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Sassá Mutema: a construção de personagens protagonistas na teledramaturgia, a partir da Hermenêutica de Profundidade 1 LOPES, Poliana - Doutoranda e Mestre em Processos e Manifestações Culturais 2 Universidade Feevale/RS Resumo A relevância do alcance e da abrangência das produções teledramatúrgicas da Rede Globo fazem delas um frequente objeto de estudo, seja por suas mensagens e ideologias ou pela forma de recepção. Este artigo busca verificar e analisar a relação entre personagens protagonistas de telenovela com o contexto histórico da época de produção e veiculação. Para isso, optou-se por analisar Sassá Mutema, protagonista da telenovela O Salvador da Pátria, produzida e exibida em 1989. A análise será feita a partir da metodologia Hermenêutica de Profundidade, desenvolvida por Thompson (2000). Autores como Malcher (2009), Hamburger (1998), Calza (1996) e Fernandes (1997) darão o embasamento sobre a produção de telenovelas, sua história e características; para situar o contexto histórico, a pesquisa estará apoiada em autores como Bueno (2010), e Oliveira (1992); e para falar sobre personagens, serão citados Candido (1998), Palottini (1989), Gancho (2000) e Brait (1985). Palavras-chave Teledramaturgia; Processos Culturais; Personagem; Hermenêutica de Profundidade; Rede Globo 1. Introdução A televisão, que opera no Brasil desde 1950, tem um papel de agregadora social, oferecendo às pessoas informação, educação e entretenimento (MALCHER, 2009). Ela se destaca como o meio de comunicação com maior penetração 1 Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Audiovisual e Visual, integrante do 10º Encontro Nacional de História da Mídia 2015. 2 Jornalista (Unisinos, 2001), especialista em História, Comunicação e Memória do Brasil Contemporâneo (Universidade Feevale, 2007), Mestre (2011) e Doutoranda em Processos e Manifestações Culturais (Universidade Feevale). E-mail: [email protected] .

Sassá Mutema: a construção de personagens protagonistas na teledramaturgia, a partir da Hermenêutica de Profundidade

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Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Audiovisual e Visual, integrante do 10º Encontro Nacional de História da Mídia 2015

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Sass Mutema: a construo de personagens protagonistas na teledramaturgia, a partir da Hermenutica de Profundidade[footnoteRef:1] [1: Trabalho apresentado no GT de Histria da Mdia Audiovisual e Visual, integrante do 10 Encontro Nacional de Histria da Mdia 2015.]

LOPES, Poliana - Doutoranda e Mestre em Processos e Manifestaes Culturais[footnoteRef:2] Universidade Feevale/RS [2: Jornalista (Unisinos, 2001), especialista em Histria, Comunicao e Memria do Brasil Contemporneo (Universidade Feevale, 2007), Mestre (2011) e Doutoranda em Processos e Manifestaes Culturais (Universidade Feevale). E-mail: [email protected]. ]

ResumoA relevncia do alcance e da abrangncia das produes teledramatrgicas da Rede Globo fazem delas um frequente objeto de estudo, seja por suas mensagens e ideologias ou pela forma de recepo. Este artigo busca verificar e analisar a relao entre personagens protagonistas de telenovela com o contexto histrico da poca de produo e veiculao. Para isso, optou-se por analisar Sass Mutema, protagonista da telenovela O Salvador da Ptria, produzida e exibida em 1989. A anlise ser feita a partir da metodologia Hermenutica de Profundidade, desenvolvida por Thompson (2000). Autores como Malcher (2009), Hamburger (1998), Calza (1996) e Fernandes (1997) daro o embasamento sobre a produo de telenovelas, sua histria e caractersticas; para situar o contexto histrico, a pesquisa estar apoiada em autores como Bueno (2010), e Oliveira (1992); e para falar sobre personagens, sero citados Candido (1998), Palottini (1989), Gancho (2000) e Brait (1985).

Palavras-chaveTeledramaturgia; Processos Culturais; Personagem; Hermenutica de Profundidade; Rede Globo

1. IntroduoA televiso, que opera no Brasil desde 1950, tem um papel de agregadora social, oferecendo s pessoas informao, educao e entretenimento (MALCHER, 2009). Ela se destaca como o meio de comunicao com maior penetrao no Pas: h pelo menos um aparelho em 97,2% dos lares (MIDIA DADOS, 2014). A Rede Globo a emissora de maior destaque: ela atinge a 98,56% dos municpios brasileiros e 99,6% dos domiclios com televiso. Ela tem o maior share[footnoteRef:3] individual do Brasil, com uma mdia de 38,68% dos aparelhos ligados das 7h s 24h e tem a insero comercial mais cara da TV brasileira: 30 segundos na novela das 21 horas custa R$ 595 mil (MIDIA DADOS, 2014), valor 59,5% superior ao segundo colocado, o SBT. Este parmetro destaca a valorizao da programao da Globo e indica que a telenovela o produto mais valorizado da televiso brasileira. [3: ndice que mede o nmero de aparelhos ligados em um mesmo canal.]

