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Apresentação
Prezado(a) Professor(a),
“O Pré-Universitário pretende ser um instrumento a favor do acesso do aluno da escola pública à universidade”.
(Governador Marcelo Déda Chagas, 06 / 12 / 2008)
O Governo do Estado tem empreendido esforços no sentido de canalizar mais investimentos para a materialização de políticas públicas educacionais, que foram formuladas e planejadas à luz das demandas apontadas por diversos atores sociais. Assim, as ações realizadas pela Secretaria de Estado da Educação têm buscado oferecer as condições básicas para que a escola pública atue enquanto lócus social de aprendizagem significativa para os(as) educandos(as), assegurando-lhes a formação necessária ao sucesso acadêmico e à inserção profissional e cidadã.
Sintonizado nessa diretriz, o Programa Pré-Universitário/SEED, coordenado pelo Departamento de Apoio ao Sistema Educacional (DASE), passou por uma reestruturação dos seus processos administrativos e pedagógicos, tornando-se ativamente uma política pública de assistência estudantil que, além de proporcionar um curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e vestibulares, ofertado aos alunos egressos e concluintes da rede pública de ensino, articula ações específ icas com vistas à dinamização de atividades educativas que despertem a cultura pré-universitária no cotidiano das unidades escolares. Com isso, o Programa percorre trilhas pedagógicas significativas que promovem a melhoria do processo ensino-aprendizagem, contribuindo com a efetivação do direito do(a) educando(a) de acessar as ações que estimulem suas potencialidades, oportunizando-lhe a concretização do sonho da ascensão acadêmica, por meio do ingresso no ensino superior.
Nesse sentido, a presente edição dos Cadernos foi reformulada, balizada nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) e na Matriz de Referência do ENEM, abordando conteúdos programáticos de Redação e das áreas de conhecimento (Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias), contendo questões contextualizadas e interdisciplinares das provas do ENEM e dos diversos concursos vestibulares. Nesse processo, o princípio norteador foi o planejamento participativo que possibilitou o(a) professor(a) interessado(a) exercer o papel de sujeito do conhecimento na reformulação desses materiais didáticos, considerando as pesquisas e as experiências educativas nas salas de aulas desse(a) trabalhador(a). Desse modo, buscamos nesses alicerces teóricos a dinâmica pedagógica necessária à construção de uma práxis fundamentada na pesquisa e no despertar das potencialidades do profissional envolvido na produção democrática do saber.
Os Cadernos Didáticos dos alunos foram identificados com as letras do alfabeto grego Alpha, Gama, Delta (Inglês), Beta, Pi e Ômega (Espanhol). Para o Caderno do Professor essas letras foram unif icadas (Alpha e Beta; Gama e Pi; Delta e Ômega), levando em conta o agrupamento das disciplinas por áreas do conhecimento. A cada edição, tais aportes pedagógicos necessitam serem reavaliados e retroalimentados, de forma a atender as atuais exigências educacionais na preparação dos educandos(as). A sua participação e contribuição professor(a) são imprescindíveis para o sucesso desse processo.
Ademais, torna-se plausível a continuidade de ações exitosas que possibilitam a inserção de mais alunos da rede pública nas instituições de ensino superior, principalmente, na Universidade Federal de Sergipe, demonstrando o compromisso e a responsabilidade social da SEED na execução das ações do Programa Pré-Universitário.
Enfim, esperamos que, ao longo do ano letivo os Cadernos Didáticos possam ser amplamente trabalhados em sala de aula, contribuindo efetivamente na condução dos nossos alunos rumo à universitas magistrorum et scholarium.
Bom Trabalho!
Maria Zelita Batista Brito Diretora do DASE
Sumário
1 A Colonização Portuguesa na América (séc. XVI – XVII) p. 06
2 Expansão Territorial e Diversidade Econômica p. 10
3 Revoluções Inglesas p. 13
4 O Iluminismo p. 15
5 A Independência dos EUA p. 18
6 A Revolução Francesa p. 20
7 A Era Napoleônica-1799-1815 p. 22
8 Processos de Independência Latino-Americana p. 25
9 A Formação do Estado Brasileiro p. 29
10 Revolução Industrial p. 33
11 Revoluções Liberais p. 37
12 Unificação Alemã e Italiana p. 39
13 II Reinado: O Império Oligárquico p. 41
Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
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A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NA AMÉRICA (SÉC. XVI – XVII)
As primeiras consequências da expansão ultramarina europeia
geraram uma radical transformação no panorama mundial a partir dos
séculos XV e XVI. O império colonial português foi construído a partir
da tentativa de romper com os monopólios comerciais árabe no
oceano Índico e italiano no mar Mediterrâneo. No lado do Atlântico, a
procura de mercados e de novos territórios, ricos em minerais e
matérias primas, impulsionaram os Estados mercantilistas europeus a
reunir capitais, navios, homens e equipamentos que possibilitassem as
navegações transoceânicas.
O descobrimento do Brasil
Passados dois anos da viagem de Vasco da Gama (que rendeu
extraordinário lucro), a Coroa Portuguesa organizou uma nova
expedição em direção às Índias, agora para iniciar a montagem do
comércio português na cidade de Calicute. No caminho para o oriente,
na altura de Cabo Verde, a esquadra, comandada por Pedro Álvares
Cabral, desvia-se de sua rota normal, para o Ocidente, e vem aportar
nas terras do Brasil, em 22 de abril de 1500.
O período pré-colonial (1500 -1530)
Nos primeiros anos após a expedição de Cabral, a América
Portuguesa era, na perspectiva lusitana, uma terra longínqua e
desabitada. Na realidade, era lugar de milhões de índios (de diferentes
culturas e formas de organização) que desconheciam a Europa e seus
ideais expansionistas. De qualquer forma, Portugal apossou-se do
novo território exatamente no momento em que encontrava a rota
marítima para as ricas especiarias das Índias e mais: as terras
encontradas não se enquadravam nas perspectivas mercantilistas do
século XVI.
O período entre 1500 e 1530 é denominado pré-colonial, pois nele só
foram registradas as visitas de duas expedições exploradoras (1501 e
1503) e duas expedições de guarda-costas (1516 e 1526).
A única atividade econômica desenvolvida nessa época foi a
exploração predatória de pau-brasil. Em 1503, o rei D. Manuel
arrendou as terras brasileiras a um grupo de comerciantes liderado por
Fernão de Noronha, que obteve o monopólio da exploração do pau-
brasil, extraído em regime de escambo com os índios. Entretanto, o
litoral brasileiro também foi igualmente frequentado por franceses e
espanhóis com o objetivo de contrabandear pau-brasil. Diante dessa
situação, a coroa portuguesa alterou a política em relação às terras do
Brasil e enviou uma expedição colonizadora para tentar garantir em
definitivo a posse do território. Essa expedição, comandada por Martim
Afonso de Souza, partiu de Portugal e fundou a Vila de São Vicente
(1532), atual cidade de São Vicente, no litoral paulista, onde introduziu
o cultivo da cana-de-açúcar.
O Sistema de Capitanias Hereditárias.
A partir da expedição de Martim Afonso de Souza, muitos outros
núcleos de povoamento foram fundados. Mas a esperança maior, de
encontrar metais preciosos, estava momentaneamente frustrada e as
poucas vilas e povoados não eram suficientes para garantir a posse
portuguesa. O Rei D. João III adotou então o Sistema de Capitanias
Hereditárias, já testado nas ilhas da Madeira e Cabo Verde. De acordo
com esse modelo, o território colonial foi dividido em 14 capitanias,
correspondentes a 15 faixas de terras que foram concedidas a fidalgos
(capitães donatários), que tinham a tarefa de defendê-la, povoá-la,
desenvolver a agropecuária, aplicar a justiça, facilitar o trabalho dos
padres jesuítas e cobrar impostos. Em troca, os capitães ficavam com
uma porcentagem dos tributos. Apesar de a posse de fato das terras,
era vedado ao donatário vender a capitania, pois a propriedade de
direito era do rei de Portugal. Dessa forma, as capitanias constituíam
um regime politicamente descentralizado, fundado em unidades com
certa autonomia que economicamente visavam à exportação para a
metrópole.
O Sistema de capitanias hereditárias não conseguiu amplo sucesso,
sobretudo devido à falta de investimentos e aos constantes ataques
dos índios contra os colonos. Somente as capitanias de Pernambuco e
São Vicente prosperaram mediante uma estrutura bem organizada da
produção de açúcar.
Os Governos-Gerais
As enormes dificuldades enfrentadas pelos capitães-donatários
contribuíram para que em 1548 fosse instituído pelo rei D. João III, o
primeiro Governo-Geral do Brasil, com o objetivo de auxiliar as
capitanias e representar os interesses do rei na colônia. O primeiro
titular desse cargo foi Tomé de Souza, que trouxe consigo colonos,
degredados, as primeiras cabeças de gado e escravos africanos. Com
o governador, chegou também um pequeno grupo de jesuítas,
comandado pelo padre Manuel da Nóbrega, que criou o primeiro
colégio inaciano na recém-fundada cidade de Salvador. Na hierarquia
burocrática, o governador-geral era auxiliado por um ouvidor-mor
(responsável pela aplicação da justiça) e provedor-mor (responsável
por todos os negócios ligados à Fazenda Real). Durante o governo de
Tomé de Souza, a escravização de índios ganhou novos critérios,
determinando que só a partir da ―guerra justa‖ (ataques de
portugueses a índios que se mostravam hostis ao processo de
colonização) os nativos poderiam ser feitos escravos.
Duarte da Costa (1553-1558) foi o segundo governador-geral. Com
este, mais colonos cruzaram o Atlântico e também o padre jesuíta
José de Anchieta, um dos fundadores do Colégio de São Paulo, que
deu origem à cidade do mesmo nome. Durante o governo de Duarte
da Costa os franceses invadiram o Rio de Janeiro onde estabeleceram
a colônia chamada de França Antártica.
Mem de Sá, que governou entre 1558 a 1572 foi o terceiro
governador-geral. Durante seu governo, foi fundada a cidade do Rio
de Janeiro e os franceses foram expulsos do Brasil. Depois da morte
de Mem de Sá, a Coroa portuguesa decidiu dividir a administração da
colônia entre dois governadores: um, governaria de Salvador (a capital
do Norte), e outro, governaria no Rio de Janeiro. Entre 1621 a 1725,
haveria duas sedes governamentais: uma em Salvador e outra em São
Luís. A partir de 1763, a cidade do Rio de Janeiro passaria a ser a
única sede administrativa do Brasil – colônia.
A ECONOMIA AÇUCAREIRA
A doce colônia portuguesa na América
O processo de ocupação portuguesa na América ao longo dos séculos
XVI e XVII ocorreu no contexto do mercantilismo português e, dessa
forma, o Brasil foi inserido na condição de colônia, tendo por finalidade
complementar a economia da Metrópole (Portugal), fornecendo
matérias-primas, gêneros agrícolas e consumindo produtos
manufaturados. Dessa forma, a economia da colônia nasceu sob o
signo do maior lucro possível com o menor investimento. Os territórios
próximos ao litoral de Pernambuco e Bahia reuniam as condições
naturais (solo de massapé, clima adequado e abundância de recursos
hídricos) para o plantio da cana e a produção de açúcar, mercadoria
de grande valor no mercado europeu. Tais fatores estimularam a vinda
de muitos colonos para a América Portuguesa e a montagem dos
engenhos coloniais, unidades produtoras de açúcar.
Nos engenhos, prevalecia a mão de obra de africanos escravizados. A
maioria era direcionada para as lavouras canavieiras; outros eram
empregados em serviços domésticos. Os engenhos também
comportavam trabalhadores assalariados, como carpinteiros, mestres
de purgar, caixeiros, feitores, entre outros.
Amplie seus conhecimentos sobre: A Estrutura Fundiária e os Conflitos de Terra no Brasil (Geografia Cadernos Gama/Pi).
Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
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Invasões estrangeiras no Brasil
Os franceses:
Desde os primeiros tempos da colonização, verificamos o interesse
que as terras brasileiras despertavam em outras nações europeias,
como por exemplo, a França, a Inglaterra e a Holanda. O rei Francisco
I, da França, já contestava o Tratado de Tordesilhas, mesmo antes do
descobrimento. Os Franceses invadiram o Brasil por diversas vezes:
Primeiro, no Rio de Janeiro entre 1555 e 1567. Chefiados por Nicolau
Villegaignon, fundaram uma colônia chamada de França Antártica, a
expulsão dos invasores ocorreu no governo-geral de Mem de Sá. No
século XVII, no Maranhão entre 1612 a 1615, chefiados por Daniel de
La Touche, fundaram a França Equinocial e foram expulsos pelos
portugueses chefiados por Alexandre Moura e Jerônimo de
Albuquerque.
A União Ibérica (1580 – 1640)
Origem: Em 1578, com a morte do rei D. Sebastião, tornou-se
concreta a possibilidade de união entre as coroas de Portugal e
Espanha. O trono de Portugal passou para o cardeal D. Henrique, que
era idoso e não tinha herdeiros. Felipe II, rei da Espanha e sobrinho
legítimo de D. Henrique, invadiu Portugal em 1580 e incorporou os
domínios portugueses aos espanhóis. Iniciava-se o período da União
Ibérica.
O doce Brasil holandês
Em função da rivalidade entre Espanha e Holanda na Europa do
século XVII, durante o período da União Ibérica, a coroa espanhola
proibiu a participação holandesa no negócio açucareiro do Brasil
colônia. Em reação a esta medida, os holandeses invadiram o Brasil.
Os holandeses fundaram a Companhia das Índias Ocidentais (WIC),
com o objetivo de controlar e explorar a empresa açucareira no
nordeste do Brasil colônia.
Ocupação holandesa na Bahia: (1624-1625), chefiada por Jacob
Willekens, a expedição atacou a cidade de Salvador, mas as forças
luso-espanholas conseguiram impedir o estabelecimento dos
holandeses na Bahia.
Ocupação holandesa em Pernambuco: (1630-1654), a esquadra
holandesa invadiu a região de Pernambuco e apossou-se de Olinda e
Recife apesar da forte resistência dos pernambucanos, liderados por
Matias de Albuquerque.
A administração holandesa do Conde Maurício de Nassau em
Pernambuco:
Preocupados em consolidar o domínio da terra e reconstruir a
economia após sete anos de guerra, os dirigentes da Companhia das
Índias Ocidentais enviaram para Pernambuco, o Conde Maurício de
Nassau-Siegen, com o título de governador geral do Brasil. Ele chegou
ao Recife em 1637 e logo se apressou em esmagar os últimos focos
de resistência. Nassau veio com uma verdadeira corte, onde
conviviam pintores como Franz Post e Albert Eckhout e sábios como
George Markgraf e Wilhem Piso. Empenhou-se em transformar a vila
construindo palácios, pontes e urbanizando a nova cidade que passou
a se chamar de Maurícia. A administração de Nassau também foi
marcada pela tolerância religiosa, pela política de concessão de
empréstimos aos proprietários de engenhos e por uma moderna visão
político-administrativa através da criação das Assembleias dos
Escabinos (tribunais municipais com jurisdição civil e criminal).
O fim do domínio holandês no Brasil
Em 1644, divergências com a WIC e uma crise que afetou a cotação
do preço do açúcar na bolsa de mercadorias de Amsterdã, resultaram
no retorno de Nassau à Holanda. Nesse contexto, Portugal libertou-se
da Espanha e o rei D. João IV assinou uma trégua com a Holanda. À
WIC, ele propôs uma indenização para que deixasse Pernambuco.
Diante da recusa holandesa, foram organizadas as forças militares (A
Insurreição Pernambucana) para reconquistar o território. Vitórias
luso-brasileiras em Monte das Tabocas e Guararapes determinaram a
rendição holandesa em 1654. Com a expulsão dos holandeses
ocorreu um processo de decadência da produção açucareira no Brasil
em função da forte concorrência do açúcar holandês, produzido nas
Antilhas.
TEXTO COMPLEMENTAR:
Texto 1: Jesuítas no Brasil
No Brasil, logo se viu o empenho que marcava a atuação da
Companhia de Jesus em todo o mundo. Os jesuítas se instalaram em
várias capitanias – Bahia, Porto Seguro, Pernambuco e São Vicente –
e circulavam por toda parte. Eles se destacaram não só pelo ardor
catequético, como pela moral rígida, obediência aos superiores, e
constantes conflitos com os colonos pelo direito de comandar as
relações com os índios. Tampouco se davam bem com outros padres.
Estes, distantes de seus superiores, e incapazes de resistir ao assédio
das nativas, entregavam-se à dissipação e pouco faziam para
cristianizar os aborígines.
A proteção jesuítica aos indígenas implicava fixá-los em torno das
igrejas e dos colégios. Tais ―aldeamentos‖ – os primeiros foram
estabelecidos em Salvador – abrigavam dezenas de milhares de
índios e, a despeito dos grandes sacrifícios que exigiam, acabaram
sendo ―escolhidos‖ por muitas nações indígenas.
Com poucos meses no Brasil, os jesuítas criaram inúmeras
organizações, colégios para os filhos da terra, igrejas, ―casas de
meninos‖ (orfanatos). Para tal, contavam com benesses reais e
possuíam terras, escravos (africanos), vacas, canaviais e ovelhas.
Aprenderam as línguas dos nativos e compilaram gramáticas e
glossários. Numa época em que o latim era a língua do culto católico,
eram uma verdadeira revolução os hinos, cânticos e orações em
―língua geral‖, a língua por eles sistematizada e que acabou sendo, até
o século XVIII, a principal forma de comunicação no sul da Colônia,
onde na prática o português era desconhecido.
(Fonte: CD-ROM Viagem pela História do Brasil de Jorge Caldeira)
Texto 2: A Companhia das Índias Orientais
A Companhia das Índias Orientais era uma empresa mista, formada
em 1602 com capitais do Estado e de particulares. Montada com o
duplo objetivo de conquistar terras e ganhar dinheiro deu outra
racionalidade ao empreendimento colonial. Em vez de particulares
associados à Coroa, como era usual em Portugal e na Espanha, ela
reunia numa companhia muitos acionistas, que entravam com dinheiro
para compra e equipamento de navios. Estes formavam a frota da
empresa, e os custos da manutenção desta (bem como o lucro das
viagens) eram contabilizados de maneira conjunta. Os investidores
recebiam parte do resultado global da empresa, na forma de lucro por
ação que possuíssem. Assim, diluíam-se os riscos de cada viagem e
apostava-se na movimentação total do negócio. As companhias de
comércio concentravam o capital, o poderio armado e as decisões,
dividindo riscos e lucros na proporção de cada investimento individual.
Os recursos prévios para o esquema já existiam. Mais de nove
décimos da frota marítima espanhola (quase 10 mil navios) pertenciam
aos armadores dos Países-Baixos (Holanda). Cientes de seu poderio,
os acionistas da gigantesca empresa inauguraram suas atividades
com ataques às colônias portuguesas do Oriente. Além de lucrativa,
essa decisão, que visava o enfraquecimento da Espanha, tinha uma
vantagem estratégica: as colônias do Oriente estavam pouco
protegidas. Jacarta, na ilha de Java, foi tomada em 1619, e, a partir
daí, o domínio holandês expandiu-se para as Molucas e a Nova Guiné.
Em pouco tempo, as principais regiões produtoras de especiarias
estavam sob controle holandês. Durante sua existência, a Companhia
Amplie seus conhecimentos sobre: Mercantilismo e Expansão Marítima (História Cadernos Alpha/Beta).
Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
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das Índias Orientais proporcionou aos seus acionistas lucros médios
de 18% ao ano. (Fonte: CD-ROM Viagem pela História do Brasil de
Jorge Caldeira)
Compreendendo o texto:
1) Descreva a metodologia pedagógica utilizada pelos padres jesuítas
nos aldeamentos indígenas na América Portuguesa.
2) De que forma a Companhia das Índias Orientais imprimiu outra
racionalidade ao empreendimento colonial no século XVI?
Questões (Colonização Portuguesa – séc. XV e XVI)
03. (ENEM-2001) Os textos referem-se à integração do índio à
chamada civilização brasileira.
I. "Mais uma vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de um
pensamento que separa e que tenta nos eliminar cultural, social e até
fisicamente. A justificativa é a de que somos apenas 250 mil pessoas e
o Brasil não pode suportar esse ônus. (...) É preciso congelar essas
ideias colonizadoras, porque elas são irreais e hipócritas e também
genocidas.(...) Nós, índios, queremos falar, mas queremos ser
escutados na nossa língua, nos nossos costumes."-
Marcos Terena presidente do Comitê Intertribal Articulador dos Direitos
Indígenas na ONU e fundador das Nações Indígenas, Folha de S.
Paulo, 31 de agosto de 1994.
II. "O Brasil não terá índios no final do século XXI (...) E por que isso?
Pela razão muito simples que consiste no fato de o índio brasileiro não
ser distinto das demais comunidades primitivas que existiram no
mundo. A história não é outra coisa senão um processo civilizatório,
que conduz o homem, por conta própria ou por difusão da cultura, a
passar do paleolítico ao neolítico e do neolítico a um estágio
civilizatório."
(Hélio Jaguaribe, cientista político, Folha de S. Paulo, 2 de setembro de
1994).
Pode-se afirmar, segundo os textos, que:
A) tanto Terena quanto Jaguaribe propõem ideias inadequadas, pois o
primeiro deseja a aculturação feita pela "civilização branca", e o
segundo, o confinamento de tribos.
B) Terena quer transformar o Brasil numa terra só de índios, pois
pretende mudar até mesmo a língua do país, enquanto a ideia de
Jaguaribe é anticonstitucional, pois fere o direito à identidade
cultural dos índios.
C) Terena compreende que a melhor solução é que os brancos
aprendam a língua tupi para entender melhor o que dizem os
índios. Jaguaribe é de opinião que, até o final do século XXI, seja
feita uma limpeza étnica no Brasil.
D) Terena defende que a sociedade brasileira deve respeitar a cultura
dos índios e Jaguaribe acredita na inevitabilidade do processo de
aculturação dos índios e de sua incorporação à sociedade
brasileira.
E) Terena propõe que a integração indígena deve ser lenta, gradativa
e progressiva, e Jaguaribe propõe que essa integração resulte de
decisão autônoma das comunidades indígenas.
04. (UFF-RJ) A "Carta de Pero Vaz de Caminha", escrita em 1500, é
considerada um dos documentos fundadores da Terra Brasilis e
reflete, em seu texto, valores gerais da cultura renascentista, dentre os
quais se destaca:
A) a visão do índio como pertencente ao universo não religioso, tendo
em conta sua antropofagia.
B) a informação sobre os preconceitos desenvolvidos pelo
Renascimento no que tange à impossibilidade de se formar nos
trópicos uma civilização católica e moderna.
C) a identificação do Novo Mundo como uma área de insucesso
devido à elevada temperatura que nada deixaria produzir.
D) a observação da natureza e do homem do Novo Mundo como
resultado da experiência da nova visão de homem, característica
do século XV
E) a consideração da natureza e do homem como inferiores ao que foi
projetado por Deus na Gênese.
05. (ENEM-2006) No principio do século XVII, era bem insignificante e
quase miserável a Vila de São Paulo. João de Laet dava-lhe 200
habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100 casas; a Câmara,
em 1606, informava que eram 190 os moradores, dos quais 65
andavam homiziados*.
(Homiziados: escondidos da justiça. Nelson Werneck Sodré. Formação
histórica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964).
Na época da invasão holandesa, Olinda era a capital e a cidade mais
rica de Pernambuco. Cerca de 10% da população, calculada em
aproximadamente 2.000 pessoas, dedicavam-se ao comercio, com o
qual muita gente fazia fortuna. Cronistas da época afirmavam que os
habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo.
(Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo: Moderna,
1998 (com adaptações).
Os textos acima retratam, respectivamente, São Paulo e Olinda no
inicio do século XVII, quando Olinda era maior e mais rica. São Paulo
e, atualmente, a maior metrópole brasileira e uma das maiores do
planeta. Essa mudança deveu-se, essencialmente, ao seguinte fator
econômico:
A) maior desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar no planalto de
Piratininga do que na Zona da Mata Nordestina.
B) atraso no desenvolvimento econômico da região de Olinda e
Recife, associado a escravidão, inexistente em São Paulo.
C) avanço da construção naval em São Paulo, favorecido pelo
comercio dessa cidade com as Índias.
D) desenvolvimento sucessivo da economia mineradora, cafeicultora e
industrial no Sudeste.
E) destruição do sistema produtivo de algodão em Pernambuco
quando da ocupação holandesa.
06. (ENEM-2007) A identidade negra não surge da tomada de
consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença
biológica entre populações negras e brancas e (ou) negras e
amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com
o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus
habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que
abriu o caminho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico
negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e
de seus povos.
(K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a
identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação: reflexões e
experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p. 37).
Com relação ao assunto tratado no texto acima, é correto afirmar que:
A) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao
descobrimento desse continente.
B) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a
desenvolverem esse continente.
C) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão
no Brasil.
D) a exploração da África decorreu do movimento de expansão
europeia do início da Idade Moderna.
E) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre
esse continente e a Europa.
07. (ENEM-2011) Em geral, os nossos tupinambá ficam bem
admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos
terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil.
Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
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Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: ―Por que
vindes vós outros, mairs e perós (franceses e portugueses), buscar
lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa
terra?‖
(LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais
no Brasil. São Paulo: Difel, 1974)
O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo
travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma
diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido:
A) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais.
B) da preocupação com a preservação dos recursos ambientais.
C) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa
do pau-brasil.
D) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas.
E) da preocupação com o armazenamento de madeira para os
períodos de inverno.
08. (ENEM-2010) Os vestígios dos povos Tupi-guarani encontram-se
desde as Missões e o rio da Prata, ao sul, até o Nordeste, com
algumas ocorrências ainda mal conhecidas no sul da Amazônia. A
leste, ocupavam toda a faixa litorânea, desde o Rio Grande do Sul até
o Maranhão. A oeste, aparecem (no rio da Prata) no Paraguai e nas
terras baixas da Bolívia. Evitam as terras inundáveis do Pantanal e
marcam sua presença discretamente nos cerrados do Brasil central.
De fato, ocuparam, de preferência, as regiões de floresta tropical e
subtropical.
(PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Editor, 2005).
Os povos indígenas citados possuíam tradições culturais específicas
que os distinguiam de outras sociedades indígenas e dos
colonizadores europeus. Entre as tradições tupi-guarani, destacava-se:
A) a organização em aldeias politicamente independentes, dirigidas
por um chefe, eleito pelos indivíduos mais velhos da tribo.
B) a ritualização da guerra entre as tribos e o caráter semissedentário
de sua organização social.
C) a conquista de terras mediante operações militares, o que permitiu
seu domínio sobre vasto território.
D) o caráter pastoril de sua economia, que prescindia da agricultura
para investir na criação de animais.
E) o desprezo pelos rituais antropofágicos praticados em outras
sociedades indígenas.
09. (ENEM-2009) Os Yanomami constituem uma sociedade indígena
do norte da Amazônia e formam um amplo conjunto linguístico e
cultural. Para os Yanomami, urihi, a ―terra-floresta‖, não é um mero
cenário inerte, objeto de exploração econômica, e sim uma entidade
viva, animada por uma dinâmica de trocas entre os diversos seres que
a povoam. A floresta possui um sopro vital, wixia, que é muito longo.
Se não a desmatarmos, ela não morrerá. Ela não se decompõe, isto é,
não se desfaz. É graças ao seu sopro úmido que as plantas crescem.
A floresta não está morta pois, se fosse assim, as florestas não teriam
folhas. Tampouco se veria água. Segundo os Yanomami, se os
brancos os fizerem desaparecer para desmatá-la e morar no seu lugar,
ficarão pobres e acabarão tendo fome e sede.
(ALBERT, B. Yanomami, o espírito da floresta. Almanaque Brasil
Socioambiental. São Paulo: ISA, 2007 - adaptado).
De acordo com o texto, os Yanomami acreditam que:
A) a floresta não possui organismos decompositores.
B) o potencial econômico da floresta deve ser explorado.
C) o homem branco convive harmonicamente com urihi.
D) as folhas e a água são menos importantes para a floresta que seu
sopro vital.
E) Wixia é a capacidade que tem a floresta de se sustentar por meio
de processos vitais.
10. (ENEM-2008) Na América inglesa, não houve nenhum processo
sistemático de catequese e de conversão dos índios ao cristianismo,
apesar de algumas iniciativas nesse sentido. Brancos e índios
confrontaram-se muitas vezes e mantiveram-se separados. Na
América portuguesa, a catequese dos índios começou com o próprio
processo de colonização, e a mestiçagem teve dimensões
significativas. Tanto na América inglesa quanto na portuguesa, as
populações indígenas foram muito sacrificadas. Os índios não tinham
defesas contra as doenças trazidas pelos brancos, foram derrotados
pelas armas de fogo destes últimos e, muitas vezes, escravizados.
No processo de colonização das Américas, as populações indígenas
da América Portuguesa:
A) foram submetidas a um processo de doutrinação religiosa que não
ocorreu com os indígenas da América inglesa.
B) mantiveram sua cultura tão intacta quanto a dos indígenas da
América inglesa.
C) passaram pelo processo de mestiçagem, que ocorreu amplamente
com os indígenas da América inglesa.
D) diferenciaram-se dos indígenas da América inglesa por terem suas
terras devolvidas.
E) resistiram, como os indígenas da América inglesa, às doenças
trazidas pelos brancos.
11. (ENEM-2003) Jean de Léry viveu na França na segunda metade
do século XVI, época em que as chamadas guerras de religião
opuseram católicos e protestantes. No texto abaixo, ele relata o cerco
da cidade de Sancerre por tropas católicas.
(…) desde que os canhões começaram a atirar sobre nós com maior
frequência, tornou-se necessário que todos dormissem nas casernas.
Eu logo providenciei para mim um leito feito de um lençol atado pelas
suas duas pontas e assim fiquei suspenso no ar, à maneira dos
selvagens americanos (entre os quais eu estive durante dez meses) o
que foi imediatamente imitado por todos os nossos soldados, de tal
maneira que a caserna logo ficou cheia deles. Aqueles que dormiram
assim puderam confirmar o quanto esta maneira é apropriada tanto
para evitar os vermes quanto para manter as roupas limpas (…).
Neste texto, Jean de Léry:
A) despreza a cultura e rejeita o patrimônio dos indígenas americanos.
B) revela-se constrangido por ter de recorrer a um invento de
―selvagens‖.
C) reconhece a superioridade das sociedades indígenas americanas
com relação aos europeus.
D) valoriza o patrimônio cultural dos indígenas americanos,
adaptando-o às suas necessidades.
E) valoriza os costumes dos indígenas americanos porque eles
também eram perseguidos pelos católicos.
12. (ENEM-2001) Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram
uma peça para teatro chamada Calabar, pondo em dúvida a reputação
de traidor que foi atribuída a Calabar, pernambucano que ajudou
decisivamente os holandeses na invasão do Nordeste brasileiro, em
1632.
- Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal, nação
que explorava a colônia onde Calabar havia nascido? Calabar, mulato
em uma sociedade escravista e discriminatória, traiu a elite branca?
Os textos referem-se também a esta personagem.
Texto I: ―…dos males que causou à Pátria, a História, a inflexível
História, lhe chamará infiel, desertor e traidor, por todos os séculos‖
(Visconde de Porto Seguro, in: SOUZA JÚNIOR, A. Do Recôncavo aos
Guararapes. Rio de Janeiro: Bibliex, 1949).
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10
Texto II: ―Sertanista experimentado, em 1627 procurava as minas de
Belchior Dias com a gente da Casa da Torre; ajudara Matias de
Albuquerque na defesa do Arraial, onde fora ferido, e desertara em
consequência de vários crimes praticados…‖ (os crimes referidos são
o de contrabando e roubo).
(CALMON, P. História do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959).
Pode-se afirmar que:
A) A peça e os textos abordam a temática de maneira parcial e
chegam às mesmas conclusões.
B) A peça e o texto I refletem uma postura tolerante com relação à
suposta traição de Calabar, e o texto II mostra uma posição
contrária à atitude de Calabar.
C) Os textos I e II mostram uma postura contrária à atitude de Calabar,
e a peça demonstra uma posição indiferente em relação ao seu
suposto ato de traição.
D) A peça e o texto II são neutros com relação à suposta traição de
Calabar, ao contrário do texto I, que condena a atitude de Calabar.
E) A peça questiona a validade da reputação de traidor que o texto I
atribui a Calabar, enquanto o texto II descreve ações positivas e
negativas dessa personagem.
EXPANSÃO TERRITORIAL E DIVERSIDADE ECONÔMICA
Para Refletir
Até que ponto nossa vida depende das condições materiais e
econômicas?
A vida de uma pessoa pode ser completamente diferente da vida de
outra pessoa que more na mesma cidade na mesma época, dadas as
suas condições econômicas, educacionais e de classe social. E pode
ter muitas semelhanças com a vida das pessoas de outros tempos e
com os lugares que ocuparam e ocupam.
Grande parte das características culturais das diferentes regiões
brasileiras da atualidade resultou das condições de vida material e das
atividades econômicas desenvolvidas pelos colonos portugueses,
jesuítas, bandeirantes, indígenas e escravos ao longo da história do
Brasil no período colonial.
A Agroindústria Açucareira
Em linhas gerais, a economia colonial na América portuguesa
caracterizou-se pela mão de obra escrava, pelo latifúndio, pela cultura
de produtos tropicais e pela exploração de metais e pedras preciosas.
Outras atividades também desempenharam importante papel,
coexistindo com aquelas que interessavam mais diretamente à política
mercantilista metropolitana. A agroindústria do açúcar, instalada no
litoral, em sistema de plantation, foi a primeira dessas atividades
estratégicas e o Nordeste brasileiro, a região onde se organizou sua
produção em escala agroindustrial destinada ao mercado europeu.
A boa qualidade das terras do Nordeste brasileiro para a monocultura
altamente lucrativa da cana-de-açúcar fez com que essas terras se
tornassem o cenário onde, por muito tempo, se elaboraria em seus
traços mais nítidos o tipo de organização agrária mais tarde
característico das colônias europeias na América.
A abundância de terras férteis e ainda mal desbravadas fez com que a
grande propriedade rural se tornasse, aqui, a verdadeira unidade de
produção - os engenhos – que ocuparam várias regiões da colônia.
Naquela época eles podiam ser encontrados além do Nordeste, nos
atuais estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São
Paulo.
Cumpria apenas resolver o problema do trabalho. E verificou-se,
frustradas as primeiras tentativas de emprego de braço indígena, que
o recurso mais fácil estaria na introdução de escravos africanos.
À margem da plantation: outras atividades econômicas
O Algodão
O sistema de plantation não representou a única forma de organização
econômica existente na América portuguesa. Outros produtos, tais
como o algodão (MA) e o tabaco (BA), foram cultivados em pequenas
unidades de exploração, com vantagens econômicas para os colonos.
No início do período colonial, o cultivo de algodão, destinava-se ao
consumo interno, principalmente à manufatura de tecidos para as
vestimentas dos escravos. A partir da segunda metade do século
XVIII, o algodão passou a ser exportado em grande quantidade devido
ao aumento do preço do produto no mercado internacional e à guerra
de independência dos Estados Unidos. Já no início do século XIX,
estes retomaram sua produção, o que ocasionou uma grande queda
nas exportações da América portuguesa.
O Tabaco
Além de ser consumido na colônia, o tabaco era destinado aos
mercados europeus, nos quais o número de consumidores era
crescente. Algumas propriedades o produziam para que servisse de
“moeda‖ na compra de escravos na África. A principal área produtora
era o litoral baiano.
A Pecuária
O gado bovino, trazido pelos portugueses no início da colonização, era
criado nos engenhos de açúcar para uso na tração animal, no
transporte de cargas e pessoas e na alimentação. O crescimento dos
rebanhos gerou um sério problema para os senhores de engenho, pois
o gado destruía o canavial e ocupava um espaço que poderia ser
destinado à cana- de- açúcar, lavoura de elevada rentabilidade.
No início do século XVIII, a Coroa portuguesa proibiu a criação de
gado numa faixa de oitenta quilômetros da costa para o interior. Essa
medida contribuiu decisivamente para o desbravamento do “grande
sertão”, além do limite fixado pelo Tratado de Tordesilhas. Partindo
do Rio São Francisco e penetrando pelos atuais estados do Piauí,
Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, os criadores
chegaram aos rios Tocantins e Araguaia.
No sul da colônia, o gado tem origem em áreas de domínio espanhol.
A criação de gado bovino para o charque e de equinos e muares para
tração e transporte favoreceu a ocupação local e também o
abastecimento da chamada região mineradora. Os animais
normalmente eram comercializados em feiras realizadas em Sorocaba
e em outras cidades e vilas dos atuais estados de São Paulo e Minas
Gerais.
As Drogas do Sertão
No final do século XVI, tentativas de ocupação da Região Norte por
parte de estrangeiros que se instalaram na foz do Rio Amazonas,
levaram os portugueses a iniciar uma campanha militar que resultou
na edificação do forte de Belém e na expulsão dos invasores, em
1616. A defesa militar das terras era insuficiente para garantir a
ocupação do território. No início do século XVII a Coroa portuguesa
criou o estado do Maranhão, ligado diretamente a Lisboa e isolado do
restante da colônia, que compreendia os atuais estados do Maranhão,
Piauí, Ceará e parte do Pará.
Os colonos que se estabeleceram nessas áreas plantavam para a
subsistência e contavam com a caça ao índio para a obtenção de mão
de obra. Nas expedições de aprisionamento dos indígenas os colonos
conheceram diversos produtos amazônicos, conhecidos como drogas
do sertão: cacau, baunilha, canela, cravo e resinas aromáticas que a
partir do século XVIII, se tornaram itens de exportação muito
apreciados na Europa.
A Mineração
Amplie seus conhecimentos sobre: A Estrutura Fundiária e os Conflitos de Terra no Brasil. (Geografia Cadernos Gama/Pi).
Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
11
Desde 1500, quando as caravelas de Cabral aportaram na América, os
portugueses acalentavam o sonho de encontrar ouro e pedras
preciosas nas novas terras. Mas as jazidas auríferas mais relevantes
só foram encontradas no final do século XVII, pelos bandeirantes
paulistas, nas regiões que hoje correspondem aos estados de Goiás,
Mato Grosso e Minas Gerais.
Integrando expedições oficiais (Entradas) ou particulares (Bandeiras),
os bandeirantes embrenhavam-se pelo interior da colônia a procura de
metais e pedras preciosas (bandeiras de prospecção), para capturar
índios destinados à escravidão, principalmente os que viviam nas
Missões jesuíticas (bandeiras de apresamento) e para combater
índios rebeldes ou destruir quilombos (sertanismo de contrato).
As expedições bandeirantes e a exploração do ouro juntamente com
outras atividades já citadas, colaboraram para mudanças importantes
na economia e sociedade coloniais. Além de favorecer a expansão
territorial, estimulou o surgimento e desenvolvimento de novas
cidades, a ampliação e a diversificação das atividades econômicas
no período colonial.
Os Primeiros Conflitos coloniais (As Rebeliões Nativistas)
Entre o final do século XVII e o início do século XVIII uma série de
conflitos pipocaram na colônia. Com limites muito bem definidos,
colocavam-se contra medidas específicas de opressão metropolitana
ou ainda para garantir alguma reivindicação local, ―nativa”. Foram
movimentos que não enfrentaram diretamente a metrópole, que não
assumiram um caráter separatista. Tradicionalmente chamados de
Nativistas, lutavam contra medidas específicas do sistema colonial,
mas não contra ele em si.
Conflitos básicos como Revolta de Beckman (MA: 1684), Guerra dos
Emboabas (SP – MG: 1707-1709), Guerra dos Mascates (PE: 1710 –
1712) e Revolta de Vila Rica (MG: 1720), não tinham no seu horizonte
a perspectiva de ruptura definitiva com a metrópole, isto é, não eram
lutas separatistas, que vislumbrassem romper os laços coloniais.
Mesmo assim, foram reprimidas com alto requinte de crueldade e
violência. Felipe dos Santos, líder da revolta de Vila Rica foi enforcado
e esquartejado. O fato é que a Coroa Lusitana tinha que mostrar quem
era o ―galo do terreiro‖.
TEXTO COMPLEMENTAR:
Texto I: Piratas da Biosfera
―Uma das maiores riquezas dos povos indígenas é sua sabedoria
milenar sobre as propriedades das ervas e plantas das florestas.
Atualmente, é muito grande o número de pessoas e empresas que
tentam se apropriar do conhecimento dos indígenas sem lhes dar
nenhuma recompensa. A situação é tão séria que em 1993 foi
cunhado o termo biopirataria para denunciar a ação de empresas
multinacionais que roubam e patenteiam conhecimentos indígenas e
recursos biológicos das florestas brasileiras‖.
Hoje, 25% de todos os medicamentos prescritos pela medicina
Ocidental vêm das florestas e 75% foram desenvolvidos com base em
informações da medicina popular e da milenar sabedoria da cultura
indígena. Só para se ter uma ideia: o processo pelo qual um novo
medicamento é desenvolvido pode levar até 15 anos, a um custo
estimado de 300 a 400 milhões de dólares. O conhecimento dos índios
pode representar para os laboratórios uma economia de até 80%
nesses investimentos.
A ação da biopirataria vem provocando reações entre os indígenas e
outros setores da sociedade. No entender de muitos, trata-se de
assegurar aos nativos o usufruto das riquezas existentes em seus
territórios e de promover entre eles, além de culturas de subsistência
tradicionais, novas atividades econômicas em bases condizentes com
a proteção ambiental. Essa forma de explorar os recursos da natureza
constitui o chamado desenvolvimento sustentável.
(Fonte: DARIO, Fábio Rossano. Biopirataria. Disponível em:
http://port.pravda.ru/culture/2003/03/28/1614.html. Acesso em: 3 maio
2010).
Compreendendo o texto:
13. Com base no texto e em seus conhecimentos, o que você acha
que deve ser feito, e por quem, para se coibir a biopirataria e
assegurar a preservação da cultura dos povos indígenas?
Texto II: A luta pela terra
Segundo a Constituição brasileira, as terras onde os povos indígenas
se encontram pertencem à União, mas, os indígenas detêm o direito
de usufruto desses territórios. A garantia desse direito se consolida
após um longo processo no qual, agentes do governo federal
identificam o território e demarcam seus limites. Com a homologação
do processo pelo presidente da República, as terras são registradas
em cartório. Atualmente, existem 630 terras indígenas (Tis), ocupando
13% do território brasileiro, mas nem todas foram ainda registradas em
cartório.
A Constituição proíbe que as terras indígenas sejam ocupadas por
terceiros. Afinal, é delas que os indígenas retiram seu sustento por
meio da caça, da pesca, do cultivo de alimentos, etc. Por essa razão,
para os povos indígenas é extremamente importante que os recursos
ambientais de seus territórios sejam preservados.
Nesse aspecto, porém, a Constituição nem sempre é respeitada. O
território dos Xacriabá em Minas Gerais, por exemplo, foi demarcado
numa área de transição do cerrado para a caatinga, numa região
desprovida de nascentes e que chega a enfrentar até oito meses de
seca por ano. Em outros lugares, as terras indígenas são
constantemente invadidas por madeireiras interessadas na derrubada
das árvores ou por garimpeiros em busca de ouro e diamantes.
Esse processo de invasão se acentuou nas últimas décadas em razão
da grande valorização das chamadas commodities agrícolas. Com
essa valorização, diversas áreas indígenas passaram a ser ocupadas
por agricultores que derrubam as matas para plantar produtos como
arroz e soja. Embora essa disputa pela terra dos indígenas ocorra em
diversos lugares do Brasil, é na região Norte que esse processo é
mais acentuado [...]
(Fontes: FAUSTO, Boris; FAUSTO, Carlos. Surto anti-indígena. O Estado
de São Paulo, 28 abr. 2008; GESISK, Jaime. Esperança nas aldeias
xacriabás; Ciência Hoje, jan.-fev. 2008; Comendo a Amazônia. Disponível
em: http://www.greenpeace.org.br/amazonia/comendoamz-sumexec.pdf.
Acesso em: 20 nov. 2008).
Compreendendo o texto:
14. A violência histórica contra os indígenas não ocorreu apenas no
período colonial, como muitos imaginaram, ela se estende até os
nossos dias. Relacione algumas práticas de violência contra os
indígenas tanto no período colonial como nos dias atuais.
Questões: (Expansão Territorial e diversidade econômica)
15. (Cefet – SC) Leia atentamente as proposições:
I- Durante os primeiros tempos da colonização, a ocupação
portuguesa na América limitou-se à faixa litorânea.
II- A ação dos bandeirantes contribuiu para a ocupação do interior do
território brasileiro pelos holandeses e ingleses.
III- A descoberta do ouro trouxe muitas mudanças para o Brasil
colônia, entre elas o surgimento de núcleos urbanos, e novos estilos
de vida nas regiões da mineração.
IV- Os bandeirantes sempre tiveram relações cordiais e amistosas
com os padres jesuítas.
Assinale a alternativa correta:
A) Apenas as proposições I e III são corretas.
Amplie seus conhecimentos sobre: Fontes de Energia no Brasil e Mineração (Geografia Cadernos Gama/Pi).
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12
B) Apenas a proposição IV é correta.
C) Apenas a proposição II é correta.
D) Apenas as proposições II e IV são corretas.
E) Apenas a proposição III é correta.
16. (MACK – SP) Os bandeirantes foram romantizados [...] e postos
como símbolo dos paulistas e do progresso, associação enobrecedora.
A simbologia bandeirante servia para construir a imagem da trajetória
paulista como um único e decidido percurso rumo ao progresso,
encobrindo conflitos e diferenças.
(Fonte: ABUD, K. Maria. In: MATOS, M. I. S. de. São Paulo e Adoniran
Barbosa).
Ainda que essa imagem idealizada tenha sido uma construção
ideológica, sua importância, no período colonial brasileiro, decorre:
A) de iniciativa em atender à demanda de mão de obra escrava do
Brasil holandês, durante o governo de Maurício de Nassau.
B) de sua extrema habilidade para lidar com o nativo hostil, garantindo
sua colaboração espontânea na busca pelo ouro.
C) de sua colaboração no processo de expansão territorial brasileira, à
medida que ultrapassou o Tratado de Tordesilhas e fundou
povoados, garantindo, futuramente, o direito de Portugal sobre
essas terras.
D) de sua atuação decisiva na Insurreição Pernambucana, que
resultou na expulsão dos holandeses do Nordeste, em
1654,considerada como o primeiro movimento de cunho
emancipacionista da colônia.
E) da colaboração dos mesmos na formação das Missões jesuíticas,
cujo objetivo era a proteção e catequização de índios tupi,
obstáculo à ocupação do território colonial.
17. (UEA-AM) Foi criada uma Companhia de Comércio Monopolista
para o estado do Maranhão, com a obrigação de fornecer 500
escravos por ano, durante 20 anos, aos colonos nortistas, para
conciliar as duas posições: a dos colonos, que queriam escravos, e a
dos jesuítas, que queriam impedir a escravização dos índios. A
respeito da Revolta de Beckman, no Maranhão, assinale a afirmativa
correta.
A) Ao insurgir-se contra o monopólio português, a Revolta de
Beckman foi o primeiro movimento a pretender a independência do
Brasil.
B) A reação portuguesa contra a Revolta de Beckman, com duas
execuções, entre outras punições, evidencia o risco que o
movimento representava para a manutenção do pacto colonial.
C) A Revolta de Beckman foi um movimento localizado no Maranhão,
sem intenções separatistas, pretendendo a expulsão dos jesuítas
e o cumprimento, pela Companhia privilegiada, dos objetivos para
os quais foi criada.
D) A Revolta de Beckman foi mais radical do que os movimentos do
século XVIII, inclusive a Conjuração Mineira, porque chegou ao
confronto.
E) A Revolta de Beckman, embora se insurgisse contra a Companhia
de Comércio, fazia parte de um movimento maior e mais geral do
Norte para proibir missões religiosas que restringissem a
escravização dos índios.
18. (UFRN) A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de
Vila Rica, verificadas nas primeiras décadas do século XVIII, podem
ser caracterizadas como:
A) movimentos isolados em defesa de ideias liberais nas diversas
capitanias, com a intenção de se criarem governos republicanos.
B) movimentos de defesa das terras brasileiras que resultaram num
sentimento nacionalista, visando a independência política.
C) manifestações de rebeldia localizadas que contestavam aspectos
da política econômica de dominação do governo português.
D) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas,
contra as elites locais, negando a autoridade do governo
metropolitano.
19. (ENEM-2011) O açúcar e suas técnicas de produção foram
levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a Idade Média,
mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a
sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do
Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas
continuou a ser um produto de luxo, extremamente caro, chegando a
figurar nos dotes de princesas casadoiras.
(CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São
Paulo: Atual, 1996)
Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o
produto escolhido por Portugal para dar início à colonização brasileira,
em virtude de:
A) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso.
B) os árabes serem aliados históricos dos portugueses.
C) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente.
D) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto.
E) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo
semelhante.
20. (ENEM-2008) A velha Totonha de quando em vez batia no
engenho. E era um acontecimento para a meninada… Que talento ela
possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de falar
em nome de todos os personagens, sem nenhum dente na boca, e
com uma voz que dava todos os tons às palavras! Havia sempre rei e
rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com
as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles
heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com
mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor
local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um
reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e
florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito
com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de
engenho de Pernambuco.
(José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio,
1980, p. 49-51 -adaptado).
Na construção da personagem ―velha Totonha‖, é possível identificar
traços que revelam marcas do processo de colonização e de
civilização do país. Considerando o texto acima, infere-se que a velha
Totonha:
A) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas
condições de vida e de trabalho, que denotam que ela enfrenta
situação econômica muito adversa.
B) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história
do país colonizado, livres da influência de temas e modelos não
representativos da realidade nacional.
C) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana
europeia em concomitância com a representação literária de
engenhos, rios e florestas do Brasil.
D) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio
romancista, o qual pretende retratar a realidade brasileira de forma
tão grandiosa quanto a europeia.
E) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como
modelo e origem as fontes da literatura e da cultura europeia
universalizada.
21. (ENEM-2010) Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de
vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de ―tropa‖
que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava
gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada
de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou
Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
13
associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro
em Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras
preciosas também atraiu grandes contingentes populacionais para as
novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de
alimentos e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros era
constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café,
fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos
pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com pedaços de
carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. O
feijão tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e recebe
esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que
conduziam o gado.
(Disponível em http://www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso em: 27 nov.
2008).
A criação do feijão tropeiro na culinária brasileira está relacionada à:
A) atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas
minas.
B) atividade culinária exercida pelos moradores cozinheiros que viviam
nas regiões das minas.
C) atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado
e mercadoria.
D) atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que necessitavam
dispor de alimentos.
E) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da
exploração do ouro.
22 (ENEM-2003) O mapa abaixo apresenta parte do contorno da
América do Sul
destacando a bacia
amazônica. Os pontos
assinalados
representam
fortificações militares
instaladas no século
XVIII pelos
portugueses. A linha
indica o Tratado de Tordesilhas revogado pelo Tratado de Madri,
apenas em 1750.
Pode-se afirmar que a construção dos fortes pelos portugueses visava,
principalmente, dominar:
A) militarmente a bacia hidrográfica do Amazonas.
B) economicamente as grandes rotas comerciais.
C) as fronteiras entre nações indígenas.
D) o escoamento da produção agrícola.
E) o potencial de pesca da região.
23. (ENEM-2012) Em um engenho sois imitadores de Cristo
crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o
mesmo Salvador padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua
cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de
três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram
na Paixão: uma vez, servindo para o cetro de escárnio, e outra vez
para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de
noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas
noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem
comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados
em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes
afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for
acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.
(VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & irmão. 1951 – Adaptado)
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação
entre a Paixão de Cristo e:
A) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.
B) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
C) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
D) o papel dos senhores na administração dos engenhos.
E) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.
24. (ENEM-2012) Torna-se claro que quem descobriu a África no
Brasil, muito antes dos europeus, foram os próprios africanos trazidos
como escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino
linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à da
religião. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e
transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência
entre si de elos culturais mais profundos.
(SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil.
Revista USP. n. 12, dez./jan./fev. 1991-92 – Adaptado)
Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes
partes da África, a experiência da escravidão no Brasil tornou possível
a:
A) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
B) superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições
europeias.
C) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
D) manutenção das características culturais específicas de cada etnia.
E) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.
25. (ENEM-2012) A experiência que tenho de lidar com aldeias de
diversas nações me tem feito ver, que nunca índio fez grande
confiança de branco e, se isto sucede com os que estão já civilizados,
como não sucederá o mesmo com esses que estão ainda brutos.
(NORONHA, M. Carta a J. Caldeira Brant: 2 jan. 1751. Apud CHAIM, M. M.
Aldeamentos indígenas (Goiás: 1749-1811). SãoPaulo: Nobel, Brasília, INL,
1983 – Adaptado)
Em 1749, ao separar-se de São Paulo, a capitania de Goiás foi
governada por D. Marcos de Noronha, que atendeu às diretrizes da
política indigenista pombalina que incentivava a criação de
aldeamentos em função:
A) das constantes rebeliões indígenas contra os brancos
colonizadores, que ameaçavam a produção de ouro nas regiões
mineradoras.
B) da propagação de doenças originadas do contato com os
colonizadores, que dizimaram boa parte da população indígena.
C) do empenho das ordens religiosas em proteger o indígena da
exploração, o que garantiu a sua supremacia na administração
colonial.
D) da política racista da Coroa Portuguesa, contrária à miscigenação,
que organizava a sociedade em uma hierarquia dominada pelos
brancos.
E) da necessidade de controle dos brancos sobre a população
indígena, objetivando sua adaptação às exigências do trabalho
regular.
REVOLUÇÕES INGLESAS
No século XVII, a Inglaterra viveu um período de transformações
sociais e políticas conhecido por Revolução Inglesa. Teve início em
1640 e fim em 1688/89 com o golpe de Estado. Naquela época, os
elementos da nobreza e os pequenos proprietários de terras
começaram a exportar seus produtos a outros países da Europa e
conforme a exportação aumentava, os proprietários de terras iam
expulsando famílias camponesas das terras. Essa prática recebeu o
nome de cercamento. Os camponeses foram obrigados a irem para as
cidades buscando empregos com baixos salários nas manufaturas e
nas pequenas fábricas que iam surgindo. Dessa forma, os industriais e
os comerciantes enriqueceram rapidamente.
A burguesia atuante, formada pelos industriais e pelos comerciantes
enriquecidos passou juntamente com a nobreza a considerar o
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controle dos reis absolutistas sobre a economia um obstáculo à
expansão dos seus negócios e passaram a reagir contra o absolutismo
real. Com a morte da rainha Elizabeth I, o rei da Escócia, seu primo
titulado como Jaime I assumiu o lugar de Elizabeth I exigindo o
reconhecimento como rei.
Jaime I tentou impor o anglicanismo para ampliar o poder em suas
mãos perseguindo os católicos e os calvinistas. Através do seu
comportamento, Jaime I conseguiu irar boa parte do Parlamento e
quando decidiu criar novos impostos e aumentar os que já existiam, tal
relacionamento piorou. O Parlamento reagiu contra o aumento e os
novos impostos e o rei dissolveu a Câmara dos Lordes e a dos
Comuns.
O sucessor de Jaime I foi seu filho Carlos I que se mostrou mais
autoritário, intolerante e impopular que seu pai. Após assumir o poder,
entrou em guerra com a França e reabriu o Parlamento, pois
necessitava de dinheiro. O Parlamento por sua vez fez com que o rei
assinasse a Petição de Direitos em 1628 que proibia o rei de convocar
o exército, de propor novos impostos sem a aprovação do Parlamento.
Carlos I assinou a petição e um ano depois voltou atrás dissolvendo
novamente o Parlamento. Novamente tentaram impor o anglicanismo
aos ingleses, escoceses e irlandeses, mas os puritanos e
presbiterianos reagiram e foram perseguidos, presos e castigados pelo
governo.
O início da revolução se deu quando os parlamentares puritanos e
presbiterianos se revoltaram contra o absolutismo. Exigiram a prisão
de dois ministros do rei e aprovaram uma lei proibindo o monarca de
dissolver o Parlamento. Em 1641, os irlandeses promoveram uma
rebelião a fim de se libertarem da Inglaterra. O Parlamento organizou o
exército para sufocar a rebelião irlandesa, mas negou-se a confiar o
comando do exército ao rei. Com isso Carlos I invadiu o Parlamento
com seus guardas pessoais e prenderam os cinco principais líderes da
oposição.
A guerra civil
Na guerra civil, as forças se dividiam em dois partidos político-
militares: os cavaleiros que permaneceram ao lado do rei Carlos I
apoiados pelo clero, pela aristocracia do norte e do oeste do país e
pelos grupos favorecidos pelos monopólios reais e os cabeças
redondas que apoiaram o Parlamento sendo eles principalmente a
burguesia mercantil e os empresários rural sendo a maioria puritana
ou presbiteriana. Os cabeças redondas sofreram reveses, mas após a
liderança de Oliver Cromwell venceram as tropas da monarquia,
prendendo o rei Carlos I que foi julgado e condenado à morte. Foi
decapitado em 1649, ano em que Cromwell proclamou a república e
assumiu a nação.
Os primeiros anos de república foram conturbados, onde tiveram que
enfrentar e sufocar rebeliões lideradas pelos niveladores que queriam
implantar uma democracia que atendesse aos mais pobres.
Externamente, Cromwell invadiu a Irlanda e reprimiu uma rebelião
contra seu governo e depois venceu o exército escocês que invadira a
Inglaterra. Cromwell então unificou a Inglaterra, a Escócia e a Irlanda
numa só república e formou a Comunidade Britânica.
Em 1651, decretou o Ato de Navegação que determina a
comercialização de mercadorias somente por navios ingleses ou dos
países onde foram produzidas. O Ato de Navegação impulsionou o
capitalismo inglês e favoreceu a indústria naval e a burguesia
mercantil. Em 1651 a 1654, a Inglaterra entrou em conflito com a
Holanda por esta ter sido prejudicada com o Ato de Navegação.
Cromwell ampliou seus poderes durante a guerra encomendando uma
nova Constituição que propunha um único Parlamento e estabelecia o
voto censitário. A Holanda foi derrotada e então a Inglaterra tornou-se
a maior potência naval do mundo.
Cromwell morreu em 3 de setembro de 1658 e o poder, como previsto,
foi transferido para seu filho Ricardo Cromwell, que, no entanto, tinha
pouco controle sobre o exército e era pouco respeitado pelo
Parlamento. Seu governo durou apenas vinte meses, os quais foram
marcados por conflitos entre as várias facções do Exército.
Finalmente, um Parlamento livre se reuniu em abril de 1660 e aprovou
a restauração da monarquia e a volta do filho de Carlos I à Inglaterra
para assumir o Trono como Carlos II.
A Restauração Monárquica de 1660
Como vimos, o processo revolucionário iniciado em 1640 foi
enfraquecendo ao longo do tempo e chegou em 1660 já bastante
desgastado. Aproveitando-se desse desgaste, as forças monarquistas
se reagruparam e restauraram o regime absolutista, que perdurou até
1688, com os reinados de Carlos II (1660-1685) e de Jaime II (1685-
1688).
Tal restauração não resultou, porém, de batalhas sangrentas, como as
que haviam sido travadas contra a tirania de Carlos I. Carlos II
ascendeu ao Trono inglês em virtude de um acordo entre as lideranças
das elites monarquistas rurais e o Parlamento. Nesse acordo,
chamado de Acordo da Restauração, o Parlamento estipulava várias
exigências para Carlos II, mas também lhe fazia várias concessões.
O Parlamento exigia, por exemplo, que o Rei respeitasse o poder
legislativo e dividisse com ele decisões importantes, como criação de
impostos, declaração de guerra, entre outras. Apesar de monarquistas,
os deputados ingleses não desejavam repetir o que tinha acontecido
durante o reinado de Carlos I, que não respeitava as prerrogativas do
Parlamento.
Em troca, as elites rurais e o Parlamento permitiram verdadeiros
retrocessos na vida política e religiosa da Inglaterra. Exemplo de
retrocesso religioso foi a restauração da Igreja Anglicana.
Em termos políticos, o Parlamento e as elites rurais permitiram que
Carlos II e Jaime II empreendessem, sucessivamente, uma política de
―caça às bruxas‖ direcionada aos puritanos e aos que haviam apoiado
a Revolução de 1642. Durante os 28 anos de restauração absolutista,
esses dois reis ingleses foram bem sucedidos em tal perseguição
política, seja executando seus adversários, seja obrigando-os a fugir
para outros países. Para se ter uma ideia do clima político revanchista
que predominou nesse período, logo que Carlos II subiu ao Trono,
ordenou que os cadáveres de Cromwell e de alguns de seus
seguidores fossem desenterrados e dependurados nos postes de
Londres. Suas ordens foram cumpridas e o que restava dos cadáveres
dessas lideranças puritanas ficou exposto nas ruas por um bom
tempo.
A reação absolutista não tinha, porém, bases sociais sólidas para
durar muito tempo, já que a sociedade inglesa havia mudado muito
desde a Revolução de 1642. No reinado de Jaime II, iniciado em 1685,
a ―lua de mel‖ das elites rurais e urbanas com o absolutismo estava
acabando. As classes mercantis haviam se fortalecido e tendiam a
exigir mais liberdade política, mais tolerância religiosa e mais liberdade
econômica. Nos meios intelectuais e políticos, crescia a insatisfação
com a política absolutista repressiva de Jaime II. Nos meios religiosos
puritanos e anglicanos, crescia a antipatia pelo Rei porque ele
alimentava o projeto de restaurar o catolicismo e ligar a igreja da
Inglaterra a Roma novamente. Completando esse quadro, as forças
que haviam apoiado a Restauração Monárquica perceberam a clara
intenção de Jaime II de colocar o poder real acima do Parlamento e da
lei.
Assim, em 1688, após 28 anos de restauração absolutista, aconteceu
a segunda revolução inglesa, a chamada Revolução Gloriosa.
Revolução Gloriosa
Revolução Gloriosa é o nome dado pelo movimento ocorrido na
Inglaterra entre 1688 e 1689 no qual o rei Jaime II foi destituído do
trono britânico. Chamada por vezes de ―Revolução sem sangue―, pela
forma deveras pacífica com que ocorreu, ela resultou na substituição
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do rei da dinastia Stuart, católico, pelo protestante Guilherme (em
inglês, William), Príncipe de Orange, da Holanda, em conjunto com
sua mulher Maria II (respectivamente genro e filha de Jaime II).
Tal revolução toma forma com um acordo secreto entre o parlamento
inglês e Guilherme de Orange, stadtholder da Holanda (título
específico holandês, equivalente a ―chefe de estado‖) numa manobra
que visava entregar o trono britânico ao príncipe, devido à repulsa dos
nobres britânicos ante à insistência de Jaime II em reconduzir o país
no rumo da doutrina católica. Assim, as tropas abandonam o rei Jaime
e em junho de 1688 Guilherme de Orange é aclamado rei com o nome
de Guilherme III. É estabelecida assim um compromisso de classe
entre os grandes proprietários e a burguesia inglesa. Seu efeito
negativo foi sentido pela população em geral, que foi marginalizada
pela nova ordem. Outro efeito, porém, foi o de mostrar que não
era necessário eliminar a figura do rei para acabar com um regime
absolutista, desde que este aceitasse uma completa submissão às leis
ditadas pelo parlamento. Assim, a Revolução Gloriosa iniciou
a prática seguida até hoje na política britânica, que é a da Monarquia
Parlamentar, em substituição ao absolutismo, onde o poder do rei é
delimitado pelo parlamento
O ILUMINISMO
No século XVIII, a “Era das Luzes”, uma nova corrente de pensamento
começou a despontar na Europa defendendo novas formas de
conceber o mundo, a sociedade e suas instituições. O chamado
movimento iluminista aparece nesse período como uma evolução dos
valores semeados durante o período renascentista, quando os
princípios de individualidade e razão ganharam espaço nos séculos
iniciais da Idade Moderna. Caracteriza-se pela critica aberta ao Antigo
Regime (Ancien Régime): O Absolutismo, o Mercantilismo e a Igreja
Católica.
Nessa mesma época o filosofo francês René Descartes concebeu um
modelo de verdade incontestável (o axioma). Segundo este autor, a
verdade poderia ser alcançada através de duas habilidades inerentes
ao homem: duvidar e refletir. Nesse mesmo período destacaram-se
estudos no campo das ciências da natureza que também iriam
influenciar profundamente o pensamento iluminista.
Entre outros estudos destacamos a obra do inglês Isaac Newton. Por
meio de seus experimentos e observações, Newton conseguiu
elaborar uma série de leis naturais que regiam o mundo material,
como a “Lei da Gravidade”. Tais descobertas acabaram colocando à
mostra um tipo de explicação aos fenômenos naturais independente
das concepções religiosas. Dessa maneira, a dúvida, o experimento e
a observação seriam instrumentos do intelecto capazes de decifrar as
―normas‖ que organizam o mundo.
Tal maneira de relacionar-se com o mundo, não só contribuiu para o
desenvolvimento das Ciências Exatas e da Natureza. O método
utilizado inicialmente por Newton acabou influenciando outros
pensadores que também acreditavam que, por meio da razão,
poderiam estabelecer as leis que naturalmente regiam as relações
sociais, a História, a Política e a Economia.
Um dos primeiros pensadores influenciados por esse conjunto de
ideias foi o britânico John Locke. Segundo a sua obra Segundo
Tratado sobre o Governo Civil, o homem teria alguns direitos naturais
como a vida, a liberdade e a propriedade. No entanto, os interesses de
um indivíduo perante o seu próximo poderiam acabar ameaçando a
garantia de tais direitos. Foi a partir de então que o Estado surgiria
como uma instituição social coletivamente aceita na garantia de tais
direitos.
Essa concepção lançada por Locke incitou uma dura crítica aos
governos de sua época, pautados pelos chamados princípios
absolutistas. No absolutismo a autoridade máxima do rei contava com
poderes ilimitados para conduzir os destinos de uma determinada
nação. O poder político concentrado nas mãos da autoridade real seria
legitimado por uma justificativa religiosa onde o monarca seria visto
como um representante divino. Entretanto, para os iluministas a fé não
poderia interferir ou legitimar os governos.
No ano de 1748, a obra ―Do espírito das leis‖, o filósofo Montesquieu
defende um governo onde os poderes fossem divididos. O equilíbrio
entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário poderia conceber
um Estado onde as leis não seriam desrespeitadas em favor de um
único grupo. A independência desses poderes era contrária a do
governo absolutista, onde o rei tinha completa liberdade de interferir,
criar e descumprir as leis.
Essa supremacia do poder real foi fortemente atacada pelo francês
Voltaire (1694 – 1778). Segundo esse pensador, a interferência
religiosa nos assuntos políticos estabelecia a criação de governos
injustos e legitimadores do interesse de uma parcela restrita da
sociedade. Sem defender o radical fim das monarquias de sua época,
acreditava que os governos deveriam se inspirar pela razão tomando
um tom mais racional e progressista.
Outro importante pensador do movimento iluminista foi Jean-Jacques
Rousseau, que criticava a civilização ao apontar que ela expropria a
bondade inerente ao homem. Para ele, a simplicidade e a comunhão
entre os homens deveriam ser valorizadas como itens essenciais na
construção de uma sociedade mais justa. Entretanto, esse modelo de
vida ideal só poderia ser alcançado quando a propriedade privada
fosse sistematicamente combatida e ocorresse o retorno a natureza,
era a teoria do “Bom Selvagem”.
Esses primeiros pensadores causaram grande impacto na Europa de
seu tempo. No entanto, é de suma importância destacar como a ação
difusora dos filósofos Diderot e D’Alembert foi fundamental para que
os valores iluministas ganhassem tamanha popularidade, o
―movimento Enciclopedista”. Em esforço conjunto, e contando com a
participação de outros iluministas, esse dois pensadores criaram uma
extensa compilação de textos da época reunidos em uma
enciclopédia.
A difusão do iluminismo acabou abrindo portas para novas
interpretações da economia e do governo. A fisiocracia defendia que
as produções das riquezas dependiam fundamentalmente da terra. As
demais atividades econômicas era apenas um simples desdobramento
da riqueza produzida em terra. Além disso, a economia não poderia
sofrer a intervenção do Estado, pois teria formas naturais de se
organizar e equilibrar: o Liberalismo Econômico. Seu principal
inspirador é o economista escocês Adam Smith, considerado o pai da
economia política, autor de O ensaio sobre a riqueza das nações, obra
fundamental da literatura econômica. Na qual ataca a política
mercantilista por ser baseada na intervenção estatal e sustenta a
necessidade de uma economia dirigida pelo jogo livre da oferta e da
procura de mercado, o laissez-faire.
O iluminismo também influenciou as monarquias nacionais que se
aproveitaram de alguns dos princípios defendidos pelo iluminismo para
empreender uma modernização do aparelho administrativo com o
objetivo de atender os interesses dos nobres e da burguesia nacional.
Além de aplacar os ânimos de uma população cada vez mais
consciente e descontente. Esse movimento ficou conhecido como
Despotismo Esclarecido.
TEXTO COMPLEMENTAR:
A educação para a liberdade segundo Rousseau
Rousseau em todas as suas obras se preocupava com os processos
educativos, tanto quanto as relações sociais, que são afrontados com
a noção de liberdade. Rousseau afirma que: ―… ‗todos nascem
Amplie seus conhecimentos sobre: Renascimento Cultural (História Cadernos Alpha/Beta).
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homens e livres‘; a liberdade lhes pertence e renunciar a ela é
renunciar à própria qualidade de homem. Ninguém como ele afirmou
que o princípio da liberdade como direito inalienável e exigência
essencial da própria natureza espiritual do homem‖ (ARBOUSSE-
BASTIDE, MACHADO, 1978, p. XVIII). Ele queria uma sociedade em
que as pessoas fossem não apenas livres e iguais, mas também
soberanas, que exercessem um papel ativo dentro do contexto. Para
que isso acontecesse, além de um contrato justo, seria necessário
ensiná-las a serem livres, autênticas e autônomas. Essa seria uma
tarefa de ―civilizar a civilização‖, ou seja, deveria iniciar com a
educação das crianças. O filósofo se dedicou a esta tarefa escrevendo
um tratado pedagógico em forma de romance cuja obra-prima
é Emilio, o nome da personagem principal. A tese fundamental de
Rousseau é a de que o ser humano é naturalmente bom, mas foi
corrompido pela sociedade.
Deste modo, a criança que foi criada numa sociedade civilizada vai
perdendo o contato com seus instintos naturais e sentimentos à
medida que eles vão sendo reprimidos ou à medida que ela aprende,
através de uma série de normas e conceitos abstratos, a não revelar
certas emoções e a fingir outras. O resultado é a perda de contato
consigo mesma e a necessidade de mostrar-se diferente do que
realmente é. Depois vêm a falsidade, a hipocrisia e todos os outros
vícios: ―Um homem abandonado a si mesmo, desde o nascimento,
entre os demais seria o mais desfigurado de todos. Os preconceitos, a
autoridade, a necessidade, o exemplo, todas as instituições sociais em
que nos achamos submersos abafariam nele a natureza e nada
poriam no lugar‖ (CHALITA, 2004, p.282).
Em Emílio, Rousseau usa como exemplo o homem natural e defende
uma pedagogia que siga a natureza. Na obra o personagem Emílio é
afastado da sociedade corrupta até os 15 anos de idade, evitando
qualquer corruptura da sociedade. Rousseau criou uma técnica
inovadora: ao invés de reprimir as crianças ou discipliná-las como era
feito na época, propõe uma educação que procura incentivar a
expressão das tendências da criança. Dever-se-ia realizar essa
educação no seio da família usando de amor e carinho para essa
prática. E deixaria o aspecto teórico e racional para segundo plano.
Assim, o pensamento de Rousseau teve grande influência no
desenvolvimento da pedagogia, a sua filosofia libertária foi uma das
principais fontes de inspiração da Revolução Francesa. Repercutiu em
diversas áreas como nos ideais políticos do comunismo e do
anarquismo, nascidos no século XIX. Rousseau por valorizar as
emoções, foi reconhecido o grande precursor do Romantismo, que é o
movimento literário surgido no início do século XIX e que se
caracterizou pelo predomínio dos sentimentos e da imaginação em
relação à razão.
(Fonte: http://pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2010/06/12/a-
educacao-para-a-liberdade/)
Compreendendo o texto:
26. Segundo Rousseau qual seria o resultado de uma educação
dentro de uma sociedade “civilizada”?
27. Qual a inovação proposta por Rousseau para que haja uma
pedagogia correspondente a natureza?
Questões: (Revoluções Inglesas e Iluminismo)
28. (ENEM-2007) Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram
inicialmente a constituir os Estados Unidos da América (EUA)
declaravam sua independência e justificavam a ruptura do Pacto
Colonial. Em palavras profundamente subversivas para a época,
afirmavam a igualdade dos homens e apregoavam como seus direitos
inalienáveis: o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.
Afirmavam que o poder dos governantes, aos quais cabia a defesa
daqueles direitos, derivava dos governados. Esses conceitos
revolucionários que ecoavam o Iluminismo foram retomados com
maior vigor e amplitude treze anos mais tarde, em 1789, na França.
(Emília Viotti da Costa. Apresentação da coleção. In: Wladimir Pomar.
Revolução Chinesa. São Paulo: UNESP, 2003 - com adaptações).
Considerando o texto acima, acerca da independência dos EUA e da
Revolução Francesa, assinale a opção correta:
A) A independência dos EUA e a Revolução Francesa integravam o
mesmo contexto histórico, mas se baseavam em princípios e
ideais opostos.
B) O processo revolucionário francês identificou-se com o movimento
de independência norte-americana no apoio ao absolutismo
esclarecido.
C) Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas sustentavam
a luta pelo reconhecimento dos direitos considerados essenciais à
dignidade humana.
D) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte influência
no desencadeamento da independência norte-americana.
E) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o caminho
para as independências das colônias ibéricas situadas na América.
29. (ENEM-2009) Observe as duas afirmações de Montesquieu (1689-
1755), a respeito da escravidão:
A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem ao senhor, nem
ao escravo: a este porque nada pode fazer por virtude; àquele, porque
contrai com seus escravos toda sorte de maus hábitos e se acostuma
insensivelmente a faltar contra todas as virtudes morais: torna-se
orgulhoso, brusco, duro, colérico, voluptuoso, cruel.
Se eu tivesse que defender o direito que tivemos de tornar escravos os
negros, eis o que eu diria: tendo os povos da Europa exterminado os
da América, tiveram que escravizar os da África para utilizá-los para
abrir tantas terras. O açúcar seria muito caro se não fizéssemos que
escravos cultivassem a planta que o produz. (Montesquieu. O espírito
das leis.)
Com base nos textos, podemos afirmar que, para Montesquieu:
A) o preconceito racial foi contido pela moral religiosa.
B) a política econômica e a moral justificaram a escravidão.
C) a escravidão era indefensável de um ponto de vista econômico.
D) o convívio com os europeus foi benéfico para os escravos
africanos.
E) o fundamento moral do direito pode submeter-se às razões
econômicas.
30. (ENEM-2000) O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela
algumas características de uma determinada corrente de pensamento.
―Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos se
é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a
ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que
abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de
qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no
estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito
incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque,
sendo todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na
maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o proveito
da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito
arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição
que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é
sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com
outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua
conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de
propriedade.‖ (Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)
Questão 1: Do ponto de vista político, podemos considerar o
texto como uma tentativa de justificar:
A) a existência do governo como um poder oriundo da natureza.
B) a origem do governo como uma propriedade do rei.
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C) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza
humana.
D) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos
direitos.
E) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da
propriedade.
Questão 2: Analisando o texto, podemos concluir que se trata de
um pensamento:
A) do liberalismo.
B) do socialismo utópico.
C) do absolutismo monárquico.
D) do socialismo científico.
E) do anarquismo.
31. (PUC-RJ) Leia o testemunho de Baxter, puritano inglês:
"Uma grande parte dos cavaleiros e gentis-homens de Inglaterra (...)
aderira ao rei [Carlos I, 1625-1649]. (...) Do lado do Parlamento
estavam uma pequena parte da pequena nobreza de muitos dos
condados e a maior parte dos comerciantes e proprietários,
especialmente nas corporações e condados dependentes do fabrico
de tecidos e de manufaturas desse tipo. (...) Os proprietários e
comerciantes são a força da religião e do civismo no país; e os gentis-
homens, os pedintes e os arrendatários servis são a força da
iniquidade." (Adaptado de: Christopher Hill. A Revolução Inglesa de
1640.)
O testemunho acima ilustra, em parte, as polarizações sociais e
políticas que caracterizaram a Revolução Puritana, na Inglaterra, entre
1642 e 1649. Dentre as afirmativas abaixo, assinale a única que NÃO
apresenta de modo correto uma característica dessa revolução:
A) Dela resultou o enfraquecimento do poder do soberano,
contribuindo para a afirmação das prerrogativas e interesses dos
grupos que apoiavam o fortalecimento das atribuições do
Parlamento.
