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Campo Grande-MS | Quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020 POLÍTICA A4 Do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), sobre o relatório da PF que livrou Flávio Bolsonaro de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica Se a PF diz que é lícito, falta dizer como é lícito. Salário de deputado não permite a compra de imóveis como ele comprou Reação em cadeia As declarações de Jair Bolsonaro atribuindo a culpa pelo alto preço dos combustíveis aos Estados foram interpretadas pelos governadores como um ataque institucional e geraram uma rápida e intensa reação. Em um grupo de Whatsapp, a mobilização começou com João Doria (PSDB-SP), seguido por Wilson Witzel (PSC-RJ) e Hélder Barbalho (MDB-PA). O paulista e o paraense chamaram o ato de Bolsonaro de “irresponsável”. Witzel afirmou que assinaria qualquer tipo de nota contra as afirmações. As palavras do presidente foram vistas como uma interferência indevida em imposto que não lhe diz respeito, e a visão é a de que é preciso levantar limites. Seu chapéu Dos 27 governadores, 23 assinaram uma nota conjunta nesta segunda (3) sugerindo que, em vez do ICMS, Bolsonaro cortasse tributos federais que incidem sobre os combustíveis. Quadrado Mais do que um discurso político, lideranças regionais queixam-se de que o ICMS dos combustíveis representa 20% da arrecadação dos estados. Propor reduzir a cobrança seria “populismo” no momento em que muitos Estados estão em crise fiscal. Nós com ele O governador de Rondônia, Marcos Rocha (PSL), foi o único a se manifestar dizendo que não assinaria o documento por seu alinhamento a Bolsonaro. Já Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Mauro Carlesse (PHS-TO) ficaram mudos. Caiado trocou afagos com o presidente, pelas redes sociais, no fim de semana. Empurra A Economia tem a expectativa de que o secretário Salim Mattar trabalhe lado a lado com Martha Seillier, que desembarca no ministério junto com o PPI (Programa de Privatização e Parcerias), para acelerar as privatizações, empacadas no primeiro ano da gestão Bolsonaro. Critérios Como mostrou a Folha, Seillier estava no voo com o ex- secretário Vicente Santini, da Casa Civil, exonerado na semana passada. Roda presa A ideia de que o PPI na Casa Civil era o que atrasava os planos de Paulo Guedes não encontra respaldo no próprio governo. Membros da Esplanada afirmam que a Economia sequer iniciou estudos para vender estatais que já estão com a privatização autorizada, como Correios e Casa da Moeda. Contra A principal resistência à privatização dos Correios tem nome, segundo integrante da equipe econômica: Julio Semeghini, número 2 do Ministério da Ciência e Tecnologia e indicação de João Doria (PSDB), potencial rival de Bolsonaro na eleição de 2022. Tempo fechado Na mensagem ao Congresso, enviada para a abertura do ano legislativo, o governo Bolsonaro culpa a natureza pelas tragédias que ocorrem no Brasil. Segundo o texto, a maioria dos desastres está relacionada às “instabilidades atmosféricas”, que provocam vendavais e alagamentos. Autoajuda A mensagem, que tem 150 páginas, diz ainda que o governo, em alguns casos, faz alertas prévios sobre questões ambientais para permitir que o cidadão em situação de risco seja o “ator principal de sua segurança”. Prioridade Na última quarta (29), a Folha mostrou que os gastos do governo com a prevenção de desastres foram os menores em 11 anos. Invisível A mensagem não faz nenhuma menção a Sergio Moro (Justiça) no capítulo sobre combate à corrupção. A CGU (Controladoria-Geral da União) é citada diversas vezes. Ouça-me A Defensoria Pública da União e a Ordem dos Advogados do Brasil vão falar nas audiências públicas sobre o juiz das garantias que Luiz Fux, do STF, marcou para março. Já vou A ausência de aliados de Bolsonaro na cerimônia foi notada – o líder, Major Vitor Hugo (PSL-GO), por exemplo, estava em SP com o presidente. “Devem estar ocupados recolhendo assinaturas para a criação do Aliança”, ironizou Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), sobre o partido que o presidente pretende criar. Senado Verbas Investigação Parlamentares avaliaram que governo precisa apresentar propostas claras Senadores querem posição do governo