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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
SAÚDE PÚBLICA
Saúde - SUS
Profª Enfª Gabriela Souto
1. SAÚDE
1.1 Saúde, conceito e considerações gerais
OMS - É um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não a
mera ausência de moléstia ou enfermidade. (Kawamoto, 1995).
8a CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE - É a resultante das condições de
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso à terra, acesso a serviços de saúde (...).
Resultado de formas de Organização Social de Produção, as quais podem gerar
grandes desigualdades nos níveis de vida. Saúde e doença devem ser entendidas
num contexto histórico, tanto nos indivíduos como na coletividade. (Brasil, 1987)
A saúde é um direito de todos e cabe ao estado proporcioná-la.
Dimensões da saúde:
Dimensão orgânica da saúde: é considerada o bem biológico de um
organismo vivo.
Dimensão psicológica da saúde: busca do bem-estar psíquico da pessoa.
Dimensão socioambiental da saúde: relação do sujeito com o ambiente
que vive (condições de trabalho, alimentação, ambiente familiar, relações
pessoais).
Dimensão ético-espiritual da saúde: responsabilidade com a própria saúde
e saber viver com as dificuldades sem perder o sentido da própria existência.
(Figueiredo, 2005)
1.2 História natural das doenças
História natural da doença é o nome dado ao conjunto de processos interativos
compreendendo “as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que
afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que
criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou qualquer outro lugar, passando
pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito,
invalidez, recuperação ou morte” (Leavell & Clark, 1976).
>Período Pré-patológico (epidemiológico)
São característicos os primeiros estímulos ao adoecimento, presentes no meio
ambiente ou em outro lugar.
Inespecífica: Condições gerais do indivíduo ou do ambiente
Específica: Fatores que causam doenças. Suscetibilidade
Tríade (hospedeiro, agente, ambiente)
Hospedeiro
• Idade; • Sexo; • Estado civil; • Ocupação; • Escolaridade; • Características genéticas •
História patológica pregressa • Estado imunológico • Estado emocional; Vacinas
Agente
• Biológicos (microrganismos)
• Químicos (mercúrio, álcool,medicamentos)
• Físicos (trauma, calor, radiação)
• Nutricionais (carência, excesso)
Ambiente
• Determinantes físico-químicos (temperatura, umidade, poluição, acidentes)
• Determinantes biológicos (acidentes, infecções)
• Determinantes sociais (comportamentos, organização social)
>Período Patológico (patogênica)
1ª fase: doença já existe, mas o organismo ainda não manifesta seus
sintomas.
2ª fase: sinais e sintomas da doença
3ª fase: o desfecho não é a cura completa nem a morte. Pode não haver
reabilitação completa (sequelas). Faz-se necessário promover medidas de
reabilitação e reduzir incapacidades.
1.3 Níveis de Prevenção
Prevenir: atuar antecipadamente, prevenir desfechos indesejados.
> Prevenção primária (atua no pré-patológico): Estratégias para prevenir a exposição ao
fator de risco (ex: tabagismo; ingestão de gorduras) ou para promover sua cessação
(tratamento para deixar de fumar).
Promoção da saúde (saneamento, educação sexual, pré-natal, vacinas...)
> Secundária (a doença já existe)-(atua no patológico – 1ª e 2ª fase): Diagnóstico
Precoce > rastreamento (screening) para identificar a doença num estágio inicial e então
melhorar o seu prognóstico (aumentar a probabilidade de cura ou prolongar o tempo de
sobrevida) Ex: papanicolau para detecção precoce de câncer de cérvix uterino.
Diagnostico e tratamento precoce
> Terciária (atua no patológico – 3ª fase:sequela): Prevenção de incapacidade através de
medidas destinadas à reabilitação e limitações do dano. Ex: o processo de reeducação e
adaptação de pessoas com defeitos após acidentes ou devido a seqüelas de doenças.
Terapias, reinserção social, emprego selecionado...
