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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR
SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR
CircSECEX015_2015
CIRCULAR No 15, DE 13 DE MARÇO DE 2015 (Publicada no D.O.U. de 16/03/2015)
O SECRETÁRIO DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, nos termos do Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT 1994, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 15
de dezembro de 1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30 de dezembro de 1994, de acordo com o
disposto no art. 5o do Decreto no 8.058, de 26 de julho de 2013, e tendo em vista o que consta do Processo
MDIC/SECEX no 52272.000117/2015 - 81 e do Parecer no 11, de 13 de março de 2015, elaborado pelo
Departamento de Defesa Comercial – DECOM desta Secretaria, e por terem sido apresentados elementos
suficientes que indicam a prática de dumping nas exportações da Alemanha para o Brasil do produto
objeto desta circular, e de dano à indústria doméstica resultante de tal prática, decide:
1. Iniciar investigação para averiguar a existência de dumping nas exportações da Alemanha para o
Brasil de aparelhos de raios X panorâmicos odontológicos, analógicos ou digitais, classificados nos itens
9022.13.11 e 9022.12.00 da Nomenclatura Comum do MERCOSUL - NCM, e de dano à indústria
doméstica decorrente de tal prática.
1.1. Tornar públicos os fatos que justificaram a decisão de abertura da investigação, conforme o
anexo à presente circular.
1.2. A data do início da investigação será a da publicação desta circular no Diário Oficial da União
- D.O.U.
2. A análise dos elementos de prova de dumping considerou o período de outubro de 2013 a
setembro de 2014. Já o período de análise de dano considerou o período de outubro de 2010 a setembro
de 2014.
3. De acordo com o disposto no § 3o do art. 45 do Decreto no 8.058, de 2013, deverá ser respeitado
o prazo de vinte dias, contado a partir da data da publicação desta circular no D.O.U., para que outras
partes que se considerem interessadas e seus respectivos representantes legais solicitem sua habilitação no
referido processo.
4. A participação das partes interessadas no curso desta investigação de defesa comercial deverá
realizar - se por meio de representante devidamente habilitado.
5. A intervenção em processos de defesa comercial de representantes legais que não estejam
habilitados somente será admitida nas solicitações de prorrogação de prazo para apresentação de respostas
aos questionários e nas apresentações de respostas aos questionários. A regularização da habilitação dos
representantes que realizarem estes atos deverá ser feita em até 91 dias após o início da investigação, sem
possibilidade de prorrogação. Na hipótese de a empresa solicitar prorrogação do prazo de resposta ao
questionário por meio de correspondência institucional, inclusive eletrônica, a regularização da
habilitação somente será exigida para os representantes que apresentarem as respostas aos questionários.
A ausência de regularização da representação nos prazos e condições previstos fará com que os atos a que
fazem referência este parágrafo sejam havidos por inexistentes.
(Fls. 2 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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6. A representação de governos estrangeiros dar - se - á por meio do chefe da representação oficial
no Brasil ou por meio de representante por ele designado. A designação de representantes deverá ser
protocolada junto ao DECOM em comunicação oficial da representação correspondente, na qual deverá
constar expressamente o processo de defesa comercial a que se refere a designação.
7. Na forma do que dispõe o art. 50 do Decreto no 8.058, de 2013, serão remetidos questionários aos
produtores ou exportadores conhecidos, aos importadores conhecidos e aos demais produtores
domésticos, conforme definidos no § 2o do art. 45, que disporão de trinta dias para restituí - los, contados
da data de ciência. Presume - se que as partes interessadas terão ciência de documentos impressos
enviados pelo DECOM 5 (cinco) dias após a data de seu envio ou transmissão, no caso de partes
interessadas nacionais, e 10 (dez) dias, caso sejam estrangeiras, conforme o art. 19 da Lei 12.995, de 18
de junho de 2014. As respostas aos questionários da investigação apresentadas no prazo original de 30
(trinta) dias serão consideradas para fins de determinação preliminar com vistas à decisão sobre a
aplicação de direito provisório, conforme o disposto nos arts. 65 e 66 do citado diploma legal.
9. De acordo com o previsto nos arts. 49 e 58 do Decreto no 8.058, de 2013, as partes interessadas
terão oportunidade de apresentar, por escrito, os elementos de prova que considerem pertinentes. As
audiências previstas no art. 55 do referido decreto deverão ser solicitadas no prazo de cinco meses,
contado da data de início da investigação, e as solicitações deverão estar acompanhadas da relação dos
temas específicos a serem nela tratados. Ressalte - se que somente representantes devidamente habilitados
poderão ter acesso ao recinto das audiências relativas aos processos de defesa comercial e se manifestar
em nome de partes interessadas nessas ocasiões.
10. Na forma do que dispõem o § 3o do art. 50 e o parágrafo único do art. 179 do Decreto no 8.058,
de 2013, caso uma parte interessada negue acesso às informações necessárias, não as forneça
tempestivamente ou crie obstáculos à investigação, o DECOM poderá elaborar suas determinações
preliminares ou finais com base nos fatos disponíveis, incluídos aqueles disponíveis na petição de início
da investigação, o que poderá resultar em determinação menos favorável àquela parte do que seria caso a
mesma tivesse cooperado.
11. Caso se verifique que uma parte interessada prestou informações falsas ou errôneas, tais
informações não serão consideradas e poderão ser utilizados os fatos disponíveis.
12. Todos os documentos referentes à presente investigação deverão indicar o produto, o número do
Processo MDIC/SECEX no 52272.000117/2015 - 81 e ser dirigidos ao seguinte endereço: MINISTÉRIO
DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, SECRETARIA DE
COMÉRCIO EXTERIOR, DEPARTAMENTO DE DEFESA COMERCIAL – DECOM – EQN 102/103,
Lote I, sala 108, Brasília - DF, CEP 70.722 - 400, telefones: (0XX61) 2027 - 7770 e ao seguinte
endereço eletrônico: [email protected] .
DANIEL MARTELETO GODINHO
(Fls. 3 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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ANEXO
1 - DO PROCESSO
1.1 - Da petição
Em 29 de janeiro de 2015, a empresa Dabi Atlante S/A Indústria Médica Odontológica, doravante
denominada peticionária ou, simplesmente, Dabi Atlante, protocolou petição de início de investigação de
dumping nas exportações para o Brasil de aparelhos de raios X panorâmicos odontológicos, analógicos ou
digitais, comumente classificados nos subitens 9022.13.11 e 9022.12.00 da Nomenclatura Comum do
Mercosul – NCM/SH, originários da Alemanha, e de dano à indústria doméstica decorrente de tal prática.
Em 3 de fevereiro de 2015, solicitou - se à peticionária, com base no § 2o do art. 41 do Decreto no
8.058, de 26 de julho de 2013, doravante também denominado Regulamento Brasileiro, informações
complementares àquelas fornecidas na petição. A peticionária apresentou tais informações,
tempestivamente, em 20 de fevereiro de 2015.
1.2 - Da notificação ao governo do país exportador
Em 13 de março de 2015, em atendimento ao que determina o art. 47 do Regulamento Brasileiro, o
governo da Alemanha, bem como a Delegação da União Europeia, foram notificados da existência de
petição devidamente instruída, com vistas ao início de investigação de dumping de que trata o presente
processo.
1.3 - Da representatividade da peticionária e do grau de apoio à petição
Na petição, a Dabi Atlante informou representar a totalidade da produção nacional de aparelhos de
raios X panorâmicos e tridimensionais. Igualmente, não foram identificados outros produtores nacionais.
A esse respeito, a peticionária encaminhou declaração, de 21 de outubro de 2014, da Associação
Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de
Laboratórios (ABIMO), atestando que a Dabi Atlante é fabricante exclusivo, no Brasil, de aparelhos de
raios X panorâmicos e de tomógrafo odontológicos, registrados na Anvisa, respectivamente, sob os
números 10101130079 e 10101130084.
Desse modo, nos termos dos §§ 1o e 2o do art. 37 do Decreto no 8.058, de 2013, considerou - se que
a petição foi apresentada pela indústria doméstica e que a peticionária possui representatividade para fins
de abertura de investigação.
1.4 - Das partes interessadas
De acordo com o § 2o do art. 45 do Regulamento Brasileiro, foram identificadas como partes
interessadas, além da peticionária, o governo da Alemanha, os produtores/exportadores estrangeiros e os
importadores brasileiros de aparelhos de raios X panorâmico e tridimensional odontológico daquela
origem.
Em atendimento ao disposto no art. 43 do Decreto no 8.058, de 2013, identificaram - se, por meio
dos dados detalhados de importação fornecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), do
Ministério da Fazenda, as empresas produtoras/exportadoras do produto objeto da investigação durante o
(Fls. 4 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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período de investigação de indícios de dumping. Foram identificados, também, pelo mesmo
procedimento, os importadores brasileiros que adquiriram o referido produto durante o mesmo período.
2 - DO PRODUTO E DA SIMILARIDADE
2.1 - Do produto objeto da investigação
Em atendimento ao disposto no caput e nos §§ 1o e 2o do art. 10 do Regulamento Brasileiro, o
produto objeto da investigação consiste em aparelhos de raios X odontológicos panorâmicos, analógicos
ou digitais, comumente classificado nos subitens 9022.13.11 e 9022.12.00 da NCM, exportados da
Alemanha para o Brasil.
Conforme consta da petição, o produto consiste em equipamentos de uso exclusivo de profissionais
da área de odontologia, para realização de exames radiológicos panorâmicos e tomográficos que auxiliam
no processo de diagnóstico por imagem da condição do paciente.
Há, segundo a peticionária, três categorias de aparelhos de raios X fabricados na Alemanha e
exportados para o Brasil, a saber:
- “Orthophos XG3”: permite efetuar radiografias panorâmicas da região mandibular e
temporomandibular;
- “Orthophos XG5/Ceph” e “Orthophos XG 3DReady/Ceph”: permitem efetuar radiografias
panorâmicas da região mandibular, radiografias interproximais (bitewing), radiografias dos seios
maxilares, radiografias da articulação temporomandibular e radiografias de fatias múltiplas. Esses
equipamentos podem ser equipados com um cefalômetro, para a realização de imagens telerradiográficas.
A peticionária menciona que o modelo XG 3DReady/Ceph consiste, basicamente, em um aparelho
XG5/Ceph que pode ser atualizado para o modelo “Orthophos XG 3D/Ceph”, descrito em sequência;
- “Orthophos XG 3D/Ceph”: realiza as mesmas radiografias dos modelos anteriores, além de
radiografias volumétricas tomográficas. Também pode ser equipado com cefalômetro para produzir
imagens telerradiográficas. Consiste no modelo mais avançado, sendo considerado um sistema “três em
um”, porquanto permite a execução de tomadas panorâmicas, telerradiográficas e tomográficas.
Em atendimento ao disposto no § 1o do art. 10 do Regulamento Brasileiro, consta da petição que as
matérias - primas utilizadas na produção dos aparelhos de raios X são alumínio, ferro fundido, aço, cobre,
polímeros, silício, fibra de vidro, iodeto de césio, ouro, prata e outros materiais metálicos. Informou - se,
ainda, que o processo produtivo e a rota tecnológica utilizada pelos produtores estrangeiros são as
mesmas no mundo todo.
As principais características dos modelos em menção, em termos de dimensões, capacidade e
potência, estão sumarizadas na tabela seguinte:
(Fls. 5 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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Equipamento Sirona Orthophos
Modelo XG3 XG5/Ceph XG 3D ready/Ceph
Possibilidade de atualização NA Ceph Ceph e 3D
Opção de dois sensores na ceph NA Sim
Gerador de radiação 60 a 90 kV (quilovoltagem), 3 a 16 mA (miliamperagem)
Posição do paciente Em pé ou sentado
Tempo de exposição panorâmico
padrão 14 segundos
Tempo de exposição tele padrão NA 9.4 segundos
Peso da unidade básica Aprox. 110 kg
Base opcional Sim
Acessível para cadeirantes Sim
Disparador remoto Sim
Perfis panorâmicos 5 8 8
Perfis ATM (articulação temporo -
mandibular) 1 1 6
Perfis Seios Maxilares 0 1 4
Perfis bitewing 0 1 4
Dimensão Pan com ou sem 3D
Aprox. 1,2 m de comprimento e 0,8 m de largura
2,25 m de altura
Dimensão Pan/Ceph com ou sem 3D NA Aprox. 1,2 m de comprimento, 1,8 m de
largura e 2,25 m de altura Legenda: “NA” = não se aplica.
Conforme descrito na petição, os equipamentos de radiografia são submetidos a testes de validação
e qualidade com base nas normas IEC (International Electrotechnical Commission) 60.601, editadas
pela UL (Underwriters Laboratories), além de outras específicas para raios X. A UL, dentre outros
organismos certificadores de produtos, é organismo internacional que define normas aplicáveis aos testes
de certificação, dentre outros, para fornecedores de equipamentos de radiologia no mundo.
Em referência ao disposto no § 2o do art. 10 do Regulamento Brasileiro, consta da petição que os
aparelhos de raios X capturam as imagens do paciente a partir da geração de radiação ionizante. Após a
captura, a imagem é digitalizada diretamente em computador conectado ao aparelho de raios X, de modo
que o técnico pode arquivar ou imprimir as imagens geradas, utilizando - se, para esse fim, impressoras
específicas ou sistemas de software. De posse das imagens, impressas ou digitais, o radiologista poderá
emitir laudo que servirá de base à definição do tratamento bucal a ser executado.
No que se refere ao canal de distribuição do produto, consta da petição que a venda ocorre de forma
direta. O mesmo ocorre relativamente à comercialização de itens opcionais oferecidos ao cliente e
vendidos separadamente.
