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Sem título-1 · A ECONOMIA AÇUCAREIRA A doce colônia portuguesa na América O processo de ocupação portuguesa na América ao longo dos séculos XVI e XVII ocorreu no contexto

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Apresentação

Prezado(a) Professor(a),

“O Pré-Universitário pretende ser um instrumento a favor do acesso do aluno da escola pública à universidade”.

(Governador Marcelo Déda Chagas, 06 / 12 / 2008)

O Governo do Estado tem empreendido esforços no sentido de canalizar mais investimentos para a materialização de políticas públicas educacionais, que foram formuladas e planejadas à luz das demandas apontadas por diversos atores sociais. Assim, as ações realizadas pela Secretaria de Estado da Educação têm buscado oferecer as condições básicas para que a escola pública atue enquanto lócus social de aprendizagem significativa para os(as) educandos(as), assegurando-lhes a formação necessária ao sucesso acadêmico e à inserção profissional e cidadã.

Sintonizado nessa diretriz, o Programa Pré-Universitário/SEED, coordenado pelo Departamento de Apoio ao Sistema Educacional (DASE), passou por uma reestruturação dos seus processos administrativos e pedagógicos, tornando-se ativamente uma política pública de assistência estudantil que, além de proporcionar um curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e vestibulares, ofertado aos alunos egressos e concluintes da rede pública de ensino, articula ações específ icas com vistas à dinamização de atividades educativas que despertem a cultura pré-universitária no cotidiano das unidades escolares. Com isso, o Programa percorre trilhas pedagógicas significativas que promovem a melhoria do processo ensino-aprendizagem, contribuindo com a efetivação do direito do(a) educando(a) de acessar as ações que estimulem suas potencialidades, oportunizando-lhe a concretização do sonho da ascensão acadêmica, por meio do ingresso no ensino superior.

Nesse sentido, a presente edição dos Cadernos foi reformulada, balizada nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) e na Matriz de Referência do ENEM, abordando conteúdos programáticos de Redação e das áreas de conhecimento (Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias), contendo questões contextualizadas e interdisciplinares das provas do ENEM e dos diversos concursos vestibulares. Nesse processo, o princípio norteador foi o planejamento participativo que possibilitou o(a) professor(a) interessado(a) exercer o papel de sujeito do conhecimento na reformulação desses materiais didáticos, considerando as pesquisas e as experiências educativas nas salas de aulas desse(a) trabalhador(a). Desse modo, buscamos nesses alicerces teóricos a dinâmica pedagógica necessária à construção de uma práxis fundamentada na pesquisa e no despertar das potencialidades do profissional envolvido na produção democrática do saber.

Os Cadernos Didáticos dos alunos foram identificados com as letras do alfabeto grego Alpha, Gama, Delta (Inglês), Beta, Pi e Ômega (Espanhol). Para o Caderno do Professor essas letras foram unif icadas (Alpha e Beta; Gama e Pi; Delta e Ômega), levando em conta o agrupamento das disciplinas por áreas do conhecimento. A cada edição, tais aportes pedagógicos necessitam serem reavaliados e retroalimentados, de forma a atender as atuais exigências educacionais na preparação dos educandos(as). A sua participação e contribuição professor(a) são imprescindíveis para o sucesso desse processo.

Ademais, torna-se plausível a continuidade de ações exitosas que possibilitam a inserção de mais alunos da rede pública nas instituições de ensino superior, principalmente, na Universidade Federal de Sergipe, demonstrando o compromisso e a responsabilidade social da SEED na execução das ações do Programa Pré-Universitário.

Enfim, esperamos que, ao longo do ano letivo os Cadernos Didáticos possam ser amplamente trabalhados em sala de aula, contribuindo efetivamente na condução dos nossos alunos rumo à universitas magistrorum et scholarium.

Bom Trabalho!

Maria Zelita Batista Brito Diretora do DASE

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Sumário

1 A Colonização Portuguesa na América (séc. XVI – XVII) p. 06

2 Expansão Territorial e Diversidade Econômica p. 10

3 Revoluções Inglesas p. 13

4 O Iluminismo p. 15

5 A Independência dos EUA p. 18

6 A Revolução Francesa p. 20

7 A Era Napoleônica-1799-1815 p. 22

8 Processos de Independência Latino-Americana p. 25

9 A Formação do Estado Brasileiro p. 29

10 Revolução Industrial p. 33

11 Revoluções Liberais p. 37

12 Unificação Alemã e Italiana p. 39

13 II Reinado: O Império Oligárquico p. 41

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Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

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A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NA AMÉRICA (SÉC. XVI – XVII)

As primeiras consequências da expansão ultramarina europeia

geraram uma radical transformação no panorama mundial a partir dos

séculos XV e XVI. O império colonial português foi construído a partir

da tentativa de romper com os monopólios comerciais árabe no

oceano Índico e italiano no mar Mediterrâneo. No lado do Atlântico, a

procura de mercados e de novos territórios, ricos em minerais e

matérias primas, impulsionaram os Estados mercantilistas europeus a

reunir capitais, navios, homens e equipamentos que possibilitassem as

navegações transoceânicas.

O descobrimento do Brasil

Passados dois anos da viagem de Vasco da Gama (que rendeu

extraordinário lucro), a Coroa Portuguesa organizou uma nova

expedição em direção às Índias, agora para iniciar a montagem do

comércio português na cidade de Calicute. No caminho para o oriente,

na altura de Cabo Verde, a esquadra, comandada por Pedro Álvares

Cabral, desvia-se de sua rota normal, para o Ocidente, e vem aportar

nas terras do Brasil, em 22 de abril de 1500.

O período pré-colonial (1500 -1530)

Nos primeiros anos após a expedição de Cabral, a América

Portuguesa era, na perspectiva lusitana, uma terra longínqua e

desabitada. Na realidade, era lugar de milhões de índios (de diferentes

culturas e formas de organização) que desconheciam a Europa e seus

ideais expansionistas. De qualquer forma, Portugal apossou-se do

novo território exatamente no momento em que encontrava a rota

marítima para as ricas especiarias das Índias e mais: as terras

encontradas não se enquadravam nas perspectivas mercantilistas do

século XVI.

O período entre 1500 e 1530 é denominado pré-colonial, pois nele só

foram registradas as visitas de duas expedições exploradoras (1501 e

1503) e duas expedições de guarda-costas (1516 e 1526).

A única atividade econômica desenvolvida nessa época foi a

exploração predatória de pau-brasil. Em 1503, o rei D. Manuel

arrendou as terras brasileiras a um grupo de comerciantes liderado por

Fernão de Noronha, que obteve o monopólio da exploração do pau-

brasil, extraído em regime de escambo com os índios. Entretanto, o

litoral brasileiro também foi igualmente frequentado por franceses e

espanhóis com o objetivo de contrabandear pau-brasil. Diante dessa

situação, a coroa portuguesa alterou a política em relação às terras do

Brasil e enviou uma expedição colonizadora para tentar garantir em

definitivo a posse do território. Essa expedição, comandada por Martim

Afonso de Souza, partiu de Portugal e fundou a Vila de São Vicente

(1532), atual cidade de São Vicente, no litoral paulista, onde introduziu

o cultivo da cana-de-açúcar.

O Sistema de Capitanias Hereditárias.

A partir da expedição de Martim Afonso de Souza, muitos outros

núcleos de povoamento foram fundados. Mas a esperança maior, de

encontrar metais preciosos, estava momentaneamente frustrada e as

poucas vilas e povoados não eram suficientes para garantir a posse

portuguesa. O Rei D. João III adotou então o Sistema de Capitanias

Hereditárias, já testado nas ilhas da Madeira e Cabo Verde. De acordo

com esse modelo, o território colonial foi dividido em 14 capitanias,

correspondentes a 15 faixas de terras que foram concedidas a fidalgos

(capitães donatários), que tinham a tarefa de defendê-la, povoá-la,

desenvolver a agropecuária, aplicar a justiça, facilitar o trabalho dos

padres jesuítas e cobrar impostos. Em troca, os capitães ficavam com

uma porcentagem dos tributos. Apesar de a posse de fato das terras,

era vedado ao donatário vender a capitania, pois a propriedade de

direito era do rei de Portugal. Dessa forma, as capitanias constituíam

um regime politicamente descentralizado, fundado em unidades com

certa autonomia que economicamente visavam à exportação para a

metrópole.

O Sistema de capitanias hereditárias não conseguiu amplo sucesso,

sobretudo devido à falta de investimentos e aos constantes ataques

dos índios contra os colonos. Somente as capitanias de Pernambuco e

São Vicente prosperaram mediante uma estrutura bem organizada da

produção de açúcar.

Os Governos-Gerais

As enormes dificuldades enfrentadas pelos capitães-donatários

contribuíram para que em 1548 fosse instituído pelo rei D. João III, o

primeiro Governo-Geral do Brasil, com o objetivo de auxiliar as

capitanias e representar os interesses do rei na colônia. O primeiro

titular desse cargo foi Tomé de Souza, que trouxe consigo colonos,

degredados, as primeiras cabeças de gado e escravos africanos. Com

o governador, chegou também um pequeno grupo de jesuítas,

comandado pelo padre Manuel da Nóbrega, que criou o primeiro

colégio inaciano na recém-fundada cidade de Salvador. Na hierarquia

burocrática, o governador-geral era auxiliado por um ouvidor-mor

(responsável pela aplicação da justiça) e provedor-mor (responsável

por todos os negócios ligados à Fazenda Real). Durante o governo de

Tomé de Souza, a escravização de índios ganhou novos critérios,

determinando que só a partir da ―guerra justa‖ (ataques de

portugueses a índios que se mostravam hostis ao processo de

colonização) os nativos poderiam ser feitos escravos.

Duarte da Costa (1553-1558) foi o segundo governador-geral. Com

este, mais colonos cruzaram o Atlântico e também o padre jesuíta

José de Anchieta, um dos fundadores do Colégio de São Paulo, que

deu origem à cidade do mesmo nome. Durante o governo de Duarte

da Costa os franceses invadiram o Rio de Janeiro onde estabeleceram

a colônia chamada de França Antártica.

Mem de Sá, que governou entre 1558 a 1572 foi o terceiro

governador-geral. Durante seu governo, foi fundada a cidade do Rio

de Janeiro e os franceses foram expulsos do Brasil. Depois da morte

de Mem de Sá, a Coroa portuguesa decidiu dividir a administração da

colônia entre dois governadores: um, governaria de Salvador (a capital

do Norte), e outro, governaria no Rio de Janeiro. Entre 1621 a 1725,

haveria duas sedes governamentais: uma em Salvador e outra em São

Luís. A partir de 1763, a cidade do Rio de Janeiro passaria a ser a

única sede administrativa do Brasil – colônia.

A ECONOMIA AÇUCAREIRA

A doce colônia portuguesa na América

O processo de ocupação portuguesa na América ao longo dos séculos

XVI e XVII ocorreu no contexto do mercantilismo português e, dessa

forma, o Brasil foi inserido na condição de colônia, tendo por finalidade

complementar a economia da Metrópole (Portugal), fornecendo

matérias-primas, gêneros agrícolas e consumindo produtos

manufaturados. Dessa forma, a economia da colônia nasceu sob o

signo do maior lucro possível com o menor investimento. Os territórios

próximos ao litoral de Pernambuco e Bahia reuniam as condições

naturais (solo de massapé, clima adequado e abundância de recursos

hídricos) para o plantio da cana e a produção de açúcar, mercadoria

de grande valor no mercado europeu. Tais fatores estimularam a vinda

de muitos colonos para a América Portuguesa e a montagem dos

engenhos coloniais, unidades produtoras de açúcar.

Nos engenhos, prevalecia a mão de obra de africanos escravizados. A

maioria era direcionada para as lavouras canavieiras; outros eram

empregados em serviços domésticos. Os engenhos também

comportavam trabalhadores assalariados, como carpinteiros, mestres

de purgar, caixeiros, feitores, entre outros.

Amplie seus conhecimentos sobre: A Estrutura Fundiária e os Conflitos de Terra no Brasil (Geografia Cadernos Gama/Pi).

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Invasões estrangeiras no Brasil

Os franceses:

Desde os primeiros tempos da colonização, verificamos o interesse

que as terras brasileiras despertavam em outras nações europeias,

como por exemplo, a França, a Inglaterra e a Holanda. O rei Francisco

I, da França, já contestava o Tratado de Tordesilhas, mesmo antes do

descobrimento. Os Franceses invadiram o Brasil por diversas vezes:

Primeiro, no Rio de Janeiro entre 1555 e 1567. Chefiados por Nicolau

Villegaignon, fundaram uma colônia chamada de França Antártica, a

expulsão dos invasores ocorreu no governo-geral de Mem de Sá. No

século XVII, no Maranhão entre 1612 a 1615, chefiados por Daniel de

La Touche, fundaram a França Equinocial e foram expulsos pelos

portugueses chefiados por Alexandre Moura e Jerônimo de

Albuquerque.

A União Ibérica (1580 – 1640)

Origem: Em 1578, com a morte do rei D. Sebastião, tornou-se

concreta a possibilidade de união entre as coroas de Portugal e

Espanha. O trono de Portugal passou para o cardeal D. Henrique, que

era idoso e não tinha herdeiros. Felipe II, rei da Espanha e sobrinho

legítimo de D. Henrique, invadiu Portugal em 1580 e incorporou os

domínios portugueses aos espanhóis. Iniciava-se o período da União

Ibérica.

O doce Brasil holandês

Em função da rivalidade entre Espanha e Holanda na Europa do

século XVII, durante o período da União Ibérica, a coroa espanhola

proibiu a participação holandesa no negócio açucareiro do Brasil

colônia. Em reação a esta medida, os holandeses invadiram o Brasil.

Os holandeses fundaram a Companhia das Índias Ocidentais (WIC),

com o objetivo de controlar e explorar a empresa açucareira no

nordeste do Brasil colônia.

Ocupação holandesa na Bahia: (1624-1625), chefiada por Jacob

Willekens, a expedição atacou a cidade de Salvador, mas as forças

luso-espanholas conseguiram impedir o estabelecimento dos

holandeses na Bahia.

Ocupação holandesa em Pernambuco: (1630-1654), a esquadra

holandesa invadiu a região de Pernambuco e apossou-se de Olinda e

Recife apesar da forte resistência dos pernambucanos, liderados por

Matias de Albuquerque.

A administração holandesa do Conde Maurício de Nassau em

Pernambuco:

Preocupados em consolidar o domínio da terra e reconstruir a

economia após sete anos de guerra, os dirigentes da Companhia das

Índias Ocidentais enviaram para Pernambuco, o Conde Maurício de

Nassau-Siegen, com o título de governador geral do Brasil. Ele chegou

ao Recife em 1637 e logo se apressou em esmagar os últimos focos

de resistência. Nassau veio com uma verdadeira corte, onde

conviviam pintores como Franz Post e Albert Eckhout e sábios como

George Markgraf e Wilhem Piso. Empenhou-se em transformar a vila

construindo palácios, pontes e urbanizando a nova cidade que passou

a se chamar de Maurícia. A administração de Nassau também foi

marcada pela tolerância religiosa, pela política de concessão de

empréstimos aos proprietários de engenhos e por uma moderna visão

político-administrativa através da criação das Assembleias dos

Escabinos (tribunais municipais com jurisdição civil e criminal).

O fim do domínio holandês no Brasil

Em 1644, divergências com a WIC e uma crise que afetou a cotação

do preço do açúcar na bolsa de mercadorias de Amsterdã, resultaram

no retorno de Nassau à Holanda. Nesse contexto, Portugal libertou-se

da Espanha e o rei D. João IV assinou uma trégua com a Holanda. À

WIC, ele propôs uma indenização para que deixasse Pernambuco.

Diante da recusa holandesa, foram organizadas as forças militares (A

Insurreição Pernambucana) para reconquistar o território. Vitórias

luso-brasileiras em Monte das Tabocas e Guararapes determinaram a

rendição holandesa em 1654. Com a expulsão dos holandeses

ocorreu um processo de decadência da produção açucareira no Brasil

em função da forte concorrência do açúcar holandês, produzido nas

Antilhas.

TEXTO COMPLEMENTAR:

Texto 1: Jesuítas no Brasil

No Brasil, logo se viu o empenho que marcava a atuação da

Companhia de Jesus em todo o mundo. Os jesuítas se instalaram em

várias capitanias – Bahia, Porto Seguro, Pernambuco e São Vicente –

e circulavam por toda parte. Eles se destacaram não só pelo ardor

catequético, como pela moral rígida, obediência aos superiores, e

constantes conflitos com os colonos pelo direito de comandar as

relações com os índios. Tampouco se davam bem com outros padres.

Estes, distantes de seus superiores, e incapazes de resistir ao assédio

das nativas, entregavam-se à dissipação e pouco faziam para

cristianizar os aborígines.

A proteção jesuítica aos indígenas implicava fixá-los em torno das

igrejas e dos colégios. Tais ―aldeamentos‖ – os primeiros foram

estabelecidos em Salvador – abrigavam dezenas de milhares de

índios e, a despeito dos grandes sacrifícios que exigiam, acabaram

sendo ―escolhidos‖ por muitas nações indígenas.

Com poucos meses no Brasil, os jesuítas criaram inúmeras

organizações, colégios para os filhos da terra, igrejas, ―casas de

meninos‖ (orfanatos). Para tal, contavam com benesses reais e

possuíam terras, escravos (africanos), vacas, canaviais e ovelhas.

Aprenderam as línguas dos nativos e compilaram gramáticas e

glossários. Numa época em que o latim era a língua do culto católico,

eram uma verdadeira revolução os hinos, cânticos e orações em

―língua geral‖, a língua por eles sistematizada e que acabou sendo, até

o século XVIII, a principal forma de comunicação no sul da Colônia,

onde na prática o português era desconhecido.

(Fonte: CD-ROM Viagem pela História do Brasil de Jorge Caldeira)

Texto 2: A Companhia das Índias Orientais

A Companhia das Índias Orientais era uma empresa mista, formada

em 1602 com capitais do Estado e de particulares. Montada com o

duplo objetivo de conquistar terras e ganhar dinheiro deu outra

racionalidade ao empreendimento colonial. Em vez de particulares

associados à Coroa, como era usual em Portugal e na Espanha, ela

reunia numa companhia muitos acionistas, que entravam com dinheiro

para compra e equipamento de navios. Estes formavam a frota da

empresa, e os custos da manutenção desta (bem como o lucro das

viagens) eram contabilizados de maneira conjunta. Os investidores

recebiam parte do resultado global da empresa, na forma de lucro por

ação que possuíssem. Assim, diluíam-se os riscos de cada viagem e

apostava-se na movimentação total do negócio. As companhias de

comércio concentravam o capital, o poderio armado e as decisões,

dividindo riscos e lucros na proporção de cada investimento individual.

Os recursos prévios para o esquema já existiam. Mais de nove

décimos da frota marítima espanhola (quase 10 mil navios) pertenciam

aos armadores dos Países-Baixos (Holanda). Cientes de seu poderio,

os acionistas da gigantesca empresa inauguraram suas atividades

com ataques às colônias portuguesas do Oriente. Além de lucrativa,

essa decisão, que visava o enfraquecimento da Espanha, tinha uma

vantagem estratégica: as colônias do Oriente estavam pouco

protegidas. Jacarta, na ilha de Java, foi tomada em 1619, e, a partir

daí, o domínio holandês expandiu-se para as Molucas e a Nova Guiné.

Em pouco tempo, as principais regiões produtoras de especiarias

estavam sob controle holandês. Durante sua existência, a Companhia

Amplie seus conhecimentos sobre: Mercantilismo e Expansão Marítima (História Cadernos Alpha/Beta).

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das Índias Orientais proporcionou aos seus acionistas lucros médios

de 18% ao ano. (Fonte: CD-ROM Viagem pela História do Brasil de

Jorge Caldeira)

Compreendendo o texto:

1) Descreva a metodologia pedagógica utilizada pelos padres jesuítas

nos aldeamentos indígenas na América Portuguesa.

2) De que forma a Companhia das Índias Orientais imprimiu outra

racionalidade ao empreendimento colonial no século XVI?

Questões (Colonização Portuguesa – séc. XV e XVI)

03. (ENEM-2001) Os textos referem-se à integração do índio à

chamada civilização brasileira.

I. "Mais uma vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de um

pensamento que separa e que tenta nos eliminar cultural, social e até

fisicamente. A justificativa é a de que somos apenas 250 mil pessoas e

o Brasil não pode suportar esse ônus. (...) É preciso congelar essas

ideias colonizadoras, porque elas são irreais e hipócritas e também

genocidas.(...) Nós, índios, queremos falar, mas queremos ser

escutados na nossa língua, nos nossos costumes."-

Marcos Terena presidente do Comitê Intertribal Articulador dos Direitos

Indígenas na ONU e fundador das Nações Indígenas, Folha de S.

Paulo, 31 de agosto de 1994.

II. "O Brasil não terá índios no final do século XXI (...) E por que isso?

Pela razão muito simples que consiste no fato de o índio brasileiro não

ser distinto das demais comunidades primitivas que existiram no

mundo. A história não é outra coisa senão um processo civilizatório,

que conduz o homem, por conta própria ou por difusão da cultura, a

passar do paleolítico ao neolítico e do neolítico a um estágio

civilizatório."

(Hélio Jaguaribe, cientista político, Folha de S. Paulo, 2 de setembro de

1994).

Pode-se afirmar, segundo os textos, que:

A) tanto Terena quanto Jaguaribe propõem ideias inadequadas, pois o

primeiro deseja a aculturação feita pela "civilização branca", e o

segundo, o confinamento de tribos.

B) Terena quer transformar o Brasil numa terra só de índios, pois

pretende mudar até mesmo a língua do país, enquanto a ideia de

Jaguaribe é anticonstitucional, pois fere o direito à identidade

cultural dos índios.

C) Terena compreende que a melhor solução é que os brancos

aprendam a língua tupi para entender melhor o que dizem os

índios. Jaguaribe é de opinião que, até o final do século XXI, seja

feita uma limpeza étnica no Brasil.

D) Terena defende que a sociedade brasileira deve respeitar a cultura

dos índios e Jaguaribe acredita na inevitabilidade do processo de

aculturação dos índios e de sua incorporação à sociedade

brasileira.

E) Terena propõe que a integração indígena deve ser lenta, gradativa

e progressiva, e Jaguaribe propõe que essa integração resulte de

decisão autônoma das comunidades indígenas.

04. (UFF-RJ) A "Carta de Pero Vaz de Caminha", escrita em 1500, é

considerada um dos documentos fundadores da Terra Brasilis e

reflete, em seu texto, valores gerais da cultura renascentista, dentre os

quais se destaca:

A) a visão do índio como pertencente ao universo não religioso, tendo

em conta sua antropofagia.

B) a informação sobre os preconceitos desenvolvidos pelo

Renascimento no que tange à impossibilidade de se formar nos

trópicos uma civilização católica e moderna.

C) a identificação do Novo Mundo como uma área de insucesso

devido à elevada temperatura que nada deixaria produzir.

D) a observação da natureza e do homem do Novo Mundo como

resultado da experiência da nova visão de homem, característica

do século XV

E) a consideração da natureza e do homem como inferiores ao que foi

projetado por Deus na Gênese.

05. (ENEM-2006) No principio do século XVII, era bem insignificante e

quase miserável a Vila de São Paulo. João de Laet dava-lhe 200

habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100 casas; a Câmara,

em 1606, informava que eram 190 os moradores, dos quais 65

andavam homiziados*.

(Homiziados: escondidos da justiça. Nelson Werneck Sodré. Formação

histórica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964).

Na época da invasão holandesa, Olinda era a capital e a cidade mais

rica de Pernambuco. Cerca de 10% da população, calculada em

aproximadamente 2.000 pessoas, dedicavam-se ao comercio, com o

qual muita gente fazia fortuna. Cronistas da época afirmavam que os

habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo.

(Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo: Moderna,

1998 (com adaptações).

Os textos acima retratam, respectivamente, São Paulo e Olinda no

inicio do século XVII, quando Olinda era maior e mais rica. São Paulo

e, atualmente, a maior metrópole brasileira e uma das maiores do

planeta. Essa mudança deveu-se, essencialmente, ao seguinte fator

econômico:

A) maior desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar no planalto de

Piratininga do que na Zona da Mata Nordestina.

B) atraso no desenvolvimento econômico da região de Olinda e

Recife, associado a escravidão, inexistente em São Paulo.

C) avanço da construção naval em São Paulo, favorecido pelo

comercio dessa cidade com as Índias.

D) desenvolvimento sucessivo da economia mineradora, cafeicultora e

industrial no Sudeste.

E) destruição do sistema produtivo de algodão em Pernambuco

quando da ocupação holandesa.

06. (ENEM-2007) A identidade negra não surge da tomada de

consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença

biológica entre populações negras e brancas e (ou) negras e

amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com

o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus

habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que

abriu o caminho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico

negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e

de seus povos.

(K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a

identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação: reflexões e

experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p. 37).

Com relação ao assunto tratado no texto acima, é correto afirmar que:

A) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao

descobrimento desse continente.

B) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a

desenvolverem esse continente.

C) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão

no Brasil.

D) a exploração da África decorreu do movimento de expansão

europeia do início da Idade Moderna.

E) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre

esse continente e a Europa.

07. (ENEM-2011) Em geral, os nossos tupinambá ficam bem

admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos

terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil.

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Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: ―Por que

vindes vós outros, mairs e perós (franceses e portugueses), buscar

lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa

terra?‖

(LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais

no Brasil. São Paulo: Difel, 1974)

O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo

travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma

diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido:

A) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais.

B) da preocupação com a preservação dos recursos ambientais.

C) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa

do pau-brasil.

D) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas.

E) da preocupação com o armazenamento de madeira para os

períodos de inverno.

08. (ENEM-2010) Os vestígios dos povos Tupi-guarani encontram-se

desde as Missões e o rio da Prata, ao sul, até o Nordeste, com

algumas ocorrências ainda mal conhecidas no sul da Amazônia. A

leste, ocupavam toda a faixa litorânea, desde o Rio Grande do Sul até

o Maranhão. A oeste, aparecem (no rio da Prata) no Paraguai e nas

terras baixas da Bolívia. Evitam as terras inundáveis do Pantanal e

marcam sua presença discretamente nos cerrados do Brasil central.

De fato, ocuparam, de preferência, as regiões de floresta tropical e

subtropical.

(PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Editor, 2005).

Os povos indígenas citados possuíam tradições culturais específicas

que os distinguiam de outras sociedades indígenas e dos

colonizadores europeus. Entre as tradições tupi-guarani, destacava-se:

A) a organização em aldeias politicamente independentes, dirigidas

por um chefe, eleito pelos indivíduos mais velhos da tribo.

B) a ritualização da guerra entre as tribos e o caráter semissedentário

de sua organização social.

C) a conquista de terras mediante operações militares, o que permitiu

seu domínio sobre vasto território.

D) o caráter pastoril de sua economia, que prescindia da agricultura

para investir na criação de animais.

E) o desprezo pelos rituais antropofágicos praticados em outras

sociedades indígenas.

09. (ENEM-2009) Os Yanomami constituem uma sociedade indígena

do norte da Amazônia e formam um amplo conjunto linguístico e

cultural. Para os Yanomami, urihi, a ―terra-floresta‖, não é um mero

cenário inerte, objeto de exploração econômica, e sim uma entidade

viva, animada por uma dinâmica de trocas entre os diversos seres que

a povoam. A floresta possui um sopro vital, wixia, que é muito longo.

Se não a desmatarmos, ela não morrerá. Ela não se decompõe, isto é,

não se desfaz. É graças ao seu sopro úmido que as plantas crescem.

A floresta não está morta pois, se fosse assim, as florestas não teriam

folhas. Tampouco se veria água. Segundo os Yanomami, se os

brancos os fizerem desaparecer para desmatá-la e morar no seu lugar,

ficarão pobres e acabarão tendo fome e sede.

(ALBERT, B. Yanomami, o espírito da floresta. Almanaque Brasil

Socioambiental. São Paulo: ISA, 2007 - adaptado).

De acordo com o texto, os Yanomami acreditam que:

A) a floresta não possui organismos decompositores.

B) o potencial econômico da floresta deve ser explorado.

C) o homem branco convive harmonicamente com urihi.

D) as folhas e a água são menos importantes para a floresta que seu

sopro vital.

E) Wixia é a capacidade que tem a floresta de se sustentar por meio

de processos vitais.

10. (ENEM-2008) Na América inglesa, não houve nenhum processo

sistemático de catequese e de conversão dos índios ao cristianismo,

apesar de algumas iniciativas nesse sentido. Brancos e índios

confrontaram-se muitas vezes e mantiveram-se separados. Na

América portuguesa, a catequese dos índios começou com o próprio

processo de colonização, e a mestiçagem teve dimensões

significativas. Tanto na América inglesa quanto na portuguesa, as

populações indígenas foram muito sacrificadas. Os índios não tinham

defesas contra as doenças trazidas pelos brancos, foram derrotados

pelas armas de fogo destes últimos e, muitas vezes, escravizados.

No processo de colonização das Américas, as populações indígenas

da América Portuguesa:

A) foram submetidas a um processo de doutrinação religiosa que não

ocorreu com os indígenas da América inglesa.

B) mantiveram sua cultura tão intacta quanto a dos indígenas da

América inglesa.

C) passaram pelo processo de mestiçagem, que ocorreu amplamente

com os indígenas da América inglesa.

D) diferenciaram-se dos indígenas da América inglesa por terem suas

terras devolvidas.

E) resistiram, como os indígenas da América inglesa, às doenças

trazidas pelos brancos.

11. (ENEM-2003) Jean de Léry viveu na França na segunda metade

do século XVI, época em que as chamadas guerras de religião

opuseram católicos e protestantes. No texto abaixo, ele relata o cerco

da cidade de Sancerre por tropas católicas.

(…) desde que os canhões começaram a atirar sobre nós com maior

frequência, tornou-se necessário que todos dormissem nas casernas.

Eu logo providenciei para mim um leito feito de um lençol atado pelas

suas duas pontas e assim fiquei suspenso no ar, à maneira dos

selvagens americanos (entre os quais eu estive durante dez meses) o

que foi imediatamente imitado por todos os nossos soldados, de tal

maneira que a caserna logo ficou cheia deles. Aqueles que dormiram

assim puderam confirmar o quanto esta maneira é apropriada tanto

para evitar os vermes quanto para manter as roupas limpas (…).

Neste texto, Jean de Léry:

A) despreza a cultura e rejeita o patrimônio dos indígenas americanos.

B) revela-se constrangido por ter de recorrer a um invento de

―selvagens‖.

C) reconhece a superioridade das sociedades indígenas americanas

com relação aos europeus.

D) valoriza o patrimônio cultural dos indígenas americanos,

adaptando-o às suas necessidades.

E) valoriza os costumes dos indígenas americanos porque eles

também eram perseguidos pelos católicos.

12. (ENEM-2001) Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram

uma peça para teatro chamada Calabar, pondo em dúvida a reputação

de traidor que foi atribuída a Calabar, pernambucano que ajudou

decisivamente os holandeses na invasão do Nordeste brasileiro, em

1632.

- Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal, nação

que explorava a colônia onde Calabar havia nascido? Calabar, mulato

em uma sociedade escravista e discriminatória, traiu a elite branca?

Os textos referem-se também a esta personagem.

Texto I: ―…dos males que causou à Pátria, a História, a inflexível

História, lhe chamará infiel, desertor e traidor, por todos os séculos‖

(Visconde de Porto Seguro, in: SOUZA JÚNIOR, A. Do Recôncavo aos

Guararapes. Rio de Janeiro: Bibliex, 1949).

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Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

10

Texto II: ―Sertanista experimentado, em 1627 procurava as minas de

Belchior Dias com a gente da Casa da Torre; ajudara Matias de

Albuquerque na defesa do Arraial, onde fora ferido, e desertara em

consequência de vários crimes praticados…‖ (os crimes referidos são

o de contrabando e roubo).

(CALMON, P. História do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959).

Pode-se afirmar que:

A) A peça e os textos abordam a temática de maneira parcial e

chegam às mesmas conclusões.

B) A peça e o texto I refletem uma postura tolerante com relação à

suposta traição de Calabar, e o texto II mostra uma posição

contrária à atitude de Calabar.

C) Os textos I e II mostram uma postura contrária à atitude de Calabar,

e a peça demonstra uma posição indiferente em relação ao seu

suposto ato de traição.

D) A peça e o texto II são neutros com relação à suposta traição de

Calabar, ao contrário do texto I, que condena a atitude de Calabar.

E) A peça questiona a validade da reputação de traidor que o texto I

atribui a Calabar, enquanto o texto II descreve ações positivas e

negativas dessa personagem.

EXPANSÃO TERRITORIAL E DIVERSIDADE ECONÔMICA

Para Refletir

Até que ponto nossa vida depende das condições materiais e

econômicas?

A vida de uma pessoa pode ser completamente diferente da vida de

outra pessoa que more na mesma cidade na mesma época, dadas as

suas condições econômicas, educacionais e de classe social. E pode

ter muitas semelhanças com a vida das pessoas de outros tempos e

com os lugares que ocuparam e ocupam.

Grande parte das características culturais das diferentes regiões

brasileiras da atualidade resultou das condições de vida material e das

atividades econômicas desenvolvidas pelos colonos portugueses,

jesuítas, bandeirantes, indígenas e escravos ao longo da história do

Brasil no período colonial.

A Agroindústria Açucareira

Em linhas gerais, a economia colonial na América portuguesa

caracterizou-se pela mão de obra escrava, pelo latifúndio, pela cultura

de produtos tropicais e pela exploração de metais e pedras preciosas.

Outras atividades também desempenharam importante papel,

coexistindo com aquelas que interessavam mais diretamente à política

mercantilista metropolitana. A agroindústria do açúcar, instalada no

litoral, em sistema de plantation, foi a primeira dessas atividades

estratégicas e o Nordeste brasileiro, a região onde se organizou sua

produção em escala agroindustrial destinada ao mercado europeu.

A boa qualidade das terras do Nordeste brasileiro para a monocultura

altamente lucrativa da cana-de-açúcar fez com que essas terras se

tornassem o cenário onde, por muito tempo, se elaboraria em seus

traços mais nítidos o tipo de organização agrária mais tarde

característico das colônias europeias na América.

A abundância de terras férteis e ainda mal desbravadas fez com que a

grande propriedade rural se tornasse, aqui, a verdadeira unidade de

produção - os engenhos – que ocuparam várias regiões da colônia.

Naquela época eles podiam ser encontrados além do Nordeste, nos

atuais estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São

Paulo.

Cumpria apenas resolver o problema do trabalho. E verificou-se,

frustradas as primeiras tentativas de emprego de braço indígena, que

o recurso mais fácil estaria na introdução de escravos africanos.

À margem da plantation: outras atividades econômicas

O Algodão

O sistema de plantation não representou a única forma de organização

econômica existente na América portuguesa. Outros produtos, tais

como o algodão (MA) e o tabaco (BA), foram cultivados em pequenas

unidades de exploração, com vantagens econômicas para os colonos.

No início do período colonial, o cultivo de algodão, destinava-se ao

consumo interno, principalmente à manufatura de tecidos para as

vestimentas dos escravos. A partir da segunda metade do século

XVIII, o algodão passou a ser exportado em grande quantidade devido

ao aumento do preço do produto no mercado internacional e à guerra

de independência dos Estados Unidos. Já no início do século XIX,

estes retomaram sua produção, o que ocasionou uma grande queda

nas exportações da América portuguesa.

O Tabaco

Além de ser consumido na colônia, o tabaco era destinado aos

mercados europeus, nos quais o número de consumidores era

crescente. Algumas propriedades o produziam para que servisse de

“moeda‖ na compra de escravos na África. A principal área produtora

era o litoral baiano.

A Pecuária

O gado bovino, trazido pelos portugueses no início da colonização, era

criado nos engenhos de açúcar para uso na tração animal, no

transporte de cargas e pessoas e na alimentação. O crescimento dos

rebanhos gerou um sério problema para os senhores de engenho, pois

o gado destruía o canavial e ocupava um espaço que poderia ser

destinado à cana- de- açúcar, lavoura de elevada rentabilidade.

No início do século XVIII, a Coroa portuguesa proibiu a criação de

gado numa faixa de oitenta quilômetros da costa para o interior. Essa

medida contribuiu decisivamente para o desbravamento do “grande

sertão”, além do limite fixado pelo Tratado de Tordesilhas. Partindo

do Rio São Francisco e penetrando pelos atuais estados do Piauí,

Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, os criadores

chegaram aos rios Tocantins e Araguaia.

No sul da colônia, o gado tem origem em áreas de domínio espanhol.

A criação de gado bovino para o charque e de equinos e muares para

tração e transporte favoreceu a ocupação local e também o

abastecimento da chamada região mineradora. Os animais

normalmente eram comercializados em feiras realizadas em Sorocaba

e em outras cidades e vilas dos atuais estados de São Paulo e Minas

Gerais.

As Drogas do Sertão

No final do século XVI, tentativas de ocupação da Região Norte por

parte de estrangeiros que se instalaram na foz do Rio Amazonas,

levaram os portugueses a iniciar uma campanha militar que resultou

na edificação do forte de Belém e na expulsão dos invasores, em

1616. A defesa militar das terras era insuficiente para garantir a

ocupação do território. No início do século XVII a Coroa portuguesa

criou o estado do Maranhão, ligado diretamente a Lisboa e isolado do

restante da colônia, que compreendia os atuais estados do Maranhão,

Piauí, Ceará e parte do Pará.

Os colonos que se estabeleceram nessas áreas plantavam para a

subsistência e contavam com a caça ao índio para a obtenção de mão

de obra. Nas expedições de aprisionamento dos indígenas os colonos

conheceram diversos produtos amazônicos, conhecidos como drogas

do sertão: cacau, baunilha, canela, cravo e resinas aromáticas que a

partir do século XVIII, se tornaram itens de exportação muito

apreciados na Europa.

A Mineração

Amplie seus conhecimentos sobre: A Estrutura Fundiária e os Conflitos de Terra no Brasil. (Geografia Cadernos Gama/Pi).

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Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

11

Desde 1500, quando as caravelas de Cabral aportaram na América, os

portugueses acalentavam o sonho de encontrar ouro e pedras

preciosas nas novas terras. Mas as jazidas auríferas mais relevantes

só foram encontradas no final do século XVII, pelos bandeirantes

paulistas, nas regiões que hoje correspondem aos estados de Goiás,

Mato Grosso e Minas Gerais.

Integrando expedições oficiais (Entradas) ou particulares (Bandeiras),

os bandeirantes embrenhavam-se pelo interior da colônia a procura de

metais e pedras preciosas (bandeiras de prospecção), para capturar

índios destinados à escravidão, principalmente os que viviam nas

Missões jesuíticas (bandeiras de apresamento) e para combater

índios rebeldes ou destruir quilombos (sertanismo de contrato).

As expedições bandeirantes e a exploração do ouro juntamente com

outras atividades já citadas, colaboraram para mudanças importantes

na economia e sociedade coloniais. Além de favorecer a expansão

territorial, estimulou o surgimento e desenvolvimento de novas

cidades, a ampliação e a diversificação das atividades econômicas

no período colonial.

Os Primeiros Conflitos coloniais (As Rebeliões Nativistas)

Entre o final do século XVII e o início do século XVIII uma série de

conflitos pipocaram na colônia. Com limites muito bem definidos,

colocavam-se contra medidas específicas de opressão metropolitana

ou ainda para garantir alguma reivindicação local, ―nativa”. Foram

movimentos que não enfrentaram diretamente a metrópole, que não

assumiram um caráter separatista. Tradicionalmente chamados de

Nativistas, lutavam contra medidas específicas do sistema colonial,

mas não contra ele em si.

Conflitos básicos como Revolta de Beckman (MA: 1684), Guerra dos

Emboabas (SP – MG: 1707-1709), Guerra dos Mascates (PE: 1710 –

1712) e Revolta de Vila Rica (MG: 1720), não tinham no seu horizonte

a perspectiva de ruptura definitiva com a metrópole, isto é, não eram

lutas separatistas, que vislumbrassem romper os laços coloniais.

Mesmo assim, foram reprimidas com alto requinte de crueldade e

violência. Felipe dos Santos, líder da revolta de Vila Rica foi enforcado

e esquartejado. O fato é que a Coroa Lusitana tinha que mostrar quem

era o ―galo do terreiro‖.

TEXTO COMPLEMENTAR:

Texto I: Piratas da Biosfera

―Uma das maiores riquezas dos povos indígenas é sua sabedoria

milenar sobre as propriedades das ervas e plantas das florestas.

Atualmente, é muito grande o número de pessoas e empresas que

tentam se apropriar do conhecimento dos indígenas sem lhes dar

nenhuma recompensa. A situação é tão séria que em 1993 foi

cunhado o termo biopirataria para denunciar a ação de empresas

multinacionais que roubam e patenteiam conhecimentos indígenas e

recursos biológicos das florestas brasileiras‖.

Hoje, 25% de todos os medicamentos prescritos pela medicina

Ocidental vêm das florestas e 75% foram desenvolvidos com base em

informações da medicina popular e da milenar sabedoria da cultura

indígena. Só para se ter uma ideia: o processo pelo qual um novo

medicamento é desenvolvido pode levar até 15 anos, a um custo

estimado de 300 a 400 milhões de dólares. O conhecimento dos índios

pode representar para os laboratórios uma economia de até 80%

nesses investimentos.

A ação da biopirataria vem provocando reações entre os indígenas e

outros setores da sociedade. No entender de muitos, trata-se de

assegurar aos nativos o usufruto das riquezas existentes em seus

territórios e de promover entre eles, além de culturas de subsistência

tradicionais, novas atividades econômicas em bases condizentes com

a proteção ambiental. Essa forma de explorar os recursos da natureza

constitui o chamado desenvolvimento sustentável.

(Fonte: DARIO, Fábio Rossano. Biopirataria. Disponível em:

http://port.pravda.ru/culture/2003/03/28/1614.html. Acesso em: 3 maio

2010).

Compreendendo o texto:

13. Com base no texto e em seus conhecimentos, o que você acha

que deve ser feito, e por quem, para se coibir a biopirataria e

assegurar a preservação da cultura dos povos indígenas?

Texto II: A luta pela terra

Segundo a Constituição brasileira, as terras onde os povos indígenas

se encontram pertencem à União, mas, os indígenas detêm o direito

de usufruto desses territórios. A garantia desse direito se consolida

após um longo processo no qual, agentes do governo federal

identificam o território e demarcam seus limites. Com a homologação

do processo pelo presidente da República, as terras são registradas

em cartório. Atualmente, existem 630 terras indígenas (Tis), ocupando

13% do território brasileiro, mas nem todas foram ainda registradas em

cartório.

A Constituição proíbe que as terras indígenas sejam ocupadas por

terceiros. Afinal, é delas que os indígenas retiram seu sustento por

meio da caça, da pesca, do cultivo de alimentos, etc. Por essa razão,

para os povos indígenas é extremamente importante que os recursos

ambientais de seus territórios sejam preservados.

Nesse aspecto, porém, a Constituição nem sempre é respeitada. O

território dos Xacriabá em Minas Gerais, por exemplo, foi demarcado

numa área de transição do cerrado para a caatinga, numa região

desprovida de nascentes e que chega a enfrentar até oito meses de

seca por ano. Em outros lugares, as terras indígenas são

constantemente invadidas por madeireiras interessadas na derrubada

das árvores ou por garimpeiros em busca de ouro e diamantes.

Esse processo de invasão se acentuou nas últimas décadas em razão

da grande valorização das chamadas commodities agrícolas. Com

essa valorização, diversas áreas indígenas passaram a ser ocupadas

por agricultores que derrubam as matas para plantar produtos como

arroz e soja. Embora essa disputa pela terra dos indígenas ocorra em

diversos lugares do Brasil, é na região Norte que esse processo é

mais acentuado [...]

(Fontes: FAUSTO, Boris; FAUSTO, Carlos. Surto anti-indígena. O Estado

de São Paulo, 28 abr. 2008; GESISK, Jaime. Esperança nas aldeias

xacriabás; Ciência Hoje, jan.-fev. 2008; Comendo a Amazônia. Disponível

em: http://www.greenpeace.org.br/amazonia/comendoamz-sumexec.pdf.

Acesso em: 20 nov. 2008).

Compreendendo o texto:

14. A violência histórica contra os indígenas não ocorreu apenas no

período colonial, como muitos imaginaram, ela se estende até os

nossos dias. Relacione algumas práticas de violência contra os

indígenas tanto no período colonial como nos dias atuais.

Questões: (Expansão Territorial e diversidade econômica)

15. (Cefet – SC) Leia atentamente as proposições:

I- Durante os primeiros tempos da colonização, a ocupação

portuguesa na América limitou-se à faixa litorânea.

II- A ação dos bandeirantes contribuiu para a ocupação do interior do

território brasileiro pelos holandeses e ingleses.

III- A descoberta do ouro trouxe muitas mudanças para o Brasil

colônia, entre elas o surgimento de núcleos urbanos, e novos estilos

de vida nas regiões da mineração.

IV- Os bandeirantes sempre tiveram relações cordiais e amistosas

com os padres jesuítas.

Assinale a alternativa correta:

A) Apenas as proposições I e III são corretas.

Amplie seus conhecimentos sobre: Fontes de Energia no Brasil e Mineração (Geografia Cadernos Gama/Pi).

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B) Apenas a proposição IV é correta.

C) Apenas a proposição II é correta.

D) Apenas as proposições II e IV são corretas.

E) Apenas a proposição III é correta.

16. (MACK – SP) Os bandeirantes foram romantizados [...] e postos

como símbolo dos paulistas e do progresso, associação enobrecedora.

A simbologia bandeirante servia para construir a imagem da trajetória

paulista como um único e decidido percurso rumo ao progresso,

encobrindo conflitos e diferenças.

(Fonte: ABUD, K. Maria. In: MATOS, M. I. S. de. São Paulo e Adoniran

Barbosa).

Ainda que essa imagem idealizada tenha sido uma construção

ideológica, sua importância, no período colonial brasileiro, decorre:

A) de iniciativa em atender à demanda de mão de obra escrava do

Brasil holandês, durante o governo de Maurício de Nassau.

B) de sua extrema habilidade para lidar com o nativo hostil, garantindo

sua colaboração espontânea na busca pelo ouro.

C) de sua colaboração no processo de expansão territorial brasileira, à

medida que ultrapassou o Tratado de Tordesilhas e fundou

povoados, garantindo, futuramente, o direito de Portugal sobre

essas terras.

D) de sua atuação decisiva na Insurreição Pernambucana, que

resultou na expulsão dos holandeses do Nordeste, em

1654,considerada como o primeiro movimento de cunho

emancipacionista da colônia.

E) da colaboração dos mesmos na formação das Missões jesuíticas,

cujo objetivo era a proteção e catequização de índios tupi,

obstáculo à ocupação do território colonial.

17. (UEA-AM) Foi criada uma Companhia de Comércio Monopolista

para o estado do Maranhão, com a obrigação de fornecer 500

escravos por ano, durante 20 anos, aos colonos nortistas, para

conciliar as duas posições: a dos colonos, que queriam escravos, e a

dos jesuítas, que queriam impedir a escravização dos índios. A

respeito da Revolta de Beckman, no Maranhão, assinale a afirmativa

correta.

A) Ao insurgir-se contra o monopólio português, a Revolta de

Beckman foi o primeiro movimento a pretender a independência do

Brasil.

B) A reação portuguesa contra a Revolta de Beckman, com duas

execuções, entre outras punições, evidencia o risco que o

movimento representava para a manutenção do pacto colonial.

C) A Revolta de Beckman foi um movimento localizado no Maranhão,

sem intenções separatistas, pretendendo a expulsão dos jesuítas

e o cumprimento, pela Companhia privilegiada, dos objetivos para

os quais foi criada.

D) A Revolta de Beckman foi mais radical do que os movimentos do

século XVIII, inclusive a Conjuração Mineira, porque chegou ao

confronto.

E) A Revolta de Beckman, embora se insurgisse contra a Companhia

de Comércio, fazia parte de um movimento maior e mais geral do

Norte para proibir missões religiosas que restringissem a

escravização dos índios.

18. (UFRN) A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de

Vila Rica, verificadas nas primeiras décadas do século XVIII, podem

ser caracterizadas como:

A) movimentos isolados em defesa de ideias liberais nas diversas

capitanias, com a intenção de se criarem governos republicanos.

B) movimentos de defesa das terras brasileiras que resultaram num

sentimento nacionalista, visando a independência política.

C) manifestações de rebeldia localizadas que contestavam aspectos

da política econômica de dominação do governo português.

D) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas,

contra as elites locais, negando a autoridade do governo

metropolitano.

19. (ENEM-2011) O açúcar e suas técnicas de produção foram

levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a Idade Média,

mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a

sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do

Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas

continuou a ser um produto de luxo, extremamente caro, chegando a

figurar nos dotes de princesas casadoiras.

(CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São

Paulo: Atual, 1996)

Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o

produto escolhido por Portugal para dar início à colonização brasileira,

em virtude de:

A) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso.

B) os árabes serem aliados históricos dos portugueses.

C) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente.

D) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto.

E) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo

semelhante.

20. (ENEM-2008) A velha Totonha de quando em vez batia no

engenho. E era um acontecimento para a meninada… Que talento ela

possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de falar

em nome de todos os personagens, sem nenhum dente na boca, e

com uma voz que dava todos os tons às palavras! Havia sempre rei e

rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com

as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles

heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com

mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor

local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um

reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e

florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito

com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de

engenho de Pernambuco.

(José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio,

1980, p. 49-51 -adaptado).

Na construção da personagem ―velha Totonha‖, é possível identificar

traços que revelam marcas do processo de colonização e de

civilização do país. Considerando o texto acima, infere-se que a velha

Totonha:

A) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas

condições de vida e de trabalho, que denotam que ela enfrenta

situação econômica muito adversa.

B) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história

do país colonizado, livres da influência de temas e modelos não

representativos da realidade nacional.

C) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana

europeia em concomitância com a representação literária de

engenhos, rios e florestas do Brasil.

D) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio

romancista, o qual pretende retratar a realidade brasileira de forma

tão grandiosa quanto a europeia.

E) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como

modelo e origem as fontes da literatura e da cultura europeia

universalizada.

21. (ENEM-2010) Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de

vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de ―tropa‖

que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava

gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada

de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou

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Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

13

associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro

em Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras

preciosas também atraiu grandes contingentes populacionais para as

novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de

alimentos e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros era

constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café,

fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos

pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com pedaços de

carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. O

feijão tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e recebe

esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que

conduziam o gado.

(Disponível em http://www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso em: 27 nov.

2008).

A criação do feijão tropeiro na culinária brasileira está relacionada à:

A) atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas

minas.

B) atividade culinária exercida pelos moradores cozinheiros que viviam

nas regiões das minas.

C) atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado

e mercadoria.

D) atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que necessitavam

dispor de alimentos.

E) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da

exploração do ouro.

22 (ENEM-2003) O mapa abaixo apresenta parte do contorno da

América do Sul

destacando a bacia

amazônica. Os pontos

assinalados

representam

fortificações militares

instaladas no século

XVIII pelos

portugueses. A linha

indica o Tratado de Tordesilhas revogado pelo Tratado de Madri,

apenas em 1750.

Pode-se afirmar que a construção dos fortes pelos portugueses visava,

principalmente, dominar:

A) militarmente a bacia hidrográfica do Amazonas.

B) economicamente as grandes rotas comerciais.

C) as fronteiras entre nações indígenas.

D) o escoamento da produção agrícola.

E) o potencial de pesca da região.

23. (ENEM-2012) Em um engenho sois imitadores de Cristo

crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o

mesmo Salvador padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua

cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de

três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram

na Paixão: uma vez, servindo para o cetro de escárnio, e outra vez

para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de

noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas

noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem

comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados

em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes

afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for

acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.

(VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & irmão. 1951 – Adaptado)

O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação

entre a Paixão de Cristo e:

A) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.

B) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.

C) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.

D) o papel dos senhores na administração dos engenhos.

E) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.

24. (ENEM-2012) Torna-se claro que quem descobriu a África no

Brasil, muito antes dos europeus, foram os próprios africanos trazidos

como escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino

linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à da

religião. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e

transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência

entre si de elos culturais mais profundos.

(SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil.

Revista USP. n. 12, dez./jan./fev. 1991-92 – Adaptado)

Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes

partes da África, a experiência da escravidão no Brasil tornou possível

a:

A) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.

B) superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições

europeias.

C) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.

D) manutenção das características culturais específicas de cada etnia.

E) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.

25. (ENEM-2012) A experiência que tenho de lidar com aldeias de

diversas nações me tem feito ver, que nunca índio fez grande

confiança de branco e, se isto sucede com os que estão já civilizados,

como não sucederá o mesmo com esses que estão ainda brutos.

(NORONHA, M. Carta a J. Caldeira Brant: 2 jan. 1751. Apud CHAIM, M. M.

Aldeamentos indígenas (Goiás: 1749-1811). SãoPaulo: Nobel, Brasília, INL,

1983 – Adaptado)

Em 1749, ao separar-se de São Paulo, a capitania de Goiás foi

governada por D. Marcos de Noronha, que atendeu às diretrizes da

política indigenista pombalina que incentivava a criação de

aldeamentos em função:

A) das constantes rebeliões indígenas contra os brancos

colonizadores, que ameaçavam a produção de ouro nas regiões

mineradoras.

B) da propagação de doenças originadas do contato com os

colonizadores, que dizimaram boa parte da população indígena.

C) do empenho das ordens religiosas em proteger o indígena da

exploração, o que garantiu a sua supremacia na administração

colonial.

D) da política racista da Coroa Portuguesa, contrária à miscigenação,

que organizava a sociedade em uma hierarquia dominada pelos

brancos.

E) da necessidade de controle dos brancos sobre a população

indígena, objetivando sua adaptação às exigências do trabalho

regular.

REVOLUÇÕES INGLESAS

No século XVII, a Inglaterra viveu um período de transformações

sociais e políticas conhecido por Revolução Inglesa. Teve início em

1640 e fim em 1688/89 com o golpe de Estado. Naquela época, os

elementos da nobreza e os pequenos proprietários de terras

começaram a exportar seus produtos a outros países da Europa e

conforme a exportação aumentava, os proprietários de terras iam

expulsando famílias camponesas das terras. Essa prática recebeu o

nome de cercamento. Os camponeses foram obrigados a irem para as

cidades buscando empregos com baixos salários nas manufaturas e

nas pequenas fábricas que iam surgindo. Dessa forma, os industriais e

os comerciantes enriqueceram rapidamente.

A burguesia atuante, formada pelos industriais e pelos comerciantes

enriquecidos passou juntamente com a nobreza a considerar o

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controle dos reis absolutistas sobre a economia um obstáculo à

expansão dos seus negócios e passaram a reagir contra o absolutismo

real. Com a morte da rainha Elizabeth I, o rei da Escócia, seu primo

titulado como Jaime I assumiu o lugar de Elizabeth I exigindo o

reconhecimento como rei.

Jaime I tentou impor o anglicanismo para ampliar o poder em suas

mãos perseguindo os católicos e os calvinistas. Através do seu

comportamento, Jaime I conseguiu irar boa parte do Parlamento e

quando decidiu criar novos impostos e aumentar os que já existiam, tal

relacionamento piorou. O Parlamento reagiu contra o aumento e os

novos impostos e o rei dissolveu a Câmara dos Lordes e a dos

Comuns.

O sucessor de Jaime I foi seu filho Carlos I que se mostrou mais

autoritário, intolerante e impopular que seu pai. Após assumir o poder,

entrou em guerra com a França e reabriu o Parlamento, pois

necessitava de dinheiro. O Parlamento por sua vez fez com que o rei

assinasse a Petição de Direitos em 1628 que proibia o rei de convocar

o exército, de propor novos impostos sem a aprovação do Parlamento.

Carlos I assinou a petição e um ano depois voltou atrás dissolvendo

novamente o Parlamento. Novamente tentaram impor o anglicanismo

aos ingleses, escoceses e irlandeses, mas os puritanos e

presbiterianos reagiram e foram perseguidos, presos e castigados pelo

governo.

O início da revolução se deu quando os parlamentares puritanos e

presbiterianos se revoltaram contra o absolutismo. Exigiram a prisão

de dois ministros do rei e aprovaram uma lei proibindo o monarca de

dissolver o Parlamento. Em 1641, os irlandeses promoveram uma

rebelião a fim de se libertarem da Inglaterra. O Parlamento organizou o

exército para sufocar a rebelião irlandesa, mas negou-se a confiar o

comando do exército ao rei. Com isso Carlos I invadiu o Parlamento

com seus guardas pessoais e prenderam os cinco principais líderes da

oposição.

A guerra civil

Na guerra civil, as forças se dividiam em dois partidos político-

militares: os cavaleiros que permaneceram ao lado do rei Carlos I

apoiados pelo clero, pela aristocracia do norte e do oeste do país e

pelos grupos favorecidos pelos monopólios reais e os cabeças

redondas que apoiaram o Parlamento sendo eles principalmente a

burguesia mercantil e os empresários rural sendo a maioria puritana

ou presbiteriana. Os cabeças redondas sofreram reveses, mas após a

liderança de Oliver Cromwell venceram as tropas da monarquia,

prendendo o rei Carlos I que foi julgado e condenado à morte. Foi

decapitado em 1649, ano em que Cromwell proclamou a república e

assumiu a nação.

Os primeiros anos de república foram conturbados, onde tiveram que

enfrentar e sufocar rebeliões lideradas pelos niveladores que queriam

implantar uma democracia que atendesse aos mais pobres.

Externamente, Cromwell invadiu a Irlanda e reprimiu uma rebelião

contra seu governo e depois venceu o exército escocês que invadira a

Inglaterra. Cromwell então unificou a Inglaterra, a Escócia e a Irlanda

numa só república e formou a Comunidade Britânica.

Em 1651, decretou o Ato de Navegação que determina a

comercialização de mercadorias somente por navios ingleses ou dos

países onde foram produzidas. O Ato de Navegação impulsionou o

capitalismo inglês e favoreceu a indústria naval e a burguesia

mercantil. Em 1651 a 1654, a Inglaterra entrou em conflito com a

Holanda por esta ter sido prejudicada com o Ato de Navegação.

Cromwell ampliou seus poderes durante a guerra encomendando uma

nova Constituição que propunha um único Parlamento e estabelecia o

voto censitário. A Holanda foi derrotada e então a Inglaterra tornou-se

a maior potência naval do mundo.

Cromwell morreu em 3 de setembro de 1658 e o poder, como previsto,

foi transferido para seu filho Ricardo Cromwell, que, no entanto, tinha

pouco controle sobre o exército e era pouco respeitado pelo

Parlamento. Seu governo durou apenas vinte meses, os quais foram

marcados por conflitos entre as várias facções do Exército.

Finalmente, um Parlamento livre se reuniu em abril de 1660 e aprovou

a restauração da monarquia e a volta do filho de Carlos I à Inglaterra

para assumir o Trono como Carlos II.

A Restauração Monárquica de 1660

Como vimos, o processo revolucionário iniciado em 1640 foi

enfraquecendo ao longo do tempo e chegou em 1660 já bastante

desgastado. Aproveitando-se desse desgaste, as forças monarquistas

se reagruparam e restauraram o regime absolutista, que perdurou até

1688, com os reinados de Carlos II (1660-1685) e de Jaime II (1685-

1688).

Tal restauração não resultou, porém, de batalhas sangrentas, como as

que haviam sido travadas contra a tirania de Carlos I. Carlos II

ascendeu ao Trono inglês em virtude de um acordo entre as lideranças

das elites monarquistas rurais e o Parlamento. Nesse acordo,

chamado de Acordo da Restauração, o Parlamento estipulava várias

exigências para Carlos II, mas também lhe fazia várias concessões.

O Parlamento exigia, por exemplo, que o Rei respeitasse o poder

legislativo e dividisse com ele decisões importantes, como criação de

impostos, declaração de guerra, entre outras. Apesar de monarquistas,

os deputados ingleses não desejavam repetir o que tinha acontecido

durante o reinado de Carlos I, que não respeitava as prerrogativas do

Parlamento.

Em troca, as elites rurais e o Parlamento permitiram verdadeiros

retrocessos na vida política e religiosa da Inglaterra. Exemplo de

retrocesso religioso foi a restauração da Igreja Anglicana.

Em termos políticos, o Parlamento e as elites rurais permitiram que

Carlos II e Jaime II empreendessem, sucessivamente, uma política de

―caça às bruxas‖ direcionada aos puritanos e aos que haviam apoiado

a Revolução de 1642. Durante os 28 anos de restauração absolutista,

esses dois reis ingleses foram bem sucedidos em tal perseguição

política, seja executando seus adversários, seja obrigando-os a fugir

para outros países. Para se ter uma ideia do clima político revanchista

que predominou nesse período, logo que Carlos II subiu ao Trono,

ordenou que os cadáveres de Cromwell e de alguns de seus

seguidores fossem desenterrados e dependurados nos postes de

Londres. Suas ordens foram cumpridas e o que restava dos cadáveres

dessas lideranças puritanas ficou exposto nas ruas por um bom

tempo.

A reação absolutista não tinha, porém, bases sociais sólidas para

durar muito tempo, já que a sociedade inglesa havia mudado muito

desde a Revolução de 1642. No reinado de Jaime II, iniciado em 1685,

a ―lua de mel‖ das elites rurais e urbanas com o absolutismo estava

acabando. As classes mercantis haviam se fortalecido e tendiam a

exigir mais liberdade política, mais tolerância religiosa e mais liberdade

econômica. Nos meios intelectuais e políticos, crescia a insatisfação

com a política absolutista repressiva de Jaime II. Nos meios religiosos

puritanos e anglicanos, crescia a antipatia pelo Rei porque ele

alimentava o projeto de restaurar o catolicismo e ligar a igreja da

Inglaterra a Roma novamente. Completando esse quadro, as forças

que haviam apoiado a Restauração Monárquica perceberam a clara

intenção de Jaime II de colocar o poder real acima do Parlamento e da

lei.

Assim, em 1688, após 28 anos de restauração absolutista, aconteceu

a segunda revolução inglesa, a chamada Revolução Gloriosa.

Revolução Gloriosa

Revolução Gloriosa é o nome dado pelo movimento ocorrido na

Inglaterra entre 1688 e 1689 no qual o rei Jaime II foi destituído do

trono britânico. Chamada por vezes de ―Revolução sem sangue―, pela

forma deveras pacífica com que ocorreu, ela resultou na substituição

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do rei da dinastia Stuart, católico, pelo protestante Guilherme (em

inglês, William), Príncipe de Orange, da Holanda, em conjunto com

sua mulher Maria II (respectivamente genro e filha de Jaime II).

Tal revolução toma forma com um acordo secreto entre o parlamento

inglês e Guilherme de Orange, stadtholder da Holanda (título

específico holandês, equivalente a ―chefe de estado‖) numa manobra

que visava entregar o trono britânico ao príncipe, devido à repulsa dos

nobres britânicos ante à insistência de Jaime II em reconduzir o país

no rumo da doutrina católica. Assim, as tropas abandonam o rei Jaime

e em junho de 1688 Guilherme de Orange é aclamado rei com o nome

de Guilherme III. É estabelecida assim um compromisso de classe

entre os grandes proprietários e a burguesia inglesa. Seu efeito

negativo foi sentido pela população em geral, que foi marginalizada

pela nova ordem. Outro efeito, porém, foi o de mostrar que não

era necessário eliminar a figura do rei para acabar com um regime

absolutista, desde que este aceitasse uma completa submissão às leis

ditadas pelo parlamento. Assim, a Revolução Gloriosa iniciou

a prática seguida até hoje na política britânica, que é a da Monarquia

Parlamentar, em substituição ao absolutismo, onde o poder do rei é

delimitado pelo parlamento

O ILUMINISMO

No século XVIII, a “Era das Luzes”, uma nova corrente de pensamento

começou a despontar na Europa defendendo novas formas de

conceber o mundo, a sociedade e suas instituições. O chamado

movimento iluminista aparece nesse período como uma evolução dos

valores semeados durante o período renascentista, quando os

princípios de individualidade e razão ganharam espaço nos séculos

iniciais da Idade Moderna. Caracteriza-se pela critica aberta ao Antigo

Regime (Ancien Régime): O Absolutismo, o Mercantilismo e a Igreja

Católica.

Nessa mesma época o filosofo francês René Descartes concebeu um

modelo de verdade incontestável (o axioma). Segundo este autor, a

verdade poderia ser alcançada através de duas habilidades inerentes

ao homem: duvidar e refletir. Nesse mesmo período destacaram-se

estudos no campo das ciências da natureza que também iriam

influenciar profundamente o pensamento iluminista.

Entre outros estudos destacamos a obra do inglês Isaac Newton. Por

meio de seus experimentos e observações, Newton conseguiu

elaborar uma série de leis naturais que regiam o mundo material,

como a “Lei da Gravidade”. Tais descobertas acabaram colocando à

mostra um tipo de explicação aos fenômenos naturais independente

das concepções religiosas. Dessa maneira, a dúvida, o experimento e

a observação seriam instrumentos do intelecto capazes de decifrar as

―normas‖ que organizam o mundo.

Tal maneira de relacionar-se com o mundo, não só contribuiu para o

desenvolvimento das Ciências Exatas e da Natureza. O método

utilizado inicialmente por Newton acabou influenciando outros

pensadores que também acreditavam que, por meio da razão,

poderiam estabelecer as leis que naturalmente regiam as relações

sociais, a História, a Política e a Economia.

Um dos primeiros pensadores influenciados por esse conjunto de

ideias foi o britânico John Locke. Segundo a sua obra Segundo

Tratado sobre o Governo Civil, o homem teria alguns direitos naturais

como a vida, a liberdade e a propriedade. No entanto, os interesses de

um indivíduo perante o seu próximo poderiam acabar ameaçando a

garantia de tais direitos. Foi a partir de então que o Estado surgiria

como uma instituição social coletivamente aceita na garantia de tais

direitos.

Essa concepção lançada por Locke incitou uma dura crítica aos

governos de sua época, pautados pelos chamados princípios

absolutistas. No absolutismo a autoridade máxima do rei contava com

poderes ilimitados para conduzir os destinos de uma determinada

nação. O poder político concentrado nas mãos da autoridade real seria

legitimado por uma justificativa religiosa onde o monarca seria visto

como um representante divino. Entretanto, para os iluministas a fé não

poderia interferir ou legitimar os governos.

No ano de 1748, a obra ―Do espírito das leis‖, o filósofo Montesquieu

defende um governo onde os poderes fossem divididos. O equilíbrio

entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário poderia conceber

um Estado onde as leis não seriam desrespeitadas em favor de um

único grupo. A independência desses poderes era contrária a do

governo absolutista, onde o rei tinha completa liberdade de interferir,

criar e descumprir as leis.

Essa supremacia do poder real foi fortemente atacada pelo francês

Voltaire (1694 – 1778). Segundo esse pensador, a interferência

religiosa nos assuntos políticos estabelecia a criação de governos

injustos e legitimadores do interesse de uma parcela restrita da

sociedade. Sem defender o radical fim das monarquias de sua época,

acreditava que os governos deveriam se inspirar pela razão tomando

um tom mais racional e progressista.

Outro importante pensador do movimento iluminista foi Jean-Jacques

Rousseau, que criticava a civilização ao apontar que ela expropria a

bondade inerente ao homem. Para ele, a simplicidade e a comunhão

entre os homens deveriam ser valorizadas como itens essenciais na

construção de uma sociedade mais justa. Entretanto, esse modelo de

vida ideal só poderia ser alcançado quando a propriedade privada

fosse sistematicamente combatida e ocorresse o retorno a natureza,

era a teoria do “Bom Selvagem”.

Esses primeiros pensadores causaram grande impacto na Europa de

seu tempo. No entanto, é de suma importância destacar como a ação

difusora dos filósofos Diderot e D’Alembert foi fundamental para que

os valores iluministas ganhassem tamanha popularidade, o

―movimento Enciclopedista”. Em esforço conjunto, e contando com a

participação de outros iluministas, esse dois pensadores criaram uma

extensa compilação de textos da época reunidos em uma

enciclopédia.

A difusão do iluminismo acabou abrindo portas para novas

interpretações da economia e do governo. A fisiocracia defendia que

as produções das riquezas dependiam fundamentalmente da terra. As

demais atividades econômicas era apenas um simples desdobramento

da riqueza produzida em terra. Além disso, a economia não poderia

sofrer a intervenção do Estado, pois teria formas naturais de se

organizar e equilibrar: o Liberalismo Econômico. Seu principal

inspirador é o economista escocês Adam Smith, considerado o pai da

economia política, autor de O ensaio sobre a riqueza das nações, obra

fundamental da literatura econômica. Na qual ataca a política

mercantilista por ser baseada na intervenção estatal e sustenta a

necessidade de uma economia dirigida pelo jogo livre da oferta e da

procura de mercado, o laissez-faire.

O iluminismo também influenciou as monarquias nacionais que se

aproveitaram de alguns dos princípios defendidos pelo iluminismo para

empreender uma modernização do aparelho administrativo com o

objetivo de atender os interesses dos nobres e da burguesia nacional.

Além de aplacar os ânimos de uma população cada vez mais

consciente e descontente. Esse movimento ficou conhecido como

Despotismo Esclarecido.

TEXTO COMPLEMENTAR:

A educação para a liberdade segundo Rousseau

Rousseau em todas as suas obras se preocupava com os processos

educativos, tanto quanto as relações sociais, que são afrontados com

a noção de liberdade. Rousseau afirma que: ―… ‗todos nascem

Amplie seus conhecimentos sobre: Renascimento Cultural (História Cadernos Alpha/Beta).

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homens e livres‘; a liberdade lhes pertence e renunciar a ela é

renunciar à própria qualidade de homem. Ninguém como ele afirmou

que o princípio da liberdade como direito inalienável e exigência

essencial da própria natureza espiritual do homem‖ (ARBOUSSE-

BASTIDE, MACHADO, 1978, p. XVIII). Ele queria uma sociedade em

que as pessoas fossem não apenas livres e iguais, mas também

soberanas, que exercessem um papel ativo dentro do contexto. Para

que isso acontecesse, além de um contrato justo, seria necessário

ensiná-las a serem livres, autênticas e autônomas. Essa seria uma

tarefa de ―civilizar a civilização‖, ou seja, deveria iniciar com a

educação das crianças. O filósofo se dedicou a esta tarefa escrevendo

um tratado pedagógico em forma de romance cuja obra-prima

é Emilio, o nome da personagem principal. A tese fundamental de

Rousseau é a de que o ser humano é naturalmente bom, mas foi

corrompido pela sociedade.

Deste modo, a criança que foi criada numa sociedade civilizada vai

perdendo o contato com seus instintos naturais e sentimentos à

medida que eles vão sendo reprimidos ou à medida que ela aprende,

através de uma série de normas e conceitos abstratos, a não revelar

certas emoções e a fingir outras. O resultado é a perda de contato

consigo mesma e a necessidade de mostrar-se diferente do que

realmente é. Depois vêm a falsidade, a hipocrisia e todos os outros

vícios: ―Um homem abandonado a si mesmo, desde o nascimento,

entre os demais seria o mais desfigurado de todos. Os preconceitos, a

autoridade, a necessidade, o exemplo, todas as instituições sociais em

que nos achamos submersos abafariam nele a natureza e nada

poriam no lugar‖ (CHALITA, 2004, p.282).

Em Emílio, Rousseau usa como exemplo o homem natural e defende

uma pedagogia que siga a natureza. Na obra o personagem Emílio é

afastado da sociedade corrupta até os 15 anos de idade, evitando

qualquer corruptura da sociedade. Rousseau criou uma técnica

inovadora: ao invés de reprimir as crianças ou discipliná-las como era

feito na época, propõe uma educação que procura incentivar a

expressão das tendências da criança. Dever-se-ia realizar essa

educação no seio da família usando de amor e carinho para essa

prática. E deixaria o aspecto teórico e racional para segundo plano.

Assim, o pensamento de Rousseau teve grande influência no

desenvolvimento da pedagogia, a sua filosofia libertária foi uma das

principais fontes de inspiração da Revolução Francesa. Repercutiu em

diversas áreas como nos ideais políticos do comunismo e do

anarquismo, nascidos no século XIX. Rousseau por valorizar as

emoções, foi reconhecido o grande precursor do Romantismo, que é o

movimento literário surgido no início do século XIX e que se

caracterizou pelo predomínio dos sentimentos e da imaginação em

relação à razão.

(Fonte: http://pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2010/06/12/a-

educacao-para-a-liberdade/)

Compreendendo o texto:

26. Segundo Rousseau qual seria o resultado de uma educação

dentro de uma sociedade “civilizada”?

27. Qual a inovação proposta por Rousseau para que haja uma

pedagogia correspondente a natureza?

Questões: (Revoluções Inglesas e Iluminismo)

28. (ENEM-2007) Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram

inicialmente a constituir os Estados Unidos da América (EUA)

declaravam sua independência e justificavam a ruptura do Pacto

Colonial. Em palavras profundamente subversivas para a época,

afirmavam a igualdade dos homens e apregoavam como seus direitos

inalienáveis: o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.

Afirmavam que o poder dos governantes, aos quais cabia a defesa

daqueles direitos, derivava dos governados. Esses conceitos

revolucionários que ecoavam o Iluminismo foram retomados com

maior vigor e amplitude treze anos mais tarde, em 1789, na França.

(Emília Viotti da Costa. Apresentação da coleção. In: Wladimir Pomar.

Revolução Chinesa. São Paulo: UNESP, 2003 - com adaptações).

Considerando o texto acima, acerca da independência dos EUA e da

Revolução Francesa, assinale a opção correta:

A) A independência dos EUA e a Revolução Francesa integravam o

mesmo contexto histórico, mas se baseavam em princípios e

ideais opostos.

B) O processo revolucionário francês identificou-se com o movimento

de independência norte-americana no apoio ao absolutismo

esclarecido.

C) Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas sustentavam

a luta pelo reconhecimento dos direitos considerados essenciais à

dignidade humana.

D) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte influência

no desencadeamento da independência norte-americana.

E) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o caminho

para as independências das colônias ibéricas situadas na América.

29. (ENEM-2009) Observe as duas afirmações de Montesquieu (1689-

1755), a respeito da escravidão:

A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem ao senhor, nem

ao escravo: a este porque nada pode fazer por virtude; àquele, porque

contrai com seus escravos toda sorte de maus hábitos e se acostuma

insensivelmente a faltar contra todas as virtudes morais: torna-se

orgulhoso, brusco, duro, colérico, voluptuoso, cruel.

Se eu tivesse que defender o direito que tivemos de tornar escravos os

negros, eis o que eu diria: tendo os povos da Europa exterminado os

da América, tiveram que escravizar os da África para utilizá-los para

abrir tantas terras. O açúcar seria muito caro se não fizéssemos que

escravos cultivassem a planta que o produz. (Montesquieu. O espírito

das leis.)

Com base nos textos, podemos afirmar que, para Montesquieu:

A) o preconceito racial foi contido pela moral religiosa.

B) a política econômica e a moral justificaram a escravidão.

C) a escravidão era indefensável de um ponto de vista econômico.

D) o convívio com os europeus foi benéfico para os escravos

africanos.

E) o fundamento moral do direito pode submeter-se às razões

econômicas.

30. (ENEM-2000) O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela

algumas características de uma determinada corrente de pensamento.

―Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos se

é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a

ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que

abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de

qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no

estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito

incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque,

sendo todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na

maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o proveito

da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito

arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição

que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é

sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com

outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua

conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de

propriedade.‖ (Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)

Questão 1: Do ponto de vista político, podemos considerar o

texto como uma tentativa de justificar:

A) a existência do governo como um poder oriundo da natureza.

B) a origem do governo como uma propriedade do rei.

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C) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza

humana.

D) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos

direitos.

E) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da

propriedade.

Questão 2: Analisando o texto, podemos concluir que se trata de

um pensamento:

A) do liberalismo.

B) do socialismo utópico.

C) do absolutismo monárquico.

D) do socialismo científico.

E) do anarquismo.

31. (PUC-RJ) Leia o testemunho de Baxter, puritano inglês:

"Uma grande parte dos cavaleiros e gentis-homens de Inglaterra (...)

aderira ao rei [Carlos I, 1625-1649]. (...) Do lado do Parlamento

estavam uma pequena parte da pequena nobreza de muitos dos

condados e a maior parte dos comerciantes e proprietários,

especialmente nas corporações e condados dependentes do fabrico

de tecidos e de manufaturas desse tipo. (...) Os proprietários e

comerciantes são a força da religião e do civismo no país; e os gentis-

homens, os pedintes e os arrendatários servis são a força da

iniquidade." (Adaptado de: Christopher Hill. A Revolução Inglesa de

1640.)

O testemunho acima ilustra, em parte, as polarizações sociais e

políticas que caracterizaram a Revolução Puritana, na Inglaterra, entre

1642 e 1649. Dentre as afirmativas abaixo, assinale a única que NÃO

apresenta de modo correto uma característica dessa revolução:

A) Dela resultou o enfraquecimento do poder do soberano,

contribuindo para a afirmação das prerrogativas e interesses dos

grupos que apoiavam o fortalecimento das atribuições do

Parlamento.