Período Pré-patológico
Período Patológico
3ª fase
2ª fase
1ª fase
Prevenção Primária
Prevenção Secundária
Prevenção Terciária
1.4 Inter-relações entre saúde e o desenvolvimento sócio-econômico
A relação entre saúde e desenvolvimento é multidimensional e multidirecional. Em
outras palavras, se a saúde das pessoas tem consequências no desenvolvimento social e
econômico, as condições econômicas e sociais também influenciam a saúde das pessoas.
A saúde é fator fundamental para o desenvolvimento, cujos efeitos corroboram para
uma vida saudável.
Um dos diretores da Organização Pan-Americana de Saúde, Abraham Horwitz
(1975-2000), elaborou o Ciclo Econômico da Doença e o Ciclo Econômico da Saúde. Este
modelo demonstrava que:
- os componentes do ciclo dinâmico da saúde são alimentação, habitação,
saneamento, educação e emprego;
- a baixa produção leva a salário suficiente apenas para a subsistência gerando
nutrição deficiente, educação insuficiente e habitação inadequada. Esses fatores facilitam a
instalação de doenças;
- as doenças levam a diminuição da capacidade de trabalho, o que gera diminuição
da produção de bens e serviços e aumento de investimento no atendimento ao doente e
diminuição das ações de promoção à saúde e de prevenção de doenças. Esses fatores
favorecem a ocorrência de novas doenças.
Uma outra conexão importante entre saúde e desenvolvimento é preconizada pela ONU
(Organização das Nações Unidas) através do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que
é um esforço para incluir outras esferas da vida, além da econômica, nas lógicas da análise do
desenvolvimento. O IDH é formado pelo “PIB per capita”, “expectativa de vida”, “taxas de
alfabetização e anos na escola”, de todos os países do mundo, que são classificados em
ordem decrescente de desenvolvimento humano e divulgados anualmente pelo Relatório
Mundial de Desenvolvimento.
Por exemplo: em 2005 o Brasil se colocou em 63° lugar em desenvolvimento humano e
em 14° quanto ao PIB. Sendo assim, o IDH tem o mérito de mostrar que nem sempre o
potencial econômico de um país está correlacionado com a sua capacidade de promover o
desenvolvimento humano de sua produção.
Portanto é necessário revisar a importância e o papel do Estado e das Políticas Públicas.
•Formar capital social implica investir, sistemática e continuamente em áreas como a
educação, a saúde e nutrição, entre outras;
•O gasto público com saúde, ponto essencial no desenvolvimento do capital humano,
evidencia-se na prática, como de altíssima rentabilidade;
•Os serviços públicos conferem às pessoas mais capacidades para se ajudarem a si mesmas
e as outras.
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/11/brasil-ocupa-84-posicao-entre-187-paises-no-idh-2011.html
02/11/2011 09h07- Atualizado em 02/11/2011 14h45
Brasil ocupa 84ª posição entre 187 países no IDH 2011
1.5 O direito a Saúde
Em 16 de dezembro de 1966, a Assembléia Geral das Nações Unidas reconheceu a
saúde como sendo um direito do ser humano.
A saúde é direito de todos e dever do Estado (artigo 196 da constituição federal),
mas o seu conteúdo será definido após debate com todos os membros da comunidade política
onde for vigorar. As regras deverão ser fixadas após discussão da saúde e do direito à
liberdade nos seus aspectos:
- individual: ex: a liberdade de escolher seu próprio médico;
- coletivo: ex: a obrigatoriedade da vacinação contra a poliomielite, para o benefício de todo o
grupo;
- desenvolvimento socioeconômico e cultural: ex: a diminuição de verminoses após instalação
da rede de água e esgoto e da utilização de medidas preventivas individuais (educação
sanitária).
