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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED · imperam nas salas de aulas propomos este projeto, com o intuito de nos valer dessa atração pelo perigo como um “motor”

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA: UNIDADE DIDÁTICA

O CONTO POLICIAL COMO OBJETO

DE ENSINO-APRENDIZAGEM

EM LÍNGUA PORTUGUESA

PROFESSORA PDE – TURMA 2010

SORAIA ADRIANA PATENE

LONDRINA

2011

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

O Conto policial como objeto de ensino-

aprendizagem em Língua Portuguesa

Produção didático-pedagótica: unidade didática apresentada ao Núcleo Regional de Educação sob orientação da Profª Drª Elvira Lopes Nascimento (UEL) pela professora PDE Soraia Adriana Patene, turma 2010, na área/disciplina: ensino e aprendizagem de leitura como requisito básico para a conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional.

LONDRINA

2011

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IDENTIFICAÇÃO

NOME DO PROFESSOR PDE: Soraia Adriana Patene

ÁREA/DISCIPLINA: Ensino e Aprendizagem de Leitura

ESCOLA DE LOTAÇÃO: Escola Est. Kazuco Ohara – Ensino Fundamental

NRE: Londrina

PÚBLICO A OBJETO DA INTERVENÇÃO: alunos da 8ª série/9º ano

PROFESSORA ORIENTADORA: Dra Elvira Lopes Nascimento

TEMA DE ESTUDO: O discurso do narrar no conto policial para

adolescentes

TÍTULO: O Conto policial de ensino-aprendizagem em Língua P ortuguesa

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SUMÁRIO

1 FICHA CATALOGRÁFICA.............................. ........................................................06

2 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA................. ........................................07

2.1 Tema.....................................................................................................................07

2.2 Justificativa...........................................................................................................07

2.3 Objetivo

2.3.1 Objetivo geral....................................................................................................07

2.3.2 Objetivos específicos.........................................................................................07

2.4 Apresentação do corpus.......................................................................................08

2.5 Proposta interacionista sociodiscursiva................................................................10

2.6 Procedimentos......................................................................................................15

3 MODELO DIDÁTICO.................................. ............................................................17

3.1 O que dizem os especialistas sobre o gênero......................................................18

3.1.1 Conceitos dicionarizados...................................................................................18

3.1.2 Contexto sócio-histórico do gênero conto policial.............................................20

3.1.3 O crime ao longo da história.............................................................................22

3.2 Análise do corpus................................................................................................24

3.2.1 Contexto de produção......................................................................................24

3.2.2 Arquitetura interna.............................................................................................25

A) Infra-estrutura textual.............................................................................................26

• Plano textual global....................................................................................26

• Tipo de discurso predominante..................................................................26

• Foco narrativo............................................................................................26

• Personagens..............................................................................................27

• Sequências textuais...................................................................................29

B) Mecanismos de textualização...............................................................................32

• Conexão.....................................................................................................32

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• Coesão nominal.........................................................................................32

• Coesão verbal............................................................................................33

C) Mecanismos de enunciação..................................................................................33

• Análise linguística.......................................................................................33

• Posicionamento enunciativo e vozes.........................................................33

4 ENGENHARIA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA................. .........................................35

4.1 Apresentação da situação ..................................................................................37

4.1.1 Objetivos...........................................................................................................37

4.1.2 Procedimentos...................................................................................................37

4.2 Produção inicial....................................................................................................37

4.3 Módulos................................................................................................................37

Oficina 1: Contexto de produção................................................................................38

Oficina 2: Planejamento textual.................................................................................39

Oficina 3: Tipo de discurso predominante..................................................................39

Oficina 4: Foco narrativo............................................................................................40

Oficina 5: Personagem...............................................................................................41

Oficina 6: Sequências: narrativa, descritiva e dialogal/Análise linguística................42

Oficina 7: Conexão....................................................................................................49

Oficina 8: Coesão nominal e verbal...........................................................................50

Oficina 9: Posicionamento enunciativos e vozes.......................................................51

4.4 Produção final......................................................................................................52

4.5 Reestruturação textual: Avaliação.......................................................................53

4.6 Recursos..............................................................................................................53

5 ANEXOS................................................................................................................54

6. REFERÊNCIAS......................................................................................................56

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1. FICHA CATALOGRÁFICA

FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: O Conto policial de ensino-aprendizagem em Língua Portuguesa

Autor Soraia Adriana Patene

Escola de Atuação Escola Est. Kazuco Ohara – Ensino Fundamental

Município da escola Londrina

Núcleo Regional de Educação Londrina

Orientador Dra Elvira Lopes Nascimento

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Produção Didático-pedagógica Unidade didática

Público Alvo Alunos da 8ª série/9º ano

Localização

Rua Serra Mantiqueira, 895 - Jd Bandeirantes

Apresentação:

A narrativa encontra-se associada ao próprio constituir-se

humano. Além de ser uma necessidade social, possui um efeito cativante que será transportada para a realidade educacional como instrumento pedagógico. O ficcional no conto policial é favorecido por seu efeito desafiador, provocante que vai de encontro ao imaginário adolescente propenso à quebra de barreiras e ao desafio do perigo. Para reverter o quadro de apatia e falta de perspectivas que imperam nas salas de aulas propomos este projeto, com o intuito de nos valer dessa atração pelo perigo como um “motor” para a aprendizagem da leitura e da escrita, despertando o interesse dos alunos e contribuindo para a protagonização do seu processo de ensino-aprendizagem.

Trata-se da construção de um Modelo Didático do gênero

conto policial que embasará a elaboração de uma Sequência Didática, a qual permitirá ao professor posicionar-se como agente do processo educacional, conferindo-lhe status de pesquisador que “imprime sua digital” em seu trabalho em sala de aula. Favorecendo de forma significativa para a construção de ambiente favorável, desafiador e inovador para as aulas de língua portuguesa.

Palavras-chave Conto, gênero textual, sequência didática

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2. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA

2.1. Tema: O discurso do narrar no conto policial para adolescentes

2.2. Justificativa

A educação brasileira passa por profundas mudanças motivadas,

principalmente, pela grande propulsão de analfabetos funcionais oruindos das mais

diferentes classes sociais, independentemente se pertencentes a rede pública ou

particular.

Com o objetivo de reverter esta situação caótica, não é de hoje que a

perspectiva do ensino de Língua Portuguesa vem sendo questionada e discutida

entre profissionais de educação. A noção de gênero tem sido amplamente debatida

a partir da contribuição bakhtiniana que, inclusive, respaldou os PCN no final da na

década de 90.

Prima-se por uma pedagogia do ensino de gênero textual alicerçado no

Interacionismo sócio-discursivo e no Interacionismo social, entendido como atividade

de linguagem em detrimento ao estudo da gramática descontextualizada - por

entender a linguagem ao ser praticada em sua função social.

2.3. Objetivo

2.3.1. Objetivo geral:

Implementar a transposição didática do gênero conto policial por

meio de uma Unidade Didática, tendo em vista que as DCEs

preconizam o ensino de Língua Portuguesa em uma abordagem

textual-discursiva.

2.3.2. Objetivos específicos:

• Internalizar o conceito de gênero textual na perspectiva da teoria

da enunciação bakthiniana;

• Elaborar um Modelo Didático a partir na análise e descrição de

um corpus de textos do gênero para apreender as características

como um instrumento de ação comunicativa;

• Pesquisar as peculiaridades do gênero na visão dos experts da

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literatura;

• Analisar e descrever a infra-estrutura de textos do gênero (plano

global, tipo de discurso, foco narrativo, sequências);

• Analisar e descrever os mecanismos de textualização (conexão,k

coesão nominal e verbal;

• Analisar e descrever os mecanismos de enunciação (análise

linguística e posicionamento enunciativo e vozes);

• Elaborar um projeto de transposição didática (Sequência Didática)

a partir das características do gênero apontadas no Modelo

Didático;

• Implementar a Sequência Didática em uma turma de

8ªsérie/9ºano da Escola Estadual Kazuco Ohara, ensino

fundamental.

2.4. Apresentação do corpus

O ato de contar encontra-se intrinsecamente ligado à vida em comunidade

como uma necessidade de falar, de comunicarmos ao outro o que estamos sentindo,

pensando, descobrindo, desejando e assim por diante.

Tão forte quanto essa necessidade de nos expressar, encontra-se a

curiosidade de escutar, ter conhecimento, descobrir o outro, suscitando a fantasia e

a imaginação. Este relacionamento cúmplice entre o que se fala e o que se ouve

remete a tempos mais longínquos onde os contadores seduziam seus ouvintes para

garantir a permanência da atenção no que estava sendo dito.

E, até hoje, a narrativa cativa ouvidos, olhos e corações humanos, mesmo os

mais resistentes - como os dos nossos adolescentes.

Sobre essa questão, ARRIGUCI (2011) justifica esse trabalho didático com o

discurso do narrar ao afirmar que:

“Porque todo mundo gosta de história e de poesia. Não há sociedade sem narrativa. O homem é um animal narrativo. Homo narrador. Todo mundo quer ouvir histórias. Contamos histórias desde o amanhecer até a hora de dormir. Senta num táxi, história; entra em um ônibus, história; vai para a escola, história; dá uma topada, história; briga com o namorado, história. Todas as situações da vida propiciam acontecimentos narráveis e vivemos desse entrelaçamento de narrativas.”

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E é justamente essa necessidade humana que pretendemos transportar para

a realidade educacional como instrumento pedagógico – essencialmente relevante

tanto na educação fundamental quanto no ensino médio – como uma proposta

inovadora que favoreça o multiletramento. E ainda, delimitamos contos com o intuito

de conquistar leitores adolescentes, por se tratar de uma narrativa geralmente curta,

porém densa e envolvente.

Por se tratar de um contexto escolar para 8ª série (9º ano), dentre os mais

diferentes tipos de contos, primamos pelo “conto policial ou de suspense”,

principalmente por seu efeito desafiador, provocante, gerando no imaginário

adolescente uma condição favorável para explorar o ficcional.

Nessa faixa etária, há uma grande propensão à quebra de barreiras, desafiar

o perigo, adentrar ao desconhecido. E esse gênero exerce uma forte atração por

propiciar aventura sem sair da sua “zona de conforto”, através de um enredo

instigante, fatos desafiadores e ambientes marcados pelo inesperado gerados pelos

“conto de suspense”, sem jamais correr riscos reais.

Para reverter o quadro de apatia, desinteresse e falta de perspectivas que

imperam nas salas de aulas propomos este projeto, com o intuito de nos valer dessa

atração pelo perigo como um “motor” para a aprendizagem da leitura e da escrita.

Com essa pesquisa visamos apresentar um projeto de comunicação para despertar

o interesse dos alunos e contribuir para que eles se sintam protagonistas do seu

processo de ensino-aprendizagem.

Como resultado dessa investigação teórica será elaborado um modelo

didático da esfera do narrar seguido de uma sequência didática, objetivando um

explorar minucioso e atraente aos alunos de 8ª série/9º ano para o gênero conto

policial.

