Segunda_Guerra_Mundial_(Julgamento_em_Nuremberg).doc

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    Julgamento em NurembergEpílogo da tragédia

     Nuremberg foi palco dos maiores triunfos nazistas. As reuniões do partido; as leis raciais; os maisimportantes discursos de Hitler. Mas em 19! o regime nazista esta"a e#tinto; Hitler morto e Nuremberg emruínas. Mas a cidade "olta"a a despertar a aten$%o mundial& com "inte e um 'omens& abatidos& respondendo pelos mais 'orrí"eis crimes da Hist(ria.

    Nêmesis

    ) espet*culo dos líderes alem%es depostos& tendo suas "idas submetidas a +ulgamento& d* ao mundo imediatodo p(s,guerra um dos maiores assuntos de con"ersa. Esse n%o foi o primeiro procedimento +udicial dessa

    espécie da Hist(ria& pois outros +* 'a"iam sido responsabilizados por infringirem as regras da guerra. ) +ulgamento de Nuremberg& no entanto& realizou,se em escala sem precedentes& e logo tornou,se claro -ue oscrimes com -ue o tribunal esta"a lidando eram de magnitude incompar*"el.

    riticam,no& nos /ltimos anos& especialmente sob os aspectos -ue tratam das duas primeiras categorias dedelitos incorporadas 0 arta do ribunal Militar 2nternacional& ou se+a& 3rimes contra a 4az3 5plane+ar outra"ar guerra de agress%o& ou guerra -ue "iole tratados internacionais6 e 3rimes de 7uerra3 5"iola$%o dasleis ou costumes de guerra6. 8rados de 3'ipocrisia3 t:m ecoado entre os pacifistas militantes& nos casos deuez& Hungria e c'ecoslo"*-uia& especialmente , e de modo in+usto , durante toda a prolongada agonia doa'n torna claro em sua a"alia$%o calma e l/cida dos e"entos de-ue trata& é -ue os membros do tribunal esta"am igualmente c?nscios da possibilidade de se transformar emarma de dois gumes -ual-uer condena$%o -ue pudessem pronunciar sobre o assunto 3conspira$%o para fazer guerra3 e& mais ainda& das pressões da batal'a sobre todos os -ue dela participam. omo resultado disso& dos"inte e dois 'omens -ue se sentaram no banco dos réus em Nuremberg& os onze -ue foram condenados 0morte também 'a"iam sido considerados culpados de delitos incluídos na -uarta categoria , 3rimes contra a'umanidade.3

    A lista das monstruosidades cometidas pelos líderes da Aleman'a nazista -ue& sem -ual-uer sombra ded/"ida& se en-uadram nesta defini$%o é um cat*logo de 'orrores. ) @uiz @acson& ao sintetizar o libeloacusat(rio& assim iniciouB Nen'um meio,século testemun'ou massacre em tal escalaB crueldades edesumanidades inimagin*"eis& condena$%o de po"os inteiros 0 escra"id%o& ani-uilamentos de minorias. )terror de or-uemada se eclipsa diante da 2n-uisi$%o Nazista.

     N%o era crí"el -ue os respons*"eis pela tortura& 'umil'a$%o e morte de tantos 'omens e mul'eres na maneiraesbo$ada pela acusa$%o 5e -ue n%o foi negada pela defesa6 escapassem ao castigo. ob este aspecto& a escalado crime por certo é moralmente conden*"el. H* alguns anos desen"ol"e,se uma escola de propaganda pr(,nazismo -ue "em tentando reabilitar a repulsi"a filosofia -ue a consci:ncia do mundo re+eitou& afirmando-ue 3a -uest%o da elimina$%o dos +udeus tem sido flagrantemente e#agerada. eis mil'ões de +udeus mortosnos campos de concentra$%oC abemos agora -ue n%o pode ter 'a"ido mais de cem mil3

    e apenas dez seres 'umanos morreram como resultado do trabal'o da m*-uina de e#termínio instalada emAusc'Ditz ou reblina& ent%o os condenados 0 morte em Nuremberg foram plenamente merecedores da pena -ue receberam& e a 'ist(ria da na$%o liderada por esses 'omens maculou,se para todo o sempre. 4araa-uele -ue foi atirado 0 asfi#ia no interior da not(ria casa de ban'os em Ausc'Ditz& a idéia de -ue era apenasum entre muitos mil'ares n%o ser"iria para ali"iar,l'e o desespero e agonia. E& na-uela época& o assassinato ,

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    cometido se+a l* como fosse , era em todo o mundo considerado crime capital. ) apelo 0 retroa$%o da lei éapenas prete#to& e nada mais -ue isso& para confundir e mistificar. Homens -ue tramam degradar& torturar ematar de"em aprender -ue a sua "ida n%o é mais "aliosa -ue a da criatura -ue pretende eliminar& por mais in,significante -ue ela possa a seus ol'os parecer. ) 'omem nascido no seio de uma ra$a -ue em certomomento se torna pouco respeitada oferece menos perigo para o mundo -ue a-uele -ue integra uma ra$aimbuída de uma filosofia de (dio ou desprezo.

    ) ribunal Militar em Nuremberg proporcionou um +ulgamento e uma condena$%o +ustos aos -ue foramle"ados 0 sua presen$a. al"ez algumas das senten$as de pris%o fossem demasiado brandas ou demasiadose"eras& mas& como o +uiz franc:s& =onnedieu de

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    de negocia$ões realizadas pelos uatro 7randes entre as na$ões "itoriosas e& por certo& considera$ões políticas também desempen'aram seu papel. Mas os trabal'os em Nuremberg n%o foram um +ulgamento dee#ibi$%o e +amais pretenderam s:,lo. Ao contr*rio& "eremos -ue& embora se fizessem tentati"as espor*dicas&dentro e fora da sala de +ulgamento& de transformar o tribunal num instrumento de política& os +uízesafirmaram com coer:ncia e firmeza sua independ:ncia e a supremacia da lei sobre -ual-uer con"eni:ncia política. e+a o -ue for -ue se possa pensar sobre seus aspectos contro"ertidos& o +ulgamento este"e sempre

    dentro dos mel'ores padrões de +usti$a.

    )s fatos principais re"elados ou confirmados em seu decorrer formam agora parte do acer"o comum donosso con'ecimento 'ist(rico e os ar-ui"os de Nuremberg s%o uma fonte ade-uada para os estudos eruditosdos detal'es. Mas acreditamos realmente -ue "al'a a pena tornar a contar& 'o+e& a 'ist(ria do pr(prio +ulgamento. Em primeiro lugar& ele constitui uma e#peri:ncia grande e imaginati"a& do ponto de "ista delegisla$%o e procedimento penal& e suas li$ões s%o ainda muito apropriadas. )s problemas b*sicos com os-uais o tribunal de Nuremberg te"e de lidar também s%o problemas presentes e futuros& e a maneira como eletentou resol"e,los é instruti"a& em sentido positi"o e negati"oB em certos pontos& te"e :#ito; em outros&fal'ou. ueremos saber como te"e :#ito& e por -ue fal'ou. A 'ist(ria -ue se pode contar tem agora tantointeresse 'umano como na época despertaram os relat(rios& embora 'o+e esse interesse se+a de tipo diferente& por estarmos menos en"ol"idos emocionalmente& e por 'a"er,se dissipado a atmosfera carregada de

    dramaticidade. 4or outro lado& uma compreens%o muito mais profunda das moti"a$ões e rea$ões dos 'omens-ue ocuparam o palco em Nuremberg pode ser captadaB n%o s( dos acusados& como também dos acusadores&defensores e +uízes. Ao contr*rio do leitor de +ornais de "inte e cinco anos atr*s& n%o precisamos tirar conclusões e#clusi"amente do -ue foi ou"ido e "isto nas sessões p/blicas do tribunal. Muitos dos -ueesti"eram en"ol"idos& numa ou noutra posi$%o , desde alguns dos acusados até o carrasco , publicaram suasmem(rias e coment*rios. abemos agora muita coisa sobre as atitudes e o estado de espírito dos prisioneiros-uando n%o esta"am no banco dos réus. abemos também das dissensões 'a"idas entre promotoria&ad"ogados de acusa$%o e magistrados& em "irtude de algumas delibera$ões dos +uízes& tomadas sob a tens%ode uma responsabilidade imensa. %o esses "islumbres dos bastidores -ue d%o 0 nossa 'ist(ria o fascínioine#istente nos registros oficiais do tribunal.

    e"ar os principais nazistas ao tribunal n%o foi& como 0s "ezes se afirma& uma decis%o tomada precipitadamente no primeiro entusiasmo da "it(ria; ao contr*rio& esta se tornara uma das metas de guerrados aliados& declarada +* nos primeiros est*gios do conflito. Além disso& a maneira como isso de"eria ser feito fora assunto de estudos e debates prolongados.

    A cadeia de acontecimentos iniciou,se no outono de 191& -uando se tornou p/blico -ue os alem%es esta"ame#ecutando sistematicamente os reféns inocentes na Kran$a& em repres*lia aos ata-ues 0s for$as alem%es deocupa$%o. A JF de outubro& o 4residente Loose"elt denunciou "igorosamente essa ilegalidade& e ad"ertiu -ueos respons*"eis pelo estabelecimento dessas medidas seriam um dia punidos. inston 'urc'ill& falando namara dos omuns& associou imediatamente seu go"erno 0 declara$%o do presidente. 3A puni$%o dessescrimes ,& disse ele& 3de"eria ser agora incluída entre as metas principais da guerra., 4ouco mais tarde& ogo"erno da Gni%o o"iética lan$ou um protesto diplom*tico& sobre as atrocidades infligidas aos prisioneiros

    de guerra e ci"is russos& onde declara"a -ue o go"erno de Hitler seria considerado respons*"el pelos crimescometidos pelas tropas alem%es.

    I medida -ue os relat(rios sobre o terrorismo alem%o continuaram c'egando& essas declara$ões gerais deinten$%o foram seguidas de propostas algo mais concretas. Em ondres& os representantes dos oito go"ernose#ilados& 8élgica& c'ecoslo"*-uia& 7récia& u#emburgo& Noruega& 4aíses 8ai#os& 4ol?nia e 2ugosl*"ia& e aomiss%o Nacional Krancesa& formaram a onfer:ncia 2nteraliada 5mais tardeB omiss%o6 de 4uni$%o por rimes de 7uerra& -ue faria a primeira tentati"a de esclarecer os comple#os problemas implicados e de criar um programa. Nas sessões desse organismo +* eram e"identes algumas abordagens fundamentalmentediferentes. Assim& uns delegados insistiam em -ue o castigo dos criminosos de guerra de"eria ser baseado nalei do país em -ue o crime fora cometido; outros& fa"oreciam a introdu$%o de no"os princípios de direito penal internacional. ) 7eneral =e 7aulle& falando pelos franceses li"res& foi o primeiro a afirmar -ue n%o s(

    os e#cessos praticados eram crimes passí"eis de puni$%o& mas também as guerras de agress%o& pelos -uais oslíderes alem%es de"eriam ser responsabilizados. ontudo& na época& tal afirma$%o parece n%o ter causadomuita impress%o. N%o se p?de c'egar a nen'um acordo final sobre todos os pontos contro"ertidos& mas +* a1O de +aneiro de 19J a onfer:ncia emitiu uma declara$%o& con'ecida como a 3=eclara$%o de aint @ames3&-ue contin'a algumas diretrizes importantes. )s criminosos de guerra de"eriam ser punidos& n%o por a$%o

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    e#ecuti"a& mas atra"és de processo +udicial. anto os agentes como os -ue deram as ordens seriamconsiderados culpados do crime. Era essencial uma solidariedade internacional no trato do problema& paraimpedir -ue a popula$%o "itimada buscasse "ingan$a an*r-uica.

