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Seminário do Conselho da Justiça Federal ROBERTO AUGUSTO CASTELLANOS PFEIFFER Conselheiro do CADE Mestre em direito pela USP Professor de Direito Econômico e direito do consumidor Brasília– 14.04.2005

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Seminário do Conselho da Justiça Federal

ROBERTO AUGUSTO CASTELLANOS PFEIFFERConselheiro do CADE

Mestre em direito pela USPProfessor de Direito Econômico e direito do consumidor

 Brasília– 14.04.2005

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Núcleo do tipo no caput do art. 20 da Lei nº 8.884/94.

““Art. 20. Constituem infração da ordem econômica, Art. 20. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:

  I - limitar, falsear, ou de qualquer forma prejudicar I - limitar, falsear, ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa;a livre concorrência ou a livre iniciativa;

II - dominar mercado relevante de bens ou serviços;II - dominar mercado relevante de bens ou serviços;

III - aumentar arbitrariamente os lucros;III - aumentar arbitrariamente os lucros;

IV - exercer de forma abusiva posição dominante.”IV - exercer de forma abusiva posição dominante.”

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Tipificação

Efeitos potenciais:Efeitos potenciais: há que se demonstrar a há que se demonstrar a possibilidade de surtir efeitos (o que se relaciona possibilidade de surtir efeitos (o que se relaciona com a questão do poder de mercado).com a questão do poder de mercado).

Não necessita ser demonstrado: a) culpa ou dolo Não necessita ser demonstrado: a) culpa ou dolo (responsabilidade objetiva); b) produção de efeitos (responsabilidade objetiva); b) produção de efeitos concretos.concretos.

Regra da razão X condenação per seRegra da razão X condenação per se Caráter exemplificativo do rol do art. 21Caráter exemplificativo do rol do art. 21

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Poder de mercado: configuração nos casos de cartéis

1) O relevante é a soma das participações de 1) O relevante é a soma das participações de mercado e não a participação isolada de cada mercado e não a participação isolada de cada agente que deve ser levada em consideração. agente que deve ser levada em consideração.

2) Participação de associações de classe: o poder 2) Participação de associações de classe: o poder de mercado deve ser tomado a partir da de mercado deve ser tomado a partir da representatividade da respectiva associação, representatividade da respectiva associação, medida a pela porcentagem de integrantes da medida a pela porcentagem de integrantes da categoria econômica filiados à associação. categoria econômica filiados à associação.

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Exemplos do art. 21 relacionados com os cartéis

Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medida em Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no art. 20 e seus incisos, que configurem hipótese prevista no art. 20 e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica:caracterizam infração da ordem econômica:

I - fixar ou praticar, em acordo com concorrente, sob qualquer I - fixar ou praticar, em acordo com concorrente, sob qualquer forma, preços e condições de venda de bens ou de prestação de forma, preços e condições de venda de bens ou de prestação de serviços;serviços;

II - obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme II - obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes;ou concertada entre concorrentes;

III - dividir os mercados de serviços ou produtos, acabados ou III - dividir os mercados de serviços ou produtos, acabados ou semi-acabados, ou as fontes de abastecimento de matérias-primas semi-acabados, ou as fontes de abastecimento de matérias-primas ou produtos intermediários;ou produtos intermediários;

VIII- combinar previamente preços ou ajustar vantagens na VIII- combinar previamente preços ou ajustar vantagens na concorrência pública ou administrativa;concorrência pública ou administrativa;

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Por que punir os cartéis?

- Efeitos perniciosos causados pelos cartéis:Efeitos perniciosos causados pelos cartéis: - Aumento de preçosAumento de preços- - Redução da ofertaRedução da oferta- - Ausência de estímulos para aumentar a qualidadeAusência de estímulos para aumentar a qualidade- - Redução do bem estar total da economia - produção Redução do bem estar total da economia - produção

de peso mortode peso morto-Redução de bem estar do consumidor – -Redução de bem estar do consumidor –

transferência de excedente do consumidor para o transferência de excedente do consumidor para o produtorprodutor

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. Considerações da OCDE quanto ao resultado das ações dos Considerações da OCDE quanto ao resultado das ações dos cartéis:cartéis:

elevação média de 10% nos preços dos produtos nos setores em que atuam; e

. redução média de 20% nas quantidades ofertadas.   . Exemplos das ações de cartéis internacionais:Exemplos das ações de cartéis internacionais:   - Cartel das “Lisinas” – aumento de preços, em dólar, de 70%

nos 3 primeiros meses do conluio;  - Cartel dos “Ácidos Cítricos” – preços subiram 30% nos EUA - Exemplos brasileiros:- - Cartel dos aços planos: 5% de aumento sem pressão de

custos;- - Cartel de combustível: 20% de aumento em um caso.

