundamentais.

Por que as pessoas manifestam

intolerância e preconceito diante daqueles

que julgam diferentes? Por que uma

vítima do racismo e do preconceito pode

também discriminar? Como pode um

professor atuar no combate ao racismo e

mover a construção de identidade?

Respondê-las é tarefa árdua mas não

impossível, se dispusermo-nos a

compreender os conceitos e os

mecanismos que geram tais1comportamentos.

Raça – Embora o Projeto Genoma

Humano já tenha demonstrado que o

conceito de “ raça” é inadequado, pois as

diferenças genéticas entre todas as “

raças” são ínfimas, o dicionário nos diz

que Raça é um conjunto de indivíduos

cujos caracteres somáticos, tais como a

cor da pele, a conformação do rosto e do

crânio, o tipo de cabelo etc. são

semelhantes e se transmitem por

hereditariedade, embora variem de

indivíduo para indivíduo.

Ora, comparar e classificar os seres

humanos não é, em si, errado, pois

conhecer é, em certo sentido, comparar

e classificar as coisas que existem. Todavia

aceitar uma classificação racial ou

princípios de uma tipologia racial não

significa necessariamente adotar

conceitos racistas.

Se já ficou provado que não existe

relação unívoca entre os caracteres físicos

e as disposições intelectuais ou morais de

um indivíduo e se o termo “raça” já foi

considerado inadequado para se referir à

espécie humana, tornando-se assim um

conceito cujo sentido se esvaziou, porque

permanece o racismo?

Racismo - Essa palavra serve para

designar um comportamento hostil e de

menosprezo em relação a pessoas de

grupos humanos cujas características

intelectuais ou morais são consideradas

“inferiores”, por outros grupos que se

consideram “superiores”,e sendo

diretamente relacionadas a

características “raciais” ou seja, físicas

ou biológicas.

Acredita-se que tal conceito surgiu

no âmbito da sociedade ocidental no

século XVIII, quando esta procurava

pretensas bases científicas para explicar

as diferenças entre os seres humanos e

justificar a dominação do branco europeu

sobre os povos de outros continentes

durante a expansão colonial.

Durante o século XIX e até meados

do século XX, o racismo fixou-se como uma

doutrina e, como tal foi amplamente

difundido pelos meios científicos.

Infelizmente, o mundo teve que assistir a

perseguição e ao massacre de judeus e

ciganos, pelos nazistas, durante a 2ª

Guerra Mundial, antes que o racismo fosse

universalmente repudiado.

Entretanto, sabemos que,

especialmente em relação aos negros, ele

o racismo não desapareceu, apenas ficou

dissimulado no cotidiano, silencioso e sem

rosto, mas se afirmando na intimidade,

mas presente, em todos os espaços sociais,

quando menos se espera, particularmente

na escola e no mercado de trabalho. E o

mais interessante é que, como dizia o

sociólogo Florestan Fernandes, o brasileiro

parece ter “preconceito contra ter

preconceito”. Ninguém (ou poucos) se

admitem racistas, mas quando

interrogados, afirmam que existe sim,

racismo no Brasil. Um racismo que parece

estar sempre “no outro” e não nele.

Intolerância – É a falta de respeito

em relação às práticas e crenças alheias

que, por serem diferentes das nossas, são

tidas como “erradas” e sem direito de

existir. A intolerância pode traduzir-se

pela rejeição ou exclusão de pessoas por

causa de sua crença religiosa, opção sexual

ou mesmo por seu tipo de vestimenta ou

corte de cabelo.

Xenofobia – É um termo de origem

grega que significa “medo ou aversão ao

estrangeiro”. Alimenta-se de estereótipos

e preconceitos em relação aos que são

considerados desconhecidos e diferentes

e traduz-se, muitas vezes, na rejeição,

hostilidade ou violência contra as pessoas

originárias de outros países e regiões ou

membros de minorias étnicas.