Desta forma, relacionar telenovelas e personagens com o contexto histrico em que so produzidas e transmitidas uma forma de buscar a compreenso da importncia das produes de cultura de massa[footnoteRef:4] para a formao do pensamento do pblico. Compreendendo teledramaturgia como parte da produo cultural de um povo e produto de sua realidade, torna-se importante analisar a relao com o cotidiano do consomidor. [4: Simmel (apud WOLF, 1999, p.22) entende massa como um grupo homogneo de pessoas, que no se baseia na personalidade dos membros, mas naquelas partes que pem um membro em comum com os outros todos. Assim, entende-se cultura de massa como produo cultural deste e para este grupo.]

Este artigo pretende analisar a personagem protagonista de uma telenovela, considerando-se o contexto histrico em que esta foi produzida e veiculada, a partir da Hermenutica de Profundidade. A anlise ter como foco a construo de Sass Mutema, protagonista da telenovela O Salvador da Ptria, produzida e exibida em 1989 - ano da primeira eleio direta para Presidente ps Regime Militar. O artigo est dividido em trs partes: retrospectiva, conceitos e caractersticas da telenovela; conceitualizao e caracterizao de personagem e a aplicao da Hermenutica de Profundidade em duas sequncias de cena que destaquem o protagonista.

2. A telenovela: sua histria e seu papel scio-culturalA telenovela , hoje, o principal produto de entretenimento da televiso brasileira. Desde 1950, quando a TV Tupi iniciou atividades, at hoje, as telenovelas trabalham o imaginrio do receptor, que se identifica com as tramas, podendo compreend-las como reflexo do real (FERNANDES, 1997). Desta forma, sintetiza pblico e privado, poltico e domstico, notcia e fico, masculino e feminino: isso que mais tipifica a telenovela brasileira a constituir um paradoxo de se identificar o Brasil mais na narrativa ficcional do que no telejornal. So recorrentes nas novelas a identificao entre personagens de fico e figuras pblicas reais. [...] Tal combinao de gneros e informaes pode ser encontrada, por exemplo, no uso de documentrios de poca, inseridos nas sequncias de novelas desde Irmos Coragem (1970, novela de tempo atual) a Terra Nostra (1998, novela de poca) (LOPES, 2003, p. 25-26).

Machado (2005) define dramaturgia televisiva como uma narrativa seriada[footnoteRef:5], pois tem apresentao descontnua e fragmentada do sintagma televisual, enredo estruturado em captulos ou episdios, com dias e horrios definidos, e subdivididos em blocos menores intercalados com comerciais. [5: A narrativa seriada no exclusividade da televiso; j percebida na literatura (cartas e sermes), nos folhetins, na radionovela e nos seriados de cinema (dcada de 1910). (MACHADO, 2005)]

Calza define a telenovela como: uma forma de arte popular que no literatura, cinema, teatro ou produto de outro meio qualquer. Uma telenovela uma pea dramtica que pode surgir da adaptao de um livro ou mesmo ser inspirada em um poema, mas nunca se confundir com eles. A telenovela fundamentalmente uma macronarrativa que se estende ao longo de quatro mil pginas somando, s vezes, 180 a 200 captulos, desenvolvidos por uma equipe de produo que envolve palavra e imagem e que no deixa de ser um espetculo intersemitico de entretenimento. [...] Em uma telenovela, temas importantes podem e devem ser debatidos enquanto tiverem uma funo clara no enredo da trama que se monta, pois, antes de tudo, uma telenovela entretenimento. (CALZA, 1996, p.7; 13/14)

O roteiro-base de uma telenovela tem, segundo Fernandes (1997), quatro elementos bsicos: a grande histria de amor, com conflitos familiares; um mistrio que normalmente revelado no final; atos do passado que influenciam no presente dos personagens; o paralelo entre os sonhos e realizaes de uns contra a decadncia e tristeza de outros; e o choque de classes sociais. Atravs deles, histrias so construdas e questes relacionadas atualidade so colocadas para o pblico, o que pode gerar o debate e a reflexo sobre assuntos importantes, desde que no atrapalhe o andamento do enredo, [...] pois, antes de tudo, telenovela entretenimento (CALZA, 1996, p.14).