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Efeitos (potenciais) que tem sido considerados

Processos Administrativos do cartel do aço, venda a Processos Administrativos do cartel do aço, venda a varejo de combustíveis, ponte aérea e gás liquefeito de varejo de combustíveis, ponte aérea e gás liquefeito de petróleo: uniformização de preço e conduta comercial (petróleo: uniformização de preço e conduta comercial (art. art. 21, I e II)21, I e II)..

PProcesso de Posto de gasolina: influenciar na adoção de rocesso de Posto de gasolina: influenciar na adoção de conduta comercial uniformeconduta comercial uniforme (art. 21, II). (art. 21, II).

Processo Posto de gasolina: ação concertada para Processo Posto de gasolina: ação concertada para impedir entrada de concorrente (art. 21, IV) e adoção de impedir entrada de concorrente (art. 21, IV) e adoção de conduta comercial uniforme e regulação de mercado de conduta comercial uniforme e regulação de mercado de bens e serviços, estabelecendo acordo para limitar o bens e serviços, estabelecendo acordo para limitar o desenvolvimento tecnológico (art. 21, X).desenvolvimento tecnológico (art. 21, X).

Processo de GLP: ação concertada para impedir entrada Processo de GLP: ação concertada para impedir entrada de concorrente (art. 21, IV).de concorrente (art. 21, IV).

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Provas mais comuns

Requisição de documentos (importância da Requisição de documentos (importância da sanção do art. 26 à enganosidade, sanção do art. 26 à enganosidade, retardamento injustificado e omissão).retardamento injustificado e omissão).

Depoimentos de testemunhasDepoimentos de testemunhas Busca e apreensãoBusca e apreensão Escuta telefônica (prova emprestada)Escuta telefônica (prova emprestada) Colaboração em acordo de leniência Colaboração em acordo de leniência Análise econômicaAnálise econômica

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Comportamento Paralelo + A identificação de comportamento paralelo A identificação de comportamento paralelo

isoladamente não prova a existência de um cartelisoladamente não prova a existência de um cartel Elementos adicionais que podem ajudar a inferir a Elementos adicionais que podem ajudar a inferir a

existência de cartel (existência de cartel (plus factorsplus factors):): Estrutura oligopolística de mercadosEstrutura oligopolística de mercados Anúncio antecipado da elevação de preçosAnúncio antecipado da elevação de preços Histórico de acordos de preços Histórico de acordos de preços Prova de troca de informações entre os concorrentesProva de troca de informações entre os concorrentes Ações contrárias ao interesse isolado dos agentes Ações contrárias ao interesse isolado dos agentes

econômicos (i.e. somente fazem sentido quanto econômicos (i.e. somente fazem sentido quanto tomadas em conjunto) – presunção de racionalidade tomadas em conjunto) – presunção de racionalidade dos agentesdos agentes

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Exemplos de condenações de cartéis pelo CADE Primeiro caso: Primeiro caso: Cartel de aços planosCartel de aços planos

ação concertada entre empresas do setor, ação concertada entre empresas do setor, que, que, após mais de um ano sem alterar os seus após mais de um ano sem alterar os seus preços, reajustaram os seus preços em datas preços, reajustaram os seus preços em datas semelhantes e em patamares próximos. semelhantes e em patamares próximos.

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Evidências da formação do cartel

Reajustes em patamares semelhantes, acrescido das Reajustes em patamares semelhantes, acrescido das seguintes evidências:seguintes evidências:

Ausência de pressão de custos.Ausência de pressão de custos. Precederam o reajuste de preços comunicados Precederam o reajuste de preços comunicados

circulares enviados aos clientes.circulares enviados aos clientes. Reunião na SEAE em 30/07/96, na qual representantes Reunião na SEAE em 30/07/96, na qual representantes

das três empresas, da associação comercial do setor das três empresas, da associação comercial do setor comunicaram que as empresas efetivariam o reajuste comunicaram que as empresas efetivariam o reajuste de preços. Se fizeram a reunião de modo conjunto é de preços. Se fizeram a reunião de modo conjunto é porque já sabiam que reajustariam os preços.porque já sabiam que reajustariam os preços.

