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TRABALHO E ESTRANHAMENTO: SAÚDE E PRECARIZAÇÃO DO HOMEM-QUE-TRABALHA

SAÚDE E PRECARIZAÇÃO DO HOMEM-QUE-TRABALHAltr.com.br/loja/folheie/4675.pdf · 2 RICARDO ANTUNES Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) GIOVANNI ALVES Universidade Estadual

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TRABALHO E ESTRANHAMENTO:

SAÚDE E PRECARIZAÇÃO DOHOMEM-QUE-TRABALHA

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RICARDO ANTUNES

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

GIOVANNI ALVES

Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Rede de Estudos do Trabalho (RET)

SERGIO AUGUSTO VIZZACCARO-AMARAL

Rede de Estudos do Trabalho (RET)

ANDRÉ LUÍS VIZZACCARO-AMARAL

Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Rede de Estudos do Trabalho (RET)

EDITH SELIGMANN-SILVA

Universidade de São Paulo (USP — Aposentada)

MARGARIDA BARRETO

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCM-Santa Casa-SP)

MARIA ELIZABETH ANTUNES LIMA

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

JOSÉ ROBERTO MONTES HELOANI

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

SANDRA FOGAÇA ROSA RIBEIRO

Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE)

RENATA PAPARELLI

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

LUIZ SALVADOR

Advocacia Trabalhista e Previdenciária

Asociación Latinoamericana de Abogados Laboralistas (ALAL)

OLÍMPIO PAULO FILHO

Advocacia Trabalhista e Previdenciária

FRANCISCO JOSÉ TRILLO PÁRRAGA

Universidade de Castilla — La Mancha — España (UC-La Mancha-España)

DANIEL PESTANA MOTA

Advocacia Trabalhista e Previdenciária

Rede de Estudos do Trabalho (RET)

JOSÉ ANTÔNIO RIBEIRO DE OLIVEIRA SILVA

Juiz de Direito (TRT-15)

HEILER IVENS DE SOUZA NATALI

Procurador do Trabalho (MPT-12)

SANDRO EDUARDO SARDÁ

Procurador do Trabalho (MPT-12)

JORGE LUIZ SOUTO MAIOR

Juiz de Direito (TRT-15)

Universidade de São Paulo (USP)

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GIOVANNI ALVESANDRÉ LUÍS VIZZACCARO-AMARAL

DANIEL PESTANA MOTA

Organizadores

TRABALHO E ESTRANHAMENTO:

SAÚDE E PRECARIZAÇÃO DOHOMEM-QUE-TRABALHA

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EDITORA LTDA.

R

Índice para catálogo sistemático:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-001São Paulo, SP — BrasilFone (11) 2167-1101www.ltr.com.brProdução Gráfica e Editoração Eletrônica: RLUXProjeto de Capa: FABIO GIGLIOImagem da Capa: DIEGO RIVERA “INDÚSTRIA MODERNA”Impressão: DIGITAL PAGEOutubro, 2012

Todos os direitos reservados

Trabalho e estranhamento : saúde e precarizaçãodo homem-que-trabalha / André LuísVizzaccaro-Amaral, Daniel Pestana Mota, GiovanniAlves , organizadores. — São Paulo : LTr, 2012.Vários autores.Bibliografia

1. Ambiente de trabalho 2. Danos (Direitocivil) — Brasil 3. Direito do trabalho — Brasil4. Precarização do trabalho 5. Trabalhadores — SaúdeI. Vizzaccaro-Amaral, André Luís. II. Mota, DanielPestana. III. Alves, Giovanni.12-13377 CDU-34:331.822(81)

1. Brasil : Precarização do trabalho e saúde dotrabalhador : Direito do trabalho34:331.822(81)

Versão impressa - LTr 4675.5 - ISBN 978-85-361-2361-5

Versão digital - LTr 7455.4 - ISBN 978-85-361-2359-2

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Sobre os autores

ANDRÉ LUÍS VIZZACCARO-AMARAL

É Graduado e Mestre em Psicologia pela Faculdade de Ciências e Letras de Assis da Universidade

Estadual Paulista (FCLAs-UNESP: http://www.assis.unesp.br) e Doutorando em Ciências Sociais

pela Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília da UNESP (FFC-UNESP: http://

www.marilia.unesp.br). Atualmente, é Professor Assistente junto ao Departamento de Psicologia

Social e Institucional da Universidade Estadual de Londrina (DEPSI-UEL: http://www.uel.br),

Membro Colaborador da Rede de Estudos do Trabalho (RET: http://www.estudosdotrabalho.org),

Pesquisador Assessor da Associação para a Defesa da Saúde no Trabalho (ADESAT: http://

www.adesat.org.br) e Pesquisador dos Grupos de Pesquisa “Estudos da Globalização” (GPEG-

FFC-UNESP/CNPq) e “Trabalho, Educação e Sociedade” (GPTES-UEL/CNPq), atuando nas

áreas temáticas da Psicologia Social do Trabalho, Sociologia do Trabalho, Saúde Mental do

Trabalhador, Subjetividade e Desemprego.

[email protected]

DANIEL PESTANA MOTA

É Graduado em Direito pela Universidade de Marília (UNIMAR: http://www.unimar.br) e Mestre

em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília da Universidade Estadual

Paulista (FFC-UNESP: http://www.marilia.unesp.br). Atualmente, é Advogado Trabalhista,

Assessor Jurídico da Associação para a Defesa da Saúde no Trabalho (ADESAT: http://

www.adesat.org.br) e Membro Colaborador da Rede de Estudos do Trabalho (RET: http://

www.estudosdotrabalho.org), atuando nas áreas de Direito do Trabalho e Processual do

Trabalho, Direito Social e aspectos jurídicos relativos à Saúde do Trabalhador.

[email protected]

EDITH SELIGMANN-SILVA

É Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA: http://www.portal.ufpa.br)

e Especialista em Saúde Pública e Doutora em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP:

http://www.usp.br). Professora e Pesquisadora aposentada pela Universidade de São Paulo

(http://ww.usp.br), atualmente vem desenvolvendo trabalhos com temáticas nos campos da

Saúde Mental do Trabalhador, Psicopatologia do Trabalho, Sociedade, Cultura e Saúde.

FRANCISCO JOSÉ TRILLO PÁRRAGA

É Docente de Derecho del Trabajo y de la Seguridad Social junto ao Departamento de Derecho de

Trabajo y Trabajo Social de Ciudad Real, da Facultad de Derecho y Ciencias Sociales da

Universidad de Castilla La Mancha, na Espanha (FDCS-UCLM: http://fdcs.uclm.es).