A educação brasileira passa por profundas mudanças motivadas,

principalmente, pela grande propulsão de analfabetos funcionais oruindos das mais

diferentes classes sociais, independentemente se pertencentes a rede pública ou

particular.

Com o objetivo de reverter esta situação caótica, não é de hoje que a

perspectiva do ensino de Língua Portuguesa vem sendo questionada e discutida

entre profissionais de educação. A noção de gênero tem sido amplamente debatida

a partir da contribuição bakhtiniana que, inclusive, respaldou os PCN no final da na

década de 90.

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Prima-se por uma pedagogia do ensino de gênero textual alicerçado no

Interacionismo sócio-discursivo e no Interacionismo social, entendido como atividade

de linguagem em detrimento ao estudo da gramática descontextualizada - por

entender a linguagem ao ser praticada em sua função social.

Sendo assim, a questão que norteia esta pesquisa é a organização de um

trabalho didático em atividades sequenciais sobre uma prática discursiva da esfera

da criação literária. Como os contos policiais podem propiriciar oportunidades

pedagógicas inovadoras em aulas de Língua Portuguesa?

2.5. Proposta interacionista sociodiscursiva

Desde a década de 80 um novo termo tem sido abordado e discutido entre os

profissionais da educação. Trata-se da noção de letramento que ultrapassa o limite

em apenas ler e escrever como um ato decodificatório e adentra ao uso com que as

pessoas fazem da leitura e da escrita em suas práticas sociais. (COLELLO, 2006)

A partir de 1996, este conceito ampliou-se ainda mais com o vocábulo

multiletramento referindo-se a ênfase à diversidade linguística

e cultura, bem como, a influência da linguagem das novas tecnologias onde escrita,

imagens, movimento, áudio se encontram imbricados, associados, como destaca

COSTA (2008).

De acordo com HILA (2009), na noção de letramento é considerado bom leitor

todo aquele que é “capaz de atribuir sentidos a mensagens oriundas de múltiplas

formas de linguagens, bem como capaz de produzir mensagens, incorporando

múltiplas fontes de linguagem”.

E é nesse contexto que inserimos a necessidade de romper com o tradicional

e proporcionar uma perspectiva inovadora para as aulas de língua portuguesa.

Tendo em vista que letramento é um processo de apropriação de gêneros textuais,

sentimos a importância de fugir da limitação do livro didático e assumir nossa

condição de sujeitos na construção linguística do nosso educando, o que lhe

garantirá a promoção dos múltiplos letramentos através dos discursos do narrar

ficcional configurado no conto policial.

• Por que trabalhar com gênero?

Segundo Hila (2009), a formação de leitores na rede de ensino pública

precisa passar por uma ressignificação tendo em vista que apesar de há mais de

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uma década estar contemplado pelos PCNs conceitos como texto, contexto,

estratégias e fases de leitura ainda não foram completamente assimilados pelos

professores – principalmente nas séries iniciais. Ainda predomina um

desconhecimento a cerca do que vem a ser gêneros textuais, e o texto acaba sendo

pretexto para o ensino de gramática.

O gênero textual apresenta-se como articulador indispensável das práticas de

leitura em sala de aula na formação de leitores críticos,

“No caso da prática de leitura, o que se tem ressaltando é que a escola precisa formar leitores críticos que consigam construir significados para além da superfície do texto, observando as funções sociais da leitura e da escrita nos mais variados contextos, a fim de levá-los a participar plena e criticamente de prática sociais que envolvem o uso da escrita e da oralidade. A noção, portanto, de prática social, convoca um dos primeiros argumentos em defesa do uso dos gêneros em sala de aula.” (HILLA, 2009)

Entendemos como práticas sociais as formas que organizam uma sociedade

suas atividades e ações desenvolvidas por pessoa dentro do grupo a que pertence

que expressam os papéis que desempenha, bem como, em que posição(ões) que se

encontram frente aos seus pares.

As atividades coletivas da humanidade ocorrem dentro de um contexto social

as quais configuram as práticas sociais ocorre dentro de uma esfera cultural. Ou

seja, as práticas coletivas constituem um conjunto do saber/agir disponível às

atividades de um indivíduo singular que as materializa gêneros textuais.

De acordo com Dolz, Noverraz e Scheneuwly (2004) “Gêneros textuais são as

características semelhantes, regularidades presentes nos textos (orais ou escritos)

apesar de sua diversidade.”

Sendo assim, os estudos bakhtinianos servem como âncora da abordagem ao

termo gênero, originário - a priore - da retórica e da literatura, como sendo

“tipos relativamente estáveis de enunciados elaborados em cada esfera de troca (lugar social dos interlocutores), os quais são caracterizados pelo conteúdo temático, estilo e construção composicional, e escolhidos em função de uma situação definida por alguns parâmetros (finalidade, destinatários, conteúdo). (BAKHTIN, 1997).

Este posicionamento se justifica porque os gêneros do discurso resultam de

estruturas sócio-historicamente cristalizadas oriundas das necessidades humanas

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construídas em diferentes lugares sociais da comunicação.

• O que são gêneros do discurso?

A noção de gênero do discurso possui como bases epistemológicas o

Interacionismo Social de Bakhtin, bem com, o Interacionismo sóciodiscursivo e a

Escola de Genebra – apresentadas por Bronckart, Schneuwly, Dolz. No Brasil,

posicionamento defendido por NASCIMENTO, entre outros.

Neste enfoque os elementos contextuais ou “situação social mais imediata”

(BAKHTIN), onde o texto é fortemente marcado pelo não-verbal presente na

situação em que os elementos linguísticos integram a composição textual. Esse

mesmo autor, também define com enunciado concreto “o emprego da língua efetua-

se em forma de enunciados (orais ou escritos) concretos e únicos, proferidos pelos

integrantes desse ou daquele campo da atividade humana” Nessa abordagem, a

presença de parceiros (locutor/interlocutor) e a noção de compreensão responsiva

ativa é denominada de dialogismo.

De uma forma mais elucidativa, Hila (2009) expõe que “cada esfera da

atividade humana produz seus tipos específicos de enunciados, o que faz com que

cada enunciado, cada gênero textual, traga marcas da esfera na qual está inserido.”

Tais esferas, tanto do cotidiano como dos sistemas ideológicos (a Arte, a

Política, a Ciência, a Religião, entre outras) estão intimamente relacionadas à

produção de sentido – fundamento considerado como alicerce do letramento.

E, em se tratando do processo ensino/aprendizagem, Dolz & Schneuwly (1996),

delimitaram cinco agrupamentos de gêneros alicerçados em três critérios: domínio

social da comunicação a que pertencem; capacidades de linguagem envolvidas na

produção e compreensão desses gêneros e sua tipologia geral. Foram assim

nomeados: agrupamento da ordem do relatar, agrupamento da ordem do

argumentar, agrupamento da ordem do expor, agrupamento da ordem do descrever

ações e agrupamento da ordem do narrar.

Este último abarca gêneros de domínio da cultura literária ficcional assinalado

pela manifestação estética e tendo como característica a mimesis da ação por meio

da criação, da intriga no domínio do verossímil. Dentre os diversos exemplos de

gêneros orais e escritos que compõem a Cultura Literária ficcional encontra-se o

conto.

E, além disso, possuir característica central de condensar conflito, tempo,

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espaço e reduzir o número de personagens.

“O termo conto deriva do latim comentum, in. (invenção, ficção, plano, projecto), ligado ao v. contueor, eris (olhar atentamente para, contemplar, ver, divisar). Narração oral ou escrita (verdadeira ou fabulosa); obra literária de ficção, narração sintética e monocrónica de um fato da vida”. (COELHO, acesso maio/2011)

O conto é considerado um gênero literário muito antigos, sendo datado a

séculos antes de Cristo e em diversas civilizações. E em nosso país, este gênero

teve origem desde o início da colonização como narrativas orais, mais tarde,

mescladas com as civilizações africanas e indígenas.

Apresentado de forma escrita durante a primeira metade do século XIX com o

advento do Romantismo, sendo considerado como uma “febre” entre leitores da

época. Porém, o primeiro grande contista nacional surgiu durante o Realismo:

Machado de Assis.

Muitos contistas mais tarde surgiram conquistando cada vez mais uma seleta

parcela do público leitor. Entretanto com advento do Modernismo o conto atinge o

status de “estilo brasileiro” com uma narrativa altamente marcada pela oralidade e o

linguajar dos imigrantes.

Durante o início do século XX, passou a ser difundido principalmente em

revistas e jornais, exteriorizando a síntese da complexidade da vida humana. E no

seu final desse século é marcado pela grande profusão de temas, estilos,

problemáticas caracterizando o estilo brasileiro de ser.

O conto policial ou de suspense se constitui um terreno ficcional propício para

envolver e cativar um alunado cada vez mais carente de letramento. Dentre os

diversos estilos de contos, desejamos atrair uma faixa etária que se sente desafiada

pelo inesperado, por um desfecho que prima pelo inusitado que surpreende

Este gênero permite ao leitor se sentir superior, imune ao ambiente conflitivo e

ameaçador em que o universo ficcional está descortinando aos seus personagens.

Um pseudo-controle sobre um mundo permeado pela incerteza, pela ansiedade e

pela proximidade de fatos, posicionamentos, decisões, revelações tidos como de

suma importância.

O efeito de suspense é provocado no conto por diversos fatores

estrategicamente combinados, tais como a tipificação das personagens, suas ações,

o ritmo empregado no enredo, levando ao desenlace da trama que provoca uma

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reação psíquica em níveis diferentes nos leitores. Cujos principais objetivos são

despertar e prender a atenção do leitor até a última palavra.

• Interacionismo sócio-discursivo do gênero da ordem do narrar:

uma análise

Para esta análise, tomaremos como base os dois níveis de análise da ação da

linguagem proposto por Bronckart (2003), os quais serão expostos no quadro a

seguir, contemplando o segmento da ordem do narrar.

NÍVEL I CONTEXTO DE PRODUÇÃO

a) Contexto físico:

b) Contexto sócio-

subjetivo:

Características da situação de produção:

• quem é o emissor, em que papel social se

encontra, a quem se dirige.

• quem é o receptor e em que papel se encontra.

• local em que é produzido, em qual instituição

social se produz.

• momento da produção.

• suporte em que o texto está veiculado, com que

objetivo, tipo de linguagem utilizada, atividade não

verbal a que se relaciona, qual o valor social que

lhe é atribuído etc.

NÍVEL II FOLHADO TEXTUAL

a) infra-estrutura

geral do texto

1) Plano geral/global do texto:

• refere-se aos conteúdos que aparecem no

texto, como se fosse um resumo do texto.

2) tipos de discurso:

• referem-se aos mundos discursivos construídos

no texto. No segmento do narrar (disjunção),

pode ser implicado ou autônomo (apresentar ou

não implicação em relação ao ato de produção

por meio de dêiticos espaciais, temporais e de

pessoa).

3) Sequências:

• dividem-se em: narrativa, descritiva,

argumentativa, explicativa, injuntiva e dialogal.