B) Ela inseriu-se no conjunto de conflitos civis europeus, da primeira
metade do século XVII, marcadamente caracterizados pela
superposição entre identidade política e identidade religiosa.
C) Ela ocasionou uma sangrenta guerra civil, estimuladora, entre
outros aspectos, da proliferação de seitas não-conformistas,
profundamente condenadas e reprimidas pelos puritanos mais
moderados.
D) Ela estimulou a crescente aplicação de concepções liberais,
defendidas em especial pelos comerciantes, particularmente no
que se referia às relações mercantis com os colonos da América.
E) Ela representou um dos primeiros grandes abalos nas práticas do
absolutismo monárquico na Europa, simbolizado não só pelo
julgamento, mas, principalmente, pela decapitação do monarca
Carlos.
32. (PUC-RJ) Assinale a opção em que se encontra corretamente
identificado um dos preceitos fundamentais da Fisiocracia:
A) "O ouro e a prata suprem as necessidades de todos os homens."
B) "Os meios ordinários, portanto, para aumentar nossa riqueza e
tesouro são o comércio exterior."
C) "Que o soberano e a nação jamais se esqueçam de que a terra é a
única fonte de riqueza e de que a agricultura é que a multiplica."
D) "Todo comércio consiste em diminuir os direitos de entrada das
mercadorias que servem às manufaturas interiores (...)"
E) "As manufaturas produzirão benefícios em dinheiro, o que é o único
fim do comércio e o único meio de aumentar a grandeza e o
poderio do Estado."
33. (ENEM-2012)
TEXTO I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de
prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma
vez.
(DESCARTES, R. Meditações Metafisicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.)
TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja
sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas
indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for
impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para
confirmar nossa suspeita. (HUME, D. Uma investigação sobre o
entendimento. São Paulo: UNESP, 2004 - adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do
conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir
que Descartes e Hume:
A) defendem os sentidos como critério originário para considerar um
conhecimento legítimo.
B) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma
ideia na reflexão filosófica e crítica.
C) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do
conhecimento.
D) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às
ideias e aos sentidos.
E) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de
obtenção do conhecimento.
34. (ENEM-2012) Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade
real para suspender as leis ou seu cumprimento. Que é ilegal toda
cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento,
sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos
designados por ele próprio. Que é indispensável convocar com
frequência o Parlamento para satisfazer os agravos, assim como para
corrigir, afirmar e conservar as leis. (Declaração de Direitos. Disponível
em: http://disciplinas.stoa.usp.br. Acesso em: 20 dez 2011 – Adaptado)
No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra
diante dos demais Estados europeus na Época Moderna. A
peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa
continental estão indicados, respectivamente, em:
A) Redução da influência do papa – Teocracia.
B) Limitação do poder do soberano – Absolutismo.
C) Ampliação da dominação da nobreza – República.
D) Expansão da força do presidente – Parlamentarismo.
E) Restrição da competência do congresso – Presidencialismo.
35. (ENEM-2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de
outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a
causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de
decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem.
Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema
do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais
uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito
os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom
grado menores durante toda a vida. (KANT, I. Resposta a pergunta: o
que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 - adaptado).
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para
a compreensão do contexto filosófico da Modernidade, esclarecimento,
no sentido empregado por Kant, representa:
A) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como
expressão da maioridade.
B) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das
verdades eternas.
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C) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de
forma heterônoma.
D) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da
falta de entendimento.
E) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas
pela própria razão.
36. (ENEM-2012) É verdade que nas democracias o povo parece fazer
o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter
sempre presente em mente o que é independência e o que é
liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem;
se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais
liberdade, porque os outros também teriam tal poder. (MONTESQUIEU.
Do Espirito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 - adaptado).
A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz
respeito:
A) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as
decisões por si mesmo.
B) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às
leis.
C) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre
da submissão às leis.
D) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde
que ciente das consequências.
E) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus
valores pessoais.
A INDEPENDÊNCIA DOS EUA
I – A Colonização
Colônias do Norte – agricultura de subsistência, com base na pequena
propriedade familiar. Indústria e comércio e realização de um
contrabando com as Antilhas.
Colônias do Sul – colonização de exploração baseada no latifúndio,
monocultura, trabalho escravo e voltada para a exportação, plantation.
As colônias eram governadas por representantes ingleses que eram
assessorados por uma assembleia eleita pelos colonos que se
encarregavam de votar leis e impostos. As colônias gozavam de
autonomia político-administrativa.
II – Causas
Guerra dos Sete Anos motivada pela disputa de regiões na América
entre França e Inglaterra. Apesar de a Inglaterra ter saído vitoriosa
teve seu tesouro esgotado pelos gastos militares e para se reequilibrar
lançou pesados impostos sobre suas colônias e uma série de medidas
repressivas.
A Nova Política Colonial Inglesa – A Inglaterra decreta as leis de
Navegação com o objetivo de acabar com a relativa autonomia
administrativa das colônias. A partir daí, a função das colônias passou
a ser de produzir para a metrópole e trazer riquezas para a burguesia
inglesa.
As Leis Coercitivas:
Lei do açúcar: taxava sobre a importação que não viesse das Antilhas
Britânicas.
Lei do Selo: obrigatoriedade do uso do selo em documentos, jornais,
contratos ou comprovantes de transação comercial.
Lei do Chá: obrigatoriedade de envio de chá oriental a América.
Atos de Townshend: conjunto de leis que taxam artigos de consumo
As leis intoleráveis – tinham por objetivo salvar a Cia das Índias da má
situação financeira e concedeu o monopólio, provocando a reação dos
colonos em boicotes sistemáticos aos produtos ingleses e nas
primeiras tentativas de organização dos colonos para romper os laços
com a metrópole.
III – A Luta pela Independência
1º Congresso Continental da Filadélfia – onde foi redigida a
Declaração de Direito para restabelecer a liberdade das colônias, sob
pena de rompimento definitivo com a Metrópole.
2º Congresso Continental da Filadélfia – Thomas Jefferson redige a
Declaração de Independência (04 4-7-1776). A Inglaterra não aceita e
os norte-americanos vencem os ingleses na Batalha de Saratoga em
1777. A partir daí passa a receber ajuda da França e da Espanha. A
guerra chega ao fim com a Batalha de Yorktown com a vitória dos
colonos em 1783 a Inglaterra reconhece a Independência através do
Tratado de Versalhes.
A revolução representou a concretização dos ideais iluministas, o
exemplo para a independência da América Ibérica.
IV-Significados da Independência
Plano interno – A Escravidão negra permaneceu no país.
Plano externo – Os E.U.A adotam uma Política Imperialista de
Dominação.
V – Conquista do Oeste
É estimulada desde o governo de George Washington (1789-1796),
que oferece facilidades, como preços baixos para as terras
conquistadas e prêmios aos pioneiros. Milhares de colonos organizam
caravanas e passam a enfrentar os índios da região tomando suas
terras. Antes da expansão existem cerca de 1 milhão de índios no
Oeste norte-americano. Em 1860 a população indígena está reduzida
a cerca de 300 mil, que passam a viver em reservas oficiais. A
ampliação do território foi devido a três recursos: a compra, diplomacia
e guerra.
VI – Guerra de Secessão
Ocorreu entre 1861 e 1865, resultado dos atritos entre as regiões norte
e sul dos Estados Unidos, devido à divergência dos sistemas
econômico, social e político.
Diferenças entre norte e sul – Em 1860 predomina na região norte dos
Estados Unidos a economia agrícola dos farmers (pequenos
produtores), e a indústria com trabalho assalariado. O sul está
organizado em grandes plantações algodoeiras cultivadas por
escravos negros. A eleição de Abraham Lincoln como presidente, em
1861, com uma plataforma política nortista, coloca a União em
confronto com os sulistas. As tensões entre norte e sul crescem devido
às divergências sobre a introdução de uma política protecionista,
defendida pelo norte, e à campanha abolicionista. São criadas
sociedades nortistas que ajudam a fuga de escravos para o norte,
onde ganham a liberdade. Alguns Estados do sul decidem então se
separar e criam a Confederação dos Estados da América (por isso
passam a ser chamados de confederados), com capital em Richmond,
Virgínia. Apesar de não ser um abolicionista radical, Lincoln não aceita
o desmembramento da União e declara guerra ao sul. A resistência
sulista é muito violenta, apesar da inferioridade de forças e do bloqueio
naval estabelecido pelo norte. Para conseguir o apoio dos negros,
Lincoln emancipa os escravos em 1863. Em abril de 1865 os
confederados se rendem. Dias depois Lincoln é assassinado por um
escravista fanático durante uma apresentação de teatro
TEXTO COMPLEMENTAR:
Um terrorista na independência dos EUA
Na história da independência dos EUA, é pouco conhecida a figura de
James Aitken. Britânico que nunca esteve na América transformou-se
no primeiro terrorista a cometer atentados na Inglaterra em favor de
um Estado adversário (uma nação que se pretendia ao Estado).
Recentemente, a imprensa o focalizou a partir de uma biografia sua
escrita por Jéssica Werner, intitulada ―O terrorista da revolução
americana‖.
Na época, Aitken foi tratado como qualquer criminoso comum. Mas
seus crimes não se enquadravam em nenhuma tipologia. Para a
maioria, ele não passava de um incendiário. Hoje, atentados terroristas
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são, na sua esmagadora maioria, perpetrados com a detonação de
bombas. Os praticados por Aitken eram incêndios provocados.
Mas ―incendiário‖, em um famoso dicionário britânico publicado no
século XVIII, significa ―uma pessoa que incendeia casas ou prédios
por maldade‖. É uma definição não suficiente no caso em questão. Ele
agiu com maldade, é certo, mas maldade explicada por razões ou
objetivos políticos. Sua disposição a sacrificar vidas inocentes, como é
de praxe nos atos terroristas nos dias de hoje, coloca seus atentados
além do domínio de uma simples sabotagem sem sentido, como se
fora um rebelde sem causa.
Terrorismo e terrorista não eram expressões usadas na época. Mas
elas entram um pouco depois no vocabulário dos homens. Foi no
reinado do terror jacobino, que buscava fulminar os
contrarrevolucionários, que o termo se tornou usual. Mas nesta sua
primeira aparição, os atos de terror eram cometidos em nome da
defesa do Estado e não contra ele.
Professor José Antônio Correa Lages
Compreendendo o texto:
37. Que expressão do texto nos permite concluir que as ações desse
incendiário já eram semelhantes aos ―atos terroristas‖ dos nossos dias,
que provocam forte impacto emocional?
38. Como podemos, segundo o texto, definir um terrorista?
Questões: (Independência dos EUA)
39. (PUC-PR) Leia o texto a seguir e extraia a ideia central:
"São verdades incontestáveis para nós: todos os homens nascem
iguais; o Criador lhes conferiu certos direitos inalienáveis, entre os
quais os de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; para
assegurar esses direitos se constituíram homens-governo cujos
poderes justos emanam do consentimento dos governados; sempre
que qualquer forma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao
povo o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo governo
cujos princípios básicos e organização de poderes obedeçam às
normas que lhes pareçam mais próprias para promover a segurança e
a felicidade gerais."
(Trecho da "Declaração de Independência dos Estados Unidos da
América", Ministro das Relações Exteriores, EUA.)
A ideia central do texto é:
A) A forma de governo estabelecida pelo povo deve ser preservada a
qualquer preço.
B) A realização dos direitos naturais independem da forma, dos
princípios e da organização do governo.
C) Cabe ao povo determinar as regras sob as quais será governado.
D) Todos os homens têm direitos e deveres.
E) Cabe aos homens-governo estabelecer as regras para o povo.
40. (FGV) Uma forma de arrecadação de imposto e de censura foi
imposta pela metrópole inglesa aos colonos das Treze Colônias, em
1765, através da(s):
A) leis denominadas, pelos colonos, intoleráveis;
B) Lei do Selo;
C) Lei Townshend;
D) criação de um tribunal metropolitano de averiguação de preços e
documentos na colônia.
E) permissão de circulação exclusiva de jornais ingleses
metropolitanos.
41. (FATEC) A Lei do Açúcar (1764), a Lei do Selo (1765) e a Lei
Townshend (1767) representaram, quando implementadas, para:
A) os EUA, um estopim à declaração de guerra à França, aliada,
incondicionalmente, aos interesses ingleses.
B) a França e a Inglaterra, formas de arrecadação e controle sobre o
Quebec e sobre as Treze Colônias.
C) os EUA, uma excepcional oportunidade, pela cobrança destes
impostos, à ampliação de seus mercados interno e externo.
D) as Treze Colônias, uma medida tributária que possibilitou a
expansão dos negócios da burguesia de Boston na Europa,
marcando, assim, o início da importância dos EUA no cenário
mundial.
E) a Inglaterra, uma alternativa para um maior controle sobre as Treze
Colônias, e, também, uma medida tributária que permitisse saldar
as dívidas contraídas na guerra com a França.
42. (FUVEST) "O puritanismo era uma teoria política quase tanto
quanto uma doutrina religiosa. Por isso, mal tinham desembarcado
naquela costa inóspita, (...) o primeiro cuidado dos imigrantes
(puritanos) foi o de se organizar em sociedade".
Esta passagem de A DEMOCRACIA NA AMÉRICA, de A. de
Tocqueville, diz respeito à tentativa:
A) malograda dos puritanos franceses de fundarem no Brasil uma
nova sociedade, a chamada França Antártida.
B) malograda dos puritanos franceses de fundarem uma nova
sociedade no Canadá.
C) bem sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova
sociedade no Sul dos Estados Unidos.
D) bem sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova
sociedade no Norte dos Estados Unidos, na chamada Nova
Inglaterra.
E) bem sucedida dos puritanos ingleses, responsáveis pela criação de
todas as colônias inglesas na América.
43. (FUVEST) Pode-se dizer que o ponto de partida do conflito, entre
as colônias inglesas da América do Norte e a Inglaterra, que levou à
criação dos Estados Unidos em 1776, girou em torno da reivindicação
de um princípio e de uma prática que tinham uma longa tradição no
Parlamento britânico. Trata-se do princípio e da prática conhecidos
como:
A) um homem, um voto (one man, one vote);
B) nenhuma tributação sem representação (no taxation without
representation);
C) Declaração dos Direitos (Bill of Rights);
D) equilíbrio entre os poderes (checks and balances);
E) liberdade de religião e de culto (freedom of religion and worship).
44. (Mackenzie) Cremos, como verdades evidentes por si próprias,
que todos os homens nasceram iguais e que receberam do seu
Criador alguns direitos inalienáveis [que seria injusto retirar], como a
vida, a liberdade e a busca da felicidade. (Thomas Jefferson)
O fragmento de texto acima integra um importante documento da
História da humanidade, e inspirou muitos combates pela liberdade na
Europa e nas Américas. Esse documento é:
A) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
B) A Declaração das Nações Unidas.
C) A Doutrina Monroe.
D) A Declaração de Independência dos E.U.A.
E) A Declaração de Libertação dos Escravos.
45. (ENEM-2009) Na democracia estado-unidense, os cidadãos são
incluídos na sociedade pelo exercício pleno dos direitos políticos e
também pela ideia geral de direito de propriedade. Compete ao
governo garantir que esse direito não seja violado. Como
consequência, mesmo aqueles que possuem uma pequena
propriedade sentem-se cidadãos de pleno direito.
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir socialmente os
cidadãos é:
A) submeter o indivíduo à proteção do governo.
B) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
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C) estimular a formação de propriedades comunais.
D) vincular democracia e possibilidades econômicas individuais.
E) defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham
propriedades.
A REVOLUÇÃO FRANCESA
A Revolução Francesa começou no século XVIII e iniciou a Era das
Revoluções Burguesas, fez parte do movimento revolucionário global,
atlântico e ocidental que começou nos Estados Unidos em 1776
passando por Inglaterra, Irlanda, Holanda, Bélgica, Itália, Alemanha,
Suíça e termina na França em 1789. Teve repercussão em outros
países, mas retorna a França em 1830 e 1848.
A Revolução Francesa significou o fim do absolutismo e dos privilégios
da nobreza. O povo ganhou direitos sociais e passaram a ser
respeitados.
A pré-revolução
No desenvolver do século XVIII existem dois importantes fatos
históricos que marcaram esse período. De um lado temos a ascensão
dos ideais iluministas, que pregavam a liberdade econômica e o fim
das amarras políticas estabelecidas pelo poder monárquico. Além
disso, esse mesmo século assistiu uma nova etapa da economia
mundial com a ascensão do capitalismo industrial.
Nesse contexto, a França conviveu com uma interessante contradição.
Ao mesmo tempo em que abrigou importantes personagens do
pensamento iluminista, contava com um estado monárquico
centralizado e ainda marcado por diversos costumes atrelados a
diversas tradições feudais. A sociedade francesa estava dividia em
classes sociais distintas pela condição econômica e os privilégios
usufruídos junto ao Estado.
De um lado, tínhamos a nobreza e o alto clero usufruindo da posse
das terras e a isenção dos impostos. Além disso, devemos salientar a
família real que desfrutava de privilégios e vivia à custa dos impostos
recolhidos pelo governo. No meio urbano, havia uma classe burguesa
desprovida de qualquer auxilio governamental e submetida a uma
pesada carga tributária que restringia o desenvolvimento de suas
atividades comerciais.
A classe proletária francesa também vivia uma situação penosa. No
campo, os camponeses eram sujeitos ao poder econômico dos
senhores feudais e viviam em condições mínimas. Muitos deles
acabavam por ocupar os centros urbanos, que já se entupiam de um
amplo grupo de desempregados e miseráveis excluídos por uma
economia que não se alinhava às necessidades do nascente
capitalismo industrial.
Somados a todos estes fatores, a derrota francesa em alguns conflitos
militares e as péssimas colheitas do final do século XVIII, contribuíram
para que a crise econômica, e a desordem social se instalassem de
vez na França. Desse modo, a década de 1780 veio carregada de
contradições, anseios e problemas de uma nação que não dava mais
crédito a suas autoridades. Temos assim, os preparativos da chamada
Revolução Francesa.
A revolução burguesa
No final do século XVIII a situação socioeconômica da França era de
total calamidade. Numa perspectiva de tentar resolver os problemas, o
Monarca Luís XVI convocou seu Ministro das Finanças, Necker, para
decidir quanto a situação de crise econômica e financeira. Por
sugestão de Necker, Luís XVI convocou, no dia 5 de maio de 1789, a
Assembleia dos chamados Estados Gerais.
Estados os quais não se reuniam desde o século XVII. O 1º. Estado
era formado pelo alto clero, o 2º. Estado pela alta nobreza e o 3º.
Estado, pelos deputados que representavam a maioria da população
(assalariados, camponeses e pequena burguesia).
A Assembleia deveria ser um espaço de discussão dos problemas que
atingiam a sociedade francesa. Porém, o que se viu foi a tentativa do
1º e do 2º Estado em assegurarem a manutenção de seus privilégios
políticos e tributários, mesmo diante da crise que assolava a todos. O
sistema de votação da Assembleia dos Estados Gerais, não levava em
consideração a proporção populacional dos grupos sociais envolvidos.
Por isso, clero e nobreza, que tinham interesses comuns, sairiam
sempre vitoriosos de qualquer debate com o terceiro Estado.
Diante da impossibilidade de acordo, a burguesia, que representava o
3º Estado, proclama-se em Assembleia Nacional Constituinte. O Rei,
desesperado diante do atrevimento dos representantes populares,
manda fechar a sala de reuniões. Mas o 3º. Estado não se deu por
vencido e seus deputados se dirigiram para um salão que a nobreza
utilizava para jogos. Lá mesmo fizeram uma reunião, onde ficou
estabelecido que permaneceriam reunidos até que a França tivesse
uma Constituição. Esse ato ficou conhecido com o nome de. ―O
Juramento do Jogo de Pela‖. Os deputados que fundaram a
Assembleia Nacional nela juraram igualdade jurídica e direitos políticos
para todos os homens comuns.
Isso significava que o Rei deixaria de ser o senhor absoluto do reino. A
burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. No dia 14 de
julho de 1789, toda a população parisiense avança, num movimento
nunca visto, para a Bastilha, a prisão política da época, onde o
responsável pela prisão, o carcereiro, foi espancado pela multidão
vindo a falecer.
O momento agora é dos camponeses, que percebendo a fraqueza da
nobreza, invadem os castelos, executando famílias inteiras de nobres
numa espécie de vingança, de uma raiva acumulada durante séculos.
Avançam sobre a propriedade feudal e exigem reformas – sobretudo a
Reforma Agrária. A burguesia, na Assembleia, temerosa de que as
exigências chegassem também às suas propriedades, propõe que
sejam extintas os direitos feudais como única saída para conter o furor
revolucionário dos camponeses. A 4 de agosto de 1789, extingue-se
aquilo que por muitos séculos significou a opressão sobre os
camponeses: as obrigações feudais. Porém, os impostos continuaram
altos, o custo de vida pouco se alterou e a França continuava em
guerras externas significando despesas altas para o Estado, agora
burguês. A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teóricas
de sua revolução, fez aprovar, no dia 26 de agosto do mesmo ano
(1789), um documento que se tornou mundialmente famoso: A
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Nesse documento a
burguesia francesa declarava, entre outras, quem era cidadão e não
cidadão esperando que houvesse uma aceitação por parte das classes
populares que ainda encontravam-se insatisfeitas com as realizações
políticas e sociais daqueles que se diziam seus representantes
políticos. Na realidade a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão foi uma forma de legitimar a burguesia no poder político do
Estado sendo ela a classe dominante, de elite. Portanto, para a
burguesia a revolução estava por encerrada uma vez que seus
interesses já haviam sido conquistados por ela. Era necessário impedir
a radicalização do movimento revolucionário; ou seja, era necessário
impedir que a revolução se tornasse popular, o que não interessava à
burguesia.
1ª. Fase da Revolução: A Assembleia Nacional Constituinte –
1789-1792
Nesta fase, fundou uma Monarquia Parlamentarista, ou Constitucional.
Um dos atos mais importantes da Assembleia foi o confisco dos bens
do clero francês, que seriam usados como uma espécie de lastro para
os bônus emitidos para superar a crise financeira. Parte do clero reage
Amplie seus conhecimentos sobre: Produção Artística do séc. XIX. (Literatura Cadernos Gama/Pi) e sobre: O que é Sociologia? (Sociologia Cadernos Alpha/Beta).
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e começa a se organizar e como resposta a Assembleia decreta a
Constituição Civil do Clero; isto é, o clero passa a ser funcionário do
Estado, e qualquer gesto de rebeldia levaria a prisão. A situação
estava muito confusa. A Assembleia não conseguia manter a disciplina
e controlar o caos econômico. O Rei entra em contato com os
emigrados no exterior (principalmente na Prússia e na Áustria) e
começam a conspirar para invadir a França, derrubar o governo
revolucionário e restaurar o absolutismo. Para organizar a
contrarrevolução, o monarca foge da França para a Prússia, mas no
caminho é reconhecido por camponeses, é preso e enviado à Paris.
Na capital, os setores mais moderados da Assembleia conseguiram
que o Rei permanecesse em seu posto. A partir daí uma grande
agitação tem início, pois seria votada e aprovada a Constituição de
1791. Esta constituição estabelecia, na França, a Monarquia
Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pela atuação do poder
legislativo (Parlamento).
Esse poder legislativo era escolhido através do voto censitário e isso
equivalia dizer que o poder continuava nas mãos de uma minoria, de
uma parte privilegiada da burguesia. Resumindo, o que temos é uma
Monarquia Parlamentar dominada pela alta burguesia e pela
aristocracia liberal, liderada, por exemplo, pelo famoso La Fayette. É o
total afastamento do povo francês que continuava sem poder de
decisão. No recinto da Assembleia, sentava-se à esquerda o partido
liderado por Robespierre, que se aproximava do povo: eram os
Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se sentarem nas
partes mais altas da Assembleia); ao lado, um pequeno grupo ligado
aos Jacobinos, chamados Cordeliers, onde apareceram nomes como
Marat, Danton, Hebert e outros; no centro, sentavam-se os
constitucionalistas, defensores da alta burguesia e da nobreza liberal,
grupo que mais tarde ficará conhecido pelo nome de planície; à direita,
ficava um grupo que mais tarde ficará conhecido como Girondino,
defensores dos interesses da burguesia francesa e que temiam a
radicalização da revolução; na extrema direita, encontram-se alguns
remanescentes da aristocracia que ainda não emigrara, conhecidos
por aristocratas, que pretendiam a restauração do poder absoluto.
Esta fase terminou com a radicalização do movimento revolucionário
depois que Robespierre e seus seguidores agiram incitando à
população a pegarem em armas e lutarem contra a Assembleia e as
forças conservadoras.
2ª. Fase da Revolução: A Convenção Nacional – 1792-1794/95
Foi a fase considerada mais radical do movimento revolucionário
porque foi a etapa em que os Jacobinos, liderados por Robespierre,
assumiram o comando da revolução. Portanto, foi a etapa mais
popular do movimento já que os Jacobinos eram representantes
políticos das classes populares. Para alguns historiadores, esta
etapa não predominou a ideologia burguesa, já que a burguesia não
conduzia a revolução neste período. Porém, antes da queda da
Monarquia Parlamentar, a burguesia chegou a proclamar uma
República – a República Girondina em setembro de 1792. A república
foi proclamada como um mecanismo de assegurar a burguesia seus
interesses, projetos, no poder político do Estado. Como as tensões
estavam exaltadas, a alta burguesia francesa decidiu tirar todo o poder
político do rei Luís XVI e transferi-lo para si (a burguesia). Desta forma
caía a Monarquia na França. Em 1792, a Assembleia Legislativa
aprovou uma declaração de guerra contra a Áustria. É interessante
salientar que a burguesia e a aristocracia queriam a guerra por
motivos diferentes. Enquanto para a burguesia a guerra seria breve e
vitoriosa, para o rei e a aristocracia seria a esperança de retorno ao
velho regime. Palavras de Luís XVI: "Em lugar de uma guerra civil,
esta será uma guerra política" e da rainha Maria Antonieta: "Os
imbecis [referia-se a burguesia]! Não veem que nos servem". Portanto,
o rei e a aristocracia não vacilaram em trair a França revolucionária.
Luís XVI e Maria Antonieta foram presos, acusados de traição ao país
por colaborarem com os invasores. Verdun, última defesa de Paris, foi
sitiada pelos prussianos. O povo, chamado a defender a revolução,
saiu às ruas e massacrou muitos partidários do Antigo Regime. Sob o
comando de Danton, Robespierre e Marat, foram distribuídas armas
ao povo e foi organizada a Comuna Insurrecional de Paris. Em 21 de
janeiro do ano seguinte, 1793, Luís XVI foi condenado e guilhotinado
na ―praça da revolução‖– atual Praça da Concórdia situada na avenida
Champs-Élysées, em Paris – uma vez que os Jacobinos já haviam
assumido a liderança do movimento revolucionário. A rainha Maria
Antonieta, foi decapitada no mesmo ano só que em setembro.
A República Girondina caiu e os Jacobinos assumiram a direção
política do Estado proclamando uma nova República: a República
Jacobina e com ela uma nova Constituição: a Constituição de 1793.
Na Constituição Jacobina continham princípios que satisfazia a
população porque garantia-lhe direitos e poder de decisão. Vejamos
os mais importantes pontos da nova Constituição:
Voto Universal ou Sufrágio Universal - Todos os cidadãos homens
maiores de idade, votam.
Lei do Máximo ou Lei do Preço Máximo – estabeleceu um teto
máximo para preços e salários.
Venda de bens públicos e dos emigrados para recompor as finanças
públicas.
Reforma Agrária – confisco de terras da nobreza emigrada e da
Igreja Católica, que foram divididas em lotes menores e vendida a
preços baixos para os camponeses pobres que puderam pagar num
prazo de até 10 anos.
Extinção da Escravidão Negra nas Colônias Francesas – que
acabou por motivar a Revolução Haitiana em 1794 e que durou até
1804 quando no Haiti aboliu-se a escravidão.
Organização dos seguintes comitês: o Comitê de Salvação Pública,
formado por nove (mais tarde doze) membros e encarregado do
poder executivo, e o Comité de Segurança Pública, encarregado de
descobrir os suspeitos de traição.
Criação do Tribunal Revolucionário, que julgava os opositores da
Revolução e geralmente os condenavam à Guilhotina.
Ressalta-se que para que os Jacobinos pudessem alcançar o poder
político do Estado e assumi-lo, teve que contar com um apoio
fundamental: os sans-culottes. Os sans-culottes eram indivíduos
populares – normalmente desempregados e assalariados, a plebe
urbana – que eram identificados pelo frígio, ou barrete, vermelho que
usavam sobre suas cabeças.
Os sans-culottes acabaram por se transformar em uma força motora
da revolução. Isto é, como eram formados por uma massa de
indivíduos, suas ações violentas levaram os jacobinos ao poder.
Definitivamente os sans-culottes tiveram um papel fundamental no
processo revolucionário francês já que correspondiam as aspirações
populares.
Porém, mesmo com o apoio dos sans-culottes e estando na direção
política do Estado realizando reformas políticas e sociais significativas,
os Jacobinos não duraram muito no poder. Isso devido ao que
implantaram durante sua República sob a liderança de Robespierre –
a Era do Terror. Mas o que significou isso? Significou que era
necessário agir de modo ditatorial para alcançar um governo
democrático e assegurar as conquistas instituídas pelas reformas que
se realizavam. Para tais fins teve que Robespierre impor o poder do
Estado sobre a população e condenar todos os que eram
considerados suspeitos de traição à Guilhotina. Foi o período em que
a Guilhotina foi mais usada. Até mesmo líderes Jacobinos próximos a
Robespierre, como Danton, por exemplo, foram guilhotinados. O
excesso de terror fez com que os Girondinos articulassem um Golpe
de Estado – o golpe ―9 do Termidor‖ – e derrubassem a República
Jacobina. Iniciava-se a terceira fase revolucionária.
3ª. Fase da Revolução: o Diretório – 1795-1799
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Conhecido como Reação Termidoriana, o golpe de Estado armado
pela alta burguesia financeira, marcou o fim da participação popular no
movimento revolucionário. Mas, em compensação os
estabelecimentos comerciais cresciam, porque as ações burguesas
anteriores haviam eliminado os empecilhos feudais. O novo governo,
denominado Diretório (1795-1799), autoritário e fundamentado numa
aliança com o exército (então restabelecido após vitórias realizadas
em guerras externas), foi o responsável por elaborar a nova
Constituição, que manteria a burguesia livre de duas grandes
ameaças: a República Democrática Jacobina e o Antigo Regime. O
Poder Executivo foi concedido ao Diretório, uma comissão formada por
cinco diretores eleitos por cinco anos. Apesar disso, em 1796 a
burguesia enfrentou a reação dos Jacobinos e radicais igualitaristas.
Graco Babeuf liderou a chamada Conspiração dos Iguais, um
movimento socialista que propunha a "comunidade dos bens e do
trabalho", cuja atenção era voltada a alcançar a igualdade efetiva entre
os homens, que segundo Graco, a única maneira de ser alcançada era
através da abolição da propriedade privada. A revolta foi esmagada
pelo Diretório, que decretou pena de morte a todos os participantes da
conspiração, e o enforcamento Babeuf.
A ERA NAPOLEÔNICA-1799-1815
O governo não era respeitado pelas outras camadas sociais. Os
burgueses mais lúcidos e influentes perceberam que com o Diretório
não teriam condição de resistir aos inimigos externos e internos e
manter o poder. Eles acreditavam na necessidade de uma ditadura
militar, uma espada salvadora, para manter a ordem, a paz, o poder e
os lucros. A figura que sobressai no fim do período é a de Napoleão
Bonaparte. Ele era o general francês mais popular e famoso da época.
Quando estourou a revolução, era apenas um simples tenente e, como
os oficiais oriundos da nobreza abandonaram o exército revolucionário
ou dele foram demitidos, fez uma carreira rápida. Aos 24 anos já era
general de brigada. Após um breve período de entusiasmo pelos
Jacobinos, chegando até mesmo a ser amigo dos familiares de
Robespierre, afastou-se deles quando estavam sendo depostos. Lutou
na Revolução contra os países absolutistas que invadiram a França e
foi responsável pelo sufocamento do golpe de 1795.
Enviado ao Egito para tentar interferir nos negócios do império inglês,
o exército de Napoleão foi cercado pela marinha britânica nesse país,
então sobre tutela inglesa. Napoleão abandonou seus soldados e, com
alguns generais fiéis, retornou à França, onde, com apoio de dois
diretores e de toda a grande burguesia, suprimiu o Diretório e
instaurou o Consulado, dando início ao período napoleônico com o
golpe de Estado conhecido por “18 de Brumário”.
Seu governo pode ser dividido em três partes: Consulado (1799-1804),
Império (1804-1814), Governo dos Cem Dias (1815).
Consulado
O governo do consulado foi instalado depois da queda do Diretório. O
consulado possuía caráter republicano e militar. No poder Executivo,
três pessoas eram responsáveis: dois cônsules e o próprio Napoleão.
Apesar da presença de outros dois cônsules, quem mais dispunha de
influência e poder era o próprio Napoleão, que foi eleito primeiro-
cônsul da República.
No consulado, a burguesia detinha o poder e assim, foi consolidada
com o grupo central da França. A forte censura à imprensa, a ação
violenta dos órgãos policiais e o desmanche da oposição ao governo
colocaram em questão os ideais de ―liberdade, igualdade e
fraternidade‖ características da Revolução Francesa.
Entre os feitos de Napoleão (na época), podemos citar:
Economia – Criação do Banco da França, em 1800, controlando a
emissão de moeda e a inflação; criação de tarifas protecionistas,
fortalecendo a economia nacional. Religião – Elaboração da
Concordata entre a Igreja Católica e o Estado, o qual dava o direito do
governo francês de confiscar as propriedades da Igreja, e em troca, o
governo teria de amparar o clero. Direito – Criação do Código
Napoleônico, representando em grande parte os interesses dos
burgueses, como casamento civil (separado do religioso), respeito à
propriedade privada, direito à liberdade individual e igualdade de todos
perante a lei, etc.
Educação – Reorganização e prioridades para a educação e formação
do cidadão francês.
Os resultados obtidos neste período do governo de Napoleão
agradaram à elite francesa. Com o apoio destas, Napoleão foi elevado
ao nível de cônsul vitalício, em 1802.
Império
Em plebiscito realizado em 1804, a nova fase da era napoleônica foi
aprovada com quase 60% dos votos, e o regime monárquico foi
reestabelecido na França, Napoleão foi indicado para ocupar o trono.
Nesse período, podemos destacar o grande número de batalhas de
Napoleão para a conquista de novos territórios para a França. O
exército francês tornou-se o mais poderoso de toda a Europa.
O principal e mais poderoso inimigo francês, na época, era a
Inglaterra. Os ingleses se opunham a expansão francesa, e vendo a
força do exército francês, formaram alianças com Áustria, Rússia e
Prússia.
Embora o governo francês dispusesse do melhor exército da Europa, a
Inglaterra era a maior potência naval da época, o que dificultou a
derrota dos ingleses. Em virtude disso, Napoleão Bonaparte pensou
em outra forma de derrotar os ingleses economicamente. Ele
estabeleceu o Bloqueio Continental, que determinava que todos os
países europeus deveriam fechar seus portos para o comércio com a
Inglaterra, enfraquecendo assim, as exportações do país e causando
uma crise industrial.
A Inglaterra na época era o maior parceiro comercial de Portugal.
Portugal vendia produtos agrícolas e a Inglaterra, produtos
manufaturados. Vendo que não poderia parar de negociar com os
ingleses, e temendo a invasão dos franceses, D. João VI junto com
sua família e os nobres portugueses fugiram para o Brasil, transferindo
quase todo o aparelho estatal para a colônia.
A Rússia também descumpriu o Bloqueio Continental e comercializou
com a Inglaterra. Napoleão e seus homens marcharam contra a
Rússia, mas foram praticamente vencidos pelo imenso território russo
e principalmente, pelo rigoroso inverno. Além disso, havia
conspirações de um golpe na França, o que fez Napoleão voltar
rapidamente para controlar a situação. Após esses fatos temos a luta
da coligação europeia contra a França. Com a capitulação de Paris, o
imperador foi obrigado a abdicar.
Governo dos Cem Dias
Com a derrota para as forças da coligação europeia, Napoleão foi
exilado na Ilha de Elba, porém fugiu no ano seguinte. Com um
exército, entrou na França e reconquistou o poder. Passou a atacar a
Bélgica, mas foi derrotado pela segunda vez na Batalha de Waterloo.
Assim, Napoleão foi preso e exilado pela segunda vez, porém para a
Ilha de Santa Helena, em 1815. Napoleão morreu em 1821 não se
sabe, na verdade, o motivo, mas suspeita-se de envenenamento.
TEXTO COMPLEMENTAR:
Ecos da Marselhesa: Além da Burguesia
A Revolução Francesa dominou a história, a própria linguagem e
simbolismo da política ocidental desde sua irrupção até o período que
se seguiu a Primeira Guerra Mundial – incluindo a política daquelas
elites no que hoje é chamado de Terceiro Mundo, que viram que as
esperanças de seus povos estavam em algum tipo de modernização,
ou seja, em seguir o exemplo dos mais avançados Estados europeus.
Assim, por quase um século e meio, a bandeira tricolor francesa
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forneceu abertamente o modelo para as bandeiras da maioria dos
Estados recém-independentes ou unificados no mundo: a Alemanha
unificada escolheu preto, vermelho e ouro (e depois preto, branco e
vermelho) no lugar do azul, branco e vermelho; a Itália unificada,
verde, branco e vermelho; por volta dos anos 1920, (...). Em
comparação, eram muito poucas as bandeiras nacionais que
mostravam a influência direta das estrelas e listas, mesmo se
considerarmos a presença de uma única estrela no topo do canto
esquerdo como um sinal de derivação da bandeira dos Estados
Unidos: um máximo de cinco bandeiras, das quais três – Libéria,
Panamá e Cuba – foram virtualmente criadas pelos Estados Unidos.
Mesmo na América Latina, as bandeiras que mostram a influência
tricolor superam o número das que mostram influência do Norte. De
fato, a influência comparativamente modesta da Revolução Americana
– exceto, é claro, na própria Revolução Francesa – deve espantar o
observador. Como modelo de mudança social e de sistema político, a
Revolução Americana foi absorvida e substituída, por assim dizer, pela
Revolução Francesa, parte porque os reformadores ou revolucionários
das sociedades europeias podiam reconhecer-se mais prontamente no
Ancien Régime da França do que nos colonos livres e senhores de
escravos da América do Norte. E também porque, muito mais do que a
Revolução Americana, a Revolução Francesa via-se a si mesma como
um fenômeno global, a pioneira e o modelo do destino do mundo.
Entre as numerosas revoluções do final do século XVIII, ela se destaca
não apenas por sua escala ou – em termos do sistema de Estado –
por sua centralidade, para não falar de seu drama, mas também
porque desde o começo possuiu conscientemente essa dimensão
ecumênica.
(Fonte: HOBSBAWM. Eric J. Ecos da Marselhesa: dois séculos reveem a
Revolução Francesa. Tradução Maria Célia Paoli. – São Paulo: Companhia
das Letras. 1996. p. 47 – 48).
Compreendendo o texto:
46. Interprete o que o autor, Eric Hobsbawm, quis dizer caracterizando
a Revolução Francesa com uma ―dimensão ecumênica‖?
47. Quais fatos ocorridos durante e após a Revolução Francesa
confirmam a crença de que essa “convulsão social” detinha um caráter
global?
Questões: (A Revolução Francesa e a Era Napoleônica)
48. (ENEM-2010) Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela
moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as
conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão,
o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo
orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo
amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo
mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da
volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela
grandeza do homem.
(HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.)
História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4.
São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado).
O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho
transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos político-sociais
envolvidos na Revolução Francesa?
A) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo
francês como força política dominante.
B) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta
burguesia.
C) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram
as potências rivais e queriam reorganizar a França internamente.
D) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato, com os
intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo francês.
E) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas
populares, que desejavam justiça social e direitos políticos.
49. (ENEM-2004) Algumas transformações que antecederam a
Revolução Francesa podem ser exemplificadas pela mudança de
significado da palavra ―restaurante‖. Desde o final da Idade Média, a
palavra restaurante designava caldos ricos, com carne de aves e de
boi, legumes, raízes e ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local onde
se vendiam esses caldos, usados para restaurar as forças dos
trabalhadores. Nos anos que precederam a Revolução, em 1789,
multiplicaram-se diversos restaurantes, que serviam pratos
requintados, descritos em páginas emolduradas e servidos não mais
em mesas coletivas e mal cuidadas, mas individuais e com toalhas
limpas. Com a Revolução, cozinheiros da corte e da nobreza perderam
seus patrões, refugiados no exterior ou guilhotinados, e abriram seus
restaurantes por conta própria. Apenas em 1835, o Dicionário da
Academia Francesa oficializou a utilização da palavra restaurante com
o sentido atual.
A mudança do significado da palavra restaurante ilustra:
A) a ascensão das classes populares aos mesmos padrões de vida da
burguesia e da nobreza.
B) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de hábitos
populares e dos valores da nobreza.
C) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos ideais e da
visão de mundo da burguesia.
D) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais revolucionários,
cujas origens remontam à Idade Média.
E) a institucionalização, pela nobreza, de práticas coletivas e de uma
visão de mundo igualitária.
50. (FUVEST) "O fato relevante do período entre 1790 e 1830 é a
formação da classe operária".
"Os vinte e cinco anos após 1795 podem ser considerados como os
anos da contrarrevolução".
[Durante esse período] "o povo foi submetido, simultaneamente, à
intensificação de duas formas intoleráveis de relação: a exploração
econômica e a opressão política."
Essas frases, extraídas de A FORMAÇÃO DA CLASSE OPERÁRIA
INGLESA do historiador E. P. Thompson relacionam-se ao quadro
histórico decisivo na formação do mundo contemporâneo, no qual se
situam:
A) a revolução comercial e a reforma protestante.
B) o feudalismo e o liberalismo.
C) a revolução industrial e a revolução francesa.
D) o capitalismo e a contrarreforma.
E) o socialismo e a revolução russa.
51. (Cesgranrio) Durante a Revolução Francesa, a radicalização,
típica da "Época da Convenção" (1792-5), caracteriza-se pela:
A) Promulgação da "Declaração Universal dos Direitos do Homem";
B) aprovação da "constituição civil do clero" por Luiz XVI;
C) instituição de um regime político e social de caráter democrático - o
Diretório;
D) criação de tribunais revolucionários e a abolição dos direitos
senhoriais;
E) pacificação da Europa, a partir da paz entre a França e a Inglaterra.
52. (Cesgranrio) A Revolução Francesa insere-se em um conjunto de
profundas transformações históricas ocorridas na sociedade europeia
da segunda metade do século XVIII. As etapas do processo
revolucionário, entre 1789 e 1799, expressaram os conflitos sociais e
os diferentes projetos políticos dos diversos grupos envolvidos na
Revolução. Assinale a opção que relaciona corretamente a atuação de
um desses grupos com uma etapa do processo revolucionário.
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A) A reação armada do clero monarquista (refratário) contra os
revolucionários determinou a instituição da Constituição Civil do
Clero, em 1790, que garantiu o pagamento de indenizações e a
devolução de suas propriedades confiscadas no início da
Revolução.
B) A manutenção prolongada do Período do Terror, instituído pelos
monarquistas, determinou a derrota dos segmentos
revolucionários liderados pelos "sans-culottes" frente ao Golpe do
18 Brumário, em 1799, que elevou Napoleão Bonaparte à direção
do Comitê de Salvação Pública.
C) A burguesia liberal definiu seu modelo de Estado com a
promulgação da Primeira Constituição da França, em 1791,
durante a Assembleia Nacional, que instituiu uma monarquia
constitucional baseada no sufrágio censitário e na divisão dos
poderes do Estado em executivo, legislativo e judiciário.
D) Os jacobinos extremistas, formados pela nobreza parisiense e
provincial, retornaram ao poder com a Convenção Termidoriana,
entre 1794 e 1795, anulando diversas conquistas revolucionárias,
tais como a Lei do Preço Máximo e a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão.
E) Os camponeses, representados pelo Partido Girondino, formavam
uma poderosa facção, cujo apoio popular permitiu que
controlassem politicamente a Revolução durante a fase da
Convenção Montanhesa, entre 1793 e 1794, na qual aboliram os
privilégios feudais e a escravidão nos territórios coloniais
franceses.
53. (FEI) Sobre o processo revolucionário francês, iniciado em 1789, é
CORRETO afirmar que:
A) Foi um movimento conservador liderado pela aristocracia francesa,
temerosa da ascensão das massas, principalmente parisienses.
B) Foi o movimento revolucionário que levou à universalização dos
conceitos de "liberdade, igualdade e fraternidade".
C) Inspirou o movimento de libertação dos Estados Unidos da
América, ocorrido anos depois.
D) Foi um movimento de inspiração socialista.
E) Levou a um aumento do poder real, inspirando o surgimento de
teóricos do absolutismo.
54. (FGV) "Chegou a hora da igualdade passar a foice por todas as
cabeças. Portanto, legisladores, vamos colocar o terror na ordem do
dia." (Discurso de Robespierre na Convenção)
A fala de Robespierre ocorreu num dos períodos mais intensos da
Revolução Francesa. Esse período caracterizou-se:
A) pela fundação da monarquia constitucional, marcada pelo
funcionamento da Assembleia Nacional.
B) pela organização do Diretório, marcado pela adoção do voto
censitário.
C) pela reação Termidoriana, marcada pelo fortalecimento dos setores
conservadores.
D) pela convocação dos Estados Gerais, que pôs fim ao absolutismo
francês.
E) pela criação do Comitê de Salvação Pública e a radicalização da
revolução.
55. (FUVEST) Do ponto de vista social, pode-se afirmar, sobre a
Revolução Francesa, que:
A) teve resultados efêmeros, pois foi iniciada, dirigida e apropriada por
uma só classe social, a burguesia, única beneficiária da nova
ordem.
B) fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não conseguiu
impedir o retorno das forças sócio-políticas do Antigo Regime.
C) nela coexistiram três revoluções sociais distintas: uma revolução
burguesa, uma camponesa e uma popular urbana, a dos
chamados "sans-culottes".
D) foi um fracasso, apesar do sucesso político, pois, ao garantir as
pequenas propriedades aos camponeses, atrasou, em mais de um
século, o progresso econômico da França.
E) abortou, pois a nobreza, sendo uma classe coesa, tanto do ponto
de vista da riqueza, quanto do ponto de vista político, impediu que
a burguesia a concluísse.
56. (UNIRIO) A Era Napoleônica (1799 -1815) marcou a conjuntura de
transição do mundo moderno para o contemporâneo, alterando o
equilíbrio de poder construído pelos Estados europeus.
Sobre a Era Napoleônica, é correto afirmar que no:
A) 18 de Brumário (9/11/1799), o Diretório Nacional, controlado pelos
jacobinos revolucionários, iniciou uma série de execuções
políticas, o chamado "Período do Terror", encerradas pela
conquista de Paris pelas forças napoleônicas.
B) Consulado (1799 -1804), os ideais revolucionários liberais da
burguesia francesa tais como a promulgação do Código Civil e a
reforma do ensino francês consolidaram-se.
C) Império (1804 -1815), a aliança política e a coligação militar com a
Áustria e a Prússia permitiram o avanço dos exércitos franceses
contra a Rússia e a decretação do Bloqueio Continental contra a
Inglaterra.
D) Governo dos Cem Dias (1815), Napoleão convocou uma
Assembleia Nacional Constituinte, que estabilizou politicamente o
país, promovendo a paz com a Inglaterra e a destituição da
Dinastia dos Bourbons do trono francês.
E) Congresso de Viena (1815), os princípios de legitimidade e
equilíbrio, defendidos pelas monarquias europeias, garantiram a
fixação das fronteiras francesas, reconhecendo as conquistas
territoriais de Napoleão.
57. (UFMG) Antes, Napoleão havia levado o Grande Exército à
conquista da Europa. Se nada sobrou do império continental que ele
sonhou fundar, todavia ele aniquilou o Antigo Regime, por toda parte
onde encontrou tempo para fazê-lo; por isso também, seu reinado
prolongou a Revolução, e ele foi o soldado desta, como seus inimigos
jamais cessaram de proclamar. (LEFEBVRE, Georges. A Revolução
Francesa. São Paulo: IBRASA, 1966. p. 573.)
Tendo-se em vista a expansão dos ideais revolucionários,
proporcionada pelas guerras conduzidas por Bonaparte, é correto
afirmar que:
A) os governos sob influência de Napoleão investiram no
fortalecimento das corporações de ofício e dos monopólios;
B) as transformações provocadas pelas conquistas napoleônicas
implicaram o fortalecimento das formas de trabalho compulsório;
C) Napoleão, em todas as regiões conquistadas, derrubou o sistema
monárquico e implantou repúblicas;
D) o domínio napoleônico levou a uma redefinição do mapa europeu,
pois fundiu pequenos territórios, antes autônomos, e criou, assim,
Estados maiores.
58. (PUC-PR) O Congresso de Viena (1814/1815) não respeitou
costumes, interesses, afinal, a cultura dos povos sobre os quais
deliberava. Assim sendo:
I. Os noruegueses deitaram-se sob a bandeira da Dinamarca e
acordaram sob a bandeirada Suécia.
II. a Bélgica foi destacada da França e entregue à Holanda, formando
o Reino dos Países Baixos.
III. Lombardia e Venécia, à custa da Itália, passaram a pertencer à
França.
IV. Portugal participou do Congresso de Viena como Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves; nada perdeu, mas também
nada ganhou.
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V. a Alemanha, com 38 Estados, formou a Confederação Germânica,
sob a presidência do Imperador da Áustria.
A) As opções I, II, IV e V estão corretas.
B) As opções I, II, III e IV estão corretas.
C) As opções II, III, IV e V estão corretas.
D) As opções III, IV e V estão corretas.
E) As opções II, IV e V estão corretas.
PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA LATINO-AMERICANA
A crise do sistema colonial
A independência das treze colônias e a formação dos Estados Unidos,
primeiro país soberano do Novo Mundo, tornaram-se o exemplo e a
fonte de inspiração para os movimentos latino-americanos que
lutavam pela emancipação política e pela ruptura do pacto colonial. O
regime republicano, baseado no pensamento iluminista, exerceu
enorme fascínio sobre a aristocracia "criolla" da América Espanhola.
O maior impacto veio, entretanto, da Revolução Francesa, cujas
consequências se fizeram sentir tanto na Europa quanto na América. A
ascensão de Napoleão Bonaparte, a imposição da supremacia
francesa à Europa e o estabelecimento do Bloqueio Continental contra
a Inglaterra desferiram um golpe de morte no decadente sistema
colonial ibero-americano. A invasão de Portugal pelos franceses
rompeu o pacto colonial luso-brasileiro e acelerou a independência do
Brasil, ao mesmo tempo em que a ocupação da Espanha por
Napoleão e a imposição de José Bonaparte como rei do país
desencadearam as lutas de independência nas colônias da América
espanhola.
A conjuntura Hispano–Americana
No início do século XIX, quando ocorreu o choque entre a Revolução
Industrial inglesa e a Revolução Francesa, o império colonial espanhol
na América estava dividido, em termos administrativos, em quatro
vice-reinados e quatro capitanias gerais.
"A administração colonial: vice-reinados e capitanias gerais. Os
entraves do monopólio comercial".
Os vice-reinados existentes eram Nova Espanha ( México e parte do
território atualmente pertencente aos Estados Unidos), Nova Granada
(Colômbia e Equador), Peru e Prata ( Argentina, Uruguai, Bolívia e
Paraguai). As capitanias gerais eram Cuba, Guatemala, Venezuela e
Chile. Os cargos de vice-rei e capitão-geral eram exercidos por
representantes da Coroa vindos diretamente da Espanha, como o
eram igualmente todos os altos postos da administração colonial.
Desta forma, o aparelho político-administrativo colonial era dominado e
monopolizado por espanhóis natos.
A economia colonial baseava-se na exportação de matérias-primas e,
portanto, era dependente do mercado externo monopolizado pela
metrópole através do pacto colonial. A mineração baseava-se na
extração de ouro e prata e estava concentrada no México e na Bolívia.
A agricultura tropical desenvolveu-se na América Central e nas
Antilhas, com base no sistema de "plantation", ou seja, grandes
propriedades monoculturas, trabalhadas por escravos. A pecuária
concentrava-se principalmente no México e no vice-reinado do Prata.
O comércio era praticado nas grandes cidades portuárias, como
Buenos Aires, Valparaíso, Cartagena e Vera Cruz.
A Espanha exercia o monopólio comercial entre suas colônias e a
Europa, o que afetava os interesses econômicos da elite colonial,
obrigada a vender, a baixos preços, seus produtos à metrópole e dela
comprar, a altos preços, as manufaturas importadas. O mesmo
acontecia com os comerciantes e industriais ingleses, forçados a
aceitar a intermediação da Espanha e impedidos de vender
diretamente as suas mercadorias à América.
O fim do monopólio comercial interessava, assim, tanto à elite colonial
como à burguesia inglesa, à medida que ambas aumentariam seus
lucros com a adoção do livre comércio. Esta convergência de
interesses foi um fator decisivo para a vitória do movimento de
independência hispano-americano.
"A sociedade colonial: brancos, mestiços, índios e negros. Os conflitos
entre a aristocracia 'criolla' e os 'chapetones".
Por essa época a sociedade colonial era formada por uma população
de dez milhões de habitantes, divididos em diversas classes sociais.
Os brancos constituíam cerca de três milhões e trezentos mil e
classificavam-se em chapetones e criollos. Os chapetones, perto de
trezentos mil, eram os espanhóis natos que, monopolizando o poder
político, dominavam os altos cargos da administração colonial. Os
criollos, cerca de três milhões, eram descendentes de espanhóis
nascidos na América e formavam a elite econômica e intelectual da
colônia, à qual pertenciam os latifundiários, comerciantes, profissionais
liberais e membros do baixo clero.
A contradição entre a estrutura econômica, dominada elos criollos
(partidários do livre comércio), e a estrutura política, controlada pelos
chapetones (defensores do monopólio metropolitano), foi também um
dos fatores importantes do processo de independência. Os mestiços,
descendentes de espanhóis e índios, eram cerca de cinco milhões e
dedicavam-se ao pequeno comércio e ao artesanato, enquanto os
índios, mais de dez milhões, constituíam a mão-de-obra explorada na
mineração e na agricultura. Os negros, perto de oitocentos mil,
concentravam-se principalmente nas Antilhas e formavam a mão-de-
obra escrava utilizada nas plantations tropicais.
Embora sendo esmagadora minoria, eram os criollos e os chapetones
que dominavam e determinavam a condução das relações econômicas
e políticas das colônias hispano-americanas e era a eles que
interessava a ligação com a metrópole ou o rompimento de laços com
ela. Assim, a guerra de independência caracterizou-se por ser uma
luta entre os criollos, apoiados pela Inglaterra, e os chapetones,
apoiados pela Espanha, pelo domínio do aparelho político-
administrativo.
A guerra de Independência
O processo de independência hispano-americano dividiu-se, grosso
modo, em três fases principais: os movimentos precursores (1780 -
1810), as rebeliões fracassadas (1810 - 1816) e as rebeliões vitoriosas
(1817 - 1824).
Os movimentos precursores, deflagrados prematuramente, foram
severamente reprimidos pelas autoridades metropolitanas. Ainda que
derrotados, contribuíram para enfraquecer a dominação colonial e
amadurecer as condições para a guerra de independência travada
posteriormente. A mais importante dessas insurreições iniciou-se no
território peruano em 1780 e foi comandada por Tupac Amaru. Essa
rebelião indígena mobilizou mais de sessenta mil índios e só foi
totalmente esmagada pelos espanhóis em 1783, quando foram
igualmente reprimidas outras revoltas no Chile e na Venezuela.
Inspirado no exemplo dos Estados Unidos, o criollo venezuelano
Francisco Miranda liderou, a partir desta época, vários levantes e se
tornou o maior precursor da independência hispano-americana. Após
os Estados Unidos, a segunda independência da América foi realizada
pelos escravos trabalhadores das plantations que, em 1793, através
de uma insurreição popular contra a elite branca libertaram o Haiti.
Em 1808, a ascensão de José Bonaparte ao trono da Espanha iria
desencadear a guerra de independência na América espanhola,
devido aos desdobramentos políticos daquela situação. Na Espanha, o
povo pegou em armas contra a dominação francesa; na América, os
criollos pronunciaram-se pelo "lealismo" e se colocaram ao lado de
Fernando VII, herdeiro legítimo de Coroa espanhola. Os criollos,
entretanto, evoluíram rapidamente do "lealismo" para posições
emancipacionistas e, em 1810, iniciaram a luta pela independência.
O fracasso das rebeliões iniciadas em 1810 foi consequência, em
grande parte, da falta de apoio da Inglaterra, que empenhada na luta
contra a França napoleônica, não pôde fornecer ajuda aos
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movimentos de independência liderados pela aristocracia criolla. Os
Estados Unidos, que possuíam acordos comerciais com a Junta de
Sevilha, também não forneceram qualquer ajuda aos rebeldes
hispano-americanos. Em 1816, os movimentos emancipacionistas,
isolados internamente e sem apoio internacional, foram
momentaneamente vencidos pelas tropas espanholas.
Após a derrota de Napoleão e 1815, a Inglaterra, liberta da ameaça
francesa, passou a apoia efetivamente as rebeliões de independência
na América, que se reiniciaram em 1817 e só terminariam em 1824
com a derrota dos espanhóis e a emancipação de suas colônias
americanas. Naquele ano Simon Bolívar desencadeou a campanha
militar que culminaria com a libertação da Venezuela, da Colômbia e
do Equador e, mais ao sul, José de San Martín promovia a libertação
da Argentina, do Chile e do Peru.
Em 1822 os dois libertadores encontraram-se em Guayaquil, no
Equador, onde San Martín entregou a Bolívar o comando supremo do
exército de libertação. O processo de independência tornou-se
irreversível quando, em 1823, os EUA proclamaram a Doutrina
Monroe, opondo-se a qualquer tentativa de intervenção militar,
imperialista ou colonizadora, da Santa Aliança, no continente
americano. Em 1824, os últimos remanescentes do exército espanhol
foram definitivamente derrotados pelo general Sucre, lugar-tenente de
Bolívar, no interior do Peru, na Batalha de Ayacucho. Ao norte, a
independência do México fora realizada em 1822 pelo general Iturbide,
que se sagrou imperador sob o nome de Agustín I. Um ano de pois, foi
obrigado a abdicar e, ao tentar retomar o poder, foi executado,
adotando o país o regime republicano. Em 1825, após a guerra de
independência, apenas as ilhas de Cuba e Porto Rico permaneceram
sob o domínio espanhol.
As consequências da Independência
Em 1826, Bolívar convocou os representantes dos países recém-
independentes para participarem da Conferência do Panamá, cujo
objetivo era a criação de uma confederação pan-americana. O sonho
boliviano de unidade política chocou-se, entretanto, com os interesses
das oligarquias locais e com a oposição da Inglaterra e dos Estados
Unidos, a quem não interessavam países unidos e fortes. Após o
fracasso da Conferência do Panamá, a América Latina fragmentou-se
politicamente em quase duas dezenas de pequenos Estados
soberanos, governados pelas aristocracias criolla. Outros fatores que
interferiram nessa grande divisão política foram o isolamento
geográfico das diversas regiões, a compartimentação populacional, a
divisão administrativa colonial e a ausência de integração econômica
do continente. O pan-americanismo foi vencido pela política do "divida
e domine".
Assim, entre as principais consequências do processo de
emancipação da América espanhola merecem destaque: a conquista
da independência política, a consequente divisão política e a
persistência da dependência econômica dos novos Estados. O
processo de independência propiciou, sobretudo, a emancipação
política, ou seja, uma separação da metrópole através da quebra do
pacto colonial. A independência política não foi acompanhada de uma
revolução social ou econômica: as velhas estruturas herdadas do
passado colonial sobreviveram à guerra de independência e foram
conservadas intactas pelos novos Estados soberanos.
Assim, a divisão política e a manutenção das estruturas coloniais
contribuíram para perpetuar a secular dependência econômica latino-
americana, agora não mais em relação à Espanha, mas em relação ao
capitalismo industrial inglês. As jovens repúblicas latino-americanas,
divididas e enfraquecidas, assumiram novamente o duplo papel de
fontes fornecedoras de matérias-primas essenciais agora à expansão
do industrialismo e de mercados consumidores para as manufaturas
produzidas pelo capitalismo inglês.
As propostas de unidade
Em meio às dificuldades de instalação dos Estados Nacionais, uma
proposta foi marcante, no sentido de unir toda a América Espanhola
numa só nação. Isso em razão da ameaça de recolonização defendida
pela Espanha, apoiada na Santa Aliança europeia.
Com isso, ganha espaço o bolivarismo, uma das bases do pan-
americanismo, defendido por Simón Bolívar, o Libertador. Em termos
concretos, entretanto, os ideais de Bolívar se efetivaram em poucas
experiências. Entre 1819 e 1830, a Venezuela, o Equador, a Colômbia,
compreendendo o Panamá, formaram a Confederação da Grã-
Colômbia, como já se percebe de curta duração. A partir de 1821, o
Peru e a Bolívia iniciaram a formação da Confederação do Grande
Peru, o que foi duramente combatido pela Argentina e pelo Chile,
temerosos da presença de um Estado poderoso. Na América Central,
Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica
separaram-se do México, em 1823, e formaram as Províncias Unidas
da América Central, pulverizada em 1839.
Bolívar, que sonhava com a criação da Confederação dos Andes,
morreu em 1830, não sem antes tentar a sua concretização, no
Congresso do Panamá, em 1826.
O caudilhismo
O surgimento do caudilhismo se dá no quadro do processo de
independência das antigas colônias espanholas, marcado pelas
disputas pelo poder, que acabaram por gerar a instabilidade política.
Os caudilhos eram chefes políticos locais ou regionais, lideres de
verdadeiros exércitos particulares — na época os Estados ainda não
haviam organizados exércitos próprios —, na sua maioria, grandes
proprietários rurais, cuja autoridade pessoal era forte junto às camadas
populares. Auto intitulando-se militares de alta patente, como generais,
os caudilhos tinham um único objetivo: o poder maior sobre nação.
Federalismo x centralismo
Definida a forma de governo — república ou monarquia —, os
problemas dentro de cada nova nação se concentraram na forma de
organização do Estado, o que levou às lutas entre federalistas e
centralistas. Nessas lutas, as tendências das lideranças políticas —
liberais e conservadores —, típicas da época, passaram a ter pouca
importância, visto que o liberalismo era apenas de fachada, na defesa
dos interesses comuns, e o conservadorismo era o campo ideológico
comum para qualquer uma das ações envolvidas nas disputas.
O federalismo, princípio da autonomia em relação a um poder central,
é uma das expressões políticas do liberalismo. Contudo, os grandes
proprietários rurais, avessos ao liberalismo, surgiam como um dos
seus mais ferrenhos defensores, visto que a descentralização, típica
do federalismo, garantiria o seu predomínio local ou regional. Por sua
vez, o centralismo, uma das marcas do conservadorismo, era
propugnado pelos comerciantes dos grandes centros urbanos, como
Buenos Aires, uma vez que, através dele, se alcançaria a unidade
nacional, limitando, consequentemente, os localismos que
compartimentavam economicamente o país.
Liberais ou conservadores, federalistas ou centralistas, uma vez no
poder, essas lideranças caudilhescas governavam de forma ditatorial,
seguindo uma política nitidamente conservadora, mantendo longe das
decisões as camadas populares.
A crise colonial no Brasil
Foram influenciados pelo desenvolvimento interno da colônia e por
fatores externos, tais como o Iluminismo, com seu ideal de liberdade,
igualdade e fraternidade; a Independência dos EUA, que servirá de
inspiração a toda América colonial; a Revolução Industrial ocorrida na
Inglaterra, e a necessidade de ampliar mercados consumidores e
fornecedores, surgindo o interesse de acabar com os monopólios; a
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Revolução Francesa, que pôs fim ao Antigo Regime e a chamada Era
Napoleônica, período de consolidação dos ideais burgueses.
A Inconfidência Mineira (1789) foi o movimento que ocorreu em Minas
Gerais e teve forte influência do Iluminismo e da independência dos
Estados Unidos da América.
Este movimento separatista está relacionado aos pesados impostos
cobrados por Portugal, especialmente a decretação da derrama.
Os conjuras, em sua maioria, pertenciam a alta sociedade mineira.
Entre os mais ativos encontram-se Cláudio Manuel da Costa, Tomás
Antônio Gonzaga, Inácio José Alvarenga, José de Oliveira Rolim e o
alferes Joaquim José da Silva Xavier.
Entre os objetivos estabelecidos pelos conjuras estavam a criação de
um regime republicano, tendo a Constituição dos Estados Unidos
como modelo, o apoio a industrialização e a adoção de uma nova
bandeira, tendo ao centro um triângulo com os dizeres: Libertas quae
sera tamen, quem em latim, significa "Liberdade ainda que tardia".
Quanto à questão da escravidão nada ficou definido.
O movimento ficou apenas nos planos das ideias, pois ele não
aconteceu. Alguns de seus participantes denunciaram o movimento,
em troca do perdão de suas dívidas.
O governador - visconde de Barbacena - suspendeu a derrama e
iniciou a prisão dos conspiradores, que aguardaram o julgamento na
prisão. Apenas Tiradentes assumiu integralmente a responsabilidade
pela conspiração, sendo por isto, condenado à morte no ano de 1792,
sendo enforcado no dia 21 de abril, na cidade do Rio de Janeiro.
Outros conspiradores foram condenados ao desterro e Cláudio Manuel
da Costa enforcou-se na prisão. Acredita-se que tenha sido
assassinado pelos carcereiros.
A Conjuração do Rio de Janeiro (1794) foi inspirada pela Revolução
Francesa. Os conjuras fundaram a Sociedade Libertária para
divulgação dos ideais de liberdade. O movimento não ultrapassou de
poucas reuniões intelectuais, que contavam com a presença de
Manuel Inácio da Silva Alvarenga e Vicente Gomes.
Foram denunciados e acusados de criticarem a religião e o governo
metropolitano.
A Conjuração Baiana (1798) foi motivada no século XVIII, em virtude
da decadência da economia açucareira e da transferência da capital
da colônia para o Rio de Janeiro, em 1763. A Bahia passava por uma
grave crise econômica, atingindo toda a população baiana,
especialmente as camadas inferiores, constituída por ex-escravos,
pequenos artesãos e mestiços. Contra esta situação havia
manifestações, através de arruaças e motins.
No ano de 1797 é fundada, em Salvador, a primeira loja maçônica do
Brasil - Loja dos Cavaleiros da Luz -, que se propunha a divulgar os
"abomináveis princípios franceses"; participavam das reuniões os
nomes de Cipriano Barata e Francisco Muniz Barreto. Os intelectuais
contaram com grande apoio de elementos provenientes das camadas
populares, destacando as figuras de João de Deus do Nascimento,
Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens.
A partir de 1798, circulam panfletos dirigidos à população,
conclamando a todos a uma revolução e a proclamação da República
Baiense. Os panfletos defendiam a igualdade social, a liberdade de
comércio, o trabalho livre, extinção de todos os privilégios sociais e
preconceito de cor.
Este movimento apresenta um forte caráter social popular, sendo por
isto também conhecido como a "Conjuração dos alfaiates".
TEXTO COMPLEMENTAR:
Resquícios de um mártir
“Portanto condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha
o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da capitania de Minas, a
que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar
da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de
morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, aonde em o
lugar mais público dela será pregada em um poste alto até que o
tempo a consuma; o seu corpo será dividido em quatro quartos e
pregados em postes pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e de
Sebollas, aonde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos
sítios de maiores povoações, até que o tempo também os consuma”–
Autos-crime, 18 de abril de 1792.
(...) O castigo era comum à época e tinha a intenção de servir de
exemplo a outros possíveis revoltosos na Colônia, principalmente em
tempos de extração de ouro das Minas. O documento jurídico de 18 de
abril – hoje em posse do Arquivo Nacional – é o único registro capaz
de apontar para onde teriam ido as partes do corpo do inconfidente.
Mas, após o consumo de sua carne pelo tempo, que fim teriam levado
os despojos do mártir?
No interior do Rio de Janeiro, cercada por bambuzais e construída ao
redor de uma estrada ainda de pedra, a vila de Sebollas exibe num
pequeno museu alguns ossos atribuídos a Tiradentes. Segundo
Regina Vaz, presidente da Fundação de Cultura de Paraíba do Sul, os
supostos ossos do inconfidente foram encontrados na década de
1970, após uma escavação realizada pela população num antigo
cemitério da Igreja Sant‘anna. As pistas teriam sido dadas por um
documento paroquial que registrou o enterro em solo sagrado e pela
tradição oral local.
―Os ossos são atribuídos a ele, não podemos provar, as escavações
foram feitas pelas pessoas da região, incentivadas pelo que ouviram
de seus pais e avós e deste documento da Matriz‖, conta Regina. De
fato, Sebollas recebeu, em 1792, um quarto do corpo de Tiradentes –
um quinto, se contar a cabeça – como mandava a sentença; e isso, de
acordo com Regina, já é o suficiente para dar ao vilarejo situado na
antiga Estrada Real uma importância histórica nacional. ―Tiradentes
passava temporadas na região, tem um passado que se mistura ao
passado do lugar – isso foi muito importante para a História do Brasil‖.
Há controvérsias
O historiador André Figueiredo Rodrigues, autor de O clero e a
Conjuração Mineira (2002), por exemplo, é cético quanto à
procedência das ossadas e diz que outros aspectos da morte de
Tiradentes têm mais necessidades de serem estudados do que
possíveis destinos de seus ossos: ―Acho que essa polêmica tem uma
importância mais local, na história da Inconfidência, Sebollas não foi
muito representativa‖.
André conta não acreditar que os ossos sejam do inconfidente,
acrescentando que Tiradentes dificilmente teria sido enterrado em solo
sagrado, como diz a lenda: diferente de hoje, o mártir não era um
famoso na época, além de ter sido considerado criminoso pela Coroa.
―Réus não podiam ter morte social, com enterro em solo santo. Além
disso, as pessoas tinham muito medo do governo, não gostavam de
contrariá-lo e pagar um preço alto... É muito complicado pensar em
enterro no século XVIII, era tudo muito precário... Para se ter uma
ideia, a cova não era feita nem a sete palmos da superfície do solo!
Era bem menos, não havia catalogação de nada e restos mortais de
desconhecidos ou sentenciados eram mais ou menos jogados em uma
vala‖.
Ainda assim, o mistério motiva a peregrinação de curiosos em busca
de resquícios do único executado da Inconfidência para a região
próxima à Petrópolis, o que movimenta a economia local: no mês de
abril, o município promove uma série de festejos para relembrar o
martírio do herói e várias pessoas são mobilizadas para trabalhar nas
comemorações.
Verdade ou mentira, os ossos ainda darão muito no que falar.
(Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/resquicios-
de-um-martir)
Compreendendo o texto:
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59. Em que fatos se baseia a crença da população da vila de Sebollas
na autenticidade da “ossada” de Tiradentes?
60. Quais argumentos usados pelo historiador André Figueiredo
Rodrigues para contestar a autenticidade dos restos mortais de
Tiradentes?
Questões: (Processo de Independências Latino-americanas)
61. (UFSCAR) O processo de independência das colônias latino-
americanas deve ser compreendido como parte das contradições e
das crises do Antigo Regime. Assinale a alternativa que melhor
explicita o fator que contribuiu para precipitar o referido processo.
A) Democratização gradual das instituições coloniais, permitindo a
crescente participação política de setores populares.
B) Organização de forças militares coloniais, compostas pela
população local, através do estabelecimento do serviço militar
obrigatório.
C) Intervenção militar dos Estados Unidos da América do Norte nas
nações latino-americanas, procurando libertá-las do julgo europeu.
D) Oposição dos senhores locais à abolição do trabalho compulsório
nas áreas coloniais pelas elites ilustradas metropolitanas.
E) Luta por uma reorganização comercial que permitisse um contato
direto entre os produtores da América e o recém-industrializado
continente europeu.
62. (FATEC) A Conjura Baiana de 1798, conhecida também por
Revolução dos Alfaiates, foi a mais popular rebelião do período
colonial, entre outros motivos, por propor:
A) a emancipação de Portugal, a instauração de uma Monarquia
Constitucional e a manutenção do pacto colonial;
B) a emancipação de Portugal, a instauração de uma Monarquia
Constitucional, a continuidade da escravidão e a liberdade de
comércio;
C) a emancipação de Portugal, a instauração de uma República, a
continuidade da escravidão e a manutenção das restrições ao
comércio;
D) a emancipação de Portugal, a instauração de uma República, o fim
da escravidão e a liberdade de comércio;
E) a emancipação de Portugal, a manutenção do Pacto Colonial, o fim
da escravidão e a formação de um exército luso-brasileiro.
63. (UNIFENAS) O ideário político de conteúdo liberal da Inconfidência
Mineira apresentava algumas contradições, dentre elas:
A) manutenção do regime de trabalho escravo;
B) adoção de um regime político republicano;
C) estabelecimento de uma Universidade em Vila Rica;
D) separação e independência dos poderes executivo, legislativo e
judiciário;
E) manutenção dos antigos privilégios concedidos às companhias de
comércio.
64. (FGV) Sobre a Inconfidência Mineira é correto afirmar:
A) Foi um movimento que contou com uma ampla participação de
homens livres não-proprietários e até mesmo de muitos escravos
negros.
B) O clero de Minas Gerais não teve nenhuma participação na
conspiração, que tinha uma forte conotação anti-eclesiástica;
C) Entre os planos unanimemente aprovados pelos conspiradores de
Minas estava a abolição da escravatura;
D) Entre os fatores que influenciaram os "inconfidentes" estavam as
"ideias francesas" (o Iluminismo, o Enciclopedismo) e a
"justificação pelo exemplo", da Independência Norte-Americana.
E) Os "inconfidentes" jamais pensaram seriamente em proclamar a
Independência do Brasil em relação a Portugal, pretendendo
apenas forçar a Coroa a suspender a cobrança da "derrama"
65. (UNIFENAS) Falso ou Verdadeiro?
I. A Conjuração Baiana teve como inspiração as ideias liberais e teve
participação popular.
II. A Inconfidência Mineira foi idealizada por uma elite e obteve o
respaldo popular, com exceção dos trabalhadores escravos.
III. Ideal de libertação nacional, influência das ideias iluministas, apoio
popular e forte repressão militar caracterizaram os movimentos de
independência conhecidos como Inconfidência Mineira e
Conjuração Baiana.
As afirmações acima são, respectivamente:
A) F V F B) V F F C) V V V D) F F F E) V F V
66. (FUVEST) A Inconfidência Mineira, no plano das ideias, foi
inspirada:
A) nas reivindicações das camadas menos favorecidas da colônia;
B) no pensamento liberal dos filósofos da ilustração europeia;
C) nos princípios do socialismo utópico de Saint-Simon;
D) nas ideias absolutistas defendidas pelos pensadores iluministas;
E) nas fórmulas políticas desenvolvidas pelos comerciantes do rio de
Janeiro.
67. (UEL) Jean Jaques Dessalines, um dos líderes da revolução do
Haiti, declara: ―Salvei a minha pátria. Vinguei a América... Nunca mais
um colono europeu porá o pé neste território com o título de amo ou de
proprietário.‖ (Fonte: DOZER, D. M. América Latina: uma perspectiva
histórica. Tradução de Leonel Zallandro. Porto Alegre; Editora Globo; São
Paulo; Edusp, 1996. P.191, 192.)
Baseado nesta declaração e nos conhecimentos sobre o tema, é
correto afirmar que:
A) Após a independência, as rebeliões feitas pela população negra e
mulata contra a exploração colonialista e os exércitos franceses
deixaram de fazer parte do cotidiano da população haitiana.
B) Dessalines, como líder revolucionário, conseguiu promover a
unidade territorial do Haiti, unindo a metade oriental da ilha com a
parte ocidental, que continuava escravista.
C) A emancipação do Haiti deu-se em função das contradições sociais
existentes nessa colônia e configurou-se num movimento de
caráter político, econômico e social, visando estabelecer uma nova
ordem sobre bases democráticas.
D) O Haiti emancipado foi dirigido por governantes democráticos, cujos
princípios assemelhavam-se aos da Revolução Francesa, como
liberdade, igualdade e fraternidade.
E) Os negros e mulatos, mesmo sendo a maioria, não tiveram força
suficiente para promover a emancipação em função da
superioridade estratégica e armamentícia do exército francês.
68. (FUVEST) Simon Bolívar escreveu a conhecida Carta da Jamaica
de 1815. "Eu desejo, mais do que qualquer outro, ver formar-se na
América [Latina] a maior nação do mundo, menos por sua extensão e
riquezas do que pela liberdade e glória." Sobre esta afirmação
podemos dizer que:
A) Tal utopia da humanidade, compartilhado por outros líderes da
independência, como San Martin e O "Higgins, não vingou por
ineficiência de Bolívar .