[email protected]

GIOVANNI ALVES

É Graduado em Ciências Sociais pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR: http://www.unifor.br),

Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP: http://

www.unicamp.br), Doutor em Ciências Sociais pela UNICAMP e Livre-Docente em Teoria

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Sociológica pela Universidade Estadual Paulista (UNESP: http://www.unesp.br). Atualmente, é

Professor Adjunto na Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília-SP da UNESP (FFC-UNESP:

http://www.marilia.unesp.br), Bolsista Produtividade Nível II pelo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenador Geral da Rede de Estudos do

Trabalho (RET: http://www.estudosdotrabalho.org) e autor de vários livros e artigos na área de

Trabalho, Sindicalismo e Reestruturação Produtiva.

[email protected]

HEILER IVENS DE SOUZA NATALI

É Procurador do Trabalho, atuando junto à Procuradoria do Trabalho do Município de

Londrina-PR – 09ª Região (PRT12: http://http://www.prt9.mpt.gov.br), órgão vinculado à

Procuradoria Geral do Trabalho do Ministério Público do Trabalho do Brasil (PGT-MPT:

http://www.pgt.mpt.gov.br), e Coordenador do Projeto Nacional de Adequação das Condições

de Trabalho em Frigoríficos.

[email protected]

JORGE LUIZ SOUTO MAIOR

É Graduado em Direito pela Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM: http://

www.fdsm.edu.br), Mestre, Doutor e Livre-Docente em Direito pela Universidade de São Paulo

(FD-USP: http://www.direito.usp.br) e Pós-Doutor em Direito pela Université Panthéon-Assas

(Paris II: http://www.u-paris2.fr). Atualmente é Juiz Titular na 3ª Vara do Trabalho de Jundiaí-

SP e Professor Associado Livre-Docente no Departamento de Direito do Trabalho da Faculdade

de Direto da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em

Direito do Trabalho, atuando principalmente nas temáticas do Direito do Trabalho, Processo

do Trabalho, Justiça do Trabalho, Procedimento Sumaríssimo e Cooperativa de Trabalho.

[email protected]

JOSÉ ANTÔNIO RIBEIRO DE OLIVEIRA SILVA

É Juiz do Trabalho, Titular da 2ª Vara do Trabalho de Araraquara-SP, Juiz Convocado na 4ª

Câmara do TRT de Campinas-SP (TRT15: http://http://www.trt15.jus.br) no período de

setembro de 2011 a agosto de 2012, Gestor Regional do Programa de Prevenção de Acidentes do

Trabalho instituído pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST: http://www.tst.gov.br), Mestre

em Direito das Obrigações pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Franca-SP, da

Universidade Estadual Paulista (FCHS-UNESP: http://www.franca.unesp.br), Doutor em Direito

Social pela Facultad de Derecho y Ciencias Sociales da Universidad de Castilla La Mancha, na

Espanha (FDCS-UCLM: http://fdcs.uclm.es), Membro do Conselho Técnico da Revista do

Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Subcomissão de Doutrina Internacional) e Professor

do CAMAT Cursos Jurídicos (CAMAT: http://www.camat.com.br) em Ribeirão Preto (SP).

[email protected]

JOSÉ ROBERTO MONTES HELOANI

É Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP: http://www.usp.br) e em Psicologia

pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP: http://www.pucsp.br), Mestre em

Administração pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP: http://eaesp.fgvsp.br),

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Doutor em Psicologia pela PUC-SP, Pós-Doutor em Comunicação pela USP e Livre-Docente

pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP: http://www.unicamp.br). Atualmente é

Professor Titular na UNICAMP e Professor Conveniado junto à Université de Nanterre (Paris

X: http://www.u-paris10.fr), atuando nas áreas temáticas de Violência no Trabalho (Assédio

Moral e Sexual) e na área da Gestão Pública em Saúde e Educação.

[email protected]

LUIZ SALVADOR

É Advogado Trabalhista e Previdenciarista em Curitiba-PR, Ex-Presidente da Associação Brasileira

de Advogados Trabalhistas (ABRAT:http://www.abrat.adv.br), Presidente da Asociación

Latinoamericana de Abogados Laboralistas (ALAL: http://www.alal.com.br), Representante

Brasileiro no Departamento de Saúde do Trabalhador da Associação Luso-Brasileira de Juristas

do Trabalho (JUTRA: http://www.jutra.org), Assessor Jurídico de entidades de trabalhadores,

Membro Integrante da Comissão de “Juristas” responsável pela elaboração de propostas de

aprimoramento e modernização da legislação trabalhista no Brasil, Membro do Corpo de

Jurados do Tribunal Internacional de Liberdade Sindical (TILS/México), do Tribunal Mundial

de Liberdade Sindical (TMLS/Colômbia) e do Corpo Técnico do Departamento Intersindical de

Assessoria Parlamentar (DIAP: http://www.diap.org.br).

[email protected]

MARGARIDA MARIA SILVEIRA BARRETO

É Graduada em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (BAHIANA: http://

www.bahiana.edu.br), Especialista em Obstetrícia pela Associação Maternidade São Paulo

(Residência Médica), em Homeopatia pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas em

Homeopatia, em Medicina do Trabalho pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de

São Paulo (FCM-Santa Casa: http://www.fcmscsp.edu.br) e em Higiene Industrial pela Faculdade

SENAC de Educação em Saúde (SENAC: http://www.sp.senac.br) e Mestre e Doutora em

Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP: http://www.pucsp.br).

Atualmente é Vice-Coordenadora do Núcleo de Estudos Psicossociais da Dialética Exclusão/

Inclusão Social, do Departamento de Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo (NEXIN-PUC-SP: http://www.pucsp.br) e Professora Convidada da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo, no Curso de Especialização em Medicina do Trabalho,

desenvolvendo as temáticas de Assédio Moral e Violência Moral no Trabalho, Saúde do

Trabalhador e Trabalho e Suicídio.

[email protected]

MARIA ELIZABETH ANTUNES LIMA

É Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG: http://

www.ufmg.br), Mestre em Administração pela UFMG e Doutora em Sociologia do Trabalho

pela Université de Paris Dauphine (Paris IX: http://www.dauphine.fr). Atualmente, é Professora

Associada na Universidade Federal de Minas Gerais, atuando junto ao Laboratório de Estudos,

Pesquisa e Extensão em Psicologia do Trabalho (LABTRAB: http://www.fafich.ufmg.br/labtrab),

e nas áreas de Psicologia do Trabalho, com ênfase em Saúde Mental no Trabalho. Vem

pesquisando as temáticas dos Transtornos Mentais no Trabalho, Segurança no Trabalho, Lesões

por Esforços Repetitivos, Alcoolismo no Trabalho e Ergoterapia.

[email protected]

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OLÍMPIO PAULO FILHO

É Graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR: http://www.ufpr.br), em

Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR: http://www.pucpr.br) e é Pós-

Graduado em Docência do Ensino Superior pela Faculdade “Leocádio José Correia” (http://

falec.br). Atualmente é Assessor Jurídico de entidades de trabalhadores, com atuação centrada

no Direito do Trabalho e Previdenciário.

