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ANO 8 - Número 1856 Brasília-DF, sexta-feira, 22 de junho de 2007 www.camara.gov.br [email protected] Fone: (61) 3216-1666 Fax: (61) 3216-1653 Impresso Especial 11204/2002-DR/BSB CÂMARA DOS DEPUTADOS CORREIOS 6 6 2 TRANSPARÊNCIA REFORMA DESENVOLVIMENTO 3 COMISSÃO 5 FUNCIONALISMO Aprovados mais recursos para estados exportadores HOMENAGEM A BRIZOLA O Plenário aprovou ontem a MP 368/07, que libera R$ 975 milhões do Tesouro Na- cional para estados e municí- pios que tiveram perdas com a isenção da cobrança do ICMS sobre a exportação de produtos primários e semi- elaborados, como grãos e mi- nérios. A compensação é pre- vista na Lei Kandir. A vota- ção da matéria, que ainda será analisada pelo Senado, seguiu o parecer do relator, deputado Roberto Britto, que recomen- dou a aprovação, sem emendas, do texto enviado pelo Executi- vo. Britto explicou que o auxí- lio financeiro faz parte das medidas desenvolvidas pela União para o fortalecimento da economia nacional. Pelo tex- to, o dinheiro será liberado em nove parcelas. O presidente da Câmara, Arlindo Chi naglia, afirmou ontem, ao abrir a ses- são solene que lembrou os três anos da morte do ex-governador Leonel Brizola (foto no de- talhe), que o político representou a melhor síntese da esquerda brasileira e deixou a mar- ca incontestável do nacionalismo. Brizola, se- gundo Chinaglia, foi um dos principais líde- res da resistência à ditadura militar e, mes- mo exilado, trabalhou pela restauração do es- tado de direito. O deputado Vieira da Cunha, que requereu a sessão, ressaltou o papel de Brizola como um dos maiores líderes do tra- balhismo, ao lado dos ex-presidentes Getú- lio Vargas e João Goulart. Página 4 As contas da Câmara refe- rentes ao ano de 2006 foram aprovadas pelo TCU, sem res- salvas. Segundo o deputado Aldo Rebelo, que presidia a Câmara no período, a aprova- ção indica que a administração da Casa foi feita com lisura e preocupação com o dinheiro público. O parecer atesta que a Câmara executou R$ 2,9 bi- lhões de uma dotação orça- mentária de R$ 3,1 bilhões. Citando o Relatório de Presta- ção de Contas da Câmara, o TCU aponta a aprovação pelo Plenário, em 2006, de 168 ma- térias e a realização de 1.103 sessões deliberativas. TCU aprova as contas da Câmara, sem ressalvas Encerrada a discussão e prazos para emenda ENCONTRO NACIONAL DE COMUNICAÇÃO Deputados e especialistas presentes no Encontro Nacional de Comunicação concordaram que é preciso atualizar a legislação para permitir a democratização das comunicações. O presidente Arlindo Chinaglia ressaltou que o objetivo da conferência será, entre outros, contribuir para a inclusão digital. A CPI da Crise Aérea deci- diu só intermediar as negocia- ções no setor de aviação se obti- ver o aval do Comando da Ae- ronáutica, do Ministério da De- fesa e dos representantes dos controladores de vôo. A consul- ta sobre o assunto será feita pe- los deputados Marcelo Castro e Marco Maia, respectivamente presidente e relator da comis- são. Dependendo da resposta, a CPI poderá constituir um gru- po de trabalho ou subcomissão para mediar as negociações, que envolvem questões salariais, desmilitarização do setor e pos- síveis falhas em equipamentos. Os parlamentares avaliaram na última quarta-feira, durante vi- sita ao Cindacta 1, em Brasília, que há “ completa falta de en- tendimento” entre as partes em conflito. CPI busca aval para negociar conflitos Página 3 Substitutivo de relator prorroga contratos de gás natural por até 30 anos Atual sistema político criou “democracia de fachada”, diz Roberto Magalhães Chico Abreu destaca crescimento industrial e aumento de emprego no estado de Goiás Seguridade aprova maior controle sobre entidades beneficentes Ministro anuncia que projeto sobre direito de greve chegará em agosto Página 3 Página 7 CRISE AÉREA REFORMA POLÍTICA Página 8 Página 5 BERNARDO HÉLIO LUIZ CRUVINEL

Jornal da Câmara de 22 de junho - camara.gov.br · ENCONTRO NACIONAL DE COMUNICAÇÃO ... desmilitarização do setor e pos-síveis falhas em equipamentos. Os parlamentares avaliaram

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ANO 8 - Número 1856Brasília-DF, sexta-feira, 22 de junho de 2007 www.camara.gov.br • [email protected] • Fone: (61) 3216-1666 • Fax: (61) 3216-1653

ImpressoEspecial

11204/2002-DR/BSBCÂMARA DOS

DEPUTADOS

CORREIOS

6

6

2TRANSPARÊNCIA

REFORMA

DESENVOLVIMENTO

3COMISSÃO

5FUNCIONALISMO

Aprovados mais recursospara estados exportadores

HOMENAGEM A BRIZOLA

O Plenário aprovou ontema MP 368/07, que libera R$975 milhões do Tesouro Na-cional para estados e municí-pios que tiveram perdas coma isenção da cobrança doICMS sobre a exportação deprodutos primários e semi-

elaborados, como grãos e mi-nérios. A compensação é pre-vista na Lei Kandir. A vota-ção da matéria, que ainda seráanalisada pelo Senado, seguiuo parecer do relator, deputadoRoberto Britto, que recomen-dou a aprovação, sem emendas,

do texto enviado pelo Executi-vo. Britto explicou que o auxí-lio financeiro faz parte dasmedidas desenvolvidas pelaUnião para o fortalecimento daeconomia nacional. Pelo tex-to, o dinheiro será liberado emnove parcelas.

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, afirmou ontem, ao abrir a ses-

são solene que lembrou os três anos da mortedo ex-governador Leonel Brizola (foto no de-talhe), que o político representou a melhorsíntese da esquerda brasileira e deixou a mar-ca incontestável do nacionalismo. Brizola, se-gundo Chinaglia, foi um dos principais líde-res da resistência à ditadura militar e, mes-mo exilado, trabalhou pela restauração do es-tado de direito. O deputado Vieira da Cunha,que requereu a sessão, ressaltou o papel deBrizola como um dos maiores líderes do tra-balhismo, ao lado dos ex-presidentes Getú-lio Vargas e João Goulart. Página 4

As contas da Câmara refe-rentes ao ano de 2006 foramaprovadas pelo TCU, sem res-salvas. Segundo o deputadoAldo Rebelo, que presidia aCâmara no período, a aprova-ção indica que a administraçãoda Casa foi feita com lisura epreocupação com o dinheiropúblico. O parecer atesta quea Câmara executou R$ 2,9 bi-lhões de uma dotação orça-mentária de R$ 3,1 bilhões.Citando o Relatório de Presta-ção de Contas da Câmara, oTCU aponta a aprovação peloPlenário, em 2006, de 168 ma-térias e a realização de 1.103sessões deliberativas.

TCU aprova ascontas da Câmara,

sem ressalvasEncerrada a

discussão e prazospara emenda

ENCONTRO NACIONAL DE COMUNICAÇÃO

Deputados e especialistas presentes no Encontro Nacional de Comunicação concordaram que é precisoatualizar a legislação para permitir a democratização das comunicações. O presidente Arlindo Chinagliaressaltou que o objetivo da conferência será, entre outros, contribuir para a inclusão digital.

A CPI da Crise Aérea deci-diu só intermediar as negocia-ções no setor de aviação se obti-ver o aval do Comando da Ae-ronáutica, do Ministério da De-fesa e dos representantes doscontroladores de vôo. A consul-ta sobre o assunto será feita pe-los deputados Marcelo Castro eMarco Maia, respectivamentepresidente e relator da comis-são. Dependendo da resposta, aCPI poderá constituir um gru-po de trabalho ou subcomissãopara mediar as negociações, queenvolvem questões salariais,desmilitarização do setor e pos-síveis falhas em equipamentos.Os parlamentares avaliaram naúltima quarta-feira, durante vi-sita ao Cindacta 1, em Brasília,que há “ completa falta de en-tendimento” entre as partes emconflito.