B) Inspirou a união entre Bolívia, Colômbia e Equador que formaram,
por mais de uma década, uma única nação, fragmentada, em
1939, por problemas políticos.
C) Bolívar foi o primeiro a pensar na possibilidade da unidade, ideia
posteriormente retomada por muito políticos e intelectuais latino-
americanos.
D) Essa ideia, de grande repercussão entre as lideranças dos
movimentos pela independência, foi responsável pela estabilidade
da unidade centro-americana.
E) Bolívar foi uma voz solitária, nestes quase 200 anos de
independência latino-americana, ausentando-se tal ideia dos
debates políticos contemporâneos.
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A FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO
Dois fenômenos principais devem ser compreendidos para analisar o
processo da independência nacional e a consequente formação do
Estado brasileiro, a saber, a Revolução Francesa e o Império
Napoleônico.
No primeiro caso, os ideais de Liberdade e Igualdade chocavam-se
diretamente com a estrutura de poder ancorada no nascimento e na
hereditariedade, estrutura essa bem substanciada, seja em teorias de
cunho religioso, como a Teoria do Poder divino dos reis, como
também, as teorias marcadamente secularizadas, como o ―Leviatã‖ de
Hobbes e ―O Príncipe‖ de Nicolau Maquiavel, essa A obra que cunha
Nicolau Maquiavel como ―Pai da Política Moderna‖
A quebra da hegemonia do pensamento conservador apresentada ao
mundo ocidental pelo movimento burguês, embalava o sonho dos
colonos presentes em toda a América, chamada hoje Latina, em
contraposição às imposições metropolitanas que emperravam as
ações fundamentais para o controle da atividade econômica e,
consequentemente, o acesso ao poder por parte dos colonos.
A possibilidade do acesso ao poder nas colônias por parte das elites
coloniais foi vislumbrada pelas diversas invasões promovidas pelo
exército napoleônico nas principais metrópoles que dominavam o
―Novo Mundo‖, Espanha e Portugal.
A ocupação napoleônica na primeira foi o agente catalisador do
processo de independência dos nossos vizinhos latinos, pois fragilizou
o trono e gerou a sensação de impotência frente a um desejo cada vez
mais presente de liberdade esboçado pela elite colonial.
No caso brasileiro, é importante destacar que o desejo de liberdade já
estava presente e foi reforçado por uma série de ações promovidas
pela vinda da Família Real portuguesa em decorrência da invasão
napoleônica na Península Ibérica, no caso português, determinada
pela negação da Coroa à ordem de Napoleão de bloquear as
transações econômicas inglesas com as nações europeias.
Em outras palavras, a fuga da Família Real para o Brasil desencadeou
o processo de independência que, no restante da América, deu-se
sem a participação efetiva da elite metropolitana. No nosso caso, as
mudanças na organização político-econômica da colônia fez nascer
um irreversível movimento libertário sem a presença firme de um
libertador.
O dito período Joanino no Brasil teve início em 1808 e trouxe com ele
uma série de transformações econômicas, estruturais, sociais que
foram fundamentais para a nossa emancipação política. Dentre as
principais destacamos: construção de estradas e portos, criação do
Banco do Brasil, criação da Biblioteca Real, criação do Jardim
Botânico, criação da Casa das Moedas e criação da Academia Real
Militar.
Mesmo considerando de extrema importância estrutural todo esse
conjunto criado por D. João VI no Brasil, o que desencadeou a
irreversibilidade da nossa independência foi a quebra das relações
econômicas entre colônia e metrópole (pacto colonial), resultante da
abertura dos portos ―a todas as nações amigas‖. Como relatam
historiadores, naquele momento, ―amigas‖ estava resumido à
Inglaterra, não só pelos interesses comerciais de ambas as partes,
mas também, pelo fato de que o próprio Estados Unidos mantinham,
preferencialmente, relações com a França.
A quebra do pacto colonial e a reorganização econômica interna
aguçaram o processo de emancipação, gerando sentimentos diversos
e recrudescendo o sentimento anti-lusitano, já presente no Brasil.
A Revolução Pernambucana, ocorrida em 1817 é filha de duas causas
mais óbvias, o aumento de impostos provocado pela organização da
colônia para melhorar a vida da Família Real e sua corte, mas também
da ocupação de cargos e espaços peça elite portuguesa, alijando os
brasileiros do acesso aos espaços. Não se esquecendo do controle do
comércio que permanecia, na sua maioria, no controle português.
Do ponto de vista econômico, a nação mais privilegiada no processo
de independência do Brasil foi a Inglaterra que pôde quebrar o
exclusivismo português, mas também, imperou nas relações
comercias, tendo seus produtos sofrido uma taxação inferior a dos
portugueses, respectivamente 15 e 16 %.
Para os comerciantes brasileiros foi interessante a abertura, pois
propiciava a negociação com os britânicos, resultando interessantes
vantagens.
No fundo, duas coisas saltavam aos olhos: o descontentamento
português frente a perda de dividendos comerciais, visto que o Brasil
passava a comerciar com outras nações. Em segundo lugar, seria o
reverso da moeda, os ganhos propiciados aos comerciantes brasileiros
com a abertura comercial. Logo, o antagonismo desses sentimentos,
ilustra bem o quadro da nossa independência.
A derrota de Napoleão Bonaparte fez aumentar o desejo da
reconquista lusitana, iniciada pela Revolução do Porto em 1820.
De cunho liberal, carregada de sentimento nacionalista, a Revolução
do Porto apontava para a necessidade da organização do Estado
português, passando a exigir o retorno de D. João VI a Portugal e a
recolonização do Brasil. A Revolução do Porto foi um movimento
semelhante ao que ocorreu em outras regiões da Europa (Espanha,
Grécia e a cidade de Nápoles), tais movimentos visavam a
subordinação da Coroa ao Legislativo (Monarquia constitucional)
―garantindo direitos aos cidadãos portugueses e enfrentando a crise
em que o país se encontrava‖.
É exatamente esse requisito que gerou a reação frente ao Brasil, a
crise econômica aprofundada em Portugal pela perda da exclusividade
do comércio com o Brasil, entre outras, fez a elite portuguesa enxergar
na retomada do Brasil como algo fundamental na resolução da crise.
É nesse contexto que deve ser observada a independência do Brasil.
O projeto de retomada da colônia posta em curso provocou a
construção da reação brasileira, via a elite de proprietários que, diante
dos ganhos aferidos, não cogitava a volta à condição de colônia.
Nesse sentido, o acordo firmado com D, Pedro I, visava a manutenção
da estrutura e, junto a ela todo aparato necessário a sua reprodução.
A Independência do Brasil e o Primeiro Reinado
Os historiadores: FARIA, MIRANDA E CAMPOS, 2010, afirmam que
havia vários projetos de independência e de constituição do Estado
Nacional, destacadamente presentes na Inconfidência Mineira,
Conjuração Baiana, Conjuração Fluminense e, ainda, a Conspiração
dos Suaçunas em Pernambuco.
Tais movimentos, nitidamente do século XVIII esboçavam a crescente
insatisfação de setores das elites locais com ―as disposições mais
opressivas da metrópole‖. Resulta, pois, desses projetos uma disputa
no interior das elites nacionais em vista do método da independência a
ser consolidado.
Principalmente para os setores mais centralizadores da elite brasileira,
havia o risco da independência provocar o surgimento de pequenos
países, o que causou a corrida a D. Pedro como fator unificador.
O governo de D. Pedro I deve ser entendido a luz de projetos de
independência conflitantes, pois apesar do modelo centralizador ter
prevalecido, não conseguiu anular as outras visões, que se revelaram
bem vivas nas divergências presenciadas quando dos trabalhos da
constituintes em 1823.
Embora seja fundamental para o entendimento do Primeiro Reinado,
os projetos de independência não eram os únicos fatores a causar a
instabilidade do governo de D. Pedro I. O imperador teve de debelar
inicialmente resquícios do movimento do porto em solo nacional, a
exemplo das guerras de independência.
A reação dos portugueses a frente das províncias da Bahia, Grão-
Pará, Maranhão e Piauí aprofundou gastos e aumentou a nossa
dependência econômica em relação a Inglaterra.
Amplie seus conhecimentos sobre: Romantismo no Brasil (Literatura Cadernos Gama/Pi).
Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
30
O certo é que a instabilidade política do governo de D. Pedro I, foi fruto
das disputas internas, reveladas nas concepções diferentes de
independência, mas também, com a sua dose externa devido ao
apreensivo processo de reconhecimento do estado brasileiro. O
referido reconhecimento externo foi fortemente intermediado pela
Inglaterra que buscava a manutenção dos acordos feitos com
Portugal. O destaque ficou, nesse ponto, com a posição norte
americana que, a partir da ―doutrina de Monroe‖, defendia o princípio
da‖ América para os americanos‖.
Em resumo, do ponto de vista político e econômico o governo de D.
Pedro I foi uma continuidade daquilo que se construía no Brasil
quando da vinda da Família Real portuguesa. Não houve ruptura na
estrutura econômica, continuávamos com uma economia voltada para
o mercado externo e, do ponto de vista da participação política da
população, um verdadeiro hiato entre o governo e suas decisões
administrativas. Dito de outra forma, tínhamos súditos, não povo.
Visivelmente adepto de um modelo centralizador, D. Pedro I não
suportou o fato de a Assembleia Constituinte apresentar a opção por
um modelo liberal próximo daquele vivido pelas nações europeias. O
fechamento da Assembleia Constituinte marcou bem a principal
característica do Primeiro Reinado, o autoritarismo.
Essa característica seria aprofundada na Carta Constitucional de
1824, a primeira do Estado Brasileiro, com a presença de um poder
com características controladoras, o Moderador, posse exclusiva do
Imperador.
A nova carta aprofundaria o caráter de súdito do povo brasileiro, tendo
em vista a exclusão da população mais pobre de qualquer
possibilidade de participação política. A instituição do voto censitário
(voto a partir da renda) não só, excluiu os menos favorecidos, como
também, acentuou o caráter elitista da jovem nação.
Fiel ao princípio catequético lusitano, D. Pedro I, estabeleceu o
catolicismo como religião oficial do Estado Brasileiro. No entanto, o
subordinou ao Estado, o que se convencionou chamar de ―Regime do
Padroado‖.
A instabilidade política só aumentaria com a nova carta, pois a
Confederação do Equador era resultado do autoritarismo de D. Pedro
I. Inconformados com a centralização de D. Pedro I, as províncias de
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, tentaram criar
um estado independente, logo autônomo em relação ao poder central.
Agregava-se a insatisfação política, às péssimas condições sociais
vividas pelos brasileiros.
A brutal reação do governo frente aos separatistas causou o aumento
da insatisfação popular, consolidado pelas questões econômicas
aprofundadas pela Guerra contra a Argentina pelo domínio da
cisplatina.
As críticas dos veículos de comunicação, os jornais da época, levaram
ao assassinato do jornalista Líbero Badaró em 1830, fato atribuído a
pessoas ligadas a D. Pedro I.
O fim do governo se deu em 7 de Abril de 1831, depois de decorridos
alguns dias do episódio da ―Noite das Garrafadas‖, quando
simpatizantes de D. Pedro I entraram em conflito com opositores do
Regime.
O Período Regencial - 1831 - 1840
Atendendo a determinação constitucional, D. Pedro I abdicou em favor
do seu filho que tinha cinco anos, o mesmo seria tutorado por José
Bonifácio de Andrada e Silva que no final do governo de D. Pedro,
tinha retomado a amizade.
Em face disso, o Brasil passou a experimentar um regime
praticamente Legislativo. Ou seja, as principais decisões deveriam
partir do Poder legislativo.
De forma geral, as conturbações presentes no governo de D. Pedro I,
não haviam sido resolvidas, o que acabou mantendo o clima de
instabilidade política.
As disputas no campo político aconteciam entre três grupos políticos, a
saber: Liberais Exaltados ou Farroupilhas, adeptos de um regime mais
descentralizados e o reforço do poder das províncias, em detrimento
do poder central. Outro grupo era chamado de Restauradores ou
Caramurus, como o nome já aponta, buscavam a volta de D. Pedro I,
entendia a necessidade da centralização política. Esse grupo era,
marcadamente, expressão política dos proprietários e comerciantes
portugueses, além de traficantes de escravos. Do último grupo faziam
parte os Liberais Moderados ou Chimangos, apontam os historiadores
que esse grupo foi o principal a ocupar o poder no período regencial.
Tinham o interesse de assegurar um governo coeso, impedindo a
revolução dos Liberais Exaltados e o absolutismo dos Restauradores.
É importante o reconhecimento do quadro político da Regência, pois
as decisões tomadas, principalmente, no período da Regência Trina
Permanente, refletiram as disputas no interior do campo político
brasileiro Falamos diretamente da mudança constitucional, a partir do
―Ato Adicional de 1834, considerado resultado da conciliação entre ―as
principais forças políticas do país‖. Daí, a manutenção do Poder
Moderador, do Senado Vitalício, mas o fim do Conselho de Estado.
Os avanços dessa emenda constitucional mostraram-se na Regência
Uma, a Criação do ―Município Neutro da Corte, formado pela cidade
do Rio de Janeiro, cuja capital passou a ser Niterói.‖ Outro avanço foi
a regulamentação do Código do Processo Criminal. Com
características liberal e descentralizadora, revestia de poder os ―juízes
de paz‖, reforçando o papel do município.
A eleição de Feijó reforçou o poder dos conservadores e só aumentou
a tensão entre os liberais exaltados e liberais moderados, resultante
dos diversos conflitos, além da falta de confiança no exército brasileiro,
formado ainda com um grande número de mercenários, Feijó cria a
Guarda Nacional que era formada pela classe proprietária, retomando
o critério censitário para participar da mesma.
Do ponto de vista econômico, nenhum regente fez mudanças
estruturais, mantendo os problemas que foram listados como
fundamentais para a perda de popularidade de D. Pedro I.
O quadro de revoltas e rebeliões populares e de parte da elite agrária,
levou à renúncia de Feijó, mas assumiu o seu posto, Araújo Lima,
também da ala mais conservadora. Afastados do poder efetivo para
conduzir a política ao seu bel prazer, os Progressistas, partido criado
pelos Liberais Exaltados, visando combater o movimento Regressista
estabelecido pelos Restauradores, acabaram por promover ―O Golpe
da Maioridade‖, antecipando a ascensão ao trono de D. Pedro II, com
a defesa da unidade nacional.
O tema da Unidade Nacional, foi pensada principalmente frente as
disputas intestinas no Brasil, advindas das brigas políticas , mas
também da condição social miserável a que estavam submetidas as
camadas mais populares.
Portanto, falar das Rebeliões Regenciais é falar, acima de tudo, de
revoltas que denotavam as péssimas condições da vida das camadas
mais pobres, apesar de grande influência das elites da s localidades
onde ocorriam os conflitos.
As condições miseráveis marcaram a Revolta dos Cabanos no Grão-
Pará. O detalhe é que os Cabanos, como eram chamados os mais
pobres, habitantes das margens dos rios e igarapés, em casas
paupérrimas, eram usados como mão de obra das drogas do sertão,
foram levados ao combate pelas disputas entre os dois grupos das
elites, que grosso modo, abandonaram os cabanos a própria sorte e à
repressão da Regência.
Também sem cunho separatista, a Revolta dos Malês, assim como a
Sabinada tiveram conteúdo social semelhante a Cabanagem, tendo o
tópico religioso na revolta dos Malês, com o diferencial. Lembrando
que os negros muçulmanos lutaram pela liberdade de culto e foram,
também, massacrados por isso.
No caso da Revolta liderado por Francisco Sabino, dois anos após a
Revolta dos Malês, na cidade do Salvador, foi amparada por homens
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livres e pretendi a , tendo em vista a saída de Feijó, proclamar
independência até a chegada de D. Pedro II ao trono.
Outra revolta regencial que não tinha caráter emancipatório, foi a
Balaiada, dois movimentos ocorreram no Maranhão e Piauí em 1838 e
1841, respectivamente. Essa revolta foi marcada pelo envolvimento
das camadas mais populares numa arenga entre os dois grupos
políticos locais, Bem te vi, liberais exaltados, apelidados assim pelo
jornal que muitos participavam e os conservadores , grupo que
garantia os projetos governistas. Essa disputa aconteceu pela
perseguição empreendida aos ―Bem te vis‖ pelos conservadores,
usando a prerrogativa legal da Lei dos Prefeitos. Essa Lei dava direito
ao monopólio dos cargos principais das províncias, tais como, prefeito,
vice e comissário de polícia.
Como causa secundária, embora aponte para a disputa entre o poder
central x os poderes locais, o recrutamento militar obrigatório, usado
frequentemente pelo poder central. A revolta tomou ares populares e
após tomarem a Vila de Caxias, os revoltosos foram abandonados
pelos ―Bem te vis‖, visto que os mesmos tinham receio do movimento
pela participação intensa dos mais pobres.
O último movimento, o Farroupilha, precisa ser descrito como o único
com caráter separatista efetivo, embora as razões esboçadas para
isso foram as taxações menores sobre o charque platino, além da
―tentativa de substituir as milícias particulares por um corpo militar
subordinado ao poder central‖, tentativa realizada pelo presidente da
província Antônio Rodrigues Fernandes Braga.
Os estancieiros, embora não convergissem para um programa de
governo, assinaram um manifesto em 29 de agosto de 1838,
declarando a fundação da República Piratini, assumindo o poder Bento
Gonçalves. Eles fundaram ainda a república Juliana. No interior do
movimento dois grupos apresentaram diferentes ideias de república,
por um lado, a defesa de um Estado Independente, soberano e
federal, ( Bento Gonçalves, enquanto o outro, destacado na figura de
David cana barro reivindicava algo próximo a uma monarquia
descentralizada.
FARIA, MIRANDA e CAMPOS afirmam que ―(...) as elites gaúchas que
aderiram à revolta tinham interesses distintos.‖ Um ponto em comum
era a negação do fim da escravidão, apesar de prometerem aos
negros que participassem do conflito o direito à liberdade.
Embora derrotados, mas com grandes feitos, inclusive com a
participação de Garibaldi, os farroupilhas tiveram boa parte de suas
reivindicações atendidas, inclusive de permanecer No exército
brasileira, na mesma patente, os soldados do exército farroupilha, os
preços do charque latino foram aumentados, facilitando a vida do
charque brasileiro.
O Período Regencial acabou com o Golpe da Maioridade, sob o
argumento da unidade nacional, unidade essa que se revelou mais
efetiva à medida que a política da conciliação foi sendo consolidada
pelo governo de D. Pedro II.
TEXTO COMPLEMENTAR:
Rumos do Estado na sociedade contemporânea
(...) Temos o péssimo costume de falar no Estado como um ente
abstrato, que nenhum de nós consegue definir, nem consegue
localizar. Perguntaria se algum de vocês já fez o esforço de situar o
Estado em algum lugar no espaço. Vocês vão dizer: ah! Mas é
evidente, o Estado brasileiro está no Palácio do Planalto. Ao que
responderei: não, lá está a chefia do governo. O presidente da
República lá está na função de Chefe de Governo. Ah, bom então o
Estado está ali no Senado, na Câmara? Não, lá também não está o
Estado, está o Poder Legislativo, que integra o Estado. Então, está na
Praça dos Três Poderes? Está muito bem, ele está na Praça dos Três
Poderes, só que não o vemos. Apesar de não conseguirmos ver o
Estado conhecemos o Estado por seus efeitos. Por exemplo, o Estado
está sentado aqui nesta mesa. Somos funcionários públicos, somos o
Estado, temos poderes sobre os alunos, podemos reprová-los se não
assinarem a lista de presença e tudo mais. Nossa tendência, como
cientistas políticos, é falar no Estado em abstrato. Que é o Estado? É
a comunidade criada pela ordem jurídica. Bonita definição abstrata,
porque a ordem jurídica, que respeitamos, ou não, cria esta coisa
fantasmagórica que é o Estado.
Falamos no Estado, na sua relação com a sociedade civil,
generalizando situações. Ora, para entender, ou começar a
compreender a crise do Estado, o drama do Estado contemporâneo,
deveríamos relativizar os conceitos e, sobretudo relativizar as
situações históricas. (...) A rigor, cometeríamos um erro se
generalizássemos a extensão da expressão Estado. Apesar disso,
apesar de ser evidente que cada Estado é diverso de outros, que cada
Estado obedece a uma lei histórica, digamos assim, de nascimento ou
vida e, em muitos casos, morte, insistimos em falar no Estado
genérico. Pergunto se ao falar do Estado enquanto ser genérico, não
estamos querendo falar de outra coisa, não estamos querendo falar da
burocracia.
Chamarei atenção para algumas passagens literárias. Uma delas é de
Rousseau, no Contrato Social. No capítulo 10 do Livro III, o filósofo
traça sugestiva imagem a respeito da relação que existe entre o
Estado e o Governo. Imaginemos um círculo, que é o Estado, a rigor
todos nós, porque nele reside o poder soberano, nele está o poder de
fazer as leis. Dentro deste círculo, imaginemos outro, concêntrico, que
não tem o soberano poder de fazer leis, sendo sua função executar as
leis que os membros do soberano fazem. Esse círculo é o governo.
Ora, o que Rousseau aponta como fazendo parte da natureza das
coisas é a tendência do governo ocupar o espaço que é do Estado.
Isto em 1762. Em outras palavras, o círculo inscrito tende a crescer
cada vez mais, e aos poucos se confunde com o círculo exterior. Isto
significa que, cada vez mais, os cidadãos têm menos poder de fazer
leis. Não creio entrar na teoria da representação de Rousseau e tudo o
mais. O que importa assinalar é a tomada de consciência do fenômeno
burocrático.
Compreendendo o texto:
69. O que o autor quer dizer quando separa Estado de Governo?
70. Observando a figura explicativa criada por Rousseau, analise a
visão do filósofo quanto a Democracia relacionando-a à capacidade de
fazer leis.
Questões: (A Formação do Estado Brasileiro)
71. (ENEM-2010) Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o
presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a riqueza
nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a
indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que
haja a este respeito no Estado do Brasil. Alvará de liberdade para as
indústrias (1º de abril de 1808). (In Bonavides, P.; Amaral, R. Textos
políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 -
adaptado).
O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará,
não se concretizou. Que características desse período explicam esse
fato?
A) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das
manufaturas portuguesas.
B) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial
inglês sobre suas redes de comércio.
C) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada
da família real portuguesa.
D) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia
assumida por Portugal no comércio internacional.
E) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados
para as indústrias portuguesas.
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72. (ENEM-2010) Em 2008 foram comemorados os 200 anos da
mudança da família real portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a
sede do reino. Uma sequência de eventos importantes ocorreu no
período 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a família
real portuguesa permaneceram no Brasil.
Entre esses eventos, destacam-se os seguintes:
• Bahia – 1808: Parada do navio que trazia a família real portuguesa
para o Brasil, sob a proteção da marinha britânica, fugindo de um
possível ataque de Napoleão.
• Rio de Janeiro – 1808: desembarque da família real portuguesa na
cidade onde residiriam durante sua permanência no Brasil.
• Salvador – 1810: D. João VI assina a carta régia de abertura dos
portos ao comércio de todas as nações amigas, ato antecipadamente
negociado com a Inglaterra em troca da escolta dada à esquadra
portuguesa.
• Rio de Janeiro – 1816: D. João VI torna-se rei do Brasil e de
Portugal, devido à morte de sua mãe, D. Maria I.
• Pernambuco – 1817: As tropas de D. João VI sufocam a revolução
republicana.
(GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma
corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do
Brasil. São Paulo: Editora Planeta, 2007 - adaptado)
Uma das consequências desses eventos foi:
A) a decadência do império britânico, em razão do contrabando de
produtos ingleses através dos portos brasileiros.
B) o fim do comércio de escravos no Brasil, porque a Inglaterra
decretara, em 1806, a proibição do tráfico de escravos em seus
domínios.
C) a conquista da região do rio da Prata em represália à aliança entre
a Espanha e a França de Napoleão.
D) a abertura de estradas, que permitiu o rompimento do isolamento
que vigorava entre as províncias do país, o que dificultava a
comunicação antes de 1808.
E) o grande desenvolvimento econômico de Portugal após a vinda de
D. João VI para o Brasil, uma vez que cessaram as despesas de
manutenção do rei e de sua família.
73. (ENEM-2008)
Na obra Entrudo, de Jean-
Baptiste Debret (1768-1848),
apresentada:
A) registram-se cenas da vida
íntima dos senhores de
engenho e suas relações com os escravos.
B) identifica-se a presença de traços marcantes do movimento artístico
denominado Cubismo.
C) identificam-se, nas fisionomias, sentimentos de angústia e
inquietações que revelam as relações conflituosas entre senhores
e escravos.
D) observa-se a composição harmoniosa e destacam-se as imagens
que representam figuras humanas.
E) constata-se que o artista utilizava a técnica do óleo sobre tela, com
pinceladas breves e manchas, sem delinear as figuras ou as
fisionomias.
74. (ENEM-2007) Após a Independência, integramo-nos como
exportadores de produtos primários à divisão internacional do trabalho,
estruturada ao redor da Grã-Bretanha. O Brasil especializou-se na
produção, com braço escravo importado da África, de plantas tropicais
para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento
de nossa economia por pelo menos uns oitenta anos. Éramos um país
essencialmente agrícola e tecnicamente atrasado por depender de
produtores cativos. Não se poderia confiar a trabalhadores forçados
outros instrumentos de produção que os mais toscos e baratos. O
atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para fora. Era do exterior
que vinham os bens de consumo que fundamentavam um padrão de
vida ―civilizado‖, marca que distinguia as classes cultas e
―naturalmente‖ dominantes do povaréu primitivo e miserável. (…) E de
fora vinham também os capitais que permitiam iniciar a construção de
uma infraestrutura de serviços urbanos, de energia, transportes e
comunicações. (Paul Singer. Evolução da economia e vinculação
internacional. In: I. Sachs; J. Willheim; P. S. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um
século de transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80).
Levando-se em consideração as afirmações acima, relativas à
estrutura econômica do Brasil por ocasião da independência política
(1822), é correto afirmar que o país:
A) se industrializou rapidamente devido ao desenvolvimento alcançado
no período colonial.
B) extinguiu a produção colonial baseada na escravidão e
fundamentou a produção no trabalho livre.
C) se tornou dependente da economia europeia por realizar
tardiamente sua industrialização em relação a outros países.
D) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi introduzido no
país sem trazer ganhos para a infraestrutura de serviços urbanos.
E) teve sua industrialização estimulada pela Grã-Bretanha, que
investiu capitais em vários setores produtivos.
75. (ENEM-2004) Constituição de 1824: ―Art. 98. O Poder Moderador é
a chave de toda a organização política, e é delegado privativamente
ao Imperador (…) para que incessantemente vele sobre a manutenção
da Independência, equilíbrio, e harmonia dos demais poderes políticos
(…) dissolvendo a Câmara dos Deputados nos casos em que o exigir
a salvação do Estado.‖
Frei Caneca: ―O Poder Moderador da nova invenção maquiavélica é a
chave mestra da opressão da nação brasileira e o garrote mais forte
da liberdade dos povos. Por ele, o imperador pode dissolver a Câmara
dos Deputados, que é a representante do povo, ficando sempre no
gozo de seus direitos o Senado, que é o representante dos
apaniguados do imperador.‖ (Voto sobre o juramento do projeto de
Constituição)
Para Frei Caneca, o Poder Moderador definido pela Constituição
outorgada pelo Imperador em 1824 era:
A) adequado ao funcionamento de uma monarquia constitucional, pois
os senadores eram escolhidos pelo Imperador.
B) eficaz e responsável pela liberdade dos povos, porque garantia a
representação da sociedade nas duas esferas do poder legislativo.
C) arbitrário, porque permitia ao Imperador dissolver a Câmara dos
Deputados, o poder representativo da sociedade.
D) neutro e fraco, especialmente nos momentos de crise, pois era
incapaz de controlar os deputados representantes da Nação.
E) capaz de responder às exigências políticas da nação, pois supria as
deficiências da representação política.
76. (ENEM-2011) No clima das ideias que se seguiram à revolta de
São Domingos, o descobrimento de planos para um levante armado
dos artífices mulatos na Bahia, no ano de 1798, teve impacto muito
especial; esses planos demonstravam aquilo que os brancos
conscientes tinham já começado a compreender: as ideias de
igualdade social estavam a propagar-se numa sociedade em que só
um terço da população era de brancos e iriam inevitavelmente ser
interpretados em termos raciais.
(MAXWELL, K. Condicionalismos da Independência do Brasil. In: SILVA, M.
N. (coord.) O Império luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1966).
O temor do radicalismo da luta negra no Haiti e das propostas das
lideranças populares da Conjuração Baiana (1798) levaram setores da
elite colonial brasileira e novas posturas diante das reivindicações
populares. No período da Independência, parte da elite participou
ativamente do processo, no intuito de:
A) instalar um partido nacional, sob sua liderança, garantindo
participação controlada dos afro-brasileiros e inibindo novas
rebeliões de negros.
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B) atender aos clamores apresentados no movimento baiano, de modo
a inviabilizar novas rebeliões, garantindo o controle da situação.
C) firmar alianças com as lideranças escravas, permitindo a promoção
de mudanças exigidas pelo povo sem a profundidade proposta
inicialmente.
D) impedir que o povo conferisse ao movimento um teor libertário, o
que terminaria por prejudicar seus interesses e seu projeto de
nação.
E) rebelar-se contra as representações metropolitanas, isolando
politicamente o Príncipe Regente, instalando um governo
conservador para controlar o povo.
77. (ENEM-2009) No tempo da independência do Brasil, circulavam
nas classes populares do Recife trovas que faziam alusão à revolta
escrava do Haiti: Marinheiros e caiados Todos devem se acabar,
Porque só pardos e pretos O país hão de habitar. (AMARAL, F. P. do.
Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos. Recife: Cultura Acadêmica,
1907).
O período da independência do Brasil registra conflitos raciais, como
se depreende:
A) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, que circulavam
entre a população escrava e entre os mestiços pobres,
alimentando seu desejo por mudanças.
B) da rejeição aos portugueses, brancos, que significava a rejeição à
opressão da Metrópole, como ocorreu na Noite das Garrafadas.
C) do apoio que escravos e negros forros deram à monarquia, com a
perspectiva de receber sua proteção contra as injustiças do
sistema escravista.
D) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos
demonstravam contra os marinheiros, porque estes representavam
a elite branca opressora.
E) da expulsão de vários líderes negros independentistas, que
defendiam a implantação de uma república negra, a exemplo do
Haiti.
78. (ENEM-2011) Art. 92. São excluídos de votar nas Assembleias
Paroquiais.
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não se compreendam
os casados, e Oficiais Militares, que forem maiores de vinte e um
anos, os Bacharéis Formados e Clérigos de Ordens Sacras.
IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em Comunidade claustral.
V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens de
raiz, indústria, comércio ou empregos.
(Constituição Política do Império do Brasil (1824) Disponível em:
http://legislacao.planalto.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2010 - adaptado)
A legislação espelha os conflitos políticos e sociais do contexto
histórico de sua formulação. A Constituição de 1824 regulamentou o
direito de voto dos ―cidadãos brasileiros‖ com o objetivo de garantir:
A) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política brasileira.
B) a ampliação do direito de voto para maioria dos brasileiros nascidos
livres.
C) a concentração de poderes na região produtora de café, o Sudeste
brasileiro.
D) o controle do poder político nas mãos dos grandes proprietários e
comerciantes.
E) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas decisões
político-administrativas.
79. (ENEM-2010) Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou
um período marcado por inúmeras crises: as diversas forças políticas
lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores
condições de vida e pelo direito de participação na vida política do
país. Os conflitos representavam também o protesto contra a
centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão
da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos ―barões do
café‖, para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do
tráfico negreiro.
O contexto do Período Regencial foi marcado:
A) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia.
B) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder
central.
C) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam
melhores condições de vida.
D) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão
social dos ―barões do café‖.
E) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que
exigiam o reforço de velhas realidades sociais.
80. (UFAM) O Período Regencial foi marcado por profundas disputas
políticas na corte e rebeliões que, de alguma forma, punham em
discussão a relação centro / periferia. Dos movimentos abaixo,
assinale aquele que não se articula com essa tendência:
A) A Guerra dos Farrapos; D) A Sabinada;
B) A Cabanagem; E) A Revolta dos Malês.
C) A Balaiada;
81. (FRB/BA) O Nordeste brasileiro foi palco, em épocas diversas, de
vários movimentos sociais e/ou políticos, dentre os quais se destaca:
A) a Guerra dos Farrapos, movimento separatista, que constituiu luta
entre os estancieiros e o Governo Imperial, entre outros motivos,
pela cobrança excessiva de impostos;
B) a Cabanagem, uma das mais importantes revoltas do Período
regencial, pelo seu caráter popular, pelo radicalismo político e por
sua longa duração;
C) a Sabinada, movimento ligado às disputas políticas da Regência,
que mobilizou principalmente setores das camadas médias
urbanas que pretendiam proclamar uma república até a
maioridade de D. Pedro de Alcântara;
D) o movimento dos Malês, muçulmano, ocorrido em Pernambuco,
durante o Segundo Reinado, sendo considerado o maior conflito
negro urbano, que lutava pela libertação dos escravos, pela
proclamação da república e pela independência do Brasil;
E) a Revolta da Armada, na qual diversas unidades da Marinha
sublevaram-se contra o governo de Floriano Peixoto, na Primeira
República.
82. (ENEM-2012) Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde
Pedro I fora recebido com grande frieza, seus partidários prepararam
uma série de manifestações a favor do imperador no Rio de Janeiro,
armando fogueiras e luminárias na cidade. Contudo, na noite de 11 de
março, tiveram início os conflitos que ficaram conhecidos como a Noite
das Garrafadas, durante os quais os ―brasileiros‖ apagavam as
fogueiras ―portuguesas‖ e atacavam as casas iluminadas, sendo
respondidos com cacos de garrafas jogadas das janelas. (VAINFAS, R.
(Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008 –
Adaptado)
Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracterizaram pelo
aumento da tensão política. Nesse sentido, a análise dos episódios
descritos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro revela:
A) estímulos ao racismo.
B) apoio ao xenofobismo.
C) críticas ao federalismo.
D) repúdio ao republicanismo.
E) questionamentos ao autoritarismo.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Amplie seus conhecimentos sobre: Produção Artística do séc. XIX. (Literatura Cadernos Gama/Pi) Ver também: O que é Sociologia? (Sociologias Cadernos Alpha/Beta) Ver também: Urbanização e Indústria e Industrialização (Geografia Cadernos Gama/Pi) Ver também: Formação da Chuva Ácida (Química Cadernos Alpha/Beta).
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Conceito
A Revolução Industrial pode ser denominada como o conjunto de
mudanças ocorridas na forma de produzir os itens necessários ao
homem, entre os séculos XVIII e XIX. Esse processo teve início na
Inglaterra e se estendeu para outros países. Esse pioneirismo foi o
resultado de vários fatores como: A acumulação de capitais oriundos
do comércio marítimo mundial; a disponibilidade de mão de obra
proporcionada pelo fenômeno do cercamento dos campos, onde
milhares de camponeses foram expulsos da zona rural; a
disponibilidade de jazidas de carvão e ferro e a existência de um
governo burguês que proporcionou uma legislação favorável aos
interesses capitalistas.
Evolução tecnoindustrial
Até a fase industrial, passaram-se diferentes etapas no processo
produtivo.
A primeira delas foi o artesanato, onde a produção era feita
manualmente, com algumas ferramentas e em pequena escala. O
artesão conhecia todas as etapas da produção e era o dono das
matérias-primas e dos instrumentos de produção.
Nas manufaturas, a produção passou a ser dividida em etapas
realizadas por pessoas diferentes (divisão de trabalho). O trabalho
continuou a ser feito em oficinas. O trabalhador perdeu o controle
sobre o processo produtivo (alienação do trabalhador). A matéria-
prima, as ferramentas e a mercadoria pertencem ao proprietário da
manufatura.
A produção mecanizada (maquinofatura) introduziu as máquinas na
produção em substituição às ferramentas e aos próprios homens.
Fases da Revolução Industrial
A primeira fase compreende aproximadamente o período entre 1760-
1860. Essa etapa se concentra principalmente no Reino Unido. A
indústria têxtil aglomera a maioria das fábricas existentes. O vapor
conseguido à base da queima de carvão natural é a fonte de energia
predominante.
A segunda fase ocorreu entre 1860 e 1900. As indústrias se
espalharam por outras regiões da Europa, bem como os Estados
Unidos e Japão. Novos tipos de indústrias foram criados (química,
metalúrgica, farmacêutica, etc.). Novas fontes de energia como a
eletricidade e os combustíveis petrolíferos passaram a mover as
máquinas. É importante ressaltar o desenvolvimento dos transportes e
meios de comunicação
Condições de trabalho dos operários
Uma das formas de aumentar o lucro das empresas era explorar a
mão de obra. O salário dos operários era muito baixo. Para
complementar a renda familiar mulheres e crianças também eram
inseridos no mercado de trabalho. A carga horária chegava a mais de
15 horas por dia. Os direitos trabalhistas comuns hoje em dia não
existiam. Além disso, as instalações das fábricas eram precárias. A
insalubridade prejudicava a saúde dos operários. Como consequência
surgiram doenças associadas às condições de trabalho e de moradia
dos trabalhadores.
Movimento operário
As péssimas condições de trabalho originaram vários conflitos entre
operários e burgueses. Uma das primeiras formas de resistência dos
operários foi o movimento Ludita, onde os operários invadiam as
fábricas e destruíam as máquinas.
Posteriormente, os operários entenderam que a luta não deveria ser
contra as máquinas, mas sim contra o sistema capitalista. Surgiram
então a partir do final do século XVIII, organizações que lutaram por
melhores salários e condições de trabalho. Essas organizações deram
origem aos primeiros sindicatos.
Socialismo
No decorrer do século XIX surgiram várias correntes ideológicas que
contestavam o sistema capitalista.
I – Socialismo Utópico
Também chamado de socialismo romântico, surge no início do século
XIX e concebe a organização de uma sociedade ideal sem conflitos ou
desigualdades. Os pensadores buscam no Iluminismo e nos ideais da
Revolução Francesa os fundamentos de sua crítica à sociedade
capitalista. O inglês Thomas Morus é o precursor, com o livro Utopia
(1516), no qual afirma que a propriedade particular é a fonte de toda
injustiça social. Os principais representantes são o inglês Robert
Owen, que defende a sociedade autogerida, e os franceses Charles
Fourrier, que pretende uma organização em que todos vivam
harmonicamente, e Saint-Simon, que idealiza o domínio da ciência
sobre uma sociedade sem classes.
Robert Owen (1771-1858), rico industrial inglês que se transforma em
um dos mais importantes socialistas utópicos. Sua contribuição nasce
da própria experiência. Instala em New Lanark (Escócia) uma
comunidade inspirada nos ideais utópicos. Monta uma fiação no centro
de uma comunidade operária e promove a organização de serviços
comunitários de educação, saúde e assistência social. A comunidade
passa a se autogerir e todos os integrantes pertencem à mesma
classe. No lugar de dinheiro circulam vales correspondentes ao
número de horas trabalhadas.
Charles Fourrier (1772-1837) Em 1822 lança o jornal O Falanstério
(depois mudado para A Falange), defendendo sua ideias,
influenciadas pelo idealismo de Rousseau. Propõem que a sociedade
se organize em comunidades chamadas falanstérios, espécie de
edifícios-cidades onde as pessoas trabalham apenas no que querem.
Fourrier defende assim o fim da dicotomia entre trabalho e prazer. Nos
falanstérios os bens são distribuídos conforme a necessidade.
Saint-Simon (1757-1825). Em 1802, com o livro Cartas de um
habitante de Genebra a seus contemporâneos defendeu uma nova
religião baseada na ciência e dedicada ao culto de Newton. Suas
ideias são retomadas pelos tecnocratas no século XX.
II - Socialismo Científico
Teoria política elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels entre 1848 e
1867. Essa corrente deriva da dialética (resultado da luta de forças
opostas) hegeliana e é influenciada pelo socialismo utópico e pela
economia inglesa. A partir do materialismo histórico, prevê o triunfo
final dos trabalhadores sobre a burguesia. Marx chama de comunismo
essa sociedade e de socialismo o processo de transição do
capitalismo ao comunismo.
Materialismo histórico - Segundo Marx, o homem e suas atividades
são reflexos das condições materiais que o cercam. Estas são
determinadas pela História, que é resultado do confronto de classes
sociais antagônicas que lutam pela hegemonia. A luta de classes é o
motor da história e só desaparece com a instalação de uma sociedade
comunista, sem divisão de classes ou exploração do trabalho, e
baseada na solidariedade. O Estado é o instrumento pelo qual a
classe dominante exerce essa hegemonia sobre as demais. Outro
conceito do marxismo é a Mais-Valia que corresponde ao valor da
riqueza produzida pelo operário além do valor remunerado de sua
força de trabalho e que é apropriado pelos capitalistas.
III – Anarquismo
Movimento que surge no século XIX, propondo uma organização da
sociedade onde não haja nenhuma forma de autoridade imposta. Para
os anarquistas, uma revolução não deve levar à criação de um novo
Estado porque este seria sempre uma nova forma de poder coercitivo.
O anarquismo tem duas correntes importantes. Uma, pacífica, que tem
como principal representante o francês Pierre-Joseph Proudhon. Para
ele qualquer mudança social deve ser feita com base na fraternidade e
na cooperação entre os homens. A outra corrente afirma que a
modificação da sociedade só pode ser feita depois de destruída toda a
Amplie seus conhecimentos sobre: O Imperialismo do séc. XIX (História Cadernos Delta/Ômega).
Mód. III História pg. 13 a 14: O Imperialismo do séc. XIX
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35
estrutura social existente. Para isso é válida a utilização da violência e
do terrorismo. O russo Mikhail Bakunin, considerado um dos principais
teóricos e militantes do anarquismo, chega a participar de atentados,
influenciado por Serguei Netchaiev, um dos defensores dessa
corrente.
TEXTO COMPLEMENTAR:
A situação da classe trabalhadora na Inglaterra
Na atualidade, os países ou blocos de países industrializados e
plenamente desenvolvidos (Europa ocidental, Estados Unidos,
Canadá, Japão) colocam-se como defensores dos direitos
fundamentais do ser humano. Mas o que aconteceu com as crianças e
os jovens quando esses países se encontravam em processo de
industrialização? Veja a seguir o depoimento de alguém que viu com
os próprios olhos o que se passava nas fábricas da Inglaterra na
metade do século XIX:
"A elevada mortalidade que se verifica entre os filhos dos operários, e
particularmente dos operários de fábrica, é uma prova suficiente da
*insalubridade* à qual estão expostos durante os primeiros anos.
Estas causas também atuam sobre as crianças que sobrevivem, mas
evidentemente os seus efeitos são um pouco mais *atenuados* do que
naquelas que são suas vítimas. Nos casos mais benignos, têm uma
predisposição para a doença ou um atraso no desenvolvimento e, por
consequência, um vigor físico inferior ao normal.
O filho de um operário, que cresceu na miséria, entre as privações e
as *vicissitudes* da existência, na umidade, no frio e com falta de
roupas, aos 9 anos está longe de ter a capacidade de trabalho de uma
criança criada em boas condições de higiene. Com a idade de 9 anos
é enviado para a fábrica, e aí trabalha diariamente seis horas e meia
até a idade de 13 anos. A partir deste momento, e até os 18 anos
trabalham doze horas.
Aos fatores de enfraquecimento que persistem junta-se também o
trabalho. É verdade que não podemos negar que uma criança de 9
anos, mesmo filha de um operário, possa suportar um trabalho
cotidiano de seis horas e mais sem que daí resultem para o seu
desenvolvimento efeitos nefastos visíveis, de que este trabalho seria a
causa evidente.
Mas temos de confessar que a permanência na atmosfera da fábrica,
sufocante, úmida, por vezes de um calor morno, não poderia em
qualquer dos casos melhorar a sua saúde. De qualquer maneira, é dar
prova de irresponsabilidade sacrificar à *cupidez* de uma burguesia
insensível os anos de vida das crianças, que deveriam ser
exclusivamente consagrados ao desenvolvimento físico e intelectual, e
privar as crianças da escola e do ar puro, para as explorar em proveito
dos senhores industriais.
Claro, a burguesia diz-nos: ‗Se não empregarmos as crianças nas
fábricas, elas ficarão em condições de vida desfavoráveis ao seu
desenvolvimento‗, e no conjunto este fato é verdadeiro. Mas que
significa este argumento, posto no seu justo lugar, senão que a
burguesia coloca primeiro os filhos dos operários em más condições
em seu proveito? Ela evoca um fato de que é tão culpada como o
sistema industrial, justificando a falta que comete hoje com aquela que
cometeu ontem.
(Friedrich Engels. *A situação da classe trabalhadora na Inglaterra*. São
Paulo, Global Editora, 1986, pp. 172-173).
Compreendendo o texto:
83. Como a dinâmica do processo industrial contribuiu para altas taxas
de mortalidade infantil nas indústrias europeias nos séculos XVIII e
XIX?
84. Que paralelo pode ser feito sobre a situação do trabalho infantil
nos dias de hoje?
Questões: (Revolução Industrial)
85. (ENEM – 2010) A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros, Tudo se
transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas
favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua
ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os
novos altos- fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a
escravização do homem que seu poder:
(DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 -
adaptado).
Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos
ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as
características das cidades industriais no início do século XIX?
A) A facilidade em se estabelecerem relações lucrativas transformava
as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa,
característica da nova sociedade capitalista.
B) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano
aumentava a eficiência do trabalho industrial.
C) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de
transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das
periferias até as fábricas.
D) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas
revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período,
transformando as cidades em locais de experimentação estética e
artística.
E) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava
o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas
condições de moradia, saúde e higiene.
86. (ENEM – 2009) Até o século XVII, as paisagens rurais eram
marcadas por atividades rudimentares e de baixa produtividade. A
partir da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o advento da
revolução tecnológica, houve um desenvolvimento contínuo do setor
agropecuário.
São, portanto, observadas consequências econômicas, sociais e
ambientais inter-relacionadas no período posterior à Revolução
Industrial, as quais incluem:
A) a erradicação da fome no mundo.
B) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas urbanas.
C) a maior demanda por recursos naturais, entre os quais os recursos
energéticos.
D) a menor necessidade de utilização de adubos e corretivos na
agricultura.
E) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor primário da
economia, em face da mecanização.
87. (ENEM – 2001) ―… Um operário desenrola o arame, o outro o
endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para a
colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete
requerem-se 3 ou 4 operações diferentes;…‖
(SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza
e suas Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985).
A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações:
I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são submetidos
os operários.
II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à
produção artesanal.
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36
III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade industrial não
depende do conhecimento de todo o processo por parte do
operário.
Dentre essas afirmações, apenas.
A) I está correta.
B) II está correta.
C) III está correta.
D) I e II estão corretas.
E) I e III estão corretas.
88. (ENEM – 2010) A evolução do processo de transformação de
matérias-primas em produtos acabados ocorreu em três estágios:
artesanato, manufatura e maquinofatura. Um desses estágios foi o
artesanato, em que se:
A) trabalhava conforme o ritmo das máquinas e de maneira
padronizada.
B) trabalhava geralmente sem o uso de máquinas e de modo diferente
do modelo de produção em série.
C) empregavam fontes de energia abundantes para o funcionamento
das máquinas.
D) realizava parte da produção por cada operário, com uso de
máquinas e trabalho assalariado.
E) faziam interferências do processo produtivo por técnicos e gerentes
com vistas a determinar o ritmo de produção.
89. (UERJ) Os anarquistas, senhores, são cidadãos que, em um
século em que se prega por toda a parte a liberdade das opiniões,
acreditam ser seu dever recomendar a liberdade ilimitada. (...)
Os anarquistas propõem-se, pois, a ensinar ao povo a viver sem
governo, da mesma forma como ele começa a aprender a viver sem
Deus. Declaração dos Anarquistas, 1883.
(VOILLIARD, Odette et alii. Documents d'Histoire Contemporaine (1851-
1971). Paris: Armand Colin, 1964).
No texto acima, está apresentado o seguinte princípio do anarquismo:
A) rejeição do poder instituído, negando a necessidade do Estado.
B) recusa das eleições, substituindo-as pelo sindicalismo
revolucionário.
C) fim do Estado e da Igreja, pregando sua substituição por ações de
um cooperativismo associacionista.
D) superioridade da ação profissional sobre a da política, buscando a
independência dos partidos políticos.
90. (PUC-MG) O chamado socialismo científico, formulado por Marx e
Engels no século XIX, propunha:
A) a superação do capitalismo pela ação revolucionária dos
trabalhadores, aglutinados em torno da Internacional Socialista.
B) a redução do papel do Estado na economia para efetivar o controle
direto pelo proletariado sobre os meios de produção.
C) a supressão de toda legislação trabalhista e social, tida como
mecanismo de alienação e cooptação do proletariado.
D) a realização de sucessivas reformas na estrutura capitalista,
possibilitando a gradativa implantação do comunismo avançado.
91. (ENEM – 2010) Homens da Inglaterra, por que arar para os
senhores que vos mantêm na miséria?
Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que vossos
tiranos vestem?
Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses
parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem vosso
sangue?
(SHELLEY. Os homens da Inglaterra. Apud HUBERMAN, L. História da
Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.)
A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico Shelley
(1792-1822) registrou uma contradição nas condições
socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante a
Revolução Industrial. Tal contradição está identificada:
A) na pobreza dos empregados, que estava dissociada da riqueza dos
patrões.
B) no salário dos operários, que era proporcional aos seus esforços
nas indústrias.
C) na burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo
proletariado.
D) no trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade.
E) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a produziam.
92. (ENEM - 2010) A poluição e outras ofensas ambientais ainda não
tinham esse nome, mas já eram largamente notadas no século XIX,
nas grandes cidades inglesas e continentais. E a própria chegada ao
campo das estradas de ferro suscitou protestos. A reação
antimaquinista, protagonizada pelos diversos luddismos, antecipa a
batalha atual dos ambientalistas. Esse era, então, o combate social
contra os miasmas urbanos. (SANTOS M. A natureza do espaço: técnica
e tempo, razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2002 - adaptado).
O crescente desenvolvimento técnico-produtivo impõe modificações na
paisagem e nos objetos culturais vivenciados pelas sociedades. De
acordo com o texto, pode-se dizer que tais movimentos sociais
emergiram e se expressaram por meio:
A) das ideologias conservacionistas, com milhares de adeptos no meio
urbano.
B) das políticas governamentais de preservação dos objetos naturais e
culturais.
C) das teorias sobre a necessidade de harmonização entre técnica e
natureza.
D) dos boicotes aos produtos das empresas exploradoras e poluentes.
E) da contestação à degradação do trabalho, das tradições e da
natureza.
93. (ENEM-2009) A prosperidade induzida pela emergência das
máquinas de tear escondia uma acentuada perda de prestígio. Foi
nessa idade de ouro que os artesãos, ou os tecelões temporários,
passaram a ser denominados, de modo genérico, tecelões de teares
manuais. Exceto em alguns ramos especializados, os velhos artesãos
foram colocados lado a lado com novos imigrantes, enquanto
pequenos fazendeiros-tecelões abandonaram suas pequenas
propriedades para se concentrar na atividade de tecer. Reduzidos à
completa dependência dos teares mecanizados ou dos fornecedores
de matéria-prima, os tecelões ficaram expostos a sucessivas reduções
dos rendimentos. (THOMPSON, E. P. The making of the english working
class. Harmondsworth: Penguin Books, 1979 - adaptado).
Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução Industrial, a
forma de trabalhar alterou-se por que:
A) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas relações
sociais.
B) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inexperientes.
C) os novos teares exigiam treinamento especializado para serem
operados.
D) os artesãos, no período anterior, combinavam a tecelagem com o
cultivo de subsistência.
E) os trabalhadores não especializados se apropriaram dos lugares
dos antigos artesãos nas fábricas.
94. (ENEM-2012)
Disponível em: http://primeira-serie.blogspot.com.br. Acesso em: 07dez.
2011 (adaptado).
Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
37
Na imagem do início do século XX, identifica-se um modelo produtivo
cuja forma de organização fabril baseava-se na(o):
A) autonomia do produtor direto.
B) adoção da divisão sexual do trabalho.
C) exploração do trabalho repetitivo.
D) utilização de empregados qualificados.
E) incentivo à criatividade dos funcionários.
REVOLUÇÕES LIBERAIS
Introdução
As Revoluções Liberais do século XIX formam um conjunto de
movimentos ligados entre si por três elementos. O primeiro, elas estão
ligadas às Revoluções Inglesa (XVII) e Francesa (XVIII), quanto à
questão ideológica de afirmação de princípios burgueses. O segundo,
em relação à Revolução Francesa (XVIII) há maior contato em razão
tanto da maior proximidade cronológica quanto pelo fato de o primeiro
movimento (Revolução de 1830) ser, entre outros aspectos, uma
reação ao processo de restauração conservadora e aristocrática do
―Congresso de Viena‖. E, o terceiro, as sequências de Revoluções
Liberais buscaram afirmar ideais burgueses tanto na economia quanto
na política, que o último em particular, de certa forma, abriu espaço
para aspirações das camadas sociais mais populares. Isso ocorreu
concomitante ao processo da 2ª Revolução Industrial, que, com o
surgimento da classe operária, possibilitou a formação de movimentos
sociais (operários) e introdução de uma nova ideologia: o Socialismo.
Congresso de Viena
O Congresso de Viena foi tanto um processo de reorganização
geopolítica da Europa quanto de reação contrarrevolucionária à
Revolução Francesa e ao seu contínuo, em vários aspectos, a Era
Napoleônica. As potências vitoriosas das Guerras Napoleônicas:
Rússia, Prússia, Áustria e, em especial, a Inglaterra impuseram suas
condições à França napoleônica derrotada.
Durante o Congresso, a princípio não houve entendimento entre as
potências vitoriosas dos conflitos napoleônicos. Isso permitiu que a
França, através do seu representante diplomático, Talleyrand, evitasse
maiores danos ao seu país. Foi proposto o princípio da ―legitimidade‖.
Por ele, reconstituir-se-iam tanto fronteiras quanto famílias reais
anteriores às Guerras Napoleônicas.
Por um lado, o princípio da ―legitimidade‖ permitiu que a França não
sofresse perdas de territórios, tanto continentais quanto coloniais. Por
outro lado, também permitiu que o país não fosse governado por
estrangeiros. Porém, isso significou a restauração da aristocracia
francesa (representada pelos Bourbon) e, de certo modo, do
Absolutismo, que foram derrubados pela Revolução Francesa (XVIII).
Como a ―legitimidade‖ foi aplicada para a reconstituição da Europa
pós-napoleônica, situação semelhante pode ser dita para vários países
do continente. Houve uma restauração das velhas aristocracias
europeias.
Restauração Francesa (1815-1830)
Obedecendo ao princípio da ―legitimidade‖, os Bourbons foram
reconduzidos ao trono da França, através de Luís XVIII. Apesar de
isso significar uma reconstituição do Absolutismo, os ideais liberal-
burgueses (da Revolução Francesa e da Era Napoleônica)
encontravam-se apenas latentes e manifestar-se-iam assim que
oportuno.
Durante o governo de restauração de Luís XVIII, surgiram na França
basicamente três grupos políticos.
Ultrarrealistas: liderados pelo Conde de Artois (irmão de Luís XVIII),
defendiam o retorno do Absolutismo, com base no ―direito divino‖, e os
privilégios da nobreza.
Bonapartistas: basicamente defendia o retorno de Napoleão Bonaparte
ao trono Imperial da França.
Radicais: representavam basicamente a Burguesia e, portanto, seus
interesses.
Em 1824, morre o rei Luís XVIII, que marca a ascensão do seu irmão,
com o título de Carlos X. Ele radicaliza as transformações no intuito de
restaurar o Absolutismo francês, reconstituindo os privilégios sociais e
políticos tanto da nobreza quanto do clero. O descontentamento em
relação ao rei faz-se sentir através do avanço eleitoral de grupos de
oposição. Em resposta, Carlos X decreta as ―Ordenações de julho‖,
que determinavam basicamente: a censura à imprensa, a dissolução
da Câmara dos Deputados e a elevação do censo eleitoral.
Revolução de 1830
As medidas reacionárias do rei Carlos X acirram ainda mais as
insatisfações. A consequência é a eclosão da Revolução de 1830. Ela
manifesta-se através do chamado ―Três dias gloriosos‖, em que ocorre
a tomada de Paris por manifestantes contrários a Carlos X, seguido
pela tomada do Palácio das Tulherias. O fato provoca a fuga do rei.
A possibilidade de radicalização do processo revolucionário
preocupava a Alta burguesia francesa. Ela interferiu, no intuito de
evitar uma solução republicana, e implantou uma monarquia
constitucional, cujo rei era Luís Filipe, Duque de Orléans.
Repercussões pela Europa
A Revolução de 1830 reascendeu os movimentos liberais. Em diversos
países e regiões ocorreram manifestações que mesclavam princípios
liberal-burgueses com nacionalistas. Entre eles:
A Bélgica torna-se independente da Holanda, em 1831, formando um
governo parlamentar e constitucional, com garantias e respeito às
liberdades individuais.
No norte da Itália (Módena e Parma) ocorreram rebeliões, mas que
foram abafadas por tropas austríacas. O movimento mantem-se
latente através de seus líderes no exílio.
Nas regiões germânicas, também em 1831, houve crescente
politização de camadas médias e populares, através da intensa
disseminação, pela imprensa, de ideais liberal-democráticos. Príncipes
germânicos, preocupados, solicitaram o apoio de tropas austríacas,
que abafaram o movimento.
Na Polônia, em 1830, manifestações implantaram um governo de
caráter revolucionário. Contudo, o movimento enfraqueceu-se em
razão das divergências entre aristocracia e burguesia polonesa. Isso
abriu espaço para intervenção russa, que abafou o movimento.
Monarquia de julho
O reinado de Luís Felipe de Orléans (1830-1848), no plano político,
promoveu medidas democráticas: baixou o censo eleitoral, restaurou a
liberdade de imprensa e governou obedecendo a Constituição em
vigor. No plano econômico, promoveu estímulos a industrialização e foi
permissivo ao controle por parte da burguesia a determinados setores
econômicos. Isso fortaleceu a França economicamente, o que valeu a
Luís Filipe o título informal de o ―rei burguês‖. Esse processo permitiu
que a França desse início ao Neocolonialismo/Imperialismo, com a
definitiva ocupação, em 1847, da Argélia (no norte da África).
Apesar do crescimento econômico francês, a situação da classe
trabalhadora era muito precária. Havia, em geral, más condições de
salário e trabalho. Isso contribuiu para a eclosão de manifestações em
1831 e 1834. O rei, muito embora, tivera respeitado liberdades
democráticas, não se intimidou em reprimir os movimentos populares.
Segunda República Francesa
A questão da classe trabalhadora tornava-se cada vez mais um ponto
a ser considerado. Fato dinamizado pelo surgimento do Socialismo de
Louis Blanc (que foi chamado posteriormente, pelos marxistas, de
utópico). Os Socialistas, em razão de as reuniões políticas estarem
proibidas, realizavam os ―banquetes‖. Eram reuniões políticas
disfarçadas de eventos meramente sociais.
O rei, Luís Filipe, tentou impedir os ―banquetes‖, fato que insuflou a
população. Paris foi tomada por manifestantes, que formaram diversas
barricadas pelas ruas. A Guarda Nacional foi convocada para reprimir
Amplie seus conhecimentos sobre: Produção Artística do séc. XIX. (Literatura Cadernos Gama/Pi).
Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
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o movimento, mas aliou-se a ele. Sem alternativas, o rei abdicou ao
trono em fevereiro de 1847.
Foi formado então um governo provisório e decretada a criação uma
república. O novo governo convocou eleições para uma Assembleia
Constituinte, com voto em sufrágio masculino (extinguindo-se o voto
censitário). Contudo, um dos principais problemas era o desemprego.
Para enfrentá-lo, foi criado o Ministério do Trabalho e, através dele, as
―oficinas nacionais‖. As ―oficinas‖ descontentaram a massa
desemprega, já que, na verdade, eram frentes de trabalho. Isso fez
com as manifestações continuassem. Na tentativa de contê-las foi
criada a ―Guarda Móvel‖, já que a Nacional houvera aderido ao
movimento popular.
Outro problema do governo republicano eram os compromissos
financeiros do Estado. Havia, entre outros, os custos da dívida pública,
das ―oficinas nacionais‖ e da própria ―Guarda Móvel‖. A resposta ao
problema foi o aumento de impostos, que incidiu, sobretudo, entre os
camponeses franceses.
Em 1848, foram realizadas as eleições. Para esse pleito houve uma
complexa composição de grupos políticos, entre eles:
Orleanistas: partidários de Luís Filipe e da ―Monarquia de julho‖ e era
composto pela Alta Burguesia financeira.
Legitimistas: eram favoráveis ao retorno dos Bourbon e contrários a
Luís Filipe, sendo compostos pela nobreza rural.
Bonapartistas: eram favoráveis a Luís Napoleão (sobrinho de
Napoleão Bonaparte), apoiavam-se, sobretudo, em um campesinato
conservador e em camadas médias.
Republicanos puros: favoráveis a uma república liberal e opunham-se
a Luís Filipe, apoiavam-se em grupos da Burguesia e da
intelectualidade.
Republicanos democráticos: favoráveis ao sufrágio masculino e
também faziam oposição a Luís Filipe, apoiando-se em setores da
pequena burguesia e da intelectualidade.
Socialistas: criticavam severamente a propriedade privada dos meios
de produção, radicalmente contrários a Luís Filipe e favoráveis a
transformação da estrutura econômica, com distribuição igualitária de
rendas, representando os trabalhadores urbanos.
Revolução de 1848: a “Primavera dos Povos”
A eleição foi vencida pelos republicanos moderados (os puros). Isso
apartou do poder o operariado que, descontente, explodiu tomando
Paris novamente. Desta vez a Guarda Nacional interveio, mas não foi
suficiente para conter a revolta. A população inflamada formou
novamente diversas barricadas pela cidade, que a deixou sitiada pelos
revoltosos.
Para contornar a situação, o exército foi convocado através do Gen.
Cavaignac, que recebeu poderes excepcionais da Assembleia. O
general iniciou então a repressão ao movimento. Foram três dias de
intensos combates, que ficaram conhecidos por ―Journées de juin‖
(Dias de junho). O resultado foi um massacre, com 16 mil mortos e
feridos e 4 mil operários deportados. A questão operária foi então
abafada pelos interesses conservadores.
Repercussões pela Europa
Semelhante ao que ocorrera com relação à Revolução de 1830, a de
1848 espalhou-se também pela Europa. Os movimentos, sobretudo,
no Império Austríaco e na Confederação Germânica puseram na
ordem do dia questões das classes trabalhadoras e da pequena e alta
burguesia, em geral. Em ambos os territórios, movimentos
conseguiram, temporariamente, implantar reformas políticas de caráter
liberal. Porém, elas foram barradas por grupos conservadores, muitas
vezes utilizando-se de força.
Os nacionalismos também foram outro ponto comum, mas assumindo
certas particularidades. No Império Austríaco, o problema era os
movimentos separatistas de minorias étnicas, já que o império
estendia-se por diversas regiões da Europa central-leste. Na
Confederação Germânica, o problema do nacionalismo era diverso ao
Império Austríaco, já que os germânicos pretendiam a formação de um
Estado unificado.
Bonapartismo: a República Burguesa (1848-1852)
Na sequência dos eventos da Revolução de 1848, a nova Constituição
foi promulgada em novembro de 1848 e Luís Napoleão eleito
presidente no mês seguinte (com 70% dos votos). Conseguiu ainda
obter a maioria na Assembleia para o seu grupo político, chamado de
―Partido da Ordem‖.
Na prática, o Partido da Ordem era o arranjo de outros grupos: os
bonapartistas (óbvio), os legitimistas e os orleanistas. A base social
era basicamente composta pelos nobres e pela alta burguesia. E, era
o grupo cujo programa político era essencialmente de defesa da
ordem. Entre os demais grupos políticos estavam os ―Republicanos
Puros‖, que perderam representatividade política e social com eleição
de Luís Napoleão; e a ―Montanha‖, principal partido de oposição a Luís
Napoleão, que representava socialmente a pequena burguesia.
O governo do presidente Luís Napoleão foi marcado por medidas
antidemocráticas. Primeiro, exigia dos eleitores a comprovação de
moradia em um domicílio por no mínimo três anos. Aproximadamente
três milhões perderam o direito de voto porque eram operários e, por
isso, mudavam-se constantemente em razão do trabalho. Segundo, foi
o aumento de imposto sobre a circulação de jornais. Isso encareceu as
publicações, tornando economicamente inviável, sobretudo, as mais
frágeis financeiramente, as de caráter socialista.
A Constituição proibia a reeleição de Luís Bonaparte. Apesar disso, o
presidente tinha claras intenções de continuar no poder. Esse intento o
pôs em estado de tensão com grupos de legitimistas e orleanistas do
seu Partido da Ordem. Luís Bonaparte então buscou apoio das
massas populares e apresentou à Assembleia projeto que autorizava a
sua reeleição.
Após a recusa do Partido da Ordem em aprovar a reeleição, Luís
Napoleão dissolveu a Assembleia, prendeu os líderes dos partidos e
prolongou o seu mandato por dez anos. Esse evento, ocorrido em 02
de dezembro de 1851, ficou conhecido como Golpe do 18 do
Brumário. E, para legitimar e ratificar seu golpe de Estado, Napoleão
realizou um plebiscito.
Segundo Império: França de Napoleão III (1852-1870)
Em dezembro de 1852, Luís Napoleão realizou novo plebiscito, esse
para por fim a Segunda República Francesa. A França voltava ao
regime imperial e Luís Napoleão recebia o título de Napoleão III.
No agora governo imperial de Napoleão III, a França experimentou um
dinamismo em diversos planos. No político, o Império garantiu a ordem
social e os interesses da burguesia. Embora, ela em si estivesse
alienada do poder, já que Napoleão III apoiou-se, sobretudo, na Igreja
e no exército. Mesmo assim, a burguesia apoiou o governo do
Imperador francês.
No plano social, a França conseguiu reduzir o desemprego, com
adoção de programas públicos para a realização de grandes obras. No
entanto, a questão social em si não foi alterada, já que condições
gerais dos trabalhadores continuavam precárias. E, havia ainda a
proibição contra a organização dos trabalhadores em sindicatos e o
direito de greve. Essas proibições duraram até 1864.
No plano econômico, houve forte dinamismo. A França reorganizou
sua tradicional atividade agrícola. Além dela, deu um grande salto na
produção industrial, sobretudo, têxtil e metalurgia. E, ampliou sua rede
bancária, para servir de sustentáculo financeiro do processo de
desenvolvimento econômico.
No plano externo, a França, durante o governo de Napoleão III,
conheceu seus mais destacados tanto sucessos quanto fracassos. Ela
conquistou territórios da Argélia e Senegal (na África), da Síria (no
Oriente Médio) e da Indochina (no Sudeste Asiático). Envolveu-se
também em questões nacionalistas na Península Itálica e nos Balcãs.
E, serviu de mediadora na Guerra da Criméia (1854-1856), entre os
Impérios Russo e Turco-Otomano.
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39
Porém, com basicamente três grandes desastres políticos, Napoleão
levou seu império ao fim. Primeiro, envolveu-se nas Guerras de
Unificação Italiana (1859). A princípio, havia prometido apoio ao Papa
contra a unificação, mas, por fim, interferiu auxiliando o processo de
unificação. A atitude do imperador desagradou os católicos e a Igreja,
na França, que lhe havia apoiado politicamente. Segundo, interferiu no
México, na tentativa de ampliar sua influência sobre o continente
americano. Impôs aos mexicanos um imperador, o Arquiduque
austríaco Maximiliano de Habsburgo. Após revolta, apoiada pelos
estadunidenses, os mexicanos executaram o Arquiduque Maximiliano.
E, terceiro, o envolvimento na Sucessão Espanhola. A Prússia tinha
fortes interesses em relação à Espanha e, claro, o envolvimento
francês foi interpretado como uma grande intromissão. Além, disso, a
Prússia buscava a concretizar a unificação dos Estados Germânicos,
que a França era contrária.
No acirramento das animosidades entre franceses e prussianos,
seguiu-se a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), que foi uma das
mais fragorosas derrotas do exército francês. Ela resultou no fim do
Segundo Império Francês e, portanto, na queda do imperador
Napoleão III, que fora preso na última batalha, a de Sedan. A guerra
repercutiria até a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), já que a derrota
francesa fez surgir um sentimento de nacionalismo ufânico chamado
de ―revanchismo francês‖.
Terceira República Francesa
Após os três dias da Batalha de Sedan, os republicanos tomaram
Paris de decretaram a Terceira República da França. O governo
provisório logo convocou eleições para a formação de uma
Assembleia Constituinte.
O processo eleitoral seguiu em meio à continuidade da Guerra Franco-
Prussiana, dividindo, em torno dela, as facções políticas da recém-
implantada república. De um lado havia os Monarquistas, que eram
contrários à continuidade da guerra, e, do outro, havia os republicanos,
que eram favoráveis à continuidade do conflito.
A vitória nas eleições coube aos Monarquistas. Eles tiveram o apoio
dos camponeses e, principalmente, das classes dominantes. Elas
temiam que a desestabilização social, provocada pela Guerra Franco-
Prussiana, provocasse a ampliação da participação popular, ao que
havia ocorrido com a Revolução de 1848.
O exército prussiano sitiou Paris por cinco meses (desde 20 de
setembro de 1870). Em 18 de janeiro de 1871, o rei da Prússia,
Guilherme I, foi coroado Imperador da Alemanha em pleno Palácio de
Versalhes, consolidando a formação do II Reich Alemão. Apenas dez
dias depois da coroação, a França assinou o armistício com a Prússia
(Tratado de Frankfurt) e, um pouco posteriormente, os prussianos
estabeleceram as suas exigências de compensação de guerra. A
França pagaria uma indenização de 5 bilhões de francos e cederia o
território da Alsácia-Lorena. O controle dessa região foi outra questão
que repercutiu sobre a 1ª Guerra Mundial. A Alsácia-Lorena era
estratégica tanto por ser uma região de fronteira entre a Alemanha e a
França quanto por conter grandes reservas de carvão mineral e
minério-de-ferro (matérias-primas essenciais para indústria).
Revolução de 1871: a Comuna de Paris
A derrota na Guerra Franco-Prussiana, as humilhações impostas à
França e o caos social provocado pelo conflito fizeram com que o
temor das elites francesas, de certa forma, se materializasse. O
governo republicano estava instalado em Versalhes, fora de Paris. Ele,
na tentativa de evitar uma revolta popular, ordena que a Guarda
Nacional (que era essencialmente composta por camadas populares)
entregasse canhões em seu poder ao exército.
Em 18 de março de 1871, os cidadãos de Paris, novamente, tomaram
a cidade de assalto, formando diversas barricadas. Constituíram um
governo dissidente, de tendência socialista: a Comuna de Paris. Ela
era composta por noventa representantes eleitos por sufrágio
universal. A Comuna deliberou que todos os cargos públicos seriam
preenchidos por indivíduos eleitos, também por sufrágio universal, o
Estado e o ensino laicos e que as indústrias seriam administradas por
operários qualificados.
Apesar do alcance popular, a Comuna teve existência efêmera. Entre
outros aspectos porque ela ficou circunscrita a Paris e foi
violentamente reprimida pelo exército, por ordem do governo
republicano em Versalhes. Afirma-se algo em torno a 20 mil mortos, 38
mil detidos e 13 mil deportados. Com a derrota da Comuna, a Terceira
República Francesa consolida-se e consegue sobreviver (com
ocasionais instabilidades) até as vésperas da 1ª Guerra Mundial
(1914-1918).
UNIFICAÇÃO ALEMÃ E ITALIANA
Introdução
Apesar de algumas singularidades, os processos de unificação da
Alemanha e da Itália são em si semelhantes. Eles são a representação
de afirmações de nacionalidades, ligadas ideologicamente aos
princípios do liberalismo tanto político quanto econômico. E, claro,
foram realizadas em uma perspectiva conservadora, sem pretensões
de se dar espaço as ideologias democráticas e ligadas aos interesses
econômicos da burguesia.
As unificações alteravam o equilíbrio europeu. Em razão disso,
algumas nações tanto se opuseram quanto favoreceram as uniões. A
Áustria era um grande império continental que não era favorável a
unificação de ambos os países. Territórios do norte da Itália e Veneza
eram províncias valiosas do Império Austríaco. Já, com relação à
unificação alemã, os austríacos também eram contrários, já que
lideravam a Confederação Germânica, que fora criada pelo Congresso
de Viena.
A França assumiu uma posição um tanto mais ambígua. A princípio,
declarou apoio ao Papa contra a unificação italiana. Porém, com o
desenrolar dos fatos, o imperador francês, Napoleão III, auxiliou
favorável e decisivamente no processo união da Itália. O claro objetivo
era enfraquecer a posição política da Áustria. Com relação à
Alemanha a situação era oposta, a França sempre foi e agiu
contrariamente a unificação alemã. Os franceses temiam um
demasiado fortalecimento dos alemães, a ameaçar a posição da
França na Europa.
Unificação Alemã
Entre os Estados Germânicos já existia certa unidade econômica. Ela
era representada pelo Zollverein, que era uma união aduaneira,
liderada pela Prússia, do rei Guilherme I. Entre outras razões, a
Prússia precisava ampliar sua economia, através de sua produção
industrial. Mas, para isso, precisava formar um Estado forte o
suficiente para impor-se diante da corrida Imperialista europeia,
liderada por Inglaterra e França.
O Ministro prussiano, Otto von Bismarck, que foi o grande estrategista
da unificação, buscou o apoio político dos Estados Germânicos.
Primeiro, substituiu a Confederação Germânica, liderada pela Áustria,
pela Confederação Germânica do Norte, lidera pela própria Prússia.
Em seguida, foi necessário lutar contra a França na Guerra Franco-
Prussiana, para consolidar seu processo de unificação. A partir dele,
surgiu a Alemanha, que reuniu boa parte dos Estados germânicos,
liderados pela Prússia.
Unificação Italiana
A Itália teve que lidar com fatores altamente complicadores para a
unificação, singulares aos da Alemanha. O primeiro, que não havia
sequer uma unidade econômica entre os Estados da Península Itálica.
Somente o norte da Itália era industrializado, enquanto as regiões
central e sul eram ainda essencialmente rurais. Segundo, a presença
da Igreja Católica. Além de a instituição em si ser um Estado
autônomo, boa parte da população italiana era católica. E, terceiro, a
forte presença de lideranças populares republicanas. Entre elas, a
Amplie seus conhecimentos sobre: Produção Artística do séc. XIX. (Literatura Cadernos Gama/Pi)
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40
mais significativa foi a de Guiseppe Garibaldi (que lutou no Brasil na
Guerra dos Farrapos (1835-1845) em favor dos gaúchos). Por um
lado, o apoio popular era valioso para o sucesso da unificação, mas,
por outro, tornava possível a adoção de um regime republicano e a
imposição de questões diversas aos interesses das elites italianas.
O processo foi liderado pelo Reino Sardo-piemontês, do rei Vitor
Emanuel II, tendo como estrategista seu ministro o Conde de Cavour.
Ele buscou apoio internacional tanto da França quanto da Rússia, que
foi fundamental em um primeiro momento. E, para evitar a ascensão
de camadas populares, afastou ou cooptou suas lideranças. A Itália foi
unificada, adotando o regime monárquico e tendo por rei o Vitor
Emanuel II, que estabeleceu seu novo trono em Roma.
TEXTO COMPLEMENTAR:
Texto I
O caráter revolucionário da burguesia na França em 1840.
Se a burguesia teve uma missão no mundo, esta foi a de se tornar o
guia, a cabeça do povo; missão sagrada, para a qual ela recebeu a
inteligência, a ciência, a experiência dos tempos passados (...).
Entretanto, apenas de posse do poder e autoridade, a burguesia
enfatuou-se como todos os poderes que a precederam; deixou-se
fascinar mais rapidamente que um indivíduo. Ela não vê mais, não
mais entende a nação da qual deveria ser a palavra viva. Ela se repete
por mil bocas: o Estado sou eu; faz mais que esquecer o povo: ela
espera dele; daí se chega à conclusão de que a democracia fica por
um momento mutilada (...). A burguesia sem o povo é a cabeça sem
os braços. O povo sem a burguesia é a força sem a luz.
A burguesia critica a antiga realeza por ter oposto uma resistência
implacável ao espírito do seu tempo, provocando com isso uma
revolução igualmente implacável. Que ela se guarde de cair no mesmo
erro. (QUINET. Avertissement au pays, 25 de dezembro de 1840. IN:
Dechappe. L‘Histoire par le textes. Vol. III. pp. 233-4)
Texto II
Hegel, tomando como ponto de partida a noção kantiana de que a
consciência (ou sujeito) interfere ativamente na construção da
realidade, propõe o que se chama de filosofia do devir, ou seja, do ser
como processo, como movimento do vir-a-ser. Desse ponto de vista, o
ser está em constante formação, donde surge a necessidade de
fundar uma nova lógica que não parta do princípio de identidade
(estático), mas do princípio de contradição para dar conta da dinâmica
social.
