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ANALISE Saúde e Direito à Informação Rita de Cassia Barradas Barata * * Professora Assistente do De- partamento de Medicina Social da Faculdade de Ciências Médi- cas da Santa Casa de São Pau- lo. Este artigo discute o papel da grande imprensa na divulgação de informações de saúde, no contexto de fatos coletivos, como as epidemias. Através de matérias e notícias divulgadas pela imprensa paulista, no período de janeiro de 88 a julho de 89, é possível identificar comportamentos das autoridades sanitárias, bem como o comportamento da grande imprensa. O direito à informação é considerado, na perspectiva da construção de uma consciência sanitária crítica, que permita aos grupos sociais agirem diante de situações de ameaça potencial à saúde. Os meios de comunicação de massa, entre eles a grande imprensa, se constituem em importantes veí- culos na divulgação de informações de saúde para par- celas significativas da população. Os aparelhos ideológicos de Estado funcionam predominantemente pela ideologia e, a seu modo, con- correm para a reprodução das relações capitalistas (1). Esta característica estrutural marca contraditoriamente a atuação da imprensa enquanto veículo de divulgação e, simultaneamente, instrumento de formação de opi- nião, para algumas camadas sociais, fundamentalmen- te. Através da ideologia, as massas humanas se orga- nizam, se movem, adquirem consciência de sua posição (8). Daí a grande importância das instâncias sociais mais diretamente relacionadas ao exercício da ideolo- gia, tais como os meios de comunicação. Na área da saúde, o papel preponderante dos meios de comunicação irá se revelar nas situações cole- tivas, como as epidemias, quando a população se vê indistintamente ameaçada, isto é, a importância da imprensa, enquanto canal de informação/reivindica- ção, é mediatizada pelo caráter mais ou menos coletivo do agravo em questão, bem como pelo potencial de difusão social do problema, de modo a "borrar" os limites de classe.

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ANALISE

Saúde e Direito à Informação

Rita de Cassia Barradas Barata * * Professora Assistente do De-partamento de Medicina Socialda Faculdade de Ciências Médi-cas da Santa Casa de São Pau-lo.

Este artigo discute o papel da grande imprensa nadivulgação de informações de saúde, no contexto defatos coletivos, como as epidemias.Através de matérias e notícias divulgadas pelaimprensa paulista, no período de janeiro de 88 a julhode 89, é possível identificar comportamentos dasautoridades sanitárias, bem como o comportamentoda grande imprensa.O direito à informação é considerado, na perspectivada construção de uma consciência sanitária crítica,que permita aos grupos sociais agirem diante desituações de ameaça potencial à saúde.

Os meios de comunicação de massa, entre elesa grande imprensa, se constituem em importantes veí-culos na divulgação de informações de saúde para par-celas significativas da população.

Os aparelhos ideológicos de Estado funcionampredominantemente pela ideologia e, a seu modo, con-correm para a reprodução das relações capitalistas (1).Esta característica estrutural marca contraditoriamentea atuação da imprensa enquanto veículo de divulgaçãoe, simultaneamente, instrumento de formação de opi-nião, para algumas camadas sociais, fundamentalmen-te.

Através da ideologia, as massas humanas se orga-nizam, se movem, adquirem consciência de sua posição(8). Daí a grande importância das instâncias sociaismais diretamente relacionadas ao exercício da ideolo-gia, tais como os meios de comunicação.

Na área da saúde, o papel preponderante dosmeios de comunicação irá se revelar nas situações cole-tivas, como as epidemias, quando a população se vêindistintamente ameaçada, isto é, a importância daimprensa, enquanto canal de informação/reivindica-ção, é mediatizada pelo caráter mais ou menos coletivodo agravo em questão, bem como pelo potencial dedifusão social do problema, de modo a "borrar" oslimites de classe.

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Para exemplificar a afirmação feita acima, pode-mos citar o comportamento da imprensa diante dasepidemias de meningite meningocócica, ocorridas nadécada de 70 e, mais recentemente, a partir de1986-87, e a epidemia de sarampo de 1984, em SãoPaulo (2).

No caso das epidemias de doença meningocócica,a imprensa deu ampla cobertura, a despeito inclusiveda censura em vigor nos anos 70, enquanto a epidemiade sarampo mereceu pouca atenção. Em ambas as cir-cunstâncias, tratava-se de eventos coletivos e que,portanto, a priori deveriam interessar a toda popula-ção. Entretanto, enquanto a doença meningocócica,em sua forma epidêmica, ameaça a todos os estratossociais, embora em grau e intensidade diferentes, osarampo só representa uma ameaça real para aquelessegmentos sociais mais pobres e desassistidos, ondea desnutrição e a falta de acesso à vacinação se consti-tuem em importantes fatores de risco.

