27 de set de 2013ENTENDENDO OS NUMEROS E OBRIGAES SESMT X OIT O conhecimento por parte das instituies pblicas e da sociedade civil sobre os aspectos fticos, sociais e econmicos queenvolvem os acidentes de trabalho contribui para que o Poder Pblico aperfeioe e direcione as polticas pblicas de segurana esade do trabalho, conferindo-lhes maior efccia. J para a sociedade civil, permite maior poder de fscalizao e reivindicao por parte de empregados e empregadores,permitindo que entidades sindicais, comisses internas de preveno de acidentes e demais atores sociais contribuam para ahigidez do ambiental laboral. Com esse entendimento, revela-se de enorme importncia o mapeamento estatstico de acidentes de trabalho, pois se constituiferramenta imprescindvel para a efetiva preveno desses acidentes. Tamanha a importncia do tema que a Organizao Internacional do Trabalho OIT adotou em 1947 a Conveno n 81,sobre Inspeo do Trabalho (Brasil, Decreto n 95.461, de 11/12/1987), dispondo no art. 14 que "A inspeo do trabalho dever serinformada dos acidentes de trabalho e dos casos de enfermidade profssional, nos casos e da maneira determinados pelalegislao nacional". Estabelece o art. 20 1 dessa Conveno que "A autoridade central de inspeo publicar um relatrio anual de carter geralsobre os trabalhos de inspeo submetidos a seu controle",devendo tratar, necessariamente, de estatsticas de acidentes detrabalho (art. 21, "f"). Tal procedimento se revela imprescindvel para cumprir o estabelecido no art. 7 da Conveno n 155 da OIT (Brasil, Decreton 1.254, de 29/9/94), sobre Segurana e Sade dos Trabalhadores, que determina que "A situao em matria de segurana esade dos trabalhadores e meio ambiente de trabalho dever ser examinada, a intervalos adequados, globalmente ou com relaoa setores determinados, com a fnalidade de se identifcar os principais problemas, elaborar meios efcazes para resolv-los, defnira ordem de prioridade das medidas que forem necessrio adotar e avaliar os resultados". O art. 11, "c", da Conveno n 155 da OIT estabelece ainda:"Art. 11 Com a fnalidade de tornar efetiva a poltica referida no artigo 4 da presente Conveno, a autoridade ou as autoridadescompetentes dever garantir a realizao progressiva das seguintes tarefas:[...]c) o estabelecimento e a aplicao de procedimentos para a declarao de acidentes do trabalho e doenas profssionais por partedos empregadores e, quando for pertinente, das instituies seguradoras ou outros organismos ou pessoas diretamenteinteressados, e a elaborao de estatsticas anuais sobre acidentes do trabalho e doenas profssionais." A OIT ainda adotou a Conveno n 160 (Brasil, Decreto n 158, de 2/7/91), sobre Estatsticas do Trabalho, que dispem nosarts. 1, "h", e 14.1:"Art. 1 Qualquer Membro que ratifcar a presente Conveno obriga-se a recolher, compilar e publicar regularmente estatsticasbsicas do trabalho, que, segundo seus recursos, se ampliaro progressivamente para abarcar as seguintes matrias:[...]h) leses provocadas por acidentes de trabalho e, na medida do possvel, enfermidades provocadas por acidentes de trabalho.[...]Art. 14.1 Devero ser compiladas estatsticas de leses provocadas por acidentes de trabalho de maneira a que refitam uma visoglobal do pas. Essas estatsticas devero abarcar, quando possvel, todos os ramos de atividade econmica." A estas Convenes somam-se ainda outras como a Conveno n 148 (Brasil, Decreto n 93.413/86), sobre proteo dostrabalhadores contra os riscos devidos contaminao do ar, ao rudo e s vibraes no local de trabalho, conveno n 167,(Brasil, Decreto n 2.657/98) acerca de segurana e sade na indstria da construo, e Conveno n 170 (Brasil, Decreto n5.005/94), que trata acerca da segurana na utilizao de produtos qumicos no trabalho. Todas essas Convenes so ainda complementadas por vrias Recomendaes que fornecem orientao adicional paraaplicar as suas disposies. No plano