Partindo do princípio segundo o qual só tem saúde quem está bem adaptado ao
seu ambiente geral, o Estado deve promover boas condições de estudo, transporte,
alimentação, moradia e etc. Portanto, compete ao Estado elaborar as diretrizes de saúde,
devendo estar presente como atividade mínima para elevação do nível de saúde:
- a educação sanitária: através dela a comunidade reconhece a sua participação na
determinação de sua situação de saúde e, consequentemente, pratica ações de saúde;
- a assistência nutricional: refere-se tanto ao aspecto do conhecimento e aproveitamento dos
alimentos quanto às condições de recebê-los e produzi-los;
- o saneamento básico: água tratada nas residências, recolhimento e tratamento do esgoto
antes de joga-lo ao ambiente;
- a assistência materno-infantil: para que as crianças tenham a mesma condição de vida
desde o nascimento;
- as imunizações: para diminuir a incidência de doenças preveníveis por vacinas;
- a assistência curativa: oferecendo tratamento e medicamentos.
1.6 Situação Sanitária Brasileira
Retrata a interpretação das informações estatísticas, apesar de se saber que as
estatísticas nem sempre são de boa qualidade e que os medidores de saúde apresentam
deficiências. De uma forma geral, ainda não se considera satisfatório o nível de saúde do
brasileiro, por que:
- muitos não ganham o suficiente para a sua sobrevivência;
- o nível de escolaridade é baixo e com grande evasão escolar;
- muitos municípios não tem tratamento de esgoto e rede de abastecimento de água tratada;
- altas taxas de doenças provocadas pela falta de saneamento básico e vacinação;
-os programas de assistência a saúde não atendem as necessidades da população, tanto em
qualidade quanto em quantidade.
Estes dados variam de um local para outro, pois o Brasil é um país de grandes
dimensões territoriais, com contrastes não só geográficos como sociais, econômicos, culturais
e, consequentemente, de saúde.
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Tendência de se inverter a priorização das ações de saúde, de uma abordagem curativa,
desintegrada e centrada no papel hegemônico do médico para uma abordagem preventiva e
promocional, integrada com outros níveis de atenção e construída de forma coletiva com
outros profissionais de saúde.
CUIDADOS PRIMÁRIOS À SAÚDE
•Educação em saúde
• Água e saneamento
• Promoção da saúde materno-infantil
• Imunizações
• Prevenção e controle das endemias
• Promoção da saúde mental
• Promoção de nutrição adequada
• Tratamento das doenças comuns
•Provisão de medicamentos essenciais
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Primário – responsabilidade local, cuidado profissional complexo, mas com tecnologia leve.
Enfoque nas ações e cuidados primários de saúde. Deve resolver grande parte dos problemas
de saúde da população.
Exemplos de Serviços de Atenção Básica à Saúde: Postos do Programa de Saúde
da Família e Unidades Sanitárias
Secundário – responsabilidade distrital, cuidado profissional geral e especializado, com o uso
de tecnologia especializada.
Exemplos: Centros de Saúde, Clínicas Conveniadas, Ambulatórios de Hospitais,
Laboratórios.
Terciário – responsabilidade regional, cuidado especializado e superespecializado, com o uso
de tecnologia de complexidade correspondente.
Exemplos: Hospitais, Serviços de Urgências e Emergências.
1. O que é Saúde, segundo a OMS? Qual a importância de se criar esse
conceito?
2. Relacione o Período Pré-Patológico e Patológico com os níveis de prevenção:
3. Qual a relação existente entre o desenvolvimento socioeconômico e a saúde?
4. Quais atividades mínimas são necessárias para a elevação do nível de saúde
da população?
5. Explique o Ciclo Econômico da Saúde e o Ciclo Econômico da Doença
6. Quais os níveis de organização dos Serviços de Saúde?
SUS – Antecedentes
• Início do século XX:
- modelo de campanhas sanitárias
Anos 30:
- Processo de industrialização do país
- A saúde pública perde importância.
- Assistência médica individual
- Tendência centralizadora.
Pós II guerra:
•Depressão econômica
•Avanço do socialismo
•Ampliação geral das lutas dos trabalhadores
•Intervenção estatal na economia (estado do bem estar social).
•1963 (3a Conferência Nacional Saúde) municipalização.
Meados dos anos 60 a meados dos anos 70:
• Restrição a participação democrática (exclusão dos representantes dos
trabalhadores dos IAPs - Institutos de Aposentadorias e Pensões ).
