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PARANÁ GOVERNO DO

ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

“JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA:

COMPREENDENDO O VALOR EDUCATIVO,

IMPORTÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES PARA A

APRENDIZAGEM ESCOLAR – UMA PROPOSTA

METODOLÓGICA PARA O PROFESSOR”

Fonte:http://www.diadiaeducacao.pr.gov.br. BRUEGEL, Pieter. Jogos infantis. 1560.

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MARY STELLA KOVALHUK COTRIM DA SILVA

UNIDADE DIDÁTICA

“JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA: COMPREENDENDO O VALOR EDUCATIVO, IMPORTÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES PARA A

APRENDIZAGEM ESCOLAR – UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O PROFESSOR”

Produção de Material Didático Pedagógico apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Orientador: Profº Ms Carlos

Eduardo da Costa Schneider

CURITIBA – PR AGOSTO/ 2011

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INTRODUÇÃO

A disciplina de Educação Física enquanto componente curricular obrigatório da

Educação Básica, deve utilizar as diversas atividades físicas com a finalidade de

oportunizar o aluno o conhecimento, a sistematização, a reflexão crítica e a

ressignificação da Cultura Corporal, sendo esse o objeto de estudo da Educação Física.

Os Conteúdos Estruturantes propostos nas Diretrizes Curriculares da Educação

Básica do Estado do Paraná (2008) são os seguintes: o esporte, a ginástica, os jogos e

brincadeiras, as lutas e a dança. Esses conteúdos estruturantes da educação física para a

educação básica de acordo com as Diretrizes Curriculares devem ser abordados em

complexidade crescente, porque em cada um dos níveis de ensino os alunos trazem

consigo múltiplas experiências relativas ao conhecimento sistematizado, que devem ser

consideradas no processo de ensino e aprendizagem.

É partindo dessa posição que as Diretrizes apontam a

Cultura Corporal como objeto de estudo e ensino da

Educação Física, evidenciando a relação estreita entre a

formação histórica do ser humano por meio do trabalho e as

práticas corporais decorrentes. A ação pedagógica da

Educação Física deve estimular a reflexão sobre o acervo

de formas e representações do mundo que o ser humano

tem produzido, exteriorizadas pela expressão corporal em

jogos e brincadeiras, danças, lutas, ginásticas e esportes.

Essas expressões podem ser identificadas como formas de

representação simbólica de realidades vividas pelo homem

(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 34).

De acordo com as Diretrizes Curriculares (2008, p.53), compreender a Educação

Física sob um contexto mais amplo significa entender que ela é composta por interações

que se estabelecem nas relações sociais, políticas, econômicas e culturais dos povos.

É interessante reconhecer as formas particulares jogos e as

brincadeiras tomam em distintos contextos históricos, de

modo que cabe à escola valorizar pedagogicamente as

culturas locais e regionais que identificam determinada

sociedade. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2008, p. 65).

A presente unidade didática fundamenta-se nas Diretrizes Curriculares de

Educação Física para a Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação do

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Paraná (2008) e, trata a respeito do conteúdo estruturante Jogos e Brincadeiras, embora

pensados de maneira complementar, cada um apresenta suas especificidades e

contribuem para uma reflexão sobre a possibilidade de compor um conjunto de atividades

que ampliam a percepção e a interpretação da realidade, além de intensificarem a

curiosidade, o interesse e a intervenção dos alunos envolvidos nas diferentes atividades.

Essa unidade didática tem como objetivo proporcionar aos professores da

disciplina de educação física um aprofundamento teórico-metodológico, crítico e reflexivo

partindo do pressuposto que os Jogos e Brincadeiras devem ser valorizados no contexto

educacional. Possibilitando o professor estreitar as relações com a teoria e a prática

pedagógica, inovando, experimentando diferentes estratégias, metodologias de ensino,

conteúdos, onde a função da Educação Física se efetive e siga contribuindo para a

formação integral das crianças e jovens e para a apropriação crítica da cultura corporal do

movimento, permitindo ao professor problematizar sua prática pedagógica, analisando,

refletindo e criando novas possibilidades de atuação, percebendo que, o estudo e a

incorporação dessas práticas promovam um melhor direcionamento do seu trabalho

pedagógico.

“Há que reinventar constantemente a educação, o ensino, a

aprendizagem, a escola, os alunos e os professores. Há

que recriar o desporto, fabricando novas idéias, palavras e

encorajando os homens a servir-se delas. Como tentativa

de descoberta renovada do sentido da vida e da

modalidade do nosso comprometimento com ele” (BENTO,

1999,p.06).