A peticionária explicou, também, que o modelo denominado “Galileus”, fabricado na Alemanha e
exportado para o Brasil, não deve ser considerado produto objeto da investigação, por não se tratar de
aparelho de tomadas panorâmicas, e sim tomográficas, sendo, em regra, classificado no subitem
9022.12.00 da NCM. A peticionária informou não produzir aparelhos de tomadas exclusivamente
tomográficas.
(Fls. 6 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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2.1.1 - Da classificação e do tratamento tarifário
Os aparelhos de raios X panorâmicos odontológicos, originários da Alemanha, são comumente
classificados nos subitens NCM/SH 9022.13.11 e 9022.12.00, cujas descrições são as seguintes:
90.22
Aparelhos de raios X e aparelhos que utilizem radiações alfa, beta ou gama, mesmo para
usos médicos, cirúrgicos, odontológicos ou veterinários, incluindo os aparelhos de
radiofotografia ou de radioterapia, os tubos de raios X e outros dispositivos geradores de
raios X, os geradores de tensão, as mesas de comando, as telas de visualização, as mesas,
poltronas e suportes semelhantes para exame ou tratamento.
9022.1 Aparelhos de raios X, mesmo para usos médicos, cirúrgicos, odontológicos ou
veterinários, incluindo os aparelhos de radiofotografia ou de radioterapia:
9022.12.00 Aparelhos de tomografia computadorizada
9022.13 Outros, para odontologia
9022.13.1 De diagnóstico
9022.13.11 De tomadas maxilares panorâmicas
Segundo a peticionária, sensores, quando vendidos separadamente dos aparelhos de raios X em
menção, não devem ser classificados no subitem NCM/SH 9022.13.11. Fato semelhante ocorre
relativamente a partes e peças de reposição, cujo subitem NCM/SH pertinente é 9022.90.90.
Consta, ainda, da petição, que os aparelhos de raios X tridimensionais, a despeito de comumente
referidos como tomógrafos e de haver exigência de registro pela Anvisa como tal, são equipamentos de
raios X de tomadas maxilares panorâmicas que exercem, ainda, as funções cefalométrica e tomógrafa,
cuja classificação aduaneira adequada refere - se ao subitem NCM/SH 9022.13.11. Assim, a NCM/SH
9022.12.00, relativa a aparelhos de tomografia computadorizada, não é adequada para fins de
classificação aduaneira do produto objeto da investigação.
Conforme se verificou na Tarifa Externa Comum – TEC, o produto é bem de capital, tendo sua
alíquota do Imposto de Importação (II) mantida em 0% de outubro de 2010 a setembro de 2012, por força
da Resolução CAMEX no 43, de 22 de dezembro de 2006, com produção de efeitos a partir de 1o de
janeiro de 2007. Em 1o de outubro de 2012, por intermédio da Resolução CAMEX no 70, de 28 de
setembro de 2012, alterou - se para 14%, por período de 12 (doze) meses, a alíquota ad valorem do II das
mercadorias classificadas no subitem NCM/SH 9022.13.11. Expirado o prazo de vigência dessa elevação
temporária do imposto, a alíquota do II retornou ao patamar normal, com base na Resolução no 94, de 8
de dezembro de 2011, vigorando alíquota de 0% até setembro de 2014.
Em relação ao item tarifário da NCM/SH em que o produto é erroneamente classificado,
9022.12.00, tem - se que a alíquota do II correspondente se manteve em 0% de outubro de 2010 a
setembro de 2014.
Por fim, relativamente ao código NCM/SH 9022.13.11, foram identificadas as seguintes
preferências tarifárias:
(Fls. 7 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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Preferências Tarifárias
País/Bloco Base Legal Preferência (%)
Mercosul ACE 18 - Mercosul 100
Bolívia ACE 36 – Mercosul - Bolívia 100
Chile ACE 35 – Mercosul - Chile 100
Colômbia ACE 59 – Mercosul - Colômbia 100
Equador ACE 59 – Mercosul - Equador 100
Israel ALC – Mercosul - Israel 100
Peru ACE 58 – Mercosul - Peru 100
Venezuela ACE 59 – Mercosul - Venezuela 100
2.2 - Do produto fabricado no Brasil
O produto fabricado no Brasil consiste em aparelhos de raios X de tomadas panorâmicas, com
características semelhantes às descritas no item 2.1 no que tange às matérias - primas empregadas, à
forma de apresentação, aos usos e aplicações, bem como às características principais do produto. Nesse
ponto, cumpre mencionar que a produção nacional do produto similar ao objeto da investigação iniciou -
se em janeiro de 2011, ou seja, no segundo trimestre de P1.
Segundo informações constantes da petição, há quatro modelos de aparelhos de raios X fabricados
no Brasil:
- Analógico Panorâmico: equipamento que depende de filmes para revelação das imagens. Esse
modelo praticamente não é mais comercializado pela indústria doméstica devido à obsolescência
tecnológica, de modo que, provavelmente, terá sua produção descontinuada;
- Digital Panorâmico (duas dimensões – 2D – sem tele): equipamento ao qual se agrega sensor
digital para captação de imagens, com o qual as imagens são diretamente remetidas para o computador.
Esse aparelho efetua imagens panorâmicas da arcada dentária;
- Digital Panorâmico com Telerradiografia (2D com tele): além da imagem panorâmica, esse
aparelho produz imagem lateral do crânio, fazendo o traçado cefalométrico; e
- Digital Panorâmico com Telerradiografia e Tomografia (três dimensões – 3D): além das
imagens panorâmica e cefalométrica, esse aparelho realiza imagens tomográficas (tridimensionais), de
modo que o profissional pode escolher qual das três funções deseja executar. Para produzir imagens
tomográficas, é necessário sensor de captação 3D, além do sensor de captação de imagens para gerar
imagens em 2D ou panorâmicas.
Na petição, a Dabi Atlante informa que os softwares, cuja licença de uso é adquirida juntamente
com o equipamento, são parte integrante do produto, sem os quais o aparelho de raios X não opera. Com
isso, o valor referente ao licenciamento de uso do software, a despeito de ser serviço, soma - se ao valor
do aparelho de raios X para compor o valor do produto.
A esse respeito, esclarece - se que, de acordo com o Manual Informatizado do Módulo Aquisição do
Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam
Variações no Patrimônio (Siscoserv), nona edição aprovada pela Portaria Conjunta RFB/SCS no 43, de 8
de janeiro de 2015, o serviço de licenciamento de uso do software em questão está dispensado do registro
(Fls. 8 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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no Siscoserv, por enquadrar - se na categoria de serviços e intangíveis incorporados aos bens e
mercadorias importados. Excerto do Manual é reproduzido a seguir:
“A obrigação de registro [no Siscoserv] não se estende às transações envolvendo serviços e
intangíveis incorporados aos bens e mercadorias importados, registrados no Sistema Integrado de
Comércio Exterior - Siscomex.
Os serviços de frete, seguro e de agentes externos, bem como demais serviços relacionados às
operações de comércio exterior de bens e mercadorias, serão objeto de registro no Siscoserv, por não
serem incorporados aos bens e mercadorias.” (p. 14 - 15)
Consta da petição que o produto fabricado no Brasil apresenta as seguintes características
principais, no que concerne a dimensão, capacidade e potência:
Equipamento Dabi Atlante Eagle
Modelo Pan Pan/Ceph Pan/Ceph 3D
Possibilidade de atualização Ceph e 3D
Opção de dois sensores na Ceph Sim
Gerador de radiação 60 a 85 kV, 2 a 10 mA
Posição do paciente Em pé ou sentado
Tempo de exposição panorâmico
padrão 14 segundos
Tempo de exposição tele padrão 10 segundos
Peso da unidade básica Aprox. 115 kg
Base opcional Sim
Acessível para cadeirantes Sim
Disparador remoto Sim
Perfis panorâmicos 4 4 4
Perfis ATM 1 1 1
Perfis Seios Maxilares 1 1 1
Perfis bitewing 2 2 2
Dimensão Pan com ou sem 3D Aprox. 1,35 m de comprimento; 0,62 m de largura e 1,90 m
de altura
Dimensão Pan/Ceph com ou sem 3D Aprox. 1,35 m de comprimento; 1,75 m de largura e 1,90 m
de altura
Segundo consta da petição, quaisquer modelos do produto são comercializados diretamente com os
clientes, sendo que estes selecionam os itens acessórios que desejam ter agregados ao equipamento
adquirido. Cumpre mencionar, a esse respeito, que alguns desses itens, a despeito de serem identificados
de forma destacada na nota fiscal de venda, são indispensáveis ao funcionamento do produto, segundo
informou a peticionária. Esclareceu, ainda, que situação semelhante ocorre relativamente à aquisição do
produto importado. A propósito, consta dos autos do processo lista completa dos itens que compõem os
equipamentos da linha Eagle nacionalmente fabricados.
A peticionária indicou que o produto similar doméstico é produzido em planta única localizada em
Ribeirão Preto, estado de São Paulo, em apenas uma linha de montagem e em turno único, havendo
ordem de produção sob encomenda. Nessa linha de produção, a propósito, são montados coluna, torre,
cabeçote (emissor de raios X) e sistema giratório, os quais constituem a parte mecânica do produto.
Atestou não haver outra rota para a produção nem geração de subprodutos, coprodutos e refugos em
decorrência do processo produtivo.
(Fls. 9 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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Informou - se que as matérias - primas básicas para obtenção do produto são alumínio, ferro
fundido, aço, cobre, polímeros, silício, fibra de vidro, iodeto de césio, ouro e prata. Nesse ponto, a
peticionária esclareceu [CONFIDENCIAL].
No que concerne à fabricação dos aparelhos de raios X, a peticionária afirmou que as matérias -
primas recebidas em forma de barras (ferro, alumínio, cobre, aço) são cortadas em serras e, via processo
de usinagem, em máquinas operatrizes de alta precisão (tornos, fresadoras e centros de usinagem),
convertem - se em pequenas partes que serão usadas na montagem do equipamento. Consta da petição
que os polímeros para composição das capas dos equipamentos são injetados em injetoras plásticas a alta
pressão, expandidos ou termoformados. Na sequência, as peças metálicas e plásticas produzidas recebem,
então, recobrimento de proteção ou estético via processos de galvanoplastia, como a niquelação, e de
pintura, eletrolítica ou líquida.
Segundo a peticionária, no processo de montagem, as partes e peças usinadas, placas eletrônicas,
rolamentos e peças fundidas, assim como o sensor que permite a geração de imagens 2D e/ou 3D, são
agregados para formar o equipamento.
Consta da petição que, após a montagem, a fim de viabilizar o controle dos movimentos do
aparelho, gravam - se os firmwares nas placas eletrônicas. Na sequência, inicia - se o processo de testes,
como eletrônico, de ciclagem, de calibração e de imagem, com vistas a se verificar se todas as partes e
peças eletrônicas e mecânicas funcionam adequadamente. Nesse ponto, o cabeçote emissor de raios X é
submetido ao processo de ciclagem e calibração de parâmetros de tensão e corrente, sendo executados
testes de segurança elétrica, conforme estabelecido pelas normas vigentes. Ademais, imagem é gerada a
partir de um modelo humano, boneco usado para teste com o objetivo de verificar a nitidez da imagem,
sendo que, no teste de calibração, verifica - se a qualidade dessa imagem analisando - se parâmetros
pertinentes.
O diagrama seguinte, constante da petição, sumariza o processo produtivo empregado pela Dabi
Atlante: [CONFIDENCIAL]
Na petição, em atendimento ao disposto no art. 24 da Portaria SECEX no 41, de 2013, a indústria
doméstica propôs os seguintes códigos de identificação do produto, denominados CODIP, tendo em conta
que os códigos de produtos utilizados internamente pela empresa no curso normal de suas operações não
contemplariam os principais elementos que influenciam o custo de produção e o preço de venda, dado não
descreverem com precisão o modelo comercializado.
CODIP Descrição
11 Analógico Panorâmico
21 Digital Panorâmico 2D
22 Digital Panorâmico 2D com TELE
31 Eagle 3D
Consta, ainda, da petição que o produto produzido no Brasil segue as mesmas condições de
comercialização que o importado objeto da investigação, contando com distribuidores e representantes e
sendo negociado mediante parcelamento pela própria empresa ou financiamento por instituição bancária
independente. A esse respeito, a peticionária frisou que, em alguns casos, o próprio equipamento é
alienado como garantia da operação.
(Fls. 10 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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Conforme explicado pela peticionária, o produto nacional está sujeito às mesmas normas e
regulamentos técnicos internacionais a que se submete o produto objeto da investigação. Ainda nesse
contexto, a peticionária informou que o aparelho de raios X é submetido a ensaios no Instituto de
Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e no Instituto Brasileiro de Ensaios de
Conformidade (IBEC), instituições acreditadas pelo Instituto Brasileiro de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia (Inmetro). Esclareceu que o produto é, ainda, sujeito a registro junto à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa).
2.3 - Da similaridade
O § 1o do art. 9o do Decreto no 8.058, de 2013, estabelece lista dos critérios objetivos com base nos
quais a similaridade deve ser avaliada. O § 2o do mesmo artigo estabelece que esses critérios não
constituem lista exaustiva e que nenhum deles, isoladamente ou em conjunto, será necessariamente capaz
de fornecer indicação decisiva.
