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SECULARIZAÇÃO EM DEBATE: POLÍTICA E RELIGIÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
SILVA, Emilly Oliveira Lopes
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro
de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
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SECULARIZAÇÃO EM DEBATE: POLÍTICA E RELIGIÃO NA
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
SILVA, Emilly Oliveira Lopes
Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais
RESUMO
A pergunta central que serve de guia para essa comunicação é: considerando as implicações
sociais, quais são os arranjos existentes na atualidade entre o universo religioso e o político?
Na tentativa de respondê-la, nos voltamos para o conceito de secularização, fundamental para a
modernidade, em sua relação com situações políticas contemporâneas. Mais especificamente,
propomos uma análise dos comentários deixados na página da enquete feita pela Câmera dos
Deputados sobre a noção de núcleo familiar, que revelam o quanto a política é permeada por
visões religiosas do mundo.
Palavras-chave: Secularização; Religião; Política.
ABSTRACT
The central question that guides this lecture (communication) is considering its social
implications, what are the existing arrangements between the religious universe and the political
one nowadays? In order to try to answer it, we take the concept of secularization, fundamental
for the modernity, in its relation to present-day political situations. Specifically, we propose an
analysis of the comments made in the webpage of the online poll about the notion of family,
proposed by the Chambers of Deputies (Brazilian Parliament), which we claim that revels to
what extent politics is pervaded by religious views of the world.
Key-words: Seculaziation; Religion; Politics.
INTRODUÇÃO
A ideia central do trabalho que propomos aqui é mapear não um território, mas
sim um assunto específico ou, melhor dizendo, um debate. Esse assunto pode ser
simplificado pela palavra secularização, mesmo que nela não haja nada de simples. O
nó principal está no tensionamento entre o religioso e político, centrado no
deslocamento de força de um para o outro1. Em uma perspectiva mais ampla, propomos
uma análise do conceito de secularização desde antes do seu surgimento, nos primórdios
1 Ao falarmos de religioso e político, não deixamos de incluir outras esferas profundamente relacionadas
a essas duas, como é, hoje em dia, o caso da economia. A política atual está profundamente amparada nos
ditames econômicos de base capitalista. Isso faz com que a relação entre o econômico e o teológico, como
mostraremos mais adiante, também tenha papel central nesse debate. O mesmo vale para outros aspectos
da realidade contemporânea, como o científico, o cultural e a racionalidade.
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do catolicismo, até as abordagens mais contemporâneas que falam do desencantamento
do mundo, bem como de uma retomada do sagrado. Essa análise será levando em
consideração o debate em diferentes áreas, como a História, a Filosofia, as Ciências
Sociais e a Teologia. Reduzindo o foco, nos aproximamos da atualidade para pensar
como ocorrem as relações entre o político e o religioso hoje no Brasil. Nessa escala
reduzida, optamos por observar mais de perto o debate em torno da aprovação do
Estatuto da Família, que restringe o conceito de núcleo familiar a uniões entre homem e
mulher. Essa discussão vem sendo profundamente marcada por uma forte defesa do
caráter laico do Estado em oposição aos argumentos religiosos comumente utilizados.
Por isso, acreditamos que ela pode nos ajudar a compreender melhor quais são os
arranjos existentes na atualidade entre o universo religioso e o político.
Esta proposta surge do incômodo diante de situações comuns na atualidade, nas
quais a tensão entre o político e o religioso se manifestam. Para nós brasileiros, os dois
últimos processos eleitorais (2010 e 2014) foram fortemente caracterizados por esse
embate. De um lado, discursos efusivos em favor da moralidade religiosa falavam
contra temas como o aborto ou a defesa dos direitos civis para casais homoafetivos. Do
outro, bravos defensores da laicidade alegavam que essas questões não poderiam ser
debatidas democraticamente apenas pelo viés religioso. Em meio a esse confronto, é
difícil não questionar quais são os limites dessas esferas e, mais do que isso, até onde os
princípios da religião podem interferir na vida de pessoas que não estão de acordo com
eles. A laicidade do Estado é o eixo principal desses debates, uma vez que, em tese, as
decisões de ordem pública não deveriam ser tomadas como base na fé restrita à ordem
privada. Ainda assim, discussões marcadas por confusões desse tipo podem ser vistas
com frequência em redes sociais, comentários de notícias e outros espaços para a
manifestação de opinião, o que justifica nossa escolha pela utilização desses
“fragmentos” na composição de uma cartografia.
