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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO · desenvolver todos os domínios do comportamento humano e o professor possa fornecer possibilidades para a formação de estruturas corporais

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

HARMONIA ENTRE CORPO E MENTE: dança gaúcha na escola

LUZIA APARECIDA TEIXEIRA BAGGIO

Artigo Final apresentado à Universidade Estadual de Maringá – UEM e à Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED, como requisito para conclusão da participação no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, sob orientação do Professor Doutor Luiz Silva Santos.

CAMPO MOURÃO

2012

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HARMONIA ENTRE CORPO E MENTE: dança gaúcha na escola

Autora: Luzia Aparecida Teixeira Baggio

Orientador: Dr. Luiz Silva Santos

Resumo

Este artigo teve como objeto central a dança gaúcha, levando em consideração a sua contribuição para a melhoria do relacionamento e convívio social de alunos de 5ª a 8ª série do ensino fundamental. O objetivo geral foi o de proporcionar aos educandos mecanismos socioeducativos por meio das danças gaúchas, através da relação entre escola, professores e educandos, mediante as aulas de educação física. Como objetivos específicos, buscou-se sensibilizar os educandos a resgatarem a origem e o contexto histórico do ponto de vista popular e folclórico de tais danças, fazendo conhecer os diferentes ritmos, passos, posturas, conduções, formas de deslocamento. Além disto, os alunos foram motivados a criarem e adaptarem, elementos rítmicos, expressivos que fossem identificados como sendo das danças gaúchas, através de montagem e apresentações de coreografias. Utilizou-se da metodologia descritiva, através da qual foi elaborado e desenvolvido um projeto educativo extraclasse com a intenção de oferecer tempo suficiente para que os alunos submetidos ao mesmo conseguissem obter um nível de aprendizagem significativa com a temática e objeto do estudo aqui proposto. Verificou-se, que é o ambiente escolar responsável por inúmeras situações de ensino-aprendizagem fora da escola, principalmente, aqueles conhecimentos socioculturais de diferentes regiões do Brasil. Portanto, é de suma importância que os alunos saibam que existem diferentes modalidades dançantes em nossa sociedade que podem ser pesquisadas e estudadas na sua própria escola. Isto foi demonstrado através dos momentos de encontros com descobertas socioeducativas, integração e responsabilidade na escola onde se desenvolveu o estudo, tendo o envolvimento de diferentes pessoas que estavam direta e indiretamente envolvidas com o contexto estudantil. Assim na cidade de Mamborê-

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Pr, as danças gaúchas contribuíram de forma prazerosa e significativa com a cultura local e com a reconstrução de identidades dos seus moradores, integrando alunos com seus pares, professores, familiares e comunidade local. Pode-se dizer que a dança gaúcha é uma possibilidade de expressão, a qual deve ser considerada uma aliada no desenvolvimento das potencialidades humanas, principalmente na escola, devido aos métodos criativos e expressivos que podem ser elaborados, e também, por ser cultura de movimento que demarca manifestações culturais de comunidades e povos, servindo como um meio de comunicação através do movimento.

Palavras Chave: Dança; movimento; cultura.

Introdução

A Educação Física possui conhecimentos específicos a serem trabalhados

pedagógicamente no contexto escolar, entre esses conhecimentos, encontra-se a

dança, onde esta deve promover a interação do aluno com o meio, visto que é uma

das mais antigas expressões do ser humano, onde ele manifesta todos os seus

impulsos e crenças.

Nesse sentido, buscou-se a intencionalidade de um artigo, que fosse

substrato de um trabalho que tivesse como objetivo principal a interação do aluno

com o meio em que vive, e que esse provesse da verificação que o acesso a cultura

deve ser propiciado a toda classe estudantil, principalmente aquela onde o seu

horário regular de aula não lhe desse a oportunidade de aprender diferentes

atividades extraclasses, as quais muitas vezes dizem respeito ao seu próprio

contexto. Isso se dá porque nos horários regulares de aula, em função do pouco

tempo, não há possibilidade de serem ministrados diferentes conteúdos

socioculturais.