sobre reforma tributária Simone Tebet destina mais de R$ 13 milhões para saúde do Estado CPI da Energisa será retomada com depoimentos sigilosos Edilson Rodrigues/Agência Senado Divulgação Agência Senado Um dos temas centrais da mensagem presidencial en- tregue ao Congresso na aber- tura do ano legislativo, a re- forma tributária ainda é vista com certa descrença por sena- dores que integram a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Enquanto o governo e o pre- sidente da Câmara, Rodrigo Maia, apostam em uma rápida aprovação de uma mudança profunda no sistema de arreca- dação e divisão de impostos e tributos, senadores alegam des- conhecer as propostas do go- verno e enxergam dificuldades para que um texto de consenso avance tão rapidamente no Con- gresso. Na primeira reunião da CAE este ano, nessa quarta- -feira (4), senadores avaliaram que o governo precisa apre- sentar de forma clara quais são suas propostas fundamen- tais para a reforma. E cogitam aprovar um requerimento para convidar o ministro da Eco- nomia, Paulo Guedes, a compa- recer ao colegiado e esclarecer a visão do Executivo sobre as possíveis mudanças. Um dos senadores a sugerir o convite, Esperidião Amim (PP- SC) disse ser favorável a uma reforma que torne o país mais competitivo, mas lembrou que esse é um desafio antigo do Con- gresso e envolve a arrecadação dos estados e possíveis impactos sobre os contribuintes. “Você vai ser apedrejado se o seu estado, depois de fazer as contas, perdeu alguma coisa. O contribuinte, se descobrir que aumentou a carga tribu- tária, vai nos apedrejar. Vamos aprovar um convite ao ministro Paulo Guedes para que venha dizer aqui o que ele pensa de verdade sobre a reforma tri- butária”, sugeriu. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) vê com ressalvas declarações do presidente da Câmara e outros políticos que consideram ser viável a aprovação de mudanças tão profundas em apenas três meses e diz se sentir constran- gido por não saber a posição do governo sobre a reforma. “Confesso que fico constran- gido quando as pessoas me perguntam se vamos mesmo aprovar no primeiro semestre a reforma tributária. Não sei qual é a reforma tributária. Não existe. É uma inconsistência do presidente da Câmara quando fala que vai votar a reforma em três meses”, avaliou Tasso. Para o senador Eduardo Braga (MDB-AM), o governo federal está sendo ausente no debate em torno da reforma tributária. “Ora, em um tema em que os estados possuem interesses difusos, diversos, em Da Redação/Com Assessoria A senadora Simone Tebet (MDB-MS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, con- seguiu garantir mais de R$ 13 milhões para a saúde dos municípios de Mato Grosso do Sul. O montante é referente aos recursos de emendas individuais ao or- çamento da União e aos re- cursos extraorçamentários, angariados junto ao Minis- tério da Saúde, em 2019. A maior parte desse valor já está disponível no cofre das prefeituras. Em relação às emendas individuais, foram agraciados com R$ 7,4 milhões os municípios de Amambai, Aral Moreira, Bonito, Brasilândia, Campo Grande, Cassilândia, Cha- padão do Sul, Costa Rica, Coxim, Douradina, Dou- rados, Fátima do Sul, Glória de Dourados, Jara- guari, Rio Brilhante, Santa Rita do Pardo, São Gabriel do Oeste, Tacuru e Três Lagoas. Deste montante, apenas R$ 1,8 milhão está pendente de liberação. Mas o recurso deve ser pago nos próximos meses, pois já está empenhado. Esses recursos são destinados à saúde bá- sica, especializada, média e de alta complexidade para aquisição de equipamentos, veículos, reformas e custeio. Em Campo Grande, por exemplo, os montantes foram destinados à Santa Casa e ao Hospital de Câncer. Em Três Lagoas, o Hospital Auxiliadora receberá R$ 1 milhão em 2020 para a aqui- sição de equipamentos e material permanente para a unidade especializada em serviços de saúde. Em recursos extraor- çamentários foram mais de R$ 5,6 milhões que já entraram nos cofres pú- blicos dos municípios de Amambai, Aparecida do Ta- boado, Caarapó, Camapuã, Cassilândia, Chapadão do Sul, Glória de Dourados, La- dário, Maracaju, Nova An- dradina, Novo Horizonte do Sul, Ponta Porã, Rochedo. Os recursos foram desti- nados ao custeio. Amambai recebeu R$ 164,7 mil para a aquisição de