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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIDADE DIDÁTICA
A SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA TRABALHAR COM O
GÊNERO TEXTUAL „MEMÓRIAS‟
Curitiba
2011
MARGARETH APARECIDA LEITE
A SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA TRABALHAR COM O
GÊNERO TEXTUAL „MEMÓRIAS‟
Unidade Didática requisitada pela SEED – Secretaria
Estadual de Educação. Produção Didático-
Pedagógica que constitui parte integrante dos estudos
realizados durante a participação no Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, contém texto
de fundamentação teórica, bem como propostas de
atividades para discentes do CE Milton Carneiro em
Curitiba.
Orientadora: Msc. Juslaine de Fátima Abreu
Nogueira
Curitiba - PR
2011
FICHA CATALOGRÁFICA
Titulo
A Sequência Didática para trabalhar com o gênero textual „memórias‟
Autora Margareth Aparecida Leite
Escola de
Atuação
Colégio Estadual Milton Carneiro
Município da
Escola
Curitiba – PR
Núcleo Regional
de Educação
Curitiba – PR
Orientadora Juslaine de Fátima Abreu Nogueira
Instituição -
Ensino Superior
Unespar/FAFIPAR - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Paranaguá – PR.
Área do
Conhecimento
Língua Portuguesa
Produção-
Didático-
pedagógica
Unidade Didática
Relação
Interdisciplinar
Língua Portuguesa – Ensino e Aprendizagem de Leitura
Público Alvo Discentes das 5ª séries.
Localização da
escola de
implementação
Capitão Roberto Lopes Quintas, SN – Alto Boqueirão, Curitiba – PR.
Apresentação:
A proposta da elaboração desta unidade didática parte de
estudos e pesquisas baseadas nos pressupostos teóricos da Teoria dos
Gêneros de Bakhtin e das propostas de transposição didática realizadas
pela equipe de Dolz e Schneuwly que colocam o estudo do gênero
como norteador do trabalho de sala de aula e propõem prioridades no
preparo comunicativo dos alunos, ou seja, prepará-los para dominar a
língua em situações variadas. Na perspectiva dos estudos dos gêneros
textuais, propusemos como ponto de partida um trabalho em sala de
aula com o gênero “memórias literárias”.
SUMÁRIO
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ..................................................................................8
2 TEMA DE ESTUDO .....................................................................................................8
3 TÍTULO .........................................................................................................................8
4 JUSTIFICATIVA ..........................................................................................................8
5 PROBLEMA..................................................................................................................8
6 OBJETIVOS ..................................................................................................................8
6.1 Geral............................................................................................................................8
6.2 Específicos...................................................................................................................9
7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................31
ANEXOS.........................................................................................................................33
8
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professor PDE: Margareth Aparecida Leite
Área PDE: Língua Portuguesa
NRE: Curitiba – PR.
Escola de Implementação: C. E. Milton Carneiro - EFM
Público objeto da intervenção: Discentes das 5ª séries.
2. TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE
O ensino da leitura e da escrita numa perspectiva do gênero textual „memórias‟.
3. TÍTULO
A sequência didática para trabalhar com o gênero textual „memórias‟.
4. OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral
Apresentar uma proposta de atividade em sala de aula baseada na produção e
busca de material didático para alunos de 5ª série, que priorize o ensino da leitura e
escrita em sala de aula numa perspectiva teórica do gênero textual memória.
4.2 Objetivos Específicos
- Desenvolver o senso crítico dos alunos quanto ao entendimento da linguagem
em suas diversas formas;
- Despertar a curiosidade do aluno, que se ensine o aluno a produzir textos, a fim
de que se possa ensiná-lo a produzir, sabendo como produzir, para que e para quem se
escreve, considerando que seu texto será lido e compreendido por diversas pessoas, em
diferentes contextos interlocutivos, e que o próprio aluno saiba ler e interpretar sua
9
produção, bem como que os textos produzidos não sirvam só para que o aluno seja
avaliado e sim, para sua socialização e crescimento pessoal;
- Buscar, por meio da entrevista, da conversa com nossos avós e pais, resgatar,
conhecer e respeitar a nossa história;
- Criar no ambiente escolar, oportunidade ao aluno para lidar com a língua em
seus mais diversos usos autênticos no dia-a-dia;
- Ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim,
escrever ou falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de comunicação.
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
5.1 GÊNEROS TEXTUAIS: REFLEXÕES E ENSINO
A proposta da elaboração desta unidade didática parte de estudos e pesquisas
baseadas nos pressupostos teóricos da Teoria dos Gêneros de Bakhtin e das propostas de
transposição didática realizadas pela equipe de Dolz e Schneuwly (2004) que colocam o
estudo do gênero como norteador do trabalho de sala de aula e propõem prioridades no
preparo comunicativo dos alunos, ou seja, prepará-los para dominar a língua em
situações variadas, fornecendo-lhes instrumentos eficazes; ajudá-los a construir uma
representação das atividades de escrita e de fala em situações complexas, como produto
de um trabalho e de uma lenta elaboração. Falar em gêneros textuais é, acima de tudo,
falar do sujeito construtor do texto e das situações comunicacionais que envolvem essa
construção. Em outras palavras, o gênero pode ser definido por seus aspectos
sociocomunicativos e funcionais, segundo os quais surgirá a pluralidade textual
expressa nos diferentes gêneros, que advém da necessidade de o sujeito se expressar
atendendo a objetivos específicos, visando a um público determinado e limitado por
uma singular situação comunicativa. Ainda, segundo Luiz Antônio Marcuschi (2002),
os gêneros são concebidos como fenômenos históricos profundamente ligados à vida
social e cultural dos sujeitos. São flexíveis, dinâmicos e surgem a partir das
necessidades dos homens, das atividades socioculturais e das inovações tecnológicas.
Quem se dedicou a elaborar uma proposta de transposição dos conceitos
bakhtinianos para o trabalho de sala de aula inicialmente foi o grupo de Genebra. No
que se refere à criação de um currículo para o ensino de língua, baseado nos gêneros, na
10
escola básica, propõe que seja elaborada uma dinâmica em que, em sistema de
progressão, os alunos possam se apropriar, cada vez mais, de conhecimentos e práticas
linguísticas complexas e aprofundadas (DOLZ, 2004).
Essas propostas foram também incorporadas pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), expressadas da seguinte forma:
No processo de ensino aprendizagem dos diferentes ciclos do ensino
fundamental espera-se que o aluno amplie o domínio discursivo nas diversas
situações comunicativas, sobretudo nas instâncias públicas de uso da
linguagem, de modo a possibilitar sua inserção efetiva no mundo da escrita,
ampliando suas possibilidades de participação social no exercício da cidadania
(BRASIL, 1998, p.32).