interno, a Poltica Nacional de Segurana e Sade do Trabalho PNSST, promulgada pelo Decreto n 7.602, de7/11/2011, veio atender disposio prevista no art. 4 da Conveno n 155 da OIT e constitui importante marco na promoo dasade e segurana dos trabalhadores mediante a eliminao ou reduo dos riscos no ambiente de trabalho, elevando apreveno condio de princpio. O Ministrio da Previdncia Social e o Ministrio do Trabalho e Emprego apresentam anualmente o Anurio Estatstico deAcidentes de Trabalho AEAT, importante instrumento para anlise e direcionamento das polticas pblicas voltadas parasegurana e sade do trabalho. Os dados apresentados no mencionado Anurio, juntamente com o Anurio Estatstico da Previdncia Social AEPS, so osprincipais indicadores estatsticos ofciais do Brasil em matria de acidentes de trabalho. Note-se, contudo, que, conquantoproduzidos sob rigoroso controle tcnico do Ministrio da Previdncia Social, Instituto Nacional do Seguro Social INSS eEmpresa de Tecnologia e Informaes da Previdncia Social DATAPREV, tais dados desprezam o grande nmero desubnotifcaes de acidentes, bem como todos os acidentes ocorridos com no-segurados, servidores pblicos e militares, o queindicam que tais dados podem ser, na realidade, consideravelmente mais elevados. Os dados estatsticos de acidentes de trabalho disponibilizados no Anurio Estatstico de Acidentes de Trabalho peloMinistrio da Previdncia Social so organizados em diversas tabelas que, em grande maioria, adotam como referncia aClassifcao Nacional de Atividades Econmicas - CNAE 2.0. Ofcializada pelas Resolues IBGE/CONCLA ns 1 e 2 de 2006, trata-se de um cdigo informado na Ficha Cadastral dePessoa Jurdica (FCPJ) que alimentar o Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica/CNPJ, sendo aplicada a odos os agenteseconmicos que esto engajados na produo de bens e servios, podendo compreender estabelecimentos de empresasprivadas ou pblicas, estabelecimentos agrcolas, organismos pblicos e privados, instituies sem fns lucrativos e agentesautnomos (pessoa fsica). As tabelas com os dados estatsticos fazem referncia ao nmero do CNAE, como se v marcado na fgura abaixo: Cada nmero dentro do quadrado vermelho representa um segmento econmico relacionado na CNAE. Por exemplo, quandoos dois primeiros nmeros so 01, signifca que esto dentro do grupo Agricultura, Pecuria, e Servios Relacionados. O Terceirogrupo trata do subgrupo classifcatrio e o quarto nmero da espcie. A ttulo de exemplo, os CNAEs 41 a 43 renem as atividades da Indstria da Construo, sendo os CNAEs de incio 41relacionados Construo de Edifcios, os CNAEs de incio 42 relacionados s Obras de Infraestrutura e os de nicio 43 aosservios especializados para Construo. Nessa linha, o nmero 42 trata de obras de infraestrutura, sendo o subgrupo 42.1Construo de rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras de arte especiais, e o 42.1.3 o especfco de obras de urbanizao - ruas,praas e caladas. A tabela de estrutura com a CNAE, que se torna imprescindvel para a compreenso desses nmeros, encontra-sedisponibilizada aqui (arquivo em formato .pdf). A compreenso dos indicadores utilizados outro dado importante para entender as tabelas do Anurio. Os principaisindicadores, dentre outros que constam no Anurio, so os destacados em vermelho na fgura abaixo: Como ressalta o prprio Anurio Estatstico de Acidentes de Trabalho, os indicadores de acidentes de trabalho so os itensavaliados para poder mensurar e analisar a exposio dos trabalhadores aos nveis de risco inerentes atividade econmica,permitindo o acompanhamento das futuaes inerentes atividade econmica, bem como o acompanhamento das futuaes etendncias histricas dos acidentes e seus impactos nas empresas e na vida dos trabalhadores. Alm disso, fornecem subsdiospara o aprofundamento de estudos sobre o tema e permitem o planejamento de aes nas reas de segurana e sade dotrabalhador.