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ReitorPe. Josafá Carlos de Siqueira SJ

Vice-ReitorPe. Francisco Ivern Simó SJ

Vice-Reitor para Assuntos AcadêmicosProf. José Ricardo Bergmann

Vice-Reitor para Assuntos AdministrativosProf. Luiz Carlos Scavarda do Carmo

Vice-Reitor para Assuntos ComunitáriosProf. Augusto Luiz Duarte Lopes Sampaio

Vice-Reitor para Assuntos de DesenvolvimentoProf. Sergio Bruni

DecanosProf. Paulo Fernando Carneiro de Andrade (CTCH)Prof. Luiz Roberto A. Cunha (CCS)Prof. Luiz Alencar Reis da Silva Mello (CTC)Prof. Hilton Augusto Koch (CCBM)

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oRganizadoRES

Ruth Espinola Soriano de Mello e Marcus Mota

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Empresa Júnior da PUC-RioRua Marquês de São Vicente, 225, sala 16AGávea – Rio de Janeiro – RJ – CEP 22451-900Telefax: (21)3527-1780 / [email protected] | www.empresajunior.com.br Instituto Gênesis da PUC-Rio Rua Marquês de São Vicente 225 - Edifício Dom Jaime de Barros Câmara Gávea – Rio de Janeiro – RJ – CEP 22451-900Telefax: (21)3527-1371www.genesis.puc-rio.br | [email protected]

Apoio:Todeschini FreguesiaRua Comandante Rubens Silva, 178Freguesia – Rio de Janeiro – RJCEP: 22795-282Tels.: 21-3392-0079 / 99457-3184

Editora PUC-RioRua Marquês de S. Vicente, 225Projeto Comunicar – Casa Editora/AgênciaGávea – Rio de Janeiro – RJ – CEP 22451-900Telefax: (21)3527-1760 / 1838www.puc-rio.br/editorapucrio | [email protected]

Conselho Editorial PUC-RioAugusto Sampaio, Cesar Romero Jacob, Fernando Sá, Hilton Augusto Koch, José Ri-cardo Bergmann, Luiz Alencar Reis da Silva Mello, Luiz Roberto A. Cunha, Miguel Pereira e Paulo Fernando Carneiro de Andrade.

Revisões: Tomás Batista, Débora Barros, Gabriel Vasconcellos e Barbara VillelaProjeto gráfico de capa e miolo: Flávia da Matta Design Concepção de capa: Empresa Júnior PUC-Rio

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida sem permissão da Editora. A Empresa Júnior PUC-Rio não necessari-amente compartilha as opiniões emitidas pelos coautores do livro.

Sentimento EJ : 18 anos de história da Empresa Júnior da PUC-Rio / organizadores: Ruth Espinola de Mello e Marcus Mota. – Rio de Janeiro : Ed. PUC-Rio, 2013. 128 p. : il. ; 23 cm ISBN: 978-85-8006- 1. Empresas novas - Administração. 2. Aprendizagem organizacional. 3. Memória. I. Mello, Ruth Espinola de. II. Mota, Marcus. CDD: 658.11

Farm RioRua Gal. Bruce, 551, São Cristóvão Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20921-030Tel.: 21-3282-9700 www.farmrio.com.br

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Agradecimento

Este livro foi viabilizado graças à iniciativa de pessoas de alguma forma envolvidos com a EJ PUC-Rio. Gostaríamos de agradecer a todos que colaboraram com o projeto, em especial à Farm Rio e ao sr. Robélio Aguiar, pai da sócia Julia Aguiar, por ter contribuído de forma significativa para a publicação dessas histórias.

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Celebrando os 18 anos da Empresa Júnior

Pe. Josafá Carlos de Siqueira SJReitor da PUC-Rio

Estamos celebrando os 18 anos de nossa Empresa Júnior da PUC-Rio, motivo de muita alegria e orgulho, pois aquela pequena semente colo-cada para germinar em 1995 cresceu e a cada ano produz sempre mais frutos. Essa passagem para a maioridade da Empresa Júnior nos mostra como é importante a infância e adolescência de uma empresa vivida com determinação, competência e entusiasmo.

A história revela que as coisas pequenas e potenciáveis são as que garantem mais tarde sucesso e resultado de maior alcance, sobretudo quando existe vontade de voar mais alto. Assim vem sendo a história exi-tosa da Empresa Júnior da PUC-Rio, considerada hoje como uma das mais importantes do Brasil graças ao apoio do Instituto Gênesis, da Reitoria e, sobretudo, do espírito empreendedor de nossos jovens estudantes.

Nascida com o desejo de agregar os conhecimentos recebidos na Universidade e as demandas e desafios do mundo dos negócios, a Empresa Júnior vem cada vez mais afirmando uma filosofia de gestão, um plano de carreira para os alunos e um planejamento inovador, constituindo assim uma mediação voltada para a criatividade e a empregabilidade de muitos e muitos jovens na sociedade local e nacional. O elixir da inovação é algo que faz parte do DNA da juventude que deseja buscar e marcar a diferença no modo de ser e agir num mundo em rápidas e profundas transformações.

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Diferente de outras, a Empresa Júnior da PUC-Rio nasceu e cresceu na perspectiva da interdisciplinaridade, em que os saberes científicos se encontram e dialogam, rompendo as barreiras dos ensimesmamentos de conteúdos disciplinares. Hoje, ficamos felizes ao saber que participam da empresa os alunos do Centro Técnico Científico, do Centro de Ciências Sociais e do Centro de Teologia e Ciências Humanas, realidade essa que certamente envolverá no futuro os alunos do Centro de Ciências Biológi-cas e da Saúde.

Concluo este prefácio agradecendo o apoio do Instituto Gênesis e de todos os alunos que ajudaram a construir a Empresa Júnior da PUC--Rio, como também daqueles líderes que contribuíram para o processo de consolidação da Empresa, pois sabemos que eles ainda conservam no coração os momentos felizes e criativos que viveram na Universidade. De-sejamos que nessa maior idade de 18 anos a Empresa Júnior se abra cada vez mais para a relação com outras empresas, sempre com um espírito criativo, inovador, determinado e imbuído dos valores humanísticos em prol de uma sociedade mais justa, fraterna e inclusiva. Continuem levando a sério o lema de nosso brasão da PUC-Rio, segundo o qual para quem tem asas nada é pesado.

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Um empreendimento jovem para jovens

Pe. Jesus Hortal Sánchez SJ Reitor da PUC-Rio de 1995 a 2010

Mesmo num mundo tão cheio de novidades como o nosso, a Empresa Júnior mostra um rosto jovem. Júnior ou iunior é o comparativo da palavra latina iuvenis (jovem); ou seja, “júnior” significa “mais jovem”. Mas não é só o nome que lhe dá essa feição de juventude. É que se trata de algo bem novo. De fato, a primeira empresa júnior surgiu na França em 1968, e a primeira brasileira desse tipo somente apareceu 20 anos depois, em 1988, na Fundação Getulio Vargas. Já a da PUC-Rio tem 18 anos de existência.

Mas, afinal, o que é uma empresa júnior? Como o nome indica, é uma iniciativa jovem, não apenas na idade dos seus sócios, mas mesmo nos estudos já realizados por eles. Porque a empresa júnior está constituída por alunos de graduação. Por isso, não é fruto de uma grande experiência, mas da procura por ela. É o esforço do treinamento, a fadiga do exercício prévio e a satisfação de colher os primeiros frutos do esforço pessoal.

Para os que estão familiarizados com as ideias das incubadoras de empresas e, ao mesmo tempo, manejam um tablet, poderíamos dizer que a empresa júnior é uma espécie de câmera fotográfica invertida, ou seja, uma procura de metas semelhantes, mas com perspectivas diferentes. De fato, na incubadora de uma universidade também trabalham os jovens, mas a empresa incubada, por assim dizer, “passa pela universidade”. Após alguns poucos anos, ela vai embora, carregando, porém, consigo os só-cios. É neles que se encontra a dinâmica da continuidade, pois eles de-verão prolongar o trabalho fora do campus universitário. Pelo contrário, a

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empresa júnior permanece na universidade, onde ela encontra o seu chão firme, embora os sócios se vão renovando, ano após ano.

No campo da inovação temos a mesma dinâmica. As empresas incubadas surgem a partir de uma ideia inovadora, a ser desenvolvida ao longo dos anos. Por isso, o foco de atenção continua a ser o mesmo durante um bom tempo. O crescimento irá lhe impor um repensamento contínuo de sua estrutura, mas não necessariamente do seu campo de atuação. Na empresa júnior, tal como a concebemos na PUC-Rio, como empresa de multiconsultoria, há uma pluralidade de focos. A conexão entre eles está nas pessoas que atuam em todos eles, e não necessariamente na matéria ou nos mecanismos com que se trabalha. A inovação e o repensamento se dão na abertura para as solicitações mais variadas.

Além da ligação com a universidade, há outro ponto em comum entre os dois tipos de empreendimento: a interação entre professores e alunos. No caso da PUC-Rio, isso se dá com uma característica própria. Em nenhuma hipótese, o professor pode ser sócio. Ele é e permanece-rá sempre assessor, conselheiro, mas não um investidor com interesses econômicos na empresa. São os alunos os que devem abrir as trilhas e levar adiante o que se propuseram.

