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INTRODUÇÃO A Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro (SEC) está coordenando a elaboração do Plano Estadual de Cultura, a partir do diálogo com gestores públicos dos 92 municípios do estado, agentes culturais, artistas, Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa e o Ministério da Cultura para apontar diretrizes e estratégias de políticas públicas de cultura para os próximos 10 anos, no Estado do Rio de Janeiro. Além dos encontros que estão ocorrendo em todas as regiões do estado para discutir Lei e Plano Estaduais de Cultura, a SEC está promovendo também discussões sobre 11 setores e linguagens artísticas (Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Música de Concerto, Música Popular, Livro e Leitura, Museus, Patrimônio Material, Patrimônio Imaterial; e Teatro). O texto a seguir foi proposto pela Superintendência de Museus da Secretaria de Estado de Cultura e tem por objetivo estimular o debate sobre as políticas públicas para esse setor. Além deste, outros textos, encomendados pela SEC, estão disponíveis na página do Plano na internet (http://www.cultura.rj.gov.br/projeto/plano-estadual-de-cultura), desde agosto de 2012. Qualquer pessoa ou entidade pode enviar seus comentários e sugestões através dessa página. Após um período de debates pela internet haverá uma reunião pública para cada setor, cujas datas serão amplamente divulgadas, onde os textos serão apresentados e discutidos também presencialmente. Esperamos que a discussão em torno das ideias trazidas aqui estimule a apresentação de propostas de diretrizes e estratégias a serem incorporadas pelas políticas setoriais do Plano Estadual de Cultura. GOVERNO DO RIO DE JANEIRO Secretaria de Estado de Cultura Plano Estadual de Cultura

Secretaria de Estado de Cultura · âmbito do Estado do Rio de Janeiro, políticas públicas voltadas para a preservação do patrimônio e da memória, valorizando a diversidade

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INTRODUÇÃO A Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro (SEC) está coordenando a elaboração do Plano Estadual de Cultura, a partir do diálogo com gestores públicos dos 92 municípios do estado, agentes culturais, artistas, Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa e o Ministério da Cultura para apontar diretrizes e estratégias de políticas públicas de cultura para os próximos 10 anos, no Estado do Rio de Janeiro. Além dos encontros que estão ocorrendo em todas as regiões do estado para discutir Lei e Plano Estaduais de Cultura, a SEC está promovendo também discussões sobre 11 setores e linguagens artísticas (Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Música de Concerto, Música Popular, Livro e Leitura, Museus, Patrimônio Material, Patrimônio Imaterial; e Teatro).

O texto a seguir foi proposto pela Superintendência de Museus da Secretaria de Estado de Cultura e tem por objetivo estimular o debate sobre as políticas públicas para esse setor. Além deste, outros textos, encomendados pela SEC, estão disponíveis na página do Plano na internet (http://www.cultura.rj.gov.br/projeto/plano-estadual-de-cultura), desde agosto de 2012. Qualquer pessoa ou entidade pode enviar seus comentários e sugestões através dessa página. Após um período de debates pela internet haverá uma reunião pública para cada setor, cujas datas serão amplamente divulgadas, onde os textos serão apresentados e discutidos também presencialmente.

Esperamos que a discussão em torno das ideias trazidas aqui estimule a apresentação de propostas de diretrizes e estratégias a serem incorporadas pelas políticas setoriais do Plano Estadual de Cultura.

GOVERNO DO RIO DE JANEIRO

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Política Estadual de Museus do Rio de Janeiro: Processo de Construção

A Superintendência de Museus – SMU

Com a responsabilidade de coordenar políticas na área de museus, a SMU foi criada em abril

de 2008 com a missão de “estabelecer e promover em museus e instituições afins, no

âmbito do Estado do Rio de Janeiro, políticas públicas voltadas para a preservação do

patrimônio e da memória, valorizando a diversidade cultural e orientando, em caráter técnico,

ações de gestão, comunicação, pesquisa e educação”.