O Brasil, no entanto, não é uma ilha se tomamos esse embate como foco.
Recentemente, eventos como o polêmico ataque à revista satírica francesa Charlie
Hebdo trouxeram à tona a discussão que perpassa os fundamentos do islamismo e os
fundamentalistas que dizem agir em nome da religião. Mais uma vez, parece haver um
problema de limitação entre o político e o religioso, trazendo implicações sociais
gravíssimas, além de posicionamentos múltiplos sobre os campos de atuação do Estado,
das religiões e dos cidadãos em uma perspectiva político-ideológica. Tudo isso revela
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que o presente do qual partimos é realmente fervilhante. Várias questões complexas
surgem quando olhamos para o emaranhado que constitui essas relações de poder.
Nossa investigação se restringe ao Brasil por questões de recorte, mas não há dúvidas de
que esse embate é presente em um nível bem mais global. Parece-nos, contudo, que a
produção a respeito do tema por pesquisadores brasileiros é ainda é restrita,
principalmente no que tange à contemporaneidade, o que torna este projeto relevante
academicamente e também socialmente.
A metodologia adotada para este trabalho se ampara no que hoje é chamado de
cartografia. No artigo intitulado A cartografia com método para as ciências humanas e
sociais, Kléber Prado Filho e Marcela Teti analisam as observações de Deleuze para a
metodologia foucaultiana, entendida pelo primeiro como uma cartografia, bem como as
apropriações feitas por outros autores desse possível método de pesquisa. Logo nas
primeiras páginas, os autores estabelecem uma diferenciação entre a cartografia
tradicional, que se destina à produção de mapas que representem de modo objetivo um
espaço pré-definido, e a cartografia social como método de pesquisa, que se inspira nos
mapeamentos tradicionais, mas com foco em questões pertinentes ao entendimento de
um aspecto social e não um território. Segundo eles:
a cartografia social aqui descrita liga-se aos campos de conhecimento
das ciências sociais e humanas e, mais que mapeamento físico, trata
de movimentos, relações, jogos de poder, enfrentamentos entre forças,
lutas, jogos de verdade, enunciações, modos de objetivação, de
subjetivação, de estetização de si mesmo, práticas de resistência e de
liberdade. Não se refere a método como proposição de regras,
procedimentos ou protocolos de pesquisa, mas, sim, como estratégia
de análise crítica e ação política, olhar crítico que acompanha e
descreve relações, trajetórias, formações rizomáticas, a composição de
dispositivos, apontando linhas de fuga, ruptura e resistência (FILHO;
TETI, 2013, pp. 47).
Essa talvez seja uma das melhores definições para a metodologia que
propomos para o trabalho. A partir dos relatos encontrados na enquete feita pela Câmara
dos Deputados, buscaremos observar as mais diferentes nuances sociais, culturais e
políticas que perpassam a discussão. Com atenção para o todo e olhar crítico para os
detalhes, acreditamos que esses fragmentos fornecem peças para o entendimento
daquilo que a teoria nem sempre dá conta de compreender.
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Traduzindo a complexa teoria de Deleuze, Liliana da Escóssia, Virgínia
Kastrup e Eduardo Passos (2012), na introdução do livro Pistas do método da
cartografia, dizem que o sentido da cartografia envolve “acompanhamento de
percursos, implicação em processos de produção, conexão de redes ou rizomas”. Os
autores falam ainda da cartografia como inversão do método, uma vez que, na origem
da palavra (metá + hódos), o sentido é de um caminho (hodós) indicado pelas metas. No
processo cartográfico, os caminhos é que apontariam as metas, ou seja, é por meio da
experimentação do terreno que surgem as próprias definições da pesquisa (p. 10). Por
isso, falar de uma metodologia fechado para o trabalho do cartógrafo é ir de encontro à
essência da cartografia. Os autores, como o nome do livro indica, defendem a existência
de pistas: “As pistas que guiam o cartógrafo são como referências que concorrem para
manutenção de uma atitude de abertura ao que vai se produzindo e de calibragem do
caminhar no próprio percurso da pesquisa – o hódos-metá da pesquisa” (p. 13).
