42

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ-SEED · Art.3º- A criança e o adolescente gozam de todos os direitos ... Cadernos do IASP, Compreendendo o ... e o Caderno “Práticas

  • Upload
    dodat

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE PARCERIA COM A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR

MARA DO ROCIO PODBEVSEK SCHMIDT

DESVELANDO A INCLUSÃO ESCOLAR DE ADOLESCENTES EM MEDIDA

SOCIOEDUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA - ELEMENTOS FORMATIVOS: LIMITES

E POSSIBILIDADES.

CURITIBA

2011

2

3

MARA DO ROCIO PODBEVSEK SCHMIDT

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

DESVELANDO A INCLUSÃO ESCOLAR DE ADOLESCENTES EM MEDIDA

SOCIOEDUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA - ELEMENTOS FORMATIVOS: LIMITES

E POSSIBILIDADES.

Caderno Pedagógico apresentado ao Programa

de Desenvolvimento Educacional – PDE,

ofertado pela Secretaria de Educação do Estado

do Paraná em parceria com a Universidade

Federal do Paraná.

Orientadora:

Prof. Dra. Sônia Guariza Miranda.

CURITIBA

2011

4

5

6

APRESENTAÇÃO

Este Caderno Pedagógico é resultado de minha participação no Programa de

Desenvolvimento Educacional - PDE/2010, ofertado pela Secretaria de Educação do Paraná

– SEED/PR aos professores da Rede Pública Estadual em parceria com as Instituições de

Ensino Superior, UFPR, UTFPR, entre outras. Contemplando assim ao professor a

formação continuada, bem como proporcionando conhecimento na área de formação,

colaborando na sua prática docente e avanços (nível III), no plano de cargo e carreira do

professor da Rede Pública Estadual.

7

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus, por me dar a benção e o dom de poder trabalhar na Educação

Especial, às minhas filhas queridas que me incentivaram no final de carreira a estudar e me

sentir segura para desenvolver este trabalho.

E gostaria de agradecer a minha querida orientadora Profª Drª. Sônia Guariza

Miranda, pela paciência, dedicação e compromisso profissional, como se na esfera

transcendental foi um anjo que apareceu na minha vida, Profª não desista de seus ideais,

continue sempre com esta força espiritual, profissional, competência, compromisso com a

educação, porque o mundo encontra-se carente de pessoas assim.

Agradecimento especial aos profissionais do Centro Estadual de Educação Básica

de Jovens e Adultos- CEEBJA de São José dos Pinhais, pela participação neste Projeto de

Intervenção Pedagógica.

8

REFLEXÕES

Art.3º- A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais

inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta

lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e

facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,

espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. (BRASIL, Estatuto

da Criança e do Adolescente, Lei 8.069, de 1990)

Para que o adolescente internalize os limites para a sua rebeldia, é necessário

que o adulto conquiste a autoridade sobre o mesmo. Observa-se que se trata de

AUTORIDADE e não de AUTORITARISMO. A autoridade pode adquirir um

espaço importante no conjunto de valores do adolescente, quando construída

através da conquista e do respeito. De acordo com Ballone (2003), ao se

pretender exercer autoridade sobre o adolescente, deve-se, em primeiro lugar,

munir-se da plena responsabilidade sobre sua aceitação ou não. A aceitação da

autoridade vai depender da maneira pela qual ela se fez sentir e compreender.

Se a autoridade for construída de forma afetiva, com a participação do

adolescente, e não se caracterizar pelo autoritarismo, certamente será por ele

aceita. (PARANÁ, Cadernos do IASP, Compreendendo o Adolescente, 2007,

p.29).

Em termos pedagógicos, não há dúvida que a escola pública ganharia em

qualidade para todos os seus educandos se as condições necessárias para

um trabalho que ampliasse suas abordagens de forma a garantir o acesso ao

conhecimento a todas as pessoas, mesmo que tivessem elas as mais

diversificadas características. Na realidade, reside aí um dos mais válidos

argumentos para a defesa da inserção do educando com necessidades

educativas especiais no ensino regular: não mais se conceber que a melhor

instrumentalização da escola se deva dar somente quando esta se destinar aos

casos especiais, mas sim em qualquer situação o que se deve buscar é uma

escola plena de oportunidades educativas significativas para todos os

educandos, sobretudo os advindos das camadas populares, onde o acesso aos

bens culturais da sociedade está prejudicado por uma estrutura social injusta e

excludente.

(MIRANDA, 1997. p.19).

Usar o Poder com sabedoria é mais difícil do que obter o Poder.

(grifo da Autora)

9

SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................................01

1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................02

2 – JUSTIFICATIVA (Público Alvo, Objetivos)...................................................................03

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................04

3.1 REDE DE PROTEÇÃO E APOIO.....................................................................................19

3.2 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO ADOLESCENTE......................................................20

3.3 PROFESSOR TUTOR ITINERANTE................................................................................21

4. RESULTADO E REFLEXÕES A CERCA DA PESQUISA DE CAMPO REALIZADA NA

INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NO CEEBJA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS...................22

4.1 CARACTERÍSTICA DA REALIDADE DO CEEBJA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS,

CONFORME COLETA DE DADOS NA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA.........................22

4.2 CONSIDERAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS, A CERCA DOS RESULTADOS DA

COLETA DE DADOS..............................................................................................................23

5. ASPECTOS METODOLÓGICOS A SEREM DESENVOLVIDOS PELOS

PROFISSIONAIS DO CEEBJA.............................................................................................27

6. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO...............................................................................................28

7 RECURSOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS......................................................................29

8. PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO................................................29

REFERENCIAS......................................................................................................................30

REFERENCIAS DOCUMENTAIS (LEGISLAÇÃO)..............................................................32

ANEXOS---------------------------------------------------------------------------------------------------------33

10

Autora: Mara do Rocio Podbevsek Schmidt, formada em Psicologia, Especialista em Pedagogia Terapêutica, Pós graduada em Educação Especial, na Universidade Tuiuti do Paraná, professora da Rede Pública do Estado do Paraná. Email: mara. [email protected]/[email protected]

TÍTULO:

DESVELANDO A INCLUSÃO ESCOLAR DE ADOLESCENTES EM MEDIDA

SOCIOEDUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA - ELEMENTOS FORMATIVOS:

LIMITES E POSSIBILIDADES.

RESUMO

O presente texto se configura como uma análise tão aprofundada quanto possível, dada a exigüidade do tempo disponível para tal, de dados levantados durante a fase inicial do Projeto PDE – SEED/PR (2010-2011) denominado “Inclusão escolar de educandos adolescentes em conflito com a lei, através de L.A. (Liberdade Assistida): ampliando ações e responsabilidades”, desenvolvido por esta autora, no primeiro semestre de 2011 junto ao CEEBJA (Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos), no Município de São José dos Pinhais/PR. Tais dados permitiram a constatação de que os referidos adolescentes normalmente não se adaptam à escolarização no ensino regular, ou mesmo, parecem estar adaptados, mas de fato apresentam dificuldades decorrentes do contexto de suas vidas que interferem em sua aprendizagem. Dadas tais constatações, e no escopo de contribuir para a superação de tais dificuldades, a autora deste texto elaborou uma proposta de aperfeiçoamento de professores, equipe pedagógica e gestores do referido CEEBEJA, através da formação continuada, que toma como ponto de partida os conteúdos deste texto, bem como apresenta proposições de trabalho a estes profissionais, através de abordagens interativas e dialógicas em seu local de trabalho. Além deste material ora produzido, inclui na referida formação continuada o material contido nos Cadernos do IASP (Instituto de Ação Social do Paraná, 2007), especificamente o Caderno “Compreendendo o Adolescente”, e o Caderno “Práticas de Socioeducação” .

Palavras Chave: Adolescente em conflito com a lei. Rede de Proteção e Apoio. Medidas Socioeducativas - Liberdade Assistida

11

DESVELANDO A INCLUSÃO ESCOLAR DE ADOLESCENTES EM MEDIDA

SOCIOEDUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA - ELEMENTOS FORMATIVOS:

LIMITES E POSSIBILIDADES.

“Passamos a amar não quando encontramos uma

pessoa perfeita, mas quando aprendemos a

conviver perfeitamente com uma pessoa imperfeita”

San Kenn

1- INTRODUÇÃO

O tema “Inclusão escolar de educandos adolescentes em conflito com a lei,

através de L.A. (Liberdade Assistida): ampliando ações e responsabilidades”, se

revela por convocar o entendimento e as convergências de ações entre conceitos

éticos e metodológicos, mas que, para além das importantes contribuições, tem em

comum o compromisso de luta pela inclusão escolar, com responsabilidade, de

adolescentes com L.A, tendo como premissa seus direitos fundamentais.

Desvelando assim, não só o resultado da coleta de dados desta proposta no seu

escopo, isto é, contextualização de todos os momentos da intervenção pedagógica,

os serviços necessários para realizá-los, bem como o que é preciso fazer para que

alcance seus objetivos com os recursos e funções especificados. Se fez necessário

também, explicitar os desmandos políticos em que esse segmento da população se

vêem entregues, particularmente, no que diz respeito à saúde, educação, vida

familiar, recursos materiais, direitos e deveres cidadãos, na tentativa de viabilizar as

condições exigíveis a toda e qualquer forma de dignidade da pessoa humana,

consoante com o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), bem como na legislação

vigente.