A Superintendência de Museus atua de maneira direta na coordenação técnica de sete

unidades museológicas: Museu Carmen Miranda, Casa da Marquesa de Santos (que abrigará

o futuro Museu da Moda), Museu dos Teatros, Museu de História e Artes do Estado Rio de

Janeiro, Museu Antônio Parreiras, Casa de Oliveira Vianna e Casa de Euclides da Cunha. Os

museus vinculados, além de suas atividades expositivas, de preservação e educativas, prestam

apoio a outras instituições do estado, no que se refere a apoio técnico e de pesquisa.

Dentro dessa nova estrutura e filosofia, a SMU procurou expandir contatos com as áreas

federal, estadual e municipal, estreitando o relacionamento com diversas instituições e

participando de discussões de interesse da área em vários municípios fluminenses,

orientando ações, apoiando a qualificação de pessoal e auxiliando na elaboração de

diagnósticos da área cultural, estabelecendo, dessa forma, uma rede fluente de diálogos e de

cooperação.

Para os próximos anos pretende-se consolidar uma política para a área museológica que

permita, não somente, ampliar ainda mais as ações junto às unidades museológicas da

estrutura da Secretaria de Cultura, mas também prestar apoio técnico e conceitual no

desenvolvimento de instituições atuantes, preocupadas com a abrangência e gestão de suas

ações. Isso permitirá ampliar o acesso do público aos bens culturais, contribuindo para a

preservação da memória e construção de cidadania.

Finalmente, pretende-se ainda ampliar as discussões na área, com profissionais de diversos

campos de atuação (museólogos, antropólogos, historiadores, filósofos, educadores, gestores

etc.), a fim de disseminar o pensamento contemporâneo do campo museológico.

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A Estrutura

Com a criação da Superintendência de Museus, percebeu-se a necessidade de pensar em uma

estrutura interna que refletisse e atendesse às diversas demandas da área, no que se refere

às questões de difusão, preservação, pesquisa, gestão e à sistematização desse trabalho, não

só para as unidades vinculadas como para uma atuação efetiva da SMU em todo estado.

Atualmente, a Superintendência de Museus desenvolve suas atividades com uma equipe

assim constituída:

• Superintendência de Museus

Mariana Varzea – Superintendente

Lucienne Figueiredo - Coordenadora do Sistema Estadual de Museus

Bruna Queiroz – Coordenadora de Museologia

Rafaela Zanete - Coordenadora de Unidades Museológicas

Marcia Bibiani – Assessora

Daniela Name – Assessora de Projetos Especiais

Equipe técnica:

Ana Cristina F. do Valle

Elenora Machado

Gabriela Alevato

Aline Pina

Rita de Mattos

Equipe administrativa:

Glória Arpino e Jorge São Roque

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O Sistema Estadual de Museus

SIM-RJ

Dentro desta nova estrutura, o Sistema Estadual de Museus, criado por decreto em fevereiro de

2010, mas com atuação desde o ano de 2009, surgiu com a finalidade de integrar uma ampla

e diversificada rede de instituições de caráter museológico públicas e privadas para que

unissem esforços para o desenvolvimento de ações ligadas à valorização, preservação e ao

gerenciamento do patrimônio cultural em nível estadual.

Suas principais diretrizes:

1. Criar o Cadastro Estadual de Museus, contribuindo para a manutenção e atualização do seu

banco de dados;

2. Estimular a inserção dos museus, centros culturais, espaços históricos e reservas naturais no

Cadastro;

3. Promover capacitação teórica e prática do pessoal técnico e administrativo da área de

museus através de seminários, oficinas e cursos itinerantes, por região;

4. Levantar e mapear as demandas prioritárias das instituições museológicas por região, com

o objetivo de obter subsídios para traçar as diretrizes de ação e promover suporte técnico

para a criação de unidades museológicas em locais que não as possuam;

5. Estimular o desenvolvimento de programas, projetos e atividades museológicas que

respeitem e valorizem o patrimônio cultural de comunidades populares e tradicionais e de

acordo com suas especificidades;

6. Propor a criação e aperfeiçoamento de instrumentos legais para melhor desempenho e

desenvolvimento das instituições museológicas;

7. Promover o intercâmbio com sistemas e redes nacionais e internacionais, instituições

museológicas, profissionais da área, universidades, associações, entidades e outros, para o

desenvolvimento de ações conjuntas e troca de experiências;

8. Articular ações integradas entre as diversas esferas públicas, sociedade civil e terceiro

setor no desenvolvimento e programas e projetos de apoio e estímulo aos museus.

