Saúde do homem: estudo ecológico do câncer de próstata no Sul de Minas Gerais

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    Saúde do homem: estudo ecológico do câncer de próstata no Sul de Minas Gerais

    Karen Thalita Pereira1

    , Renato Augusto Passos2

    , Matheus Ribeiro Augusto3

    , Elaine Dias de Faria4

    ,Maria da Penha Carnevalli5, Domênica Leone de Podestá6 e Luiz Felipe Silva7 

    [email protected], [email protected], [email protected],[email protected], 5carnevalimp@gmail, [email protected] e [email protected]

    RESUMO

    Atualmente muitas campanhas publicitárias têm destacado a importância dos exames preventivos ediagnósticos do câncer de próstata na população masculina brasileira, sobretudo o toque retal e adosagem do Antígeno Prostático Específico (PSA). Motivo de grande tabu ainda entre os homens,este tipo de câncer age muitas vezes de modo silencioso causando milhares de mortes no país todos

    os anos. Como a economia do sul de Minas Gerais é baseada fortemente na produção agrícola, oobjetivo desse estudo foi verificar a existência da correlação entre o uso de agrotóxicos e amortalidade por câncer de próstata nesta região. Este é um estudo de desenho ecológico, de sérietemporal, com abordagem quantitativa, na qual os dados foram obtidos de forma secundária pormeio do DATASSUS (Departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil). Noentanto, não foi possível encontrar uma correlação entre a razão de mortalidade padronizada porcâncer de próstata e o uso de agrotóxicos nos municípios com maior incidência de mortes por estetipo de agravo.

    Palavras-chave: Neoplasia maligna da próstata. Razão de mortalidade padronizada. Estudo ecológico. 

    INTRODUÇÃOAtualmente muitas campanhas publicitárias têm destacado a importância dos exames

     preventivos e diagnósticos do câncer de próstata na população masculina brasileira, sobretudo o

    toque retal e a dosagem do Antígeno Prostático Específico (PSA). Motivo de grande tabu ainda

    entre os homens, este tipo de câncer age muitas vezes de modo silencioso causando milhares de

    mortes no país todos os anos.

    Em agosto de 2008, o Ministério da Saúde (MS) através da Secretaria de Atenção à Saúde

    criou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem - PNAISH (BRASIL, 2009),

    documento que demonstra os agravos à saúde deste público como verdadeiros problemas de saúde

     pública (SEPARAVICH e CANESQUI, 2013). Segundo a PNAISH:

    “Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, comregularidade, as medidas de prevenção primária. A resistência masculina àatenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira dasociedade, mas também, e sobretudo, o sofrimento físico e emocional do

     paciente e de sua família na luta pela conservação da saúde e por umamelhor qualidade de vida” (BRASIL, 2009, p. 13).

    Estudo realizado por Amorim et al. (2011) sobre a prevalência da realização de exames parao rastreamento da doença em homens de idade igual ou superior a cinquenta anos considerando

    variáveis demográficas, socioeconômicas, de comportamentos relacionados à saúde e a presença de

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    morbidade, demonstrou que os motivos da não realização dos exames preventivos estão ligados

     principalmente a uma escolaridade de até oito anos, idade inferior a setenta anos, renda familiar per

    capita menor que meio salário mínimo, limitação visual e a não presença de diabetes e

    comparecimento ao dentista no último ano. Além disso, os autores destacaram que o Sistema Único

    de Saúde (SUS) foi responsável por 41% dos exames realizados na população estudada.

    Ribeiro et al. (2013) apontaram em pesquisa sobre a urbanidade e mortalidade por cânceres

    selecionados em capitais brasileiras no período de 1980 a 2009, que os casos de câncer de próstata

    apontam tendência de maior mortalidade nos estados considerados mais urbanizados em

    comparação aos menos urbanizados, ainda que haja aumento na taxa de mortalidade em ambos. Tal

    resultado pode referir-se a concentração de serviços de saúde em maior número em determinados

    locais. Foram classificados neste estudo como maior grau de urbanização os estados de São Paulo,

    Rio de Janeiro, Paraná, Goiás e Amapá, em ordem decrescente; e com menor grau em ordem

    crescente os estados de Rondônia, Acre, Piauí, Bahia e Maranhão.