CPI busca avalpara negociar

conflitos

Página 3

Substitutivo de relator prorroga contratosde gás natural por até 30 anos

Atual sistema políticocriou “democracia

de fachada”, dizRoberto Magalhães

Chico Abreu destacacrescimento industrial e

aumento de empregono estado de Goiás

Seguridade aprovamaior controle

sobre entidadesbeneficentes

Ministro anunciaque projeto sobre

direito de grevechegará em agosto

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CRISE AÉREA

REFORMA POLÍTICA

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BERNARDO HÉLIO

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Brasília, 22 de junho de 2007

O Tribunal de Contas da União (TCU) apro-vou na última terça-feira (19), sem ressalvas, re-latório sobre as contas da Câmara dos Deputa-dos referentes ao ano de 2006, quando o deputa-do Aldo Rebelo (PCdoB-SP) exercia a Presi-dência da Casa. O documento teve como relatoro ministro Ubiratan Aguiar e é parte do parecerfinal sobre as contas do governo da República,que inclui os poderes Legislativo e Judiciário,além do Ministério Público da União. Para AldoRebelo, a aprovação das contas indica que a ad-ministração da Câmara foi feita com lisura e pre-ocupação com o dinheiro público.

O relatório sugere a aprovação integral dascontas dos poderes Legislativo e Judiciário e doMinistério Público da União. O documento, noentanto, faz 27 ressalvas às contas do governo fe-deral, além de 21 recomendações a ministérios eórgãos da administração federal. O TCU agora en-caminhará o parecer para análise do Congresso.

O parecer atesta que, em 2006, a Câmarados Deputados executou R$ 2,9 bilhões de umadotação orçamentária de R$ 3,1 bilhões. Ci-tando o Relatório de Prestação de Contas daCâmara, o documento aponta a aprovação peloPlenário, em 2006, de 168 matérias e a realiza-ção de 1.103 sessões legislativas.

O relatório do ministro Ubiratan Aguiarconclui que a Câmara dos Deputados e os de-mais órgãos avaliados “observaram os princí-pios fundamentais de contabilidade aplicadosà administração pública”, além de terem de-monstrado respeito aos limites de gastos defi-nidos na Lei de Responsabilidade Fiscal.

TCU aprova contasde 2006 da Câmara

Foi lançada oficial-mente na quarta-feira, naCâmara, a Frente Parla-mentar em Defesa dosDireitos da Pessoa comDeficiência, que contacom 210 integrantes. Olançamento ocorreu naabertura do seminário “OLegislativo e a pessoacom deficiência - conso-lidando direitos”, realiza-do pelas comissões de Se-guridade Social e Famí-lia; e de Educação e Cul-tura. O seminário foi co-ordenado pelo deputado EduardoBarbosa (PSDB-MG), que será orelator da frente. Dados do Censode 2000 indicam que 14,5% da po-pulação brasileira possuem algumtipo de deficiência. O objetivo dafrente é defender os interesses des-sa parcela da população.

O presidente da Câmara, Arlin-do Chinaglia, destacou as iniciati-vas destinadas a pessoas com defi-ciência na Câmara, além das pro-postas legislativas. Ele lembrou que,em maio deste ano, foi criado umcomitê de acessibilidade. O grupoavalia ações para ampliar o aces-so de pessoas com deficiência aosprédios da Câmara e mecanismospara estimular a participação des-sas pessoas no processo legislati-vo. Chinaglia citou como exem-plo a disponibilização em áudio,desde dezembro de 2005, do tex-to da Constituição para deficien-tes visuais no site da Câmara.

Ele ainda declarou que o proje-to do Estatuto das Pessoas com De-ficiência (Projeto de Lei 7699/06)precisa ser discutido mais ampla-mente para viabilizar um conjun-to de leis que reflita o universode pessoas com deficiência física.Segundo o presidente, as frentesparlamentares desempenham umpapel importante no Congresso,pois atuam pautadas por objeti-vos específicos, independente-

Lançada frente em defesados direitos dos deficientes

mente das orientações partidárias.Obstáculos e discriminaçãoO presidente da frente, deputa-

do Geraldo Resende (PPS-MS),ressaltou a importância do novogrupo e do debate permanente so-bre o tema, argumentando que,apesar do avanços legais, a pessoacom deficiência ainda enfrentaobstáculos e discriminação. Ele ci-tou, como exemplo, o fato de que90% dos portadores de deficiêncianão chegam à universidade. “É oobjetivo da frente fazer a fiscaliza-ção. Queremos não só fazer as leis,mas efetivamente cobrar o cum-primento delas”, destacou.

O coordenador da frente, depu-tado Otavio Leite (PSDB-RJ),declarou que a discussão com as en-

tidades representativas dos porta-dores de deficiência é uma formade garantir a aprovação de leismais eficientes na proteção dos di-reitos dessa parcela da população.“Estamos debatendo sobre as re-gras jurídicas que protegem e cri-am benefícios para pessoas comdeficiência. O Brasil acaba de fir-mar acordo na Organização dasNações Unidas (ONU) e é signa-tário de uma convenção interna-cional em prol dessa causa”, disse.

Também participaram doevento os presidentes da Comis-são de Seguridade Social e Famí-lia, deputado Jorge Tadeu Mu-dalen (DEM-SP); e da Comissãode Direitos Humanos e Minorias,deputado Luiz Couto (PT-PB).

Na mesa, os deputados Geraldo Resende, Jorge Tadeu Mudalen, Arlindo Chinaglia, Luiz Coutoe o presidente do Conselho dos Direitos das Pessoas com Deficiências, Alexandre Baroni

LUIZ CRUVINEL

ComunicaçãoA Comissão de Direitos Humanos e e

Comissão de Ciência e Tecnologia, Co-municação e Informática prossegue hoje,durante todo o dia, com o Encontro Nacio-nal de Comunicação – Na luta por Demo-cracia e Direitos Humanos

Auditório Nereu Ramos, a partir das 9h

AGENDA

A pauta completa do plenário e das comissões podeser consultada no endereço eletrônicowww2.camara.gov.br/agendacd

Sexta-feira, 22/06/2007

SAIBA MAIS

Aldo Rebelo

LUIZ ALVES

SoleneSessão Solene em

homenagem à Conven-ção Batista Fluminense.

Plenário UlyssesGuimarães, às 15h

Mesa da Câmara dos Deputados - 53a Legislatura

Diretor: William França (61) 3216-1500 - Fax: (61) 3216-1505

SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Endereço: Câmara dos Deputados - Anexo I - Sala 1508 - CEP: 70160-900 Brasília - DFwww.camara.gov.br

[email protected]

Jornal da CâmaraDiretora: (61) 3216-1651Amneres Pereira

Editor-chefe:Marcondes Sampaio

Diagramadores: (61) 3216-1667Guilherme Rangel Barros,José Antonio Filho,Roselene Figueiredoe Alexandre Valente

Editores: (61) 3216-1666Maria Clarice Dias,Rosalva NunesIlustrador: Renato Palet

Presidente:Arlindo Chinaglia (PT-SP)

1º Vice-Presidente:Nárcio Rodrigues (PSDB-MG)

2º Vice-Presidente:Inocêncio Oliveira (PR-PE)

1º Secretário:Osmar Serraglio (PMDB-PR)

2º Secretário:Ciro Nogueira (PP-PI)

3º Secretário:Waldemir Moka (PMDB-MS)

4º Secretário:José Carlos Machado (PFL-SE)

Suplentes:Manato (PDT-ES), Arnon Bezerra (PTB-CE),Alexandre Silveira (PPS-MG) e Deley (RJ-PSC)

Ouvidor Parlamentar:Carlos Sampaio (PSDB - SP)

Procurador Parlamentar:Alexandre Santos (PMDB - RJ)

Diretor-Geral:Sérgio Sampaio de Almeida

Secretário-Geral da Mesa:Mozart Vianna de Paiva

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Brasília, 22 de junho de 2007 3

A Câmara aprovou on-tem a Medida Provisória 368/07, que libera mais R$ 975 mi-lhões do Tesouro Nacionalpara estados e municípios. Osrecursos, segundo o governo,visam compensar as perdasdessas unidades federativascom a isenção da cobrança doICMS sobre a exportação deprodutos primários e semi-ela-borados, como grãos e minéri-os. A compensação é previstana Lei Kandir. A MP será exa-minada agora pelo Senado.

A votação seguiu o parecerdo relator, deputado RobertoBritto (PP-BA), que recomen-dou a aprovação, sem emendas,do texto enviado pelo Executi-vo. Segundo ele, o auxílio fi-nanceiro faz parte das medidasdesenvolvidas pela União parao fortalecimento da economianacional. “Vale destacar a re-dução das barreiras às exporta-ções, o que vem contribuindomuito para a acelerada expan-são das vendas externas nos úl-timos anos”, disse.

