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Saúde Mental
Germano BonowDeputado Federal / RS
Câmara dos Deputados - Anexo IV - Gab. 605Brasília/DF - CEP 70160-900 [email protected] (61)3215.5605 / Fax (61)3215.2605
.
Um detento branco, na casa dos seus 20 e poucos anos, estava esperando próximo à abertura da cela 11.
“Eu não pertenço à este lugar”, declarou, assim que o Dr. Poitier chegou.
“Você está com pensamentos suicidas?”
“Não”, respondeu ele, soando insultado. “Estou lhe dizendo, houve um engano.”
“O senhor está tomando a medicação para transtorno mental?”
“Estou.”
O detento despejou os nomes de seis drogas antipsicóticas.
“Por que você foi preso?”
“Eu aprontei uma briga numa loja, disseram que eu estava roubando roupas, mas o meu amigo ia pagar por elas. Ele só tinha se atrasado para chegar.”
“Seu amigo...”
“O presidente Bush. Ele ia pagar as minhas roupas, mas se atrasou em algum lugar. Você sabe que ele é ocupado.”
.
Isso consta no livro Loucura – A busca de um pai no insano sistema de saúde, do jornalista Pete Early, publicado em língua portuguesa pela Artmed em 2009, cuja edição, em inglês, é de 2006.
Se, em 1903, havia 144 mil pacientes hospitalizados, em 1955, esse número iria para 560 mil, e esperava-se que no ano de 2000 seriam 930 mil. Hoje há apenas 55 mil pessoas hospitalizadas.
E ele continua:
Onde estão os outros? Mais de 300 mil estão em cadeias e penitenciárias. Outro meio milhão está sob suspensão condicional da pena.
A maior instituição pública de saúde mental dos Estados Unidos não é um hospital, mas a penitenciária do distrito de Los Angeles, que, em dia normal, abriga 3 mil detentos com transtornos mentais.
Projeto de Lei Nº 3.657, de 1989(Do Sr. Paulo Delgado)
Dispõe sobre a extinção progressiva dos manicômios e sua substituição por outros recursos assistenciais e regulamenta a internação psiquiátrica compulsória.
JUSTIFICATIVA
No Brasil, os efeitos danosos da política de privatização
paroxística da saúde, nos anos 60 e 70, incidiram violentamente sobre a saúde
mental, criando um parque manicomial de quase 100 mil leitos remunerados pelo
setor público, além de cerca de 20 mil leitos estatais.
Leitos psiquiátricos SUS por ano(2002 – outubro de 2008)
Ano Leitos/HP
2002 51.393
2003 48.303
2004 45.814
2005 42.076
2006 39.567
2007 37.988
2008* 36.797* Outubro de 2008. Fontes: Em 2002-2003,
SIH/SUS.
A partir de 2004, PRH/CNES.
.
Portaria nº 336/GM - 19 de fevereiro de 2002
O Ministro da Saúde, no uso de suas atribuições legais:
Considerando a necessidade de atualização das normas constantes da Portaria MS/SAS nº 224, de 29/01/1992, resolve:
Art. 1º Estabelecer que os Centros de Atenção Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I,CAPS II e CAPS III, definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional,conforme o disposto nesta Portaria;
§ 1º As três modalidades de serviço cumprem a mesma função no atendimento público em saúde mental, distinguindo-se pelas características descritas no Artigo 3º desta Portaria, e deverão estar capacitadas para realizar prioritariamente o atendimento de pacientes com transtornos mentais severos e persistentes em sua área territorial, em regime de tratamento intensivo, semi-intensivos e não-intensivo, conforme definido adiante.
§ 2º Os CAPS deverão constituir-se em serviço ambulatorial de atenção diária que funcione segundo a lógica do território.
Cobertura de CAPS
UF População CAPS I CAPS II CAPS III CAPS i CAPS ad Total Indicador
CAPS / 100.000
hab.
