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SEMENTES: FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS 1 a Edição 2003

Sementes Fundamentos Cientificos e Tecnológicos

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  • SEMENTES: FUNDAMENTOS CIENTFICOS E

    TECNOLGICOS

    1a Edio 2003

  • SEMENTES: FUNDAMENTOS CIENTFICOS E

    TECNOLGICOS

    EDITORES

    Prof. Dr. Silmar Teichert Peske Eng Agr Dr Mariane DAvila Rosenthal

    Eng Agr Dr Gladis Rosane Medeiros Rota

    Endereo Pelotas - RS - BRASIL

    2003

  • Direitos adquiridos por EDITORA Rua Pelotas - RS - BRASIL

    Ficha catalogrfica elaborada pela Bibliotecria

    CRB 10/213 Capa: Reviso: I S B N

  • NDICE

    Pgina CAPTULO 1 - PRODUO DE SEMENTES ..................................... 12 1. INTRODUO ...................................................................................... 13 2. ELEMENTOS DE UM PROGRAMA DE SEMENTES ........................ 14

    2.1. Pesquisa .......................................................................................... 15 2.2. Produo de sementes gentica e bsica ......................................... 16 2.3. Produo de sementes comerciais ................................................... 17 2.4. Controle de qualidade ..................................................................... 20 2.5. Comercializao ............................................................................. 21 2.6. Consumidor .................................................................................... 22

    3. RELAES ENTRE ELEMENTOS DO PROGRAMA DE SEMENTES 22 3.1. Setor pblico ................................................................................... 22 3.2. Coordenao de atividades ............................................................. 22 3.3. Legislao ....................................................................................... 23 3.4. Certificao de sementes ................................................................ 23

    4. PROTEO DE CULTIVARES ............................................................ 26 4.1. Alguns conceitos relacionados includos no convnio da UPOV ... 27 4.2. O melhoramento vegetal tradicional ............................................... 27 4.3. Os efeitos negativos de uma iseno completa ............................... 28 4.4. Variedade essencialmente derivada ................................................ 29

    5. ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE SEMENTES ................................ 30 5.1. Genticos ........................................................................................ 30 5.2. Fsicos ............................................................................................. 31 5.3. Fisiolgicos ..................................................................................... 33 5.4. Sanitrios ........................................................................................ 34

    6. NORMAS DE PRODUO DE SEMENTES ....................................... 34 6.1. Origem da semente e cultivar ......................................................... 35 6.2. Escolha do campo ........................................................................... 36 6.3. Semeadura ...................................................................................... 39 6.4. Adubao ........................................................................................ 40 6.5. Manuteno de variedade ............................................................... 41 6.6. Irrigao .......................................................................................... 43 6.7. Isolamento ...................................................................................... 44 6.8. Descontaminao (depurao) ........................................................ 47

    7. FORMAO E DESENVOLVIMENTO DAS SEMENTES ................ 49 7.1. Fecundao ..................................................................................... 49

  • 7.2. Maturidade ...................................................................................... 51 8. PRODUO DE SEMENTES DE SOJA .............................................. 55

    8.1. Deteriorao no campo ................................................................... 55 8.2. Momento de colheita ...................................................................... 56 8.3. Seleo de regies e pocas mais propcias para produo de sementes .. 56 8.4. Aplicao de fungicidas foliares ..................................................... 57 8.5. Estresse ocasionado por seca e alta temperatura durante o enchimento de gros . 57 8.6. Danos causados por insetos ............................................................ 58

    9. PRODUO DE SEMENTES DE MILHO HBRIDO ......................... 58 10. DEMANDA DE SEMENTE ................................................................. 61

    10.1. Distribuio do risco ..................................................................... 61 10.2. Produo fora de poca ................................................................ 62 10.3. Controle de qualidade ................................................................... 62 10.4. Comentrio final ........................................................................... 63

    11. COLHEITA ........................................................................................... 63 11.1. Colheitadeira ................................................................................. 65 11.2. Perdas na colheita quantidade .................................................... 69 11.3. Danificaes mecnicas ................................................................ 72 11.4. Misturas varietais .......................................................................... 77 11.5. Comentrio final ........................................................................... 79

    12. RESUMO DAS PRTICAS CULTURAIS .......................................... 79 13. INSPEO DE CAMPOS PARA PRODUO DE SEMENTES ...... 81

    13.1. Perodo de inspeo ...................................................................... 81 13.2. Tipos de contaminantes ................................................................ 83 13.3. Como efetuar a inspeo ............................................................... 86 13.4. Caminhamento em um campo para sementes ............................... 88 13.5. Como efetuar as contagens de plantas no campo .......................... 89 13.6. Comentrio sobre inspeo ........................................................... 91

    14. BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 91 CAPTULO 2 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE DE SEMENTES ..... 94 1. INTRODUO ...................................................................................... 95 2. CICLO DE VIDA DE UMA ANGIOSPERMA ...................................... 95

    2.1. Macrosporognese .......................................................................... 95 2.2. Microsporognese ........................................................................... 97 2.3. Polinizao ..................................................................................... 97 2.4. Embriognese ................................................................................. 98

    3. ESTRUTURA DA SEMENTE ............................................................... 99 4. TRANSPORTE DE RESERVAS PARA SEMENTE ............................. 100 5. PRINCIPAIS CONSTITUINTES DA SEMENTE ................................. 102

  • 6. AMIDO ................................................................................................... 103 6.1. Sntese de amido ............................................................................. 103 6.2. Enzimas ramificadoras ................................................................... 104

    7. PROTENAS DE RESERVA ................................................................ 105 7.1. Fatores fisiolgicos que influenciam o contedo de N na semente .......... 109

    8. LIPDEOS .............................................................................................. 110 8.1. Sntese de lipdeos ......................................................................... 112

    9. EFEITOS DE FATORES AMBIENTAIS SOBRE A CONSTITUIO DA SEMENTE ............................................................................................. 113 9.1. Efeitos das condies ambientais sobre a qualidade da semente ... 115

    10. MATURAO FISIOLGICA .......................................................... 117 11. A REGULAO DO DESENVOLVIMENTO DA SEMENTE ......... 118

    11.1. Tolerncia dessecao ............................................................. 120 11.2. Dormncia ................................................................................. 121 11.3. Germinao ............................................................................... 122

    12. PR-CONDICIONAMENTO DE SEMENTES .................................. 130 12.1. Vantagens do pr-condicionamento ........................................... 130 12.2. Como o pr-condicionamento atua na semente .......................... 130 12.3. Tipos de pr-condicionamento ................................................... 131 12.4. Pr-condicionamento e longevidade da semente ........................ 132

    13. DETERIORAO DA SEMENTE ..................................................... 133 13.1. Reduo das reservas essenciais da semente .............................. 134 13.2. Danos a macromolculas ........................................................... 134 13.3. Acumulao de substncias txicas .......................................... 135

    14. BIBLIOGRAFIA .................................................................................. 136 CAPTULO 3 ANLISE DE SEMENTES .......................................... 138 1. INTRODUO ...................................................................................... 139 2. AMOSTRAGEM .................................................................................... 140

    2.1. Objetivo e importncia ................................................................... 140 2.2. Definies ....................................................................................... 140 2.3. Homogeneidade do lote de sementes .............................................. 141 2.4. Peso mximo dos lotes .................................................................... 142 2.5. Obteno de amostras representativas ............................................ 142 2.6. Tipos de amostradores e mtodos para amostragem dos lotes ........ 143 2.7. Intensidade da amostragem ............................................................. 144 2.8. Pesos mnimos das amostras mdias ............................................... 145 2.9. Embalagem, identificao, selagem e remessa da amostra ............. 145 2.10. Obteno das amostras de trabalho ............................................... 146 2.11. Armazenamento das amostras ....................................................... 148

  • 3. ANLISE DE PUREZA ......................................................................... 149 3.1. Objetivo .......................................................................................... 149 3.2. Definies ....................................................................................... 149 3.3. Equipamentos e materiais ............................................................... 150 3.4. Procedimento .................................................................................. 151

    4. DETERMINAO DO NMERO DE OUTRAS SEMENTES ........... 155 4.1. Objetivo .......................................................................................... 155 4.2. Definies ....................................................................................... 155 4.3. Tipos de testes ................................................................................ 155 4.4. Procedimento .................................................................................. 156 4.5. Exame de sementes nocivas ............................................................ 156 4.6. Informao dos resultados .............................................................. 156

    5. TESTE DE GERMINAO ................................................................... 157 5.1. Objetivo .......................................................................................... 157 5.2. Definio ........................................................................................ 157 5.3. Condies para a germinao ......................................................... 157 5.4. Materiais e equipamentos ............................................................... 160 5.5. Condies sanitrias ....................................................................... 164 5.6. Metodologia .................................................................................... 165

    6. TESTES RPIDOS PARA DETERMINAR A VIABILIDADE DAS SEMENTES .......................................................................................... 175 6.1. Teste de tetrazlio ........................................................................... 175 6.2. Teste de embries expostos ............................................................ 183 6.3. Teste de raio X ............................................................................... 184

    7. VERIFICAO DE ESPCIES E CULTIVARES ................................ 185 7.1. Objetivo .......................................................................................... 185 7.2. Princpios gerais ............................................................................. 185 7.3. Exame das sementes ....................................................................... 186 7.4. Exame em plntulas ........................................................................ 189 7.5. Exame das plantas em casa de vegetao ou cmara de crescimento ........ 189 7.6. Exame das plantas em parcelas de campo ...................................... 190 7.7. Informao dos resultados .............................................................. 190