O fato de determinadas camadas da populaçãonão se constituírem em "formadores de opinião", istoé, não disporem de "voz" na cena política, torna seusproblemas desinteressantes para os órgãos de comuni-cação, a não ser naquilo que eles possam ter de "folcló-rico", insólito ou sensacionalista, merecendo, aí, espa-ço, em determinados veículos destinados a uma certafaixa de público.

A cobertura dada pela imprensa a eventos coleti-vos, tais como epidemias, traz, em geral, uma duplamensagem: reflete, de um lado, a atuação do Estadodiante desses eventos, ou o comportamento da socie-dade civil, e, de outro, a própria atuação da imprensaenquanto órgão de divulgação/formação de opinião.

A partir da temática proposta, saúde e direitoà informação, optamos por enfocar as diversas atitudesdo Estado diante da epidemia de doença meningocócicae, também, o comportamento da imprensa em seu tra-balho de divulgação.

O material disponível para essa análise é o conjun-to de matérias jornalísticas divulgadas pela imprensa(*). Não pretendemos realizar um estudo exaustivodos meios de comunicação, confrontando clientelas,linhas editoriais, compromissos etc. Limitamo-nos arealizar uma análise de conteúdo das matérias divulga-das pela imprensa paulista, no período de janeiro de1988 a julho de 1989. Através dessa análise, procura-mos evidenciar algumas linhas de comportamento dasautoridades de saúde, relacionando-as com diferentesconcepções de atuação do Estado, e, também, marcaralguns traços de comportamento da imprensa, no de-sempenho de sua tarefa informativa. Procuramos, ain-da, demonstrar nossas afirmações, através de citaçõesdos artigos em questão.

* Jornais: O Estado de São Pau-lo, Jornal da Tarde, Folha deSão Paulo, Folha da Tarde, No-tícias Populares e Diário Po-pular.

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Evidentemente, a atuação, quer das autoridadessanitárias, quer dos jornalistas, não é monolítica, istoé, não se faz sempre na mesma direção, mas, antes,é marcada por diversas nuanças e até mesmo con-tradições.

As concepções de Estado, subjacentes às diferen-tes posturas das autoridades sanitárias, podem seragrupadas em duas grandes categorias: a concepçãotecnocrática e a concepção democrática.

A concepção tecnocrática caracteriza-se, entreoutras coisas, pela "naturalização" da realidade social;pela concentração de todo o conhecimento da elitegovernante; pelo exercício autoritário do poder, comexclusão da "sociedade política" e pela crença na be-nevolência intrínseca do poder tecnocrático (15).

Nas sociedades industriais modernas, o conheci-mento de que a elite governante é detentora vem reves-tido ideologicamente do prestígio conferido à ciênciae, portanto, se apresenta, a toda a sociedade, comointrinsecamente bom e politicamente neutro, estando,portanto, acima dos interesses de grupos particulares.

A concepção tecnocrática de atuação do Estadonão é exclusiva de determinados regimes de governo,podendo estar presente em diferentes contextos políti-cos, muito embora seja mais freqüentemente encon-trada em regimes autoritários (3, 4, 5).

Na área da Saúde, particularmente no que dizrespeito a epidemias, esta concepção se exprime atra-vés de posturas "técnicas", que consideram a popula-ção despreparada para receber a informação correta,uma vez que apenas os técnicos possuem formaçãocientífica necessária à real compreensão do problema.Tal postura pode se traduzir pela afirmação explícitade que só aos técnicos interessa conhecer os dadosrelativos ao problema, ou por afirmações que negamou tendem a minimizar os problemas existentes (2).

A alegação maior, diante de tais comportamentos,tem sido sempre a preservação da tranqüilidade, supon-do-se que o conhecimento inadequado dos fatos, moti-vados pela ignorância da população, conduziria ao pâ-nico (2).

À postura tecnocrática se exprime, em sua pureza,nos regimes autoritários, valendo-se de recursos comoa censura à imprensa, para evitar a divulgação de infor-mações que considera de propriedade dos técnicos.

Na situação atual da sociedade brasileira, a con-cepção tecnocrática sofre algumas distorções, sendomenos aceitável o argumento de que os dados só inte-ressam aos técnicos. As posturas assumidas por algu-mas autoridades da área de saúde variam desde a sim-ples e peremptória negação, passando por tentativasde confundir a população com pretensas "discussõestécnicas", até a aceitação da existência do problema,em uma perspectiva que visa reduzir sua importância.

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A concepção democrática do Estado se colocaem posição diametralmente oposta, assumindo, em ge-ral, o direito que a população tem de ser informadacorretamente sobre os problemas que a afligem. Maisdo que simplesmente garantir a divulgação das infor-mações, os adeptos e praticantes de uma gestão demo-crática do Estado advogam o acesso da população ainformações corretas e completas, não-mistificadorasda realidade e da ação dos governantes.