As pistas que inicialmente adotaremos serão, conforme o que foi dito
anteriormente, os estudos históricos, sociológicos, filosóficos ou teológicos que tenham
como ponto principal a secularização e seus possíveis desdobramentos, bem como
recortes do debate ocorrido no Brasil a respeito do Estatuto da Família. Para tanto,
proposta envolve tanto a pesquisa bibliográfica quanto o uso de fontes documentais.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para tratamos mais especificamente da secularização e seus desdobramentos,
não podemos esquecer que o conceito se inscreve na história do Ocidente, marcada
desde o início pelo casamento entre a racionalidade filosófica surgida em Atenas e uma
tradição religiosa, a judaico-cristã. Foram séculos de convivência mais ou menos
pacífica entre fé religiosa e razão, até se chegar mais diretamente ao que nomeamos
como modernidade, muitas vezes caracterizada como cisão entre racionalidade e fé. É
nesse contexto que surge o conceito de secularização, ligado à visão de
"desencantamento do mundo" e à racionalização cada vez maior da experiência. Em
certas perspectivas, o termo também será entendido como destruição gradual de
qualquer fundamentação teológica da vida humana, servindo, portanto, de metáfora para
a modernidade. A entrada neste debate sobre o alcance e os limites do conceito de
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secularização, como veremos adiante, solicita a contribuição de vários saberes
disciplinares, como a História, a Filosofia, as Ciências Sociais e a Teologia.
A secularização, entendida em termos gerais como a cisão entre o religioso e o
político, tem sua origem no próprio cristianismo. Segundo Fernando Catroga (2006), as
características primeiras do surgimento do catolicismo criaram uma separação entre o
religioso e as demais esferas da vida. Ao promover um paraíso extraterreno, o político é
“abandonado” pela Igreja, como fica expresso na frase atribuída a Jesus Cristo: “Dai a
César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (p. 23). Santo Agostinho, importante
teólogo do cristianismo, também separa a “Cidade de Deus” da “Cidade dos Homens”,
deixando claro que o território do sagrado não está neste mundo. No entanto, no
decorrer da história, a confusão entre esses “terrenos foi bastante comum”. Quando
Constantino impôs, no século IV, o cristianismo com religião do Estado, a separação
fundadora do cristianismo parece ter sido revista. As bases teológicas cristãs aceitavam
a separação feita por Platão entre alma e corpo, entendendo que a alma é governada pela
ordem espiritual e o corpo pela ordem temporal. A religião segue o princípio de que o
corpo está sujeito à alma e, portanto, também se encontra sob sua jurisdição. Os
governos, ao mesmo tempo, buscam trazer para si o controle de tudo o que é terreno,
incluindo até mesmo as instituições religiosas. Assim, cada uma das esferas almeja se
manter autônoma, muitas vezes “invadindo” o território uma da outra em nome dessa
“autonomia” (TODOROV, 2008, p. 66).
No pensamento moderno, é recorrente a noção de que o mundo está se
dessacralizando ou tem por tarefa se dessacralizar. Muito possivelmente, as origens
desse processo estão na racionalidade que surge com o pensamento iluminista. Kant, em
1784, afirma que:
O Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele
próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do
entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa
própria, se a sua causa não residir na carência de entendimento, mas
na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo, sem a guia
de outrem (KANT, 1990, p. 11).