    O câncer certamente já é no Brasil um sério problema de saúde pública, sendo por isso

    necessária a priorização de ações de prevenção e controle em todas as regiões do país. Segundo

    estimativa do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) para o ano de

    2014, válida também para 2015, foram previstos aproximadamente 576 mil novos casos de câncer.

    Para o câncer de próstata, tipo de câncer mais comum na população masculina, o órgão prevê uma

    incidência de 69 mil novos casos, com risco estimado de 70,42 casos novos a cada 100 mil homens

    (INCA, 2014).

    Para o INCA (2014), a idade é o único fator de risco bem estabelecido para o

    desenvolvimento do câncer de próstata, apesar de a história familiar da doença, a etnia (duas vezes

    mais comum em homens negros), a dieta (rica em carne vermelha, embutidos, etc.) e a obesidade

    serem levados em consideração. Além disso, sabe-se que 62% dos casos mundialmentediagnosticados da doença correspondem à faixa etária de idade igual ou superior a 65 anos. Para o

    ano de 2015, devido ao aumento da expectativa de vida a nível mundial, espera-se ainda um

    aumento de 60% no número de novos casos desta doença.

     No estado de Minas Gerais, estimativas revelam que 7.990 novos casos da doença

    acometerão a população masculina, sendo que somente para a capital mineira, Belo Horizonte,

    1.180 novos casos são esperados. A taxa bruta de incidência por 100 habitantes para a região

    Sudeste chega a 88,06, correspondente a 35.980 novos casos (INCA, 2014).Como a economia do sul de Minas Gerais é baseada fortemente na produção agrícola, o

    objetivo desse estudo foi verificar a existência da correlação entre o uso de agrotóxicos e a

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    mortalidade por câncer de próstata nesta região. Pesquisa realizadas por Paz et al. (2013) ao revisar

    155 prontuários de pacientes com câncer de próstata, evidenciou que 68,56% destes pacientes

    haviam sido expostos a agrotóxicos, com correlação positiva de 0,001 com exposição ocupacional

    (r=0,588).

    MATERIAIS E MÉTODOS

    Este é um estudo de desenho ecológico, de série temporal, com abordagem quantitativa, na

    qual os dados foram obtidos de forma secundária por meio do DATASSUS (Departamento de

    informática do Sistema Único de Saúde do Brasil). Foram selecionados óbitos por Neoplasia

    Maligna da Próstata (CID-10 C61) para homens, sem distinção de faixa etária, ocorridas em um

     período de dez anos (2003-2012) na região sul do estado de Minas Gerais. Esses dados foram

    obtidos por meio do Departamento de Informações e Informática do Sistema Único de Saúde

    (DATASUS).

    Com intuito de verificar a razão de mortalidade padronizada (RMP) foram coletados

    também no DATASUS, dados demográficos de estimativas da população residente masculina para

    todos os municípios da região sul do estado de Minas Gerais. Consideram-se também o período

    entre 2003 e 2012.

    Determinaram-se a RMP e os respectivos intervalos de confiança, considerando 95% de

    significância (p = 0,05), para cada município da região do sul de Minas Gerais para o período de

    estudo. Apenas os municípios que apresentaram RMP superior a um, considerando os intervalos de

    confiança inferior (ICI) e superior (ICS), foram selecionados para maiores avaliações. Segundo

    Menezes (2001), um valor de RMP superior a um indica que ocorreram mais mortes do que o

    esperado, enquanto uma RMP menor do que um indica menos mortes do que o esperado. Realizado

    o cálculo da RMP, utilizando-se o software livre TabWin, criou-se um mapa classificando os

    municípios do sul do estado de Minas Gerais quanto a RMP.Visando determinar a associação (ou ausência da mesma) entre a RMP e o consumo de

    agrotóxicos nos municípios selecionados, utilizou-se o banco de dados do Sistema IBGE de

    Recuperação Automática (SIDRA), para verificar as lavouras que predominam no município, bem

    como a área ocupada pelas mesmas durante o período de estudo (2003-2012).

