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Seções Apresentações por horário Quarta-feira, 24/11/2021 Horário de 10h30-12h30 Seção 2 Do oral ao impresso e vice-versa. O trabalho de resgate da oralidade através da tradução. Profa. Dra. Magali Moura (UERJ); Julia Paris (UERJ); José Mauro Pinheiro (UERJ) Luiza Coelho (UERJ); Izaura Cesário (UERJ); Maria Luiza Tenório (UERJ) Tradução para legendagem de séries em língua alemã e seu papel na aprendizagem de alemão como língua estrangeira: o caso da série Dark Dionelle Araújo (UFF); Ebal Sant’Anna Bolacio Filho (UFF); Gabriela de Mendonça Mello (UFF) Linguística Contrastiva e Tradução: áreas de encontro Jhessyca Castro do Nascimento (Graduanda em Letras/Alemão UFC) Rogéria Costa Pereira (Doutora em Linguística UFC) Otto Maria Carpeaux no Brasil: o itinerário de uma recepção André Rosa (UFRJ) Seção 4/6 Formação inicial de futuros docentes em língua alemã: os entrelugares de uma educação linguística - Milan Puh (USP) e Elaine Cristina Roschel Nunes (USP) Perspectivas outras para o ensino- aprendizagem de alemão: interculturalidade e decolonialidade em foco Ivanete da Hora Sampaio (UFBA) Questões para uma formação decolonial de professores de alemão no Brasil - Marina Grilli O movimento negro alemão e suas produções culturais como material de estudo em aulas de alemão como língua estrangeira - Maria Vitória Felix Santos (USP) e Milan Puh (USP) Seção 7 O uso de lendas no ensino de alemão a exemplo de “Frau Holle” Profa. Dra. Roberta C. S. F. Stanke (UERJ) Dra. Adriana Borgerth V. C. Lima (Baukurs)

Seções Apresentações por horário

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Page 1: Seções Apresentações por horário

Seções – Apresentações por horário Quarta-feira, 24/11/2021

Horário de 10h30-12h30

Seção 2 Do oral ao impresso e vice-versa. O trabalho

de resgate da oralidade através da tradução.

Profa. Dra. Magali Moura (UERJ); Julia

Paris (UERJ); José Mauro Pinheiro (UERJ)

Luiza Coelho (UERJ); Izaura Cesário

(UERJ); Maria Luiza Tenório (UERJ)

Tradução para legendagem de séries em

língua alemã e seu papel na aprendizagem de

alemão como língua estrangeira: o caso da

série Dark

Dionelle Araújo (UFF); Ebal Sant’Anna

Bolacio Filho (UFF); Gabriela de Mendonça

Mello (UFF)

Linguística Contrastiva e Tradução: áreas de

encontro

Jhessyca Castro do Nascimento (Graduanda

em Letras/Alemão UFC)

Rogéria Costa Pereira (Doutora em

Linguística UFC)

Otto Maria Carpeaux no Brasil: o itinerário

de uma recepção

André Rosa (UFRJ)

Seção 4/6 Formação inicial de futuros docentes em

língua alemã: os entrelugares de uma

educação linguística - Milan Puh (USP) e

Elaine Cristina Roschel Nunes (USP)

Perspectivas outras para o ensino-

aprendizagem de alemão: interculturalidade e

decolonialidade em foco – Ivanete da Hora

Sampaio (UFBA)

Questões para uma formação decolonial de

professores de alemão no Brasil - Marina

Grilli

O movimento negro alemão e suas produções

culturais como material de estudo em aulas

de alemão como língua estrangeira - Maria Vitória Felix Santos (USP) e Milan Puh

(USP)

Seção 7 O uso de lendas no ensino de alemão a

exemplo de “Frau Holle”

Profa. Dra. Roberta C. S. F. Stanke (UERJ)

Dra. Adriana Borgerth V. C. Lima (Baukurs)

Page 2: Seções Apresentações por horário

O ensino de literatura no contexto de alemão

como língua estrangeira

(ALE/DaF): aspectos didáticos e construções

(inter)culturais

Marcele Monteiro Pereira (UFPA)

“Mobilidades literárias”, diálogos entre

mundos: abordagens de

Letramento Literário em Alemão como

Língua Estrangeira (DaF/ALE)

Adriely Alessandra Alves de Lima (UFPA)

Co-autora: Fernanda Boarin Boechat (UFPA)

„Unter Affen und Papageien“: a origem

brasileira da família Mann e o

ensino/aprendizagem de Alemão como

Língua Estrangeira no contexto brasileiro

Thiago Viti Mariano (UFPR)

Seção 9 Modellbücher e Theaterarbeit – Os registros

do trabalho prático de Bertolt Brecht

Beatriz Calló

A recepção de Brecht pela crítica feminista

Letícia Botelho

O deserto de Jahí – de A Exceção e a Regra,

de Brecht - como proposta para discussão do

Estado de Exceção schmittiano

Suzana Mello

Seção 13 O original único vs. a tradução e as

retraduções - o caso de Die Leiden des

jungen Werther

Werner L. Heidermann (UFSC)

Dizer de novo para dizer um outro:

retraduzindo o Werther

Mauricio Mendonça Cardozo

(UFPR/CNPq)

(Re-) Tradução de textos literários:

análise crítica de diferentes traduções de

uma parábola de Kafka

Prof. Dr. Markus J. Weininger (UFSC –

[email protected])

Seção 16 Dada - textura táctil

Maria Aparecida Barbosa (moderadora)

Professora da Universidade Federal de Santa

Catarina

Page 3: Seções Apresentações por horário

Transmissibilidade: notas para um estudo da

carta kafkiana

Leonardo Petersen Lamha

Mestre em Estudos de Literatura,

Doutorando em Literatura Comparada (UFF)

Zur Lampe / Sobre a lâmpada : uma peça

escondida no jogo da Infância Juliana Serôa da Motta Lugão

Doutora em Estudos de Literatura (UFF),

Pesquisadora independente

Os fragmentos do trauma: A tradução como

recomposição dos caco

Denes Augusto Clemente

Mestrando em Literatura Alemã, na

Universidade Federal Fluminense

Seção 17 Velhos vizinhos no Novo Mundo:

as relações de imigrantes alemães e

poloneses sob a luz da imprensa

Profa. Dra. Izabela Drozdowska-Broering

(UFSC)

Jornais em língua alemã no Brasil: desafios e

possibilidades de pesquisa na perspectiva da

mediação cultural

Profa. Dra. Isabel Cristina Arendt

(UNISINOS)

“Rumo a Colônia Dona Francisca”: os

anúncios de emigração

no Allgemeine Auswanderungs-Zeitung

(1850-1855) Jefferson Michels (UFSC)

Quarta-feira, 24/11/2021

Horário de 14 às 16h

Seção 1 Quarta-feira 14:00 – 16:00

Schwarz wird Gross Geschrieben: A

Literatura Afroalemã de Resistência e Sua

Invisibilidade

no Brasil. Cleydia Regina Esteves

(UFRJ)

Reimaginando, recriando e inovando Olga

Benario numa peça teatral. Gundo Rial y

Costas (UFF)

Page 4: Seções Apresentações por horário

A narrativa lésbica em expressão alemã no

entreguerras: a partir da novela Ver uma

mulher,

de Annemarie Schwarzenbach. Rafael

Vieira Sens (UFSC)

Seção 2 O traduzir sob a égide de decisões político-

ideológicas: o dicionário da VEB Verlag

Enzyklopädie Leipzig para as línguas

portuguesa e alemã

Tito Lívio Cruz Romão – UFC

Tradução & Concepção de Linguagem

Prof. Dr. Paulo Oliveira (Unicamp/USP)

Como formar e acompanhar intérpretes para

o par linguístico português-alemão?

Caminhos possíveis a partir da realidade

brasileira Anelise F.P. Gondar (UERJ/PUC-Rio)

Seção 4/6 Diálogo, reflexão e atitude investigativa:

experiências do semestre remoto e

perspectivas para retorno presencial nas

disciplinas de estágio de alemão na

Universidade Federal Fluminense –

Giovanna Chaves (UFF)

A afetividade nas práticas pedagógicas do

ensino da língua alemã – o olhar do professor

- Vanja Ramos Vieira de Campos

(UNICAMP) e Sergio Antonio da Silva Leite

(UNICAMP)

A autopercepção de docentes de ALE com

alemão L1 ou LX a respeito da própria

competência didática e o papel da primeira

língua – Daniele Polizio (USP/ Uni Wien)

Warum Deutsch? - Sarah Jacobs

(DAAD/UFMG)

Seção 7 Theatergruppe “Die Deutschspieler” – um

projeto, duas línguas, múltiplas abordagens

Norma Wucherpfennig (Unicamp);

Wanderley Martins (Unicamp); Ana Cláudia

Romano Ribeiro (Unifesp); Fernando Ribeiro

(Puccamp; Ator); Júlia Ciasca (Unicamp;

tradutora e joalheira); Luíza Campagnolo

(Unicamp); Maurício Oliveira (Unicamp)

Entre lentes e telas: filmes de curta-

metragem em aula online de alemão como

língua estrangeira Thaiane Deringer (UFPR)

Page 5: Seções Apresentações por horário

Curtas-metragens no ensino de Alemão como

Língua Estrangeira: os potenciais da análise

dos aspectos estéticos para uma

decodificação de significado(s) mais

profunda Liane Scribelk de Carvalho Maciel (UFPR)

Seção 9 Teatro e resistência em Massa-homem, de

Ernst Toller

Alexandre Flory

Peter Weiss e o teatro contemporâneo

Fernando Kinas

Agitprop brechtiano no exílio: Dansen e Was

kostes das Eisen?

Pedro Mantovani

Seção 10 DACH-Prinzip na prática: uma proposta de

elaboração de um material didático

Alessandra de Freitas (UFPR)

Era uma vez onde se falava alemão...

Gabriel Caesar Bein (UEG/UFPR)

20 minutos de debate

Como abordar a diversidade linguística e

cultural nas aulas de alemão? Recursos

e propostas didáticas

Camila Meirelles (UFPR)

Ações de promoção da pluralidade e da

diversidade linguística das línguas teuto-

brasileiras Claudia Fernanda Pavan (UFRGS)

Seção 11 Christian Ernst: Elementos para uma história

da(s) figura(s) do Zeitzeuge

Laura da Silva Monteiro Chagas: Dualidades

e ambiguidades em Unter einem fremden

Stern, de Lotte Paepcke

Yasmin Cobaiachi Utida: Die weiße Rose e

Die Widerständigen: Dois Momentos do

Desenvolvimento da Zeugenschaft da Rosa

Branca

Yuri Andrei Batista Santos: Leituras de

Testemunho em Weiter leben: as diferentes

Versões e seus Paratextos

Page 6: Seções Apresentações por horário

Quinta-feira, 25/11/2021

Horário de 10h30 às 12h30

Seção 3 Alemão para fins acadêmicos: experiências

acerca da adaptação e elaboração de material

didático para o programa Idiomas sem

Fronteiras - Alemão na UFPR, Thiago

Mariano (UFPR) e Franz Mechtenberg

(DAAD/UFPR)

Livros didáticos internacionais de alemão

para enfermeiros: uma análise da didatização

de tipos textuais e os desafios impostos ao

professor brasileiro, Victor Almeida Tanaka

(USP)

Uma proposta de material didático para

aprendizes brasileiros adultos de língua

alemã baseado na agenda 2030 da ONU,

Louise Ibrügger (USP)

Desafios da mercantilização de materiais

didáticos em contextos locais de ensino e

aprendizagem de língua alemã - Rayanne

Favacho (Mestranda UERJ) e Poliana

Arantes (CNPq, Faperj, UERJ)

Seção 4/6 Oportunidades do treinamento da pronúncia

no ensino online de ALE - Carina Schumann

(DAAD/ Universidade Federal do Rio de

Janeiro)

As Contribuições do Pinterest para a

Aprendizagem de Alemão como Língua

Estrangeira - Ana Lívia Catoia

(UNESP/FCLAR) e Cibele Cecilio de Faria

Rozenfeld (UNESP/FCLAR)

A contribuição dos conhecimentos históricos

para a formação do professor de alemão

como língua estrangeira - Gabriela Hoffmann Lopes (Universidade Feevale)

Seção 7 Papéis de gênero em aulas de ALE a

exemplo de letras de rap

Raquel Garcia D’Avila Menezes

(UNICENTRO)

A aprendizagem de língua Alemã a partir de

expressões artísticas produzidas por alunos

de escolas de ensino de ALE João Carlos Pires Lemos (UFF)

Seção 9 Comentários de alguns poemas de Brecht na

tradução de Tercio Redondo

Iumna Simon

Bertolt Brecht: escritos políticos

Tercio Redondo

Isso é vida?

Priscila Figueiredo

Page 7: Seções Apresentações por horário

Seção 13 Traduzir a poesia de Peter Handke no Brasil:

um projeto de tradução de Gedicht an die

Dauer

Luiz Carlos Abdala Junior (Mestrando em

Estudos Literários pela Universidade Federal

do Paraná)

Wolfgang Borchert: tradução e publicação de

sua obra para o português no ano de

centenário de seu nascimento

Gerson Roberto Neumann (UFRGS)

Marianna Ilgenfritz Daudt (UFRGS)

Vinícius Casanova Ritter (UFRGS)

Seção 16 Perspectivas sobre o livro e a tradução: De

Walter Benjamin e Augusto e Haroldo de

Campos

Susana Kampff Lages (moderadora)

Professora da Universidade Federal

Fluminense

“Andar devagar por ruas movimentadas é um

prazer especial”, Franz Hessel um flâneur em

Berlim

Jefferson Michels (UFSC)

O contador de histórias ouvido daqui

Tomaz Amorim Izabel, Doutor em Teoria

Literária e Literatura Comparada (USP), pós-

doutorando (Freie Universität Berlin).

A linguagem do mito

Georg Otte (UFMG)

Seção 17 Schiller nos jornais Diário do Rio de Janeiro

e Jornal de Recife

Profa. Dra. Wiebke Röben de A. Xavier

(UFRN)

Alynne Fonseca de Oliveira, UFRN

A circulação de romances históricos alemães

no Brasil: indícios da presença das obras de

Karl Franz van der Velde no Rio de Janeiro

do século XIX

Larissa de Assumpção (Unicamp/FU Berlin)

O farol Madame de Staël em periódicos das

décadas de 1830-1850: imagens da literatura

e cultura alemãs no Brasil do século XIX

Francisco Gesival Gurgel de Sales (UERN)

Alexander von Humboldt e o Brasil:

vestígios da viagem que não houve

Prof. Dr. Paulo Soethe (UFPR)

Page 8: Seções Apresentações por horário

Quinta-feira, 25/11/2021

Horário de 14 às 16 h

Seção 1 Reflexões sobre o corpo materno a partir de

Herztier (1994), de Herta Müller. Maria

Carolina Rodrigues Corrêa (UFSC)

Um inferno só para mulheres: o testemunho

de Anja Lundholm sobre sua passagem por

Ravensbrück. Iasmin Rocha da Luz Araruna

de Oliveira (UFRJ)

A mulher fatal e o grotesco: A visita da velha

senhora, de Friedrich Dürrenmatt. Valéria S. Pereira (UFMG)

Seção 3 Pandemia e produção de materiais

audiovisuais de alemão como língua

adicional para crianças - Gabriela Amaro

(PIBID-UFRJ), Daniela Farias (UFRJ),

Mergenfel Vaz Ferreira (UFRJ)

Materiais CLIL no ensino de alemão como

língua adicional: um relato de experiência -

Marcos Antônio Alves Araújo Filho (USP)

Retratos linguísticos como ferramenta para o

ensino de alemão como língua adicional -

Nádia Dini (USP)

Seção 5 O Centro Austríaco na UFPR – um projeto

de internacionalização de acordo com o

conceito “DACH”

Profa. Dra. Ruth Bohunovsky (UFPR)

Internacionalização e políticas linguísticas:

alternativas para promover o multilinguismo

e o ensino de alemão em contextos de ensino

superior

Dr. Felipe F. Guimarães (UFES & UEL)

O Idiomas sem Fronteiras Alemão na

Universidade Federal do Pará: relações

construídas e perspectivas

Profa. Dra. Fernanda Boarin Boechat

(UFPA)

O mestrado bilateral em Alemão como

Língua Estrangeira – Curitiba/Leipzig: breve

histórico e perspectivas Prof. Dr. Thiago Viti Mariano (UFPR)

Seção 8 (Des)caminhos da Minne: entre o amor e a

violência na lírica medieval em alemão

Page 9: Seções Apresentações por horário

Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior

(UFRJ/FL/PPGLC/BRATHAIR)

O Sacramento da penitência na versão alemã

da VISIO TNUGDALI

Palestrante: Prof. Dr. Marcus Baccega

(UFMA)

Arqueologia do amor cortês: a relação entre o

Minnesang e a Literatura de Cordel

Palestrante: Profa. Ma. Beatriz Pereira

(Doutoranda PGET– UFSC)

Seção 9 Die Schutzbefohlenen: a crise dos refugiados

na obra de Elfriede Jelinek

Gisele Eberspacher

As anedotas de Kleist e a política

napoleônica: uma relação de resistência?

Henrique Moraes

Seção 11 Memória e Continuidade – a Imagem da

Fonte em Der Siebente Brunnen de Fred

Wander e Aber deine Brunnen de Nelly

Sachs

Beatriz de Souza Santos

Testemunho e poesia: uma reflexão a partir

de Paul Celan Juliana P. Perez

Seção 12 Letramento digital para professores de

alemão em formação: o projeto extensionista

PASCH na UFC

FLAVIANA DA SILVA SIPRIANO e

ROGÉRIA COSTA PEREIRA

Synchronen Online-Unterricht planen: Die

richtige App für die entsprechende

Unterrichtsphase und Zielkompetenz im Fach

Deutsch als Fremdsprache

LEONIE ECKRICH

Deutsch lernen mit Instagram” – teoria e

relato de experiência”

GABRIEL MENDES HERNANDEZ

PEREZ

Ensino de línguas estrangeiras na modalidade

remota no Brasil: os desafios da prática

docente KAREN PUPP SPINASSÉ e DIEGO

SANTANA DE FREITAS

Seção 16 Walter Benjamin e a Produção Literária de

seu Tempo: Críticas e Resenhas

Prof. Dr. Pedro Theobald (PUCRS)

Page 10: Seções Apresentações por horário

Sexta-feira, 26/11/2021

Horário: 14 às 16 h

Seção 3 Produção oral e escrita no projeto Zeitgeist –

um livro didático para o contexto acadêmico,

Anisha Vetter (Unicamp)

A produção de materiais voltada para o

ensino de Estratégias de aprendizagem no

ensino de Alemão como língua adicional: um

projeto de consultoria acadêmica, Camila

Marcucci Schmidt (USP) e Marceli

Cherchiglia Aquino (USP)

Produção de material didático por e para

alunos de graduação em língua alemã, Milan

Puh (USP)

Produção de materiais enquanto conteúdo

didático na formação inicial de professores

de alemão, Dörthe Uphoff (USP)

Seção 5 A g.a.s.t. e sua contribuição à

internacionalização dos IES

Maxi Neihardt (Sociedade de Preparação

Acadêmica e Desenvolvimento de Testes –

g.a.s.t.)

Aprender alemão no ensino híbrido:

Experiências no programa “Idiomas sem

Fronteiras”

Prof. Dr. Jean Paul Voerkel (Friedrich-

Schiller-Universität Jena)

O alemão nos tempos do Covid-19: políticas

linguísticas e internacionalização? Prof. Dr. Paulo Astor Soethe (UFPR)

Profa. Dr. Giovanna Lorena Ribeiro Chaves

(UFF)

Seção 8 Magia curativa e religiosidade germânica:

Rituais de cura na Idade Média Central

Profa. Ma. Nanã de Alcântara Bezerra

Pacheco (UFRJ/PPGLC)

Propaganda política no Medievo? Por uma

reflexão acerca do elogio ao líder no Livro

dos Evangelhos e na Canção de Luís.

Gabriel Nascimento da Silva

(UFRJ/Mestrando/PPGLC)

Poesia de paz num mundo violento em

“Coragem” de Hans Christoffel von

Grimmelshausen

Prof. Dr. Levy da Costa Bastos (UERJ)

Page 11: Seções Apresentações por horário

Seção 9 Autoria afirmativa e as narrativas de refúgio

a partir de três romances contemporâneos em

língua alemã Monique Araújo

Seção 10 Das OeAD-Lektoratsprogramm in Brasilien:

DACH in der Praxis

Cristina Rettenberger (OeAD-UFPR)

Materiais didáticos sobre a Viena Vermelha

para o ensino de alemão em

contexto universitário: princípios e

pressupostos no processo de sua elaboração

Dörthe Uphoff (USP)

Aprendizagem cultural em níveis iniciais:

produção e divulgação de material

didático de acordo com o conceito “DACH”

Ruth Bohunovsky (UFPR)

Seção 11 A dialética do(s) testemunho(s) e de seu(s)

narrador(es) no pós-guerra, em Diário de

uma Queda (Michel Laub, 2011) Carolina Sieja Bertin

O futuro da memória da Shoah após a era das

testemunhas: Testemunhos e memória em

Diário da Queda e Talvez Esther

Sabine Reiter

Ficção “pura” como testemunho? “Nahe

Jedenew” de Kevin Vennemann e a inventio

do testemunho

Helmut Galle

O Testemunho na Literatura e Memória:

Conclusões Rosani Umbach

Seção 12 “Ensino remoto de língua alemã na formação

de professores na UFPel” - LUCIANE

LEIPNITZ e RAQUEL MENEGUZZO

14h30 - 15h00: “O aprendizado da língua

alemã na pandemia: relatos de alunos do

ensino médio” - MICHELE BRUNA DE

SOUSA SILVA GAL

15h00 - 15h30: “Aspectos interacionais no

ensino de alemão na modalidade remota” -

ROBERTA C. S. F. STANKE, MARIA

ELISA DE O. SCHEUENSTUHL e ANA CAROLINA CARLOS DA SILVA

Page 12: Seções Apresentações por horário

Programação das apresentações na seção 1

Coordenação: Prof.as Dr.as Erica Schlude Wels (UFRJ) e Izabel Drozdowska-Broering (UFSC)

Quarta-feira 14:00 – 16:00

Quinta-feira 14:00 – 16:00

1) Schwarz wird Gross Geschrieben: A Literatura Afroalemã de Resistência e Sua

Invisibilidade no Brasil. Cleydia Regina Esteves (UFRJ)

2) Reimaginando, recriando e inovando Olga Benario numa peça teatral. Gundo Rial y Costas

(UFF)

3) A narrativa lésbica em expressão alemã no entreguerras: a partir da novela Ver uma mulher,

de Annemarie Schwarzenbach. Rafael Vieira Sens (UFSC)Quinta-feira 14:00 – 16:00

Quinta-feira 14:00 – 16:00

4) Reflexões sobre o corpo materno a partir de Herztier (1994), de Herta Müller. Maria

Carolina Rodrigues Corrêa (UFSC)

5) Um inferno só para mulheres: o testemunho de Anja Lundholm sobre sua passagem por

Ravensbrück. Iasmin Rocha da Luz Araruna de Oliveira (UFRJ)

6) A mulher fatal e o grotesco: A visita da velha senhora, de Friedrich Dürrenmatt. Valéria S.

Pereira (UFMG)

Resumos

1) A mulher fatal e o grotesco: A visita da velha senhora, de Friedrich Dürrenmatt

Valéria S. Pereira (UFMG)

[email protected]

Mulheres fatais estão presentes no imaginário desde sempre. Essas figuras femininas não

simplesmente são vilãs, mas elas exercem seu poder de destruição através de seu corpo,

especificamente seu poder de sedução. Como apontado por Beauvoir (1949), o terror

suscitado pelas mulheres não tem a ver com a mulher em si, mas sim com a projeção da

contingência carnal masculina, a possibilidade de geração de vida e da morte. Assim, a

atração sensual passa a representar o que é incontrolável na natureza, e figuras fatais são

apresentadas como naturalmente belas e irresistíveis.

Em A visita da velha senhora (1956), de Friedrich Dürrenmatt narra a vingança de uma

mulher por sua derrocada no passado. Diferentemente das protagonistas de outras obras de

mesma temática, como as brasileiras Tieta (1977) e a novela Chocolate com pimenta (2003),

Claire Zachanassian não é uma mulher que ainda guarda os encantos da juventude, mas cujo

Page 13: Seções Apresentações por horário

aspecto grotesco é salientado, por exemplo, através de uma prótese de perna. Isenta da

beleza da juventude e de grandes paixões – a vingança é a única força motriz que lhe resta

– Claire torna-se um exemplo da execução de poder puramente através do dinheiro, onde o

feminismo pode ter sido o fator definidor para sua desgraça na juventude, mas não interfere

na execução da sua vingança. Esta comunicação pretende discutir como Dürrenmatt

desenvolve uma personagem que se distingue de representações femininas prototípicas ao

desviar o foco de questões como poder sedutor, fertilidade e inocência.

2) Reimaginando, recriando e inovando Olga Benario numa peça teatral

Gundo Rial y Costas (UFF)

[email protected]

Esta comunicação se baseia em estudos anteriores (RIAL Y COSTAS, 2018, 2019, 2020,

2021) sobre a construção histórica e ficcional da figura mítica heroica da revolucionária

alemã Olga Benario. Partindo das figurações romantizadas vindas de dois romances

biográficos (da escritora alemã Ruth Werner e do jornalista Fernando Morais) e de uma

produção audiovisual (do diretor Jayme Monjardim) da extinta Alemanha Oriental, da

Alemanha e do Brasil, se observou a criação de um novo ícone abrasileirado amplamente

conhecido com um alto valor literário, político e afetivo.

O teatro como lugar privilegiado para apresentar essas questões políticas, literárias e

afetivas através de mitos e conflitos (PRADO, 1970), serve como laboratório para recriar

corpo e figura de Olga Benario, a partir da sua imagem histórica, romantizada e

abrasileirada. Vamos nos referir aqui as produções literárias e audiovisuais de nome

homônimo ao dar um panorama sobre a criação de uma peça sobre ela, ou seja, avant la

lettre. Essa obra está sendo criada pela dramaturga Larissa Latif e a diretora Karine Jansen,

junto com o grupo de teatro Rasgado de Belém do Pará, e em cooperação com a Casa de

Estudos Germânicos (CEG/UFPA). Se beneficiando das pesquisas anteriores e retomando

as colocações literárias de Ruth Werner e Fernando Morais, se analisam as oficinas de

preparação para os atores, a diretora, a dramaturga e a produtora cultural da peça quanto a

comunicação com a filha historiadora da Olga Anita Prestes, e como tudo isso influencia

no processo de reimaginar ela numa peça teatral.

A obra de teatro chamada de “feminina e feminista” pela dramaturga Larissa Latif, pretende

envolver um processo de criação conjunto inovador, baseado nas obras literárias citadas

alemãs e brasileiras; e, em outras palavras, a "Olga" que surgir a partir desse processo, será

outra Olga. Invertendo e antecipando as ideias de uma “estética do performativo”

(FISCHER LICHTE, 2004), sugere-se aqui uma estética da criação, se referindo ao tempo

anterior à escrita do roteiro teatral, ou seja propondo uma “estética do performativo avant

la lettre”.

Bibliografia

FISCHER LICHTE, E. Ästhetik des Performativen. Frankfurt: Suhrkamp, 2004.

PRADO, D.d.A. A personagem no teatro. Em: CANDIDO, A. ROSENFELD, A. PRADO

D.d.A, GOMES, P.E.S. A personagem na ficção. São Paulo: Editora Perspectivas, 1970.

Page 14: Seções Apresentações por horário

RIAL Y COSTAS, G. Melodrama, Social Merchandising and the Holocaust? The Brazilian

Box Office Hit 'Olga' (2004). Palestra, simpósio internacional, Universidade de Flensburg,

2018.

RIAL Y COSTAS, G. História(s) compartilhadas, dividida(s) e apagada(s)? A personagem

literária e audiovisual de Olga Benario, palestra ABEG, UFF, 2019.

RIAL Y COSTAS, G. Brazil`s entangled takes on the Holocaust. Writing and filming Olga

Benario. Em: BOSSHARD, M.T.; PATRUT, I.K. Globalisierte Erinnerungskultur.

Darstellungen von Holocaust, Nationalsozialismus und Exil in peripheren Literaturen.

Bielefeld: Transcript, 2020, pp. 89-114.

RIAL Y COSTAS, G. História(s) imaginada(s), compartilhada(s) e separada(s): as

personagens de Olga Benario. Em impressão, pela ABEG, WELS, E. et al., 2021

3) A narrativa lésbica em expressão alemã no entreguerras: a partir da novela Ver uma

mulher, de Annemarie Schwarzenbach

Rafael Vieira Sens (PPGLit - UFSC)

[email protected]

O objetivo desta comunicação é levantar questões acerca de narradoras lésbicas, sob o

prisma da teoria queer, a partir da novela Ver uma mulher, de Annemarie Schwarzenbach

(1908-1943). Uma das primeiras prosas de temática lésbica em língua alemã, o texto

apresenta traços autoficcionais da escritora suíça, herdeira de uma abastada família de

Zurique e que desafiou tradições do período ao assumir uma identidade fora dos padrões

locais na esteira do comportamento subversivo que emergia em metrópoles como Berlim

no período entreguerras da República de Weimar. A novela, escrita em 1929, veio à luz

somente em 2007 após ter sido descoberta no Arquivo de Berna. Com foco narrativo em

primeira pessoa, a trama mostra a experiência de uma jovem burguesa com duas amantes

durante temporada de férias em estação de esqui na cidade de São Moritz. Ao estabelecer

mulheres como protagonistas e relegando homens ao segundo plano, a literatura de

Schwarzenbach enseja uma interpretação que leva em conta aporte teórico relativo ao

conceito de Masculinidade Feminina, de Halberstam, em diálogo com o pensamento de

Federici a respeito da repressão da homossexualidade como parte da disciplina capitalista

dos corpos e da política de caça às bruxas.

4) Reflexões sobre o corpo materno a partir de Herztier (1994), de Herta Müller

Maria Carolina Rodrigues Corrêa - Bolsista PIBIC (UFSC)

[email protected]

Como parte do projeto de pesquisa "Manifestações do corporal na literatura de expressão

alemã depois de 1945" da Universidade Federal de Santa Catarina, o estudo, ainda em

estágio inicial, pretende pensar sobre o corpo materno e suas representações literárias e

Page 15: Seções Apresentações por horário

sociais através do romance Herztier (1994), da escritora romena de língua alemã Herta

Müller.

A narrativa é transpassada por relações familiares, e no início do romance, a relação que

fica em evidência é a da mãe com a filha, o amor materno que é descrito como uma amarra,

um vício, e escrito pela filha em seu caderno com rancor. Há um contraponto entre pais que

são representados a partir de suas vivências de guerra e de mundo, e mães que são

representadas apenas a partir de suas vivências como mães, não como indivíduos. Mesmo

estando dentro de um regime ditatorial, seus corpos são pautados pela existência de

suas/seus filhas/os. A dor, a doença, a preocupação, o medo, todos sentimentos não são por

elas, mas pelas/os filhas/os.

Como a maternidade é retratada? Quais imagens existem acerca do corpo materno? Em que

momento esses corpos param de ser donos de suas próprias individualidades e passam a ser

apenas maternos? Essas são algumas reflexões iniciais da pesquisa, assim como a discussão

sobre imagens maternas estereotipadas, culturalmente e socialmente presentes e universais,

dentro e fora da literatura, que serão pensadas sob o aporte teórico de textos como Calibã e

a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva (FEDERICI, 2017) e A psicanálise na

Terra do Nunca: ensaios sobre a fantasia (CORSO; CORSO, 2011).

Palavras-chave: Herta Müller; Relação mãe-filha; Corpos maternos; Maternidade.

Referências Bibliográficas

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara,

1986.

CORSO, Diana Lichtenstein; CORSO, Mário. A psicanálise na Terra do Nunca: ensaios

sobre a fantasia. Porto Alegre: Penso, 2011. 328 p.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo:

Elefante, 2017. 464 p.

MÜLLER, Herta. Fera d'alma. 1. ed. São Paulo: Globo, 2013.

5) Um inferno só para mulheres: O testemunho da Anja Lundholm sobre sua passagem por

Ravensbrück

Iasmin Rocha da Luz Araruna de Oliveira (UFRJ)

[email protected]

O regime nazista perseguiu e matou indistintamente homens e mulheres, no entanto, ser

mulher era um fator que tinha grande influência sobre a vida e a morte nos campos de

concentração. Às mulheres, foram reservadas experiências específicas, como, por exemplo,

abortos forçados, trabalho sexual compulsório e experiências de esterilização. O corpo da

mulher, no contexto do nazismo, era um verdadeiro campo de batalha, no qual a violência

foi usada de maneira sistemática. Em maio de 1939, foi inaugurado Ravensbrück, o maior

campo nazista para encarceramento feminino. Avalia-se que mais de 100000 mulheres

passaram por lá até a chegada das tropas soviéticas em 1945. Embora tenha sido um dos

Page 16: Seções Apresentações por horário

primeiros campos a ser fundado e um dos últimos a ser libertado, ele permaneceu por muitos

anos à margem da história. Como salienta Sara Helm (2015, online), “assim como

Auschwitz foi a capital do crime contra os judeus, Ravensbrück foi a capital do crime contra

as mulheres”. Diante disso, esta comunicação tem como objetivo analisar como Anja

Lundholm, em seu livro Das Höllentor. Bericht einer Überlebenden, no qual sua vivência

em Ravensbrück é narrada, encontra uma forma de transformar suas experiências

traumáticas em grito e de ecoar a voz daquelas que foram silenciadas pela história: as

mulheres. É por meio da transformação dos cacos de sua memória em literatura que a autora

é capaz de estetizar a dor, o medo e a violência a que esteve submetida e trazer à luz a

situação das mulheres aprisionadas pelo nazismo.

Palavras-chave: testemunho, mulheres, Anja Lundholm

BIBLIOGRAFIA:

HELM, Sara. O esquecido campo de concentração nazista só para mulheres. BBC News

Brasil, 27 de janeiro de 2015. Disponível em:

https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/01/150126_campo_concentracao_mulhere

s_cc Acesso em 09/10/21

6)“Schwarz wird Gross Geschrieben”: A Literatura Afroalemã de Resistência e Sua

Invisibilidade no Brasil.

Cleydia Regina Esteves (UFRJ)

[email protected]

Desde os anos 80 o debate sobre Leitkultur e Multikulturalismus (Martin Ohlert, 2014) vem

pautando as discussões sobre Identidade, Pertencimento, Nação, Integração e Diferença nos

meios intelectuais e políticos, nas mídias sociais e culturais alemães. O Movimento

Afroalemão que cresceu no bojo deste debate e foi engendrado no processo de construção

da selbstbewusstsein dos seus ativistas, é fruto da negação da negação, da invenção da

existência enquanto resistência ao apagamento do seu ser como alemães negros, trazendo

para o protagonismo de suas ações, mulheres negras alemães que, por meio das artes, da

academia e da intervenção na esfera pública, ressaltaram a afirmação da agência desses

sujeitos, na articulação de seus eus políticos e estéticos. (Natasha Kelly, 2016)

Elas integraram o arcabouço teórico-metodológico da interseccionalidade (Kimberlé

Crenshaw, 1989; bell hooks, 1984), constituíram seus percursos utilizando a literatura de

Tony Morrison, as artes, a história entre outros campos das Humanidades, como forma de

resistência em contextos de preconceito racial, disputas de narrativas e afirmação de suas

existências e corporeidade no conjunto da sociedade alemã (Audre Lorde).

A literatura alemã contemporânea tem se revestido de grande diversidade autoral e

qualidade literária (Goethe Institut, Philipp K. Koepsell, 2019), tematizando assuntos e

questões prementes da sociedade alemã, mesmo antes da unificação de 1989, embora este

marco possa ser considerado relevante para o que aqui se pretende discutir. O Prêmio

Chamisso é um indicador de que obras literárias abordavam transformações sociais

consideráveis, neste universo onde novas falas e escritas foram surgindo. Elas cruzam

Page 17: Seções Apresentações por horário

fronteiras étnicas, nacionais, identitárias para celebrar a fluidez da corporeidade em um

campo de tensão semiótico. Livros de autores afroalemães, Sharon Dodua Otoo por

exemplo, vem propondo diferentes leituras da cultura e sociedade alemãs, sobretudo uma

pretensa homogeneidade racial, cultural e linguística deste país. É deste percurso histórico

e literário dessas diferentes obras, no contexto da Literatura Contemporânea Alemã, que

queremos nos aproximar por meio de nossa apresentação. Cremos que é fundamental a sua

divulgação e leitura por parte do público brasileiro.