B) Ela inseriu-se no conjunto de conflitos civis europeus, da primeira

metade do século XVII, marcadamente caracterizados pela

superposição entre identidade política e identidade religiosa.

C) Ela ocasionou uma sangrenta guerra civil, estimuladora, entre

outros aspectos, da proliferação de seitas não-conformistas,

profundamente condenadas e reprimidas pelos puritanos mais

moderados.

D) Ela estimulou a crescente aplicação de concepções liberais,

defendidas em especial pelos comerciantes, particularmente no

que se referia às relações mercantis com os colonos da América.

E) Ela representou um dos primeiros grandes abalos nas práticas do

absolutismo monárquico na Europa, simbolizado não só pelo

julgamento, mas, principalmente, pela decapitação do monarca

Carlos.

32. (PUC-RJ) Assinale a opção em que se encontra corretamente

identificado um dos preceitos fundamentais da Fisiocracia:

A) "O ouro e a prata suprem as necessidades de todos os homens."

B) "Os meios ordinários, portanto, para aumentar nossa riqueza e

tesouro são o comércio exterior."

C) "Que o soberano e a nação jamais se esqueçam de que a terra é a

única fonte de riqueza e de que a agricultura é que a multiplica."

D) "Todo comércio consiste em diminuir os direitos de entrada das

mercadorias que servem às manufaturas interiores (...)"

E) "As manufaturas produzirão benefícios em dinheiro, o que é o único

fim do comércio e o único meio de aumentar a grandeza e o

poderio do Estado."

33. (ENEM-2012)

TEXTO I

Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de

prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma

vez.

(DESCARTES, R. Meditações Metafisicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.)

TEXTO II

Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja

sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas

indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for

impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para

confirmar nossa suspeita. (HUME, D. Uma investigação sobre o

entendimento. São Paulo: UNESP, 2004 - adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do

conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir

que Descartes e Hume:

A) defendem os sentidos como critério originário para considerar um

conhecimento legítimo.

B) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma

ideia na reflexão filosófica e crítica.

C) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do

conhecimento.

D) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às

ideias e aos sentidos.

E) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de

obtenção do conhecimento.

34. (ENEM-2012) Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade

real para suspender as leis ou seu cumprimento. Que é ilegal toda

cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento,

sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos

designados por ele próprio. Que é indispensável convocar com

frequência o Parlamento para satisfazer os agravos, assim como para

corrigir, afirmar e conservar as leis. (Declaração de Direitos. Disponível

em: http://disciplinas.stoa.usp.br. Acesso em: 20 dez 2011 – Adaptado)

No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra

diante dos demais Estados europeus na Época Moderna. A

peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa

continental estão indicados, respectivamente, em:

A) Redução da influência do papa – Teocracia.

B) Limitação do poder do soberano – Absolutismo.

C) Ampliação da dominação da nobreza – República.

D) Expansão da força do presidente – Parlamentarismo.

E) Restrição da competência do congresso – Presidencialismo.

35. (ENEM-2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua

menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a

incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de

outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a

causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de

decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem.

Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema

do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais

uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito

os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom

grado menores durante toda a vida. (KANT, I. Resposta a pergunta: o

que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 - adaptado).

Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para

a compreensão do contexto filosófico da Modernidade, esclarecimento,

no sentido empregado por Kant, representa:

A) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como

expressão da maioridade.

B) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das

verdades eternas.

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C) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de

forma heterônoma.

D) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da

falta de entendimento.

E) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas

pela própria razão.

36. (ENEM-2012) É verdade que nas democracias o povo parece fazer

o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter

sempre presente em mente o que é independência e o que é

liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem;

se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais

liberdade, porque os outros também teriam tal poder. (MONTESQUIEU.

Do Espirito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 - adaptado).

A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz

respeito:

A) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as

decisões por si mesmo.

B) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às

leis.

C) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre

da submissão às leis.

D) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde

que ciente das consequências.

E) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus

valores pessoais.

A INDEPENDÊNCIA DOS EUA

I – A Colonização

Colônias do Norte – agricultura de subsistência, com base na pequena

propriedade familiar. Indústria e comércio e realização de um

contrabando com as Antilhas.

Colônias do Sul – colonização de exploração baseada no latifúndio,

monocultura, trabalho escravo e voltada para a exportação, plantation.

As colônias eram governadas por representantes ingleses que eram

assessorados por uma assembleia eleita pelos colonos que se

encarregavam de votar leis e impostos. As colônias gozavam de

autonomia político-administrativa.

II – Causas

Guerra dos Sete Anos motivada pela disputa de regiões na América

entre França e Inglaterra. Apesar de a Inglaterra ter saído vitoriosa

teve seu tesouro esgotado pelos gastos militares e para se reequilibrar

lançou pesados impostos sobre suas colônias e uma série de medidas

repressivas.

A Nova Política Colonial Inglesa – A Inglaterra decreta as leis de

Navegação com o objetivo de acabar com a relativa autonomia

administrativa das colônias. A partir daí, a função das colônias passou

a ser de produzir para a metrópole e trazer riquezas para a burguesia

inglesa.

As Leis Coercitivas:

Lei do açúcar: taxava sobre a importação que não viesse das Antilhas

Britânicas.

Lei do Selo: obrigatoriedade do uso do selo em documentos, jornais,

contratos ou comprovantes de transação comercial.

Lei do Chá: obrigatoriedade de envio de chá oriental a América.

Atos de Townshend: conjunto de leis que taxam artigos de consumo

As leis intoleráveis – tinham por objetivo salvar a Cia das Índias da má

situação financeira e concedeu o monopólio, provocando a reação dos

colonos em boicotes sistemáticos aos produtos ingleses e nas

primeiras tentativas de organização dos colonos para romper os laços

com a metrópole.

III – A Luta pela Independência

1º Congresso Continental da Filadélfia – onde foi redigida a

Declaração de Direito para restabelecer a liberdade das colônias, sob

pena de rompimento definitivo com a Metrópole.

2º Congresso Continental da Filadélfia – Thomas Jefferson redige a

Declaração de Independência (04 4-7-1776). A Inglaterra não aceita e

os norte-americanos vencem os ingleses na Batalha de Saratoga em

1777. A partir daí passa a receber ajuda da França e da Espanha. A

guerra chega ao fim com a Batalha de Yorktown com a vitória dos

colonos em 1783 a Inglaterra reconhece a Independência através do

Tratado de Versalhes.

A revolução representou a concretização dos ideais iluministas, o

exemplo para a independência da América Ibérica.

IV-Significados da Independência

Plano interno – A Escravidão negra permaneceu no país.

Plano externo – Os E.U.A adotam uma Política Imperialista de

Dominação.

V – Conquista do Oeste

É estimulada desde o governo de George Washington (1789-1796),

que oferece facilidades, como preços baixos para as terras

conquistadas e prêmios aos pioneiros. Milhares de colonos organizam

caravanas e passam a enfrentar os índios da região tomando suas

terras. Antes da expansão existem cerca de 1 milhão de índios no

Oeste norte-americano. Em 1860 a população indígena está reduzida

a cerca de 300 mil, que passam a viver em reservas oficiais. A

ampliação do território foi devido a três recursos: a compra, diplomacia

e guerra.

VI – Guerra de Secessão

Ocorreu entre 1861 e 1865, resultado dos atritos entre as regiões norte

e sul dos Estados Unidos, devido à divergência dos sistemas

econômico, social e político.

Diferenças entre norte e sul – Em 1860 predomina na região norte dos

Estados Unidos a economia agrícola dos farmers (pequenos

produtores), e a indústria com trabalho assalariado. O sul está

organizado em grandes plantações algodoeiras cultivadas por

escravos negros. A eleição de Abraham Lincoln como presidente, em

1861, com uma plataforma política nortista, coloca a União em

confronto com os sulistas. As tensões entre norte e sul crescem devido

às divergências sobre a introdução de uma política protecionista,

defendida pelo norte, e à campanha abolicionista. São criadas

sociedades nortistas que ajudam a fuga de escravos para o norte,

onde ganham a liberdade. Alguns Estados do sul decidem então se

separar e criam a Confederação dos Estados da América (por isso

passam a ser chamados de confederados), com capital em Richmond,

Virgínia. Apesar de não ser um abolicionista radical, Lincoln não aceita

o desmembramento da União e declara guerra ao sul. A resistência

sulista é muito violenta, apesar da inferioridade de forças e do bloqueio

naval estabelecido pelo norte. Para conseguir o apoio dos negros,

Lincoln emancipa os escravos em 1863. Em abril de 1865 os

confederados se rendem. Dias depois Lincoln é assassinado por um

escravista fanático durante uma apresentação de teatro

TEXTO COMPLEMENTAR:

Um terrorista na independência dos EUA

Na história da independência dos EUA, é pouco conhecida a figura de

James Aitken. Britânico que nunca esteve na América transformou-se

no primeiro terrorista a cometer atentados na Inglaterra em favor de

um Estado adversário (uma nação que se pretendia ao Estado).

Recentemente, a imprensa o focalizou a partir de uma biografia sua

escrita por Jéssica Werner, intitulada ―O terrorista da revolução

americana‖.

Na época, Aitken foi tratado como qualquer criminoso comum. Mas

seus crimes não se enquadravam em nenhuma tipologia. Para a

maioria, ele não passava de um incendiário. Hoje, atentados terroristas

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são, na sua esmagadora maioria, perpetrados com a detonação de

bombas. Os praticados por Aitken eram incêndios provocados.

Mas ―incendiário‖, em um famoso dicionário britânico publicado no

século XVIII, significa ―uma pessoa que incendeia casas ou prédios

por maldade‖. É uma definição não suficiente no caso em questão. Ele

agiu com maldade, é certo, mas maldade explicada por razões ou

objetivos políticos. Sua disposição a sacrificar vidas inocentes, como é

de praxe nos atos terroristas nos dias de hoje, coloca seus atentados

além do domínio de uma simples sabotagem sem sentido, como se

fora um rebelde sem causa.

Terrorismo e terrorista não eram expressões usadas na época. Mas

elas entram um pouco depois no vocabulário dos homens. Foi no

reinado do terror jacobino, que buscava fulminar os

contrarrevolucionários, que o termo se tornou usual. Mas nesta sua

primeira aparição, os atos de terror eram cometidos em nome da

defesa do Estado e não contra ele.

Professor José Antônio Correa Lages

Compreendendo o texto:

37. Que expressão do texto nos permite concluir que as ações desse

incendiário já eram semelhantes aos ―atos terroristas‖ dos nossos dias,

que provocam forte impacto emocional?

38. Como podemos, segundo o texto, definir um terrorista?

Questões: (Independência dos EUA)

39. (PUC-PR) Leia o texto a seguir e extraia a ideia central:

"São verdades incontestáveis para nós: todos os homens nascem

iguais; o Criador lhes conferiu certos direitos inalienáveis, entre os

quais os de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; para

assegurar esses direitos se constituíram homens-governo cujos

poderes justos emanam do consentimento dos governados; sempre

que qualquer forma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao

povo o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo governo

cujos princípios básicos e organização de poderes obedeçam às

normas que lhes pareçam mais próprias para promover a segurança e

a felicidade gerais."

(Trecho da "Declaração de Independência dos Estados Unidos da

América", Ministro das Relações Exteriores, EUA.)

A ideia central do texto é:

A) A forma de governo estabelecida pelo povo deve ser preservada a

qualquer preço.

B) A realização dos direitos naturais independem da forma, dos

princípios e da organização do governo.

C) Cabe ao povo determinar as regras sob as quais será governado.

D) Todos os homens têm direitos e deveres.

E) Cabe aos homens-governo estabelecer as regras para o povo.

40. (FGV) Uma forma de arrecadação de imposto e de censura foi

imposta pela metrópole inglesa aos colonos das Treze Colônias, em

1765, através da(s):

A) leis denominadas, pelos colonos, intoleráveis;

B) Lei do Selo;

C) Lei Townshend;

D) criação de um tribunal metropolitano de averiguação de preços e

documentos na colônia.

E) permissão de circulação exclusiva de jornais ingleses

metropolitanos.

41. (FATEC) A Lei do Açúcar (1764), a Lei do Selo (1765) e a Lei

Townshend (1767) representaram, quando implementadas, para:

A) os EUA, um estopim à declaração de guerra à França, aliada,

incondicionalmente, aos interesses ingleses.

B) a França e a Inglaterra, formas de arrecadação e controle sobre o

Quebec e sobre as Treze Colônias.

C) os EUA, uma excepcional oportunidade, pela cobrança destes

impostos, à ampliação de seus mercados interno e externo.

D) as Treze Colônias, uma medida tributária que possibilitou a

expansão dos negócios da burguesia de Boston na Europa,

marcando, assim, o início da importância dos EUA no cenário

mundial.

E) a Inglaterra, uma alternativa para um maior controle sobre as Treze

Colônias, e, também, uma medida tributária que permitisse saldar

as dívidas contraídas na guerra com a França.

42. (FUVEST) "O puritanismo era uma teoria política quase tanto

quanto uma doutrina religiosa. Por isso, mal tinham desembarcado

naquela costa inóspita, (...) o primeiro cuidado dos imigrantes

(puritanos) foi o de se organizar em sociedade".

Esta passagem de A DEMOCRACIA NA AMÉRICA, de A. de

Tocqueville, diz respeito à tentativa:

A) malograda dos puritanos franceses de fundarem no Brasil uma

nova sociedade, a chamada França Antártida.

B) malograda dos puritanos franceses de fundarem uma nova

sociedade no Canadá.

C) bem sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova

sociedade no Sul dos Estados Unidos.

D) bem sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova

sociedade no Norte dos Estados Unidos, na chamada Nova

Inglaterra.

E) bem sucedida dos puritanos ingleses, responsáveis pela criação de

todas as colônias inglesas na América.

43. (FUVEST) Pode-se dizer que o ponto de partida do conflito, entre

as colônias inglesas da América do Norte e a Inglaterra, que levou à

criação dos Estados Unidos em 1776, girou em torno da reivindicação

de um princípio e de uma prática que tinham uma longa tradição no

Parlamento britânico. Trata-se do princípio e da prática conhecidos

como:

A) um homem, um voto (one man, one vote);

B) nenhuma tributação sem representação (no taxation without

representation);

C) Declaração dos Direitos (Bill of Rights);

D) equilíbrio entre os poderes (checks and balances);

E) liberdade de religião e de culto (freedom of religion and worship).

44. (Mackenzie) Cremos, como verdades evidentes por si próprias,

que todos os homens nasceram iguais e que receberam do seu

Criador alguns direitos inalienáveis [que seria injusto retirar], como a

vida, a liberdade e a busca da felicidade. (Thomas Jefferson)

O fragmento de texto acima integra um importante documento da

História da humanidade, e inspirou muitos combates pela liberdade na

Europa e nas Américas. Esse documento é:

A) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

B) A Declaração das Nações Unidas.

C) A Doutrina Monroe.

D) A Declaração de Independência dos E.U.A.

E) A Declaração de Libertação dos Escravos.

45. (ENEM-2009) Na democracia estado-unidense, os cidadãos são

incluídos na sociedade pelo exercício pleno dos direitos políticos e

também pela ideia geral de direito de propriedade. Compete ao

governo garantir que esse direito não seja violado. Como

consequência, mesmo aqueles que possuem uma pequena

propriedade sentem-se cidadãos de pleno direito.

Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir socialmente os

cidadãos é:

A) submeter o indivíduo à proteção do governo.

B) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.

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C) estimular a formação de propriedades comunais.

D) vincular democracia e possibilidades econômicas individuais.

E) defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham

propriedades.

A REVOLUÇÃO FRANCESA

A Revolução Francesa começou no século XVIII e iniciou a Era das

Revoluções Burguesas, fez parte do movimento revolucionário global,

atlântico e ocidental que começou nos Estados Unidos em 1776

passando por Inglaterra, Irlanda, Holanda, Bélgica, Itália, Alemanha,

Suíça e termina na França em 1789. Teve repercussão em outros

países, mas retorna a França em 1830 e 1848.

A Revolução Francesa significou o fim do absolutismo e dos privilégios

da nobreza. O povo ganhou direitos sociais e passaram a ser

respeitados.

A pré-revolução

No desenvolver do século XVIII existem dois importantes fatos

históricos que marcaram esse período. De um lado temos a ascensão

dos ideais iluministas, que pregavam a liberdade econômica e o fim

das amarras políticas estabelecidas pelo poder monárquico. Além

disso, esse mesmo século assistiu uma nova etapa da economia

mundial com a ascensão do capitalismo industrial.

Nesse contexto, a França conviveu com uma interessante contradição.

Ao mesmo tempo em que abrigou importantes personagens do

pensamento iluminista, contava com um estado monárquico

centralizado e ainda marcado por diversos costumes atrelados a

diversas tradições feudais. A sociedade francesa estava dividia em

classes sociais distintas pela condição econômica e os privilégios

usufruídos junto ao Estado.

De um lado, tínhamos a nobreza e o alto clero usufruindo da posse

das terras e a isenção dos impostos. Além disso, devemos salientar a

família real que desfrutava de privilégios e vivia à custa dos impostos

recolhidos pelo governo. No meio urbano, havia uma classe burguesa

desprovida de qualquer auxilio governamental e submetida a uma

pesada carga tributária que restringia o desenvolvimento de suas

atividades comerciais.

A classe proletária francesa também vivia uma situação penosa. No

campo, os camponeses eram sujeitos ao poder econômico dos

senhores feudais e viviam em condições mínimas. Muitos deles

acabavam por ocupar os centros urbanos, que já se entupiam de um

amplo grupo de desempregados e miseráveis excluídos por uma

economia que não se alinhava às necessidades do nascente

capitalismo industrial.

Somados a todos estes fatores, a derrota francesa em alguns conflitos

militares e as péssimas colheitas do final do século XVIII, contribuíram

para que a crise econômica, e a desordem social se instalassem de

vez na França. Desse modo, a década de 1780 veio carregada de

contradições, anseios e problemas de uma nação que não dava mais

crédito a suas autoridades. Temos assim, os preparativos da chamada

Revolução Francesa.

A revolução burguesa

No final do século XVIII a situação socioeconômica da França era de

total calamidade. Numa perspectiva de tentar resolver os problemas, o

Monarca Luís XVI convocou seu Ministro das Finanças, Necker, para

decidir quanto a situação de crise econômica e financeira. Por

sugestão de Necker, Luís XVI convocou, no dia 5 de maio de 1789, a

Assembleia dos chamados Estados Gerais.

Estados os quais não se reuniam desde o século XVII. O 1º. Estado

era formado pelo alto clero, o 2º. Estado pela alta nobreza e o 3º.

Estado, pelos deputados que representavam a maioria da população

(assalariados, camponeses e pequena burguesia).

A Assembleia deveria ser um espaço de discussão dos problemas que

atingiam a sociedade francesa. Porém, o que se viu foi a tentativa do

1º e do 2º Estado em assegurarem a manutenção de seus privilégios

políticos e tributários, mesmo diante da crise que assolava a todos. O

sistema de votação da Assembleia dos Estados Gerais, não levava em

consideração a proporção populacional dos grupos sociais envolvidos.

Por isso, clero e nobreza, que tinham interesses comuns, sairiam

sempre vitoriosos de qualquer debate com o terceiro Estado.

Diante da impossibilidade de acordo, a burguesia, que representava o

3º Estado, proclama-se em Assembleia Nacional Constituinte. O Rei,

desesperado diante do atrevimento dos representantes populares,

manda fechar a sala de reuniões. Mas o 3º. Estado não se deu por

vencido e seus deputados se dirigiram para um salão que a nobreza

utilizava para jogos. Lá mesmo fizeram uma reunião, onde ficou

estabelecido que permaneceriam reunidos até que a França tivesse

uma Constituição. Esse ato ficou conhecido com o nome de. ―O

Juramento do Jogo de Pela‖. Os deputados que fundaram a

Assembleia Nacional nela juraram igualdade jurídica e direitos políticos

para todos os homens comuns.

Isso significava que o Rei deixaria de ser o senhor absoluto do reino. A

burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. No dia 14 de

julho de 1789, toda a população parisiense avança, num movimento

nunca visto, para a Bastilha, a prisão política da época, onde o

responsável pela prisão, o carcereiro, foi espancado pela multidão

vindo a falecer.

O momento agora é dos camponeses, que percebendo a fraqueza da

nobreza, invadem os castelos, executando famílias inteiras de nobres

numa espécie de vingança, de uma raiva acumulada durante séculos.

Avançam sobre a propriedade feudal e exigem reformas – sobretudo a

Reforma Agrária. A burguesia, na Assembleia, temerosa de que as

exigências chegassem também às suas propriedades, propõe que

sejam extintas os direitos feudais como única saída para conter o furor

revolucionário dos camponeses. A 4 de agosto de 1789, extingue-se

aquilo que por muitos séculos significou a opressão sobre os

camponeses: as obrigações feudais. Porém, os impostos continuaram

altos, o custo de vida pouco se alterou e a França continuava em

guerras externas significando despesas altas para o Estado, agora

burguês. A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teóricas

de sua revolução, fez aprovar, no dia 26 de agosto do mesmo ano

(1789), um documento que se tornou mundialmente famoso: A

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Nesse documento a

burguesia francesa declarava, entre outras, quem era cidadão e não

cidadão esperando que houvesse uma aceitação por parte das classes

populares que ainda encontravam-se insatisfeitas com as realizações

políticas e sociais daqueles que se diziam seus representantes

políticos. Na realidade a Declaração dos Direitos do Homem e do

Cidadão foi uma forma de legitimar a burguesia no poder político do

Estado sendo ela a classe dominante, de elite. Portanto, para a

burguesia a revolução estava por encerrada uma vez que seus

interesses já haviam sido conquistados por ela. Era necessário impedir

a radicalização do movimento revolucionário; ou seja, era necessário

impedir que a revolução se tornasse popular, o que não interessava à

burguesia.

1ª. Fase da Revolução: A Assembleia Nacional Constituinte –

1789-1792

Nesta fase, fundou uma Monarquia Parlamentarista, ou Constitucional.

Um dos atos mais importantes da Assembleia foi o confisco dos bens

do clero francês, que seriam usados como uma espécie de lastro para

os bônus emitidos para superar a crise financeira. Parte do clero reage

Amplie seus conhecimentos sobre: Produção Artística do séc. XIX. (Literatura Cadernos Gama/Pi) e sobre: O que é Sociologia? (Sociologia Cadernos Alpha/Beta).

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Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

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e começa a se organizar e como resposta a Assembleia decreta a

Constituição Civil do Clero; isto é, o clero passa a ser funcionário do

Estado, e qualquer gesto de rebeldia levaria a prisão. A situação

estava muito confusa. A Assembleia não conseguia manter a disciplina

e controlar o caos econômico. O Rei entra em contato com os

emigrados no exterior (principalmente na Prússia e na Áustria) e

começam a conspirar para invadir a França, derrubar o governo

revolucionário e restaurar o absolutismo. Para organizar a

contrarrevolução, o monarca foge da França para a Prússia, mas no

caminho é reconhecido por camponeses, é preso e enviado à Paris.

Na capital, os setores mais moderados da Assembleia conseguiram

que o Rei permanecesse em seu posto. A partir daí uma grande

agitação tem início, pois seria votada e aprovada a Constituição de

1791. Esta constituição estabelecia, na França, a Monarquia

Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pela atuação do poder

legislativo (Parlamento).

Esse poder legislativo era escolhido através do voto censitário e isso

equivalia dizer que o poder continuava nas mãos de uma minoria, de

uma parte privilegiada da burguesia. Resumindo, o que temos é uma

Monarquia Parlamentar dominada pela alta burguesia e pela

aristocracia liberal, liderada, por exemplo, pelo famoso La Fayette. É o

total afastamento do povo francês que continuava sem poder de

decisão. No recinto da Assembleia, sentava-se à esquerda o partido

liderado por Robespierre, que se aproximava do povo: eram os

Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se sentarem nas

partes mais altas da Assembleia); ao lado, um pequeno grupo ligado

aos Jacobinos, chamados Cordeliers, onde apareceram nomes como

Marat, Danton, Hebert e outros; no centro, sentavam-se os

constitucionalistas, defensores da alta burguesia e da nobreza liberal,

grupo que mais tarde ficará conhecido pelo nome de planície; à direita,

ficava um grupo que mais tarde ficará conhecido como Girondino,

defensores dos interesses da burguesia francesa e que temiam a

radicalização da revolução; na extrema direita, encontram-se alguns

remanescentes da aristocracia que ainda não emigrara, conhecidos

por aristocratas, que pretendiam a restauração do poder absoluto.

Esta fase terminou com a radicalização do movimento revolucionário

depois que Robespierre e seus seguidores agiram incitando à

população a pegarem em armas e lutarem contra a Assembleia e as

forças conservadoras.

2ª. Fase da Revolução: A Convenção Nacional – 1792-1794/95

Foi a fase considerada mais radical do movimento revolucionário

porque foi a etapa em que os Jacobinos, liderados por Robespierre,

assumiram o comando da revolução. Portanto, foi a etapa mais

popular do movimento já que os Jacobinos eram representantes

políticos das classes populares. Para alguns historiadores, esta

etapa não predominou a ideologia burguesa, já que a burguesia não

conduzia a revolução neste período. Porém, antes da queda da

Monarquia Parlamentar, a burguesia chegou a proclamar uma

República – a República Girondina em setembro de 1792. A república

foi proclamada como um mecanismo de assegurar a burguesia seus

interesses, projetos, no poder político do Estado. Como as tensões

estavam exaltadas, a alta burguesia francesa decidiu tirar todo o poder

político do rei Luís XVI e transferi-lo para si (a burguesia). Desta forma

caía a Monarquia na França. Em 1792, a Assembleia Legislativa

aprovou uma declaração de guerra contra a Áustria. É interessante

salientar que a burguesia e a aristocracia queriam a guerra por

motivos diferentes. Enquanto para a burguesia a guerra seria breve e

vitoriosa, para o rei e a aristocracia seria a esperança de retorno ao

velho regime. Palavras de Luís XVI: "Em lugar de uma guerra civil,

esta será uma guerra política" e da rainha Maria Antonieta: "Os

imbecis [referia-se a burguesia]! Não veem que nos servem". Portanto,

o rei e a aristocracia não vacilaram em trair a França revolucionária.

Luís XVI e Maria Antonieta foram presos, acusados de traição ao país

por colaborarem com os invasores. Verdun, última defesa de Paris, foi

sitiada pelos prussianos. O povo, chamado a defender a revolução,

saiu às ruas e massacrou muitos partidários do Antigo Regime. Sob o

comando de Danton, Robespierre e Marat, foram distribuídas armas

ao povo e foi organizada a Comuna Insurrecional de Paris. Em 21 de

janeiro do ano seguinte, 1793, Luís XVI foi condenado e guilhotinado

na ―praça da revolução‖– atual Praça da Concórdia situada na avenida

Champs-Élysées, em Paris – uma vez que os Jacobinos já haviam

assumido a liderança do movimento revolucionário. A rainha Maria

Antonieta, foi decapitada no mesmo ano só que em setembro.

A República Girondina caiu e os Jacobinos assumiram a direção

política do Estado proclamando uma nova República: a República

Jacobina e com ela uma nova Constituição: a Constituição de 1793.

Na Constituição Jacobina continham princípios que satisfazia a

população porque garantia-lhe direitos e poder de decisão. Vejamos

os mais importantes pontos da nova Constituição:

Voto Universal ou Sufrágio Universal - Todos os cidadãos homens

maiores de idade, votam.

Lei do Máximo ou Lei do Preço Máximo – estabeleceu um teto

máximo para preços e salários.

Venda de bens públicos e dos emigrados para recompor as finanças

públicas.

Reforma Agrária – confisco de terras da nobreza emigrada e da

Igreja Católica, que foram divididas em lotes menores e vendida a

preços baixos para os camponeses pobres que puderam pagar num

prazo de até 10 anos.

Extinção da Escravidão Negra nas Colônias Francesas – que

acabou por motivar a Revolução Haitiana em 1794 e que durou até

1804 quando no Haiti aboliu-se a escravidão.

Organização dos seguintes comitês: o Comitê de Salvação Pública,

formado por nove (mais tarde doze) membros e encarregado do

poder executivo, e o Comité de Segurança Pública, encarregado de

descobrir os suspeitos de traição.

Criação do Tribunal Revolucionário, que julgava os opositores da

Revolução e geralmente os condenavam à Guilhotina.

Ressalta-se que para que os Jacobinos pudessem alcançar o poder

político do Estado e assumi-lo, teve que contar com um apoio

fundamental: os sans-culottes. Os sans-culottes eram indivíduos

populares – normalmente desempregados e assalariados, a plebe

urbana – que eram identificados pelo frígio, ou barrete, vermelho que

usavam sobre suas cabeças.

Os sans-culottes acabaram por se transformar em uma força motora

da revolução. Isto é, como eram formados por uma massa de

indivíduos, suas ações violentas levaram os jacobinos ao poder.

Definitivamente os sans-culottes tiveram um papel fundamental no

processo revolucionário francês já que correspondiam as aspirações

populares.

Porém, mesmo com o apoio dos sans-culottes e estando na direção

política do Estado realizando reformas políticas e sociais significativas,

os Jacobinos não duraram muito no poder. Isso devido ao que

implantaram durante sua República sob a liderança de Robespierre –

a Era do Terror. Mas o que significou isso? Significou que era

necessário agir de modo ditatorial para alcançar um governo

democrático e assegurar as conquistas instituídas pelas reformas que

se realizavam. Para tais fins teve que Robespierre impor o poder do

Estado sobre a população e condenar todos os que eram

considerados suspeitos de traição à Guilhotina. Foi o período em que

a Guilhotina foi mais usada. Até mesmo líderes Jacobinos próximos a

Robespierre, como Danton, por exemplo, foram guilhotinados. O

excesso de terror fez com que os Girondinos articulassem um Golpe

de Estado – o golpe ―9 do Termidor‖ – e derrubassem a República

Jacobina. Iniciava-se a terceira fase revolucionária.

3ª. Fase da Revolução: o Diretório – 1795-1799

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Conhecido como Reação Termidoriana, o golpe de Estado armado

pela alta burguesia financeira, marcou o fim da participação popular no

movimento revolucionário. Mas, em compensação os

estabelecimentos comerciais cresciam, porque as ações burguesas

anteriores haviam eliminado os empecilhos feudais. O novo governo,

denominado Diretório (1795-1799), autoritário e fundamentado numa

aliança com o exército (então restabelecido após vitórias realizadas

em guerras externas), foi o responsável por elaborar a nova

Constituição, que manteria a burguesia livre de duas grandes

ameaças: a República Democrática Jacobina e o Antigo Regime. O

Poder Executivo foi concedido ao Diretório, uma comissão formada por

cinco diretores eleitos por cinco anos. Apesar disso, em 1796 a

burguesia enfrentou a reação dos Jacobinos e radicais igualitaristas.

Graco Babeuf liderou a chamada Conspiração dos Iguais, um

movimento socialista que propunha a "comunidade dos bens e do

trabalho", cuja atenção era voltada a alcançar a igualdade efetiva entre

os homens, que segundo Graco, a única maneira de ser alcançada era

através da abolição da propriedade privada. A revolta foi esmagada

pelo Diretório, que decretou pena de morte a todos os participantes da

conspiração, e o enforcamento Babeuf.

A ERA NAPOLEÔNICA-1799-1815

O governo não era respeitado pelas outras camadas sociais. Os

burgueses mais lúcidos e influentes perceberam que com o Diretório

não teriam condição de resistir aos inimigos externos e internos e

manter o poder. Eles acreditavam na necessidade de uma ditadura

militar, uma espada salvadora, para manter a ordem, a paz, o poder e

os lucros. A figura que sobressai no fim do período é a de Napoleão

Bonaparte. Ele era o general francês mais popular e famoso da época.

Quando estourou a revolução, era apenas um simples tenente e, como

os oficiais oriundos da nobreza abandonaram o exército revolucionário

ou dele foram demitidos, fez uma carreira rápida. Aos 24 anos já era

general de brigada. Após um breve período de entusiasmo pelos

Jacobinos, chegando até mesmo a ser amigo dos familiares de

Robespierre, afastou-se deles quando estavam sendo depostos. Lutou

na Revolução contra os países absolutistas que invadiram a França e

foi responsável pelo sufocamento do golpe de 1795.

Enviado ao Egito para tentar interferir nos negócios do império inglês,

o exército de Napoleão foi cercado pela marinha britânica nesse país,

então sobre tutela inglesa. Napoleão abandonou seus soldados e, com

alguns generais fiéis, retornou à França, onde, com apoio de dois

diretores e de toda a grande burguesia, suprimiu o Diretório e

instaurou o Consulado, dando início ao período napoleônico com o

golpe de Estado conhecido por “18 de Brumário”.

Seu governo pode ser dividido em três partes: Consulado (1799-1804),

Império (1804-1814), Governo dos Cem Dias (1815).

Consulado

O governo do consulado foi instalado depois da queda do Diretório. O

consulado possuía caráter republicano e militar. No poder Executivo,

três pessoas eram responsáveis: dois cônsules e o próprio Napoleão.

Apesar da presença de outros dois cônsules, quem mais dispunha de

influência e poder era o próprio Napoleão, que foi eleito primeiro-

cônsul da República.

No consulado, a burguesia detinha o poder e assim, foi consolidada

com o grupo central da França. A forte censura à imprensa, a ação

violenta dos órgãos policiais e o desmanche da oposição ao governo

colocaram em questão os ideais de ―liberdade, igualdade e

fraternidade‖ características da Revolução Francesa.

Entre os feitos de Napoleão (na época), podemos citar:

Economia – Criação do Banco da França, em 1800, controlando a

emissão de moeda e a inflação; criação de tarifas protecionistas,

fortalecendo a economia nacional. Religião – Elaboração da

Concordata entre a Igreja Católica e o Estado, o qual dava o direito do

governo francês de confiscar as propriedades da Igreja, e em troca, o

governo teria de amparar o clero. Direito – Criação do Código

Napoleônico, representando em grande parte os interesses dos

burgueses, como casamento civil (separado do religioso), respeito à

propriedade privada, direito à liberdade individual e igualdade de todos

perante a lei, etc.

Educação – Reorganização e prioridades para a educação e formação

do cidadão francês.

Os resultados obtidos neste período do governo de Napoleão

agradaram à elite francesa. Com o apoio destas, Napoleão foi elevado

ao nível de cônsul vitalício, em 1802.

Império

Em plebiscito realizado em 1804, a nova fase da era napoleônica foi

aprovada com quase 60% dos votos, e o regime monárquico foi

reestabelecido na França, Napoleão foi indicado para ocupar o trono.

Nesse período, podemos destacar o grande número de batalhas de

Napoleão para a conquista de novos territórios para a França. O

exército francês tornou-se o mais poderoso de toda a Europa.

O principal e mais poderoso inimigo francês, na época, era a

Inglaterra. Os ingleses se opunham a expansão francesa, e vendo a

força do exército francês, formaram alianças com Áustria, Rússia e

Prússia.

Embora o governo francês dispusesse do melhor exército da Europa, a

Inglaterra era a maior potência naval da época, o que dificultou a

derrota dos ingleses. Em virtude disso, Napoleão Bonaparte pensou

em outra forma de derrotar os ingleses economicamente. Ele

estabeleceu o Bloqueio Continental, que determinava que todos os

países europeus deveriam fechar seus portos para o comércio com a

Inglaterra, enfraquecendo assim, as exportações do país e causando

uma crise industrial.

A Inglaterra na época era o maior parceiro comercial de Portugal.

Portugal vendia produtos agrícolas e a Inglaterra, produtos

manufaturados. Vendo que não poderia parar de negociar com os

ingleses, e temendo a invasão dos franceses, D. João VI junto com

sua família e os nobres portugueses fugiram para o Brasil, transferindo

quase todo o aparelho estatal para a colônia.

A Rússia também descumpriu o Bloqueio Continental e comercializou

com a Inglaterra. Napoleão e seus homens marcharam contra a

Rússia, mas foram praticamente vencidos pelo imenso território russo

e principalmente, pelo rigoroso inverno. Além disso, havia

conspirações de um golpe na França, o que fez Napoleão voltar

rapidamente para controlar a situação. Após esses fatos temos a luta

da coligação europeia contra a França. Com a capitulação de Paris, o

imperador foi obrigado a abdicar.

Governo dos Cem Dias

Com a derrota para as forças da coligação europeia, Napoleão foi

exilado na Ilha de Elba, porém fugiu no ano seguinte. Com um

exército, entrou na França e reconquistou o poder. Passou a atacar a

Bélgica, mas foi derrotado pela segunda vez na Batalha de Waterloo.

Assim, Napoleão foi preso e exilado pela segunda vez, porém para a

Ilha de Santa Helena, em 1815. Napoleão morreu em 1821 não se

sabe, na verdade, o motivo, mas suspeita-se de envenenamento.

TEXTO COMPLEMENTAR:

Ecos da Marselhesa: Além da Burguesia

A Revolução Francesa dominou a história, a própria linguagem e

simbolismo da política ocidental desde sua irrupção até o período que

se seguiu a Primeira Guerra Mundial – incluindo a política daquelas

elites no que hoje é chamado de Terceiro Mundo, que viram que as

esperanças de seus povos estavam em algum tipo de modernização,

ou seja, em seguir o exemplo dos mais avançados Estados europeus.

Assim, por quase um século e meio, a bandeira tricolor francesa

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forneceu abertamente o modelo para as bandeiras da maioria dos

Estados recém-independentes ou unificados no mundo: a Alemanha

unificada escolheu preto, vermelho e ouro (e depois preto, branco e

vermelho) no lugar do azul, branco e vermelho; a Itália unificada,

verde, branco e vermelho; por volta dos anos 1920, (...). Em

comparação, eram muito poucas as bandeiras nacionais que

mostravam a influência direta das estrelas e listas, mesmo se

considerarmos a presença de uma única estrela no topo do canto

esquerdo como um sinal de derivação da bandeira dos Estados

Unidos: um máximo de cinco bandeiras, das quais três – Libéria,

Panamá e Cuba – foram virtualmente criadas pelos Estados Unidos.

Mesmo na América Latina, as bandeiras que mostram a influência

tricolor superam o número das que mostram influência do Norte. De

fato, a influência comparativamente modesta da Revolução Americana

– exceto, é claro, na própria Revolução Francesa – deve espantar o

observador. Como modelo de mudança social e de sistema político, a

Revolução Americana foi absorvida e substituída, por assim dizer, pela

Revolução Francesa, parte porque os reformadores ou revolucionários

das sociedades europeias podiam reconhecer-se mais prontamente no

Ancien Régime da França do que nos colonos livres e senhores de

escravos da América do Norte. E também porque, muito mais do que a

Revolução Americana, a Revolução Francesa via-se a si mesma como

um fenômeno global, a pioneira e o modelo do destino do mundo.

Entre as numerosas revoluções do final do século XVIII, ela se destaca

não apenas por sua escala ou – em termos do sistema de Estado –

por sua centralidade, para não falar de seu drama, mas também

porque desde o começo possuiu conscientemente essa dimensão

ecumênica.

(Fonte: HOBSBAWM. Eric J. Ecos da Marselhesa: dois séculos reveem a

Revolução Francesa. Tradução Maria Célia Paoli. – São Paulo: Companhia

das Letras. 1996. p. 47 – 48).

Compreendendo o texto:

46. Interprete o que o autor, Eric Hobsbawm, quis dizer caracterizando

a Revolução Francesa com uma ―dimensão ecumênica‖?

47. Quais fatos ocorridos durante e após a Revolução Francesa

confirmam a crença de que essa “convulsão social” detinha um caráter

global?

Questões: (A Revolução Francesa e a Era Napoleônica)

48. (ENEM-2010) Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela

moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as

conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão,

o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo

orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo

amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo

mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da

volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela

grandeza do homem.

(HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.)

História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4.

São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado).

O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho

transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos político-sociais

envolvidos na Revolução Francesa?

A) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo

francês como força política dominante.

B) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta

burguesia.

C) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram

as potências rivais e queriam reorganizar a França internamente.

D) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato, com os

intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo francês.

E) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas

populares, que desejavam justiça social e direitos políticos.

49. (ENEM-2004) Algumas transformações que antecederam a

Revolução Francesa podem ser exemplificadas pela mudança de

significado da palavra ―restaurante‖. Desde o final da Idade Média, a

palavra restaurante designava caldos ricos, com carne de aves e de

boi, legumes, raízes e ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local onde

se vendiam esses caldos, usados para restaurar as forças dos

trabalhadores. Nos anos que precederam a Revolução, em 1789,

multiplicaram-se diversos restaurantes, que serviam pratos

requintados, descritos em páginas emolduradas e servidos não mais

em mesas coletivas e mal cuidadas, mas individuais e com toalhas

limpas. Com a Revolução, cozinheiros da corte e da nobreza perderam

seus patrões, refugiados no exterior ou guilhotinados, e abriram seus

restaurantes por conta própria. Apenas em 1835, o Dicionário da

Academia Francesa oficializou a utilização da palavra restaurante com

o sentido atual.

A mudança do significado da palavra restaurante ilustra:

A) a ascensão das classes populares aos mesmos padrões de vida da

burguesia e da nobreza.

B) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de hábitos

populares e dos valores da nobreza.

C) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos ideais e da

visão de mundo da burguesia.

D) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais revolucionários,

cujas origens remontam à Idade Média.

E) a institucionalização, pela nobreza, de práticas coletivas e de uma

visão de mundo igualitária.

50. (FUVEST) "O fato relevante do período entre 1790 e 1830 é a

formação da classe operária".

"Os vinte e cinco anos após 1795 podem ser considerados como os

anos da contrarrevolução".

[Durante esse período] "o povo foi submetido, simultaneamente, à

intensificação de duas formas intoleráveis de relação: a exploração

econômica e a opressão política."

Essas frases, extraídas de A FORMAÇÃO DA CLASSE OPERÁRIA

INGLESA do historiador E. P. Thompson relacionam-se ao quadro

histórico decisivo na formação do mundo contemporâneo, no qual se

situam:

A) a revolução comercial e a reforma protestante.

B) o feudalismo e o liberalismo.

C) a revolução industrial e a revolução francesa.

D) o capitalismo e a contrarreforma.

E) o socialismo e a revolução russa.

51. (Cesgranrio) Durante a Revolução Francesa, a radicalização,

típica da "Época da Convenção" (1792-5), caracteriza-se pela:

A) Promulgação da "Declaração Universal dos Direitos do Homem";

B) aprovação da "constituição civil do clero" por Luiz XVI;

C) instituição de um regime político e social de caráter democrático - o

Diretório;

D) criação de tribunais revolucionários e a abolição dos direitos

senhoriais;

E) pacificação da Europa, a partir da paz entre a França e a Inglaterra.

52. (Cesgranrio) A Revolução Francesa insere-se em um conjunto de

profundas transformações históricas ocorridas na sociedade europeia

da segunda metade do século XVIII. As etapas do processo

revolucionário, entre 1789 e 1799, expressaram os conflitos sociais e

os diferentes projetos políticos dos diversos grupos envolvidos na

Revolução. Assinale a opção que relaciona corretamente a atuação de

um desses grupos com uma etapa do processo revolucionário.

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A) A reação armada do clero monarquista (refratário) contra os

revolucionários determinou a instituição da Constituição Civil do

Clero, em 1790, que garantiu o pagamento de indenizações e a

devolução de suas propriedades confiscadas no início da

Revolução.

B) A manutenção prolongada do Período do Terror, instituído pelos

monarquistas, determinou a derrota dos segmentos

revolucionários liderados pelos "sans-culottes" frente ao Golpe do

18 Brumário, em 1799, que elevou Napoleão Bonaparte à direção

do Comitê de Salvação Pública.

C) A burguesia liberal definiu seu modelo de Estado com a

promulgação da Primeira Constituição da França, em 1791,

durante a Assembleia Nacional, que instituiu uma monarquia

constitucional baseada no sufrágio censitário e na divisão dos

poderes do Estado em executivo, legislativo e judiciário.

D) Os jacobinos extremistas, formados pela nobreza parisiense e

provincial, retornaram ao poder com a Convenção Termidoriana,

entre 1794 e 1795, anulando diversas conquistas revolucionárias,

tais como a Lei do Preço Máximo e a Declaração dos Direitos do

Homem e do Cidadão.

E) Os camponeses, representados pelo Partido Girondino, formavam

uma poderosa facção, cujo apoio popular permitiu que

controlassem politicamente a Revolução durante a fase da

Convenção Montanhesa, entre 1793 e 1794, na qual aboliram os

privilégios feudais e a escravidão nos territórios coloniais

franceses.

53. (FEI) Sobre o processo revolucionário francês, iniciado em 1789, é

CORRETO afirmar que:

A) Foi um movimento conservador liderado pela aristocracia francesa,

temerosa da ascensão das massas, principalmente parisienses.

B) Foi o movimento revolucionário que levou à universalização dos

conceitos de "liberdade, igualdade e fraternidade".

C) Inspirou o movimento de libertação dos Estados Unidos da

América, ocorrido anos depois.

D) Foi um movimento de inspiração socialista.

E) Levou a um aumento do poder real, inspirando o surgimento de

teóricos do absolutismo.

54. (FGV) "Chegou a hora da igualdade passar a foice por todas as

cabeças. Portanto, legisladores, vamos colocar o terror na ordem do

dia." (Discurso de Robespierre na Convenção)

A fala de Robespierre ocorreu num dos períodos mais intensos da

Revolução Francesa. Esse período caracterizou-se:

A) pela fundação da monarquia constitucional, marcada pelo

funcionamento da Assembleia Nacional.

B) pela organização do Diretório, marcado pela adoção do voto

censitário.

C) pela reação Termidoriana, marcada pelo fortalecimento dos setores

conservadores.

D) pela convocação dos Estados Gerais, que pôs fim ao absolutismo

francês.

E) pela criação do Comitê de Salvação Pública e a radicalização da

revolução.

55. (FUVEST) Do ponto de vista social, pode-se afirmar, sobre a

Revolução Francesa, que:

A) teve resultados efêmeros, pois foi iniciada, dirigida e apropriada por

uma só classe social, a burguesia, única beneficiária da nova

ordem.

B) fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não conseguiu

impedir o retorno das forças sócio-políticas do Antigo Regime.

C) nela coexistiram três revoluções sociais distintas: uma revolução

burguesa, uma camponesa e uma popular urbana, a dos

chamados "sans-culottes".

D) foi um fracasso, apesar do sucesso político, pois, ao garantir as

pequenas propriedades aos camponeses, atrasou, em mais de um

século, o progresso econômico da França.

E) abortou, pois a nobreza, sendo uma classe coesa, tanto do ponto

de vista da riqueza, quanto do ponto de vista político, impediu que

a burguesia a concluísse.

56. (UNIRIO) A Era Napoleônica (1799 -1815) marcou a conjuntura de

transição do mundo moderno para o contemporâneo, alterando o

equilíbrio de poder construído pelos Estados europeus.

Sobre a Era Napoleônica, é correto afirmar que no:

A) 18 de Brumário (9/11/1799), o Diretório Nacional, controlado pelos

jacobinos revolucionários, iniciou uma série de execuções

políticas, o chamado "Período do Terror", encerradas pela

conquista de Paris pelas forças napoleônicas.

B) Consulado (1799 -1804), os ideais revolucionários liberais da

burguesia francesa tais como a promulgação do Código Civil e a

reforma do ensino francês consolidaram-se.

C) Império (1804 -1815), a aliança política e a coligação militar com a

Áustria e a Prússia permitiram o avanço dos exércitos franceses

contra a Rússia e a decretação do Bloqueio Continental contra a

Inglaterra.

D) Governo dos Cem Dias (1815), Napoleão convocou uma

Assembleia Nacional Constituinte, que estabilizou politicamente o

país, promovendo a paz com a Inglaterra e a destituição da

Dinastia dos Bourbons do trono francês.

E) Congresso de Viena (1815), os princípios de legitimidade e

equilíbrio, defendidos pelas monarquias europeias, garantiram a

fixação das fronteiras francesas, reconhecendo as conquistas

territoriais de Napoleão.

57. (UFMG) Antes, Napoleão havia levado o Grande Exército à

conquista da Europa. Se nada sobrou do império continental que ele

sonhou fundar, todavia ele aniquilou o Antigo Regime, por toda parte

onde encontrou tempo para fazê-lo; por isso também, seu reinado

prolongou a Revolução, e ele foi o soldado desta, como seus inimigos

jamais cessaram de proclamar. (LEFEBVRE, Georges. A Revolução

Francesa. São Paulo: IBRASA, 1966. p. 573.)

Tendo-se em vista a expansão dos ideais revolucionários,

proporcionada pelas guerras conduzidas por Bonaparte, é correto

afirmar que:

A) os governos sob influência de Napoleão investiram no

fortalecimento das corporações de ofício e dos monopólios;

B) as transformações provocadas pelas conquistas napoleônicas

implicaram o fortalecimento das formas de trabalho compulsório;

C) Napoleão, em todas as regiões conquistadas, derrubou o sistema

monárquico e implantou repúblicas;

D) o domínio napoleônico levou a uma redefinição do mapa europeu,

pois fundiu pequenos territórios, antes autônomos, e criou, assim,

Estados maiores.

58. (PUC-PR) O Congresso de Viena (1814/1815) não respeitou

costumes, interesses, afinal, a cultura dos povos sobre os quais

deliberava. Assim sendo:

I. Os noruegueses deitaram-se sob a bandeira da Dinamarca e

acordaram sob a bandeirada Suécia.

II. a Bélgica foi destacada da França e entregue à Holanda, formando

o Reino dos Países Baixos.

III. Lombardia e Venécia, à custa da Itália, passaram a pertencer à

França.

IV. Portugal participou do Congresso de Viena como Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves; nada perdeu, mas também

nada ganhou.

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V. a Alemanha, com 38 Estados, formou a Confederação Germânica,

sob a presidência do Imperador da Áustria.

A) As opções I, II, IV e V estão corretas.

B) As opções I, II, III e IV estão corretas.

C) As opções II, III, IV e V estão corretas.

D) As opções III, IV e V estão corretas.

E) As opções II, IV e V estão corretas.

PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA LATINO-AMERICANA

A crise do sistema colonial

A independência das treze colônias e a formação dos Estados Unidos,

primeiro país soberano do Novo Mundo, tornaram-se o exemplo e a

fonte de inspiração para os movimentos latino-americanos que

lutavam pela emancipação política e pela ruptura do pacto colonial. O

regime republicano, baseado no pensamento iluminista, exerceu

enorme fascínio sobre a aristocracia "criolla" da América Espanhola.

O maior impacto veio, entretanto, da Revolução Francesa, cujas

consequências se fizeram sentir tanto na Europa quanto na América. A

ascensão de Napoleão Bonaparte, a imposição da supremacia

francesa à Europa e o estabelecimento do Bloqueio Continental contra

a Inglaterra desferiram um golpe de morte no decadente sistema

colonial ibero-americano. A invasão de Portugal pelos franceses

rompeu o pacto colonial luso-brasileiro e acelerou a independência do

Brasil, ao mesmo tempo em que a ocupação da Espanha por

Napoleão e a imposição de José Bonaparte como rei do país

desencadearam as lutas de independência nas colônias da América

espanhola.

A conjuntura Hispano–Americana

No início do século XIX, quando ocorreu o choque entre a Revolução

Industrial inglesa e a Revolução Francesa, o império colonial espanhol

na América estava dividido, em termos administrativos, em quatro

vice-reinados e quatro capitanias gerais.

"A administração colonial: vice-reinados e capitanias gerais. Os

entraves do monopólio comercial".

Os vice-reinados existentes eram Nova Espanha ( México e parte do

território atualmente pertencente aos Estados Unidos), Nova Granada

(Colômbia e Equador), Peru e Prata ( Argentina, Uruguai, Bolívia e

Paraguai). As capitanias gerais eram Cuba, Guatemala, Venezuela e

Chile. Os cargos de vice-rei e capitão-geral eram exercidos por

representantes da Coroa vindos diretamente da Espanha, como o

eram igualmente todos os altos postos da administração colonial.

Desta forma, o aparelho político-administrativo colonial era dominado e

monopolizado por espanhóis natos.

A economia colonial baseava-se na exportação de matérias-primas e,

portanto, era dependente do mercado externo monopolizado pela

metrópole através do pacto colonial. A mineração baseava-se na

extração de ouro e prata e estava concentrada no México e na Bolívia.

A agricultura tropical desenvolveu-se na América Central e nas

Antilhas, com base no sistema de "plantation", ou seja, grandes

propriedades monoculturas, trabalhadas por escravos. A pecuária

concentrava-se principalmente no México e no vice-reinado do Prata.

O comércio era praticado nas grandes cidades portuárias, como

Buenos Aires, Valparaíso, Cartagena e Vera Cruz.

A Espanha exercia o monopólio comercial entre suas colônias e a

Europa, o que afetava os interesses econômicos da elite colonial,

obrigada a vender, a baixos preços, seus produtos à metrópole e dela

comprar, a altos preços, as manufaturas importadas. O mesmo

acontecia com os comerciantes e industriais ingleses, forçados a

aceitar a intermediação da Espanha e impedidos de vender

diretamente as suas mercadorias à América.

O fim do monopólio comercial interessava, assim, tanto à elite colonial

como à burguesia inglesa, à medida que ambas aumentariam seus

lucros com a adoção do livre comércio. Esta convergência de

interesses foi um fator decisivo para a vitória do movimento de

independência hispano-americano.

"A sociedade colonial: brancos, mestiços, índios e negros. Os conflitos

entre a aristocracia 'criolla' e os 'chapetones".

Por essa época a sociedade colonial era formada por uma população

de dez milhões de habitantes, divididos em diversas classes sociais.

Os brancos constituíam cerca de três milhões e trezentos mil e

classificavam-se em chapetones e criollos. Os chapetones, perto de

trezentos mil, eram os espanhóis natos que, monopolizando o poder

político, dominavam os altos cargos da administração colonial. Os

criollos, cerca de três milhões, eram descendentes de espanhóis

nascidos na América e formavam a elite econômica e intelectual da

colônia, à qual pertenciam os latifundiários, comerciantes, profissionais

liberais e membros do baixo clero.

A contradição entre a estrutura econômica, dominada elos criollos

(partidários do livre comércio), e a estrutura política, controlada pelos

chapetones (defensores do monopólio metropolitano), foi também um

dos fatores importantes do processo de independência. Os mestiços,

descendentes de espanhóis e índios, eram cerca de cinco milhões e

dedicavam-se ao pequeno comércio e ao artesanato, enquanto os

índios, mais de dez milhões, constituíam a mão-de-obra explorada na

mineração e na agricultura. Os negros, perto de oitocentos mil,

concentravam-se principalmente nas Antilhas e formavam a mão-de-

obra escrava utilizada nas plantations tropicais.

Embora sendo esmagadora minoria, eram os criollos e os chapetones

que dominavam e determinavam a condução das relações econômicas

e políticas das colônias hispano-americanas e era a eles que

interessava a ligação com a metrópole ou o rompimento de laços com

ela. Assim, a guerra de independência caracterizou-se por ser uma

luta entre os criollos, apoiados pela Inglaterra, e os chapetones,

apoiados pela Espanha, pelo domínio do aparelho político-

administrativo.

A guerra de Independência

O processo de independência hispano-americano dividiu-se, grosso

modo, em três fases principais: os movimentos precursores (1780 -

1810), as rebeliões fracassadas (1810 - 1816) e as rebeliões vitoriosas

(1817 - 1824).

Os movimentos precursores, deflagrados prematuramente, foram

severamente reprimidos pelas autoridades metropolitanas. Ainda que

derrotados, contribuíram para enfraquecer a dominação colonial e

amadurecer as condições para a guerra de independência travada

posteriormente. A mais importante dessas insurreições iniciou-se no

território peruano em 1780 e foi comandada por Tupac Amaru. Essa

rebelião indígena mobilizou mais de sessenta mil índios e só foi

totalmente esmagada pelos espanhóis em 1783, quando foram

igualmente reprimidas outras revoltas no Chile e na Venezuela.

Inspirado no exemplo dos Estados Unidos, o criollo venezuelano

Francisco Miranda liderou, a partir desta época, vários levantes e se

tornou o maior precursor da independência hispano-americana. Após

os Estados Unidos, a segunda independência da América foi realizada

pelos escravos trabalhadores das plantations que, em 1793, através

de uma insurreição popular contra a elite branca libertaram o Haiti.

Em 1808, a ascensão de José Bonaparte ao trono da Espanha iria

desencadear a guerra de independência na América espanhola,

devido aos desdobramentos políticos daquela situação. Na Espanha, o

povo pegou em armas contra a dominação francesa; na América, os

criollos pronunciaram-se pelo "lealismo" e se colocaram ao lado de

Fernando VII, herdeiro legítimo de Coroa espanhola. Os criollos,

entretanto, evoluíram rapidamente do "lealismo" para posições

emancipacionistas e, em 1810, iniciaram a luta pela independência.

O fracasso das rebeliões iniciadas em 1810 foi consequência, em

grande parte, da falta de apoio da Inglaterra, que empenhada na luta

contra a França napoleônica, não pôde fornecer ajuda aos

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movimentos de independência liderados pela aristocracia criolla. Os

Estados Unidos, que possuíam acordos comerciais com a Junta de

Sevilha, também não forneceram qualquer ajuda aos rebeldes

hispano-americanos. Em 1816, os movimentos emancipacionistas,

isolados internamente e sem apoio internacional, foram

momentaneamente vencidos pelas tropas espanholas.

Após a derrota de Napoleão e 1815, a Inglaterra, liberta da ameaça

francesa, passou a apoia efetivamente as rebeliões de independência

na América, que se reiniciaram em 1817 e só terminariam em 1824

com a derrota dos espanhóis e a emancipação de suas colônias

americanas. Naquele ano Simon Bolívar desencadeou a campanha

militar que culminaria com a libertação da Venezuela, da Colômbia e

do Equador e, mais ao sul, José de San Martín promovia a libertação

da Argentina, do Chile e do Peru.

Em 1822 os dois libertadores encontraram-se em Guayaquil, no

Equador, onde San Martín entregou a Bolívar o comando supremo do

exército de libertação. O processo de independência tornou-se

irreversível quando, em 1823, os EUA proclamaram a Doutrina

Monroe, opondo-se a qualquer tentativa de intervenção militar,

imperialista ou colonizadora, da Santa Aliança, no continente

americano. Em 1824, os últimos remanescentes do exército espanhol

foram definitivamente derrotados pelo general Sucre, lugar-tenente de

Bolívar, no interior do Peru, na Batalha de Ayacucho. Ao norte, a

independência do México fora realizada em 1822 pelo general Iturbide,

que se sagrou imperador sob o nome de Agustín I. Um ano de pois, foi

obrigado a abdicar e, ao tentar retomar o poder, foi executado,

adotando o país o regime republicano. Em 1825, após a guerra de

independência, apenas as ilhas de Cuba e Porto Rico permaneceram

sob o domínio espanhol.

As consequências da Independência

Em 1826, Bolívar convocou os representantes dos países recém-

independentes para participarem da Conferência do Panamá, cujo

objetivo era a criação de uma confederação pan-americana. O sonho

boliviano de unidade política chocou-se, entretanto, com os interesses

das oligarquias locais e com a oposição da Inglaterra e dos Estados

Unidos, a quem não interessavam países unidos e fortes. Após o

fracasso da Conferência do Panamá, a América Latina fragmentou-se

politicamente em quase duas dezenas de pequenos Estados

soberanos, governados pelas aristocracias criolla. Outros fatores que

interferiram nessa grande divisão política foram o isolamento

geográfico das diversas regiões, a compartimentação populacional, a

divisão administrativa colonial e a ausência de integração econômica

do continente. O pan-americanismo foi vencido pela política do "divida

e domine".

Assim, entre as principais consequências do processo de

emancipação da América espanhola merecem destaque: a conquista

da independência política, a consequente divisão política e a

persistência da dependência econômica dos novos Estados. O

processo de independência propiciou, sobretudo, a emancipação

política, ou seja, uma separação da metrópole através da quebra do

pacto colonial. A independência política não foi acompanhada de uma

revolução social ou econômica: as velhas estruturas herdadas do

passado colonial sobreviveram à guerra de independência e foram

conservadas intactas pelos novos Estados soberanos.

Assim, a divisão política e a manutenção das estruturas coloniais

contribuíram para perpetuar a secular dependência econômica latino-

americana, agora não mais em relação à Espanha, mas em relação ao

capitalismo industrial inglês. As jovens repúblicas latino-americanas,

divididas e enfraquecidas, assumiram novamente o duplo papel de

fontes fornecedoras de matérias-primas essenciais agora à expansão

do industrialismo e de mercados consumidores para as manufaturas

produzidas pelo capitalismo inglês.

As propostas de unidade

Em meio às dificuldades de instalação dos Estados Nacionais, uma

proposta foi marcante, no sentido de unir toda a América Espanhola

numa só nação. Isso em razão da ameaça de recolonização defendida

pela Espanha, apoiada na Santa Aliança europeia.

Com isso, ganha espaço o bolivarismo, uma das bases do pan-

americanismo, defendido por Simón Bolívar, o Libertador. Em termos

concretos, entretanto, os ideais de Bolívar se efetivaram em poucas

experiências. Entre 1819 e 1830, a Venezuela, o Equador, a Colômbia,

compreendendo o Panamá, formaram a Confederação da Grã-

Colômbia, como já se percebe de curta duração. A partir de 1821, o

Peru e a Bolívia iniciaram a formação da Confederação do Grande

Peru, o que foi duramente combatido pela Argentina e pelo Chile,

temerosos da presença de um Estado poderoso. Na América Central,

Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica

separaram-se do México, em 1823, e formaram as Províncias Unidas

da América Central, pulverizada em 1839.

Bolívar, que sonhava com a criação da Confederação dos Andes,

morreu em 1830, não sem antes tentar a sua concretização, no

Congresso do Panamá, em 1826.

O caudilhismo

O surgimento do caudilhismo se dá no quadro do processo de

independência das antigas colônias espanholas, marcado pelas

disputas pelo poder, que acabaram por gerar a instabilidade política.

Os caudilhos eram chefes políticos locais ou regionais, lideres de

verdadeiros exércitos particulares — na época os Estados ainda não

haviam organizados exércitos próprios —, na sua maioria, grandes

proprietários rurais, cuja autoridade pessoal era forte junto às camadas

populares. Auto intitulando-se militares de alta patente, como generais,

os caudilhos tinham um único objetivo: o poder maior sobre nação.

Federalismo x centralismo

Definida a forma de governo — república ou monarquia —, os

problemas dentro de cada nova nação se concentraram na forma de

organização do Estado, o que levou às lutas entre federalistas e

centralistas. Nessas lutas, as tendências das lideranças políticas —

liberais e conservadores —, típicas da época, passaram a ter pouca

importância, visto que o liberalismo era apenas de fachada, na defesa

dos interesses comuns, e o conservadorismo era o campo ideológico

comum para qualquer uma das ações envolvidas nas disputas.

O federalismo, princípio da autonomia em relação a um poder central,

é uma das expressões políticas do liberalismo. Contudo, os grandes

proprietários rurais, avessos ao liberalismo, surgiam como um dos

seus mais ferrenhos defensores, visto que a descentralização, típica

do federalismo, garantiria o seu predomínio local ou regional. Por sua

vez, o centralismo, uma das marcas do conservadorismo, era

propugnado pelos comerciantes dos grandes centros urbanos, como

Buenos Aires, uma vez que, através dele, se alcançaria a unidade

nacional, limitando, consequentemente, os localismos que

compartimentavam economicamente o país.

Liberais ou conservadores, federalistas ou centralistas, uma vez no

poder, essas lideranças caudilhescas governavam de forma ditatorial,

seguindo uma política nitidamente conservadora, mantendo longe das

decisões as camadas populares.

A crise colonial no Brasil

Foram influenciados pelo desenvolvimento interno da colônia e por

fatores externos, tais como o Iluminismo, com seu ideal de liberdade,

igualdade e fraternidade; a Independência dos EUA, que servirá de

inspiração a toda América colonial; a Revolução Industrial ocorrida na

Inglaterra, e a necessidade de ampliar mercados consumidores e

fornecedores, surgindo o interesse de acabar com os monopólios; a

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Revolução Francesa, que pôs fim ao Antigo Regime e a chamada Era

Napoleônica, período de consolidação dos ideais burgueses.

A Inconfidência Mineira (1789) foi o movimento que ocorreu em Minas

Gerais e teve forte influência do Iluminismo e da independência dos

Estados Unidos da América.

Este movimento separatista está relacionado aos pesados impostos

cobrados por Portugal, especialmente a decretação da derrama.

Os conjuras, em sua maioria, pertenciam a alta sociedade mineira.

Entre os mais ativos encontram-se Cláudio Manuel da Costa, Tomás

Antônio Gonzaga, Inácio José Alvarenga, José de Oliveira Rolim e o

alferes Joaquim José da Silva Xavier.

Entre os objetivos estabelecidos pelos conjuras estavam a criação de

um regime republicano, tendo a Constituição dos Estados Unidos

como modelo, o apoio a industrialização e a adoção de uma nova

bandeira, tendo ao centro um triângulo com os dizeres: Libertas quae

sera tamen, quem em latim, significa "Liberdade ainda que tardia".

Quanto à questão da escravidão nada ficou definido.

O movimento ficou apenas nos planos das ideias, pois ele não

aconteceu. Alguns de seus participantes denunciaram o movimento,

em troca do perdão de suas dívidas.

O governador - visconde de Barbacena - suspendeu a derrama e

iniciou a prisão dos conspiradores, que aguardaram o julgamento na

prisão. Apenas Tiradentes assumiu integralmente a responsabilidade

pela conspiração, sendo por isto, condenado à morte no ano de 1792,

sendo enforcado no dia 21 de abril, na cidade do Rio de Janeiro.

Outros conspiradores foram condenados ao desterro e Cláudio Manuel

da Costa enforcou-se na prisão. Acredita-se que tenha sido

assassinado pelos carcereiros.

A Conjuração do Rio de Janeiro (1794) foi inspirada pela Revolução

Francesa. Os conjuras fundaram a Sociedade Libertária para

divulgação dos ideais de liberdade. O movimento não ultrapassou de

poucas reuniões intelectuais, que contavam com a presença de

Manuel Inácio da Silva Alvarenga e Vicente Gomes.

Foram denunciados e acusados de criticarem a religião e o governo

metropolitano.

A Conjuração Baiana (1798) foi motivada no século XVIII, em virtude

da decadência da economia açucareira e da transferência da capital

da colônia para o Rio de Janeiro, em 1763. A Bahia passava por uma

grave crise econômica, atingindo toda a população baiana,

especialmente as camadas inferiores, constituída por ex-escravos,

pequenos artesãos e mestiços. Contra esta situação havia

manifestações, através de arruaças e motins.

No ano de 1797 é fundada, em Salvador, a primeira loja maçônica do

Brasil - Loja dos Cavaleiros da Luz -, que se propunha a divulgar os

"abomináveis princípios franceses"; participavam das reuniões os

nomes de Cipriano Barata e Francisco Muniz Barreto. Os intelectuais

contaram com grande apoio de elementos provenientes das camadas

populares, destacando as figuras de João de Deus do Nascimento,

Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens.

A partir de 1798, circulam panfletos dirigidos à população,

conclamando a todos a uma revolução e a proclamação da República

Baiense. Os panfletos defendiam a igualdade social, a liberdade de

comércio, o trabalho livre, extinção de todos os privilégios sociais e

preconceito de cor.

Este movimento apresenta um forte caráter social popular, sendo por

isto também conhecido como a "Conjuração dos alfaiates".

TEXTO COMPLEMENTAR:

Resquícios de um mártir

“Portanto condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha

o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da capitania de Minas, a

que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar

da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de

morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, aonde em o

lugar mais público dela será pregada em um poste alto até que o

tempo a consuma; o seu corpo será dividido em quatro quartos e

pregados em postes pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e de

Sebollas, aonde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos

sítios de maiores povoações, até que o tempo também os consuma”–

Autos-crime, 18 de abril de 1792.

(...) O castigo era comum à época e tinha a intenção de servir de

exemplo a outros possíveis revoltosos na Colônia, principalmente em

tempos de extração de ouro das Minas. O documento jurídico de 18 de

abril – hoje em posse do Arquivo Nacional – é o único registro capaz

de apontar para onde teriam ido as partes do corpo do inconfidente.

Mas, após o consumo de sua carne pelo tempo, que fim teriam levado

os despojos do mártir?

No interior do Rio de Janeiro, cercada por bambuzais e construída ao

redor de uma estrada ainda de pedra, a vila de Sebollas exibe num

pequeno museu alguns ossos atribuídos a Tiradentes. Segundo

Regina Vaz, presidente da Fundação de Cultura de Paraíba do Sul, os

supostos ossos do inconfidente foram encontrados na década de

1970, após uma escavação realizada pela população num antigo

cemitério da Igreja Sant‘anna. As pistas teriam sido dadas por um

documento paroquial que registrou o enterro em solo sagrado e pela

tradição oral local.

―Os ossos são atribuídos a ele, não podemos provar, as escavações

foram feitas pelas pessoas da região, incentivadas pelo que ouviram

de seus pais e avós e deste documento da Matriz‖, conta Regina. De

fato, Sebollas recebeu, em 1792, um quarto do corpo de Tiradentes –

um quinto, se contar a cabeça – como mandava a sentença; e isso, de

acordo com Regina, já é o suficiente para dar ao vilarejo situado na

antiga Estrada Real uma importância histórica nacional. ―Tiradentes

passava temporadas na região, tem um passado que se mistura ao

passado do lugar – isso foi muito importante para a História do Brasil‖.

Há controvérsias

O historiador André Figueiredo Rodrigues, autor de O clero e a

Conjuração Mineira (2002), por exemplo, é cético quanto à

procedência das ossadas e diz que outros aspectos da morte de

Tiradentes têm mais necessidades de serem estudados do que

possíveis destinos de seus ossos: ―Acho que essa polêmica tem uma

importância mais local, na história da Inconfidência, Sebollas não foi

muito representativa‖.

André conta não acreditar que os ossos sejam do inconfidente,

acrescentando que Tiradentes dificilmente teria sido enterrado em solo

sagrado, como diz a lenda: diferente de hoje, o mártir não era um

famoso na época, além de ter sido considerado criminoso pela Coroa.

―Réus não podiam ter morte social, com enterro em solo santo. Além

disso, as pessoas tinham muito medo do governo, não gostavam de

contrariá-lo e pagar um preço alto... É muito complicado pensar em

enterro no século XVIII, era tudo muito precário... Para se ter uma

ideia, a cova não era feita nem a sete palmos da superfície do solo!

Era bem menos, não havia catalogação de nada e restos mortais de

desconhecidos ou sentenciados eram mais ou menos jogados em uma

vala‖.

Ainda assim, o mistério motiva a peregrinação de curiosos em busca

de resquícios do único executado da Inconfidência para a região

próxima à Petrópolis, o que movimenta a economia local: no mês de

abril, o município promove uma série de festejos para relembrar o

martírio do herói e várias pessoas são mobilizadas para trabalhar nas

comemorações.

Verdade ou mentira, os ossos ainda darão muito no que falar.

(Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/resquicios-

de-um-martir)

Compreendendo o texto:

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59. Em que fatos se baseia a crença da população da vila de Sebollas

na autenticidade da “ossada” de Tiradentes?

60. Quais argumentos usados pelo historiador André Figueiredo

Rodrigues para contestar a autenticidade dos restos mortais de

Tiradentes?

Questões: (Processo de Independências Latino-americanas)

61. (UFSCAR) O processo de independência das colônias latino-

americanas deve ser compreendido como parte das contradições e

das crises do Antigo Regime. Assinale a alternativa que melhor

explicita o fator que contribuiu para precipitar o referido processo.

A) Democratização gradual das instituições coloniais, permitindo a

crescente participação política de setores populares.

B) Organização de forças militares coloniais, compostas pela

população local, através do estabelecimento do serviço militar

obrigatório.

C) Intervenção militar dos Estados Unidos da América do Norte nas

nações latino-americanas, procurando libertá-las do julgo europeu.

D) Oposição dos senhores locais à abolição do trabalho compulsório

nas áreas coloniais pelas elites ilustradas metropolitanas.

E) Luta por uma reorganização comercial que permitisse um contato

direto entre os produtores da América e o recém-industrializado

continente europeu.

62. (FATEC) A Conjura Baiana de 1798, conhecida também por

Revolução dos Alfaiates, foi a mais popular rebelião do período

colonial, entre outros motivos, por propor:

A) a emancipação de Portugal, a instauração de uma Monarquia

Constitucional e a manutenção do pacto colonial;

B) a emancipação de Portugal, a instauração de uma Monarquia

Constitucional, a continuidade da escravidão e a liberdade de

comércio;

C) a emancipação de Portugal, a instauração de uma República, a

continuidade da escravidão e a manutenção das restrições ao

comércio;

D) a emancipação de Portugal, a instauração de uma República, o fim

da escravidão e a liberdade de comércio;

E) a emancipação de Portugal, a manutenção do Pacto Colonial, o fim

da escravidão e a formação de um exército luso-brasileiro.

63. (UNIFENAS) O ideário político de conteúdo liberal da Inconfidência

Mineira apresentava algumas contradições, dentre elas:

A) manutenção do regime de trabalho escravo;

B) adoção de um regime político republicano;

C) estabelecimento de uma Universidade em Vila Rica;

D) separação e independência dos poderes executivo, legislativo e

judiciário;

E) manutenção dos antigos privilégios concedidos às companhias de

comércio.

64. (FGV) Sobre a Inconfidência Mineira é correto afirmar:

A) Foi um movimento que contou com uma ampla participação de

homens livres não-proprietários e até mesmo de muitos escravos

negros.

B) O clero de Minas Gerais não teve nenhuma participação na

conspiração, que tinha uma forte conotação anti-eclesiástica;

C) Entre os planos unanimemente aprovados pelos conspiradores de

Minas estava a abolição da escravatura;

D) Entre os fatores que influenciaram os "inconfidentes" estavam as

"ideias francesas" (o Iluminismo, o Enciclopedismo) e a

"justificação pelo exemplo", da Independência Norte-Americana.

E) Os "inconfidentes" jamais pensaram seriamente em proclamar a

Independência do Brasil em relação a Portugal, pretendendo

apenas forçar a Coroa a suspender a cobrança da "derrama"

65. (UNIFENAS) Falso ou Verdadeiro?

I. A Conjuração Baiana teve como inspiração as ideias liberais e teve

participação popular.

II. A Inconfidência Mineira foi idealizada por uma elite e obteve o

respaldo popular, com exceção dos trabalhadores escravos.

III. Ideal de libertação nacional, influência das ideias iluministas, apoio

popular e forte repressão militar caracterizaram os movimentos de

independência conhecidos como Inconfidência Mineira e

Conjuração Baiana.

As afirmações acima são, respectivamente:

A) F V F B) V F F C) V V V D) F F F E) V F V

66. (FUVEST) A Inconfidência Mineira, no plano das ideias, foi

inspirada:

A) nas reivindicações das camadas menos favorecidas da colônia;

B) no pensamento liberal dos filósofos da ilustração europeia;

C) nos princípios do socialismo utópico de Saint-Simon;

D) nas ideias absolutistas defendidas pelos pensadores iluministas;

E) nas fórmulas políticas desenvolvidas pelos comerciantes do rio de

Janeiro.

67. (UEL) Jean Jaques Dessalines, um dos líderes da revolução do

Haiti, declara: ―Salvei a minha pátria. Vinguei a América... Nunca mais

um colono europeu porá o pé neste território com o título de amo ou de

proprietário.‖ (Fonte: DOZER, D. M. América Latina: uma perspectiva

histórica. Tradução de Leonel Zallandro. Porto Alegre; Editora Globo; São

Paulo; Edusp, 1996. P.191, 192.)

Baseado nesta declaração e nos conhecimentos sobre o tema, é

correto afirmar que:

A) Após a independência, as rebeliões feitas pela população negra e

mulata contra a exploração colonialista e os exércitos franceses

deixaram de fazer parte do cotidiano da população haitiana.

B) Dessalines, como líder revolucionário, conseguiu promover a

unidade territorial do Haiti, unindo a metade oriental da ilha com a

parte ocidental, que continuava escravista.

C) A emancipação do Haiti deu-se em função das contradições sociais

existentes nessa colônia e configurou-se num movimento de

caráter político, econômico e social, visando estabelecer uma nova

ordem sobre bases democráticas.

D) O Haiti emancipado foi dirigido por governantes democráticos, cujos

princípios assemelhavam-se aos da Revolução Francesa, como

liberdade, igualdade e fraternidade.

E) Os negros e mulatos, mesmo sendo a maioria, não tiveram força

suficiente para promover a emancipação em função da

superioridade estratégica e armamentícia do exército francês.

68. (FUVEST) Simon Bolívar escreveu a conhecida Carta da Jamaica

de 1815. "Eu desejo, mais do que qualquer outro, ver formar-se na

América [Latina] a maior nação do mundo, menos por sua extensão e

riquezas do que pela liberdade e glória." Sobre esta afirmação

podemos dizer que:

A) Tal utopia da humanidade, compartilhado por outros líderes da

independência, como San Martin e O "Higgins, não vingou por

ineficiência de Bolívar .