[email protected]

RENATA PAPARELLI

É Graduada em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP: http://www.ip.usp.br),

Especialista em Saúde do Trabalhador pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do

Município de São Paulo (CEREST-SP), Mestre em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento

Humano pela USP e Doutora em Psicologia Social e do Trabalho pela USP. Atualmente é Professora

e Supervisora de Estágio do Curso de Psicologia da PUC-SP (FP-PUC-SP: http://www.pucsp.br/

psicologia) no campo teórico-prático da Saúde do Trabalhador, atuando também como Perita

Judicial na 77ª Vara do Trabalho de São Paulo-SP. Tem experiência na área de Psicologia, com

ênfase em Saúde do Trabalhador e Psicologia Social do Trabalho.

[email protected]

RICARDO LUIZ COLTRO ANTUNES

Graduado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP:

http:// http://portal.fgv.br), Mestre em Ciência Política pelo Instituto de Filosofia e Ciências

Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-UNICAMP: http://www.unicamp.br),

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP: http://www.usp.br), Visiting Research

Fellow na University pf SUSSEX, na Inglaterra, (US: http://www.sussex.ac.uk), Professor Titular

de Sociologia e Livre-Docente pelo IFCH-UNICAMP. Recebeu o Prêmio Zeferino Vaz da Unicamp

(2003) e a Cátedra Florestan Fernandes da CLACSO (2002). É pesquisador do CNPq. Publicou,

entre outros, os seguintes livros: Adeus ao Trabalho?, 13 ª ed., Ed. Cortez, publicado também na

Itália, Espanha, Argentina, Colômbia e Venezuela; Os Sentidos do Trabalho, Ed. Boitempo, 9ª

edição, Boitempo, publicado também na Argentina e Itália; A Desertificação Neoliberal, Ed.

Autores Associados. 2ª ed.; A Rebeldia do Trabalho, Ed. da UNICAMP, 2ª edição; O Novo

Sindicalismo no Brasil, Ed. Pontes e O que é o Sindicalismo, Ed. Brasiliense. Atualmente coordena

as Coleções Mundo do Trabalho, pela Boitempo Editorial e Trabalho e Emancipação, pela

Editora Expressão Popular. Colabora regularmente em revistas no exterior e no Brasil. Atua

principalmente nos seguintes temas: trabalho, nova morfologia do trabalho, ontologia do ser

social, sindicalismo, reestruturação produtiva e centralidade do trabalho.

[email protected]

SANDRA FOGAÇA ROSA RIBEIRO

É Graduada em Psicologia pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC: http://www.umc.br),

Especialista em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo em Bauru-SP (USP-Bauru: http:/

/www.bauru.usp.br), Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina de Botucatu da

Universidade Estadual Paulista (FMB-UNESP: http://www.fmb.unesp.br) e Doutora em Educação

pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP: http://

www.fe.unicamp.br). Atualmente é Orientadora de Pesquisa pelo CNPq/PIBIC e Docente da

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Universidade do Oeste Paulista em Presidente Prudente-SP (UNOESTE: http://www.unoeste.br),

na Graduação em Psicologia e na Pós-Graduação/Mestrado em Educação. A ênfase da sua

atuação é em saúde mental e trabalho, políticas públicas em educação e saúde.

[email protected]

SANDRO EDUARDO SARDÁ

É Graduado em Direito pelo Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa

Catarina (CCJ-UFSC: http://www.ccj.ufsc.br). Atualmente é Procurador do Trabalho, atuando

junto à Procuradoria do Trabalho do Município de Chapecó-SC – 12ª Região (PRT12: http://

www.prt12.mpt.gov.br), órgão vinculado à Procuradoria Geral do Trabalho do Ministério

Público do Trabalho do Brasil (PGT-MPT: http://www.pgt.mpt.gov.br), e Gerente do Projeto

Nacional de Adequação das Condições de Trabalho em Frigoríficos.

[email protected]

SERGIO AUGUSTO VIZZACCARO-AMARAL

É Licenciado em História pela Faculdade de Ciências e Letras de Assis da Universidade Estadual

Paulista (FCLAs-UNESP: http://www.assis.unesp.br), Mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP: http://www.pucsp.br) e Doutor em Saúde Coletiva

pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-UNICAMP:

http://www.fcm.unicamp.br). Atualmente é Pesquisador do Grupo de Pesquisa “Estudos da

Globalização” do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e do Departamento de

Sociologia e Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista

(GPEG-PPGCS/DSA-FFC-UNESP-Marília-SP/CNPq: http://www.marilia.unesp.br), Membro

Colaborador da Rede de Estudos do Trabalho (RET: http://www.estudosdotrabalho.org) e

Professor de Cursos de Pós-Graduação no Interior de São Paulo e do Paraná, desenvolvendo

trabalhos nas áreas de Saúde Pública e Coletiva, Ciências Sociais, Subjetividade, Filosofia

Contemporânea, Psicologia Institucional, História do Brasil e da Arte, Cidadania e Ética e

Metodologia de Pesquisa.

[email protected]

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Sumário

Apresentação ........................................................................................................................ 13Giovanni Alves

André Luís Vizzaccaro-Amaral

Daniel Pestana Mota

Prefácio ................................................................................................................................. 15Giovanni Alves

André Luís Vizzaccaro-Amaral

Daniel Pestana Mota

Capítulo Introdutório — As formas da alienação e do estranhamento no capitalismo

contemporâneo ..................................................................................................................... 17

Ricardo Antunes (UNICAMP)

SEÇÃO 1

DIMENSÕES SOCIAIS E HUMANAS DO TRABALHO NO SÉCULO XXI

Capítulo 1 — Produção do capital e a degradação da pessoa humana — notas críticas

sobre a barbárie social e a precarização do homem-que-trabalha ..................................... 25

Giovanni Alves (UNESP)

Capítulo 2 — Desejo, “trabalho” e morte: algumas palavras sobre o “homem” ............. 44

Sergio Augusto Vizzaccaro-Amaral (RET)

Capítulo 3 — Trabalho, saúde e estranhamento na primeira década do século XXI ....... 68

André Luís Vizzaccaro-Amaral (UEL)

SEÇÃO 2

SAÚDE E PRECARIZAÇÃO DO HOMEM-QUE-TRABALHA

Capítulo 4 — A precarização contemporânea: a saúde mental no trabalho precarizado .... 87

Edith Seligmann-Silva (USP-Aposentada)

Capítulo 5 — O mundo do trabalho contemporâneo e saúde do homem-que-trabalha ... 112

Margarida Barreto (PUC-SP/FCM-SANTA CASA-SP)