No ano de 2010, o Sistema Estadual de Museus atingiu os 92 municípios existentes no

território do estado através de visitas técnicas e realizou sete oficinas, sendo três com

técnicos do IBRAM e quatro com técnicos da Superintendência de Museus.

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4

Nesse mesmo ano também foi instituída a Comissão Consultiva do Sistema Estadual de

Museus, composta por um representante de cada uma das oito regiões político-

administrativas do Estado do Rio de Janeiro, um representante da UNIRIO, um representante

do COREM, um representante da ABM e um representante do Conselho Estadual de Cultura,

que teve sua primeira reunião no dia 18 de outubro de 2010. O principal objetivo da Comissão

foi discutir diretrizes que nortearão as ações do Sistema Estadual de Museus, articulando

interesses da área museal e, sobretudo, garantindo a política de ação do sistema.

O Sistema Estadual de Museus do Estado do Rio de Janeiro também aderiu ao Sistema

Brasileiro de Museus e na data do dia 18 de dezembro de 2010 foi realizada a assinatura do

Termo de Cooperação Técnica entre o Instituto Brasileiro de Museus e a Secretaria de Estado

de Cultura.

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Desenvolvendo os Eixos Estratégicos

Após o diagnóstico elaborado a partir das visitas técnicas realizadas pelo Sistema por

todo o interior do estado e os programas e projetos elaborados e desenvolvidos pela

Superintendência de Museus, estabeleceram-se cinco eixos estratégicos de atuação, que

traçam diretrizes, estratégias e ações para o desenvolvimento de programas e projetos e

que são também a base para a construção da Política Estadual de Museus.

Difusão de Bens Culturais

Circulação, ampliação, estímulo e produção de estudos e pesquisas, desenvolvendo ações

que visem à promoção e difusão da memória. Divulgação de atividades desenvolvidas pelos

museus para fins de educação, turismo, formação de público entre outros.

Memória e Cidadania

Prática de atividades voltadas para o fortalecimento da memória como meio de interação

social e acesso pleno aos bens culturais.

Preservação do Patrimônio Cultural

Preservação dos bens culturais, documentação, conservação e ações integradas. Novas

tecnologias e sistemas de informação.

Modernização da Gestão

Elaboração de planos museológicos, qualificação profissional, políticas para as áreas. Inclui o

desenvolvimento de ações de estímulo à criação de instrumentos legais de gerenciamento,

como conselhos, estatutos, planos e fundos para museus. Estímulo à institucionalização dos

museus, criação de novos museus.

Formação e Fortalecimento de Redes e Sistemas

Mapeamento, elaboração de diagnóstico, assessoramento, estímulo a integração entre as

instituições museológicas, ações integradas, transversais e multidisciplinares.

Visão de Futuro

Como visão de futuro a Superintendência de Museus pretende ser referência na formulação

de diretrizes para museus e instituições afins, visando a salvaguarda do patrimônio material e

imaterial no âmbito do Estado do Rio de Janeiro.

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Para a gestão 2012-2014 pretende-se desenvolver as seguintes ações:

Gestão/ Estrutura

- Elaboração do planejamento estratégico 2012-2014;

- Estruturação do novo organograma da SMU e ampliação do quadro técnico da SMU e dos

museus;

- Museus. RJ – Criação e implantação do Portal de Museus;

- Projeto de imagem institucional dos museus da SEC;

- Implementação do Museu da Moda;

- Inauguração do Espaço Carmen Miranda no novo Museu da Imagem e do Som;

- Recuperação e modernização do Museu Antônio Parreiras;

- Recuperação e revocacionamento do Museu do Ingá;

- Edital de Apoio ao Desenvolvimento de Museus e Instituições Museológicas;

- Restauração dos Acervos da Rede de Museus do Estado do Rio de Janeiro;

- Realização de Oficinas Técnicas e Jornadas: institucionalizando museus;

- Apoio a organização do V Fórum Nacional de Museus

- Coorganização do ICOM 2013;