É, portanto, nessa perspectiva, de mútua reflexão e troca de conhecimentos,

que, enquanto integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE),

juntamente com os professores, equipe pedagógica e gestores do Centro Estadual

12

de Educação de Jovens e Adultos (CEEBJA), pretende-se desenvolver na

implementação desta proposta, um Caderno Pedagógico, com o objetivo de

subsidiar os pressupostos teóricos e metodológicos, bem como verificar, junto à

equipe pedagógica do CEEBJA e demais órgãos afins do município, a efetivação na

“Rede de Proteção e Apoio”, para atendimento aos adolescentes em questão,

matriculados no (CEEBJA).

O CEEBJA de São José dos Pinhais, objeto desta pesquisa, está situado na

área metropolitana de Curitiba/PR, à Rua Capitão Benjamim Claudino Ferreira nº

1846, hoje conta com 2.068 (dois mil e sessenta e oito) educandos e nas 19

(dezenove) APEDs (Ações Pedagógicas Descentralizadas) 1.524 (mil quinhentos e

vinte e quatro) educandos, totalizando 3.592 (três mil quinhentos e noventa e quatro)

matriculas. Contando assim com 74 (Setenta e quatro) docentes atuando na sede e

nas APEDs descentralizadas em várias escolas estaduais do município de São José

dos Pinhais.

2- JUSTIFICATIVA

Tratando-se especificamente da inclusão escolar de educandos adolescentes

em conflito com a lei, com medida socioeducativa através de L.A. este projeto

constatou através da intervenção pedagógica realizada, que os referidos

adolescentes, normalmente não se adaptam à escolarização no ensino regular,

estes com muitas passagens pelas escolas da comunidade acabam sendo

matriculados no Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos (CEEBJA), no

Município de São José dos Pinhais/PR.

Conforme resultado da coleta de dados realizada com os profissionais do

CEEBJA, constatou-se que o programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) a

princípio foi criado para os jovens, adultos trabalhadores e donas de casa, que estão

preocupados em aprender para conseguir uma colocação no mercado de trabalho.

No entanto são matriculados os adolescentes com medidas socioeducativas, os

quais, estão em outra etapa de desenvolvimento e consequentemente ocorre o

desinteresse pelos estudos. O programa EJA deve ser reavaliado, no que se refere

ao currículo e as estruturas físicas para acolhimento destes educandos, os

13

professores ressaltam ainda que este seja um aprendizado acelerado, sendo que

muitos destes adolescentes não conseguem acompanhar, sendo assim ocorre à

evasão escolar do aluno em questão.

Conforme informações no Site da Secretaria de Estado da Criança e da

Juventude do Paraná (SECJ/PR), “está estabelecida a Rede de Proteção e Apoio

para crianças e adolescentes, que consiste na articulação de serviços de saúde,

segurança pública, assistência social, atendimento jurídico e mobilização da

sociedade com a finalidade de estabelecer parcerias com as instituições que

poderiam efetivar os atendimentos dos referidos adolescentes”. Porém, percebe-se

que esta rede está instituída, mas não atende às demandas da comunidade, bem

como não existe a constante manutenção dos atendimentos, os quais os educandos

com L.A teriam que obter para a efetivação da inclusão com responsabilidade no

ambiente escolar. Todos esses fatores que são pertinentes ocasionam desconforto

e insegurança aos professores e equipe pedagógica, bem como a falta de

articulação com a Rede de Proteção e Apoio no CEEBJA de São José dos Pinhais.

A finalidade da intervenção pedagógica contida neste projeto é contribuir

para as informações e orientações dos apoios interinstitucionais existentes no

município e reflexões a cerca da flexibilização do currículo instituído no programa da

EJA, para os educandos em questão.

3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O Estatuto do Menor e do Adolescente, vamos denominar aqui como a “Célula Mãe”, para direcionar este trabalho: (ECA, Lei Federal nº 8.069/90)

Art. 118- A Liberdade Assistida será adotada sempre que se afigurar a mediada mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

&1º- A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.

Art. 119- Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:

I- Promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;

14

de crianças e adolescentes é um compromisso a ser assumido pela família, pelo

Estado e pela sociedade. Abrem-se as portas das salas de atendimento,

direcionando o trabalho para procedimentos que visem à colaboração com a garantia

de cidadania dos assistidos, o que requer constante interação com os recursos

públicos e com aqueles que surgem de organizações comunitárias. ( BRITO, 2007,

Psicologia Jurídica: Teoria e Pesquisa Abr-Jun 2007, Vol. 23 n. 2, p. 133-138,

Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

A autora acima citada, relata a reestruturação dos atendimentos de

adolescentes em conflito com a lei, na sua realidade social, pois a integração de

todos os segmentos da sociedade, deve estar interligados ou seja em sintonia,

direcionando assim, a responsabilidade da família, do Estado e da sociedade.

As desigualdades sociais é um fator que se deve considerar, no contexto

atual, pois estão atreladas e carregadas de preconceitos. Ainda relata a autora que

os atendimentos individuais, justificavam-se como a cura para a solução dos

problemas da pobreza e miséria. Agora, no contexto de proteção integral, o

atendimento visa primordialmente a assegurar os direitos dos jovens atendidos,

direitos listados no ECA como fundamentais ao desenvolvimento de adolescentes

para que possam alcançar a sua autonomia e conquistar a sua cidadania.

A educação é uma prática social garantida como direito a toda pessoa que

possa suprir suas necessidades educativas, em qualquer idade, que visa a

proporcionar o desenvolvimento pleno de suas potencialidades na sua vida pessoal,

profissional e em suas relações sociais.

Podemos citar o documento Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva portaria nº 948/2007, Brasília 2008.

A escola historicamente se caracterizou pela visão de educação que delimita a escolarização como privilégio de um grupo, uma exclusão que foi legitimada nas políticas e práticas educacionais reprodutoras da ordem social. ... a partir do processo de democratização da educação se evidencia o paradoxo inclusão/exclusão, quando os sistemas de ensino universalizam o acesso, mas continuam excluindo indivíduos e grupos considerados fora dos padrões homogeneizadores da escola...assim sob formas distintas, a exclusão tem apresentado características comuns nos processos de segregação e integração que pressupõem a seleção, naturalizando o fracasso escolar. (BRASIL, 2008)

Ao realizarmos essa discussão, a nossa primeira tarefa será o

questionamento sobre a diversidade. Como podemos lidar pedagogicamente com a

15

diversidade[?] Os professores estão preparados para lidar com questões

contraditórias às suas concepções de educação e valores éticos internalizados em

seus contextos sociais [? ]

Pode-se afirmar que as contradições existem em todos os âmbitos sociais,

educacionais e mesmo pessoais.

Segundo Silvério (2006), para delinear o contexto atual na sociedade com

relação à diversidade deve-se considerar que:

Um dos aprendizados trazidos pelo debate sobre o lugar da diversidade e da diferença cultural no Brasil contemporâneo é que a sociedade brasileira passa por um processo de (re)configuração do pacto social a partir da insurgência de atores sociais até então pouco visíveis na cena pública. Esse contexto coloca um conjunto de problemas e desafios à sociedade como um todo. No que diz respeito à educação, ou mais precisamente, à política educacional, um dos aspectos significativos desse novo cenário é a percepção de que a escola é um espaço de sociabilidade para onde convergem diferentes experiências socioculturais, as quais refletem diversas e divergentes formas de inserção grupal na história do país. (SILVÉRIO, 2006, p.53)

Diante de inúmeras contradições com relação à diversidade, no contexto da

LDB 9394/96 se assegura ao educando em qualquer idade sua formação e

desenvolvimento integral para o exercício da cidadania. O adolescente em conflito

com a lei é um ser em desenvolvimento e os princípios que norteiam a educação do

adolescente que cometeu ou não um ato infracional são os mesmos. A diferença se

configura no sentido de que o adolescente autor de ato infracional cumpre medida

socioeducativa determinada pelo Poder Judiciário, estando em supervisão, de uma

equipe técnica que deverá orientá-lo para superação dessa condição de estar em

conflito com a lei.

Podemos citar como referencial principal para definir com propriedade o

enfoque a que se propõe o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA (1990) as

medidas socioeducativas abordadas nos Artigo 112 A 121, as quais devem ser

aplicadas aos adolescentes autores de atos infracionais com o intuito de orientá-los

a estabelecer novos vínculos consigo mesmo, com a família, a comunidade e a

sociedade, a fim de superar a situação de vulnerabilidade, e em alguns casos de

desconfiança e rotulação em que se encontram.