Capítulo 6 — As LER/DORT e as novas formas de precarização do trabalho ................. 125

Maria Elizabeth Antunes Lima (UFMG)

Capítulo 7 — O sofrimento psíquico do trabalhador do SUS frente à morte do usuário

no processo de trabalho interdisciplinar ............................................................................. 140

José Roberto Montes Heloani (UNICAMP)

Sandra Fogaça Rosa Ribeiro (UNOESTE)

Capítulo 8 — Perícias judiciais de saúde mental relacionada ao trabalho: notas sobre o

trabalho precarizado ............................................................................................................. 156

Renata Paparelli (PUC-SP)

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SEÇÃO 3

TRABALHO PRECÁRIO E DIREITO DO TRABALHO NO SÉCULO XXI

Capítulo 9 — O trabalho como instrumento de efetiva dignificação do ser humano ...... 171

Luiz Salvador (Presidente — ALAL/OAB)

Olímpio Paulo Filho (Advocacia Trabalhista e Previdenciária — Curitiba-PR)

Capítulo 10 — Apuntes sobre la dimensión colectiva de la precariedad laboral ............... 199

Francisco José Trillo Parraga (UNIVERSIDAD DE CASTILLA — LA MANCHA — ESPAÑA)

Capítulo 11 — Breves notas sobre a precarização da atividade judicante ......................... 212

Daniel Pestana Mota (ADESAT/RET)

Capítulo 12 — Limitação do tempo de trabalho e proteção à saúde dos trabalhadores:

uma análise dos sistemas jurídicos brasileiro e espanhol .................................................... 217

José Antônio Ribeiro de Oliveira Silva (JUIZ DE DIREITO – TRT15)

Capítulo 13 — Trabalhe trabalhe trabalhe mas não esqueça: vírgulas representam pausas ... 236

Heiler Ivens de Souza Natali (PROCURADOR DO TRABALHO — MPT-09-LONDRINA-PR)

Sandro Eduardo Sardá (PROCURADOR DO TRABALHO — MPT-12-CHAPECÓ-SC)

Capítulo 14 — Mecanismos jurídicos para preservar o direito ao descanso .................... 258

Jorge Luiz Souto Maior (JUIZ DE DIREITO — TRT15/USP)

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Apresentação

Trabalho e Estranhamento: saúde e precarização do homem-que-trabalha é uma

obra coletiva que inicia o processo de consolidação epistêmica do Movimento Fórum

Trabalho e Saúde (MFTS), enquanto manifestação ético-política, de entidades e de

atores sociais, em prol da saúde do trabalhador deste início de século XXI. Este livro

soma-se a outro, bastante caro ao movimento (e que marcou o início de sua dimensão

epistêmica), publicado em 2011 sob o título de Trabalho e Saúde: a precarização do

trabalho e a saúde do trabalhador no século XXI, por esta mesma editora.

O MFTS, por sua vez, resulta das ações coordenadas pela Rede de Estudos do

Trabalho (RET: <http://www.estudosdotrabalho.org>), um amplo coletivo

dedicado ao Mundo do Trabalho, como um todo, formado por entidades, grupos

de pesquisa, pesquisadores e atores sociais diversos, tendo à sua frente o Grupo de

Pesquisa “Estudos da Globalização”, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências Sociais e ao Departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade de

Filosofia e Ciências de Marília-SP, da Universidade Estadual Paulista (GPEG-PGCS/

DSA-FFC-UNESP-Marília-SP/CNPq).

Esta obra reúne e amplia as discussões realizadas ao longo do III FÓRUM

TRABALHO E SAÚDE: SAÚDE E PRECARIZAÇÃO DO HOMEM QUE

TRABALHA (3FTS2011), promovido pela RET em parceria com a Associação para

a Defesa da Saúde no Trabalho (ADESAT: <http://www.adesat.org.br>) e com a

Universidade Estadual de Londrina (UEL: <http://www.uel.br>), ocorrido entre

os dias 10 e 11 de agosto de 2011 no Campus da UEL, em Londrina-PR, e que contou

com o importante apoio de entidades locais, regionais, nacionais e internacionais.

Dentre os parceiros institucionais, o 3FTS2011 recebeu o importante apoio de

entidades internacionais como a Asociación Latinoamericana de Abogados

Laboralistas (ALAL) e o Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde

em Saúde Ocupacional (OMS). No cenário nacional, o evento foi contemplado com

recursos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), além do reiterado

apoio da Fundação “Jorge Duprat Figueiredo” de Segurança e Medicina do Trabalho

(FUNDACENTRO), vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego do Governo

Federal (MTE/Governo Federal), e da Associação Nacional dos Procuradores do

Trabalho (ANPT), pelo segundo ano consecutivo. Na esfera regional, contou com o

fomento da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e

Tecnológico do Paraná (FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA), vinculada à Secretaria da

Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Governo do Estado do Paraná (SETI/

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ), e teve o apoio e a colaboração da

Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 9ª Região (AMATRA IX), da

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Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (EJ-TRT-09) e da

Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado do Paraná

(FTIA-PR). No âmbito local, contou, ainda, com a parceria, o apoio e a colaboração

do Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e Social (ITEDES), da

Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual de Londrina (PROEX-UEL), do

Departamento de Psicologia Social e Institucional do Centro de Ciências Biológicas

da Universidade Estadual de Londrina (PSI-CCB-UEL), da ELO Consultoria —

Empresa Júnior de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina (ELO

CONSULTORIA-UEL) e do Curso de Especialização em Psicologia Organizacional

e do Trabalho, vinculado ao Centro de Ciências Biológicas e à Pró-Reitoria de Pesquisa

e Pós-Graduação da Universidade Estadual de Londrina (PÓS-POT-PROPPG-UEL).

Por ser o resultado ampliado das discussões realizadas no 3FTS2011, e fruto

dos esforços do MFTS e da RET, este livro, ora apresentado, aliado à obra anterior,

representa um segundo registro documental e o início de um processo de consolidação

de um Coletivo que, desde 2009, efetivamente, preocupa-se em reunir diferentes

perspectivas multidisciplinares em torno do eixo temático “trabalho-saúde”.

Giovanni Alves

André Luís Vizzaccaro-Amaral

Daniel Pestana Mota

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Prefácio

O fim da primeira década do século XXI instiga-nos a uma reflexão mais

cuidadosa acerca dos rumos que o mundo do Trabalho tomará num futuro próximo,

sobretudo após a emergência de um cenário de instabilidade econômica, política e

social, de amplitude generalizada, que se agravou no final dos anos 2000.