Inclusão

- Ampliação da base de dados do Sistema Gerenciamento de Acervos Museológicos - SISGAM;

- Disponibilização do SISGAM a unidades museológicas do interior do Estado;

Acessibilidade

- Elaboração do Programa de Acessibilidade Universal1 para museus;

-Execução do projeto de acessibilidade aos museus da SEC destinado aos portadores de

necessidades especiais, tendo em vista o ICOM 2013, a Copa 2014 e as Olimpíadas de 2016;

Interiorização

- Estímulo à criação e ao desenvolvimento sustentável de unidades museológicas em todos os

municípios do Estado do Rio de Janeiro com o apoio do Sistema Estadual de Museus e de

editais de fomento;

- Qualificação profissional e suporte técnico em unidades museológicas do interior;

1 Entende-se por acessibilidade universal o acesso físico, intelectual, estético, sensorial, social e cultural.

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Pesquisa

- Estimular a criação de núcleos de pesquisa nos museus da SEC;

- Apoio a pesquisas sobre os museus e patrimônio no território do Estado do Rio de Janeiro por

meio de editais;

Dinamização

- Ampliação das oficinas técnicas oferecidas pela SMU por intermédio do Sistema de Museus;

- Publicação de manuais técnicos e de pesquisa;

- Produção de seminários, congressos e apoio à realização de eventos;

Preservação

- Restauro da Casa da Marquesa de Santos e do Museu Antonio Parreiras;

- Apoio à modernização e preservação de unidades museológicas do interior;

- Ampliação dos serviços do LACON (Laboratório de Conservação);

-Melhorias e reparos na estrutura física, tecnológica e de comunicação para os museus da SEC;

- Apoio às atividades de pesquisa e registro documental da memória fluminense;

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Elaborando a Política: Etapas da Construção

O pensamento para a construção de uma política para a área museológica emerge na

criação da Superintendência de Museus, no ano de 2008, quando a própria estruturação da

Superintendência gera a necessidade de uma reflexão de seu papel e de suas atribuições

no que se refere à articulação com o setor museológico do estado e à inserção e participação

da sociedade civil e de outros entes públicos e organizações do terceiro setor nas discussões

da área.

Os primeiros encaminhamentos para a construção da Política Estadual de Museus do Estado do

Rio de Janeiro surgem ao final do ano de 2009, com o fortalecimento do setor. Uma ação

importante foi realizada no mês de novembro, na Reunião Ampliada dos Museus do Estado,

em que representantes da área se reuniram para discutir a participação dos museus na

Conferência do ICOM 2013 e o legado cultural que será deixado pela Copa do Mundo 2014

e Olimpíadas 2016.

Somado a isso, houve um aumento no número de investimentos realizados pelo estado na

área museológica, com uma série de convênios realizados e a abertura de editais de apoio

à modernização, preservação e à realização de atividades de dinamização em museus e centros

de memória. Como ações para a estruturação dessa política, foram realizadas duas

assembleias estaduais e um Encontro Estadual de Museus. A primeira assembleia ocorreu em

26 de janeiro de 2010 e foi preparatória para a Pré-Conferência de Museus e Memória,

realizada entre os dias 26 e 28 de fevereiro de 2010 no Rio de Janeiro. Na ocasião, foram

eleitas propostas dentro dos eixos estratégicos do Plano Nacional de Cultura e eleitos

delegados que tiveram representação na Pré-Conferência, de abrangência nacional e de

onde saíram os delegados para a II Conferência de Cultura, ocorrida em março de 2010.

Os resultados da assembleia se configuraram na apresentação de propostas que foram

votadas em plenária e divididas em eixos, como se segue:

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Eixo 1 - Produção Simbólica e Diversidade Cultural

Proposta 1

Assegurar o direito à memória das diversas comunidades, promovendo e estimulando a

preservação e a manutenção do patrimônio (material e imaterial), com o objetivo de

fortalecer a construção da identidade local e a sua vivência, estimulando a criação de

museus que sejam representativos dessas memórias.