Diante desse contexto é indispensável que os profissionais da área de Educação

Física revejam suas práticas pedagógicas no sentido da utilização dos Jogos e

Brincadeiras como importantes ferramentas pedagógicas que contribuem

significativamente na formação e no desenvolvimento integral do ser humano, tanto na

parte motora, cognitiva, biológica, social e afetiva sendo que, esses recursos atuem como

facilitadores na construção do conhecimento e na aprendizagem escolar.

No contexto educacional, o aluno realiza as atividades lúdicas com espontaneidade

buscando a alegria, a satisfação e o prazer. Partindo desse princípio, entende-se que a

função social do profissional de Educação Física é não esquecer as riquezas das

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(Ilustração: Designer Gráfico Willamy Barros da Silva)

manifestações da nossa cultura, compartilhando os aspectos culturais trazidos e

vivenciados pelos alunos, conhecer suas necessidades e interesses, orientando os

educandos para o despertar lúdico por meio da utilização dos Jogos e Brincadeiras

durante as aulas de educação física, aproximando as diversas situações lúdicas dos

conteúdos específicos a cada período educativo, buscando dessa maneira o obtenção

dos resultados e objetivos pretendidos.

Pela importância que a ludicidade apresenta na vida escolar dos alunos e no

contexto educacional, esta unidade temática foi direcionada no sentido de mostrar o

importante papel que os Jogos e Brincadeiras representam no desenvolvimento e na

formação integral do ser humano, visa também contribuir por meio de encaminhamentos

teóricos e metodológicos na constante busca da melhoria da qualidade de ensino das

escolas estaduais do estado do Paraná.

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Jogos e Brincadeiras – Um Breve Histórico

Sem dúvida, o jogo é a mais antiga forma de expressão do ser humano. Pode-se

dizer que a atividade lúdica é tão antiga quanto a própria humanidade. É praticada desde

a infância até a fase adulta.

Sua existência vem desde a pré-história marcada em seus registros pelas mais

diversas formas de jogar em todas as partes do mundo. Muitos jogos e brincadeiras

passam de geração em geração sofrendo algumas alterações, mas com significados

marcantes para quem pratica.

Os jogos existem desde a pré-história e seus registros

indicam as mais variadas formas de jogar, nas diversas

partes do mundo. Como forma de manifestação da cultura

de povos da Ásia, na América pré-colombiana, na África, na

Austrália e entre os indígenas das ilhas mais longínquas do

Oceano Pacífico, foram encontrados jogos de expressão

utilitária, recreativa e religiosa (RAMOS, 1982, p.56).

Desde o surgimento do homem, já existiam registros de jogos os quais foram

encontrados nas paredes das cavernas retratando em caráter lúdico as atividades de luta

pela sobrevivência, caça e pesca. Muitos dos jogos praticados antigamente formaram um

elenco de modalidades que vieram a dar origem aos Jogos Olímpicos da Grécia antiga e

até os dias de hoje são muito praticados.

Segundo Huizinga (1996), desde as mais remotas civilizações, o jogo era utilizado

em celebrações com os diversos fins.

O jogo é uma atividade totalmente livre e espontânea, deve ser realizado ser

caráter obrigatório, está intimamente diretamente ligado à espécie humana, que sempre

jogou e continua fazendo parte de todas as culturas existentes. O jogo está presente em

todas as civilizações, fazendo parte da cultura de um povo. É um vínculo de transmissão

de conhecimentos, história, costumes, permite o surgimento de novas formas de jogar,

possibilitando a liberdade de criação, expressão, libertação o que implica em significados

importantes na cultura de um povo. As regras existentes nos jogos podem ser discutidas,

reelaboradas e combinadas pelos participantes de acordo com o real interesse do grupo.

A origem dos jogos não pode ser desvinculada da cultura de

um povo ou dos fatores que propiciaram seu aparecimento

(BRUHNS, 1993, p. 62).

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Para o autor, Huizinga, (1996), em seu livro Homo ludens argumenta que o jogo é

uma categoria absolutamente primária, tão essencial quanto o raciocínio (Homo sapiens),

então a denominação Homo lumens, quer dizer que o elemento lúdico está na base do

surgimento e desenvolvimento da civilização.

É importante lembrar que o brinquedo faz parte desse universo, como um objeto

que pode servir de suporte para os jogos e brincadeiras.