16

Conforme informações inseridas no Site da SECJ do PR, podemos consultar

vários programas para atendimento de educandos em conflito com a lei:

Para garantir a convivência familiar e comunitária a que os adolescentes autores de atos infracionais têm direito, as medidas em meio aberto são municipalizadas, ou seja, os responsáveis pela execução deste tipo de medida são as prefeituras ou entidades que atuem em âmbito municipal. Desta forma, a SECJ do PR, criou o Programa Liberdade-Cidadã para fortalecimento, estruturação e qualificação das medidas socioeducativas de semiliberdade, internação e internação provisória executadas pelo Estado, e para co-financiamento de ações na implementação, estruturação, orientação, qualificação e fortalecimento das medidas socioeducativas em meio aberto executadas pelos municípios e entidades não governamentais no atendimento aos adolescentes1. www.secj.gov.br.

Porém percebe-se que a Rede de Proteção e Apoio, está instituída, mas não

atende às demandas reais da comunidade, bem como não existe a constante

supervisão dos atendimentos aos quais os educandos com L.A. matriculados no

CEEBJA em questão, teriam que obter para a inclusão efetiva na sua escolarização.

Consultando a legislação vigente, que respalda o direito aos adolescentes

autores de atos infracionais à integração plena na sociedade, percebe-se a

preocupação dos professores e todos os profissionais da educação, no que se refere

à qualidade do ensino e o aproveitamento escolar destes educandos. A autora deste

texto dialogando com os professores do CEEBJA de São José dos Pinhais

constatou que a concentração destes educandos na EJA tem sido uma constante

prática. Verificou-se que os mesmos são encaminhados por ordem judicial para

matricular-se na escola mais próxima de sua casa, porém já estão estigmatizados

pela comunidade local, passando por vários estabelecimentos de ensino, acabam

garantindo sua matrícula na EJA.

Citando o “Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo” (SINASE)

instituído pelo CONANDA – Conselho Nacional de Direitos da Criança e do

Adolescente, em 2006, podemos ressaltar a co-responsabilidade entre as esferas

administrativas no financiamento do atendimento às medidas socioeducativas:

1 SECJ. Disponível em: www.secj.com.br.Acessado em: 20.06.11.

17

Ao estar disposto na Constituição Federal e no ECA o princípio da prioridade às crianças e adolescentes (artigo 227 da CF e 4º do ECA), está determinada a destinação privilegiada de recursos públicos para a área. Tal destinação inclui, também, os programas de atendimento das medidas socioeducativas. Cabe destacar que, por decorrência lógica da descentralização político-administrativa prevista na Constituição, a responsabilidade pelo financiamento é compartilhada por todos os entes federativos: União, Estado, Distrito Federal e Município. (SINASE, 2006, p 31).

Visando a alteração à realidade vivida pelos adolescentes estigmatizados por

terem cometido ato infracional em consonância com as propostas estabelecidas pelo

SINASE, no Estado do PR, a SECJ/PR apresenta como eixo principal do projeto

pedagógico institucional o Plano Personalizado de Atendimento- PPA, que

originalmente no SINASE recebe a denominação de PIA – Plano Individual de

Atendimento (SINASE, 2006, p.52) , o qual busca estabelecer conjuntamente com o

adolescente as metas a serem cumpridas para a efetivação de seu projeto de vida e

inclusão social. Porém a incidência da violência e a mudança no perfil dos

adolescentes na sociedade contemporânea, bem como outros fatores

intrainstitucionais e/ou oriundos de convergências nas relações do sistema

governamental com o poder judiciário, produzem o enfraquecimento das instituições,

as quais não conseguem construir uma proposta pedagógica capaz de assegurar a

construção de um projeto de vida possível para a inclusão social destes

adolescentes.

Além das questões apontadas deve-se considerar a alta incidência de uso de

drogas em adolescentes autores de atos infracionais, e diante disso é importante

citar a Revista Igualdade XII- “CAOP- Criança e Adolescente”- Temática- Drogadição

- Aspectos Legais da Internação de Crianças e Adolescentes Portadores de

Transtornos Mentais por conseqüência de uso de substâncias psicoativas por

adolescentes:

Sobre a questão da comorbidade em dependência, apenas sublinhamos “dependência química” a necessidade de cautela uma vez que o consumo crônico de drogas pode, em si, gerar qualquer quadro psiquiátrico. Por isso, recomenda-se, ao longo do tratamento, um período de observação de três a seis meses de comprovada abstinência, antes de poder-se fechar um diagnóstico de transtorno de humor, de ansiedade, ou mesmo de personalidade. ( SCIVOLETTO, 2001, p.70)

A autora acima citada, faz um alerta na questão do tratamento da

dependência química, pois deve-se ter cautela no fechamento do diagnóstico.

18

Porém durante a coleta de dados, com os profissionais do CEEBJA,

constatou-se a falta de médicos psiquiatras e psicoterapeutas, um fator preocupante

para a efetivação de um tratamento adequado para a dependência química infanto-

juvenil.

A autora deste texto, com a sua caminhada profissional durante os seus vinte

e cinco anos de magistério atuando na rede pública estadual, bem como nos últimos

cinco anos, no assessoramento pedagógico em atendimento no setor de educação

especial no Núcleo de Educação da Área Metropolitana Sul (NREAMSUL).

Constatou através de relatos dos profissionais da educação, no que se refere aos

alunos vítimas de dependência química, que é um senário muitas vezes conflitante

na sala de aula.

Os comportamentos anti-sociais ou violentos de determinados educandos,

dependentes químicos, inseridos na escola básica, tornam muito difícil manter um

clima de convivência, nas aulas que facilite a aprendizagem de todos os educandos.

Não há dúvida de que essas tensões, especialmente as que ocorrem em sala de

aula, são as que provocam maior mal-estar aos professores. Os educandos com

atraso de aprendizagem podem desanimar os professores pela lentidão de seu

progresso escolar; os educandos desmotivados podem questionar o trabalho dos

docentes por sua falta de interesse nas tarefas escolares e por sua falta de esforço;

mas os educandos que têm um “comportamento transgressor das normas

escolares”, podem ser violentos, opositores ao professor ou aos colegas da sala de

aula. Estes educandos não só não aprendem, como não deixam os demais

aprenderem e tornam a hora de aula uma luta contínua que põe à prova a

preparação e o equilíbrio pessoal do professor. Esses comportamentos arriscados

se produzem para demonstrar a coragem pessoal como sua forma extrema,

manifestando a violência contra os colegas e os professores. A queixa principal dos

professores repercute nas atitudes que devem ter perante estes educandos,

levantando-se a questão de como garantir a permanência e a efetividade do

aprendizado do educando, até o final do ano letivo. Os professores alegam também

a falta de articulação com a “Rede de Proteção e Apoio”.

A questão principal seria a manutenção dos atendimentos, durante a

permanência do educando em medida sócioeducativa de L.A. na escola. A Rede de

Proteção e Apoio deveria estar integrada, como uma “engrenagem”, através de

19

atendimentos psicoterápicos nos CAPSi (Centro de Atendimento Psicossocial

Infanto Juvenil) destinados à saúde mental, de crianças e adolescentes, quando

necessário, bem como os projetos com a SECJ/PR; a Secretarias do Trabalho, da

Ação Social; Judiciário (Ministério Público) e outros órgãos afins, no município de

São José dos Pinhais.

O objetivo não seria a pretensão de deter o educando em reformatórios, sabe-

se que esta prática não foi exemplo de sucesso nas medidas repressivas dos

tempos anteriores à promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente. O que

se preconiza aqui é a integração destes recursos, o diálogo com seus parceiros e a

supervisão do trabalho em rede, que seriam fatores necessários para a efetivação

da inclusão escolar com responsabilidade destes educandos.

Com relação aos programas de atendimento aos educandos com medidas

socioeducativas através de L.A. pode-se afirmar que existem inúmeros projetos com

a intenção de solucionar a questão da inclusão escolar destes educandos, mas

ainda não temos resultados satisfatórios na efetivação e garantia da aprendizagem e

permanência dos mesmos na escola, bem como a sua inserção social.

Inúmeras pesquisas são realizadas, bem como inúmeras ações são

desenvolvidas com o objetivo da inclusão do adolescente com medidas

socioeducativas na comunidade. Sabe-se, entretanto, que tais ações, embora bem

intencionadas, ocorrem de forma pontual e diversificada, “cada um faz a sua parte”,

muitas vezes sem uma infra-estrutura de apoio técnico e administrativo adequado e

que possa realmente caracterizar um trabalho com unidade e eficiência, no sentido

de enfrentar o problema, principalmente no que se refere à organização em forma de

“rede e proteção e apoio”, constituída, para educandos adolescentes com medidas

socioeducativas através de L.A, excluídos das escolas públicas, bem como da

sociedade.

Consultando notícias na Internet e recortes de jornais, a constatação de

violação de direitos da criança e do adolescente, ainda é uma constante prática na

sociedade, pois no aniversário de vinte anos do ECA, temos um cenário não muito

agradável, no que se refere à inclusão social de adolescentes em conflito com a lei.

