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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED · os alunos oriundos das famílias rurais do município de Ipiranga, que os levam a desvalorizar a vida no campo e influem no seu rendimento

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - UEPG

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL- PDE

DIRLEY ROTH

O PAPEL DA ESCOLA NA VALORIZAÇÃO DO ALUNO DO CAMPO NO PROCESSO EDUCACIONAL

IPIRANGA

2011

DIRLEY ROTH

O PAPEL DA ESCOLA NA VALORIZAÇÃO DO ALUNO DO CAMPO NO PROCESSO EDUCACIONAL

Produção Didático-Pedagógica da disciplina de Geografia, a ser implementado no Colégio Estadual Dr. Claudino dos Santos e apresentado como requisito parcial ao PDE- Programa de Desenvolvimento Educacional, SEED- Secretaria de Estado da Educação e à UEPG- Universidade Estadual de Ponta Grossa, tendo como orientador o Prof. Dr. Luiz Alexandre Gonçalves Cunha.

IPIRANGA

2011

Ficha Catalográfica Produção Didático - Pedagógica

Professor PDE/2010

Título O papel de escola na valorização do aluno do campo no processo educacional

Autora Dirley Roth

Escola de Atuação Colégio Estadual Dr. Claudino dos Santos – Ensino Fundamental, Médio, Normal e Técnico

Município da Escola Ipiranga

Núcleo Regional de Educação Ponta Grossa

Orientador Dr. Luiz Alexandre Gonçalves Cunha

Instituição de Ensino Superior UEPG

Área do Conhecimento Geografia

Produção Didático-Pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar Arte, Sociologia, Química

Público-Alvo Alunos e Professores

Localização (identificar nome e endereço da escola de implementação)

Colégio Estadual Dr. Claudino dos Santos – Ensino Fundamental, Médio, Normal e Técnico. Rua XV de novembro nº 135, centro. Telefone: 42 – 3242-1238.

APRESENTAÇÃO As razões que motivaram a abordagem do tema em questão se justificam

pela importância da valorização do aluno do campo no município de Ipiranga-PR, os

quais compreendem a maioria dos habitantes deste local.

Assim, melhorar o desempenho deste aluno e recuperar sua auto estima é

melhorar a educação municipal pela importância da população rural deste município.

Sendo assim, grande parte dos alunos é de família rural e relatam as dificuldades

econômico-sociais que os levam a se envolverem trabalhando de maneira, às vezes,

dura, excessiva e angustiante.

Diante das dificuldades relatadas, propõe-se essa questão norteadora. Como

as dificuldades econômico-sociais em que vivem as famílias rurais influenciam no

ambiente escolar?

O principal objetivo é discutir as dificuldades econômico-sociais que envolvem

os alunos oriundos das famílias rurais do município de Ipiranga, que os levam a

desvalorizar a vida no campo e influem no seu rendimento escolar.

A Unidade Didática “O papel da escola na valorização do aluno do campo no

processo educacional”, foi elaborada como material didático para se trabalhar

diretamente com os alunos da 2ª série do Ensino Médio e indiretamente com os

professores da turma, que atuam no Colégio Dr. Claudino dos Santos.

A escolha do tema se deu em virtude da necessidade de alertar os alunos da

importância do setor primário da economia, levando-o a refletir e valorizar a

realidade socioeconômica no qual está inserido.

CONTEXTUALIZANDO O ESPAÇO RURAL

O meio rural compreende as atividades ligadas ao campo, como a agricultura

(cultivo de vegetais) e a pecuária (produção pastoril). Durante o maior período de

sua história predominaram no Brasil paisagens rurais, em que as atividades

desenvolvidas estavam ligadas principalmente à produção agrícola, ao extrativismo

ou à criação de animais. Abramovay (1999) questiona: como definir o meio rural de

maneira a levar em conta tanto sua especificidade, como os fatores que determinam

sua dinâmica?