O primeiro brinquedo utilizado pela criança é o seu próprio

corpo, que começa a ser explorado nos primeiros meses de

vida, passando, em seguida, a explorar objetos do meio que

produzem estimulações visuais, ou cinestésicas. A partir daí

o brinquedo estará para sempre na vida da criança, do

adolescente e mesmo do adulto (ALMEIDA, 1987, p. 26).

Complementando a respeito do brinquedo (ALMEIDA, 1987, p. 26) Salienta a

importância do brinquedo, pois este “faz parte da vida da criança. Ele simboliza a relação

LÚDICO

BRINCADEIRAS

JOGOS

LAZER

BRINQUEDOS PRAZER

FANTASIA

IMAGINAÇÃO

CRIATIVIDADE

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pensamento-ação e, sob esse ponto, constitui provavelmente a matriz de toda a atividade

lingüística, ao tornar possível o uso da fala, do pensamento e da imaginação”.

De acordo com as Diretrizes Curriculares (2008, p. 47): É preciso reconhecer que a

dimensão corporal é resultado de experiências objetivas, fruto da nossa interação social

nos diferentes contextos em que se efetiva, seja, eles a família, a escola, o trabalho e o

lazer.

Segundo Freire (2002, p. 119) Quem vai ao jogo leva, para jogar, as coisas que já

possui, que pertencem ao seu campo de conhecimento, que foram aprendidas em

procedimentos de adaptação, de suprimento de necessidades objetivas.

Portanto, deve-se considerar que o jogo é considerado como um rico elemento

transmissor de cultura, costumes, de comunicação humana. E a escola tem um papel

fundamental de perceber que os alunos trazem uma rica bagagem de vivências que

devem ser aproveitadas de maneira a contribuir para a construção do conhecimento de

todos.

O jogo ajuda a não esquecer o que foi aprendido [...] faz a

manutenção do que foi aprendido [...] aperfeiçoa o que foi

aprendido [...] vai fazer com que o jogador se prepare para

novos desafios (FREIRE, 2002, p.82-83).

Por intermédio do jogo desenvolve a aprendizagem necessária para o

desenvolvimento e a formação integral do ser humano, estando presente tanto no

contexto escolar como também na própria vida.

Jogos e Brincadeiras, enquanto Conteúdo Estruturante conforme as

Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná

De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais do Estado do Paraná (2008),

os Jogos e Brincadeiras são pensados de maneira complementar, mesmo cada um

apresente suas especificidades. Enquanto Conteúdo Estruturante, ambos compõem um

conjunto de possibilidades que ampliam a percepção e a interpretação da realidade.

Segundo com o Livro Didático Público do Paraná (2ª ed. 2006) descreve a

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importância dos Jogos e Brincadeiras enquanto Conteúdo Estruturante da disciplina de

Educação Física, está na representação das raízes históricas e culturais dos diversos

povos, bem como as transformações ocorridas ao longo do tempo que possam ter

causado modificações no modo como se joga determinado jogo em várias partes do

mundo.

Dessa maneira, como Conteúdo Estruturante da disciplina

de Educação Física, os jogos e brincadeiras compõem um

conjunto de possibilidades que ampliam a percepção e a

interpretação da realidade, além de intensificarem a

curiosidade, o interesse e a intervenção dos alunos

envolvidos nas diferentes atividades. (DIRETRIZES

CURRICULARES, 2008, p. 67).

É importante considerar que o jogo em todo seu processo de criação, recriação

reinvenção, sofreu influências políticas, econômicas e sociais, configurando em nova

compreensão crítica e reflexiva sobre essa temática. Apesar dessas interferências, os

jogos e brincadeiras que ainda são praticados, apresentam na atividade lúdica uma forma

de expressar a espontaneidade, liberdade e a criatividade.

Exercitando no Jogo e no Esporte a reflexão criativa, a

comunicação sincera, a tomada de decisão por consenso e

a abertura para experimentar o novo, todos podem descobrir

que são capazes de intervir positivamente na construção,

transformação e emancipação de si mesmos, do grupo e da

comunidade onde convivem. (BROTTO, 2001, p. 63)

Conforme as Diretrizes Curriculares (2008, p.35), além do seu aspecto lúdico, o

jogo pode servir de conteúdo para que o professor debata as possibilidades de

flexibilização das regras e da organização coletiva. Essas ações permitirão que juntos,

professores(as) e alunos(as) discutam e elaborem os objetivos e regras das atividades,

dentro de um processo criativo e de maneira que estas escolhas e decisões sejam

conscientes.