20

Jovens sofrem violação de direitos

No aniversário de 20 anos do ECA, a Secretaria Especial de Direitos Humanos aponta “graves violações” nas unidades para recuperação de adolescentes infratores no país. Nos 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Brasil ainda está longe de garantir que as medidas socioeducativas aplicadas pela Justiça ofereçam um novo projeto de vida a jovens que cometeram atos infracionais. Um relatório da Secretaria Especial de Direitos Humanos divulgado no início deste ano apontou “graves violações de direitos, como ameaça à integridade física, violência psicológica, maus-tratos e tortura” em casas de internação, os chamados centros de socioeducação, onde os jovens cumprem medidas de privação de liberdade. Em 2009 foram registradas 13 mortes nos sistemas socioeducativos do país. Apesar de o ECA prever que a privação de liberdade deva ocorrer somente em último caso, o número de jovens nesta situação passou de 4,2 mil para 16,9 mil em 13 anos. Obra Novo centro de socioeducação abrirá 70 vagas. O governo do Estado e a Secretaria da Criança e da Juventude assinaram ontem a ordem de serviço para a construção do 20.º Centro de Socioeducação (Cense) do Paraná, que será construído em São José dos Pinhais. O equipamento terá 70 vagas para jovens de Curitiba, região metropolitana (RMC) e Litoral. A obra deve ser concluída em 18 meses, com um custo de R$ 9,5 milhões.Com o novo Cense, o governo pretende diminuir a lotação das unidades na RMC. Atualmente todas estão lotadas, exceto a feminina. Em oito anos, o órgão dobrou o número de vagas. Apesar disso, a secretária Thelma Alves de Oliveira afirma que o objetivo é investir no cumprimento de medidas em meio aberto, já que a privação de liberdade deve ocorrer somente em casos excepcionais. “Conseguimos criar uma rede descentralizada geograficamente e essa política precisa ter continuidade”, explica. “Investir em um adolescente em conflito com a lei é garantir que ele tenha um projeto de vida, e sonhos e reoriente sua trajetória.”

Temos como ponto de referencia os Cadernos do Instituto de Ação Social do

Paraná (IASP), 2006, Curitiba-PR. Nos referidos cadernos constam conteúdos

teórico-metodológicos, que estabelecem um padrão referencial de ação educacional

a ser alcançado em toda a rede socioeducativa do Estado do PR. No entanto

constatou-se que existem muitos referenciais, mas, na prática, não há referenciais

que atuem especificamente no “chão da escola”.

Através da coleta de dados por nós realizada foi indagado aos professores, se

tiveram acesso aos cadernos do IASP (Cadernos do Instituto de Ação Social do

Paraná), responderam: “não chegaram às informações, não sabemos da existência

destes Cadernos, tampouco tivemos acesso aos conteúdos, destes Cadernos”.

Pode-se afirmar que o conhecimento sobre estes Cadernos poderia ser de grande

valia para o aperfeiçoamento dos professores, entretanto, lamentavelmente os

referidos Cadernos não foram dados ao acesso destes professores, induzindo a uma

prática pedagógica fragmentária entre todos os espaços educativos envolvidos.

21

Com estas constatações a pesquisadora percebeu a necessidade de

trabalhar o tema em questão na formação continuada, com o objetivo de subsidiar

os pressupostos teórico-metodológicos, para a intervenção pedagógica no CEEBJA

no município de São José dos Pinhais/PR.

Ainda tomando os conteúdos dos Cadernos do IASP, 2006, em relação aos

seus pressupostos teórico-metodológicos, destacamos:

A socioeducação decorre de um pressuposto básico: o de que o desenvolvimento humano deve se dar de forma integral, contemplando todas as dimensões do ser. A opção por uma educação que vai além da escolar e profissional está intimamente ligada com uma nova forma de pensar e abordar o trabalho com o adolescente. Sobre este novo paradigma, o autor Antonio Carlos Gomes da Costa (2004), nos propõe uma abordagem interdimencional, que envolve o adolescente em sua plenitude, suplantando a abordagem disciplinar ou interdisciplinar. Esta última assenta-se na importância da intervenção de diferentes disciplinas profissionais (especialidades) sobre o adolescente, enquanto a primeira assenta-se na importância da manifestação das diferentes dimensões co-constitutivas do ser, como a sensibilidade, a corporeidade, a transcendentalidade, a criatividade, a subjetividade, a afetividade, a sociabilidade e a conviviabilidade. Isso significa um rompimento com o modelo de pensamentos fundado na racionalidade moderna e exige dos profissionais que trabalham com o adolescente a superação da visão do mundo mecanicista, fragmentada e histórica...(PARANÁ, Caderno IASP, 2006, p. 20)

Nas referências teóricas para uma proposta pedagógica emancipadora, nos

Cadernos do IASP, situam-se entre tantos autores, Anton Makarenko, Paulo Freire,

Antonio Carlos Gomes da Costa. Esses autores possuem fundamentos teóricos

distintos, todavia compartilham a visão de mundo, de ser humano e de educação.

“O planejamento da ação socioeducativa a ser desenvolvida exige que busquemos os autores que trazem princípios e metodologias capazes de desenvolver as dimensões acima tratadas em adolescentes em geral e, principalmente, que alcancem aqueles que transgrediram a norma social”. (PARANÁ,Cadernos IASP, 2006, p. 21).

Podemos referenciar também Costa (2001), p.17), este autor comunga com o

mesmo ponto de vista, quando explicita o que seria educar um adolescente com

medida socioeductiva:

“O educador que atua junto a jovens em dificuldade situa-se no fim de uma corrente de omissões e transgressões. Sobre seu trabalho recaem as falhas da família, da sociedade e do Estado. Sua atuação, frequentemente, é a última linha de defesa pessoal e social do seu educando”. ( COSTA, 2001, P. 17, in: PARANÁ, Cadernos do ISAP, 2007,p.37).

22

Essa postura compreende a transmissão de conhecimentos/saberes, é reflexo

de concepções que devem ser internalizadas por professores, daí a possibilidade de

desenvolvimento, pelo ato educativo, de formar sujeitos pensantes, reflexivos, com

possibilidade de discernimento para a conquista do seu espaço. Tal possibilidade

está imediatamente ligada aos professores e respectivas equipes pedagógicas e

equipes gestoras, e defendendo-se que a formação continuada destes profissionais

será um dos caminhos para alcançar tal proposta.

Tomando como referência o documento Sistema Nacional de Atendimento

Socioeducativo (SINASE 2006), a organização deste, comum aos Estados, Distrito

Federal e Municípios compreende:

1) monitorar, supervisionar e avaliar o sistema, a política, os programas e as ações- sob a responsabilidade do ente federativo ou por ele delegado - voltadas ao atendimento de adolescente desde o processo de apuração do ato infracional até a aplicação e execução de medida socioeducativa; 2) fornecer, via Poder Executivo, os meios e os instrumentos necessários ao pleno funcionamento do Plantão Interinstitucional nos termos previstos no art. 88, V, do ECA; 3) Proporcionar formação inicial e continuada sobre a temática “Criança e Adolescente” para os serviços públicos e as equipes das entidades conveniadas envolvidas no atendimento e de órgão responsável pela execução de políticas de saúde, educação, segurança e outras destinadas aos adolescentes... (SINASE, 2006, p.33).

Percebe-se a partir deste enfoque uma grande lacuna entre a escola e outros

órgãos que possivelmente estariam tratando das questões dos adolescentes com

L.A. Com estas constatações, sugere-se o aperfeiçoamento através de formação

continuada aos professores, equipes pedagógicas e gestoras, pois a prática

inclusiva com responsabilidade é conseqüência de uma construção coletiva

continuada dos profissionais envolvidos de longo prazo, em que se relacionam,

continuamente, conhecimentos e reflexões, frutos da experiência de vida.

A inclusão com responsabilidade, não se concretiza por decreto ou por

determinação externa às pessoas. Determinar a inclusão pode de nada adiantar se

os profissionais envolvidos não estiverem comprometidos com uma fundamentação

teórico-metodológica internalizada na concepção de inclusiva.

Entretanto devemos citar a Dissertação de Mestrado apresentada por Corso

(2009), ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do

23

Paraná –Curitiba -PR, ao enfatizar-se o equívoco de se utilizar formação continuada

como uma panacéia para todas as mazelas da escola.

A ênfase na formação continuada não é especificidade desse governo, deste estado ou dessa proposta. Há uma tendência, uma expectativa quanto à formação continuada dos professores como a saída para o fracasso escolar e como forma de capacitar, reciclar e melhorar o trabalho docente. Essa tendência é apontada por Souza (2006), como estratégia para todos os males escolares, ao invés de definir e implantar políticas educacionais e propostas de formação continuada visando melhorar as condições gerais de trabalho nas escolas. (CORSO, 2009, p.36).

Ainda continuando com a reflexão acerca da formação continuada de

profissionais da educação, o tempo para a mesma fica bastante restrito no

calendário escolar que deve respeitar os 200 (duzentos) dias letivos de aula. Para

dar conta de suas diferentes tarefas os professores, fazem uma maratona para

participar dos cursos. Quando faltam às aulas por conseqüência dos mesmos,

necessitam repor aos sábados, para compensação dos dias letivos, como se o

aperfeiçoamento dos professores fosse interferir na aprendizagem do aluno, criando

assim, nos mesmos, um sentimento de impotência, como se fossem responsáveis

por todos os problemas sociais.

