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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO som é um estímulo poderoso entre os seres vivos. Através dele, os seres reagem, interagem e criam relações no meio em que vivem. Entre esses

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

Ficha para Catálogo PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Recursos Pedagógicos para o ensino da fonação no Ensino Fundamental

Autor Leandro Scarparo

Escola de Atuação Colégio Estadual Presidente Castelo Branco – Ensino Fundamental e Médio

Município da Escola Tapira

Núcleo Regional de Educação Umuarama

Orientador Rafael Bruno Neto

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá

Disciplina Ciências

Produção Didático-pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar

Ciências Física e Biológica e Arte

Localização

Colégio Estadual Presidente Castelo Branco – Ensino Fundamental e Médio Rua Rio Negro, 1460 / Tapira- Pr

Apresentação:

A utilização de recursos didáticos para o ensino da fonação torna-se necessário à medida que crescem os conhecimentos sobre a importância da voz na vida das pessoas, principalmente na profissional, de como ela influencia e pode ser influenciada, e de como ela identifica a personalidade do indivíduo. Provavelmente, você leitor, nunca se perguntou como as pessoas ao seu redor percebem sua voz, se ela é agradável, entendível, se ela realmente o ajuda a transmitir aquilo que gostaria que fosse transmitido e o quanto ela revela de você. Mas, quais seriam os recursos didáticos mais apropriados para o ensino da fonação no Ensino Fundamental? A presente pesquisa tem por objetivo selecionar recursos didáticos para o estudo da fonação no ensino fundamental. A mesma será desenvolvida no Colégio Estadual Presidente Castelo Branco, na cidade de Tapira, no ano de 2011, e os sujeitos da pesquisa serão alunos da 7ª série do Ensino Fundamental da Educação Básica. A dinâmica será iniciada com estudo de autores que possam dar embasamento teórico-metodológico para a posterior seleção e produção de recursos didáticos e aplicação dos mesmos com base na utilização de construção de kit de equipamentos (experimentação mecânica) que ajudem a explicar o fenômeno do som e da fonação, tecnologias de áudio – programa Audacity - (gravações e registros gráficos computadorizados das gravações para a compreensão das formas de emissão da voz) e do uso de instrumentos musicais.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ - UEM

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

LEANDRO SCARPARO

RECURSOS PEDAGÓGICOS PARA O ENSINO DA

FONAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL

TAPIRA - PR

2011

LEANDRO SCARPARO

RECURSOS PEDAGÓGICOS PARA O ENSINO DA

FONAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Unidade Didático-Pedagógica apresentada

como requisito obrigatório para a

implementação do Projeto de Intervenção

Pedagógica no Colégio Estadual Presidente

Castelo Branco – Ensino Fundamental e Médio

na cidade de Tapira.

Professor Orientador:

Dr. Rafael Bruno Neto

TAPIRA - PR

2011

1. APRESENTAÇÃO

A produção didático pedagógica, a seguir, tem como tema a produção

de recursos didáticos para o ensino da fonação no ensino fundamental. Ela estará

inserida no projeto de intervenção a ser aplicado na 7ª série do Colégio Estadual

Presidente Castelo Branco, município de Tapira, Estado do Paraná. Como objetivo

principal, esta produção propõe recursos didáticos para o estudo da fonação no

ensino fundamental.

Cada vez mais o ser humano interage e cria relações com o ambiente e os

seres que dele fazem parte, bem como com as novas tecnologias que, ultimamente,

surgem numa velocidade espantosa. Toda essa interação é causada por estímulos

externos que o organismo humano recebe por meio dos órgãos dos sentidos. A

anatomia e fisiologia desses órgãos são estudadas desde as séries primárias até o

Ensino Médio. No entanto, este mesmo organismo possui um mecanismo especial

de comunicação com o mundo que raramente é objeto de estudo nesses níveis de

ensino, a fonação. Conhecer esses estímulos e mecanismo proporciona novas

perspectivas de interação e relacionamento, além de melhor aproveitamento da

tecnologia com uso responsável e saudável.

Um desses estímulos é o som. Ele é uma instigante forma de energia

presente no cotidiano dos seres humanos e, diga-se de passagem, principalmente

através da música, de maneira profunda na vida dos adolescentes que se encontram

nas escolas. Nela, está sendo ensinado como o som é percebido e interiorizado no

organismo humano por meio do aparelho auditivo, mas pouco se ensina sobre como

ele é produzido e articulado por esse mesmo organismo que lhe confere uma forma

extraordinária de comunicação.

O fato é que o estudo da anatomia e fisiologia do aparelho fonador,

responsável pela produção da voz, muitas vezes se depara com barreiras que

impedem que aconteça a aprendizagem do mesmo. Na maioria das vezes, fica até

mesmo excluído dos conteúdos nos planejamentos, ora porque pedagogicamente é

visto como desnecessário, ora porque exige alguns conhecimentos que, na maioria

dos casos, professores de Ciências não os têm e não se interessam em adquiri-los.

O argumento é de que esse objeto de estudo não tem relevância no Ensino Médio e

tão pouco no Ensino Fundamental. No entanto, se mais atenção for prestada, há de

se observar o quanto o som articulado pelo aparelho fonador humano pode interferir

em suas relações.