veículos para a Unidade Básica de Saúde. Para Tacuru ainda serão liberados (já foram empenhados) R$ 250 mil, também para a aquisição de veículos. que temos de mitigar a questão do Pacto Federativo, em que é necessário haver equilíbrio, o governo vai ficar ausente, não vai apresentar uma proposta que possa ser discutida com governadores, prefeitos, com o Confaz [Conselho Nacional de Política Fazendária], com o Con- gresso Nacional?”, questionou. Propostas A discussão em torno de uma reforma tributária ga- nhou força novamente no ano passado após a aprovação da reforma da Previdência. A Câ- mara dos Deputados tem uma proposta (PEC 45/2019) e o Se- nado tem outra (PEC 110/2019). A principal convergência entre as duas é a extinção de diversos tributos que incidem sobre bens e serviços. Eles seriam substituídos por um só imposto sobre valor agregado. Esses textos serão discutidos em uma comissão mista especial com o objetivo de se tornarem um texto comum, mas o colegiado ainda não foi instalado. O presidente da CAE, se- nador Omar Aziz (PSD-AM), lembrou que a criação da co- missão foi proposta pelo pre- sidente do Senado, Davi Alco- lumbre, mas até o momento nenhum partido indicou depu- tados e senadores para esse colegiado. Já o senador Carlos Viana (PSD-MG) afirmou que não existe um “norte” em re- lação à reforma e ressaltou que os governadores precisam ser ouvidos. “Governadores não foram consultados da maneira que deveriam. Eles são parte fundamental”, indicou Viana. A retomada de trabalhos da CPI da Energisa na As- sembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul acontece hoje (5), e os membros participam da primeira reunião do ano às 14h. Os deputados ava- liarão o cronograma de ativi- dades, investigações e coleta de depoimentos de testemu- nhas que serão realizadas ao longo do ano. A previsão é de que co- mece rapidamente as pri- meiras oitivas, em caráter sigiloso, para proteção das testemunhas. O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, de- putado Felipe Orro (PSDB), que vem dando dicas de eco- nomia de energia elétrica em sua página da rede social, comentou que nesta primeira sessão do ano será avaliado o cronograma dos trabalhos. “Vamos analisar quais são as oitivas que estão previstas para serem realizadas e ava- liar a necessidade de se rea- lizar sessões sigilosas para coletar esses depoimentos, visando resguardar a identi- dade dessas testemunhas. Há a previsão também de termos conhecimento do plano de trabalho a ser apresentado pelo relator”, explicou Felipe Orro, que reiterou que a CPI é uma das demandas da so- ciedade “para que haja a co- brança de uma tarifa justa”. O relator da CPI da Ener- gisa é o deputado estadual capitão Contar (PSL), que o ano passado fez campanhas na página da rede social e mobilizou a população para cobrar explicações da con- cessionária. Os trabalhos da CPI da Energisa tem prazo de 120 dias para serem realizados, podendo ser prorrogado, de acordo com o presidente da Comissão. “E o recesso par- lamentar de janeiro não foi contabilizado neste prazo. Agora daremos sequência às análises dos documentos já coletados e vamos focar na coleta de depoimentos de testemunhas”, finaliza Felipe Orro. CPI da Energisa Em 2019, houve muita po- lêmica em relação aos au- mentos abusivos nas faturas de energia elétrica de di- versos consumidores. A con- cessionária sempre alegava aumento de consumo devido as temperaturas altas do estado, mas a população se revoltava cada vez mais e não concordava. Diante da situação e após ter sido rejeitada na Casa de Leis, o presidente da Co- missão de Defesa do Direito do Consumidor, Felipe Orro, conseguiu assinaturas de todos os deputados para ins- taurar a CPI. O parlamentar participou de audiências públicas sobre o assunto no interior e ca- talogou diversas reclama- ções de consumidores. As informações embasaram o fato determinado do requeri- mento que resultou a CPI da Energisa em novembro. “Conseguimos instaurar a CPI da Energisa no final do ano. Foi uma construção delicada, trabalhamos firme e conscientes da necessi- dade de apresentar um fato determinado que justificasse o início das investigações. E estamos nessa luta para ga- rantir que o consumidor sul- -mato-grossense pague um valor justo na energia”.(AC)