    )s go"ernos do Leino Gnido e dos EGA& ao declararem& a P de outubro de 19J& a disposi$%o de criar a3omiss%o das Na$ões Gnidas para rimes de 7uerra3& deram passo importante no estudo do problema. I

    3omiss%o3 cabia& precipuamente& identificar as respons*"eis por crimes con'ecidos& recol'er e a"aliar  pro"as. A declara$%o dos dois go"ernos desestimula"a repres*lias em massa& mas garantia -ue osrespons*"eis por assassinatos organizados e outras atrocidades n%o ficariam impunes. Ela foi adotada por todas as na$ões aliadas& com uma e#ce$%o significati"aB o go"erno so"iético tentou obter uma posi$%o preponderante& e#igindo -ue as rep/blicas,membros da Gni%o o"iética fossem separadamente representadasna omiss%o. uando a e#ig:ncia foi recusada& os russos criaram a omiss%o E#traordin*ria Estatal o,"iética para 2n"estigar rimes de 7uerra. Na "% esperan$a de -ue o go"erno so"iético pudesse mudar deidéia& a NG7 ficou no est*gio do plane+amento por algum tempo. Entrementes& grupos especiais deestudo trabal'a"am arduamente nos aspectos legais das acusa$ões. 4elo menos um deles& a Assembléia 2n,ternacional de ondres& fundada pelo

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     +* n%o eram mais ade-uados. ) e#termínio plane+ado de todos os +udeus na Europa central e oriental e"i,dentemente e#igia dezenas de mil'ares de carrascos e uma organiza$%o imensa. ( para as pessoas -ue n%ot:m e#peri:ncia pessoal de um regime totalit*rio é -ue é difícil crer -ue pudesse 'a"er& na Aleman'a& alguém-ue n%o soubesse disso.

     N%o foi somente a magnitude do crime -ue fez da olu$%o Kinal um fen?meno especial. A persegui$%o

    implac*"el de ad"ers*rios políticos& a sel"ageria na busca da "it(ria& o sa-ue& o estupro e o assassinato por  parte de uma soldadesca brutalizada , todas estas eram coisas -ue 'a"iam acontecido antes e tem acon tecidodepois. R 'orrí"el -ue ti"essem -ue ocorrer no século SS& e no cora$%o da Europa& mas n%o esta"am forados padrões recon'ecidos do comportamento , por demais , 'umano. Mas o processo sistem*tico& prolongado e burocraticamente controlado de e#terminar mil'ões de "ítimas -ue n%o ofereciam nen'um perigo e cu+a morte n%o da"a nen'uma "antagem aos assassinos s( podia ser interpretado como amanifesta$%o de uma mente enferma; e toda a na$%o alem% parecia estar afetada pela doen$a. Esta na$%o&simplesmente& tin'a de ser esmagada e reduzida 0 impot:ncia& até curar,se do mal.

    ) endurecimento tempor*rio das atitudes dos Aliados te"e como e#press%o o 4lano Morgent'au. Nummemorando datado de ! de setembro de 19& o ecret*rio do esouro norte,americano& HenrT Morgent'au@r.& prop?s -ue& depois da guerra& a Aleman'a de"ia ser di"idida em pe-uenas unidades políticas& ter suas ins,

    tala$ões industriais desmanteladas e suas minas destruídas. =e"ia ser transformada num país puramenteagrícola& pobre e impotente. ue tal plano irrealista e cruel pudesse ser sugerido por um 'omem -ue&segundo dizem todos os -ue o con'eceram& era uma pessoa culta e de grande intelig:ncia& e -ue ele pudesseser le"ado a sério por políticos respons*"eis& é uma indica$%o do ressentimento manifestado em muitas partes& na época. ) 4lano Morgent'au foi inicialmente aceito& de forma abrandada& por Loose"elt e 'urc'illna onfer:ncia de uebec& realizada no fim da-uele m:s. Esse fato transformou,se no prato fa"orito dosinimigos da =emocracia -ue& baseados na apro"a$%o de tal 4iano& afirma"am -ue as democracias praticamente n%o eram menos b*rbaras do -ue os nazistas mas& e"identemente& isso é absurdo& como"eremos. R compreens*"el -ue& por algum tempo& as pessoas "oltassem ao espírito do ratado de

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    desse modo é -ue se poderia manter dentro de limites controlados a e#ig:ncia uni"ersal de uma puni$%o +usta. =urante a guerra& fora f*cil fazer admoesta$ões solenes e declara$ões gerais de inten$%o; mas agora&confrontados com problemas políticos e +urídicos de grande comple#idade& os "encedores tin'am de tomar decisões pr*ticas. )s "*rios organismos consulti"os& dos -uais +* falamos& 'a"iam feito um trabal'ominucioso e de "alia& mas a "erdade indiscutí"el -ue surgiria das suas discussões é -ue n%o e#istia umasolu$%o ideal; cada um dos meios sugeridos apresenta"a "antagens e des"antagens. E como os princípios da

     +urisprud:ncia internacional , um ramo muito pouco desen"ol"ido do direito , n%o prescre"ia um procedimento obrigat(rio e claramente definido ao se aplicar nesta situa$%o sem precedentes& as primeirasdecisões& as decisões b*sicas& tin'am de ser tomadas no ní"el político. endo assim& era ine"it*"el -ue aosuatro 7randes , as mesmas pot:ncias -ue compartil'a"am do domínio soberano da Aleman'a "encida ,caberia o fardo da tomada de decis%o.

    =e"eria 'a"er um +ulgamento formal dos principais criminosos de guerraC Esta era a primeira pergunta;sobre ela a opini%o p/blica esta"a nitidamente di"idida. 4ara alguns& o princípio da legalidade estrita era o/nico digno de na$ões democr*ticas. )utros ac'a"am -ue os papéis desempen'ados pelas principais personalidades do erceiro Leic' +* eram do con'ecimento geral; portanto& parecia desnecess*rio e atémesmo 'ip(crita passar pelo pala"r(rio forense para estabelecer sua culpa. eria mais f*cil fuzil*,los assim-ue fossem presos& ou& no m*#imo& +ulg*,los sumariamente no local. ignificati"amente& onde os brados por 

    uma +usti$a impro"isada se faziam ou"ir com mais insist:ncia era na Aleman'a. As atitudes oficiais tambémdiferiam. Gma "ez abandonado o 4lano Morgent'au& o go"erno americano passou a fa"orecer firmementeum +ulgamento +usto perante um tribunal internacional& como o /nico meio de assegurar os efeitos morais-ue todos dese+a"am. 4or outro lado& os estadistas britnicos a princípio fizeram "igorosas ob+e$ões. anto'urc'ill como seu Ministro do E#terior& Ant'onT Eden& da"am mais aten$%o 0 necessidade de rapidez. A bem da ordem na Europa& era con"eniente -ue o organismo político alem%o fosse liberado o mais bre"e possí"el dos seus elementos mais s(rdidos; mas um +ulgamento onde as implicados ti"essem todas asoportunidades de se preparar e apresentar seu caso seria um trabal'o prolongado. Além disso& por maismeticuloso -ue fosse um +ulgamento assim conduzido& eles pre"iam -ue& em /ltima an*lise& n%o poderiafugir 0 desconfian$a -ue o 'omem comum tem& compreensi"elmente& -uanto a -ual-uer a$%o +udicial comtonalidades políticas. A e#ecu$%o& sem pronunciamento de um ribunal& de pe-ueno n/mero dos nazistas dec/pula , foram indicados Hitler& 7oring& Himmler& 7oebbels& Libbentrop e treic'er , seria o modo maissensato de se lidar com o problema dos principais criminosos de guerra. )s russos n%o faziam ob+e$ões a um +ulgamento& mas logo tornou,se e"idente -ue eles tin'am idéias pr(prias sobre a forma -ue o trabal'o dos +uízes de"eria tomar.

    Em maio de 19F& a -uest%o principal foi debatida em reuniões especiais entre os ministros do e#terior dosuatro 7randes& durante a confer:ncia de cria$%o da )rganiza$%o das Na$ões Gnidas& em %o Krancisco.4ouco antes& Hitler se suicidara em seu abrigo em 8erlim e& se con'ecido& este fato teria oferecido um ar,gumento de peso em fa"or da atitude britnica. Mas os negociadores n%o sabiam -ue Hitler esta"a morto.Mais precisamente& apenas os russos sabiam& mas nada contaram. =essa forma& a opini%o norte,americana pre"aleceu e se decidiu realizar um +ulgamento formal perante um tribunal militar internacional. Na "erdade&ele agora seria apenas um +ulgamento dos principais criminosos de guerra , sem o principal criminoso de

    guerra; uma fal'a para a -ual n%o 'a"ia remédio. ontudo& aceitando todas as conse-U:ncias& estabelecera,se-ue cada um dos -uatro go"ernos indicaria um representante e -ue esses se reuniriam o mais bre"e possí"el&em ondres& para elaborar os detal'es. A onfer:ncia de ondres iniciou,se formalmente a J! de +un'o. )representante nomeado pelo 4residente ruman 5Loose"elt falecera a 1J de abril de 19F6 era Lobert H.@acson& @uiz Ad+unto do upremo ribunal& cu+a energia dominou toda a confer:ncia. @acson era umidealista& com cren$a firme na +usti$a natural e na efic*cia do processo +udicial. @amais transigiu em -uestõesde princípio e tin'a dificuldades em ceder até mesmo em -uestões relati"amente corri-ueiras. eu zelo morale seu espírito combati"o l'e foram pro"eitosos em ondres& onde te"e de superar consider*"el resist:nciasobre "*rias -uestões.

    Antes de partir para ondres& @acson definira seus ob+eti"os no relat(rio minucioso dirigido ao 4residente&onde encontramos o seguinte trec'oB

    3Nosso processo contra os principais acusados refere,se ao plano diretor nazista& n%o 0s barbaridades e per"ersões indi"iduais -ue ocorreram independentemente de -ual-uer plano central. A base do nosso processo de"e ser realmente aut:ntica e constituir uma 'ist(ria bem documentada do -ue estamos con"enci,dos ter sido um plano amplo e concertado para incitar e cometer as agressões e barbaridades -ue c'ocaram o

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    mundo. N%o nos de"emos es-uecer de -ue& -uando os planos nazistas foram proclamados de maneira t%oaudaciosa& eram de tal modo e#tra"agantes& -ue o mundo se recusou a le"*,los a sério. A menos -ueescre"amos a 'ist(ria desse mo"imento com clareza e precis%o& n%o poderemos culpar o futuro se& nos diasde paz& ele considerar incrí"eis as generalidades acusat(rias pronunciadas durante a guerra =e"emosconfirmar acontecimentos incrí"eis por meio de pro"as crí"eis.3

    ) raciocínio em -ue se baseiam essas pala"ras é impec*"el& mas de"emos compreender claramente o -ueelas subentendem. 4rimeiro& podia,se muito bem confiar em -ue os +uizes a"aliariam& com imparcialidade profissional& a e"id:ncia de 3barbaridades indi"iduais3& tarefa para a -ual esta"am preparados pela sua edu,ca$%o e e#peri:ncia; mas a reda$%o da 'isteria de toda a conspira$%o& 3do plano grande e concertado3 , na"erdade a re"is%o de grande parte da 'ist(ria européiaB durante duas décadas , estaria muito além das fun$õesnormais de um tribunal. egundo& +* obser"amos -ue o conceito de conspira$%o criminosa é peculiar aodireito consuetudin*rio anglosa#?nico; seria correto aplic*,lo num +ulgamento de alem%es por crimescometidos na Europa ontinentalC Além disso& '* certa imprecis%o inerente ao conceito. e interpretado demaneira ampla& -uase toda personalidade p/blica do erceiro Leic' poderia ser considerada participante.eria difícil tra$ar uma lin'a sem ser arbitr*rio. Além disso& n%o é "erdade -ue os estadistas so"iéticos'a"iam a+udado e secundado o plano diretor nazista& assinando o pacto de n%o agress%o e partil'a da 4ol?niaem 19O9C N%o se poderia dizer -ue os pacificadores franceses e britnicos& ou pelo menos alguns deles&

    3conspiraram3 com os nazistasC

    4ara @acson& foi muito f*cil con-uistar o apoio do representante britnico. Na-uele momento& era ir =a"idMa#Dell,KTfe& mais tarde onde de >ilmuir. uando o go"erno 'urc'ill caiu& em fins de +ul'o& Ma#Dell,KTfe foi substituído por ir illiam @oDitt. KTfe era de espírito bastante con"encional& embora um ad"ogadomilitante muito '*bil nos tribunais e político e#periente& cu+as preocupa$ões principais eram a preser"a$%o daunidade aliada e -ue o início dos processos n%o de"eria ser atrasado inde"idamente. Ele n%o era inclinado aodogmatismo +urídico nem 0s considera$ões& a longo prazo& de posi$%o política -ue atrapal'assem essesob+eti"os. ontudo& assim -ue o

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    3reio3& disse o 4rofessor 7ros& 3-ue nossas diferen$as s%o mais ou menos as seguintesB os americanos-uerem gan'ar o +ulgamento alegando -ue a guerra nazista era ilegal; o po"o franc:s e o dos "*rios paísesocupados -uerem apenas mostrar -ue os nazistas eram bandidos. Esta demonstra$%o n%o é difícil. H* muitosanos "em grassando o banditismo organizado na Europa& e& como resultado disso& muitos crimes foramcometidos. ueremos mostrar -ue esses crimes se deram segundo um plano comum3.