B) Inspirou a união entre Bolívia, Colômbia e Equador que formaram,

por mais de uma década, uma única nação, fragmentada, em

1939, por problemas políticos.

C) Bolívar foi o primeiro a pensar na possibilidade da unidade, ideia

posteriormente retomada por muito políticos e intelectuais latino-

americanos.

D) Essa ideia, de grande repercussão entre as lideranças dos

movimentos pela independência, foi responsável pela estabilidade

da unidade centro-americana.

E) Bolívar foi uma voz solitária, nestes quase 200 anos de

independência latino-americana, ausentando-se tal ideia dos

debates políticos contemporâneos.

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A FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO

Dois fenômenos principais devem ser compreendidos para analisar o

processo da independência nacional e a consequente formação do

Estado brasileiro, a saber, a Revolução Francesa e o Império

Napoleônico.

No primeiro caso, os ideais de Liberdade e Igualdade chocavam-se

diretamente com a estrutura de poder ancorada no nascimento e na

hereditariedade, estrutura essa bem substanciada, seja em teorias de

cunho religioso, como a Teoria do Poder divino dos reis, como

também, as teorias marcadamente secularizadas, como o ―Leviatã‖ de

Hobbes e ―O Príncipe‖ de Nicolau Maquiavel, essa A obra que cunha

Nicolau Maquiavel como ―Pai da Política Moderna‖

A quebra da hegemonia do pensamento conservador apresentada ao

mundo ocidental pelo movimento burguês, embalava o sonho dos

colonos presentes em toda a América, chamada hoje Latina, em

contraposição às imposições metropolitanas que emperravam as

ações fundamentais para o controle da atividade econômica e,

consequentemente, o acesso ao poder por parte dos colonos.

A possibilidade do acesso ao poder nas colônias por parte das elites

coloniais foi vislumbrada pelas diversas invasões promovidas pelo

exército napoleônico nas principais metrópoles que dominavam o

―Novo Mundo‖, Espanha e Portugal.

A ocupação napoleônica na primeira foi o agente catalisador do

processo de independência dos nossos vizinhos latinos, pois fragilizou

o trono e gerou a sensação de impotência frente a um desejo cada vez

mais presente de liberdade esboçado pela elite colonial.

No caso brasileiro, é importante destacar que o desejo de liberdade já

estava presente e foi reforçado por uma série de ações promovidas

pela vinda da Família Real portuguesa em decorrência da invasão

napoleônica na Península Ibérica, no caso português, determinada

pela negação da Coroa à ordem de Napoleão de bloquear as

transações econômicas inglesas com as nações europeias.

Em outras palavras, a fuga da Família Real para o Brasil desencadeou

o processo de independência que, no restante da América, deu-se

sem a participação efetiva da elite metropolitana. No nosso caso, as

mudanças na organização político-econômica da colônia fez nascer

um irreversível movimento libertário sem a presença firme de um

libertador.

O dito período Joanino no Brasil teve início em 1808 e trouxe com ele

uma série de transformações econômicas, estruturais, sociais que

foram fundamentais para a nossa emancipação política. Dentre as

principais destacamos: construção de estradas e portos, criação do

Banco do Brasil, criação da Biblioteca Real, criação do Jardim

Botânico, criação da Casa das Moedas e criação da Academia Real

Militar.

Mesmo considerando de extrema importância estrutural todo esse

conjunto criado por D. João VI no Brasil, o que desencadeou a

irreversibilidade da nossa independência foi a quebra das relações

econômicas entre colônia e metrópole (pacto colonial), resultante da

abertura dos portos ―a todas as nações amigas‖. Como relatam

historiadores, naquele momento, ―amigas‖ estava resumido à

Inglaterra, não só pelos interesses comerciais de ambas as partes,

mas também, pelo fato de que o próprio Estados Unidos mantinham,

preferencialmente, relações com a França.

A quebra do pacto colonial e a reorganização econômica interna

aguçaram o processo de emancipação, gerando sentimentos diversos

e recrudescendo o sentimento anti-lusitano, já presente no Brasil.

A Revolução Pernambucana, ocorrida em 1817 é filha de duas causas

mais óbvias, o aumento de impostos provocado pela organização da

colônia para melhorar a vida da Família Real e sua corte, mas também

da ocupação de cargos e espaços peça elite portuguesa, alijando os

brasileiros do acesso aos espaços. Não se esquecendo do controle do

comércio que permanecia, na sua maioria, no controle português.

Do ponto de vista econômico, a nação mais privilegiada no processo

de independência do Brasil foi a Inglaterra que pôde quebrar o

exclusivismo português, mas também, imperou nas relações

comercias, tendo seus produtos sofrido uma taxação inferior a dos

portugueses, respectivamente 15 e 16 %.

Para os comerciantes brasileiros foi interessante a abertura, pois

propiciava a negociação com os britânicos, resultando interessantes

vantagens.

No fundo, duas coisas saltavam aos olhos: o descontentamento

português frente a perda de dividendos comerciais, visto que o Brasil

passava a comerciar com outras nações. Em segundo lugar, seria o

reverso da moeda, os ganhos propiciados aos comerciantes brasileiros

com a abertura comercial. Logo, o antagonismo desses sentimentos,

ilustra bem o quadro da nossa independência.

A derrota de Napoleão Bonaparte fez aumentar o desejo da

reconquista lusitana, iniciada pela Revolução do Porto em 1820.

De cunho liberal, carregada de sentimento nacionalista, a Revolução

do Porto apontava para a necessidade da organização do Estado

português, passando a exigir o retorno de D. João VI a Portugal e a

recolonização do Brasil. A Revolução do Porto foi um movimento

semelhante ao que ocorreu em outras regiões da Europa (Espanha,

Grécia e a cidade de Nápoles), tais movimentos visavam a

subordinação da Coroa ao Legislativo (Monarquia constitucional)

―garantindo direitos aos cidadãos portugueses e enfrentando a crise

em que o país se encontrava‖.

É exatamente esse requisito que gerou a reação frente ao Brasil, a

crise econômica aprofundada em Portugal pela perda da exclusividade

do comércio com o Brasil, entre outras, fez a elite portuguesa enxergar

na retomada do Brasil como algo fundamental na resolução da crise.

É nesse contexto que deve ser observada a independência do Brasil.

O projeto de retomada da colônia posta em curso provocou a

construção da reação brasileira, via a elite de proprietários que, diante

dos ganhos aferidos, não cogitava a volta à condição de colônia.

Nesse sentido, o acordo firmado com D, Pedro I, visava a manutenção

da estrutura e, junto a ela todo aparato necessário a sua reprodução.

A Independência do Brasil e o Primeiro Reinado

Os historiadores: FARIA, MIRANDA E CAMPOS, 2010, afirmam que

havia vários projetos de independência e de constituição do Estado

Nacional, destacadamente presentes na Inconfidência Mineira,

Conjuração Baiana, Conjuração Fluminense e, ainda, a Conspiração

dos Suaçunas em Pernambuco.

Tais movimentos, nitidamente do século XVIII esboçavam a crescente

insatisfação de setores das elites locais com ―as disposições mais

opressivas da metrópole‖. Resulta, pois, desses projetos uma disputa

no interior das elites nacionais em vista do método da independência a

ser consolidado.

Principalmente para os setores mais centralizadores da elite brasileira,

havia o risco da independência provocar o surgimento de pequenos

países, o que causou a corrida a D. Pedro como fator unificador.

O governo de D. Pedro I deve ser entendido a luz de projetos de

independência conflitantes, pois apesar do modelo centralizador ter

prevalecido, não conseguiu anular as outras visões, que se revelaram

bem vivas nas divergências presenciadas quando dos trabalhos da

constituintes em 1823.

Embora seja fundamental para o entendimento do Primeiro Reinado,

os projetos de independência não eram os únicos fatores a causar a

instabilidade do governo de D. Pedro I. O imperador teve de debelar

inicialmente resquícios do movimento do porto em solo nacional, a

exemplo das guerras de independência.

A reação dos portugueses a frente das províncias da Bahia, Grão-

Pará, Maranhão e Piauí aprofundou gastos e aumentou a nossa

dependência econômica em relação a Inglaterra.

Amplie seus conhecimentos sobre: Romantismo no Brasil (Literatura Cadernos Gama/Pi).

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O certo é que a instabilidade política do governo de D. Pedro I, foi fruto

das disputas internas, reveladas nas concepções diferentes de

independência, mas também, com a sua dose externa devido ao

apreensivo processo de reconhecimento do estado brasileiro. O

referido reconhecimento externo foi fortemente intermediado pela

Inglaterra que buscava a manutenção dos acordos feitos com

Portugal. O destaque ficou, nesse ponto, com a posição norte

americana que, a partir da ―doutrina de Monroe‖, defendia o princípio

da‖ América para os americanos‖.

Em resumo, do ponto de vista político e econômico o governo de D.

Pedro I foi uma continuidade daquilo que se construía no Brasil

quando da vinda da Família Real portuguesa. Não houve ruptura na

estrutura econômica, continuávamos com uma economia voltada para

o mercado externo e, do ponto de vista da participação política da

população, um verdadeiro hiato entre o governo e suas decisões

administrativas. Dito de outra forma, tínhamos súditos, não povo.

Visivelmente adepto de um modelo centralizador, D. Pedro I não

suportou o fato de a Assembleia Constituinte apresentar a opção por

um modelo liberal próximo daquele vivido pelas nações europeias. O

fechamento da Assembleia Constituinte marcou bem a principal

característica do Primeiro Reinado, o autoritarismo.

Essa característica seria aprofundada na Carta Constitucional de

1824, a primeira do Estado Brasileiro, com a presença de um poder

com características controladoras, o Moderador, posse exclusiva do

Imperador.

A nova carta aprofundaria o caráter de súdito do povo brasileiro, tendo

em vista a exclusão da população mais pobre de qualquer

possibilidade de participação política. A instituição do voto censitário

(voto a partir da renda) não só, excluiu os menos favorecidos, como

também, acentuou o caráter elitista da jovem nação.

Fiel ao princípio catequético lusitano, D. Pedro I, estabeleceu o

catolicismo como religião oficial do Estado Brasileiro. No entanto, o

subordinou ao Estado, o que se convencionou chamar de ―Regime do

Padroado‖.

A instabilidade política só aumentaria com a nova carta, pois a

Confederação do Equador era resultado do autoritarismo de D. Pedro

I. Inconformados com a centralização de D. Pedro I, as províncias de

Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, tentaram criar

um estado independente, logo autônomo em relação ao poder central.

Agregava-se a insatisfação política, às péssimas condições sociais

vividas pelos brasileiros.

A brutal reação do governo frente aos separatistas causou o aumento

da insatisfação popular, consolidado pelas questões econômicas

aprofundadas pela Guerra contra a Argentina pelo domínio da

cisplatina.

As críticas dos veículos de comunicação, os jornais da época, levaram

ao assassinato do jornalista Líbero Badaró em 1830, fato atribuído a

pessoas ligadas a D. Pedro I.

O fim do governo se deu em 7 de Abril de 1831, depois de decorridos

alguns dias do episódio da ―Noite das Garrafadas‖, quando

simpatizantes de D. Pedro I entraram em conflito com opositores do

Regime.

O Período Regencial - 1831 - 1840

Atendendo a determinação constitucional, D. Pedro I abdicou em favor

do seu filho que tinha cinco anos, o mesmo seria tutorado por José

Bonifácio de Andrada e Silva que no final do governo de D. Pedro,

tinha retomado a amizade.

Em face disso, o Brasil passou a experimentar um regime

praticamente Legislativo. Ou seja, as principais decisões deveriam

partir do Poder legislativo.

De forma geral, as conturbações presentes no governo de D. Pedro I,

não haviam sido resolvidas, o que acabou mantendo o clima de

instabilidade política.

As disputas no campo político aconteciam entre três grupos políticos, a

saber: Liberais Exaltados ou Farroupilhas, adeptos de um regime mais

descentralizados e o reforço do poder das províncias, em detrimento

do poder central. Outro grupo era chamado de Restauradores ou

Caramurus, como o nome já aponta, buscavam a volta de D. Pedro I,

entendia a necessidade da centralização política. Esse grupo era,

marcadamente, expressão política dos proprietários e comerciantes

portugueses, além de traficantes de escravos. Do último grupo faziam

parte os Liberais Moderados ou Chimangos, apontam os historiadores

que esse grupo foi o principal a ocupar o poder no período regencial.

Tinham o interesse de assegurar um governo coeso, impedindo a

revolução dos Liberais Exaltados e o absolutismo dos Restauradores.

É importante o reconhecimento do quadro político da Regência, pois

as decisões tomadas, principalmente, no período da Regência Trina

Permanente, refletiram as disputas no interior do campo político

brasileiro Falamos diretamente da mudança constitucional, a partir do

―Ato Adicional de 1834, considerado resultado da conciliação entre ―as

principais forças políticas do país‖. Daí, a manutenção do Poder

Moderador, do Senado Vitalício, mas o fim do Conselho de Estado.

Os avanços dessa emenda constitucional mostraram-se na Regência

Uma, a Criação do ―Município Neutro da Corte, formado pela cidade

do Rio de Janeiro, cuja capital passou a ser Niterói.‖ Outro avanço foi

a regulamentação do Código do Processo Criminal. Com

características liberal e descentralizadora, revestia de poder os ―juízes

de paz‖, reforçando o papel do município.

A eleição de Feijó reforçou o poder dos conservadores e só aumentou

a tensão entre os liberais exaltados e liberais moderados, resultante

dos diversos conflitos, além da falta de confiança no exército brasileiro,

formado ainda com um grande número de mercenários, Feijó cria a

Guarda Nacional que era formada pela classe proprietária, retomando

o critério censitário para participar da mesma.

Do ponto de vista econômico, nenhum regente fez mudanças

estruturais, mantendo os problemas que foram listados como

fundamentais para a perda de popularidade de D. Pedro I.

O quadro de revoltas e rebeliões populares e de parte da elite agrária,

levou à renúncia de Feijó, mas assumiu o seu posto, Araújo Lima,

também da ala mais conservadora. Afastados do poder efetivo para

conduzir a política ao seu bel prazer, os Progressistas, partido criado

pelos Liberais Exaltados, visando combater o movimento Regressista

estabelecido pelos Restauradores, acabaram por promover ―O Golpe

da Maioridade‖, antecipando a ascensão ao trono de D. Pedro II, com

a defesa da unidade nacional.

O tema da Unidade Nacional, foi pensada principalmente frente as

disputas intestinas no Brasil, advindas das brigas políticas , mas

também da condição social miserável a que estavam submetidas as

camadas mais populares.

Portanto, falar das Rebeliões Regenciais é falar, acima de tudo, de

revoltas que denotavam as péssimas condições da vida das camadas

mais pobres, apesar de grande influência das elites da s localidades

onde ocorriam os conflitos.

As condições miseráveis marcaram a Revolta dos Cabanos no Grão-

Pará. O detalhe é que os Cabanos, como eram chamados os mais

pobres, habitantes das margens dos rios e igarapés, em casas

paupérrimas, eram usados como mão de obra das drogas do sertão,

foram levados ao combate pelas disputas entre os dois grupos das

elites, que grosso modo, abandonaram os cabanos a própria sorte e à

repressão da Regência.

Também sem cunho separatista, a Revolta dos Malês, assim como a

Sabinada tiveram conteúdo social semelhante a Cabanagem, tendo o

tópico religioso na revolta dos Malês, com o diferencial. Lembrando

que os negros muçulmanos lutaram pela liberdade de culto e foram,

também, massacrados por isso.

No caso da Revolta liderado por Francisco Sabino, dois anos após a

Revolta dos Malês, na cidade do Salvador, foi amparada por homens

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livres e pretendi a , tendo em vista a saída de Feijó, proclamar

independência até a chegada de D. Pedro II ao trono.

Outra revolta regencial que não tinha caráter emancipatório, foi a

Balaiada, dois movimentos ocorreram no Maranhão e Piauí em 1838 e

1841, respectivamente. Essa revolta foi marcada pelo envolvimento

das camadas mais populares numa arenga entre os dois grupos

políticos locais, Bem te vi, liberais exaltados, apelidados assim pelo

jornal que muitos participavam e os conservadores , grupo que

garantia os projetos governistas. Essa disputa aconteceu pela

perseguição empreendida aos ―Bem te vis‖ pelos conservadores,

usando a prerrogativa legal da Lei dos Prefeitos. Essa Lei dava direito

ao monopólio dos cargos principais das províncias, tais como, prefeito,

vice e comissário de polícia.

Como causa secundária, embora aponte para a disputa entre o poder

central x os poderes locais, o recrutamento militar obrigatório, usado

frequentemente pelo poder central. A revolta tomou ares populares e

após tomarem a Vila de Caxias, os revoltosos foram abandonados

pelos ―Bem te vis‖, visto que os mesmos tinham receio do movimento

pela participação intensa dos mais pobres.

O último movimento, o Farroupilha, precisa ser descrito como o único

com caráter separatista efetivo, embora as razões esboçadas para

isso foram as taxações menores sobre o charque platino, além da

―tentativa de substituir as milícias particulares por um corpo militar

subordinado ao poder central‖, tentativa realizada pelo presidente da

província Antônio Rodrigues Fernandes Braga.

Os estancieiros, embora não convergissem para um programa de

governo, assinaram um manifesto em 29 de agosto de 1838,

declarando a fundação da República Piratini, assumindo o poder Bento

Gonçalves. Eles fundaram ainda a república Juliana. No interior do

movimento dois grupos apresentaram diferentes ideias de república,

por um lado, a defesa de um Estado Independente, soberano e

federal, ( Bento Gonçalves, enquanto o outro, destacado na figura de

David cana barro reivindicava algo próximo a uma monarquia

descentralizada.

FARIA, MIRANDA e CAMPOS afirmam que ―(...) as elites gaúchas que

aderiram à revolta tinham interesses distintos.‖ Um ponto em comum

era a negação do fim da escravidão, apesar de prometerem aos

negros que participassem do conflito o direito à liberdade.

Embora derrotados, mas com grandes feitos, inclusive com a

participação de Garibaldi, os farroupilhas tiveram boa parte de suas

reivindicações atendidas, inclusive de permanecer No exército

brasileira, na mesma patente, os soldados do exército farroupilha, os

preços do charque latino foram aumentados, facilitando a vida do

charque brasileiro.

O Período Regencial acabou com o Golpe da Maioridade, sob o

argumento da unidade nacional, unidade essa que se revelou mais

efetiva à medida que a política da conciliação foi sendo consolidada

pelo governo de D. Pedro II.

TEXTO COMPLEMENTAR:

Rumos do Estado na sociedade contemporânea

(...) Temos o péssimo costume de falar no Estado como um ente

abstrato, que nenhum de nós consegue definir, nem consegue

localizar. Perguntaria se algum de vocês já fez o esforço de situar o

Estado em algum lugar no espaço. Vocês vão dizer: ah! Mas é

evidente, o Estado brasileiro está no Palácio do Planalto. Ao que

responderei: não, lá está a chefia do governo. O presidente da

República lá está na função de Chefe de Governo. Ah, bom então o

Estado está ali no Senado, na Câmara? Não, lá também não está o

Estado, está o Poder Legislativo, que integra o Estado. Então, está na

Praça dos Três Poderes? Está muito bem, ele está na Praça dos Três

Poderes, só que não o vemos. Apesar de não conseguirmos ver o

Estado conhecemos o Estado por seus efeitos. Por exemplo, o Estado

está sentado aqui nesta mesa. Somos funcionários públicos, somos o

Estado, temos poderes sobre os alunos, podemos reprová-los se não

assinarem a lista de presença e tudo mais. Nossa tendência, como

cientistas políticos, é falar no Estado em abstrato. Que é o Estado? É

a comunidade criada pela ordem jurídica. Bonita definição abstrata,

porque a ordem jurídica, que respeitamos, ou não, cria esta coisa

fantasmagórica que é o Estado.

Falamos no Estado, na sua relação com a sociedade civil,

generalizando situações. Ora, para entender, ou começar a

compreender a crise do Estado, o drama do Estado contemporâneo,

deveríamos relativizar os conceitos e, sobretudo relativizar as

situações históricas. (...) A rigor, cometeríamos um erro se

generalizássemos a extensão da expressão Estado. Apesar disso,

apesar de ser evidente que cada Estado é diverso de outros, que cada

Estado obedece a uma lei histórica, digamos assim, de nascimento ou

vida e, em muitos casos, morte, insistimos em falar no Estado

genérico. Pergunto se ao falar do Estado enquanto ser genérico, não

estamos querendo falar de outra coisa, não estamos querendo falar da

burocracia.

Chamarei atenção para algumas passagens literárias. Uma delas é de

Rousseau, no Contrato Social. No capítulo 10 do Livro III, o filósofo

traça sugestiva imagem a respeito da relação que existe entre o

Estado e o Governo. Imaginemos um círculo, que é o Estado, a rigor

todos nós, porque nele reside o poder soberano, nele está o poder de

fazer as leis. Dentro deste círculo, imaginemos outro, concêntrico, que

não tem o soberano poder de fazer leis, sendo sua função executar as

leis que os membros do soberano fazem. Esse círculo é o governo.

Ora, o que Rousseau aponta como fazendo parte da natureza das

coisas é a tendência do governo ocupar o espaço que é do Estado.

Isto em 1762. Em outras palavras, o círculo inscrito tende a crescer

cada vez mais, e aos poucos se confunde com o círculo exterior. Isto

significa que, cada vez mais, os cidadãos têm menos poder de fazer

leis. Não creio entrar na teoria da representação de Rousseau e tudo o

mais. O que importa assinalar é a tomada de consciência do fenômeno

burocrático.

Compreendendo o texto:

69. O que o autor quer dizer quando separa Estado de Governo?

70. Observando a figura explicativa criada por Rousseau, analise a

visão do filósofo quanto a Democracia relacionando-a à capacidade de

fazer leis.

Questões: (A Formação do Estado Brasileiro)

71. (ENEM-2010) Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o

presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a riqueza

nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a

indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que

haja a este respeito no Estado do Brasil. Alvará de liberdade para as

indústrias (1º de abril de 1808). (In Bonavides, P.; Amaral, R. Textos

políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 -

adaptado).

O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará,

não se concretizou. Que características desse período explicam esse

fato?

A) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das

manufaturas portuguesas.

B) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial

inglês sobre suas redes de comércio.

C) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada

da família real portuguesa.

D) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia

assumida por Portugal no comércio internacional.

E) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados

para as indústrias portuguesas.

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72. (ENEM-2010) Em 2008 foram comemorados os 200 anos da

mudança da família real portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a

sede do reino. Uma sequência de eventos importantes ocorreu no

período 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a família

real portuguesa permaneceram no Brasil.

Entre esses eventos, destacam-se os seguintes:

• Bahia – 1808: Parada do navio que trazia a família real portuguesa

para o Brasil, sob a proteção da marinha britânica, fugindo de um

possível ataque de Napoleão.

• Rio de Janeiro – 1808: desembarque da família real portuguesa na

cidade onde residiriam durante sua permanência no Brasil.

• Salvador – 1810: D. João VI assina a carta régia de abertura dos

portos ao comércio de todas as nações amigas, ato antecipadamente

negociado com a Inglaterra em troca da escolta dada à esquadra

portuguesa.

• Rio de Janeiro – 1816: D. João VI torna-se rei do Brasil e de

Portugal, devido à morte de sua mãe, D. Maria I.

• Pernambuco – 1817: As tropas de D. João VI sufocam a revolução

republicana.

(GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma

corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do

Brasil. São Paulo: Editora Planeta, 2007 - adaptado)

Uma das consequências desses eventos foi:

A) a decadência do império britânico, em razão do contrabando de

produtos ingleses através dos portos brasileiros.

B) o fim do comércio de escravos no Brasil, porque a Inglaterra

decretara, em 1806, a proibição do tráfico de escravos em seus

domínios.

C) a conquista da região do rio da Prata em represália à aliança entre

a Espanha e a França de Napoleão.

D) a abertura de estradas, que permitiu o rompimento do isolamento

que vigorava entre as províncias do país, o que dificultava a

comunicação antes de 1808.

E) o grande desenvolvimento econômico de Portugal após a vinda de

D. João VI para o Brasil, uma vez que cessaram as despesas de

manutenção do rei e de sua família.

73. (ENEM-2008)

Na obra Entrudo, de Jean-

Baptiste Debret (1768-1848),

apresentada:

A) registram-se cenas da vida

íntima dos senhores de

engenho e suas relações com os escravos.

B) identifica-se a presença de traços marcantes do movimento artístico

denominado Cubismo.

C) identificam-se, nas fisionomias, sentimentos de angústia e

inquietações que revelam as relações conflituosas entre senhores

e escravos.

D) observa-se a composição harmoniosa e destacam-se as imagens

que representam figuras humanas.

E) constata-se que o artista utilizava a técnica do óleo sobre tela, com

pinceladas breves e manchas, sem delinear as figuras ou as

fisionomias.

74. (ENEM-2007) Após a Independência, integramo-nos como

exportadores de produtos primários à divisão internacional do trabalho,

estruturada ao redor da Grã-Bretanha. O Brasil especializou-se na

produção, com braço escravo importado da África, de plantas tropicais

para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento

de nossa economia por pelo menos uns oitenta anos. Éramos um país

essencialmente agrícola e tecnicamente atrasado por depender de

produtores cativos. Não se poderia confiar a trabalhadores forçados

outros instrumentos de produção que os mais toscos e baratos. O

atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para fora. Era do exterior

que vinham os bens de consumo que fundamentavam um padrão de

vida ―civilizado‖, marca que distinguia as classes cultas e

―naturalmente‖ dominantes do povaréu primitivo e miserável. (…) E de

fora vinham também os capitais que permitiam iniciar a construção de

uma infraestrutura de serviços urbanos, de energia, transportes e

comunicações. (Paul Singer. Evolução da economia e vinculação

internacional. In: I. Sachs; J. Willheim; P. S. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um

século de transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80).

Levando-se em consideração as afirmações acima, relativas à

estrutura econômica do Brasil por ocasião da independência política

(1822), é correto afirmar que o país:

A) se industrializou rapidamente devido ao desenvolvimento alcançado

no período colonial.

B) extinguiu a produção colonial baseada na escravidão e

fundamentou a produção no trabalho livre.

C) se tornou dependente da economia europeia por realizar

tardiamente sua industrialização em relação a outros países.

D) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi introduzido no

país sem trazer ganhos para a infraestrutura de serviços urbanos.

E) teve sua industrialização estimulada pela Grã-Bretanha, que

investiu capitais em vários setores produtivos.

75. (ENEM-2004) Constituição de 1824: ―Art. 98. O Poder Moderador é

a chave de toda a organização política, e é delegado privativamente

ao Imperador (…) para que incessantemente vele sobre a manutenção

da Independência, equilíbrio, e harmonia dos demais poderes políticos

(…) dissolvendo a Câmara dos Deputados nos casos em que o exigir

a salvação do Estado.‖

Frei Caneca: ―O Poder Moderador da nova invenção maquiavélica é a

chave mestra da opressão da nação brasileira e o garrote mais forte

da liberdade dos povos. Por ele, o imperador pode dissolver a Câmara

dos Deputados, que é a representante do povo, ficando sempre no

gozo de seus direitos o Senado, que é o representante dos

apaniguados do imperador.‖ (Voto sobre o juramento do projeto de

Constituição)

Para Frei Caneca, o Poder Moderador definido pela Constituição

outorgada pelo Imperador em 1824 era:

A) adequado ao funcionamento de uma monarquia constitucional, pois

os senadores eram escolhidos pelo Imperador.

B) eficaz e responsável pela liberdade dos povos, porque garantia a

representação da sociedade nas duas esferas do poder legislativo.

C) arbitrário, porque permitia ao Imperador dissolver a Câmara dos

Deputados, o poder representativo da sociedade.

D) neutro e fraco, especialmente nos momentos de crise, pois era

incapaz de controlar os deputados representantes da Nação.

E) capaz de responder às exigências políticas da nação, pois supria as

deficiências da representação política.

76. (ENEM-2011) No clima das ideias que se seguiram à revolta de

São Domingos, o descobrimento de planos para um levante armado

dos artífices mulatos na Bahia, no ano de 1798, teve impacto muito

especial; esses planos demonstravam aquilo que os brancos

conscientes tinham já começado a compreender: as ideias de

igualdade social estavam a propagar-se numa sociedade em que só

um terço da população era de brancos e iriam inevitavelmente ser

interpretados em termos raciais.

(MAXWELL, K. Condicionalismos da Independência do Brasil. In: SILVA, M.

N. (coord.) O Império luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1966).

O temor do radicalismo da luta negra no Haiti e das propostas das

lideranças populares da Conjuração Baiana (1798) levaram setores da

elite colonial brasileira e novas posturas diante das reivindicações

populares. No período da Independência, parte da elite participou

ativamente do processo, no intuito de:

A) instalar um partido nacional, sob sua liderança, garantindo

participação controlada dos afro-brasileiros e inibindo novas

rebeliões de negros.

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B) atender aos clamores apresentados no movimento baiano, de modo

a inviabilizar novas rebeliões, garantindo o controle da situação.

C) firmar alianças com as lideranças escravas, permitindo a promoção

de mudanças exigidas pelo povo sem a profundidade proposta

inicialmente.

D) impedir que o povo conferisse ao movimento um teor libertário, o

que terminaria por prejudicar seus interesses e seu projeto de

nação.

E) rebelar-se contra as representações metropolitanas, isolando

politicamente o Príncipe Regente, instalando um governo

conservador para controlar o povo.

77. (ENEM-2009) No tempo da independência do Brasil, circulavam

nas classes populares do Recife trovas que faziam alusão à revolta

escrava do Haiti: Marinheiros e caiados Todos devem se acabar,

Porque só pardos e pretos O país hão de habitar. (AMARAL, F. P. do.

Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos. Recife: Cultura Acadêmica,

1907).

O período da independência do Brasil registra conflitos raciais, como

se depreende:

A) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, que circulavam

entre a população escrava e entre os mestiços pobres,

alimentando seu desejo por mudanças.

B) da rejeição aos portugueses, brancos, que significava a rejeição à

opressão da Metrópole, como ocorreu na Noite das Garrafadas.

C) do apoio que escravos e negros forros deram à monarquia, com a

perspectiva de receber sua proteção contra as injustiças do

sistema escravista.

D) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos

demonstravam contra os marinheiros, porque estes representavam

a elite branca opressora.

E) da expulsão de vários líderes negros independentistas, que

defendiam a implantação de uma república negra, a exemplo do

Haiti.

78. (ENEM-2011) Art. 92. São excluídos de votar nas Assembleias

Paroquiais.

I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não se compreendam

os casados, e Oficiais Militares, que forem maiores de vinte e um

anos, os Bacharéis Formados e Clérigos de Ordens Sacras.

IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em Comunidade claustral.

V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens de

raiz, indústria, comércio ou empregos.

(Constituição Política do Império do Brasil (1824) Disponível em:

http://legislacao.planalto.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2010 - adaptado)

A legislação espelha os conflitos políticos e sociais do contexto

histórico de sua formulação. A Constituição de 1824 regulamentou o

direito de voto dos ―cidadãos brasileiros‖ com o objetivo de garantir:

A) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política brasileira.

B) a ampliação do direito de voto para maioria dos brasileiros nascidos

livres.

C) a concentração de poderes na região produtora de café, o Sudeste

brasileiro.

D) o controle do poder político nas mãos dos grandes proprietários e

comerciantes.

E) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas decisões

político-administrativas.

79. (ENEM-2010) Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou

um período marcado por inúmeras crises: as diversas forças políticas

lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores

condições de vida e pelo direito de participação na vida política do

país. Os conflitos representavam também o protesto contra a

centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão

da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos ―barões do

café‖, para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do

tráfico negreiro.

O contexto do Período Regencial foi marcado:

A) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia.

B) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder

central.

C) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam

melhores condições de vida.

D) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão

social dos ―barões do café‖.

E) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que

exigiam o reforço de velhas realidades sociais.

80. (UFAM) O Período Regencial foi marcado por profundas disputas

políticas na corte e rebeliões que, de alguma forma, punham em

discussão a relação centro / periferia. Dos movimentos abaixo,

assinale aquele que não se articula com essa tendência:

A) A Guerra dos Farrapos; D) A Sabinada;

B) A Cabanagem; E) A Revolta dos Malês.

C) A Balaiada;

81. (FRB/BA) O Nordeste brasileiro foi palco, em épocas diversas, de

vários movimentos sociais e/ou políticos, dentre os quais se destaca:

A) a Guerra dos Farrapos, movimento separatista, que constituiu luta

entre os estancieiros e o Governo Imperial, entre outros motivos,

pela cobrança excessiva de impostos;

B) a Cabanagem, uma das mais importantes revoltas do Período

regencial, pelo seu caráter popular, pelo radicalismo político e por

sua longa duração;

C) a Sabinada, movimento ligado às disputas políticas da Regência,

que mobilizou principalmente setores das camadas médias

urbanas que pretendiam proclamar uma república até a

maioridade de D. Pedro de Alcântara;

D) o movimento dos Malês, muçulmano, ocorrido em Pernambuco,

durante o Segundo Reinado, sendo considerado o maior conflito

negro urbano, que lutava pela libertação dos escravos, pela

proclamação da república e pela independência do Brasil;

E) a Revolta da Armada, na qual diversas unidades da Marinha

sublevaram-se contra o governo de Floriano Peixoto, na Primeira

República.

82. (ENEM-2012) Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde

Pedro I fora recebido com grande frieza, seus partidários prepararam

uma série de manifestações a favor do imperador no Rio de Janeiro,

armando fogueiras e luminárias na cidade. Contudo, na noite de 11 de

março, tiveram início os conflitos que ficaram conhecidos como a Noite

das Garrafadas, durante os quais os ―brasileiros‖ apagavam as

fogueiras ―portuguesas‖ e atacavam as casas iluminadas, sendo

respondidos com cacos de garrafas jogadas das janelas. (VAINFAS, R.

(Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008 –

Adaptado)

Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracterizaram pelo

aumento da tensão política. Nesse sentido, a análise dos episódios

descritos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro revela:

A) estímulos ao racismo.

B) apoio ao xenofobismo.

C) críticas ao federalismo.

D) repúdio ao republicanismo.

E) questionamentos ao autoritarismo.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Amplie seus conhecimentos sobre: Produção Artística do séc. XIX. (Literatura Cadernos Gama/Pi) Ver também: O que é Sociologia? (Sociologias Cadernos Alpha/Beta) Ver também: Urbanização e Indústria e Industrialização (Geografia Cadernos Gama/Pi) Ver também: Formação da Chuva Ácida (Química Cadernos Alpha/Beta).

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34

Conceito

A Revolução Industrial pode ser denominada como o conjunto de

mudanças ocorridas na forma de produzir os itens necessários ao

homem, entre os séculos XVIII e XIX. Esse processo teve início na

Inglaterra e se estendeu para outros países. Esse pioneirismo foi o

resultado de vários fatores como: A acumulação de capitais oriundos

do comércio marítimo mundial; a disponibilidade de mão de obra

proporcionada pelo fenômeno do cercamento dos campos, onde

milhares de camponeses foram expulsos da zona rural; a

disponibilidade de jazidas de carvão e ferro e a existência de um

governo burguês que proporcionou uma legislação favorável aos

interesses capitalistas.

Evolução tecnoindustrial

Até a fase industrial, passaram-se diferentes etapas no processo

produtivo.

A primeira delas foi o artesanato, onde a produção era feita

manualmente, com algumas ferramentas e em pequena escala. O

artesão conhecia todas as etapas da produção e era o dono das

matérias-primas e dos instrumentos de produção.

Nas manufaturas, a produção passou a ser dividida em etapas

realizadas por pessoas diferentes (divisão de trabalho). O trabalho

continuou a ser feito em oficinas. O trabalhador perdeu o controle

sobre o processo produtivo (alienação do trabalhador). A matéria-

prima, as ferramentas e a mercadoria pertencem ao proprietário da

manufatura.

A produção mecanizada (maquinofatura) introduziu as máquinas na

produção em substituição às ferramentas e aos próprios homens.

Fases da Revolução Industrial

A primeira fase compreende aproximadamente o período entre 1760-

1860. Essa etapa se concentra principalmente no Reino Unido. A

indústria têxtil aglomera a maioria das fábricas existentes. O vapor

conseguido à base da queima de carvão natural é a fonte de energia

predominante.

A segunda fase ocorreu entre 1860 e 1900. As indústrias se

espalharam por outras regiões da Europa, bem como os Estados

Unidos e Japão. Novos tipos de indústrias foram criados (química,

metalúrgica, farmacêutica, etc.). Novas fontes de energia como a

eletricidade e os combustíveis petrolíferos passaram a mover as

máquinas. É importante ressaltar o desenvolvimento dos transportes e

meios de comunicação

Condições de trabalho dos operários

Uma das formas de aumentar o lucro das empresas era explorar a

mão de obra. O salário dos operários era muito baixo. Para

complementar a renda familiar mulheres e crianças também eram

inseridos no mercado de trabalho. A carga horária chegava a mais de

15 horas por dia. Os direitos trabalhistas comuns hoje em dia não

existiam. Além disso, as instalações das fábricas eram precárias. A

insalubridade prejudicava a saúde dos operários. Como consequência

surgiram doenças associadas às condições de trabalho e de moradia

dos trabalhadores.

Movimento operário

As péssimas condições de trabalho originaram vários conflitos entre

operários e burgueses. Uma das primeiras formas de resistência dos

operários foi o movimento Ludita, onde os operários invadiam as

fábricas e destruíam as máquinas.

Posteriormente, os operários entenderam que a luta não deveria ser

contra as máquinas, mas sim contra o sistema capitalista. Surgiram

então a partir do final do século XVIII, organizações que lutaram por

melhores salários e condições de trabalho. Essas organizações deram

origem aos primeiros sindicatos.

Socialismo

No decorrer do século XIX surgiram várias correntes ideológicas que

contestavam o sistema capitalista.

I – Socialismo Utópico

Também chamado de socialismo romântico, surge no início do século

XIX e concebe a organização de uma sociedade ideal sem conflitos ou

desigualdades. Os pensadores buscam no Iluminismo e nos ideais da

Revolução Francesa os fundamentos de sua crítica à sociedade

capitalista. O inglês Thomas Morus é o precursor, com o livro Utopia

(1516), no qual afirma que a propriedade particular é a fonte de toda

injustiça social. Os principais representantes são o inglês Robert

Owen, que defende a sociedade autogerida, e os franceses Charles

Fourrier, que pretende uma organização em que todos vivam

harmonicamente, e Saint-Simon, que idealiza o domínio da ciência

sobre uma sociedade sem classes.

Robert Owen (1771-1858), rico industrial inglês que se transforma em

um dos mais importantes socialistas utópicos. Sua contribuição nasce

da própria experiência. Instala em New Lanark (Escócia) uma

comunidade inspirada nos ideais utópicos. Monta uma fiação no centro

de uma comunidade operária e promove a organização de serviços

comunitários de educação, saúde e assistência social. A comunidade

passa a se autogerir e todos os integrantes pertencem à mesma

classe. No lugar de dinheiro circulam vales correspondentes ao

número de horas trabalhadas.

Charles Fourrier (1772-1837) Em 1822 lança o jornal O Falanstério

(depois mudado para A Falange), defendendo sua ideias,

influenciadas pelo idealismo de Rousseau. Propõem que a sociedade

se organize em comunidades chamadas falanstérios, espécie de

edifícios-cidades onde as pessoas trabalham apenas no que querem.

Fourrier defende assim o fim da dicotomia entre trabalho e prazer. Nos

falanstérios os bens são distribuídos conforme a necessidade.

Saint-Simon (1757-1825). Em 1802, com o livro Cartas de um

habitante de Genebra a seus contemporâneos defendeu uma nova

religião baseada na ciência e dedicada ao culto de Newton. Suas

ideias são retomadas pelos tecnocratas no século XX.

II - Socialismo Científico

Teoria política elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels entre 1848 e

1867. Essa corrente deriva da dialética (resultado da luta de forças

opostas) hegeliana e é influenciada pelo socialismo utópico e pela

economia inglesa. A partir do materialismo histórico, prevê o triunfo

final dos trabalhadores sobre a burguesia. Marx chama de comunismo

essa sociedade e de socialismo o processo de transição do

capitalismo ao comunismo.

Materialismo histórico - Segundo Marx, o homem e suas atividades

são reflexos das condições materiais que o cercam. Estas são

determinadas pela História, que é resultado do confronto de classes

sociais antagônicas que lutam pela hegemonia. A luta de classes é o

motor da história e só desaparece com a instalação de uma sociedade

comunista, sem divisão de classes ou exploração do trabalho, e

baseada na solidariedade. O Estado é o instrumento pelo qual a

classe dominante exerce essa hegemonia sobre as demais. Outro

conceito do marxismo é a Mais-Valia que corresponde ao valor da

riqueza produzida pelo operário além do valor remunerado de sua

força de trabalho e que é apropriado pelos capitalistas.

III – Anarquismo

Movimento que surge no século XIX, propondo uma organização da

sociedade onde não haja nenhuma forma de autoridade imposta. Para

os anarquistas, uma revolução não deve levar à criação de um novo

Estado porque este seria sempre uma nova forma de poder coercitivo.

O anarquismo tem duas correntes importantes. Uma, pacífica, que tem

como principal representante o francês Pierre-Joseph Proudhon. Para

ele qualquer mudança social deve ser feita com base na fraternidade e

na cooperação entre os homens. A outra corrente afirma que a

modificação da sociedade só pode ser feita depois de destruída toda a

Amplie seus conhecimentos sobre: O Imperialismo do séc. XIX (História Cadernos Delta/Ômega).

Mód. III História pg. 13 a 14: O Imperialismo do séc. XIX

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estrutura social existente. Para isso é válida a utilização da violência e

do terrorismo. O russo Mikhail Bakunin, considerado um dos principais

teóricos e militantes do anarquismo, chega a participar de atentados,

influenciado por Serguei Netchaiev, um dos defensores dessa

corrente.

TEXTO COMPLEMENTAR:

A situação da classe trabalhadora na Inglaterra

Na atualidade, os países ou blocos de países industrializados e

plenamente desenvolvidos (Europa ocidental, Estados Unidos,

Canadá, Japão) colocam-se como defensores dos direitos

fundamentais do ser humano. Mas o que aconteceu com as crianças e

os jovens quando esses países se encontravam em processo de

industrialização? Veja a seguir o depoimento de alguém que viu com

os próprios olhos o que se passava nas fábricas da Inglaterra na

metade do século XIX:

"A elevada mortalidade que se verifica entre os filhos dos operários, e

particularmente dos operários de fábrica, é uma prova suficiente da

*insalubridade* à qual estão expostos durante os primeiros anos.

Estas causas também atuam sobre as crianças que sobrevivem, mas

evidentemente os seus efeitos são um pouco mais *atenuados* do que

naquelas que são suas vítimas. Nos casos mais benignos, têm uma

predisposição para a doença ou um atraso no desenvolvimento e, por

consequência, um vigor físico inferior ao normal.

O filho de um operário, que cresceu na miséria, entre as privações e

as *vicissitudes* da existência, na umidade, no frio e com falta de

roupas, aos 9 anos está longe de ter a capacidade de trabalho de uma

criança criada em boas condições de higiene. Com a idade de 9 anos

é enviado para a fábrica, e aí trabalha diariamente seis horas e meia

até a idade de 13 anos. A partir deste momento, e até os 18 anos

trabalham doze horas.

Aos fatores de enfraquecimento que persistem junta-se também o

trabalho. É verdade que não podemos negar que uma criança de 9

anos, mesmo filha de um operário, possa suportar um trabalho

cotidiano de seis horas e mais sem que daí resultem para o seu

desenvolvimento efeitos nefastos visíveis, de que este trabalho seria a

causa evidente.

Mas temos de confessar que a permanência na atmosfera da fábrica,

sufocante, úmida, por vezes de um calor morno, não poderia em

qualquer dos casos melhorar a sua saúde. De qualquer maneira, é dar

prova de irresponsabilidade sacrificar à *cupidez* de uma burguesia

insensível os anos de vida das crianças, que deveriam ser

exclusivamente consagrados ao desenvolvimento físico e intelectual, e

privar as crianças da escola e do ar puro, para as explorar em proveito

dos senhores industriais.

Claro, a burguesia diz-nos: ‗Se não empregarmos as crianças nas

fábricas, elas ficarão em condições de vida desfavoráveis ao seu

desenvolvimento‗, e no conjunto este fato é verdadeiro. Mas que

significa este argumento, posto no seu justo lugar, senão que a

burguesia coloca primeiro os filhos dos operários em más condições

em seu proveito? Ela evoca um fato de que é tão culpada como o

sistema industrial, justificando a falta que comete hoje com aquela que

cometeu ontem.

(Friedrich Engels. *A situação da classe trabalhadora na Inglaterra*. São

Paulo, Global Editora, 1986, pp. 172-173).

Compreendendo o texto:

83. Como a dinâmica do processo industrial contribuiu para altas taxas

de mortalidade infantil nas indústrias europeias nos séculos XVIII e

XIX?

84. Que paralelo pode ser feito sobre a situação do trabalho infantil

nos dias de hoje?

Questões: (Revolução Industrial)

85. (ENEM – 2010) A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros, Tudo se

transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas

favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua

ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os

novos altos- fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a

escravização do homem que seu poder:

(DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 -

adaptado).

Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos

ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as

características das cidades industriais no início do século XIX?

A) A facilidade em se estabelecerem relações lucrativas transformava

as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa,

característica da nova sociedade capitalista.

B) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano

aumentava a eficiência do trabalho industrial.

C) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de

transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das

periferias até as fábricas.

D) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas

revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período,

transformando as cidades em locais de experimentação estética e

artística.

E) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava

o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas

condições de moradia, saúde e higiene.

86. (ENEM – 2009) Até o século XVII, as paisagens rurais eram

marcadas por atividades rudimentares e de baixa produtividade. A

partir da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o advento da

revolução tecnológica, houve um desenvolvimento contínuo do setor

agropecuário.

São, portanto, observadas consequências econômicas, sociais e

ambientais inter-relacionadas no período posterior à Revolução

Industrial, as quais incluem:

A) a erradicação da fome no mundo.

B) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas urbanas.

C) a maior demanda por recursos naturais, entre os quais os recursos

energéticos.

D) a menor necessidade de utilização de adubos e corretivos na

agricultura.

E) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor primário da

economia, em face da mecanização.

87. (ENEM – 2001) ―… Um operário desenrola o arame, o outro o

endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para a

colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete

requerem-se 3 ou 4 operações diferentes;…‖

(SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza

e suas Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985).

A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações:

I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são submetidos

os operários.

II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à

produção artesanal.

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III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade industrial não

depende do conhecimento de todo o processo por parte do

operário.

Dentre essas afirmações, apenas.

A) I está correta.

B) II está correta.

C) III está correta.

D) I e II estão corretas.

E) I e III estão corretas.

88. (ENEM – 2010) A evolução do processo de transformação de

matérias-primas em produtos acabados ocorreu em três estágios:

artesanato, manufatura e maquinofatura. Um desses estágios foi o

artesanato, em que se:

A) trabalhava conforme o ritmo das máquinas e de maneira

padronizada.

B) trabalhava geralmente sem o uso de máquinas e de modo diferente

do modelo de produção em série.

C) empregavam fontes de energia abundantes para o funcionamento

das máquinas.

D) realizava parte da produção por cada operário, com uso de

máquinas e trabalho assalariado.

E) faziam interferências do processo produtivo por técnicos e gerentes

com vistas a determinar o ritmo de produção.

89. (UERJ) Os anarquistas, senhores, são cidadãos que, em um

século em que se prega por toda a parte a liberdade das opiniões,

acreditam ser seu dever recomendar a liberdade ilimitada. (...)

Os anarquistas propõem-se, pois, a ensinar ao povo a viver sem

governo, da mesma forma como ele começa a aprender a viver sem

Deus. Declaração dos Anarquistas, 1883.

(VOILLIARD, Odette et alii. Documents d'Histoire Contemporaine (1851-

1971). Paris: Armand Colin, 1964).

No texto acima, está apresentado o seguinte princípio do anarquismo:

A) rejeição do poder instituído, negando a necessidade do Estado.

B) recusa das eleições, substituindo-as pelo sindicalismo

revolucionário.

C) fim do Estado e da Igreja, pregando sua substituição por ações de

um cooperativismo associacionista.

D) superioridade da ação profissional sobre a da política, buscando a

independência dos partidos políticos.

90. (PUC-MG) O chamado socialismo científico, formulado por Marx e

Engels no século XIX, propunha:

A) a superação do capitalismo pela ação revolucionária dos

trabalhadores, aglutinados em torno da Internacional Socialista.

B) a redução do papel do Estado na economia para efetivar o controle

direto pelo proletariado sobre os meios de produção.

C) a supressão de toda legislação trabalhista e social, tida como

mecanismo de alienação e cooptação do proletariado.

D) a realização de sucessivas reformas na estrutura capitalista,

possibilitando a gradativa implantação do comunismo avançado.

91. (ENEM – 2010) Homens da Inglaterra, por que arar para os

senhores que vos mantêm na miséria?

Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que vossos

tiranos vestem?

Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses

parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem vosso

sangue?

(SHELLEY. Os homens da Inglaterra. Apud HUBERMAN, L. História da

Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.)

A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico Shelley

(1792-1822) registrou uma contradição nas condições

socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante a

Revolução Industrial. Tal contradição está identificada:

A) na pobreza dos empregados, que estava dissociada da riqueza dos

patrões.

B) no salário dos operários, que era proporcional aos seus esforços

nas indústrias.

C) na burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo

proletariado.

D) no trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade.

E) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a produziam.

92. (ENEM - 2010) A poluição e outras ofensas ambientais ainda não

tinham esse nome, mas já eram largamente notadas no século XIX,

nas grandes cidades inglesas e continentais. E a própria chegada ao

campo das estradas de ferro suscitou protestos. A reação

antimaquinista, protagonizada pelos diversos luddismos, antecipa a

batalha atual dos ambientalistas. Esse era, então, o combate social

contra os miasmas urbanos. (SANTOS M. A natureza do espaço: técnica

e tempo, razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2002 - adaptado).

O crescente desenvolvimento técnico-produtivo impõe modificações na

paisagem e nos objetos culturais vivenciados pelas sociedades. De

acordo com o texto, pode-se dizer que tais movimentos sociais

emergiram e se expressaram por meio:

A) das ideologias conservacionistas, com milhares de adeptos no meio

urbano.

B) das políticas governamentais de preservação dos objetos naturais e

culturais.

C) das teorias sobre a necessidade de harmonização entre técnica e

natureza.

D) dos boicotes aos produtos das empresas exploradoras e poluentes.

E) da contestação à degradação do trabalho, das tradições e da

natureza.

93. (ENEM-2009) A prosperidade induzida pela emergência das

máquinas de tear escondia uma acentuada perda de prestígio. Foi

nessa idade de ouro que os artesãos, ou os tecelões temporários,

passaram a ser denominados, de modo genérico, tecelões de teares

manuais. Exceto em alguns ramos especializados, os velhos artesãos

foram colocados lado a lado com novos imigrantes, enquanto

pequenos fazendeiros-tecelões abandonaram suas pequenas

propriedades para se concentrar na atividade de tecer. Reduzidos à

completa dependência dos teares mecanizados ou dos fornecedores

de matéria-prima, os tecelões ficaram expostos a sucessivas reduções

dos rendimentos. (THOMPSON, E. P. The making of the english working

class. Harmondsworth: Penguin Books, 1979 - adaptado).

Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução Industrial, a

forma de trabalhar alterou-se por que:

A) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas relações

sociais.

B) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inexperientes.

C) os novos teares exigiam treinamento especializado para serem

operados.

D) os artesãos, no período anterior, combinavam a tecelagem com o

cultivo de subsistência.

E) os trabalhadores não especializados se apropriaram dos lugares

dos antigos artesãos nas fábricas.

94. (ENEM-2012)

Disponível em: http://primeira-serie.blogspot.com.br. Acesso em: 07dez.

2011 (adaptado).

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Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

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Na imagem do início do século XX, identifica-se um modelo produtivo

cuja forma de organização fabril baseava-se na(o):

A) autonomia do produtor direto.

B) adoção da divisão sexual do trabalho.

C) exploração do trabalho repetitivo.

D) utilização de empregados qualificados.

E) incentivo à criatividade dos funcionários.

REVOLUÇÕES LIBERAIS

Introdução

As Revoluções Liberais do século XIX formam um conjunto de

movimentos ligados entre si por três elementos. O primeiro, elas estão

ligadas às Revoluções Inglesa (XVII) e Francesa (XVIII), quanto à

questão ideológica de afirmação de princípios burgueses. O segundo,

em relação à Revolução Francesa (XVIII) há maior contato em razão

tanto da maior proximidade cronológica quanto pelo fato de o primeiro

movimento (Revolução de 1830) ser, entre outros aspectos, uma

reação ao processo de restauração conservadora e aristocrática do

―Congresso de Viena‖. E, o terceiro, as sequências de Revoluções

Liberais buscaram afirmar ideais burgueses tanto na economia quanto

na política, que o último em particular, de certa forma, abriu espaço

para aspirações das camadas sociais mais populares. Isso ocorreu

concomitante ao processo da 2ª Revolução Industrial, que, com o

surgimento da classe operária, possibilitou a formação de movimentos

sociais (operários) e introdução de uma nova ideologia: o Socialismo.

Congresso de Viena

O Congresso de Viena foi tanto um processo de reorganização

geopolítica da Europa quanto de reação contrarrevolucionária à

Revolução Francesa e ao seu contínuo, em vários aspectos, a Era

Napoleônica. As potências vitoriosas das Guerras Napoleônicas:

Rússia, Prússia, Áustria e, em especial, a Inglaterra impuseram suas

condições à França napoleônica derrotada.

Durante o Congresso, a princípio não houve entendimento entre as

potências vitoriosas dos conflitos napoleônicos. Isso permitiu que a

França, através do seu representante diplomático, Talleyrand, evitasse

maiores danos ao seu país. Foi proposto o princípio da ―legitimidade‖.

Por ele, reconstituir-se-iam tanto fronteiras quanto famílias reais

anteriores às Guerras Napoleônicas.

Por um lado, o princípio da ―legitimidade‖ permitiu que a França não

sofresse perdas de territórios, tanto continentais quanto coloniais. Por

outro lado, também permitiu que o país não fosse governado por

estrangeiros. Porém, isso significou a restauração da aristocracia

francesa (representada pelos Bourbon) e, de certo modo, do

Absolutismo, que foram derrubados pela Revolução Francesa (XVIII).

Como a ―legitimidade‖ foi aplicada para a reconstituição da Europa

pós-napoleônica, situação semelhante pode ser dita para vários países

do continente. Houve uma restauração das velhas aristocracias

europeias.

Restauração Francesa (1815-1830)

Obedecendo ao princípio da ―legitimidade‖, os Bourbons foram

reconduzidos ao trono da França, através de Luís XVIII. Apesar de

isso significar uma reconstituição do Absolutismo, os ideais liberal-

burgueses (da Revolução Francesa e da Era Napoleônica)

encontravam-se apenas latentes e manifestar-se-iam assim que

oportuno.

Durante o governo de restauração de Luís XVIII, surgiram na França

basicamente três grupos políticos.

Ultrarrealistas: liderados pelo Conde de Artois (irmão de Luís XVIII),

defendiam o retorno do Absolutismo, com base no ―direito divino‖, e os

privilégios da nobreza.

Bonapartistas: basicamente defendia o retorno de Napoleão Bonaparte

ao trono Imperial da França.

Radicais: representavam basicamente a Burguesia e, portanto, seus

interesses.

Em 1824, morre o rei Luís XVIII, que marca a ascensão do seu irmão,

com o título de Carlos X. Ele radicaliza as transformações no intuito de

restaurar o Absolutismo francês, reconstituindo os privilégios sociais e

políticos tanto da nobreza quanto do clero. O descontentamento em

relação ao rei faz-se sentir através do avanço eleitoral de grupos de

oposição. Em resposta, Carlos X decreta as ―Ordenações de julho‖,

que determinavam basicamente: a censura à imprensa, a dissolução

da Câmara dos Deputados e a elevação do censo eleitoral.

Revolução de 1830

As medidas reacionárias do rei Carlos X acirram ainda mais as

insatisfações. A consequência é a eclosão da Revolução de 1830. Ela

manifesta-se através do chamado ―Três dias gloriosos‖, em que ocorre

a tomada de Paris por manifestantes contrários a Carlos X, seguido

pela tomada do Palácio das Tulherias. O fato provoca a fuga do rei.

A possibilidade de radicalização do processo revolucionário

preocupava a Alta burguesia francesa. Ela interferiu, no intuito de

evitar uma solução republicana, e implantou uma monarquia

constitucional, cujo rei era Luís Filipe, Duque de Orléans.

Repercussões pela Europa

A Revolução de 1830 reascendeu os movimentos liberais. Em diversos

países e regiões ocorreram manifestações que mesclavam princípios

liberal-burgueses com nacionalistas. Entre eles:

A Bélgica torna-se independente da Holanda, em 1831, formando um

governo parlamentar e constitucional, com garantias e respeito às

liberdades individuais.

No norte da Itália (Módena e Parma) ocorreram rebeliões, mas que

foram abafadas por tropas austríacas. O movimento mantem-se

latente através de seus líderes no exílio.

Nas regiões germânicas, também em 1831, houve crescente

politização de camadas médias e populares, através da intensa

disseminação, pela imprensa, de ideais liberal-democráticos. Príncipes

germânicos, preocupados, solicitaram o apoio de tropas austríacas,

que abafaram o movimento.

Na Polônia, em 1830, manifestações implantaram um governo de

caráter revolucionário. Contudo, o movimento enfraqueceu-se em

razão das divergências entre aristocracia e burguesia polonesa. Isso

abriu espaço para intervenção russa, que abafou o movimento.

Monarquia de julho

O reinado de Luís Felipe de Orléans (1830-1848), no plano político,

promoveu medidas democráticas: baixou o censo eleitoral, restaurou a

liberdade de imprensa e governou obedecendo a Constituição em

vigor. No plano econômico, promoveu estímulos a industrialização e foi

permissivo ao controle por parte da burguesia a determinados setores

econômicos. Isso fortaleceu a França economicamente, o que valeu a

Luís Filipe o título informal de o ―rei burguês‖. Esse processo permitiu

que a França desse início ao Neocolonialismo/Imperialismo, com a

definitiva ocupação, em 1847, da Argélia (no norte da África).

Apesar do crescimento econômico francês, a situação da classe

trabalhadora era muito precária. Havia, em geral, más condições de

salário e trabalho. Isso contribuiu para a eclosão de manifestações em

1831 e 1834. O rei, muito embora, tivera respeitado liberdades

democráticas, não se intimidou em reprimir os movimentos populares.

Segunda República Francesa

A questão da classe trabalhadora tornava-se cada vez mais um ponto

a ser considerado. Fato dinamizado pelo surgimento do Socialismo de

Louis Blanc (que foi chamado posteriormente, pelos marxistas, de

utópico). Os Socialistas, em razão de as reuniões políticas estarem

proibidas, realizavam os ―banquetes‖. Eram reuniões políticas

disfarçadas de eventos meramente sociais.

O rei, Luís Filipe, tentou impedir os ―banquetes‖, fato que insuflou a

população. Paris foi tomada por manifestantes, que formaram diversas

barricadas pelas ruas. A Guarda Nacional foi convocada para reprimir

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o movimento, mas aliou-se a ele. Sem alternativas, o rei abdicou ao

trono em fevereiro de 1847.

Foi formado então um governo provisório e decretada a criação uma

república. O novo governo convocou eleições para uma Assembleia

Constituinte, com voto em sufrágio masculino (extinguindo-se o voto

censitário). Contudo, um dos principais problemas era o desemprego.

Para enfrentá-lo, foi criado o Ministério do Trabalho e, através dele, as

―oficinas nacionais‖. As ―oficinas‖ descontentaram a massa

desemprega, já que, na verdade, eram frentes de trabalho. Isso fez

com as manifestações continuassem. Na tentativa de contê-las foi

criada a ―Guarda Móvel‖, já que a Nacional houvera aderido ao

movimento popular.

Outro problema do governo republicano eram os compromissos

financeiros do Estado. Havia, entre outros, os custos da dívida pública,

das ―oficinas nacionais‖ e da própria ―Guarda Móvel‖. A resposta ao

problema foi o aumento de impostos, que incidiu, sobretudo, entre os

camponeses franceses.

Em 1848, foram realizadas as eleições. Para esse pleito houve uma

complexa composição de grupos políticos, entre eles:

Orleanistas: partidários de Luís Filipe e da ―Monarquia de julho‖ e era

composto pela Alta Burguesia financeira.

Legitimistas: eram favoráveis ao retorno dos Bourbon e contrários a

Luís Filipe, sendo compostos pela nobreza rural.

Bonapartistas: eram favoráveis a Luís Napoleão (sobrinho de

Napoleão Bonaparte), apoiavam-se, sobretudo, em um campesinato

conservador e em camadas médias.

Republicanos puros: favoráveis a uma república liberal e opunham-se

a Luís Filipe, apoiavam-se em grupos da Burguesia e da

intelectualidade.

Republicanos democráticos: favoráveis ao sufrágio masculino e

também faziam oposição a Luís Filipe, apoiando-se em setores da

pequena burguesia e da intelectualidade.

Socialistas: criticavam severamente a propriedade privada dos meios

de produção, radicalmente contrários a Luís Filipe e favoráveis a

transformação da estrutura econômica, com distribuição igualitária de

rendas, representando os trabalhadores urbanos.

Revolução de 1848: a “Primavera dos Povos”

A eleição foi vencida pelos republicanos moderados (os puros). Isso

apartou do poder o operariado que, descontente, explodiu tomando

Paris novamente. Desta vez a Guarda Nacional interveio, mas não foi

suficiente para conter a revolta. A população inflamada formou

novamente diversas barricadas pela cidade, que a deixou sitiada pelos

revoltosos.

Para contornar a situação, o exército foi convocado através do Gen.

Cavaignac, que recebeu poderes excepcionais da Assembleia. O

general iniciou então a repressão ao movimento. Foram três dias de

intensos combates, que ficaram conhecidos por ―Journées de juin‖

(Dias de junho). O resultado foi um massacre, com 16 mil mortos e

feridos e 4 mil operários deportados. A questão operária foi então

abafada pelos interesses conservadores.

Repercussões pela Europa

Semelhante ao que ocorrera com relação à Revolução de 1830, a de

1848 espalhou-se também pela Europa. Os movimentos, sobretudo,

no Império Austríaco e na Confederação Germânica puseram na

ordem do dia questões das classes trabalhadoras e da pequena e alta

burguesia, em geral. Em ambos os territórios, movimentos

conseguiram, temporariamente, implantar reformas políticas de caráter

liberal. Porém, elas foram barradas por grupos conservadores, muitas

vezes utilizando-se de força.

Os nacionalismos também foram outro ponto comum, mas assumindo

certas particularidades. No Império Austríaco, o problema era os

movimentos separatistas de minorias étnicas, já que o império

estendia-se por diversas regiões da Europa central-leste. Na

Confederação Germânica, o problema do nacionalismo era diverso ao

Império Austríaco, já que os germânicos pretendiam a formação de um

Estado unificado.

Bonapartismo: a República Burguesa (1848-1852)

Na sequência dos eventos da Revolução de 1848, a nova Constituição

foi promulgada em novembro de 1848 e Luís Napoleão eleito

presidente no mês seguinte (com 70% dos votos). Conseguiu ainda

obter a maioria na Assembleia para o seu grupo político, chamado de

―Partido da Ordem‖.

Na prática, o Partido da Ordem era o arranjo de outros grupos: os

bonapartistas (óbvio), os legitimistas e os orleanistas. A base social

era basicamente composta pelos nobres e pela alta burguesia. E, era

o grupo cujo programa político era essencialmente de defesa da

ordem. Entre os demais grupos políticos estavam os ―Republicanos

Puros‖, que perderam representatividade política e social com eleição

de Luís Napoleão; e a ―Montanha‖, principal partido de oposição a Luís

Napoleão, que representava socialmente a pequena burguesia.

O governo do presidente Luís Napoleão foi marcado por medidas

antidemocráticas. Primeiro, exigia dos eleitores a comprovação de

moradia em um domicílio por no mínimo três anos. Aproximadamente

três milhões perderam o direito de voto porque eram operários e, por

isso, mudavam-se constantemente em razão do trabalho. Segundo, foi

o aumento de imposto sobre a circulação de jornais. Isso encareceu as

publicações, tornando economicamente inviável, sobretudo, as mais

frágeis financeiramente, as de caráter socialista.

A Constituição proibia a reeleição de Luís Bonaparte. Apesar disso, o

presidente tinha claras intenções de continuar no poder. Esse intento o

pôs em estado de tensão com grupos de legitimistas e orleanistas do

seu Partido da Ordem. Luís Bonaparte então buscou apoio das

massas populares e apresentou à Assembleia projeto que autorizava a

sua reeleição.

Após a recusa do Partido da Ordem em aprovar a reeleição, Luís

Napoleão dissolveu a Assembleia, prendeu os líderes dos partidos e

prolongou o seu mandato por dez anos. Esse evento, ocorrido em 02

de dezembro de 1851, ficou conhecido como Golpe do 18 do

Brumário. E, para legitimar e ratificar seu golpe de Estado, Napoleão

realizou um plebiscito.

Segundo Império: França de Napoleão III (1852-1870)

Em dezembro de 1852, Luís Napoleão realizou novo plebiscito, esse

para por fim a Segunda República Francesa. A França voltava ao

regime imperial e Luís Napoleão recebia o título de Napoleão III.

No agora governo imperial de Napoleão III, a França experimentou um

dinamismo em diversos planos. No político, o Império garantiu a ordem

social e os interesses da burguesia. Embora, ela em si estivesse

alienada do poder, já que Napoleão III apoiou-se, sobretudo, na Igreja

e no exército. Mesmo assim, a burguesia apoiou o governo do

Imperador francês.

No plano social, a França conseguiu reduzir o desemprego, com

adoção de programas públicos para a realização de grandes obras. No

entanto, a questão social em si não foi alterada, já que condições

gerais dos trabalhadores continuavam precárias. E, havia ainda a

proibição contra a organização dos trabalhadores em sindicatos e o

direito de greve. Essas proibições duraram até 1864.

No plano econômico, houve forte dinamismo. A França reorganizou

sua tradicional atividade agrícola. Além dela, deu um grande salto na

produção industrial, sobretudo, têxtil e metalurgia. E, ampliou sua rede

bancária, para servir de sustentáculo financeiro do processo de

desenvolvimento econômico.

No plano externo, a França, durante o governo de Napoleão III,

conheceu seus mais destacados tanto sucessos quanto fracassos. Ela

conquistou territórios da Argélia e Senegal (na África), da Síria (no

Oriente Médio) e da Indochina (no Sudeste Asiático). Envolveu-se

também em questões nacionalistas na Península Itálica e nos Balcãs.

E, serviu de mediadora na Guerra da Criméia (1854-1856), entre os

Impérios Russo e Turco-Otomano.

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Porém, com basicamente três grandes desastres políticos, Napoleão

levou seu império ao fim. Primeiro, envolveu-se nas Guerras de

Unificação Italiana (1859). A princípio, havia prometido apoio ao Papa

contra a unificação, mas, por fim, interferiu auxiliando o processo de

unificação. A atitude do imperador desagradou os católicos e a Igreja,

na França, que lhe havia apoiado politicamente. Segundo, interferiu no

México, na tentativa de ampliar sua influência sobre o continente

americano. Impôs aos mexicanos um imperador, o Arquiduque

austríaco Maximiliano de Habsburgo. Após revolta, apoiada pelos

estadunidenses, os mexicanos executaram o Arquiduque Maximiliano.

E, terceiro, o envolvimento na Sucessão Espanhola. A Prússia tinha

fortes interesses em relação à Espanha e, claro, o envolvimento

francês foi interpretado como uma grande intromissão. Além, disso, a

Prússia buscava a concretizar a unificação dos Estados Germânicos,

que a França era contrária.

No acirramento das animosidades entre franceses e prussianos,

seguiu-se a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), que foi uma das

mais fragorosas derrotas do exército francês. Ela resultou no fim do

Segundo Império Francês e, portanto, na queda do imperador

Napoleão III, que fora preso na última batalha, a de Sedan. A guerra

repercutiria até a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), já que a derrota

francesa fez surgir um sentimento de nacionalismo ufânico chamado

de ―revanchismo francês‖.

Terceira República Francesa

Após os três dias da Batalha de Sedan, os republicanos tomaram

Paris de decretaram a Terceira República da França. O governo

provisório logo convocou eleições para a formação de uma

Assembleia Constituinte.

O processo eleitoral seguiu em meio à continuidade da Guerra Franco-

Prussiana, dividindo, em torno dela, as facções políticas da recém-

implantada república. De um lado havia os Monarquistas, que eram

contrários à continuidade da guerra, e, do outro, havia os republicanos,

que eram favoráveis à continuidade do conflito.

A vitória nas eleições coube aos Monarquistas. Eles tiveram o apoio

dos camponeses e, principalmente, das classes dominantes. Elas

temiam que a desestabilização social, provocada pela Guerra Franco-

Prussiana, provocasse a ampliação da participação popular, ao que

havia ocorrido com a Revolução de 1848.

O exército prussiano sitiou Paris por cinco meses (desde 20 de

setembro de 1870). Em 18 de janeiro de 1871, o rei da Prússia,

Guilherme I, foi coroado Imperador da Alemanha em pleno Palácio de

Versalhes, consolidando a formação do II Reich Alemão. Apenas dez

dias depois da coroação, a França assinou o armistício com a Prússia

(Tratado de Frankfurt) e, um pouco posteriormente, os prussianos

estabeleceram as suas exigências de compensação de guerra. A

França pagaria uma indenização de 5 bilhões de francos e cederia o

território da Alsácia-Lorena. O controle dessa região foi outra questão

que repercutiu sobre a 1ª Guerra Mundial. A Alsácia-Lorena era

estratégica tanto por ser uma região de fronteira entre a Alemanha e a

França quanto por conter grandes reservas de carvão mineral e

minério-de-ferro (matérias-primas essenciais para indústria).

Revolução de 1871: a Comuna de Paris

A derrota na Guerra Franco-Prussiana, as humilhações impostas à

França e o caos social provocado pelo conflito fizeram com que o

temor das elites francesas, de certa forma, se materializasse. O

governo republicano estava instalado em Versalhes, fora de Paris. Ele,

na tentativa de evitar uma revolta popular, ordena que a Guarda

Nacional (que era essencialmente composta por camadas populares)

entregasse canhões em seu poder ao exército.

Em 18 de março de 1871, os cidadãos de Paris, novamente, tomaram

a cidade de assalto, formando diversas barricadas. Constituíram um

governo dissidente, de tendência socialista: a Comuna de Paris. Ela

era composta por noventa representantes eleitos por sufrágio

universal. A Comuna deliberou que todos os cargos públicos seriam

preenchidos por indivíduos eleitos, também por sufrágio universal, o

Estado e o ensino laicos e que as indústrias seriam administradas por

operários qualificados.

Apesar do alcance popular, a Comuna teve existência efêmera. Entre

outros aspectos porque ela ficou circunscrita a Paris e foi

violentamente reprimida pelo exército, por ordem do governo

republicano em Versalhes. Afirma-se algo em torno a 20 mil mortos, 38

mil detidos e 13 mil deportados. Com a derrota da Comuna, a Terceira

República Francesa consolida-se e consegue sobreviver (com

ocasionais instabilidades) até as vésperas da 1ª Guerra Mundial

(1914-1918).

UNIFICAÇÃO ALEMÃ E ITALIANA

Introdução

Apesar de algumas singularidades, os processos de unificação da

Alemanha e da Itália são em si semelhantes. Eles são a representação

de afirmações de nacionalidades, ligadas ideologicamente aos

princípios do liberalismo tanto político quanto econômico. E, claro,

foram realizadas em uma perspectiva conservadora, sem pretensões

de se dar espaço as ideologias democráticas e ligadas aos interesses

econômicos da burguesia.

As unificações alteravam o equilíbrio europeu. Em razão disso,

algumas nações tanto se opuseram quanto favoreceram as uniões. A

Áustria era um grande império continental que não era favorável a

unificação de ambos os países. Territórios do norte da Itália e Veneza

eram províncias valiosas do Império Austríaco. Já, com relação à

unificação alemã, os austríacos também eram contrários, já que

lideravam a Confederação Germânica, que fora criada pelo Congresso

de Viena.

A França assumiu uma posição um tanto mais ambígua. A princípio,

declarou apoio ao Papa contra a unificação italiana. Porém, com o

desenrolar dos fatos, o imperador francês, Napoleão III, auxiliou

favorável e decisivamente no processo união da Itália. O claro objetivo

era enfraquecer a posição política da Áustria. Com relação à

Alemanha a situação era oposta, a França sempre foi e agiu

contrariamente a unificação alemã. Os franceses temiam um

demasiado fortalecimento dos alemães, a ameaçar a posição da

França na Europa.

Unificação Alemã

Entre os Estados Germânicos já existia certa unidade econômica. Ela

era representada pelo Zollverein, que era uma união aduaneira,

liderada pela Prússia, do rei Guilherme I. Entre outras razões, a

Prússia precisava ampliar sua economia, através de sua produção

industrial. Mas, para isso, precisava formar um Estado forte o

suficiente para impor-se diante da corrida Imperialista europeia,

liderada por Inglaterra e França.

O Ministro prussiano, Otto von Bismarck, que foi o grande estrategista

da unificação, buscou o apoio político dos Estados Germânicos.

Primeiro, substituiu a Confederação Germânica, liderada pela Áustria,

pela Confederação Germânica do Norte, lidera pela própria Prússia.

Em seguida, foi necessário lutar contra a França na Guerra Franco-

Prussiana, para consolidar seu processo de unificação. A partir dele,

surgiu a Alemanha, que reuniu boa parte dos Estados germânicos,

liderados pela Prússia.

Unificação Italiana

A Itália teve que lidar com fatores altamente complicadores para a

unificação, singulares aos da Alemanha. O primeiro, que não havia

sequer uma unidade econômica entre os Estados da Península Itálica.

Somente o norte da Itália era industrializado, enquanto as regiões

central e sul eram ainda essencialmente rurais. Segundo, a presença

da Igreja Católica. Além de a instituição em si ser um Estado

autônomo, boa parte da população italiana era católica. E, terceiro, a

forte presença de lideranças populares republicanas. Entre elas, a

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mais significativa foi a de Guiseppe Garibaldi (que lutou no Brasil na

Guerra dos Farrapos (1835-1845) em favor dos gaúchos). Por um

lado, o apoio popular era valioso para o sucesso da unificação, mas,

por outro, tornava possível a adoção de um regime republicano e a

imposição de questões diversas aos interesses das elites italianas.

O processo foi liderado pelo Reino Sardo-piemontês, do rei Vitor

Emanuel II, tendo como estrategista seu ministro o Conde de Cavour.

Ele buscou apoio internacional tanto da França quanto da Rússia, que

foi fundamental em um primeiro momento. E, para evitar a ascensão

de camadas populares, afastou ou cooptou suas lideranças. A Itália foi

unificada, adotando o regime monárquico e tendo por rei o Vitor

Emanuel II, que estabeleceu seu novo trono em Roma.

TEXTO COMPLEMENTAR:

Texto I

O caráter revolucionário da burguesia na França em 1840.

Se a burguesia teve uma missão no mundo, esta foi a de se tornar o

guia, a cabeça do povo; missão sagrada, para a qual ela recebeu a

inteligência, a ciência, a experiência dos tempos passados (...).

Entretanto, apenas de posse do poder e autoridade, a burguesia

enfatuou-se como todos os poderes que a precederam; deixou-se

fascinar mais rapidamente que um indivíduo. Ela não vê mais, não

mais entende a nação da qual deveria ser a palavra viva. Ela se repete

por mil bocas: o Estado sou eu; faz mais que esquecer o povo: ela

espera dele; daí se chega à conclusão de que a democracia fica por

um momento mutilada (...). A burguesia sem o povo é a cabeça sem

os braços. O povo sem a burguesia é a força sem a luz.

A burguesia critica a antiga realeza por ter oposto uma resistência

implacável ao espírito do seu tempo, provocando com isso uma

revolução igualmente implacável. Que ela se guarde de cair no mesmo

erro. (QUINET. Avertissement au pays, 25 de dezembro de 1840. IN:

Dechappe. L‘Histoire par le textes. Vol. III. pp. 233-4)

Texto II

Hegel, tomando como ponto de partida a noção kantiana de que a

consciência (ou sujeito) interfere ativamente na construção da

realidade, propõe o que se chama de filosofia do devir, ou seja, do ser

como processo, como movimento do vir-a-ser. Desse ponto de vista, o

ser está em constante formação, donde surge a necessidade de

fundar uma nova lógica que não parta do princípio de identidade

(estático), mas do princípio de contradição para dar conta da dinâmica

social.