Segundo a peticionária, o produto objeto da investigação e o similar doméstico guardam
similaridade em todos os aspectos – matérias - primas, processo produtivo, normas e especificações
técnicas aplicáveis, usos e aplicações, canais de distribuição, prazos de pagamento e de entrega, evolução
tecnológica –, exceto quanto ao tamanho da imagem radiográfica gerada, uma vez ser comparativamente
maior no produto nacional. Além deste aspecto, que contaria a favor do similar doméstico, a peticionária
considerou que o fato de haver assistência local pós - venda seria um diferencial relevante inerente ao
produto nacional, pois viabilizaria a correção imediata de quaisquer defeitos, sem a necessidade de se
importarem partes e peças. Nesse ponto, a peticionária reclamou que, a despeito dessas vantagens
comparativas, consumidores se pautam, no momento da compra, no quesito preço. No que tange à entrega
do produto, cumpre mencionar que, segundo a peticionária, o prazo dessa entrega, que oscila entre 30 e
45 dias, não seria fator determinante quando da compra desse tipo de equipamento, uma vez que o cliente
necessita preparar suas instalações para receber o aparelho.
Dessa forma, conforme informações obtidas na petição, e nos dados detalhados de importação
disponibilizados pela RFB, o produto objeto da investigação e o produto similar produzido no Brasil:
i. Em geral são produzidos a partir das mesmas matérias - primas, quais sejam alumínio, ferro
fundido, aço, cobre, polímeros, silício, fibra de vidro, iodeto de césio, ouro, prata e outros materiais
metálicos;
ii. Apresentam características físicas semelhantes, no que concerne a potência, capacidade e
dimensões;
iii. Seguem as mesmas especificações técnicas, visto que se destinam às mesmas aplicações;
iv. São produzidos segundo processo de produção semelhante, conforme mencionado nos itens 2.1 e
2.2 desta circular;
v. Têm os mesmos usos e aplicações, sendo utilizados para a realização de exames radiológicos
panorâmicos e tomográficos odontológicos que auxiliam no processo de diagnóstico por imagem do
paciente;
vi. Apresentam alto grau de substitutibilidade, com concorrência baseada principalmente no fator
preço. Ademais, foram considerados concorrentes entre si, visto que se destinam ambos aos mesmos
segmentos industriais e comerciais;
(Fls. 11 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
vii. Apresentam condições de venda semelhantes, via financiamento de instituições bancárias,
principalmente; e
viii. São vendidos no mercado brasileiro por meio dos mesmos canais de distribuição, diretamente
ao cliente.
2.4 - Da conclusão a respeito do produto e da similaridade
O art. 9o do Decreto no 8.058, de 2013, dispõe que o termo “produto similar” será entendido como o
produto idêntico, igual sob todos os aspectos ao produto objeto da investigação ou, na sua ausência, outro
produto que, embora não exatamente igual sob todos os aspectos, apresente características muito
próximas às do produto objeto da investigação.
Dessa forma, diante das informações apresentadas e da análise constante no item 2.3 desta circular,
concluiu - se que o produto produzido no Brasil é similar ao produto objeto da investigação, nos termos
do art. 9o do Regulamento Brasileiro, de 2013.
3 - DA INDÚSTRIA DOMÉSTICA
O art. 34 do Decreto no 8.058, de 2013, define indústria doméstica como a totalidade dos produtores
do produto similar doméstico. Nos casos em que não for possível reunir a totalidade destes produtores, o
termo indústria doméstica será definido como o conjunto de produtores cuja produção conjunta constitua
proporção significativa da produção nacional total do produto similar doméstico.
Nos termos do dispositivo supracitado do Regulamento Brasileiro, para fins de análise dos indícios
de dano, definiu - se como indústria doméstica a linha de produção de aparelhos de raios X panorâmicos e
tridimensionais da empresa Dabi Atlante S/A Indústria Médica Odontológica. Esta, conforme
mencionado no item 1.3 desta circular, responde pela totalidade da produção nacional de aparelhos de
raios X panorâmicos e tridimensionais, informação essa confirmada pela ABIMO.
4 - dOS INDÍCIOS DE DUMPING
De acordo com o art. 7o do Decreto no 8.058, de 2013, considera - se prática de dumping a
introdução de um bem no mercado brasileiro, inclusive sob as modalidades de drawback, a um preço de
exportação inferior ao valor normal.
Na presente análise, utilizou - se o período de outubro de 2013 a setembro de 2014, a fim de se
verificar a existência de indícios de prática de dumping nas exportações para o Brasil de aparelhos de
raios X panorâmicos odontológicos originários da Alemanha.
4.1 - Do valor normal
Em conformidade com o art. 8o do Regulamento Brasileiro, considera - se “valor normal” o preço
do produto similar, em operações comerciais normais, destinado ao consumo no mercado interno do país
exportador.
Como indicativo de valor normal, a peticionária forneceu, junto à petição, bem como nas
informações complementares respectivas, lista de preços, intitulada “X - Ray – Overview o four line -
up of XG panoramic X - ray systems – Price list IDS/2013”, praticados, na Alemanha, pela empresa
(Fls. 12 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Sirona Dental Systems GmbH, doravante denominada produtor/exportador ou, simplesmente, Sirona,
com vistas a demonstrar valores representativos de vendas do produto similar ao investigado no mercado
interno do país exportador. Informou - se na petição que os montantes unitários listados, em euros, livres
de tributos, estariam em nível ex fabrica. Segundo a peticionária, trata - se de lista de preços divulgada
entre os dias 12 e 16 de março de 2013, no âmbito da 35th International Dental Show (IDS 2013), feira
realizada a cada dois anos em Colônia, na Alemanha, com próxima edição marcada para 10 a 14 de março
de 2015.
Relativamente à lista de preços em menção, cumpre destacar que dela constam os valores dos
equipamentos em sua estrutura básica – agregando, além do aparelho, em alguns modelos, apenas um
sensor –, bem como valores de itens como softwares contendo conjunto específico de linguagem e
software consistente em update da última versão do programa incorporado na versão 3D do produto.
Além desses, há sensores referidos como opções para unidades de raios X panorâmicas 2D e 3D. Há
também, itens mencionados como sensores adicionais, controle remoto, dentre outros.
No contexto da resposta ao pedido de informações complementares à petição, a Dabi Atlante
informou acreditar que os valores de itens opcionais e de outros itens não deveriam ser adicionados aos
valores dos produtos. Com base nas descrições de produto constantes dos dados obtidos junto à RFB, nas
informações constantes da petição, acerca dos itens indispensáveis ao adequado funcionamento dos
aparelhos de raios X, bem como nas informações sobre os modelos fabricados pela Sirona descritas no
sítio eletrônico da empresa, entendeu - se por adequado, para fins de justa comparação entre valor normal
e preço de exportação, acrescentar os valores dos softwares contendo conjunto específico de linguagem,
discriminados na lista de preços, aos montantes referentes à estrutura básica do equipamento, uma vez
que esse tipo de software é indispensável ao funcionamento dos aparelhos. De forma conservadora, optou
- se por não incluir os demais itens, referidos como opcionais.
Itens Valor Unitário
Valor do
equipamento
acrescido do
software
Orthophos XG 3 22.000 31.000
Orthophos XG 5 29.000 38.000
Orthophos XG 5 Ceph (left) with standard pan/ceph
sensor
41.000 50.000
Orthophos XG 3D ready with Csl sensor pan 39.000 48.000
Orthophos XG 3D ready Ceph (left or right) with Csl
sensor pan/ceph
51.000 60.000
Software: Orthophos XG language - specific set (German or
English)
9.000
Orthophos XG 3D 69.900 85.450
Orthophos XG 3D Ceph (left or right) 89.900 105.450
Software: 3D Data processing - language kit for Orthophos
XG 3D
19.000
12.100
Média:15.550
Software: 3D language - specific set, English
Preço médio dos aparelhos de raios X panorâmicos
odontológicos (em €)
59.700,00
(Fls. 13 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Assim, o valor normal da Alemanha foi apurado com base no preço médio de venda no mercado
interno da Alemanha dos aparelhos de raios - X panorâmicos odontológicos similares ao produto objeto
da investigação.
Obteve - se, assim, valor normal de € 59.700,00, equivalente a US$ 80.983,93, em condição ex
fabrica. Essa conversão, a propósito, foi executada utilizando - se a taxa média de câmbio do período, de
1,3565 US$/€.
4.2 - Do preço de exportação
Para fins de apuração do preço de exportação de aparelhos de raios - X da Alemanha para o Brasil,
foram consideradas as respectivas exportações destinadas ao mercado brasileiro efetuadas no período de
análise de indícios de dumping, ou seja, aquelas realizadas de outubro de 2013 a setembro de 2014. Os
dados referentes aos preços de exportação foram apurados tendo por base os dados detalhados das
importações brasileiras, disponibilizados pela RFB, na condição FOB, excluindo - se as importações de
produtos não abrangidos pelo escopo da investigação.
Preço de Exportação
Valor FOB (Mil US$) Volume (un) Preço de Exportação FOB
(US$/un)
3.778,00 241,0 15.676,38
Dividindo - se o valor total FOB das importações do produto objeto da investigação, no período de
análise de indícios de dumping, pelo respectivo volume importado, em unidades (un), alcançou - se preço
de exportação apurado para a Alemanha de US$ 15.676,38/un.
Cumpre mencionar que, para fins de comparação entre valor normal e preço de exportação, este
extraído em condição FOB (free on board) dos dados oficiais da RFB, procedeu - se a ajuste com vistas
a converter esse preço de exportação FOB a ex fabrica. Com efeito, a condição de comércio FOB inclui o
custo de transporte da mercadoria até o porto, estando aí inseridas quaisquer despesas e tributos
decorrentes da movimentação entre fábrica e porto, além das despesas de estiva e embarque da
mercadoria no navio contratado pelo cliente.
Sabe - se que a principal planta do produtor/exportador alemão em questão situa - se em Bensheim,
nas proximidades de Frankfurt, sendo Rotterdam e Hamburgo os portos marítimos mais próximos do
parque fabril, respectivamente, 483 e 541 quilômetros rodoviários. Consta, a propósito, da resposta ao
pedido de informações complementares à petição, cotação de transporte de aparelho de raios - X,
solicitada pela peticionária em fevereiro de 2015 à principal empresa alemã de fretes, a transportadora
[CONFIDENCIAL], de Bensheim ao porto de Hamburgo. A cotação em tela discrimina, como custos
incorridos na origem para embarque FOB da mercadoria, frete e despesas de manuseio de carga de,
respectivamente, € 80,00 e € 40,00 por HBL (House Bill of Lading), equivalente a US$ 162,78.
Conforme já mencionado, essa conversão foi executada utilizando - se a taxa média de câmbio do
período, de 1,3565 US$/€.
Assim, subtraiu - se, para fins de apuração do preço de exportação em condição ex fabrica, o
montante de US$ 162,78 do valor apurado tendo por base os dados detalhados das importações
brasileiras, disponibilizados pela RFB, em condição FOB (US$ 15.676,38), obtendo - se, assim, preço de
exportação US$ 15.513,38, em condição ex fabrica.
(Fls. 14 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
4.3 - Da margem de dumping
A margem absoluta de dumping é definida como a diferença entre o valor normal e o preço de
exportação. A margem relativa de dumping, por seu turno, se constitui na razão entre a margem de
dumping absoluta e o preço de exportação.
Apresentam - se a seguir as margens de dumping absoluta e relativa apuradas para a Alemanha.
Margem de Dumping (MD)
Em US$/un e em %
Valor Normal Preço de Exportação MD Absoluta MD Relativa
80.983,93 15.513,38 65.470,33 417,6%
4.4 - Da conclusão sobre os indícios de dumping
A margem de dumping apurada demonstra a existência de indícios de dumping nas exportações de
aparelhos de raios X panorâmicos odontológicos da Alemanha para o Brasil, realizadas no período de
outubro de 2013 a setembro de 2014.
5 - DAS IMPORTAÇÕES E DO MERCADO BRASILEIRO
Neste item, serão analisadas as importações brasileiras e o mercado brasileiro de aparelhos de raios
X panorâmicos odontológicos. Conforme prescreve o § 4o do art. 48 do Decreto no 8.058, de 2013, o
período de análise deve corresponder ao período considerado para fins de determinação de existência de
indícios de dano à indústria doméstica. Nesse ponto, cumpre mencionar que a produção nacional do
produto similar ao objeto da investigação iniciou - se em janeiro de 2011, de modo que o período de
análise de dano compreenderá quatro anos. Assim, para efeito da análise relativa à determinação da
abertura da investigação, considerou - se o período de outubro de 2010 a setembro de 2014, dividido da
seguinte forma:
P1 – outubro de 2010 a setembro de 2011;
P2 – outubro de 2011 a setembro de 2012;
P3 – outubro de 2012 a setembro de 2013; e
P4 – outubro de 2013 a setembro de 2014.
5.1 - Das importações
Para fins de apuração das importações brasileiras de aparelhos de raios X panorâmicos
odontológicos em cada período, foram utilizados os dados detalhados de importação referentes ao produto
classificado nos subitens 9022.13.11 e 9022.12.00 da NCM/SH, fornecidos pela RFB.
Por meio da análise da descrição detalhada das mercadorias, verificou - se que são classificadas
naquele código da NCM importações de aparelhos de raios - X, bem como de outros produtos, distintos
do produto objeto da investigação. A fim de se obterem as informações referentes exclusivamente ao
produto objeto da investigação, realizou - se depuração das importações constantes desses dados.
Excluíram - se mercadorias cujas descrições permitiram concluir que não se tratava do produto objeto da
investigação, como partes e peças para reposição.