Brasil 189.612.814 603 372 39 94 182 1290 0.53
Fontes: Área Técnica de Saúde Mental / MS, IBGE – estimativa populacional 2008
CAPS I CAPS II CAPS III CAPS i II CAPS a/d II
POPULAÇÃO 20.000 a 70.000
70.000 a 200.000 >200.000 Cerca de 200.000 ou outro
parâmetro definido pelo
gestor
>70.000
TURNO 2 turnos/
8h às 18h
5 dias úteis
2 turnos/
8h às 18h
5 dias úteis
3° turno até 21h
24h/dia, incluindo
feriados e finais de semana
2 turnos/
8h às 18h
5 dias úteis
3° turno até 21h
2 turnos/
8h às 18h
5 dias úteis
3° turno até 21h
RH 1 médico com formação em saúde mental
(SM);
1 enfermeiro;
3 profissionais de nível
superior (NS);
4 profissionais de nível médio
(NM).
1 psiquiatra;
1 enfermeiro com formação
em SM;
4 profissionais de NS;
6 profissionais de NM.
2 psiquiatras;
1 enfermeiro formação em
SM;
5 profissionais de NS;
8 profissionais de NM.
Atendimento diário: 1
psiquiatra, neurologista ou
pediatra com formação em
SM;
1 enfermeiro com formação
em SM;
4 profissionais de NS;
5 profissionais de NM.
1 psiquiatra;
1 enfermeiro com formação em SM;
1 médico clínico que faz a triagem,
avaliação e acompanhamento
das intercorrências
clínicas;
4 profissionais de NS;
6 profissionais de NM.
Beneficiários do programa “De Volta para Casa”(31 de janeiro de 2009)
UF Beneficiários
AL 21
BA 100
CE 13
DF 186
ES 35
GO 17
MA 63
MG 424
MT 57
PA 1
UF Beneficiários
PB 71
PE 92
PI 20
PR 174
RJ 692
RN 5
RS 187
SC 32
SE 92
SP 924
TOTAL: 3206
Fonte: Área Técnica de Saúde Mental
Centros de convivência e cultura em funcionamento (2007)
UNIDADE
DA FEDERAÇÃO
CENTROS DE CONVIVÊNCIA IMPLANTADOS
ESPÍRITO SANTO 1
MINAS GERAIS 14
PARAÍBA 2
PARANÁ 2
RIO DE JANEIRO 2
SÃO PAULO 30
TOTAL 51
Fonte: Área Técnica de Saúde Mental
Concentração de leitos psiquiátricos e leitos / 1000 habitantes por UF
(outubro de 2008)
Ranking leitos / 1000 hab.
UF PopulaçãoLeitos SUS
1 RJ 15.872.362 6.711
2 PE 8.734.194 2.727
3 SP 41.011.635 12.147
4 AL 3.127.557 880
5 RN 3.106.430 747
6 PR 10.590.169 2.400
7 GO 5.844.996 1.166
8 PB 3.742.606 699
9 ES 3.453.648 565
10 SE 1.999.374 320
11 MG 19.850.072 2.889
12 TO 1.280.509 160
Ranking leitos / 1000 hab.
UF PopulaçãoLeitos SUS
13 SC 6.052.587 738
14 PI 3.119.697 360
15 CE 8.450.527 953
16 MA 6.305.539 662
17 MS 2.336.058 200
18 RS 10.855.214 890
19 AC 680.073 53
20 BA 14.502.575 1.051
21 MT 2.957.732 172
22 DF 2.557.158 125
23 AM 3.341.096 126
24 PA 7.321.493 56
TOTAL 187.093.301 36.797
Fontes: Área Técnica de Saúde Mental / CNES-PRH / IBGE, estimativa populacional de 2008.