    8. DETERMINAO DO GRAU DE UMIDADE .................................... 190 8.1. Objetivo e importncia ................................................................... 190 8.2. Formas de gua na semente ............................................................ 191 8.3. Mtodos para a determinao do grau de umidade ......................... 191

    9. DETERMINAO DO PESO DE SEMENTES .................................... 197 9.1. Objetivo .......................................................................................... 197 9.2. Metodologia .................................................................................... 197 9.3. Informao dos resultados .............................................................. 198

  • 10. DETERMINAO DO PESO VOLUMTRICO ................................ 199 10.1. Definio ...................................................................................... 199 10.2. Procedimento ................................................................................ 199 10.3. Clculo e informao dos resultados ............................................ 200

    11. TESTE DE SEMENTES REVESTIDAS .............................................. 201 11.1. Objetivo ........................................................................................ 201 11.2. Definies ..................................................................................... 201 11.3. Avaliaes .................................................................................... 202

    12. TESTE DE SEMENTES POR REPETIES PESADAS ................... 202 12.1. Objetivo ........................................................................................ 202 12.2. Metodologia .................................................................................. 203 12.3. Informao dos resultados ............................................................ 203

    13. TOLERNCIAS ................................................................................... 203 14. VIGOR .................................................................................................. 204

    14.1. Definies ..................................................................................... 204 14.2. Testes de vigor .............................................................................. 205

    15. ANLISES E CERTIFICADOS PARA O COMRCIO INTERNACIONAL ............................................................................... 213 15.1. Certificado Internacional de Anlise de Sementes ........................ 213 15.2. Informao de resultados .............................................................. 214 15.3. Validade do certificado ................................................................. 214

    16. LABORATRIO DE ANLISE DE SEMENTES: PLANEJAMENTO E ORGANIZAO .............................................. 215 16.1. rea fsica ..................................................................................... 218 16.2. Instalaes e equipamentos ........................................................... 219 16.3. Pessoal .......................................................................................... 220

    17. BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 222 CAPTULO 4 - PATOLOGIA DE SEMENTES .................................... 224 1. IMPORTNCIA DA PATOLOGIA NA PRODUO DE

    SEMENTES DE ALTA QUALIDADE ................................................ 225 1.1. Introduo ....................................................................................... 225 1.2. Transmisso de patgenos associados s sementes ......................... 225 1.3. Perdas provocadas por patgenos em nvel de campo .................... 229 1.4. Efeito de patgenos sobre a qualidade das sementes ...................... 235

    2. PRINCPIOS E OBJETIVOS DO TESTE DE SANIDADE DE SEMENTES 238 2.1. Objetivos ........................................................................................ 238 2.2. Princpios ........................................................................................ 238

    3. MTODOS USADOS PARA A DETECO DE MICRORGANISMOS EM SEMENTES ................................................................................... 240

  • 3.1. Exame da semente no-incubada .................................................... 240 3.2. Exame da semente incubada ........................................................... 243 3.3. Anlise atravs de bioensaios ou procedimentos bioqumicos ...... 252

    4. CAUSAS DE VARIAES DOS TESTES DE INCUBAO ............ 259 4.1. Fatores relacionados com a qualidade das sementes ....................... 259 4.2. Potencial de inculo ........................................................................ 260 4.3. Reaes dos patgenos s condies do teste ................................. 260 4.4. Variaes devido amostragem ..................................................... 260 4.5. Condies de armazenamento das amostras ................................... 261 4.6. Recipiente a ser usado para os testes .............................................. 262 4.7. Condies do pr-tratamento .......................................................... 262 4.8. Fatores de variaes na incubao .................................................. 263 4.9. Umidade ......................................................................................... 265 4.10. Luz ................................................................................................ 266 4.11. Interao entre luz e temperatura .................................................. 267 4.12. Fatores biticos ............................................................................. 268 4.13. Perodo de incubao .................................................................... 268 4.14. Identificao e registro dos patgenos .......................................... 269

    5. TRATAMENTO DE SEMENTES ......................................................... 270 5.1. Introduo ....................................................................................... 270 5.2. Tipos de tratamento de sementes .................................................... 271

    6. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................... 279 CAPTULO 5 - SECAGEM DE SEMENTES ........................................ 281 1. INTRODUO ...................................................................................... 282 2. UMIDADE DA SEMENTE .................................................................... 282

    2.1. Equilbrio higroscpico .................................................................. 282 2.2. Propriedades fsicas do ar ............................................................... 284

    3. PRINCPIOS DE SECAGEM ................................................................. 290 4. MTODOS DE SECAGEM ................................................................... 291

    4.1. Natural ............................................................................................ 291 4.2. Artificial ......................................................................................... 293

    5. AERAO .............................................................................................. 312 6. SECA-AERAO .................................................................................. 314 7. FLUXO DAS SEMENTES NO SISTEMA DE SECAGEM .................. 315 8. CONSIDERAES GERAIS ................................................................. 315

    8.1. Demora na secagem ........................................................................ 315 8.2. Capacidade de secagem .................................................................. 316 8.3. Danos mecnicos ............................................................................ 316 8.4. Temperatura de secagem ................................................................ 316

  • 8.5. Velocidade de secagem ................................................................... 317 8.6. Danos trmicos ............................................................................... 317 8.7. Fluxo de ar ...................................................................................... 317 8.8. Supersecagem ................................................................................. 318 8.9. Uniformizao ou homogeneizao da umidade ............................ 318 8.10. Desconto da umidade .................................................................... 318

    9. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................... 319 CAPTULO 6 - BENEFICIAMENTO DE SEMENTES ....................... 321 1. INTRODUO ...................................................................................... 322 2. RECEPO E AMOSTRAGEM ........................................................... 322

    2.1. Recepo ........................................................................................ 322 2.2. Amostragem .................................................................................... 324

    3. PR-LIMPEZA E OPERAES ESPECIAIS ....................................... 324 3.1. Pr-limpeza ..................................................................................... 324 3.2. Operaes especiais ........................................................................ 325

    4. LIMPEZA DE SEMENTES .................................................................... 328 4.1. Largura, espessura e peso ............................................................... 329 4.2. Densidade ....................................................................................... 340 4.3. Comprimento .................................................................................. 344 4.4. Forma .............................................................................................. 346 4.5. Textura superficial .......................................................................... 348 4.6. Condutibilidade eltrica .................................................................. 349 4.7. Afinidade por lquidos .................................................................... 350 4.8. Separao pela cor .......................................................................... 350

    5. CLASSIFICAO .................................................................................. 350 6. TRATAMENTO DE SEMENTES ......................................................... 355

    6.1. Introduo ....................................................................................... 355 6.2. Equipamentos ................................................................................. 355

    7. TRANSPORTADORES DE SEMENTES .............................................. 357 7.1. Elevador de caambas .................................................................... 357 7.2. Transportador de parafuso (rosca sem-fim, caracol) ...................... 359 7.3. Correia transportadora .................................................................... 359 7.4. Transportador vibratrio ................................................................. 359 7.5. Transportador pneumtico .............................................................. 359 7.6. Transportador por corrente ............................................................. 360 7.7. Empilhadeira ................................................................................... 360

    8. PLANEJAMENTO DE UBS .................................................................. 360 8.1. Fluxograma na UBS ....................................................................... 361 8.2. Seleo do equipamento ................................................................. 361

  • 8.3. Tipos de UBS ................................................................................. 362 8.4. Aspectos importantes a considerar no planejamento de uma UBS . 363 8.5. Regulagem de fluxo de sementes .................................................... 363

    9. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................... 364 CAPTULO 7 - ARMAZENAMENTO DE SEMENTES ...................... 366 1. INTRODUAO ...................................................................................... 367 2. LONGEVIDADE E POTENCIAL DE ARMAZENAMENTO DAS

    SEMENTES .......................................................................................... 368 2.1. Sementes de vida longa e vida curta ............................................... 368 2.2. Sementes ortodoxas e recalcitrantes ............................................... 371

    3. DETERIORAO DE SEMENTES ...................................................... 372 3.1. Definio ........................................................................................ 372 3.2. Teorias da deteriorao de sementes .............................................. 374 3.3. Causas da deteriorao ................................................................... 376

    4. FATORES QUE AFETAM A CONSERVAO DAS SEMENTES .... 378 4.1. Fatores genticos ............................................................................ 378 4.2. Estrutura da semente ....................................................................... 380 4.3. Fatores de pr e ps-colheita .......................................................... 381 4.4. Teor de umidade da semente .......................................................... 382 4.5. Umidade e temperatura ambiente ................................................... 386 4.6. Danos causados s sementes depois da colheita ............................. 389 4.7. Idade fisiolgica das sementes ........................................................ 390

    5. TIPOS DE ARMAZENAMENTO DE SEMENTES .............................. 391 5.1. Armazenamento a granel ................................................................ 391 5.2. Armazenamento em sacos ............................................................... 395 5.3. Armazenamento sob condies de ambiente controlado ................ 400

    6. PRAGAS DAS SEMENTES ARMAZENADAS E SEU CONTROLE .. 403 6.1. Insetos e caros ............................................................................... 403 6.2. Fungos ............................................................................................ 409 6.3. Roedores e pssaros ........................................................................ 410

    7. CONSIDERAES FINAIS .................................................................. 413 8. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................... 414

  • CAPTULO 1

    Produo de Sementes Prof. Dr. Silmar Teichert Peske

    Prof. Dr. Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros

  • Sementes: Fundamentos Cientficos e Tecnolgicos

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    1. INTRODUO A semente o veculo que leva ao agricultor todo o potencial gentico de

    uma cultivar com caractersticas superiores. Em seu caminho, do melhorista utilizao pelo agricultor, pequenas quantidades de sementes so multiplicadas at que sejam alcanados volumes em escala comercial, no decorrer do qual a qualidade dessas sementes est sujeita a uma srie de fatores capazes de causarem perda de todo potencial gentico. A minimizao dessas perdas, com a produo de quantidades adequadas, o objetivo principal de um programa de sementes.