De acordo com: Abramovay, 1999 :

Os impactos políticos da resposta a esta pergunta teórica e metodológica são óbvios: se o meio rural for apenas a expressão, sempre minguada, do que vai restando das concentrações urbanas, ele se credencia, no máximo, a receber políticas sociais que compensem sua inevitável decadência e pobreza. Se, ao contrário, as regiões rurais tiverem a capacidade de preencher as funções necessárias a seus próprios habitantes e também às cidades – mas que estas próprias não podem produzir – então a noção de desenvolvimento poderá ser aplicada ao meio rural.

Essa dimensão política da análise proposta pelo mesmo, através de

indicadores para compreender a dinâmica em torno dessas regiões rurais com o

urbano, nos permite contemplar surgindo uma redefinição do rural, com a dimensão

social, cultural e econômica que lhe são próprias. A interiorização industrial, na

década de 80, traz consigo o aumento da produtividade que tem como conseqüência

uma capitalização dessas unidades e a exclusão do pequeno produtor.

O espaço rural passa atualmente por várias mudanças e com sinais de

embate sobre suas atribuições e função social, o que tem levado ao surgimento de

uma série de estudos sobre o tema em vários países.

Faz-se necessário uma abordagem sobre o espaço rural, sua importância e

as mais recentes conceituações sobre a nova ruralidade, relacionando o homem do

campo e suas diferentes atividades dentro desse contexto, que por vezes apresenta-

se complexo, devido à diversidade brasileira e às grandes diferenças regionais.

Conforme Wanderley, 2000:

O reconhecimento e a delimitação do espaço rural, varia de país para país, em função das formas efetivas de ocupação territorial, da evolução histórica e das concepções predominantes em cada um deles. Assim, em certos casos, o meio rural se caracteriza pelo habitat concentrado em um núcleo, que aglutina não somente as residências dos habitantes do campo, mas também as instituições públicas e privadas ligadas à vida local (igreja, postos bancários e de cooperativas, escolas, postos de saúde etc.). Este

pequeno aglomerado, unidade social de base do meio rural, ganha nitidez social e importância política quando é reconhecido politicamente, isto é, quando se constitui como um município.

Nesse sentido, Wanderley (2000) oferece importantes contribuições ao

analisar o rural como um espaço que apresenta particularidades históricas, sociais,

econômicas e culturais que proporcionam sua integração ao resto do território. Mas

estas relações não anulam suas especificidades, ao contrário, fazem com que

ocorra esta integração e cooperação. Com isso, o rural se torna um local específico

e diferenciado das outras realidades.

De modo geral, a expansão do capitalismo no campo além de viabilizar a

consolidação dos complexos agroindustriais, incentivou uma grande diversificação

da produção agropecuária (fruticultura, piscicultura, ranicultura, floricultura,

carcinocultura, produção de derivados de leite, de carne, etc.) direcionada a um

mercado consumidor exigente e com maior qualidade nutritiva. Também viabilizou a

expansão de atividades ligadas ao turismo rural, feiras agropecuárias, rodeios,

exposições, construção de moradias, etc. Por certo, essas transformações oferecem

outros serviços urbanos como os transportes, as comunicações, o lazer, etc.,

diversifica e enriquece ainda mais o leque de atividades não-rurais.

Observa-se então, que valores inerentes à vida campestre, acabam por atrair

consumidores da cidade que passam a integrar as relações sociais rurais. Ficaria

então ameaçada a identidade do rural? Seria para uma efetiva melhora nas

condições de vida do homem do campo? Cabe ressaltar que as recentes mudanças

nesse meio rural não se realizam uniformemente em todas as regiões, devido

à grande diversidade brasileira, mas podemos observar uma interdependência cada

vez maior entre o rural e o urbano, o que torna incoerente os critérios dicotômicos

até então estabelecidos.

1ª aula:

1) O aluno terá acesso aos textos, sobre o espaço rural e o espaço urbano, para

uma leitura individual. Em seguida será feita a reflexão com todos os alunos

sob a orientação do Professor e solicitar-se-á um comentário por escrito.

