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Ministério da Saúde PUBLICAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE | DEZEMBRO DE 2004 | EDIÇÃO Nº 103 | ISSN 1678-8494 Especial POLÍTICA DE INCLUSÃO SOCIAL FORTALECE SUS INVESTIMENTO NA QUALIDADE E AMPLIAÇÃO DO ACESSO À SAÚDE BENEFICIAM UM NÚMERO CADA VEZ MAIOR DE BRASILEIROS

Saúde, Brasil - Balanço 2004

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Page 1: Saúde, Brasil - Balanço 2004

MMiinniissttéérriioo ddaa SSaaúúddee

PUBLICAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE | DEZEMBRO DE 2004 | EDIÇÃO Nº 103 | ISSN 1678-8494

Especial

POLÍTICA DEINCLUSÃO SOCIALFORTALECE SUS

INVESTIMENTO NA QUALIDADE E AMPLIAÇÃO DO ACESSO À SAÚDEBENEFICIAM UM NÚMERO CADA VEZ MAIOR DE BRASILEIROS

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JÁ SÃO 20 HOSPITAISBENEFICIADOS

Estão sendo beneficiadas pelo Qualisus,cinco emergências do Rio de Janeiro(RJ), quatro de Recife (PE), sete dePorto Alegre (RS), três de Goiânia(GO) e uma de Aracaju (SE). Nacapital sergipana, a diferença emrelação às outras cidades é que o

Qualisus foi implementado em toda arede municipal e na maior emergência,o hospital estadual João Alves, em uminvestimento total de R$ 18,2 milhões.

No Rio de Janeiro, o programa foilançado pelo ministro da Saúde,

Humberto Costa em julho, e está noshospitais municipais Miguel Couto,

Andaraí e Souza Aguiar, no estadualRocha Faria e no federal Bonsucesso. O

investimento do ministério para acompra de equipamentos e reformas

nessas unidades é de R$ 38 milhões. Jáem Recife, integram o Qualisus, desde

agosto, as maiores emergências doEstado de Pernambuco: Restauração,

Getúlio Vargas e Otávio de Freitas,além do filantrópico Oscar Coutinho. Ogoverno federal está destinando R$ 21,1

milhões para a adequação dessasunidades. Em Porto Alegre, os recursos

para os três hospitais do programa —Hospital de Pronto-Socorro Municipal,

Cristo Redentor e Nossa Senhora daConceição—, além de quatro prontos-atendimentos, são de R$ 13,2 milhões.Em Goiânia, o Hospital das Clínicas, a

Santa Casa de Misericórdia e oHospital de Urgências de Goiânia têm

investimento de R$ 9,4 milhões paracompra de equipamentos e reformas.

2 Dezembro 2004

Programa investe R$ 100 milhões em Aracaju,Goiânia, Porto Alegre, Recife e Rio de JaneiroQUALISUS

Especial

Apolítica de Qualificação da Atenção àSaúde no SUS (Qualisus), já implementa-da em cinco capitais brasileiras, é uma

das prioridades do Ministério da Saúde. Até2005, essa política será estendida às outras 22capitais e a cidades das regiões metropolitanas.

Com o Qualisus, as emergências passampor reformas, ganham equipamentos novos,recebem assessoria para a gestão e oferecemnovos serviços para a população. Para garan-tir essas melhorias, o Ministério da Saúdeinvestirá R$ 640 milhões até 2006.

O Qualisus/Emergência implanta o acolhi-mento com classificação de risco, que priorizao atendimento por gravidade do caso e não porordem de chegada, como costuma ocorrer. Aestrutura do acolhimento garante aospacientes e seus familiares a organização dosespaços com mais conforto e o tempo de esperade acordo com o grau de risco. Há, ainda, umaporta exclusiva para a chegada de pacientesem estado grave. Outra preocupação é com asinalização legível das diferentes salas dasurgências para agilizar o atendimento e darmaior autonomia aos usuários.

Os pacientes aguardam o momento deserem atendidos em instalações mais ade-quadas. O local destinado à emergência éreestruturado com espaços definidos porgravidade (alta, média e baixa gravidade),podendo assim ter normatizações tecnológi-cas e de recursos humanos para o efetivoatendimento à população. Também são cria-dos novos espaços para consultórios, labo-

ratórios de imagem e de patologia clínica ebancos de sangue. A qualificação da portahospitalar de urgência deve ser acompanhadapor melhorias no bloco cirúrgico, nas enfer-marias e nos leitos de UTI.

Outras medidas para garantir um atendi-mento melhor são: estabelecimento de visitasabertas, privacidade no atendimento, direitoa acompanhante, gerenciamento de leitos,implantação de Ouvidoria, fortalecimento dogrupo de humanização do hospital e criaçãodo comitê de gestão de urgência. O usuáriotem direito ainda ao "Kit Alta", composto porreceita, atestado médico, relatório da alta,encaminhamento ambulatorial e medicamen-tos prescritos.

SISTEMA — Além das mudanças nos hospi-tais, a política Qualisus atua, externamente,no Sistema de Emergência. As alterações sãopromovidas por outras três medidas: a orga-nização de uma rede de Pronto Atendimento;o trabalho do Serviço de Atendimento Móvelde Urgência (Samu/192); e a implementaçãoda Central de Regulação de Leitos.

O programa é resultado de parceriasentre a União, estados e municípios. Cabe aoMinistério da Saúde a assessoria técnica nagestão dos hospitais e os investimentos paraa reforma e a compra de equipamentos. Osestados e municípios são responsáveis pelogerenciamento dos hospitais, pela garantiado material de consumo e pela gestão derecursos humanos.

QUALIDADE CHEGA ÀSEMERGÊNCIAS DO PAÍS

O direito a acompanhante garante melhor atendimento, assim como o acolhimento com classificação de risco

Radilson Carlos

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COMITÊ COORDENA AÇÕES EM DESASTRESA atuação do Samu/192 no Brasil é acompanhada pelo Comitê Gestor Nacional de Atenção às Urgências, que assessora gestores e instituiçõesdiretamente envolvidas na estruturação e na organização da atenção às urgências no país. O órgão é formado por representantes dos ministérios daSaúde, da Defesa, dos Transportes, das Cidades e da Justiça, e por membros de entidades e órgãos ligados à saúde e à segurança pública, como a DefesaCivil, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Rodoviária Federal. O comitê tem como missão analisar os indicadores do Samu/192 e fazer o mapeamentodetalhado da urgência no Brasil. Os dados subsidiarão ações intersetoriais e permitirão correções necessárias que garantam a perfeita adequação daPolítica Nacional de Atenção às Urgências. Com o comitê, o Brasil terá um Plano de Atenção a Desastres, que é um instrumento de definição das açõesestratégicas em saúde para casos de grandes catástrofes com múltiplas vítimas, como enchentes, deslizamentos de terra, acidentes com materiais químicose até nucleares. Em agosto deste ano, o Samu/192 alcançou a marca de 100 mil atendimentos de casos de urgência e emergência em um único mês. Aschamadas gratuitas feitas para o telefone 192 foram atendidas pelos médicos reguladores, presentes por 24 horas nas centrais de regulação. Nesse mês,mais da metade dos atendimentos realizados pelas equipes de médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem do Samu — cerca de 55,2% — foramclínicos (insuficiência respiratória, tontura, desmaio, infarto, angina, hipertensão e derrame cerebral). O socorro para emergências de naturezatraumática (acidente automobilístico, queimadura, traumatismo craniano, choque elétrico, ferimento por armas, etc) representou 21,4%. Outros 5,9%dos atendimentos foram psiquiátricos (surto psicótico, tentativa de suicídio, depressão, etc) e 4,2% foram emergências gineco-obstétricas (trabalho departo, hipertensão na gestante, hemorragia, aborto, cesárea pós-mortem, etc).

3Dezembro 2004

Em um ano, número de municípios atendidos peloprograma saltou de 14 para 210 em todo o paísURGÊNCIAS

Especial

OServiço de Atendimento Móvel deUrgência (Samu/192) do Sistema Únicode Saúde (SUS) completou um ano de

operação em setembro. Ao longo dos últimos14 meses, o Ministério da Saúde habilitou 14serviços desse tipo que já estavam em operaçãono país e inaugurou outros 29 em diferentesestados. Com isso, ampliou a cobertura de 10milhões de habitantes em 14 municípios, emsetembro de 2003, para mais de 46 milhões depessoas em 210 municípios de todas as regiões.

Somente em 2004, o governo federalinvestiu R$ 120 milhões no Samu. Os recursosgarantiram a compra de veículos, a implantaçãode centrais de regulação médica e a capacitaçãode profissionais. Para custeio do serviço, o mi-nistério financia R$ 180 milhões por ano.

Os benefícios do Samu estão sendo esten-didos para todos os 182 milhões debrasileiros. Até o final deste ano, terão sidoentregues 910 ambulâncias. Em 2005, com aaquisição de mais 1.070 ambulâncias, sete lan-chas equipadas como ambulâncias e dois

helicópteros, toda a população poderá contarcom o socorro pré-hospitalar móvel. Alémdisso, conta com a integração entre o Samu e afrota de ambulâncias e helicópteros da PolíciaRodoviária Federal, bem como com a reta-guarda das Forças Armadas.

O Serviço de Atendimento Móvel deUrgência tem como finalidade prestar socorromédico à população em casos de emergência.O Samu é o principal componente da PolíticaNacional de Atenção às Urgências, criada em2003 para proteger a vida das pessoas egarantir a qualidade do atendimento no SUS.

A política tem como foco cinco grandesações: organizar o atendimento de urgêncianos prontos-atendimentos, nas unidades bási-cas de saúde e pelas equipes do ProgramaSaúde da Família; estruturar o atendimentopré-hospitalar móvel (Samu/192); reorgani-zar as grandes urgências e os prontos-socor-ros em hospitais; criar a retaguarda hospitalarpara os atendidos nas urgências; e estruturaro atendimento pós-hospitalar.

Serviço atende rapidamente urgências de toda natureza, das traumáticas às relacionadas à saúde mental

SAMU DÁ COBERTURA A MAISDE 46 MILHÕES DE BRASILEIROS

REDE NACIONAL SAMU/192

Região Municípios PopulaçãoNorte 19 2,4 milhõesNordeste 50 11,5 milhõesCentro-Oeste 24 2,3 milhõesSudeste 103 24,9 milhõesSul 14 5,5 milhõesTotal 210 46,6 milhões

Ruben Silva/MS

Ruben Silva/MS

Luís Oliveira/MS

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4 Dezembro 2004

Em 2003 e 2004, foram criadas 5,6 mil equipes desaúde da família, um crescimento de mais de 33%ATENÇÃO BÁSICA

Especial

Em apenas dois anos de governo,o Ministério da Saúde ampliouem 5.637 o número de equipes

do Programa Saúde da Família(PSF). Com isso, mais 22 milhões debrasileiros passaram a ser atendidospelo programa.

As 22.335 equipes do PSF exis-tentes hoje atendem a mais de 77 mi-lhões de brasileiros, o que corres-ponde a 43,47% da população. Em2002, 16.698 equipes acompanhavama saúde de 54,9 milhões de pessoas(31,9% da população). Nos doisprimeiros anos de governo Lula, oaumento no número de equipes doPSF foi superior a 33%.

Já o Programa de Agentes Comu-nitários de Saúde (Pacs) tem, ao fimde 2004, 199.010 agentes e atende a114,43 milhões de pessoas (64,56%dos brasileiros). Em dezembro de2002, eram pouco mais de 175 milagentes, que atendiam a 90,6 milhõesde pessoas (52,6% da população).Passados dois anos, a quantidade deagentes é 12,07% maior.

O PSF promoveu uma expansãosignificativa do acesso à saúde noBrasil. Descentralizou as ações e vempropiciando a prevenção e o trata-mento de doenças numa abordagemque considera o contexto familiar ecomunitário e a realidade regional.

A estratégia impulsiona amudança do modelo de atenção com

foco na assistência curativa, dentrode um sistema hospitalar, para umarede organizada em vários pontosde atenção — as unidades básicas desaúde —, que atuam de maneirahumanizada, em frentes que têmcomo meta prevenir agravos, pro-mover e recuperar a saúde.