2. Entendendo a personagem de ficoA personagem o elemento fundamental para o desenvolvimento de uma narrativa seriada, pois, sem ela, no h ao (FIELD, 2001). Segundo Candido (1998, p.44), personagens so seres humanos de contornos definidos e definitivos, em ampla medida transparentes, vivendo situaes exemplares de um modo exemplar. A personagem faz, segundo Pallottini (1989), uma recriao dos traos fundamentais das pessoas, segundo critrios do autor. Entre as personagens, destaca-se o protagonista, que a personagem principal e aparece em primeiro plano na narrativa. Ele pode ser um heroi, com caractersticas e qualificaes superiores s outras personagens (BRAIT, 1985), ou ainda um anti-heroi, que apesar de ter caractersticas inferiores s demais personagens, est em destaque em relao a elas (GANCHO, 2000). O protagonista o centro da histria; em funo dele que a narrativa existe e se desenvolve (LOPES, REIS, 2002). Seu destaque na histria o torna aquele com mais identificao por parte do telespectador, que torce pelo desenrolar de sua histria e por seu sucesso ao final da narrativa.

3. Do ficcional ao real: anlise a partir da Hermenutica da ProfundidadeAs anlises deste artigo so embasadas pela Hermenutica de Profundidade, metodologia desenvolvida por Thompson (2000) que considera que as formas simblicas[footnoteRef:6] esto inseridas em contextos sociais e histricos de diferentes tipos, o que permite o uso de diferentes mtodos de anlise para sua contextualizao social e compreenso. Ao buscar interpretar uma forma simblica, deve-se considerar, segundo Thompson (2000), que o objeto da investigao um territrio pr-determinado. [6: Formas simblicas so construes significativas que merecem interpretao; elas so aes, falas, textos que, por serem construes significativas, podem ser compreendidas (THOMPSON, 2000, p.357).]

O mundo scio-histrico no apenas um campo objeto que est ali para ser observado; ele tambm um campo sujeito que construdo, em parte, por sujeitos que [...] esto constantemente preocupados em compreender a si mesmos e aos outros, e em interpretar as aes, falas e acontecimentos que se do ao seu redor (THOMPSON, 2000, p.358).

Deve-se entender que o objeto no puro: alm de ser ele mesmo, passvel de interpretao, pode ter sido interpretado pelos sujeitos que constroem o campo-objeto do qual ele parte. Com isso, o analista interpreta uma interpretao, ou seja, faz a re-interpretao de um campo pr-interpretado (THOMPSON, 2000). As dramatizaes televisivas so exemplo desta dualidade: o produto interpretado pelo telespectador foi construdo a partir da interpretao de um grupo (autor, diretor, roteiristas, atores, etc). Uma pesquisa baseada na Hermenutica de Profundidade faz, segundo Thompson (2000), uma anlise cultural, entendida como o estudo das formas simblicas em relao aos contextos e processos histricos socialmente estruturados nos e atravs dos quais as formas simblicas so produzidas, transmitidas e recebidas.

3.1 Primeira etapa: a anlise scio-histricaPrimeira fase da Hermenutica de Profundidade, a anlise scio-histrica compreende que as formas simblicas so produzidas, transmitidas e recebidas em condies sociais e histricas especficas (THOMPSON, 2000). Nesta fase, busca-se reconstruir as condies sociais e histricas da sua produo, circulao e recepo.O Salvador da Ptria foi produzida e exibida em 1989, ano primeira eleio direta para Presidente ps-Regime Militar (instaurado em 1964), em que Fernando Collor de Melo foi eleito voto direto da populao para substituir Jos Sarney[footnoteRef:7]. Apesar de eleito como oposio, Sarney manteve diversas polticas vigentes desde o incio da ditadura, como a manuteno dos militares frente do Sistema Nacional de Informaes. (QUADRAT, 1999) Sarney respeitou a Aliana Democrtica (unio dos partidos de oposio) que o levou ao poder, no tentou modificar o ministrio herdado de Tancredo nem unir-se ao PDS (SILVA, 1999). Presidente do Congresso Nacional, Ulysses Guimares assumiu a vice-presidncia e a presidncia da Assembleia Nacional Constituinte, que revisou e modificou a Constituio brasileira. [7: Filiado ao PMDB e ligado Frente Liberal (formada por dissidentes do PDS que depois criariam o PFL), Sarney foi eleito vice-presidente na chapa de Tancredo Neves (PMDB) na eleio por Colgio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985. Tancredo e Sarney derrotaram Paulo Maluf (PDS) por 480 a 180 votos. Foi empossado em 15 de maro de 1985 e assumiu a presidncia em 21 de abril do mesmo ano, aps a morte de Neves. Disponvel em http://bit.ly/1IRKP0f, acessado em 08 de abril de 2015.]

