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Senge 4.0

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Revista do Senge v 4.0

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Filie-se. Participe do Senge/MA e contribua.

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Garantir a qualidade de vida das populações que habitam as metrópoles constitui um grande desafio da atualidade, não apenas para gestores públicos, mas para toda a sociedade.

No contexto brasileiro, as regiões metropolitanas são espaços com inúmeros problemas, como déficit habitacional, desemprego, vio-lência e ameaça à preservação ambiental, os quais requerem ações comprometidas com um desenvolvimento integral, sustentável e so-berano.O fenômeno da metropolização tem origem no próprio dinamismo econômico de um ou mais municípios de uma determinada região, e decorre de trocas desiguais que passam a interferir na vida dos seus habitantes e a limitar as ações públicas municipais diante de demandas regionais. Em sociedades desiguais como a nossa é imprescindível que os setores mais fragilizados da sociedade civil organizem-se para desempenhar um papel ativo e decisivo em fa-vor de suas necessidades, prejudicadas pelo tipo de metropolização ocorrida na RMGSL.Constituído em 2008, com a articulação do Senge/MA e com o apoio da Federação Nacional de Engenheiros (FNE), através do Programa Cresce Brasil, o Fórum Metropolitano da Grande São Luís propõe uma gestão metropolitana compartilhada e democrá-tica, composta por representantes do poder público e da sociedade civil nos debates, decisões e monitoramento das políticas públicas regionais. Como prática administrativa, a gestão metropolitana po-derá assegurar ganhos para a população atingida pela metropoliza-ção, além de servir de base para um desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico, justiça social e preservação ambien-tal.Alcançando os prefeitos e vereadores recentemente eleitos ou re-eleitos, a proposta da gestão metropolitana compartilhada e de-mocrática apresenta-se como um objetivo possível de ser alcança-do nos próximos mandatos executivo e legislativo. Com o Fórum Metropolitano, a sociedade civil dispõe de um espaço aberto, per-manente e verdadeiramente regional capaz de acolher, organizar e mobilizar suas necessidades.Este projeto é uma contribuição do Senge/MA, com o propósito de que a sociedade civil seja protagonista diante do desafio proposto pela metropolização, o qual envolve grandes interesses econômicos e significativas forças políticas.A iniciativa desta publicação, no ano em que São Luís completa 400 anos ,tem um grande significado. Além de deixar registradas as ações realizadas pelo Senge/MA desde 2008, com a criação do Fórum Metropolitano, é uma afirmação do seu compromisso com a cidade e com a sociedade,em continuar contribuindo para a im-plantação da gestão metropolitana da Grande São Luís para o be-nefício de toda a população e do meio ambiente.”

Carta ao Leitor

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DIRETORIA EXECUTIVA

Diretor Presidente:Berilo Macedo da Silva

Diretor Vice-presidente:Carlos Augusto Dias Vieira

Diretora de Finanças:Maria de Fátima Santos

Vice-diretora de Finanças:Maria Raimunda de Fátima S. Oliveira

Diretor Secretario:Denis Sodre Campos

Vice-diretor Secretario:Denilson de Sousa Cortez

SUPLENTES DA DIRETORIA EXECUTIVA

Maria Odinéa Melo Santos RibeiroAntonio Augusto Ribeiro de Araújo

Nelson José Bello Cavalcanti

CONSELHO FISCAL TITULARES E SU-PLENTES

Irandi Marques Leite - TitularJorge Fernando Gondim Silva - SuplenteAdemir Silva Andrade Cunha - Titular

Luiz Roberto Lima - SuplenteSandro Fernandes Abreu – Titular

José Murilo Pereira da Silva - Suplente

DELEGADOS TITULARES E SUPLENTES REPRESENTANTES JUNTO A F.N.E.

Berilo Macedo da Silva – TitularClenilson Novaes Gonçalves Dos Santos - Suplente

Agenor Aguiar Teixeira Jaguar - TitularJose Ribamar da Fonseca - Suplente

VISãO E MISSãO SENGE-MA

MissãoRepresentar a classe e defender os seus direitos e interesses, promovendo a valori-zação profissional quanto a questão sala-rial, formação, legislação, condições de trabalho e atuação na sociedade civil.

VisãoSer referência de atuação entre os profis-sionais que representa para que se torne o seu representante majoritário e seja modelo de gestão sindical no sistema CONFEA/CREAs com reconhecimento da sociedade.

EXPEDiENTE

Produção: Raiz Comunicação SustentávelJornalista responsável: Tatiana Seixas CortezMTB:DRT-TO 038Contatos:[email protected]

sindicato dos Engenheiros no Estado do MaranhãoRua do Alecrim, 415 – Ed. Palácio dos Esportes – Sala 315 – CEP: 65010-040 – Centro – São Luís/MATels.: (98) 3232-1208 e 3231-8022

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ÍNDICE

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Entrevista com Haroldo Tavares

Senge reafirma compromisso

com a RMGSL

Retrospectiva Senge -MA

08 Entenda o fenômeno da metropolização e sua gestão

12 Radiografia da RMGSL

22 Acelerando o crescimento

25 Meio ambiente, água e vida por Agenor Aguiar Teixeira Jaguar

28 Um sindicato para a sociedade: valorização profissional e desenvolvimento para a Região Metropolitana de São Luís por Sérgio Martins Pereira

34 O Caráter Predatório da Metropolização da Ilha do Maranhão por Frederico Lago

Burnett

38 A realidade da gestão metropolitana no Brasil por Rosa Moura

41 A Gestão dos resíduos sólidos em Regiões Metropolitanas por Carlos Rogério Araújo

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São Luís, cidade polo da região metropolitana da grande São Luís que ultrapassou um mi-lhão de habitantes, convive com os problemas de mobilidade urbana e acessibilidade, sanea-mento básico, habitação e uso do solo, dentre outras funções públicas de interesse comum, que impactam negativamente no desenvolvi-mento das cidades. Para estes problemas que ultrapassam os limites dos municípios requer a organização, o planejamento e a execução das soluções compartilhadas entre os entes federa-tivos integrantes da região metropolitana.O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Ma-

ranhão - Senge/MA além do cumprimento do seu papel institucional de defender os interes-ses coletivos e individuais dos profissionais da categoria da engenharia, agronomia, arquite-tura, geologia, geografia, meteorologia e afins e de atuar como entidade de classe na base do sistema CREA/CONFEA de valorização dos profissionais da área tecnológica, é seu dever contribuir na formulação de propostas para o enfrentamento dos desafios visando o bem- es-tar da sociedade. Com a instituição do Fórum Metropolitano, o Sindicato tem desenvolvido ações envolvendo a sociedade organizada e o poder público com o objetivo de efetivar a gestão metropolitana da grande São Luís, na busca dos benefícios da execução das funções públicas de interes-se comum. Esta iniciativa decorre do Projeto Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimen-to formulado pela Federação Nacional dos En-genheiros de contribuição da categoria em prol da construção de um projeto nacional de de-senvolvimento sustentável com inclusão social.Neste processo, há necessidade de permanen-te mobilização para o engajamento e cons-cientização das questões metropolitanas pela sociedade e gestores públicos. A proposta de instituir um estatuto para Fórum Metropolita-no visa maior organização e participação neste movimento.Em homenagem aos 400 anos da fundação de São Luís, o Sindicato dos Engenheiros lança a revista intitulada “Retrospectiva e Agenda do Fórum Metropolitano da Grande São Luís” com ações realizadas e a agenda futura com o propósito de concretizar a gestão metropolita-na da grande São Luís e reafirmar o compro-misso de continuar sua luta por uma sociedade mais justa e menos desigual.

Berilo Macedo da Silva é o presidente do sindicato dos engenheiros no estado do Maranhão para gestão 2012/2015

“O compromisso do Sindicato dos Engenheiros nos 400 anos de São Luís”por Berilo Macedo da Silva

PALAVRA DO PRESIDENTE: sENGE/MA

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Desde 2006, a FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) e seus sindicatos filiados vêm estudando e debatendo sistematicamen-te a necessidade de o Brasil atingir um cres-cimento compatível com as necessidades e demandas do País em termos de desenvolvi-mento socioeconômico. Esse esforço se tra-duz no projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, sempre marcado por contribuições de especialistas de alto nível e por forte participação da categoria. Ferramenta valiosa à mobilização pela ex-pansão econômica de forma sustentável e com distribuição de renda, o “Cresce Bra-sil” vem sendo permanentemente atualizado e crescendo em abrangência e profundidade, contribuindo a iniciativas extremamente im-portantes em várias partes do País. Exemplo de destaque nesse sentido é o Maranhão, que já sediou inúmeros eventos ligados ao projeto

sob organização do Sindicato dos Engenhei-ros nesse estado, todos muito profícuos. Essa participação remonta ao início ao ano de 2006, quando aconteceram seminários regionais rumo ao VI Conse (Congresso Na-cional dos Engenheiros), ao cabo dos quais foi produzido o primeiro manifesto “Cresce Brasil”. Na ocasião, reunindo uma numerosa plateia repleta de profissionais e estudantes de engenharia, o Senge Maranhão optou por debater questão de extrema importância em todo o Brasil, especialmente no estado: meio ambiente, recursos hídricos e saneamento. Num momento seguinte, quando o projeto voltou-se à discussão sobre a organização nas metrópoles, o Senge Maranhão decidiu enfrentar a questão de frente e travar o deba-te de forma consequente sobre a necessidade de integrar os municípios vizinhos a São Luís e consolidar a sua Região Metropolitana. A iniciativa reuniu não só engenheiros, mas a sociedade como um todo e o poder público, colocando em marcha um avanço decisivo para a sociedade local. Para tanto, foi cria-do o Fórum Metropolitano, cuja secretaria- executiva foi assumida pela então presidente do Senge, Maria Odinéa Melo Ribeiro. Sintonizadas com o espírito do “Cresce Bra-sil” de permanente evolução, as atividades no Maranhão, que atualmente contam com o valioso reforço do novo presidente do sindi-cato, Berilo Macedo da Silva, vêm demons-trando a importância da discussão séria e do real compromisso com o desenvolvimento e o bem-estar da população. Tal trabalho é um orgulho para a FNE, que o apoia incondicio-nalmente.

Murilo Celso de Campos Pinheiro é pre-sidente da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros)

O “Cresce Brasil” no Maranhãopor Murilo Celso de Campos Pinheiro

PALAVRA DO PRESIDENTE: FNE

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O geógrafo Milton Santos define a metrópole como um “organismo urbano onde existe uma complexidade de funções capazes de

atender a todas as formas de necessidade da popu-lação urbana nacional ou regional”. Esse conceito caracteriza as principais aglomerações urbanas de um país, correspondendo à cidade principal de uma determinada região. Envolvendo as conexões de comando e coordenação de uma rede urbana, as metrópoles se destacam não apenas pelo tama-nho populacional e econômico, mas também por estabelecerem relações econômicas com várias outras aglomerações. Além disso, o desempenho de funções complexas e diversificadas atribui-lhe uma natureza de multifuncionalidade.A origem da palavra metrópole remonta à an-tiguidade clássica grega, quando a cidade era considerada a “mãe” das colônias conquistadas através da guerra ou pelas relações comerciais. Mas, além de guerreiros e comerciantes, a metró-pole também exportava seus deuses, definindo-se dessa forma como uma influência ideológica. Em-bora cada qual guarde especificidades relativas à sua história e formação, uma metrópole funciona e evolui segundo parâmetros globais, sendo consi-derada um lugar privilegiado para a operação dos mercados mundiais. São fatores que diferenciam as metrópoles de outras aglomerações: a varie-dade de bens e serviços oferecidos, o acúmulo de

ENTENDA O FENÔMENO DA METROPOLIZAÇÃOE SUA GESTÃO

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Residindo no conjunto Cohatrac V, em uma mancha limítrofe entre os municípios de São Luís e São José de Ribamar, a professora de artes Sil-via Cardoso compara essa realidade ao tempo em que residia no bairro Monte Castelo, na região central da capital. Segundo ela, a proximidade das casas na área central favorecia a convivência mais estreita entre os moradores da vizinhança. No entanto, apesar de o domicílio em que mora ser registrado no município ribamarense, e as atividades profissio-nais serem realizadas em São Luís, a professora afirma que não chega a perceber que faz parte de uma aglomeração urbana e diariamente se movimenta entre dois municípios. Assim como outros moradores do con-junto residencial onde mora, Silvia Cardoso associa o município de São José de Ribamar à sede administrativa, portanto distante do Cohatrac V. Ela disse que os próprios gestores parecem confundir os limites munici-pais, pois o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) seria feito à administração da capital, enquanto o serviço de limpeza urbana viria sendo executado pela gestão ribamarense.