Proposta 2

Incentivar o desenvolvimento de parcerias público-privadas para ampliar as ações educativas

que promovam e respeitem a identidade do patrimônio cultural dos grupos locais no âmbito

dos espaços formais e não formais de educação.

Proposta 3

Estimular a gestão museológica compartilhada, a partir da criação de espaços para elaboração,

debate e pactuação entre as esferas públicas e suas respectivas políticas, a sociedade civil

organizada e grupos historicamente excluídos da narrativa nacional, a exemplo dos afro-

brasileiros, indígenas, ciganos, migrantes, entre outros, com o objetivo de garantir

transparência no processo e assegurar a presença da diversidade cultural brasileira na gestão.

Proposta 4

Instituir colegiados setoriais, no âmbito dos conselhos municipais de cultura, para planejar e

orientar a plena circulação das informações de interesse cultural, sobretudo no campo da

memória e dos museus.

Eixo 2 - Cultura, Cidade e Cidadania

Proposta 1

Disponibilizar recursos e incentivos para a conservação, restauração e valorização dos

acervos arquivísticos e bibliográficos visando à recuperação e preservação das memórias

sociais.

Proposta 2

Incentivar a criação de museus e centros de memória, de maneira que exista, ao menos, uma

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instituição em cada município, valorizando e difundindo a memória local e promovendo a

implantação de centros de memória e museus em áreas menos privilegiadas das grandes

metrópoles.

Proposta 3

Prover os museus e centros de memória de profissionais especializados, capacitando suas

equipes através da promoção de programas de treinamento e sensibilização, reafirmando a

função dos museus como agentes de transformação social.

Proposta 4

Criar políticas de incentivo ao turismo cultural e natural nas cidades e áreas rurais, com a

melhoria da infraestrutura de acesso - sinalização, transporte, iluminação, segurança e

centros de informações abrangendo a publicação de catálogos, livros, folhetos, guias e

roteiros, recuperação de praças, parques, monumentos e edificações.

Proposta 5

Garantir e ampliar política de capacitação e qualificação continuada para os museus no

âmbito governamental e não governamental.

Eixo 3 - Cultura e Desenvolvimento Sustentável

Proposta 1

Incentivar o intercâmbio cultural entre saberes e experiências mediadas por instituições

museais, por meio de redes temáticas, encontros, roteiros, oficinas e sistemas de informação.

Proposta 2

Difundir e facilitar procedimentos de acesso a mecanismos de incentivo e financiamento,

respeitando a diversidade cultural, em ações voltadas para museus e centros de memória.

Proposta 3

Apoiar a criação e manutenção de centros culturais de base territorial como estratégia de

desenvolvimento sustentável.

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Proposta 4

Desenvolver capacidades humanas, no âmbito dos museus, para o exercício da gestão

compartilhada.

Proposta 5

Fomentar ações de sensibilização ambiental e inclusão econômica para os diversos grupos

sociais em espaços museais.

Eixo 4 - Cultura e Economia Criativa

Subeixo 1 - Sustentabilidade e Financiamento de Museus

Proposta 1

Criação de fundo setorial de museus nos âmbitos federal, estadual e municipal voltado para

entidades governamentais e não governamentais a fim de garantir a sustentabilidade de seus

planos museológicos.

Proposta 2

Garantir percentual dos orçamentos de cultura nos âmbitos federal, estadual e municipal para

a área museal, sendo: Federal - 2% Estadual - 1,5% Municipal - 1%

Proposta 3

Estimular a vocação produtiva dos museus como espaços de conhecimento e geração de

trabalho e renda.

Proposta 4

Garantir a transparência dos recursos públicos alocados na área de museus, por meio de

portais na internet e outros instrumentos.

Proposta 5

Definir fontes de custeio para fundos municipais e estaduais de cultura, especificando

percentual para a área museológica.

Proposta 6

Estimular a criação de conselhos municipais bem como a criação de fundos municipais de

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cultura, assegurando o repasse do Fundo Nacional e Estadual de Cultura diretamente aos

museus.

Proposta 7

Fomentar a criação de editais públicos específicos, a fundo perdido, para a aquisição de

equipamentos, mobiliário, acervo e para atividades de preservação, documentação,

publicações, ações educativas e afins.