A nossa empresa júnior está completando, como dizíamos, 18 anos. Ainda está na adolescência, mas já ansiando chegar à maioridade. Este livro descreve uma trajetória exitosa que, no início, poucos acreditavam que seria possível. Teve que enfrentar dúvidas e desconfianças, teve que amargar tam-bém alguns percalços adversos, mas, mesmo com um elemento humano em contínua mutação, foi se consolidando, dando novas oportunidades a alunos que não queriam apenas se preparar para serem bons empregados, e sim capacitar-se para serem excelentes empregadores. Por isso é importante ler com atenção estas páginas, porque nelas se encontra descrita a aventura do saber, da ânsia do novo, do afã de solidariedade entre as pessoas e os interesses mais diferentes. O que a mim sempre me chamou a atenção foi a variedade de campos de atuação, a possibilidade aberta para alunos de todas as áreas, não só das tecnológicas, mas também das humanas e sociais.

Espero que a nossa empresa júnior, sem perder o frescor da juventude, continue a amadurecer na senioridade da experiência e da coragem de empreender.

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Sumário

Cooperação: a PUC-Rio explica sua EJ

ApresentaçãoJosé Alberto Sampaio Aranha

Gestão do conhecimento: mantendo cultura, clientes e qualidade enquanto complementa formação dos alunos

Ruth Espinola Soriano de Mello e Julia Bloomfield Gama Zardo

O que nos move e sempre moverá

Empresa júnior, aprendizado sênior

Bruno Lessa

De “piratas” a “dinossauros”: passado, presente e futuro da Empresa Júnior PUC-Rio

Silvério Zebral Filho

O “sentimento EJ” como filosofia de gestão

Alessandra Simões

Comprometimento é o melhor plano de carreira Luis Fernando Vabo Jr.

A Empresa Júnior como um diferencial na vida e na carreira do aluno da PUC-RioBruno Waked Duarte e Gabriella Dourado

Realização é meio: um breve ensaio a partir do “sentimento EJ”Leandro Jardim

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Inovação, um elixir da juventude: você, a Empresa Júnior e essa experiência singularGuilherme Lito

Os orientadores contam alguns “causos” da causa

Depoimento de Cesar Salim

Depoimento de Edmundo Eutrópio C. de Souza

Depoimento de Leonardo J. Lustosa

O “sentimento EJ” nas palavras de seus militantes

Depoimento de Frederico Lacerda

Depoimento de Leandro Borges

Depoimento de Rafael Duton Alves

Mural de depoimentos das gerações EJ

Por que mais 18 anos?

Dezoito anos de história ou é só o começo? Marcus Mota

Das utopias (e das esperanças)

Gabriel Vasconcellos

Banco de imagens

Evolução da marca

Fotos

Clipping das principais matérias

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Apresentação

José Alberto Sampaio Aranha*

Tempo distante, eu acho que 1993. Um aluno do Departamento de Admi-nistração anda pela Universidade defendendo a organização de uma em-presa júnior. O conselho da PUC-Rio veta a iniciativa pela responsabilidade atrelada à Universidade. Pouco tempo depois, um professor da engenha-ria industrial (Leonardo Lustosa) apoia um aluno (Bruno Lessa) a iniciar um movimento pró-júnior no Departamento. Bruno e Silvério Zebral (primei-ro presidente da empresa) e diretor do CAeco (CA de Economia) convo-cam alunos para aderir ao movimento e vêm me procurar, apresentam o projeto e ganham mais uma adesão para a Projeta Júnior – primeiro nome da Empresa Júnior PUC-Rio.

Um movimento social, normalmente, ocorre com a mobilização de um grupo de jovens com uma causa comum que ganha adesão de padri-nhos que funcionam como interfaces do movimento. Eu servi como um desses módulos e consegui a adesão do professor Nelson Janot Marinho (vice-reitor de desenvolvimento), do professor Augusto Sampaio (vice-rei-tor comunitário) e do professor Luiz Cesar Monnerat Tardin (Coordenação de Estágios). O movimento se organiza e toma força em 1994. O profes-sor Augusto cede a sala da educação física para as reuniões da diretoria

* Engenheiro químico com pós-graduações em Administração, e Comércio Exterior. É diretor do Instituto Gênesis da PUC-Rio. Autor de InterFaces: a chave para compreender as pessoas e suas relações em um ambiente de inovação. São Paulo: Saraiva, 2010.

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às segundas-feiras às 13h30 e, com o professor Tardin, aceita colocar os alunos como estagiários. O professor Janot leva o assunto à reitoria em 23/05/1996, quando é aprovado o programa e resolvido que a Projeta Júnior ficará dentro do projeto Gênesis e sob orientação da Vice-reitoria Comunitária. A criação da Projeta Júnior segue os moldes do Movimento Empresa Júnior internacional.

O reitor, padre Jesus Hortal Sánchez SJ (grande defensor da EJ), assina um convênio em julho de 1996 criando o programa e me nomeia coor-denador, por indicação do professor Augusto Sampaio, numa portaria em janeiro de 1997. É eleita a primeira diretoria.

A primeira lição por nós aprendida foi obtida numa conversa. Os alunos de informática estavam pensando em montar uma EJ de Informática. Ajudamos a montar um programa chamado “Disc Info” e colocamos uma estagiária para receber os telefonemas dos clientes. Resultado? Os clientes telefonavam e explicavam, por exemplo, que estavam perdendo dinheiro, e a resposta vinha de imediato: podemos desenvolver um software. Vimos que os problemas que ocorrem na sociedade são multidisciplinares e que as soluções precisam de um diagnóstico com múltiplos conhecimentos.

Em paralelo, existia à época um grupo estudando o empreende-dorismo na reforma curricular da engenharia, e uma das conclusões do grupo era que precisávamos criar ambientes que tivessem alunos de vários departamentos. Dentro desse cenário, a Empresa Júnior PUC-Rio se tornou a primeira empresa júnior do país a abrigar todos os departa-mentos da universidade, tornando-se uma empresa com grande expe-riência na preparação de alunos para trabalhar diagnóstico empresarial. Seu primeiro fôlder dizia:

Em 1995, por iniciativa de alunos da PUC-Rio, surgiu a Projeta Júnior – a pri-

meira empresa júnior multidisciplinar do Rio de Janeiro, tendo por objetivo

transformar estudantes universitários em jovens empreendedores. A empre-

sa se ocupa basicamente de consultorias e prestação de serviços, apoiada na

infraestrutura da Universidade.

Pelo que me lembro, nesses 18 anos de convivência, essa foi uma das poucas decisões tomadas na Júnior que recebeu uma orientação do

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Instituto Gênesis. O estabelecimento da Júnior num espaço da incubadora foi de grande ajuda para essa convivência profícua. O padre Hortal, quando perguntado sobre essa relação, sempre dizia que a diferença entre a Júnior e as empresas incubadas era que as empresas incubadas ficavam um tempo e saíam, e, na Empresa Júnior, os alunos saíam mas a empresa permanecia.

Em 1998 a Projeta Júnior se torna efetivamente multidisciplinar, criam-se várias unidades de negócio, um rígido processo de seleção (era mais difícil entrar na Júnior que na PUC-Rio) e eles reformulam sua marca, passando a se chamar “Empresa Júnior PUC-Rio”.

Uma segunda lição aconteceu em 21/10/1998. Após a mudança de diretoria e devido ao turnover normal em empresas desse tipo, um clien-te, a CP4, enviou uma carta à PUC-Rio sobre um software desenvolvido pela EJ e que necessitava de manutenção. O programador da EJ já tinha saído da empresa e, para não afetar a imagem da Júnior e da Universida-de, o diretor de atendimento Pedro Augusto Cunto mandou uma carta ao cliente se comprometendo a resolver todos os problemas sem custos. Custou caro. A EJ precisou contratar a Profit, uma empresa incubada no Instituto Gênesis, por R$ 14.598,00. O então presidente Euler de Almeida Barbosa e o seu diretor comercial Eduardo Bernardes de Carvalho, com o apoio dos outros diretores, pagaram a Profit com dinheiro pessoal e só foram reembolsados algumas diretorias depois, conforme a EJ foi conse-guindo recurso.

Essa foi uma grande demonstração de responsabilidade pelos resulta-dos, uma das características na preparação de empreendedores, que passou de geração em geração de diretoria. Até hoje o caso serve como exemplo.

Em 1999, uma disciplina de projetos da professora do Departamento de Comunicação Social Sandra Korman serviu como estágio de prepara-ção de profissionais para eventos numa parceria da Coordenação de Es-tágios com a EJ e o programa Gênesis chamada “Mostra PUC-Rio”. Além dessa ação, a EJ da PUC-Rio lança com a embaixada americana um progra-ma-piloto chamado “Shadow”, em que um EJ participa como estagiário--sombra de um grande executivo. O primeiro piloto foi feito pelo diretor da EJ Luis Felipe em parceria com a AT&T. O Instituto Gênesis é criado por uma portaria, e a EJ, apesar de ter uma gestão independente, é integrada ao Instituto como um laboratório de práticas empreendedoras.

Apresentação

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Em 2000, a EJ faz um planejamento estratégico e organizacional e seu processo em preservar o conhecimento é tão eficiente que o Instituto Gênesis contrata a EJ para orientar seu planejamento estratégico com o foco da efetividade.

Nos anos 2001, 2002, 2003 e 2005 a EJ se profissionaliza, ganhando consecutivamente a menção honrosa no Prêmio Qualidade Rio (PQRio), duas vezes categoria prata, e, finalmente, medalha de ouro junto com em-presas como a Gerdau.

Bons tempos, muitos alunos empreendedores. Mais de 10 empresas do Gênesis foram criadas por membros da EJ. Muitos diretores e executi-vos, e muita gente feliz.

