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Relatório Sem Cerimônia Proponente: Yan Chaparro

Sem Cerimônia relatório

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Relatório de execução do projeto Sem Cerimônia, Prêmio Funarte Artes na Rua 2011

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Relatório Sem Cerimônia

Proponente: Yan Chaparro

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Indice

5- Introdução

6- Etapas do trabalho

7- Intervenções de rua

12- Intervenção final

14- Pesquisas

15- Divulgação

16-Apresentações

17- Problemas e soluções

18- Reflexão de Gabriela Salvador

20- Clipping

22- Ficha Técnica

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Introdução

“Sem cerimônia: ser-cidade” estruturou-se como ideia e ação a partir da necessidade de se experimentar e discutir o corpo da/na rua e a dança na contemporaneidade. O projeto foi embasado, estruturado e construído por um coletivo de artistas da dança de Campo Grande – Mato Grosso do Sul, o Conectivo Corpomancia (www.corpomacia.com.br) que já havia realizado anteriormente o “me=morar: o corpo em casa” ganhador do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2008, em que ocupou uma casa da Vila dos Ferroviários, berço da cidade, um tanto esquecida pela memória coletiva local.

O objetivo deste projeto foi o de construir uma série de 10 intervenções de dança no espaço público do centro urbano de Campo Grande, e duas intervenções finais em um local de abandono, a antiga rodoviária da cidade. A proposta partiu da ideia de performar o corpo sem cerimônia com os adereços urbanos da cidade, seus meios-fios, suas construções em construção, suas faixas de pedestres, seus pontos de ônibus, suas lixeiras, suas filas, seus parques, suas instalações comerciais e seus pedestres.

As intervenções na rua aconteceram sem aviso prévio, durante os meses de maio, junho e setembro de 2012 e fevereiro de 2013 e as intervenções finais nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2013. O público espectador das intervenções na rua se consistiu de pessoas que ordinariamente passavam pelo trajeto escolhido pelos artistas, no centro da cidade, constituído pelos trechos da Avenida Afonso Pena, entre as Ruas 13 de Maio e Calógeras e da Rua Barão do Rio Branco, entre as Ruas Rui Barbosa e 14 de Julho. A proposta de buscar pelos olhares dos passantes foi plenamente alcançada, não obstante a dificuldade de mensurar a quantidade de pessoas nesse fluxo.

As intervenções finais contaram com convites mais cerimoniosos, feitos por meio de postais (distribuídos quando das intervenções de rua e em pontos estratégicos da cidade), de banner eletrônico, de lista de e-mails, do blog do Conectivo, das redes sociais (página e evento no facebook), de teaser de divulgação veiculado na internet e de matérias de jornais e outras mídias espontâneas. Estiveram presentes cerca de 100 pessoas nas intervenções finais.

O resultado do projeto, no entanto, já estimulou novas apresentações na cidade e em Corumbá (cidade da fronteira de MS com a Bolívia) por meio de convite do SESC de Campo Grande, para a realização de intervenções nos terminais de transporte urbano da cidade; e de seleção em edital do Festival América do Sul, respectivamente.

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Etapas do trabalho Criação das intervenções de rua

Descrição da atividade Período de realização Reuniões sobre metodologia de trabalho/pesquisa

Dezembro de 2011

Pesquisas teórico-práticas Janeiro e Fevereiro de 2012Período de criação e ensaios Janeiro a Maio de 2012Primeira apresentação/7ª Aldeia SESC Terena (02 apresentações)

09 de Maio de 2012

Segunda apresentação/Bienal de Teatro Cena Agora (01 apresentação)

14 de Setembro de 2012

Apresentações extras/Projeto Circulando Diálo-gos em parceria com a Cia Dançurbana (inter-venções em escolas: monumento, calçada e vitrine) (03 apresentações)

19 e 31 de Maio e 04 de Junho de 2012

Apresentação/Bienal de Teatro Cena Agora (01 apresentação)