Subeixo 2 - Sustentabilidade Funcional

Proposta 1

Estreitar o vínculo com as instituições acadêmicas na reflexão e ação dos museus,

fortalecendo o seu papel como difusor das mais diversas áreas do conhecimento.

Eixo 5 - Gestão e Institucionalidade da Cultura

Proposta 1

Consolidar convênios com múltiplos parceiros para assessoria técnica aos museus na

elaboração de projetos e legalização institucional para participação em programas e editais.

Proposta 2

Reformular e reestruturar o Conselho Estadual de Cultura, contemplando a representação

setorial da área museológica, patrimônio e tombamento, além da participação de conselhos de

outras esferas.

Proposta 3

Garantir a continuidade das políticas participativas no orçamento e na gestão, por meio do

Plano Plurianual e planos diretores dos municípios para os museus.

Proposta 4

Desenvolver capacidades humanas, no âmbito dos museus, para o exercício da gestão

compartilhada.

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Proposta 5

Instituir quadro permanente de servidores da Cultura ligados à área de museus e

patrimônio, com ingresso via concurso público, visando a contemplar os vários níveis de

conhecimento bem como a criação de um plano de carreira com ascensão profissional e

salarial digna que permita o desenvolvimento e aprimoramento dos referidos servidores,

como indicado pelo Estatuto dos Museus, contribuindo para redução da evasão dos

servidores no âmbito dessas instituições.

Proposta 6

Garantir representação ativa de profissionais da área museológica no Colegiado Setorial de

Museus e Patrimônio.

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Delegados Titulares Eleitos na Assembleia de 26 de janeiro de 2010: André Andion Angulo Kátia Afonso Silva Loureiro Telma Lasmar

Na Pré-conferência de Museus e Memória, a delegada Kátia Loureiro foi eleita representante da

região Sudeste na II Conferência Nacional de Cultura. No dia 02 de junho de 2010 foi realizada

mais uma Assembleia Estadual, preparatória para o IV Fórum Nacional de Museus em Brasília,

no período de 12 a 17 de julho. Mais uma vez, um grupo representativo se reuniu e

apresentou propostas que foram levadas para o Fórum e, que, aprofundadas, foram

apresentadas ao final como diretrizes, estratégias e ações.

Propostas da Assembleia Estadual Preparatória:

Grupo 1 – Produção simbólica e diversidade cultural

Diretriz aprovada: Garantir políticas públicas de preservação das diversas manifestações

culturais e promover o acesso à informação relativa à produção simbólica e à diversidade

cultural dos municípios.

Grupo 2 – Cultura, cidade e cidadania

Diretriz aprovada: Estabelecer política de acessibilidade universal para museus e centros

culturais.

Grupo 03 – Cultura e desenvolvimento sustentável

Diretriz aprovada: Desenvolver planos de sustentabilidade das instituições museais,

envolvendo a sociedade civil e o poder público em suas diversas esferas (municipal,

estadual, federal e distrital).

Grupo 04 – Cultura e Economia Criativa

Diretriz aprovada: Identificar o perfil da localidade e suas potencialidades para a criação de

espaços museais que traduzam a identidade local.

Grupo 05 – Gestão e Institucionalidade da Cultura

Diretriz aprovada: Fomentar e fortalecer sistemas e redes e potencializar a gestão

museológica.

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O papel e o lugar dos museus.

No dia 19 de outubro de 2010 foi dado um importante passo pela SMU para a construção da

Política Estadual de Museus do Estado do Rio de Janeiro em encontro realizado no Palácio

Gustavo Capanema, denominado “Apontamentos para elaboração da Política Estadual de

Museus do RJ”.

Neste encontro os participantes foram divididos em grupos e desenvolveram propostas de

diretrizes tendo como base os 05 eixos estratégicos de atuação da Superintendência de

Museus, que, juntamente com o material produzido ao longo das Assembleias, são a base

para a elaboração da Política Estadual de Museus.

O Encontro foi determinante, tanto pela participação de todo o setor museológico, como para

o entendimento da importância e necessidade de construção de uma política para a área. As

assembleias anteriores, realizadas ao longo do ano, tornaram-se, de certo modo,

sensibilizadoras, no sentido em que a cada encontro crescia a participação do setor e as

discussões foram aprofundadas.