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Gestão do conhecimento:mantendo cultura, clientes e qualidade enquanto complementa a formação dos alunos

Ruth Espinola Soriano de Mello* e Julia Bloomfield Gama Zardo**

A gestão do conhecimento no mundo empresarial tem merecido atenção especial, não apenas com o advento das ferramentas de comunicação e informação, apesar de estas terem imprimido um processo consolidado de gerenciamento do capital intelectual, apontando para uma gestão integrada do conhecimento organizacional.

De forma geral, três níveis fortemente inter-relacionados podem ser assim categorizados quando o termo é abordado: conhecimento estraté-gico, conhecimento tácito e conhecimento operacional.

Seu enfoque está associado a aspectos como o papel da alta admi-nistração, a cultura e estrutura organizacionais das empresas e as práti-cas de gestão de recursos humanos. Apresenta-se então a relação entre o desenvolvimento da gestão organizacional de uma empresa júnior (EJ), especialmente quanto ao conhecimento estratégico e operacional tendo em vista a alta rotatividade dos membros da empresa.

* Economista, especialista em políticas públicas e governo, mestre em desenvolvimento, agricul-tura e sociedade. Professora de “Planejamento de Negócios Sociais” e de “Empreendedorismo So-cial” da PUC-Rio, assessora do Instituto Gênesis e, desde 2010, tutora da EJ junto à Universidade.

** Doutoranda em políticas públicas, estratégias e desenvolvimento, mestre em mídia e media-ções socioculturais, e graduada em comunicação social. Professora de “Empreendedorismo e Desenvolvimento Local” e gerente de Cultura Empreendedora do Instituto Gênesis da PUC-Rio.

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Nesse sentido, os agentes que compõem o Movimento Empresa Júnior (MEJ), além de não estarem imunes a tal problemática, possivelmente têm maior propensão a se defrontar com essa questão pela natureza dinâmica de suas organizações.

A EJ da PUC-Rio foi a primeira iniciativa multidisciplinar no Brasil, e ao longo de seus 18 anos de atuação tem se destacado pela qualidade da gestão (seguidos Prêmios Qualidade Rio e ISO-9001), pelo número de projetos implementados anualmente e pelos resultados financeiros observados – aspectos que os diferenciam positivamente em relação a outras experiências, resguardadas as diferenças organizacionais.

Empresas juniores no Brasil

Há 21 anos, após o surgimento da primeira empresa júnior1, diversas ini-ciativas surgiram no Brasil, tendo sido incitadas pela Câmara de Comércio França-Brasil, nos idos de 1987.

As pioneiras iniciativas ocorreram na Europa, particularmente na França. Sua dinâmica histórica merecem breve abordagem. Desde o ponto de vista organizacional, sabe-se que os projetos implementados por empresas juniores na Europa envolveram poucos alunos e estavam, em sua maioria, centralizados junto ao corpo diretivo da empresa. As iniciativas francesas, por outro lado, tiveram que se desenvolver fora do espaço físico das universidades e executaram projetos sem a orientação de professores os quais não tinham dedicação exclusiva à Academia. Por outro lado, as EJs francesas estavam mais voltadas às grandes corpora-ções, já que seus integrantes tinham maior interesse em tecer redes de contatos com agentes mais atraentes no mercado de trabalho para os alunos que se graduavam.

No Brasil, pelos altos custos envolvidos, não seria possível que as EJs conseguissem manter estruturas próprias fora das instalações dos campi de suas instituições de ensino superior e técnico. As empresas também precisavam da associação com a Universidade como parceira estratégica

1 Surgiu em Paris, França, em 1967, na Ecole Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales – ESSEC. Ela existe até os dias atuais e integra o movimento europeu de empresas juniores – The European Confederation of Junior Enterprises (JADE).

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para apresentarem credibilidade junto a seu nicho de mercado – as pe-quenas e médias empresas.

Uma vantagem que as iniciativas brasileiras tiveram em face das francesas foi justamente o foco no atendimento a micro, pequenas e médias empresas (MPEs), que, na época do boom das empresas juniores do Brasil, apresentavam uma demanda por consultorias superior à oferta observada (Matos, 1997: 79).

De todo modo, é generalizado o reconhecimento de que o movimen-to internacional de empresas juniores ofereceu a graduandos de diversas formações o contato precoce com práticas de gestão organizacional, de forma a inseri-los em um ambiente de tomada de decisões empreende-doras. Isso configura a iniciativa como uma alternativa para o desenvolvi-mento integral do aluno, coadjuvando no processo de reorientação do ensino técnico e superior.

Ainda se considera que a forma pela qual as “atividades de uma or-ganização são divididas, organizadas e coordenadas proporciona um arcabouço estável que ajuda seus membros a trabalhar em conjunto para alcançar objetivos institucionais”. Observa-se que é praxe nas ini-ciativas do campo do MEJ uma “coordenação caracteristicamente de ligações horizontais cujos relacionamentos laterais atravessam a cadeia de comando, permitindo a troca de informações e que decisões sejam tomadas no nível hierárquico onde há a informação necessária” (Stoner; Freeman, 1999: 230).

Adicionalmente, o perfil empreendedor de uma EJ é muito bem assimilado e representado na inter-relação com MPEs (fato observado tanto pelo lado da demanda como da oferta2), permitindo aos seus membros maior flexibilidade e potencial para inovação no desenvolvimento de um estudo, potencializando seu próprio capital humano.

Além do mais, vale também mencionar que a interação de acadêmicos, professores e empresários facilita a inovação dos processos e a troca de conhecimentos científicos e técnicos, possibilitando transformações

2 O 2º item do 3º artigo do Conceito Nacional da Brasil Júnior enuncia: “Realizar projetos e/ou serviços preferencialmente para micro e pequenas empresas, e terceiro setor, nacionais, em funcionamento ou em fase de abertura, ou pessoas físicas, visando ao desenvolvimento da so-ciedade.”

Gestão do conhecimento

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comportamentais de processos, estudos e aprendizados, integrando egressos ao mundo dos negócios com uma vitalidade empresarial, crítica e construtiva ao desenvolvimento social e econômico da pequena região envolvida na ação promissora, em que se pode encontrar um equilíbrio entre aspectos conceituais e abordagens práticas (Dal Piva; Pilatti; Kovaleski, 2005).

Normalmente, no Brasil, uma EJ se configura como uma associação civil, sem fins lucrativos ou econômicos, sendo formada e gerida única e exclusivamente por um grupo de alunos da graduação e tendo um esco-po tributário diferenciado comparativamente ao meio empresarial pro-priamente dito.

Como efeito desse instrumento legal que termina por inserir o MEJ no campo do chamado “terceiro setor”, a receita oriunda dos projetos deve ser reinvestida na própria EJ e não pode ser distribuída entre seus membros, não significando, por lei, que não seja possível remunerar seus membros, sendo também possível o reembolso das atividades realizadas (Brasil Júnior, 2010).

Em 2010 foram publicados o “DNA Júnior 2010” e o “Censo Identidade 2010”3 pela Brasil Júnior – a Confederação Nacional de Empresas Juniores4 – que revelou dados interessantes sobre o perfil dos alunos associados ao MEJ e dados gerais das EJs associadas.

Essas fontes são usadas ao longo deste estudo para efeito comparati-vo aos dados da EJ PUC-Rio, ainda que seja necessário, desde já, registrar que se trata de uma iniciativa que notadamente remunera seus membros a partir de um sistema que leva em conta as horas trabalhadas nos proje-tos, sendo ainda possível aos diretores e presidente serem brindados pela PUC-Rio com bolsa de 60% do valor mensal do curso de graduação no qual estão matriculados.

3 As pesquisas citadas, de 2010, configuram a terceira versão realizada pela Brasil Júnior, sendo possível comparar indicadores a partir das versões anteriores, 2005 e 2008.

4 A Brasil Júnior foi criada com o objetivo de propor e repassar diretrizes nacionais que deve-riam ser adotadas pelas confederações estaduais, de modo a regulamentar a atividade das em-presas juniores. Em 2010 existiam cerca de 1.100 empresas juniores espalhadas pelo Brasil, em mais de 2.000 instituições de ensino superior. Estima-se que existam aproximadamente 27.800 graduandos envolvidos no Movimento Empresa Júnior, executando em média 2.000 projetos por ano (Brasil Júnior, 2010).

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Adicionalmente, não configuram uma personalidade jurídica pró-pria, tendo apenas um CNPJ associado ao da Universidade. Com isso, a EJ PUC-Rio não tem obrigações, como a contratação de serviço de contabilidade, com questões tributárias, já que não pode emitir nota fiscal, dentre outros aspectos que terminam classificando-a no universo minoritário do MEJ apontado nas fontes apresentadas anteriormente5.

Antes da Empresa Júnior PUC-Rio: a Projeta Júnior Consultoria

Um grupo de seis estudantes6 e cerca de quatro professores de diversos cursos da PUC-Rio se mobilizou, em setembro de 1995, para formar a pri-meira EJ multidisciplinar do Brasil. Alguns professores se interessaram pela ideia e passaram a apoiá-los; eram ao todo 12 alunos envolvidos no pri-meiro ano de vida da Projeta Júnior (Zebral, 2011).

No entanto, tudo teve início no ano anterior. Em novembro de 1994, um grupo de alunos começou a levantar informações e fazer pesquisas para desenvolver o projeto-piloto. Estavam particularmente incitados a criar uma empresa júnior a partir do que um deles tinha conhecido pes-soalmente na França e das informações que tinham sobre experiências de São Paulo (Zebral, 2011).