(Fls. 15 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Foram depurados, ainda, os dados detalhados de importação referentes ao subitem NCM/SH
9022.12.00, relativo a aparelhos de tomografia computadorizada, com vistas a se identificar a ocorrência
de importações do produto objeto da investigação incorretamente classificadas nessa NCM/SH. Com
efeito, conforme atestado pela peticionária, os aparelhos de raios X tridimensionais não equivalem aos
tomógrafos utilizados para realizar exames diagnósticos. Aqueles aparelhos, a despeito de comumente
referidos como tomógrafos e de haver exigência de registro pela Anvisa como tal, são equipamentos de
raios X de tomadas maxilares panorâmicas que exercem, ainda, as funções cefalométrica e tomógrafa,
cuja classificação aduaneira adequada refere - se ao item tarifário NCM/SH 9022.13.11. Assim, os
volumes e valores pertinentes a aparelhos de raios X identificados no subitem NCM/SH 9022.12.00
foram oportunamente acrescidos àqueles concernentes a produto objeto da investigação.
5.1.1 - Do volume das importações
A tabela seguinte apresenta o volume total de importações do produto objeto de investigação no
período de análise de dano à indústria doméstica:
Importações Totais Em números - índices de un
P1 P2 P3 P4
Alemanha 100 150 197 221
Subtotal (origem investig.) 100 150 197 221
Finlândia 100 81 93 54
Estados Unidos da América - EUA 100 55 57 49
Coreia do Sul 100 79 32 9
Japão 100 138 75 75
França 100 104 85 -
China 100 - - -
Subtotal (exceto investig.) 100 78 64 31
Total 100 90 86 63
O volume total das importações brasileiras de aparelhos de raios X panorâmicos odontológicos
apresentou sucessivas quedas: 10,1% de P1 para P2, 4,3% de P2 para P3 e 26,8% de P3 para P4. De P1
para P4, observou - se redução de 37% do volume total importado.
As importações originárias da Alemanha, origem investigada, apresentaram crescimento contínuo
ao longo do período de investigação, acumulando 121,1% de aumento de P1 para P4. Considerando - se
os intervalos analisados, verificaram - se elevações de 50,5% de P1 para P2, 31,1% de P2 para P3 e
12,1% de P3 para P4.
Em P1, as importações em análise representavam [CONFIDENCIAL]% do volume total de produto
objeto da investigação importado pelo Brasil e, até P4, cursaram em aumentos sucessivos de
[CONFIDENCIAL] pontos percentuais (p.p.) de P1 para P2, [CONFIDENCIAL] p.p. de P2 para P3 e
[CONFIDENCIAL] p.p. de P3 para P4. Houve variação acumulada de [CONFIDENCIAL] p.p. de P1
para P4, quando a participação das importações em análise alcançaram [CONFIDENCIAL]% do volume
total importado pelo Brasil.
As importações das outras origens, por sua vez, sofreram seguidas reduções no período de análise:
22,3% de P1 para P2, 18,2% de P2 para P3, e 51,3% de P3 para P4. Considerando - se todo o período de
análise, a redução chegou a 69,1% em P4, relativamente a P1.
(Fls. 16 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
A participação das importações das outras origens no volume total importado sofreu redução em
todos os intervalos sob análise, passando de [CONFIDENCIAL]% em P1 para [CONFIDENCIAL]% em
P4, redução de [CONFIDENCIAL] p.p. Essa participação caiu [CONFIDENCIAL] p.p. de P1 para P2,
[CONFIDENCIAL] p.p. de P2 para P3 e [CONFIDENCIAL] p.p. de P3 para P4.
5.1.2 - Do valor e do preço das importações
As tabelas a seguir apresentam a evolução do valor total e do preço CIF das importações de
aparelhos de raios X no período de análise de indícios de dano à indústria doméstica.
Visando a tornar a análise do valor das importações mais uniforme, considerando que o frete e o
seguro, dependendo da origem considerada, têm impacto relevante sobre o preço de concorrência entre os
produtos ingressados no mercado brasileiro, a análise foi realizada em base CIF.
Valor das Importações Totais Em números - índices de Mil US$ CIF
P1 P2 P3 P4
Alemanha 100 119 130 127
Subtotal (origem investig.) 100 119 130 127
Finlândia 100 87 104 57
EUA 100 50 51 44
Coreia do Sul 100 72 23 5
Japão 100 130 77 71
França 100 94 74 0
China 100 0 0 0
Subtotal (exceto investig.) 100 79 68 37
Total 100 83 76 48
No que concerne às importações brasileiras de aparelhos de raios X da origem em análise, houve
aumento dos valores importados de 18,8% de P1 para P2 e de 9,1% de P2 para P3. Já no intervalo
seguinte, de P3 para P4, houve redução de 1,8%. Tomando - se todo o período de análise, houve elevação
dos valores das importações brasileiras de aparelhos de raios X da origem investigada de 27,2% em P4,
comparativamente a P1.
Por outro lado, verificou - se que a evolução dos valores importados das outras origens consistiu em
quedas sucessivas: 21,5% de P1 para P2, 12,8% de P2 para P3 e 46,3% de P3 para P4. Considerando todo
o período de análise, evidenciou - se redução nos valores importados das demais origens de 63,2%, de P1
para P4.
O valor total das importações, por seu turno, decresceu em todos os intervalos considerados: 16,6%
de P1 para P2, 9% de P2 para P3 e 37% de P3 para P4. Se considerados os extremos, de P1 para P4,
houve redução de 52,2% no valor total das importações.
(Fls. 17 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Preço Médio das Importações Totais Em números - índices de US$ CIF/un
P1 P2 P3 P4
Alemanha 100 79 66 58
Preço médio (origem investig.) 100 79 66 58
Finlândia 100 107 112 107
EUA 100 91 90 89
Coreia do Sul 100 91 72 54
Japão 100 95 102 94
França 100 90 87 0
China 100 0 0 0
Preço médio (exceto investig.) 100 101 108 119
Preço médio (todas as origens) 100 93 88 76
No que se refere ao preço CIF unitário médio ponderado das importações da origem investigada,
observou - se que, ao longo do período, houve sucessivas reduções. Em P2, comparativamente a P1, esse
preço caiu 21,1%, tendência essa mantida de P2 para P3 ( - 16,8%) e de P3 para P4 ( - 12,4%). De P1
para P4, houve queda cumulativa de 42,5%.
De outra parte, o preço CIF unitário médio ponderado das demais origens apresentou aumento
contínuo ao longo do período: 1,1% de P1 para P2, 6,6% de P2 para P3 e 10,3% de P3 para P4. Em P4,
acumulou crescimento de 18,9%, comparativamente a P1.
Cumpre ressaltar que, em todos os períodos analisados, a média dos preços das importações de
aparelhos de raios X da origem investigada foi inferior àquela das demais origens em pelo menos
[CONFIDENCIAL]%. Em P4, quando essa discrepância é a mais acentuada, a média dos preços das
importações objeto de investigação, de US$ CIF [CONFIDENCIAL], foi [CONFIDENCIAL]% menor
que a das demais origens, de US$ CIF [CONFIDENCIAL].
5.2 - Do mercado brasileiro
Para dimensionar o mercado brasileiro de aparelhos de raios X, foram consideradas as quantidades
fabricadas e vendidas no mercado interno informadas pela peticionária, bem como as quantidades
importadas totais apuradas com base nos dados de importação fornecidos pela RFB, apresentadas no item
anterior. Segundo a indústria doméstica, não há devoluções de produto similar ao objeto da investigação.
Nesse ponto, cumpre mencionar que, tendo em vista a inexistência de consumo cativo do produto
similar doméstico por parte da indústria nacional, o mercado brasileiro equivale ao consumo nacional
aparente.
Mercado Brasileiro
Em números - índices de un
Vendas Indústria
Doméstica
Importações
Origem
Investigada
Importações
Outras Origens
Mercado
Brasileiro
P1 100 100 100 100
P2 117 150 8 94
P3 108 197 64 89
P4 126 221 31 71
(Fls. 18 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Inicialmente, deve - se repisar o fato de que a produção nacional do produto similar ao objeto da
investigação iniciou - se apenas no segundo trimestre de P1 (janeiro de 2011). Ressalte - se, também, que
a indústria doméstica não realizou importações do produto objeto da análise.
Observou - se, diante dos dados acima expostos, que o mercado brasileiro apresentou reduções
subsequentes de 6,4%, 4,9% e 19,7%, respectivamente, de P1 para P2, de P2 para P3 e de P3 para P4.
Durante todo o período de análise, de P1 para P4, o mercado brasileiro apresentou queda de 28,5%.
Verificou - se que as importações da origem objeto de análise aumentaram 132 un (121,1%) de P1
para P4, ao passo que o mercado brasileiro decresceu em 213 un. Já no último intervalo, de P3 para P4, as
importações em análise aumentaram 26 un (12,1%) enquanto o mercado brasileiro de aparelhos de raios
X teve redução de 19,7%, equivalente a 131 un.
5.3 - Da evolução das importações
5.3.1 - Da participação das importações no mercado brasileiro
A tabela a seguir apresenta a participação das importações no mercado brasileiro de aparelhos de
raios X.
Participação das Importações no Mercado Brasileiro
Período
Mercado Brasileiro
(números - índices
de un)
Participação
importações origem
investig.
(números - índices
de %)
Participação
importações
outras origens
(números - índices
de %)
Participação
importações totais
(números - índices
de %)
P1 100 100 100 100
P2 94 161 83 96
P3 89 221 71 97
P4 71 309 43 88
Observou - se que a participação das importações da origem investigada no mercado brasileiro
apresentou evolução crescente: 8,9 p.p. de P1 para P2, 8,8 p.p. de P2 para P3 e 12,8 p.p. de P3 para P4.
Considerando todo o período, de P1 até P4, a participação dessas importações aumentou 30,5 p.p.
Já a participação das outras importações caiu seguidamente 12,2 p.p., de P1 para P2, 8,4 p.p. de P2
para P3, e 20,2 p.p. de P3 para P4. Comparativamente a P1, a participação das importações de outras
origens acumulou redução de 40,8 p.p. em P4.
5.3.2 - Da relação entre as importações e a produção nacional
A tabela a seguir apresenta a relação entre as importações da origem investigada e a produção
nacional de aparelhos de raios X.
(Fls. 19 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Importações Investigadas e Produção Nacional
Período
Produção Nacional
(números - índices de un)
(A)
Importações origem investig.
(números - índices de un)
(B)
[(B) / (A)]
números -
índices de %
P1 100 100 100
P2 112 150 134
P3 92 197 215
P4 130 221 169
Observou - se que a relação entre as importações em análise e a produção nacional de aparelhos de
raios X cresceu 16,7 p.p. e 39,5 p.p., respectivamente, de P1 para P2 e de P2 para P3, mas recuou 22,3
p.p. de P3 para P4. Assim, ao considerar - se todo o período, essa relação apresentou elevação acumulada
de 33,9 p.p.
5.4 - Da conclusão a respeito das importações
No período de análise da existência de indícios de dano à indústria doméstica, as importações a
preços com indícios de dumping de aparelhos de raios X cresceram significativamente:
a) em termos absolutos, tendo aumentado 121,1% de P1 (109 un) para P4 (241 un), e 12,1% de P3
(215 un) para P4;
b) em relação ao mercado brasileiro, uma vez que a participação dessas importações apresentou
aumento de 30,5 p.p. de P1 (14,6%) para P4 (45,1%) e de 12,8 p.p. de P3 (32,3%) para P4;
c) em relação à produção nacional, pois em P1 representavam 48,7% desta produção e, em P4, as
importações alegadamente a preços de dumping já correspondiam a 82,5% do volume total produzido no
país, a despeito do decréscimo de 22,3 p.p. de P3 (104,9%) para P4.
Diante desse quadro, constatou - se aumento substancial das importações a preços com indícios de
dumping, tanto em termos absolutos, quanto em relação à produção e ao mercado brasileiro.
Além disso, frise - se que as importações a preços com indícios de dumping foram realizadas a
preços CIF médio ponderados mais baixos que os das demais importações brasileiras em todo o período
analisado.
6 - DOS INDÍCIOS DE DANO
De acordo com o disposto no art. 30 do Decreto no 8.058, de 2013, a análise de dano deve
fundamentar - se no exame objetivo do volume das importações a preços com indícios de dumping, no
seu efeito sobre os preços do produto similar no mercado brasileiro e no consequente impacto dessas
importações sobre a indústria doméstica.
6.1 - Dos indicadores da indústria doméstica
Como mencionado anteriormente, ante o previsto no art. 34 do Decreto no 8.058, de 2013, a
indústria doméstica foi definida como a linha de produção de aparelhos de raios X panorâmicos
odontológicos da Dabi Atlante, única produtora nacional do produto similar fabricado no Brasil. Dessa
(Fls. 20 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
forma, os indicadores considerados nesta circular refletem os resultados alcançados pela citada linha de
produção.
Para adequada avaliação da evolução dos dados em moeda nacional, apresentados pela indústria
doméstica, atualizaram - se os valores correntes com base no Índice Geral de Preços – Disponibilidade
Interna – IGP - DI, da Fundação Getúlio Vargas.
De acordo com a metodologia aplicada, os valores em reais correntes de cada período foram
divididos pelo índice de preços médio do período, multiplicando - se o resultado pelo índice de preços
médio de P4. Essa metodologia foi aplicada a todos os valores monetários em reais apresentados nesta
circular.
6.1.1 - Do volume de vendas
A tabela a seguir apresenta as vendas da indústria doméstica de aparelhos de raios X de fabricação
própria, destinadas ao mercado interno e ao mercado externo, conforme informado na petição.