Alguns países adotam um discurso

xenófobo para instigar na população

sentimentos de ódio em relação aos

estrangeiros e com isso, legitima práticas

como perseguições, confinamento em

bairros específicos ou até mesmo o

banimento dos estrangeiros do país.

Em determinadas circunstâncias, o

terrorismo também pode provocar reações

de intolerância e xenofobia, como

aconteceu com os americanos em relação

a árabes e muçulmanos nos Estados

Unidos, depois dos ataques de 11 de

setembro de 2001.

Preconceito – É uma idéia que

fazemos de uma pessoa, grupo de

indivíduos ou povo, que ainda não

conhecemos. É o tipo do sentimento ou

opinião irrefletida que não tem nenhum

fundamento racional.

Preconceitos estão enraizados em

todas as culturas, são difíceis de serem

erradicados porque as pessoas são sempre

mais inclinadas a ficarem com suas

próprias idéias mesmo que, às vezes,

sejam idéias falsas. O preconceito serve

para justificar o injustificável, ou seja, o

tratamento desigual e a discriminação que

são dirigidos a indivíduos ou grupos.

Estereótipos – São preconceitos já

bastante cristalizados que consistem em

apreender, de maneira simplista e

reduzida, os grupos humanos, atribuindo-

lhes traços de personalidade ou de

comportamento.

Exemplos: Os negros são preguiçosos;

os orientais são pacientes; os brasileiros

gostam de samba; as mulheres dirigem

mal; toda sogra é chata; todos os políticos

são corruptos; toda criança negra vai mal

na escola; o negro é burro; mulher bonita

é burra etc.

Esses preconceitos vão se

transformando em posições diante da vida

e, ao se espalharem nas relações

interpessoais, vão carregando consigo os

estereótipos, a discriminação, o racismo,

o sexismo etc.

Discriminação - É a conduta (pode ser

de ação ou omissão) que viola direitos das

pessoas com base em critérios

injustificados e injustos tais como a raça,

o sexo, a idade, a opção religiosa, a sexual

e outras.

Podemos considerar que a

discriminação é, em última análise a

materialização do racismo, do preconceito

e do estereótipo.

(Notas)1 Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.Novo Aurélio século XXI: o dicionário dalíngua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova fronteira, 1999

Atividade 1No cotidiano das salas de aula, são comuns atitudes de racismo, preconceito e

discriminação que “passam batido” sem que os/as professores/as façam nada para

combatê-las ou nem sequer se dêem conta delas.

Anote pelo menos quatro exemplos observados em sua sala de aula. Tire uma aula

para discuti-los com seus alunos e oriente-os para ficarem atentos a outros exemplos

que observarem não só na sala de aula, mas na escola, no bairro e outros lugares.

Atividade 2Pesquise sobre a desigualdade no mercado de trabalho. Faça o recenseamento de

atendentes e vendedores de dez lojas situadas em shopping centers ou ruas de sua cidade.

Que porcentagem do total os negros e amarelos representam? A que você atribui esses

resultados?

Trabalhando em sala de aulaPeça para seus alunos analisarem por escrito ou oralmente as frases seguintes, de

modo que você possa discutir com eles a presença de preconceitos, os estereótipos e o

racismo nelas embutidos:

Marta é negra, mas é bonita.

Seu João é um homem notável. Um preto de alma branca.

Os jogadores negros de futebol só se casam com loiras burra

O negro quando não suja na entrada suja na saída.

Leia Mais

MUNANGA, K. ( org. ) Superando o racismo na Escola. Brasília: MEC, 2001

BORGES, E, MEDEIROS, C.A., e D’ADESKY, J. – Racismo, Preconceito e Intolerância.

São Paulo: Editora Atual, 2002.

SILVA, P. B. G. e MONTEIRO H.M. - Combate ao Racismo e Construção de Identidades.

IN: Educação: Pesquisas e Práticas. ABRAMOWICZ, A. e MELLO R. R. Campinas: Papirus

2000.

SCHWARCZ, L. M. – Nem preto, nem branco, muito pelo contrário: Cor e Raça na

Intimidade. IN: História da Vida Privada no Brasil (V.4) São Paulo: Companhia das Letras,

1998.