A definição expressa bem o pilar central do Iluminismo: a razão. Não se trata,
todavia, de uma razão simplesmente metafísica, mas de uma razão humana. O que se
defende é a capacidade de apreensão e entendimento do mundo através de explicações
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racionais, em detrimento de uma visão mística ou supersticiosa da realidade. A
definição kantiana também destaca a ideia de autonomia do homem, uma vez que a
saída da menoridade está intrinsecamente relacionada com a emancipação do
pensamento humano de qualquer autoridade externa. Nesse sentido, destaca-se no
pensamento da época uma perspectiva dessacralizada do mundo, definida pela ruptura
com o entendimento metafísico da realidade. De um modo geral, os seres humanos
deixam de se preocupar com a eternidade para se ocupar com a vida terrena e “a busca
de felicidade substitui a salvação” (TODOROV, 2008, p. 20).
O conceito de lacidade também ganha força nesse momento. Sua definição é
bastante próxima da secularização, nem sempre havendo consenso sobre o que
diferencia os dois termos. Para Catroga (2006), toda laicidade é uma secularização, mas
nem toda secularização é ou foi uma laicidade. O cerne da diferenciação estaria na
existência de um “sujeito ativo” para a implementação da laicidade. Segundo o autor,
“ela implicaria tanto um intervencionismo mais direto do Estado na instituição da
liberdade de consciência, como a neutralização do religioso na vida pública” (p. 274). O
ideário da modernidade, nesse aspecto, entrou em confronto direto com a igreja católica,
sobretudo com Roma, exigindo que os Estados se tornassem independentes da
ingerência religiosa. Contudo, ainda hoje observamos que laicidade do Estado é muito
mais uma meta que uma realidade
Dessas bases lançadas no século XVIII e dos debates sobre a modernidade (a
começar por Hegel, seguindo-se Nietzsche, Marx e Freud), surge uma série de leituras
relacionadas à secularização, dentre as quais se destaca a hipótese defendida, no início
do século XX, por Max Weber (2004). Ao analisar a racionalidade formal que perpassa
o capitalismo, ele observa que a moral protestante, sobretudo a puritana, ao preconizar a
doutrina da predestinação, favorece a consolidação do sistema capitalista. Para os
protestantes, os homens nascem predestinados ou não para ocupar o reino dos céus – ou
pelo menos assim o era na origem calvinista. Assim, as ações positivas no decorrer da
vida não interfeririam diretamente na salvação. Isso possibilita, no entendimento de
Weber, o avanço capitalista, muito mais que uma possível noção de “progresso” ou
“espírito de trabalho” contida nas bases do protestantismo (p. 38). No decorrer de sua
análise, ele utiliza a expressão desencantamento do mundo2 para tratar desse processo:
2 No Glossário criado por Antônio Pierucci para a edição comemorativa dos cem anos de A ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo (que usamos aqui), é informado que a expressão
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Aquele grande processo histórico-religioso do desencantamento do
mundo que teve início com as profecias do judaísmo antigo e, em
conjunto com o pensamento científico helênico, repudiava como
superstição e sacrilégio todos os meios mágicos de busca da salvação,
encontrou aqui [doutrina da predestinação] sua conclusão. O puritano
genuíno ia ao ponto de condenar até mesmo todo vestígio de
cerimônias religiosas fúnebres e enterrava os seus sem canto nem
música, só para não dar trela ao aparecimento da superstition, isto é,
da confiança em efeitos salvíficos à maneira mágico-sacramental. Não
havia nenhum meio mágico, melhor dizendo, meio nenhum que
proporcionasse a graça divina a quem Deus houvesse decidido negá-la
(WEBER, 2004, p. 96).
A partir do trecho, é possível notar que esse processo de desencantamento não
se refere a algo amplo, relacionado à secularização das mais diversas esferas da
sociedade, mas sim de um ponto específico da moral protestante, que rompe com os
meios mágicos de obtenção da salvação.
Contudo, a análise proposta por Weber servirá de apoio para um debate amplo,
principalmente na Sociologia, acerca da secularização. De acordo com Catroga (2006),
a partir da década de 60 do século XX em diante, várias teorias surgiram a fim de
explicar o fenômeno da secularização. Em síntese, as chamadas teorias da secularização
mostraram a relação do processo de secularização com uma ideia de modernidade,
enfatizando a influência da religião-judaico cristã, a racionalidade capitalista e a
urbanização como catalizadoras da mudança nos modos de entender o mundo e a vida.