O livro Trabalho e Estranhamento: saúde e precarização do homem-que-trabalha

dá continuidade ao esforço do Movimento Fórum Trabalho e Saúde (MFTS) de

resgatar o Trabalho como categoria central na ontologia do ser social e na análise

crítica da sociedade contemporânea. Nesta oportunidade, o Trabalho é pensado

numa relação direta com uma importante chave conceitual do pensamento

marxiano: o Estranhamento. Enquanto processo que se descobriu distinto da

alienação, o Estranhamento ocupa, nesta obra, papel de destaque na compreensão

da relação do trabalho com a saúde do homem-que-trabalha.

No Capítulo Introdutório, Ricardo Antunes (Universidade Estadual de

Campinas) aborda o conceito de Trabalho Estranhado para tratar das formas da

alienação e do estranhamento no capitalismo contemporâneo, construindo, com isso,

as bases elementares sobre as quais o livro, posteriormente, sustenta-se.

Tal como no livro anterior, esta obra se dividiu em três seções, no intuito de

congregar três grandes áreas do conhecimento em torno, nesta oportunidade, do

eixo temático trabalho-estranhamento, em sua relação com a saúde do homem-

-que-trabalha: (1) ciências humanas e sociais; (2) ciências da saúde; e (3) ciências

jurídicas.

Na primeira seção, Giovanni Alves (Universidade Estadual Paulista), Sergio

Augusto Vizzaccaro-Amaral (Grupo de Pesquisa “Estudos da Globalização”, da

Universidade Estadual Paulista) e André Luís Vizzaccaro-Amaral (Universidade

Estadual de Londrina), tratam das dimensões humanas e sociais do trabalho no

século XXI, promovendo, por vezes, aproximações das ciências sociais e humanas

com a filosofia e, ao final, com as ciências da saúde.

A seção seguinte analisa a relação entre a saúde e a precarização do homem-

que-trabalha e é introduzida por Edith Seligmann-Silva (Universidade de São Paulo),

que analisa a precarização contemporânea e a saúde mental no trabalho precarizado.

Em seguida, Margarida Barreto (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo), Maria Elizabeth Antunes

Lima (Universidade Federal de Minas Gerais), José Roberto Montes Heloani

(Universidade Estadual de Campinas e Fundação Getúlio Vargas de São Paulo), em

parceria com Sandra Fogaça Rosa Ribeiro (Universidade do Oeste Paulista), e Renata

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Paparelli (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) abordam a relação entre

Trabalho e Saúde, em suas dimensões físicas e mentais, aproximando o campo das

ciências da saúde com o das ciências jurídicas no final.

A terceira e última seção é introduzida por Luiz Salvador (Asociación

Latinoamericana de Abogados Laboralistas), em parceria com Olímpio Paulo Filho

(Advocacia Trabalhista e Previdenciária), e complementada por Francisco José Trillo

Parraga (Universidade de Castilla — La Mancha, España), Daniel Pestana Mota

(Advocacia Trabalhista e Associação para a Defesa da Saúde no Trabalho), José

Antônio Ribeiro de Oliveira (Juiz de Direito, TRT-15), Sandro Eduardo Sardá

(Procurador do Trabalho, MPT-12), em parceria com Heiler Ivens de Souza Natali

(Procurador do Trabalho, MPT-09), e Jorge Luiz Souto Maior (Juiz de Direito, TRT-

15, e Universidade de São Paulo), analisando a relação entre o trabalho precário do

início do século XXI e o campo do direito trabalhista, por meio da discussão de seus

efeitos para a saúde do trabalhador.

A multidisciplinaridade presente nesta obra, que se produziu coletivamente a

partir dos esforços de importantes protagonistas e de novos pesquisadores e atores

sociais envolvidos com a temática do “trabalho e saúde”, reflete a multidimensiona-

lidade do Trabalho para uma sociedade que a partir dele se constituiu, se organiza e

se desenvolve.

Giovanni Alves

André Luís Vizzaccaro-Amaral

Daniel Pestana Mota

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AS FORMAS DA ALIENAÇÃO E DO ESTRANHAMENTONO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO

Ricardo Antunes

Ao pensar nesse tema proposto, para esboçar uma sistematização acerca desta

problemática, ocorreu-me fazer algumas indicações que me parecem decisivas hoje,

se queremos entender o problema da alienação.

Uma contribuição decisiva de Marx é a constatação de que o trabalho, no

capitalismo, acaba assumindo a forma de trabalho alienado ou estranhado. Vou

deixar aqui o debate entre as similitudes e diferenças entre Entäusserung e

Entfremdung em Marx, frequentemente (e erroneamente) traduzidos como

sinônimos. (Ver Mészáros, 2006; Ranieri, 2001; e Antunes, 2010 e 2012.)

Erro que cometeram grande parte das traduções francesas, inglesas, com

algumas exceções importantes em língua italiana e também no espanhol. Felizmente

para nós, as traduções mais recentes têm procurado tratar dessa disjuntiva e dessa

polêmica de modo mais preciso.

Pretendo realizar, aqui, um recorte bastante didático, de modo a atender a

proposta multidisciplinar do livro, que congrega autores e leitores de áreas bastante

diversificadas, e a introduzir a temática geral que será discutida nas seções seguintes.

O trabalho é estranhado para Marx na medida em que o estranhamento expressa

a dimensão de negatividade sempre presente do processo de produção capitalista,

onde o produto do trabalho não pertence ao seu criador. Essa é, para Marx, a primeira

expressão do estranhamento. (Marx, 2004. Ver também, Marx, 1978.)

O segundo (uma vez que são quatro) momento constitutivo do processo de

estranhamento — ou alienação — em Marx é: o trabalho que não se reconhece no

produto do seu trabalho, e que dele não se apropria, é um trabalho que não se

reconhece no próprio processo laborativo em que ele se realiza. Ele não se realiza,

mas ele se estranha, se fetichiza no próprio processo de trabalho.

Isso leva ao terceiro momento: o ser social que trabalha não se reconhece

enquanto individualidade nesse ato central da sua vida, e isto leva à quarta dimensão

Capítulo introdutório

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ou quarto momento constitutivo da alienação/estranhamento do trabalho: quem

não se reconhece como indivíduo não se vê como parte constitutiva do gênero

humano.

Essa, digamos de modo muito sintético e breve, é a formulação presente nos

Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844. Não posso, aqui, me alongar nesse

desenho introdutório, para não comprometer minha exposição.

E em O Capital, nas várias partes em que Marx trata do fetichismo da mercadoria

(Marx, 1971) e do problema da reificação ou da coisificação, na sua concretude no

mundo fabril, o problema do estranhamento ganha ainda muito mais densidade do

que na obra de 1844, que é uma primeira incursão sobre a temática. Vale reiterar: os

Manuscritos Econômico-Filosóficos são a primeira incursão de Marx na economia

política, ainda muito preliminar e bastante filosófico. Marx era um filósofo que estava

rompendo com a tradição alemã da qual era herdeiro, o hegelianismo de esquerda.