2 Escola e Diversidade

Temos observado desde a última

década do século XX que a educação, em

seus diversos níveis, tem se constituído

em um dos pontos centrais das

reivindicações e debates. A proliferação

de ONG’s, dos cursinhos pré-vestibulares

para negros e carentes, a implantação de

cotas na Universidade Estadual do Rio de

Janeiro e na Universidade do Estado da

Bahia, o amplo debate vigente na

sociedade e, mais recentemente, o

decreto, lei nº 10639, de janeiro de 2003,

que inclui no currículo oficial da Rede de

Ensino a obrigatoriedade da temática

“História e Cultura Afro-Brasileira”, são

algumas das conquistas que nos levam a

pensar a escola como um espaço no qual

a diversidade deve ser considerada para

uma aprendizagem mais efetiva.

Essas mudanças concretizam-se

como uma realidade há muito pleiteada

pela ação social do movimento negro que

desde sua existência tem a educação

como elemento central de reivindicação

que tardiamente foi atendido no âmbito

da legislação educacional e documentos

oficiais.

Os estudos sobre educação no Brasil

passam a configurar-se como campo

teórico de reflexão a partir de 1930,

quando a educação passou a ser vista

como recurso privilegiado no processo de

construção do novo perfil de cidadão

adequado ao Brasil em mudança. A

reforma da educação ajudaria a construir

a base para a transformação do país. No

entanto, essas reformas foram alheias à

questão étnico-racial.

Em meio aos debates e tensões em

torno da formação do Estado Brasileiro,

em que se discutia a constituição de uma

identidade nacional, elaborou-se o

Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova,

documento assinado por 26 educadores,

que editava as diretrizes para a

constituição de uma política educacional

renovada.

A educação era compreendida como

uma função eminentemente pública, que

deveria ser única, igual para todos, laica,

gratuita e obrigatória. À escola é atribuída

a função social de reconstrução do país,

elemento fortalecedor da identidade

nacional.

As reformas realizadas em meados da

década de 30 e 40, respectivamente,

chamadas Francisco Campos e Gustavo

Capanema, parecem ter privilegiado a

constituição de um sistema dual de ensino,

um profissionalizante com a criação do

SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem

Industrial) e o SENAC (Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial) e outro sistema

enciclopédico que permitiria o acesso ao

ensino superior.

Em meio ao aparente silenciamento

em torno das relações étnico-raciais no

debate público e legislativo, o movimento

negro, considerando os obstáculos

enfrentados em relação ao acesso ao

ensino, elege a escola e a educação como

melhor campo para a batalha: “A educação

e o modelo de comportamento branco

figuravam-se entre as chaves da

integração” (Munanga, 1996 p.85).

O movimento negro nutria o

diagnóstico de que mesmo o preconceito

de cor sendo um empecilho para o

desenvolvimento e a integração social do

povo negro, o principal problema estava

nos próprios negros, principalmente na

carência de condições para competir no

mercado de trabalho (Guimarães, 2002,

p.1).

A Imprensa Negra1, que surgiu nas

primeiras décadas do século XX, incumbiu-

se, dentre outros temas, de denunciar as

práticas discriminatórias evidentes no

mercado de trabalho, no ensino e nos

espaços de lazer. Dessa imprensa organiza-

se a partir de 1931, a Frente Negra,

considerada como maior movimento racial

de caráter explicitamente político

(Munanga,1996 p.84).

Ao final da ditadura Vargas em 1945,

por iniciativa de alguns membros do Teatro

Experimental Negro (TEN) realiza-se, em

São Paulo, a Primeira Convenção Nacional

do Negro Brasileiro que concentrou seus

esforços para alcançar dois objetivos na

Assembléia Constituinte, responsável pela

carta para a 2ª República. O primeiro

objetivo da Conferência era conseguir que

o preconceito e a discriminação racial

fossem declarados ofensas criminais e o

segundo era a instituição de um programa

especial de bolsas de estudos no plano

federal para estudantes negros nos cursos

de 2º grau, Universidades e Escolas

Técnicas. Nenhuma dessas provisões foi

incorporada à Constituição (Andrews, 1998

p.247).