Pelo texto, o dinheiro será li-berado em nove parcelas. A pri-meira, de R$ 108 milhões, foitransferida em maio. Outras oito,de mesmo valor, serão repassadassegundo critérios a serem defini-dos pelo Ministério da Fazenda epela Secretaria do Tesouro Naci-onal. O deputado Arnaldo Jar-dim (PPS-SP) tentou um des-

taque em nome de seu partidopara regular esses repasses, mas atese foi rejeitada pelo Plenário.

Medida paliativaO vice-líder do PSDB Otavio

Leite (PSDB-RJ) criticou a MP,que considerou apenas uma “me-dida paliativa”. Segundo ele, seriapreciso regular de forma definiti-va o Fundo de Exportação, pre-visto na Constituição Federal, queaté hoje não foi regulamentado.Na avaliação de Leite, isso temgerando um atropelo anual. “Épreciso compreender que nãoatuamos para corrigir o problemaem si. Em um arremedo de solu-ção, apenas jogamos para o próxi-mo ano a necessidade de umanova medida provisória.”

O valor destinado a cada esta-do foi definido, e leva em conta aparticipação percentual de cadaum na exportação de bens primá-rios e semi-elaborados. O Pará,

por exemplo, terá a maior parcela(14,04% do repasse total) por sero maior exportador do País deprodutos primários, como miné-rios de ferro, alumínio, cobre emadeira. Em segundo lugar estáMato Grosso (9,5%), importanteexportador de grãos e carnes. Dorepasse feito pelo Tesouro a cadaunidade, 75% ficam nas mãos doestado e 25% são transferidospara as prefeituras. O rateio entreos municípios obedecerá a parti-cipação de cada um na distribui-ção do ICMS para 2007.

DívidasA MP também permite à

União deduzir valores de dívidasvencidas e não pagas do total re-cebido por estado ou município.A medida obriga ainda os estadosa informar ao Ministério da Fa-zenda, sob pena de suspensão dosrepasses, a efetiva isenção dos ex-portadores e o aproveitamento do

crédito pelas empresas. Emfevereiro, o governo editououtra medida provisória (MP355) para liberar mais R$ 975milhões a estados exportado-res. No entanto, a distribui-ção obedecia outra fórmula,beneficiando especialmenteSão Paulo, Minas Gerais, Pa-raná e Rio Grande do Sul. Osrecursos já foram repassados.Na aprovação da MP 355/07,os deputados modificaram odispositivo no qual a Uniãopoderia utilizar os recursos

para quitar diretamente dívidasde estados ou municípios. Peloprojeto de lei de conversão doPlenário, somente com a autori-zação de estados ou municípiospoderão ser descontadas as par-celas de suas dívidas com a Uniãoem atraso ou até a vencer, a cri-tério do governo federal.

Na votação do Orçamento de2007, governo e Congresso acer-taram o repasse de R$ 5,2 bilhõespara compensar estados e muni-cípios por perdas com isenções tri-butárias nas exportações. No en-tanto, apenas R$ 3,9 bilhões es-tão garantidos para as compen-sações da Lei Kandir. A dife-rença de R$ 1,3 bilhão está alo-cada na rubrica da reserva decontingência e somente será re-passada caso a arrecadação totaldo ano alcance a estimativa dereceita prevista pelos parlamen-tares. (Marcello Larcher)

A Câmara encerrou, on-tem, a discussão da pro-posta de reforma política(PL 1210/07) no Plenário.A votação do projeto estámarcada para a próximaterça-feira (26) ou quarta-feira (27). Pelo regimento,o prazo para apresentaçãode emendas estaria en-cerrado, mas um acordoem plenário estendeu operíodo até as 17 horas deontem. Com o encerra-mento do prazo paraemendas, o relator, depu-tado Ronaldo Caiado(DEM-GO), poderá apre-sentar seu parecer às mu-danças propostas pelosdeputados em Plenário.

O novo projeto de re-forma política começou aser discutido pelo Plená-rio na semana passada,mas ainda não há con-senso principalmente emrelação às listas preorde-nadas de candidatos.Partidos da base apoioao governo e da oposiçãoarticulam a adoção deuma lista flexível de can-didatos às eleições pro-porcionais. Essa novaproposta seria uma formade levar em considera-ção, ao mesmo tempo, ovoto no partido e o voto emum candidato individual.

Segundo Ronaldo Cai-ado, essa emenda é de-fendida por lideranças doPT, do PMDB e do DEM.

Discussão sobrereforma política

é encerrada

A Comissão de SeguridadeSocial e Família aprovou nestasemana o substitutivo do deputa-do Chico D’Angelo (PT-RJ) ao Pro-jeto de Lei 2032/03, que amplia ocontrole público sobre as entida-des beneficentes isentas do pa-gamento da contribuição patronalao Instituto Nacional do SeguroSocial (INSS). Pelo texto aprova-do, as entidades terão de com-provar que usam parte do fatura-mento em ações sociais, um dosrequisitos para ter isenção dascontribuições previdenciárias.

Atualmente, as entidades edu-cacionais e de assistência socialsão obrigadas a oferecer 20% deseus serviços gratuitamente. Nocaso das entidades de saúde,como os hospitais filantrópicos,a obrigação é destinar 60% doatendimento aos usuários doSistema Único de Saúde (SUS).

Entidade beneficente poderá sofrer controle maiorAtualmente, no entanto, a efetivaaplicação dos percentuais nãoprecisa ser comprovada aoINSS. A Lei Orgânica da Seguri-dade Social (Lei 8212/91) obri-ga apenas a apresentação, aoórgão, de um “relatório circuns-tanciado” das atividades anuais.

ComprovaçãoO substitutivo torna obrigató-

ria a comprovação anual dasações desenvolvidas, inclusivecom a discriminação dos serviçosgratuitos concedidos. O textoaprovado mantém a apresentaçãodo relatório circunstanciado, masestabelece outra exigência - o pla-no de trabalho da entidade.

Além disso, o substitutivo de-termina que a entidade apresen-te ao INSS parecer de uma co-missão paritária aprovando o re-latório e o plano de trabalho. Essacomissão será formada por repre-

sentantes dos usuários do servi-ços, das entidades e do Conse-lho Municipal de Assistência So-cial. O parecer terá ainda que serdivulgado pela comissão em veí-culo de comunicação local.

RenúnciaPara garantir o controle pú-

blico sobre as entidades, osubstitutivo determina que o Tri-bunal de Contas da União (TCU)examine anualmente a conces-são da isenção previdenciáriaàs entidades. Ou seja, o TCU vaiauditar os documentos apresen-tados ao INSS. O objetivo é ga-rantir que a renúncia de receitagerada pela isenção esteja, defato, voltando para a sociedadena forma de ações sociais. Se-gundo a Receita Federal, a isen-ção da contribuição previdenci-ária gerou uma renúncia de R$2,6 bilhões somente em 2006.

O substitutivo de ChicoD’Angelo fundiu os dispositivosdos projetos de lei 2032/03, deautoria do ex-deputado Romel Aní-zio, e 3114/04, do deputado Tarcí-sio Zimmermann (PT-RS). Osdois tramitam apensados e tratam

A medida provisória foi aprovada ontem pelo Plenário, em sessão extraordinária

BERNARDO HÉLIO

da ampliação do controle sobre asentidades beneficentes. Os PLs2032/03 e 3114, que tramitam emcaráter conclusivo, serão analisa-dos ainda pelas comissões de Fi-nanças e Tributação; e de Consti-tuição e Justiça e de Cidadania.

O Projeto de Lei 1212/03,que assegura aos idosos, por-tadores de deficiência e gestan-tes tratamento preferencial nacompra de ingressos para even-tos culturais, artísticos e despor-tivos, também foi aprovado pelaComissão de Seguridade Soci-al e Família. A proposta, do de-putado Luiz Bittencourt (PMDB-GO), prevê acesso preferenci-al desses grupos populacio-nais aos locais dos eventos. Éconsiderada idosa a pessoamaior de 60 anos de idade.

Prioridade a idososPara o relator, deputado Jo-

fran Frejat (PR-DF), o projeto “trazimportante contribuição às re-centes normas legislativas deproteção aos interesses e aosdireitos de idosos e portadoresde deficiência, que objetivam in-seri-los de forma efetiva no coti-diano da sociedade”. Ele elogiouainda a inclusão das gestantesno rol dos beneficiados pelo pro-jeto. O PL 1212/03 tramita em ca-ráter conclusivo e será encami-nhado para a Comissão de Cons-tituição e Justiça e de Cidadania.