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Uma sequência narrativa é composta de intriga

e tensão (script).

b) mecanismos de

textualização

1) conexão:

• trata-se das relações entre os níveis de

organização de um texto e é explicitada pelos

organizadores textuais. (conexão entre as

macro ideias do texto).

2) Coesão:

• nominal (retomadas nominais e pronominais;

anáforas e catáforas).

• verbal (tempos e modos verbais).

c) Mecanismos

enunciativos

1) Modalizações:

• responsáveis pelas diversas avaliações do

enunciador sobre um ou outro aspecto do

conteúdo temático e que podem ser divididas

em lógicas, deônticas, pragmáticas e

apreciativas.

2) Vozes presentes no texto.

• a voz do autor empírico.

• vozes sociais (pessoas ou instituições humanas

que não participam do conteúdo temático do

texto).

• as vozes das personagens (pessoas ou

instituições que participam do conteúdo

temático do texto).

2.6. Procedimentos

Em primeira instância foi necessário uma investigação sobre o que se

constituía gênero. Para tanto se respaldou na teoria interacionista sócio-discursiva

do gênero da ordem do narrar mencionada anteriormente.

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O passo seguinte foi a delimitação dos textos que constituiriam o corpus a ser

analisado. A seguir, realizou-se uma investigação sobre o gênero do conto policial e

tudo o que já se conhecia sobre o mesmo compondo assim o seu Modelo de

Gênero.

E, a partir desta averiguação, se propôs uma didatização do gênero em

questão por meio de uma Sequência didática

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3. MODELO DO GÊNERO CONTO POLICIAL

Idealizado pelo grupo de Genebra como uma proposta do interacionismo sócio

discursivo, constitui um instrumento para didatizar o trabalho pedagógico com

gênero textual. Nascimento, Gonçalves & Saito (2009) definem como “uma síntese

prática que guia as ações do professor-pesquisador e, por outro lado, torna evidente

aquilo que pode ser “ensinável” por meio de uma SD”.

O modelo didático constitui uma pesquisa aprofundada sobre um gênero

textual específico que abarcam o máximo de informações possíveis sobre o ponto

de vista histórico, arquitetônico e finalidade do mesmo, consolidando-se como ponto

de partida para o trabalho didático-pedagógico com gêneros, norteando assim, uma

SD. Entendido como centro do processo de ensino-aprendizagem, possui caráter

normativo e revela-se como um espaço de reflexões e práticas pedagógicas –

segundo Pietro & Schneuwly (2003).

Nascimento (2008) apresenta um roteiro prático que descreve as ações

necessárias para a elaboração de um modelo didático que subsidiará uma SD. Os

passos esse trajeto:

� Inicia-se com a delimitação do gênero a ser trabalhado proveniente das

necessidades pedagógicas;

� Em seguida, realiza-se uma seleção de um corpus de análise

constituído de 5 a 10 textos do gênero a ser estudado;

� A definição desse gênero em dicionários pode ser importante, bem

como, uma pesquisa em torno daquilo que já se publicou a respeito;

� Outro fator importante é identificar suas funções: social e comunicativa;

� Também identificar da temática recorrente nesse gênero e em qual

suporte circula;

� O contexto de produção dever ser minuciosamente caracterizado (de

onde ele veio, quem escreve, onde, quando, quem Le, como se faz, seus

objetivos, onde encontramos...);

� Além disso, as características composicionais ou organizacionais do

gênero em questão devem ser identificadas (elementos verbais e não

verbais, suporte, etc);

� Precisam ser elencadas as marcas lingüísticas e discursivas relativas ao

seu estilo (o que é predominante neste gênero, sua função, categorias

nominais e verbais, pontuação, escolhas de elementos coesivos, tipos

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de discurso predominante, nível de formalidade, vocabulário, tempos

verbais, estruturas frasais, estruturas para chamar a atenção, nível

discursivo, destaques gráficos, vozes que integram o texto, entre outros)

Essa investigação detalhada permitirá ao professor posicionar-se como agente

do processo educacional, conferindo-lhe status de pesquisador que “imprime sua

digital” – algo que lhe único e particular – em seu trabalho em sala de aula. Contribui

de forma significativa para a construção de ambiente favorável, desafiador e

inovador para as aulas de língua portuguesa.

Nascimento (2004; 2009), defende que a elaboração do modelo didático de

um gênero textual é o trabalho prévio crucial para o planejamento de uma sequência

didática. Ao levarmos em consideração o que postula a autora, buscamos conhecer

as dimensões ensináveis do conto policial que sejam adequadas e pertinentes para

alunos da educação básica, examinamos um corpus constituído por diversos textos

do gênero tomando por pressuposto teórico e metodológico aportes do

Interacionismo Sócio-Discursivo (ISD) e do grupo de Didática de Línguas da UNIGE-

Genebra/Suíça; que propõe práticas pedagógicas inspiradas nas noções de Modelo

Didático (MD) e de Seqüência Didática (SD). Nessa perspectiva, o Modelo Didático

torna evidente aquilo que pode ser ensinado, subsidiando o meu trabalho para a

transposição didática.

3.1. O que dizem os especialistas sobre o gênero:

A princípio, para se montar um modelo didático do gênero, neste caso do

conto policial, faz-se necessário investigar alguns aspectos para melhor

compreensão do que será estudado.

3.1.1. Conceitos dicionarizados:

• Conto:

Costa, Borges e Corrêa (2000) conceituam conto como gênero narrativo em

prosa caracterizado por uma extensão reduzida, poucas personagens e

concentração espaço-temporal. A ação é linear, circunscrevendo-se a um conflito, a

um episódio ou a um acontecimento insólito, por vezes, insignificante.

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Os dicionários são sucintos ao abordarem o verbete conto . No Aurélio(1975)

expõe que se trata de uma “narração falada ou escrita; narrativa pouco extensa,

concisa e que contem unidade dramática concentrando-se a ação num único ponto

de interesse.” No Luft (1998) apenas afirma que é uma “narração ficcional breve,

falada ou escrita.” Enquanto Houaiss(2001) completa que se trata de uma “historia

curta em prosa com um só conflito e ação e poucos personagens.”

Coelho em seu dicionário terminológico esclarece detalhadamente “O termo

conto deriva do latim comentum, in. (invenção, ficção, plano, projeto) ligado ao v.

Conteor, eris (olhar atentamente para, contemplar, ver, divisar). Narração oral ou

escrita (verdadeira ou fabulosa); obra literária de ficção, narração sintética e

monocrônica de um fato da vida.”

Paz e Moniz(1997) expõem detalhadamente que conto origina-se do latim

computu- que significa cálculo, conto. E acrescentam “da área da aritmética o

vocábulo passou à literatura para designar o relato breve, oral ou escrito, de uma

história de ficção na qual participa reduzido número de personagens, numa

concentração espaço-temporal. Pela sua brevidade e concisão, bem como pela

sobriedade de recursos que utiliza, o conto é uma narrativa mais eficaz de

comunicação, detectando-se facilmente a intenção nuclear do seu autor”

Massaud Moisés (1997) acrescenta a palavra conto “latim computu(m)

cálculo, conta, ou conto(m); grego kóntos, extremidade da lança; ou commentu(m),

invenção, ficção; ou deverbal de computare, calcular, contar. Francês conte,

Espanhol cuento, Inglês short-stoty ou tale, Alemão novelle, erzählung ou märchen,

Italiano novelle ou racconto.

• Literatura de massa:

D'Onofrio(1995) esclarece que “Um gênero literário, individualizado pelo

agrupamento de obras que possuem formas estéticas e conteúdos ideológicos

semelhantes, como qualquer elemento vivo, tem seu surgimento, seu período de

apogeu, sua fase estandardização, em que se formam estereótipos que levam ao

seu declínio e à sua transformação num novo gênero.”

Moniz e Paz(1997), na obra Dicionário Breve de Termos Literários expõem

que o vocábulo paraliteratura deriva do grego pará que significa proximidade. E

ainda, acrescentam “termo que designa, em conjunto com outros (subliteratura,

20

literatura kitsch ou “pimba”), uma série de textos que são considerados não literário,

embora possam reconhecer-se neles alguns elementos de valor literário: novela cor-

de-rosa ou sentimental, policial, faroeste, de terror, de ficção científica, fotonovela.”

De acordo com Carpeaux (1968), trata-se de “uma receita segura: lança a

suspeita contra inocentes e revela, enfim, que o mais insuspeito é o criminoso. É um

jogo monótono. Mas justamente essa permanência do quadro garante o sucesso.”

• Conto policial:

Nos dicionários de língua portuguesa não apresentam tal verbete, apenas

alguns se referem a romance policial. No que tange ao termo policial, afirmam que:

no Aurélio(1975) “relativo ou próprio da policia ou que serve aos seus fins; assuntos

policiais; inquérito policial”, no Houaiss(2001) “relativo ou pertencente a policia; que

envolve ou trata de crimes (romance)” e Cegalla (2005) “romance ou filme policial;

que serve aos objetivos da policia; de recorrência criminosa e do desvendamento de

crimes: romance policial”

Pires afirma que: “em linhas gerais, o romance policial é um tipo de narrativa

que expõe uma investigação fictícia, ou seja, a superação metódica de um enigma

ou a identificação de um fato ou pessoa misteriosos. Toda a narrativa policial

apresenta um crime e alguém disposto a desvendá-lo, porém nem toda a narrativa

em que esses elementos estão presentes pode ser considerada policial. Isto porque

além da necessidade de um crime, é preciso também uma forma de articular a

narrativa, de estabelecer a relação do detetive com o crime e com a narração.”

Carpeaux (1968) garante que o sucesso do conto policial deve-se ao fato de

bajular a inteligência do leitor ao convidá-lo a embrenhar-se em atividades mentais

consideradas de alto grau de dificuldade.

3.1.2 Contexto sócio-histórico do gênero conto poli cial :

Segundo D'Onofrio(1995) o suspense pode ser entendido como a “arte de

manter 'em suspenso' o leitor ou espectador, quer pelo enigma da realização de um

crime, quer pela investigação da identidade do assassino”. Essa característica

remota as mais antigas narrativas. Desde as conhecidíssimas as aventuras contadas

por Zerazade em As mil e uma noites, passando pela tragédia grega do Édipo Rei de

Sófocles. Entretanto, somente no séc. XIX a narrativa de suspense atinge status de

21

gênero com estrutura e especificidade que lhe são próprias, atualmente denominada

literatura de massa.

Esse gênero literário evolui do conto de aventura onde o elemento suspense

passou a ser indispensável. Essa transformação ocorre quando o maravilhoso

ingênuo (mitos) ou maravilhoso mágico (mistério ou terror) passou a ser o

maravilhoso lógico que supervaloriza a inteligência humana capaz de descobrir

qualquer tipo de enigma sob a luz da razão.

