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CAPITAL HUMANO E COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS:
FATORES A CONSIDERAR NA GESTÃO DE PESSOAS
Autora: Claudia Silva Ribeiro Alves
Orientadora: Dra. Suzete Antonieta Lizote
Itajaí, dez/2016.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI - SC
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL
EM ADMINISTRAÇÃO – GESTÃO,
INTERNACIONALIZAÇÃO
E LOGÍSTICA - PMPGIL
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CAPITAL HUMANO E COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS:
FATORES A CONSIDERAR NA GESTÃO DE PESSOAS
OBJETIVO DA PESQUISA
Avaliar a influência do capital humano e das competências empreendedoras no desempenho
dos profissionais da área de vendas é importante para que as empresas se mantenham
competitivas. Considerando que o profissional da área comercial externa é o capital capacitado
para aprender, empreender, desenvolver, liderar, decidir e gerir recursos de forma contínua,
desenvolvendo competências de aprendizagem e gerando novos recursos. O profissional da área
de vendas externas, como representa a empresa e trabalha independente na área de atuação,
precisa ter o capital humano (CH) e suas competências empreendedoras (CE) desenvolvidas
para proporcionar maior desempenho para a organização. Neste sentido, o objetivo geral desta
pesquisa foi:
Objetivos específicos:
• Mensurar o capital humano dos profissionais da área de vendasexternas.
• Aferir as competências empreendedoras dos profissionais da área devendas externas.
• Analisar as relações desses construtos com o desempenho dosprofissionais da área de vendas externas.
• Avaliar a influência do CH e das CE no desempenho individual dosprofissionais da área de vendas externas do Grupo DMüller.
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RELEVÂNCIA CIENTÍFICA E PRÁTICA
As empresas atacadistas e distribuidoras sofrem com a rotatividade dos profissionais da área de
vendas externas, portanto, precisam estar preparadas para enfrentar os desafios do mercado em
que estão inseridas e da constante concorrência. Adotar uma abordagem empreendedora na
elaboração de estratégias torna-se um fator essencial para o sucesso da empresa e do negócio.
Com o presente trabalho buscou-se:
o Avaliar a influência do capital humano e das competências empreendedoras no
desempenho dos vendedores, torna-se fundamental, visto que é possível aproveitar as
oportunidades e capacitar seus homens de vendas para o desenvolvimento de suas
competências.
o Compreender as características mais relevantes identificadas na pesquisa em relação ao
capital humano e as competências empreendedoras, mas também para que a partir dessa
compreensão seja viável um direcionamento no recrutamento e seleção dos vendedores
e principalmente no treinamento e desenvolvimento desses profissionais.
o Oferecer uma nova ferramenta para a empresa objeto de estudo. Irá gerar impacto
positivo tanto para administração dos seus recursos humanos, podendo reduzir o
turnover em função de uma maior assertividade no momento da contratação, quanto
para a área comercial, tendo o reflexo no atendimento dos clientes por meio de
profissionais mais capacitados.
o Contribuição teórica apresenta-se no sentido da consolidação de uma base conceitual
em relação ao capital intelectual, capital humano, competência, competência
empreendedora e o desempenho individual.
o Obter novas evidências empíricas a respeito da relação entre os construtos capital
humano, competências empreendedoras e o desempenho individual dos consultores de
vendas.
o Sua consecução, além de original para a empresa objeto de estudo, possuiu relevância
prática para sugerir após o resultado da pesquisa, a melhoria no desempenho dos
funcionários por meio de capacitações específicas.
o A proposição para reaplicabilidade em demais empresas do ramo atacadista distribuidor,
integradas na ADAC (Associação dos Distribuidores e Atacadistas Catarinense),
reforçam a justificativa do interesse prático.
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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
O conceito de capital intelectual é usado com frequência como sinônimo de ativo intangível.
Para esse construto se reconhecem três dimensões: capital humano, que é um ativo de
competência individual e tem como fim a inovação; capital estrutural, que representa a
estrutura de uma organização; e capital relacional que inclui os tipos de relações externas que
a organização estabelece com seus stakeholders. (EDVINSSON; MALONE, 1997).