Câmara aprova mais recursos paraestados e municípios exportadores

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4 Brasília, 22 de junho de 2007

Plenário enaltece legado político de BrizolaAo abrir ontem a sessão so-

lene que lembrou os três anos damorte do ex-governador Leonelde Moura Brizola, o presidenteda Câmara, Arlindo Chinaglia,afirmou que o legado do políticogaúcho é uma inspiração perma-nente para todos. Chinaglia des-tacou que, em determinado mo-mento da história, Brizola repre-sentou a melhor síntese da es-querda brasileira e, nos manda-tos exercidos como deputado egovernador, deixou a marca in-contestável do nacionalismo.

Para o presidente da Câmara,“os discursos duros e a posturaenérgica” de Brizola devem servistos hoje da perspectiva do tem-po e da conjuntura política. “Oque fica é a sua maneira de lidarcom as grandes questões políti-cas, sempre com convicções pro-fundas e compromissos assumi-dos com suas bases”, completou.

Arlindo Chinaglia observouque o povo sempre esteve no cen-tro do pensamento de Leonel Bri-zola e citou como exemplo suavisão universalista da educação.“No Rio de Janeiro (estado do

Capes afasta solução imediata a pós-graduados sem diploma

Arlindo Chinaglia: Brizola foi a melhor síntese da esquerda brasileira

A Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de NívelSuperior (Capes) afastou a possi-bilidade de uma solução imediatapara os estudantes brasileiros quefizeram mestrado ou doutoradono exterior. Calcula-se que exis-tam mais de 2.500 pessoas nessasituação aguardando o reconhe-cimento de uma universidade bra-sileira para obtenção de diploma.O presidente substituto da Capes,Renato Janine Ribeiro, criticouinstituições que realizam acordosde cooperação com entidades es-trangeiras que não oferecem cur-sos de qualidade e defendeu o ní-vel de excelência da pós-gradua-ção do País. Ele participou on-tem de audiência pública na Co-missão de Educação e Culturapara debater a situação dos pós-graduados sem diploma e disseque apressar o processo de vali-dação de cursos realizados noexterior compromete o nível deexcelência do Brasil.

Segundo Janine Ribeiro, após-graduação stricto sensu exi-ge pesquisa e muitas das insti-tuições estrangeiras avaliadasnão têm qualquer tradição nes-

Para debatedores,muitos cursos no exterior não têm o nível de excelência exigido

qual foi governador por duas ve-zes), Brizola implementou a idéiaentão absolutamente nova do en-sino integral, de acordo com a fi-losofia pedagógica de Darcy Ribei-ro”, afirmou, referindo-se aos Cen-tros Integrados de Educação Pú-blica (Cieps), que, segundo Chi-naglia, representaram a materiali-zação do sonho de Brizola de supe-ração das injustiças e de resgate dacidadania por meio da educação.O presidente da Câmara desta-cou ainda o fato de o ex-governa-dor ter sido um dos principais lí-deres da resistência à ditadura mi-

litar e, mesmo no exílio, ter con-tinuado sua atuação pela re-democratização do País e pela res-tauração do estado de direito.

O deputado Vieira da Cunha(PDT-RS), autor do requerimen-to de realização da sessão, citouBrizola como um dos maiores lí-deres do trabalhismo, ao lado dosex-presidentes Getúlio Vargas eJoão Goulart. O deputado lem-brou que, quando era governa-dor do Rio Grande do Sul, Brizo-la liderou o movimento da Lega-lidade, em 1961, garantindo aposse de João Goulart na Presi-

dência da República e a defesa doregime democrático. Cunha res-saltou a origem humilde do polí-tico e salientou sua luta pelosideais socialistas de fraternidadee justiça social e pela educação.

“Queremos reafirmar nossocompromisso de dar continui-dade à sua luta. Como Brizolanos ensinou, enquanto houveruma só criança sem escola nestePaís, temos de continuar lutan-do pela democracia, pela liber-dade, pelo socialismo e pelaigualdade, pelos pobres, pelodireito dos trabalhadores e pelorespeito aos aposentados”, disse.

O líder do PDT, deputadoMiro Teixeira (RJ), salientou quemetade da vida republicana bra-sileira contou com a participaçãode Leonel Brizola. “Talvez nãoexista outro vulto político brasi-leiro que tenha tido tal trajetóriae tão relevante participação nahistória republicana do País. Bri-zola é uma excepcionalidade.Acontece um Brizola em um sé-culo, em uma corrente de pensa-mento, ou aconteceu em um sé-culo, e ninguém sabe quantos sé-

culos levarão para que aconteçanovamente”, homenageou.

Ao lembrar que durante 15anos foi filiado ao PDT no Riode Janeiro, o líder do PSC, de-putado Hugo Leal (RJ), se dis-se honrado e orgulhoso porquea convivência com Brizola fazparte de seu DNA político. “In-felizmente, os homens públicosde hoje são conhecidos pelassuas relações patrimoniais, fis-cais e tributárias”, afirmou. Parao ex-presidente da Câmara AldoRebelo (PCdoB-SP), Brizolaescreveu uma das mais belas bi-ografias políticas da história doPaís, sem nunca perder a confi-ança na política e no povo bra-sileiro. “Em nenhum momentoLeonel Brizola titubeou na de-fesa dos princípios que nortea-ram a sua trajetória”, destacou.

Também discursaram na ses-são os deputados Mendes Ribei-ro Filho (PMDB-RS), Henri-que Fontana (PT-RS), Indio daCosta (DEM-RJ), Marina Ma-ggessi (PPS-RJ), Otavio Leite(PSDB-RJ) e Pastor ManoelFerreira (PTB-RJ).

sa aérea. Ele citou uma univer-sidade na Argentina que ofere-ce aos brasileiros um curso dedoutorado intensivo com dura-ção de dois meses. “Dois mesesem Buenos Aires para passear émuito bom, mas não para fazeruma pós-graduação”, avaliou.

Crescimento com qualidadeDe acordo com a Capes, entre

1987 e 2003, o número de douto-res formados a cada ano cresceude 868 para 8.094, sem rebaixar aqualidade da avaliação. “Pelocontrário, somos a única institui-ção que, de fato, fecha cursos”, dis-se Janine Ribeiro. A informaçãofoi uma resposta aos que criticamo crescimento da demanda porcursos de pós-graduação, princi-palmente após a aprovação da Lei9394/96, que obriga as institui-ções de ensino superior a ter 1/3de seus professores pós-graduadosem nível de mestrado ou douto-rado. O presidente da Capes in-formou que o Plano Nacional dePós-Graduação para o quadriênio2007-2011 prevê uma expansãode 15% do setor ao ano.

Respeito aos prazosO presidente da Associação

Nacional de Pós-Graduados emInstituições Estrangeiras de En-sino Superior, Vicente Celesti-no de França, afirmou que a en-tidade não defende o reconheci-mento sem critérios, mas pediurespeito aos prazos estipuladospelo próprio Conselho Nacionalde Educação (CNE). “O conse-lho definiu um prazo máximo deseis meses para as universidadesrevalidarem ou não os diplomas,e o que vemos hoje é que temgente esperando há dois anos nafila”, disse. Ele também criticoua falta de interesse dos órgãos fe-derais em resolver esse proble-

ma. “Não existe uma parâmetrolegal para o setor. Se esses cursosnão têm qualidade para oferecerum diploma de pós-graduação,por que continuam funcionan-do?”, argumentou.

O presidente da Capes apon-tou a existência de um passivogrande de diplomas sem reconhe-cimento e lembrou que as univer-sidades têm autonomia para de-cidir sobre essa revalidação. Jani-ne Ribeiro ressaltou que foi dadauma “anistia” para que esses alu-nos pudessem requerer a valida-ção, mesmo sabendo que as insti-tuições responsáveis pelos cursos

não têm a qualidade exigida.Ação judicialAutor do requerimento de re-

alização da audiência, o deputa-do Paulo Rubem Santiago (PT-PE) criticou a liberalidade naárea de oferecimento de cursosde pós-graduação. “Vemos mui-ta propaganda enganosa, de ins-tituição oferecendo mestrado edoutorado como uma mercado-ria”, disse. Santiago propôs umencontro com representantes doMEC e da Capes para discutirmedidas que possam minoraresse problema, de forma a nãocriar um novo passivo no futuro.