    Na agricultura tradicional, ainda comum o agricultor separar parte de sua produo para utilizar na safra seguinte como semente. Alm dessa prtica, pouca distino feita entre o gro, que se utiliza para alimentao, e a semente utilizada para multiplicao. A agricultura moderna, porm, requer a multiplicao e disseminao rpida e eficaz das cultivares melhoradas, to logo sejam criadas.

    Novas cultivares melhoradas s se tornam insumos agrcolas quando suas sementes de alta qualidade esto disponveis aos agricultores e so por eles semeadas. A justificativa de um programa de sementes , portanto, a extenso do comportamento varietal superior demonstrado por uma cultivar em ensaios regionais. Convm lembrar que sementes de alta qualidade, utilizadas com prticas culturais inadequadas, no tero condies de corresponder ao esperado e, fatalmente, levaro ao insucesso.

    Os benefcios de um programa de sementes que produz e distribui sementes de alta qualidade de cultivares melhoradas incluem:

    a) aumento de produo e produtividade; b) utilizao mais eficiente de fertilizantes, irrigao e pesticidas, devido a

    maior uniformidade de emergncia e vigor das plntulas; c) reposio peridica mais rpida e eficiente das cultivares por outras de

    qualidade superior; d) menores problemas com plantas daninhas, doenas e pragas do solo. Outros aspectos a serem considerados so: a) um eficiente programa de sementes serve, no s para o desenvolvimento

    agrcola, mas tambm como um mecanismo para rpida reabilitao da agricultura, aps calamidades pblicas, como inundaes, secas, etc. e

    b) sementes da maioria das grandes culturas so insumos reproduzveis e multiplicveis, onde facilmente pode-se estabelecer uma indstria de sementes.

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    2. ELEMENTOS DE UM PROGRAMA DE SEMENTES Um programa de sementes devidamente organizado proporcionar que as sementes

    das cultivares melhoradas (com maior rendimento, resistncia, precocidade, etc.) estejam disposio dos agricultores num menor espao de tempo e em quantidades adequadas (Fig. 1), com grandes benefcios para todos.

    Figura 1 Estdios de adocao de uma cultivar.

    Os componentes de um programa de sementes so vrios, interligando-se de tal forma que, se um deles no funcionar, o programa se tornar ineficiente, com problemas de fluxo e qualidade de sementes (Fig. 2).

    Figura 2 Componentes de um programa de sementes

    a. Programa de sementesProgresso devido

    s/Programa de sementes

    c/Programa de sementes

    Anos aps liberao

    Taxa

    util

    iza

    o d

    e s

    emen

    te %

    a

  • Sementes: Fundamentos Cientficos e Tecnolgicos

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    A integrao harmoniosa entre os diversos componentes do programa de sementes requer principalmente que:

    a) ocorra um esforo comum, em nvel estadual e nacional, onde se considere a participao dos setores pblico e privado;

    b) haja efetiva coordenao, colaborao e confiana entre os participantes e c) o Estado desenvolva uma ao de continuidade.

    2.1. Pesquisa O valor agronmico de uma cultivar constitudo de vrias caractersticas,

    sendo as mais importantes as seguintes: a) potencial de rendimento; b) resistncia a doenas e insetos; c) resistncia a fatores ambientais adversos; d) qualidade de seus produtos; e) resposta a insumos e f) precocidade. Para a liberao de uma cultivar1 com caractersticas superiores, necessrio

    que a mesma seja registrada em rgo competente do governo com base em resultados obtidos de diferentes locais, anos e tipos de ensaios realizados. No processo de registro, o obtentor dever informar o valor de cultivo e uso (VCU) da cultivar, significando que um novo material no necessita necessariamente ter um maior potencial de produtividade em relao a uma cultivar testemunha, mas sim ter atributos agrnomicos ou industriais que assim justifiquem seu registro para cultivo.

    Uma cultivar tambm pode ser protegida por lei e para isso necessita ser estvel, homogna e diferente. A proteo confere ao obtentor um retorno de seu capital investido na criao da nova cultivar. Para um produtor de sementes multiplicar as sementes de uma cultivar protegida necessita ter a permisso do obtentor da cultivar.

    No Brasil o rgo que aufere registro e proteo de cultivares o Servio Nacional de Proteo de Cultivares (SNPC).

    Para efeitos prticos, no haver uma indstria forte de sementes sem melhoramento vegetal. Atualmente as cultivares, so provenientes de entidades governamentais como de privadas. Delas se abastecem, como se fosse matria-prima, todos os produtores de sementes individuais ou organizados em forma de empresas ou associaes.

    1Para efeitos prticos, ser utilizado indistintamente os termos cultivar e variedade.

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    2.2. Produo de sementes gentica e bsica O custo e o tempo requerido para criao e liberao de uma nova cultivar

    so grandes. Assim, alguns mecanismos devem ser utilizados para manter essa cultivar pura e multiplic-la em quantidade suficiente para coloc-la disposio dos agricultores. Para isso utiliza-se um sistema com controle de geraes com quatro classes de sementes gentica, bsica, registrada e certificada.

    A produo de sementes genticas e bsicas est sob a responsabilidade da empresa ou instituio que criou a cultivar e essa, por convnio ou outro mecanismo, pode autorizar outros a produzirem sementes bsicas.

    A semente gentica a primeira gerao obtida atravs de seleo de plantas, em geral, dentro da estao experimental, com superviso do melhorista, enquanto a semente bsica a segunda gerao obtida da multiplicao da semente gentica, com pouca superviso do melhorista, e em geral, obtida em unidades especiais, fora do setor de melhoramento.

    Como a quantidade de semente necessria para os agricultores grande, a semente bsica multiplicada por mais duas geraes. O produto da primeira gerao da bsica designa-se semente registrada, enquanto a semente obtida da classe registrada, designa-se certificada.

    Como exemplo, ser apresentado o clculo da quantidade de sementes de soja requerida em cada classe de sementes, em um cultivo de 500.000ha e uma taxa de utilizaao de sementes comerciais de 60%, ou seja, 60% dos agricultores compraro sementes para instalarem seus campos de produo de gros. Dessa maneira, ter-se- 500.000 x 0,6 = 300.000ha semeados com sementes certificadas. Considerando uma densidade de semeadura de 60kg/ha e uma produo mdia de 1,2t/ha de sementes (semente seca, limpa e aprovada ) tem-se a necessidade de 37.5ha para produo de semente bsica (Tabela 1).

    Com uma produo anual de 2,25t de semente gentica, obtm-se a quantidade necessria para suprir toda a demanda de sementes. Dessa maneira, com um trabalho criterioso de produo, pode-se obter facilmente semente bsica com pureza varietal, pois a rea necessria para produo pequena (menos de 40ha). Isso colocaria no programa sementes de alta qualidade que, se conduzidas com prticas culturais adequadas, proporcionariam a obteno de semente certificada para atender a demanda. Somente iniciando com sementes de alta qualidade que haver chance de tambm obter sementes comerciais de alta qualidade.

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    Tabela 1 Quantidade de sementes e rea necessria para suprir a demanda de arroz para 450.000ha.

    rea (ha)

    Densidade semeadura/ Produo

    Quantidade (t)

    Classe

    450.000

    22.500

    1.125

    56,33

    2,82

    0,15 t/ha 3 t/ha 3 t/ha

    3 t/ha

    3 t/ha

    67.500

    3.375

    169

    8,49

    Certificada

    Registrada

    Bsica

    Gentica

    O mesmo exemplo pode ser utilizado para outras culturas no processo de

    manuteno de pureza varietal e produo de sementes livres de plantas daninhas.

    2.3. Produo de sementes comerciais

    A produo de sementes comerciais um dos componentes mais importantes

    do programa de sementes, constituindo seu elo central. Existem vrios tipos de produtores de sementes, sendo alguns altamente

    tecnificados e organizados. A produo de sementes envolve grandes investimentos e a aplicao de elevados recursos financeiros a cada ano, exigindo do produtor a escolha de terras adequadas, condies ecolgicas favorveis e o compromisso de seguir normas rigorosas de produo, diferenciadas da tecnologia utilizada na produo agrcola de gros. O produtor desenvolve uma atividade econmica e socialmente muito relevante.

    Os produtores de sementes podem ser classificados em, empresas produtoras, produtor individual e cooperante.

    2.3.1 Produtor individual Caracteriza-se este tipo de produtor por possuir infra-estrutura mnima, em

    geral constituda de terras prprias, mquinas e equipamentos agrcolas e pouca capacidade de beneficiamento de suas sementes. Atua como pessoa fsica com poder de deciso sobre suas sementes, no estando, em geral, submetido a estruturas complexas de organizao. Produz sob contrato ou atravs de um acerto informal com o comprador de sua produo.