14 de Setembro de 2012

Período de interrupção (participação de uma integrante do Conectivo no Projeto Outras Danças/FUNARTE)

Outubro e Novembro de 2012

Apresentações finais (07 apresentações)14, 15 e 16 de Fevereiro de 2013

Criação da intervenção final em local de abandonoDescrição da atividade Período de realização

Reuniões sobre metodologia de trabalho/pesquisa

Novembro de 2012

Perdido de prorrogação solicitado à Funarte Enviado em 05/12/2012 e acat-ado em 10/12/2012

Pesquisa teórico-prática e período de criação e ensaios

Dezembro/Janeiro/Fevereiro de 2013

Apresentações finais na antiga rodoviária de Campo Grande

22 e 23 de Fevereiro de 2013

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Intervenções de ruaA experiência prévia do Conectivo com o projeto “me=morar: o corpo em

casa” motivou o grupo de artistas para a construção do “Sem Cerimônia: ser cidade”. O grupo, constituído por artistas de diferentes formações (psicólogo, designer, terapeuta ocupacional, educador físico, jornalista, publicitário e produtor cultural) desenvolveu um esquema dialógico entre a pesquisa teórica e a pesquisa de campo, conjugando suas áreas de atuação e de interesse a fim de construir as intervenções em dança contemporânea.

Os primeiros encontros aconteceram a fim de elaborar os protocolos para a criação, tendo como foco a necessidade de fomentar o contato da dança (e dos artistas) com o público e com a rua e de alguma maneira, trocar experiências da/na rua entre os criadores. Assim, partiu-se em busca de referências (visuais, sonoras, estéticas, teóricas, temáticas, etc.) para criação e para a preparação do corpo para a rua. Surgiram muitas referências, entre elas o viewpoints (método de improvisação), o Le Parkour e o Hip Hop, entre tantas outras.

Para a metodologia de trabalho foram realizados os seguintes procedimentos iniciais:

1. Andar pela cidade (sistematicamente, como forma de aquecimento do corpo para o trabalho);

2. Andar de bicicleta pela cidade, habitar a cidade, tomar conta dela;

3. Passear pela Orla Morena (possível local de intervenção) e fazer encontros em pontos estratégicos da cidade;

4. Localizar um lugar de abandono;

5. Problematizar a cidade (a natureza, o trânsito, o lixo, as relações, etc.);

6. Pensar em “corpos políticos”: preocupação estética, social e cultural (estar – ser cidade).

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Em um dado momento, uma referência importante para o início efetivo da criação no corpo, foi a do trabalho, feito pela corpomante Paula Bueno para a disciplina de fotografia do curso de design em 2004 e outro para o material gráfico do projeto Campo Grande tem Ginga da Ginga Cia de Dança (Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2006).

A partir dessa referência (um pensamento entre dança e cidade em imagem) definiu-se como foco para a criação a relação do corpo com os objetos urbanos. Os estímulos visuais foram transformados em palavras/frases assim descritos:

Saltos para um carro parado

Poses para um degrau

Equilíbrio para o meio fio

Giros para obstáculos

Solo para monumento

Torções para uma faixa de pedestre

Desenhos para uma passarela

Extensões para uma vitrine

Vôos para uma praça (calçada)

Duo para um banco

Poste

Ponto de ônibus/ponto de taxi

Meu coração fica feliz vendo Campo Grande com Coletivos maravilhosos!ANDRé TRISTãO/ATOR

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Primeiras referências visuais do projeto (um pensamento entre dança e cidade em imagem) por Paula Bueno

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Desses 12 objetos urbanos, 10 foram escolhidos para servirem de suporte para a criação em dança, tendo como mote a relação entre o corpo/objeto, a dança e a cidade. Cada intérprete criador se encarregou de estudar 02 (dois) objetos e propor mais estímulos para a criação, trazendo para a sala de dança experimentações para o grupo até a definição final de cada criação para cada objeto.