Seção 2 - Estudos da Tradução e da Interpretação no Brasil e em países germanófonos: abordagens

teóricas, experiências e aspectos históricos

Quarta-feira, 24/11/2021 – 10h30-12h30

1) Do oral ao impresso e vice-versa. O trabalho de resgate da oralidade através da tradução.

Profa. Dra. Magali Moura (UERJ); Julia Paris (UERJ); José Mauro Pinheiro (UERJ)

Luiza Coelho (UERJ); Izaura Cesário (UERJ); Maria Luiza Tenório (UERJ)

2) Tradução para legendagem de séries em língua alemã e seu papel na aprendizagem de alemão como

língua estrangeira: o caso da série Dark

Dionelle Araújo (UFF); Ebal Sant’Anna Bolacio Filho (UFF); Gabriela de Mendonça Mello (UFF)

3) Linguística Contrastiva e Tradução: áreas de encontro

Jhessyca Castro do Nascimento (Graduanda em Letras/Alemão UFC)

Rogéria Costa Pereira (Doutora em Linguística UFC)

4) Otto Maria Carpeaux no Brasil: o itinerário de uma recepção

André Rosa (UFRJ)

Quarta-feira, 24/11/2021 – 14h-16h

5) O traduzir sob a égide de decisões político-ideológicas: o dicionário da VEB Verlag Enzyklopädie

Leipzig para as línguas portuguesa e alemã

Tito Lívio Cruz Romão – UFC

6) Tradução & Concepção de Linguagem

Prof. Dr. Paulo Oliveira (Unicamp/USP)

7) Como formar e acompanhar intérpretes para o par linguístico português-alemão?

Caminhos possíveis a partir da realidade brasileira

Anelise F.P. Gondar (UERJ/PUC-Rio)

Page 18: Seções Apresentações por horário

Resumos

1) Do oral ao impresso e vice-versa. O trabalho de resgate da oralidade através da tradução

Profa. Dra. Magali Moura (UERJ); Julia Paris (UERJ); Luiza Coelho (UERJ); Izaura Cesário (UERJ)

Maria Luiza Tenório (UERJ); José Mauro Pinheiro (UERJ)

Este trabalho pretende apresentar um relato acerca do Projeto de extensão “Vice-versa: relações

interculturais na prática” desenvolvido na Uerj / Setor de Alemão. Em primeira linha, o Projeto visa

estabelecer elos interculturais, sobretudo entre as culturas alemã e brasileira, escolhendo o processo

tradutório como meio para sua execução. A elaboração do projeto se baseou na concepção de que se

pode conceber a tradução como uma das primeiras formas de estabelecimento de um contexto dialógico

de confronto cultural por meio de uma natural comparação entre os sistemas linguísticos. Tomando por

base a ideia de que a tradução é uma habilidade inerente ao processo de aquisição de línguas, apesar de

seu quase que “banimento” pelo método comunicativo, optou-se por integrar este projeto a disciplinas

do curso de Bacharelado em Letras Português-Alemão, indo ao encontro de uma abordagem intercultural

no ensino e aprendizagem de uma LE/LA. Iniciando os trabalhos com a atividade de tradução

propriamente dita, dedicada à edição de lendas alemãs, conforme coligidas e editadas pelos Irmãos

Grimm nos anos de 1816/18, a fase atual do projeto volta-se para uma nova forma de tradução: a edição

dos textos traduzidos em um novo formato que não o impresso. Gostaríamos de apresentar as etapas

necessárias para que os textos “voltem” ao seu formato original, o de contação de histórias, através da

edição de arquivos sonoros, os chamados podcasts. Pretendemos expor o processo de retradução dos

textos para esse novo formato e apresentar alguns resultados obtidos, assim como os percalços inerentes

a esse processo.

2) Tradução para legendagem de séries em língua alemã e seu papel na aprendizagem de alemão como

língua estrangeira: o caso da série Dark

Dionelle Araújo (UFF); Ebal Sant’Anna Bolacio Filho (UFF); Gabriela de M. Mello (UFF)

O presente estudo, realizado no âmbito do Laboratório de Estudos da Tradução (LABESTRAD) do

Instituto de Letras da UFF, visa analisar a tradução para legendagem e dublagem da série alemã Dark.

Para tanto, utilizou-se a primeira temporada da série, com o intuito de averiguar a existência de

diferenças significativas entre ambas as traduções, i.e. para a legendagem e para a dublagem, e quais

seriam as características do texto proposto pela legendagem. Para o desenvolvimento do estudo,

realizou-se uma pesquisa preliminar online, na qual a série Dark se destacou como a mais popular entre

aprendizes de alemão no Brasil. A pesquisa coletou também informações sobre suas experiências com

a legendagem de séries e filmes em língua alemã. A partir dos resultados, foi possível constatar que as

legendas são consideradas pelos/as aprendizes um recurso válido (principalmente) para a aprendizagem

de vocabulário. Por outro lado, a análise das traduções da série e a discussão teórica a respeito das

diferenças entre tradução para dublagem e tradução para legendagem demonstraram que, apesar do

caráter mais conciso e de menor oralidade da tradução para legendagem, as legendas configuram um

instrumento benéfico para a aprendizagem (autônoma), pois viabilizam a exposição ao áudio no idioma

original e, com isso, a possibilidade de comparar o vocabulário e aprender ou fixar vocabulário.

Page 19: Seções Apresentações por horário

3) Linguística Contrastiva e Tradução: áreas de encontro

Jhessyca Castro do Nascimento (Graduanda em Letras/Alemão UFC)

Rogéria Costa Pereira (Doutora em Linguística UFC)

Quando pensamos na Linguística Contrastiva enquanto o contraste de dois, ou mais, sistemas de língua,

é espontâneo o reconhecimento da Tradução como uma de suas áreas práxis (REIMANN, 2014). A

partir de um levantamento bibliográfico na área de Tradução realizado no Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Federal do Ceará intitulado “Bibliografia contrastiva

alemão-português: pesquisas em dados bibliográficos brasileiros e europeus”, analisamos quanti-

qualitativamente o corpus de dados bibliográficos no que diz respeito ao número de produções, à

perspectiva histórica dessas publicações, ao tipo de material e às áreas que dialogam com a produção,

uma vez que Tekin (2012) já salientara a natureza de cooperação da Linguística Contrastiva com

disciplinas intra- e/ou extralinguísticas. Como resultados preliminares, encontramos 46 produções na

área de Tradução, sendo um artigo de 1967 o primeiro trabalho indexado. Quanto ao tipo de material,

temos a predominância de 45% de produções manifestadas através do gênero ‘Artigo de Periódico’ e,

por fim, no que diz respeito às áreas que dialogam, direta ou indiretamente com a Tradução,

identificamos áreas teóricas e práticas, tais como produções que se relacionam com a Linguística

Aplicada (Morfologia, Semântica e Sintaxe), a Análise Linguística, a Literatura, a Lexicologia e a

própria Teoria da Tradução.

Referências

REIMANN, Daniel. „Kontrastive Linguistik revisited oder: Was kann Sprachvergleich für Linguistik

und Fremdsprachenvermittlung heute leisten?”, in: REIMANN, Daniel. (Org.). Kontrastive Linguistik

und Fremdsprachendidaktik Iberoromanisch – Deutsch. Studien zu Morphosyntax, nonverbaler

Kommunikation, Mediensprache, Lexikographie und Mehrsprachigkeitsdidaktik (Spanisch,

Portugiesisch, Deutsch). Tübingen: Narr, 2014, p. 9-35.

TEKIN, Özlem. Grundlagen der Kontrastiven Linguistik in Theorie und Praxis. Tübingen: Stauffenburg,

2012.

4) Otto Maria Carpeaux no Brasil: o itinerário de uma recepção

André Rosa (UFRJ).

Esta comunicação, que é parte de uma pesquisa maior sobre a formação de Otto Maria Carpeaux como

leitor e crítico de literatura brasileira, se propõe a reconstituir brevemente dois momentos decisivos da

biografia do autor a fim de iluminar pontos de sua obra crítica: a recepção ao imigrante austríaco Otto

Maria Karpfen, tal como assinava as cartas em seus primeiros meses no Brasil, e a presença do crítico

literário austro-brasileiro Otto Maria Carpeaux, tal como passou a assinar seus ensaios na imprensa a

partir de 1941, ano de sua estreia nas letras brasileiras, junto à intelectualidade nacional. Muito embora

esses dois pontos dialoguem entre si, eles se assentam sobre uma documentação distinta: o primeiro

deles se baseia, principalmente, nas cartas enviadas por Carpeaux após a chegada ao Rio de Janeiro e a

passagem por Rolândia, no norte do Paraná; o segundo ponto, por sua vez, se assenta sobretudo em

artigos publicados nos principais jornais da época, como o Correio da Manhã e O Jornal. Neste segundo

momento, nos deteremos a um recorte temporal que contemple a atuação de Carpeaux enquanto crítico

literário, isto é, o período entre 1941 e 1964, que se inicia com a estreia no Correio da Manhã e que se

Page 20: Seções Apresentações por horário

encerra com o golpe civil-militar, que marca um ponto de inflexão em sua obra: o abandono da crítica

literária em razão da luta política contra a ditadura.

Referências bibliográficas:

BOSI, Alfredo. Três leituras: Machado, Drummond, Carpeaux. São Paulo: Editora 34, 2017.

CANDIDO, Antonio. “Otto Maria Carpeaux por Antônio Cândido”. Teresa, n. 20, 2020, pp. 332-39.

CARPEAUX, Otto Maria. Ensaios Reunidos. Rio de Janeiro: TopBooks, 1999.

CARPEAUX, Otto Maria. Pequena bibliografia da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de

Documentação do MEC, 1951.

CARPEAUX, Otto Maria. Vinte e cinco anos de literatura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

MARTINS, Wilson. A crítica literária no Brasil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983.

OBERDIEK, Hermann Iark. Fugindo da morte: Imigração de judeus alemães para Rolândia/PR, na

década de 1930. Londrina: EdUEL, 2007.

VENTURA, Mauro Souza. De Karpfen a Carpeaux. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002.

VILHENA, G. M. S. “Situação e presença de um crítico austríaco-brasileiro”. Teresa, n. 20, 2020, pp.

264-308.

5) O traduzir sob a égide de decisões político-ideológicas: o dicionário da VEB Verlag Enzyklopädie

Leipzig para as línguas portuguesa e alemã

Tito Lívio Cruz Romão (UFC)

Dentre os recursos mais utilizados no ofício do traduzir, dicionários – impressos ou digitais – certamente

merecem especial destaque. Como toda produção voltada para as ideias, dicionários podem estar sujeitos

a decisões de cunho político-ideológico, que podem ter uma repercussão inevitável no trabalho realizado

por tradutoras e tradutores. Esta comunicação tem por fim mostrar, através de um exemplo concreto, em

que medida verbetes de um dicionário e, por conseguinte, as definições e os significados a eles

vinculados podem ser entendidos como uma decisão de política linguística ou mesmo de política

governamental ou estatal. Em 1984, a VEB Leipzig publicou um dicionário para o par de línguas

alemão-português, em dois volumes, editado por um coletivo de autores liderado por J. Klare. De acordo

com Klare (1984), o foco desse dicionário era o português falado em Portugal, Angola, Moçambique,

Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Com o maior número de falantes nativos

(aproximadamente 133 milhões em 1984), o português brasileiro foi quase completamente ignorado

nessa obra. O presente trabalho propõe-se a examinar alguns verbetes do referido dicionário que são

particularmente marcados pela carga político-ideológica proveniente da República Democrática Alemã;

além disso, indagará se e em que medida a publicação dessa obra contribuiu, assim, para reforçar o fosso

e o distanciamento entre os países lusófonos alinhados com a Europa Oriental os países lusófonos

comprometidos com os ideais políticos da Europa Ocidental. Aqui também se recorrerá a outros

dicionários para o mesmo par de idiomas publicados naquela época na República Federal da Alemanha,

no Brasil e em Portugal (Langenscheidt – 1981, Porto Editora – 1986), numa tentativa de entender se e

até onde ou como os verbetes do dicionário VEB com carga político-ideológica também encontraram

(ou não) espaço nesses dicionários ocidentais.

Page 21: Seções Apresentações por horário

6) Tradução & Concepção de Linguagem

Prof. Dr. Paulo Oliveira, Unicamp/USP

[email protected]

Na temática deste simpósio (eixo ‘a’), que papel caberia a uma Epistemologia do traduzir como a que

desenvolvo (Oliveira 2019; 2020; 2021), na interface da filosofia do Wittgenstein tardio com abordagens

não essencialistas em maior evidência nos estudos da tradução? Em sendo o ato tradutório uma operação

que ocorre na linguagem (sistemas de signos), qualquer teoria da tradução que formulemos estará

necessariamente na dependência de uma concepção de linguagem sobre a qual se assenta. Ignorar tal

fato leva fatalmente a confusões conceituais, manifestas em aparentes paradoxos e questões ‘insolúveis’

— como afirmar que a tradução seria ‘impossível na teoria, mas viável na prática’. Já nas décadas de

1970-80, Gideon Toury via na tradução um conceito organizado por ‘semelhanças de família’, i.e., não

redutível a uma definição fechada a priori que desse conta de todas as aplicações possíveis (Toury 2012:

69-70). Mais recentemente, Maria Tymoczko (2014 [2007]) também recorreu às ‘semelhanças de

família’ wittgensteinianas para embasar sua proposta de ‘alargar a tradução e empoderar as tradutoras’,

cunhando o termo ‘*tradução’ para abarcar também formas do traduzir não contempladas por uma visão

estritamente ocidental. Preocupação semelhante tem Yves Gambier (2018), ao discutir ‘conceitos de

tradução’ contemporâneos e/ou históricos. O filósofo Donald Davidson vê na ‘caridade hermenêutica’

a ‘condição de possibilidade’ para a ‘interpretação radical’ — e, com isso, para a tradução, podemos

agregar. Curiosamente, Davidson contesta a existência de entidades que tomamos por evidentes, como

‘língua’ e ‘idioleto’ (Rawling 2019). Posta de modo absoluto, tal afirmação parece absurda — mas

certamente é válida em relação a tais conceitos, se tratados como entidades fechadas, abordadas no nível

estritamente sistêmico. A ‘linguística do sec. XXI’ vislumbrada por Rajagopalan (2019) foca fenômenos

como o ‘translinguismo’ e a noção de ‘repertório’, que implodem tal fechamento e levam a uma revisão

radical das abordagens correntes (Bayham & Lee 2019). Proponho que o passo inicial nesse processo

seja o fomento da consciência linguística, focando na dimensão epistêmica da concepção de linguagem.

7) Como formar e acompanhar intérpretes para o par linguístico português-alemão?

Caminhos possíveis a partir da realidade brasileira

Anelise F.P. Gondar (UERJ)/PUC-Rio)

Com mais de quatro décadas de história, a formação de intérpretes de línguas orais no Brasil pode ser

caracterizada por sua grande heterogeneidade em diversas áreas, como por ex., em relação à

concentração geográfica da oferta de cursos presenciais, às diferenças consideráveis na duração, em seu

escopo curricular e em relação à composição do corpo docente responsável pela formação de novos

intérpretes (ARAUJO, 2017). Mesmo assim, podemos afirmar que a formação de intérpretes de línguas

orais no Brasil atingiu relativo grau de consolidação, uma vez que, do ponto de vista geral, os cursos

universitários e livres parecem oferecer um arcabouço de conteúdos baseado na necessidade de

conhecimentos técnicos relativos ao desempenho prático do ofício (por ex. disciplinas relativas ao

aperfeiçoamento linguístico, prática em interpretação simultânea e consecutiva e etc.). Nota-se, porém,

que essa realidade abrange apenas o par linguístico português-inglês. Candidatos com outros idiomas

ativos e, frequentemente dominantes, não contam com possibilidade de formação institucionalizada no

Brasil. Esta contribuição tem como objetivo apresentar marcos de uma pesquisa em curso que visa a

mapear as possibilidades de formação institucional e extra-institucional para candidatos com outros

Page 22: Seções Apresentações por horário

pares linguísticos ativos a exemplo do par linguístico português-alemão. Pretende-se aqui (1) discutir

componentes básicos da formação de intérpretes português-alemão; (2) apresentar processos possíveis

de formação extra-institucional baseados na ideia de mentoria inspirada na proposta de Pearce & Napier

(2010) e, por fim, (3) refletir, com base em testemunhos de intérpretes atuantes em outros pares

linguísticos, os caminhos para o acompanhamento de intérpretes novatos na entrada no mercado e ao

longo da carreira.

Seção 3 (Materiais didáticos) no 4º Congresso da ABEG

Coordenadoras: Dörthe Uphoff, Meg Vaz e Poliana Arantes

Quinta-feira, 25/11/2021, de 10.30 às 12.30 h - Materiais didáticos para adultos em

contextos diversos:

1. Alemão para fins acadêmicos: experiências acerca da adaptação e elaboração de material

didático para o programa Idiomas sem Fronteiras - Alemão na UFPR, Thiago Mariano (UFPR)

e Franz Mechtenberg (DAAD/UFPR)

2. Livros didáticos internacionais de alemão para enfermeiros: uma análise da didatização de

tipos textuais e os desafios impostos ao professor brasileiro - Victor Almeida Tanaka (USP)

3. Uma proposta de material didático para aprendizes brasileiros adultos de língua alemã

baseado na agenda 2030 da ONU - Louise Ibrügger (USP)

4. Desafios da mercantilização de materiais didáticos em contextos locais de ensino e

aprendizagem de língua alemã - Rayanne Favacho (Mestranda UERJ) e Poliana Arantes

(CNPq, Faperj, UERJ)

Quinta-feira, dia 25/11/2021, de 14.00 às 16.00h - Materiais didáticos em contexto escolar

5. Pandemia e produção de materiais audiovisuais de alemão como língua adicional para

crianças, Gabriela Amaro (PIBID-UFRJ), Daniela Farias (UFRJ), Gabriel Barros Gonzalez (PIBID-

UFRJ), Mergenfel Vaz Ferreira (UFRJ)

6. Materiais CLIL no ensino de alemão como língua adicional: um relato de experiência, Marcos

Antônio Alves Araújo Filho (USP)

7. Retratos linguísticos como ferramenta para o ensino de alemão como língua adicional, Nádia

Dini (USP)

Sexta-feira, dia 26/11/2021, de 14.00 às 18.00h - Materiais didáticos em contexto

universitário

8. Produção oral e escrita no projeto Zeitgeist – um livro didático para o contexto acadêmico -

Anisha Vetter (Unicamp)

9. A produção de materiais voltada para o ensino de Estratégias de aprendizagem no ensino de

Alemão como língua adicional: um projeto de consultoria acadêmica - Camila Marcucci

Schmidt (USP) e Marceli Cherchiglia Aquino (USP)

Page 23: Seções Apresentações por horário

10. Produção de material didático por e para alunos de graduação em língua alemã - Milan Puh

(USP)

11. Produção de materiais enquanto conteúdo didático na formação inicial de professores de

alemão - Dörthe Uphoff (USP)

Resumos

1. Alemão para fins acadêmicos: experiências acerca da adaptação e elaboração de

material didático para o programa Idiomas sem Fronteiras

Alemão na UFPR Deutsch im Hochschulkontext: Erfahrungsbericht über die Anpassung

und Weiterentwicklung didaktischen Materials für das Programm Idiomas sem Fronteiras –

Alemão an der UFPR

Thiago Mariano (UFPR)

Franz Mechtenberg (DAAD/UFPR)

Seit dem Jahr 2016 werden im Rahmen des Programm Idiomas sem Fronteiras-Alemão

(IsFAlemão) Deutschkurse an verschiedenen öffentlichen Universitäten Brasiliens angeboten.

Hierdurch trägt IsF-Alemão zum Internationalisierungsprozess brasilianischer Hochschulen

bei. Ziel des Programms ist es, die Kursteilnehmenden sowohl sprachlich als auch kulturell auf

das akademische Leben im deutschsprachigen Raum vorzubereiten. Das von Deutschlehrenden

verschiedener brasilianischer Universitäten entwickelte Unterrichtsmaterial Deutsch im

Hochschulkontext – Alemão para fins acadêmicos für die Niveaustufe A2/B1 des

Gemeinsamen Europäischen Referenzrahmens für Sprachen (GER) wird in diesem

Zusammenhang dahingehend angepasst, dass es in einem praxisorientierten Landeskunde- und

Fertigkeitenkurs für brasilianische Studierende zum Einsatz kommen kann.

In diesem Beitrag werden die Erfahrungen des Teams von Studierenden und Lehrkräften der

UFPR aufgezeigt, das sich der Weiterentwicklung des Materials angenommen hat. Nach einem

kurzen historischen Abriss des Programms werden (1) Grundsätze und Ziele, die der

Konzeption des Materials zugrunde liegen, (2) Beispiele des adaptierten Materials sowie (3)

Herausforderungen, die bei der Materialentwicklung auftreten, präsentiert.

2. Livros didáticos internacionais de alemão para enfermeiros: uma análise da didatização

de tipos textuais e os desafios impostos ao professor brasileiro

Victor Almeida Tanaka Mestrando pelo Programa de Língua e Literatura Alemã pela FFLCH-

USP

Page 24: Seções Apresentações por horário

O ensino de alemão para fins profissionais é um campo diverso e pode englobar tanto

abordagens com a língua de forma transversal ao mundo do trabalho, quanto cursos focados em

exigências comunicativas e sociais de uma área profissional específica (KUHN, 2007). Nesta

segunda modalidade, é possível tematizar conteúdos mais específicos de cada área, ações

profissionais, sociais e comunicativas restritas a um contexto de atuação e textos marcados por

linguagens técnicas (Fachsprachen). Na literatura especializada, a linguagem técnica não

necessariamente se define por uma grande proporção de termos especializados, mas por

expressar estruturas de pensamento e de comunicação relevantes à área e por servir à

comunicação entre profissionais do mesmo campo de atuação (KUHN, 2007; JUNG, 2014;

BRAUNERT, 2014; PRIKOSZOVITS, 2017). Essa gama de aspectos estabelece desafios ao

professor, provavelmente não tecnicamente formado no contexto de trabalho de seus

aprendizes. Nesse sentido, a dificuldade de uma análise de necessidades objetivas para seu

grupo-alvo (WEISSENBERG, 2012) pode ser facilmente resolvida pela adoção de um livro

didático como “ferramenta estruturante” do curso (CRAWFORD, 2002), o que não significa

que o livro precise direcionar a aula, mas sim que ele poderá fornecer estrutura e previsibilidade

suficientes para minimizar as dificuldades enfrentadas por professores e aprendizes. Nesse

contexto, um próspero exemplo é o ensino de alemão para enfermeiros: visando trazer mais

profissionais da área da saúde para o país, a Alemanha tem estimulado a criação de programas

de ensino e de treinamento com este direcionamento específico ao redor do mundo. Como efeito

disso, a pluralidade de materiais didáticos específicos para Enfermagem, em diversos níveis e

com diferentes perspectivas, tem se estabelecido no mercado. Na presente comunicação,

analisaremos três livros didáticos decorrentes desse contexto, comparando, em cada um deles,

o tratamento dado ao mesmo tipo textual: o Pflegebericht, recorrente no dia a dia concreto dos

enfermeiros. Nesse âmbito, a análise relacionará a proposta didática de cada livro com as

respectivas sequências didáticas e tipologias de exercícios, levando em consideração os

aspectos linguísticos e pragmáticos e as condições de produção textual tematizados. Ao fim da

análise, será possível discutir algumas possibilidades de complemento aos materiais pelo

próprio professor, contribuindo para que sejam levantadas algumas ideias para o treinamento

de professores focados nesse tipo de curso.

3. Material didático de língua alemã, inspirado na Agenda 2030 da ONU, para aprendizes

adultos brasileiros iniciantes, em contexto de aula individual e orientado ao letramento

crítico

Louise Ibrügger

O interesse em produzir material didático próprio surgiu a partir da prática pedagógica como

professora de alemão, na busca por diversificar os assuntos debatidos em sala de aula.

Page 25: Seções Apresentações por horário

A proposta do presente trabalho é discutir como abordar materiais autênticos em língua alemã,

que não foram concebidos originalmente para uso em aula, e apresentar uma forma de prepará-

los didaticamente. O emprego de textos autênticos nas aulas de língua estrangeira (LE) objetiva,

principalmente, o fortalecimento da autonomia politica (BENSON, 1997; SCHMENK, 2008)

ao possibilitar maior participação dos aprendizes na língua-alvo.

De acordo com Mattos e Valério (2010), o ensino de LE voltado ao letramento crítico, embora

compartilhe alguns conceitos básicos do ensino comunicativo tradicional, vai, ao mesmo

tempo, muito além deste, visto que sua preocupação central é a inserção do aprendiz na atual

complexidade da sociedade contemporânea, na qual atuam forças ideológicas e relações de

poder antagônicas que necessariamente precisam ser abordadas e compreendidas.

Assim, os temas escolhidos devem ser atuais, engajados e problematizadores, além de convidar

à reflexão e à discussão crítica em sala de aula, uma vez que, aprender uma língua nova constitui

um processo educativo emancipatório com poder de transformação social, no sentido freireano.

Os dezessete objetivos de desenvolvimento sustentável, descritos na Agenda 2030 pelas Nações

Unidas, foram escolhidos como catálogo temático que abriga este compêndio próprio de

materiais do tipo source material e semi-material, de acordo com PRABHU (2019). Um

exemplo concreto será apresentado.

4. Desafios da mercantilização de materiais didáticos em contextos locais de ensino e

aprendizagem de língua alemã

Rayanne Favacho (UERJ)

Poliana Arantes (CNPq, Faperj, UERJ)

Enfrentamos, enquanto docentes de língua alemã, vários desafios no âmbito da aprendizagem

de língua alemã em contextos majoritariamente considerados monolíngues. Um dos maiores

desafios que temos vivido é a adaptação dos materiais de ensino globais, internacionais,

aosnossos contextos locais. Nesse sentido, temos observado uma grande presença de temáticas

nesses livros que se associam a uma ideologia fortemente econômica, de ordem capitalista.

Apresentaremos, portanto, um estudo de caso, que é um recorte de pesquisa de mestrado em

andamento no Programa de Letras da UERJ: a análise dessas temáticas no Kursbuch volume

A1.1 da coletânea Menschen. Para tal análise, utilizaremos a perspectiva Pêcheuxtiana de

Análise do Discurso (PÊCHEUX, 1975:1983) e as análises de aprendizes sob a perspectiva

foucaultiana proposta por ARANTES, 2018, além de referenciais teóricos que se ocupem em

tematizar as relações de poder construídas e perpetuadas através de discursos, como

FOUCAULT (2002) e VAN DIJK (2008). Os resultados das análises nos orientam sobre as

imagens formuladas dos aprendizes e sobre as ideologias que circulam nas propostas de

progressão, temas e gêneros presentes no livro em questão. Além disso, gostaríamos de propor

adaptações possíveis nos materiais a fim de fomentar a reflexão, a criticidade e autonomia dos

aprendizes.

5. Pandemia e produção de materiais audiovisuais de alemão como língua adicional para

crianças

Page 26: Seções Apresentações por horário

Gabriela Amaro (PIBIC – UFRJ)

Daniela Farias (Bolsista de Monitoria – UFRJ)

Profa. Dra. Mergenfel A. Vaz Ferreira (UFRJ)

Esta apresentação tem como contexto o projeto de extensão da Faculdade de Letras PALEP

(Projeto Aulas de Línguas em Espaços Públicos), cujos objetivos principais são a

implementação de cursos de alemão como língua adicional em escolas públicas no Rio de

Janeiro e a elaboração de programas de curso e materiais didáticos que estejam em consonância

com os interesses e as realidades dos aprendizes participantes do projeto – alunas e alunos de

escolas públicas estaduais e municipais. Nesse sentido, os estudos e práticas que desenvolvemos

estão centrados na discussão sobre metodologias e abordagens diferenciadas para o ensino de

línguas adicionais e na elaboração de materiais de ensino que tenham como ênfase aspectos

como a promoção da interculturalidade numa perspectiva crítica (Candau, 2016; Walsh, 2009;

Sampaio; Puh, 2020). Considerando o contexto pandêmico e a inviabilidade da presença dos

extensionistas nas escolas, tivemos como foco ao longo dos dois últimos semestres, o

desenvolvimento de materiais áudio-visuais, que pudessem ser disponibilizados aos alunos das

escolas ou usados em oficinas de língua alemã a serem ofertadas em formato remoto. Essa

comunicação oral, visa, portanto, compartilhar os principais pressupostos que orientaram a

elaboração dos materiais (com base, principalmente, em Scheyerl et al., 2014; Leffa, 2007;

Tilio, 2019 e nos estudos de interculturalidade crítica supracitados) e alguns aspectos ligados

ao processo de produção. Além disso, também apresentaremos os principais desafios

encontrados e traremos para a discussão alguns resultados já observados, a partir do uso desses

materiais em oficinas de língua/cultura alemã online com alunos do 5. ano de uma escola

municipal no Rio de Janeiro.

Referências

CANDAU, Vera Maria. Cadernos de Pesquisa. v.46 n.161, jul./set. 2016. p.802-820.

LEFFA, Vilson. (Org.) Produção de materiais de ensino: teoria e prática. 2.ed. rev. – Pelotas:

Educat, 2007, 206p.

SAMPAIO, Ivanete da H.; PUH, Milan. Da teoria para a prática: propostas formativas

interculturais e decoloniais para quem ensina(rá) línguas no Brasil. Em ALMEIDA, A. Ariadne;

BATISTA, Adriana; KUPSKE, Felipe; ZOGHBI, Denise (org.) Língua em Movimento. –

Salvador : EDUFBA, 2020. P.107-124.

SCHEYERL, Denise; BARROS, Kelly; SANTOS, Diogo. A perspectiva intercultural para o

ensino de línguas: propostas e desafios. Revista Estudos Linguísticos e Literários. Nº 50, jul –

dez | 2014, Salvador, pp. 145-174.

Page 27: Seções Apresentações por horário

TILIO, Rogério. Uma pedagogia de letramento sociointeracional crítico como proposta para o

ensino de línguas na contemporaneidade por meio de uma abordagem temática. In: FINARDI,

K; SCHERRE, M.; VIDON, L. (Org.). Língua, discurso e política: desafios contemporâneos.

Campinas: Pontes, 2019, p. 187-210.

WALSH, Catherine. Interculturalidade Crítica e Pedagogia Decolonial: in-surgir, re-existir e

re-viver. In: CANDAU, Vera (Org.). Educação Intercultural na América Latina: entre

concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p.12-40.

6. Materiais CLIL no ensino de alemão como língua adicional: um relato de experiência

Marcos Antônio Alves Araújo Filho (USP)

Esta comunicação tem por objetivo analisar uma experiência de produção e aplicação de um

material CLIL em alunos de uma escola particular bilíngue na cidade de São Paulo. A sigla

CLIL, em inglês, Content and Language Integrated Learning é uma metodologia que busca

conciliar o ensino de língua adicional e um conteúdo de uma disciplina específica, geralmente

nas áreas de ciências e matemática. Em 2019, conduzimos uma aula com abordagem CLIL no

intuito de coletar material linguístico de um grupo de alunos do 5˚ ano do Ensino Fundamental.

Para tanto, recorremos a um projeto desenvolvido pelo Instituto Fraunhof, com sede na

Alemanha e cujo objetivo é incentivar e promover a aplicação das ciências naturais no Ensino

Fundamental. O projeto disponibiliza materiais com diferentes temas em ciências e é composto

por um vídeo da experiência científica e folhas de atividades para os alunos escreverem suas

hipóteses e conclusões. Para a discussão sobre os resultados, duas perguntas orientam a análise

do material: quais estratégias de comunicação foram usadas pelos alunos para formular as frases

na língua alvo? A partir de Leisen (2015), a produção textual dos alunos apresenta mais aspectos

da Bildungssprache ou da Alltagssprache.

7. Retratos linguísticos como ferramenta para o ensino de alemão como língua adicional

Nádia Dini (USP)

Retratos linguísticos são usados como meio de visualizar experiências vividas e para estimular

processos de reflexão e como ferramenta de levantamento de dados em pesquisas em várias

áreas do conhecimento (BUSCH, 2016). Krumm & Jenkins (2001) apontam que aprender uma

língua está associado a emoções e experiências biográficas de cada sujeito. Esta metodologia

tem um caráter multimodal e também é frequentemente usada em aulas de línguas com o intuito

de sensibilizar os alunos para seu próprio repertório linguístico e torná-los mais conscientes

sobre sua biografia linguística. Em minha apresentação, discutirei o uso desse método no ensino

de línguas, especialmente no ensino de alemão como língua adicional, com base no material

que tenho construído para a coleta de dados em meu projeto de pesquisa. Apresentarei algumas

reflexões realizadas ao longo da construção da sequência didática a ser utilizada na coleta de

dados e analisarei pontos importantes a serem considerados ao empregar o instrumento em sala

de aula, tanto em anos iniciais, quanto com alunos de anos mais posteriores, considerando as

adaptações necessárias. Pretendo apontar questões relevantes para a escolha dos insumos para

o levantamento de dados que acontecerá primeiramente na forma de uma pilotagem com intuito

Page 28: Seções Apresentações por horário

de analisar as condições de aplicabilidade e atentar a fatores inesperados que possam surgir na

condução da atividade. Ao trazer o foco para o contexto escolar, com o exemplo de uma

sequência didática prevista para aplicação no último ano do Fundamental I, pretendo elencar

algumas propostas práticas para o uso em sala de aula, que podem também ser adaptadas a

outros anos. Além disso, irei sugerir atividades de finalização voltadas para a partilha dos

retratos produzidos pelos aprendizes, bem como para o uso contínuo e sistemático dessa

metodologia como possibilidade de contribuir para a construção da identidade desses sujeitos,

propiciar a reflexão sobre as línguas de seu repertório e tornar visível o retrato linguístico da

própria instituição.

8. Produção oral e escrita no projeto Zeitgeist – um livro didático para o contexto

acadêmico

Anisha K. Vetter (UNICAMP)

O projeto Zeitgeist é composto por um grupo de professoras/es interinstitucional de seis

universidades brasileiras e desenvolve atualmente um livro didático de alemão, no nível A1,

para o contexto universitário, incluindo cursos de Letras e centros universitários de línguas. Um

dos princípios orientadores no desenvolvimento deste material é o foco específico dado às

habilidades linguísticas de recepção e produção, assim como suas progressões específicas. Para

isto, a elaboração do livro é organizada por diferentes grupos de trabalho, como produção,

recepção, fonética, Landeskunde, Layout e produção digital. O objetivo do GT de produção é

elaborar atividades específicas baseadas, preferencialmente, em materiais autênticos, para o

desenvolvimento das habilidades produtivas. Esta comunicação objetiva apresentar reflexões e

resultados do trabalho desenvolvido pelo GT de produção até o presente momento. Após uma

breve introdução sobre as concepções e premissas orientadoras do livro didático, serão

apresentadas algumas atividades voltadas à produção oral e escrita, baseadas em princípios

didático-metodológicos como a orientação para o aprendiz, a escolha de temas a partir de uma

perspectiva local e crítica, a autenticidade dos materiais, o fomento da consciência linguística

e a autonomia de aprendizes e professoras/es.

9. A produção de materiais voltada para o ensino de Estratégias de aprendizagem no

ensino de Alemão como língua adicional: um projeto de consultoria acadêmica

Camila Marcucci Schmidt (USP)

Profa. Dra. Marceli Cherchiglia Aquino (USP)

Apresentaremos a produção de materiais dentro de um projeto de consultoria acadêmica voltado

ao ensino de estratégias de aprendizagem individual em turmas de alemão como língua

Page 29: Seções Apresentações por horário

adicional em contexto universitário. Para incentivar uma postura crítica e consciente no seu

processo de aprendizagem, as estudantes de graduação em Letras da disciplina de Língua Alemã

II da Universidade de São Paulo foram envolvidas ativamente no planejamento e

desenvolvimento do projeto. Portanto, toda a produção dos materiais foi baseada nas suas

necessidades e nos seus interesses. Os encontros da consultoria foram acompanhados por duas

monitoras da disciplina, que negociavam com as estudantes as atividades a serem realizadas e

foram responsáveis pela produção dos materiais, assim como pela discussão dos resultados. As

análises foram baseadas nas anotações de campo das monitoras, nos registros dos diários de

aprendizagem e nas respostas em um questionário online. Os resultados obtidos sugerem que

as atividades do projeto de consultoria acadêmica incentivaram as alunas a se sentirem

responsáveis pelo seu processo de aprendizagem, sendo possível observar um posicionamento

crítico-reflexivo com relação às suas próprias necessidades e estilos de aprendizagem.