Durante os meses de fevereiro, março e abril de 1995, houve reuniões para elaboração do modelo organizacional da empresa. Nessa época, a Projeta Júnior recebeu o apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/RJ) e da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), bem como do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RJ), e, nos meses de maio, junho e julho, também teve apoio do Escritório de Desenvolvimento do Centro Técnico-Científico (CTC) da PUC-Rio, da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, da Coordenação do Projeto Despertar e do Viva Rio dentre outros (Projeta Júnior, 1995).

5 O Censo Identidade de 2010 da Brasil Júnior apontou que 17% das EJs que participaram da pesquisa também não emitiam nota fiscal, 38% não têm estatuto da associação, 13% não têm contador, 15% remuneram seus membros, 37% não fazem balanço patrimonial, entre outros dados que evidenciam a heterogeneidade das iniciativas em curso quanto ao grau de forma-lização do empreendimento e de coesão ao conceito nacional determinado pela Confederação.

6 Há registros de que o espírito empreendedor é liderado pelos alunos desde a criação de EJs. Tal afirmativa vai ao encontro do fato de que 90% das iniciativas foram fundadas pelos próprios discentes, e os outros 10% alternam entre iniciativas desenvolvidas por professores e ou diretores (Brasil Júnior, 2007).

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Entre julho e setembro, o caráter interdisciplinar da empresa foi im-pulsionado pela entrada de representantes de outros cursos da Univer-sidade. Os alunos que formavam o projeto Organização e Desenvolvi-mento Industrial (ODIN), tido como o escritório modelo de engenharia industrial, tal qual também apontado por outros autores que foram fun-dadores da EJ PUC-Rio, se juntaram aos idealizadores da Projeta Júnior, trazendo com eles estudantes e professores de engenharia industrial, engenharia de computação e de informática, seguidos por alunos da graduação em desenho industrial, comunicação social, letras e psicologia (Projeta Júnior, 1995).

Durante muito tempo a empresa funcionou sem local fixo e sem telefone fixo. Ex-integrantes da Projeta Júnior relatam que atenderam à Makron Books e ao Grupo Paranapanema com o apoio de pagers e de telefones públicos disponíveis na Universidade (Zebral, 2011).

Foi um longo caminho institucional junto a diversos departamentos da Universidade até serem atendidos pelo reitor. Em 1996, com 15 clien-tes sendo atendidos pela Projeta Júnior, esta foi reconhecida formalmente na PUC-Rio por meio de uma portaria7 publicada pela Reitoria que criou a Projeta Júnior “como laboratório de estágio para formação de jovens empreendedores”, então vinculado à Vice-reitoria para Assuntos Comu-nitários e sob a supervisão provisória do Escritório de Desenvolvimento do CTC, que viria, posteriormente, a ser intitulada “Incubadora Instituto Gênesis”.

Naquele momento, a EJ passou a dispor de infraestrutura no cam-pus, uma sala comercial no Instituto Gênesis. Vale ainda mencionar que a relação com esse Instituto tem se mostrado duradoura e certamente determinante para o desenvolvimento e sustentabilidade da empresa, es-pecialmente como recurso histórico, no apoio à gestão, na representação institucional junto à reitoria, entre outros aspectos que serão retomados ao longo deste livro.

Em 1998, a Projeta Júnior reformulou sua marca, adotando “Empresa Júnior PUC-Rio”. Quando de sua fundação, sua missão foi assim elaborada:

7 Portaria n° 116/1996. Mais informações em <www.reenge.ctc.puc-rio.br/acao/relatorio.html>.

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Contribuir para o desenvolvimento do aluno da PUC-Rio, oferecendo-lhe a

oportunidade de uma experiência empresarial cooperativa e empreende-

dora, que desenvolva suas habilidades técnicas num ambiente de flexibilida-

de, competitividade, objetividade e globalização de ideias e ações, de modo

a prepará-lo para ter um bom desempenho na sua atividade profissional

futura (Empresa Júnior, 1996).

Nos anos 2001, 2002, 2003 e 2005, a EJ ganhou Prêmios de Qualidade Rio, além de ter sido certificada com a norma NBR ISO 9001:2000. Em 2000 e 2006, o Instituto Euvaldo Lodi/Confederação Nacional das Indústrias (CNI) divulgou rankings apresentando a EJ PUC-Rio dentre as três melho-res empresas juniores do Brasil.

Em 2007, a EJ passou a dispor de mais uma sala na PUC-Rio – totalizando, atualmente, a ocupação de 93 m2 no campus universitário (Duarte, 2012).

Empresa Júnior PUC-Rio

A partir de um olhar investigativo, os alunos que compõem a EJ se di-ferenciam dos demais que circulam no campus da PUC por sua postura centrada de seus passos.

Estão quase sempre reunidos entre as paredes de vidro decoradas por adesivos com o logo da empresa no escritório do Edifício Cardeal Leme, sob os olhares dos que ali passam. Separam, assim, os que passam dos que lá dentro se reúnem ou que trabalham normalmente em seus computadores e com seus programas de última geração.

Os membros da EJ também frequentam assiduamente as instalações das Incubadoras (Tecnológica, Cultural e Social) de Empresas do Instituto Gênesis da PUC-Rio8, já que dispõem, ali, de uma sala comercial de 33m2

que costumam usar para atender clientes ou para promover eventos e formações internas no auditório ao qual também têm direito. Tal espaço

8 O Instituto Gênesis, unidade complementar PUC-Rio, tem como objetivo transferir conhe-cimento da Universidade para a sociedade por meio da formação de empreendedores e da geração de empreendimentos. Vinculado à Vice-reitoria para Assuntos Acadêmicos, atua como um centro permanente de inovação que se preocupa em ser um ambiente de apoio e estímulo ao desenvolvimento de empreendimentos e empreendedores autossustentáveis.

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lhes é oferecido por estarem institucionalmente ligados ao Gênesis. Pagam pelo aluguel da sala comercial e alguns serviços associados um preço subsi-diado, diferenciado em relação às empresas incubadas no Instituto.

Ainda que a EJ esteja vinculada, na PUC-Rio, a um departamento de extensão da Universidade, seus membros têm um alto grau de autonomia de sua gestão, principalmente quanto à gestão administrativa e estratégica.

A EJ PUC-Rio também está presente no mercado como prestadora de serviços na área de comunicação. Sua agência desenvolve projetos de identidade visual, websites, plano de divulgação, gerenciamento de mídias sociais etc. Além disso, a EJ presta serviço a partir de sua área mais tradi-cional, a de consultoria em gestão, em que são executados serviços de elaboração de plano de negócios, estudos de viabilidade econômica, de redução de custos organizacionais, pesquisas de mercado, mapeamento de processos etc. Seus clientes integram um mercado amplo e diversifi-cado, sendo as empresas startup, as micro, pequenas e médias empresas (MPEs) seu foco principal, o qual pode ser traduzido por sua missão insti-tucional: “auxiliar e profissionalizar a gestão das micro, pequenas e médias empresas brasileiras, aguçando, neste processo, o espírito empreendedor de seus membros” (Empresa Júnior, 2011).

Estima-se que a Empresa Júnior PUC-Rio seja a segunda do Brasil em termos de faturamento e a primeira no estado do Rio de Janeiro. No en-tanto, não é possível comprovar tal informação, tendo em vista que a sua principal concorrente em nível nacional – a FEA Júnior9, a EJ da faculdade de economia e administração da Universidade de São Paulo (USP) – não mais divulga tais dados10.

De todo modo, os dados de faturamento da EJ PUC-Rio em 2010 su-peraram em quase 10 vezes a média nacional verificada naquele ano pela Brasil Júnior (2010). Na pesquisa11, a FEA Júnior ainda consta como partici-

9 A FEA Júnior, diferentemente da EJ PUC-Rio, tem no escopo de suas atividades em projetos a promoção de eventos festivos na USP, os quais, normalmente, geram grande retorno financeiro, considerando a parceria facilitada de grandes empresas, como as do setor de bebidas alcoólicas. Tal fato a diferencia sobremaneira da EJ PUC-Rio, que tem as MPEs como clientes principais, tal qual recomenda o MEJ do Brasil.

10 Fato comprovado pelas autoras em 02/03/2012 em ligação telefônica a essa EJ.

11 Cerca de 80% das empresas que responderam à pesquisa Censo Identidade da Brasil Júnior (2010) tiveram um ganho de até R$ 50 mil no ano 2009.

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pante do Censo Nacional. Entre 2005 e 2012, a EJ PUC-Rio apresentou fatu-ramento anual médio de R$ 360 mil, sete vezes maior que a média das EJs brasileiras – R$ 50 mil –, como mostra o quadro a seguir (Brasil Júnior, 2010):

Evolução do faturamento da EJ PUC-Rio de 2005 a 2012

Fonte: EJ, 2012.

Para 2012, a EJ PUC-Rio tomou como objetivo ser reconhecida “como a melhor opção de desenvolvimento profissional para alunos da PUC-Rio e a maior Empresa Júnior do Brasil em termos de faturamento” (EJ, 2012). A EJ esteve mais focada nas “metas relacionadas a empreendedorismo e no reconhecimento na PUC de ser a melhor opção de desenvolvimento pro-fissional para os alunos, especificamente no âmbito dos valores ligados a empreendedorismo” (Duarte, 2012).

Em seus 18 anos de mercado, a EJ PUC-Rio já desenvolveu mais de 600 projetos de centenas de agentes econômicos diferentes, sendo a maioria absoluta de seus clientes MPEs e ainda algumas grandes empre-sas – como BR, Ipiranga, TIM, Light, Souza Cruz, Shopping Tijuca, Spoleto, CCAA, entre outras.