Daquelas dimensões esta pesquisa focou os fatores ligados ao capital humano, considerado por
diversos autores o bem mais importante que uma organização possui. (CRAWFORD, 1994;
EDVINSSON; MALONE 1997; BONTIS 1998; SVEIBY 2000). Para atender um dos objetivos
da pesquisa, foi adotado o modelo de Zea (2011) para medir o CH, e que apresenta as
dimensões: atitudes, conhecimentos, aprendizagem, capacidades e liderança.
Toda organização tem seu capital humano, que se caracteriza pela capacidade, conhecimento,
habilidade e experiência dos funcionários. Inclui ainda a criatividade que possuem e as
inovações que podem promover para a empresa. De forma prática pode-se afirmar, de acordo
com Stewart (1998), que o capital humano é aquilo que as pessoas levam para casa no final do
expediente.
Para Magierski, Lapolli e Guimarães (2008,) os antigos modelos da área de gestão de pessoas,
em que o colaborador não era reconhecido como capital humano e nem como um ser provedor
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de conhecimento, habilidades e competências, não condizem com a nova estrutura das
organizações do conhecimento.
Outra característica importante a considerar, que atua na consolidação das vantagens
competitivas e na obtenção de melhores desempenhos, é a orientação empreendedora que a
organização manifesta por meio dos vendedores que dela fazem parte. Estes, além de atuarem
proativamente na identificação de oportunidades e ameaças, assumem os riscos implícitos.
Precisam ser criativos inovando no sentido de prospectar novos clientes, difundir os produtos e
a marca da empresa. Tem ainda a finalidade de alavancar as vendas, aumentar o posicionamento
de mercado, proporcionando e desenvolvendo crescimento para a firma. A abrangência dos
comportamentos relacionados às competências empreendedoras dos funcionários contribui para
a identificação de fatores geradores de valor, e assim, essenciais para o sucesso das
organizações. (COOLEY, 1990).
Para atender o segundo objetivo específico da pesquisa, foi adotado o modelo de Cooley (1990)
para medir as CE, e que trabalha com o conjunto de ações: realização, planejamento e poder.
O modelo utilizado de competências empreendedoras de Cooley (1990), é um clássico de destaque
na literatura, e lista 10 características comportamentais ou também chamadas de competências
empreendedoras de empreendedores bem-sucedidos.
Para Lenzi (2008), as competências empreendedoras devem ter um foco bem definido na busca
de resultados por parte do profissional em prol da empresa. Embora nada possa garantir a
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assertividade na obtenção destes resultados, o desenvolvimento das competências
empreendedoras pode facilitar este processo.
Avaliar a influência do capital humano e das competências empreendedoras no desempenho
dos profissionais da área de venda externa do Grupo DMüller também é importante para que a
empresa se mantenha competitiva. Considerando que o profissional é o capital capacitado para
aprender, empreender, desenvolver, liderar, decidir e gerir recursos de forma contínua,
desenvolvendo competências de aprendizagem e gerando novos recursos.
HIPÓTESES DA PESQUISA
O desenho da pesquisa que tem como objetivo avaliar a influência do capital humano e das
competências empreendedoras no desempenho dos vendedores e RC do Grupo DMüller.
Com base na teoria apresentada, as seguintes hipóteses da pesquisa foram formuladas:
H1: O capital humano influencia positivamente no desempenho dos profissionais da área de
vendas externas.
H2: As competências empreendedoras influenciam positivamente no desempenho dos
profissionais da área de vendas externas.
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MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO
A pesquisa contou com a aplicação de 208 questionários, o total final considerado foi de 191
instrumentos validados. Para tanto, empregou-se a modelagem de equações estruturais, ou seja,
o estudo teve abordagem quantitativa de objetivos descritivos, realizando-se uma survey com
questionário de autopreenchimento.