A proposta é criar, na escola, situações que se assemelhem às existentes no
ambiente social externo. Dessa forma, o professor terá o domínio do universo de
variações possíveis e orientará o aprendiz dentro desse universo, embora as
possibilidades comunicativas se estendam para além dele. A criação de um espaço
potencial de desenvolvimento deve ser encarada no nível local, no quadro da realização
de sequências didáticas que tem por objetivo a apropriação dos gêneros.
Os autores Dolz, Noverraz e Schneuwly propõem o desenvolvimento de uma
sequência didática visando a orientar o trabalho do professor para que possa “[...] ajudar
o aluno a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar
de uma maneira mais adequada numa dada situação de comunicação.” (DOLZ;
NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 97 – grifo dos autores). Para tal, o autor
apresenta um Esquema para a sequência didática, dividido em quatro momentos
distintos: apresentação da situação; primeira produção; módulos e produção final. O
item “Apresentação da situação” (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY,2004, p. 99). é
colocado como a etapa em que o professor apresentará para a turma o gênero, oral ou
escrito, que será trabalhado. Serão demonstradas e exemplificadas as características que
o distinguem e o identificam; suas utilidades; necessidades e a quem se dirige. É o
momento em que se estabelecem os formatos possíveis desse gênero (panfleto, jornal,
folha) e quem participará da produção na etapa seguinte (grupo, individual).
Em seguida é apresentada a etapa intitulada “Primeira produção” (DOLZ;
NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 101) em que, após a prévia explicação do
professor, os alunos seguirão para a prática, buscando produzir o gênero proposto. É,
nessa primeira tentativa de produção que os alunos se conscientizarão do que realmente
já dominam do gênero em questão e no que têm dificuldade. Por meio da análise desses
11
textos, o professor poderá elaborar o programa dos módulos, desenvolvendo-o de forma
a suprir as dificuldades apresentadas pelos alunos e ampliar suas possibilidades
comunicativas.
Logo após é colocada a etapa dos “Módulos” (DOLZ; NOVERRAZ;
SCHNEUWLY, 2004, p. 103) em que se aconselha que sejam trabalhados os problemas
que apareceram na primeira produção e que sejam dados aos alunos os instrumentos
necessários para superá-los. Os problemas são identificados e abordados separadamente,
com exercícios específicos para cada um, possibilitando, ao final, além de superá-los,
que os alunos adquiram uma noção mais exata do gênero trabalhado. Isso refletirá na
espontaneidade de uma linguagem técnica comum entre os alunos, utilizada para
analisar tal gênero.
É ressaltada também a importância de se buscar a diversificação dos exercícios e
atividades elaborados para suprir as carências do aluno. Dessa forma, maximiza-se,
“[...] pela diversificação das atividades e dos exercícios, as chances de cada aluno se
apropriar dos instrumentos e noções propostos, respondendo, assim, às exigências de
diferenciação do ensino.” (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 109). Ao
final dessa etapa é aconselhável, ainda, que se elabore uma síntese do conteúdo
estudado, de forma a possibilitar ao aluno a obtenção de um guia para avaliar o
somatório de sua aprendizagem e recordar o que foi estudado. Terminando, “a
seqüência é finalizada com uma produção final que dá ao aluno possibilidade de pôr em
prática as noções e os instrumentos elaborados separadamente nos módulos. Essa
produção permite, também, ao professor realizar uma avaliação somativa.” (DOLZ;
NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p.106). Essa proposta pressupõe o trabalho tanto
com textos escritos quanto orais e, especialmente, ressalta a necessidade de valorização
das manifestações orais, já que a tradição muito valoriza o texto escrito. Nestes, existe a
necessidade de aproximar os alunos dos textos de qualidade e capacitá-los a interpretar
e a produzir discursos sem tomá-los, contudo, como modelos de produção. A escola
deve proporcionar ao aluno textos de variados gêneros e frequentes na realidade social
com toda sua complexidade, utilizando-se também de diferentes abordagens no
tratamento didático. No que se refere à produção final, o grupo de Genebra esclarece o
seguinte sobre a questão avaliativa:
12
A sequência é finalizada com uma produção final que dá ao aluno possibilidade de por
em prática as noções e os instrumentos elaborados separadamente nos módulos. Essa
produção permite, também, ao professor, realizar uma avaliação somativa(DOLZ;
NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 106).
Um trabalho que pretenda abordar gêneros do discurso como objeto de ensino
implica, necessariamente, a (re) construção da situação de produção/ recepção do texto
lido (enquanto constitutiva do sentido) e a diversidade de gêneros, especialmente os
orais. Entender a sala de aula como um espaço apropriado para a efetiva aprendizagem
dos alunos e, por que não, também dos professores, através da troca de experiências, é
passo fundamental para que as práticas de ensino se renovem sempre,seja no método de
ensino utilizado pelo professor, seja na aquisição do conhecimento por parte do aluno. É
exatamente isto que estamos procurando: um trabalho de renovação, no qual podemos
nos despir de todo e qualquer preconceito, aceitando os novos desafios e aprendendo
juntamente com os alunos como ensinar e como aprender. Como diz Cagliari (2002, p.
14): “Nesse contexto, nunca é demais lembrar que a sala de aula deve ser uma oficina
em que as pessoas trabalham fazendo, refazendo, melhorando”.
5.2 ORALIDADE, LEITURA E ESCRITA
A escola pertence ao universo de múltiplas linguagens. A linguagem verbal, a
não verbal e a mista estão presentes no nosso cotidiano. A imagem e a palavra se
confundem e nos envolvem, criando um diálogo com os seus interlocutores, que somos
todos nós. Tudo o que está a nossa volta contribui como estímulo importante para o
incentivo e melhoria da aprendizagem através das artes visuais, filmes, televisão, a
música, o jornal impresso, as histórias em quadrinhos. A oralidade é a forma mais
criativa e natural de mantermos a comunicação social, utilizada desde sempre pelos
homens como transmissora de informações, ideias, expressões de sentimentos, criação
de vínculos e interação entre as pessoas. Assim, quando a criança chega à escola, ela já
opera com a linguagem, já fala e entende o que fala. Para esse trabalho, convém ouvir
dos alunos relatos de histórias ouvidas ou vivenciadas, contos, causos, poemas,
reprodução oral, de textos informativos, publicitários, científicos e poéticos; relato de
filmes, desenhos animados, brincadeiras, jogos; proporcionar histórias ou fatos para
serem dramatizados, utilizar-se, também, da mímica, pois estes recursos não só
13
desenvolvem a oralidade como, também, tornam as crianças mais desinibidas. Ao
desenvolver tais atividades devem ser observados os seguintes pontos:
- como o aluno entendeu o que viu ou ouviu?
- ele expõe com clareza as suas ideias?
- há uma sequência lógica na sua exposição?