Os 10 objetos foram distribuídos da seguinte forma:Franciella Cavalheri (vitrine e degrau); Marcos Mattos (calçada e ponto de ônibus); Paula Bueno (monumento e poste); Renata Leoni (meio fio e faixa de pedestre) e Yan Chaparro (carro parado e banco).

Cada intérprete levantou um conjunto de palavras (co) relacionadas aos objetos que serviram de estímulo para as proposições de experimentações e criação. Foram elas:

• Ponto de ônibus: chegada, saída, espera paquera, observação, trânsito, fluxo, levantar, sentar, trocar de pé, de peso, escorar, assuntos (tempo, notícias, novela, futebol, etc.).

• Faixa de pedestre: fluxo, trânsito, passagem, travessia, linha reta, labirinto, contrário das linhas, perpendicular, forma, restrição, regra, tempo, ordem, homem x máquina, hierarquia, direções opostas, visão, organização de fluxo, guia, raia.

• Vitrine: exibição, exposição, imobilidade, imagem, pose, desejo, visão, composição, observação, reflexo-espelho, projeção, consumo- mercado, distração, poder, opressão, vertical, introdução á loja, resumo (da obra).

• Carro parado: Obstáculo, ausência pessoa, proteção, máquina, nada, metal, imobilidade, estética, fetiche, poder, espera, liso, brilho, cor, guardar, estático, encostar, reflexo, som alto, arrumar.

• Poste: conexão, imobilidade, direto, duro, obstáculo, escora, xixi, cartaz, cilindro, alto, choque, poluição visual, luz, suporte, transmissão.

• Banco: espera, descanso, observação, apoio, sentar, levantar, dormir, suporte, conversa, namoro, ler, depósito, tempo livre, nicotina, comer e beber.

• Monumento: observação, história, peso, invisível, memória, legenda, morto, poder, importância, pompa, pomba, obstáculo, sentido, esquecimento, poleiro, transgressão, referência, ícone.

• Calçada: passagem, andantes, trânsito, fluxo, passagem, moradia, entrada, entre, encontro, sujeira, formas, desorganização, democracia, diversidade, direções, ir e vir, choque, namoro, conforto, árvore, pisar, enfeite, acessibilidade, segurança.

• Meio Fio: separação, limite, obstáculo, guia, acabamento, direção, reto, desenho, moldura, contorno, desafio, equilíbrio, brincadeira, forma, tropeço, sentar.

• Degrau: sentar, subir, descer, acesso, entrada, saída, tropeço, forma, desafio, dificuldade, assento, transpor, níveis, escada, ascensão, transferência de peso, flexão e extensão, bunda, articulação, dobradiça, 90º, sequência, simetria, antiderrapante, geometria.

As intervenções ocorreram em dois trajetos no centro da cidade, com a combinação de performances em 07 objetos escolhidos alternadamente, de acordo com a existência desses objetos em cada trajeto e da viabilidade da sua realização, principalmente com relação à permissão e à segurança.

Foi sem cerimonia e com muita entrega!!! Parabéns vocês arrasaram!!!LAURA ALMEIDA/ARTISTA DA DANçA

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Praça Ari Coelho Faixa

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Vitrine

Ponto de ônibus

Meio fio

Meio fioCal

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Percurso na Afonso Pena

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Intervenção final

A construção da intervenção final partiu da escolha do local de abandono, a antiga rodoviária de Campo Grande. As intervenções na rua levaram à escolha do prédio, localizado no centro da cidade, que abrigava ônibus e passageiros em trânsito, além de uma grande quantidade de pessoas em lojas, bares e cinemas, e foi gradualmente sendo posto à margem, se tornando um problema para a administração pública.

Os primeiros encontros aconteceram com a finalidade de escolher as “locações” no prédio onde aconteceriam as cenas. Configurou-se um trabalho em site specific (quando o lugar impulsiona a criação), sendo escolhidas seis locações: escada, corredor interno, corredor externo, luminária do cinema, rampas centrais e rampa final.