Em seu mandato, Sarney enfrentou problemas econmicos e sociais que dificultaram o desenvolvimento do pas. Segundo a Fundao Getlio Vargas, Sarney assumiu com uma inflao de 237,72% ao ano em 1985. Ele promoveu diversos planos econmicos e trocas de moedas visando queda do ndice, os quais funcionaram temporariamente. Em 1989, a hiperinflao chegou a 1.764,8% e ameaava desencadear a total desorganizao financeira do Pas. (SILVA, 1999, p.399-400).A nova Constituio estabeleceu eleio direta em dois turnos de votao (caso nenhum candidato atingisse 50% dos votos mais um) e sistema poltico pluripartidrio, o que permitiu que 21 candidatos concorressem a Presidncia[footnoteRef:8]. No primeiro turno, foram vitoriosos Fernando Collor (PRN/PSC) com 28,54% dos votos, e Lula (PT/PSB/PC do B), com 16,08%[footnoteRef:9]. [8: Disponvel em http://bit.ly/1yjhPi8, acessado em 8.abr.2015.] [9: Idem.]

No segundo turno, Collor usou melhor os debates e o horrio eleitoral. Com belas imagens, ele prometia riqueza, o que agradou os eleitores. Enquanto Collor mostrava a prosperidade, o PT insistia em analisar o modelo econmico, assim como as desigualdades e as relaes internacionais que prejudicavam os brasileiros. Nos debates, diferenas entre Collor e Lula ficaram mais evidentes. Apesar disso, segundo Aquino (2000, p.821), no primeiro debate Lula apontou as fraquezas dos planos de Collor, o que fez com que este levasse os debates para o campo pessoal. No final da campanha, Collor levou Mirian Cordeiro, ex-namorada do petista, TV[footnoteRef:10] para acusar Lula de pression-la a fazer aborto quando engravidou nos anos 1970. No dia seguinte, Lula apareceu no horrio eleitoral, abraado filha em questo. A ao fez Lula chegar ao segundo debate da Rede Globo enfraquecido (AQUINO, 2000). Oliveira (1992, p.20) enfatiza que, no encontro, Collor destilou um dio classista contra Lula. [10: Publicado em http://bit.ly/1axdcWv, acessado em 26.set. 2010.]

(Ele) acusou o candidato do PT de ser analfabeto, disse que Lula tinha trs carros enquanto ele, Collor, no tinha recursos para sequer comprar um prosaico aparelho de som conhecido como trs em um. Juntou todos os emblemas do dio de classe aos apenas recalcados preconceitos socialmente atvicos nos setores mais baixos, a quem evidentemente se dirigia esse discurso do candidato. (OLIVEIRA, 1992, p.20)

Alm disso, a edio do debate favoreceu Collor na seleo das cenas. A partir da, a adeso popular campanha de Lula estagnou, enquanto o apoio da classe mdia e do empresariado a Collor cresceu (AQUINO, 2000). No final de 2011, Jos Bonifcio de Oliveira, na poca diretor da Rede Globo, assumiu a manipulao no debate, mas no em contedo. Segundo Boni, a assessoria de Collor pediu que dessem a ele um ar mais prximo do povo e Boni recomendou tirar a gravata e usar gel para simular suor.[footnoteRef:11] [11: Informao retirada de trecho da entrevista de Boni ao canal Globo News, disponvel em http://bit.ly/1ydcdpo, acessada em 1.fev.2012.]

No segundo turno, Collor venceu a eleio com 42,75% dos votos contra 37,86% para Lula[footnoteRef:12], sendo empossado em 15 de maro de 1990. Seu mandato foi marcado por planos econmicos que no tiveram sucesso e escndalos que incluram o Fora Collor e o movimento caras-pintadas, em 1992. Foi alvo de CPI que comprovou sua m conduta e teve o impeachment votado pelo Senado, que o afastou do poder por 76 votos a 3 e suspendeu seus direitos polticos por oito anos (SILVA, 1999). [12: Publicado em http://bit.ly/1axdcWv, acessado em 26 de setembro de 2010.]

3.2 Segunda etapa: a anlise formal-discursivaA segunda etapa a anlise formal-discursiva, onde se considera que as formas simblicas so construes atravs das quais se diz ou expressa algo. Nesta fase, sero apresentadas as anlises de duas sequncias de cenas da novela O Salvador da Ptria, exibida pela Rede Globo de 9 de janeiro a 12 de agosto de 1989. A anlise incluir a justificativa da escolha de cada uma das duas sequncias analisadas, seguida da descrio da sequncia de cenas. Depois, faz-se a anlise destas falas e aes no-verbais, com base no referencial terico.