Sendo assim, o que se observa em algumas escolas é que muitas vezes os

educandos tem somente a noção do conteúdo que foi planejado e ministrado, quase

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sempre, rigorosamente pelo professor, dentro do tempo que lhes foi disponível nos

horários normais de aulas e que muitas vezes esses educandos não assimilam ou

não assimilaram integralmente com facilidade em consequência sobre tudo da grade

curricular.

Desta forma, pressupôs que um projeto extraclasse pudesse oferecer tempo

suficiente para o aluno obter um nível de aprendizagem significativo quando

estivesse submetido a uma determinada atividade, principalmente as socioculturais.

Buscou-se então sensibilizar os educandos a resgatarem a origem e o

contexto histórico do ponto de vista popular e folclórico de tais danças, fazendo

conhecer os diferentes ritmos, passos, posturas, conduções, formas de

deslocamento. Além disto, levar-los a criarem e adaptarem, elementos rítmicos,

expressivos que fossem identificados como sendo das danças gaúchas.

Percebeu-se que quando um projeto tem como objetivo a transmissão de

atividades socioculturais, respeitando o tempo suficiente de ensino-aprendizagem,

os alunos geralmente assimilam os conteúdos com mais propriedade, chegando ao

ponto dos mesmos estarem capacitados para mostrarem seus resultados em

diferentes momentos culturais dentro e fora da escola, como por exemplo, nas

diversas feiras de ciências, mostras culturais, entre outras.

Portanto, pode-se afirmar que é no ambiente escolar que os alunos percebem

e apreendem os diferentes tipos de conhecimentos. Muitos desses conhecimentos

só encontramos em atividades extraclasses e estes devem ser respeitados, o seu

nível de relevância deve ser considerado como os conteúdos ministrados em

horários normais de aula, até mesmo, por estarem eles de uma maneira ou de outra

relacionada com aspectos socioculturais, tão importantes na formação do ser

humano, como é o caso do ensino-aprendizagem da dança, a qual foi o objeto de

estudo deste trabalho, como veremos a seguir.

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Papel da Dança na Escola

A atividade da dança na escola é uma possibilidade de expressão que deve

ser considerada uma aliada no desenvolvimento das potencialidades humanas,

principalmente na escola, devido aos métodos criativos e expressivos que podem

ser desenvolvidos e também por ser cultura de movimento que demarca

manifestações culturais de comunidades e povos, servindo como meio de

comunicação através do movimento.

Para que a dança na escola atinja suas finalidades, do ponto de vista teórico,

é preciso que os alunos adquiram uma formação generalizada e do ponto de vista

prático que eles sejam veículos de comunicação, transmissão e manutenção da

mesma, para que possam utilizá-la como meio de reconstruir as suas próprias

histórias. Isto se torna importante, porque de uma forma ou de outra, eles ficarão

sabendo que durante muito tempo, o homem manifestou a dança através de

registros nas pinturas antigas, nos momentos festivos como colheitas, cerimônias

religiosas, celebração de bodas e até mesmo em funerais. Estas manifestações

foram modificadas, influenciadas pela cultura e tradição de cada povo. Portanto, eles

também podem ser agentes de transformação das danças em que estiverem

envolvidos.

Com o passar do tempo a dança assumiu características mais formais,

utilizando técnicas desde a sua formação em pares, círculos, colunas, entre outras

formas que aumentaram a preocupação com a estética e os gestos. (Paraná, 2008).

Dessa forma, a dança assumiu características próprias, representando a diversidade

cultural dos povos, transformando-se em formas específicas de explicação da

realidade.

Como acontece em outros países, no Brasil, a dança vem ganhando cada vez

mais espaço pelos benefícios comprovados que de acordo com Pereira et al (2001),

“vão desde a melhora da autoestima, passando pelo combate ao estresse,

depressão, até mesmo o enriquecimento das relações interpessoais”.