A dialética ensina que todas as coisas e ideias morrem: essa força

devastadora é também a força motriz do processo histórico. A ideia

central é a de que a morte é criadora, é geradora. Todo o ser contém

em si mesmo o germe da sua ruína e, portanto, da sua superação. O

movimento dialético se faz em três etapas: tese, antítese e síntese (ou

seja: afirmação, negação e negação da negação). (ARANHA, M.ª

Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à Filosofia. 2ª ed. rev. atual.

São Paulo: Moderna, 1993. p. 118).

Texto III

Karl Marx inspirou-se na dialética hegeliana para desenvolver, em

conjunto com Friedrich Engels, o Socialismo Científico. Utilizando-se

do princípio dialético de que há um processo constante do vir-a-ser e

que cada estrutura contém o germe de sua destruição, prenunciou o

fim do Capitalismo.

Para Marx, a estrutura do Capitalismo promovia a diferença entre os

indivíduos, favorecendo uma minoria em detrimento de uma maioria. A

minoria eram os Capitalistas, que usufruíam dos privilégios que a

riqueza proporcionava, já que possuíam os ―meios privados de

produção‖. A maioria eram os operários, que apesar de produzirem a

riqueza com seu trabalho, não se beneficiavam dela, já que não

―possuíam os meios privados de produção‖. A única alternativa de

sobrevivência dos operários era vender aos Capitalistas sua força

trabalho em troca de um salário.

A situação de exploração dos operários pelos Capitalistas, segundo

Marx, era garantida pela característica essencial do Capitalismo, a

propriedade privada. Portanto, para encerrar a exploração era preciso

extinguir a propriedade privada. Era preciso então superar o próprio

sistema Capitalista. Mas, como isso seria possível e por quais meios?

Para responder a questão Marx busca apoio na dialética hegeliana.

Utilizando-se da dialética, Marx desenvolveu sua teoria do

―Materialismo histórico‖. Através dele, observou que o Capitalismo

surgira, por um devir histórico, de uma estrutura anterior o Feudalismo.

Ele continha o germe de sua destruição, que era a classe comerciante,

futura classe burguesa. A burguesia entrou em choque com a

aristocracia, implantando e consolidando o Capitalismo.

Para Marx então, a superação do Capitalismo dependia do germe do

sistema, que para ele era a classe operária. Ela deveria, pela via

revolucionária, entrar em choque com os Capitalistas. Superar-se-ia o

Estado Burguês, que sustentava a propriedade privada, por um Estado

Operário, que extinguiria a propriedade privada. Os meios de produção

seriam controlados por esse Estado Operário, que promoveria a

igualdade de condições e recursos aos indivíduos. Segundo Marx,

seria a concretização do Socialismo.

Compreendendo o texto:

95. Comparando-se os textos I e III, analise as opiniões diversas a

respeito da burguesia.

96. Especifique os elementos que ligam o ―materialismo histórico‖,

teoria desenvolvida pelo Karl Marx, com a ―dialética hegeliana‖?

Questões: (Revoluções Liberais e Unificação Italiana e Alemã)

97. (Bandeirantes-2000) ―A série de agitações e movimentos

revolucionários que caracterizaram a sociedade europeia após 1815

está ligada à insatisfação burguesa ante o estatuto político e social

fixado em 1815 pelas forças conservadoras, insatisfação essa que

nada mais é do que a tradução, no plano social e ideológico dos

antagonismos suscitados pelo rápido desenvolvimento da produção

capitalista industrial.‖

Com relação ao período destacado acima, assinale a única opção

incorreta:

A) Em 1814 e 1815 realizou-se na Europa o Congresso de Viena, que

tinha como objetivo reformular o mapa político alterado pelas

conquistas de Napoleão Bonaparte. Tomou parte nesse

Congresso Talleyrand, representante da França, que lançou o

―Princípio da Legitimidade―, em que os países europeus deveriam

retomar aos limites anteriores à Revolução Francesa de 1789,

seguindo-se, então, a restauração das monarquias absolutistas.

B) Os movimentos revolucionários iniciados em 1830, a partir das

jornadas de julho na França, ganharam destaque e importância no

caso da revolta belga contra o domínio holandês e da revolta

polonesa contra o domínio russo.

C) Analisando-se o movimento revolucionário ocorrido na França, em

1848, verifica-se uma significativa diferença em relação às demais

revoluções liberais europeias do período de 1815 a 1850, pois

apresentou uma conotação socialista, dividindo as forças

revolucionárias e atemorizando a burguesia.

D) Na região onde atualmente reconhecemos a Itália, as ondas

revolucionárias dos anos 1820 e 1830, pretenderam expulsar o

domínio estrangeiro e unificar os Estados independentes.

E) A ―Primavera dos Povos―, como foram batizadas as revoluções de

1820 na Europa, trouxe uma novidade para o panorama político

europeu, pois pela primeira vez o regime republicano era instalado

sob o patrocínio exclusivo da burguesia, visto que os

trabalhadores abdicaram totalmente da participação na

reordenação política.

98. (UFRGS – 1997) Considere as seguintes afirmações sobre a

Comuna de Paris.

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I – Ocorreu como desdobramento imediato da crise provocada pela

queda de Napoleão III e a consumação da derrota francesa ante a

Prússia em 1871.

II – Apresentou importantes medidas de cunho popular-progressistas,

visando dissolver o exército permanente, separar a Igreja do

Estado, instituir o ensino gratuito e entregar as fábricas à direção

dos trabalhadores.

III – Constituiu o exemplo histórico europeu mais bem sucedido, no

século XIX, de conquista do poder pela burguesia liberal.

Quais estão corretas?

A) Apenas I. D) Apenas I e II.

B) Apenas II. E) Apenas I e III.

C) Apenas III.

99. (Mackenzie-1996)

―Em 18 de março a insurreição estourou (...), não esperava mais lhe

dar sinais de vida. Durante dois meses vivi na fornalha (...)‖. (Émile

Zola – carta a Paul Cézane)

―Foi a primeira revolução proletária, o primeiro ensaio da ditadura do

proletariado‖. (Horácio Gonzáles).

O acontecimento do século XIX a que se referem às citações acima é:

A) o 18 do Brumário de Luís Bonaparte.

B) a Revolução Francesa.

C) o Ensaio Geral.

D) a Comuna de Paris.

E) a Revolução de 1848.

100. (UFS-2010) Em 1870 o mapa da Europa sofreu profundas

modificações. Novas forças apareceram (...), nascidas da aspiração

pela independência e da unidade nacional. (René Rémond. O século

XIX. Trad. São Paulo: Cultrix, 1974,p.160)

Analise as proposições que definiram as mudanças a que o texto faz

referência:

I - O articulador da unificação no sul da Itália foi o republicano

Garibaldi que organizou a insurreição no Reino das Duas Sicílias,

reunindo um exército de voluntários conhecido como os Mil de

Garibaldi.

II - A unidade italiana obteve êxito com a aliança do Reino do

Piemonte-Sardenha com a França de Napoleão III para anexar

territórios italianos ao norte, sob o domínio da Áustria.

III - Quando as tropas francesas abandonaram o Estado Pontifício

para enfrentar os alemães, as forças de unificação invadiram

Roma, transformando-a na capital italiana, o que foi consagrado

em um plebiscito.

IV - Pelo tratado de Frankfurt a França pagou uma indenização à

Alemanha, bem como lhe entregou as províncias de Alsácia-

Lorena, fomentando o revanchismo francês e o desenvolvimento

industrial alemão.

V - A aliança entre os reinos da Prússia, Moravia e a França incentivou

os movimentos de libertação nacional no Império Austro-Húngaro

e favoreceu a criação do Estado Nacional Prussiano.

Em relação ao conteúdo solicitado, os itens:

A) I, II e III são verdadeiros.

B) II, IV e V são falsos.

C) III, IV e V são verdadeiros.

D) I e III são falsos.

E) II e V são verdadeiros.

101. (UEPA-2001) Otto von Bismarck:

―A unificação da Alemanha sob a hegemonia

da Prússia. O resto é acessório.‖

(IN: MOTA, Carlos G. História Moderna e

Contemporânea. São Paulo: Moderna, 1986).

As considerações de Bismarck,

apresentadas acima, e as contribuições da historiografia acerca do

processo de unificação alemã possibilitam considerar que:

A) a proposta de unificação dos Estados Germânicos desenvolveu-se

a partir da vitória da Prússia nas batalhas de Sedan e Metz, na

Guerra franco-prussiana. A vitória alemã garantiu à Confederação

Germânica a anexação da Alsácia e da Lorena.

B) em seu projeto de unificação dos Estados Germânicos, Bismarck

defendia a retomada das estratégias nacionalistas e democráticas

de 1848, razão pela qual apregoava uma unificação a ―ferro e

sangue‖.

C) ao desenvolver seu projeto de unificação, o chanceler Bismarck

direcionou o poder prussiano contra a Áustria. Desse modo,

procedeu inicialmente à unificação dos Estados Alemães do Sul,

em 1866.

D) a Prússia, em processo de industrialização desde 1850, fortaleceu-

se economicamente e assim procedeu à uma reforma política

interna que alijou a aristocracia dos junkers dos cargos

burocráticos e do exército prussiano. Nesse contexto,

desenvolveu-se a unificação dos Estados Alemães em 1866.

E) em seu projeto unificador, Bismarck buscou neutralizar a influência

austríaca sobre os Estados Confederados Alemães, construindo

uma estratégia que implicou a guerra contra a Dinamarca, aliança

com a Itália e neutralidade da França.

II REINADO: O IMPÉRIO OLIGÁRQUICO

Introdução

Antecipação da maioridade de D. Pedro II – 1840;

Época de apogeu da monarquia brasileira;

No início do 2º Reinado, teve continuidade a centralização da vida

política e administrativa;

Inicialmente deu-se a pacificação do país com repressão às revoltas

do período anterior. Contudo ao final deste período. Somente em 1870

os problemas passam a incomodar e modificar o Império.

Consolidação a oligarquia ocorre com um governo conciliador entre os

partidos Conservador e Liberal;

Economia e sociedade do 2º Reinado:

Economia agroexportadora, especialmente o café. Contudo surgem

novos produtos, tais como cacau e borracha;

A mão-de-obra escrava vai sendo gradualmente substituída pelo

trabalho assalariado (imigrantes);

Modernização Conservadora: mantinha-se o caráter elitista da

dominação política, ao mesmo tempo em que a economia alcançava

índices de crescimento.

Transferência definitiva do eixo econômico e populacional do Nordeste

para o Sudeste

1819 – 51% dos cativos brasileiros pertenciam a senhores nordestinos

1872 – 59% dos escravos estavam no Sudeste

População brasileira à época: O quadro abaixo demonstra a

progressiva substituição da mão-de-obra escrava pela livre e a entrada

de imigrantes no Brasil.

1819 – 69% indivíduos livres (dos quais 30% eram brancos)

1872 – 85% indivíduos livres (dos quais 38% eram brancos)

Café: chegou ao Brasil em 1727, quando seu consumo ainda era

considerado um luxo. Com a Revolução Industrial seu consumo cresce

rapidamente, principalmente nos Estados Unidos e países europeus,

criando um mercado para o produto brasileiro. O café utilizou-se do

modo de plantation.

Desde 1820 dá-se a ascensão do café, a qual vai durar até 1900.

Locais – São Paulo, Minas Gerais (2º produtor) e Rio de Janeiro.

Questão da mão-de-obra: a partir de 1850, a produção do café ficou

ameaçada pela falta de mão-de-obra: reorganização espacial dos

escravos brasileiros (NE – SU)

Amplie seus conhecimentos sobre: Romantismo no Brasil / Realismo e Naturalismo no Brasil e Parnasianismo (Literatura Cadernos Gama/Pi/)

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Solução: sistema de parceria (não funcionou). A partir de 1870,

chegada de imigrantes (colonato) – o sistema baseava-se na

imigração subvencionada e no trabalho escravo.

Industrialização:

Na década de 1840, já se criara uma situação favorável ao

desenvolvimento industrial. Em 1844 a Tarifa Alves Branco, aumenta

os impostos sobre os produtos importados (em alguns casos,

chegando a 60%). O capital proveniente do café, foi aplicado na

expansão da própria cafeicultura, como também financiou a instalação

de indústrias e na modernização do país.

Duas medidas favoreceram o crescimento industrial: Tarifa Alves

Branco e a extinção do tráfico negreiro.

Assim, desenvolveu-se no Brasil a indústria de base, ou de bens de

consumo: sabão, vela, chapéu, cigarros, cerveja, tecidos de algodão.

Surgiram também as empresas de navegação, ferrovias, companhias

de seguro etc. Na última década do império, o Brasil já contava com

600 indústrias e 55 mil empregados.

Irineu Evangelista de Souza – barão e visconde de Mauá – homem de

grande iniciativa e visão empresarial. Fundou empresas de construção

de navio a vapor e fundição de ferro. Construiu a primeira ferrovia no

Brasil, a primeira linha de bondes do Rio de Janeiro, foi responsável

pela instalação da iluminação a gás (RJ), pela instalação do telégrafo

e de um cabo submarino ligando Europa e Brasil. Todas essas

realizações foram responsáveis pelo progresso do Sudeste (tornou-se

o principal centro socioeconômico do país). A Era Mauá significou

apenas um surto de industrialização no Brasil do Segundo Reinado

A Evolução Política do 2º Reinado

Introdução: O Segundo reinado constituiu-se basicamente de três

fases: consolidação oligárquica; da conciliação oligárquica e a crise do

Império.

Consolidação: do golpe da maioridade até a vitória de D. Pedro II sob

as revoltas internas.

Conciliação: momento, no qual, conservadores e liberais unem-se no

ministério.

Crise: período de agonia que evoluiu para a proclamação da

República.

Fases da Consolidação e Conciliação na Política Interna

Os partidos conservador e liberal criados na Regência eram os dois

grupos políticos de maior expressão do Brasil monárquico. Contudo,

seus interesses não eram assim tão diferentes. Ambos não possuíam

coesão, lutavam cegamente pelo poder, aceitavam e defendiam a

dominação oligárquica, a ordem imperial e escravista da sociedade

brasileira.

O primeiro gabinete do II Reinado foi composto por liberais, (uma vez

que eles realizaram o Golpe da Maioridade). Eles dissolveram a

Câmara e convocaram eleições para deputado. Substituíram chefes de

polícia, presidentes de província etc., ou seja, utilizaram o nepotismo e

a violência para vencer a eleição, que ficaria conhecida como eleições

do cacete.

No poder os liberais, não conseguiram debelar as forças farroupilhas,

sendo substituídos pelos conservadores. Esses ao tomar o poder

passaram a perseguir os liberais, dando início a um conflito

denominado Revolta Liberal de 1842.

A Revolta liberal – onda de levantes no Rio de Janeiro, São Paulo e

Minas Gerais. As tropas do governo, comandadas pelo Duque de

Caxias (Luís Alves de Lima e Silva) sufocaram as revoltas.

Mais uma vez, D. Pedro demitiu os conservadores e instalou os

liberais no poder. Complementando a consolidação, o rei criou o cargo

de primeiro-ministro. Contudo, este parlamentarismo instaurado no

Brasil, era completamente diferente do inglês. Nele o Imperador

possuía todo o poder e podia inclusive demitir o primeiro ministro se

houvesse alguma discordância com o Parlamento (Parlamentarismo

às avessas).

Em 1853 a 1858, graças ao marquês de Paraná (Hermeto Carneiro

Leão) surgiu o novo ministério formado por liberais e conservadores –

Período da Conciliação.

Após 1858, os dois partidos alternaram-se mais uma vez no poder. Até

que em 1870 surgiu o Partido Republicano. A partir de então se

iniciava a decadência do regime monárquico, que acabaria culminando

na Proclamação da República.

Revolução Praieira (Pernambuco, 1848-1850)

Foi a última das rebeliões provinciais e ocorreu em Pernambuco. O

nome estava relacionado ao de um jornal que ficava na rua da Praia.

Neste jornal, os rebeldes escreveram o ―Manifesto ao mundo‖- escrito

por Borges da Fonseca. Os rebeldes reivindicavam o voto livre e

universal, liberdade de imprensa, garantia de trabalho, nacionalização

do comércio, fim da escravidão e instauração da República. O

movimento foi dissolvido pelas tropas governamentais.

Sufocadas as rebeliões internas, o Brasil voltou-se para a política

externa, ocorrendo nesta fase inúmeros conflitos na região do Prata

(extremo sul do país) e atritos com a Inglaterra.

Conflitos com a Inglaterra – Questão Christie (1863)

Roubo da carga de um navio inglês no Rio Grande do Sul;

Prisão de marinheiros ingleses que faziam arruaça no Rio de Janeiro;

Interferência do rei da Bélgica – Leopoldo I – sentença favorável ao

Brasil.

Rompimento das relações diplomáticas com a Inglaterra durante dois

anos (1863 a 1865).

Pedido de desculpas dos ingleses e reatamento das relações

diplomáticas.

Política Externa do Segundo Reinado

A política externa brasileira orientou-se pelas ações das grandes

potências europeias. Assim como o governo brasileiro sofria

intervenções, também interferia nos outros países latino-americanos,

principalmente nos que se localizavam na bacia do Prata.

Para o governo brasileiro era interessante que os navios nacionais

navegassem livremente pela bacia do Prata, evitando que os países

platinos formassem uma única e poderosa nação. A hegemonia

brasileira sempre marcara a região, reproduzindo a pressão que as

grandes potências faziam sobre o Brasil.

Era costumeiro os gaúchos envolverem-se na política interna uruguaia,

e as transações econômicas frequentemente envolviam brasileiros,

paraguaios, argentinos e uruguaios. A navegabilidade dos rios servia

de traço de união entre essas populações.

O presidente argentino Juan Manuel Rosas não perdia as esperanças

de reconstruir o antigo Vice-Reino do Prata. Na Argentina, federalistas

e unitaristas lutavam pelo poder, utilizando-se da força militar dos

caudilhos, estancieiros e chefes políticos locais.

No Uruguai, os caudilhos agrupavam-se em duas facções: os blancos

(maioria latifundiários) e os colorados (comerciantes de Montevidéu). A

República Oriental do Uruguai nascera na condição de ―Estado

tampão‖, funcionando como um amortecedor dos conflitos entre o

Brasil e a Argentina. Interessava-lhe, sobretudo, manter a

Independência e a neutralidade política. Os governos do Brasil e

Argentina, porém, sentiam-se no direito de intervir na política interna

uruguaia.

Os paraguaios acalentavam sonhos expansionistas. Com a anexação

de algumas províncias argentinas, do Uruguai e do Rio Grande do Sul,

poderiam criar ―O Grande Paraguai‖ e ainda ter saída direta para o

Oceano Atlântico.

O governo brasileiro temia essa união na região do Prata e por esta

razão apoiava facções divergentes. Nesse clima de conflito e tensões

políticas ocorreram vários choques militares entre as nações do Prata.

O relacionamento entre Brasil e Paraguai chegava ao limite suportável

da diplomacia.

Amplie seus conhecimentos sobre: Ubarnização, Indústria e Industrialização (Geografia Cadernos Gama/Pi).

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A Guerra do Paraguai (1864-1870)

O nascimento do Estado paraguaio está vinculado ao

desmembramento do Vice-Reinado do Prata. Em 1811, a região

adquiriu autonomia política sob a liderança do ditador José Francia

que livrou o Paraguai de disputas territoriais. Até 1840 a nação ficou

isolada, inclusive fechando o rio Paraguai à navegação internacional.

Após a morte do presidente, assumiu Carlos Antônio López (1840-

1862). Seu governo manteve a política do isolamento, procurou

erradicar o analfabetismo e implantou fábricas, inclusive de

armamentos e de pólvora. Ferrovias e redes telegráficas forma

construídas, bem como uma usina siderúrgica.

Em 1862 Solano López (El Supremo) sucedeu seu pai na condução

dos destinos da nação paraguaia. Educado na Europa, voltou

inspirado pelas ideias dos déspotas europeus do século XVIII e no

governo de Napoleão III. Com tendência expansionista era defensor

do projeto de um ―Paraguai Maior‖ com acesso direto ao Atlântico.

A invasão do Uruguai por tropas brasileiras e a fuga de Aguirre

(presidente uruguaio) provocaram a imediata reação de Solano López.

Explodiu no Rio de janeiro a notícia de que o Paraguai sem aviso

prévio de guerra capturou o navio brasileiro Marquês de Olinda, que

saíra de Assunção tendo a bordo o presidente da província de Mato

Grosso, Carneiro de Campos.

Solano López armou um esquema de combate esperando contar com

o apoio dos blancos no Uruguai e do general Urquiza na província

Argentina de Entre Rios. Reuniu a princípio 64 mil combatentes,

elevando-os a 100 mil posteriormente. Fortalezas e uma pequena

esquadra fluvial completavam o poder bélico paraguaio.

Em 1864, o presidente paraguaio determinou a invasão do Mato

Grosso, chegando a Dourados. Pediu autorização da Argentina para

cruzar seu território e invadir o Rio Grande do Sul. O presidente Mitre

recusou o pedido e López determinou a invasão do território argentino.

Em 1965 o Paraguai dividiu suas forças, que passaram a atacar em

duas frentes simultaneamente, o norte e o sul. Nesse mesmo ano,

brasileiros, argentinos partidários de Mitre e uruguaios colorados

chefiados por Flores assinaram a Tríplice Aliança contra López.

O almirante Barroso, comandando a esquerda brasileira conseguiu a

vitória na batalha de Riachuelo. O exército invasor paraguaio foi

cercado e rendeu-se em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul em 1865.

Em 1866, o conflito chegava a seu ponto máximo. Forças inimigas

confrontaram-se em Tuiuti, movimentando 65 mil homens. Foi a maior

batalha da guerra, na qual morreram mais de 100mil soldados. Após a

derrota López solicitou a paz. Os aliados impuseram condições

rigorosas, incluindo a renúncia do presidente paraguaio. Ele recusou e

a luta, então, prosseguiu. Entretanto, argentinos e uruguaios retiraram-

se do conflito por questões internas.

Caxias é nomeado para o comando das forças brasileiras e em maio

de 1868 assume o comando dos exércitos aliados. Após reorganizar,

treinar e reequipar suas forças, organizou um plano estratégico: o

exército invadiria o território paraguaio, e a marinha avançaria pelos

rios. Após as vitórias em Curupaiti e novamente em Tuiuti, em 1868,

caía a fortaleza fluvial de Humaitá. Estavam escancaradas as defesas

paraguaias. As vitórias fulminantes de Caxias ficaram conhecidas

como as ―Dezembradas‖ (ocorreram no mês de Dezembro).

Finalmente em 1869, Assunção, capital paraguaia foi tomada.

As tropas de El Supremo resistiram por meio de guerrilhas. Francisco

López foi morto em 1870, em Cerro Cora, próximo a fronteira do Brasil.

Destacam-se como causas da Guerra do Paraguai:

Os conflitos imperialistas relacionados à bacia do Prata.

A política externa do Paraguai.

Os interesses ingleses.

A Crise do Tráfico Negreiro

A pressão inglesa sobre o fim do tráfico negreiro tornou-se mais

intensa na época em que a lavoura cafeeira crescia de a todo vapor.

Vários compromissos e leis para encerrar o comércio negreiro não

haviam sido cumpridas, como a lei de 1831, que declarava ilegal o

comércio transatlântico de escravos. Havia grande resistência dos

proprietários à extinção do tráfico. O mercantilismo colonial tornara a

mão-de-obra escrava a base da produção de mercadorias vendidas no

mercado externo e, além disso, o próprio escravo era uma mercadoria.

Etapas da Abolição da Escravatura:

1831 – O Brasil promulga uma lei que declarava livres os escravos

importados pelo Brasil a partir daquela data – lei não cumprida.

1845 – Bill Aberdeen – aprovada pela Inglaterra dava direito a sua

marinha de atacar navios negreiros. Cumprindo esta lei, a Inglaterra

invadiu portos brasileiros para caçar navios negreiros e prender

traficantes.

1850 – Lei Eusébio de Queirós – proibindo o tráfico negreiro e

autorizando a expulsão dos traficantes do país.

1871 – Lei do Ventre Livre – declarava livres os filhos de escravos

nascidos no Brasil – lei favorável aos proprietários.

1885 – Lei dos Sexagenários – declarava livres os escravos com mais

de 65 anos- lei favorável aos proprietários.

1888 – Lei Áurea – promulgada em 13 de maio pela princesa Isabel

sob pressão da Inglaterra.

Quem fez a abolição? Participaram da campanha abolicionista

intelectuais, jornalistas, políticos, escritores, a exemplo de Joaquim

Nabuco, José do Patrocínio, Raul Pompéia, Castro Alves. Contudo o

fim da escravidão era uma exigência do capitalismo industrial e do

desenvolvimento econômico do país.

Depois de mais de três séculos de escravidão, os negros não tinham

recursos financeiros para trabalhar por conta própria. A maioria deles

continuou desempenhando um papel subalterno. Muitos nem saíram

das fazendas onde trabalhavam muitas vezes os castigos continuaram

de maneira cruel e desumana.

Crise do Segundo Reinado: As ideias republicanas estiveram

presentes no Brasil desde os tempos coloniais. Entretanto, a partir de

1868 se iniciou uma grave crise do sistema imperial brasileiro, tendo

como consequência em 1889 a Proclamação da República.

As transformações que ocorreram no Brasil levaram a uma

diversificação social significativa. As novas camadas urbanas tinham

interesses diferentes daqueles representados até então, e os

industriais emergentes pleiteavam uma política protecionista, nem

sempre aprovada pelos agricultores tradicionais. Os fazendeiros do

Oeste Paulista almejavam uma política favorável à imigração, mas os

senhores de terras mais antigos, que ainda possuíam muitos escravos

eram contrários a essa política.

A ruína do Império aproximava-se rapidamente à medida que não

eram solucionadas as contradições internas que surgiam e cresciam.

Monarquia ou República, porém não eram opções populares, pois a

maioria da população não tinha nem teria qualquer participação ativa

na mudança do regime que ocorreria no final do século XIX.

Assim, em 1870, foi publicado o Manifesto Republicano no jornal A

República – ―Como homens livres e essencialmente subordinados aos

interesses da nossa pátria, não é nossa intenção convulsionar a

sociedade em que vivemos (...) Somos da América e queremos ser

americanos‖.

A princípio o Manifesto não resultou em grandes problemas pois

representava somente o pensamento de uma pequena parcela da

sociedade. Os primeiros nomes ligados ao movimento republicano

foram: Quintino Bocaiúva, Saldanha Marinho, Rangel Pestana,

Aristides Lobo, Prudente de Morais e Campos Sales. Em 1873 nascia

o PRP (Partido Republicano Paulista). Em 1873 esses republicanos

históricos reuniram-se na Convenção de Itu para tratar da estratégia

política dos republicanos. Apesar do esforço, os republicanos não

Amplie seus conhecimentos sobre: A Estrutura Fundiária e os Conflitos de Terra no Brasil. (Geografia Cadernos Gama/Pi).

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conseguiram grandes vitórias nas urnas, pois o movimento republicano

não possuía unidade ideológica.

Contudo, a abolição dos escravos em 1888 contribuiu decisivamente

para o fim da monarquia, uma vez que os senhores de escravos

passaram a apoiar maciçamente o Partido Republicano.

O Positivismo entre os Militares: Apesar de nenhum oficial do

exército ter assinado o Manifesto Republicano, novas ideias políticas

se difundiam entre os militares após a Guerra do Paraguai. A

juventude militar advogava uma nova forma de governo e o principal

responsável por isso era o tenente-coronel Benjamin Constant que

lecionava na Escola Militar e era adepto do positivismo. A forma de

governo defendida era a república ditatorial, centralizada e forte

exercida pelos homens das armas que realmente estavam envolvidos

com as questões nacionais.

Questão Religiosa: A Constituição de 1824 estabeleceu como uma

das bases de apoio ao Império a união entre o Estado e a Igreja

Católica, com vantagens recíprocas. A Igreja desfrutava de privilégios,

com o alto clero ocupando lugar de destaque na sociedade. Apesar de

existir liberdade de culto, na prática existiam limitações para o

progresso de outras religiões e seitas.

O Império brasileiro guardava prerrogativas em relação à Igreja.

Mantinha o padroado, que era o direito de o Estado intervir na

nomeação de bispos e na abertura de novos templos, e pelo qual os

clérigos recebiam salários pagos pelo Estado. Outro direito exercido

no Império em relação à Igreja era o beneplácito – os atos ditados pelo

Papa só eram adotados no Brasil após o consentimento do Imperador.

No final do século XIX, membros do governo imperial e da Igreja

Católica tiveram um sério atrito.

Em 1872, os bispos de Olinda e Recife resolveram adotar as

determinações papais, ordenando que as irmandades religiosas

expulsassem os maçons (em grande parte religiosos) de suas

dioceses. O Imperador interveio na questão e os dois bispos forma

condenados à prisão com trabalhos forçados. Embora tivessem sido

indultados (perdoados) pelo Duque de Caxias em 1875, a questão não

ficou encerrada. O clero passou a atacar o Império nas paróquias e a

desgastar a imagem do governo junto aos fiéis.

Questão Militar: A questão militar na verdade resulta de inúmeros

conflitos entre o exército e o governo imperial, ocorridos de 1883 a

1887.

Durante a Guerra do Paraguai, finda em 1870, o exército reorganizou-

se. Antes disso, a Guarda Nacional dividia com o exército a função de

manter a ordem interna. Durante a segunda metade do século XIX,

membros do exército assumiram posições abolicionistas e

republicanas.

A participação militar aumentou a medida que se concretizava o

espírito de corporação, de solidariedade de classe.

Em 1883, o tenente-coronel Sena Madureira foi o porta-voz de uma

reclamação contra a reforma no sistema de aposentadoria militar,

sendo punido. Em 1884, preparou uma grande recepção na escola de

Tiro do Exército, para o mestre jangadeiro Francisco José do

Nascimento, que havia se notabilizado por se recusar, com seus

companheiros, a desembarcar escravos nas praias da província do

Ceará. O tenente-coronel voltou a ser punido.

Outro episódio ocorreu com o coronel Cunha Matos, que ao

inspecionar as guarnições do Piauí descobriu o desaparecimento de

gêneros do exército e puniu o capitão Pedro José de Lima. Um

deputado amigo do capitão, defendeu-o na Câmara com um discurso

atacando Cunha Matos. O coronel defendeu-se publicamente

utilizando-se da imprensa, o que era proibido, e foi preso. Vários

oficiais protestaram publicamente e deveriam também ser punidos. O

Marechal Deodoro da Fonseca que deveria prender os oficiais

recusou-se a fazê-lo e foi demitido. Os militares se insurgiram

abertamente contra as ordens do governo imperial.

Esses atritos duraram até às vésperas da Proclamação da República,

quando os oficiais se uniram aos cafeicultores e assim, tiveram papel

decisivo na queda da monarquia no país.

TEXTO COMPLEMENTAR:

Monumento ao futuro

A motivação parecia das mais nobres: por sua ―constância e

tenacidade‖ na ―luta contra o tirano do Paraguai‖, nosso imperador

fazia jus a uma estátua. Melhor ainda: uma estátua feita com o bronze

dos canhões do inimigo derrotado.

A proposta foi lançada pelo Diário do Rio de Janeiro de 19 de março

de 1870, e D. Pedro II não esperou o dia seguinte para comentá-la.

Em carta pública, causou surpresa geral ao rechaçar a homenagem

em grande estilo: ―Se querem perpetuar a lembrança do quanto confiei

no patriotismo dos brasileiros para o desagravo completo da honra

nacional e prestígio do nome brasileiro [...] sabem como sempre tenho

falado no sentido de cuidarmos da educação pública, e nada me

agradaria tanto a ver a nova era de paz firmada sobre conceitos de

dignidade dos brasileiros começar por um grande ato de iniciativa

deles ao bem da educação pública‖.

Para enfatizar suas prioridades, o imperador lançou, naquele mesmo

ano, as pedras fundamentais das primeiras escolas municipais do Rio

de Janeiro, então Corte imperial. Inauguradas em 1872, eram elas a

Escola São Sebastião (posteriormente chamada Benjamin Constant e

demolida em 1938 para a abertura da Avenida Presidente Vargas),

localizada na freguesia de Santana, e a Escola São Cristóvão (depois

chamada Gonçalves Dias), localizada no bairro de mesmo nome.

Durante as décadas de 1870 e 1880, seriam criadas outras seis

escolas municipais na cidade. O que não quer dizer que o imperador

estivesse esbanjando recursos públicos: somente uma de todas essas

escolas consumiu verba do Estado em sua construção, sendo as

outras sete viabilizadas por contribuições particulares ou por

subscrição pública. E sempre envolvidas pela solenidade imperial: D.

Pedro II fazia questão de estar presente e participar tanto dos rituais

de lançamento da pedra fundamental quanto das inaugurações.

(http://www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/monumento-ao-

futuro)

Compreendendo o texto:

102. Por que D. Pedro II declinou da homenagem proposta?

Questões: (II Reinado: O Império Oligárquico)

103. (ENEM-2011) História da vida privada

no Brasil. Império a corte e a modernidade

nacional. São Paulo: Cia. das Letras, 1997).

Que aspecto histórico da escravidão no

Brasil do séc. XIX pode ser identificado a

partir da análise do vestuário do casal

retratado acima?

(Foto de Militão, São Paulo, 1879.

ALENCASTRO, L. F. (org.).

A) O uso de trajes simples indica a rápida incorporação dos ex-

escravos ao mundo do trabalho urbano.

B) A presença de acessórios como chapéu e sombrinha aponta para a

manutenção de elementos culturais de origem africana.

C) O uso de sapatos é um importante elemento de diferenciação social

entre negros libertos ou em melhores condições na ordem

escravocrata.

D) A utilização do paletó e do vestido demonstra a tentativa de

assimilação de um estilo europeu como forma de distinção em

relação aos brasileiros.

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E) A adoção de roupas próprias para o trabalho doméstico tinha como

finalidade demarcar as fronteiras da exclusão social naquele

contexto.

104. (ENEM-2010) Substitui-se então uma história crítica, profunda,

por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos

nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a

Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais

gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai.

(CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São

Paulo: Brasiliense, 1979-adaptado).

O imperialismo inglês, ―destruindo o Paraguai, mantém o status quo

na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado

economicamente livre‖. Essa teoria conspiratória vai contra a realidade

dos fatos e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem

alguma repercussão. (DORATIOTO. F. Maldita guerra: nova história

da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002-adaptado).

Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas

estão refletindo sobre:

A) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa

Guerra.

B) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa Guerra.

C) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de batalha.

D) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre os

motivos dessa Guerra.

E) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e argentino

durante o conflito.

105. (ENEM-2010) Negro, filho de escrava e fidalgo português, o

baiano Luiz Gama fez da lei e das letras suas armas na luta pela

liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai para

cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade

conseguiu provas de que havia nascido livre. Autodidata, advogado

sem diploma, fez do direito o seu ofício e transformou-se, em pouco

tempo, em proeminente advogado da causa abolicionista. (AZEVEDO,

E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de História. Ano 1, n. o 3. Rio de

Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado).

A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda metade do

séc. XIX foi resultado de importantes lutas sociais condicionadas

historicamente. A biografia de Luiz Gama exemplifica a:

A) impossibilidade de ascensão social do negro forro em uma

sociedade escravocrata, mesmo sendo alfabetizado.

B) extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nesse

contexto e a utilização do Direito como canal de luta pela

liberdade.

C) rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que

inviabilizava os mecanismos de ascensão social.

D) possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das elites

dominantes, a um mestiço filho de pai português.

E) troca de favores entre um representante negro e a elite agrária

escravista que outorgara o direito advocatício ao mesmo.

106. (ENEM-2009) O suíço Thomas Davatz chegou a São Paulo em

1855 para trabalhar como colono na fazenda de café Ibicaba, em

Campinas. A perspectiva de prosperidade que o atraiu para o Brasil

deu lugar a insatisfação e revolta, que ele registrou em livro. Sobre o

percurso entre o porto de Santos e o planalto paulista, escreveu

Davatz: ―As estradas do Brasil, salvo em alguns trechos, são

péssimas. Em quase toda parte, falta qualquer espécie de calçamento

ou mesmo de saibro. Constam apenas de terra simples, sem nenhum

benefício. É fácil prever que nessas estradas não se encontram

estalagens e hospedarias como as da Europa. Nas cidades maiores, o

viajante pode naturalmente encontrar aposento sofrível; nunca, porém,

qualquer coisa de comparável à comodidade que proporciona na

Europa qualquer estalagem rural. Tais cidades são, porém, muito

poucas na distância que vai de Santos a Ibicaba e que se percorre em

cinquenta horas no mínimo‖.

Em 1867 foi inaugurada a ferrovia ligando Santos a Jundiaí, o que

abreviou o tempo de viagem entre o litoral e o planalto para menos de

um dia. Nos anos seguintes, foram construídos outros ramais

ferroviários que articularam o interior cafeeiro ao porto de exportação,

Santos.

(DAVATZ, T. Memórias de um colono no Brasil. São Paulo: Livraria Martins,

1941-adaptado).

O impacto das ferrovias na promoção de projetos de colonização com

base em imigrantes europeus foi importante, por que:

A) o percurso dos imigrantes até o interior, antes das ferrovias, era

feito a pé ou em muares; no entanto, o tempo de viagem era

aceitável, uma vez que o café era plantado nas proximidades da

capital, São Paulo.

B) a expansão da malha ferroviária pelo interior de São Paulo permitiu

que mão-de-obra estrangeira fosse contratada para trabalhar em

cafezais de regiões cada vez mais distantes do porto de Santos.

C) o escoamento da produção de café se viu beneficiado pelos aportes

de capital, principalmente de colonos italianos, que desejavam

melhorar sua situação econômica.

D) os fazendeiros puderam prescindir da mão-de-obra europeia e

contrataram trabalhadores brasileiros provenientes de outras

regiões para trabalhar em suas plantações.

E) as notícias de terras acessíveis atraíram para São Paulo grande

quantidade de imigrantes, que adquiriram vastas propriedades

produtivas.

107. (ENEM-2009) O abolicionista Joaquim Nabuco fez um resumo

dos fatores que levaram à abolição da escravatura com as seguintes

palavras: ―Cinco ações ou concursos diferentes cooperaram para o

resultado final: 1.º) o espírito daqueles que criavam a opinião pela

ideia, pela palavra, pelo sentimento, e que a faziam valer por meio do

Parlamento, dos meetings [reuniões públicas], da imprensa, do ensino

superior, do púlpito, dos tribunais; 2.º) a ação coercitiva dos que se

propunham a destruir materialmente o formidável aparelho da

escravidão, arrebatando os escravos ao poder dos senhores; 3.º) a

ação complementar dos próprios proprietários, que, à medida que o

movimento se precipitava, iam libertando em massa as suas ‗fábricas‘;

4.º) a ação política dos estadistas, representando as concessões do

governo; 5.º) a ação da família imperial.‖ (Joaquim Nabuco. Minha

formação. São Paulo: Martin Claret, 2005, p. 144-com adaptações).

Nesse texto, Joaquim Nabuco afirma que a abolição da escravatura foi

o resultado de uma luta:

A) de ideias, associada a ações contra a organização escravista, com

o auxílio de proprietários que libertavam seus escravos, de

estadistas e da ação da família imperial.

B) de classes, associada a ações contra a organização escravista, que

foi seguida pela ajuda de proprietários que substituíam os

escravos por assalariados, o que provocou a adesão de estadistas

e, posteriormente, ações republicanas.

C) partidária, associada a ações contra a organização escravista, com

o auxílio de proprietários que mudavam seu foco de investimento e

da ação da família imperial.

D) política, associada a ações contra a organização escravista,

sabotada por proprietários que buscavam manter o escravismo,

por estadistas e pela ação republicana contra a realeza.

E) religiosa, associada a ações contra a organização escravista, que

fora apoiada por proprietários que haviam substituído os seus

escravos por imigrantes, o que resultou na adesão de estadistas

republicanos na luta contra a realeza.

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Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História

46

108. (ENEM-2007) Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da

proa chegavam à fedentina

quente de um porto, num

silêncio de mato e de febre

amarela. Santos. — É aqui!

Buenos Aires é aqui! —

Tinham trocado o rótulo das

bagagens, desciam em fila.

Faziam suas necessidades

nos trens dos animais onde iam. Jogavam-nos num pavilhão comum

em São Paulo. — Buenos Aires é aqui! — Amontoados com trouxas,

sanfonas e baús, num carro de bois, que pretos guiavam através do

mato por estradas esburacadas, chegavam uma tarde nas senzalas

donde acabava de sair o braço escravo. Formavam militarmente nas

madrugadas do terreiro homens e mulheres, ante feitores de

espingarda ao ombro. (Oswald de Andrade. Marco Zero II – Chão. Rio de

Janeiro: Globo, 1991).

Levando-se em consideração o texto de Oswald de Andrade e a

pintura de Antonio Rocco reproduzida acima, relativos à imigração

europeia para o Brasil, é correto afirmar que:

A) a visão da imigração presente na pintura é trágica e, no texto,

otimista.

B) a pintura confirma a visão do texto quanto à imigração de

argentinos para o Brasil.

C) os dois autores retratam dificuldades dos imigrantes na chegada ao

Brasil.

D) Antonio Rocco retrata de forma otimista a imigração, destacando o

pioneirismo do imigrante.

E) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida do imigrante era

melhor que a dos ex-escravos.

109. (ENEM-2007)

Considerando a linha do tempo acima e o processo de abolição da

escravatura no Brasil, assinale a opção correta.

A) O processo abolicionista foi rápido porque recebeu a adesão de

todas as correntes políticas do país.

B) O primeiro passo para a abolição da escravatura foi a proibição do

uso dos serviços das crianças nascidas em cativeiro.

C) Antes que a compra de escravos no exterior fosse proibida, decidiu-

se pela libertação dos cativos mais velhos.

D) Assinada pela princesa Isabel, a Lei Áurea concluiu o processo

abolicionista, tornando ilegal a escravidão no Brasil.

E) Ao abolir o tráfico negreiro, a Lei Eusébio de Queirós bloqueou a

formulação de novas leis antiescravidão no Brasil.

110. (ENEM-2000) O texto abaixo foi extraído de uma crônica de

Machado de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.

―Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos, João

repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos mortos e pelas vitórias.

Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que repicou.

Quando se fez a abolição completa, quem repicou foi João. Um dia

proclamou-se a República. João repicou por ela, repicaria pelo

Império, se o Império retornasse.‖ (ASSIS, Machado de. Crônica sobre a

morte do escravo João, 1897)

A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:

A) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam

fatos ligados à Abolição.

B) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era

escravo.

C) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que

vieram libertá-lo.

D) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era

costume fazê-lo.

E) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da

Princesa Isabel.

111. (ENEM-1999) Viam-se de cima as casas acavaladas umas pelas

outras, formando ruas, contornando praças. As chaminés principiavam

a fumar; deslizavam as carrocinhas multicores dos padeiros; as vacas

de leite caminhavam com o seu passo vagaroso, parando à porta dos

fregueses, tilintando o chocalho; os quiosques vendiam café a homens

de jaqueta e chapéu desabado; cruzavam-se na rua os libertinos

retardios com os operários que se levantavam para a obrigação; ouvia-

se o ruído estalado dos carros de água, o rodar monótono dos bondes.

(AZEVEDO, Aluísio de. Casa de Pensão. São Paulo: Martins, 1973)

O trecho, retirado de romance escrito em 1884, descreve o cotidiano

de uma cidade, no seguinte contexto:

A) a convivência entre elementos de uma economia agrária e os de

uma economia industrial indicam o início da industrialização no

Brasil, no século XIX.

B) desde o século XVIII, a principal atividade da economia brasileira

era industrial, como se observa no cotidiano descrito.

C) apesar de a industrialização ter-se iniciado no século XIX, ela

continuou a ser uma atividade pouco desenvolvida no Brasil.

D) apesar da industrialização, muitos operários levantavam cedo,

porque iam diariamente para o campo desenvolver atividades

rurais.

E) a vida urbana, caracterizada pelo cotidiano apresentado no texto,

ignora a industrialização existente na época.

112. (ENEM-1998) Você está estudando o abolicionismo no Brasil e

ficou perplexo ao ler o seguinte documento:

Texto 1

Discurso do deputado baiano Jerônimo Sodré Pereira – Brasil 1879

No dia 5 de março de 1879, o deputado baiano Jerônimo Sodré

Pereira, discursando na Câmara, afirmou que era preciso que o poder

público olhasse para a condição de um milhão de brasileiros, que

jazem ainda no cativeiro. Nessa altura do discurso foi aparteado por

um deputado que disse: ―BRASILEIROS, NÃO‖.

Em seguida, você tomou conhecimento da existência do Projeto Axé

(Bahia), nos seguintes termos:

Texto 2

Projeto Axé, Lição de cidadania – 1998 – Brasil

Na língua africana Iorubá, axé significa força mágica. Em Salvador,

Bahia, o Projeto Axé conseguiu fazer, em apenas três anos, o que

sucessivos governos não foram capazes: a um custo dez vezes

inferior ao de projetos governamentais, ajuda meninos e meninas de

rua a construírem projetos de vida, transformando-os de pivetes em

cidadãos. A receita do Axé é simples: competência pedagógica,

administração eficiente, respeito pelo menino, incentivo, formação e

bons salários para os educadores. Criado em 1991 pelo advogado e

pedagogo italiano Cesare de Florio La Rocca, o Axé atende hoje a

mais de duas mil crianças e adolescentes. A cultura afro, forte

presença na Bahia, dá o tom do Projeto Erê (entidade criança do

candomblé), a parte cultural do Axé. Os meninos participam da banda

mirim do Olodum, do Ilé Ayê e de outros blocos, jogam capoeira e têm

um grupo de teatro. Todas as atividades são remuneradas. Além da

bolsa semanal, as crianças têm alimentação, uniforme e vale-

transporte.

Com a leitura dos dois textos, você descobriu que a cidadania:

A) jamais foi negada aos cativos e seus descendentes.

B) foi obtida pelos ex-escravos tão logo a abolição fora decretada.

C) não era incompatível com a escravidão.

D) ainda hoje continua incompleta para milhões de brasileiros.

E) consiste no direito de eleger deputados.

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Sumário

1 Urbanização p. 48

2 Urbanização no Brasil p. 48

3 Agricultura Geral e do Brasil p. 49

4 Industrialização Geral p. 52

5 Industrialização no Brasil p. 53

6 Fontes de energia p. 53

7 Fontes de energia e mineração no Brasil p. 55

8 Meio ambiente p. 56

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URBANIZAÇÃO

As cidades podem ser originadas de forma espontânea ou

planejada. As cidades apresentam várias funções: industriais,

religiosas, administrativas, militares, turísticas, educacionais e

comerciais.

Problemas Urbanos.

A grande aglomeração de pessoas nas cidades, quando essas não

disponibilizam infra-estrutura suficiente para a população, gera uma

série de dificuldades de ordem ambiental e social.

Diante desse contexto, pode-se enumerar os problemas gerados

pelo processo de urbanização ocorrido principalmente em países

subdesenvolvidos, dentre muitos estão:

*Macrocefalia Urbana: Crescimento desordenado das cidades.

* Desemprego: provoca um grande crescimento no número de

pessoas que atuam no mercado informal, além de promover o

aumento da violência, pois muitas pessoas, pela falta de

oportunidades, optam pelo crime.

• As favelas apresentam uma concentração de casebres e barracos

em situação precária, desprovidos, em sua maioria, de serviços

públicos básicos, geralmente estão situadas em áreas de risco e

abrigam grandes grupos criminosos, como o tráfico de drogas.

• Cortiço: corresponde a moradias que abrigam um grande número

de famílias, quase sempre são cômodos alugados em antigas casas

enormes situadas no centro, essas construções se encontram em

condições deterioradas. Essa modalidade de moradia geralmente

oferece péssimas condições sanitárias e de segurança aos seus

moradores.

• Loteamentos populares: ocorrem em áreas periféricas, a camada

da população que habita esses lugares é de baixa renda, os lotes

possuem preços acessíveis e longos prazos para o pagamento. O

maior problema desse tipo de habitação é que quase sempre os

loteamentos são clandestinos. As casas são construídas pelo

próprio morador ou em forma de mutirão.

• Enchentes: os centros urbanos possuem extensas áreas cobertas

por concreto e asfalto, dificultando a infiltração da água da chuva no

solo. As chuvas em grandes proporções ocasionam um acúmulo

muito grande de água e as galerias pluviais não conseguem

absorver toda enxurrada e essas invadem residências, prédios

públicos, túneis e comprometem o trânsito.

Esses são alguns dos problemas vividos nas cidades brasileiras e

que podem ser realidade também em outros países, pois todas as

cidades possuem problemas, porém, os acima citados fazem parte

de grandes aglomerações, e dificilmente serão solucionados. As

autoridades não conseguem monitorar todos os problemas devido o

acelerado crescimento ocorrido no passado.

Conceitos de Urbanização:

Rede urbana e hierarquia das cidades- são classificadas pelo

número de habitantes, pela variedade de serviços que oferecem e

pela dinâmica que apresentam.

Surgem as metrópoles globais, nacionais, regionais e os centros

regionais.

Megacidades – consideradas as cidades que apresentam um

número superior a 10 milhões de habitantes. Não apresentam poder

político ou econômico, concentram miséria, falta de infra-estrutura,

alto índice de violência e deficiente serviços de educação e serviços

de saúde.

Cidade global- são dirigentes da economia –mundo devido a sua

economia, os serviços, a rede financeira, as telecomunicações, as

empresas e os conhecimentos.

Tóquio, Londres, Nova Iork.

Conurbação – consiste no processo de fusão de duas ou mais

cidades vizinhas.

Megalópoes- área superurbanizada, com pequenas áreas rurais

responsáveis pela produção de hortifrutigranjeiros para as cidades.

Bos-whass; Tokkaido, São Paulo- Rio de Janeiro.

Migrações

Migração pendular: deslocamento diário (vai e vem) comum nas

regiões metropolitanas, ocorrendo com trabalhadores que moram

em cidades periféricas e trabalham na cidade principal.

Migração sazonal (transumância): deslocamento periódico, que no

Brasil é comum com cortadores de cana que durante a safra migram

do sertão para a zona da mata, retornando na entressafra.

Êxodo rural: saída de pessoas do campo em direção às cidades.

Ainda é comum nos países subdesenvolvidos onde o processo de

urbanização é recente como na África onde o índice anual é de 5%.

Êxodo urbano: saída da cidade em direção ao campo.

Migração urbana-urbana: saída de população das metrópoles em

direção às cidades médias do interior.

REDE E HIERARQUIA URBANAS NO BRASIL

Problemas Urbanos do Brasil.

O processo de urbanização no Brasil se intensificou a partir da

década de 1950. As atividades industriais se expandiram, atraindo

cada vez mais pessoas para as cidades.

Porém, a urbanização sem um devido planejamento tem como

consequência vários problemas de ordem social. O inchaço das

cidades, provocado pelo acúmulo de pessoas, e a falta de uma

infraestrutura adequada gera transtornos para a população urbana.

As grandes cidades brasileiras enfrentam diversos problemas,

destacam-se as questões da moradia, desemprego, desigualdade

social, saúde, educação, violência e exclusão social.

O acesso à moradia com as devidas condições de infraestrutura

(saneamento ambiental, asfalto, iluminação, etc.) não atinge todas

as camadas da população brasileira. É cada vez mais comum o

surgimento e ampliação de favelas desprovidas de serviços

públicos. Outro agravante são as pessoas que não conseguem

obter renda suficiente para ser destinada à habitação, e acabam

utilizando as ruas da cidade como espaço de moradia.

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A educação de baixa qualidade gera vários transtornos, pois parte

da população não consegue obter qualificação profissional exigida

pelo mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Com isso,

ocorre o aumento do desemprego e se intensificam atividades como

as desenvolvidas por vendedores ambulantes, coletores de

materiais recicláveis, flanelinhas, entre outras do mercado informal.

Os serviços públicos de saúde, na sua maioria, apresentam

problemas estruturais, com filas imensas e demoradas, ausência de

aparelhos e medicamentos, pequeno número de funcionários, ou

seja, total desrespeito com o cidadão que necessita desse serviço.

Um dos problemas urbanos que mais preocupa a população

atualmente é a violência, pois todos estão vulneráveis aos crimes

que ocorrem, principalmente nas grandes cidades do Brasil.

Diariamente têm-se notícias de assassinatos, assaltos, sequestros,

agressões, e outros tipos de violência. Esse fato contribui bastante

para que a população fique com medo, e o que é pior, muitos já não

confiam na segurança pública.

Um dos problemas característicos dos países em desenvolvimento é

a desigualdade social, no Brasil não é diferente. Isso ocorre entre as

Regiões, Estados, Cidades e Bairros, refletindo em aspectos como a

qualidade de vida, educação, segurança, entre outros. Uma

pequena parcela da população brasileira é muito rica, enquanto a

maioria é pobre; o que é um reflexo da grande desigualdade na

distribuição de renda.

Políticas públicas devem ser desenvolvidas para proporcionar uma

distribuição de renda mais igualitária, diminuindo a disparidade entre

a população. Investimentos em serviços públicos se fazem

necessários (educação, saúde, moradia, segurança, etc.) de forma

que eleve a qualidade de vida e, principalmente, dignidade para os

cidadãos brasileiros.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco

Conceitos da urbanização Brasileira.

Metrópole global: São Paulo Rio de Janeiro.

Metrópole nacional: Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte,

Salvador, Recife, Fortaleza, Brasília.

Metrópole regional; Goiânia, Belém e Manaus.

Centro regional: Florianópolis, Londrina, Aracaju, Maceió, Campo

Grande, Natal, Boa Vista, Ribeirão Preto, Teresina, João Pessoa,

Rio Branco.

Século XIX: as cidades dinâmicas estavam relacionadas àquelas

que detinham grandes fluxos de comércio internacional de

mercadorias.

Século XX: fluxos de informações e fluxos financeiros. Nesse caso o

espaço geográfico é organizado pelo setor terciário: empresas de

intermediação financeira, empresas de publicidade e marketing,

empresas de consultoria, de seguros, e de auditoria, núcleos de

pesquisa em ciência e tecnologia→determinam as cidades globais.

Regiões metropolitanas

*município principal =população superior a 800 mil/hab.;

densidade demográfica =superior a 60 hab/km²; crescimento urbano

acelerado; existência de um centro histórico onde se concentram

atividades de serviços, várias administrações político-administrativas

autônomas, fluxos de veículos entre as cidades conurbadas, fluxo

pendular.

O modelo de expansão do espaço urbano brasileiro apresentou forte

tendência para o crescimento horizontal em conseqüência a

expansão do espaço urbanizado foi maior que o crescimento da

população. Porém a partir da década de 1970 aparecem nas

grandes cidades as ilhas verticais que provocam nas áreas

litorâneas uma muralha impedindo a passagem dos ventos.

Principais redes metropolitanas:

RMSP → região metropolitana de São Paulo abrange 39 municípios;

RMRJ → 19 municípios; RMBH → 33 municípios; RMPA → 28

municípios; RMRecife → 14 municípios; RMSalvador → 10

municípios RMFortaleza → 13 municípios; Região Metropolitana de

Curitiba → 25 municípios; RMBelém → 6 municípios.

Redes metropolitanas emergentes: Goiânia, Brasília, Londrina,

Baixada Santista, Norte-Nordeste Catarinense; Florianópolis,

Maringá, Grande Vitória, Vale do Itajaí e Vale do Aço/MG; Natal,

São Luís e Maceió.

ECONOMIA

As atividades agrícolas

Nos países desenvolvidos as atividades agrícolas reduziram o

número da PEA em decorrência da mecanização. A produtividade e

a variedade de cultivos são garantidas pelo uso de técnicas

modernas.

Nos países subdesenvolvidos considerados industrializados a

mecanização do campo provocou o acelerado êxodo rural. Nestes

países a produção esta voltada para o mercado externo.

Agrobusiness – recebe investimentos intensivos de capitais e

tecnologia, objetiva à exportação de commodities.

Commodities – nome que os produtos primários recebem no

mercado financeiro, são negociadas em bolsas de mercadorias e

futuros.

Revolução verde: máquinas na agricultura, alta produção, êxodo

rural, exportação, etc.

Transgênicos: Alimentos geneticamente modificados.

Pecuária: a pecuária mundial se apresenta de diferentes formas,

que refletem o nível tecnológico dos países, os tipos de clima a que

eles estão sujeitos, os mercados consumidores, etc.

Nos países desenvolvidos a pecuária moderna intensiva sendo

praticada principalmente por empresas agrícolas.

Nos países subdesenvolvidos – é praticada de forma extensiva sem

cuidados e de forma tradicional.

Sistemas agrários:

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Agricultura itinerante (roça) – praticada pela população pobre,

utiliza mão-de-obra familiar numerosa, desqualificada, técnicas

rudimentares a exemplo das queimadas provocando erosão e

mudando sempre de área. Praticada na África, América Latina, Sul e

Sudeste asiático.

Agricultura de jardinagem – devido a escassez de espaço para o

plantio, aproveita áreas elevadas terraços ou inundadas para o

cultivo do arroz no sudeste e extremo oriente. Utiliza numerosa mão

de obra manual, pequena propriedade, elevada produtividade, uso

de adubos e irrigação.

Agricultura moderna – típica dos países desenvolvidos, utiliza-se

sementes selecionadas, reduzida mão-de-obra, uso intensivo de

máquinas, técnicas modernas e caráter empresarial.

Plantantion – típico dos países subdesenvolvidos durante a

colonização européia na África, Ásia e América. Caracterizam-se

pelo latifúndio, monocultura, mão-de-obra desqualificada, objetiva a

exportação.

Agricultura orgânica – os produtos são cultivados levando em

consideração o meio ambiente e a saúde, não utilizando produtos

químicos. Os produtos são mais caros destinando a um grupo

especifico de consumidores.

A ESTRUTURA FUNDIÁRIA E OS CONFLITOS DE TERRA NO

BRASIL

O estudo sobre a questão agrária no Brasil sempre interessou a

área econômica tomando força e vigor a partir da década de 1980,

isto porque a chamada modernização da agricultura brasileira

ocorreu na década anterior, influenciando no processo de

transformação capitalista no campo

O espaço agrário tem se caracterizado por uma enorme

desigualdade na distribuição da terra. São encontrados um número

reduzido de grandes proprietários de terra, os latifundiários, e os

grandes empresários rurais, que monopolizam a maior parte da área

rural do país. Contraditoriamente são detectados milhões de

pequenos proprietários e trabalhadores sem terra, vivendo em

precárias condições de vida.

Distribuição das terras no Brasil - um sistema de acesso

antidemocrático = reafirmação do latifúndio.

*Sesmarias – 1530 a 1820-doação de grandes lotes de terras

destinadas aos cultivos para exportação. Os posseiros dedicavam a

agricultura de subsistência e ao mercado interno.

*Lei de Terras – extinguia o acesso a terra pela posse; a compra

realizada em hasta pública e o pagamento a vista; o dinheiro obtido

utilizado para custear a viagem dos imigrantes;

*Estatuto do trabalhador Rural – nasceu no governo de João

Goulart no início de 1963 e reconhecido em janeiro de 1964 que

estabelecia os direitos: jornada de 8 horas de trabalho, salário

mínimo, férias remuneradas, repouso semanal, aviso prévio, décimo

terceiro, proteção ao trabalho da mulher e do menor, criação do

FUNRURAL.

*Estatuto da Terra- final de 1964 – um instrumento legal que

poderia viabilizara reforma agrária; a expansão do capitalismo no

campo (Revolução verde); expansão da fronteira agrícola em

direção a Amazônia, militarização da questão agrária; estabeleceu o

cadastramento dos imóveis rurais baseados no módulo rural fixado

por cada região:

Minifúndio-inferior ao módulo rural fixado por região; empresa rural-

entre 01 e 600 vezes o módulo rural explorado economicamente e

racionalmente;

Latifúndio por exploração - latifúndio improdutivo;

Latifúndio por dimensão - superior a 600 módulos rural

independente do tipo e das características da produção nela

desenvolvida. O estatuto serviu de instrumento de controle das

tensões sociais no campo.

Estrutura fundiária brasileira - injusta e antidemocrática:

A estrutura fundiária corresponde ao modo como as propriedades

rurais estão dispersas pelo território e seus respectivos tamanhos,

que facilita a compreensão das desigualdades que acontecem no

campo.

A desigualdade estrutural fundiária brasileira configura como um dos

principais problemas do meio rural, isso por que interfere

diretamente na quantidade de postos de trabalho, valor de salários

e, automaticamente, nas condições de trabalho e o modo de vida

dos trabalhadores rurais.

No caso específico do Brasil, uma grande parte das terras do país

se encontra nas mãos de uma pequena parcela da população,

essas pessoas são conhecidas como latifundiários. Já os

minifundiários são proprietários de milhares de pequenas

propriedades rurais espalhadas pelo país, algumas são tão

pequenas que muitas vezes não conseguem produzir renda e a

própria subsistência familiar suficiente.

Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorre uma

discrepância em relação à distribuição de terras, uma vez que

alguns detêm uma elevada quantidade de terras e outros possuem

pouca ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a concentração

fundiária brasileira.

É importante conhecer os números que revelam quantas são as

propriedades rurais e suas extensões: existem pelo menos 50.566

estabelecimentos rurais inferior a 1 hectare, essas juntas ocupam no

país uma área de 25.827 hectares, há também propriedades de

tamanho superior a 100 mil hectares que juntas ocupam uma área

de 24.047.669 hectares.

Outra forma de concentração de terras no Brasil é proveniente

também da expropriação, isso significa a venda de pequenas

propriedades rurais para grandes latifundiários com intuito de pagar

dívidas geralmente geradas em empréstimos bancários, como são

muito pequenas e o nível tecnológico é restrito diversas vezes não

alcançam uma boa produtividade e os custos são elevados, dessa

forma, não conseguem competir no mercado, ou seja, não obtêm

lucros. Esse processo favorece o sistema migratório do campo para

a cidade, chamado de êxodo rural.

A problemática referente à distribuição da terra no Brasil é produto

histórico, resultado do modo como no passado ocorreu a posse de

terras ou como foram concedidas.

A distribuição teve início ainda no período colonial com a criação

das capitanias hereditárias e sesmarias, caracterizada pela entrega

da terra pelo dono da capitania a quem fosse de seu interesse ou

vontade, em suma, como no passado a divisão de terras foi desigual

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51

os reflexos são percebidos na atualidade e é uma questão

extremamente polêmica e que divide opiniões.

Por Eduardo de Freitas.

História da Luta pela Terra.

CPT (1960) – Pastoral da Terra. Teologia da Libertação; 1985 –

Nova República Plano Nacional de Reforma agrária; 1985 –

surgimento do Movimento dos trabalhadores Sem -Terra; e

posteriormente a formação pelos latifundiários da UDR - União

Democrática Ruralista em defesa da classe patronal.

A nova Lei agrária – 1993-Lei 8.629 afirma que a terra tem de

cumprir a função social, não cumprindo é passível de

desapropriação, novas dimensões: minifúndio, pequena

propriedade, média propriedade e grande propriedade.

Observe as ocupações de terras no Brasil.

A Questão Agrária no Brasil Hoje.

A concentração fundiária no Brasil é uma é uma das maiores do

mundo. A maior parte das terras ocupadas e os melhores solos

encontram-se na mão de pequeno número de proprietários, ao

passo que um imenso número de pequenos proprietários possui

áreas ínfimas, insuficientes para garantir-lhes a suas famílias um

nível de vida decente. A partir de 1970, começou a expansão das

fronteiras agrícolas em direção à Amazônia. Com a ocupação das

terras devolutas, a derrubada da mata para o estabelecimento da

lavoura e da pecuária, em boa parte, essa ocupação da terra é

apenas formal. Essa expansão das áreas ocupadas pela

agropecuária acabou contribuindo para agravar ainda mais o

problema da estrutura fundiária do Brasil, constituindo autênticos

latifúndios.

Menos de 50 mil proprietários possuem áreas superiores a mil

hectares e, controlam 50% das terras, cerca de 1% dos proprietários

rurais detêm em torno de 46% de todas as terras.

Dos aproximadamente 400 milhões de hectares titulados como

propriedade privada, apenas 60 milhões de hectares são utilizados

como lavouras, o restante das terras estão ociosas, subutilizadas.

Segundo o INCRA, há cerca de 100 milhões de hectares de terras

ociosas. Por outro lado, existem cerca de 4,8 milhões de famílias

sem terra no Brasil.

Esse agravamento na concentração da propriedade fundiária no

Brasil prejudica a produção de alimentos, porque as grandes

propriedades em geral voltam-se mais para os gêneros agrícolas de

exportação. Um estudo recente calculou que 60 a 70% dos gêneros

alimentícios destinados ao abastecimento do país procedem da

produção de pequenos lavradores, que trabalham em base familiar.

A concentração fundiária em nosso país vem aumentando, com um

agravante: a Amazônia e os cerrados tornaram-se, desde 1970, as

novas regiões de fronteira agrícola.

Afirmar que essas novas fronteiras agrícolas do país significa dizer

que nas outras regiões, isto é, Nordeste, no Sudeste e no Sul,

praticamente não existem mais terras disponíveis para a prática

agropecuária. Além disso, o valor dos imóveis rurais nessas áreas

tornou-se muito elevado, obrigando os agricultores menos

capitalizados a deixarem seus estados de origem em busca de

terras mais baratas. Com isso, têm-se algumas questões

importantes, como:

*aumento dos impactos ambientais causados pela derrubada da

vegetação original em enormes áreas, para dar lugar a pastagens e

cultivos agrícolas;

*invasão de terras indígenas e a necessidade de sua delimitação;

*crescimento dos conflitos entre posseiros e grileiros, ocasionando

não só o aumento da violência no campo como a expulsão de

famílias de posseiros, que se vêem obrigadas a ocupar terras em

pontos cada vez mais afastados no interior do território nacional.

A questão da terra, o Brasil, opõe diversos grupos, como boias-frias,

índios, minifundiários, colonos, posseiros, grileiros, grandes

proprietários e até garimpeiros, entre outros.

ESPAÇO AGRÁRIO BRASILEIRO.

Subordinação da zona rural á zona urbana tornando-se fornecedora

de matérias-primas, mão de obra, consumidora de mercadorias e

serviços, produtora de bens para exportação.

Commodities-produtos agrícolas destinados a exportação: soja

carnes, café, açúcar, fumo e suco de laranja.

Os complexos agroindustriais (Cais) responsáveis pelo agronegócio,

ou seja, as atividades empresariais baseadas em produtos

agropecuários, que se estendem por todas as etapas das cadeias

produtivas. Recebem a maior parte dos créditos liberados pelo

sistema financeiro e as pesquisas em novas tecnologias de

produção desde sementes melhoradas por seleção dirigida ou

geneticamente manipuladas até sofisticadas programas de manejo

dos solos e monitoramento climático.

Em 1973 foi criada a EMBRAPA Empresa Brasileira de

Agropecuária desenvolve pesquisas dirigidas as atividades agrícolas

inclusive até para as culturas tradicionais como a do feijão.

No Brasil nas relações de trabalho predomina a mão-de-obra não

assalariada ocorrendo uma expansão do trabalho temporário a

exemplo dos bóias-frias.

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Reprodução das relações de trabalho com características típicas de

escravidão nas regiões Centro-oeste, Norte e Nordeste em menor

intensidade nas regiões Sudeste e Sul.

Espaço Agrário do Brasil.

Tipos de exploração da terra:

Direta – quando é explorada pelo próprio proprietário, predomina

nas pequenas propriedades pertencentes aos agricultores

familiares.

Indireta – realizada por terceiros através por meio de:

Parceria – realizada mediante um acordo entre o proprietário da

terra e o trabalhador rural no qual o proprietário da terra receberá

um percentual da produção pago através da meia, terça ou quarta

parte. Relação comum na região Nordeste

Arrendamento – o proprietário receberá o pagamento pelo uso da

terra em espécie ou capital, realizada predominantemente de forma

indireta.

Ocupantes – famílias de posseiros que ocupam a terra, explorando-

a diretamente.

PRODUÇÃO AGRÍCOLA NAS REGIÕES GEOGRÁFICAS DO

BRASIL

Região Nordeste

Zona da Mata - Domínio das grandes propriedades monocultoras:

cana-de-açúcar, cacau e fumo.

Agreste – domínio da policultura, pequenas propriedade rurais

abastecem a zona da mata. Destacam-se a produção de milho,

feijão, hortifrutigranjeiros, laranja, leite.

Sertão – grandes propriedades, domínio da pecuária de corte e leite,

cultivo do algodão.

Pólos de irrigação: fruticultura irrigada localizada em Juazeiro -

Bahia e Petrolina em Pernambuco.

Meio Norte – produção de arroz nas várzeas dos rios Pindarém,

Mearim e Grajaú e Paranaíba. Avanço da soja no sul dos estados

do Maranhão e Piauí destacando os municípios de Balsas

Maranhão e Uruçuaí no Piauí.

Região Centro- Oeste

Mato Grosso – Maior produtor de soja do país, bovinos de corte,

café e algodão.

Goiás – Arroz, algodão, cana de açúcar, soja, pecuária de corte.

Mato Grosso do Sul – Gado de corte, cereais> milho, trigo e soja

Região Norte

Amazonas - Vale médio arroz e a juta e avanço da pecuária de

corte.

Cultivos introduzidos pelos imigrantes japoneses na região

bragantina no Pará e criação de búfalos na Ilha de Marajó.

Expansão da pecuária de corte.

Em Rondônia expansão do cultivo da soja.

Região Sudeste

Minas Gerais: norte – pecuária de corte, agricultura familiar.

Triângulo mineiro – café, soja, criação de gado de corte.

Zona da mata mineira – leite, café.

São Paulo – Café, cana de açúcar, laranja, algodão e pecuária de

corte.

Rio de Janeiro – Vale do Paraíba – cana de açúcar e leite

Espírito Santo – café

Região Sul

Paraná – celeiro do Brasil: soja, cana, café e algodão.

Santa Catarina: vale do Itajaí – fumo incentivado pelas indústrias de

cigarros utilizando-se da integração com os pequenos proprietários

e arroz.

Oeste catarinense – cereais: soja, milho- utilizado para a

alimentação do rebanho suíno e trigo,

Rio Grande do Sul – Região serrana- uvas - Rio Jacuí – arroz –

Noroeste – cereais trigo, soja e arroz – Campanha gaúcha – bovinos

para o corte e arroz.

INDÚSTRIA E INDUSTRIALIZAÇÃO

Primeira Revolução industrial – XVIII – energia produzida pelo

vapor, carvão mais importante fonte de energia, localização das

indústrias próximas ás bacias carboníferas.

Segunda Revolução Industrial – XIX – energia – petróleo e

eletricidade. Ramos industriais mais importantes: metalurgia,

siderurgia e a indústria automotiva.

Terceira Revolução Industrial – meados do século XX; domínio do

meio técnico científico transformando a economia industrial.

Utilização da energia nuclear e permanência do petróleo como

principal matriz energética.

Discussão sobre novas fontes de energia (solar, eólica, biomassa

das marés).

Organização de trabalho pós-fordismo e o uso intenso da

informática. As indústrias buscam outras vantagens como incentivos

fiscais, mão-de-obra barata, facilidade de comunicação e transporte

= infovias.

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Just in time – no pós-fordismo não há uma separação rígida entre a

direção e o operário. Os estoques são calculados levando em

consideração as solicitações do mercado, para evitar desperdícios.

Biotecnologia - responsável pelos grandes avanços na medicina e

na agropecuária.

Níveis de Industrialização:

Clássica: Industrialização que aconteceu dentro de um mesmo país

e disseminou-se pelo mundo como multinacionais e transacionais.

Tardia: Industrialização que dependeu das indústrias de outros

países.

Planificada: Típica de países socialistas.

Tipos de indústria:

Indústria de bens de produção ou indústria de base – produzem

bens para outras indústrias, gastam muita energia e transformam

grandes quantidades de matéria-prima. Siderúrgica, metalúrgicas,

petroquímicas, cimento.

Indústria de bens de capital ou intermediárias – produzem

máquinas, equipamentos, ferramentas ou autopeças para outras

industrias.

Indústrias de bens de consumo – podem ser duráveis e não

duráveis.

De acordo com a tecnologia empregada

Indústrias dinâmicas – são as indústrias da Terceira Revolução

Industrial química, aviação, informática, eletrônica, necessitam de

muito capital e mão-de-obra qualificada.

Indústrias tradicionais – são aquelas que estão mais presas aos

antigos fatores locacionais, utilizam muita mão-de-obra e empregam

métodos da primeira e segunda fases da Revolução Industrial como

as indústrias de alimentos e têxteis.

BRASIL: INDUSTRIALIZAÇÃO

*ATÉ 1850 → fraco desempenho do setor: pequeno mercado

consumidor; Estado alheio a industrialização; elites brasileiras =

expansão do café; ineficientes forças produtivas.

*1880 a 1930→1ª Revolução Industrial do Brasil

Bens de consumo não duráveis = indústria leve

Concentração industrial sudeste→capital adquiridos com a

cafeicultura, mão-de-obra, rede comercial e bancária, energia

elétrica, rede ferroviária, mercado consumidor.

Surgimento de novas classes sociais: burguesia industrial e

proletariado.

Manifestações operárias, conquista de direitos trabalhistas: Lei de

Férias 1926; Código do Menor 1929; segregação espacial pelo

poder econômico surgimento dos bairros operários.

*1930 a 1955: 2ª Revolução Industrial do Brasil

Êxodo rural→crise da cafeicultura e ampliação do mercado

consumidor

Redução das importações→crise capitalismo 1929 redução da

concorrência internacional

Política nacionalista do governo de Getúlio Vargas-1930-1945

→substituições das importações, indústria de base→CSN-

1941CVRD-1942

Segunda Guerra Mundial-dificuldade de importação de produtos dos

países desenvolvidos

1956 a 1961 – Programa de Metas→JK

Expansão do capital estrangeiro no Brasil→implantação do modo de

vida americano→ marketing agressivo→formação da sociedade de

consumo; 48,8% EUA, 17,8% Alemanha.

Recursos do Tesouro (2/3)→investimentos em energia e transporte

Acentuado desenvolvimento industrial: bens de consumo (63%),

bens de produção (370%)

1962-1964-políticas nacionalistas

Reformas de base

1964 até os dias atuais

*Modelo associado ao capitalismo mundial e dele dependente

*Modernização conservadora→crescimento econômico e acentuada

desigualdades sociais

*Endividamento externo→1965=U$5 bilhões; 1975= U$20 bilhões

2000= U$206 bilhões

3ª Revolução Industrial do Brasil=Revolução Tecnológica

Científica

*dependência em relação ao exterior

*Ineficiente política científica e tecnológica

*Crise monetária e financeira internacional

Pólos Tecnológicos - promovem interação entre instituições de

ensino e pesquisa e empresas.

São José dos Campos-ITA; INPE;

Universidades de São Carlos e a USP

Concentração e relativa desconcentração industrial no Brasil

Sudeste a maior concentração industrial nas áreas metropolitanas

RMSP Região metropolitana de São Paulo

ABCD = Santo André, São Bernardo do Campo, Cão Caetano do

Sul e Diadema - indústria automobilística, bens de consumo

duráveis, leves, bens de produção.

RMRJ – Região Metropolitana do Rio de Janeiro - bens de consumo

duráveis, leves, e de bens de produção.

RHBH – Região Metropolitana do Rio de Janeiro - zona metalúrgica

do Brasil, ind. bens de consumo.

FONTES DE ENERGIA

O ser humano sempre utilizou fontes de energia para suprir suas

necessidades básicas de sobrevivência. Essas substâncias, por

meio de um processo de transformação, proporcionam energia para

que o homem possa cozinhar seu alimento, aquecer seu ambiente,

produzir combustíveis, entre outras atividades.

Porém, foi com o advento do modelo econômico capitalista,

baseado num intenso processo de produção e consumo, que a

utilização das fontes energéticas teve um aumento extraordinário,

pois o setor industrial é altamente dependente de energia para o

funcionamento das máquinas, em especial das fontes de origem

fóssil (petróleo, gás natural e carvão mineral).

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As fontes energéticas são classificadas em renováveis e não

renováveis. As primeiras, mais utilizadas pelas indústrias, são

representadas pelo petróleo, gás natural, carvão mineral e energia

nuclear. Essas fontes são extremamente poluidoras e irão exaurir-se

da natureza: conforme a Agência Internacional de Energia (AIE),

caso não se reduza a média de consumo registrada nas últimas

décadas, as reservas mundiais de petróleo e gás natural deverão se

esgotar em 100 anos e as de carvão, em 200 anos.

Visando reverter esse quadro para reduzir a dependência da

utilização das fontes não renováveis, vários estudos desenvolveram

energias “limpas” e renováveis, ou seja, que jamais se esgotarão na

natureza. Entre as principais estão a hidrelétrica (energia liberada

por uma queda-d’água), eólica (obtida através dos ventos), solar

(captada pelo aquecimento de placas específicas), biomassa

(material orgânico), energia das marés (fornecida através da

instalação de uma estação que aproveita a energia das correntes

marítimas), etc.

O tema em questão é muito importante nas discussões sobre a

matriz energética global. Sendo assim, disponibilizamos artigos

sobre as mais variadas fontes energéticas, contendo a classificação,

forma de obtenção, utilização, vantagens, desvantagens, impactos

ao meio ambiente, entre outras características.