Também não se pode negar o quanto o conhecimento da anatomia e fisiologia

do aparelho fonador e de seu bom uso pode contribuir na vida social de cada um

desses futuros cidadãos, inclusive em suas vidas profissionais que poderão

depender muito desse conhecimento. Não se trata apenas de profissões que

necessitam da fala ou do canto, mas, muitas vezes, de uma simples entrevista para

emprego que pode desclassificar um candidato por não se entender bem o que ele

diz. Além do mais, é importante que se ressalte o número de professores

universitários que possui vasto conhecimento em suas áreas, mas uma fonação ruim

que impede sua transmissão eficiente.

Há de se lembrar ainda que a falta desse conhecimento tenha levado muita

gente, inclusive profissionais da educação, a terem problemas de saúde vocal, o que

afeta não só o aparelho fonador, como também a autoestima gerando forte estresse

e criando possibilidades para a depressão.

Por isso, a proposta de se efetuar, como pede a DCE-Ciências do Estado do

Paraná, um estudo contextualizado, social e historicamente, além de enriquecida

pela interdisciplinaridade, da relação do conteúdo citado com a saúde do aparelho

fonador, com a arte nas mais variadas formas, principalmente as formas musicais,

bem como, com a empregabilidade da voz no exercício das profissões, incluindo a

cultura da produção de novos aparatos tecnológicos que permitem a ampliação e

efeitos vocais, e com o estudo ambiental diante da poluição sonora em que estamos

vivendo.

Conhecimentos sobre este conteúdo podem intervir na forma de pensar e agir

dos alunos porque possibilita a desenvoltura vocal dos mesmos, conservando

melhor a saúde do aparelho fonador que, aliás, está se tornando um problema de

saúde pública, fazendo com que entendam melhor o papel da voz nas artes, na vida

social e profissional, além da produção de instrumentos sonoros e suas novas

tecnologias que estão à disposição para o uso consciente da fala e do canto de

acordo com as exigências ambientais.

2. PROCEDIMENTOS

I - Introdução

O som é um estímulo poderoso entre os seres vivos. Através dele, os seres

reagem, interagem e criam relações no meio em que vivem. Entre esses seres, está

o ser humano com sua fantástica capacidade de criação, transformação e utilização

de recursos e que, em sua evolução histórica, desenvolveu um poderosíssimo meio

de comunicação: a fonação. Conhecer melhor a anatomia e fisiologia do aparelho

fonador permite a possibilidade e compreensão da utilização da voz de uma maneira

saudável e eficaz.

Porém, antes de estudarmos a fonação e a voz, propriamente dita, vamos

entender um pouquinho mais sobre o som, através de alguns experimentos simples

que descrevemos abaixo.

1. Produtor simples de movimentos ondulatórios

* Material necessário:

Uma roda de bicicleta;

Um garfo de bicicleta;

Um parafuso de 10 a 15 cm com porcas e ruelas para prendê-lo;

Um pedaço de barbante ou corda (aproximadamente de 4 a 5 m)

* Modo de construir e usar:

Pegue a roda de bicicleta e faça um furo em um ponto qualquer da borda externa, adequado à espessura do parafuso que vai usar (fig. 2). Depois, prenda o parafuso de maneira que sua extremidade maior

Ilustração: Paulo Vitor Scarparo

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

fique também voltada para o lado externo (fig. 1). Em seguida, encaixe a roda ao garfo, só que do lado externo, ao contrário do que seria normal (fig. 3). Amarre uma das pontas do barbante ou da corda na extremidade do parafuso e, a outra, prenda ou peça pra alguém segurar a uma altura de pelo menos 1m. Feito isso, gire a roda que produzirá algumas ondas que percorrerão o barbante e será refletida de volta quando atingir a extremidade do mesmo (figuras 4 e 5).

2. Máquina de Ondas

* Material necessário:

palitos de sorvete ou de churrasco (20 a 30 palitos);

fita adesiva branca.

* Modo de construir e usar:

Meça cerca de 1,4 m de fita adesiva e corte-a esticando sobre uma mesa ou no chão com a cola pra cima. Em seguida, deixe um espaço inicial com cerca de 10 cm na fita e vá colocando os palitos centralizados na mesma com espaçamento de 2 cm de distância um do outro (fig. 6). No final da fita, deixe também o espaço do início. Esses espaços servem para prender em algum objeto, como cadeira ou banqueta, por exemplo. Se você tiver dúvidas na construção, acesse: http://www.youtube.com/watch?v=mr7SjQIELs4. Depois de ter prendido as extremidades, com um toque na extremidade do primeiro palito, provoque uma perturbação que dará origem a uma onda (fig. 7). Você pode ver outras formas de provocar ondas de tipos diferentes (fig. 8). Para isso, acesse: http://www.youtube.com/watch?v=1ewk5upPc5g.

Professor (a): Em

breves palavras,

conceitue onda, sua

formação e

composição.

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

3. Tubos sonoros

* Material necessário:

pedaços de cano PVC de 40 mm com extensões de 30, 40, 50, 60, 70 e 80 cm;

materiais para confecção (serra, lixa, tinta e pincel);

* Modo de construir e usar:

Pegue uma barra de cano de 40 mm ou pedaços que possa ter em casa e corte-os de maneira a obter 6 pequenos canos com as medidas indicadas acima (fig. 9). Depois, lixe as bordas e limpe os canos se for necessário (fig. 10). Caso queira, pode-se aplicar tintas coloridas para melhorar o aspecto e facilitar a assimilação do conteúdo que vai ser experimentado. Para isso, aplique uma demão de tinta branca, para fazer um fundo (fig. 11) e, em seguida, pinte cada cano com uma cor diferente e alegre e coloque-os para secar. Se assim desejar, você pode prender um cano ao outro (fig. 12). Há diversas formas de fazer isso, com uma corda fina entrelaçada, com barras de metal ou de madeira ou ainda com parafusos longos. Mas, também podem ser usados soltos para facilitar a manipulação. Para trabalhar com eles, basta tocá-los numa das extremidades com a mão espalmada e ir fazendo a relação matemática, ou seja, conforme aumenta o comprimento do cano, diminui a freqüência (o som fica mais grave). Isso ocorre porque as ondas se tornam mais lentas e espaçadas.