Vendas da Indústria Doméstica Em números - índices de un
Período Vendas Totais
Vendas no
Mercado
Interno
Participação no
Total (%)
Vendas no
Mercado Externo
Participação no
Total (%)
P1 100 100 100 100 100
P2 112 117 104 108 97
P3 92 108 118 78 85
P4 130 126 96 134 103
Observou - se que o volume de vendas para o mercado interno aumentou em 16,8% de P1 para P2,
mas decresceu 7,6% de P2 para P3 e voltou a crescer 16,5% de P3 para P4. Ao se considerar todo o
período em análise, de P1 para P4,constatou - se aumento de 25,7% no volume de vendas da indústria
doméstica para o mercado interno.
Em relação às vendas para o mercado externo, registrou - se aumento de 34,1% em P4,
comparativamente a P1. Houve incremento de 8,1% de P1 para P2, seguido de redução, de P2 para P3, de
25,3%. No intervalo seguinte, de P3 para P4, registrou - se acréscimo de 71,9%.
Quanto à totalidade das vendas, houve aumento de 12,1% de P1 para P2, ao passo que de P2 para
P3 observou - se diminuição de vendas de 18,3%, em função das reduções tanto nas vendas internas
quanto nas vendas externas. De P3 para P4, registrou - se, em função de aumentos simultâneos no
mercado brasileiro e no exterior, crescimento de 42,4%. Ao se considerar o período em análise, de P1
para P4, constatou - se aumento de 30,4%.
6.1.2 - Da participação do volume de vendas no mercado brasileiro
A tabela a seguir apresenta a participação das vendas da indústria doméstica no mercado brasileiro.
(Fls. 21 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Participação das Vendas da Indústria Doméstica no Mercado Brasileiro
Em números - índices de un
Período Mercado Brasileiro Vendas no Mercado Interno Participação (%)
P1 100 100 100
P2 94 117 125
P3 89 108 121
P4 71 126 176
A participação das vendas da indústria doméstica no mercado brasileiro de aparelhos de raios X
aumentou 3,4 p.p. de P1 para P2. No período seguinte, apresentou queda de 0,5 p.p. de P2 para P3 e
retomou espaço de P3 para P4, quando cresceu 7,4 p.p. No entanto, tomando - se todo o período de
análise, de P1 para P4, observou - se crescimento de 10,3 p.p.
6.1.3 - Da produção e do grau de utilização da capacidade instalada
Em relação à capacidade instalada da indústria doméstica, foi informado na petição que a
capacidade nominal da Dabi Atlante é calculada multiplicando - se o número de equipamentos capazes de
serem montados por dia, o número de dias úteis no mês e o número de meses por período da investigação.
A indústria doméstica apresentou os seguintes valores empregados no cálculo da capacidade instalada por
período:
P1: 1 equipamento montado por dia, 21 dias úteis no mês, 9 meses por período;
P2: 1,8 equipamentos por dia, 21 dias úteis no mês, 12 meses por período;
P3: 2 equipamentos por dia, 21 dias úteis no mês, 12 meses por período; e
P4: 3 equipamentos por dia, 21 dias úteis no mês, 12 meses por período.
Conforme explicado na petição, a capacidade instalada nominal é idêntica à efetiva, pois o processo
de produção refere - se à montagem de peças em estoque. A indústria doméstica trabalha com sistema
enxuto, no qual a produção interna de peças para os aparelhos de raios X é determinada pela necessidade
da área de montagem. Os limitadores da linha de produção são a disponibilidade de mão de obra
especializada e treinada e o espaço físico para a montagem de cabines de testes. Esses são os fatores que
determinam a quantidade de aparelhos de raios X que podem ser produzidos por dia.
A tabela a seguir apresenta a capacidade instalada efetiva da indústria doméstica, sua produção e o
grau de ocupação dessa capacidade:
Capacidade Instalada Efetiva, Produção e Grau de Ocupação
Em números - índices de un
Período Capacidade Efetiva Produção Grau de ocupação (%)
P1 100 100 100
P2 240 112 47
P3 267 92 34
P4 400 130 33
Em relação à capacidade instalada efetiva da indústria doméstica, observa - se aumento ao longo de
todos os períodos. De P1 para P2, de P2 para P3 e de P3 para P4 houve acréscimos da capacidade
(Fls. 22 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
instalada efetiva de, respectivamente, 139,7%, 11,3% e 50%. De P1 para P4 o aumento da referida
capacidade chegou a 300%.
O volume de produção do produto similar da indústria doméstica aumentou 12,1% de P1 para P2 e
caiu 18,3% de P2 para P3. De P3 para P4,por sua vez, houve crescimento de 42,4. Ao se considerar os
extremos da série, o volume de produção da indústria doméstica cresceu 30,4%.
O grau de ocupação da capacidade instalada apresentou redução ao longo de todos os períodos. De
P1 para P2, de P2 para P3 e de P3 para P4 houve quedas sucessivas de 63,1 p.p., 14,7 p.p. e 2,1 p.p.,
respectivamente. Quando considerados os extremos da série, de P1 para P4, verificou - se redução de 79,9
p.p. no grau de ocupação da capacidade instalada.
Segundo a indústria doméstica, em P1, o nível de produção foi superior à capacidade instalada
devido à alocação temporária de espaço e mão de obra na linha de produção do produto similar nacional.
O aumento da capacidade instalada ao longo dos períodos deveu - se à alocação de mais espaço físico
dedicado à linha do produto similar e ao treinamento e especialização de mão de obra.
6.1.4 - Dos estoques
Relativamente a estoques, consta da petição que a indústria doméstica não os mantém para o
produto nacional similar ao objeto da investigação, trabalhando apenas com estoques de matérias -
primas.
6.1.5 - Do emprego, da produtividade e da massa salarial
A tabela a seguir apresenta a evolução do número de empregados da indústria doméstica, com base
nas informações constantes da petição. Informou - se, acerca desse tópico, que não é empregada mão de
obra terceirizada na produção do produto similar nacional.
Evolução do Número de Empregados
Em números - índices
P1 P2 P3 P4
Linha de Produção 100 111 133 167
Administração 100 150 250 375
Vendas 100 133 167 250
Total 100 121 157 214
Foram verificadas as seguintes variações do número de empregados que atuam diretamente na linha
de produção ao longo do período de análise. A quantidade de empregados aumentou 11,1% de P1 para
P2, 20% de P2 para P3 e 25% de P3 para P4. Ao se analisar os extremos da série, o número de
empregados ligados à produção cresceu 66,7%.
Em relação ao número de empregados ligados à administração, houve sucessivos acréscimos de
50% de P1 para P2, 66,7% de P2 para P3 e 50% de P3 para P4. De P1 para P4 o número de empregados
na área administrativa aumentou 275%.
Quanto aos empregados ligados à venda, houve aumentos de 33,3%, 25% e 50%, respectivamente,
de P1 para P2, de P2 para P3 e de P3 para P4. Considerando - se todo o período em análise, o número de
empregados da área de vendas aumentou 150% em P4, relativamente a P1.
(Fls. 23 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Com relação à totalidade dos empregados, houve elevações de 21,4% de P1 para P2, 29,4% de P2
para P3 e 36,4% de P3 para P4. Ao se considerar todo o período em análise, houve acréscimo de 114,3%
em P4, quando comparado a P1.
A tabela a seguir apresenta a evolução da produção média por empregado diretamente ligado à
produção.
Produtividade por Empregado
Em números - índices de un
Período
Número de empregados
envolvidos na linha de
produção
Produção
Produção por empregado
envolvido na linha de
produção
P1 100 100 100
P2 111 112 101
P3 133 92 69
P4 167 130 78
A produtividade por empregado ligado diretamente à produção aumentou 0,9% de P1 para P2. Por
outro lado, de P2 para P3, foi observada redução de 32%, decorrente tanto da queda de produção, quanto
do aumento no número de empregados no mesmo intervalo. Em seguida, de P3 para P4, houve
crescimento de 13,9%, quando o aumento na produção foi mais do que proporcional ao aumento no
número de empregados no intervalo. Considerando - se todo o período em tela, a produtividade por
empregado reduziu - se em 21,8% em P4, comparativamente a P1.
A tabela a seguir apresenta a evolução da massa salarial na indústria doméstica.
Massa Salarial
Em números - índices de mil R$ atualizados
P1 P2 P3 P4
Linha de Produção 100 141 172 198
Administração 100 142 239 374
Vendas 100 126 159 249
Total 100 133 171 224
No que tange à massa salarial dos empregados da linha de produção, ocorreram sucessivos
acréscimos ao longo do período de análise, nos seguintes percentuais: 40,5% de P1 para P2, 22,3% de P2
para P3 e 15,5% de P3 para P4. Assim, em P4, o montante de despesas com pessoal vinculado
diretamente à produção aumentou 98,5% em relação ao observado em P1.
A massa salarial dos empregados ligados à administração, de P1 para P4, aumentou 273,8%. A
massa salarial dos empregados ligados às vendas, de P1 para P4, sofreu acréscimo de 149,2%.
A massa salarial total passou por aumentos consecutivos em todo o período analisado, tendo
ocorrido nos seguintes percentuais: 33,2% de P1 para P2, 28,2% de P2 para P3 e 31,2% de P3 para P4.
Ao se analisar os extremos da série, a massa salarial total aumentou 124% em P4, quando comparada a
P1.
(Fls. 24 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
6.1.6 - Do demonstrativo de resultado
6.1.6.1 - Da receita líquida
A receita líquida da indústria doméstica refere - se às vendas líquidas de aparelhos de raios X, já
deduzidos os tributos e as despesas de frete interno.
Receita Líquida das Vendas da Indústria Doméstica
Em números - índices de mil R$ atualizados
Período Receita Total Mercado Interno Mercado Externo
Valor % Valor %
P1 [CONFID.] 100 [CONFID.] 100 [CONFID.]
P2 [CONFID.] 102 [CONFID.] 125 [CONFID.]
P3 [CONFID.] 109 [CONFID.] 93 [CONFID.]
P4 [CONFID.] 122 [CONFID.] 165 [CONFID.]
A receita líquida referente às vendas de produto de fabricação própria no mercado interno aumentou
1,9% de P1 para P2, 7,4% de P2 para P3 e 11,3% de P3 para P4. Ao se considerar todo o período de
análise, a receita líquida obtida com as vendas no mercado interno aumentou 21,8%.
A receita líquida obtida com as vendas de produto de fabricação própria no mercado externo
apresentou alta de 25% de P1 para P2, queda de 25,3% de P2 para P3, recuperando - se no intervalo
seguinte, de P3 para P4, quando cresceu 76,8%. Em P4, observou - se elevação de 65,1% dessa receita,
comparativamente a P1.
Como resultado, a receita líquida total das vendas de produto de fabricação própria da indústria
doméstica apresentou decréscimo apenas de P2 para P3, quando registrou queda de 6%. Em todos os
demais períodos houve acréscimo: de P1 para P2, 10,2% e, de P3 para P4, 32,5%. Analisando - se todo o
período, a receita líquida total elevou - se em 37,4% de P1 para P4.
6.1.6.2 - Dos preços médios ponderados
Os preços médios ponderados de venda, apresentados na tabela a seguir, foram obtidos pela razão
entre as receitas líquidas e as quantidades vendidas apresentadas, respectivamente, nos itens 6.1.6.1 e
6.1.1 desta circular. Deve - se ressaltar que os preços médios de venda no mercado interno apresentados
referem - se exclusivamente às vendas de fabricação própria da indústria doméstica.
Preço Médio de Venda da Indústria Doméstica Em números - índices de R$ atualizados/un
Período Preço (mercado interno) Preço (mercado externo)
P1 100 100
P2 87 116
P3 101 120
P4 97 123
Observou - se que o preço médio dos aparelhos de raios X de fabricação própria vendidos no
mercado interno apresentou variação ao longo do período analisado, com queda de 12,8% de P1 para P2,
seguida de elevação, de P2 para P3, em 16,2%, e nova redução, de P3 para P4, de 4,4%. Assim, de P1
para P4, o preço médio de venda da indústria doméstica no mercado interno caiu 3,1%.
(Fls. 25 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Já o preço médio no mercado externo dos aparelhos de raios X apresentou sequência de elevações
de P1 para P4, acumulando crescimento de 23,1%. Considerando - se os intervalos em análise, aumentou:
15,6% de P1 para P2, 3,5% de P2 para P3, e 2,9% de P3 para P4.
6.1.6.3 - Dos resultados e margens
As tabelas a seguir apresentam a demonstração de resultados e as margens de lucro associadas,
obtidas com a venda de aparelhos de raios X de fabricação própria no mercado interno, conforme
informado pela peticionária.
Demonstração de Resultados – Mercado Interno
Em números - índices de mil R$ atualizados
P1 P2 P3 P4
Receita Líquida 100 102 109 122
CPV 100 126 139 173
Resultado Bruto 100 89 93 94
Despesas/Receitas Operacionais 100 217 160 163
Despesas Gerais e Administrativas 100 299 162 181
Despesas com Vendas (exceto frete) 100 127 172 150
Despesas/Receitas Financeiras (RF) 100 98 107 105
Outras despesas e rec. operacionais (OD) 100 151 227 196
Resultado Operacional 100 (102) (6) (9)
Resultado Operacional (exc. RF) 100 (69) 12 10
Resultado Operacional (exc. RF e OD) 100 (59) 23 19
Margens de Lucro Em números - índices de %
P1 P2 P3 P4
Margem Bruta [CONFID.] [CONFID.] [CONFID.] [CONFID.]
Margem Operacional [CONFID.] [CONFID.] [CONFID.] [CONFID.]
Margem Operacional (exceto RF) [CONFID.] [CONFID.] [CONFID.] [CONFID.]