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    Confunde-se o produtor individual com a figura do cooperante na produo de sementes, face atuao de ambos no processo. Entretanto, o produtor individual, apesar de no estar vinculado estrutura de produo, um produtor registrado e, como tal, amparado pela legislao, enquanto o cooperante no necessita estar registrado.

    2.3.2. Empresas produtoras Empresas, companhias ou firmas produtoras de sementes so organizaes

    especializadas e classificadas como pessoas jurdicas. Quanto razo social, tais entidades apresentam variao entre sociedade

    annima e de responsabilidade limitada. Segundo a forma de sua constituio, tamanho, etc., a sistemtica de deciso mais direta (uma s pessoa) ou depende de um grupo de pessoas, diretoria, assemblia ou outros tipos de estrutura.

    Quanto atividade de pesquisa, h dois tipos de empresas produtoras de sementes: uma que executa a pesquisa, objetivando a criao de cultivares, comercializando as sementes de suas prprias cultivares, e outra, mais comum, caracterizada juridicamente como produtora de sementes, com a finalidade especfica de semeadura, assistida por responsvel tcnico, sem no entanto possuir trabalho prprio de melhoramento. Essas empresas utilizam os resultados de pesquisa desenvolvidos por outros.

    As cooperativas podem ser enquadradas, quanto ao sistema de produo, como empresas produtoras.

    2.3.3. Cooperante toda pessoa que multiplica sementes para um produtor devidamente

    registrado sob um contrato especfico, orientado por responsvel tcnico. Em geral, o cooperante utiliza sua prpria terra para a produo de sementes,

    considerada como prestao de servio, recebendo do produtor contratante, geralmente, as sementes a serem multiplicadas, no havendo, no caso, operao de compra e venda. Em geral, o cooperante recebe uma bonificao de 15-20% a mais, em relao ao preo do gro.

    O cooperante vem se tornando cada vez mais importante na produo de sementes melhoradas, pois permite s empresas de sementes, que normalmente no dispem de terras prprias em quantidade, expandir sua produo. Apresenta vantagens para todos, entretanto, exige do produtor uma maior capacidade de controle, no s sob o aspecto tcnico, como tambm sob o ponto de vista comercial. Cr-se que mais de 80% da produo de sementes melhoradas no mundo sejam produzidas atravs do sistema de cooperantes.

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    As relaes de produtores de sementes com obtentores vegetais pode ser dada das seguintes formas:

    a) Licenciamento Com a Lei de Proteo de Cultivares (LPC), iniciou-se um novo estilo de

    relacionamento entre as empresas. O licenciamento de cultivares passou a ser uma das formas mais adotadas

    para a comercializao com o reconhecimento dos direitos de proteo intelectual do desenvolvimento de novas cultivares. A soja o produto que mais rapidamente se desenvolveu tendo j registrados mais de 300 cultivares junto ao Cadastro Nacional de Cultivares Protegidas.

    Esse processo de licenciamento consiste basicamente em que o produtor de sementes para ter a permisso de multiplicar e conercializar as sementes de uma cultivar protegida, deve pagar um royalty para o obtentor, em muitas situaes esse valer ao redor de 5% do valor de venda da semente.

    b) Verticalizao Outro sistema de comercializao que antes no era adotado para plantas

    autgamas, o sistema verticalizado exclusivo, no qual o obtentor exerce o pleno direito de explorar sua criao diretamente no mercado, no concedendo licenciamento a terceiros, o que est perfeitamente de acordo com a lei. Neste caso a relao ocorre diretamente com o agricultor que adquire as sementes ou com canais de comercializao a exemplo do que j vem ocorrendo h muito tempo com os hbridos.

    c) Produo terceirizada Nas situaes em que a empresa obtentora opta por no licenciar a produo

    e o comrcio de suas cultivares protegidas, poder ocorrer o modelo da produo terceirizada por parte das empresas produtoras de sementes, o que caracteriza uma prestao de servios especializada. Neste caso a empresa produtora se responsabiliza por todas as etapas da produo de determinada cultivar, porm a semente leva a marca do obtentor e ser comercializada por ele.

    d) Co-titularidade Esta uma nova relao que existe entre obtentores ou entre um obtentor e

    algum colaborador mais estrito nas etapas de desenvolvimento de uma nova cultivar. Tudo vai depender do grau de contribuio que cada parceiro oferece e do acordo previamente firmado entre os dois. Nesta modalidade de relacionamento pode ocorrer a co-titularidade pelo uso de cultivar protegida como progenitor recorrente em caso de cultivar essencialmente derivada.

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    2.4. Controle de qualidade O agricultor deve ter a segurana de que a semente adquirida de qualidade

    adequada e de uma especfica cultivar devidamente identificada para seu fcil reconhecimento. Para proporcionar essa garantia, desenvolveram-se programas de controle de qualidade com o objetivo de supervisionar todo processo de produo e tecnologia de sementes.

    H dois tipos de controle de qualidade de sementes: o interno e o externo. 2.4.1. Controle interno de qualidade (CIQ) Esse controle basicamente consiste nos registros e parmetros que o produtor

    de sementes utiliza com o objetivo de conhecer a "histria" de cada lote de sementes, bem como para obter sementes de alta qualidade com um mnimo de perdas e custos.

    O CIQ envolve escolha da semente, seleo da terra, descontaminao da lavoura, determinao de umidade, testes rpidos de viabilidade, germinao, vigor, eficincia e eficcia do equipamento e registros diversos para conhecimento da histria da semente. Apesar de no ser requerido por lei, os produtores de sementes esto cada vez mais utilizando o CIQ, pois esto se conscientizando que o custo adicional baixo em relao ao retorno propiciado.

    2.4.2. Controle externo de qualidade (CEQ) Esse controle feito por uma entidade fora do poder de influncia do

    produtor ou comerciante de sementes e, em geral, executado pelo governo. O CEQ um dos elementos essenciais de um programa de sementes, uma vez

    que auxilia o pesquisador, o produtor de sementes e o agricultor. O fitomelhorista se beneficia do CEQ, proporcionando-lhe os meios de

    desenvolver um sistema para levar cultivares recm desenvolvidas dos campos de experimentao at os agricultores. Assim, pode concentrar-se em seu objetivo principal de fitomelhorador, sem desgastar-se com os aspectos de multiplicao das sementes.

    Os produtores de sementes obtem vantagens do CEQ por contarem com um terceiro membro para garantir que no se cometam erros na produo de sementes. Atravs do CEQ, o produtor de sementes assistido, mantendo-se informado sobre os novos avanos em melhoramento e tecnologia de sementes, bem como tendo assistncia tcnica de pessoal qualificado para soluo de seus problemas.

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    O agricultor beneficiado com o CEQ pela disponibilidade de sementes que asseguram um mnimo de qualidade fsica e fisiolgica de uma cultivar apropriadamente identificada.

    O CEQ, em geral, se d de duas formas: a) Sistema de certificao de sementes: Este sistema de produo

    caracterizado principalmente por ter um controle de gerao de semente produzida e acompanhar todo o processo tecnolgico envolvido na obteno de cada lote de sementes produzido.

    b) Fiscalizao do comrcio de sementes: Este CEQ feito na semente colocada venda. Atua, na fiscalizao, uma equipe especial distinta da que atua na produo de sementes. Essa equipe verifica a documentao e qualidade de semente.

    2.5. Comercializao

    Sementes de alta qualidade das cultivares melhoradas devem ser utilizadas

    por milhares de agricultores para haver um efetivo aumento da produo agrcola. Assim, as tcnicas de comercializao so direcionadas ao usurio (agricultor) em vez do produto (semente).

    A comercializao envolve: a) uma determinao sistemtica e contnua das necessidades do agricultor; b) acmulo de sementes e servios para satisfazer essas necessidades; c) comunicao e informao para e de agricultores sobre sementes e servios e d) distribuio da semente ao agricultor. H grandes diferenas, comparando-se os requerimentos tcnicos para

    criao de cultivares, produo e regulamentao, com os requerimentos para comercializao, pois esta ltima requer pessoal especialmente treinado, o que no normalmente encontrado nos outros componentes do programa de sementes. Esse pessoal necessita conhecimentos de relaes humanas, comunicao, tcnicas de comercializao, administrao e gerenciamento.

    Os produtores, empresas, comerciantes, revendedores e agentes compem a grande rede de distribuio de sementes, sempre atenta ao abastecimento pleno no local e momento certo.

    A deciso do agricultor em comprar a semente envolve o preo, o tipo de semente, sua localizao em relao ao mercado, a sua avaliao da qualidade de semente, os servios complementares e as alternativas disponveis para obter a semente.

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    2.6. Consumidor Com a globalizao e a rapidez do fluxo de conhecimento, a sociedade

    tornou-se mais exigente em relao aos produtos que deseja consumir. Assim uma cultivar deve ser desenvolvida com o objetivo de atender determinada parcela de consumidores. O melhor exemplo que se possui em relao aos produtos transgnicos que determinados consumidores se negam a consumir. Se o consumidor no compra no adianta produzir.

    Atualmente, pode-se dividir os produtos em convencionais, geneticamente modificados e orgnicos. H nichos de mercado para vrios produtos como soja para consumo in natura, arroz aromtico entre outros. Assm, uma cultivar deve ser denvolvida para atender determinado mercado.