É este o verdadeiro momento de ruptura em Marx e não outro. Ele faz essa

ruptura, essa crítica ontológica, quando salta do idealismo hegeliano para o

materialismo histórico e para construção de seu projeto dialético. O que se efetiva

quando ele elabora a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel — em fins de 1843 e

começos de 44 — e escreve um texto magistral chamado a Introdução.

Desde o final de 1843 e começos de 1844, Marx começa a empreender a sua

formulação com os adensamentos ontológicos materialistas que desenvolveu ao longo

de sua obra. Porque este — a Introdução — é um texto de nascimento e não de

consolidação da sua nova concepção. Nele, por exemplo, não há ainda a teoria da

mais-valia...

Nesse texto de 1843/44, Marx não havia sequer desenvolvido sua teoria da

alienação, que aparecerá nos Manuscritos de 1844, mas só uma preliminar menção

dela, bem como tudo o que veio depois na construção marxiana, frequentemente

com apoio decisivo de Engels. (Uma nota adicional: se a estatura de ambos é desigual,

isso não é um demérito ao Engels, mas é um reconhecimento do caráter magistral da

obra de Marx). A contribuição engelsiana foi, entretanto, decisiva. Bastaria citar

aqui dois textos que tiveram um papel central: o Esboço da Crítica da Economia

Política, texto que Marx lê muito cedo, quando ainda não tinha se dado conta da

dimensão fundante da economia política, mas estava começando, pela sua atividade

jornalística, a tratar dessa questão ao refletir sobre temas como roubo de lenha, a

greve dos operários da Silésia, a questão da habitação etc., temas que remetiam à

esfera da economia política.

E o texto A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra — recentemente

republicado em nossa coleção Mundo do Trabalho (Boitempo), numa edição sob os

cuidados de José Paulo Netto, Engels demonstrou concretamente quem era o

proletariado que Marx ainda tratava num plano muito filosófico e abstrato (como

na Introdução de 1844).

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Muito bem, se assim era na sociedade do século XIX, no século XX ela não só

manteve as alienações típicas do século anterior, mas elas se intensificaram e se

complexificaram. Isso porque o capitalismo não é um sistema paralisado e linear.

E o século XX foi marcado por um duplo processo de alienação/estranhamento;

ainda que mantenha essencialmente os seus traços ontológicos fundamentais já

resumidamente indicados, há novas particularidades e singularidades na forma de

ser da alienação contemporânea.

Quais foram os dois modos de ser dessa alienação/estranhamento no século

XX? E nos inícios do século XXI?

Iniciemos pelo binômio taylorismo/fordismo, forma pela qual o capitalismo

se desenvolveu ao longo de todo o século XX. Quem lê com cuidado os capítulos de

O Capital, quando Marx se refere à transição da manufatura para a grande indústria,

verá que o taylorismo e o fordismo têm muito mais elementos de continuidade do

que de descontinuidade em relação à grande indústria do século XIX.

Vivenciávamos um processo, para usar uma expressão de Lukács, de

“desantropomorfização do trabalho”, que é muito acentuado desde os inícios da

Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, e depois se consolida ao longo do

século XX.

O que tipificaria a alienação ou o estranhamento do trabalho na sociedade

capitalista do século XX moldada pela indústria tayloriano/fordista?

O magistral Tempos Modernos, de Chaplin, é a expressão, no plano fílmico,

mais genial deste complexo. Mas eu poderia lembrar também dois grandes autores

que deram fotografias muito felizes dessa processualidade.

O primeiro deles é Lukács, num livro marcante, publicado em 1923, em que

há um capítulo chamado A Coisificação e a Consciência do Proletariado, que antecipa

teses que estavam nos então desconhecidos Manuscritos Econômico-Filosóficos, de

Marx, de 1844, livro que, entretanto, só foi publicado em 1932. Aliás, vale lembrar,

muitos dos textos de juventude de Marx foram publicados com a participação de

Lukács, que estava na União Soviética, exilado, no início dos anos 1930 e fora

chamado por Riazanov para participar desse processo de organização e publicação

das obras originais do filósofo alemão.

E o outro grande autor que percebeu com uma astúcia excepcional os modos de

ser do trabalho taylorista/fordista e suas repercussões na subjetividade do trabalho,

foi Antônio Gramsci. No ensaio Americanismo e fordismo mostrará que o taylorismo

e o fordismo, ou o “americanismo”, como denominava Gramsci, criava uma

concepção do homem integral para o capital.

Fundamentalmente, o trabalho tayloriano-fordista, embora seja um trabalho

relativamente regulamentado, relativamente formalizado — tem todo o capítulo

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das lutas sociais do trabalho, exigindo a regularização, a formalização do trabalho,

os direitos do trabalhador, a redução e a regulamentação da jornada de trabalho, o

descanso semanal, tudo aquilo que as lutas operárias dos séculos XIX e XX, como os

levantes de 1848, a Comuna de Paris em 1871, 1848, as revoluções socialistas do

século XX etc, que aqui não podemos desenvolver. Apesar dessa regulamentação do

trabalho, tratava-se de um trabalho maquinal, parcelar, fragmentado, fetichizado,

coisificado e alienado. Este é o trabalho que Chaplin genialmente caricatura.

Lukács escreveu em História e Consciência de Classe que a fragmentação taylorista

do trabalho penetrava até a “alma do trabalhador”, dando os contornos mais gerais

do complexo da coisificação e do estranhamento, numa complexa articulação entre

o mundo da materialidade e o mundo da subjetividade operária.

Gramsci desenvolveu a ideia do homem integral para o capital, através do controle

até da sexualidade dos trabalhadores na fábrica moderna e a projeção, dessa forma,

da dominação que nasce na fábrica e se amplia para sociedade. A Classe Operária vai

ao Paraíso, de Elio Petri, também fotografa muito bem isso no contexto do “outono

quente” das lutas de classe na Itália dos anos 1969-70.

Não é por acaso que Taylor dizia que os trabalhadores seriam uma espécie de

“gorilas amestrados”. Ou seja, operava uma certa desconsideração do intelecto, da

subjetividade do trabalho. O trabalhador era considerado quase como “um animal”,

ainda que “dócil” (o gorila educado, de Taylor). Mas o trabalho taylorista-fordista,

o trabalho capitalista da era da indústria do automóvel e dos seus prolongamentos

ao longo de todo o século XX, era um trabalho marcado por uma alienação/

estranhamento, por esse caráter parcelar, fragmentado, da indústria seriada, da

produção em série.