É importante o professor perceber que nem sempre aquilo que nós entendemos
sobre algo corresponde ao que o aluno percebeu. Há uma leitura de mundo, muitas
vezes individual, em que cada um coloca as suas experiências, a sua história de vida e
seus valores. A partir dessa percepção, podemos atender, direcionar, contribuir com os
alunos, fazendo-os perceber e entender novas leituras, novas e múltiplas ideias presentes
nas ferramentas propostas. Há algum tempo vem sendo questionada a ausência de um
trabalho com a oralidade nas atividades escolares e nos instrumentos didático-
pedagógicos utilizados em sala de aula. Mais do que isso, a presença de elementos de
língua falada nos textos dos alunos não têm sido considerados como naturais no
processo de aquisição da modalidade escrita da língua.
É preciso refletir sobre o assunto, professor!
Diversas atividades com a leitura devem fazer parte da rotina da sala de aula.
Porém, o texto deve ser explorado pelo prazer de ler, para debater ideias ou para ser
sintetizado, nunca como pretexto para exercícios de ortografia e gramática. Tanto o
professor quanto o aluno devem ler diversos tipos de textos com o objetivo de estimular
atividades com a linguagem, sejam textos informativos, poéticos, fábulas, lendas,
notícias de jornal, textos publicitários, entre outros. Vale ressaltar que nem todos os
textos são iguais, portanto, não podemos trabalhar com todos da mesma maneira. Há
textos que precisam ser debatidos, relidos, para que haja uma verdadeira leitura, já que
ler é compreender. A leitura deve ser um processo associativo, no qual o professor,
como mediador desse processo, conduz os alunos a relacionarem a leitura atual com o
da sua vivência, respeitando-a, acatando-a, tornando-a significativa. Assim, revela-se a
funcionalidade da leitura e da escrita na sociedade onde vivem. Nesse sentido, Kleiman
(2001) defende a importância do professor criar uma expectativa prévia sobre o texto a
ser lido. Isso pode ser feito na medida em que o docente mostra ao aluno que quanto
mais ele previr o conteúdo do texto, maior será a sua compreensão. De forma dinâmica
e ativa, os alunos leem, interpretam e vão se tornando capazes de atribuir e construir
significados.
14
Partindo da ideia de que o ato de ler extrapola o texto escrito, é necessário
investir em atividades de leitura que deem aos alunos subsídios para a produção de
textos. O processo de leitura deve partir de temas significativos para o leitor, não
simplesmente impostos; temas que discutam a relação do sujeito com o mundo a fim de
que esse sujeito busque sua identidade cultural. É importante levar em conta as
habilidades de leitura dos alunos, suas expectativas e sugestões. Os textos devem
permitir a revelação objetiva e crítica dos aspectos da realidade e não seu apagamento.
Dificilmente esse objetivo se realizará na leitura de um único texto, portanto deverá
existir variação, gradação e sequência de leituras de modo que desafios cognitivos
ocorram ao leitor. Os textos devem-se colocar à altura dos alunos, instaurando assim o
diálogo e a discussão entre ambos. Nós, professores, precisamos nos envolver com os
textos escolhidos e justificar clara e objetivamente cada opção. Devemos conhecer a
origem do texto e o gênero textual a que pertencem. “Simplesmente „mandar o aluno
ler‟ é bem diferente do que envolvê-lo significativa e democraticamente nas situações
de leitura, a partir de temas culminantes” (SILVA, 1991, p.49).
As tarefas de leitura e compreensão de texto deslocam o papel do professor,
voltando-o para a realidade e a prática textual do aluno, exigindo desse profissional
conhecimento das diferentes modalidades textuais, orais e escritas, de uso social. Por
conseguinte, é nosso papel de professor promover atividades que propiciem o
conhecimento dos diferentes gêneros textuais através de apreciação e de
reconhecimento das suas características formais e comunicativas, atrelando os seus
efeitos comunicativos aos interlocutores nas situações reais de comunicação. Compete à
escola e a nós educadores rompermos com a leitura alienada e consumista, mas para
isso é necessário que o professor se desprenda das amarras do sistema, tome consciência
de sua função, reconsidere e reformule suas práticas a partir da leitura e da realidade de
seus alunos, do conteúdo de sua disciplina, do conhecimento de ensino de língua e de
linguagem (LAJOLO, 1997).
Assim, como afirma Martins (1994), o papel do professor de leitura é dialogar
com o aluno-leitor sobre a sua leitura, ou seja, qual a significação atribuída pelo aluno a
algo escrito, uma paisagem, a sons, fatos, ideias. Assim sendo, “[...] a leitura, enquanto
um modo peculiar de interação entre os homens e as gerações, coloca-se no centro dos
espaços discursivos escolares, independentemente da disciplina ou área de conteúdo.”
(SILVA, 2005, p.16). Um educador necessita gostar de ler, deve ler muito, carece
15
emaranhar-se com o que lê. A multiplicidade de leitura deve ser privilegiada no meio
escolar, o que é diferente de admitir que qualquer leitura seja plausível. Deve-se lembrar
que alguns gêneros permitem múltiplas leituras e outros nem tanto (PARANÁ, 2008, p.
38). Portanto:
Do ponto de vista pedagógico, não se trata de ter no horizonte a leitura do professor ou a
leitura historicamente privilegiada como parâmetro de ação; importa, diante de uma
leitura do aluno, recuperar sua caminhada interpretativa, ou seja, que pistas do texto o
fizeram acionar outros conhecimentos para que ele produzisse o sentido que produziu; é
na recuperação desta caminhada que cabe ao professor mostrar que alguns dos
mecanismos acionados pelo aluno podem ser irrelevantes para o texto que se lê, e,
portanto, sua “inadequada leitura” é conseqüência deste processo e não porque se
coaduna com a leitura desejada pelo professor (GERALDI).
Costuma-se solicitar aos alunos uma produção escrita após as aulas de leitura.
Isso não deve ser um ritual, mas se fizer parte do planejamento, o professor deve ficar
atento para algumas informações que seguem.
Segundo Britto (2007) toda produção textual deve considerar:
Gênero (notícia, reportagem, argumentação, carta, receita, resumo). Quais
as características de uma notícia?
Interlocutor: Para quem o texto será escrito? (Para os colegas da classe, para
uma revista da área... Se o texto tiver como único leitor o professor, ele deixará de ser
uma produção textual e será uma redação - sem objetivos, sem alcance sem necessidade
de existir);
Veículo: Onde esse texto poderá ser veiculado? (Num jornal, numa revista
para adolescentes, no mural da escola...)
Objetivo: Para que o texto será escrito? (Para convencer alguém de alguma
coisa; Para informar; Para resumir um conteúdo a ser estudado...)
Roteiro: Qual a seqüência que vou usar para desenvolver o tema? (Fazer um
rascunho:
Tese: Qual é a posição a ser defendida no texto?