O conto policial encontra-se pautado no Positivismo - que considera o

conhecimento científico como a maneira exclusiva de adquirir conhecimento

verdadeiro, por apenas considerar dados concretos ou positivos, em detrimento a

todas as outras formas que não possam ser comprovadas cientificamente. Ainda tem

como aliado o avanço científico com todos os equipamentos, tais como,

microscópicos, laboratórios de física e química, descobertas cientificas sobre

subconsciente individual e coletivo que expurgavam o misticismo, crenças populares

e enaltecem a força do intelecto.

Este posicionamento filosófico acabou sendo reforçado no pensamento

mecânico da Revolução Industrial. Inclusive, este evento social possui uma

grande importância para o conto policial. Isto porque foi marcado pelo deslocamento

de uma grande quantidade de pessoas interioranas para as grandes cidades em

busca de trabalho e melhoria de vida – na era dos trens e telégrafos. Esta grande

concentração populacional, desmedida e em tão pouco tempo, criou o cenário ideal

para este gênero, pois teve como consequência o aumento significativo da

criminalidade. A aglomeração facilitava ao assassino tanto a realização do ato

criminoso como sua fuga em meio a multidão de prédios e homens. Some-se a isso,

o capitalismo que gera o desejo da ascensão social e aquisição de bens (as vezes a

qualquer custo) um dos fatores estimuladores da criminalidade, como considera a

ética marxista.

Outro fator decorrente deste contexto histórico é o sentimento de suspeitar,

não confiar; que segundo D'Onofrio (1995) “a desconfiança nos meios de prevenção

e de repressão do crime, pela incompetência e pela corrupção do sistema policial,

faz surgir, por sua vez, o investigador particular, que é o herói desse tipo de

narrativa.” E cabe a ele por meio de sua capacidade de observação aguçada e

intelecto brilhante. recuperar a ordem social, restabelecendo a justiça e entregando

aos órgãos competentes para que punam o culpado.

22

3.1.3 O crime ao longo da história :

O quadro a seguir apresenta obras que abordaram o crime dentro da literatura

e gestaram elementos que estão presentes em contos policiais conforme Costa

(2002):

Bíblia Sagrada: O primeiro homicídio (Gênesis 4.8)

Caim matou seu irmão Abel

Bíblia Sagrada: livro de Juízes Saga do fortíssimo Sansão

Egito Antigo – anônimo - V a.C .

O tesouro de Rhampsinit

Séc. XII-XVI coletânea histórias e contos populares originárias do Médio Oriente e sul da Ásia posteriormente traduzidas em 1704 para o francês por Antoine Galland.

As mil e uma noites - artimanhas, suspenses, crime-castigo para cativar seus ouvintes.

Sófocles Édipo Rei inaugura características da psicanálise

Charles Perrault (1628-1703) O barba azul - gestava o 1º serial-killer.

Voltaire (1694-1777) O cão e o cavalo - base das histórias de detetives raciocínio lógico dedutivo

Honoré de Balzac (1799-1850) Um caso tenebroso em A comédia humana prenuncio do romance policial e também discute se um crime cometido pelo sistema deixa de ser crime

Charles (1775-1834) e Mary Lamb (1764-1847)

Macbeth - revela uma história sanguinária.

Fiódor Dostoievski (1821-1881). Crime-castigo

Robert Louis Stevenson (1850-1894) Crime abordado sob os aspectos filosófico-teológico, ético-estético

Alexandre Herculano (1810-1877). A morte do lidador em Lendas e Narrativas

Franz Kafka (1883-1924) A dicotomia crime/castigo em Diante da lei – que retoma o crime de Caim.

Charles Dickens (1812-1870) Em O sinaleiro revela um misto de conto de terror e policial

Machado de Assis (1839-1908) Aborda em A cartomante o dueto ciúmes/morte.

Coelho Neto (1864-1934). A importância da ciência em nosso dia a dia e expressa em A sombra

Medeiros e Albuquerque (1867-1934) O 1º livro brasileiro de contos policiais Se eu fosse Sherlock Holmes de

23

Valdomiro Silveira (1873-1941) A temática de morte/crime também são vistos em: Força escondida

Medeiros e Albuquerque/Coelho Neto, Viriato Corrêa/ Afrânio Peixoto em 1920

1º romance policial brasileiro chamado O mistério - editado por Monteiro Lobato

Monteiro Lobato (1882-1948) Além de tradutor de contos policiais, também escreveu contos de suspense como O estigma

Aníbal Machado (1894-1964) A morte da porta-estandarte

Antônio de Alcântara Machado (1901-1935). Uma cena de crime urbano é apresentado em Amor e Sangue

Luiz Lopes Coelho (1911- ) A morte no envelope

Murilo Rubião (1916-1991) Botão de Rosa

Mafra Carbonieri (1935- ) Armas e Bagagens, e ainda, Homem esvaziando os bolsos.

Marcos Rey (1925-1999) Com O último cuba-libre

Marçal Aquino (1958- )

Miss Danúbio; O amor e outros objetos pontiagudos; e Faroeste.

Rubem Fonseca (1925- ) Os prisioneiros (1963); A coleira do cão(1965) e Pequenas criaturas(2002), inclusive o melhor conto brasileiro de detetives Mandrake.

Samuel Rawet (1929-1984), Que os mortos enterrem seus mortos

Ignácio de Loyola Brandão (1936- ) Cabeças de segunda-feira

Wander Piroli (1931- ) Lá no morro

Segundo D’Onofrio (1995), as narrativas policiais apresentam repetições

estético-ideológicas já que o público alvo está habituado com crime, investigação,

pistas e falsas pistas e criminoso ser o menos provável entre todos os suspeitos,

bem como, sua consecutiva punição – após minucioso detalhamento do que, por

que e como ocorreu o fato. Desta maneira é uma marca da literatura de massa a

incidência da mesma estrutura textual, mesmo ambiente, mesmo tipologia de

personagens – pois, principalmente, o detetive é uma personagem tipo. O leitor

busca um padrão que lhe gera uma 'zona de conforto” com a recorrência dos

elementos constitutivos deste gênero textual que no policial clássico é o suspense.

Para este mesmo autor “o consumidor de literatura de massa não quer saber de

mudanças: gosta de encontrar, no livro ou na tela do

cinema ou da televisão, figuras conhecidas, que ele mesmo possa imediatamente

identificar.” E como ainda ele afirma “a fixidez da história corresponde a fixidez

caracterológica do protagonista” onde o constitui um gênero previamente

estabelecido e classificado, onde a redundância predomina em que sua fidelidade

24

aos padrões o destacam e o elevam em relação aos demais, em detrimento a

originalidade dos outros gêneros literários. Ele ainda acrescenta que, em relação

ao conteúdo ideológico está calcado na recorrência isotópica, ou seja, sempre o

mesmo sentido, mesma ideologia em que há uma manutenção de um conjunto de

valores sociais que, segundo esta sociedade, garantem a felicidade humana e

qualquer indivíduo ou até um grupo que os coloquem em risco deve ser considerado

um 'perigo público'.

“O herói da literatura de massa, pouco importa se agindo dentro, à margem ou fora do sistema policial, representa o símbolo do desejo de salvaguardar os valores sociais, lutando contra os elementos perturbadores da ordem, inimigos do Estado e dos cidadãos integrados na sociedade.” D'Onofrio (1995)

Assim, o detetive, que simboliza o bem lutando contra o mal, apesar de um

possível sofrimento inicial ou mesmo no meio da narrativa, tem vitória garantida. O

elemento maléfico é incluso apenas para ser subjugado pelas forças do bem que

restituem a harmonia, a justiça, a ordem – revelando assim sua característica

didático-moralizante em que alerta aos marginais sociais, que se ousarem

praticarem o mal, serão inegavelmente punidos.

3.2. Análise do corpus do gênero policial de acordo com a proposta do

interacionismo sócio- discursivo (Bronckart, 2003):

3.2.1 Contexto de produção:

Os três textos que serviram de base analítica foram:

A. O mistério do sobrinho perfumado de Hélio de Soveral;

B. Se eu fosse Sherlock Holmes de Medeiros de Albuquerque;

C. O último cuba-libre de Marcos Rey.

O conto de Hélio de Soveral foi retirado do livro didático “Português: Idéias e

Linguagens” da 8ª série das Profª Maria da Conceição Castro e Dileta Antonieta

Delmanto F. De Matos - publicado pela Editora Saraiva. Os demais contos, que

constituem o corpus em análise, compõem a obra Para Gostar de Ler (v. 12):

História de Detetives da Editora Ática e integram o acervo de muitas bibliotecas das

25

escolas públicas estaduais do Paraná.

Assim, o que se pode depreender deste gênero é que se apresenta na

modalidade escrita, pertencente à esfera literária (paraliteratura, subliteratura ou

literatura de massa) e se caracteriza por ser uma narrativa curta ficcional verossímil

constituída de personagens “tipo” com ambiente recorrente dentro do tempo e do

espaço, em que é indispensável a presença da personagem que norteia a trama: o

detetive.

Produzido por autor enunciador contista - que tem como objetivo produzir

contos que despertem fruição, prazer com a finalidade comercial - embasado no

pensamento lógico maniqueísta, ou seja, a luta do bem contra o mal. Possui como

público-alvo leitores juvenis e adultos que compram, emprestam coletâneas e/ou

acessam via internet esse gênero. Destinatários oriundos das mais diversas classes

sociais, constituídos um perfil social subjetivo baseados na lógica e que apreciem

uma narrativa curta, marcada por uma estrutura previamente conhecida e um

conteúdo recorrente – por se tratar de uma literatura de massa – em que considera

que quanto mais fiel ao padrão, tanto melhor será.

A relação entre o produtor e o destinatário se efetua de forma assimétrica, já

que o leitor é apenas um ser passivo do deslumbre do raciocínio do autor que se

vale do narrador para enunciá-lo no texto.

A valoração social deste gênero em primeira instância é o entretenimento,

seguido do pedagógico moralizante.

Os suportes mais comuns são livros, coletâneas, antologias, livros didáticos e

em sites na internet. Os seus meios de circulação são basicamente internet,

bibliotecas e salas de aula.

3.2.2 Arquitetura interna:

No procedimento descendente proposto pelo interacionismo sócio-discursivo

(BRONCKART, 2003), os textos serão examinados como produtos sociais. Isso nos

leva a considerar uma questão central: as condições externas de produção.

Nascimento (2009) recomenda que, a partir da análise da situação de

produção dos textos do gênero em foco, passa-se à análise dos elementos

essenciais da arquitetura interna dos textos que se compõe por três níveis principais:

a) a infra-estrutura textual, que é constituída pelo plano textual global, pelos tipos de

26

discurso e sequências textuais; b) os mecanismos de textualização; c) os

mecanismos enunciativos.