    )s russos n%o esta"am preocupados com tais considera$ões legais. Esta"am t%o ansiosos -uanto osamericanos por "erem os líderes nazistas castigados pelo crime de iniciarem guerras de agress%o. Masestipularam uma condi$%oB -ual-uer defini$%o do crime de"e ser e#plicitamente restrita aos atos agressi"oscometidos pelos nazistas e seus aliados. N%o é de surpreender -ue os russos considerassem "ital este ponto&considerando a pr(pria 'ist(ria de agressões desse po"o& contra a Kinlndia e a 4ol?nia.

    4ara @acson& os crimes contra a paz 'a"iam,se tornado a -uest%o crucial do +ulgamento. Ele compreendia osescr/pulos legais dos franceses& mas o pr(prio fato de -ue o direito internacional n%o era claro a este respeitotorna"a& na sua opini%o& ainda mais con"eniente -ue um tribunal internacional pudesse decidir com firmezasegundo os conceitos modernos de +usti$a. )bser"ou -ue os Estados Gnidos 'a"iam a+udado as na$õesatacadas& antes de entrarem na guerra& o -ue le"a 0 con"ic$%o de -ue& para os EGA& as guerras de Hitler 'a"iam sido ilegais desde o início. uanto 0 defini$%o restriti"a e#igida pelos russos& estas eram totalmente

    inadmissí"eisB

    3Ac'amos -ue a restri$%o n%o procede& por-ue faz uma declara$%o muito unilateral de direito. e certos atos-ue "iolam tratados s%o crimes& ter%o -ue ser entendidos como crimes& -uer se+am cometidos pelos EstadosGnidos& -uer pela Aleman'a. N%o estamos na disposi$%o de considerar criminosas certas regras de conduta& por parte de outros países& se estas mesmas regras s%o também seguidas por n(s.3

    Ma#Dell,KTfe& embora ciente das dificuldades -ue de"eriam surgir no +ulgamento& de"ido 0 falta de umadefini$%o legal clara de 3crimes contra a paz3& ficou do lado de @acson. =ificilmente poderia agir de outromodo& +* -ue aceitara os princípios americanos antes do início formal das negocia$ões de ondres.Entretanto& ainda insistia em -ue o +ulgamento n%o de"eria demorar mais de tr:s semanas , umaimpossibilidade (b"ia& se as -uestões a serem +ulgadas fossem t%o amplamente e#aminadas e debatidas como@acson -ueria.

    ambém 'ou"e "*rios pontos menos importantes em debate. Gm deles referia,se 0 proposta de se +ulgar certas organiza$ões nazistas; naturalmente& o tribunal n%o pronunciaria -ual-uer senten$a de castigo nessecaso& mas simplesmente as declararia organiza$ões criminosas. )s russos& de acordo com sua teoria geralsobre o +ulgamento& fizeram ob+e$ões aos trabal'os contra as organiza$ões& alegando -ue os go"ernos aliados +* as 'a"iam declarado como tais.

    =urante muito tempo se manti"eram teimosamente as atitudes antag?nicas& e na /ltima semana de +ul'o n%o parecia 'a"er nen'um acordo em "ista. Koi ent%o -ue @acson pronunciou o e-ui"alente a um ultimatoB dissen%o ter autoridade para abandonar a posi$%o americana e mesmo -ue isto esti"esse a seu critério& n%o estaria

    disposto a faz:,lo. 4referia abandonar& de todo& o plano de um +ulgamento internacional& caso em -ue osamericanos +ulgariam todos os principais criminosos de guerra -ue "iessem a cair em suas m%os. Esti"esseele falando sério ou blefando& a "erdade é -ue a amea$a foi eficaz , sobretudo por-ue a maioria dos principais nazistas esta"a sob cust(dia americana ou britnica. Assim& no come$o de agosto& todas as-uestões importantes e#istentes entre os delegados foram solucionadas segundo as propostas americanas. A Wde agosto os delegados assinaram o 3Acordo de ondres3& -ue os outros go"ernos das Na$ões Gnidas foramcon"idados a apoiar 5o -ue fizeram subse-Uentemente6. A +urisdi$%o& constitui$%o e as fun$ões do ribunalMilitar 2nternacional a ser criado foram definidas na carta ane#ada ao acordo. Esta carta contém trinta artigose somente os mais importantes ser%o resumidos a-ui.

    ) Artigo JX estipula"a -ue de"eria 'a"er -uatro +uízes& a serem indicados por cada um dos -uatro partícipesdo acoordo. 4ara cada um desses +uízes titulares seria nomeado um +uiz substituto& da mesma forma. N%o se

    adotou uma sugest%o anterior& de -ue os substitutos de"eriam ser escol'idos entre outras nacionalidades; seaceita& poderia ter sido de grande utilidade& salientando o car*ter internacional do tribunal& mas n%o '* raz%o para se crer -ue "iesse a alterar os rumos do +ulgamento.

    ) Artigo OX estabelecia a regra "ital de -ue a compet:ncia& +urisdi$%o e composi$%o do tribunal n%o podiam

    W

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    ser contestadas pela acusa$%o ou pela defesa.

    egundo o Artigo !X& as categorias de crimes a serem +ulgados seriam as seguintesB

    Crimes contra a pazB o preparo& inicia$%o e empreendimento de guerras de agress%o& em "iola$%o detratados ou garantias internacionais& e a participa$%o num plano comum& ou conspira$%o& para essa

    finalidade. A arta n%o definia com precis%o o termo 3guerra de agresss%o3.

    Crimes de guerraB "iola$ões de leis& isto é& con"en$ões internacionais e costumes de guerra& incluindomaltratos e deporta$ões de popula$ões ci"is& assassinato ou tratamento desumano de prisioneiros de guerraou pessoas no mar& e o assassinato de reféns& sa-ue e destrui$%o desenfreada.

    Crimes contra a humanidadeB assassinato& e#termínio& escra"iza$%o& deporta$ões e outros atos desumanoscometidos por moti"os políticos& raciais ou religiosos. Ao contr*rio dos crimes de guerra& tais atos n%o precisariam ter sido cometidos em territ(rio inimigo ocupado ou contra naturais do país inimigo. oda"ia&eles de"em estar 3dentro da +urisdi$%o do ribunal3& o -ue mais tarde foi interpretado como significando -uea persegui$%o de oponentes políticos e +udeus& realizada pelos nazistas na Aleman'a antes da guerra& esta"ae#cluída.

    ) Artigo WX trata"a da defesa por alega$%o de 3ordens superiores3B um acusado n%o esta"a isento deresponsabilidade por um crime& mesmo -ue pudesse pro"ar ter agido por ordens de um superior& embora ofato pudesse ser considerado atenuante.

    ) Artigo 9X adota"a a proposta de -ue o tribunal de"ia ter poderes de declarar -ue certos grupos ou certasorganiza$ões tin'am car*ter criminoso.

    As regras estipuladas para a realiza$%o do +ulgamento obedeciam ao sistema anglo,sa#%o de procedimento penal. Embora isto colocasse os ad"ogados de defesa em des"antagem& por-uanto te riam de se adaptar a um procedimento para o -ual n%o dispun'am de -ual-uer e#peri:ncia& compreendeu,se claramente -ue&comparati"amente& este procedimento era uma sal"aguarda para uma realiza$%o +usta do +ulgamento. Asregras da e"id:ncia tin'am de ser menos formais do -ue nos casos comuns& mas os direitos b*sicos dosacusados eram e#plicitamente garantidos pelo Artigo 1! da arta.

     Nos termos dos Artigos J! e JP& o tribunal era obrigado a dar suas razões para condenar um acusado& masn%o para o grau do castigo& ou se+a& a pena. Ele recebeu o direito de pronunciar senten$as de morte.

    Acumulando provas

    Kinalmente& c'egou,se a uma base estatut*ria para o +ulgamento dos principais criminosos de guerra. al base professa"a ser apenas uma aplica$%o concreta das regras e#istentes do direito internacional& mas por 

    certo esta afirma$%o n%o era indisput*"el. ambém é "erdade -ue algumas das cl*usulas eram menos precisasdo -ue se poderia dese+ar. entamos mostrar -ue em grande parte este problema era ine"it*"el e -ue os -ue'a"iam redigido a arta esta"am perfeitamente c?nscios dos seus pontos contro"ertidos. Lesta"a saber se asfra-uezas recon'ecidas da arta se re"elariam apenas defeitos de natureza mais ou menos técnica& ou se setornariam obst*culos incontorn*"eis no camin'o da +usti$a. eria o tribunal a integridade e a capacidade demanter os elementos políticos do +ulgamento dentro dos seus limites e de esclarecer os pontos +urídicosdu"idososC omente o decorrer do +ulgamento poderia responder. E seria possí"el reduzir o con'ecimentogeral dos crimes cometidos a pro"as concretas& mostrando o en"ol"imento do acusado 3sem sombra ded/"ida3C Mesmo antes de iniciados os trabal'os& esta"a claro -ue& sob este aspecto& a acusa$%o seriarealmente capaz de apresentar alega$ões muito con"incentes.

    A busca de pro"as documentais trou#e resultados muito além das e#pectati"as mais otimistas. eria de

    esperar -ue& pelo menos no tocante 0s atrocidades mais grosseiras& poucos seriam os registros mantidos. Masn%o; os agentes do crime orgul'a"am,se da efici:ncia com -ue realiza"am o crime& e o registra"am porme,norizadamente e de modo -uase pedante. Na confus%o do colapso do erceiro Leic'& nen'uma ordem foidada no sentido da destrui$%o dos ar-ui"os. 7rande n/mero de pessoas en"ol"idas 'a"ia perecido nos

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    acidentes de guerra& mas mil'ares de documentos foram recuperados nos escrit(rios locais do partido ou dogo"erno& ou em esconderi+os para onde 'a"iam sido remo"idos apressadamente. Assim& os ar-ui"os deAlfred Losenberg& o 3fil(sofo3 nazista e e#,Ministro do Leic' para os errit(rios )rientais )cupados& foramencontrados ocultos em uma parede falsa num castelo abandonado. Em outro castelo abandonado& umae-uipe de buscas encontrou os ar-ui"os -uase completos do Ministério do E#terior Alem%o& perto de cincotoneladas de papéis. ) e#,7o"ernador,7eral nazista da 4ol?nia& -ue angariara o apelido de 4olsensc'lYc'ter 

    5arniceiro dos 4oloneses6& entregou seu substancioso di*rio& intato& -uando da sua pris%o. Gma descoberta particularmente "aliosa foi a dos ar-ui"os pessoais do 'efe das & Heinric' Himmler; muitos outros foramencontrados. oda esta e"id:ncia escrita foi reunida em centros de documenta$%o especialmente criados&onde os itens foram separados& selecionados& registrados& traduzidos e reproduzidos antes de seremsubmetidos 0s e-uipes de acusa$%o para a"alia$%o e sele$%o finais. 4ortanto& a acusa$%o esta"a em posi$%o deconstruir seu libelo basicamente sobre pro"as oferecidas pelos ar-ui"os alem%es& mas as e-uipes dein"estiga$%o também conseguiram reunir grande n/mero de testemun'as importantes. Era natural -ue os so, bre"i"entes do terror nazista e os ad"ers*rios secretos do regime de Hitler esti"essem dispostos a prestar testemun'o. Mas o surpreendente foi -ue muitos dos nazistas do alto escal%o& eles pr(prios enfrentando a possibilidade de serem le"ados a +ulgamento& nos processos pro+etados contra criminosos de guerra 3meno,res3& esti"essem dispostos a contar tudo nos interrogat(rios preliminares. rinta e tr:s testemun'asimportantes foram c'amadas a depor pela acusa$%o& no +ulgamento dos principais criminosos de guerra. A

    coleta das pro"as foi um impressionante feito de organiza$%o& e a for$a motriz desse grande esfor$o foi o @uiz@acson& com seu zelo in-uebrant*"el.