O caminho para o abandono se constitui em um trajeto por essas locações onde “procuramos experimentar as sensações do local, a arquitetura, a textura, os volumes, as perspectivas, os espaços. Cada locação sugeriu uma ação (por exemplo, escorregar/não conseguir ficar em pé, na cena inicial, na entrada) e nos lançamos nessas investigações e na observação dos estados do corpo no espaço. Teve um percurso a ser seguido e trabalhamos com improvisação em tempo real”, relatou Renata Leoni, uma das intérpretes-criadoras.

Na reflexão de Yan Chaparro, “Fomos para um lugar marginalizado da cidade, que já foi um lugar de esplendor. Fomos tirar lirismo, poesia, nostalgia e vazio de um lugar de abandono. Não defendemos uma bandeira, defendemos uma percepção mais refinada de política, de ser sujeito em meio a uma cidade que nos absorve e que tentamos nos impor de alguma forma”.

Me emocionei com as lembranças desse lugar! Foi lindo!

JACY COELHO CURADO/PSICóLOGA SOCIAL

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Na procura por “estados do corpo”, foram utilizadas também várias referências de outras linguagens. Do cinema, uma das referências foi o filme “Ensaio sobre a Cegueira” do diretor brasileiro Fernando Meireles, onde os personagens “cegos” se relacionam com/entre os espaços em que foram confinados.

Esquematicamente, a intervenção final teve as seguintes cenas, das quais extraímos as motivações para a ação/criação.

Cena 1 – escada (todos)Escorregar, quadrado, estar preso, público na escada, dinâmica das mãos e escorregar por baixo do corrimão, estado de alerta, despertador, sirene;Objetos cênicos: talco, celular como despertador

Cena 2 – corredor interno (todos)Contra luz/janela para o mundo, vento, reação ao vento, peso e contrapeso, leveza, braços, fluidez, solto;Objetos cênicos: goteira fake

Cena 3 – corredor externo (Renata e Gustavo)Semelhante ao meio fio, patins, equilíbrio, queda, brincadeira;Objetos cênicos: giz branco, patins

Cena 4 – luminária do cinema (Yan e Gustavo)Semelhante ao poste, manipulação, em vias de cair, em ruína, escora;Objetos cênicos: luminária acesa

Cena 5 – rampas centrais (Franciella, Renata e Yan)Balançado, corrida, parede, movimento direto, jogo, subida, descida;

Cena 6 – rampa final (Gustavo, Renata e Yan)Abandono, moradores de rua, luta pelo território, posse;Objetos cênicos: colchão

As intervenções aconteceram em dois dias, sempre no final das tardes, às 17h, e o público acompanhava o trajeto dos artistas e se colocava em cada cena, da maneira que queria, ora junto dos intérpretes, como na escada, ora distantes, para um olhar sob uma perspectiva em relação ao tamanho do local, ora ao redor da cena e a composição das cenas foi propositadamente escolhida para que o olhar do público pudesse dialogar com os movimentos dos bailarinos em relação aos espaços escolhidos.

Tecnicamente não precisa nem falar que já são fantásticos, são pessoas já renomadas, mas eu falo pela composição mesmo, pela elaboração e audácia de ocupar o espaço público, esse espaço que não é convencional à arte, que está preso à quarta parede: é de ir, ousar e fazer uma arte transgressora, que não tem barreiras.

RENDERSON VALENTIN/ATOR E PRODUTOR

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Pesquisas

O processo de pesquisa (teórico-prática) partiu da seguinte pergunta como é seu corpo na rua? Essa pergunta norteadora desencadeou outras tantas discussões a respeito do corpo da/na rua, sobre a dança e a cidade. Na postagem do blog do dia 07 de maio de 2012, Conversa Sem Cerimônia, (http://corpomancia.blogspot.com.br/search/label/sem%20cerim%C3%B4nia%20encontros) na véspera da estreia do projeto, os intérpretes falaram sobre o projeto e suas finalidades.