infraestrutura científica e tecnoló-gica, a existência de um mercado de trabalho diversificado, as fun-ções complexas que desempenham e o poder político e econômico que concentram. O termo “mancha de ocupação ur-bana” representa a porção ocupada de um território, na qual se verifi-ca algum desenvolvimento urbano. A partir de mais de um município limítrofe, a ocupação urbana ex-pande-se e forma uma mancha con-tínua. A esse processo dá-se o nome de conurbação, o qual é vivenciado igualmente pelos municípios, ocor-rendo tanto pelo crescimento quan-to pela expansão urbana. Ao tratar-se de uma mancha que se estende continuamente e atinge mais de um município, a ocupação denomina-se aglomeração urbana, que envolve fluxos intermunicipais intensos. Configura-se um movi-mento diário e que atende a diver-sas funções especializadas que se complementam, agregando-se pela integração socioeconômica decor-rente.Uma aglomeração urbana pode re-sultar de diferentes fatores: da for-mação de regiões periféricas de um centro principal por sobre municí-

pios vizinhos; da conurbação entre núcleos de tamanho equivalente ou não, mesmo sem a existência de pe-riferia, polarizada por estes centros urbanos; ou da incorporação de mu-nicípios próximos, independente-mente de continuidade de mancha, desde que mantenham relações in-tensas.Pela natureza do centro polariza-dor, uma aglomeração urbana pode ter ou não caráter metropolitano. Constitui uma aglomeração me-tropolitana ou área metropolitana uma mancha de ocupação contínua ou descontínua que seja diretamen-te polarizada por uma metrópole. Nesse caso, verificam-se os fluxos mais intensos e as maiores densida-des de população e atividades, en-volvendo municípios com alto grau de integração ou englobando par-cial ou inteiramente apenas a área do município central.O deslocamento de pessoas pode ter origem e destino em municípios distintos. Seja para trabalhar ou estudar, por exemplo, um contin-gente de pessoas dirige-se a outro município que não seja aquele onde residem. Esse tipo de deslocamento são os chamados movimentos pen-dulares e fatores de polarização, os

quais são importantes indicadores para se detectar fluxos intermunici-pais, sendo mais intensos em áreas com funções urbanas especializa-das que atendam às necessidades da população de mais de um muni-cípio, como é o caso dos portos e aeroportos, além de serviços mais complexos em educação (universi-dades ou centros de estudo e pes-quisa avançados), saúde (hospitais de alta complexidade), cultura (mu-seus e centros de convenções), ou onde se executam grandes investi-mentos econômicos e de infraestru-tura, os quais atraem mão-de-obra e público consumidor provenientes de mais de um núcleo.Quando as atividades socioeconô-micas e a ocupação do solo urba-no ultrapassam os limites de um município, tem-se o fenômeno cha-mado metropolização, no qual as fronteiras municipais – e algumas vezes entre dois ou mais estados – tornam-se inexpressivas, diante do fluxo cada vez mais denso de pessoas e bens entre municípios vi-zinhos. Essa é uma das principais características da urbanização con-temporânea, materializando-se na formação de grandes cidades com-partilhadas por muitos municípios.

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Sendo um estágio avançado da ur-banização, a metropolização repre-senta a forma espacial do cresci-mento urbano, em decorrência do rápido e concentrado crescimento econômico, de fluxos migratórios intensos em centros urbanos já constituídos, bem como da existên-cia de meios de deslocamento e do papel assumido pela gestão pública na economia mundial. No processo de metropolização, a aglomeração

urbana consiste de um só território, onde as atividades de cada municí-pio se encontram inter-relaciona-das, complementares e dependentes entre si, o que exige a constituição de políticas regionais que contem-plem funções públicas de interesse comum.Para serem executadas, as funções públicas de interesse comum reque-rem relações de compartilhamen-to entre as gestões governamen-

tais dos agentes públicos, pois sua abrangência ultrapassa o limite de competência de apenas uma unida-de municipal. São funções impos-síveis de serem realizadas por um único ente governamental. O uso do solo, ou a ordenação territorial de atividades de diferentes nature-zas, é uma função que compreende o planejamento físico, a estrutura-ção urbana, o movimento de terras e o parcelamento do território a ser ocupado. Outra função é a mobili-dade urbana e acessibilidade, a qual consiste na infraestrutura da rede de vias arteriais e coletoras, for-mando um sistema viário de âmbito metropolitano, através de eixos de ligação entre os municípios. A mo-bilidade urbana relaciona-se ainda aos serviços de transporte intermu-nicipal, os quais operam diretamen-te ou por meio de integração física ou tarifária, para o deslocamento dos usuários entre os municípios. São também aspectos dessa função pública as conexões intermodais, os terminais e os estacionamentos, inclusive a concessão, permissão ou autorização e a programação de

Durante um ano, a funcionária pública Sâmia Oliveira, que resi-de em São Luís, trabalhou na unidade de Alcântara do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), tendo de semanalmente atravessar a Baía de São Marcos, que separa os dois municípios da região metropolitana. Ela relata que, na primeira semana de trabalho, chegou a realizar a travessia todos os dias, mas acabou alugando um imóvel em Alcântara, por conta do cansaço e das despesas elevadas com a passagem das embarcações. Segundo ela, que é mãe de um filho, o fato de as duas cidades serem separadas por mar foi a maior dificuldade que enfrentou, já que não se conta com a facilidade do deslocamento por terra a qualquer hora, como ocorre entre os municípios da região metropolitana que se situam na própria Ilha de São Luís. Sâmia Oliveira recorda uma ocasião em que retornava a casa e começou uma chuva forte, quando a embarcação se encontrava na metade do caminho, normalmente percorrido no intervalo de uma hora. Sem visibilidade, o barco perdeu o rumo e só chegou à Ilha três horas depois da partida, mas aportando no Terminal Portuário de Ponta da Espera.

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rede viária, do tráfego e dos termi-nais de passageiros e cargas.Quanto ao saneamento básico, con-siste na captação, adução, trata-mento e distribuição da água potá-vel, bem como na coleta, transporte, tratamento e destinação final dos esgotos sanitários. O saneamento envolve ainda a macrodrenagem das águas superficiais e o controle de enchentes, além da destinação final, tratamento e reciclagem dos resíduos. Finalmente, a função pú-blica da habitação, a qual corres-ponde à definição de diretrizes para localização da oferta habitacional de interesse social.Na complexa realidade das metró-poles, propõe-se a gestão metropo-litana como uma prática adminis-trativa que congrega a sociedade e as distintas esferas do poder execu-tivo: além dos governos estadual e municipal, com a devida preserva-ção de sua autonomia administra-

tiva, os órgãos do governo federal. Como modelo administrativo, a gestão metropolitana possibilita ações compartilhadas e planejadas que visem ao desempenho das fun-ções públicas de interesse comum, de forma integrada e com maior eficiência, em comparação com as ações executivas isoladas. Des-taque-se ainda a natureza partici-pativa dessa forma de gestão, com benefício significativo para os habi-tantes e o meio ambiente da região.Tendo como objetivo integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum, a gestão metro-politana resulta em inúmeros be-nefícios para as populações dos municípios da região metropolitana em que é implantada. Dentre esses benefícios, destaca-se a otimização dos potenciais e oportunidades de desenvolvimento da região, assim como a disseminação dos seus efei-

tos para o resto do estado. Outros benefícios decorrentes da gestão metropolitana são: a redução das desigualdades sociais e econômicas entre os municípios, tanto quanto entre os segmentos sociais exis-tentes em cada um deles; a justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de metro-polização; a consolidação da cons-ciência e identidade metropolitana dentre os munícipes; além da gestão democrática e do controle social.

Redução das desigualdades sociais e econômicas entre os municípios, a justa distri-buição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de metropolização são alguns dos benefícios decorrentes da gestão metropolitana

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RadiogRafia da Região MetRopolitana da gRande São luÍS

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Atualmente, o Brasil conta com 59 regiões metropolita-nas institucionalizadas. Des-

se conjunto, a Região Metropolita-na da Grande São Luís (RMGSL), formada pelos municípios de Alcân-tara, Paço do Lumiar, Raposa, São José de Ribamar e a capital do es-tado São Luís, ocupa a 18ª posição em população residente. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Ge-ografia e Estatística (IBGE), com base no Censo de 2010, a RMGSL reúne 1.331.181 habitantes, con-centrando 20,25% da população total dos 217 municípios mara-nhenses.Tal concentração demográfica cha-ma ainda mais a atenção quando se considera que mais de um quinto das pessoas residentes no Mara-nhão, especificamente na RMGSL, ocupam uma área equivalente a apenas 0,87% da extensão territo-rial do estado, o que equivale a uma densidade demográfica de quase 460 hab/km2. Entretanto, compa-rando-se a relação entre população e área nos cinco municípios, veri-fica-se uma considerável discrepân-cia na distribuição populacional da região.Em um extremo, o município de Al-cântara dispõe da maior extensão territorial, de 1.486,87 Km2, mas

reúne a população menos numero-sa do grupo, com 21.851 habitan-tes. Enquanto isso, as 1.014.837 pessoas residentes em São Luís, mais de 46 vezes a população al-cantarense, dividem um território de 834,78 Km2, correspondente a pouco mais da metade das terras do outro município. Em termos de densidade demográfica, Alcânta-ra possui 14,7 habitantes por qui-lômetro quadrado, e em São Luís essa relação perfaz o discrepante

valor de 1.215,69. No conjunto dos municípios integrantes da RMGSL, a cidade polo São Luís engloba 76,24% da população metropolita-na. A tabela 01 estabelece a com-paração entre população, área e densidade demográfica dos municí-pios integrantes da RMGSL.

A centralidade da capital se ex-pressa a partir de outros indica-dores, além da população e área territorial. De acordo com dados do IBGE, o Produto Interno Bruto de São Luís, em 2009, foi de mais de R$ 15 bilhões, ou 94,27% do que se produziu em toda a RMGSL. Den-tre os cinco municípios, mostrados na tabela 01, São José de Ribamar foi o que atingiu o segundo maior PIB naquele ano, de R$ 473,4 mi-lhões, recursos correspondentes a pouco mais de 3% da produção de São Luís. No entanto, à exceção de Alcântara, o crescimento do PIB da capital, entre os exercícios de 2000 e 2009, foi o menor em compara-ção com os demais municípios situ-ados na Ilha de São Luís. Em rela-ção ao total do estado, a RMGSL foi responsável por 40,82% do PIB maranhense em 2009, despontando como um polo de riqueza.Avaliando-se o PIB per capita dos municípios no ano de 2009, o IBGE

das 59 regiões me-tropolitanas insti-tucionalizadas no Brasil. a Região Me-tropolitana da gran-de São luís (RMgSl), formada pelos muni-cípios de alcântara, paço do lumiar, Ra-posa, São José de Ri-bamar e a capital do estado São luís, ocu-pa a 18ª posição em população residente

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aponta que o residente de São Luís recebeu em média o valor R$ 15.382,99 naquele exercício financeiro, sen-do esse indicador também o mais expressivo na capital, já que a soma do produto médio dos habitantes dos outros quatro municípios da RMGSL, no mesmo ano, atinge pouco mais de R$ 13 mil. Os valores para cada município são mostrados na tabela 01.Na área de atendimento à saúde, a RMGSL dispõe de 147 unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), e também nesse quesito São Luís destaca-se dos de-mais municípios, com nada menos de 100 estabeleci-mentos. Em São José de Ribamar, o segundo município no ranking, registra-se um quinto desse número, ou 20 estabelecimentos.Quanto à alfabetização dos residentes na RMGSL, a quantidade absoluta de analfabetos em São Luís atinge

138.011 pessoas, superando a própria população total de três dos demais municípios integrantes. Apenas São José de Ribamar reúne mais residentes que a popula-ção de analfabetos da capital. No entanto, pela grande diferença de populações, São Luís apresenta o menor percentual de pessoas (13,6%) que não leem ou escre-vem. Por outro lado, Alcântara, apesar da população menos numerosa, registra o maior índice de analfabe-tismo da RMGSL, ou 31,52%, pouco mais que a média do estado.