Na atual epidemia de meningite meningocócica,é possível identificar ambas as posições por parte dasautoridades sanitárias; alguns preferem negar o proble-ma, alegando que a população reage emocionalmenteà informação da existência de uma epidemia, não con-seguindo aquilatar seu real significado; enquanto ou-tros afirmam a existência do problema e procuram,de diferentes maneiras, conscientizar a população.

Em São Paulo, onde dispomos das informaçõesepidemiológicas e, também, das matérias jornalísticas,a atuação dos responsáveis pela vigilância epidemio-lógica foi, até certo ponto, ambígua: quando o assuntosurgiu na imprensa, as autoridades afirmaram a existên-cia da epidemia, embora não tivessem vindo a públicodizer da existência dela, desde o seu começo.

Durante o ano de 1987, vários meses apresen-taram incidências epidêmicas para doença meningocó-cica, na região Metropolitana. No ano de 1988, apenaso mês de fevereiro não apresentou comportamento epi-dêmico.

Somente em julho, a imprensa começou a noticiara existência de uma possível epidemia em São Paulo.No dia 6 de julho, vários jornais divulgaram as infor-mações do Dr. Alexandre Vranjac, diretor do Centrode Vigilância Epidemiológica (CVE), dando conta deque a incidência da doença havia ultrapassado oslimites de normalidade , definidos com base no com-portamento da doença no período de 1979 a 1985(9).

Dois dias depois, uma técnica do Ministério daSaúde nega a existência de epidemia no país, afirmandoque o aumento do número de casos de meningitemeningocócica em nove estados brasileiros caracterizaum pré-surto da doença e acrescenta que o pré-surtoé caracterizado pelo aumento do número de casos dadoença em épocas frias (11).

No dia seguinte, é a vez do Ministro da Saúde,Dr. Borges da Silveira, afirmar que os números refe-rentes à ocorrência de meningite no Brasil não é surtonem preocupam, apesar de o ministério çstar atento(10).

A posição dos técnicos do Ministério da Saúde,e do próprio ministro, só pode ser entendida dentrode duas perspectivas: ou bem o ministro está traba-

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lhando com as unidades da federação como um todo,sendo, assim, incapaz de detectar epidemias, a nãoser que elas atinjam o estado todo, ou o ministroprefere ocultar a existência delas.

Diante das declarações das autoridades de âmbitofederal, o Centro de Vigilância Epidemiológica de SãoPaulo volta a enfatizar que a situação é epidêmica.Tal informação é corroborada pela apresentação dedados, mostrando um aumento do número de casosda ordem de 24% em relação ao primeiro semestrede 1987 (8).

Frente ao posicionamento do órgão de vigilânciade São Paulo, o Ministério da Saúde reconheceuo surto de meningite meningocócica do tipo B na Gran-de São Paulo e em Santa Catarina (18). Entretanto,tal reconhecimento veio acompanhado de uma tenta-tiva de escamoteamento da situação, num jogo de pala-vras/conceitos entre surto e epidemia, conferindo aesses termos significados diferentes daqueles que elesnormalmente têm entre os epidemiologistas.

Essas estatísticas podem definir um surto demeningite tipo B, mas não se pode afirmar quehaja uma epidemia. O que há é um sinal dealerta.Na mesma matéria, é possível constatar um outro

recurso freqüentemente usado pelas autoridades sanitá-rias. O Secretário Estadual de São Paulo confirmaa existência da epidemia e aduz que ela está sobcontrole, devendo diminuir nas próximas semanas ,em decopência do trabalho de profilaxia realizado pelaSecretaria.

Parece ser irresistível para os técnicos e políticosfazer "previsões" relativas ao curso da epidemia.No mais das vezes, tais "previsões" não se confirmam,haja vista que, geralmente, se baseiam mais no desejodo que em dados concretos. Cada epidemia, emborapossa guardar características comuns com outros pro-cessos epidêmicos, traz em si uma certa dose de novi-dade, visto que a estrutura epidemiológica, isto é,as condições concretas que a geraram, está em perma-nente transformação.

Adotando uma postura até então inédita, o go-verno de São Paulo publicou nos jornais matéria paga,alertando a população para a existência da epidemia,assinalando que as proporções da mesma ainda erampequenas e divulgando os sinais e sintomas mais fre-qüentes (21).

Cerca de uma semana depois, novo comunicadoé publicado, desta vez endereçado aos pais e professo-res, alertando e esclarecendo os mesmos quanto à si-tuação da doença. Além disso, a assessoria de imprensapassou a divulgar, semanalmente, o número de casos

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e óbitos, bem como os valores acumulados mensais,para todos os jornais, rádios e televisões.