Margem Operacional (exceto RF e OD) [CONFID.] [CONFID.] [CONFID.] [CONFID.]
O resultado bruto com a venda de aparelhos de raios X no mercado interno, positivo em todo o
período de análise, somente apresentou redução de P1 para P2, de 10,9%, com acréscimo em todos os
demais intervalos: 4,9% de P2 para P3 e 0,6% de P3 para P4. Ao se observar os extremos da série, o
resultado bruto verificado em P4 foi 21,8% menor do que o resultado bruto verificado em P1.
Observou - se que a margem bruta da indústria doméstica, apesar de positiva em todo o período de
análise, decresceu seguidamente de P1 para P4, acumulando queda de [CONFIDENCIAL] p.p. no
período de análise de dano. Houve recuos de [CONFIDENCIAL] p.p., [CONFIDENCIAL] p.p. e
[CONFIDENCIAL] p.p., respectivamente de P1 para P2, de P2 para P3 e de P3 para P4.
O resultado operacional, por sua vez, cursou em redução de 108,6% de P1 para P4, sendo P1 o
único período em que esse resultado apresentou - se como lucro. O comportamento do resultado
operacional consistiu no seguinte: decresceu 201,9% de P1 para P2, passando a prejuízo operacional;
recuperou - se de P2 para P3, quando esse prejuízo decresceu 94,1%; no intervalo subsequente, porém, o
resultado tornou - se ainda menor em 43%.
(Fls. 26 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
No que se refere à margem operacional, observaram - se valores negativos em todos os períodos, à
exceção de P1. Considerando - se todo o período de análise, a margem operacional obtida em P4 piorou
[CONFIDENCIAL] p.p. em relação a P1. Houve decréscimo de [CONFIDENCIAL] p.p. de P1 para P2,
quando a margem tornou - se negativa. De P3 para P4, a margem deteriorou - se em [CONFIDENCIAL]
p.p., a despeito da recuperação verificada de P2 para P3, quando apresentou melhora de
[CONFIDENCIAL] p.p.
Com relação ao resultado operacional sem resultado financeiro, houve piora de 169,4% de P1 para
P2, quando esse resultado tornou - se negativo. O prejuízo verificado em P2, no entanto, reduziu - se em
117,8% até P3, redução essa suficiente para se verificar lucro em P3. No intervalo seguinte, o lucro
operacional decresceu 19,7%, mas permaneceu positivo. Ao se considerar todo o período de análise, o
resultado operacional sem o resultado financeiro em P4 foi 90,1% pior do que aquele de P1.
A margem operacional sem resultado financeiro, por seu turno, apresentou redução de
[CONFIDENCIAL] p.p. de P1 para P2, passando de positiva a negativa. De P2 para P3, essa margem
aumentou [CONFIDENCIAL] p.p., o suficiente para torná - la positiva até o final da série em análise,
apesar de, no intervalo seguinte (P3 para P4), essa margem piorar [CONFIDENCIAL] p.p. Assim,
considerando - se todo o período de análise, a margem operacional sem resultado financeiro obtida em P4
piorou [CONFIDENCIAL] p.p. em relação a P1.
Com relação ao resultado operacional sem resultado financeiro e outras despesas, houve piora de
158,8% de P1 para P2, quando o resultado tornou - se negativo. De P2 para P3, porém, esse prejuízo
reduziu - se em 138,6%, de modo que retornou a patamar condizente com lucro. No intervalo seguinte,
apesar de o lucro verificado em P3 cair 16,8% até P4, o resultado manteve - se positivo. Ao se considerar
todo o período de análise, o resultado operacional sem o resultado financeiro e outras despesas em P4
deteriorou - se em 81,1% relativamente a P1.
Por sua vez, a margem operacional sem resultado financeiro e outras despesas apresentou
comportamento semelhante. De P1, quando era positiva, para P2, houve queda de [CONFIDENCIAL]
p.p., o que a tornou negativa. No intervalo seguinte, de P2 para P3, essa margem melhorou
[CONFIDENCIAL] p.p., de modo que retornou a patamar positivo, ainda que bem inferior ao verificado
em P1. De P3 para P4, a margem caiu [CONFIDENCIAL] p.p., mas se manteve positiva. Quando são
considerados os extremos da série, observou - se, em P4, piora de [CONFIDENCIAL] p.p. da margem
operacional sem resultado financeiro e outras despesas, quando comparada a P1.
Demonstração de Resultados – mercado interno
Em números - índices de mil R$ atualizados/un
P1 P2 P3 P4
Receita Líquida 100 87 101 97
CPV 100 108 129 138
Resultado Bruto 100 76 87 75
Despesas/Receitas Operacionais 100 186 148 129
Despesas Gerais e Administrativas 100 256 150 144
Despesas com Vendas (exceto frete) 100 109 159 119
Despesas/Receitas Financeiras (RF) 100 84 99 84
Outras despesas e rec. operacionais (OD) 100 129 210 156
Resultado Operacional 100 (87) (6) (7)
Resultado Operacional (exc. RF) 100 (59) 11 8
Resultado Operacional (exc. RF e OD) 100 (50) 21 15
(Fls. 27 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Analisando os dados de modo unitário, o resultado bruto com a venda de aparelhos de raios X no
mercado interno, positivo em todo o período de análise, decresceu 23,7% de P1 para P2. No interregno
subsequente, de P2 para P3, esse resultado mostrou recuperação de 13,6%, mas voltou a cair de P3 para
P4 ( - 13,7%). Ao se observar os extremos da série, o resultado bruto unitário verificado em P4 foi 25,2%
pior do que o resultado bruto unitário observado em P1.
O resultado operacional, em termos unitários, apenas consistiu em lucro em P1, tendo se
deteriorado em 106,8% até o final da série analisada (P4). De P1 para P2, esse resultado decresceu
187,2%, redução essa que converteu o lucro de P1 em prejuízo a partir de P2. No intervalo seguinte, de
P2 para P3, esse resultado negativo apresentou melhora de 93,6%, mas voltou a piorar de P3 para P4,
quando o prejuízo se agravou em 22,7%.
Por sua vez, o resultado operacional sem o resultado financeiro, em termos unitários, tornou - se
negativo de P1 para P2, quando o lucro verificado em P1 se deteriorou em 159,4%. De P2 para P3,
porém, houve recuperação desse resultado em 119,3%, elevação suficiente para que o prejuízo se
convertesse em lucro em P3. No último intervalo da série, de P3 para P4, esse resultado caiu 31,1%, mas
manteve - se positivo, apesar de bem inferior ao patamar de lucro. Ao considerar - se todo o período de
análise, o resultado operacional unitário sem o resultado financeiro em P4 foi 92,1% pior do que aquele
de P1.
Por fim, o resultado operacional sem o resultado financeiro e outras despesas, em termos unitários,
apresentou redução de 150,3% de P1 para P2, quando se converteu em prejuízo. De P2 para P3, foi
registrada recuperação e o resultado negativo voltou a ser positivo, uma vez que o prejuízo verificado em
P2 se reduziu em 141,8% até P3. No interregno seguinte, de P3 para P4, o lucro verificado em P3 caiu
28,6%. Assim, o resultado operacional unitário sem o resultado financeiro e outras despesas deteriorou -
se em 85% em P4, comparativamente a P1, sendo que o lucro apurado ao final da série ainda foi muito
inferior àquele observado inicialmente.
6.1.7 - Dos fatores que afetam os preços domésticos
6.1.7.1 - Dos custos
A tabela a seguir apresenta o custo de produção associado à fabricação de aparelhos de raios X
panorâmicos odontológicos pela indústria doméstica.
Custo de Produção
Em números - índices de mil R$ atualizados/un
P1 P2 P3 P4
1 – Custos Variáveis 100 105 114 123
1.1 – Matéria - prima 100 101 121 124
1.2 – Outros Insumos 100 62 99 145
1.3 – Utilidades 100 124 71 55
1.4 – Outros custos variáveis 100 176 84 95
2 – Custos fixos 100 126 176 145
3 – Custo de Produção (1+2) 100 108 121 125
Verificou - se que o custo de produção por unidade do produto cresceu sucessivamente ao longo do
período considerado, aumentando 7,6% de P1 para P2, 12,3% de P2 para P3 e 3,4% de P3 para P4. Ao se
considerar os extremos da série, o custo de produção cresceu 29,4% em P4, comparativamente a P1.
(Fls. 28 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Esse aumento do custo de produção foi resultado, principalmente, da elevação do custo de matéria -
prima, que corresponde a mais de [CONFIDENCIAL]% do custo total de produção. As elevações de
desse custo variável foram de 1,9% de P3 para P4 e de 23,8% de P1 para P4.
Além disso, pode - se destacar o aumento dos custos fixos em 45,1% de P1 para P4, a despeito da
redução de 17,6% observada de P3 para P4.
Já as utilidades, que têm um peso menor no custo total do produto, apresentaram variação negativa
no período analisado, tendo diminuído 22,3% de P3 para P4, e 44,6% de P1 para P4.
6.1.7.2 - Da relação custo/preço
A relação entre o custo de produção e o preço indica a participação desse custo no preço de venda
da indústria doméstica, no mercado interno, ao longo do período de análise de indícios de dano.
Participação do Custo no Preço de Venda
Em números - índices de R$ atualizados / un
Período Preço de Venda Mercado
Interno (A) Custo de Produção (B) Relação (B/A) (%)
P1 100 100 100
P2 87 108 123
P3 101 121 119
P4 97 125 129
A relação custo/preço apresentou as seguintes variações durante o período analisado: aumento de
P1 para P2 de [CONFIDENCIAL] p.p., redução de [CONFIDENCIAL] p.p. de P2 para P3 e novo
aumento de [CONFIDENCIAL] p.p., de P3 para P4. Ao considerar todo o período (de P1 para P4), a
relação custo de produção/preço aumentou [CONFIDENCIAL] p.p.
A deterioração da relação custo/preço, de P1 para P4 e de P3 para P4, ocorreu devido ao fato de os
aumentos do custo de produção, 24,9% e 3,4%, respectivamente, não terem sido acompanhados por
elevações correspondentes no preço de venda no mercado interno, os quais, ao contrário, foram reduzidos
em 3,1% e 4,4%, respectivamente.
6.1.7.3 - Da comparação entre o preço do produto investigado e similar nacional
O efeito das importações a preços com indícios de dumping sobre os preços da indústria doméstica
deve ser avaliado sob três aspectos, conforme disposto no § 2o do art. 30 do Decreto no 8.058, de 2013.
Inicialmente, deve ser verificada a existência de subcotação significativa do preço do produto importado a
preços com indícios de dumping em relação ao produto similar no Brasil, ou seja, se o preço internado do
produto objeto da investigação é inferior ao preço do produto brasileiro. Em seguida, examina - se
eventual depressão de preço, isto é, se o preço do produto importado teve o efeito de rebaixar
significativamente o preço da indústria doméstica. O último aspecto a ser analisado é a supressão de
preço. Esta ocorre quando as importações em análise impedem, de forma relevante, o aumento de preços,
devido ao aumento de custos, que teria ocorrido na ausência de tais importações.
A fim de se comparar o preço dos aparelhos de raios X importados da origem em análise com o
preço médio de venda da indústria doméstica no mercado interno, procedeu - se ao cálculo do preço CIF
internado do produto importado da Alemanha no mercado brasileiro. Já o preço de venda da indústria
(Fls. 29 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
doméstica no mercado interno foi obtido pela razão entre a receita líquida, em reais atualizados, e a
quantidade vendida no mercado interno durante o período de investigação de indícios de dano.
Para o cálculo dos preços internados do produto importado da origem sob análise, foram
considerados os preços de importação médios ponderados, na condição CIF, em reais, obtido dos dados
oficiais de importação disponibilizados pela RFB.
Em seguida, foram adicionados: (i) no caso de P4, o valor unitário, em reais, do Imposto de
Importação efetivamente pago, obtido também dos dados de importação da RFB; (ii) o valor unitário do
AFRMM calculado aplicando - se o percentual de 25% sobre o valor do frete internacional, em reais,
referente a cada uma das operações de importação constantes dos dados da RFB, quando pertinente, e (iii)
os valores unitários das despesas de internação, baseados em estimativa de 6,5% sobre o valor CIF.
Cumpre registrar que foi levado em consideração que o AFRMM não incide sobre determinadas
operações de importação, como, por exemplo, aquelas via transporte aéreo e realizadas ao amparo do
regime especial de drawback.
No que tange às despesas de internação, menciona - se que a peticionária apresentou orçamento,
elaborado pela empresa [CONFIDENCIAL], de pedido de numerário para desembaraço do produto objeto
da investigação. Com base nesse orçamento, estimou - se o valor dessas despesas, em termos percentuais
ao valor CIF.
Por fim, os preços internados do produto da origem sob análise foram objeto de atualização com
base no IGP - DI, a fim de se obter os valores em reais atualizados e compará - los com os preços da
indústria doméstica.
A tabela a seguir demonstra os cálculos efetuados, bem como os valores de subcotação obtidos em
cada período de análise de indícios de dano.
Preço Médio CIF Internado e Subcotação
Em números - índices de R$ atualizados / un
P1 P2 P3 P4
Quantidade (t) 100 150 197 221
Preço CIF 100 90 85 83
Imposto de Importação 100 - 100 -
AFRMM 100 - 100 441
Despesas de internação 100 90 85 83
CIF Internado 100 90 95 83
CIF Internado atualizado (a) 100 85 85 69
Preço da Indústria Doméstica (b) 100 87 101 97
Subcotação (b - a) 100 96 164 199
Subcotação % 100 110 161 205
Da análise da tabela anterior, constatou - se que o preço médio ponderado do produto importado da
origem sob análise, internado no Brasil, esteve subcotado em relação ao preço da indústria doméstica em
todos os períodos de análise.