Senado Reação em cadeia Senadores querem posição do … · pelos governadores como um ataque institucional e geraram uma rápida e intensa reação. Em um grupo de Whatsapp, a

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Page 1: Senado Reação em cadeia Senadores querem posição do … · pelos governadores como um ataque institucional e geraram uma rápida e intensa reação. Em um grupo de Whatsapp, a

Campo Grande-MS | Quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020 POLÍTICAA4

Do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), sobre o relatório da PF que livrou Flávio Bolsonaro de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica

Se a PF diz que é lícito, falta dizer como é lícito. Salário de deputado não permite a compra de imóveis como ele comprou

Reação em cadeiaAs declarações de Jair Bolsonaro atribuindo a culpa pelo

alto preço dos combustíveis aos Estados foram interpretadas pelos governadores como um ataque institucional e geraram uma rápida e intensa reação. Em um grupo de Whatsapp, a mobilização começou com João Doria (PSDB-SP), seguido por Wilson Witzel (PSC-RJ) e Hélder Barbalho (MDB-PA). O paulista e o paraense chamaram o ato de Bolsonaro de “irresponsável”. Witzel afirmou que assinaria qualquer tipo de nota contra as afirmações. As palavras do presidente foram vistas como uma interferência indevida em imposto que não lhe diz respeito, e a visão é a de que é preciso levantar limites.

Seu chapéu Dos 27 governadores, 23 assinaram uma nota conjunta

nesta segunda (3) sugerindo que, em vez do ICMS, Bolsonaro cortasse tributos federais que incidem sobre os combustíveis.

Quadrado Mais do que um discurso político, lideranças regionais

queixam-se de que o ICMS dos combustíveis representa 20% da arrecadação dos estados. Propor reduzir a cobrança seria “populismo” no momento em que muitos Estados estão em crise fiscal.

Nós com ele O governador de Rondônia, Marcos Rocha (PSL), foi o

único a se manifestar dizendo que não assinaria o documento por seu alinhamento a Bolsonaro. Já Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Mauro Carlesse (PHS-TO) ficaram mudos. Caiado trocou afagos com o presidente, pelas redes sociais, no fim de semana.

Empurra A Economia tem a expectativa de que o secretário

Salim Mattar trabalhe lado a lado com Martha Seillier, que desembarca no ministério junto com o PPI (Programa de Privatização e Parcerias), para acelerar as privatizações, empacadas no primeiro ano da gestão Bolsonaro.

Critérios Como mostrou a Folha, Seillier estava no voo com o ex-

secretário Vicente Santini, da Casa Civil, exonerado na semana passada.

Roda presa A ideia de que o PPI na Casa Civil era o que atrasava os

planos de Paulo Guedes não encontra respaldo no próprio governo. Membros da Esplanada afirmam que a Economia sequer iniciou estudos para vender estatais que já estão com a privatização autorizada, como Correios e Casa da Moeda.

Contra A principal resistência à privatização dos Correios

tem nome, segundo integrante da equipe econômica: Julio Semeghini, número 2 do Ministério da Ciência e Tecnologia e indicação de João Doria (PSDB), potencial rival de Bolsonaro na eleição de 2022.

Tempo fechado Na mensagem ao Congresso, enviada para a abertura

do ano legislativo, o governo Bolsonaro culpa a natureza pelas tragédias que ocorrem no Brasil. Segundo o texto, a maioria dos desastres está relacionada às “instabilidades atmosféricas”, que provocam vendavais e alagamentos.

Autoajuda A mensagem, que tem 150 páginas, diz ainda que o

governo, em alguns casos, faz alertas prévios sobre questões ambientais para permitir que o cidadão em situação de risco seja o “ator principal de sua segurança”.

Prioridade Na última quarta (29), a Folha mostrou que os gastos do

governo com a prevenção de desastres foram os menores em 11 anos.

Invisível A mensagem não faz nenhuma menção a Sergio Moro

(Justiça) no capítulo sobre combate à corrupção. A CGU (Controladoria-Geral da União) é citada diversas vezes.

Ouça-me A Defensoria Pública da União e a Ordem dos Advogados

do Brasil vão falar nas audiências públicas sobre o juiz das garantias que Luiz Fux, do STF, marcou para março.

Já vou A ausência de aliados de Bolsonaro na cerimônia foi

notada – o líder, Major Vitor Hugo (PSL-GO), por exemplo, estava em SP com o presidente. “Devem estar ocupados recolhendo assinaturas para a criação do Aliança”, ironizou Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), sobre o partido que o presidente pretende criar.