A) Infra-estrutura textual:

• Plano textual global: o planejamento textual

Na esfera de comunicação em que circulam, os contos policiais apresentam

as seguintes regularidades relacionadas ao plano textual global:

a) título : com todas as letras em maiúsculo e pouco freqüente a presença de

verbos;

b) corpo textual : geralmente iniciado pela primeira letra maiúscula em

destaque em relação às demais, formado por parágrafos que podem ou não

apresentarem discurso direto (marcado de acordo com o estilo pessoal de seu

produtor por aspas ou travessão) e/ou discurso indireto e até mesmo direto livre.

c) autor : apresentado ou no final to texto ou como marcas extralingüísticas

como cabeçalho na parte superior a partir da segunda página textual - junto com a

numeração da mesma.

d) ocasionalmente tradutor entre parênteses.

• Tipo de discurso predominante

A narração ficcional do gênero conto policial é constituída pelo discurso do

narrar autônomo, ou seja, não é necessário ter conhecimento das condições de

produção para que seja efetuada a interpretação textual. (BRONCKART, 2003)

• Foco da narrativa

O foco da narrativa, segundo Platão & Fiorin (1996), a narração pode ser feita

de forma com que o narrador se inclua no discurso (em primeira pessoa) ou

excluindo-se dele (em terceira pessoa). Nesse primeiro caso - em primeira pessoa,

pode ser narrado por uma personagem principal (que não invade o íntimo das

demais personagens, entretanto revela seus próprios pensamentos, sentimentos e

percepções a cerca de tudo e de todos que a cercam) ou secundária (que aborda o

ponto de vista de dentro dos acontecimentos, narrando o que viu e ouviu – sem,

27

porém, conseguir ter ciência dos pensamentos e sentimentos das demais

personagens – apenas inferindo, e até mesmo comentando os acontecimentos). No

último caso – em terceira pessoa, ainda ele pode posicionar-se como narrador

onisciente : quando tem conhecimento de todos os acontecimentos, pensamentos e

sentimentos das personagens, assumindo o papel analítico, crítico onde tudo fica

expresso através de comentários; ou como narrador observador : também é

sabedor de tudo, porém limita-se a narrar de uma forma neutra os detalhes do

enredo de uma forma menos invasiva sob um aspecto mais subjetivo. Dando a

impressão que a própria história tomasse o curso sozinha e se auto-narrasse.

Considerando o exposto acima e os contos analisados, constata-se que o

texto A é narrado em 3ª pessoa, mais especificamente por um narrador observador

apesar de incluir um pronome possessivo “nosso” para estabelecer um vínculo entre

o enunciador e o destinatário – como se a personagem principal fosse algo em

comum entre ambos. ”Mas o nosso herói só soube dele no domingo, quando foi

visitar o tio, o delegado Orlando Quental, chefe do Departamento Especial de Polícia

Civil” O texto C também é narrado na terceira pessoa, entretanto constata-se que o

narrador tem ciência até dos pensamentos das personagens como em “O que o

empresário-detetive imaginava era a ameaça de algum marido ou amante ciumento

(...)” revelando-se assim um narrador onisciente.

Todavia, o texto B é narrado em primeira pessoa – pela personagem principal

– neste caso o Detetive. “Fi-lo, porém, prometer que, quando houvesse algum crime,

eu o acompanharia a todas as diligências.”

• Personagens

Dentro do conto policial a personagem do detetive revela-se o eixo norteador

de toda a trama textual. Além dele, estão presentes: a vítima, o criminoso, poder

público (polícia) e demais personagens para constituir o cenário humano textual.

a) Os detetives mais importantes:

O quadro a seguir evidencia os detetives mais importantes dentro da literatura

universal, de acordo com Costa (2002):

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DETETIVE AUTOR(A) ORIGEM CURIOSIDADE

C. Augusto Dupin Edgar Allan Poe (1809-1949)

EUA 1º detetive da história dos contos policiais; divertia-se enquanto ajudava seus semelhantes na solução de casos que aos demais “simples mortais” seria praticamente impossível.

Sherlock Holmes e seu fiel ajudante

Dr. Watson

Arthur Conan Doyle

(1859-1930)

Escócia o mais conhecido mundialmente serviu de modelo para os que o seguiram

Arsène Lupin Maurice Leblanc (1864-1941)

França contribuiu para que esse gênero fosse difundido universalmente.

Padre Brown G. K. Chesterton (1874-1936).

Inglaterra um padre protagonizou história de crime como o detetive-padre

Sam Spade Dashiell Hammett

EUA Autor fora ex-detetive na vida real e cria um detetive durão que além de usar a cabeça emprega também os punhos em sua obra O falcão maltês.

Nero Wolfe e seu ajudante Archie

Goodwin

Rex Stout (1886-1975)

EUA A festa de Natal apresenta a personagem que possui a função do ajudante chamado de Archie Goodwin e que narra os fatos do detetive Nero Wolfe.

Inspetor jules Maigret

Georges Simenon

(1903-1989).

Bélgica Protagonizou 75 novelas e 28 contos, além de vários filmes para a TV

Superintendente da Scotland Yard Roderich Alleyn

Edith Ngaio Marsh

(1895-1982).

Nova Zelândia

A autora chegou a ser confundida com um homem por assinar apenas seu sobrenome

Lord Peter Winsuy e Montague Egg

Dorothy L. Sayers

(1893-1957).

Na época áurea do conto policial

Hercule Poirot e Miss Marple.

Agatha Christie (1890-1979)

Inglaterra Autora conhecida como a Duquesa da Morte, Rainha do Crime ou Dama do crime publicou mais de 80 livros foi pioneira ao fazer com que os desfechos de seus livros fossem extremamente impressionantes e inesperados, sendo praticamente impossível ao leitor descobrir quem é o assassino.

Cordélia Gray. P. D. James (1920- )

Inglaterra “rainha das histórias inglesas de detetives”

29

b) Caracterização das personagens

Conforme D'Onofrio (1995), o que é indispensável no perfil de um bom

detetive são sua faculdade analítica e uma observação detalhista e o compara com

um intuitivo jogador de damas onde a sagacidade, a avaliação e entendimento do

funcionamento das estruturas determinam seu sucesso. Ainda o iguala a um jogador

de cartas consegue descobrir quais cartas cada integrante da mesa possui por suas

expressões faciais e/ou corporais, análise de cada jogada proveniente de um

profundo exame dos detalhes.

Mas para torná-lo um detetive brilhante faz necessário acrescentar um

profundo conhecimento geral de mundo, bem como, um entendimento das regras de

seu funcionamento. Em um contexto capitalista, essa intelectualidade geralmente é

enfatizada em detrimento ao desapego material onde a reclusão introspectiva

meditativa o torna um excêntrico.

Essa clausura não é maior pela presença do seu amigo/ajudante que compõe

a dupla detetive-amigo confidente (geralmente seu assistente) como, por exemplo,

Sherlock-Watson preconizada pela tradição anglo-saxônica tradicional.

• Sequências textuais:

O gênero conto policial compreende predominantemente três tipos de

sequências: narrativa, descritiva e dialogal.

� Sequências narrativas:

De acordo com D'Onofrio (1995), a narrativa policial clássica é formada por duas

sequências narrativas encadeadas: a história do crime em que a vítima é a

personagem principal e na história do inquérito tem como protagonistas o detetive e

o criminoso. E possui como temática recorrente: crime, morte, investigação,

punição.

Conforme Bronckart (2003), a sequência narrativa estrutura-se em torno de

uma intriga onde todos os acontecimentos são selecionados e organizados para

comporem uma unidade. Começa com uma condição equilibrada (início), que após

instaurado uma tensão condiciona uma ou mais transformações (meio) para

conduzirem ao restabelecimento do equilíbrio(fim).

Considerando os estudos de Labov e Waletzky (apud BRONCKART, 2003,

página ano, página 220) em que se padronizou cinco fases da narrativa, pode-se

30

verificar no conto policial:

a) situação inicial: apresentação das personagens e do ambiente em que será

inserido o enigma a ser elucidado.

b) Complicação: constata-se o crime;

c) ações: através do raciocínio lógico e da observação detalhista do detetive

ocorre a investigação das pistas e falsas

d) Resolução: onde o crime é desvendado.

e) situação final , ocorre a punição do malfeitor e o reconhecimento ao herói que

livrou a sociedade de um ser que prejudicou e possivelmente prejudicaria ainda

mais seus semelhantes.

“O desfecho é a explicação final da narrativa e dos fatos que coordenaram agradavelmente na descoberta do mistério. Tudo nesse desfecho se encaminha para um único ponto: apagam-se as discordâncias, os erros, os desvios, as falsas pistas. Com o leitor, o autor recapitula os fatos seguindo a sua ordem lógica. É como a contra-prova do acontecimento” D’ÁVILA (1967)

Em relação à história do crime, geralmente o leitor é apresentado a um

mistério cujas circunstâncias inclusas a situação não são reveladas – portanto,

serão necessário uma explicação racional e lógica para os fatos constituindo um

desafio à mente humana. Neste momento entra em cena o detetive dotado de

observação aguçada e raciocínio que excedem a normalidade dos demais seres

humanos. O suspense encontra-se no modo como que os fatos vão sendo

elucidados cientificamente, em detrimento a uma possível explicação sobrenatural,

fantasiosa que uma mente despreparada pudesse fazer uso.

Em relação à história do inquérito, ainda podem ser subdivididos em: inquérito

da polícia, inquérito do detetive, reconstrução do crime e o fim da história.

No Inquérito da polícia compreendem os depoimentos das testemunhas e um

possível suspeito que geralmente funcionará como bode expiatório para mascarar a

incompetência do sistema em resolver o caso.

No inquérito do detetive, que surge para desfazer uma injustiça e localizar o

verdadeiro culpado. Essa personagem, que funciona como o maestro e pivô central,

costura a trama entrelaçando vitima – assassino fazendo uso basicamente da

investigação da cena do crime, da observação minuciosa cujos detalhes que

31

escaparam a primeira vista e de reflexão dos depoimentos sob a ótica da razão.

Desta maneira solucionando o mistério do qual narra seu raciocínio

reconstruindo os fatos ordenadamente que revelam como o crime foi cometido, em

que circunstâncias e principalmente quem foi o autor do mesmo.

Após o entendimento de quem, como e por que motivaram o crime o final da

história (narrativa do inquérito) ainda é necessário que o verdadeiro criminoso seja

punido e – quando há - o possível inocente liberto (finalizando a narrativa do crime).

Onde o bem vence o mal proporcionando um final feliz e que nenhum elemento

textual fique em aberto, não sendo preciso imaginar como terminaria. Composto por

começo/meio/fim bem claros e que a justiça seja restabelecida com a punição do

vilão que não colocará mais a sociedade em perigo - típico em literaturas de massa.

� Sequência descritiva:

Permeando a narrativa estão fragmentos descritivos - as sequências descritivas

que compõem o quadro físico, social e psicológico do crime investigado. Bronckart

(2003) explicita que a sequência descritiva dentro da narrativa não apresentam uma

linealidade, entretanto se complementa verticalmente ou hierarquicamente,

admitindo três fases:

a) ancoragem: sob a forma de nominalização ou de tema-título;

b) aspectualização: diversos aspectos do tema-título são enumerados –

atribuição de propriedades;

c) relacionamento: assimilação de dados entre si metafórico ou

comparativamente.