O deputado Átila Lira (PSB-PI) propôs aos pós-graduados quese sentem prejudicados acionar aJustiça contra a instituição brasi-leira que realizou o convênio.“Houve um processo de burla porparte dessas instituições de ensi-no, que fizeram convênios irregu-lares, deixando os alunos desam-parados”, observou o parlamentar.Ele também cobrou do Ministérioda Educação medidas para acele-rar o processo de análise dos di-plomas, sem prejuízo da qualidadeda avaliação. (Roberto Seabra)

BERNARDO HÉLIO

EDSON SANTOS

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Brasília, 22 de junho de 2007 5

O ministro do Planejamento,Paulo Bernardo, informou que ogoverno deve enviar ao Congres-so, em agosto, um projeto de leiregulamentando o direito de gre-ve dos servidores públicos. O go-verno pretende enviar ainda ou-tro projeto, tratando da negocia-ção coletiva dos servidores. A afir-mação foi feita ontem duranteaudiência pública na Comissão deTrabalho, de Administração eServiço Público. O debate foiproposto pelos deputados Nel-son Marquezelli, Andreia Zito(PSDB-RJ), Vanessa Grazzio-tin (PCdoB-AM) e Paulo Pe-reira da Silva (PDT-SP).

Paulo Bernardo disse que ogoverno vem procurando, desdefevereiro, ouvir os representantesdos trabalhadores, para conseguirao menos um acordo parcial noprojeto para regulamentar o di-reito à greve. Mas, mesmo quenão haja acordo, o ministro ga-rantiu o envio do projeto. “Nóstemos um compromisso com osservidores de enviar um projetoregulamentando a negociaçãocoletiva no serviço público fe-deral, estadual e municipal”.

O ministro quer que o pro-jeto deixe explícito o direito doservidor à greve, mas garanta a

continuidade dos serviços con-siderados essenciais, ou seja, queassegurem a saúde e a segurançada população. Entre esses servi-ços, Paulo Bernardo citou o tra-balho dos controladores de vôoque, em sua opinião, deve estarna lista dos essenciais.

Greve contra a populaçãoNa audiência, o deputado

Mauro Nazif (PSB-RO) questi-onou o ministro sobre sua decla-ração de que “a greve no serviçopúblico acaba sendo uma grevecontra a população”. Paulo Ber-nardo explicou que há diferençasentre as greves nos setores públi-co e privado. Na iniciativa priva-da, disse, o empregador pode des-contar os dias trabalhados e atédemitir o funcionário; já no setor

público, não há demissão e, nor-malmente, por falta de regula-mentação, os dias não-trabalha-dos são pagos. A explicação ge-rou polêmica e provocou reaçõescontrárias dos representantesdos trabalhadores que acompa-nharam a audiência. Com rela-ção a possíveis reajustes para ser-vidores, Paulo Bernardo disseque o governo vai continuar comas negociações, mas não há mar-gem orçamentária para aumen-tos com impacto para 2007.

Projeto da CâmaraO presidente da Comissão de

Trabalho, deputado Nelson Mar-quezelli (PTB-SP), disse quenão há necessidade de o governoenviar um projeto regulamentan-do o direito de greve dos servi-

dores, porque já tramita na Câ-mara uma proposta que regula-menta o exercício de greve (PL4497/01). Marquezelli é relatordesse projeto na Comissão de Tra-balho, e entregou ao ministro,durante a audiência, um textosubstitutivo que elaborou combase no projeto original da depu-tada Rita Camata (PMDB-ES).

Entre os principais pontosdo substitutivo, está a classifi-cação de 14 atividades essenci-ais à população, que não poderi-am ser completamente paralisa-das, como o policiamento e o

controle de tráfego aéreo. O tex-to ainda precisa ser aprovadopelas comissões de Trabalho; e deConstituição e Justiça e de Ci-dadania, antes de ir a Plenário.

Marquezelli disse ainda quea presença do ministro é impor-tante para que a comissão rece-ba sugestões ao texto. O depu-tado pretende colocar o projetoem votação até 15 de julho. Eleinformou que o tema será nova-mente discutido em audiênciacom entidades representativasdos trabalhadores. (Paula Bit-tar, da Rádio Câmara)

Previdência complementar paraos servidores da União

Na audiência na Comissão de Trabalho, o ministro do Plane-jamento, Paulo Bernardo, disse que está praticamente pronto oanteprojeto de lei sobre previdência complementar, que vai prevera criação de um fundo de pensão para os servidores da União. Ofundo de previdência complementar, explicou, vai ser organizadona forma de entidade fechada, administrado pelos três poderes.Já o conselho fiscal será exercido pelo Ministério Público, peloTribunal de Contas da União e por dois participantes eleitos pelosservidores. O ministro acredita que essa forma minimiza o riscode ingerência do patrocinador. Paulo Bernardo disse ainda que oprojeto vai atingir os servidores novos, que receberão o teto doInstituto Nacional do Seguro Social (INSS) mais a renda comple-mentar. Já os servidores antigos poderão optar por participar daprevidência complementar; neste caso, receberão o teto do INSS,a renda complementar e um benefício especial, calculado combase nos anos de serviço até a mudança de regime.

Projeto sobre greve de servidor chegará em agosto

Veja outros pontos do substitutivo:O Ministério de Minas e Energia terá o poder de indicar

quais gasodutos serão construídos ou ampliados, e tambémpoderá valer-se de parcerias público-privadas (PPP) e de re-cursos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômi-co (Cide) nesses projetos;

Apenas empresas constituídas no Brasil poderão explorargasodutos, mas as estrangeiras poderão participar da licita-ção; caso vençam, terão que constituir filial no Brasil;

Em caso de risco de desabastecimento - ou contingência nosuprimento de gás, os contratos de fornecimento e transporte degás poderão ser suspensos e a ANP coordenará a distribuição degás no País, de acordo com determinações de um comitê de con-tingenciamento coordenado pelo Ministério de Minas e Energia.

O relator da Comissão Espe-cial da Lei do Gás, deputado JoãoMaia (PR-RN), apresentou on-tem substitutivo ao Projeto de Lei6673/06, do Poder Executivo, queregulamenta o transporte, a esto-cagem, o processamento e a co-mercialização do gás natural.Maia rejeitou os PLs 334/07, doSenado, e 6666/06, do ex-deputa-do Luciano Zica, que tambémprevêem normas para o setor etramitam em conjunto com o PL

6673. Pelo substitutivo, a Agên-cia Nacional do Petróleo, GásNatural e Biocombustíves(ANP) pode prorrogar as atuaisautorizações para exploração degasodutos por até 30 anos. Como fim do contrato, os gasodutosserão incorporados ao patrimô-nio da União. O projeto originalprevia prazo de até 35 anos paraas concessões e autorizações paratransporte de gás natural. A ver-são da Lei do Gás mantém a con-

João Maia, a nova legislação, emdiscussão na comissão especi-al, vai garantir mais transpa-rência e previsibilidade ao se-tor de gás e, com isso, atrairmais investimentos privados.

DivergênciasO deputado Arnaldo Madei-

ra (PSDB-SP), integrante da co-missão especial, evitou avaliar osubstitutivo em profundidade emrazão de acordo entre os parla-mentares, que agora têm o prazo

de cinco sessões para proporemendas ao texto. Ele admitiu,porém, que há sérias divergênciasem torno da proposta. Para Ma-deira, o projeto tem que ser vistocomo um estímulo a novos in-vestimentos. “ Um dos pontosde divergência será a manuten-ção do regime de autorização e aprorrogação dos atuais contra-tos por até 30 anos, prazo consi-derado excessivo pelo deputado.(Edvaldo Fernandes)

cessão como regra para a explo-ração de gasodutos e a ressalvade que as instalações dessa natu-reza, decorrentes de acordos in-ternacionais ou que atendam aum único usuário final, poderãoseguir no regime de autorização.

Plano de investimentosHoje, nos termos da Lei

9478/97, a exploração de gaso-dutos depende de mera autoriza-ção da ANP, que prescinde de li-citação. “Nós estamos garantin-do o plano de investimentos daPetrobras”, disse João Maia, aodefender a manutenção da auto-rização nos casos excepcionados.“Seria uma irresponsabilidadesubmeter todos os gasodutos atu-almente explorados pela Petro-bras a licitação”, avaliou o rela-tor. Por isso, a proposta é prorro-gar as autorizações por um prazomáximo de 30 anos, a critério daANP. Mesmo assim, segundo orelator, “a Petrobras vai compe-tir em igualdade de condiçõescom as demais empresas. Para

Lei do Gás: substitutivo prorroga contrato por até 30 anos

Ministro Paulo Bernardo e deputado Nelson Marquezelli, presidente da comissão

Deputados Max Rosenmann, presidente da comissão, e João Maia, relator

OTÁVIO PRAXEDES

LUIZ ALVES

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6 Brasília, 22 de junho de 2007

PINGA-FOGO

Agropecuária no MTEliene Lima (PP-MT) afir-

mou que o rigor da fiscaliza-ção ambiental está provocan-do um caos na parcela do MatoGrosso que fica na Amazônia.De acordo com o deputado,não há alternativas de sobre-vivência econômica para asfamílias que moram no nortedo estado. Na visão do par-lamentar, a agropecuária éum dos principais responsá-veis pelo superávit na balan-ça comercial. Eliene Limaobservou que no ano passa-do o agronegócio contribuiucom mais de R$ 40 bilhõespara o saldo positivo brasi-leiro no comércio internacio-nal. O deputado também re-produziu a pauta de reivindi-cações dos professores dasuniversidades federais.