Um grupo de redação formado pelos coordenadores de grupo consolidou o material

apresentado no Encontro. Essas diretrizes são o ponto de partida para as próximas etapas da

construção da política e a estruturação de um planejamento contendo diretrizes, estratégias

e ações a curto, médio e longo prazos.

Resultados do material consolidado pelo grupo:

Eixo Estratégico 01: DIFUSÃO DE BENS CULTURAIS

Diretriz 01

Garantir de forma sistemática e ampliada o apoio a museus e centros de memória por meio

de editais de fomento, convênios e programas de financiamento, para fins de difusão

cultural.

Diretriz 02

Articular e desenvolver estudos, pesquisas e levantamento de dados e indicadores culturais

para a área de museus e centros de memória.

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Diretriz 03

Propor junto aos órgãos competentes a padronização de informações relativas a museus e

centros de memória e assegurar divulgação ampla dos museus junto aos canais de

comunicação disponíveis.

Diretriz 04

Articular parcerias com instituições de ensino e outras instituições especializadas para ações

contínuas de formação e capacitação de mediadores, guias bilíngues e demais profissionais de

apoio para melhor divulgação dos museus e recepção de seus visitantes.

Diretriz 05

Estimular a formação de público em museus e centros de memória, a fim de ampliar a

interação entre comunidade e museu.

Eixo estratégico 02: MEMÓRIA E CIDADANIA

Diretriz 01

Desenvolver programa estadual de acessibilidade universal com base nas leis e normas de

acessibilidade já existentes.

Diretriz 02

Articular parcerias entre diversos órgãos públicos para a ampliação de rotas acessíveis2.

Diretriz 03

Fortalecer a integração entre os municípios, por meio de recursos comunicacionais

acessíveis a todos.

Diretriz 04

Assegurar o direito à memória social por meio da implantação junto à comunidade de

núcleos de memória, desenvolvendo ações que promovam o exercício da cidadania.

Diretriz 05

2 Entende-se por rotas acessíveis todos os percursos possíveis de acesso aos museus e nos museus.

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Reconhecer a educação como uma das funções primordiais dos museus e centros de memória,

visando a maior interação sócio/cultural entre museu e sociedade.

Eixo estratégico 03: PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Diretriz 01

Estimular a conservação preventiva como prática primordial em museus e centros de memória.

Diretriz 02

Difundir o conhecimento da museologia com foco na preservação de acervos.

Diretriz 03

Articular junto aos órgãos voltados para a preservação a troca de informações e conteúdo

para o acompanhamento e fiscalização dos museus e centros de memória.

Diretriz 04

Aprofundar o conhecimento sobre as novas tecnologias utilizadas nos museus e centros de

memória.

Eixo estratégico 04: MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO

Diretriz 01

Estimular a institucionalização dos espaços museais no Estado do Rio de Janeiro e orientar a

regulamentação e normatização das diversas atividades do setor museológico e o

desenvolvimento dos planos de gestão museológica.

Diretriz 02

Promover a criação de mecanismos de financiamento e fomento e o funcionamento de fundos

específicos para o setor museológico.

Diretriz 03

Instituir um plano de cargos e salários com diretrizes específicas para o provimento efetivo de

cargos que supram as funções do setor museológico.

Diretriz 04

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Estimular o desenvolvimento de modelos de gestão participativa fortalecendo a interação com as

diversas instâncias da sociedade civil e o poder público na elaboração e promoção de programas e

projetos para o setor.

Diretriz 05

Propor a criação de sistemas de informação, comunicação, qualificação e suporte às ações

dos gestores da área de museus.

Diretriz 06

Desenvolver programas de formação e capacitação em museus e centros de memória.

Diretriz 07

Criar o Estatuto Estadual de Museus, com base no Estatuto de Museus, orientando os museus

e centros de memória no seu cumprimento.

Eixo estratégico 05:

FORMAÇÃO E FORTALECIMENTO DE REDES E SISTEMAS

Diretriz 01

Estimular a criação de redes intermunicipais da área museológica em interação com outras

áreas para a troca de experiências e a realização de parcerias.