UFNº Hospitais Gerais com
Leitos psiquiátricosNº Leitos Psiquiátricos
SUS em Hospitais Gerais
AC 16 16AL - -AM - -AP 1 6CE 8 31DF 2 34ES 5 28GO 8 73MA - -MG 25 183MS 20 98MT 2 2PA 3 54
UFNº Hospitais Gerais com
Leitos psiquiátricosNº Leitos Psiquiátricos
SUS em Hospitais Gerais
PB 2 3PE 3 52PI 2 19PR 11 152RJ 60 172RN 2 4RO 1 35RR - -RS 129 637SC 51 330SE 2 24SP 51 482TO 5 17
Total 415 2568
Leitos Psiquiátricos – Hospitais Gerais / SUS
Gastos federais do Programa de Saúde Mental(2004 a 2007*)
Ações e programas extra-hospitalares 2004 2005 2006 2007
Medicamentos especiais 68,11 102,6 137,8 208,9
Medicamentos essenciais 22,17 22,16 20,34 46,23
Centros de atenção psicossocial 85,03 120,5 172,4 252,4
Acompanhamento deficiência mental ou autismo 12,08 39,91 73,25 105,2
Total Extra-hospitalar 287,4 406,1 542 760,5
Ações hospitalares 2004 2005 2006 2007
Procedimentos hospitais psiquiátricos 444,7 430,3 403,4 413,3
Procedimentos internação álcool e drogas 1,23 1,29 1,35 1,54
Tratamento hospital geral 19,63 22,08 22,55 25,03
Serviços de referência álcool e drogas 0 0 0 0
Total hospitalar 465,5 453,7 427,3 439,9
* Em milhões de reais. Fontes: DATASUS, Área Técnica de Saúde Mental / DAPS / SAS / MS.
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGREPLANTÃO DE EMERGÊNCIA EM SAÚDE MENTAL – PESM
RELATÓRIO DO SEGUNDO SMESTRE DO ANO DE 2006
Consideração finais
Se a demanda aumentou 25%, se não houve melhorias estruturais no Plantão e se mesmo assim indicamos menos internação, o mesmo não ocorreu com as vagas; estas diminuíram 3,6% em relação ao semestre anterior. Isto é mais do que trabalhar no vermelho, isto é trabalhar em estado de calamidade.
É alarmante constatar que, metade das indicações de internação numa emergência em SM, é para DQ e que mesmo assim, ao longo do ano, 663 pacientes dependentes químicos ficaram sem vaga.
Também é alarmante constatar que em seis meses os cofres públicos pagaram 309 internações de menores em clínicas particulares.
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGREPLANTÃO DE EMERGÊNCIA EM SAÚDE MENTAL – PESM
Porto Alegre, 05 de janeiro de 2009
Ao Senhor Secretário de Saúde,
Em 2003 enviamos um manifesto sobre a inadequação e riscos de atendermos a população infanto-juvenil na Emergência de Saúde Mental do PACS, que atende pacientes adultos com graves riscos de auto e hetero-agressão. Quando uma criança com cinco anos entra em surto psicótico e tem indicação de avaliação psiquiátrica emergencial pelo SUS, ela será atendida no mesmo ambiente em que também receberá o atendimento um paciente adulto trazido pela Brigada Militar em severa agitação psicomotora, intoxicado por crack ou álcool.
Não obtivemos nenhuma resposta.
Em 1999 o Ministério Público ingressou com Ação Civil Pública contra o município de Porto Alegre, requerendo que fosse determinada a compra de vagas em hospitais particulares sempre que não houvesse vaga pelo SUS, para os menores de 18 anos. Quando o Poder Judiciário precisa intervir pela insuficiência de rede de atenção à saúde mental, não podemos deixar de nos questionar sobre o adoecimento do nosso Sistema de Saúde.
A demanda de atendimento cresceu consideravelmente; não existe uma emergência psiquiátrica infantil, além da rede de atenção em saúde mental permanecer uma imensa lacuna. Tampouco foram abertos leitos psiquiátricos pelo SUS para a referida clientela.
O encaminhamento para hospitais gerais, psiquiátricos, SUS ou a criação dos serviços substitutivos, conforme preconizado pela Reforma Psiquiátrica ,não tem sido vislumbrado pelas sucessivas gestões.
Coordenadora do Plantão de Emergência em Saúde Mental
COMUNIDADES TERAPÊUTICAS NO RS(Maio 2009)
Comunidades Terapêuticas.................... 168
Atendimentos (pessoas internadas)........ 4.531
“O que você tem de errado no modelo atual não é a priorização do atendimento comunitário, mas a forma radical e até irresponsável como foram fechados 80% dos
leitos psiquiátricos.”
VALENTIM GENTILDiretor do instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo
Saúde Mental
Germano BonowDeputado Federal / RS
Câmara dos Deputados - Anexo IV - Gab. 605Brasília/DF - CEP 70160-900 [email protected] (61)3215.5605 / Fax (61)3215.2605