A atitude do ministro se manteve a mesma. Emagosto, o ministro Borges da Silveira afirmava:

Como São Paulo não tem uma epidemia, a vaci-nação não será de massa e sim de bloqueio.Isto significa que será aplicada na rua de maiorincidência, nos vizinhos e principalmente nascrianças da redondeza (23).Nos meses seguintes, com a redução no número

de casos, em função da variação sazonal da doença,o número de artigos veiculados pela imprensa tambémdiminuiu.

A meningite voltou a ser assunto no final deabril, quando, novamente, os casos aumentaram,acompanhando a variação sazonal habitual.

Em matéria de 28 de abril, o Diário Popular (17)informa a existência de uma nova epidemia, cujoinício ocorrera em fevereiro. Na prática, apenas o mêsde janeiro apresentou ocorrência normal, podendo-se,portanto, considerar que se tratava da mesma epide-mia, presente desde 1987.

Com a mudança do Ministro da Saúde e de algunstécnicos do ministério, a atitude das autoridades deâmbito federal mudou radicalmente:

Além da Grande São Paulo o ministro adverteque há epidemia de meningite em Macapá, Forta-leza, Natal, Recife, Teresina, Aracaju, Salvador,Vitória, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Manaus,Florianópolis, Joinville e Blumenau (27).

No dia seguinte à divulgação dessas informaçõespelo ministério, quatro das secretarias dos 13 estadosmencionados negaram a existência do problema.

Diante do crescimento, contínuo, embora gradual,da epidemia em São Paulo, a questão da compra devacinas antimeningocócica B, produzidas em Cuba,passou para primeiro plano.

Com relação à aquisição de vacinas, surgiram vá-rios problemas, disputas políticas e pouquíssima infor-mação adequada para a população. O maior problemaestá na limitada capacidade produtiva do Instituto en-carregado da comercialização das vacinas. Além dessadificuldade, havia o preço considerado excessivo (cer-ca de US$ 10.00 a dose) e o pouco conhecimentosobre a sua eficácia.

Já no final de junho, as autoridades de saúdede São Paulo anunciaram a intenção de vender as vaci-nas. Segundo o Governador Orestes Quércia:

Temos de dar essa chance para as pessoas quepodem comprar (28).Sucessivas declarações do presidente da FURP

(Fundação para o Remédio Popular) e do secretáriode saúde alegavam que a venda se destinava a arrecadar

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recursos para a compra de mais vacinas, que seriamdistribuídas gratuitamente. Entretanto, a questão dalimitação de doses disponíveis estava condicionada pe-la própria capacidade produtiva do laboratório cubano,e não apenas pelo custo.

A reação da sociedade civil foi suficiente paraque a venda fosse suspensa. Aliada a esta reação,a manifestação do Conselho Nacional de Saúde, desa-conselhando tal prática, foi decisiva.

As questões tratadas até aqui demonstram, emparte, as atitudes tomadas pelas autoridades sanitáriasdiante de questões de interesse coletivo. Durante afase da ditadura militar, os conflitos entre poderesou não existiam ou eram escamoteados. Atualmente,a imprensa pode cobrir livremente os conflitos surgidosna condução dessas questões, permitindo à populaçãoo acesso às informações.

Além do benefício imediato a nível dos direitosda cidadania, o acesso às informações traz para a popu-lação outros dividendos.

O fato de se divulgar a existência de uma epidemialeva a população e os médicos a se mostrarem atentospara o problema, ocorrendo, então, busca de atendi-mento e diagnóstico mais precoces. A rápida aplicaçãoda terapêutica correta reduz a letalidade, bem comoos riscos de complicações e seqüelas.

É nas questões de âmbito coletivo que o deverdo Estado de informar a coletividade sobre o que estáocorrendo se coloca, uma vez que a vivência pessoalda doença não permite aos indivíduos captar a dimen-são do problema.

Mais do que a simples divulgação da existênciade epidemia e do número de casos e óbitos ocorridos,compete ao Estado informar às pessoas sobre o com-portamento da doença, não apenas do ponto de vistaclínico (sinais e sintomas), mas, principalmente, emseus aspectos epidemiológicos: grupos de riscos, distri-buição geográfica, fatores que favorecem a transmissãoetc.

Embora os trechos extraídos das matérias jorna-lísticas permitam identificar conjuntos de posturas di-ferentes quanto ao direito à informação, não há, ainda,por parte das autoridades, a prática salutar de usaros meios de comunicação de massa para aumentar aconsciência sanitária da população. As informaçõesdivulgadas são, em geral, parciais, incompletas e limi-tadas.