Considerando o Texto C pode ser exemplificada na personagem de Adão Flores

(o detetive) com elementos como “empresário”, “detetive particular” (ancoragem);

“gordo”, “120 quilos”, “espírito boêmio” (aspectualização); e “salvação” e “última

esperança” (relacionamento).

� sequência dialogal

De acordo com Bronckart (2003) a sequência dialogal delimita os turnos de fala

das personagens inseridos no discurso narrativo.

No gênero conto policial, esta sequência esteve sempre presente

desempenhando um papel fundamental, como pode ser constatado pelo Texto A

prioritariamente composto por discurso direto - marcados principalmente por dois

32

pontos e travessão.

B) Mecanismos de textualização:

• Conexão

Entende-se por conexão os elementos que asseguram a progressão temática

da narrativa por meio de marcas, tais como conjunções ou locuções conjuntivas,

advérbios ou locuções adverbiais, preposições, grupos nominais e segmentos de

frase. (BRONCKART, 2003)

Ainda segundo o autor mencionado anteriormente, esses organizadores tem

como função marcar: a articulação entre as fases da narrativa e articulações internas

às essas fases.

São exemplos de conectividade, extraídos do Texto C o emprego tanto

aspectos lógicos (por meio de conjunções “então”, “pois”, “talvez”, e locuções

conjuntivas “não só/como também”, “apesar de”), como temporais e espaciais

(advérbios “aqui”, “pouco”, “muito” e locuções adverbiais “às boates, bistrôs e

inferninhos”, “a poucos quarteirões”, “durante o dia”, “com o tempo”,”mais tarde”).

• Coesão nominal:

A coesão nominal, também denominada coesão referencial anafórica, é o

mecanismo pelo qual insere os temas e/ou personagens novos, bom como,

garantem sua retomada ou permuta no decorrer da narrativa expressos

principalmente por alguns sintagmas nominais e por pronomes (pessoais, relativos,

demonstrativos e possessivos) (BRONCKART, 2003)

Ainda retirados do Texto C, podem ser citados como exemplos:

a) sintagmas nominais: “empresário da noite”, “um jornalista”;

b) pronomes pessoais: “(d)ela”, “os”;

c) pronomes relativos: “que”, “em que”, “onde”;

d) pronomes demonstrativos: “esses”, “(d)esses”;

e) pronomes possessivos: “seu”, “sua”.

Usando a personagem Adão Flores do Texto C a título de exemplificação, são

acionadas diversas estratégias de retomadas textuais como pronomes “seu”, “dele”,

nomes “detetive”, “empresário”; substituições por sinônimos “empresário-

detetive”; termos genéricos/específicos “120 quilos”, “gordo”; nominalizações “o

casal”, (Adão + Estela), “Flores”; repetições “Adão”, “Adão Freitas”. E como já fora

33

apresentado, o conto policial, se vale de preposições, conjunções e advérbios (e

suas respectivas locuções) e por pronomes para estabelecer conectividade.

• Coesão verbal

A coesão verbal é a estruturação temporal e/ou hierarquia dos estados,

acontecimentos ou ações explicitados pelos tempos verbais e por advérbios.

Nas narrativas policiais, observa-se a predominância do modo indicativo com

o que é padrão no texto narrativo o início com pretérito imperfeito (serve de quadro

de fundo ou segundo plano) “era”, “começavam”, “gostava”, “se dedicava”, “havia”;

seguido pelo início da complicação do qual emerge o pretérito perfeito (primeiro

plano – enfático) “adquiriu”, “começou”, “apareceu”, “teve”. Ainda se constata a

presença do mais-que-perfeito (com valor retroativo) “fora”, em alguns textos. A

valoração de simultaneidade é revelado com o presente do indicativo, empregado

prioritariamente durante o discurso direto “Lembra-se de mim, Adão?”. Exemplos

também retirados do Texto C .

C) Mecanismos de enunciação

• Análise linguística :

A variedade linguística pertencente à norma culta, com presença de

informalidade/coloquial principalmente no discurso direto.

No que diz respeito à escolha lexical constata-se o predomínio de

substantivos concretos, verbos indicando ação para narrar fatos e implicar o ritmo

dinâmico ao texto. Percebe-se de forma enfática a presença de adjetivos objetivos,

afetivos, físicos, superlativos comparativos, bem como, locuções adjetivas. Há

também palavras com sentido conotativo e palavras e/ou expressões com sentido

irônico.

O tom do enunciador caracteriza-se por ser detalhista, rico em informações e

impressões que visam minuciar com a maior precisão o espaço em que se desenrola

a trama, os fatos, as personagens, etc.

Os sinais de pontuação são bem variados dentre eles ponto final, de

exclamação, interrogação, reticências, dois pontos, travessão.

• Posicionamento enunciativo e vozes

Segundo Bronckart (2003) Esses mecanismos são responsáveis para a

34

sustentação da coerência pragmática, ou seja, as vozes que revelam juízos de

valores, pensamentos, sentimentos, posicionamentos.

Sendo assim, a primeira voz é a do autor empírico (que, diga-se de

passagem, também é um eco polifônico responsivo de tudo o que leu, ouviu,

conheceu, etc como afirma BAKHTIN (1997) – que se vale da voz do narrador para

ser externada. Além disso, há as vozes sociais , ou melhor, pessoas ou instituições

humanas alheias a temática do texto. E ainda, a voz das personagens. Todos

esses três subconjuntos de vozes podem ser apresentados de forma explícita ou

implícita na narrativa.

Considerando as vozes presentes no conto policial pode-se observar que a

voz do enunciador (que também pode ser a personagem do detetive) representa a

verdade científica e objetiva.

Encontram-se presentes personagem que simulam os possíveis

questionamentos do destinatário ao detetive para a compreensão dos fatos, os quais

são imediatamente sanadas ao descortinar do crime.

As vozes sociais, normalmente presentes em contos policiais são da

Segurança Pública – Departamento de Polícia; da impressa – por jornalistas/jornais;

a voz do marginalizado – explorado, excluído, aviltado em seus direitos de cidadão.;

a voz da vítima – presa vulnerável de um sistema ineficaz; entre outras.

35

4. A ENGENHARIA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Dolz, Noverraz & Schneuwly (2004) definem Sequência Didática (SD) como

“um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno

de um gênero textual oral ou escrito” - fruto do estudo sobre o gênero realizado no

Modelo didático. Desta forma,

“a elaboração de uma SD desencadeia inúmeras atividades de escrita, orientadas tanto pela pesquisa como pela prática: a elaboração do modelo didático, que por sua vez inclui a pesquisa sobre um gênero em específico, a organização das oficinas, a elaboração dos exercícios de cada oficina, o planejamento da transposição didática de cada oficina” (Hila & Nascimento, 2010)

Portanto, a SD tem por intuito auxiliar o aprendizado do discente em relação a

um gênero de texto específico e lhe proporcionando letramento, em que não apenas

tome posse de todas as condições necessárias para produzi-lo (oral ou escrito), mas

também, faça uso numa dada situação de comunicação.

De acordo com Dolz, Noverraz e Schneuwly (2040), uma SD é composta

basicamente de quatro etapas básicas que serão discorridas a seguir e expressa no

quadro a seguir:

ESQUEMA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA:

A primeira, denominada apresentação inicial , compreende a exposição

minuciosa aos alunos - oral ou escrita - do que se espera que eles desempenhem.

Nesta fase, (considerada a da conquista ou sedução) é necessário que fique bem

claro, tanto que projeto coletivo de gênero - seja ele oral ou escrito - que será

requerido da turma, bem como, o conteúdo do gênero. Enfim, muni-los de todas as

informações necessárias para que obtenham sucesso.

Os alunos, bem motivados, adentram da segunda etapa: a produção inicial .

Apresentação da situação

PRODUÇÃO

INICIAL

Módulo1

Módulo2

Módulon

PRODUÇÃO

FINAL

36

Será a resposta ao que foi proposto que poderá se apresentar de forma satisfatória

ou não. Entretanto, não possui um caráter valorativo e sim diagnóstico que

proporcionará detectar as informações que eles já dominam e os problemas que

deverão ser abordados no próximo momento.

A seguir, inicia-se o momento de suma importância que visa a superação das

dificuldades constatadas na produção inicial por meio de módulos . Trata-se de

oficinas voltadas a sanar as deficiências elencadas nos diferentes níveis como da

situação de comunicação, elaboração dos conteúdos, planejamento e realização do

texto. Desta forma, precisam ser atividades e exercícios diversificados que

contemplem os problemas levantados, propiciando a aquisição gradual e progressiva

do conhecimento e favorecendo uma ação linguística reflexiva.

Finalmente, após ter sido posto em prática todos os instrumentos e noções

previamente estabelecidos, culmina com a produção final . Que pode tanto ser feita

por meio de uma nova produção ou como a reestruturação da produção inicial.

Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) afirmam que o estudo lento e crescente

do gênero por meio de SD possibilita uma avaliação formativa e amplia as

oportunidades discentes de aprendizado em função da diversidade de atividades

propostas. E ainda, contribui para uma maior consciência de seu comportamento

linguístico, o qual é adaptado às situações reais de comunicação de forma voluntária

a dominar a sua língua e suas capacidades de escrever e falar.

E ainda, as oficinas desta SD será constituída empregando os descritores

(ANEXO 1) preconizados pelo Sistema de avaliação da Educação Básica por meio

da Prova Brasil que afirma que

“Estruturalmente, a Matriz de Língua Portuguesa se divide em duas dimensões: uma denominada Objeto do Conhecimento, em que são listados os seis tópicos; e outra denominada Competência, com descritores que indicam habilidades a serem avaliadas em cada tópico. Para a 4ª série/5º ano EF, são contemplados 15 descritores; e para a 8ª série/ 9º ano do EF e a 3ª série do EM, são acrescentados mais 6, totalizando 21 descritores. Os descritores aparecem, dentro de cada tópico, em ordem crescente de aprofundamento e/ou ampliação de conteúdos ou das habilidades exigidas.” (PROVA BRASIL, 2011)

37

4.1. Apresentação da situação

4.1.1. Objetivo: Despertar o interesse e o envolvimento dos alunos na

compreensão do gênero conto policial;

4.1.2. Procedimentos:

4.2. Produção inicial

4.3. Módulos

Farei uma análise diagnóstica da produção inicial tabulados em uma grade

tendo em vista os critérios apontados pelo Modelo de Gênero do conto policial que

norteará a construção de oficinas. Essas oficinas visam sanar as possíveis

dificuldades apresentadas pelos alunos que permitam a assimilação do gênero conto

policial.

Sendo assim, seguem as seguintes oficinas de entraves presumíveis.

Essa etapa revela-se de suma importância tendo em vista que irá despertar nos

alunos o desejo de embrenhar-se nesta aventura didático-pedagógica.

Explanarei oralmente o projeto a ser desenvolvido, bem como, o que se espera

de cada um deles.