Município População (habitantes)

Área (Km2) Densidade de-mográfica (hab./Km2)

População residente alfa-betizada

Índice de analfabetismo

Estabelecimen-tos de saúde sUs (unidades)

PiB a preços correntes (mil reais) (*)

PiB per capita a preços correntes(R$) (*)

São Luís 1.014.837 834,780 1.215,69 876.826 13,60% 100 15.337.347 15.381,99

S.Jde Ribamar 163.045 388,369 419,82 136.694 16,16% 20 473.407 3.394,26

Paço do Lumiar 105.121 124,753 842,63 88.750 15,57% 8 291.564 2.804,64

Raposa 26.327 64,353 409,10 19.606 25,53% 6 100.920 3.906,01

Alcântara 21.851 1.486,670 14,70 14.963 31,52% 13 65.418 2.970,86

RMGSL 1.331.181 2.899 459,20 1.136.839 14,60% 147 16.268.656 n.d.

Maranhão 6.574.789 331.936 19,81 4.594.600 30,12% n.d. 39.855.000 6.259,43

% estadual (RMGSL)

20,25% 0,87% n.a. 24,74% n.a. n.a. 40,82% n.a.

Fonte: iBGE (2010) / (*) Dadosz referentes a 2009 / Legenda: n.a. (não se aplica); n.d. (não disponível)

Tabela 01 - Maranhão e municípios da RGMsL: dados populacionais, sociais e econômicos

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A gestão metropolitana con-siste em um sistema admi-nistrativo executado de for-

ma compartilhada e democrática, e que mantém a autonomia dos muni-cípios envolvidos, através da orga-nização, planejamento e execução das funções públicas de interesse comum. Trata-se de um processo que conta tanto com a participação dos diversos segmentos da socieda-de civil (movimentos sociais, enti-dades e organizações, associações, entidades classistas, instituições de ensino e pesquisa, dentre outros), quanto com o compromisso político dos gestores estaduais e municipais.Através dessa prática administra-tiva, as oportunidades de desenvol-vimento da RMGSL são potenciali-zadas, e seus efeitos disseminados para o estado, fortalecendo o pla-nejamento regional. Além desse im-pacto positivo, a gestão metropoli-tana compartilhada busca reduzir as desigualdades sociais e econômi-cas entre os municípios, com uma melhor distribuição dos resultados decorrentes do processo da metro-polização. Outro aspecto relevante é que a consolidação da consciên-

cia e identidade metropolitana fa-vorecem o controle da sociedade em relação à aplicação de recursos públicos pelos municípios e estado, otimizando-se o planejamento e execução conjunta de políticas me-tropolitanas.Para a efetivação da gestão me-tropolitana na RMGSL, os seguin-tes desafios devem ser observados, como condições para o sucesso da implantação desse modelo de ges-tão:

1 Revisar a Lei de Instituição da Região Metropolitana da

Grande São Luís (RMGSL) [Lei Complementar Estadual (LCE) Nº 38 de 1998].

2 Implantar a gestão compartil-hada e democrática, tornando

compatíveis os interesses dos mu-nicípios integrantes da região met-ropolitana com os do Estado e da União.

3 Elaborar o planejamento metro-politano.

4 Implementar políticas públicas de interesse comum que asse-

gurem o desenvolvimento susten-tável.

5 Promover estudos compartil-hados sobre tendências de am-

pliação da região metropolitana, diante de investimentos públicos e privados, a expansão da malha viária e as necessidades de sua in-tegração.

6 Contribuir para o equilíbrio das diferentes dinâmicas regio-

nais do Maranhão, disseminando potenciais e oportunidades de de-senvolvimento.

DESAFIOS DA REGIÃOMETROPOLITANADA GRANDE SÃO LUÍS

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ENTREVISTA: HARoLDo TAVAREs

“Eu queria ter nascido no futuro.” Dita pelo engenheiro civil e nuclear Haroldo Olympio Lisboa Tavares, de 80 anos, a frase expressa o en-cantamento do ex-prefeito de São Luís com as inovações tecnológi-cas que se sucederam aos projetos estruturais realizados quando foi titular da então secretaria Estadu-al de Obras e Viação, entre 1965 e 1970. À época, o Maranhão era administrado pelo governador elei-to José Sarney, e após a passagem pela gestão estadual, Haroldo Tava-res assumiu a prefeitura da capital, de 1970 a 1975. Como secretário de estado, o gestor foi responsável pela execução de obras que ainda hoje têm reflexo sobre o desenvol-vimento urbano de São Luís, como a Barragem do Bacanga, concebida para facilitar o acesso ao Porto do Itaqui e solucionar os problemas de moradia das famílias que viviam em palafitas naquela região da ci-dade, além da construção do Anel Viário e do aterro que formaria a Lagoa da Jansen, aproximando a Ponta D’Areia do centro da capital.

Tendo como norte de ação a cons-tante busca de soluções alternativas para as questões urbanas, o secre-tário também concebeu os projetos arquitetônicos do Estádio Castelão e da Ponte José Sarney, sobre o Rio Anil, executados posteriormente à sua passagem pela secretaria esta-dual. Mas nem só de obras estrutu-rais é feita a biografia de Haroldo Tavares, que também fundou a Es-cola de Engenharia do Maranhão e trouxe para este centro de estu-dos especializados um computador IBM 350, o terceiro a ser instala-do no Brasil, além de ter criado o Conselho Estadual de Engenharia e Arquitetura (Crea/MA).Nascido em Salvador, filho de ma-ranhenses, Haroldo Tavares con-cluiu o ensino médio no Rio de Ja-neiro, onde foi colega de turma do cartunista Ziraldo. Graduou-se no curso de engenharia civil da Uni-versidade Federal de Minas Gerais, mesma instituição onde fez pós--graduação na área de engenharia nuclear. Suas pesquisas sobre mine-roduto lhe valeram reconhecimento

internacional, levando-o a apresen-tar o resultado de estudos em Vie-na, na Áustria. O brasileiro também desenvolveu trabalhos no campo de engenharia nuclear na Agência de Energia Atômica da França. A essa rica experiência de vida, credita a visão que o levou a implementar projetos que mudaram as feições de São Luís e do Maranhão, nas duas ocasiões em que ocupou funções de gestor. Leitor assíduo de obras literárias, o engenheiro também tem grande interesse por música, matemática, idiomas e a arte de velejar. No en-tanto, atualmente a internet tem sido seu principal entretenimento. A página eletrônica “Inovação Tec-nológica” é sempre uma recomen-dação que faz aos interlocutores. “É meu café da manhã”, comenta ele, observando que a humanidade finalmente alcançou a universaliza-ção do conhecimento, um dia alme-jada pelo cientista italiano Galileu Galilei. A entrevista a seguir foi concedida na própria residência de Haroldo Tavares.

Engenharia e visãomudaram cenárioda capitalHaroldo Tavares foi responsável por importantes projetos e obras estruturais de engenharia, que até hoje têm reflexos no desenvolvimento e na mobilidade urbana de São Luís.

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“eu queria ternascido no futuro.”

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Sua administração na Prefeitura de São Luís foi pioneira na elabo-ração de um Plano Diretor para o município. Com o crescimento da população e a expansão do ter-ritório urbano, tanto na capital como nos demais municípios que compõem a Região Metropolita-na de São Luís (RMSL), é viável a adoção de um Plano Diretor inte-grado, para a garantia da função social da cidade e o desenvolvi-mento sustentável da Ilha?

Claro que sim. O que se tem que ordenar é a Ilha de São Luís. Não apenas [o município de] São Luís, mas a Ilha. Deveria existir, eu di-ria, um Plano Diretor insular. É uma exigência, porque hoje se têm as relações de apoio e serviços, que são centradas na capital. Conside-re toda a região como uma cidade, com equipamentos e serviços espa-lhados. Há uma necessidade de in-tegrar todos os serviços, de ocorrer uma interação. Por exemplo, não se pode fazer um plano de transpor-tes da cidade, para entrar no Plano Diretor, sem antes se realizar uma pesquisa de origem e destino, um estudo para estabelecer as linhas de ônibus. Antes do Plano Diretor, o que se tinha era um Código de Obras. A ideia foi minha, mas não se pode fazer planejamento com uma só pessoa. O plano ordenador de São Luís foi coordenado pelo Es-critório Wit Olaf Prochinik [Arqui-tetura e Planejamento], que tinha

arquitetos, engenheiros e geólogos, e teve o apoio da universidade.

Há importantes projetos e obras estruturais de engenharia, como a Barragem do Bacanga, o Anel Viário e o aterro da Lagoa da Jansen, que foram idealizadas e realizadas em suas gestões como secretário estadual de obras e prefeito de São Luís. Até hoje es-sas obras têm reflexos no desen-volvimento e na mobilidade urba-na da cidade. O que influenciou no planejamento para essa visão de futuro?

Essas foram obras e também foram sistemas, porque as obras servem aos sistemas. Juntei dez anos como secretário [estadual de obras] e prefeito [de São Luís]. Vamos co-meçar pela Barragem do Bacanga. Quando se pensou no Plano Diretor de São Luís, nem se sabia o que era o Bacanga. Na época, começou a necessidade de exigir do governo federal a construção do Porto do Itaqui, que hoje é um dos melhores do mundo, pela proximidade do Ca-nal do Panamá. Minha visão era en-trar no Bacanga e no Porto, e dali fazer um belíssimo projeto de ocu-pação urbana. Havia quem quisesse construir uma ponte, mas pensamos na possibilidade de uma barragem, pois para ampliar as pistas laterais seria preciso um simples aterro la-teral. O problema era o custo. Levei a ideia da barragem ao superinten-dente da Sudam [Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia]. Era uma ideia aparentemente am-

biciosa e ousada, mas havia sido feito um estudo de que deveria cus-tar uns US$ 10 milhões, e poderia interessar à Sudam pela possibili-dade de transposição dos rios. Com US$ 2 milhões garantidos [pelo superintendente João Walter], con-venci o governador Sarney.

Qual era a vantagem da barra-gem?

Temos marés de até sete metros, e pensamos em estabilizar a variação das marés. As comportas controla-ram o nível das águas, normaliza-ram os problemas de habitação das famílias que viviam em palafitas no entorno, criando o povoamento da região do Bacanga, e impulsiona-ram o potencial econômico dessa população.

E quanto ao Anel Viário?

[Durante a gestão como secretá-rio estadual de obras. O problema do transporte já estava sério. São Luís tinha 200 mil habitantes e os estatísticos da época acertaram em estimar que atualmente teríamos uma população de mais ou menos um milhão de pessoas. Havia um projeto de alargamento da Rua da Paz, que seria um perigo para a cidade. Avaliei que iríamos perder um patrimônio de mais de 300 anos no Centro Histórico, se não agísse-mos rápido e as linhas de transcur-so entre as diferentes avenidas da cidade não fossem interligadas por um anel viário. Já tínhamos a ideia, mas faltavam os recursos. No Rio

“deveria exis-tir, eu diria, um plano diretor

insular”

“Quem criou a RMSl foi o cresci-mento da população e as obras que impulsionaram o desenvolvimento

econômico da região”

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de Janeiro começaram a desenhar a via expressa, mas em São Luís não existia tráfego que justificas-se uma obra daquele porte. Propus ao [então governador] Pedro Nei-va de Santana [a construção da obra, alegando] que havia recur-sos provenientes da arrecadação de combustíveis. Veja bem, o que está ocorrendo hoje é consequência do desenvolvimento do estado. São Luís nem tinha fábricas naquela época.

E sobre o aterro da Lagoa da Jan-sen?

Quando eu tinha de 13 a 14 anos, tinha dois amigos barqueiros, Pe-dro Olhudo e João Bolinha, que moravam na Ponta D’Areia, inaces-sível na época. Eu atravessava de barco até o outro lado, para pegar caranguejo no mangue. Quando a gente pisa no mangue, a pressão do pé sobre a lama tem um efeito que, em física, se chama de cisalhamen-

to. Esse foi o princípio que inspirou o aterro da Lagoa. Foi uma obra óbvia. Usamos caminhões carrega-dos de terra para fechar a saída e a entrada da maré que dava acesso ao mangue e formar a lagoa. Im-pedindo a passagem do mar, fize-mos um corte com uma tubulação e criamos uma pequena comporta que facilitou o acesso e ordenou a ocupação urbana. Eu tenho a sorte de ter feito obras que mudaram a

visão da cidade como um centro de lazer. Ainda não houve visão para aproveitar o Lago do Bacanga [e transformá-lo também em um polo de lazer].

