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8/18/2019 Saúde do homem: estudo ecológico do câncer de próstata no Sul de Minas Gerais
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Saúde do homem: estudo ecológico do câncer de próstata no Sul de Minas Gerais
Karen Thalita Pereira1
, Renato Augusto Passos2
, Matheus Ribeiro Augusto3
, Elaine Dias de Faria4
,Maria da Penha Carnevalli5, Domênica Leone de Podestá6 e Luiz Felipe Silva7
[email protected], [email protected], [email protected],[email protected], 5carnevalimp@gmail, [email protected] e [email protected]
RESUMO
Atualmente muitas campanhas publicitárias têm destacado a importância dos exames preventivos ediagnósticos do câncer de próstata na população masculina brasileira, sobretudo o toque retal e adosagem do Antígeno Prostático Específico (PSA). Motivo de grande tabu ainda entre os homens,este tipo de câncer age muitas vezes de modo silencioso causando milhares de mortes no país todos
os anos. Como a economia do sul de Minas Gerais é baseada fortemente na produção agrícola, oobjetivo desse estudo foi verificar a existência da correlação entre o uso de agrotóxicos e amortalidade por câncer de próstata nesta região. Este é um estudo de desenho ecológico, de sérietemporal, com abordagem quantitativa, na qual os dados foram obtidos de forma secundária pormeio do DATASSUS (Departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil). Noentanto, não foi possível encontrar uma correlação entre a razão de mortalidade padronizada porcâncer de próstata e o uso de agrotóxicos nos municípios com maior incidência de mortes por estetipo de agravo.
Palavras-chave: Neoplasia maligna da próstata. Razão de mortalidade padronizada. Estudo ecológico.
INTRODUÇÃOAtualmente muitas campanhas publicitárias têm destacado a importância dos exames
preventivos e diagnósticos do câncer de próstata na população masculina brasileira, sobretudo o
toque retal e a dosagem do Antígeno Prostático Específico (PSA). Motivo de grande tabu ainda
entre os homens, este tipo de câncer age muitas vezes de modo silencioso causando milhares de
mortes no país todos os anos.
Em agosto de 2008, o Ministério da Saúde (MS) através da Secretaria de Atenção à Saúde
criou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem - PNAISH (BRASIL, 2009),
documento que demonstra os agravos à saúde deste público como verdadeiros problemas de saúde
pública (SEPARAVICH e CANESQUI, 2013). Segundo a PNAISH:
“Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, comregularidade, as medidas de prevenção primária. A resistência masculina àatenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira dasociedade, mas também, e sobretudo, o sofrimento físico e emocional do
paciente e de sua família na luta pela conservação da saúde e por umamelhor qualidade de vida” (BRASIL, 2009, p. 13).
Estudo realizado por Amorim et al. (2011) sobre a prevalência da realização de exames parao rastreamento da doença em homens de idade igual ou superior a cinquenta anos considerando
variáveis demográficas, socioeconômicas, de comportamentos relacionados à saúde e a presença de
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morbidade, demonstrou que os motivos da não realização dos exames preventivos estão ligados
principalmente a uma escolaridade de até oito anos, idade inferior a setenta anos, renda familiar per
capita menor que meio salário mínimo, limitação visual e a não presença de diabetes e
comparecimento ao dentista no último ano. Além disso, os autores destacaram que o Sistema Único
de Saúde (SUS) foi responsável por 41% dos exames realizados na população estudada.
Ribeiro et al. (2013) apontaram em pesquisa sobre a urbanidade e mortalidade por cânceres
selecionados em capitais brasileiras no período de 1980 a 2009, que os casos de câncer de próstata
apontam tendência de maior mortalidade nos estados considerados mais urbanizados em
comparação aos menos urbanizados, ainda que haja aumento na taxa de mortalidade em ambos. Tal
resultado pode referir-se a concentração de serviços de saúde em maior número em determinados
locais. Foram classificados neste estudo como maior grau de urbanização os estados de São Paulo,
Rio de Janeiro, Paraná, Goiás e Amapá, em ordem decrescente; e com menor grau em ordem
crescente os estados de Rondônia, Acre, Piauí, Bahia e Maranhão.