Professor (a): Explore

os tipos de ondas,

mas seja objetivo.

Professor(a): Explore as características (propriedades) do som: timbre,

intensidade e, principalmente, a freqüência. Mas, atenção! Não há

necessidade ainda de explorar fórmulas. Só o faça se os alunos fizerem algum

questionamento que necessite. Importante lembrar ainda que essa experiência

foi feita com medidas e freqüências aleatórias, portanto, não há uma escala

musical. Se acaso você quiser fazer outra experiência criando uma escala

musical, use os tubos com as proporções descritas na tabela abaixo.

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

Notas Comprimento (cm) Frequência (Hz)

Dó (C) 32,76 262

Ré (D) 29,19 294

Mi (M) 26 330

Fá (F) 24,53 349

Sol (G) 21,87 392

Lá (A) 19,48 440

Si (B) 17,36 494

Dó2 (C) 16,36 523

Com o Audacity (Programa Livre de Gravação e Edição) podemos, de

maneira simples, fazer um pequeno exercício que serve para estimular nossos

estudos e ajudar a compreender alguns conceitos importantes sobre o som que nos

permitirá, um pouco mais adiante, entendermos melhor o processo fonatório, ou

seja, a produção da voz. Este exercício também permitirá fazermos um teste curioso

sobre nossa audição. Então, vamos lá.

Depois de abrir o programa, onde mostra o painel geral de gravação e edição,

com o mouse levaremos o cursor em inserir. Dando um clique sobre inserir

descemos a cascata até tom programável.

Professor (a): Essa escala está baseada na escala temperada de

BACH, famoso músico e compositor da História Musical. É claro que

pequenas diferenças no corte e limpezas das rebarbas nos tubos

darão pequeníssimas alterações na afinação da escala. Se isso

acontecer e não conseguir eliminar o problema, não fique frustrado (a).

Como não se trata de um trabalho apurado na área de Física ou

Música,o importante será o a compreensão conceitual do aluno sobre a

produção de uma escala.

Em Tom programável damos novo clique que fará aparecer uma janela

chamada gerador de tons programáveis. Nessa janela o formato permanece

senoidal, a frequência deverá ser alterada, substituindo o valor 440Hz por 1Hz e

1320Hz por 20000Hz. A amplitude e interpolação devem continuar como estão.

Quanto à duração, propõe-se um intervalo de 90s ou 120s. Feito isso, clique em OK.

A ilustração abaixo mostra como aparece a janela Gerador de tons

programáveis.

Nessa ilustração, a janela Gerador de tons programáveis, modificada.

Em seguida, aparecerá um gráfico azul na faixa inserida, conforme mostra a

ilustração abaixo. Clique em executar num dos triângulos verdes ou dê um toque na

barra de espaço do teclado.

O som começará inaudível (1Hz) e, logo a seguir, passa a ser audível porque

a freqüência crescente chega à 20Hz. Daí em diante, o som passa a ser percebido

com características diferentes conforme a freqüência vai aumentando. Outro dado

interessante é que quanto mais a freqüência se aproximar de 20000Hz, maior a

probabilidade de as pessoas mais idosas não ouvirem o som devido a perca de

grupos celulares específicos dos ouvidos.

Clicando várias vezes em mais zoom (lupa +), o programa irá mostrando o

formato das ondas, o que permite, junto com os experimentos mecânicos feitos com

o kit proposto, a exploração conceitual do sistema ondulatório.

Atividade: Peça para os alunos formarem duplas e, a partir dos experimentos

realizados, responderem as questões abaixo:

a) Depois dos experimentos, como se pode conceituar o som?

b) O que são ondas? Como são formadas? Qual a sua composição?

c) O que a experiência com os tubos tem em comum com a realizada no Audacity?

Agora que vimos alguns conceitos e características do som e, lembrando que

a voz é uma forma de som que tem uma variável grande de articulação, passemos a

compreender o fenômeno da fonação.

Em primeiro lugar, é preciso que conheçamos nossa própria voz. Você

conhece a sua? Façamos, então, algumas experiências no Audacity (Programa Livre

de Gravação e Edição de Sons).

Abrindo novamente o painel geral do Audacity e, após ter conectado o

microfone ao computador ou a uma mesa de som acoplado a ele, convide alguns

alunos a gravar uma frase curta ou algumas palavras, como por exemplo, dizer os

meses do ano ou os dias da semana. Quando o (a) primeiro (a) aluno (a) estiver

pronto, clique em gravar (botão circular de cor geralmente rosa ou vermelho), e peça

para o aluno dizer as palavras ou a frase de maneira próxima ao microfone.

Professor (a): Para essa

experiência haverá a

necessidade de um

microfone. Cuide para

que o mesmo tenha

entrada compatível

com o computador ou

mesa de som que vai

usar.