A dialética ensina que todas as coisas e ideias morrem: essa força
devastadora é também a força motriz do processo histórico. A ideia
central é a de que a morte é criadora, é geradora. Todo o ser contém
em si mesmo o germe da sua ruína e, portanto, da sua superação. O
movimento dialético se faz em três etapas: tese, antítese e síntese (ou
seja: afirmação, negação e negação da negação). (ARANHA, M.ª
Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à Filosofia. 2ª ed. rev. atual.
São Paulo: Moderna, 1993. p. 118).
Texto III
Karl Marx inspirou-se na dialética hegeliana para desenvolver, em
conjunto com Friedrich Engels, o Socialismo Científico. Utilizando-se
do princípio dialético de que há um processo constante do vir-a-ser e
que cada estrutura contém o germe de sua destruição, prenunciou o
fim do Capitalismo.
Para Marx, a estrutura do Capitalismo promovia a diferença entre os
indivíduos, favorecendo uma minoria em detrimento de uma maioria. A
minoria eram os Capitalistas, que usufruíam dos privilégios que a
riqueza proporcionava, já que possuíam os ―meios privados de
produção‖. A maioria eram os operários, que apesar de produzirem a
riqueza com seu trabalho, não se beneficiavam dela, já que não
―possuíam os meios privados de produção‖. A única alternativa de
sobrevivência dos operários era vender aos Capitalistas sua força
trabalho em troca de um salário.
A situação de exploração dos operários pelos Capitalistas, segundo
Marx, era garantida pela característica essencial do Capitalismo, a
propriedade privada. Portanto, para encerrar a exploração era preciso
extinguir a propriedade privada. Era preciso então superar o próprio
sistema Capitalista. Mas, como isso seria possível e por quais meios?
Para responder a questão Marx busca apoio na dialética hegeliana.
Utilizando-se da dialética, Marx desenvolveu sua teoria do
―Materialismo histórico‖. Através dele, observou que o Capitalismo
surgira, por um devir histórico, de uma estrutura anterior o Feudalismo.
Ele continha o germe de sua destruição, que era a classe comerciante,
futura classe burguesa. A burguesia entrou em choque com a
aristocracia, implantando e consolidando o Capitalismo.
Para Marx então, a superação do Capitalismo dependia do germe do
sistema, que para ele era a classe operária. Ela deveria, pela via
revolucionária, entrar em choque com os Capitalistas. Superar-se-ia o
Estado Burguês, que sustentava a propriedade privada, por um Estado
Operário, que extinguiria a propriedade privada. Os meios de produção
seriam controlados por esse Estado Operário, que promoveria a
igualdade de condições e recursos aos indivíduos. Segundo Marx,
seria a concretização do Socialismo.
Compreendendo o texto:
95. Comparando-se os textos I e III, analise as opiniões diversas a
respeito da burguesia.
96. Especifique os elementos que ligam o ―materialismo histórico‖,
teoria desenvolvida pelo Karl Marx, com a ―dialética hegeliana‖?
Questões: (Revoluções Liberais e Unificação Italiana e Alemã)
97. (Bandeirantes-2000) ―A série de agitações e movimentos
revolucionários que caracterizaram a sociedade europeia após 1815
está ligada à insatisfação burguesa ante o estatuto político e social
fixado em 1815 pelas forças conservadoras, insatisfação essa que
nada mais é do que a tradução, no plano social e ideológico dos
antagonismos suscitados pelo rápido desenvolvimento da produção
capitalista industrial.‖
Com relação ao período destacado acima, assinale a única opção
incorreta:
A) Em 1814 e 1815 realizou-se na Europa o Congresso de Viena, que
tinha como objetivo reformular o mapa político alterado pelas
conquistas de Napoleão Bonaparte. Tomou parte nesse
Congresso Talleyrand, representante da França, que lançou o
―Princípio da Legitimidade―, em que os países europeus deveriam
retomar aos limites anteriores à Revolução Francesa de 1789,
seguindo-se, então, a restauração das monarquias absolutistas.
B) Os movimentos revolucionários iniciados em 1830, a partir das
jornadas de julho na França, ganharam destaque e importância no
caso da revolta belga contra o domínio holandês e da revolta
polonesa contra o domínio russo.
C) Analisando-se o movimento revolucionário ocorrido na França, em
1848, verifica-se uma significativa diferença em relação às demais
revoluções liberais europeias do período de 1815 a 1850, pois
apresentou uma conotação socialista, dividindo as forças
revolucionárias e atemorizando a burguesia.
D) Na região onde atualmente reconhecemos a Itália, as ondas
revolucionárias dos anos 1820 e 1830, pretenderam expulsar o
domínio estrangeiro e unificar os Estados independentes.
E) A ―Primavera dos Povos―, como foram batizadas as revoluções de
1820 na Europa, trouxe uma novidade para o panorama político
europeu, pois pela primeira vez o regime republicano era instalado
sob o patrocínio exclusivo da burguesia, visto que os
trabalhadores abdicaram totalmente da participação na
reordenação política.
98. (UFRGS – 1997) Considere as seguintes afirmações sobre a
Comuna de Paris.
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41
I – Ocorreu como desdobramento imediato da crise provocada pela
queda de Napoleão III e a consumação da derrota francesa ante a
Prússia em 1871.
II – Apresentou importantes medidas de cunho popular-progressistas,
visando dissolver o exército permanente, separar a Igreja do
Estado, instituir o ensino gratuito e entregar as fábricas à direção
dos trabalhadores.
III – Constituiu o exemplo histórico europeu mais bem sucedido, no
século XIX, de conquista do poder pela burguesia liberal.
Quais estão corretas?
A) Apenas I. D) Apenas I e II.
B) Apenas II. E) Apenas I e III.
C) Apenas III.
99. (Mackenzie-1996)
―Em 18 de março a insurreição estourou (...), não esperava mais lhe
dar sinais de vida. Durante dois meses vivi na fornalha (...)‖. (Émile
Zola – carta a Paul Cézane)
―Foi a primeira revolução proletária, o primeiro ensaio da ditadura do
proletariado‖. (Horácio Gonzáles).
O acontecimento do século XIX a que se referem às citações acima é:
A) o 18 do Brumário de Luís Bonaparte.
B) a Revolução Francesa.
C) o Ensaio Geral.
D) a Comuna de Paris.
E) a Revolução de 1848.
100. (UFS-2010) Em 1870 o mapa da Europa sofreu profundas
modificações. Novas forças apareceram (...), nascidas da aspiração
pela independência e da unidade nacional. (René Rémond. O século
XIX. Trad. São Paulo: Cultrix, 1974,p.160)
Analise as proposições que definiram as mudanças a que o texto faz
referência:
I - O articulador da unificação no sul da Itália foi o republicano
Garibaldi que organizou a insurreição no Reino das Duas Sicílias,
reunindo um exército de voluntários conhecido como os Mil de
Garibaldi.
II - A unidade italiana obteve êxito com a aliança do Reino do
Piemonte-Sardenha com a França de Napoleão III para anexar
territórios italianos ao norte, sob o domínio da Áustria.
III - Quando as tropas francesas abandonaram o Estado Pontifício
para enfrentar os alemães, as forças de unificação invadiram
Roma, transformando-a na capital italiana, o que foi consagrado
em um plebiscito.
IV - Pelo tratado de Frankfurt a França pagou uma indenização à
Alemanha, bem como lhe entregou as províncias de Alsácia-
Lorena, fomentando o revanchismo francês e o desenvolvimento
industrial alemão.
V - A aliança entre os reinos da Prússia, Moravia e a França incentivou
os movimentos de libertação nacional no Império Austro-Húngaro
e favoreceu a criação do Estado Nacional Prussiano.
Em relação ao conteúdo solicitado, os itens:
A) I, II e III são verdadeiros.
B) II, IV e V são falsos.
C) III, IV e V são verdadeiros.
D) I e III são falsos.
E) II e V são verdadeiros.
101. (UEPA-2001) Otto von Bismarck:
―A unificação da Alemanha sob a hegemonia
da Prússia. O resto é acessório.‖
(IN: MOTA, Carlos G. História Moderna e
Contemporânea. São Paulo: Moderna, 1986).
As considerações de Bismarck,
apresentadas acima, e as contribuições da historiografia acerca do
processo de unificação alemã possibilitam considerar que:
A) a proposta de unificação dos Estados Germânicos desenvolveu-se
a partir da vitória da Prússia nas batalhas de Sedan e Metz, na
Guerra franco-prussiana. A vitória alemã garantiu à Confederação
Germânica a anexação da Alsácia e da Lorena.
B) em seu projeto de unificação dos Estados Germânicos, Bismarck
defendia a retomada das estratégias nacionalistas e democráticas
de 1848, razão pela qual apregoava uma unificação a ―ferro e
sangue‖.
C) ao desenvolver seu projeto de unificação, o chanceler Bismarck
direcionou o poder prussiano contra a Áustria. Desse modo,
procedeu inicialmente à unificação dos Estados Alemães do Sul,
em 1866.
D) a Prússia, em processo de industrialização desde 1850, fortaleceu-
se economicamente e assim procedeu à uma reforma política
interna que alijou a aristocracia dos junkers dos cargos
burocráticos e do exército prussiano. Nesse contexto,
desenvolveu-se a unificação dos Estados Alemães em 1866.
E) em seu projeto unificador, Bismarck buscou neutralizar a influência
austríaca sobre os Estados Confederados Alemães, construindo
uma estratégia que implicou a guerra contra a Dinamarca, aliança
com a Itália e neutralidade da França.
II REINADO: O IMPÉRIO OLIGÁRQUICO
Introdução
Antecipação da maioridade de D. Pedro II – 1840;
Época de apogeu da monarquia brasileira;
No início do 2º Reinado, teve continuidade a centralização da vida
política e administrativa;
Inicialmente deu-se a pacificação do país com repressão às revoltas
do período anterior. Contudo ao final deste período. Somente em 1870
os problemas passam a incomodar e modificar o Império.
Consolidação a oligarquia ocorre com um governo conciliador entre os
partidos Conservador e Liberal;
Economia e sociedade do 2º Reinado:
Economia agroexportadora, especialmente o café. Contudo surgem
novos produtos, tais como cacau e borracha;
A mão-de-obra escrava vai sendo gradualmente substituída pelo
trabalho assalariado (imigrantes);
Modernização Conservadora: mantinha-se o caráter elitista da
dominação política, ao mesmo tempo em que a economia alcançava
índices de crescimento.
Transferência definitiva do eixo econômico e populacional do Nordeste
para o Sudeste
1819 – 51% dos cativos brasileiros pertenciam a senhores nordestinos
1872 – 59% dos escravos estavam no Sudeste
População brasileira à época: O quadro abaixo demonstra a
progressiva substituição da mão-de-obra escrava pela livre e a entrada
de imigrantes no Brasil.
1819 – 69% indivíduos livres (dos quais 30% eram brancos)
1872 – 85% indivíduos livres (dos quais 38% eram brancos)
Café: chegou ao Brasil em 1727, quando seu consumo ainda era
considerado um luxo. Com a Revolução Industrial seu consumo cresce
rapidamente, principalmente nos Estados Unidos e países europeus,
criando um mercado para o produto brasileiro. O café utilizou-se do
modo de plantation.
Desde 1820 dá-se a ascensão do café, a qual vai durar até 1900.
Locais – São Paulo, Minas Gerais (2º produtor) e Rio de Janeiro.
Questão da mão-de-obra: a partir de 1850, a produção do café ficou
ameaçada pela falta de mão-de-obra: reorganização espacial dos
escravos brasileiros (NE – SU)
Amplie seus conhecimentos sobre: Romantismo no Brasil / Realismo e Naturalismo no Brasil e Parnasianismo (Literatura Cadernos Gama/Pi/)
Pré – Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – História
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Solução: sistema de parceria (não funcionou). A partir de 1870,
chegada de imigrantes (colonato) – o sistema baseava-se na
imigração subvencionada e no trabalho escravo.
Industrialização:
Na década de 1840, já se criara uma situação favorável ao
desenvolvimento industrial. Em 1844 a Tarifa Alves Branco, aumenta
os impostos sobre os produtos importados (em alguns casos,
chegando a 60%). O capital proveniente do café, foi aplicado na
expansão da própria cafeicultura, como também financiou a instalação
de indústrias e na modernização do país.
Duas medidas favoreceram o crescimento industrial: Tarifa Alves
Branco e a extinção do tráfico negreiro.
Assim, desenvolveu-se no Brasil a indústria de base, ou de bens de
consumo: sabão, vela, chapéu, cigarros, cerveja, tecidos de algodão.
Surgiram também as empresas de navegação, ferrovias, companhias
de seguro etc. Na última década do império, o Brasil já contava com
600 indústrias e 55 mil empregados.
Irineu Evangelista de Souza – barão e visconde de Mauá – homem de
grande iniciativa e visão empresarial. Fundou empresas de construção
de navio a vapor e fundição de ferro. Construiu a primeira ferrovia no
Brasil, a primeira linha de bondes do Rio de Janeiro, foi responsável
pela instalação da iluminação a gás (RJ), pela instalação do telégrafo
e de um cabo submarino ligando Europa e Brasil. Todas essas
realizações foram responsáveis pelo progresso do Sudeste (tornou-se
o principal centro socioeconômico do país). A Era Mauá significou
apenas um surto de industrialização no Brasil do Segundo Reinado
A Evolução Política do 2º Reinado
Introdução: O Segundo reinado constituiu-se basicamente de três
fases: consolidação oligárquica; da conciliação oligárquica e a crise do
Império.
Consolidação: do golpe da maioridade até a vitória de D. Pedro II sob
as revoltas internas.
Conciliação: momento, no qual, conservadores e liberais unem-se no
ministério.
Crise: período de agonia que evoluiu para a proclamação da
República.
Fases da Consolidação e Conciliação na Política Interna
Os partidos conservador e liberal criados na Regência eram os dois
grupos políticos de maior expressão do Brasil monárquico. Contudo,
seus interesses não eram assim tão diferentes. Ambos não possuíam
coesão, lutavam cegamente pelo poder, aceitavam e defendiam a
dominação oligárquica, a ordem imperial e escravista da sociedade
brasileira.
O primeiro gabinete do II Reinado foi composto por liberais, (uma vez
que eles realizaram o Golpe da Maioridade). Eles dissolveram a
Câmara e convocaram eleições para deputado. Substituíram chefes de
polícia, presidentes de província etc., ou seja, utilizaram o nepotismo e
a violência para vencer a eleição, que ficaria conhecida como eleições
do cacete.
No poder os liberais, não conseguiram debelar as forças farroupilhas,
sendo substituídos pelos conservadores. Esses ao tomar o poder
passaram a perseguir os liberais, dando início a um conflito
denominado Revolta Liberal de 1842.
A Revolta liberal – onda de levantes no Rio de Janeiro, São Paulo e
Minas Gerais. As tropas do governo, comandadas pelo Duque de
Caxias (Luís Alves de Lima e Silva) sufocaram as revoltas.
Mais uma vez, D. Pedro demitiu os conservadores e instalou os
liberais no poder. Complementando a consolidação, o rei criou o cargo
de primeiro-ministro. Contudo, este parlamentarismo instaurado no
Brasil, era completamente diferente do inglês. Nele o Imperador
possuía todo o poder e podia inclusive demitir o primeiro ministro se
houvesse alguma discordância com o Parlamento (Parlamentarismo
às avessas).
Em 1853 a 1858, graças ao marquês de Paraná (Hermeto Carneiro
Leão) surgiu o novo ministério formado por liberais e conservadores –
Período da Conciliação.
Após 1858, os dois partidos alternaram-se mais uma vez no poder. Até
que em 1870 surgiu o Partido Republicano. A partir de então se
iniciava a decadência do regime monárquico, que acabaria culminando
na Proclamação da República.
Revolução Praieira (Pernambuco, 1848-1850)
Foi a última das rebeliões provinciais e ocorreu em Pernambuco. O
nome estava relacionado ao de um jornal que ficava na rua da Praia.
Neste jornal, os rebeldes escreveram o ―Manifesto ao mundo‖- escrito
por Borges da Fonseca. Os rebeldes reivindicavam o voto livre e
universal, liberdade de imprensa, garantia de trabalho, nacionalização
do comércio, fim da escravidão e instauração da República. O
movimento foi dissolvido pelas tropas governamentais.
Sufocadas as rebeliões internas, o Brasil voltou-se para a política
externa, ocorrendo nesta fase inúmeros conflitos na região do Prata
(extremo sul do país) e atritos com a Inglaterra.
Conflitos com a Inglaterra – Questão Christie (1863)
Roubo da carga de um navio inglês no Rio Grande do Sul;
Prisão de marinheiros ingleses que faziam arruaça no Rio de Janeiro;
Interferência do rei da Bélgica – Leopoldo I – sentença favorável ao
Brasil.
Rompimento das relações diplomáticas com a Inglaterra durante dois
anos (1863 a 1865).
Pedido de desculpas dos ingleses e reatamento das relações
diplomáticas.
Política Externa do Segundo Reinado
A política externa brasileira orientou-se pelas ações das grandes
potências europeias. Assim como o governo brasileiro sofria
intervenções, também interferia nos outros países latino-americanos,
principalmente nos que se localizavam na bacia do Prata.
Para o governo brasileiro era interessante que os navios nacionais
navegassem livremente pela bacia do Prata, evitando que os países
platinos formassem uma única e poderosa nação. A hegemonia
brasileira sempre marcara a região, reproduzindo a pressão que as
grandes potências faziam sobre o Brasil.
Era costumeiro os gaúchos envolverem-se na política interna uruguaia,
e as transações econômicas frequentemente envolviam brasileiros,
paraguaios, argentinos e uruguaios. A navegabilidade dos rios servia
de traço de união entre essas populações.
O presidente argentino Juan Manuel Rosas não perdia as esperanças
de reconstruir o antigo Vice-Reino do Prata. Na Argentina, federalistas
e unitaristas lutavam pelo poder, utilizando-se da força militar dos
caudilhos, estancieiros e chefes políticos locais.
No Uruguai, os caudilhos agrupavam-se em duas facções: os blancos
(maioria latifundiários) e os colorados (comerciantes de Montevidéu). A
República Oriental do Uruguai nascera na condição de ―Estado
tampão‖, funcionando como um amortecedor dos conflitos entre o
Brasil e a Argentina. Interessava-lhe, sobretudo, manter a
Independência e a neutralidade política. Os governos do Brasil e
Argentina, porém, sentiam-se no direito de intervir na política interna
uruguaia.
Os paraguaios acalentavam sonhos expansionistas. Com a anexação
de algumas províncias argentinas, do Uruguai e do Rio Grande do Sul,
poderiam criar ―O Grande Paraguai‖ e ainda ter saída direta para o
Oceano Atlântico.
O governo brasileiro temia essa união na região do Prata e por esta
razão apoiava facções divergentes. Nesse clima de conflito e tensões
políticas ocorreram vários choques militares entre as nações do Prata.
O relacionamento entre Brasil e Paraguai chegava ao limite suportável
da diplomacia.
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43
A Guerra do Paraguai (1864-1870)
O nascimento do Estado paraguaio está vinculado ao
desmembramento do Vice-Reinado do Prata. Em 1811, a região
adquiriu autonomia política sob a liderança do ditador José Francia
que livrou o Paraguai de disputas territoriais. Até 1840 a nação ficou
isolada, inclusive fechando o rio Paraguai à navegação internacional.
Após a morte do presidente, assumiu Carlos Antônio López (1840-
1862). Seu governo manteve a política do isolamento, procurou
erradicar o analfabetismo e implantou fábricas, inclusive de
armamentos e de pólvora. Ferrovias e redes telegráficas forma
construídas, bem como uma usina siderúrgica.
Em 1862 Solano López (El Supremo) sucedeu seu pai na condução
dos destinos da nação paraguaia. Educado na Europa, voltou
inspirado pelas ideias dos déspotas europeus do século XVIII e no
governo de Napoleão III. Com tendência expansionista era defensor
do projeto de um ―Paraguai Maior‖ com acesso direto ao Atlântico.
A invasão do Uruguai por tropas brasileiras e a fuga de Aguirre
(presidente uruguaio) provocaram a imediata reação de Solano López.
Explodiu no Rio de janeiro a notícia de que o Paraguai sem aviso
prévio de guerra capturou o navio brasileiro Marquês de Olinda, que
saíra de Assunção tendo a bordo o presidente da província de Mato
Grosso, Carneiro de Campos.
Solano López armou um esquema de combate esperando contar com
o apoio dos blancos no Uruguai e do general Urquiza na província
Argentina de Entre Rios. Reuniu a princípio 64 mil combatentes,
elevando-os a 100 mil posteriormente. Fortalezas e uma pequena
esquadra fluvial completavam o poder bélico paraguaio.
Em 1864, o presidente paraguaio determinou a invasão do Mato
Grosso, chegando a Dourados. Pediu autorização da Argentina para
cruzar seu território e invadir o Rio Grande do Sul. O presidente Mitre
recusou o pedido e López determinou a invasão do território argentino.
Em 1965 o Paraguai dividiu suas forças, que passaram a atacar em
duas frentes simultaneamente, o norte e o sul. Nesse mesmo ano,
brasileiros, argentinos partidários de Mitre e uruguaios colorados
chefiados por Flores assinaram a Tríplice Aliança contra López.
O almirante Barroso, comandando a esquerda brasileira conseguiu a
vitória na batalha de Riachuelo. O exército invasor paraguaio foi
cercado e rendeu-se em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul em 1865.
Em 1866, o conflito chegava a seu ponto máximo. Forças inimigas
confrontaram-se em Tuiuti, movimentando 65 mil homens. Foi a maior
batalha da guerra, na qual morreram mais de 100mil soldados. Após a
derrota López solicitou a paz. Os aliados impuseram condições
rigorosas, incluindo a renúncia do presidente paraguaio. Ele recusou e
a luta, então, prosseguiu. Entretanto, argentinos e uruguaios retiraram-
se do conflito por questões internas.
Caxias é nomeado para o comando das forças brasileiras e em maio
de 1868 assume o comando dos exércitos aliados. Após reorganizar,
treinar e reequipar suas forças, organizou um plano estratégico: o
exército invadiria o território paraguaio, e a marinha avançaria pelos
rios. Após as vitórias em Curupaiti e novamente em Tuiuti, em 1868,
caía a fortaleza fluvial de Humaitá. Estavam escancaradas as defesas
paraguaias. As vitórias fulminantes de Caxias ficaram conhecidas
como as ―Dezembradas‖ (ocorreram no mês de Dezembro).
Finalmente em 1869, Assunção, capital paraguaia foi tomada.
As tropas de El Supremo resistiram por meio de guerrilhas. Francisco
López foi morto em 1870, em Cerro Cora, próximo a fronteira do Brasil.
Destacam-se como causas da Guerra do Paraguai:
Os conflitos imperialistas relacionados à bacia do Prata.
A política externa do Paraguai.
Os interesses ingleses.
A Crise do Tráfico Negreiro
A pressão inglesa sobre o fim do tráfico negreiro tornou-se mais
intensa na época em que a lavoura cafeeira crescia de a todo vapor.
Vários compromissos e leis para encerrar o comércio negreiro não
haviam sido cumpridas, como a lei de 1831, que declarava ilegal o
comércio transatlântico de escravos. Havia grande resistência dos
proprietários à extinção do tráfico. O mercantilismo colonial tornara a
mão-de-obra escrava a base da produção de mercadorias vendidas no
mercado externo e, além disso, o próprio escravo era uma mercadoria.
Etapas da Abolição da Escravatura:
1831 – O Brasil promulga uma lei que declarava livres os escravos
importados pelo Brasil a partir daquela data – lei não cumprida.
1845 – Bill Aberdeen – aprovada pela Inglaterra dava direito a sua
marinha de atacar navios negreiros. Cumprindo esta lei, a Inglaterra
invadiu portos brasileiros para caçar navios negreiros e prender
traficantes.
1850 – Lei Eusébio de Queirós – proibindo o tráfico negreiro e
autorizando a expulsão dos traficantes do país.
1871 – Lei do Ventre Livre – declarava livres os filhos de escravos
nascidos no Brasil – lei favorável aos proprietários.
1885 – Lei dos Sexagenários – declarava livres os escravos com mais
de 65 anos- lei favorável aos proprietários.
1888 – Lei Áurea – promulgada em 13 de maio pela princesa Isabel
sob pressão da Inglaterra.
Quem fez a abolição? Participaram da campanha abolicionista
intelectuais, jornalistas, políticos, escritores, a exemplo de Joaquim
Nabuco, José do Patrocínio, Raul Pompéia, Castro Alves. Contudo o
fim da escravidão era uma exigência do capitalismo industrial e do
desenvolvimento econômico do país.
Depois de mais de três séculos de escravidão, os negros não tinham
recursos financeiros para trabalhar por conta própria. A maioria deles
continuou desempenhando um papel subalterno. Muitos nem saíram
das fazendas onde trabalhavam muitas vezes os castigos continuaram
de maneira cruel e desumana.
Crise do Segundo Reinado: As ideias republicanas estiveram
presentes no Brasil desde os tempos coloniais. Entretanto, a partir de
1868 se iniciou uma grave crise do sistema imperial brasileiro, tendo
como consequência em 1889 a Proclamação da República.
As transformações que ocorreram no Brasil levaram a uma
diversificação social significativa. As novas camadas urbanas tinham
interesses diferentes daqueles representados até então, e os
industriais emergentes pleiteavam uma política protecionista, nem
sempre aprovada pelos agricultores tradicionais. Os fazendeiros do
Oeste Paulista almejavam uma política favorável à imigração, mas os
senhores de terras mais antigos, que ainda possuíam muitos escravos
eram contrários a essa política.
A ruína do Império aproximava-se rapidamente à medida que não
eram solucionadas as contradições internas que surgiam e cresciam.
Monarquia ou República, porém não eram opções populares, pois a
maioria da população não tinha nem teria qualquer participação ativa
na mudança do regime que ocorreria no final do século XIX.
Assim, em 1870, foi publicado o Manifesto Republicano no jornal A
República – ―Como homens livres e essencialmente subordinados aos
interesses da nossa pátria, não é nossa intenção convulsionar a
sociedade em que vivemos (...) Somos da América e queremos ser
americanos‖.
A princípio o Manifesto não resultou em grandes problemas pois
representava somente o pensamento de uma pequena parcela da
sociedade. Os primeiros nomes ligados ao movimento republicano
foram: Quintino Bocaiúva, Saldanha Marinho, Rangel Pestana,
Aristides Lobo, Prudente de Morais e Campos Sales. Em 1873 nascia
o PRP (Partido Republicano Paulista). Em 1873 esses republicanos
históricos reuniram-se na Convenção de Itu para tratar da estratégia
política dos republicanos. Apesar do esforço, os republicanos não
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conseguiram grandes vitórias nas urnas, pois o movimento republicano
não possuía unidade ideológica.
Contudo, a abolição dos escravos em 1888 contribuiu decisivamente
para o fim da monarquia, uma vez que os senhores de escravos
passaram a apoiar maciçamente o Partido Republicano.
O Positivismo entre os Militares: Apesar de nenhum oficial do
exército ter assinado o Manifesto Republicano, novas ideias políticas
se difundiam entre os militares após a Guerra do Paraguai. A
juventude militar advogava uma nova forma de governo e o principal
responsável por isso era o tenente-coronel Benjamin Constant que
lecionava na Escola Militar e era adepto do positivismo. A forma de
governo defendida era a república ditatorial, centralizada e forte
exercida pelos homens das armas que realmente estavam envolvidos
com as questões nacionais.
Questão Religiosa: A Constituição de 1824 estabeleceu como uma
das bases de apoio ao Império a união entre o Estado e a Igreja
Católica, com vantagens recíprocas. A Igreja desfrutava de privilégios,
com o alto clero ocupando lugar de destaque na sociedade. Apesar de
existir liberdade de culto, na prática existiam limitações para o
progresso de outras religiões e seitas.
O Império brasileiro guardava prerrogativas em relação à Igreja.
Mantinha o padroado, que era o direito de o Estado intervir na
nomeação de bispos e na abertura de novos templos, e pelo qual os
clérigos recebiam salários pagos pelo Estado. Outro direito exercido
no Império em relação à Igreja era o beneplácito – os atos ditados pelo
Papa só eram adotados no Brasil após o consentimento do Imperador.
No final do século XIX, membros do governo imperial e da Igreja
Católica tiveram um sério atrito.
Em 1872, os bispos de Olinda e Recife resolveram adotar as
determinações papais, ordenando que as irmandades religiosas
expulsassem os maçons (em grande parte religiosos) de suas
dioceses. O Imperador interveio na questão e os dois bispos forma
condenados à prisão com trabalhos forçados. Embora tivessem sido
indultados (perdoados) pelo Duque de Caxias em 1875, a questão não
ficou encerrada. O clero passou a atacar o Império nas paróquias e a
desgastar a imagem do governo junto aos fiéis.
Questão Militar: A questão militar na verdade resulta de inúmeros
conflitos entre o exército e o governo imperial, ocorridos de 1883 a
1887.
Durante a Guerra do Paraguai, finda em 1870, o exército reorganizou-
se. Antes disso, a Guarda Nacional dividia com o exército a função de
manter a ordem interna. Durante a segunda metade do século XIX,
membros do exército assumiram posições abolicionistas e
republicanas.
A participação militar aumentou a medida que se concretizava o
espírito de corporação, de solidariedade de classe.
Em 1883, o tenente-coronel Sena Madureira foi o porta-voz de uma
reclamação contra a reforma no sistema de aposentadoria militar,
sendo punido. Em 1884, preparou uma grande recepção na escola de
Tiro do Exército, para o mestre jangadeiro Francisco José do
Nascimento, que havia se notabilizado por se recusar, com seus
companheiros, a desembarcar escravos nas praias da província do
Ceará. O tenente-coronel voltou a ser punido.
Outro episódio ocorreu com o coronel Cunha Matos, que ao
inspecionar as guarnições do Piauí descobriu o desaparecimento de
gêneros do exército e puniu o capitão Pedro José de Lima. Um
deputado amigo do capitão, defendeu-o na Câmara com um discurso
atacando Cunha Matos. O coronel defendeu-se publicamente
utilizando-se da imprensa, o que era proibido, e foi preso. Vários
oficiais protestaram publicamente e deveriam também ser punidos. O
Marechal Deodoro da Fonseca que deveria prender os oficiais
recusou-se a fazê-lo e foi demitido. Os militares se insurgiram
abertamente contra as ordens do governo imperial.
Esses atritos duraram até às vésperas da Proclamação da República,
quando os oficiais se uniram aos cafeicultores e assim, tiveram papel
decisivo na queda da monarquia no país.
TEXTO COMPLEMENTAR:
Monumento ao futuro
A motivação parecia das mais nobres: por sua ―constância e
tenacidade‖ na ―luta contra o tirano do Paraguai‖, nosso imperador
fazia jus a uma estátua. Melhor ainda: uma estátua feita com o bronze
dos canhões do inimigo derrotado.
A proposta foi lançada pelo Diário do Rio de Janeiro de 19 de março
de 1870, e D. Pedro II não esperou o dia seguinte para comentá-la.
Em carta pública, causou surpresa geral ao rechaçar a homenagem
em grande estilo: ―Se querem perpetuar a lembrança do quanto confiei
no patriotismo dos brasileiros para o desagravo completo da honra
nacional e prestígio do nome brasileiro [...] sabem como sempre tenho
falado no sentido de cuidarmos da educação pública, e nada me
agradaria tanto a ver a nova era de paz firmada sobre conceitos de
dignidade dos brasileiros começar por um grande ato de iniciativa
deles ao bem da educação pública‖.
Para enfatizar suas prioridades, o imperador lançou, naquele mesmo
ano, as pedras fundamentais das primeiras escolas municipais do Rio
de Janeiro, então Corte imperial. Inauguradas em 1872, eram elas a
Escola São Sebastião (posteriormente chamada Benjamin Constant e
demolida em 1938 para a abertura da Avenida Presidente Vargas),
localizada na freguesia de Santana, e a Escola São Cristóvão (depois
chamada Gonçalves Dias), localizada no bairro de mesmo nome.
Durante as décadas de 1870 e 1880, seriam criadas outras seis
escolas municipais na cidade. O que não quer dizer que o imperador
estivesse esbanjando recursos públicos: somente uma de todas essas
escolas consumiu verba do Estado em sua construção, sendo as
outras sete viabilizadas por contribuições particulares ou por
subscrição pública. E sempre envolvidas pela solenidade imperial: D.
Pedro II fazia questão de estar presente e participar tanto dos rituais
de lançamento da pedra fundamental quanto das inaugurações.
(http://www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/monumento-ao-
futuro)
Compreendendo o texto:
102. Por que D. Pedro II declinou da homenagem proposta?
Questões: (II Reinado: O Império Oligárquico)
103. (ENEM-2011) História da vida privada
no Brasil. Império a corte e a modernidade
nacional. São Paulo: Cia. das Letras, 1997).
Que aspecto histórico da escravidão no
Brasil do séc. XIX pode ser identificado a
partir da análise do vestuário do casal
retratado acima?
(Foto de Militão, São Paulo, 1879.
ALENCASTRO, L. F. (org.).
A) O uso de trajes simples indica a rápida incorporação dos ex-
escravos ao mundo do trabalho urbano.
B) A presença de acessórios como chapéu e sombrinha aponta para a
manutenção de elementos culturais de origem africana.
C) O uso de sapatos é um importante elemento de diferenciação social
entre negros libertos ou em melhores condições na ordem
escravocrata.
D) A utilização do paletó e do vestido demonstra a tentativa de
assimilação de um estilo europeu como forma de distinção em
relação aos brasileiros.
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E) A adoção de roupas próprias para o trabalho doméstico tinha como
finalidade demarcar as fronteiras da exclusão social naquele
contexto.
104. (ENEM-2010) Substitui-se então uma história crítica, profunda,
por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos
nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a
Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais
gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai.
(CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São
Paulo: Brasiliense, 1979-adaptado).
O imperialismo inglês, ―destruindo o Paraguai, mantém o status quo
na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado
economicamente livre‖. Essa teoria conspiratória vai contra a realidade
dos fatos e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem
alguma repercussão. (DORATIOTO. F. Maldita guerra: nova história
da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002-adaptado).
Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas
estão refletindo sobre:
A) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa
Guerra.
B) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa Guerra.
C) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de batalha.
D) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre os
motivos dessa Guerra.
E) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e argentino
durante o conflito.
105. (ENEM-2010) Negro, filho de escrava e fidalgo português, o
baiano Luiz Gama fez da lei e das letras suas armas na luta pela
liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai para
cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade
conseguiu provas de que havia nascido livre. Autodidata, advogado
sem diploma, fez do direito o seu ofício e transformou-se, em pouco
tempo, em proeminente advogado da causa abolicionista. (AZEVEDO,
E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de História. Ano 1, n. o 3. Rio de
Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado).
A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda metade do
séc. XIX foi resultado de importantes lutas sociais condicionadas
historicamente. A biografia de Luiz Gama exemplifica a:
A) impossibilidade de ascensão social do negro forro em uma
sociedade escravocrata, mesmo sendo alfabetizado.
B) extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nesse
contexto e a utilização do Direito como canal de luta pela
liberdade.
C) rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que
inviabilizava os mecanismos de ascensão social.
D) possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das elites
dominantes, a um mestiço filho de pai português.
E) troca de favores entre um representante negro e a elite agrária
escravista que outorgara o direito advocatício ao mesmo.
106. (ENEM-2009) O suíço Thomas Davatz chegou a São Paulo em
1855 para trabalhar como colono na fazenda de café Ibicaba, em
Campinas. A perspectiva de prosperidade que o atraiu para o Brasil
deu lugar a insatisfação e revolta, que ele registrou em livro. Sobre o
percurso entre o porto de Santos e o planalto paulista, escreveu
Davatz: ―As estradas do Brasil, salvo em alguns trechos, são
péssimas. Em quase toda parte, falta qualquer espécie de calçamento
ou mesmo de saibro. Constam apenas de terra simples, sem nenhum
benefício. É fácil prever que nessas estradas não se encontram
estalagens e hospedarias como as da Europa. Nas cidades maiores, o
viajante pode naturalmente encontrar aposento sofrível; nunca, porém,
qualquer coisa de comparável à comodidade que proporciona na
Europa qualquer estalagem rural. Tais cidades são, porém, muito
poucas na distância que vai de Santos a Ibicaba e que se percorre em
cinquenta horas no mínimo‖.
Em 1867 foi inaugurada a ferrovia ligando Santos a Jundiaí, o que
abreviou o tempo de viagem entre o litoral e o planalto para menos de
um dia. Nos anos seguintes, foram construídos outros ramais
ferroviários que articularam o interior cafeeiro ao porto de exportação,
Santos.
(DAVATZ, T. Memórias de um colono no Brasil. São Paulo: Livraria Martins,
1941-adaptado).
O impacto das ferrovias na promoção de projetos de colonização com
base em imigrantes europeus foi importante, por que:
A) o percurso dos imigrantes até o interior, antes das ferrovias, era
feito a pé ou em muares; no entanto, o tempo de viagem era
aceitável, uma vez que o café era plantado nas proximidades da
capital, São Paulo.
B) a expansão da malha ferroviária pelo interior de São Paulo permitiu
que mão-de-obra estrangeira fosse contratada para trabalhar em
cafezais de regiões cada vez mais distantes do porto de Santos.
C) o escoamento da produção de café se viu beneficiado pelos aportes
de capital, principalmente de colonos italianos, que desejavam
melhorar sua situação econômica.
D) os fazendeiros puderam prescindir da mão-de-obra europeia e
contrataram trabalhadores brasileiros provenientes de outras
regiões para trabalhar em suas plantações.
E) as notícias de terras acessíveis atraíram para São Paulo grande
quantidade de imigrantes, que adquiriram vastas propriedades
produtivas.
107. (ENEM-2009) O abolicionista Joaquim Nabuco fez um resumo
dos fatores que levaram à abolição da escravatura com as seguintes
palavras: ―Cinco ações ou concursos diferentes cooperaram para o
resultado final: 1.º) o espírito daqueles que criavam a opinião pela
ideia, pela palavra, pelo sentimento, e que a faziam valer por meio do
Parlamento, dos meetings [reuniões públicas], da imprensa, do ensino
superior, do púlpito, dos tribunais; 2.º) a ação coercitiva dos que se
propunham a destruir materialmente o formidável aparelho da
escravidão, arrebatando os escravos ao poder dos senhores; 3.º) a
ação complementar dos próprios proprietários, que, à medida que o
movimento se precipitava, iam libertando em massa as suas ‗fábricas‘;
4.º) a ação política dos estadistas, representando as concessões do
governo; 5.º) a ação da família imperial.‖ (Joaquim Nabuco. Minha
formação. São Paulo: Martin Claret, 2005, p. 144-com adaptações).
Nesse texto, Joaquim Nabuco afirma que a abolição da escravatura foi
o resultado de uma luta:
A) de ideias, associada a ações contra a organização escravista, com
o auxílio de proprietários que libertavam seus escravos, de
estadistas e da ação da família imperial.
B) de classes, associada a ações contra a organização escravista, que
foi seguida pela ajuda de proprietários que substituíam os
escravos por assalariados, o que provocou a adesão de estadistas
e, posteriormente, ações republicanas.
C) partidária, associada a ações contra a organização escravista, com
o auxílio de proprietários que mudavam seu foco de investimento e
da ação da família imperial.
D) política, associada a ações contra a organização escravista,
sabotada por proprietários que buscavam manter o escravismo,
por estadistas e pela ação republicana contra a realeza.
E) religiosa, associada a ações contra a organização escravista, que
fora apoiada por proprietários que haviam substituído os seus
escravos por imigrantes, o que resultou na adesão de estadistas
republicanos na luta contra a realeza.
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108. (ENEM-2007) Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da
proa chegavam à fedentina
quente de um porto, num
silêncio de mato e de febre
amarela. Santos. — É aqui!
Buenos Aires é aqui! —
Tinham trocado o rótulo das
bagagens, desciam em fila.
Faziam suas necessidades
nos trens dos animais onde iam. Jogavam-nos num pavilhão comum
em São Paulo. — Buenos Aires é aqui! — Amontoados com trouxas,
sanfonas e baús, num carro de bois, que pretos guiavam através do
mato por estradas esburacadas, chegavam uma tarde nas senzalas
donde acabava de sair o braço escravo. Formavam militarmente nas
madrugadas do terreiro homens e mulheres, ante feitores de
espingarda ao ombro. (Oswald de Andrade. Marco Zero II – Chão. Rio de
Janeiro: Globo, 1991).
Levando-se em consideração o texto de Oswald de Andrade e a
pintura de Antonio Rocco reproduzida acima, relativos à imigração
europeia para o Brasil, é correto afirmar que:
A) a visão da imigração presente na pintura é trágica e, no texto,
otimista.
B) a pintura confirma a visão do texto quanto à imigração de
argentinos para o Brasil.
C) os dois autores retratam dificuldades dos imigrantes na chegada ao
Brasil.
D) Antonio Rocco retrata de forma otimista a imigração, destacando o
pioneirismo do imigrante.
E) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida do imigrante era
melhor que a dos ex-escravos.
109. (ENEM-2007)
Considerando a linha do tempo acima e o processo de abolição da
escravatura no Brasil, assinale a opção correta.
A) O processo abolicionista foi rápido porque recebeu a adesão de
todas as correntes políticas do país.
B) O primeiro passo para a abolição da escravatura foi a proibição do
uso dos serviços das crianças nascidas em cativeiro.
C) Antes que a compra de escravos no exterior fosse proibida, decidiu-
se pela libertação dos cativos mais velhos.
D) Assinada pela princesa Isabel, a Lei Áurea concluiu o processo
abolicionista, tornando ilegal a escravidão no Brasil.
E) Ao abolir o tráfico negreiro, a Lei Eusébio de Queirós bloqueou a
formulação de novas leis antiescravidão no Brasil.
110. (ENEM-2000) O texto abaixo foi extraído de uma crônica de
Machado de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.
―Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos, João
repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos mortos e pelas vitórias.
Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que repicou.
Quando se fez a abolição completa, quem repicou foi João. Um dia
proclamou-se a República. João repicou por ela, repicaria pelo
Império, se o Império retornasse.‖ (ASSIS, Machado de. Crônica sobre a
morte do escravo João, 1897)
A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:
A) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam
fatos ligados à Abolição.
B) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era
escravo.
C) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que
vieram libertá-lo.
D) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era
costume fazê-lo.
E) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da
Princesa Isabel.
111. (ENEM-1999) Viam-se de cima as casas acavaladas umas pelas
outras, formando ruas, contornando praças. As chaminés principiavam
a fumar; deslizavam as carrocinhas multicores dos padeiros; as vacas
de leite caminhavam com o seu passo vagaroso, parando à porta dos
fregueses, tilintando o chocalho; os quiosques vendiam café a homens
de jaqueta e chapéu desabado; cruzavam-se na rua os libertinos
retardios com os operários que se levantavam para a obrigação; ouvia-
se o ruído estalado dos carros de água, o rodar monótono dos bondes.
(AZEVEDO, Aluísio de. Casa de Pensão. São Paulo: Martins, 1973)
O trecho, retirado de romance escrito em 1884, descreve o cotidiano
de uma cidade, no seguinte contexto:
A) a convivência entre elementos de uma economia agrária e os de
uma economia industrial indicam o início da industrialização no
Brasil, no século XIX.
B) desde o século XVIII, a principal atividade da economia brasileira
era industrial, como se observa no cotidiano descrito.
C) apesar de a industrialização ter-se iniciado no século XIX, ela
continuou a ser uma atividade pouco desenvolvida no Brasil.
D) apesar da industrialização, muitos operários levantavam cedo,
porque iam diariamente para o campo desenvolver atividades
rurais.
E) a vida urbana, caracterizada pelo cotidiano apresentado no texto,
ignora a industrialização existente na época.
112. (ENEM-1998) Você está estudando o abolicionismo no Brasil e
ficou perplexo ao ler o seguinte documento:
Texto 1
Discurso do deputado baiano Jerônimo Sodré Pereira – Brasil 1879
No dia 5 de março de 1879, o deputado baiano Jerônimo Sodré
Pereira, discursando na Câmara, afirmou que era preciso que o poder
público olhasse para a condição de um milhão de brasileiros, que
jazem ainda no cativeiro. Nessa altura do discurso foi aparteado por
um deputado que disse: ―BRASILEIROS, NÃO‖.
Em seguida, você tomou conhecimento da existência do Projeto Axé
(Bahia), nos seguintes termos:
Texto 2
Projeto Axé, Lição de cidadania – 1998 – Brasil
Na língua africana Iorubá, axé significa força mágica. Em Salvador,
Bahia, o Projeto Axé conseguiu fazer, em apenas três anos, o que
sucessivos governos não foram capazes: a um custo dez vezes
inferior ao de projetos governamentais, ajuda meninos e meninas de
rua a construírem projetos de vida, transformando-os de pivetes em
cidadãos. A receita do Axé é simples: competência pedagógica,
administração eficiente, respeito pelo menino, incentivo, formação e
bons salários para os educadores. Criado em 1991 pelo advogado e
pedagogo italiano Cesare de Florio La Rocca, o Axé atende hoje a
mais de duas mil crianças e adolescentes. A cultura afro, forte
presença na Bahia, dá o tom do Projeto Erê (entidade criança do
candomblé), a parte cultural do Axé. Os meninos participam da banda
mirim do Olodum, do Ilé Ayê e de outros blocos, jogam capoeira e têm
um grupo de teatro. Todas as atividades são remuneradas. Além da
bolsa semanal, as crianças têm alimentação, uniforme e vale-
transporte.
Com a leitura dos dois textos, você descobriu que a cidadania:
A) jamais foi negada aos cativos e seus descendentes.
B) foi obtida pelos ex-escravos tão logo a abolição fora decretada.
C) não era incompatível com a escravidão.
D) ainda hoje continua incompleta para milhões de brasileiros.
E) consiste no direito de eleger deputados.
Sumário
1 Urbanização p. 48
2 Urbanização no Brasil p. 48
3 Agricultura Geral e do Brasil p. 49
4 Industrialização Geral p. 52
5 Industrialização no Brasil p. 53
6 Fontes de energia p. 53
7 Fontes de energia e mineração no Brasil p. 55
8 Meio ambiente p. 56
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URBANIZAÇÃO
As cidades podem ser originadas de forma espontânea ou
planejada. As cidades apresentam várias funções: industriais,
religiosas, administrativas, militares, turísticas, educacionais e
comerciais.
Problemas Urbanos.
A grande aglomeração de pessoas nas cidades, quando essas não
disponibilizam infra-estrutura suficiente para a população, gera uma
série de dificuldades de ordem ambiental e social.
Diante desse contexto, pode-se enumerar os problemas gerados
pelo processo de urbanização ocorrido principalmente em países
subdesenvolvidos, dentre muitos estão:
*Macrocefalia Urbana: Crescimento desordenado das cidades.
* Desemprego: provoca um grande crescimento no número de
pessoas que atuam no mercado informal, além de promover o
aumento da violência, pois muitas pessoas, pela falta de
oportunidades, optam pelo crime.
• As favelas apresentam uma concentração de casebres e barracos
em situação precária, desprovidos, em sua maioria, de serviços
públicos básicos, geralmente estão situadas em áreas de risco e
abrigam grandes grupos criminosos, como o tráfico de drogas.
• Cortiço: corresponde a moradias que abrigam um grande número
de famílias, quase sempre são cômodos alugados em antigas casas
enormes situadas no centro, essas construções se encontram em
condições deterioradas. Essa modalidade de moradia geralmente
oferece péssimas condições sanitárias e de segurança aos seus
moradores.
• Loteamentos populares: ocorrem em áreas periféricas, a camada
da população que habita esses lugares é de baixa renda, os lotes
possuem preços acessíveis e longos prazos para o pagamento. O
maior problema desse tipo de habitação é que quase sempre os
loteamentos são clandestinos. As casas são construídas pelo
próprio morador ou em forma de mutirão.
• Enchentes: os centros urbanos possuem extensas áreas cobertas
por concreto e asfalto, dificultando a infiltração da água da chuva no
solo. As chuvas em grandes proporções ocasionam um acúmulo
muito grande de água e as galerias pluviais não conseguem
absorver toda enxurrada e essas invadem residências, prédios
públicos, túneis e comprometem o trânsito.
Esses são alguns dos problemas vividos nas cidades brasileiras e
que podem ser realidade também em outros países, pois todas as
cidades possuem problemas, porém, os acima citados fazem parte
de grandes aglomerações, e dificilmente serão solucionados. As
autoridades não conseguem monitorar todos os problemas devido o
acelerado crescimento ocorrido no passado.
Conceitos de Urbanização:
Rede urbana e hierarquia das cidades- são classificadas pelo
número de habitantes, pela variedade de serviços que oferecem e
pela dinâmica que apresentam.
Surgem as metrópoles globais, nacionais, regionais e os centros
regionais.
Megacidades – consideradas as cidades que apresentam um
número superior a 10 milhões de habitantes. Não apresentam poder
político ou econômico, concentram miséria, falta de infra-estrutura,
alto índice de violência e deficiente serviços de educação e serviços
de saúde.
Cidade global- são dirigentes da economia –mundo devido a sua
economia, os serviços, a rede financeira, as telecomunicações, as
empresas e os conhecimentos.
Tóquio, Londres, Nova Iork.
Conurbação – consiste no processo de fusão de duas ou mais
cidades vizinhas.
Megalópoes- área superurbanizada, com pequenas áreas rurais
responsáveis pela produção de hortifrutigranjeiros para as cidades.
Bos-whass; Tokkaido, São Paulo- Rio de Janeiro.
Migrações
Migração pendular: deslocamento diário (vai e vem) comum nas
regiões metropolitanas, ocorrendo com trabalhadores que moram
em cidades periféricas e trabalham na cidade principal.
Migração sazonal (transumância): deslocamento periódico, que no
Brasil é comum com cortadores de cana que durante a safra migram
do sertão para a zona da mata, retornando na entressafra.
Êxodo rural: saída de pessoas do campo em direção às cidades.
Ainda é comum nos países subdesenvolvidos onde o processo de
urbanização é recente como na África onde o índice anual é de 5%.
Êxodo urbano: saída da cidade em direção ao campo.
Migração urbana-urbana: saída de população das metrópoles em
direção às cidades médias do interior.
REDE E HIERARQUIA URBANAS NO BRASIL
Problemas Urbanos do Brasil.
O processo de urbanização no Brasil se intensificou a partir da
década de 1950. As atividades industriais se expandiram, atraindo
cada vez mais pessoas para as cidades.
Porém, a urbanização sem um devido planejamento tem como
consequência vários problemas de ordem social. O inchaço das
cidades, provocado pelo acúmulo de pessoas, e a falta de uma
infraestrutura adequada gera transtornos para a população urbana.
As grandes cidades brasileiras enfrentam diversos problemas,
destacam-se as questões da moradia, desemprego, desigualdade
social, saúde, educação, violência e exclusão social.
O acesso à moradia com as devidas condições de infraestrutura
(saneamento ambiental, asfalto, iluminação, etc.) não atinge todas
as camadas da população brasileira. É cada vez mais comum o
surgimento e ampliação de favelas desprovidas de serviços
públicos. Outro agravante são as pessoas que não conseguem
obter renda suficiente para ser destinada à habitação, e acabam
utilizando as ruas da cidade como espaço de moradia.
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49
A educação de baixa qualidade gera vários transtornos, pois parte
da população não consegue obter qualificação profissional exigida
pelo mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Com isso,
ocorre o aumento do desemprego e se intensificam atividades como
as desenvolvidas por vendedores ambulantes, coletores de
materiais recicláveis, flanelinhas, entre outras do mercado informal.
Os serviços públicos de saúde, na sua maioria, apresentam
problemas estruturais, com filas imensas e demoradas, ausência de
aparelhos e medicamentos, pequeno número de funcionários, ou
seja, total desrespeito com o cidadão que necessita desse serviço.
Um dos problemas urbanos que mais preocupa a população
atualmente é a violência, pois todos estão vulneráveis aos crimes
que ocorrem, principalmente nas grandes cidades do Brasil.
Diariamente têm-se notícias de assassinatos, assaltos, sequestros,
agressões, e outros tipos de violência. Esse fato contribui bastante
para que a população fique com medo, e o que é pior, muitos já não
confiam na segurança pública.
Um dos problemas característicos dos países em desenvolvimento é
a desigualdade social, no Brasil não é diferente. Isso ocorre entre as
Regiões, Estados, Cidades e Bairros, refletindo em aspectos como a
qualidade de vida, educação, segurança, entre outros. Uma
pequena parcela da população brasileira é muito rica, enquanto a
maioria é pobre; o que é um reflexo da grande desigualdade na
distribuição de renda.
Políticas públicas devem ser desenvolvidas para proporcionar uma
distribuição de renda mais igualitária, diminuindo a disparidade entre
a população. Investimentos em serviços públicos se fazem
necessários (educação, saúde, moradia, segurança, etc.) de forma
que eleve a qualidade de vida e, principalmente, dignidade para os
cidadãos brasileiros.
Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Conceitos da urbanização Brasileira.
Metrópole global: São Paulo Rio de Janeiro.
Metrópole nacional: Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte,
Salvador, Recife, Fortaleza, Brasília.
Metrópole regional; Goiânia, Belém e Manaus.
Centro regional: Florianópolis, Londrina, Aracaju, Maceió, Campo
Grande, Natal, Boa Vista, Ribeirão Preto, Teresina, João Pessoa,
Rio Branco.
Século XIX: as cidades dinâmicas estavam relacionadas àquelas
que detinham grandes fluxos de comércio internacional de
mercadorias.
Século XX: fluxos de informações e fluxos financeiros. Nesse caso o
espaço geográfico é organizado pelo setor terciário: empresas de
intermediação financeira, empresas de publicidade e marketing,
empresas de consultoria, de seguros, e de auditoria, núcleos de
pesquisa em ciência e tecnologia→determinam as cidades globais.
Regiões metropolitanas
*município principal =população superior a 800 mil/hab.;
densidade demográfica =superior a 60 hab/km²; crescimento urbano
acelerado; existência de um centro histórico onde se concentram
atividades de serviços, várias administrações político-administrativas
autônomas, fluxos de veículos entre as cidades conurbadas, fluxo
pendular.
O modelo de expansão do espaço urbano brasileiro apresentou forte
tendência para o crescimento horizontal em conseqüência a
expansão do espaço urbanizado foi maior que o crescimento da
população. Porém a partir da década de 1970 aparecem nas
grandes cidades as ilhas verticais que provocam nas áreas
litorâneas uma muralha impedindo a passagem dos ventos.
Principais redes metropolitanas:
RMSP → região metropolitana de São Paulo abrange 39 municípios;
RMRJ → 19 municípios; RMBH → 33 municípios; RMPA → 28
municípios; RMRecife → 14 municípios; RMSalvador → 10
municípios RMFortaleza → 13 municípios; Região Metropolitana de
Curitiba → 25 municípios; RMBelém → 6 municípios.
Redes metropolitanas emergentes: Goiânia, Brasília, Londrina,
Baixada Santista, Norte-Nordeste Catarinense; Florianópolis,
Maringá, Grande Vitória, Vale do Itajaí e Vale do Aço/MG; Natal,
São Luís e Maceió.
ECONOMIA
As atividades agrícolas
Nos países desenvolvidos as atividades agrícolas reduziram o
número da PEA em decorrência da mecanização. A produtividade e
a variedade de cultivos são garantidas pelo uso de técnicas
modernas.
Nos países subdesenvolvidos considerados industrializados a
mecanização do campo provocou o acelerado êxodo rural. Nestes
países a produção esta voltada para o mercado externo.
Agrobusiness – recebe investimentos intensivos de capitais e
tecnologia, objetiva à exportação de commodities.
Commodities – nome que os produtos primários recebem no
mercado financeiro, são negociadas em bolsas de mercadorias e
futuros.
Revolução verde: máquinas na agricultura, alta produção, êxodo
rural, exportação, etc.
Transgênicos: Alimentos geneticamente modificados.
Pecuária: a pecuária mundial se apresenta de diferentes formas,
que refletem o nível tecnológico dos países, os tipos de clima a que
eles estão sujeitos, os mercados consumidores, etc.
Nos países desenvolvidos a pecuária moderna intensiva sendo
praticada principalmente por empresas agrícolas.
Nos países subdesenvolvidos – é praticada de forma extensiva sem
cuidados e de forma tradicional.
Sistemas agrários:
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Agricultura itinerante (roça) – praticada pela população pobre,
utiliza mão-de-obra familiar numerosa, desqualificada, técnicas
rudimentares a exemplo das queimadas provocando erosão e
mudando sempre de área. Praticada na África, América Latina, Sul e
Sudeste asiático.
Agricultura de jardinagem – devido a escassez de espaço para o
plantio, aproveita áreas elevadas terraços ou inundadas para o
cultivo do arroz no sudeste e extremo oriente. Utiliza numerosa mão
de obra manual, pequena propriedade, elevada produtividade, uso
de adubos e irrigação.
Agricultura moderna – típica dos países desenvolvidos, utiliza-se
sementes selecionadas, reduzida mão-de-obra, uso intensivo de
máquinas, técnicas modernas e caráter empresarial.
Plantantion – típico dos países subdesenvolvidos durante a
colonização européia na África, Ásia e América. Caracterizam-se
pelo latifúndio, monocultura, mão-de-obra desqualificada, objetiva a
exportação.
Agricultura orgânica – os produtos são cultivados levando em
consideração o meio ambiente e a saúde, não utilizando produtos
químicos. Os produtos são mais caros destinando a um grupo
especifico de consumidores.
A ESTRUTURA FUNDIÁRIA E OS CONFLITOS DE TERRA NO
BRASIL
O estudo sobre a questão agrária no Brasil sempre interessou a
área econômica tomando força e vigor a partir da década de 1980,
isto porque a chamada modernização da agricultura brasileira
ocorreu na década anterior, influenciando no processo de
transformação capitalista no campo
O espaço agrário tem se caracterizado por uma enorme
desigualdade na distribuição da terra. São encontrados um número
reduzido de grandes proprietários de terra, os latifundiários, e os
grandes empresários rurais, que monopolizam a maior parte da área
rural do país. Contraditoriamente são detectados milhões de
pequenos proprietários e trabalhadores sem terra, vivendo em
precárias condições de vida.
Distribuição das terras no Brasil - um sistema de acesso
antidemocrático = reafirmação do latifúndio.
*Sesmarias – 1530 a 1820-doação de grandes lotes de terras
destinadas aos cultivos para exportação. Os posseiros dedicavam a
agricultura de subsistência e ao mercado interno.
*Lei de Terras – extinguia o acesso a terra pela posse; a compra
realizada em hasta pública e o pagamento a vista; o dinheiro obtido
utilizado para custear a viagem dos imigrantes;
*Estatuto do trabalhador Rural – nasceu no governo de João
Goulart no início de 1963 e reconhecido em janeiro de 1964 que
estabelecia os direitos: jornada de 8 horas de trabalho, salário
mínimo, férias remuneradas, repouso semanal, aviso prévio, décimo
terceiro, proteção ao trabalho da mulher e do menor, criação do
FUNRURAL.
*Estatuto da Terra- final de 1964 – um instrumento legal que
poderia viabilizara reforma agrária; a expansão do capitalismo no
campo (Revolução verde); expansão da fronteira agrícola em
direção a Amazônia, militarização da questão agrária; estabeleceu o
cadastramento dos imóveis rurais baseados no módulo rural fixado
por cada região:
Minifúndio-inferior ao módulo rural fixado por região; empresa rural-
entre 01 e 600 vezes o módulo rural explorado economicamente e
racionalmente;
Latifúndio por exploração - latifúndio improdutivo;
Latifúndio por dimensão - superior a 600 módulos rural
independente do tipo e das características da produção nela
desenvolvida. O estatuto serviu de instrumento de controle das
tensões sociais no campo.
Estrutura fundiária brasileira - injusta e antidemocrática:
A estrutura fundiária corresponde ao modo como as propriedades
rurais estão dispersas pelo território e seus respectivos tamanhos,
que facilita a compreensão das desigualdades que acontecem no
campo.
A desigualdade estrutural fundiária brasileira configura como um dos
principais problemas do meio rural, isso por que interfere
diretamente na quantidade de postos de trabalho, valor de salários
e, automaticamente, nas condições de trabalho e o modo de vida
dos trabalhadores rurais.
No caso específico do Brasil, uma grande parte das terras do país
se encontra nas mãos de uma pequena parcela da população,
essas pessoas são conhecidas como latifundiários. Já os
minifundiários são proprietários de milhares de pequenas
propriedades rurais espalhadas pelo país, algumas são tão
pequenas que muitas vezes não conseguem produzir renda e a
própria subsistência familiar suficiente.
Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorre uma
discrepância em relação à distribuição de terras, uma vez que
alguns detêm uma elevada quantidade de terras e outros possuem
pouca ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a concentração
fundiária brasileira.
É importante conhecer os números que revelam quantas são as
propriedades rurais e suas extensões: existem pelo menos 50.566
estabelecimentos rurais inferior a 1 hectare, essas juntas ocupam no
país uma área de 25.827 hectares, há também propriedades de
tamanho superior a 100 mil hectares que juntas ocupam uma área
de 24.047.669 hectares.
Outra forma de concentração de terras no Brasil é proveniente
também da expropriação, isso significa a venda de pequenas
propriedades rurais para grandes latifundiários com intuito de pagar
dívidas geralmente geradas em empréstimos bancários, como são
muito pequenas e o nível tecnológico é restrito diversas vezes não
alcançam uma boa produtividade e os custos são elevados, dessa
forma, não conseguem competir no mercado, ou seja, não obtêm
lucros. Esse processo favorece o sistema migratório do campo para
a cidade, chamado de êxodo rural.
A problemática referente à distribuição da terra no Brasil é produto
histórico, resultado do modo como no passado ocorreu a posse de
terras ou como foram concedidas.
A distribuição teve início ainda no período colonial com a criação
das capitanias hereditárias e sesmarias, caracterizada pela entrega
da terra pelo dono da capitania a quem fosse de seu interesse ou
vontade, em suma, como no passado a divisão de terras foi desigual
Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia
51
os reflexos são percebidos na atualidade e é uma questão
extremamente polêmica e que divide opiniões.
Por Eduardo de Freitas.
História da Luta pela Terra.
CPT (1960) – Pastoral da Terra. Teologia da Libertação; 1985 –
Nova República Plano Nacional de Reforma agrária; 1985 –
surgimento do Movimento dos trabalhadores Sem -Terra; e
posteriormente a formação pelos latifundiários da UDR - União
Democrática Ruralista em defesa da classe patronal.
A nova Lei agrária – 1993-Lei 8.629 afirma que a terra tem de
cumprir a função social, não cumprindo é passível de
desapropriação, novas dimensões: minifúndio, pequena
propriedade, média propriedade e grande propriedade.
Observe as ocupações de terras no Brasil.
A Questão Agrária no Brasil Hoje.
A concentração fundiária no Brasil é uma é uma das maiores do
mundo. A maior parte das terras ocupadas e os melhores solos
encontram-se na mão de pequeno número de proprietários, ao
passo que um imenso número de pequenos proprietários possui
áreas ínfimas, insuficientes para garantir-lhes a suas famílias um
nível de vida decente. A partir de 1970, começou a expansão das
fronteiras agrícolas em direção à Amazônia. Com a ocupação das
terras devolutas, a derrubada da mata para o estabelecimento da
lavoura e da pecuária, em boa parte, essa ocupação da terra é
apenas formal. Essa expansão das áreas ocupadas pela
agropecuária acabou contribuindo para agravar ainda mais o
problema da estrutura fundiária do Brasil, constituindo autênticos
latifúndios.
Menos de 50 mil proprietários possuem áreas superiores a mil
hectares e, controlam 50% das terras, cerca de 1% dos proprietários
rurais detêm em torno de 46% de todas as terras.
Dos aproximadamente 400 milhões de hectares titulados como
propriedade privada, apenas 60 milhões de hectares são utilizados
como lavouras, o restante das terras estão ociosas, subutilizadas.
Segundo o INCRA, há cerca de 100 milhões de hectares de terras
ociosas. Por outro lado, existem cerca de 4,8 milhões de famílias
sem terra no Brasil.
Esse agravamento na concentração da propriedade fundiária no
Brasil prejudica a produção de alimentos, porque as grandes
propriedades em geral voltam-se mais para os gêneros agrícolas de
exportação. Um estudo recente calculou que 60 a 70% dos gêneros
alimentícios destinados ao abastecimento do país procedem da
produção de pequenos lavradores, que trabalham em base familiar.
A concentração fundiária em nosso país vem aumentando, com um
agravante: a Amazônia e os cerrados tornaram-se, desde 1970, as
novas regiões de fronteira agrícola.
Afirmar que essas novas fronteiras agrícolas do país significa dizer
que nas outras regiões, isto é, Nordeste, no Sudeste e no Sul,
praticamente não existem mais terras disponíveis para a prática
agropecuária. Além disso, o valor dos imóveis rurais nessas áreas
tornou-se muito elevado, obrigando os agricultores menos
capitalizados a deixarem seus estados de origem em busca de
terras mais baratas. Com isso, têm-se algumas questões
importantes, como:
*aumento dos impactos ambientais causados pela derrubada da
vegetação original em enormes áreas, para dar lugar a pastagens e
cultivos agrícolas;
*invasão de terras indígenas e a necessidade de sua delimitação;
*crescimento dos conflitos entre posseiros e grileiros, ocasionando
não só o aumento da violência no campo como a expulsão de
famílias de posseiros, que se vêem obrigadas a ocupar terras em
pontos cada vez mais afastados no interior do território nacional.
A questão da terra, o Brasil, opõe diversos grupos, como boias-frias,
índios, minifundiários, colonos, posseiros, grileiros, grandes
proprietários e até garimpeiros, entre outros.
ESPAÇO AGRÁRIO BRASILEIRO.
Subordinação da zona rural á zona urbana tornando-se fornecedora
de matérias-primas, mão de obra, consumidora de mercadorias e
serviços, produtora de bens para exportação.
Commodities-produtos agrícolas destinados a exportação: soja
carnes, café, açúcar, fumo e suco de laranja.
Os complexos agroindustriais (Cais) responsáveis pelo agronegócio,
ou seja, as atividades empresariais baseadas em produtos
agropecuários, que se estendem por todas as etapas das cadeias
produtivas. Recebem a maior parte dos créditos liberados pelo
sistema financeiro e as pesquisas em novas tecnologias de
produção desde sementes melhoradas por seleção dirigida ou
geneticamente manipuladas até sofisticadas programas de manejo
dos solos e monitoramento climático.
Em 1973 foi criada a EMBRAPA Empresa Brasileira de
Agropecuária desenvolve pesquisas dirigidas as atividades agrícolas
inclusive até para as culturas tradicionais como a do feijão.
No Brasil nas relações de trabalho predomina a mão-de-obra não
assalariada ocorrendo uma expansão do trabalho temporário a
exemplo dos bóias-frias.
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Reprodução das relações de trabalho com características típicas de
escravidão nas regiões Centro-oeste, Norte e Nordeste em menor
intensidade nas regiões Sudeste e Sul.
Espaço Agrário do Brasil.
Tipos de exploração da terra:
Direta – quando é explorada pelo próprio proprietário, predomina
nas pequenas propriedades pertencentes aos agricultores
familiares.
Indireta – realizada por terceiros através por meio de:
Parceria – realizada mediante um acordo entre o proprietário da
terra e o trabalhador rural no qual o proprietário da terra receberá
um percentual da produção pago através da meia, terça ou quarta
parte. Relação comum na região Nordeste
Arrendamento – o proprietário receberá o pagamento pelo uso da
terra em espécie ou capital, realizada predominantemente de forma
indireta.
Ocupantes – famílias de posseiros que ocupam a terra, explorando-
a diretamente.
PRODUÇÃO AGRÍCOLA NAS REGIÕES GEOGRÁFICAS DO
BRASIL
Região Nordeste
Zona da Mata - Domínio das grandes propriedades monocultoras:
cana-de-açúcar, cacau e fumo.
Agreste – domínio da policultura, pequenas propriedade rurais
abastecem a zona da mata. Destacam-se a produção de milho,
feijão, hortifrutigranjeiros, laranja, leite.
Sertão – grandes propriedades, domínio da pecuária de corte e leite,
cultivo do algodão.
Pólos de irrigação: fruticultura irrigada localizada em Juazeiro -
Bahia e Petrolina em Pernambuco.
Meio Norte – produção de arroz nas várzeas dos rios Pindarém,
Mearim e Grajaú e Paranaíba. Avanço da soja no sul dos estados
do Maranhão e Piauí destacando os municípios de Balsas
Maranhão e Uruçuaí no Piauí.
Região Centro- Oeste
Mato Grosso – Maior produtor de soja do país, bovinos de corte,
café e algodão.
Goiás – Arroz, algodão, cana de açúcar, soja, pecuária de corte.
Mato Grosso do Sul – Gado de corte, cereais> milho, trigo e soja
Região Norte
Amazonas - Vale médio arroz e a juta e avanço da pecuária de
corte.
Cultivos introduzidos pelos imigrantes japoneses na região
bragantina no Pará e criação de búfalos na Ilha de Marajó.
Expansão da pecuária de corte.
Em Rondônia expansão do cultivo da soja.
Região Sudeste
Minas Gerais: norte – pecuária de corte, agricultura familiar.
Triângulo mineiro – café, soja, criação de gado de corte.
Zona da mata mineira – leite, café.
São Paulo – Café, cana de açúcar, laranja, algodão e pecuária de
corte.
Rio de Janeiro – Vale do Paraíba – cana de açúcar e leite
Espírito Santo – café
Região Sul
Paraná – celeiro do Brasil: soja, cana, café e algodão.
Santa Catarina: vale do Itajaí – fumo incentivado pelas indústrias de
cigarros utilizando-se da integração com os pequenos proprietários
e arroz.
Oeste catarinense – cereais: soja, milho- utilizado para a
alimentação do rebanho suíno e trigo,
Rio Grande do Sul – Região serrana- uvas - Rio Jacuí – arroz –
Noroeste – cereais trigo, soja e arroz – Campanha gaúcha – bovinos
para o corte e arroz.
INDÚSTRIA E INDUSTRIALIZAÇÃO
Primeira Revolução industrial – XVIII – energia produzida pelo
vapor, carvão mais importante fonte de energia, localização das
indústrias próximas ás bacias carboníferas.
Segunda Revolução Industrial – XIX – energia – petróleo e
eletricidade. Ramos industriais mais importantes: metalurgia,
siderurgia e a indústria automotiva.
Terceira Revolução Industrial – meados do século XX; domínio do
meio técnico científico transformando a economia industrial.
Utilização da energia nuclear e permanência do petróleo como
principal matriz energética.
Discussão sobre novas fontes de energia (solar, eólica, biomassa
das marés).
Organização de trabalho pós-fordismo e o uso intenso da
informática. As indústrias buscam outras vantagens como incentivos
fiscais, mão-de-obra barata, facilidade de comunicação e transporte
= infovias.
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Just in time – no pós-fordismo não há uma separação rígida entre a
direção e o operário. Os estoques são calculados levando em
consideração as solicitações do mercado, para evitar desperdícios.
Biotecnologia - responsável pelos grandes avanços na medicina e
na agropecuária.
Níveis de Industrialização:
Clássica: Industrialização que aconteceu dentro de um mesmo país
e disseminou-se pelo mundo como multinacionais e transacionais.
Tardia: Industrialização que dependeu das indústrias de outros
países.
Planificada: Típica de países socialistas.
Tipos de indústria:
Indústria de bens de produção ou indústria de base – produzem
bens para outras indústrias, gastam muita energia e transformam
grandes quantidades de matéria-prima. Siderúrgica, metalúrgicas,
petroquímicas, cimento.
Indústria de bens de capital ou intermediárias – produzem
máquinas, equipamentos, ferramentas ou autopeças para outras
industrias.
Indústrias de bens de consumo – podem ser duráveis e não
duráveis.
De acordo com a tecnologia empregada
Indústrias dinâmicas – são as indústrias da Terceira Revolução
Industrial química, aviação, informática, eletrônica, necessitam de
muito capital e mão-de-obra qualificada.
Indústrias tradicionais – são aquelas que estão mais presas aos
antigos fatores locacionais, utilizam muita mão-de-obra e empregam
métodos da primeira e segunda fases da Revolução Industrial como
as indústrias de alimentos e têxteis.
BRASIL: INDUSTRIALIZAÇÃO
*ATÉ 1850 → fraco desempenho do setor: pequeno mercado
consumidor; Estado alheio a industrialização; elites brasileiras =
expansão do café; ineficientes forças produtivas.
*1880 a 1930→1ª Revolução Industrial do Brasil
Bens de consumo não duráveis = indústria leve
Concentração industrial sudeste→capital adquiridos com a
cafeicultura, mão-de-obra, rede comercial e bancária, energia
elétrica, rede ferroviária, mercado consumidor.
Surgimento de novas classes sociais: burguesia industrial e
proletariado.
Manifestações operárias, conquista de direitos trabalhistas: Lei de
Férias 1926; Código do Menor 1929; segregação espacial pelo
poder econômico surgimento dos bairros operários.
*1930 a 1955: 2ª Revolução Industrial do Brasil
Êxodo rural→crise da cafeicultura e ampliação do mercado
consumidor
Redução das importações→crise capitalismo 1929 redução da
concorrência internacional
Política nacionalista do governo de Getúlio Vargas-1930-1945
→substituições das importações, indústria de base→CSN-
1941CVRD-1942
Segunda Guerra Mundial-dificuldade de importação de produtos dos
países desenvolvidos
1956 a 1961 – Programa de Metas→JK
Expansão do capital estrangeiro no Brasil→implantação do modo de
vida americano→ marketing agressivo→formação da sociedade de
consumo; 48,8% EUA, 17,8% Alemanha.
Recursos do Tesouro (2/3)→investimentos em energia e transporte
Acentuado desenvolvimento industrial: bens de consumo (63%),
bens de produção (370%)
1962-1964-políticas nacionalistas
Reformas de base
1964 até os dias atuais
*Modelo associado ao capitalismo mundial e dele dependente
*Modernização conservadora→crescimento econômico e acentuada
desigualdades sociais
*Endividamento externo→1965=U$5 bilhões; 1975= U$20 bilhões
2000= U$206 bilhões
3ª Revolução Industrial do Brasil=Revolução Tecnológica
Científica
*dependência em relação ao exterior
*Ineficiente política científica e tecnológica
*Crise monetária e financeira internacional
Pólos Tecnológicos - promovem interação entre instituições de
ensino e pesquisa e empresas.
São José dos Campos-ITA; INPE;
Universidades de São Carlos e a USP
Concentração e relativa desconcentração industrial no Brasil
Sudeste a maior concentração industrial nas áreas metropolitanas
RMSP Região metropolitana de São Paulo
ABCD = Santo André, São Bernardo do Campo, Cão Caetano do
Sul e Diadema - indústria automobilística, bens de consumo
duráveis, leves, bens de produção.
RMRJ – Região Metropolitana do Rio de Janeiro - bens de consumo
duráveis, leves, e de bens de produção.
RHBH – Região Metropolitana do Rio de Janeiro - zona metalúrgica
do Brasil, ind. bens de consumo.
FONTES DE ENERGIA
O ser humano sempre utilizou fontes de energia para suprir suas
necessidades básicas de sobrevivência. Essas substâncias, por
meio de um processo de transformação, proporcionam energia para
que o homem possa cozinhar seu alimento, aquecer seu ambiente,
produzir combustíveis, entre outras atividades.
Porém, foi com o advento do modelo econômico capitalista,
baseado num intenso processo de produção e consumo, que a
utilização das fontes energéticas teve um aumento extraordinário,
pois o setor industrial é altamente dependente de energia para o
funcionamento das máquinas, em especial das fontes de origem
fóssil (petróleo, gás natural e carvão mineral).
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54
As fontes energéticas são classificadas em renováveis e não
renováveis. As primeiras, mais utilizadas pelas indústrias, são
representadas pelo petróleo, gás natural, carvão mineral e energia
nuclear. Essas fontes são extremamente poluidoras e irão exaurir-se
da natureza: conforme a Agência Internacional de Energia (AIE),
caso não se reduza a média de consumo registrada nas últimas
décadas, as reservas mundiais de petróleo e gás natural deverão se
esgotar em 100 anos e as de carvão, em 200 anos.
Visando reverter esse quadro para reduzir a dependência da
utilização das fontes não renováveis, vários estudos desenvolveram
energias “limpas” e renováveis, ou seja, que jamais se esgotarão na
natureza. Entre as principais estão a hidrelétrica (energia liberada
por uma queda-d’água), eólica (obtida através dos ventos), solar
(captada pelo aquecimento de placas específicas), biomassa
(material orgânico), energia das marés (fornecida através da
instalação de uma estação que aproveita a energia das correntes
marítimas), etc.