    Para aferir o consumo médio de agrotóxico nos municípios selecionados, utilizaram-se os

    valores estimados por Carneiro et al. (2012) para diferentes culturas, apresentados na tabela 1, bem

    como a área destinada a lavoura em cada município (valor médio considerando o período deestudo).

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    Determinaram-se também a razão entre a área da cultura predominante pela área do

    município. Dessa forma, foram realizadas duas análises de regressão linear simples visando-se

    estabelecer associação do uso de agroquímicos com a neoplasia maligna da próstata, a primeira

    entre RMP (variável dependente) e o consumo de agrotóxicos de cada município (variável

    explanatória), e a segunda entre RMP e a razão Área da Cultura Predominante/Área do Município

    (variável explanatória).

    Tabela 1  –  Demanda de agroquímicos para diferentes lavouras

    CulturaConsumo Médio de Agrotóxicos por área cultivada

    (L/ha)

    Soja 12,0

    Algodão 28,0

    Cítricos 23,0

    Café 10,0

    Trigo 10,0

    Milho 6,0

    Fonte: Adaptado de Carneiro et al. (2012)

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Em toda região sul do estado de Minas Gerais, dos 152 municípios pesquisados, apenas sete

    municípios exibiram RMP superior a um considerando-se os intervalos de confiança, como mostra a

    tabela 2.

    Tabela 2  –  Municípios com a Razão de Mortalidade Padronizada (RMP) significativa

    Município RMP ICI ICS

    Santa Rita do Sapucaí 4,35 2,79 6,27

    Córrego do Bom Jesus 2,81 1,20 5,10

    Paraisópolis 1,92 1,27 2,72

    Caxambu 1,90 1,28 2,64

    Campanha 1,87 1,16 2,76

    Carmo da Cachoeira 1,80 1,03 2,79

    Machado 1,48 1,06 1,96

    Fonte: Elaborada pelos autores

    A figura 1 apresenta um mapa da região sul do estado de Minas Gerais indicando os

    municípios com RMP superior a 1 (destacados na cor roxa), ou seja, aqueles que apresentam uma

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    mortalidade superior a esperada na região sul de minas. Desses municípios destacados, apenas

    aqueles apresentados na tabela 2 apresentaram significância estatística para a RMP, considerando-se

    os intervalos de confiança. A análise espacial pode auxiliar na interpretação dos resultados.

    Figura 1  –  Razão de Mortalidade Padronizada no sul do estado de Minas Gerais

    A tabela 3 apresenta as informações utilizadas na regressão linear. Foram realizadas duas

    regressões, sendo que em ambas a variável dependente era a RMP. Na primeira verificou-se a

    associação entre RMP e o volume de agrotóxico consumido por município, enquanto na segundaassociou-se RMP e a razão Área da cultura predominante/Área do Município. Em ambas não foram

    verificadas associação significativa uma vez que o valor p encontrado superou 0,05, sendo: 0,78 e

    0,83, respectivamente.

    Tabela 3  –  Informações utilizadas na regressão linear simples

    Município RMPVol. de Agrotóxicos

    (L)

    Razão Área da cultura/Área do

    município

    Santa Rita do Sapucaí 4,35 73687,00 0,21Córrego do Bom Jesus 2,81 2118,00 0,029

    Paraisópolis 1,92 1600,00 0,0048

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    Caxambu 1,90 1816,00 0,018

    Campanha 1,87 41350,00 0,12

    Carmo da Cachoeira 1,80 111880,00 0,22

    Machado 1,48 146027,00 0,25

    Fonte: Elaborada pelos autores

    Os resultados demonstram uma RMP significativa em sete municípios da região Sul de Minas

    Gerais, no entanto, apesar deste resultado, quando buscou-se estabelecer uma correlação entre a mortalidade

     por câncer de próstata e o uso de agrotóxicos não se obteve associação significativa para os municípios de

    Santa Rita do Sapucaí, Córrego de Bom Jesus, Paraisópolis, Caxambu, Campanha, Carmo da Cachoeira e

    Machado, tendo sido encontrado um valor de p > 0,05 para todas as regressões realizadas.