Para Giacomo Marramao (1997), o conceito de secularização passou por diversas
mudanças no decorrer do tempo. Em sua origem, o termo se referia especificamente ao
campo político-jurídico, tratando da passagem de terras religiosas para mãos seculares.
Gradualmente, a palavra secularização ascende ao “status de categoria genealógica
capaz de sintetizar ou expressar unitariamente o desenvolvimento histórico da sociedade
ocidental moderna, a partir de suas raízes (judaico-) cristãs” (p. 15), ou seja, é
convertida em metáfora da modernidade.
Ao tratar do mesmo tema, José Legorreta Zepeda também aborda a relação
estreita entre secularização e modernidade. Segundo ele, a modernidade pode ser
definida como:
desencantamento do mundo não aparece na primeira versão da obra de Weber, mas somente na segunda,
datada de 1920. Segundo o verbete, o sentido específico da expressão é “repressão/supressão da magia
como meio de salvação” (WEBER, 2004, p. 282).
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processo sócio-histórico complexo e multidimensional – original da
Europa Central –, caracterizado fundamentalmente por uma visão de
mundo descentrada, profana e pluralista, por uma reflexão que ao
incorporar-se de forma sistemática e permanente na vida social,
desestabiliza a experiência, as instituições e os conhecimentos, e
consequentemente gera uma realidade profundamente dinâmica,
contraditória, ambígua e precária (ZEPEDA, 2010, p. 130).
Além dessas características, a modernidade também seria marcada pela
primazia da razão instrumental, pelo individualismo e por uma compreensão otimista da
história expressa com a noção de progresso. Com a conformação desses elementos, o
papel desempenhado pela religião como algo que legitima e integra as sociedades se
perderia gradativamente. Zepeda afirma a existência de duas tendências principais para
a secularização: a primeira seria a “tese dura da secularização”, segundo a qual esse
processo levaria inexoravelmente à abolição das religiões; a outra seria a “tese suave da
secularização”, que trata de mudanças profundas no universo religioso, sem que ele
desapareça. Nas teorias ditas suaves, a religião e a modernidade são vistas de modo
imbricado, pois o discurso religioso se entremeia na própria cultura, ao mesmo tempo
em que a política incorpora a moral judaico-cristã. Já na tese dura, percebe-se o
surgimento de um programa político que almeja, num futuro não muito distante, uma
vida sem religião (ZEPEDA, 2010, p. 131).
O que ocorre, porém, é que a secularização, assim como a própria ideia de
modernidade, é posta em xeque nas últimas décadas do século XX. Vários autores
notam que as religiões, ao invés de desaparecerem, ganharam força e se multiplicaram
(PIERUCCI, 1998, p. 45). Esse fenômeno, chamado por Stefano Martelli (1995) de
“eclipse da secularização” se associa à retomada do pensamento religioso, observada
empiricamente, como forma de atribuir sentido ao mundo à medida que os pilares da
modernidade declinam. Expressões como “ressurgimento religioso”, “ressacralização” e
“reencantamento” se tornam comuns nas investigações sociológicas. Contudo, as teses
que enfatizam o ressurgimento da esfera religiosa encaram essa tendência como algo
diferente do que foi a religião pré-moderna (ZEPEDA, 2010, p. 133). Por isso, Martelli
fala de uma dessecularização, como forma de questionar a linearidade racionalista da
secularização e a própria ideia de uma ressacralização como simples retomada do
religioso na crise da modernidade. De acordo com o autor:
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a Religião na sociedade “pós-moderna” apresenta um andamento
complexo, que, numa primeira aproximação, denominamos
“flutuação” entre secularização e dessecularização. A Religião não é,
de fato, a parte residual da sociedade, mecanicamente conexa com os
vínculos da comunidade, a ponto de retrair-se diante do avanço do
processo de racionalização. Pelo contrário, ela “flutua” nas correntes
socais que vão redesenhando a sociedade contemporânea, sem que se
possa prever seu futuro (MARTELLI, 1995, p. 411).