Dentre os projetos mais relevantes da EJ, desde o ponto de vista de impactos na organização beneficiada, destacam-se aqueles nos quais ela teve como clientes: a XMTA Gestão Empresarial Ltda.; o Serviço de Aten-dimento Móvel de Urgência (SAMU) do Estado do RJ/Ministério da Saúde; e a Domino’s Pizza.

R$600.000

R$500.000

R$400.000

R$300.000

R$200.000

R$100.000

0

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

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Quanto à sua representação institucional no âmbito do MEJ, a EJ PUC-Rio participou ativamente, em 2003, do movimento de formação da Brasil Júnior (Confederação Brasileira de Empresas Júniores)12, ainda que, desde 2004/2005, não integre formalmente mais seu quadro de associa-dos por razões também relacionadas com a restrição do conceito da Con-federação no sentido de não aceitar EJs que remunerem seus membros.

A Empresa Júnior em ação e a gestão do conhecimento

Como qualquer organização, aspectos circunscritos à gestão do conhe-cimento podem ser identificados em diversos processos, departamentos e pessoas que terminem por gerar, armazenar, gerenciar e disseminar o co-nhecimento institucional tal qual o conceito em questão é colocado.

Considerando que a EJ PUC-Rio é uma organização relativamente simples em sua estrutura organizacional, vale a pena tratar da abordagem dos processos associados à alta gestão e à área de recursos humanos por suas especificidades e por configurarem locus privilegiado de responsabi-lização da definição, do desenvolvimento e da implantação de estratégias – conhecimento estratégico – que tratam de aspectos relacionados com o capital humano da organização.

Nesse contexto, convém apresentar tanto o processo seletivo de no-vos membros da EJ e de dinâmica organizacional interna para ascensão a cargos como também os processos e eventos de formação interna que dialogam diretamente com tal dinâmica. Adicionalmente, as instâncias de-cisórias do corpo diretivo, o papel do Conselho Alumni, a implementação de planos estratégicos, assim como os aspectos circunscritos à relação insti-tucional da EJ com o Instituto Gênesis da PUC-Rio, serão temas igualmente importantes, tendo em vista a relevância de seu enfoque conceitual.

12 Criada com o objetivo de propor e repassar diretrizes nacionais que deveriam ser adota-das pelas confederações estaduais de modo a regulamentar a atividade das empresas juniores. Atualmente, regulamenta cerca de 1.000 empresas juniores espalhadas pelo Brasil em mais de 2.000 instituições de ensino superior. Estima-se que existam aproximadamente 23.200 graduan-dos envolvidos no Movimento Empresa Júnior executando em média 2.000 projetos por ano.

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i) Processo seletivo, processo formativo e dinâmica organizacional

Deve-se entender, inicialmente, que tem sido a oferta dos alunos que se candidatam junto à EJ aquilo que determina os projetos que serão desen-volvidos pelos clientes da empresa. Isto é, o histórico espírito multidisci-plinar da organização supera uma possível ação estratégica voltada, por exemplo, ao atendimento da demanda de pequenas e médias empresas por assessoria em comunicação, ou a um enfoque de marketing da EJ no sentido de demonstrar ao mercado que seu carro-chefe é no campo de consultorias de plano de negócios, por exemplo.

Essa temática foi especialmente abordada em uma reunião entre o presidente e os membros da EJ junto ao corpo diretivo do Instituto Gêne-sis, quando da apresentação do balanço financeiro e de atividades trimes-tral, em 29/03/2012. Na ocasião, José Alberto Aranha, diretor do Instituto, levantou a questão lembrando que ela é recorrente ao longo da história da EJ, assim como o fato de os professores orientadores não terem um estímulo maior para seguir na parceria dos projetos que orientam para a EJ, como recurso financeiro por meio da formalização junto à Universidade na oferta de crédito a alunos, tal qual acontece com 178 disciplinas que compõem o domínio em empreendedorismo da PUC-Rio – semelhante à diplomação minor –; ou mesmo pelo reconhecimento no Currículo Lattes junto ao Ministério de Educação (Aranha, 2012).

Por entender que um organograma organizacional expressa a divisão de trabalho, a forma como as tarefas são delegadas e a hierarquia vigente, vale a pena se deter no tema do processo seletivo da EJ a partir de uma abordagem descritivo-temporal em que novos elementos são apresenta-dos para qualificar a o enredo dos questionamentos da presente narrativa.

Ao ingressar na EJ, o trainee é identificado como membro novato e em fase de capacitação; o consultor é todo membro efetivo com experiência na implementação plena dos projetos, processos e na escolha das equipes envolvidas, e que pode ascender, assim, a gerente de projetos; o gerente comercial é o responsável por todas as negociações com potenciais clien-tes; o diretor de unidade controla todos os projetos, especialmente os ex-ternos, e participa mais ativamente na gestão da EJ. O membro também pode passar a ser diretor interno, que se diferencia do diretor de unidade

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pelo foco na gestão e em atividades internas. Esse cargo abriga as pastas da área financeira, de recursos humanos e de marketing.

O processo seletivo da EJ PUC-Rio acontece atualmente a partir da demanda dos projetos, de clientes e do próprio desempenho dos candi-datos nos processos anteriores. Mas, de modo geral, todo mês há novos membros ingressando na EJ.

Em dezembro de 2011, conforme apontam as duas ilustrações adian-te, foi apurado que a maioria dos membros da EJ (58%) cursava o 5º ou 6º período de seus cursos de graduação, 39% estudavam engenharia de produção, 23%, comunicação social, e 13%, desenho industrial. O atual presidente afirma que esse cenário se assemelha ao vivenciado nos últi-mos três anos, ressaltando, no entanto, que alunos do curso de sistemas de informação têm muita variação anual na demanda por vagas na EJ.

Período de graduação de membros | dez. 2010

7º Período 3%8º Período 6%

3º Período 10%

4º Período 23%

5º Período 25%

6º Período 29%

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A carga horária exigida para as atividades da EJ é de até seis horas diárias, o que coincide com o máximo regulamentado pela legislação na-cional de estágio no Brasil.

A ascensão aos cargos no interior da EJ se dá segundo regime me-ritocrático regido por regras bem definidas e com associação temporal, sendo acompanhada por todos da empresa por meio de dispositivos de comunicação dinâmicos em tempo real.

Para compreender melhor esse processo, é necessário ter em mente que a EJ implementa a metodologia do Project Management Body of Knowledge (PMBOK) para o gerenciamento dos projetos contratados junto aos clientes. Assim, o conhecimento e o desenvolvimento dessa ferramenta são tanto critério para entrada na empresa como fator determinante para sua permanência.

O ingresso na EJ é acompanhado da titulação inicial de trainee, cujo cargo é tido como fundamental no processo de aprendizagem e adapta-ção, identificando o período em que o membro tem que demonstrar seu potencial para ascender a consultor. Tal processo requer capacitação técni-ca na área de conhecimento específica do membro, configurando o mo-mento em que o conhecimento tácito começa a ser absorvido pelo novo associado. Deve ainda se envolver com a execução de algum projeto ex-

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Curso de graduação de membros | dez. 2010

Engenharia Ambiental 3%Engenharia da Computação 3%

Economia 3%Administração de Empresas 6%

Comunicação Social 23%

Engenharia de Produção 30%

Design13%

Sistema de Informação 10%

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terno e participar de algum departamento, caso contrário é desligado da EJ. O tempo máximo de permanência sob este status é limitado em quatro meses.

Quanto aos consultores, estes configuram membros efetivos da em-presa, realizando atividades ligadas à execução de projetos externos a par-tir da contratação de serviços junto aos clientes. Eles influem diretamente nos resultados operacionais da EJ. Como consultor,

o membro é exposto à realidade de várias empresas e passa a receber muita

informação, cabendo a ele oferecer as melhores soluções para os clientes e

reduzir ao máximo o trabalho do seu gerente. É nessa época que o membro

deve inovar e expandir a capacidade consultiva da empresa. O papel como

mente inovadora é essencial para que a EJ continue sempre otimizando

seus processos, metodologias e possa oferecer uma qualidade final superior

aos clientes (EJ, 2012).

O consultor é estimulado a participar de negociações com poten-ciais clientes para que se desenvolva em aspectos profissionais como a negociação e o relacionamento interpessoal e, assim, possa ser habilitado como gerente. Também é esperado que o consultor capacite tecnica-mente os trainees.

O gerente de projetos tem a função de planejar e gerir os projetos da EJ, motivar os membros da equipe, gerar resultados, desenvolver bom relacionamento com clientes, ter presteza na entrega dos projetos con-tratados e obter retorno positivo quanto à qualidade do serviço prestado ao cliente.

Há três status de gerentes de projetos: o gerente capacitando o ge-rente responsável e o gerente efetivado. Para se tornar gerente, o membro participará de uma capacitação em gerência, coordenada por um gerente de projetos experiente. Durante esse período, ele passa a ser gerente res-ponsável e terá que apresentar, através do gerenciamento de um ou mais projetos, seu desejo e sua capacidade de assumir as responsabilidades esperadas do cargo. Ele será avaliado em critérios como: relacionamen-to com equipe, procedimentos internos de controle de projetos, relacio-namento com cliente, envolvimento em negociações, postura interna e

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externa, planejamento e gerenciamento de projetos, habilidade oral e es-crita, satisfação quanto aos serviços prestados, previsão de ausência da EJ por período superior a quatro meses, entre outros aspectos.