Palavras-chave: Produção de materiais; Estratégias de aprendizagem; Alemão como Língua

Adicional; Consultoria de Aprendizagem; Monitoria acadêmica

10. Produção de material didático por e para alunos de graduação em língua alemã

Milan Puh (USP)

Nesta comunicação será apresentada a experiência de produção de um material didático por

alunos da habilitação em língua alemã na Universidade de São Paulo, com o intuito de servir

como apoio para os colegas do mesmo curso, mas também para interessados em cursar alemão

e ainda para um público geral que possa ter curiosidade em conhecer melhor a área. A

preocupação inicial partiu da percepção da baixa produtividade brasileira no que se refere aos

materiais e recursos didáticos ou mesmo a pouca visibilidade que é atribuída às produções

nacionais que se encontram pulverizadas em diversas instituições e indivíduos, dando lugar à

preparação de guias formativos. Portanto, a publicação que surgiu desse cenário visou o

envolvimento de alunos de diferentes habilitações em línguas em um projeto institucional cujos

resultados serão comentados e discutidos para que possa avaliar os efeitos desse tipo de

experiência em que a produção de materiais didáticos é feita por aqueles e aquelas que

futuramente os consultarão. Metodologicamente, o projeto que resultou na publicação se baseou

nos conceitos de decolonialidade, interculturalidade, pluri e translinguismo, autonomia e

reflexividade e solidariedade e cooperação, propondo, além de uma introdução mais teórica em

que houve uma discussão conceitual, guias individuais nos quais foram tratados a história e as

principais características da língua e culturas alemã (e não só), bem como a sua situação no

Brasil e na Universidade de São Paulo, passando pela estrutura do curso, materiais didáticos

disponíveis, recursos digitais, locais e eventos de ensino dentre alguns dos temas abordados,

finalizando com a sugestão de planos de ação enquanto parte de uma formação de aprendizes

de língua alemã. Os temas foram sondados por meio de levantamentos entre os/as discentes do

curso, focando inicialmente nos veteranos e depois nos calouros, e ao terminar o material, o

mesmo foi testado por meio de oficinas pedagógicas. Os primeiros resultados apontam para

uma melhoria significativa em hábitos de estudo e competências linguísticas e profissionais

tanto em relação os produtores do material como em aprendizes em momento inicial de sua

formação universitária.

Palavras-chaves: universidade, guias formativos, Brasil, material didático

Page 30: Seções Apresentações por horário

11. Produção de materiais enquanto conteúdo didático na formação inicial de professores de

alemão

Dörthe Uphoff (USP)

Disciplinas da licenciatura em língua alemã frequentemente incluem conteúdos como avaliação

e elaboração de materiais didáticos. No entanto, ainda há pouca discussão acadêmica sobre os

critérios e procedimentos que embasam a produção de materiais na área de alemão.

Considerando essa situação, a presente comunicação tem por objetivo apresentar uma proposta

de conteúdos programáticos para a composição de uma disciplina ou sequência didática no

âmbito da licenciatura, referente à produção de materiais didáticos para o ensino-aprendizagem

de alemão. Entre os tópicos a serem discutidos, figuram a relação entre material didático e

planejamento do ensino, a seleção e adaptação de textos (autênticos) e a criação de atividades

para esses insumos. Os conteúdos em questão foram aplicados e avaliados, até o momento, em

três contextos diferentes de formação de professores: uma disciplina optativa do curso de

bacharelado em Filologia Alemã da Universidade de Viena (2020), uma disciplina de pós-

graduação no âmbito do programa de Língua e Literatura Alemã da USP (2021), além de um

seminário avulso de aperfeiçoamento para professores de Alemão como Segunda Língua na

Áustria (2021). Os desafios relacionados aos diferentes formatos e públicos-alvo das

experiências também serão objeto de análise e discussão.

Proposta de sequência e blocos para as seções integradas 4 e 6 sobre formação de professores

de alemão

Dia 24 – Bloco da manhã: Carina e Meg

1. Formação inicial de futuros docentes em língua alemã: os entre-lugares de uma

educação linguística - Milan Puh (USP) e Elaine Cristina Roschel Nunes (USP)

2. Perspectivas outras para o ensino-aprendizagem de alemão: interculturalidade e

decolonialidade em foco – Ivanete da Hora Sampaio (UFBA)

3. Questões para uma formação decolonial de professores de alemão no Brasil - Marina

Grilli

4. O movimento negro alemão e suas produções culturais como material de estudo em

aulas de alemão como língua estrangeira - Maria Vitória Felix Santos (USP) e Milan

Puh (USP)

Dia 24 – Bloco da tarde: Roberta e Paul

5. Diálogo, reflexão e atitude investigativa: experiências do semestre remoto e

perspectivas para retorno presencial nas disciplinas de estágio de alemão na

Universidade Federal Fluminense – Giovanna Chaves (UFF)

Page 31: Seções Apresentações por horário

6. A afetividade nas práticas pedagógicas do ensino da língua alemã – o olhar do

professor - Vanja Ramos Vieira de Campos (UNICAMP) e Sergio Antonio da Silva

Leite (UNICAMP)

7. A autopercepção de docentes de ALE com alemão L1 ou LX a respeito da própria

competência didática e o papel da primeira língua – Daniele Polizio (USP/ Uni Wien)

8. Warum Deutsch? - Sarah Jacobs (DAA? UFMG)

Dia 25 – Bloco da manhã: Liza e Ebal

9. Oportunidades do treinamento da pronúncia no ensino online de ALE - Carina

Schumann (DAAD/ Universidade Federal do Rio de Janeiro)

10. As Contribuições do Pinterest para a Aprendizagem de Alemão como Língua

Estrangeira - Ana Lívia Catoia (UNESP/FCLAR) e Cibele Cecilio de Faria Rozenfeld

(UNESP/FCLAR)

11. A contribuição dos conhecimentos históricos para a formação do professor de alemão

como língua estrangeira - Gabriela Hoffmann Lopes (Universidade Feevale)

Resumos

1) Formação inicial de futuros docentes em língua alemã: os entre-lugares de uma educação

linguística

Milan Puh – [email protected]

Elaine Cristina Roschel Nunes - [email protected]

Esta comunicação objetiva discutir os entre-lugares da/na formação de futuros docentes em

alemão, identificados em uma disciplina de formação de professores específica na Universidade

de São Paulo. Na ocasião, serão apontados temas, discussões e conceitos a serem considerados

como elementos de uma formação brasileira e latino-americana na área do ensino-

aprendizagem de alemão. Para tanto, utiliza-se o conceito de entre-lugar de Santiago (2000), o

qual permitirá observar lugares que poderiam constituir uma diferença na epistemologia da

área, não enquanto lugares de subalternidade e periferia, mas de potencialidade para a

construção de projetos e atuações formativas, garantindo uma maior autonomia, segurança e

equilíbrio à formação inicial em alemão no Brasil. Esse espaço fronteiriço será complementado

com a reflexão advinda da preparação e transformação de uma disciplina de formação

obrigatória para futuros professores e professoras de alemão, em função da necessidade da

prática reflexiva de “aprender a desaprender” (Mignolo, 2008). Assim, serão comunicadas as

primeiras considerações sobre a possibilidade de se pensar a organização do ensino de alemão

centrada em temáticas e pressupostos teórico-metodológicos localizados entre as diversas

oportunidades e necessidades que se encontram no território brasileiro, tal aponta

Kumaravadivelu (2012) no seu parâmetro da particularidade. Pensa-se que, dessa maneira, será

possível ter um olhar mais atento para aquilo que tradicionalmente não é trabalhado ou discutido

com os profissionais que lecionarão a língua alemã em contexto brasileiro, não se

fundamentando mais somente em uma preparação a priori de ensino, mas trazendo a escuta

Page 32: Seções Apresentações por horário

empática e ativa (ROGERS 1975, 1977) como elemento essencial para que o processo

formativo inicial seja mais significativo e menos ameaçador. Para instigar olhares outros, será

esboçada ainda a perspectiva de concepção de um programa de mentoria, que leve em conta as

condições locais brasileiras, as possibilidades a nível macro e o envolvimento de diferentes

esferas, inclusive do poder público. Portanto, assumir as faltas e os desafios como uma

potencialidade possibilitará que tópicos como interseccionalidade, inclusão docente,

democratização, mentoria em trocas dialógicas, cooperação e colaboração possam servir como

entre-lugares na educação linguística brasileira para/através da língua alemã.

Palavras-chave: entre-lugares, diferença, epistemologia do ensino, escuta ativa, mentoria.

2) Perspectivas outras para o ensino-aprendizagem de alemão: interculturalidade

decolonialidade em foco

Ivanete da Hora Sampaio (UFBA)

Este trabalho faz parte de uma tese desenvolvida em doutorado acadêmico, no bojo de uma

pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, tecida a partir de minha experiência profissional

enquanto pesquisadora negra e professora de alemão. Assentada no arcabouço teórico da

Linguística Aplicada e em sua interdisciplinaridade, a exemplo do Letramento Racial Crítico,

objetivo investigar o ensino da língua alemã em Salvador, ampliando esta finalidade a

consideração de uma prática pedagógica numa perspectiva intercultural e decolonial, discutindo

língua como poder, ato de (re)existência e de empoderamento. Para tanto, baseio-me em

discussões de Souza (2011), Ferreira (2012; 2015), Gomes (2017), Mendes (2019), Puh (2020a;

2020b) e Oliveira (2008; 2016), que apontam sobre como os movimentos sociais educam e

configuram interesses em políticas linguísticas, abordando a existência de línguas minorizadas

no Brasil, considerando este um país plurilíngue. Sendo o Brasil o país com um grande número

de falantes de língua alemã fora da Alemanha, além de um território com mais de 160 línguas

indígenas, assim como possui a maior população negra fora da África, como tais considerações

significam em um contexto de ensino de línguas estrangeiras? (CALVET, 2007; OLIVEIRA,

2008, 2016; RAJAGOPALAN, 2008). Já que o domínio de uma língua estrangeira abre as portas para vários mundos e várias pessoas e se língua é poder, então somos convidados a

estruturar, facilitar e ampliar o processo de ensino-aprendizagem para aquelas e aqueles que

tenham interesse. Gonzalez (1988) cunha o termo Amefricanidade, que com suas implicações

políticas e culturais, nos permitem empreender discussões que ultrapassam as limitações de

caráter territorial, linguístico e ideológico, abrindo novas perspectivas para um entendimento

mais profundo dos povos das Américas, para além do seu caráter puramente geográfico, que

também incorpora todo um processo histórico de intensa dinâmica cultural, que é afrocentrada,

e nos encaminha no sentido da construção de toda uma identidade étnica. Ressalta-se aqui que

estas temáticas também são discutidas em grupos de pesquisa nos quais sou integrante, como o

LINCE (Núcleo de Estudos em Língua, Cultura e Ensino) /UFBA e o GEELAB (Grupo de

Estudos em Ensino de Língua Alemã no e do Brasil), este último ainda em formação. Assim

num trabalho coletivo, acredita Sampaio e Puh (2020), que seja possível criar estratégias de

interlocução entre espaços de ensino- aprendizagem diferentes, em que a teoria-prática-reflexão

possa ser trabalhada de forma intercultural e decolonial.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de alemão, Formação de professores,

Interculturalidade, decolonialidade, Relações Étnico-raciais.

Page 33: Seções Apresentações por horário

3) Questões para uma formação decolonial de professores de alemão no Brasil

Marina Grilli (USP)

As línguas de prestígio sempre foram ensinadas à população brasileira sob uma perspectiva

eurocêntrica, refletindo a mentalidade colonial. Este trabalho retoma brevemente o histórico

das políticas linguísticas que levaram o povo brasileiro a um acesso muito escasso a línguas de

prestígio (GRILLI, 2018; 2020), e defende que o ensino de alemão em nosso país deve estar

firmemente ancorado na realidade brasileira – conforme a proposta do nascente Grupo de

Estudos em Ensino de Língua Alemã no e do Brasil (GEELAB).

A fim de ilustrar possíveis caminhos para uma tal formação decolonial de professores de

alemão, serão discutidas na segunda parte da comunicação algumas percepções de professores

em formação e de professores já atuantes acerca de aspectos da colonialidade no ensino da

língua, coletadas em oficinas formativas voltadas para esses dois públicos (GRILLI, 2021). Nas

falas dos participantes, nota-se uma preocupação em não reproduzir pressupostos de ensino

coloniais – entretanto, é possível superar essa contraposição entre teoria colonial e prática

decolonial, à medida em que os professores assumirem uma postura de teóricos decoloniais.

Palavras-chave: ensino de alemão, alemão no Brasil, formação docente, decolonialidade.

Referências

GRILLI, Marina. A práxis pedagógica no ensino de alemão: reflexões formativas. Revista

Projekt, v. 60, 2021, pp. 22-30.

GRILLI, Marina. Passado, presente e futuro do ensino de línguas no Brasil: métodos e políticas.

Linguagens – Revista de Letras, Artes e Comunicação, v. 12, n. 3, 2018, pp. 415-435.

GRILLI, Marina. Por uma educação linguística Translíngue e Decolonial: questões para o

ensino de alemão. Revista Iniciação & Formação Docente, v. 7, n. 4, 2020, pp. 904-930.

4) O movimento negro alemão e suas produções culturais como material de estudo em aulas

de alemão como língua estrangeira

Maria Vitória Felix Santos (USP)

Milan Puh (USP)

O objetivo deste estudo é discutir as questões da comunidade negra alemã nos estudos

germânicos e na sala de aula, pensando como a comunidade negra alemã se vê, quais são as

suas produções e como trazer visibilidade para essas narrativas e vivências no estudo e ensino

da língua e na formação de professores.

Page 34: Seções Apresentações por horário

Este estudo foi realizado na Universidade de São Paulo e teve a sua metodologia dividida em

dois momentos. O primeiro foi na produção de um podcast sobre o movimento afro-alemão,

produzido com Jorge Lucas Migotto e Thaís Gonzaga para a uma disciplina do bacharelado

ministrada pelo Prof. Dr. Christian Ernst. O segundo momento foi uma apresentação sugerida

pelo Prof. Dr. Milan Puh para uma disciplina da licenciatura.

Com base nas primeiras análises deste estudo, são sugeridos dois pontos significativos no

tratamento das questões da comunidade negra em sala de aula. O primeiro seria em relação à

necessidade de que os alunos desconstruam a ideia de que a Alemanha é formada somente por

pessoas brancas e a ideia de que narrativas negras tem que falar especificamente sobre o

racismo. Em relação ao segundo ponto, sugere-se o trabalho em sala de aula com três formas

iniciais: apresentando obras da comunidade negra alemã, como poemas, livros, pinturas, entre

outros; apresentando personalidades ou projetos importantes para a comunidade, seja

mostrando a história de uma personalidade ou apresentando um documentário e promovendo

debates sobre temas pertinentes a comunidade, de forma a construir essas discussões de forma

mais ativa e direta.

O destaque que temos no estudo é de que ao trazer as produções artísticas e discussões da

comunidade negra alemã para a sala de aula há uma colaboração significativa com a

compreensão da diversidade da Alemanha e discussões sobre inclusão. O contato com as

produções da comunidade negra também pode trazer uma conexão maior dos alunos e,

consequentemente, contribuir no aspecto motivacional do aprendizado, considerando que a

cultura brasileira dialoga com as culturas da diáspora africana. Por fim, a discussão também

pode auxiliar nos processos e pesquisas relacionadas ao ensino decolonial da língua, já que a

questão racial passa diretamente pelo contexto da colonialidade.

Referências Bibliográficas

BACKES, B.; Backes, José Licínio. A luta decolonial de professores militantes da causa negra

em contextos de colonialidade germânica. QUAESTIO: Revista de Estudos de Educação, v. 21,

p. 965- 989, 2019.

FREITAS, Alessandra de. Competência Simbólica e Poesia Afro-Alemã:: reflexões para uma

perspectiva translíngue na formação de professores de alemão. Revista X, Paraná, v. 15, n. 1,

p. 181-201, 2020. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/328070974.pdf. Acesso em:

24 out. 2021.

JESUS, Jessica Flavia Oliveira de. May Ayim e a Tradução de poesia Afrodiaspórica de Língua

Alemã. 2018. 165 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Estudos de Tradução, Universidade

Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018. Disponível em:

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/193845/PGET0373-D.pdf?sequence=-

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OLIVEIRA, Luiz Henrique Silva de. “Escrevivência” em Becos da Memória, de Conceição

Evaristo. Estudos Feministas, Florianópolis, v.17, n. 2, p. 621-623, maio 2009. Disponível em:

https://www.scielo.br/j/ref/a/X8t3QSJM5dMTjPTMJhLtwgc/?lang=pt&format=pdf. Acesso

em: 24 out. 2021.

PEREIRA, Rogéria C. Motivação para aprendizado do alemão em contexto extensionista. In:

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UPHOFF, D. et al. (Orgs.) Alemão em contexto universitário: ensino, pesquisa e extensão. São

Paulo: FFLCH/USP, 2019, pp. 193-216.

5) Diálogo, reflexão e atitude investigativa: experiências do semestre remoto e perspectivas

para retorno presencial nas disciplinas de estágio de alemão na Universidade Federal

Fluminense

Giovanna Lorena Ribeiro Chaves (UFF)

Com escolas fechadas adaptando-se ao ensino remoto durante os semestres de pandemia

COVID-19, as disciplinas de prática de ensino nas universidades ganharam - forçosamente -

um novo formato. A adequação das ementas e de atividades de estágio limitaram, por um lado,

as experiências presenciais de licenciandos na escola, por outro, ampliaram o contato e o

diálogo de estudantes com professores e outros profissionais do ensino. Reconhecendo tal

proximidade e troca como essencial na formação docente (cf. NÓVOA, 2009) e na tentativa de

torná-las permanentes e constantes, inclusive após o retorno às atividades presenciais, buscam-

se novas configurações para as disciplinas de Pesquisa e Prática Educativa dos currículos de

Licenciaturas em Letras Alemão na Universidade Federal Fluminense (UFF). Como o próprio

nome da disciplina já indica, as diretrizes (UFF/Coordenação das Licenciaturas, 2002) e

políticas institucionais para formação de professores (UFF/CEPEx, 2018), bem como a base

comum para licenciaturas da UFF (UFF/CEPEx, 2017), estabelecem a articulação da prática de

ensino com a pesquisa. O presente trabalho apresenta o desenvolvimento das atividades na

referida disciplina ministrada para estudantes de Letras Alemão no atual contexto de ensino

remoto e prevê uma transição para a volta às aulas presenciais, procurando concatenar atitude

investigativa e reflexiva (ALLWRIGHT, 2003; ALLWRIGHT, 2005); diálogo com escolas e

professores da educação básica e saberes para o ensino de alemão como língua estrangeira.

ALLWRIGHT, D. Developing principles for practitioner research: The case of exploratory

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ALLWRIGHT, D. (2003). Exploratory practice: Rethinking practitioner research in language

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NÓVOA, António. Professores: Imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.

UFF/CEPEx. Resolução Nº 616/2017. Estabelece a Base Comum para os Cursos de

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<https://www.uff.br/sites/default/files/sites/default/files/imagens-das-noticias/20._015-2018_-

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UFF/CEPEx. Resolução Nº 131/2018. Estabelece a Política Institucional para Formação Inicial

e Continuada de Professores da Educação Básica, altera a Resolução CEP Nº 76 de 16/05/2007

e dá outras providências. Disponível em:

<https://www.uff.br/sites/default/files/sites/default/files/imagens-das-noticias/17._bs_073-

18_-_resoluaeo_cepex_131-

Page 36: Seções Apresentações por horário

2018_poltica_institucional_para_a_formaaeo_de_professores.pdf>. Acesso em: 9 out 2021.

UFF/Coordenação das Licenciaturas. Diretrizes para a formação de professores na UFF.

Niterói: EdUFF, 2002.

6) A AFETIVIDADE NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO ENSINO DA LÍNGUA

ALEMÃ – O OLHAR DO PROFESSOR

Vanja Ramos Vieira de Campos (UNICAMP)

Sergio Antonio da Silva Leite (UNICAMP)

O presente trabalho descreve e analisa as concepções pedagógicas adotadas por professores de língua

estrangeira, de diversos estados do país, com foco na questão da dimensão afetiva e no atual contexto

de globalização. Nesta nova ordem mundial, ressalta-se que o ensino das línguas estrangeiras é alvo dos

impactos desta realidade instalada. Se por um lado a internet promove a derrubada de fronteiras e

aproximação de povos, por outro, a língua pode servir como instrumento de inserção, circulação e

posicionamento frente às ideologias vigentes. Os modelos de educação interacionistas, baseados nas

perspectivas teóricas de Vigotski e Wallon, dão ênfase ao papel da dimensão sócio cultural no processo

educacional e conduzem a linha de raciocínio e ponderações acerca das práticas pedagógicas no ensino

de línguas. Assim, a mediação do professor de língua estrangeira, ao levar em conta os elementos

afetivos, tanto objetivos quanto subjetivos, para adequação de suas ações, pode alcançar resultados de

sucesso. Sob o olhar de 85 professores, ainda que extremamente plural, nos mais variados aspectos,

encontramos muitos pontos convergentes.

Explorar o ponto de interseção entre o individual e o social, no ensino de línguas estrangeiras,

permite refletir sobre como as formas de ação e interação social humanas são capazes de compreender

e compor as formas discursivas sob as diversas linguagens, sob diferentes formas político-ideológico-

culturais e nas mais variadas experiências sociais e históricas.

Os resultados da presente pesquisa sugerem que o grupo de docentes parece ter conhecimento

sobre o adequado encaminhamento das práticas pedagógicas e destaca-se a relevância da abordagem de

temas socioculturais associados às expectativas de desempenho linguístico e às implicações para a vida

social do aluno. Os resultados inferem que, no cerne do processo de ensino-aprendizagem de línguas

está a mediação do professor, no estabelecimento de relações afetivas positivas constitutivas do processo

de construção do conhecimento para uma educação emancipatória.

7) A autopercepção de docentes de ALE com alemão L1 ou LX a respeito da própria competência

didática e o papel da primeira língua

Page 37: Seções Apresentações por horário

Daniele Polizio (USP | Universität Wien)

Para aprendizes e docentes de uma língua adicional o ideal do native speaker representa desde sempre

o ponto de referência para modelos e abordagens didáticas (MEDGYES 1994). A este respeito, um dos

aspectos que mais caracteriza a imagem dos docentes é, geralmente, a sua primeira língua, isto é, se eles

são ou não falantes nativos da língua ensinada.

A presente contribuição tem por objetivo a apresentação de meu projeto de doutorado, no qual pretendo

analisar, através de um estudo qualitativo, as possíveis diferenças e pontos em comum na percepção que

docentes de ALE com alemão L1 ou LX em instituições de ensino brasileiras têm a propósito da própria

competência didática (cf. JANK/MEYER 2002). Em seu estágio atual, o estudo prevê entrevistas

individuais semiestruturadas e entrevistas em grupos, nas quais serão investigados os seguintes fatores:

(i) como os entrevistados julgam os próprios métodos de ensino, sobretudo em relação ao ensino da

gramática e de aspectos culturais; (ii) em disciplinas de qual nível linguístico eles preferem atuar; (iii)

como esses professores julgam a interação com os seus aprendizes e seus colegas; (iv) como eles avaliam

a própria competência linguística e didática e (v) como esses professores se sentem em relação aos seus

colegas com alemão L1 ou LX.

A didática do inglês como segunda língua ou língua estrangeira confronta-se já aproximadamente há

trinta anos com questões relativas aos docentes L1 e LX, analisando sobretudo opiniões e percepções

de docentes, aprendizes e administradores de instituições de ensino (cf. MOUSSU/LLURDA 2008, para

uma visão geral). Por outro lado, no campo do ALE essas discussões foram exploradas raramente e de

forma pouco sistematizada (BRACKER/POLIZIO 2021, RIORDAN 2018, GHANEM 2014, MURTI

2002, HINKEL 2001, LIEHR 1994), embora também o alemão seja ensinado em inúmeros países do

mundo, tanto por docentes L1 quanto para docentes LX.

Em relação a estas lacunas na pesquisa didática do ALE, minha contribuição irá concentrar-se na

situação atual da investigação, nas primeiras estratégias metodológicas e no possível desenvolvimento

do trabalho de pesquisa.

Referências bibliográficas:

BRACKER, Philip; POLIZIO, Daniele. Selbstwahrnehmung Lehrender mit Deutsch L1 oder LX

hinsichtlich ihres Verhaltens im DaF-Unterricht. In: mAGAzin 28, ISSN 1136-677X. Winter 2020, 21-

34, 2021.

Page 38: Seções Apresentações por horário

BRAINE, George. Nonnative Speaker English Teachers. Research, Pedagogy, and Professional Growth.

New York/London: Routledge, 2010.

HINKEL, Richard. Sind ›native speaker‹ wirklich die besseren Fremdsprachenlehrer? Fremdper-

spektive in DaF-Unterricht und Auslandsgermanistik. In: Info DaF, Vol. 28(6), 585-599, 2001.

JANK, Werner; MEYER, Hilbert. Didaktische Modelle. 5. Auflage, Berlin: Cornelsen, 2002.

LEONARD, Josie. Beyond ‘(non) native-speakerism’: Being or becoming a native-speaker teacher of

English. In: Applied Linguistics Review, 10(4), 677-703, 2009.

LIEHR, Harald S. Muttersprachler als Sprachlehrer: Chancen und Risiken. In: Die Unterrichtspraxis /

Teaching German, Vol. 27(2), 43-49, 1994.

MEDGYES, Péter. The non-native teacher. London: Macmillan, 1994.

MOUSSU, Lucie; LLURDA, Enric. Non-native English-speaking English language teachers: History

and research. In: Language Teaching, 41:3, 315-348, 2008

MURTI, Kamakshi P. Whose Identity? The Nonnative Teacher as Cultural Mediator in the Language

Classroom. In: ADFL Bulletin, 34, 1, 26-29, 2002.

RIORDAN, Emma. Language for Teaching Purposes. Bilingual classroom discourse and the non-native

speaker language teacher. Cham: Palgrave Macmillan, 2018.

8) Warum Deutsch?

Sarah Jacobs (DAAD/UFMG)

In meiner Masterarbeit habe ich eine Analyse subjektiver Erfahrungen von brasilianischen Studierenden

der Germanistik an der Universidade Federal de Rio de Janeiro in Brasilien durchgeführt.

Es wurden konkrete Anhaltspunkte in Bezug auf die Bildungsbiographie gefunden und überprüft,

insbesondere mit Blick auf die deutsche Sprache und Kultur innerhalb der brasilianischen Sprachpolitik.

Weiterhin wurde untersucht, welche Lebensumstände oder welche Politik unter anderem im

Bildungswesen Einfluss haben.

Die brasilianischen Studierenden sind durch die kulturellen Strukturen in ihren Entwicklungslinien stark

an Familie gebunden und vor allem das sozioökonomische Kapital beeinflusst Entscheidungen der

Studierenden. Langfristig sind die beruflichen Perspektiven von großer Bedeutung, welche die

Studienmotivation beeinflussen können. Jedoch fehlen den Studierenden Informationen und

Page 39: Seções Apresentações por horário

Kompetenzen, um die Kosten und den Nutzen auf dem sprachlichen Markt in Brasilien, in Deutschland

oder weltweit abzuwägen. Darüber hinaus kommt ein kultureller Aspekt hinsichtlich der eigenen

Identität zum Vorschein, der ein Hindernis für langfristige Lebenspläne in Deutschland darstellt.

Mit der Kenntnis von Gründen, warum Deutsch in Brasilien gelernt wird, könnten Schulen und

Hochschulen in Brasilien Rahmenbedingungen schaffen, um Deutsch attraktiver zu gestalten. Neben

studiengebührenfreien Universitäten sind der Kontakt zur deutschen Sprache und Kultur im

Allgemeinen sowie die Vergabe von Stipendien für Deutschlandaufenthalte relevant.

Den Studierenden muss offengelegt werden, dass sie sich durch ein Germanistikstudium in Brasilien

transnationales Humankapital aneignen und neben personenbezogenem Wissen werden auch

Fähigkeiten ausgebildet, die sie in die Lage versetzen, jenseits ihrer Nation zu agieren. Es kann davon

ausgegangen werden, dass die Studierenden weder landeskundlich noch berufsorientierend ausreichend

begleitet werden.

Die entscheidende Frage: Welche Rolle spielen wir?

9) Oportunidades do treinamento da pronúncia no ensino online de ALE

Carina Schumann (DAAD/UFRJ)

A completa mudança do ensino presencial para o ensino online, necessária por causa da

pandemia, fez com que nós professores/as nos dedicássemos mais ao uso de mídias digitais no

ensino. Embora o treinamento da fala seja frequentemente visto como a maior dificuldade, o

ensino online oferece excelentes oportunidades nesta área, especialmente com relação ao

treinamento de pronúncia – um campo particularmente importante para futuros/as

professores/as de alemão, porque mesmo os conhecimentos gramaticais e lexicais mais

abrangentes podem perder seu valor se o discurso é mal compreendido por causa de uma

pronúncia não-padronizada. Além disso, em nenhuma outra área o/a professor/a é um modelo

tão forte.

Nunca fomos capazes de dar a nossos/as alunos/as um feedback tão detalhado e individual sobre

sua pronúncia e de acompanhar e avaliar seu processo de aprendizagem de forma tão sistemática

como no ensino online assíncrono. É precisamente nestas oportunidades que esta apresentação

irá se concentrar: Por um lado, apresentarei material didático adequado para o treinamento da

pronúncia tanto em aulas online síncronas quanto assíncronas e, por outro lado, mostrarei quais

sites e especialmente quais programas de reconhecimento automático da fala podem nos ajudar

a registrar e avaliar o progresso do aprendizado em fases assíncronas e torná-lo mais

transparente para os/as alunos/as.

Referências bibliográficas

Dahmen, Silvia; Hirschfeld, Ursula. Phonetik in der Unterrichtspraxis. Fremdsprache

DEUTSCH, n. 55, 3-9, 2016.

Page 40: Seções Apresentações por horário

Hirschfeld, Ursula. Phonetik im Kontext mündlicher Fertigkeiten. Babylonia n. 2, 10-17,

2011.

Hirschfeld, Ursula; Reinke, Kerstin. Phonetik im Fach Deutsch als Fremd- und Zweitsprache:

Unter Berücksichtigung des Verhältnisses von Orthografie und Phonetik, Berlin, 2018.

Neuber, Baldur. Überlegungen zur Weiterbildung für Lehrkräfte in der Phonetik im Fach

Deutsch als Fremd- und Zweitsprache. Zeitschrift für interkulturellen

Fremdsprachenunterricht 12 (2), 1-10, 2007.

Niebisch, Daniela. Integration der Ausspracheschulung in den DaF-/DaZ-Unterricht.

Babylonia n. 2, 53-57, 2011.

Svobodová, Markéta. Die Rolle der Phonetik um Deutschunterricht. Tese – Universidade

Masaryk, Brünn, 2009. Disponível em:

https://is.muni.cz/th/104316/pedf_m/Diplomova_prace.pdf (29/10/2021).

10) As Contribuições do Pinterest para a Aprendizagem de Alemão como Língua Estrangeira.

Ana Lívia Catoia

Cibele Cecilio de Faria Rozenfeld.

(UNESP/FCLAR)

A pandemia do Covid-19 causou, e ainda causa, forte impacto na aprendizagem e no campo

educacional em todo o mundo, tendo em vista que a sala de aula teve que ser substituída por

ambientes on-line. No entanto, muito antes do contexto pandêmico, já se vinha observando e

estudando a inserção das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (doravante

TDICs) nos processos de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, defendemos a relevância

de o professor tomar conhecimento das ferramentas comumente utilizadas pelos alunos, para

que ele possa, assim, orientá-los em seu processo de aprendizagem. Assim, partimos da

observação de que o Pinterest é uma ferramenta bastante rica para a aprendizagem de línguas.

Diante disso, este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa de

Iniciação Científica (Fapesp. Processo Nr 2019/27134-3), na qual foi realizada uma análise das

propriedades e do potencial do Pinterest como recurso tecnológico para a aprendizagem de

língua alemã. Para tanto, utilizamos como aporte teórico os estudos sobre os Multiletramentos

(Rojo, 2012), os Entornos Pessoais de Aprendizagem (doravante EPA) (Castañeda e Adell,

2013), o conceito de aprendizagem ubíqua (Santaella, 2014) e trabalhos que focalizam o uso de

TDICs em sala de aula de língua estrangeira (Kenski, 2008; Leffa, 1988). Trata-se de uma

pesquisa de natureza qualitativa, pois busca descrever um fenômeno social e interpretá-lo

(Gehradt e Silveira, 2005). Com relação ao tipo, ela é auto etnográfica, tendo em vista que a

pesquisadora utilizou o Pinterest para sua própria aprendizagem de alemão e registrou em diários reflexivos todas as suas impressões acerca das funcionalidades da ferramenta, pautando

seus relatos em sua experiência pessoal como aluna e pesquisadora. Os resultados apontaram

para o grande potencial do Pinterest para aprendizagem de alemão, tendo em vista sua natureza

como rede social, sua forma de funcionamento para coleta e organização de pins e infográficos,

bem como por permitir acesso rápido e fácil aos insumos nele disponibilizados. A aprendizagem

móvel, possibilitada a qualquer tempo e espaço, bem como a interação entre os usuários com

o mesmo objetivo de uso, foram elementos bastante motivadores e contribuíram para o avanço

na aprendizagem de elementos e fenômenos linguísticos. Ao possibilitar ao aprendiz o papel de

protagonista de seu processo, destacamos que o aplicativo permite ao aluno ir compondo seu

Page 41: Seções Apresentações por horário

Entorno Pessoal de Aprendizagem, de forma a fomentar a autonomia e a construção de

conhecimentos de maneira individualizada. Além disso, o aplicativo se tornou um aliado nos

estudos da pesquisadora/aluna, de forma complementar às aulas presenciais, mobilizando sua

curiosidade e sua autonomia para a aprendizagem, na medida em que se trata de um recurso

disponível online a qualquer momento do dia e a qualquer lugar.

Palavras-chave: Pinterest; aprendizagem de alemão; aprendizagem ubíqua

Referências Bibliográficas

CASTAÑEDA, L; ADELL, J. Entornos Personales de Aprendizaje:claves para el ecosistema

educativo em red. Alcoy: Marfil. San Eloy. 2013.

GEHARDT, E., SILVEIRA T. Métodos de Pesquisa. Editora: Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, 2009. Disponível em

<http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/dera005.pdf> Acesso em 7 nov. 2019.

KENSKI, Vani. Novos Processos de Interação e Comunicação no Ensino Mediado pelas

Tecnologias. In: Cadernos Pedagogia Universitária, v. 7, 2008.

LEFFA, V. J. Metodologia do ensino de línguas. In BOHN, H. I.; VANDRESEN, P. Tópicos

em linguística aplicada: O ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 1988.

p. 211-236.

ROJO, Roxane Helene R. Multiletramentos na escola. Editora: Parábola Editorial. São

Paulo,2012.

SANTAELLA, Lucia. A aprendizagem ubíqua na educação aberta. Tempos e Espaços em

Educação. Universidade Federal de Sergipe. 2014. Disponível em: <

https://pdfs.semanticscholar.org/e3ff/999f9e28837458eccfb40547104b1b2a0145.pdf> Acesso

em: 28 jun. 2021

11) A contribuição dos conhecimentos históricos para a formação do professor de alemão como língua

estrangeira

Gabriela Hoffmann Lopes (Universidade Feevale)

RESUMO: A partir do proposto nas “Teses ABCD para o papel dos estudos de cultura nas

aulas de alemão”, documento concebido internacional e cooperativamente em 1990 e basilar

para a disciplina de Alemão como Língua Estrangeira, verifica-se a importância conferida à

área da História na implementação de um ensino que leve em conta a diversidade cultural e

linguística dos países de expressão alemã. As noções de cultura e civilização, bem como as

delas decorrentes - de nação e identidade nacional - estão no cerne de propostas e parâmetros

para o ensino de línguas estrangeiras na atualidade e se desenvolveram destacadamente na

Europa nos últimos séculos. Conhecer o percurso histórico dessas noções fundamenta a prática

do professor e o prepara melhor para enfrentar a problemática do sujeito e sua identidade em

um mundo pós-moderno, pós-industrial e globalizado, em que a busca por unidades nacionais

ou regionais conflita muitas vezes com a ideia de cultura definida pela mistura. Cabe ao

Page 42: Seções Apresentações por horário

professor de línguas estrangeiras, especialmente se de uma língua pluricêntrica, como é o caso

do alemão, o desafio de trazer à tona e equilibrar esses diferentes aspectos em sua prática

cotidiana. Essa comunicação, concebida a partir de pesquisa de natureza aplicada e com

procedimento técnico bibliográfico, visa analisar a contribuição dos conhecimentos históricos

para a formação desse professor. Para isso, são selecionados fundamentos da teoria e da prática

da História que estabelecem relações com conceitos que sustentam a prática docente ao tratar

da cultura alemã. Pretende-se, dessa maneira, oferecer ao ensinante ferramentas para uma

abordagem mais qualificada do assunto e, por meio de uma perspectiva de valorização do

pluricentrismo da língua, enfatizar aspectos interculturais do mundo contemporâneo para o

benefício do aprendiz.