    É importante ressaltar que o volume de agrotóxicos e área da cultura apresentados na tabela

    3 são referentes ao cultivo do café (cultura predominante), com exceção do município de Córrego

    do Bom Jesus que apresenta uma lavoura de milho mais significativa, sendo essa cultura utilizada

     para estimativa do consumo de agroquímico no município.

    A mudança no estilo de vida, a introdução de agrotóxicos e substâncias químicas para a

    obtenção de alimentos em grande quantidade e em um curto prazo fez com que acarretasse no

    acometimento da saúde da população pelas mais diversas doenças sejam elas de caráter agudo ou

    crônico degenerativo. Dentre essas doenças destaca-se o câncer. Segundo Friestino et al. (2013) o

    aumento do câncer na população apresenta uma característica que deve ser estudada, na qual os

    homens possuem uma maior taxa de óbitos por esta doença quando comparadas com as mulheres.

    Ao mesmo tempo em que a utilização dos agrotóxicos traz alguns benefícios, como o

    aumento da produtividade, a requisição de menores terras para uma quantidade maior de alimentos

     produzidos e até mesmo a aquisição desses alimentos pela população por um preço menor,

    favorecendo assim principalmente a população de baixa renda, o uso de agrotóxicos tambémacarreta graves consequências a saúde, principalmente a dos trabalhadores rurais, os quais muitas

    vezes utilizam esses produtos de forma indiscriminada e sem o uso de equipamentos de proteção

    individual adequados (COSTA, 2012)

    A quantidade de casos sejam eles agudos ou crônicos nos trabalhadores rurais e na própria

     população vem crescendo cada vez mais, devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos (JOBIN et

    al, 2010).

    De acordo com Curvo e Pignatti (2012) em estudo realizado no estado do Mato Grosso, no período de 1996 a 2006 para verificar a relação entre câncer e o uso de agrotóxicos, a taxa de

    mortalidade por câncer passou de 38,20 por 100 mil habitantes em 1996 para 57,86 por 100 mil

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    habitantes em 2006, apresentando um crescimento de 93,56%. Os autores relatam que é necessária a

    realização de vários estudos para que se possa identificar melhor quais são realmente os fatores de

    risco para o acometimento dessa doença na população, afinal, o câncer possui múltiplas causas e

    dentre elas o uso de substâncias químicas, principalmente de agrotóxicos, que podem interferir

    diretamente no mecanismo de reprodução celular, ou seja, quanto maior o uso de produtos tóxicos,

    maior serão os efeitos negativos na saúde humana.

    Para Paiva, Motta e Griep (2010) a realização da detecção precoce do câncer de próstata é

    uma das partes mais importantes para minimização dessa doença, afinal, quando se detecta este

     paciente na fase inicial o tratamento realizado além de ser mais eficaz acarreta numa grande

    economia ao sistema econômico do país. Para que esta detecção precoce aconteça é indispensável a

    ação integrada dos profissionais de saúde junto à adoção de políticas públicas referentes ao tema

     para que ocorra tanto a educação dessa população quanto a mitigação dos tabus e preconceitos

    sobre a realização do toque retal.

    Vieira e Gonçalves (2011) realizaram um estudo com homens das Zonas Rural e Urbana do

    município de Vassouras-RJ, para averiguar suas opiniões a respeito do exame de toque retal e

    constataram que a maioria dos homens não possuem o costume de procurar serviços de saúde, a não

    ser em casos de emergência. Um dos motivos mencionados para a baixa procura foi a falta de

    humanização dos profissionais de saúde quando realizam o atendimento e a falta de tempo, pois

    muitas vezes este atendimento acontece no horário em que os mesmos têm que desempenhar suas

    atividades laborais. Além disso, ressaltam a falta de conhecimento sobre a importância e a

    inexistência de ações preventivas promovidas pelos profissionais de saúde com relação à população

    que possui baixa escolaridade. Este é um fator muito importante que deve ser contornado através de

    ações socioeducativas desenvolvidas pelos profissionais da área da saúde, além de uma maior

    ênfase que acarrete na explicação de programas que cuidam da saúde do homem, afinal estes foramcriados recentemente.