Nas gestões de secretário de obras e prefeito, havia consciên-cia de que essas obras contribui-riam para o desenvolvimento de uma centralidade em São Luís, atraindo o fluxo de pessoas, bens

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e recursos de diferentes nature-zas? Como percebia a criação das primeiras regiões metropolitanas no Brasil?

Sim, tínhamos consciência [da cen-tralidade da capital a partir das obras]. Acompanhei as discussões que se faziam na época sobre as re-giões metropolitanas, mas São Luís não tinha escala para ser [conside-rada uma dessas regiões]. A cidade ia até o Anil. Quem criou a RMSL foi o crescimento da população e as obras que impulsionaram o desen-volvimento econômico da região. Na cidade que eu tinha [na função de gestor], havia 200 mil habitan-tes, e agora existem um milhão. Ou seja, cinco vezes mais que naquela época. Mas nós não temos uma me-trópole, mas um conjunto de peque-nas cidades em torno de São Luís.

Em sua opinião, quais os princi-pais problemas comuns que afe-tam os municípios integrantes da RMSL, no contexto atual?

O transporte público é o principal, porque as pessoas saem de casa para apanhar o transporte. O pro-blema urbano é o automóvel. O que eu vejo hoje de solução é o trem leve, que diminui muito a pressão sobre o solo. No sul do país, [esse tipo de transporte] é um sucesso. E a construção de outras avenidas [é outra solução]. Eu tenho anda-do pouco pela cidade, mas imagi-no que outros problemas, além dos transportes, são energia e o abaste-

cimento de serviços urbanos, como hospitais, escolas e esgoto.

Como enfrentar os problemas de-correntes do processo de metro-polização na Ilha de São Luís, a partir dos anos 1980?

É uma situação complicada. Uma cidade com até 500 mil habitantes é um local que oferece possibilida-des, mas quando se chega a um mi-lhão...A primeira solução seria possibi-litar núcleos de até 300 mil habi-tantes, por ser possível oferecer serviços de qualidade, como bons hospitais. Nisso os engenheiros po-deriam dar uma contribuição, por-que lidamos com números.

De que forma enfrentar os pro-blemas da poluição que afeta os rios e praias de nossa Ilha cau-sando prejuízo à saúde da popu-lação e economia, a exemplo do turismo?

Construindo uma rede de esgotos. Não tem outro jeito. A poluição começa com a habitação do terri-tório, com o crescimento desorde-nado. Quando se tem a natureza

estabilizada, o território se preser-va. Aí tem que decidir se ocupa ou não. Se a população for ocupar o espaço, a única maneira de evitar a poluição é com esgoto. A menos que se descubra uma tecnologia que substituísse o complexo tratamento de esgoto e que pudesse ter uso den-tro de casa.

Como analisa o Programa Minha Casa, Minha Vida, do Ministério das Cidades, desconectado de equipamentos como transporte, educação, saneamento, saúde, e de que forma os municípios pode-rão resolver esse problema?

Eu acho que esse programa foi criado para beneficiar as emprei-teiras. A minha ideia é facilitar a compra de lotes pelas pessoas de faixa de renda baixa. Primeiro, a prefeitura habilita o loteamento do espaço, e passa a financiar a com-pra dos materiais de construção por quem adquirir os lotes, para que cada um construa a própria casa. Quando abrimos a avenida que pas-sa pela Areinha, fizemos um teste vendendo 5 mil lotes naquela área. A partir daí, foi preciso providen-ciar água encanada, energia, coleta de lixo. Eu tenho a impressão que uma solução [para a questão da habitação] seria criar um local que pudesse aproximar os serviços, mas aqui no centro não há mais espaço. Tem que haver um estímulo para o agenciamento dos vazios que ainda existem fazendo, ao mesmo tempo, uma via expressa [que facilite o acesso a esses locais].

“eu tenho a impressão que uma solução [ para a questão da hab-

itação ] seria criar um local que pu-desse aproximar os serviços”

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“O grande trabalho de articulação política, desenvolvido pela ex-presidente do Senge-MA, Odinéia Ribeiro, precisa continuar e não pode ficar parado. A metropoli-zação urge por resultados efetivos que, com certeza, ocorrerão após o processo elei-toral. A população será a grande beneficiada diante do comprometimento comparti-

lhado dos gestores municipais, com a futura região metropolitana de São Luís.”

René Bayma Filho - Presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Maranhão (IBAPE/MA)

“A importância da articulação do Senge/MA, em relação à gestão metropoli-tana, se faz de forma primordial, por ser essa entidade composta por profissio-

nais da engenharia com os conhecimentos específicos necessários para o total entendimento dessa questão. Com isso temos maiores garantias no sucesso das propostas extraídas de discussões em relação à gestão metropolitana. A região

metropolitana é formada por São Luís, Raposa, Paço do Lumiar, São José de Ri-bamar e Alcântara, estas hoje integradas por problemas comuns que se confun-

dem entre si nos seus limites territoriais, tornando necessárias instituições como o Senge/MA, com conhecimento técnico e a devida experiência nas articulações

voltadas ao sucesso das propostas.”

Wennder Robert RochaTécnico agrícola e bacharel em Direito, Presidente do Sindicato dos Técni-

cos Agrícolas do Estado do Maranhão (SINTAG-MA)

“O Sindicato dos Engenheiros do Estado do Maranhão (Senge-MA) cumpriu um papel de destacada importância quando chamou para si o papel de ‘capitaneador’ do processo de discussão da ‘metropolização’ da Grande Ilha de São Luís, no Maranhão. Destaque-se o fato de o Senge-MA congregar profissionais da engenharia das mais diversas modalidades, tornando-se uma instância multiprofissional e, portanto, bastante credenciada a conduzir o processo. A ex-presidenta do Senge-MA, engenheira Maria Odinéia Ribeiro, deu os pri-meiros passos no rumo da conscientização e mobilização do poder público constituído, da sociedade como um todo, pertencentes aos municípios que compõem a Grande Ilha de São Luís, São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar, todos com problemas particulares e específicos, mas com elos relevantes e comuns, tais como território confinado por água, ecossistemas frágeis, povoamento desordenado e a falta de infraestrutura. Foram audiên-cias públicas, ações junto ao poder público e gestão junto a entidades de classe e represen-tativas da sociedade, com um único objetivo: o de chamá-los para uma realidade próxima de caos generalizado, se medidas comuns e coordenadas não forem implementadas em um curto espaço de tempo, no sentido de mitigar os efeitos já sentidos e presentes em toda a Ilha e eliminar as causas, acumuladas ao longo dos anos de desconhecimento e ignorância das mesmas. Dessa forma, o Senge-MA cumpriu e cumpre, na continuidade do pensamento da sua diretoria atual, a missão institucional de defesa da sociedade, através do chama-mento dos vários agentes, para uma imediata decisão: a da ‘gestão compartilhada’ para os diversos problemas que afetam a Ilha de São Luís. Traduzindo: gestão metropolitana, já sob pena de o tempo esgotar!”

Antonio Vilson S. DiasEngenheiro Civil e de Segurança do Trabalho, com pós-graduação em Gestão Ambien-tal nas Empresas, e associado do Senge-MA

Qual a importância da articulação do Senge/MAem relação à gestão metropolitana?Depoimentos

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O Programa Cresce Brasil mobiliza governo e sociedade para debater propostas de incentivoao desenvolvimento do país.

Acelerandoo Crescimento

O Projeto “Cresce Brasil+Engenharia+Desenvolvimento” (Cresce Brasil) foi criado em 2006 pela Federação Nacional dos Engenhei-ros (FNE) e seus sindicatos filiados, e ao longo dos anos se tor-

nou um movimento permanente dos profissionais da área tecnológica e da sociedade brasileira, no sentido de mobilizarem esforços para debater e apresentar propostas, além de acompanhar a execução de planos e proje-tos voltados ao desenvolvimento do país.Desde sua criação, o Cresce Brasil realizou diversos seminários em capi-tais e cidades brasileiras, nas cinco regiões do País, e promoveu encontros com representantes dos poderes exe-cutivo e legislativo nas três esferas de poder (federal, estadual e muni-cipal), nos quais as questões de inte-resse nacional vêm sendo colocadas em pauta. O Maranhão sediou o terceiro semi-nário desse projeto, em 19 de maio de 2006. Com o título “Recursos Hídricos, Saneamento e Meio Am-biente”, o evento teve o objetivo de fomentar a implantação da política de recursos hídricos no estado.Recebendo colaborações de mi-lhares de profissionais, os debates

“19 de maio de 2006 foi a data do 3º Semi-nário do Cresce Brasil. o evento foi realizado em São luís com o títu-lo “Recursos Hídricos, Saneamento e Meio ambiente.

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promovidos pelo “Cresce Brasil” foram enriquecidos pela diversida-de de pontos de vista, ao aborda-rem temas considerados cruciais para o desenvolvimento, tais como: energia, saneamento, recursos hí-dricos, meio ambiente, transporte, comunicação, ciência, tecnologia e agricultura.

Projeto sustentável

Ao ser lançado, o “Cresce Brasil” considerou a necessidade de defen-der a implantação de um projeto sustentável que levasse à inserção do Brasil no processo de globa-lização e ao bem-estar de toda a sua população, em vista de o país ter atravessado, no decorrer das duas últimas décadas, um período de estagnação decorrente do baixo volume de investimentos públicos e privados, com reflexos profundos sobre a sociedade brasileira, parti-cularmente na engenharia nacional.O documento “Manifesto Cresce Brasil” foi lançado em setembro de 2006 na cidade de São Paulo, por ocasião do VI Congresso Na-cional dos Engenheiros (VI Conse).

Apresentando um conjunto de pro-postas da categoria, o manifesto se-ria basilar na elaboração do atual Programa de Aceleração do Cresci-mento (PAC), anunciado em janeiro do ano seguinte. O anúncio do PAC levou a FNE a publicar outro docu-mento, o “Cresce Brasil e PAC”, no qual a entidade propôs uma análise comparativa das propostas, assim como apontou mudanças no plano governamental.

Eleições

Na campanha eleitoral para prefei-tos e vereadores, em 2008, o Pro-jeto Cresce Brasil colocou em dis-cussão a realidade das metrópoles e ampliou o debate, com a proposição de soluções, sobre a aceleração do desenvolvimento e crescimento das regiões metropolitanas do Brasil. As ideias propostas tinham como premissas a democracia, o respeito à natureza, distribuição de renda, reorganização urbana e a valoriza-ção do profissional nesse processo.No Maranhão, todos os candidatos a prefeito dos municípios que com-põem a Região Metropolitana da Grande São Luís (RMGSL) foram convidados para discutir a metro-polização e a gestão metropolitana da região, em um evento realizado pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Maranhão (Senge-MA), em 12 de setembro daquele ano, cujo objetivo foi levar o tema da RMGSL para discussão com a so-ciedade e o poder público.

Em maio de 2006 o Maranhão sediou o 3 º Encontro do “Cresce Brasil”

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O crônico problema da falta de água, em São Luís, passa pelos se-tores estruturais, culturais, educa-cionais, políticos administrativos, conhecimento técnico, sobretudo coragem e determinação por parte das autoridades e apoio da socieda-de. A água capitada do rio Itapecu-ru, 1,6m³/seg. não alcança 40% da que é consumida hoje na Ilha, e não tem como aumentar essa quantia, como os tecnocratas propalam, pois o rio já apresenta sinais claros de agonia, como todos os mananciais da região. A devastação de suas margens tem provocado o carrega-mento de sedimentos para o leito. A poluição aliada ao crescimento populacional, tanto dos ribeirinhos, como em São Luís, só agrava, pois a Ilha com menos de 0,5% da área do estado, concentra 20% de sua população e sua taxa vem crescen-do cerca de 3,1%. É de apavorar!Mesmo com os poços ora existen-tes e os reservatórios, a Caema está longe de sanar o problema. A popu-lação, que clama por água, tem a péssima e nefasta cultura de varrer calçadas e lavar carros com água tratada. A perda contabiliza mais

de 40%. Ocupações de margens de córregos, e suas transformações em dutos e depósito de lixo, perfuração sem critérios técnicos, de poços, têm contribuído para rebaixamen-to dos níveis e contaminação das águas. Na verdade, todos precisam dar a sua contribuição para que a problemática da escassez de água seja resolvida.A saída para o abastecimento da Ilha com a crescente demanda, passa pelo cumprimento da Lei Nacional de Saneamento Básico, nº 11.445/07 e ainda, acabar com desperdiço, colocando medidores, e campanhas educacionais vinculadas ao uso da água; solucionar os pro-blemas de ocupações em margens dos leitos de córregos, próximos a mananciais; criar e manter políti-cas sérias e eficazes de ocupação e uso do solo, modificar a política de asfaltamento de vias secundárias, substituindo por calçamentos para permitir a reidratação dos aquí-feros a partir das águas das chu-vas que aliadas a limpeza, evitará também os alagamentos das vias e redução do calor; incentivar os proprietários de Sítios, a fazerem

as devidas manutenções dos locais, mediante redução do IPTU.Criar leis, que priorizem a constru-ção de condomínios verticais, ao invés de horizontais, por utilizar menor área, o que reduz o impac-to com impermeabilização, e que ambos sejam dotados de poços para seus abastecimentos, e poços para reabastecer aqüífero subterrâneo, cisterna para reservar água a partir de água das chuvas. Já as empre-sas de porte, no distrito industrial, além dos poços, cisternas, tenham também espelho de água que servi-rão para amenizar o clima e rea-bastecer o freático etc.E finalmente ao poder público cabe fiscalizar os navios fundeados na baía, para coibir a poluição e con-taminação das águas; colocar as es-tações de tratamento de esgoto em funcionamento pleno, e construir outras para minimizar a poluição dos rios e praias e construir um aterro sanitário no continente, em local geologicamente compatível, para acabar com lixões.