    @acson também encontrou o local certo para o @ulgamento& o -ue n%o fora muito f*cil& dadas as condi$õesca(ticas predominantes na Aleman'a& na época. Era o 4al*cio da @usti$a em Nuremberg& um edifício imenso-ue oferecia espa$o suficiente para acomodar n%o so o pr(prio tribunal& mas também os incont*"eisescrit(rios necess*rios ao +ulgamento. )s russos teriam preferido 8erlim& con+untamente ocupada pelosuatro 7randes& a um lugar na zona americana de ocupa$%o& mas n%o resta"a um s( prédio ade-uando& nosmontes de escombros da antiga capital alem%. al"ez a decis%o de @acson e seus colegas também fosse in,fluenciada por certas razões sentimentais. Nuremberg é uma cidade 'ist(rica; suas antigas belezas 'a"iamsido carin'osamente conser"adas por muitos séculos. Na 2dade Média& fora um dos grandes centros europeusde comércio e cultura artesanal; fora o ber$o do maior artista da Aleman'a& Albrec't =Urer& e de mui tosoutros artistas e artes%os famosos. )s amantes da m/sica a con'ecem como o cen*rio da (pera 3)s Mestresantores3& de agner. E os nazistas 'a"iam per"ertido a grande tradi$%o da cidade& como 'a"iam feito comtantas tradi$ões alem%es. Nuremberg tornara,se a 3idade do Mo"imento3& onde o 4artido realiza"a suasreuniões anuais. =ali& Hitler promulgara suas infames leis raciais as eis de Nuremberg , em 19OF. Ali& oespírito -ue le"ou 0 guerra total e ao genocídio ficou demonstrado da maneira mais flagrante. Ali também adestrui$%o c'egou. A cidade fora grandemente danificada pelos bombardeios aliados maci$os. 4ode,se & dizer -ue Nuremberg simboliza"a ao mesmo tempo o mel'or e o pior do car*ter nacional alem%o& e também istofazia dela uma escol'a ade-uada.

    ) 4al*cio da @usti$a também sofrera seriamente com os bombardeios e te"e de ser reparado e redecorado 0s pressas. 4reparou,se um amplo tribunal demolindo,se uma parede -ue di"idia dois tribunais contíguos de

    taman'o normal. ) banco do +uiz esta"a na e#tremidade oeste. ) banco dos réus fica"a ao longo da paredeoposta& atr*s das mesas dos ad"ogados de defesa. 2nstalou,se um ele"ador para ligar os bancos dos réus 0 pris%o. Na parte norte da sala 'a"ia -uatro grandes mesas para as e-uipes da acusa$%o& diante de uma galeriaespecialmente montada para a imprensa& e& acima desta& uma galeria para "isitantes. rata"a,se de um +ulgamento para o -ual se dese+a"a a maior publicidade possí"el.

    ) problema de interpreta$%o foi solucionado& depois de muita discuss%o& com a ado$%o do sistema detradu$%o simultnea& por sugest%o do @uiz @acson.

    ) sistema& na época bastante no"o e n%o e#perimentado& é agora usado com fre-U:ncia e n%o precisa ser descrito em detal'es. Ele re-uer 'abilidade e concentra$%o e#cepcionais por parte do intérprete e& no todo& émais ade-uado para a interpreta$%o de discursos pre"iamente preparados do -ue para uma r*pida sucess%o de

     perguntas e respostas. Nos primeiros momentos do +ulgamento 'ou"e muitas -uei#as& mas logo -ue as pessoas se acostumaram a manipular seus audiofones& e -ue os intérpretes ad-uiriram e#peri:ncia& o sistema passou a funcionar relati"amente bem. =e -ual-uer modo& era preferí"el ao método tradicional& -ue teriasido intolera"elmente lento num trabal'o onde todas as pro"as e todos os argumentos tin'am de ser traduzidos em tr:s das -uatro línguas oficiaisB alem%o& ingl:s& franc:s e russo.

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    A den/ncia& preparada de acordo com o Artigo !X da arta do ribunal& era di"idida em -uatro pontos deacusa$%o; os dois primeiros cobriam os 3crimes contra a paz3B 1X , conspira$%o para cometer guerra deagress%o; JX , o pr(prio crime da guerra de agress%o; OX , crimes de guerra; e X , 3crimes contra a'umanidade3. @* e#plicamos a distin$%o entre essas duas categorias. ) crime de conspira$%o para cometer crimes de guerra& e crimes contra a 'umanidade também foram incluídos na 1Z l*usula& mas& no seu

     +ulgamento& o tribunal declarou -ue essa acusa$%o n%o era sancionada pela arta. Em conse-U:ncia& grande parte das pro"as apresentadas pela acusa$%o re"elou,se legalmente impertinente.=os pontos específicos a serem incluídos nas acusa$ões& apenas um pro"ocou forte discordncia entre ase-uipes da acusa$%o. No /ltimo instante& os russos insistiram em incluir o fato de os nazistas 'a"eremassassinado mil'ares de oficiais poloneses& prisioneiros de guerra& cu+os corpos foram encontrados na Klo,resta de >atTn. )s norte,americanos ob+etaram "igorosamente& pois esta"am impressionados pela afirma$%o polonesa de -ue esse massacre específico na "erdade fora perpetrado por for$as so"iéticas.

    =esta feita os russos conseguiram seu intento e& no de"ido tempo& apresentaram a -uest%o ao tribunal&causando muito constrangimento& sobretudo para eles pr(prios. ) tribunal apreciou a acusa$%o em sil:ncio ea pro"a apresentada no +ulgamento por certo n%o era conclusi"a em -ual-uer sentido. A "erdade 'ist(rica domassacre de >atTn nunca foi plenamente apurada.

    A den/ncia& um documento de !! paginas impressas& foi finalmente assinada em 8erlim& a ! de outubro de19F& e indica"a os seguintes acusadosB

    1. Hermann 7[ring& até abril de 19F o sucessor e"entual de Hitler. omandante,'efe da uftDaffe e4lenipotenci*rio para o 4lano uadrienal& o organismo controlador da economia de guerra alem%.

    =urante a luta do mo"imento nazista para a tomada do poder& ele comandou as A e& tomado o poder& foiencarregado da 7estapo e do sistema de campos de concentra$%o até -ue Heinric' Himmler assumiu essafun$%o& em 19O. =epois de Hitler& ele em geral era considerado o mais importante líder nazista& embora& na"erdade& sua influ:ncia declinasse gradati"amente a partir de 191.

    J. Ludolf Hess& e#,Ministro sem 4asta do Leic'& Lepresentante do KU'rer e seu sucessor e"entual& depois de7[ring. ompartil'ara da pris%o de Hitler na fortaleza de andsberg& em 19J& e o a+udara na reda$%o doli"ro Mein >ampf continuou sendo o mais íntimo confidente de Hitler até 1Q de maio de 191& -uando partiuno seu famoso "?o solit*rio ate a Esc(cia& aparentemente numa miss%o de paz -ue se impusera , a$%o cu+aorigem e moti"o precisos ainda est%o en"oltos em mistério.

    O. @oac'im "on Libbentrop& -ue& entre 19OO e 19F& fora sucessi"amente onsel'eiro de Hitler para a4olítica E#terna& 4lenipotenci*rio& Embai#ador no Leino Gnido e& a partir de fe"ereiro de 19OW& Ministro dasLela$ões E#teriores do Leic'.

    . Lobert eT& e#,íder da Krente rabal'ista Alem%& =iretor da )rganiza$%o do 4artido Nazista e o,

    )rganizador da 2nspe$%o entral para o uidado dos rabal'adores Estrangeiros.F. Keldmarec'al il'elm >eitel& -ue fora nomeado 'efe do Estado,Maior do Alto omando das Kor$asArmadas 5)>6 -uando Hitler assumiu o comando supremo da e'rmac't& em fe"ereiro de 19OW.

    !. Ernst >altenbrunner& o sucessor de Lein'ard HeTdric' 5assassinado por patriotas tc'ecos em +un'o de19J6 como 'efe das organiza$ões de seguran$a internas e e#ternas de Himmler& isto é& o =epartamento Nacional de eguran$a 5LHA6& a 4olícia de eguran$a 5ipo6 e o er"i$o de eguran$a 5=6& dentro das. Estes eram os principais organismos ligados 0 e#ecu$%o dos 3crimes contra a 'umanidade3.

    P. Alfred Losenberg& o principal e#poente da 3filosofia3 nazista e -ue também e#ercera importantes fun$ões políticas e administrati"as como =iretor do =epartamento de Assuntos E#teriores do N=A4 e& de +ul'o de

    191 até o fim da guerra& como Ministro do Leic' para os errit(rios )rientais )cupados. ) EinsatzstabLosenberg fora uma for$a,tarefa especial para o sa-ue de tesouros artís ticos e certos tipos de propriedade noserrit(rios )cupados& tanto do este como do )este.

    W. Hans Kran& ocupou altos cargos nos departamentos go"ernamentais e do partido como assessor +urídico

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    de Hitler; nomeado 7o"ernador,7eral dos territ(rios poloneses ane#ados em outubro de 19O9.

    9. il'elm Kric& Ministro do 2nterior do Leic' de come$os de 19OO a agosto de 19O& posteriormente4rotetor da 8o:mia , Mor*"ia. omo principal perito nazista em administra$%o& foi também4lenipotenci*rio,7eral da Administra$%o do Leic'& em cu+o cargo tratara& em particular& dos detal'estécnicos da incorpora$%o ao Leic' dos territ(rios con-uistados.

    1Q. @ulius treic'er& con'ecido como 34erseguidor N/mero Gm dos @udeus3. Nunca ocupou cargo nogo"erno e fora demitido da ideran$a 4artid*ria& como 7auleiter da Kranc?nia em 19Q& por m* conduta&mas até certo ponto conser"ou a estima pessoal de Hitler. ontinuou como editor do not(rio +ornal =er tUr,mer& -ue publica"a propaganda anti,semita do tipo mais grosseiro& e com grande dose de pornografia "ulgar.

    11. il'elm KunB substituiu a H+almar c'ac't como Ministro da Economia e 4lenipotenci*rio para aEconomia de 7uerra& no come$o de 19OW e& um ano depois& como 4residente do Leic'sban.

    1J. H+almar c'ac't& um dos mais eminentes peritos em finan$as da Aleman'a& -ue fora 4residente 5comuma interrup$%o de 19OQ até 19OO6& do 8anco Nacional 5Leic'sban6 de 19JO a 19OW. =epois da suademiss%o dos cargos de Ministro da Economia e de 4lenipotenci*rio para a Economia de 7uerra& tornou,se

    Ministro sem 4asta& mas n%o participou da "ida p/blica depois de +aneiro de 19O9.

    1O. 7usta" >rupp "on 8o'len und Halbac'& diretor da famosa firma dos >rupp& -ue produziu o grosso dasarmas de guerra alem%s para tr:s grandes guerras. ambém foi 4residente da Gni%o da 2nd/stria Alem% doLeic'.