A partir da Constituição de 1946, o

então ministro da educação, Clementi

Mariani, instituiu uma comissão de

educadores com o fim de estudar e propor

um projeto de reforma geral da educação

nacional que culminou na Lei de Diretrizes

e Bases da Educação Nacional nº 4024 de

61, em que a educação nacional é

apontada “como um fim para o

fortalecimento da unidade nacional”.

Essa relação será transfigurada a

partir da década de 80, quando os negros

passam a assumir um discurso de auto-

reconhecimento enquanto grupo étnico-

racial no Brasil. O movimento negro, assim,

deixa de lado reivindicações universalistas

para pleitear políticas corretivas e

compensatórias voltadas para a população

negra nos planos estaduais, federais e

municipais (Guimarães, 2002, p.5).

A exigência por políticas corretivas

pode ser justificada uma vez que o

diferencial de escolaridade média entre

um jovem negro e um jovem branco com

25 anos de idade é de 2,3 anos de estudo.

Ou seja, um jovem negro com 25 anos de

idade possui uma escolaridade média de

6,1 anos de estudo, enquanto um jovem

branco de mesma idade possui de 8,4 anos

de estudo (Henriques, 1991).

As reivindicações por mudanças

educacionais prosseguem, quando o

Movimento Negro Unificado propõe duas

linhas de atuação, uma que dê

continuidade às pressões para a

redefinição da escola, seus métodos e

conteúdos, outra que busque construir

uma proposta de educação autônoma,

sustentada pelo povo negro. Dentre as

principais propostas, coloca-se a

necessidade de elaboração de um

currículo afro-brasileiro, produção de

material didático para os cursos de

Magistério e Pedagogia, inclusão da

disciplina História da África e do Povo

Negro no Brasil nos currículos escolares

e difusão de um calendário oficial das

datas significativas para a população

negra ( Jesus, 1997 p.50).

Outro documento que está no bojo

das reformas educacionais são os

Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs). A inclusão do tema pluralidade

cultural como um tema transversal nos

Parâmetros Curriculares Nacionais,

aparentemente, foi a primeira resposta

oficial às pesquisas, seminários e projetos

que denunciam o racismo como algo que

é repetido e reproduzido pela escola.

No entanto, a abordagem da

temática como um tema transversal

suscita dúvidas de como a mesma deve

ser abordada na escola e qual a

importância que lhe é oferecida.

(Notas)1 Nesse período a imprensa negra visava ainstrução e a conscientização da população negrapor meio da educação, destacam-se Chibata(1932), A Evolução, A Voz da Raça (1933), O Clarin,O Estímulo, A Raça e Tribuna Negra.

GONÇALVES, Luiz A. O. & SILVA, Petronilha B.Gonçalves e. O jogo das diferenças: omulticulturalismo e seus contextos, ed.Autêntica – Belo Horizonte, 1998.GUIMARÃES, Antonio S.A. Ações Afirmativas paraa população negra no Brasil: o acesso àsuniversidades públicas. Texto submetido parapublicação aos comitês editoriais das revistas,Problemes d’Amérique latine e Educação ePesquisa.JESUS, Ilma Fátima. Pensamento do MovimentoNegro Unificado.In: SILVA, Petronilha BeatrizGonçalves e.& BARBOSA, Lucia Maria G. A de. (org)O Pensamento Negro em Educação no Brasil:expressões do movimento negro. São Carlos: EdUFSCar, 1997ROMANELLI, Otaíza Oliveira de. História daEducação no Brasil. Ed.Vozes,1978.SOUZA, Elisabeth Fernandes de. Repercussão dodiscurso pedagógico sobre relações raciais nosPCNs.In:CAVALLEIRO, Eliane (org). Racismo e anti-racismo na educação, repensando nossa escola.São Paulo: Summus, 2001.MUNANGA, K. O anti-racismo no Brasil.In:Estratégias e políticas de combate àdiscriminação racial . São Paulo:Edusp, 1996,0079-94