O tema em questão é muito importante nas discussões sobre a
matriz energética global. Sendo assim, disponibilizamos artigos
sobre as mais variadas fontes energéticas, contendo a classificação,
forma de obtenção, utilização, vantagens, desvantagens, impactos
ao meio ambiente, entre outras características.
Por Eduardo de Freitas
Um dos recursos minerais mais importantes do mundo e que está
com o fim mais próximo é o petróleo, embora não seja a única fonte
de energia, os países têm uma preocupação muito grande, porque é
essa que mantém o desenvolvimento econômico e tecnológico,
além de oferecer qualidade de vida às pessoas.
Todos sabem da limitação dos recursos, diante disso foram criadas
fontes alternativas como:
ENERGIA BIOLÓGICA.
São energias que se originam da biomassa ou de microrganismo, a
biomassa são fontes de extração de energia (cana, eucalipto etc.).
O uso desse tipo de energia será uma tendência mundial, a energia
de origem orgânica é baseada na biotecnologia.
Biogás
Gás liberado na decomposição de elementos orgânicos (ex. lixo,
esterco, palha etc.) e o biodigestor transforma esses resíduos em
gás. A produção de biogás é interessante por dois motivos, diminui
a quantidade de resíduos no ambiente e é pouco poluidor.
Álcool e Óleos vegetais
O álcool, importante combustível da atualidade, pode ser extraído
de vários vegetais (cana, beterraba, cevada, batata, mandioca,
girassol, eucalipto etc.), pode ser utilizado de várias formas, mas
seu destaque maior é como combustível, que passou a ser utilizado
nos automóveis a partir da década de 1970, é bom ressaltar que
essa é uma tecnologia brasileira.
Atualmente, apenas Brasil e Rússia estão utilizando o álcool como
combustível, o Brasil com a cana extrai o etanol, a Rússia com o
eucalipto extrai o metanol.
Algumas alternativas de geração de combustíveis podem ser mais
promissoras do que o próprio álcool, como é o caso dos óleos que
são extraídos de vegetais (mamona, babaçu, dendê, soja, algodão,
girassol, amendoim entre outros). O desenvolvimento dessas
tecnologias nos últimos anos tem sido deixado de lado por falta de
investimentos, o óleo vegetal é mais calorífero que o álcool, assim
poderia facilmente substituir o diesel, a gasolina e o querosene, que
são combustíveis de fontes limitadas. No mundo essa alternativa
energética ainda foi pouco difundida, mas isso é uma questão de
tempo.
Energia Solar e Hidrogênio.
Os raios solares que incidem na terra possuem uma quantidade
incrível de energia, com isso alguns estudos revelam que os raios
poderiam produzir muito mais energia do que todas hidrelétricas e
termoelétricas do mundo, o problema é que ainda não se sabe como
canalizar e armazenar essa energia.
Em países como Alemanha, o governo destina incentivos às
residências que instalam coletores solares.
Outra fonte que anda em fase de aprimoramento é a energia de
hidrogênio, que produz poucos resíduos e a baixo custo, estima-se
que no final dessa década já tenha carros disponíveis com motores
movidos a hidrogênio.
Marés, Ventos e Energia Geotérmica
O movimento das marés (movimento das águas) move turbinas que
podem gerar energia, esse recurso é utilizado em países como
Japão e França.
A energia eólica é uma fonte de energia conhecida há muitos anos,
pois foi utilizada para mover moinhos, no mundo existem cerca de
30 mil geradores de energia eólica.
A energia geotérmica é extraída do calor vindo do interior da terra,
os EUA, Itália e Japão produzem energia dessa natureza, mas esse
tipo só é possível em lugares que possuem vulcões ou áreas de
concentração de placas litosféricas.
Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia
55
Em países como a Islândia, os gêiseres são aproveitados, são
águas quentes que saem interior da Terra que também geram
energia geotérmica.
Por Wagner de Cerqueira e Francisco
FONTES DE ENERGIA NO BRASIL E MINERAÇÃO.
Renováveis – não se esgotam a exemplo da energia solar, a
energia muscular, a energia dos vegetais (biomassa) da correnteza
dos rios (hidráulica), eólica, e geotérmica. Reduzem a dependência
de fontes de energia não renováveis.
Não Renováveis – tendem a esgotar-se com o uso: petróleo,
carvão mineral, urânio.
A principal fonte de energia utilizada consiste no petróleo, seguido
do carvão mineral, a hidroeletricidade, a energia nuclear e o gás
natural
Energia elétrica – obtida pela força da água, pelo vapor da queima
de combustíveis fósseis e pelo calor produzido pela fissão do urânio
no núcleo do reator.
Fontes de energia do futuro:
Biomassa, eólica, solar.
Carvão mineral – devido a baixa qualidade e a quantidade reduzida
de reservas deste mineral o Brasil importa tal matéria-prima.
Encontrado na região sul no vale do Rio Tubarão em Santa Catarina
destacando-se os municípios de Lauro Miller, Urussanga,
Sideropólis e Criciúma.
A exploração deste mineral provoca a poluição atmosférica e do
lençol freático.
Petróleo
1930 – descoberta do petróleo em Lobato – BA no Recôncavo
Baiano.
1953 – criação da Petrobrás, monopólio de atividades relativas ao
petróleo como a prospecção e a lavra. Transporte do óleo bruto
realizado em petroleiros e oleodutos. Atividades de refino e da
compra e venda do produto no exterior.
1976 – abertura de contratos de riscos, atração de empresas
estrangeiras para as atividades de prospecção e lavra.
1988 – construção de política nacionalista.
1998 – fim do monopólio do petróleo
Exploração marítima e terrestre destacando-se a bacia de Campos
– RJ, e na exploração terrestre: Ceará,Recôncavo Baiano,
Amazonas e Sergipe.
Proálcool
1976- objetivava reduzir as importações de petróleo devido aos altos
preços deste produto.
Conseqüências: erradicação de lavouras alimentícias, utilização
apenas em automóveis de passeio, aumento do uso do óleo diesel.
Exploração de minério de ferro no quadrilátero ferrífero em Minas
Gerais explorado pela VALE, escoada pela estrada de ferroa até os
portos de Vitória e Tubarão no Espírito Santo.
Projeto Carajás- Pará– maiores reservas de minério de ferro,
explorada pela Vale escoada pela estrada de Ferro de Carajás até o
porto de Itaqui no Maranhão
Exportadas principalmente para o Japão.
Maciço do Urucum – MS – escoamento do minério de ferro via Rio
Paraguai.
Projeto dos Pólos de Alumínio – explorado no vale do Rio
Trombetas no Pará, na Serra de Oriximiná no Pará explorado pelo
consórcio entre a VALE e a Alcan- anglo holandesa juntamente com
a Companhia Brasileira do Alumínio do grupo Votorantim.
Projeto Jari - implantado pelo milionário americano Daniel Ludwig
em 1967 ocupa 1,6 milhão de hectares objetivou implantar um
projeto de integração vertical de atividades florestais, minerais e
industriais. Vendido em1980 a um consorcio de empresas
atualmente atua na atividade de silvicultura e produção industrial de
celulose. A caulim amazônia extrai o caulim utilizado para o
branqueamento da celulose e exportado através do rio Jarí.
Serra do Navio no Amapá- grandes jazidas de manganês em 1950
foram descobertas pela ICOMi um consórcio entre a transnacional
norte-americana Bethelem Steel e uma empresa nacional. Para
viabilizar as exportações construiu-se a Estrada de Ferro Amapá e o
Porto de Santana nos arredores de Macapá. Atualmente a ICOMi
explora o cromo da mina do Vila Nova em Manzagão nas
proximidades do Porto de Santana.
Exploração de Sal Marinho- existem grandes reservas de sal no
litoral nordestino destacando-se o estado do Rio Grande do Norte
maior produtor nacional devido a salinidade elevada, litoral raso,
solos impermeáveis, atuação constante de ventos. Destacam-se os
municípios de Areia Branca, Macaú e Mossoró. O Rio de Janeiro
também apresenta as características especificadas destacando-se
os municípios de Cabo Frio e Ararauna.
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56
IMPACTOS AMBIENTAIS
Desmatamentos – localizados na faixa tropical e equatorial.
Desertificação-uso do solo para a agricultura, fragilidade do
ecossistema, desmatamentos, técnicas não apropriadas de irrigação
e cultivo.
Problemas Ambientais Urbanos.
A urbanização se intensificou com a expansão das atividades
industriais, fato que atraiu (e ainda atrai) milhões de pessoas para
as cidades. Esse fenômeno provocou mudanças drásticas na
natureza, desencadeando diversos problemas ambientais, como
poluições, desmatamento, redução da biodiversidade, mudanças
climáticas, produção de lixo e de esgoto, entre outros.
A expansão da rede urbana sem o devido planejamento ocasiona a
ocupação de áreas inadequadas para a moradia. Encostas de
morros, áreas de preservação permanente, planícies de inundação
e áreas próximas a rios são loteadas e ocupadas. Os resultados são
catastróficos, como o deslizamento de encostas, ocasionado a
destruição de casas e um grande número de vítimas fatais.
A compactação do solo e o asfaltamento, muito comuns nas
cidades, dificultam a infiltração da água, visto que o solo está
impermeabilizado. Sendo assim, o abastecimento do lençol freático
fica prejudicado, reduzindo a quantidade de água subterrânea.
Outro fator agravante dessa medida é o aumento do escoamento
superficial, podendo gerar grandes alagamentos nas áreas mais
baixas.
Outro problema ambiental urbano preocupante é o lixo. O aumento
populacional causa uma maior produção de lixo, especialmente no
atual modelo de produção e consumo. A coleta, destino e
tratamento do lixo são questões a serem solucionadas por várias
cidades. Em muitos locais, o lixo é despejado nos chamados lixões,
locais sem estrutura para o tratamento dos resíduos. As
consequências são: odor, proliferação de doenças, contaminação do
solo e do lençol freático pelo chorume, etc.
O déficit nos serviços de saneamento básico contribui para o
cenário de degradação ambiental. A quantidade de esgoto
doméstico e industrial lançado nos rios sem o devido tratamento é
imensa. Esse fenômeno reduz a qualidade das águas, gerando a
mortandade de espécies aquáticas e a redução do uso dessa água
para o consumo humano.
Nos grandes centros industrializados, os problemas ambientais são
mais alarmantes. Nesses locais, a emissão de gases dos
automóveis e das fábricas polui a atmosfera e retém calor,
intensificando o efeito estufa. Com isso, vários transtornos são
gerados à população: doenças respiratórias, chuvas ácidas,
inversão térmica, ilhas de calor, etc.
A poluição sonora e a visual também geram transtornos para a
população. Os ruídos ensurdecedores e o excesso de elementos
destinados à comunicação visual espalhados pelas cidades
(cartazes, banners, placas, outdoors, fios elétricos, pichações, etc.)
afetam a saúde dos habitantes.
Portanto, diante desse cenário de diferentes problemas ambientais
urbanos, é urgente a necessidade de elaboração e aplicação de
políticas ambientais eficazes, além da conscientização da
população. Entre as medidas a serem tomadas estão a redução da
produção do lixo, a reciclagem, o tratamento adequado do lixo
(incineração ou compostagem), o saneamento ambiental, o
planejamento urbano, a educação ambiental, a redução da emissão
de gases poluentes, entre outras.
Lixo urbano – formas de recolhimento
Os aterros sanitários são locais onde o lixo é enterrado.
Lixões são depósitos a céu aberto.
Lixo domiciliar pode ser:
Orgânico – restos de alimentos cozidos ou não.
Inorgânico – papel, vidro, latas, alumínio
Lixo industrial – produtos químicos, ácidos, mercúrio, chumbo,
gases oxidantes, cloro, agrotóxicos.
Poluição
Poluição das águas – esgotamento doméstico e industrial, chorume
do lixo orgânico, esgotos sem tratamento, resíduos agropecuários,
atividades mineradoras.
Poluição sonora e visual
Poluição do Ar.
Inversão térmica – no outono inverno, quando a temperatura do
solo diminui é muito comum essa situação ocorrer. Próximo do solo
mais frio, o ar se resfria, nas camadas superiores é mais quente.
Por algumas horas até que o solo se aqueça não há movimentação
vertical do vento. Os poluentes ficam retidos bem perto do solo
agravando a poluição atmosférica. Ao ocorrer a inversão térmica é
comum acontecer o fenômeno do smog que impede a visibilidade
por algum tempo.
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57
Ilhas de calor – as médias térmicas das áreas centrais são mais
altas que da periferia ou na zona rural. Isto é um reflexo da
concentração de edifícios que impedem a circulação do ar, as ruas
asfaltadas, a reduzida ou ausência de áreas verdes e a grande
concentração de veículos.
Chuva ácida - a presença de poluentes no ar atmosférico ácido
sulfúrico, ácido clorídrico, trióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio
torna a água da chuva mais ácida. Devido aos ventos os efeitos da
chuva ácida atingem lugares a centenas de quilômetros de
distancia.
Efeito estufa – a queima de combustíveis fósseis, por indústrias e
veículos foi o principal responsável pelo aumento do CO2 (dióxido
de carbono) na atmosfera. As queimadas também agravam a
situação. O aumento destes gases na atmosfera intensifica a
retenção de calor na superfície terrestre. São preocupantes as
conseqüências do efeito estufa para o planeta.
A destruição da camada de ozônio – este camada situa-se a 20 e
60 km de altitude sendo seu papel absorver as radiações
ultravioleta, impedindo que eles atinjam a superfície terrestre em
quantidades excessivas. Ao serem intensificadas as radiações
poderão ocasionar o aumento de câncer de pele, problemas na
visão e o sistema imunológico dos homens e animais. Esta
destruição está sendo provocada pelo uso de clorofluorcarbonetos
(CFCs).
Conferências Ambientais.
Um dos reflexos da “explosão” acerca
da tão falada consciência ecológica
por parte das sociedades tem feito
surgir cada vez mais grupos que buscam a preservação da
natureza, geralmente ONG`s.
As idéias ecológicas foram difundidas a partir da década de 70, os
grupos não se restringem apenas às questões ambientais, tratam
também dos aspectos sociais e culturais, principalmente em nível
local.
Contando com a opinião pública e com os meios de comunicação
em massa, em países de ideologias democráticas, muitas vezes as
ONGs exercem pressão sobre os governos para instaurar leis e
tratados internacionais.
O conjunto de tratados mais recentes tem algumas pautas de
discussões devido à pressão das ONGs e da mídia, dessa forma já
são contabilizados vários tratados, conferências, convenções, a
seguir serão apresentadas algumas das principais:
Convenção sobre as Mudanças Climáticas: ocorreu em 1992 na
cidade do Rio de Janeiro, denominada de ECO-92. Posteriormente
no Protocolo de Kyoto, em 1997, foram realizadas várias alterações
em relação às metas propostas no Rio, como por exemplo, a de que
o conjunto dos países mais industrializados deveria diminuir a
emissão de gases de dióxido de carbono.
Além da assinatura de acordos sobre mudanças climáticas na ECO-
92 foi promovida também a implantação da Declaração sobre as
florestas, que tem como principal objetivo ressaltar a necessidade
de preservação das florestas existentes no planeta, e a Convenção
sobre a Diversidade Biológica que estabelece uma ligação entre
preservação e produção econômica a partir da extração de
elementos naturais, como matéria-prima para as indústrias.
Agenda 21: centraliza-se na idéia do desenvolvimento sustentável,
essas devem ser colocadas em prática durante esse século, o
objetivo da Agenda 21 é implantar medidas sociais, principalmente
para os excluídos (índios, ribeirinhos), além de questões como a
mulher no contexto social, os jovens, e uma preocupação com a
preservação da atmosfera e oceanos.
Em 2002, em Johannesburgo, através do Plano de Implementação a
Agenda 21 tornou-se mais sólida, no Rio+10 foram assinados e
aprovados a Declaração Política da Cúpula Mundial de
Desenvolvimento Sustentável, essa tem como principal objetivo
pedir anistia das dívidas adquiridas pelos países pobres, pois muitas
vezes as desigualdades são provenientes dos esforços em pagar os
débitos, dessa forma impossibilita a implantação efetiva de um
desenvolvimento sustentável.
No Japão, em dezembro de 1997, ocorreu na cidade de Kyoto a
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, na
qual foi elaborado o Protocolo de Kyoto com um objetivo básico de
reduzir a emissão de gases, e automaticamente diminuir o efeito
estufa, nessa conferência ficou definido que os países de maior
industrialização estariam obrigados a subtrair o volume de gases, no
mínimo 5% se comparados com a década de 90, entre os anos de
2008 e 2012.
As metas propostas de redução não foram aderidas por muitos
países, que se recusaram a assiná-las, o primeiro a ir contra a
assinatura foram os Estados Unidos, que ocupam o lugar de maior
emissor, com quase 24% do total mundial.
O ponto negativo do protocolo é que não existe nenhum tipo de
punição àquele que descumprir as medidas de redução de emissão
de gases, no entanto, ninguém ousaria punir uma potência como os
EUA ou mesmo a China, que hoje é a economia que mais cresce no
mundo.
Contudo, ficou definida na ECO-92, a partir do consentimento de
191 países, a redução do índice da população sem acesso à água
potável, além disso, os países desenvolvidos deveriam destinar
0,7% do PIB para as nações pobres que se comprometeram a
preservar a natureza e a biodiversidade como um todo.
Até o ano de 2005 as metas de redução não foram cumpridas pelos
países industrializados.
Por Eduardo de Freitas
Rio +20.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20, ocorrerá entre os dias 13 e 22 de junho na
cidade do Rio de Janeiro. A Rio+20 marca vinte anos da realização
da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, conhecida como Eco-92 ou Rio-92, e será mais
uma oportunidade para refletirmos sobre o futuro que queremos
para o mundo nos próximos vinte anos e determinar como é
possível reduzir a pobreza, promover a justiça social e a proteção do
meio ambiente em um planeta que é cada vez mais habitado.
Com o objetivo de renovar o compromisso político com o
desenvolvimento sustentável, verificando o que foi feito nos últimos
20 anos (desde a Eco-92), e quais são as lacunas que ainda
existem na implementação dos resultados, a Rio+20 reunirá
diversos chefes de Estado e de Governo dos países-membros das
Nações Unidas, pessoas do setor privado e ONGs.
Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia
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A Rio+20 terá como temas principais: a economia verde no contexto
do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, e a
estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
Composta por três momentos, a Rio+20 se iniciará no dia 13 de
junho, e até o dia 15 haverá a III Reunião do Comitê Preparatório,
onde representantes governamentais se reunirão para negociar os
documentos a serem adotados na Conferência. Entre os dias 16 e
19 de junho estão programados os Diálogos para o
Desenvolvimento Sustentável, um espaço aberto à sociedade civil
para a discussão de diversos temas inerentes à Rio+20. De 20 a 22
de junho a Rio+20 terá a presença de diversos Chefes de Estado e
de Governo dos países-membros das Nações Unidas, ocorrendo
então o Alto Nível da Conferência.
Muitos especialistas consideram a Rio+20 como uma oportunidade
histórica para se discutir e desenvolver ideias que possam promover
um futuro mais sustentável, com mais postos de trabalho, fontes de
energia limpa, mais segurança, e com um padrão de vida decente
para todos os cidadãos. Segundo BriceLalonde, Coordenador
Executivo da Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, “O Rio+20 é um dos maiores
encontros mundiais sobre o desenvolvimento sustentável do nosso
tempo”.
Por Paula Louredo Moraes
EXERCÍCIOS
01. “A urbanização é, sem dúvida, a principal transformação
social do nosso tempo. Em 1800, apenas 3% da população
mundial vivia nas cidades. De 1950 até a virada do século XXI, a
população urbana no mundo terá quadriplicado”. A maior
contribuição para esse aumento será dada pelos países:
A) Capitalistas desenvolvidos do hemisfério norte.
B) capitalistas subdesenvolvidos.
C) Socialistas de economia agrícola.
D) Socialistas de economia industrial.
E) Socialistas de 3º mundo.
02. Em contraposição aos neomalthusianos, que vêem no
grande crescimento populacional o principal obstáculo ao
desenvolvimento do Terceiro Mundo, os. . . . . . . . . . ou . . . . . . . .
. consideram que é a própria situação de fome e miséria do
Terceiro Mundo que acarreta o grande crescimento
populacional. A solução estaria, portanto nas reformas sociais,
que propiciaram a erradicação da miséria e a melhoria do
padrão de vida. Os defensores dessa última teoria são os:
A) Reformistas ou marxistas.
B) Reformistas ou alarmistas.
C) Monetaristas ou ortodoxos.
D) Pós-malthusianos ou populacionais.
E) Revisionistas ou comunistas
03. O crescimento demográfico dos países subdesenvolvidos tem
revelado algumas mudanças importantes nas duas últimas décadas.
Verifique qual(ais) da(s) afirmativas apresenta(m) corretamente uma
dessas mudanças:
I. Nos países com acelerada urbanização e crescente participação
da mulher no mercado de trabalho, tem havido importante
queda da taxa de fecundidade, como é o caso da América
Latina.
II. Nos países com forte percentual de população rural, o
crescimento demográfico tem diminuído em função do aumento
das taxas de mortalidade, como na África.
III. Nos países asiáticos, a contenção da mortalidade tem sido
acompanhada por aumento da taxa de natalidade, graças ao
êxito de campanhas governamentais, como na Índia e no
Oriente Médio.
Assinale:
A) Se apenas a afirmativa I está certa.
B) Se apenas a afirmativa II está certa.
C) Se apenas as afirmativas I e III estão certas.
D) Se apenas as afirmativas II e III estão certas.
E) Se todas as afirmativas estão certas.
04. (PUC-RJ) Assinale a alternativa correta. O processo de
substituição das importações que permitiu um avanço da
industrialização brasileira ocorreu mais intensamente:
A) Na segunda metade do século XIX.
B) Nos períodos das duas guerras mundiais.
C) Entre 1937 e 1940, ao inicio do estado novo.
D) A partir de 1980.
E) Durante os ―governos militares‖ pós 64.
05. (UFPE) A agropecuária é uma das mais antigas atividades
da história da humanidade, tendo passado ao longo da sua
evolução por uma série de transformações.
Em relação a esta atividade, analise o que se afirma a seguir.
A) Apesar da grande produção de grãos existente no planeta, uma
parcela considerável da população mundial é atingida pela fome.
Este flagelo é produto muito mais de fatores políticos e
econômicos, estando presente, muitas vezes, em países que são
grandes produtores e exportadores de grãos.
B) Os fatores de produção agrícola são: terra, capital e trabalho.
Quanto maior o emprego do trabalho, a atividade agrícola é
classificada como intensiva.
C) Na agricultura intensiva, o aumento da produtividade é alcançado
com a incorporação de novas terras ao processo produtivo.
D) A distribuição da população economicamente ativa por setores
produtivos, nos países centrais, revela que é o setor primário,
onde se encontra a atividade agropecuária, aquele que absorve
mais mão-de-obra.
E) O agronegócio da fruticultura, no Vale do São Francisco, permite
a presença, no meio rural, não apenas da atividade agrícola não
relacionada as atividades dos setores secundário e terciário.
06. (UFPE) Em relação à atividade do comércio, analise as
proposições abaixo.
A) Apesar do desenvolvimento dos transportes e das comunicações
que marcou o cenário mundial, a partir da segunda metade do
Século XX, alguns países da América Latina ainda permanecem
isolados, sem participar do comércio internacional.
B) Os países desenvolvidos nessa nova regionalização mundial,
que teve como critério a expansão e a internacionalização dos
mercados, correspondem aos chamados países centrais e
mercados emergentes. Os subdesenvolvidos são os
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denominados países periféricos.
C) Apesar da tendência de queda ou mesmo de eliminação das
tarifas comerciais, o protecionismo é uma prática adotada por
várias nações do planeta, como forma de facilitar a livre
concorrência dos produtos estrangeiros.
D) O superávit da balança comercial de um país é obtido quando as
suas importações, no mercado internacional, são superiores às
exportações.
E) A colocação, no mercado externo, de frutas tropicais, por parte
da região Nordeste brasileira, é uma consequência da irrigação
desenvolvida nos altos cursos, próximos às nascentes, dos rios
São Francisco e Parnaíba.
07. (MACK-SP) Considere as afirmações sobre a implantação da
agricultura moderna ou intensiva que é encontrada em larga escala
nos países desenvolvidos.
I – Utilização de pesquisas agronômicas com o objetivo de
aperfeiçoamento genético das espécies.
II – Predomínio de grandes propriedades rurais, às quais se aplica a
especulação imobiliária, objetivando a valorização da terra.
III – Intensa utilização de fertilizantes, corretivos e defensivos
agrícolas.
IV – Desenvolvimento de uma rede de transporte estruturada,
permitindo rápido acesso entre as áreas de consumo.
São verdadeiras:
A) Apenas I e II. D) I, II, III e IV.
B) Apenas II, III e IV. E) Apenas I, II e IV.
C) Apenas I, III, IV.
08. (UFJF – MG) Leia as afirmativas abaixo:
A agricultura orgânica é um sistema holístico de gestão de
produção que fomenta e melhora a saúde do agroecossistema,
incluindo a biodiversidade, os ciclos biológicos e a atividade
biológica do solo.
A agricultura orgânica constitui uma parte cada vez mais
importante do setor agrícola; suas vantagens ambientais e
econômicas têm atraído a atenção de muitos países.
É correto afirmar que a agricultura orgânica:
A) Protege o sistema agrícola contra o estresse ambiental
B) Promove a monocultura e não depende de insumos industriais.
C) Baseia-se na solução de problemas de abastecimento.
D) Eleva a produtividade dos sistemas agrícolas transgênicos.
E) Faz parte do modelo conhecido como revolução verde.
09. (Mack – SP) Ao contrário da União Européia, o Mercosul não
pode ser considerado um verdadeiro mercado comum, pois:
A) Está vinculado à União Européia, para fazer frente à ALCA, que o
impede de ser um bloco econômico autônomo.
B) Após varias tentativas frustradas, desistiu de unificar as moedas.
C) Não exige dos países membros compromisso com a manutenção
do regime democrático.
D) Não pratica a livre circulação de serviços, capitais e pessoas.
E) É integrado por países que apresentam notável similaridade
econômica, histórica e cultural.
10. (ENEM) A população rural do Brasil tem decrescido nas últimas
décadas. De acordo com dados do IBGE, na década de 1980, a
população rural era de aproximadamente 37 milhões; no ano 2000
havia cerca de 31 milhões de brasileiros morando no campo. O
gráfico apresenta o comportamento da agricultura no Brasil nas
duas últimas décadas em relação à produção e à área cultivada.
Levando em consideração as mudanças ocorridas no campo
nas últimas duas décadas e analisando o comportamento do
gráfico, é correto afirmara que:
A) As áreas destinadas à lavoura têm aumentado
consideravelmente, graças ao crescimento do mercado
consumidor.
B) A produção agrícola aumentou juntamente com a área cultivada,
devido à abertura do mercado para exportação.
C) A densidade demográfica nas áreas cultivadas tem crescido junto
com a produção agrícola.
D) A área destinada a agricultura não aumentou, mas a
produtividade tem crescido, graças a aplicação de novas
tecnologias.
E) A produção agrícola do País cresceu no período considerado,
enquanto a produtividade do homem do campo diminuiu.
11. Em uma disputa por terras, em Mato Grosso do Sul, dois
depoimentos são colhidos: o do proprietário de uma fazenda e o de
um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra:
Depoimento 1
A minha propriedade foi conseguida com muito sacrifício pelos meus
antepassados. Não admito invasão. Essa gente não sabe de nada.
Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será a
bala. Esse povo tem que saber que a constituição do Brasil garante
a propriedade privada. Além disso, se esse governo quiser as
minhas terras para a reforma agrária terá que pagar, em dinheiro, o
valor que eu quero – proprietário de uma fazenda no Mato Grosso
do Sul.
Depoimento 2
Sempre lutei muito, Minha família veio para a cidade porque fui
despedido quando as máquinas chegaram lá na usina. Seu moço,
acontece que eu sou um homem da terra. Olho pro céu, sei quando
é tempo de plantar e de colher. Na cidade não fico mais. Eu quero
um pedaço de terra, custe o que custar. Hoje eu sei que não estou
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60
sozinho. Aprendi que a terra tem um valor social. Ela é feita para
produzir alimento. O que o homem come vem da terra. O que é duro
é ver que aqueles que possuem muita terra e não dependem dela
para sobreviver pouco se preocupam em produzir nela – integrante
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de
Corumbá (MS).
A partir da leitura do depoimento 1, os argumentos utilizados para
defender a posição do proprietário de terras são:
I. A Constituição do país garante o direito à propriedade privada;
portanto, invadir terras é crime.
II. O MST é um movimento político controlado por partidos políticos.
III. As terras são frutos do árduo trabalho das famílias que as
possuem.
IV. Este é um problema político e depende unicamente da decisão
da justiça.
Está(ão) correta(s) a(s) proposição(ões):
A) I, apenas.
B) I e IV, apenas.
C) II e IV apenas.
D) I, II e III, apenas.
E) I, III e IV, apenas.
12. A partir da leitura do depoimento 2, quais os argumentos
utilizados para defender a posição de um trabalhador rural sem
terra?
I. A distribuição mais justa da terra no país está sendo resolvida,
apesar de que muitos ainda não têm acesso a ela.
II. A terra é para quem trabalha nela e não para quem acumula
como bem material.
III. É necessário que se suprima o valor social da terra.
IV. A mecanização do campo acarreta a dispensa de mão de obra
rural.
Está(ão) correta(s) proposição(ões)
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) II e IV, apenas.
D) I, II e III, apenas.
E) I, III e IV, apenas.
13. (PUC-RJ) Assinale a alternativa correta:
“O processo de substituição das importações que permitiu um
avanço da industrialização brasileira ocorreu mais
intensamente”:
A) Na segunda metade do século XIX.
B) Nos períodos das duas guerras mundiais.
C) Entre 1937 e 1940,ao inicio do estado novo.
D) A partir de 1980.
E) Durante os ―governos militares‖ pós 64.
14. (ENEM) Nas primeiras décadas de século XX, o engenheiro
Frederick Taylor desenvolveu os princípios da administração
científica. Ao adotar esses princípios em sua fábrica, Henry
Ford criava um novo método de produção.
A inovação mais importante do modelo fordista de produção
foi:
A) A fragmentação da produção.
B) O trabalho qualificado.
C) A linha de montagem.
D) A produção diferenciada.
E) A redução dos estoques.
15. (PUC-MG) Assinale a alternativa em que NÃO se aponta
fator relevante para a indústria contemporânea:
A) A flexibilização da produção leva a empresa a adequar-se as
exigências do mercado, cada vez mais diversificado.
B) Os grandes centros de decisão modificam e articulam o espaço
onde as empresas transnacionais estão inseridas.
C) O fortalecimento do mercado tecnológico amplia e assegura a
competitividade dos países de industrialização tardia no
contexto global.
D) Os fluxos mais intensos decorrentes de sistemas integrados de
redes favorecem a maior integração entre as empresas e a
produção.
16. (ENEM – Adaptado) Considere as afirmações seguintes,
sobre os ciclos econômicos de Schumpeter e indique a
alternativa que trás informações corretas:
I - A teoria dos ciclos associa o desenvolvimento econômico a
inovação tecnológica.
II - A fase descendente do ciclo apresenta as melhores condições
para o sucesso de pequenos empreendedores com idéias
brilhantes.
III - Segundo essa teoria, o desenvolvimento de uma economia
nacional retardatária beneficia-se de inovações geradas em
outras economias nacionais.
IV - A teoria de Schumpeter é um importante instrumento de análise
econômica, mas não tem utilidade para a geografia.
V - Novas fontes de obtenção de energia desempenharam papéis
decisivos nos ciclos industriais dos séculos XIX.
A) Apenas I e III estão corretas
B) II, IV e V estão corretas
C) Somente I, III e V são corretas
D) São verdadeiras as afirmações III, IV e V
E) Apenas III e IV são corretas.
17. (Profª Glória – Pré-uni/SEED) Assinale a alternativa que
melhor se enquadra no conceito de acumulação flexível
industrial.
A) Forma de acumulação voltada para a produção de mercadorias
de elevado conteúdo tecnológica.
B) Lei da oferta e da procura
C) Simboliza a distribuição espacial igualitária da indústria
D) Atende a mercados com exigência especificas
E) N.R.C
18. (ENEM – Adaptado) A produção industrial de alta tecnologia
da redução tecnocientífica distingui-se da produção das
indústrias tradicionais.Assinale a alternativa que explique a
distribuição espacial dos pólos de alta tecnologia no mundo.
A) Estão localizados em maior parte nos países periféricos.
B) Localizam-se em especial nos Estados Unidos e União Européia.
C) Não considera a importância da região do Pacifico.
D) Os países industriais ainda não absorveram a tecnologia de
ponta.
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61
E) A maioria dos pólos de alta tecnologia abastece os países
centrais.
19. (Profª. Glória – Pré-uni/SEED) Assinale um X na alternativa
que melhor qualifica as causas da decadência das Velhas
regiões industriais tradicionais.
A) Não seguiram o modelo Fordista e a produção serializada.
B) As reservas minerais estão sob o domínio de monopólios.
C) Ainda não se exige muita qualificação técnica e cientifica.
D) Tendem a serem substituídas com a disseminação das
tecnologias de ponta
E) As indústrias tradicionais foram substituídas pela manufatura.
20. (UFV – MG) Com o crescimento econômico ocorrido durante
o século XX, o Brasil pode ser considerado um país
industrializado, embora os males do subdesenvolvimento
continuem presentes. O processo de industrialização brasileiro
contou com um agente de fundamental importância: o Estado
Nacional.
Sobre o papel do Estado no processo de industrialização
brasileira, assinale a alternativa correta.
A) Foi responsável pela construção dos setores de infra-estrutura e
transporte, pelo investimento direto no setor industrial e pela
criação de uma legislação trabalhista.
B) Foi responsável pelos investimentos em infraestrutura e
transporte, porem não participou dos investimentos diretos no
setor industrial e se omitiu na criação de uma legislação
trabalhista.
C) Agiu na criação de uma legislação trabalhista, porem não
participou dos investimentos em infraestrutura e transportes,
bem como dos investimentos diretos no setor industrial.
D) Foi responsável pelos investimentos diretos no setor industrial,
porem, por falta de recursos, deixou a cargo das empresas
privadas os investimentos na criação de infra-estrutura e
transportes.
E) Abriu mão do papel de empreendedor, não participando dos
investimentos diretos no setor industrial, nem dos investimentos
em infraestrutura.
21 (PUCCAMP-SP) Entre 1955 e 1960 houve um salto no
processo de industrialização brasileira através da fase
conhecida como Plano de Metas, em que o crescimento
econômico esteve apoiado em um conjunto de investimentos e
profundas modificações na estrutura industrial do país.
O conjunto de investimentos e modificações a que se refere
texto consistia, entre outros:
A) Na grande ampliação das centrais de energia termelétricas, na
instalação e modernização de terminais marítimos e no
crescimento de indústrias de bens de consumo duráveis, como
a alimentícia e a eletroeletrônica.
B) Na recuperação de áreas urbanas junto às metrópoles, na
criação de corredores de exportação e no sensível crescimento
dos setores de indústria de base, como a de aço, cimento e
química pesada.
C) Na crescente diversificação da pauta de exportações de produtos
primários e na nacionalização de indústrias inicialmente ligadas
ao capital internacional, como a química leve e a farmacêutica.
D) Na ampliação significativa da capacidade instalada de energia
elétrica, no aumento do número e na modernização das
rodovias e no crescimento do setor de bens de produção e da
indústria automobilística.
E) Na criação e instalação de portos fluviais, na expansão da
agroindústria, na descentralização da atividade industrial e no
fortalecimento dos mecanismos de distribuição equilibrada da
renda.
22. (Vunesp) O grande volume de produção de frutas tropicais
do Nordeste brasileiro, cujo grande consumidor é o mercado
europeu, deve-se:
A) Ao clima quente e úmido, sem mudanças bruscas, e ao
aproveitamento das nascentes do Rio São Francisco.
B) a tecnologia de irrigação por gotejamento e ao aproveitamento
das águas do Rio Capibaribe.
C) Ao clima semi-árido e ao aproveitamento das águas do Rio São
Francisco para irrigação.
D) Ao clima tropical superúmido e ao aproveitamento das fortes
chuvas concentradas no verão.
E) Ao clima desértico e à utilização de tecnologia israelense,
aproveitando o orvalho, frequente na região.
23. (UFS–2007) Os combustíveis de origem vegetal têm
chamado a atenção da mídia mundial, com destaque para a
experiência brasileira no álcool combustível. Em relação ao
programa do álcool combustível, analise as proposições a
seguir:
A) É produzido a partir de uma espécie vegetal, portanto é uma
fonte de energia renovável, além de ser menos poluente que a
gasolina e o óleo diesel.
B) Não permite uma maior margem de segurança do país quanto
aos preços internacionais do petróleo, facilmente alterados em
razão de instabilidades nas maiores áreas produtoras.
C) Gera empregos no campo, em razão do predomínio da
agricultura familiar no cultivo da cana-de-açúcar e da baixa
tecnologia empregada nas usinas.
D) Não produz impactos ambientais sérios, como a erosão e a
contaminação dos solos e rios por agrotóxicos e resíduos da
destilação.
E) Não incentiva o desenvolvimento tecnológico no país, já que o
álcool combustível substitui a gasolina nos automóveis, sem a
necessidade de adaptações extras.
24. (UFS–2007) Projetos recentes, como a transposição do rio
São Francisco e a construção de usinas hidrelétricas no rio
Madeira, destacam a importância das bacias hidrográficas
brasileiras, ainda não totalmente exploradas em seu potencial.
Sobre as características das bacias hidrográficas brasileiras,
analise as afirmações.
A) A Bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo.
Apesar de apresentar extenso trecho navegável, é pouco utilizada
na circulação regional, pois a ocupação da região amazônica se
fez por terra, através de estradas.
B) A Bacia do Paraná apresenta o maior potencial hidrelétrico
instalado. Suas várias usinas, com destaque para a de Itaipu,
abastecem a região Centro-Sul, a mais urbanizada e
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industrializada do país.
C) A Bacia do São Francisco é a menos importante da região
Nordeste. Sua função principal é o abastecimento de água tanto
para o consumo doméstico como para a atividade agrícola.
D) A Bacia do Tocantins-Araguaia apresenta o maior trecho
navegável do país, em razão do relevo de planície que os rios
atravessam. Essa bacia é utilizada para o escoamento de
minério de ferro e bauxita de Carajás.
E) A Bacia do Uruguai, apesar do bom potencial hidrelétrico em seu
curso inferior, e do relevo de planície em seu médio e baixo
curso, ainda é pouco utilizada tanto para geração de energia
como para navegação.
25. Nos últimos 40 anos, quando se falava em exploração de
petróleo no país, o nome que vinha à cabeça dos brasileiros era
um só: Petrobrás. Desde 1953, a estatal detinha o controle
absoluto da exploração e produção nacional de óleo. VEJA, SP,
23/06/99. Sobre essa importante fonte de energia, assinale a
proposição CORRETA.
A) O petróleo é um combustível fóssil que, tal como o carvão,
constitui um recurso energético vital para as modernas
sociedades urbano-industriais.
B) A ampliação das reservas e da exploração de petróleo, no Brasil,
foi possibilitada pela descoberta de novos campos, localizados
principalmente nas bacias sedimentares da plataforma
continental.
C) O programa nacional de privatizações preservou, integralmente,
a Petrobrás que ainda detém o monopólio da exploração desse
recurso natural de importância estratégica.
D) O crescimento acelerado da produção nacional de petróleo, nas
últimas décadas, permitiu que o Brasil se tornasse auto-
suficiente nesse setor.
E) A Petrobrás, criada em 1953, no governo Getúlio Vargas, é
exemplo de empreendimento que demonstra a intervenção do
Estado na economia para impulsionar setores considerados
essenciais.
26. Foi preciso chegar ao pesadelo atual do racionamento para
a nação se dar conta da importância da questão energética para
o desenvolvimento do país (…). A alteração de rotinas, gerada
pelas dificuldades de abastecimento elétrico nos diversos
segmentos produtivos e residenciais, está contribuindo para a
mudança de hábitos arraigados à cultura de desperdício
energético. (JORNAL DO BRASIL, p.5).
A análise do texto e os conhecimentos sobre a exploração e a
conservação dos recursos naturais no Brasil e no mundo
permitem afirmar:
A) A energia elétrica brasileira é gerada basicamente em
hidrelétricas que dependem das chuvas para encher seus
reservatórios e movimentar suas turbinas e, por isso, as
condições climáticas são essenciais para a geração desse tipo
de energia.
B) A Região Norte, além do maior potencial hidráulico, dispõe de
excedentes de energia, graças às poderosas hidrelétricas de
Tucuruí (Tocantins) e de Boa Esperança (Parnaíba), que
abastecem toda a Amazônia, porém não estão integradas ao
sistema elétrico do país.
C) O Estado do Rio de Janeiro não possui déficit energético porque
soma ao desempenho das grandes hidrelétricas nele existentes
a produção das usinas atômicas de Angra I, II e III e o
aproveitamento, pela Petrobrás, de todo o gás natural da Bacia
de Campos.
D) A utilização do vento para a produção de energia elétrica é
conhecida, desde muito tempo, pela humanidade, sendo seu
uso bastante difundido no Brasil e, segundo especialistas, a
Bahia é o Estado de maior potencial eólico do país.
E) Os substratos orgânicos, conhecidos como biomassa, obtidos a
partir de componentes como óleos vegetais, bagaço de cana,
celulose ou lixo, são pesquisados em todo o mundo, visando à
produção de energia elétrica e calor, sendo o bagaço de cana
muito utilizado nas usinas de álcool e açúcar, no Brasil,
sobretudo no interior de Santa Catarina.
27. Diante da maior crise na produção de energia elétrica de
sua história, o Brasil vem enfrentando um plano de
racionamento de grande impacto sobre a economia e a vida de
milhões de brasileiros. Assinale a proposição CORRETA, no
que se refere à produção nacional de energia elétrica.
A) Mais de 90% da energia consumida no país é produzida nas
usinas hidrelétricas, que dependem de água em níveis
adequados, em seus reservatórios, para gerar energia.
B) A crise do carvão mineral, que se estende desde 1973,
desestruturou o setor energético brasileiro, apesar de o governo
continuara investir maciçamente na construção de novas usinas
hidrelétricas.
C) As poucas usinas termoelétricas existentes no país foram
desativadas nas últimas décadas, devido à ausência de
matérias-primas e de investimentos na área tecnológica.
D) O déficit de eletricidade no Brasil, atribuído exclusivamente ao
aumento da demanda interna, foi motivado, sobretudo nos anos
90, pelo congelamento do valor das tarifas do setor.
E) As empresas geradoras de energia elétrica foram excluídas do
programa nacional de privatizações, acelerado pelo governo de
Fernando Henrique Cardoso, devido à ausência de interesse de
grupos estrangeiros.
28. As águas para abastecimento e irrigação estão tornando-se
cada vez mais escassas, no mundo. O Brasil, porém, tem tantos
recursos hídricos que pode vir a ter seu território disputado por
outros países, como ocorre, atualmente, com os territórios
petrolíferos do mundo árabe. Assinale o que for incorreto sobre
os recursos hídricos e seu aproveitamento, no Brasil.
A) No Sudeste e no Sul do Brasil, o relevo de planalto exige, muitas
vezes, a construção de eclusas para viabilizar a circulação
hidroviária por longas distâncias.
B) O aquífero Guarani constitui um imenso reservatório de água
subterrânea, associado à bacia do Paraná. Essa coleção hídrica
ultrapassa os limites do território brasileiro, estendendo- se pelo
território de outros países, no âmbito da bacia (hidrográfica)
Platina. É, portanto, um sistema transnacional.
C) O desvio de parte das águas do rio São Francisco para outras
bacias do Nordeste, onde os rios são temporários, pode resultar
em impactos ambientais para a bacia desse importante curso
d'água como, por exemplo, o comprometimento do potencial de
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geração de energia hidrelétrica.
D) O Brasil possui lagos de várzea, lagoas costeiras e lagunas.
Essas coleções hídricas não são importantes fontes de água
potável.
E) No Brasil, apenas a bacia do rio Uruguai, no extremo sul do
Brasil, e a bacia do rio São Francisco apresentam regime fluvial
variável, com cheias e vazantes, no decorrer do ano. As demais
bacias têm regime fluvial constante devido ao clima tropical, com
ocorrência de chuvas durante o ano todo.
29. Assinale o que for incorreto sobre a produção de energia
elétrica, no Brasil.
A) A usina hidrelétrica de Itaipu fornece energia para localidades
das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Paraguai.
Trata-se de um empreendimento binacional, sendo a energia
comercializada pelo Brasil e pelo Paraguai.
B) A privatização do setor energético visava à entrada do capital
privado para elevar os investimentos e para assegurar o
crescimento dos sistemas de transmissão, de distribuição e de
geração de energia, suprindo a falta de investimentos do setor
estatal.
C) A Aneel corresponde à Agência Nacional de Energia Elétrica, que
tem a função de regular e de fiscalizar a produção, a
transmissão, a distribuição e a comercialização de energia, no
Brasil.
D) O programa energético brasileiro conta com a produção de gás
natural do Peru, que chega ao Brasil através de um gasoduto. O
gás natural é de baixo custo, mas tem a desvantagem de ser
mais poluente do que o carvão e o óleo diesel.
E) As barragens das usinas hidrelétricas podem gerar prejuízos ao
ecossistema, devido à inundação de extensas áreas de
vegetação nativa e à destruição dos ambientes ocupados pela
fauna nativa.
30 (UFS). Sobre os meios de transporte no Brasil, analise as
afirmações a seguir e assinale a incorreta.
A) A maior concentração de meios de transporte no Centro- Sul do
Brasil está relacionada aos fatores históricos de colonização
uma vez que não é possível associar concentração urbano-
industrial e densidade da rede de transporte.
B) As ferrovias, que já tiveram importância fundamental na
economia brasileira até os anos de 1970.
C) - Apesar da importância das nossas bacias hidrográficas, o
transporte hidroviário é pouco desenvolvido, tendo mesmo sido
negligenciado durante décadas.
D) Atualmente, o principal meio de transporte no Brasil é a rodovia,
responsável por cerca de 80% dos deslocamentos de cargas, o
que significa um gasto extraordinário com energia.
E) A precariedade na manutenção dos meios de transporte no Brasil
foi um dos motivos alegados pelo governo para promover uma
rápida privatização de inúmeras ferrovias, rodovias e portos.
31. O aquecimento da economia já provoca gargalos no setor de
transporte e logística do país. Há aumentos superiores a 20% nos
custos de fretes rodoviários, filas de meses nas montadoras para a
compra de caminhões novos e perda de negócios por falhas na
entrega de mercadorias no prazo. (CANZIAN, 2007, p. B3).
Considerando-se o texto, a análise do gráfico e os conhecimentos
sobre a precária infra-estrutura dos transportes, da logística e das
redes informacionais no Brasil, assinale a única alternativa incorreta.
A) O crescimento da economia traz à tona problemas graves do
país, como deficiência da rede de transportes e logística,
demonstrando a sua precária infraestrutura, o que resulta em
perda de competitividade.
B) A maioria das indústrias brasileiras, em particular as que
produzem bens de consumo, utiliza as rodovias como meios de
transporte principais.
C) A malha rodoviária brasileira se encontra em estado deficiente de
conservação, devido ao baixo padrão tecnológico de sua
construção associado ao desgaste ocasionado pelos caminhões
com excesso de cargas.
D) O declínio das ferrovias, no Brasil, se deu a partir do fim do ciclo
da cana-de-açúcar e, atualmente, as ferrovias mais importantes
estão ligadas às zonas de destaque da agricultura.
E) As redes informacionais – satélites, sistemas de transmissão,
antenas, dentre outras – e as de meios de transporte de cargas
e de pessoas — rodoviário, aeroviário, hidroviário, etc. — são
sustentáculos nas relações sociais e econômicas do país.
32. (ENEM) A figura abaixo é parte de uma campanha
publicitária.
Com Ciência Ambiental, n.o 10, abr./2007.
Essa campanha publicitária relaciona-se diretamente com a
seguinte afirmativa:
A) O comércio ilícito da fauna silvestre, atividade de grande impacto,
é uma ameaça para a biodiversidade nacional.
B) A manutenção do mico-leão-dourado em jaula éa medida que
garante a preservação dessa espécie animal.
C) O Brasil, primeiro país a eliminar o tráfico do mico-leão-dourado,
garantiu a preservação dessa espécie.
D) O aumento da biodiversidade em outros países depende do
comércio ilegal da fauna silvestre brasileira.
E) O tráfico de animais silvestres é benéfico para a preservação das
espécies, pois garante-lhes a sobrevivência.
33. (ENEM) Se a exploração descontrolada e predatória verificada
atualmente continuar por mais alguns anos, pode-se antecipar a
extinção do mogno. Essa madeira já desapareceu de extensas
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áreas do Pará, de Mato Grosso, de Rondônia, e há indícios de que a
diversidade e o número de indivíduos existentes podem não ser
suficientes para garantir a sobrevivência da espécie a longo prazo.
A diversidade é um elemento fundamental na sobrevivência de
qualquer ser vivo. Sem ela, perde-se a capacidade de adaptação ao
ambiente, que muda tanto por interferência humana como por
causas naturais. Internet: <www.greenpeace.org.br> (com
adaptações).
Com relação ao problema descrito no texto, é correto afirmar
que
A) A baixa adaptação do mogno ao ambiente amazônico é causa da
extinção dessa madeira.
B) A extração predatória do mogno pode reduzir o número de
indivíduos dessa espécie e prejudicar sua diversidade genética.
C) As causas naturais decorrentes das mudanças climáticas globais
contribuem mais para a extinção do mogno que a interferência
humana.
D) A redução do número de árvores de mogno ocorre na mesma
medida em que aumenta a diversidade biológica dessa madeira
na região amazônica.
E) O desinteresse do mercado madeireiro internacional pelo mogno
contribuiu para a redução da exploração predatória dessa
espécie.
34. (ENEM) O Aquífero Guarani se estende por 1,2 milhão de km2 e
é um dos maiores reservatórios de águas subterrâneas do mundo.
O aquífero é como uma ―esponja gigante‖ de arenito, uma rocha
porosa e absorvente, quase totalmente confinada sob centenas de
metros de rochas impermeáveis. Ele é recarregado nas áreas em
que o arenito aflora à superfície, absorvendo água da chuva. Uma
pesquisa realizada em 2002 pela Embrapa apontou cinco pontos de
contaminação do aquífero por agrotóxico, conforme a figura:
Considerando as conseqüências socioambientais e respeitando
as necessidades econômicas, pode-se afirmar que, diante do
problema apresentado, políticas públicas adequadas deveriam:
A) Proibir o uso das águas do aqüífero para irrigação.
B) Impedir a atividade agrícola em toda a região do aqüífero.
C) Impermeabilizar as áreas onde o arenito aflora.
D) Construir novos reservatórios para a captação da água na região.
E) Controlar a atividade agrícola e agroindustrial nas áreas de
recarga.
35. (ENEM) Um de seus habitantes produz. Além de o progresso
elevar o volume de lixo, ele também modifica a qualidade do
material despejado. Quando a sociedade progride, ela troca a
televisão, o computador, compra mais brinquedos e aparelhos
eletrônicos. Calcula-se que 700 milhões de aparelhos celulares já
foram jogados fora em todo o mundo. O novo lixo contém mais
mercúrio, chumbo, alumínio e bário. Abandonado nos lixões, esse
material se deteriora e vaza. As substâncias liberadas infiltram-se no
solo e podem chegar aos lençóis freáticos ou a rios próximos,
espalhando-se pela água. Anuário Gestão Ambiental 2007, p. 47-8
(com adaptações).
A respeito da produção de lixo e de sua relação com o
ambiente, é correto afirmar que:
A) As substâncias químicas encontradas no lixo levam,
frequentemente, ao aumento da diversidade de espécies e,
portanto, ao aumento da produtividade agrícola do solo.
B) O tipo e a quantidade de lixo produzido pela sociedade
independem de políticas de educação que proponham
mudanças no padrão de consumo.
C) A produção de lixo é inversamente proporcional ao nível de
desenvolvimento econômico das sociedades.
D) O desenvolvimento sustentável requer controle e monitoramento
dos efeitos do lixo sobre espécies existentes em cursos d’água,
solo e vegetação.
E) O desenvolvimento tecnológico tem elevado a criação de
produtos descartáveis, o que evita a geração de lixo e resíduos
químicos.
36. (UCS-RS) Entre as maiores causas da poluição atmosférica
estão a queima dos combustíveis fósseis e os resíduos gasosos da
indústria. Isso provoca hoje alguns fenômenos climáticos que estão
sendo acompanhados por cientistas. Considerando os fenômenos
climáticos, listados na Coluna A, associe-os às características que
os identificam, elencadas na Coluna B.
COLUNA A
1. Inversão Térmica
2. Ilhas de Calor
3. Efeito Estufa
COLUNA B
( ) Desequilíbrio da composição atmosférica com elevação de
dióxido de carbono, causada pela queima de combustíveis fósseis,
florestas e outros.
( ) Fenômeno natural, freqüente nos meses de inverno,
geralmente ocorre no final da madrugada e no início da manhã.
( ) Fenômeno antrópico, típico de aglomerações urbanas, com
elevação das temperaturas médias, se comparadas às das zonas
rurais.
Assinale a alternativa que preenche corretamente os
parênteses, de cima para baixo.
A) 3 – 1 – 2 B) 1 – 2 – 3 C) 2 – 1 – 3
D) 3 – 2 – 1 E) 1 – 3 – 2
37. (Uneal) ―O aquecimento global é estudado há 25 anos, mas
pode-se dizer que 2006 foi o ano em que a humanidade tomou
consciência de que a crise ambiental é real e seus efeitos imediatos.
Até os ecocéticos aceitam agora a ideia assustadora de que o
tempo disponível para evitar a catástrofe global está perigosamente
curto.‖ (Revista VEJA, ed. 30/12/2006)
Sobre esse tema, é correto afirmar que:
1) o aquecimento global está acontecendo principalmente em
decorrência de uma mudança da inclinação do eixo da Terra,
com relação ao plano da eclíptica.
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2) o uso intensivo dos hidrocarbonetos e a queima de florestas
contribuem decisivamente para o aquecimento global referido.
3) o aumento do nível médio do mar, ou seja, de fenômenos
eustáticos positivos, é um dos efeitos globais do aquecimento
global.
4) a substituição da energia de termelétricas por energia nuclear
poderá representar, em grandes cidades, uma diminuição
significativa nas emissões de CO2.
Estão corretas:
A) 1 e 4 apenas B) 1 e 2 apenas C) 2 e 3 apenas
D) 2, 3 e 4 apenas E) 1, 2, 3 e 4
38. (Uft) Analise esta figura:
FONTE: SCHELP, Diogo. A cegueira das civilizações.
Veja, 7 set. 2005, p.106. (Adaptado)
A partir dessa análise e considerando-se outros conhecimentos
sobre o assunto, é INCORRETO afirmar que os dados contidos
nessa figura
A) Confirmam a necessidade do emprego de procedimentos
racionais e sustentáveis na apropriação dos recursos naturais
renováveis e não-renováveis.
B) Incentivam a adoção, pelos países periféricos e semiperiféricos,
de padrões de consumo atualmente vigentes nas economias
mais desenvolvidas.
C) Propõem que, com a difusão espacial e o crescimento numérico
da frota de veículos em escala planetária, o aquecimento global
pode ser intensificado.
D) Sugerem a existência de grande contraste na acessibilidade e no
consumo de bens e produtos entre países do Norte e do Sul.
39. (UNIFOR) Reflita sobre a ilustração.
A ONU realizou, em 1997, uma Convenção sobre mudanças
climáticas que se tornou conhecida por Protocolo de Kyoto.
Considerando as decisões dessa Convenção, depreende-se que o
autor da ilustração.
A) Demonstra o empenho dos Estados Unidos no combate às
causas do chamado aquecimento global.
B) Defende as ações que os Estados Unidos tomaram para eliminar
as causas do efeito estufa do planeta.
C) Critica os Estados Unidos por desrespeitarem determinações de
organizações que defendem o meio ambiente.
D) Denuncia os Estados Unidos pelo fato de ele ter proibido a
realização de congressos em defesa do meio ambiente.
E) Concorda com a política ambiental dos Estados Unidos de
redução de gases que provocam o efeito estufa.
40. (UFS–2001) O efeito estufa é um fenômeno conhecido desde o
final do século XIX, quando alguns cientistas começaram a se
preocupar com a interferência das atividades humanas no equilíbrio
térmico da atmosfera. Sobre o efeito estufa pode-se afirmar que:
A) Os maiores responsáveis pelos gases estufa são os países
pobres do hemisfério Sul que ainda utilizam a lenha como fonte
de energia.
B) Os países da União Européia são os que mais resistem à
diminuição das emissões de gases estufa, apesar das fortes
pressões dos Estados Unidos que já diminuíram cerca de 20%
destas emissões.
C) Já ficou demonstrado que o principal fator gerador de gases
estufa são as queimadas nas áreas florestais, chamadas com
propriedade de pulmões do mundo.
D) Na década de 1990, em uma convenção realizada na cidade de
Kioto (Japão), foi fixada como meta prioritária a redução de
gases estufa pelos países subdesenvolvidos.
E) Um dos possíveis efeitos deste fenômeno seria o derretimento de
parte da calota polar inundando inúmeras cidades costeiras.
41. Fala-se muito, atualmente, em mudanças climáticas globais
e locais, decorrentes das atividades humanas. Sobre esse
assunto, assinale o que for incorreto.
A) A inversão térmica consiste na criação de uma atmosfera tóxica,
nos grandes centros urbanos, com altos teores de monóxido de
carbono gerado pela queima de combustíveis e pela
decomposição do lixo a céu aberto.
B) A ―ilha de calor‖ pode ocorrer, por exemplo, quando as
temperaturas na área central da cidade apresentam–se mais
elevadas, comparativamente às temperaturas das periferias
urbanas ou da zona rural.
C) A geração de calor causada pela queima de combustíveis fósseis
dos veículos e das atividades industriais ou domésticas, a falta
de arborização e a elevada absorção e retenção da energia
solar pelas superfícies de asfalto e de concreto, na cidade, são
fatores que podem levar à formação da ―ilha de calor‖.
D) ―inversão térmica‖ ocorre quando uma camada de ar mais frio e
mais pesado permanece junto à superfície do solo, dificultando
os movimentos de ascensão do ar, porque a camada de ar mais
quente e leve está sobre essa camada de ar frio e denso. A
situação de ―inversão térmica‖ dificulta a dispersão dos
poluentes atmosféricos, agravando os efeitos da poluição do ar,
na cidade.
E) Quando a atmosfera poluída contém ácidos, estes podem juntar–
se ao vapor d’água ou às gotas de chuva, precipitando–se sob a
forma de ―chuva ácida‖, às vezes em um lugar bem distante do
local de origem dos poluentes. A ―chuva ácida‖ pode alterar
ecossistemas aquáticos, prejudicar florestas, plantações e
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66
rebanhos e até corroer monumentos, estátuas, paredes de
edifícios e a lataria de veículos.
ENEM 2012
01. A maior parte dos Veículos de transporte atualmente é movida
por motores a combustão que utilizam derivados de petróleo. Por
causa disso, esse setor é o maior consumidor de petróleo do
mundo, com altas taxas de crescimento ao longo do tempo.
Enquanto outros setores têm obtido bons resultados na redução do
consumo, os transportes tendem a concentrar ainda mais o uso de
derivados do óleo.
Murta, A Energia: o vício da civilização. Rio de Janeiro: Garamond, 2011
(adaptado).
Um impacto ambiental da tecnologia mais empregada pelo
setor de transportes e uma medida para promover a redução do
seu uso, estão indicados, respectivamente, em:
A) Aumento da população sonora – construção de barreiras
acústicas.
B) Incidência da chuva ácida – estatização da indústria
automobilista.
C) Derretimento das calotas polares – incentivo aos transportes de
massa.
D) Propagação de doenças respiratórias – distribuição de
medicamentos gratuitos.
E) Elevação das temperaturas médias – criminalização da emissão
de gás carbônico.
02. As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos estados do
maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande maioria. Vivem
numa situação exclusão e subalternidade. O termo quebradeira de
coco assume o caráter de identidade coletiva na medida em que as
mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua
posição e condição desvalorizada pela lógica da dominação se
organizam em movimentos resistência e de luta pela conquista da
terra, pela libertação dos babaçuais, pela autonomia do processo
produtivo. Passam a atribuir significados ao seu trabalho e as suas
experiências, tendo como principal referência sua condição
preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.
ROCHA, M.R.T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela
libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII
Congresso Latino- Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006
(adaptado).
A organização do movimento das quebradeiras de coco de
babaçu é resultante da
A) Constante violência nos babaçuais na confluência de terras
maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, regiões
com elevado índice de homicídios.
B) Falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migrantes das
cidades e com pouco vínculo histórico com as áreas rurais do
interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí.
C) Escassez de água nas regiões de veredas, ambientes naturais
dos babaçus, causada pela construção de açudes particulares,
impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos.
D) Progressiva devastação das matas dos cocais, em função do
avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte brasileiro.
E) Dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no acesso aos
babaçuais localizados no interior de suas propriedades.
03.
TEXTO I
A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras
forças econômicas sem rosto ou localização física conhecida que
não prestam contas a ninguém e se espalham pelo globo por meio
de milhões de transações diários no ciberespaço.
ROSSI. C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de São Paulo,
11 dez. 2011 (adaptado).
TEXTO II
Estamos imersos numa crise financeira como nunca tínhamos visto
desde a Grande Depressão iniciada em 1929 nos Estados Unidos.
Entrevista de George Soros. Disponível em: www.nybooks.com.
Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado).
A comparação entre os significados da atual crise econômica e
do crash de 1929 oculta a principal diferença entre essas duas
crises, pois
A) O crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na I
Guerra Mundial e a atual crise é o resultado dos gastos militares
desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque.
B) A crise de 1929 devido a um quadro de superprodução industrial
nos EUA e a atual crise resultou da especulação financeira e da
expansão desmedida do crédito bancário.
C) A crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países
europeus reconstruídos após a I Guerra e a atual crise se
associa à emergência dos BRICS como novos concorrentes
econômicos.
D) O crash da Bolsa em 1929 resultou do excesso de proteções ao
setor produtivo estadunidense e a atual crise tem origem na
internacionalização das empresas e no avanço da política de
livre mercado.
E) A crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-
americana sobre o sistema de comércio mundial e a atual crise
resultou do excesso de regulação do governo desse país sobre
o sistema monetário.
04. A soma do tempo gasto por todos os navios de carga na espera
para atracar no porto de Santos é igual a 11 anos – isso, contando
somente o intervalo de janeiro a outubro de 2011. O problema não
foi registrado somente neste ano. Desde 2006 a perda de tempo
supera uma década.
Folha de S. Paulo, 25 dez. 2011 (adaptado).
A situação descrita gera consequências em cadeia, tanto para a
produção quanto para o transporte. No que se refere à
territorialização da produção no Brasil contemporâneo, uma dessas
consequências é a
A) Realocação das exportações para o modal aéreo em função da
rapidez.
B) Dispersão dos serviços financeiros em função da busca de novos
pontos de importação.
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67
C) Redução da exportação de gêneros agrícolas em função da
dificuldade para o escoamento.
D) Priorização do comércio com países vizinhos em função da
existência de fronteiras terrestres.
E) Estagnação da indústria de alta tecnologia em função da
concentração de investimentos na infraestrutura de circulação.
05.
Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei
GONZAGA, L.; CORDOVIL. H. A vida de vianjante, 1953. Disponível
em: www.recife.pe.gov.br.
Acesso em: 20 fev. 2012 (fragmento).
A letra dessa canção reflete elementos identitários que
representam a
A) Valorização das características naturais do Sertão nordestino.
B) Denúncia da precariedade social provocada pela seca.
C) Experiência de deslocamento vivenciado pelo migrante.
D) Profunda desigualdade social entre as regiões brasileiras.
E) Discriminação dos nordestinos nos grandes centos urbanos.
06. Na charge faz-se referência a uma modificação produtiva
ocorrida na agricultura. Uma contradição presente no espaço
rural brasileiro derivada dessa modificação produtiva está
presente em:
A) Expansão das terras agricultáveis, com manutenção de
desigualdades sociais.
B) Modernização técnica do território, com redução do nível de
emprego formal.
C) Valorização de atividades de subsistência, com redução da
produtividade da terra.
D) Desenvolvimento de núcleos policultores, com ampliação da
concentração fundiária.
E) Melhora da qualidade dos produtos, com retração na exportação
de produtos primários.
07. (ENEM-2012) A irrigação da agricultura é responsável pelo
consumo de mais de 2/3 de toda a água retirada dos rios, lagos e
lençóis freáticos do mundo. Mesmo no Brasil, onde achamos que
temos muita água, os agricultores que tentam produzir alimentos
também enfrentam secas periódicas e uma competição crescente
por água.
MARAFON,G. J. ET AL. O de O desencanto da terra: produção de
alimentos, ambiente e sociedade. Rio de Janeiro: Garamond, 2011.
No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas na agricultura
produziram impactos socioambientais como
A) Redução do custo de produção.
B) Agravamento da poluição hídrica.
C) Compactação do material do solo.
D) Aceleração da fertilização natural.
E) Redirecionamento dos cursos fluviais.
08. A interface clima/sociedade pode ser considerada em termos de
ajustamento à extensão e aos modos como as sociedades
funcionam em uma relação harmônica com seu clima. O homem e
suas sociedades são vulneráveis às variações climáticas. A
vulnerabilidade é a medida pela qual uma sociedade é suscetível de
sofrer por causas climáticas.
AYOADE, J. O. Introdução a climatologia para os trópicos. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2010 (adaptado).
Considerando o tipo de relação entre ser humano e condição
climática apresentado no texto, uma sociedade torna-se mais
vulnerável quando
A) Concentra suas atividades no setor primário.
B) Apresenta estoques elevados de alimentos.
C) Possui um sistema de transportes articulado.
D) Diversifica a matriz de geração de energia.
E) Introduz tecnologias à produção agrícola.
09. Uma mesma empresa pode ter sua sede administrativa onde os
impostos são menores, as unidades de produção onde os salários
são os mais baixos, os capitais onde os juros são os mais altos e
seus executivos vivendo onde a qualidade de vida é mais elevada.
SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha
russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado).
No texto estão apresentadas estratégias empresariais no
contexto da globalização. Uma consequência social derivada
dessas estratégias tem sido
A) O crescimento da carga tributária.
B) O aumento da mobilidade ocupacional.
C) A redução da competitividade entre as empresas.
D) O direcionamento das vendas para os mercados regionais.
E) A ampliação do poder de planejamento dos Estados nacionais.
10. A moderna “conquista da Amazônia” inverteu o eixo geográfico
da colonização da região. Desde a época colonial até meados do
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século XIX, as correntes principais de população movimentaram-se
no sentido Leste-Oeste, estabelecendo uma ocupação linear
articulada. Nas últimas décadas, os fluxos migratórios passaram a
se verificar no sentido Sul-Norte, conectando o Centro-Sul à
Amazônia.
OLIC, N. B. Ocupação da Amazônia, uma epopeia inacabada. Jornal
Mundo, ano 16, n. 4, ago. 2008 (adaptado).
O primeiro eixo geográfico de ocupação das terras amazônicas
demonstra um padrão relacionado à criação de
A) Núcleos urbanos em áreas em áreas litorâneas.
B) Centros agrícolas modernos no interior.
C) Vias férreas entre espaços de mineração.
D) Faixas de povoamento ao longo das estradas.
E) Povoados interligados próximos a grandes rios.
11. A partir dos anos 70, impõe-se um movimento de
desconcentração da produção industrial, uma das manifestações do
desdobramento da divisão territorial do trabalho no Brasil. A
produção industrial torna-se mais complexa, estendendo-se,
sobretudo, para novas áreas do Sul e para alguns pontos do Centro-
Oeste, do Nordeste e do Norte.
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início
do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2002 (fragmento).
Um fator geográfico que contribui para o tipo de alteração da
configuração territorial descrito no texto é:
A) Obsolescência dos portos.
B) Estatização de empresas.
C) Eliminação de incentivos fiscais.
D) Ampliação de políticas protecionistas.
E) Desenvolvimento dos meios de comunicação.
TESTES
Instruções: Para responder às questões de números 3 e 4 considere
o esquema apresentado abaixo.
01. O ponto que apresenta o maior número de horas atrasadas
em relação à hora GMT (Hora de Greenwich) é:
A) A
B) B
C) C
D) D
E) E
02. Considerando-se exclusivamente a localização dos pontos
sobre a superfície terrestre é de se supor que, a MENOR
amplitude térmica é encontrada no ponto:
A) A
B) B
C) C
D) D
E) E
03. Com base nos mapas e nos conhecimentos sobre os
diversos tipos de escalas e projeções cartográficas, pode-se
afirmar:
A) I oferece mais detalhes da área mapeada, uma vez que sua
escala pode ser considerada grande.
B) II corresponde a uma projeção cônica, e sua escala é grande,
pois oferece mais generalização da área.
C) III está representado numa projeção cilíndrica, e sua escala é
pequena, dado à maior riqueza de detalhes.
D) III possui uma escala grande, realçando, sobretudo, as áreas
localizadas nos hemisférios ocidental e meridional.
E) I, II e III representam áreas comuns, porém sob diferentes tipos
de projeções cartográficas, com escalas que não permitem a
representação de detalhes.
04. Com a adoção do horário de verão no Brasil, podemos
afirmar que o horário de 12 horas em Greenwich corresponde
em Brasília a:
A) 9 h. B) 10 h. C) 11 h. D) 13 h. E) 14 h.
05. (FUVEST-SP) Em consequência da grande extensão territorial,
da posição geográfica e da configuração do seu território, o Brasil é
abrangido por 4 (quatro) fusos horários. Assim, quando em São
Paulo forem 12 horas, em Manaus e São Luís serão,
respectivamente:
A) 12 e 11 horas. B) 11 e 12 horas. C) 12 e 13 horas.
D) 13 e 12 horas. E) 11 e 13 horas.
06. (UFV/MG) Um avião sai do Rio de Janeiro(45° W) às 14
horas, com destino a Fernando de Noronha (30°W). O vôo é de
três horas. que horas serão na ilha quando esse avião
aterrissar?
A) 16 horas B) 17 horas C) 18 horas
D) 19 horas E) 20 horas
Sumário
Filosofia Medieval p. 70
1. A Tradição Cristã p. 70
2. Patrística: A matriz platônica de apoio à fé p. 71
3. Escolástica p. 72
Filosofia Moderna p. 78
4. O Renascimento p. 78
5. Razão e Experiência: As bases da ciência moderna p. 79
6. Grande Racionalismo: O Conhecimento parte da Razão p. 82
7. Empirismo: O Conhecimento parte da Experiência p. 84
8. Iluminismo: A Razão em Busca de Liberdade p. 91
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Período Medieval
Como vimos no caderno I, a filosofia grega foi o berço da verdadeira
filosofia. Pela primeira vez no mundo ocidental, compreendeu e
realizou a filosofia como investigação racional, isto é, como
investigação autônoma que em si mesma encontra o fundamento e
a lei do seu desenvolvimento. A filosofia grega demonstrou que a
filosofia só pode ser procura e a procura de liberdade. A liberdade
implica que a disciplina, o ponto de partida, o fim e o método da
investigação sejam justificados e postos por essa mesma
investigação, e não aceites independente dela.
A influência do cristianismo no mundo ocidental determinou uma
nova orientação da filosofia. Toda religião é um conjunto de
crenças que não são frutos de qualquer investigação porque
consistem na aceitação de uma revelação. A religião é uma
adesão a uma verdade que o homem aceitou devido a um
testemunho superior.
A religião parece, portanto, excluir a investigação e consistir antes
numa atitude oposta, a da aceitação de uma verdade testemunhada
do alto, independentemente de qualquer investigação. Todavia, logo
que o homem se interroga quanto ao significado da verdade
revelada e tenta saber por que caminho pode realmente
compreendê-la e fazer dela carne da sua carne e sangue do seu
sangue, renasce a exigência da investigação.
Reconhecida a verdade no seu valor absoluto, tal como é revelada e
testemunhada por um poder transcendente, imediatamente se
impõe a cada homem a exigência de se aproximar dela e de
compreendê-la no seu significado autêntico para com ela e dela
viver verdadeiramente. Esta exigência só pode ser satisfeita pela
investigação filosófica. A investigação renasce, pois, da própria
religiosidade, pela necessidade do homem religioso ter de se
aproximar, tanto quanto lhe for possível, da verdade revelada.
Da religião cristã nasce assim a filosofia cristã. Esta tomou também
como objetivo conduzir o homem à compreensão da verdade
revelada por Jesus Cristo, de modo a que ele possa realizar o seu
autêntico significado.
1. A Tradição Cristã
O cristianismo é uma religião que surgiu no interior do Império
Romano, a partir do ano 1 d.C., com os seguidores dos
ensinamentos de Jesus Cristo. Seu livro sagrado a Bíblia é
composto por dois testamentos. O antigo, herdado da tradição
judaica, foi escrito em hebraico e o novo foi redigido em grego pelos
apóstolos e primeiros cristãos durante o séc. 1 d.C.
O desenvolvimento inicial do cristianismo ocorreu justamente com a
edificação da Igreja Católica. Nessa época, a penetração da filosofia
antiga era muito grande entre as autoridades e as camadas mais
cultas da população de Roma e de suas províncias e,
posteriormente na Europa medieval.
Devido a essa influência, boa parte da doutrina cristã, elaborada
nesse período, integra elementos de diversas correntes do
pensamento grego. A tarefa de construir essa doutrina foi realizada
pelos padres da Igreja e outros líderes cristãos, com o propósito de
explicar e justificar diversos aspectos de sua fé. Nesse processo,
porém, não se poderia, de modo algum contrariar as verdades
reveladas que foram estabelecidas por Deus. Nos primeiros séculos
de nossa era, as obras de Platão e Aristóteles haviam desaparecido.
Assim, as principais concepções gregas absolvidas pelo
cristianismo, nesse período, vieram das escolas helenísticas e
greco-romanas, com destaque para o estoicismo e o
neoplatonismo.
1.1 Fé versus Razão
De acordo com a doutrina católica, a fé em si mesma seria a fonte
mais elevada das verdades reveladas, especialmente aquelas
consideradas essenciais ao ser humano e que dizem respeito à sua
salvação. Nesse sentido, Santo Ambrósio (c. 340-397), teólogo e
bispo de Milão, uma das figuras eclesiásticas mais influentes do
século IV, teria afirmado: “toda verdade, dita por que quer que seja,
é do Espírito Santo”.
Isso significa dizer que toda investigação filosófica não poderia, de
modo algum, contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica.
Em outras palavras, os filósofos não precisariam mais se dedicar à
busca da verdade, pois ela já teria sido revelada por Deus aos seres
humanos. Restava-lhe, apenas, demonstrar racionalmente as
verdades da fé.
Não foram, porém, aqueles que dispensaram até mesmo a
comprovação racional da fé. Foi o caso de religiosos que
desprezavam a filosofia grega, sobretudo porque viam nessa forma
pagã de pensamento uma porta aberta para o pecado, a dúvida e a
heresia.
1.2 Fé e Razão juntas
De outro lado, surgiram pensadores cristãos que defenderam o
conhecimento da filosofia grega, percebendo a possibilidade de
utilizá-la como instrumento a serviço do cristianismo. Conciliado com
a fé cristã, o estudo da filosofia grega permitiria à igreja enfrentar os
descrentes e derrotar os hereges com as armas racionais da
argumentação lógica. O objetivo era convencer os descrentes, tanto
quanto possível, pela razão, para depois fazê-los aceitar a
imensidão dos mistérios divinos, somente acessíveis pela fé.
Nesse contexto, a filosofia medieval pode ser dividida em quatro
momentos principais:
1. a dos Padres Apostólicos: do início do cristianismo (séculos I e
II), entre os quais se incluem os apóstolos, que disseminavam a
palavra de Cristo, sobretudo em relação a temas morais. Entre estes
se destaca as figuras de São Pedro, primeiro papa e mártir, e São
Paulo pelo volume e valor literário de suas epístolas;
2. a dos Padres Apologistas: Nos séculos III e IV faziam a apologia
(defesa) do cristianismo contra a filosofia pagã. Entre os apologistas
destacam-se Orígenes, Justino e Tertuliano, este o mais
intransigente na defesa da fé contra a filosofia pagã;
3. a da Patrística: (de meados do século IV ao século VIII), que
pretendia uma conciliação entre razão e a fé. Destacam-se aqui a
figura de Santo Agostinho e a influência da filosofia platônica;
4. a da Escolástica: (do século IX a XVI), em que se buscou uma
sistematização da filosofia cristã, sobretudo a partir da interpretação
da filosofia de Aristóteles, com destaque para a figura de São
Tomás de Aquino. Sua característica fundamental é a ênfase nas
questões teológicas, destacando-se temas como: o dogma da
Trindade, a encarnação de Deus-filho, a liberdade e a salvação, a
relação entre a fé e a razão.