Como podemos notar, o autor destaca a ineficiência das análises que
simplesmente preveem o desaparecimento da religião, sem, contudo, ignorar o processo
de secularização. Para que pudéssemos falar em uma ressacralização, seria necessário
dizer que o sagrado, em algum momento da história, perdeu sua função na sociedade, o
que de fato nunca ocorreu. Nossa hipótese, diante desses apontamentos, é de que a
secularização se refere muito mais a uma “flutuação” do poder entre o religioso e o
político que a uma ruptura com a religião. Essa hipótese pode ser endossada por Giorgio
Agamben no livro Profanações (2012). Para ele, é importante opor o conceito de
profanação ao de secularização, porque este último não representa uma alteração
profunda nas relações de poder. Nas palavras do filósofo, “A secularização é uma forma
de remoção que mantém intacta as forças, que se restringe a se deslocar de um lugar a
outro”. Assim, a secularização deslocaria as forças do religioso para o político, sem que
haja, de fato, uma neutralização do poder em disputa. Já a profanação implica
necessariamente nessa neutralização, restituindo ao uso comum algo que estava
indisponível pela sua sacralização, que equivale precisamente a um confisco das coisas
do uso comum. Dessa forma, Agamben conclui que “Ambas as operações são políticas,
mas a primeira tem a ver com o exercício do poder, o que é assegurado remetendo-o a
um modelo sagrado; a segunda desativa os dispositivos do poder e devolve ao uso
comum os espaços que ele havia confiscado” (p.68).
RESULTADOS ALCANÇADOS
Trazendo esse debate para situações contemporâneas, analisaremos a enquete realizada
pela Câmara dos Deputados durante todo ano de 20143. Ela perguntava aos brasileiros:
“Você concorda com a definição de família como núcleo formado a partir da união entre
3 O resultado da enquete está disponível em:
http://www2.camara.leg.br/enquetes/resultadoEnquete/enquete/101CE64E-8EC3-436C-BB4A-
457EBC94DF4E (acesso em 29-11-2015).
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homem e mulher, prevista no projeto que cria o Estatuto da Família?”. O que estava em
jogo era a aprovação do Projeto de Lei 6583/13, do deputado Anderson Ferreira (PR-
PE), que funda o Estatuto da Família. O projeto tem como intuito a proteção de um
conceito de família muito restrito, formado apenas pela união entre homem e mulher.
Ao final da enquete, foram contabilizados mais de 10 milhões de votos (era
possível que uma mesma pessoa votasse mais de uma vez). 51,62% responderam “não”,
ou seja, discordaram do conceito de núcleo familiar proposta no Estatuto da Família.
48,09% foram favoráveis à definição e 0,29% declararam não ter opinião formada sobre
o assunto. Enquanto a votação popular esteve aberta, várias viradas de resultado
ocorreram, às vezes com maior vantagem para um o outro posicionamento. Além disso,
grupos de discussão em redes sociais, sites de notícias, blogs e outros canais
comunicativos estimularam o voto tanto de pessoas favoráveis ao conceito de família
formada por homem e mulher, quanto de indivíduos contrários a essa visão.
Mais do que o resultado da enquete, nos interessa os comentários deixados
pelos participantes. O debate parece ser tão importante para a sociedade que meses após
o encerramento da pesquisa os cidadãos continuam visitando a página e deixando lá
suas opiniões. De modo geral, eles podem ser divididos em dois grupos principais: os
que concordam com o conceito de núcleo familiar apresentado no PL 6583/13 e os que
acreditam que outros arranjos devem ser incluídos na noção de família. A argumentação
dos favoráveis ao núcleo formado por homem e mulher está embasada nos preceitos das
religiões cristãs, com várias referências ao texto da Bíblia. Em contraposição, o outro
lado do debate quase sempre enfatiza a laicidade do Estado brasileiro e a não
possibilidade de interferência de questões religiosa nas decisões políticas.