Palavras-chave: Alemão como Língua Estrangeira. História. Formação de professores.

Metodologia e didática.

Referências bibliográficas

ABCD-Thesen zur Rolle der Landeskunde im Deutschunterricht. In: IDV-Rundbrief. Der

Internationale Deutschlehrerverband. Set. 1990, 45. p.15-18. Disponível em:

https://www.idvnetz.org/publikationen/rundbrief/rb45.pdf Acesso em: 03 jul. 2021.

BLOCH, Marc. A história, os homens e o tempo. In: . Apologia da História ou O

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CARDOSO, Ciro Flamarion. Introdução. História e paradigmas rivais. In: CARDOSO, Ciro

Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Orgs). Domínios da História. Ensaios de Teoria e

Metodologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 01 a 31.

CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: EDUSC, 1999.

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caso da cultura alemã. In: Comunicação & Cultura, 6, 2008. p. 137-166.

JENKINS, Keith. O que é a história? In: . A história repensada. São Paulo: Contexto,

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PETERSEN, Sílvia Regina Ferraz; LOVATO, Bárbara Hartung. A história do conhecimento

histórico: uma breve introdução. In: . Introdução ao estudo da História: temas e

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imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

SIG 2.4 (Shafer, Naomi; Baumgartner, Martin; Altmayer, Claus; de Carvalho, Geraldo;

Glaboniat, Manuela; Hägi-Mead, Sara; Hedžić, Lara; Herold, Martin; Kilimann, Angela;

Mackensen, Andrea; Middeke, Annegret; Pritchard-Smith, Anne; Schweiger, Hannes; Tahy,

Nora) (2017): Bericht der SIG 2.4: Deutsch als Sprache des deutschsprachigen (Diskurs-und

Kultur-)Raums. Vermittlung der sprachlichen und kulturellen Pluralität des DACHL-Raums

Page 43: Seções Apresentações por horário

in DaF. 2017. Disponível em:

<https://idvnetz.org/wpcontent/uploads/2020/01/Bericht_SIG_2.4_Plurizentrik.pdf>. Acesso

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VOERKEL, Paul. Plurizentrik aus zielsprachenferner Perspektive: Herausforderungen,

Chancen und Möglichkeiten des DACH-Prinzips im brasilianischen Kontext. In: SHAFER,

Naomi; MIDDEKE, Annegret; HÄGI-MEAD, Sara; SCHWEIGER, Hannes. (Orgs.)

Weitergedacht. Das DACH-Prinzip in der Praxis. Materialien Deutsch als Fremd- und

Zweitsprache. 103. Göttingen: Universitätsverlag Göttingen, 2020. p.195-216.

Seção 5 “O ensino de Alemão como Língua Estrangeira (ALE/DaF) e as políticas linguísticas

em contexto de internacionalização”

5ª, 25/11

14h O Centro Austríaco na UFPR – um projeto de internacionalização de acordo com o

conceito “DACH”

Profa. Dra. Ruth Bohunovsky (UFPR)

5ª, 25/11

14h20 Internacionalização e políticas linguísticas: alternativas para promover o multilinguismo

e o ensino de alemão em contextos de ensino superior

Dr. Felipe F. Guimarães (UFES & UEL)

Debate

20 min

5ª, 25/11

15h O Idiomas sem Fronteiras Alemão na Universidade Federal do Pará: relações

construídas e perspectivas

Profa. Dra. Fernanda Boarin Boechat (UFPA)

5ª, 25/11

15h20 O mestrado bilateral em Alemão como Língua Estrangeira – Curitiba/Leipzig: breve

histórico e perspectivas Prof. Dr. Thiago Viti Mariano (UFPR)

Page 44: Seções Apresentações por horário

Debate

20 min

6ª, 26/11

14h00 A g.a.s.t. e sua contribuição à internacionalização dos IES

Maxi Neihardt (Sociedade de Preparação Acadêmica e Desenvolvimento de Testes – g.a.s.t.)

6ª, 26/11

14H20 Aprender alemão no ensino híbrido: Experiências no programa “Idiomas sem

Fronteiras”

Prof. Dr. Jean Paul Voerkel (Friedrich-Schiller-Universität Jena)

6ª, 26/11

14H40 O alemão nos tempos do Covid-19: políticas linguísticas e internacionalização?

Prof. Dr. Paulo Astor Soethe (UFPR)

Profa. Dr. Giovanna Lorena Ribeiro Chaves (UFF)

Debate

20 min

Resumos

Título da comunicação: O alemão nos tempos do Covid-19: políticas linguísticas e

internacionalização?

Autores: Prof. Dr. Paulo Astor Soethe (UFPR) /

Profa. Dr. Giovanna Lorena Ribeiro Chaves (UFF)

Resumo:

No atual momento, em que se antevê uma provável superação da pandemia, quais as reais perspectivas

de futuro para a internacionalização? Em tempos de estagnação do Poder Público e apatia da população

confinada, quais os caminhos alternativos para a construção de políticas linguísticas mais efetivas e

ações educacionais e formativas internas que fomentem a inserção cultural, social e econômica do Brasil

no cenário externo, especialmente em parcerias com a Europa de língua alemã? A presente comunicação

pretende apresentar, em vista dessas questões, dados e argumentos sobre o papel e as chances do idioma

alemão no Brasil contemporâneo, em primeiro lugar com ênfase à sua possível presença em nichos da

rede pública de educação básica. Em segundo lugar, a comunicação procurará refletir sobre a difusão da

Page 45: Seções Apresentações por horário

língua alemã em outros ambientes educacionais e formativos, particularmente com recursos online, a

partir de novas ofertas, acessíveis à população em geral e voltadas especificamente ao público brasileiro.

Quer-se refletir aqui sobre a necessária articulação entre iniciativas de (também novos) atores sociais,

culturais e econômicos presentes no País: entidades e profissionais brasileiros atuantes na área de

Alemão como Língua Estrangeira; entidades brasileiras privadas e públicas interessadas em fomentar e

viabilizar a cooperação do Brasil com parceiros estrangeiros, também na Europa de língua alemã; e

instituições presentes no Brasil, incumbidas de ampliar e apoiar a difusão da língua alemã fora de seus

respectivos países.

Título da comunicação: Internacionalização e políticas linguísticas: alternativas para promover

o multilinguismo e o ensino de alemão em contextos de ensino superior

Autor: Dr. Felipe F. Guimarães (UFES & UEL)

Resumo:

Processos de internacionalização têm afetado instituições de ensino superior (IES) brasileiras nos

últimos anos, principalmente via programas governamentais, como é o caso do “Idiomas sem

Fronteiras” (IsF) e “Capes PrInt” (PCP). A internacionalização (aqui entendida como a inserção

intencional de dimensões internacionais/interculturais nas atividades de ensino, pesquisa, extensão e

gestão) também tem impactado políticas linguísticas que regem o uso, ensino e aprendizagem de

idiomas nas IES.

Tradicionalmente associada à mobilidade física, a internacionalização foi bastante afetada pela atual

pandemia e suas restrições aos deslocamentos internacionais, sendo que tal mobilidade passou a ocorrer

principalmente em espaços virtuais/digitais. Paralelamente, nota-se também um processo de

“anglicização” do ensino superior, no qual a língua inglesa tem ocupado cada vez mais espaço nas

atividades das IES, demandando políticas que possam contrabalancear essa predominância do inglês,

de forma a permitir práticas linguísticas mais equilibradas, sustentáveis e multilíngues. Sendo assim, o

objetivo deste estudo é discutir políticas que possam favorecer o uso de múltiplos idiomas nas IES,

em especial a língua alemã, a qual teve e tem um papel muito relevante na produção e disseminação de

conhecimento acadêmico. A metodologia adotada neste estudo inclui revisão de literatura e análise de

notas tomadas em aulas virtuais, nas quais ocorreu interação entre parceiros acadêmicos situados em

países diferentes. Resultados preliminares do estudo indicam que processos de internacionalização

podem englobar diferentes países e idiomas (não apenas o inglês), com apoio de tecnologias

educacionais e políticas adequadas, abrindo possibilidades para a expansão do uso de alemão

na internacionalização das IES.

Título da comunicação: O Idiomas sem Fronteiras Alemão na Universidade Federal do Pará:

relações construídas e perspectivas

Autora: Profa. Dra. Fernanda Boarin Boechat (UFPA)

Resumo:

O credenciamento do Curso de Letras-Alemão da Universidade Federal do Pará (UFPA),

Campus Belém, ao Idioma sem Fronteiras deu-se no ano de 2017. Com mais de 51 mil alunos de

Graduação e 12 campi no Estado do Pará, a UFPA é a maior Universidade da Amazônia e abriga o

único Curso de Letras-Alemão da Região Norte do país. O atuação do Curso no Programa então

Page 46: Seções Apresentações por horário

vinculado ao Ministério da Educação (MEC) contribuiu não só para a formação linguística da

comunidade acadêmica e para impulsionar processos de internacionalização já em andamento, mas

também colocou a referida Universidade em diálogo direto com outros Cursos de Letras-Alemão do

país, especialistas que integram a área no Brasil e Instituições de Ensino nacionais e internacionais.

Além disso, ainda no contexto da UFPA – cujo Curso de Letras-Alemão se funda em diálogo com o

Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) e que inclusive abriga um Leitorado Cultural na

própria Universidade vinculado à Casa de Estudos Germânicos –, o IsF vem reforçar acordos de

mobilidade acadêmica já vigentes e ampliá-los por meio da formação linguística da comunidade

acadêmica em contexto de internacionalização. A partir do ano de 2020, tem-se o novo formato do

Programa – Rede Andifes IsF – e a continuidade do credenciamento da UFPA e do Curso de Letras-

Alemão no Programa. Em vista da nova configuração que fomenta o trabalho em rede, em especial

entre as Universidades e os especialistas credenciados, e os processos de ensino e aprendizagem online,

a UFPA tem potencial de se tornar um pólo de expansão da mobilidade acadêmica, da

internacionalização e da formação linguística em língua alemã na Região Norte do país. O objetivo

dessa comunicação se volta a apresentar o histórico das relações entre a UFPA e instituições alemãs em

diálogo com ações do IsF e possíveis perspectivas a partir do credenciamento ao Programa em novo

formato.

Título da comunicação: O mestrado bilateral em Alemão como Língua Estrangeira –

Curitiba/Leipzig: breve histórico e perspectivas

Autor: Prof. Dr. Thiago Viti Mariano (UFPR)

Resumo:

Alocado na linha de pesquisa em Alemão como Língua estrangeira (ALE) do Programa de Pós

graduação em Letras da Universidade Federal do Paraná (PPGL/UFPR), o “Mestrado em

Letras: Estudos interculturais de língua, literatura e cultura alemãs” é ofertado de forma bilateral

com a Universidade de Leipzig (UL), e prevê a dupla titulação de seus discentes. O programa

já conta com mais de uma década de existência e com cerca de 40 dissertações defendidas

entre discentes brasileiros e alemães. Desde 2009, a parceria com a UL promove o

intercâmbio acadêmico de docentes e discentes através da mobilidade acadêmica, de orientações,

eventos e defesas. No âmbito do mestrado bilateral está prevista a estadia por dois semestres

de estudantes brasileiros e alemães, em Leipzig e Curitiba, financiadas majoritariamente pelo Serviço

Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). O currículo é composto por disciplinas ministradas por

docentes da área de ALE do PPGL/UFPR e do Herder Institut nas grandes Áreas de Linguística,

Linguística Aplicada, Literatura e Tradução. Nesta comunicação, será apresentado um breve histórico

sobre o mestrado bilateral, sua estrutura, alguns de seus resultados e áreas de atuação de seus

egressos, evidenciando assim, a contribuição do programa para a internacionalização do PPGL/UFPR,

para a formação de professores e para a pesquisa na área de ALE no Brasil e Alemanha.

Título da comunicação: O Centro Austríaco na UFPR – um projeto de internacionalização de acordo

com o conceito “DACH”

Autora: Profa. Dra. Ruth Bohunovsky (UFPR)

Resumo:

Page 47: Seções Apresentações por horário

Em 2020, foi inaugurado na UFPR o Centro Austríaco, uma iniciativa da universidade em colaboração

com a Embaixada da Áustria e o Consulado Honorário da Áustria de Curitiba. Antes disso, a área de

ALE/DaF dessa universidade já tem recebido, anualmente, estagiários e colaboradores austríacos e

hospedado alguns eventos cujo foco tem sido a inclusão de assuntos ligados à Áustria na oferta

acadêmica e de extensão. O Centro Austríaco, que conta também com uma biblioteca, é resultado desse

histórico de colaboração com instituições austríacas e oficializa projetos de internacionalização já em

andamento. Junto com o centro, foi criada a primeira vaga de professora-leitora do OeAD (Agência

Austríaca de Intercâmbio Acadêmico) no Brasil, fundamental para intensificar a cooperação com

instituições oficiais desse país. Todos os projetos, as pesquisas e publicações procuram, apesar da

diversidade temática, seguir as bases do conceito “DACH”, isto é, a premissa de que o alemão é uma

língua pluricêntrica, falada em diversos países e regiões e ligada a fenômenos culturais heterogêneos e

complexos. O objetivo desta comunicação é apresentar o histórico e, sobretudo, a situação atual do

Centro Austríaco, os projetos em andamento, os serviços oferecidos às comunidades acadêmica e geral,

os resultados já obtidos e as possibilidades de colaboração.

Título da comunicação: Aprender alemão no ensino híbrido: Experiências no programa

“Idiomas sem Fronteiras”

Autor: Prof. Dr. Jean Paul Voerkel (Friedrich-Schiller-Universität Jena)

Resumo:

Tendo em vista o crescente uso das mídias digitais no ensino de línguas estrangeiras, a

presente comunicação aborda os desafios e as oportunidades do modelo híbrido de aprendizagem

(blended learning) através de um exemplo concreto: o programa Idiomas sem Fronteiras, que

ofertou cursos de alemão online com acompanhamento virtual e presencial de 2016 a 2020

em universidades federais brasileiras.

Um estudo empírico realizado através de questionário online com participantes do programa fornece

resultados acerca dessa modalidade de aprendizagem no ensino superior brasileiro. As principais

perguntas de pesquisa foram: Qual é o perfil de aprendizes do programa IsF-Alemão e seu histórico de

aprendizagem no estudo de línguas?; Quais foram as experiências adquiridas pelos aprendizes por meio

do programa IsF-Alemão e qual foi o papel desempenhado pelos diversos componentes do ensino

híbrido nesse processo?; Quais conclusões e recomendações podem ser tiradas a partir disto?

O IsF-Alemão possibilitou, ademais, a criação de uma rede de germanistas que estão em constante

contato no intuito de aprimorar a implementação do programa. Apesar da instabilidade política no país,

o IsF-Alemão tem se caracterizado pela habilidade de seus atores em trabalhar em rede no intuito de

implementar melhorias ao programa, contribuindo, assim, de forma decisiva para a difusão de língua e

cultura alemã entre a comunidade acadêmica, para a formação qualificada de futuros professores de

alemão, para o processo de internacionalização das universidades brasileiras e para instituir uma

política linguística de ensino superior no país.

Título da comunicação: A g.a.s.t. e sua contribuição à internacionalização dos IES brasileiras

Autora: Maxi Neihardt (Sociedade de Preparacao Academica e Desenvolvimento de Testes – g.a.s.t.)

Page 48: Seções Apresentações por horário

Resumo:

O processo de internacionalização das IES brasileiras é fomentado pela cooperação internacional, a

mobilidade acadêmica e através de políticas linguísticas que preparam cientistas e estudantes para uma

estadia em outro país. Um programa de sucesso neste sentido foi o Idiomas sem Fronteiras (IsF). A

Alemanha é um dos parceiros científicos de longa data do Brasil, com uma tradição em intercâmbio e

projetos bilaterais. Para uma experiência bem-sucedida, com a devida orientação e integração social e

cultural, o domínio do idioma alemão é fundamental. A g.a.s.t., uma instituição especializada na área de

alemão como língua estrangeira, desenvolve e disponibiliza testes para a certificação de proficiência

para estudos na Alemanha (TestDaF), e para comprovação de nível (onSET). Além disso, a g.a.s.t.

oferece a plataforma de aprendizado Deutsch-Uni Online (DUO), usada no âmbito do IsF, com cursos

específicos de preparação acadêmica para a prática das competências específicas exigidas no mundo

universitário. A apresentação abordará a contribuição da g.a.s.t. na internacionalização das IES

brasileiras, seu portfólio, e cooperações com instituições parceiras no país. Acadêmicos qualificados no

idioma e preparados interculturalmente tendem a enfrentar os desafios de morar e trabalhar em outro

país de forma mais flexível, e têm maior probabilidade de concluir os seus estudos ou sua pesquisa com

êxito. Desta forma, a g.a.s.t. ajuda na abertura de caminhos para a intensificação de cooperações

científicas internacionais.

Seção 7 “Expressões artísticas no ensino de Alemão como Língua Estrangeira”

Quarta-feira, 24 de novembro

4ª, 24/11

10h30 O uso de lendas no ensino de alemão a exemplo de “Frau Holle” Profa. Dra. Roberta

C. S. F. Stanke (UERJ) Dra. Adriana Borgerth V. C. Lima (Baukurs)

4ª, 24/11

11h00 O ensino de literatura no contexto de alemão como língua estrangeira

(ALE/DaF): aspectos didáticos e construções (inter)culturais Marcele Monteiro Pereira

(UFPA)

4ª, 24/11

11h30 “Mobilidades literárias”, diálogos entre mundos: abordagens de

Letramento Literário em Alemão como Língua Estrangeira (DaF/ALE) Adriely Alessandra

Alves de Lima (UFPA)

Co-autora: Fernanda Boarin Boechat (UFPA)

4ª, 24/11

12h00 „Unter Affen und Papageien“: a origem brasileira da família Mann e o

ensino/aprendizagem de Alemão como Língua Estrangeira no contexto brasileiroThiago Viti

Mariano (UFPR)

Page 49: Seções Apresentações por horário

4ª, 24/11

14h00 Theatergruppe “Die Deutschspieler” – um projeto, duas línguas, múltiplas abordagens

Norma Wucherpfennig (Unicamp); Wanderley Martins (Unicamp); Ana Cláudia

Romano Ribeiro (Unifesp); Fernando Ribeiro (Puccamp; Ator); Júlia Ciasca (Unicamp;

tradutora e joalheira); Luíza Campagnolo (Unicamp); Maurício Oliveira (Unicamp)

4ª, 24/11

15h00 Entre lentes e telas: filmes de curta-metragem em aula online de alemão como língua

estrangeira Thaiane Deringer (UFPR)

4ª, 24/11

15h30 Curtas-metragens no ensino de Alemão como Língua Estrangeira: os potenciais da

análise dos aspectos estéticos para uma decodificação de significado(s) mais profunda Liane

Scribelk de Carvalho Maciel (UFPR)

Quinta-feira, 25 de novembro

5ª, 25/11

10h30 Papéis de gênero em aulas de ALE a exemplo de letras de rap Raquel Garcia

D’Avila Menezes (UNICENTRO)

5ª, 25/11

11h00 A aprendizagem de língua Alemã a partir de expressões artísticas

produzidas por alunos de escolas de ensino de ALE

João Carlos Pires Lemos (UFF)

Resumos:

O uso de lendas no ensino de alemão a exemplo de “Frau Holle”

Profa. Dra. Roberta C. S. F. Stanke (UERJ)

Dra. Adriana Borgerth V. C. Lima (Baukurs)

No processo-ensino aprendizagem de uma língua-alvo geralmente privilegiam-se aspectos e

situações comunicativas cotidianas, os quais estão fortemente representados nos livros

didáticos. A partir do anos 1980, com o advento da abordagem intercultural para o ensino de

línguas, o texto literário volta a ganhar espaço na sala de aula, o que não acontecia desde o

método gramática e tradução. No entanto, se neste método os clássicos da literatura eram

privilegiados, com a ampliação do conceito de cultura, também outros textos literários entram

em cena na aula de línguas, como os contos maravilhosos e as lendas, as quais proporcionam

“o maravilhoso encantamento que tenta transformar em história fantástica episódios de um

Page 50: Seções Apresentações por horário

tempo sem escrita, sem registro, assim como pretende tecer explicações para fenômenos que a

mente racionalista se encarregaria de tempos depois explicar” (MOURA & BOLACIO, 2014,

p. 11). O emprego desse tipo de texto na aula de línguas é corroborado nos anos 2000 através

dos chamados “usos estéticos da língua“, segundo o Quadro Comum Europeu de Referência

para as Línguas (CONSELHO DA EUROPA, 2001). De acordo com o documento, “Os usos

artísticos e criativos da língua são tão importantes por si mesmos como do ponto de vista

educativo” (p. 88). Além disso, afirma-se também no Quadro que “As literaturas nacionais e

regionais dão um contributo da maior importância para a herança cultural” (p. 89).

Diante do exposto, esta comunicação tem por objetivo apresentar o projeto “Frau Holle & Co.”,

desenvolvido por pesquisadores e docentes do Brasil (da Universidade do Estado do Rio de

Janeiro) e da Alemanha (da Friedrich-Schiller-Universität Jena), no âmbito do Projeto UERJ -

CAPES/PrInt “Ensino de Línguas sob a Perspectiva Intercultural”. O foco desta comunicação

recairá sobre o uso de lendas de “Frau Holle” no processo ensino-aprendizagem de língua alemã

no contexto brasileiro, apontando critérios para a seleção de lendas, bem como expondo uma

sugestão de didatização desses textos, em uma abordagem de aprendizagem estética integrada

a uma proposta didática para o ensino de línguas.

Referências:

MOURA, Magali dos S.; BOLACIO FILHO, Ebal S. (Orgs.). O diabo nas lendas alemãs dos

Irmãos Grimm. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2014.

CONSELHO DA EUROPA. Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas.

Aprendizagem, Ensino, Avaliação. Porto: Edições ASA, 2001.

Page 51: Seções Apresentações por horário

O Ensino de literatura no contexto de Alemão como Língua estrangeira (ALE/DaF):

Aspectos didáticos e construções (inter)culturais1

Marcele Monteiro PEREIRA2 (UFPA)

Apresentamos nesta pesquisa uma alternativa metodológica que fomente a alunos de Alemão

como Língua Estrangeira (ALE/DaF), da Educação Básica, práticas de Letramento Literário

que envolvam interculturalidade e a valorização da literatura amazônica que carrega em si

aspectos históricos, antropológicos e etnográficos que podem ser explorados em sala de aula.

Acreditamos que a leitura literária – devidamente contextualizada – de uma lenda proveniente

da oralidade dos indígenas de uma etnia do Estado do Pará em língua alemã viabiliza o

cumprimento da Lei nº 11. 645/2008 que torna obrigatória a presença da cultura e história dos

povos originários do Brasil e, para além disso, proporciona para crianças e jovens a

oportunidade de conhecer a produção literária oral de indígenas que sofrem constantemente a

ameaça de extinção de sua tradição. Para viabilizar a proposta elaborada, a lenda “Jaboty und

Arára”, catalogada pelo etnógrafo alemão autodidata Curt Unckel Nimuendajú

(NIMUENDAJÚ, 1922, p. 389-390) enquanto esteve com os Xipaya entre os anos 1918 e 1919,

será posta em diálogo com a Sequência Básica desenvolvida e descrita por Rildo Cosson no

livro Letramento literário: teoria e prática (2016). A sequência divide-se em: Motivação,

Introdução, Leitura e Interpretação. Por fim, na mesma atividade, propõe-se um trabalho que

envolva criação ficcional por parte dos alunos.

REFERÊNCIAS

AFP. ‘Brasil ainda é um país multilíngue’, diz especialista em idiomas indígenas. Isto é, São

Paulo, 25 abr. 2019. Disponível em: https://istoe.com.br/brasil-ainda-e-umpais -

multilinguediz-especialista-em-idioma-indigenas/. Acesso em: 16 mai. 2021.

BRASIL. Lei 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de

1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a

obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário Oficial da

1 Esta pesquisa recebeu apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) –

disponibilizada por meio do Edital 08/2020 do Programa de Apoio ao Doutor Pesquisador (PRODOUTOR), da

Universidade Federal do Pará (UFPA) – e está vinculada ao Projeto de Pesquisa “Mobilidades Literárias”,

coordenado pela Profa. Dra. Fernanda Boarin Boechat. O referido Projeto de Pesquisa desenvolve-se no âmbito

do Grupo de Pesquisa “Mobilidades literárias: literatura e construções (inter)culturais” cadastrado no Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

2 Graduanda do Curso de Licenciatura em Letras-Alemão da Universidade Federal do Pará. Bolsista

PIBIC/CNPq. E-mail: [email protected]

Page 52: Seções Apresentações por horário

União, Poder Legislativo, Brasília-DF, 11 mar 2008. Disponível em:

https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=11645&ano=2008&ato=dc6QT

S61UNRpWTcd2. Acesso em: 11 mai. 2021.

CAPPELLER, F. Der größte Indianerforscher aller Zeiten. Bad Salzungen: [s.n.], 1962.

CONSELHO EUROPEU. Quadro Europeu Comum de Referência para as línguas:

aprendizagem, ensino e avaliação. Lisboa: Edições ASA, 2001.

COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2016.

COSTA, W. L. da; LIMA, L. C. B. de; SANTOS, M. S. Literatura indígena: a importância de

trabalhar as narrativas indígenas na sala de aula. Revista Philologus, Rio de Janeiro, n. 75, p.

1805-1818, set./dez. 2019.

GRAÚNA, G. Literatura indígena no Brasil contemporâneo e outras questões em aberto.

Educação & Linguagem, [online], v. 15, n. 25, p. 266-276, jan./jun. 2012. Disponível em:

https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index. php/EL/article/view/3357/3078. Acesso

em: 11 mai. 2021.

GRUPIONI, L. D. B. Coleções e expedições vigiadas: os etnólogos no conselho de

fiscalização das expedições artísticas e científicas no Brasil. São Paulo: HUCITEC; São

Paulo: ANPOCS, 1998.

INSTITUTO DE TERRAS DO PARÁ (ITERPA). Territórios indígena. Belém: ITERPA,

2015. Disponível em: http://portal.iterpa.pa.gov.br/povos-indige nas/. Acesso em: 9 jun. 2021.

NIMUENDAJÚ, C. Bruchstücke aus Religion und Überlieferung der Šipáia-Indianer.

Beiträge zur Kenntnis der Indianerstämme des Xingú-Gebietes, Zentralbrasilien. Anthropos,

[s.l.], p. 367-406, jan./jun. 1922.

NIMUENDAJÚ, C. Fragmentos de religião e tradição dos índios Šipáia: contribuições ao

conhecimento das tribos de índios da região do Xingu, Brasil Central. Religião e Sociedade,

Rio de Janeiro, v. 7, p. 6-47, jul. 1981.

NIMUENDAJÚ, C. Os índios Xipaya: cultura e língua. Organização e tradução Peter

Schröder. 1. ed. Campinas: Editora Curt Nimuendajú, 2019.

Page 53: Seções Apresentações por horário

PEREIRA, M. N. Curt Nimuendajú: síntese de uma vida e de uma obra. Belém: [s.n.], 1946.

SOARES, M. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de

Educação, [online], n. 25, p. 5-17, jan./abr. 2004. Disponível em:

https://www.scielo.br/j/rbedu/a/89tX3SGw5G4dNWdHRkRxrZk/?lang=pt&format=pdf.

Acesso em: 11 mai. 2021.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica Editora,

2009.

THIÉL, J. C. A literatura dos povos indígenas e a formação do leitor multicultural. Educação

& Realidade, Porto Alegre, v. 38, n. 4, p. 1175-1189, out./dez. 2013.

WELPER, E. M. Curt Unckel Nimuendajú: um capítulo alemão na tradição etnográfica

brasileira. 2002. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Programa de Pós-

Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.

“Mobilidades literárias”, diálogos entre mundos: abordagens de Letramento Literário

em Alemão como Língua Estrangeira (DaF/ALE)

Adriely Alessandra Alves de Lima (UFPA)

Profa. Dra. Fernanda Boarin Boechat (UFPA)

A presença do texto literário no contexto do ensino e aprendizagem de Alemão como Língua

Estrangeira (ALE/DaF) justifica-se uma vez que oportuniza o acesso à cultura, promove a

formação do pensamento crítico do indivíduo, seu desenvolvimento linguístico, entre outros.

Por outro lado, fazer uso do texto literário apenas como um instrumento de aprimoramento

linguístico ou ainda centralizar o conteúdo das aulas e/ou disciplina na crítica canonizada ou

em abordagens teóricas específicas, é também limitar a potencialidade e possibilidades a partir

da leitura de literatura (TODOROV, 2009, p. 31). No contexto do Projeto de Pesquisa

“Mobilidades literárias”, implantado na Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas da

Universidade Federal do Pará, Campus Belém, apresenta-se aqui os desenvolvimentos do plano

de trabalho de Iniciação Científica intitulado “Diálogos entre mundos: o Letramento Literário

e o projeto de incentivo à leitura”. A partir de questionamentos a respeito da relação leitor-texto

e a importância de se pensar sobre as problemáticas a partir dessa relação, o objetivo geral desta

pesquisa foi primeiro localizar projetos de incentivo à leitura ou ações vinculadas ao ensino de

literatura que pudessem estar em diálogo com práticas de Letramento Literário. O projeto

escolhido foi “Aprendendo Alemão na Amazônia: Interculturalidade e Consciência

Ambiental”. Trata-se de um Projeto de Extensão pioneiro, também vinculado à Universidade

Federal do Pará, que promove o ensino de literatura Infanto-juvenil em língua alemã a crianças

de 5 a 12 anos de idade. Em consideração às características da crise sanitária mundial ao longo

Page 54: Seções Apresentações por horário

do ano de 2020, o desenvolvimento da pesquisa teve como destaque a revisão bibliográfica

sobre ensino de literatura em diálogo com práticas de Letramento Literário em Língua Materna

(LM) e Língua Estrangeira (LE), mais especificamente de língua alemã, em diálogo com as

características do Projeto de Extensão mencionado.

Referências:

CANDIDO, Antonio. “O direito à literatura”. In: Vários Escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre

azul, 2004.

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2016.

. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Editora Contexto, 2018.

Petit, Michèle: Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva. Tradução de Celina Olga de

Souza. São Paulo: Ed. 34, 2008.

. A arte de ler ou como resistir à adversidade. Tradução de Arthur Bueno und Camila

Boldrini. São Paulo: Ed. 34, 2009.

Leituras: do espaço íntimo ao espaço público. Tradução de Celina Olga de Souza.

São Paulo: Ed. 34, 2013.

Todorov, Tzvetan. Literatura em perigo. Tradução de Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL,

2009.

Theatergruppe “Die Deutschspieler” – um projeto, duas línguas, múltiplas abordagens

Profa. Ms. Norma Wucherpfennig (UNICAMP)

Prof. Wanderley Martins (UNICAMP)

Profa. Dra. Ana Cláudia Romano Ribeiro (UNIFESP)

Ms. Fernando Ribeiro (PUCCAMP; ator)

Dra. Júlia Ciasca (UNICAMP; tradutora e joalheira)

Luíza Campagnolo (UNICAMP)

Maurício Oliveira (UNICAMP)

Mesa temática (duração de 1h)

O projeto interdisciplinar Theatergruppe “Die Deutschspieler“, que é desenvolvido há seis

anos na Unicamp, reúne pessoas com os mais variados perfis e de diversas áreas do saber:

estudantes de graduação e pós-graduação, docentes, funcionários e membros da comunidade

externa. O que une os membros do grupo é o desejo de ampliar o horizonte da aprendizagem

do alemão fazendo uma ponte com diferentes linguagens artísticas. O grupo se propõe a encenar

peças de autor*s de língua alemã em formato bilíngue para atrair públicos igualmente diversos:

de diferentes faixas etárias e áreas do saber, com ou sem conhecimentos da língua alemã, com

ou sem vínculo com a universidade. Um dos nossos principais objetivos é permitir um amplo

acesso a manifestações culturais pouco presentes em nosso contexto.

No âmbio da presente proposta, membros do grupo pretendem abordar diferentes facetas do

nosso trabalho, a exemplo da encenação da peça “Der Spitzel | O Espião”, um dos quadros de

“Terror e Miséria no Terceiro Reich” de Bertolt Brecht, a qual está prevista para estrear na

programação cultural deste IV. Congresso da ABEG. Após uma breve introdução geral sobre o

Page 55: Seções Apresentações por horário

projeto, serão discutidos, através de depoimentos curtos, os seguintes aspectos: I) os desafios

da encenação virtual; II) as técnicas de montagem do texto bilíngue; III) questões de tradução

do poema inicial; IV) a musicalização do poema, e V) as pesquisas sobre o contexto

sociohistórico.

Desta forma, pretendemos elucidar o potencial e a abrangência do projeto no âmbito de uma

abordagem interdisciplinar e multissemiótica na interface entre línguas e linguagens.

Page 56: Seções Apresentações por horário

„Unter Affen und Papageien“: a origem brasileira da família Mann e o

ensino/aprendizagem de Alemão como Língua Estrangeira no contexto brasileiro

Prof. Dr. Thiago Viti Mariano (UFPR)

No contexto do ensino/aprendizagem de Alemão como Língua Estrangeira (ALE) no

Brasil, materiais didáticos universais produzidos para o mercado internacional são utilizados

com frequência. Por vezes, esses materiais não contemplam as especificidades locais do

contexto educacional brasileiro. Os temas e conteúdos não suscitam muita identificação por

parte do aluno, por focarem majoritariamente no cotidiano dos países falantes da língua alemã,

um universo muito distante para muitos aprendizes brasileiros. Diante deste cenário, a

produção de material didático de ALE para o contexto brasileiro se apresenta como uma

necessidade. Nesta comunicação será apresentada uma unidade temática oriunda do projeto de

pesquisa “Zeitgeist”, composto por docentes/pesquisadores brasileiros, que buscam produzir

material para o contexto universitário brasileiro. Tema central da unidade é a conexão da

família Mann com o Brasil. Julia Mann, mãe dos autores canônicos Heinrich e Thomas Mann,

nasceu em Paraty, Rio de Janeiro, e emigrou para Lübeck, na Alemanha, aos sete anos de idade.

A origem materna brasileira deixou marcas na obra dos dois irmãos, marcas estas que já

foram investigadas por pesquisadores brasileiros e alemães ao longo das últimas décadas. A

unidade temática foca na procedência brasileira de Julia Mann e no desenraizamento da infante

por conta da mudança para a Alemanha, representado na obra Zwischen den Rassen, de

Heinrich Mann. A inserção de conteúdos que promovam uma reflexão acerca dos espaços

culturais do Brasil e Alemanha no ensino/aprendizagem de ALE, nesse caso através da biografia

e obra literária de renomados autores alemães, é de suma relevância para a concepção de

material didático que contemple as especificidades do nosso contexto.

Page 57: Seções Apresentações por horário

Entre lentes e telas: filmes de curta-metragem em aula online de Alemão como Língua

Estrangeira

Thaiane Deringer (UFPR)

O presente trabalho contém a didatização de filmes de curta-metragem aplicados em aulas do

ensino de alemão no formato online para um público universitário. O objetivo geral era o de

estimular o aprendizado da competência fílmica e tinha como objetivos específicos possibilitar

o aprendizado de vocabulário, promover a exposição de aspectos culturais alemães em um

contexto autêntico, assim como, estimular

discussões sobre as diferentes interpretações possíveis acerca dos filmes de curta metragem.

Para alcançar tais objetivos foram analisados e didatizados quatro filmes de curta-metragem.

Estes foram apresentados aos alunos de diferentes maneiras, através de atividades que

auxiliaram os mesmos a familiarizar-se com o tema, vocabulário, significados e com os

elementos estéticos característicos desse gênero. Dessa forma, foi possível fomentar a

competência linguística e fílmica dos alunos. O trabalho procura demonstrar, ademais, através

de exemplos concretos para a sala de aula, que a inserção de curtas-metragens no ensino de

língua estrangeira possui um grande potencial motivacional e, devido às suas principais

características em relação à duração, à produção, aos significados possíveis dos distintos

aspectos da produção, entre outros, possibilitam a identificação do aluno com o conteúdo.