3.2.1 Anlise da sequncia 1A primeira sequncia analisada[footnoteRef:13] apresenta o segundo encontro entre Sass Mutema e Severo Toledo Branco, que teve maior representatividade para o enredo do que o primeiro encontro. Ela d incio histria principal da novela: o casamento de Sass com Marlene, que assassinada junto com Juca Pirama - crime pelo qual Sass incriminado. a partir de sua priso e luta para provar a inocncia que a personagem d sua virada[footnoteRef:14] na narrativa. [13: Disponvel em http://youtu.be/m6-hsN8aHYQ, acessada em 14.abr.2015.] [14: Esta virada definida por Field (2001) como o plot point, ou ponto de virada: um incidente ou evento que engancha na ao e a reverte em outra direo; o que move a histria adiante.]

A sequncia de cenas ocorre em dois espaos. No primeiro, dentro de casa, Severo (Francisco Cuoco) est com sua amante Marlene (Tssia Camargo), que conversa com Otvio (Tarcsio Filho), indicado pelo partido para ser o suposto marido da moa, o que evitaria o envolvimento do nome de Severo em algum escndalo que o prejudique a prxima eleio municipal. Como Otvio pediu um valor muito alto de pagamento e de mesada pelo casamento Severo considera a sugesto de sua esposa Gilda (Susana Vieira) de casar Marlene com o bia-fria Sass (Lima Duarte), que seria o ideal por ser primitivo e puro, no oferecer perigo nem provocar o cime de Severo. O trio fala sobre o possvel casamento que, segundo Severo, no ter seu apoio financeiro se for com Otvio, mas que Marlene ter todo suporte financeiro se casar com Sass Mutema. Enquanto ocorre a conversa, Sass chega casa-sede da fazenda e aguarda na varanda, desconhecendo os assuntos tratados na sala ao lado. Na sequncia, Severo, Marlene e Otvio vo sala onde Sass espera. Ao v-lo, Marlene tem uma crise de risos e Otvio fica indignado por ser preterido por Severo. O fazendeiro refora para a jovem suas condies para apoiar o casamento sem explicar a Sass o que acontece. Em seguida, Severo sai e ordena que mantenham Sass na fazenda. Ele caminha para o carro e parte. No final da sequncia, Sass mostrado em close[footnoteRef:15], olhando ao redor com a mo no queixo, pensativo. [15: ngulo de filmagem em que a cmera fecha no rosto da personagem, sem mostrar o cenrio.]

Anlise formal-discursivaPercebe-se, na anlise da primeira sequncia de cenas, que Sass Mutema o protagonista, definido por Brait (1985) como o que aparece em primeiro plano na narrativa. em torno e a partir dele que a trama se desenvolve. Suas falas e atitudes inferiores indicam que ele se encaixa no conceito de anti-heri, aquele que mesmo sem ter competncia para tanto o heri da histria (GANCHO, 2000).Em oposio a ele est Severo, que se encaixa no conceito de antagonista aquele que se ope ao protagonista e que por isso o vilo (GANCHO, 2000). importante destacar que Severo no age sozinho; ele conta com o apoio da esposa Gilda, de seus funcionrios de confiana (Neco e Ciro) e dos correligionrios. Com isso, pode-se considerar o antagonista um grupo. Mltiplos antagonistas so possveis se considerarmos Brait (1985), para quem a oposio ao protagonista pode ser coletiva. O conflito entre estas duas personagens o que, conforme Pallottini (1989), produz a ao dramtica. Na sequncia, este conflito no fica explcito, visto que Severo posiciona-se verbalmente como superior a Sass. Ao mesmo tempo que o protagonista enfatiza esta superioridade, chamando Severo de dot e agindo com extremo respeito, suas aes o colocam como inferior. Esta posio percebida em momentos como quando ele quer tirar os sapatos para entrar na casa ou tenta se sentar no cho da sala. A forma de agir e de falar de Sass d embasamento para a caracterizao que Severo faz dele em outra sequncia do captulo: indigente, sujo, provavelmente analfabeto, primitivo, imbecil[footnoteRef:16]. [16: Fala de Severo (Francisco Cuoco) transcrita do DVD 1, no tempo 635-642. ]

Entende-se que o conflito est por vir a partir do momento em que Severo passa a usar Sass em seu jogo poltico. Severo entende a pureza e simplicidade de Sass como burrice, o que lhe permite fazer com o bia-fria o que bem entender. Este poder simblico de Severo se estende s outras pessoas de seu crculo prximo, que tambm so tratadas como joguete e como se devessem servir sempre a ele. Na sequncia analisada, protagonista e antagonista agem como se fossem reais, encaixando-se na reflexo de Marques de Melo (1988) de que este convencimento necessrio para o desenvolvimento do enredo.