Ilustração: Paulo Vitor Scarparo

Terminado a fala do (a) aluno (a), clique em parar (botão circular com

quadradinho dentro de cor cinza ou marrom). Automaticamente, aparecerá um

gráfico de cor azul ou roxo inserido na faixa. Este gráfico é a representação das

ondas sonoras emitidas pela fala que foi gravada. Para ouvi-la, basta clicar em

executar num dos triângulos verdes ou dê um toque na barra de espaço do teclado.

Este gráfico pode ser melhor explorado. Para isso, escolha um pequeno

trecho da gravação e, com o cursor, selecione o trecho escolhido clicando no lado

esquerdo do mouse e arrastando-o sobre a área escolhida do gráfico. Em seguida,

vá clicando na lupa (+), e a linha ondulatória da voz emitida irá ficando cada vez

mais visível. Outro recurso que pode ser explorado é utilizar o Espectro de

freqüência clicando em Analisar e, em seguida na cascata, Espectro de freqüência.

Professor (a): Nesse momento, abra um diálogo com os alunos sobre o

sentimento que tiveram ao ouvir sua própria voz – provavelmente muitos vão

dizer que não era sua voz e você deve aproveitar o momento para explicar as

diferenças biológicas e físicas entre a forma em que ele ouve a própria voz

quando fala, ressoando pelas cavidades e ossos da cabeça até chegar ao

ouvido, e a forma em que ele ouve o som de sua fala que se propagou pelo

ar diretamente ao seu ouvido, forma esta que seus ouvintes o escutam.

Aparecerá outro gráfico mostrando a freqüência em relação à quantidade de

decibéis. Nessa janela, podem ser executadas algumas manipulações.

Por fim, pode-se ainda “brincar” um pouco por meio de outro recurso.

Clicando em Efeitos aparecerá uma enorme cascata com diversos recursos que

servem para manipular ou modificar a voz gravada. Tais efeitos são muito utilizados

em grandes mídias, principalmente rádios. Então, o convite aqui é pra se “brincar”

um pouco observando a enorme variedade de possibilidades de manipulação sonora

da voz.

Bem, conseguimos ver por meio de algumas práticas, uma porção de coisas

interessantes sobre a voz. Mas, o que é a voz afinal? Numa definição simples,

Aurélio (2001) a descreve como sendo o som ou conjunto de sons emitidos pelo

aparelho fonador. No entanto, sabe-se que a voz possui um conceito muito mais

amplo. Pedro Bloch (1986, p. 7), por exemplo, defende que a voz é a expressão

sonora da personalidade humana e que a cultivando se está expandindo a maneira

de ser. Veja nos quadros abaixo mais algumas definições ou conceitos sobre voz.

Para Sira da Silva (1997, p. 3), a voz é uma função adquirida e... “adquirinda”. Um pouco

mais adiante ainda afirma que:

Para Daniel R. Boone (1996, p. 7), a voz é exatamente como uma impressão digital, ou seja,

identifica cada ser humano. Mara Behlau e Maria Inês Rehder (1997) conceituam-na da

seguinte forma:

A voz é o som mais complexo e sofisticado produzido pelo nosso corpo, de

tal modo voluntário que podemos modificá-lo e exercer sobre ele um

controle excepcional. (BEHLAU; REHDER, 1997, p. 2)

Juntamente com Paulo Pontes, Mara Behlau (2001) ainda descreve:

A voz humana já existe desde o nascimento e se manifesta através do

choro, riso e grito. Assim, desde o início da vida, a voz torna-se um dos

meios de interação mais poderosos do indivíduo e se constitui no modo

básico de comunicação entre as pessoas.

Comunicamo-nos de múltiplas formas: pelo olhar, pelos gestos, pela

expressão corporal, pela expressão facial e pela fala. A voz, porém, é

responsável por uma porcentagem muito grande das informações contidas

em uma mensagem que estamos veiculando e revela muita coisa sobre nós

mesmos. (BEHLAU; PONTES, 2001, p. 1)

Voz é choque (encontro) de dois “ares”: o que sai do pulmão, sobe pela

traquéia – laringe, fecha a fenda sub-glótica por pressão, chega ao

pavilhão bucal e... em contato com o ar da atmosfera entra em vibração a

nível dos lábios. Percebemos, então que a voz é o produto de duas forças

que se antepõem: a força de expulsão do ar (arco respiratório) e a força de

retenção na adução das cordas vocais, permanecendo fechada a fenda

glótica enquanto dure o som. (SILVA, 1997, p. 13).

Ilustração: Paulo Vitor Scarparo

Ilustração: Paulo Vitor Scarparo

Ilustração: Paulo Vitor Scarparo

Com duas outras autoras, Maria Lúcia S. Dragone e Lúcia Nagano, Mara Behlau (2004) faz

outra citação sobre a voz:

A voz é um componente importante na comunicação interpessoal. É ela que

transmite palavras, mensagens e sentimentos; e, por isso, é em grande

parte responsável pelo sucesso das interações humanas em âmbito privado

ou profissional. (BEHLAU; DRAGONE; NAGANO, 2004, p. 1)

Outros autores recentes, Silvia Pinho e Paulo Pontes (2008), referem-se à voz de maneira

mais fisiológica, dando o conceito de fonação:

Ato físico de produção do som por meio da interação das pregas vocais com

a corrente de ar exalada. Os puffs são liberados em freqüência audível

(fonte glótica), ressoando nas cavidades supraglóticas do trato vocal (filtro).