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Decisão da Justiça Federal (1º Grau)

1) Mantém as sanções decorrentes da conduta de aumento coordenado 1) Mantém as sanções decorrentes da conduta de aumento coordenado de preços, entendendo correto o enquadramento no tipo do art. 20, I, de preços, entendendo correto o enquadramento no tipo do art. 20, I, da Lei nº 8.884/94.da Lei nº 8.884/94.

2) Afasta a necessidade de comprovação de dolo ou culpa.2) Afasta a necessidade de comprovação de dolo ou culpa. 3) Fato relevante para a constatação da infração: paralelismo de

conduta sem justificação econômica: À época, não havia causa determinante para a continuidade do exercício

da atividade econômica desenvolvida pelas empresas que impedisse a manutenção dos preços que vinham sendo por elas praticados por mais tempo, como o aumento dos insumos produtivos ou dos custos de produção”.

4) Efeito da conduta: limitação da possibilidade de escolha do consumidor.

5) Exclui da fundamentação da decisão administrativa a infringência 5) Exclui da fundamentação da decisão administrativa a infringência ao disposto no artigo 21, inciso I, da Lei nº 8.884/94:ao disposto no artigo 21, inciso I, da Lei nº 8.884/94:

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Cartel de combustíveis

Em uma reunião entre os donos de postos convocada Em uma reunião entre os donos de postos convocada pelo Presidente do Sindicato, foi decidido que, em pelo Presidente do Sindicato, foi decidido que, em determinado dia todos os postos passariam a praticar determinado dia todos os postos passariam a praticar o preço de R$ 1,34 para o litro da gasolina.o preço de R$ 1,34 para o litro da gasolina.

Aumento superior a 20% sobre o preço antes Aumento superior a 20% sobre o preço antes praticado. praticado.

Monitoramento coordenado pelo Presidente do Monitoramento coordenado pelo Presidente do Sindicato.Sindicato.

Indução à participação de outros agentes que não Indução à participação de outros agentes que não compunham o cartel.compunham o cartel.

Negociações internas para arbitramento de reduções Negociações internas para arbitramento de reduções temporárias de preços.temporárias de preços.

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LIMITAÇÕES À ATUAÇÃO DE LIMITAÇÕES À ATUAÇÃO DE CONCORRENTESCONCORRENTES

Principalmente os incisos IV e V do art. 21:

IV- limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado

V- criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirinte ou financiador de bens ou serviços.

 

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Fechamento de Mercado III

A

1

B

2

C D

3

• E se todos os produtores começarem a firmar acordos de exclusividade?

?

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Casuística do CADE

1) cláusula de exclusividade em contratos de cooperativas médicas, que proíbe os médicos cooperados a prestar serviço aos usuários de convênios e planos de saúde concorrentes.

  2) cláusula que garantia a exclusividade na exploração de matéria prima para gás carbônico de uso industrial, aproveitando apenas 60%, impedindo que concorrente tivesse acesso a tal fonte. Condenação unânime. Sanção de 5% do faturamento bruto: cerca de R$ 50.000.000,00.3) Shopping Center que impôs cláusula de exclusividade a determinados lojistas, proibidos de atuar em determinados Shopping Centers concorrentes.

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III - A exclusividade na prestação de serviços, III - A exclusividade na prestação de serviços, pretendida por cooperativa médica, sem embargo do pretendida por cooperativa médica, sem embargo do apoio e do estímulo devidos ao cooperativismo e a apoio e do estímulo devidos ao cooperativismo e a outras formas de associativismo, além de atentar contra outras formas de associativismo, além de atentar contra as garantias fundamentais de uma ordem econômica, as garantias fundamentais de uma ordem econômica, financeira e social, fulcradas nos princípios da livre financeira e social, fulcradas nos princípios da livre concorrência e da proteção à saúde, e voltadas para concorrência e da proteção à saúde, e voltadas para bem-estar e justiça sociais (CF, artigos 170, IV, 193 e bem-estar e justiça sociais (CF, artigos 170, IV, 193 e 196), encontra óbice no art. 18, 111, da Lei n° 9.656, de 196), encontra óbice no art. 18, 111, da Lei n° 9.656, de 03 de junho de 1998.03 de junho de 1998.