Observou - se que, de P1 para P4 e de P3 para P4, o preço médio CIF internado reduziu - se,
respectivamente, 30,6% e 18%, levando à depressão do preço médio da indústria doméstica em 3,1% e
4,4% nesses intervalos respectivos.
(Fls. 30 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Constatou - se, além da deterioração da relação custo/preço, evidenciada no item anterior, supressão
dos preços da Dabi Atlante, uma vez que não houve aumentos dos preços suficientes – pelo contrário,
houve deterioração ( - 3,1% de P1 para P4; - 4,4% de P3 para P4) – para compensar as mais acentuadas
altas nos custos de produção, de 24,9% e 3,4%, respectivamente, de P1 para P4 e de P3 para P4, o que
impactou negativamente a rentabilidade da peticionária.
6.2 - Do resumo dos indicadores de dano à indústria doméstica
A partir da análise dos indicadores da indústria doméstica, constatou - se que:
a. as vendas da indústria doméstica no mercado interno, a despeito de terem aumentado 25,7% na
comparação entre P1 e P4 e 16,5% entre P3 e P4, não foram acompanhadas por resultado operacional
crescente, uma vez que, ao contrário, esse resultado decresceu 108,6% de P1 para P4 e 43% de P3 para
P4. Houve, a propósito, prejuízo operacional em todos os períodos analisados, à exceção de P1;
b. a indústria doméstica ganhou participação no mercado brasileiro tanto de P1 para P4 (10,3 p.p.)
quanto de P3 para P4 (7,4 p.p.), obtendo 23,8% desse mercado em P4, mesmo tendo havido encolhimento
do mercado nesse mesmo período ( - 28,5%). Cumpre notar, porém, que as importações analisadas
elevaram - se, de P1 para P4 e de P3 para P4, respectivamente, 30,5 p.p. e 12,8 p.p., tendo alcançado, no
último período, participação de 45,1% no mercado brasileiro. Cumpre notar, porém, que o ganho de
mercado do produto similar nacional foi inferior ao ganho das importações investigadas, que se elevaram,
de P1 para P4 e de P3 para P4, respectivamente, 30,5 p.p. e 12,8 p.p., tendo alcançado, no último período,
participação de 45,1% no mercado brasileiro;
c. a despeito de a produção da indústria doméstica ter crescido 30,4% de P1 para P4 e 42,4% de P3
para P4, o grau de ocupação da capacidade instalada efetiva mostrou queda de 79,9 p.p. e 2,1 p.p. nos
mesmos intervalos considerados, respectivamente. Esse grau de ocupação, em P4, ficou abaixo de 40%;
d. a produtividade da indústria doméstica decresceu 21,8% de P1 para P4, quando o número de
empregados (+66,7%) ligados à produção aumentou mais que proporcionalmente a esta (+30,4%). De P3
para P4, a produtividade elevou - se em 13,9%, intervalo em que o número de funcionários e a produção
cresceram, respectivamente, 25% e 42,4%;
e. o número total de empregados, e sua respectiva massa salarial, mostraram aumento tanto de P1
para P4 (114,3% e 124%, respectivamente) quanto de P3 para P4 (36,4% e 31,2%, respectivamente);
f. a receita líquida obtida pela indústria doméstica no mercado interno aumentou (21,8% de P1 para
P4, e 11,3% de P3 para P4), motivada pelo aumento do volume de vendas, uma vez que se verificou
queda do preço praticado pela Dabi Atlante em suas vendas no mercado interno ( - 3,1% de P1 para P4, e
- 4,4% de P3 para P4). A propósito, essa redução de preços ocorreu a despeito de o custo do produto
vendido ter crescido sucessivamente em todo o período em análise (37,9% de P1 para P4, e 7,1% de P3
para P4). Assim, apesar do crescimento da receita, esse aumento foi inferior ao que a receita deveria ter
crescido, caso os preços da indústria doméstica não tivessem sido deprimidos nem estivessem subcotados,
relativamente aos preços com indícios de dumping;
g. houve, ainda, deterioração da relação custo/preço, tanto de P1 para P4, quanto de P3 para P4,
quando essa relação cresceu, respectivamente, [CONFIDENCIAL] p.p. e [CONFIDENCIAL] p.p. Com
efeito, a alta dos custos unitários de produção (24,9% de P1 para P4 e 3,4% de P3 para P4) não teve como
(Fls. 31 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
contrapartida elevação dos preços praticados pela indústria doméstica, os quais se deterioraram em 3,1%
de P1 para P4 e 4,4% de P3 para P4;
h. o resultado bruto piorou 6% de P1 para P4, tendo apresentado ligeira melhora (0,6%) em P4,
comparativamente a P3. A margem bruta, por sua vez, diminuiu [CONFIDENCIAL] p.p. de P1 para P4 e
[CONFIDENCIAL] p.p. de P3 para P4;
i. também o resultado operacional só se apresentou positivo em P1, sofrendo redução de 108,6% até
P4. O prejuízo verificado em P4 foi, ainda, 43% pior que aquele constatado em P3. Analogamente, a
margem operacional diminuiu [CONFIDENCIAL] p.p. de P1 para P4 e [CONFIDENCIAL] p.p. de P3
para P4;
j. o resultado operacional exceto o resultado financeiro, por sua vez, deteriorou - se 90,1% de P1
para P4 e 19,7% de P3 para P4. Analogamente, a margem operacional exclusive o resultado financeiro
diminuiu [CONFIDENCIAL] p.p. de P1 para P4 e [CONFIDENCIAL] p.p. de P3 para P4;
k. por fim, o resultado operacional exceto o resultado financeiro e outras despesas, de P1 para P4 e
de P3 para P4, piorou 81,1% e 16,8%, respectivamente. A margem operacional exclusive o resultado
financeiro e outras despesas também diminuiu [CONFIDENCIAL] p.p. e [CONFIDENCIAL] p.p. em P4,
na comparação com P1 e P3, respectivamente.
6.3 - Da conclusão sobre os indícios de dano
Verificou - se que a indústria doméstica, apesar de ter aumentado suas vendas de aparelhos de raios
X no mercado interno e de ter aumentado sua participação no mercado brasileiro em P4 tanto em relação
a P1 quanto em relação a P3, não logrou obtenção de resultado operacional equivalente, o qual se mostrou
deteriorado em P4, relativamente a P1 e a P3.
Com efeito, o aumento da receita líquida auferida pela indústria doméstica observado de P1 para P4
e de P3 para P4 esteve relacionado ao crescimento das vendas em volume nesses intervalos, tendo em
vista que os preços praticados reduziram - se em P4, tanto em relação a P1 quanto a P3.
Cumpre mencionar, a esse respeito, que o decréscimo observado no preço não se deu acompanhado
de redução do custo de produção de aparelhos de raios X, que, ao contrário, elevou - se seguidamente de
P1 para P4, acumulando incremento de 24,9%, consequência principalmente do aumento de 23,8% dos
custos de matéria - prima (correspondentes a mais de [CONFIDENCIAL]% do custo total de produção).
Isso gerou, além de supressão e deterioração da relação custo/preço, a piora da situação financeira da
empresa, evidenciada pela queda de todos os seus resultados – bruto, operacional (que passou, inclusive, a
ser negativo a partir de P2), operacional exclusive o resultado financeiro e o operacional exclusive o
resultado financeiro – e respectivas margens.
Além disso, observou - se a deterioração significativa de outros indicadores da indústria doméstica
evidenciados ao longo do período de análise dos indícios de dano apresentada nesta circular, como grau
de ocupação e produtividade.
Ao contrário, as importações analisadas aumentaram significativamente tanto de P1 para P4 quanto,
especialmente, de P3 para P4, tendo, da mesma forma, aumentado sua participação no mercado brasileiro,
a despeito da retração deste em P4, comparativamente a P1 e P3.
(Fls. 32 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Em face do exposto, pôde - se concluir pela existência de indícios de dano à indústria doméstica no
período analisado.
7 - DA CAUSALIDADE
O art. 32 do Decreto no 8.058, de 2013, estabelece a necessidade de demonstrar o nexo de
causalidade entre as importações a preços com indícios de dumping e o eventual dano à indústria
doméstica. Essa demonstração de nexo causal deve basear - se no exame de elementos de prova
pertinentes e outros fatores conhecidos, além das importações a preços com indícios de dumping, que
possam ter causado o eventual dano à indústria doméstica na mesma ocasião.
7.1 - Do impacto das importações a preços com indícios de dumping sobre a indústria
doméstica
Consoante o disposto no art. 32 do Decreto no 8.058, de 2013, é necessário demonstrar que, por
meio dos efeitos do dumping, as importações objeto de dumping contribuíram significativamente para o
dano experimentado pela indústria doméstica.
Da análise constante do item 5 desta circular, observa - se que as importações em análise cresceram
121,1% de P1 para P4, tendo sua participação no mercado brasileiro se elevado em 30,5 p.p. no mesmo
interregno, alcançando 45,1% em P4.
Enquanto isso, de P1 para P4, a produção e o volume de vendas da indústria doméstica cresceram
(30,4% e 25,7%, respectivamente), mas a participação dessas vendas no mercado brasileiro cresceu
menos (10,3 p.p.), em comparação com a participação das importações investigadas.
A comparação entre o preço do produto da origem sob análise e o preço do produto vendido pela
indústria doméstica revelou que, em todos os períodos, aquele esteve subcotado em relação a este. Essa
subcotação contribuiu para o aumento da participação das importações da origem objeto da investigação
no mercado doméstico, e, consequentemente, para a redução do crescimento da participação da indústria
doméstica, apesar da retração do mercado brasileiro de P1 para P4. Convém repisar, ainda, que as
importações originárias da origem sob análise aumentaram sua participação no mercado brasileiro em
12,8 p.p. de P3 para P4, apesar da retração deste, no mesmo período, em 19,7%, ao passo que a indústria
doméstica aumentou sua participação em 7,4 p.p. e as demais origens viram sua participação diminuir, no
mesmo período, em 20,2 p.p.
Além da subcotação mencionada anteriormente, as importações provenientes da origem sob análise
também contribuíram para a existência de supressão dos preços da indústria doméstica. Isso porque o
preço médio de venda dos aparelhos de raios X da Dabi Atlante não acompanhou proporcionalmente o
aumento dos custos de produção. Pelo contrário, enquanto estes se elevaram em 24,9% em P4, na
comparação com P1, aqueles caíram 3,1% no mesmo intervalo. Esse fato pressionou ainda mais a
rentabilidade obtida pela peticionária no mercado interno, ilustrada, principalmente, pelo prejuízo
operacional evidenciado a partir de P2.
Em decorrência da análise acima minuciada, pôde - se concluir haver indícios de que as
importações de aparelhos de raios X a preços com indícios de dumping contribuíram significativamente
para a ocorrência de eventual dano à indústria doméstica.
(Fls. 33 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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7.2 - Dos possíveis outros fatores causadores de dano e da não atribuição
Consoante o determinado pelo § 4o do art. 32 do Decreto no 8.058, de 2013, procurou - se identificar
outros fatores relevantes, além das importações a preços com indícios de dumping, que possam ter
causado o eventual dano à indústria doméstica no período analisado.
7.2.1 - Volume e preço de importação dos demais países
Verificou - se que o volume das importações de aparelhos de raios X proveniente da origem sob
análise variou em sentido inverso ao volume importado pelo Brasil das demais origens. Com efeito, as
importações originárias da Alemanha cresceram seguidamente, acumulando, em P4, incremento de
121,1%, na comparação com P1, ao passo que as importações das outras origens decresceram, no mesmo
interregno, 69,1%.
Conforme demonstrado em análise precedente, as exportações alemãs para o Brasil, realizadas com
indício de prática de dumping, aumentaram em termos absolutos e em relação ao total importado, ao
mercado brasileiro e à produção nacional, o que concorreu fortemente para o cenário de indícios de dano
à indústria doméstica, demonstrado no item 6 desta circular.
Cumpre notar que as importações objeto da análise, que em P1 estavam em patamar inferior àquele
das importações provenientes das demais origens (16,9% do total importado; 14,6% do mercado
brasileiro), superaram, ao final da série (P4), as demais origens tanto em volume quanto em participação
no mercado brasileiro em P4, quando respondiam por 59,1% do volume importado e representavam
45,1% do mercado brasileiro.
Ademais, afasta - se eventual dano que poderia ser causado pelas importações provenientes das
outras origens tendo em vista (i) que quando considerado o preço dessas importações, conforme
explicitado no item 5.1.2 desta circular, observa - se que esse preço, em toda a série analisada, foi
bastante superior (em P1, 31,5% a mais, e, em P4, 66,9% a mais) ao preço CIF médio ponderado das
importações provenientes da origem analisada, não tendo, portanto, o efeito que estas últimas causaram
sobre os preços da indústria doméstica durante o período analisado; (ii) que a quantidade importada das
outras origens, em P4, já era inferior àquela importada da origem em análise e (iii) a ausência de
subcotação do preço das importações das outras origens em relação ao preço da indústria doméstica de P1
para P4, conforme evidenciado na tabela a seguir.