Passamos, agora, a analisar o comportamento daimprensa diante da situação epidêmica.

Inicialmente, podemos distinguir, dentre a totali-dade de matérias divulgadas, a escassez relativa dematérias assinadas, quer por jornalistas, quer por técni-cos da área de saúde. Geralmente, tais matérias são

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resenhas, contendo informações gerais sobre a doença,referindo-se ou não à situação concreta em questão.

Um outro conjunto de matérias, numericamentebastante expressivo, contém as informações e quadrossinópticos divulgados pelos órgãos de vigilância epide-miológica. Mais ou menos na mesma linha, aparecemartigos, contendo informações gerais, principalmenteclínicas, elaboradas pela redação. É comum, principal-mente em alguns jornais, recorrer-se a opiniões deespecialistas estrangeiros. Tal prática é, às vezes, peri-gosa, uma vez que tais especialistas desconhecem asituação epidemiológica local, emitindo opiniões váli-das em seus países porém inaplicáveis em um outrocontexto. O recurso à autoridade de profissionais deoutros países pode, até certo ponto, refletira "descon-fiança'' frente às informações oficiais, ou o reconheci-mento de uma maior competência desses profissionais.

Evidentemente, há exceções, e um exemplo dissopode ser encontrado na matéria Há vacinas nos Esta-dos Unidos. Mas não servem para o Brasil, divulgadapelo Jornal da Tarde, em 06/08/88 (22).

Diante das escassas informações disponíveis sobreas vacinas produzidas em Cuba, o jornal conversoucom o Dr. Carl Frafch, do F. D. A (Food Drug Admi-nistration), que havia participado dos trabalhos de ela-boração da vacina.

Manter o interesse dos leitores em um assuntoque raramente apresenta lances interessantes, nemsempre é uma tarefa fácil. Alguns jornais, mesmo aque-les mais conceituados, recorrem à divulgação de fatosinsólitos, folclóricos ou até mesmo sensacionalistas.A seguir, fornecemos alguns exemplos:

O Delegado Antonio Freitas anunciou que vaiinterditar a Igreja Pentecostal Deus é amor, por-que seu pastor, Donozor do Prado, permitiu queo corpo de Dione Fernandes Benevides, que mor-reu de meningite, ficasse exposto no templo, pormuito tempo o que pode ter provocado a contami-nação de centenas de pessoas que passam porali diariamente... (20).Além do insólito do caso, tal notícia desinforma,

na medida em que faz acreditar na possibilidade decontaminação ambiental a partir de um cadáver, o queestá absolutamente incorreto.

O Projeto Saci do governo do Espírito Santoestá recomendando o uso de patuás como métodopreventivo contra o surto de meningite B. Desdequinta-feira, quem liga para o número 148 emVitória ouve uma voz que aconselha a colocaçãono peito de uma pedra de cânfora, um dentede alho e quatro grãos de pimenta do reino.O secretário da saúde condena a prática: a Secre-taria nunca orientou isso, pois não é macum-beira(29).

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Em função dos muitos anos de arbítrio e censura,os jornalistas tendem a desconfiar das informações for-necidas pelas autoridades e, muitas vezes, tentam bus-car mecanismos de "checagem" dos dados, que sóaumentam a confusão. Um exemplo disso pode serdado pelo episódio, envolvendo o Centro de VigilânciaEpidemiológica e o Serviço Funerário da Capital:

Apesar do diretor do SVE afirmar que irá divul-gar o que está acontecendo , seus dados estãobaseados somente em pacientes internados noHospital Emílio Ribas, e as estatísticas poderãoficar bastante distantes da realidade. Prova dissosão os 53 óbitos causados pela doença, conformeregistra o Serviço Funerário no mês de junho...Pelos dados da Secretaria da Saúde, foram notifi-cados, desde janeiro, 225 casos da doença —com 25 óbitos...(17).O que o jornalista não sabe é que o fato de menin-

gite aparecer como causa de óbito no atestado nãosignifica, necessariamente, tratar-se de um óbito pormeningite meningocócica B, uma vez que há inúmerosoutros agentes etiológicos de meningite, inclusive pro-duzindo letalidades mais altas do que os meningo-cocos, e outras causas não-infecciosas de meningite.Mas o importante a ressaltar é a atitude de descon-fiança, fundamentada, certamente, na experiência demuitos anos em que as autoridades, sistematicamente,ocultaram as informações à imprensa.

Por outro lado, o interesse que os jornalistas sem-pre demonstram com relação aos óbitos sugere que,no imaginário, a epidemia vem comumente associadaa idéias de excesso de mortes, o que, entretanto, vaise verificar apenas em situações particulares, principal-mente hoje, quando os recursos terapêuticos disponí-veis são razoavelmente eficazes.