Por Eduardo de Freitas

Um dos recursos minerais mais importantes do mundo e que está

com o fim mais próximo é o petróleo, embora não seja a única fonte

de energia, os países têm uma preocupação muito grande, porque é

essa que mantém o desenvolvimento econômico e tecnológico,

além de oferecer qualidade de vida às pessoas.

Todos sabem da limitação dos recursos, diante disso foram criadas

fontes alternativas como:

ENERGIA BIOLÓGICA.

São energias que se originam da biomassa ou de microrganismo, a

biomassa são fontes de extração de energia (cana, eucalipto etc.).

O uso desse tipo de energia será uma tendência mundial, a energia

de origem orgânica é baseada na biotecnologia.

Biogás

Gás liberado na decomposição de elementos orgânicos (ex. lixo,

esterco, palha etc.) e o biodigestor transforma esses resíduos em

gás. A produção de biogás é interessante por dois motivos, diminui

a quantidade de resíduos no ambiente e é pouco poluidor.

Álcool e Óleos vegetais

O álcool, importante combustível da atualidade, pode ser extraído

de vários vegetais (cana, beterraba, cevada, batata, mandioca,

girassol, eucalipto etc.), pode ser utilizado de várias formas, mas

seu destaque maior é como combustível, que passou a ser utilizado

nos automóveis a partir da década de 1970, é bom ressaltar que

essa é uma tecnologia brasileira.

Atualmente, apenas Brasil e Rússia estão utilizando o álcool como

combustível, o Brasil com a cana extrai o etanol, a Rússia com o

eucalipto extrai o metanol.

Algumas alternativas de geração de combustíveis podem ser mais

promissoras do que o próprio álcool, como é o caso dos óleos que

são extraídos de vegetais (mamona, babaçu, dendê, soja, algodão,

girassol, amendoim entre outros). O desenvolvimento dessas

tecnologias nos últimos anos tem sido deixado de lado por falta de

investimentos, o óleo vegetal é mais calorífero que o álcool, assim

poderia facilmente substituir o diesel, a gasolina e o querosene, que

são combustíveis de fontes limitadas. No mundo essa alternativa

energética ainda foi pouco difundida, mas isso é uma questão de

tempo.

Energia Solar e Hidrogênio.

Os raios solares que incidem na terra possuem uma quantidade

incrível de energia, com isso alguns estudos revelam que os raios

poderiam produzir muito mais energia do que todas hidrelétricas e

termoelétricas do mundo, o problema é que ainda não se sabe como

canalizar e armazenar essa energia.

Em países como Alemanha, o governo destina incentivos às

residências que instalam coletores solares.

Outra fonte que anda em fase de aprimoramento é a energia de

hidrogênio, que produz poucos resíduos e a baixo custo, estima-se

que no final dessa década já tenha carros disponíveis com motores

movidos a hidrogênio.

Marés, Ventos e Energia Geotérmica

O movimento das marés (movimento das águas) move turbinas que

podem gerar energia, esse recurso é utilizado em países como

Japão e França.

A energia eólica é uma fonte de energia conhecida há muitos anos,

pois foi utilizada para mover moinhos, no mundo existem cerca de

30 mil geradores de energia eólica.

A energia geotérmica é extraída do calor vindo do interior da terra,

os EUA, Itália e Japão produzem energia dessa natureza, mas esse

tipo só é possível em lugares que possuem vulcões ou áreas de

concentração de placas litosféricas.

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Em países como a Islândia, os gêiseres são aproveitados, são

águas quentes que saem interior da Terra que também geram

energia geotérmica.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco

FONTES DE ENERGIA NO BRASIL E MINERAÇÃO.

Renováveis – não se esgotam a exemplo da energia solar, a

energia muscular, a energia dos vegetais (biomassa) da correnteza

dos rios (hidráulica), eólica, e geotérmica. Reduzem a dependência

de fontes de energia não renováveis.

Não Renováveis – tendem a esgotar-se com o uso: petróleo,

carvão mineral, urânio.

A principal fonte de energia utilizada consiste no petróleo, seguido

do carvão mineral, a hidroeletricidade, a energia nuclear e o gás

natural

Energia elétrica – obtida pela força da água, pelo vapor da queima

de combustíveis fósseis e pelo calor produzido pela fissão do urânio

no núcleo do reator.

Fontes de energia do futuro:

Biomassa, eólica, solar.

Carvão mineral – devido a baixa qualidade e a quantidade reduzida

de reservas deste mineral o Brasil importa tal matéria-prima.

Encontrado na região sul no vale do Rio Tubarão em Santa Catarina

destacando-se os municípios de Lauro Miller, Urussanga,

Sideropólis e Criciúma.

A exploração deste mineral provoca a poluição atmosférica e do

lençol freático.

Petróleo

1930 – descoberta do petróleo em Lobato – BA no Recôncavo

Baiano.

1953 – criação da Petrobrás, monopólio de atividades relativas ao

petróleo como a prospecção e a lavra. Transporte do óleo bruto

realizado em petroleiros e oleodutos. Atividades de refino e da

compra e venda do produto no exterior.

1976 – abertura de contratos de riscos, atração de empresas

estrangeiras para as atividades de prospecção e lavra.

1988 – construção de política nacionalista.

1998 – fim do monopólio do petróleo

Exploração marítima e terrestre destacando-se a bacia de Campos

– RJ, e na exploração terrestre: Ceará,Recôncavo Baiano,

Amazonas e Sergipe.

Proálcool

1976- objetivava reduzir as importações de petróleo devido aos altos

preços deste produto.

Conseqüências: erradicação de lavouras alimentícias, utilização

apenas em automóveis de passeio, aumento do uso do óleo diesel.

Exploração de minério de ferro no quadrilátero ferrífero em Minas

Gerais explorado pela VALE, escoada pela estrada de ferroa até os

portos de Vitória e Tubarão no Espírito Santo.

Projeto Carajás- Pará– maiores reservas de minério de ferro,

explorada pela Vale escoada pela estrada de Ferro de Carajás até o

porto de Itaqui no Maranhão

Exportadas principalmente para o Japão.

Maciço do Urucum – MS – escoamento do minério de ferro via Rio

Paraguai.

Projeto dos Pólos de Alumínio – explorado no vale do Rio

Trombetas no Pará, na Serra de Oriximiná no Pará explorado pelo

consórcio entre a VALE e a Alcan- anglo holandesa juntamente com

a Companhia Brasileira do Alumínio do grupo Votorantim.

Projeto Jari - implantado pelo milionário americano Daniel Ludwig

em 1967 ocupa 1,6 milhão de hectares objetivou implantar um

projeto de integração vertical de atividades florestais, minerais e

industriais. Vendido em1980 a um consorcio de empresas

atualmente atua na atividade de silvicultura e produção industrial de

celulose. A caulim amazônia extrai o caulim utilizado para o

branqueamento da celulose e exportado através do rio Jarí.

Serra do Navio no Amapá- grandes jazidas de manganês em 1950

foram descobertas pela ICOMi um consórcio entre a transnacional

norte-americana Bethelem Steel e uma empresa nacional. Para

viabilizar as exportações construiu-se a Estrada de Ferro Amapá e o

Porto de Santana nos arredores de Macapá. Atualmente a ICOMi

explora o cromo da mina do Vila Nova em Manzagão nas

proximidades do Porto de Santana.

Exploração de Sal Marinho- existem grandes reservas de sal no

litoral nordestino destacando-se o estado do Rio Grande do Norte

maior produtor nacional devido a salinidade elevada, litoral raso,

solos impermeáveis, atuação constante de ventos. Destacam-se os

municípios de Areia Branca, Macaú e Mossoró. O Rio de Janeiro

também apresenta as características especificadas destacando-se

os municípios de Cabo Frio e Ararauna.

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IMPACTOS AMBIENTAIS

Desmatamentos – localizados na faixa tropical e equatorial.

Desertificação-uso do solo para a agricultura, fragilidade do

ecossistema, desmatamentos, técnicas não apropriadas de irrigação

e cultivo.

Problemas Ambientais Urbanos.

A urbanização se intensificou com a expansão das atividades

industriais, fato que atraiu (e ainda atrai) milhões de pessoas para

as cidades. Esse fenômeno provocou mudanças drásticas na

natureza, desencadeando diversos problemas ambientais, como

poluições, desmatamento, redução da biodiversidade, mudanças

climáticas, produção de lixo e de esgoto, entre outros.

A expansão da rede urbana sem o devido planejamento ocasiona a

ocupação de áreas inadequadas para a moradia. Encostas de

morros, áreas de preservação permanente, planícies de inundação

e áreas próximas a rios são loteadas e ocupadas. Os resultados são

catastróficos, como o deslizamento de encostas, ocasionado a

destruição de casas e um grande número de vítimas fatais.

A compactação do solo e o asfaltamento, muito comuns nas

cidades, dificultam a infiltração da água, visto que o solo está

impermeabilizado. Sendo assim, o abastecimento do lençol freático

fica prejudicado, reduzindo a quantidade de água subterrânea.

Outro fator agravante dessa medida é o aumento do escoamento

superficial, podendo gerar grandes alagamentos nas áreas mais

baixas.

Outro problema ambiental urbano preocupante é o lixo. O aumento

populacional causa uma maior produção de lixo, especialmente no

atual modelo de produção e consumo. A coleta, destino e

tratamento do lixo são questões a serem solucionadas por várias

cidades. Em muitos locais, o lixo é despejado nos chamados lixões,

locais sem estrutura para o tratamento dos resíduos. As

consequências são: odor, proliferação de doenças, contaminação do

solo e do lençol freático pelo chorume, etc.

O déficit nos serviços de saneamento básico contribui para o

cenário de degradação ambiental. A quantidade de esgoto

doméstico e industrial lançado nos rios sem o devido tratamento é

imensa. Esse fenômeno reduz a qualidade das águas, gerando a

mortandade de espécies aquáticas e a redução do uso dessa água

para o consumo humano.

Nos grandes centros industrializados, os problemas ambientais são

mais alarmantes. Nesses locais, a emissão de gases dos

automóveis e das fábricas polui a atmosfera e retém calor,

intensificando o efeito estufa. Com isso, vários transtornos são

gerados à população: doenças respiratórias, chuvas ácidas,

inversão térmica, ilhas de calor, etc.

A poluição sonora e a visual também geram transtornos para a

população. Os ruídos ensurdecedores e o excesso de elementos

destinados à comunicação visual espalhados pelas cidades

(cartazes, banners, placas, outdoors, fios elétricos, pichações, etc.)

afetam a saúde dos habitantes.

Portanto, diante desse cenário de diferentes problemas ambientais

urbanos, é urgente a necessidade de elaboração e aplicação de

políticas ambientais eficazes, além da conscientização da

população. Entre as medidas a serem tomadas estão a redução da

produção do lixo, a reciclagem, o tratamento adequado do lixo

(incineração ou compostagem), o saneamento ambiental, o

planejamento urbano, a educação ambiental, a redução da emissão

de gases poluentes, entre outras.

Lixo urbano – formas de recolhimento

Os aterros sanitários são locais onde o lixo é enterrado.

Lixões são depósitos a céu aberto.

Lixo domiciliar pode ser:

Orgânico – restos de alimentos cozidos ou não.

Inorgânico – papel, vidro, latas, alumínio

Lixo industrial – produtos químicos, ácidos, mercúrio, chumbo,

gases oxidantes, cloro, agrotóxicos.

Poluição

Poluição das águas – esgotamento doméstico e industrial, chorume

do lixo orgânico, esgotos sem tratamento, resíduos agropecuários,

atividades mineradoras.

Poluição sonora e visual

Poluição do Ar.

Inversão térmica – no outono inverno, quando a temperatura do

solo diminui é muito comum essa situação ocorrer. Próximo do solo

mais frio, o ar se resfria, nas camadas superiores é mais quente.

Por algumas horas até que o solo se aqueça não há movimentação

vertical do vento. Os poluentes ficam retidos bem perto do solo

agravando a poluição atmosférica. Ao ocorrer a inversão térmica é

comum acontecer o fenômeno do smog que impede a visibilidade

por algum tempo.

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Ilhas de calor – as médias térmicas das áreas centrais são mais

altas que da periferia ou na zona rural. Isto é um reflexo da

concentração de edifícios que impedem a circulação do ar, as ruas

asfaltadas, a reduzida ou ausência de áreas verdes e a grande

concentração de veículos.

Chuva ácida - a presença de poluentes no ar atmosférico ácido

sulfúrico, ácido clorídrico, trióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio

torna a água da chuva mais ácida. Devido aos ventos os efeitos da

chuva ácida atingem lugares a centenas de quilômetros de

distancia.

Efeito estufa – a queima de combustíveis fósseis, por indústrias e

veículos foi o principal responsável pelo aumento do CO2 (dióxido

de carbono) na atmosfera. As queimadas também agravam a

situação. O aumento destes gases na atmosfera intensifica a

retenção de calor na superfície terrestre. São preocupantes as

conseqüências do efeito estufa para o planeta.

A destruição da camada de ozônio – este camada situa-se a 20 e

60 km de altitude sendo seu papel absorver as radiações

ultravioleta, impedindo que eles atinjam a superfície terrestre em

quantidades excessivas. Ao serem intensificadas as radiações

poderão ocasionar o aumento de câncer de pele, problemas na

visão e o sistema imunológico dos homens e animais. Esta

destruição está sendo provocada pelo uso de clorofluorcarbonetos

(CFCs).

Conferências Ambientais.

Um dos reflexos da “explosão” acerca

da tão falada consciência ecológica

por parte das sociedades tem feito

surgir cada vez mais grupos que buscam a preservação da

natureza, geralmente ONG`s.

As idéias ecológicas foram difundidas a partir da década de 70, os

grupos não se restringem apenas às questões ambientais, tratam

também dos aspectos sociais e culturais, principalmente em nível

local.

Contando com a opinião pública e com os meios de comunicação

em massa, em países de ideologias democráticas, muitas vezes as

ONGs exercem pressão sobre os governos para instaurar leis e

tratados internacionais.

O conjunto de tratados mais recentes tem algumas pautas de

discussões devido à pressão das ONGs e da mídia, dessa forma já

são contabilizados vários tratados, conferências, convenções, a

seguir serão apresentadas algumas das principais:

Convenção sobre as Mudanças Climáticas: ocorreu em 1992 na

cidade do Rio de Janeiro, denominada de ECO-92. Posteriormente

no Protocolo de Kyoto, em 1997, foram realizadas várias alterações

em relação às metas propostas no Rio, como por exemplo, a de que

o conjunto dos países mais industrializados deveria diminuir a

emissão de gases de dióxido de carbono.

Além da assinatura de acordos sobre mudanças climáticas na ECO-

92 foi promovida também a implantação da Declaração sobre as

florestas, que tem como principal objetivo ressaltar a necessidade

de preservação das florestas existentes no planeta, e a Convenção

sobre a Diversidade Biológica que estabelece uma ligação entre

preservação e produção econômica a partir da extração de

elementos naturais, como matéria-prima para as indústrias.

Agenda 21: centraliza-se na idéia do desenvolvimento sustentável,

essas devem ser colocadas em prática durante esse século, o

objetivo da Agenda 21 é implantar medidas sociais, principalmente

para os excluídos (índios, ribeirinhos), além de questões como a

mulher no contexto social, os jovens, e uma preocupação com a

preservação da atmosfera e oceanos.

Em 2002, em Johannesburgo, através do Plano de Implementação a

Agenda 21 tornou-se mais sólida, no Rio+10 foram assinados e

aprovados a Declaração Política da Cúpula Mundial de

Desenvolvimento Sustentável, essa tem como principal objetivo

pedir anistia das dívidas adquiridas pelos países pobres, pois muitas

vezes as desigualdades são provenientes dos esforços em pagar os

débitos, dessa forma impossibilita a implantação efetiva de um

desenvolvimento sustentável.

No Japão, em dezembro de 1997, ocorreu na cidade de Kyoto a

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, na

qual foi elaborado o Protocolo de Kyoto com um objetivo básico de

reduzir a emissão de gases, e automaticamente diminuir o efeito

estufa, nessa conferência ficou definido que os países de maior

industrialização estariam obrigados a subtrair o volume de gases, no

mínimo 5% se comparados com a década de 90, entre os anos de

2008 e 2012.

As metas propostas de redução não foram aderidas por muitos

países, que se recusaram a assiná-las, o primeiro a ir contra a

assinatura foram os Estados Unidos, que ocupam o lugar de maior

emissor, com quase 24% do total mundial.

O ponto negativo do protocolo é que não existe nenhum tipo de

punição àquele que descumprir as medidas de redução de emissão

de gases, no entanto, ninguém ousaria punir uma potência como os

EUA ou mesmo a China, que hoje é a economia que mais cresce no

mundo.

Contudo, ficou definida na ECO-92, a partir do consentimento de

191 países, a redução do índice da população sem acesso à água

potável, além disso, os países desenvolvidos deveriam destinar

0,7% do PIB para as nações pobres que se comprometeram a

preservar a natureza e a biodiversidade como um todo.

Até o ano de 2005 as metas de redução não foram cumpridas pelos

países industrializados.

Por Eduardo de Freitas

Rio +20.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento

Sustentável, Rio+20, ocorrerá entre os dias 13 e 22 de junho na

cidade do Rio de Janeiro. A Rio+20 marca vinte anos da realização

da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, conhecida como Eco-92 ou Rio-92, e será mais

uma oportunidade para refletirmos sobre o futuro que queremos

para o mundo nos próximos vinte anos e determinar como é

possível reduzir a pobreza, promover a justiça social e a proteção do

meio ambiente em um planeta que é cada vez mais habitado.

Com o objetivo de renovar o compromisso político com o

desenvolvimento sustentável, verificando o que foi feito nos últimos

20 anos (desde a Eco-92), e quais são as lacunas que ainda

existem na implementação dos resultados, a Rio+20 reunirá

diversos chefes de Estado e de Governo dos países-membros das

Nações Unidas, pessoas do setor privado e ONGs.

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Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

58

A Rio+20 terá como temas principais: a economia verde no contexto

do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, e a

estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

Composta por três momentos, a Rio+20 se iniciará no dia 13 de

junho, e até o dia 15 haverá a III Reunião do Comitê Preparatório,

onde representantes governamentais se reunirão para negociar os

documentos a serem adotados na Conferência. Entre os dias 16 e

19 de junho estão programados os Diálogos para o

Desenvolvimento Sustentável, um espaço aberto à sociedade civil

para a discussão de diversos temas inerentes à Rio+20. De 20 a 22

de junho a Rio+20 terá a presença de diversos Chefes de Estado e

de Governo dos países-membros das Nações Unidas, ocorrendo

então o Alto Nível da Conferência.

Muitos especialistas consideram a Rio+20 como uma oportunidade

histórica para se discutir e desenvolver ideias que possam promover

um futuro mais sustentável, com mais postos de trabalho, fontes de

energia limpa, mais segurança, e com um padrão de vida decente

para todos os cidadãos. Segundo BriceLalonde, Coordenador

Executivo da Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável, “O Rio+20 é um dos maiores

encontros mundiais sobre o desenvolvimento sustentável do nosso

tempo”.

Por Paula Louredo Moraes

EXERCÍCIOS

01. “A urbanização é, sem dúvida, a principal transformação

social do nosso tempo. Em 1800, apenas 3% da população

mundial vivia nas cidades. De 1950 até a virada do século XXI, a

população urbana no mundo terá quadriplicado”. A maior

contribuição para esse aumento será dada pelos países:

A) Capitalistas desenvolvidos do hemisfério norte.

B) capitalistas subdesenvolvidos.

C) Socialistas de economia agrícola.

D) Socialistas de economia industrial.

E) Socialistas de 3º mundo.

02. Em contraposição aos neomalthusianos, que vêem no

grande crescimento populacional o principal obstáculo ao

desenvolvimento do Terceiro Mundo, os. . . . . . . . . . ou . . . . . . . .

. consideram que é a própria situação de fome e miséria do

Terceiro Mundo que acarreta o grande crescimento

populacional. A solução estaria, portanto nas reformas sociais,

que propiciaram a erradicação da miséria e a melhoria do

padrão de vida. Os defensores dessa última teoria são os:

A) Reformistas ou marxistas.

B) Reformistas ou alarmistas.

C) Monetaristas ou ortodoxos.

D) Pós-malthusianos ou populacionais.

E) Revisionistas ou comunistas

03. O crescimento demográfico dos países subdesenvolvidos tem

revelado algumas mudanças importantes nas duas últimas décadas.

Verifique qual(ais) da(s) afirmativas apresenta(m) corretamente uma

dessas mudanças:

I. Nos países com acelerada urbanização e crescente participação

da mulher no mercado de trabalho, tem havido importante

queda da taxa de fecundidade, como é o caso da América

Latina.

II. Nos países com forte percentual de população rural, o

crescimento demográfico tem diminuído em função do aumento

das taxas de mortalidade, como na África.

III. Nos países asiáticos, a contenção da mortalidade tem sido

acompanhada por aumento da taxa de natalidade, graças ao

êxito de campanhas governamentais, como na Índia e no

Oriente Médio.

Assinale:

A) Se apenas a afirmativa I está certa.

B) Se apenas a afirmativa II está certa.

C) Se apenas as afirmativas I e III estão certas.

D) Se apenas as afirmativas II e III estão certas.

E) Se todas as afirmativas estão certas.

04. (PUC-RJ) Assinale a alternativa correta. O processo de

substituição das importações que permitiu um avanço da

industrialização brasileira ocorreu mais intensamente:

A) Na segunda metade do século XIX.

B) Nos períodos das duas guerras mundiais.

C) Entre 1937 e 1940, ao inicio do estado novo.

D) A partir de 1980.

E) Durante os ―governos militares‖ pós 64.

05. (UFPE) A agropecuária é uma das mais antigas atividades

da história da humanidade, tendo passado ao longo da sua

evolução por uma série de transformações.

Em relação a esta atividade, analise o que se afirma a seguir.

A) Apesar da grande produção de grãos existente no planeta, uma

parcela considerável da população mundial é atingida pela fome.

Este flagelo é produto muito mais de fatores políticos e

econômicos, estando presente, muitas vezes, em países que são

grandes produtores e exportadores de grãos.

B) Os fatores de produção agrícola são: terra, capital e trabalho.

Quanto maior o emprego do trabalho, a atividade agrícola é

classificada como intensiva.

C) Na agricultura intensiva, o aumento da produtividade é alcançado

com a incorporação de novas terras ao processo produtivo.

D) A distribuição da população economicamente ativa por setores

produtivos, nos países centrais, revela que é o setor primário,

onde se encontra a atividade agropecuária, aquele que absorve

mais mão-de-obra.

E) O agronegócio da fruticultura, no Vale do São Francisco, permite

a presença, no meio rural, não apenas da atividade agrícola não

relacionada as atividades dos setores secundário e terciário.

06. (UFPE) Em relação à atividade do comércio, analise as

proposições abaixo.

A) Apesar do desenvolvimento dos transportes e das comunicações

que marcou o cenário mundial, a partir da segunda metade do

Século XX, alguns países da América Latina ainda permanecem

isolados, sem participar do comércio internacional.

B) Os países desenvolvidos nessa nova regionalização mundial,

que teve como critério a expansão e a internacionalização dos

mercados, correspondem aos chamados países centrais e

mercados emergentes. Os subdesenvolvidos são os

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Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

59

denominados países periféricos.

C) Apesar da tendência de queda ou mesmo de eliminação das

tarifas comerciais, o protecionismo é uma prática adotada por

várias nações do planeta, como forma de facilitar a livre

concorrência dos produtos estrangeiros.

D) O superávit da balança comercial de um país é obtido quando as

suas importações, no mercado internacional, são superiores às

exportações.

E) A colocação, no mercado externo, de frutas tropicais, por parte

da região Nordeste brasileira, é uma consequência da irrigação

desenvolvida nos altos cursos, próximos às nascentes, dos rios

São Francisco e Parnaíba.

07. (MACK-SP) Considere as afirmações sobre a implantação da

agricultura moderna ou intensiva que é encontrada em larga escala

nos países desenvolvidos.

I – Utilização de pesquisas agronômicas com o objetivo de

aperfeiçoamento genético das espécies.

II – Predomínio de grandes propriedades rurais, às quais se aplica a

especulação imobiliária, objetivando a valorização da terra.

III – Intensa utilização de fertilizantes, corretivos e defensivos

agrícolas.

IV – Desenvolvimento de uma rede de transporte estruturada,

permitindo rápido acesso entre as áreas de consumo.

São verdadeiras:

A) Apenas I e II. D) I, II, III e IV.

B) Apenas II, III e IV. E) Apenas I, II e IV.

C) Apenas I, III, IV.

08. (UFJF – MG) Leia as afirmativas abaixo:

A agricultura orgânica é um sistema holístico de gestão de

produção que fomenta e melhora a saúde do agroecossistema,

incluindo a biodiversidade, os ciclos biológicos e a atividade

biológica do solo.

A agricultura orgânica constitui uma parte cada vez mais

importante do setor agrícola; suas vantagens ambientais e

econômicas têm atraído a atenção de muitos países.

É correto afirmar que a agricultura orgânica:

A) Protege o sistema agrícola contra o estresse ambiental

B) Promove a monocultura e não depende de insumos industriais.

C) Baseia-se na solução de problemas de abastecimento.

D) Eleva a produtividade dos sistemas agrícolas transgênicos.

E) Faz parte do modelo conhecido como revolução verde.

09. (Mack – SP) Ao contrário da União Européia, o Mercosul não

pode ser considerado um verdadeiro mercado comum, pois:

A) Está vinculado à União Européia, para fazer frente à ALCA, que o

impede de ser um bloco econômico autônomo.

B) Após varias tentativas frustradas, desistiu de unificar as moedas.

C) Não exige dos países membros compromisso com a manutenção

do regime democrático.

D) Não pratica a livre circulação de serviços, capitais e pessoas.

E) É integrado por países que apresentam notável similaridade

econômica, histórica e cultural.

10. (ENEM) A população rural do Brasil tem decrescido nas últimas

décadas. De acordo com dados do IBGE, na década de 1980, a

população rural era de aproximadamente 37 milhões; no ano 2000

havia cerca de 31 milhões de brasileiros morando no campo. O

gráfico apresenta o comportamento da agricultura no Brasil nas

duas últimas décadas em relação à produção e à área cultivada.

Levando em consideração as mudanças ocorridas no campo

nas últimas duas décadas e analisando o comportamento do

gráfico, é correto afirmara que:

A) As áreas destinadas à lavoura têm aumentado

consideravelmente, graças ao crescimento do mercado

consumidor.

B) A produção agrícola aumentou juntamente com a área cultivada,

devido à abertura do mercado para exportação.

C) A densidade demográfica nas áreas cultivadas tem crescido junto

com a produção agrícola.

D) A área destinada a agricultura não aumentou, mas a

produtividade tem crescido, graças a aplicação de novas

tecnologias.

E) A produção agrícola do País cresceu no período considerado,

enquanto a produtividade do homem do campo diminuiu.

11. Em uma disputa por terras, em Mato Grosso do Sul, dois

depoimentos são colhidos: o do proprietário de uma fazenda e o de

um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra:

Depoimento 1

A minha propriedade foi conseguida com muito sacrifício pelos meus

antepassados. Não admito invasão. Essa gente não sabe de nada.

Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será a

bala. Esse povo tem que saber que a constituição do Brasil garante

a propriedade privada. Além disso, se esse governo quiser as

minhas terras para a reforma agrária terá que pagar, em dinheiro, o

valor que eu quero – proprietário de uma fazenda no Mato Grosso

do Sul.

Depoimento 2

Sempre lutei muito, Minha família veio para a cidade porque fui

despedido quando as máquinas chegaram lá na usina. Seu moço,

acontece que eu sou um homem da terra. Olho pro céu, sei quando

é tempo de plantar e de colher. Na cidade não fico mais. Eu quero

um pedaço de terra, custe o que custar. Hoje eu sei que não estou

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sozinho. Aprendi que a terra tem um valor social. Ela é feita para

produzir alimento. O que o homem come vem da terra. O que é duro

é ver que aqueles que possuem muita terra e não dependem dela

para sobreviver pouco se preocupam em produzir nela – integrante

do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de

Corumbá (MS).

A partir da leitura do depoimento 1, os argumentos utilizados para

defender a posição do proprietário de terras são:

I. A Constituição do país garante o direito à propriedade privada;

portanto, invadir terras é crime.

II. O MST é um movimento político controlado por partidos políticos.

III. As terras são frutos do árduo trabalho das famílias que as

possuem.

IV. Este é um problema político e depende unicamente da decisão

da justiça.

Está(ão) correta(s) a(s) proposição(ões):

A) I, apenas.

B) I e IV, apenas.

C) II e IV apenas.

D) I, II e III, apenas.

E) I, III e IV, apenas.

12. A partir da leitura do depoimento 2, quais os argumentos

utilizados para defender a posição de um trabalhador rural sem

terra?

I. A distribuição mais justa da terra no país está sendo resolvida,

apesar de que muitos ainda não têm acesso a ela.

II. A terra é para quem trabalha nela e não para quem acumula

como bem material.

III. É necessário que se suprima o valor social da terra.

IV. A mecanização do campo acarreta a dispensa de mão de obra

rural.

Está(ão) correta(s) proposição(ões)

A) I, apenas.

B) II, apenas.

C) II e IV, apenas.

D) I, II e III, apenas.

E) I, III e IV, apenas.

13. (PUC-RJ) Assinale a alternativa correta:

“O processo de substituição das importações que permitiu um

avanço da industrialização brasileira ocorreu mais

intensamente”:

A) Na segunda metade do século XIX.

B) Nos períodos das duas guerras mundiais.

C) Entre 1937 e 1940,ao inicio do estado novo.

D) A partir de 1980.

E) Durante os ―governos militares‖ pós 64.

14. (ENEM) Nas primeiras décadas de século XX, o engenheiro

Frederick Taylor desenvolveu os princípios da administração

científica. Ao adotar esses princípios em sua fábrica, Henry

Ford criava um novo método de produção.

A inovação mais importante do modelo fordista de produção

foi:

A) A fragmentação da produção.

B) O trabalho qualificado.

C) A linha de montagem.

D) A produção diferenciada.

E) A redução dos estoques.

15. (PUC-MG) Assinale a alternativa em que NÃO se aponta

fator relevante para a indústria contemporânea:

A) A flexibilização da produção leva a empresa a adequar-se as

exigências do mercado, cada vez mais diversificado.

B) Os grandes centros de decisão modificam e articulam o espaço

onde as empresas transnacionais estão inseridas.

C) O fortalecimento do mercado tecnológico amplia e assegura a

competitividade dos países de industrialização tardia no

contexto global.

D) Os fluxos mais intensos decorrentes de sistemas integrados de

redes favorecem a maior integração entre as empresas e a

produção.

16. (ENEM – Adaptado) Considere as afirmações seguintes,

sobre os ciclos econômicos de Schumpeter e indique a

alternativa que trás informações corretas:

I - A teoria dos ciclos associa o desenvolvimento econômico a

inovação tecnológica.

II - A fase descendente do ciclo apresenta as melhores condições

para o sucesso de pequenos empreendedores com idéias

brilhantes.

III - Segundo essa teoria, o desenvolvimento de uma economia

nacional retardatária beneficia-se de inovações geradas em

outras economias nacionais.

IV - A teoria de Schumpeter é um importante instrumento de análise

econômica, mas não tem utilidade para a geografia.

V - Novas fontes de obtenção de energia desempenharam papéis

decisivos nos ciclos industriais dos séculos XIX.

A) Apenas I e III estão corretas

B) II, IV e V estão corretas

C) Somente I, III e V são corretas

D) São verdadeiras as afirmações III, IV e V

E) Apenas III e IV são corretas.

17. (Profª Glória – Pré-uni/SEED) Assinale a alternativa que

melhor se enquadra no conceito de acumulação flexível

industrial.

A) Forma de acumulação voltada para a produção de mercadorias

de elevado conteúdo tecnológica.

B) Lei da oferta e da procura

C) Simboliza a distribuição espacial igualitária da indústria

D) Atende a mercados com exigência especificas

E) N.R.C

18. (ENEM – Adaptado) A produção industrial de alta tecnologia

da redução tecnocientífica distingui-se da produção das

indústrias tradicionais.Assinale a alternativa que explique a

distribuição espacial dos pólos de alta tecnologia no mundo.

A) Estão localizados em maior parte nos países periféricos.

B) Localizam-se em especial nos Estados Unidos e União Européia.

C) Não considera a importância da região do Pacifico.

D) Os países industriais ainda não absorveram a tecnologia de

ponta.

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E) A maioria dos pólos de alta tecnologia abastece os países

centrais.

19. (Profª. Glória – Pré-uni/SEED) Assinale um X na alternativa

que melhor qualifica as causas da decadência das Velhas

regiões industriais tradicionais.

A) Não seguiram o modelo Fordista e a produção serializada.

B) As reservas minerais estão sob o domínio de monopólios.

C) Ainda não se exige muita qualificação técnica e cientifica.

D) Tendem a serem substituídas com a disseminação das

tecnologias de ponta

E) As indústrias tradicionais foram substituídas pela manufatura.

20. (UFV – MG) Com o crescimento econômico ocorrido durante

o século XX, o Brasil pode ser considerado um país

industrializado, embora os males do subdesenvolvimento

continuem presentes. O processo de industrialização brasileiro

contou com um agente de fundamental importância: o Estado

Nacional.

Sobre o papel do Estado no processo de industrialização

brasileira, assinale a alternativa correta.

A) Foi responsável pela construção dos setores de infra-estrutura e

transporte, pelo investimento direto no setor industrial e pela

criação de uma legislação trabalhista.

B) Foi responsável pelos investimentos em infraestrutura e

transporte, porem não participou dos investimentos diretos no

setor industrial e se omitiu na criação de uma legislação

trabalhista.

C) Agiu na criação de uma legislação trabalhista, porem não

participou dos investimentos em infraestrutura e transportes,

bem como dos investimentos diretos no setor industrial.

D) Foi responsável pelos investimentos diretos no setor industrial,

porem, por falta de recursos, deixou a cargo das empresas

privadas os investimentos na criação de infra-estrutura e

transportes.

E) Abriu mão do papel de empreendedor, não participando dos

investimentos diretos no setor industrial, nem dos investimentos

em infraestrutura.

21 (PUCCAMP-SP) Entre 1955 e 1960 houve um salto no

processo de industrialização brasileira através da fase

conhecida como Plano de Metas, em que o crescimento

econômico esteve apoiado em um conjunto de investimentos e

profundas modificações na estrutura industrial do país.

O conjunto de investimentos e modificações a que se refere

texto consistia, entre outros:

A) Na grande ampliação das centrais de energia termelétricas, na

instalação e modernização de terminais marítimos e no

crescimento de indústrias de bens de consumo duráveis, como

a alimentícia e a eletroeletrônica.

B) Na recuperação de áreas urbanas junto às metrópoles, na

criação de corredores de exportação e no sensível crescimento

dos setores de indústria de base, como a de aço, cimento e

química pesada.

C) Na crescente diversificação da pauta de exportações de produtos

primários e na nacionalização de indústrias inicialmente ligadas

ao capital internacional, como a química leve e a farmacêutica.

D) Na ampliação significativa da capacidade instalada de energia

elétrica, no aumento do número e na modernização das

rodovias e no crescimento do setor de bens de produção e da

indústria automobilística.

E) Na criação e instalação de portos fluviais, na expansão da

agroindústria, na descentralização da atividade industrial e no

fortalecimento dos mecanismos de distribuição equilibrada da

renda.

22. (Vunesp) O grande volume de produção de frutas tropicais

do Nordeste brasileiro, cujo grande consumidor é o mercado

europeu, deve-se:

A) Ao clima quente e úmido, sem mudanças bruscas, e ao

aproveitamento das nascentes do Rio São Francisco.

B) a tecnologia de irrigação por gotejamento e ao aproveitamento

das águas do Rio Capibaribe.

C) Ao clima semi-árido e ao aproveitamento das águas do Rio São

Francisco para irrigação.

D) Ao clima tropical superúmido e ao aproveitamento das fortes

chuvas concentradas no verão.

E) Ao clima desértico e à utilização de tecnologia israelense,

aproveitando o orvalho, frequente na região.

23. (UFS–2007) Os combustíveis de origem vegetal têm

chamado a atenção da mídia mundial, com destaque para a

experiência brasileira no álcool combustível. Em relação ao

programa do álcool combustível, analise as proposições a

seguir:

A) É produzido a partir de uma espécie vegetal, portanto é uma

fonte de energia renovável, além de ser menos poluente que a

gasolina e o óleo diesel.

B) Não permite uma maior margem de segurança do país quanto

aos preços internacionais do petróleo, facilmente alterados em

razão de instabilidades nas maiores áreas produtoras.

C) Gera empregos no campo, em razão do predomínio da

agricultura familiar no cultivo da cana-de-açúcar e da baixa

tecnologia empregada nas usinas.

D) Não produz impactos ambientais sérios, como a erosão e a

contaminação dos solos e rios por agrotóxicos e resíduos da

destilação.

E) Não incentiva o desenvolvimento tecnológico no país, já que o

álcool combustível substitui a gasolina nos automóveis, sem a

necessidade de adaptações extras.

24. (UFS–2007) Projetos recentes, como a transposição do rio

São Francisco e a construção de usinas hidrelétricas no rio

Madeira, destacam a importância das bacias hidrográficas

brasileiras, ainda não totalmente exploradas em seu potencial.

Sobre as características das bacias hidrográficas brasileiras,

analise as afirmações.

A) A Bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo.

Apesar de apresentar extenso trecho navegável, é pouco utilizada

na circulação regional, pois a ocupação da região amazônica se

fez por terra, através de estradas.

B) A Bacia do Paraná apresenta o maior potencial hidrelétrico

instalado. Suas várias usinas, com destaque para a de Itaipu,

abastecem a região Centro-Sul, a mais urbanizada e

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industrializada do país.

C) A Bacia do São Francisco é a menos importante da região

Nordeste. Sua função principal é o abastecimento de água tanto

para o consumo doméstico como para a atividade agrícola.

D) A Bacia do Tocantins-Araguaia apresenta o maior trecho

navegável do país, em razão do relevo de planície que os rios

atravessam. Essa bacia é utilizada para o escoamento de

minério de ferro e bauxita de Carajás.

E) A Bacia do Uruguai, apesar do bom potencial hidrelétrico em seu

curso inferior, e do relevo de planície em seu médio e baixo

curso, ainda é pouco utilizada tanto para geração de energia

como para navegação.

25. Nos últimos 40 anos, quando se falava em exploração de

petróleo no país, o nome que vinha à cabeça dos brasileiros era

um só: Petrobrás. Desde 1953, a estatal detinha o controle

absoluto da exploração e produção nacional de óleo. VEJA, SP,

23/06/99. Sobre essa importante fonte de energia, assinale a

proposição CORRETA.

A) O petróleo é um combustível fóssil que, tal como o carvão,

constitui um recurso energético vital para as modernas

sociedades urbano-industriais.

B) A ampliação das reservas e da exploração de petróleo, no Brasil,

foi possibilitada pela descoberta de novos campos, localizados

principalmente nas bacias sedimentares da plataforma

continental.

C) O programa nacional de privatizações preservou, integralmente,

a Petrobrás que ainda detém o monopólio da exploração desse

recurso natural de importância estratégica.

D) O crescimento acelerado da produção nacional de petróleo, nas

últimas décadas, permitiu que o Brasil se tornasse auto-

suficiente nesse setor.

E) A Petrobrás, criada em 1953, no governo Getúlio Vargas, é

exemplo de empreendimento que demonstra a intervenção do

Estado na economia para impulsionar setores considerados

essenciais.

26. Foi preciso chegar ao pesadelo atual do racionamento para

a nação se dar conta da importância da questão energética para

o desenvolvimento do país (…). A alteração de rotinas, gerada

pelas dificuldades de abastecimento elétrico nos diversos

segmentos produtivos e residenciais, está contribuindo para a

mudança de hábitos arraigados à cultura de desperdício

energético. (JORNAL DO BRASIL, p.5).

A análise do texto e os conhecimentos sobre a exploração e a

conservação dos recursos naturais no Brasil e no mundo

permitem afirmar:

A) A energia elétrica brasileira é gerada basicamente em

hidrelétricas que dependem das chuvas para encher seus

reservatórios e movimentar suas turbinas e, por isso, as

condições climáticas são essenciais para a geração desse tipo

de energia.

B) A Região Norte, além do maior potencial hidráulico, dispõe de

excedentes de energia, graças às poderosas hidrelétricas de

Tucuruí (Tocantins) e de Boa Esperança (Parnaíba), que

abastecem toda a Amazônia, porém não estão integradas ao

sistema elétrico do país.

C) O Estado do Rio de Janeiro não possui déficit energético porque

soma ao desempenho das grandes hidrelétricas nele existentes

a produção das usinas atômicas de Angra I, II e III e o

aproveitamento, pela Petrobrás, de todo o gás natural da Bacia

de Campos.

D) A utilização do vento para a produção de energia elétrica é

conhecida, desde muito tempo, pela humanidade, sendo seu

uso bastante difundido no Brasil e, segundo especialistas, a

Bahia é o Estado de maior potencial eólico do país.

E) Os substratos orgânicos, conhecidos como biomassa, obtidos a

partir de componentes como óleos vegetais, bagaço de cana,

celulose ou lixo, são pesquisados em todo o mundo, visando à

produção de energia elétrica e calor, sendo o bagaço de cana

muito utilizado nas usinas de álcool e açúcar, no Brasil,

sobretudo no interior de Santa Catarina.

27. Diante da maior crise na produção de energia elétrica de

sua história, o Brasil vem enfrentando um plano de

racionamento de grande impacto sobre a economia e a vida de

milhões de brasileiros. Assinale a proposição CORRETA, no

que se refere à produção nacional de energia elétrica.

A) Mais de 90% da energia consumida no país é produzida nas

usinas hidrelétricas, que dependem de água em níveis

adequados, em seus reservatórios, para gerar energia.

B) A crise do carvão mineral, que se estende desde 1973,

desestruturou o setor energético brasileiro, apesar de o governo

continuara investir maciçamente na construção de novas usinas

hidrelétricas.

C) As poucas usinas termoelétricas existentes no país foram

desativadas nas últimas décadas, devido à ausência de

matérias-primas e de investimentos na área tecnológica.

D) O déficit de eletricidade no Brasil, atribuído exclusivamente ao

aumento da demanda interna, foi motivado, sobretudo nos anos

90, pelo congelamento do valor das tarifas do setor.

E) As empresas geradoras de energia elétrica foram excluídas do

programa nacional de privatizações, acelerado pelo governo de

Fernando Henrique Cardoso, devido à ausência de interesse de

grupos estrangeiros.

28. As águas para abastecimento e irrigação estão tornando-se

cada vez mais escassas, no mundo. O Brasil, porém, tem tantos

recursos hídricos que pode vir a ter seu território disputado por

outros países, como ocorre, atualmente, com os territórios

petrolíferos do mundo árabe. Assinale o que for incorreto sobre

os recursos hídricos e seu aproveitamento, no Brasil.

A) No Sudeste e no Sul do Brasil, o relevo de planalto exige, muitas

vezes, a construção de eclusas para viabilizar a circulação

hidroviária por longas distâncias.

B) O aquífero Guarani constitui um imenso reservatório de água

subterrânea, associado à bacia do Paraná. Essa coleção hídrica

ultrapassa os limites do território brasileiro, estendendo- se pelo

território de outros países, no âmbito da bacia (hidrográfica)

Platina. É, portanto, um sistema transnacional.

C) O desvio de parte das águas do rio São Francisco para outras

bacias do Nordeste, onde os rios são temporários, pode resultar

em impactos ambientais para a bacia desse importante curso

d'água como, por exemplo, o comprometimento do potencial de

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63

geração de energia hidrelétrica.

D) O Brasil possui lagos de várzea, lagoas costeiras e lagunas.

Essas coleções hídricas não são importantes fontes de água

potável.

E) No Brasil, apenas a bacia do rio Uruguai, no extremo sul do

Brasil, e a bacia do rio São Francisco apresentam regime fluvial

variável, com cheias e vazantes, no decorrer do ano. As demais

bacias têm regime fluvial constante devido ao clima tropical, com

ocorrência de chuvas durante o ano todo.

29. Assinale o que for incorreto sobre a produção de energia

elétrica, no Brasil.

A) A usina hidrelétrica de Itaipu fornece energia para localidades

das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Paraguai.

Trata-se de um empreendimento binacional, sendo a energia

comercializada pelo Brasil e pelo Paraguai.

B) A privatização do setor energético visava à entrada do capital

privado para elevar os investimentos e para assegurar o

crescimento dos sistemas de transmissão, de distribuição e de

geração de energia, suprindo a falta de investimentos do setor

estatal.

C) A Aneel corresponde à Agência Nacional de Energia Elétrica, que

tem a função de regular e de fiscalizar a produção, a

transmissão, a distribuição e a comercialização de energia, no

Brasil.

D) O programa energético brasileiro conta com a produção de gás

natural do Peru, que chega ao Brasil através de um gasoduto. O

gás natural é de baixo custo, mas tem a desvantagem de ser

mais poluente do que o carvão e o óleo diesel.

E) As barragens das usinas hidrelétricas podem gerar prejuízos ao

ecossistema, devido à inundação de extensas áreas de

vegetação nativa e à destruição dos ambientes ocupados pela

fauna nativa.

30 (UFS). Sobre os meios de transporte no Brasil, analise as

afirmações a seguir e assinale a incorreta.

A) A maior concentração de meios de transporte no Centro- Sul do

Brasil está relacionada aos fatores históricos de colonização

uma vez que não é possível associar concentração urbano-

industrial e densidade da rede de transporte.

B) As ferrovias, que já tiveram importância fundamental na

economia brasileira até os anos de 1970.

C) - Apesar da importância das nossas bacias hidrográficas, o

transporte hidroviário é pouco desenvolvido, tendo mesmo sido

negligenciado durante décadas.

D) Atualmente, o principal meio de transporte no Brasil é a rodovia,

responsável por cerca de 80% dos deslocamentos de cargas, o

que significa um gasto extraordinário com energia.

E) A precariedade na manutenção dos meios de transporte no Brasil

foi um dos motivos alegados pelo governo para promover uma

rápida privatização de inúmeras ferrovias, rodovias e portos.

31. O aquecimento da economia já provoca gargalos no setor de

transporte e logística do país. Há aumentos superiores a 20% nos

custos de fretes rodoviários, filas de meses nas montadoras para a

compra de caminhões novos e perda de negócios por falhas na

entrega de mercadorias no prazo. (CANZIAN, 2007, p. B3).

Considerando-se o texto, a análise do gráfico e os conhecimentos

sobre a precária infra-estrutura dos transportes, da logística e das

redes informacionais no Brasil, assinale a única alternativa incorreta.

A) O crescimento da economia traz à tona problemas graves do

país, como deficiência da rede de transportes e logística,

demonstrando a sua precária infraestrutura, o que resulta em

perda de competitividade.

B) A maioria das indústrias brasileiras, em particular as que

produzem bens de consumo, utiliza as rodovias como meios de

transporte principais.

C) A malha rodoviária brasileira se encontra em estado deficiente de

conservação, devido ao baixo padrão tecnológico de sua

construção associado ao desgaste ocasionado pelos caminhões

com excesso de cargas.

D) O declínio das ferrovias, no Brasil, se deu a partir do fim do ciclo

da cana-de-açúcar e, atualmente, as ferrovias mais importantes

estão ligadas às zonas de destaque da agricultura.

E) As redes informacionais – satélites, sistemas de transmissão,

antenas, dentre outras – e as de meios de transporte de cargas

e de pessoas — rodoviário, aeroviário, hidroviário, etc. — são

sustentáculos nas relações sociais e econômicas do país.

32. (ENEM) A figura abaixo é parte de uma campanha

publicitária.

Com Ciência Ambiental, n.o 10, abr./2007.

Essa campanha publicitária relaciona-se diretamente com a

seguinte afirmativa:

A) O comércio ilícito da fauna silvestre, atividade de grande impacto,

é uma ameaça para a biodiversidade nacional.

B) A manutenção do mico-leão-dourado em jaula éa medida que

garante a preservação dessa espécie animal.

C) O Brasil, primeiro país a eliminar o tráfico do mico-leão-dourado,

garantiu a preservação dessa espécie.

D) O aumento da biodiversidade em outros países depende do

comércio ilegal da fauna silvestre brasileira.

E) O tráfico de animais silvestres é benéfico para a preservação das

espécies, pois garante-lhes a sobrevivência.

33. (ENEM) Se a exploração descontrolada e predatória verificada

atualmente continuar por mais alguns anos, pode-se antecipar a

extinção do mogno. Essa madeira já desapareceu de extensas

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áreas do Pará, de Mato Grosso, de Rondônia, e há indícios de que a

diversidade e o número de indivíduos existentes podem não ser

suficientes para garantir a sobrevivência da espécie a longo prazo.

A diversidade é um elemento fundamental na sobrevivência de

qualquer ser vivo. Sem ela, perde-se a capacidade de adaptação ao

ambiente, que muda tanto por interferência humana como por

causas naturais. Internet: <www.greenpeace.org.br> (com

adaptações).

Com relação ao problema descrito no texto, é correto afirmar

que

A) A baixa adaptação do mogno ao ambiente amazônico é causa da

extinção dessa madeira.

B) A extração predatória do mogno pode reduzir o número de

indivíduos dessa espécie e prejudicar sua diversidade genética.

C) As causas naturais decorrentes das mudanças climáticas globais

contribuem mais para a extinção do mogno que a interferência

humana.

D) A redução do número de árvores de mogno ocorre na mesma

medida em que aumenta a diversidade biológica dessa madeira

na região amazônica.

E) O desinteresse do mercado madeireiro internacional pelo mogno

contribuiu para a redução da exploração predatória dessa

espécie.

34. (ENEM) O Aquífero Guarani se estende por 1,2 milhão de km2 e

é um dos maiores reservatórios de águas subterrâneas do mundo.

O aquífero é como uma ―esponja gigante‖ de arenito, uma rocha

porosa e absorvente, quase totalmente confinada sob centenas de

metros de rochas impermeáveis. Ele é recarregado nas áreas em

que o arenito aflora à superfície, absorvendo água da chuva. Uma

pesquisa realizada em 2002 pela Embrapa apontou cinco pontos de

contaminação do aquífero por agrotóxico, conforme a figura:

Considerando as conseqüências socioambientais e respeitando

as necessidades econômicas, pode-se afirmar que, diante do

problema apresentado, políticas públicas adequadas deveriam:

A) Proibir o uso das águas do aqüífero para irrigação.

B) Impedir a atividade agrícola em toda a região do aqüífero.

C) Impermeabilizar as áreas onde o arenito aflora.

D) Construir novos reservatórios para a captação da água na região.

E) Controlar a atividade agrícola e agroindustrial nas áreas de

recarga.

35. (ENEM) Um de seus habitantes produz. Além de o progresso

elevar o volume de lixo, ele também modifica a qualidade do

material despejado. Quando a sociedade progride, ela troca a

televisão, o computador, compra mais brinquedos e aparelhos

eletrônicos. Calcula-se que 700 milhões de aparelhos celulares já

foram jogados fora em todo o mundo. O novo lixo contém mais

mercúrio, chumbo, alumínio e bário. Abandonado nos lixões, esse

material se deteriora e vaza. As substâncias liberadas infiltram-se no

solo e podem chegar aos lençóis freáticos ou a rios próximos,

espalhando-se pela água. Anuário Gestão Ambiental 2007, p. 47-8

(com adaptações).

A respeito da produção de lixo e de sua relação com o

ambiente, é correto afirmar que:

A) As substâncias químicas encontradas no lixo levam,

frequentemente, ao aumento da diversidade de espécies e,

portanto, ao aumento da produtividade agrícola do solo.

B) O tipo e a quantidade de lixo produzido pela sociedade

independem de políticas de educação que proponham

mudanças no padrão de consumo.

C) A produção de lixo é inversamente proporcional ao nível de

desenvolvimento econômico das sociedades.

D) O desenvolvimento sustentável requer controle e monitoramento

dos efeitos do lixo sobre espécies existentes em cursos d’água,

solo e vegetação.

E) O desenvolvimento tecnológico tem elevado a criação de

produtos descartáveis, o que evita a geração de lixo e resíduos

químicos.

36. (UCS-RS) Entre as maiores causas da poluição atmosférica

estão a queima dos combustíveis fósseis e os resíduos gasosos da

indústria. Isso provoca hoje alguns fenômenos climáticos que estão

sendo acompanhados por cientistas. Considerando os fenômenos

climáticos, listados na Coluna A, associe-os às características que

os identificam, elencadas na Coluna B.

COLUNA A

1. Inversão Térmica

2. Ilhas de Calor

3. Efeito Estufa

COLUNA B

( ) Desequilíbrio da composição atmosférica com elevação de

dióxido de carbono, causada pela queima de combustíveis fósseis,

florestas e outros.

( ) Fenômeno natural, freqüente nos meses de inverno,

geralmente ocorre no final da madrugada e no início da manhã.

( ) Fenômeno antrópico, típico de aglomerações urbanas, com

elevação das temperaturas médias, se comparadas às das zonas

rurais.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os

parênteses, de cima para baixo.

A) 3 – 1 – 2 B) 1 – 2 – 3 C) 2 – 1 – 3

D) 3 – 2 – 1 E) 1 – 3 – 2

37. (Uneal) ―O aquecimento global é estudado há 25 anos, mas

pode-se dizer que 2006 foi o ano em que a humanidade tomou

consciência de que a crise ambiental é real e seus efeitos imediatos.

Até os ecocéticos aceitam agora a ideia assustadora de que o

tempo disponível para evitar a catástrofe global está perigosamente

curto.‖ (Revista VEJA, ed. 30/12/2006)

Sobre esse tema, é correto afirmar que:

1) o aquecimento global está acontecendo principalmente em

decorrência de uma mudança da inclinação do eixo da Terra,

com relação ao plano da eclíptica.

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2) o uso intensivo dos hidrocarbonetos e a queima de florestas

contribuem decisivamente para o aquecimento global referido.

3) o aumento do nível médio do mar, ou seja, de fenômenos

eustáticos positivos, é um dos efeitos globais do aquecimento

global.

4) a substituição da energia de termelétricas por energia nuclear

poderá representar, em grandes cidades, uma diminuição

significativa nas emissões de CO2.

Estão corretas:

A) 1 e 4 apenas B) 1 e 2 apenas C) 2 e 3 apenas

D) 2, 3 e 4 apenas E) 1, 2, 3 e 4

38. (Uft) Analise esta figura:

FONTE: SCHELP, Diogo. A cegueira das civilizações.

Veja, 7 set. 2005, p.106. (Adaptado)

A partir dessa análise e considerando-se outros conhecimentos

sobre o assunto, é INCORRETO afirmar que os dados contidos

nessa figura

A) Confirmam a necessidade do emprego de procedimentos

racionais e sustentáveis na apropriação dos recursos naturais

renováveis e não-renováveis.

B) Incentivam a adoção, pelos países periféricos e semiperiféricos,

de padrões de consumo atualmente vigentes nas economias

mais desenvolvidas.

C) Propõem que, com a difusão espacial e o crescimento numérico

da frota de veículos em escala planetária, o aquecimento global

pode ser intensificado.

D) Sugerem a existência de grande contraste na acessibilidade e no

consumo de bens e produtos entre países do Norte e do Sul.

39. (UNIFOR) Reflita sobre a ilustração.

A ONU realizou, em 1997, uma Convenção sobre mudanças

climáticas que se tornou conhecida por Protocolo de Kyoto.

Considerando as decisões dessa Convenção, depreende-se que o

autor da ilustração.

A) Demonstra o empenho dos Estados Unidos no combate às

causas do chamado aquecimento global.

B) Defende as ações que os Estados Unidos tomaram para eliminar

as causas do efeito estufa do planeta.

C) Critica os Estados Unidos por desrespeitarem determinações de

organizações que defendem o meio ambiente.

D) Denuncia os Estados Unidos pelo fato de ele ter proibido a

realização de congressos em defesa do meio ambiente.

E) Concorda com a política ambiental dos Estados Unidos de

redução de gases que provocam o efeito estufa.

40. (UFS–2001) O efeito estufa é um fenômeno conhecido desde o

final do século XIX, quando alguns cientistas começaram a se

preocupar com a interferência das atividades humanas no equilíbrio

térmico da atmosfera. Sobre o efeito estufa pode-se afirmar que:

A) Os maiores responsáveis pelos gases estufa são os países

pobres do hemisfério Sul que ainda utilizam a lenha como fonte

de energia.

B) Os países da União Européia são os que mais resistem à

diminuição das emissões de gases estufa, apesar das fortes

pressões dos Estados Unidos que já diminuíram cerca de 20%

destas emissões.

C) Já ficou demonstrado que o principal fator gerador de gases

estufa são as queimadas nas áreas florestais, chamadas com

propriedade de pulmões do mundo.

D) Na década de 1990, em uma convenção realizada na cidade de

Kioto (Japão), foi fixada como meta prioritária a redução de

gases estufa pelos países subdesenvolvidos.

E) Um dos possíveis efeitos deste fenômeno seria o derretimento de

parte da calota polar inundando inúmeras cidades costeiras.

41. Fala-se muito, atualmente, em mudanças climáticas globais

e locais, decorrentes das atividades humanas. Sobre esse

assunto, assinale o que for incorreto.

A) A inversão térmica consiste na criação de uma atmosfera tóxica,

nos grandes centros urbanos, com altos teores de monóxido de

carbono gerado pela queima de combustíveis e pela

decomposição do lixo a céu aberto.

B) A ―ilha de calor‖ pode ocorrer, por exemplo, quando as

temperaturas na área central da cidade apresentam–se mais

elevadas, comparativamente às temperaturas das periferias

urbanas ou da zona rural.

C) A geração de calor causada pela queima de combustíveis fósseis

dos veículos e das atividades industriais ou domésticas, a falta

de arborização e a elevada absorção e retenção da energia

solar pelas superfícies de asfalto e de concreto, na cidade, são

fatores que podem levar à formação da ―ilha de calor‖.

D) ―inversão térmica‖ ocorre quando uma camada de ar mais frio e

mais pesado permanece junto à superfície do solo, dificultando

os movimentos de ascensão do ar, porque a camada de ar mais

quente e leve está sobre essa camada de ar frio e denso. A

situação de ―inversão térmica‖ dificulta a dispersão dos

poluentes atmosféricos, agravando os efeitos da poluição do ar,

na cidade.

E) Quando a atmosfera poluída contém ácidos, estes podem juntar–

se ao vapor d’água ou às gotas de chuva, precipitando–se sob a

forma de ―chuva ácida‖, às vezes em um lugar bem distante do

local de origem dos poluentes. A ―chuva ácida‖ pode alterar

ecossistemas aquáticos, prejudicar florestas, plantações e

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rebanhos e até corroer monumentos, estátuas, paredes de

edifícios e a lataria de veículos.

ENEM 2012

01. A maior parte dos Veículos de transporte atualmente é movida

por motores a combustão que utilizam derivados de petróleo. Por

causa disso, esse setor é o maior consumidor de petróleo do

mundo, com altas taxas de crescimento ao longo do tempo.

Enquanto outros setores têm obtido bons resultados na redução do

consumo, os transportes tendem a concentrar ainda mais o uso de

derivados do óleo.

Murta, A Energia: o vício da civilização. Rio de Janeiro: Garamond, 2011

(adaptado).

Um impacto ambiental da tecnologia mais empregada pelo

setor de transportes e uma medida para promover a redução do

seu uso, estão indicados, respectivamente, em:

A) Aumento da população sonora – construção de barreiras

acústicas.

B) Incidência da chuva ácida – estatização da indústria

automobilista.

C) Derretimento das calotas polares – incentivo aos transportes de

massa.

D) Propagação de doenças respiratórias – distribuição de

medicamentos gratuitos.

E) Elevação das temperaturas médias – criminalização da emissão

de gás carbônico.

02. As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos estados do

maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande maioria. Vivem

numa situação exclusão e subalternidade. O termo quebradeira de

coco assume o caráter de identidade coletiva na medida em que as

mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua

posição e condição desvalorizada pela lógica da dominação se

organizam em movimentos resistência e de luta pela conquista da

terra, pela libertação dos babaçuais, pela autonomia do processo

produtivo. Passam a atribuir significados ao seu trabalho e as suas

experiências, tendo como principal referência sua condição

preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.

ROCHA, M.R.T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela

libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII

Congresso Latino- Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006

(adaptado).

A organização do movimento das quebradeiras de coco de

babaçu é resultante da

A) Constante violência nos babaçuais na confluência de terras

maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, regiões

com elevado índice de homicídios.

B) Falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migrantes das

cidades e com pouco vínculo histórico com as áreas rurais do

interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí.

C) Escassez de água nas regiões de veredas, ambientes naturais

dos babaçus, causada pela construção de açudes particulares,

impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos.

D) Progressiva devastação das matas dos cocais, em função do

avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte brasileiro.

E) Dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no acesso aos

babaçuais localizados no interior de suas propriedades.

03.

TEXTO I

A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras

forças econômicas sem rosto ou localização física conhecida que

não prestam contas a ninguém e se espalham pelo globo por meio

de milhões de transações diários no ciberespaço.

ROSSI. C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de São Paulo,

11 dez. 2011 (adaptado).

TEXTO II

Estamos imersos numa crise financeira como nunca tínhamos visto

desde a Grande Depressão iniciada em 1929 nos Estados Unidos.

Entrevista de George Soros. Disponível em: www.nybooks.com.

Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado).

A comparação entre os significados da atual crise econômica e

do crash de 1929 oculta a principal diferença entre essas duas

crises, pois

A) O crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na I

Guerra Mundial e a atual crise é o resultado dos gastos militares

desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque.

B) A crise de 1929 devido a um quadro de superprodução industrial

nos EUA e a atual crise resultou da especulação financeira e da

expansão desmedida do crédito bancário.

C) A crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países

europeus reconstruídos após a I Guerra e a atual crise se

associa à emergência dos BRICS como novos concorrentes

econômicos.

D) O crash da Bolsa em 1929 resultou do excesso de proteções ao

setor produtivo estadunidense e a atual crise tem origem na

internacionalização das empresas e no avanço da política de

livre mercado.

E) A crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-

americana sobre o sistema de comércio mundial e a atual crise

resultou do excesso de regulação do governo desse país sobre

o sistema monetário.

04. A soma do tempo gasto por todos os navios de carga na espera

para atracar no porto de Santos é igual a 11 anos – isso, contando

somente o intervalo de janeiro a outubro de 2011. O problema não

foi registrado somente neste ano. Desde 2006 a perda de tempo

supera uma década.

Folha de S. Paulo, 25 dez. 2011 (adaptado).

A situação descrita gera consequências em cadeia, tanto para a

produção quanto para o transporte. No que se refere à

territorialização da produção no Brasil contemporâneo, uma dessas

consequências é a

A) Realocação das exportações para o modal aéreo em função da

rapidez.

B) Dispersão dos serviços financeiros em função da busca de novos

pontos de importação.

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C) Redução da exportação de gêneros agrícolas em função da

dificuldade para o escoamento.

D) Priorização do comércio com países vizinhos em função da

existência de fronteiras terrestres.

E) Estagnação da indústria de alta tecnologia em função da

concentração de investimentos na infraestrutura de circulação.

05.

Minha vida é andar

Por esse país

Pra ver se um dia

Descanso feliz

Guardando as recordações

Das terras por onde passei

Andando pelos sertões

E dos amigos que lá deixei

GONZAGA, L.; CORDOVIL. H. A vida de vianjante, 1953. Disponível

em: www.recife.pe.gov.br.

Acesso em: 20 fev. 2012 (fragmento).

A letra dessa canção reflete elementos identitários que

representam a

A) Valorização das características naturais do Sertão nordestino.

B) Denúncia da precariedade social provocada pela seca.

C) Experiência de deslocamento vivenciado pelo migrante.

D) Profunda desigualdade social entre as regiões brasileiras.

E) Discriminação dos nordestinos nos grandes centos urbanos.

06. Na charge faz-se referência a uma modificação produtiva

ocorrida na agricultura. Uma contradição presente no espaço

rural brasileiro derivada dessa modificação produtiva está

presente em:

A) Expansão das terras agricultáveis, com manutenção de

desigualdades sociais.

B) Modernização técnica do território, com redução do nível de

emprego formal.

C) Valorização de atividades de subsistência, com redução da

produtividade da terra.

D) Desenvolvimento de núcleos policultores, com ampliação da

concentração fundiária.

E) Melhora da qualidade dos produtos, com retração na exportação

de produtos primários.

07. (ENEM-2012) A irrigação da agricultura é responsável pelo

consumo de mais de 2/3 de toda a água retirada dos rios, lagos e

lençóis freáticos do mundo. Mesmo no Brasil, onde achamos que

temos muita água, os agricultores que tentam produzir alimentos

também enfrentam secas periódicas e uma competição crescente

por água.

MARAFON,G. J. ET AL. O de O desencanto da terra: produção de

alimentos, ambiente e sociedade. Rio de Janeiro: Garamond, 2011.

No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas na agricultura

produziram impactos socioambientais como

A) Redução do custo de produção.

B) Agravamento da poluição hídrica.

C) Compactação do material do solo.

D) Aceleração da fertilização natural.

E) Redirecionamento dos cursos fluviais.

08. A interface clima/sociedade pode ser considerada em termos de

ajustamento à extensão e aos modos como as sociedades

funcionam em uma relação harmônica com seu clima. O homem e

suas sociedades são vulneráveis às variações climáticas. A

vulnerabilidade é a medida pela qual uma sociedade é suscetível de

sofrer por causas climáticas.

AYOADE, J. O. Introdução a climatologia para os trópicos. Rio de

Janeiro: Bertrand Brasil, 2010 (adaptado).

Considerando o tipo de relação entre ser humano e condição

climática apresentado no texto, uma sociedade torna-se mais

vulnerável quando

A) Concentra suas atividades no setor primário.

B) Apresenta estoques elevados de alimentos.

C) Possui um sistema de transportes articulado.

D) Diversifica a matriz de geração de energia.

E) Introduz tecnologias à produção agrícola.

09. Uma mesma empresa pode ter sua sede administrativa onde os

impostos são menores, as unidades de produção onde os salários

são os mais baixos, os capitais onde os juros são os mais altos e

seus executivos vivendo onde a qualidade de vida é mais elevada.

SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha

russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado).

No texto estão apresentadas estratégias empresariais no

contexto da globalização. Uma consequência social derivada

dessas estratégias tem sido

A) O crescimento da carga tributária.

B) O aumento da mobilidade ocupacional.

C) A redução da competitividade entre as empresas.

D) O direcionamento das vendas para os mercados regionais.

E) A ampliação do poder de planejamento dos Estados nacionais.

10. A moderna “conquista da Amazônia” inverteu o eixo geográfico

da colonização da região. Desde a época colonial até meados do

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século XIX, as correntes principais de população movimentaram-se

no sentido Leste-Oeste, estabelecendo uma ocupação linear

articulada. Nas últimas décadas, os fluxos migratórios passaram a

se verificar no sentido Sul-Norte, conectando o Centro-Sul à

Amazônia.

OLIC, N. B. Ocupação da Amazônia, uma epopeia inacabada. Jornal

Mundo, ano 16, n. 4, ago. 2008 (adaptado).

O primeiro eixo geográfico de ocupação das terras amazônicas

demonstra um padrão relacionado à criação de

A) Núcleos urbanos em áreas em áreas litorâneas.

B) Centros agrícolas modernos no interior.

C) Vias férreas entre espaços de mineração.

D) Faixas de povoamento ao longo das estradas.

E) Povoados interligados próximos a grandes rios.

11. A partir dos anos 70, impõe-se um movimento de

desconcentração da produção industrial, uma das manifestações do

desdobramento da divisão territorial do trabalho no Brasil. A

produção industrial torna-se mais complexa, estendendo-se,

sobretudo, para novas áreas do Sul e para alguns pontos do Centro-

Oeste, do Nordeste e do Norte.

SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início

do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2002 (fragmento).

Um fator geográfico que contribui para o tipo de alteração da

configuração territorial descrito no texto é:

A) Obsolescência dos portos.

B) Estatização de empresas.

C) Eliminação de incentivos fiscais.

D) Ampliação de políticas protecionistas.

E) Desenvolvimento dos meios de comunicação.

TESTES

Instruções: Para responder às questões de números 3 e 4 considere

o esquema apresentado abaixo.

01. O ponto que apresenta o maior número de horas atrasadas

em relação à hora GMT (Hora de Greenwich) é:

A) A

B) B

C) C

D) D

E) E

02. Considerando-se exclusivamente a localização dos pontos

sobre a superfície terrestre é de se supor que, a MENOR

amplitude térmica é encontrada no ponto:

A) A

B) B

C) C

D) D

E) E

03. Com base nos mapas e nos conhecimentos sobre os

diversos tipos de escalas e projeções cartográficas, pode-se

afirmar:

A) I oferece mais detalhes da área mapeada, uma vez que sua

escala pode ser considerada grande.

B) II corresponde a uma projeção cônica, e sua escala é grande,

pois oferece mais generalização da área.

C) III está representado numa projeção cilíndrica, e sua escala é

pequena, dado à maior riqueza de detalhes.

D) III possui uma escala grande, realçando, sobretudo, as áreas

localizadas nos hemisférios ocidental e meridional.

E) I, II e III representam áreas comuns, porém sob diferentes tipos

de projeções cartográficas, com escalas que não permitem a

representação de detalhes.

04. Com a adoção do horário de verão no Brasil, podemos

afirmar que o horário de 12 horas em Greenwich corresponde

em Brasília a:

A) 9 h. B) 10 h. C) 11 h. D) 13 h. E) 14 h.

05. (FUVEST-SP) Em consequência da grande extensão territorial,

da posição geográfica e da configuração do seu território, o Brasil é

abrangido por 4 (quatro) fusos horários. Assim, quando em São

Paulo forem 12 horas, em Manaus e São Luís serão,

respectivamente:

A) 12 e 11 horas. B) 11 e 12 horas. C) 12 e 13 horas.

D) 13 e 12 horas. E) 11 e 13 horas.

06. (UFV/MG) Um avião sai do Rio de Janeiro(45° W) às 14

horas, com destino a Fernando de Noronha (30°W). O vôo é de

três horas. que horas serão na ilha quando esse avião

aterrissar?

A) 16 horas B) 17 horas C) 18 horas

D) 19 horas E) 20 horas

Page 70: Sem título-1 · A ECONOMIA AÇUCAREIRA A doce colônia portuguesa na América O processo de ocupação portuguesa na América ao longo dos séculos XVI e XVII ocorreu no contexto

Sumário

Filosofia Medieval p. 70

1. A Tradição Cristã p. 70

2. Patrística: A matriz platônica de apoio à fé p. 71

3. Escolástica p. 72

Filosofia Moderna p. 78

4. O Renascimento p. 78

5. Razão e Experiência: As bases da ciência moderna p. 79

6. Grande Racionalismo: O Conhecimento parte da Razão p. 82

7. Empirismo: O Conhecimento parte da Experiência p. 84

8. Iluminismo: A Razão em Busca de Liberdade p. 91

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Período Medieval

Como vimos no caderno I, a filosofia grega foi o berço da verdadeira

filosofia. Pela primeira vez no mundo ocidental, compreendeu e

realizou a filosofia como investigação racional, isto é, como

investigação autônoma que em si mesma encontra o fundamento e

a lei do seu desenvolvimento. A filosofia grega demonstrou que a

filosofia só pode ser procura e a procura de liberdade. A liberdade

implica que a disciplina, o ponto de partida, o fim e o método da

investigação sejam justificados e postos por essa mesma

investigação, e não aceites independente dela.

A influência do cristianismo no mundo ocidental determinou uma

nova orientação da filosofia. Toda religião é um conjunto de

crenças que não são frutos de qualquer investigação porque

consistem na aceitação de uma revelação. A religião é uma

adesão a uma verdade que o homem aceitou devido a um

testemunho superior.

A religião parece, portanto, excluir a investigação e consistir antes

numa atitude oposta, a da aceitação de uma verdade testemunhada

do alto, independentemente de qualquer investigação. Todavia, logo

que o homem se interroga quanto ao significado da verdade

revelada e tenta saber por que caminho pode realmente

compreendê-la e fazer dela carne da sua carne e sangue do seu

sangue, renasce a exigência da investigação.

Reconhecida a verdade no seu valor absoluto, tal como é revelada e

testemunhada por um poder transcendente, imediatamente se

impõe a cada homem a exigência de se aproximar dela e de

compreendê-la no seu significado autêntico para com ela e dela

viver verdadeiramente. Esta exigência só pode ser satisfeita pela

investigação filosófica. A investigação renasce, pois, da própria

religiosidade, pela necessidade do homem religioso ter de se

aproximar, tanto quanto lhe for possível, da verdade revelada.

Da religião cristã nasce assim a filosofia cristã. Esta tomou também

como objetivo conduzir o homem à compreensão da verdade

revelada por Jesus Cristo, de modo a que ele possa realizar o seu

autêntico significado.

1. A Tradição Cristã

O cristianismo é uma religião que surgiu no interior do Império

Romano, a partir do ano 1 d.C., com os seguidores dos

ensinamentos de Jesus Cristo. Seu livro sagrado a Bíblia é

composto por dois testamentos. O antigo, herdado da tradição

judaica, foi escrito em hebraico e o novo foi redigido em grego pelos

apóstolos e primeiros cristãos durante o séc. 1 d.C.

O desenvolvimento inicial do cristianismo ocorreu justamente com a

edificação da Igreja Católica. Nessa época, a penetração da filosofia

antiga era muito grande entre as autoridades e as camadas mais

cultas da população de Roma e de suas províncias e,

posteriormente na Europa medieval.

Devido a essa influência, boa parte da doutrina cristã, elaborada

nesse período, integra elementos de diversas correntes do

pensamento grego. A tarefa de construir essa doutrina foi realizada

pelos padres da Igreja e outros líderes cristãos, com o propósito de

explicar e justificar diversos aspectos de sua fé. Nesse processo,

porém, não se poderia, de modo algum contrariar as verdades

reveladas que foram estabelecidas por Deus. Nos primeiros séculos

de nossa era, as obras de Platão e Aristóteles haviam desaparecido.

Assim, as principais concepções gregas absolvidas pelo

cristianismo, nesse período, vieram das escolas helenísticas e

greco-romanas, com destaque para o estoicismo e o

neoplatonismo.

1.1 Fé versus Razão

De acordo com a doutrina católica, a fé em si mesma seria a fonte

mais elevada das verdades reveladas, especialmente aquelas

consideradas essenciais ao ser humano e que dizem respeito à sua

salvação. Nesse sentido, Santo Ambrósio (c. 340-397), teólogo e

bispo de Milão, uma das figuras eclesiásticas mais influentes do

século IV, teria afirmado: “toda verdade, dita por que quer que seja,

é do Espírito Santo”.

Isso significa dizer que toda investigação filosófica não poderia, de

modo algum, contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica.

Em outras palavras, os filósofos não precisariam mais se dedicar à

busca da verdade, pois ela já teria sido revelada por Deus aos seres

humanos. Restava-lhe, apenas, demonstrar racionalmente as

verdades da fé.

Não foram, porém, aqueles que dispensaram até mesmo a

comprovação racional da fé. Foi o caso de religiosos que

desprezavam a filosofia grega, sobretudo porque viam nessa forma

pagã de pensamento uma porta aberta para o pecado, a dúvida e a

heresia.

1.2 Fé e Razão juntas

De outro lado, surgiram pensadores cristãos que defenderam o

conhecimento da filosofia grega, percebendo a possibilidade de

utilizá-la como instrumento a serviço do cristianismo. Conciliado com

a fé cristã, o estudo da filosofia grega permitiria à igreja enfrentar os

descrentes e derrotar os hereges com as armas racionais da

argumentação lógica. O objetivo era convencer os descrentes, tanto

quanto possível, pela razão, para depois fazê-los aceitar a

imensidão dos mistérios divinos, somente acessíveis pela fé.

Nesse contexto, a filosofia medieval pode ser dividida em quatro

momentos principais:

1. a dos Padres Apostólicos: do início do cristianismo (séculos I e

II), entre os quais se incluem os apóstolos, que disseminavam a

palavra de Cristo, sobretudo em relação a temas morais. Entre estes

se destaca as figuras de São Pedro, primeiro papa e mártir, e São

Paulo pelo volume e valor literário de suas epístolas;

2. a dos Padres Apologistas: Nos séculos III e IV faziam a apologia

(defesa) do cristianismo contra a filosofia pagã. Entre os apologistas

destacam-se Orígenes, Justino e Tertuliano, este o mais

intransigente na defesa da fé contra a filosofia pagã;

3. a da Patrística: (de meados do século IV ao século VIII), que

pretendia uma conciliação entre razão e a fé. Destacam-se aqui a

figura de Santo Agostinho e a influência da filosofia platônica;

4. a da Escolástica: (do século IX a XVI), em que se buscou uma

sistematização da filosofia cristã, sobretudo a partir da interpretação

da filosofia de Aristóteles, com destaque para a figura de São

Tomás de Aquino. Sua característica fundamental é a ênfase nas

questões teológicas, destacando-se temas como: o dogma da

Trindade, a encarnação de Deus-filho, a liberdade e a salvação, a

relação entre a fé e a razão.