Os ranços do sistema capitalista em que vivemos se refletem nas políticas e

práticas educacionais reprodutivistas, resultando na dificuldade de perceber as

artimanhas do poder. A luta da classe trabalhadora por melhor qualificação

profissional deve continuar, pois quanto mais o “ser humano” detêm conhecimento

mais percebe o mundo de forma crítica, reflexiva e transformadora.

A Secretaria de Estado de Educação do Paraná, nos anos recentes

empenhou-se em construir as Diretrizes Curriculares em todas as áreas de

conhecimento, porém, manteve-se uma grade horária ultrapassada, impregnada de

concepções ultrapassadas de educação, como por exemplo: horários de aulas de

50’ (cinqüenta) minutos e com a fragmentação total dos objetivos propostos, como

se as disciplinas fossem isoladas, estanques.

No contexto da socioeducação voltada ao adolescente em L.A., a ser

executada com qualidade, para além da formação continuada dos profissionais

envolvidos concorrem ainda outros fatores como, as políticas públicas, que deverão

estar voltadas a investir na educação apropriada para o adolescente em conflito com

a lei, com os gestores do sistema dialogando com os profissionais envolvidos, com o

24

objetivo de construir um projeto flexível e adequado para este sujeito que carece de

atenção especial, porém com rigor no tocante ao seu disciplinamento intelectual e

social, além de investir na infra-estrutura, nas condições materiais, e principalmente,

no quadro de profissionais que devidamente capacitados e integrados por uma

gestão comprometida poderão expressar vida e movimento a tal projeto.

Pressupõe-se que o currículo desta escola comprometida com a educação e

inclusão efetiva e com responsabilidade, do adolescente em L.A. deva ser

organizada com horários flexíveis; projetos de pesquisa; salas-ambiente de pesquisa

(laboratórios para cada área de conhecimento); atividades esportivas e artístico-

culturais; preparação para a profissionalização e principalmente a vontade de

mudança de atitude dos profissionais que estariam comprometidos com a superação

das dificuldades apresentadas pelos adolescentes em L.A. Podemos sugerir que o

“ensino integral” seria o caminho para esta proposta.

De acordo com Miguel Arroyo, os educandos nunca foram esquecidos nas

propostas curriculares:

... a questão é com que tipo de olhar eles foram e são vistos. Podemos ir além: com que olhar e são vistos os educandos nas suas diversas identidades e diferenças? Será que ainda continuamos discutindo sobre diversidade, mas agindo, planejando, organizando o currículo como se os alunos fossem um bloco homogêneo e um corpo abstrato? Como se convivêssemos com um protótipo único de aluno? Como se a função da escola, do trabalho docente fosse conformar todos a esse protótipo único? (ARROYO, 2006 p. 54).

Comparando um educando com necessidades educacionais especiais, como

aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental,

intelectual, sensorial ou transtornos globais do desenvolvimento, com um

adolescente em conflito com a lei, não há diferença do ponto de vista pedagógico na

maneira de olhar para este ser humano. Percebe-se que necessita também de

atendimentos individualizados, além da sala de aula, como: da equipe técnica

especializada, para atendimentos em contra turno, necessita de atendimento médico

e psicoterápico se for necessário, da presença da família, de afeto, de amor,

respeito e dignidade.

A modalidade de Educação Especial encontra-se hoje, estruturada para os

atendimentos dos educandos com necessidades educacionais especiais, em

espaços de atendimento especializado interdisciplinar, bem como em programas nas

25

escolas comuns, em sua trajetória existe uma história e uma caminhada de luta,

discussões, congressos, etc. Sabe-se que em contrapartida o atendimento aos

adolescentes em conflito com a lei está ainda em “estado embrionário” apesar do

Estatuto da Criança e do Adolescente, que entre tantos outros aspectos preconiza a

socioeducação a tais adolescentes, já ter completado vinte anos. Assim esta área

vem fazendo lentamente a sua caminhada, mas não podemos desanimar, vamos

conseguir também a inclusão com responsabilidade, destes educandos, os

adolescentes em L.A.

Lembrando ainda, na escola especial, regularmente são efetuados estudos de

casos dos educandos, com a equipe técnica e professores, assim procuram no

coletivo solucionar problemas de aprendizagem, enxerga-se o educando como “um

todo”, envolvendo aspectos, emocionais; afetivos; cognitivos e sociais. Percebem-se

as necessidades de cada educando.

Para explicitar o sentido amplo da concepção de “coletivo”, podemos citar

MIRANDA (2005), em sua Tese de Doutorado sobre crianças e adolescentes em

situação de rua, no Capítulo V - Subsídios para uma pedagogia voltada para a área

da criança e do adolescente em situação de rua e de risco social e pessoal.

No sentido mais amplo, uma das teses centrais de MAKARENKO considerava que nenhum método pode ser elaborado à base do par professor-aluno, mas só à base da idéia geral da organização da escola e do coletivo, e o que é o coletivo? Não se poderá imaginar o coletivo se tomarmos a simples soma de pessoas isoladas: ele é um organismo social vivo e, por isso mesmo, possui órgãos, atribuições, responsabilidades, correlações e interdependência entre as partes. Se tudo isso não existe, não há coletivo, há uma simples multidão, ma concentração de indivíduos. Portanto, durante todos os anos de meu trabalho pedagógico no período soviético, envidei os meus maiores esforços na solução da questão da construção do coletivo, dos seus órgãos, do sistema de atribuições e do sistema de responsabilidades”. (MAKARENKO, in CAPRILES, 1989, p. 154, apud MIRANDA, 2005, P.263)

Não se deve dar receitas prontas para solução dos problemas existentes,

mas sim, pesquisando discutindo e refletindo, no coletivo, será um dos caminhos

para a inclusão com responsabilidade, almejando a superação das dificuldades dos

educandos com L.A.

Pode ser longo este processo, mas devemos almejar e lutar para a inclusão

destes educandos, como reais sujeitos da nossa sociedade e resgatar a sua

26

autoestima, no sentido de estarem preparados para exercer a sua cidadania plena,

ter uma profissão, enfim um seres humanos conquistando o seu espaço.

3.1 REDE DE PROTEÇÃO E APOIO

Para termos uma noção do que seria a Rede de Proteção e Apoio, podemos

citar Zapelini, 2009. Em sua pesquisa consegue, dentre poucos autores, situar e

elencar os principais desafios e os limites das políticas públicas, para a gestão de

cuidado na atenção infantojuvenil, dentre uma coletânea de referências

bibliográficas:

A autora Zapelini, 2009, descreve a denominação de Rede citando, assim: Carvalho (1997), a Rede sugere uma teia de vínculos, relações e ações entre indivíduos e organizações. Elas se tecem ou se dissolvem continuamente em todos os campos. Faleiros (2007, p.79) define as redes: são tecidos sociais que se articulam em torno de objetivos e focos de ações comuns, cuja teia é construída num processo de participação coletiva e de responsabilidades compartilhadas, assumidas por cada um e por todos os partícipes. As decisões são tomadas e os conflitos resolvidos democraticamente, buscando-se consensos mínimos que garantam ações conjuntas.(...) As diretrizes das políticas de atendimento compreendem: a municipalização do atendimento; e a criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente. Tais órgãos devem ter um caráter deliberativo, de controle das ações em todos os níveis, garantindo a paridade na participação popular através de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais. Do mesmo modo, as políticas de atendimento darão prioridade à criação e à manutenção de programas específicos, seguindo os parâmetros de descentralização político-administrativa, com a incumbência de prever a manutenção de fundos nacional (FIA), estaduais e municipais que estejam ligados aos respectivos conselhos de direitos. As políticas ao Sistema de Garantia de Direitos preconizam a integração operacional dos órgãos do judiciário, tais como Ministério Público, Defensoria Pública, Segurança Pública, e Assistência Social, preferencialmente no mesmo local, com o objetivo de prestar atendimento inicial ao adolescente a quem se atribui autoria de ato infracional. A avaliação das políticas de atendimento à criança e ao adolescente precisa mobilizar a opinião pública,

objetivando a participação ativa dos diversos segmentos da sociedade. O atual

conceito de redes engloba características como a gestão e condução de políticas e programas sociais e incorpora novos padrões de desempenho, nos quais as relações descentralizadas e horizontais substituíram as tradicionais relações centralizadoras e hierárquicas; prioriza a negociação e a participação de todos os sujeitos envolvidos na ação pública; e o reconhecimento da incompletude, assim como a necessária complementaridade entre serviços e atores sociais. As políticas e os programas agora são desenhados pelo prisma da multissetorialidade e interdisciplinaridade, substituindo os tradicionais recortes setoriais e especializações estanques; as ações públicas estão fortemente conectadas com o conjunto de sujeitos, organizações e serviços da cidade. Não existe mais ações isoladas. Os beneficiários das políticas públicas denominam-se cidadãos. No reconhecimento mais denso da cidadania compreende-se uma relação consciente entre direitos e deveres, assim como a

27

garantia de interlocução política e de exercício do controle social. Todos estes atores sociais na ação pública assumem um padrão de relação marcado pela máxima interatividade, sendo a multissetorialidade característica marcante das políticas das redes.(...). Existem pelo menos quatro setores importantes que congregam todas essas instituições, são eles: Justiça, Assistência social, Saúde e Educação. Neste sentido, na gestão das Redes há uma maior integração entre a Justiça e a Assistência social enquanto que a Saúde e Educação parecem atuar à margem do que as políticas públicas têm determinado e individualizadas. (ZAPELINI, 2010, cap.3, p.129 a 131).