    Tesser (2014) destaca que deve haver um cuidado dos profissionais de saúde e até mesmo da

    mídia em realizar campanhas preventivas, pois muitas vezes essas são equivocadas e não possuem

    informações e orientações bem fundamentadas, fazendo com que não seja possível alcançar os

    objetivos de orientar, discutir e compartilhar decisões sobre quais aspectos são considerados para

    indicar uma população como de risco para o câncer.

    Bertoldo e Pasquini (2010) afirmam que uma das principais ações da equipe de saúde éservir como educador, transformador, libertador e emancipador, pois somente assim será possível a

    mudança de comportamento de toda população e consequentemente uma maior qualidade na saúde

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    dos indivíduos. Para que isso aconteça é de grande importância a concretização da educação

    sanitária do usuário, a atuação interdisciplinar da equipe multidisciplinar e a acessibilidade aos

    serviços de saúde.

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Embora seja de conhecimento público a relação entre o uso de agrotóxicos e o acometimento

    da população por algumas doenças, entre elas o câncer, não foi possível através da análise

    estatística utilizada nesse estudo encontrar uma correlação entre a razão de mortalidade padronizada

     por câncer de próstata e o uso de agrotóxicos nos municípios de Santa Rita do Sapucaí, Córrego de

    Bom Jesus, Paraisópolis, Caxambu, Campanha, Carmo da Cachoreira e Machado.

    A alta taxa de mortalidade nesses municípios nos leva a refletir no quão eficaz estão sendo

    as medidas preventivas das equipes de saúde em relação à população. Estas devem ser melhoradas,

    afinal, o câncer de próstata é um problema de saúde pública que envolve vários fatores que devem

    ser mitigados, mas para que isso ocorra é necessária a ação integrada dos órgãos fiscalizadores

    quanto a utilização de agrotóxicos, o uso de equipamentos de proteção individual pelos

    trabalhadores para que não estejam expostos a substâncias químicas e intervenções e medidas

    socioeducativas das equipes de saúde, vigilância epidemiológica e até mesmo da mídia.

    Para que ocorra a diminuição da mortalidade por câncer de próstata é necessário a adoção de

     políticas públicas mais eficazes, nas quais os profissionais hajam educando toda população desde

     jovem para que os preconceitos e tabus em torno da realização do exame de toque retal sejam

    minimizados. Além disso, é necessário um maior treinamento de toda equipe multidisciplinar pormeio da promoção de programas de educação continuada e a inserção de uma abordagem

    humanística nas disciplinas dos cursos da área da saúde para que quando estejam em sua vida

     profissional acolham os pacientes de maneira humanizada, tendo em vista que os mesmos

    escolheram uma profissão na qual o relacionamento interpessoal e as formas de se comunicar são de

    suma importância.

    Outro ponto a ser ressaltado é a importância de se ter uma melhor gestão dos recursos

    financeiros destinados à saúde pública, pois somente dessa forma ocorrerá uma maior agilidade namarcação de exames e consultas, sendo possível a detecção precoce do câncer de próstata.

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    Como limitação do estudo pode-se citar o não conhecimento profundo da população que está

    sendo estudada, pois vários fatores deixaram de ser considerados para explicar a alta razão de

    mortalidade padronizada nesses municípios.

    Mesmo tendo encontrado uma associação não significativa entre o uso de agrotóxicos e o

    acometimento da população masculina por câncer de próstata nessa pesquisa, deve-se ressaltar a

    importância da realização de outros estudos para que haja uma melhor compreensão do tema em

    questão.

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