    1. 7rande,Almirante >arl =[nitz& comandante da arma de submarinos desde 19O! e omandante,'efe daMarin'a a partir de 19O. No seu 3testamento político3& escrito antes de suicidar,se& Hitler nomeou =[nitzseu sucessor como 'efe do Estado.

    1F. 7rande,Almirante Eric' Laeder& omandante,'efe da Marin'a durante os /ltimos cinco anos da3Lep/blica de eimar3 e conser"ou esse comando no go"erno de Hitler até +aneiro de 19O.

    1!. 8aldur "on c'irac'& e#,íder da @u"entude do Leic'& incluindo a Hitler+ugend& e& como tal& membro dogo"erno do Leic' de 19O! a 19Q& -uando foi nomeado 7auleiter de

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    JO. onstantin "on Neurat'& diplomata de carreira -ue ser"iu como Ministro das Lela$ões E#teriores nosgabinetes de "on 4apen e de Hitler até ser substituído por Libbentrop. Em mar$o de 19O9& foi nomeado4rotetor do Leic' na 8o:mia,Mor*"ia& mas retirou,se da "ida p/blica em setembro de 191.

    J. Hans Kritzsc'e& principal comentarista político de r*dio do regime nazista& c'efe da =i"is%o da 2mprensa

    2nterna do Ministério da 4ropaganda de 7oebbels de dezembro de 19OW a no"embro de 19J& posteriormentec'efe da =i"is%o Ladiof?nica do mesmo ministério.

    Além desses indi"íduos& sete 3grupos ou organiza$ões3 foram incluídos como réus nas condi$ões +*e#plicadasB o 7abinete do Leic'; o orpo de ideran$a do 4artido Nazista; as ; o =; a 7estapo; as A; oEstado,Maior,7eral e o Alto,omando das Kor$as Armadas.

    =iante desta lista& ficamos impressionados com a estran'a mistura -ue esses 'omens forma"am. Kica,secogitando sobre o critério usado para escol':,los. N%o 'a"ia centenas de outros -ue& com igual ou mel'or  +ustificati"a& poderiam ser classificados como principais criminosos de guerraC Alguns dos acusados& 7[ringe >altenbrunner& por e#emplo& eram escol'as realmente (b"ias& mas dificilmente se pode dizer o mesmo de'omens como c'ac't& Kun& "on c'irac' ou Kritzsc'e. A escol'a foi& ent%o& t%o arbitr*ria como poderia

     parecer 0 primeira "istaC A pergunta é fundamental& se -uisermos a"aliar a importncia do +ulgamento& ede"emos tentar uma e#plica$%o.

    Em primeiro lugar& de"emos lembrarnos de -ue& no conte#to dos +ulgamentos de crimes de guerra& a pala"ra3principais3 refere,se 0 posi$%o central -ue um réu ocupa"a dentro do regime nazista& -ue era essencialmentecriminoso; ela se refere ao grau mais ele"ado da sua responsabilidade& e n%o ao grau de depra"a$%o das suasa$ões. A acusa$%o esta"a no con"encimento pleno de -ue os assassinos e torturadores das massas& -ue seriam +ulgados posteriormente em outros tribunais& eram& na acep$%o comum do termo& piores criminosos do -uepeer e =[nitz& por e#emplo.

    )utra considera$%o esta"a ligada a esta. @acson e seus colegas pretendiam salientar sobretudo o planocoleti"o& em oposi$%o a crimes indi"iduais; assim& esta"am compreensi"elmente ansiosos por fazer com -uecada aspecto importante do regime nazista fosse representado pelo menos por uma das personagens le"adasao banco dos réus& especialmente por-ue Hitler +* n%o esta"a presente para responder pela totalidade doscrimes cometidos sob seu domínio. E dois dos seus tr:s principais lugares,tenentes também se 'a"iamsuicidadoB Himmler& o Leic'sfU'rer,& e 7oebbels& Ministro da 4ropaganda nazista e controlador da "idacultural da na$%o. omo representante do terror das & >altenbrunner& por certo& n%o passa"a de umasegunda escol'a& 0 falta de 3mel'or3& mas em seu caso pelo menos se pode dizer -ue& segundo -uais-uer  padrões& ele era um grande criminoso de guerra e pro"a"elmente teria sido denunciado& mesmo -ue Himmler ainda esti"esse "i"o para ser trazido ao tribunal. Mas +ulgar Kritzsc'e como substituto de 7oebbels era um pouco absurdo& como o ribunal mais tarde recon'eceu tacitamente ao absol":,lo. A inclus%o de Kritzsc'e sede"eu em parte 0 insist:ncia dos russos& +* -ue ele era um dos poucos nazistas not(rios capturados pelasfor$as so"iéticas. Até -ue ponto a promotoria foi na aplica$%o deste princípio da representa$%o ficou

    claramente demonstrado no caso de >rupp. uando& no come$o do +ulgamento& se "erificou -ue o "el'o7usta" >rupp esta"a doente demais para comparecer e o ribunal recusou,se a +ulg*,lo na sua aus:ncia& aacusa$%o solicitou aos +uizes& espantados& permiss%o para denunciar seu fil'o& Alfred& em seu lugar. E n%oapenas istoB também -ueria -ue o tribunal abrisse m%o& neste caso& da sua regra& de -ue cada acusado de"iareceber uma c(pia da acusa$%o no mínimo trinta dias antes do +ulgamento. ) tribunal respondeu com umaenérgica e sum*ria re+ei$%o& sem se preocupar em dar as razões. )s promotores britnicos n%o 'a"iamassinado a mo$%o. Alfred >rupp foi indiciado e condenado& num +ulgamento subse-Uente.

    Embora tal"ez n%o se+a muito importante em si& este incidente marcou um momento decisi"o na 'ist(ria dostrabal'os em Nuremberg. =esde a 3onfer:ncia de ondres3& onde os 'omens da lei 'a"iam substituído os políticos& predominou o 3espírito de cruzado3 de Lobert H. @acson. A reda$%o da arta e da acusa$%o& o preparo das pro"as e a escol'a dos acusados tin'am sido essencialmente obra sua e refletiam suas idéias.

    Ha"ia muitos -ue supun'am -ue& como c'efe da e-uipe americana de acusa$%o& ele seria capaz de permanecer como encarregado e -ue o pr(prio +ulgamento seria o 3+ulgamento de @acson.3 N%o '* d/"idade -ue ele pr(prio pensa"a assim& e isso poderia realmente ter acontecido se a acusa$%o ti"esse tido permiss%o de ad"ogar sua causa perante +uízes passi"os e complacentes. Mas este n%o era o caso. ) +uiz presidente& orde,@uiz aDrence& era bastante con'ecido& entre os +uristas ingleses& como um 3Magistrado

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    forte3& um 'omem de autoridade calma& porém muito firme; -ualidade esta -ue +* demonstrara em sua +u"entude& -uando ser"iu& com distin$%o& como oficial na 4rimeira 7uerra Mundial. =ele& nem mesmo o promotor mais con"incente poderia arrancar o controle dos trabal'os. E& neste aspecto& podia contar com oapoio dos outros +uizes& colegas seus& sem e#cluir , de"e,se salientar , o dos +uízes russos. onscientes daimportncia 'ist(rica do +ulgamento& esta"am decididos a n%o permitir :nfase inde"ida em detrimento do procedimento correto no tribunal& como os ad"ogados de ambos os lados por certo tentariam fazer. A re+ei$%o

    ríspida da mo$%o da promotoria& -uanto aos >rupps& foi a primeira indica$%o clara da sua atitude.

    Em come$os de outubro& +* todos os acusados 'a"iam sido le"ados para a pris%o reconstruída do 4al*cio da@usti$a de Nuremberg& onde cada um recebeu sua cela separada e mobiliada de modo muito simples. Gm p*tio da pris%o da"a,l'es oportunidade para fazer um mínimo de e#ercício. omente depois do início do +ulgamento é -ue os prisioneiros puderam con"ersarB -uando esta"am reunidos no banco dos réus& ou maisli"remente& durante as refei$ões -ue faziam +untos& entre as sessões. No 4alace Hotel em Mondorf&u#emburgo& onde a maioria ficara detida anteriormente& 'a"iam desfrutado de muito mais liberdade econforto. ) comandante da pris%o de Nuremberg& o coronel americano . 8. Andrus& fazia -uest%o de ordeme disciplina. Ele pro"idenciou para -ue os prisioneiros recebessem alimenta$%o decente& -ue ti"essem prontaaten$%o médica -uando necess*rio e -ue suas roupas fossem meticulosamente tratadas& mas os considera"aapenas prisioneiros comuns e recusou,se a fazer -uais-uer concessões ao seu senso de importncia. )s

     prisioneiros o detesta"am.

    A J de outubro& Lobert eT foi encontrado morto em sua cela& enforcado no cano de descarga do "asosanit*rio e& depois disso& as medidas de precau$%o foram intensificadas. )s guardas do bloco de celas foram-uadruplicados e receberam ordens de manter os prisioneiros sob constante obser"a$%o. Estes tin'am dedormir em posi$%o -ue permitisse -ue a luz da portin'ola l'es iluminasse o rosto; se mudassem de posi$%odurante o sono& os guardas tin'am ordens de despert*,los. Ha"ia razões para estas medidas& mas se o oronelAndrus temia -ue o suicídio de eT pro"ocasse -ual-uer perturba$%o mental nos outros acusados , le"andotal"ez a outros suicídios , esta"a enganado. A consterna$%o foi apenas tempor*ria. Ali*s& 7[ring ac'a"a bom-ue o desmiolado eT ti"esse morrido. Ele temia -ue o e#,íder da Krente rabal'ista Alem% representasseum papel desagrad*"el no tribunal. 3=e -ual-uer modo& ele "in'a morrendo de tanto beber.3

    A acusa$%o& em sua forma definiti"a& foi submetida ao tribunal a 1W de outubro e c(pias desta foramdistribuídas aos acusados& a -uem foi consignado o prazo de um m:s para estud*,la e preparar sua defesa.ada acusado recebeu e#plica$ões completas dos seus direitos& nos termos da arta; em particular& do seudireito de constituir um ad"ogado alem%o de sua escol'a. ) problema dos ad"ogados de defesa causoualgumas dores de cabe$a aos +uízes. )s dois +uízes russos eram de opini%o -ue e#,membros do partidonazista n%o de"eriam ser aceitos como defensores e& neste aspecto& esta"am de acordo com grande setor daopini%o p/blica& dentro e fora da Aleman'a. oda"ia& eles foram "encidos pela maioria dos +uízes& -ueac'a"am -ue tal restri$%o na escol'a dos defensores n%o podia ser +ustificada e& em /ltima an*lise& fatalmentecriaria m* impress%o. 4osteriormente& alguns dos ad"ogados de defesa sugeriram -ue de"iam ter permiss%ode serem au#iliados por colegas americanos ou britnicos& -ue poderiam a+ud*,los nas dificuldades com o procedimento correto de tribunal ade-uado para o direito consuetudin*rio anglo,sa#%o. Esta parece ter sido

    uma das raras ocasiões em -ue uma decis%o& -uanto a procedimento& foi influenciada por considera$ões políticas.