As Redes de Proteção, como vimos anteriormente, são compostas pelos/as:

Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente;

Conselhos Tutelares;

Varas da Infância e da Juventude;

Promotorias da Infância e Juventude;

Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente;

Fóruns dos Direitos da Criança e do Adolescente;

Centros de Defesa;

Defensoria Pública;

Secretarias de Governo estaduais e municipais executoras de políticas

públicas;

Organizações não Governamentais (ONG)

3.2 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO ADOLESCENTE

Destaca-se o PROEJA- Programa de Integração da Educação Profissional com

a Educação Básica, na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Este

programa tem como pressupostos teóricos e práticos, algumas alternativas para a

possibilidade de facilitar o acesso à escolarização do adolescente com medida

socioeducativa, através de L.A. Bem como poderia ser um veículo para a inclusão

efetiva e com responsabilidade do aducando em conflito com a lei. Pois este

programa contempla a educação integral, para além da educação regular. Percebe-

se nesta proposta, a qual está ainda em projeto preliminar, que seria possível a

permanência do aluno com L.A, neste programa.

28

Propoêm-se um Programa da Eja reestruturado, com perspectivas de

preparação para o trabalho e possíveis inserções no mercado de trabalho. Porém

esta reestruturação não pode se adequar nos moldes e espaços físicos que se

encontram os CEEBJAs, atualmente, requer investimentos na infra-estrutura

compatível para a funcionalidade desta proposta , formação dos profissionais da

educação e principalmente a vontade de mudanças nas concepções de inclusão

efetiva dos adolescentes em questão. Através da concretização, deste programa

seria um dos pré-requisitos na efetivação da “Rede de Proteção e Apoio”, no setor

da educação.

Para definir o PROEJA, podemos citar Angela Maria Corso, em sua

Dissertação de Mestrado na UFPR, 2009.

o PROEJA – aparece como um dispositivo governamental de atendimento à demanda de jovens e adultos pela oferta de Educação Profissional técnica de nível médio. Configura-se como uma possibilidade de integração entre educação básica e profissional e indica uma retomada das discussões acerca da formação unitária. Ele foi instituído pelo Decreto n.5840, de 13 de julho de 2006, e constitui-se em uma ampliação do Decreto 5.478 de 24 de junho de 2005, que cria o PROEJA. O PROEJA tem anunciado como proposição para efetivação desta proposta de integração o “trabalho como princípio educativo”. Essa ênfase no trabalho como base para formação desses sujeitos está presente nos textos oficiais do PROEJA. (CORSO, 2009, p. 01).

Angela Corso continuando ainda cita alguns autores clássicos como:

Manacorda (1990), explica que, para Gramsci é o entrelaçamento entre ciência e trabalho na indústria moderna que cria a necessidade de uma escola que seja também de cultura como o era da escola clássica, mas de uma cultura nova e diferente, ligada à vida produtiva É essa a ênfase dada à cultura por Gramsci, ao pensar na escola unitária, ou seja, uma escola de cultura e de trabalho que se articulem ao mesmo tempo. Assim, podemos dizer que em Gramsci a cultura não substitui o “trabalho” como fundamento primeiro da constituição da humanidade, da ciência e tecnologia, mas visualiza a ciência, a tecnologia e o trabalho, também, como elementos culturais. (MANACORDA, 1990, apud CORSO, 2009, p. 20, 21).

Conforme relato da autora CORSO (2009), o PROEJA, está sendo

implantado, porém existem muitas controvérsias sobre o assunto, podemos concluir

que novamente está sendo criado um programa apenas no discurso político. A infra-

estrutura para a implantação deste projeto não pode ser a mesma onde estão

funcionando nas escolas, requer um investimento em estruturas próprias, isto é um

formato específico para a sua funcionalidade, bem como a formação continuada dos

29

professores terá que superar a questão da exclusão de alunos, principalmente a

esta população que encontra-se em situação de risco.

3.3 PROFESSOR TUTOR ITINERANTE

Tomando as dificuldades acima apontadas acerca da implementação do

PROEJA, entendemos que a sugestão para a adoção do modelo de professor tutor

itinerante, poderia ser um dos caminhos para a mediação na integração da rede de

proteção e apoio. Este professor tutor deveria pertencer à rede pública do quadro

próprio do magistério, com especialização em educação especial, com enfoque em

dificuldades de aprendizagem e sua função seria intermediar os setores

interinstitucionais, como por exemplo, à SECJ/PR (Secretaria da Estado da Criança

e da Junventude), Secretaria da Saúde Secretaria da Ação Social, Secretaria do

Trabalho, CAPSi (Centro de Atendimento Psicossocial - Infantojuvenil), e/ou ONGs

(Organizações não Governamentais), existentes e disponíveis, no município de

S.J.P, bem como proporcionar suporte pedagógico aos professores, equipe

pedagógica e aos gestores, objetivando a inclusão efetiva e com responsabilidade,

dos adolescentes em medida socioeducativa, através de liberdade assistida,

matriculados no CEEBJA de São José dos Pinhais.

A constatação da autora CORSO, 2009 vem ao encontro do levantamento de

dados por nós realizado no CEEBJA, no Município de São José dos Pinhais/Pr, já

referido anteriormente. Pois relata a autora que na gestão das redes há uma maior

integração entre a Justiça e a Assistência Social, no que diz respeito à proteção de

crianças e adolescentes, enquanto a Saúde e a Educação parecem atuar à margem

do que as políticas públicas têm determinado...Entendemos que essas situações

ilustram a desarticulação das Redes e a importância de escolhas que possam além

de capacitar os profissionais, mobilizar todos os setores para atuarem em sintonia

efetiva na proteção de crianças e adolescentes em situação de risco. Além do que

não existem referências bibliográficas, no setor da educação para subsidiar

pressupostos teórico/metodológico para organização do aperfeiçoamento

profissional de professores que atuam com adolescentes em medida socioeducativa,

através de liberdade assistida.

30

4. RESULTADO E REFLEXÕES ACERCA DA PESQUISA DE CAMPO

REALIZADA NA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NO CEEBJA DE SÃO JOSÉ DOS

PINHAIS.

4.1 CARACTERÍSTICA DA REALIDADE DO CEEBJA DE SÃO JOSÉ DOS

PINHAIS, CONFORME COLETA DE DADOS NA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Contextualizando a escola em questão, percebe-se o espaço físico precário,

trata-se de um prédio alugado com escadarias desproporcionais, não existe espaço

para lazer, jogos, atividades esportivas, a biblioteca é precária, no mesmo espaço na

parte de baixo do prédio funciona um comércio de venda de peças de carro, a sala

da direção e setor administrativo encontra-se na casa ao lado do prédio totalmente

isolado da escola, são chocantes as condições em que se encontra instalado o

CEEBJA São José dos Pinhais.

Como podemos exigir dos professores qualidade de ensino e aprendizagem,

se ao menos não se tem as mínimas condições de infra-estrutura para

funcionamento?

Conforme a pesquisa realizada, a maioria dos professores, respondeu que a

proposta da Educação de Jovens e Adultos, deve ser reestruturada e flexível, para

os jovens em conflito com a lei, não podemos esquecer que estes jovens na muitas

vezes encontram-se em situação de risco, ou seja, dependência química.

Podemos citar Maria Lucrecia Scherer Zavaschi (2009), quando se refere às

crianças e adolescentes vulneráveis.

O próprio encaminhamento oriundo de serviços básicos de saúde reflete a realidade do quanto contamos com profissionais despreparados também na área da saúde, suscitando a necessidade de que sejam realizados: cursos de treinamento para pais, agentes e líderes comunitários, inclusive professores; palestras; consultorias, que se organizam com o objetivo de motivar e capacitar esses profissionais a lançar um olhar interessado às manifestações emocionais contidas, inúmeras vezes, nas queixas físicas... comprovamos, assim, o quanto os “transtornos mentais” são subdiagnosticados e, conseqüentemente, tratados de forma inadequada e ineficiente, acabando negligenciados pelas próprias políticas públicas. É frustrante o trabalho que estamos tentando realizar na área da saúde mental, mas paradoxalmente esperançoso, pois sabemos que há recursos e que, com investimento de atenção em estágios iniciais dos problemas, é perfeitamente possível obter resultados eficientes. ( ZAVASCHI, 2009).

31

Analisando o pensamento destes jovens em situação de risco, vamos

imaginar que estão desestruturados psicologicamente, suas estruturas cognitivas

estão desconectadas, vamos dizer assim perdidos no espaço e tempo de suas

funções de pensamento lógico. A pergunta seria como estes educandos poderiam

abstrair algum aproveitamento escolar, se o sistema do CEEBJA, é um processo

acelerado, reduzido e complexo para as capacidades lógicas de pensamento em

que os mesmos se encontram?