Dependendo do desempenho como gerente de projetos, há a pos-sibilidade de chegar a gerente supervisor, instância em que a capacitação dos demais gerentes integra suas atividades, assim como à coordenação dos projetos que estão sendo executados pelos gerentes.

Conforme o perfil do membro, há ainda a possibilidade de ser nomeado gerente comercial, responsável direto por todas as vendas e negociações da Empresa Júnior. Sua remuneração e permanência no cargo dependem da quantidade, da rentabilidade e da relevância dos projetos que vende. Sua remuneração é da ordem de 20% do lucro de cada projeto negociado pelo gerente para a EJ. Existe uma capacitação específica para esse cargo que abrange desde o acompanhamento de reuniões de diagnóstico com clientes a apoio no planejamento e na elaboração de suas propostas comerciais. Também há critérios rígidos e bem definidos a serem cumpridos para ascender a tal cargo.

Com relação aos cargos diretivos, tem-se que os diretores são tidos como os líderes das unidades e departamentos da EJ, respondendo por seus resultados, além do papel estratégico e institucional que exercem em conjunto com o presidente.

Os diretores e o presidente dispõem de bolsas dadas pela PUC-Rio – de até 60% – e ainda podem acumular cargos remunerados.

Existem pré-requisitos para que um membro se candidate a um cargo diretivo, cujo processo eleitoral permite que todos os membros participem, à exceção dos trainees que ainda não tiverem completado seu primeiro mês de empresa, podendo estes, todavia, opinar e participar na estruturação do feedback aos candidatos concorrentes, havendo ainda diferenciação do peso dos votos dos membros.

Já ao presidente, cujo processo de escolha será apresentado na pró-xima seção, cabe “firmar e expandir a cultura da empresa, tendo que, para isso, estar acessível a todos os membros em tempo quase que integral no dia a dia da empresa”, principalmente por meio de apresentações realiza-das no campus – em salas de aula quando da época dos processos seleti-vos – e no âmbito dos processos internos da EJ.

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O manual da EJ (2012) destaca a importância do presidente e a rela-ção de seu cargo com a continuidade e manutenção do planejamento estratégico e da cultura da EJ:

O ambiente da PUC nos oferece um excepcional quadro de possíveis mem-bros, e é função do presidente buscar e atrair os melhores alunos para formar uma equipe igualmente excepcional. Através de palestras, apresentações, vi-sitas às salas de aula e ações de marketing, o presidente, que é o maior repre-sentante da cultura e do famoso ‘Sentimento EJ’, deve transmitir o que signi-fica ser um membro da Empresa Júnior PUC-Rio aos alunos da universidade.

Adicionalmente, durante os dois seminários que acontecem a cada ano no calendário da EJ PUC-Rio, a cultura, a história e os conhecimentos adquiridos na EJ são também abordados e transmitidos de forma a esti-mular o sentimento de pertencimento entre seus membros, não ficando apenas nas mãos do presidente a responsabilidade direta dessa tarefa.

A gestão dos seminários é considerada projeto interno, sem remune-ração prevista aos que integram sua equipe logístico-operacional, fican-do ligada ao departamento de recursos humanos. Para participar dessa equipe é necessário já ter participado de outro seminário anteriormente. Busca-se, assim, manter o padrão – metodologia e objetivos – dos eventos realizados ao longo dos anos.

ii) Implementação de planejamentos estratégicos e o papel do Conselho Alumni

Suas diretrizes estratégicas, cujos eixos dialogam com planos opera-cionais trimestrais, têm periodicidade anual. Esses instrumentos são apli-cados em conformidade com o seu planejamento estratégico (PE), que é desenvolvido de forma que todos os membros da EJ participem do seu processo de elaboração, monitoramento e revisão.

Tendo como base a gestão de 2012, ocorre a discussão em torno de temas macro (institucionais) e micro (no nível das áreas e gestões). A re-visão anual acontece considerando o levantamento prévio de guidelines da execução no momento da convocação da Pré-PE. Após essa etapa, a

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diretoria se reúne, compila os debates, e cada diretor leva suas conclusões ao PE da sua unidade ou departamento. Metas e planos são elencados de modo a atender aos objetivos traçados. A revisão do PE é realizada a cada trimestre, conjuntamente entre as equipes, de modo que os objeti-vos possam ser cobrados e cumpridos.

O Conselho Alumni tem um papel importante nesse contexto. Ele existe desde 2009, sendo formado por alguns notáveis diretores e ex--membros e, necessariamente, pelo presidente em exercício. A cada ano sua composição é renovada.

Um das principais funções do Conselho é o apoio aos dirigentes da EJ nas decisões estratégicas, na análise e no monitoramento dos planos estratégicos. Segundo o presidente de 2012:

Eles nos convidam a refletir sobre mudanças e melhorias, e nos dão força para

as tomadas de decisão mais difíceis e complexas. São basicamente pesso-

as bem posicionadas e experts que já passaram pelo que estamos passando

agora, e que têm agora grande experiência de mercado. Eles sabem bem melhor do que nós o que dá certo e o que não dá. Também entendem como estratégias e planos funcionam dentro do contexto da EJ (Duarte, 2012).

O Conselho é convidado a participar de pelo menos quatro reuniões anuais para conhecer resultados, indicadores e apoiar a implementação de ações quando de problemas institucionais ou operacionais. Convém mencionar ainda que todos os alumni – não apenas os que compõem o Conselho – são convidados a integrar uma lista de discussão virtual muito dinâmica que termina por apoiar a inserção dos membros da EJ em ações empreendedoras e no mercado de trabalho.

Relação com o Instituto Gênesis da PUC-Rio

Como já pôde ser observado, ora o papel do Instituto Gênesis se asse-melha ao desempenhado pelo Conselho Alumni, ora supera esse a partir da representação da EJ diante dos departamentos financeiro, jurídico e acadêmico da Universidade, além da própria Reitoria, e mesmo quando da responsabilização das temáticas em face de tais departamentos.

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Assim, segundo Julia Zardo, tutora de gestão da EJ nos últimos seis anos junto com a autora deste capítulo, o Instituto também se configura como recurso histórico da empresa, fato que minimiza os malefícios advin-dos do alto grau de rotatividade do seu corpo diretivo (Zardo, 2012).

Vale ainda o registro de que é comum que a Empresa Júnior seja contratada pelas empresas incubadas no Instituto Gênesis, considerando sua proximidade física e organizacional (estarem no campus), seus preços competitivos, assim como por recomendação do Instituto. Com isso, a EJ se integra à rede das incubadoras de forma quase orgânica.

Considerações finais

Viu-se, aqui, a importância da implementação de práticas de gestão do conhecimento, no contexto desta era da informação, por meio das empresas juniores, que surgem como fomentadoras da experiência de mercado para graduandos, em especial no caso da EJ PUC-Rio, por sua singularidade pioneira e multidisciplinar.

Nesse contexto, a EJ termina por apoiar a formação de cidadãos ao desenvolver habilidades e competências proativas complementares para além da futura atuação em ambientes empresariais.

A EJ PUC-Rio surgiu a partir da iniciativa de alguns alunos que cursa-vam diferentes cursos de graduação em 1995, tendo sido vinculada ao Es-critório de Desenvolvimento do CTC, posteriormente intitulado Instituto Gênesis da PUC-Rio. Assim, é fato que a EJ se fortaleceu fazendo com que sua história fosse contada também a partir da origem do próprio Instituto, o qual tem se consolidado como unidade multidisciplinar de referência em empreendedorismo e inovação na PUC-Rio.

A partir de uma narrativa descritiva, observou-se que a relação da EJ com o Instituto Gênesis e seu Conselho Alumni pode ser identificada como instância-chave no que tange aspectos circunscritos à gestão do conheci-mento. Isso acontece especialmente por ambos apoiarem sobremaneira as decisões institucionais e garantirem o registro dos processos implemen-tados ao longo desses 18 anos de vida da organização, ainda que resguar-dando a autonomia necessária para que a EJ, especialmente seus mem-

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bros, se desenvolvesse individual e profissionalmente em face dos desafios dos projetos implementados. Desse modo, tais instâncias acabam por for-talecer a dinâmica em que a gestão do conhecimento se desenvolve na empresa, configurando, ainda, recurso histórico institucional precioso da EJ, fazendo com que sejam atenuados os efeitos negativos da alta rotativi-dade de membros e direção, como observado ao longo desses anos.

Por outro lado, o corpo de professores orientadores que se respon-sabilizam tecnicamente pela execução dos projetos contratados pelos clientes da EJ já careceu, em alguns momentos, de tratamento estratégi-co mais orquestrado por parte dos membros da EJ, que se alternam ano a ano. Tal atenção é sempre necessária devido à alta rotatividade dos mem-bros, que implica em dificuldades naturais na relação com os orientado-res. Situação esta que possui uma série de formas de ser trabalhada como reconhecimento público dos acadêmicos mais próximos e com o esforço constante de atrair novos professores.

Outro ponto que se coloca diz respeito ao processo de membresia da EJ. Para além das implicações abordadas, dos efeitos da rotatividade destes em face da dinâmica gerencial da organização, é mister analisar tais resultados desde um ponto de vista ainda mais complexo, como o da sua relação com o posicionamento da marca da EJ PUC-Rio no mercado.