    )s ad"ogados de defesa esta"am numa posi$%o muito delicada. omente poucos deles 'a"iam sido membrosdo partido 5o -ue n%o significa& necessariamente& -ue 'a"iam sido nazistas con"ictos6 e pro"a"elmente elesmesmos ficaram surpresos e profundamente c'ocados com o "ulto e com os detal'es 'orripilantes dos crimescitados na acusa$%o. R certo -ue -ual-uer ad"ogado& -uando uma "erdadeira "oca$%o& faz o m*#imo pelocliente& mesmo -ue deteste a pessoa e tudo o -ue ela representa; mas n%o é f*cil ad-uirir e manter aconfian$a do cliente em tal situa$%o. Ademais& n%o se trata"a de um +ulgamento comum. A despeito dafre-U:ncia e solenidade com -ue os +uízes e a acusa$%o declara"am -ue n%o era a na$%o alem% -ue esta"a em +ulgamento& o p/blico n%o acredita"a muito nisso. )s ad"ogados de defesa& conforme foram informados commuita clareza pelos +ornalistas -ue os assedia"am para entre"istas& sabiam -ue& de modo geral& espera"a,se

    -ue eles representassem n%o s( seus clientes como também 3o ponto de "ista alem%o3. 2sto era um e-uí"oco&mas -ue n%o podia dei#ar de ter poderoso efeito psicol(gico. As circunstancias e#igiam deles bom e-uilíbrioentre a ad"ocacia firme e o tato político. e errassem num dos sentidos& os acusados e seus amigos poderiamrecrimin*,los por co"ardia moral; se no outro& 'a"eria altos brados do p/blico e da imprensa contra sua3desfa$atez3. uando pediram a 7[ring -ue escol'esse seu ad"ogado& sua primeira resposta foi sintom*ticaB

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    3implesmente n%o posso imaginar -ue um ad"ogado alem%o ten'a a coragem de falar perante um tribunalaliado3. ontudo& em conclus%o& a maioria deles realmente falou& com o estímulo do tribunal& ainda -ue ap(sum período inicial de sondagem cautelosa. Gm dos seus opositores em Nuremberg& orde >ilmuir& diz oseguinte a respeito deles em suas mem(riasB

    3=ois deles& -ue pareciam ser respecti"amente o mais "el'o e o mais +o"em& =r. Ludolf =i#& -ue defendeu

    c'ac't& e o Klottenric'ter )tto >ranzbu'ler& -ue defendeu =[nitz& eram os mel'ores -ue se poderiaencontrar em -ual-uer tribunal& en-uanto -ue os outros esta"am 0 altura da ele"ada tradi$%o da profiss%o& emcircunstncias -ue l'es de"em ter sido e#tremamente difíceis.3

    eT matou,se; Kran fez duas tentati"as infrutíferas de matar,se; 7[ring foi durante muito tempo "iciado emdrogas e pro"a"elmente é "erdade -uando se diz -ue a estabilidade mental da maioria dos acusados esta"a&até certo ponto& pre+udicada pela -ueda do poder& pelo isolamento e 'umil'a$ões da pris%o e pelas perspecti"as sombrias 0 sua frente. Mas somente -uanto a dois 'omens é -ue surgiu o problema de sanidademental& no sentido legal e& portanto& -uanto 0 possibilidade de serem submetidos a +ulgamento. Ambos forame#aminados por uma comiss%o de psi-uiatras. A intelig:ncia de treic'er& conforme os testes confirmaram&esta"a muito a-uém da média. 4arecia presa de uma imagina$%o se#ual doentia e seu (dio aos +udeus eraclaramente obsessi"o. ontudo& a comiss%o concluiu -ue& embora fosse altamente neur(tico& n%o era insano

    e& em resumo& n%o '* razões para se discutir essa a"alia$%o. ) caso de Hess é bem mais du"idoso. Eleafirma"a estar sofrendo de perda de mem(ria& do tipo con'ecido como 3amnésia progressi"a3& isto é& -ue em-ual-uer momento determinado ele s( se podia lembrar do -ue acontecera até duas semanas atr*s. Nessaconformidade& seu ad"ogado re-uereu -ue se adiassem os trabal'os contra seu cliente. )s +uízes enfrentaramuma -uest%o difícil. A amnésia de Hess era "erdadeira ou fingidaC Eles n%o podiam confiar na comiss%o psi-ui*trica& pois o laudo dos especialistas -ue a compun'am era discordante sobre certos aspectos do caso.Mas no final da audi:ncia -ue apreciou a mo$%o& Hess fez a seguinte declara$%oB

    34ara e"itar a possibilidade de ser declarado incapaz de defender,me , a despeito da min'a boa "ontade em participar dos trabal'os e ou"ir o "eredicto +untamente com meus camaradas , gostaria de fazer a seguintedeclara$%o perante o tribunalB

    3=a-ui em diante& min'a mem(ria tornar* a reagir ao mundo e#terior; min'as razões para simular a perda demem(ria eram de natureza t*tica. omente min'a capacidade de concentrar,me est*& de fato& algo reduzida.Mas min'a capacidade de acompan'ar o +ulgamento& de defender,me& de interrogar testemun'as ou deresponder eu mesmo a perguntas& n%o est* por ela afetada.

    3... também fingi perda de mem(ria depois de estar em contato com meu ad"ogado de defesa& oficialmentenomeado. 4ortanto& ele me representou de boa fé.3

    Esta declara$%o& -ue e"identemente fora escrita para ele& n%o parece de todo con"incente& mas& na época& os +uízes n%o tin'am outra alternati"a sen%o us*,la e re+eitar a mo$%o. 4ouco depois da audi:ncia& Hess tornou aafirmar -ue s( podia lembrar,se do passado muito recente e ate"e,se a esta atitude durante todo o

     +ulgamento& e#ceto numa ocasi%o em -ue tornou a afirmar dramaticamente -ue esta"a fingindo. ) =r. 7. M.7ilbert& psic(logo da pris%o& -ue mantin'a contato di*rio com todos os acusados& c'egou 0 conclus%o de -ueHess realmente sofria de amnésia 'istérica& cu+o grau& contudo& "aria"a considera"elmente de -uando em"ez. Mas& se+a -ual for o diagn(stico certo do estado mental de Hess& toda a sua atitude e rea$%o esta"am t%olonge do normal -ue n%o nos con"enceram muito -uanto 0 sua 'abilidade de defender,se.

    =epois da entrega da acusa$%o& o =r. 7ilbert também obte"e e registrou as primeiras rea$ões de cada prisioneiro.

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    fim 0 terrí"el era de sofrimentos sob o domínio de Adolf Hitler3. @odl disse muito cautelosamente -uelamenta"a a 3mistura de acusa$ões +ustificadas e propaganda política3. A maioria dos acusados esta"adisposta a condenar& e#plicitamente ou por implica$%o& os crimes cometidos por outros& mas nega"am indi,"idualmente a pr(pria culpa& dizendo -ue n%o 'a"iam estado en"ol"idos de modo algum 5c'ac'tB 3N%ocompreendo por -ue fui acusado3; =[nitzB 3Nen'um desses pontos da acusa$%o me diz respeito36& ou -ue'a"iam simplesmente obedecido o c'amado do de"er 5>eitelB 34ara um soldado& ordens s%o ordens3;

    >altenbrunnerB 3( cumpri meu de"er como (rg%o de informa$%o36& ou por-ue o destino fora demais paraeles 5KunB 3e sou considerado culpado... por erro ou ignorncia& ent%o min'a culpa é uma tragédia'umana& n%o um crime36. )s dois mais +o"ens& "on c'irac' e Kritzsc'e& for$ados subitamente a encarar seuerceiro Leic' como ilusões destro$adas& pareceram genuinamente abalados& mas mesmo eles n%oconseguiram pronunciar uma /nica pala"ra espontnea de remorso ou arrependimento.

    Inicia-se o julgamento

    Is 1Q 'oras da man'% do dia JQ de no"embro& iniciou,se o +ulgamento& en"olto na atmosfera tensa de umagrande ocasi%o. Mas o tribunal tomara o cuidado de manter sob controle os aspectos emocionais eespetaculares& restando apenas o mínimo de formalidade -ue a dignidade do tribunal e#igiaB n%o 'ou"e pom, pa cerimonial e nen'um esfor$o para se obter efeitos dram*ticos. )s +uízes russos esta"am fardados& mas n%oostenta"am -ual-uer condecora$%o. )s outros tra+a"am simples togas pretas; no caso dos franceses& seus peitil'os tradicionais da"am um to-ue de elegncia formal. )s ad"ogados da defesa usa"am beca& mas os daacusa$%o& n%o. Apenas a presen$a dos guardas militares americanos& com seus "istosos capacetes& lembra"a&"isualmente& -ue n%o se trata"a de um +ulgamento comum. As pala"ras de abertura do orde,@uiz aDrenceforam solenes em conte/do& mas admira"elmente li"res de pomposidadeB 3) +ulgamento -ue ora se inicia é/nico na 'ist(ria da +urisprud:ncia mundial& sendo de suprema importncia para mil'ões de pessoas em todoo globo. 4or esta raz%o& cabe a todos os -ue participam deste +ulgamento a responsabilidade solene decumprir seus de"eres sem temor nem fa"or& de acordo com os sagrados princípios da ei e da @usti$a. endoos -uatro signat*rios e"ocado o processo +udicial& é de"er de todos os interessados cuidar para -ue o +ulga,mento n%o se afaste de modo algum desses princípios e tradi$ões -ue d%o 0 @usti$a a sua autoridade e o lugar 

    -ue ela de"e ocupar nos assuntos de todos os estados ci"ilizados.3omo se fosse necess*ria uma demonstra$%o para a"isar 0s multidões -ue lota"am as galerias de "isitantes eda imprensa -ue o +ulgamento n%o seria um prolongado festi"al dram*tico& o restante da sess%o foi dedicado0 leitura de toda a longa acusa$%o& para fins de registro. Ninguém deu muita aten$%o& pois todos sabiam agorao -ue dizia a acusa$%o& e na tarde do primeiro dia& como aconteceria com demasiada fre-U:ncia nos mesesseguintes& o tédio desalentador dos detal'es técnicos desceu sobre o tribunal. No dia seguinte& depois -ue osréus negaram a acusa$%o 5>altenbrunner este"e 'ospitalizado durante os primeiros 1! dias do +ulgamento en%o admitiu a "eracidade da den/ncia& mais tarde. up?s,se -ue 8orman& -ue esta"a ausente& também terianegado a acusa$%o6 e depois -ue o 4residente impediu firmemente o impaciente 7[ring de fazer umdiscurso& @acson iniciou a leitura do libelo acusat(rio.

    A batal'a forense -ue ent%o come$a"a duraria -uase um ano& a despeito dos contínuos esfor$os do tribunal para eliminar matérias despropositadas e repetidas. Ninguém -ueria -ue tal acontecesse e& na "erdade& adura$%o do +ulgamento é uma das suas des"antagens mais (b"ias. A parte todas as considera$ões pr*ticas e'umanit*rias& as -uestões essenciais ficaram indistintas e se perdeu grande parte do impacto moral potencial.=esde o momento em -ue a 3onfer:ncia de ondres3 adotou o conceito de conspira$%o& ficou claro -ue o +ulgamento n%o poderia estar concluído dentro das poucas semanas -ue tin'a& inicialmente& de prazo& mas&mesmo a-ueles -ue con'eciam a e#tens%o e a comple#idade dos problemas em e#ame n%o imagina"am -uele"ariam tanto tempo para sol":,los. Ent%o& por -ue aconteceu issoC remos -ue a raz%o principal encontra,se em certos defeitos do estatuto -ue o ribunal tin'a de obedecer.

    )s delegados 'a"iam concordado com o te#to da arta depois de muita contro"érsia& sob a press%o do tempoe antes -ue todas as diferen$as pendentes sobre -uestões de política e +urisprud:ncia ti"essem sido

     plenamente esmiu$adas. omo resultado& a arta registra"a imprecisões e ambigUidades& dei#ando con,sider*"el margem para interpreta$%o& sobretudo no -ue se refere 0 defini$%o dos crimes capitulados no Artigo!X. E& como era de esperar& a acusa$%o apresentou suas alega$ões com base em interpreta$ões muito amplas&algumas das -uais o ribunal acabou por re+eitar. =ois casos s%o particularmente importantes no nosso

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    conte#toB

    1. A acusa$%o afirmou -ue se teria iniciado a conspira$%o no momento da funda$%o do 4artido Nazista e -ue& portanto& -ual-uer um teria participado desse crime& se ti"esse dado apoio efeti"o ao mo"imento nazista em-ual-uer momento de sua e#ist:ncia& entre 1919 e 19F. e este ponto de "ista ti"esse sido aceito& 'omenscomo c'ac't e "on 4apen& -ue ti"eram papel saliente na subida de Hitler ao poder e na consolida$%o de seu

    deplor*"el go"erno& n%o teriam escapado 0 condena$%o. Mas o tribunal "erificou -ue esta n%o era a lei.4ermitam,nos citar a senten$aB

    3A arta n%o define onspira$%o. Mas& na opini%o do ribunal& a conspira$%o de"e ser claramente delineadaem seu prop(sito. criminoso. Ela n%o de"e estar muito distante do momento da decis%o e a$%o. 4ara ser criminoso& o plane+amento n%o de"e apoiar,se apenas nas declara$ões de um programa partid*rio& como osencontrados nos JF pontos do 4artido Nazista& anunciados em 19JQ& ou nas afirma$ões políticas e#pressas noMein >ampf& anos mais tarde. ) tribunal de"e e#aminar se 'a"ia um plano concreto para fazer guerra edeterminar a posi$%o dos participantes nesse plano concreto... R e"idente -ue se plane+ou fazer guerra& +* a Fde no"embro de 19OP e& pro"a"elmente& antes disso.3 Mais adiante e#plicaremos a importncia da data de Fde no"embro de 19OP.