Nesse caderno, vamos estudar os dois momentos mais importantes

da filosofia medieval: a Patrística e a Escolástica.

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2. Patrística: A matriz platônica de apoio à fé

No processo de desenvolvimento do cristianismo, tornou-se

necessário explicar seus preceitos às autoridades romanas e ao

povo em geral. A Igreja Católica sabia que esses preceitos não

podiam simplesmente ser impostos pela força. Tinham de ser

apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de

pregação e conquista espiritual.

Foi assim que os primeiros padres da igreja empenharam-se na

elaboração de diversos textos sobre a fé e a revelação cristãs. O

Conjunto desses textos ficou conhecido como patrística, por terem

sido escritos principalmente por esses grandes padres da igreja.

Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na

filosofia greco-romana, tentou munir a fé de argumentos racionais,

ou seja, buscou a conciliação entre o cristianismo e o pensamento

pagão. Seu principal expoente foi Agostinho, posteriormente

consagrado santo e doutor da Igreja Católica.

2.1 Santo Agostinho

Aureliano Agostinho (354-430) nasceu em Tagaste, província

romana situada na África, e faleceu em Hipona, hoje localizada na

Argélia. Nessa última cidade viria a ocupar o cargo de bispo da

Igreja Católica. Em sua formação intelectual, Agostinho, professor

de retórica em escolas romanas, despertou para a filosofia com a

leitura de Cícero. Posteriormente, deixou-se influenciar pelo

Maniqueísmo, doutrina persa que afirmava ser o universo

dominado por dois grandes princípios opostos, o bem e o mal, em

uma incessante luta entre si.

Mas tarde, já insatisfeito com o maniqueísmo, passou a lecionar em

Roma e posteriormente em Milão. Nesse período entrou em contato

com o ceticismo e, depois, com o neoplatonismo, movimento

filosófico do período greco-romano, desenvolvido por pensadores

inspirados em Platão, que se espalhou por diversas cidades do

Império Romano, sendo marcado por sentimentos religiosos e

crenças místicas.

Cresceu e aprofundou-se então em Agostinho uma grande crise

existencial, uma inquietação quase desesperada em busca de

sentido para a vida. Foi nesse período crítico que ele se sentiu

extremamente atraído pelas pregações de Santo Ambrósio, bispo de

Milão. Pouco tempo depois, converteu-se ao cristianismo, tornando-

se seu grande defensor pelo resto da vida.

2.2 Superioridade da alma

Em sua obra, Agostinho argumentava a favor da supremacia do

espírito sobre o corpo, a matéria. Para ele, a alma teria sido criada

por Deus para reinar sobre o corpo, dirigindo-o para a prática do

bem. O pecador, entretanto, utilizando-se do livre-arbítrio,

costumaria inverter essa relação fazendo o corpo assumir o governo

da alma. Provocaria, com isso, à submissão do espírito à matéria, o

que seria, para Agostinho, equivalente à subordinação do eterno ao

transitório, da essência à aparência. A verdadeira liberdade estaria

na harmonia das ações humanas com a vontade de Deus. Ser livre

é servir a Deus, diz Agostinho, pois o prazer de pecar é a

escravidão.

2.3 Boas obras ou graça divina?

Segundo o filósofo, o ser humano que trilha a via do pecado só

consegue retornar aos caminhos de Deus e da salvação mediante a

combinação de seu esforço pessoal de vontade e a concessão,

imprescindível, da graça divina. Sem a graça de Deus , o ser

humano nada pode conseguir. Essa graça, no entanto, seria

concedida apenas aos predestinados à salvação.

Na mesma época de Agostinho, outro teólogo, Pelágio, afirmava

que a boa vontade e a boas obras humanas seriam suficientes

para a salvação individual. Seus ensinamentos constituíam a

doutrina do pelagianismo, contra a qual se colocou Agostinho. No

Concílio de Cartago no ano de 417, o para Zózimo condenou a

pelagianismo como heresia e adotou a concepção agostiniana de

necessidade da graça divina, doada livremente por Deus aos seus

eleitos.

A condenação do pelagianismo explica-se pelo fato de que

conservava a noção grega de autonomia da vida moral humana, isto

é, de que o indivíduo pode salvar-se por si só, sendo bom e fazendo

boas obras, sem a necessidade da ajuda divina. Essa noção

chocava-se com a ideia de submissão total do ser humano ao Deus

cristão, defendida pela Igreja.

Uma consequência disso é a forma como se passa a enfatizar a

interioridade Enquanto na filosofia grega o indivíduo se identificava

com o cidadão (isto é, o ser humano social, político), a filosofia cristã

agostiniana enfatiza no indivíduo sua vinculação pessoal com Deus,

a responsabilidade de cada indivíduo pelos próprios atos e exalta a

salvação individual.

2.4 Liberdade e pecado

Outro aspecto fundamental da filosofia agostiniana é o entendimento

de que a vontade é uma força que determina a vida e não uma

função específica ligada ao intelecto, tal como diziam os grego.

Agostinho contrapõe-se, dessa forma, ao intelectualismo moral,

que teve sua expressão máxima em Sócrates.

Isso significa que, de acordo com Agostinho, a liberdade humana é

própria da vontade e não da razão, e é nisso que reside a fonte do

pecado. A pessoa peca porque usa de seu livre-arbítrio para

satisfazer uma vontade má, mesmo sabendo que tal atitude é

pecaminosa. Por isso, Agostinho afirma que o ser humano não pode

ser autônomo em sua vida moral, isto é, deliberar livremente sobre a

sua conduta. No entanto, como o que conduz seus atos é a vontade

e não a razão, o ser humano pode querer o mal e praticar o pecado,

motivo pelo qual necessita da graça divina para se salvar.

2.5 Precedência da fé

Agostinho, também discutiu a diferença entre a fé cristã e a razão,

afirmando que a fé nos faz crer em coisas que nem sempre

entendemos pela razão: creio tudo que entendo, mas nem tudo que

creio também entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas nem

tudo que creio conheço, disse Agostinho.

Baseando-se no profeta bíblico Isaías, dizia ser necessário

compreender para crer, pois a fé ilumina os caminhos da razão, e

a compreensão nos confirma a crença posteriormente. Isso

significa que, para Agostinho, a fé revela verdades ao ser humano

de forma direta e intuitiva. Vem depois a razão, esclarecendo aquilo

que a fé já antecipou. Há, portanto, para ele, uma precedência da

fé sobre a razão.

2.6 Influência helenística

O pensamento agostiniano reflete, em grande medida, os principais

passos de sua trajetória intelectual anterior à conversão ao

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catolicismo, quando sofreu a influência do helenismo. Vejamos

alguns elementos:

1. Do Maniqueísmo o filósofo herdou uma concepção dualista no

âmbito moral, simbolizada pela luta entre o bem e o mal, a luz e as

trevas, a alma e o corpo. Nesse sentido, dizia que o ser humano tem

uma inclinação natural para o mal, para os vícios, para o pecado.

Insistia em que já nascemos pecadores (pecado original) e somente

um esforço consciente pode nos fazer superar essa deficiência

“natural”. Considerando o mal como o afastamento de Deus,

defendia a necessidade, de uma intensa educação religiosa, com a

finalidade de reduzir essa distância.

2. Do Ceticismo ficou a permanente desconfiança nos dados dos

sentidos, isto é, no conhecimento sensorial, que nos apresenta

uma multidão de seres mutáveis flutuantes e transitórios.

3. Do Platonismo Agostinho assimilou a concepção de que a

verdade, como conhecimento eterno deveria ser buscada

intelectualmente no “mundo das ideias”. Por isso, defendeu a via do

conhecimento, o caminho da interioridade, como instrumento

legítimo para a busca da verdade. Assim, somente o íntimo de

nossa alma, iluminada por Deus, poderia atingir a verdade das

coisas. Da mesma forma que os olhos do corpo necessitam da luz

do sol para enxergar os objetos do mundo sensível, os “olhos da

alma” necessitam da luz divina para visualizar as verdades eternas

da sabedoria.

3. Escolástica

No século VII, Carlos Magno, rei dos francos coroado imperador do

ocidente em 800 pelo papa Leão III, organizou o ensino e fundou

escolas ligadas às instituições católicas. Com isso, a cultura greco-

romana, até então guardada nos mosteiros, voltou a ser divulgada,

passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da

época. Era o período da renascença carolíngia.

Adotou-se nessas escolas a educação romana como modelo.

Começaram a ser ensinadas matérias como trivium (ginástica,

retórica e dialética) e o quadrivium (geometria, aritmética,

astronomia e música), todas elas, no entanto, submetidas à

teologia.

Foi assim, no ambiente cultural dessas escolas e das primeiras

universidades do século XI, que surgiu uma produção filosófico-

teológica denominada escolástica (palavra derivada de escola).

A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda

no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se

deveu a descoberta de muitas obras de Aristóteles, desconhecidas

até então, e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente

do grego.

No período escolástico, a busca de harmonização entre a fé cristã e

a razão manteve-se com problema básico de especulação filosófica.

Nesse contexto, a escolástica pode ser dividida em três fases.

1. Primeira fase: (do séc. IX ao fim do séc. XII) confiança na

perfeita harmonia entre fé e razão;

2. Segunda fase: (do séc. XIII ao princípio do séc. XIV) elaboração

de grandes sistemas filosóficos, merecendo destaque as obras de

São Tomás de Aquino. Nessa fase, considera-se que a

harmonização entre fé e razão pode ser parcialmente obtida;

3. Terceira fase: (do séc. XIV até o séc. XVI) decadência da

escolástica, marcada por disputas que realçaram a diferença entre

fé e razão.

Além de apresentar o traço fundamental da filosofia medieval, que é

a de referência às questões teológicas, a escolástica promoveu

significativos avanços no estudo da lógica.

Um dos filósofos que mais contribuiu para o desenvolvimento dos

estudos lógicos nesse período foi o romano Boécio que embora

tenha vivido de 480 a 524, é considerado o primeiro dos

escolásticos. Ele aperfeiçoou o quadrado lógico, sistema de

relações entre afirmativas que fornece a base lógica para garantir a

validade de certas formas elementares de raciocínio. Também foi o

primeiro a introduzir a questão dos universais, problema filosófico

longamente discutido durante o período da escolástica.

3.1 A questão dos universais

O método escolástico de investigação segundo Jacques Le Goff,

privilegiava o estudo da linguagem (as três matérias que compunha

o trivium) para depois passar ao exame das coisas (o chamado

quadrivium). Desse método surgiu a seguinte pergunta: Qual a

relação entre as palavras e as coisas?

Rosa, por exemplo, é o nome de uma flor. Quando essa flor morre,

a palavra rosa continua existindo. Nesse caso, a palavra fala de

uma coisa inexistente, de uma ideia geral. Esse problema filosófico

gerou muitas disputas. Era a grande discussão sobre a existência

de ideias gerais, isto é, os chamados universais de Aristóteles. Tal

discussão ficou conhecida como a Questão dos universais, ou

seja, da relação entre as coisas e seus conceitos. Envolvia não

apenas problemas linguísticos e gnosiológicos (problemas relativos

à questão do conhecimento), mas também teológicos. Na questão

dos universais surgiram duas posições antagônicas: o realismo

e o nominalismo.

3.1.1 O Realismo:

Os adeptos do realismo sustentavam a tese de que os universais

existiam de fato, ou seja, as ideias universais existiam por si

mesmas. Assim, por exemplo, a bondade e a beleza seriam

modelos ou moldes a partir dos quais se criam as coisas boas e as

coisas belas. Os temos universais seriam entidades metafísicas,

essências separadas das coisas individuais.

Essa posição foi defendida, por exemplo, pelo abade beneditino e

arcebispo de Cantuária (Canterbury, cidade inglesa) Santo

Anselmo (1035-1109), que acreditava que as ideias universais

existiam na mente divina.

O Filósofo e bispo francês Guilherme de Champeaux (1070-1121)

também era realista e acreditava que entre o universo das coisas e

o universo dos nomes havia uma analogia tal que, quanto mais

“universal” fosse o termo gramatical, maior seria seu grau de

participação na perfeição original da ideia.

Assim, por exemplo, o substantivo brancura teria uma perfeição

maior do que o adjetivo branco, que se refere a um ente singular.

Na mesma linha de raciocínio de Platão, o universal brancura seria

mais perfeito do que qualquer coisa branca existente.

3.1.2 O Nominalismo

Por sua vez, os defensores do nominalismo sustentavam a tese de

que os termos universais, tais como beleza e bondade, não existiam

em si mesmo. Pois seriam somente palavras, sem existência real.

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Para os nominalistas, o que há são apenas os seres singulares, e o

universal não passa de um nome, uma convenção.

Essa era a posição do filósofo francês Roscelin de Compiène

(1050-1120), autor segundo qual só existiria a individualidade,

logo, anulam-se os termos universais. Roscelin também negava que

Deus pudesse ser uno e trino ao mesmo tempo, porque, para ele,

cada pessoa da trindade seria uma individualidade separada.

Entre essas duas posições contrárias surgiu uma terceira, o

realismo moderado, sustentado por Pedro Abelardo (1079-1142).

Para esse filósofo. Só existiram as realidades singulares, mas seria

possível buscar semelhanças entre os seres individuais, por meio de

abstração, de maneira tal a gerar os conceitos universais. Esses

conceitos não seriam, de acordo com Abelardo, nem entidades

metafísicas (posição do realismo) nem palavras vazias (posição dos

nominalistas), e sim discursos mentais, categorias lógico-linguísticas

que fazem a mediação, a ligação entre o mundo do pensamento e o

mundo do ser.

A importância da questão dos universais está não só no avanço que

essa discussão possibilitou em relação à busca do conhecimento da

realidade, mas também porque, através dela, alcançou-se um alto

nível de desenvolvimento lógico-linguístico.

3.2 Santo Tomás de Aquino

A filosofia de Tomás de Aquino (1226-1274), o tomismo, parece ter

nascido com objetivos claros de não contrariar a fé. De fato, sua

finalidade era organizar um conjunto de argumentos para

demonstrar e defender as revelações do cristianismo.

Assim, Tomás de Aquino reviveu em grande parte o pensamento

aristotélico em busca de argumentos que explicassem os principais

aspectos da fé cristã. Enfim, fez da filosofia de Aristóteles um

instrumento a serviço da religião católica, ao mesmo tempo em que

transformou essa filosofia numa síntese original.

3.2.1 Princípios básicos

Sobre o ser e o saber, Tomás de Aquino enfatizou a importância da

realidade sensorial. Em relação ao processo de conhecimento

dessa realidade, ressaltou uma série de princípios considerados

básicos, dentre os quais se destacam:

1. Princípio da não contradição: o ser é ou não é. Não existe nada

que possa ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de

vista;

2. Princípio da substância: na existência dos seres podemos

distinguir a substância (a essência propriamente dita de uma coisa,

sem a qual ela não seria aquilo que é) do acidente (a quantidade

não essencial, acessória do ser);

3. Princípio da causa eficiente: todos os seres que captamos

pelos sentidos são seres contingentes, isto é, não possuem em si

próprios a causa eficiente de suas existências. Portanto, para existir,

o ser contingente depende de outro ser que representa sua causa

eficiente, chamado de ser necessário;

4. Princípio da finalidade: Todo ser contingente existe em função

de uma finalidade, de uma “razão de ser”. Enfim, todo ser

contingente possui uma causa final;

5. Princípio do ato e da potência: todo ser contingente possui

duas dimensões, o ato e a potência. O ato representa a existência

atual do ser, aquilo que está sendo realizado e determinado. A

potência representa a capacidade real do ser, aquilo que não se

realizou mas pode realizar-se. É a passagem da potência para o ato

que explica toda e qualquer mudança

3.2.2 Ser e essência

Apesar de esses princípios básicos terem vindo do pensamento

aristotélico, não se pode dizer que Tomás de Aquino tenha

apenas adaptado a filosofia de Aristóteles ao cristianismo. O

que o filósofo escolástico empreendeu foi uma sistematização da

doutrina cristã apoiada em parte na filosofia aristotélica, mas que

contém muitos elementos estranhos ao aristotelismo, como o

conceito de criação do mundo, a noção de um Deus único e a ideia

de que o vir a ser (passagem da potência ao ato) não é

autodeterminado, mas procede de Deus.

Mais que isso, Tomás de Aquino introduziu uma distinção entre o

ser e a essência, dividindo a metafísica em duas partes: a do ser

em geral e a do ser pleno, que é Deus. De acordo com essa

distinção, o único ser realmente pleno, no qual o ser e a essência se

identificam, é Deus. Para o filósofo, Deus é ato puro. Não há o que

realizar ou atualizar em Deus, pois ele é completo. Tomás de

Aquino dirá que Deus é Ser, e o mundo tem ser. Ou seja, Deus é o

ser que existe como fundamento da realidade das outras essências

as quais, uma vez existentes, participam de seu Ser.

Isso equivale a dizer que, nas outras criaturas são seres não

necessários. É Deus que permite às essências realizarem-se em

entes, em seres existentes.

3.2.3 Provas da existência de Deus

Outro aspecto importante da filosofia tomista são as provas da

existência de Deus. Em um dos seus livros mais famosos, a Suma

teológica, Tomás de Aquino propõem cinco provas, também:

1. O primeiro Motor: Tudo aquilo que se move é movido por outro

ser. Por sua vez, esse outro ser para que se mova, necessita

também que seja movido por outro ser, e assim sucessivamente. Se

não houvesse um primeiro ser movente, cairíamos em um processo

indefinido. Logo, conclui Tomás de Aquino, é necessário chegar a

um primeiro ser movente que não seja movido por nenhum outro.

Esse ser é Deus;

2. A Causa Eficiente: Todas as coisas existentes no mundo não

possuem em si a causa eficiente de suas existências. Devem ser

consideradas efeitos de alguma causa. Tomás de Aquino afirma ser

impossível remontar indefinidamente à procura das causas

eficientes. Logo, é necessário admitir a existência de uma primeira

causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos. Essa causa

primeira é Deus;

3. Ser Necessário e Ser Contingente: Esse argumento, uma

variante do segundo, afirma que todo ser contingente, do mesmo

modo que existe, pode deixar de existir. Ora, se todas as coisas que

existem podem deixar de ser, então, alguma vez, nada existiu. Mas,

se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não

existe somente começa a existir em função de algo que já existia. É

preciso admitir, então, que há um ser que sempre existiu, um ser

absolutamente necessário, que não tenha fora de si a causa de sua

existência, mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade de

todos os seres contingentes. Esse ser necessário é Deus;

4. Os Graus de Perfeição: Em relação à qualidade de todas as

coisas existentes, pode-se afirmar que há graus diversos de

perfeição. Assim, estabelecemos que tal coisa é melhor que outra,

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ou mais bela, ou mais poderosa, ou mais verdadeira etc. Ora, se

uma coisa possui “mais” ou “menos” determinada qualidade positiva,

isso supõe que deva existir um ser com o máximo dessa qualidade,

no nível da perfeição. Devemos admitir, então, que existe um ser

com o máximo de bondade, de beleza, de poder, de verdade,

sendo, portanto, um ser máximo e pleno. Esse ser é Deus;

5. A Finalidade do Ser: Todas as coisas brutas, que não possuem

inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, um

objetivo, uma finalidade, tal como a flecha orientada pelo arqueiro.

Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente que dirige

todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Esse

ser é Deus.

3.2.4 Mérito de Tomás de Aquino

Proclamado pela Igreja Católica como Doutor Angélico e Doutor

por Excelência, Tomás de Aquino é reverenciado nos meios

católicos por filósofos e professores de filosofia. É o caso, por

exemplo, do filósofo católico Jacques Maritain (1882-1973).

Filósofos não-cristãos, como o britânico Bertrand Russell (1872-

1970), questionam os méritos de Tomás de Aquino, considerando-

os insuficientes para justificar sua imensa reputação.

Em que pese essa discordância de opiniões sobre os méritos de

Tomás de Aquino, é praticamente unânime o reconhecimento de

que sua obra filosófica representa o apogeu do pensamento

medieval católico. Posteriormente a esse período, o tomismo seria

progressivamente questionado pelos movimentos filosóficos que se

desenvolveram na Renascença e na Idade Moderna.

3.3 A Escolástica Pós-Tomista

Grandes acontecimentos históricos marcaram a Europa nos séculos

XIII e XIV, como a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra;

a epidemia da peste bubônica, que matou cerca de três quartos da

população europeia; o cisma definitivo entre as Igrejas do Ocidente

e do Oriente, que, entre outros fatores, diminuiu a influência da

Igreja Católica Romana sobre o poder temporal (o Estado) e sobre a

população; a criação de novas universidades, que iniciam o

desenvolvimento de questões relativas às ciências naturais e a

autonomia da filosofia em relação à teologia. Esses são alguns dos

fatores que levarão ao questionamento do pensamento escolástico

bem como ao fim da Idade Média.

Entre os filósofos significativos desse período, destacam-se:

1. São Boaventura (1240-1284): Iniciou uma reação contra a

filosofia tomista e buscou recuperar a tradição platônica agostiniana.

Mais tarde essa reação seria desenvolvida pelos filósofos e teólogos

franciscanos, sobretudo na Universidade de Oxford, Inglaterra.

2. Roberto Grosseteste (1168-1243) e Roger Bacon (1214-1292):

Iniciaram uma investigação experimental no campo das ciências

naturais que abriu caminho para a ciência moderna.

3. Guilherme de Ockham (1280-1349): Proclamou uma distinção

absoluta entre fé e razão. Para Ockham, a filosofia não seria serva

da teologia, e a teologia não poderia sequer ser considerada

ciência, pois seria tão somente um corpo de proposições mantidas

não pela coerência racional, mas pela força da fé. Pensador

empirista e nominalista, combateu a metafísica tradicional e iniciou o

método da pesquisa científica moderna. Seu pensamento destacou-

se porque apreendeu as transformações de seu tempo: a ruptura

entre Igreja e os nascentes Estados nacionais; a perda da

concepção unitária da sociedade humana, que passou a se dividir

cada vez mais entre o poder temporal e o poder espiritual; a ruptura

entre fé e razão, ocasionada pelo nascente desenvolvimento da

razão autônoma, que buscou através da investigação empírica o

conhecimento dos fenômenos naturais. Entre suas contribuições

mais conhecidas destaca-se a chamada navalha de Ockham.

TEXTO COMPLEMENTAR I

A doutrina da iluminação divina

Para explicar como é possível ao homem receber de Deus o

conhecimento das verdades eternas, Agostinho elabora a doutrina

da iluminação divina. Trata-se de uma metáfora recebida de Platão,

que na célebre alegoria da caverna mostra ser o conhecimento, em

última instância, o resultado do bem, considerado como um Sol que

ilumina o mundo inteligível. Agostinho louva os platônicos por

ensinarem que o princípio espiritual de todas as coisas é, ao mesmo

tempo, causa de sua própria existência, luz de seu conhecimento e

regra de sua vida. Por conseguinte, todas as proposições que se

percebem como verdadeiras seriam tais porque previamente foram

iluminadas pela luz divina. Entender algo inteligivelmente equivaleria

a extrair da alma sua própria inteligibilidade e nada se poderia

conhecer intelectualmente que já não se possuísse antes, de modo

infuso.

Ao afirmar esse saber prévio, Agostinho aproxima-se da doutrina

platônica segundo a qual todo conhecimento é reminiscência. Não

obstante as evidentes ligações entre os dois pensadores, Agostinho

afasta-se, porém, de Platão ao entender a percepção do inteligível

na alma não como descoberta de um conteúdo passado, mas como

irradiação divina no presente. A alma não passaria por uma

existência anterior, na qual contempla as ideias: ao contrário,

existiria uma luz eterna da razão que procede de Deus e atuaria a

todo momento, possibilitando o conhecimento das verdades eternas.

Assim como os objetos exteriores só podem ser vistos quando

iluminados pela luz do Sol, também as verdades da sabedoria

precisariam ser iluminadas pela luz divina para se tornarem

inteligíveis.

A iluminação divina, contudo, não dispensa o homem de ter um

intelecto próprio; ao contrário, supõe sua existência. Deus não

substitui o intelecto quando o homem pensa o verdadeiro; a

iluminação teria apenas a função de tornar o intelecto capaz de

pensar corretamente em virtude de uma ordem natural estabelecida

por Deus.

Essa ordem é a que existe entre as coisas do mundo e as

realidades inteligíveis correspondentes, denominadas por Agostinho

com diferentes palavras: ideia, forma, espécie, razão ou regra.

A teoria agostiniana estabelece, assim, que todo conhecimento

verdadeiro é o resultado de um processo de iluminação divina, que

possibilita ao homem contemplar as ideias, arquétipos eternos de

toda a realidade. Nesse tipo de conhecimento a própria luz divina

não é vista, mas serve apenas para iluminar as ideias. Um outro tipo

seria aquele no qual o homem contempla a luz divina, olhando o

próprio Sol: a experiência mística.

Santo Agostinho. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Nova Cultural,

1999, p. 16-17.

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TEXTO COMPLEMENTAR II

As vias que levam a Deus

Segundo Santo Tomás a razão pode provar a existência de Deus

através de cinco vias, todas de índole realista: considera-se algum

aspecto da realidade dada pelos sentidos como o efeito do qual se

procura a causa.

A primeira fundamenta-se na constatação de que no universo existe

movimento. Baseado em Aristóteles, Santo Tomás considera que

todo movimento tem uma causa, exterior ao próprio ser que está em

movimento, pois não se pode admitir que uma mesma coisa possa

ser ela mesma a coisa movida e o princípio motor que a faz

movimentar-se. Por outro lado, o próprio motor deve ser movido por

um outro, este por um terceiro, e assim por adiante. Nessas

condições, é necessário admitir ou que a série de motores é infinita

e não existe um primeiro termo (não se conseguindo, assim, explicar

o movimento), ou que a série é finita e seu primeiro termo é Deus.

A segunda via diz respeito à ideia de causa em geral. Todas as

coisas ou são causas ou são efeitos, não se podendo conceber que

alguma coisa seja causa de si mesma. Nesse caso, ela seria causa

e efeito ao mesmo tempo, sendo, assim, anterior e posterior, o que

seria absurdo. Por outro lado, toda causa, por sua vez, deve ter sido

causada por outra e esta por uma terceira, e assim sucessivamente.

Impõe-se, portanto, admitir uma primeira causa não causada, Deus,

ou aceitar uma série infinita e não explicar a causalidade.

A terceira via refere-se aos conceitos de necessidade e

possibilidade. Todos os seres estão em permanente transformação.

Alguns sendo gerados, outros se corrompendo e deixando de existir.

Mas poder ou não existir não é possuir uma existência necessária, e

sim contingente, já que aquilo que é necessário não precisa de

causa para existir. Assim, o possível não teria em si razão suficiente

de existência e, se nas coisas houvesse apenas o possível, não

haveria nada. Para que o possível exista, é necessário, portanto,

que algo o faça existir. Ou seja: se alguma coisa existe é porque

participa do necessário. Este, por sua vez, exige uma cadeia de

causas, que culmina no necessário absoluto, ou seja, Deus.

A quarta via tomista para provar a existência de Deus é de índole

platônica e baseia-se nos graus hierárquicos de perfeição

observados nas coisas. Há graus de bondade, na verdade na

nobreza e nas outras perfeições desse gênero. O mais e o menos,

implicados na noção de grau, pressupõe um termo de comparação

que seja absoluto. Deverá existir, portanto, uma verdade e um bem

em si: Deus.

A quinta via fundamenta-se na ordem das coisas. De acordo com o

finalismo aristotélico adotado por Tomás de Aquino, todas as

operações dos corpos materiais tenderiam a um fim, mesmo quando

desprovidos da consciência disso. A regularidade com que

alcançam seu fim mostraria que eles não estão movidos pelo acaso;

a regularidade seria intencional e desejada. Uma vez que aqueles

corpos estão privados de conhecimento, pode-se concluir que há

uma inteligência primeira, ordenadora da finalidade das coisas. Essa

inteligência soberana seria Deus.

Tomás de Aquino. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Nova Cultural,

2000, p. 9-10.

Questões:

01. (ENEM – 2001) O texto abaixo reproduz parte de um diálogo

entre dois personagens de um romance.

Quer dizer que a Idade Média durou dez horas? – Perguntou Sofia.

Se cada hora valer cem anos, então sua conta está certa. Podemos

imaginar que Jesus nasceu à meia-noite, que Paulo saiu em

peregrinação missionária pouco antes da meia-noite e meia e

morreu quinze minutos depois, em Roma. Até as três da manhã a fé

cristã foi mais ou menos proibida. (...) Até as dez horas as escolas

dos mosteiros detiveram o monopólio da educação. Entre dez e

onze horas são fundadas as primeiras universidades.

Adaptado de GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia, Romance da

História da Filosofia. São Paulo: Cia das Letras, 1997.

O ano de 476 d.C., época da queda do Império Romano do

Ocidente, tem sido usado como marco para o início da Idade Média.

De acordo com a escala de tempo apresentada no texto, que

considera como ponto de partida o início da Era Cristã, pode-se

afirmar que

A) as Grandes Navegações tiveram início por volta das quinze

horas.

B) a Idade Moderna teve início um pouco antes das dez horas.

C) o Cristianismo começou a ser propagado na Europa no início da

Idade Média.

D) as peregrinações do apóstolo Paulo ocorreram após os primeiros

150 anos da Era Cristã.

E) os mosteiros perderam o monopólio da educação no final da

Idade Média.

02. (ENEM 2012)

TEXTO I

Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo

o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua

descedência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao

passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a

partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-

se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em

terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em

pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-

Rio, 2006 (adaptado).

TEXTO II

Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de

todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão

parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção,

as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo

se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os

Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão

impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.

GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Cristã. São Paulo:

Vozes, 1991 (adaptado).

Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para

explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional.

As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo

medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que

A) eram baseadas nas ciências da natureza.

B) refutavam as teorias de filósofos da religião.

C) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.

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D) postulavam um princípio originário para o mundo.

E) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.

03. (IFAL – 2011) No contexto de dissolução do império romano e

ascensão de um novo período histórico, feudalismo, encontra-se a

filosofia patrística, que tem na pessoa de Santo Agostinho (Aurelius

Augustinus) sua expressão máxima. Acerca da filosofia agostiniana,

podemos dizer:

A) Agostinho investigou a noção de tempo, revelando pouca

penetração analítica. O tempo é por ele pensado como cindido

em relação à estrutura fundamental do próprio mundo.

B) A teoria da graça e da predestinação se constitui como o cerne

da antropologia agostiniana. A dualidade dos eleitos e dos

condenados é a estrutura explicativa da história, exposta na

Cidade de Deus.

C) O cerne da antropologia agostiniana concentra-se no

entendimento de que o homem não é o réprobo miserável,

condenado à danação eterna e irrecuperável pela graça divina.

D) A Cidade de Deus apresenta o dualismo platônico entre corpo e

alma, espírito e matéria, bem e mal, ser e não-ser, sintetizando

aspectos poucos essenciais do pensamento de Agostinho.

04. (IFPB- 2012) Para Sto. Agostinho, Fé e Razão devem trabalhar

conjunta e solidariamente para o esclarecimento da verdade. Como

crente, este religioso não podia considerar outra que não fosse a

verdade cristã.

Neste sentido, é CORRETO afirmar que:

I. Sto. Agostinho buscou, gradativamente, traçar fronteiras entre Fé

e Razão.

II. Para Sto. Agostinho, a Razão é um obstáculo para o homem

alcançar a fé.

III. A Fé orienta e ilumina a Razão para conhecer a verdade.

IV. A Razão, iluminada pela Fé, contribui para o esclarecimento da

Fé.

A) Somente I e II são verdadeiras.

B) Somente II e III são verdadeiras.

C) Somente I e IV são verdadeiras.

D) Somente I e III são verdadeiras.

E) Somente III e IV são verdadeiras.

05. (ENADE- 2011)

Os filósofos medievais que conceberam os universais como sendo

entes reais, subsistentes em si, e afirmavam a perfeita adequação

entre conceitos universais e a realidade são chamados de realistas

PORQUE

foram diretamente influenciados pelo neoplatonismo, cuja

concepção metafísica fundamenta-se no estudo da realidade

compreendida como manifestação de Deus.

Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.

A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é

uma justificativa correta da primeira.

B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda

não é uma justificativa da primeira

C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda,

uma proposição falsa.

D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma

proposição verdadeira.

E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições

falsas.

06. (ENADE – 2005) Nada pode, de modo algum, manchar a alma,

a não ser aquilo que procede da própria alma, isto é, o

consentimento, pois só nele há maldade. Não há maldade nem no

desejo que o precede nem na ação que a ele segue. (...) Deus leva

em conta não as coisas que fazemos, mas o ânimo com que são

feitas, e o mérito e o louvor de quem age consistem não na ação,

mas na intenção. Pedro Abelardo. Scito te ipsum (ed. M.Dal Prà) (com

adaptações).

De acordo com o texto acima, julgue os itens a seguir.

I. A maldade encontra-se nas ações que são feitas.

II. A intenção é a chave de compreensão da bondade ou maldade

dos atos.

III. Decidir-se a matar alguém não é maldade; o mal é matar alguém

de fato.

IV. Bondade ou maldade dos atos ou omissões medem-se pela

intenção, não pelo resultado.

V. Deus julga os homens não pelas ações, mas pela intenção com

que elas são realizadas.

Estão certos apenas os itens

A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) I, III e IV. E) II, IV e V.

07.(IFPB- 2012) Sobre a teoria do conhecimento, desenvolvida por

Tomás de Aquino, é CORRETO afirmar que:

I. A Fé e a Razão constituem duas fontes distintas de conhecimento,

mas tratam dos mesmos conteúdos.

II. A Razão presta ajuda à Fé por contribuir na construção da

Teologia como ciência, num sistema organizado de proposições.

III. A Razão é autônoma diante dos conteúdos da Fé.

IV. A Razão não pode apoiar-se positivamente nos dados da

revelação e utilizá-los como ponto de partida para suas conclusões.

A) Somente II e III são verdadeiras.

B) Somente I e IV são verdadeiras.

C) Somente II e IV são verdadeiras.

D) Somente I e III são verdadeiras.

E) Somente III e IV são verdadeiras.

08. (IFMT – 2012) Uma dupla condição domina o desenvolvimento

da filosofia tomista: a distinção entre a razão e a fé, e a necessidade

de sua concordância. Todo o domínio da filosofia pertence

exclusivamente à razão; isso significa que a filosofia deve admitir

apenas o que é acessível à luz natural e demonstrável apenas por

seus recursos. A teologia baseia-se, ao contrário, na revelação, isto

é, afinal de contas, na autoridade de Deus. (GILSON, E. A filosofia

na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 655.)

A partir do texto acima e dos conhecimentos sobre a filosofia

tomista, assinale a afirmativa correta.

A) Todas as verdades da fé são passíveis de prova racional.

B) Se uma verdade da razão contradiz uma verdade da fé, tem-se o

indício de erro em ambas.

C) Se uma verdade da razão contradiz uma verdade da fé, tem-se o

indício de erro da razão.

D) Todas as verdades referentes a Deus são possíveis à

capacidade da razão humana.

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09. (ENADE – 2008) Quando, então, dizemos “Deus”, parecemos,

certamente, designar uma substância, mas aquela que é para além

da substância; quando, porém, dizemos “justo”, designamos,

certamente, uma qualidade, mas não como acidente, e, sim, como

aquela qualidade que é substância e, entretanto, é para além da

substância: então, para Deus, o que ele é não é outro que o ser

justo; é o mesmo, para Deus, ser e ser justo. Assim, também,

quando se diz “grande” ou “máximo”, parecemos designar,

certamente, numa quantidade, mas aquela quantidade que é a

própria substância, tal como a dissemos ser para além da

substância: o mesmo, com efeito, é para Deus, ser e ser grande.

Sobre a sua forma (...), visto ele ser forma e uno verdadeiramente,

não há, então, nenhuma pluralidade. Boécio. A Santa Trindade.

São Paulo: Martins Fontes.

Considerando esse texto e a concepção de Deus em Boécio,

assinale a opção correta.

A) É possível aplicar a categoria de qualidade, do mesmo modo, a

Deus e ao homem.

B) Não havendo em Deus nenhuma pluralidade, é impossível que

ele seja, ao mesmo tempo, justo e grande.

C) Em Deus, ser e ser justo constitui uma unidade, porém, em tal

unidade não pode ser incluída a grandeza.

D) Dada a singularidade de “Deus”, dele se pode dizer que há

unidade entre ser, ser grande e ser justo.

E) Se Deus é “grande” e “máximo”, então, o homem só pode ser

“pequeno” e “mínimo”.

10. (ENADE – 2005) A segunda via (para demonstrar a existência

de Deus) procede da natureza da causa eficiente. Pois descobrimos

que há certa ordem das causas eficientes nos seres sensíveis;

porém, não concebemos, nem é possível que uma coisa seja causa

eficiente de si própria, pois seria anterior a si mesma: o que não

pode ser. Mas é impossível, nas causas eficientes, proceder-se até

o infinito; pois, em todas as causas eficientes ordenadas, a primeira

é causa da média e esta, da última, sejam as médias muitas ou uma

só. E como, removida a causa, fica removido o efeito, se, nas

causas eficientes, não houver primeira, não haverá média nem

última. Procedendo-se ao infinito, não haverá primeira causa

eficiente, nem efeito último, nem causas eficientes médias, o que

evidentemente é falso. Logo, é necessário admitir uma causa

eficiente primeira, à qual todos dão o nome de Deus. Tomás de

Aquino. Suma Teológica I.

Com base no texto acima, julgue os itens que se seguem.

I. Desenvolve-se um argumento semelhante ao proposto por Santo

Anselmo.

II. Articula-se um argumento cosmológico, que parte da constatação

da relação causal entre os seres.

III Nega-se qualquer possibilidade de se demonstrar a existência de

Deus, porque ninguém o viu até hoje.

IV É evidente o cunho aristotélico do argumento utilizado: partir dos

dados dos sentidos, apelar para causas ordenadas.

V Nas causas ordenadas, não se pode proceder ao infinito,

devendo-se parar em uma causa primeira, que não é causada.

Estão certos apenas os itens

A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) I, III e V. E) II, IV e V.

11. (ENADE 2008) Ao investigar se a existência de Deus se impõe

imediatamente à inteligência humana, Tomás de Aquino conclui: “A

proposição Deus existe, enquanto tal, é evidente por si, porque nela

o predicado é idêntico ao sujeito. Deus é seu próprio ser (...) Mas,

como não conhecemos a essência de Deus, essa proposição não é

evidente para nós, precisa ser demonstrada por meio do que é mais

conhecido para nós, ainda que por sua natureza seja menos

conhecido, isto é, pelos efeitos”.Tomás de Aquino. Suma de

Teologia, I, q.2, a.1. Tradução: Editora Loyola.

Considerando o texto acima e o tipo de abordagem de Tomás de

Aquino acerca da existência de Deus, julgue os itens seguintes

I Todo homem possui um conhecimento a priori da existência de

Deus.

II A existência de Deus pode ser afirmada por intermédio da reflexão

sobre os fenômenos deste mundo.

III Do predicado da proposição “Deus existe”, o homem infere

imediatamente a existência divina.

IV Tomás de Aquino atribui a Anselmo a tese de que a existência de

Deus é evidente por si mesma.

V A propósito da substância divina, a inteligência humana pode

conhecer o “que ela é”.

Estão certos apenas os itens

A) I e III. B) II e IV. C) III e IV. D) III e V. E) IV e V.

12. (ENEM- 1999) Considere os textos abaixo. (...) de modo

particular, quero encorajar os crentes empenhados no campo da

filosofia para que iluminem os diversos âmbitos da atividade

humana, graças ao exercício de uma razão que se torna mais

segura e perspicaz com o apoio que recebe da fé. (Papa João Paulo

II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos da igreja católica sobre

as relações entre fé e razão, 1998)

As verdades da razão natural não contradizem as verdades da fé

cristã. (São Tomás de Aquino-pensador medieval)

Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que

A) a encíclica papal está em contradição com o pensamento de São

Tomás de Aquino, refletindo a diferença de épocas.

B) a encíclica papal procura complementar São Tomás de Aquino,

pois este colocava a razão natural acima da fé.

C) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a encíclica de

João Paulo II.

D) o pensamento teológico teve sua importância na Idade Média,

mas, em nossos dias, não tem relação com o pensamento

filosófico.

E) tanto a encíclica papal como a frase de São Tomás de Aquino

procuram conciliar os pensamentos sobre fé e razão.

13. (UEM – 2013) “Os artigos de fé não são princípios de

demonstrações nem conclusões, não sendo nem mesmo prováveis,

já que parecem falsos para todos, para a maioria ou para os sábios,

entendendo por sábios aqueles que se entregam à razão natural, já

que só de tal modo se entende o sábio na ciência e na filosofia.”

(OCKHAM, G. [1280-1349]. In: COTRIM, G. Fundamentos de

Filosofia, São Paulo: Saraiva, 2006, p. 120).

A partir do trecho citado, é incorreto afirmar que

A) os argumentos calcados na fé não podem ser submetidos a

demonstrações lógicas.

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B) o filósofo apresenta a típica separação entre aquilo que é do

domínio da fé e do domínio da razão para o pensamento

medieval.

C) os artigos de fé são falsos por natureza, visto que não estão

submetidos nem à ciência nem à filosofia.

D) as demonstrações e as conclusões, para os filósofos, não podem

ser deduzidas a partir de princípios falsos.

E) a distinção entre a teologia e a ciência ou a filosofia está, entre

outras coisas, nos diferentes procedimentos ou nos métodos de

comprovação utilizados por elas.

Filosofia Moderna

Iniciemos nosso percurso aqui considerando alguns aspectos

sociais, políticos, econômicos e culturais relevantes desse período

histórico que se convencionou chamar de Idade Moderna (que vai

de meados do século XV ao século XVIII). Eles nos ajudarão a

compreender as mudanças na produção filosófica dessa fase. A

partir do século XV, uma série de acontecimentos deflagrou diversos

processos que levaram a grandes transformações nas sociedades

europeias. Entre eles, podemos destacar:

1. A Passagem do Feudalismo para o Capitalismo, que se

vinculou ao florescimento do comércio, ao estabelecimento das

grandes rotas comerciais, ao predomínio do capital comercial e à

emergência da burguesia;

2. A Formação dos Estados Nacionais, que fez surgir novas

concepções político-econômicas, como a discussão sobre as formas

do poder político (ocorreu então a centralização do poder através da

monarquia absoluta) e a questão comercial (desenvolveu-se nesse

período o mercantilismo e o fortalecimento econômico de alguns

Estados, levando ao impulso das grandes navegações marítmas, à

descoberta do Novo Mundo e ao estabelecimento das colônias);

3. O Movimento da Reforma, que provocou a quebra da unidade

religiosa europeia e rompeu com a concepção passiva do ser

humano, entregue unicamente aos desígnios divinos, reconhecendo

o trabalho humano como fonte da graça divina e origem legítima da

riqueza e da felicidade. Também concebeu a razão humana como

extensão do poder divino, o que colocava o indivíduo em condições

de pensar livremente e responsabilizar-se por seus atos de forma

mais autônoma;

4. O Desenvolvimento da Ciência Natural, que criou novos

métodos científicos de investigação, impulsionados pela confiança

na razão humana e pelo questionamento de sua submissão aos

dogmas do cristianismo. A Igreja Católica, por sua vez, perdia nesse

momento parte de seu poder de influência sobre os Estados e de

dominação sobre o pensamento;

5. A invenção da imprensa, que possibilitou a impressão dos

textos clássicos gregos e romanos, contribuindo para a formação do

humanismo (movimento que estudaremos adiante). A divulgação de

obras científicas, filosóficas e artísticas, que se tornaram a partir de

então acessíveis a um número maior de pessoas, propiciou maior

grau de consciência e liberdade de expressão.

Todos esses acontecimentos modificaram, em muitas regiões, o

modo de ser, viver e perceber a realidade de grande número de

europeus. Nas artes, nas ciências e na filosofia surgiram novas

ideias, concepções e valores.

Um exemplo importante dessas mudanças foi o desabrochar de

uma tendência social antropocêntrica (que tem o ser humano

como centro), de valorização da obra e compreensão humanas, em

lugar da supervalorização da fé cristã e da visão teocêntrica (que

tem Deus como centro) da realidade.

Isso levou ao desenvolvimento do racionalismo e de uma filosofia

laica (não religiosa) que se mostrarão, de modo geral, otimistas em

relação à capacidade da razão de intervir no mundo, organizar a

sociedade e aperfeiçoar a vida humana.

1. O Renascimento

O movimento cultural que contribuiu para essas transformações é

conhecido como Renascimento (séculos XV-XVI). Tendo por berço

a península Itálica, criaria as bases conceituais e de valores que

permitiriam o impulso da razão e da ciência no século XVII.

Inspirado no humanismo – movimento de intelectuais que

defendiam o estudo da cultura greco-romana e o retorno a seus

ideais de exaltação do ser humano e de seus atributos, como a

razão e a liberdade -, o Renascimento propiciou o desenvolvimento

de uma mentalidade racionalista. Revelando maior disposição

para investigar os problemas do mundo, o indivíduo moderno

aguçou seu espírito de observação sobre a natureza, dedicou mais

tempo à pesquisa e à experimentações, abriu a mente ao livre

exame do mundo.

Esse conjunto de atitudes contrapunha-se, em grande medida, à

mentalidade medieval típica, influenciada pelo pensamento

contemplativo e mais submisso às chamadas verdades

inquestionáveis da fé. O pensador moderno buscaria não somente

conhecer a realidade, descobrir as leis que regem os fenômenos

naturais, mas também exercer controle sobre ela. O objetivo era

prever para prover, como se diria mais tarde.

Isso não significou, porém, um completo abandono das questões

cristãs medievais, o que se torna claro se observarmos o fundo

religioso que persiste nas obras intelectuais e artísticas desse

período. O que ocorreu foi uma renovação no tratamento dessas

questões, a partir de uma nova perspectiva humana, de uma

“humanização” do divino.

1.1 Ameaças à nova mentalidade

A transição para a mentalidade científica moderna não foi um

processo súbito e sem resistências. Forças ligadas ao passado

medieval lutaram duramente contra as transformações que se

desenvolviam, punindo, por exemplo, muitos pensadores da época e

organizando listas de livros proibidos (o Index).

Foi nesse contexto que vários pioneiros da ciência moderna

sofreram perseguição da Inquisição, tribunal instituído pela Igreja

Católica com o fim de descobrir e julgar os responsáveis pela

propagação das heresias, isto é, concepções contrárias aos dogmas

dos católicos.

Exemplo marcante dessas perseguições é o julgamento do

pensador italiano Giordano Bruno (1548-1600), condenado à morte

na fogueira por contestar o pensamento católico, que se apoiava na

ideia de que o planeta Terra era o centro imóvel do universo. Essa

noção geocêntrica estava fundamentada na astronomia do grego

Ptolomeu, na física de Aristóteles e em certas interpretações da

Bíblia.

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Contra essa concepção, Giordano Bruno defendeu a teoria

heliocêntrica, formulada por Nicolau Copérnico, e afirmou que o

universo é um todo infinito, cujo centro não está em parte alguma.

A formulação de Copérnico de que é o Sol, e não a Terra, o centro

do universo atingia a concepção medieval cristã de que o ser

humano é o ser supremo da criação e que, por isso, seu habitat, a

Terra, deveria ter o privilégio de ser o centro em relação aos outros

astros. Compreende-se assim o mal-estar causado pela tese

copernicana.

Outro aspecto que incomodou as autoridades católicas foi que a

natureza e o universo passaram a ser concebidos a partir de um

novo paradigma, baseado tanto na observação direta como na

representação matemática. Essa mudança de atitude e seus

resultados foram entendidos como uma ameaça aos dogmas da

Igreja, e poderiam afastar as pessoas da fé cristã.

1.2 Ética, educação e política numa nova perspectiva: Michael

de Montaigne e Nicolau Maquiavel

Além do desenvolvimento do pensamento científico, com

implicações evidentes no campo filosófico, outras questões

importantes desse período dizem respeito à essência humana, à

moral e à política. Nesse âmbito destacam-se, por exemplo, o

francês Michel de Montaigne (1523-1592) e o italiano Nicolau

Maquiavel (1469-1527).

Montaigne desenvolveu um pensamento de fundo ceticista,

inspirado em parte no ceticismo da Antiguidade, mas também no

epicurismo e no estoicismo. Ele afirmava não ser possível

estabelecer os mesmos preceitos para todos os seres humanos,

sendo necessário que cada um construa um conhecimento e uma

consciência moral de acordo com as suas possibilidades e

disposições individuais, mas tendo como regra geral, para alcançar

a sabedoria, “o dizer sim à vida”.

Na educação, por exemplo, recomendava que todos os conteúdos

fossem submetidos à reflexão do aluno. Nada deveria ser imposto

ao estudante por simples autoridade da tradição. Todas as diversas

doutrinas deveriam ser-lhe apresentadas, cabendo a cada um a

decisão de qual é a melhor. E quando não pudesse decidir entre

elas, que ficasse na dúvida.

O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469 - 1527) é considerado o

fundador do pensamento político moderno, uma vez que

desenvolveu sua filosofia em um quadro teórico completamente

diferente do que se tinha até então.

Como vimos, no pensamento antigo a política estava relacionada

com a ética e, na Idade Média, essa ideia permaneceu, acrescida

dos valores cristãos.Ou seja, o bom governante seria aquele

possuísse as virtudes cristãs e as implementasse no exercício do

poder político.

Maquiavel observou, porém, que havia uma distância entre o ideal

de política e a realidade política de sua época. Escreveu, então, o

livro O príncipe (1513- 1515), com o propósito de tratar da política

como tal como ela se dá, ou seja, sem pretender fazer uma teoria da

política ideal, mas ao contrário, compreender e esclarecer a política

real.

Dessa forma, Maquiavel afastou-se da concepção idealizada da

política. Centrou sua reflexão na constatação de que o poder político

tem como função regular as lutas e tensões entre os grupos

sociais, os quais, em seu entendimento, eram basicamente dois: o

grupo dos poderosos e o povo. Essas lutas e tensões existiriam

sempre, de tal forma que seria ilusão buscar um bem comum para

todos.

Mas se a política não tem como objetivo o bem comum, qual seria

então seu objetivo?

Maquiavel respondeu: a política tem como objetivo a manutenção

do poder do Estado. E, para manter o poder, o governante deve

lutar com todas as armas possíveis sempre atento às correlações de

forças que se mostram a cada instante. Isso significa que a ação

política não cabe nos limites do juízo moral. O governante deve

fazer aquilo que, a cada momento, se mostra interessante para

conservar seu poder. Não se trata, portanto, de uma decisão moral,

mas sim de uma decisão que atende à lógica do poder.

1.2.1 Os fins justificam os meios

Para Maquiavel, na ação política não são os princípios morais que

contam, mas os resultados. É por isso que, segundo ele, os fins

justificam os meios. No Príncipe, o filósofo faz uma análise não

moral dos atos de diversos governantes, procurando mostrar em

que momentos suas opções foram interessantes para a manutenção

do poder político. Deve-se a essa fraqueza despudorada o uso

pejorativo do adjetivo maquiavélico, que designa o comportamento

“sem moral”.

Mas o que se deve reter do pensamento de Maquiavel é que ele

inaugura um novo momento patamar de reflexão política, que

procura compreender e descrever a ação política tal como se dá

realmente. Seu mérito é ter compreendido que a política, no início

da Idade Moderna, desvinculava-se das esferas da moral e da

religião, constituindo-se em uma esfera autônoma.

Assim, no campo da política, os fins justificam os meios. No campo

da moral, no entanto, não seria correto separar meios de fins, já que

toda conduta, deve ser julgada por seu valor intrínseco,

independente do fim, do resultado.

2. Razão e Experiência: As bases da ciência moderna

Conforme vimos, foi com os filósofos gregos jônicos que as crenças

mitológicas começaram a ceder lugar ao saber racional. E a ideia

de caos começou a ser dissolvida, nascendo, para substituí-la, o

conceito de cosmo. Dentro desse novo e revolucionário conceito, o

universo passou a ser encarado como algo ordenado, harmônico,

previsível, capaz de ser compreendido racionalmente pelo ser

humano.

O conceito grego de cosmo desenvolveu-se com os pré-socráticos,

encontrando novas formulações com os filósofos do período

clássico, entre eles Platão e Aristóteles. Estes legaram ao Ocidente

medieval a ideia de um cosmo ordenado, no qual a Terra tinha lugar

privilegiado. Era um cosmo finito, fechado, dividido em dois planos

básicos: o céu e a Terra.

Podemos imaginar a revolução espiritual que representaram,

portanto, as novas concepções da ciência nascente. As conquistas

e realizações renascentistas deixaram a maioria das pessoas

desorientadas e desconfiadas. O mundo racionalmente ordenado da

antiguidade foi questionado e, aos poucos, dissolvido. O que

representariam a cidade, o Império ou a Igreja diante de um

universo infinito?

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2.1 Busca de um Novo Centro

Uma das concepções fundamentais até então – a noção aristotélica

de espaço hierarquizado, isto é, em que cada lugar apresenta uma

qualidade diferente da de outro lugar – foi substituída pelo conceito

de espaço homogêneo, ou seja, em que os lugares são

equivalentes, sem um ponto fixo referencial, sem uma hierarquia.

O Sol não se converteria no novo ponto fixo, pois o heliocentrismo

de Copérnico representava apenas o primeiro passo de um

processo de descentralização exterior do mundo.

Como ficará mais claro adiante, o ser humano só encontraria um

novo centro em si mesmo, isto é, na razão, entendida como a

capacidade humana de avaliar a realidade e distinguir o verdadeiro

do falso.

2.2 Mundo representado

Até a Idade Média, havia prevalecido a noção de que a realidade do

mundo se apresenta diretamente às pessoas, isto é, mostra-se por

si mesma à mente (realismo). Os pensadores da modernidade, por

sua vez, tenderam a abordar o mundo com base na ideia de que a

realidade é representada pela mente. Desse modo, boa parte deles

procurou ultrapassar a percepção imediata e sensível da realidade,

que passou a ser interpretada como representação. Representação

é uma operação da mente que re(a)presenta o real e produz uma

imagem do mundo, ou um outro mundo.

Assim, uma das principais características do pensamento moderno

foi tentar explicar a realidade a partir de novas formulações

racionais. Galileu, por exemplo, explicaria o mundo concreto,

sensível, por meio de relações matemáticas, geométricas, o que

não se havia feito até então, embora hoje esse seja um

procedimento bastante comum.

2.3 Procura-se um Método

Outra pergunta que surgiu foi: Qual é a garantia de que um

pensamento é verdadeiro? A ruptura com toda a autoridade

preestabelecida de conhecimento fez com que os pensadores

modernos buscassem uma base segura, algo que garantisse a

verdade de um raciocínio. Procurava-se, portanto, um método.

A razão estava em alta. O método escolhido foi o matemático, pois a

matemática é o exemplo de conhecimento integralmente racional.

Ela se tornaria, por isso, o modelo seguido pelo racionalismo do

século XVII. Aprofundaremos a temática do desenvolvimento do

método científico no estudo específico das concepções de Francis

Bacon e Galileu Galilei, em seguida, e Descartes, mais adiante.

2.4. Francis Bacon

Nascido em Londres, Francis Bacon (1561-1626) pertencia a uma

família de nobres. Depois de concluir seus estudos em Cambridge,

iniciou, em 1577, sua carreira política, através da qual conquistaria

os mais importantes postos do reino britânico.

Bacon realizou uma obra científica de inegável valor. É considerado

um dos fundadores do método indutivo de investigação

científica. Atribui-se a ele, também, a criação do lema “saber é

poder”, que revela sua firma disposição de fazer dos conhecimento

científicos um instrumento prático de controle da realidade.

Preocupado com a utilização dos conhecimento científicos na vida

prática, Bacon manifestava grande entusiasmo pelas conquistas

técnicas que se difundiam em seu tempo: a bússola, a pólvora e a

imprensa. Revelava igualmente sua aversão ao pensamento

meramente abstrato, característico da escolástica medieval.

2.4.1 Teoria dos Ídolos

Para Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental,

tendo em vista proporcionar resultados objetivos para o ser humano.

Mas, para isso, era necessário que os cientistas se libertassem

daquilo que denominava ídolos, isto é, falsas noções, preconceitos

e maus hábitos mentais.

Em sua obra Novum organum, o filósofo destaca quatro gêneros de

ídolos que bloqueiam a mente humana e prejudicam a ciência:

1. Ídolos da tribo: as falsas noções provenientes das próprias

limitações da natureza da espécie humana;

2. Ídolos da caverna: as falsas noções do ser humano como

indivíduo (alusão ao mito da caverna de Platão);

3. Ídolos do mercado ou do foro: as falsas noções provenientes

da linguagem e da comunicação;

4. Ídolos do teatro: as falsas noções provenientes das concepções

filosóficas, científicas e culturais vigentes.

2.4.2 Método Indutivo

Para combater os erros provocados pelos ídolos, Francis Bacon

propôs o método indutivo de investigação, baseado na observação

rigorosa dos fenômenos naturais, que cumpriria as seguintes

etapas:

1. Observação da natureza para a coleta de informações;

2. Organização racional dos dados recolhidos empiricamente;

3. Formulação de explicações gerais (hipóteses) destinadas à

compreensão do fenômeno estudado;

4. Comprovação da hipótese formulada mediante experimentações

repetidas, em novas circunstâncias.

Bacon dizia que aquele que inicia uma investigação com muitas

certezas acaba cheio de dúvidas, mas aquele que começa com

dúvidas pode terminar com algumas certezas.

Assim, a grande contribuição de Francis Bacon para a história da

ciência moderna foi apresentar o conhecimento científico como

resultado de um método de investigação capaz de conciliar a

observação dos fenômenos, a elaboração racional das hipóteses e a

experimentação controlada para comprovas as conclusões.

2.5 Galileu Galilei

Nascido na cidade italiana de Pisa, Galileu Galilei (1564-1642) é

considerado um dos fundadores da física moderna. Foi um

entusiasta defensor da cosmologia que se desenvolveu a partir da

teoria heliocêntrica de Copérnico. Rejeitava, portanto, a astronomia

de Ptolomeu e a física de Aristóteles, que, incorporadas pelo

cristianismo católico, reinaram durante o período medieval.

Por contrariar a visão tradicional do mundo, foi advertido pelas

autoridades católicas, que o julgavam herege. Suas ideias eram

consideradas contrárias às Sagradas Escrituras. Galileu teria

comentado então que a Bíblia, em se tratando de temas científicos,

não era um manual ser obedecido cegamente.

Esse pioneirismo rebelde de Galileu atraiu a fúria da Inquisição. Em

1633, foi condenado por seus inquisidores, que lhe impuseram a

dramática alternativa: ser queimado vivo em uma fogueira ou

retratar-se publicamente, renegando suas concepções científicas.

Galileu optou por viver e retratou-se perante o tribunal. Permaneceu,

entretanto, fiel às suas ideias e, em 1638, quatro anos antes de

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morrer, publicou clandestinamente mais uma obra que contrariava

os dogmas oficiais de sua época.

2.5.1 Método Matemático-Experimental

Na tradição grega aristotélica, para entender uma coisa não era

preciso estudá-la experimentalmente. Bastava esforçar-se por

compreender como essa coisa existe e funciona e, depois, elaborar

uma teoria sobre isso. Assim, para grande parte dos pensadores

antigos e medievais, observar as coisas, agir sobre a natureza e

pensar como matemático eram práticas incompatíveis. Já Galileu –

professor de matemática da Universidade de Pisa – decidiu, de

forma inovadora, aplicar a matemática ao estudo experimental da

natureza.

Desse modo, alcançou grandes realizações, entre as quais

podemos destacar:

1. a elaboração da lei da queda livre dos corpos, segundo a qual a

aceleração de um corpo em queda é constante, independente de o

corpo ser leve ou pesado, grande ou pequeno. A demonstração

dessa lei exige condições ideais (vácuo);

2. a construção e o aperfeiçoamento de um telescópio, com o qual

efetuou observações astronômicas que levaram a descobrir o relevo

montanhoso da Lua, quatro satélites de Júpiter, as formas diferentes

de Saturno, as fases de Vênus e a existência das manchas solares.

Mas não é apenas por suas descobertas específicas que Galileu

merece especial destaque na história das ciências. Uma de suas

mais extraordinárias contribuições foi ter assumido uma nova

postura de investigação científica, cuja metodologia tinha como

bases:

1. a observação paciente e minuciosa dos fenômenos naturais;

2. a realização de experimentações para comprovar uma tese;

3. a valorização da matemática como instrumento capaz de

enunciar as regularidades observadas nos fenômenos.

Questões

14. (ENEM – 1999) (...) Depois de longas investigações, convenci-

me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que

giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além

dos planetas principais, há outros de segunda ordem que circulam

primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com

estes em redor do Sol. (...) Não duvido de que os matemáticos

sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar

conhecimento, não superficialmente, mas duma maneira

aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns

homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso

de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o

sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não

devem ser julgadas senão por matemáticos. (COPÉRNICO, N.De

Revolutionibus orbium caelestium).

Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o

navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola.

Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de

fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três

vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos.

Nenhuma investigação humana pode se considerar verdadeira

ciência se não passa por demonstrações matemáticas. (VINCI,

Leonardo da. Carnets.)

O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o

racionalismo moderno é

A) a fé como guia das descobertas.

B) o senso crítico para se chegar a Deus.

C) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.

D) a importância da experiência e da observação.

E) o princípio da autoridade e da tradição.

15. (ENEM 2011) Acompanhando a intenção da burguesia

renascentista de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o

espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção

tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura,

tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e

mesmo a expressão e o sentimento. (Sevcenko, N. Renascimento.

Campinas: Unicamp, 1984).

O texto apresenta um espírito de época que afetou também a

produção artística, marcada pela constante relação entre

A) fé e misticismo. D) política e economia.

B) ciência e arte. E) astronomia e religião.

C) cultura e comércio.

16. (ENEM 2001) O franciscano Roger Bacon foi condenado, entre

1277 e 1279, por dirigir ataques aos teólogos, por uma suposta

crença na alquimia, na astrologia e no método experimental, e

também por introduzir, no ensino, as ideias de Aristóteles. Em 1260,

Roger Bacon escreveu: “Pode ser que se fabriquem máquinas

graças às quais os maiores navios, dirigidos por um único homem,

se desloquem mais depressa do que se fossem cheios de

remadores; que se construam carros que avancem a uma

velocidade incrível sem a ajuda de animais; que se fabriquem

máquinas voadoras nas quais um homem (...) bata o ar com asas

como um pássaro. (...) Máquinas que permitam ir ao fundo dos

mares e dos rios” (apud. BRAUDEL, Fernand. Civilização material,

economia e capitalismo: séculos XV-XVIII, São Paulo: Martins Fontes,

1996, vol. 3.)

Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar

que as ideias de Roger Bacon

A) inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao

privilegiarem a crença em Deus como o principal meio para

antecipar as descobertas da humanidade.

B) estavam em atraso com relação ao seu tempo ao

desconsiderarem os instrumentos intelectuais oferecidos pela

Igreja para o avanço científico da humanidade.

C) opunham-se ao desencadeamento da Primeira Revolução

Industrial, ao rejeitarem a aplicação da matemática e do método

experimental nas invenções industriais.

D) eram fundamentalmente voltadas para o passado, pois não

apenas seguiam Aristóteles, como também baseavam-se na

tradição e na teologia.

E) inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o

Renascimento, ao contemplarem a possibilidade de o ser

humano controlar a natureza por meio das invenções.

17. (ENEM 2002) Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592)

compara, nos trechos, as guerras das sociedades Tupinambá com

as chamadas guerras de religião dos franceses que na segunda

metade do século XVI, opunham católicos e protestantes. (…) não

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vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e,

na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em

sua terra. (…) Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de

crueldade [o canibalismo], mas que o fato de condenar tais defeitos

não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo que é mais

bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é

pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o queimar

aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e

fé, como não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos

nossos conterrâneos; e isso em verdade é bem mais grave do que

assar e comer um homem previamente executado. (…) Podemos

portanto qualificar esses povos como bárbaros em dando apenas

ouvidos à inteligência, mas nunca se compararmos a nós mesmos,

que os excedemos em toda sorte de barbaridades. (MONTAIGNE,

Michel Eyquem de, Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984).

De acordo com o texto, pode-se afirmar que, para Montaigne,

A) a ideia de relativismo cultural baseia-se na hipótese da origem

única do gênero humano e da sua religião.

B) a diferença de costumes não constitui um critério válido para

julgar as diferentes sociedades.

C) os indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois não

conhecem a virtude cristã da piedade.

D) a barbárie é um comportamento social que pressupõe a ausência

de uma cultura civilizada e racional.

E) a ingenuidade dos indígenas equivale à racionalidade dos

europeus, o que explica que os seus costumes são similares.

18. (UEM - 2012) O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527)

afirma: “Porque em toda cidade se encontram estes dois humores

diversos: e nasce, disto, que o povo deseja não ser nem comandado

nem oprimido pelos grandes e os grandes desejam comandar e

oprimir o povo; e desses dois apetites diversos nasce na cidade de

um desses três efeitos: ou o principado, ou a liberdade, ou a

licença.” (MAQUIAVEL, O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, p.109).

A partir do trecho citado, assinale a alternativa incorreta.

A) É da natureza dos grandes, no caso os ricos, o desejo de

dominar o povo, no caso os pobres.

B) Povo e grandes formam dois grupos políticos distintos e

antagônicos em toda cidade.

C) Os grandes se unem politicamente para se defenderem do

desejo de dominação do povo.

D) O fenômeno descrito era restrito às cidades italianas do período

histórico do filósofo.

19. (ENEM 2010) O príncipe, portanto, não deve se incomodar com

a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal.

De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente

do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que

levem ao assassínio e ao roubo. (Maquiavel, N. O Príncipe. São

Paulo: Martin Claret, 2009).

No século XVI, Maquiavel escreve O Príncipe, reflexão sobre a

Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem

social, segundo esse autor, baseava-se na

A) inércia do julgamento de crimes polêmicos.

B) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.

C) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.

D) neutralidade diante da condenação dos servos.

E) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.

20 .(ENEM – 2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de

que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso.

Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes

transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais

escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar

inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a

sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos

permite o controle sobre a outra metade. (MAQUIAVEL, N. O

Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).

Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em

seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o

seu pensamento político e o humanismo renascentista ao.

A) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do

seu tempo.

B) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.

C) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da

ação humana.

D) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de

aprendizagem.

E) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.

21. (ENADE – 2011) Mas, analisando outro caso, quando um

cidadão, não por suas crueldades ou outra qualquer intolerável

violência, e sim pelo favor dos concidadãos, se torna príncipe de

sua pátria – o que se pode chamar principado civil (e para chegar a

isto não são necessários grandes méritos nem muita sorte, mas

antes uma astúcia feliz), digo que se chega a esse principado ou

pelo favor do povo ou pelo favor dos poderosos. É que em todas as

cidades se encontram estas duas tendências diversas e isto nasce

do fato de que o povo não deseja ser governado nem oprimido pelos

grandes, e estes desejam governar e oprimir o povo. (MAQUIAVEL,

N. O Príncipe. In: Maquiavel. Traduções de Livio Xavier. 5.ed. São

Paulo: Nova Cultural, 1991. (Coleção Os Pensadores). p. 1-110.)

Tendo como referência o texto acima, analise as asserções a seguir.

Rompendo com a tradição política que o antecedeu, Maquiavel não

aceita a ideia da boa comunidade política constituída para o bem

comum e a justiça,

PORQUE

a política nasce das lutas sociais e é obra da própria sociedade para

dar a si mesma unidade e identidade.

Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.

A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é

uma justificativa correta da primeira.

B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda

não é uma justificativa correta da primeira.

C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda,

uma proposição falsa.

D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma

proposição verdadeira.

E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições

falsas.

3. Grande Racionalismo: O Conhecimento parte da Razão

Durante o século XVII, a confiança no papel da razão no processo

de conhecimento chega a seu auge no contexto da filosofia (que se

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mantinha ainda aliada à ciência). Por isso a produção filosófica

dessa época é chamada de grande racionalismo.

No campo das teorias do conhecimento, racionalismo designa a

doutrina que privilegia a razão no processo de conhecer a verdade.

Abordaremos em seguida dois dos principais filósofos racionalistas

desse período: René Descartes e Baruch Espinosa.

3.1 René Descartes

René Descartes (1596-1650) nasceu em La Haye, França, em uma

família de prósperos burgueses. Decepcionado com a formação

jesuíta (tomista-aristotélica) que recebera, decidiu buscar a ciência

por conta própria, esforçando-se por decifrar o “grande livro do

mundo”. Em suas inúmeras viagens pela Europa, estabeleceu

contatos com vários sábios de seu tempo, entre eles Blaise Pascal

(1623-1662), cujas principais ideias estudaremos mais adiante.

Temendo perseguições religiosas e tendo em mente a condenação

de Galileu, tomou uma série de cautelas na exposição de suas

ideias. Autocensurou vários trechos de suas obras para evitar tanto

a repressão da Igreja Católica como a reação fanática dos

protestantes. Apesar disso, o que publicou é suficientemente vasto e

valioso para situá-lo como um dos pais da filosofia moderna.

Vejamos algumas concepções básicas de seu pensamento. Você

verá que algumas delas já foram estudadas em capítulos anteriores.

Mas é importante fazermos aqui uma breve recapitulação,

recontextualizando alguns conceitos, para que você tenha um

quadro mais completo do pensamento cartesiano.

3.1.1 Dúvida Metódica

Vimos antes que Descartes afirmava que, para conhecer a verdade,

é preciso, de início, colocar todos os nossos conhecimentos em

dúvida. É necessário questionar tudo e analisar criteriosamente e

existe algo na realidade que possamos ter plena certeza.

Fazendo uma aplicação metódica da dúvida, o filósofo percebeu que

a única verdade totalmente livre de dúvida era que ele pensava.

Deduziu então que, se pensava, existia (“Penso, logo existo”). Para

Descartes, essa seria uma verdade absolutamente firme, certa e

segura, que, por isso mesmo, deveria ser adotada como princípio

básico de toda a sua filosofia. Era sua base, seu novo centro, seu

ponto fixo.

É preciso ressaltar que o termo pensamento é utilizado por

Descartes em um sentido bastante amplo, abrangendo tudo o que

afirmamos, negamos, sentimos, imaginamos, cremos e sonhamos.

Assim, o ser humano era, para ele, uma substância essencialmente

pensante.

3.1.2 Dualismo

Aplicando a dúvida metódica, Descartes chegou à conclusão de que

no mundo haveria apenas duas substâncias, essencialmente

distintas e separadas:

1. a substância pensante (res cogitans), correspondente à esfera

do eu pi da consciência; e

2. a substância extensa (res extensa), correspondente ao mundo

corpóreo, material.

O ser humano seria composto dessas duas substâncias, enquanto a

natureza seria apenas substância extensa. Essa era uma

concepção que se chocava com a noção tomista-aristotélica

predominante, segundo a qual haveria tantas substâncias quantos

seres existirem.

A metafísica cartesiana também incluía uma substância infinita

(res infinita), relativa a Deus, o ser que teria criado todas as coisas.

Mas essa substância não seria parte deste mundo, pois o Deus

cartesiano é transcendente, está separado de sua criação.

3.1.3 Idealismo

Descartes concluiu, porém, que o pensamento (ou consciência) é

algo mais certo que qualquer corpo, pois ele considerava a matéria

algo apenas conhecível, se é o que o é, por dedução do que se

sabe da mente.

3.1.4 Racionalismo

Descartes era um racionalista convicto. Recomendava que

desconfiássemos das percepções sensoriais, responsabilizando-as

pelos frequentes erros do conhecimento humano. Dizia que o

verdadeiro conhecimento das coisas externas devia ser conseguido

através do trabalho lógico da mente. Nesse sentido, considerava

que, no passado, dentre todos os indivíduos que buscaram a

verdade nas ciências, só os matemáticos puderam encontrar

algumas demonstrações, isto é, algumas razões certas e evidentes.

Descartes atribuía, portanto, grande valor à matemática como

instrumento de compreensão da realidade. Ele próprio foi um grande

matemático, sendo considerado um dos criadores da geometria

analítica, sistema que tornou possível a determinação de um ponto

em um plano mediante duas linhas perpendiculares fixadas

graficamente (as coordenadas cartesianas).

3.1.5 Método Cartesiano

Da sua obra Discurso do Método, podemos destacar quatro regras

básicas, consideradas por Descartes capazes de conduzir o espírito

na busca de verdade:

1. Regra da Evidência: só aceitar algo como verdadeiro desde que

seja absolutamente evidente por sua clareza e distinção. As ideias

claras e distintas seriam encontradas em sua própria atividade

mental, independentemente das percepções sensoriais externas.

Devido a elas, Descartes propôs a existência das ideias inatas (com

as quais nascemos), que são plenamente racionais. Exemplos: as

ideias matemáticas, as noções gerais de extensão e movimento, a

ideia de infinito, etc.;

2. Regra da Análise: Dividir cada uma das dificuldades surgidas em

tantas partes quantas forem necessárias para resolvê-las melhor;

3. Regra da Síntese: Reordenar o raciocínio indo dos problemas

mais simples para os mais complexos;

4. Regra da Enumeração: Realizar verificações completas e gerais

para ter absoluta segurança de que nenhum aspecto do problema

foi omitido.

3.1.6 Herança Cartesiana

O pensamento de Descartes influi profundamente no pensamento

posterior. Sua concepção dualista do ser humano ainda é sentida

em diversos campos do conhecimento. E seu método contribuiu

grandemente para uma visão reducionista da realidade.

Sua tentativa, porém, de reconstruir o edifício do conhecimento

talvez não tenha sido uma obra tão fecunda quanto o efeito

demolidor que provocou. Por isso, podemos dizer que Descartes

celebrizou-se não propriamente pelas questões que resolveu, mas,

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sobretudo, pelos problemas que formulou, problemas esses que

foram herdados pelos filósofos posteriores.

3.2 Baruch de Espinosa

Baruch Espinosa (1632-1677) nasceu na Holanda, filho de

imigrantes judeus de origem hispano-portuguesa. Em sua filosofia,

desenvolveu um racionalismo radical, que se caracterizou pela

crítica às superstições religiosas, políticas e filosóficas.

De acordo com o filósofo, a fonte de toda superstição é a

imaginação. Incapaz de compreender a verdadeira ordem do

universo, a imaginação credita a realidade a um Deus transcendente

e voluntarioso, nas mãos de quem os seres humanos não passam

de joguetes. A partir da superstição religiosa, desenvolvem-se as

superstições políticas e filosóficas.

3.2.1 Deus Imanente

Para combater essas superstições em sua origem, Espinosa

escreveu a Ética, texto no qual busca provar, como em uma

demonstração geométrica, a natureza racional de Deus, que se

manifesta em todas as coisas (Deus imanente). Desse modo, Deus

não está fora nem dentro do universo: ele é o próprio universo.

No interior desse entendimento racionalista, não há lugar para

tragédia nem mistérios: tudo se torna compreensível à luz da razão.

A filosofia seria o conhecimento racional de Deus, e a liberdade

humana consistiria na consciência da necessidade. Ou seja, não

haveria livre-arbítrio, uma vez que Deus se identifica com a natureza

universal e, portanto, tudo o que existe é necessário, não pode ser

transgredido, pois faz parte da natureza divina.

Por isso, Espinosa propunha a equação Deus = Natureza, que

significa: tudo existe em Deus e mantém-se em seu Ser.

3.3 Blaise Pascal

Vejamos, por último, um filósofo que viveu na época do grande

racionalismo, mas que foi um pensador contra a corrente, isto é,

um crítico de seus contemporâneos e da confiança excessiva na

razão. Trata-se de Blaise Pascal (1623-1662), nascido em Clermont-

Ferrand, na França.

Apesar de ter sido um grande matemático e físico e de ter inventado

a primeira calculadora, não aceitava o reducionismo matemático nas

questões humanas. Exemplo disso é sua frase lapidar: “O coração

tem razões que a razão desconhece”. Pascal preferiu refletir sobre a

condição trágica do ser humano, ao mesmo tempo magnífico e

miserável, capaz de alcançar grandes verdades e gerar grandes

erros.

Em sua obra Pensamentos, escrita sob a forma de aforismos,

questiona a situação paradoxal do ser humano em meio a toda a

realidade existente: “No fundo, o que é o homem na natureza? É

nada em relação ao infinito, é tudo em relação ao nada, algo de

intermediário entre o nada e o tudo”. Diante das novas teorias

astronômicas de seu tempo, confessa: “O silêncio eterno dos

espaços infinitos apavora”.

3.3.1 Limites da Razão

Assim, em vez de mostrar a mesma confiança na razão que

caracterizava os pensadores de seu tempo, Pascal defendeu a ideia

de que o ser humano não pode conhecer o princípio e o fim das

realidades que busca compreender. Estaria limitado apenas às

aparências, já que, em suas palavras, “só o autor dessas maravilhas

as compreende; ninguém mais pode fazê-lo”.

Afirmava que a razão humana seria impotente para provar a

existência de Deus. Dependeria da fé a crença em um Deus, cuja

existência jamais poderá ser provada. De acordo com seu

pensamento, “o supremo passo da razão está em reconhecer que

há uma infinidade de coisas que a ultrapassam”. Dessa forma ele

dirá: “O coração – e não a razão – é que sente Deus. E isto é a fé:

Deus sensível ao coração e não à razão”.