Anunciarei que faremos uma visita à Biblioteca Municipal e que no termino do

nosso projeto realizaremos um Sarau com o lançamento do nosso livro de contos –

incluindo noite de autógrafos e coquetel para os familiares.

Na ocasião também será premiado os melhores contos desenvolvidos durante

o projeto que serão apresentados em forma de leitura para os convidados.

Farei uma leitura dramatizada do conto O último cuba-livre de Marcos Rei e

solicitarei que eles – com base no conhecimento que possuam – brinquem de ser

escritores e componham um conto policial empregando muita criatividade.

38

Oficina 1: Contexto de produção

� Objetivo: Reconhecer o gênero conto policial;

Identificar o plano textual global e inferir a cerca do

contexto de produção.

� Duração: uma manhã toda

� Descritor: D12 Identificar a finalidade de textos de diferentes

gêneros.

� Procedimento:

Então, os alunos serão levados a uma visita na Biblioteca Municipal de Londrina. Lá,

eles terão a possibilidade de andar entre as prateleiras enquanto são apresentados à sua

estrutura e funcionamento.

Mostrarei desde como se faz uma carteirinha para empréstimo de livros, até os critérios

que são separados e suas respectivas sessões.

O letramento ocorre quando o aluno entra em contato desde atmosfera da criação

literária – esfera literária (onde é pautada no não real, no imaginável que poderia ser realizado);

com os artefatos culturais: suporte (livro); e sua estrutura: capa/contra lombada, lombada,

miolo, corte, folhas de guarda, folha de ante-rosto, folha de rosto, sobre-capa, abas ou orelhas

(vide ilustrações em (http://www.discolivros.com.br/area_do_bibliofilo/anatomia_dos_livros.php).

Com um livro na mão, vou manuseando e nominando cada uma de suas partes

constituintes.

Também por meio de questionamentos vou levá-los a refletir:

Quem produz um conto?

Qual o seu grau de instrução?

É homem ou mulher?

Criança, jovem, adulto ou idoso?

No que trabalha? Ou apenas escreve?

Com que objetivo escreve?

Alguém sabe o que é fruição?

Para quem escreve?

O que é literatura de massa?

Em que outros suportes o conto policial pode ser encontrado?

Se possível, quero convidar um contista da cidade de Londrina para estar presente e

dividir suas experiências com os alunos e poder ser entrevistado por eles. E ainda, ler um(ns)

conto(s) de sua preferência – compartilhando sua inspiração e informações que julgar

pertinentes e curiosas.

39

Oficina 2: Planejamento textual

� Objetivo Caracterizar Plano textual global; (silhueta)

� Duração: 1 aula

� Descritor: D1 Localizar informações explícitas em um texto.

� Procedimento:

Oficina 3: Tipo de discurso predominante

� Objetivo Indicar o tipo de discurso predominante;

� Duração: 1 aula

� Descritor: D1 Localizar informações explícitas em um texto.

� Procedimento:

ATIVIDADE 1

Em casa, procure na internet e traga para a próxima aula todas as

informações que você conseguir sobre: Hélio de Soveral, Medeiros de

Albuquerque e Marcos Rey. Todas as informações serão apresentadas em

um grande círculo e depois afixadas em um varal.

Organizarei a classe em grupos e distribuirei um conto policial diferente para

equipe em seu suporte.

Em seguida, levantarei várias questões registrando as respostas na lousa:

Como aparece o título: letras maiúsculas? Minúsculas? Tem verbos? São

curtos ou longos?

Onde aparece o nome do autor: no começo? No final? Ou não aparece?

Como se apresenta o corpo textual: A primeira letra é diferente das demais

que compõem o texto? Possui parágrafos? Possui diálogos? Como são

marcados – aspas, dois pontos e travessão?

Possui tradutor?

40

Oficina 4: Foco narrativo

� Objetivo Determinar foco narrativo;

� Duração: 1 aula

� Descritor: D1 Localizar informações explícitas em um texto.

� Procedimento:

Com auxílio de dicionários, registrar em seus cadernos a significação das

seguintes palavras: relatar, narrar, expor, argumentar, descrever.

Para cada significação mencionadas a cima, citar tipos de gêneros que

eles conhecem que possuem essas características e registrar na lousa como

exemplos.

Em seguida, retroprojetar fragmentos de contos tais como Se eu fosse

Sherlock Holmes Medeiros de Albuquerque e O último cuba-livre de Marcos Rey

– conduzindo os alunos a refletirem, se esse gênero tem por finalidade principal:

Relatar?

Argumentar?

Expor?

Descrever?

Narrar?

Importante ressaltar que uma ordem pode estar contida dentro da outra,

como o discurso da ordem de descrever, entretanto não é a predominância. E

ainda enfatizar a distinção entre narrar e relatar.

Dividir a classe em 6 grupos e distribuir um conto diferente para cada um.

Solicitar que cada aluno seja uma personagem e que um seja o narrador.

Após um tempo determinado, será apresentado ao grande grupo uma

leitura dramatizada seu conto.

Então será inquirido:

41

Oficina 5: Personagem

� Objetivo: Classificar personagens principais;

� Duração: 3 aulas

� Descritores: D5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico

diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.)

D12 Identificar a finalidade de textos de diferentes

gêneros.

D20 Reconhecer diferentes formas de tratar uma

informação na comparação de textos que tratam

do mesmo tema, em função das condições em que

ele foi produzido e daquelas em que será recebido.

D1 Localizar informações explícitas em um texto.

� Procedimento:

Quem contou (narrou) os fatos?

Era uma personagem?

Caso fosse personagem: era principal ou secundária?

Conhecia os pensamentos, sentimentos e intenções no íntimo das demais

personagens? Ou apenas fazia suposições?

Ou alguém que não constava na história?

Estando de fora da narrativa: apenas se limitava a contar o que via (como

observador)? Ou sabia o que se passa no interior das personagens: seus

pensamentos, sentimentos e intenções?

Qual a marca textual que revela ser era personagem ou alguém de fora da

narrativa?

Sistematizar as informações dos alunos na lousa de forma a agruparem em:

Narrador personagem: 1ª pessoa do discurso (principal ou secundária)

Narrador observador: 3ª pessoa do discurso (observador ou onisciente)

42

Oficina 6: Sequências narrativa, descritiva e dialo gal / Análise linguística

� Objetivos: Distinguir sequências textuais (narrativa, descritiva e

dialogal);

Discriminar análise linguística;

� Duração: 4 aulas

� Descritores: D1 Localizar informações explícitas em um texto.

D4 Inferir uma informação implícita em um texto

D16 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos

variados.

D17 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso

da pontuação e de outras notações.

� Procedimento:

Projeção do filme “Sherlock Holmes” lançado em 2009, sob a direção de

Guy Ritchie e tendo como atores Robert Dawney Jr, Jude Law, Rachel McAdams,

Mark Strong, entre outros.

Levá-los a distinguir os diferentes tipos de suporte (filme/livro).

Considerando as oficinas anteriores, estabelecer oralmente comparações

entre o gênero conto policial e o gênero filme:

Qual a esfera de cada um?

Qual o suporte?

Qual o contexto de produção?

Qual o discurso predominante?

Qual o foco narrativo?

Quais são as personagens principais e secundárias de cada gênero?

Como a personagem do detetive é apresentado no filme?

Quem são os detetives dos contos Se eu fosse Sherlock Holmes, O

último cuba-libre e O mistério do sobrinho perfumado?

Apresentar em TV pendrive os detetives mais importantes da história da

narrativa policial, seus autores e algumas curiosidades.

A seguir, separá-los em 10 grupos (cada um com um detetive famoso no

universo ficcional apresentado pela professora) e solicitar que, consultando a

internet, tragam acréscimos que serão expostos na próxima aula.

43

Separarei os alunos em grupo, colar em cartolina, a xérox do conto Se eu fosse

Sherlock Holmes de forma a construir uma coluna – da seguinte forma:

A seguir, solicitarei que (a lápis) possam traçar 5 divisões no enredo que

representariam 5 fases distintas e justificarem aos demais grupos o porquê da

Considerando que a sequência narrativa do conto pol icial é composto pelas seguintes etapas:

Situação inicial: apresentação das personagens e do ambiente em que será inserido o enigma a

ser elucidado.

Complicação: constata-se o crime;

Ações: através do raciocínio lógico e da observação detalhista do detetive ocorre à investigação

das pistas e falsas

Resolução: onde o crime é desvendado.

Situação final : ocorre a punição do malfeitor e o reconhecimento ao herói que livrou a sociedade

de um ser que prejudicou e possivelmente prejudicaria ainda mais seus semelhantes.

Pedirei que revejam as divisões feita anteriormente e justifiquem com embasamento seus

posicionamentos diante dos demais grupos – comparando convergências e divergências para

chegarem a um denominador comum.

Logo após, realizarem as duas atividades a seguir em duplas, apresentadas em sulfit:

44

Atividade 1

� Identifique de quais fases da sequência narrativa do conto O último cuba-libre:

a) “Adão deu uns passos enquanto Estela aparecia à porta do quarto, tentando

dizer alguma coisa. O detetive entrou precipitadamente. A primeira imagem que viu

foi Julio sobre a cama, ensangüentado.”__________________________________

b) “Durante o dia Adão Flores era um gordo como qualquer outro.(...) Com o

tempo, Adão Flores adquiriu outra profissão, paralela à de empresário da noite, a

de detetive particular, mas sem placa na porta e mesmo sem porta, atividade

restrita apenas a cenários noturnos e pessoas

conhecidas.”_________________________

c) “Naquele dia saiu cedo à rua para receber os louros. O porteiro do seu hotel

de duas estrelas foi o primeiro a cumprimentá-lo com uma reverência. Logo depois

gravava uma entrevista pra o rádio e uma declaração para a tevê.

____________________________

d) “Sou um homem do visual, da imagem – disse Flores. – Aquele cuba-bibre

sem gelo me chamou logo a atenção. Julio gostava de colocar verdadeiros

icebergs nas suas bebidas. Como não havia mais gelo e o copo voltara à

temperatura ambiente, deduzi que o crime tinha acontecido há algum tempo. Uma

hora, talvez...”_____________________________

e) “Aconteceu na própria polícia onde fora olhar alguns suspeitos na passarela.

Pretexto. O delegado já aceitara meu ponto de vista de vista. Eu próprio lhe contei

minha versão: Estela surpreendera Júlio quando jogava roupas na mala para

sumir.(...) Viu a tesoura sobre a mesa. Golpeou-o pelas

costas.”____________________________

45

.

ATIVIDADE 2

���� Determine as fases da sequência narrativa no conto O mistério do sobrinho

perfumado, retirando fragmentos que comprovem cada etapa.

a) Situação inicial :_______________________________________________

b) Complicação: ________________________________________________

c) Ações: ______________________________________________________

d) Resolução: __________________________________________________

e) Situação final : _______________________________________________

ATIVIDADE 3

Procure no dicionário o significado da palavra maniqueísta. E como ela se aplica

nos contos policiais? Justifique sua resposta.