Nesse caderno, vamos estudar os dois momentos mais importantes
da filosofia medieval: a Patrística e a Escolástica.
Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia
71
2. Patrística: A matriz platônica de apoio à fé
No processo de desenvolvimento do cristianismo, tornou-se
necessário explicar seus preceitos às autoridades romanas e ao
povo em geral. A Igreja Católica sabia que esses preceitos não
podiam simplesmente ser impostos pela força. Tinham de ser
apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de
pregação e conquista espiritual.
Foi assim que os primeiros padres da igreja empenharam-se na
elaboração de diversos textos sobre a fé e a revelação cristãs. O
Conjunto desses textos ficou conhecido como patrística, por terem
sido escritos principalmente por esses grandes padres da igreja.
Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na
filosofia greco-romana, tentou munir a fé de argumentos racionais,
ou seja, buscou a conciliação entre o cristianismo e o pensamento
pagão. Seu principal expoente foi Agostinho, posteriormente
consagrado santo e doutor da Igreja Católica.
2.1 Santo Agostinho
Aureliano Agostinho (354-430) nasceu em Tagaste, província
romana situada na África, e faleceu em Hipona, hoje localizada na
Argélia. Nessa última cidade viria a ocupar o cargo de bispo da
Igreja Católica. Em sua formação intelectual, Agostinho, professor
de retórica em escolas romanas, despertou para a filosofia com a
leitura de Cícero. Posteriormente, deixou-se influenciar pelo
Maniqueísmo, doutrina persa que afirmava ser o universo
dominado por dois grandes princípios opostos, o bem e o mal, em
uma incessante luta entre si.
Mas tarde, já insatisfeito com o maniqueísmo, passou a lecionar em
Roma e posteriormente em Milão. Nesse período entrou em contato
com o ceticismo e, depois, com o neoplatonismo, movimento
filosófico do período greco-romano, desenvolvido por pensadores
inspirados em Platão, que se espalhou por diversas cidades do
Império Romano, sendo marcado por sentimentos religiosos e
crenças místicas.
Cresceu e aprofundou-se então em Agostinho uma grande crise
existencial, uma inquietação quase desesperada em busca de
sentido para a vida. Foi nesse período crítico que ele se sentiu
extremamente atraído pelas pregações de Santo Ambrósio, bispo de
Milão. Pouco tempo depois, converteu-se ao cristianismo, tornando-
se seu grande defensor pelo resto da vida.
2.2 Superioridade da alma
Em sua obra, Agostinho argumentava a favor da supremacia do
espírito sobre o corpo, a matéria. Para ele, a alma teria sido criada
por Deus para reinar sobre o corpo, dirigindo-o para a prática do
bem. O pecador, entretanto, utilizando-se do livre-arbítrio,
costumaria inverter essa relação fazendo o corpo assumir o governo
da alma. Provocaria, com isso, à submissão do espírito à matéria, o
que seria, para Agostinho, equivalente à subordinação do eterno ao
transitório, da essência à aparência. A verdadeira liberdade estaria
na harmonia das ações humanas com a vontade de Deus. Ser livre
é servir a Deus, diz Agostinho, pois o prazer de pecar é a
escravidão.
2.3 Boas obras ou graça divina?
Segundo o filósofo, o ser humano que trilha a via do pecado só
consegue retornar aos caminhos de Deus e da salvação mediante a
combinação de seu esforço pessoal de vontade e a concessão,
imprescindível, da graça divina. Sem a graça de Deus , o ser
humano nada pode conseguir. Essa graça, no entanto, seria
concedida apenas aos predestinados à salvação.
Na mesma época de Agostinho, outro teólogo, Pelágio, afirmava
que a boa vontade e a boas obras humanas seriam suficientes
para a salvação individual. Seus ensinamentos constituíam a
doutrina do pelagianismo, contra a qual se colocou Agostinho. No
Concílio de Cartago no ano de 417, o para Zózimo condenou a
pelagianismo como heresia e adotou a concepção agostiniana de
necessidade da graça divina, doada livremente por Deus aos seus
eleitos.
A condenação do pelagianismo explica-se pelo fato de que
conservava a noção grega de autonomia da vida moral humana, isto
é, de que o indivíduo pode salvar-se por si só, sendo bom e fazendo
boas obras, sem a necessidade da ajuda divina. Essa noção
chocava-se com a ideia de submissão total do ser humano ao Deus
cristão, defendida pela Igreja.
Uma consequência disso é a forma como se passa a enfatizar a
interioridade Enquanto na filosofia grega o indivíduo se identificava
com o cidadão (isto é, o ser humano social, político), a filosofia cristã
agostiniana enfatiza no indivíduo sua vinculação pessoal com Deus,
a responsabilidade de cada indivíduo pelos próprios atos e exalta a
salvação individual.
2.4 Liberdade e pecado
Outro aspecto fundamental da filosofia agostiniana é o entendimento
de que a vontade é uma força que determina a vida e não uma
função específica ligada ao intelecto, tal como diziam os grego.
Agostinho contrapõe-se, dessa forma, ao intelectualismo moral,
que teve sua expressão máxima em Sócrates.
Isso significa que, de acordo com Agostinho, a liberdade humana é
própria da vontade e não da razão, e é nisso que reside a fonte do
pecado. A pessoa peca porque usa de seu livre-arbítrio para
satisfazer uma vontade má, mesmo sabendo que tal atitude é
pecaminosa. Por isso, Agostinho afirma que o ser humano não pode
ser autônomo em sua vida moral, isto é, deliberar livremente sobre a
sua conduta. No entanto, como o que conduz seus atos é a vontade
e não a razão, o ser humano pode querer o mal e praticar o pecado,
motivo pelo qual necessita da graça divina para se salvar.
2.5 Precedência da fé
Agostinho, também discutiu a diferença entre a fé cristã e a razão,
afirmando que a fé nos faz crer em coisas que nem sempre
entendemos pela razão: creio tudo que entendo, mas nem tudo que
creio também entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas nem
tudo que creio conheço, disse Agostinho.
Baseando-se no profeta bíblico Isaías, dizia ser necessário
compreender para crer, pois a fé ilumina os caminhos da razão, e
a compreensão nos confirma a crença posteriormente. Isso
significa que, para Agostinho, a fé revela verdades ao ser humano
de forma direta e intuitiva. Vem depois a razão, esclarecendo aquilo
que a fé já antecipou. Há, portanto, para ele, uma precedência da
fé sobre a razão.
2.6 Influência helenística
O pensamento agostiniano reflete, em grande medida, os principais
passos de sua trajetória intelectual anterior à conversão ao
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catolicismo, quando sofreu a influência do helenismo. Vejamos
alguns elementos:
1. Do Maniqueísmo o filósofo herdou uma concepção dualista no
âmbito moral, simbolizada pela luta entre o bem e o mal, a luz e as
trevas, a alma e o corpo. Nesse sentido, dizia que o ser humano tem
uma inclinação natural para o mal, para os vícios, para o pecado.
Insistia em que já nascemos pecadores (pecado original) e somente
um esforço consciente pode nos fazer superar essa deficiência
“natural”. Considerando o mal como o afastamento de Deus,
defendia a necessidade, de uma intensa educação religiosa, com a
finalidade de reduzir essa distância.
2. Do Ceticismo ficou a permanente desconfiança nos dados dos
sentidos, isto é, no conhecimento sensorial, que nos apresenta
uma multidão de seres mutáveis flutuantes e transitórios.
3. Do Platonismo Agostinho assimilou a concepção de que a
verdade, como conhecimento eterno deveria ser buscada
intelectualmente no “mundo das ideias”. Por isso, defendeu a via do
conhecimento, o caminho da interioridade, como instrumento
legítimo para a busca da verdade. Assim, somente o íntimo de
nossa alma, iluminada por Deus, poderia atingir a verdade das
coisas. Da mesma forma que os olhos do corpo necessitam da luz
do sol para enxergar os objetos do mundo sensível, os “olhos da
alma” necessitam da luz divina para visualizar as verdades eternas
da sabedoria.
3. Escolástica
No século VII, Carlos Magno, rei dos francos coroado imperador do
ocidente em 800 pelo papa Leão III, organizou o ensino e fundou
escolas ligadas às instituições católicas. Com isso, a cultura greco-
romana, até então guardada nos mosteiros, voltou a ser divulgada,
passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da
época. Era o período da renascença carolíngia.
Adotou-se nessas escolas a educação romana como modelo.
Começaram a ser ensinadas matérias como trivium (ginástica,
retórica e dialética) e o quadrivium (geometria, aritmética,
astronomia e música), todas elas, no entanto, submetidas à
teologia.
Foi assim, no ambiente cultural dessas escolas e das primeiras
universidades do século XI, que surgiu uma produção filosófico-
teológica denominada escolástica (palavra derivada de escola).
A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda
no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se
deveu a descoberta de muitas obras de Aristóteles, desconhecidas
até então, e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente
do grego.
No período escolástico, a busca de harmonização entre a fé cristã e
a razão manteve-se com problema básico de especulação filosófica.
Nesse contexto, a escolástica pode ser dividida em três fases.
1. Primeira fase: (do séc. IX ao fim do séc. XII) confiança na
perfeita harmonia entre fé e razão;
2. Segunda fase: (do séc. XIII ao princípio do séc. XIV) elaboração
de grandes sistemas filosóficos, merecendo destaque as obras de
São Tomás de Aquino. Nessa fase, considera-se que a
harmonização entre fé e razão pode ser parcialmente obtida;
3. Terceira fase: (do séc. XIV até o séc. XVI) decadência da
escolástica, marcada por disputas que realçaram a diferença entre
fé e razão.
Além de apresentar o traço fundamental da filosofia medieval, que é
a de referência às questões teológicas, a escolástica promoveu
significativos avanços no estudo da lógica.
Um dos filósofos que mais contribuiu para o desenvolvimento dos
estudos lógicos nesse período foi o romano Boécio que embora
tenha vivido de 480 a 524, é considerado o primeiro dos
escolásticos. Ele aperfeiçoou o quadrado lógico, sistema de
relações entre afirmativas que fornece a base lógica para garantir a
validade de certas formas elementares de raciocínio. Também foi o
primeiro a introduzir a questão dos universais, problema filosófico
longamente discutido durante o período da escolástica.
3.1 A questão dos universais
O método escolástico de investigação segundo Jacques Le Goff,
privilegiava o estudo da linguagem (as três matérias que compunha
o trivium) para depois passar ao exame das coisas (o chamado
quadrivium). Desse método surgiu a seguinte pergunta: Qual a
relação entre as palavras e as coisas?
Rosa, por exemplo, é o nome de uma flor. Quando essa flor morre,
a palavra rosa continua existindo. Nesse caso, a palavra fala de
uma coisa inexistente, de uma ideia geral. Esse problema filosófico
gerou muitas disputas. Era a grande discussão sobre a existência
de ideias gerais, isto é, os chamados universais de Aristóteles. Tal
discussão ficou conhecida como a Questão dos universais, ou
seja, da relação entre as coisas e seus conceitos. Envolvia não
apenas problemas linguísticos e gnosiológicos (problemas relativos
à questão do conhecimento), mas também teológicos. Na questão
dos universais surgiram duas posições antagônicas: o realismo
e o nominalismo.
3.1.1 O Realismo:
Os adeptos do realismo sustentavam a tese de que os universais
existiam de fato, ou seja, as ideias universais existiam por si
mesmas. Assim, por exemplo, a bondade e a beleza seriam
modelos ou moldes a partir dos quais se criam as coisas boas e as
coisas belas. Os temos universais seriam entidades metafísicas,
essências separadas das coisas individuais.
Essa posição foi defendida, por exemplo, pelo abade beneditino e
arcebispo de Cantuária (Canterbury, cidade inglesa) Santo
Anselmo (1035-1109), que acreditava que as ideias universais
existiam na mente divina.
O Filósofo e bispo francês Guilherme de Champeaux (1070-1121)
também era realista e acreditava que entre o universo das coisas e
o universo dos nomes havia uma analogia tal que, quanto mais
“universal” fosse o termo gramatical, maior seria seu grau de
participação na perfeição original da ideia.
Assim, por exemplo, o substantivo brancura teria uma perfeição
maior do que o adjetivo branco, que se refere a um ente singular.
Na mesma linha de raciocínio de Platão, o universal brancura seria
mais perfeito do que qualquer coisa branca existente.
3.1.2 O Nominalismo
Por sua vez, os defensores do nominalismo sustentavam a tese de
que os termos universais, tais como beleza e bondade, não existiam
em si mesmo. Pois seriam somente palavras, sem existência real.
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Para os nominalistas, o que há são apenas os seres singulares, e o
universal não passa de um nome, uma convenção.
Essa era a posição do filósofo francês Roscelin de Compiène
(1050-1120), autor segundo qual só existiria a individualidade,
logo, anulam-se os termos universais. Roscelin também negava que
Deus pudesse ser uno e trino ao mesmo tempo, porque, para ele,
cada pessoa da trindade seria uma individualidade separada.
Entre essas duas posições contrárias surgiu uma terceira, o
realismo moderado, sustentado por Pedro Abelardo (1079-1142).
Para esse filósofo. Só existiram as realidades singulares, mas seria
possível buscar semelhanças entre os seres individuais, por meio de
abstração, de maneira tal a gerar os conceitos universais. Esses
conceitos não seriam, de acordo com Abelardo, nem entidades
metafísicas (posição do realismo) nem palavras vazias (posição dos
nominalistas), e sim discursos mentais, categorias lógico-linguísticas
que fazem a mediação, a ligação entre o mundo do pensamento e o
mundo do ser.
A importância da questão dos universais está não só no avanço que
essa discussão possibilitou em relação à busca do conhecimento da
realidade, mas também porque, através dela, alcançou-se um alto
nível de desenvolvimento lógico-linguístico.
3.2 Santo Tomás de Aquino
A filosofia de Tomás de Aquino (1226-1274), o tomismo, parece ter
nascido com objetivos claros de não contrariar a fé. De fato, sua
finalidade era organizar um conjunto de argumentos para
demonstrar e defender as revelações do cristianismo.
Assim, Tomás de Aquino reviveu em grande parte o pensamento
aristotélico em busca de argumentos que explicassem os principais
aspectos da fé cristã. Enfim, fez da filosofia de Aristóteles um
instrumento a serviço da religião católica, ao mesmo tempo em que
transformou essa filosofia numa síntese original.
3.2.1 Princípios básicos
Sobre o ser e o saber, Tomás de Aquino enfatizou a importância da
realidade sensorial. Em relação ao processo de conhecimento
dessa realidade, ressaltou uma série de princípios considerados
básicos, dentre os quais se destacam:
1. Princípio da não contradição: o ser é ou não é. Não existe nada
que possa ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de
vista;
2. Princípio da substância: na existência dos seres podemos
distinguir a substância (a essência propriamente dita de uma coisa,
sem a qual ela não seria aquilo que é) do acidente (a quantidade
não essencial, acessória do ser);
3. Princípio da causa eficiente: todos os seres que captamos
pelos sentidos são seres contingentes, isto é, não possuem em si
próprios a causa eficiente de suas existências. Portanto, para existir,
o ser contingente depende de outro ser que representa sua causa
eficiente, chamado de ser necessário;
4. Princípio da finalidade: Todo ser contingente existe em função
de uma finalidade, de uma “razão de ser”. Enfim, todo ser
contingente possui uma causa final;
5. Princípio do ato e da potência: todo ser contingente possui
duas dimensões, o ato e a potência. O ato representa a existência
atual do ser, aquilo que está sendo realizado e determinado. A
potência representa a capacidade real do ser, aquilo que não se
realizou mas pode realizar-se. É a passagem da potência para o ato
que explica toda e qualquer mudança
3.2.2 Ser e essência
Apesar de esses princípios básicos terem vindo do pensamento
aristotélico, não se pode dizer que Tomás de Aquino tenha
apenas adaptado a filosofia de Aristóteles ao cristianismo. O
que o filósofo escolástico empreendeu foi uma sistematização da
doutrina cristã apoiada em parte na filosofia aristotélica, mas que
contém muitos elementos estranhos ao aristotelismo, como o
conceito de criação do mundo, a noção de um Deus único e a ideia
de que o vir a ser (passagem da potência ao ato) não é
autodeterminado, mas procede de Deus.
Mais que isso, Tomás de Aquino introduziu uma distinção entre o
ser e a essência, dividindo a metafísica em duas partes: a do ser
em geral e a do ser pleno, que é Deus. De acordo com essa
distinção, o único ser realmente pleno, no qual o ser e a essência se
identificam, é Deus. Para o filósofo, Deus é ato puro. Não há o que
realizar ou atualizar em Deus, pois ele é completo. Tomás de
Aquino dirá que Deus é Ser, e o mundo tem ser. Ou seja, Deus é o
ser que existe como fundamento da realidade das outras essências
as quais, uma vez existentes, participam de seu Ser.
Isso equivale a dizer que, nas outras criaturas são seres não
necessários. É Deus que permite às essências realizarem-se em
entes, em seres existentes.
3.2.3 Provas da existência de Deus
Outro aspecto importante da filosofia tomista são as provas da
existência de Deus. Em um dos seus livros mais famosos, a Suma
teológica, Tomás de Aquino propõem cinco provas, também:
1. O primeiro Motor: Tudo aquilo que se move é movido por outro
ser. Por sua vez, esse outro ser para que se mova, necessita
também que seja movido por outro ser, e assim sucessivamente. Se
não houvesse um primeiro ser movente, cairíamos em um processo
indefinido. Logo, conclui Tomás de Aquino, é necessário chegar a
um primeiro ser movente que não seja movido por nenhum outro.
Esse ser é Deus;
2. A Causa Eficiente: Todas as coisas existentes no mundo não
possuem em si a causa eficiente de suas existências. Devem ser
consideradas efeitos de alguma causa. Tomás de Aquino afirma ser
impossível remontar indefinidamente à procura das causas
eficientes. Logo, é necessário admitir a existência de uma primeira
causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos. Essa causa
primeira é Deus;
3. Ser Necessário e Ser Contingente: Esse argumento, uma
variante do segundo, afirma que todo ser contingente, do mesmo
modo que existe, pode deixar de existir. Ora, se todas as coisas que
existem podem deixar de ser, então, alguma vez, nada existiu. Mas,
se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não
existe somente começa a existir em função de algo que já existia. É
preciso admitir, então, que há um ser que sempre existiu, um ser
absolutamente necessário, que não tenha fora de si a causa de sua
existência, mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade de
todos os seres contingentes. Esse ser necessário é Deus;
4. Os Graus de Perfeição: Em relação à qualidade de todas as
coisas existentes, pode-se afirmar que há graus diversos de
perfeição. Assim, estabelecemos que tal coisa é melhor que outra,
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ou mais bela, ou mais poderosa, ou mais verdadeira etc. Ora, se
uma coisa possui “mais” ou “menos” determinada qualidade positiva,
isso supõe que deva existir um ser com o máximo dessa qualidade,
no nível da perfeição. Devemos admitir, então, que existe um ser
com o máximo de bondade, de beleza, de poder, de verdade,
sendo, portanto, um ser máximo e pleno. Esse ser é Deus;
5. A Finalidade do Ser: Todas as coisas brutas, que não possuem
inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, um
objetivo, uma finalidade, tal como a flecha orientada pelo arqueiro.
Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente que dirige
todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Esse
ser é Deus.
3.2.4 Mérito de Tomás de Aquino
Proclamado pela Igreja Católica como Doutor Angélico e Doutor
por Excelência, Tomás de Aquino é reverenciado nos meios
católicos por filósofos e professores de filosofia. É o caso, por
exemplo, do filósofo católico Jacques Maritain (1882-1973).
Filósofos não-cristãos, como o britânico Bertrand Russell (1872-
1970), questionam os méritos de Tomás de Aquino, considerando-
os insuficientes para justificar sua imensa reputação.
Em que pese essa discordância de opiniões sobre os méritos de
Tomás de Aquino, é praticamente unânime o reconhecimento de
que sua obra filosófica representa o apogeu do pensamento
medieval católico. Posteriormente a esse período, o tomismo seria
progressivamente questionado pelos movimentos filosóficos que se
desenvolveram na Renascença e na Idade Moderna.
3.3 A Escolástica Pós-Tomista
Grandes acontecimentos históricos marcaram a Europa nos séculos
XIII e XIV, como a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra;
a epidemia da peste bubônica, que matou cerca de três quartos da
população europeia; o cisma definitivo entre as Igrejas do Ocidente
e do Oriente, que, entre outros fatores, diminuiu a influência da
Igreja Católica Romana sobre o poder temporal (o Estado) e sobre a
população; a criação de novas universidades, que iniciam o
desenvolvimento de questões relativas às ciências naturais e a
autonomia da filosofia em relação à teologia. Esses são alguns dos
fatores que levarão ao questionamento do pensamento escolástico
bem como ao fim da Idade Média.
Entre os filósofos significativos desse período, destacam-se:
1. São Boaventura (1240-1284): Iniciou uma reação contra a
filosofia tomista e buscou recuperar a tradição platônica agostiniana.
Mais tarde essa reação seria desenvolvida pelos filósofos e teólogos
franciscanos, sobretudo na Universidade de Oxford, Inglaterra.
2. Roberto Grosseteste (1168-1243) e Roger Bacon (1214-1292):
Iniciaram uma investigação experimental no campo das ciências
naturais que abriu caminho para a ciência moderna.
3. Guilherme de Ockham (1280-1349): Proclamou uma distinção
absoluta entre fé e razão. Para Ockham, a filosofia não seria serva
da teologia, e a teologia não poderia sequer ser considerada
ciência, pois seria tão somente um corpo de proposições mantidas
não pela coerência racional, mas pela força da fé. Pensador
empirista e nominalista, combateu a metafísica tradicional e iniciou o
método da pesquisa científica moderna. Seu pensamento destacou-
se porque apreendeu as transformações de seu tempo: a ruptura
entre Igreja e os nascentes Estados nacionais; a perda da
concepção unitária da sociedade humana, que passou a se dividir
cada vez mais entre o poder temporal e o poder espiritual; a ruptura
entre fé e razão, ocasionada pelo nascente desenvolvimento da
razão autônoma, que buscou através da investigação empírica o
conhecimento dos fenômenos naturais. Entre suas contribuições
mais conhecidas destaca-se a chamada navalha de Ockham.
TEXTO COMPLEMENTAR I
A doutrina da iluminação divina
Para explicar como é possível ao homem receber de Deus o
conhecimento das verdades eternas, Agostinho elabora a doutrina
da iluminação divina. Trata-se de uma metáfora recebida de Platão,
que na célebre alegoria da caverna mostra ser o conhecimento, em
última instância, o resultado do bem, considerado como um Sol que
ilumina o mundo inteligível. Agostinho louva os platônicos por
ensinarem que o princípio espiritual de todas as coisas é, ao mesmo
tempo, causa de sua própria existência, luz de seu conhecimento e
regra de sua vida. Por conseguinte, todas as proposições que se
percebem como verdadeiras seriam tais porque previamente foram
iluminadas pela luz divina. Entender algo inteligivelmente equivaleria
a extrair da alma sua própria inteligibilidade e nada se poderia
conhecer intelectualmente que já não se possuísse antes, de modo
infuso.
Ao afirmar esse saber prévio, Agostinho aproxima-se da doutrina
platônica segundo a qual todo conhecimento é reminiscência. Não
obstante as evidentes ligações entre os dois pensadores, Agostinho
afasta-se, porém, de Platão ao entender a percepção do inteligível
na alma não como descoberta de um conteúdo passado, mas como
irradiação divina no presente. A alma não passaria por uma
existência anterior, na qual contempla as ideias: ao contrário,
existiria uma luz eterna da razão que procede de Deus e atuaria a
todo momento, possibilitando o conhecimento das verdades eternas.
Assim como os objetos exteriores só podem ser vistos quando
iluminados pela luz do Sol, também as verdades da sabedoria
precisariam ser iluminadas pela luz divina para se tornarem
inteligíveis.
A iluminação divina, contudo, não dispensa o homem de ter um
intelecto próprio; ao contrário, supõe sua existência. Deus não
substitui o intelecto quando o homem pensa o verdadeiro; a
iluminação teria apenas a função de tornar o intelecto capaz de
pensar corretamente em virtude de uma ordem natural estabelecida
por Deus.
Essa ordem é a que existe entre as coisas do mundo e as
realidades inteligíveis correspondentes, denominadas por Agostinho
com diferentes palavras: ideia, forma, espécie, razão ou regra.
A teoria agostiniana estabelece, assim, que todo conhecimento
verdadeiro é o resultado de um processo de iluminação divina, que
possibilita ao homem contemplar as ideias, arquétipos eternos de
toda a realidade. Nesse tipo de conhecimento a própria luz divina
não é vista, mas serve apenas para iluminar as ideias. Um outro tipo
seria aquele no qual o homem contempla a luz divina, olhando o
próprio Sol: a experiência mística.
Santo Agostinho. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Nova Cultural,
1999, p. 16-17.
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TEXTO COMPLEMENTAR II
As vias que levam a Deus
Segundo Santo Tomás a razão pode provar a existência de Deus
através de cinco vias, todas de índole realista: considera-se algum
aspecto da realidade dada pelos sentidos como o efeito do qual se
procura a causa.
A primeira fundamenta-se na constatação de que no universo existe
movimento. Baseado em Aristóteles, Santo Tomás considera que
todo movimento tem uma causa, exterior ao próprio ser que está em
movimento, pois não se pode admitir que uma mesma coisa possa
ser ela mesma a coisa movida e o princípio motor que a faz
movimentar-se. Por outro lado, o próprio motor deve ser movido por
um outro, este por um terceiro, e assim por adiante. Nessas
condições, é necessário admitir ou que a série de motores é infinita
e não existe um primeiro termo (não se conseguindo, assim, explicar
o movimento), ou que a série é finita e seu primeiro termo é Deus.
A segunda via diz respeito à ideia de causa em geral. Todas as
coisas ou são causas ou são efeitos, não se podendo conceber que
alguma coisa seja causa de si mesma. Nesse caso, ela seria causa
e efeito ao mesmo tempo, sendo, assim, anterior e posterior, o que
seria absurdo. Por outro lado, toda causa, por sua vez, deve ter sido
causada por outra e esta por uma terceira, e assim sucessivamente.
Impõe-se, portanto, admitir uma primeira causa não causada, Deus,
ou aceitar uma série infinita e não explicar a causalidade.
A terceira via refere-se aos conceitos de necessidade e
possibilidade. Todos os seres estão em permanente transformação.
Alguns sendo gerados, outros se corrompendo e deixando de existir.
Mas poder ou não existir não é possuir uma existência necessária, e
sim contingente, já que aquilo que é necessário não precisa de
causa para existir. Assim, o possível não teria em si razão suficiente
de existência e, se nas coisas houvesse apenas o possível, não
haveria nada. Para que o possível exista, é necessário, portanto,
que algo o faça existir. Ou seja: se alguma coisa existe é porque
participa do necessário. Este, por sua vez, exige uma cadeia de
causas, que culmina no necessário absoluto, ou seja, Deus.
A quarta via tomista para provar a existência de Deus é de índole
platônica e baseia-se nos graus hierárquicos de perfeição
observados nas coisas. Há graus de bondade, na verdade na
nobreza e nas outras perfeições desse gênero. O mais e o menos,
implicados na noção de grau, pressupõe um termo de comparação
que seja absoluto. Deverá existir, portanto, uma verdade e um bem
em si: Deus.
A quinta via fundamenta-se na ordem das coisas. De acordo com o
finalismo aristotélico adotado por Tomás de Aquino, todas as
operações dos corpos materiais tenderiam a um fim, mesmo quando
desprovidos da consciência disso. A regularidade com que
alcançam seu fim mostraria que eles não estão movidos pelo acaso;
a regularidade seria intencional e desejada. Uma vez que aqueles
corpos estão privados de conhecimento, pode-se concluir que há
uma inteligência primeira, ordenadora da finalidade das coisas. Essa
inteligência soberana seria Deus.
Tomás de Aquino. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Nova Cultural,
2000, p. 9-10.
Questões:
01. (ENEM – 2001) O texto abaixo reproduz parte de um diálogo
entre dois personagens de um romance.
Quer dizer que a Idade Média durou dez horas? – Perguntou Sofia.
Se cada hora valer cem anos, então sua conta está certa. Podemos
imaginar que Jesus nasceu à meia-noite, que Paulo saiu em
peregrinação missionária pouco antes da meia-noite e meia e
morreu quinze minutos depois, em Roma. Até as três da manhã a fé
cristã foi mais ou menos proibida. (...) Até as dez horas as escolas
dos mosteiros detiveram o monopólio da educação. Entre dez e
onze horas são fundadas as primeiras universidades.
Adaptado de GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia, Romance da
História da Filosofia. São Paulo: Cia das Letras, 1997.
O ano de 476 d.C., época da queda do Império Romano do
Ocidente, tem sido usado como marco para o início da Idade Média.
De acordo com a escala de tempo apresentada no texto, que
considera como ponto de partida o início da Era Cristã, pode-se
afirmar que
A) as Grandes Navegações tiveram início por volta das quinze
horas.
B) a Idade Moderna teve início um pouco antes das dez horas.
C) o Cristianismo começou a ser propagado na Europa no início da
Idade Média.
D) as peregrinações do apóstolo Paulo ocorreram após os primeiros
150 anos da Era Cristã.
E) os mosteiros perderam o monopólio da educação no final da
Idade Média.
02. (ENEM 2012)
TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo
o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua
descedência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao
passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a
partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-
se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em
terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em
pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-
Rio, 2006 (adaptado).
TEXTO II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de
todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão
parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção,
as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo
se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os
Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão
impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.
GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Cristã. São Paulo:
Vozes, 1991 (adaptado).
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para
explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional.
As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo
medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
A) eram baseadas nas ciências da natureza.
B) refutavam as teorias de filósofos da religião.
C) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
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D) postulavam um princípio originário para o mundo.
E) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
03. (IFAL – 2011) No contexto de dissolução do império romano e
ascensão de um novo período histórico, feudalismo, encontra-se a
filosofia patrística, que tem na pessoa de Santo Agostinho (Aurelius
Augustinus) sua expressão máxima. Acerca da filosofia agostiniana,
podemos dizer:
A) Agostinho investigou a noção de tempo, revelando pouca
penetração analítica. O tempo é por ele pensado como cindido
em relação à estrutura fundamental do próprio mundo.
B) A teoria da graça e da predestinação se constitui como o cerne
da antropologia agostiniana. A dualidade dos eleitos e dos
condenados é a estrutura explicativa da história, exposta na
Cidade de Deus.
C) O cerne da antropologia agostiniana concentra-se no
entendimento de que o homem não é o réprobo miserável,
condenado à danação eterna e irrecuperável pela graça divina.
D) A Cidade de Deus apresenta o dualismo platônico entre corpo e
alma, espírito e matéria, bem e mal, ser e não-ser, sintetizando
aspectos poucos essenciais do pensamento de Agostinho.
04. (IFPB- 2012) Para Sto. Agostinho, Fé e Razão devem trabalhar
conjunta e solidariamente para o esclarecimento da verdade. Como
crente, este religioso não podia considerar outra que não fosse a
verdade cristã.
Neste sentido, é CORRETO afirmar que:
I. Sto. Agostinho buscou, gradativamente, traçar fronteiras entre Fé
e Razão.
II. Para Sto. Agostinho, a Razão é um obstáculo para o homem
alcançar a fé.
III. A Fé orienta e ilumina a Razão para conhecer a verdade.
IV. A Razão, iluminada pela Fé, contribui para o esclarecimento da
Fé.
A) Somente I e II são verdadeiras.
B) Somente II e III são verdadeiras.
C) Somente I e IV são verdadeiras.
D) Somente I e III são verdadeiras.
E) Somente III e IV são verdadeiras.
05. (ENADE- 2011)
Os filósofos medievais que conceberam os universais como sendo
entes reais, subsistentes em si, e afirmavam a perfeita adequação
entre conceitos universais e a realidade são chamados de realistas
PORQUE
foram diretamente influenciados pelo neoplatonismo, cuja
concepção metafísica fundamenta-se no estudo da realidade
compreendida como manifestação de Deus.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é
uma justificativa correta da primeira.
B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda
não é uma justificativa da primeira
C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda,
uma proposição falsa.
D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma
proposição verdadeira.
E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições
falsas.
06. (ENADE – 2005) Nada pode, de modo algum, manchar a alma,
a não ser aquilo que procede da própria alma, isto é, o
consentimento, pois só nele há maldade. Não há maldade nem no
desejo que o precede nem na ação que a ele segue. (...) Deus leva
em conta não as coisas que fazemos, mas o ânimo com que são
feitas, e o mérito e o louvor de quem age consistem não na ação,
mas na intenção. Pedro Abelardo. Scito te ipsum (ed. M.Dal Prà) (com
adaptações).
De acordo com o texto acima, julgue os itens a seguir.
I. A maldade encontra-se nas ações que são feitas.
II. A intenção é a chave de compreensão da bondade ou maldade
dos atos.
III. Decidir-se a matar alguém não é maldade; o mal é matar alguém
de fato.
IV. Bondade ou maldade dos atos ou omissões medem-se pela
intenção, não pelo resultado.
V. Deus julga os homens não pelas ações, mas pela intenção com
que elas são realizadas.
Estão certos apenas os itens
A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) I, III e IV. E) II, IV e V.
07.(IFPB- 2012) Sobre a teoria do conhecimento, desenvolvida por
Tomás de Aquino, é CORRETO afirmar que:
I. A Fé e a Razão constituem duas fontes distintas de conhecimento,
mas tratam dos mesmos conteúdos.
II. A Razão presta ajuda à Fé por contribuir na construção da
Teologia como ciência, num sistema organizado de proposições.
III. A Razão é autônoma diante dos conteúdos da Fé.
IV. A Razão não pode apoiar-se positivamente nos dados da
revelação e utilizá-los como ponto de partida para suas conclusões.
A) Somente II e III são verdadeiras.
B) Somente I e IV são verdadeiras.
C) Somente II e IV são verdadeiras.
D) Somente I e III são verdadeiras.
E) Somente III e IV são verdadeiras.
08. (IFMT – 2012) Uma dupla condição domina o desenvolvimento
da filosofia tomista: a distinção entre a razão e a fé, e a necessidade
de sua concordância. Todo o domínio da filosofia pertence
exclusivamente à razão; isso significa que a filosofia deve admitir
apenas o que é acessível à luz natural e demonstrável apenas por
seus recursos. A teologia baseia-se, ao contrário, na revelação, isto
é, afinal de contas, na autoridade de Deus. (GILSON, E. A filosofia
na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 655.)
A partir do texto acima e dos conhecimentos sobre a filosofia
tomista, assinale a afirmativa correta.
A) Todas as verdades da fé são passíveis de prova racional.
B) Se uma verdade da razão contradiz uma verdade da fé, tem-se o
indício de erro em ambas.
C) Se uma verdade da razão contradiz uma verdade da fé, tem-se o
indício de erro da razão.
D) Todas as verdades referentes a Deus são possíveis à
capacidade da razão humana.
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77
09. (ENADE – 2008) Quando, então, dizemos “Deus”, parecemos,
certamente, designar uma substância, mas aquela que é para além
da substância; quando, porém, dizemos “justo”, designamos,
certamente, uma qualidade, mas não como acidente, e, sim, como
aquela qualidade que é substância e, entretanto, é para além da
substância: então, para Deus, o que ele é não é outro que o ser
justo; é o mesmo, para Deus, ser e ser justo. Assim, também,
quando se diz “grande” ou “máximo”, parecemos designar,
certamente, numa quantidade, mas aquela quantidade que é a
própria substância, tal como a dissemos ser para além da
substância: o mesmo, com efeito, é para Deus, ser e ser grande.
Sobre a sua forma (...), visto ele ser forma e uno verdadeiramente,
não há, então, nenhuma pluralidade. Boécio. A Santa Trindade.
São Paulo: Martins Fontes.
Considerando esse texto e a concepção de Deus em Boécio,
assinale a opção correta.
A) É possível aplicar a categoria de qualidade, do mesmo modo, a
Deus e ao homem.
B) Não havendo em Deus nenhuma pluralidade, é impossível que
ele seja, ao mesmo tempo, justo e grande.
C) Em Deus, ser e ser justo constitui uma unidade, porém, em tal
unidade não pode ser incluída a grandeza.
D) Dada a singularidade de “Deus”, dele se pode dizer que há
unidade entre ser, ser grande e ser justo.
E) Se Deus é “grande” e “máximo”, então, o homem só pode ser
“pequeno” e “mínimo”.
10. (ENADE – 2005) A segunda via (para demonstrar a existência
de Deus) procede da natureza da causa eficiente. Pois descobrimos
que há certa ordem das causas eficientes nos seres sensíveis;
porém, não concebemos, nem é possível que uma coisa seja causa
eficiente de si própria, pois seria anterior a si mesma: o que não
pode ser. Mas é impossível, nas causas eficientes, proceder-se até
o infinito; pois, em todas as causas eficientes ordenadas, a primeira
é causa da média e esta, da última, sejam as médias muitas ou uma
só. E como, removida a causa, fica removido o efeito, se, nas
causas eficientes, não houver primeira, não haverá média nem
última. Procedendo-se ao infinito, não haverá primeira causa
eficiente, nem efeito último, nem causas eficientes médias, o que
evidentemente é falso. Logo, é necessário admitir uma causa
eficiente primeira, à qual todos dão o nome de Deus. Tomás de
Aquino. Suma Teológica I.
Com base no texto acima, julgue os itens que se seguem.
I. Desenvolve-se um argumento semelhante ao proposto por Santo
Anselmo.
II. Articula-se um argumento cosmológico, que parte da constatação
da relação causal entre os seres.
III Nega-se qualquer possibilidade de se demonstrar a existência de
Deus, porque ninguém o viu até hoje.
IV É evidente o cunho aristotélico do argumento utilizado: partir dos
dados dos sentidos, apelar para causas ordenadas.
V Nas causas ordenadas, não se pode proceder ao infinito,
devendo-se parar em uma causa primeira, que não é causada.
Estão certos apenas os itens
A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) I, III e V. E) II, IV e V.
11. (ENADE 2008) Ao investigar se a existência de Deus se impõe
imediatamente à inteligência humana, Tomás de Aquino conclui: “A
proposição Deus existe, enquanto tal, é evidente por si, porque nela
o predicado é idêntico ao sujeito. Deus é seu próprio ser (...) Mas,
como não conhecemos a essência de Deus, essa proposição não é
evidente para nós, precisa ser demonstrada por meio do que é mais
conhecido para nós, ainda que por sua natureza seja menos
conhecido, isto é, pelos efeitos”.Tomás de Aquino. Suma de
Teologia, I, q.2, a.1. Tradução: Editora Loyola.
Considerando o texto acima e o tipo de abordagem de Tomás de
Aquino acerca da existência de Deus, julgue os itens seguintes
I Todo homem possui um conhecimento a priori da existência de
Deus.
II A existência de Deus pode ser afirmada por intermédio da reflexão
sobre os fenômenos deste mundo.
III Do predicado da proposição “Deus existe”, o homem infere
imediatamente a existência divina.
IV Tomás de Aquino atribui a Anselmo a tese de que a existência de
Deus é evidente por si mesma.
V A propósito da substância divina, a inteligência humana pode
conhecer o “que ela é”.
Estão certos apenas os itens
A) I e III. B) II e IV. C) III e IV. D) III e V. E) IV e V.
12. (ENEM- 1999) Considere os textos abaixo. (...) de modo
particular, quero encorajar os crentes empenhados no campo da
filosofia para que iluminem os diversos âmbitos da atividade
humana, graças ao exercício de uma razão que se torna mais
segura e perspicaz com o apoio que recebe da fé. (Papa João Paulo
II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos da igreja católica sobre
as relações entre fé e razão, 1998)
As verdades da razão natural não contradizem as verdades da fé
cristã. (São Tomás de Aquino-pensador medieval)
Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que
A) a encíclica papal está em contradição com o pensamento de São
Tomás de Aquino, refletindo a diferença de épocas.
B) a encíclica papal procura complementar São Tomás de Aquino,
pois este colocava a razão natural acima da fé.
C) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a encíclica de
João Paulo II.
D) o pensamento teológico teve sua importância na Idade Média,
mas, em nossos dias, não tem relação com o pensamento
filosófico.
E) tanto a encíclica papal como a frase de São Tomás de Aquino
procuram conciliar os pensamentos sobre fé e razão.
13. (UEM – 2013) “Os artigos de fé não são princípios de
demonstrações nem conclusões, não sendo nem mesmo prováveis,
já que parecem falsos para todos, para a maioria ou para os sábios,
entendendo por sábios aqueles que se entregam à razão natural, já
que só de tal modo se entende o sábio na ciência e na filosofia.”
(OCKHAM, G. [1280-1349]. In: COTRIM, G. Fundamentos de
Filosofia, São Paulo: Saraiva, 2006, p. 120).
A partir do trecho citado, é incorreto afirmar que
A) os argumentos calcados na fé não podem ser submetidos a
demonstrações lógicas.
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78
B) o filósofo apresenta a típica separação entre aquilo que é do
domínio da fé e do domínio da razão para o pensamento
medieval.
C) os artigos de fé são falsos por natureza, visto que não estão
submetidos nem à ciência nem à filosofia.
D) as demonstrações e as conclusões, para os filósofos, não podem
ser deduzidas a partir de princípios falsos.
E) a distinção entre a teologia e a ciência ou a filosofia está, entre
outras coisas, nos diferentes procedimentos ou nos métodos de
comprovação utilizados por elas.
Filosofia Moderna
Iniciemos nosso percurso aqui considerando alguns aspectos
sociais, políticos, econômicos e culturais relevantes desse período
histórico que se convencionou chamar de Idade Moderna (que vai
de meados do século XV ao século XVIII). Eles nos ajudarão a
compreender as mudanças na produção filosófica dessa fase. A
partir do século XV, uma série de acontecimentos deflagrou diversos
processos que levaram a grandes transformações nas sociedades
europeias. Entre eles, podemos destacar:
1. A Passagem do Feudalismo para o Capitalismo, que se
vinculou ao florescimento do comércio, ao estabelecimento das
grandes rotas comerciais, ao predomínio do capital comercial e à
emergência da burguesia;
2. A Formação dos Estados Nacionais, que fez surgir novas
concepções político-econômicas, como a discussão sobre as formas
do poder político (ocorreu então a centralização do poder através da
monarquia absoluta) e a questão comercial (desenvolveu-se nesse
período o mercantilismo e o fortalecimento econômico de alguns
Estados, levando ao impulso das grandes navegações marítmas, à
descoberta do Novo Mundo e ao estabelecimento das colônias);
3. O Movimento da Reforma, que provocou a quebra da unidade
religiosa europeia e rompeu com a concepção passiva do ser
humano, entregue unicamente aos desígnios divinos, reconhecendo
o trabalho humano como fonte da graça divina e origem legítima da
riqueza e da felicidade. Também concebeu a razão humana como
extensão do poder divino, o que colocava o indivíduo em condições
de pensar livremente e responsabilizar-se por seus atos de forma
mais autônoma;
4. O Desenvolvimento da Ciência Natural, que criou novos
métodos científicos de investigação, impulsionados pela confiança
na razão humana e pelo questionamento de sua submissão aos
dogmas do cristianismo. A Igreja Católica, por sua vez, perdia nesse
momento parte de seu poder de influência sobre os Estados e de
dominação sobre o pensamento;
5. A invenção da imprensa, que possibilitou a impressão dos
textos clássicos gregos e romanos, contribuindo para a formação do
humanismo (movimento que estudaremos adiante). A divulgação de
obras científicas, filosóficas e artísticas, que se tornaram a partir de
então acessíveis a um número maior de pessoas, propiciou maior
grau de consciência e liberdade de expressão.
Todos esses acontecimentos modificaram, em muitas regiões, o
modo de ser, viver e perceber a realidade de grande número de
europeus. Nas artes, nas ciências e na filosofia surgiram novas
ideias, concepções e valores.
Um exemplo importante dessas mudanças foi o desabrochar de
uma tendência social antropocêntrica (que tem o ser humano
como centro), de valorização da obra e compreensão humanas, em
lugar da supervalorização da fé cristã e da visão teocêntrica (que
tem Deus como centro) da realidade.
Isso levou ao desenvolvimento do racionalismo e de uma filosofia
laica (não religiosa) que se mostrarão, de modo geral, otimistas em
relação à capacidade da razão de intervir no mundo, organizar a
sociedade e aperfeiçoar a vida humana.
1. O Renascimento
O movimento cultural que contribuiu para essas transformações é
conhecido como Renascimento (séculos XV-XVI). Tendo por berço
a península Itálica, criaria as bases conceituais e de valores que
permitiriam o impulso da razão e da ciência no século XVII.
Inspirado no humanismo – movimento de intelectuais que
defendiam o estudo da cultura greco-romana e o retorno a seus
ideais de exaltação do ser humano e de seus atributos, como a
razão e a liberdade -, o Renascimento propiciou o desenvolvimento
de uma mentalidade racionalista. Revelando maior disposição
para investigar os problemas do mundo, o indivíduo moderno
aguçou seu espírito de observação sobre a natureza, dedicou mais
tempo à pesquisa e à experimentações, abriu a mente ao livre
exame do mundo.
Esse conjunto de atitudes contrapunha-se, em grande medida, à
mentalidade medieval típica, influenciada pelo pensamento
contemplativo e mais submisso às chamadas verdades
inquestionáveis da fé. O pensador moderno buscaria não somente
conhecer a realidade, descobrir as leis que regem os fenômenos
naturais, mas também exercer controle sobre ela. O objetivo era
prever para prover, como se diria mais tarde.
Isso não significou, porém, um completo abandono das questões
cristãs medievais, o que se torna claro se observarmos o fundo
religioso que persiste nas obras intelectuais e artísticas desse
período. O que ocorreu foi uma renovação no tratamento dessas
questões, a partir de uma nova perspectiva humana, de uma
“humanização” do divino.
1.1 Ameaças à nova mentalidade
A transição para a mentalidade científica moderna não foi um
processo súbito e sem resistências. Forças ligadas ao passado
medieval lutaram duramente contra as transformações que se
desenvolviam, punindo, por exemplo, muitos pensadores da época e
organizando listas de livros proibidos (o Index).
Foi nesse contexto que vários pioneiros da ciência moderna
sofreram perseguição da Inquisição, tribunal instituído pela Igreja
Católica com o fim de descobrir e julgar os responsáveis pela
propagação das heresias, isto é, concepções contrárias aos dogmas
dos católicos.
Exemplo marcante dessas perseguições é o julgamento do
pensador italiano Giordano Bruno (1548-1600), condenado à morte
na fogueira por contestar o pensamento católico, que se apoiava na
ideia de que o planeta Terra era o centro imóvel do universo. Essa
noção geocêntrica estava fundamentada na astronomia do grego
Ptolomeu, na física de Aristóteles e em certas interpretações da
Bíblia.
Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia
79
Contra essa concepção, Giordano Bruno defendeu a teoria
heliocêntrica, formulada por Nicolau Copérnico, e afirmou que o
universo é um todo infinito, cujo centro não está em parte alguma.
A formulação de Copérnico de que é o Sol, e não a Terra, o centro
do universo atingia a concepção medieval cristã de que o ser
humano é o ser supremo da criação e que, por isso, seu habitat, a
Terra, deveria ter o privilégio de ser o centro em relação aos outros
astros. Compreende-se assim o mal-estar causado pela tese
copernicana.
Outro aspecto que incomodou as autoridades católicas foi que a
natureza e o universo passaram a ser concebidos a partir de um
novo paradigma, baseado tanto na observação direta como na
representação matemática. Essa mudança de atitude e seus
resultados foram entendidos como uma ameaça aos dogmas da
Igreja, e poderiam afastar as pessoas da fé cristã.
1.2 Ética, educação e política numa nova perspectiva: Michael
de Montaigne e Nicolau Maquiavel
Além do desenvolvimento do pensamento científico, com
implicações evidentes no campo filosófico, outras questões
importantes desse período dizem respeito à essência humana, à
moral e à política. Nesse âmbito destacam-se, por exemplo, o
francês Michel de Montaigne (1523-1592) e o italiano Nicolau
Maquiavel (1469-1527).
Montaigne desenvolveu um pensamento de fundo ceticista,
inspirado em parte no ceticismo da Antiguidade, mas também no
epicurismo e no estoicismo. Ele afirmava não ser possível
estabelecer os mesmos preceitos para todos os seres humanos,
sendo necessário que cada um construa um conhecimento e uma
consciência moral de acordo com as suas possibilidades e
disposições individuais, mas tendo como regra geral, para alcançar
a sabedoria, “o dizer sim à vida”.
Na educação, por exemplo, recomendava que todos os conteúdos
fossem submetidos à reflexão do aluno. Nada deveria ser imposto
ao estudante por simples autoridade da tradição. Todas as diversas
doutrinas deveriam ser-lhe apresentadas, cabendo a cada um a
decisão de qual é a melhor. E quando não pudesse decidir entre
elas, que ficasse na dúvida.
O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469 - 1527) é considerado o
fundador do pensamento político moderno, uma vez que
desenvolveu sua filosofia em um quadro teórico completamente
diferente do que se tinha até então.
Como vimos, no pensamento antigo a política estava relacionada
com a ética e, na Idade Média, essa ideia permaneceu, acrescida
dos valores cristãos.Ou seja, o bom governante seria aquele
possuísse as virtudes cristãs e as implementasse no exercício do
poder político.
Maquiavel observou, porém, que havia uma distância entre o ideal
de política e a realidade política de sua época. Escreveu, então, o
livro O príncipe (1513- 1515), com o propósito de tratar da política
como tal como ela se dá, ou seja, sem pretender fazer uma teoria da
política ideal, mas ao contrário, compreender e esclarecer a política
real.
Dessa forma, Maquiavel afastou-se da concepção idealizada da
política. Centrou sua reflexão na constatação de que o poder político
tem como função regular as lutas e tensões entre os grupos
sociais, os quais, em seu entendimento, eram basicamente dois: o
grupo dos poderosos e o povo. Essas lutas e tensões existiriam
sempre, de tal forma que seria ilusão buscar um bem comum para
todos.
Mas se a política não tem como objetivo o bem comum, qual seria
então seu objetivo?
Maquiavel respondeu: a política tem como objetivo a manutenção
do poder do Estado. E, para manter o poder, o governante deve
lutar com todas as armas possíveis sempre atento às correlações de
forças que se mostram a cada instante. Isso significa que a ação
política não cabe nos limites do juízo moral. O governante deve
fazer aquilo que, a cada momento, se mostra interessante para
conservar seu poder. Não se trata, portanto, de uma decisão moral,
mas sim de uma decisão que atende à lógica do poder.
1.2.1 Os fins justificam os meios
Para Maquiavel, na ação política não são os princípios morais que
contam, mas os resultados. É por isso que, segundo ele, os fins
justificam os meios. No Príncipe, o filósofo faz uma análise não
moral dos atos de diversos governantes, procurando mostrar em
que momentos suas opções foram interessantes para a manutenção
do poder político. Deve-se a essa fraqueza despudorada o uso
pejorativo do adjetivo maquiavélico, que designa o comportamento
“sem moral”.
Mas o que se deve reter do pensamento de Maquiavel é que ele
inaugura um novo momento patamar de reflexão política, que
procura compreender e descrever a ação política tal como se dá
realmente. Seu mérito é ter compreendido que a política, no início
da Idade Moderna, desvinculava-se das esferas da moral e da
religião, constituindo-se em uma esfera autônoma.
Assim, no campo da política, os fins justificam os meios. No campo
da moral, no entanto, não seria correto separar meios de fins, já que
toda conduta, deve ser julgada por seu valor intrínseco,
independente do fim, do resultado.
2. Razão e Experiência: As bases da ciência moderna
Conforme vimos, foi com os filósofos gregos jônicos que as crenças
mitológicas começaram a ceder lugar ao saber racional. E a ideia
de caos começou a ser dissolvida, nascendo, para substituí-la, o
conceito de cosmo. Dentro desse novo e revolucionário conceito, o
universo passou a ser encarado como algo ordenado, harmônico,
previsível, capaz de ser compreendido racionalmente pelo ser
humano.
O conceito grego de cosmo desenvolveu-se com os pré-socráticos,
encontrando novas formulações com os filósofos do período
clássico, entre eles Platão e Aristóteles. Estes legaram ao Ocidente
medieval a ideia de um cosmo ordenado, no qual a Terra tinha lugar
privilegiado. Era um cosmo finito, fechado, dividido em dois planos
básicos: o céu e a Terra.
Podemos imaginar a revolução espiritual que representaram,
portanto, as novas concepções da ciência nascente. As conquistas
e realizações renascentistas deixaram a maioria das pessoas
desorientadas e desconfiadas. O mundo racionalmente ordenado da
antiguidade foi questionado e, aos poucos, dissolvido. O que
representariam a cidade, o Império ou a Igreja diante de um
universo infinito?
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2.1 Busca de um Novo Centro
Uma das concepções fundamentais até então – a noção aristotélica
de espaço hierarquizado, isto é, em que cada lugar apresenta uma
qualidade diferente da de outro lugar – foi substituída pelo conceito
de espaço homogêneo, ou seja, em que os lugares são
equivalentes, sem um ponto fixo referencial, sem uma hierarquia.
O Sol não se converteria no novo ponto fixo, pois o heliocentrismo
de Copérnico representava apenas o primeiro passo de um
processo de descentralização exterior do mundo.
Como ficará mais claro adiante, o ser humano só encontraria um
novo centro em si mesmo, isto é, na razão, entendida como a
capacidade humana de avaliar a realidade e distinguir o verdadeiro
do falso.
2.2 Mundo representado
Até a Idade Média, havia prevalecido a noção de que a realidade do
mundo se apresenta diretamente às pessoas, isto é, mostra-se por
si mesma à mente (realismo). Os pensadores da modernidade, por
sua vez, tenderam a abordar o mundo com base na ideia de que a
realidade é representada pela mente. Desse modo, boa parte deles
procurou ultrapassar a percepção imediata e sensível da realidade,
que passou a ser interpretada como representação. Representação
é uma operação da mente que re(a)presenta o real e produz uma
imagem do mundo, ou um outro mundo.
Assim, uma das principais características do pensamento moderno
foi tentar explicar a realidade a partir de novas formulações
racionais. Galileu, por exemplo, explicaria o mundo concreto,
sensível, por meio de relações matemáticas, geométricas, o que
não se havia feito até então, embora hoje esse seja um
procedimento bastante comum.
2.3 Procura-se um Método
Outra pergunta que surgiu foi: Qual é a garantia de que um
pensamento é verdadeiro? A ruptura com toda a autoridade
preestabelecida de conhecimento fez com que os pensadores
modernos buscassem uma base segura, algo que garantisse a
verdade de um raciocínio. Procurava-se, portanto, um método.
A razão estava em alta. O método escolhido foi o matemático, pois a
matemática é o exemplo de conhecimento integralmente racional.
Ela se tornaria, por isso, o modelo seguido pelo racionalismo do
século XVII. Aprofundaremos a temática do desenvolvimento do
método científico no estudo específico das concepções de Francis
Bacon e Galileu Galilei, em seguida, e Descartes, mais adiante.
2.4. Francis Bacon
Nascido em Londres, Francis Bacon (1561-1626) pertencia a uma
família de nobres. Depois de concluir seus estudos em Cambridge,
iniciou, em 1577, sua carreira política, através da qual conquistaria
os mais importantes postos do reino britânico.
Bacon realizou uma obra científica de inegável valor. É considerado
um dos fundadores do método indutivo de investigação
científica. Atribui-se a ele, também, a criação do lema “saber é
poder”, que revela sua firma disposição de fazer dos conhecimento
científicos um instrumento prático de controle da realidade.
Preocupado com a utilização dos conhecimento científicos na vida
prática, Bacon manifestava grande entusiasmo pelas conquistas
técnicas que se difundiam em seu tempo: a bússola, a pólvora e a
imprensa. Revelava igualmente sua aversão ao pensamento
meramente abstrato, característico da escolástica medieval.
2.4.1 Teoria dos Ídolos
Para Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental,
tendo em vista proporcionar resultados objetivos para o ser humano.
Mas, para isso, era necessário que os cientistas se libertassem
daquilo que denominava ídolos, isto é, falsas noções, preconceitos
e maus hábitos mentais.
Em sua obra Novum organum, o filósofo destaca quatro gêneros de
ídolos que bloqueiam a mente humana e prejudicam a ciência:
1. Ídolos da tribo: as falsas noções provenientes das próprias
limitações da natureza da espécie humana;
2. Ídolos da caverna: as falsas noções do ser humano como
indivíduo (alusão ao mito da caverna de Platão);
3. Ídolos do mercado ou do foro: as falsas noções provenientes
da linguagem e da comunicação;
4. Ídolos do teatro: as falsas noções provenientes das concepções
filosóficas, científicas e culturais vigentes.
2.4.2 Método Indutivo
Para combater os erros provocados pelos ídolos, Francis Bacon
propôs o método indutivo de investigação, baseado na observação
rigorosa dos fenômenos naturais, que cumpriria as seguintes
etapas:
1. Observação da natureza para a coleta de informações;
2. Organização racional dos dados recolhidos empiricamente;
3. Formulação de explicações gerais (hipóteses) destinadas à
compreensão do fenômeno estudado;
4. Comprovação da hipótese formulada mediante experimentações
repetidas, em novas circunstâncias.
Bacon dizia que aquele que inicia uma investigação com muitas
certezas acaba cheio de dúvidas, mas aquele que começa com
dúvidas pode terminar com algumas certezas.
Assim, a grande contribuição de Francis Bacon para a história da
ciência moderna foi apresentar o conhecimento científico como
resultado de um método de investigação capaz de conciliar a
observação dos fenômenos, a elaboração racional das hipóteses e a
experimentação controlada para comprovas as conclusões.
2.5 Galileu Galilei
Nascido na cidade italiana de Pisa, Galileu Galilei (1564-1642) é
considerado um dos fundadores da física moderna. Foi um
entusiasta defensor da cosmologia que se desenvolveu a partir da
teoria heliocêntrica de Copérnico. Rejeitava, portanto, a astronomia
de Ptolomeu e a física de Aristóteles, que, incorporadas pelo
cristianismo católico, reinaram durante o período medieval.
Por contrariar a visão tradicional do mundo, foi advertido pelas
autoridades católicas, que o julgavam herege. Suas ideias eram
consideradas contrárias às Sagradas Escrituras. Galileu teria
comentado então que a Bíblia, em se tratando de temas científicos,
não era um manual ser obedecido cegamente.
Esse pioneirismo rebelde de Galileu atraiu a fúria da Inquisição. Em
1633, foi condenado por seus inquisidores, que lhe impuseram a
dramática alternativa: ser queimado vivo em uma fogueira ou
retratar-se publicamente, renegando suas concepções científicas.
Galileu optou por viver e retratou-se perante o tribunal. Permaneceu,
entretanto, fiel às suas ideias e, em 1638, quatro anos antes de
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81
morrer, publicou clandestinamente mais uma obra que contrariava
os dogmas oficiais de sua época.
2.5.1 Método Matemático-Experimental
Na tradição grega aristotélica, para entender uma coisa não era
preciso estudá-la experimentalmente. Bastava esforçar-se por
compreender como essa coisa existe e funciona e, depois, elaborar
uma teoria sobre isso. Assim, para grande parte dos pensadores
antigos e medievais, observar as coisas, agir sobre a natureza e
pensar como matemático eram práticas incompatíveis. Já Galileu –
professor de matemática da Universidade de Pisa – decidiu, de
forma inovadora, aplicar a matemática ao estudo experimental da
natureza.
Desse modo, alcançou grandes realizações, entre as quais
podemos destacar:
1. a elaboração da lei da queda livre dos corpos, segundo a qual a
aceleração de um corpo em queda é constante, independente de o
corpo ser leve ou pesado, grande ou pequeno. A demonstração
dessa lei exige condições ideais (vácuo);
2. a construção e o aperfeiçoamento de um telescópio, com o qual
efetuou observações astronômicas que levaram a descobrir o relevo
montanhoso da Lua, quatro satélites de Júpiter, as formas diferentes
de Saturno, as fases de Vênus e a existência das manchas solares.
Mas não é apenas por suas descobertas específicas que Galileu
merece especial destaque na história das ciências. Uma de suas
mais extraordinárias contribuições foi ter assumido uma nova
postura de investigação científica, cuja metodologia tinha como
bases:
1. a observação paciente e minuciosa dos fenômenos naturais;
2. a realização de experimentações para comprovar uma tese;
3. a valorização da matemática como instrumento capaz de
enunciar as regularidades observadas nos fenômenos.
Questões
14. (ENEM – 1999) (...) Depois de longas investigações, convenci-
me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que
giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além
dos planetas principais, há outros de segunda ordem que circulam
primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com
estes em redor do Sol. (...) Não duvido de que os matemáticos
sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar
conhecimento, não superficialmente, mas duma maneira
aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns
homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso
de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o
sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não
devem ser julgadas senão por matemáticos. (COPÉRNICO, N.De
Revolutionibus orbium caelestium).
Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o
navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola.
Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de
fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três
vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos.
Nenhuma investigação humana pode se considerar verdadeira
ciência se não passa por demonstrações matemáticas. (VINCI,
Leonardo da. Carnets.)
O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o
racionalismo moderno é
A) a fé como guia das descobertas.
B) o senso crítico para se chegar a Deus.
C) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.
D) a importância da experiência e da observação.
E) o princípio da autoridade e da tradição.
15. (ENEM 2011) Acompanhando a intenção da burguesia
renascentista de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o
espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção
tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura,
tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e
mesmo a expressão e o sentimento. (Sevcenko, N. Renascimento.
Campinas: Unicamp, 1984).
O texto apresenta um espírito de época que afetou também a
produção artística, marcada pela constante relação entre
A) fé e misticismo. D) política e economia.
B) ciência e arte. E) astronomia e religião.
C) cultura e comércio.
16. (ENEM 2001) O franciscano Roger Bacon foi condenado, entre
1277 e 1279, por dirigir ataques aos teólogos, por uma suposta
crença na alquimia, na astrologia e no método experimental, e
também por introduzir, no ensino, as ideias de Aristóteles. Em 1260,
Roger Bacon escreveu: “Pode ser que se fabriquem máquinas
graças às quais os maiores navios, dirigidos por um único homem,
se desloquem mais depressa do que se fossem cheios de
remadores; que se construam carros que avancem a uma
velocidade incrível sem a ajuda de animais; que se fabriquem
máquinas voadoras nas quais um homem (...) bata o ar com asas
como um pássaro. (...) Máquinas que permitam ir ao fundo dos
mares e dos rios” (apud. BRAUDEL, Fernand. Civilização material,
economia e capitalismo: séculos XV-XVIII, São Paulo: Martins Fontes,
1996, vol. 3.)
Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar
que as ideias de Roger Bacon
A) inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao
privilegiarem a crença em Deus como o principal meio para
antecipar as descobertas da humanidade.
B) estavam em atraso com relação ao seu tempo ao
desconsiderarem os instrumentos intelectuais oferecidos pela
Igreja para o avanço científico da humanidade.
C) opunham-se ao desencadeamento da Primeira Revolução
Industrial, ao rejeitarem a aplicação da matemática e do método
experimental nas invenções industriais.
D) eram fundamentalmente voltadas para o passado, pois não
apenas seguiam Aristóteles, como também baseavam-se na
tradição e na teologia.
E) inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o
Renascimento, ao contemplarem a possibilidade de o ser
humano controlar a natureza por meio das invenções.
17. (ENEM 2002) Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592)
compara, nos trechos, as guerras das sociedades Tupinambá com
as chamadas guerras de religião dos franceses que na segunda
metade do século XVI, opunham católicos e protestantes. (…) não
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vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e,
na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em
sua terra. (…) Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de
crueldade [o canibalismo], mas que o fato de condenar tais defeitos
não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo que é mais
bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é
pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o queimar
aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e
fé, como não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos
nossos conterrâneos; e isso em verdade é bem mais grave do que
assar e comer um homem previamente executado. (…) Podemos
portanto qualificar esses povos como bárbaros em dando apenas
ouvidos à inteligência, mas nunca se compararmos a nós mesmos,
que os excedemos em toda sorte de barbaridades. (MONTAIGNE,
Michel Eyquem de, Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984).
De acordo com o texto, pode-se afirmar que, para Montaigne,
A) a ideia de relativismo cultural baseia-se na hipótese da origem
única do gênero humano e da sua religião.
B) a diferença de costumes não constitui um critério válido para
julgar as diferentes sociedades.
C) os indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois não
conhecem a virtude cristã da piedade.
D) a barbárie é um comportamento social que pressupõe a ausência
de uma cultura civilizada e racional.
E) a ingenuidade dos indígenas equivale à racionalidade dos
europeus, o que explica que os seus costumes são similares.
18. (UEM - 2012) O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527)
afirma: “Porque em toda cidade se encontram estes dois humores
diversos: e nasce, disto, que o povo deseja não ser nem comandado
nem oprimido pelos grandes e os grandes desejam comandar e
oprimir o povo; e desses dois apetites diversos nasce na cidade de
um desses três efeitos: ou o principado, ou a liberdade, ou a
licença.” (MAQUIAVEL, O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, p.109).
A partir do trecho citado, assinale a alternativa incorreta.
A) É da natureza dos grandes, no caso os ricos, o desejo de
dominar o povo, no caso os pobres.
B) Povo e grandes formam dois grupos políticos distintos e
antagônicos em toda cidade.
C) Os grandes se unem politicamente para se defenderem do
desejo de dominação do povo.
D) O fenômeno descrito era restrito às cidades italianas do período
histórico do filósofo.
19. (ENEM 2010) O príncipe, portanto, não deve se incomodar com
a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal.
De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente
do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que
levem ao assassínio e ao roubo. (Maquiavel, N. O Príncipe. São
Paulo: Martin Claret, 2009).
No século XVI, Maquiavel escreve O Príncipe, reflexão sobre a
Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem
social, segundo esse autor, baseava-se na
A) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
B) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
C) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
D) neutralidade diante da condenação dos servos.
E) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.
20 .(ENEM – 2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de
que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso.
Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes
transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais
escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar
inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a
sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos
permite o controle sobre a outra metade. (MAQUIAVEL, N. O
Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em
seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o
seu pensamento político e o humanismo renascentista ao.
A) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do
seu tempo.
B) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
C) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da
ação humana.
D) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de
aprendizagem.
E) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.
21. (ENADE – 2011) Mas, analisando outro caso, quando um
cidadão, não por suas crueldades ou outra qualquer intolerável
violência, e sim pelo favor dos concidadãos, se torna príncipe de
sua pátria – o que se pode chamar principado civil (e para chegar a
isto não são necessários grandes méritos nem muita sorte, mas
antes uma astúcia feliz), digo que se chega a esse principado ou
pelo favor do povo ou pelo favor dos poderosos. É que em todas as
cidades se encontram estas duas tendências diversas e isto nasce
do fato de que o povo não deseja ser governado nem oprimido pelos
grandes, e estes desejam governar e oprimir o povo. (MAQUIAVEL,
N. O Príncipe. In: Maquiavel. Traduções de Livio Xavier. 5.ed. São
Paulo: Nova Cultural, 1991. (Coleção Os Pensadores). p. 1-110.)
Tendo como referência o texto acima, analise as asserções a seguir.
Rompendo com a tradição política que o antecedeu, Maquiavel não
aceita a ideia da boa comunidade política constituída para o bem
comum e a justiça,
PORQUE
a política nasce das lutas sociais e é obra da própria sociedade para
dar a si mesma unidade e identidade.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é
uma justificativa correta da primeira.
B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda
não é uma justificativa correta da primeira.
C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda,
uma proposição falsa.
D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma
proposição verdadeira.
E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições
falsas.
3. Grande Racionalismo: O Conhecimento parte da Razão
Durante o século XVII, a confiança no papel da razão no processo
de conhecimento chega a seu auge no contexto da filosofia (que se
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mantinha ainda aliada à ciência). Por isso a produção filosófica
dessa época é chamada de grande racionalismo.
No campo das teorias do conhecimento, racionalismo designa a
doutrina que privilegia a razão no processo de conhecer a verdade.
Abordaremos em seguida dois dos principais filósofos racionalistas
desse período: René Descartes e Baruch Espinosa.
3.1 René Descartes
René Descartes (1596-1650) nasceu em La Haye, França, em uma
família de prósperos burgueses. Decepcionado com a formação
jesuíta (tomista-aristotélica) que recebera, decidiu buscar a ciência
por conta própria, esforçando-se por decifrar o “grande livro do
mundo”. Em suas inúmeras viagens pela Europa, estabeleceu
contatos com vários sábios de seu tempo, entre eles Blaise Pascal
(1623-1662), cujas principais ideias estudaremos mais adiante.
Temendo perseguições religiosas e tendo em mente a condenação
de Galileu, tomou uma série de cautelas na exposição de suas
ideias. Autocensurou vários trechos de suas obras para evitar tanto
a repressão da Igreja Católica como a reação fanática dos
protestantes. Apesar disso, o que publicou é suficientemente vasto e
valioso para situá-lo como um dos pais da filosofia moderna.
Vejamos algumas concepções básicas de seu pensamento. Você
verá que algumas delas já foram estudadas em capítulos anteriores.
Mas é importante fazermos aqui uma breve recapitulação,
recontextualizando alguns conceitos, para que você tenha um
quadro mais completo do pensamento cartesiano.
3.1.1 Dúvida Metódica
Vimos antes que Descartes afirmava que, para conhecer a verdade,
é preciso, de início, colocar todos os nossos conhecimentos em
dúvida. É necessário questionar tudo e analisar criteriosamente e
existe algo na realidade que possamos ter plena certeza.
Fazendo uma aplicação metódica da dúvida, o filósofo percebeu que
a única verdade totalmente livre de dúvida era que ele pensava.
Deduziu então que, se pensava, existia (“Penso, logo existo”). Para
Descartes, essa seria uma verdade absolutamente firme, certa e
segura, que, por isso mesmo, deveria ser adotada como princípio
básico de toda a sua filosofia. Era sua base, seu novo centro, seu
ponto fixo.
É preciso ressaltar que o termo pensamento é utilizado por
Descartes em um sentido bastante amplo, abrangendo tudo o que
afirmamos, negamos, sentimos, imaginamos, cremos e sonhamos.
Assim, o ser humano era, para ele, uma substância essencialmente
pensante.
3.1.2 Dualismo
Aplicando a dúvida metódica, Descartes chegou à conclusão de que
no mundo haveria apenas duas substâncias, essencialmente
distintas e separadas:
1. a substância pensante (res cogitans), correspondente à esfera
do eu pi da consciência; e
2. a substância extensa (res extensa), correspondente ao mundo
corpóreo, material.
O ser humano seria composto dessas duas substâncias, enquanto a
natureza seria apenas substância extensa. Essa era uma
concepção que se chocava com a noção tomista-aristotélica
predominante, segundo a qual haveria tantas substâncias quantos
seres existirem.
A metafísica cartesiana também incluía uma substância infinita
(res infinita), relativa a Deus, o ser que teria criado todas as coisas.
Mas essa substância não seria parte deste mundo, pois o Deus
cartesiano é transcendente, está separado de sua criação.
3.1.3 Idealismo
Descartes concluiu, porém, que o pensamento (ou consciência) é
algo mais certo que qualquer corpo, pois ele considerava a matéria
algo apenas conhecível, se é o que o é, por dedução do que se
sabe da mente.
3.1.4 Racionalismo
Descartes era um racionalista convicto. Recomendava que
desconfiássemos das percepções sensoriais, responsabilizando-as
pelos frequentes erros do conhecimento humano. Dizia que o
verdadeiro conhecimento das coisas externas devia ser conseguido
através do trabalho lógico da mente. Nesse sentido, considerava
que, no passado, dentre todos os indivíduos que buscaram a
verdade nas ciências, só os matemáticos puderam encontrar
algumas demonstrações, isto é, algumas razões certas e evidentes.
Descartes atribuía, portanto, grande valor à matemática como
instrumento de compreensão da realidade. Ele próprio foi um grande
matemático, sendo considerado um dos criadores da geometria
analítica, sistema que tornou possível a determinação de um ponto
em um plano mediante duas linhas perpendiculares fixadas
graficamente (as coordenadas cartesianas).
3.1.5 Método Cartesiano
Da sua obra Discurso do Método, podemos destacar quatro regras
básicas, consideradas por Descartes capazes de conduzir o espírito
na busca de verdade:
1. Regra da Evidência: só aceitar algo como verdadeiro desde que
seja absolutamente evidente por sua clareza e distinção. As ideias
claras e distintas seriam encontradas em sua própria atividade
mental, independentemente das percepções sensoriais externas.
Devido a elas, Descartes propôs a existência das ideias inatas (com
as quais nascemos), que são plenamente racionais. Exemplos: as
ideias matemáticas, as noções gerais de extensão e movimento, a
ideia de infinito, etc.;
2. Regra da Análise: Dividir cada uma das dificuldades surgidas em
tantas partes quantas forem necessárias para resolvê-las melhor;
3. Regra da Síntese: Reordenar o raciocínio indo dos problemas
mais simples para os mais complexos;
4. Regra da Enumeração: Realizar verificações completas e gerais
para ter absoluta segurança de que nenhum aspecto do problema
foi omitido.
3.1.6 Herança Cartesiana
O pensamento de Descartes influi profundamente no pensamento
posterior. Sua concepção dualista do ser humano ainda é sentida
em diversos campos do conhecimento. E seu método contribuiu
grandemente para uma visão reducionista da realidade.
Sua tentativa, porém, de reconstruir o edifício do conhecimento
talvez não tenha sido uma obra tão fecunda quanto o efeito
demolidor que provocou. Por isso, podemos dizer que Descartes
celebrizou-se não propriamente pelas questões que resolveu, mas,
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sobretudo, pelos problemas que formulou, problemas esses que
foram herdados pelos filósofos posteriores.
3.2 Baruch de Espinosa
Baruch Espinosa (1632-1677) nasceu na Holanda, filho de
imigrantes judeus de origem hispano-portuguesa. Em sua filosofia,
desenvolveu um racionalismo radical, que se caracterizou pela
crítica às superstições religiosas, políticas e filosóficas.
De acordo com o filósofo, a fonte de toda superstição é a
imaginação. Incapaz de compreender a verdadeira ordem do
universo, a imaginação credita a realidade a um Deus transcendente
e voluntarioso, nas mãos de quem os seres humanos não passam
de joguetes. A partir da superstição religiosa, desenvolvem-se as
superstições políticas e filosóficas.
3.2.1 Deus Imanente
Para combater essas superstições em sua origem, Espinosa
escreveu a Ética, texto no qual busca provar, como em uma
demonstração geométrica, a natureza racional de Deus, que se
manifesta em todas as coisas (Deus imanente). Desse modo, Deus
não está fora nem dentro do universo: ele é o próprio universo.
No interior desse entendimento racionalista, não há lugar para
tragédia nem mistérios: tudo se torna compreensível à luz da razão.
A filosofia seria o conhecimento racional de Deus, e a liberdade
humana consistiria na consciência da necessidade. Ou seja, não
haveria livre-arbítrio, uma vez que Deus se identifica com a natureza
universal e, portanto, tudo o que existe é necessário, não pode ser
transgredido, pois faz parte da natureza divina.
Por isso, Espinosa propunha a equação Deus = Natureza, que
significa: tudo existe em Deus e mantém-se em seu Ser.
3.3 Blaise Pascal
Vejamos, por último, um filósofo que viveu na época do grande
racionalismo, mas que foi um pensador contra a corrente, isto é,
um crítico de seus contemporâneos e da confiança excessiva na
razão. Trata-se de Blaise Pascal (1623-1662), nascido em Clermont-
Ferrand, na França.
Apesar de ter sido um grande matemático e físico e de ter inventado
a primeira calculadora, não aceitava o reducionismo matemático nas
questões humanas. Exemplo disso é sua frase lapidar: “O coração
tem razões que a razão desconhece”. Pascal preferiu refletir sobre a
condição trágica do ser humano, ao mesmo tempo magnífico e
miserável, capaz de alcançar grandes verdades e gerar grandes
erros.
Em sua obra Pensamentos, escrita sob a forma de aforismos,
questiona a situação paradoxal do ser humano em meio a toda a
realidade existente: “No fundo, o que é o homem na natureza? É
nada em relação ao infinito, é tudo em relação ao nada, algo de
intermediário entre o nada e o tudo”. Diante das novas teorias
astronômicas de seu tempo, confessa: “O silêncio eterno dos
espaços infinitos apavora”.
3.3.1 Limites da Razão
Assim, em vez de mostrar a mesma confiança na razão que
caracterizava os pensadores de seu tempo, Pascal defendeu a ideia
de que o ser humano não pode conhecer o princípio e o fim das
realidades que busca compreender. Estaria limitado apenas às
aparências, já que, em suas palavras, “só o autor dessas maravilhas
as compreende; ninguém mais pode fazê-lo”.