• Aumenta a clientela previdenciária
• Concentração e centralização da previdência social
• O Estado como grande financiador do sistema através da previdência social
• Setor privado nacional como maior prestador de serviços de assistência
médica.
• Setor internacional como o mais significativo produtor de insumos,
especialmente biomédicos e equipamentos
• gastos com saúde pública. gastos com saúde curativa.
Fim dos anos anos 70 e início dos anos 80:
• Crise do regime ditatorial, crescimento dos movimentos populares
• Avanços democráticos, núcleos de resistência
• Movimento da reforma sanitária
• 1986 (VIII Conferência Nacional de Saúde)
VIII Conferência Nacional de Saúde (1986):
• Foi conquista do processo de redemocratização do país e do
movimento da reforma sanitária brasileira.
• Ampla participação de movimentos populares, do meios acadêmicos,
lideranças políticas e sindicais , entre outros.
•Funcionamento das Conferências e os Conselhos de Saúde
Nas conferências, reúnem-se os representantes da sociedade (os usuários
do SUS), do governo, dos profissionais de saúde, dos prestadores de serviços,
parlamentares e outros, para avaliar a situação da saúde e propor as diretrizes para
a formulação das políticas de saúde nos municípios, nos estados e no país. Foi o
relatório final da 8ª Conferência Nacional de Saúde que serviu de base para a
elaboração do capítulo sobre saúde na Constituição Federal de 1988, quando foi
criado o Sistema Único de Saúde.
Os Conselhos de Saúde são os órgãos de controle do SUS pela sociedade
nos níveis municipal, estadual e federal. Eles foram criados para permitir que a
população possa interferir na gestão de saúde, defendendo os interesses da
coletividade para que estes sejam atendidos pelas ações governamentais.
•Constituição Federal -1988
Da Saúde
Art.196 – A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.
Art.198 – As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
Diretrizes do SUS:
- descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
- atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
-participação da comunidade.
Art.200 – Ao Sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da
Lei:
I – controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e
participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e
outros insumos;
II – executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do
trabalhador;
III – ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde;
IV – participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V – incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
VI – fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem
como bebidas e águas para consumo humano;
VII – participar do controle e da fiscalização da produção, do transporte, da guarda e da
utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
• O processo de construção do SUS
1988 - SUS no texto constitucional: O Estado se comprometendo com a cidadania plena e
universal:
• No setor saúde: universalidade, integralidade da atenção, participação e
descentralização com comando único em cada esfera de governo.
Setembro de 1990 - Lei 8080:
• Dispõe sobre as condições para a promoção e recuperação da saúde, a organização e
o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
Disposição Preliminar
Art.1º- Esta Lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde,
executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas
naturais ou jurídicas de direito público ou privado.
Disposições Gerais
Art.2º- A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado promover as
condições indispensáveis ao seu exercício.
Do Sistema Único de Saúde
Art.4º - O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas
federais, estaduais e municipais da administração direta e indireta e das fundações mantidas
pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
Parágrafo 2º - A iniciativa privada poderá participar do SUS, em caráter complementar.
DECRETO 7.508, de 28 de junho de 2011
Regulamenta a Lei nº 8.080, para dispor sobre a organização do SUS, o
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá
outras providências.
Dezembro de 1990 - Lei 8142:
• Rede básica transferida para a esfera municipal.
• Dispões sobre a participação na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde, e dá outras
providências.
Art.1º - O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei 8.080, de 19 de setembro de
1990, contará em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo,
com as seguintes instâncias colegiadas:
I – a Conferência de Saúde; e
II – o Conselho de Saúde
•1991 - 1a NOB (Norma Operacional Básica)
•Reconhecia os municípios como prestadores de serviços passaram a ser remunerados por
produção, da mesma forma que o setor privado.
Maio de 1993 - NOB 93 (A ousadia de fazer cumprir a Lei):
•Decreto Fundo a Fundo
•Três modalidades de gestão: incipiente, parcial e semiplena.