    3. RELAES ENTRE ELEMENTOS DO PROGRAMA DE SEMENTES 3.1. Setor pblico

    As aes governamentais, para contriburem com um programa de sementes, envolvem poltica, legislao, crdito, incentivos e investimentos. Entre os rgos pblicos, o Ministrio da Agricultura (MA) o de maior relevncia para o setor sementeiro.

    O setor pblico tambm atua internamente nos registros e proteo de cultivares, na pesquisa, com a criao de novas cultivares e treinamento de pessoal.

    3.2. Coordenao de atividades

    O programa de sementes somente alcanar seus objetivos quando todos seus

    componentes estiverem funcionando adequadamente. Assim, para acompanhar e avaliar o programa a nvel nacional, possui-se o programa nacional de semenenes (PNS).

    O PNS tem os objetivos de: a) definir instrumentos de integrao com os diferentes componentes do

    programa de sementes; b) sugerir prioridades para projetos de sementes e c) formular a poltica nacional de sementes, estabelecendo critrios para sua

    aplicao.

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    Com o objetivo de possibilitar maior flexibilidade execuo da poltica nacional de sementes e estar mais prximo aos problemas de cada programa, foram criadas as Comisses Estaduais de Sementes e Mudas (CESM), constitudas de representantes de todos os componentes do programa de sementes, incluindo os setores pblico e privado.

    Por sua composio, as CESMs so o foro ideal de discusso para qualquer assunto que se relacione com a rea de sementes.

    3.3. Legislao

    A legislao , antes de tudo, uma expresso da poltica governamental,

    composta por objetivos econmicos e aspiraes sociais, e o equilbrio entre ambos se reflete nas leis de sementes, as quais tm o objetivo de fomentar a produo e proteger o agricultor do risco de utilizar sementes de baixa qualidade.

    difcil de assegurar que a qualidade da semente dentro da embalagem seja aquela que o agricultor deseja, pois as sementes de plantas daninhas podem no estar visveis e o poder germinativo no se determina simplesmente olhando as sementes. Alm disso, caso o agricultor utilize semente de baixa qualidade, est exposto a perder no s a semente como tambm todo o valor previsto para a cultura e at, em alguns casos, os meios de vida para o ano. Assim, a lei protege o agricultor para a fraude, a negligncia e o acidente. Tambm d uma certa proteo ao vendedor para competidores pouco escrupulosos.

    Em geral, uma lei de sementes contempla: a) a inspeo obrigatria e a fiscalizao do comrcio de semente (CEQ); b) a criao da obrigatoriedade do registro para os produtores e comerciantes

    de sementes; c) conceituaes especficas s sementes; d) procedimentos relativos anlise de sementes, bem como o credenciamento de

    laboratrios de sementes; e) identificao de sementes e f) definies de proibies, isenes e estabelecimento de penalidades sobre

    contravenes.

    3.4. Certificao de sementes

    A certificao de sementes o processo controlado por um rgo competente em geral pblico, atravs do qual se garante que a semente foi produzida de forma que se possa conhecer com certeza sua origem gentica e que cumpre com condies fisiolgicas, sanitrias e fsicas pre-estabelecidas.

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    A certificao de sementes um sistema criado internacionalmente para certificar a autenticidade da semente que vendida aos agricultores, fornecendo-lhes a confiana de que o insumo adquirido realmente possui as caractersticas declaradas pelo produtor de sementes na etiqueta da embalagem. A semente certificada deve cumprir com requisitos de qualidade fsica e fisiolgica, j que deve certificar a ausncia de sementes de outras espcies, de sementes de invasoras ou plantas daninhas proibidas, de sementes danificadas ou deterioradas e, ainda, que as sementes possuem um alto poder germinativo.

    A certificao um componente importante da indstria de sementes, j que atua em todos seus elementos, participando da produo, beneficiamento, comercializao e, ainda, prestando servios aos agricultores. o nico mtodo que permite manter a identidade varietal da semente em um mercado aberto. Pelo controle de geraes, permite que as sementes das cultivares superiores lanadas oficialmente pela pesquisa, atravs do melhoramento de plantas, mantenham sua pureza gentica e todas as caractersticas qualitativas que, por serem de interesse do agricultor, fazem com que este as adquira e as semeie.

    Os pases com programas de sementes estabelecidos, possuem uma legislao (Lei de Sementes) que, expressando uma poltica governamental, fomenta a produo e protege os agricultores contra riscos de utilizar sementes de baixa qualidade, bem como os comerciantes contra competidores inescrupulosos. O sistema de certificao de sementes participa dentro do programa de sementes, como apoio no cumprimento da lei, se implementado por uma agncia. Tem por objetivo verificar os campos de produo e as instalaes onde a semente ser produzida, com base em padres mnimos que incluem pureza varietal e fsica, germinao e sanidade, os quais em conjunto, compem a qualidade de um lote de sementes.

    O xito de um sistema de certificao de sementes est limitado demanda de sementes certificadas por parte dos agricultores. necessrio que as cultivares criadas e/ou melhoradas pelos pesquisadores sejam utilizadas pelos agricultores nas suas lavouras, com todas as caractersticas que lhe outorgam a condio de produzir gros de excelente qualidade e com altos rendimentos, o que se traduz em bem-estar da comunidade. Esse fato depende da habilidade de cada pas para criar um mercado e fornecer sementes de alta qualidade das cultivares melhoradas em quantidades suficientes e que cheguem aos agricultores o mais rapidamente possvel, dentro dos requerimentos reais da indstria sementeira.

    A certificao tem contribudo, sem dvidas, em todos os pases em que se aplica, a aumentar a distribuio de sementes das cultivares superiores; a estabelecer padres mnimos de qualidade e a mostrar aos agricultores a importncia do consumo e do valor das sementes melhoradas. Cada pas organiza o sistema de certificao que lhe convm; porm, desde 1977 existe em

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    nvel internacional o "sistema OECD" (Organizao Econmica para a Cooperao com o Desenvolvimento), permitindo que todos os pases membros das Naes Unidas utilizem os modelos de certificao de sementes propostos por esse rgo, devendo seguir seus regulamentos ao se comprometerem com o sistema. Isso marcou o inicio de um intercmbio entre pases e tem permitido ajustar o mercado intercontinental de importao e exportao de sementes.

    A abertura dos mercados internacionais para a exportao de sementes e o "sistema OECD" de certificao tem contribudo significativamente para o aumento da produo de sementes certificadas em nvel mundial. Em pases da Comunidade Econmica Europia, frica do Sul, Canad e Austrlia, a certificao pr-requisito para a importao de sementes e sua comercializao dentro do pas. Esses pases possuem registros de variedades restritos e essas variedades tm que ser testadas num mnimo de trs anos e aprovadas por uma agncia oficial de certificao.

    Os requerimentos de certificao para sementes importadas a cargo dos ministrios de agricultura dos pases em desenvolvimento, exigem slidos sistemas de certificao dos pases que queiram entrar e competir no mercado internacional de sementes.

    O futuro da certificao de sementes deve solidificar-se com base na qualidade de sementes, permitindo que os sistemas de certificao, alm de verificar e assegurar a identidade gentica da cultivar atravs da pureza varietal, participem tambm no controle e avaliao dessa qualidade, oferecendo aos produtores, beneficiadores, comerciantes e sementeiros, em geral, servios de campo, de beneficiamento em UBSs e de laboratrio (testes de vigor e de sanidade) que garantam todos os benefcios que a utilizao de sementes de alta qualidade trazem aos agricultores.

    3.4.1 Componentes de um sistema de certificao a) Servio Oficial: a autoridade designada pelo governo para implementar

    leis, regulamentos, atravs da inspeo nas diversas etapas do sistema e da verificao posterior por meio de testes prescritos.

    b) Cultivares Melhoradas: So as selecionadas para o sistema, se forem de comprovado valor agronmico.

    c) Material Bsico: A entidade criadora da cultivar original deve mant-la e fornecer os estoques de semente gentica para multiplicao da semente bsica.

    d) Controle de Geraes: Tem como base as classes ou etapas da certificao, que so:

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    1) Semente bsica: material proveniente da gentica, que serve de base para semente registrada;

    2) Semente Registrada: material que serve de base para a semente certificada;

    3) Semente Certificada: proveniente da semente registrada e colocada venda para o agricultor;

    4) Semente Fiscalizada: semente declarada como varietalmente pura pelo produtor, porm fora do sistema de certificao.

    e) Normas de Certificao: Normas gerais e especficas que definem os requisitos agronmicos que devem ser seguidos na produo de sementes.

    f) Registro de cultivares Uma cultivar para entrar no sistema de produo tem que ser registrada na agncia de certificao de sementes.

    g) Proteo de cultivares Uma cultivar pode o no ser protegida. Em caso positivo, a proteo feita tambm na agncia de certificao de sementes.

    4. PROTEO DE CULTIVARES

    O desenvolvimento de novas cultivares de plantas demorado e caro. Os materiais vegetais frequentemente reproduzem a si prprios aps a liberao para o mercado privando o seu criador de uma oportunidade adequada de recuperar o seu investimento em pesquisa e/ou manter um fundo para futuras pesquisas. Por essa razo entre os interessados em encorajar a inovao nas plantas, tem havido interesse em mecanismos para proteger a posio do obtentor provendo-o com um alto grau de exclusividade em relao produo e venda de sua inovao (uma nova cultivar).