Algumas reflexões feitas pelos intérpretes criadores:

“A nossa questão é perguntar para as pessoas como é o corpo delas na rua”“Transformar movimentos cotidianos em dança” “Onde está a fronteira entre movimento cotidiano/dança?” “Tem outras questões políticas que tem a ver com os nossos corpos, nesse grupo que é tão diferente. Quem pode fazer dança? Quem pode atravessar essa fronteira?”“Como a dança entende as coisas?”“A gente acaba discutindo a própria dança”“A gente está discutindo mais esse corpo no cotidiano, que é um corpo político”“O sem cerimônia está no trabalho?”“Por que trabalhar com objetos? São objetos arquitetônicos que produzem a cidade. Você intervir na cidade é uma intervenção muito séria”.

O processo de pesquisa gerou outras reflexões as quais têm postagens no blog do Conectivo e estão disponíveis em www.corpomancia.com.br

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Divulgação

Foram feitas as seguintes ações de divulgação para o projeto:Elaboração e distribuição de release para os órgãos de imprensa escrita, falada e televisionada;Confecção e distribuição de postais – 2.100 (dois mil e cem) postais;Confecção de 02 (dois) banners para o local da intervenção final;Confecção de 30 (trinta) camisetas;Criação de página e evento no facebook – 1.884 (mil oitocentos o oitenta e quatro) pessoas alcançadas entre 22 e 27/02/2013;Criação e veiculação de teaser de divulgação para e-mail e internet – https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Fmu7g0N_1ok 431 (quatrocentos e trinta e uma) visualizações no Youtube até 26/03/2013;Lista de e-mails;Banner eletrônico;Postagens sobre o processo no blog do Conectivo Corpomancia – 632 (seiscentos e trinta e duas) visualizações até 21/03/2013.

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Apresentações (na rua e em local de abandono)Data Evento/local Horários Público estimado09 de maio de 2012

7ª Aldeia Sesc Terena de Artes e Cultura

10h e 16h30 300 pessoas

19 e 31 de maio e 04 de junho de 2012

Circulando Diálogos3 escolas municipais

Diversos horários 450 pessoas

14 de setembro de 2012

Bienal de Teatro Cena Agora

16h 150 pessoas

14, 15 e 16 de fevereiro de 2013

Afonso Pena e Barão do Rio Branco

15h e 17h15 (dias 14 e 15, quinta e sexta feira)14h, 16h e 17h15 (dia 16, sábado)

1050 pessoas

22 e 23 de fevereiro de 2013

Antiga rodoviária 17h 100 pessoas

10 intervenções de rua, 03 intervenções em escola (extras) e 02 intervenções em local de abandono

TOTAL: 15 intervenções abertas ao público

2050 pessoas

Apresentações

Confesso que fui pra bem longe olhando o reflexo na poça d’água... Afirmo que se não foi proposital, o acaso é sempre surpreendente. RODRIGO CASAGRANDE/PRODUTOR CULTURAL

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Problemas e soluções

As dificuldades encontradas foram de ajustes da agenda do Conectivo em relação a demais compromissos já firmados, na espera da efetivação do Prêmio, além de problemas físicos. A solução se deu na substituição de alguns integrantes e a divisão do projeto em duas etapas, o que proporcionou novos olhares para o projeto. As primeiras intervenções de rua, realizadas de maio a setembro de 2012, foram feitas por cinco intérpretes criadores (Franciella Cavalheri, Marcos Mattos, Paula Bueno, Renata Leoni e Yan Chaparro). Dois deles (Marcos Mattos e Paula Bueno) depois foram substituídos (por Gustavo Lorenço e Camila Emboava), para as demais intervenções de rua e as em local de abandono. E ao final, mais uma intérprete (Camila Emboava) se machucou e finalizamos as intervenções finais com quatro intérpretes. Entre outubro e novembro de 2012, o projeto foi interrompido porque uma das intérpretes (Renata Leoni) esteve em residência na cidade de Porto alegre, por 45 dias, no Projeto Outras Danças da Funarte.