EQUIPES GRUPO EMPRESA CLT RC TOTAL
Extremo Oeste Müller SC 07 0 07
Meio Oeste Müller SC 07 01 08
Norte Müller SC 08 02 10
Litoral Vale Varejo Müller SC 07 08 15
Litoral Norte MC /KA Müller SC 01 11 12
Florianópolis Varejo Müller SC 06 02 08
Sul Varejo Müller SC 02 04 06
Sul MC / KA Müller SC 00 10 10
Exclusivo Ferrero Müller SC 05 00 05
Exclusivo Castrol Müller SC 04 00 04
Exclusivo Selmi Müller SC 00 08 08
Regional Curitiba Varejo Müller PR 10 04 14
Ajinomoto Exclusiva Müller PR 09 00 09
Regional Ponta Grossa Varejo Müller PR 01 07 08
Equipe Regional Food Service Müller PR 10 01 11
Equipe Continente Timoneiro 07 00 07
Equipe Ilha Timoneiro 07 00 07
Equipe Itajaí Timoneiro 07 00 07
Equipe Litoral Timoneiro 00 05 05
Equipe Norte Timoneiro 11 00 11
Equipe Sul Timoneiro 09 00 09
Equipe Vale Timoneiro 10 00 10
TOTAL 133 58 191
COLETA DE DADOS
Com o objetivo de verificar se o questionário estava apropriado aos respondentes, realizou-se
a adequação do instrumento da pesquisa. A pesquisa contou com a participação de 208
profissionais da área de vendas externas das empresas Distribuidora Müller e Timoneiro
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Distribuidora. O processo de coleta de dados foi dividido em quatro blocos para levantamento:
Para atingir os objetivos da pesquisa foi aplicado questionário para levantamento dos dados
demográficos, para análise do capital humano utilizou-se o modelo apresentado por Zea (2011),
e nesta pesquisa se contemplaram apenas cinco das seis dimensões referidas ao capital humano:
atitudes, conhecimentos, aprendizagem, capacidades e liderança. Já as Competências
Empreendedoras, optou-se pela utilização do modelo de Cooley (1990). Em relação ao
desempenho individual, o estudo utilizou a quantificação do percentual realizado da meta
mensal atingida pelos vendedores e RC dos meses de Agosto, Setembro e Outubro de 2016
fornecidos por meio de relatório eletrônico da empresa.
PROTOCOLO DA PESQUISA
Visando aumentar a confiabilidade da pesquisa, Yin (2010) recomenda que sejam expressas as
regras gerais e os instrumentos utilizados a fim de alcançar os objetivos propostos para o estudo.
Esses elementos estão apresentados por meio do protocolo da pesquisa.
Questão norteadora: Como o capital humano e as competências empreendedoras influenciam no desempenho
dos profissionais da área de vendas externas do Grupo DMüller?
Objetivo geral: Avaliar a influência do capital humano e das competências empreendedoras no desempenho
dos profissionais da área de vendas externas do Grupo DMüller.
Objetivos
específicos
Autores Hipóteses Técnica de
coleta de dados
Meio utilizado na
coleta de dados
Mensurar o capital
humano dos
profissionais da
área de vendas
externas
Brooking (1996);
Bontis (1998);
Edvinsson;
Malone (1998);
Sveiby (1998);
Davenport
(2001);
Fitz-enz (2001);
O capital
humano
influencia
positivamente no
desempenho dos
profissionais da
área de vendas
externas.
Questionário
fechado e
estruturado
aplicado com 208
profissionais de
vendas.
Modelo adaptado de
Zea (2011);
contemplará apenas
cinco dimensões do
Capital Humano e
totalizará vinte e cinco
questões numa escala
likert de 5 pontos.
9
Bontis; Fitz-enz
(2002);
Zea (2011);
Lizote;
Verdinelli
(2015).
Aferir as
competências
empreendedoras
dos profissionais da
área de vendas
externas
Cooley (1990);
Spencer; Spencer
(1993);
Man e Lau
(2000);
Leiria (2002);
Paiva Jr.;
Fernandes;
Almeida (2006);
Feuerschütte;
Godoi (2007);
Barini Filho
(2008);
Cabral (2008);
Lenzi (2008);
Lizote (2013);
Brasil (2015).
As competências
empreendedoras
influenciam
positivamente no
desempenho dos
profissionais da
área de vendas
externas.
Questionário
fechado e
estruturado
aplicado com 208
profissionais de
vendas.