Meio ambiente,água e vida

por Agenor Aguiar Teixeira Jaguar, Presidente da AGEMA - Associação dos Geólogos do Estado do Maranhão

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o sindicato dos Engenheiros do Maranhão (senge - MA), apoiado pela Federação Nacio-nal dos Engenheiros, FNE, através do “Programa Cresce Brasil”, oportunizou a socie-dade civil de são Luís e municípios do entorno, espaços de reflexão e debate em torno da gestão metropolitana compartilhada e democrática. Para tanto, realizou diversas ações desde 2008, como seminários, reuniões e dois encontros. Acompanhe a linha do tempo, o detalhamento dessas atividades e a participação dos gestores públicos e representantes

da sociedade no processo.

Retrospectiva S E N G E / M A

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SEMINáRIO “CRESCE BRASIL – DEBATENDO A GRANDE SãO LUíS”

Em maio de 2008, o Senge-MA ti-nha organizado, com o apoio da Fe-deração Nacional dos Engenheiros (FNE), o Seminário “Cresce Brasil – Debatendo a Grande São Luís”, cujo objetivo foi desenvolver proje-tos para melhorar a vida na capital maranhense. Os debates ocorridos no evento deram destaque às obras estruturais previstas no Progra-ma de Aceleração do Crescimento (PAC) para São Luís. À época titu-lar da Secretaria Estadual das Ci-dades, Infraestrutura e Desenvolvi-mento Sustentável, Telma Pinheiro Ribeiro, apresentou o Projeto Rio Anil e o Projeto Bacanga.Por envolver empreendimentos com a necessidade de se investir em sa-neamento ambiental, o tema PAC repercutiu na segunda etapa do

seminário, quando o presidente da Companhia de Água e Esgoto do Maranhão (Caema), Rubem Morei-ra de Brito, apresentou o programa da empresa nessa área, voltado à Ilha de São Luís (municípios de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa). Com valor total de execução estimado em R$ 500 milhões, o programa pretendia re-verter em 24 meses a grave situa-ção do sistema de saneamento bási-co. Considerando que apenas 40% dos domicílios da região contavam com cobertura de esgoto e 10% com tratamento, Rubem Moreira de Bri-to classificou o sistema existente à época como insuficiente, além de fator de risco à saúde pública e res-ponsável pela grande poluição da ilha, que abrangia uma população total de 1,2 milhão de habitantes.No Seminário “Cresce Brasil – De-batendo a Grande São Luís”, a ge-óloga e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Ediléia Dutra Pereira, reiterou o diagnóstico negativo da situação do sistema de saneamento da Ilha de São Luís, e chegou a questionar a atuação da Caema quanto ao que considerou quase inexistência de

tratamento de esgoto. A professora ainda alertou os demais participan-tes do evento, quanto à necessidade de se regrar o uso e ocupação do solo na ilha, contendo o adensa-mento nas áreas ambientalmente fragilizadas. A esse respeito, João Alberto Mota, presidente do Sin-dicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), defendeu o cres-cimento do setor em São Luís, que em sua avaliação viria gerando muitos empregos e beneficiando a sociedade.

Metropolização de São Luís

A programação do seminário en-volveu ainda a discussão sobre a metropolização de São Luís, que àquela altura ainda não se tinha

“As vias estão ficando inchadas e não adianta construir novas, é preciso criar um sistema de alta capacidade, alimentado pelo de ônibus” Marcelo Rodrigues, consultor

Cronologia das Ações do Senge/MA

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Cronologia das Ações do Senge/MA

consolidado, apesar de a região ter sido criada em 1989, conforme mencionado pelo deputado estadual João Pavão Filho (PDT). Na opinião defendida pelo parlamentar, o atra-so em efetivar a metropolização ge-raria prejuízos aos próprios municí-pios partícipes, os quais perderiam investimentos e pecariam pela falta de planejamento. Também fazendo parte dos debates, o arquiteto Fre-derico Lago Burniett questionou a solução da metropolização, depois de apontar a experiência da Região Metropolitana de São Paulo como “mau exemplo”, por conta de inú-meras mazelas urbanas, como o problema da favelização. “Seria melhor buscar estudos e planos setoriais para os municípios”, de-fendeu o arquiteto, por ocasião do seminário. Tratando da questão de transporte e malha viária, o consultor Marce-lo Rodrigues representou o então secretário municipal de transpor-tes, Canindé Barros, no Seminá-rio “Cresce Brasil – Debatendo a Grande São Luís”. Ele ressaltou ser necessário que a cidade se pre-parasse para o crescimento, e pro-pôs investimentos em uma rede de

metrô de superfície. “As vias estão ficando inchadas e não adianta construir novas, é preciso criar um sistema de alta capacidade, alimen-tado pelo de ônibus ”, argumentou o consultor.No encerramento do evento, João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical, analisou a conjuntura na-cional, destacando o papel dos en-genheiros na luta pelo desenvolvi-mento e na busca de soluções para os problemas que foram tratados durante os debates. Ele destacou a importância do Seminário “Cres-ce Brasil” e as premissas que esse projeto indicariam para a expansão

econômica: “O desafio é crescer com distribuição de renda, respeito à natureza, organização urbana e democracia”, disse João Guilherme Vargas Netto.

O desafio é crescer com dis-tribuição de renda, respeito à natureza, organização ur-bana e democracia”, João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical

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Aos 400 anos de idade, a cidade de São Luís apresenta um conside-rável grau de desenvolvimento de instituições da sociedade civil e de articulação entre estas entidades e o poder público.O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Maranhão (Senge-Ma), nos últimos anos, destaca-se pelas ações em prol da valorização do exercício da engenharia, da arqui-tetura e das demais profissões que representa. Mas a atuação da enti-dade não se restringe à defesa dos interesses diretos de seus associa-dos. Ao contrário, a mobilização da categoria representada confunde-se com a cessão à sociedade da capa-cidade técnica e organizativa acu-mulada pelo sindicato.Inspirados pelo Projeto Cresce Bra-sil: + engenharia +desenvolvimen-to, da Federação Nacional dos En-genheiros, dirigentes e associados do Senge-Ma vêm propondo solu-ções para o desenvolvimento urba-no e social da cidade de São Luís e do Estado do Maranhão, como um todo. Neste sentido, podemos desta-car a articulação entre o sindicato e outros setores da sociedade, como por exemplo, a universidade e o po-der público.Na parceria firmada entre o sin-

dicato e o Departamento de Enge-nharia Elétrica da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), membros do Senge-Ma, tornaram--se corresponsáveis pela disciplina Engenharia, Sociedade e Segu-rança do Trabalho, presente desde 2008 na grade curricular do curso de Engenharia Elétrica. Trata-se de uma experiência ímpar de intera-ção entre especialistas de diferen-tes áreas de atuação e os futuros profissionais da engenharia. Outra dimensão desta parceria com a UFMA consiste na relação do sin-dicato com o Departamento de So-ciologia e Antropologia e o Grupo de Estudos e Pesquisas, Trabalho e Sociedade. O resultado desta apro-ximação sindicato-universidade foi a pesquisa Perfil dos associados Senge-Ma, realizada entre 2009 e 2010, que levantou um conjunto de informações que vem auxiliando o sindicato na definição de suas es-tratégias de ação.Não obstante o sucesso dessas e de outras frentes em que atua o Sen-ge-Ma, um tema se destaca: a Me-tropolização da Grande São Luís. Dos primeiros eventos promovidos pelo sindicato, no âmbito do proje-to Cresce Brasil, aos encontros que deram origem ao Fórum Metropo-

litano, com participação dos repre-sentantes políticos dos municípios envolvidos, o sindicato assumiu um importante papel na mediação dos interesses regionais.Como reconhecimento a essa atu-ação, foi atribuída ao Senge-Ma a secretaria executiva do Fórum Me-tropolitano, espaço criado para a elaboração de políticas e ações con-juntas entre os municípios da Gran-de São Luís. Consolidando a função social do sindicato na discussão e implantação de políticas públicas, no ano de 2011, Maria Odinéa Ribeiro, presidente do Senge-MA (2006-2011), assumiu o cargo de Secretária-Adjunta de Assuntos Metropolitanos, da Secretaria de Estado da Casa Civil.A análise da história recente do Senge-MA indica que a defesa dos interesses de seus associados não impede o empenho do sindicato em colocar sua competência técnica a serviço da sociedade. Aliás, este tem se mostrado como um estímu-lo fundamental para sua busca pela valorização do saber profissional que representa.

Um sindicato para a sociedade: valorização profissional e desenvolvimento para a Região Metropolitana de São luís

por Prof. Dr. Sérgio Martins Pereira, Departamento de Sociologia e Antropologia – UFMA

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“REGIãO METROPOLITANA DA GRANDE SãO LUíS”

Após o sucesso do Seminário “Cres-ce Brasil – Debatendo a Grande São Luís”, a diretoria do Senge--MA vislumbrou a necessidade de as discussões sobre os temas rela-cionados à metropolização e gestão metropolitana serem aprofundadas. Dessa forma, em setembro do mes-mo ano (2008), a entidade realizou o Seminário “Região Metropolita-na da Grande São Luís”, no audi-tório do jornal O Imparcial, parcei-ro da iniciativa. A organização do evento partia do entendimento de que a gama de fatores do desenvol-vimento urbano – tais como esgo-tamento sanitário, abastecimento de água, resíduos sólidos, uso do solo, habitação, mobilidade urbana e acessibilidade – necessitariam de soluções conjuntas, desde o plane-jamento à execução, para que as ações nessa área fossem efetivas na RMGSL.Por ocasião do Seminário, cujo tema foi “Como fornecer serviços públicos adequados à população da Região Metropolitana de São Luís e integrá-la”, tinham decorrido 19 anos da criação dessa região, mas o projeto ainda continuava no papel. Considerando a falta de informação dos governantes e da população so-bre esse tema, o Senge-MA, mais uma vez em parceria com a FNE, desenvolveu ações, alertando para o fato de que a RMGSL já existia de direito, sendo necessário buscar a sua viabilização de fato para tornar possível seu planejamento. A pro-posta era norteada pela intenção de se minimizarem as contradições das forças que coabitam este território,

permitindo o seu gerenciamento e desenvolvimento harmônico, de for-ma racional. O evento reuniu técni-cos e os então candidatos a prefeito dos municípios que formam a Gran-de São Luís (São José de Ribamar, Raposa, Paço do Lumiar e Alcân-tara, além da capital maranhense).