(Referências Bibliográficas)ANDREWS, Georg Reid. Negros e brancos em SãoPaulo (1888-1988), SP,EDUSC, 1998.BRASIL.Constituição(1988).Constituição daRepública Federativa do Brasil. Promulgada em 5de outubro de 1988. Brasília:Senado Federal, 1988._______.Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional. Lei nº 9394 20 de novembro de 1996.Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.______. Lei nº10639 de 9 de janeiro de 2003.Inclui a obrigatoriedade da temática “História eCultrura Afro-Brasileira” no currículo oficial darede de ensino. Diário Oficial da União. Brasília,DF, 10 jan. 2003.______.Secretaria de Educação Fundamental.Parâmetros Curriculares Nacionais-DocumentoIntrodutório,TemasTransversais,PluralidadeCultural. Brasília:MEC/SEF, 1998.GHIRALDELI, Paulo Jr. História da Educação.Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.Ed.Cortez 1990 p.55-77

Constituição Brasileira de 1988

Lei de Diretrizes e Bases daEducação Nacional n º 9394

Plano Nacional de Educação

Lei nº 10639

“Art 5º, XLII – A prática do racismo constituicrime inafiançável e imprescritível, sujeitoa pena de reclusão, nos termos da lei”.

“Art 26 do Cap. 2 § 4º- O Ensino de História do Brasil levará emconta as contribuições das diferentes culturas e etnias para aformação do povo brasileiro, especialmente das matrizesindígena, africana e européia”.

“Metas – para o ensino superior, criar políticas que facilitem àsminorias, vítimas da discriminação, o acesso à Educação Supe-rior, através de programas de compensação de deficiências desua formação escolar anterior, permitindo-lhe desta forma,competir em igualdade de condições nos processos de seleção eadmissão a esse nível de ensino.”

Altera a Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional e inclui no currículo oficial da redede ensino a obrigatoriedade da temática“História e Cultura Afro- Brasileira”.

Documentos Presença da Temática

Atividade 1Qual a sua opinião a respeito da obrigatoriedade colocada na lei nº 10.639, quais

seriam as maiores dificuldades da escola em efetivá-la?

Atividade 2Observe em uma banca de jornal se há materiais (jornais, revistas ou outros) que

contemplem interesses da comunidade negra. Cite alguns.

Trabalhando em sala de aulaResgate dos alunos, sem consulta a material algum, o que eles sabem sobre a contribuiçãodo negro, índio e da mulher no processo de construção da sociedade brasileira. ( Aatividade pode ser adequada conforme série escolar)

Leia MaisCAVALLEIRO, Eliane (org).Racismo e anti-racismo na educação repensando nossa escola.

São Paulo: Summus, 2001.

GOMES, Nilma L. A contribuição dos negros para o pensamento educacional brasileiro.

In:SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. & BARBOSA, Lucia Maria G. A de. (org) O

Pensamento Negro em Educação no Brasil: expressões do movimento negro. São Carlos:

Ed UFSCar, 1997.

HASENBALG, Carlos A. & Silva, Nelson do Valle, 1990. Raça e oportunidades educacionais

no Brasil. Cadernos de Pesquisa, n.73, pp5-12, São Paulo.

HANCHARD,Michael G. Orfeu e o poder. Ed. Uerj, Rio de Janeiro, 2001.

IPEA, Um Balancço da Intervenção Pública no Enfrentamento das Desigualdades

Raciais no Brasil. Brasília 2002.

MACEDO, Elizabeth Fernandes de. Parâmetros Curriculares Nacionais: A falácia de seus

temas transversais. In:MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa(org), Currículo: políticas e

práticas – Campinas, SP: Papirus, 1999.

SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. & BARBOSA, Lucia Maria G. A de. (org) O Pensamento

Negro em Educação no Brasil: expressões do movimento negro. São Carlos: Ed UFSCar,

1997.

3 A Literaturainfanto-juvenil, o livro

didático e os personagensnegros no Brasil

A literatura dirigida ao público

infantil surgiu no Brasil nos fins do século

XIX e começo do século XX. Mas os

personagens negros só aparecem a partir

da década de 30. As histórias dessa época

servem apenas para verificar a condição

subalterna do negro. Os personagens

negros apresentados em tais histórias são

tidos como pessoas em cultura nenhuma

que, não sabendo ler nem escrever, apenas

repetem o que ouviram de outros

igualmente ignorantes.

Somente a partir de 1975, é que surge

uma literatura infantil comprometida com

uma representação mais realista e, às

vezes, violenta da vida social brasileira.

O resultado é um esforço programado de

abordar temas até então considerados

tabus e impróprios para menores, por

exemplo, o preconceito racial. O propósito

de representação realista nem sempre é

alcançado.

Contemporaneamente, o texto

infantil busca uma linha de ruptura que

acarreta a produção de textos que são

autoconscientes, isto é, que explicitam e

assumem sua natureza de produto verbal,

cultural e ideológico.

Tomemos como exemplo a

personagem feminina negra. Na primeira

fase, década de 30, é invariavelmente

representada como a empregada

doméstica, retratada com um lenço na

cabeça, um avental cobrindo o corpo

gordo: a eterna cozinheira e babá.

Na segunda fase, a partir de 1975,

há uma valorização da personagem negra

com atributos e traços brancos. Na

combinação dos conflitos étnico-raciais e

sócio-econômicos que permeiam as

narrativas, as personagens femininas

negras sofrem discriminação social e racial

e as mães negras apresentam uma postura

subserviente.

Na última fase, meados da década

de 80, encontraremos alguns livros que

rompem um pouco com as consagradas

formas de representação da personagem

feminina negra, mostrando sua resistência

ao enfrentar os preconceitos, resgatando

sua identidade com papéis e funções

sociais diferentes, valorizando a mitologia

e a religião de matriz africana, rompendo,

assim, com o modelo de desqualificação

das narrativas oriundas da tradição oral

africana e propiciando uma ressignificação

a importância da figura da avó e da mãe

em suas vidas. Soma-se a isso o fato de

serem personagens principais, cujas

ilustrações mostram-se mais diversificadas

e menos estereotipadas, haja vista que são

representadas com tranças de estilo

africano, penteados e trajes variados. Nas

narrativas aparecem e passam por faixas

etárias diferentes.

O livro didático

Os livros didáticos são importantes

recursos para o trabalho desenvolvido pelo

professor/a. Desta maneira, faz-se

necessário que avaliemos a forma como

os conteúdos, as ilustrações ou os textos

são abordados, além de verificarmos

como, e de que maneira, a diversidade é

abordada.

Pesquisas sobre o livro didático têm

demonstrado, de um modo geral, a

negligência ou a apresentação reduzida,

desvirtuada do cotidiano, das experiências

e do processo histórico-cultural de

diversos segmentos sociais, tais como a

mulher, o branco, o negro, os indígenas,

os trabalhadores, entre outros.

SILVA (2000) afirma que:

A invisibilidade e o recalque dos

valores históricos e culturais de um povo,

bem como a inferiorização dos seus

atributos adscritivos, através de

estereótipos, conduz esse povo, na maioria

das vezes, a desenvolver comportamentos

de auto-rejeição, resultando em rejeição

e negação dos seus valores culturais e

preferência pela estética e valores

culturais dos grupos sociais valorizados nas

representações. [SILVA, 2000:14]

Como professores/as, não podemos

considerar um padrão único de aluno, de

currículo, de conteúdo, de práticas

pedagógicas, de atividades

escolares.Nossa prática deve atentar para

o trato pedagógico da diversidade em

relação aos materiais que usamos em sala

de aula.