Preço Médio CIF Internado e Subcotação – Outras origens
Em números - índices de R$ atualizados / un
P1 P2 P3 P4
Quantidade (t) 100 78 64 31
Preço CIF 100 115 137 164
Imposto de Importação - - 100 6
AFRMM 100 83 48 58
Despesas de internação 100 115 137 164
CIF Internado 100 115 148 165
CIF Internado atualizado (a) 100 109 132 138
Preço da Indústria Doméstica (b) 100 87 101 97
Subcotação (b - a) - 100 (238) (311) (383)
Subcotação % - 100 (273) (307) (395)
(Fls. 34 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Diante do exposto, descarta - se que o eventual dano experimentado pela indústria doméstica tenha
sido causado pelas importações de outras origens que não as sob análise.
7.2.2 - Impacto de eventuais processos de liberalização das importações sobre os preços
domésticos
Conforme mencionado no item 2.1.1 desta circular, a alíquota do II dos produtos classificados no
subitem NCM/SH 9022.13.11 foi elevada de 0% para 14%, pelo período de 12 meses, por intermédio da
Resolução CAMEX no 70, de 28 de setembro de 2012.
Portanto, em P3, não houve processo de liberalização das importações, mas sim o inverso, tendo a
alíquota do II sido majorada em 14 p.p. pelo período de um ano. Apesar disso, as importações da origem
investigada mantiveram a tendência ininterrupta de crescimento de P1 para P4, cursando em elevação de
31,1% de P2 para P3, ao mesmo tempo em que as importações das outras origens seguiram trajetória de
queda até P4, comparativamente a P1, tendo caído 18,2% de P2 para P3. Ademais, mesmo com o
robustecimento da proteção tarifária franqueada à indústria doméstica, as importações com dumping
continuaram a ingressar no mercado brasileiro a preços ainda mais baixos (redução de 0,3% no preço CIF
internado de P2 para P3), mantendo - se a tendência subsequente de aumento da subcotação em relação às
vendas nacionais.
De toda sorte, em P4, quando a alíquota do II retorna a 0%, as importações investigadas, na série
analisada, cresceram 12,1% de P3 para P4, ao passo que, no mesmo período, a despeito da liberalização
consubstanciada no decréscimo de 14 p.p. na alíquota do II, verificou - se o menor volume de
importações das outras origens, com redução de 51,3% de P3 para P4.Com efeito, a despeito do processo
de liberalização de P3 a P4, os aumentos unitário e em termos percentuais das importações do produto
investigado, nesse intervalo, foram inferiores aos aumentos nos intervalos anteriores (50,5% de P1 a P2 e
31,1% de P2 a P3), em que não houve impacto de eventual processo de liberalização.
Assim, inobstante a inobstante a redução da alíquota do II de P3 a P4 após sua elevação temporária
em P3 e o maior aumento do volume das importações investigadas nesse mesmo intervalo, o eventual
dano à indústria doméstica não pode ser atribuído ao processo de liberalização dessas importações, tendo
em vista que esse processo parece não ter interferido de modo relevante nas tendências já observadas de
P1 para P4, quais sejam: aumento substancial do volume importado da origem investigada, redução do
preço CIF internado destas importações, bem como aumento da subcotação em relação às vendas da
indústria doméstica.
7.2.3 - Contração na demanda ou mudanças nos padrões de consumo
Apesar da redução do mercado brasileiro de aparelhos de raios X observado tanto de P1 para P4 ( -
28,5%) quanto de P3 para P4 ( - 19,7%), as importações objeto de análise elevaram - se seguidamente
durante todo o período analisado, alcançando o maior volume de importações em P4 e também o maior
grau de participação no mercado brasileiro, ao passo que as importações provenientes das demais origens
diminuíram seu volume e sua participação no último período analisado. As vendas da indústria doméstica,
por sua vez, cresceram, de P1 para P4, proporcionalmente menos que as importações a preços com
indícios de dumping, subcotadas durante toda a série analisada. Cumpre mencionar, nesse ponto, que as
vendas da indústria doméstica tiveram seus preços deprimidos e suprimidos, com impactos relevantes
sobre sua rentabilidade.
(Fls. 35 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Dessa forma, os indícios de dano à indústria doméstica apontados anteriormente não podem ser
atribuídos exclusivamente às oscilações do mercado, uma vez que, embora o mercado brasileiro tenha se
retraído, as importações objeto de análise apresentaram aumento relevante ao longo do período analisado.
Além disso, a despeito de a peticionária ter informado que não foram identificadas, durante o
período analisado, mudanças no padrão de consumo de aparelhos de raios - X no mercado brasileiro,
consta da petição que o produto em sua versão analógica tende a ter sua produção descontinuada em vista
de obsolescência, relativamente às versões digitais, o que denota tendência de mudança no padrão de
consumo.
Com efeito, a despeito dessa mudança no padrão de consumo verificada por meio da queda nas
vendas do produto com tecnologia analógica, o dano à indústria doméstica não pode ser atribuído a essa
mudança, haja vista ter havido incremento contínuo das vendas do produto similar doméstico de tipos
digitais (em quantidades, aumento de [CONFIDENCIAL]% de P1 para P2, [CONFIDENCIAL]% de P2
para P3, [CONFIDENCIAL] % de P3 para P4 e [CONFIDENCIAL] % de P1 para P4). Assim, a indústria
doméstica acompanhou as mudanças no padrão de consumo. Haja vista essa alteração estar sobremaneira
relacionada a progresso tecnológico, esse fato será objeto de análise no item 7.2.4, a seguir.
7.2.4 - Práticas restritivas ao comércio e progresso tecnológico
Não foram identificadas práticas restritivas ao comércio de aparelhos de raios X pelos produtores
domésticos e estrangeiros, nem fatores que afetassem a concorrência entre eles, nem adoção de evoluções
tecnológicas que pudessem resultar na preferência do produto importado ao nacional. Os aparelhos de
raios X importados e os fabricados no Brasil são concorrentes entre si, disputando o mesmo mercado,
conforme se mencionou no item 2.4 desta circular.
No que tange ao progresso tecnológico, cumpre comentar acerca da tendência de descontinuação de
produção do equipamento analógico mencionada, na petição, pela indústria doméstica. Com efeito, a
análise dos dados da Dabi Atlante dá conta da diminuição da participação do modelo analógico nas
vendas internas da empresa, tanto em termos de unidades vendidas quanto em participação no
faturamento com o produto similar ao objeto da investigação. Em P1, o modelo analógico representava
[CONFIDENCIAL] % das unidades de produto vendidas e [CONFIDENCIAL] % do faturamento líquido
com essas vendas. Já em P4, [CONFIDENCIAL] % das unidades vendidas referiam - se ao equipamento
analógico (queda de [CONFIDENCIAL] p.p. de P1 para P4), correspondendo a [CONFIDENCIAL] % do
faturamento (redução de [CONFIDENCIAL] p.p de P1 para P4). Ressalta - se que, apesar dessa queda
nas vendas de produto de tecnologia analógica, o dano à indústria doméstica não pode ser atribuído ao
progresso tecnológico, haja vista que essa indústria foi capaz de acompanhar esse progresso por meio do
aumento das vendas de tipos de produtos com tecnologia digital, conforme se mencionou no item
precedente.
Consta da petição que os aparelhos de radiografia analógico e digitais são semelhantes no que se
refere à emissão de raios X, de modo que a diferença entre eles consiste na operação do sistema: enquanto
os receptores de imagens dos sistemas analógicos dependem de filmes radiográficos, os digitais
dependem de sensores.
Ademais, segundo Abrahao et al. (2009), desde 1919, quando surgiu o primeiro aparelho de raios X
dentário, a utilização de filmes radiográficos consistia no principal meio para a realização de radiografias
intra e extrabucais. A introdução dos métodos digitais de obtenção das imagens, a partir dos anos 1980,
quando o primeiro sistema digital direto para radiografia intrabucal foi comercializado para odontologia,
teria fornecido infinitas possibilidades de processamento e análise das imagens radiográficas. Os autores
(Fls. 36 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
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em menção argumentam que as radiografias convencionais vêm sendo cada vez mais substituídas pelas
digitais e citam a facilidade na manipulação, realce, armazenamento e transmissão das imagens digitais
dentre as principais vantagens. A esse respeito, destacam que o realce das imagens digitais favoreceria a
otimização do diagnóstico, ao contrário dos filmes convencionais, que favoreceriam uma imagem
estática, que não poderia ser manipulada nem realçada. Além disso, a manipulação das imagens digitais
evitaria repetidas exposições do paciente à radiação, em virtude de cerca de 30% das exposições repetidas
ocorrerem devido à densidade imprópria das imagens. Ressaltaram, ainda, que fatores como o custo
elevado dos sistemas digitais, assim como a falta de espaço nos consultórios odontológicos para a
instalação dos aparelhos de raios X para radiografias digitais e a falta de treinamento profissional,
estariam dentre as principais causas da não utilização do sistema digital por parte de alguns cirurgiões -
dentistas.
No mesmo sentido, Brennan (2002) publicou trabalho no qual descreveu, além dos princípios
básicos da radiografia digital, suas vantagens e desvantagens. Com efeito, possibilidade de manipulação
das imagens, realce do contraste, sobreposição das imagens, armazenamento, redução do tamanho das
imagens quando necessário, estariam dentre as principais vantagens do sistema digital, ao passo que as
desvantagens consistiriam em custo elevado, além da possibilidade de infecção cruzada dos pacientes, nos
casos de radiografias intrabucais, a manipulação das imagens para fins fraudulentos, dentre outras.
O avanço da tecnologia da tomografia computadorizada, por sua vez, gerou, na década de 1990, a
criação de um novo scanner desenvolvido por grupos de japoneses e italianos (Lima et al., 2011). Esse
scanner de tomografia computadorizada cone beam (TCCB) foi desenvolvido para uso dental e
maxilofacial e fornece a imagem tridimensional a partir da relação direta entre sensor e fonte. Segundo
Lima et. al. (2011), a inserção dessa tecnologia na odontologia promoveu inovações que possibilitaram a
obtenção de melhor qualidade de imagens, distinguindo estruturas dentárias e periféricas, e diminuição de
exposição da radiação pelo paciente, qualidades cruciais em determinadas especialidades. Os benefícios
dessa tecnologia tornaram o exame tomográfico uma das maiores evoluções tecnológicas alcançadas pela
radiologia odontológica no último século. Para esses autores, apesar de possuir custo elevado comparado
aos demais exames radiográficos, os benefícios dessa tecnologia seriam insuperáveis devido a alta
resolução das imagens obtidas, evitando um falso diagnóstico que poderia resultar em erro no plano de
tratamento.
Na petição, a peticionária atestou não haver avanços que não tenham sido acompanhados pela
indústria doméstica, tendo sido feitos relevantes investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e
inovação – contratação de técnicos qualificados no exterior e engenheiros de grande capacitação – com
vistas a desenvolver, no Brasil, planta produtora de raios X panorâmicos, até então inexistente. A Dabi
Atlante defendeu, ainda, que o produto objeto da investigação e o similar nacional seriam produzidos a
partir da mesma tecnologia, de modo que o progresso tecnológico não poderia ser elencado dentre fatores
outros causadores de dano à indústria doméstica.
7.2.5 - Desempenho exportador
Como apresentado nesta circular, as vendas para o mercado externo da indústria doméstica
cresceram 34,1% de P1 para P4. Ademais, essas vendas representavam 54,9% das vendas totais da Dabi
Atlante em P1, ao passo que, em P4, respondiam por 56,5%.
A indústria doméstica ressaltou na petição que, apesar de suas vendas ao exterior serem maiores do
que suas vendas no mercado brasileiro, a empresa teria capacidade de atender a ambos os mercados, uma
vez que operou 50% abaixo de sua capacidade instalada em P3 e P4.
(Fls. 37 da Circular SECEX no 15, de 13/03/2015).
CircSECEX015_2015
Dessa forma, o desempenho das vendas externas da indústria doméstica não explica o dano sofrido
pela indústria doméstica.
7.2.6 - Produtividade
A produtividade da indústria doméstica foi crescente de P1 para P2 e de P3 para P4, quando
aumentou 0,9% e 13,9%, respectivamente, no entanto, de P2 para P3, a produtividade sofreu redução de
32%. Assim, de P1 para P4, houve queda de 21,8% na produtividade da indústria doméstica. O
decréscimo em produção por empregado constatado de P2 para P3 seria decorrência da redução conjunta
de vendas internas e externas.
Considerando - se que, a produção de aparelhos de raios X da indústria doméstica é realizada sob
demanda, é razoável concluir que a queda proporcional na produtividade da indústria doméstica é
resultado de aumento no número de empregados não acompanhado, na mesma proporção, por aumento no
volume de produção. A despeito da queda na produtividade por empregado, não é possível afirmar que
essa seria a principal causa de dano à indústria doméstica.
7.2.7 - Consumo cativo
A Dabi Atlante não consome cativamente o produto similar ao objeto da investigação, de modo que
não cabe a análise de consumo cativo dentre os fatores causadores de dano à indústria doméstica.
7.2.8 - Importações e revenda do produto importado
Consta da petição que a Dabi Atlante não realizou importações nem revendas do produto no período
investigado, de modo que não cabe a análise desses fatores dentre aqueles causadores de dano à indústria
doméstica.
7.3 - Da conclusão sobre a causalidade
Para fins de início dessa investigação, considerando - se a análise dos fatores previstos no art. 32 do
Decreto no 8.058, de 2013, verificou - se que as importações da origem investigada a preços com indícios
de dumping contribuíram significativamente para a existência dos indícios de dano à indústria doméstica
constatados no item 6.3 desta circular.
8 - DA RECOMENDAÇÃO
Uma vez verificada a existência de indícios suficientes de dumping nas exportações de aparelhos de
raios X da Alemanha para o Brasil, e de dano à indústria doméstica decorrente dessa prática, recomenda -
se o início da investigação.