Com o PSF, as pessoas passam acontar com uma equipe multidisci-plinar, composta por um médico, umenfermeiro, um auxiliar de enfer-magem e de quatro a seis agentescomunitários de saúde. Essa equipepode ter ainda um dentista e um au-xiliar de consultório dentário. Essesprofissionais atendem, em média, a3,5 mil pessoas de uma comunidade.

Além do atendimento clínico, asequipes analisam as condições derisco à saúde da comunidade, o quepermite melhor controle de doenças ea definição de planos de tratamento.

Entre as conquistas associadas àatuação das equipes do Saúde daFamília, estão a queda da mortali-dade infantil, a redução do númerode mortes em decorrência de compli-cações no parto e os elevados índicesde coberturas vacinais. Por isso, for-talecer e ampliar o programa são pri-oridades do ministério, que pretende,até 2006, aumentar de 77 milhõespara 100 milhões o número de pes-soas beneficiadas, elevando o total deequipes de 22 mil para 30 mil.

MAIS DE 22 MILHÕES DE PESSOASINCLUÍDAS NO PSF EM DOIS ANOS

Os agentes comunitários têm papel fundamental na execução do PSF,pois representam a ponte entre as pessoas e o sistema de saúde

ACRÉSCIMO EM INCENTIVOS PROMOVE EQÜIDADE DE ATENDIMENTO

O Ministério da Saúde promove a eqüidade no acesso à saúde. Uma das ações nesse sentido foi a redução, em 2004, do número de pessoas acompanhadas porcada agente comunitário de saúde na zona rural dos municípios da Amazônia Legal. Cada equipe passou a atender 300 pessoas em vez das 575 de antes. Commetas de atendimento menores, as equipes podem dedicar mais tempo e atenção a cada família. Para atender menos pessoas, o número de agentes foi ampliado.Além disso, foi aprovada a atualização anual da base populacional das cidades e ajustados os repasses financeiros dos programas de Agentes Comunitários de

Saúde, de Saúde Bucal e Saúde da Família para todos os estados do país. O incremento no Piso de Atenção Básica (PAB) chegou a R$ 152 milhões. Com isso,o valor investido nos municípios passa de R$ 1,837 bilhão para R$ 1,989 bilhão. Outra novidade foi o acréscimo de 50% no valor dos incentivos repassados

para as estratégias de Saúde da Família e Saúde Bucal nos municípios da Amazônia Legal com até 50 mil habitantes e com Índice de DesenvolvimentoHumano (IDH) menor ou igual a 0,7 (em uma escala de 0 a 1). Nas outras regiões brasileiras, foram beneficiados municípios com até 30 mil habitantes e IDH

igual ou menor a 0,7. Os municípios incluídos no Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde (Pits), mesmo não selecionados segundo os critérios deIDH e população, também receberam 50% a mais sobre os valores dos incentivos do Saúde da Família e Saúde Bucal. Esse acréscimo se estendeu ainda para as

equipes que atuam em áreas onde vivem populações remanescentes de quilombos e de assentamentos. Um dos desafios do Programa Saúde da Família é ocrescimento contínuo do número de pessoas e municípios atendidos pelas equipes. Para isso, o governo federal está promovendo o aumento progressivo derecursos, que hoje são de aproximadamente R$ 4,5 bilhões por ano, e a melhoria da estrutura física e dos recursos humanos do programa. Para expandir,

qualificar, monitorar e avaliar o PSF, o governo federal criou o Programa de Expansão da Saúde da Família (Proesf), que, atualmente, abrange 230 municípioscom população acima de 100 mil habitantes e tem recursos de US$ 550 milhões. Dinheiro de empréstimo junto ao Banco Mundial, com 50% de contrapartida

do governo federal, essa verba deve ser aplicada na expansão da atenção básica até 2008.

MUNICÍPIOS BENEFICIADOS COM O ACRÉSCIMO POR REGIÃO

CENTRO-OESTE 59 | NORDESTE 1.288 | NORTE 519 | SUDESTE 327 | SUL 69

Bernardo Rebello

Page 5: Saúde, Brasil - Balanço 2004

5Dezembro 2004

Ministério cria 83 Centros de EspecialidadesOdontológicas e 4.551 equipes de saúde bucal BRASIL SORRIDENTE

Especial

POPULAÇÃO TEM ATENDIMENTOODONTOLÓGICO ESPECIALIZADO

MAIS CADEIRAS, MAIS RECURSOS

Os Centros de Especialidades Odontológicas credenciados aoBrasil Sorridente são financiados pelo Ministério da Saúde epodem ser de dois tipos. Para municípios com centros tipo I,

com três cadeiras odontológicas, são destinados mensalmenteR$ 6,6 mil para custeio, além de R$ 40 mil em parcela

única, para cobrir custos com reforma, ampliação ouconstrução de espaço físico. Para as unidades do tipo II, com

quatro ou mais cadeiras, esses valores são de R$ 8,8 milmensais e R$ 50 mil, respectivamente. Do total de Centros

de Especialidades Odontológicas implantados peloMinistério da Saúde, 24 são novos. As outras 59 unidadesforam adaptadas e passaram a integrar a Política Nacional

de Saúde Bucal. Para fazer parte do Brasil Sorridente, oscentros tiveram que sofrer adequações como ampliação da

oferta de atendimento e do horário de funcionamento,aumento do espaço físico e contratação de pessoal. Cada

unidade oferece à população acesso a cirurgia oral eatendimento a pacientes com necessidades especiais, além de

tratamento de canal e de doenças da gengiva. Os centrostambém oferecem diagnóstico oral, com ênfase na

identificação do câncer de boca. A doença pode ser tratadacom sucesso em até 65% dos casos, quando identificada

precocemente.

LABORATÓRIOS VÃO FABRICAR PRÓTESES

Dos Centros de Especialidades Odontológicas jáimplantados, 15 trabalham integrados a laboratórios de

próteses dentárias. A meta é atender, até 2006, 100% dosadolescentes, 50% dos idosos e 50% dos adultos que

precisam de prótese. Estima-se que a prótese dentária sejauma necessidade de 8 milhões de brasileiros. Dados do

Ministério da Saúde registram um total de 5 miladolescentes desdentados sem prótese na boca. Hoje 75% dos

idosos são desdentados. Entre adultos com idade de 30 a 44anos, esse índice é de 30%. Junto com o câncer de boca, a

ausência de dentes é um dos mais graves problemas da saúdebucal no país.

BRASIL INVESTE EM PREVENÇÃO

Com a Política Nacional de Saúde Bucal, o Ministério daSaúde reforça a importância de ações de caráter preventivo.Entre elas, estão o treinamento de equipes para diagnóstico

de câncer bucal e a distribuição de kits com pasta e escova dedentes para 30% dos pacientes atendidos pelas equipes de

atenção básica. Esse é o percentual estimado de pessoas querecebem o primeiro atendimento, mas não têm condiçõesfinanceiras de adquirir os produtos. Ao receber o kit, os

pacientes são orientados sobre a forma correta de utilizá-lo.Outro investimento importante é na fluoretação da água emtodos os municípios com sistema de saneamento. Em locaisonde não há esse elemento químico na água, a incidência de

cárie é 49% maior do que nos lugares onde a água éfluoretada. Para expandir esse benefício, o Ministério da

Saúde vai entregar equipamentos de fluoretação às estaçõesde tratamento que distribuem água aos municípios.

C om investimento de R$ 1,3 bilhão até 2006, o Brasil Sorri-dente garante atenção odontológica a brasileiros de todas asidades. Os primeiros resultados do programa já são perce-

bidos na ampliação do acesso ao atendimento básico e ao trata-mento especializado. Este ano, o Ministério da Saúde aumentou onúmero de equipes de saúde bucal e implantou 83 Centros deEspecialidades Odontológicas no país.

Entre dezembro de 2002 e setembro de 2004, o número deequipes de saúde bucal na atenção básica mais do que dobrou,passando de 4.261 para 8.812 em 3.095 municípios brasileiros.O Ministério da Saúde aumentou de 26 milhões para mais de43,6 milhões a parcela da população coberta por tratamentoodontológico. O Nordeste é a região com maior número deequipes de saúde bucal na atenção básica. Com 4.283 equipesimplantadas, os nove estados nordestinos respondem pelametade do total existente no país.

Além do atendimento básico, a população passou a ter acessotambém a tratamentos especializados, como de canal e dedoenças da gengiva. Até outubro, 83 Centros de EspecialidadesOdontológicas (CEO) foram implantados em 40 cidades de 15estados. Para implantar os centros, o Ministério da Saúde estáinvestindo mais de R$ 3 milhões na adequação de espaço físico eR$ 528 mil por mês na manutenção das unidades. A meta dogoverno federal é credenciar 100 unidades até o fim deste ano e400 até o final de 2006.

Fotos: Luís Oliveira / MS

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6 Dezembro 2004

Política modifica a gestão do SUS e a relaçãoentre profissionais e usuários da rede públicaHUMANIZASUS

Especial

P ara melhorar a qualidade do atendimento e aumentar o acessoda população a profissionais, medicamentos e serviços, o Mi-nistério da Saúde implementa, desde 2003, em toda a rede do

Sistema Único de Saúde (SUS), a Humanizasus. É uma política quebusca tratar cada cidadão como usuário único e não como um númeroem uma grande fila.

O ministério estabeleceu como prioridades para as ações dehumanização a redução de filas e do tempo de espera para exames,consultas e cirurgias; a garantia do direito do paciente e de seus fami-liares de terem acesso à informação sobre a saúde e sobre o profissio-nal que presta o atendimento; e a garantia da gestão participativa dostrabalhadores e usuários do SUS.

Uma das premissas da nova política é proporcionar atendimentointegral ao usuário. "A Humanizasus é uma política transversal, poisenvolve diferentes programas e áreas do SUS, como a saúde da mu-lher, da criança e também da família", diz a diretora de Programas daSecretaria Executiva do Ministério da Saúde, Regina Benevides.

A filosofia da Humanizasus é deixar o usuário mais próximo dosistema de saúde. Segundo Regina, todo paciente tem direito de saberquem são os profissionais que o atendem. "Esse princípio cria um vín-culo entre o usuário e o profissional de saúde", explica.

FILAS — Em relação às filas, a prioridade do atendimento será sem-pre de acordo com a urgência do caso e não mais por ordem de chega-da. "Queremos estabelecer protocolos de atendimento que identi-fiquem quais pacientes têm mais necessidade de receber cuidadosmédicos", assinala Regina Benevides.

A Humanizasus prevê ainda que todo paciente internado tem direitoa um acompanhante. Segundo Regina, esse é um direito do usuário quemuitas unidades de saúde ainda não regulamentaram.

Um dos fundamentos da Humanizasus diz respeito à atuação dasociedade civil. A política diz que usuários e trabalhadores têm o direi-to de participar da gestão dos serviços de saúde. Esse instrumento jáexiste por meio dos conselhos Nacional, estaduais e municipais deSaúde e deve ser reforçado ainda mais.

"A participação dos trabalhadores e dos usuários é fundamental,pois a atuação da sociedade evita que o SUS seja apenas um serviçocom a visão do gestor", observa Regina Benevides.

NOVAS PRÁTICAS REVOLUCIONAM ATENDIMENTO

Em Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitanade Recife (PE), o Centro de Saúde Dr. Manoel Gomes

utiliza uma rádio para aliviar o estresse do paciente naespera pela consulta. Em uma área carente da Zona

Leste paulistana, uma unidade básica de saúde tentadriblar o baixo astral com atividades de lazer e cultura.

Mesmo separadas por centenas de quilômetros, essasexperiências estão muito próximas, pois são projetos

que pensam na relação do SUS com gestores, comprofissionais de saúde e com toda a sociedade. Esses

programas mostram um SUS que dá certo, que acolhee que recebe com carinho o usuário. As duas iniciativas

estão entre os 16 projetos de todo o Brasil quereceberam o Prêmio David Capistrano, concedido pelo

Ministério da Saúde com o objetivo de incentivarexperiências bem-sucedidas em humanização do SUS.

Foram premiados oito novos projetos e oitoexperiências consagradas. Cada um recebeu R$ 50 mil.