O livro didático ainda é um dos

recursos pedagógicos mais utilizados pelos

professores., mas para que o livro seja um

recurso eficiente, ele deve abarcar, em

conteúdo e ilustrações, a diversidade

sócio-cultural, religiosa, étnico-racial, de

gênero, de funções e papéis, etc. Quando

isso não acontece, devemos criar práticas

que incluam atividades que contemplem

as diversidades acima citadas.

Em relação à população negra, por

exemplo, é preciso que as atividades visem

MENEZES, Cândida Zuiani & outros, O brasileiro e a comunicação, 6ª série, FTD, São Paulo, 1999, p.20 e 21

à desconstrução de estereótipos como:

incompetência, sujo, feio, mal, como

mostra a figura acima.

É importante também ressignificar

as religiões afro-brasileiras, dar

visibilidade a diversos papéis e funções

exercidos por homens e mulheres negros,

corrigir a auto-rejeição.

A escola é um espaço privilegiado

como instituição social, no qual é possível

o encontro das diferentes presenças.

Também é espaço sócio-cultural marcado

por símbolos, rituais, crenças, culturas e

valores diversos. Assim, o próprio encontro

das diferenças no espaço escolar pode

colaborar para a riqueza das atividades.

Atividade 1Faça, com seu grupo de alunos, um levantamento das ilustrações que aparecem no

livro didático (ou outros materiais) que você utiliza. Faça o mesmo, conversando com a

turma sobre os heróis e heroínas que eles conhecem.

Atividade 2Analise as ilustrações abaixo e observe se as mesmas contemplam o critério do dia

do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD-2000/2001): As ilustrações são elementos de

maior importância, auxiliando na compreensão e enriquecendo a leitura do texto.

Principalmente, não poderão expressar, induzir ou reforçar preconceitos e estereótipos

MARANHÃO, Francisco de Assis. Vamos ler, ouvir, falare escrever, 5ª Série, ISEB,1975, P.108.

MENEZES, Cândida Zuiani & outros, O brasileiro e a comunicação, 6ª série, FTD, São Paulo, 1999, p. 45

Somos todos iguais?

Uma professora branca “explica” a origem do preconceito: “Se você pensar

bem, vai ver que o preconceito é uma questão de cheiro. Nos negros, a melanina

faz com que o cheiro fique mais forte. Hoje esse preconceito melhorou com os

anti-transpirantes que fazem com que não exista o cheiro. Não havendo o

cheiro, não existe o porquê de o branco não conversar com preto e vice-

versa”.

(Nova Escola, março de 1999, p.17)

Para tratar da questão racial é necessário que estejamos sensibilizados

para o assunto. Caso contrário, usaremos explicações do senso comum que,

muitas vezes, podem reforçar preconceitos ao invés de colaborar para sua

eliminação.

Para que consigamos avançar na relação entre saberes escolares e a

realidade social, é preciso que professoras/es percebam que o processo

educacional abrange dimensões como a ética, a diversidade, a sexualidade, a

cultura, as relações raciais, entre outros. Trabalhar com essas dimensões não

necessariamente significa transformá-las em conteúdos escolares, mas

compreendê-las como constitutivas da formação humana e presentes no

cotidiano escolar.

Trabalhando em sala de aulaAtividade 1

· Observe a seus alunos/as. Quais são as etnias presentes em sua sala de aula?

· Você já realizou alguma atividade sobre a questão racial com seus alunos?

· Que tipo de atividade? Essa atividade fazia parte de algum conteúdo, ou surgiu

em virtude de alguma razão ou acontecimento específico?

· Como os alunos/as reagiram à atividade.

Atividade 2

Professor/a , pense nos programas de TV aos quais você assiste? Nesses programas

há representantes dos povos negros, indígenas, asiáticos? Provavelmente a resposta seria

sim. Mas como eles são representados? Em quantidade eles são equiparados aos

representantes brancos?

Você pode estar pensando: “O que eu tenho com isso?”