NOB 93 - Municípios verdadeiros gestores do SUS:
- Definição de prioridades mais próximas da realidade sanitária local;
- Maior controle do setor privado-contratado e filantrópico-conveniado;
- Incremento dos recursos humanos;
-Em alguns casos: forte participação popular.
Novembro de 1996: NOB 96
Pela 1a vez discute-se, de forma articulada a remodelação do SUS.
- A NOB propõe um novo modelo de atenção à saúde centrado no enfoque epidemiológico em contraposição
ao clínico ações simplificadas de prevenção individual.
-“Incentiva” os municípios a adotarem programas elaborados pelo MS: PSF e PACS.
A NOB 96 e a Reforma do Estado: recursos financeiros adicionais – CPMF
Criação de dois subsistemas de saúde:
- Um de atenção básica
- E outro ambulatorial e hospitalar
•NOAS 01/2002 – Norma Operacional de Assistência à Saúde
Amplia as responsabilidades dos municípios na atenção básica; estabelece o
processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de
busca de maior equidade; cria mecanismos de fortalecimento da capacidade de gestão do
SUS e procede a atualização dos critérios de habilitação dos Estados e Municípios.
• PACTO PELA SAÚDE 2006
Gestores Federal, estaduais e municipais compreenderam a necessidade de pactuar metas
e objetivos a serem alcançados, assim como de envolver a sociedade na defesa do SUS.
O Pacto pela Saúde 2006 tem três dimensões:
1. Pacto em defesa do SUS: Projeto permanente de mobilização social.
2. Pacto pela Vida: Constituído por um conjunto de compromissos sanitários, expressos em
objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde da população
e das prioridades definidas pelos governos federal, estaduais e municipais. O Pacto pela Vida
definiu seis prioridades:
•Saúde do Idoso
•Controle do câncer de colo de útero e de mama
•Redução da mortalidade materna e infantil
•Fortalecimento da capacidade de respostas às doenças emergentes e endemias, com ênfase
na Dengue, Hanseníase, Tuberculose, Malária e Influenza
•Promoção da Saúde
•Fortalecimento da Atenção Primária
3. Pacto de Gestão: Descentralização, Regionalização, Mecanismos de Gestão Regional,
Financiamento, Programação Pactuada e Integrada, Regulação.
PRINCÍPIOS DO SUS
Universalidade – acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de
assistência.
Equidade – distribuição de recursos àqueles que mais necessitam de atenção e
cuidados (justiça social).
Integralidade – conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos
e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis
de complexidade do sistema.
> O SUS
Princípios:
• Saúde como direito de todos e dever do Estado;
• Descentralização com comando único em cada esfera de governo: municipal, estadual e
Federal;
• Organização dos Serviços pautada na Universalização do Atendimento, na Eqüidade
dos Serviços e na Integralidade da Assistência;
• Participação da população no controle social do Sistema.
> SUS constitui exemplo único de Pacto Federativo, no qual ações são acordadas em
instâncias formais com a participação das três esferas de governo, havendo uma prática já
disseminada de participação popular/controle social, sendo modelo para outras políticas
sociais: assistência social, cultura, segurança pública, etc.
Antes da criação do SUS, que completou 20 anos em 2008, a saúde não era considerada
um direito social. O modelo de saúde adotado até então dividia os brasileiros em três
categorias: os que podiam pagar por serviços de saúde privados; os que tinham direito à
saúde pública por serem segurados pela previdência social (trabalhadores com carteira
assinada); e os que não possuíam direito algum. Assim, o SUS foi criado para oferecer
atendimento igualitário e cuidar e promover a saúde de toda a população. O Sistema constitui
um projeto social único que se materializa por meio de ações de promoção, prevenção e
assistência à saúde dos brasileiros.
Constituição
Constituição brasileira de 1988 diz que a Saúde é direito de todos e dever
do Estado. Isso deve ser garantido por políticas sociais e econômicas, reduzindo o
risco de doença e promovendo acesso universal e igualitário às ações e serviços
para promoção, proteção e recuperação da saúde. A saúde deve ser compreendida
como qualidade de vida e não apenas como ausência de doenças. A gestão das
ações e dos serviços deve ser participativa e municipalizada.