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É importante, contudo, que o professor e aluno saibam que a prática da dança

com objetivos educacionais deve ter seu início na escola, como pode se verificar em

Steinhilber (2000): "Uma criança que participa de aulas de dança (...) se adapta

melhor aos colegas e encontra mais facilidade no processo de alfabetização." Pois,

segundo Pereira et al (2001) à dança na escola é um conteúdo fundamental a ser

trabalhado. Para este autor, ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios

e estando com os outros, exploram o mundo da emoção e da imaginação; criando e

explorando novos sentidos e construindo movimentos livres.

Verifica-se ainda que a dança na escola explora também a sensibilidade dos

alunos que a praticam dando-lhes uma situação de vida diferenciadas dos demais.

Para Vargas, (2003) a dança na escola além da sensibilização ela engloba a

conscientização dos alunos para suas posturas, atitudes, gestos e ações cotidianas,

assim como, para as necessidades de expressar, comunicar, criar, compartilhar e

interatuar na sociedade.

Partindo desses pressupostos e baseando-se em (VERDERI 2000 e

MARQUES 2003), pode-se dizer que trabalhar com a dança com o intuito de educar

as pessoas, não se resume em buscar sua execução em festinhas comemorativas e

nem tampouco oferecer a idéia de que dançar só se aprende dançando ou muito

menos que a dança não é para qualquer pessoa. Percebe-se, que na visão desses

autores, a dança na escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno possa

desenvolver todos os domínios do comportamento humano e o professor possa

fornecer possibilidades para a formação de estruturas corporais mais complexas.

Pode-se assim, afirmar, que a dança na escola deve ser transmitida através

das aulas de educação física, de uma maneira descontraída e relaxante, buscando

atingir todos os objetivos aqui mencionados. Sabe-se que o professor dessa

disciplina por ser responsável pelo trabalho de diferentes elementos da cultura

corporal de movimento na escola, não poderá deixar de lado a dança na formação

de seus educandos, já que ela própria já faz parte dos conteúdos estruturantes das

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diretrizes curriculares, portanto, ele deverá saber da grande importância que esta

atividade terá na personalidade de seus alunos.

Uma atividade pedagógica como a dança desperta no aluno uma relação

concreta sujeito-mundo. Para tanto, ela precisa despertar aspectos geradores de

ação e compreensão, favorecendo a estimulação para ação e decisão. Nota-se que

dançar faz fluir sensações de alegria proveniente da forma lúdica de movimentar-se

livremente. Ela produz efeitos terapêuticos que proporcionam formas de expressar

alegria, tristeza e euforia, permitindo que quem a pratica lide com seus problemas,

aumentando seu repertório de conhecimentos possibilitando identificar e nomear

seus próprios sentimentos que estão relacionados com seus pensamentos.

Logicamente, sendo a dança na escola um patrimônio do passado que se

transformou em tradição de um determinado povo, ela sempre será incorporada em

qualquer contexto. Assim, ela passa a ser expressão de sentimentos que abre

caminhos para uma gama de relações interpessoais, contribuindo para a

imaginação, podendo ser utilizada em diferentes seguimentos em benefício do bem

estar social e educacional. Principalmente quando a mesma já está incorporada no

contexto do aprendiz, como é o caso das danças gaúchas tradicionais, que há

muitos anos vem sendo desenvolvidas na cidade de Mamborê-Pr.

Danças Gaúchas Tradicionais

É de grande importância que os alunos tenham uma base teórica da dança

como um todo, mas sendo impossibilitado de tê-los estes conhecimentos por uma

determinada razão, é imprescindível que pelo menos tenham tal conhecimento

daquela dança em que ele se aproxima mais. Sabe-se que nosso país é rico em

manifestações dançantes, mesmo assim, muitos professores, ainda hoje, preferem

trabalhar com danças ditas “comuns” como o “Hip Hop”, Axé, entre outras. No

entanto, existem outras que estão esquecidas, que fazem parte do cotidiano dos

alunos, conhecidas como danças populares, as quais devem ser exploradas pelo

professor, porque são riquíssimas em elementos educativos. Como exemplo na

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nossa realidade local, como vimos, temos as danças gaúchas dos tempos de

outrora.