Finalmente, com respeito ao direito à informação,julgamos importante ressaltar que este direito pressu-põe, mais do que simplesmente a divulgação de algunsfatos, aspectos relativos à qualidade das informaçõesdivulgadas.

Considerar a informação e o acesso a ela no âmbi-to dos direitos de cidadania pressupõe atribuir ao co-nhecimento papel relevante no "estar no mundo" daespécie humana. É, fundamentalmente, através do co-nhecimento lato sensu que o homem se relaciona coma realidade, num processo de apreensão e reação aoreal, que pode vir ou não a transformá-lo, atravésde atitudes mais ou menos conscientes (7).

Dispor de informações e, principalmente, de da-dos corretos sobre a realidade dá ao homem uma possi-bilidade maior de intervenção e, também, pode permitirque tal intervenção se dê de modo consciente, não--alienado.

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A qualidade da informação, evidentemente, estána dependência de um conjunto de fatores. Dentreeles, podemos destacar alguns, tais como: o poucoconhecimento de epidemiologia por parte de algumasautoridades, inclusive da própria área de saúde; a pou-ca compreensão por parte dos jornalistas dos assuntoscobertos e a dificuldade de comunicação entre autori-dades ou técnicos e jornalistas, gerando informaçõesparciais ou mesmo distorcidas.

Podemos citar alguns exemplos, a título de ilus-tração. O redator médico da Folha de São Paulo, emartigo publicado nesse jornal e na Folha da Tarde,em 9 de julho de 1988, por exemplo, afirma a inexis-tência de vacinas, quando o Estado já havia, inclusive,recebido uma doação de 300 mil doses do governocubano.

Nos casos detectados atualmente, o responsáveltem sido o meningococo tipo B, para o qual,até o momento, não se tem notícias da existênciade uma vacina...(12).

A apresentação do diagrama de controle para adoença meningocócica, na região metropolitana, e aincidência observada nos seis primeiros meses de 88vieram acompanhadas de um texto, informando queAcima de 0,25 (casos por 100.000 hab), a curvaindica epidemia (13).

Certamente a informação passada por técnicos doCVE ou foi incompleta, ou foi mal compreendida pelojornalista, uma vez que não há um limite único efixo, a partir do qual se considere a incidência epidêmi-ca. O limite é constituído pelo próprio diagrama, eos valores máximos do coeficiente variam a cada mês,exatamente porque a incidência não é idêntica, aolongo do ano, apresentando marcada variação sazonal(aumento nos meses de outono e inverno e reduçãona primavera e verão).

Além disso, os valores considerados como indica-tivos de incidência habitual (endêmica) ou epidêmicavariam de lugar para lugar e nas diferentes épocas,desautorizando comparações entre diferentes popula-ções, em momentos históricos diversos.

A divulgação desse tipo de informação reforça,na população, a visão das doenças como algo natural,desprovido de historicidade, embora não tenha imedia-tamente maiores conseqüências sobre atitudes pragmá-ticas com relação à epidemia. Tal não é o caso, quandoas informações errôneas se referem, por exemplo, aosmecanismos de transmissão:

A meningite do tipo B... representa menor peri-go... porque só se dissemina em ambientes fecha-dos... enquanto as do tipo A e C são de transmis-são incontrolável pois se propagam através doar (15).

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Toda a informação contida no trecho acima éincorreta. Todos os meningococos se transmitem ape-nas por contágio direto entre pessoas. As bactériassão eliminadas nas gotículas de secreção da gargantae precisam atingir a mucosa da garganta de outra pes-soa para produzir infecção. Tecnicamente, a transmis-são não se faz pelo ar, já que, na ausência de umapessoa contaminada, não ocorre transmissão. Além dis-so, os meningococos morrem rapidamente fora do orga-nismo humano.

A diferença entre os vários grupos de meningo-cocos está nas diferentes taxas de infectividade queeles apresentam e não em diferentes modos de trans-missão.

A infectividade é a capacidade que a bactériatem de provocar infecção, e ela parece ser maior parao sorogrupo A do que para o C e o B.

O desconhecimento das características do agenteetiológico e de suas formas de transmissão pode levara comportamentos totalmente ineficazes, desnecessá-rios e até mesmo aterrorizadores, como as adotadaspelo Serviço Funerário:

a superintendência do Serviço Funerário doMunicípio de São Paulo determinou: qualquertipo de óbito, em que conste meningite, as urnasfunerárias deverão ser metálicas, soldadas, e asmedidas de segurança adotadas serão as mesmaspara as doenças infecto-contagiosas (16).