Antes de 1988, o atendimento dos hospitais públicos estava restrito a 30
milhões de brasileiros. Com a Constituição de 1988, mais de 70 milhões de
pessoas passaram a ter direito ao atendimento pelo Sistema Único de Saúde.
Constituição
Antes de 1988
O sistema público de saúde atendia a quem contribuía para a Previdência Social. Quem
não tinha dinheiro dependia da caridade e da filantropia. Centralizado e de responsabilidade
federal, sem a participação dos usuários.
Assistência médico-hospitalar. Saúde é ausência de doenças. 30 milhões de pessoas
com acesso aos serviços hospitalares.
2008
O sistema público de saúde é para todos, sem discriminação. Desde a gestação e por
toda a vida a atenção integral à saúde é um direito. Descentralizado, municipalizado e
participativo com 77 mil conselheiros de saúde. Promoção, proteção, recuperação e
reabilitação. Saúde é qualidade de vida. 140 milhões de pessoas têm no SUS o seu único
acesso aos serviços de saúde.
O SUS não é apenas assistência médico-hospitalar. Também desenvolve, nas cidades,
no interior, nas fronteiras, portos e aeroportos, outras ações importantes como a prevenção, a
vacinação e o controle das doenças. Faz vigilância permanente nas condições sanitárias, no
saneamento, nos ambientes, na segurança do trabalho, na higiene dos estabelecimentos e
serviços. Regula o registro de medicamentos, insumos e equipamentos, controla a qualidade
dos alimentos e sua manipulação. Normaliza serviços e define padrões para garantir maior
proteção à saúde.
AÇÕES DE SAÚDE A SEREM DESENVOLVIDAS
Conhecer o perfil epidemiológico da comunidade (doenças, condições sócio-
econômicas, hábitos, necessidades de saúde) e a infra- estrutura dos serviços disponíveis.
Promoção e proteção da saúde – ações preventivas programadas e sistemáticas para
reduzir fatores de risco à saúde das pessoas
Promoção da saúde – educação em saúde, estímulo a estilos saudáveis de vida
(alimentação, atividade física, higiene), planejamento familiar, desestímulo ao consumo de
álcool, drogas
Proteção da saúde – vacinas, saneamento básico, exames médicos e odontológicos
periódicos, vigilância epidemiológica e sanitária.
Recuperação da saúde – diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças. Ex:
consultas médicas, atendimento de enfermagem, exames diagnósticos, internação hospitalar
Programas de saúde – ações desenvolvidas com grupos expostos a riscos de saúde.
Ex: crianças, gestantes, idosos, portadores de doenças crônicas.
Programas nacionais devem ser adaptados às características regionais.
DIMENSÃO DO SUS
Serviços Básicos de Atenção à Saúde, Ambulatórios Especializados, Serviços de
Diagnósticos, Hospitais de média e alta complexidade, Hospitais Universitários, Serviços
privados contratados.
ENTENDENDO O SUS
1 - Todos os estados e municípios devem ter conselhos de saúde compostos por
representantes dos usuários do SUS, dos prestadores de serviços, dos gestores e dos
profissionais de saúde. Os conselhos são fiscais da aplicação dos recursos públicos em saúde.
2 - A União é o principal financiador da saúde pública no país. Historicamente, metade dos
gastos é feita pelo governo federal, a outra metade fica por conta dos estados e municípios. A
União formula políticas nacionais, mas a implementação é feita por seus parceiros (estados,
municípios, ONGs e iniciativa privada).
3 - O município é o principal responsável pela saúde pública de sua população. A partir do
Pacto pela Saúde, assinado em 2006, o gestor municipal passa a assumir imediata ou
paulatinamente a plenitude da gestão das ações e serviços de saúde oferecidos em seu
território.
4 - Quando o município não possui todos os serviços de saúde, ele pactua (negocia e acerta)
com as demais cidades de sua região a forma de atendimento integral à saúde de sua
população. Esse pacto também deve passar pela negociação com o gestor estadual.