O prêmio foi entregue durante um seminário com aparticipação de 2,5 mil pessoas, em Brasília. Seiscentos

e sessenta e uma experiências de todos os estadosbrasileiros concorreram à premiação. Em Cabo deSanto Agostinho, o Centro de Saúde Dr. Manoel

Gomes conta com um circuito interno de rádio paraocupar o tempo dos pacientes que esperam por uma

consulta. O projeto chama-se Estação Saúde: aMudança do Conceito de uma Unidade Básica de

Saúde. Em um auditório, os pacientes participam deatividades físicas e educativas. Pelo som, ouvem

informações sobre cuidados com a saúde, escutammúsica ambiente e ainda participam de oficina para

produção de brinquedos e objetos decorativos commateriais recicláveis. Distante dali, em São Paulo(SP), a Unidade Básica de Saúde do Jardim Roseliencontrou na humanização um caminho contra a

violência e a falta de lazer no bairro. "O projeto OAbraço de Roseli transformou um local de circulaçãode doenças em área de bem-estar", ressalta Roberto de

Alcântara Madeira, coordenador da unidade, queatende cerca de 50 mil usuários. A coordenação voltou

sua atenção para os profissionais, no chamado"acolhimento ao acolhedor". Ao chegar para o trabalho

no posto de saúde, o funcionário se dirige para o"Emocionódromo". Lá, ele escolhe um entre três sinais:

verde, amarelo ou vermelho. Com o verde, ele mostraque está bem; com o amarelo, mais ou menos. Já o

vermelho sinaliza que ele não passa por um bommomento. "Se isso acontece, deslocamos esse

trabalhador do atendimento para uma funçãoburocrática, até que se recupere. Como ele vai receberalguém, se não está em um bom momento pessoal?",

pergunta Alcântara. A unidade de saúde tambémpromove oficinas para a comunidade, como crochê para

os mais velhos e axé para os mais novos. SegundoRoberto, essas oficinas representam uma opção de lazer

em uma área onde há carência dessas atividades,proporcionando bem-estar, além de trazer a

comunidade para dentro da unidade de saúde,estabelecendo um vínculo com o local.

ACOLHIMENTO HUMANIZADOÉ PRIORIDADE NA SAÚDE

Nas experiências de humanização, revela-se um SUSque atende e recebe com carinho o usuário

Radilson Carlos

Page 7: Saúde, Brasil - Balanço 2004

7Dezembro 2004

Política Nacional de Educação Permanente em Saúdecontribui para promover a atenção integral na rede públicaFORMAÇÃO

Especial

A formação e a educação dos traba-lhadores de saúde determinam a quali-dade e a resolutividade dos serviços

prestados e a humanização do atendimento.Por isso, o Ministério da Saúde promoveu512 ações nessas áreas, envolvendo mais de100 mil trabalhadores, em 92 pólos de capa-citação em todo o Brasil somente nos doisúltimos anos.

Com investimento de mais de R$ 54 mi-lhões, as ações foram destinadas à especializa-ção de profissionais em saúde da família e àcapacitação de trabalhadores que atuam nasaúde da mulher e na saúde mental, entre ou-tras áreas técnicas.

A implementação de iniciativas como oServiço de Atendimento Móvel de Urgência(Samu) exigiu ainda a formação de traba-lhadores em urgências e emergências. Tam-bém foram capacitados trabalhadores queatuam em ações de combate e controle da vio-lência, no diagnóstico do uso de álcool e ou-tras drogas e na identificação de doenças epi-demiológicas.

TUTORIAS — A educação permanente per-mite agregar o conhecimento formal às práti-cas do trabalho cotidiano, levando a umareflexão crítica sobre o que se faz, porque sefaz e como se faz. A meta é a mudança naspráticas dos serviços de saúde. Esse conceito éa marca da educação permanente na Secre-taria de Gestão do Trabalho e da Educação naSaúde (SGTES), que o adotou como umapolítica do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em novembro deste ano, 360 profissionaisforam selecionados para serem tutores deeducação permanente em saúde. Juntos, elesformarão, a distância, 12.880 facilitadores apartir de 2005.

A execução nacional do curso de formaçãode tutores e de facilitadores está sob a respon-sabilidade pedagógica e tecnológica da EscolaNacional de Saúde Pública. Com a formaçãodesses facilitadores de educação permanenteem saúde, o ministério pretende colocar emcurso um processo maciço de formação de tra-balhadores do SUS. Assim, pretende constru-ir, na prática, a possibilidade de uma atençãointegral e humanizada à saúde na rede públi-ca, conveniada ou contratada.

Em todo o país, já existem 92 pólos deeducação permanente, que são regiões desaúde organizadas para promover a formaçãode trabalhadores e o desenvolvimento deprocessos educativos de melhoria da quali-dade da atenção e da gestão no SUS. Os pólosfazem parte da estratégia de qualificação

100 MILTRABALHADORESCAPACITADOS

Mudança nos currículos da área de saúde é uma das estratégias para fortalecer a formação

AGENTES COMUNITÁRIOS GANHAM FORMAÇÃO PROFISSIONAL

O Ministério da Saúde pactuou com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e com o Conselho Nacional de SecretáriosMunicipais de Saúde (Conasems) uma ação inédita: a formação profissional dos 180 mil agentes comunitários de saúde que atuam nasequipes do Programa Saúde da Família. Com um investimento de mais de R$ 1 milhão, em 2004 e 2005, o ministério está assegurandoa qualificação profissional inicial e a escolaridade fundamental aos trabalhadores que mantém contato direto e continuado com famíliasjunto a suas moradias. Em 2004, para atender a demanda de saúde no SUS, foram formados 180.652 auxiliares e 64.662 técnicos emenfermagem. Por fim, para democratizar as relações de trabalho no setor público, o ministério mudou a relação com os trabalhadores daárea de saúde, com a criação das mesas de negociação do trabalho no âmbito do SUS. Atualmente, estão em processo de instalação duasmesas municipais, em Maringá (PR) e Porto Alegre (RS), e três estaduais, no Acre, Paraná e Paraíba. Já foram instaladas quatromesas nas capitais — em Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Natal (RN) e São Paulo (SP) — e seis estaduais — no Ceará,Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

Márcio Nascimento

profissional dos trabalhadores do SUS eenvolvem mais de 700 entidades populares.

RESIDÊNCIA — O Ministério da Saúde tam-bém financia bolsas de residência para profis-sionais da saúde em atuação na rede deserviços do SUS. Em 2004, foram investidosR$ 42 milhões em 20 programas de diversosestados brasileiros.

Outra estratégia do ministério na área deformação de trabalhadores para o setor é oinvestimento na mudança nos cursos de gra-duação da área de saúde. O Brasil tem cercade 2,8 mil programas de graduação nos 14

cursos integrantes do grupo de profissões desaúde. Esses programas abrangem aproxi-madamente 1,8 milhão de estudantes univer-sitários, somados os alunos de todos os cursosem todos os períodos letivos.

O Ministério da Saúde oferece cooperaçãotécnica, financeira e operacional para as esco-las que se dispuserem a iniciar o processo demudança em seus cursos de graduação na áreada saúde. Além disso, o Projeto de Vivências eEstágios na Realidade do SUS (Versus) insereo movimento estudantil organizado noprocesso. O programa viabiliza a experiênciaprática dos estudantes no mundo do SUS.

Page 8: Saúde, Brasil - Balanço 2004

8 Dezembro 2004

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

Especial

Ministério da Saúdedestinou R$ 3,6 bilhões à compra de remédios para distribuição aospacientes na rede pública

Os investimentos diretos do Ministérioda Saúde na assistência farmacêuticaforam reforçados em 2004. A

aquisição de medicamentos e os repassesfinanceiros a estados e municípios com essafinalidade foram ampliados em 44%, secomparados com 2002. Os recursos pas-saram de R$ 2,5 bilhões, naquele ano, paraR$ 3,6 bilhões em 2004.

Aproximadamente R$ 1,5 bilhão foi uti-lizado para a compra de remédios que aten-dem aos programas estratégicos. A listainclui imunobiológicos e medicamentos paraDST/Aids, hipertensão, diabetes, tubercu-lose, hanseníase, malária e outras endemiasfocais, assim como aqueles destinados aoPrograma Saúde da Família (PSF).

Para a compra de medicamentos excep-cionais (alto custo), os recursos repassadoschegaram a R$ 763 milhões. Também foraminvestidos R$ 208 milhões na aquisição deremédios destinados a pacientes portadores decoagulopatias. Outros R$ 882 milhões foramgastos com medicamentos e ações voltados àatenção hospitalar e em forma de INCENTIVOSfinanceiros para os municípios habilitados àparte variável do Piso de Atenção Básica (PAB),para assistência farmacêutica básica. RECURSOS PARA

MEDICAMENTOS NOSUS CRESCEM 44%

Repasses financeiros fundo a fundo destinadosà aquisição de medicamentos essenciais para a

atenção básica. Correspondem a R$ 1,00 porhabitante ao ano, o que totaliza R$ 192,97

milhões. O incentivo foi elevado em 100% paraos municípios integrantes do Programa Fome

Zero. Assim, a partir de janeiro de 2004, essesmunicípios passaram a receber R$ 2,00 por

habitante ao ano.

As unidades de saúde dispõem dos medicamentos de alto custo financiados pelo ministério

LABORATÓRIOS OFICIAIS TÊM INVESTIMENTOS AMPLIADOS EM 123%

O Ministério da Saúde também ampliou os recursos repassados aos laboratórios farmacêuticos oficiais, que produzem medicamentos para o SUS.Os investimentos em 2004, comparados aos de 2002, tiveram um aumento de aproximadamente 123%. Isso significa um investimento de R$ 80

milhões ao ano para modernizar e ampliar a capacidade produtiva dessas unidades. Esses investimentos, em médio e longo prazo, são fundamentaispara que o Brasil possa contar com um parque industrial farmacêutico oficial capaz de deter tecnologia suficiente para produzir medicamentos a

baixo custo e de alta qualidade. O desenvolvimento dessas tecnologias visa atender aos interesses e necessidades nacionais, por meio de cooperaçãocom setores privados, como também em parceria com outros países. Nessa mesma perspectiva, vale ressaltar a iniciativa pioneira do governo

federal, por meio do Ministério da Saúde, de adquirir uma nova unidade de produção de medicamentos no Rio de Janeiro, que passou da iniciativaprivada para o controle da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Essa aquisição, com investimento de R$ 18 milhões, possibilitará ampliar em cinco

vezes a capacidade produtiva do Instituto de Tecnologia de Fármacos da Fiocruz (Far-Manguinhos) nos próximos anos. Além dessas ações diretas,o Ministério da Saúde tem desenvolvido a cooperação com outros setores do governo federal. Um exemplo disso foi a efetiva participação no Fórum

de Competitividade da Cadeia Produtiva Farmacêutica, cuja coordenação foi compartilhada pelos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento,Indústria e Comércio. No fórum, foram configuradas as bases para que a área de fármacos e medicamentos fosse incluída como uma das prioridadesda Política Industrial do Brasil, aprovada pelo presidente Lula no início deste ano. A medida deverá resultar em investimentos no setor. Os reflexosdeverão ser positivos, especialmente a partir da redução de custos das compras públicas. Outra ação fundamental foi a criação, em 2003, da Câmara

de Regulação Econômica de Medicamentos (CMED - Lei 10.742/2003). A CMED tem desempenhado papel relevante na definição dos critérios edos mecanismos para a autorização e a comercialização de medicamentos no Brasil.

Márcio Nascimento

Page 9: Saúde, Brasil - Balanço 2004

PROGRAMA ATUA EM VÁRIAS FRENTES PARA REDUZIR PREÇOS

O programa Farmácia Popular do Brasil amplia o acesso da população a medicamentos básicos e essenciais por meio de três ações. Além da implantaçãodas farmácias populares, está prevista a criação de um programa de subvenção de remédios destinados ao tratamento de diabetes e hipertensão e a reduçãodo ICMS para cerca de 2,8 mil medicamentos, a partir de 2005. Os remédios oferecidos nas farmácias populares são adquiridos pela Fundação OswaldoCruz junto aos laboratórios públicos e privados — exclusivamente para o programa — e repassados à população pelo valor de custo. Com as farmáciaspopulares, as pessoas que comprometem o orçamento doméstico com a compra de medicamentos conseguem um alívio de até 85% em suas despesas.