(PINHO; PONTES, 2008, p. 8)

Como se pode observar por meio desses conceitos, a voz tem uma

importância maior do que os seres humanos lhe atribuem. Como relata Pedro Bloch

(1986), ela revela a saúde, a cultura, a região, o grau de segurança, os fatores

subjacentes, alterações endócrinas, mil e uma coisas. Pode-se fazer uma verdadeira

psicanálise vocal.

O que há de muito interessante entre esses autores é que todos associam a

voz com a personalidade de cada ser humano e de sua capacidade de interação e

relação, o que está intrinsecamente ligado ao sucesso ou fracasso de sua função

social. Sendo assim, conhecer a base do processo fonador por meio de estudos

anátomo-fisiológicos possibilita ao indivíduo fazer a escolha de melhorar sua voz e,

assim, melhorar também seu relacionamento com outros, interagindo de maneira

mais eficaz na sociedade e, quem sabe, tirando melhor proveito para sua vida

profissional. A voz de cada indivíduo traz um impacto diferente para outros. Ela pode

servir para aproximar ou afastar pessoas, causar simpatia ou antipatia, promover

compreensão do que se está falando ou não, provocar interpretações acertadas ou

Ilustração: Paulo Vitor Scarparo

Ilustração: Paulo Vitor Scarparo

completamente equivocadas do que se está querendo dizer. Tudo isso porque a voz

possui muitas variáveis, como timbre, intensidade, forma de projeção, entonação,

ritmo de fala, pausas de respiração e articulação, que, segundo Pedro Bloch (1986),

precisa ser tratado de forma integrada, conforme explica:

A voz humana é um produto de interação dinâmica tão complexa de

fonação, respiração, ressonância e articulação que não pode ser tratada em

segmentos. As alterações em altura, intensidade e timbre não podem ser

isoladas. (BLOCH, 1986, p. 72)

O impacto psicológico que a voz provoca nos interlocutores é chamado de

psicodinâmica vocal (Behlau; Pontes, 1995, p. 15 – 20). Daí pode-se afirmar que a

voz bem estruturada e colocada, com sua psicodinâmica, torna-se crucial para que

haja empatia entre indivíduos, causando maior vínculo entre eles. Há de se

considerar isso também na educação, tanto a familiar como a escolar. Quantas

vezes pais não conseguiram esclarecer seu ponto de vista para os filhos por não

estarem com a voz centrada, causando confusão no entendimento? Quantas vezes

professores não conseguiram transmitir o conteúdo desejado por estarem com a voz

alterada? Quantas vezes alunos se estranharam simplesmente por falarem frases

com entonação ruim causando má interpretação?

Atividade: Divida a turma em duplas e peça para eles pesquisarem o significado de

cada tipo de voz descrito abaixo (se encontrarem gravações audiovisuais que

exemplifique o tipo descrito, melhor). Conforme o número de alunos deve ser

indicado um ou dois tipos de voz para cada dupla. Crie um momento para a

interação e partilha dos significados encontrados pelas duplas.

Rouca – áspera – soprosa – sussurrada – fluida – gutural – comprimida – tensa

estrangulada – bitonal – diplofônica – polifônica – monótona – trêmula – pastosa – branca

ou destimbrada – crepitante – infantilizada – feminilizada – virilizada – presbifônica –

hipernasal – hiponasal – nasal mista.

Graças a tantos estudos anátomo-fisiológicos da fonação feitos ao longo da

história, temos agora as condições necessárias para entendermos mais sobre o

funcionamento do aparelho fonador na produção da voz, bem como das

características que a mesma pode apresentar. Vejamos, com o auxílio dos slides,

um pouco sobre esses dois assuntos.

Leitura completa: Disponível em < http://www.profala.com/arttf19.htm> Acessado em 28 jun. 2011.

BREVE HISTÓRICO DOS ESTUDOS ANÁTOMO-FISIOLÓGICOS DA FONAÇÃO

Parafraseando Oliveira e, adaptando o texto para alunos de ensino

fundamental, os estudos sobre fonação começam ainda no século II a.C., quando

Galeno compara o órgão vocal com uma flauta, comparação esta, retificada na

época do Renascimento por Frabrice d‟Aquapendente que afirma que o corpo da

“flauta” compara-se ao conduto faringobucal e não a traquéia. Após alguns

conhecimentos adquiridos sobre fundamentos básicos da origem e variação do som

laríngeo, em 1741, Ferrein usa pela primeira vez o termo “cordas vocais” baseado na

pesquisa feita com cadáveres, o que o possibilitou fazer análises anatômicas e

fisiológicas dessas estruturas, descobrindo inclusive a formação de sons mais graves

ou agudos. Daí ao século seguinte, houve uma enormidade de experiências de

construção de aparelhos ópticos na tentativa de observar internamente melhor o

aparelho fonador. Só em 1855, o cantor e também professor de canto, Manuel

Garcia, desenvolve a laringoscopia indireta, ou seja, uma forma rápida e simples

utilizada até hoje pelos otorrinolaringologistas para examinar internamente a laringe.