Argumentos: Quais os argumentos que serão utilizados? Onde buscá-los?
Como selecioná-los?
Visualização do conteúdo: Quais as formas de visualizar rapidamente o
conteúdo? Como construir quadros, esquemas, tabelas, listas?
Síntese: Como resumir ou parafrasear um texto?
Material de pesquisa: Como utilizar o material de pesquisa como: mapas
16
textuais, dicionários, anotações, sites de busca?
Revisão textual: Como proceder na hora de revisar seu texto?
Avaliação: O que considerar no momento de avaliar o texto de outra
pessoa?
PROFESSOR!
Agora vamos planejar uma aula de leitura e escrita a partir do
gênero memorialístico.
1. Introdução ao gênero
Na perspectiva dos estudos dos gêneros textuais, propusemos como ponto de
partida um de trabalho em sala de aula com o gênero “memórias literárias”, por
entendermos que o trabalho com memórias na escola vai resgatar as memórias das
pessoas mais velhas da comunidade, a história delas e a relação com o entorno da escola
onde elas vivem.
O trabalho com as lembranças é um meio estratégico de vincular o ambiente em
que os alunos vivem a um passado mais amplo e alcançar uma percepção viva deste
passado, o qual passa a ser não somente conhecido, mas sentido pessoalmente. Trata-se,
antes, de resgatar memórias vivas das pessoas mais velhas que, passadas continuamente
às gerações mais novas pelas palavras, pelos gestos, pelo sentimento de comunidade e
de destino, ligam os moradores de um lugar.
Recuperar essa história servirá de estímulo para professores e alunos numa
tentativa de melhorar a relação de parceria entre ambos. Permite mostrar o valor de
pessoas que vêm da maioria desconhecida do povo, traz a história para dentro da
comunidade ao mesmo tempo em que extrai história de dentro dela, propicia o contato
entre gerações e pode gerar um sentimento de pertencer ao lugar onde se vive,
contribuindo para a formação de seres humanos mais completos e para a constituição da
cidadania. Levar o aluno a ser narrador de memórias literárias é fazê-lo desenvolver,
17
sobretudo, a habilidade de narrar, pois narrar memórias é uma habilidade que se
aprende.
Depois de recolher memórias das pessoas mais velhas da comunidade, os alunos
podem reconstruir/recriar essas memórias, sem precisar fazer uma transcrição exata da
realidade, pois o ato de narrar é sempre uma criação. Quando se narra um
acontecimento de forma literária, o imaginário do narrador atua sobre as memórias
recolhidas transformando-as. Ao transformá-las procurando dar-lhes uma "vida" da qual
o leitor possa compartilhar, o narrador destaca alguns aspectos mais envolventes e
suprimem outros.
Para saber mais:
Segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa, memória é “aquilo que ocorre
ao espírito como resultado de experiências já vividas; lembranças, reminiscência”. E
memórias: “relato que alguém faz, muitas vezes na forma de obra literária, a partir de
acontecimentos históricos dos quais participou ou foi testemunha, ou que estão
fundamentados em sua vida particular”.
É possível “tomar gosto pela leitura e escrita” quando nos debruçamos no
processo de ler e entender o outro, suas recordações, as relações semânticas entre
memórias, lembranças, reminiscências entre outros, que muito poderão nos ajudar a
elucidar sobre tudo aquilo que entra em jogo no processo de leitura e escrita das
memórias no âmbito escolar, oportunizando ao aluno a possibilidade de ser autor.
2. Práticas de Linguagem Oral – roda de conversa
As rodas de conversa, metodologia bastante utilizada nos processos de leitura e
intervenção comunitária, consistem em um método de participação coletiva de debates
acerca de uma temática, através da criação de espaços de diálogo, nos quais os sujeitos
podem se expressar e, sobretudo, escutar os outros e a si mesmos. Tem como principal
objetivo motivar a construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização,
da socialização de saberes e da reflexão voltada para a ação. Envolve, portanto, um
conjunto de trocas de experiências, conversas, discussão e divulgação de conhecimentos
entre os envolvidos nesta metodologia.
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Para que as expectativas de aprendizagem dos alunos em relação às Práticas de
Linguagem Oral possam ser concretizadas, é necessário que se planejem e organizem
situações didáticas, tais como:
Rodas de conversa em que os alunos possam escutar e narrar fatos conhecidos
ou relatar experiências e acontecimentos do cotidiano. Nessas situações, é necessário
garantir que os alunos possam expressar sensações, sentimentos e necessidades
Apresentações em que os alunos possam expor oralmente um tema, usando suportes
escritos, tais como roteiro para apoiar sua fala, cartazes, etc. slides;
Conversas em torno de textos que ajudem os alunos a compreender e distinguir
características da linguagem oral e da linguagem escrita.
3. Sequência didática – Proposta de atividades
Uma sequência didática é um conjunto de oficinas e de atividades escolares
sobre um gênero textual, organizada de modo a facilitar a progressão na aprendizagem
da leitura e escrita. Elaborada inicialmente pela equipe de didática das línguas da
Universidade de Genebra, foi adaptada para que pudéssemos nesta proposta desenvolver
atividades para trabalhar com o gênero memórias.
Primeira Etapa da Sequência Didática:
“A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda
para contá-la.”. Gabriel Garcia Márquez
Avaliando as capacidades iniciais dos alunos:
Texto selecionado: Um homem no sótão
O texto Um homem no sótão (1982) narra a história de um autor de contos para crianças que
morava num sótão, na rua da Consolação, e que, raras vezes, saía de casa. Um dia, tentando escrever a
história “Aventuras de três patinhos na floresta”, inesperadamente, aparece uma raposa muito nervosa,
inconformada com o rumo da história, reclamando de sua eterna vilania. Afinal, era carnívora, o que
justificava a sua atitude: comer os patinhos da história. Estes, por sua vez, também saem da cabeça do
“Memórias são um meio de articular o passado ao presente, porque a história de cada
indivíduo traz em si a memória do grupo social ao qual pertence” (BENJAMIN,1994).
19
autor e o alertam de que sempre caçaram minhocas, peixes e besouros. Em seguida, numa noite de lua
cheia, depois que o escritor se recuperara do susto, teve a idéia de escrever “A linda princesa do castelo”.
E assim, sucessivamente, outros personagens saem de sua cabeça e contestam suas histórias
como o sapo, a princesa, os anõezinhos e a bruxa. O autor de contos procurou um médico, tirou férias e,
ao retornar, começou a escrever uma história bem diferente, mas a confusão repetiu-se. O escritor
adoeceu, trancou-se dentro de casa e deixou de viver. Passado um longo tempo, ao ver um passarinho
ciscando em cima do armário, perguntou qual era a história, abriu a janela, espantou a passarada e
percebeu que a vida continuava.