Greves no PaísPerpétua Almeida

(PCdoB -AC) disse estar pre-ocupada com as várias gre-ves que ocorrem simultane-amente no País e com a pa-ralisação de autarquias porvárias semanas, como o Iba-ma e as universidades fede-rais. De acordo com a depu-tada, as greves resultam daausência do diálogo entre osservidores e o governo fede-ral. Segundo ela, o Executivotem condições de convenceros grevistas a voltarem aotrabalho. Perpétua Almeidaexplicou que o impasse nãopode persistir, tampouco aestratégia do governo, quesó aceita negociar se as gre-ves forem interrompidas. Nasua opinião, é momento dese adotar o bom senso entreministros e sindicalistas.

Segurança públicaCristiano Matheus (PMDB

-AL) cobrou do governo de Ala-goas a adoção de um planoque garanta a segurança pú-blica no estado. Segundo odeputado, a população estáassustada e exige do gover-no uma ação eficiente de com-bate à violência. Como exem-plo da crise que o estado en-frenta, o deputado informouque o Conselho Federal daOAB deixou de sediar seucongresso nacional em Ma-ceió por falta de segurança.Na visão de Cristiano Ma-theus, uma ação integrada eurgente é necessária, já que,de acordo com o deputado, asituação em Alagoas estácada vez mais crítica.

O deputado Roberto Ma-galhães (DEM-PE) disseacreditar que a Câmara con-seguiu chegar nos últimos diasa um consenso, na esteira dosdebates da reforma política:de que o atual sistema eleito-ral e partidário precisa sermudado. Ainda que as opini-ões sobre a forma de mudançasejam múltiplas, para Maga-lhães o mais importante já foifeito. “Não temos e nem te-remos consenso quanto à so-lução, o que é perfeitamentecompreensível. Esta é a Casado dissenso. Quando não háconsenso, o voto democráti-co é que resolve. Mas esta Casamostrou que ainda é capaz deempolgar-se com algumas te-ses”, disse o deputado.

Ele destacou que a reformaé importante por dois motivos:primeiro, porque o sistema atu-al já não responde mais aos an-seios da população, tendo cria-

do uma “democracia de facha-da”. Depois, porque os parla-mentares devem aos eleitoresuma mudança que acabe de vezcom o abuso do poder econô-mico sobre as eleições.

Sobre este abuso, porém,Magalhães fez um reparo. Paraele, ao contrário do que se co-menta normalmente, o dinhei-

ro empregado nas campanhasnão vem de grupos econômicos,mas do próprio poder público,através do desvio de verbas.“Quando virem um deputadocom muito dinheiro, com mui-ta propaganda, por trás delecertamente não se encontraráum banqueiro, um industrial.Será encontrado algum órgãopúblico em qualquer dos trêsníveis, federal, estadual ou mu-nicipal”, disse o parlamentar.“Esta situação, de desvio de di-nheiro público, é o motor deescândalos recentes como o domensalão e responde pelo des-crédito da população com ospolíticos”, segundo Magalhães.“Esse conjunto de fatores estadesmoralizando o Legislativo e,não se iludam, colocando emxeque a democracia”, afirmou.

Lista flexívelRoberto Magalhães defen-

deu a adoção da lista flexível,que deverá ser colocada em vo-

tação na próxima semana, naprimeira fase de apreciação dareforma política. Ele explicouque por essa modalidade o elei-tor vai votar primeiro na le-genda. A partir daí, será soli-citado a apontar um candida-to, dentro do partido votado,que queira destacar. “Metadedas vagas que o partido con-quistar será destinada aos vo-tos daqueles que mais foramdestacados; a outra metadepela lista”, explicou Magalhães.

Ele lembrou que durante asdiscussões sobre a reforma po-lítica, na legislatura passada,opôs-se de início ao voto emlista fechada, sendo depoisconvencido de que ela era amelhor opção para o País. Odeputado disse que estava dis-posto a defender o voto na lis-ta, mas com a mudança derumo no debate, e o surgimen-to da lista flexível, optou porapoiar essa nova modalidade.

O deputado ChicoAbreu (PR-GO) destacouem Plenário o crescimentoindustrial de seu estado,cuja economia, nos últimosdez anos, girava em tornoda agropecuária. Na cida-de goiana de Catalão, con-tou o parlamentar, foi cons-truída a fábrica da Mitsu-bishi, primeira montadora ase instalar no Centro-Oes-te. “Junto com a Mitsubishivieram para Goiás inúme-ras indústrias que produzemas peças e acessórios paraos veículos feitos em nossoestado”, afirmou.

O parlamentar disse querecentemente foi inaugura-da em Anápolis (GO), coma presença do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva,mais uma montadora deveículos, a Hyunday. Namesma cidade, também foiconstruído um centro dedistribuição da Chevrolet,de acordo com o parlamen-

tar. “Ressalto o carinho comque o presidente Lula tem tra-tado o estado de Goiás. Umgrande parceiro que tem le-vado inúmeros benefícios aonosso estado”, frisou.

Segundo Chico Abreu,dados de abril do CadastroGeral de Empregados do Mi-nistério do Trabalho regis-tram a geração de 7.329 no-vos empregos com carteiraassinada no estado, com des-taque para a indústria.

Ele observou, no entanto,que o crescimento de Goiásnão está concentrado no se-tor automobilístico. Em Apa-recida, afirmou, existem qua-dro grandes distritos industri-ais com dezenas de fábricas,distribuidoras, armazéns eempresas de prestação de ser-viço. “O prefeito José Mace-do, do PR, tem trabalhadoincansavelmente para levarindústrias e emprego paraAparecida. E não tem sido di-fícil encontrar empreendedo-

res que queiram investir nomunicípio e apostar no esta-do de Goiás”, comemorou.

CompetitividadeA cidade de Aparecida,

disse o parlamentar, é um es-pelho do novo Goiás. Deixoude ser uma cidade-dormitó-rio e atualmente se destacacomo a segunda maior cida-de do estado e uma das mai-ores em termos de competiti-vidade e geração de empre-

go. “Graças aos incentivosdados pela prefeitura e go-verno do estado, só de19998 a 2005, Aparecidarecebeu 131 novas empre-sas, gerando em média 4,2mil empregos com carteiraassinada por ano”, afirmou.

Chico Abreu ressaltouainda que, com a recentechegada da Hering a Goi-anésia, o estado estará en-tre os três maiores da in-dústria de confecção doPaís. Já na produção demedicamentos, observou,Goiás cresce acima da mé-dia nacional, de acordocom pesquisa do IBGE.No ano passado, o cresci-mento foi de 22% em Goi-ás contra 6,94% em outrosestados. Na produção dobiodiesel e de álcool, con-forme o deputado, Goiástambém está na frente,com pelo menos dez em-preendimentos no setornos últimos meses.

Chico Abreu ressalta desenvolvimento de Goiás

Chico Abreu

Roberto Magalhães

Sistema político precisa mudar,defende Roberto Magalhães

SONIA BAIOCCHI

SONIA BAIOCCHI

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Brasília, 22 de junho de 2007 7

PINGA-FOGO

SudeneA rápida implementação

da Sudene, que já teve suacriação aprovada, foi reivin-dicada por Mauro Benevides(PMDB-CE). Segundo o par-lamentar, a apreciação dosvetos presidenciais peloCongresso está atrasando areinstalação da superinten-dência. Mauro Benevideslembrou que o órgão foi ide-alizado pelo economistaCelso Furtado em 1959, nagestão do presidente Jus-celino Kubitscheck, comoparte do programa desen-volvimentista para a regiãoNordeste. “Não se podemais adiar o início dos pro-gramas de ação da Sude-ne, que são aguardados pormilhões de brasileiros denove unidades da federa-ção”, afirmou Benevides.