Em sua exposição, o consultor sin-dical João Guilherme Vargas Netto argumentou que, desde a década de 1950, o grande fenômeno que se verificava era o da concentração urbana, que teria gerado as regiões metropolitanas, como forma de tra-tar dos problemas comuns. No Bra-sil da época, contavam-se 28 dessas regiões instituídas, as quais concen-travam 413 municípios e 40% da população do país. Segundo Var-gas Netto, os problemas urbanos que se avolumavam nessas regiões teriam origem no que considerou

“Não adianta pensar a ci-dade sem ouvir as pessoas, elas sabem muito bem o que querem”

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diversas mazelas da história brasi-leira. Primeiro, o crescimento eco-nômico sem democracia, que teria caracterizado a ditadura. Depois, o país teria sido atingido pela estag-nação econômica, a qual impediu investimentos. “Hoje, quando há a retomada do desenvolvimento com liberdade política, será preciso su-perar outras dificuldades”, afirmou o palestrante durante o seminário, destacando que o principal empeci-lho seria a falta de um ente cons-titucional que representasse esse conjunto de municípios. E concluiu: “Em geral, há muita diversidade política entre as administrações e um gigantismo da capital em rela-ção aos demais [municípios]”. Na opinião de Vargas Netto, além de

alterar o dispositivo constitucional que permitia uma real governan-ça metropolitana, seria necessário haver um fundo de recursos prove-nientes da União, estados e muni-cípios.O arquiteto Frederico Lago Burnett também apontou obstáculos à con-solidação da região metropolitana. Segundo ele, a tendência natural de que uma cidade predominasse e concentrasse empregos e serviços, acabaria levando a uma pressão que atingiria a todos. “Como será mais caro viver na cidade polo, a população vai se deslocar para as demais”, observou o arquite-to, afirmando que seria necessá-rio construir um modelo de gestão que superasse essas questões. Na

mesma linha, o então secretário estadual adjunto de planejamento, Carlos Alberto Barros, identificou entraves ao processo de metropoli-zação, a saber, a inexistência de um modelo institucional e o pouco foco nos problemas comuns, além da di-ficuldade na gestão dos conflitos.O deputado estadual Alberto Fran-co (PSDB), autor da Lei Comple-mentar de nº 069/2003, a qual deu nova redação à regulamentação

As regiões metropolitanas recebem mais recursos. São Luís está perdendo”, “Poderemos ter escolas, hospitais, políticas sendo executadas de forma integrada e par-ticipativa”, Alberto Franco, autor da lei

Em setembro de 2008 o Senge realizou o Seminário RMGSL

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constitucional que criou a Região Metropolitana de São Luís, defendeu que, apesar das barreiras, a união de forças seria importante para que a legislação saísse do papel, favorecendo o interesse dos cinco municípios. “As regiões metropolitanas recebem mais recursos. São Luís está perdendo”, disse o parlamentar à época, afirmando ainda que a efetivação dessa medida tanto levaria à maior capacidade de captar recursos, quanto possibilitaria a otimização dos equipamentos públicos. “Poderemos ter escolas, hospitais, políticas sendo exe-cutadas de forma integrada e participativa” , ponde-rou Alberto Franco, com a observação de que a nova redação da lei acabava com um temor dos prefeitos, de que o município se tornasse submisso à administração da esfera estadual. Essa mudança seria resultado de o Conselho de Administração e Gestão ter-se tornado paritário, com representantes do Executivo e do Legis-lativo de todas as cidades.Líder comunitário residente numa área de sombrea-mento intermunicipal, Simão Cirineu chamou a aten-ção dos participantes do seminário para a necessidade de se atender a população. “Não adianta pensar a ci-dade sem ouvir as pessoas, elas sabem muito bem o que querem” , afirmou a liderança.

Candidatos participaram das discussões

A organização do Seminário “Região Metropolitana

da Grande São Luís” convidou os então candidatos a prefeito dos cinco municípios que integram a região metropolitana, presentes no evento, a manifestarem seus pontos de vista sobre o tema, após o término dos debates. Embora divergissem em pontos específicos, os candidatos foram favoráveis à governança metropolita-na e defenderam ações para sua consolidação. Estavam presentes como candidatos à Prefeitura de São Luís: Pedro Fernandes (PTB), um dos idealizadores do even-to, Flávio Dino (PCdoB), Cleber Verde (PRB), Webson Madeira (PSTU), Paulo Rios (PSOL), Gastão Vieira (PMDB) e Waldir Maranhão (PP). Na condição de can-didato a vice-prefeito, Sebastião Santos representou Raimundo Cutrim (DEM). Por São José de Ribamar, compareceram os candidatos Luís Fernando Moura da Silva (DEM) e Soismarino Galvão Ramos (PT). Dentre as candidaturas ao cargo executivo de Paço do Lumiar, estavam presentes Bia Venâncio (PDT), Maria do Per-pétuo Socorro (PSOL) e Frank Fonseca (PTN). Fran-cisco Torres (PT) participou como pleiteante a prefeito de Raposa. Alcântara também marcou presença. Ao final do evento, a diretoria do Senge-MA nomeou uma comissão para elaborar a “Carta Metropolitana de São Luís”, com as propostas para a consolidação da região maranhense. O documento foi lançado no mês seguinte, na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), e propôs, dentre outros itens, a criação do Fórum Metropolitano da Grande São Luís.

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LANçAMENTO DA CARTA METROPOLITANA DA GRANDE SãO LUíS

O lançamento da Carta Metropolitana da Grande São Luís, em 1º de outu-bro de 2008, teve o objetivo de desenvolver debates, estudos e proposições junto ao poder público e às comunidades de todos os municípios da região, no sentido de efetivar sua gestão democrática. A primeira edição do En-contro do Fórum Metropolitano da Grande São Luís, criado pela Carta, ocorreu em novembro daquele ano, no município de São José de Ribamar. Veja a carta na integra a seguir.

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A metropolização é um processo só-cioeconômico e territorial que leva à articulação funcional de municí-pios vizinhos. Ela implica a existên-cia de uma metrópole que coman-da o processo graças à hegemonia econômica em relação à região, questionando limites político-admi-nistrativos existentes, definidos se-gundo critérios do passado. No caso do Maranhão, a base da ocupação espacial da Ilha está calcada na dinâmica produtiva do estado, que gira em torno de recursos públicos e do poder de atração populacional da capital definindo, assim, seu pa-drão de metropolização. Neste con-texto, os dois principais processos de urbanização de São Luís acon-tecem sob a égide de programas habitacionais do governo federal, o primeiro sob o regime militar dos anos 1970, o segundo na gestão de centroesquerda da primeira década do século XXI. Ao concentrar, no último quartel do século XX, grandes empreendi-mentos habitacionais nos limites de São Luís, São José de Ribamar e Paço do Lumiar, foi deflagrado um processo irreversível de concentra-ção de moradias de baixa renda nos bordes do perímetro urbano da

capital e nas áreas rurais daqueles municípios. A atração que tais em-preendimentos representaram para novas ocupações irregulares unifi-cou territorialmente os municípios, mas principalmente passou a deter-minar uma nova lógica de ocupação em São José de Ribamar e Paço do Lumiar, que deixam de crescer em torno de suas sedes municipais e passam a ocupar as zonas rurais, próximas a São Luís. Esta conurbação, que não carac-teriza metropolização, entra em estado de letargia com a crise do BNH, mas as ocupações informais não arrefecem e, através da agre-gação de novos assentamentos, sempre colados aos já consolidados, resultam na alta densidade da re-gião, configurando o clássico caso de “urbanização sem industriali-zação”. Somente com o programa Minha Casa, Minha Vida – MCMV, que volta a oferecer recursos para programas habitacionais, ocorrem mudanças neste quadro. Mas o dinamismo da produção das gran-des incorporadoras nacionais, que chegam à capital com volumosos recursos, as terras em São Luís se encarecem e os municípios vizi-nhos, com grandes glebas de ter-

ras baratas, passam a concentrar a quase totalidade dos empreendi-mentos para baixa renda, que hoje já somam mais de 15.000 unidades habitacionais. Repetindo o passado, o MCMV cria imensos polos de atração para no-vos assentamentos e aumenta a de-manda por serviços em municípios com baixa capacidade de arreca-dação e de gestão. O isolamento, a qualidade construtiva, os servi-ços de saneamento, a demanda por transportes e, em muitos casos, a proximidade com áreas ambiental-mente frágeis que caracterizam tais conjuntos habitacionais, antecipam um cenário de grandes ameaças para as condições de vida de toda a Ilha. Combinado com o elevado custo de vida na metrópole, esta ur-banização segrega os mais pobres e aponta para a urgente necessidade do Governo do Estado e prefeituras instituírem a gestão compartilha-da e democrática da RMGSL que, considerando os volumosos investi-mentos aplicados na área do Baixo Itapecuru, deverá estender seus li-mites e assegurar gestão territorial compatível com os interesses cole-tivos e a preservação ambiental da região em desenvolvimento.

O Caráter Predatório da Metropolização da Ilha do Maranhãopor Frederico Lago Burnett, arquiteto e urbanista,professor da UEMA

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1º ENCoNTRo Do FóRUM ME-TRoPoLiTANo DA GRANDE são LUÍs

O 1º Encontro do Fórum Metro-politano da Grande São Luís teve como objetivo promover debates e estudos, além de se elaborarem proposições que assegurassem a gestão metropolitana democrática e compartilhada.O evento contou com a participação de membros de entidades, profissio-nais da área tecnológica, moradores e autoridades da região, bem como dos prefeitos da cidade anfitriã, Luís Fernando Silva (DEM), e de Alcântara, Heloísa Leitão (DEM). O secretário de obras e serviços públicos, Carlos Rogério Araújo, representou a administração mu-nicipal de São Luís, enquanto o diretor-presidente da Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão (Caema), Rubem Brito, participou em nome do governo do estado.Na avaliação da diretoria do Sen-ge-MA, entidade responsável pela secretaria executiva do Fórum, a metropolização é um desafio a ser enfrentado, por se tratar de um fe-nômeno envolvendo um desequilí-brio socioeconômico entre municí-pios de determinada região, com a ocorrência de trocas desiguais que interferem na vida dos habitantes e limitam as ações locais. Partindo dessa concepção do sindicato, o fó-rum buscou possibilitar que as po-pulações dispersas na Grande São Luís tivessem voz, no sentido de apresentarem suas demandas para minimizar o desequilíbrio entre os municípios.

Segundo dados disponíveis à época do evento, fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE), e relativos ao ano de 2007, a região que reúne a capital maranhense e outros cinco municí-pios (São José de Ribamar, Rapo-sa, Paço do Lumiar, Alcântara e a recém-incorporada Bacabeira), en-globava uma população próxima de 1,25 milhão de habitantes.

A implantação de um modelo de-mocrático e compartilhado forta-lece a participação da sociedade civil, cuja fragilidade culminou em reduzidas políticas públicas de inte-resse social, como ressaltou a pes-quisadora do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Rosa Moura, du-

rante o evento em São José de Ri-bamar.Nesse primeiro encontro do fórum, foi formado o comitê local, com a proposta de que esse modelo fosse seguido nos eventos que se suce-dessem. Mais de 40 entidades se inscreveram para participar do co-mitê local, das quais foram eleitas três, para representarem os núcleos sede, rural e das vilas. O primeiro resultado foi a aprovação da Carta de São José de Ribamar, cujo texto incluía, dentre as propostas, a ado-ção do novo modelo de gestão me-tropolitana, de acordo com os obje-tivos do encontro. “Que reconheça as identidades municipais, suas necessidades sociais e ambientais e admita, em sua composição, com direito a voz e voto, representantes da sociedade civil”. As prioridades elencadas na Carta de São José de Ribamar foram as seguintes: cria-ção de sistemas metropolitanos de coleta, destino final e reciclagem de lixo; equipamentos de cultura, lazer, esporte e turismo; seguran-ça pública; programa regional de apoio à produção pesqueira e agrí-cola; instituição e fortalecimento dos ensinos médio e profissionali-zante e de uma rede de creches; fis-calização metropolitana para pre-servação e exploração racional do meio ambiente; expansão das rotas e das linhas de transporte, incluin-

Atualmente a região que reúne a capital ma-ranhense e outros cinco municípios (São José de Ribamar, Raposa, Paço do Lumiar, Alcântara e a recém-incorporada Bacabeira),.engloba uma população próxima de 1,35 milhão de habit-antes (dados de 2010).