Modelo adaptado de
Cooley (1990);
conforme três escalas:
conjunto de realização,
conjunto de
planejamento, e
conjunto de poder. E
dez subescalas que
totalizará trinta questões
numa escala likert de 5
pontos.
Analisar as relações
dos construtos com
o desempenho dos
profissionais da
área de vendas
externas
Fonte de dados
secundários.
Relatórios do
sistema da
empresa.
ERP (Enterprise
Resource Planning) -
relatórios eletrônicos da
empresa.
O protocolo da pesquisa demonstra os objetivos geral e específicos, principais autores, técnica
de coleta de dados utilizadas para cada objetivo e os meios utilizados na coleta de dados.
RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE
A Distribuidora Müller tem um importante papel dentro do setor atacadista e distribuidor,
porque foi uma das primeiras empresas do setor a se associar a Associação Brasileira de
Atacadistas e Distribuidores (ADAC). O presidente do Grupo DMüller, senhor Odemar Müller,
foi um dos sócios fundadores da associação permanecendo na diretoria por 10 anos. Na
atualidade participa do conselho deliberativo. A ADAC reúne mais de duas centenas de
associados, de diversas cidades catarinenses. Seu objetivo é a promoção do desenvolvimento
do comércio atacadista e distribuidor de Santa Catarina. Prospecta a união associativa e a
colaboração entre os associados, dentro do espírito de franca lealdade e solidariedade, sem
interferir na livre concorrência. (ADAC, 2016).
O Grupo DMüller é composto pelas empresas: a) Distribuidora Müller Comércio e
Representações Ltda, b) Timoneiro Distribuidora de Alimentos, e c) Queluz Logística Ltda. O
foco desta pesquisa está nas duas primeiras empresas, por conterem em seu quadro funcional
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vendedores e representantes comerciais. O grupo atua no ramo atacadista distribuidor tendo sua
matriz localizada na cidade de Itajaí – SC, desde sua fundação em 06 de setembro de 1967. Sua
área de atuação é no estado de Santa Catarina, com Centros de Distribuição nas cidades de São
José, Içara, Catanduvas e Mafra, e no sul do estado do Paraná, onde tem uma filial em São José
dos Pinhais. O Grupo DMüller foi escolhido como base para esta pesquisa porque
principalmente na empresa Distribuidora Müller Comércio e Representações Ltda, há algum
tempo vem percebendo queda nas vendas e perda de mercado. A maioria dos profissionais eram
autônomos, sem vínculo empregatício, e consequentemente não tinham subordinação. Por uma
exigência dos fornecedores e urgência de mercado a DMüller vem mudando sua estrutura
comercial desde junho de 2015 substituindo os representantes comerciais autônomos por
vendedores celetistas. Esta peculiaridade da empresa fez com que o setor de Recursos Humanos
sentisse necessidade de mensurar como o capital humano e as competências empreendedoras
influenciam no desempenho dos vendedores e RC do Grupo DMüller. Com o resultado desta
pesquisa o setor de RH pode direcionar seus esforços para a captação de talentos no processo
de recrutamento e seleção, bem como direcionar o desenvolvimento da equipe voltado para o
capital humano e as competências empreendedoras identificadas. O setor atacadista e
distribuidor em virtude de sua dinâmica de mercado, exige que as empresas se mantenham
competitivas com vendedores capacitados empreendendo seus negócios.
Baseado no histórico organizacional, o Grupo DMüller diferencia-se dos seus concorrentes com
ações voltadas a investimentos em tecnologias e processos internos. A empresa também tem
conquistado nos últimos anos alguns prêmios e reconhecimentos nacionais que demonstram a
sua atuação junto aos clientes e a sociedade. Ressalta-se o interesse da acadêmica em fazer a
pesquisa na empresa objeto de estudo pela importância do Grupo DMüller no setor atacadista
e distribuidor. A Distribuidora Müller, foi uma das primeiras empresas associadas da ADAC.
Atualmente a associação representa um importante papel dentro de muitas empresas deste setor
por trazer inúmeros benefícios, entre eles a promoção do desenvolvimento do comércio
atacadista e distribuidor, prospecção da união associativa e a colaboração entre os associados,
benefícios fiscais, entre outros.