No binômio taylorismo/fordismo, a concepção e a elaboração são

responsabilidade da gerência científica; a execução (manual) é responsabilidade dos

trabalhadores. Marx dizia no século XIX (e isso se manteve no taylorismo), que a

fábrica só pode funcionar com um exército de feitores controlando o trabalho, num

despotismo fabril acentuado.

Por isso, o século XX se caracterizou como uma variante da sociedade do trabalho

alienado, típico da era taylorista-fordista.

Mas a partir do final do século XX, especialmente a partir dos anos 1970/80, o

mundo capitalista sofre mutações no seu interior. É evidente que o mundo da empresa

flexível, como diz o capital, ou o mundo da acumulação liofilizada, o mundo da

empresa capitalista não alterou a forma de ser do capital, mas alterou, em muitos

pontos, os mecanismos do padrão de acumulação do capital. E isso teve consequências

na própria subjetividade, nas distintas manifestações do fenômeno da alienação e

do estranhamento. Até porque a alienação e o estranhamento não podem jamais ser

reduzidos ao mundo da economia.

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Quem conhece uma fábrica no modelo taylorista-fordista e vê uma fábrica

hoje, percebe que a diferença é visível no seu desenho espacial, no espaço do trabalho,

na organização sociotécnica e de controle do trabalho. Não tem mais as divisórias.

Não tem mais o restaurante do “peão” e o restaurante da gerência. Ela é aparentemente

mais “participativa”, aparentemente mais envolvente e só aparentemente menos

despótica.

Em contrapartida, o trabalho é mais desregulamentado, mais informalizado,

mais precarizado, mais intensificado, mais “polivalente”, mais “multifuncional”,

seguindo critérios de “metas”, “competências” etc. É feito em equipe, em que a

competição é terrível entre os trabalhadores e as trabalhadoras. O toyotismo só

pode viver — e as formas distintas de empresa flexível — com base no envolvimento,

na expropriação do intelecto do trabalho. Então certamente o Taiichi Ohno

(engenheiro fundador desse receituário no Japão) não concordaria com a máxima

do Taylor de que o trabalhador é só um “gorila amestrado”.

Isso configura uma alienação que é mais interiorizada. O trabalhador e a

trabalhadora têm que se envolver no ideário e na pragmática da empresa. Eles

passam a ser definidos como “colaboradores ou colaboradoras”, “consultores” etc.

A alienação/estranhamento é aparentemente — atenção!, aparentemente —

menos despótica, mas intensamente mais interiorizada. Acentua-se o processo do

que Marx denominou como personificações do capital. Porque é assim que o toyotismo

pode procurar “envolver” ainda mais a classe trabalhadora e suas engrenagens

perversas da alienação e do estranhamento. E para que ocorra o “envolvimento”,

tem que fazer algumas concessões, senão não há base para o envolvimento.

Na fábrica taylorista e fordista tradicional, portanto, o despotismo é explicito.

Na planta flexível, eu usei no livro Adeus ao Trabalho? a seguinte fórmula: as empresas

querem converter os trabalhadores em déspotas de si mesmos!

Estamos longe da apologética do capital, ao afirmar que o mundo produtivo

eliminou a alienação/estranhamento, tese que não se sustenta. Nós temos, então,

que compreender essas formas mais interiorizadas e mais complexificadas da

alienação e do estranhamento. É o que venho procurando desenvolver em minhas

pesquisas em seu estágio atual.

BIBLIOGRAFIA

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DIMENSÕES SOCIAIS E HUMANASDO TRABALHO NO SÉCULO XXI

Seção 1

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Capítulo 1

PRODUÇÃO DO CAPITAL E A DEGRADAÇÃODA PESSOA HUMANA — NOTAS CRÍTICAS SOBRE

A BARBÁRIE SOCIAL E A PRECARIZAÇÃODO HOMEM-QUE-TRABALHA

Giovanni Alves

Nosso objetivo é apresentar algumas notas críticas sobre a nova forma de

produção do capital e seus impactos sociometabólicos. Trata-se de apreender na

perspectiva dialética as características essenciais do mundo social do capital nas

condições históricas do capitalismo global em sua etapa de crise estrutural. É

importante situar o significado candente dos fenômenos sociais da precarização do

homem-que-trabalha no bojo do movimento contraditório do capital em processo.

Num primeiro momento, iremos expor o conceito de maquinofatura, categoria

social capaz de explicar a vigência do espírito do toyotismo nas práticas

sociometabólicas do capital e a predominância do sociometabolismo da barbárie

explicitado no processo de precarização do homem-que-trabalha. A degradação da

pessoa humana — elemento categorial que buscamos resgatar numa perspectiva

radical — tornou-se hoje, em pleno século XXI, um traço essencial da dinâmica

sociometabólica do capital(1).

Ao tratar da produção da mais-valia relativa no capítulo 13 da Seção IV do

livro I de O Capital, Karl Marx nos apresenta as formas sociais da produção do

capital: manufatura e grande indústria. Podemos considerá-las formas sócio-

-históricas no interior das quais se desenvolve o modo de produção capitalista.

Entretanto, manufatura e grande indústria não são apenas categorias críticas da

economia política do capital, mas categorias sociológicas que implicam um determinado

modo de controle sociometabólico, que emerge com a civilização do capital.

(1) Este ensaio é uma versão adaptada do texto intitulado “Maquinofatura – breve nota teórica sobre a

nova forma de produção do capital na era do capitalismo manipulatório”, publicado no livro Trabalho e

sociabilidade — Perspectivas do capitalismo global. Bauru: Praxis, 2012.

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A cada forma social de produção do capital exposta por Karl Marx corresponde

um modo de subsunção da força de trabalho ao capital adequado ao modo de produção

de mais-valia propriamente dito, que, por conseguinte, diz respeito a uma determinada

dialética histórica do metabolismo social. Enquanto a subsunção formal do trabalho

ao capital corresponde à manufatura, a subsunção real do trabalho ao capital

corresponde à grande indústria. É com a grande indústria que emerge o modo de

produção capitalista propriamente dito.

Para ir além da mera crítica da economia política, desvelando, em seu interior,

as dimensões sociológicas propriamente ditas do movimento do capital, deve-se

apreender, em suas múltiplas determinações, o padrão sociometabólico que diz

respeito a cada modo de produção de mais-valia ou modo de subsunção da força de

trabalho ao capital.

A lógica histórica de Marx exposta em O Capital é uma lógica dialética, o que

significa que o desenvolvimento das formas sociais no interior das quais ocorre a

produção do capital não é meramente linear e contínua. O que Marx expõe na Seção

IV de O Capital não são apenas etapas da produção do capital, onde, por exemplo,

a grande indústria se seguiria à manufatura de forma literalmente contínua e

consecutiva. Sob a grande indústria, embora a manufatura não esteja mais posta

como forma predominante da produção social do capital, ela está pressuposta —

como pressuposto negado. A rigor, no plano lógico (e ontológico), a grande indústria

contém a manufatura como pressuposto negado. Ou ainda: a grande indústria

conserva a manufatura num patamar superior.