Não obstante, as questões que têm se colocado como empecilhos ao desenvolvimento pleno da gestão do conhecimento da EJ podem ser enfrentadas com o apoio de instrumentais da tecnologia da informação, os quais já estão sendo largamente utilizados pelas últimas gerações da empresa. Tais ferramentas podem configurar, gradativamente, meio eficaz de monitoramento e controle de ações e planos da EJ, assim como podem gerar conhecimento de vanguarda para os seus membros, tanto na oferta de serviços associados àqueles instrumentais quanto na oferta de serviços a seus variados clientes, especialmente às pequenas e médias empresas, o que possibilita aos membros um robusto aprendizado complementar ao ministrado nas salas de aula da Universidade, igualmente relevante.

Notadamente, a EJ PUC-Rio se coloca como uma iniciativa singular no âmbito do Movimento Empresa Júnior mundial e nacional por diver-sos aspectos históricos, que expressam ações de vanguarda, assim como

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pelos resultados auferidos per se ao longo dos últimos 18 anos. Ainda mais por imputar ao desenvolvimento dos alunos valor de maior relevância diante da recorrente supremacia de metas mercadológicas e financeiras.

Por fim, vale registrar que que a atuação do graduando como mem-bro da EJ se coloca para o Instituto Gênesis – departamento que respon-de pelo empreendedorismo da PUC-Rio – como parte de um ciclo de for-mação de cidadãos protagonistas de histórias empreendedoras, histórias essas que vão além de currículos baseados em tecnologias e ciências bá-sicas, dando origem a uma formação humanística em que a reflexão sobre a futura carreira, pertinências, aspectos éticos, envolvimento emocional são abordados e vivenciados nos laboratórios da vida acadêmica. Tal for-mação “júnior” se complementa de forma virtuosa com a incubação de negócios inovadores e com a multiplicação dos aprendizados vivenciados como docente, mentor ou coacher, tal como pode ser observada em algu-mas trajetórias de vida contadas nesta publicação por alguns alumni que fazem parte da história da Empresa Júnior PUC-Rio.

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Gestão do conhecimento

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O que nos movee sempre moverá

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Empresa júnior, aprendizado sênior

Bruno Lessa*

A Empresa Júnior PUC-Rio, assim com a maioria dos negócios, co-meçou da observação de uma lacuna no ensino de empreendedorismo, seja prático ou teórico, na Universidade. Em 1994, a maior parte dos meus colegas de engenharia de produção procuravam empregos em grandes empresas, bancos ou empregos públicos. No entanto, o mercado dava sinais, pelo menos para quem estava atento, que o período de estabilida-de das empresas e empregos estava por terminar. Nada mais justo que as universidades, como centros de pesquisa, se antecipassem ao mercado e preparassem melhor os seus alunos para os novos tempos.

Naquela época eu estava à frente do Escritório Modelo de Engenha-ria de Produção, com supervisão do professor Leonardo Lustosa. Em um encontro com o Silvério Zebral, em uma feira do Sebrae, surgiu a ideia de criar uma empresa júnior que envolvesse engenharias, economia, admi-nistração e, por que não, outros cursos.

Depois do encontro ocorreu a reunião de fundação da Empresa Jú-nior, na época batizada como Projeta Júnior, em que estavam presentes pessoas de diferentes cursos da Universidade.

Os poucos alunos que queriam aprender a empreender, inicialmen-te, encontraram muito dificuldade e poucas respostas de professores e

* Vice-presidente da EJ na sua fundação. Engenheiro de produção e sócio-fundador da Probus Consulting e Fábrica Digital. Atuou como vice-presidente da Assespro-RJ em 2006 e represen-tou a Assespro para agências de fomento (FINEP, CNPq e BNDES).

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direção. Foi preciso persistir e lutar para que o projeto não tivesse morte prematura. Não tínhamos sequer sala ou telefone, e o começo foi árduo. Naquele momento percebemos a força e a importância de conseguir inspirar outras pessoas. Acabou sendo uma grande aula de vendas para todos os envolvidos. Boa parte do trabalho se dava através de palestras semanais, que atraíam cada vez mais interessados, entre alunos e profes-sores. A empresa começou a ganhar corpo e cada vez mais projetos e simpatizantes. 

José Alberto Aranha, que sempre foi um dos entusiastas da Empresa Júnior, a acolheu no projeto Gênesis e a tornou oficial para a Universidade. A ele e ao Leonardo Lustosa, meus especiais agradecimentos, pois nos ajudaram em momentos cruciais e nos ensinaram muito. 

Começamos a crescer e olhar à volta. Encontramo-nos com outras empresas juniores e percebemos que várias seguiam à risca o modelo francês, criado em 1967. Talvez por não buscarmos anteriormente essas referências, nascemos de uma forma um pouco diferente, multidisciplinar e sem CNPJ. Percebemos que essas diferenças eram interessantes e bus-camos não só mantê-las como também utilizá-las como justificativas e inspirações para outras inovações.

À medida que a empresa e o movimento júnior cresciam, descobrimos o grande aprendizado de administração empresarial, marketing e vendas, gerência de pessoas e projetos, relacionamento institucional que a Empresa Júnior propiciava, além dos conhecimentos técnicos que eram utilizados nos projetos. Realmente, a Júnior se tornara uma poderosa fer-ramenta de formação empreendedora, útil não somente para empresá-rios, mas para qualquer profissional.

Essa experiência mudou todos os que passaram por ela. Alguns, como eu, se encantaram por esse caminho e não o largaram mais. Atual-mente, quase 20 anos depois, ainda utilizo conceitos aprendidos e com-portamentos adquiridos na época da Júnior. Ainda guardo um grande carinho pela Empresa Júnior e é com satisfação que me encontro com membros em diferentes gestões para trocar ideias, experiências, histórias e conhecimento. Atualmente na forma de um conselheiro, mas, na ver-dade, como um aprendiz, pois, depois da vivência, a forma mais efetiva

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de aprendizado de empreendedorismo é a troca de experiências. Nesse aspecto, a Júnior é o melhor laboratório que conheço.

De uma forma bem sintética, a Empresa Júnior me mostrou que em-preender é a arte e a capacidade de observar, inspirar, inovar, coordenar e realizar. Esses conceitos são atemporais e independentes da área de atua-ção. Não vejo aprendizado mais valioso. 

Por fim, gostaria de agradecer a todos que nos acompanharam e nos ensinaram nesse caminho e aos que vieram depois, que mantiveram o projeto vivo, renovaram e o inovaram inúmeras vezes, mas preservando seu espírito. Graças a todo esse processo, sou hoje um profissional e uma pessoa melhor.

Sinceramente, obrigado.

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De “piratas” a “dinossauros”: passado, presente e futuro da Empresa Júnior PUC-Rio

Silvério Zebral Filho*

Durante as últimas duas décadas, o empreendedorismo vem avançando a passos largos nas universidades de todo o país.

No âmbito do fomento à ação empreendedora, diversas instituições de ensino superior e centros de pesquisa tecnológica deram início a pro-jetos de criação de pré-incubadoras, incubadoras e aceleradoras de ne-gócios. Toda uma miríade de organizações de base universitária foi criada com o intuito de oferecer resultado prático ao saber científico, organizan-do a cooperação entre corpo docente e discente com vista a explorar o po-tencial mercadológico dos resultados da pesquisa científica que se levava a cabo intramuros, modelando produtos, processos, serviços de caráter ino-vador capazes de iniciar negócios lucrativos. Criaram-se agências de inova-ção para negociar e apropriar resultados econômicos futuros relativos aos direitos de propriedade intelectual (royalties, licenciamentos e direitos de autor) em favor da comunidade acadêmica e de seus membros.

No âmbito do ensino e da pesquisa, universidades pelo país afora ofe-recem uma ampla gama de programas de formação de empreendedores

* Presidente da EJ na sua fundação. Economista, cientista político e mestre em Desenvolvimen-to Internacional. Diretor-presidente da Probus Consulting, economista-chefe do Departamento de Gestão Pública da Organização dos Estados Americanos e professor-associado da Graduate School of Political Management na George Washington University e da Universidad Miguel de Cervantes.

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– contemplando cursos de extensão, domínios de concentração específi-cos para graduação, cursos de pós-graduação lato sensu e até mestrados. Novas cátedras, bolsas de pesquisa (desde o nível de iniciação científica às bolsas de produtividade para pesquisadores experimentados) e gru-pos de pesquisa foram criados ao redor do tema – desde perspectivas tão distintas como as da economia do empreendedorismo (afeta às ciências econômicas), dos negócios familiares (afins à administração de empresas), do comportamento empreendedor (relativas ao domínio da psicologia) ou da cultura empreendedora (relacionadas com os estudos da sociologia e da antropologia). Iniciativas educativas enfocando a ação empreende-dora de jovens e adolescentes alcançaram os bancos escolares pré-uni-versitários, com a oferta de programas experimentais em escolas privadas e públicas de nível secundário.

Esse cenário de enorme efervescência guarda profundo contraste com a paisagem observável em meados dos anos 1990. Naquele tempo, a ação empreendedora levada a cabo nos campi universitários de todo o país li-mitava-se às iniciativas algo precárias e desarticuladas entre si: esforços de coordenação de cooperação entre laboratórios e empresas do ramo indus-trial para fins de desenvolvimento de aplicações industriais específicas; for-mação de incubadoras enfocadas na criação de cooperativas de trabalho orientadas a superar por meio da geração de empreendimentos populares problemas de ausência, precariedade ou informalidade do trabalho, asso-ciações esporádicas e pontuais entre professores e assistentes de pesquisa em projetos de consultoria contratados de forma autônoma, entre outras1.