Então, retornam a vida e a vontade de escrever história de gente como ele, escrever coisas de seu
tempo. Finalmente, começa a escrever Um homem no sótão. O texto é organizado em cinco capítulos
numerados e não titulados e, na abertura de cada um, há uma vinheta representativa. A estrutura da obra,
aparentemente, é linear. Mas essa linearidade é relativizada pelas diversas histórias encaixadas e
caracteriza-se pela metaficção. A página de abertura do texto, por exemplo, corresponde ao número
cinqüenta e sete e a última, ao número um. O final da história é aberto. Em Um homem no sótão, a criação
narrativa fala sobre si mesma. O escritor personagem revela ao leitor o processo de inventar histórias.
Nessa obra, a metaficção é uma das características predominantes: “Era uma vez um autor de contos para
crianças que passava o tempo inteirinho, inclusive sábados, domingos e feriados, escrevendo histórias
para crianças” (2001: 57). No decorrer da narrativa, o narrador relata o fazer literário. Além desse
aspecto, o texto trata também da angústia espiritual, das impressões emocionais e sentimentais, dos
conflitos interiores e, com veemência, relativiza pontos de vista.
Disponível em: http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais15/Sem09/penhasilvestre.htm
Após a leitura do conto Um homem no sótão, conversar com os alunos sobre as
diversas possibilidades que o autor tem para escrever uma história. Explorar a partir
deste diálogo, o gênero memórias, desta forma preparando-os para uma oficina
temática.
Para uma melhor compreensão, será feita uma seleção de palavras, as quais, à
medida que forem apresentadas oralmente, os alunos, de olhos fechados, vão buscar na
memória uma lembrança que pode ser do cheiro, da cor, da dor, da infância, enfim, que
lhes tragam impressões possíveis de serem traduzidas em palavras tanto na oralidade,
quanto na escrita.
Escolhendo e adaptando as atividades: um gênero em outro gênero
Nesta fase, a seleção de palavras fica a critério do que for coletado na roda de
conversa, por exemplo, lembranças de cheiro, podem ser palavras relacionadas com
flor, frutas, perfumes, etc. Lembranças de cor podem ser palavras relacionadas com dia,
noite, viagem. Infância podem ser as palavras relacionadas com a família, avós, pais,
tios, escola entre outras. Pretende-se, com este exercício, diagnosticar quais as
possibilidades e dificuldades reais que a turma selecionada apresenta. Em seguida, pedir
que os alunos escrevam suas primeiras impressões acerca do que foi exposto, utilizando
como ferramenta tudo que lembrou ou pensou durante a exposição desta atividade.
20
Sugestão: O professor, se quiser, poderá gravar esta fase da atividade
A partir desta discussão, o professor pode aproveitar o momento para explicar
aos alunos que objetos e imagens podem trazer lembranças do passado, e que estas
lembranças podem ser registradas oralmente e por escrito. É um momento também para
explicar a importância da entrevista com as pessoas da comunidade ou da família. Dizer
aos alunos que os relatos orais e escritos serão o foco do trabalho durante todas as
etapas. Pode ser elaborado um sequência didática a ser desenvolvida da seguinte forma:
1. Propor aos alunos que se organizem individualmente ou em pequenos grupos
para conversar com pessoas da comunidade ou da própria família.
Queridos alunos, vamos buscar, por meio da entrevista,
da conversa com nossos avós e pais, conhecer, registrar
e resgatar a nossa própria história.
2. Fazer com a classe uma lista das pessoas entrevistadas.
3. Dependendo da pessoa, os fatos narrados poderão se alegres ou tristes.
4. Orientar os alunos sobre como iniciar o primeiro contato com estas pessoas.
Sugestão de perguntas:
- Nome. Grau de parentesco.
- Onde e quando nasceu?
- Mudou de cidade ou Estado alguma vez? Por quê?
- Como foi a infância? Do que brincava? Precisava trabalhar? O que
fazia? Viajava? Como quando eram as viagens?
- Ia à escola? Como era a escola onde se alfabetizou? E os professores?
- Como eram seus pais?
- Participava de festas, bailes? Com quem? Como eram as festas?
- Qual era ou é a sua religião?
- Tinha luz elétrica, água encanada, rádio, TV e fone quando criança?
21
Como se comunicavam com os parentes distantes?
- Como eram os castigos quando criança? Foi um filho muito “arteiro”?
- Ia ao dentista? Como era?
- Como era o namoro, como foi seu casamento? E o nascimento do 1º
filho?
- Como era seu nome de solteira (no caso da avó e mãe)?
- Qual é a sua profissão? Formou-se no que queria? Gosta do que faz ou
fez?
- Um prazer ou algo que lhe deixa feliz?
- O que lhe chateia, deixa triste?
- Uma lembrança da época de criança ou jovem?
- Uma música que não esquece, um cantor, um filme?
- Como você ocupa seu tempo livre?
5. Conversar com a turma a respeito da importância do registro para que eles
anotem o maior número possível de informações durante a conversa com a
pessoa escolhida.
6. Em classe, reunidos em pequenos grupos, os alunos contam o que ouviram e
organizam um quadro com os seguintes dados:
Nome/idade
do
entrevistado
Fato
lembrado
Temas
mencionados
Episódios
alegres
Episódios
tristes
O que mais
chamou a
atenção
Nesta etapa, o professor deve explorar a percepção dos alunos em relação aos
fatos narrados pelos entrevistados e também a forma como eles foram contados. É um
momento de avaliar a compreensão da turma, pedindo a cada grupo que recontem na
sala o que ouviram e o que sentiram durante a entrevista.
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Trabalhando com outros textos do mesmo gênero
Apresentação do texto „Transplante de menina‟, do livro de Tatiana Belinky
(São Paulo: Moderna, 2003). Após a leitura do texto, levantar questões do tipo: como
vocês se sentiram ao ouvir a história? Vocês já tinham ouvido lembranças semelhantes?
Elas se parecem com alguma situação que vocês já vivenciaram? Existem
acontecimentos marcantes na vida de vocês que mereçam ficar registrados para sempre
na memória?
Sugestão de atividades complementares: Ler com os alunos um trecho do livro
“Velhos Amigos”, de Eclea Bosi, e também um texto de Carlos Drummond de Andrade,
“Antigamente”. Apresentar a diferença dos vocábulos “memória e memórias”.