O próprio assessor de imprensa da Secretaria daSaúde demonstra desconhecimento, ao tentar estabele-cer uma distinção entre surto epidêmico e epidemia,baseado na possibilidade ou não de controle em umasituação ou outra.

o órgão opta pelo termo surto epidêmico porser possível o controle da propagação da menin-gite tipo B (19).A distinção correta, do ponto de vista epidemio-

lógico, entre surto e epidemia não envolve diretamentea possibilidade ou não de controle. O termo surtocostuma ser usado para a ocorrência de doenças trans-missíveis em grupos de população relativamente confi-nados, tais como as crianças de uma creche, trabalha-dores de uma fábrica, os recrutas de um quartel eoutras situações semelhantes. O termo epidemia é usa-do para indicar a ocorrência excessiva de casos dedoenças transmissíveis em populações abertas, tal co-mo a de uma grande cidade como São Paulo.

Tanto não havia possibilidade de controle da pro-pagação que, um ano depois, a incidência havia dobra-do. Mesmo em se tratando de surto, a propagaçãosó terminaria, quando todos os indivíduos expostostivessem sido infectados ou imunizados.

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Outro fato dificilmente aceito, quer por parte dosjornalistas, quer por parte da população, é a existênciade gaps no conhecimento. O fato dos técnicos nãosaberem tudo sobre a doença coloca sob suspeiçãoaquilo que eles sabem:

Epidemiologistas no Brasil e no exterior nãosabem explicar por que a doença aparece. Logotambém não sabem como evitá-la... (26).Na verdade, o que não se sabe é como uma epide-

mia aparece, embora até se saiba, provavelmente, porque aparece. Isto, entretanto, não determina que nãose saiba como enfrentá-la. A sensação transmitida peloartigo em questão é a de que os médicos desconhecema doença e não sabem bem o que devem fazer.

O que ocorre é que determinar todos os fatoresresponsáveis pelo surgimento de uma epidemia nãoé uma tarefa fácil. Entretanto, felizmente, a históriada medicina é pródiga em exemplos de atuação eficien-tes dos órgãos de saúde no combate a muitas doençase epidemias, mesmo antes de se conhecer adequada-mente seu processo de produção.

Algumas vezes, a desinformação é agravada porposições ideológicas, que dificultam a análise corretados fatos e levam à divulgação de verdadeiros "absur-dos". A citação a seguir será bastante longa, mas,também, extremamente ilustrativa:

... mas o secretário da Saúde chega a declarar:É importante que as escolas permaneçam abertaspara que possamos acompanhar os casos . A ex-pressão acompanhar os casos significa, nestecontexto, usar crianças como cobaias para mediro alcance e a porcentagem de expansão da epi-demia......Como a vacina, por definição, é preventivae como as pessoas vacinadas não irão depoisser propositadamente contagiadas, isso significaque o governo jamais saberá se, sem a vacina,elas iriam ou não contrair a enfermidade e, por-tanto, se o medicamento serve ou não.Por que tanta prudência em relação à vacina?Será porque nosso Governo, profundamente de-mocrático, não pode permitir que seja usada emnosso território uma vacina produzida em umPaís comunista?Parece que não, pois é justamente aqui que semanifesta de forma mais chocante a incongruên-cia governamental. A Ideologia exportada porCuba e da qual Fidel Castro é uma das últimasespécimes a acreditar e, assim mesmo, só paranão perder o emprego de ditador, é disseminadasem nenhuma reserva em todas as nossas escolas.Basta ver, a propósito, como é ensinada a Histó-ria totalmente deformada para se adaptar a dog-

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mas ideológicos nos quais nem Gorbachev acre-dita mais.Como não há nenhuma lei que proiba a venda,no território nacional, de uma ideologia cujaeficiência não tenha sido comprovada no pais,o governo cruza os braços... (24).

Há nesse extenso trecho algumas informações to-talmente erradas. O primeiro parágrafo acusa a secreta-ria de saúde de não permitir a suspensão das aulaspara utilizar as crianças como "cobaias".

Absolutamente a situação não é esta!A suspensão das aulas não é recomendada por

três motivos principais: primeiro, a duração de umaepidemia de meningite meningocócica costuma ser de-morada, cerca de cinco a sete anos, logo, não seriaadequado manter as crianças fora da escola por tantotempo; segundo, as condições de aglomeração intra-domiciliar para as crianças, na periferia, são mais des-favoráveis do que a freqüência à escola e; terceiro,na escola, as professoras podem detectar as primeirasmanifestações da doença, socorrendo as crianças cujasmães se encontram ausentes do domicílio, durante suajornada de trabalho.