9Dezembro 2004

Programa já conta com 26 unidades instaladas na Bahia,Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São PauloMEDICAMENTOS

Especial

AFarmácia Popular do Brasil completouseis meses de existência em dezembro.Até novembro, o programa já havia colo-

cado à disposição dos usuários mais de 2 mi-lhões de medicamentos. Existe, hoje, uma redede 26 farmácias populares em cinco estados.São 16 em São Paulo (SP), duas no Rio deJaneiro (RJ), uma em Goiânia (GO), cinco emSalvador (BA), uma em Vitória da Conquista(BA) e uma em Caxias do Sul (RS). O mi-nistério está analisando 35 pedidos de municí-pios e estados interessados em aderir ao pro-grama. Há também em estudo outros 25 proto-colos de intenção de hospitais filantrópicos.

O programa, lançado em junho, oferece 89itens, o equivalente a 2 mil apresentações co-merciais, entre cartelas, frascos, injetáveis e bis-nagas. Esses remédios são indicados para asdoenças de maior incidência no país. A lista foireforçada no final de outubro, com a inclusãode cinco produtos: Clorpromazina 25 mg, paratranstornos neurológicos como esquizofrenia epsicoses; Fenitoína 100 mg, para o tratamentoda epilepsia e convulsões em geral; Brometo den-butilescopolamina 10 mg/frasco de 20 ml,indicado para cólicas digestivas e cólicas de cál-culos das vias urinárias; Acetato de medro-xiprogesterona 150 mg/ml (ampola), anticon-cepcional injetável trimestral; e um preservati-vo masculino.

Entre os dez medicamentos mais procura-dos nas farmácias populares, seis são indicadospara o tratamento de hipertensão, dois, para otratamento de diabetes e dois, utilizados paratratar úlceras gástricas. O medicamento maisprocurado nos cinco primeiros meses de fun-cionamento do programa foi o Captopril 25 mg,para controle da hipertensão. Foram fornecidasmais de 204 mil cartelas desse remédio no país.O segundo produto com maior saída nas far-mácias populares nesse período foi o ÁcidoAcetilsalicílico (100mg), auxiliar no tratamentode hipertensão, com mais de 202 mil apresen-tações vendidas.

O programa Farmácia Popular do Brasil tema aprovação de 91% da população que utiliza oserviço. É o que diz pesquisa do Ministério daSaúde realizada em Goiânia, Rio de Janeiro, Sal-vador e São Paulo, onde estão 24 das 26 farmá-cias instaladas até agora. De acordo com osdados, 91% dos entrevistados avaliam o progra-ma como ótimo ou bom, enquanto outros 4% oavaliam como regular e 3%, como ruim.

Os 89 itens disponíveis nas unidades correspondem a mais de 2 mil apresentações comerciais

FARMÁCIA POPULARMAIS DE 2 MILHÕES DE REMÉDIOS JÁ FORNECIDOS

• 91% dos usuários da Farmácia Popular avaliam as unidades como ótimas ou boas

• O que agrada aos usuários é o atendimento das farmácias, aprovado por 97% das pessoasentrevistadas

• 89% acreditam que os remédios são vendidos a preço de custo na Farmácia Popular

• 78% dizem que, na Farmácia Popular, os remédios custam metade ou menos da metadedos preços das farmácias comuns. 14% acham que custam um pouco menos

Ruben Silva/MS

MEDICAMENTOS MAIS PROCURADOS - DE JUNHO A NOVEMBRO

PRODUTO UNIDADES VENDIDASCaptopril 25 mg 204.253Ácido Acetilsalicílico 202.453Enalapril 10 mg 129.219Hidroclorotiazida 25 mg 114.646

Page 10: Saúde, Brasil - Balanço 2004

10 Dezembro 2004

Recursos repassados financiam desde a ampliação da atINVESTIMENTOS

Especial

PISO DE ATENÇÃO BÁSICA É REAJUSTADO DUAS VEZESDesde o início da atual gestão, o valor do Piso de Atenção Básica (PAB) já sofreu dois reajustes. O último foi em setembro deste ano, determinando que oPAB deve variar entre R$ 13 e R$ 18 per capita ao ano. Os reajustes representam um importante incremento no atendimento básico, já que oferecemmaior apoio financeiro a estados e municípios. Entre as ações financiadas com esses recursos, estão as consultas médicas em especialidades básicas,atendimento odontológico básico, vacinação, atendimento ambulatorial e domiciliar do Programa Saúde da Família (PSF), assistência pré-natal, pequenascirurgias, atividades dos agentes comunitários de saúde e pronto-atendimento em unidade básica de saúde. A elevação do valor do PAB beneficiou 4.847municípios no país. O total de pessoas beneficiadas pelo reajuste é de 163,61 milhões, 92,51% da população brasileira. Até o mês de agosto, o valorrepassado aos municípios, referente à parte fixa do PAB, era de R$ 170,17 milhões. Com o reajuste do valor mínimo, esse repasse passou para R$ 194,18milhões. Apesar de todos os benefícios que o Piso de Atenção Básica oferece, 15 cidades brasileiras ainda não o pleitearam. Esses municípios ganharam umprazo de 180 dias, desde a publicação da portaria de número 2.023/GM, de 23 de setembro de 2004, para assumirem a gestão das ações e dos serviços deatenção básica em seu território. O PAB foi criado para atender à demanda e transformar as prefeituras de prestadoras de serviços em gestoras do SUS. Ovalor do piso, repassado aos municípios, compreende uma parte fixa, usada para financiar as ações básicas de saúde (ambulatorial), e outra variável, paracusteio das ações especiais desenvolvidas no campo da atenção. Em janeiro de 2002, o valor mínimo do PAB era de R$ 10,50.

OMinistério da Saúde tem ampliado, desde2003, o repasse de recursos a estados emunicípios brasileiros, para garantir a

universalização e a qualidade da atençãoprestada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).Nos quase dois anos da atual gestão, todos ostetos financeiros dos estados foram reajustados,assim como os incentivos para atenção básica eprocedimentos de média e alta complexidade.

Em 2003, o ministério repassou R$ 18,92bilhões aos estados, municípios e DistritoFederal, para custear ações de atenção básica,média e alta complexidade. Em 2002, orepasse foi de R$ 16,68 bilhões. Entre janeiro esetembro de 2004, foram repassados R$ 15,4bilhões. Estima-se que até o final do ano ototal de repasses chegue a R$ 20 bilhões.

Os recursos transferidos hoje obedecem aalgumas prioridades do SUS. Entre elas,destacam-se a intensificação das ações de

atenção básica (voltadas à promoção dasaúde, à prevenção de doenças, tratamento ereabilitação de pacientes), o incremento daassistência hospitalar e ambulatorial demédia e alta complexidade, o fortalecimentode programas de qualificação dos profissio-nais do SUS, a ampliação da assistência far-macêutica e os investimentos crescentes emciência e tecnologia e em vigilância epidemi-ológica. Além de atender às prioridadesdefinidas pelo SUS, os recursos já repassadosserviram para equiparar os tetos financeirosdos estados e para ações estratégicas.

Em 2003, o Sistema Único de Saúde cus-teou mais de 84 milhões de atendimentos,envolvendo os procedimentos reajustadospelo Ministério da Saúde. Desde o ano passa-do, o ministério tem promovido aumentosgradativos nos valores pagos para algunsprocedimentos ambulatoriais e hospitalares

realizados pelo SUS. A maioria dos procedi-mentos de média complexidade estava semreajustes desde 1994.

O reajuste da tabela atende a prioridadesestabelecidas pelo ministério, a partir de dis-cussões com secretários estaduais e munici-pais de Saúde, representantes de associaçõesde especialistas, como a Sociedade Brasileirade Cardiologia e de Nefrologia, e dos presta-dores filantrópicos e privados na área ambu-latorial e hospitalar.

Os reajustes dos tetos financeiros buscamreduzir as desigualdades. Os aumentos dosrecursos livres destinados a estados e municí-pios foram realizados respeitando uma novalógica. Os cálculos são feitos com base nosvalores per capita, sendo que estados que pos-suem menos recursos são reajustados emmaior porcentagem. O último reajuste foi des-tinado somente aos estados da região Norte.

Márcio Nascimento Ana Carolina Freitas Ana Carolina Freitas

REPASSES A ESTADOS ESÃO AMPLIADOS EM R

Page 11: Saúde, Brasil - Balanço 2004

11Dezembro 2004

Especial

tenção básica à saúde até a pesquisa em ciência e tecnologia

Evolução anual do limite financeiropara estados e municípios

ENTENDA O QUE É

TETO FINANCEIRO Recursos destinados às açõesde atenção básica e de média ealta complexidade, repassadosmensalmente pelo FundoNacional de Saúde aos 26estados mais o Distrito Federale aos municípios habilitados naGestão Plena do SUS.

PISO DE ATENÇÃO BÁSICA (PAB) Repasse para a atenção básicaem saúde, principalmente paraa estratégia Saúde da Família epara o Programa de AgentesComunitários de Saúde.

RECURSOS PARA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE Destinados à atençãohospitalar e ambulatorialcomo, por exemplo, consultasespecializadas, internações eexames.

RECURSOS PARA AÇÕESESTRATÉGICASRepassados por meio do Fundode Ações Estratégicas eCompensação (Facec). Sãoutilizados em ações de altocusto, como transplantes,hemodiálise e medicamentosexcepcionais.

TABELAS DO SUS SÃO

ATUALIZADAS

Para atender à reivindicação de toda arede pública de saúde e de prestadores deserviços do SUS, o Ministério da Saúde

tem se esforçado, desde o ano passado,para reajustar os valores dos

procedimentos de média e altacomplexidade. O último reajuste na

tabela de procedimentos ambulatoriais ehospitalares do Sistema Único de Saúde

foi feito em junho deste ano e variouentre 5% e 136,67%. Com a correção

dos valores, estados e municípiostiveram um acréscimo de R$ 505,36

milhões no limite financeiro anual daAssistência Ambulatorial e Hospitalar

(média e alta complexidade). Cento ecinqüenta e cinco procedimentos de

internação para serviços hospitalaresforam reajustados em 37,5%. Serviçosprofissionais e de apoio, diagnóstico e

terapêutico foram reajustados em 10%.Outros 255 procedimentos para serviços

hospitalares, já reajustados em 2003,tiveram aumento de 13%. Os

procedimentos de parto, que tambémtinham sido corrigidos em 2003,

voltaram a ser reajustados. Em média, oaumento foi de 11%, com índicesmaiores para o parto normal, em

atendimento à política do ministério quedefine prioridade para esse tipo de

procedimento em relação à cesariana. Asdiárias de UTI tipo II, destinada à

atenção pediátrica, neonatal e deurgência para adultos, foram reajustadas

em média em 20%, com base naprodução de 2003. Os exames de

mamografia foram aumentados em 20%.Os procedimentos de ortopedia, em 10%,

enquanto os exames de Raios-X e ultra-som tiveram aumento de 5%. Já os

exames de biópsia hepática foramreajustados em 136,67%, o que

permitirá a melhoria da qualidade dodiagnóstico e o controle de várias

enfermidades, como a hepatite C. Aportaria 2.023/GM, de 23 de setembro

de 2004, reajustou ainda exames depatologia clínica, que acumulavam

maior defasagem. Esse grupo teve umaumento médio de 21%. Incluiu tambémum novo exame no SUS: a realização dedosagem de microalbuminúria, essencial

no acompanhamento do paciente comdiabetes mellitus e na doença renal

crônica. Também sofreram reajustes osprocedimentos do grupo de hemoterapiae procedimentos especiais constantes da

Tabela do SIH/SUS. Os reajustes variamentre 5% e 50%. Em 2001, o Ministério

da Saúde aumentou o valor das consultasespecializadas de R$ 2,50 para R$ 7,50.

Esse reajuste é significativo, maslimitou-se aos prestadores privados. Em

2003, a atual gestão resgatou esse déficite expandiu o aumento para as unidadespúblicas, representando mais de R$ 400

milhões do orçamento do ministério.