Deste modo, Marx utiliza, na Seção IV do Livro 1 de O Capital, um conjun-

to de pares dialéticos que explicam o desenvolvimento histórico da civilização

do capital. Por exemplo, mais-valia absoluta e mais-valia relativa; subsunção

formal e subsunção real do trabalho ao capital; manufatura e grande indústria.

Enquanto pares dialéticos, eles incorporam, em seu movimento, a lógica catego-

rial das determinações reflexivas da sintaxe dialética posição e pressuposição

(Fausto, 1989).

Portanto, podemos apreender, no plano da essência, o movimento contra-

ditório da produção do capital a partir das categorias de modo de produção

capitalista e formas históricas de produção social do capital, constituída pela

manufatura, grande indústria e — como iremos sugerir — maquinofatura, com

seus respectivos modos de controle do metabolismo social. Tratar dos modos de

controle do metabolismo social significa investigar, por um lado, as relações sociais

de produção do homem com a Natureza, isto é, do homem com outros homens

e do homem consigo mesmo; e, por outro lado, investigar a relação do homem

com a técnica como elemento mediador ineliminável desta relação homem-na-

tureza.

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1. TRABALHO COMO METABOLISMO SOCIAL

Diz Marx, logo no início do capítulo 13 do livro I de O Capital:

“O revolucionamento do modo de produção toma, na manufatura, como

ponto de partida a força de trabalho; na grande indústria, o meio de

trabalho.” (Marx, 1996)

Nesta pequena e interessante passagem, Marx salienta os “pontos de partida”

dos revolucionamentos do modo de produção capitalista. Trata-se de uma colocação

ontológica da forma de ser da produção social do capital. Como Marx e Engels

salientaram no Manifesto Comunista, de 1848, o modo de produção capitalista é

caracterizado pelo constante revolucionamento das condições de produção social

que, por conseguinte, revoluciona a sociedade. Dizem eles: “A burguesia não pode

existir sem revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por

conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais.” (Marx e

Engels, 1998)

A ânsia de revolucionar o modo de produção do capital é um traço ontogené-

tico da burguesia como classe social. Como os próprios autores observam, numa

passagem anterior, “a própria burguesia é o produto de um longo processo de de-

senvolvimento, de uma série de transformações no modo de produção e de circula-

ção.” Ou ainda: “A burguesia desempenhou na História um papel iminentemente

revolucionário.” (Marx e Engels, 1998)

A burguesia como persona do capital revoluciona o modo de produção e de

circulação, isto é, “os instrumentos de produção, e por conseguinte, as relações de

produção e, com isso, todas as relações sociais.”. Ao dizer “todas as relações sociais”,

Marx e Engels salientam que o revolucionamento do modo de produção capitalista

significa revolucionar a totalidade social, isto é, o modo de controle do metabolismo

social.

Deste modo, as categorias manufatura e grande indústria não implicam apenas

o revolucionamento do modo de produção de mercadorias propriamente dito, mas

sim o revolucionamento do modo de controle do metabolismo social. O que significa

que têm um caráter radicalmente sociológico na medida em que, ao revolucionar o

modo de produção propriamente dito, o capital revoluciona também as relações

sociais do homem com a Natureza — tanto natureza como natura naturans

(“natureza criando”, natureza como atividade vital dos homens mediada pelas

relações sociais do homem com outros homens e do homem consigo mesmo); ou

natureza como natura naturata (“natureza criada”, natureza como “corpo inorgânico

do homem”, como diria Marx).

Noutros termos, diríamos que, ao revolucionar o modo de produção

propriamente dito, o capital revoluciona o processo de trabalho, que, como observa

Marx no capítulo 5 da Seção III do livro 1 de O Capital, é “um processo entre o

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homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media,

regula e controla seu metabolismo com a Natureza.”. Nesse caso, Natureza é, para Marx,

matéria natural como uma força natural. A própria corporalidade, braços e pernas,

cabeça e mão do homem — isto é, o homem em si e para si — pertencem às forças

naturais que o homem tem que pôr em movimento a fim de apropriar-se da matéria

natural numa forma útil para sua própria vida. Nos Manuscritos de 1844, Marx observou:

“O homem vive da natureza, significa: a natureza é o seu corpo, com o qual tem que

permanecer em constante processo para não morrer. Que a vida fisica e mental do homem

está interligada com a natureza não tem outro sentido senão que a natureza está

interligada consigo mesma, pois o homem é uma parte da natureza.” (Marx, 2004).

Portanto, ao dizer que o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza,

Marx quer nos dizer que o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza

externa a ele como matéria natural, isto é, o objeto e seus meios de trabalho; e entre

o homem e a Natureza interna a ele, a natureza que o constitui como homem — sua

vida física e mental que permitem que ele exerça uma atividade orientada a um fim;

tendo em vista que o homem é um animal social, a vida física e mental do homem

implica, por conseguinte, um processo metabólico entre o homem e si mesmo, isto é,

o homem e outros homens e o homem consigo mesmo (o que expõe, deste modo, o

caráter sociometabólico do trabalho como atividade vital).

Na medida em que a vida física e mental do homem-que-trabalha está

interligada com a Natureza externa e interna — tal como a descrevemos antes — o

revolucionamento das formas de produção social, isto é, formas de produção de

mais-valia, significam também o revolucionamento radical das instâncias de

reprodução social. Em O Capital, Marx diz: “Ao atuar, por meio desse movimento

sobre a Natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua

própria natureza [o jovem Marx diria: “sua vida física e mental”— Giovanni Alves.

Ele desenvolve as potências nela adormecidas e sujeita o jogo de suas forças a seu

próprio dominio.” (Marx, 2004)

Deste modo, a categoria de trabalho não diz respeito apenas à produção

propriamente dita, isto é, o local da exploração ou produção de mais-valia — o

local de trabalho propriamente dito. Ela implica a própria atividade vital ou processo

entre o homem e a Natureza — 1) matéria natural que ele se apropria para dar-lhe

uma forma útil para sua própria vida e a 2) sua própria vida física e mental

(corporalidade, braços e pernas, cabeça e mãos), elementos postos não apenas no

interior do território da produção propriamente dita (por exemplo, a fábrica, a

loja ou o escritório), mas também nas instâncias da reprodução social.

O trabalho como um processo metabólico entre o homem e a Natureza implica

regulação e controle social historicamente determinados. O modo de produção

capitalista é um modo de organização do processo de trabalho, isto é, um modo de

regulação e controle social deste processo metabólico entre o homem e a Natureza

caracterizado pelo trabalho alienado/estranhado [Entfremdung Arbeit].