[...] o rural não mais pode ser pensado apenas como lugar produtor de mercadorias agrárias e ofertador de mão-de-obra. Além de ele poder oferecer ar, água, turismo, lazer, bens de saúde, possibilitando a gestão multi-propósito do espaço rural, oferece a possibilidade de, no espaço

local--regional, combinar postos de trabalho com pequenas e médias empresas (SILVA, 1999, p. 28).

Eis o que é espaço urbano: fragmentado e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas. É assim a própria sociedade em uma de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada nas formas espaciais. O espaço urbano, como se indicou, é constituído por diferentes usos da terra. Cada um deles pode ser visto como uma forma espacial. Esta, contudo, não tem existência autônoma, existindo porque nela se realizam uma ou mais funções, isto é, atividades como a produção e venda de mercadorias, prestação de serviços diversos ou uma função simbólica, que se acha vinculada aos processos da sociedade. Corrêa, 2003. p).

Veiga (2002) chama atenção para o fato de que este critério leva a classificar como área urbana sedes de municípios muito pequenas, algumas, com população inferior a 2.000 habitantes, o que seria ainda pior no caso de algumas sedes distritais. Tal distorção nos levaria a denominar de cidade o que na realidade seriam aldeias, povoados e vilas, resultando numa superestimação de nosso grau de urbanização. O autor ainda qualifica: “anacrônica e aberrante” a fronteira inframunicipal entre o rural e o urbano estabelecida por esta classificação (Veiga, 2002, p. 112 apud Marques, 2002, p 98).

2) Duas questões serão lançadas: Quem se considera do meio rural? O que

pensam sobre o meio rural? Discutir sobre a experiência dos alunos que

vivenciam o espaço rural e colocar essas experiências para a turma.

3) Construir um quadro com as palavras mais citadas pelos alunos quando

são questionados sobre o que pensam sobre o espaço rural e a partir

daí encaminhar uma discussão sobre as principais idéias. Após a

discussão a elaboração de um relatório sintetizando o que eles

consideram mais importante nas discussões realizadas.

2ª aula:

1) Utilizando-se das tecnologias na escola, o aluno poderá acessar o seguinte

endereço eletrônico:

http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC597286-2344,00.htm

Trata-se de uma entrevista com: R. Abramovay – Ruralidade.

Após a leitura e a reflexão conduzida pelo Professor, os alunos fazem os

comentários.

2) Redação: Meio rural – suas dificuldades, suas superações e possibilidades.

3ª aula:

1) Analisar as principais questões levantadas pelos alunos sobre o rural, que

foram identificadas nas redações, discutindo-as em sala de aula.

4) Solicitar o mapa do município, para que ao observá-lo sejam feitas as

considerações, sobre o urbano e o rural. Em seguida os alunos podem

delimitar esses espaços e relacionar as atividades econômicas que

caracterizam a zona rural e a zona urbana do seu município

AGRICULTURA FAMILIAR, CAMPONESA E PATRONAL

Não existe distinção entre as duas formas de produção agrícola (familiar ou

camponesa), ambas se referem àquele sujeito que vive no campo e se organiza por

meio da unidade familiar de produção.

Na agricultura familiar, a vida em sociedade tem laços de parentesco e

amizade muito presentes. O trabalho é feito com predomínio da mão de obra

familiar, onde o patrimônio e a gestão do estabelecimento são repassados de

geração a geração, o que retrata a manutenção e reprodução familiar e representa a

condição de ser livre.

A diferença entre agricultura familiar e agricultura camponesa é conceitual.

Isso quer dizer que ambos os termos referem-se ao mesmo sujeito, que é aquele

que se organiza dentro da unidade familiar de produção no campo e não vive

apenas do trabalho assalariado. O termo agricultura familiar está sendo utilizado

para aquele agricultor que está deixando de produzir para o autoconsumo, para

produzir exclusivamente para o mercado e que para explicar a sua emergência, ou

seja, a sua integração e a sua dependência cada vez maior frente ao mercado

capitalista, o conceito de camponês não serve mais. Assim, constrói-se uma idéia

de pequeno agricultor produzindo exclusivamente para o mercado e não mais para o

próprio consumo.

