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SEGUNDA FASE DO MODERNISMO POESIA professorasonia.com.br Centro de Ensino Médio 02 de Ceilândia

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SEGUNDA FASE DO MODERNISMO

POESIAprofessorasonia.com.br

Centro de Ensino Médio 02 de Ceilândia

Contexto Histórico

Contexto Histórico

Características

Principais Representantes

▪ Carlos Drummond de Andrade

▪ Cecília Meireles

▪ Vinícius de Morais

▪ Jorge de Lima

▪ Murilo Mendes

▪ Mário Quintana

Mário Quintana(1906-1994)

"A vida são deveres que nós trouxemos para fazer em casa."

Quando se vê já são seis horas...Quando se vê já é sexta-feira...Quando se vê já é Natal...Quando se vê já terminou o ano...Quando se vê já não sabemos mais por onde andam nossos amigos.Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.Quando se vê passaram-se 50 anos.Agora é tarde demais para ser reprovado.Se me fosse dado um dia, uma oportunidade, eu nem olhava o relógio, seguiria sempre em frente, iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

Seguraria todos os meus amigos, que já não sei onde e como estão, e diria:Vocês são extremamente importantes para mim.Seguraria o meu amor, que está, há muito, à minha frente, e diria:Eu te amo.Dessa forma, eu digo: não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo.Não deixe de ter alguém ao seu lado, ou de fazer algo, por puro medo de ser feliz.A única falta que terá será desse tempo que infelizmente não voltará

Mário Quintana

Poeminha do Contra

Todos esses que aí estãoAtravancando meu caminho,Eles passarão...Eu passarinho!

(Prosa e Verso, 1978)

Murilo Mendes (1901- 1975)

▪ Sátiras e poemas-piadas

▪ Poesia religiosa

▪ Contato com a realidade – temática social

▪ Surrealismo europeu (livre associação de imagens e conceitos)

O filho do século

É a hora do fuzilamento da raiva maior

Os vivos pedem vingança

Os mortos minerais vegetais pedem vingança

É a hora do protesto geral

É a hora dos voos destruidores

É a hora das barricadas dos fuzilamentos

Fomes desejos ânsias sonhos perdidos

Misérias de todos os países uni-vos

Fogem a galope os anjos-aviões

Carregando o cálice da esperança

Tempo espaço firmes porque me abandonastes.

Nunca mais andarei de bicicleta

Nem conversarei no portão

Com meninas de cabelos cacheados

Adeus valsa "Danúbio Azul"

Adeus tardes preguiçosas

Adeus cheiros do mundo sambas

Adeus puro amor

Atirei ao fogo a medalhinha da Virgem

Não tenho forças para gritar um grande grito

Cairei no chão do século vinte

Aguardem-me lá fora

As multidões famintas justiceiras

Sujeitos com gases venenosos

É a hora das barricadas

Pré-história

Mamãe vestida de rendas

Tocava piano no caos.

Uma noite abriu as asas

Cansada de tanto som,

Equilibrou-se no azul,

De tonta não mais olhou

Para mim, para ninguém!

Cai no álbum de retratos.

Jorge de Lima (1895-1953)

▪Parnasianismo

▪Poesia social - Escravidão

▪Poesia religiosa

Luta

material x espiritual

Mulher proletária

Mulher proletária — única fábrica

que o operário tem, (fabrica filhos)

tu

na tua superprodução de máquina humana

forneces anjos para o Senhor Jesus,

forneces braços para o senhor burguês.

Mulher proletária,

o operário, teu proprietário

há de ver, há de ver:

a tua produção,

a tua superprodução,

ao contrário das máquinas burguesas

salvar o teu proprietário.

Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no banguê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô.

Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô!

Essa negra Fulô!

Essa negrinha Fulô!

ficou logo pra mucama

pra vigiar a Sinhá,

pra engomar pro Sinhô!

Essa negra Fulô!

Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!

(Era a fala da Sinhá)

vem me ajudar, ó Fulô,

vem abanar o meu corpo

que eu estou suada, Fulô!

vem coçar minha coceira,

vem me catar cafuné,

vem balançar minha rede,

vem me contar uma história,

que eu estou com sono, Fulô!

Essa negra Fulô!