Arquivo UFMA Bernardo Rebello

E MUNICÍPIOSR$ 3,5 BILHÕES

Page 12: Saúde, Brasil - Balanço 2004

Política condiciona repasses a cumprimento de metasde assistência. Dezoito hospitais já foram certificados

12 Dezembro 2004

HOSPITAIS

Especial

OMinistério da Saúde trabalha uma novaforma de financiamento dos hospitais.Agora, a partir do estabelecimento de

contratos, gestores de saúde e hospitais deensino vão discutir e pactuar as metas e indi-cadores que deverão ser cumpridos noatendimento à população. A idéia é que opagamento por produção dê lugar ao finan-ciamento com repasse global de recursos deacordo com o cumprimento de metas deassistência.

A política começou a ser implementadaem 18 hospitais de ensino e deverá ser ampli-ada para todos os segmentos hospitalares doSistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com o novo conceito, as metasserão formuladas levando em conta a realidadeda rede de saúde local, as necessidades da po-pulação a ser atendida e a capacidade instaladade cada hospital. Essa mudança no relaciona-mento entre gestores e instituições vai melho-rar a qualidade da assistência prestada e ampli-ar o acesso da população aos serviços de saúde.

Como exemplos de indicadores de quali-dade da assistência que poderão ser incluídosnos contratos, tem-se a taxa de cesarianaspraticadas nos serviços de saúde — que nãodeve ultrapassar 30% de todos os partos —, otempo médio de permanência nos hospitais,as taxas de infecção hospitalar e de mortali-dade materna e neonatal e até a capacitaçãodos profissionais envolvidos no atendimentoà população, que deve ser contínua.

O repasse de recursos para os procedi-mentos de alta complexidade continuará a serfeito por produção.

A mudança na forma de financiamentopossibilitará que as instituições planejem

suas ações, pois agora terão certeza do orça-mento que receberão mensalmente. Osrecursos recebidos regularmente pelos hos-

pitais de ensino, como o Fideps e, no casodos hospitais filantrópicos, o Integrasus,serão incorporados ao novo modelo.

NOVO MODELO DE FINANCIAMENTOMELHORA QUALIDADE DOS SERVIÇOS

Estratégia lançada este ano vai reduzir filas para a realização de cirurgias simples

Arquivo MS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO TÊM NOVO PAPEL

O Ministério da Saúde também trabalha junto a gestores e instituições na definição do papel dos hospitais de ensino em relação ao perfil assistencial, àinserção na rede, ao desenvolvimento de pesquisa e tecnologias para a área de saúde, na formação de profissionais e na qualificação do processo degestão. Atualmente, existem 147 instituições enquadradas como hospital de ensino no Brasil. Desse total, 75 (51%) são públicas. Esses hospitais

juntos têm 39,9 mil leitos credenciados pelo SUS, o equivalente a 10,3% dos leitos brasileiros, e 4,8 mil (25,6%) leitos de UTI. Essas unidades desaúde foram responsáveis pela realização de 145 mil (37,56%) dos 386 mil procedimentos de alta complexidade feitos no Brasil em 2003.

POLÍTICA DE CIRURGIAS ELETIVAS AMPLIA ACESSO À MÉDIA COMPLEXIDADE

A média complexidade foi priorizada pelo Ministério da Saúde nos últimos dois anos. É o que demonstram a política para realização de cirurgiaseletivas e os reajustes para procedimentos ambulatoriais e hospitalares na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). A Política de Procedimentos

Cirúrgicos Eletivos de Média Complexidade busca identificar as filas de espera e ampliar o acesso a cirurgias como as de catarata, varizes,próstata, retinopatia diabética, amídala, vesícula, hérnia, hemorróida e adenóide. A estratégia já está em execução em Goiânia (GO) e Maringá

(PR). Pela nova política, o Ministério da Saúde recebe projetos para realização de procedimentos cirúrgicos eletivos de média complexidadeenviados por estados e municípios. Podem enviar projetos, os municípios em gestão plena do SUS com população acima de 50 mil habitantes e os

estados habilitados pela Norma Operacional da Assistência à Saúde (Noas 01/2002). A nova política irá investir, em todo o país, R$ 404,2 milhões(R$ 176,8 milhões a mais do que o gasto em mutirões nacionais de cirurgias eletivas em 2003). Já os reajustes da Tabela de Procedimentos

Ambulatoriais e Hospitalares diminuem as defasagens existentes. As correções realizadas desde 2003 nos valores dos procedimentos de médiacomplexidade resultaram em um aumento mensal de repasses de R$ 27,54 milhões.

Page 13: Saúde, Brasil - Balanço 2004

13Dezembro 2004

Em dois anos, o Sistema Nacional de Transplantes realizou 19,3 milprocedimentos, principalmente com córnea, rim, medula e fígadoSNT

Especial

A primeira rede de bancos públicos de sangue de cordão umbilical e placentário terá dez unidades

BANCO DE CORDÃOUMBILICAL REDUZ FILAS

O Brasil deu um importante passo numa áreaem que já é referência — a dos transplantes

— com a criação da Brasilcord. A rede debancos de sangue de cordão umbilical e

placentário vai permitir reduzir as filas deespera, economizar recursos públicos e

auxiliar no desenvolvimento de pesquisas emsaúde em uma área de ponta. Antes da

criação da Brasilcord, o país sempre precisourecorrer a bancos de sangue de cordão

umbilical no exterior. Para implantar dezbancos públicos de sangue de cordão

umbilical e placentário, o Ministério da Saúdeestá investindo R$ 18 milhões até 2006 (em

média, R$ 9 milhões/ano). A meta doministério é coletar quatro mil cordões

umbilicais por ano. No decorrer de cincoanos, toda a diversidade étnica brasileira será

coberta com 20 mil amostras. Durante oprimeiro ano de funcionamento da rede, o

Ministério da Saúde investirá R$ 28 milhõespara coletar e manter quatro mil amostras de

sangue de cordão umbilical. Nos anossubseqüentes, esse custo cairá para R$ 14

milhões. Quando estiverem emfuncionamento, os bancos de sangue de

cordão umbilical garantirão que 100% dasdiversidades biogenéticas dos brasileirosestejam representadas. Isso significa quequase a totalidade dos pacientes poderá

encontrar no Brasil doadores compatíveispara a realização de transplante de medula

óssea. Atualmente, a demanda portransplante de medula óssea no país é de três

mil pacientes por ano. Desse total, 1.100transplantes são realizados anualmente pelo

SUS. Além de aumentar de 35% para 90% aprobabilidade de encontrar um doador

compatível, o banco de sangue de cordãoumbilical brasileiro vai contribuir para a

redução de gastos na busca desse doador. Parabuscar e obter células de cordão umbilical

compatíveis para transplante de medula óssea,o Brasil gasta, em média, US$ 23 mil por

cordão. Com a implantação da Brasilcord, essecusto será de US$ 2 mil por cordão no

primeiro ano de funcionamento da rede.

TRANSPLANTES CRESCEM 34,8%E BRASIL BATE NOVO RECORDECarlos Leite/Inca

O Brasil tem batido sucessivos recordesem número de transplantes de órgãos etecidos realizados. Se em 2003, houve

8.544 procedimentos pagos pelo Sistema Úni-co de Saúde (SUS), em 2004 a tendência é queo desempenho seja ainda melhor. Segundoprojeções do Sistema Nacional de Trans-plantes (SNT), esse número pode chegar a10.760, 25,9% a mais que em 2003. O índice étambém superior ao de 2002 (7.981).

Se os números do SUS forem acrescidosdos da rede privada, os índices brasileiros sãoainda melhores. De acordo com expectativasdo SNT, de janeiro a dezembro deste ano,terão sido realizados 14.573 procedimentosem todo o país, 1.863 a mais do que em 2003.O número de 2004 é 14,65% maior do que oregistrado no ano passado (12.710).

Em relação às doações, também houveavanço. Em 2003, foram 1.186 e, um anodepois, serão 1.560, segundo as mesmas pro-jeções. O número de doações é menor que ode transplantes porque muitas delas sãomúltiplas. Houve aumento no total de pro-cedimentos realizados em praticamente todosos estados. Apenas Acre, Amapá, Rondônia,Roraima e Tocantins não dispõem ainda deestrutura para realização de transplantes.

O SNT credita o aumento do número detransplantes neste ano, entre outros fatores, àcampanha nacional de conscientização, lança-

da pelo Ministério da Saúde no fim do anopassado. Em 2003, registrou-se uma médiamensal de 1.059 transplantes. Logo noprimeiro mês de 2004, foram registrados 1.164procedimentos.

Até 2007, o governo pretende zerar a filade espera por transplante de córnea. No mes-mo prazo, espera-se reduzir a demanda pormedula óssea e órgãos sólidos (rim, coração,pulmão, pâncreas e fígado) no seguinte ritmo:em 3% até o fim de 2004; em 6% até o fim de2005; em 9% até o fim de 2006; e em 12% até ofim de 2007. Hoje, 59.957 pessoas esperam porum órgão no Brasil.

O país tem o maior programa público detransplantes de órgãos sólidos do mundo. OSistema Único de Saúde (SUS) responde por92% dos procedimentos realizados no Brasil.A rede pública de saúde conta com 1.253equipes médicas e 545 unidades credenciadaspara a realização de transplantes. Atualmente,estão em curso 19 processos de credenciamen-to junto ao Sistema Nacional de Transplantes.

Em 2004, o Ministério da Saúde reservoucerca de R$ 400 milhões para a realização detransplantes de órgãos e tecidos. O valor é16,61% maior que os R$ 343 milhões gastos noano passado. Em 2002, o investimento nosetor foi de R$ 280 milhões. Atualmente, umtransplante custa, em média, R$ 35 mil ao Sis-tema Único de Saúde.

TOTAL DE TRANSPLANTES POR ANO

Ano Procedimentos Variação (%)pagos pelo SUS

2002 7.981 ---2003 8.544 7,1%2004* 10.760 25,9%

* Projeção para 2004

Fonte: Datasus/MS

SUS e não SUS

Ano Córnea Rim Medula Fígado2001 6.145 2.649 705 5492002 6.525 2.690 871 6472003 7.609 2.915 972 7912004* 8.553 3.299 1.155 966

*Projeção para 2004 (jan/ago)

Fonte: CNNCDO/SNT/MS

SUSAno Córnea Rim Medula Fígado2001 3.288 2.551 705 3972002 3.496 2.645 871 5602003 3.688 2.719 972 6462004* 5.297 3.105 1.155 804

*Projeção para 2004 (jan/ago)

Fonte: Tabwin/DATASUS/MS

Page 14: Saúde, Brasil - Balanço 2004

14 Dezembro 2004

Ministério financia projetos com células-tronco e assumepapel de destaque no desenvolvimento tecnológico do paísC&T

Especial

A saúde no Brasil vive uma revoluçãosilenciosa. O governo federal assumiu ofomento à pesquisa em saúde como uma

de suas prioridades. Os investimentos são sig-nificativos. Apenas a parceria entre o Mi-nistério da Saúde e o Ministério da Ciência eTecnologia liberou R$ 57 milhões para o incen-tivo a pesquisas científicas que possam melho-rar as condições de saúde da populaçãobrasileira. Pelo menos 350 projetos depesquisa estão contemplados por esses recur-sos e devem, em pouco tempo, transformar otratamento e a prevenção de doenças no país.

Entre os investimentos em tecnologia deponta para a área de saúde, estão aspesquisas para a utilização de células-troncono tratamento de doenças cardíacas graves.Em outubro deste ano, o Ministério da Saúdelançou chamada pública e selecionou trêsinstituições — Instituto de Cardiologia deLaranjeiras, Instituto do Coração da Univer-sidade de São Paulo (Incor) e Instituto deCiências Biomédicas da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ) — que vão atuarcomo centros-âncora do estudo nacional paraavaliar a eficiência do uso das células-troncoautólogas (do próprio doente) em pacientescom essas enfermidades.

O objetivo do trabalho é ampliar os resul-tados já obtidos em estudos isolados e veri-ficar a viabilidade de utilização da técnica notratamento de cardiopatia chagásica, infartoagudo do miocárdio, cardiomiopatia dilatadae doença isquêmica crônica do coração.

O estudo levará até três anos para ser con-cluído e está orçado em cerca de R$ 13 milhões— R$ 5 milhões já liberados em 2004. Devemparticipar do projeto 1.200 pacientes, divididosem quatro grupos, com 300 pessoas cada, deacordo com a doença cardíaca.