O câncer certamente já é no Brasil um sério problema de saúde pública, sendo por isso
necessária a priorização de ações de prevenção e controle em todas as regiões do país. Segundo
estimativa do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) para o ano de
2014, válida também para 2015, foram previstos aproximadamente 576 mil novos casos de câncer.
Para o câncer de próstata, tipo de câncer mais comum na população masculina, o órgão prevê uma
incidência de 69 mil novos casos, com risco estimado de 70,42 casos novos a cada 100 mil homens
(INCA, 2014).
Para o INCA (2014), a idade é o único fator de risco bem estabelecido para o
desenvolvimento do câncer de próstata, apesar de a história familiar da doença, a etnia (duas vezes
mais comum em homens negros), a dieta (rica em carne vermelha, embutidos, etc.) e a obesidade
serem levados em consideração. Além disso, sabe-se que 62% dos casos mundialmentediagnosticados da doença correspondem à faixa etária de idade igual ou superior a 65 anos. Para o
ano de 2015, devido ao aumento da expectativa de vida a nível mundial, espera-se ainda um
aumento de 60% no número de novos casos desta doença.
No estado de Minas Gerais, estimativas revelam que 7.990 novos casos da doença
acometerão a população masculina, sendo que somente para a capital mineira, Belo Horizonte,
1.180 novos casos são esperados. A taxa bruta de incidência por 100 habitantes para a região
Sudeste chega a 88,06, correspondente a 35.980 novos casos (INCA, 2014).Como a economia do sul de Minas Gerais é baseada fortemente na produção agrícola, o
objetivo desse estudo foi verificar a existência da correlação entre o uso de agrotóxicos e a
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mortalidade por câncer de próstata nesta região. Pesquisa realizadas por Paz et al. (2013) ao revisar
155 prontuários de pacientes com câncer de próstata, evidenciou que 68,56% destes pacientes
haviam sido expostos a agrotóxicos, com correlação positiva de 0,001 com exposição ocupacional
(r=0,588).
MATERIAIS E MÉTODOS
Este é um estudo de desenho ecológico, de série temporal, com abordagem quantitativa, na
qual os dados foram obtidos de forma secundária por meio do DATASSUS (Departamento de
informática do Sistema Único de Saúde do Brasil). Foram selecionados óbitos por Neoplasia
Maligna da Próstata (CID-10 C61) para homens, sem distinção de faixa etária, ocorridas em um
período de dez anos (2003-2012) na região sul do estado de Minas Gerais. Esses dados foram
obtidos por meio do Departamento de Informações e Informática do Sistema Único de Saúde
(DATASUS).
Com intuito de verificar a razão de mortalidade padronizada (RMP) foram coletados
também no DATASUS, dados demográficos de estimativas da população residente masculina para
todos os municípios da região sul do estado de Minas Gerais. Consideram-se também o período
entre 2003 e 2012.
Determinaram-se a RMP e os respectivos intervalos de confiança, considerando 95% de
significância (p = 0,05), para cada município da região do sul de Minas Gerais para o período de
estudo. Apenas os municípios que apresentaram RMP superior a um, considerando os intervalos de
confiança inferior (ICI) e superior (ICS), foram selecionados para maiores avaliações. Segundo
Menezes (2001), um valor de RMP superior a um indica que ocorreram mais mortes do que o
esperado, enquanto uma RMP menor do que um indica menos mortes do que o esperado. Realizado
o cálculo da RMP, utilizando-se o software livre TabWin, criou-se um mapa classificando os
municípios do sul do estado de Minas Gerais quanto a RMP.Visando determinar a associação (ou ausência da mesma) entre a RMP e o consumo de
agrotóxicos nos municípios selecionados, utilizou-se o banco de dados do Sistema IBGE de
Recuperação Automática (SIDRA), para verificar as lavouras que predominam no município, bem
como a área ocupada pelas mesmas durante o período de estudo (2003-2012).