No segundo parágrafo, o autor questiona a possi-bilidade de se chegar a conhecer a eficácia da vacina.Evidentemente o autor desconhece os procedimentosmetodológicos da epidemiologia que permitem, a partirda observação da incidência da doença entre vacinadose não-vacinados, se chegar ao cálculo da eficácia. Ob-viamente não seria ético submeter as crianças à inocu-lação da bactéria, apenas para poder demonstrar quea vacina funciona, até porque todas as vacinas apresen-tam algum grau de fracasso e, neste caso, estaríamosproduzindo, deliberadamente, a doença, entre algumascrianças.

O restante do artigo apenas explicita as posiçõesideológicas do autor que, contraditoriamente, parecequestionar o caráter democrático do estado brasileiro,embora, simultaneamente, proponha maior rigor porparte do governo no que se refere à divulgação de"certas ideologias".

Para garantir o acesso à informação de qualidadeà população, é necessário, portanto, que as autoridadese técnicos da área de saúde se disponham a assumiruma postura efetivamente democrática, preocupando-se com a divulgação dos fatos, mas, também, coma comunicação de informações completas, corretas efidedignas.

Por outro lado, os órgãos de imprensa devemse preocupar em desempenhar com competência suatarefa de meios de comunicação de massa, evitandoas abordagens sensacionalistas e estimulando a "profis-sionalização" de seus jornalistas também nos setores

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sociais, tal como já vem ocorrendo nos setores deeconomia e política.

De posse das informações, os vários segmentossociais serão capazes de avaliar a situação e, maisativamente, atuar na solução de seus próprios pro-blemas.

This article discusses the role of the press in thediffusion of health information during an epidemicsoutbreak. After having analysed the news publishedat the São Paulo City press since January 1988, weidentified some patterns of behavior by healthauthorities and by the press. The right to informationis discussed in relation to the construction of a criticalhealth awareness wich allows social groups to actwhen facing health situation of potencial threat.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. BARATA, Rita C. Barradas — Meningite: uma doença sobcensura?, Ed. Cortez, SP, 1988.

3. CARDOSO, Fernando Henrique — Autoritarismo e Democrati-zação, Ed. Paz e Terra, RJ, 1975.

4. CARDOSO, Fernando Henrique e MARTINS, Carlos Estévan- Política e Sociedade, vol. l, Ed. Nacional, SP, 1979.

5. FERNANDES, Florestan — A revolução burguesa no Brasil,Ed. Zahar, R J, 1976.

6. MARTINS, Carlos Estévan — A tecnocracia na história,Ed. Alfa-Omega, SP, 1975.

7. PINTO, Álvaro Vieira - Ciência e Existência, Ed. Paze Terra, RJ, 1979.

8. PORTELLI, Hugues — Gramsci e o bloco histórico, Ed.Paz e Terra, RJ, 1977.

NOTÍCIAS DE JORNAL UTILIZADAS NOARTIGO

9. Folha de São Paulo — "Dados sobre Meningite prenunciamepidemia, diz Secretário da Saúde", 06/07/88.

10. Folha da Tarde — "Borges da Silveira não vê motivo parapreocupação", 08/07/88.

11. Folha de São Paulo — "Ministério detecta pré-surto de meningi-te", 08/07/88.

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12. Folha da Tarde — "Autoridades estão abrindo o jogo", JúlioAbramczyki, 09/07/88.

13. Folha de São Paulo - "Diagrama de Controle", 09/07/88.14. Diário Popular — "Casos de meningite indicam epidemia",

12/07/88.15. Jornal da Tarde — "O tipo B é menos epidêmico. Veja

por que", 12/07/88.16. Estado de São Paulo — "Atestados não falam do tipo de

meningite", 13/07/88.17. Diário Popular — "Secretaria já admite epidemia de meningite",

13/07/88.18. Folha da Tarde — "Ministério confirma surto de meningite",

14/07/88.19. Diário Popular — "Socorro imediato ajuda no combate à meningi-

te", 14/07/88.20. Folha da Tarde — "Delegado pode interditar templo por causa

de meningite", 01/08/88.21. Folha de São Paulo — "Meningite na grande São Paulo",

03/08/88.22. Jornal da Tarde — "Há vacinas nos Estados Unidos. Mas

não servem para o Brasil", 06/08/88.23. Diário Popular — "Ministro nega epidemia de meningite",

10/08/88.24. Folha da Tarde — "A vacina comunista", Lenildo Tabosa

Pessoa, 11/08/88.25. Diário Popular — "Secretaria reconhece que há epidemia de

meningite", 23/04/89.26. Estado de São Paulo — "Ninguém explica a meningite",

06/05/89.27. Folha de São Paulo — "Ministério da Saúde diz que epidemia

já atinge 13 capitais", 21/06/89.28. Estado de São Paulo — "Vacina contra meningite será paga",

22/06/89.29. Estado de São Paulo — "Espírito Santo recomenda patuás

contra meningite", 23/06/89.