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Reflexão de Gabriela Salvador

O corpo que poetiza o espaço- sem cerimônia: ser cidade

Também “sem cerimônia” eu inicio este texto e adianto que escreverei sobre o sensível, mesmo parecendo que não. Os textos de uma artista-acadêmica soam sempre um pouco estranhos, pois refletir sobre sensações nos parece, no mínimo, contraditório. A razão tenta, muitas vezes, interferir em nossas emoções e, na maioria delas, acaba atrapalhando-as. Porém, ao assistir “Sem cerimônia-ser cidade” do Conectivo Corpomancia, a razão trouxe-me a sensação em um caminho não linear. Por isso, decidi escrever: para colocar em palavras as sensações-reflexões que este trabalho me transmitiu na performance realizada na antiga rodoviária de Campo Grande, no último sábado, dia 23 de fevereiro.

Falar que o corpo transforma o espaço não seria novidade. Sabemos que o corpo pode não só transformar o olhar para determinados espaços, como pode apontar profundas reflexões sobre os mesmos. Porém, corpos em movimento expressivo refletem as percepções e relações estabelecidas com o espaço, concedendo-lhes determinadas poéticas que, quando bem trabalhadas, lançam um olhar diferenciado do cotidiano para esse espaço. Não apenas um olhar de reflexão e de transformação, mas um olhar que transpassa o que existe de físico e concreto no espaço, atribuindo-lhe algo parecido com o que chamamos de “alma”, ou seja, corpo dá alma ao espaço.

Também não seria novidade dizer que a arte pode transformar o espaço abandonado e esquecido em um espaço potente. Afinal, encontros com a arte são quase sempre potentes. Porém, intervenções como a vista no último sábado vão além de atribuir potência, pois são políticas (e daí o racional tão destacado), são estésicas e são profundamente sensíveis, nos mostrando que o corpo em movimento pode nos revelar reflexões e sensações sobre e a partir desses espaços.

Coincidência ou não, eu havia acabado de ler, na véspera da apresentação, a dissertação de mestrado de um colega ator, Diego Baffi, cujo tema é a intervenção do palhaço nas ruas da cidade1 . Em seu texto, Baffi nos mostra que a cidade, por si só, é um espaço múltiplo, um imenso território de possibilidades e fluxos constantes. E vai mais além quando fala de espaços públicos quando resultados - por uma razão ou outra, de maneira positiva ou negativa – da relação com o poder público:

Perceptíveis ou infra-perceptíveis, as ações envolvidas nas relações de poder vêm pressionar uma dinâmica de usos do espaço e relações entre sujeitos de forma a sufocar a possibilidade de apropriação singular dos sujeitos destas localidades e das relações e sua consequente multiplicidade de usos, preterindo-as em lugar das que mantenham as relações instituídas de poder. Tendem à univocidade em lugar da multiplicidade. Fecham-se à memória, (re)criações poéticas, subjetivações a apropriações que remetam a outras singularidades. (BAFFI, 2009 p. 156)

E esse é, claramente, o caso da do prédio da antiga Rodoviária de Campo Grande, que com o descaso e o abandono do poder público, tornou-se esse lugar aparentemente fechado a apropriações e criações e que vem sendo, graças às ações de inúmeros artistas da cidade, transformado em um lugar de poéticas criativas; passando de um lugar que tende à univocidade para a beleza (e a grandeza) da multiplicidade.

O trabalho “sem cerimônia: ser cidade” ainda carrega outro aspecto que potencializa ainda mais a ocupação do espaço escolhido: a itinerância. Seguindo os passos

1BAFFI, Diego Elias. Olha o Palhaço no meio da rua: palhaço itinerante e o espaço público como território do jogo poético. Dissertação de mestrado em Artes Cênicas. UNICAMP. 2009. Campinas/SP

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(literalmente) dos dançarinos, percorremos uma boa parte do prédio e lançamos nossos olhares para detalhes (e para as possibilidades de exploração desses detalhes) de maneira bastante sutil.