APELAÇÃO N° 2000.34.00.007650-2/DF RELATOR: DESEMBARGADOR APELAÇÃO N° 2000.34.00.007650-2/DF RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE Sexta Turma do TRF da 1a Região. Em 18/11/2002.”FEDERAL SOUZA PRUDENTE Sexta Turma do TRF da 1a Região. Em 18/11/2002.”

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Recusa de venda

Art. 21, XIII - recusar a venda de bens Art. 21, XIII - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento das condições de pagamento normais aos usos e costumes normais aos usos e costumes comerciais.comerciais.

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Caso de centrais telefônicas de grande porte em Caso de centrais telefônicas de grande porte em BrasíliaBrasília

Empresa 1: representante exclusiva de uma importante Empresa 1: representante exclusiva de uma importante empresa no Brasil para venda de centrais telefônicas de empresa no Brasil para venda de centrais telefônicas de grande porte e realizava as manutenções, sendo grande porte e realizava as manutenções, sendo monopolista em Brasília. Empresa 2: passa a oferecer monopolista em Brasília. Empresa 2: passa a oferecer concorrência nos serviços de manutenção, vencendo concorrência nos serviços de manutenção, vencendo diversas licitações. diversas licitações.

Conduta: Recusa de venda de peças de reposição, Conduta: Recusa de venda de peças de reposição, inviabilizando a permanência da concorrente no inviabilizando a permanência da concorrente no mercado.mercado.

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PREÇO PREDATÓRIO

Trata-se de conduta descrita no art. 21, XVIII: “vender injustificadamente mercadoria abaixo do

preço de custo”.Somente pode ser punido se:a) Efetivamente estiver caracterizada a venda a preço

abaixo do custo, o que é distinto de preço inferior aos dos concorrentes.

b) A possibilidade de retirar os concorrentes do mercado para, posteriormente, dominar o mercado e aumentar o preço para patamares acima do preço anteriormente praticado.

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Venda Casada Acórdão da 5ª Turma do TRF da 1ª Região (DJU de 09/04/2002), Rel. Acórdão da 5ª Turma do TRF da 1ª Região (DJU de 09/04/2002), Rel.

Des. Selene de Almeida:Des. Selene de Almeida: V- Não se pode admitir que agentes econômicos, seja através de ato unilateral, seja V- Não se pode admitir que agentes econômicos, seja através de ato unilateral, seja

mediante a celebração de um contrato, impeçam que a livre concorrência exerça o mediante a celebração de um contrato, impeçam que a livre concorrência exerça o seu papel no mercado.seu papel no mercado.

VI- Tendo sido praticadas centenas de condutas anticoncorrenciais na vigência das VI- Tendo sido praticadas centenas de condutas anticoncorrenciais na vigência das Lei 4.137/62, 8.158/91 e 8.884/94, incidem todas as normas protetoras da Lei 4.137/62, 8.158/91 e 8.884/94, incidem todas as normas protetoras da concorrência.concorrência.

VII- A decisão administrativa apontou que, por meio de prática abusiva de venda VII- A decisão administrativa apontou que, por meio de prática abusiva de venda casada a Xerox dificultou a instalação de novos concorrentes no mercado, casada a Xerox dificultou a instalação de novos concorrentes no mercado, ameaçando a sobrevivência de pequenas e médias empresas regionais que ameaçando a sobrevivência de pequenas e médias empresas regionais que procuravam disputar parcela do mercado de toner, fotoreceptor e revelador.procuravam disputar parcela do mercado de toner, fotoreceptor e revelador.

VIII- O poder econômico, em si, não é contra legem, o exercício de poder econômico VIII- O poder econômico, em si, não é contra legem, o exercício de poder econômico com o fim de sua preservação ou manutenção de posição no mercado não é ilegal: o com o fim de sua preservação ou manutenção de posição no mercado não é ilegal: o será se for exercido abusivamente, nos termos antes definidos na legislação de será se for exercido abusivamente, nos termos antes definidos na legislação de regência.regência.