Vejamos um dos comentários deixados por defensores do Estatuto da Família:
Deixará o homem sua casa e se unirá a sua mulher e os dois se
formarão uma só carne". Esta é a ordem de Deus e ela é clara, não tem
como confundir. Vamos nos unir para que a família não seja
desestruturada por vontade de uma minoria. Dizer não também a
Ideologia de Gênero, ao aborto e todos os projetos contra a família!
Amém! (Inês, em 17-11-2015).
A autora do comentário retoma uma passagem bíblica para justificar sua
opinião. Ela também se posiciona contrária ao que chama de ideologia de gênero e ao
aborto, por serem ideias opostas ao seu entendimento do que é uma família.
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O próximo comentário também se utiliza da Bíblia, mencionando o que está
escrito em Gênesis 2:18 “E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só;
far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele”. Há também a noção de procriação como
fundamental para o que constitui uma família: “Tudo se faz através da religião, Deus
criou tudo e tudo se fez através de Sua palavra. Gênesis 2:18 diz tudo, não há procriação
a partir de um gênero só. FAMILIA é criação do coração de Deus, o que passar disto é
procedência maligna” (Leila, em 31-10-2014).
Além dos argumentos de base religiosa, há também uma visão de política
expressa em alguns dos comentários. A questão das minorias, presente no primeiro
comentário, aparece algumas vezes no debate estabelecido a partir da enquete. A
democracia, num certo entendimento, parece ser a manifestação dos desejos políticos da
maioria, como fica claro na opinião abaixo:
Destruir toda a família em pró da minoria? Vivemos numa democracia
e somos a maioria e a minoria deve submeter-se e adaptar-se a maioria
e não o contrário. Portanto é sim para o estatuto da família, pois temos
que ter mecanismos para preservara família já que as minorias estão
com diversos projetos para emancipar-se e impregnar a sociedade com
suas subversões (Fábio, em 31-10-2014).
É importante observar também que existe um ponto “oculto” na discussão. Por
mais que o conceito de família debatido exclua outros arranjos, como crianças criadas
por apenas um dos pais, e isso apareça em vários comentários, as famílias
homoparentais parecem o alvo tanto do Estatuto da Família quanto de seus defensores4.
As recentes decisões do Supremo Tribunal Federal em favor da união estável e da
possibilidade de casamento civil entre casais homoafetivos não deixa de estar
incorporada no debate. Em certa medida, a criação do Estatuto da Família baseado em
um conceito tradicional parece funcionar como um “antídoto” para essas medidas que
atribuem legalidade a novas configurações familiares.
Em contraposição aos argumentos de base religiosa, aparecem também na
enquete os comentários contrários a qualquer interferência das religiões nas decisões do
4 No texto do Estatuto da Família, o conceito inclui pais que criam seus filhos sem a presença do cônjuge:
“Art. 2º Para os fins desta Lei, define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união
entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade
formada por qualquer dos pais e seus descendentes” (BRASIL, 2013).
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Estado. A título de exemplo, separamos algumas opiniões elucidativas deste
posicionamento:
Gente, é preciso separar o que é de direito de todo cidadão que vivem
em um estado Estado Laico e o que é direito de escolha de cada
cidadão que tem sua fé e suas crenças. O Estado não deve interferir
nas crenças de ninguém assim como as crenças de qualquer pessoa
não podem reger a vida de toda a população. Vamos melhorar os
argumentos gente! Meu voto é NÃO, família é muito mais do que a
simples união entre um homem e uma mulher, a prática mostra muito
bem isso e regulamentar o que já é realidade no Brasil é apenas
reconhecer os direitos de cada cidadão e fortalecer todo tipo de família
(Rômulo Neiva, em 31-10-214).
O ponto mais importante do comentário é a ênfase na separação do direito de
todo cidadão e do campo da crença. Para autor, a fé dos indivíduos não pode interferir
nas leis que dizem respeito a toda a população. Também é mencionado no texto o
fortalecimento da família, defendido pelo PL 6583/2013. O posicionamento não é
avesso aos cuidados com a família, porém rejeita a visão limitada de núcleo familiar
proposta.