Page 58: Seções Apresentações por horário

Curtas-metragens no ensino de Alemão como Língua Estrangeira: os potenciais da

análise dos aspectos estéticos para uma decodificação de significado(s) mais profunda

Liane Scribelk de Carvalho Maciel (UFPR / Universität Leipzig)

A presente comunicação tem como proposta principal discutir a inserção de curtas-metragens

no ensino de Alemão como Língua Estrangeira (doravante ALE) no Brasil focando

especialmente na análise dos curtas com o objetivo de alcançar uma decodificação de

significado(s) mais completa e aprofundada. Por mais que essa mídia audiovisual seja usada há

muito tempo nos contextos de ensino de ALE e de línguas estrangeiras em geral, é muito comum

verificar que filmes longa-metragem assim como curtas-metragens ainda são muito usados

como uma forma de gratificação para os alunos ao final da aula e/ou do semestre, e não como

um recurso didático concreto para a aprendizagem durante a aula. Parte-se do pressuposto de

que uma exploração detalhada dos diferentes meios fílmicos codificados nos curtas-metragens

– tal como o som e a música, os ângulos e o movimento de câmeras – pode ser um suporte para

a compreensão de como os curtas são construídos e também para a aprendizagem do alemão: a

investigação de forma detalhada desses aspectos estéticos inerentes a tal mídia audiovisual

permite que certos significados sejam descobertos e/ou aprofundados, fomentando assim uma

compreensão mais consciente e crítica por parte dos alunos a respeito do conteúdo apresentado

por esse formato midiático. Para ilustrar tal pressuposto, pretende-se nesta comunicação

apresentar as características e os potenciais do formato audiovisual curta-metragem para o

ensino da língua alemã bem como exemplificar concretamente uma das possíveis formas para

o trabalho com curtas-metragens dentro da sala de aula em conjunto com propostas didáticas

para sua inserção no ensino de ALE.

Papéis de gênero em aulas de ALE à exemplo de letras de rap

Profa. Ms. Raquel Garcia D’Avila Menezes (UNICENTRO)

Este resumo trata da discussão sobre papéis de gênero em letras de rap em língua alemã. Como

letras de rap feministas podem contribuir para uma discussão de gênero na aprendizagem de

alemão como língua estrangeira (ALE)? Os livros didáticos costumam ser a base para a

elaboração de aulas de línguas estrangeiras e as representações de mulheres nesses têm sido

e/ou são geralmente apresentadas em papéis estereotipados (LUTJEHARMS; SCHMIDT:

2006). Isto posto, autores como Kaiser (2001) e Nestvogel (2000) argumentam que os

aprendizes têm mais facilidade de discutir temas em língua estrangeira do que na materna. Por

esta razão, mostra-se interessante abordar gênero em aulas de ALE, que é tão importante e

igualmente estigmatizado em contexto educacional. Até agora, um dos pontos centrais da

investigação de papéis de gênero tem sido limitado à crítica às letras de rap sexistas, de modo

que o uso desses textos no ensino de línguas estrangeiras tem sido visto negativamente. A

Page 59: Seções Apresentações por horário

participação cada vez mais ativa das mulheres na cena do hip-hop nos mostra uma nova

perspectiva de letras de rap. O foco desse resumo é, portanto, a representação discursiva de

mulheres no mundo de língua alemã, em especial no que diz respeito ao estilo musical rap. Sob

a luz dos trabalhos de Altmayer (2007) e de Wedl (2015), o resumo ora proposto consiste em

apresentar os estudos de gênero e da cena hip-hop na Alemanha, de uma breve análise

discursiva das letras e da reflexão voltada para o ensino e aprendizagem de ALE no Brasil.

A aprendizagem de língua Alemã a partir de expressões artísticas produzidas por alunos

de escolas de ensino de ALE

João Carlos Pires Lemos (Mestrando, UFF)

Levando em consideração que todo material, sistema ou meio que tenha a intenção de

apoiar a atividade pedagógica, definido dentro de um planejamento didático, pode ser

categorizado como material didático (SANTOS E ANDRADE, 2010), as atividades artísticas

propostas dentro das escolas de ensino de alemão como língua estrangeira (ALE), em contexto

de imersão, podem ser vistas como precursoras de conhecimento e exemplificação do

aprendizado de língua para além dos conteúdos mais ‘instrumentalistas’. Definimos estes

conteúdos como os que se aproximam mais de gramáticas tradicionais, como, por exemplo, os

materiais didáticos baseados nas divisões do Duden (2009): fonética, flexão nominal, flexão

verbal, morfossintaxe e entre outras, versões padronizadas de ensino (SANTOS E

DINIZ‑PEREIRA, 2016) e à conservação das ideologias monolíngues que subjazem aos

padrões linguísticos, desprezando, assim, a discussão acerca da língua como uma construção

sócio-histórica.

Nesta comunicação, o termo imersão diz respeito a estar em constante contato com

falantes da língua, de modo a se aproximar, também, da cultura, hábitos compartilhados por

eles e todos os aspectos que a abrangem. A partir disto, o aluno pode obter uma exposição maior

a diferentes experiências, a fim que ele amplie seus conhecimentos linguísticos. Nesse sentido,

a “língua, por ser atividade interativa, [é] direcionada para a comunicação social” (ANTUNES,

2007, p. 40) e seu ensino e aprendizagem não pode se reduzir a ao ensino estigmatizado de

gramática.

O objetivo da presente comunicação é refletir sobre diferentes formas de ensino e

aprendizagem de Alemão como Língua Estrangeira (ALE) por meio da apresentação de

exemplos de atividades produzidas por alunos publicadas nos websites de suas respectivas

escolas, como a Escola Alemã Corcovado, Escola Suíço Brasileira e Colégio Cruzeiro. Sendo

Page 60: Seções Apresentações por horário

tais atividades produzidas em um contexto de imersão e a partir do contato com expressões

artísticas, como pinturas, peças de teatro, artes visuais, mostras culturais etc. Estes trabalhos

podem, portanto, serem considerados materiais didáticos que fomentam a aprendizagem

estética de ALE e de aspectos culturais em sala de aula.

Referências bibliográficas

ANTUNES, Irandé. (2007). Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras

no caminho. São Paulo: Parábola, 3º ed. 2007.

DUDEN. Die Grammatik, 8. ed. Mannheim: Dudenverlag, 2009.

SANTOS, Lucíola Licínio de Castro Paixão; DINIZ‑PEREIRA, Júlio Emílio. (2016).

Tentativas de padronização do currículo e da formação de professores no Brasil. Cad.

Cedes, Campinas, v. 36, n. 100, p. 281-300, set.-dez., 2016.

SANTOS, Gilberto Lacerda; ANDRADE, Jaqueline Barbosa Ferraz de. (2010). Virtualizando

a Escola – Migrações docentes rumo à sala de aula virtual. Brasília. Liber Livro. 2010.

Seção 8 - ALTGERMANISTIK

Coordenadores: Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ) e Prof. Dr. Marcus Baccega

(UFMA)

Título da Seção: Altgermanistik – faces e interfaces

Proposta: em um momento de ruptura das tradicionais fronteiras epistemológicas, a

Germanística Antiga apresenta-se como uma área dialógica por excelência com outras

temporalidades e estilos de época dentro da literatura de expressão alemã. O propósito desta

Seção é possibilitar a tematização de tópicos presentes em textos em althochdeutsch,

mittelhochdeutsch e frühneuhochdeutsch em uma perspectiva comparativista com outros

textos oriundos de diferentes momentos do fazer literário humano, demonstrando assim a

resiliência e a vitalidade do trabalho estético com a palavra de monges, Minnesänger e demais

representantes por nós estudados dentro da Altgermanistik.

Quarta-feira – 24/11/2021 – 10h30-12h30

1. (Des)caminhos da Minne: entre o amor e a violência na lírica medieval em alemão

Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ/FL/PPGLC/BRATHAIR)

Page 61: Seções Apresentações por horário

2. O Sacramento da penitência na versão alemã da VISIO TNUGDALI

Palestrante: Prof. Dr. Marcus Baccega (UFMA)

3. Arqueologia do amor cortês: a relação entre o Minnesang e a Literatura de Cordel

Palestrante: Profa. Ma. Beatriz Pereira (Doutoranda PGET– UFSC)

Quarta-feira – 24/11/2021 – 14-16h

4. Magia curativa e religiosidade germânica: Rituais de cura na Idade Média Central

Profa. Ma. Nanã de Alcântara Bezerra Pacheco (UFRJ/PPGLC)

5. Propaganda política no Medievo? Por uma reflexão acerca do elogio ao líder no Livro dos

Evangelhos e na Canção de Luís.

Gabriel Nascimento da Silva (UFRJ/Mestrando/PPGLC)

6. Poesia de paz num mundo violento em “Coragem” de Hans Christoffel von Grimmelshausen

Prof. Dr. Levy da Costa Bastos (UERJ)

Título 1: (Des)caminhos da Minne: entre o amor e a violência na lírica medieval em alemão

Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ/FL/PPGLC/BRATHAIR)

Resumo: a literatura sempre se prestou a desempenhar um papel de testemunho e documento

sobre deteminado período histórico. Partindo dessa premissa, dentro do convencionalismo

poético da lírica medieval em alemão da Baixa Idade Média centrado no conceito de minne –

que poderíamos traduzir como “amor cortês” – e que possui subdivisões textuais específicas,

centramos nossas reflexões nesse trabalho sobre os traços socio-poéticos inseridos em dois

Lieder de Walther von der Vogelweide (c. 1170-1230), sendo uma delas representante do hohe

minne, configurando uma relação idealizada, não passível de concretização, e uma cantiga em

niedere minne, que poeticamente afirma a consumação do encontro amoroso. Como

contraponto à construção desse modelo de relação amorosa, contudo, inserimos também um

Carmen buranum, em que se desconstrói o ethos do caval(h)eiro através da imagem da violência

deste ao abordar a jovem dama e estuprá-la.

Palavras-chave: Minne – Literatura em médio-alto-alemão – Violência

Título 2: O Sacramento da penitência na versão alemã da VISIO TNUGDALI

Prof. Dr. Marcus Baccega (UFMA)

Resumo: Esta sucinta intervenção dedica-se a problematizar a contenda que se instaura a

respeito do ethos cavaleiresco, entre o projeto de Militia Christi da Reforma Pontifícia da Idade

Média Central (séculos XI a XIII) e de Militia Saeculi dos setores nobiliárquicos, na versão

alemã da Visão de Túndalo (c.1190). Atribuída, em seu original gaélico, à auctoritas de Frei

Marcus, monge beneditino do célebre Mosteiro de Saint Jacques, fundado por monges

irlandeses, a Visio Tnugdali foi adaptada para o Médio Alto Alemão (Mittelhochdeutsch) ao

Page 62: Seções Apresentações por horário

final do reinado de Frederico Barba-Ruiva (1152-1190). A vitória do ideal estilizado da Militia

Saeculi no enredo desta viagem ao Além, mediante a penitência e conversio morum do cavaleiro

cortês Túndalo consigna, em nossa hipótese de investigação, uma reação da aristocracia clerical

à tentativa dos Staufen de concentração simbólico-política da potestas na figura do Sacro

Imperador dos Romanos.

Palavras-chave: Visão de Túndalo; Reforma Pontifical; Sacro Império Romano

Título 3: Arqueologia do amor cortês: a relação entre o Minnesang e a Literatura de Cordel

Profa. Ma. Beatriz Pereira (Doutoranda PGET– UFSC)

Resumo: Esta comunicação tem por objetivo apresentar a ideia que originou minha pesquisa

de doutoramento intitulada “Arqueologia do amor cortês: a relação entre o Minnesang e a

Literatura de Cordel. Busco investigar as relações que podem ser estabelecidas entre as canções

de Minne presentes no Große Heidelberger Liederhandschrift compostas pelo trovador Walther

von der Vogelweide (1170-1230) em alto-alemão médio (Mittelhochdeutsch) e os cordéis de

cariz amoroso que fazem parte da tradição poética nordestina, sobretudo, a catalogada pelo

cordelista Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Com isso, desejamos captar vestígios da

lírica amorosa proveniente do mundo medieval germanófono nas nossas “folhas volantes”. A

pista que temos são estudos em curso sobre o elo que une as cantigas galego-portuguesas à

Minnelyrik, trabalho proposto por José Carlos Teixeira (Universidade do Porto). A partir das

contribuições na área do folclore e da cultura popular trazidas por Luís da Câmara Cascudo

(1898-1986), como na obra Literatura oral no Brasil, do aporte teórico da Literatura Comparada,

tendo em vista as pesquisas de Tânia Franco Carvalhal, além da vasta literatura que versa sobre

o amor cortês e o Minnesang (nesse sentido algumas obras são fontes inescapáveis: Alegoria

do Amor: um estudo da tradição medieval de C. S. Lewis e Walther von der Vogelweide de

Thomas Bein), tencionamos construir uma verdadeira arqueologia do l’amour courtois, a fim

de propor reflexões no sentido de entender até que ponto aquelas realidades evocadas nas trovas

do Medievo e nos poemas de cordel ainda inspiram o imaginário, a mentalidade do mundo

atual. Ademais, interessa-nos ainda discutir questões ligadas ao tema da migração, dado

estarmos tratando de influências culturais várias (canções de Minne – cantigas galego-

portuguesas – cordéis). Para tanto, acredito que as análises de Pierre Bourdieu (1930-2002)

possam ser de grande valia para minha investigação.

Palavras-Chave: Germanística – Amor Cortês – Minnesang – Literatura de Cordel – Literatura

Comparada

Título 4: Magia curativa e religiosidade germânica: Rituais de cura na Idade Média Central

Page 63: Seções Apresentações por horário

Profa. Ma. Nanã de Alcântara Bezerra Pacheco (UFRJ/PPGLC)

Resumo: Na Germânia Continental dos séculos X e XI, período que compreende a Idade Média

Central, a salvação divina difundida e expressa pelo cristianismo tornava-se uma realidade irreversível

por todo o território germanófono continental. Contudo, mesmo com a afirmação da religião do Cristo,

a religião “pagã” ainda seguia extremamente viva e pulsante, sendo difícil sua total exclusão dentro do

tecido social. Assim, os antigos rituais conviviam amalgamados aos rituais para o novo Deus vindo de

Roma. E é nesse contexto de confluência e adaptação, onde o antigo e o novo se tocam, que encontramos,

no recorte histórico, as fórmulas de encantamento, misturadas com textos literários, médicos e

religiosos. O presente trabalho concentra-se nos rituais que buscam a cura e a proteção através do uso

de práticas religiosas e mágicas que atuavam como agentes medicinais, procurando demonstrar como se

desenrola o entrelaçamento de práticas de religiosidade distintas e se constata que as mesmas se

presentificam através da crença no(s) poder(es) superior(es) e, de forma breve, dos desdobramentos

desse entrelaçamento religioso.

Palavras-chave: Encantamento. Cura. Proteção. Medicina. Magia. Religiosidade

Título 5: Propaganda política no Medievo? Por uma reflexão acerca do elogio ao líder no Livro dos Evangelhos e na Canção de Luís.

Gabriel Nascimento da Silva (UFRJ/Mestrando/PPGLC)

Resumo: A comunicação abordará duas obras que foram produzidas durante o século IX: O

Livro dos Evangelhos, escrito por Otfrid von Weißenburg (806 – 876) e a Canção de Luís, cujo

autor ainda é desconhecido. Olhar-se-á para as semelhanças discursivas e linguísticas dentro

dessas duas obras, a fim de compará-las e buscar suas referências comuns, sendo a mais

marcante entre elas o forte apelo ao discurso religioso e a tentativa de exaltação de figuras de

liderança por meio de uma sugestão de proximidade entre tais figuras e o divino. Será

apresentado, também, um breve panorama historiográfico acerca das figuras principais

presentes nos textos e dos territórios onde os textos foram produzidos, para que haja um melhor

entendimento do contexto de produção referente a cada uma dessas obras.

Palavras-chave: Governo – Propaganda – Francos – Antigo-Alto-Alemão

Título 6: Poesia de paz num mundo violento em “Coragem” de Hans Christoffel von

Grimmelshausen

Prof. Dr. Levy da Costa Bastos (UERJ)

Resumo: esta comunicação pretende analisar o romance pícaro Réplica ao Simplício: ou

exaustiva e fascinante biografia da caloteira e vagabunda Coragem, de Hans Christoffel von

Page 64: Seções Apresentações por horário

Grimmelshausen. A sua pertinência reside no fato de que, na aridez de seu tempo,

Grimmelshausen soube detectar a necessidade de poetizar a paz. Permanece atual para estes

dias, onde a violência (em suas mais variadas acepções) entrou na ordem do dia, se tornou uma

constante. Em Grimmelshausen, a literatura vai à guerra, mas como alguém que a denuncia. O

romance Coragem é, por que não dizer, um manifesto de atrevimento e rebeldia, pois nele se

ousa pôr em questão uma sociedade, mais que isso, um tempo contaminado pela cultura da

guerra. Pretende-se nesta comunicação também perguntar-se: como se aproxima e se distancia

Grimmelshausen do romance Pícaro espanhol? Sob que bases ele o recria no espaço da literatura

alemã de seu tempo? Diretamente relacionado a isso será falado do contexto, no qual a obra de

Grimmelshausen está situada: a Guerra dos Trinta Anos. A pergunta que interessa mais aqui é

pela vinculação dos acontecimentos horrorosos deste conflito com a produção literária. A

função social da literatura.

Palavras-chave: Romance pícaro, Guerra dos Trinta Anos, Função social da literatura,

Empoderamento da Mulher, Hans von Grimmelshausen.

Seção 9 - Literatura e Resistência

Coordenadores: Prof. Dr. Tercio Redondo (USP) e Prof. Dr. Alexandre Villibor Flory (UEM)

24/11 - quarta-feira - 10h30-12h30

Modellbücher e Theaterarbeit – Os registros do trabalho prático de Bertolt Brecht

Beatriz Calló

A recepção de Brecht pela crítica feminista

Letícia Botelho

O deserto de Jahí – de A Exceção e a Regra, de Brecht - como proposta para discussão do

Estado de Exceção schmittiano

Suzana Mello

24/11 – quarta-feira - 14h00-16-00

Teatro e resistência em Massa-homem, de Ernst Toller

Alexandre Flory

Peter Weiss e o teatro contemporâneo

Fernando Kinas

Agitprop brechtiano no exílio: Dansen e Was kostes das Eisen?

Pedro Mantovani

Page 65: Seções Apresentações por horário

25/11 - quinta-feira - 10h30-12h30

Comentários de alguns poemas de Brecht na tradução de Tercio Redondo

Iumna Simon

Bertolt Brecht: escritos políticos

Tercio Redondo

Isso é vida?

Priscila Figueiredo

25/11 – quinta-feira - 14h00-16-00

Die Schutzbefohlenen: a crise dos refugiados na obra de Elfriede Jelinek

Gisele Eberspacher

As anedotas de Kleist e a política napoleônica: uma relação de resistência?

Henrique Moraes

26/11 - sexta-feira - 14h00-16h00

Autoria afirmativa e as narrativas de refúgio a partir de três romances contemporâneos em

língua alemã

Monique Araújo

Resumos:

1) Modellbücher e Theaterarbeit – Os registros do trabalho prático de Bertolt Brecht

Beatriz Calló

Bertolt Brecht (1898-1956), dramaturgo e diretor alemão, dedicou o conjunto de sua obra ao

pensamento crítico e à exploração dos funcionamentos dos processos sociais, em textos que

compreendem poesia, prosa, teoria teatral, crítica e dramaturgia. Seu compromisso com as

questões políticas e culturais de sua época – como o avanço do nazifascismo, sua vida no exílio

e as críticas ao capitalismo –, assim como a formulação teórica de uma nova forma de produção

teatral que se contrapõe ao teatro burguês, hegemônico e mercadológico, encontram concretude

em sua prática artística, realizada coletivamente no trabalho do Berliner Ensemble, grupo teatral

criado por ele e Helene Weigel, em setembro de 1949. Os registros dessa prática são escassos

e estão presentes nas publicações dos modellbücher [livros-modelos] e Theaterarbeit. Os

primeiros se apresentam como um material sobre a construção cênica de Brecht, por intermédio

de descrições e de registro fotográfico dos ensaios, sob a responsabilidade de Ruth Berlau, que

são acompanhados de legendas descritivas, anotações do próprio Brecht e do texto completo da

adaptação da peça. Complementar aos livros-modelo, a publicação Theaterarbeit – 6

Aufführungen des Berliner Ensembles apresenta o registro dos processos de criação dos seis

primeiros espetáculos do coletivo. No livro constam as análises, os processos de direção, as

investigações interpretativas, críticas sobre a interpretação dos artistas, descrições de cenas,

Page 66: Seções Apresentações por horário

músicas, análises de cenário, figurino e máscaras, propagandas, críticas das peças e alguma

contextualização histórica. O artigo, então, explora esses registros, estabelecendo suas

semelhanças e diferenças, a fim de contribuir para o estudo do trabalho prático de Bertolt

Brecht.

2. A recepção de Brecht pela crítica feminista

Letícia Botelho

Na segunda metade do século XX, observamos um forte crescimento de movimentos sociais de

luta por emancipação e reconhecimento de determinados grupos historicamente oprimidos,

inserindo-se, aqui, um crescimento do feminismo nas Américas, transformando profundamente

o campo da política. Neste panorama, nas últimas décadas, sobretudo a partir de 1970, iniciou-

se um movimento de recepção crítica da obra de Brecht por uma perspectiva feminista, que

podemos ver como inserido em um processo, característico da arte contemporânea, de acerto

de contas histórico com a arte moderna e suas promessas políticas de emancipação, no contexto

do desenvolvimento do capitalismo tardio e da derrocada das vanguardas do início do século

XX. Nesta recepção da obra brechtiana pela crítica teatral feminista, mormente anglo-

americana, diversas autoras apropriaram-se de conceitos e práticas brechtianas – com destaque

para as noções de “efeito de estranhamento” (Verfremdungseffekt) e Gestus - para o

desenvolvimento de um teatro feminista, crítico das construções sociais e representações

ideológicas de gênero, afirmando, no entanto, que tal crítica não foi colocada em prática por

Brecht em seu teatro. Esta apresentação visa traçar um breve esboço da recepção do trabalho

teatral de Brecht pela crítica feminista das últimas décadas, buscando discutir sua pertinência e

suas limitações, tendo em vista a compreensão do trabalho brechtiano e as discussões sobre as

formas ideológicas de percepção e representação da cultura patriarcal.

Palavras-chave: Bertolt Brecht; Estética; Política; Teatro; Feminismo.

3. O deserto de Jahí – de A Exceção e a Regra, de Brecht - como proposta para discussão do

Estado de Exceção schmittiano

Suzana Campos de Albuquerque Mello

Esta comunicação tem como objeto propor uma discussão sobre o Estado de Exceção

schmittiano, a partir de uma passagem da peça “A Exceção e a Regra”, a travessia do deserto

de Jahí. Conforme Eva Horn, a peça A exceção e a regra mostra a questão da soberania, a que

é dada uma “proporcionalidade simples”, isto é, não constitui o ponto central da peça, ficando

a questão em aberto à espera de uma resposta. A peça expõe a história de um comerciante que

mata seu cule, aparentemente, por necessidade. Diante do tribunal, contudo, fica provado que

o comerciante não tinha nenhum motivo, nenhuma necessidade para cometer tal ato. Mesmo

assim, ele é absolvido com a explicação de que tinha apenas cumprido a regra “olho por olho”.

O texto da peça diz: “A regra é: olho por olho! O bobo espera pela exceção. Que seu inimigo

lhe dê de beber/ Isso não espera aquele que tem razão.” (Trad. MELLO). O cule é uma exceção

Page 67: Seções Apresentações por horário

à regra do direito vigente, o cule acreditava que não poderia ser assassinado impunemente.

Enquanto se pode ler em Agamben, conforme Horn, que na estrutura geral do poder soberano,

a exceção está na exposição efetiva do Direito, em Brecht, a mesma estrutura geral do poder

soberano não é apresentada em forma de análise estrutural, mas como diagnose de um

determinado estado dado, quer dizer, de uma circunstância esteticamente elaborada, de uma

contigência. Para Brecht, o que faz o cule ser impunemente assassinado é seu pertencimento a

uma determinada classe.Buscar-se-á discutir o deserto de Jahi como proposta de ilustração de

uma zona de indeterminação, dentro desta contingência, que dá espaço ao Estado de Exceção,

que é decidido pelo soberano de Schmitt.

4. Teatro e resistência em Massa-homem, de Ernst Toller

Alexandre Flory (UEM)

Nessa comunicação, pretende-se discutir questões teóricas e críticas sobre o expressionismo

teatral em Massa-homem, de Ernst Toller. Escrito em 1921, quando o autor estava preso por

sua participação ativa na Revolução Alemã, essa obra é fundamental para se estudar a relação

entre arte e sociedade no contexto do expressionismo. A obra é dedicada à revolução proletária

e, ao fazê-lo, não perde de vista a renovação estética, provocando uma discussão sobre a agência

subjetiva na obra. Raymond Williams (2011) nomeia essa perspectiva por ‘expressionismo

social’, com grande pertinência e profundidade, em seu ensaio ‘O teatro como um fórum

político’. De certo modo, há uma urgência em elaborar esteticamente, mas de modo quase

imediato, o contexto histórico que se impõe, e Massa-homem é também uma espécie de

participação direta no debate político e estético de então. Alguns anos depois, em 1927, é

encenada Hoppla, wir leben!, em registro próximo à nova objetividade, em que Toller faz uma

avaliação crítica destes anos iniciais da República de Weimar, em outra perspectiva histórica,

política e estética, que interessa mencionar pelo contraste com suas obras expressionistas, e pela

sua importância histórica.

Palavras-chave: teatro expressionista; Enst Toller; teoria do teatro

5. Peter Weiss e o teatro contemporâneo

Fernando Kinas

A hoje centenária tradição do teatro documentário moderno, iniciada na primeira década do

século XX, sobretudo a partir das experimentações do teatro soviético e alemão, teve um

extraordinário impulso com a contribuição dada por Peter Weiss (1916-1982). O autor, nascido

na Alemanha e naturalizado sueco, escreveu O interrogatório em 1965, marco na reorientação

de sua trajetória como escritor e cidadão, mesmo após o enorme sucesso, inclusive comercial,

de Marat/Sade, escrita em 1964. As peças que escreveu nos anos seguintes investigaram temas

da atualidade política, como o colonialismo (O canto do fantoche lusitano) e a guerra do Vietnã

(Discurso sobre a guerra do Vietnã), além de apresentarem, utilizando diversos recursos

documentais, as vidas de Hölderlin e Trotsky. Em 1967 Weiss publicou um pequeno e influente

texto, em forma de notas, definindo as bases do novo teatro documentário crítico, reivindicando

a tradição do agit-prop soviético e as experiências dos anos 1920 de Piscator e Brecht. A

Page 68: Seções Apresentações por horário

comunicação pretende apresentar sumariamente esta trajetória, apontando sua utilidade para o

teatro contemporâneo.

6. Agitprop brechtiano no exílio: Dansen e Was kostes das Eisen?

Pedro Mantovani

O objetivo de nossa comunicação é apresentar elementos para uma leitura dialética das

peças Dansen e Was kostet das Eisen? de Bertolt Brecht escritas em 1939. Discutiremos essas

duas peças de agitação brechtianas, que realizam uma crítica da ‘neutralidade’ política diante

do fascismo, estabelecendo uma relação entre as peças e o seu contexto histórico. Além disso,

estabeleceremos uma relação entre a peças e o conjunto da obra de Brecht, procurando

explicitar os motivos pelos quais elas costumam ser ignoradas pelos estudos brechtianos que

valorizam as chamadas grandes peças de Brecht em detrimento das peças didáticas

(Lehrstücke).

7. Comentários de alguns poemas de Brecht na tradução de Tercio Redondo

Iumna Maria Simon

Na sua primeira publicação de 1930, o ciclo dos poemas conhecidos como “Do guia para os

habitantes da cidade” limitava-se a dez composições. Sabe-se hoje que este número não é fixo

nem determinado e abrange variadas linhas de preocupação de Bertolt Brecht na época. A linha

dominante é a experimentação de formas e linguagens numa técnica mista de teatro e poesia,

cena e interpretação, cuja movimentação de vozes possui alto teor antilírico. No “Guia” o poeta

de Hauspostille apresenta uma sucessão de cenas proletárias, formuladas em verso livre e

coloquial. Para tratar da miséria social do proletariado alemão dos anos 1920, adota formas

irregulares e agressivas que correspondem à radicalização político-social de seu engajamento

comunista naquele momento. A leitura analítica que farei de dois poemas do “Guia” procura

articular a experiência subjetiva à experiência coletiva, justamente a que interessava a Brecht,

assim como procuro mostrar como o ângulo feminino qualifica o teor político e o depoimento

da revolta e da pobreza a caminho de uma compreensão marxista da sociedade capitalista.

8. Bertolt Brecht: escritos políticos

Tercio Redondo

Durante os anos de seu exílio (1933-1949) Brecht escreveu cerca de uma centena de textos

políticos, em sua maioria bastante curtos, a maior parte deles não prevista para publicação.

Juntamente com os Diários de trabalho, esse material constitui uma crítica do fascismo ou,

mais propriamente, um ensaio de sua crítica. Não possuem o acabamento ou uma análise mais

detida tal como se observa em alguns dos escritos políticos de Heinrich e Thomas Mann, mas

abordam uma série de questões não tratadas por estes nem por outros escritores alemães, a

começar pela base econômica da crise que levou Mussolini e Hitler ao poder.

Este trabalho procura discriminar os pontos cardeais dessa crítica e comentar alguns de seus

elementos formais. Em boa medida, essa prosa foi um exercício de pensamento, prévio ou

simultâneo à elaboração da obra literária que Brecht produziu no período.

Page 69: Seções Apresentações por horário

Palavras-chave: Bertolt Brecht, crítica do fascismo, escritos políticos.

9. Isso é vida?

Priscila Figueiredo

A minha apresentação no Gt “Literatura e Resistência” procurará mapear uma espécie de

fenomenologia do estranhamento do mundo do trabalho, aí incluída a divisão entre trabalho e

ócio, em Robert Walser. Uma influência reconhecida nele é a do idílio ou novela Aus dem Leben

eines Taugenichts, de Eichendorff. A figura do “vagabundo romântico” (para G. Lukács, um

imprestável apenas para a ordem capitalista) nessa que era uma de suas obras prediletas funda

uma estirpe à qual parecem também pertencer os protagonistas de romances, além de outros

personagens de narrativas breves de Walser, como Helbling. Mas o Taugenichts não parece

revelar marcas biográficas de seu criador (funcionário público, embora pertencente à minoria

católica da nobreza alemã) de forma tão imediata como as criaturas do autor suíço. Como estas,

ele passara por empregos subalternos dos mais variados, inclusive o de serviçal numa casa

nobiliárquica. A propósito da curtíssima duração de seus vínculos como empregado, durante os

quais juntava algum dinheiro para poder se dedicar apenas à literatura, ele diz num de seus

passeios com Carl Selig, a quem conheceu quando já tinha abandonado a literatura e vivia como

interno de um sanatório: “Não se pode servir a dois senhores”. Com o patrão que não é a Poesia,

sua postura oscila entre a insolência e a vontade de servir, expressa às vezes, no entanto, com

tal arroubo que nos permite entrever uma ironia de fundo. Do que estamos chamando de

“fenomenologia do estranhamento do mundo do trabalho” faz parte ainda o tempo/roubo de

tempo para a contemplação da natureza (Walser e personagens são notórios andarilhos), a

recusa do conceito de “férias” como ócio administrado, o assombro com a multidão e a

regulagem de seu dia pelo relógio da fábrica ou do escritório, entre tantos outros aspectos que

vale a pena repertoriar. Vou me deter especialmente em Os irmãos Tanner, seu primeiro

romance, considerado por ele, como o manifestou a Selig, frouxo e extremamente romântico,

ainda que seu editor, Bruno Cassirer, já o tivesse publicado com cortes. Essa frouxidão, creio,

tem a ver com um tempo muito peculiar, que é também sua resistência.

10. Die Schutzbefohlenen: a crise dos refugiados na obra de Elfriede Jelinek

Gisele Eberspächer

Em 2012, um grupo de refugiados palestinos e afegãos ocupou a Votiv-Kirche, em Viena, em

súplica, pedindo que seus processos de asilo fossem considerados e que sua permanência na

Áustria fosse permitida. Em 2013, a escritora austríaca Elfriede Jelinek, vencedora do Nobel de

Literatura em 2004, apresenta o texto Die Schutzbefohlenen – uma peça que retoma o drama

vivido pelo grupo em contraste à frieza do discurso oficial. De lá para cá, a obra contou com

pelo menos 14 encenações – criando e encontrando ecos da crise de refugiados em vários outros

países. Escrita em primeira pessoa (do singular e do plural) e trazendo intertextualidades com

As Suplicantes de Ésquilo, As Metamorfoses de Ovídio, o pensamento de Heidegger e falas e

documentos da Secretaria Nacional de Integração, entre outras referências pontuais, a obra

entremeia o tom de súplica e desespero com frases familiares (porém distorcidas) e outras obras

literárias, trazendo para o texto várias referências e camadas de interpretação. A presença de

diferentes fontes também promove o debate sobre as incoerências internas do discurso de um

Page 70: Seções Apresentações por horário

país católico e sua atuação humanitária com aqueles que ali buscam refúgio. Contrapondo

outros escândalos políticos com a ocupação dos refugiados, Jelinek busca fazer uma crítica

política – e sua voz crítica faz parte de um movimento de resistência a um movimento de

xenofobia e nacionalismo em seu país. O presente trabalho pretende apresentar como o texto

de Jelinek constrói criticamente, a partir de suas características (o uso de Textflächen, a primeira

pessoa dirigida à leitores/espectadores em súplica, as intertextualidades e referências), uma

aproximação do drama vivido pelos refugiados com a realidade do seu país.

11. As anedotas de Kleist e a política napoleônica: uma relação de resistência?

Henrique Silva Moraes

Quando se trata do papel da Literatura de língua alemã na representação de movimentos

históricos de resistência, Heinrich von Kleist (1777 - 1811), de fato, não se encontra entre os

autores mais proeminentes ou, talvez, nem mesmo entre os mais relevantes. No entanto, há de

se lembrar que o conturbado período histórico de produção e publicação das obras de Kleist,

em meio aos desdobramentos da Revolução Francesa e à eclosão das Guerras Napoleônicas,

talvez permita enxergá-lo em um contexto de resistência. Qual seria o posicionamento de Kleist

em face da Revolução Francesa e em face do avanço das tropas de Napoleão? A maneira como

se dão, em suas narrativas, os embates contra o poderio francês poderia caracterizar

propriamente uma escrita de resistência? Estes são os problemas os quais, neste trabalho,

tentaremos abordar, a partir da análise de duas narrativas de Kleist: da narrativa interna, inserida

no escrito Über die allmähliche Verfertigung der Gedanken beim Reden, sobre o discurso de

Mirabeau em 1789; assim como da anedota Mutterliebe, publicada em janeiro de 1811 no

Berliner Abendblätter. Com esse ponto de partida, levanta-se a hipótese de que o estilo

enigmático e paradoxal das narrativas de Kleist, para cuja decifração o contexto histórico,

apesar de oferecer informações necessárias, está longe de ser suficiente, leva-nos a perceber

que o seu "espírito de contradição", nos dizeres de Goethe, ou que a "estrutura agônica" e

anticlássica de suas narrativas (Blamberger, 1995; Frick, 1995) promovem uma postura de

resistência de caráter sobretudo estético e epistemológico, que lançam as bases de sua recepção

pela Modernidade e pela Contemporaneidade.

PALAVRAS-CHAVE: Heinrich von Kleist, Guerras Napoleônicas, anedotas, literatura de

resistência.

12. Autoria afirmativa e as narrativas de refúgio a partir de três romances contemporâneos em

língua alemã

Monique Cunha de Araújo

As literaturas produzidas por ou sobre pessoas deslocadas apresentam um desafio para os

estudos críticos, na medida em que contestam as noções padrões da língua arraigadas ao

território, criticam as categorias literárias vernáculas e questionam as concepções individuais

Page 71: Seções Apresentações por horário

sobre autoria. O desarraigamento territorial contribui, sobretudo, para a contestação sobre

histórias literárias dominantes, agregando o movimento e a fluidez dos espaços ao debate atual.