Essa Negra Fulô

"Era um dia uma princesa que vivia num castelo que possuía um vestido com os peixinhos do mar. Entrou na perna dum pato saiu na perna dum pinto o Rei-Sinhô me mandou que vos contasse mais cinco".

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!Vai botar para dormir esses meninos, Fulô! "minha mãe me penteou minha madrasta me enterrou pelos figos da figueira que o Sabiá beliscou".

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!Cadê meu lenço de rendas, Cadê meu cinto, meu broche, Cadê o meu terço de ouro que teu Sinhô me mandou? Ah! foi você que roubou! Ah! foi você que roubou!

Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!

O Sinhô foi açoitar sozinho a negra Fulô. A negra tirou a saia e tirou o cabeção, de dentro dele pulou nuinha a negra Fulô.

Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!Cadê, cadê teu Sinhôque Nosso Senhor me mandou? Ah! Foi você que roubou, foi você, negra fulô?

Essa negra Fulô!

Fulô? Ó Fulô!

(Era a fala da Sinhá

Chamando a negra Fulô.)

Cadê meu frasco de cheiro

Que teu Sinhô me mandou?

--Ah! foi você que roubou!

Ah! foi você que roubou!

O Sinhô foi ver a negra

Levar couro do feitor.

A negra tirou a roupa.

O Sinhô disse: Fulô!

Essa negra Fulô!

Essa negra Fulô!

Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade

1ª Fase: GAUCHE

Ironia

Humor

Poema-piada

Linguagem coloquial

Síntese

Gauchismo – lado esquerdo - “aquele que sente às avessas, torto”

Principais Representantes

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história

2ª Fase: SOCIAL

Nessa fase, o eu-lírico dos poemas manifesta interessepelos problemas da vida social, da qual estivera isolado atéentão. De certa forma, o “gauchismo” da primeira fase édeixado de lado.

Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme realidade.

O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,

não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,

não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,

não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,

a vida presente.

A noite dissolve os homens

A noite desceu. Que noite!

Já não enxergo meus irmãos.

E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam.

A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate,

nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total incompreensão.

A noite caiu. Tremenda, sem esperança...

Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros.

E o amor não abre caminho na noite.

A noite é mortal, completa, sem reticências,

a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer,

a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes!

nas suas fardas.

A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio...

Os suicidas tinham razão.

Aurora, entretanto eu te diviso,

ainda tímida, inexperiente das luzes que vais ascender

e dos bens que repartirás com todos os homens.

Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações, adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando a treva noturna.

O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos, teus dedos frios, que ainda se não modelaram mas que avançam na escuridão como um sinal verde e peremptório.

Minha fadiga encontrará em ti o seu termo, minha carne estremece na certeza de tua vinda.

O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam, os corpos hirtos adquirem uma fluidez, uma inocência, um perdão simples e macio...

Havemos de amanhecer. O mundo se tinge com as tintas da antemanhã e o sangue que escorre é doce, de tão necessário para colorir tuas pálidas faces, aurora.

PAS

3ª Fase: O SIGNO DO NÃO

Na década de 50, a poesia de Drummond tomou novos rumos. O período crítico de guerras, ditaduras e medo tinha passado.

A criação poética de Drummond começou a seguir duas orientações:

1. a poesia reflexiva, filosófica e metafísica = temas da morte e do tempo.

2. Poesia Nominal, com tendências aoConcretismo, em que se destaca apreocupação com recursos fônicos, visuaise gráficos do texto.

O árvore a mar

o doce de pássaro

a passa de pêsame

o cio da poesia

a força do destino

a pátria a saciedade

o cudelume Ulalume

o zunzum de Zeus

o bômbix

o ptyx

Fragmento do Poema publicado na obra Lição de coisas

A poesia filosófica

Que pode uma criatura senão,

entre criaturas, amar?

amar e esquecer,

amar e malamar,

amar, desamar, amar?

sempre, e até de olhos vidrados, amar?

(...)

Este o nosso destino: amor sem conta,

distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,

doação ilimitada a uma completa ingratidão,

e na concha vazia do amor a procura medrosa,

paciente, de mais e mais amor.