Para aferir o consumo médio de agrotóxico nos municípios selecionados, utilizaram-se os
valores estimados por Carneiro et al. (2012) para diferentes culturas, apresentados na tabela 1, bem
como a área destinada a lavoura em cada município (valor médio considerando o período deestudo).
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Determinaram-se também a razão entre a área da cultura predominante pela área do
município. Dessa forma, foram realizadas duas análises de regressão linear simples visando-se
estabelecer associação do uso de agroquímicos com a neoplasia maligna da próstata, a primeira
entre RMP (variável dependente) e o consumo de agrotóxicos de cada município (variável
explanatória), e a segunda entre RMP e a razão Área da Cultura Predominante/Área do Município
(variável explanatória).
Tabela 1 – Demanda de agroquímicos para diferentes lavouras
CulturaConsumo Médio de Agrotóxicos por área cultivada
(L/ha)
Soja 12,0
Algodão 28,0
Cítricos 23,0
Café 10,0
Trigo 10,0
Milho 6,0
Fonte: Adaptado de Carneiro et al. (2012)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em toda região sul do estado de Minas Gerais, dos 152 municípios pesquisados, apenas sete
municípios exibiram RMP superior a um considerando-se os intervalos de confiança, como mostra a
tabela 2.
Tabela 2 – Municípios com a Razão de Mortalidade Padronizada (RMP) significativa
Município RMP ICI ICS
Santa Rita do Sapucaí 4,35 2,79 6,27
Córrego do Bom Jesus 2,81 1,20 5,10
Paraisópolis 1,92 1,27 2,72
Caxambu 1,90 1,28 2,64
Campanha 1,87 1,16 2,76
Carmo da Cachoeira 1,80 1,03 2,79
Machado 1,48 1,06 1,96
Fonte: Elaborada pelos autores
A figura 1 apresenta um mapa da região sul do estado de Minas Gerais indicando os
municípios com RMP superior a 1 (destacados na cor roxa), ou seja, aqueles que apresentam uma
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mortalidade superior a esperada na região sul de minas. Desses municípios destacados, apenas
aqueles apresentados na tabela 2 apresentaram significância estatística para a RMP, considerando-se
os intervalos de confiança. A análise espacial pode auxiliar na interpretação dos resultados.
Figura 1 – Razão de Mortalidade Padronizada no sul do estado de Minas Gerais
A tabela 3 apresenta as informações utilizadas na regressão linear. Foram realizadas duas
regressões, sendo que em ambas a variável dependente era a RMP. Na primeira verificou-se a
associação entre RMP e o volume de agrotóxico consumido por município, enquanto na segundaassociou-se RMP e a razão Área da cultura predominante/Área do Município. Em ambas não foram
verificadas associação significativa uma vez que o valor p encontrado superou 0,05, sendo: 0,78 e
0,83, respectivamente.
Tabela 3 – Informações utilizadas na regressão linear simples
Município RMPVol. de Agrotóxicos
(L)
Razão Área da cultura/Área do
município
Santa Rita do Sapucaí 4,35 73687,00 0,21Córrego do Bom Jesus 2,81 2118,00 0,029
Paraisópolis 1,92 1600,00 0,0048
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Caxambu 1,90 1816,00 0,018
Campanha 1,87 41350,00 0,12
Carmo da Cachoeira 1,80 111880,00 0,22
Machado 1,48 146027,00 0,25
Fonte: Elaborada pelos autores
Os resultados demonstram uma RMP significativa em sete municípios da região Sul de Minas
Gerais, no entanto, apesar deste resultado, quando buscou-se estabelecer uma correlação entre a mortalidade
por câncer de próstata e o uso de agrotóxicos não se obteve associação significativa para os municípios de
Santa Rita do Sapucaí, Córrego de Bom Jesus, Paraisópolis, Caxambu, Campanha, Carmo da Cachoeira e
Machado, tendo sido encontrado um valor de p > 0,05 para todas as regressões realizadas.