E ainda podemos continuar: os encaminhamentos são efetuados pelo sistema

judiciário, a ação social efetua a visita inicial, no entanto não existe uma supervisão

e monitoramento intensivo destes adolescentes, durante a escolaridade; a escola e

outros setores da rede de proteção e apoio não se comunicam, na verdade deveria

existir estudo de caso de cada educando e regularmente os professores, seriam

informados das condições em que estes se encontram.

Outro fator bastante pertinente seriam os encaminhamentos para o CAPSi

(Centro de Atendimento Psicossocial), quando necessário como: terapeutas,

psiquiatras, psicopedagogos, são essenciais para a inclusão efetiva destes

educandos durante todo o processo educacional.

Percebe-se que a rede de proteção e apoio está desconectada, o

interessante seria que este circuito interagisse efetivamente, para discutir no

coletivo, as possíveis soluções para cada educando, enfim dever-se-ia incluir

principalmente o professor para esta integração, no entanto, este não é envolvido no

processo de discussão sobre os encaminhamentos feitos a esses educando em

medida socioeducativa de L.A.

4.2 CONSIDERAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS, ACERCA DOS RESULTADOS

DA COLETA DE DADOS

Os dados levantados pela pesquisadora no presente coleta de dados

permitiram perceber que não existe uma supervisão e acompanhamento rigoroso

dos educandos de L.A., por parte dos órgãos governamentais envolvidos no

processo, no contexto investigado. Há todo um empenho do Ministério Público, para

divulgar as leis e concepções que regem as questões do adolescente em conflito

com a lei, mas estas não chegam à escola, visto que os professores e demais

32

profissionais envolvidos que participaram da coleta de dados manifestaram que se

encontram desinformados sobre o assunto. Em conseqüência deste despreparo,

existe uma frustração do professor e dos demais profissionais envolvidos em relação

às atitudes e encaminhamentos metodológicos para a permanência deste educando

na escola. Percebe-se também a impotência da equipe pedagógica e da equipe

gestora, mediante tantos problemas encontrados para a inclusão com

responsabilidade dos educandos em conflito com a lei em medida de L.A., conforme

relatado nesta pesquisa.

Constatou-se que o espaço físico é uma questão bastante preocupante, face

às suas limitações já relatadas, para o processo de aprendizagem dos educandos,

principalmente em se tratando de atendimento à L.A.

Em conversas individuais com os professores e demais profissionais

envolvidos no levantamento de dados desta pesquisa, a maioria deles, relatou a

necessidade de um programa específico para estes educandos, afirmaram ainda

que a EJA foi criada para os adultos trabalhadores e donas de casa, que estão

preocupados em aprender para conseguir uma colocação no mercado de trabalho.

No entanto os adolescentes estão em outra etapa de desenvolvimento, muitos com

problemas de dependência química e consequentemente ocorre o desinteresse

pelos estudos. Os referidos profissionais informaram que discutem bastante e

debatem a questão do programa EJA, e ressaltam ainda que este seja um

aprendizado acelerado, sendo que muitos destes adolescentes não conseguem

acompanhar. E, muitas vezes interferindo no processo de ensino aprendizagem dos

outros colegas adultos, ou desistindo de estudar, voltando para as ruas e

consequentemente cometendo outros atos infracionais.

Pela coleta de dados efetuada com o CRAS, constatou-se que existe uma

evasão escolar significativa, e, com relação aos acompanhamentos, como de

psicólogos, psiquiatras, programas da SECJ, dever-se-ia constar mapeamentos dos

educandos com L.A.

O relato de um professor bastante experiente, e pelo que se constatou

demonstrou interesse pela questão da inclusão destes alunos, foi significativo para

concluir esta tarefa: ele diz: “nós não sabemos se o educando é L.A ou não, dizem

que deve ser sigiloso, para não estigmatizar, mas um educando me contou que era

L.A, e se mostrava muito interessado, não incomodava nem se percebia que era

33

L.A, terminou o curso, se formou até, mas no ano seguinte foi assassinado pelos

traficantes”.

Confirmando as constatações desta pesquisa, ressalta-se o despreparo da

escola, enfim dos profissionais que possivelmente seriam responsáveis pelos

encaminhamentos efetuados, principalmente, questiona-se diante dos dados

apresentados a funcionalidade e efetividade da “Rede de Proteção de Apoio”, citada

nesta pesquisa. Pode-se deduzir que se tivesse ocorrido um efetivo

acompanhamento desta Rede ao referido adolescente em medida sócioeducativa,

de L.A., poder-se-iá evitar este homicídio, e consequentemente conquistar o resgate

social deste aluno.

Tais ocorrências violentas em nossa sociedade, estão se tornando práticas

constantes com tantos outros jovens que morrem neste país.

Com relação ao levantamento de dados com os professores e demais

profissionais já mencionados, os mesmos foram receptivos, solidários, receberam a

pesquisadora com muita cordialidade, percebeu-se experiência de vida e de

profissão bastante significativa, foram afetivos, compreensivos e bastante

interessados pelo tema em questão e também questionadores nas discussões.

A efetivação de Políticas Públicas, que possam garantir a inclusão com

responsabilidade dos educandos em questão, está muito longe do ideal. Parece

estar muito solta, desconectada, sem supervisão dos resultados. Parece que este

“filho está órfão” (educandos com L.A).

As parcerias devem ser efetivadas, e antes de incluir o educando deve-se

garantir a escola acolhedora, o acompanhamento e funcionamento efetivo da “Rede

de Proteção e Apoio”, e que cada órgão assuma realmente as suas funções.

Constatou-se durante a pesquisa com os profissionais citados, que a proposta

da Educação de Jovens e Adultos deve ser reavaliada com relação ao currículo,

bem como os espaços físicos adequados para acolhimento dos adolescentes em

conflito com a lei, não podemos esquecer que estes jovens na maioria encontram-se

na situação de risco, ou seja, dependência química.

Outro fator bastante pertinente seriam as triagens; avaliações e os

encaminhamentos para os (CAPSi) Centro de Atendimento Psicossocial Infanto

Juvenil, quando necessário, como: psicoterapia, psiquiatria, psicopedagogia, estes

34

apoios são essenciais para a inclusão efetiva destes educandos durante todo o

processo educacional.

Ressaltando ainda, no município de São José dos Pinhais, não existe CAPSi,

para atendimento à criança e adolescente, apenas CAPS para atendimento aos

adultos e há uma demanda considerável, principalmente do adolescente em

questão.

O Núcleo Regional de Educação (por exemplo em 2009), foi convidado a

participar de reuniões e esta pesquisadora, na época, como membro desta equipe

compareceu, para discutir a necessidade para implementação do CAPSi no

atendimento à criança e o adolescente no município de SJP, aconteceram várias

reuniões com a Secretaria de Estado da Educação do PR, Superintendência de

Desenvolvimento Educacional (SEED/SUDE) e SECJ, discutiu-se a necessidade e

urgência da construção do complexo, que em (2009), estava em projeto tramitando

para aprovação na SUDE.

Como já foi analisado no presente texto anteriormente a “Rede de Proteção e

Apoio” está desconectada, o interessante seria que este circuito interagisse

efetivamente, para discutir no coletivo, as possíveis soluções para cada educando,

através de estudos de caso, mas não se devem esquecer de incluir principalmente

os professores nestas discussões. Pois pesa sobre a escola o papel de educar este

adolescente com L.A., entretanto sem ter acesso aos dados acervados sobre o

mesmo, por outros profissionais, o processo torna-se inviável para a garantia da

inclusão, deste na escola.

Os investimentos na infra-estrutura, recursos didáticos, quadro de

profissionais, nas áreas da educação (como por exemplo um professor itinerante

com preparo técnico-pedagógico, para compor esta rede de proteção e apoio); na

área da saúde; serviço social; estrutura curricular específica para este tipo de

escolaridade e preparação para o trabalho, se fazem necessários para a inclusão

efetiva e com responsabilidade dos adolescentes com L.A.

Estamos passando por momentos conflituosos em nossas escolas, mas não

podemos deixar de acreditar na superação destes conflitos.

A proposta de aperfeiçoamento de professores e demais profissionais

envolvidos através da formação continuada, bem como as informações sobre a

35

funcionalidade da “Rede de Proteção e Apoio” seriam possibilidades para possíveis

intervenções pedagógicas na escola a serem realizadas por este projeto.

Entrevista realizada em Dezembro de 2010. PDE/2010

Pesquisadora: Mara do Rocio P. Schmidt.

Obs: Encontra-se em anexo a Pesquisa de Campo. (ANEXO I)

5. ASPECTOS METODOLÓGICOS A SEREM DESENVOLVIDOS PELOS

PROFISSIONAIS DO CEEBJA.