Em 1860 e 1866, dois autores, Longet e Lermoyez,

respectivamente, defendem que as pregas vocais vibram no sentido

vertical, contestados em 1911 por Musehold que descobre que a

vibração das pregas vocais ocorre no plano horizontal por meio da

luz estroboscópica. Um pouco antes, em 1898, Ewald cria a Teoria

da Fonação Mioelástica que é discutida e confrontada com outras

teorias até os dias de hoje. Por fim, Hirano, em 1974, consegue

diferenciar as partes compostas das pregas vocais e faz análise do

comportamento de cada um desses elementos, o que contribuiu

muito para explicar a produção do som na laringe e a origem de

patologias da voz.

Ilustração: Paulo Vitor Scarparo

Ilustração: Paulo Vitor Scarparo

Professor (a): Os comentários que seguem

após cada slide servem para sua explanação,

mas também podem ser desenvolvidos em

formas de textos com seus alunos..

Importante lembrar que autores defendem aparelho fonador como órgãos não

específicos, mas adaptados dos sistemas respiratório e digestório durante o

processo evolutivo humano.

Atividade: Sentados, os alunos devem colocar os pés na cadeira abraçando as

pernas com máximo de força e tentar inspirar e, em seguida, falar. Dialoguem sobre

a experiência.

2° Slide – Descrição simples da produção da voz

A figura neste slide serve para lembrar a descrição que se fazia até pouco

tempo e que continua aparecendo ainda hoje sobre a produção da voz. A partir dela,

entendia-se que para haver voz, um fluxo de ar era empurrado, por meio da

contração diafragmática, dos pulmões para as vias respiratórias e, quando o ar

passasse com pressão pelas pregas vocais localizadas na laringe, essas vibrariam

gerando o som vocal que seria articulado pela boca. Hoje, sabe-se que a produção

da voz é um pouco mais complexa. Experimente fazer a atividade abaixo.

Atividade: Na posição em que você está, encha os pulmões de ar e, em seguida,

pressione o diafragma para cima empurrando o ar para as vias respiratórias

mantendo a boca levemente aberta ou articulando vogais. O que se consegue ouvir

é apenas um chiado ou no máximo um chiado articulado de vogais.

3° Slide – Estrutura do aparelho fonador

4° Slide – Estrutura muscular

Os dois últimos slides possibilitam a instigação mais detalhada e atenciosa

sobre as funções musculares e cartilaginosas dos músculos, membranas e

ligamentos que envolvem as pregas vocais. Retomando, então, a descrição do

primeiro slide, o som vocal ocorre quando esse último conjunto executa sua função,

ou seja, quando os músculos contrativos cobertos por membranas mucosas ligados

às pregas vocais, ou músculos que cobrem a cartilagem anexa a elas, se contraem

ou relaxam aumentando ou diminuindo as tensões das pregas vocais e,

consequentemente, as possíveis freqüências. As ondas de som são criadas a partir

da troca de energia da vibração das pregas vocais com a corrente de ar provinda

dos pulmões. Importante ressaltar que a relação e dinâmica entre a intensidade da

pressão exercida para formar a corrente de ar e o ar que se encontra no vestíbulo da

laringe vai dar início ao balanço das pregas vocais e ao processo de ressonância,

além de influenciar na intensidade e freqüência do som vocal. Devido a essa

descrição, pode-se entender as pregas vocais como fonte sonora. Todo som vocal

produzido por essa fonte vai ser ampliado pelas “caixas de ressonância”, peito,

cavidades oral, orofaríngea, nasofaríngea e cabeça.

Construção de modelo de laringe (Adaptação: MUNHOZ, 2002, p. 59 – modelo de laringe

criado pela fonoaudióloga Lica Arakawa.)

* Material necessário:

Garrafa 500 ml vazia de água mineral - E.V.A. - pedaço de elástico – grampeador e grampos – alfinetes - tesoura com ponta fina.

* Modo de construir e usar:

Com a ponta da tesoura, faça os seguintes cortes na garrafa: faça primeiro um corte longitudinal e, em seguida, cortes transversais nas partes A (2,5 cm), B (4 cm) e C (5 cm ), como mostra a figura 1. Com a parte C, que representa os anéis da traquéia, faça um tubo de 4,5cm de diâmetro e grampeie as extremidades que sobraram (o excesso pode ser cortado e eliminado – fig. 2). A parte A (fig. 1) representará a cricóide. Coloque a parte A sobre o tubo dos “anéis traqueais” e, antes de grampear, faça um U aberto na região indicada pela figura 3 com caneta hidrográfica. Em seguida, corte no formadto desenhado. Grampeie unindo as partes A e C. As “aritenóides” devem ser feitas com a parte B (fig. 1). Corte as extremidades até que, unidas, possam formar um tubo com 4,5cm de diâmetro, como mostra a figura 4. Em seguida, apenas 2 cm de cada uma das extremidades da metade superior deve ser mantido. O restante deve ser cortado, de acordo com a figura 5. As extremidades restantes devem apresentar cortes em formato arredondado (fig. 6). Esta ilustra como a parte B deve ser encaixada dentro do tubo da “cricóide”, com as “aritenóides” aparecendo na região oposta ao corte em “U” aberto. Utilize o modelo da tireóide (fig. 7), no tamanho apresentado, e transponha para o EVA, cortando-o nesse formato. Sobreponha-o já cortado na “criticóide” e coloque as agulhas nas regiões indicadas na figura 8, dobrando-as com cuidado por dentro do tubo. O elástico deve ser cortado numa medida aproximadamente 12 cm e grampeado na “tireóide”, 1,5cm abaixo do “V”, na parte interna, como ilustrado na figura 9. As pontas dos elásticos devem ser grampeadas nas “aritenóides”. A epiglote pode ser feita com EVA, tendo as medidas propostas na figura 10. Esta deve apresentar uma dobra na região inferior para possibilitar sua mobilidade. Essa dobra deve ser colada ou grampeada próxima à região de fixação do elástico, na parte interna da “tireóide”, como mostra a figura 8.