PESQUISA DE PONTARECEBE R$ 57 MI

EM INVESTIMENTOS

Pesquisas são consideradas essenciais para o combate a males que atingem os brasileiros

ORÇAMENTO PARA CIÊNCIA E TECNOLOGIA SOBE DE R$ 13 MI PARA R$ 68 MI

Na visão do Ministério da Saúde, o incentivo à pesquisa e o fomento a novas tecnologias na área de saúde são medidas essenciais no combate a algunsmales que atingem os brasileiros, como a desnutrição e as doenças cardíacas graves. A parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia consolida a

decisão de que o Ministério da Saúde deve ter papel de destaque na estruturação do esforço nacional de pesquisa em saúde. A parceria entre os doisministérios gerou um aumento significativo no orçamento destinado ao fomento científico e tecnológico em saúde. A ampliação dos recursos destinados

ao Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) elevou os investimentos de R$ 13 milhões, em 2003, para R$ 68 milhões, em 2004. Mas as ações dogoverno federal na área de pesquisa em saúde vão além do incremento financeiro. Em julho, o governo promoveu debate sobre as políticas públicas para

o setor. Cerca de 600 delegados participaram da 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, em Brasília. Articuladas pelosministérios da Saúde, da Educação e da Ciência e Tecnologia, as discussões representaram um canal democrático de planejamento de estratégias para oincremento das pesquisas em saúde. Atualmente, a saúde é o maior setor de pesquisa do país, com cerca de 20 mil pesquisadores responsáveis por 30%

dos esforços nacionais. Para canalizar esses estudos em prol da população, os delegados aprovaram 108 itens que definem uma proposta de política paraas pesquisas em saúde. Entre as recomendações, está a proposta de criação do Sistema Nacional de Inovação em Saúde, que irá garantir a autonomia

nacional na área, a superação do atraso tecnológico no setor da saúde e a produção de vacinas e imunobiológicos. Também foi proposta a elaboração deuma política de exportação para a produção nacional de excedentes e de mecanismos de transferência de tecnologia. Foram sugeridas, ainda, estratégiasde curto e médio prazos para o setor farmacêutico, como a criação de programa de bolsas para o desenvolvimento científico e tecnológico, a implantação

de rede nacional de informação sobre plantas medicinais e a definição de política de fitoterápicos.

ESTUDOS BENEFICIAM AMAZÔNIA LEGAL

Para estimular estudos na área de saúde e levar mais qualidade de vida aos brasileiros, o Ministério da Saúde lançou, este ano, editais de chamada públicacom incentivos a instituições de pesquisas. São projetos como o Pesquisa para o Sistema único de Saúde (SUS): gestão compartilhada em saúde,

que destinou R$ 500 mil para financiar, pelo menos, dez projetos de pesquisa que contribuam para a compreensão e a busca de soluções dos problemas desaúde da Amazônia Legal. Outro edital, do projeto Inovação para o SUS, ofereceu apoio aos estudos inovadores que tenham aplicabilidade ao SUS. Duas

grandes ações em andamento envolvem as pastas da Saúde e da Ciência e Tecnologia: a Rede Tuberculose e o Esforço Nacional de Pesquisa em Dengue.São projetos que buscam respostas e a humanização do atendimento a essas doenças. Ainda no segmento de tratamento e prevenção, outros dois editaisoferecem incentivos para pesquisas sobre ações voltadas para a alimentação e nutrição e sobre questões ligadas à violência, acidentes e traumas. Outros

nove projetos buscam desenvolver e produzir vacinas prioritárias para o SUS, como a pentavalente (contra difteria, coqueluche, tétano, hepatite B eHaemofilus Influenzae); contra a raiva humana e canina em cultura celular; contra as meningites B e C; anti-hepatite A; e contra a leishmaniose canina.

Joana Paula Siqueira

Page 15: Saúde, Brasil - Balanço 2004

15Dezembro 2004

VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Especial

Criação da SVS, há 18meses, permitiu intensificarprevenção e controle dessasdoenças em todo o Brasil eatingir metas mundiais

U m avanço significativo para a saúdepública brasileira. Nos últimos doisanos, o governo federal estabeleceu

como prioridade na área de vigilância emsaúde as ações de combate à dengue, àhanseníase e à tuberculose. Diante disso, osprogramas de controle dessas doenças ga-nharam força junto aos estados e municípios eobtiveram resultados considerados positivos.

Em relação ao Programa Nacional de Con-trole da Dengue, pôde-se perceber uma quedade 56% no número de casos detectados dadoença já em 2003, em comparação com osdados de 2002. Só este ano, de acordo comavaliação feita entre janeiro e agosto, obser-vou-se uma redução de 74% em relação aomesmo período do ano passado.

O Ministério da Saúde continuou a esti-mular as visitas dos agentes de saúde às casaspara a eliminação de criadouros do Aedes aegy-pti como atividade fundamental, mas nãocomo única estratégia de controle da dengue.A inserção das ações de prevenção e controleda doença na rotina dos agentes comunitáriosde saúde e do Programa Saúde da Família foium passo importante, viabilizado com investi-mento em capacitações.

O ministério também estimulou os municí-pios a adotarem práticas alternativas para via-bilizar o trabalho dos agentes em imóveisfechados, abandonados ou com acesso nãopermitido pelo morador. "Há locais do municí-pio do Rio de Janeiro, por exemplo, onde não épossível a entrada da equipe de saúde em maisde 30% das residências", ressalta o Diretor Téc-nico de Gestão da Secretaria de Vigilância emSaúde (SVS), Fabiano Pimenta.

Foram estimuladas ainda parcerias dos

municípios com a Associação Nacional de Fa-bricantes e Importadores de Pnemáticos(Anip) para o recolhimento de pneus velhos,que servem como criadouros para o mosquitoda dengue.

Outro ponto importante refere-se aos diasnacionais de mobilização contra a doença. Aação vem promovendo uma maior compreen-são dos brasileiros sobre a sua importância naprevenção e controle da dengue. "Mesmo comos bons resultados, não podemos achar que ocontrole da dengue no país já é uma situaçãoconsolidada", afirma Fabiano Pimenta.

HANSENÍASE E TUBERCULOSE — As ações decontrole da hanseníase e da tuberculose tam-bém mereceram atenção especial do Mi-nistério da Saúde. Após avaliação, percebeu-se que os programas de controle dessasdoenças, de existência tradicional na saúdepública brasileira, não responderam bem aoprocesso de descentralização do Sistema Úni-co de Saúde (SUS). Ou seja, funcionavam ape-

nas em algumas unidades, onde existiamespecialistas dos dois programas.

Há um ano e seis meses, com a criação daSVS, o ministério vem trabalhando no resgatedesses programas. A idéia é desenvolvê-losem todas as unidades da rede de Saúde e pormeio das equipes de Saúde da Família. Paraisso, tem-se investido na capacitação deprofissionais. "Só este ano, foram capacitados7.636 profissionais para o programa de tuber-culose", destaca o diretor de Vigilância Epi-demiológica da SVS, Expedito Luna.

Por meio das equipes de Saúde da Família,será possível oferecer acompanhamentosupervisionado aos pacientes com tuberculose.

Desde a criação da SVS, os programas detuberculose e hanseníase também passaram acontar com um investimento maior do gover-no. O primeiro conta com R$ 119,5 milhões,até 2007, e o segundo teve R$ 15 milhões em2004. Parte do dinheiro foi investida em duasgrandes campanhas publicitárias, iniciativaque não acontecia há mais de dez anos.

PRIORIDADE PARA O COMBATE ÀDENGUE, HANSENÍASE E TUBERCULOSE

LABORATÓRIOS NB3 COLOCAM PAÍS NA VANGUARDA DE PESQUISAS SOBRE DOENÇAS

A criação de uma rede de laboratórios de nível de biossegurança 3 (NB3) é mais uma ação do Ministério da Saúde voltada para o controle de doençastransmissíveis. Esses laboratórios, que são referência para a Organização Mundial da Saúde (OMS) na América Latina, permitem que o Brasil realizepesquisas avançadas para o combate de novas doenças que ameaçam o mundo, como, por exemplo, a Síndrome Respiratória Aguda Grave. Sem eles, esse tipode pesquisa ofereceria perigo à população e, principalmente, aos profissionais da área. Até o primeiro semestre deste ano, o Brasil não tinha nenhum laboratórionessa categoria. Com o programa de financiamento do Banco Mundial para a área de vigilância e controle de doenças, foi possível dar início à criação da redeno país. Este ano, já foram inaugurados quatro laboratórios NB3, localizados no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, em Recife (PE), no LaboratórioCentral de Referência em Saúde Pública (Lacen) do Ceará, no Instituto Adolfo Lutz e no Instituto Pasteur, em São Paulo. A previsão é que a rede tenha 12laboratórios financiados pelo Banco Mundial e mais um a ser construído com recursos do Ministério da Saúde. "Outros cinco laboratórios já estão emprocesso avançado de construção e mais três, previstos para ficarem prontos na segunda etapa do financiamento, em 2005", afirma o diretor de VigilânciaEpidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), Expedito Luna. Segundo Expedito, a criação desses laboratórios possibilita um maior controlesobre agentes infecciosos no Brasil. Significa, ainda, a redução da dependência do país em relação ao exterior na área laboratorial de doenças transmissíveis.

Luís Oliveira/MS

Dia D de Combate à Dengue em 2004 reuniu mais de 100 mil pessoas em todo o país

Page 16: Saúde, Brasil - Balanço 2004

16 Dezembro 2004

Especial

Novas medidas, como a instituição do Pregão Eletrônico,asseguram agilidade e transparência no uso do dinheiro públicoRIGOR

Ocontrole e monitoramento de recursos doorçamento do Ministério da Saúde, rea-lizados desde o início do governo Lula,

têm transformado a lisura dos processos degestão da pasta em economia na compra demedicamentos e em outros benefícios para apopulação. Em dois anos, o Ministério da Saúdeestabeleceu diferentes ações nesse sentido,inclusive a punição de 99 servidores. Do total,81 foram demitidos por improbidade adminis-trativa, lesão aos cofres públicos e uso do cargoem proveito próprio. Foram abertos, no perío-do, 278 processos administrativos, sendo 114 noprimeiro ano do mandato e 164 no segundo.

No início de 2003, o ministério solicitouainda à Polícia Federal que investigasse a com-pra de hemoderivados. As diligências resul-taram na Operação Vampiro, que descobriu aprática de superfaturamento desde governospassados, a partir dos anos 90.

Em outra frente, o Departamento Nacionalde Auditoria do Sistema Único de Saúde (Dena-sus) conseguiu identificar, em 2004, mais de R$39 milhões passíveis de ressarcimento ao FundoNacional de Saúde. O valor representa 22,8% amenos que em 2003 (R$ 47,9 milhões) e 29,5% amais que em 2002 (R$ 30,1 milhões). Já a institui-ção do Pregão Eletrônico pelo ministério redu-

ziu o preço de compra de alguns medicamen-tos, como os Fatores 8 e 9, em até 30%.

Para ampliar os mecanismos de controle etransparência em compras, o ministério criou,em 2004, uma Comissão Permanente de Audi-toria Interna. O grupo analisa todas as licitaçõesdo ministério. A comissão envia ainda umrelatório sobre os procedimentos auditados atodos os órgãos de controle interno e externo.

Outra novidade é a rotatividade anual dosmembros da comissão de licitação e pre-goeiros. Agora, os servidores que compõem ascomissões de licitação, inclusive os pregoeiros,têm que entregar à equipe de auditoria interna,todos os anos, declaração de Imposto de Ren-da. Outra medida implementada foi o esta-belecimento do retorno de processos de com-pras à Consultoria Jurídica, para análise daregularidade dos procedimentos e do atendi-mento às recomendações sugeridas, antes deserem assinadas as notas de empenho, con-tratos, convênios e instrumentos do gênero.

Em outra ponta, a Ouvidoria do Ministérioda Saúde foi reestruturada e agora está maisbem preparada para receber denúncias sobreprocedimentos internos. Um grupo de trabalhoestá estudando ainda a criação da Corregedoriado Ministério da Saúde.