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do ciclovias; instalação de um hospital metropolitano de alta complexidade.A Carta de São José de Ribamar baseia-se no diag-nóstico dos problemas enfrentados no município, de-correntes da ausência de integração e gestão regional. O principal desses problemas, conforme avaliação de Gerson Santos, presidente do Conselho das Entidades Comunitárias da cidade e representante do núcleo das vilas, envolvia o transporte, que no pequeno município, situado a 32km da capital, é semi-urbano e gerenciado pela Prefeitura de São Luís. Para o representante do núcleo rural, Ailton Silva, “Tudo depende da capital, o que causa muita dificuldade. A maioria das pesso-as trabalha lá, então precisa ter melhor distribuição [do resultado da produção].” Sobre a agricultura, ele complementa: “Plantamos e produzimos para consu-mo em São Luís. Com a gestão metropolitana, pode-mos criar cooperativas de trabalho”. Ainda segundo Ailton Silva, o intercâmbio entre os municípios pode-ria resolver o problema da iluminação pública na zona rural, que ainda hoje vive às escuras, bem como da pa-vimentação de estradas. Gerson Santos apontou outro

efeito da falta de uma gestão integrada: “O hospital de São Luís fica na divisa entre as duas cidades e ambu-lâncias não podem transportar pacientes de São José de Ribamar.”Luiz Souto, chefe do Departamento de Desenvolvimen-to Regional e Urbano do Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social (BNDES), constatou em texto intitulado “O desenvolvimento das regiões metropolitanas” organização do encontro, que “as redes de infraestrutura devem ser pensadas regional-mente... É necessário implantar ou fortalecer políticas urbanas, de transportes e de saneamento, entre outras, integradas nas regiões metropolitanas e identificar e explorar os potenciais e as oportunidades econômicas. Para isso, é preciso estruturar ou apoiar os órgãos que trabalhem no âmbito regional, com representantes do Estado, dos municípios e de organizações civis perti-nentes.” Após este primeiro encontro, ocorreram diversas reu-niões entre os representantes dos comitês dos núcleos formados, para elaboração a Carta Metropolitana de São José de Ribamar.

“tudo depende da capital, o que causa muita dificuldade. a maioria das pes-soas trabalha lá, então precisa ter melhor distribuição [do resultado da produção].”, ailton Silva, represent-ante do núcleo rural

“É preciso estruturar ou apoiar os órgãos que trabalhem no âmbito re-gional, com representantes do estado, dos municípios e de organizações civis pertinentes.”, luiz Souto, BndeS

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SADEM APOIA O FóRUM

Em abril de 2009, o Senge-MA conquistou mais um parceiro para desenvolver o Fórum Metropolitano da Grande São Luís, e buscar uma gestão compartilhada entre os mu-nicípios que integram a RMGSL. Atendendo ao pedido do secretário titular da pasta, Ribamar Soares, o sindicato convidou a Secretaria Municipal de Articulação e Desen-volvimento Metropolitano (Sadem), para apresentar o Projeto do Fó-rum. Na ocasião, estava presente o secretário adjunto, Carlos Alberto Viegas, acompanhado do assessor jurídico, José Roberto Reis, além de associados e membros da direto-ria do Senge-MA, e do coordenador técnico do Projeto, professor Frede-rico Burnett. Também participaram do evento Antônio Vilson Dias, pre-sidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc), a arqui-teta Flávia Assis Lage, represen-tante da Caixa Econômica Federal, Benedito Inácio Silva Monteiro, representante do núcleo rural do comitê formado no Fórum ocorrido em São José de Ribamar, em de-

zembro de 2008, bem como a pro-fessora Maria do Perpétuo Socorro Silva Pereira, de Paço do Lumiar, que vinha acompanhando o proje-to desde a apresentação inicial, no ano anterior.Segundo o professor Frederico Burnett, a metropolização ocorre independentemente da vontade dos indivíduos. “O que ocorre é a difi-

culdade em gerir toda essa região sem existir um ente para dirigi-la”, explico o arquiteto, concluindo: “Para isso, além de se constituir em uma força social presente na ges-tão metropolitana, o Fórum deve avançar na coleta de dados e nas análises sobre a realidade da re-gião, indispensáveis para subsidiar e orientar as futuras ações do poder público em favor de um desenvol-

vimento socioambiental sustentável para todos os municípios da Grande São Luís”.A respeito da própria missão no processo de implantação da ges-tão metropolitana, a diretoria do Senge-MA avaliou ter contribuído tecnicamente e ouvido as necessi-dades da sociedade, ao organizar o encontro. A entidade considerou

positiva a concordância do secretá-rio Ribamar Soares em participar ativamente das discussões sobre o tema, e assim contribuir com a con-cretização da gestão da RMGSL. “Temos interesse em implantá-la”, afirmou o titular da Sadem, infor-mando ainda ser possível receber verbas federais para investir na re-gião, caso se estabeleça de fato.

“o fórum deve avançar na coleta de dados e nas análises sobre a realidade da região, indispensáveis para subsidiar e orientar as futuras ações do poder público em favor de um desenvolvi-mento socioambiental sustentável para todos os municípios da grande São luís”.

Reunião entre a diretoria do Senge/MA e Sadem

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Contabiliza-se no Brasil, em agosto de 2012, 59 unidades institucionali-zadas, sendo 50 Regiões Metropolita-nas (RMs), 6 Aglomerações Urbanas (AUs) e 3 Regiões Integradas de De-senvolvimento (RIDEs). Qual a efeti-va natureza dessas unidades, qual a finalidade de sua institucionalização e quais os desafios para a gestão?A falta de clareza quanto a critérios levou a que fossem majoritariamen-te institucionalizadas unidades ditas “metropolitanas”. No entanto, ape-nas 12 dessas (11 RMs e 1 RIDE) têm natureza metropolitana (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Sal-vador e São Paulo, segundo o IBGE). Essas 12 unidades conjugam 267 municípios que concentram 34,2% da população brasileira, 48% do PIB e 47,3% dos deslocamentos pendu-lares, segundo dados do Censo de 2010. As demais 47 unidades (39 RMs, 2 RIDEs e 6 AUs), com 678 municípios, participam em 17,8% da população total brasileira, 20,3% do PIB e 18,6% dos deslocamentos pen-dulares para trabalho e ou estudo.Nessa pequena parcela de 17% do território brasileiro, aglomerações constituem cidades expandidas sobre mais de um município e tornam im-

prescindíveis políticas e estratégias adequadas ao complexo exercício das funções públicas de interesse co-mum – principal objetivo disposto na Constituição de 1988 para a criação das unidades regionais. Atender às crescentes demandas por saneamen-to, moradia e mobilidade urbana, im-plicam no exercício cooperado entre municípios, estado, governo federal e sociedade, pois a escala dos proble-mas e as alternativas de soluções não se encerram em um único município ou estado. Assim, concentração e adensamento da mobilidade de pes-soas reproduzem-se, em escala gra-dativa, entre as 12 RMs efetivamente metropolitanas e entre as demais 47 unidades, e exigem gestão obrigato-riamente compartilhada.O Maranhão tem institucionalizadas a RM de São Luís (composta pelos municípios de Alcântara, Paço do Lu-miar, Raposa, São José de Ribamar e São Luís), a RM do Sudoeste Mara-nhense (composta pelos municípios de Buritirana, Davinópolis, Governador Edison Lobão, Imperatriz, João Lis-boa, Montes Altos, Ribamar Fiquene e Senador La Rocque) e a RIDE Tere-sina/Timon (com mais 12 municípios piauienses), cada uma com suas pe-culiaridades, o que motiva arranjos específicos para gestão. Cabe ao es-

tado definir uma política urbana que oriente e articule o planejamento e gestão intra e inter RMs de São Luís, Sudoeste Maranhense e a RIDE Tere-sina/Timon, que seguramente são as polaridades que estruturam a rede de cidades maranhenses, impulsionam o desenvolvimento e ao mesmo tempo sofrem com as contradições por ele geradas.Essa é a grande dificuldade da gestão metropolitana no Brasil: constituir arranjos institucionais que garantam a ação cooperada, articulada e de-mocrática, para as funções públicas de interesse comum, sem privilegiar ou onerar municípios ou segmentos da sociedade. Diretrizes regionais devem orientar as ações das várias escalas que interagem nas RMs, RI-DEs e AUs institucionalizadas, e a decisão quanto a prioridades deve ser compartilhada entre todas as escalas, que se tornarão responsá-veis pelo monitoramento e controle de sua realização. A alternativa dos consórcios públicos vem sendo utili-zada, mas seu êxito e a garantia que sejam abrangentes tornam inadiável o planejamento integrado e a gestão participativa das unidades, articula-do a estratégias nacionais/estaduais de desenvolvimento territorial.

A realidade da gestão metropolitana no Brasilpor Rosa Moura, Geógrafa, pesquisadora do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social e do Observatório das Metrópoles

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2º ENCONTRO DO FóRUM ME-TROPOLITANO DA GRANDE SãO LUíS

O 2º Encontro do Fórum Metropo-litano da Grande São Luís foi reali-zado em 14 de novembro de 2009, pelo Senge-MA em parceria com a Prefeitura de Paço do Lumiar, mu-nicípio onde ocorreu o evento. Parti-ciparam do encontro os prefeitos da cidade anfitriã, Bia Venâncio, e de São José de Ribamar, Luis Fernan-do Silva, ao lado do vice-prefeito Gil Cutrim, além de representantes dos governos de São Luís, Raposa e Alcântara, e de vários segmentos da sociedade. O professor Frederi-co Burnett foi também participante do evento. Durante o encontro, foi firmado um Acordo de Cooperação Técnica entre as Prefeituras de São José de Ribamar e Paço do Lumiar, com vistas a melhorar os serviços de limpeza e iluminação pública em bairros nas áreas limítrofes entre os dois municípios. Além disso, o Poder Executivo de Paço do Lumiar estabeleceu um acordo com a Uni-versidade Estadual do Maranhão (UEMA), voltado à realização de estudos e levantamentos cartográ-ficos no município.

Termo de cooperação

Durante o 2º Encontro do Forum Metropolitano da Grande São Luís, a prefeita do município de Paço do Lumiar, Bia Venâncio, e o reitor da Universidade Estadual do Mara-nhão (UEMA), José Augusto Silva Oliveira, firmaram um termo de co-operação técnica voltado ao desen-

volvimento de pesquisas sobre o uso e ocupação do solo no território de Paço do Lumiar, bem como de suas relações com os demais municípios da Região Metropolitana da Gran-de São Luís (RMGSL). O principal objeto dos estudos seria a produção de mapas cartográficos dos usos residenciais, agropecuários, extra-tivistas, comerciais e industriais, os quais deveriam sobrepor-se à geo-morfologia e hidrografia municipal, em observância à legislação urba-nística municipal, e com fundamen-to em dados estatísticos e análises socioeconômicas e ambientais.

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A chegada da Política Nacional de Resíduos Sólidos no ordenamento jurídico brasileiro e sua integração à Política Nacional de Meio Ambiente e à Política de Saneamento Básico, completaram o arcabouço regulató-rio necessário para propiciar o de-senvolvimento da gestão de resíduos no Brasil. A modernização do setor, por meio de novos sistemas e tecnologias, bem como a cooperação intergoverna-mental entre municípios na busca de soluções conjuntas e regionalizadas (por meio de consórcios públicos) são fundamentais para que os obje-tivos da lei sejam alcançados. Para resolver os problemas relacio-nados aos resíduos sólidos, não há solução única, não há medidas isola-das nem planejamento/solução atra-vés de apenas um ponto. Os desafios somente serão superados com ações integradas, uma vez que a gestão de resíduos é um processo composto de sistemas conectados. A lei federal 12.305/2010 discipli-nou a gestão integrada de resíduos em todos os municípios com a pre-visão do engajamento da sociedade no uso de instrumentos de controle social, sem descontinuidade por mu-dança de gestão; e impôs aos estados

e municípios o desafio de estruturar políticas públicas para gradualmen-te organizar o setor e melhorar a capacidade institucional e opera-cional. A responsabilidade por esse conjunto de atribuições deve ser compartilhada por fabricantes, im-portadores, distribuidores e comer-ciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos. A dificuldade em administrar os re-síduos das cidades passou a ser um problema mais complexo nas regiões metropolitanas em razão da concen-tração populacional e do processo de industrialização. Devemos con-siderar que a produção de resíduos jamais sofre interrupções. Assim, o problema adquire caráter contínuo, além de operar com volumes cres-centes. A solução para tratar des-sas particularidades passa pela ne-cessária introdução de tecnologias mais modernas para captar, separar e promover o tratamento mais ade-quado a cada componente dos resí-duos sólidos. Existe uma hierarquia a ser seguida na gestão e no geren-ciamento dos resíduos sólidos, com uma ordem de prioridade de ações a serem cumpridas. A reciclagem, que nos termos da lei

é o processo de transformação dos resíduos com a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transfor-mação em insumos ou novos produ-tos, foi inserida dentre as ações prio-ritárias a serem executadas nesse processo de gestão de resíduos. As dificuldades financeiras e a fra-gilidade da administração de grande parte dos municípios, para a solução dos problemas relacionados aos re-síduos sólidos, abrem espaço para que as cidades se organizem cole-tivamente, visando à construção de planos intermunicipais de gestão in-tegrada de resíduos sólidos. Os elevados recursos empenhados na gestão e no manejo dos resíduos sóli-dos exigem a criação de instrumen-tos de recuperação dos custos para tornar economicamente sustentáveis esses serviços públicos.A constatação que fica é que o cami-nho mais adequado para o equacio-namento de problemas urbanos que envolvem municipalidades vizinhas continua sendo através da coopera-ção entre os diferentes atores gover-namentais envolvidos, favorecendo a governança.