A coleta e tratamento dos dados teve uma sequência lógica para identificação dos dados
ausentes, erros de digitação ou outliers.
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A análise dos dados levantados iniciou-se avaliando a assimetria e curtose para todos os itens
do questionário. Ao verificar que eles ficaram dentro dos valores estipulados por Finney e
DiStefano (2006) os dados podem ser considerados quase normais. Na sequência efetuaram-se
os testes de Kaiser, Meyer e Olkin e de esfericidade de Bartlett, com os quais se corroborou a
possibilidade de empregar o modelo fatorial. De igual modo a confiabilidade, mensurada pelo
alfa de Cronbach, teve um valor adequado. Feita a análise fatorial exploratória com o construto
das competências empreendedoras todas elas tiveram cargas fatoriais acima do mínimo
estabelecido e a variância extraída foi de 58,76%. Para o construto capital humano também se
superaram os mínimos definidos para as cargas fatoriais e a variância extraída foi de 70,86. Pela
análise fatorial confirmatória pode-se verificar que as relações entre as variáveis latentes e seus
indicadores que as refletem tiveram sempre valores maiores que 0,5. A avaliação de se os
constructos se podem considerar aceitáveis para serem incluídas no modelo geral de
mensuração foram feitas com os indicadores de ajustamento. Utilizaram-se os de ajuste
absoluto (GFI e RMSEA), de ajuste incremental (NNFI e NFI) e de ajuste parcimonioso (χ2/gl
e CFI), os que atingiram os valores os recomendados em Hair Jr. et al. (2009) ou foram
aceitáveis. Depois de realizadas as análises individuais estabeleceu-se o modelo geral de
mensuração e, ao processar os dados com o software AMOS®, se constatou que as relações de
covariâncias foram significativas, possibilitando propor o modelo estrutural, onde se exibem
também as relações de covariância padronizadas, isto é como correlações.
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O coeficiente de correlação entre os construtos foi significativo alcançando o valor de 0,58. Por
sua vez, as competências empreendedoras se relacionam significativamente com o desempenho
apresentando um coeficiente de 0,40, enquanto que a relação entre o capital humano e o
desempenho não teve um coeficiente significante. Os valores e interpretações consideradas para
os índices de ajustamento gerados pelo software AMOS®.
INDICADOR
VALOR
ENCONTRADO
VALOR
DESEJÁVEL * INTERPRETAÇÃO
(χ2)/gl 1,901 < 5 Ótimo
CFI 0,918 > 0,9 Ótimo
GFI 0,815 > 0,9 Bom
NFI 0,843 > 0,9 Bom
NNFI 0,905 > 0,9 Ótimo
RMSEA 0,082 < 0,08 Bom
Como pode ser visto no Quadro 1, os índices de ajustamento do modelo estrutural atingiram os
valores os recomendados ((χ2)/gl, CFI e NNFI) ou foram aceitáveis (GFI, NFI e RMSEA).
Considerando os resultados obtidos, das hipóteses conjecturadas, somente H1 foi suportada,
mostrando que as competências empreendedoras influenciam no desempenho individual. Já H2
não foi suportada, indicando que para os dados analisados o capital humano não se relaciona de
modo significativo com o desempenho individual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal do estudo foi avaliar a influência do capital humano e das competências
empreendedoras das empresas pesquisadas do Grupo DMüller, sobre o desempenho individual
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dos profissionais da área comercial externa. Para tanto, se estabeleceram duas hipóteses das
quais apenas a referida à influência das competências empreendedoras foi suportada. Por sua
parte, se verificou que o capital humano embora não influenciasse ao desempenho individual,
tem uma relação positiva e significante com as competências empreendedoras. De tal modo,
pode-se argumentar que o capital humano ao se relacionar positivamente com as competências
empreendedoras, possui relevância no desempenho dos vendedores e RCAs.