Os Jogos e Brincadeiras enquanto Conteúdo Estruturante tornam-se um recurso

pedagógico enriquecedor e poderoso que contribui para a construção do conhecimento

escolar do aluno, pois se torna uma maneira inconsciente de aprender, de forma

prazerosa e eficaz que o brincar oferece. Por meio dos jogos e brincadeiras os alunos

poderão aprender novos conceitos, vivenciar experiências, adquirir mais informações,

superando obstáculos e as dificuldades facilitando assim, o processo de ensino e

aprendizagem. A ludicidade, apresentada como elemento articulador, oferece uma

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possibilidade de reflexão crítica e vivência das práticas corporais em todos os Conteúdos

Estruturantes.

(Ilustração: Designer Gráfico Willamy Barros da Silva)

Segundo as Diretrizes Curriculares (2008, p. 66), através do brincar (jogar) o aluno

estabelece conexões entre o imaginário e o simbólico.

[...] as brincadeiras são expressões miméticas privilegiadas

na infância, momentos organizados nos quais o mundo, tal

qual as crianças compreendem, é relembrado, contestado,

dramatizado, experienciado. Nelas as crianças podem viver,

com menos riscos, interpretando e atuando de diferentes

formas as situações que lhes envolvem o cotidiano.

Desempenham um papel e logo depois outro, seguindo, mas

também reconfigurando regras. São momentos de

representação e apresentação, de apropriação do mundo.

(VAZ et. AL., 2002, p. 72).

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Por meio do jogo o professor pode estabelecer a conexão com o conteúdo

propriamente estabelecido, além do aspecto lúdico, o jogo serve para que o educador

discuta juntamente com os alunos as possibilidades de flexibilização das regras já

existentes, organizando e criando novas maneiras de se jogar, onde os alunos possam

compartilhar suas idéias, superar suas dificuldades, permitindo comportamentos

espontâneos e improvisados, sendo que as normas e padrões de desempenhos podem

ser criados pelos próprios participantes, deixando espaço para a autonomia, conforme os

interesses dos participantes de forma a ampliar as possibilidades das ações humanas.

Almeja-se organizar e estruturar a ação pedagógica da

Educação Física, de maneira que o jogo seja entendido,

apreendido, refletido e reconstruído como um conhecimento

que constitui um acervo cultural, o qual os alunos devem ter

acesso na escola. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Pensando assim, as Diretrizes Curriculares (2008, p. 65) sugere que: As aulas de

Educação Física podem contemplar variadas estratégias de jogo, sem subordinação de

um sujeito a outros.

Ainda de acordo com as Diretrizes Curriculares (2008, p. 62) os Conteúdos

Estruturantes foram definidos como os conhecimentos de grande amplitude, conceitos ou

práticas que identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina escolar,

considerados fundamentais para compreender seu objeto de estudo/ensino. Constituem-

se historicamente e são legitimados nas relações sociais.

O Valor e o Papel dos Jogos e Brincadeiras na Educação Física Escolar

A palavra jogo aparece como uma simples atividade humana. Assim, essa palavra

está em constante movimento e crescimento, fazendo parte de nossas vivências dos

nossos pensamentos, o jogo em si é sinônimo de conduta humana. A característica

essencial do jogo refere-se ao jogar como uma experiência criativa.

Devemos entender que o movimento que a criança realiza

num jogo, tem repercussões sobre todas as dimensões do

seu comportamento e mais, que esta atividade veicula e faz

a criança introjetar determinados valores e normas de

comportamento. Portanto, aquela idéia de que atuando

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sobre o físico estamos automaticamente e magicamente

atuando sobre outras dimensões, precisa ser superada

para que estas possam ser levadas efetivamente em

consideração na ação pedagógica, através do

estabelecimento de estratégias que objetivem

conscientemente o desenvolvimento num determinado

sentido, destes outros aspectos e dimensões dos

educandos (BRACHT, 1992, p. 66).

É no jogar que o ser humano alcança sua liberdade de criação e sendo criativo,

utiliza fatores de sua formação pessoal contribuindo para a descoberta de seus próprios

interesses e necessidades, favorecendo para a descoberta do “eu”. O jogo revela uma

característica transformadora intrínseca, pois quanto melhor a capacidade do indivíduo

para jogar, maior é sua capacidade de criar novas situações inesperadas, dessa maneira

melhor será as formas de vencer os obstáculos superar os desafios de forma cada vez

mais criativa e espontânea.