    Neste sentido, foi criada a UPOV (Organizao Internacional para Proteo de Cultivares), que possui convenes de 1961, 1978 e 1991. As mais importantes, com validades at aos dias de hoje, so a de 1978 e a de 1991. A conveno de 1978 contempla a proteo da cultivar at a semente certificada ou comercial, enquanto a de 1991, entre outros aspectos, contempla que a proteo vai at o produto comercial, ou seja se o agricultor quiser usar a sua prpria semente, no h problemas, entretanto o royalty do melhorista deve ser pago.

    Salienta-se que alguns pases, mesmo estando filiados ATA da UPOV de 1978, contemplam em lei uma rea mxima em que o agricultor pode usar sua prpria sem pagar royaties.

    Procurando manter a capacidade do sistema de proteo das obtenes vegetais e de promover as atividades de melhoramento das plantas, foi

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    introduzido no Convnio da UPOV, pela Ata de 1991, o conceito de variedade essencialmente derivada, que tem como objetivos:

    a) salvar uma brecha do sistema de proteo baseado na Ata de 1978 do Convnio;

    b) contar com relaes eqitativas entre obtentores; c) criar relaes eqitativas entre titulares de direitos de obtentor e titulares de

    patentes.

    4.1. Alguns conceitos relacionados includos nos convnios da UPOV Para fins de proteo, considera-se, de forma muito simplificada, que uma

    cultivar um conjunto vegetal distinto, homogneo e estvel. Considera-se que a distino entre cultivares estabelecida sobre a base de

    caracteres que possuem ou no uma relao com o valor agronmico ou tecnolgico da variedade, ou mesmo um interesse econmico, bastando uma diferena com relao a um caracter, para chegar-se a concluir que existe distino entre elas.

    Para que a atividade de fitomelhoramento possa desenvolver-se plenamente, condio indispensvel a livre disponibilidade de todas as cultivares como fonte de variabilidade para o posterior melhoramento, que no se deve, em absoluto, restringir.

    Os Convnios da UPOV deixaram isso bem claro desde o incio, e j na Ata de 1961 foi estabelecida a chamada Iseno do Obtentor, que estabelece que uma cultivar protegida pode ser livremente utilizada para criar novas cultivares.

    Assim, pois, o emprego das cultivares dos competidores, a fim de obter delas caracteres desejveis, uma prtica adequada entre os fitomelhoristas.

    4.2. O melhoramento vegetal tradicional

    Existem, por outro lado, caracteres que so regulados por apenas um ou por

    um nmero reduzido de genes. So caracteres do tipo qualitativo, que algumas vezes apresentam importncia para o cultivo, como pode ser a resistncia a uma determinada raa de um fungo, ou regular a presena de um determinado tipo de leo. Porm, muitas vezes, no so de importncia, como por exemplo a cor das flores nas plantas de soja ou a presena de antocianinas nos estigmas do milho.

    Modificar a expresso desses caracteres qualitativos pode ser uma tarefa relativamente simples, quando comparada com o desenvolvimento de uma cultivar completa, que implicaria, alm disso, na obteno de estrutura gentica que assegure uma boa adaptabilidade e um bom rendimento.

  • Sementes: Fundamentos Cientficos e Tecnolgicos

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    Desta forma, trabalhando com os genes que regulam a expresso de caracteres qualitativos de uma variedade, e por meio, por exemplo, de retrocruzamentos, possvel modificar uma boa variedade em um caracter sem importncia agronmica, obtendo uma variedade que seja diferente, porm conservando inalterada a poro do gentipo que d verdadeiro valor cultivar que foi modificada. Um fitomelhorista que fizesse isso poderia chegar a proteger sua nova variedade, usufruindo do trabalho do criador da primeira variedade, que na verdade realizou o trabalho mais rduo.

    4.3. Os efeitos negativos de uma iseno completa

    At a Conveno da UPOV, de acordo com a Ata de 1991, era prevista uma

    completa iseno do obtentor, e esta situao levou a um desestmulo atividade de fitomelhoramento, tendo-se em conta, por exemplo, que empregando-se tcnicas tradicionais, o desenvolvimento de uma variedade leva cerca de dez anos, e no se deve deixar de mencionar que selecionar as plantas adequadas uma tarefa que requer grande experincia. Pode-se resumir o panorama da seguinte forma:

    1) O obtentor de uma variedade, denominada inicial, decidiu realizar uma

    mudana importante para criar esta variedade. Em geral, ter efetuado um cruzamento seguido de seleo durante vrios anos; do mesmo modo ter realizado testes para determinar o valor comercial da variedade e definir as condies de cultivo.

    2) Um segundo obtentor poder produzir, muitas vezes depois de uma pequena mudana, uma nova variedade, que ser considerada como variedade derivada. A noo de variedade essencialmente derivada faz com que se analise o grau de semelhana entre a variedade parental (a variedade inicial) e a variedade derivada. Para que exista a derivao essencial, este grau deve ser superlativo. Desta nova variedade essencialmente derivada podemos considerar que: a) possui quase todos os caracteres da variedade inicial, em particular

    aqueles que representam o interesse comercial da variedade inicial; e b) difere, da variedade inicial, unicamente por um caracter ou por um

    nmero muito limitado de caracteres. 3) Esta segunda pessoa aporta uma contribuio tcnica e econmica que

    pode ser: a) nula (por exemplo mudar a cor da flor da planta de soja); b) importante ( o caso de uma mutao induzida em cravo que faz

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    aparecer um talo com flores brancas em uma planta de flores vermelhas).

    4) Em qualquer um dos casos, esta segunda pessoa explora integralmente as modificaes do obtentor da variedade inicial; e, alm disso, entra em concorrncia direta com ele, qualquer que seja sua modificao e qualquer que seja sua prpria contribuio tcnica e econmica.

    4.4. Variedade essencialmente derivada

    A Ata de 1991, do Convnio da UPOV, mostra um aperfeioamento com

    relao ao que acontecia anteriormente. Nesta, a iseno do obtentor foi mantida em sua integridade: toda variedade protegida pode ser livremente utilizada, como no passado, para criar novas variedades, includas as variedades essencialmente derivadas.

    Por outro lado, a explorao de uma variedade essencialmente derivada pode ser submetida a uma autorizao do obtentor da variedade inicial. Em outras palavras, o direito de obtentor relativo variedade inicial estende-se s variedades essencialmente derivadas e estas so dependentes da variedade inicial.

    As condies desta dependncia so as seguintes: a) a variedade inicial deve ser protegida; b) a variedade inicial no deve ser uma variedade essencialmente derivada

    (esta deve ser resultado de um verdadeiro trabalho de criao de variedade);

    c) a variedade essencialmente derivada deve responder s condies: - ser essencialmente derivada da variedade inicial, - ser suficientemente distinta para ser uma variedade, - ser quase semelhante variedade inicial.

    O esprito da soluo , pois: 1. Promover a continuao das modificaes no melhoramento das plantas

    clssicas (os cruzamentos seguidos de seleo, com ou sem mtodos modernos), que se pode qualificar de inovadoras.

    2. Desalentar as atividades desleais ou parasitrias sem desestimular as atividades de seleo melhoradora.

    3. Criar uma base jurdica para acertar acordos equilibrados entre: a) obtentores de variedades resultantes de seleo inovadora e

    obtentores de variedades resultantes de seleo melhoradora. Cabe destacar aqui que os resultados das atividades de adaptao de variedades estrangeiras protegidas, sempre e quando no se limitem a

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    uma mera atividade cosmtica da variedade protegida, caram fora do conceito de variedade essencialmente derivada, j que a adaptao de uma variedade s condies locais requer um verdadeiro programa de melhoramento vegetal, no qual estaro implicados cruzamentos com variedades locais que possibilitem introduzir caracteres que permitam obter um rendimento timo da variedade. O esprito do convnio promover o melhoramento vegetal, includa a adaptao de variedades, no restringi-lo, sempre e quando se salvaguardam os direitos dos obtentores de proteger-se da mera cpia.

    b) obtentores de variedades resultantes da seleo inovadora, protegidas por direitos de obtentor e criadores de procedimentos ou de produtos protegidos por patentes.

    5. ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE SEMENTES

    A preocupao de uma empresa produtora com a qualidade de sua semente deve ser constante no sentido de alcan-la, mant-la e determin-la.

    Os atributos de qualidade podem ser divididos em genticos, fsicos, fisiolgicos e sanitrios.

    5.1. Genticos

    A qualidade gentica envolve a pureza varietal, potencial de produtividade,

    resistncia a pragas e molstias, precocidade, qualidade do gro e resistncia a condies adversas de solo e clima, entre outros. Essas caractersticas so, em maior ou menor grau, influenciadas pelo meio ambiente e melhor identificadas examinando-se o desenvolvimento das plantas em nvel de campo.

    H necessidade de uma srie de medidas a serem tomadas, para evitar contaminaes genticas ou varietais e, assim, colocar disposio do agricultor sementes com caractersticas desejadas. Por contaminao gentica, entende-se a resultante da troca de gros de plen entre diferentes cultivares, enquanto por contaminao varietal, entende-se a que acontece quando sementes de diferentes variedades se misturam. A primeira, ocorre na fase de produo e a segunda, principalmente, na etapa de ps-colheita.

    Com a certeza da pureza gentica da cultivar, ter-se- no campo plantas que iro reproduzir fielmente as caractersticas selecionadas pelo melhorista e originar um produto em quantidade e com as qualidades esperadas pelo agricultor e consumidor.