3.2.2 Anlise da sequncia 2A segunda sequncia analisada[footnoteRef:17] faz parte do ltimo captulo da novela e mostra Sass Mutema denunciando a organizao de trfico de drogas coordenada por Brbara (Lcia Verssimo) em um programa de televiso. Sass soube da organizao enquanto aguardava, com Severo, Gilda, Marina Sintra (Betty Faria) e Joo Matos (Jos Wilker), a chegada de Juca Pirama, que acreditam estar vivo. revelado a ele, neste tempo de espera, a existncia de uma organizao de trfico de drogas que sustenta polticos para poder atuar sem incmodos. Joo e Marina contam que naquela noite Joo pilotar, coagido, um avio com uma tonelada de cocana para fora do Pas. Sass ouve a todos os relatos, com expresso de incredulidade. [17: Disponvel em https://www.youtube.com/watch?v=S-ClL_BJfDo, no tempo 2632 a 2857, acessado em 10.abr.2015.]

Brbara (Lcia Verssimo) chega e assume ser Juca Pirama, explicando que usou a voz de Juca (simulada por um locutor) e imagem (com um ssia) para conversar com pessoas influentes e fazer-se ouvir pela cidade. Primeiro, ela manda Joo e Marina para o aeroporto. Ela reconhece que o nome de Sass est em alta e oferece apoio financeiro e estratgico a Sass para que ele se torne um grande poltico, desde que defenda algumas ideias dela ao mesmo tempo em que poder defender as prprias. Ento, libera Severo e Gilda, ficando a ss com Sass. Brbara e Jaime (Valter Santos) contam que Juca Pirama morreu porque apoiava a organizao de Zen, concorrente no trfico de drogas, e certamente seria eleito prefeito de Tangar, o que seria muito prejudicial para os negcios dela. Brbara prope a Sass que eles se unam, ela como organizao e ele como homem pblico, deixando claro que ele no tem outra escolha. Sass demonstra preocupao com sua esposa Clotilde e Brbara prope que ele tenha Clotilde em Tangar e ela em Paris. Na sequncia analisada, aps ter conhecimento da organizao de trfico de drogas coordenada por Brbara, Sass Mutema consegue fugir da sede da organizao cercado por jornalistas, que foram chamados por Gilda para entrevist-lo. Sass vai para uma emissora de televiso, onde participa de um debate. Ele denuncia a organizao e o vo com uma tonelada de cocana que est saindo do aeroporto internacional.

Anlise formal-discursiva:O primeiro ponto a ser destacado nesta sequncia a manuteno da essncia da personagem Sass Mutema. Percebe-se claramente as mudanas na forma de vestir, falar e posicionar-se perante as outras pessoas, especialmente as pessoas importantes. Esta mudana deve-se eleio de Sass para prefeito, a partir de quando ele passa a frequentar o mundo poltico, bem diferente daquele que ele vivia no incio da trama, que inclua o laranjal e a escolinha rural.Entretanto, percebe-se que para Sass os conceitos de certo e errado continuam os mesmos, ficando sua ndole inabalada. Esta manuteno do carter considerada uma caracterstica essencial para a personagem, segundo Pallottini (1989). Ao optar por denunciar o esquema de trfico de drogas de Brbara, Sass abre mo de um status poltico maior do que o que tem e de vantagens financeiras, pois a personagem considera que manter sua honra e postura pessoal mais importante. interessante frisar que a questo do trfico de drogas destacou-se em relao poltica, que era muito forte no incio da trama. Segundo o autor Lauro Cesar Muniz, sua inteno era fazer na novela uma analogia luta de faces polticas, alm de mostrar que por trs das promessas polticas h ideologias[footnoteRef:18]. A troca de destaque foi uma deciso da Rede Globo, como forma de evitar desentendimentos com os candidatos a Presidncia, que condenavam a personagem Sass Mutema. [18: Novela busca alegoria da sucesso presidencial. Folha de So Paulo, 8.jan.1989. Ilustrada, p.F-1. ]

Apesar desta mudana no enredo, a personagem e sua histria mantiveram o que Lopes (2003, p.26) considera essencial em uma telenovela: a proposta de um debate pblico. Para a pesquisadora, a novela um veculo que capta e expressa a opinio pblica sobre padres legtimos e ilegtimos de comportamento privado e pblico, produzindo uma espcie de frum de debates sobre o Pas.A teledramaturgia do final dos anos 1980 apresentou o que Balogh (2002) entende como uma ambgua relao com o real. Esta relao fico versus real estabelece a verossimilhana e colabora com identificao do pblico com as personagens. Segundo Hamburger (2005), a apropriao de elementos da linguagem jornalstica e de eventos do momento vivido, da histria e da cultura que permite a conexo entre o pblico e o privado, gerando o senso de comunidade nacional. Em relao a Sass Mutema, nesta sequncia, a conexo ocorre quando ele abre mo das vantagens para fazer a coisa certa sob o ponto de vista do pblico. Ele no se corrompe, comportamento que as pessoas esperam dos polticos. A opo por uma emissora de televiso para fazer uma denncia pblica do trfico de drogas permite entender que a personagem corrobora a importncia deste veculo de comunicao.