Senado

Verbas Investigação

Parlamentares avaliaram que governo precisa apresentar propostas claras

Senadores querem posição do governo sobre reforma tributária

Simone Tebet destina mais de R$ 13 milhões para saúde do Estado

CPI da Energisa será retomada com depoimentos sigilosos

Edilson Rodrigues/Agência Senado

Divulgação

Agência Senado

Um dos temas centrais da mensagem presidencial en-tregue ao Congresso na aber-tura do ano legislativo, a re-forma tributária ainda é vista com certa descrença por sena-dores que integram a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Enquanto o governo e o pre-sidente da Câmara, Rodrigo Maia, apostam em uma rápida aprovação de uma mudança profunda no sistema de arreca-dação e divisão de impostos e tributos, senadores alegam des-conhecer as propostas do go-verno e enxergam dificuldades para que um texto de consenso avance tão rapidamente no Con-gresso. Na primeira reunião da CAE este ano, nessa quarta--feira (4), senadores avaliaram que o governo precisa apre-sentar de forma clara quais são suas propostas fundamen-tais para a reforma. E cogitam aprovar um requerimento para convidar o ministro da Eco-nomia, Paulo Guedes, a compa-recer ao colegiado e esclarecer a visão do Executivo sobre as possíveis mudanças.

Um dos senadores a sugerir o convite, Esperidião Amim (PP-SC) disse ser favorável a uma reforma que torne o país mais competitivo, mas lembrou que esse é um desafio antigo do Con-

gresso e envolve a arrecadação dos estados e possíveis impactos sobre os contribuintes.

“Você vai ser apedrejado se o seu estado, depois de fazer as contas, perdeu alguma coisa. O contribuinte, se descobrir que aumentou a carga tribu-tária, vai nos apedrejar. Vamos aprovar um convite ao ministro Paulo Guedes para que venha dizer aqui o que ele pensa de verdade sobre a reforma tri-butária”, sugeriu. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) vê com ressalvas declarações do presidente da Câmara e outros políticos que consideram ser viável a aprovação de mudanças tão profundas em apenas três meses e diz se sentir constran-gido por não saber a posição do governo sobre a reforma.

“Confesso que fico constran-gido quando as pessoas me perguntam se vamos mesmo aprovar no primeiro semestre a reforma tributária. Não sei qual é a reforma tributária. Não existe. É uma inconsistência do presidente da Câmara quando fala que vai votar a reforma em três meses”, avaliou Tasso.

Para o senador Eduardo Braga (MDB-AM), o governo federal está sendo ausente no debate em torno da reforma tributária. “Ora, em um tema em que os estados possuem interesses difusos, diversos, em

Da Redação/Com Assessoria

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, con-seguiu garantir mais de R$ 13 milhões para a saúde dos municípios de Mato Grosso do Sul. O montante é referente aos recursos de emendas individuais ao or-çamento da União e aos re-cursos extraorçamentários, angariados junto ao Minis-tério da Saúde, em 2019.

A maior parte desse valor já está disponível no cofre das prefeituras. Em relação às emendas individuais, foram agraciados com R$ 7,4 milhões os municípios de Amambai, Aral Moreira, Bonito, Brasilândia, Campo Grande, Cassilândia, Cha-padão do Sul, Costa Rica, Coxim, Douradina, Dou-rados, Fátima do Sul, Glória de Dourados, Jara-guari, Rio Brilhante, Santa Rita do Pardo, São Gabriel do Oeste, Tacuru e Três Lagoas. Deste montante, apenas R$ 1,8 milhão está pendente de liberação. Mas o recurso deve ser pago nos próximos meses, pois já está empenhado. Esses recursos

são destinados à saúde bá-sica, especializada, média e de alta complexidade para aquisição de equipamentos, veículos, reformas e custeio.

Em Campo Grande, por exemplo, os montantes foram destinados à Santa Casa e ao Hospital de Câncer. Em Três Lagoas, o Hospital Auxiliadora receberá R$ 1 milhão em 2020 para a aqui-sição de equipamentos e material permanente para a unidade especializada em serviços de saúde.