Modelo de laringe humana

5° Slide – Fotos

Dependendo da estrutura do aparelho fonador de cada pessoa (tamanho,

largura, espessura, entre outros), bem como do seu tipo físico, é que se dá o timbre

de voz, pois a freqüência fundamental e seus harmônicos vão depender dessas

estruturas.

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

6° Slide – propriedades e características da voz

Como se pode observar no slide, as propriedades da voz são fundamentadas

nas propriedades do som (timbre, intensidade e altura ou frequência). Por sua vez,

as características dependem dessas três propriedades. Vejamos, então:

7° Slide – Timbre

Timbre: é a característica que define a personalidade vocal distinguindo-as

das demais pessoas, revelando particularidades específicas da voz, ainda que na

mesma freqüência de outras. No mundo artístico, principalmente na música, o timbre

também é conhecido como “cor” da voz.

Atividade: Com um teclado musical eletrônico qualquer, selecione o recurso

“voice” e escolha um instrumento musical. Escolha uma tecla e execute a nota. Em

seguida, selecione outros instrumentos e, sem alterar o volume, execute a nota na

mesma tecla escolhida inicialmente. Cada som vai “identificar” um instrumento

musical. Isso é chamado de timbre.

Outra atividade bem simples pode ser feita para entender o conceito de

timbre. Combine anteriormente com alguns alunos da sala para que os mesmos

falem algumas palavras, numa certa sequência, enquanto os demais estiverem

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

orientados para fecharem os olhos durante as falas. Em seguida, peça aos ouvintes

que identifiquem, pela ordem, aqueles que falaram. O número de acertos,

provavelmente será grande, pois o timbre de voz é diferente para cada um,

identificando-os quase que instantaneamente.

8° Slide – Intensidade: Forte, médio ou fraco

Intensidade: é a quantidade ou volume do som vocal emitido. Em Física, é

definida como o fluxo de energia ou potência sonora recebida pela unidade de área,

sendo sua unidade de medida, bel, decibel ou decibéis (dB) em homenagem ao

cientista inglês Graham Bell. No ser humano, a intensidade da voz falada num

ambiente silencioso varia entre 40 e 50 dB e, sua intensidade mais ampla pode

chegar a 130 dB.

Atividade: Com um teclado musical eletrônico, selecione o recurso “touch” de

maneira que as teclas fiquem dinâmicas. Escolha uma tecla e toque dinamizando a

força de sua mão, ora com mais força, ora com menos força. O som será percebido

de maneira fraca, média ou mais forte. Caso o teclado não tenha esse recurso, vá

aumentando ou diminuindo seu volume enquanto a tecla musical é acionada.

SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

9° Slide – altura ou freqüência: graves, médios e agudos

Altura ou freqüência: é a característica que distingue, na voz, sons graves,

médios ou agudos. Como já discutido nos primeiros experimentos, na Física, a

freqüência é definida como o número de oscilações ou ciclos de uma onda por um

período de tempo, e sua unidade de medida é dada em Hertz (Hz). Conforme visto

sobre o timbre, a estrutura física e biológica da pessoa, bem como de seu aparelho

fonador, vai resultar numa determinada coloração vocal. Essa coloração ou timbre

vai estar dentro de uma região de freqüências fundamentais e seus harmônicos.

Assim, um timbre grave vai ter frequências mais baixas, porque as pregas vocais

são mais curtas e espessas, produzindo movimentos vibratórios com menor

velocidade. Um timbre agudo terá freqüências mais altas, pois as pregas vocais são

mais longas e menos espessas, produzindo movimentos vibratórios rápidos. Uma

voz classificada como “Baixo” emite freqüências que variam entre 80 e 300 Hz,

enquanto que uma voz classificada como “Soprano”, emite freqüências que variam

entre 300 e 1100Hz.

Atividade: Novamente com o teclado musical eletrônico, selecione um instrumento

qualquer (recurso “voice”). Sem alterar o volume, escolha uma tecla musical de

preferência posicionada mais ao centro. Depois, vá passando sequencialmente de

uma tecla à outra para a direita da tecla que você iniciou. Quanto mais à direita,

mais a nota vai ficando aguda, portanto, maior a freqüência. Em seguida, faça o

mesmo para o lado esquerdo. A nota musical vai ficando cada vez mais grave, o que

significa, menor freqüência.

Peça para os alunos colocarem a mão na laringe, preferencialmente sobre o

„Pomo de Adão‟, e tentar acompanhar as 5 ou 6 primeiras notas à direita e, depois, à

esquerda. Abra uma rápida discussão sobre o que eles sentiram.

10° Slide – Classificação artística da voz

Ao longo da história do estudo da voz, mais precisamente nas áreas artísticas

e, principalmente na musical, houve a necessidade de se classificar as vozes

conforme a função que a mesma iria exercer num determinado ato artístico. É claro,

essas funções, no início, eram apenas a capacidade da voz ser emitida em tons

graves, médios ou agudos, tanto para homens, como para as mulheres. Mais tarde,

associaram-se os conhecimentos Físicos e entendeu-se que essas capacidades

tinham origem na freqüência do som vocal, ou seja, a velocidade de vibrações das

pregas vocais de cada um. No geral, varia entre 60 a 1300 hertz, sendo o recorde

pertencente à Georgia Brown que atingiu freqüência acima de 4000 hertz (mais alto

do que a nota máxima do piano), sua extensão vocal chegou a 8 oitavas (G2 a G10).