3.3 Terceira etapa: Interpretao/Re-InterpretaoA terceira e ltima fase da Hermenutica de Profundidade a interpretao/re-interpretao, momento em que se faz uma nova construo de significados das formas simblicas analisadas, buscando possveis significados e uma explicao interpretativa do que est representado ou do que dito (THOMPSON, 2000, p.375). Esta interpretao faz tambm um movimento de re-interpretao, uma vez que possvel projetar um significado divergente aos significados construdos pelos sujeitos que constituem o mundo scio-histrico. A partir das anlises scio-histrica e formal-discursiva, a interpretao constri uma explicao interpretativa do que est representado ou do que dito (THOMPSON, 2000, p.375). Ela , ao mesmo tempo, uma re-interpretao pois projetamos um significado possvel que pode divergir do significado construdo pelos sujeitos que constituem o mundo scio-histrico (THOMPSON, 2000, p.376). Isto torna o processo de interpretao passvel de conflito e aberto discusso, gerada pelas divergncias entre uma interpretao mais superficial e outra mais aprofundada.Na narrativa, o protagonista Sass Mutema um bia-fria que v sua vida mudar aps ser acusado de um crime que no cometeu. eleito prefeito por ser idolatrado pelo povo ao assumir o papel de libertador, ao mesmo tempo em que manipulado por polticos com interesses escusos. Ao final, se liberta dos manipuladores, assume o protagonismo e salva a comunidade de uma organizao de trfico de drogas. O protagonista entendido por Brait e Gancho como o heroi. Segundo Bal (2009), Sass Mutema encaixa-se heroi ativo, pois termina a narrativa vitorioso em relao a seus inimigos. A telenovela O Salvador da Ptria foi produzida e transmitida em 1989, ano da primeira eleio direta para presidente ps-Regime Militar. possvel relacionar seu enredo e personagens com a poltica nacional vigente, assim como com os candidatos que participaram do pleito. A relao de personagens com pessoas reais possvel porque, segundo Bal (2009), quando se estuda a relao entre texto (a narrativa) e contexto, no se pode ignorar o fato de que, de forma direta ou indireta, certas personagens contribuem de forma significativa para a sua significao.Esta relao foi, inclusive, destacada pelo autor Lauro Cesar Muniz em entrevista para a Folha de So Paulo. Segundo o autor, a poltica em O Salvador da Ptria teria um poltico de centro (Severo Toledo Blanco), cuja imagem poderia ser ligada a candidatos influentes e com histrico poltico, como Ulysses Guimares (PMDB) e Mrio Covas (PSDB); uma liderana de esquerda (Marina Sintra), cujo perfil poderia remeter a Leonel Brizola (PDT); um poltico de extrema esquerda (o sindicalista Assuno), que pode ser identificado com lideranas como Roberto Freire (PCB) e Enas Carneiro (Prona); e um poltico de extrema direita (Juca Pirama), cuja imagem pode ser relacionada a Paulo Maluf (PDS).O Salvador da Ptria uma telenovela fortemente inspirada na questo poltica. Alm das referncias entre personagens e polticos da poca de produo e exibio, o enredo inclui uma eleio municipal, na qual estas personagens citadas esto envolvidas, candidatando-se ou apoiando candidatos e linhas polticas. A personagem Sass Mutema tambm permite falar em identidade e diferena. A identificao da populao brasileira com o protagonista era possvel, pois ele vivia em difcil situao econmica e social, alm de ser manipulado pelas pessoas que estavam no poder. Boa parte dos brasileiros que assistiram telenovela votariam pela primeira para presidente; esta abertura poltica faria as pessoas no terem mais suas vidas manipuladas pelos militares polticos, que decidiam quem assumiria o poder. Pode-se concordar com Lopes (2010, p.9/10), para quem a telefico um espao estratgico de construes de identidades que tem na nao o seu ponto de inflexo.O Salvador da Ptria tambm aborda a questo econmica, atravs de um dos elementos bsicos do enredo de uma novela, segundo Fernandes (1997): o choque entre classes sociais, na relao entre ricos e pobres. Ao mesmo tempo em que os ncleos urbanos so representados por pessoas de classe mdia e alta, o ncleo rural apresenta pessoas de classe baixa, representadas nos trabalhadores das plantaes de laranjas. O Brasil vivia, na poca, um perodo de mal-estar econmico marcado por planos econmicos que visavam sem sucesso conter o aumento dos preos e a desvalorizao da moeda. Estes problemas so apresentados na novela, nos discursos de personagens que destacam as dificuldades para trabalhar e viver. Lopes (2010) destaca que as histrias apresentadas pela televiso tm um significado cultural; por isso, uma forma de fico que oferece material para que a cultura e a sociedade que expressa sejam compreendidas. Por isso, importante destacar as nuances polticas temporais em cada uma das produes. A primeira relao que se pode fazer entre Sass Mutema e o contexto scio-histrico sua participao na poltica. Ao desenvolver a narrativa, Lauro Cesar Muniz queria eleg-lo presidente do Brasil. Entretanto, isso no foi possvel por presses polticas: enquanto partidos de esquerda entendiam que Sass lembrava o candidato Luis Incio Lula da Silva, do PT, e que isso era negativo por ser a personagem manipulvel, partidos de direita entendiam que seu sucesso fazia propaganda para Lula. A soluo encontrada foi mudar a histria e deixar a questo poltica de lado, focando a questo do trfico de drogas (MEMRIA GLOBO, 2011). Com estas mudanas, o grande momento final de Sass Mutema foi desbaratar o esquema do trfico de drogas. A mudana frustrou o autor, que afirma que as estranhas foras polticas em jogo achavam que a novela poderia influenciar os rumos da eleio[footnoteRef:19]. A presena poltica no enredo inclui ainda a eleio de Sass como prefeito, conquista que corrobora o desejo de mudanas da populao. Enquanto candidato, Sass pode remeter aos dois candidatos que foram para o segundo turno em 1989. Ele lembra Lula por ser um homem simples em hbitos, trejeitos e em seus discursos, que veio do povo e do movimento sindical, e lembra Collor por ser um nome desconhecido e que, por isso, prometia novidades e mudanas caso fosse eleito. [19: Lauro Cesar Muniz fala dos bastidores da novela O Salvador da Ptria. Disponvel em http://bit.ly/1Ok3Qw1, acessado em 1 de maio de 2011.]