Neste sentido, não é por meio da total integração ao mercado que o

camponês vai se recriar na sociedade, muito menos pela transformação em

pequenos empresários, mas sim pela manutenção da sua condição. Esta condição

será garantida tanto pelo processo de luta e resistência na terra como pela própria

garantia do capitalismo. Trabalhar ora com o conceito de agricultura familiar, ora

com o conceito de agricultura camponesa faz uma grande diferença, principalmente

quando se fala em reforma agrária. Se para o primeiro grupo ela não é tão

necessária, pois o recurso por parte do Estado já garante a permanência dos

pequenos produtores no campo, para o segundo a reforma agrária é vital para que

este sujeito reproduza sua condição histórica, a qual a terra é elemento essencial

para a reprodução da vida.

Abramovay (2007) entende que o progresso técnico automaticamente leva os

produtores familiares a se integrarem ao mercado. É a partir da implantação das

novas tecnologias que a sociedade se transforma e passa a adquirir novas relações

no processo produtivo. De acordo com Ricardo Abramovay: uma agricultura familiar,

altamente integrada ao mercado, capaz de incorporar os principais avanços técnicos

e de responder às políticas governamentais não pode ser nem de longe

caracterizada como camponesa.

A partir dessa interpretação, cria-se a idéia de desenvolvimento associado ao

avanço tecnológico e à emergência de um pequeno produtor baseado na unidade

familiar de produção e altamente integrado ao mercado. O então agricultor familiar

acaba tomando as características de um pequeno empreendedor em que o negócio

é gerido pela sua família, com a contratação de poucos trabalhadores assalariados

para complementar o serviço extra que a família não dá conta de realizar.

A agricultura patronal é aquela cuja forma de produção é baseada no trabalho

assalariado, caracterizada pelas grandes extensões de terra, geralmente produzindo

apenas um gênero agrícola, como por exemplo, a cana de açúcar, algodão, soja,

laranja.

A terra teria um patrão (patronal) com vários funcionários trabalhando, a

produção é em larga escala, o uso de tecnologias é muito grande e essa produção

geralmente é para exportação.

4ª aula:

1) Leia atentamente as citações abaixo:

Carmo (1998): O funcionamento de uma exploração familiar passa necessariamente pela família enquanto elemento básico de gestão financeira - destinação dos recursos monetários auferidos e do trabalho total disponível internamente na unidade do conjunto familiar. Nesse sentido, as decisões sobre a renda líquida obtida com a venda da produção, fruto do trabalho da família, pouco tem a ver com a categoria lucro "puro" de uma empresa, representado pela diferença entre renda bruta e custo total aos agricultores familiares o significado da remuneração do seu capital, terra e meios de produção, é minimizado frente à quantidade de dinheiro que conseguem extrair do sistema de produção, quantidade que lhes permita viver e dar continuidade à família. É o projeto familiar que vai definir a destinação do dinheiro arrecadado. (Carmo, 1998, p.5).

Bombardi (2003): trabalhar com o conceito de camponês significa entender o camponês inserido no modo capitalista de produção. É possível compreender como o campesinato não só perdura, mas se reproduz no interior do capitalismo. Esse processo de reprodução do campesinato no modo capitalista de produção se dá exatamente pela necessidade que o próprio capital tem de relações que não são capitalistas para o seu desenvolvimento. (Bombardi, 2003, p.111).

a) Após a reflexão, feita juntamente com o Professor, um breve comentário, por

escrito, poderá ser apresentado sobre o que você entendeu.

2) Diferenciar agricultura patronal de agricultura familiar.

5ª aula:

1) Palestra com Professor especialista na área, visando uma reflexão sobre os

pontos trabalhados nas aulas anteriores, com o seguinte tema: “É possível o

desenvolvimento das regiões com predomínio de agricultores familiares?” Uma

resenha será cobrada sobre essa explanação.

2) Visita técnica, EM Rio Azul-PR, na “FRAMORA” – Projeto que deu certo

dentro da agricultura familiar.