Ao mesmo tempo que as narrativas se ocupam da violência, dor e embates culturais,

submetendo a literatura a uma ética testemunhal, configurada pelo narrativizing imperative,

elas se baseiam no desejo de despertar humanitário para a questão da crise migratória mundial,

na qual se favorece o ideário de um cosmopolitismo pragmático. Este trabalho argumenta que

estas literaturas representam renovação dos estudos sobre a subalternidade, se diferenciam dos

chamados escritos no/do exílio e evocam novas perspectivas de uma autoria afirmativa. Para

tanto, analisou-se três romances de língua alemã publicados no auge da “crise dos “refugiados”

na Europa: Gott ist nicht schüchtern (2017), de Olga Grjasnowa; Ohrfeige (2016), de Abbas

Khider e Vor der Zunahme der Zeichen3 (2016), de Senthuran Varatharajah. As discussões

sobre interseccionalidades, nova complexidade das fronteiras e identidades, subjugadas à

categoria judicial validatória nas obras, configuram algumas das contribuições desta pesquisa à

tentativa de uma virada epistemológica.

Seção 10 - DACH: a diversidade linguística e cultural dos países de língua alemã na

teoria e em sala de aula

Coord: Ruth Bohunovsky (UFPR), Anisha Vetter (UNICAMP)

Quarta-feira, 24 de novembro:

1. 14h:

DACH-Prinzip na prática: uma proposta de elaboração de um material didático

Alessandra de Freitas (UFPR)

2. 14h20:

Era uma vez onde se falava alemão...

Gabriel Caesar Bein (UEG/UFPR)

20 minutos de debate

3. 15h:

Como abordar a diversidade linguística e cultural nas aulas de alemão? Recursos

e propostas didáticas

Camila Meirelles (UFPR)

3 Deus não é tímido, Tapa na cara e Antes do aumento dos sinais, respectivamente. Os romances ainda

não possuem tradução para o português.

Page 72: Seções Apresentações por horário

4. 15h20:

Ações de promoção da pluralidade e da diversidade linguística das línguas teuto-

brasileiras

Claudia Fernanda Pavan (UFRGS)

20 minutos de debates

Sexta-feira, dia 26 de novembro, 14 às 16 horas:

5. 14h:

Das OeAD-Lektoratsprogramm in Brasilien: DACH in der Praxis

Cristina Rettenberger (OeAD-UFPR)

6. 14h20:

Materiais didáticos sobre a Viena Vermelha para o ensino de alemão em

contexto universitário: princípios e pressupostos no processo de sua elaboração

Dörthe Uphoff (USP)

7. 14h40:

Aprendizagem cultural em níveis iniciais: produção e divulgação de material

didático de acordo com o conceito “DACH”

Ruth Bohunovsky (UFPR)

30 minutos de debate

Page 73: Seções Apresentações por horário

Resumos:

Quarta-feira, 24 de novembro:

1. 14h:

DACH-Prinzip na prática: uma proposta de elaboração de um material didático

Alessandra de Freitas (UFPR)

Esta comunicação objetiva apresentar a primeira versão de um material didático de

ALE, que está sendo elaborado no âmbito do Centro Austríaco, alocado na

Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde se desenvolve um grupo de estudos de

produção de materiais didáticos. Composto por docentes, discentes e egressos da

graduação e pós-graduação em Letras da UFPR, o grupo reúne-se regularmente para

fazer discussões acerca do conceito de DACH e sua importância no ensino de ALE, a

partir da leitura e reflexão crítica de textos teóricos, e, além disso, pensar e produzir

materiais condizentes com tais reflexões que sejam também apropriados para o

público-alvo: brasileiros e brasileiras aprendizes de alemão em níveis iniciais. As

perspectivas teóricas que embasam o projeto de pesquisa, pelo qual as atividades do

grupo se orientam, são principalmente os conceitos de cultura e aprendizagem cultural

propostos por Altmayer (2004;2016) bem como a concepção de lugares de memória –

definida pelo historiador Pierre Nora, é uma noção que tem sido defendida na área de

ALE como produtiva para ensino/aprendizagem de cultura por um viés discursivo

(FORNOFF; KOREIK, 2020). Partindo destas considerações, como integrante do grupo,

ocupo-me da elaboração de um material didático, que tematiza a personalidade

“Conchita Wurst”. Pretendo, assim, apresentá-lo, focalizando o processo de

elaboração, justificando as escolhas ali colocadas e buscando ainda discutir e analisar

em que medida o conceito de DACHPrinzip está presente na proposta do material.

2. 14h20:

Era uma vez onde se falava alemão...

Gabriel Caesar Bein (UEG/UFPR)

Contos de fada fazem parte da infância. No Brasil também é assim. São narrativas de

um príncipe que vem de um país distante e vive uma história de amor com a princesa

local. Se o país é distante, como é possível o príncipe vir montado a cavalo e não trazer

bagagem? Como o príncipe fala a mesma língua da região visitada? A alegoria nos

contos de fada faz alusão à situação de Kleinstaaterei. A condição da fragmentação

política foi seguramente uma razão substancial para haver variação linguística tão

extrema. A proposta de minha comunicação é mostrar como elementos do imaginário

coletivo infantil do Brasil podem ser utilizados na Aula de Alemão para esclarecer de

Page 74: Seções Apresentações por horário

maneira lúdica e simples o aspecto pluricêntrico do Alemão por uma perspectiva

histórica. Até mesmo as animações da Disney, muitas com inspirações em Märchen,

apresentam indícios importantes que nos permitem verificar o espaço onde o enredo

ocorre. O uniforme usado pelo Príncipe da Cinderela é análogo ao uniforme de gala de

personalidades históricas da Áustria Fürst Radetzky e Kaiser Franz Joseph. Isso nos leva

a compreender que a narrativa se passa muito seguramente na Áustria e em alguma

região próxima falante da mesma língua, pois as personagens conversam entre si sem

dificuldades de comunicação. A pedagogia de línguas tem valorizado a variação nos

últimos anos, aqui há um tema que pode somar-se à discussão e auxiliar na

transposição da teoria à prática de ensino na temática.

20 minutos de debate

3. 15h:

Como abordar a diversidade linguística e cultural nas aulas de alemão? Recursos e

propostas didáticas

Camila Meirelles (UFPR)

O reconhecimento da diversidade linguística e cultural dos países e regiões de língua

alemã faz-se presente no ensino de alemão como língua estrangeira desde a

publicação das ABCD-Thesen em 1990 e, mais recentemente, através do DACH-Prinzip,

que prevê a inclusão das diferentes dimensões linguísticas e culturais dos países de

língua alemã de forma igualitária no ensino (DEMMIG; HÄGI; SCHWEIGER, 2013). Não

obstante, colocar esses conceitos em prática é muitas vezes um desafio para nós

docentes, inclusive para aqueles que possuem conhecimentos sobre o tema. O contato

com a diversidade da língua alemã é, portanto, necessário desde o início da formação

de professores, com o intuito de preparar os futuros professores para lidar com essas

questões em sala de aula. Nesse sentido, esta comunicação tem como objetivo

oferecer caminhos para a implementação de uma abordagem que contemple a

diversidade linguística e cultural na formação de professores de alemão, desde os

níveis iniciais. Para que o trabalho com essa diversidade possa ser implementado em

sala de aula, serão apresentados recursos, como fontes de consulta e materiais, bem

como exemplos de atividades, que podem ser aplicadas nos níveis A1, A2 e B1. Desta

forma, esta apresentação pretende contribuir para que a conscientização sobre a

diversidade linguística e cultural dos países e regiões de língua alemã possa alcançar

mais aprendizes.

4. 15h20:

Page 75: Seções Apresentações por horário

Ações de promoção da pluralidade e da diversidade linguística das línguas teuto-

brasileiras

Claudia Fernanda Pavan (UFRGS)

Na presente comunicação, ocupo-me de questões referentes à promoção da

pluralidade e da diversidade linguística das variedades de língua alemã faladas no

Brasil. Para tanto, parto de perspectivas teóricas da sociolinguística e da dialetologia

pluridimensional e relacional, articulando-as com a noção de pluricentricidade. Línguas

pluricêntricas, em princípio, são aquelas que possuem status de língua oficial ou co-

oficial em diferentes centros (Estados ou regiões), apresentam diferentes variedades

padrão e têm, portanto, normas codificadas específicas em cada um desses centros.

Embora não se possa aplicar a noção de pluricentricidade a todas as línguas

minoritárias no Brasil – uma vez que nem todas atendem aos critérios necessários para

que sejam consideradas assim –, o alemão e o português são línguas pluricêntricas, e

as discussões e pesquisas em torno da pluricentricidade favorecem uma perspectiva

mais ampla em relação às diferentes normas linguísticas e consequentemente uma

perspectiva mais positiva em relação à diversidade e a pluralidade linguística. Além

disso, a teoria de línguas pluricêntricas favorece a desconstrução da noção de uma

língua homogênea, na qual as variações são consideradas “incorreções”. Isso, por sua

vez, favorece a atenção e o interesse por diferentes variedades linguísticas bem como

a elaboração de ações voltadas à sua promoção, a exemplo das iniciativas conduzidas

no âmbito do projeto ALMA-H (Atlas Linguístico-Contatual das Minorias Alemãs na

Bacia do Prata: Hunsrückisch), como pretendo ilustrar nesta comunicação.

20 minutos de debates

Sexta-feira, dia 26 de novembro, 14 às 16 horas:

5. 14h:

Das OeAD-Lektoratsprogramm in Brasilien: DACH in der Praxis

Cristina Rettenberger (OeAD-UFPR)

Dieses Jahr wurde Brasilien zum ersten Mal Lektoratsstandort für österreichische

OeAD-Lektor*innen. Kultur und Literatur Österreichs, der plurizentrische

Sprachunterricht sowie die Beratung von Studierenden über Stipendien- und

Förderungsmöglichkeiten im Zielland stehen unter anderem im Vordergrund dieses

Page 76: Seções Apresentações por horário

Mobilitätprogramms. Ziel des Lektorats ist die langfristige und nachhaltige Beziehung

zwischen Österreich und dem Gastland Brasilien. In diesem Beitrag sollen die

Aufgabenfelder, die Angebote und praktische Umsetzungen des DACH-Prinzips für

Brasilianer*innen, die das OeAD-Lektorat nun vor Ort umsetzen kann, vorgestellt

werden.

6. 14h20:

Materiais didáticos sobre a Viena Vermelha para o ensino de alemão em contexto

universitário: princípios e pressupostos no processo de sua elaboração

Dörthe Uphoff (USP)

A comunicação tem por objetivo refletir sobre a gênese de uma série de materiais

sobre o período histórico da Viena Vermelha (1919-1934) no âmbito do grupo de

pesquisa Zeitgeist, que desde 2019 vem desenvolvendo um livro didático para o ensino

de língua alemã em contexto universitário brasileiro. Os materiais em questão

comporão o volume A1.1 do livro didático e servirão de apoio aos conteúdos centrais

do livro, tanto em termos de progressão linguístico-comunicativa quanto no que diz

respeito aos temas socioculturais abordados em cada lição. Durante a minha fala,

gostaria de apresentar os motivos que me fizeram escolher o período da Viena

Vermelha como recorte cultural para a sequência didática, além dos critérios que

guiaram a seleção e adaptação dos textos (autênticos) e os princípios metodológicos

que embasaram a criação das atividades. Em especial, gostaria de discutir possíveis

paralelos entre a época da Viena Vermelha e a situação sociopolítica atual no Brasil,

como a imensa desigualdade social que permeia todas as áreas da vida cotidiana e o

desejo, por parte de uma parcela da população, de remediar essa situação por meio

de projetos visionários.

7. 14h40:

Aprendizagem cultural em níveis iniciais: produção e divulgação de material didático

de acordo com o conceito “DACH”

Ruth Bohunovsky (UFPR)

Page 77: Seções Apresentações por horário

O assunto de ensino/aprendizagem de aspectos culturais tem marcado diversos

debates e polêmicas na área de ALE/DaF ao longo dos últimos anos. Os conceitos de

“Landeskunde” e “Interkultureller Ansatz” têm sido substituídos pela “aprendizagem

cultural” (kulturelles Lernen), sobretudo em trabalhos recentes de Claus Altmayer. Ao

mesmo tempo, outros teóricos têm ressaltado cada vez mais a dificuldade de pôr em

prática as premissas e exigências dessa abordagem, sobretudo em países distantes dos

de língua alemã, e proposto caminhos alternativos (p. ex. Erinnerungsorte, cf. Clemens

Tonsern, Uwe Koreik). Partindo dessas discussões teóricas, esta comunicação pretende

apresentar iniciativas e projetos de produzir material didático que procura tanto levar

em conta o estado atual dos debates teóricos, como chegar a resultados que possam

de fato ser usados em sala de aula, sobretudo no contexto brasileiro. Serão

apresentados os objetivos e os primeiros resultados já alcançados no âmbito do

projeto “Ensino/aprendizagem cultural em Alemão como LE no Brasil em níveis iniciais:

teoria, prática e divulgação digital”, atualmente em andamento sob minha

coordenação e vinculado ao Centro Austríaco da UFPR. O projeto visa a produção de

material didático digital e de acesso gratuito para todos os docentes de língua alemã

no Brasil.

30 minutos de debate

Programa da seção 11 - “O Testemunho na Literatura e Memória”

Coordenadores: Christian Ernst, Helmut Galle e Rosani Umbach

Programa da seção XI “O Testemunho na Literatura e Memória”

Quarta-feira – 24/11 – 14-16 h

1. Conceitos de testemunho

Christian Ernst: Elementos para uma história da(s) figura(s) do Zeitzeuge

Laura da Silva Monteiro Chagas: Dualidades e ambiguidades em Unter einem fremden Stern, de Lotte

Paepcke

Yasmin Cobaiachi Utida: Die weiße Rose e Die Widerständigen: Dois Momentos do Desenvolvimento

da Zeugenschaft da Rosa Branca

Yuri Andrei Batista Santos: Leituras de Testemunho em Weiter leben: as diferentes Versões e seus

Paratextos

Quinta-feira – 25/11 – 14-16 h

2. O testemunho e gêneros literários

Page 78: Seções Apresentações por horário

Beatriz de Souza Santos: Memória e Continuidade – a Imagem da Fonte em Der Siebente Brunnen de

Fred Wander e Aber deine Brunnen de Nelly Sachs

Juliana P. Perez: Testemunho e poesia: uma reflexão a partir de Paul Celan

Sexta-feira – 26/11 – 14-16 h

3. O futuro do testemunho

Carolina Sieja Bertin: A dialética do(s) testemunho(s) e de seu(s) narrador(es) no pós-guerra, em

Diário de uma Queda (Michel Laub, 2011)

Sabine Reiter: O futuro da memória da Shoah após a era das testemunhas: Testemunhos e memória

em Diário da Queda e Talvez Esther

Helmut Galle: Ficção “pura” como testemunho? “Nahe Jedenew” de Kevin Vennemann e a inventio

do testemunho

Rosani Umbach: O Testemunho na Literatura e Memória: Conclusões

Resumos:

Parte 1 Conceitos de testemunho

1. Christian Ernst: Elementos para uma história da(s) figura(s) do Zeitzeuge

A figura do "Zeitzeuge" parece ser uma parte essencial da ‘cultura da memória’ alemã. Entretanto, a palavra é um neologismo que só está em evidência na República Federal da Alemanha desde meados dos anos 70 e foi lexicalizada pela primeira vez em 1991. O termo e as manifestações assim como as práticas de "testemunhar" são heterogêneos e em mudança contínua. Eles se baseiam em tradições culturais seculares de testemunhar e se moldaram e se diferenciaram no âmbito dos discursos históricos contemporâneos desde 1945 através de interações entre os campos da pesquisa, justiça, mídia e pedagogia. A comunicação visa a mostrar o desenvolvimento de diferentes configurações da figura do ‘Zeitzeuge’ desde 1945 e mostra como o conceito que foi desenvolvido na memória do nazismo tem sido transferido a outros contextos históricos.

2 Laura da Silva Monteiro Chagas: Dualidades e ambiguidades em Unter einem fremden Stern, de Lotte Paepcke

O livro autobiográfico Unter einem fremden Stern, de 1952, escrito por Lotte Paepcke (1910-

2000), pode ser considerado um dos testemunhos literários de sobreviventes que compõem uma

memória literária da Shoah, pois nele a autora retrata sua sobrevivência no período do governo

nazista. Embora não tenha sido deportada para os campos de concentração, Paepcke, uma

mulher alemã judia casada com um alemão não judeu, passou pelos anos de ascensão do

Terceiro Reich e pela guerra vivendo na Alemanha, em um primeiro momento de forma legal, devido ao fato de fazer parte de um casamento considerado misto, e, ao final da guerra,

refugiada em um mosteiro católico no sul do país.

Page 79: Seções Apresentações por horário

A narrativa de Paepcke não apresenta um relato acurado dos fatos relacionados à sua

permanência na Alemanha durante os anos do Terceiro Reich; antes, a autora adentra reflexões

subjetivas sobre sua situação e as dificuldades enfrentadas, deixando nas entrelinhas ou

totalmente à parte do texto algumas informações mais precisas. Paepcke faz construções que

podem ser entendidas como casos exemplares, estendendo de forma generalizante aspectos de

sua subjetividade ou de suas percepções a outros judeus e a alemães não judeus, de forma a

configurar dualidades a respeito de perpetradores e vítimas. Essas dualidades marcadas no

texto, no entanto, ganham tons mais ambíguos quando Paepcke descreve situações mais

específicas que foram determinantes para a sua sobrevivência.

Assim, esta comunicação pretende fazer uma breve introdução a respeito do texto, apresentando

como ele é organizado, para em seguida debruça-se sobre algumas passagens do livro em que

Paepcke constrói dualidades e algumas passagens que acrescentam nuances, ambiguidades, a

essas dualidades.

3. Yasmin Cobaiachi Utida: Die weiße Rose e Die Widerständigen: Dois Momentos do Desenvolvimento da Zeugenschaft da Rosa Branca

A Rosa Branca, grupo de resistência pacífico e estudantil contra o nacional-socialismo, atuante em Munique entre 1942 e 1943, ocupa hoje uma posição central nos discursos oficiais de memória na Alemanha. Tal destaque deve muito ao best- e longseller A Rosa Branca, publicado por Inge Aicher- Scholl, irmã de Hans e Sophie Scholl, em 1952 – revisado e ampliado em 1972, 1982 e 1993. Para além do debate teórico ao redor dos critérios delimitadores do conceito de Zeugnis [testemunho] (ASSMANN, 2007; MICHAELIS, 2011; SELIGMANN-SILVA, 2002), o livro foi classificado por seus agentes de produção, divulgação e recepção como um testemunho autêntico – o que conferiu a sua autora autoridade de principal voz da Rosa Branca. Habilmente narrado em primeira pessoa e marcado pela apropriação de um jogo polifônico com alternância entre focalização interna e externa, o texto de Aicher-Scholl atende a uma demanda político-pedagógica e mostra-se como parte integrante e integrada aos discursos dominantes no início dos anos 1950. No entanto, em suas sucessivas edições revisadas e ampliadas, A Rosa Branca apresenta marcas textuais de mudanças de padrões interpretativos sobre as motivações do grupo, os quais refletem transformações transcorridas nos discursos da história, da política e da memória (ERNST, 2018, SAYNER, 2007). Dentre essas mudanças, o livro passa a conter uma seção dedicada a Augenzeugenberichte [relatos e testemunhos] de outros familiares, colaboradores e amigos da Rosa Branca. Porém, somente a partir de 1990 essas vozes ganham projeção midiática, tendência consolidada pelo filme-testemunho (GUTFREIND, 2010, p.200) Die Widerständigen: Zeugen der Weißen Rose (2008), de Katrin Seybold. Descrever e apontar exemplos da construção e da transformação da Zeugenschaft da Rosa Branca no livro de Scholl e no filme de Seybold constituem o objetivo deste trabalho. Para tanto, a análise se voltará para os contextos de produção, divulgação e recepção de ambos os materiais.

4 Yuri Andrei Batista Santos: Leituras de Testemunho em Weiter leben: as diferentes Versões e seus Paratextos

Ruth Klüger era, segundo Michaelis (2011), a mais reconhecida sobrevivente dos campos de concentração na Alemanha contemporânea, reivindicando o reconhecimento de sua autoridade e autenticidade como testemunha ao tratar de suas experiências e memórias daquele contexto. A maneira com que ocupava esse lugar de testemunha foi emoldurada por um tom crítico e reflexivo, tomada pela irrefutável condição moral, política e ética que entremeia a voz do trauma individual em uma perspectiva que toca dimensões do fazer coletivo num mundo pós-catástrofe. Nossa proposta de

Page 80: Seções Apresentações por horário

discussão considera, portanto, o lugar da testemunha ocupado por Klüger e como seu testemunho na obra weiter leben é, em sua singularidade, um marco do que se entende por cânone da literatura testemunhal de Auschwitz. Traduzida para várias línguas e com circulação mundial, a obra completa, no ano de 2022, 30 anos do lançamento de sua primeira edição. Nosso objetivo central é investigar como o paratexto das versões da obra de Klüger projetam diferentes possibilidades interpretativas sobre o discurso e o testemunho que sua autobiografia constrói. Para a construção do quadro teórico, partimos de alguns teóricos que analisam o testemunho no tocante ao conceito de Zeugnis (SELIGMANN-SILVA, 2002), Zeugenschaft (ERNST, SCHWARZ, 2012) ou Zeugnisliteratur (JAISER, 2006), orientados sobre a análise de obras e do discurso científico em torno da sistemática empreendida no contexto de Auschwitz. No âmbito metodológico, partimos de uma visão inscrita na análise dialógica do discurso, a partir dos pressupostos de Bakhtin (2015, 2017) e Volóchinov (2019) pensando a relação intrínseca do discurso literário com as suas condições internas e externas de produção, recepção e circulação. Ademais, nos é pertinente o uso do conceito de paratexto como postulado por Genette (2009), sobretudo no que tange às categorias de peritexto e epitexto. Nossas análises consideram as versões em língua alemã de weiter leben (1992; 1997), as versões em língua francesa (1997), em língua espanhola (1997), em língua inglesa (2001; 2004) e em língua portuguesa (2005).

Parte 2: O testemunho e gêneros literários

5. Beatriz de Souza Santos: Memória e Continuidade – a Imagem da Fonte em Der Siebente Brunnen de Fred Wander e Aber deine Brunnen de Nelly Sachs

Der siebente Brunnen de Fred Wander é uma das principais obras de testemunho sobre

Auschwitz publicadas na DDR; teve sua primeira publicação em 1971, mais de vinte anos após

o final da guerra, pela Aufbau Verlag. O autor, nascido em 1917 em Viena, judeu, fora preso

em 1942 na Suíça e mandado a Auschwitz. A obra traz narrativas dos campos de concentração

aos quais o narrador, Fred Wander, sobreviveu. As narrativas, porém, não se concentram em

vivências do narrador, mas de seus vários companheiros de campo.

O título da obra se origina de um texto citado logo após a dedicatória. Um poema de Rabbi

Löw, o Maharal de Praga (1525-1609), no qual há a imagem de um sétimo poço que purificaria

as águas para as gerações futuras. A imagem é recuperada no capítulo 5, cujo título também é

Der siebente Brunnen e é uma imagem recorrente na tradição judaica e nas escrituras sagradas. Nelly Sachs, autora judia nascida em Berlim no ano de 1891 e exilada na Suécia em 1939, tem o Holocausto como tema central de suas publicações após 1945. Referências à mística judaica e à Bíblia são bastante comuns em sua obra. Em sua segunda coletânea de poemas, Sternverdunkelung, publicada em 1949 pela Bermann Fischer, há um poema cuja principal imagem são as fontes/poços (Brunnen) de Israel: “Aber deine Brunnen”. No poema, circundado por textos repletos de personagens bíblicas, os Brunnen são descritos como diários de Israel: “Aber deine Brunnen/ sind deine Tagebücher/o Israel!” (SACHS, 1988, p. 98). No corpo do texto são evocados diversos episódios da Bíblia hebraica nos quais os poços/fontes aparecem, como na narrativa de Abraão em Ber Seba em Gênesis 21 e Hagar em Gênesis 22. A memória, sua relação com o Holocausto e com a cultura judaica é tema central em ambos os textos, principalmente por meio da imagem do poço. Da mesma forma, o testemunho a partir da perspectiva do sobrevivente ocupa papel central no poema de Sachs e na prosa de Wander – ambos apresentam o imperativo de testemunhar. Pretende-se na comunicação apresentar a análise comparativa entre ambos os textos a partir da imagem do poço/fonte e dos conuceitos de testemunho que são apresentados. Além disso, pretende-se abrir discussão sobre as possibilidades do testemunho na lírica e na prosa, visto que o texto de Nelly Sachs é um poema e o de Fred Wander é em prosa.

Page 81: Seções Apresentações por horário

6. Juliana P. Perez: Testemunho e poesia: uma reflexão a partir de Paul Celan

É quase impossível mencionar o nome de Paul Celan sem recordar o poema Todesfuge e sem relacionar sua obra à Shoah. O evento histórico da Shoah, por sua vez, está diretamente ligado à questão do testemunho e aos diversos gêneros textuais – autobiografias, ensaios, relatos, narrativas – que apresentam, de forma mais ou menos literalizada, as experiências vividas pelos sobreviventes da catástrofe. Enquanto, porém, um testemunho formulado em prosa parece ser mais facilmente aceito e analisado enquanto tal, boa parte dos textos que tratam da poesia de Paul Celan sob o ponto de vista do testemunho a relacionam às questões do trauma, da indizibilidade e da “representação” da Shoah. Voltam assim, de forma quase involuntária, a ler a poesia de Celan na chave do “hermetismo”, termo que – salvo engano – raramente é usado para relatos em prosa, embora estes também pressuponham eventos traumáticos e problemas de representação. Entretanto, como sobrevivente da Shoah, Paul Celan não apenas corresponde a quase todos os aspectos descritos por Aleida Assmann (2008) para explicar a “testemunha moral”, mas também formulou em suas reflexões sobre poesia um aspecto fundamental ao testemunho: seu caráter dialogal (Galle 2018). Paradoxalmente, não há textos seus que tratem de sua fuga da deportação, dos campos de trabalho forçado, do trajeto feito a pé de Bucareste a Viena ou da decisão de se exilar na França. Seu testemunho está em seus poemas. Mas como um testemunho se dá, afinal, na forma de um texto poético? Esta comunicação procurará formular de forma mais precisa a questão do testemunho na poesia, a partir do poema “Weggebeizt”, do livro Atemwende (1967).

Parte 3: O futuro do testemunho

7. Carolina Sieja Bertin: A dialética do(s) testemunho(s) e de seu(s) narrador(es) no pós-guerra, em Diário de uma Queda (Michel Laub, 2011)

Resumo: Após 76 anos da abertura dos portões de Auschwitz, como proporcionar uma escuta ativa, que acolhe e transforma o testemunho? Encontrar significação para tais narrativas se torna um dos principais desafios das gerações posteriores à guerra. Baseado em tais questionamentos, ao mesmo tempo em que constrói uma maneira própria de testemunhar, o narrador de Diário de uma Queda (Michel Laub, 2011), cujo nome nunca será revelado, inicia seu relato com uma constatação: apesar de seu avô ter sobrevivido a Auschwitz, não será este o tema de seu livro; nada mais precisaria ser dito acerca do assunto, que já fora extensamente trabalhado pelos mais diversos meios midiáticos. O que propõe, na verdade, é contar sua história a partir de uma queda específica: a de seu amigo João, em sua festa de 13 anos. Porém, logo vemos o quão frágil é sua premissa, uma vez que os cadernos escritos pelo avô – e a quase obsessão de seu pai por Primo Levi – permeiam todo seu relato. Assim o texto se articula: o narrador diante do pai, o pai diante do avô, a família diante de Levi, todos diante de Auschwitz. O objetivo da comunicação é compreender de que maneira a literatura contemporânea brasileira articula o testemunho como parte de uma teia de histórias, de significantes e de significados, que nos convoca a refletir sobre como continuar a tecê-la, ao mesmo tempo em que cruza nossa própria existência.

8. Sabine Reiter: O futuro da memória da Shoah após a era das testemunhas: Testemunhos e memória em Diário da Queda e Talvez Esther

A memória coletiva relacionada às atrocidades cometidas contra judeus e outros seres humanos durante a segunda guerra mundial é mantida viva na Alemanha de diversas maneiras, seja pelas comemorações, pelos inúmeros espaços comemorativos e centros de documentação no país, pela publicação contínua de textos, tanto técnicos como ficcionais, relacionados ao tema ou pelos processos espetaculares contra os últimos agentes criminosos vivos, entre os quais até já se encontram

Page 82: Seções Apresentações por horário

secretárias que então tinham 18 anos e datilografaram as ordens e decretos dos seus superiores. O fato de quase não ter mais testemunhas vivas se reflete também na literatura atual, tanto da perspectiva dos agressores como das vítimas. Além disso, há o problema para os descendentes de ambos os grupos que quase não existe transmissão nas famílias sobre os acontecimentos em volta dos seus pais, avós ou até já bisavós ou sobre as suas atividades naquela época. Muitos desses filhos e filhos de filhos, porém, sentem os efeitos dessas estórias não-contadas nas suas relações familiares e sociais até os tempos de hoje. Em consequência, surgem textos semi-ficcionais alimentados por cartas, entradas em diários, fotos, narrativas fragmentadas e materiais de acervos recentemente liberados, nos quais se busca encontrar uma ligação entre o que aconteceu na época e a própria vida dos narradores/ escritores.

Esta contribuição visa analisar as formas de lidar com testemunhos e memórias de família em dois desses textos, „Diário da Queda“ (2011) de Michel Laub e „Vielleicht Esther“ (2014) de Katja Petrowskaja. As duas obras são de descendentes de sobreviventes da Shoah da mesma geração dos anos 1970, cujos narradores dos seus textos autoficcionais não conheceram (mais) os testemunhos nas suas famílias. No caso de Laub se trata de um avô que emigrou para o Brasil e se matou muito tempo antes do narrador nascer. A escritora russa-ucraniana Petrowskaja, escrevendo em alemão, toma a morte de uma bisavó em Babij Jar, que “Talvez (se chamava de) Esther” como ocasião para refletir sobre a história da família judia. Os dois autores tematizam de maneira diferente o não-saber dos seus narradores e os efeitos disso nas vidas desses/ nas suas próprias vidas. Além de uma comparação dos dois textos em termos de testemunho e memória também serão analisados resenhas e artigos publicados na Alemanha e no Brasil relacionados às duas obras para identificar possíveis diferenças na abordagem do tema.

9. Helmut Galle: Ficção “pura” como testemunho? “Nahe Jedenew” de Kevin Vennemann e a inventio do testemunho

O pequeno romance Nahe Jedenew de Kevin Vennemann, publicado em 2006, tem o efeito de um thriller: desde a primeira frase ("Nós não respiramos") até a última ("Eu não respiro"), o leitor segura a respiração, por assim dizer, e acompanha o fluxo de consciência das duas meninas que estão lá, assustadas de morrer em uma casa de árvore, tentando se esconder da multidão bêbada que já dizimou toda sua família. Nos flashbacks recordatórios, emerge a vaga idéia de uma paisagem no Leste Europeu onde, em tempo de guerra sob ocupação alemã, os camponeses poloneses começam a perseguir e eventualmente matar seus vizinhos judeus. O texto consegue transmitir a ameaça subjetiva a partir da perspectiva das crianças de uma intensidade única, permitindo assim uma empatia com as vítimas de forma exemplar. Entretanto, é uma ficção "pura", ou seja, o texto é um produto da imaginação do autor e obviamente não tem nenhuma conexão referencial, por mais indireta que seja, com qualquer evento histórico real. Ou? Esta fantasia não se alimenta das centenas de testemunhos autênticos que nos foram transmitidos e cujos autores não estão mais conosco? Podemos falar de um caráter testemunhal quando o texto literário, por assim dizer, se utiliza da gramática do pogrom para um programa de escrita? Esta palestra tentará responder a esta pergunta.

Parte 4: Conclusões

10. Rosani Umbach: O Testemunho na Literatura e Memória: Conclusões

Resumo da seção, apresentação e discussão de conclusões

Programação da Seção 12 da ABEG 2021 - Ensinar e aprender alemão em formato

remoto: desafios, experiências e perspectivas.

Coordenadoras: Luciane Leipnitz (UFPEL), Roberta Stanke (UERJ), Rogéria Pereira

(UFC)

Page 83: Seções Apresentações por horário

25/11, quinta-feira - 14h às 16h:

14h00 -14h30: “Letramento digital para professores de alemão em formação: o projeto

extensionista PASCH na UFC” - FLAVIANA DA SILVA SIPRIANO e ROGÉRIA COSTA

PEREIRA

14h30 - 15h00: “Synchronen Online-Unterricht planen: Die richtige App für die

entsprechende Unterrichtsphase und Zielkompetenz im Fach Deutsch als Fremdsprache” -

LEONIE ECKRICH

15h00 - 15h30: “Deutsch lernen mit Instagram” – teoria e relato de experiência” - GABRIEL

MENDES HERNANDEZ PEREZ

15h30 - 16h00: “Ensino de línguas estrangeiras na modalidade remota no Brasil: os desafios

da prática docente” - KAREN PUPP SPINASSÉ e DIEGO SANTANA DE FREITAS

26/11, sexta-feira - 14h às 16h:

14h00 -14h30: “Ensino remoto de língua alemã na formação de professores na UFPel” -

LUCIANE LEIPNITZ e RAQUEL MENEGUZZO

14h30 - 15h00: “O aprendizado da língua alemã na pandemia: relatos de alunos do ensino

médio” - MICHELE BRUNA DE SOUSA SILVA GAL

15h00 - 15h30: “Aspectos interacionais no ensino de alemão na modalidade remota” -

ROBERTA C. S. F. STANKE, MARIA ELISA DE O. SCHEUENSTUHL e ANA

CAROLINA CARLOS DA SILVA

As autoras e os autores têm 15 minutos para a apresentação de seu trabalho com 15 minutos,

em seguida, para debate.

Resumos:

Letramento digital para professores de alemão em formação: o projeto extensionista

PASCH na UFC

Flaviana da Silva Sipriano (Graduanda em Letras/Alemão UFC)

Rogéria Costa Pereira (Doutora em Linguística UFC)

A Iniciativa PASCH é uma ação do Governo Alemão com o intuito de fomentar o ensino da

Língua e Cultura Alemã em escolas espalhadas pelo mundo. Esta comunicação apresenta a

importância do programa de extensão PASCH para os alunos do curso de graduação em

Page 84: Seções Apresentações por horário

Letras/Alemão da Universidade Federal do Ceará. O projeto extensionista auxilia na formação

dos futuros professores para além da grade curricular obrigatória da Universidade, visto que

o/a bolsista tem a possibilidade de conciliar a prática, o ensino e a pesquisa para

aprimoramento de sua formação docente. Com o distanciamento social ocasionado pelo

Coronavírus, as atividades da bolsa nas duas escolas participantes da Iniciativa PASCH do

Estado do Ceará precisaram ser adequadas ao contexto remoto. Nesse sentido, a utilização de

jogos a partir do aplicativo LearningApps e a inclusão de música nos encontros online

contribuíram para maior interação e motivação dos discentes para o aprendizado da Língua

Alemã. Além disso, esses eventos colaboraram para a formação do/da bolsista, encarregado

da escolha das músicas e elaboração das atividades sob a orientação da coordenadora do

programa extensionista. Para o desenvolvimento dos jogos usados com os discentes foram

utilizados pressupostos teóricos sobre metodologias de ensino de línguas estrangeiras

(Meireles, 2002), gamificação (Leffa, 2020), música para o ensino de línguas (Pereira, 2015)

e novas tecnologias da informação (TIC’s).

Referências

LEFFA, Vilson José. Gamificação no ensino de línguas. Perspectivas, Florianópolis, v. 38, n.

2, p. 01–14, abr./jun. 2020.

MEIRELES, Selma Martins. Língua estrangeira e autonomia: um exemplo a partir do ensino

de alemão no contexto brasileiro. Educar, Curitiba, n. 20, p. 149-164. 2002.

PEREIRA, Paula Graciano. As relações entre língua, cultura, música e o processo de ensino-

aprendizagem de língua estrangeira. Estudos Anglo-Americanos , v. 43, p. 62-83, 2015.

Synchronen Online-Unterricht planen: Die richtige App für die entsprechende

Unterrichtsphase und Zielkompetenz im Fach Deutsch als Fremdsprache

Leonie Eckrich,

DAAD-Sprachassistentin an der Casa de Cultura Alemã, UFC

Infolge der Corona-Pandemie haben die brasilianischen Universitäten ihren Unterricht auf den

ensino remoto emergencial umgestellt (vgl. Voerkel/Schumann 2020; Ribeiro/Pereira 2021).