Assim, escorregar ou andar de patins no piso liso, lançar um olhar de perspectiva através das varandas, criar um jogo corporal em um banco, correr ou rolar nas rampas abandonadas faz com que o corpo empreste ao espaço sua poética em uma relação de troca e de afeto. Os dançarinos foram claramente afetados pelo espaço e puderam conceder-lhe a poética que lhe faltava. Nós, espectadores, fomos conduzidos pelo universo do concreto, do abandono, do descaso, do domínio desagradável e incômodo do poder público até chegarmos a um lugar de beleza que mistura o racionalismo do pensamento político com o sensível do corpo poético.

Então, o prédio da antiga rodoviária não é mais o lugar do abandono, e sim o lugar da potência do fazer artístico, o lugar de corpos que se movem para mostrar que o lugar existe e que as relações que podemos estabelecer com ele (e a partir dele) podem ir muito além do que as políticas racionais nos propõem (digo isso porque considero a arte uma forma de fazer política através do sensível).

Se a parede, o piso, a rampa ou um banco abandonado podem ser palco de dançarinos em pleno Estado de Arte2, se durante a apresentação confundimos nossa racionalidade com nossa sensibilidade e se os dançarinos sentem, vivenciam e nos passam suas sensações a respeito de suas relações com o espaço, então, a arte está ali, em tempo real, dando ao corpo a função de poetizar um espaço que virou cotidianamente abandonado na cidade.

Uma pena eu não poder ter assistido a todas as intervenções realizadas pelos mesmos dançarinos nas ruas da cidade. Arrisco dizer que a intervenção de seus corpos poetizou outros espaços e promoveu sensações em muitos que puderam estar presentes, mesmo que estivesses apenas passando pelas ruas enquanto a intervenção acontecia.

Ainda considero importante ressaltar que não é somente o espaço que é poetizado pelo corpo em movimento expressivo, mas que o corpo dos dançarinos quando afetado pela experiência no espaço assumem o papel de canal de trânsito entre esses inúmeros afetos que o espaço público pode promover.

Eis a grande alegria da arte! Revelar e ser revelada o tempo todo.

Esse trabalho pode nos mostrar o que amamos na potência do corpo em movimento: ele revela não só o que somos, o que sentimos e como nos relacionamos com tudo o que é mundo - seja de maneira racional ou sensível - mas também, e nesse caso especificamente – nos revela a forma de olharmos e vermos um lugar. Afinal, como diz o poeta tão amado pelos campo-grandenses Manoel de Barros “As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis: Elas desejam ser olhadas de azul - Que nem uma criança que você olha de ave.” (O Livro das Ignorãças).

2Empresto esse termo da historiadora e crítica de Dança Profa. Dra. Cassia Navas.

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Clipping

Clipping Impresso

JORNAL O ESTADO/ Página C6

10 de maio de 2012

REVISTA CULTURA EM MS Nº5/Página 22

10 de maio de 2012

JORNAL CORREIO DO ESTADOCapa Correio B

20 de fevereiro de 2013

JORNAL O ESTADOPágina C6

02 de junho de 2012

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Clipping Online

Televisão

RBV NEwS(http://www.rbvnews.com.br/entretenimento/20354-7%C2%AA-aldeia-sesc-terena-ter%C3%A1-a%C3%A7%C3%B5es-culturais-em-diversos-pontos-da-capital.html)

(http://rbvnews.com.br/portal/entretenimento/24610-escola-municipal-de-campo-grande-recebe-oficinas-e-apresentacoes-de-danca.html)

CAPITAL NEwS(http://www.capitalnews.com.br/ver_not.php?id=231515&ed=Cultura&cat=Not%EDcias)

ENSAIO GERAL(http://ensaiogeral.com.br/noticias/danca/corpomancia_dancurbana_e_ginga_desenvolveram_espetaculos_contemplados_pela_funarte_em_2012)

(http://ensaiogeral.com.br/noticias/danca/sem_cerimonia_bailarinos_ocupam_antiga_rodoviaria_nos_proximos_dois_dias)