A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA

No Brasil, existe uma combinação dos diferentes tipos da agricultura. O processo

de modernização agrícola, que gerou estas desigualdades regionais, começou nos

anos 60, quando se deu as condições políticas para que a implantação dos pacotes

tecnológicos diminuísse as resistências entre os produtores rurais. A captação de

recursos financeiros externos possibilitou a extensão de crédito agrícola subsidiado

para a compra de equipamentos, sementes e insumos. De grande auxilio para esta

difusão foi o papel da extensão rural e da pesquisa agropecuária. A agricultura era

considerada pelas elites políticas e econômicas como o eixo principal do impulso

para a geração de excedentes a ser utilizado no desenvolvimento industrial. A

política de crédito rural (custeio, investimento e comercialização) contribuiu para a

consolidação do complexo agroindustrial, agregando este à indústria produtora dos

meios de produção, à indústria de transformação e aos agricultores subordinados a

essas indústrias.

Segundo Cunha, 1988:

A consolidação do Complexo Agroindustrial, como categoria central na consideração da questão agrária no Brasil, vem promovendo uma unificação nos limites amplos das discussões. Isso vem provocando uma superação do fracionamento observado nos debates de 50 e 60, e, um pouco menos, na década de 70, que consideravam de forma prioritária, determinados aspectos, específico da questão agrária (CUNHA, 1988 p.74).

A análise do processo de transformação enseja um debate teórico e pode ser

sintetizado em duas conseqüências: primeiro os impactos ambientais, com os

problemas mais frequentes, provocados pelo padrão de produção monocultora,

segundo Rosane Balsan (2006), foram: a destruição das florestas e da

biodiversidade genética, a erosão dos solos e a contaminação dos recursos naturais

e dos alimentos; segundo os impactos socioeconômicos, causados pelas

transformações rápidas e complexas da produção agrícola, implantadas no campo, e

os interesses dominantes do estilo de desenvolvimento adotado provocaram

resultados sociais e econômicos.

A agropecuária desenvolveu-se a partir da Revolução Industrial quando a

atração exercida pela atividade industrial passou a deslocar significativa parcela da

população rural para as cidades provocando diminuição de mão-de-obra no campo.

Assim, tornou-se imperativo incorporar novas técnicas de produção que

aumentassem a produtividade agrícola e suprissem o mercado. Nesse sentido, a

produção agrícola desenvolveu novas formas de organização da produção quanto

à atividade industrial para suprir as necessidades do ritmo da economia mundial. Se

as atividades agrícolas do campo abasteciam de alimentos e matérias-primas o

espaço urbano, as atividades fabris da cidade ofereciam para o campo insumos

agrícolas, maquinários e produtos industrializados (KRAJEWSKI, 2005). Essas

transformações geraram a interdependência cada vez maior entre o campo e a

cidade.

Antes da Revolução Industrial, ainda no feudalismo, a maior parte da população

vivia no campo e dele se abastecia. A agropecuária desenvolveu- quando a atração

exercida pela atividade industrial deslocou grande parte da população rural para as

cidades, provocando diminuição de mão-de-obra no campo.

Nesta nova fase, marcada pelo processo de globalização, transformações pós-

fordistas das relações de produção e precarização das relações de trabalho, não

vêm afirmar o fim do campo, mas sim novas relações que estão sendo estabelecidas

de modo que o urbano e o rural possuem necessidades que ambos poderão suprir.

Em poucas palavras, pode-se dizer que o meio rural brasileiro se urbanizou nas

duas últimas décadas, como resultado do processo de industrialização da

agricultura, de um lado, e, de outro, do transbordamento do mundo urbano naquele

espaço que tradicionalmente era definido como rural. Como resultado desse duplo

processo de transformação, a agricultura - que antes podia ser caracterizada como

um setor produtivo relativamente autárquico com seu próprio mercado de trabalho e

equilíbrio interno - se integrou no restante da economia a ponto de não mais poder

ser separada dos setores que lhe fornecem insumos e/ou compram seus produtos.