Estas possibilidades de relaes so destacadas por Lopes (2002, p.11), que afirma que so recorrentes nas novelas a identificao entre personagens da fico e figuras pblicas reais, entre as tramas e os problemas reais e a tendncia para uma maior verossimilhana nas histrias contadas. A necessidade dessa identificao entre pblico e personagens vista como Lopes (2002) como uma tendncia ao; para ela, a busca da naturalizao das histrias das telenovelas pode estar na base das formas que legitimam e do credibilidade s telenovelas brasileiras.Ao utilizar uma emissora de televiso para denunciar o narcotrfico, Sass Mutema refora a importncia do veculo enquanto integrador social, como destaca Malcher (2009, p.10): a televiso constitui-se como um dos fortes elos entre o pblico e o privado, oferecendo a milhes de pessoas informao, educao e entretenimento.

CONSIDERAES FINAISH 64 anos, as telenovelas destacam-se como produtos culturais de alcance nacional, trabalhando com o imaginrio do receptor, que pode se identificar com as tramas exibidas e compreend-las como reflexo do real (FERNANDES, 1997). Desta forma, percebe-se que as narrativas no so recebidas por um consumidor passivo e que, sim, podem colaborar com a formao de conceitos e temas de debate, em mbitos microssociais (dentro de cada casa) ou macrossociais (nas comunidades). A partir das consideraes apontadas na Interprertao/Re-interpretao, percebe-se a relao entre a personagem Sass Mutema e o contexto histrico em que a telenovela O Salvador da Ptria foi produzida e exibida. Tanto o comportamento quanto as mudanas psicolgicas e questionamentos ticos que ele vive podem ser relacionados ao momento que os brasileiros viviam em 1989. Esta apropriao de elementos do real pelo ficcional refora a importncia do hbito brasileiro de ver novela: o brasileiro se reconhece, assim como a sua realidade, nos enredos apresentados na televiso. por este papel que as dramatizaes televisivas tornam-se importante objeto de estudo enquanto produo cultural. Pois como destaca Muniz Sodr (1981), a cultura no somente um sistema de comportamentos, mas tambm o sistema da produo material ou do modo de produo econmico. Para o pesquisador, a cultura um acervo de representaes (fenmenos culturais comuns: regras, condutas e valores) produzidos pelas instituies de um agrupamento social.

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Disponvel em http://bit.ly/1yjhPi8, acessado em 8.abr.2015. Idem. Publicado em http://bit.ly/1axdcWv, acessado em 26.set. 2010.Informao retirada de trecho da entrevista de Boni ao canal Globo News, disponvel em http://bit.ly/1ydcdpo, acessada em 1.fev.2012. Publicado em http://bit.ly/1axdcWv, acessado em 26 de setembro de 2010.Disponvel em https://www.youtube.com/watch?v=S-ClL_BJfDo, no tempo 2632 a 2857, acessado em 10.abr.2015.