Sobre o assunto, explana KISHIMOTO (1997, p.36)

“Ao permitir a ação intencional (afetividade) à construção

de representações mentais (cognição) a manipulação de

objetos e o desempenho de ações sensório-motoras (físico)

e as trocas de (social), o jogo contempla várias formas de

representações da criança ou suas múltiplas inteligências,

contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento

infantil”.

(Ilustração: Designer Gráfico Willamy Barros da Silva)

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O jogo é espontâneo e se expressa pela brincadeira. O brinquedo é o objeto, real

ou imaginário, que antecipa os dados da realidade. Normalmente vistos pelos alunos

como sinônimos de divertimento, de entretenimento, atividade de descarga de energias, o

brinquedo oferece ao ser humano algo, além disso, pois representa uma fonte de

conhecimento, de satisfação e uma fonte de acesso ao imaginário.

Nesse sentido, afirma JACQUIN (1963, p.718).

“O jogo é para a criança a coisa mais importante da vida. O

jogo é nas mãos do educador, um excelente meio de formar

a criança. Por essas duas razões, todo educador – pai ou

mãe, professor, dirigente de movimento educativo – deve

não só fazer jogar como utilizar a força educativa do jogo.

E, para isso, é preciso certa habilidade, senão dificilmente

consentirá algum êxito junto às crianças”.

Os jogos e as brincadeiras são as formas mais adequadas para lidar com a

realidade e para ser compreendida, onde requer do ser humano despertar a imaginação,

a criatividade para vivenciar diversas situações apresentadas. A aproximação gradativa

entre o lúdico e a realidade vivida traz contribuições e progressos na aprendizagem

escolar. A capacidade de brincar está diretamente ligada à capacidade que o ser humano

tem de criar novas situações. A criatividade é natural e necessária para uma melhor

qualidade de vida e deve ser facilitada às crianças para que possam desenvolvê-la e

vivenciá-la. A liberdade que ocorre quando se brinca, é uma forma de expressão criativa.

As situações problemas contidas nos jogos e brincadeiras, desafiam e estimulam o

pensamento criativo.

A Educação Física deve, progressiva e cuidadosamente,

conduzir o aluno a uma reflexão crítica que o leve à

autonomia no usufruto da cultura corporal do movimento.

(BETTI, 1994, p.25).

De acordo com as Diretrizes Curriculares (2008, p. 59), a disciplina de Educação

Física tem, entre outros, o objeto de promover experiências significativas no tempo e no

espaço, de modo que o lazer se torne um dos elementos articuladores do trabalho

pedagógico. Ainda segundo as Diretrizes Curriculares (2008, p. 65), é possível garantir o

papel da Educação Física no processo de escolarização, a qual tem, entre outras, a

finalidade de intervir na reflexão do aluno, realizando uma crítica aos modelos

dominantes. Intervenção esta que requer um exercício crítico por parte do professor

diante das práticas que reforçam tais modelos. Exige, também, a busca de alternativas

que permitam a participação de todos os alunos nas aulas de Educação Física.

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Diante disso, deve-se pensar na Educação Física como uma disciplina que busca

contribuir para uma reflexão crítica e construtiva dos alunos, visando a formação de

cidadãos criativos, críticos, emancipados e participantes da sociedade.

Dessa maneira, portanto, ressalta-se o grande valor educativo dos jogos e

brincadeiras como ricos conteúdos a serem trabalhados nas escolas pelos professores de

educação física, atuando de forma comprometida com a cultura corporal, intelectual,

moral e social dos alunos. Sabendo que esses conteúdos são fundamentais para a

comunicação do ser humano com o mundo.

A Atividade Lúdica como um elemento fundamental para a formação

integral do ser humano

Quando se vivencia aspectos lúdicos os quais afloram por meio dos jogos e

brincadeiras, o ser humano torna-se capaz de estabelecer conexões entre o imaginário e

o real, o verdadeiro e o simbólico, levando-o a refletir sobre papel em relação ao grupo

que pertence.

Diante disso nas Diretrizes Curriculares (2008, p.55) aborda o seguinte:

Assim, o lúdico se apresenta como parte integrante do ser humano e se constitui

nas interações sociais, sejam elas na infância, na idade adulta ou na velhice.

O lúdico não se situa numa determinada dimensão do nosso

ser, mas constitui-se numa síntese integradora. Ele se

materializa no todo, no integral da existência humana. Dessa

forma que não existe uma essência humana divorciada da

existência, também não existe um lúdico descolado das

relações sócias. (ACORDI, FALCÃO e SILVA, 2005, p. 35)

Assim, percebe-se que quando se esforça no agir, concentra-se, avança com

ousadia, descobre que ao realizar com alegria as atividades, conquista uma liberdade de

expressão que ocorre durante o brincar, e essa sem dúvida é uma forma criativa de

expressão.