Vejamos números mais específicos para cada classificação, mas sempre lembrando

que sua variação depende muito de qual escola musical está sendo classificado

(escola alemã, italiana, americana, etc).

11° Slide – Voz feminina

A voz feminina mais grave, classificada como contralto, tem uma frequência

que varia de 98 a 698 Hz. Já, na voz média, classificada como mezzo-soprano, a

frequência varia de 124 a 878 Hz. Por fim, a soprano, voz mais aguda, a frequência

se encontra entre 130 a 1145 Hz.

12° Slide – Voz masculina

No caso das vozes masculinas, a voz mais grave, classificada como baixo,

tem uma freqüência que varia de 75 a 513 Hz. Já, na voz média, classificada como

barítono, a freqüência varia de 74 a 524 Hz. Por fim, o tenor, voz mais aguda, a

freqüência se encontra entre 85 a 709 Hz.

13° e 14° Slides - Créditos

Saúde e aperfeiçoamento vocal

Conforme já visto neste trabalho, o mau uso da voz pode acarretar problemas

na personalidade, dificuldades de comunicação e ainda atrapalhar a vida

profissional. Mas, não é só isso. Ele também pode trazer sérios danos à saúde do

aparelho fonador. Vejamos alguns casos.

1. Laringite Crônica:

Geralmente, inicia-se como laringite aguda causada por vírus ou bactérias e,

juntamente com outros fatores predisponentes como tabagismo, inalação de

substâncias irritantes, descuidados na alimentação e refluxo gastroesofágico, cria

uma condição de persistente inflamação e constante espessura na mucosa das

pregas vocais.

Videolaringoscopia laringite crônica - AMARANTE, 2004, p. 26

2. Nódulo (calo) das Pregas Vocais:

Os nódulos, conhecidos popularmente como calos, podem causar disfonia

parcial ou total. Trata-se da formação de tecidos edematosos nas zonas de maior

fricção durante a fonação, geralmente no bordo livre da prega vocal.

3. Pólipos das Pregas Vocais:

Trata-se da formação de tumores benignos, quase sempre unilaterais, que

causam disfonia persistente e cansaço ao falar. Esses tumores são revestidos por

epitélios escamosos finos e transparentes.

Videolaringoscopia de nódulo das pregas vocais - AMARANTE, 2004, p. 24

Videolaringoscopia de pólipo gelatinoso

AMARANTE, 2004, p. 25

Videolaringoscopia de pólipo

teleangiectásico

AMARANTE, 2004, p. 25

A seguir, imagens de edemas e pólipos cancerígenos causados pelo cigarro.

Cuidando de sua voz

Alguns cuidados básicos podem proteger a saúde do aparelho fonador, bem

como, aperfeiçoar a voz tornando-a compatível com a personalidade e, de quebra,

melhorando muito a comunicação e a vida profissional. Eis aí, então, nos dois

quadros abaixo, algumas dicas para higienização da voz. Mas, atenção! Essas dicas

só ajudam quando são praticadas no dia-a-dia.

Cuidados e higiene da voz:

1. Evitar:

Falar ou cantar excessivamente e com intensidade prolongada;

Falar ou cantar em ambientes que tenha que competir com o ruído;

Falar ou cantar com a laringe levantada;

Falar ou cantar com ataque vocal brusco (golpe de glote);

Gritar (se tiver que o fazer, faça-o com suporte respiratório);

Tossir ou pigarrear de maneira excessiva;

Fumar e ingerir bebidas alcoólicas e outras substâncias tóxicas;

Vestuário que atrapalhem a boa fonação, como roupas e cintos apertados ou sapato alto;

Ingestão de alimentos gelados, muito quentes ou condimentados;

Ingestão de bebidas gasosas, geladas ou muito quentes;

Ingestão de leite ou derivados, chocolates, doces e café antes do uso da voz.

Patologias causadas pelo tabagismo - AMARANTE, 2004, p. 29

2. Usar

constante hidratação (ingerir média de 2 litros de água por dia, sempre aos poucos);

alimentação leve constituída principalmente de fibras e alimentos adstringentes, como a maçã, por exemplo;

redução de tensões musculares do corpo e do aparelho fonador antes do uso da voz;

exercícios de aquecimento vocal antes do uso da voz;

exercícios de relaxamento após o uso prolongado da voz;

Fazer visitas anuais a profissionais da voz (otorrinolaringologista, fonoterapeuta, professores de comunicação

oral ou de canto) para trabalho de prevenção e indicação de exercícios adequados à sua voz.

Atividades:

1. Diante dos cuidados com a voz, citados acima, peça para os alunos

descreverem no caderno, 5 atitudes que praticam que causam danos à sua

voz e 3 atitudes de conservação da mesma.

2. Solicite que pesquisem, individualmente, alguém que tenha tido algum

problema de saúde vocal, e descreva a forma de tratamento.

3. REFERÊNCIAS

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Projeto Saúde Vocal: cuidando da voz do professor / Realização Governo do Paraná. 21ª

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