Im Fremdsprachenunterricht rückten E- und M-Learning in den letzten Jahren, bereits vor der

Pandemie verstärkt als Ergänzungen zum Präsenzunterricht in den Fokus (vgl. Biebighäuser

2015), einerseits durch ihre Nähe zur Lebenswelt der Lerner:innen, die im Alltag ohnehin

kontinuierlich technische Geräte verwenden (vgl. Ribeiro/Pereira 2020), und andererseits

Page 85: Seções Apresentações por horário

durch den motivierenden Effekt der häufig „gamifizierten“ Übungen (Leffa 2014;

Ribeiro/Pereira 2021). In der aktuellen pandemischen Situation sehen sich Lehrkräfte jedoch

gezwungen, ihren Unterricht vollständig im Online-Format abzuhalten. Wenngleich sich die

fehlenden präsenziellen Unterrichtseinheiten mithilfe von verschiedener Lern- und

Kommunikationssoftware zwar nicht ersetzen lassen, verschaffen sie doch zumindest eine

Abmilderung der Situation (vgl. Ribeiro/Pereira 2021). Vorannahmen des Vortrages

bestehen darin, dass die grundsätzlichen Prämissen der Unterrichtssituation auch im

synchronen Online-Format des ensino remoto emergencial bestehen bleiben. Unterricht wird

als komplexe, kommunikative Situation verstanden (vgl. Menck 2016: 108f.), die durch einen

mitunter eingeschränkten face-to-face-Kontakt auf Plattformen wie Google Meet oder Zoom

nicht aufgehoben, sondern lediglich medial verschoben wird. Dabei lässt sich z.B. auf die

Chat-Funktion der Videokommunikationsservices wie Zoom oder GoogleMeet hinweisen,

welche eine zweite Kommunikationsebene darstellt und parallele Rückfragen ermöglicht. Die

Autorin möchte in dem geplanten Vortrag von ihren eigenen Unterrichtserfahrungen im

Format des ensino remoto berichten. Exemplarisch werden eigens durch die Autorin erstellte

Online-Übungen im Kontext der Unterrichtsplanung, v.a. zur Grammatikvermittlung,

Lieddidaktisierungen sowie zum Sprechen und Schreiben, vorgestellt. Das Ziel des Vortrages

ist dabei, eine Übersicht ebenjener Anwendungen (Apps) im Kontext der Unterrichtsplanung

zu geben, was eine Orientierung für die Planung von (synchronem) Online-Unterricht geben

soll. Hierbei wird die verstärkte Möglichkeit des kollaborativen Arbeitens an geteilten Online-

Dokumenten hervorgehoben, die den Vorteil derLerner:innenaktivierung mit sich bringt. Es

wird zudem gezeigt, dass sich Online Anwendungen, die dem Prinzip der Gamification

entsprechen, in verschiedenen Unterrichtsphasen anwenden lassen und nicht auf die

Übungsphase beschränkt sind. Der Beitrag wendet sich somit an angehende Lehrer:innen des

Faches Deutsch als Fremdsprache sowie bereits ausgebildete und arbeitende Lehrkräfte, die

sich für Möglichkeiten des Online-Unterrichts anhand von frei zugänglichen Online-

Anwendungen interessieren. Trotz Herausforderungen, wie z.B. des erschwerten Monitorings

der Lernstände der einzelnen Lernenden auf Distanz, sollen die Chancen der Online-

Anwendungen für den Unterricht hervorgehoben werden.

Literatur

Biebighäuser, Katrin. DaF-Lernen mit Apps. Zur Einleitung der Sondernummer. In: German

as a foreign language, n. 2, 2015, p. 1-14.

LEFFA, V. J. Gamificação adaptativa para o ensino de línguas. In: Congresso Ibero-

Americano de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação. Buenos Aires. In: Anais..., 2014, p.

1-12.

Menck, Peter. Unterricht – Was ist das? Eine Einführung in die Didaktik. Siegen: universi,

2016.

Ribeiro, Thiago da Silva; Pereira, Rogéria Costa. Ensino e aprendizagem da percepção

fonética do ALE mediado pela plataforma LearningApps. In: Projekt, Revista dos professores

de alemão no Brasil, n. 59, 2020, p. 4-8.

Ribeiro, Thiago da Silva; Pereira, Rogéria Costa. Materiais didáticos digitais através do

LearningApps: um preparatório gamificado para provas de proficiência linguística. In:

Page 86: Seções Apresentações por horário

Miguilim – Revista Eletrônica do Netlli, Crato, v. 10, n. 2, p. 635-661, maio-ago.

2021.

Voerkel, Paul; Schumann, Carina Schumann. Deutsch Unterrichten online: Erfahrungen und

Anregungen aus der Arbeit mit dem Weiterbildungsangebot Dhoch3. In: Projekt, Revista dos

professores de alemão no Brasil, n. 57, 2020, p. 31-35.

Projeto “Deutsch lernen mit Instagram” – teoria e relato de experiência

Gabriel Mendes Hernandez Perez, Mestre em Estudos da Linguagem pela Universidade

Federal Fluminense

Com base em um relato da experiência decorrente do projeto “Deutsch lernen mit Instagram”

realizado com as turmas de 1º ano de Ensino Médio do Colégio Cruzeiro (Rio de Janeiro), a

apresentação terá como objetivo apresentar uma visão geral sobre novos caminhos e

ferramentas com potencial de contribuir para o aumento da motivação dos alunos e fazer da

aprendizagem de língua em contexto escolar uma experiência mais significativa para os

aprendizes.

O projeto, que teve como norte teórico sobretudo os trabalhos de Lomicka & Lord (2016) e

Würffel (2020), foi realizado em 2021 por ocasião da Semana de Língua Alemã e em um

momento no qual a motivação dos alunos e alunas encontrava-se seriamente comprometida

em decorrência das limitações relacionadas à pandemia do COVID-19. O objetivo do trabalho

foi, através da criação de posts criativos, visualmente atraentes e pedagogicamente relevantes

e do intercâmbio com outros aprendizes de alemão ao redor do mundo, despertar o

engajamento dos alunos e alunas, fornecer competências linguísticas necessárias para a

interação em ambiente digital e expandir os espaços de ensino-aprendizagem, na ocasião tão

restritos em decorrência da pandemia, para além da sala de aula, seja ela presencial ou on-

line.

Além da descrição das fases do projeto e de uma breve exposição dos resultados objetos,

serão discutidos, conforme Lomicka & Lord (2016) e Würffel (2020), as oportunidades e

desafios do uso dos aplicativos baseados na chamada Web 2.0 na aula de língua estrangeira.

Dentre as questões abordadas, podemos destacar a possibilidade do “aprender fazendo”, a

conexão entre aprendizagem formal e informal, fatores identitários, desenvolvimento de

competências digitais, dificuldades técnicas, regras de conduta e privacidade.

Bibliografia:

BZUNECK, J. A. Como motivar alunos: sugestões práticas. In: BORUCHOVITCH, E;

BZUNECK, J. A. et al. Motivação para aprender. Petrópolis: Vozes, 2010.

ENDE, K; GROTJAHN, R. et al. Modelle für die Unterrichtsgestaltung. In: .

Curriculare Vorgaben und Unterrichtsplanung. Munique: Klett-Langenscheidt, 2013.

Page 87: Seções Apresentações por horário

LOMICKA, L; LORD, G. Social networking and language learning. In: FARR, F;

MURRAY, L. The Routledge handbook of language learning and technology. Nova Iorque:

Routledge, 2016.

NOGUEIRA, N. R. Pedagogia dos projetos. São Paulo: Érica, 2005.

TRAUB, S. Projektarbeit erfolgreich gestalten. Bad Heilbrunn: Julius Klinkhardt, 2012

WÜRFFEL, N. Soziale Medien im Deutsch-als-Fremdsprache-Unterricht: Potenziale und

Herausforderungen. In: MARX, K; LOBIN, H. et al. Deutsch in Sozialen Medien: Interaktiv –

multimodal – vielfältig. Berlin, Boston: De Gruyter, 2020.

Ensino de línguas estrangeiras na modalidade remota no Brasil: os desafios da prática

docente

Karen Pupp Spinassé (UFRGS)

Diego Santana de Freitas (Uni-Mainz)

A presente comunicação visa a apresentar os resultados de uma pesquisa que realizamos sobre

a súbita mudança do ensino de línguas estrangeiras no Brasil para a modalidade remota,

devido à pandemia da Covid 19 – a qual afetou de forma muito contundente as instituições de

ensino. No âmbito do projeto de pesquisa "Ensino de línguas estrangeiras à distância: desafios

e estratégias da comunidade escolar", portanto, 69 professores de línguas estrangeiras do

Brasil foram entrevistados, por meio de um questionário virtual, durante as primeiras semanas

da pandemia, sobre suas condições de ensino àquela época e sobre o quão preparados se

sentiam para essa adaptação repentina. A pesquisa contou com uma análise quantitativa,

apurando as respostas dos participantes de acordo com cada uma das 19 perguntas do

questionário, e com uma análise qualitativa, a partir do cruzamento das diferentes variáveis

averiguadas. A partir dos dados que analisamos, pudemos concluir que os desafios em relação

à metodologia de ensino e à infra-estrutura eram (ou ainda são) de particular preocupação

para os professores das escolas públicas. Para esta comunicação, utilizaremos como recorte

apenas os resultados referentes aos 38 professores de alemão que participaram da pesquisa (de

diferentes estados da federação). O objetivo, com isso, é poder reportar especificamente sobre

os impactos da pandemia na realidade do ensino dessa língua, focando, especialmente, nas

necessidades do professor.

Ensino remoto de língua alemã na formação de professores na UFPel

Luciane Leipnitz (UFPel) e Raquel Meneguzzo (UFPel)

A pandemia causada pela Covid-19 exigiu adaptações ao formato remoto também para as

licenciaturas em língua alemã. Aulas presenciais precisaram ser adaptadas ao modelo híbrido,

com atividades síncronas e assíncronas por meio de plataformas digitais. Relatamos aqui a

Page 88: Seções Apresentações por horário

experiência no ensino-aprendizagem remoto de língua alemã no curso de Letras

Português/Alemão da Universidade de Pelotas/RS nos semestres 2020.2 e 2021.1. Em cada

semestre remoto, distribuíram-se os conteúdos das lições 1 a 6 do livro Studio [21] A1 da

Editora Cornelsen em 15 semanas de atividades síncronas de 3 horas/semana e atividades

assíncronas, disponibilizadas através da plataforma E-Aula. Nos encontros síncronos,

priorizavam-se atividades lúdicas para o ensino de conteúdos gramaticais e práticas orais por

meio de plataformas digitais, esclareciam-se dúvidas e davam-se orientações para as

atividades de leitura e audição de textos, a serem desenvolvidas assincronamente, e para as

produções orais e escritas que correspondiam às atividades avaliativas, ao final de cada lição

apresentada. Cerca de 25 discentes efetuaram matrícula na disciplina Língua Alemã I em cada

um dos semestres remotos (2020.2 e 2021.1). Do total de matriculados, cerca de 50%

obtiveram média para aprovação. Problemas relativos à falta de autonomia das/os discentes na

condução de sua aprendizagem chamaram a atenção das docentes, visto entender-se a

autonomia como premissa para a aprendizagem a distância (GOTTARDI, 2015). Relatos de

problemas de conexão e falta de equipamentos adequados por parte dos discentes foram

justificativas para ausência em encontros síncronos e trancamentos de matrícula ao longo dos

semestres remotos, confirmando desigualdades sociais profundas existentes na educação

brasileira. Apesar de se apresentar como proposta de futuro no ensino-aprendizagem no

Brasil, o formato remoto revela a necessidade de adaptação gradual e continuada, desde a

formação escolar, para uma aprendizagem autônoma por parte das/dos discentes, de modo que

assumam a responsabilidade por sua própria formação (PRETI, 2005). Também aponta para a

necessidade de capacitação das/dos docentes, às quais/aos quais o ensino remoto imposto

emergencialmente impactou sobremaneira (CÓ, AMORIM e FINARD, 2020). Sem esquecer

do que deveria estar na base de qualquer proposta de ensino-aprendizagem, isto é, oportunizar

equidade de acesso à educação.

Palavras-chave: ensino remoto híbrido; DaF online; autonomia de aprendizagem

Referências:

CÓ, E.P.; AMORIM, G.B.; FINARD, K.R. Ensino de línguas em tempos de pandemia:

experiências com tecnologias em ambientes virtuais. Revista Docência e Cibercultura, ©

Redoc Rio de Janeiro, v. 4, n.3, p. 112, Set/Dez 2020. Disponível em https://www.e-

publicacoes.uerj.br/index.php/re-doc. Acesso em 20.out.2021.

GOTTARDI, M. L. A autonomia na aprendizagem em educação a distância: competência a

ser desenvolvida pelo aluno. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, v.14,

2015. Disponível em: http://seer.abed.net.br/index.php/RBAAD/article/view/268 Acesso em

20.out.2021.

MOLLICA, M.C.; RIBEIRO, H.; QUADRIO, A. C.O remoto no ensino de língua na

pandemia da Covid-19 - Experimentação in vitro, experimentação in vivo. Revista Linguística

n.842. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/rl/article/viewFile/43736/23392

Acesso em: 20 out.21.

PRETI, O. Autonomia do aprendiz na educação a distância: significados e dimensões. Cuiabá:

Nead/UFMT, 2005.

O aprendizado da língua alemã na pandemia: relatos de alunos do ensino médio.

Page 89: Seções Apresentações por horário

Michele Bruna de Sousa Silva Gal

Doutoranda em Letras (UFPR)/ SEDUC-CE

A pandemia de COVID acarretou uma infinidade de problemas em todo o mundo e em todos

os setores sociais. Para educação, os maiores impactos foram, sem dúvida, as aulas remotas e

o emprego de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação - TDICs em sala de aula

(OLIVEIRA et al, 2021). As dificuldades foram muitas, desde a pouca formação dos

professores para atuarem de forma mais efetiva, através do uso produtivo das TDICs (GREIN,

2020) à falta de internet e computadores para alunos em condição de vulnerabilidade social,

que é o público que trabalhamos. Decidimos, em nossa pesquisa de mestrado, realizada dentro

de um viés quali-quantitativo, tendo como base a Epistemologia da Complexidade (CAPRA;

LUISI, 2014; CAPRA, 1996; MORIN, 2015) e desenvolvida durante a pandemia, trazer a

partir das vozes dos aprendizes suas reflexões acerca do seu próprio aprendizado. Os

estudantes seriam, assim, observadores do seu próprio processo de desenvolvimento da língua

alemã. Isso foi possível através de seus relatos, que foram chamados de autonarrativas

(GONÇALVES, 2002; PELLANDA; PICCININ, 2020). Os alunos descreveram ao longo das

aulas, suas percepções de aprendizado, suas dificuldades, expectativas e os impactos que a

pandemia causou dentro das suas aulas de alemão. Nosso objetivo nessa comunicação é trazer

alguns relatos dos participantes, dentro de nossa pesquisa, e as consequências que os

atingiram, pois observamos a importância das vozes desses sujeitos na compreensão e

entendimento da aprendizagem da língua alemã dentro do contexto de pandemia de COVID.

Referências

CAPRA, F. A teia da vida. São Paulo: Cultrix: 1996.

CAPRA, F.; LUISI, P. A visão sistêmica da vida uma: concepção unificada e suas

implicações filosóficas, políticas, sociais e econômicas. São Paulo: Cultrix, 2014.

GONÇALVES, Ó. F. Psicoterapia cognitiva narrativa. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2002.

GREIN, M. P. Sprachunterricht auf einmal digital: On-line-lernen vor, während und nach

Corona. Disponível em: https://www.goethe.de/en/spr/mag/21927962.html Acesso: 20 ago.

2020.

MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2015.

PELLANDA, N.; PICCININ, F. Autonarrativas como auto-conhecimento: uma experiência

didática na perspectiva da complexidade. Revista E-curriculum, v. 18, p. 453-472, 2020.

OLIVEIRA, D. L.; PEREIRA, H. L.; GAL, M. B. S. S. Formação de professor e pesquisa-

ação professor-aluno: como a pandemia da COVID-19 favoreceu a emergência de novas

práticas pedagógicas. IN: SANTANA, O. M. L.; ESTRELA, E. N.; OLIVEIRA, A. G. L. S.;

LEITE, M. O. T. Educação no Ceará em tempos de pandemia- docências: novas formas de

ensinar e aprender, V.3. Fortaleza: SEDUC: EdUECE, 2021.

Aspectos interacionais no ensino de alemão na modalidade remota

Profa. Dra. Roberta C. S. F. Stanke (UERJ)

Page 90: Seções Apresentações por horário

Licencianda Maria Elisa de O. Scheuenstuhl (UERJ)

Licencianda Ana Carolina Carlos da Silva (UERJ)

O uso de tecnologias digitais da informação e da comunicação (TDICs), que até a pandemia

de covid-19 era visto como complementar, passou a ter papel essencial no processo ensino-

aprendizagem de línguas. No entanto, a necessidade de distanciamento físico, como medida

sanitária para conter a propagação do novo coronavírus, trouxe o grande questionamento de

como fomentar a interação nas aulas remotas, considerando o ensino de línguas dentro da

perspectiva sociointeracional, com base nos estudos de Bakhtin (1992) e Vygotsky (1996,

2001), nos quais se preconiza que o desenvolvimento da linguagem é de natureza social.

Além disso, a pandemia de covid-19 descortinou e acentuou graves diferenças e problemas

sociais, que têm reflexos no processo ensino-aprendizagem no que se refere ao letramento

digital – de discente e mesmo de docente – e à exclusão digital. Nesse sentido, Cardoso

(2021) afirma que “não basta o acesso às tecnologias, precisamos saber usá-las. No entanto,

não basta saber usá-las, mas utilizá-las para criar possibilidades para a produção ou

construção de conhecimento. Não qualquer tipo de conhecimento, mas conhecimento criativo

e crítico” (p. 11).

Diante do exposto, o objetivo desta comunicação é refletir sobre os aspectos interacionais

fomentados por meio das TDICS em aulas síncronas e atividades assíncronas para o ensino

de alemão na modalidade remota, no contexto de um projeto de extensão em uma

universidade pública da cidade do Rio de Janeiro.

Referências:

BAKHTIN, M. (V. Volóchinov). Marxismo e Filosofia da Linguagem - Problemas

fundamentais do Método Sociológico na Ciência da Linguagem. Tradução de Michel Lahud

e Yara Frateschi Vieira. 6ª ed. São Paulo: Hucitec, 1992.

CARDOSO, Janaína dos S. Prefácio. In: TORRENTES, Greice Castela; VERGANO

JUNGER, Cristina de S. Tecnologia combina com sala de aula: aplicativos para professores

experimentarem nas aulas de línguas. 1ª ed. eletrônica. Uberlândia: Navegando, 2021, p. 11-

13.

VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos

superiores. Tradução de José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro

Afeche. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

Seção 13 - A tradução de literatura e textos teóricos: experiências e perspectivas

Coordenadores: Werner Heidermann (UFSC) e Johannes Kretschmer (UFF)

24.11. - 10.30-12.00

O original único vs. a tradução e as retraduções - o caso de Die Leiden des jungen Werther

Werner L. Heidermann (UFSC)

Page 91: Seções Apresentações por horário

Dizer de novo para dizer um outro: retraduzindo o Werther

Mauricio Mendonça Cardozo (UFPR/CNPq)

(Re-) Tradução de textos literários: análise crítica de diferentes traduções de uma parábola de

Kafka

Prof. Dr. Markus J. Weininger (UFSC – [email protected])

25.11. - 10.30-12.00

Traduzir a poesia de Peter Handke no Brasil: um projeto de tradução de Gedicht an die Dauer

Luiz Carlos Abdala Junior (Mestrando em Estudos Literários pela Universidade Federal do

Paraná)

Wolfgang Borchert: tradução e publicação de sua obra para o português no ano de centenário

de seu nascimento

Gerson Roberto Neumann (UFRGS)

Marianna Ilgenfritz Daudt (UFRGS)

Vinícius Casanova Ritter (UFRGS)

TÌTULO

Johannes Kretschmer (UFF)

Resumos:

Resumos - Seção 13 – A tradução de literatura e textos teóricos: experiências e perspectivas

O original único vs. a tradução e as retraduções - o caso de Die Leiden des jungen

Werther

Werner L. Heidermann (UFSC)

„Retraduções são a expressão de uma mudança na cultura tradutória“, escreve Dorota Karolina

Bereza (2009) se apoiando no termo Translationskultur de Erich Prunč (2007). Sobre o

fenômeno retradução importa perguntar das motivações que levam à decisão de traduzir uma

obra anteriormente traduzida. Esta exposição pensa essas motivações, partindo da nova

tradução de Die Leiden des jungen Werther, realizada por Maurício Mendonça Cardozo. O que

motiva e o que justifica esse projeto editorial? A análise se debruça sobre traduções publicadas

em 1994, 2001, 2009, 2001, 2014 e finalmente de 2021 para melhor entender o desejo e também

a necessidade de tradutoras e tradutores de oferecerem um entendimento novo e diferenciado

de um texto original. No centro da reflexão encontra-se a constelação aparentemente paradoxal

(e, ao mesmo tempo, comum no contexto da tradução) de um original único, imutável, eterno,

por um lado, e a tradução momentânea, historicamente fixada e „mortal“, por outro. A tensão e

a dinâmica entre original único e traduções múltiplas se manifestam em inúmeras decisões

Page 92: Seções Apresentações por horário

tradutórias que podem e devem ser analisadas para entender cada vez melhor a utilidade do

fenômeno retradução.

Dizer de novo para dizer um outro: retraduzindo o Werther

Mauricio Mendonça Cardozo (UFPR/CNPq)

Traduzir pela primeira vez uma obra até então inédita em nossa língua é sabidamente um grande

desafio. E diante da lista sem fim de títulos ainda por verter ao nosso idioma, talvez devêssemos

mesmo priorizar, sempre que possível, obras ainda inéditas em português, ao invés de traduzir

pela enésima vez uma obra já amplamente difundida. Por ocasião desta comunicação, gostaria

de fazer um relato da experiência de (re)traduzir o Werther, de Goethe, justamente uma dessas

obras já amplamente traduzidas no Brasil, com o objetivo de mostrar como também a RE-

tradução de uma obra tão conhecida como esta pode representar um grande desafio.

(Re-) Tradução de textos literários: análise crítica de diferentes traduções de uma

parábola de Kafka

Prof. Dr. Markus J. Weininger (UFSC – [email protected])

A presente análise pretende contribuir para a discussão de (re-) tradução de textos literários.

Mesmo no caso de textos muito traduzidos, como os de Kafka, onde a princípio poder-se-ia

questionar a necessidade de mais uma nova tradução, surgem aspectos interessantes mediante

uma análise comparativa de diferentes traduções de uma parábola. Com embasamento teórico

nos Estudos da Tradução Descritivos (Toury, 1995) e Funcionalistas (Nord, 1997), focaremos

principalmente nos diferentes textos de chegada. Apesar de já existirem traduções aceitáveis,

dentro do binômio de adequação vs aceitação de Toury, novas traduções que são baseadas em

um projeto de tradução diferente podem dar acesso a novas percepções e interpretações do

mesmo texto e, assim, justificar uma retradução apesar da ausência do ineditismo. Serão

analisadas dimensões como marcadores temporais e culturais, constituição textual, a

instancialização de um determinado (sub-) gênero, ritmo, sonoridade, corredores isotópicos e

outros numa microanálise detalhada dos produtos de tradução que acaba revelando algumas

questões e sugestões para o processo de tradução, no sentido da abordagem da memética na

tradução de Chesterman (2016). Além disso, abordaremos a questão da tradução automática de

textos literários, incluindo na análise uma tradução do mesmo texto produzida pelo Google

Translator que se revela uma ferramenta em crescimento.

Referências bibliográficas:

Chesterman, A. (2016) Memes of Translation – The Spread of Ideas in Translation Theory.

Amsterdam: John Benjamins

Nord, C. (1997) Translating as a purposeful activity: functional approaches explained.

Manchester: St. Jerome

Toury, G. (1995) Descriptive Translation Studies and Beyond. Amsterdam: John Benjamins.

Page 93: Seções Apresentações por horário

Traduzir a poesia de Peter Handke no Brasil: um projeto de tradução de Gedicht an die

Dauer

Luiz Carlos Abdala Junior (Mestrando em Estudos Literários pela Universidade Federal do

Paraná)

Aos menos de desde a década de 1980 as obras austríaco Peter Handke são editadas no Brasil.

Mais reconhecido no país por sua prosa e dramaturgia, tendo suas famosas Peças faladas

[Sprechstücke] (2015) publicadas pela Editora Perspectiva, mais recentemente a Estação

Liberdade vem editando os ensaios do ganhador do Nobel de Literatura de 2019. Apesar dessa

já relativa longa recepção do autor, sua obra poética — um dos gêneros pelo qual costuma ser

lembrado pela crítica literária austríaca e alemã —, é menos conhecida aqui. Nesse sentido, os

objetivos desta comunicação são: 1) oferecer um breve panorama sobre a recepção de Peter

Handke no Brasil, atentando para as datas, gêneros, títulos e casas editorais de seus livros

traduzidos e publicados no país e possíveis relações dessas informações com nosso sistema

literário e de tradução; 2) Apresentar um projeto de tradução do poema épico Gedicht an die

Dauer [Poema à duração] (1986), um longo poema narrativo-filosófico de Handke, no qual o

eu-poético exprime sua visão da ideia de duração e a contrapõe a noções de tempo e eternidade.

Pretende-se demonstrar, através de recortes específicos do poema, os principais aspectos

estruturais e rítmicos (MESCHONNIC, 2010) identificados pelo tradutor, os problemas de

tradução que implicam e os modos possíveis de traduzi-los. Além disso, pretende-se comparar

as soluções tradutórias deste projeto em andamento com trechos da tradução do mesmo poema

publicada em Portugal, pela casa Assírio Alvim em 2002. Considerando que o poema já recebeu

uma tradução para o português europeu, podemos também entender um projeto de traduzi-lo

no Brasil como retradução (BERMAN, 1990), fomentando as discussões sobre tradução de

literatura de língua alemã no Brasil e em Portugal e seus respectivos horizontes de expectativa

e leitura (JAUSS, 1994).

Referências bibliográficas:

BERMAN, A. La retraduction comme espace de la traduction. In: Palimpsestes. N. 4. Presses

Sorbonne Nouvelle, Paris: 1990.

HANDKE, P. Gedicht an die Dauer. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1986. .

Peças faladas. São Paulo: Perspectiva, 2015. Tradução: Samir Signeu.

JAUSS, H. R. História da literatura como provocação à ciência literária. São Paulo: Editora

Ática, 1994. Tradução: Sérgio Tellaroli.

MESCHONNIC, H. Poética do traduzir. São Paulo: Perspectiva, 2010. Tradução: Jerusa Pires

Ferreira e Suely Fenerich.

Wolfgang Borchert: tradução e publicação de sua obra para o português no ano de centenário

de seu nascimento

Gerson Roberto Neumann (UFRGS)

Marianna Ilgenfritz Daudt (UFRGS)

Vinícius Casanova Ritter (UFRGS)

Page 94: Seções Apresentações por horário

O escritor alemão Wolfgang Borchert nasceu em Hamburg, no dia 20 de maio de 1921.

Comemoramos neste ano, portanto, o centenário de nascimento deste importante escritor que

morreu cedo, no dia 20 de novembro de 1947, em decorrência das consequências de sua atuação

na guerra mundial. Apesar de sua morte prematura, Borchert produziu uma consistente e

volumosa obra, tendo escrito prosa, lírica e dramas. É com o intuito de celebrar a obra de

Wolfgang Borchert que propomos apresentar os resultados de trabalhos de longo prazo em

torno da obra do autor, que inclui os já publicados Do lado de fora da porta (RITTER;

NEUMANN, 2020) e Lampião, noite e estrelas. Poemas sobre Hamburgo (DAUDT, 2021),

apresentando aspectos relativos ao ato de traduzir da obra, assim como da experiência de inseri-

lo no roteiro comercial de divulgação de sua obra e também de encenação de sua peça.

Seção 16: "Mito, crítica e tradução - lendo e relendo o Walter"

(Dias 24 e 25 de novembro)

Coordenadores:

Georg Otte (UFMG), Maria Aparecida Barbosa (UFSC) e Susana Kampff Lages

(UFF)

[email protected]

[email protected]

[email protected]

O mito ocupa um lugar importante nos mais variados textos de Walter Benjamin, tanto nos seus

ensaios "Johann Jakob Bachofen" e "Afinidades Eletivas de Goethe", quanto em “Sobre a

crítica da violência”. Também nas "Passagens", a dialética metafórica que Benjamin estabelece

entre os séculos XIX e XX, que estaria marcada pela oposição entre o sonho e o despertar, não

faltam referências explícitas ao mito. Assim, o capitalismo do século XIX estaria acompanhado

por uma “reativação das forças míticas” (fragmento K 1a,8) e o despertar estaria associado ao

“agora da cognoscibilidade” (N 3a, 3), ou seja, Benjamin parece retomar com sua metáfora do

son(h)o e do despertar a velha luta entre mithos e logos, defendendo, em última instância, o

avanço do “machado afiado da razão” para livrar o solo “do matagal do desvairio e do mito”.

(N 1,4) Essa postura aparentemente iluminista, que, no entanto, substitui os conceitos pelas

metáforas e estaria em contradição com a posição defendida por Adorno e Horkheimer na

Dialética do esclarecimento, onde a razão (instrumental) é responsabilizada pelas catástrofes

ocorridos no século XX, contrasta com o interesse que Benjamin demonstra em elaborar

temáticas no âmbito do mito e procedimentos de ordem mítica que se evidenciam na própria

narrativa, como mostra em seu ensaio “O narrador”. E se propõe a examinar as ambivalências

entre o interesse evidente por questões do mito e seu questionamento a partir de uma postura

crítica. Esse simpósio sobre Walter Benjamin expande-se concomitantemente tanto aos estudos

literários críticos como às reflexões sobre a tradução.

Page 95: Seções Apresentações por horário

Dia 24 de novembro - Das 10h30 às 12h30

MESA 1

1) Às 10h30: Dada - textura táctil

Maria Aparecida Barbosa (moderadora)

Professora da Universidade Federal de Santa Catarina

2) Às 11h: Transmissibilidade: notas para um estudo da carta kafkiana Leonardo Petersen Lamha

Mestre em Estudos de Literatura, Doutorando em Literatura Comparada (UFF)

3) Às 11h30: Zur Lampe / Sobre a lâmpada : uma peça escondida no jogo

da Infância Juliana Serôa da Motta Lugão

Doutora em Estudos de Literatura (UFF), Pesquisadora independente

4) Às 12h: Os fragmentos do trauma: A tradução como recomposição dos

caco

Denes Augusto Clemente

Mestrando em Literatura Alemã, na Universidade Federal Fluminense

Dia 25-11 - Das 10h30 às 13h30

Mesa 2

5) Às 10h30: Perspectivas sobre o livro e a tradução: De Walter Benjamin

e Augusto e Haroldo de Campos

Page 96: Seções Apresentações por horário

Susana Kampff Lages (moderadora)

Professora da Universidade Federal Fluminense

6) Às 11h: “Andar devagar por ruas movimentadas é um prazer

especial”, Franz Hessel um flâneur em Berlim Jefferson Michels

Mestre em Linguística, (iniciando o) Doutorado em Pós-Graduação em Estudos da

Tradução, Universidade Federal de Santa Catarina

7) Às 11h30: O contador de histórias ouvido daqui Tomaz Amorim Izabel, Doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP), pós-

doutorando (Freie Universität Berlin).

8) Às 12h: a linguagem do mito

Georg Otte

Universidade Federal de Minas Gerais

Page 97: Seções Apresentações por horário

Resumos das comunicações:

1) Dada - textura táctil

Maria Aparecida Barbosa,

Professora da Universidade Federal de Santa Catarina.

Teoricamente é legítimo - talvez seja indispensável - considerar a literatura moderna sob a

perspectiva da filologia específica. Embora o movimento dadaísta tenha sido internacional e

mais amplo, ele é vitalmente expresso em uma língua. Essa comunicação tenta primeiramente

compreender a tendência neo-dada em língua alemã legada pelo Grupo de Viena (Rühm,

Achleitner, Bayer) por volta de 1960. Pensa e apresenta vestígios bem evidentes desse veio

literário no esteticismo novecentista do Jugendstil (Stefan George), bem como na prosa de Paul

Scheerbart (que interessou a Walter Benjamin em "O Narrador" e no estudo sobre Lesabéndio).

Centra-se o estudo literário, então, em poemas da vanguarda histórica de Zurique, Colônia,

Berlim, Colônia, Hanover, Viena. A arrolagem dessa série de poemas, que estão sendo

traduzidos e estudados, considera especificidades da linguagem, maneiras que são comuns a

vários poemas e maneiras como eles se distinguem. Bibliografias recentes - Baroness Elsa

(Gammel, 2003) e Die Dada Wie Frauen Dada Prägten (Boesch, 2015) - chamam a atenção

para o relevo da contribuição das mulheres como autoras dadaístas. A filosofia que renuncia ao

apelo divino e convém para instalar o homem na sua pura humanidade parece ser a fonte para

esse arrojo dadaísta às grandes cartadas. No estudo dos modos de reprodução das obras de arte,

Benjamin (1955) acentua o caráter profético da arte de vislumbrar avant la lettre o porvir e nota

sua estreita relação com transformações técnicas, formais e sociais. As escandalosas

"irreverências" e os "barbarismos" dessas criações levam Benjamin a traçar analogias com os

efeitos do cinema, na medida que a forma estética de imagens que incessantemente se

sobrepõem provocam igualmente o choque no espectador. A ponderação concernente à

qualidade tátil, portanto, não é de somenos na pesquisa dessa poesia, assim como outras mais

voltados à Geschichte der literarischen Moderne (Kiesel, 2004) e Absolute Lyrik (Petersen,

2005).

2) Transmissibilidade: notas para um estudo da carta kafkiana

Leonardo Petersen Lamha

Mestre em Estudos de Literatura, Doutorando em Literatura Comparada (UFF)

“Franz Kafka não legou romances”, afirmou o editor Roland Reuß (1995) na introdução à

primeira edição fac-similar das obras de Kafka, que propõe restituir ao texto publicado a sujeira

Page 98: Seções Apresentações por horário

e o aspecto fragmentário do manuscrito kafkiano, “limpados” por Max Brod e sucessivos

editores. Com um grau similar de certeza, podemos dizer, contudo, que Kafka legou cartas, hoje

parte importante e incontornável do cânone literário kafkiano – embora nem sempre tenha sido

assim. A correspondência de escritores, como mostra Diaz (2016), por muito tempo

permaneceu mera curiosidade fútil, não digna de receber atenção do campo dos estudos

literários. Porém, como sugeriu, de forma pioneira, Elias Canetti (1990), se Kafka utilizava o

meio da carta como atividade literária, é possível nos perguntarmos o que a carta, enquanto

objeto inicialmente não literário, perde de sua característica especificamente epistolar ao ser

lida apenas como expressão literária. Assim, esta comunicação busca discutir um aspecto

próprio da carta em geral, e da carta kafkiana em particular, a saber, sua “transmissibilidade”,

tantas vezes tematizada pelo próprio Kafka tanto na correspondência quanto na literatura.

Valendo-se das reflexões sobre a comunicabilidade da linguagem, de Walter Benjamin (2011),

e em diálogo com a figura dos mensageiros kafkianos, é possível explorar a tensão entre a

mensagem kafkiana e sua função e interpretação como objeto não só escrito e lido, mas também

postado e recebido, e investigar como esse “trajeto postal”, pelo qual passa a epístola e que não

se encontra à vista, pode contribuir para uma leitura nova da correspondência de Franz Kafka.

Assim como a linguagem, para Benjamin, não era só um meio de transmissão de conteúdos,

pode-se perguntar quais as consequências de a carta kafkiana se revelar, em seu aspecto

transmissível, compartilhado e móvel, o “centro da existência literária de Franz Kafka”

(HARING, 2010).

Referências Bibliográficas

BENJAMIN, Walter. Escritos sobre mito e linguagem (1915 – 1921). Trad. Susana Kampff

Lages e Ernani Chaves. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2011.

CANETTI, Elias. O outro processo: cartas de Kafka a Felice. In: CANETTI, Elias. A

consciência das palavras: ensaios. Trad. Herbert Caro. São Paulo: Companhia das Letras,

1990. p. 79-168.

DIAZ, Brigitte. O Gênero Epistolar ou o Pensamento Nômade: Formas e Funções da

Correspondência em Alguns Percursos de Escritores no Século XIX. Trad. Brigitte Hervot;

Sandra Ferreira. São Paulo: Edusp, 2016.