Disponíveis:
http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=galeria_de_arte.detalhe_texto&id_comunidade=145
&id_galeria=1030&id_arte=9
http://www.algumapoesia.com.br/drummond.htm
http://escrevendo.cenpec.org.br/ecf/
Segunda Etapa da sequência didática:
Nesta fase, os alunos já terão produzido previamente suas primeiras impressões
memorialísticas, pois já foram colocados em situação de produção ao conversarem com
pessoas da comunidade. Assim, o próximo passo será prepará-los para fazer a reescrita
destas impressões, colocando-se no lugar do entrevistado. Ao registrar os relatos, os
alunos vão se colocar no lugar do entrevistado, o que significa reescrever o texto em
primeira pessoa. Assim o texto vai trazer um olhar particular do entrevistado sobre
aquilo que viu e viveu. Além de revelar fatos, vai revelar também sentimentos,
impressões e sensações.
Leitura de um fragmento do livro “Viver para Contar”, de Gabriel Garcia
Marquez:
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Viver para contar Gabriel García Marquez
Até a adolescência, a memória tem mais interesse no futuro que no passado, e por isso minhas
lembranças da cidadezinha ainda não estavam idealizadas pela nostalgia. Eu me lembrava de como ela
era: um bom lugar para se viver, onde todo mundo conhecia todo mundo, na beira de um rio de águas
diáfanas que se precipitavam num leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos.
Ao entardecer, sobretudo em dezembro, quando passavam as chuvas e o ar tornava-se de diamante, a
Serra Nevada de Santa Marta parecia aproximar-se com seus picos brancos até as plantações de banana, lá
na margem oposta. Dali dava para ver os índios aruhacos correndo feitas formiguinhas enfileiradas pelos
parapeitos da serra [...]. Nós, meninos, tínhamos então a ilusão de fazer bolas com as neves perpétuas e
brincar de guerra nas ruas abrasadoras. Pois o calor era tão inverossímil, sobretudo durante a sesta, que os
adultos se queixavam dele como se fosse uma surpresa a cada dia. Desde o meu nascimento ouvi repetir,
sem descanso, que as vias do trem de ferro e os acampamentos da United Fruit Company foram
construídos de noite, porque de dia era impossível pegar nas ferramentas aquecidas pelo sol.
Gabriel García Marquez. Viver para contar. Rio de Janeiro: Record, 2003.
Disponível em http://tigredefogo.wordpress.com/2008/07/23/trecho-do-livro-viver-para-contar-gabriel-
garcia-marquez/
Como forma de fazê-los buscar o sentido, compreender, interpretar, relacionar e
reter o que for mais relevante, explicar aos alunos que o autor escreveu o texto aos 74
anos, no entanto, se refere às lembranças de um dia de sua adolescência.
Retomar também a leitura de “Um homem no sótão” como forma de reforçar a
ideia de aluno-autor. Nesta oficina, o aluno também será levado a compreender as
diferenças e semelhanças que existem entre relato, relato histórico, diário e textos de
memórias literárias. Explicar-lhes que muitos textos podem parecer com memórias
literárias, e muitas vezes nos confunde. Aqui, a ideia é organizar uma coletânea de
textos que será apresentada aos alunos e pretende-se explorar os próprios textos que os
alunos recolherem através das entrevistas.
Terceira Etapa da sequência didática:
Com base na pesquisa sugerida quando os alunos fizeram contatos com
membros da comunidade, e quando realizaram leituras e reflexões com base nos
fragmentos dos textos apresentados, vamos analisar com eles o que foi feito, retomar os
quadros e questões levantadas para, em seguida, juntos, elegermos a melhor forma de
produzir um primeiro texto, colocando-se no lugar da pessoa para escrever as memórias
dela. Nesta fase, os alunos serão levados à biblioteca da escola a fim de conhecerem o
acervo e descobrirem novos textos de “Memórias”.
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PROFESSOR: EXPLICAR AOS ALUNOS QUE EXISTEM DIFERENÇAS
ENTRE DIÁRIO, RELATO HISTÓRICO E MEMÓRIAS LITERÁRIAS.
No retorno à sala de aula, fornecer cópias impressas do texto “O valentão que
engolia meninos e outras histórias de Pajé”. Contar aos alunos que este texto é um texto
de memórias literárias completo e também foi escrito por uma aluna, finalista do projeto
Olimpíadas da Língua Portuguesa, em 2006. Pedir aos alunos que:
Leiam e encontrem no texto o trecho que situa o leitor no tempo e no espaço
em que as lembranças se desenrolam.
Indiquem no texto qual o fato principal lembrado pelo entrevistado da aluna
Kelli.
Identifiquem marcas da presença do narrador em primeira pessoa.
Relembrando: a presença explícita do narrador é uma marca linguística dos
textos que se organizam com base em relatos de experiência vivida, como os
diários, as memórias (literárias ou não) entre outros gêneros.
Em todos os textos trabalhados até aqui, o gênero descrição tem muito destaque,
professor, então é importante também analisar com os alunos algumas características da
descrição presentes nestes textos. Algumas descrições são fundamentais para que o
leitor possa construir imagens da época, dos lugares, das pessoas e de como os fatos
foram vivenciados.
Nesta fase, peça aos alunos para que descrevam um local significativo e
interessante relacionado com o lugar onde moram. Se for possível, leve-os a este local e
peça-lhes para que observem alguns detalhes e depois, em grupo, descrevam esse lugar.
Comente com a turma que eles descreveram um lugar, mas em textos de
memórias literárias, situações, pessoas, experiências também são descritas.
Quarta Etapa da sequência didática:
Preparando a turma para a atividade com a escrita
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Professor, elabore com seus alunos um plano de trabalho colocando em um local
de destaque na sala de aula para que a turma possa acompanhar cada etapa e marcar as
tarefas já realizadas.
Ler e analisar textos de memórias literárias;
Identificar e aprender a usar marcas lingüísticas próprias dos textos de
memórias;
Preparar e fazer as entrevistas;
Selecionar e organizar as informações coletadas;
Produzir um texto coletivo que servirá como ensaio para a produção
final;
Produzir o texto individual;
Aprimorar o texto;
Preparar os textos que farão parte da coletânea organizada pelos alunos;
Discutir estratégias para publicação da coletânea na comunidade.
PROFESSOR: ANALISE CUIDADOSAMENTE A PRIMEIRA PRODUÇÃO,
ELA MOSTRA O QUE OS ALUNOS JÁ ENTENDERAM SOBRE O GÊNERO
MEMÓRIAS.
Comparando o presente com o passado
Um aspecto importante do gênero memorialístico é que os autores se preocupam
em caracterizar lugares e pessoas consideradas importantes nas experiências vividas no
passado. Eles também comparam o tempo antigo com o atual, destacando, muitas vezes
as diferenças. Incentive seus alunos a procurarem essas comparações no dia a dia. Peça
a eles que tragam para a aula fotos antigas de pessoas e dos lugares que visitaram, ou
que convivem na comunidade e descrevam em duplas utilizando recursos comparativos
que podem ser através do uso do verbo ser. Para isto, basta elaborar questões
norteadoras do tipo: Como eram os carros? Como era a praça? Como eram as
construções, e o trânsito? Como as pessoas se divertiam antigamente? Como viviam?