    J. A acusa$%o admitia -ue a conspira$%o para cometer crimes contra a 'umanidade também esta"a coberta pelos termos da arta e -ue o terror e#ercido pelos nazistas dentro da Aleman'a antes da deflagra$%o daguerra esta"a dentro da +urisdi$%o do tribunal. uando se l: o enunciado do Artigo !X& é f*cil perceber comoa acusa$%o c'egou a esta interpreta$%o& mas o tribunal negou a "alidade das duas 'ip(teses. uanto 0 pri,meira& declarou ele -ue 3a arta n%o define& como crime separado& -ual-uer conspira$%o e#ceto a de cometer atos de guerra de agress%o3& e -uanto 0 segundaB 3om rela$%o a rimes contra a Humanidade& n%o '*d/"ida de -ue& ad"ers*rios políticos foram assassinados na Aleman'a antes da guerra e -ue muitos delesforam confinados em campos de concentra$%o e em circunstncias de grande 'orror e crueldade. ertamentea política de terror foi le"ada a cabo em larga escala e& em muitos casos& foi organizada e sistem*tica. A po,lítica seguida na Aleman'a& antes da guerra de 19O9& de persegui$%o& repress%o e assassinato de ci"is -ue poderiam ser 'ostis ao go"erno foi empreendida da maneira mais implac*"el. A persegui$%o de +udeus& nomesmo período& est* confirmada sem a menor sombra de d/"ida. 4ara serem admitidos como rimes contraa Humanidade& necess*rio se torna -ue os atos perpetrados antes da deflagra$%o da guerra ten'am sidorealizados na e#ecu$%o de& ou em cone#%o com -ual-uer crime dentro da +urisdi$%o do tribunal. ) tribunal éde opini%o de -ue& ainda -ue muitos desses atos fossem crimes re"oltantes e 'orrí"eis& n%o est*satisfatoriamente compro"ado -ue tais atos ten'am sido perpetrados na e#ecu$%o de& ou em cone#%o com-ual-uer dos crimes pre"istos 5na arta do ribunal6. 4ortanto& o tribunal n%o pode fazer uma declara$%ogeral de -ue os atos cometidos antes de 19O9 foram rimes contra a Humanidade& segundo o significadocontido na arta...3

    Hou"e outros e#emplos deste tipo& mas o -ue citamos acima basta para compro"ar nosso argumento. N%o é preciso dizer -ue& uma "ez feita uma acusa$%o específica& a promotoria obriga"a,se a apresentar pro"as& e osad"ogados de defesa tin'am de receber a oportunidade de refut*,las; assim& passa"am,se 'oras incont*"eis

    no e#ame das pro"as& na in-uiri$%o e rein-uiri$%o de testemun'as e nos argumentos processuais relati"os a-uestões -ue nem de"eriam ter sido incluídas nas acusa$ões. 2sto n%o -uer dizer -ue todo esse tempo foicompletamente desperdi$ado. =e -ual-uer modo& dentro de limites razo*"eis& era preciso determinar os ante,cedentes 'ist(ricos gerais e a 'ist(ria pessoal do acusado. Mas n%o dei#a de ser "erdade -ue os trabal'os poderiam ter sido muito abre"iados se as defini$ões nas -uais os +uízes tin'am de basear seus "e reditosti"essem sido formuladas com maior clareza na arta. 2sto também teria impedido boa parcela da confus%ode idéias -ue ainda e#iste com rela$%o ao +ulgamento& pois grande parte da crítica feita 0s suas bases legaisdirige,se contra a lei& tal como a acusa$%o a compreendia& n%o contra a lei realmente aplicada.

    @acson iniciou suas alega$ões com uma den/ncia elo-Uente da tirania nazista e uma declara$%o da suacren$a ardente no princípio da +usti$a penal internacional& culminando com as seguintes pala"rasB 3Aci"iliza$%o pergunta se a @usti$a é t%o lenta a ponto de ser completamente incapaz de lidar com delitos dessa

    magnitude& cometidos por criminosos dessa ordem de importncia. Ela n%o espera -ue torneis impossí"el& defuturo& fazer a guerra. Ela espera& sim& -ue "ossa a$%o +urídica colo-ue as for$as do direito internacional&seus preceitos& suas proibi$ões e& acima de tudo& suas san$ões do lado da paz& para -ue 'omens e mul'eres de boa "ontade& em todos os países& possam ter 3a liberdade de "i"er& sem depender da permiss%o de ninguém&sob a prote$%o da lei3.

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     Na frieza da pala"ra impressa& essa elo-U:ncia soa falso& mas& se se pode confiar nas testemun'as oculares& aora$%o foi impressionante e ade-uada para as circunstncias e para a atmosfera do momento. @acsontampouco se limitou 0 elo-U:ncia esperada da promotoria. Ele era suficientemente capaz de pre"er pelomenos algumas das e#plica$ões e contra,acusa$ões -ue a defesa poderia apresentar. N%o procurou apresentar um -uadro em branco e pretoB )s Estados Gnidos e as outras na$ões& por n%o re"erem o 3ratado de

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     pareciam lembrar,se dele sem o menor afeto ou estima. Gma cren$a& ardente e compartil'ada& numa causa política& muito embora derrotada& e uma de"o$%o comum 0 mem(ria do seu líder morto poderiam ter criadoum espírito de camaradagem& a despeito das disparidades e#istentes em car*ter& educa$%o e antecedentessociais. Mas na "erdade 'a"ia muito pouca fraternidade. Embora esses 'omens esti"essem na mesma pris%oe fossem processados perante o mesmo tribunal& enfrentando a mesma acusa$%o& n%o se podia dizer -ueesta"am todos no mesmo barco& pois& como obser"amos mais atr*s& a natureza e o alcance do en"ol"imento

    nos supostos crimes diferiam muito de um acusado para outro. ompreendendo isto& cada um deles esta"a basicamente interessado no preparo da sua defesa pessoal e temerosos de -ue seriam pre+udicados com aassocia$%o com compan'eiros cu+os casos pareciam piores -ue o seu. treic'er era o p*ria do grupo& cu+acompan'ia era sempre e"itada por todos. uanto a >altenbrunner& -ue n%o esti"era presente nos primeirosdias do +ulgamento por moti"o de doen$a& ao regressar do 'ospital se "iu -uase -ue totalmente isoladoB amaioria dos outros ac'a"a -ue a compan'ia do 'efe do = das & com sua 3cara de ca"alo man'oso3 5adescri$%o é de Lebecca est6& era constrangedora. c'ac't& com um ar pro"ocador de afetada respeitabi,lidade e superioridade intelectual& dei#ou claro para todos -ue se considera"a o /nico acusado -ue n%o tin'anada a temer; tal"ez um ou dois mais pudessem alimentar esperan$a de absol"i$%o& mas o resto n%o passa"ade criminosos comuns. )s generais e almirantes& insistindo -ue o c(digo de disciplina militar os absol"iaautomaticamente de responsabilidade moral e legal& nega"am -ue& mesmo no conte#to de um estadototalit*rio& pudesse ser usada a mesma lin'a de defesa para os 3porcos das 3 ou para os administradores

     políticos. ) -ue alguns dos outros pensa"am sobre a tentati"a das altas patentes de se abrigarem por tr*s de3ordens superiores3 foi "igorosamente e#pressado por peerB

    3Eles fizeram grandes discursos 'er(icos sobre luta e morte pela p*tria& sem se arriscarem. E agora& -uandot:m a "ida em perigo& tremem e procuram todos os tipos de desculpas. Este é o tipo de 'er(is -ue dirigiram aAleman'a para a destrui$%o.3

    eria ilus(rio tentar tirar pro"eito deste e de outros indícios de disc(rdia entre os acusados. Estamos tratandoda primeira parte do +ulgamento& -uando apenas um ou dois deles +* 'a"iam tomado posi$ões firmes emresposta 0 acusa$%o. E#ceto nos esbo$os mais "agos& os acusados ainda ignora"am as in-uiri$ões indi"iduaisa -ue teriam de responder& e as pro"as -ue seus acusadores tin'am prontas. ) estado de espírito e a atitude podiam mudar& r*pida e radicalmente& a cada no"o desen"ol"imento da batal'a forense. N%o obstante&resta"a a impress%o predominante de -ue nen'um dos acusados& com uma not*"el e#ce$%o& faria -uest%o de3n%o3 implicar seus compan'eiros& e& na medida em -ue a inten$%o era mostrar o car*ter maléfico e crimino,so do nazismo como tal& podia,se esperar -ue os acusados deporiam& na "erdade& como testemun'as daacusa$%o. Hermann 7oring foi a e#ce$%o.

    ) Nazista N/mero Gm& -ue sobre"i"era& esta"a em estado deplor*"el no fim da guerra. Anos de comodismoindisciplinado& inclusi"e "ício em drogas& a consci:ncia de ter fracassado como c'efe da uftDaffe e comoditador da economia de guerra alem%& a derrota na guerra de intrigas contra Himmler& 7oebbels e 8ormann&culminando na 'umil'a$%o final da re+ei$%o total por Hitler& tudo isso o arrastara 0 -uase ruína mental efísica. oda"ia& a "ida disciplinada da pris%o& combinada com o tratamento -ue l'e ministraram& resultaranuma recupera$%o e#traordin*ria& de -ue muito se orgul'a"a o comandante americano da pris%o. 3uando

    7[ring "eio de Mondorf para min'a m%o3& disse o oronel Andrus& 3era um su+eito lerdo e atoleimado& comduas maletas c'eias de paracodeína. 4ensei -ue fosse um "endedor de drogas. Mas libertamo,lo do "ício e otransformamos num 'omem3.

    Ha"eria momentos em -ue o @uiz @acson e seus colaboradores amaldi$oariam a efici:ncia do coronel e dos psi-uiatras da pris%o& neste caso específico& pois n%o demorou muito para -ue 7õ[ring fizesse um esfor$odecidido para reunir seus compan'eiros de pris%o em torno de si& e transform*,los numa frente s(lida eunida. i"esse ele conseguido isto e a tarefa da promotoria teria sido muito mais difícil. Hou"e momentos em-ue parecia ter logrado sucesso. @untamente com as aptidões física e mental& 7[ring recuperara a "el'aarrogncia e combati"idade. =epois do doloroso período de declínio e frustra$%o& ele "ia no +ulgamento a sua/ltima c'ance de desempen'ar um papel importante e de se pro+etar na admira$%o de uma platéia mundial. , N%o tin'a ilusões -uanto ao -ue l'e esta"a reser"ado e n%o se esta"a "angloriando& -uando proclama"a

    repetidamente -ue n%o l'e importa"a o desaparecimento mais cedo nas m%os do carrasco& ou mais tarde dealgum outro modo; 3+amais temera a morte3. ontudo& esta"a profundamente preocupado com sua3reputa$%o na 'ist(ria3& conforme disse& e& -uando esta"a num dos seus estados mais euf(ricos& realmenteacredita"a -ue seu son'o do futuro monumento nacional& e do ata/de de m*rmore& podia "ir a realizar,se.7rande parte dependeria da maneira como ele e os outros cu+as "idas esta"am sendo +ulgadas se compor,

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    tassem durante a pro"a$%o. Ele compreendia claramente as infer:ncias maiores do lado político do +ulgamento. Assim como o ani-uilamento moral do nazismo era& para a promotoria& mais importante do -ue a puni$%o de criminosos indi"iduais& o ob+eti"o principal de 7[ring era pre+udicar a cruzada política liderada por @acson. E& como nada tin'a a perder& 7[ring podia lan$ar,se 0 tentati"a com todo o entusiasmo.