IX- Ação cautelar improcedente.”IX- Ação cautelar improcedente.”

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Prova emprestada

A) A) Situações nas quais é possívelSituações nas quais é possível: quando o ilícito : quando o ilícito administrativo também configura crime. administrativo também configura crime.

B) B) Necessidade de obediência aos ditames legais Necessidade de obediência aos ditames legais em sua produçãoem sua produção

C) C) Necessidade de ser submetida ao contraditório Necessidade de ser submetida ao contraditório no processo em que foi produzida e no processo no processo em que foi produzida e no processo no qual é utilizada de forma emprestada.no qual é utilizada de forma emprestada.

D) Polêmica doutrinária sobre a validade da escuta D) Polêmica doutrinária sobre a validade da escuta telefônica. telefônica.

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Doutrina favorável

Cito, por oportuno, as seguintes considerações de Cito, por oportuno, as seguintes considerações de Ada Pellegrini Grinover:Ada Pellegrini Grinover:

““O valor constitucionalmente protegido pela vedação O valor constitucionalmente protegido pela vedação das interceptações telefônicas é a intimidade. das interceptações telefônicas é a intimidade. Rompida esta, licitamente, em face do premissivo Rompida esta, licitamente, em face do premissivo constitucional, nada mais resta a preservar. Seria constitucional, nada mais resta a preservar. Seria uma demasia negar-se a recepção da prova assim uma demasia negar-se a recepção da prova assim obtida, sob a alegação de que estaria obliquamente obtida, sob a alegação de que estaria obliquamente vulnerado o comando constitucional. Ainda aqui, vulnerado o comando constitucional. Ainda aqui, mais uma vez, deve prevalecer a lógica do razoável” mais uma vez, deve prevalecer a lógica do razoável” (As nulidades no processo penal, São Paulo, RT, 6ª ed., p. 194)(As nulidades no processo penal, São Paulo, RT, 6ª ed., p. 194)

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Jurisprudência favorável do STJ ““MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. MINISTRO DE ESTADO DA MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. MINISTRO DE ESTADO DA

JUSTIÇA. POLICIAIS RODOVIÁRIOS FEDERAIS. DEMISSÃO. JUSTIÇA. POLICIAIS RODOVIÁRIOS FEDERAIS. DEMISSÃO. PROCEDIMENTO.ADMINISTRATIVO. INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS PENAL E PROCEDIMENTO.ADMINISTRATIVO. INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS PENAL E ADMINISTRATIVA. ATO DE COMPETÊNCIA DO MINISTRO DE ESTADO. DELEGAÇÃO ADMINISTRATIVA. ATO DE COMPETÊNCIA DO MINISTRO DE ESTADO. DELEGAÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. POSSIBILIDADE. MATERIALIDADE. DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. POSSIBILIDADE. MATERIALIDADE. REVOLVIMENTO DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. DILIGÊNCIA. NEGA-TIVA REVOLVIMENTO DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. DILIGÊNCIA. NEGA-TIVA FUNDAMENTADA. ART. 156, § 1º DA LEI Nº 8.112/90. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. FUNDAMENTADA. ART. 156, § 1º DA LEI Nº 8.112/90. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. REQUERIMENTO NOS TERMOS LEGAIS - PROCEDIMENTO CRIMINAL. OBEDIÊNCIA REQUERIMENTO NOS TERMOS LEGAIS - PROCEDIMENTO CRIMINAL. OBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA.AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA.

É absolutamente pacífico o entendimento, tanto doutrinário quanto É absolutamente pacífico o entendimento, tanto doutrinário quanto jurisprudencial, de que as esferas penal e administrativa são jurisprudencial, de que as esferas penal e administrativa são independentes.Possibilidade de o Presidente da República delegar aos independentes.Possibilidade de o Presidente da República delegar aos Ministros de Estado a competência para demitir servidores de seus Ministros de Estado a competência para demitir servidores de seus respectivos quadros – parágrafo único do art. 84, CF.(...) respectivos quadros – parágrafo único do art. 84, CF.(...) A interceptação A interceptação telefônica foi requerida nos exatos termos da Lei nº 9.296/96, uma vez telefônica foi requerida nos exatos termos da Lei nº 9.296/96, uma vez que os impetrantes também respondem a processo criminalque os impetrantes também respondem a processo criminal .. Ordem Ordem denegada”. denegada”. ]] MS 7024/DF – Rel. MS 7024/DF – Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA S3 - TERCEIRA SEÇÃO - DJ Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA S3 - TERCEIRA SEÇÃO - DJ DATA:04/06/2001- PG:00058 - REPDJ DATA:11/06/2001 PG:00090DATA:04/06/2001- PG:00058 - REPDJ DATA:11/06/2001 PG:00090