Já tivemos oportunidade de mostrar que essa integração terminou por se consolidar

nos chamados “complexos agro-industriais” que passaram a responder pela própria

dinâmica das atividades agropecuárias aí vinculadas. (GRAZIANO DA SILVA, 1996).

O impacto sociocultural gerado no processo de modernização agrícola é muito

amplo. As famílias rurais acostumadas a uma vida camponesa passaram a ser

absorvidas pela dinâmica desse processo. As mudanças determinadas de fora de

seu mundo, a natureza e a profundidade delas se apresentaram em forma de

tecnologias, bens e serviços, que antes não eram parte do seu modo de vida. De um

policultivo tradicional, grande parte da agricultura passou ao monocultivo. A enxada

e o arado de tração animal cederam lugar ao trator a ao herbicida, o crédito rural e

os negócios de compra e venda, exigiram a presença do agricultor e depois de sua

família na cidade. Observa-se, portanto, que este município tem outra parcela de

agricultores que desenvolve atividade monocultora, pretende-se estabelecer então

correlações sobre esse assunto juntamente com as condições de trabalho exigidas

atualmente e a consequente migração campo-cidade. Porém essas mudanças

trazem consigo as dificuldades de assimilação e os desafios para a compreensão do

processo e o acesso às informações para a tomada de decisões corretas.

De uma maneira geral, podem ser apontadas duas grandes tendências no que

diz respeito à aplicação de projetos de desenvolvimento do espaço rural. Uma

baseada no desenvolvimento agrícola, centrada no agronegócio cuja natureza é

eminentemente setorial. A outra adota o princípio do desenvolvimento rural,

integrando atividades agrícolas e não-agrícolas, rurais e urbanas, multisetoriais e

territoriais. Evidentemente, entre esses dois projetos, representando as alternativas

políticas de maior peso, encontra-se uma heterogeneidade de situações

intermediárias que contribuem ainda mais para ampliar a complexidade das relações

sociais rurais. (MDA/CONDRAF,2006).

O agronegócio, considerado por muitos analistas como um grande sucesso, pois

a produção de grãos cresceu mais de 70% na última década do século XX,

indicando uma forte elevação da produtividade das culturas. É importante registrar

também que uma parte da agricultura familiar tem participado desse processo, seja

ampliando sua participação na produção de mercadorias negociadas no mercado

internacional, seja auxiliando na intensificação da monocultura, o que contribui para

a expansão do êxodo rural e da dependência de insumos químicos e de sementes

melhoradas, além de afetar o nível de renda dos produtores.

Em paralelo a esse modelo de desenvolvimento citado, surge uma nova proposta

com enfoque nas diferentes dimensões da sustentabilidade. O rural tem um papel

central na construção de um novo projeto de sociedade, sendo visto como um

espaço que deve diversificar e multiplicar a pluralidade, tanto dos sistemas de

produção quanto das atividades rurais não-agrícolas; viabilizar novas estratégias de

conservação ambiental, promover dinâmicas de inclusão social e promoção da

igualdade; e gerar alternativas tecnológicas que favoreçam a disseminação da

autonomia relativa de produtores familiares.

A implementação requer um processo de planejamento com novos instrumentos

de política pública, além de promover a rearticulação do setor agrícola com os

demais setores da economia, tendo como orientação estratégica a superação das

desigualdades.

Nesse contexto, é relevante para a escola, a abrangência desses assuntos, visto

que a maioria dos alunos é da zona rural, o mesmo acontece com os munícipes,

onde aproximadamente 70% pertencem ao setor primário da economia.

A modernização da agricultura tem apresentado problemas sociais, políticos,

econômicos e biológicos, como o aumento do desemprego no campo e do êxodo

rural; o surgimento de doenças nos consumidores finais de produtos em função da

utilização de herbicidas além dos problemas de saúde sofridos pelos trabalhadores

que os manipulam; a contaminação dos solos com adubos químicos para recuperar

a sua fertilidade; os transgênicos; o risco de redução da biodiversidade.