    7[ring n%o s( conseguiu tornar,se o foco da aten$%o p/blica& mas também& no processo& criou para si uma

    grande dose de respeito e simpatia& ainda -ue mais ou menos relutantes. @ornalistas& "i sitantes& pessoal dotribunal e até mesmo alguns dos +uízes e ad"ogados ficaram impressionados; e mais ainda por-uanto o p/blico em geral o subestimara muito& iludido pela imprensa& -ue o 'a"ia pintado como um bandidodesmiolado& cu+a apar:ncia seria ridícula& -uando pri"ado dos seus espl:ndidos uniformes e das medal'ascintilantes. R "erdade -ue =er =ice 5) 7ordo6& como os alem%es gosta"am de c'am*,lo& pro"a"elmentenunca te"e um pensamento profundo ou original em sua "ida e seus "angloriados interesses culturais eramuma grande farsa& mas ele possuía consider*"el intelig:ncia pr*tica. Nos testes de intelig:ncia aplicados pelo=r. 7ilbert aos prisioneiros& 7[ring foi o segundo& sendo superado apenas por c'ac't. in'a e#celentemem(ria para fatos e n/meros& normalmente capta"a o ponto essencial de um argumento aparentementecomple#o& e era em geral muito arguto ao +ogar com as fra-uezas de outrosB em suma& teria sido um bomad"ogado. ambém era um ator nato. ) papel -ue decidiu desempen'ar no palco de Nuremberg era o do"eterano& de fala rude& com um cora$%o de ouro; um combatente "iolento -ue n%o guarda rancor& terminada a

    luta; um realista l/cido e um amante das boas coisas da "ida& -ue despreza as ilusões e a simula$%o; um 'o,mem -ue tudo arrisca& e um bom perdedor; um patriota simples& -ue desconfia de todas as ideologias políticas. uando uma testemun'a o descre"eu como 3a /ltima personalidade da Lenascen$a3& 7[ring ficouencantado. Era e#atamente este o efeito -ue procura"a causar& e o 'omem realmente esfor$a"a,se bastante&em seu desempen'o& para tornar o papel con"incente& pelo menos para os -ue n%o o obser"a"am com muitocuidado. onfundir e#pansi"idade com boa índole e cinismo com 'onestidade intelectual é um erro muitocomum. Na realidade& 7[ring nem tin'a boa índole nem era 'onesto. Ele diferia do resto do círculo de Hitler na medida em -ue os atos de destrui$%o e o espet*culo de sofrimentos n%o l'e da"am um prazer per"erso;neste sentido& ele n%o era de natureza m*. 4orém& para satisfa$%o da sua "aidade e cobi$a& ele mentiria emataria com a m*#ima impiedade. eu senso de 'umor , ele tin'a realmente certo senso de 'umor , eragrosseiro e destituído de calor 'umano. Ainda assim& 0 medida -ue a atmosfera do +ulgamento se torna"acada "ez mais opressi"a& suas gargal'adas fre-Uentes e sua linguagem obscena traziam um ligeiro alí"io&sempre bem,"indo no ambiente tenso do tribunal.

    )utros réus seguiram camin'o mais consentneo& e tentaram e#plicar sua conduta passada afirmando teremsido instrumentos relutantes do ditador& sem poderes de decis%o pr(prios; mas& para 7([ring& esse tipo dedefesa era inconcebí"el; teria sido contr*rio 0 sua natureza truculenta& e totalmente incompatí"el com seudese+o de ser recon'ecido como 'omem de estatura 'ist(rica. Naturalmente& o seu bom senso de"e ter,l'efeito crer -ue n%o teria a menor c'ance de -ue acreditassem nele& por ter estado ati"a e proeminentementeen"ol"ido em todos os aspectos do nazismo. ua orgul'osa declara$%o& repetida sempre -ue se ofereciaoportunidade& de -ue esta"a preparado 3para assumir toda a responsabilidade3 de -ual-uer ato -ue ti"essecometido ou de -ue ti"esse con'ecimento& pareceu impressionante& mas o -ue isto -ueria dizerC Narealidade& ele n%o tin'a muito -ue escol'er. )nde se podia pro"ar sua participa$%o num crime& n%o fazia

    diferen$a se ele 3aceita"a a responsabilidade3 ou n%o; onde n%o 'a"ia pro"a suficiente em contr*rio& ele podia afirmar ignorncia do crime cometido , como todos os outros.

    2d:nticas pondera$ões se aplicam 0s e#pressões de lealdade de 7[ring a Hitler. Num momento em -ue onome de Adolf Hitler esta"a sendo e#ecrado por mil'ares de e#,seguidores& -ue agora procura"am ba+ular os"encedores& 7[ring mostrou um instinto mais l(gico& ao se recusar a falar em termos depreciati"os dofalecido KU'rer. oda"ia& e#aminando,se mais atentamente suas pala"ras de lou"or a Hitler& essas parecem bastante indiferentes& 'a"endo nelas mais do -ue simples sugest%o de críticas mantidas em reser"a. ente,se-ue 7[ring esta"a con"idando os ou"intes a apreciar& n%o tanto o car*ter e g:nio de Hitler& mas a "irtudedele& 7[ring& em conser"ar sua lealdade. Nesse ponto ele n%o corria nen'um perigo; uma declara$%o geral delealdade s( l'e podia acentuar o prestígio. Lesta"a "er se ele teria a for$a de manter a atitude no banco dastestemun'as& sob a press%o da rein-uiri$%o.

    ontudo& somente um obser"ador particularmente arguto& ou alguém -ue con'ecesse 7[ring muito bem& poderia recon'ecer a insinceridade das suas admir*"eis atitudes. =e modo geral& durante os tr:s meses emeio -ue a promotoria precisou para a apresenta$%o das pro"as& sua trucul:ncia espirituosa& ainda -ue de,sa"ergon'ada& parecia -uase admir*"el& se comparada com a e#ibi$%o , patética , de medo e"idente e ab+eto

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    de Libbentrop& por e#emplo& ou a falta de dignidade por parte do Keldmarec'al "on >eitel& -ue fica"a logoem posi$%o de sentido toda "ez -ue um simples soldado em uniforme aliado l'e dirigia a pala"ra; ou o ar dedesumana impiedade de >altenbrunner e Kric. uais-uer -ue fossem os malefícios passados do 37ordo3&grandes parcelas do p/blico esta"am come$ando a considera,lo , ingenuamente& se -uiserem& mascompreensi"elmente , como um 3su+eito e tanto3; reputa$%o esta -ue até certo ponto ainda perdura& e -uesem d/"ida se de"e& em parte& ao fato de& no final& ter escapado ao carrasco. ) aparecimento de uma legenda

    de 7[ring& -ue n%o podia dei#ar de ter seus efeitos sobre todos os acusados& era a /ltima coisa -ue @acson-ueria ou espera"a; mas permitam,nos obser"ar -ue 7[ring n%o poderia ter desempen'ado seu papel comsucesso& durante -ual-uer período de tempo& se os ob+eti"os da acusa$%o ti"essem sido menos ambiciosos. Aacusa$%o& formulada em termos amplos e muito imprecisos& por 3crimes contra a paz3 permitiu a 7[ringdirigir seus ata-ues "erbais contra as partes políticas& portanto& mais "ulner*"eis& das alega$ões da acusa$%o&ao mesmo tempo -ue e"ita"a enfrentar o t(pico fatal& isto é& da sua responsabilidade por atrocidadessistem*ticas. rente firme do princípio do -ui s]e#cuse& s]accuse& ele enfrentou a acusa$%o de 3fomentador deguerra3 com a contra,acusa$%o de 3'ipocrisia3. N%o era o plane+amento e o preparati"o de guerra um crimeinternacionalC omo se as na$ões "encedoras +* n%o esti"essem afiando suas armas para futuros conflitossangrentos entre si. 5) discurso de 'urc'ill em Kulton& a J de mar$o de 19!& o primeiro recon'ecimento p/blico& por parte de importante estadista& de -ue 'a"ia um estado de 3guerra fria3& pro"ocou "i"a satisfa$%oentre os prisioneiros de Nuremberg.6 E n%o era a mais pura mistifica$%o o fato de os representantes da Gni%o

    o"iética estarem +ulgando outros pelo crime de plane+ar um ata-ue 0 4ol?niaC odos os acusados 'a"iam pensado nesses pontos (b"ios& mas 7[ring foi o primeiro a proclam*,los em altos brados.

    Gsando 'abilmente ora a lison+a& ora a intimida$%o& 7[ring fez um esfor$o sistem*tico para reunir sob sua bandeira tantos dos seus compan'eiros de pris%o -uanto possí"el. 4ara ele foi uma luta difícil. Mas& emborase+a "erdade -ue nen'um dos outros acusados se re"elasse disposto a identificar,se com o derrotado regimenazista tanto -uanto 7[ring& somente dois deles resistiram,no firme e sistematicamente até o fim. Gm era o"el'o inimigo de 7[ring& c'ac't& cu+a posi$%o era muito forte& por-uanto 'a"ia rompido com o nazismorelati"amente bem cedo; no seu caso& a escol'a natural era uma política de 3espl:ndido isolamento3. Albertpeer& como se tornou e"idente depois de algum tempo& era um antagonista mais eficaz ainda , o -ue foiinesperado por ter sido ele& a princípio& uma figura fec'ada e obscura. ua "iolenta condena$%o da lideran$anazista em geral& e de 7[ring& seu sobre"i"ente mais importante& em particular& te"e muito mais peso& poispeer a ligou ao recon'ecimento irrestrito da sua pr(pria responsabilidade. ontudo& os outros "acilaram&submetendo,se ao domínio de 7[ring em diferentes graus e por períodos de "ariada e#tens%o. Essecomportamento é perfeitamente compreensí"el& pois l'es teria sido e#tremamente difícil permanecer insensí"eis aos apelos -ue 7[ring fez 0 sua lealdade e ao seu orgul'o "iril. A proposta estratégia de defesaagressi"a tin'a seus atrati"os. Ademais& eles ainda temiam bastante este 'omem& outrora enormemente poderoso e formid*"el. Embora esti"essem c?nscios de -ue 7[ring n%o tin'a mais o direito de comandar& enen'um meio de l'es impor sua "ontade& sentiram dificuldades em li"rar,se do '*bito da obedi:ncia. Muitas"ezes& sua intromiss%o na consulta dos outros com seus ad"ogados era 'umildemente tolerada. Hou"e casosem -ue um acusado& prestes a tomar uma atitude aconsel'ada por seu ad"ogado& "olta"a atr*s ao confrontar ofurioso "eto de 7[ring. Em meados de fe"ereiro de 19!& as autoridades esta"am preocupadas com estasitua$%o a ponto de emitirem no"os regulamentos para dominar a influ:ncia de 7[ring sobre os outros

     prisioneiros. Na pris%o& os acusados de"iam ser mantidos em estrito isolamento& inclusi"e durante o períodode e#ercícios; também n%o l'es permitiram mais as refei$ões em con+unto& como antes& na mesma sala& e simem seis salas diferentes , 7[ring& sozin'o; os outros "inte indiciados em grupos de -uatro.

    ais medidas nos parecem agora um modo can'estro e mes-uin'o de enfrentar as amea$as do 37ordo3; elaseram o sintoma de uma atmosfera progressi"amente claustrof(bica.

    Em seu =i*rio de Nuremberg& o =r. 7. M. 7ilbert nos deu um relato detal'ado e& em certas partes& di"ertidodesta bat