Diretriz 02

Criar o Cadastro Estadual de Museus e estimular a inserção das instituições museológicas

nesse Cadastro.

Diretriz 03

Garantir a atualização do diagnóstico das instituições museológicas existentes pela equipe do

SIM-RJ.

Diretriz 04

Articular ações integradas entre as diversas esferas públicas, sociedade civil e terceiro setor

no desenvolvimento de programas e projetos de apoio e estímulo aos museus.

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Considerações Finais:

O campo museal no Brasil vive um momento muito importante, e, em especial, no Estado do

Rio de Janeiro, está em curso um trabalho consistente para a construção de um campo cada

vez mais representativo e atuante. Hoje, os museus assumem papel cada vez mais

importante como representação da memória coletiva, seja ela globalizada ou ligada às

histórias específicas, passando a cumprir um novo papel social.

O museu é então um espaço privilegiado de articulação com os indivíduos que precisa nele se

reconhecer para legitimar a sua existência como espaço cultural. Nesse reconhecimento,

justifica-se não somente a existência de um espaço museológico, mas também de um campo

museológico, capaz de ser pensado e recriado pela ação e reflexão de todos aqueles que atuam

nesse campo profissional. Assim, pode-se falar de uma nova concepção de museu, passando a

ser uma instância de mediação entre objetos e pessoas; entre profissionais e públicos; entre

quem cria e os seus modos de circulação e apropriação das suas obras; entre os poderes oficiais

e as visões não-oficiais; entre modelos organizacionais e as lógicas vivenciais.

Defende-se, desse modo, uma política cultural que seja capaz de atingir os diferentes sujeitos e

grupos sociais, entendendo a cultura como um direito de cidadania. Nesse sentido, almeja-se o

desenvolvimento de uma política cultural de Estado, de caráter contínuo, com práticas

culturais comprometidas politicamente, que respondam aos anseios dos diversos grupos

sociais. No Rio de Janeiro, está em curso um processo que conta com a participação e o

envolvimento de um grande número de profissionais de áreas afins, todos comprometidos

com a construção e implementação de uma Política Estadual de Museus. A importância da

implementação desta política é a de estabelecer garantias ao setor, aos seus profissionais e às

suas instituições, produzindo um documento que tenha validade, independentemente das

possíveis mudanças de governo ou de perfis de gestão.

O desafio seguinte é consolidar essa política, permitindo ampliar ainda mais as ações da

Superintendência de Museus e prestar apoio técnico e conceitual no desenvolvimento de

instituições atuantes.

Com as propostas apresentadas no Encontro Estadual, foram lançados os alicerces que

deverão sustentar a construção da Política Estadual de Museus do Estado do Rio de Janeiro.

Secretaria de Estado de Cultura Plano Estadual de Cultura

Documento Setorial de Museus

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Porém, essa missão só culminará exitosa na medida em que todos os agentes envolvidos se

reconheçam como sujeitos participantes e comprometidos com as mudanças que se anunciam,

seja no campo das ideias ou das práticas que envolvem o espaço museológico.

Governador do Estado do Rio de Janeiro

Sérgio Cabral Filho

Secretária de Estado da Cultura

Adriana Rattes

Superintendente de Museus

Mariana Varzea

Texto e organização

Rafaela Zanete

Márcia Bibiani

Secretaria de Estado de Cultura Plano Estadual de Cultura

Documento Setorial de Museus

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REFERÊNCIAS

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indispensável. Rio de Janeiro, Casa de Rui Barbosa, 2005. p. 9-21.

CHAGAS, Mario de Souza. Museus: coisa velha, coisa antiga. Rio de Janeiro: UniRio, 1987.

HUYSSEN, Andreas. Escapando da amnésia: o museu como cultura de massa. In:___Memórias de

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LOPES, João T. Da democratização à democracia cultural: uma reflexão sobre políticas culturais e espaço

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WARNER, Michael. Publics and counterpublics. New York: Zone Books, 2002.

Contatos e entrevistas como fonte para o trabalho com KARLA INÊS SILVA UZÊDA, em 17 de março

2011.