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    Nos ltimos anos, tem-se dado bastante nfase em caractersticas genticas das sementes que possibilitem um maior desempenho para o seu estabelecimento no campo. Algumas dessas caractersticas j foram ou esto sendo incorporadas em cultivares de algumas espcies como:

    a) resistncia deteriorao de campo atravs da incorporao do caracter de dureza da semente;

    b) capacidade de germinar em condies de baixa disponibilidade de gua c) capacidade de germinar a maiores profundidades do solo.

    5.2. Fsicos Vrios so os atributos de qualidade fsica da semente: a) Pureza fsica - uma caracterstica que reflete a composio fsica ou

    mecnica de um lote de sementes. Atravs desse atributo, tem-se a informao do grau de contaminao do lote com sementes de plantas daninhas, de outras variedades e material inerte.

    Um lote de sementes com alta pureza fsica um indicativo que o campo de produo foi bem conduzido e que a colheita e o beneficiamento foram eficientes.

    b) Umidade - o grau de umidade a quantidade de gua contida na semente, expressa em porcentagem, em funo de seu peso mido.

    A umidade exerce grande influncia sobre o desempenho da semente em vrias situaes. Dessa maneira, o ponto de colheita de grande nmero de espcies determinado em funo do grau de umidade da semente. H uma faixa de umidade em que a semente sofre menos danos mecnicos e debulha com facilidade.

    Outra influncia do grau de umidade na atividade metablica da semente, como nos processos de germinao e deteriorao. Portanto, o conhecimento desse atributo fsico permite a escolha do procedimento mais adequado para colheita, secagem, acondicionamento, armazenamento e preservao da qualidade fsica, fisiolgica e sanitria da semente.

    H, tambm, exigncias quanto a umidade para a comercializao, pois este est associado ao peso do material adquirido. Na maioria dos pases, considera-se como 13% o padro de umidade para comercializao.

    c) Danificaes mecnicas - toda vez que a semente manuseada, est sujeita a danificaes mecnicas. O ideal seria colh-la e benefici-la manualmente. Entretanto, na grande maioria das vezes, isso no prtico nem econmico. As colheitadeiras, mesmo quando perfeitamente reguladas, podem danificar severamente as sementes durante a operao

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    de debulha. Esse processo causa danos s sementes, principalmente se forem colhidas muito midas ou secas.

    Danificaes tambm podem ocorrer na UBS (Unidade de Beneficiamento de Sementes), principalmente quando as sementes passam por elevadores, atravs de quedas, impactos e abrases, que causam leses no tegumento.

    O tegumento da semente possui a funo de proteg-la fisicamente e, toda vez que for rompido, faz com que a semente fique mais exposta s condies adversas do meio ambiente para entrada de microorganismos e trocas gasosas. Algumas sementes so mais suscetveis a danos mecnicos que outras. Sementes de soja so altamente danificveis

    As danificaes mecnicas, alm de propiciarem uma m aparncia do lote de sementes, tambm afetam sua qualidade fisiolgica, as quais podem manifestar imediatamente ou aps alguns meses de armazenamento, o chamado efeito latente. Nem todos os danos mecnicos so visveis; inclusive em caso de sementes com um pouco mais de umidade, os danos no visveis podem estar em maior proporo e causar desagradveis surpresas.

    d) Peso de 1000 sementes - uma caracterstica utilizada para informar o tamanho e peso da semente. Como a semeadura realizada ajustando-se a mquina para colocar um determinado nmero de sementes por metro, sabendo o peso de 1000 sementes e, por conseguinte, o nmero de sementes por kg, fcil de determinar o peso de sementes a ser utilizado por rea. Com a adoo da classificao de sementes de soja pelos produtores de sementes, esse atributo fsico torna-se muito importante.

    f) Aparncia - a aparncia do lote de sementes atua como um forte elemento de comercializao. A semente deve ser boa e parecer boa. Lotes de sementes, com ervas daninhas, materiais inertes e com sementes mal formadas e opacas, no possuem o reconhecimento do agricultor.

    g) Peso volumtrico - o peso de um determinado volume de sementes. Recebe o nome de peso hectoltrico se for o peso de 100 litros. uma caracterstica que fornece o grau de desenvolvimento da semente.

    O peso volumtrico influenciado pelo tamanho, formato, densidade e grau de umidade das sementes. Mantendo outras caractersticas iguais, quanto menor for a semente maior ser seu peso volumtrico. Em relao umidade, a mesma varia conforme o tipo de semente; por exemplo, em trigo, milho e soja, quanto maior o teor de umidade, menor ser o peso volumtrico, enquanto para sementes de arroz ocorre o inverso, onde 1m3 de arroz com 13% de umidade pesa ao redor de 560kg e, com 17%, pesa mais de 600kg.

    Um lote formado por sementes maduras, bem granadas, apresenta um peso volumtrico maior do que outro lote com a presena de sementes imaturas,

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    malformadas e chochas. A informao do peso volumtrico, alm de ser til na avaliao da qualidade da semente, tambm essencial para clculo de capacidade de silos e depsitos em geral.

    H outros atributos fsicos de qualidade de sementes, entretanto considera-se

    os anteriormente mencionados como os mais importantes.

    5.3. Fisiolgicos Considera-se como atributo fisiolgico aquele que envolve o metabolismo da

    semente para expressar seu potencial. a) Germinao - em tecnologia de sementes, a germinao definida como a

    emergncia e o desenvolvimento das estruturas essenciais do embrio, manifestando sua capacidade para dar origem a uma plntula normal, sob condies ambientais favorveis.

    A germinao expressa em porcentagem e sua determinao padronizada no mundo inteiro, segundo cada espcie. Os requerimentos para o teste de germinao esto contidos num manual denominado "Regras para Anlise de Sementes" que, em nvel internacional, publicado pela ISTA (International Seed Testing Association).

    O percentual de germinao atributo obrigatrio no comrcio de sementes, sendo (em geral) 80% o valor mnimo requerido nas transaes. Em funo do percentual de germinao e das sementes puras, o agricultor pode determinar a densidade de sua semeadura.

    O resultado do teste de germinao tambm utilizado para comparar a qualidade fisiolgica dos lotes de sementes. Entretanto, salienta-se que o teste de germinao realizado em condies ambientais timas e pode apresentar um resultado bem diferente se essas condies no forem encontradas no solo.

    b) Dormncia - o estdio em que uma semente viva se encontra quando se fornecem todas as condies adequadas para germinao e a mesma no germina.

    A dormncia tambm expressa em porcentagem e mais acentuada em algumas espcies do que em outras. Por exemplo, em sementes de forrageiras e de plantas daninhas, o percentual pode alcanar mais de 50% das sementes do lote.

    A dormncia uma proteo natural da planta para que a espcie no se extermine em situaes adversas (umidade, temperatura, etc.). Essa caracterstica pode ser encarada como benfica ou no. No caso das sementes de plantas daninhas, ela considerada ruim para o agricultor, pois dificulta o seu

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    controle, onde algumas sementes podem ficar dormentes por vrios anos no solo. Em forrageiras, o estdio de dormncia benfico pois possibilita a ressemeadura natural. Outro exemplo benfico da dormncia o caso de sementes duras de soja que podem ficar no campo aguardando a colheita com um mnimo de deteriorao.

    c) Vigor - os resultados do teste de germinao freqentemente no se reproduzem em nvel de campo, pois no solo as condies raramente so timas para a germinao das sementes. Dessa maneira, desenvolveu-se o conceito de testes de vigor.

    Existem vrios conceitos de vigor; entretanto, pode-se afirmar que este o resultado da conjugao de todos aqueles atributos da semente que permitem a obteno de um adequado estande sob condies de campo, favorveis e desfavorveis.

    Existem vrios testes de vigor, cada um mais adequado a um tipo de semente e condio. Esse um atributo muito utilizado pelas empresas de sementes em seus programas de controle interno de qualidade. Esses testes determinam lotes com baixo potencial de armazenamento, que germinam mal no frio, que no suportam seca, etc. Apesar dos testes de vigor possurem muita utilidade, os mesmos ainda no foram padronizados.

    5.4. Sanitrios

    As sementes utilizadas para propagao devem ser sadias e livres de

    patgenos. Sementes infectadas por doenas podem no apresentar viabilidade ou serem de baixo vigor.

    A semente um veculo para distribuio e disseminao de patgenos, os quais podem, s vezes, causar surtos de doenas nas plantas, pois pequenas quantidades de inculo na semente podem ter uma grande significncia epidemiolgica.

    Os patgenos transmitidos pela semente incluem bactrias, fungos, nematides e vrus, sendo os fungos os mais freqentes.

    6. NORMAS DE PRODUO DE SEMENTES

    Entre os componentes de um programa de sementes, o de produo o mais importante, sendo, obviamente, os demais tambm indispensveis. Para que a semente realmente tenha impacto na agricultura, para maior obteno de alimento para a humanidade, necessrio que, alm de ser de alta qualidade e de

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    uma variedade melhorada, tambm seja utilizada em larga escala pelo agricultor. No desenvolvimento deste assunto, considerou-se como meta a produo de

    sementes de alta qualidade, em quantidade adequada, por uma empresa de sementes. A seguir ser discutido as tcnicas e cuidados para a produo de sementes as quais no se diferenciam muito daquelas utilizadas para produo de gros. Entretanto, algumas necessitam de cuidados especiais.