KAFKA, Franz. Briefe an Felice Bauer und andere Korrespondez aus der Verlobungszeit.

Frankfurt am Main: Fischer, 2015.

KAFKA, Franz. Briefe an Milena: Erweiterte Neuausgabe. Frankfurt am Main, 1986.

HARING, Ekkehard W. Das Briefwerk. In: ENGEL, Manfred; AUEROCHS, Bernd (Org.)

Kafka-Handbuch: Leben - Werk - Wirkung. Stuttgart: J.B. Metzler, 2010. p. 390-401.

REUß, Roland. Lesen, was gestrichen wurde. Für eine historisch-kritische Kafka-Ausgabe. In:

KAFKA, Franz. Historisch-Kritische Ausgabe sämtlicher Handschriften, Drucke und

Typoskripte. Einleitung. Frankfurt am Main: Stroemfeld, 1995, p. 9-24.

3) Zur Lampe / Sobre a lâmpada : uma peça escondida no jogo da Infância

Page 99: Seções Apresentações por horário

Juliana Serôa da Motta Lugão

Doutora em Estudos de Literatura (UFF), Pesquisadora independente

Esta comunicação terá como ponto de partida a peça manuscrita intitulada Zur Lampe [Sobre a

lâmpada], em fase final de tradução, e a discussão de alguns pontos-chaves dessa tarefa.

Encontrada nos arquivos de Walter Benjamin e na recente publicação do volume 11 da edição

crítica da produção textual do autor (Werke und Nachlaß), Zur Lampe é apontada pela crítica

como uma “primeira parte planejada” para a peça "A Mummerehlen" e, assim, frequentemente

lida como mero rascunho: ora é considerada preparação para os ensaios sobre a mímese ora

uma espécie de degrau entre os textos biográfico-literários de Infância em Berlim por volta de

1900 e os ensaios críticos “A doutrina das semelhanças” / “Sobre a capacidade mimética”.

A imagem luminar, frequentemente utilizada pelo autor para trazer aos seus escritos o instante-

já do conhecimento, traz Zur Lampe, ainda que fugazmente, para o centro do debate sobre a

poética de Walter Benjamin. A partir da apresentação da tradução da peça e sua

contextualização e com recurso do retorno à leitura cerrada do texto e também ao material

manuscrito, esta comunicação também tem o objetivo de explicitar como se desenhou grande

parte da escrita benjamiana, numa dinâmica de pequenas anotações [verzettelte Dynamik], a

partir de margens, mapas e ramificações, formando o que tão comumente se costuma chamar

de um pensamento constelar. Trata-se, aqui, com efeito, de um desdobramento de "Walter Benjamin, autor editado. Pistas e perguntas para uma possível atualização da poética

benjaminiana", apresentado em 2019, por ocasião do III Congresso da ABEG.

Referências Bibliográficas

BENJAMIN, Walter. “Zur Lampe” [WB A 371/6v]. In: Walter Benjamin Digital.

https://www.walter-benjamin.online/seite/suche/wba_371_6v [Último acesso em 19 de outubro

de 2021 ]

BENJAMIN,, Walter. Berliner Chronik /Berliner Kindheit um neunzehnhundert. Org. Nadine

Werner. Frankfurt/M.: Suhrkamp, 2019, Werke und Nachlaß, Kritische Gesamtausgabe, vol.

11, 2t.

GIURIATO, Davide. Walter Benjamin, Zur Lampe: Entstehungskontext und editorische

Bermerkungen. In SCHESTAG, Thomas: Philoxenia. Engeler: Basel, 2019

LAVELLE, Patricia. “Les forces anticipatrices de l’œuvre littéraire : sur l’espoir dans le passé”,

Revue germanique internationale [online], 17, 2013,

"Nach der Vollendung". Walter Benjamin e Heinrich Rickert. Kriterion [online]. 2014,

vol.55, n.130, pp.653-668.

LINDNER, Burkhardt. “Schreibprozeß, Finisierung und verborgene Erinnerungstheorie in

Benjamins ‘Berliner Kindheit’. Zur erstmaligen Edition des Gesamtnachlasses”. In Brandes,

Peter e Burkhardt Lindner (orgs). Finis: Paradoxien des Endens. Würzburg: Königshausen &

Neumann, 2009, p. 83–127.

Page 100: Seções Apresentações por horário

4) Os fragmentos do trauma: A tradução como recomposição dos cacos

Denes Augusto Clemente

Mestrando em Literatura Alemã, na Universidade Federal Fluminense

A caracterização do conjunto excessivo de lesões ocasionadas por uma violência externa, cuja

impossibilidade de assimilação em seu tempo oportuno causa sérios efeitos patogênicos, recebe,

em Freud, o nome de trauma (LAPLANCHE; PONTALIS). Estas excitações exageradas se

inscrevem no aparelho psíquico como registros subvertidos, dissimulados e recalcados,

estabilizados nos sujeitos como efrações. As lacunas ocasionadas neste ambiente são fraturas

por onde escapam reminiscências destes registros em latência. Entretanto, sua permanência em

zona de consciência é constantemente ameaçada pela pulsão de morte. Assim, a experiência

traumática fraciona o evento impedindo que o trabalho anamnésico ocorra adequadamente,

afigurando-se, então, como uma imagem agressiva e nebulosa, o avesso da memória. O presente

trabalho busca discutir teoricamente como as obras atravessadas pelo trauma são

paradoxalmente lembranças esquecidas, arquivos traumatizados, ameaçados e renovados pela

pulsão de morte. Para isto, a elaboração desta questão lança suas bases no ensaio benjaminiano

sobre a tradução, mais especificamente na metáfora da recomposição. Para Benjamin (2008) a

tradução se dirige à forma, ela não deve considerar um receptor ou a comunicação como sua

finalidade, mas deve proceder “assim como os cacos de um vaso, para poderem ser

recompostos, devem seguir-se uns aos outros nos menores detalhes, mas sem se igualar, a

tradução deve, ao invés de procurar assemelhar-se ao sentido do original, ir configurando, em

sua própria língua, amorosamente, chegando até aos mínimos detalhes, o modo de designar do

original, fazendo assim com que ambos sejam reconhecidos como fragmentos de uma língua

maior, como cacos são fragmentos de um vaso” (p. 77). Nesse sentido, quando o trauma alcança

dimensões coletivas, certamente encontrará na literatura algum espaço para, como diria Derrida

(2001), consignar seus registros, inscrever suas impressões enquanto arquivos do mal. Diante

de tais obras, a tradução deve recompor as marcas do trauma, reelabora-lo em suas dimensões

mnemônicas, fazendo com que suas áreas de latência “encobertas pelo manto”, revelem a forma

destas verdades intoleráveis, não para comunicá-las, mas para delinear seus contornos, dar

continuidade a sua vida em uma sobrevida que, associando Derrida, se instauraria na

reformulação de um registro que tece relações com a pulsão de morte arquivológica –

movimento para o interior que tende à própria destruição –, condição de possibilidade para

recriação dos arquivos.

Referências Bibliográficas

BENJAMIN, W. A tarefa do tradutor, de Walter Bemjamin: quatro traduções para o

português. Organizadora Lúcia Castello Branco; tradução de Fernando Camacho, Karlheinz

Barck, Susana Kampff Lages, João Barrento. Belo Horizonte: ALE/UFMG, 2008

DERRIDA, J. Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Tradução de Cláudia de

Moraes Rego. Rio de janeiro: Relume Dumará, 2001.

Page 101: Seções Apresentações por horário

LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J. B. Vocabulário da psicanálise. 4. ed. São Paulo: Martins

Fontes, 2001.

MORENO, M.; JUNIOR, N. Trauma: o avesso da memória. Ágora, Rio de Janeiro, v. XV, n.

1, p. 46-61, jan./jun., 2012. Disponível em:

https://www.scielo.br/j/agora/a/46GrdGzGrZmXxVTLdWB6Ytj/?lang=pt. Acesso em: 01

nov. 2021.

5) Perspectivas sobre o livro e a tradução: De Walter Benjamin e Augusto e

Haroldo de Campos

Susana Kampff Lages (moderadora)

Professora da Universidade Federal Fluminense

Com esta comunicação pretende-se dar continuidade a uma reflexão que tem como foco a

fortuna de um pequeno texto de Walter Benjamin, “Revisor de livros juramentado” em certos

aspectos da teoria e da prática tradutória e poética de Augusto e Haroldo de Campos. Ou seja,

queremos verificar em que medida o pensamento poético dos poetas concretos é tributário não

apenas do ensaio benjaminiano, mas também da intuição do autor berlinense sobre as

transformações que o objeto livro viria a sofrer em função das inovações técnicas do início do

século XX, tais como a fotografia e o cinema, bem como a difusão do jornal impresso.

Como uma espécie de contraponto textual ainda mais conciso que o célebre prefácio

benjaminiano sobre “A tarefa do tradutor”, aquela singular pequena peça em prosa se constitui

como que uma glosa de toda a revolucionária composição do livro que a contém: Rua de mão

única. Voltada para o futuro, tempo aberto e sem marcas, está não apenas a porosidade deste

livro diante de um tempo vindouro, assim como prefigurado por Benjamin, leitor de Mallarmé,

mas também a realização de uma particular simultaneidade verbivocovisual pelos poetas

“siamesmos” em suas intraduções, criações e transcriações.

Referências bibliográficas

AGUILAR, G. Augusto de Campos, poeta. Uma ética da invenção. In: CAMPOS, A. de.

Lenguaviaje. Antología. (Organização e tradução de Gonzalo Aguilar) Buenos Aires: De la

resistencia, 2020.

BENJAMIN, W. A tarefa do tradutor. In: Escritos sobre mito e linguagem. Trad. S.K. Lages.

São Paulo: Ed.34, 2002.

CAMPOS, A. de “Poesia, Estrutura” In: Campos, A. de et al. Mallarmé. 2ª. ed. São Paulo:

Perspectiva, 1980. [1ª ed. 1974]

Page 102: Seções Apresentações por horário

CAMPOS, A. de; PIGNATARI, D.; CAMPOS, H. de. Teoria da poesia concreta. Textos

críticos e manifestos. 1950-1960. São Paulo: Brasiliense, 1987. [1a. ed. 1965]

CAMPOS, H. de. Paul Valéry e a poética da tradução. In: TAPIA, M. & NÓBREGA, T. M.

(orgs.). Haroldo de Campos – Transcriação. São Paulo: Perspectiva, 2015.

SCHOLEM, G. 3. Na Suíça (1918-1919). In: .Walter Benjamin: A história de uma

amizade. São Paulo: Perspectiva, 1989.

6) “Andar devagar por ruas movimentadas é um prazer especial”, Franz

Hessel, um flâneur em Berlim

Jefferson Michels

Mestre em Linguística, (iniciando o) Doutorado em Pós-Graduação em Estudos da Tradução,

Universidade Federal de Santa Catarina

Esta comunicação tenta organizar as primeiras leituras para um projeto concernente à literatura

do escritor Franz Hessel (1880-1941). Centra-se a princípio na figura do flâneur tratado na obra

Spazieren in Berlin (1929). Hessel nasceu numa família de tradução judaica, cresceu em Berlim,

estudou em Munique e depois morou em Paris, onde nutria forte contato com a sociedade

artística e literária parisiense. O escritor teve um relacionamento com a jornalista Helen Grund,

que serviu de inspiração para o romance Jules et Jim (1953) de Henri-Pierre Roche; a obra foi

posteriormente adaptada ao cinema por François Truffaut, em um filme com o mesmo nome

Jules et Jim (1962). No livro Spazieren in Berlin (1929), o autor evoca e reinventa a figura

baudelariana do flâneur, na Berlim do final da República de Weimar. Durante seus passeios

pelas ruas de Berlim, o flâneur observa o detalhe. "Narra" (e não descreve, como aponta

Benjamin) edifícios, pessoas e situações, apresentando uma visão da dinâmica e inquieta

metrópole. O termo do francês "Flâneur" (aquele que perambula / anda), consagrado na

literatura de Walter Benjamin sobre A Modernidade de Charles Baudelaire, está associado à

figura da pessoa que anda/vaga pelas ruas da cidade, de forma despretensiosa e sem pressa,

aberta a experiências dos sentidos, das emoções, a serem despertas nas confrontações com cenas

do cotidiano da metrópole moderna. Em sua obra, Hessel passeia por ambientes da barulhenta

e agitada cidade, atravessa ruas, praças, mercados, fábricas, cafés e parques, conferindo vida à

paisagem urbana. Em colaboração com Walter Benjamin, esse escritor realizou a tradução de

obras de Marcel Proust para o alemão. Benjamin escreveu a resenha literária intitulada O

retorno do flâneur sobre o livro Spazieren in Berlin. Perseguido pelo regime do nazista, Franz

Hessel foge em 1938 para Paris. Morreu no exílio em 1941, no sul da França, após sua libertação

de um campo de internamento.

Referências Bibliográficas

BENJAMIN, Walter. O flâneur. In: Baudelaire e a modernidade. Belo Horizonte: Autêntica,

2015, p. 37-68.

Page 103: Seções Apresentações por horário

. O regresso do flâneur. In: Baudelaire e a modernidade. Belo Horizonte:

Autêntica, 2015, p. 203-210.

GUERREIRO, António. A difícil arte de passear. Semear 6, Cátedra Padre António Vieira de

Estudos Portugueses - PUC-Rio, 2002. Disponível em:http://www.letras.puc-

rio.br/unidades&nucleos/catedra/revista/6Sem_19.html. Acesso em: 24. out. 2021.

HESSEL, Franz. Spazieren in Berlin. 1929.

JULES ET JIM. Direção de François Truffaut. França, 1962. P&B (105 min.).

7) O contador de histórias ouvido daqui

Tomaz Amorim Izabel, Doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP), pós-

doutorando (Freie Universität Berlin).

O trabalho apresentará o movimento histórico do conhecido ensaio de Walter Benjamin, “O

contador de histórias” (“Der Erzähler”), e buscará atualizá-lo não apenas a partir do presente,

mas também a partir do Brasil. Ou seja, de uma perspectiva também extra-europeia, com

processos históricos e literários distintos, ainda que sob uma mesma tendência global. O

objetivo é refletir sobre quanto o ensaio servia para as relações sócio-literárias daqui no começo

do século passado e quanto ainda vale. Se fenômenos de modernização há muito avançados na

Europa, como a ascensão da imprensa, a industrialização do trabalho e o êxodo urbano marcam

a leitura materialista de Benjamin sobre a decadência da narrativa tradicional, seria possível,

em um contexto em que essas modernizações se deram apenas tardiamente e de forma

incompleta, imaginar outras relações entre essa narrativa tradicional e a literatura moderna?

A questão do tédio e sua relação com o “dom de ouvir”, por exemplo, que segundo

Benjamin já não existia na cidade europeia e estava em vias de extinção no campo, surge de

qual maneira na periferia, cujas grandes cidades passavam ainda pelas primeiras grandes

urbanizações e cujos meios de produção ainda estavam interligados àquelas “atividades

intimamente associadas ao tédio"? Os pássaros de sonhos ainda voam e fazem ninhos por aqui?

Também as relações entre o popular e o literário, em um contexto de literatura colonizada,

coloca questões distintas das apresentadas no ensaio, já que se o popular intercambiava com o

literário de maneira mais direta lá, aqui, com uma alta literatura voltada completamente para a

metrópole, os temas locais entraram muito mais tardiamente, misturando-se de maneira mais

orgânica justamente com os modernismos. Há ainda as diferenças abismais entre letramento e

editoração nos dois contextos, questões fundamentais na história traçada por Benjamin.

Por fim, a questão do conto de fadas oferece uma possibilidade de comparação em que

passado e presente europeu se invertem no contexto brasileiro. Se na leitura quase iluminista

de Benjamin ele é uma primeira saída do mundo mítico, no contexto popular daqui os mitos e

lendas agem ainda hoje justamente como aquela narrativa tradicional, aconselhando e

estabelecendo uma relação com a natureza que não passa pelo terror primitivo ou pela

exploração brutal. Tratam-se portanto de diferenças culturais, materiais e literárias que exigem

Page 104: Seções Apresentações por horário

reflexão para uma atualização da recepção do ensaio e um rompimento com uma visão

teleológica ou eurocentrada da história literária brasileira.

Referências Bibliográficas

BENJAMIN, Walter. Gesammelte Schriften. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1991.

BENJAMIN, Walter. “O contador de histórias”, in: Linguagem, Tradução, Literatura.

Tradução: João Barrento. Lisboa: Assírio & Alvim, 2015.

BENJAMIN, Walter. Escritos sobre mito e linguagem. Tradução: Susana Kampff Lages e

Ernani Chaves. São Paulo: Editora 34, 2011.

CANDIDO, Antônio. “Literatura e cultura de 1900 a 1945: panorama para estrangeiros”.

In:Literatura e sociedade. São Paulo: T. A. Queiroz, 2000.

LUKÁCS, Georg. A teoria do romance. Tradução: José Marcos de Macedo. São Paulo: Duas

Cidades/Editora 34, 2000.

ORTIZ, Renato. A moderna tradição brasileira: cultura brasileira e indústria cultural. São

Paulo: Brasiliense, 1988.

8) A linguagem do mito

Georg Otte, Universidade Federal de Minas Gerais

No segundo capítulo de sua obra monumental Arbeit am Mythos encontra-se a única referência

de Hans Blumenberg a Walter Benjamin, mais exatamente à sua filosofia da linguagem. Sabe-

se que Benjamin, com base em pressupostos teológicos, considera o uso comunicativo da

linguagem como “pecado original” e que ele defende seu uso em função nomeadora; a defesa

dessa função é reforçada em seu texto clássico “A tarefa do tradutor”. Apesar de se tratar da

única referência de Blumenberg a Benjamin na referida obra, ela é fundamental para as

reflexões do primeiro sobre o mito, uma vez que, em sua abordagem antropológica, o ato

“adâmico” de nomear as coisas faz parte dos mecanismos de defesa dos quais o homem dispõe

para se proteger contra uma realidade vista como estranha e ameaçadora. Partindo dessa

referência direta a Benjamin, a proposta desta comunicação visa elaborar outros paralelos entre

os dois pensadores.

Seção 17 - Literatura, debates e vida quotidiana de língua alemã em revistas e jornais históricos

brasileiros: materialidade, projetos e pesquisas

Profs. Izabela Drozdowska-Broering (UFSC), Wiebke Röben de Alencar Xavier (UFRN),

Paulo Astor Soethe (UFPR)

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4ª, 24/11

10h30 Velhos vizinhos no Novo Mundo:

as relações de imigrantes alemães e poloneses sob a luz da imprensa Profa. Dra. Izabela

Drozdowska-Broering (UFSC)

4ª, 24/11

10h50 Jornais em língua alemã no Brasil: desafios e possibilidades de pesquisa na perspectiva

da mediação cultural Profa. Dra. Isabel Cristina Arendt (UNISINOS)

4ª, 24/11

11h10 “Rumo a Colônia Dona Francisca”: os anúncios de emigração

no Allgemeine Auswanderungs-Zeitung (1850-1855) Jefferson Michels (UFSC)

Debate: 11h30 a 11h50

Quinta-feira, 25 de novembro

DATA/HORÁRIO TÍTULO AUTORES

5ª, 25/11

10h30 Schiller nos jornais Diário do Rio de Janeiro e Jornal de Recife Profa. Dra. Wiebke

Röben de A. Xavier (UFRN)

Alynne Fonseca de Oliveira, UFRN

5ª, 25/11

10h50 A circulação de romances históricos alemães no Brasil:

indícios da presença das obras de Karl Franz van der Velde no Rio de Janeiro do século XIX

Larissa de Assumpção (Unicamp/FU Berlin)

5ª, 25/11

11h10 O farol Madame de Staël em periódicos das décadas de 1830-1850:

imagens da literatura e cultura alemãs no Brasil do século XIX Francisco Gesival Gurgel de

Sales (UERN)

5ª, 25/11

11h30 Alexander von Humboldt e o Brasil:

vestígios da viagem que não houve Prof. Dr. Paulo Soethe (UFPR)

Debate: 11h50 a 12h10

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Resumos:

1. Velhos vizinhos no Novo Mundo: as relações de imigrantes alemães e poloneses sob a luz da imprensa

Izabela Drozdowska-Broering, UFSC

A imigração alemã e depois polonesa para o Brasil alcança o seu auge no momento histórico complicado para ambas as etnias e trágico para os poloneses: a Polônia, antigamente um importante ator na Europa Central, mas então subjugada havia dezenas de anos aos três poderes vizinhos: Prússia, Rússia e Império Austro-húngaro, perde a esperança de independência depois de vários levantes e revoluções. Fugindo das guerras, da fome, de perseguição, os velhos vizinhos encontram-se no Novo Mundo na metade do século XIX. Na presente comunicação discutirei a questão das relações entre ambas as nações com o seu complexo passado no solo europeu, privilegiando como fonte jornais brasileiros em língua alemã, sobretudo no Sul do Brasil. Em foco estará a questão de possível transfer de estereótipos (ORŁOWSKI 1996; HENNING- HAHN 1995, 2002/2011), identidade cultural do país de origem e aculturação dos imigrantes (SPLIESGART 2006) diante de novas pretensões coloniais de alemães e poloneses nos anos 1930.

Referências bibliográficas

HENNING-HAHN, HANS (org.). Historische Stereotypenforschung. Methodische Überlegungen und empirische Befunde, Oldenburg: Bis, Bibliotheks- und Informationssystem der Universität Oldenburg, 1995. HENNING-HAHN, HANS (org.). Stereotyp, Identität und Geschichte. Die Funktion von Stereotypen in gesellschaftlichen Diskursen, Frankfurt am Main: Lang Verlag, 2002. Trad. polonesa: Stereotypy – tożsamość – konteksty. Studia nad polską i europejską historią, Poznań: Wydawnictwo Poznańskie, 2011. ORŁOWSKI, HUBERT. Polnische Wirt(h)schaft. Zum Polendiskurs der Neuzeit. Wiesbaden: Harrassowitz, 1996. SPLIESGART, ROLAND. „Verbrasilianerung“ und Akkulturation. Deutsche Protestanten im brasilianischen Kaiserreich am Beispiel der Gemeinden in Rio de Janeiro und Minas Gerais (1822–1889). Wiesbaden: Harrassowitz 2006.

2. Jornais em língua alemã no Brasil: desafios e possibilidades de pesquisa na perspectiva da mediação cultural

Isabel Cristina Arendt, UNISINOS

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A presente comunicação resulta do estudo de dois jornais em língua alemã editados no Rio Grande do Sul: o Deutsches Volksblatt e o Deutsche Post, publicados respectivamente entre 1871-1940 e 1880-1928. Como propósito central do trabalho, pretendo abordar desafios e possibilidades de pesquisa nestes dois jornais editados em língua alemã no Brasil sob uma abordagem centrada na mediação cultural. Diversos periódicos editados no Rio Grande do Sul representam significativa produção e cumpriram importante papel na história da imprensa no estado. Nas duas últimas décadas do século XIX, constituíram-se na principal forma de comunicação e informação para uma população de fala alemã no sul do país. A comunicação se remeterá a estudos anteriores: um primeiro (ARENDT; HARRES, 2017) versa sobre o Deutsches Volksblatt, cuja sede estava localizada em Porto Alegre; o outro (ARENDT; HARRES, 2020), sobre o Deutsche Post, cuja sede era São Leopoldo, também significativo, considerando-se sua periodicidade, alcance de leitores e relativa longevidade. O foco deste segundo estudo foi o fundador, editor e redator responsável por vários anos, Wilhelm Rotermund, entendido como um articulador e mediador cultural junto à população imigrante ou de descendência alemã no sul do Brasil, sucedido nesse papel por seu filho, Ernst Rotermund. A comunicação resulta de pesquisa no âmbito do Projeto Transfopress Brasil, em parceria com Marluza M. Harres (UNISINOS), e busca delinear o papel dessa imprensa como mediadora cultural, entendida especificamente “como parte e elemento de compreensão do mundo brasileiro, traduzindo e construindo representações sobre o ser brasileiro e estar aqui, que circulava nos meios frequentados pelos imigrantes e seus descendentes” (ARENDT; HARRES, 2017, p. 448-9).

Referências bibliográficas

ARENDT, Isabel C.; HARRES, Marluza M. Deutsches Volksblatt entre os jornais de língua alemã publicados no Rio Grande do Sul (1870-1940). In: LUCA, Tania Regina de; GUIMARÃES, Valéria. (orgs.). Imprensa estrangeira publicada no Brasil: primeiras incursões. São Paulo: Rafael Copetti Editor, 2017. p. 424-450. ARENDT, Isabel C.; HARRES, Marluza M. A imprensa alemã no sul do Brasil e a mediação cultural: a prática jornalística e editorial de Wilhelm Rotermund. Ed. UNESP, 2020. (no prelo)

3. “Rumo a Colônia Dona Francisca”: os anúncios de emigração no Allgemeine Auswanderungs-

Zeitung (1850-1855)

Jefferson Michels, UFSC

Esta comunicação busca fornecer informações sobre a emigração para a antiga colônia Dona Francisca, hoje a cidade de Joinville, através da análise dos anúncios de emigração. A primeira fase desta pesquisa foi a de localizar os anúncios originais publicados em jornais da Europa (Alemanha) no século XIX. No segundo momento ocorreu a produção de conteúdo e conhecimento sobre o processo de publicidade para

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os emigrantes da colônia de Dona Francisca. A cidade de Joinville está localizada no norte do estado de Santa Catarina e na região sul do Brasil, sendo um importante centro de colonização alemã do Brasil. A sua colonização foi organizada e financiada pela Kolonisation-Verein von 1849 in Hamburg (Sociedade Colonizadora de 1849 em Hamburgo), através de um contrato firmado entre o Senador de Hamburgo Christian Mathias Schröder II e os príncipes de Joinville (François Ferdinand Philippe e Dona Francisca de Bragança). Nesta comunicação apresento e analiso seis anúncios de emigração para a colônia Dona Francisca, usando as teorias do teórico de comunicação americano Harold Lasswell e do filósofo russo Mikhail Bakhtin. Estes anúncios foram publicados durante o período de 1850 a 1855 em um importante jornal sobre o tema da emigração, o Allgemeine Auswanderungs-Zeitung (AA-Z). O AA-Z foi fundado em 1846 na cidade de Rudolstadt, Turíngia, por Günther Fröbel (1811-1878), tendo sido publicado entre os anos de 1846 e 1871. A digitalização e disponibilização on-line de todas as edições do jornal é um projeto conjunto das bibliotecas da Universidade e do Estado da Turíngia, e do Arquivo Estadual da Turíngia – Staatsarchiv Rudolstadt. Os anúncios foram traduzidos e reeditados para o português brasileiro, de modo a possibilitar maior acesso deste material aos pesquisadores brasileiros.

4. Schiller nos jornais Diário do Rio de Janeiro e Jornal de Recife

Wiebke Röben de Alencar Xavier, UFRN

Alynne Fonseca de Oliveira, UFRN

Os jornais, essencialmente no período oitocentista, assumiram um papel significante: além de informar, exerceram também a função de formar novos leitores. O contexto social e histórico da época proporcionou um aumento da circulação de ideias e bens culturais, fazendo com que autores como Schiller, Goethe, Schlegel e outros chegassem também aos leitores brasileiros. Utilizando o acervo de dados da Hemeroteca Digital Brasileira, analisaremos a presença de Friedrich Schiller na Imprensa Oitocentista brasileira. No presente trabalho destacaremos dois periódicos: o Diário do Rio de Janeiro (1821- 59/1860-78) e o Jornal de Recife (1859-1938). No Diário do Rio de Janeiro, Schiller está presente desde 1838. As contribuições apresentam uma heterogeneidade surpreendente de estratégias de informação e divulgação do referido autor. O que acaba sendo uma unanimidade são as menções de suas obras, sua amizade com Goethe e curiosidades sobre a vida pessoal de Schiller. Além dos elogios quanto a sua genialidade literária percebem-se em vários momentos ressemantizações das ideias de Schiller e o interesse em abordar, por exemplo, discussões críticas sobre Die Räuber [Os Bandoleiros] com ênfase na função moral do herói e na compreensão diferente do tema liberdade. Esse estudo de caso nos dois jornais está incluso em uma pesquisa maior sobre a presença de Schiller e de suas obras no Brasil com o objetivo de mostrar, na base teórico-metodológica do conceito de transferências culturais, e das circulações transatlânticas dos impressos, o potencial ainda pouco explorado dos jornais históricos brasileiros no contexto do processo de ensino-aprendizagem de literatura alemã e literatura comparada.

5. A circulação de romances históricos alemães no Brasil: indícios da presença das obras de Karl Franz van der Velde no Rio de Janeiro do século XIX

Larissa de Assumpção, Unicamp/FU Berlin

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O objetivo deste trabalho é analisar as circunstâncias de transporte e circulação das obras do escritor alemão Karl Franz van der Velde (1779-1824) no Brasil. Esse escritor, apesar de ser pouco conhecido atualmente, publicou mais de 15 romances ao longo do século XIX, que tiveram uma boa recepção crítica em solo alemão, circularam em diferentes países e ganharam edições em variadas línguas, como o francês, o sueco, o húngaro, o russo e o português. Por meio do estudo de como se deu a tradução e a circulação das obras desse autor em solo brasileiro, pretende-se encontrar indícios sobre as circunstâncias de circulação de romances históricos alemães no período oitocentista, e, assim, contribuir para os estudos sobre a História do Livro e da Leitura. A análise da circulação das obras de van der Velde no Brasil será feita a partir de três pontos principais: a circulação de edições em alemão de seus romances no Brasil, que pode ser observada a partir do catálogo da Coleção Teresa Cristina da Fundação Biblioteca Nacional – formada a partir dos livros que pertenciam à Família Imperial Brasileira –; os indícios da existência de traduções de suas obras para o português, presentes no acervo da Biblioteca Fluminense e em anúncios do Correio Mercantil; e as circunstâncias em que um de seus romances, Der Flibustier [O Flibusteiro] foi traduzido para o português e publicado no Jornal Novo Correio de Modas em 1852. Ao final da análise, conclui-se que há indícios de que as obras desse escritor alemão, que atuava como folhetinista e autor de romances históricos, circularam no Brasil do século XIX tanto em um meio relacionado à elite, como a biblioteca pertencente à Família Imperial, quanto – a partir de suas traduções para o português – em suportes e ambientes que atingiam um público mais amplo, como bibliotecas públicas e em folhetins de um periódico destinado ao público feminino.

6. O farol Madame de Staël em periódicos das décadas de 1830-1850: imagens da literatura e cultura alemãs no Brasil do século XIX

Francisco Gesival Gurgel de Sales, UERN

A atividade jornalística assumiu um papel central na promoção e no desenvolvimento de um sistema literário (CANDIDO, 1981) brasileiro no século XIX. O grande número de periódicos e o dinamismo das publicações propiciaram espaços de constituição e afirmação da literatura e cultura nacionais enquanto veiculavam ideias estrangeiras, estabelecendo processos de apropriações e conexões culturais. Isso inseriu num contexto transnacional a nossa emergente literatura. Diante desse cenário, a presente pesquisa objetiva compreender e descrever as imagens da literatura e cultura alemãs em circulação nos jornais brasileiros, a partir das ideias de Madame de Staël (1766-1817) presentes nestes periódicos. Nos deteremos nas décadas de 1830 e 1840, período importante da nossa formação literária, principalmente, devido à vigorosa circulação de periódicos e à fermentação de ideias e princípios estéticos e nacionais. Durante o levantamento de dados para esta pesquisa, notamos um crescente e profícuo interesse dos intelectuais brasileiros por pensadores alemães, especialmente partindo das ideias divulgadas pela obra de Madame de Staël. Concomitante a isso, verificamos a presença de obras da autora franco-suiça por meio dos anúncios de vendas e leilões nos jornais, bem como notícias da chegada de tais obras no Brasil. Essa circulação e o

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interesse não ocorre apenas no Rio de Janeiro, mas em várias outras províncias e regiões brasileiras, o que foi possível confirmar nas publicações dos jornais de diferentes locais. Tal situação demonstra, de início, um lugar de destaque para o pensamento de Madame de Staël na cultura e literatura brasileiras além da significativa sondagem às ideias alemãs naquele momento. Metodologicamente, nos apoiaremos na teoria das transferências culturais (ESPAGNE, 2012; ESPAGNE; FONTAINE, 2018) no tocante à ação de ideias estrangeiras no espaço nacional, bem como à reinterpretação dessas ideias, colocando em destaque, ainda, a noção de circulação de obras e conceitos (ABREU, 2016).

Referências bibliográficas

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 6 ed. Belo horizonte: Ed. Itatiaia, 1981. ESPAGNE, Michel. Transferências culturais e História do Livro. Trad. Valéria Guimarães. Livro – Revista do Núcleo de Estudos do Livro e da Edição, São Paulo, n. 2, ago. 2012. ESPAGNE, M; FONTAINE, Alexandre. Viajando com o conceito de Transferências Culturais: Entrevista com Michel Espagne. Cadernos CIMEAC, UFTM, Uberaba, v. 8, n. 2, 2018. ISSN 2178-9770. ABREU, Márcia. Romances em movimento: a circulação transatlântica dos impressos (1789-1914). Campinas: Editora da Unicamp, 2016.

7. Alexander von Humboldt e o Brasil: vestígios da viagem que não houve

Paulo Astor Soethe, UFPR

Alexander von Humboldt (1769-1859) empreendeu sua antológica expedição às Américas entre 1799 e 1804. Não visitou o Brasil, mas sua aproximação à fronteira do país rendeu equívocos e anedotas que repercutiram na mídia impressa em várias ocasiões, ao longo do século seguinte. Da mesma forma, os estudos etnológicos e geográficos de Humboldt, suas críticas à escravidão, sua forma de pensar e estabelecer relações entre fenômenos de naturezas aparentemente diversas encontraram ecos esparsos em periódicos brasileiros, em textos de autoria não raro inusitada. Direta ou indiretamente, essas publicações e seus desdobramentos na cena literária oferecem hoje vetores e indícios para a pesquisa sobre a presença intelectual do viajante no Brasil e dão ensejo à integração de pesquisadores locais à pesquisa humboldtiana no exterior, especialmente na Alemanha. A presente comunicação oferecerá exemplos da menção de Humboldt em periódicos e obras brasileiras, de modo a evidenciar a conveniência de que se concebam e desenvolvam novos projetos nessa área de estudos.

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8. Walter Benjamin e a Produção Literária de seu Tempo: Críticas e Resenhas

Prof. Dr. Pedro Theobald, PUCRS A preocupação ampla e diversificada dos numerosos escritos de Walter Benjamin inclui também o acompanhamento da produção literária de seu tempo. Tal fato está documentado nas numerosas críticas e resenhas que publicou na imprensa entre 1912 e 1940, que o leitor de hoje encontra no terceiro volume de Gesammelte Schriften (BENJAMIN, 1989). Muitas das obras aí resenhadas se inserem no largo contexto da cultura, não especificamente da literatura, e um pequeno número, no domínio específico da tradução para a língua alemã. Já examinamos estas últimas no contexto dos Estudos de Tradução, sendo de notar-se a virtual ausência, nessas resenhas, dos elevados ideais preconizados por Benjamin em seu “A tarefa do tradutor”. Na presente comunicação, apresentaremos os resultados iniciais de uma pesquisa sobre as resenhas de obras literárias propriamente ditas, ou seja, à ficção em prosa e verso. Concentraremos o foco na crítica de Benjamin às produções literárias em língua alemã e, para além da descrição dos procedimentos críticos do resenhista, tentaremos averiguar até que ponto as produções criticadas se tornaram patrimônio ativo da literatura alemã até os dias de hoje. Como parâmetro, utilizaremos obras de história da literatura alemã do início do século XXI (WATANABE-O’KELLY, 2003; WELLBERY, 2004). Da mesma forma, examinaremos a eventual referência a tais obras nos estudos teóricos mais amplos do próprio Benjamim, como “O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov” (BENJAMIN, 1994) e outros. PALAVRAS-CHAVE: Walter Benjamin. Crítica literária. Resenhas. REFERÊNCIAS BENJAMIN, Walter. Kritiken und Rezensionen. In: Gesammelte Schriften. 3. Aufl. Hrsg. Rolf Tiedemann und Hermann Schweppenhäuser. Frankfurt/M.: Suhrkamp, 1989. Bd. III. BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. WATANABE-O’KELLY, Helen. História da literatura alemã. Trad. José António Capoulas de Avó. Lisboa: Verbo, 2003. WELLBERY, David E. (Ed.). A new History of German Literature. Cambridge (Mas.): Harvard University Press, 2004.