Em recursos extraor-çamentários foram mais de R$ 5,6 milhões que já entraram nos cofres pú-blicos dos municípios de Amambai, Aparecida do Ta-boado, Caarapó, Camapuã, Cassilândia, Chapadão do Sul, Glória de Dourados, La-dário, Maracaju, Nova An-dradina, Novo Horizonte do Sul, Ponta Porã, Rochedo. Os recursos foram desti-nados ao custeio. Amambai recebeu R$ 164,7 mil para a aquisição de veículos para a Unidade Básica de Saúde. Para Tacuru ainda serão liberados (já foram empenhados) R$ 250 mil, também para a aquisição de veículos.

que temos de mitigar a questão do Pacto Federativo, em que é necessário haver equilíbrio, o governo vai ficar ausente, não vai apresentar uma proposta que possa ser discutida com governadores, prefeitos, com o Confaz [Conselho Nacional de Política Fazendária], com o Con-gresso Nacional?”, questionou.

PropostasA discussão em torno de

uma reforma tributária ga-nhou força novamente no ano passado após a aprovação da reforma da Previdência. A Câ-mara dos Deputados tem uma proposta (PEC 45/2019) e o Se-nado tem outra (PEC 110/2019). A principal convergência entre as duas é a extinção de diversos tributos que incidem sobre bens e serviços. Eles seriam

substituídos por um só imposto sobre valor agregado. Esses textos serão discutidos em uma comissão mista especial com o objetivo de se tornarem um texto comum, mas o colegiado ainda não foi instalado.

O presidente da CAE, se-nador Omar Aziz (PSD-AM), lembrou que a criação da co-missão foi proposta pelo pre-sidente do Senado, Davi Alco-lumbre, mas até o momento nenhum partido indicou depu-tados e senadores para esse colegiado. Já o senador Carlos Viana (PSD-MG) afirmou que não existe um “norte” em re-lação à reforma e ressaltou que os governadores precisam ser ouvidos. “Governadores não foram consultados da maneira que deveriam. Eles são parte fundamental”, indicou Viana.

A retomada de trabalhos da CPI da Energisa na As-sembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul acontece hoje (5), e os membros participam da primeira reunião do ano às 14h. Os deputados ava-liarão o cronograma de ativi-dades, investigações e coleta de depoimentos de testemu-nhas que serão realizadas ao longo do ano.

A previsão é de que co-mece rapidamente as pri-meiras oitivas, em caráter sigiloso, para proteção das testemunhas.

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, de-putado Felipe Orro (PSDB), que vem dando dicas de eco-nomia de energia elétrica em sua página da rede social, comentou que nesta primeira sessão do ano será avaliado o cronograma dos trabalhos.

“Vamos analisar quais são as oitivas que estão previstas para serem realizadas e ava-liar a necessidade de se rea-lizar sessões sigilosas para coletar esses depoimentos, visando resguardar a identi-dade dessas testemunhas. Há a previsão também de termos conhecimento do plano de trabalho a ser apresentado pelo relator”, explicou Felipe Orro, que reiterou que a CPI é uma das demandas da so-ciedade “para que haja a co-brança de uma tarifa justa”.

O relator da CPI da Ener-gisa é o deputado estadual capitão Contar (PSL), que o ano passado fez campanhas na página da rede social e mobilizou a população para cobrar explicações da con-cessionária.

Os trabalhos da CPI da Energisa tem prazo de 120 dias para serem realizados,

podendo ser prorrogado, de acordo com o presidente da Comissão. “E o recesso par-lamentar de janeiro não foi contabilizado neste prazo. Agora daremos sequência às análises dos documentos já coletados e vamos focar na coleta de depoimentos de testemunhas”, finaliza Felipe Orro.

CPI da EnergisaEm 2019, houve muita po-

lêmica em relação aos au-mentos abusivos nas faturas de energia elétrica de di-versos consumidores. A con-cessionária sempre alegava aumento de consumo devido as temperaturas altas do estado, mas a população se revoltava cada vez mais e não concordava.

Diante da situação e após ter sido rejeitada na Casa de Leis, o presidente da Co-missão de Defesa do Direito do Consumidor, Felipe Orro, conseguiu assinaturas de todos os deputados para ins-taurar a CPI.

O parlamentar participou de audiências públicas sobre o assunto no interior e ca-talogou diversas reclama-ções de consumidores. As informações embasaram o fato determinado do requeri-mento que resultou a CPI da Energisa em novembro.

“Conseguimos instaurar a CPI da Energisa no final do ano. Foi uma construção delicada, trabalhamos firme e conscientes da necessi-dade de apresentar um fato determinado que justificasse o início das investigações. E estamos nessa luta para ga-rantir que o consumidor sul--mato-grossense pague um valor justo na energia”.(AC)