É importante ressaltar que o volume de agrotóxicos e área da cultura apresentados na tabela
3 são referentes ao cultivo do café (cultura predominante), com exceção do município de Córrego
do Bom Jesus que apresenta uma lavoura de milho mais significativa, sendo essa cultura utilizada
para estimativa do consumo de agroquímico no município.
A mudança no estilo de vida, a introdução de agrotóxicos e substâncias químicas para a
obtenção de alimentos em grande quantidade e em um curto prazo fez com que acarretasse no
acometimento da saúde da população pelas mais diversas doenças sejam elas de caráter agudo ou
crônico degenerativo. Dentre essas doenças destaca-se o câncer. Segundo Friestino et al. (2013) o
aumento do câncer na população apresenta uma característica que deve ser estudada, na qual os
homens possuem uma maior taxa de óbitos por esta doença quando comparadas com as mulheres.
Ao mesmo tempo em que a utilização dos agrotóxicos traz alguns benefícios, como o
aumento da produtividade, a requisição de menores terras para uma quantidade maior de alimentos
produzidos e até mesmo a aquisição desses alimentos pela população por um preço menor,
favorecendo assim principalmente a população de baixa renda, o uso de agrotóxicos tambémacarreta graves consequências a saúde, principalmente a dos trabalhadores rurais, os quais muitas
vezes utilizam esses produtos de forma indiscriminada e sem o uso de equipamentos de proteção
individual adequados (COSTA, 2012)
A quantidade de casos sejam eles agudos ou crônicos nos trabalhadores rurais e na própria
população vem crescendo cada vez mais, devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos (JOBIN et
al, 2010).
De acordo com Curvo e Pignatti (2012) em estudo realizado no estado do Mato Grosso, no período de 1996 a 2006 para verificar a relação entre câncer e o uso de agrotóxicos, a taxa de
mortalidade por câncer passou de 38,20 por 100 mil habitantes em 1996 para 57,86 por 100 mil
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habitantes em 2006, apresentando um crescimento de 93,56%. Os autores relatam que é necessária a
realização de vários estudos para que se possa identificar melhor quais são realmente os fatores de
risco para o acometimento dessa doença na população, afinal, o câncer possui múltiplas causas e
dentre elas o uso de substâncias químicas, principalmente de agrotóxicos, que podem interferir
diretamente no mecanismo de reprodução celular, ou seja, quanto maior o uso de produtos tóxicos,
maior serão os efeitos negativos na saúde humana.
Para Paiva, Motta e Griep (2010) a realização da detecção precoce do câncer de próstata é
uma das partes mais importantes para minimização dessa doença, afinal, quando se detecta este
paciente na fase inicial o tratamento realizado além de ser mais eficaz acarreta numa grande
economia ao sistema econômico do país. Para que esta detecção precoce aconteça é indispensável a
ação integrada dos profissionais de saúde junto à adoção de políticas públicas referentes ao tema
para que ocorra tanto a educação dessa população quanto a mitigação dos tabus e preconceitos
sobre a realização do toque retal.
Vieira e Gonçalves (2011) realizaram um estudo com homens das Zonas Rural e Urbana do
município de Vassouras-RJ, para averiguar suas opiniões a respeito do exame de toque retal e
constataram que a maioria dos homens não possuem o costume de procurar serviços de saúde, a não
ser em casos de emergência. Um dos motivos mencionados para a baixa procura foi a falta de
humanização dos profissionais de saúde quando realizam o atendimento e a falta de tempo, pois
muitas vezes este atendimento acontece no horário em que os mesmos têm que desempenhar suas
atividades laborais. Além disso, ressaltam a falta de conhecimento sobre a importância e a
inexistência de ações preventivas promovidas pelos profissionais de saúde com relação à população
que possui baixa escolaridade. Este é um fator muito importante que deve ser contornado através de
ações socioeducativas desenvolvidas pelos profissionais da área da saúde, além de uma maior
ênfase que acarrete na explicação de programas que cuidam da saúde do homem, afinal estes foramcriados recentemente.