Pascal polemizou contra o Deus dos filósofos e dos sábios, um deus

transformado em engenheiro do mundo, que uma vez criado,

seguiria seu rumo em cego mecanicismo. Nessa polêmica, seu alvo

era Descartes e sua concepção de um Deus das verdades

geométricas. O que Pascal buscava recuperar era o “Deus de amor

e consolação, é um Deus que faz cada qual sentir interiormente a

sua própria miséria e a misericórdia infinita de Deus”.

4. Empirismo: O Conhecimento parte da Experiência

Vimos que o desenvolvimento da ciência moderna inseriu-se em um

contexto de questionamento sobre os critérios e métodos para a

elaboração de um conhecimento verdadeiro.

Por essa razão, o processo de conhecer em si mesmo passou a ser

investigado e discutido intensamente por boa parte dos principais

filósofos. Essa discussão concentrou-se entre os séculos XVII e

XVIII. Em consequência, a Idade Moderna tornou-se o período em

que se formularam algumas das principais gnosiologias, ou teorias

a respeito do conhecimento, da história da filosofia.

4.1 Processo de Conhecer

As duas principais vertentes que se destacaram no início dessa

discussão foram:

1. a racionalista, que defendia a tese de que o conhecimento obtido

pela razão (lógico-dedutivo) é mais confiável do que aqueles que se

obtém pela experiência sensível, desqualificando totalmente o valor

da experiência no processo de conhecer a verdade;

2. a empirista, que considerava que desqualificar totalmente a

experiência era um erro, com base na tese de que qualquer

conhecimento se origina, em última análise, da experiência.

Algum tempo depois, em pleno Iluminismo, o filósofo alemão

Immanuel Kant entraria nesse debate, realizando uma espécie de

síntese das duas correntes em sua doutrina apriorista. Veremos

com mais detalhe como foi o processo dessa discussão mais

adiante.

4.2 Ideias Inatas

O inicio do debate esteve vinculado ao pensamento de René

Descartes, o primeiro e principal expoente do racionalismo

moderno.

Anteriormente, vimos que o filósofo francês dizia que o verdadeiro

conhecimento das coisas externas devia ser conseguido através do

trabalho lógico da mente. Um de seus principais argumentos para

justificar essa posição era a suposição da existência de ideias

fundadoras do conhecimento, as ideias inatas.

Trata-se de ideias que teriam nascido com o sujeito pensante e que,

por isso, dispensariam a percepção de um objeto exterior para que

se formassem no pensamento. Os conceitos matemáticos e a noção

de Deus seriam exemplos de ideias inatas, para Descartes.

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Entre os principais defensores do inatismo no processo de

conhecimento encontram-se Platão, na Antiguidade, e Santo

Agostinho, na Idade Média, além do próprio Descartes, na filosofia

moderna.

4.2.1 Reação Empirista

A filosofia cartesiana, principalmente a tese da existência de ideias

inatas, provocou forte reação de vários pensadores. Estes passaram

a defender a tese oposta, isto é, de que o processo de

conhecimento depende sempre da experiência e dos sentidos,

pelo menos como ponto de partida, em sua origem última.

Assim surgiram diversas doutrinas modernas empiristas (recorde

que essa palavra vem do grego empeiria, que significa

'”experiência”). Entre os principais defensores de gnosiologias

empiristas encontram-se Aristóteles, na Antiguidade, e Santo Tomás

de Aquino, na Idade Média, além dos pensadores que estudaremos

em seguida.

O palco inicial do empirismo moderno foi a Inglaterra. Nesse país,

grande parte da burguesia, a partir do século XVII, conquistou não

apenas poder econômico, mas também poder político e ideológico,

impondo o fim do absolutismo monárquico, durante a Revolução

Gloriosa.

Alguns estudiosos relacionam essa ascensão da burguesia no plano

epistemológico, ao empirismo (valorização da experiência concreta,

da investigação natural) e, no plano sociopolítico, ao liberalismo

(respeito à liberdade individual; fim do arbítrio dos monarcas,

impondo-se limites constitucionais aos seus poderes).

Entre os principais representantes do empirismo britânico

destacam-se Francis Bacon (que já estudamos no capítulo anterior),

Thomas Hobbes, John Locke, George Berkeley e David Hume.

4.4 Thomas Hobbes

Thomas Hobbes (1588-1679) nasceu em Westport, Inglaterra. No

período da revolução liberal inglesa, defendeu o rei Carlos I, depois

decapitado, e foi obrigado a exilar-se na França, entrando em

contato com o pensamento de Descartes.

O pensamento de Hobbes foi muito influenciado pelas ideias de

Bacon e Galileu. Como estes, abandonou as grandes pretensões

metafísicas (a busca da essência do ser) e procurou investigar as

causas e propriedades das coisas. Para Hobbes, a filosofia seria a

ciência dos corpos, isto é, de tudo que tem existência material. Os

corpos naturais seriam estudados pela filosofia da natureza; os

corpos artificiais ou Estado, pela filosofia política. E o que não é

corpóreo deveria ser excluído da reflexão filosófica.

4.4.1 Materialismo e Empirismo

Como vimos antes, para o filósofo inglês, toda a realidade poderia

ser explicada a partir de dois elementos: o corpo, entendido como o

elemento material que existe independentemente do nosso

pensamento, e o movimento, que pode ser determinado

matemática e geometricamente. Trata-se, portanto, de uma

concepção materialista e mecanicista da realidade.

As ideias ou pensamentos não seriam nada mais que imagens das

coisas impressas na “fantasia corporal”. Isso quer dizer que, para

Hobbes, o processo de conhecimento inicia-se pela sensação –

uma concepção empirista, como você pode perceber.

Uma consequência dessa metafísica é que, no pensamento de

Hobbes, não há lugar para o acaso e a liberdade (mudanças não

condicionadas), porque os movimentos resultam necessariamente

dos nexos causais que lhe dão origem.

4.4.2 Ética e Política

Da mesma forma, não há espaço na filosofia hobbesiana para o

bem e o mal como valores universais a serem introjetados nas

pessoas. Para Hobbes, o que chamamos de bem é tão somente o

que desejamos alcançar, enquanto o mal é apenas aquilo de que

fugimos.

Isso se explicaria pelo fato de que o valor fundamental para cada

indivíduo seria a conservação da vida, isto é, a afirmação e o

crescimento de si mesmo. Assim, segundo o filósofo, cada pessoa

sempre tenderá a considerar como bem o que lhe agrada e como

mal o que lhe desagrada ou ameaça.

A pergunta que pode surgir então é a seguinte: se o bem e o mal

são relativos, isto é, são determinados pelos indivíduos, como será

possível a convivência entre as pessoas?

Em sua investigação, concluiu que o ser humano, não possui o

instinto natural de sociabilidade, como afirmou Aristóteles.

Cada indivíduo sempre encara seu semelhante como um

concorrente que precisa ser dominado. Onde não houve domínio de

um indivíduo sobre outro, dirá Hobbes, existirá sempre uma

competição intensa até que esse domínio seja alcançado.

4.4.3 Guerra de todos contra todos

A consequência óbvia dessa disputa infindável entre os seres

humanos em estado de natureza foi gerar um estado de guerra e

de matança permanente nas comunidades primitivas. Nas palavras

de Hobbes, “o homem é o lobo do homem” (da expressão Homo

homini lupus).

Só havia uma solução para dar fim à brutalidade social primitiva: a

criação artificial da sociedade política, administrada pelo Estado.

Para isso, os indivíduos tiveram que firmar um contrato entre si

(contrato social), pelo qual cada um transferia seu poder de

governar a si próprio para um terceiro, o Estado, para que este

governasse a todos, impondo ordem, segurança e direção à

conturbada vida social.

Hobbes apresentou essas ideias em duas obras: Do cidadão e

depois em Leviatã. Nessa última compara o Estado a uma criação

monstruosa do ser humano, destinada a pôr fim à anarquia e ao

caos da comunidade primitiva.

4.5 John Locke

O filósofo John Locke (1632-1704) nasceu em Wrington, Inglaterra.

Durante os tempos de universidade, decepcionou-se com o

aristotelismo e com a escolástica medieval, enquanto tomava

contato com o pensamento de Francis Bacon e René Descartes.

Problemas políticos obrigaram-no a sair de seu país, em 1675, e

exilar-se na França e, posteriormente, na Holanda. Regressou à

Inglaterra somente em 1688, durante a Revolução Gloriosa, que

levou Guilherme de Orange ao trono da Inglaterra, e a partir de

então pôde dedicar-se livremente às atividades intelectuais.

4.5.1 Tábula Rasa

Em sua obra Ensaio acerca do entendimento humano, Locke

combateu duramente a doutrina cartesiana segundo a qual o ser

humano possui ideias inatas. Ao contrário de Descartes, defendeu

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que nossa mente, no instante do nascimento, é como uma tábula

rasa.

O substantivo tábula significa “tábula” ou “placa de madeira” ou de

outro material; o adjetivo rasa quer dizer “plana, lisa”. Assim, a

expressão tábula rasa usada por Locke tem o significado de “tábula

lisa”, isto é, tábua na qual nada foi escrito nem gravado. Ao nascer,

nossa mente seria como um papel em branco, sem nenhuma ideia

previamente escrita.

Locke retomava, assim, a tese empirista segundo a qual nada existe

em nossa mente que não tenha sua origem nos sentidos. O filósofo

defendeu que as ideias que possuímos são adquiridas ao longo da

vida mediante a experiência sensível imediata e seu processamento

interno. Desse modo, o conhecimento seria constituído basicamente

por dois tipos de ideias:

1. Ideias da Sensação: são nossas primeiras ideias, aquelas que

chegam à mente através dos sentidos, isto é, quando temos uma

experiência sensorial constituindo as sensações. Essas ideias

seriam moldadas pelas qualidades próprias dos objetos externos.

Por sensação Locke entende, por exemplo, as ideias de amarelo,

branco quente, frio, mole, duro, amargo, doce, etc.

2. Ideias da Reflexão: São aquelas que resultam da combinação e

associação das sensações por um processo de reflexão, de tal

maneira que a mente vai desenvolvendo outra série de ideias que

não poderiam ser obtidas das coisas externas. Seriam ideias como

a percepção, o pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar.

Assim, a reflexão seria nosso “sentido interno” que se desenvolve

quando a mente se debruça sobre si mesma, analisando suas

próprias operações. Das ideias simples, a mente avança em direção

a ideias cada vez mais complexas. Porém, para Locke, de qualquer

maneira a mente sempre tem as coisas materiais externas, como

objeto de sensação, e as operações de nossas próprias mentes,

como objeto da reflexão.

O filósofo admitia, no entanto, que nem todo conhecimento limita-se,

exclusivamente, à experiência sensível. Considerava, por exemplo,

o conhecimento matemático válido em termos lógicos, embora não

tivesse como base a experiência sensível. Nesse sentido, Locke não

era um empirista radical.

4.5.2 Crítica ao Absolutismo

Analisando o filósofo e o homem político, podemos dizer que Locke,

da certa maneira, “transportou” suas teorias sobre o conhecimento

humano para o campo sociopolítico. Para ele, assim como não

existem ideias inatas, também não deveria existir poder inato (ou

de origem divina), como defendiam os adeptos do absolutismo

monárquico.

Revelando sua preocupação em proteger a liberdade do cidadão,

defendia que o poder social deveria nascer de um pacto entre as

pessoas. Por sua vez, as leis deveriam expressar as normas

estabelecidas pela própria comunidade, que, através do mútuo

consentimento dos indivíduos, escolheria a forma de governo

considerada mais conveniente ao bem comum.

Adversário da tirania, do abuso do poder, Locke, em razão das suas

ideias políticas, é apontado por muitos historiadores como o “pai do

Iluminismo” (tema que trataremos mais adiante). Seu pensamento

exerceu profunda influência na fundamentação ideológica da

democracia liberal burguesa, contribuindo para a difusão de valores

iluministas como a tolerância religiosa, o respeito pela liberdade

individual, a expansão do sistema educacional e a livre-iniciativa

econômica.

4.6 George Berkeley

George Berkeley (1685-1753) nasceu em Kilkenny, Irlanda do Sul.

Despertou para a filosofia bastante jovem, impressionado pela

leitura de pensadores como Locke, Newton e Descartes. Em 1710,

aos 25 anos, publicou o Tratado sobre os Princípios do

Conhecimento Humano.

Nessa obra, defende a tese de que todo o nosso conhecimento do

mundo exterior resume-se àquilo que captamos pelos sentidos.

Pode parecer, portanto, mais uma tese empirista como as

anteriores. Sua originalidade consiste, porém, em afirmar também

que a existência das coisas nada mais é do que a percepção que

temos dessa existência. Ou, em suas próprias palavras: “Ser é

perceber e ser percebido”.

4.6.1 Imaterialidade do Mundo

Isso significa que toda a realidade depende da ideia que fazemos

dela. Desse modo, Berkeley nega a existência da matéria como

algo independente da mente. Ou seja, apesar de seu empirismo em

termos gnosiológicos, Berkeley, como homem religioso que era (foi

bispo da Igreja anglicana), defendeu a imaterialidade do mundo

em termos ontológicos.

Ao levar seu empirismo às últimas consequências, deslizou para um

idealismo imaterialista, defendendo a concepção de que tudo o

que existe consiste nos sujeitos com suas experiências e

percepções.

Para evitar cair no solipsismo (que é a concepção de que tudo o que

existe no mundo resume-se ao eu e sua própria consciência) e no

total subjetivismo, defendeu a existência de uma mente cósmica,

representada por Deus.

Segundo o filósofo, Deus percebe, de modo absoluto, a existência

de todos os seres, coordenado as distintas percepções elaboradas

pelos sujeitos. Essa mente cósmica de Deus garante e sustenta a

existência dos seres que experimentamos como “seres percebidos”.

Assim, o mundo nada mais seria do que uma relação entre Deus e

os espíritos humanos.

4.7 David Hume

David Hume (1711-1776) nasceu em Edimburgo, Escócia. Estudou

filosofia, direito e comércio, ocupando importante posição na

diplomacia inglesa. Realizou diversas viagens a países europeus,

como França e Áustria, estabelecendo contato com grandes

pensadores da época, entre eles Adam Smith e Jean-Jacques

Rousseau.

Na obra Investigação Acerca do Entendimento Humano, Hume

formulou outra teoria empirista. Dividiu, primeiramente, tudo aquilo

que percebemos em:

1. Impressões: referem-se aos dados fornecidos pelos sentidos,

como as impressões visuais, auditivas, táteis;

2. Ideias: referem-se às representações mentais (memória,

imaginação, etc.) derivadas das impressões.

Assim, toda ideia é uma re(a)presentação de alguma impressão.

Essa representação pode possuir diferentes graus de fidelidade. E

alguém que nunca teve uma impressão visual – um cego de

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nascença, por exemplo – jamais poderá ter uma ideia de cor, nem

mesmo uma ideia pouco fiel.

4.7.1 Crítica à Indução

A indução, ou raciocínio indutivo, vai do particular para o geral.

Conclusões indutivas são produzidas, assim, pelo seguinte processo

mental: partindo de percepções repetidas que nos chegam da

experiência sensorial, saltamos para uma conclusão geral, da qual

não temos experiência sensorial.

Hume argumentou que a conclusão indutiva, por maior que seja o

número de percepções repetidas do mesmo fato, não possui

fundamento lógico. Será sempre um salto do raciocínio

impulsionado pela crença ou hábito, isto é, as reiteradas

percepções de um fato nos levam a confiar em que aquilo que se

repetiu até hoje irá se repetir amanhã. Assim, por exemplo, cremos

que o Sol nascerá amanhã porque até hoje ele sempre nasceu.

Mas, em termos lógicos, nada pode garantir essa certeza,

Para Hume, somente o raciocínio dedutivo utilizado na matemática

fundamenta-se em uma lógica racional.

4.7.2 Legado Epistemológico

Ao questionar a validade lógica do raciocínio indutivo, a obra de

Hume legou um importante problema para os teóricos do

conhecimento (epistemologistas). Afinal, é ou não possível partir de

experiências particulares para chegar a conclusões gerais,

representadas pelas leis científicas?

Enquanto o senso comum acredita que por meio de observações

repetidas, realizadas no passado, podemos justificar nossas

expectativas futuras, Hume sustentou que a repetição de um fato

não nos permite concluir, em termos lógicos, que ele continuará a se

repetir da mesma forma, indefinidamente.

Desse modo, o filósofo revelou um ceticismo teórico, pois, para

ele, o conhecimento científico – que ostenta a bandeira da mais

pura racionalidade – também está ancorado em bases não

racionais, como a crença e o hábito intelectual.

Isso significa que, desconfiado das posições arraigadas pela força

do hábito, o cientista deveria apresentar suas teses como

probabilidades, e não como certezas irrefutáveis. Tal atitude

epistemológica, estendida ao convívio social, tornaria os indivíduos

mais tolerantes, democráticos e abertos.

TEXTO COMPLEMENTAR II

Que dizem os empiristas?

Nossos conhecimentos começam com a experiência dos sentidos,

isto é, com as sensações. Os objetos exteriores excitam nossos

órgãos dos sentidos e vemos cores, sentimos sabores e odores,

ouvimos sons, sentimos a diferença entre o áspero e o liso, o quente

e o frio etc. As sensações se reúnem e formam uma percepção; ou

seja, percebemos uma única coisa ou um único objeto que nos

chegou por meio de várias e diferentes sensações. Assim, vejo uma

cor vermelha e uma forma arredondada, aspiro um perfume

adocicado, sinto a maciez e digo: “Percebo uma rosa”. A “rosa” é o

resultado da reunião de várias sensações diferentes num único

objeto de percepção. As percepções, por sua vez, se combinam ou

se associam. A associação pode dar-se por três motivos: por

semelhança, por proximidade ou contiguidade espacial e por

sucessão temporal. A causa da associação das percepções é a

repetição. Ou seja, de tanto algumas sensações se repetirem por

semelhança, ou de tanto se repetirem no mesmo espaço ou

próximas umas das outras, ou, enfim, de tanto se repetirem

sucessivamente no tempo, criamos o hábito de associá-las. Essas

associações são as ideias. As ideias, trazidas pela experiência, isto

é, pela sensação, pela percepção e pelo hábito, são levadas à

memória e, de lá, a razão as apanha para formar os pensamentos.A

experiência escreve e grava em nosso espírito as ideias, e a razão

irá associá-las, combiná-las ou separá-las, formando todos os

nossos pensamentos. Por isso, David Hume dirá que a razão é o

hábito de associar ideias, seja por semelhança, seja por diferença.

O exemplo mais importante (por causa das consequências futuras)

oferecido por Hume para mostrar como formamos hábitos racionais

é o da origem do princípio da causalidade.A experiência me mostra,

todos os dias, que, se eu puser um líquido num recipiente e levar ao

fogo, esse líquido ferverá, saindo do recipiente sob a forma de

vapor. Se o recipiente estiver totalmente fechado e eu o destampar,

receberei um bafo de vapor, como se o recipiente tivesse ficado

pequeno para conter o líquido. A experiência também me mostra,

todo o tempo, que se eu puser um objeto sólido (um pedaço de vela,

um pedaço de ferro) no calor do fogo, não só ele se derreterá, mas

também passará a ocupar um espaço muito maior no interior do

recipiente. A experiência também repete constantemente para mim

a possibilidade que tenho de retirar um objeto preso dentro de um

outro, se eu aquecer este último, pois, aquecido, ele solta o que

estava preso no seu interior, parecendo alargar-se e aumentar de

tamanho. Experiências desse tipo, à medida que vão se repetindo

sempre da mesma maneira, vão criando em mim o hábito de

associar o calor com certos fatos. Adquiro o hábito de perceber o

calor e, em seguida, um fato igual ou semelhante a outros que já

percebi inúmeras vezes. E isso me leva a dizer: “O calor é a causa

desses fatos”. Como os fatos são de aumento do volume ou da

dimensão dos corpos submetidos ao calor, acabo concluindo: “O

calor é a causa da dilatação dos corpos” e também “A dilatação dos

corpos é o efeito do calor”. É assim, diz Hume, que nascem as

ciências. São elas, portanto, hábito de associar ideias, em

consequência das repetições da experiência. Ora, ao mostrar como

se forma o princípio da causalidade, Hume não está dizendo apenas

que as ideias da razão se originam da experiência, mas está

afirmando também que os próprios princípios da racionalidade são

derivados da experiência.Mais do que isso. A razão pretende,

através de seus princípios, seus procedimentos e suas ideias,

alcançar a realidade em seus aspectos universais e necessários.

Em outras palavras, pretende conhecer a realidade tal como é em si

mesma, considerando que o que conhece vale como verdade para

todos os tempos e lugares (universalidade) e indica como as coisas

são e como não poderiam, de modo algum, ser de outra maneira

(necessidade). Ora, Hume torna impossível tanto a universalidade

quanto a necessidade pretendidas pela razão. O universal é apenas

um nome ou uma palavra geral que usamos para nos referirmos à

repetição de semelhanças percebidas e associadas. O necessário é

apenas o nome ou uma palavra geral que usamos para nos

referirmos à repetição das percepções sucessivas no tempo. O

universal, o necessário, a causalidade são meros hábitos psíquicos.

(CHAUI, M. Convite à filosofia. 8. ed. São Paulo: Ática, 1997, p. 71-73).

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Questões

22. (ENADE - 2011) Serei de tal modo dependente do corpo e dos

sentidos que não possa existir sem eles? Mas eu me persuadi de

que nada existia no mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma

terra, espíritos alguns, nem corpos alguns: não me persuadi

também, portanto, de que eu não existia? Certamente não, eu

existia, sem dúvida, se é que eu me persuadi, ou, apenas, pensei

alguma coisa. Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso

e mui ardiloso que emprega toda a sua indústria em enganar-me

sempre. Não há, pois, dúvida alguma de que sou, se ele me

engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer com

que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte

que, após ter pensado bastante nisto e de ter examinado

cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por

constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é

necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a

concebo em meu espírito. (DESCARTES, R. Meditações. In:

Descartes. Trad. de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. 3. ed. São

Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 73-142. (Os Pensadores).

Com base na passagem acima, em que Descartes afirma a

existência do pensamento, analise as afirmações abaixo.

I. Trata-se, nessa passagem, do cogito como verdade eterna.

II. Trata-se, nessa passagem, do cogito como verdade temporal.

III. Trata-se, nessa passagem, do cogito afirmado da negação do

Deus enganador.

IV. Trata-se, nessa passagem, do cogito como primeira certeza do

sistema cartesiano.

V. Trata-se, nessa passagem, do cogito afirmado da negação da

existência do mundo, do céu, da terra e de todos os espíritos. É

correto apenas o que se afirma em

A) I e III. B) I e IV. C) II e IV. D) II e V. E) III e V.

23. (ENADE – 2008) No texto a seguir, Descartes formula o preceito

inicial de suas regras do método: “O primeiro era o de jamais

acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse

evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a

precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que

não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito,

que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida”. (R.

Descartes. Discurso do método.Coleção Os Pensadores).

A partir desse texto, julgue os seguintes itens.

I. No conhecimento da verdade, a dúvida antecede a evidência.

II. No conhecimento da verdade, a evidência antecede a dúvida.

III. Clareza e distinção são critérios para o reconhecimento da

verdade.

IV. Sob o ponto de vista metodológico, o conhecimento independe

do “eu”.

V. O acesso à verdade depende das circunstâncias ocasionais

vividas pelo “eu”.

Estão certos apenas os itens

A) I e II. B) I e III. C) II e V. D) III e IV. E) IV e V.

24. (ENADE – 2008) Mas o que sou eu, portanto? Uma coisa que

pensa. O que é uma coisa que pensa? É uma coisa que duvida, que

concebe, que afirma, que nega, que quer, que não quer, que

imagina também e que sente. (R. Descartes. Meditações, II.

Coleção Os Pensadores).

Nessa passagem, Descartes trata da relação entre o cogito e o

duvidar, o conceber, o afirmar etc. O modo como a veracidade dos

mencionados estados é assegurada expressa-se por meio da

A) investigação dos conteúdos mentais.

B) investigação do mundo sensível.

C) relação entre o cogito e suas modalidades.

D) investigação da relação entre o cogito e a realidade objetiva da

ideia de Deus.

E) investigação da relação entre a realidade objetiva e a realidade

formal dos objetos.

25. (ENADE -2011) Quando dizemos que um objeto está conexo

com outro, queremos apenas dizer que eles adquiriram uma

conexão no nosso pensamento e fazem emergir a inferência, pela

qual se tornam provas da sua existência recíproca: conclusão esta

um tanto extraordinária, mas que parece fundada em evidência

suficiente. Nem a sua evidência será enfraquecida por qualquer

hesitação geral do entendimento ou suspeição cética respeitante a

toda a conclusão que é nova e extraordinária. Nenhumas

conclusões podem ser mais agradáveis ao ceticismo do que aquelas

que fazem descobertas a respeito da fraqueza e dos estreitos limites

da razão e capacidade humanas.

(HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. Porto:

Edições 70, 1985, p.76.)

O ceticismo de Hume revela a certeza de nossas faculdades

racionais ao definir o processo de causalidade.

PORQUE

No hábito ou costume, reside o princípio psicológico que nos leva a

esperar de determinada causa um efeito necessário. Acerca dessas

asserções, assinale a opção correta.

A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é

uma justificativa correta da primeira.

B) As duas asserções são verdadeiras, mas a segunda não é uma

justificativa correta da primeira.

C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda,

uma proposição falsa.

D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma

proposição verdadeira.

E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições

falsas.

26. (ENADE – 2008) O calor e a luz são efeitos colaterais do fogo, e

um efeito pode justamente inferir-se a partir do outro. Se, por

conseguinte, nos convencermos a nós mesmos quanto à natureza

desta evidência, que nos assegura das questões de fato, devemos

indagar como chegamos ao conhecimento da causa e do efeito.

Atrever-me-ei a afirmar, como uma proposição geral, que não

admite exceção, que o conhecimento desta relação não é, em

circunstância alguma, obtido por raciocínios a priori, mas deriva

inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns objetos

particulares se combinam constantemente uns com os outros.

(Hume, D. Investigação sobre o entendimento humano. Edições 70).

Com base no texto acima, assinale a opção correta.

A) A relação causa-efeito é um princípio necessário.

B) Não existem proposições conhecidas a priori.

C) A relação causa-efeito ocorre por mera combinação regular entre

objetos.

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D) Questões de fato são evidenciadas unicamente pelo intelecto.

E) O ponto de partida do conhecimento é o princípio de causalidade.

27. (ENADE – 2005)

Examinando com atenção o que eu era, e vendo que podia supor

que não tinha corpo algum e que não havia qualquer mundo, ou

qualquer lugar onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor

que não existia; e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar

em duvidar da verdade das outras coisas seguia-se mui evidente e

mui certamente que eu existia; ao passo que, se apenas houvesse

cessado de pensar, embora tudo o mais que alguma vez imaginar

fosse verdadeiro, já não teria qualquer razão de crer que eu tivesse

existido, compreendi por aí que era uma substância cuja essência

ou natureza consiste apenas no pensar, e que, para ser, não

necessita de nenhum lugar, nem depende de qualquer coisa

material. René Descartes. Discurso do método.

Eu ou pessoa não corresponde a nenhuma impressão, consistindo

naquilo a que todas as nossas várias impressões e ideias estão

supostamente referidas. Se alguma impressão der origem à ideia de

eu, esta impressão deve permanecer invariavelmente a mesma,

durante toda a duração de nossas vidas, uma vez que se supõe que

o eu existia desta maneira. Mas não há nenhuma impressão

constante e invariável. A dor e o prazer, a tristeza e a alegria, as

paixões e as sensações sucedem-se umas às outras, e nunca

existem todas ao mesmo tempo. Não pode ser, portanto, de

nenhuma destas impressões, nem de nenhuma outra, que nossa

ideia de eu é derivada e, consequentemente, essa ideia não existe.

David Hume. Investigação sobre o entendimento humano.

Considerando os trechos acima, assinale a opção INCORRETA.

A) O “eu” cartesiano independe da matéria, e sua certeza constitui-

se pelo próprio pensamento.

B) A dúvida, para Descartes, deve constituir-se como puro

pensamento, a qual, metodologicamente, levará ao cogito.

C) O pensamento, para Descartes, é algo que existe por si, daí ser

uma substância.

D) A crítica de Hume à denominada identidade pessoal tem como

base sua doutrina empirista, estendida aqui à mente.

E) Embora por caminhos diferentes, os dois autores chegam à

mesma conclusão sobre a identidade do “eu”.

28. (ENEM – 2012)

TEXTO I

Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é

de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou

uma vez. (DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo:

Abril Cultural, 1979).

TEXTO II

Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja

sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas

indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for

impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá

para confirmar nossa suspeita.

(HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo:

Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do

conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir

que Descartes e Hume

A) defendem os sentidos como critério originário para considerar um

conhecimento legítimo.

B) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma

ideia na reflexão filosófica e crítica.

C) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do

conhecimento.

D) concordam que conhecimento humano é impossível em relação

às ideias e aos sentidos.

E) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de

obtenção do conhecimento.

29. (ENADE – 2008) Uma multidão de homens é transformada em

uma pessoa quando é representada por um só homem ou pessoa,

de maneira a que tal seja feito com o consentimento de cada um

dos que constituem essa multidão. Porque é a unidade do

representante, e não a unidade do representado, que faz que a

pessoa seja una. E é o representante o portador da pessoa, e só de

uma pessoa. Esta é a única maneira como é possível entender a

unidade de uma multidão. (Hobbes. Leviatã. Abril Cultural.)

De acordo com o texto acima, analise as asserções a seguir.

Segundo Hobbes, o caráter unitário da pessoa do representante

está alicerçado no consentimento de cada um dos indivíduos que

faz parte de uma multidão humana

PORQUE

é a partir do consentimento de cada um deles que se institui a

pessoa política única do Estado.

Acerca dessas afirmativas, assinale a opção correta

A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é

uma justificativa correta da primeira.

B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda

não é uma justificativa correta da primeira.

C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é

uma proposição falsa.

D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma

proposição verdadeira.

E) Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições

falsas.

30. (ENEM – 2001)

TEXTO I

Para o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), o estado de

natureza é um estado de guerra universal e perpétua. Contraposto

ao estado de natureza, entendido como estado de guerra, o estado

de paz é a sociedade civilizada. Dentre outras tendências que

dialogam com as ideias de Hobbes, destaca-se a definida pelo texto

abaixo.

TEXTO II

Nem todas as guerras são injustas e correlativamente, nem toda paz

é justa, razão pela qual a guerra nem sempre é um desvalor, e a

paz nem sempre um valor. (BOBBIO, N. MATTEUCCI, N

PASQUINO, G. Dicionário de Política, 5ª ed. Brasília: Universidade

de Brasília; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000).

Comparando as ideias de Hobbes (texto I) com a tendência citada

no texto II, pode-se afirmar que

A) em ambos, a guerra é entendida como inevitável e injusta.

B) para Hobbes, a paz é inerente à civilização e, segundo o texto II,

ela não é um valor absoluto.

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C) de acordo com Hobbes, a guerra é um valor absoluto e, segundo

o texto II, a paz é sempre melhor que a guerra.

D) em ambos, a guerra ou a paz são boas quando o fim é justo.

E) para Hobbes, a paz liga-se à natureza e, de acordo com o texto

II, à civilização.

31. (UEL – 2012) No Leviatã, o filósofo Thomas Hobbes (1588-

1679) afirma: “Este poder soberano pode ser adquirido de duas

maneiras. Uma delas é a força natural, como quando um homem

obriga os seus filhos a submeterem-se e a

submeterem os seus próprios filhos à sua autoridade, na medida em

que é capaz de os destruir em caso de recusa. Ou como quando um

homem sujeita através da guerra os seus inimigos à sua vontade,

concedendo-lhes a vida com essa condição. A outra é quando os

homens concordam entre si em se submeterem a um homem, ou a

uma assembleia de homens, voluntariamente, confiando que serão

protegidos por ele contra os outros. Esta última pode ser chamada

uma república política, ou por instituição. À primeira pode chamar-se

uma república por aquisição” (HOBBES, T. Leviatã,cap. XVII. In:

MARÇAL, J. (org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-

PR, 2009, p.366).

A partir do trecho citado, assinale a alternativa correta.

A) República por aquisição é o poder soberano adquirido pela força

natural, como o poder de destruir em caso de desobediência.

B) República política é consequência dos acordos e pactos firmados

entre os homens voluntariamente.

C) Os vencedores de uma guerra criam uma república por

instituição.

D) Os homens livres, ao pactuarem em assembleia, adquirem uma

república.

32. (ENADE – 2005) A mente é, como dissemos, um papel em

branco,desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer ideias;

como ela será suprida? De onde provém este vasto estoque, que a

ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou com uma variedade

quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do

conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência.

(John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano (com

adaptações).

Tendo como referência o texto acima, analise as asserções a seguir.

Para Locke, a mente é uma tabula rasa e não contém nada inscrito

antes de qualquer contato do homem com a experiência

PORQUE

todo o material da mente é constituído exclusivamente de ideias.

Considerando as afirmativas acima, assinale a opção correta.

A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é

uma justificativa correta da primeira.

B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda

não é uma justificativa correta da primeira.

C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é

falsa.

D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma

proposição verdadeira.

E) Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições

falsas.

33. (ENADE – 2005) Se todos os homens são, como se tem dito,

livres, iguais e independentes por natureza, ninguém pode ser

retirado deste estado e se sujeitar ao poder político de outro sem o

seu próprio consentimento. A única maneira pela qual alguém se

despoja de sua liberdade natural e se coloca dentro das limitações

da sociedade civil é através de acordo com outros homens para se

associarem e se unirem em uma comunidade para uma vida

confortável, segura e pacífica uns com os outros, desfrutando com

segurança de suas propriedades e melhor protegidos contra aqueles

que não são daquela comunidade. (J. Locke. Segundo tratado sobre

o governo civil.)

De acordo com o texto acima,

I os homens são coagidos por sua natureza a se reunir em

sociedade.

II há um momento real em que os homens entram em entendimento

e criam a sociedade civil.

III a sociedade civil tem como fim a promoção de uma vida

confortável e segura.

IV a sociedade civil impõe a submissão do indivíduo ao poder do

Estado.

V em estado de natureza, os homens são considerados livres e

iguais.

Estão certos apenas os itens

A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) III e V. E) IV e V.

(ENEM – 2000) O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela

algumas características de uma determinada corrente de

pensamento. “Se o homem no estado de natureza é tão livre,

conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e

posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão

dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á

ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio

responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a

utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto

à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto

ele, todo homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores

da equidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui

nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas

circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora

livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem

razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com

outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua

conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de

propriedade. (Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)

34. Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como

uma tentativa de justificar:

A) a existência do governo como um poder oriundo da natureza.

B) a origem do governo como uma propriedade do rei.

C) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza

humana.

D) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos

direitos.

E) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima

da propriedade.

35. Analisando o texto, podemos concluir que se trata de um

pensamento:

A) do liberalismo. D) do socialismo científico.

B) do socialismo utópico. E) do anarquismo.

C) do absolutismo monárquico.

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5. Iluminismo: A Razão em Busca de Liberdade

A expansão capitalista dos séculos XVII e XVIII foi acompanhada

pela crescente ascensão social da burguesia e sua tomada de

consciência como classe social. Paralelamente, o racionalismo

imperava na Europa, transmitindo a confiança de que a razão era o

principal instrumento do ser humano para enfrentar os desafios da

vida e equacionar os problemas que o rodeavam.

O desenvolvimento da Revolução Industrial e o sucesso da ciência

em campos como a química, a física e a matemática inspiravam

filósofos de todas as partes. Foi assim que surgiu talvez um novo

mito: a ideia de progresso.

Desse modo, disseminou-se a crença de que a razão, a ciência e a

tecnologia tinham condições de impulsionar o trem da história em

uma marcha contínua em direção à verdade e ao progresso

humano.

Paralelamente, desenvolveu-se um pensamento que culminaria no

movimento cultural do século XVIII denominado Iluminismo,

Ilustração ou Filosofia das Luzes.

5.1 Filosofia nas Ruas e Salões

O iluminismo não foi um movimento coeso e uniforme. Por isso, não

podemos rotular todos os pensadores iluministas como “ideólogos

da burguesia”. Muitos dentre eles defendiam a aristocracia. No

entanto, em meio a essa pluralidade de pensadores, havia um traço

comum: a busca pelo convencimento racional das pessoas.

A própria postura de muitos filósofos modificou-se no século XVIII.

Abandonando os círculos fechados de seus antecessores, os

iluministas circulavam pelas ruas e salões, exibindo e exercitando a

razão. Para esses filósofos propagandistas, a razão não era o cofre

da alma onde se guardavam verdades eternas, mas era a força

espiritual, a energia, capaz de nos conduzir ao caminho da verdade.

O iluminismo enfatizou a capacidade humana de, pelo uso da razão,

conhecer a realidade e intervir nela, no sentido de organizá-la

racionalmente de modo a assegurar uma vida melhor para as

pessoas. O processo de ilustração, isto é, o desenvolvimento da

capacidade intelectual, trazia a proposta de libertar o ser humano

dos medos irracionais, superstições e crendices, levando-o a

questionar as tradições vulgares e a construir uma nova ordem

racional para a sociedade.

Podemos dizer, enfim, que o grande mérito dos iluministas teria sido

o esforço de generalizar e aplicar as doutrinas críticas e analíticas

aos diversos campos da atividade humana, bem como os ideais de

conhecimento forjados no grande racionalismo.

Vejamos alguns indicadores dessa nova mentalidade:

1. estudo da natureza e ser humano: a atenção dos intelectuais

volta-se para o mundo terreno, concreto, e, dentro dele, para o

estudo do próprio ser humano;

2. história: os estudos históricos ganham expressão. Percebe-se

que o conjunto dos conhecimentos adquiridos no passado pode ser

colocado a serviço do bem-estar social;

3. progresso: o entusiasmo pelas novas descobertas tem como

consequência a crença em um novo ideal, a ideia de progresso.

A seguir, veremos alguns pensadores representativos do

Iluminismo.

5.2 Montesquieu

O jurista francês Charles-Louis de Secondat, mais conhecido como

barão de Montesquieu (1689-1755), escreveu O espírito das leis.

Nessa obra, formula a teoria da separação dos poderes do Estado

em Legislativo, Executivo e Judiciário, como forma de evitar abusos

dos governantes e de proteger as liberdades individuais.

Montesquieu não defendia a implantação de uma república

burguesa. Suas simpatias políticas inclinavam-se para um

liberalismo aristocrático, uma monarquia constitucional. Dizia que a

lei é uma relação necessária que decorre da natureza das coisas. E

ainda que haveria grandes riscos de tirania se uma mesma pessoa,

ou uma mesma instituição do Estado , exercesse os três poderes: o

de fazer as leis, o de ordenar a sua execução e o de julgar os

conflitos entre os cidadãos.

5.3 Voltaire

O poeta, dramaturgo e filósofo francês François-Marie Arouet, de

pseudônimo Voltaire (1964-1778), foi um dos mais famosos

pensadores do Iluminismo. Com seu estilo literário irônico e

vibrante, destacou-se pelas críticas que fez à prepotência dos

poderosos, ao clero católico e à intolerância religiosa. Concordava,

entretanto, com certa necessidade social da crença em Deus,

chegando a dizer que se Deus não existisse seria preciso inventá-lo.

Em termos políticos, não foi propriamente um democrata, mas sim

defensor de uma monarquia respeitadora das liberdades individuais,

governada por um soberano esclarecido.

Tornou-se marcante sua posição em defesa da liberdade de

pensamento, expressa na célebre frase: “Posso não concordar com

nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte

seu direito de dizê-las”.

5.4 Diderot e D'Alembert

Os pensadores franceses Denis Diderot (1713-1784) e Jean le Rond

D'Alembert (1717-1783) foram os organizadores de uma

enciclopédia de 33 volumes, que pretendia resumir os principais

conhecimentos da época nos campos científico e filosófico. Essa

obra contou com a colaboração de numerosos autores, entre os

quais se destacam Buffon, Montesquieu, Turgot, Condorcet,

Voltaire, Holbach e Rousseau.

A enciclopédia exerceu grande influência sobre o pensamento

político burguês. Defendia, em linhas gerais, o racionalismo, a

independência do Estado em relação à Igreja e a confiança no

progresso humano por meio das realizações científicas e

tecnológicas.

Diderot é considerado por muitos a principal figura da Enciclopédia.

Rompeu com a tecnologia tradicional, assumindo-se como ateu e

materialista.

5.5 Rousseau

O filósofo e escritor suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi

uma figura de transição do Iluminismo. Apesar de defender a

liberdade e combater os vícios sociais, criticava os excessos

racionalistas, sendo um precursor do Romantismo.

Foi na França, para onde se transferiu em 1742, que escreveu suas

grandes obras. Entre elas podemos destacar Do contrato social, na

qual expõe a tese de que o soberano deve conduzir o Estado

segundo a vontade geral de seu povo, sempre tendo em vista o

atendimento do bem comum. Somente esse Estado, de bases

democráticas, teria condições de oferecer a todos os cidadãos um

regime de igualdade jurídica.

Em outra de suas importantes obras, Discurso sobre a origem da

desigualdade entre os homens, Rousseau glorifica os valores da

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vida natural e ataca a corrupção, a avareza e os vícios da sociedade

civilizada. Faz inúmeros elogios à liberdade de que desfrutava o

selvagem, na pureza do seu estado natural, contrapondo-o à

falsidade e ao artificialismo do indivíduo civilizado. Foi dessas ideias

que nasceu o mito do bom selvagem.

Rousseau tornou-se célebre como defensor da pequena burguesia e

inspirador dos ideais que estariam presentes na Revolução

Francesa.

5.6 Adam Smith

O economista e filósofo escocês Adam Smith (1723-1790) foi um

dos maiores expoentes da economia clássica e o principal teórico do

liberalismo econômico. Em sua obra Ensaio sobre a riqueza das

nações, criticou a política mercantilista, baseada na intervenção e

regulamentação excessiva do Estado na vida econômica.

Para ele, a economia deveria ser dirigida pelo jogo livre da oferta e

da procura de mercado. O mercado se autorregularia, dando conta

das necessidades sociais, desde que deixado em paz consigo

mesmo, sem intervenções dos governantes.

Adam Smith também defendeu a tese de que o trabalho em geral

representa a verdadeira fonte de riqueza para as nações, devendo

ser conduzido pela livre iniciativa dos particulares.

De certo modo, suas teses são também produto da crença geral

iluminista no triunfo da racionalidade e da ordem sobre o arbítrio e o

caos, desde que as pessoas possam agir com liberdade social – no

caso, liberdade econômica.

5.7 Immanuel Kant

Nascido em Königsberg, pequena cidade da Alemanha, Immanuel

Kant (1724-1804) teve uma vida longa e tranquila, dedicada ao

ensino e à investigação filosófica. Homem metódico e de hábitos

arraigados, lecionou durante 40 anos na Universidade de

Königsberg. Morreu aos 80 anos, sem nunca ter se afastado das

imediações de sua pequena cidade natal.

Kant é considerado o maior filósofo do Iluminismo alemão. Para ele,

a filosofia deveria responder a quatro questões fundamentais: O que

posso saber? Como devo agir? O que posso esperar? E, por fim, o

que é o ser humano? Esta última questão engloba as três

anteriores.

5.7.1 Maioridade Humana

Em sua obra O que é ilustração, Kant sintetiza seu otimismo

iluminista em relação à possibilidade de o ser humano guiar-se por

sua própria razão, sem se deixar enganar pelas crenças, tradições e

opiniões alheias.

Nela, descreve o processo de ilustração como sendo a saída do ser

humano de sua “menoridade”, ou seja, um momento em que o

indivíduo, como uma criança que cresce e amadurece, torna-se

consciente da força e independência (autonomia) de sua

inteligência para fundamentar sua própria maneira de agir, sem a

doutrinação ou tutela de outrem.

Portanto, o ser humano, como ser dotado de razão e liberdade, é o

centro da filosofia kantiana. Seus estudos partem da investigação

sobre as condições nas quais se dá o conhecimento, realizando um

exame crítico da razão, contido em sua obra mais célebre, Crítica

da razão pura. Nela confessa que Hume o havia despertado, pela

primeira vez, de seu “sonho dogmático” e institui o que ficou

conhecido como “tribunal da razão”.

Depois, seu exame do agir humano (ética) daria origem aos textos

Crítica da razão prática, Fundamentação da metafísica dos

costumes e Metafísica dos costumes. Outro aspecto importante da

obra de Kant são suas reflexões a respeito da estética, presentes na

Crítica do juízo.

5.7.2 Tipos de Conhecimento

Como já dissemos, uma das questões mais importantes do

pensamento de Kant é o problema do conhecimento, a questão

do saber. Na Crítica da razão pura, ele distingue duas formas

básicas do ato de conhecer:

1. conhecimento empírico (a posteriori): aquele que se refere aos

dados fornecidos pelos sentidos, isto é, que é posterior à

experiência. Por exemplo, para fazer a afirmação “Este livro tem

capa verde”, foi necessário ter primeiro a experiência de ver o livro e

assim conhecer a sua cor; portanto, trata-se de um conhecimento

posterior à experiência;

2. conhecimento puro (a priori): aquele que não depende de

quaisquer dados dos sentidos, ou seja, que é anterior à

experiência, nascendo puramente de uma operação racional.

Exemplo: a afirmação (juízo) “Duas linhas paralelas jamais se

encontram no espaço” não se refere a esta ou àquela linha paralela,

mas a todas. Constitui, assim, um conhecimento universal. Além

disso, é uma afirmação que, para ser válida, não depende de

nenhuma condição específica. Trata-se, portanto, de um

conhecimento necessário.

5.7.3 Tipos de Juízo

O conhecimento puro, por conseguinte, conduz a juízos universais

e necessários, enquanto o conhecimento empírico não possui essa

característica. Os juízos, por sua vez, são classificados por Kant em

dois tipos:

1. Juízo Analítico: aquele em que o predicado já está contido no

conceito de sujeito. Ou seja, basta analisar o sujeito para deduzir o

predicado. Tomemos, por exemplo, a afirmação “O quadrado tem

quatro lados”. Analisando o sujeito dessa afirmação, quadrado,

deduzimos necessariamente o predicado: tem quatro lados. Kant

também chamava os juízos analíticos de juízos de elucidação, pois

o predicado simplesmente elucida algo que já estava contido no

conceito do sujeito.

2. Juízo Sintético: Aquele em que o predicado não está contido no

conceito do sujeito. Nesses juízos, acrescenta-se ao sujeito algo

novo, que é o predicado. Assim, Kant também os denominava

juízos de ampliação. Por exemplo, na afirmação “Os corpos se

movimentam”, por mais que analisemos o conceito de corpo

(sujeito), não extrairemos dele a informação representada pelo

predicado se movimentam.

Por fim, analisando o valor de cada juízo, Kant distingue três

categorias:

1. Juízo Analítico: como no exemplo da afirmação “O quadrado

tem quatro lados”, é um juízo universal e necessário, mas serve

apenas para elucidar ou explicitar aquilo que já se conhece do

sujeito. Ou seja, a rigor, é apenas importante para se chegar à

clareza do conceito já existente, mas não conduz a conhecimentos

novos;

2. Juízo Sintético a Posteriori: como no exemplo da afirmação

“Este livro tem a capa verde”, amplia o conhecimento sobre o

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sujeito, mas sua validade está sempre condicionada ao tempo e ao

espaço em que se dá a experiência e, portanto, não constitui um

juízo universal e necessário.

3. juízo sintético a priori: como no exemplo da afirmação “Duas

linhas paralelas jamais se encontram no espaço”, e em outras da

matemática e da geometria, acrescenta informações novas ao

sujeito, possibilitando uma ampliação do conhecimento. E como não

está limitado pela experiência, é um juízo universal e necessário.

Por isso, segundo Kant, é o juízo mais importante. Para o filósofo, a

matemática e a física seriam disciplinas científicas por trabalharem

com juízos sintéticos a priori.

5.7.4 Estruturas do Sentir e Conhecer

Como estudamos antes, Kant buscou saber como é o sujeito a

priori, isto é, o sujeito antes de qualquer experiência. Concluiu que

existem no ser humano certas estruturas que possibilitam a

experiência (as formas a priori da sensibilidade) e determinam o

entendimento (as formas a priori do entendimento). Trata-se do

chamado apriorismo. Vejamos:

1. Formas a priori da sensibilidade: são o tempo e o espaço.

Kant dirá que percebemos e representamos a realidade sempre no

tempo e no espaço. Essas noções são “intuições puras”, existem

como estruturas básicas da nossa sensibilidade e são elas que

permitem a experiência sensorial.

2. Formas a priori do entendimento: de modo semelhante, os

dados captados por nossa sensibilidade são organizados pelo

entendimento de acordo com certas categorias. As categorias são

“conceitos puros” existentes a priori no entendimento, tais como

causa, necessidade, relação e outros, que servirão de base para a

emissão de juízos sobre a realidade.

5.7.5 Limites do Entendimento

O conhecimento, portanto, seria o resultado de uma interação entre

o sujeito que conhece (de acordo com suas próprias estruturas a

priori) e o objeto conhecido. Isso significa que não conhecemos as

coisas em si mesmas (o ser em si), isto é, como elas são, de forma

independente de nós. Só conhecemos as coisas tal como as

percebemos (o ser para nós). Em outras palavras, as coisas são

conhecidas de acordo com nossas próprias estruturas mentais.

Para Kant, sua filosofia representava uma superação do

racionalismo e do empirismo, pois argumentava que o conhecimento

é o resultado de dois grandes ramos: a sensibilidade, que nos

oferece dados dos objetos, e o entendimento, que determina as

condições pelas quais o objeto é pensado.

5.7.6 Nova Revolução Copernicana

No prefácio da Crítica da Razão Pura, o próprio Kant comparou seu

papel na filosofia ao de Copérnico na astronomia.

Quando a teoria geocêntrica não mais conseguia explicar o conjunto

de movimentos dos astros, Copérnico vislumbrou a necessidade de

tirar a Terra do centro do Universo e fazer-nos, como espectadores,

girar em torno dos astros. Assim, lançando o modelo heliocêntrico,

resolveu os impasses da astronomia da época.

Algo semelhante realizou o filósofo alemão, ao inverter a questão

tradicional do conhecimento: antes se propunha que todo o

conhecimento era regulado pelos objetos; com Kant, os objetos

passaram a ser regulados pelas formas a priori de nosso

conhecimento.

Questões

36. (UEL – 2013) “Desde sempre, o Iluminismo, no sentido mais

abrangente de um pensar que faz progressos, perseguiu o objetivo

de livrar os homens do medo e de fazer dele senhores. Mas,

completamente iluminada, a Terra resplandece sob o signo do

infortúnio triunfal. O programa do Iluminismo era o de livrar o mundo

do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular a ilusão,

por meio do saber.” (HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. Conceito de

iluminismo. In: COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. São Paulo:

Saraiva, 2006, p.166).

Com base nesse excerto e nos seus conhecimentos sobre o

Iluminismo, assinale o que for incorreto

A) A palavra medo, no texto, diz respeito ao desconhecido.

B) Pertence ao projeto iluminista a célebre afirmação de Immanuel

Kant: “Ousai saber. Tenha a coragem de servir-se da própria

razão”.

C) Constituem uma ameaça ao Iluminismo o inatismo, o misticismo

e toda forma de pensamento dogmaticamente estabelecido.

D) O pensamento ilustrado acreditava na autonomia da razão,

segundo a qual o homem atingiria a maioridade

37. (ENEM – 2012) É verdade que nas democracias o povo parece

fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-

se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é

liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis

permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem,

não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder.

(MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova

Cultural, 1997 (adaptado).

A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz

respeito

A) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as

decisões por si mesmo.

B) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade

às leis.

C) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso,

livre da submissão às leis.

D) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido,

desde que ciente das consequências.

E) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus

valores pessoais.

38. (ENEM – 2003) Observe as duas afirmações de Montesquieu

(1689-1755), a respeito da escravidão:

A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem ao senhor, nem

ao escravo: a este porque nada pode fazer por virtude; àquele,

porque contrai com seus escravos toda sorte de maus hábitos e se

acostuma insensivelmente a faltar contra todas as virtudes morais:

torna-se orgulhoso, brusco, duro, colérico, voluptuoso, cruel. Se eu

tivesse que defender o direito que tivemos de tornar escravos os

negros, eis o que eu diria: tendo os povos da Europa exterminado

os da América, tiveram que escravizar os da África para utilizá-los

para abrir tantas terras. O açúcar seria muito caro se não

fizéssemos que escravos cultivassem a planta que o produz.

(Montesquieu. O espírito das leis).

Com base nos textos, podemos afirmar que, para Montesquieu,

A) o preconceito racial foi contido pela moral religiosa.

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94

B) a política econômica e a moral justificaram a escravidão.

C) a escravidão era indefensável de um ponto de vista econômico.

D) o convívio com os europeus foi benéfico para os escravos

africanos.

E) o fundamento moral do direito pode submeter-se às razões

econômicas.

39. (ENADE - 2011) Ser bom, quando se pode, é um dever e,

ademais, existem certas almas tão capacitadas para a simpatia que,

mesmo sem qualquer motivo de vaidade ou de interesse, elas

experimentam uma satisfação íntima em irradiar alegria em torno de

si e vivem o contentamento de outrem, na medida em que ele é obra

sua. Mas eu acho que, no caso de uma ação desse tipo, por mais

de acordo com o dever e mais amável que seja, não possui, porém,

verdadeiro valor moral, já que ela se coloca no mesmo plano de

outras inclinações, a ambição, por exemplo, que, quando coincide

com o que realmente está de acordo com o interesse público e o

dever, com o que, por conseguinte, é honorável, merece louvor e

encorajamento, mas não respeito, pois falta a essa máxima o valor

moral, isto é, o fato de que essas ações sejam feitas não por

inclinação, mas por dever. (KANT, I. Fundamentação da

metafísica dos costumes. (In: VERGEZ, A.; HUISMAN, D. História

dos filósofos ilustrada pelos textos. 6. ed. Rio de Janeiro: Freitas

Bastos, p. 269, 1984).

Tendo como referência esse texto, avalie as asserções que se

seguem.

Dar uma esmola ou pagar uma refeição para um mendigo na rua,

motivados apenas pela felicidade que sentimos quando ajudamos

pessoas em tal estado, é uma ação desprovida de valor moral,

PORQUE,

para Kant, somente a ação ditada unicamente pelo dever, isenta da

influência de qualquer outra motivação, é que possui valor moral.

Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.

A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é

uma justificativa correta da primeira.

B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda

não é uma justificativa correta da primeira.

C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda,

uma proposição falsa.

D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma

proposição verdadeira.

E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições

falsas.

40. (ENADE- 2011) Com efeito, relativamente à natureza, a

experiência dá-nos a regra e é a fonte da verdade; no que toca às

leis morais, a experiência é (infelizmente!) a madre da aparência e é

altamente reprovável extrair as leis acerca do que devo fazer

daquilo que se faz ou querer reduzi-las ao que é feito.

(KANT, I. Crítica da Razão Pura. 3ª edição. Tradução de Manuela

Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação

Calouste Gulbenkian, 1994, p. 312).

Tendo como referência esse texto, analise as asserções a seguir.

Se a razão teórica não deve ultrapassar os limites da experiência, a

razão prática, por sua vez, deve livrar-se de qualquer objeto

empírico e autonomamente ser princípio de determinação da

vontade

PORQUE,

Caso se prendesse ao empírico, não haveria, segundo Kant,

condições de justificar o princípio supremo da moralidade, com as

características que lhe são inerentes, como objetividade,

universalidade e formalidade.

Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.

A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é

uma justificativa correta da primeira.

B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda

não é uma justificativa correta da primeira.

C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda,

uma proposição falsa.

D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma

proposição verdadeira.

E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições

falsas.

41. (ENADE – 2008) (...) se a razão só por si não determina

suficientemente a vontade, se está ainda sujeita a condições

subjetivas (a certos móbiles) que não coincidem sempre com as

objetivas; numa palavra, se a vontade não é em si plenamente

conforme à razão (como acontece realmente entre os homens),

então as ações, que objetivamente são reconhecidas como

necessárias, são subjetivamente contingentes, e a determinação de

uma tal vontade, conforme a leis objetivas, é obrigação. (Kant.

Fundamentação da metafísica dos costumes. Coleção Os

Pensadores. Segunda Seção, §12).

De acordo com esse texto, é correto afirmar que as inclinações

A) tornam a lei moral subjetiva.

B) determinam a vontade objetivamente.

C) fazem que a lei moral seja vivenciada como uma obrigação.

D) possuem caráter imperativo.

E) são parte da natureza humana como ser racional.

42. (ENEM – 2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua

menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a

incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de

outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se

a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta

de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de

outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal

é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas

pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a

natureza de há muito os libertou de uma condição estranha,

continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida.

(KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?

Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).

Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental

para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade.

Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa

A) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como

expressão da maioridade.

B) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das

verdades eternas.

C) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de

forma heterônoma.

D) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da

falta de entendimento.

E) a emancipação da subjetividade humana de ideologias

produzidas pela própria razão.

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1. Trabalho e Sociedade p. 96

1.1. O trabalho nas diferentes Sociedades p. 96

1.1.1. A Produção nas sociedades tribais p. 96

1.1.2. Escravidão e servidão p. 96

1.2. As bases do trabalho na sociedade moderna p. 97

1.2.1 Capitalismo e sua expansão p. 97

1.2.2. A divisão do trabalho: caminhos para a alienação p. 98

1.2.3. A racionalização do trabalho na fábrica: fordismo/taylorismo p. 98

1.2.4. As implicações do modelo taylorista-fordista p. 99

1.2.5. O Toyotismo ou produção flexível em massa p. 99

1.2.6. O Trabalho no Brasil p. 100

2. Direitos, Cidadania e Movimentos Sociais p. 102

2.1. Direitos para todos p. 102

2.2. Direitos civis, políticos e sociais p. 102

2.3. Cidadania hoje p. 103

2.4. Os movimentos sociais p. 103

2.5. Os movimentos sociais no Brasil p. 103

2.6. Os novos movimentos sociais p. 105

2.6.1. O movimento feminista p. 105

2.6.2 O movimento ambientalista p. 105

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1. TRABALHO E SOCIEDADE

O trabalho humano é um dos principais meios de relações sociais, já

que por meio dele é que o homem transforma o mundo em que vive,

daí a tendência em afirmar que trabalho é qualquer atividade em

que se pode observar a modificação da natureza a partir da

intervenção humana. Nesse sentido, o trabalho insere-se no

universo de criação pelo homem de uma segunda natureza, ou seja,

a do espaço do artifício, o espaço da cultura.

Para a Sociologia, o estudo do trabalho e suas implicações são de

fundamental relevância para compreensão das sociedades.

1.1. O Trabalho nas diferentes Sociedades

1.1.1. A Produção nas sociedades tribais

As sociedades tribais diferenciam-se umas das outras em muitos

aspectos, mas pode-se dizer, em termos gerais, que não são

estruturadas pela atividade que em nossa sociedade denomina-se

trabalho. Nelas todos fazem quase tudo, e as atividades

relacionadas à obtenção do que as pessoas necessitam para se

manter – caça, coleta, agricultura e criação – estão associadas aos

ritos e mitos, ao sistema de parentesco, às festas e às artes,

integrando-se, portanto, a todas as esferas da vida social.

A organização dessas atividades caracteriza-se pela divisão das

tarefas por sexo e por idade. Os equipamentos e instrumentos

utilizados, comumente vistos pelo olhar estrangeiro como muito

simples e rudimentares, são eficazes para realizar tais tarefas.

Guiados por esse olhar, vários analistas, durante muito tempo,

classificaram as sociedades tribais como de economia de

subsistência e de técnica rudimentar, passando a ideia de que elas

viveriam em estado de pobreza, o que é um preconceito.

Marshall Sahlins, antropólogo norte-americano, chama essas

sociedades de “sociedades da abundância” ou “sociedade do lazer”,

destacando que seus membros não só tinham todas as suas

necessidades matérias e sociais plenamente satisfeitas, como

dedicavam um mínimo de horas diárias ao que se denomina

trabalho. Os ianomâmis, da Amazônia, dedicavam pouco mais de

três horas diárias às tarefas relacionadas a produção; os guayakis,

do Paraguai, cerca de cinco horas, mas não todos os dias; e os

kungs, do deserto do Kalahari, no sul da África, em média quatro

horas por dia.

A explicação para o fato de os povos tribais trabalharem muito

menos do que nós está no modo como se relacionam com a

natureza. Por um lado, para eles, a terra é o espaço em que vive e

tem valor cultural, pois dá aos humanos seus frutos: a floresta

presenteia os caçadores com os animais de que necessitam para

sobrevivência e os rios oferecem os peixes que ajudam na

alimentação. Por outro lado, os povos tribais têm uma profunda

intimidade com o meio em que vivem.

Integrados ao ambiente e a todas as demais atividades, as tarefas

relacionadas à produção não compõem, assim, uma esfera

específica da vida, ou seja, não há um “mundo do trabalho” nas

sociedades tribais.

1.1.2. Escravidão e servidão

O termo trabalho pode ter nascido do vocábulo latino tripallium, que

significa “instrumento de tortura”, e por muito tempo esteve

associado à ideia de atividade penosa e torturante. Nas sociedades

grega e romana era a mão de obra escrava que garantia a produção

suficiente para suprir as necessidades da população. Existiam

outros trabalhadores além dos escravos, como os meeiros, os

artesãos e os camponeses. No entanto, mesmo os trabalhadores

livres eram explorados e oprimidos pelos senhores e proprietários.

Estes eram desobrigados de qualquer atividade, exceto a de discutir

os assuntos da cidade e o bem-estar dos cidadãos. Para que não

dependessem do próprio trabalho e pudessem se dedicar

exclusivamente a essa atividade, o trabalho escravo era

fundamental.

Nas sociedades feudais, como no mundo greco-romano, havia

também aqueles que trabalhavam – os servos, os camponeses

livres e os aldeãos – e aqueles que viviam do trabalho dos outros -

os senhores feudais e os membros do clero. A terra era o principal

meio de produção, e os trabalhadores tinham direito a seu usufruto

e ocupação, mas nunca à propriedade. Muitos trabalhavam em

regime de servidão, no qual não gozavam de plena liberdade, mas

também não eram escravos. Prevalecia um sistema de deveres do

servo com o senhor e deste para com aquele.

Além de cultivar as terras a ele destinadas, o servo era obrigado a

trabalhar nas terras do senhor, dentre essas obrigações estão a

corvéia, a talha e as banalidades.

Embora o trabalho ligado à terra fosse o preponderante nas

sociedades medievais, outras formas de trabalho merecem

destaque, como as atividades artesanais, desenvolvidas nas

cidades e mesmo nos feudos, e as atividades comerciais.

Conclui-se que desde a Antiguidade até o fim da Idade Média, as

concepções sobre o trabalho apresentam variações, mas poucas

alterações. Sempre muito desvalorizado, o trabalho não era o

elemento central, o núcleo que orientava as relações sociais. Estas

se definiam pela hereditariedade, pela religião, pela honra, pela

lealdade e pela posição em relação às questões públicas. Eram

esses elementos que permitiram que alguns vivessem do trabalho

dos outros.

Questões

01. (COC/SP) O trabalho realizado pelos seres humanos está

relacionado:

A) À plena conservação da natureza

B) Apenas à sobrevivência do homem, não havendo relação alguma

entre essa sobrevivência e a existência das sociedades.

C) Ao fato de o homem não conseguir intervir sobre a natureza.

D) À sobrevivência de todas as espécies animais e vegetais da

Terra.

E) À produção de cultura.

02. (COC/SP) Para a sociologia, “trabalho” é todo movimento:

A) Não realizado B) Artístico C) Negociado

D) Consolidado E) Social

03. (UEMA/PASES-Adaptada) Ao longo da história, a sociedade

humana desenvolveu formas de transformação da natureza para a

satisfação de suas necessidades, modificando-a e a si própria por

meio do trabalho, instituindo diferentes modos de produção. Sobre

esses modos de produção, marque a questão correta.

A) No sistema primitivo, os meios de produção e os frutos do

trabalho são de propriedade privada.

B) No escravismo, os meios de produção e os escravos são de

propriedade do burguês.

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C) No feudalismo, as relações de produção baseiam-se na

propriedade coletiva dos meios de produção.

D) No capitalismo, as relações de produção baseiam-se na

propriedade privada dos meios de produção pela burguesia e no

trabalho assalariado.

04. (UEM-PR-Adaptada) Sobre as relações produtivas

desenvolvidas por diferentes grupos sociais ao longo da história,

assinale o que for correto.

A) Nas sociedades tribais, o trabalho humano está relacionado

apenas à satisfação das necessidades básicas do homem,

como, por exemplo, garantir a alimentação e o abrigo. Por isso,

nesses casos, os processos de trabalho não geram relações

propriamente sociais.

B) Segundo muitos autores, para alcançar a sua subsistência, nem

todos os grupos humanos viveram de atividades produtivas,

como ocorreu historicamente nas sociedades de pescadores, de

coletores e de caçadores.

C) Alguns antropólogos afirmam que grupos indígenas, como os

ianomâmis, podem ser considerados “sociedades de

abundância”, pois dedicam poucas horas diárias às atividades

produtivas, mas, apesar disso, têm suas necessidades materiais

satisfeitas. Tais necessidades não são crescentes, como ocorre

nas sociedades capitalistas.

D) Na sociedade feudal, a terra era o principal meio de produção,

porém os direitos sobre ela pertenciam aos senhores. Os

camponeses e os servos nunca podiam decidir o que produzir,

para quem e quando trocar o fruto do seu trabalho.

E) O modo de produção escravista colonial que ocorreu no Brasil

tinha as seguintes características principais: economia voltada

para o mercado externo e baseada no latifúndio; troca de

matérias-primas por produtos manufaturados da metrópole e

forte controle da colônia sobre a comercialização.

1.2- As bases do trabalho na sociedade moderna

Com o fim do período medieval e a emergência do mercantilismo e

do capitalismo, o trabalho “mudou de figura”. Se antes era visto

como uma atividade penosa e torturante, passou aos poucos a ser

considerado algo positivo. Para mudar a concepção de trabalho – de

atividade vil para atividade que dignifica o homem- foram

necessárias mudanças na estrutura do trabalho.

Primeiro casa e local de trabalho foram separados; depois,

separaram o trabalhador de seus instrumentos; por fim, tiraram dele

a possibilidade de conseguir a própria matéria prima. Os

comerciantes e industriais que haviam acumulado riqueza passaram

a financiar, organizar e coordenar a produção de mercadorias,

definindo a que produzir e em que quantidade. Afinal, o dinheiro era

deles.

Essa transformação ocorreu por meio de dois processos de

organização do trabalho: a cooperação simples e a manufatura (ou

cooperação avançada).

Na cooperação simples, era mantida a hierarquia da produção

artesanal entre o mestre e o aprendiz, e o artesão ainda

desenvolvia, ele próprio, todo o processo produtivo, do molde ao

acabamento. A diferença é que ele estava a serviço de quem lhe

financiava não só a matéria-prima, como até mesmo alguns

instrumentos de trabalho, e também definia o local e as horas a ser

trabalhadas. Esse tipo de organização do trabalho abriu caminho

para novas formas de produção, que começaram a se definir como

trabalho coletivo.

A manufatura foi o segundo passo para o surgimento do trabalhador

coletivo, ou seja, o artesão tornou-se um trabalhador sem

entendimento da totalidade do processo de trabalho e perdeu

também seu controle. O produto tornou-se resultado das atividades

de muitos trabalhadores. E o trabalho, por sua vez, transformou-se

em mercadoria que podia ser vendida e comprada, como qualquer

outra.

Surgiu, então, uma terceira forma de trabalho, a maquinofatura.

Com ela, o espaço de trabalho, definitivamente, passou a ser a

fábrica, pois era lá que estavam as máquinas que “comandavam” o

processo de produção. Todo o conhecimento que o trabalhador

usava para produzir foi dispensado, ou seja, sua destreza manual foi

substituída pela máquina.

Com esse processo ocorreu o convencimento do trabalhador de que

sua situação presente era melhor que a anterior. Diversos setores

da sociedade colaboraram para essa mudança:

_ As igrejas procuraram passar a ideia de que o trabalho era um

bem divino e de que quem não trabalhasse não seria abençoado.

Não trabalhar (ter preguiça) passou a ser pecado;

_ Os governantes passaram a criar uma série de leis e decretos que

penalizavam quem não trabalhasse. Os desempregados eram

considerados vagabundos e podiam ir para a prisão. Inclui-se aqui o

auxílio da polícia, encarregada de prender esses “vagabundos”;

_ As escolas passaram às crianças a ideia de que o trabalho era

fundamental para a sociedade. Esse conceito era ensinado, por

exemplo, nas tarefas, lições e contos infantis, a exemplo da história

da cigarra e da formiga ou da história dos três porquinhos. Quem

não trabalhava “levava sempre a pior”.

Na vida real, a história era outra. O trabalhador estava livre, quer

dizer, não era mais escravo nem servo, mas trabalhava mais horas

do que antes.

1.2.1. O capitalismo e sua expansão

O capitalismo possuir as seguintes características:

Obtenção de lucro, generalização da mercadoria, trabalho

assalariado, exploração da mais-valia e a administração racional-

burocrática.

Esse sistema iniciou-se a partir da Revolução Comercial, com a

disseminação das manufaturas, o que possibilitou a ocorrência de

acumulação primitiva de capital. Pode-se dizer que capital é tudo

aquilo que gera renda para o seu detentor. O capital pode ser

manifestado na forma de dinheiro, na forma de máquinas,

equipamentos e imóveis e também na forma de mercadorias

decorrentes da produção. Daí, tal sistema econômico ser definido

como capitalismo, já que o capital passou a ter primazia sobre a

terra, que era fundamental no feudalismo. A acumulação primitiva

de capital é a etapa básica para que uma sociedade possa ingressar

no sistema capitalista. Corresponde ao processo social de geração

de riquezas que serão direcionadas para a poupança, em vez de

serem gastas em consumo improdutivo. Assim, a acumulação de

capital possibilita que uma classe social, no caso, a burguesia,

detenha esse fator estratégico para produzir os bens econômicos,

sejam eles de consumo (por exemplo: comida e roupa) ou de

produção ou capital (por exemplo: aço e eletricidade). Com a

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Revolução Industrial, o capitalismo adentrou outra fase, ou melhor,

atingiu a sua plenitude e passou por uma etapa competitiva (ou do

capitalismo competitivo). Nesse período, o sistema econômico

capitalista assumiu completamente suas características:

generalização da mercadoria, trabalho assalariado e exploração da

mais-valia. Mais-valia é um conceito de Karl Marx que se refere ao

trabalho suplementar que advém do trabalho social dos operários e

se concentra na mão dos capitalistas por meio do lucro comercial ou

industrial, do juro ou da renda da terra.

Na próxima fase, ocorrida no final do século XIX, o capitalismo

adentra a fase oligopolista. Nesse momento, o sistema econômico

foi mantido por poucas empresas de cada ramo de produção

(oligopólios) ou mesmo por uma única empresa em alguns ramos.

Este caráter restritivo em relação aos capitalistas, qual seja, a

superação da livre concorrência da etapa competitiva provém da

segunda Revolução Industrial, cujas novas tecnologias, aço,

eletricidade, petróleo, motor de explosão e linha de montagem, eram

limitadas somente para os grandes detentores de capital.

Começaram a surgir as empresas de capital aberto, que são as

organizações privadas com fins lucrativos, nas quais o comando

administrativo passou a ser exercido por administradores

profissionais, que deveriam obter grandes lucros, que, por sua vez,

satisfizessem as exigências dos acionistas, os possuidores de

parcelas do capital da empresa em forma de ações.

1.2.2. A divisão do trabalho: caminhos para a alienação

O principal objeto de estudo de Marx era a sociedade capitalista

européia do século XIX. Para ele é só a partir do trabalho industrial

no modo de produção especificamente capitalista, que se dá de fato

a divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual. Marx diz que

na manufatura, ou modo de produção pré-capitalista, o trabalhador é

explorado, mas não é despojado do seu saber. O capital se apropria

do trabalho, mas a alienação é apenas do corpo.

Já no modo de produção especificamente capitalista (trabalho

industrial), o processo de trabalho é desmontado pelo capital que o

remota à sua própria lógica. A alienação é então total. O trabalhador

da manufatura torna-se propriedade do capital. A mecanização

revolucionou o modo de produzir mercadorias, mas também colocou

o trabalhador debaixo de suas ordens, agora o operário estava

subordinado à maquina e ao proprietário dela.

Para Marx, a especialização do trabalhador, embora aumentasse a

produtividade e a qualidade do que era produzido, levava os

trabalhadores a perder a noção de sua própria importância no

processo total.

O trabalho realizado pelo operário garante-lhe uma remuneração, o

salário, que possibilita a satisfação de suas necessidades materiais

por um certo período de tempo. Isso exige que ele continue a

trabalhar para que possa permanecer existindo.

A remuneração paga corresponderia apenas a uma pequena parte

do valor do trabalho. A maior parte ficaria com o burguês. É a partir

disso que o empresário extrairia seu lucro. Marx chamou isso de

mais-valia, ou seja, a diferença entre o valor pago ao proletário e o

valor se seu trabalho. Vejamos como isso acontece. Ao assinar o

contrato, o trabalhador aceita trabalhar, por exemplo, oito horas

diárias por determinado salário. O capitalista (burguês) passa, a

partir daí, a ter o direito de utilizar essa força de trabalho no interior

da fábrica. O que ocorre, é que o trabalhador em quatro ou cinco

horas de trabalho diárias, por exemplo, já produz o referente ao

valor de seu salário total, as horas restantes, são apropriadas pelo

capitalista.

Assim, a base do sistema capitalista seria a extração da mais-valia

da burguesia (detentora dos meios de produção) em relação ao

proletário (que possui apenas a força de trabalho para vender).

Em parte, o operário e os demais trabalhadores existentes na

sociedade não se apercebem da exploração por causa do

predomínio da ideologia burguesa, liberal, que afirma que as

diferenças entre os indivíduos são resultado da concorrência

natural. Tal naturalização esconde a relação de subordinação de

uma classe sobre a outra permitindo ao burguês manter o controle

sobre a sociedade, ainda que de forma indireta, por meio do

domínio sobre a esfera econômica.

Para Marx, a única forma de superar esta situação de desigualdade

social seria a atuação revolucionária do proletariado, classe social

que sofre diretamente a exploração burguesa no chão da fábrica. É

esta situação de exploração que leva o proletariado a adquirir

consciência e possibilitaria sua união, na forma de sindicatos e

partidos políticos que liderariam a classe trabalhadora numa

revolução contra a burguesia, assumindo o controle do Estado e

iniciando a transição em direção à superação da exploração e da

desigualdade, ou seja, a implantação do comunismo.

1.2.3. A racionalização do trabalho na fábrica:

fordismo/taylorismo.

Como visto anteriormente, além de não mais possuir o controle da

produção, o operário passa a ser incorporado a um conjunto de

regras científicas, as quais têm como objetivo elevar a produtividade

dentro da linha de montagem. Além do mais, essas regras

acabavam por refletir o estado de espírito da sociedade européia do

século XIX, maravilhada com os avanços científicos.

A incorporação dessas regras dentro da linha de produção se deve

à participação do engenheiro Frederich W. Taylor (1856- 1915). Em

seu livro Princípios de administração científica, propunha a

aplicação de princípios científicos na organização do trabalho,

buscando maior racionalização do processo produtivo, que passa a

denominar-se taylorismo. Nesta, procura-se controlar os

movimentos do trabalhador através do uso de um relógio que mede

o tempo que cada trabalhador leva para realizar determinada tarefa.

Taylor procurou também observar como se davam os movimentos

destes trabalhadores na fábrica, de modo a corrigi-los se

necessário, visando novamente, a maior eficiência dentro da linha

de produção. Como forma de controlar esses trabalhadores, outros,

mais produtivos, eram alçados à condição de gerentes, verificando

se o restante da mão de obra na fábrica se adequava aos princípios

do gerenciamento científico.

No século XX, o aperfeiçoamento contínuo dos sistemas produtivos

deu origem a uma divisão social do trabalho muito bem detalhada e

encadeada. Essa nova forma de organização tornou-se conhecida

como fordismo, numa referência ao industrial Henry Ford (1863-

1947) que fazendo uso das técnicas de administração científica

desenvolvida por Taylor, introduziu em sua fábrica de automóvel um

novo processo de produção, tendo como filosofia inovadora a

produção em massa. O novo método de trabalho revolucionou a

indústria automobilística na primeira metade do século XX, nos

Estados Unidos, propagando-se também pela Europa.

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Com as mudanças introduzidas por Henry Ford em sua fábrica, as

expressões fordismo e taylorismo passaram a ser usadas para

identificar um mesmo processo:

Aperfeiçoamento da linha de montagem, onde os veículos eram

montados em esteiras rolantes, enquanto o operário ficava

praticamente parado, realizando apenas uma pequena operação;

Produção em série e em larga escala;

Não exigência de níveis elevados de qualificação do trabalhador;

Redução dos custos unitários de produção, tornando o veículo

acessível ao maior número possível de compradores;

Vultosos volumes de investimentos e grandes instalações e;

Um sistema de recompensas e punições conforme o

comportamento dos operários no interior da fábrica.