Como se vestiam, entre outras possibilidades que naturalmente vão surgir de acordo
com o material trazido pelos alunos.
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Para desenvolver nos alunos a capacidade de compreensão e reflexão sobre os
sentidos dos textos apresentados até aqui, será de grande importância uma releitura
explicando aos alunos que existem alguns recursos, algumas formas de dizer que tornam
singulares os fatos escolhidos por alguns autores. Desta forma, levar os alunos a
perceberem os efeitos de sentido criados pelos aspectos linguísticos particulares dos
textos e que os autores recorrem a diferentes recursos: utilizam figuras de linguagem,
empregam expressões características de determinados locais ou regiões e podem
também fazer uso de expressões típicas da oralidade informal dependendo do contexto.
Abaixo, uma tabela sugestiva para complementar a atividade.
Uso de alguns recursos linguísticos nos textos lidos
Recursos
linguísticos
Neologismo Comparação Metonímia Metáfora Personificação Onomatopéia
O autor de memórias literárias usa os verbos para marcar um tempo do passado,
essenciais para o gênero.
Relembrar usos e flexões
dos tempos verbais
Pretérito perfeito Pretérito imperfeito Indicativo/subjuntivo
Discutir com os alunos significados de palavras e expressões novas que
coletaram ou que leram, e também que ouviram nas entrevistas.
Ajudar o grupo de alunos a perceber nos textos que os sinais de pontuação são
valiosos recursos para organizar as ideias de um texto, aqui fazer uma revisão da
pontuação e discutir o emprego correto dos sinais.
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Quinta Etapa da sequência didática:
Retomada dos conceitos
Existem gêneros mais adequados para a produção de textos, ou para a leitura?
Propomos um trabalho na perspectiva do uso das sequências didáticas por entender que
este modelo proposto pelos autores Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) partem da ideia
de que é possível ensinar gêneros textuais de modo adequado, levando-se em conta
tanto a oralidade quanto a escrita. Os referidos autores definem a sequência didática
como sendo „„um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática,
em torno de um gênero textual oral ou escrito (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEUWLY,
2004, p. 97) .
Para estes autores, a finalidade de trabalhar com as sequências didáticas é
proporcionar ao aluno um procedimento de realizar todas as tarefas e etapas para a
produção de um gênero.
A sequência é finalizada com uma produção final que dá ao aluno a
possibilidade de pôr em prática as noções e os instrumentos elaborados separadamente
nos módulos (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2010, p. 90). Aqui pretendemos
retomar o texto “Transplante de menina”, do livro de Tatiana Belinky (São Paulo:
Moderna, 2003) numa tentativa de mostrar como o texto é estruturado e também apontar
determinados recursos linguísticos. É possível explorar fotos antigas da comunidade e
comparar com fotos atuais. Explicar aos alunos a importância da descrição, pois em
textos de memórias literárias, ao descrever um objeto, uma personagem, um sentimento,
os autores utilizam a linguagem para criar imagens, provocar sensações, ressaltar
determinados detalhes ou características. Aqui, antes da produção final, propor
exercícios que levem os alunos a perceberem os efeitos de sentido criados pelos
aspectos linguísticos particulares dos textos. Os textos produzidos pelos alunos serão
expostos na escola com a realização de um evento que permita um envolvimento da
comunidade, e também os melhores textos serão publicados no jornal do bairro que é de
grande circulação. Acreditamos que a divulgação dos textos produzidos pela turma trará
a motivação necessária que os estimule verdadeiramente a ler, escrever e produzir
textos, uma vez que estes terão sentido para suas vidas, e não somente com o intuito de
escrever apenas para o professor.
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RETEXTUALIZAÇÃO: produção de um novo texto
Lembrar aos alunos que as entrevistas que eles fizeram, serão a base para a
produção de um texto final. O grande desafio será transformar os registros das
entrevistas em um texto de memórias literárias. A isto damos o nome de retextualização
que é a produção de um novo texto.
Desta vez, o aluno, como autor do texto pode lançar mão de outros recursos para
deixá-lo mais interessante. Para isto, valem os lembretes abaixo:
É importante compreender bem os fatos narrados.
Atentar para o uso da norma padrão.
Verificar a adequação da linguagem, para a situação proposta.
Não descaracterizar a linguagem do entrevistado, mas torná-la adequada a um
texto de memórias literárias.
Lembrar que o tempo verbal mais comum nesse gênero é o passado.
Os alunos também podem incluir informações sobre os entrevistados.
Professor, antes de iniciar esta etapa, é importante conversar com os alunos e
juntos definirem qual texto será utilizado para a revisão coletiva.
Explique aos alunos que você vai revisar no quadro-negro um texto de
memórias literárias escrito por um deles. Para isto, você deve estabelecer um cartaz com
o roteiro para revisão que pode deverá ser colocado em local de destaque na sala de
aula.
REALIZADA A PRODUÇÃO DOS TEXTOS É HORA DA
REVISÃO!
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ROTEIRO PARA REVISÃO
. O que achou do título? É instigante?
. O texto envolve e desperta interesse no leitor?
. O narrador usa a primeira pessoa para contar as lembranças?
. Existem no texto, palavras e expressões que situam o leitor no tempo passado?
. Foi descrito objetos antigos, lugares que se modificaram?
. Foi descrito algum local que já não existe mais?
. Existe no texto relação entre a narração e o lugar onde o entrevistado vive?
. O autor expressa em seu texto sensações, emoções e sentimentos da pessoa
entrevistada?
. Há marcas de oralidade no texto que podem ser substituídas por uma expressão
mais adequada ao gênero? (ex: né, pois é, daí...)
. Os verbos estão usados corretamente? (tempos verbais apropriados)
. Todas as palavras estão escritas corretamente?
. O texto não apresenta problemas de pontuação?.
Após esta revisão coletiva, cada aluno retoma a atividade, fazendo a revisão do
próprio texto.
Ao final, deverão passar o texto a limpo. Nesta etapa da produção final, o aluno
pode por em prática os conhecimentos adquiridos e nesta hora junto com o professor,
medir os progressos alcançados.
CIRCULAÇÃO DO GÊNERO
Os textos produzidos pelos alunos serão expostos na escola com a realização de
um evento que permita um envolvimento da comunidade, e também os melhores textos
serão publicados no jornal do bairro que é de grande circulação. Cabe ressaltar que o
professor pode dispor de outras alternativas na escola que valorizem a produção de seus
alunos.