Tesser (2014) destaca que deve haver um cuidado dos profissionais de saúde e até mesmo da
mídia em realizar campanhas preventivas, pois muitas vezes essas são equivocadas e não possuem
informações e orientações bem fundamentadas, fazendo com que não seja possível alcançar os
objetivos de orientar, discutir e compartilhar decisões sobre quais aspectos são considerados para
indicar uma população como de risco para o câncer.
Bertoldo e Pasquini (2010) afirmam que uma das principais ações da equipe de saúde éservir como educador, transformador, libertador e emancipador, pois somente assim será possível a
mudança de comportamento de toda população e consequentemente uma maior qualidade na saúde
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dos indivíduos. Para que isso aconteça é de grande importância a concretização da educação
sanitária do usuário, a atuação interdisciplinar da equipe multidisciplinar e a acessibilidade aos
serviços de saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora seja de conhecimento público a relação entre o uso de agrotóxicos e o acometimento
da população por algumas doenças, entre elas o câncer, não foi possível através da análise
estatística utilizada nesse estudo encontrar uma correlação entre a razão de mortalidade padronizada
por câncer de próstata e o uso de agrotóxicos nos municípios de Santa Rita do Sapucaí, Córrego de
Bom Jesus, Paraisópolis, Caxambu, Campanha, Carmo da Cachoreira e Machado.
A alta taxa de mortalidade nesses municípios nos leva a refletir no quão eficaz estão sendo
as medidas preventivas das equipes de saúde em relação à população. Estas devem ser melhoradas,
afinal, o câncer de próstata é um problema de saúde pública que envolve vários fatores que devem
ser mitigados, mas para que isso ocorra é necessária a ação integrada dos órgãos fiscalizadores
quanto a utilização de agrotóxicos, o uso de equipamentos de proteção individual pelos
trabalhadores para que não estejam expostos a substâncias químicas e intervenções e medidas
socioeducativas das equipes de saúde, vigilância epidemiológica e até mesmo da mídia.
Para que ocorra a diminuição da mortalidade por câncer de próstata é necessário a adoção de
políticas públicas mais eficazes, nas quais os profissionais hajam educando toda população desde
jovem para que os preconceitos e tabus em torno da realização do exame de toque retal sejam
minimizados. Além disso, é necessário um maior treinamento de toda equipe multidisciplinar pormeio da promoção de programas de educação continuada e a inserção de uma abordagem
humanística nas disciplinas dos cursos da área da saúde para que quando estejam em sua vida
profissional acolham os pacientes de maneira humanizada, tendo em vista que os mesmos
escolheram uma profissão na qual o relacionamento interpessoal e as formas de se comunicar são de
suma importância.
Outro ponto a ser ressaltado é a importância de se ter uma melhor gestão dos recursos
financeiros destinados à saúde pública, pois somente dessa forma ocorrerá uma maior agilidade namarcação de exames e consultas, sendo possível a detecção precoce do câncer de próstata.
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Como limitação do estudo pode-se citar o não conhecimento profundo da população que está
sendo estudada, pois vários fatores deixaram de ser considerados para explicar a alta razão de
mortalidade padronizada nesses municípios.
Mesmo tendo encontrado uma associação não significativa entre o uso de agrotóxicos e o
acometimento da população masculina por câncer de próstata nessa pesquisa, deve-se ressaltar a
importância da realização de outros estudos para que haja uma melhor compreensão do tema em
questão.
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