6ª aula:

1) O aluno terá acesso ao texto: “Modernização da Agricultura”

2) Dividir a turma em grupos para que façam questões referentes ao texto, em

seguida será realizado um fórum com a mediação do professor.

7ª aula

1) Fazer um painel com as inovações tecnológicas na agricultura do município,

usando fotos antigas e utensílios usados contrapondo com fotos modernas e

utensílios usados no meio rural. Na apresentação do grupo, um comentário

deverá ser feito, valorizando as transformações que ocorreram na vida rural.

8ª aula:

2) Promover um debate com idéias prós e contras sobre: - As transformações no

campo, dentro do modelo de modernização, quais argumentos? Esse

caminho é desastroso? O uso de máquinas na agricultura é positivo ou

negativo? O uso de agrotóxicos, sementes híbridas é negativo ou positivo? E

quanto ao meio ambiente?

3) Em duplas, os alunos deverão montar e expor uma tira mostrando o

agronegócio e a devastação química.

9ª aula:

1) Visite o endereço eletrônico abaixo. Leia e redija um comentário.

Fonte: Site de Luciano Pizzatto - Endereço:

http://www.lucianopizzatto.com.br/artigos-pizzatto/2010/02/17/carta-do-ze-agricultor-

para-luis-da-cidade.html - Incluído em: 24/3/2010 14:00:09

10ª aula:

1) Os alunos, individualmente, poderão responder o questionário abaixo, para

um posterior perfil da turma sobre o assunto.

a) Identificação da família, localidade, atividades desenvolvidas na

propriedade, satisfação sócio-econômica?

b) Mediante a modernização da agricultura, quais as dificuldades sentidas no

desenvolvimento do trabalho agrícola?

c) Como as mudanças interferem no modo de vida rural?

d) De que forma o conhecimento escolar pode contribuir para a melhoria do

trabalho agrícola?

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, R. O capital social dos territórios: repensando o desenvolvimento rural. IV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia Política. Porto Alegre, 1999 ABRAMOVAY, R. Paradigmas do Capitalismo Agrário em Questão. São Paulo: EDUSP, 2007.

ABDALA Jr. Benjamin, CAMPEDELLI S. Y. Espaço Urbano. São Paulo, Ed. Ática, 2003.

BALSAN, R. Campo-Território: Revista de Geografia Agrária, v.1, n.2, p.123-151, ago.2006.

BOMBARDI, L. M. O Papel da Geografia Agrária no Debate Teórico Sobre os Conceitos de Campesinato e Agricultura Familiar. In: GEOUSP – Espaço e Tempo. São Paulo, n° 14, p. 107-117, 2003.CARMO, Maristela S. do. A produção familiar como locus ideal da agricultura sustentável, Agricultura em São Paulo, SP, 45(1):1-15, 1998. (ISSN 0044-6793). CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo: Ed. Ática, 2003, p 9-10.

CUNHA, L. Debates e controvérsias sobre a agricultura brasileira. Revista de Economia. Curitiba: UFPR – Economia, ano 15, m.13, p. 59-77, 1988.EMBRAPA. História da soja. Disponível em:< http://pluridata.sites.uol.com.br/voos/02/pdr.htm>. Acesso em: 10 de Maio de 2011GRAZIANO DA SILVA, José. A Nova Dinâmica da Agricultura Brasileira. Unicamp. 217 p. 1996.

KRAJEWSKI, Ângela Corrêa. Geografia: Pesquisa e ação: volume único/ 1.Ed. São Paulo: Moderna, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Diretrizes para o desenvolvimento sustentável. Brasília, 2006.

WANDERLEY, M. A emergência de uma nova ruralidade nas sociedades modernas avançadas – o “rural” como espaço singular e ator coletivo. Estudos, sociedade e agricultura. Rio de Janeiro: UFRRJ/CPDA, 15, outubro 2000, 87-145. Disponível em: <http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/rural/wanderley.pdf>. Acesso em: 21 de Abril de 2011.