Afirmava que a razão humana seria impotente para provar a
existência de Deus. Dependeria da fé a crença em um Deus, cuja
existência jamais poderá ser provada. De acordo com seu
pensamento, “o supremo passo da razão está em reconhecer que
há uma infinidade de coisas que a ultrapassam”. Dessa forma ele
dirá: “O coração – e não a razão – é que sente Deus. E isto é a fé:
Deus sensível ao coração e não à razão”.
Pascal polemizou contra o Deus dos filósofos e dos sábios, um deus
transformado em engenheiro do mundo, que uma vez criado,
seguiria seu rumo em cego mecanicismo. Nessa polêmica, seu alvo
era Descartes e sua concepção de um Deus das verdades
geométricas. O que Pascal buscava recuperar era o “Deus de amor
e consolação, é um Deus que faz cada qual sentir interiormente a
sua própria miséria e a misericórdia infinita de Deus”.
4. Empirismo: O Conhecimento parte da Experiência
Vimos que o desenvolvimento da ciência moderna inseriu-se em um
contexto de questionamento sobre os critérios e métodos para a
elaboração de um conhecimento verdadeiro.
Por essa razão, o processo de conhecer em si mesmo passou a ser
investigado e discutido intensamente por boa parte dos principais
filósofos. Essa discussão concentrou-se entre os séculos XVII e
XVIII. Em consequência, a Idade Moderna tornou-se o período em
que se formularam algumas das principais gnosiologias, ou teorias
a respeito do conhecimento, da história da filosofia.
4.1 Processo de Conhecer
As duas principais vertentes que se destacaram no início dessa
discussão foram:
1. a racionalista, que defendia a tese de que o conhecimento obtido
pela razão (lógico-dedutivo) é mais confiável do que aqueles que se
obtém pela experiência sensível, desqualificando totalmente o valor
da experiência no processo de conhecer a verdade;
2. a empirista, que considerava que desqualificar totalmente a
experiência era um erro, com base na tese de que qualquer
conhecimento se origina, em última análise, da experiência.
Algum tempo depois, em pleno Iluminismo, o filósofo alemão
Immanuel Kant entraria nesse debate, realizando uma espécie de
síntese das duas correntes em sua doutrina apriorista. Veremos
com mais detalhe como foi o processo dessa discussão mais
adiante.
4.2 Ideias Inatas
O inicio do debate esteve vinculado ao pensamento de René
Descartes, o primeiro e principal expoente do racionalismo
moderno.
Anteriormente, vimos que o filósofo francês dizia que o verdadeiro
conhecimento das coisas externas devia ser conseguido através do
trabalho lógico da mente. Um de seus principais argumentos para
justificar essa posição era a suposição da existência de ideias
fundadoras do conhecimento, as ideias inatas.
Trata-se de ideias que teriam nascido com o sujeito pensante e que,
por isso, dispensariam a percepção de um objeto exterior para que
se formassem no pensamento. Os conceitos matemáticos e a noção
de Deus seriam exemplos de ideias inatas, para Descartes.
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Entre os principais defensores do inatismo no processo de
conhecimento encontram-se Platão, na Antiguidade, e Santo
Agostinho, na Idade Média, além do próprio Descartes, na filosofia
moderna.
4.2.1 Reação Empirista
A filosofia cartesiana, principalmente a tese da existência de ideias
inatas, provocou forte reação de vários pensadores. Estes passaram
a defender a tese oposta, isto é, de que o processo de
conhecimento depende sempre da experiência e dos sentidos,
pelo menos como ponto de partida, em sua origem última.
Assim surgiram diversas doutrinas modernas empiristas (recorde
que essa palavra vem do grego empeiria, que significa
'”experiência”). Entre os principais defensores de gnosiologias
empiristas encontram-se Aristóteles, na Antiguidade, e Santo Tomás
de Aquino, na Idade Média, além dos pensadores que estudaremos
em seguida.
O palco inicial do empirismo moderno foi a Inglaterra. Nesse país,
grande parte da burguesia, a partir do século XVII, conquistou não
apenas poder econômico, mas também poder político e ideológico,
impondo o fim do absolutismo monárquico, durante a Revolução
Gloriosa.
Alguns estudiosos relacionam essa ascensão da burguesia no plano
epistemológico, ao empirismo (valorização da experiência concreta,
da investigação natural) e, no plano sociopolítico, ao liberalismo
(respeito à liberdade individual; fim do arbítrio dos monarcas,
impondo-se limites constitucionais aos seus poderes).
Entre os principais representantes do empirismo britânico
destacam-se Francis Bacon (que já estudamos no capítulo anterior),
Thomas Hobbes, John Locke, George Berkeley e David Hume.
4.4 Thomas Hobbes
Thomas Hobbes (1588-1679) nasceu em Westport, Inglaterra. No
período da revolução liberal inglesa, defendeu o rei Carlos I, depois
decapitado, e foi obrigado a exilar-se na França, entrando em
contato com o pensamento de Descartes.
O pensamento de Hobbes foi muito influenciado pelas ideias de
Bacon e Galileu. Como estes, abandonou as grandes pretensões
metafísicas (a busca da essência do ser) e procurou investigar as
causas e propriedades das coisas. Para Hobbes, a filosofia seria a
ciência dos corpos, isto é, de tudo que tem existência material. Os
corpos naturais seriam estudados pela filosofia da natureza; os
corpos artificiais ou Estado, pela filosofia política. E o que não é
corpóreo deveria ser excluído da reflexão filosófica.
4.4.1 Materialismo e Empirismo
Como vimos antes, para o filósofo inglês, toda a realidade poderia
ser explicada a partir de dois elementos: o corpo, entendido como o
elemento material que existe independentemente do nosso
pensamento, e o movimento, que pode ser determinado
matemática e geometricamente. Trata-se, portanto, de uma
concepção materialista e mecanicista da realidade.
As ideias ou pensamentos não seriam nada mais que imagens das
coisas impressas na “fantasia corporal”. Isso quer dizer que, para
Hobbes, o processo de conhecimento inicia-se pela sensação –
uma concepção empirista, como você pode perceber.
Uma consequência dessa metafísica é que, no pensamento de
Hobbes, não há lugar para o acaso e a liberdade (mudanças não
condicionadas), porque os movimentos resultam necessariamente
dos nexos causais que lhe dão origem.
4.4.2 Ética e Política
Da mesma forma, não há espaço na filosofia hobbesiana para o
bem e o mal como valores universais a serem introjetados nas
pessoas. Para Hobbes, o que chamamos de bem é tão somente o
que desejamos alcançar, enquanto o mal é apenas aquilo de que
fugimos.
Isso se explicaria pelo fato de que o valor fundamental para cada
indivíduo seria a conservação da vida, isto é, a afirmação e o
crescimento de si mesmo. Assim, segundo o filósofo, cada pessoa
sempre tenderá a considerar como bem o que lhe agrada e como
mal o que lhe desagrada ou ameaça.
A pergunta que pode surgir então é a seguinte: se o bem e o mal
são relativos, isto é, são determinados pelos indivíduos, como será
possível a convivência entre as pessoas?
Em sua investigação, concluiu que o ser humano, não possui o
instinto natural de sociabilidade, como afirmou Aristóteles.
Cada indivíduo sempre encara seu semelhante como um
concorrente que precisa ser dominado. Onde não houve domínio de
um indivíduo sobre outro, dirá Hobbes, existirá sempre uma
competição intensa até que esse domínio seja alcançado.
4.4.3 Guerra de todos contra todos
A consequência óbvia dessa disputa infindável entre os seres
humanos em estado de natureza foi gerar um estado de guerra e
de matança permanente nas comunidades primitivas. Nas palavras
de Hobbes, “o homem é o lobo do homem” (da expressão Homo
homini lupus).
Só havia uma solução para dar fim à brutalidade social primitiva: a
criação artificial da sociedade política, administrada pelo Estado.
Para isso, os indivíduos tiveram que firmar um contrato entre si
(contrato social), pelo qual cada um transferia seu poder de
governar a si próprio para um terceiro, o Estado, para que este
governasse a todos, impondo ordem, segurança e direção à
conturbada vida social.
Hobbes apresentou essas ideias em duas obras: Do cidadão e
depois em Leviatã. Nessa última compara o Estado a uma criação
monstruosa do ser humano, destinada a pôr fim à anarquia e ao
caos da comunidade primitiva.
4.5 John Locke
O filósofo John Locke (1632-1704) nasceu em Wrington, Inglaterra.
Durante os tempos de universidade, decepcionou-se com o
aristotelismo e com a escolástica medieval, enquanto tomava
contato com o pensamento de Francis Bacon e René Descartes.
Problemas políticos obrigaram-no a sair de seu país, em 1675, e
exilar-se na França e, posteriormente, na Holanda. Regressou à
Inglaterra somente em 1688, durante a Revolução Gloriosa, que
levou Guilherme de Orange ao trono da Inglaterra, e a partir de
então pôde dedicar-se livremente às atividades intelectuais.
4.5.1 Tábula Rasa
Em sua obra Ensaio acerca do entendimento humano, Locke
combateu duramente a doutrina cartesiana segundo a qual o ser
humano possui ideias inatas. Ao contrário de Descartes, defendeu
Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Filosofia
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que nossa mente, no instante do nascimento, é como uma tábula
rasa.
O substantivo tábula significa “tábula” ou “placa de madeira” ou de
outro material; o adjetivo rasa quer dizer “plana, lisa”. Assim, a
expressão tábula rasa usada por Locke tem o significado de “tábula
lisa”, isto é, tábua na qual nada foi escrito nem gravado. Ao nascer,
nossa mente seria como um papel em branco, sem nenhuma ideia
previamente escrita.
Locke retomava, assim, a tese empirista segundo a qual nada existe
em nossa mente que não tenha sua origem nos sentidos. O filósofo
defendeu que as ideias que possuímos são adquiridas ao longo da
vida mediante a experiência sensível imediata e seu processamento
interno. Desse modo, o conhecimento seria constituído basicamente
por dois tipos de ideias:
1. Ideias da Sensação: são nossas primeiras ideias, aquelas que
chegam à mente através dos sentidos, isto é, quando temos uma
experiência sensorial constituindo as sensações. Essas ideias
seriam moldadas pelas qualidades próprias dos objetos externos.
Por sensação Locke entende, por exemplo, as ideias de amarelo,
branco quente, frio, mole, duro, amargo, doce, etc.
2. Ideias da Reflexão: São aquelas que resultam da combinação e
associação das sensações por um processo de reflexão, de tal
maneira que a mente vai desenvolvendo outra série de ideias que
não poderiam ser obtidas das coisas externas. Seriam ideias como
a percepção, o pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar.
Assim, a reflexão seria nosso “sentido interno” que se desenvolve
quando a mente se debruça sobre si mesma, analisando suas
próprias operações. Das ideias simples, a mente avança em direção
a ideias cada vez mais complexas. Porém, para Locke, de qualquer
maneira a mente sempre tem as coisas materiais externas, como
objeto de sensação, e as operações de nossas próprias mentes,
como objeto da reflexão.
O filósofo admitia, no entanto, que nem todo conhecimento limita-se,
exclusivamente, à experiência sensível. Considerava, por exemplo,
o conhecimento matemático válido em termos lógicos, embora não
tivesse como base a experiência sensível. Nesse sentido, Locke não
era um empirista radical.
4.5.2 Crítica ao Absolutismo
Analisando o filósofo e o homem político, podemos dizer que Locke,
da certa maneira, “transportou” suas teorias sobre o conhecimento
humano para o campo sociopolítico. Para ele, assim como não
existem ideias inatas, também não deveria existir poder inato (ou
de origem divina), como defendiam os adeptos do absolutismo
monárquico.
Revelando sua preocupação em proteger a liberdade do cidadão,
defendia que o poder social deveria nascer de um pacto entre as
pessoas. Por sua vez, as leis deveriam expressar as normas
estabelecidas pela própria comunidade, que, através do mútuo
consentimento dos indivíduos, escolheria a forma de governo
considerada mais conveniente ao bem comum.
Adversário da tirania, do abuso do poder, Locke, em razão das suas
ideias políticas, é apontado por muitos historiadores como o “pai do
Iluminismo” (tema que trataremos mais adiante). Seu pensamento
exerceu profunda influência na fundamentação ideológica da
democracia liberal burguesa, contribuindo para a difusão de valores
iluministas como a tolerância religiosa, o respeito pela liberdade
individual, a expansão do sistema educacional e a livre-iniciativa
econômica.
4.6 George Berkeley
George Berkeley (1685-1753) nasceu em Kilkenny, Irlanda do Sul.
Despertou para a filosofia bastante jovem, impressionado pela
leitura de pensadores como Locke, Newton e Descartes. Em 1710,
aos 25 anos, publicou o Tratado sobre os Princípios do
Conhecimento Humano.
Nessa obra, defende a tese de que todo o nosso conhecimento do
mundo exterior resume-se àquilo que captamos pelos sentidos.
Pode parecer, portanto, mais uma tese empirista como as
anteriores. Sua originalidade consiste, porém, em afirmar também
que a existência das coisas nada mais é do que a percepção que
temos dessa existência. Ou, em suas próprias palavras: “Ser é
perceber e ser percebido”.
4.6.1 Imaterialidade do Mundo
Isso significa que toda a realidade depende da ideia que fazemos
dela. Desse modo, Berkeley nega a existência da matéria como
algo independente da mente. Ou seja, apesar de seu empirismo em
termos gnosiológicos, Berkeley, como homem religioso que era (foi
bispo da Igreja anglicana), defendeu a imaterialidade do mundo
em termos ontológicos.
Ao levar seu empirismo às últimas consequências, deslizou para um
idealismo imaterialista, defendendo a concepção de que tudo o
que existe consiste nos sujeitos com suas experiências e
percepções.
Para evitar cair no solipsismo (que é a concepção de que tudo o que
existe no mundo resume-se ao eu e sua própria consciência) e no
total subjetivismo, defendeu a existência de uma mente cósmica,
representada por Deus.
Segundo o filósofo, Deus percebe, de modo absoluto, a existência
de todos os seres, coordenado as distintas percepções elaboradas
pelos sujeitos. Essa mente cósmica de Deus garante e sustenta a
existência dos seres que experimentamos como “seres percebidos”.
Assim, o mundo nada mais seria do que uma relação entre Deus e
os espíritos humanos.
4.7 David Hume
David Hume (1711-1776) nasceu em Edimburgo, Escócia. Estudou
filosofia, direito e comércio, ocupando importante posição na
diplomacia inglesa. Realizou diversas viagens a países europeus,
como França e Áustria, estabelecendo contato com grandes
pensadores da época, entre eles Adam Smith e Jean-Jacques
Rousseau.
Na obra Investigação Acerca do Entendimento Humano, Hume
formulou outra teoria empirista. Dividiu, primeiramente, tudo aquilo
que percebemos em:
1. Impressões: referem-se aos dados fornecidos pelos sentidos,
como as impressões visuais, auditivas, táteis;
2. Ideias: referem-se às representações mentais (memória,
imaginação, etc.) derivadas das impressões.
Assim, toda ideia é uma re(a)presentação de alguma impressão.
Essa representação pode possuir diferentes graus de fidelidade. E
alguém que nunca teve uma impressão visual – um cego de
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nascença, por exemplo – jamais poderá ter uma ideia de cor, nem
mesmo uma ideia pouco fiel.
4.7.1 Crítica à Indução
A indução, ou raciocínio indutivo, vai do particular para o geral.
Conclusões indutivas são produzidas, assim, pelo seguinte processo
mental: partindo de percepções repetidas que nos chegam da
experiência sensorial, saltamos para uma conclusão geral, da qual
não temos experiência sensorial.
Hume argumentou que a conclusão indutiva, por maior que seja o
número de percepções repetidas do mesmo fato, não possui
fundamento lógico. Será sempre um salto do raciocínio
impulsionado pela crença ou hábito, isto é, as reiteradas
percepções de um fato nos levam a confiar em que aquilo que se
repetiu até hoje irá se repetir amanhã. Assim, por exemplo, cremos
que o Sol nascerá amanhã porque até hoje ele sempre nasceu.
Mas, em termos lógicos, nada pode garantir essa certeza,
Para Hume, somente o raciocínio dedutivo utilizado na matemática
fundamenta-se em uma lógica racional.
4.7.2 Legado Epistemológico
Ao questionar a validade lógica do raciocínio indutivo, a obra de
Hume legou um importante problema para os teóricos do
conhecimento (epistemologistas). Afinal, é ou não possível partir de
experiências particulares para chegar a conclusões gerais,
representadas pelas leis científicas?
Enquanto o senso comum acredita que por meio de observações
repetidas, realizadas no passado, podemos justificar nossas
expectativas futuras, Hume sustentou que a repetição de um fato
não nos permite concluir, em termos lógicos, que ele continuará a se
repetir da mesma forma, indefinidamente.
Desse modo, o filósofo revelou um ceticismo teórico, pois, para
ele, o conhecimento científico – que ostenta a bandeira da mais
pura racionalidade – também está ancorado em bases não
racionais, como a crença e o hábito intelectual.
Isso significa que, desconfiado das posições arraigadas pela força
do hábito, o cientista deveria apresentar suas teses como
probabilidades, e não como certezas irrefutáveis. Tal atitude
epistemológica, estendida ao convívio social, tornaria os indivíduos
mais tolerantes, democráticos e abertos.
TEXTO COMPLEMENTAR II
Que dizem os empiristas?
Nossos conhecimentos começam com a experiência dos sentidos,
isto é, com as sensações. Os objetos exteriores excitam nossos
órgãos dos sentidos e vemos cores, sentimos sabores e odores,
ouvimos sons, sentimos a diferença entre o áspero e o liso, o quente
e o frio etc. As sensações se reúnem e formam uma percepção; ou
seja, percebemos uma única coisa ou um único objeto que nos
chegou por meio de várias e diferentes sensações. Assim, vejo uma
cor vermelha e uma forma arredondada, aspiro um perfume
adocicado, sinto a maciez e digo: “Percebo uma rosa”. A “rosa” é o
resultado da reunião de várias sensações diferentes num único
objeto de percepção. As percepções, por sua vez, se combinam ou
se associam. A associação pode dar-se por três motivos: por
semelhança, por proximidade ou contiguidade espacial e por
sucessão temporal. A causa da associação das percepções é a
repetição. Ou seja, de tanto algumas sensações se repetirem por
semelhança, ou de tanto se repetirem no mesmo espaço ou
próximas umas das outras, ou, enfim, de tanto se repetirem
sucessivamente no tempo, criamos o hábito de associá-las. Essas
associações são as ideias. As ideias, trazidas pela experiência, isto
é, pela sensação, pela percepção e pelo hábito, são levadas à
memória e, de lá, a razão as apanha para formar os pensamentos.A
experiência escreve e grava em nosso espírito as ideias, e a razão
irá associá-las, combiná-las ou separá-las, formando todos os
nossos pensamentos. Por isso, David Hume dirá que a razão é o
hábito de associar ideias, seja por semelhança, seja por diferença.
O exemplo mais importante (por causa das consequências futuras)
oferecido por Hume para mostrar como formamos hábitos racionais
é o da origem do princípio da causalidade.A experiência me mostra,
todos os dias, que, se eu puser um líquido num recipiente e levar ao
fogo, esse líquido ferverá, saindo do recipiente sob a forma de
vapor. Se o recipiente estiver totalmente fechado e eu o destampar,
receberei um bafo de vapor, como se o recipiente tivesse ficado
pequeno para conter o líquido. A experiência também me mostra,
todo o tempo, que se eu puser um objeto sólido (um pedaço de vela,
um pedaço de ferro) no calor do fogo, não só ele se derreterá, mas
também passará a ocupar um espaço muito maior no interior do
recipiente. A experiência também repete constantemente para mim
a possibilidade que tenho de retirar um objeto preso dentro de um
outro, se eu aquecer este último, pois, aquecido, ele solta o que
estava preso no seu interior, parecendo alargar-se e aumentar de
tamanho. Experiências desse tipo, à medida que vão se repetindo
sempre da mesma maneira, vão criando em mim o hábito de
associar o calor com certos fatos. Adquiro o hábito de perceber o
calor e, em seguida, um fato igual ou semelhante a outros que já
percebi inúmeras vezes. E isso me leva a dizer: “O calor é a causa
desses fatos”. Como os fatos são de aumento do volume ou da
dimensão dos corpos submetidos ao calor, acabo concluindo: “O
calor é a causa da dilatação dos corpos” e também “A dilatação dos
corpos é o efeito do calor”. É assim, diz Hume, que nascem as
ciências. São elas, portanto, hábito de associar ideias, em
consequência das repetições da experiência. Ora, ao mostrar como
se forma o princípio da causalidade, Hume não está dizendo apenas
que as ideias da razão se originam da experiência, mas está
afirmando também que os próprios princípios da racionalidade são
derivados da experiência.Mais do que isso. A razão pretende,
através de seus princípios, seus procedimentos e suas ideias,
alcançar a realidade em seus aspectos universais e necessários.
Em outras palavras, pretende conhecer a realidade tal como é em si
mesma, considerando que o que conhece vale como verdade para
todos os tempos e lugares (universalidade) e indica como as coisas
são e como não poderiam, de modo algum, ser de outra maneira
(necessidade). Ora, Hume torna impossível tanto a universalidade
quanto a necessidade pretendidas pela razão. O universal é apenas
um nome ou uma palavra geral que usamos para nos referirmos à
repetição de semelhanças percebidas e associadas. O necessário é
apenas o nome ou uma palavra geral que usamos para nos
referirmos à repetição das percepções sucessivas no tempo. O
universal, o necessário, a causalidade são meros hábitos psíquicos.
(CHAUI, M. Convite à filosofia. 8. ed. São Paulo: Ática, 1997, p. 71-73).
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Questões
22. (ENADE - 2011) Serei de tal modo dependente do corpo e dos
sentidos que não possa existir sem eles? Mas eu me persuadi de
que nada existia no mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma
terra, espíritos alguns, nem corpos alguns: não me persuadi
também, portanto, de que eu não existia? Certamente não, eu
existia, sem dúvida, se é que eu me persuadi, ou, apenas, pensei
alguma coisa. Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso
e mui ardiloso que emprega toda a sua indústria em enganar-me
sempre. Não há, pois, dúvida alguma de que sou, se ele me
engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer com
que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte
que, após ter pensado bastante nisto e de ter examinado
cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por
constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é
necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a
concebo em meu espírito. (DESCARTES, R. Meditações. In:
Descartes. Trad. de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. 3. ed. São
Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 73-142. (Os Pensadores).
Com base na passagem acima, em que Descartes afirma a
existência do pensamento, analise as afirmações abaixo.
I. Trata-se, nessa passagem, do cogito como verdade eterna.
II. Trata-se, nessa passagem, do cogito como verdade temporal.
III. Trata-se, nessa passagem, do cogito afirmado da negação do
Deus enganador.
IV. Trata-se, nessa passagem, do cogito como primeira certeza do
sistema cartesiano.
V. Trata-se, nessa passagem, do cogito afirmado da negação da
existência do mundo, do céu, da terra e de todos os espíritos. É
correto apenas o que se afirma em
A) I e III. B) I e IV. C) II e IV. D) II e V. E) III e V.
23. (ENADE – 2008) No texto a seguir, Descartes formula o preceito
inicial de suas regras do método: “O primeiro era o de jamais
acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse
evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a
precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que
não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito,
que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida”. (R.
Descartes. Discurso do método.Coleção Os Pensadores).
A partir desse texto, julgue os seguintes itens.
I. No conhecimento da verdade, a dúvida antecede a evidência.
II. No conhecimento da verdade, a evidência antecede a dúvida.
III. Clareza e distinção são critérios para o reconhecimento da
verdade.
IV. Sob o ponto de vista metodológico, o conhecimento independe
do “eu”.
V. O acesso à verdade depende das circunstâncias ocasionais
vividas pelo “eu”.
Estão certos apenas os itens
A) I e II. B) I e III. C) II e V. D) III e IV. E) IV e V.
24. (ENADE – 2008) Mas o que sou eu, portanto? Uma coisa que
pensa. O que é uma coisa que pensa? É uma coisa que duvida, que
concebe, que afirma, que nega, que quer, que não quer, que
imagina também e que sente. (R. Descartes. Meditações, II.
Coleção Os Pensadores).
Nessa passagem, Descartes trata da relação entre o cogito e o
duvidar, o conceber, o afirmar etc. O modo como a veracidade dos
mencionados estados é assegurada expressa-se por meio da
A) investigação dos conteúdos mentais.
B) investigação do mundo sensível.
C) relação entre o cogito e suas modalidades.
D) investigação da relação entre o cogito e a realidade objetiva da
ideia de Deus.
E) investigação da relação entre a realidade objetiva e a realidade
formal dos objetos.
25. (ENADE -2011) Quando dizemos que um objeto está conexo
com outro, queremos apenas dizer que eles adquiriram uma
conexão no nosso pensamento e fazem emergir a inferência, pela
qual se tornam provas da sua existência recíproca: conclusão esta
um tanto extraordinária, mas que parece fundada em evidência
suficiente. Nem a sua evidência será enfraquecida por qualquer
hesitação geral do entendimento ou suspeição cética respeitante a
toda a conclusão que é nova e extraordinária. Nenhumas
conclusões podem ser mais agradáveis ao ceticismo do que aquelas
que fazem descobertas a respeito da fraqueza e dos estreitos limites
da razão e capacidade humanas.
(HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. Porto:
Edições 70, 1985, p.76.)
O ceticismo de Hume revela a certeza de nossas faculdades
racionais ao definir o processo de causalidade.
PORQUE
No hábito ou costume, reside o princípio psicológico que nos leva a
esperar de determinada causa um efeito necessário. Acerca dessas
asserções, assinale a opção correta.
A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é
uma justificativa correta da primeira.
B) As duas asserções são verdadeiras, mas a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda,
uma proposição falsa.
D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma
proposição verdadeira.
E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições
falsas.
26. (ENADE – 2008) O calor e a luz são efeitos colaterais do fogo, e
um efeito pode justamente inferir-se a partir do outro. Se, por
conseguinte, nos convencermos a nós mesmos quanto à natureza
desta evidência, que nos assegura das questões de fato, devemos
indagar como chegamos ao conhecimento da causa e do efeito.
Atrever-me-ei a afirmar, como uma proposição geral, que não
admite exceção, que o conhecimento desta relação não é, em
circunstância alguma, obtido por raciocínios a priori, mas deriva
inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns objetos
particulares se combinam constantemente uns com os outros.
(Hume, D. Investigação sobre o entendimento humano. Edições 70).
Com base no texto acima, assinale a opção correta.
A) A relação causa-efeito é um princípio necessário.
B) Não existem proposições conhecidas a priori.
C) A relação causa-efeito ocorre por mera combinação regular entre
objetos.
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D) Questões de fato são evidenciadas unicamente pelo intelecto.
E) O ponto de partida do conhecimento é o princípio de causalidade.
27. (ENADE – 2005)
Examinando com atenção o que eu era, e vendo que podia supor
que não tinha corpo algum e que não havia qualquer mundo, ou
qualquer lugar onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor
que não existia; e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar
em duvidar da verdade das outras coisas seguia-se mui evidente e
mui certamente que eu existia; ao passo que, se apenas houvesse
cessado de pensar, embora tudo o mais que alguma vez imaginar
fosse verdadeiro, já não teria qualquer razão de crer que eu tivesse
existido, compreendi por aí que era uma substância cuja essência
ou natureza consiste apenas no pensar, e que, para ser, não
necessita de nenhum lugar, nem depende de qualquer coisa
material. René Descartes. Discurso do método.
Eu ou pessoa não corresponde a nenhuma impressão, consistindo
naquilo a que todas as nossas várias impressões e ideias estão
supostamente referidas. Se alguma impressão der origem à ideia de
eu, esta impressão deve permanecer invariavelmente a mesma,
durante toda a duração de nossas vidas, uma vez que se supõe que
o eu existia desta maneira. Mas não há nenhuma impressão
constante e invariável. A dor e o prazer, a tristeza e a alegria, as
paixões e as sensações sucedem-se umas às outras, e nunca
existem todas ao mesmo tempo. Não pode ser, portanto, de
nenhuma destas impressões, nem de nenhuma outra, que nossa
ideia de eu é derivada e, consequentemente, essa ideia não existe.
David Hume. Investigação sobre o entendimento humano.
Considerando os trechos acima, assinale a opção INCORRETA.
A) O “eu” cartesiano independe da matéria, e sua certeza constitui-
se pelo próprio pensamento.
B) A dúvida, para Descartes, deve constituir-se como puro
pensamento, a qual, metodologicamente, levará ao cogito.
C) O pensamento, para Descartes, é algo que existe por si, daí ser
uma substância.
D) A crítica de Hume à denominada identidade pessoal tem como
base sua doutrina empirista, estendida aqui à mente.
E) Embora por caminhos diferentes, os dois autores chegam à
mesma conclusão sobre a identidade do “eu”.
28. (ENEM – 2012)
TEXTO I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é
de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou
uma vez. (DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo:
Abril Cultural, 1979).
TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja
sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas
indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for
impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá
para confirmar nossa suspeita.
(HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo:
Unesp, 2004 (adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do
conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir
que Descartes e Hume
A) defendem os sentidos como critério originário para considerar um
conhecimento legítimo.
B) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma
ideia na reflexão filosófica e crítica.
C) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do
conhecimento.
D) concordam que conhecimento humano é impossível em relação
às ideias e aos sentidos.
E) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de
obtenção do conhecimento.
29. (ENADE – 2008) Uma multidão de homens é transformada em
uma pessoa quando é representada por um só homem ou pessoa,
de maneira a que tal seja feito com o consentimento de cada um
dos que constituem essa multidão. Porque é a unidade do
representante, e não a unidade do representado, que faz que a
pessoa seja una. E é o representante o portador da pessoa, e só de
uma pessoa. Esta é a única maneira como é possível entender a
unidade de uma multidão. (Hobbes. Leviatã. Abril Cultural.)
De acordo com o texto acima, analise as asserções a seguir.
Segundo Hobbes, o caráter unitário da pessoa do representante
está alicerçado no consentimento de cada um dos indivíduos que
faz parte de uma multidão humana
PORQUE
é a partir do consentimento de cada um deles que se institui a
pessoa política única do Estado.
Acerca dessas afirmativas, assinale a opção correta
A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é
uma justificativa correta da primeira.
B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda
não é uma justificativa correta da primeira.
C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é
uma proposição falsa.
D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma
proposição verdadeira.
E) Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições
falsas.
30. (ENEM – 2001)
TEXTO I
Para o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), o estado de
natureza é um estado de guerra universal e perpétua. Contraposto
ao estado de natureza, entendido como estado de guerra, o estado
de paz é a sociedade civilizada. Dentre outras tendências que
dialogam com as ideias de Hobbes, destaca-se a definida pelo texto
abaixo.
TEXTO II
Nem todas as guerras são injustas e correlativamente, nem toda paz
é justa, razão pela qual a guerra nem sempre é um desvalor, e a
paz nem sempre um valor. (BOBBIO, N. MATTEUCCI, N
PASQUINO, G. Dicionário de Política, 5ª ed. Brasília: Universidade
de Brasília; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000).
Comparando as ideias de Hobbes (texto I) com a tendência citada
no texto II, pode-se afirmar que
A) em ambos, a guerra é entendida como inevitável e injusta.
B) para Hobbes, a paz é inerente à civilização e, segundo o texto II,
ela não é um valor absoluto.
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C) de acordo com Hobbes, a guerra é um valor absoluto e, segundo
o texto II, a paz é sempre melhor que a guerra.
D) em ambos, a guerra ou a paz são boas quando o fim é justo.
E) para Hobbes, a paz liga-se à natureza e, de acordo com o texto
II, à civilização.
31. (UEL – 2012) No Leviatã, o filósofo Thomas Hobbes (1588-
1679) afirma: “Este poder soberano pode ser adquirido de duas
maneiras. Uma delas é a força natural, como quando um homem
obriga os seus filhos a submeterem-se e a
submeterem os seus próprios filhos à sua autoridade, na medida em
que é capaz de os destruir em caso de recusa. Ou como quando um
homem sujeita através da guerra os seus inimigos à sua vontade,
concedendo-lhes a vida com essa condição. A outra é quando os
homens concordam entre si em se submeterem a um homem, ou a
uma assembleia de homens, voluntariamente, confiando que serão
protegidos por ele contra os outros. Esta última pode ser chamada
uma república política, ou por instituição. À primeira pode chamar-se
uma república por aquisição” (HOBBES, T. Leviatã,cap. XVII. In:
MARÇAL, J. (org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-
PR, 2009, p.366).
A partir do trecho citado, assinale a alternativa correta.
A) República por aquisição é o poder soberano adquirido pela força
natural, como o poder de destruir em caso de desobediência.
B) República política é consequência dos acordos e pactos firmados
entre os homens voluntariamente.
C) Os vencedores de uma guerra criam uma república por
instituição.
D) Os homens livres, ao pactuarem em assembleia, adquirem uma
república.
32. (ENADE – 2005) A mente é, como dissemos, um papel em
branco,desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer ideias;
como ela será suprida? De onde provém este vasto estoque, que a
ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou com uma variedade
quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do
conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência.
(John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano (com
adaptações).
Tendo como referência o texto acima, analise as asserções a seguir.
Para Locke, a mente é uma tabula rasa e não contém nada inscrito
antes de qualquer contato do homem com a experiência
PORQUE
todo o material da mente é constituído exclusivamente de ideias.
Considerando as afirmativas acima, assinale a opção correta.
A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é
uma justificativa correta da primeira.
B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda
não é uma justificativa correta da primeira.
C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é
falsa.
D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma
proposição verdadeira.
E) Tanto a primeira como a segunda asserções são proposições
falsas.
33. (ENADE – 2005) Se todos os homens são, como se tem dito,
livres, iguais e independentes por natureza, ninguém pode ser
retirado deste estado e se sujeitar ao poder político de outro sem o
seu próprio consentimento. A única maneira pela qual alguém se
despoja de sua liberdade natural e se coloca dentro das limitações
da sociedade civil é através de acordo com outros homens para se
associarem e se unirem em uma comunidade para uma vida
confortável, segura e pacífica uns com os outros, desfrutando com
segurança de suas propriedades e melhor protegidos contra aqueles
que não são daquela comunidade. (J. Locke. Segundo tratado sobre
o governo civil.)
De acordo com o texto acima,
I os homens são coagidos por sua natureza a se reunir em
sociedade.
II há um momento real em que os homens entram em entendimento
e criam a sociedade civil.
III a sociedade civil tem como fim a promoção de uma vida
confortável e segura.
IV a sociedade civil impõe a submissão do indivíduo ao poder do
Estado.
V em estado de natureza, os homens são considerados livres e
iguais.
Estão certos apenas os itens
A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) III e V. E) IV e V.
(ENEM – 2000) O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela
algumas características de uma determinada corrente de
pensamento. “Se o homem no estado de natureza é tão livre,
conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e
posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão
dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á
ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio
responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a
utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto
à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto
ele, todo homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores
da equidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui
nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas
circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora
livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem
razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com
outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua
conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de
propriedade. (Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)
34. Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como
uma tentativa de justificar:
A) a existência do governo como um poder oriundo da natureza.
B) a origem do governo como uma propriedade do rei.
C) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza
humana.
D) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos
direitos.
E) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima
da propriedade.
35. Analisando o texto, podemos concluir que se trata de um
pensamento:
A) do liberalismo. D) do socialismo científico.
B) do socialismo utópico. E) do anarquismo.
C) do absolutismo monárquico.
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5. Iluminismo: A Razão em Busca de Liberdade
A expansão capitalista dos séculos XVII e XVIII foi acompanhada
pela crescente ascensão social da burguesia e sua tomada de
consciência como classe social. Paralelamente, o racionalismo
imperava na Europa, transmitindo a confiança de que a razão era o
principal instrumento do ser humano para enfrentar os desafios da
vida e equacionar os problemas que o rodeavam.
O desenvolvimento da Revolução Industrial e o sucesso da ciência
em campos como a química, a física e a matemática inspiravam
filósofos de todas as partes. Foi assim que surgiu talvez um novo
mito: a ideia de progresso.
Desse modo, disseminou-se a crença de que a razão, a ciência e a
tecnologia tinham condições de impulsionar o trem da história em
uma marcha contínua em direção à verdade e ao progresso
humano.
Paralelamente, desenvolveu-se um pensamento que culminaria no
movimento cultural do século XVIII denominado Iluminismo,
Ilustração ou Filosofia das Luzes.
5.1 Filosofia nas Ruas e Salões
O iluminismo não foi um movimento coeso e uniforme. Por isso, não
podemos rotular todos os pensadores iluministas como “ideólogos
da burguesia”. Muitos dentre eles defendiam a aristocracia. No
entanto, em meio a essa pluralidade de pensadores, havia um traço
comum: a busca pelo convencimento racional das pessoas.
A própria postura de muitos filósofos modificou-se no século XVIII.
Abandonando os círculos fechados de seus antecessores, os
iluministas circulavam pelas ruas e salões, exibindo e exercitando a
razão. Para esses filósofos propagandistas, a razão não era o cofre
da alma onde se guardavam verdades eternas, mas era a força
espiritual, a energia, capaz de nos conduzir ao caminho da verdade.
O iluminismo enfatizou a capacidade humana de, pelo uso da razão,
conhecer a realidade e intervir nela, no sentido de organizá-la
racionalmente de modo a assegurar uma vida melhor para as
pessoas. O processo de ilustração, isto é, o desenvolvimento da
capacidade intelectual, trazia a proposta de libertar o ser humano
dos medos irracionais, superstições e crendices, levando-o a
questionar as tradições vulgares e a construir uma nova ordem
racional para a sociedade.
Podemos dizer, enfim, que o grande mérito dos iluministas teria sido
o esforço de generalizar e aplicar as doutrinas críticas e analíticas
aos diversos campos da atividade humana, bem como os ideais de
conhecimento forjados no grande racionalismo.
Vejamos alguns indicadores dessa nova mentalidade:
1. estudo da natureza e ser humano: a atenção dos intelectuais
volta-se para o mundo terreno, concreto, e, dentro dele, para o
estudo do próprio ser humano;
2. história: os estudos históricos ganham expressão. Percebe-se
que o conjunto dos conhecimentos adquiridos no passado pode ser
colocado a serviço do bem-estar social;
3. progresso: o entusiasmo pelas novas descobertas tem como
consequência a crença em um novo ideal, a ideia de progresso.
A seguir, veremos alguns pensadores representativos do
Iluminismo.
5.2 Montesquieu
O jurista francês Charles-Louis de Secondat, mais conhecido como
barão de Montesquieu (1689-1755), escreveu O espírito das leis.
Nessa obra, formula a teoria da separação dos poderes do Estado
em Legislativo, Executivo e Judiciário, como forma de evitar abusos
dos governantes e de proteger as liberdades individuais.
Montesquieu não defendia a implantação de uma república
burguesa. Suas simpatias políticas inclinavam-se para um
liberalismo aristocrático, uma monarquia constitucional. Dizia que a
lei é uma relação necessária que decorre da natureza das coisas. E
ainda que haveria grandes riscos de tirania se uma mesma pessoa,
ou uma mesma instituição do Estado , exercesse os três poderes: o
de fazer as leis, o de ordenar a sua execução e o de julgar os
conflitos entre os cidadãos.
5.3 Voltaire
O poeta, dramaturgo e filósofo francês François-Marie Arouet, de
pseudônimo Voltaire (1964-1778), foi um dos mais famosos
pensadores do Iluminismo. Com seu estilo literário irônico e
vibrante, destacou-se pelas críticas que fez à prepotência dos
poderosos, ao clero católico e à intolerância religiosa. Concordava,
entretanto, com certa necessidade social da crença em Deus,
chegando a dizer que se Deus não existisse seria preciso inventá-lo.
Em termos políticos, não foi propriamente um democrata, mas sim
defensor de uma monarquia respeitadora das liberdades individuais,
governada por um soberano esclarecido.
Tornou-se marcante sua posição em defesa da liberdade de
pensamento, expressa na célebre frase: “Posso não concordar com
nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte
seu direito de dizê-las”.
5.4 Diderot e D'Alembert
Os pensadores franceses Denis Diderot (1713-1784) e Jean le Rond
D'Alembert (1717-1783) foram os organizadores de uma
enciclopédia de 33 volumes, que pretendia resumir os principais
conhecimentos da época nos campos científico e filosófico. Essa
obra contou com a colaboração de numerosos autores, entre os
quais se destacam Buffon, Montesquieu, Turgot, Condorcet,
Voltaire, Holbach e Rousseau.
A enciclopédia exerceu grande influência sobre o pensamento
político burguês. Defendia, em linhas gerais, o racionalismo, a
independência do Estado em relação à Igreja e a confiança no
progresso humano por meio das realizações científicas e
tecnológicas.
Diderot é considerado por muitos a principal figura da Enciclopédia.
Rompeu com a tecnologia tradicional, assumindo-se como ateu e
materialista.
5.5 Rousseau
O filósofo e escritor suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi
uma figura de transição do Iluminismo. Apesar de defender a
liberdade e combater os vícios sociais, criticava os excessos
racionalistas, sendo um precursor do Romantismo.
Foi na França, para onde se transferiu em 1742, que escreveu suas
grandes obras. Entre elas podemos destacar Do contrato social, na
qual expõe a tese de que o soberano deve conduzir o Estado
segundo a vontade geral de seu povo, sempre tendo em vista o
atendimento do bem comum. Somente esse Estado, de bases
democráticas, teria condições de oferecer a todos os cidadãos um
regime de igualdade jurídica.
Em outra de suas importantes obras, Discurso sobre a origem da
desigualdade entre os homens, Rousseau glorifica os valores da
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vida natural e ataca a corrupção, a avareza e os vícios da sociedade
civilizada. Faz inúmeros elogios à liberdade de que desfrutava o
selvagem, na pureza do seu estado natural, contrapondo-o à
falsidade e ao artificialismo do indivíduo civilizado. Foi dessas ideias
que nasceu o mito do bom selvagem.
Rousseau tornou-se célebre como defensor da pequena burguesia e
inspirador dos ideais que estariam presentes na Revolução
Francesa.
5.6 Adam Smith
O economista e filósofo escocês Adam Smith (1723-1790) foi um
dos maiores expoentes da economia clássica e o principal teórico do
liberalismo econômico. Em sua obra Ensaio sobre a riqueza das
nações, criticou a política mercantilista, baseada na intervenção e
regulamentação excessiva do Estado na vida econômica.
Para ele, a economia deveria ser dirigida pelo jogo livre da oferta e
da procura de mercado. O mercado se autorregularia, dando conta
das necessidades sociais, desde que deixado em paz consigo
mesmo, sem intervenções dos governantes.
Adam Smith também defendeu a tese de que o trabalho em geral
representa a verdadeira fonte de riqueza para as nações, devendo
ser conduzido pela livre iniciativa dos particulares.
De certo modo, suas teses são também produto da crença geral
iluminista no triunfo da racionalidade e da ordem sobre o arbítrio e o
caos, desde que as pessoas possam agir com liberdade social – no
caso, liberdade econômica.
5.7 Immanuel Kant
Nascido em Königsberg, pequena cidade da Alemanha, Immanuel
Kant (1724-1804) teve uma vida longa e tranquila, dedicada ao
ensino e à investigação filosófica. Homem metódico e de hábitos
arraigados, lecionou durante 40 anos na Universidade de
Königsberg. Morreu aos 80 anos, sem nunca ter se afastado das
imediações de sua pequena cidade natal.
Kant é considerado o maior filósofo do Iluminismo alemão. Para ele,
a filosofia deveria responder a quatro questões fundamentais: O que
posso saber? Como devo agir? O que posso esperar? E, por fim, o
que é o ser humano? Esta última questão engloba as três
anteriores.
5.7.1 Maioridade Humana
Em sua obra O que é ilustração, Kant sintetiza seu otimismo
iluminista em relação à possibilidade de o ser humano guiar-se por
sua própria razão, sem se deixar enganar pelas crenças, tradições e
opiniões alheias.
Nela, descreve o processo de ilustração como sendo a saída do ser
humano de sua “menoridade”, ou seja, um momento em que o
indivíduo, como uma criança que cresce e amadurece, torna-se
consciente da força e independência (autonomia) de sua
inteligência para fundamentar sua própria maneira de agir, sem a
doutrinação ou tutela de outrem.
Portanto, o ser humano, como ser dotado de razão e liberdade, é o
centro da filosofia kantiana. Seus estudos partem da investigação
sobre as condições nas quais se dá o conhecimento, realizando um
exame crítico da razão, contido em sua obra mais célebre, Crítica
da razão pura. Nela confessa que Hume o havia despertado, pela
primeira vez, de seu “sonho dogmático” e institui o que ficou
conhecido como “tribunal da razão”.
Depois, seu exame do agir humano (ética) daria origem aos textos
Crítica da razão prática, Fundamentação da metafísica dos
costumes e Metafísica dos costumes. Outro aspecto importante da
obra de Kant são suas reflexões a respeito da estética, presentes na
Crítica do juízo.
5.7.2 Tipos de Conhecimento
Como já dissemos, uma das questões mais importantes do
pensamento de Kant é o problema do conhecimento, a questão
do saber. Na Crítica da razão pura, ele distingue duas formas
básicas do ato de conhecer:
1. conhecimento empírico (a posteriori): aquele que se refere aos
dados fornecidos pelos sentidos, isto é, que é posterior à
experiência. Por exemplo, para fazer a afirmação “Este livro tem
capa verde”, foi necessário ter primeiro a experiência de ver o livro e
assim conhecer a sua cor; portanto, trata-se de um conhecimento
posterior à experiência;
2. conhecimento puro (a priori): aquele que não depende de
quaisquer dados dos sentidos, ou seja, que é anterior à
experiência, nascendo puramente de uma operação racional.
Exemplo: a afirmação (juízo) “Duas linhas paralelas jamais se
encontram no espaço” não se refere a esta ou àquela linha paralela,
mas a todas. Constitui, assim, um conhecimento universal. Além
disso, é uma afirmação que, para ser válida, não depende de
nenhuma condição específica. Trata-se, portanto, de um
conhecimento necessário.
5.7.3 Tipos de Juízo
O conhecimento puro, por conseguinte, conduz a juízos universais
e necessários, enquanto o conhecimento empírico não possui essa
característica. Os juízos, por sua vez, são classificados por Kant em
dois tipos:
1. Juízo Analítico: aquele em que o predicado já está contido no
conceito de sujeito. Ou seja, basta analisar o sujeito para deduzir o
predicado. Tomemos, por exemplo, a afirmação “O quadrado tem
quatro lados”. Analisando o sujeito dessa afirmação, quadrado,
deduzimos necessariamente o predicado: tem quatro lados. Kant
também chamava os juízos analíticos de juízos de elucidação, pois
o predicado simplesmente elucida algo que já estava contido no
conceito do sujeito.
2. Juízo Sintético: Aquele em que o predicado não está contido no
conceito do sujeito. Nesses juízos, acrescenta-se ao sujeito algo
novo, que é o predicado. Assim, Kant também os denominava
juízos de ampliação. Por exemplo, na afirmação “Os corpos se
movimentam”, por mais que analisemos o conceito de corpo
(sujeito), não extrairemos dele a informação representada pelo
predicado se movimentam.
Por fim, analisando o valor de cada juízo, Kant distingue três
categorias:
1. Juízo Analítico: como no exemplo da afirmação “O quadrado
tem quatro lados”, é um juízo universal e necessário, mas serve
apenas para elucidar ou explicitar aquilo que já se conhece do
sujeito. Ou seja, a rigor, é apenas importante para se chegar à
clareza do conceito já existente, mas não conduz a conhecimentos
novos;
2. Juízo Sintético a Posteriori: como no exemplo da afirmação
“Este livro tem a capa verde”, amplia o conhecimento sobre o
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sujeito, mas sua validade está sempre condicionada ao tempo e ao
espaço em que se dá a experiência e, portanto, não constitui um
juízo universal e necessário.
3. juízo sintético a priori: como no exemplo da afirmação “Duas
linhas paralelas jamais se encontram no espaço”, e em outras da
matemática e da geometria, acrescenta informações novas ao
sujeito, possibilitando uma ampliação do conhecimento. E como não
está limitado pela experiência, é um juízo universal e necessário.
Por isso, segundo Kant, é o juízo mais importante. Para o filósofo, a
matemática e a física seriam disciplinas científicas por trabalharem
com juízos sintéticos a priori.
5.7.4 Estruturas do Sentir e Conhecer
Como estudamos antes, Kant buscou saber como é o sujeito a
priori, isto é, o sujeito antes de qualquer experiência. Concluiu que
existem no ser humano certas estruturas que possibilitam a
experiência (as formas a priori da sensibilidade) e determinam o
entendimento (as formas a priori do entendimento). Trata-se do
chamado apriorismo. Vejamos:
1. Formas a priori da sensibilidade: são o tempo e o espaço.
Kant dirá que percebemos e representamos a realidade sempre no
tempo e no espaço. Essas noções são “intuições puras”, existem
como estruturas básicas da nossa sensibilidade e são elas que
permitem a experiência sensorial.
2. Formas a priori do entendimento: de modo semelhante, os
dados captados por nossa sensibilidade são organizados pelo
entendimento de acordo com certas categorias. As categorias são
“conceitos puros” existentes a priori no entendimento, tais como
causa, necessidade, relação e outros, que servirão de base para a
emissão de juízos sobre a realidade.
5.7.5 Limites do Entendimento
O conhecimento, portanto, seria o resultado de uma interação entre
o sujeito que conhece (de acordo com suas próprias estruturas a
priori) e o objeto conhecido. Isso significa que não conhecemos as
coisas em si mesmas (o ser em si), isto é, como elas são, de forma
independente de nós. Só conhecemos as coisas tal como as
percebemos (o ser para nós). Em outras palavras, as coisas são
conhecidas de acordo com nossas próprias estruturas mentais.
Para Kant, sua filosofia representava uma superação do
racionalismo e do empirismo, pois argumentava que o conhecimento
é o resultado de dois grandes ramos: a sensibilidade, que nos
oferece dados dos objetos, e o entendimento, que determina as
condições pelas quais o objeto é pensado.
5.7.6 Nova Revolução Copernicana
No prefácio da Crítica da Razão Pura, o próprio Kant comparou seu
papel na filosofia ao de Copérnico na astronomia.
Quando a teoria geocêntrica não mais conseguia explicar o conjunto
de movimentos dos astros, Copérnico vislumbrou a necessidade de
tirar a Terra do centro do Universo e fazer-nos, como espectadores,
girar em torno dos astros. Assim, lançando o modelo heliocêntrico,
resolveu os impasses da astronomia da época.
Algo semelhante realizou o filósofo alemão, ao inverter a questão
tradicional do conhecimento: antes se propunha que todo o
conhecimento era regulado pelos objetos; com Kant, os objetos
passaram a ser regulados pelas formas a priori de nosso
conhecimento.
Questões
36. (UEL – 2013) “Desde sempre, o Iluminismo, no sentido mais
abrangente de um pensar que faz progressos, perseguiu o objetivo
de livrar os homens do medo e de fazer dele senhores. Mas,
completamente iluminada, a Terra resplandece sob o signo do
infortúnio triunfal. O programa do Iluminismo era o de livrar o mundo
do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular a ilusão,
por meio do saber.” (HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. Conceito de
iluminismo. In: COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. São Paulo:
Saraiva, 2006, p.166).
Com base nesse excerto e nos seus conhecimentos sobre o
Iluminismo, assinale o que for incorreto
A) A palavra medo, no texto, diz respeito ao desconhecido.
B) Pertence ao projeto iluminista a célebre afirmação de Immanuel
Kant: “Ousai saber. Tenha a coragem de servir-se da própria
razão”.
C) Constituem uma ameaça ao Iluminismo o inatismo, o misticismo
e toda forma de pensamento dogmaticamente estabelecido.
D) O pensamento ilustrado acreditava na autonomia da razão,
segundo a qual o homem atingiria a maioridade
37. (ENEM – 2012) É verdade que nas democracias o povo parece
fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-
se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é
liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis
permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem,
não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder.
(MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova
Cultural, 1997 (adaptado).
A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz
respeito
A) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as
decisões por si mesmo.
B) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade
às leis.
C) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso,
livre da submissão às leis.
D) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido,
desde que ciente das consequências.
E) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus
valores pessoais.
38. (ENEM – 2003) Observe as duas afirmações de Montesquieu
(1689-1755), a respeito da escravidão:
A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem ao senhor, nem
ao escravo: a este porque nada pode fazer por virtude; àquele,
porque contrai com seus escravos toda sorte de maus hábitos e se
acostuma insensivelmente a faltar contra todas as virtudes morais:
torna-se orgulhoso, brusco, duro, colérico, voluptuoso, cruel. Se eu
tivesse que defender o direito que tivemos de tornar escravos os
negros, eis o que eu diria: tendo os povos da Europa exterminado
os da América, tiveram que escravizar os da África para utilizá-los
para abrir tantas terras. O açúcar seria muito caro se não
fizéssemos que escravos cultivassem a planta que o produz.
(Montesquieu. O espírito das leis).
Com base nos textos, podemos afirmar que, para Montesquieu,
A) o preconceito racial foi contido pela moral religiosa.
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B) a política econômica e a moral justificaram a escravidão.
C) a escravidão era indefensável de um ponto de vista econômico.
D) o convívio com os europeus foi benéfico para os escravos
africanos.
E) o fundamento moral do direito pode submeter-se às razões
econômicas.
39. (ENADE - 2011) Ser bom, quando se pode, é um dever e,
ademais, existem certas almas tão capacitadas para a simpatia que,
mesmo sem qualquer motivo de vaidade ou de interesse, elas
experimentam uma satisfação íntima em irradiar alegria em torno de
si e vivem o contentamento de outrem, na medida em que ele é obra
sua. Mas eu acho que, no caso de uma ação desse tipo, por mais
de acordo com o dever e mais amável que seja, não possui, porém,
verdadeiro valor moral, já que ela se coloca no mesmo plano de
outras inclinações, a ambição, por exemplo, que, quando coincide
com o que realmente está de acordo com o interesse público e o
dever, com o que, por conseguinte, é honorável, merece louvor e
encorajamento, mas não respeito, pois falta a essa máxima o valor
moral, isto é, o fato de que essas ações sejam feitas não por
inclinação, mas por dever. (KANT, I. Fundamentação da
metafísica dos costumes. (In: VERGEZ, A.; HUISMAN, D. História
dos filósofos ilustrada pelos textos. 6. ed. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, p. 269, 1984).
Tendo como referência esse texto, avalie as asserções que se
seguem.
Dar uma esmola ou pagar uma refeição para um mendigo na rua,
motivados apenas pela felicidade que sentimos quando ajudamos
pessoas em tal estado, é uma ação desprovida de valor moral,
PORQUE,
para Kant, somente a ação ditada unicamente pelo dever, isenta da
influência de qualquer outra motivação, é que possui valor moral.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é
uma justificativa correta da primeira.
B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda
não é uma justificativa correta da primeira.
C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda,
uma proposição falsa.
D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma
proposição verdadeira.
E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições
falsas.
40. (ENADE- 2011) Com efeito, relativamente à natureza, a
experiência dá-nos a regra e é a fonte da verdade; no que toca às
leis morais, a experiência é (infelizmente!) a madre da aparência e é
altamente reprovável extrair as leis acerca do que devo fazer
daquilo que se faz ou querer reduzi-las ao que é feito.
(KANT, I. Crítica da Razão Pura. 3ª edição. Tradução de Manuela
Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1994, p. 312).
Tendo como referência esse texto, analise as asserções a seguir.
Se a razão teórica não deve ultrapassar os limites da experiência, a
razão prática, por sua vez, deve livrar-se de qualquer objeto
empírico e autonomamente ser princípio de determinação da
vontade
PORQUE,
Caso se prendesse ao empírico, não haveria, segundo Kant,
condições de justificar o princípio supremo da moralidade, com as
características que lhe são inerentes, como objetividade,
universalidade e formalidade.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é
uma justificativa correta da primeira.
B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda
não é uma justificativa correta da primeira.
C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda,
uma proposição falsa.
D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma
proposição verdadeira.
E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições
falsas.
41. (ENADE – 2008) (...) se a razão só por si não determina
suficientemente a vontade, se está ainda sujeita a condições
subjetivas (a certos móbiles) que não coincidem sempre com as
objetivas; numa palavra, se a vontade não é em si plenamente
conforme à razão (como acontece realmente entre os homens),
então as ações, que objetivamente são reconhecidas como
necessárias, são subjetivamente contingentes, e a determinação de
uma tal vontade, conforme a leis objetivas, é obrigação. (Kant.
Fundamentação da metafísica dos costumes. Coleção Os
Pensadores. Segunda Seção, §12).
De acordo com esse texto, é correto afirmar que as inclinações
A) tornam a lei moral subjetiva.
B) determinam a vontade objetivamente.
C) fazem que a lei moral seja vivenciada como uma obrigação.
D) possuem caráter imperativo.
E) são parte da natureza humana como ser racional.
42. (ENEM – 2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de
outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se
a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta
de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de
outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal
é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas
pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a
natureza de há muito os libertou de uma condição estranha,
continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida.
(KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?
Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental
para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade.
Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa
A) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como
expressão da maioridade.
B) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das
verdades eternas.
C) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de
forma heterônoma.
D) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da
falta de entendimento.
E) a emancipação da subjetividade humana de ideologias
produzidas pela própria razão.
1. Trabalho e Sociedade p. 96
1.1. O trabalho nas diferentes Sociedades p. 96
1.1.1. A Produção nas sociedades tribais p. 96
1.1.2. Escravidão e servidão p. 96
1.2. As bases do trabalho na sociedade moderna p. 97
1.2.1 Capitalismo e sua expansão p. 97
1.2.2. A divisão do trabalho: caminhos para a alienação p. 98
1.2.3. A racionalização do trabalho na fábrica: fordismo/taylorismo p. 98
1.2.4. As implicações do modelo taylorista-fordista p. 99
1.2.5. O Toyotismo ou produção flexível em massa p. 99
1.2.6. O Trabalho no Brasil p. 100
2. Direitos, Cidadania e Movimentos Sociais p. 102
2.1. Direitos para todos p. 102
2.2. Direitos civis, políticos e sociais p. 102
2.3. Cidadania hoje p. 103
2.4. Os movimentos sociais p. 103
2.5. Os movimentos sociais no Brasil p. 103
2.6. Os novos movimentos sociais p. 105
2.6.1. O movimento feminista p. 105
2.6.2 O movimento ambientalista p. 105
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96
1. TRABALHO E SOCIEDADE
O trabalho humano é um dos principais meios de relações sociais, já
que por meio dele é que o homem transforma o mundo em que vive,
daí a tendência em afirmar que trabalho é qualquer atividade em
que se pode observar a modificação da natureza a partir da
intervenção humana. Nesse sentido, o trabalho insere-se no
universo de criação pelo homem de uma segunda natureza, ou seja,
a do espaço do artifício, o espaço da cultura.
Para a Sociologia, o estudo do trabalho e suas implicações são de
fundamental relevância para compreensão das sociedades.
1.1. O Trabalho nas diferentes Sociedades
1.1.1. A Produção nas sociedades tribais
As sociedades tribais diferenciam-se umas das outras em muitos
aspectos, mas pode-se dizer, em termos gerais, que não são
estruturadas pela atividade que em nossa sociedade denomina-se
trabalho. Nelas todos fazem quase tudo, e as atividades
relacionadas à obtenção do que as pessoas necessitam para se
manter – caça, coleta, agricultura e criação – estão associadas aos
ritos e mitos, ao sistema de parentesco, às festas e às artes,
integrando-se, portanto, a todas as esferas da vida social.
A organização dessas atividades caracteriza-se pela divisão das
tarefas por sexo e por idade. Os equipamentos e instrumentos
utilizados, comumente vistos pelo olhar estrangeiro como muito
simples e rudimentares, são eficazes para realizar tais tarefas.
Guiados por esse olhar, vários analistas, durante muito tempo,
classificaram as sociedades tribais como de economia de
subsistência e de técnica rudimentar, passando a ideia de que elas
viveriam em estado de pobreza, o que é um preconceito.
Marshall Sahlins, antropólogo norte-americano, chama essas
sociedades de “sociedades da abundância” ou “sociedade do lazer”,
destacando que seus membros não só tinham todas as suas
necessidades matérias e sociais plenamente satisfeitas, como
dedicavam um mínimo de horas diárias ao que se denomina
trabalho. Os ianomâmis, da Amazônia, dedicavam pouco mais de
três horas diárias às tarefas relacionadas a produção; os guayakis,
do Paraguai, cerca de cinco horas, mas não todos os dias; e os
kungs, do deserto do Kalahari, no sul da África, em média quatro
horas por dia.
A explicação para o fato de os povos tribais trabalharem muito
menos do que nós está no modo como se relacionam com a
natureza. Por um lado, para eles, a terra é o espaço em que vive e
tem valor cultural, pois dá aos humanos seus frutos: a floresta
presenteia os caçadores com os animais de que necessitam para
sobrevivência e os rios oferecem os peixes que ajudam na
alimentação. Por outro lado, os povos tribais têm uma profunda
intimidade com o meio em que vivem.
Integrados ao ambiente e a todas as demais atividades, as tarefas
relacionadas à produção não compõem, assim, uma esfera
específica da vida, ou seja, não há um “mundo do trabalho” nas
sociedades tribais.
1.1.2. Escravidão e servidão
O termo trabalho pode ter nascido do vocábulo latino tripallium, que
significa “instrumento de tortura”, e por muito tempo esteve
associado à ideia de atividade penosa e torturante. Nas sociedades
grega e romana era a mão de obra escrava que garantia a produção
suficiente para suprir as necessidades da população. Existiam
outros trabalhadores além dos escravos, como os meeiros, os
artesãos e os camponeses. No entanto, mesmo os trabalhadores
livres eram explorados e oprimidos pelos senhores e proprietários.
Estes eram desobrigados de qualquer atividade, exceto a de discutir
os assuntos da cidade e o bem-estar dos cidadãos. Para que não
dependessem do próprio trabalho e pudessem se dedicar
exclusivamente a essa atividade, o trabalho escravo era
fundamental.
Nas sociedades feudais, como no mundo greco-romano, havia
também aqueles que trabalhavam – os servos, os camponeses
livres e os aldeãos – e aqueles que viviam do trabalho dos outros -
os senhores feudais e os membros do clero. A terra era o principal
meio de produção, e os trabalhadores tinham direito a seu usufruto
e ocupação, mas nunca à propriedade. Muitos trabalhavam em
regime de servidão, no qual não gozavam de plena liberdade, mas
também não eram escravos. Prevalecia um sistema de deveres do
servo com o senhor e deste para com aquele.
Além de cultivar as terras a ele destinadas, o servo era obrigado a
trabalhar nas terras do senhor, dentre essas obrigações estão a
corvéia, a talha e as banalidades.
Embora o trabalho ligado à terra fosse o preponderante nas
sociedades medievais, outras formas de trabalho merecem
destaque, como as atividades artesanais, desenvolvidas nas
cidades e mesmo nos feudos, e as atividades comerciais.
Conclui-se que desde a Antiguidade até o fim da Idade Média, as
concepções sobre o trabalho apresentam variações, mas poucas
alterações. Sempre muito desvalorizado, o trabalho não era o
elemento central, o núcleo que orientava as relações sociais. Estas
se definiam pela hereditariedade, pela religião, pela honra, pela
lealdade e pela posição em relação às questões públicas. Eram
esses elementos que permitiram que alguns vivessem do trabalho
dos outros.
Questões
01. (COC/SP) O trabalho realizado pelos seres humanos está
relacionado:
A) À plena conservação da natureza
B) Apenas à sobrevivência do homem, não havendo relação alguma
entre essa sobrevivência e a existência das sociedades.
C) Ao fato de o homem não conseguir intervir sobre a natureza.
D) À sobrevivência de todas as espécies animais e vegetais da
Terra.
E) À produção de cultura.
02. (COC/SP) Para a sociologia, “trabalho” é todo movimento:
A) Não realizado B) Artístico C) Negociado
D) Consolidado E) Social
03. (UEMA/PASES-Adaptada) Ao longo da história, a sociedade
humana desenvolveu formas de transformação da natureza para a
satisfação de suas necessidades, modificando-a e a si própria por
meio do trabalho, instituindo diferentes modos de produção. Sobre
esses modos de produção, marque a questão correta.
A) No sistema primitivo, os meios de produção e os frutos do
trabalho são de propriedade privada.
B) No escravismo, os meios de produção e os escravos são de
propriedade do burguês.
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C) No feudalismo, as relações de produção baseiam-se na
propriedade coletiva dos meios de produção.
D) No capitalismo, as relações de produção baseiam-se na
propriedade privada dos meios de produção pela burguesia e no
trabalho assalariado.
04. (UEM-PR-Adaptada) Sobre as relações produtivas
desenvolvidas por diferentes grupos sociais ao longo da história,
assinale o que for correto.
A) Nas sociedades tribais, o trabalho humano está relacionado
apenas à satisfação das necessidades básicas do homem,
como, por exemplo, garantir a alimentação e o abrigo. Por isso,
nesses casos, os processos de trabalho não geram relações
propriamente sociais.
B) Segundo muitos autores, para alcançar a sua subsistência, nem
todos os grupos humanos viveram de atividades produtivas,
como ocorreu historicamente nas sociedades de pescadores, de
coletores e de caçadores.
C) Alguns antropólogos afirmam que grupos indígenas, como os
ianomâmis, podem ser considerados “sociedades de
abundância”, pois dedicam poucas horas diárias às atividades
produtivas, mas, apesar disso, têm suas necessidades materiais
satisfeitas. Tais necessidades não são crescentes, como ocorre
nas sociedades capitalistas.
D) Na sociedade feudal, a terra era o principal meio de produção,
porém os direitos sobre ela pertenciam aos senhores. Os
camponeses e os servos nunca podiam decidir o que produzir,
para quem e quando trocar o fruto do seu trabalho.
E) O modo de produção escravista colonial que ocorreu no Brasil
tinha as seguintes características principais: economia voltada
para o mercado externo e baseada no latifúndio; troca de
matérias-primas por produtos manufaturados da metrópole e
forte controle da colônia sobre a comercialização.
1.2- As bases do trabalho na sociedade moderna
Com o fim do período medieval e a emergência do mercantilismo e
do capitalismo, o trabalho “mudou de figura”. Se antes era visto
como uma atividade penosa e torturante, passou aos poucos a ser
considerado algo positivo. Para mudar a concepção de trabalho – de
atividade vil para atividade que dignifica o homem- foram
necessárias mudanças na estrutura do trabalho.
Primeiro casa e local de trabalho foram separados; depois,
separaram o trabalhador de seus instrumentos; por fim, tiraram dele
a possibilidade de conseguir a própria matéria prima. Os
comerciantes e industriais que haviam acumulado riqueza passaram
a financiar, organizar e coordenar a produção de mercadorias,
definindo a que produzir e em que quantidade. Afinal, o dinheiro era
deles.
Essa transformação ocorreu por meio de dois processos de
organização do trabalho: a cooperação simples e a manufatura (ou
cooperação avançada).
Na cooperação simples, era mantida a hierarquia da produção
artesanal entre o mestre e o aprendiz, e o artesão ainda
desenvolvia, ele próprio, todo o processo produtivo, do molde ao
acabamento. A diferença é que ele estava a serviço de quem lhe
financiava não só a matéria-prima, como até mesmo alguns
instrumentos de trabalho, e também definia o local e as horas a ser
trabalhadas. Esse tipo de organização do trabalho abriu caminho
para novas formas de produção, que começaram a se definir como
trabalho coletivo.
A manufatura foi o segundo passo para o surgimento do trabalhador
coletivo, ou seja, o artesão tornou-se um trabalhador sem
entendimento da totalidade do processo de trabalho e perdeu
também seu controle. O produto tornou-se resultado das atividades
de muitos trabalhadores. E o trabalho, por sua vez, transformou-se
em mercadoria que podia ser vendida e comprada, como qualquer
outra.
Surgiu, então, uma terceira forma de trabalho, a maquinofatura.
Com ela, o espaço de trabalho, definitivamente, passou a ser a
fábrica, pois era lá que estavam as máquinas que “comandavam” o
processo de produção. Todo o conhecimento que o trabalhador
usava para produzir foi dispensado, ou seja, sua destreza manual foi
substituída pela máquina.
Com esse processo ocorreu o convencimento do trabalhador de que
sua situação presente era melhor que a anterior. Diversos setores
da sociedade colaboraram para essa mudança:
_ As igrejas procuraram passar a ideia de que o trabalho era um
bem divino e de que quem não trabalhasse não seria abençoado.
Não trabalhar (ter preguiça) passou a ser pecado;
_ Os governantes passaram a criar uma série de leis e decretos que
penalizavam quem não trabalhasse. Os desempregados eram
considerados vagabundos e podiam ir para a prisão. Inclui-se aqui o
auxílio da polícia, encarregada de prender esses “vagabundos”;
_ As escolas passaram às crianças a ideia de que o trabalho era
fundamental para a sociedade. Esse conceito era ensinado, por
exemplo, nas tarefas, lições e contos infantis, a exemplo da história
da cigarra e da formiga ou da história dos três porquinhos. Quem
não trabalhava “levava sempre a pior”.
Na vida real, a história era outra. O trabalhador estava livre, quer
dizer, não era mais escravo nem servo, mas trabalhava mais horas
do que antes.
1.2.1. O capitalismo e sua expansão
O capitalismo possuir as seguintes características:
Obtenção de lucro, generalização da mercadoria, trabalho
assalariado, exploração da mais-valia e a administração racional-
burocrática.
Esse sistema iniciou-se a partir da Revolução Comercial, com a
disseminação das manufaturas, o que possibilitou a ocorrência de
acumulação primitiva de capital. Pode-se dizer que capital é tudo
aquilo que gera renda para o seu detentor. O capital pode ser
manifestado na forma de dinheiro, na forma de máquinas,
equipamentos e imóveis e também na forma de mercadorias
decorrentes da produção. Daí, tal sistema econômico ser definido
como capitalismo, já que o capital passou a ter primazia sobre a
terra, que era fundamental no feudalismo. A acumulação primitiva
de capital é a etapa básica para que uma sociedade possa ingressar
no sistema capitalista. Corresponde ao processo social de geração
de riquezas que serão direcionadas para a poupança, em vez de
serem gastas em consumo improdutivo. Assim, a acumulação de
capital possibilita que uma classe social, no caso, a burguesia,
detenha esse fator estratégico para produzir os bens econômicos,
sejam eles de consumo (por exemplo: comida e roupa) ou de
produção ou capital (por exemplo: aço e eletricidade). Com a
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Revolução Industrial, o capitalismo adentrou outra fase, ou melhor,
atingiu a sua plenitude e passou por uma etapa competitiva (ou do
capitalismo competitivo). Nesse período, o sistema econômico
capitalista assumiu completamente suas características:
generalização da mercadoria, trabalho assalariado e exploração da
mais-valia. Mais-valia é um conceito de Karl Marx que se refere ao
trabalho suplementar que advém do trabalho social dos operários e
se concentra na mão dos capitalistas por meio do lucro comercial ou
industrial, do juro ou da renda da terra.
Na próxima fase, ocorrida no final do século XIX, o capitalismo
adentra a fase oligopolista. Nesse momento, o sistema econômico
foi mantido por poucas empresas de cada ramo de produção
(oligopólios) ou mesmo por uma única empresa em alguns ramos.
Este caráter restritivo em relação aos capitalistas, qual seja, a
superação da livre concorrência da etapa competitiva provém da
segunda Revolução Industrial, cujas novas tecnologias, aço,
eletricidade, petróleo, motor de explosão e linha de montagem, eram
limitadas somente para os grandes detentores de capital.
Começaram a surgir as empresas de capital aberto, que são as
organizações privadas com fins lucrativos, nas quais o comando
administrativo passou a ser exercido por administradores
profissionais, que deveriam obter grandes lucros, que, por sua vez,
satisfizessem as exigências dos acionistas, os possuidores de
parcelas do capital da empresa em forma de ações.
1.2.2. A divisão do trabalho: caminhos para a alienação
O principal objeto de estudo de Marx era a sociedade capitalista
européia do século XIX. Para ele é só a partir do trabalho industrial
no modo de produção especificamente capitalista, que se dá de fato
a divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual. Marx diz que
na manufatura, ou modo de produção pré-capitalista, o trabalhador é
explorado, mas não é despojado do seu saber. O capital se apropria
do trabalho, mas a alienação é apenas do corpo.
Já no modo de produção especificamente capitalista (trabalho
industrial), o processo de trabalho é desmontado pelo capital que o
remota à sua própria lógica. A alienação é então total. O trabalhador
da manufatura torna-se propriedade do capital. A mecanização
revolucionou o modo de produzir mercadorias, mas também colocou
o trabalhador debaixo de suas ordens, agora o operário estava
subordinado à maquina e ao proprietário dela.
Para Marx, a especialização do trabalhador, embora aumentasse a
produtividade e a qualidade do que era produzido, levava os
trabalhadores a perder a noção de sua própria importância no
processo total.
O trabalho realizado pelo operário garante-lhe uma remuneração, o
salário, que possibilita a satisfação de suas necessidades materiais
por um certo período de tempo. Isso exige que ele continue a
trabalhar para que possa permanecer existindo.
A remuneração paga corresponderia apenas a uma pequena parte
do valor do trabalho. A maior parte ficaria com o burguês. É a partir
disso que o empresário extrairia seu lucro. Marx chamou isso de
mais-valia, ou seja, a diferença entre o valor pago ao proletário e o
valor se seu trabalho. Vejamos como isso acontece. Ao assinar o
contrato, o trabalhador aceita trabalhar, por exemplo, oito horas
diárias por determinado salário. O capitalista (burguês) passa, a
partir daí, a ter o direito de utilizar essa força de trabalho no interior
da fábrica. O que ocorre, é que o trabalhador em quatro ou cinco
horas de trabalho diárias, por exemplo, já produz o referente ao
valor de seu salário total, as horas restantes, são apropriadas pelo
capitalista.
Assim, a base do sistema capitalista seria a extração da mais-valia
da burguesia (detentora dos meios de produção) em relação ao
proletário (que possui apenas a força de trabalho para vender).
Em parte, o operário e os demais trabalhadores existentes na
sociedade não se apercebem da exploração por causa do
predomínio da ideologia burguesa, liberal, que afirma que as
diferenças entre os indivíduos são resultado da concorrência
natural. Tal naturalização esconde a relação de subordinação de
uma classe sobre a outra permitindo ao burguês manter o controle
sobre a sociedade, ainda que de forma indireta, por meio do
domínio sobre a esfera econômica.
Para Marx, a única forma de superar esta situação de desigualdade
social seria a atuação revolucionária do proletariado, classe social
que sofre diretamente a exploração burguesa no chão da fábrica. É
esta situação de exploração que leva o proletariado a adquirir
consciência e possibilitaria sua união, na forma de sindicatos e
partidos políticos que liderariam a classe trabalhadora numa
revolução contra a burguesia, assumindo o controle do Estado e
iniciando a transição em direção à superação da exploração e da
desigualdade, ou seja, a implantação do comunismo.
1.2.3. A racionalização do trabalho na fábrica:
fordismo/taylorismo.
Como visto anteriormente, além de não mais possuir o controle da
produção, o operário passa a ser incorporado a um conjunto de
regras científicas, as quais têm como objetivo elevar a produtividade
dentro da linha de montagem. Além do mais, essas regras
acabavam por refletir o estado de espírito da sociedade européia do
século XIX, maravilhada com os avanços científicos.
A incorporação dessas regras dentro da linha de produção se deve
à participação do engenheiro Frederich W. Taylor (1856- 1915). Em
seu livro Princípios de administração científica, propunha a
aplicação de princípios científicos na organização do trabalho,
buscando maior racionalização do processo produtivo, que passa a
denominar-se taylorismo. Nesta, procura-se controlar os
movimentos do trabalhador através do uso de um relógio que mede
o tempo que cada trabalhador leva para realizar determinada tarefa.
Taylor procurou também observar como se davam os movimentos
destes trabalhadores na fábrica, de modo a corrigi-los se
necessário, visando novamente, a maior eficiência dentro da linha
de produção. Como forma de controlar esses trabalhadores, outros,
mais produtivos, eram alçados à condição de gerentes, verificando
se o restante da mão de obra na fábrica se adequava aos princípios
do gerenciamento científico.
No século XX, o aperfeiçoamento contínuo dos sistemas produtivos
deu origem a uma divisão social do trabalho muito bem detalhada e
encadeada. Essa nova forma de organização tornou-se conhecida
como fordismo, numa referência ao industrial Henry Ford (1863-
1947) que fazendo uso das técnicas de administração científica
desenvolvida por Taylor, introduziu em sua fábrica de automóvel um
novo processo de produção, tendo como filosofia inovadora a
produção em massa. O novo método de trabalho revolucionou a
indústria automobilística na primeira metade do século XX, nos
Estados Unidos, propagando-se também pela Europa.