Fragmento do Poema Amar

4ª Fase: TEMPO DE MEMÓRIA

Nas décadas de 70 e 80, dá amplo destaque ao universo da memória.

Temas:

1. Infância

2. Itabira

3.A família

4.O cotidiano

Guardo na boca os sabores

da gabiroba e do jambo,

cor e fragrância do mato,

colhidos no pé. Distintos.

araticum, araçá,

ananás, bacupari,

jatobá... Todos reunidos

congresso verde no mato,

e cada qual separado,

cada fruta, cada gosto

no sentimento composto

das frutas todas do mato

que levo na minha boca

tal qual me levasse o mato.Poema Antologia

A bunda, que engraçada

A bunda, que engraçada. Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai pela frente do corpo. A bunda basta-se. Existe algo mais? Talvez os seios. Ora – murmura a bunda – esses garotos ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas em rotundo meneio. Anda por si na cadência mimosa, no milagre de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte por conta própria. E ama. Na cama agita-se. Montanhas avolumam-se, descem. Ondas batendo numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz na carícia de ser e balançar. Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda, rebunda.

Quero

Quero que todos os dias do ano

todos os dias da vida

de meia em meia hora

de 5 em 5 minutos

me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,

creio, no momento, que sou amado.

No momento anterior

e no seguinte,

como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão

que me amas que me amas que me amas.

Do contrário evapora-se a amação

pois ao não dizer: Eu te amo,

desmentes

apagas

teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.

Não exijo senão isto,

isto sempre, isto cada vez mais.

Quero que todos os dias do ano

todos os dias da vida

de meia em meia hora

de 5 em 5 minutos

me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,

creio, no momento, que sou amado.

No momento anterior

e no seguinte,

como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão

que me amas que me amas que me

amas.

Do contrário evapora-se a amação

pois ao não dizer: Eu te amo,

desmentes

apagas

teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.

Quero

Não exijo senão isto,

isto sempre, isto cada vez mais.

Quero ser amado por e em tua palavra

nem sei de outra maneira a não ser esta

de reconhecer o dom amoroso,

a perfeita maneira de saber-se amado:

amor na raiz da palavra

e na sua emissão,

amor

saltando da língua nacional,

amor

feito som

vibração espacial.

No momento em que não me dizes:

Eu te amo,

inexoravelmente sei

que deixaste de amar-me,

que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido

Eu te amoamoamoamoamo,

verdade fulminante que acabas de desentranhar,

eu me precipito no caos,

essa coleção de objetos de não-amor.

Título e Layout de Conteúdo com Gráfico

Cecília Meireles

Cecília Meireles

Canteiros - Fagner

Quando penso em você, fecho os olhos de saudade

Tenho tido muita coisa, menos a felicidade

Correm os meus dedos longos em versos tristes que invento

Nem aquilo a que me entrego já me traz contentamento

Pode ser até manhã, cedo claro feito dia

Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria

Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa

Pra correr entre os canteiros e esconder minha tristeza

Que eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza

E deixemos de coisa, cuidemos da vida,

Pois se não chega a morte ou coisa parecida

E nos arrasta moço sem ter visto a vida.

Vinícius de Morais

Vinícius de Morais

Vinícius de Morais

Vinícius de Morais

Garota de Ipanema - Vinicius de Moraes / Tom Jobim

Olha que coisa mais lindaMais cheia de graçaÉ ela menina, que vem e que passaNum doce balanço a caminho do mar

Moça do corpo douradoDo sol de IpanemaO seu balançado é mais que um poemaÉ a coisa mais linda que já vi passar

Ai! Como estou tão sozinhoAi! Como tudo é tão tristeAi! A beleza que existeA beleza que não é só minhaE também passa sozinha

Ai! Se ela soubesse que quando ela passaO mundo inteirinho se enche de graçaE fica mais lindo por causa do amor

Só por causa do amor ...

A casaVinicius de Moraes

Era uma casaMuito engraçadaNão tinha tetoNão tinha nadaNinguém podia entrar nela, nãoPorque na casa não tinha chãoNinguém podia dormir na redePorque na casa não tinha paredeNinguém podia fazer pipiPorque penico não tinha aliMas era feita com muito esmeroNa rua dos BobosNúmero zero

PAS Química Orgânica

PAS Química Orgânica