VereadoresProfessor Sétimo (PMDB-

MA) pediu a votação urgenteda proposta que prevê a am-pliação do número de vagasde vereadores em cada mu-nicípio. De acordo com o de-putado, se o número de va-gas continuar o mesmo, háo risco de que em muitas ci-dades nenhum partido con-siga atingir o coeficiente elei-toral para ser representadona câmara municipal. Pro-fessor Sétimo destacou ain-da o programa do governofederal voltado para a agri-cultura familiar, o Pronaf, pormeio do qual a União trans-fere recursos para os muni-cípios. Segundo o parlamen-tar, o avanço da agriculturabrasileira depende do pro-cesso de municipalização.

Prêmio Milton CamposO lançamento oficial do

prêmio Senador Milton Cam-pos de Monografia 2007aconteceu no dia 18 de ju-nho, durante reunião plená-ria do Conselho de ReitoresUniversitários Brasileiros nacidade paulista de São Josédos Campos. Waldir Mara-nhão (PP-MA) destacou que,com o tema “Como salvar oplaneta Terra”, o prêmio pro-cura encontrar formas depreservação de todas asformas de vida, inclusive dopróprio homem. O deputa-do também convidou osparlamentares para o lan-çamento da Frente Parla-mentar em Defesa das Uni-versidades Federais e Es-taduais, que será realizadono dia 27 de junho.

CRISE AÉREA

CPI consultará sobre possibilidadede mediar negociação no setor

CPi ouviu ontem o depoimento de Eleuza Lores, diretora da Infraero

A Comissão Parlamentar deInquérito (CPI) da Crise Aéreadecidiu consultar o ministro daDefesa, Waldir Pires, o coman-dante da Aeronáutica, Juniti Sai-to, e os representantes de contro-ladores de vôo sobre a possibili-dade de servir como mediadoranas negociações da crise entre osdois lados. A consulta será feitapelo presidente da comissão, de-putado Marcelo Castro (PMDB-PI), e pelo relator, deputado Mar-co Maia (PT-RS).

Dependendo da resposta, aCPI poderá constituir um grupode trabalho ou subcomissão paramediar as negociações. Em casoafirmativo, o presidente e o rela-tor também pretendem ouvir daspartes envolvidas quais seriam ostermos da negociação, assimcomo as propostas emergenciaispara evitar a radicalização na cri-se. O impasse envolve questõessalariais, de militarização do se-tor e de possíveis falhas em equi-pamentos. Os parlamentares to-maram essa decisão depois deconstatarem “a completa falta deentendimento” entre as partesem conflito, durante visita aoCentro Integrado de Defesa Aé-

rea e Controle de Tráfego Aéreo(Cindacta 1), em Brasília, on-tem.. “O que testemunhamos éuma situação muito grave. Ficouclaro como é possível parar deimediato o sistema de tráfego aé-reo”, observou o deputado Gus-tavo Fruet (PSDB-PR).

Papel do governoA maioria dos parlamenta-

res estava decidida a formaruma comissão de negociação,mas ao final da discussão pre-valeceu a argumentação do de-putado Eduardo Cunha(PMDB-RJ), para quem essatarefa caberia ao governo. “Nãofomos convidados para mediar

nada”, lembrou o parlamentar.“A CPI pode se meter na situa-ção e não obter sucesso. Nessecaso, acabaríamos levando aculpa se tudo piorar”, concor-dou o presidente Marcelo Castro.

O deputado André Vargas(PT-SP) ressaltou sua condiçãode petista, mas alertou que cabeao governo tomar uma posiçãosobre o assunto, antes que o cli-ma de conflito se generalize. ParaIvan Valente (Psol-SP), o go-verno não tem condições de co-mandar as negociações. “Os con-troladores não confiam no go-verno, que recuou em ocasiõesanteriores”, analisou. O deputa-

do Fernando Gabeira (PV-RJ)disse temer que a crise ganhe re-percussão internacional em ju-lho, com as férias escolares e arealização dos Jogos Pan-Ame-ricanos no Rio. Já o deputadoEduardo Valverde (PT-RO) re-jeitou desde o início da discussãoa proposta de formar o grupo denegociação. “A interferência daCPI pode acirrar o conflito en-tre controladores e Aeronáuti-ca, fortalecendo a quebra de hie-rarquia militar”, alertou.

Proposta em outro sentido foiapresentada pelo deputado Otá-vio Leite (PSDB-RJ). Ele suge-riu que se realizasse uma audito-ria técnica nos equipamentos decontrole de vôo, com a partici-pação de universidades comoUSP, Unicamp, UFRJ e PUC doRio. Os deputados tentaram mar-car os depoimentos do ministroda Defesa e do comandante daAeronáutica, cujas convocaçõesjá foram aprovadas pelo colegi-ado. Mas, para não atrapalhar aspossíveis negociações, decidiu-se que somente após a consultaa essas autoridades os depoi-mentos seriam marcados.(Newton Araújo Jr.)

A diretora de Engenharia daInfraero, Eleuza Terezinha Man-zoni dos Santos Lores, negou terrecebido propina ou participar deesquema de corrupção envolven-do empresas que têm contratocom a autarquia. Em depoimen-to ontem na Comissão Parla-mentar de Inquérito (CPI) daCrise Aérea, ela disse não enten-der por que seu nome tem sidocitado pela empresária SílviaPfeiffer, ex-sócia da empresa Ae-romídia, como integrante dessesuposto grupo. Eleuza informouque vai processar a empresária eadmitiu abrir seus sigilos bancá-rio, fiscal e telefônico à CPI.

Ao longo do depoimento, adiretora foi questionada diversasvezes sobre seus contatos com aAeromídia, uma vez que a empre-sária Sílvia Pfeiffer prestava de-poimento ao mesmo tempo naCPI do Apagão Aéreo do Senado,e fez denúncias de supostas irre-

Diretora da Infraero nega contrato irregulargularidades na gestão da Infraerodesde 2002. Sílvia Pfeiffer tem ci-tado irregularidades em contra-tos de publicidade, obras e manu-tenção firmados entre a Aeromí-dia e a Infraero nos aeroportos deBrasília, Curitiba e Maceió. Paraa CPI do Senado, ela disse ter ha-vido contratos com superfatura-mento de mais de 100%.

Eleuza, que assumiu o cargo naInfraero em 2003, negou as acu-sações de corrupção e de direcio-namento das licitações. “Nuncarecebi nada, de ninguém, além domeu salário”, garantiu. O relatorda CPI, deputado Marco Maia,considerou o depoimento “segu-ro”. “Ela respondeu claramentea todas as perguntas”. Ele nãodescartou, porém, a possibilida-de de a CPI da Câmara convocarSilvia Pfeiffer em breve.

Apesar de negar irregularida-des na conduta da função, a dire-tora da Infraero admitiu que res-

ponde a ação civil pública abertapelo Ministério Público de SãoPaulo em relação à licitação deobras do aeroporto de Congonhas(SP). Essa ação, explicou, foi mo-tivada pelo fato de a Infraero teradotado a modalidade de “técni-ca e preço” na licitação, enquan-to o normal, anteriormente, eraadotar apenas o menor preço.

Reformas e parentesA deputada Luciana Genro

(Psol-RS), uma das autoras dorequerimento para ouvir a dire-tora, criticou “as reformas cosmé-ticas” que a Infraero está fazendonos aeroportos, por considerarque a estatal está “mais preocu-pada em transformar os aeropor-tos em shoppings do que em re-solver os problemas estruturais”.Eleuza admitiu que é parte da “es-tratégia” da estatal ampliar as áre-as comerciais dos aeroporto paraaumentar as receitas, mas refutoua crítica de que obras estruturais

estejam sendo relegadas a segun-do plano e lembrou que, só na áreade engenharia, foi investido R$1,98 bilhão entre 2001 e 2006.

Questionada pela deputadaSolange Amaral (DEM-RJ), co-autora do requerimento, Eleuzaadmitiu ter dois parentes traba-lhando em aeroportos: um irmãoque é superintendente do aero-porto de São José dos Campos (SP)e uma cunhada na coordenaçãodo serviço de limpeza no aeropor-to de Brasília. “Nenhum foi indi-cação minha”, disse.

Eleuza também afirmou quea estatal não tem qualquer res-ponsabilidade pelo caos nos ae-roportos e no sistema aéreo bra-sileiro e atribuiu o problema à“insegurança” dos controlado-res de vôo, uma vez que eles es-tão sendo responsabilizadospelo acidente aéreo entre oBoeing da Gol e o jato Legacy,em setembro do ano passado.