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II.5. Validade de gravações audiovisuais

Precedente do CADE: Utilização, como prova, de Precedente do CADE: Utilização, como prova, de gravação efetivada por rede de televisão, de gravação efetivada por rede de televisão, de reunião ocorrida na sede de sindicato, entre donos reunião ocorrida na sede de sindicato, entre donos de postos de combustíveis, juntamente com o seu de postos de combustíveis, juntamente com o seu Presidente e, ainda, o advogado da instituição, a Presidente e, ainda, o advogado da instituição, a fim de se discutir o aumento do preço da gasolina fim de se discutir o aumento do preço da gasolina comum, para que se pudesse justificá-lo em comum, para que se pudesse justificá-lo em valores e datas idênticos.valores e datas idênticos.

Precedente favorável: HC-76397, Supremo Tribunal Federal, Rel. Precedente favorável: HC-76397, Supremo Tribunal Federal, Rel. MinistroIlmar Galvão.MinistroIlmar Galvão.

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Compromisso de cessação de prática

Proximidade com o compromisso de ajuste de conduta da Lei da Ação Proximidade com o compromisso de ajuste de conduta da Lei da Ação Civil PúblicaCivil Pública

Situações nas quais não pode ser celebrado: Situações nas quais não pode ser celebrado: não se aplica às infrações não se aplica às infrações à ordem econômica relacionadas ou decorrentes das condutas à ordem econômica relacionadas ou decorrentes das condutas previstas nos incisos I, II, III e VIII do art. 21 da Lei nº 8.884/94. previstas nos incisos I, II, III e VIII do art. 21 da Lei nº 8.884/94.

Controvérsia: 1) É norma de direito material ou processual? Controvérsia: 1) É norma de direito material ou processual? Conseqüência prática: quando a conduta foi praticada antes da edição Conseqüência prática: quando a conduta foi praticada antes da edição da Lei nº 10.149, de 21.12.2000. 2) É direito subjetivo do da Lei nº 10.149, de 21.12.2000. 2) É direito subjetivo do administrado ou faculdade da administração?administrado ou faculdade da administração?

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QUEM FIGURA COMO REPRESSENTADO ? Qualquer pessoa física ou jurídica que infrinja a Qualquer pessoa física ou jurídica que infrinja a

ordem econômica:ordem econômica:   Art. 15. Esta lei aplica-se às pessoas físicas ou Art. 15. Esta lei aplica-se às pessoas físicas ou

jurídicas de direito público ou privado, bem como jurídicas de direito público ou privado, bem como a quaisquer associações de entidades ou a quaisquer associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem personalidade que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo que exerçam atividade sob jurídica, mesmo que exerçam atividade sob

regime de monopólio legalregime de monopólio legal..  

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AAssim, a ssim, a lei deixa absolutamente claro que as pessoas físicas lei deixa absolutamente claro que as pessoas físicas e e jurídicas jurídicas podem ser responsabilizadas, podem ser responsabilizadas, estabelecendo a estabelecendo a responsabilidade solidária.responsabilidade solidária.

Art. 16. As diversas formas de infração da ordem econômica Art. 16. As diversas formas de infração da ordem econômica implicam a responsabilidade da empresa e a responsabilidade implicam a responsabilidade da empresa e a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores, individual de seus dirigentes ou administradores, solidariamente.solidariamente.

Quando a empresa integrar grupo econômico, ela é Quando a empresa integrar grupo econômico, ela é solidariamente responsável pela infração contra a ordem solidariamente responsável pela infração contra a ordem econômica, como determina o art. 17:econômica, como determina o art. 17:

Art. 17. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou Art. 17. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de direito, que praticarem infração da ordem econômica.direito, que praticarem infração da ordem econômica.