    6.1. Origem da semente e cultivar

    A seleo da semente pura da espcie o primeiro passo na direo da

    obteno da semente de alta qualidade. Dessa maneira, a semente a utilizar dever ser:

    a) de origem e classe conhecida, aceitvel para a reproduo da espcie; b) de alta pureza gentica (caso a semente adquirida esteja geneticamente

    contaminada, no ser possvel produzir sementes geneticamente puras); c) livre de doenas, de sementes de plantas daninhas, de insetos, de sementes

    de outras espcies e de material inerte e d) com alta geminao e vigor. Em relao cultivar, a seleo deve recair para aquelas cujo cultivo seja

    familiar ao produtor, para possibilitar os melhores resultados de rendimento e qualidade.

    Outro aspecto que deve ser considerado a preferncia em termos de cultivares por parte do consumidor (agricultor). A procura por parte do agricultor de uma determinada cultivar, em algumas espcies, alm do aspecto de produo da cultura, leva em conta a facilidade de comercializao do produto, em funo das exigncias do mercado consumidor.

    O produtor de sementes poder trabalhar com mais de uma cultivar de uma determinada espcie. Entretanto, para que misturas genticas e/ou de cultivares sejam evitadas, recomendvel que trabalhe com poucas. Se trabalhar com vrios cooperantes, essa recomendao ser vlida para esses. Tambm em nvel de UBS, devem ser tomadas as devidas precaues.

    Ainda sobre a cultivar, destaca-se que a gentica vem em primeiro lugar e que a qualidade intrnseca da semente valorizada de forma especial fundamental para a agricultura, somente atravs de uma cultivar superior, de elite, como hoje se diz, que um produtor de sementes se mantm competitivo.

    Ainda com relao cultivar e LPC, alguns produtores esto deixando ou iro deixar a atividade, pois no conscientizaram-se de que a cultivar a chave do sistema. Alertados, no se dispuseram a ingressar no melhoramento gentico. Nem se articularam com obtentores vegetais privados e vo apostar nas

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    cultivares de instituies pblicas, concorrendo em licitaes com outros colegas. A tendncia a diminuio do nmero de produtores de sementes daquelas espcies protegidas, na proporo em que as cultivares no protegidas sarem de recomendao. Agora, vrios produtores esto reunindo-se em fundaes ou implementando empresas de melhoramento gentico, o que ir aumentar a concorrncia. Alguns produtores, no entanto, esto ligados a mais de um obtentor de cultivares, por acreditarem que sem a fonte da cultivar vo deixar de existir como sementeiros.

    Em funo da LPC, as empresas de melhoramento gentico vo partir para aumentar sua participao no mercado, faturar mais e aumentar seu conceito ante o cenrio do agronegcio e fora dele. Produtores de sementes e obtentores vegetais devero estar cada vez mais associados, articulados e formando parcerias fortes. A busca de maior fatia de mercado atravs de estratgias de marketing, ser uma constante. Eficincia e prestgio estaro em jogo. Afinal, a cultivar a chave dos sistemas de produo de sementes e dar sustentabilidade s pesquisas para outras tecnologias, se for o caso, exceo feita s empresas pblicas. Portanto, em produo e comercializao de sementes a palavra-chave e continuar sendo: cultivar.

    6.2. Escolha do campo

    Considerando que a regio seja promissora para a produo de sementes, o

    passo seguinte o da escolha do campo onde ser instalada a cultura. Essa escolha um outro problema a ser solucionado, pois a rea onde se desenvolver a produo pode estar sujeita a vrios tipos de contaminaes, como: patognica, varietal, gentica, fsica, de plantas daninhas, etc., que iro prejudicar ou inviabilizar o material obtido como semente.

    O produtor necessita conhecer o histrico do campo e da regio em que ir trabalhar. Esse histrico envolve regime de chuvas, espcies ou cultivares produzidos anteriormente, plantas daninhas existentes, problemas locais com pragas, doenas e nematides, condies de fertilidade, problemas de eroso, etc.

    Alguns desses fatores sero apresentados, a seguir, com maior profundidade. a) Cultura anterior O campo no deve ter sido cultivado com a mesma espcie no ano anterior ou

    nos anos anteriores, conforme a cultivar escolhida. Dependendo da espcie, no deve ter sido cultivada nem com espcies afins. Esse cuidado ou exigncia deve-se ao fato de que as sementes cadas ao solo sobrevivem de um ano para outro ou, s vezes, por mais de um ano, principalmente se essas apresentarem dormncia, bastante comum em leguminosas, essencialmente nas espcies

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    forrageiras. Essas sementes, uma vez germinando e desenvolvendo-se em plantas adultas, tornar-se-o plantas voluntrias (isto , no semeadas pelo homem), polinizadoras ou ocasionadoras de contaminaes varietais. Por qualquer um dos processos, h o comprometimento da pureza varietal e gentica da semente.

    Outros problemas relacionados com a cultura anterior so os de doenas e pragas, pois aquelas podem constituir-se atravs de seus restos de culturas em fontes de inculo ou de hospedeiro, que iro trazer problemas para a cultura posterior. Por outro lado, as plantas voluntrias surgidas podem ser as plantas hospedeiras de microrganismos patognicos e, tambm, de insetos, dentre os quais podem existir os vetores de doenas. Dependendo dos problemas ocorridos na cultura anterior, o prprio solo pode tornar-se o veculo ou a fonte de inculo das doenas. Um exemplo tpico desse caso o da cultura do amendoim, onde culturas sucessivas ocasionam o comprometimento total do campo, por problema de doenas, principalmente por causa da murcha de Sclerotium. No caso do feijoeiro, o terreno no deve ter sido cultivado com a espcie ou com outras leguminosas em geral, sendo prefervel que tenha sido ocupado com gramneas. Outro exemplo o caso da murcha em batata, causada pela bactria Pseudomonas solanacearum, que pode ficar no solo por vrios anos. Esses cuidados visam, principalmente, evitar problemas fitossanitrios.

    b) Espcies silvestres O conhecimento das plantas daninhas predominantes no campo de

    primordial importncia pois, alm de ser mais fcil produzir em reas livres da concorrncia dessas, h o fato de que elas podem se enquadrar dentro daquelas consideradas silvestres nocivas (Tabela 2). E, se entre as nocivas, ocorreram as consideradas proibidas para a regio, o problema ser maior para se garantir o sucesso do campo, caso se cultive em tal rea. Se, desde a fase de escolha e instalao do campo para produo de sementes, houver condies de se desprezar aquelas reas mais problemticas com ervas daninhas, principalmente as consideradas nocivas, ter-se-o menores transtornos, seja para controle das mesmas, seja para as inspees, colheita e posterior beneficiamento. Um exemplo bem tpico o caso da presena de arroz vermelho e/ou preto em um campo, o que o torna no indicado para instalao de um campo para produo de sementes de arroz.

    Para um melhor exame da ocorrncia de plantas daninhas e situao do cultivo anterior, recomenda-se que o campo seja inspecionado antes que seja lavrado.

    c) Insetos A presena de insetos necessita ser encarada sob dois aspectos: o positivo e o

    negativo. O negativo, com os efeitos comumente abordados e conhecidos para as

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    culturas normais; portanto, locais favorveis presena de insetos necessitam ser evitados.

    O aspecto positivo, menos considerado, envolve a relao planta-inseto no tocante polinizao. Em algumas espcies existe uma alta especializao na relao envolvendo a planta e o inseto, onde o desenvolvimento da semente torna-se praticamente impossvel sem a interveno de uma espcie particular de inseto. A famlia da leguminosas a que apresenta espcies mais adaptadas para polinizao por insetos, principalmente, por abelhas. Nessas espcies, a estrutura da flor que garante essa especialidade, enquanto que, em outras famlias, as flores so acessveis tambm a outros insetos, como por exemplo o algodoeiro, o girassol, a alface, a cebola, a cenoura e as brssicas. As ordens de insetos polinizadores que merecem destaque so: Coleoptera (besouros), Lepidoptera (borboletas e mariposas), Diptera (moscas, mosquitos, etc.) e Hymenoptera (vespas, abelhas e outros).

    Tabela 2 - Espcies consideradas plantas nocivas na maioria das regies de cultivo.

    Nome comum Nome cientfico Alho silvestre Allium vineale Angiquinho Aeschynomene rudis Benth Arroz vermelho Oryza sativa L. Arroz preto Oryza sativa L. Capim anoni Eragrostis plana Ness Canevo Echynochloa spp Cuscuta Cuscuta spp Feijo mido Vigna unguiculata (L.) Walp Ipomoea Ipomoea spp Nabo Raphanus raphanistrum L. Polgono Poligonum spp Rumex Rumex spp Sida Sida spp Sorgo de alepo Sorghum halepense (L.) Pers. Tiririca Cyperus rotundus L.

    A ordem Thisanoptera (trips) apresenta vrias formas que visitam as flores,

    porm, a contribuio desses minsculos insetos pequena. A quantidade de espcies de insetos que habitualmente visitam as flores

    atinge a centenas de milhares e alguns milhares desses beneficiam as espcies produtoras de sementes. Bohart & Koerber (1972) relacionaram 116 espcies de plantas cultivadas nos Estados Unidos, distribudas em 26 famlias, que

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    necessitam ou so beneficiadas com a polinizao de insetos. Conhecida a particularidade da cultura, em termos de polinizao por insetos, necessrio que na escolha do campo seja levado em conta a presena de tais insetos. Um exemplo tpico o de Bomus sp. (mamangava) que se caracteriza por ser excelente polinizador de Crotalaria, porm a sua presena tem se tornado restrita, resultando em srio problema na produo de sementes