A Gestão dos resídu-os sólidos em Regiões Metropolitanaspor Carlos Rogério Araújo - Engenheiro Civil, Ex-Secretário de Obras e Serviços Públicos de São Luís, Gestor da Limpeza Pública de São Luís no período 2002 a 2008

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CARTA ABERTA AOS CANDIDATOS AO GOVERNO ESTADUAL

Em outubro de 2010 foi publicada a carta aberta aos candidatos ao gover-no Estadual o documento tinha o objetivo de solicitar apoio na implanta-ção da gestão metropolitana na região da grande são Luís. Veja abaixo o documento na integra.

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Qual a importância da articulação do Senge/MAem relação à gestão metropolitana?

“O Senge-MA merece os nossos aplausos por ter, enquanto entidade de classe, tomado a dianteira na articulação para que os municípios da Ilha de São Luís e mais Alcântara adotassem iniciativas para a efetiva implantação da gestão metropolitana. Embora não recebesse apoio integral dos gestores municipais en-volvidos, o Senge-MA avançou, promovendo seminários e reuniões, na tentativa de mostrar a importância da gestão metropolitana. Portanto, essa articulação é vital para sensibilizar os poderes municipais a adotarem a gestão metropolitana, capaz de equacionar problemas comuns, tais como transporte público, coleta e depósito de lixo, dentre outros.”

José de Ribamar Franco da CostaClube da Engenharia

Depoimentos

“Esse é um tema bastante complexo, visto que abrange hoje cinco administrações mu-nicipais. Para mim, é um tema novo e atual, que necessita bastante foco e preocupação

de todos nós. Vemos que a importância da atuação da Engenharia é de fundamental importância na gestão compartilhada. Serão necessários planejamento e projetos em

discussão com a sociedade. O Senge/MA é imprescindível com sua atuação imparcial e em defesa de ‘boas práticas de Engenharia’, e também por atuar como fiscalizador das

necessidades da participação dos engenheiros na decisão e organização do planejamento e projetos, além de ser referência técnica para os assuntos referidos. As associações e

sindicatos das categorias devem funcionar como órgãos de defesa e de consulta técnica, repito, aos administradores públicos em suas decisões administrativas e técnicas que vão dar à sociedade melhores caminhos a serem seguidos. Antes de quaisquer projetos gran-diosos, como o VLT [veículo leve sobre trilhos], por exemplo, deve haver uma discussão

na sociedade sobre a melhor maneira de realizar, e que seja em consenso. Cabe a nós, técnicos, que estudamos para tanto, tentar mostrar, através de nossas entidades, as van-

tagens e desvantagens de cada decisão. Os projetos da administração pública têm que ser mais discutidos com quem realmente entende do assunto, e não devemos executar sem um bom planejamento. Também devem ser contratados profissionais com reconhecida

capacidade, e que sejam de nossa cidade, nosso estado. O Senge deve articular-se e ter poder de influência para que as obras sejam feitas com planejamento, por profissionais

capacitados e com integridade e honestidade.”

Marcelo S. de BritoPresidente da Associação dos Engenheiros Eletricistas do Maranhão (ABEE)

“O SINFA, como entidade representativa dos servidores responsáveis pela execução das atividades de fiscalização agropecuária neste Estado (pertencentes ao quadro de pessoal da Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão - AGED), reconhece e apoia todos os esforços implementados pelo Senge/MA, na busca de estabelecer uma gestão municipal transparente e eficiente, entre os municípios que fazem parte da Região Metropolitana da Grande São Luís.”

Francisco Saraiva da Silva JuniorPresidente do Sindicato dos Servidores da Fiscalização Agropecuária do Estado do Maranhão (SINFA)

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Nova diretoria do Senge continuará disseminando a proposta de efetivação de uma gestão metropolitana compartilhada e democrática para a RMGSL.

Antes de assumir a presidência do Sindicato dos Engenhei-ros do Estado do Maranhão

(Senge/MA), em junho de 2012, o engenheiro elétrico Berilo Macedo da Silva foi associado e diretor da entidade, onde participou ativamente do processo de idealização e dissemi-nação de proposta para efetivação da experiência de uma gestão metropo-litana compartilhada e democrática, envolvendo os municípios integrantes da Região Metropolitana da Grande São Luís (RMGSL). Por essa propos-ta, as administrações das cidades de Alcântara, Raposa, Paço do Lumiar, São José de Ribamar e da capital São Luís, assim como do próprio Es-tado do Maranhão, passam a plane-jar e executar ações para solucionar conjuntamente os problemas comuns com que os moradores desses municí-pios convivem.Quando se trata de promover a efeti-vação de uma gestão metropolitana na RMGSL, Berilo Macedo destaca

o conhecimento que os profissionais representados pelo Senge/MA detêm em relação aos temas em discussão, oque tem estimulado a categoria tanto a participar da definição de pautas para o debate nos eventos organiza-dos pela entidade, quanto a acompa-nhar os outros segmentos sociais na elaboração de documentos resultan-tes desses encontros. Assim foi com a criação do Fórum Metropolitano da Grande São Luís, em 2008, e tam-bém com a elaboração de duas Car-tas Metropolitanas da Grande São Luís, nos encontros dos Fóruns em São José de Ribamar (2008) e Paço do Lumiar (2009).Em outubro de 2012, o Senge/MA, com o apoio da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), organizou o Seminário “São Luís 400 Anos”, que teve a participação de autorida-des, entidades de classe, sindicatos, associações, parlamentares, profis-sionais, estudantes e a sociedade em geral. O evento marcou o primeiro

semestre de gestão de Berilo Macedo à frente do Senge/MA, e aproveitou a passagem do quarto centenário de fundação da cidade para discutir os desafios da RMGSL. Nos debates com a sociedade civil e o poder pú-blico, os profissionais da área tecno-lógica apresentaram propostas para a construção de um projeto nacional de desenvolvimento sustentável com inclusão social.No seminário, o presidente do Senge/MA tratou do Fórum Metropolitano enumerando as ações já desenvolvi-das pela entidade, além de apresen-tar a agenda futura para a efetivação dessa prática administrativa. Berilo Macedo ressaltou que o evento ser-viu para reafirmar o compromisso do Sindicato com a efetivação da gestão metropolitana e enfatizou a necessi-dade de engajamento da sociedade no processo como forma de reforçar a consciência sobre o tema.

O compromisso é reafirmado

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TRÊS PERGUNTAS PARABERILO MACEDO DA SILVA

Que iniciativas o Senge/MA planeja para dar continui-dade ao debate sobre a gestão metropolitana?

O Sindicato dos Engenheiros secretaria o Fórum Metro-politano desde 2008, e consta na sua agenda de futuro a realização de um congresso para aprovação de um es-tatuto para o Fórum. A eleição da secretaria é prevista para o próximo período, buscando a maior organização e participação da sociedade em torno deste movimento.

Com que parcerias o Senge/MA conta para desenvol-ver o debate e ações concretas relativas à gestão me-tropolitana compartilhada na RMGSL?

O desafio de implantar a gestão da RMGSL faz parte do projeto nacional “Cresce Brasil + Engenharia + Desen-volvimento”, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE). Contamos com a participação do conselho pro-fissional e das entidades da área tecnológica, de sindica-tos e associações de outras categorias profissionais, da academia. Nossa proposta do congresso visa formalizar o compromisso dos representantes destas entidades e novas adesões a esse movimento.

Como São Luís, município central da RMGSL, pode atender às funções sociais de uma cidade, e ao mesmo tempo preservar os 400 anos de história, sendo uma metrópole moderna?

Assumir um mandato como presidente do Senge/MA, no ano em que a nossa cidade completa 400 anos, e viven-ciar um cenário de oportunidades de crescimento, signifi-ca não apenas um registro na história do Sindicato, mas ainda a possibilidade da criação de uma agenda positiva com ações em benefício não somente da classe que re-presento, mas também para a melhoria da qualidade de vida da população de toda a RMGSL. Para garantir a função social da cidade de São Luís – e mais do que a preservação, a reabilitação do seu acervo histórico –, é imprescindível a implantação da gestão metropolitana na RMGSL, que priorize o planejamento metropolitano e um Plano Diretor Metropolitano. Para tanto, o Senge/MA de-fende a implantação da gestão metropolitana de forma democrática e compartilhada pelos gestores públicos dos municípios integrantes e do Estado, com a participação da sociedade organizada.

Diretoria do Senge gestão 2012 a 2015

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Qual a importância da articulação do Senge/MAem relação à gestão metropolitana?Depoimentos

“O fenômeno da urbanização acelerada porque passa o nosso país, decorrente da mi-gração campo-cidade, iniciada já na década de 50 do século passado, implicou a urbani-zação acelerada que presenciamos a partir dos anos 70 até os nossos dias. Esse processo contribuiu para a periferização das grandes e médias cidades e conurbação entre municí-pios limítrofes, exigindo a resolução de demandas comuns por serviços de infraestrutura, saúde, educação, transportes, saneamento, dentre outros de relevante importância para a sociedade. Trata-se de uma forma integrada de ação, somente possibilitada, de forma mais efetiva, pela criação de um núcleo gestor para os espaços envolvidos, ou seja, uma gestão metropolitana. A implementação e controle de políticas públicas plurimunicipais (como desenvolvimento urbano, transporte e meio ambiente), são de difícil execução e politicamente complexas. O impedimento à gestão metropolitana, como até então tem ocorrido na Região Metropolitana da Grande São Luís, decorre de uma visão equivocada do que seja a hegemonia municipal e, também, da hipossuficiência nas relações de poder, onde os ‘Municípios Nucleares’ pretendem um poder de mando equivocado, na gestão metropolitana. Consciente da importância da gestão metropolitana para os munícipios da grande São Luís, o Senge/MA tem buscado, desde os anos 90, discutir o problema com a sociedade, provocando as instâncias com efetivo poder – Executivos e Legislativos do Estado e dos municípios envolvidos – no sentido de vislumbrarem a importância e a necessidade de se implantar com a devida urgência este modo integrado de administrar, para resolver os problemas regionais de forma integrada. Com esta visão, a participação do Senge-MA busca também, de certa forma, preencher o déficit democrático, caracterizado pela ausência de pressão social para a solução dos problemas metropolitanos.”

Antonio Augusto Ribeiro de Araujo - Gestão 1996-2000

“A cidade de São Luís, e outras no seu entorno têm experimentado, nos últimos tempos, um significativo processo de crescimento populacional, que teve como consequência diversos problemas sociais, devidos principalmente à precarização das infraestruturas urbanas. O Senge/MA, ao longo dos últimos anos, vem promovendo fóruns para discussão sobre a gestão metropolitana da Grande São Luís. Essa é uma importante contribuição que o sindi-cato, com uma visão moderna de gestão, apresenta à sociedade de nossa Ilha: um processo novo de planejamento de ocupação espacial com desenvolvimento sustentável, crescimento econômico e valorização social através de uma governança integrada.”

Nelson José Bello Cavalcanti - Gestão 2000-2003

ex-presidentes

O projeto Cresce Brasil +Engenharia + Desenvolvimento, da Federação Nacional dos Engenheiros e seus Sindicatos filiados, em 2008, colocou em discussão a realidade das metrópoles e ampliou o debate para o desenvolvimento das regiões metropolitanas, tendo como premissas a democracia, o respeito à natureza, distribuição de renda, reorganização urbana e a valorização do profissional. Nesse contexto, o Sindicato dos Engenheiros realizou os Seminários Cresce Brasil “De-batendo a Grande São Luís” e “A Região Metropolitana da Grande São Luís” quando foi instituído o Fórum Metropolitano da Grande São Luís, visando à implantação da gestão metropolitana.Com a criação desse Fórum, o Sindicato tem contribuído efetivamente no estabelecimento de uma agenda política dos governos municipal e estadual para o debate das questões met-ropolitanas, a exemplo dos problemas de mobilidade urbana e acessibilidade, saneamento básico, habitação e uso do solo, entre outros que impactam negativamente no desenvolvi-mento das cidades.

Maria Odinéa M. Santos Ribeiro – Gestão 2006 – 2012

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