Em razão dessas medidas, foi desenvolvido um sistema de

planejamento para aprimorar cotidianamente as formas de controle

e execução das tarefas, o que resultou na criação de um setor de

especialistas na administração da empresa. A hierarquia, bem como

a impessoalidade das normas, foi introduzida no processo produtivo,

sempre comandado por administradores treinados para isso. A

capacidade e a especialização dos operários tinham valor

secundário, pois o essencial eram as tarefas de planejamento e

supervisão.

1.2.4. As implicações do modelo taylorista-fordista

Se, por um lado, o modelo taylorista-fordista apenas foi possível

com o surgimento das grandes multinacionais (que, por sua vez,

foram fruto da associação entre o capital industrial e o capital

financeiro), por outro, o surgimento desses grandes espaços de

produção modificou o cotidiano do operário.

O fordismo aperfeiçoou o controle sobre o trabalhador, agora parado

e atento à linha de produção para realizar sua tarefa de acordo com

o movimento da esteira, preso a determinados movimentos

repetitivos e dependente do tempo cronometrado da produção.

Esse controle do trabalhador impedia a organização em sindicatos e

partidos, restringindo a capacidade do operariado em resistir, dada

sua incapacidade de se movimentar ou conversar. Tal situação

levou muitos críticos a apontar o caráter mecanicista, repetitivo e

emburrecedor desse modelo, grande responsável pela alienação do

trabalhador.

As críticas, no entanto, não afastam as qualidades introduzidas pelo

modelo taylorista-fordista. É possível observar que a racionalização

não se restringiu apenas à fábrica, mas dominou toda a sociedade

ocidental do começo do século XX, que se apegou ao controle do

tempo na forma dos relógios mecânicos, que foram popularizados

permitindo maior precisão nos encontros e obrigações pessoais da

comunidade.

Somando-se a isso, a evolução tecnológica da máquina exigiu uma

mão de obra mais adequada ao seu uso; com isso, o operariado foi

sendo lentamente absorvido por um sistema educacional que se

expandia e se democratizava, gerando possibilidades de ascensão

social. O sistema fordista, no entanto, sucumbiu com o avanço

tecnológico e foi, mais tarde, superado pelo toyotismo.

1.2.5. O Toyotismo ou produção flxível

No início dos anos de 1970 abateu-se sobre o mundo uma recessão

profunda, em razão da criação da OPEP (Organização dos Países

Exportadores de Petróleo) e, da Guerra Fria, com as duas

superpotências (USA e URSS) disputando a hegemonia política,

econômica e armamentista do planeta.

Ainda no início dos anos de 1970, outra revolução se iniciava com a

suplantação do modelo fordista e o surgimento de novo modelo de

organização da fábrica, mais flexível, o Toytismo, modelo

desenvolvido no Japão por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno e implantado

nas fábricas de automóvel Toyot e que se assentava no surgimento

de novas tecnologias, tais como a robótica e a microeletrônica,

inaugurando assim a Terceira Revolução Industrial.

As principais características do modelo toyotista são:

Flexibilização da produção – produzir apenas o necessário,

reduzindo os estoques ao mínimo.

Automatização - utilizando máquinas que desligavam

automaticamente caso ocorresse qualquer problema, um funcionário

poderia manusear várias máquinas ao mesmo tempo, diminuindo os

gastos com pessoal.

Just in time (na hora certa) – sem espaço para armazenar matéria-

prima e mesmo a produção, criou-se um sistema para detectar a

demanda e produzir os bens, que só são produzidos após a venda.

Kanban (etiqueta ou cartão) – método para programar a produção,

de modo que o just in time se efetive.

Team work (trabalho em equipe) – os trabalhadores passaram a

trabalhar em grupos, orientados por uma líder, abolindo assim a

função de trabalhadores profissionais e especializados para torná-

los especialistas multifuncionais.

Controle de qualidade total – todos os trabalhadores, em todas as

etapas da produção são responsáveis pela qualidade do produto e a

mercadoria só é liberada para o mercado após uma inspeção

minuciosa de qualidade. A idéia de qualidade total também atinge

diretamente os trabalhadores, que devem ser “qualificados” para

serem contratados. Dessa lógica nasceram os certificados de

qualidade, ou ISO.

Com a robotização e a informatização compondo o universo

produtivo, certas modalidades típicas do modelo fordista foram

desaparecendo assim como o operário da linha de produção. Tal

obsolescência nas formas de trabalho reforçou o fenômeno do

desemprego estrutural. Outro aspecto que contribuiu para o

desemprego estrutural foi o deslocamento de atividades industriais

para outras áreas do globo, que contribuiu para o desemprego em

países desenvolvidos e para a exploração de mão de obra em

países periféricos, devido ao processo de terceirização.

Contudo, os trabalhadores inseridos no topo desse modelo

produtivo foram de alguma forma, beneficiados, pois se tornaram

mais qualificados para o desempenho de várias funções e passaram

a gerenciar os sistemas de produção. Como também à maior

liberdade que o trabalhador possui, não tendo de cumprir uma carga

horária de trabalho específica por dia, mas tendo de atingir a

produtividade estabelecida pela empresa.

No entanto, as críticas ao toyotismo e à produção flexível situam-se

na afirmação de que só aparentemente há um distanciamento entre

este modelo e o fordista/taylorista. Segundo os críticos, o toyotismo

nada mais faria do que uma adaptação do modelo anterior com

suaves distinções, com a flexibilidade e a terceirização, da maior

qualificação do trabalhador.

Atualmente, o capitalismo é aceito por muitos como a única forma

de economia capaz de satisfazer as necessidades humanas de

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consumo, principalmente após a crise do socialismo real e o

conseqüente desmantelamento da União Soviética, em 1991.

Contudo, a adoção de medidas neoliberais combinadas com a

globalização da economia não tem sido capaz de dar conta da

pobreza e da miséria à que está submetida grande parcela da

humanidade. Do ponto de vista socioeconômico, os países

continuam divididos entre atrasados (ou subdesenvolvidos) e

avançados (ou desenvolvidos). Os primeiros podem ser

caracterizados por serem dependentes economicamente e não

solucionarem as suas mazelas sociais, enquanto os segundos são

detentores das grandes empresas (multinacionais) e superaram

parte de seus problemas sociais. De qualquer maneira, o aumento

da violência nos centros urbanos, muitas vezes associado ao tráfico

de drogas ou a outras atividades ilícitas, tem demonstrado e

reforçado o problema da exclusão social gerada por aquilo que

chamamos de capitalismo selvagem.

1.2.6. O Trabalho no Brasil

No final do século XIX, com a abolição da escravidão no Brasil,

encerrou-se um período de mais de 350 anos de predomínio do

trabalho escravo no Brasil.

A Lei Áurea, de 1888, teve impacto decisivo na consolidação da

mão de obra livre, no entanto, a abolição não veio acompanhada de

uma reintegração dos ex-escravos à sociedade como homens e

mulheres livres.

A consolidação da mão de obra livre também não significou a

inclusão efetiva da classe trabalhadora nas demais políticas. A

incipiente industrialização do Brasil no início do século XX fez surgir

a existência de pequenas ilhas de urbanização, como as cidades de

São Paulo e Rio de Janeiro- com maior destaque para a primeira a

partir do início do século XX-, gerando uma incipiente classe

operária urbana, principalmente de origem européia -

predominantemente italianos e espanhóis e os primeiros

movimentos grevistas.

A ausência de uma legislação trabalhista perdurou até a década de

1930, quando Getúlio Vargas criou as primeiras leis trabalhistas. Em

1943, ainda sob a ditadura do Estado Novo, Vargas criou a

Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), que regulamentou a

duração da jornada de trabalho, o salário mínimo, as férias anuais, a

segurança do trabalho, a regulamentação do trabalho feminino e

juvenil, além de outras conquistas da classe trabalhadora, como a

carteira de trabalho. Com algumas alterações ocorridas de lá pra cá,

especialmente após a Constituição de 1988, a CLT continua sendo

o referencial para a regulamentação das relações patrão/empregado

no Brasil. Porém, com o estabelecimento da abertura econômica

durante os anos 1990, além da incorporação das já referidas

tecnologias da terceira revolução técnico-científica, a temática dos

direitos trabalhistas no Brasil se divide em duas posições distintas.

De um lado, o movimento sindical, liderado pela CUT e com

inspiração do sindicalismo europeu, afirma que é necessário manter

a legislação trabalhista, especificamente a CLT, além de defender a

redução da jornada de trabalho, como já aconteceu em países como

a Alemanha. Do outro, economistas especialistas em mercado de

trabalho argumentam a necessidade de uma reforma ou até mesmo

uma flexibilização da legislação trabalhista para aumentar o número

de postos de trabalho. Enquanto esse debate permanece e não

sensibiliza a sociedade brasileira, é possível verificar que cada vez

mais os trabalhadores recorrem ao trabalho informal, aumentando o

fosso entre aqueles com carteira de trabalho assinada e os “sem-

carteira”.

Questões

5. Podemos considerar como características básicas da sociedade

capitalista:

A) O trabalho servil, a manufatura e o direito consuetudinário.

B) O trabalho escravo, a condição de cidadania e a democracia.

C) O trabalho assalariado, a propriedade privada dos meios de

produção e a mais-valia.

D) O trabalho coletivo, a socialização dos meios de produção e os

cercamentos.

E) O trabalho livre, a justiça social, o Estado socialista e a

democracia civil.

6. (UFPA/PSS) As condições de trabalho no sistema capitalista

variam ao longo de sua expansão e consolidação; mas há

recorrências nas relações sociais próprias desse modo de produção.

A esse respeito, é correto afirmar:

A) O trabalho escravo que hoje existe no sul do estado do Pará é

uma prática que surgiu no período da colonização da Amazônia,

quando africanos foram trazidos para essa região, desde o início

do século XVII.

B) O tráfico de pessoas tem gerado debates no meio acadêmico,

nos vários níveis de governo e em diversas organizações não-

governamentais. Esse modo de aliciamento de pessoas é

explicado, entre outras razões, pela escassez de mão-de-obra

qualificada para trabalhar nas áreas fronteiriças do norte do

Brasil.

C) Apesar dos avanços tecnológicos de setores como os de

informação e saúde, nota-se que há distribuição desigual do que

é produzido no capitalismo, e isso fortalece a expansão de

valores da ideologia burguesa.

D) Mesmo com o combate nos meios de comunicação e com o que

determina a legislação específica, o trabalho infantil é utilizado

pelo terceiro setor na oferta de serviços, como o turismo e o

agronegócio.

E) As mudanças ocorridas ao longo da expansão do capitalismo não

eliminaram as diferenças entre as classes sociais, e o destino

daquilo que é produzido pelo trabalhador continua a ser

controlado pelo proprietário dos meios de produção.

7. (COC/SP) As mudanças trazidas pela Revolução Industrial

provocaram novas reflexões sobre a sociedade e seu comporta-

mento. Karl Marx, um dos pensadores marcantes do século XIX, nas

suas reflexões:

A) reconhecia a falta de justiça social, devido aos exageros do

sistema capitalista que incentivava a exploração das classes

desfavorecidas.

B) Admitia o grande valor da tecnologia produzida pelo capital,

necessária para acabar com o liberalismo econômico.

C) Defendia a necessidade de ampliar a intervenção do Estado na

gestão da economia, a fim de pôr fim aos sistemas

parlamentares europeus.

D) Propunha a luta da sociedade para negar as mudanças sociais,

admitindo a volta aos princípios do mercantilismo.

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E) Restringia, às classes sociais urbanas, os planos de crescimento

da sociedade européia e de uma melhor qualidade de vida.

8. Para Karl Marx, a palavra alienação:

A) Contém o significado apenas jurídico

B) Representa a plena tomada de consciência do trabalhador da

sua situação de exclusão dentro da fábrica.

C) Representa a separação do trabalhador dos meios de produção,

que se tornam propriedade privada dos empresários capitalistas.

D) Significa a realização pessoal do trabalhador como alguém

importante no processo produtivo.

E) Pode conter vários significados, mas o principal é a consciência

de classe.

9. (ENEM-2010) A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se

transformava em lucro. As cidades tinham suas sujeiras lucrativas,

suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem

lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu

desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram

como as Pirâmides, mostrando mais a escravidão do homem que

seu poder. DEANE, P. A Revolução industrial. Rio de Janeiro:

Zahar, 1979(adaptado).

Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos

ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as

características das cidades industriais no início do século XIX?

A) O aprofundamento dos vínculos dos operários com as linhas de

montagem sobe influencia dos modelos orientais de gestão..

B) O aumento das formas de teletrabalho como solução de larga

escala para o problema do desemprego crônico.

C) O avanço do trabalho flexível e da tercerização como respostas

às demandas por inovação e com vistas à mobilidade dos

investimentos.

D) A autonomização crescente das máquinas e computadores em

substituição ao trabalho dos especialistas técnicos e gestores.

E) O fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes, executivos

e clientes com a garantia de harmonização das relações de

trabalho.

10. (UEL-PR) Segundo Braverman:

O mais antigo princípio inovador do modo capitalista de produção foi

a divisão manufatureira do trabalho [...] A divisão do trabalho na

industria capitalista não é de modo algum idêntica ao fenômeno da

distribuição de tarefas, ofícios ou especialidades da produção [...].

BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Tradução

Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1981, p.70.

O que difere a divisão do trabalho na indústria capitalista das formas

de distribuição anteriores do trabalho?

A) A formação de associações de ofício que criaram o trabalho

assalariado e a padronização de processos industriais.

B) A realização de atividades produtivas sob a forma de unidades

de famílias e mestres, o que aumenta a produtividade do

trabalho e a independência individual de cada trabalhador.

C) O exercício de atividades produtivas por meio da divisão do

trabalho por idade e gênero, o que leva a exclusão das

mulheres do mercado de trabalho.

D) O controle do ritmo e da distribuição da produção pelo

trabalhador, o que resulta em mais riqueza para essa parcela da

sociedade.

E) A subdivisão do trabalho de cada especialidade produtiva em

operações limitadas, o que conduz ao aumento da produtividade

e à alienação do trabalhador.

11. Quanto ao fordismo, podemos associá-lo corretamente com:

A) Artesanato.

B) Irracionalidade.

C) Desapego ao lucro.

D) Linha de montagem.

E) Diminuição da produção.

12. Quanto ao taylorismo podemos afirmar que está relacionado

com:

A) Organização. B) Incoerência. C) Incompetência.

D) Honra. E) Artesanato.

13. (ENEM-2001- Adaptada). “Um operário desenrola o arame, o

outro o endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para

a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete

requerem- se 3 ou 4 operações diferentes;”

SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua

Natureza e suas Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

A respeito do texto são feitas as seguintes afirmações:

I Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são

submetidos os operários.

II. O texto refere-se à produção informatizada e produção artesanal.

II. Ambos contêm a idéia de que o produto da atividade industrial

não depende do conhecimento de todo o processo por parte do

operário.

Dentre essas afirmações, apenas

A) I está correta. B) II está correta. C) III está correta.

D) I e II estão corretas. E) I e III estão corretas.

14. (ENEM-2011) Estamos testemunhando o reverso da tendência

histórica da assalariação do trabalho e socialização da produção,

que foi característica predominante na era industrial. A nova

organização social e econômica baseada nas tecnologias da

informação visa à administração descentralizadora, ao trabalho

individualizante e aos mercados personalizados. As novas

tecnologias da informação possibilitam, ao mesmo tempo, a

descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede

interativa de comunicação em tempo real, seja entre continentes,

seja entre os andares de um mesmo edifício.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006

(adaptado).

No contexto descrito, as sociedades vivenciam mudanças

constantes nas ferramentas de comunicação que afetam os

processos produtivos nas empresas. Na esfera do trabalho, tais

mudanças têm provocado

A) o aprofundamento dos vínculos dos operários com as linhas de

montagem sobe influencia dos modelos orientais de gestão..

B) o aumento das formas de teletrabalho como solução de larga

escala para o problema do desemprego crônico.

C) O avanço do trabalho flexível e da tercerização como respostas

às demandas por inovação e com vistas à mobilidade dos

investimentos.

D) a autonomização crescente das máquinas e computadores em

substituição ao trabalho dos especialistas técnicos e gestores.

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Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia

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E) o fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes, executivos

e clientes com a garantia de harmonização das relações de

trabalho.

15. (ENEM-2011) A introdução de novas tecnologias desencadeou

uma série de efeitos sociais que afetaram os trabalhadores e sua

organização. O uso de novas tecnologias trouxe a diminuição do

trabalho necessário que se traduz na economia líquida do tempo de

trabalho, uma vez que, com a presença da automação

microeletrônica, começou a ocorrer a diminuição dos coletivos

operários e uma mudança na organização dos processos de

trabalho.

Revista Eletrônica de Geografia y Ciências Sociales. Universidad de

Barcelona. Nº 170(9), 1 ago. 2004.

A utilização de novas tecnologias tem causado inúmeras alterações

no mundo do trabalho. Essas mudanças são observadas em um

modelo de produção caracterizado.

A) Pelo uso intensivo do trabalho manual para desenvolver produtos

autênticos e personalizados.

B) Pelo ingresso tardio das mulheres no mercado de trabalho no

setor industrial.

C) Pela participação ativa das empresas e dos próprios

trabalhadores no processo de qualificação laboral.

D) Pelo aumento na oferta de vagas para trabalhadores

especializados em funções repetitivas.

E) Pela manutenção de estoques de larga escala em função da alta

produtividade.

16. (SISTEMA DOM BOSCO) Dois homens entram na fila para

comprar entradas para o espetáculo. Cada um paga $9,90, por três

poltronas. Ao se afastar da bilheteria, um deles se reúne aos seus

dois amigos. Entram no teatro, sentam-se e esperam que o pano se

levante. O outro homem deixa a bilheteria, coloca-se no passeio em

frente ao teatro e, com as entradas na mão, aborda os transeuntes.

Pode ser que acabe vendendo as entradas ($4,40 cada) ou pode

ser que não venda. Não importa. Há alguma diferença entre os

$9,90 desses senhores ilustres?

HUBERMAM, Leo. A história da riqueza do homem. Rio de Janeiro:

Zahar Editores, 1981.p. 167-168 /B

A) O dinheiro do Sr. Espectador e o dinheiro do Sr. Frequentador

têm o mesmo significado econômico no capitalismo.

B) O dinheiro só se torna capital quando é usado para adquirir

mercadorias ou trabalho com a finalidade de vendê-los

novamente, com lucro.

C) Não há diferença nenhuma entre o dinheiro do Sr. Espectador e

do Sr. Freqüentador, porque servem para a mesma finalidade,

adquirir um bem material.

D) No capitalismo o dinheiro não tem valor de troca, apenas valor

financeiro.

E) O lucro é um conceito secundário no capitalismo, que tem por

objetivo principal comprar bens materiais pelos valores de custo.

17. (ENEM) Um banco inglês decidiu cobrar de seus clientes cinco

libras toda vez que recorressem aos funcionários de suas agências.

E o motivo disso é que, na verdade, não querem clientes em suas

agências; o que querem é reduzir o número de agências, fazendo

com que os clientes usem as máquinas automáticas em todos os

tipos de transações. Em suma, eles querem se livrar de seus

funcionários.

HOBSBAWM, E. O novo século. São Paulo: Companhia das letras,

2000(adaptado).

O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da adoção de

novas tecnologias na economia capitalista contemporânea. Um

argumento utilizado pelas empresas e uma conseqüência social de

tal aspecto estão em.

A) Qualidade total e estabilidade no trabalho.

B) Pleno emprego e enfraquecimento dos sindicatos.

C) Diminuição dos custos e insegurança no emprego.

D) Responsabilidade social e redução do desemprego.

E) Maximização dos lucros e aparecimento de empregos.

18. (COC/SP-Adaptada) O desemprego causado pelas inovações

tecnológicas incorporadas à produção vem crescendo no Brasil e

nos demais países capitalistas. Essa situação vem provocando

mudanças no mercado de trabalho e exigindo soluções alternativas.

Marque a assertiva que apresenta as mudanças no mercado de

trabalho.

A) A incorporação da tecnologia à produção demanda, cada vez

mais, trabalhadores desqualificados.

B) O contrato com carteira assinada tem sido uma das alternativas

adotadas.

C) A mão de obra não qualificada é um requisito cada vez mais

exigido.

D) O mercado de trabalho vem demandando trabalhadores

polivalentes e constantemente atualizados.

E) A ampliação da jornada de trabalho semanal para 50 horas

representa uma das soluções alternativas.

2. DIREITOS, CIDADANIA E MOVIMENTOS SOCIAIS

2.1. Direitos para todos

Com a Revolução Francesa (1789), os direitos baseados nos

princípios da liberdade e da igualdade foram declarados universais,

ou seja, válidos para todos os habitantes do planeta. Entretanto,

esses direitos, expressos na Declaração de Direitos do Homem e do

Cidadão aprovados pela Assembléia Nacional francesa, não se

estendiam às mulheres. Embora não seja muito citado nos livros de

História, é sempre bom lembrar o caso de Olympe de Gouges

(1748-1793), ativista e dramaturga francesa que, em 1791, propôs

uma declaração dos direitos da mulher e acabou na guilhotina.

Os documentos originados da Revolução Francesa e da

Independência dos Estados Unidos são a base da Declaração

Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações

Unidas (ONU), criada em 1948. Fortemente influenciada pelo horror

e atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, a

declaração Universal dos Direitos Humanos estendeu a liberdade e

a igualdade de direitos, até nos campos econômico, social e cultural,

a todos os seres humanos.

De acordo com essa concepção universalista, os direitos humanos

estão acima de qualquer poder existente, seja do Estado, seja dos

governantes. Em caso de violação, os responsáveis devem ser

punidos.

2.2. Direitos civis, políticos e sociais

A questão da cidadania só começou a aparecer nos séculos XVII e

XVIII, e ainda assim de forma sutil, por meio da formulação dos

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chamados direitos civis. Naquele momento, procurava-se garantir a

liberdade religiosa e de pensamento, o direito de ir e vir, o direito à

propriedade, a liberdade contratual, principalmente, a de escolher o

trabalho, e, finalmente, a justiça, que deveria salvaguardar todos os

direitos anteriores.

Esses direitos passaram a ser o ideal das épocas seguintes e

constaram em todas as legislações européias a partir de então. Isso

não significava que os direitos civis chegaram a todas as pessoas.

O cidadão no pleno gozo de seus direitos era o indivíduo

proprietário de bens e principalmente de terras, o que mostra que a

cidadania era restrita.

Os direitos políticos estão relacionados com a formação do Estado

democrático representativo e envolvem os direitos eleitorais – a

possibilidade de o cidadão eleger seus representantes e ser eleito

para cargos públicos -, e o direito de participar de associações

políticas, como os partidos e os sindicatos, e o direito de protestar.

Considerados desdobramentos dos direitos civis, os direitos

políticos começaram a ser reivindicados por movimentos populares

já no século XVIII, mas, na maioria dos países, só se efetivaram no

século XX, quando o direito de voto foi estendido às mulheres.

No século XX também chegou a vez de os direitos sociais serem

postos em prática. As pessoas passaram a ter direito à educação

básica, assistência à saúde, programas habitacionais, transporte

coletivo, sistema previdenciário, acesso ao sistema judiciário, etc.

Os direitos civis, políticos e sociais estão assentados no princípio da

igualdade, mas não podem ser considerados universais, pois são

vistos de modo diferente em cada Estado e em cada época. Há uma

diversidade muito grande de sociedades, que se estruturam de

modo diferente e nas quais os valores, os costumes e as regras

sociais são distintos daqueles que predominam no Ocidente.

No final do século XX e no início do século XXI, outros direitos

relacionados a segmentos e situações sociais específicos – por

exemplo, consumidores, idosos, adolescente, crianças, mulheres,

minorias étnicas, homossexuais- consolidaram-se.

Recentemente surgiram direitos difusos, e os mais expressivos são

os relativos ao meio ambiente, que beneficiam a todos. Também se

afirmam os direitos dos animais ou da natureza em geral, assim, a

preservação das matas e animais em via de extinção garante o

direito dos humanos a um ambiente diversificado.

2.3. Cidadania hoje

Ser cidadão é ter a garantia de todos os direitos civis, políticos e

sociais que assegurem a possibilidade de uma vida plena. Esses

direitos não foram conferidos, mas exigidos, integrados e assumidos

pelas leis, pelas autoridades e pela população em geral. A cidadania

também não é dada, mas construída em um processo de

organização, participação e intervenção social dos indivíduos ou de

grupos sociais. Só na constante vigilância dos atos do cotidiano o

cidadão pode apropriar-se desses direitos, fazendo-os valer de fato.

Se não houver essa exigência, eles ficarão no papel.

O conceito de cidadania foi gerado nas lutas que estruturaram os

direitos universais do cidadão. Desde o século XVIII, muitas ações e

movimentos foram necessários para que se ampliassem o conceito

e a prática da cidadania. Nesse sentido, pode-se afirmar que

defender a cidadania é lutar pelos direitos e, portanto, pelo exercício

da democracia, que é a constante criação de novos direitos.

Na sociedade contemporânea, porém, há um grau de complexidade

e de desigualdade tão grande que a divisão dos direitos do cidadão

em civis, políticos e sociais já não é suficiente para explicar sua

dinâmica. Como alternativa a essa classificação temos: a cidadania

formal e a cidadania substantiva ou real.

A cidadania formal é aquela que está nas leis, principalmente na

constituição de cada país e estabelece que todos são iguais perante

a lei e garante ao indivíduo a possibilidade de lutar judicialmente por

seu direitos.

A cidadania substantiva ou real, aquela que vivenciamos no

cotidiano, mostra que não há uma igualdade fundamental entre

todos os seres humanos. A exemplo do direito à vida e o direito de ir

e vir.

A defesa dos direitos humanos convive com sua violação. A

coerência entre os princípios e a prática dos direitos humanos será

estabelecida se houver uma luta constante pela sua vigência,

travada por meio de ações políticas ou movimentos sociais. Direitos

só se tornam efetivos e substantivos quando são exigidos e

vivenciados cotidianamente.

2.4. Os movimentos sociais

Os movimentos sociais são ações coletivas com o objetivo de

manter ou mudar uma situação. Eles podem ser locais, regionais,

nacionais e internacionais.

Partindo desse conceito amplo de movimentos sociais, pode-se

pensar que eles sempre existiram nas sociedades humanas, em

diferentes épocas. Interessa aqui, os movimentos sociais inerentes

à sociedade capitalista.

Os movimentos sociais são sempre de confronto político. Na maioria

dos casos eles têm uma relação com o Estado, seja de oposição,

seja de parceria, de acordo com seus interesses e necessidades.

Observam-se várias formas de atuação dos movimentos sociais:

contra ações do poder público que sejam consideradas lesivas aos

interesses da população ou de um setor dela; para pressionar o

poder público a resolver problemas relacionados à segurança, à

educação, à saúde, etc. (um exemplo são as ações que exigem do

Estado medidas contra a exploração sexual e o trabalho infantil); em

parceria com o poder público para fazer frente às ações de outros

grupos ou empresas privadas (é o caso dos movimentos de

proteção ambiental); para resolver problemas da comunidade,

independentemente do poder público, muitas vezes tomando

iniciativas que caberiam ao Estado (exemplo, as ações realizadas

por ONGs- Organizações Não Governamentais).

Existem também movimentos cujo objetivo é desenvolver ações que

favoreçam a mudança da sociedade com base no principio

fundamental do reconhecimento do outro, do diferente. Por meio

desses movimentos, procuram-se disseminar visões de mundo,

idéias e valores que proporcionem a diminuição dos preconceitos e

discriminações que prejudicam as relações sociais. Exemplos são

os movimentos étnico-raciais, gay, feminista e pela paz e contra a

violência.

2.5. Os movimentos sociais no Brasil

Os primeiros movimentos de resistência no Brasil acontecem

durante o período colonial (1500-1822), contra a escravidão, tanto

dos indígenas quanto dos africanos escravizados.

Os povos indígenas lutaram do século XVI ao século XVIII para não

serem escravizados e para manter suas terras e seu modo de vida.

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Dentre esses movimentos, destaque para: Confederação dos

Tamoios (1555-1567); Guerra dos Aimorés (1555-1673); Revolta

Mandu-Ladino (1712-1719); Guerrilha Mura (1560-1689); Guerra

dos Açus (1686-1692).

Os escravos africanos tinham como forma de resistência as revoltas

localizadas e a formação de quilombos. Os quilombos se

estruturaram em várias partes do Brasil; o maior e mais significativo

foi o Quilombo dos Palmares, localizado no atual estado de

Alagoas- começou a se formar aproximadamente em 1630 e foi

mantido até 1694, e teve de 20 mil a 30 mil habitantes.

Além dos movimentos dos indígenas e dos escravos, ocorreram no

Brasil colonial dois movimentos pela independência em relação a

Portugal: a Inconfidência Mineira (1789-1792) e a Conjuração

Baiana (1796-1799).

No período imperial, entre 1822 e1889, ocorreram movimentos pelo

fim da escravidão e contra a Monarquia, tendo como objetivo a

instauração de uma República no Brasil. Dentre os mais

expressivos, temos: Confederação do Equador (1824); Cabanagem

(1835-1840); Revolta dos Malês (1835); Sabinada (1837-1838);

Guerra dos Farrapos (1835-1845); Balaiada (1839) e Revolução

Praieira (1848).

Além das revoltas regionais, dois grandes movimentos sociais, a

partir de 1850, alcançaram âmbito nacional: o movimento

abolicionista e o republicano.

O movimento abolicionista agregou políticos, intelectuais,

romancistas brancos, negros e pardos libertos. Cresceu lentamente

pois sofria a oposição dos grandes proprietários de terras e

escravos. Por isso, quando finalmente ocorreu a abolição, os ex-

escravos foram deixados a própria sorte, o que criou uma questão

social que perdura até hoje no Brasil.

O movimento republicano foi dominado pelos segmentos mais ricos

da sociedade. A organização buscava uma nova forma de acomodar

os grupos que desejavam o poder sem a presença do imperador e

da Monarquia.

Os movimentos sociais que ocorreram entre o final do século XIX e

os primeiros anos do século XX mostravam um caráter político e

social marcante. Dois movimentos podem ser citados pela denuncia

da miséria, da opressão e das injustiças da república dos Coronéis:

a Guerra de Canudos (1893 e 1897) e a Guerra do Contestado

(1912-1916). Os dois movimentos, após anos de resistência e

muitas batalhas, foram massacrados pela força do Exercito

nacional, em uma matança indiscriminada.

Outros movimentos de caráter urbano marcaram as primeiras

décadas do século XX. Foram as greves operárias – proibidas por

lei - que emergiram de modo significativo e tomaram conta das

fábricas no Sudeste do país.

No meio militar, inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo,

desenvolveu-se um movimento que teve grande alcance em termos

políticos, por colocar em discussão as bases de sustentação do

regime republicano: o Tenentismo.

De 1930 a 1964, os movimentos sociais no Brasil passaram por dois

momentos distintos. O primeiro, de 1930 a 1945, foi marcado por um

forte controle do Estado sobre a sociedade e pouco espaço para

manifestações. Mesmo assim, dois movimentos buscaram alcançar

o poder do Estado: o Movimento da Ação Integralista Nacional e a

Aliança Nacional Libertadora (ANL).

O segundo momento, de 1946 a 1964, foi inaugurado pela

promulgação de uma nova constituição, que estabelecia a

democracia no país. Vários movimentos eclodiram no país, em

especial a campanha pela nacionalização do petróleo - resultando

na criação da PETROBRAS - e os movimentos agrários, com

destaque para as Ligas Camponesas, que se estendeu até 1964.

Apesar do golpe militar promovido em 1964, os movimentos de

estudantes e dos trabalhadores continuaram atuantes e criou uma

situação de contestação aberta ao regime, até Dezembro de 1968,

quando foi decretado o AI-5, que cassou todos os direitos do

cidadão, inclusive o de manifestação.

Entretanto, surgiram movimentos armados (rurais e urbanos) de

contestação ao regime. Os seqüestros (que visavam trocar

prisioneiros do regime pelo seqüestrado) e os roubos a bancos

(para sustentar as ações contra o regime) foram as ações mais

utilizadas nas cidades. No campo, foram montados movimentos de

guerrilheiros, o mais conhecido é a Guerrilha do Araguaia, apoiada

pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B). A repressão aos

movimentos armados ocorreu de modo extensivo.

No fim da década de 1970 e início dos anos de 1980, destaque para

os movimentos grevistas em São Paulo, principalmente no chamado

ABCD (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema),

região que concentrava o maior parque industrial do Brasil e,

portanto, o maior número de trabalhadores industriais.

No campo, desempenhou importante papel no questionamento da

situação da terra no Brasil e no enfrentamento ao regime militar, o

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Organizado

no Sul do país, a partir de 1979, com apoio de parte da Igreja

católica (Pastoral da Terra), do PT e da CUT, o MST tinha como

objetivo criticar a estrutura da propriedade da terra no Brasil- onde o

latifúndio é dominante- e as condições de vida dos trabalhadores

rurais.

Os anos 1980 representaram um momento de refluxo da esquerda

internacional por conta do esgotamento do ciclo de lutas europeu

dos anos 1960 e 1970 e pelo declínio da União Soviética. Quando

toda esquerda ocidental se encontrava em crise, o Brasil acenou

para o mundo com movimentos sociais fortes e uma organização

partidária de cunho operário.

Esses movimentos protagonizaram a lutas pelas Diretas Já, que se

tornou uma das maiores manifestações de massa da história do

País e consolidou o fim da ditadura.

Em 1989, a campanha presidencial mobilizou todo o País. A eleição

foi vencida por Fernando Collor de Melo - o mesmo presidente

contra quem a geração estudantil tomaria as ruas para exigir seu

impeachment, em 1992.

No bojo dos das lutas sociais na década de 1990 surgem

movimentos sociais que buscam a promoção de ações de combate

a discriminação racial; pela manutenção e respeito pelo direito à

propriedade de suas terras, herdadas de seus antepassados e

muitas vezes expropriadas pela falta de regularização da situação

jurídica e de garantia dos direitos étnicos dos quilombolas, através

da fundação de entidades como a Coordenação Nacional das

Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), tendo como

símbolo emblemático Zumbi dos Palmares.

Na atualidade o Brasil começou a viver um dos maiores momentos

de protestos de massa dos seus últimos 35 anos. As jornadas de

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luta que tiveram início em Junho de 2013 em São Paulo contra o

aumento da passagem de ônibus, coordenado pelo Movimento

Passe Livre (MPL) que luta pelo acesso à cidade através da

concepção da mobilidade urbana como um direito social e tornou-se

o principal irradiador dos descontentamentos políticos nacionais.

As manifestações se espalharam por diversas cidades no País, com

cerca de 2 milhões de pessoas nas ruas em 438 cidades,

espalhadas por todos os estados brasileiros e apresentaram

diversas demandas sociais, a exemplo da questão indígena, a

crítica aos gastos da Copa do Mundo e a corrupção. O saldo das

jornadas de Junho somam redução da tarifa de transporte em pelo

menos 104 cidades e 17 estados e a implantação do Tarifa Zero em

Paulínia, no interior paulista.

Outro aspecto importante e considerada uma das principais forças

por trás das manifestações foi à utilização das redes sociais como

instrumento de mobilização, com destaque para o Facebook e o

Twitter.

Em meio às manifestações pacíficas lideradas pelo MPL surgem

jovens de preto e mascarados dispostos a destruir bancos e lojas e

enfrentar a polícia com as próprias mãos. BLACK BLOC foi o termo

surgido de forma confusa na imprensa nacional. Seriam jovens

anarquistas anticapitalistas e antiglobalização, cujo lema passa por

destruir a propriedade de grandes corporações e enfrentar a polícia.

Além de ameaçar à propriedade e às regras do cotidiano (como

atrapalhar o transito e a visita oficial do papa), as atuações

explicitaram a emergência de uma faceta dos movimentos sociais,

de cunho anarquista e autonomista, que vão do Movimento Passe

Livre e outros coletivos até a face extrema dos encapuzados.

Se no começo das manifestações os Black Bloc tomavam carona

nos protestos organizados por entidades com pautas claras, pouco

a pouco passaram a agir sozinhos. São manifestações instantâneas,

acéfalas e impossíveis de controlar. Como não são uma

organização, mas uma tática condicionada a contextos políticos, os

Black Bloc devem surgir com mais freqüência. A Copa do Mundo e

as Olimpíadas, com seus espaços delimitados, gastos controversos

e simbologias fartas, são alvos esperados.

Corretos ou não, a tática Black Bloc forçou a discussão sobre o uso

da desobediência civil e da ação direta, do questionamento da

mobilização pelo próprio sistema representativo.

2.6. Os novos movimentos sociais

Os novos movimentos sociais são frutos da própria diversificação da

sociedade, resultado da expansão capitalista e da maior distribuição

da riqueza ao longo do século XIX e do século XX. Com essa

diversificação, observa-se a emancipação de grupos até então

subordinados a uma ordem social patriarcal e conservadora.

Em um primeiro momento, esses movimentos eclodem em nações

marcadas por maior organização política e social, onde a

democracia se instalava de forma decisiva como resultado das

pressões sociais até então promovidas pelo operariado.

Neste contexto, destaca-se o fortalecimento do movimento negro e

do movimento feminista nos EUA, um dos principais palcos pela luta

por direitos civis entre a primeira e a segunda metade do século XX.

Nos anos 1960, destaque para o movimento estudantil e o

movimento hippie.

A crítica ao conservadorismo e aos valores instituídos, assim como

a expansão da renda para outros setores e segmentos da

sociedade, são fatores que vão incentivar o surgimento do

movimento gay, posteriormente incorporando outras opções sexuais

até chegar a sua forma atual, o movimento LGBT (lésbicas, gays,

bissexuais e travestis).

Por fim, vale destacar a preocupação ecológica com o

desenvolvimento sustentável, prática recente que se associa com as

alterações climáticas decorrentes do acelerado e desenfreado

crescimento industrial, que ameaça o ecossistema do qual a

humanidade faz parte.

2.6.1. O movimento feminista

A discussão moderna sobre a posição da mulher nas diferentes

sociedades vem sendo travada desde o século XVIII.

No século XIX é marcado pela presença da ativista Olympe de

Gouges que encaminhou à Assembléia Nacional da França, em

1791, uma Declaração dos Direitos da mulher e da Cidadã, pedindo

que o documento fosse tomado como fundamento da Constituição.

No início do século XX a luta das mulheres adquiriu nova

configuração com a organização de movimentos e campanhas pelo

direito de votar, primeiro nos Estados Unidos em 1920, e depois na

Inglaterra, em 1928, no Brasil esse direito só foi conquistado em

1932.

Após as lutas pelo direito ao voto, o movimento das mulheres se

enfraqueceu, sendo retomado na década de 1960. Dizia-se que as

mulheres eram inferiores aos homens. Contrapunha-se a essa visão

o argumento de que a desigualdade sexual é histórica, e não

natural, pois foi sendo construída desde a Antiguidade para manter

a opressão dos homens e a condição subalterna da mulher. Nas

décadas posteriores ocorreu uma grande diversificação das lutas e

dos movimentos das mulheres. Os seguintes temas se destacam

hoje no movimento feminista: a crítica à sociedade patriarcal,

baseada na dominação do homem como cabeça do casal e da

família; a igualdade de condições e de salários de trabalho; o direito

à liberdade de uso do corpo, no que se refere a reprodução,

contracepção e aborto; o questionamento da heterossexualidade

como norma e o reconhecimento de outras manifestações da

sexualidade, como a bissexualidade e o lesbianismo; a

especificidade da visão feminina do mundo em todas as áreas do

conhecimento; a discussão sobre a identidade corporal e a

sexualidade feminina.

2.6.2. O movimento ambiental

Esse movimento é típico da sociedade industrial. O movimento

ambiental surgiu no século XIX, quando foram percebidos os

primeiros sinais de distúrbios ambientais, mas desenvolveu-se

lentamente até a década de 1970.

Esse tipo de movimento tem uma característica interessante,

envolve desde a ação de um pequeno grupo salvar uma árvore em

uma área urbana até a ação de grupos e instituições internacionais

pela preservação de matas, mares, rios, ecossistemas inteiros, a

exemplo do GREEPACE. Evidenciando que o movimento ambiental

vai do local ao global e a construção de uma consciência ecológica

difusa no mundo. Outra característica é não ser organizado

mundialmente, mas um conjunto de movimentos que desenvolveu

uma cultura ambientalista e criou um novo direito: o de viver em um

ambiente saudável.

As ações desenvolvidas por movimentos e organizações no mundo

todo contribuíram para que a ONU (Organização das Nações

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Unidas) passasse a orientar seus membros a respeito das questões

ambientais.

Vários são os questionamentos e motivações que animam os

movimentos ambientais, dentre eles:

A proteção da diversidade da vida na Terra; a preservação da

qualidade de vida dos habitantes do planeta, que são atingidos por

agentes poluidores na água, no ar ou no solo; o controle da

aplicação industrial de resultados do progresso cientifico e técnico

que possam trazer problemas à humanidade, como os resíduos

tóxicos e as conseqüências do uso de energia nuclear, agrotóxicos

e, mais recentemente, produtos transgênicos; o controle do uso dos

recursos naturais, principalmente da água doce e daqueles oriundos

da atividade extrativa de produtos não renováveis, como o petróleo.

Existem problemas ambientais que só podem ser tratados

globalmente, como a emissão de gases que provocam o efeito

estufa, o aquecimento do planeta e as alterações na camada de

ozônio que protege a Terra.

Os movimentos sociais contemporâneos, como o ambiental, o

feminista e o Movimento Passe Livre (MPL), possuem duas

características comuns: não têm uma coordenação única, pois

surgem e se desenvolvem a partir de ações coletivas nos planos

local, regional e global, e comportam uma diversidade de idéias e

valores, bem como de atuação e organização; suas ações se

desenvolvem em torno de interesses e necessidades, mas também

de reconhecimento, visando criar uma nova sociabilidade.

A despeito das conquistas obtidas pelos novos movimentos sociais,

devemos salientar que as estruturas sociais foram modificadas, mas

esses movimentos contribuíram para a ampliação da esfera

democrática.

Questões

19. (UFU-MG) A cidadania pode ser definida, entre outras formas,

tomando-se como referência a relação entre direitos civis, políticos e

sociais. Ao longo da história, os movimentos sociais brasileiros

acompanharam a incorporação desses direitos como reivindicações.

Sobre a cidadania no Brasil, assinale a alternativa correta.

A) Houve um caminho particular, surgindo, apesar de avanços e

recuos, primeiro os direitos políticos, depois os direitos sociais e,

por último, os civis. Nesse sentido, os movimentos sociais da

década de 1980 representaram uma pluralidade de

reivindicações que, em alguns casos, puderam convergir.

B) Os direitos sociais avançaram a partir da década de 1930 e,

devido à exigência popular, criou-se órgãos, como o

Departamento Nacional de Trabalho, e o decreto de

sindicalização, pelo qual sindicatos estavam protegidos de

qualquer influência do Estado.

C) Mudanças significativas nos direitos sociais ocorreram na

legislação no período de 1930 a 1945, principalmente para os

trabalhadores rurais, que já constituíam um movimento social de

expressão nacional.

D) A ditadura representou um retrocesso da idéia de cidadania

plena, principalmente com o controle sobre partidos políticos,

apesar de garantia de mobilização popular e do direito à greve

para os sindicatos.

20. (COC/SP) No Brasil, as primeiras leis trabalhistas foram criadas:

A) Na década de 1930, por Getúlio Vargas.

B) No século XIX, durante o período imperial.

C) Na década de 1990, sob o contexto das manifestações

neoliberais.

D) Por Juscelino Kubitschek, na década de 1950, juntamente com a

construção de Brasília.

E) Pelo governo militar das décadas de 1960 e 1970.

21. Considere os trechos do samba-enredo da Escola de Samba

Mangueira, do Carnaval de 2000, no Rio de Janeiro.

Axé, mãe África

De onde herdei o sangue azul da realeza Sou guerreiro de Oyó (...)

No Rio de lá Luxo e riqueza No Rio de cá Lixo e pobreza (...)

Desejei liberdade 500 anos Brasil E a raça negra não viu O clarão

da igualdade Fazer o negro respirar felicidade Sonho ou realidade

Uma dádiva do céu (do céu, do céu) Vi o morro da Mangueira

Sambar de porta-bandeira A princesa Isabel.

Marcelo D’Aguiã, Bizuca, Gilson Bermini e Valter Veneno (adaptado).

Os versos do samba-enredo da Mangueira podem ser interpretados

como uma crítica às estruturas políticas e sociais do Brasil.

A) Porque continuam segregando extensos setores da população

por critérios raciais.

B) Uma exaltação à conquista da liberdade e da igualdade social

que os negros alcançaram ao longo dos 500 anos de Brasil.

C) Um repúdio dos sambistas aos patrocinadores das escolas de

samba por exigirem que eles enalteçam os heróis nacionais.

D) Uma constatação da transformação social que trouxe benefícios

econômicos e jurídicos à população afro-brasileira.

E) Uma homenagem ao povo brasileiro, que superou os problemas

de discriminação social praticando a democracia racial.

22. (UFU-MG) Os movimentos sociais tiveram um papel de

destaque na transição democrática brasileira e uma de suas

principais características era a afirmação de sua autonomia diante

dos mecanismos tradicionais de cooptação do poder estatal. O

intenso processo de urbanização ocorrido nas décadas de 1970 e

1980 marcou a fisionomia das cidades através de processos de

segregação sócio-espacial. Foi neste contexto que as associações

de bairro surgiram como protagonistas no panorama político, por

meio da reivindicação pela cidadania.

Diante dessas considerações, marque a alternativa correta:

A) Os movimentos sociais são homogêneos e sempre manifestam

um caráter de classe.

B) Na dinâmica dos movimentos sociais, a cidade tornou-se lugar

privilegiado para observação da atuação desses movimentos,

porque minimiza a possibilidade do conflito, amplia os acessos

aos serviços e equipamentos públicos, estabelecendo a

cidadania plena.

C) Os dilemas da organização e da manutenção dos movimentos

sociais contribuíram para a reconceitualização da cidadania e

para o pensamento acerca da relação entre os sujeitos coletivos

e o poder público.

D) Os movimentos de bairro promovem a ampliação de acessos a

direitos por intermédio da associação com interesses individuais

de membros de grupos dominantes.

23. (ENEM) Em uma disputa por terras, em Mato Grosso do Sul,

dois depoimentos são colhidos: o do proprietário de uma fazenda e

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o de um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem

Terra.

Depoimento 1 :

A minha propriedade foi conseguida com muito sacrifício pelos meus

antepassados. Não admito invasão. Essa gente não sabe de nada.

Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será à

bala. Esse povo tem que saber que a Constituição do Brasil garante

a propriedade privada. Além disso, se esse governo quiser as

minhas terras para a Reforma Agrária, terá que pagar, em dinheiro,

o valor que eu quero. Proprietário de uma fazenda no Mato Grosso

do Sul.

Depoimento 2:

Sempre lutei muito. Minha família veio para a cidade porque fui

despedido quando as máquinas chegaram lá na Usina. Seu moço,

acontece que eu sou um homem da terra. Olho pro céu, sei quando

é tempo de plantar e de colher. Na cidade não fico mais. Eu quero

um pedaço de terra, custe o que custar. Hoje eu sei que não estou

sozinho. Aprendi que a terra tem um valor social. Ela é feita para

produzir alimento. O que o homem come vem da terra. O que é duro

é ver que aqueles que possuem muita terra e não dependem dela

para sobreviver, pouco se preocupam em produzir nela. Integrante

do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de

Corumbá, MT.

A partir da leitura do depoimento 2, quais os argumentos utilizados

para defender a posição de um trabalhador rural sem-terra?

I A distribuição mais justa da terra no país está sendo resolvida,

apesar de que muitos ainda não têm acesso a ela.

II A terra é para quem trabalha nela e não para quem acumula como

bem material.

III É necessário que se suprima o valor social da terra.

IV A mecanização do campo acarreta a dispensa de mão de obra

rural.

Estão corretas as proposições:

A) I apenas B) II apenas C) II e IV apenas

D) I, II e III apenas E) I, III e IV apenas

24. (ENEM-2011) Na década de 1990, os movimentos sociais

camponeses e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros

sujeitos coletivos. Na sociedade brasileira, a ação dos movimentos

sociais vem construindo lentamente um conjunto de práticas

democráticas no interior das escolas, das comunidades, dos grupos

organizados e na interface da sociedade civil com o Estado. O

diálogo, o confronto e o conflito têm sido os motores no processo de

construção democrática.

SOUZA, M. A. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo:

participação e possibilidades das práticas democráticas. Disponível em:

http://www.ces.uc.pt. Acesso em: 30 abr. 2010 (adaptado).

Segundo o texto, os movimentos sociais contribuem para o

processo de construção democrática, por que

A) Determinam o papel do Estado nas transformações

socioeconômicas.

B) Aumentam o clima de tensão social na sociedade civil.

C) Pressionam o Estado para o atendimento das demandas da

sociedade.

D) Privilegiam determinadas parcelas da sociedade em detrimento

das demais.

E) Propiciam a adoção de valores éticos pelos órgãos do Estado.

25. (COC/SP) O hip hop é um movimento cultural juvenil presente

em diferentes metrópoles mundiais. Historicamente, ele surgiu no

bairro do Bronx nova-iorquino. No final dos anos 70, jovens afro-

americanos e caribenhos tiveram participação decisiva em sua

constituição. A dança break, a arte visual materializada no grafite e

o rap como expressão poético-musical integraram-se como parte do

sistema cultural juvenil em construção.

SILVA, José Carlos Gomes da. “Arte e educação: a experiência do

movimento hip hop paulistano”. In: ANDRADE, Elaine Nunes de. Rap e

educação – Rap é educação. São Paulo: Summus, 1999, p.

No Brasil, o movimento hip hop apareceu no início dos anos 90,

representando:

A) As reivindicações da juventude de classe média negra urbana.

B) A organização de gangues criminosas.

C) A articulação do movimento jovem com partidos políticos.

D) A partir da arte, denúncia das dificuldades da pobreza e das

práticas de discriminação étnica.

E) Reivindicação de participação política da juventude moradora da

periferia dos grandes centros.

26. (UFPA) Os chamados “novos movimentos sociais” se

diferenciam daqueles denominados como “tradicionais ou clássicos”.

Sobre esses movimentos, é correto afirmar:

A) Os novos movimentos sociais surgiram no contexto europeu do

período pós-guerra e se expandiram nas lutas operárias do

capitalismo comercial norte-americano.

B) Entre os movimentos sociais clássicos, identifica-se o movimento

feminista, que surgiu no início do século XIX, a partir da luta das

mulheres pelo direito ao voto e à participação política

parlamentar.

C) Uma das características dos novos movimentos sociais é o fato

de estes serem causados pelos paradoxos e contradições

existentes no capitalismo comercial e industrial.

D) Os novos movimentos sociais tornaram-se espaço de

manifestação e reivindicação de vários segmentos e classes

sociais, desde a segunda metade do século XX.

E) Os participantes dos movimentos sociais tradicionais objetivavam

a conquista do poder político por meio da luta armada, enquanto

os novos movimentos sociais utilizam a paz armada como

estratégia para essa conquista.

27. (UFPA) Negros e negras, indígenas e vários grupos étnicos,

gays e lésbicas, prostitutas e prostitutos, idosos e idosas,

portadores(as) de necessidades especiais, movimentos

ambientalistas e antiglobalização apresentaram-se no cenário

político local, nacional e internacional para reivindicar a criação ou a

efetivação de seus direitos, e para propor ou interferir na adoção de

políticas públicas específicas para eles por parte do Estado. Os

cientistas políticos, sociólogos e antropólogos estudam a ação

política destes atores na perspectiva do(s):

A) Movimentos operários. D) Cooperativismo.

B) Terrorismo. E) Novos movimentos sociais.

C) Sindicalismo.

28. (ENEM-2012) Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra,

movimentos como o Maio de 1968 ou a campanha contra a Guerra

do Vietnã culminaram no estabelecimento de diferentes formas de

participação política. Seus slogans, tais como “Quando penso em

revolução quero fazer amor”, se tornaram símbolos da agitação

cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se,

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A) À contestação da crise econômica européia, que fora provocada

pela manutenção das guerras coloniais.

B) À organização partidária da juventude comunista, visando o

estabelecimento da ditadura do proletariado.

C) À unificação das noções de libertação social e libertação

individual, fornecendo um significado político ao uso do corpo.

D) À defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodução,

que era tomado como solução para os conflitos sociais.

E) Ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que

conviveram com a emergência do rock e outras mudanças nos

costumes.

29. (ENEM – 2009) O ano de 1968 ficou conhecido pela

efervescência social, tal como se pode comprovar pelo seguinte

trecho, retirado de texto sobre propostas preliminares para uma

revolução cultural: “É preciso discutir em todos os lugares e com

todos. O dever de ser responsável e pensar politicamente diz

respeito a todos, não é privilégio de uma minoria de iniciados. Não

devemos nos surpreender com o caos das ideias, pois essa é a

condição para a emergência de novas ideias. Os pais do regime

devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela

supõe a partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que

ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e

não precisa delas”.

Journal de la comune étudiante. Textes ET documents. Paris: Seuil,

1969 (adaptado).

Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968

A) Foram manifestações desprovidas de conotação política, que

tinham o objetivo de questionar a rigidez dos padrões de

comportamento social fundados em valores tradicionais da

moral religiosa.

B) Restringiram-se às sociedades de países desenvolvidos, onde a

industrialização avançada, a penetração dos meios de

comunicação de massa e a alienação cultural que deles

resultava eram mais evidentes.

C) Resultaram no fortalecimento do conservadorismo político, social

e religioso que prevaleceu nos países ocidentais durante as

décadas de 70 e 80.

D) Tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus

fortes desdobramentos nos planos social e cultural, expressos

na mudança de costumes e na contracultura.

E) Inspiraram futuras mobilizações, como o pacifismo, o

ambientalismo, a promoção da equidade de gêneros e a defesa

dos direitos das minorias.

30. (UEMA) Os novos movimentos sociais, principalmente os

ambientalistas no Brasil e no mundo, têm-se destacado no combate

às indústrias poluidoras e usinas nucleares, ao desmatamento

indiscriminado da floresta Amazônica, dentre outros. Sobre esses

movimentos, leia as proposições abaixo.

I - São movimentos sociais preservacionistas que têm como objetivo

salvar o planeta Terra das agressões do homem.

II - São movimentos sociais que têm como ideologia revolucionar o

modo de produção capitalista instaurando o socialismo.

III - São movimentos sociais que incriminam as empresas

capitalistas modernas como devastadoras do planeta Terra.

IV - São movimentos sociais que querem destruir o poder do

Estado-Nação.

É correto o que se afirma em:

A) I e IV, apenas. B) II e III, apenas. C) I e III, apenas.

D) I e IV, apenas. E) I e II, apenas.

31. (COC/SP) Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas Quando

amadas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas

melenas Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem,

imploram Mais duras penas Cadenas

(Chico Buarque).

O compositor faz uma crítica a uma determinada concepção de

mulher, de sua condição, em sociedades patriarcais. Ao falar das

mulheres de Atenas, também institui uma relação com a mulher no

Brasil e apresenta uma relativa proximidade. De acordo com o

exposto e com a situação das mulheres no Brasil contemporâneo, é

válido afirmar que a promoção da igualdade entre os sexos, entre

gêneros:

A) Já ocorreu no mercado de profissões, onde, para trabalhos

iguais, são pagos os mesmos salários.

B) Beneficia as mulheres porque supõe a troca de papéis sociais

desempenhados com base nas diferenças de sexo.

C) É dificultada pela permanência, tanto nas mulheres quanto nos

homens, de algumas ideias e padrões de comportamento

tradicionais.

D) Estimula as mulheres a competir com os homens, mas esses não

desejam competir com elas, pois não se sentem ameaçados.

E) Ocasionou o desenvolvimento da inteligência nas mulheres que

foram incluídas no mercado de trabalho.

32. (ENEM-2012) As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos

Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande

maioria, vivem numa situação de exclusão e subalternidade. O

termo quebradeira de coco assume o caráter de identidade coletiva

na medida em que as mulheres que sobrevivem dessa atividade e

reconhecem sua posição e condição desvalorizada pela lógica da

dominação, se organizam em movimentos de resistência e de luta

pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais, pela

autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir significados ao

seu trabalho e as suas experiências, tendo como principal referência

sua condição preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.

ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu,

pela libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII

Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural. Quito, 2006

(adaptado).

A organização do movimento das quebradeiras de coco de babaçu é

resultante da

A) Constante violência nos babaçuais na confluência de terras

maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, região

com elevado índice de homicídios.

B) Falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migrantes das

cidades e com pouco vínculo histórico com as áreas rurais do

interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí.

C) Escassez de água nas regiões de veredas, ambiente natural dos

babaçus causada pela construção de açudes particulares,

impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos.

D) Progressiva devastação das matas dos cocais, em função do

avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte brasileiro.

E) Dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no acesso aos

babaçuais localizados no interior de suas propriedades.

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Pré-Universitário Cadernos Gama/Pi

391

GABARITO

PORTUGUÊS

01 E 02

03. Sessão, seção (secção), cessão

04 C 05 C 06 E

07 C 08 A 09 B

10 B 11 C 12 B

13 E 14 B 15 C

16 D 17 B 18 D

19 A 20 E 21 E

22 A 23 B 24 A

25 D 26 B 27 E

28 C 29 C 30 E

31 B 32 D 33 B

34 D 35 D 36 E

37 E 38 E

LITERATURA

Romantismo

01 A 02 C 03 B

04 C 05 C 06

07 C 08 A 09 C

Prosa Romântica

01 E 02 C 03 D

04 C 05 B 06 A

07 A 08 09 B

Realismo

01 A 02 A 03 D

04 C 05 B 06 C

07 B 08 D 09 E

10 B

Parnasianismo

01 B 02 A 03 C

04 B 05 b 06 D

07 C 08 C 09 D

10 B 11 C 12 A

13 A

Simbolismo

01 D 02 C 03 C

04 E 05 B 06 D

07 A 08 A 09 D

10 E 11 A 12 C

13 B 14 E 15 B

16 B 17 E 18 C

19 D

MATEMÁTICA

De olho no ENEM

PA / PG

01 D 02 D 03 B

04 C 05 C 06 D

07 A 08 B

Matriz

01 E 02 E 03 E

04 A

Determinantes

01 E 02 A 03 D

04 A 05 C

Sistema Linear

01 A 02 A 03 C

04 A 05 B 06 B

07 C

Sistema Perspectiva

01 C 02 A 03 D

04 E 05 B 06 C

Ângulos

01 D 02 C

Congruência, Semelhança de Triângulos

01 D 02 D

Relações Métricas no Triângulo Retângulo

01 B

Razão, Escala e Proporções

01 C 02 D 03 E

04 D 05 E 06 D

Grandezas

01 C 02 D 03 D

04 A

Unidades de Medidas

01 E 02 A

Área de Figuras

01 E 02 C 03 D

04 B 05 E 06 B

07 D 08 E 09 B

10 C 11 B 12 E

13 E 14 A

Geometria Espacial

01 B 02 C 03 A

04 C 05 D 06 C

07 E 08 B 09 C

10 A 11 A

Testando o conhecimento

PA

01. (1, 4, 7, 10, 13)

02. S10 = 143

03. aS = 16

04. a11 = 31

05. r = 4

06. a15 = 279/10

07. n = 320

08. (62, 67, 72, 77, 82, 87, 92, 97)

09. x = 2

10. 13

Matriz

01 A 02 B 03 A

04 C 05 E

Escala

01 E 02 C 03 D

04 D 05 B

Função Exponencial

01 A 02 C 03 A

04 E 05 E

GEOGRAFIA

01 B 02 A 03 A

04 B 05 A 06 B

07 C 08 A 09 D

10 D 11 D 12 C

13 B 14 A 15 C

16 C 17 A 18 B

19 D 20 E 21 A

22 C 23 A 24 B

25 C 26 A 27 A

28 E 29 D 30 A

31 D 32 A 33 B

34 E 35 D 36 A

37 D 38 B 39 C

40 E 41 A

FÍSICA

01 D 02 B 03 E

04 A 05 D 06 A

07 B 08 C 09 A

10 A 11 B 12 A

13 E 14 B 15 D

16 A 17 D 18 E

19 D 20 B 21 B

22 A 23 B 24 B

25 D 26 C 27 B

28 C 29 E 30 B

31 B 32 C 33 D

34 A 35 E 36 B

37 B 38 C 39 B

40 C 41 D 42 B

43 C 44 C 45 D

46 D 47 D 48 B

49 A 50 D 51 D

52 D 53 D 54 A

55 C 56 D 57 A

58 D 59 B 60 E

Óptica

01 D 02 E 03 D

04 C 05 A 06 A

07 B 08 E 09 E

10 B 11 C 12 A

13 B 14 B 15 B

16 E 17 A 18 A

19 C 20 D 21 C

22 A 23 D 24 C

25 A

Ondulatória

01 B 02 A 03 D

04 D 05 E 06 C

07 D 08 B 09 D

10 E 11 C 12 C

13 A 14 B 15 C

16 A

ENEM

01 C 02 C 03 A

04 A 05 C 06 E

07 A 08 D 09 D

10 E 11 E 12 A

13 B 14 D 15 E

16 A 17 C 18 A

19 C 20 C 21 E

22 C 23 E 24 D

25 A

BIOLOGIA

01 E 02 B 03 E

04 E 05 A 06 C

07 E 08 E 09 C

10 A 11 B 12 C

13 B 14 A 15 C

16 E 17 B 18 C

19 A 20 D 21 A

22 D 23 C 24 A

25 E 26 D 27 12

28 C 29 E 30 D

31 C 32 C 33 A

34 E 35 A 36 E

37 C 38 B 39 E

40 A 41 C 42 A

43 C 44 A 45 C

46. a) Nos aquários I e III as piranhas devoram as presas. No aquário II as pessoas não serão devoradas. 46. b) Nos aquários I e II as piranhas as presas, enquanto no aquário III as presas não serão devoradas por causa do recipiente impermeável, transparente e incolor. 46. c) Conclui-se que o olfato é o principal sentido da piranha.

47 B 48 C 49 C

50 D 51 C 52 A

53 A 54 D 55 D

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Pré-Universitário Cadernos Gama/Pi

392

56 C 57 E 58 C

59 E 60 E 61 E

62 E 63 E 64 C

65 B 66 B 67 C

68 B 69 E 70 E

71 B 72 B 73 D

74 B 75 A 76 E

77 C 78 E 79 D

80 A 81 D 82 D

83 D 84 A 85 D

86 D 87 A 88 A

89 D 90 E 91 D

92 C 93 A 94 A

95 E 96 C 97 D

98 E 99 D 100 C

101 B 102 E 103 B

104 B 105 D 106 B

107 D 108 C 109 C

110 C 111 C 112 B

113 C 114 B 115 B

116 C 117 C 118 B

119 A 120 E 121 B

122 C 123 D 124 E

125 E 126 C 127 B

128 C 129 C 130 C

131 B 132 C 133 C

134 A 135 B 136 B

137 D 138 E 139 E

QUÍMICA

Soluções

01 A 02 D 03 D

04 E 05 D 06 D

07 C 08 E 09 A

10. a) 0,023 10. b) 0,022

11 C 12 D 13 B

14 B 15 A 16 A

17 B 18 A 19 D

20 A 21 D 22 D

23 A 24 B 25 C

Propriedades Coligativas

01 E 02 B 03 B

04 E 05 A 06 C

07 A 08 B 09 B

10 E 11 D 12 A

13 C 14 B 15 A

Termoquímica

01 A 02 D 03 C

04 C 05 B 06 A

07 A 08 C 09 C

10 A 11 B 12 C

13 B 14 C 15 C

Cinética Química

01 B 02 B 03 D

04 A 05 D 06 A

07 E 08 D 09 D

10 B

Equilíbrios Químicos

01 D 02 B 03 C

04 C 05 D 06 B

07 B 08 A 09 A

10 D 11 E 12 C

13 E 14 E 15 A

Radioatividade

01 A 02 C 03 A

04 C 05 A 06 D

07 B 08 C 09 E

10 D

Questões ENEM

01 C 02 C 03 A

04 C 05 E 06 A

07 A 08 B 09 A

10 B 11 A 12 A

13 D

HISTÓRIA

01. Através dos hinos, cânticos e orações em “língua geral”, a língua dos nativos compilada pelos religiosos em diversas gramáticas e glossários, servindo à comunicação entre indígenas e catequistas. 02. Através de um grupo de investidores associados às companhias de comércio que administravam o capital, o poderio armado e as decisões, dividindo riscos e lucros na proporção de cada investimento pessoal.

03 D 04 D 05 D

06 D 07 A 08 B

09 E 10 A 11 D

12 E

13. As autoridades e as instituições públicas podem promover ações que viabilizem as práticas de atividades econômicas tradicionais ou sustentáveis, investindo recursos para a sua realização. A fiscalização por parte de todos para que os recursos sejam adequadamente aplicados e punição rigorosa àqueles que fazem mau uso do dinheiro público. 14. No período colonial, as práticas de violência contra os índios começaram desde o primeiro momento em que os colonizadores portugueses aqui pisaram, impondo uma cultura dominadora, baseada na exploração de nossas riquezas, sustentada na escravização indígena, inicialmente, e depois, no trabalho escravo africano. Ao longo do tempo até os nossos dias, a violência contra os índios é verificada através do quase desaparecimento de suas línguas, da invasão de suas terras, do abandono por parte do poder público ou, a que as comunidades indígenas estão submetidas.

15 A 16 C 17 C

18 C 19 A 20 E

21 C 22 A 23 E

24 A 25 E

26. Perdendo o contato com seus instintos naturais e sentimentos à medida que eles vão sendo reprimidos ou à medida que ela aprende, através de uma série de normas e conceitos abstratos, a não revelar certas emoções e a fingir outras. O resultado é a perda de contato consigo mesma e a necessidade de mostrar-se diferente do que realmente é. 27. Propõe uma educação que procura incentivar a expressão das tendências da criança. Dever-se-ia realizar essa educação no seio da família usando de amor e carinho para essa prática. E deixaria o aspecto teórico e racional para segundo plano.

28 C 29 E 30 A

31 D 32 C 33 E

34 B 35 A 36 B

37. Sua disposição a sacrificar não-

combatentes situa seus atos além do domínio da mera sabotagem. 38. Ação violenta, causadora de terror, motivada por razões ou objetos políticos.

39 C 40 B 41 E

42 D 43 B 44 D

45 D

46. A palavra ecumênica tem significado de universalidade, característica dada por Hobsbawm a Revolução Francesa por esta se enquadrar como modelo para os anseios de diversos setores sociais, nas mais diversas regiões do mundo, por vezes em sentidos opostos como os jacobinos e os girondinos. 47. A própria Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é a prova inconteste de que o movimento revolucionário surge sob a ótica da universalidade dos direitos individuais e coletivos da humanidade. Válidos e exigíveis em qualquer tempo e em qualquer lugar, pois são pertinentes à própria natureza humana.

48 E 49 B 50 C

51 D 52 C 53 B

54 E 55 C 56 C

57 D 58 A

59. As pistas teriam sido dadas por um documento paroquial que registrou o enterro em solo sagrado e pela tradição oral local. 60. Réus não podiam ter morte social, com enterro em solo santo. Além disso, as pessoas tinham muito medo do governo, não gostavam de contrariá-lo e pagar um preço alto.

61 E 62 D 63 A

64 D 65 B 66 B

67 C 68 C

69. O aluno deverá construir uma resposta separando as pessoas que são eleitas e assumem mandatos, do ente que se impõe sobre o tecido social, fundado e fundamentado pelo próprio cidadão. Nesse sentido a discussão sobre a participação política é fundamental para fazer a ligação com a segunda questão do texto. 70. O aluno deve ter em mente a visão de Rousseau sobre a democracia direta e apontar as dificuldades apresentadas nas democracias representativas modernas, observando o papel do cidadão quanto ao exercício de poder.

71 B 72 C 73 D

74 C 75 C 76 D

77 A 78 D 79 E

80 E 81 C 82 B

83. Devido a fatores como a privações de alimentos, de roupas inadequadas para o frio, a falta de condições de higiene, carga horária de trabalho excessiva para a idade e condições insalubres de trabalho, os países europeus apresentavam uma grande mortalidade infantil. 84. Embora a maioria dos países tenha elaborado uma legislação que protege as crianças dos danos do trabalho infantil, ilegalmente ele continua a acontecer em vários países do mundo. A falta de fiscalização ostensiva tem contribuído para que, a margem da

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Pré-Universitário Cadernos Gama/Pi

393

lei, crianças sejam utilizadas no processo produtivo.

85 E 86 C 87 E

88 B 89 A 90 A

91 E 92 E 93 D

94 C

95. O(a) aluno(a) deve perceber que o primeiro texto, embora por fim critique, ainda observa a burguesia como uma classe potencialmente revolucionária. Respalda-se o autor no fato de que os ideais burgueses (embutidos no Iluminismo e Liberalismo, entre outras questões) impuseram o declínio à reacionária e conservadora aristocracia europeia. Permitiu-se assim à Europa um grande desenvolvimento político-social. O segundo texto, que se baseia nas ideias marxistas, apenas critica a burguesia como classe conservadora e responsável pela exploração da classe trabalhadora. A solução para o fim da exploração seria a ação revolucionária dos operários contra os burgueses, destruindo seu elemento básico sustentação, a propriedade privada. 96. O(a) aluno(a) deve perceber que o modelo marxista do “materialismo histórico” está essencialmente baseado na “dialética hegeliana”. O princípio marxista afirma que a transformação da sociedade dá-se através de uma “luta de classes”. Na passagem do Feudalismo para o Capitalismo, a burguesia contra a aristocracia europeia. Portanto, para a superação da exploração Capitalista, esse deveria ser sobrepujado de maneira semelhante, já que seria também um processo, um vir-a-ser. Porém, agora, deveria ser a classe operária que se tornaria potencialmente revolucionária, lutando contra a burguesia para implantar o Socialismo.

97 E 98 D 99 D

100 B 101 E

102. A intenção de deixar de lado a homenagem em escultura era decorrente da vontade de antecipar esse novo tempo para seguir ao encontro da prosperidade nacional.

103 C 104 D 105 B

106 B 107 A 108 C

109 D 110 D 111 A

112 D

INGLÊS

Interpretação de Texto

01 A 02 E 03 A

04 C 05 D 06 D

07 E 08 A 09 B

10 E 11 C 12 E

13 D 14 B 15 B

16 D 17 D 18 A

19 B 20 D 21 A

22 C 23 B 24 B

25 B 26 B 27 A

28 A 29 D 30 B

31 A 32 D 33 B

34 E 35 D 36 C

37 D 38 D 39 C

40 A 41 A 42 B

43 C 44 B 45 A

46 D 47 A 48 B

49 E 50 A 51 E

52 C 53 D 54 A

55 B 56 B 57 A

58 C 59 C 60 C

Questões Gramaticais

01 C 02 B 03 A

04 A 05 B 06 E

07 D 08 E 09 C

10 D 11 A 12 B

13 E 14 E 15 C

16 C 17 E 18 A

19 B 20 B 21 D

22 C 23 C 24 B

25 D 26 B 27 D

28 A 29 C 30 C

31 C 32 C 33 A

34 C 35 C 36 B

37 B 38 B 39 C

40 D 41 E 42 B

43 C 44 A 45 C

46 B 47 A 48 D

49 C 50 B 51 B

52 A 53 D 54 A

55 B 56 B 57 D

58 C 59 A 60 B

FILOSOFIA

01 A 02 D 03 B

04 E 05 C 06 E

07 E 08 C 09 D

10 E 11 B 12 E

13 A 14 D 15 B

16 E 17 B 18 D

19 E 20 C 21 A

22 C 23 B 24 C

25 D 26 C 27 E

28 E 29 D 30 B

31 A 32 B 33 D

34 D 35 A 36 C

37 B 38 E 39 D

40 A 41 C 42 A

SOCIOLOGIA

O Trabalho nas diferentes sociedades

01 E 02 E 03 D

04 C

O Trabalho na sociedade moderna

05 C 06 E 07 A

08 C 09 E 10 E

11 D 12 A 13 E

14 D 15 C 16 B

17 C 18 D

Direitos, Cidadania e Movimentos Sociais

19 A 20 A 21 A

22 C 23 C 24 C

25 D 26 D 27 E

28 C 29 E 30 C

31 C 32 E

EDUCAÇÃO FÍSICA

ESPORTE

01 A 02 B 03 E

04 A 05 A 06 A

07 B 08 B

FUTEBOL/FUTSAL

01 C 02 B 03 D

04 A 05 B 06 A

07 A 08 D 09 A

10 C 11 C

BASQUETEBOL

01 C 02 A 03 D

04 D 05 E

VOLEIBOL

01 C 02 A 03 B

04 A 05 C 06 D

07 D 08 C 09 D

HANDEBOL

01 A 02 B 03 C

04 C 05 C 06 B

ATLETISMO

01 A 02 B 03 A

04 E

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Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GOMES, Francisco Álvaro. O Acordo Ortográfico. Porto, Porto Editora, 2008.

TERRA, Ernani. Curso Prático de Gramática. Editora Scipione. São Paulo, 2002

TERRA, Ernani. Português de olho no mundo do trabalho. Vol. único, São Paulo: Scipione, 2004.

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LITERATURA

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COUTINHO, Afranio. A literatura no Brasil. Rio de Janeiro, Sul America,1955

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CEFET-SE: Centro Federal de Educação Tecnológica de Sergipe

CEFET– PR: Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná

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CESPE – Centro de Seleção e promoção de Eventos/UNB

CMB – Colégio Militar de Brasília

EFOA – Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas

ESAF – Escola de administração Fazendária

ESAN – Escola Superior de Administração de Negócios

ENEM – Exame Nacional do ensino Médio

ETE SP – Escolas Técnicas do Estado de São Paulo

FATEC – Faculdade de Tecnologia de são Paulo

FESP – Faculdade de Engenharia de São Paulo

FCC – Fundação Carlos Chagas

FCM – Faculdade de Ciências Médicas

FMU/FIAM – SP: Faculdades Metropolitanas Unidas, Faculdades

Integradas Alcântara Machado, São Paulo

F. M. Pouso Alegre – MG: Faculdade de Medicina de Pouso Alegre,

Minas Gerais

F. M. Santa Casa – SP: Faculdade de Medicina da Santa Casa, São

Paulo

FECAP – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado

FEI – Faculdade de Engenharia Industrial

FESP – SP: Faculdade de Engenharia de São Paulo

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas

FUNREI – Fundação de Ensino Superior de São José Del Rei

FUC – MT: Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso

Fuvest – SP: Fundação para o Vestibular da Universidade de São

Paulo

ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica

MACKENZIE – Universidade Presbiteriana Mackenzie

OSEC – SP: Organização Santamarense de Educação e Cultura,

Santo Amaro – SP

PUC – PR: Pontifícia Universidade Católica do Paraná

PUC-RS: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

PUC – MG: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

PUC – SP: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUCCAMP – SP: Pontifícia Universidade Católica de Campinas,

São Paulo

UCS – Universidade de Caxias do Sul

UEL – Universidade Estadual de Londrina

UEM – Universidade Federal de Maringá

UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa

UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro

UFAL – Universidade Federal de Alagoas

UFBA – Universidade Federal da Bahia

UNB – Universidade Federal de Brasília

UFES – Universidade Federal do Espírito Santo

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UFR-RJ: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

UFAL: Universidade Federal de Alagoas

UNICAP: Universidade Católica de Pernambuco

UFGO: Universidade Federal de Goiás

UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Unifor – CE: Universidade de Fortaleza, Ceará

UFF – RJ: Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro

UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais

UFJF – MG: Universidade Federal de Juiz de Fora – Minas Gerais

UFES: Universidade Federal do Espírito Santo

UFS: Universidade Federal de Sergipe

UNICAP: Universidade Católica de Pernambuco

U.E. Londrina – PR: Universidade Federal de Londrina, Paraná

UFGO: Universidade Federal de Goiás

UNIFOR – CE: Universidade de Fortaleza, Ceará

UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais

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UFC – Universidade Federal do Ceará

UFF – Universidade Federal Fluminense

UFJF – Universidade Federal de Juíz de Fora

UFLA – Universidade Federal de Lavras

UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

UFPA – Universidade Federal do Pará

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UFPR – Universidade Federal do Paraná

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFS – Universidade Federal de Sergipe

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos

UFV – Universidade Federal de Viçosa

U. Sagrado Coração – SP: Universidade Sagrado Coração, São

Paulo

UFRS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFSM: Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul

UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina

UMSP – Universidade Metodista de São Paulo

UNICAMP – Universidade Federal de Campina

UNEB – Universidade Estadual da Bahia

UNESP – Universidade Estadual Paulista

UNICAP – Universidade Católica de Pernambuco

UNIFENAS – Universidade José do Rosário Vellano

UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Pará

UNIRIO – Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro

USF – Universidade São Francisco

VUNESP – SP: Fundação para o Vestibular da Universidade

Estadual Paulista, São Paulo

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