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AVALIAÇÃO
Professor, na seqüência didática, Dolz e Schneuwly (2004) chamam as
atividades desenvolvidas de módulos, pois segundo estes autores, são estes que dão os
instrumentos necessários para o domínio do gênero a ser trabalhado, de forma
sistemática e aprofundada. Assim, acreditamos ter esquematizado para esta unidade
didática todas as etapas de uma sequência. Ou seja, apresentamos a situação, definimos
os objetivos para que os alunos pudessem compreender melhor a situação da
comunicação na qual deviam trabalhar em sala de aula para produção do texto; fizemos
esclarecimentos quanto ao papel da turma no desenvolvimento das atividades;
preparamos os conteúdos através da coleta de informações dos entrevistados. Por fim,
queremos dizer, professor, que apresentamos uma proposta que pode ser aproveitada no
trabalho com outros gêneros textuais de forma sequenciada e garante ao aluno uma
motivação para a produção de texto à medida que este compreende quais são as suas
potencialidades a serem desenvolvidas ao longo dos módulos. Quanto à avaliação, para
Dolz (2004) , a análise das produções orais e escrita dos alunos, guiada por critérios
bem definidos, permite avaliar de maneira bastante precisa em que ponto está a classe e
quais as dificuldades encontradas pelos alunos. Sob este aspecto, o professor pode por
em prática a avaliação formativa.
Concluindo, a adaptação das sequências às necessidades dos alunos de acordo
com os conceitos de Dolz e Schneuwly (2004), exige, da parte do professor:
• analisar as produções dos alunos em função dos objetivos da sequência e das
características do gênero;
• escolher as atividades indispensáveis para a realização da continuidade da sequência;
• prever e elaborar, para os casos de insucesso, um trabalho mais profundo e
intervenções diferenciadas no que diz respeito às dimensões mais problemáticas.
31
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Fundamental– Língua Portuguesa. Brasília: SEF/MEC, 1998.
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34
Contrato de Cessão Gratuita de Direitos Autorais
Pelo presente instrumento particular, de um lado Margareth Aparecida Leite, brasileira,
divorciada, professora, CPF 52931498904, Cédula de Identidade RG nº 3.691.814-4 Pr,
residente e domiciliado à Rua Oliveira Viana, 3274, na cidade de Curitiba, Estado do
Paraná, denominado CEDENTE, de outro lado a Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, com sede na Avenida Água Verde, nº 2140, Vila Izabel, na cidade de Curitiba,
Estado do Paraná, inscrita no CNPJ sob nº 76.416.965/0001-21, neste ato representada
por seu titular Flávio Arns, Secretário de Estado da Educação, brasileiro, portador do
CPF nº….........................., ou, no seu impedimento, pelo seu representante legal,
doravante denominada simplesmente SEED, denominada CESSIONÁRIA, têm entre si,
como justo e contratado, na melhor forma de direito, o seguinte:
Cláusula 1ª – O CEDENTE, titular dos direitos autorais da obra “A Sequência
Didática para trabalhar com o gênero textual memórias ”cede, a título gratuito e
universal, à CESSIONÁRIA todos os direitos patrimoniais da obra objeto desse
contrato, como exemplificativamente os direitos de edição, reprodução, impressão,
publicação e distribuição para fins específicos, educativos, técnicos e culturais, nos
termos da Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 e da Constituição Federal de 1988 –
sem que isso implique em qualquer ônus à CESSIONÁRIA.
Cláusula 2ª – A CESSIONÁRIA fica autorizada pelo CEDENTE a publicar a obra
autoral ao qual se refere a cláusula 1.ª deste contrato em qualquer tipo de mídia, como
exemplificativamente impressa, digital, audiovisual e web, que se fizer necessária para
sua divulgação, bem como utilizá-la para fins específicos, educativos, técnicos e
culturais.
Cláusula 3ª – Com relação a mídias impressas, a CESSIONÁRIA fica autorizada pelo
CEDENTE a publicar a obra em tantas edições quantas se fizerem necessárias em
qualquer número de exemplares, bem como a distribuir gratuitamente essas edições.
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Cláusula 4ª – Com relação à publicação em meio digital, a CESSIONÁRIA fica
autorizada pelo CEDENTE a publicar a obra, objeto deste contrato, em tantas cópias
quantas se fizerem necessárias, bem como a reproduzir e distribuir gratuitamente essas
cópias.
Cláusula 5ª - Com relação à publicação em meio audiovisual, a CESSIONÁRIA fica
autorizada pelo CEDENTE a publicar e utilizar a obra, objeto deste contrato, tantas
vezes quantas se fizerem necessárias, seja em canais de rádio, televisão ou web.
Cláusula 6ª - Com relação à publicação na web, a CESSIONÁRIA fica autorizada pelo
CEDENTE a publicar a obra, objeto deste contrato, tantas vezes quantas se fizerem
necessárias, em arquivo para impressão, por escrito, em página web e em audiovisual.
Cláusula 7ª – O presente instrumento vigorará pelo prazo de 05 (cinco) anos contados
da data de sua assinatura, ficando automaticamente renovado por igual período, salvo
denúncia de quaisquer das partes, até 12 (doze) meses antes do seu vencimento.
Cláusula 8ª – A CESSIONÁRIA garante a indicação de autoria em todas as publicações
em que a obra em pauta for veiculada, bem como se compromete a respeitar todos os
direitos morais do autor, nos termos da Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 e da
Constituição Federal de 1988.
Cláusula 9ª – O CEDENTE poderá publicar a obra, objeto deste contrato, em outra(s)
obra(s) e meio(s), após a publicação ou publicidade dada à obra pela CESSIONÁRIA,
desde que indique ou referencie expressamente que a obra foi, anteriormente,
exteriorizada (e utilizada) no âmbito do Programa de Desenvolvimento Educacional da
Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED-PR.
Cláusula 10ª – O CEDENTE declara que a obra, objeto desta cessão, é de sua exclusiva
autoria e é uma obra inédita, com o que se responsabiliza por eventuais
questionamentos judiciais ou extrajudiciais em decorrência de sua divulgação.
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Parágrafo único – por inédita entende-se a obra autoral que não foi cedida,
anteriormente, a qualquer título para outro titular, e que não foi publicada ou utilizada
(na forma como ora é apresentada) por outra pessoa que não o seu próprio autor.
Cláusula 11ª – As partes poderão renunciar ao presente contrato apenas nos casos em
que as suas cláusulas não forem cumpridas, ensejando o direito de indenização pela
parte prejudicada.
Cláusula 12ª – Fica eleito o foro de Curitiba, Paraná, para dirimir quaisquer dúvidas
relativas ao cumprimento do presente contrato.
E por estarem em pleno acordo com o disposto neste instrumento particular a
CESSIONÁRIA e o CEDENTE assinam o presente contrato.
Curitiba, ___ de _____________ de 2011.
______________________________________
CEDENTE
______________________________________
CESSIONÁRIA
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TESTEMUNHA 1
______________________________________
TESTEMUNHA 2