Algumas das danças gaúchas mais antigas se encontram no grupo das

velhas danças brasileiras. Isto, em conseqüência da estruturação da cultura gaúcha.

De acordo com Côrtes e Lessa, (1997) o Rio Grande do Sul iniciou seu processo de

formação há dois séculos e meio após a descoberta do Brasil. Assim sendo, pode-se

dizer que as danças hoje encontradas nesse Estado, sentiram em suas raízes a

força da influência de diferentes povos, os quais são representados pela aquela

profunda mestiçagem cultural de dois séculos de povoamento que haviam elaborado

no Brasil como um todo.

Em conseqüência de tal processo, hoje existem vários ritmos que fazem parte

da dança gaúcha, mas a maioria deles são variações de danças de salão de centro-

européias populares do século XIX. Esses ritmos, derivados da valsa, do xote, da

polca e da mazurca, foram adaptados, e atualmente são conhecidos também, como

vaneira, vaneirão, chamamé, milonga, rancheira, xote, chimarrita, entre outros.

Quase sempre essas danças são bem movimentadas e seus passos bem

executados. Os dançarinos respeitam as matrizes de seus lugares de origens

respeitando a também população que a utiliza como meio de expressão de

sentimento.

De acordo com Giffoni (1972), as danças gaúchas são coreográficas e

impregnadas do verdadeiro sabor campesino do Estado do Rio Grande do Sul.

Portanto, é a expressão viva da cultura gauchesca. Em todas elas está presente o

espírito de fidalguia e de respeito à mulher, por ser uma das características do

campesino rio-grandense. Sabe-se que por um lado em algumas danças gaúchas

são visíveis movimentos e sapateados fortes e até violentos e por outro, volteios que

exigem grandes esforços dos dançarinos, chegando a alguns casos, apresentar-se

como um desafio de perícia, agilidade e audácia. Mas estas características não tiram

o mérito dessas danças serem aceitas como um meio educacional que devem ser

bem representadas dentro de nossas escolas, já que o professor deverá saber

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extrair desse conjunto aquelas que mais estão compatíveis com seus educandos,

além de outras com características diferentes, como o fandango, que é uma dança

tradicionalmente típica.

Esta dança, tem uma série de cantigas entremeiadas de sapateados, que

pode ser bem usada dentro da escola. Outras que podem ser usada nesse sentido é

o minueto, que é dançada em pares independentes um do outro, as quadrilhas e

bailado de conjunto e valsa que veio abrir caminho para a última geração

coreográfica, que chegou até nossos dias como a dança de pares enlaçados. É

evidente que todas essas danças, seguem e devem seguir suas tradições, seja

dentro ou fora do contexto escolar. Até mesmo, porque Côrtes e Lessa (1997),

afirmam que as danças gaúchas seguem uma tradição, não porque tiveram origem

no ambiente campeiro, mas porque o gaúcho – recebendo-as de onde quer que

fosse lhes deu música, detalhes, colorido e cultura nativa.

Dessa maneira, a dança gaúcha pode contribuir na educação da

personalidade do aluno e na compreensão da diversidade cultural brasileira,

observando que ela retrata e expressa os costumes, crenças, valores e

características da história de um povo. Assim, eles podem estar imersos em

vivências, convívios e práticas de diversidade artística sociabilizadora, construindo

saberes e conhecimentos sobre a diversidade cultural de sua própria região ou de

outra qualquer que representa nosso país.

A dança x Grupo de Trabalho em Rede

Inicialmente, com o intuito de atender os objetivos aqui propostos foi

elaborado um material de trabalho e apresentado aos professores da rede estadual

de educação no Grupo de Trabalho em Rede (GTR). O GTR possibilita a inclusão

virtual dos professores da rede pública estadual nos estudos, reflexões, discussões

e elaborações realizadas pelo professor PDE, como forma de democratização do

acesso aos conhecimentos teóricos/práticos específicos das áreas/disciplinas do

Programa, com uma carga horária de sessenta e quatro horas (64). Os professores

submetidos ao GTR, de maneira geral, acreditam que culturalmente a Dança

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Gaúcha está presente em nosso cotidiano. Alguns ressaltaram que estas danças

encontram na sua própria região. Elas são apresentadas e oferecidas à comunidade

em forma de bailes e cavalgadas. Pra eles, os professores que ministram as

mesmas, acabam utilizando-as em diferentes abordagens ou outras áreas da

educação física e seus conteúdos específicos. Ressaltaram ainda, que estas danças

do ponto de vista folclórico são excelentes para se trabalhar a socialização e o

relacionamento dos educandos.