Com relação ao debate, é importante ter alguma cautela sobre os
posicionamentos religiosos. Nem todas as pessoas que seguem uma fé cristã tradicional
estão ao lado do Estatuto da Família, como podemos ver no comentário que segue:
“NÃO! as crenças e atitudes individuais têm de ser separadas disso.
Sou cristã, heterossexual, de família tradicional e compreendo que o
conceito de família deva ser alargado. Casais homoafetivos ou pessoas
solteiras que têm a coragem e generosidade de adotar crianças
abandonas (geradas pela tradicional união entre homem e mulher) não
formam família? E há muitos outros casos... Vamos dizer „não‟ à
discriminação e o preconceito” (Rita, em 31-10-2014).
Mais uma vez, é possível perceber que a discussão em torno do conceito de
núcleo familiar extrapola os limites da questão proposta na enquete. A pauta inclui
assuntos polêmicos na atualidade como a homofobia (bem como outras formas de
preconceito) e a laicidade do Estado. Os dois últimos comentários ressaltar a
necessidade de se separar crenças individuais das decisões públicas, o que desvela,
novamente, o viés religioso da discussão. Para além das crenças, o que mais sustentaria
um conceito de família centrado na união entre homem e mulher? Essa é uma pergunta
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importante que subjaz aos comentários deixados por muitos optantes do “não” na
enquete. Não nos interessa respondê-la aqui, mas parece-nos que a força do argumento
sempre reside, mesmo que de forma indireta, em preceitos religiosos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não é apenas em debates como os do Estatuto da Família que despontam
argumentos religiosos. A PEC 171/1993, que versa sobre a redução da maioridade penal
de 18 para 16 anos, usa o texto bíblico como fonte principal para defender a emenda
constitucional5. Outros projetos, trazidos à tona por Eduardo Cunha em seu mandato
como Presidente da Câmara dos Deputados, também se alinham com as diretrizes
conservadoras da Frente Parlamentar Evangélica.
Propostas como essas nos levam a pensar sobre a validade do conceito de
secularização na realidade atual. No entanto, é preciso colocar em perspectiva um
sentido mais comum do termo para entendê-lo de forma mais ampla. A secularização se
liga a uma ideia de imanentização da experiência humana. Na prática, isso significa que
a vida terrena passa a se sobrepor a qualquer expectativa extramundana. Assim, é
possível pensar que as religiões também tenham se secularizado, ou seja, que seus
campos de atuação se aproximem, cada vez mais, do território político.
Talvez esse seja o grande nó da questão da secularização. Ainda que suas bases
modernas e iluministas suponham um distanciamento entre as Igrejas e os governos,
essa separação não corresponde à realidade em que até mesmo as religiões se
preocupam mais com a experiência intramundana. A hipótese que levantamos, portanto,
é de que a secularização, e seus desdobramentos modernos, tragam para o universo
profano os ideais religiosos antes ligados somente ao sagrado. Dito de outro modo, seria
por meio de uma institucionalização política que o religioso encontraria espaço para
reverberar seu ideário. Assim, a secularização não estaria de modo algum oposta ao que
vemos na contemporaneidade, ainda que seja necessário ampliar o modo como
entendemos seu conceito.
5 Cf. Bíblia é a principal fonte que embasa a PEC da Redução da Maioridade Penal. In: Revista Fórum.
Disponível em: http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/04/biblia-e-a-principal-fonte-que-embasa-a-
pec-da-reducao-da-maioridade-penal/ (acesso em 29-11-2015).
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Conjugando a análise do contexto político atual com o que foi dito sobre a
secularização, observamos que, a despeito dos modelos teóricos que insistem em tratar
política e religião como esferas separadas, elas permanecem bastante imbricadas na
atualidade. A partir dessa discussão, entendemos que o conceito de secularização
adquire definições diversas, sem, contudo, deixar de fazer sentido na atualidade. Se, por
um lado, é notório que o mundo não se desencantou, segue difícil negar, por outro, que
a relação entre o religioso e o político não foi abalada pelas forças secularizantes da
modernidade. O que percebemos é um arranjo complexo, que dificilmente será
compreendida por meio de uma oposição entre fé e razão ou mesmo distanciando o
religioso e político.
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