(http://ensaiogeral.com.br/noticias/danca/sem_cerimonia_bailarinos_ocupam_antiga_rodoviaria_hoje_e_amanha)

FUNDAçãO DE CULTURA(http://www.fundacaodecultura.ms.gov.br/index.php?templat=vis&site=150&id_comp=1411&id_reg=185558&voltar=home&site_reg=150&id_comp_orig=1411)

RECORD MS(http://www.msrecord.com.br/noticia/ver/90114/capital-grupo-faz-intervencao-artistica-na-area-central-durante-tres-dias)

CAMPO GRANDE NEwS(http://www.campograndenews.com.br/lado-b/artes-23-08-2011-08/-sem-cerimonia-bailarinos-ocupam-antiga-rodoviaria-nos-proximos-dois-dias#.USdpnwtIZJE.facebook)

IDANçA (http://idanca.net/lang/pt-br/2013/02/22/sem-cerimonia-entre-o-ordinario-e-a-poesia/22766)

JORNAL DE DOMINGO(http://www.jornaldedomingo.com.br/noticia/5293/oficinas-e-apresentacoes-de-danca-acontecem-na-capital.html)

MIDIAMAx NEwS(http://www.midiamax.com.br/Cultura/noticias/830565-corpomancia+dancurbana+ginga+desenvolveram+espetaculos+contemplados+pela+funarte+2012.html)

CTRL ALT DANçA(http://ctrlaltdanca.com/2013/02/21/conectivo-corpomancia-apresenta-intervencao-final-de-seu-projeto-em-antiga-rodoviaria-de-campo-grande-ms/)

MIDIAMAx NEwS(http://www.midiamax.com/view.php?mat_id=800588)

G1 MS(http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2013/02/fim-de-semana-em-campo-grande-tem-samba-danca-e-festival-de-blues.html?fb_action_ids=410606889028949&fb_action_types=og.recommends&fb_source=other_multiline&action_object_map=%7B%22410606889028949%22%3A159975870820574%7D&action_type_map=%7B%22410606889028949%22%3A%22

og.recommends%22%7D&action_ref_map=%5B%5D(map=%7B%22410606889028949%22%3A159975870820574%7D&action_type_map=%7B%22410606889028949%22%3A%22og.recommends%22%7D&action_ref_map=%5B%5D)

(http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2013/02/campo-grande-tem-espetaculos-de-danca-e-teatro-no-final-de-semana.html)

TV Campo Grande (SBT)Matéria disponível no Youtube(https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=iG7IbPMFpsM)

Festas e Eventos TVMatéria disponível no Youtube(http://www.youtube.com/watch?v=NYbx8jwelTI)

Festas e Eventos TVMatéria disponível no Youtube(http://www.youtube.com/watch?v=NYbx8jwelTI)

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Ficha Técnica

Concepção do projeto: Yan ChaparroElaboração do projeto: Franciella Cavalheri, Marcos Mattos, Paula Bueno, Renata Leoni e Yan ChaparroIntérpretes criadores das intervenções iniciais: Franciella Cavalheri, Marcos Matos, Paula Bueno, Renata Leoni e Yan ChaparroIntérpretes criadores das intervenções finais: Camila Emboava, Franciella Cavalheri, Gustavo Lorenço, Renata Leoni e Yan ChaparroFigurinista: Mary SaldanhaProdução: Arado Cultural (Ana Maria Rosa e Marcos Mattos)Assessora de imprensa: Camila EmboavaVídeo e fotografia: Helton Pérez (Vaca Azul)Trilha sonora: Jonas FelizDesigner gráfico: Maíra Espíndola

Agradecimentos: Cia Dançurbana

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Anexos

PostaisCD com fotosDVD com registros

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Este projeto foi contemplado pela Fundação Nacional de Artes - FUNARTE no Edital Prêmio Funarte Artes na Rua (Circo, Dança e Teatro)/2011.

FEVEREIRO DE 2013