Ao analisar a influência das competências empreendedoras infere-se que os vendedores fazem
em geral as coisas antes do solicitado ou de forçados pelas circunstancias, agindo de maneira a
fazê-las da melhor forma, mais rápida ou barata e visando reduzir os riscos ou controlar os
resultados. Também se pode considerar que os colaboradores planejam dividindo tarefas de
grande porte em sub tarefas com prazos definidos, realizando consultas para obter assessoria
técnica ou comercial e definem objetivos de longo prazo claros e específicos. Isto é, mostram
que suas competências são as que se relacionam causalmente com seu próprio desempenho.
Os resultados da pesquisa, por outra parte, mostraram que o capital humano não teve influência
sobre o desempenho individual, mas neste sentido cabe considerar que entre os respondentes
30% aproximadamente eram representantes comerciais autónomos, os quais não têm
dependência funcional com a empresa, sendo os restantes colaboradores funcionários com
contratos trabalhistas.
Em face das quedas no desempenho a entidade que foi estudada está substituindo os RCAs por
vendedores contratados e regidos pela consolidação das leis trabalhistas (CLT). Assim,
considerando essa decisão empresarial, o processo de recrutamento e seleção deveu ser
adaptado no sentido de levar em consideração a potencialidade do comportamento
empreendedor dos futuros colaboradores. Além dessa ação também houve necessidade de
adequar as capacitações realizadas pelo setor de gestão de pessoas no sentido de promover o
desenvolvimento do capital humano e das competências empreendedoras. Os resultados destas
ações haverão de ser avaliados nos meses de agosto, setembro e outubro de 2017.
Por se tratar de uma pesquisa de abordagem exclusivamente quantitativa, sugere-se que seja
utilizada uma abordagem qualitativa. Como, por exemplo, entrevistas com os supervisores de
vendas. Sugere-se também tratamentos estatísticos diferentes dos aqui utilizados, para avaliar
a relação entre capital humano, competências empreendedoras e desempenho individual. Outra
sugestão é que o modelo teórico seja reaplicado em outro contexto organizacional,
principalmente para este tipo de organização (atacadista e/ou distribuidor).
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SUGESTÕES PARA A EMPRESA
Sugere-se para o Grupo DMüller que estruture o recrutamento e seleção com foco e
direcionamento nas competências empreendedoras e que revise o questionário atualmente
aplicado, incluindo as cinco dimensões do capital humano e os três conjuntos de competências
empreendedoras. Após definido este instrumento padrão, é importante que a empresa aplique
um pré questionário de autopreenchimento com base nas CE com o candidato no momento do
recrutamento. Sendo que a partir do resultado da pesquisa, como proposição para a empresa,
sugere-se as etapas do processo seletivo apresentadas:
É importante que o Grupo de empresas dedique esforços a capacitar os profissionais da área
comercial externa de vendas com treinamentos específicos desenvolvendo o capital humano,
principalmente nas dimensões Liderança e conhecimento, porque este vendedor é independente
nas ações que realiza no dia a dia; e as competências empreendedoras. Não se trata aqui apenas
do conteúdo para se estimular e apoiar a criação de negócios inovadores, mas também de jogos,
simulações, desafios por meio dos quais as pessoas possam exercitar suas competências,
habilidades, atitudes e limites e, desta forma, influenciar no comportamento empreendedor e no
desenvolvimento das competências empreendedoras.
Workshops, cursos de curta duração ou palestras periódicas estimulam o interesse do
desenvolvimento do capital humano (atitudes, conhecimentos, aprendizagem, capacidades e
liderança) e das competências requeridas (independência e autoconfiança; exigência, qualidade
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e eficiência; planejamento; busca de oportunidade e iniciativa, entre outras). Tal proposta
implica na realização de investimentos nos gestores (supervisores de vendas) que venham ser
os multiplicadores para o desenvolvimento das mais diversas equipes.
Um dos investimentos adequados para desenvolver a força de vendas, seria na infraestrutura
tecnológica visando à exploração de ferramentas, metodologias e conteúdos adequados à
formação transformadora, no qual as competências empreendedoras também sejam
privilegiadas. Por meio de plataforma on line desenvolver sistema de aprendizagem de práticas
simples e didáticas para desenvolver a competência “negociação” por exemplo.