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(Ilustração: Designer Gráfico Willamy Barros da Silva)

Corroborando a respeito dessa temática CUNHA (2007, p. 37) complementa:

Brincando, a criança exercita suas potencialidades e se

desenvolve. O desafio contido nas situações lúdicas provoca

o pensamento e leva a criança a alcançar níveis de

desempenho que só as ações por motivação intrínseca,

conseguem (CUNHA, 2007, p. 37).

Durante a transição da infância para a fase adulta, percebe-se o quanto os jogos

são importantes e como contribuem possibilitando que essa mudança não se torne

traumática para a formação do ser humano.

Os jogos, eles têm o potencial de ajudar a diminuir a lacuna

que existe entre as atitudes declaradas dos adultos e o seu

comportamento efetivo, entre o que as crianças dizem

querer e o que recebem agora. (...) Portanto, é viável que

introduzir comportamentos e valores por meio de

brincadeiras e jogos, com o tempo poderão afetar a

sociedade como um todo (ORLICK, 1989, p. 121).

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Sem dúvida, o jogo é um recurso pedagógico muito rico para o desenvolvimento

humano e contribui significativamente para a aprendizagem escolar. O jogo está presente

na vida das pessoas, no convívio com o grupo, a emoção do inesperado, pelo

aprendizado do movimento, pois no jogo é permitido errar, é possível criar é possível

brincar. A ludicidade corresponde à necessidade de crescer, significa restaurar, vivificar,

recrear contribuindo na preparação da criança, dos jovens em todos os sentidos,

possibilitando desta forma o desenvolvimento de todas as suas aptidões. As atividades

lúdicas podem influenciar na construção do conhecimento de quem pratica, assim vemos

os jogos e as brincadeiras como fonte de prazer e descoberta. Nessa perspectiva essas

práticas têm muito a contribuir com as atividades durante o processo ensino e

aprendizagem.

A experiência lúdica constitui-se numa referência

significativa que pode contribuir para a construção de

possibilidades emancipatórias justamente pela sua

característica fundamental de resistência à produção de algo

que remete para além de si mesma, ou seja, o lúdico não

satisfaz nada que não ele próprio, é compreendido não

como meio, mas, necessariamente, como um fim (ACORDI,

FALCÃO e SILVA, 2005, p. 35).

Pode-se dizer que os jogos e as brincadeiras trazem em si um espaço para a

aprendizagem, portanto, nesse processo, o ideal é vivenciar para depois compreender,

pois jogando estamos simulando diversas situações. É pela importância ato do brincar

que se conquistam espaços e abrem-se horizontes, percebe-se a influência no

comportamento e no processo de aprendizagem, por meio da constante troca de

experiências em que o conhecimento sempre é reelaborado e enriquecido, valorizando a

riqueza do prazer de usar o corpo em movimento.

Assim sugere as Diretrizes Curriculares (2008, p.55), os aspectos lúdicos

representam uma ação espontânea, de fruição, que interfere sobre a construção da

autonomia, a qual é uma das finalidades da escolarização.

As atividades motoras associadas ao brincar, possibilitam aos alunos desenvolver

suas funções biológicas, cognitivas e sócio afetivas, destacando-se como indivíduos que

estabelecem o convívio social, tomando iniciativas próprias e estimulam a criatividade.

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Identifica-se o lúdico em diferentes esferas da vida social,

considerando-o, fundamentalmente, como o jogo, uma

atividade não séria, mas absorvente para o jogador,

desligada de interesses materiais e praticada de acordo com

regras de ordem (organização), tempo e espaço, e cuja

essência repousa no divertimento. Sendo parte integrante da

vida em geral, possui um caráter desinteressado, gratuito e

provoca evasão do real (HUIZINGA, in: FENSTERSEIFER,

P.E. e G.; Fernando J. 2005, p.270).

Quando a criança brinca compreende o mundo a partir de suas representações,

estando em constante processo de construção de significados. O aluno quando vivencia o

lúdico nas brincadeiras, torna-se capaz de estabelecer relações entre o imaginário e o

real, adquire experiências na elaboração das vivências da realidade na construção do ser,

pois através da brincadeira, da ludicidade o aluno está se comunicando como mundo e

expressando-se de alguma maneira.