O Grupo de Trabalho em Rede apresentou como sugestão, algumas danças e

atividades que auxiliaram o trabalho em questão. Foi proposta a introdução da

música quero mana, do xote inglês o qual serviu para trabalhar a postura corporal, a

gentileza do dançarino, principalmente quando convidar uma dama para dançar e a

melhoria do seu próprio ritmo.

A dança do pezinho foi também indicada pelo referido grupo como uma

alternativa riquíssima para se conhecer e aprender a dança gauchesca, a qual pode

ser realizada com diferentes estratégias, seja em círculos, colunas, duplas. O

mesmo ressaltou que a tal dança constitui uma das mais simples e mais bela dança

gaúcha. Outra atividade observada pelo grupo foi a dança da vassoura, por ser uma

opção de trabalho lúdico e divertido, o qual pode oportunizar aos alunos que não

têm interesse por dança e a aproximação deles a uma proposta como esta, pelo

simples fato de observarem que os colegas se divertem ao realizar a determinada

dança.

Levando em consideração todas as sugestões do citado grupo de trabalho,

mais as atividades anteriormente planejadas pela coordenadora do presente projeto,

buscou-se no primeiro momento, manter um diálogo com os alunos apresentando a

proposta do projeto, fazendo alguns questionamentos sobre a dança e enfatizando a

importância desse tipo de cultura na formação da pessoa. Este momento possibilitou

aos educandos compreender que refletir sobre as práticas corporais originárias de

diferentes contextos socioculturais é refletir também a pluralidade das manifestações

da cultura corporal que rodeia as relações humanas.

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Assim, perguntou-se inicialmente aos educandos, qual a importância da

dança na vida das pessoas? Como a dança se fez presente na sociedade? Como a

dança sofre influência do aspecto econômico? Como a dança se faz presente nos

rituais religiosos? Qual é a influência da mídia na dança? De modo geral os alunos

observaram-a como um processo importante para as pessoas, mas, que até então,

desconheciam os seus aspectos históricos e filosóficos envolvidos com suas

próprias vidas e com a vida das pessoas.

Num segundo momento, através do uso do laboratório de informática foi

oportunizado aos alunos a busca do conhecimento de diferentes danças gaúchas.

Neste encontro houve a participação do professor de Educação Física Gabriel

Teixeira, representante do centro de tradições gaúchas de Cascavel, o qual ampliou

o universo desta pesquisa apresentando as vestimentas, "indumentárias" e alguns

passos de diversas danças da tradição gaúcha e em seguida foi oportunizado aos

alunos vivenciarem, além de passos de algumas delas, aprenderam outras por

completo, como chimarrita e xote de carreirinha.

Com relação a dança chimarrita, os alunos aprenderam que esta é uma

dança popular em Açores, Portugal e que no Rio Grande do Sul é conhecida

também por limpa banco, pois ninguém consegue ficar sentado ao ouvir a sua

melodia. Eles ficaram sabendo também que a mesma se faz presente também nos

Estados de São Paulo e Paraná.

Verificou-se que a chimarrita inicialmente era uma dança de pares enlaçados,

com influências dos xotes e das valsas e que atualmente os pares dançam soltos,

ora numa direção, ora em outra, em determinados momentos em filas e em outros

em forma de roda. Observou-se também que às vezes os dançarinos executam

passos de polca, bailando juntos. O que se viu de mais concreto é que a dança é

sempre acompanhada de apenas um instrumento musical, a sanfona, que na Região

Sul do Brasil é conhecida como Gaita, ou Gaita de Fole. Com a presença desse

instrumento enquanto forma-se um círculo não há música e se dançam com os dois

braços dados uns aos outros. Ao começar o canto, os pares dão oito saltos de Polca

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girando para a esquerda e avançando em linha circular imaginária. Nos últimos oito

compassos, cada par, face a face, dá-se a mão direita, erguendo-a acima dos

ombros. O cavalheiro coloca a mão esquerda nas costas da dama, esta segura a

saia com a mão esquerda e faz um giro de duas voltas completas em cada sentido.