OITOFUNCIONÁRIOSDO INTO FORAMPUNIDOS

O resultado mais recente de um processoadministrativo disciplinar do Ministério daSaúde foi divulgado em outubro deste ano.Funcionários do Instituto Nacional de Trauma-to-Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, estavamenvolvidos em processos irregulares de lici-tação realizados entre 1995 e 2002.

O processo, iniciado em 2003, investigounove pessoas. Dos investigados, um servidorfoi inocentado, cinco foram demitidos, um tevea exoneração de cargo em comissão convertidaem demissão, um teve a aposentadoria cassadae um foi suspenso por 90 dias. Os envolvidosatuaram em cargos de direção e chefia do Into,respondendo por áreas estratégicas, como a degestão de contratos, ordenação de despesa,serviço de compras e almoxarifado.

O Ministério da Saúde encaminhou o

COMPROMISSO COM OGASTOS E O COMBATE

Recursos recuperados e economizados pelo Into permitiram aumento significativo do número de cirurgias realizadas

Piri/Arquivo Into

Page 17: Saúde, Brasil - Balanço 2004

17Dezembro 2004

Especial

relatório final do processo para o MinistérioPúblico Federal, a Controladoria Geral daUnião e o Tribunal de Contas da União para otérmino das investigações. Como a Polícia Fe-deral acompanhava o desenrolar das apuraçõesda comissão de investigação administrativa,inquéritos policiais já foram abertos peloDepartamento Nacional de Polícia Federal paraapurar as infrações penais com base norelatório preliminar do Ministério da Saúde. AAdvocacia Geral da União também recebeucópia do relatório final do processo, pois é oórgão responsável por ações de improbidadeadministrativa contra os servidores.

O Ministério da Saúde também vai abririnvestigação para apurar irregularidades em 32obras realizadas no Into entre 1995 e 2003.

Desde que foi instalada a comissão deprocesso administrativo, em março de 2003,o Into recuperou e economizou recursos queforam revertidos na melhoria da assistência àsaúde.

O reflexo dessa economia está no incremen-to da assistência. Em 2002, o Into ocupava aquinta posição no ranking nacional de realiza-ção de cirurgias de alta complexidade. Este ano,está em primeiro lugar. Há dois anos, o hospitalera responsável pela realização de 16% das

cirurgias de alta complexidade feitas na cidadedo Rio de Janeiro e de 20% das realizadas noestado do Rio. Este ano, o hospital atingiu osíndices de 58% e 78%, respectivamente. Em2003, o Into passou a realizar cirurgias fora doRio de Janeiro. Em um ano, executou cerca de300 desses procedimentos em estados da regiãoNorte, como Acre e Rondônia.

BONSUCESSO — No Hospital Geral de Bon-sucesso, no Rio de Janeiro, foi aberto um proces-so administrativo para apurar irregularidadesidentificadas pelo Denasus em contratos e com-pras realizados pela instituição. Essas apuraçõesestão sendo coordenadas pela mesma equipeque desmontou o esquema criminoso que fun-cionou no Into por mais de dez anos.

Nos últimos dois anos, 278 processosadministrativos disciplinares resultaram em 30demissões na Fundação Nacional de Saúde(Funasa), três no Ministério da Saúde e duas naAgência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) somente em 2004. Também foramcassadas as aposentadorias de dois servidores(um na Funasa e outro no ministério) e exone-rado um (Funasa). Em 2003, foram 30 demiti-dos na Funasa, 14 no ministério e dois naAnvisa, em um total de 46.

CONTROLE DEÀ CORRUPÇÃO

LICITAÇÕES ESTÃO NA INTERNET

Desde meados deste ano, o Ministério da Saúde divulga em seu portal na Internet(www.saude.gov.br) informações detalhadas sobre licitações e contratos administrativos,feitos por órgãos da pasta, referentes a obras, serviços, compras, alienações e locações. Otrabalho está sendo desenvolvido pela Coordenação-Geral de Modernização e DesenvolvimentoInstitucional (CGMDI), em conjunto com o Departamento de Informática do SUS (Datasus).Os órgãos e núcleos estaduais do Ministério da Saúde responsáveis por licitações e contratosadministrativos também seguiram as novas determinações e integraram suas bases de dados àpágina Licitações e Contratos Administrativos.

PARCERIAS FORTALECEM DENASUS

Ações conjuntas do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde(Denasus) com a Controladoria-Geral da União (CGU) nos sorteios públicos de municípios aserem auditados e a participação no Grupo de Monitoramento, Avaliação e Controle dosrecursos financeiros transferidos a Estados, Municípios e instituições revelaram a importânciado órgão no último biênio. Além disso, o Denasus fez auditorias internas importantes noMinistério da Saúde, por ocasião da Operação Vampiro e de problemas envolvendo a Centralde Transplantes de Medula Óssea do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Os auditores doDenasus também atuaram em outras frentes, como em grupos de trabalho para a elaboração doprojeto de criação da Corregedoria e a reorganização da Ouvidoria do Ministério da Saúde, narevisão da legislação do SUS e até na reorganização do Sistema Nacional de Auditoria.

MEDIDAS ACABAM COMSUPERFATURAMENTO DE HEMODERIVADOS

Medidas tomadas para preservar aintegridade do trabalho dos servidores e

ampliar a segurança dos processos realizadosno Ministério da Saúde ajudaram a reduzir

custos de medicamentos. A pedido doMinistério da Saúde, a Polícia Federal

desencadeou a Operação Vampiro parainvestigar superfaturamento na compra de

hemoderivados. A aquisição dessesmedicamentos por valores superiores aos de

mercado ocorreu em governos passados,durante mais de dez anos, entre 1990 e 2002.

Em nenhum outro governo, houve umainvestigação tão profunda sobre os contratos

de compra de hemoderivados quanto àdesencadeada pelo ministro Humberto Costa.

No desenrolar da Operação Vampiro, oMinistério da Saúde exonerou 25 servidores

públicos acusados de envolvimento noesquema. O ministro Humberto Costa

decidiu ainda reestruturar a CoordenaçãoGeral de Recursos Logísticos (CGRL),

substituindo todos os ocupantes de cargos dechefia e demais funcionários do

departamento. Em 2003, o ministério mudouo sistema de licitação, que passou a ser feita

por pregões. Com isso, reduziu-se o preçounitário de compra de vários remédios e

medicamentos, como os Fatores 8 e 9,coagulantes utilizados para tratamento dahemofilia, que passaram de US$ 0,41 para

US$ 0,16 (-61%). Já a compra centralizada deambulâncias para o Serviço de AtendimentoMóvel de Urgência (Samu) fez cair o preço

dos veículos. A economia para os cofrespúblicos girou entre 20% e 30%.

AUDITORIAS DETECTARAM R$ 86,9 MILHÕES

PASSÍVEIS DE DEVOLUÇÃO

Nos últimos dois anos, o Ministério daSaúde conseguiu identificar, por meio de

auditorias e inspeções realizadas peloDepartamento Nacional de Auditoria do

Sistema Único de Saúde (Denasus), R$ 86,9milhões passíveis de serem ressarcidos ao

Fundo Nacional de Saúde. Desse total, R$ 39milhões foram identificados em 2004 e R$

47,9 milhões, em 2003. Segundo o diretor doDenasus, Paulo Nunes, o maior número de

auditorias e fiscalizações encerradas em 2004(2.876) em relação a 2003 (697), associado àdiminuição dos valores a serem ressarcidos,

mostra que está havendo uma melhoraplicação dos recursos financeiros da saúde.Outros dados importantes dizem respeito ao

custo médio de cada auditoria e ao número deunidades auditadas. Cada investigação

custava R$ 2,2 mil em 2002. Esse valor caiupara R$ 1,4 mil em 2004, uma variação de

63%. Há dois anos, foram auditadas 695unidades, número que cresceu para 1.691 esteano (143%). Nas auditorias realizadas nessesdois anos, as principais irregularidades foram

encontradas em planos de saúde dosmunicípios, nos relatórios de gestão, nos

conselhos municipais de Saúde, na utilizaçãode recursos do SUS, no Programa Saúde daFamília (PSF), na assistência farmacêutica,

no Programa de Combate às CarênciasNutricionais, no controle e avaliação e no

Sistema Nacional de Auditoria.

Page 18: Saúde, Brasil - Balanço 2004

MINISTÉRIO INTERVÉM EM HOSPITAIS

O Ministério da Saúde interveio em instituições de saúde mental, após o resultado do Programa Nacional de Avaliação dos Hospitais Psiquiátricos(Pnash) deste ano. A pesquisa verifica a necessidade de reestruturação e até de fechamento de unidades que não prestem um atendimento

qualificado. Com base na avaliação realizada pelas equipes do Pnash em 2004, 52 hospitais têm até o final do ano para se readequarem às diretrizesda Política Nacional de Saúde Mental. Essas instituições serão reavaliadas após o prazo e podem fechar as portas se não cumprirem as

determinações. O Pnash começou a funcionar em 2002. O Ministério da Saúde desenvolve o programa em conjunto com as secretarias estaduais emunicipais de Saúde. As equipes já realizaram duas grandes inspeções em nível nacional. Elas levam em conta aspectos diversos, como se o local

possui instalações apropriadas, o programa terapêutico, o número e a capacitação dos profissionais e se a instituição atua junto ao paciente para oretorno dele ao convívio social. Com base nos dados do Pnash de 2002 e 2004, o Ministério da Saúde decretou intervenção em seis hospitais, que

serão fechados. Deve-se frisar que não há uma data para que isso aconteça. As instituições só serão extintas quando se encontrar um destinoadequado aos pacientes. "Avaliamos cada caso, verificamos se o paciente tem condições de voltar para a família e se ela pode recebê-lo, se omunicípio possui um Caps ou pretende criá-lo", afirma Alfredo Schechtman. Já o Programa de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica

Hospitalar no SUS (PRH) funciona para a melhoria da remuneração dos hospitais de menor porte e pela redução de leitos nos de maior porte."Hospitais de menor porte têm mais condições de propiciar um atendimento humanizado", observa o assessor da área de Saúde Mental.

18 Dezembro 2004

Inauguração de mais 158 Caps e criação do programaDe Volta para Casa humanizam o atendimentoSAÚDE MENTAL

Especial

A s chances de recuperação para umpaciente com transtornos mentais sãobem maiores quando ele recebe um

tratamento humanizado e mantém o máximode contato possível com a família e com asociedade. Por isso, promover a desinstitu-cionalização do modelo de assistênciapsiquiátrica e o retorno do paciente ao cotidi-ano são elementos-chave da Política Nacionalde Saúde Mental, que vem sendo desenvolvi-da no Sistema Único de Saúde (SUS).

"Os efeitos de manter um paciente interna-do são negativos porque provocam o isolamen-to e fazem com que seja ainda mais difícil a vol-ta do portador de transtornos mentais àsociedade", afirma Alfredo Schechtman, asses-sor da Coordenação de Saúde Mental do Mi-nistério da Saúde. "O modelo atual, extra-hos-pitalar, é resultado de anos de luta dos profis-sionais e da sociedade civil e também doatendimento a recomendações da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS)", explica.

A Política Nacional de Saúde Mental temcomo fundamentos os Centros de Atenção Psi-cossocial (Caps), o programa De Volta para Casa,o Programa Nacional de Avaliação dos Hospi-tais Psiquiátricos (Pnash), o Programa deReestruturação da Assistência PsiquiátricaHospitalar no SUS (PRH) e a incorporação daatenção à saúde mental no trabalho das equipesdo Programa Saúde da Família (PSF).

O programa De Volta para Casa foi lançadoem maio de 2003 e oferece a Bolsa de ReinserçãoPsicossocial no valor de R$ 240 mensais para queo paciente possa retornar à sociedade. O progra-ma beneficia pacientes que já não têm maismotivos para estarem internados. Até o fim dedezembro, quase mil pessoas estarão recebendoa bolsa. De dezembro de 2003 a dezembro de2004, foi gasto R$ 1,632 milhão com o auxílio.

A previsão é de que, até 2007, o De Volta paraCasa tenha cerca de 11 mil beneficiários. Aodeixar o hospital, o paciente pode retornar paraa sua família ou viver nas chamadas Residên-cias Terapêuticas. São locais com até oitousuários, acompanhados por um cuidador e sobsupervisão da Secretaria de Saúde do municí-pio. Há 260 residências terapêuticas no Brasil. Ogoverno federal estima que haja em torno de 15mil pessoas em condições de deixar o regime deinternação e regressar ao convívio social.