(Ilustração: Designer Gráfico Willamy Barros da Silva)

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Por meio do brincar alcançamos significativas formas de aprendizagem, pois a

criança não tem medo de errar e se arrisca mais dentro de um clima de alegria e

descontração, dessa maneira realiza as atividades prazerosamente através das quais

está sendo capaz e predisposta a aprender, contribuindo para a construção de seu

conhecimento favorecendo na busca de um sentido para sua vida. O brincar não tem

regras embora possa ser organizado com o tempo e a experiência. A brincadeira leva a

criança a exercitar suas potencialidades que irão desenvolver-se na vida adulta.

Deve-se destacar que o contato com a variedade de brinquedos, brincadeiras e

jogos estimulam a curiosidade, a criatividade, a ação por meio da representação e da

imaginação do ser humano, auxiliando a superar barreiras proporcionando-lhes novas

descobertas a cada momento, refletindo diretamente no contexto social onde está

inserido.

A grande força educativa do jogo está no fato de que ele é prazeroso. O jogo

proporciona ao ser humano um interesse pelo conhecimento, uma atitude ativa, positiva e

crítica, que lhe permite se integrar de maneira gradual na família, na escola e na vida.

As Diretrizes Curriculares (2008, p.55) sugere que: Os aspectos lúdicos

representam uma ação espontânea, de fruição, que interfere sobre e na construção da

autonomia, a qual é uma das finalidades da escolarização.

As diferentes habilidades psicomotoras podem ser

integradas através dos jogos e brincadeiras; isto estimulará

o processo maturacional e o desenvolvimento global da

criança. Para que as aprendizagens sejam duradouras, deve

haver oportunidade para experiências ativas e diretas, que

envolvam os sentidos e a motricidade, facilitando uma

compreensão mais profunda que subsidiará outras formas

de aprender menos diretas, quando ela já tiver alcançado

maior maturidade (CUNHA, 2007, p.25).

A formação integral do ser humano abrange tanto a saúde emocional como

intelectual, é necessário que o educador busque atingir os objetivos propostos a fim de

contribuir para que os alunos reflitam a respeito da cultura corporal de maneira a

expressar-se conscientemente, reconhecendo os limites de seu corpo levando-os a refletir

criticamente sobre as práticas corporais.

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ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

A presente unidade didática tem como proposta didático-pedagógica, possibilitar

um estudo teórico e reflexivo juntamente com os professores de Educação Física, sobre a

compreensão do valor educativo, da importância e as contribuições que a inserção dos

Jogos e Brincadeiras na prática pedagógica oferece para a formação e desenvolvimento

integral dos alunos, no processo de construção do conhecimento, para a aprendizagem

escolar e quais suas implicações nas práticas corporais, bem como levar os profissionais

da área problematizar sua prática pedagógica, analisando, refletindo e criando novas

possibilidades de atuação, no sentido de estreitar as relações entre a teoria e a prática

permitindo aprimorar o direcionamento do seu trabalho pedagógico, na perspectiva de

enfrentamento dos problemas que envolvem o contexto escolar.

De acordo com as Diretrizes Curriculares (2008, p. 66) “Os trabalhos com os jogos

e a brincadeiras são de relevância para o desenvolvimento do ser humano, pois atuam

como maneiras de representação do real através de situações imaginárias”.

Assim, tanto os jogos quanto as brincadeiras são conteúdos que podem ser

abordados das mais diversas maneiras conforme a realidade regional e cultural do grupo

cabe ao profissional de Educação Física saber articular essas práticas durante as aulas,

perceber e valorizar as manifestações corporais e culturais que fazem parte da vivência

dos alunos.

No processo pedagógico, o senso de investigação e de

pesquisa pode transformar as aula de Educação Física e

ampliar o conjunto de conhecimentos que não se esgotam

nos conteúdos, nas metodologias, nas práticas e nas

reflexões. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2008, p.72).

Nessa perspectiva o Coletivo de Autores afirma que: “Almeja-se organizar e

estruturar a ação pedagógica da Educação Física, de maneira que o jogo seja entendido,

apreendido, refletido e reconstruído como um conhecimento que constitui um acervo

cultural, o qual os alunos devem ter acesso na escola” (Coletivo de Autores, 1992, p. 61).