Ao final de cada uma das voltas ela se ajoelha segurando na mão do seu parceiro, e

no último compasso é realizado o passo conhecido como tesoura.

Para melhor compreensão dos passos realizados foi solicitado aos alunos que

assistissem ao vídeo da dança chimarrita, relacionada com a apresentação realizada

pelos alunos da Escola Superior de Educação Física de Jundiaí, para que os

mesmos observassem os passos, e a seguir pudessem organizar uma coreografia.

No que diz respeito ao xote de carreirinha, os alunos ficaram sabendo que é

uma dança originária do Schottinh trazido pelos imigrantes alemães, vindo a se

moldar no Rio Grande do Sul. Coreograficamente entenderam que essa dança

guardou de modo geral os passos da dança de origem, mas se enriqueceu de uma

série de variantes peculiares a determinados municípios rio-grandenses onde todos

executam os mesmos movimentos ao mesmo tempo, sendo que na primeira parte

da dança, os pares desenvolvem uma pequena corrida compassada, o que deu

razão ao nome da dança carreirinha, ou seja, os casais correm no mesmo rumo.

Para visualização dos movimentos do xote carreirinha foi solicitado aos

alunos que assistissem ao vídeo de apresentação do grupo do CTG chamado de

Guapos da Amizade, e a seguir realizassem a leitura da letra da música apresentada pelo

vídeo. Através do vídeo do CTG do grupo Boca da Serra foi possível tais alunos

elaborar e organizar a coreografia a eles também solicitados.

Para finalizar, pode-se verificar a socialização dos conhecimentos adquiridos

pelo grupo de alunos através das apresentações no FESARTE- Festival de Arte -

coordenado pelo Colégio Estadual João XXIII e no SHOW ESCOLA, sob a

coordenação da Escola Estadual Rui Barbosa. Portanto as danças tiveram boa

aceitação por parte da comunidade interna e externa da escola onde foram

desenvolvidos os trabalhos.

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Conclusão

O trabalho mostrou a importância de conhecer a dimensão histórica da

tradição da cultura gaúcha, por ser a dança um instrumento que auxilia e contribui

no desenvolvimento motor e cognitivo dos alunos. Mostrou ainda, que a mesma é

uma maneira de expressar sentimentos e conhecimento corporal.

Nesse sentido, entende-se que essa atividade da cultura corporal passa a ser

fundamental para o conhecimento, desenvolvimento da capacidade criativa, da

melhoria da expressão corporal, do convívio e relacionamento social.

Na realização das atividades práticas foi possível observar que o uso do vídeo

facilitou o entendimento dos conteúdos, da aprendizagem das seqüências dos

passos, além das montagens das coreografias por parte dos alunos. Aspecto estes

que foram de grande relevância na assimilação de outros conteúdos relacionados

com seus currículos escolares, já que a grande maioria relatou que melhorou seu

rendimento escolar.

Portanto, este projeto proporcionou aos alunos envolvidos, uma formação

teórica mais consolidada das danças gaúchas, levando-os a divulgação intra e

extraescolar das mesmas no contexto local, não só do ponto de vista dançante, mas

também sociocultural, ao demonstra-lhes que a dança gaúcha acima de tudo trata-

se de uma filosofia de vida que deve ser considerada e respeitada em qualquer

estabelecimento de ensino, porque elas trazem uma gama de conteúdos que

atendem vastos objetivos educacionais que podem contribuir para a mudança das

tradicionais rotinas educativas que tanto se fazem presente ainda dentro de muitas

das escolas brasileiras.

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