Este projeto de implementação, tem como referencial o resultado da coleta de

dados realizada com os professores do CEEBJA do Município de São José dos

Pinhais, com o intuito de subsidiar os pressupostos teórico-metodológicos e

proporcionar as informações sobre a funcionalidade da “Rede de Proteção e Apoio”,

para aprofundamento de algumas reflexões possíveis durante a implementação do

projeto de investigação pedagógica, a ser realizada por esta autora no

desenvolvimento do Programa PDE-SEED/PR no segundo semestre de 2011.

A metodologia utilizada será através da formação continuada envolvendo,

professores, equipe pedagógica e gestores do referido CEEBEJA. E também como

suporte pedagógico e ponto de referencia dois Cadernos da coletânea do Instituto

de Ação Social do Paraná (IASP), 2006, Curitiba – PR, a saber: Caderno

“Compreendendo o Adolescente”, e o Caderno “Práticas de Socioeducativas. Nos

referidos cadernos constam conteúdos teórico -metodológicos que estabelecem um

padrão referencial de ação educacional a ser alcançado em toda a rede

socioeducativa do Estado do PR.

As temáticas serão desenvolvidas nas horas atividades dos professores,

organizado conforme horário da escola.

Estes cadernos fazem parte de uma coletânea do IASP, vinculada à

Secretaria de Estado do Emprego Trabalho e Promoção Social-SETP-, realizou um

diagnóstico sobre a situação do atendimento ao adolescente que cumpre medida

socioeducativa, identificando, dentre os maiores problemas, défict de vagas;

permanência de adolescentes em delegacias públicas, rede física para internação

inadequada e centralizada com super-lotação constante; maioria dos trabalhadores

36

com vínculo temporário; desalinhamento metodológico entre as unidades de

privação de liberdade (CENSEs); ação educativa limitada com programação restrita

e pouco diversificada e resultados precários. Com base nesta leitura diagnóstica, foi

traçado um plano de ação, que estabeleceu o desafio de consolidar o sistema

socioeducativo, estruturando, descentralizando e qualificando o trabalho de restrição

e privação de liberdade e apoiando e fortalecendo as medidas em meio aberto.

Os conteúdos presentes nos Cadernos do IASP, que refletem o aprendizado

acumulado da instituição pretendem expressar a base comum orientadora para a

ação pedagógica e socioeducativa a ser desenvolvida junto aos adolescentes

atendidos nos Centros de Socioeducação.

Este esforço de produção teórico-prática foi realizado com a intenção de

alinhar conceitos para estabelecer um padrão referencial de ação educacional a ser

alcançado em toda a rede socioeducativa de restrição e privação de liberdade e que

pudesse, também, aproximar, do ponto de vista metodológico, os programas

em meio aberto, criando, assim, a organização necessária a um sistema

socioeducativo do Estado.

6. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO:

1- Apresentar e socializar o conteúdo base, contido no presente texto, através

de grupos de estudos constituídos por professores, equipe pedagógica e

gestores do CEEBEJA do Município de São José dos Pinhais;

2- Aprofundar algumas reflexões possíveis vindouras, do resultado da coleta de

dados realizada durante a realização do projeto de intervenção pedagógica

no referido CEEBJA ;

3- Leitura dinâmica dos cadernos do IASP (2006 ), conforme citados no presente

texto.

37

7 RECURSOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

- Apresentação do Projeto de Implementação Pedagógica, através de data-show;

- Exposições orais pela propositora da intervenção, com apoio em quadro-de-giz;

- Estudo e discussões de textos indicados pela propositora da implementação.

8. PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO

-Relatórios mensais das atividades propostas e reflexões de análise das discussões

realizadas na formação continuada pelos profissionais do CEEBJA;

--Registro através de fotos dos momentos mais significativos da formação

continuada;

-Ficha de avaliação, contendo tópicos e perguntas objetivas, com o intuito de avaliar,

as propostas constantes na implementação do projeto de investigação pedagógica

pelos profissionais da educação do CEEBJA.

38

REFERENCIAS

ARROYO, Miguel G, Os educadores, seus direitos e o currículo. In: MOREIRA, Antonio Flávio e ARROYO, Miguel. Indagações sobre currículo. Brasília: Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, Nov. 2006, p.49-81. ARROYO, Miguel G. Ciclos de desenvolvimento humano e formação de educadores. In: Educação e Sociedade, Campina: Cedes, n.68,dez,1999, p.143-162. ARROYO, Miguel G. Imagens quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. Petrópolis: Vozes, 2004. BRITO, Leila Maria Torraca. Psicologia Jurídica: Teoria e Pesquisa. RJ,

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Abr-Jun, Vol. 23 n. 2, p. 133-138, 2007.

CECOM, C. (2000). Construindo o Futuro: Ação e Articulação pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Porto Alegre: Artmed Editora. CORSO Ângela Maria. As representações do trabalho junto a professores que atuam no PROEJA: da representação moral do trabalho ao trabalho como auto-realização. Curitiba, Universidade Federal do Paraná, Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, 2009. COSTA, Antonio Carlos Gomes. Aventura pedagógica: Caminhos e Descaminhos de uma Ação Educacativa. Belo Horizonte, Modus Faciendi, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários a pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra.1997. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra,1987. IASP, Instituto de Ação Social do Paraná. Práticas de Socioeducação, Curitiba, 2007. IASP, Instituto de Ação Social do Paraná. Compreendendo o Adolescente, Curitiba, 2007. MIRANDA, Sônia Guariza. Criança e adolescente em situação de rua - políticas e práticas sociopedagógicas do poder público em Curitiba. Curitiba, UFPR, 2005 Tese de Doutorado. NAPOLI, C. (2003). Liberdade assistida: a construção de um novo espaço. Em

F. O. Barros (Org.), Tô fora: o adolescente fora da lei (pp. 25-40). Belo Horizonte:

Del Rey.vv.

39

RESENDE, Cibele Cristina de Freitas. Aspectos legais da Internação psiquiátrica de crianças e adolescentes portadores de transtornos mentais. Revista Igualdade Temática Drogadição, 08/04/2010. http://www2.mp.pr.gov.br/cpca/telas/Ca_igualdade_37_7.php. SCHEIBEL, Maria Fani. Lehenbauer, Silvana. Saberes e singularidades na Educação de Jovens e Adultos. Ed. Mediação, Proto Alegre, 2010. SCIVOLETTO, Sandra. Tratamento Psiquiátrico de Adolescentes Usuários de drogas, In Dependência Química- São Paulo, Rocco, 2001. SILVÉRIO, Valter Roberto. A diferença como realização da liberdade. In ABRAMOWICZ, Anete, BARBOSA, Maria de Assunção e SILVÉRIO, Valter Roberto (orgs). Educação como prática da diferença. Campinas: Armazém do Ipê, 2006,p.5-19. UNESCO, RELATÓRIO DA Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Jaques Dolors,1994. ZAPELINI, Cristiane Antunes Espindola. Rede de Proteção: gestão do cuidado na

atenção infantojuvenil. Florianópolis NUNVIC-CED-UFSC-2010. Cap. 3.

ZAVASCHI, Maria Lucrécia Scherer e colaboradores. Crianças e adolescentes vulneráveis. O atendimento interdisciplinar nos centros de atenção psicossocial, Porto Alegre, Artmed, 2009. REFERÊNCIAS-LEGISLAÇÃO BRASIL. Lei Federal n.º 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. BRASIL, MEC, Ministério da Educação e Cultura: Equipe de Educação Especial: Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos/Conselho Nacional dos Direitos da criança e do adolescente (COMANDA). Documento: Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), Brasília, 2006. ONU. Declaração Mundial sobre educação para todos. Plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. WCEFA,1990. PARANÁ. Instituto de Ação Social do Paraná (IASP) Cadernos, Ed. Impressora Oficial do PR, Curitiba, 2007

40

PARANÁ. DELIBERAÇÃO 06/2005, 11/11/05. Estabelece normas para a Educação de Jovens e Adultos no Ensino Fundamental e Médio do Sistema de Ensino do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial,2005.

PARANÁ. PARECER Nº 626/08. Conselho Estadual de Educação do Paraná. Curitiba 2000. Disponível em: h://wttp://www.diaadia.pr.gov.br/file/Legislação/Parecer 626 08 CEE.pdf. PARANÁ, Secretaria de Estado da Infância e da Juventude. Disponível em:http:www://secj.com.br. PARANÁ, Lei Estadual n.º 9.579 de 22 de março de 1991: Regulamenta o parágrafo único do art. 216 da Constituição Estadual, que dispõe sobre a criação, organização e competência do Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente. PARANÁ, Lei Estadual n.º 10.014 de 29 de junho de 1992 – Dá nova redação à Lei 9.579 de 22/03/91 que trata da criação do Conselho Estadual de Defesa da Criança e Adolescente e cria o Fundo Estadual para a Infância e Adolescência PARANÁ . CONSELHOS ESTADUAIS - Coordenadoria Estadual Antidrogas E-mails:. Conselho Estadual Antidrogas do Paraná Vinculado à Secretaria de Estado da Justiça e da [email protected] http:www.antidrogas.pr.gov.br/ [email protected]. SILVA, Givanildo da. Curiosidade leva ao mundo das drogas. Redação O Estado do Paraná .,.www.paraná-online.com.br.

41