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Com as mudanças introduzidas por Henry Ford em sua fábrica, as
expressões fordismo e taylorismo passaram a ser usadas para
identificar um mesmo processo:
Aperfeiçoamento da linha de montagem, onde os veículos eram
montados em esteiras rolantes, enquanto o operário ficava
praticamente parado, realizando apenas uma pequena operação;
Produção em série e em larga escala;
Não exigência de níveis elevados de qualificação do trabalhador;
Redução dos custos unitários de produção, tornando o veículo
acessível ao maior número possível de compradores;
Vultosos volumes de investimentos e grandes instalações e;
Um sistema de recompensas e punições conforme o
comportamento dos operários no interior da fábrica.
Em razão dessas medidas, foi desenvolvido um sistema de
planejamento para aprimorar cotidianamente as formas de controle
e execução das tarefas, o que resultou na criação de um setor de
especialistas na administração da empresa. A hierarquia, bem como
a impessoalidade das normas, foi introduzida no processo produtivo,
sempre comandado por administradores treinados para isso. A
capacidade e a especialização dos operários tinham valor
secundário, pois o essencial eram as tarefas de planejamento e
supervisão.
1.2.4. As implicações do modelo taylorista-fordista
Se, por um lado, o modelo taylorista-fordista apenas foi possível
com o surgimento das grandes multinacionais (que, por sua vez,
foram fruto da associação entre o capital industrial e o capital
financeiro), por outro, o surgimento desses grandes espaços de
produção modificou o cotidiano do operário.
O fordismo aperfeiçoou o controle sobre o trabalhador, agora parado
e atento à linha de produção para realizar sua tarefa de acordo com
o movimento da esteira, preso a determinados movimentos
repetitivos e dependente do tempo cronometrado da produção.
Esse controle do trabalhador impedia a organização em sindicatos e
partidos, restringindo a capacidade do operariado em resistir, dada
sua incapacidade de se movimentar ou conversar. Tal situação
levou muitos críticos a apontar o caráter mecanicista, repetitivo e
emburrecedor desse modelo, grande responsável pela alienação do
trabalhador.
As críticas, no entanto, não afastam as qualidades introduzidas pelo
modelo taylorista-fordista. É possível observar que a racionalização
não se restringiu apenas à fábrica, mas dominou toda a sociedade
ocidental do começo do século XX, que se apegou ao controle do
tempo na forma dos relógios mecânicos, que foram popularizados
permitindo maior precisão nos encontros e obrigações pessoais da
comunidade.
Somando-se a isso, a evolução tecnológica da máquina exigiu uma
mão de obra mais adequada ao seu uso; com isso, o operariado foi
sendo lentamente absorvido por um sistema educacional que se
expandia e se democratizava, gerando possibilidades de ascensão
social. O sistema fordista, no entanto, sucumbiu com o avanço
tecnológico e foi, mais tarde, superado pelo toyotismo.
1.2.5. O Toyotismo ou produção flxível
No início dos anos de 1970 abateu-se sobre o mundo uma recessão
profunda, em razão da criação da OPEP (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) e, da Guerra Fria, com as duas
superpotências (USA e URSS) disputando a hegemonia política,
econômica e armamentista do planeta.
Ainda no início dos anos de 1970, outra revolução se iniciava com a
suplantação do modelo fordista e o surgimento de novo modelo de
organização da fábrica, mais flexível, o Toytismo, modelo
desenvolvido no Japão por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno e implantado
nas fábricas de automóvel Toyot e que se assentava no surgimento
de novas tecnologias, tais como a robótica e a microeletrônica,
inaugurando assim a Terceira Revolução Industrial.
As principais características do modelo toyotista são:
Flexibilização da produção – produzir apenas o necessário,
reduzindo os estoques ao mínimo.
Automatização - utilizando máquinas que desligavam
automaticamente caso ocorresse qualquer problema, um funcionário
poderia manusear várias máquinas ao mesmo tempo, diminuindo os
gastos com pessoal.
Just in time (na hora certa) – sem espaço para armazenar matéria-
prima e mesmo a produção, criou-se um sistema para detectar a
demanda e produzir os bens, que só são produzidos após a venda.
Kanban (etiqueta ou cartão) – método para programar a produção,
de modo que o just in time se efetive.
Team work (trabalho em equipe) – os trabalhadores passaram a
trabalhar em grupos, orientados por uma líder, abolindo assim a
função de trabalhadores profissionais e especializados para torná-
los especialistas multifuncionais.
Controle de qualidade total – todos os trabalhadores, em todas as
etapas da produção são responsáveis pela qualidade do produto e a
mercadoria só é liberada para o mercado após uma inspeção
minuciosa de qualidade. A idéia de qualidade total também atinge
diretamente os trabalhadores, que devem ser “qualificados” para
serem contratados. Dessa lógica nasceram os certificados de
qualidade, ou ISO.
Com a robotização e a informatização compondo o universo
produtivo, certas modalidades típicas do modelo fordista foram
desaparecendo assim como o operário da linha de produção. Tal
obsolescência nas formas de trabalho reforçou o fenômeno do
desemprego estrutural. Outro aspecto que contribuiu para o
desemprego estrutural foi o deslocamento de atividades industriais
para outras áreas do globo, que contribuiu para o desemprego em
países desenvolvidos e para a exploração de mão de obra em
países periféricos, devido ao processo de terceirização.
Contudo, os trabalhadores inseridos no topo desse modelo
produtivo foram de alguma forma, beneficiados, pois se tornaram
mais qualificados para o desempenho de várias funções e passaram
a gerenciar os sistemas de produção. Como também à maior
liberdade que o trabalhador possui, não tendo de cumprir uma carga
horária de trabalho específica por dia, mas tendo de atingir a
produtividade estabelecida pela empresa.
No entanto, as críticas ao toyotismo e à produção flexível situam-se
na afirmação de que só aparentemente há um distanciamento entre
este modelo e o fordista/taylorista. Segundo os críticos, o toyotismo
nada mais faria do que uma adaptação do modelo anterior com
suaves distinções, com a flexibilidade e a terceirização, da maior
qualificação do trabalhador.
Atualmente, o capitalismo é aceito por muitos como a única forma
de economia capaz de satisfazer as necessidades humanas de
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100
consumo, principalmente após a crise do socialismo real e o
conseqüente desmantelamento da União Soviética, em 1991.
Contudo, a adoção de medidas neoliberais combinadas com a
globalização da economia não tem sido capaz de dar conta da
pobreza e da miséria à que está submetida grande parcela da
humanidade. Do ponto de vista socioeconômico, os países
continuam divididos entre atrasados (ou subdesenvolvidos) e
avançados (ou desenvolvidos). Os primeiros podem ser
caracterizados por serem dependentes economicamente e não
solucionarem as suas mazelas sociais, enquanto os segundos são
detentores das grandes empresas (multinacionais) e superaram
parte de seus problemas sociais. De qualquer maneira, o aumento
da violência nos centros urbanos, muitas vezes associado ao tráfico
de drogas ou a outras atividades ilícitas, tem demonstrado e
reforçado o problema da exclusão social gerada por aquilo que
chamamos de capitalismo selvagem.
1.2.6. O Trabalho no Brasil
No final do século XIX, com a abolição da escravidão no Brasil,
encerrou-se um período de mais de 350 anos de predomínio do
trabalho escravo no Brasil.
A Lei Áurea, de 1888, teve impacto decisivo na consolidação da
mão de obra livre, no entanto, a abolição não veio acompanhada de
uma reintegração dos ex-escravos à sociedade como homens e
mulheres livres.
A consolidação da mão de obra livre também não significou a
inclusão efetiva da classe trabalhadora nas demais políticas. A
incipiente industrialização do Brasil no início do século XX fez surgir
a existência de pequenas ilhas de urbanização, como as cidades de
São Paulo e Rio de Janeiro- com maior destaque para a primeira a
partir do início do século XX-, gerando uma incipiente classe
operária urbana, principalmente de origem européia -
predominantemente italianos e espanhóis e os primeiros
movimentos grevistas.
A ausência de uma legislação trabalhista perdurou até a década de
1930, quando Getúlio Vargas criou as primeiras leis trabalhistas. Em
1943, ainda sob a ditadura do Estado Novo, Vargas criou a
Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), que regulamentou a
duração da jornada de trabalho, o salário mínimo, as férias anuais, a
segurança do trabalho, a regulamentação do trabalho feminino e
juvenil, além de outras conquistas da classe trabalhadora, como a
carteira de trabalho. Com algumas alterações ocorridas de lá pra cá,
especialmente após a Constituição de 1988, a CLT continua sendo
o referencial para a regulamentação das relações patrão/empregado
no Brasil. Porém, com o estabelecimento da abertura econômica
durante os anos 1990, além da incorporação das já referidas
tecnologias da terceira revolução técnico-científica, a temática dos
direitos trabalhistas no Brasil se divide em duas posições distintas.
De um lado, o movimento sindical, liderado pela CUT e com
inspiração do sindicalismo europeu, afirma que é necessário manter
a legislação trabalhista, especificamente a CLT, além de defender a
redução da jornada de trabalho, como já aconteceu em países como
a Alemanha. Do outro, economistas especialistas em mercado de
trabalho argumentam a necessidade de uma reforma ou até mesmo
uma flexibilização da legislação trabalhista para aumentar o número
de postos de trabalho. Enquanto esse debate permanece e não
sensibiliza a sociedade brasileira, é possível verificar que cada vez
mais os trabalhadores recorrem ao trabalho informal, aumentando o
fosso entre aqueles com carteira de trabalho assinada e os “sem-
carteira”.
Questões
5. Podemos considerar como características básicas da sociedade
capitalista:
A) O trabalho servil, a manufatura e o direito consuetudinário.
B) O trabalho escravo, a condição de cidadania e a democracia.
C) O trabalho assalariado, a propriedade privada dos meios de
produção e a mais-valia.
D) O trabalho coletivo, a socialização dos meios de produção e os
cercamentos.
E) O trabalho livre, a justiça social, o Estado socialista e a
democracia civil.
6. (UFPA/PSS) As condições de trabalho no sistema capitalista
variam ao longo de sua expansão e consolidação; mas há
recorrências nas relações sociais próprias desse modo de produção.
A esse respeito, é correto afirmar:
A) O trabalho escravo que hoje existe no sul do estado do Pará é
uma prática que surgiu no período da colonização da Amazônia,
quando africanos foram trazidos para essa região, desde o início
do século XVII.
B) O tráfico de pessoas tem gerado debates no meio acadêmico,
nos vários níveis de governo e em diversas organizações não-
governamentais. Esse modo de aliciamento de pessoas é
explicado, entre outras razões, pela escassez de mão-de-obra
qualificada para trabalhar nas áreas fronteiriças do norte do
Brasil.
C) Apesar dos avanços tecnológicos de setores como os de
informação e saúde, nota-se que há distribuição desigual do que
é produzido no capitalismo, e isso fortalece a expansão de
valores da ideologia burguesa.
D) Mesmo com o combate nos meios de comunicação e com o que
determina a legislação específica, o trabalho infantil é utilizado
pelo terceiro setor na oferta de serviços, como o turismo e o
agronegócio.
E) As mudanças ocorridas ao longo da expansão do capitalismo não
eliminaram as diferenças entre as classes sociais, e o destino
daquilo que é produzido pelo trabalhador continua a ser
controlado pelo proprietário dos meios de produção.
7. (COC/SP) As mudanças trazidas pela Revolução Industrial
provocaram novas reflexões sobre a sociedade e seu comporta-
mento. Karl Marx, um dos pensadores marcantes do século XIX, nas
suas reflexões:
A) reconhecia a falta de justiça social, devido aos exageros do
sistema capitalista que incentivava a exploração das classes
desfavorecidas.
B) Admitia o grande valor da tecnologia produzida pelo capital,
necessária para acabar com o liberalismo econômico.
C) Defendia a necessidade de ampliar a intervenção do Estado na
gestão da economia, a fim de pôr fim aos sistemas
parlamentares europeus.
D) Propunha a luta da sociedade para negar as mudanças sociais,
admitindo a volta aos princípios do mercantilismo.
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101
E) Restringia, às classes sociais urbanas, os planos de crescimento
da sociedade européia e de uma melhor qualidade de vida.
8. Para Karl Marx, a palavra alienação:
A) Contém o significado apenas jurídico
B) Representa a plena tomada de consciência do trabalhador da
sua situação de exclusão dentro da fábrica.
C) Representa a separação do trabalhador dos meios de produção,
que se tornam propriedade privada dos empresários capitalistas.
D) Significa a realização pessoal do trabalhador como alguém
importante no processo produtivo.
E) Pode conter vários significados, mas o principal é a consciência
de classe.
9. (ENEM-2010) A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se
transformava em lucro. As cidades tinham suas sujeiras lucrativas,
suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem
lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu
desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram
como as Pirâmides, mostrando mais a escravidão do homem que
seu poder. DEANE, P. A Revolução industrial. Rio de Janeiro:
Zahar, 1979(adaptado).
Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos
ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as
características das cidades industriais no início do século XIX?
A) O aprofundamento dos vínculos dos operários com as linhas de
montagem sobe influencia dos modelos orientais de gestão..
B) O aumento das formas de teletrabalho como solução de larga
escala para o problema do desemprego crônico.
C) O avanço do trabalho flexível e da tercerização como respostas
às demandas por inovação e com vistas à mobilidade dos
investimentos.
D) A autonomização crescente das máquinas e computadores em
substituição ao trabalho dos especialistas técnicos e gestores.
E) O fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes, executivos
e clientes com a garantia de harmonização das relações de
trabalho.
10. (UEL-PR) Segundo Braverman:
O mais antigo princípio inovador do modo capitalista de produção foi
a divisão manufatureira do trabalho [...] A divisão do trabalho na
industria capitalista não é de modo algum idêntica ao fenômeno da
distribuição de tarefas, ofícios ou especialidades da produção [...].
BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Tradução
Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1981, p.70.
O que difere a divisão do trabalho na indústria capitalista das formas
de distribuição anteriores do trabalho?
A) A formação de associações de ofício que criaram o trabalho
assalariado e a padronização de processos industriais.
B) A realização de atividades produtivas sob a forma de unidades
de famílias e mestres, o que aumenta a produtividade do
trabalho e a independência individual de cada trabalhador.
C) O exercício de atividades produtivas por meio da divisão do
trabalho por idade e gênero, o que leva a exclusão das
mulheres do mercado de trabalho.
D) O controle do ritmo e da distribuição da produção pelo
trabalhador, o que resulta em mais riqueza para essa parcela da
sociedade.
E) A subdivisão do trabalho de cada especialidade produtiva em
operações limitadas, o que conduz ao aumento da produtividade
e à alienação do trabalhador.
11. Quanto ao fordismo, podemos associá-lo corretamente com:
A) Artesanato.
B) Irracionalidade.
C) Desapego ao lucro.
D) Linha de montagem.
E) Diminuição da produção.
12. Quanto ao taylorismo podemos afirmar que está relacionado
com:
A) Organização. B) Incoerência. C) Incompetência.
D) Honra. E) Artesanato.
13. (ENEM-2001- Adaptada). “Um operário desenrola o arame, o
outro o endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para
a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete
requerem- se 3 ou 4 operações diferentes;”
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua
Natureza e suas Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
A respeito do texto são feitas as seguintes afirmações:
I Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são
submetidos os operários.
II. O texto refere-se à produção informatizada e produção artesanal.
II. Ambos contêm a idéia de que o produto da atividade industrial
não depende do conhecimento de todo o processo por parte do
operário.
Dentre essas afirmações, apenas
A) I está correta. B) II está correta. C) III está correta.
D) I e II estão corretas. E) I e III estão corretas.
14. (ENEM-2011) Estamos testemunhando o reverso da tendência
histórica da assalariação do trabalho e socialização da produção,
que foi característica predominante na era industrial. A nova
organização social e econômica baseada nas tecnologias da
informação visa à administração descentralizadora, ao trabalho
individualizante e aos mercados personalizados. As novas
tecnologias da informação possibilitam, ao mesmo tempo, a
descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede
interativa de comunicação em tempo real, seja entre continentes,
seja entre os andares de um mesmo edifício.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006
(adaptado).
No contexto descrito, as sociedades vivenciam mudanças
constantes nas ferramentas de comunicação que afetam os
processos produtivos nas empresas. Na esfera do trabalho, tais
mudanças têm provocado
A) o aprofundamento dos vínculos dos operários com as linhas de
montagem sobe influencia dos modelos orientais de gestão..
B) o aumento das formas de teletrabalho como solução de larga
escala para o problema do desemprego crônico.
C) O avanço do trabalho flexível e da tercerização como respostas
às demandas por inovação e com vistas à mobilidade dos
investimentos.
D) a autonomização crescente das máquinas e computadores em
substituição ao trabalho dos especialistas técnicos e gestores.
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102
E) o fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes, executivos
e clientes com a garantia de harmonização das relações de
trabalho.
15. (ENEM-2011) A introdução de novas tecnologias desencadeou
uma série de efeitos sociais que afetaram os trabalhadores e sua
organização. O uso de novas tecnologias trouxe a diminuição do
trabalho necessário que se traduz na economia líquida do tempo de
trabalho, uma vez que, com a presença da automação
microeletrônica, começou a ocorrer a diminuição dos coletivos
operários e uma mudança na organização dos processos de
trabalho.
Revista Eletrônica de Geografia y Ciências Sociales. Universidad de
Barcelona. Nº 170(9), 1 ago. 2004.
A utilização de novas tecnologias tem causado inúmeras alterações
no mundo do trabalho. Essas mudanças são observadas em um
modelo de produção caracterizado.
A) Pelo uso intensivo do trabalho manual para desenvolver produtos
autênticos e personalizados.
B) Pelo ingresso tardio das mulheres no mercado de trabalho no
setor industrial.
C) Pela participação ativa das empresas e dos próprios
trabalhadores no processo de qualificação laboral.
D) Pelo aumento na oferta de vagas para trabalhadores
especializados em funções repetitivas.
E) Pela manutenção de estoques de larga escala em função da alta
produtividade.
16. (SISTEMA DOM BOSCO) Dois homens entram na fila para
comprar entradas para o espetáculo. Cada um paga $9,90, por três
poltronas. Ao se afastar da bilheteria, um deles se reúne aos seus
dois amigos. Entram no teatro, sentam-se e esperam que o pano se
levante. O outro homem deixa a bilheteria, coloca-se no passeio em
frente ao teatro e, com as entradas na mão, aborda os transeuntes.
Pode ser que acabe vendendo as entradas ($4,40 cada) ou pode
ser que não venda. Não importa. Há alguma diferença entre os
$9,90 desses senhores ilustres?
HUBERMAM, Leo. A história da riqueza do homem. Rio de Janeiro:
Zahar Editores, 1981.p. 167-168 /B
A) O dinheiro do Sr. Espectador e o dinheiro do Sr. Frequentador
têm o mesmo significado econômico no capitalismo.
B) O dinheiro só se torna capital quando é usado para adquirir
mercadorias ou trabalho com a finalidade de vendê-los
novamente, com lucro.
C) Não há diferença nenhuma entre o dinheiro do Sr. Espectador e
do Sr. Freqüentador, porque servem para a mesma finalidade,
adquirir um bem material.
D) No capitalismo o dinheiro não tem valor de troca, apenas valor
financeiro.
E) O lucro é um conceito secundário no capitalismo, que tem por
objetivo principal comprar bens materiais pelos valores de custo.
17. (ENEM) Um banco inglês decidiu cobrar de seus clientes cinco
libras toda vez que recorressem aos funcionários de suas agências.
E o motivo disso é que, na verdade, não querem clientes em suas
agências; o que querem é reduzir o número de agências, fazendo
com que os clientes usem as máquinas automáticas em todos os
tipos de transações. Em suma, eles querem se livrar de seus
funcionários.
HOBSBAWM, E. O novo século. São Paulo: Companhia das letras,
2000(adaptado).
O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da adoção de
novas tecnologias na economia capitalista contemporânea. Um
argumento utilizado pelas empresas e uma conseqüência social de
tal aspecto estão em.
A) Qualidade total e estabilidade no trabalho.
B) Pleno emprego e enfraquecimento dos sindicatos.
C) Diminuição dos custos e insegurança no emprego.
D) Responsabilidade social e redução do desemprego.
E) Maximização dos lucros e aparecimento de empregos.
18. (COC/SP-Adaptada) O desemprego causado pelas inovações
tecnológicas incorporadas à produção vem crescendo no Brasil e
nos demais países capitalistas. Essa situação vem provocando
mudanças no mercado de trabalho e exigindo soluções alternativas.
Marque a assertiva que apresenta as mudanças no mercado de
trabalho.
A) A incorporação da tecnologia à produção demanda, cada vez
mais, trabalhadores desqualificados.
B) O contrato com carteira assinada tem sido uma das alternativas
adotadas.
C) A mão de obra não qualificada é um requisito cada vez mais
exigido.
D) O mercado de trabalho vem demandando trabalhadores
polivalentes e constantemente atualizados.
E) A ampliação da jornada de trabalho semanal para 50 horas
representa uma das soluções alternativas.
2. DIREITOS, CIDADANIA E MOVIMENTOS SOCIAIS
2.1. Direitos para todos
Com a Revolução Francesa (1789), os direitos baseados nos
princípios da liberdade e da igualdade foram declarados universais,
ou seja, válidos para todos os habitantes do planeta. Entretanto,
esses direitos, expressos na Declaração de Direitos do Homem e do
Cidadão aprovados pela Assembléia Nacional francesa, não se
estendiam às mulheres. Embora não seja muito citado nos livros de
História, é sempre bom lembrar o caso de Olympe de Gouges
(1748-1793), ativista e dramaturga francesa que, em 1791, propôs
uma declaração dos direitos da mulher e acabou na guilhotina.
Os documentos originados da Revolução Francesa e da
Independência dos Estados Unidos são a base da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações
Unidas (ONU), criada em 1948. Fortemente influenciada pelo horror
e atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, a
declaração Universal dos Direitos Humanos estendeu a liberdade e
a igualdade de direitos, até nos campos econômico, social e cultural,
a todos os seres humanos.
De acordo com essa concepção universalista, os direitos humanos
estão acima de qualquer poder existente, seja do Estado, seja dos
governantes. Em caso de violação, os responsáveis devem ser
punidos.
2.2. Direitos civis, políticos e sociais
A questão da cidadania só começou a aparecer nos séculos XVII e
XVIII, e ainda assim de forma sutil, por meio da formulação dos
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103
chamados direitos civis. Naquele momento, procurava-se garantir a
liberdade religiosa e de pensamento, o direito de ir e vir, o direito à
propriedade, a liberdade contratual, principalmente, a de escolher o
trabalho, e, finalmente, a justiça, que deveria salvaguardar todos os
direitos anteriores.
Esses direitos passaram a ser o ideal das épocas seguintes e
constaram em todas as legislações européias a partir de então. Isso
não significava que os direitos civis chegaram a todas as pessoas.
O cidadão no pleno gozo de seus direitos era o indivíduo
proprietário de bens e principalmente de terras, o que mostra que a
cidadania era restrita.
Os direitos políticos estão relacionados com a formação do Estado
democrático representativo e envolvem os direitos eleitorais – a
possibilidade de o cidadão eleger seus representantes e ser eleito
para cargos públicos -, e o direito de participar de associações
políticas, como os partidos e os sindicatos, e o direito de protestar.
Considerados desdobramentos dos direitos civis, os direitos
políticos começaram a ser reivindicados por movimentos populares
já no século XVIII, mas, na maioria dos países, só se efetivaram no
século XX, quando o direito de voto foi estendido às mulheres.
No século XX também chegou a vez de os direitos sociais serem
postos em prática. As pessoas passaram a ter direito à educação
básica, assistência à saúde, programas habitacionais, transporte
coletivo, sistema previdenciário, acesso ao sistema judiciário, etc.
Os direitos civis, políticos e sociais estão assentados no princípio da
igualdade, mas não podem ser considerados universais, pois são
vistos de modo diferente em cada Estado e em cada época. Há uma
diversidade muito grande de sociedades, que se estruturam de
modo diferente e nas quais os valores, os costumes e as regras
sociais são distintos daqueles que predominam no Ocidente.
No final do século XX e no início do século XXI, outros direitos
relacionados a segmentos e situações sociais específicos – por
exemplo, consumidores, idosos, adolescente, crianças, mulheres,
minorias étnicas, homossexuais- consolidaram-se.
Recentemente surgiram direitos difusos, e os mais expressivos são
os relativos ao meio ambiente, que beneficiam a todos. Também se
afirmam os direitos dos animais ou da natureza em geral, assim, a
preservação das matas e animais em via de extinção garante o
direito dos humanos a um ambiente diversificado.
2.3. Cidadania hoje
Ser cidadão é ter a garantia de todos os direitos civis, políticos e
sociais que assegurem a possibilidade de uma vida plena. Esses
direitos não foram conferidos, mas exigidos, integrados e assumidos
pelas leis, pelas autoridades e pela população em geral. A cidadania
também não é dada, mas construída em um processo de
organização, participação e intervenção social dos indivíduos ou de
grupos sociais. Só na constante vigilância dos atos do cotidiano o
cidadão pode apropriar-se desses direitos, fazendo-os valer de fato.
Se não houver essa exigência, eles ficarão no papel.
O conceito de cidadania foi gerado nas lutas que estruturaram os
direitos universais do cidadão. Desde o século XVIII, muitas ações e
movimentos foram necessários para que se ampliassem o conceito
e a prática da cidadania. Nesse sentido, pode-se afirmar que
defender a cidadania é lutar pelos direitos e, portanto, pelo exercício
da democracia, que é a constante criação de novos direitos.
Na sociedade contemporânea, porém, há um grau de complexidade
e de desigualdade tão grande que a divisão dos direitos do cidadão
em civis, políticos e sociais já não é suficiente para explicar sua
dinâmica. Como alternativa a essa classificação temos: a cidadania
formal e a cidadania substantiva ou real.
A cidadania formal é aquela que está nas leis, principalmente na
constituição de cada país e estabelece que todos são iguais perante
a lei e garante ao indivíduo a possibilidade de lutar judicialmente por
seu direitos.
A cidadania substantiva ou real, aquela que vivenciamos no
cotidiano, mostra que não há uma igualdade fundamental entre
todos os seres humanos. A exemplo do direito à vida e o direito de ir
e vir.
A defesa dos direitos humanos convive com sua violação. A
coerência entre os princípios e a prática dos direitos humanos será
estabelecida se houver uma luta constante pela sua vigência,
travada por meio de ações políticas ou movimentos sociais. Direitos
só se tornam efetivos e substantivos quando são exigidos e
vivenciados cotidianamente.
2.4. Os movimentos sociais
Os movimentos sociais são ações coletivas com o objetivo de
manter ou mudar uma situação. Eles podem ser locais, regionais,
nacionais e internacionais.
Partindo desse conceito amplo de movimentos sociais, pode-se
pensar que eles sempre existiram nas sociedades humanas, em
diferentes épocas. Interessa aqui, os movimentos sociais inerentes
à sociedade capitalista.
Os movimentos sociais são sempre de confronto político. Na maioria
dos casos eles têm uma relação com o Estado, seja de oposição,
seja de parceria, de acordo com seus interesses e necessidades.
Observam-se várias formas de atuação dos movimentos sociais:
contra ações do poder público que sejam consideradas lesivas aos
interesses da população ou de um setor dela; para pressionar o
poder público a resolver problemas relacionados à segurança, à
educação, à saúde, etc. (um exemplo são as ações que exigem do
Estado medidas contra a exploração sexual e o trabalho infantil); em
parceria com o poder público para fazer frente às ações de outros
grupos ou empresas privadas (é o caso dos movimentos de
proteção ambiental); para resolver problemas da comunidade,
independentemente do poder público, muitas vezes tomando
iniciativas que caberiam ao Estado (exemplo, as ações realizadas
por ONGs- Organizações Não Governamentais).
Existem também movimentos cujo objetivo é desenvolver ações que
favoreçam a mudança da sociedade com base no principio
fundamental do reconhecimento do outro, do diferente. Por meio
desses movimentos, procuram-se disseminar visões de mundo,
idéias e valores que proporcionem a diminuição dos preconceitos e
discriminações que prejudicam as relações sociais. Exemplos são
os movimentos étnico-raciais, gay, feminista e pela paz e contra a
violência.
2.5. Os movimentos sociais no Brasil
Os primeiros movimentos de resistência no Brasil acontecem
durante o período colonial (1500-1822), contra a escravidão, tanto
dos indígenas quanto dos africanos escravizados.
Os povos indígenas lutaram do século XVI ao século XVIII para não
serem escravizados e para manter suas terras e seu modo de vida.
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104
Dentre esses movimentos, destaque para: Confederação dos
Tamoios (1555-1567); Guerra dos Aimorés (1555-1673); Revolta
Mandu-Ladino (1712-1719); Guerrilha Mura (1560-1689); Guerra
dos Açus (1686-1692).
Os escravos africanos tinham como forma de resistência as revoltas
localizadas e a formação de quilombos. Os quilombos se
estruturaram em várias partes do Brasil; o maior e mais significativo
foi o Quilombo dos Palmares, localizado no atual estado de
Alagoas- começou a se formar aproximadamente em 1630 e foi
mantido até 1694, e teve de 20 mil a 30 mil habitantes.
Além dos movimentos dos indígenas e dos escravos, ocorreram no
Brasil colonial dois movimentos pela independência em relação a
Portugal: a Inconfidência Mineira (1789-1792) e a Conjuração
Baiana (1796-1799).
No período imperial, entre 1822 e1889, ocorreram movimentos pelo
fim da escravidão e contra a Monarquia, tendo como objetivo a
instauração de uma República no Brasil. Dentre os mais
expressivos, temos: Confederação do Equador (1824); Cabanagem
(1835-1840); Revolta dos Malês (1835); Sabinada (1837-1838);
Guerra dos Farrapos (1835-1845); Balaiada (1839) e Revolução
Praieira (1848).
Além das revoltas regionais, dois grandes movimentos sociais, a
partir de 1850, alcançaram âmbito nacional: o movimento
abolicionista e o republicano.
O movimento abolicionista agregou políticos, intelectuais,
romancistas brancos, negros e pardos libertos. Cresceu lentamente
pois sofria a oposição dos grandes proprietários de terras e
escravos. Por isso, quando finalmente ocorreu a abolição, os ex-
escravos foram deixados a própria sorte, o que criou uma questão
social que perdura até hoje no Brasil.
O movimento republicano foi dominado pelos segmentos mais ricos
da sociedade. A organização buscava uma nova forma de acomodar
os grupos que desejavam o poder sem a presença do imperador e
da Monarquia.
Os movimentos sociais que ocorreram entre o final do século XIX e
os primeiros anos do século XX mostravam um caráter político e
social marcante. Dois movimentos podem ser citados pela denuncia
da miséria, da opressão e das injustiças da república dos Coronéis:
a Guerra de Canudos (1893 e 1897) e a Guerra do Contestado
(1912-1916). Os dois movimentos, após anos de resistência e
muitas batalhas, foram massacrados pela força do Exercito
nacional, em uma matança indiscriminada.
Outros movimentos de caráter urbano marcaram as primeiras
décadas do século XX. Foram as greves operárias – proibidas por
lei - que emergiram de modo significativo e tomaram conta das
fábricas no Sudeste do país.
No meio militar, inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo,
desenvolveu-se um movimento que teve grande alcance em termos
políticos, por colocar em discussão as bases de sustentação do
regime republicano: o Tenentismo.
De 1930 a 1964, os movimentos sociais no Brasil passaram por dois
momentos distintos. O primeiro, de 1930 a 1945, foi marcado por um
forte controle do Estado sobre a sociedade e pouco espaço para
manifestações. Mesmo assim, dois movimentos buscaram alcançar
o poder do Estado: o Movimento da Ação Integralista Nacional e a
Aliança Nacional Libertadora (ANL).
O segundo momento, de 1946 a 1964, foi inaugurado pela
promulgação de uma nova constituição, que estabelecia a
democracia no país. Vários movimentos eclodiram no país, em
especial a campanha pela nacionalização do petróleo - resultando
na criação da PETROBRAS - e os movimentos agrários, com
destaque para as Ligas Camponesas, que se estendeu até 1964.
Apesar do golpe militar promovido em 1964, os movimentos de
estudantes e dos trabalhadores continuaram atuantes e criou uma
situação de contestação aberta ao regime, até Dezembro de 1968,
quando foi decretado o AI-5, que cassou todos os direitos do
cidadão, inclusive o de manifestação.
Entretanto, surgiram movimentos armados (rurais e urbanos) de
contestação ao regime. Os seqüestros (que visavam trocar
prisioneiros do regime pelo seqüestrado) e os roubos a bancos
(para sustentar as ações contra o regime) foram as ações mais
utilizadas nas cidades. No campo, foram montados movimentos de
guerrilheiros, o mais conhecido é a Guerrilha do Araguaia, apoiada
pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B). A repressão aos
movimentos armados ocorreu de modo extensivo.
No fim da década de 1970 e início dos anos de 1980, destaque para
os movimentos grevistas em São Paulo, principalmente no chamado
ABCD (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema),
região que concentrava o maior parque industrial do Brasil e,
portanto, o maior número de trabalhadores industriais.
No campo, desempenhou importante papel no questionamento da
situação da terra no Brasil e no enfrentamento ao regime militar, o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Organizado
no Sul do país, a partir de 1979, com apoio de parte da Igreja
católica (Pastoral da Terra), do PT e da CUT, o MST tinha como
objetivo criticar a estrutura da propriedade da terra no Brasil- onde o
latifúndio é dominante- e as condições de vida dos trabalhadores
rurais.
Os anos 1980 representaram um momento de refluxo da esquerda
internacional por conta do esgotamento do ciclo de lutas europeu
dos anos 1960 e 1970 e pelo declínio da União Soviética. Quando
toda esquerda ocidental se encontrava em crise, o Brasil acenou
para o mundo com movimentos sociais fortes e uma organização
partidária de cunho operário.
Esses movimentos protagonizaram a lutas pelas Diretas Já, que se
tornou uma das maiores manifestações de massa da história do
País e consolidou o fim da ditadura.
Em 1989, a campanha presidencial mobilizou todo o País. A eleição
foi vencida por Fernando Collor de Melo - o mesmo presidente
contra quem a geração estudantil tomaria as ruas para exigir seu
impeachment, em 1992.
No bojo dos das lutas sociais na década de 1990 surgem
movimentos sociais que buscam a promoção de ações de combate
a discriminação racial; pela manutenção e respeito pelo direito à
propriedade de suas terras, herdadas de seus antepassados e
muitas vezes expropriadas pela falta de regularização da situação
jurídica e de garantia dos direitos étnicos dos quilombolas, através
da fundação de entidades como a Coordenação Nacional das
Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), tendo como
símbolo emblemático Zumbi dos Palmares.
Na atualidade o Brasil começou a viver um dos maiores momentos
de protestos de massa dos seus últimos 35 anos. As jornadas de
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105
luta que tiveram início em Junho de 2013 em São Paulo contra o
aumento da passagem de ônibus, coordenado pelo Movimento
Passe Livre (MPL) que luta pelo acesso à cidade através da
concepção da mobilidade urbana como um direito social e tornou-se
o principal irradiador dos descontentamentos políticos nacionais.
As manifestações se espalharam por diversas cidades no País, com
cerca de 2 milhões de pessoas nas ruas em 438 cidades,
espalhadas por todos os estados brasileiros e apresentaram
diversas demandas sociais, a exemplo da questão indígena, a
crítica aos gastos da Copa do Mundo e a corrupção. O saldo das
jornadas de Junho somam redução da tarifa de transporte em pelo
menos 104 cidades e 17 estados e a implantação do Tarifa Zero em
Paulínia, no interior paulista.
Outro aspecto importante e considerada uma das principais forças
por trás das manifestações foi à utilização das redes sociais como
instrumento de mobilização, com destaque para o Facebook e o
Twitter.
Em meio às manifestações pacíficas lideradas pelo MPL surgem
jovens de preto e mascarados dispostos a destruir bancos e lojas e
enfrentar a polícia com as próprias mãos. BLACK BLOC foi o termo
surgido de forma confusa na imprensa nacional. Seriam jovens
anarquistas anticapitalistas e antiglobalização, cujo lema passa por
destruir a propriedade de grandes corporações e enfrentar a polícia.
Além de ameaçar à propriedade e às regras do cotidiano (como
atrapalhar o transito e a visita oficial do papa), as atuações
explicitaram a emergência de uma faceta dos movimentos sociais,
de cunho anarquista e autonomista, que vão do Movimento Passe
Livre e outros coletivos até a face extrema dos encapuzados.
Se no começo das manifestações os Black Bloc tomavam carona
nos protestos organizados por entidades com pautas claras, pouco
a pouco passaram a agir sozinhos. São manifestações instantâneas,
acéfalas e impossíveis de controlar. Como não são uma
organização, mas uma tática condicionada a contextos políticos, os
Black Bloc devem surgir com mais freqüência. A Copa do Mundo e
as Olimpíadas, com seus espaços delimitados, gastos controversos
e simbologias fartas, são alvos esperados.
Corretos ou não, a tática Black Bloc forçou a discussão sobre o uso
da desobediência civil e da ação direta, do questionamento da
mobilização pelo próprio sistema representativo.
2.6. Os novos movimentos sociais
Os novos movimentos sociais são frutos da própria diversificação da
sociedade, resultado da expansão capitalista e da maior distribuição
da riqueza ao longo do século XIX e do século XX. Com essa
diversificação, observa-se a emancipação de grupos até então
subordinados a uma ordem social patriarcal e conservadora.
Em um primeiro momento, esses movimentos eclodem em nações
marcadas por maior organização política e social, onde a
democracia se instalava de forma decisiva como resultado das
pressões sociais até então promovidas pelo operariado.
Neste contexto, destaca-se o fortalecimento do movimento negro e
do movimento feminista nos EUA, um dos principais palcos pela luta
por direitos civis entre a primeira e a segunda metade do século XX.
Nos anos 1960, destaque para o movimento estudantil e o
movimento hippie.
A crítica ao conservadorismo e aos valores instituídos, assim como
a expansão da renda para outros setores e segmentos da
sociedade, são fatores que vão incentivar o surgimento do
movimento gay, posteriormente incorporando outras opções sexuais
até chegar a sua forma atual, o movimento LGBT (lésbicas, gays,
bissexuais e travestis).
Por fim, vale destacar a preocupação ecológica com o
desenvolvimento sustentável, prática recente que se associa com as
alterações climáticas decorrentes do acelerado e desenfreado
crescimento industrial, que ameaça o ecossistema do qual a
humanidade faz parte.
2.6.1. O movimento feminista
A discussão moderna sobre a posição da mulher nas diferentes
sociedades vem sendo travada desde o século XVIII.
No século XIX é marcado pela presença da ativista Olympe de
Gouges que encaminhou à Assembléia Nacional da França, em
1791, uma Declaração dos Direitos da mulher e da Cidadã, pedindo
que o documento fosse tomado como fundamento da Constituição.
No início do século XX a luta das mulheres adquiriu nova
configuração com a organização de movimentos e campanhas pelo
direito de votar, primeiro nos Estados Unidos em 1920, e depois na
Inglaterra, em 1928, no Brasil esse direito só foi conquistado em
1932.
Após as lutas pelo direito ao voto, o movimento das mulheres se
enfraqueceu, sendo retomado na década de 1960. Dizia-se que as
mulheres eram inferiores aos homens. Contrapunha-se a essa visão
o argumento de que a desigualdade sexual é histórica, e não
natural, pois foi sendo construída desde a Antiguidade para manter
a opressão dos homens e a condição subalterna da mulher. Nas
décadas posteriores ocorreu uma grande diversificação das lutas e
dos movimentos das mulheres. Os seguintes temas se destacam
hoje no movimento feminista: a crítica à sociedade patriarcal,
baseada na dominação do homem como cabeça do casal e da
família; a igualdade de condições e de salários de trabalho; o direito
à liberdade de uso do corpo, no que se refere a reprodução,
contracepção e aborto; o questionamento da heterossexualidade
como norma e o reconhecimento de outras manifestações da
sexualidade, como a bissexualidade e o lesbianismo; a
especificidade da visão feminina do mundo em todas as áreas do
conhecimento; a discussão sobre a identidade corporal e a
sexualidade feminina.
2.6.2. O movimento ambiental
Esse movimento é típico da sociedade industrial. O movimento
ambiental surgiu no século XIX, quando foram percebidos os
primeiros sinais de distúrbios ambientais, mas desenvolveu-se
lentamente até a década de 1970.
Esse tipo de movimento tem uma característica interessante,
envolve desde a ação de um pequeno grupo salvar uma árvore em
uma área urbana até a ação de grupos e instituições internacionais
pela preservação de matas, mares, rios, ecossistemas inteiros, a
exemplo do GREEPACE. Evidenciando que o movimento ambiental
vai do local ao global e a construção de uma consciência ecológica
difusa no mundo. Outra característica é não ser organizado
mundialmente, mas um conjunto de movimentos que desenvolveu
uma cultura ambientalista e criou um novo direito: o de viver em um
ambiente saudável.
As ações desenvolvidas por movimentos e organizações no mundo
todo contribuíram para que a ONU (Organização das Nações
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106
Unidas) passasse a orientar seus membros a respeito das questões
ambientais.
Vários são os questionamentos e motivações que animam os
movimentos ambientais, dentre eles:
A proteção da diversidade da vida na Terra; a preservação da
qualidade de vida dos habitantes do planeta, que são atingidos por
agentes poluidores na água, no ar ou no solo; o controle da
aplicação industrial de resultados do progresso cientifico e técnico
que possam trazer problemas à humanidade, como os resíduos
tóxicos e as conseqüências do uso de energia nuclear, agrotóxicos
e, mais recentemente, produtos transgênicos; o controle do uso dos
recursos naturais, principalmente da água doce e daqueles oriundos
da atividade extrativa de produtos não renováveis, como o petróleo.
Existem problemas ambientais que só podem ser tratados
globalmente, como a emissão de gases que provocam o efeito
estufa, o aquecimento do planeta e as alterações na camada de
ozônio que protege a Terra.
Os movimentos sociais contemporâneos, como o ambiental, o
feminista e o Movimento Passe Livre (MPL), possuem duas
características comuns: não têm uma coordenação única, pois
surgem e se desenvolvem a partir de ações coletivas nos planos
local, regional e global, e comportam uma diversidade de idéias e
valores, bem como de atuação e organização; suas ações se
desenvolvem em torno de interesses e necessidades, mas também
de reconhecimento, visando criar uma nova sociabilidade.
A despeito das conquistas obtidas pelos novos movimentos sociais,
devemos salientar que as estruturas sociais foram modificadas, mas
esses movimentos contribuíram para a ampliação da esfera
democrática.
Questões
19. (UFU-MG) A cidadania pode ser definida, entre outras formas,
tomando-se como referência a relação entre direitos civis, políticos e
sociais. Ao longo da história, os movimentos sociais brasileiros
acompanharam a incorporação desses direitos como reivindicações.
Sobre a cidadania no Brasil, assinale a alternativa correta.
A) Houve um caminho particular, surgindo, apesar de avanços e
recuos, primeiro os direitos políticos, depois os direitos sociais e,
por último, os civis. Nesse sentido, os movimentos sociais da
década de 1980 representaram uma pluralidade de
reivindicações que, em alguns casos, puderam convergir.
B) Os direitos sociais avançaram a partir da década de 1930 e,
devido à exigência popular, criou-se órgãos, como o
Departamento Nacional de Trabalho, e o decreto de
sindicalização, pelo qual sindicatos estavam protegidos de
qualquer influência do Estado.
C) Mudanças significativas nos direitos sociais ocorreram na
legislação no período de 1930 a 1945, principalmente para os
trabalhadores rurais, que já constituíam um movimento social de
expressão nacional.
D) A ditadura representou um retrocesso da idéia de cidadania
plena, principalmente com o controle sobre partidos políticos,
apesar de garantia de mobilização popular e do direito à greve
para os sindicatos.
20. (COC/SP) No Brasil, as primeiras leis trabalhistas foram criadas:
A) Na década de 1930, por Getúlio Vargas.
B) No século XIX, durante o período imperial.
C) Na década de 1990, sob o contexto das manifestações
neoliberais.
D) Por Juscelino Kubitschek, na década de 1950, juntamente com a
construção de Brasília.
E) Pelo governo militar das décadas de 1960 e 1970.
21. Considere os trechos do samba-enredo da Escola de Samba
Mangueira, do Carnaval de 2000, no Rio de Janeiro.
Axé, mãe África
De onde herdei o sangue azul da realeza Sou guerreiro de Oyó (...)
No Rio de lá Luxo e riqueza No Rio de cá Lixo e pobreza (...)
Desejei liberdade 500 anos Brasil E a raça negra não viu O clarão
da igualdade Fazer o negro respirar felicidade Sonho ou realidade
Uma dádiva do céu (do céu, do céu) Vi o morro da Mangueira
Sambar de porta-bandeira A princesa Isabel.
Marcelo D’Aguiã, Bizuca, Gilson Bermini e Valter Veneno (adaptado).
Os versos do samba-enredo da Mangueira podem ser interpretados
como uma crítica às estruturas políticas e sociais do Brasil.
A) Porque continuam segregando extensos setores da população
por critérios raciais.
B) Uma exaltação à conquista da liberdade e da igualdade social
que os negros alcançaram ao longo dos 500 anos de Brasil.
C) Um repúdio dos sambistas aos patrocinadores das escolas de
samba por exigirem que eles enalteçam os heróis nacionais.
D) Uma constatação da transformação social que trouxe benefícios
econômicos e jurídicos à população afro-brasileira.
E) Uma homenagem ao povo brasileiro, que superou os problemas
de discriminação social praticando a democracia racial.
22. (UFU-MG) Os movimentos sociais tiveram um papel de
destaque na transição democrática brasileira e uma de suas
principais características era a afirmação de sua autonomia diante
dos mecanismos tradicionais de cooptação do poder estatal. O
intenso processo de urbanização ocorrido nas décadas de 1970 e
1980 marcou a fisionomia das cidades através de processos de
segregação sócio-espacial. Foi neste contexto que as associações
de bairro surgiram como protagonistas no panorama político, por
meio da reivindicação pela cidadania.
Diante dessas considerações, marque a alternativa correta:
A) Os movimentos sociais são homogêneos e sempre manifestam
um caráter de classe.
B) Na dinâmica dos movimentos sociais, a cidade tornou-se lugar
privilegiado para observação da atuação desses movimentos,
porque minimiza a possibilidade do conflito, amplia os acessos
aos serviços e equipamentos públicos, estabelecendo a
cidadania plena.
C) Os dilemas da organização e da manutenção dos movimentos
sociais contribuíram para a reconceitualização da cidadania e
para o pensamento acerca da relação entre os sujeitos coletivos
e o poder público.
D) Os movimentos de bairro promovem a ampliação de acessos a
direitos por intermédio da associação com interesses individuais
de membros de grupos dominantes.
23. (ENEM) Em uma disputa por terras, em Mato Grosso do Sul,
dois depoimentos são colhidos: o do proprietário de uma fazenda e
Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia
107
o de um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra.
Depoimento 1 :
A minha propriedade foi conseguida com muito sacrifício pelos meus
antepassados. Não admito invasão. Essa gente não sabe de nada.
Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será à
bala. Esse povo tem que saber que a Constituição do Brasil garante
a propriedade privada. Além disso, se esse governo quiser as
minhas terras para a Reforma Agrária, terá que pagar, em dinheiro,
o valor que eu quero. Proprietário de uma fazenda no Mato Grosso
do Sul.
Depoimento 2:
Sempre lutei muito. Minha família veio para a cidade porque fui
despedido quando as máquinas chegaram lá na Usina. Seu moço,
acontece que eu sou um homem da terra. Olho pro céu, sei quando
é tempo de plantar e de colher. Na cidade não fico mais. Eu quero
um pedaço de terra, custe o que custar. Hoje eu sei que não estou
sozinho. Aprendi que a terra tem um valor social. Ela é feita para
produzir alimento. O que o homem come vem da terra. O que é duro
é ver que aqueles que possuem muita terra e não dependem dela
para sobreviver, pouco se preocupam em produzir nela. Integrante
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de
Corumbá, MT.
A partir da leitura do depoimento 2, quais os argumentos utilizados
para defender a posição de um trabalhador rural sem-terra?
I A distribuição mais justa da terra no país está sendo resolvida,
apesar de que muitos ainda não têm acesso a ela.
II A terra é para quem trabalha nela e não para quem acumula como
bem material.
III É necessário que se suprima o valor social da terra.
IV A mecanização do campo acarreta a dispensa de mão de obra
rural.
Estão corretas as proposições:
A) I apenas B) II apenas C) II e IV apenas
D) I, II e III apenas E) I, III e IV apenas
24. (ENEM-2011) Na década de 1990, os movimentos sociais
camponeses e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros
sujeitos coletivos. Na sociedade brasileira, a ação dos movimentos
sociais vem construindo lentamente um conjunto de práticas
democráticas no interior das escolas, das comunidades, dos grupos
organizados e na interface da sociedade civil com o Estado. O
diálogo, o confronto e o conflito têm sido os motores no processo de
construção democrática.
SOUZA, M. A. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo:
participação e possibilidades das práticas democráticas. Disponível em:
http://www.ces.uc.pt. Acesso em: 30 abr. 2010 (adaptado).
Segundo o texto, os movimentos sociais contribuem para o
processo de construção democrática, por que
A) Determinam o papel do Estado nas transformações
socioeconômicas.
B) Aumentam o clima de tensão social na sociedade civil.
C) Pressionam o Estado para o atendimento das demandas da
sociedade.
D) Privilegiam determinadas parcelas da sociedade em detrimento
das demais.
E) Propiciam a adoção de valores éticos pelos órgãos do Estado.
25. (COC/SP) O hip hop é um movimento cultural juvenil presente
em diferentes metrópoles mundiais. Historicamente, ele surgiu no
bairro do Bronx nova-iorquino. No final dos anos 70, jovens afro-
americanos e caribenhos tiveram participação decisiva em sua
constituição. A dança break, a arte visual materializada no grafite e
o rap como expressão poético-musical integraram-se como parte do
sistema cultural juvenil em construção.
SILVA, José Carlos Gomes da. “Arte e educação: a experiência do
movimento hip hop paulistano”. In: ANDRADE, Elaine Nunes de. Rap e
educação – Rap é educação. São Paulo: Summus, 1999, p.
No Brasil, o movimento hip hop apareceu no início dos anos 90,
representando:
A) As reivindicações da juventude de classe média negra urbana.
B) A organização de gangues criminosas.
C) A articulação do movimento jovem com partidos políticos.
D) A partir da arte, denúncia das dificuldades da pobreza e das
práticas de discriminação étnica.
E) Reivindicação de participação política da juventude moradora da
periferia dos grandes centros.
26. (UFPA) Os chamados “novos movimentos sociais” se
diferenciam daqueles denominados como “tradicionais ou clássicos”.
Sobre esses movimentos, é correto afirmar:
A) Os novos movimentos sociais surgiram no contexto europeu do
período pós-guerra e se expandiram nas lutas operárias do
capitalismo comercial norte-americano.
B) Entre os movimentos sociais clássicos, identifica-se o movimento
feminista, que surgiu no início do século XIX, a partir da luta das
mulheres pelo direito ao voto e à participação política
parlamentar.
C) Uma das características dos novos movimentos sociais é o fato
de estes serem causados pelos paradoxos e contradições
existentes no capitalismo comercial e industrial.
D) Os novos movimentos sociais tornaram-se espaço de
manifestação e reivindicação de vários segmentos e classes
sociais, desde a segunda metade do século XX.
E) Os participantes dos movimentos sociais tradicionais objetivavam
a conquista do poder político por meio da luta armada, enquanto
os novos movimentos sociais utilizam a paz armada como
estratégia para essa conquista.
27. (UFPA) Negros e negras, indígenas e vários grupos étnicos,
gays e lésbicas, prostitutas e prostitutos, idosos e idosas,
portadores(as) de necessidades especiais, movimentos
ambientalistas e antiglobalização apresentaram-se no cenário
político local, nacional e internacional para reivindicar a criação ou a
efetivação de seus direitos, e para propor ou interferir na adoção de
políticas públicas específicas para eles por parte do Estado. Os
cientistas políticos, sociólogos e antropólogos estudam a ação
política destes atores na perspectiva do(s):
A) Movimentos operários. D) Cooperativismo.
B) Terrorismo. E) Novos movimentos sociais.
C) Sindicalismo.
28. (ENEM-2012) Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra,
movimentos como o Maio de 1968 ou a campanha contra a Guerra
do Vietnã culminaram no estabelecimento de diferentes formas de
participação política. Seus slogans, tais como “Quando penso em
revolução quero fazer amor”, se tornaram símbolos da agitação
cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se,
Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi – Ciências Humanas e suas Tecnologias – Sociologia
108
A) À contestação da crise econômica européia, que fora provocada
pela manutenção das guerras coloniais.
B) À organização partidária da juventude comunista, visando o
estabelecimento da ditadura do proletariado.
C) À unificação das noções de libertação social e libertação
individual, fornecendo um significado político ao uso do corpo.
D) À defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodução,
que era tomado como solução para os conflitos sociais.
E) Ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que
conviveram com a emergência do rock e outras mudanças nos
costumes.
29. (ENEM – 2009) O ano de 1968 ficou conhecido pela
efervescência social, tal como se pode comprovar pelo seguinte
trecho, retirado de texto sobre propostas preliminares para uma
revolução cultural: “É preciso discutir em todos os lugares e com
todos. O dever de ser responsável e pensar politicamente diz
respeito a todos, não é privilégio de uma minoria de iniciados. Não
devemos nos surpreender com o caos das ideias, pois essa é a
condição para a emergência de novas ideias. Os pais do regime
devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela
supõe a partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que
ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e
não precisa delas”.
Journal de la comune étudiante. Textes ET documents. Paris: Seuil,
1969 (adaptado).
Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968
A) Foram manifestações desprovidas de conotação política, que
tinham o objetivo de questionar a rigidez dos padrões de
comportamento social fundados em valores tradicionais da
moral religiosa.
B) Restringiram-se às sociedades de países desenvolvidos, onde a
industrialização avançada, a penetração dos meios de
comunicação de massa e a alienação cultural que deles
resultava eram mais evidentes.
C) Resultaram no fortalecimento do conservadorismo político, social
e religioso que prevaleceu nos países ocidentais durante as
décadas de 70 e 80.
D) Tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus
fortes desdobramentos nos planos social e cultural, expressos
na mudança de costumes e na contracultura.
E) Inspiraram futuras mobilizações, como o pacifismo, o
ambientalismo, a promoção da equidade de gêneros e a defesa
dos direitos das minorias.
30. (UEMA) Os novos movimentos sociais, principalmente os
ambientalistas no Brasil e no mundo, têm-se destacado no combate
às indústrias poluidoras e usinas nucleares, ao desmatamento
indiscriminado da floresta Amazônica, dentre outros. Sobre esses
movimentos, leia as proposições abaixo.
I - São movimentos sociais preservacionistas que têm como objetivo
salvar o planeta Terra das agressões do homem.
II - São movimentos sociais que têm como ideologia revolucionar o
modo de produção capitalista instaurando o socialismo.
III - São movimentos sociais que incriminam as empresas
capitalistas modernas como devastadoras do planeta Terra.
IV - São movimentos sociais que querem destruir o poder do
Estado-Nação.
É correto o que se afirma em:
A) I e IV, apenas. B) II e III, apenas. C) I e III, apenas.
D) I e IV, apenas. E) I e II, apenas.
31. (COC/SP) Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas Quando
amadas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas
melenas Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem,
imploram Mais duras penas Cadenas
(Chico Buarque).
O compositor faz uma crítica a uma determinada concepção de
mulher, de sua condição, em sociedades patriarcais. Ao falar das
mulheres de Atenas, também institui uma relação com a mulher no
Brasil e apresenta uma relativa proximidade. De acordo com o
exposto e com a situação das mulheres no Brasil contemporâneo, é
válido afirmar que a promoção da igualdade entre os sexos, entre
gêneros:
A) Já ocorreu no mercado de profissões, onde, para trabalhos
iguais, são pagos os mesmos salários.
B) Beneficia as mulheres porque supõe a troca de papéis sociais
desempenhados com base nas diferenças de sexo.
C) É dificultada pela permanência, tanto nas mulheres quanto nos
homens, de algumas ideias e padrões de comportamento
tradicionais.
D) Estimula as mulheres a competir com os homens, mas esses não
desejam competir com elas, pois não se sentem ameaçados.
E) Ocasionou o desenvolvimento da inteligência nas mulheres que
foram incluídas no mercado de trabalho.
32. (ENEM-2012) As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos
Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande
maioria, vivem numa situação de exclusão e subalternidade. O
termo quebradeira de coco assume o caráter de identidade coletiva
na medida em que as mulheres que sobrevivem dessa atividade e
reconhecem sua posição e condição desvalorizada pela lógica da
dominação, se organizam em movimentos de resistência e de luta
pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais, pela
autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir significados ao
seu trabalho e as suas experiências, tendo como principal referência
sua condição preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.
ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu,
pela libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII
Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural. Quito, 2006
(adaptado).
A organização do movimento das quebradeiras de coco de babaçu é
resultante da
A) Constante violência nos babaçuais na confluência de terras
maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, região
com elevado índice de homicídios.
B) Falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migrantes das
cidades e com pouco vínculo histórico com as áreas rurais do
interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí.
C) Escassez de água nas regiões de veredas, ambiente natural dos
babaçus causada pela construção de açudes particulares,
impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos.
D) Progressiva devastação das matas dos cocais, em função do
avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte brasileiro.
E) Dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no acesso aos
babaçuais localizados no interior de suas propriedades.
Pré-Universitário Cadernos Gama/Pi
391
GABARITO
PORTUGUÊS
01 E 02
03. Sessão, seção (secção), cessão
04 C 05 C 06 E
07 C 08 A 09 B
10 B 11 C 12 B
13 E 14 B 15 C
16 D 17 B 18 D
19 A 20 E 21 E
22 A 23 B 24 A
25 D 26 B 27 E
28 C 29 C 30 E
31 B 32 D 33 B
34 D 35 D 36 E
37 E 38 E
LITERATURA
Romantismo
01 A 02 C 03 B
04 C 05 C 06
07 C 08 A 09 C
Prosa Romântica
01 E 02 C 03 D
04 C 05 B 06 A
07 A 08 09 B
Realismo
01 A 02 A 03 D
04 C 05 B 06 C
07 B 08 D 09 E
10 B
Parnasianismo
01 B 02 A 03 C
04 B 05 b 06 D
07 C 08 C 09 D
10 B 11 C 12 A
13 A
Simbolismo
01 D 02 C 03 C
04 E 05 B 06 D
07 A 08 A 09 D
10 E 11 A 12 C
13 B 14 E 15 B
16 B 17 E 18 C
19 D
MATEMÁTICA
De olho no ENEM
PA / PG
01 D 02 D 03 B
04 C 05 C 06 D
07 A 08 B
Matriz
01 E 02 E 03 E
04 A
Determinantes
01 E 02 A 03 D
04 A 05 C
Sistema Linear
01 A 02 A 03 C
04 A 05 B 06 B
07 C
Sistema Perspectiva
01 C 02 A 03 D
04 E 05 B 06 C
Ângulos
01 D 02 C
Congruência, Semelhança de Triângulos
01 D 02 D
Relações Métricas no Triângulo Retângulo
01 B
Razão, Escala e Proporções
01 C 02 D 03 E
04 D 05 E 06 D
Grandezas
01 C 02 D 03 D
04 A
Unidades de Medidas
01 E 02 A
Área de Figuras
01 E 02 C 03 D
04 B 05 E 06 B
07 D 08 E 09 B
10 C 11 B 12 E
13 E 14 A
Geometria Espacial
01 B 02 C 03 A
04 C 05 D 06 C
07 E 08 B 09 C
10 A 11 A
Testando o conhecimento
PA
01. (1, 4, 7, 10, 13)
02. S10 = 143
03. aS = 16
04. a11 = 31
05. r = 4
06. a15 = 279/10
07. n = 320
08. (62, 67, 72, 77, 82, 87, 92, 97)
09. x = 2
10. 13
Matriz
01 A 02 B 03 A
04 C 05 E
Escala
01 E 02 C 03 D
04 D 05 B
Função Exponencial
01 A 02 C 03 A
04 E 05 E
GEOGRAFIA
01 B 02 A 03 A
04 B 05 A 06 B
07 C 08 A 09 D
10 D 11 D 12 C
13 B 14 A 15 C
16 C 17 A 18 B
19 D 20 E 21 A
22 C 23 A 24 B
25 C 26 A 27 A
28 E 29 D 30 A
31 D 32 A 33 B
34 E 35 D 36 A
37 D 38 B 39 C
40 E 41 A
FÍSICA
01 D 02 B 03 E
04 A 05 D 06 A
07 B 08 C 09 A
10 A 11 B 12 A
13 E 14 B 15 D
16 A 17 D 18 E
19 D 20 B 21 B
22 A 23 B 24 B
25 D 26 C 27 B
28 C 29 E 30 B
31 B 32 C 33 D
34 A 35 E 36 B
37 B 38 C 39 B
40 C 41 D 42 B
43 C 44 C 45 D
46 D 47 D 48 B
49 A 50 D 51 D
52 D 53 D 54 A
55 C 56 D 57 A
58 D 59 B 60 E
Óptica
01 D 02 E 03 D
04 C 05 A 06 A
07 B 08 E 09 E
10 B 11 C 12 A
13 B 14 B 15 B
16 E 17 A 18 A
19 C 20 D 21 C
22 A 23 D 24 C
25 A
Ondulatória
01 B 02 A 03 D
04 D 05 E 06 C
07 D 08 B 09 D
10 E 11 C 12 C
13 A 14 B 15 C
16 A
ENEM
01 C 02 C 03 A
04 A 05 C 06 E
07 A 08 D 09 D
10 E 11 E 12 A
13 B 14 D 15 E
16 A 17 C 18 A
19 C 20 C 21 E
22 C 23 E 24 D
25 A
BIOLOGIA
01 E 02 B 03 E
04 E 05 A 06 C
07 E 08 E 09 C
10 A 11 B 12 C
13 B 14 A 15 C
16 E 17 B 18 C
19 A 20 D 21 A
22 D 23 C 24 A
25 E 26 D 27 12
28 C 29 E 30 D
31 C 32 C 33 A
34 E 35 A 36 E
37 C 38 B 39 E
40 A 41 C 42 A
43 C 44 A 45 C
46. a) Nos aquários I e III as piranhas devoram as presas. No aquário II as pessoas não serão devoradas. 46. b) Nos aquários I e II as piranhas as presas, enquanto no aquário III as presas não serão devoradas por causa do recipiente impermeável, transparente e incolor. 46. c) Conclui-se que o olfato é o principal sentido da piranha.
47 B 48 C 49 C
50 D 51 C 52 A
53 A 54 D 55 D
Pré-Universitário Cadernos Gama/Pi
392
56 C 57 E 58 C
59 E 60 E 61 E
62 E 63 E 64 C
65 B 66 B 67 C
68 B 69 E 70 E
71 B 72 B 73 D
74 B 75 A 76 E
77 C 78 E 79 D
80 A 81 D 82 D
83 D 84 A 85 D
86 D 87 A 88 A
89 D 90 E 91 D
92 C 93 A 94 A
95 E 96 C 97 D
98 E 99 D 100 C
101 B 102 E 103 B
104 B 105 D 106 B
107 D 108 C 109 C
110 C 111 C 112 B
113 C 114 B 115 B
116 C 117 C 118 B
119 A 120 E 121 B
122 C 123 D 124 E
125 E 126 C 127 B
128 C 129 C 130 C
131 B 132 C 133 C
134 A 135 B 136 B
137 D 138 E 139 E
QUÍMICA
Soluções
01 A 02 D 03 D
04 E 05 D 06 D
07 C 08 E 09 A
10. a) 0,023 10. b) 0,022
11 C 12 D 13 B
14 B 15 A 16 A
17 B 18 A 19 D
20 A 21 D 22 D
23 A 24 B 25 C
Propriedades Coligativas
01 E 02 B 03 B
04 E 05 A 06 C
07 A 08 B 09 B
10 E 11 D 12 A
13 C 14 B 15 A
Termoquímica
01 A 02 D 03 C
04 C 05 B 06 A
07 A 08 C 09 C
10 A 11 B 12 C
13 B 14 C 15 C
Cinética Química
01 B 02 B 03 D
04 A 05 D 06 A
07 E 08 D 09 D
10 B
Equilíbrios Químicos
01 D 02 B 03 C
04 C 05 D 06 B
07 B 08 A 09 A
10 D 11 E 12 C
13 E 14 E 15 A
Radioatividade
01 A 02 C 03 A
04 C 05 A 06 D
07 B 08 C 09 E
10 D
Questões ENEM
01 C 02 C 03 A
04 C 05 E 06 A
07 A 08 B 09 A
10 B 11 A 12 A
13 D
HISTÓRIA
01. Através dos hinos, cânticos e orações em “língua geral”, a língua dos nativos compilada pelos religiosos em diversas gramáticas e glossários, servindo à comunicação entre indígenas e catequistas. 02. Através de um grupo de investidores associados às companhias de comércio que administravam o capital, o poderio armado e as decisões, dividindo riscos e lucros na proporção de cada investimento pessoal.
03 D 04 D 05 D
06 D 07 A 08 B
09 E 10 A 11 D
12 E
13. As autoridades e as instituições públicas podem promover ações que viabilizem as práticas de atividades econômicas tradicionais ou sustentáveis, investindo recursos para a sua realização. A fiscalização por parte de todos para que os recursos sejam adequadamente aplicados e punição rigorosa àqueles que fazem mau uso do dinheiro público. 14. No período colonial, as práticas de violência contra os índios começaram desde o primeiro momento em que os colonizadores portugueses aqui pisaram, impondo uma cultura dominadora, baseada na exploração de nossas riquezas, sustentada na escravização indígena, inicialmente, e depois, no trabalho escravo africano. Ao longo do tempo até os nossos dias, a violência contra os índios é verificada através do quase desaparecimento de suas línguas, da invasão de suas terras, do abandono por parte do poder público ou, a que as comunidades indígenas estão submetidas.
15 A 16 C 17 C
18 C 19 A 20 E
21 C 22 A 23 E
24 A 25 E
26. Perdendo o contato com seus instintos naturais e sentimentos à medida que eles vão sendo reprimidos ou à medida que ela aprende, através de uma série de normas e conceitos abstratos, a não revelar certas emoções e a fingir outras. O resultado é a perda de contato consigo mesma e a necessidade de mostrar-se diferente do que realmente é. 27. Propõe uma educação que procura incentivar a expressão das tendências da criança. Dever-se-ia realizar essa educação no seio da família usando de amor e carinho para essa prática. E deixaria o aspecto teórico e racional para segundo plano.
28 C 29 E 30 A
31 D 32 C 33 E
34 B 35 A 36 B
37. Sua disposição a sacrificar não-
combatentes situa seus atos além do domínio da mera sabotagem. 38. Ação violenta, causadora de terror, motivada por razões ou objetos políticos.
39 C 40 B 41 E
42 D 43 B 44 D
45 D
46. A palavra ecumênica tem significado de universalidade, característica dada por Hobsbawm a Revolução Francesa por esta se enquadrar como modelo para os anseios de diversos setores sociais, nas mais diversas regiões do mundo, por vezes em sentidos opostos como os jacobinos e os girondinos. 47. A própria Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é a prova inconteste de que o movimento revolucionário surge sob a ótica da universalidade dos direitos individuais e coletivos da humanidade. Válidos e exigíveis em qualquer tempo e em qualquer lugar, pois são pertinentes à própria natureza humana.
48 E 49 B 50 C
51 D 52 C 53 B
54 E 55 C 56 C
57 D 58 A
59. As pistas teriam sido dadas por um documento paroquial que registrou o enterro em solo sagrado e pela tradição oral local. 60. Réus não podiam ter morte social, com enterro em solo santo. Além disso, as pessoas tinham muito medo do governo, não gostavam de contrariá-lo e pagar um preço alto.
61 E 62 D 63 A
64 D 65 B 66 B
67 C 68 C
69. O aluno deverá construir uma resposta separando as pessoas que são eleitas e assumem mandatos, do ente que se impõe sobre o tecido social, fundado e fundamentado pelo próprio cidadão. Nesse sentido a discussão sobre a participação política é fundamental para fazer a ligação com a segunda questão do texto. 70. O aluno deve ter em mente a visão de Rousseau sobre a democracia direta e apontar as dificuldades apresentadas nas democracias representativas modernas, observando o papel do cidadão quanto ao exercício de poder.
71 B 72 C 73 D
74 C 75 C 76 D
77 A 78 D 79 E
80 E 81 C 82 B
83. Devido a fatores como a privações de alimentos, de roupas inadequadas para o frio, a falta de condições de higiene, carga horária de trabalho excessiva para a idade e condições insalubres de trabalho, os países europeus apresentavam uma grande mortalidade infantil. 84. Embora a maioria dos países tenha elaborado uma legislação que protege as crianças dos danos do trabalho infantil, ilegalmente ele continua a acontecer em vários países do mundo. A falta de fiscalização ostensiva tem contribuído para que, a margem da
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lei, crianças sejam utilizadas no processo produtivo.
85 E 86 C 87 E
88 B 89 A 90 A
91 E 92 E 93 D
94 C
95. O(a) aluno(a) deve perceber que o primeiro texto, embora por fim critique, ainda observa a burguesia como uma classe potencialmente revolucionária. Respalda-se o autor no fato de que os ideais burgueses (embutidos no Iluminismo e Liberalismo, entre outras questões) impuseram o declínio à reacionária e conservadora aristocracia europeia. Permitiu-se assim à Europa um grande desenvolvimento político-social. O segundo texto, que se baseia nas ideias marxistas, apenas critica a burguesia como classe conservadora e responsável pela exploração da classe trabalhadora. A solução para o fim da exploração seria a ação revolucionária dos operários contra os burgueses, destruindo seu elemento básico sustentação, a propriedade privada. 96. O(a) aluno(a) deve perceber que o modelo marxista do “materialismo histórico” está essencialmente baseado na “dialética hegeliana”. O princípio marxista afirma que a transformação da sociedade dá-se através de uma “luta de classes”. Na passagem do Feudalismo para o Capitalismo, a burguesia contra a aristocracia europeia. Portanto, para a superação da exploração Capitalista, esse deveria ser sobrepujado de maneira semelhante, já que seria também um processo, um vir-a-ser. Porém, agora, deveria ser a classe operária que se tornaria potencialmente revolucionária, lutando contra a burguesia para implantar o Socialismo.
97 E 98 D 99 D
100 B 101 E
102. A intenção de deixar de lado a homenagem em escultura era decorrente da vontade de antecipar esse novo tempo para seguir ao encontro da prosperidade nacional.
103 C 104 D 105 B
106 B 107 A 108 C
109 D 110 D 111 A
112 D
INGLÊS
Interpretação de Texto
01 A 02 E 03 A
04 C 05 D 06 D
07 E 08 A 09 B
10 E 11 C 12 E
13 D 14 B 15 B
16 D 17 D 18 A
19 B 20 D 21 A
22 C 23 B 24 B
25 B 26 B 27 A
28 A 29 D 30 B
31 A 32 D 33 B
34 E 35 D 36 C
37 D 38 D 39 C
40 A 41 A 42 B
43 C 44 B 45 A
46 D 47 A 48 B
49 E 50 A 51 E
52 C 53 D 54 A
55 B 56 B 57 A
58 C 59 C 60 C
Questões Gramaticais
01 C 02 B 03 A
04 A 05 B 06 E
07 D 08 E 09 C
10 D 11 A 12 B
13 E 14 E 15 C
16 C 17 E 18 A
19 B 20 B 21 D
22 C 23 C 24 B
25 D 26 B 27 D
28 A 29 C 30 C
31 C 32 C 33 A
34 C 35 C 36 B
37 B 38 B 39 C
40 D 41 E 42 B
43 C 44 A 45 C
46 B 47 A 48 D
49 C 50 B 51 B
52 A 53 D 54 A
55 B 56 B 57 D
58 C 59 A 60 B
FILOSOFIA
01 A 02 D 03 B
04 E 05 C 06 E
07 E 08 C 09 D
10 E 11 B 12 E
13 A 14 D 15 B
16 E 17 B 18 D
19 E 20 C 21 A
22 C 23 B 24 C
25 D 26 C 27 E
28 E 29 D 30 B
31 A 32 B 33 D
34 D 35 A 36 C
37 B 38 E 39 D
40 A 41 C 42 A
SOCIOLOGIA
O Trabalho nas diferentes sociedades
01 E 02 E 03 D
04 C
O Trabalho na sociedade moderna
05 C 06 E 07 A
08 C 09 E 10 E
11 D 12 A 13 E
14 D 15 C 16 B
17 C 18 D
Direitos, Cidadania e Movimentos Sociais
19 A 20 A 21 A
22 C 23 C 24 C
25 D 26 D 27 E
28 C 29 E 30 C
31 C 32 E
EDUCAÇÃO FÍSICA
ESPORTE
01 A 02 B 03 E
04 A 05 A 06 A
07 B 08 B
FUTEBOL/FUTSAL
01 C 02 B 03 D
04 A 05 B 06 A
07 A 08 D 09 A
10 C 11 C
BASQUETEBOL
01 C 02 A 03 D
04 D 05 E
VOLEIBOL
01 C 02 A 03 B
04 A 05 C 06 D
07 D 08 C 09 D
HANDEBOL
01 A 02 B 03 C
04 C 05 C 06 B
ATLETISMO
01 A 02 B 03 A
04 E
Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi
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CESPE – Centro de Seleção e promoção de Eventos/UNB
CMB – Colégio Militar de Brasília
EFOA – Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas
ESAF – Escola de administração Fazendária
ESAN – Escola Superior de Administração de Negócios
ENEM – Exame Nacional do ensino Médio
ETE SP – Escolas Técnicas do Estado de São Paulo
FATEC – Faculdade de Tecnologia de são Paulo
FESP – Faculdade de Engenharia de São Paulo
FCC – Fundação Carlos Chagas
FCM – Faculdade de Ciências Médicas
FMU/FIAM – SP: Faculdades Metropolitanas Unidas, Faculdades
Integradas Alcântara Machado, São Paulo
F. M. Pouso Alegre – MG: Faculdade de Medicina de Pouso Alegre,
Minas Gerais
F. M. Santa Casa – SP: Faculdade de Medicina da Santa Casa, São
Paulo
FECAP – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado
FEI – Faculdade de Engenharia Industrial
FESP – SP: Faculdade de Engenharia de São Paulo
FGV – Fundação Getúlio Vargas
FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas
FUNREI – Fundação de Ensino Superior de São José Del Rei
FUC – MT: Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso
Fuvest – SP: Fundação para o Vestibular da Universidade de São
Paulo
ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica
MACKENZIE – Universidade Presbiteriana Mackenzie
OSEC – SP: Organização Santamarense de Educação e Cultura,
Santo Amaro – SP
PUC – PR: Pontifícia Universidade Católica do Paraná
PUC-RS: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
PUC – MG: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
PUC – SP: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PUCCAMP – SP: Pontifícia Universidade Católica de Campinas,
São Paulo
UCS – Universidade de Caxias do Sul
UEL – Universidade Estadual de Londrina
UEM – Universidade Federal de Maringá
UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa
UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UFAL – Universidade Federal de Alagoas
UFBA – Universidade Federal da Bahia
UNB – Universidade Federal de Brasília
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
UFR-RJ: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
UFAL: Universidade Federal de Alagoas
UNICAP: Universidade Católica de Pernambuco
UFGO: Universidade Federal de Goiás
UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Unifor – CE: Universidade de Fortaleza, Ceará
UFF – RJ: Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro
UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais
UFJF – MG: Universidade Federal de Juiz de Fora – Minas Gerais
UFES: Universidade Federal do Espírito Santo
UFS: Universidade Federal de Sergipe
UNICAP: Universidade Católica de Pernambuco
U.E. Londrina – PR: Universidade Federal de Londrina, Paraná
UFGO: Universidade Federal de Goiás
UNIFOR – CE: Universidade de Fortaleza, Ceará
UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais
Pré-Universitário/SEED Cadernos Gama/Pi
398
UFC – Universidade Federal do Ceará
UFF – Universidade Federal Fluminense
UFJF – Universidade Federal de Juíz de Fora
UFLA – Universidade Federal de Lavras
UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
UFPA – Universidade Federal do Pará
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
UFPR – Universidade Federal do Paraná
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFS – Universidade Federal de Sergipe
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos
UFV – Universidade Federal de Viçosa
U. Sagrado Coração – SP: Universidade Sagrado Coração, São
Paulo
UFRS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSM: Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul
UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina
UMSP – Universidade Metodista de São Paulo
UNICAMP – Universidade Federal de Campina
UNEB – Universidade Estadual da Bahia
UNESP – Universidade Estadual Paulista
UNICAP – Universidade Católica de Pernambuco
UNIFENAS – Universidade José do Rosário Vellano
UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Pará
UNIRIO – Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro
USF – Universidade São Francisco
VUNESP – SP: Fundação para o Vestibular da Universidade
Estadual Paulista, São Paulo