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TEXTO: JORNALISTA JORNALISTA FOTOS: DIVULGAÇÃO Saúde bucal 22 | REVISTA ABCFARMA | OUTUBRO / 2011 Segundo o Dr. Gerson, quan- do existe um obstáculo na região do nariz ou da faringe, a pessoa é obri- gado a respirar pela boca – ou não conseguirá realizar a respiração. “As consequências são alterações no crescimento e desenvolvimento do rosto, entre os quais estão alterações ortopédicas, relacionadas à forma dos ossos, e ortodônticas, relaciona- das à posição dos dentes nas arcadas z... z... z... z... z... z... z... z... z... z... z... z... para comer, não para respirar S egundo estimativas do Ministério da Saúde, pelo menos 2,5 milhões de jovens brasileiros nunca entraram num consultório odontológico. É um número que preocupa muito os especialistas da área, pois a saúde bucal influi na saúde geral do organismo. Um problema comum na infância e que pode causar grandes prejuízos ao desenvolvimento da criança, e requer correção precoce, é a respiração bucal – como explica o Dr. Gerson Köhler , da Köhler Ortofacial, ex-presidente da Associação Paranaense de Ortodontia e Ortopedia Facial (APO) Dr. Gerson Köhler, da Köhler Ortofacial Boca

Saúde Bucal: Boca para comer, não para respirar

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Matéria da Revista ABCFARMA sobre Saúde Bucal: Boca para comer, não para respirar

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Page 1: Saúde Bucal: Boca para comer, não para respirar

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Saúde bucal

22 | RevISTA ABCFARMA | ouTuBRo / 2011

Segundo o Dr. Gerson, quan-do existe um obstáculo na região do nariz ou da faringe, a pessoa é obri-gado a respirar pela boca – ou não conseguirá realizar a respiração. “As consequências são alterações no crescimento e desenvolvimento do rosto, entre os quais estão alterações ortopédicas, relacionadas à forma dos ossos, e ortodônticas, relaciona-das à posição dos dentes nas arcadas

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para comer, não pararespirar

Segundo estimativas do Ministério da Saúde, pelo menos 2,5 milhões de jovens brasileiros nunca entraram num consultório odontológico. É um número que preocupa

muito os especialistas da área, pois a saúde bucal influi na saúde geral do organismo. Um problema comum na infância e que pode causar grandes prejuízos ao desenvolvimento da criança, e requer correção precoce, é a respiração bucal – como explica o Dr. Gerson Köhler, da Köhler Ortofacial, ex-presidente da Associação Paranaense de Ortodontia e Ortopedia Facial (APO)

Dr. Gerson Köhler, da Köhler Ortofacial

Boca

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z...ósseas”, aponta. “Muitos problemas se instalam ainda na infância e por isso os pais devem levar as crianças ao dentista ainda quando pequenos”, enfatiza o especialista em ortodontia, ortopedia facial e atuação interdisci-plinar também em distúrbios do sono. As obstruções das vias aéreas em crianças, geralmente causadas pelo tamanho excessivo das amígdalas e da adenoide, também prejudicam a qualidade do sono. “A criança tem o

seu período de sono perturbado por roncos e até apneia (sequência de in-terrupções breves da respiração). Em nível corporal, o sono de má qualida-de pode causar atraso no desenvol-vimento da altura e peso da criança em relação à sua idade cronológica”, observa o Dr. Gerson. Alterações no peso e altura acontecem porque a combinação de noites mal dormi-das, roncos, apneia e respiração bu-cal influenciam negativamente na

liberação do hormônio do cresci-mento. “Além de prejudicar severa-mente a qualidade de vida da crian-ça durante o dia, com a presença de sonolência, cansaço, falta de aten-ção e déficit de aprendizado – sem contar que pode haver repercus-sões sérias no estado nutricional, perturbação do desenvolvimento normal da face e acometimentos de alterações gerais em sua saúde”, afirma o especialista paranaense.

Estudos médicos realizados em centros especializados em crescimento infantil revelam que crianças que respiram pela boca têm 30% a menos de rendimento físico, além de alterações que comprometem a harmonia estética e a funcionalidade da face. “As consequências mais visíveis ficam presentes no rosto. Alteração nas arcadas dentárias, céu da boca profundo e estreito, modificação da postura da língua dentro da boca, lábios entreabertos, flacidez da musculatura bucal e orofaríngea, rosto com aspecto desarmônico e fala prejudicada são alguns dos efeitos”, destaca o Dr. Juarez Köhler, especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial que também faz parte da equipe interdisciplinar da Köhler Ortofacial. Ele comenta que essas crianças terão preferência por alimentos líquidos ou pastosos, a cabeça estará quase sempre posicionada para frente e os ombros ficam caídos. “Na maioria das vezes, os pais não têm noção das consequências negativas que a respiração bucal pode trazer. Estas alterações acontecem na infância, mas perduram pelo resto da vida se não houver uma intervenção adequada no tempo certo”, alerta. Segundo Nilse Köhler, fonoaudióloga especializada em distúrbios funcionais da face, a percepção dos sintomas é fundamental para que os pais tomem a iniciativa de levar a criança a um especialista.

O tratamento deve ser interdisciplinar e envolver médicos pediatras e otorrinolaringologistas, o ortodontista pediátrico e o fonoaudiólogo. “O médico irá tratar a obstrução nasal, o ortodontista

ou ortopedista facial irá corrigir as alterações dentárias e o fonoaudiólogo será responsável pela reeducação e adaptação da respiração através da adequação das funções orais e equilíbrio da musculatura”, informa Nilse, que enfatiza: “A boca não foi feita para respirar – ela é a parte inicial do sistema digestivo e não do sistema respiratório. Assim como não se come pelo nariz, também não se deve respirar pela boca. Cada órgão tem suas funções específicas a realizar”, acrescenta a especialista. Entre as técnicas utilizadas para minimizar a respiração bucal, estão o uso do CPAP, uma espécie de máscara que injeta ar pressurizado durante o sono do paciente, a indicação de aparelhos intrabucais durante a noite e treinamentos para reposicionamento da língua. “Estes procedimentos auxiliam a minimizar os efeitos causados pela respiração incorreta, aumentando a qualidade de vida do paciente” n

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