Ainda de acordo com o Coletivo de Autores:

“A Educação Física é a parte do projeto geral de

escolarização e, como tal, deve estar articulada ao projeto

político pedagógico, pois tem seu objeto de estudo e ensino

próprios, e trata de conhecimentos relevantes na escola”

(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 61)

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Diante deste contexto em que a Educação Física se apresenta formação integral do

ser humano abrange tanto a saúde emocional como intelectual, é necessário que o

educador busque atingir os objetivos propostos a fim de contribuir para que os alunos

reflitam a respeito da cultura corporal de maneira a expressar-se conscientemente,

reconhecendo os limites de seu corpo levando-os a refletir criticamente sobre as práticas

corporais.

Ao trabalhar o conteúdo Jogos e Brincadeiras durante as aulas de educação física,

os professores devem considerar o contexto histórico-social que abrange essa temática

ao longo dos anos, levando os alunos a reflexão com possibilidades de organizar novas

maneiras de práticas corporais e vivenciá-las nas aulas.

Conforme preconiza as Diretrizes Curriculares (2008, p. 63) “Garantir aos alunos o

direito de acesso e de reflexão sobre as práticas esportivas, além de adaptá-las à

realidade escolar, devem ser ações cotidianas na rede pública de ensino”.

As atividades que serão desenvolvidas e realizadas juntamente com os professores

de Educação Física referentes à implementação do trabalho, serão divididas em 5 (cinco)

encontros totalizando 10 (dez) aulas.

1º Encontro:

Apresentação do trabalho em questão à Direção, Equipe Pedagógica,

Professores e Funcionários do Estabelecimento de Ensino;

Debate e reflexão a respeito da relevância do presente estudo para a escola;

Dinâmica de grupo – Apresentação dos participantes;

2º Encontro:

Leitura de texto: O Valor e o Papel dos Jogos e Brincadeiras na Educação

Física Escolar;

Debate e reflexão crítica e construtiva sobre o texto apresentado;

Explanação ao grupo sobre os questionamentos apresentados;

Análise e sugestões de possíveis encaminhamentos metodológicos;

Dinâmica: Relações Pessoais – Personalidade.

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3º Encontro:

Leitura e estudo de texto baseando-se nas Diretrizes Curriculares da

Educação Básica do Estado do Paraná – Disciplina de Educação Física;

Texto: Conteúdo Estruturante: Jogos e Brincadeiras;

Texto: Cultura Corporal e Ludicidade;

Debate e reflexão sobre a relevância dos textos apresentados e qual sua

relação com a prática educativa;

Realizar junto aos professores uma rica troca de experiências,

compartilhando idéias de inserção do Conteúdo Estruturante Jogos e

Brincadeiras durante as aulas de educação física;

Dinâmica.

4º Encontro:

Utilização do laboratório de informática para explorar a temática em questão;

Acesso aos sítios que abordam o assunto, realizando leituras importantes a

sobre a temática em questão;

Pesquisa com os professores com sugestões de atividades utilizando os

jogos e brincadeiras durante as aulas de educação física;

Confecção e elaboração de cartazes, murais relacionando o tema abordado,

a fim de utilizá-los junto aos alunos;

Exposição dos trabalhos realizados na escola;

5º Encontro:

Realizar junto aos professores uma rica troca de experiências,

compartilhando idéias, sugestões de atividades, a serem utilizadas nas

práticas corporais, relatos de vivências de práticas educativas;

Análise, conclusão e parecer junto aos professores a respeito da

implementação das atividades no Estabelecimento de Ensino;

Dinâmica de grupo;

Encerramento.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio desse material didático, espera-se que auxilie o professor desenvolver um

trabalho efetivo junto aos alunos durante as aulas de Educação Física, cujo objeto de

ensino e de estudo da disciplina é a cultura corporal do movimento e sua função social é

de contribuir para que ampliação da consciência corporal possibilitando alcançar novos

horizontes, atuando como sujeitos conscientes e capazes de refletir criticamente sobre as

práticas corporais.

Pode-se considerar que o presente estudo tem a pretensão de contribuir com

outras pesquisas e investigações a respeito do Conteúdo Estruturante Jogos e

Brincadeiras, possibilitando novas reflexões acerca dessa temática, permitindo dessa

maneira, uma reflexão quanto ao valor educativo, de sua real importância e contribuições

para a aprendizagem escolar, onde o professor deve atuar como um mediador das

vivências corporais, as quais possibilitam a problematização de questões importantes

para despertar nos educandos a curiosidade, na formação de sujeitos mais criativos,

críticos, atuantes e participativos no contexto histórico que pertencem, assim,

consequentemente contribuir na melhoria da qualidade do ensino na escola pública

paranaense.

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www.educacional.com.br/educacaofisica/baudeatividades.asp

(acesso em 12/08/11)