A sala de aula não é um território neutro. Imagine o que é ser despertado para o

prazer da leitura, ou para o mundo da informação e diversão sem se ver representado,

ou pior ainda, vendo seu grupo ser representado de maneira estigmatizada, estereotipada.

A imagem que você vê...

“me dá o controle, vou apertar o botão!

A imagem que você vê não é nada/ a imagem que você vê te arregaça

todos os dias milhares de emissoras mostram o melhor/ em termos de

ação e aventura/ civis desesperados/ polícia na captura/ Thaíde adverte/

absorver todas as informações dadas pela tv/ é prejudicial à cabeça/

principalmente aquelas que não te ajudam em nada/ às vezes eu estou em

frente a tela e digo/ ora bolas! Dizem pra eu não beber, não fumar/ mesmo

assim me vendem a droga!/ eu não sou racista, mas sou radical/ acompanhem

meu raciocínio/ minha opinião e tal/ na tv parece que só o branco que escova

os dentes/ compra carro, é professor, tem profissão.../ o negro só aparece

como empregado, vendendo bebida, ou pagando prestação/ quando vê um

gato pingado acha que tá muito bom (...)

não seja escravo televisivo/ fique atento a novos conhecimentos/ no Brasil

do futuro, a era da informação/ tv a cabo, Internet, globalização/ é claro que

isso não está na mão da maioria/ pois vejo lado a lado miséria e tecnologia/

grandes centros urbanos/ todos modernizados/ periferia e favela sem

saneamento básico/ pensem nisto que eu falo, é real, não é boato/ aqui é

Thaíde on-line relatando os fatos.”

(A imagem Letra: Thaíde / Maionese Música: DJ Hum CD Assim caminha

a humanidade Trama 2000)

Somente na década de 90 o Brasil viu um negro tornar-se garoto-propaganda. Em

95,pela primeira vez, o país assistiu a uma novela, na qual havia uma família negra de

classe média. Em 2000 uma revista internacional elegeu a atriz Taís Araújo como uma

das 25 pessoas mais bonitas do mundo. Esses dados mostram que os anos 90 representaram

um avanço em relação a questão do negro, mas mesmo assim está longe de ser uma

representação étnica, ética e destituída de preconceito, como desejamos.

a) Converse com seus alunos sobre os programas mais assistidos por eles? Investigue

com eles sobre a presença de não brancos nesses programas.

b) Faça por escrito a síntese da conversa, os dados levantados podem ser apresentados

em forma de gráfico.

c) Reflita sobre o seu papel de educador diante disso. Redija um pequeno texto

sobre o que o que foi apresentado nesta unidade juntamente com o que você

conversou com seus alunos.

Leia Mais

“Nas tramas das imagens: um olhar sobre o imaginário da personagem negra na literatura

infantil e juvenil”. Andréia Lisboa de Sousa. Dissertação. Faculdade de Educação,

Universidade de São Paulo, 2003.

Apresente personagens de livros como: Tanto, tanto!;Que mundo maravilhoso; Histórias

da Preta; Luana, a menina que viu o Brasil neném; etc.

“A desconstrução da discriminação no livro didático”, Ana Célia da Silva em: “Superando

o racismo na escola” Kanbengele Munanga (Org.), Brasília, Ministério da Educação, 2001.

Para ConhecerProjeto “Resgate da riqueza cultural da África a partir do desenho animado Kiriku e a

Feiticeira”. Projeto “Valorização da Cultura Indígena: Respeito, Cidadania e Diversidade

Cultural”. Projeto “Valorização da cultura indígena: respeito, cidadania e diversidade

cultural”, Projetos premiados no Prêmio Educar para a igualdade racial. Experiências de

promoção da igualdade racial/étnica no ambiente escolar.

Para saber mais: www.ceert.org.br , [email protected]

Para Ouvir“A imagem” em Thaíde e DJ Hum CD Assim caminha a humanidade – Trama 2000.

Para Ver

Filme: Kiriku e a Feiticeira. É interessante mostrar o filme, pois apresenta aos alunos/

as um herói negro.

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