A sequência descritiva encontra-se misturada à narrativa para compor o quadro

físico, social e psicológico do crime investigado. Tem como finalidade apresentar

personagens e um cenário de investigação cientifica, pistas, detetives, crimes a

serem solucionados, assassinos desmascarados e punidos - empregando a lógica

dedutiva, por meio da intuição associada aos aparatos tecnológicos.

Vou desafiá-los a bancar os detetives!

ATIVIDADE 1

Solicitarei que em pequenos grupos localizem fragmentos textuais que

caracterizam os itens mencionados e montem em cartolinas as informações

encontradas para comporem um varal que será apresentado aos demais.

46

Questionarei os alunos, nos contos policiais que lemos, e registrarei na lousa:

Qual a variedade linguística?

Existe diferença entre os trechos narrados e o discurso direto?

Predominantemente:

a) Os substantivos ou abstratos?

b) Os verbos indicam ação, estado ou fenômeno da natureza?

Quais os sinais de pontuação que podemos verificar nos contos policiais?

ATIVIDADE 2

No caderno, empregando o conto O último cuba-libre, identificar no final do texto a

expressão empregada com sentido irônico

ATIVIDADE 3

No mesmo conto, localizar as palavras que ao caracterizar a personagem do

detetive causam humor – e registre no caderno.

ATIVIDADE 4

Escolha uma personagem ou fato do conto O último cuba-libre e liste os adjetivos

empregados para descrevê-la(lo).

47

Levar os alunos a constatarem, através de questionamento, que A Sequência

dialogal delimita os turnos de fala das personagens inseridos no discurso narrativo

- principalmente composto por discurso direto - marcados fundamentalmente por

dois pontos e travessão.

Perguntar:

Existe diálogo no conto?

Como são marcados?

Que sinais de pontuação determinam quando uma personagem está

falando?

Como registra quando outra personagem vai falar?

Em que parte do texto (começo, meio ou final) aparecem diálogos?

Qual a importância do diálogo dentro da narrativa?

Como é a linguagem das personagens dentro do conto?

ATIVIDADE 1

Recrie o diálogo entre Zezinho Sherlock seu tio, o delegado Orlando Quental, chefe do Departamento Especial de Polícia Civil. (...)

A fala de Sherlock foram mantidas, porém você precisa reinventar as respostas fornecidas pelo tio. Entretanto precisam manter o sentido para a próxima pergunta e ao mesmo tempo serem bem criativas. - O que foi que aconteceu, desta vez? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ - Ah! Essa testemunha viu alguma coisa? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ - Puxa! O caso é interessante, titio. Como é que um cego pode ser testemunha de vista? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

48

- Ele é o único herdeiro? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ - Comece pelo princípio, titio - pediu Zezinho, cruzando as pernas e ajeitando um cacho de cabelos negros que teimava em cair sobre os seus óculos. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ - Ah! Então, temos uma empregada, hem? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ - Nem todo desempregado é marginal, titio. Assim como nem todo pistoleiro é bandido, pois a polícia também usa pistolas... Roubaram ‘tudo’ do cofre? Se a vítima emprestava dinheiro a juros, devia haver alguma promissória, ou vale, ou essas coisas que eu não conheço direito... ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ - E onde é que entra o cego? - perguntou Zezinho, deleitado com a história. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ - Nem todo camelô é marginal - repetiu Zezinho Sherlock. - A polícia tem o costume de dizer que o que não é direito está torto, mas há um exagero nisso... E o que foi que esse cego viu? Ou melhor: o que foi que ele ‘pressentiu’? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ - Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

49

Oficina 7: Conexão

� Objetivo Descrever conexão;

� Duração: 1 aula

� Descritor: D15 Estabelecer relações lógico-discursivas

presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, etc.

� Procedimento:

- Hum! E a polícia, ajudada pela empregada da vítima, encontrou a pista do sobrinho da velha? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ - Certo - murmurou Zezinho. - Alfazema e lavanda inglesa é a mesma coisa... E depois? O rapaz acabou confessando que esteve no pardieiro? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ - Tudo me parece claro, titio - disse Zezinho Sherlock. - O sobrinho perfumado pode estar dizendo a verdade, pois o cego é um grande mentiroso! Provavelmente, foi esse falso cego que cometeu o crime, para roubar a grana da velha! ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Para que um texto forme uma unidade são empregados palavras que

estabelecem conexão entre as partes textuais que garantem a progressão

temática.

Xerocarei os três contos que estão sendo trabalhados, retroprojetarei para

que todos juntos compreendam o efeito que essas estruturas representam na

concectividade e sejam circuladas com uma caneta para retroprojetor:

a) conjunções ou locuções conjuntivas

b) advérbios ou locuções adverbiais

c) preposições

50

Oficina 8: Coesão nominal e verbal

� Objetivo Relacionar coesão nominal e coesão verbal

� Duração: 2 aulas

� Descritores: D2 Estabelecer relações entre partes de um texto,

identificando repetições ou substituições que contribuem para a

continuidade de um texto.

D11 Estabelecer relação causa/conseqüência entre

partes e elementos do texto.

� Procedimento:

Levarei a classe a refletirem de que forma os nomes dentro da estrutura textual podem ser

retomados evitando repetições. No conto Se eu fosse Sherlock Holmes, que palavras formam

usadas para se referirem a personagem Madame Guimarães?

Listar todas as palavras na lousa, depois agrupá-las e classificá-las

a) pronomes (pessoais, relativos, demonstrativos e possessivos)

b) substituições por sinônimos;

c) termos genéricos/específicos;

d) nominalizações;

e) repetições.

1) Investigação:

Dividirei a classe em grupos.

Cada grupo ficará com um fragmento do conto Se eu fosse Sherlock Holmes.

Solicitarei que façam um levantamento sobre os verbos e advérbios.

Os pequenos grupos apresentarão aos demais o que constataram em suas investigações

que serão registrados na lousa por mim.

2) Reflexão/conclusão:

Levantarei questionamentos sobre a coesão verbal, por meio de perguntas (cuja síntese

será registrado na lousa) tais como:

Como o tempo é marcado na narrativa?

O que determina a ordem dos acontecimentos do conto?

Como as ações são registradas?

Qual o tempo verbal que mais aparece?

Pertence a qual modo verbal?

O mesmo tempo verbal aparece no começo, no meio e no final da narrativa? Ou ocorre alguma

mudança?

Nos diálogos, o tempo verbal altera ou permanece igual ao empregado pelo narrador?

Qual a função dos advérbios no texto?

Que tipo de advérbio aparece com destaque? Ou não tem um que se sobressai?

51

Oficina 9 : Posicionamento enunciativos e vozes

� Objetivo Relacionar posicionamento enunciativo e vozes

� Duração:

� Descritores: D13 Identificar as marcas lingüísticas que

evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.

D1 Localizar informações explícitas em um texto.

D4 Inferir uma informação implícita em um texto.

� Procedimento:

.

ATIVIDADE 1 Em pequenos grupos, identifique as vozes das que estão presentes no conto Se eu fosse Sherlock Holmes.

ATIVIDADE 2 Considerando o conceito de maniqueísta (luta do bem contra o mal), qual(ais) voz(es) podem ser considerada(s) do bem e qual(ais) representa(m) o(s) vilão(ões).

Explicarei aos alunos que:

Além das vozes das personagens, há as vozes sociais , ou melhor, pessoas ou instituições humanas alheias a temática do texto

ATIVIDADE 3

1) No conto policial, quem representa a voz do enunciador/autor (que também pode ser

a personagem do detetive)?

_______________________________________________________________________

2) Que personagens representam as possíveis dúvidas do destinatário/leitor ao detetive

para que consigam compreender os fatos?

_______________________________________________________________________

3) Que vozes sociais podem ser detectas nos contos policiais que lemos?

_______________________________________________________________________

52

4.4. Produção final

Os alunos serão motivados a se esforçarem ao máximo na produção de

seus contos tendo em vista que os mesmos, resultantes deste trabalho, comporão

um livro digitalizado que será apresentado a comunidade escolar em um sarau

com noite de autógrafos.

Na ocasião, em meio a um coquetel, será realizado a leitura de alguns

contos por seus próprios autores.

Desta forma, considerando tudo o que foi aprendido nas oficinas, proporei

aos alunos a composição de um conto policial ocorrido em um ambiente escolar

com no máximo 5 personagens, em que constem pistas falsas e inocentes sendo

acusados injustamente.

Entretanto o assassino será desmascarado, assim como seus sórdidos

motivos que o levaram a cometer tal crime, por um detetive astuto que o entregará

as autoridades para ser punido.

Perguntarei aos alunos

Quem é a vítima?

Quem foi acusado? Ou nem havia suspeitos?

Quem a encontrou?

Qual é a cena do crime?

Como o detetive tomou conhecimento do fato a ser desvendado?

O que ele viu que os demais não haviam notado na cena do crime?

Que pistas foram postas propositalmente para enganar as

investigações?

Quem era o culpado?

Como se chegou a essa conclusão?

Como foi punido?

Como o termina o texto para cada personagem envolvida no texto?

53

4.5. Reestruturação textual: Avaliação

4.6. Recursos

• Humanos: professora, alunos, bibliotecária, contista.

• Materiais:

TV pendrive;

Lousa;

Retroprojetor;

Internet;

Xérox;

Sulfit;

Cartolina;

Cola;

Barbante;

Livros de contos;

Contos policiais

sultitados;

Filme;

Data show;

Caneta de retroprojetor;

Dicionários;

Cadernos;

Passeio.

Alguns textos serão xerocados em transparências e reestruturados com o

auxílio de todos os demais alunos, na tentativa de sanar as lacunas ainda

apresentadas no texto final.

Porém, todos serão reestruturados e digitalizados para comporem a coletânea

a qual já foi mencionada.

54

5. ANEXOS

5.1. LISTA DE DESCRITORES

Tópico I – Procedimentos de Leitura

D1 Localizar informações explícitas em um texto.

D3 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

D4 Inferir uma informação implícita em um texto.

D6 Identificar o tema de um texto.

D14 Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.

Tópico II - Implicações do Suporte, do Gênero e/ou Enunciador na

compreensão do Texto

D5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas,

quadrinhos, foto, etc.)

D12 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.

Tópico III – Relação entre Textos

D20 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de

textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que ele foi

produzido e daquelas em que será recebido.

D21 Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo

fato ou ao mesmo tema.

Tópico IV - Coerência e Coesão no Processamento de Textos

D2 Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou

substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

D7 Identificar a tese de um texto.

D8 Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.

D9 Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

D10 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a

narrativa.

D11 Estabelecer relação causa/conseqüência entre partes e elementos do texto.

D15 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por

conjunções, advérbios, etc.

55

Tópico V - Relações entre Recursos Expressivos e Ef eitos de Sentido

D16 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.

D17 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras

notações.

D18 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada

palavra ou expressão.

D19 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos

ortográficos e/ou morfossintáticos.

Tópico VI - Variação Lingüística

D13 Identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de

um texto.

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5. REFERÊNCIAS:

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