OTÁVIO PRAXEDES

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8 Brasília, 22 de junho de 2007

Câmara debate democratização das comunicaçõesNa abertura do Encontro

Nacional de Comunicação, namanhã de ontem, deputados eoutras autoridades concordaramcom a necessidade de rever as leisbrasileiras para permitir a demo-cratização das comunicações. Opresidente da Câmara, ArlindoChinaglia, ressaltou que o obje-tivo da conferência será demo-cratizar o acesso da população àsvárias mídias e contribuir para ainclusão digital. O encontro,promovido pelas comissões deDireitos Humanos e Minorias; eCiência e Tecnologia, Comuni-cação e Informática, é prepara-tório para uma conferência na-cional de comunicação que de-verá acontecer no próximo ano.

Chinaglia destacou o papeldecisivo do Congresso para for-mular uma legislação atualizadaque discipline a radiodifusão einclua a convergência tecnoló-gica, garantindo a inclusão di-gital. Segundo Chinaglia, a de-mocratização cumpre o manda-mento constitucional que con-sidera o acesso à informaçãocomo um direito individual.

Chinaglia ressaltou que a co-municação é indispensável nãosó para a formação profissional eindividual, mas também para a

participação crítica e cidadã. Eledisse que é preciso desvincular oconteúdo televisivo do simplesobjetivo comercial, não por meioda censura, mas com uma ofertadisseminada de programaçãopautada por valores éticos.

Direitos humanosO presidente da Comissão de

Direitos Humanos, deputadoLuiz Couto (PT-PB), concor-dou com Chinaglia e disse que,sem comunicação, não haveráinclusão social, respeito aos di-reitos humanos nem plenitudeda democracia. Ele espera que aconferência nacional debata aliberdade de expressão e a cria-ção de uma TV pública que seja

instrumento de um novo para-digma de comunicação.

Para o ministro da Secreta-ria Especial de Direitos Huma-nos, Paulo Vanucchi, o debaterelativo aos direitos humanosnão tem aprofundado a reflexãosobre direito à comunicação.Vanucchi ressaltou a importân-cia do debate a ser feito no Par-lamento, pois a instituição po-derá elaborar leis e definir ummarco regulatório para o setor.

No entendimento do presi-dente da Ordem dos Advogadosdo Brasil (OAB), César Britto,apesar de o Brasil ter uma infra-estrutura de telecomunicações deprimeiro mundo, há uma exces-

siva concentração de poder in-compatível com a ética e a trans-parência necessárias ao estadodemocrático de Direito. Segun-do ele, enquanto nos sistemasautoritários existe o medo dacensura, na democracia há o te-mor da manipulação de informa-ções a serviço de interesses nemsempre identificados. Já o presi-dente da Comissão de Ciência eTecnologia, deputado Julio Se-meghini (PSDB-SP), afirmouque os parlamentares precisamestimular o debate para que pos-sam entender quais serão as me-

lhores estratégias na construçãode uma legislação para o setor.

Direito de expressãoA secretária nacional de

Comunicação da CentralÚnica dos Trabalhadores(CUT), Rosane Bertotti, de-nunciou o “caráter perversa-mente antidemocrático dosmeios de comunicação, não sóno Brasil, mas na AméricaLatina”. Ela ressaltou que odireito à expressão deve ser detodos, não somente dos donosde concessões de radiodifusão.(Cristiane Bernardes)

O ministro da ComunicaçãoSocial, Franklin Martins, voltoua dizer no encontro que o Siste-ma Nacional de ComunicaçãoPública deve entrar em opera-ção em dezembro deste ano.Ele deve ser criado por projetode lei ou medida provisória, emagosto. Segundo o ministro, ogoverno ainda trabalha nessedocumento. “O ato jurídico quevai adotar esse sistema defini-rá se ele será uma empresa es-tatal, uma fundação ou uma or-ganização social”, explicou. Se-gundo o ministro, a preocupa-ção do governo é conseguir

MP da comunicação pública sai em agosto, diz ministro

herdar todos os direitos e patri-mônio das empresas que es-tão sendo fundidas na nova ins-tituição - a Radiobrás e a Asso-ciação de Comunicação Educa-tiva Roquete Pinto (TVE). Frank-lin Martins disse ainda que adiscussão sobre o financia-mento da comunicação públicaavançou. Segundo explicou,deve ser adotado um sistemamisto, que inclua verbas do or-çamento da União e patrocínio.A previsão é que o orçamentoinicial seja de R$ 350 milhõesno primeiro ano de funciona-mento. (Geórgia Moraes)

Participaram da abertura do encontro nacional os deputados Júlio Semeghini,Arlindo Chinaglia, Luiz Couto e o ministro Franklin Martins

LUIZ CRUVINEL

ENCONTRO NACIONAL

Papel da mídia quanto a direitos humanos é ambíguo, diz expositorOs meios de comunicação no

Brasil exercem um papel ambíguoem relação aos direitos humanos.A avaliação é do diretor do De-partamento de Classificação In-dicativa do Ministério da Justiça,José Eduardo Romão, que tambémparticipou do seminário prepara-tório para a 1ª Conferência Naci-onal de Comunicação. Segundoele, de um lado, a mídia divulgaconteúdos que promovem a di-versidade e a pluralidade de direi-tos, o que é positivo, a seu ver.

De outro lado, entretanto, eleressaltou que esses mesmos veí-culos violam direitos de minori-as, como nos programas humo-rísticos de televisão. “Especialis-tas chegam a apontar a correla-ção entre o aumento da violênciae do preconceito e os conteúdosde programas televisivos”. Entreos crimes e preconceitos que aprogramação televisiva estimu-laria, o diretor citou a homofo-bia, o machismo e o racismo.

Outro tópico destacado porespecialistas durante o seminá-rio é a contribuição das rádioscomunitárias para a participa-ção popular. Segundo o coorde-nador jurídico da AssociaçãoBrasileira de Radiodifusão Co-munitária (Abraço) JoaquimCarlos Carvalho, atualmenteexistem cerca de oito mil emis-soras funcionando com autori-zação oficial e mais de 18 canaisem processo de regularização.

Entretanto, ele criticou a for-ma como a mídia comercial serefere às emissoras comunitári-as, “que são pejorativamentechamadas de rádios piratas”. Essaabordagem, em sua visão, equi-vale a uma campanha contra acomunicação popular e a de-mocracia local. Ele destacou queas rádios comunitárias são ne-cessárias para garantir o direitoà comunicação do ponto de vis-ta local e a interação entre aspessoas nas suas comunidades.

Comunicação públicaOs representantes do setor

público apresentaram ponto devista unânime quanto à neces-

sidade dos sistemas públicos decomunicação para a promoçãoda democracia, da participaçãopopular e da cidadania. O pre-

A convergência tecnológicapoderá ampliar a exclusão di-gital e a concentração midiáti-ca, ou servirá, ao contrário,para incentivar a democratiza-ção da comunicação e a am-pliação do acesso às mídias. Aescolha por uma dessas alter-nativas reside no marco regu-latório que for definido para oPaís, segundo concluiu o coor-denador do Núcleo de Pesqui-sa, Educação e Formação daRede de Informações para oTerceiro Setor (RITS), GustavoGindre, um dos participantes doprimeiro painel do EncontroNacional de Comunicação. Oconselheiro da Anatel concor-dou com a necessidade de re-visão do marco regulatório bra-sileiro e se colocou à disposi-

sidente da Radiobrás, José Ro-berto Garcez, defendeu inte-gração entre os sistemas já exis-tentes. Além disso, ele disseque “o cidadão deve ter acessoà diversidade de temas e deopiniões, pois este é o princí-pio da transparência e da fide-lidade aos fatos”.

O Diretor da Secretaria deComunicação da Câmara, Wi-lliam França, apresentou aosparticipantes do seminário a di-versidade de produtos que inte-gram o sistema de comunicaçãoda Câmara. “Nosso foco é o ci-dadão, que deve receber infor-mação de qualidade e sobre to-das as atividades institucionaisda Casa”. Ele destacou ainda oesforço dos veículos da Câmarapara promoverem a interativi-dade com os cidadãos, como aCentral de Comunicação Inte-rativa, serviço que recebe emmédia 1,2 mil ligações por dia.(Antonio Barros)

Convergência tecnológicação dos parlamentares paracolaborar com sugestões. Se-gundo ele, a atual legislaçãobrasileira é baseada nos ser-viços e, com a convergênciatecnológica, há uma pressãopara que a regulação do mer-cado seja segmentada em ne-gócios — o que incluiria a re-gulação de conteúdo; o forne-cimento de serviços; e a cria-ção de infra-estrutura. Essenovo marco regulatório, segun-do Ziller, precisa suportar a evo-lução das tecnologias, ampliara competição local e impedirpráticas anticompetitivas dosgrandes conglomerados. Gus-tavo Gindre criticou a existên-cia de legislações diferentespara as áreas de radiodifusãoe telecomunicações no Brasil.