Outro braço da Política Nacional de SaúdeMental para promover a mudança do modelode internação para a atenção extra-hospitalarsão os Caps. Os centros passam por umprocesso de expansão contínuo e demonstram

REFORMAPSIQUIÁTRICA

AVANÇA NO PAÍS

que a saúde mental hoje é uma prioridade. Nos Caps, o atendimento funciona em

regime ambulatorial. As equipes são multi-disciplinares, formadas por médicos, enfer-meiros, psicólogos, assistentes sociais e te-rapeutas ocupacionais, entre outros.

Em 2003, foram abertos 78 Caps e, neste ano,outros 80, em um total de 158, que, somados aos424 existentes anteriormente, atingem 582. Há 43Caps especializados no atendimento a crianças eadolescentes portadores de transtornos mentais(CAPSi) e 72 para o tratamento de dependentesde álcool e outras drogas (CAPSad).

Em julho, aconteceu o Primeiro CongressoNacional de Caps. O evento reuniu dois milprofissionais de mais de 500 Caps. "Esseencontro reafirmou o modelo com o qual tra-balhamos e constatou a necessidade de ampli-ação dessa rede em municípios de grandeporte", lembra Alfredo Schechtman.

O Ministério da Saúde vem incentivandoainda a introdução da área de saúde mentalno Programa Saúde da Família. "O PSF estáno dia-a-dia das pessoas. Por meio do progra-ma, a família pode ser orientada a lidar com opaciente", assinala Schechtman.

Atividade terapêutica no Centro de Atenção Psicossocial Novo Mundo, em Goiânia (GO)

Weimer Carvalho

Page 19: Saúde, Brasil - Balanço 2004

SAÚDE REPASSA R$ 123 MILHÕES PARA CUIDADOS NO PRÉ-NATAL E NASCIMENTO

Este ano, o Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho para revisar e fortalecer as ações e metas doPrograma de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN). Decisões importantes foram tomadas,

como a manutenção dos incentivos financeiros repassados aos municípios que conseguem realizar osprocedimentos previstos no programa. O PHPN prevê o repasse de R$ 123 milhões por ano aos

municípios que realizam esses procedimentos. A proposta elaborada pelo grupo técnico prevê:fortalecimento das ações educativas na área, capacitação dos profissionais de saúde que atendemgestantes, alterações no processo de adesão dos municípios, revisão do sistema de informações e

articulação entre as várias áreas relacionadas à atenção obstétrica e neonatal, como atenção básica, médiae alta complexidade. O PHPN completou quatro anos de existência em 2004. De acordo com avaliação

do Ministério da Saúde, nesse período, o programa obteve sucesso em termos de adesão dos municípios.Até agosto deste ano, foram registrados 4.760 municípios integrados ao programa, o que representou umaumento importante da cobertura da atenção pré-natal no país. Segundo dados do ministério, em 1995 o

Brasil tinha uma média de 1,2 consulta por parto realizado no SUS. Em 2003, esse número subiu para5,1 consultas. "Isso significa a ampliação do acesso da gestante ao pré-natal", destaca Verônica Reis,

assessora técnica do PHPN. Apesar desse aumento, a avaliação feita do programa detectou problemasrelacionados à qualidade no atendimento. Por meio do sistema de informações que monitora as ações do

PHPN, chamado de Sisprenatal, pode-se observar, por exemplo, o baixo número de mulheres queconseguem realizar toda a rotina básica de procedimentos previstos no programa — mínimo de seis

consultas de pré-natal, exames laboratoriais, imunização antitetânica e consultas de puerpério.

19Dezembro 2004

Ações para redução de índices incluem estímulo à criaçãode bancos de leite e de Hospitais Amigos da CriançaPACTO

Especial

Ogoverno federal estabeleceu como metareduzir a mortalidade materna e neona-tal em 15% até o final de 2006. Para isso,

o Ministério da Saúde firmou um pacto comas secretarias estaduais e municipais deSaúde e com diversas organizações dasociedade civil. Muitas ações foram desen-volvidas com esse foco. Entre elas, o incre-mento da Política Nacional de AleitamentoMaterno e da atenção ao pré-natal.

Nos últimos dois anos, essas políticas pas-saram por um processo de avaliação e de ade-quação das ações ao atual modelo de gestãodo ministério — que tem como princípiosbásicos os preceitos do Sistema Único deSaúde (SUS). Em relação à Política Nacionalde Aleitamento Materno, houve uma revisãode seus objetivos.

Um compromisso firmado foi o de reduzira desnutrição e a mortalidade infantil. Paraisso, o Ministério da Saúde deu início a umagrande campanha que recomenda a amamen-tação exclusiva até os 6 meses de vida do bebê.A recomendação se estende à continuidade daamamentação até os 2 anos da criança ou mais,associada a alimentos adequados.

Por meio da Pesquisa Nacional dePrevalência do Aleitamento Materno nas Ca-pitais Brasileiras, realizada em 1999, o progra-ma pôde avaliar a situação do país em relaçãoa essa recomendação. A pesquisa revelou que,no Brasil, apenas 9,7% das crianças com 6meses e 53,1% dos bebês de 1 mês estavamsendo amamentados exclusivamente.

Os dados serviram de base para o planeja-mento das ações da política para os próximostrês anos. Uma delas é o estímulo à implan-tação e qualificação de bancos de leitehumano. Nos últimos dois anos, foram quali-ficadas as equipes de 100% dos bancos de leitedo Brasil. "Fecharemos 2004 com um total de180 bancos e um crescimento de 16% nessesúltimos dois anos como resposta à priorizaçãoda política", ressalta a coordenadora da Políti-ca de Aleitamento do ministério, Sônia Sal-viano. O leite doado é utilizado no tratamentode bebês internados nas unidades neonatais.

Os Hospitais Amigos da Criança são outrodestaque. Hoje, existem 302 deles no Brasil,sendo que 26% foram implantados nos últi-mos dois anos. A iniciativa criada no mundopelo Fundo das Nações Unidas para a Infân-cia (Unicef) recebeu uma marca brasileira.Além dos dez passos indicados internacional-mente para o sucesso do aleitamento, foramincorporados critérios de qualificação ligadosao cuidado com a mãe e com a criança.

A continuidade da proteção ao aleitamen-to materno, com base na norma brasileira decomercialização de produtos para lactentes ecrianças na primeira infância, também fazparte da nova política. Essa legislação temcomo objetivo normatizar as práticas de mar-keting de bicos, chupetas, mamadeiras, leites

POPULAÇÃO MOBILIZADA CONTRAMORTES MATERNAS E NEONATAIS

Política ampliou acesso da gestante ao acompanhamento pré-natal

e alimentos industrializados fabricados paraessa faixa etária.

A realização da semana da amamentaçãoem 2004 foi considerada um marco nahistória do aleitamento materno no Brasil. Acampanha mobilizou amplamente estados e

municípios com a realização de seminários,cursos e ações educativas em escolas, mater-nidades e unidades básicas de saúde. O go-verno distribuiu cerca de 250 mil cartazes e1,14 milhão de folderes contendo orientaçõessobre a amamentação.

Joana Paula Siqueira

Page 20: Saúde, Brasil - Balanço 2004

EXPEDIENTE

SAÚDE, BRASIL É UMAPUBLICAÇÃO MENSAL DADIVISÃO DE JORNALISMO DAASSESSORIA DECOMUNICAÇÃO SOCIAL DOMINISTÉRIO DA SAÚDE

CHEFE DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIALLAÉRCIO PORTELA

COORDENAÇÃO EDITORIALINFORME ASSESSORIA DE IMPRENSA

JORNALISTA RESPONSÁVELRODRIGO FARHATMG 04139JP

PROJETO GRÁFICOCHICA MAGALHÃES

TIRAGEM25.000 EXEMPLARES

MINISTÉRIO DA SAÚDEASSESSORIA DECOMUNICAÇÃO(61) 315-2005

315-2784FAX: (61) [email protected]

ENDEREÇOESPLANADA DOSMINISTÉRIOS, BL. G, 5º ANDAR, SALA 556CEP: 70058-900 BRASÍLIA-DF

INTERNEThttp://www.saude.gov.br

OUVIDORIA0800.644.9000

DISQUE SAÚDE0800.61.1997

DISQUE SAÚDE DA MULHER0800.644.0803

DISQUE PARE DE FUMAR0800.703.7033

DISQUE MEDICAMENTOS0800.644.0644

Ministério da Saúde

20 Dezembro 2004

Conselhos de Saúde integram uma forma democrática de gestãodos recursos públicos e de atendimento à saúde da população

CONTROLE SOCIAL

Especial

OMinistério da Saúde qualificou, até este ano, 31mil conselheiros de saúde em todo o Brasil. Osrecursos para fortalecer o controle social no Sis-

tema Único de Saúde (SUS), superiores a R$ 4 mi-lhões, vieram do Programa de Reforço à Reorganiza-ção do Sistema Único de Saúde (Reforsus).

A meta do projeto era clara: fornecer aos conse-lheiros de saúde informações para o desenvolvi-mento de habilidades e competências para o exercí-cio de suas funções. Com isso, o ministério reforçoua ação dos conselhos de Saúde, que são elementosfundamentais na implementação do SUS.

Para formar esses especialistas, foi necessáriomontar 1,3 mil turmas pela Fundação OswaldoCruz e pelas universidades de Brasília (UnB), Fe-deral de Minas Gerais (UFMG) e Estadual deCampinas (Unicamp).

Segundo dados do ministério, 98% dos municí-pios brasileiros são gestores plenos da atenção bási-ca ou do sistema de saúde. O fortalecimento dagestão descentralizada é uma estratégia fundamen-tal para assegurar o acesso integral da população àsmedidas dirigidas à promoção, proteção e recupe-ração da saúde.

GESTÃO DEMOCRÁTICA — O Ministério da Saúdedescentralizou a definição das políticas públicas paraa área, com a criação de 5,5 mil conselhos municipaisde Saúde e 27 estaduais. É uma maneira democráticade gerir os recursos públicos e o atendimento à saúdeda população brasileira. Com a atuação dos conse-lhos, o dinheiro é aplicado exatamente onde énecessário, porque seus membros são usuários,gestores e profissionais de saúde moradores domunicípio e conhecedores dos problemas locais.

Os conselhos de Saúde são instâncias colegiadas

e deliberativas de participação da sociedade organi-zada na concepção, aplicação e fiscalização daspolíticas públicas para a área. Segundo dados doConselho Nacional dos Secretários Municipais deSaúde (Conasems), em média, cada entidade têmcerca de dez membros, sendo que 50% deles repre-sentam os usuários do sistema de saúde. Isso querdizer que existem hoje, no país, mais de 55 mil con-selheiros espalhados pelos 5.545 municípiosbrasileiros.

De acordo com o ministro da Saúde, HumbertoCosta, com a criação dos conselhos, o municípiopassou a ser o responsável pela gestão de serviços eações de saúde e recebe a cooperação técnica efinanceira de Estados e da União para essa finali-dade. A participação dos segmentos sociais que atu-am na área da saúde é significativa e constitui umimportante instrumento de controle social, ajudan-do a definir prioridades e políticas de saúde vincu-ladas à realidade regional.

Para o secretário municipal de Saúde de Cam-pina Grande (PB), André Luís Bonifácio, os conse-lhos propiciam o debate de idéias sobre o avançodas políticas de saúde, levando em conta as carac-terísticas e necessidades locais. "É uma forma deatender melhor ao cidadão. As políticas sãotraçadas com vistas às necessidades emergenciais ede prevenção de cada região", diz.

Em 2003, quando o SUS completou 15 anos, oMinistério da Saúde promoveu amplo debate socialpara fazer um balanço do sistema e apontar novosrumos para o futuro da saúde pública no Brasil. Emdezembro do mesmo ano, a gestão participativa e ocontrole social da saúde estiveram entre os temasdiscutidos durante a 12ª Conferência Nacional deSaúde, realizada em Brasília.

A 12ª Conferência Nacional de Saúde debateu a importância da participação da sociedade para o aprimoramento do SUS

MAIS ESTÍMULO À GESTÃOPARTICIPATIVA NO SUS

Radilson Carlos