5 - O governo estadual implementa políticas nacionais e estaduais, além de organizar o
atendimento à saúde em seu território.
6 - A porta de entrada do sistema de saúde deve ser preferencialmente a atenção básica
(postos de saúde, centros de saúde, unidades de Saúde da Família, etc.). A partir desse
primeiro atendimento, o cidadão será encaminhado para os outros serviços de maior
complexidade da saúde pública (hospitais e clínicas especializadas).
7 - O sistema público de saúde funciona de forma referenciada. Isso ocorre quando o gestor
local do SUS, não dispondo do serviço de que o usuário necessita, encaminha-o para outra
localidade que oferece o serviço. Esse encaminhamento e a referência de atenção à saúde
são pactuados entre os municípios.
8 - Não há hierarquia entre União, estados e municípios, mas há competências para cada um
desses três gestores do SUS. No âmbito municipal, as políticas são aprovadas pelo CMS –
Conselho Municipal de Saúde; no âmbito estadual, são negociadas e pactuadas pela CIB –
Comissão Intergestores Bipartite (composta por representantes das secretarias municipais de
saúde e secretaria estadual de saúde) e deliberadas pelo CES – Conselho Estadual de
Saúde (composto por vários segmentos da sociedade: gestores, usuários, profissionais,
entidades de classe, etc.); e, por fim, no âmbito federal, as políticas do SUS são negociadas e
pactuadas na CIT – Comissão Intergestores Tripartite (composta por representantes do
Ministério da Saúde, das secretarias municipais de saúde e das secretarias estaduais de
saúde).
9 - Os medicamentos básicos são adquiridos pelas secretarias estaduais e municipais de
saúde, dependendo do pacto feito na região. A insulina humana e os chamados medicamentos
estratégicos - incluídos em programas específicos, como Saúde da Mulher, Tabagismo e
Alimentação e Nutrição - são obtidos pelo Ministério da Saúde. Já os medicamentos
excepcionais (aqueles considerados de alto custo ou para tratamento continuado, como para
pós-transplantados, síndromes – como Doença de Gaucher – e insuficiência renal crônica) são
comprados pelas secretarias de saúde e o ressarcimento a elas é feito mediante comprovação
de entrega ao paciente. Em média, o governo federal repassa 80% do valor dos
medicamentos excepcionais, dependendo dos preços conseguidos pelas secretarias de saúde
nos processos licitatórios. Os medicamentos para DST/Aids são comprados pelo ministério e
distribuídos para as secretarias de saúde.
10 - Com o Pacto pela Saúde (2006), os estados e municípios poderão receber os recursos
federais por meio de cinco blocos de financiamento: 1 – Atenção Básica; 2 – Atenção de Média
e Alta Complexidade; 3 – Vigilância em Saúde; 4 – Assistência Farmacêutica; e 5 – Gestão do
SUS. Antes do pacto, havia mais de 100 formas de repasses de recursos financeiros, o que
trazia algumas dificuldades para sua aplicação.
OBS.: Quanto a União, os estados e municípios devem investir?
• A Emenda Constitucional nº 29 estabelece que os gastos da União devem ser iguais ao do
ano anterior, corrigidos pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB).
• Os estados devem garantir 12% de suas receitas para o financiamento à saúde.
• Já os municípios precisam aplicar pelo menos 15% de suas receitas.
Fonte: O conteúdo pode ser acessado no Portal da Saúde, no endereço
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=136
Sobre o SUS, responda:
a) o que diz a Lei 8080/90?
b) o que diz a Lei 8142/90?
c) quais são os princípios do SUS? Explique cada um.
d) qual o papel da União, do Estado e do município
dentro do Sistema Único de Saúde?
e) quanto a União, o Estado e o Município devem
investir na Saúde?
f) quais ações devem ser desenvolvidas?
g) Explique o Pacto pela Saúde de 2006:
h) O que são e qual a função do Conselho Municipal de
Saúde, a Comissão Intergestora Bipartite e a Comissão
Intergestora Tripartite?