Sem muito destaque, o “Movimento Empresa Júnior” perfilava-se en-tre essas tímidas iniciativas empreendedoras que tinham lugar no meio universitário. Tratava-se de três ou quatro grupos de estudantes funcio-nalmente especializados, com pouco mais de meia dúzia de integrantes cada, desconhecidos entre si, sem a devida formalização legal e detento-res de vínculos formais precários – quando não inexistentes – com as uni-versidades que os acolhiam, coletivamente alcunhados de “movimento” por conta de sua incipiência e grau de informalidade.

1 Exemplos modelares de institucionalização, coordenação e fomento dessas iniciativas foram o Centro de Estudos em Telecomunicações (CETUC), o Escritório de Desenvolvimento do Cen-tro Técnico-Científico (ED-CTC), ambos da PUC-Rio, bem como a Incubadora de Cooperativas Populares da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Nesse sentido, o processo de criação da EJ PUC-Rio se confundiu com a emergência desse “movimento”, com o momento histórico do país e com as limitações tecnológicas presentes em seu nascedouro.

Em meados de 1994, o fomento à reforma do ensino superior com vistas à expansão da oferta de vagas, à abertura ao exterior e à aproxi-mação entre a pesquisa acadêmica e as necessidades do mundo em-presarial por meio da criação de incubadoras e parques tecnológicos (menções presentes no programa de governo do então recém-eleito presidente Fernando Henrique Cardoso) se insinuava com elemento im-pulsionador dessas iniciativas emergentes. Esse conjunto de novas polí-ticas públicas dirigidas às Instituições de Ensino Superior (IES) mobiliza-va esforços dos setores mais dinâmicos das universidades de ponta na preparação de programa e projetos de inovação e ação empreendedora que pudessem aproveitar-se das oportunidades de financiamento que dali adviria.

Por outro lado, o esvaziamento econômico continuado da cidade do Rio de Janeiro como centro de negócios, que atingiu o setor industrial – e, posteriormente, o setor financeiro –, representava um desafio adicional de colocação profissional para graduandos de cursos estrelados de adminis-tração, engenharia, economia, comunicação e direito das melhores uni-versidades cariocas (entre elas a PUC-Rio), cujos programas pedagógicos estavam, via de regra, desenhados com vista a formar jovens profissionais para ocupar postos de média gerência em grandes empresas sediadas na cidade. Era, pois, oportuno criar um mecanismo que contribuísse para iniciar os jovens graduandos da PUC-Rio em um mundo onde trabalho já não era sinônimo de emprego, e onde a vida laboral que se avizinhava estaria antes marcada por projetos interdisciplinares de tempo limitado do que por carreiras funcionalmente especializadas.

Mais por acidente do que por planejamento, é contra esse pano de fundo que surge a ideia da criação de uma empresa júnior interdiscipli-nar, inspirada nos moldes de experiências similares implementadas pelas escolas de negócios francesas (notadamente a HEC de Paris) e livremente “tropicalizada” para a realidade concreta da PUC-Rio.

Originada em agosto de 1994 entre alunos do curso de graduação em economia como “um projeto inovador da nova gestão do Centro Aca-

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dêmico de Economia da PUC-Rio (CAECO)”2, a iniciativa logo obteve a ade-são de um amplo grupo de alunos dos cursos de engenharia – contando com especial entusiasmo do grupo de alunos de gravitava em torno do projeto Organização e Desenvolvimento Industrial (ODIN), desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Industrial. Alunos dos cursos de en-genharia de computação, desenho industrial e direito vieram somar-se imediatamente em seguida, conformando um grupo inicial de 12-15 “em-presários juniores” envolvidos na consolidação da empresa que teve lugar nos três anos seguintes.

Ainda que se reconheça o inevitável prejuízo que a supressão de uma narrativa pormenorizada de histórias anedóticas, situações bizantinas, li-ções gerenciais e ensinamentos morais – abundantes naqueles anos de “entradas e bandeiras” – possa provocar no entusiasmo do público leitor, não resta dúvida de que a proximidade do 18º aniversário de “fundação” da EJ PUC-Rio justifica sublinhar o espírito, os valores e a visão comparti-lhada que animaram aquele grupo de protagonistas – então designados como “os piratas” pelas autoridades universitárias, atualmente reconheci-dos como “os dinossauros” pelos demais membros da empresa. Revistá-los é sem dúvida o melhor expediente para manter o passado presente na memória dos que hoje desenham o futuro.

A singularidade e o caráter inovador da experiência da EJ PUC-Rio assentava-se no reconhecimento da natureza interdisciplinar da ação em-preendedora – entendimento que recomendava a constituição de uma estrutura horizontal que congregasse alunos provenientes de todos os cursos em times de projeto transdisciplinares mobilizados de acordo com a demanda por serviços da empresa, supervisionada por uma pequena estrutura destinada a cumprir funções de direção e mobilização ad hoc dos recursos (humanos e operativos) da PUC-Rio em favor dos projetos. Ademais, o caráter preponderantemente acadêmico-pedagógico da ini-ciativa implicava uma intensa participação de professores orientadores e

2 Entre julho de 1994 e dezembro de 1995, encarreguei-me da direção do Centro Acadêmico de Economia da PUC-Rio – âmbito em que se deu a concepção inicial do projeto, posteriormen-te aprimorado pela contribuição dos demais alunos provenientes de outras disciplinas que se somaram ao grupo inicial. A primeira convocatória de interessados em colaborar com a criação de uma empresa júnior da PUC-Rio aparece no boletim de notícias Economus, publicado pelo CAECO em agosto de 1994.

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critério na seleção de projetos de assessoria e consultoria que efetivamen-te resultassem em aprendizado relevante para os alunos envolvidos. Por essa razão, buscávamos evitar nos posicionar “nas franjas” da PUC-Rio e superar a vinculação difusa entre Empresa Júnior e Universidade – que caracterizava outras experiências similares alhures.

Essas “aspirações elevadas” representaram uma ambiciosa agenda de desafios institucionais e gerências a enfrentar. A busca de uma perso-nalidade jurídica própria das empresas juniores em meio ao vazio legal; a luta junto à Reitoria pelo reconhecimento de um organismo até então estranho à vida universitária; a superação dos conceitos e preconceitos advindos da parte do corpo docente; a gestão das expectativas exagera-das dos protagonistas iniciais e da falta de interesse do corpo discente; a necessidade imperiosa e a indisponibilidade crônica de um espaço físico dentro do campus; a inexperiência no atendimento ao cliente e na ges-tão financeira de uma carteira formada por empresas grandes, médias e pequenas; a delimitação de esferas de atuação de cada gerente de pro-jeto ou colaborador da empresa; e todo um sem-número de estruturas e processos a criar, testar, validar, consolidar, adaptar e remodelar.

Esses desafios foram enfrentados – alguns com êxito, outros com capitulação – no âmbito das limitações tecnológicas3, financeiras e ope-racionais da época: apresentações elaboradas em PowerPoint e xeroca-das em transparências visualizadas com retroprojetor; atendimento de clientes realizado com uso alternado de “bips” e orelhões; uso de carta-zes desenhados à mão para reduzir despesas com copiadoras e recor-rentes pedidos – sempre atendidos – à Coordenação de Atividades de Educação Física da PUC-Rio para cessão de suas instalações no Edifício Cardeal Leme para a realização de reuniões regulares de trabalho sobre uma enorme mesa que servia – nos intervalos de nossas reuniões – ao seu propósito original: o de receber participantes de torneios universi-tários de xadrez.

3 Nos meios de imprensa, a internet ainda requeria o aposto explicativo de “rede mundial de computadores”, o correio eletrônico era uma raridade, longos textos em hiperlinks dominavam o mundo virtual e telefones celulares eram percebidos como símbolo de status. Termos como triple-helix (ou quadri-helix), transferência de tecnologia, investidores-anjos, fundos de private capital e IPOs povoavam páginas de revistas especializadas em negócios publicadas no exterior e soavam como realidades inalcançáveis na PUC-Rio – em especial no microcosmo da EJ.

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Com o tempo, e por mérito exclusivo de seus continuadores, a EJ lo-grou superar “tempos de pirataria” e inaugurar “tempos de parceria”. Ao en-contrar seu lugar institucional junto ao Instituto Gênesis, contribui como elemento diferencial do projeto pedagógico da Universidade e como prin-cipal base de recrutamento de empreendedores e negócios candidatos à incubação nas Incubadoras Tecnológica, Social e Cultural da PUC-Rio.

Hoje e amanhã, por intermédio da EJ, um amplo número de alunos oriundos de todos os cursos oferecidos pela Universidade pode experi-mentar caminhos profissionais que até então desconsideravam ou fazer da passagem pela EJ uma credencial invejada – pasme – nos processos de recrutamento de novos talentos realizados pelas grandes empresas que estão retornando ao Rio.

Podem mais. Podem construir relações profissionais e pessoais que já não encontram limites na distância entre os diferentes pilotis que com-põem o campus – relações que, com o tempo, podem resultar em amores e amizades de toda uma vida.

Ou podem se aproveitar – cada qual a seu ritmo e maneira – da “auto-destruição criativa” que faz da EJ PUC-Rio uma experiência decididamente singular: mais de 700 projetos, uma carteira de mais de 450 clientes aten-didos, uma nova diretoria a cada ano, seis renovações completas de ima-gem visual corporativa, vários prêmios de qualidade e um faturamento anual de fazer inveja a muita “empresa sênior”.

Não há dúvida: o sucesso do presente enche de orgulho os “dinossau-ros” do passado e renova a confiança de que o futuro – traga o desafio que trouxer – será ainda mais exitoso.

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Alessandra Simões*

Antes de começar a escrever sobre histórias que vivi na Empresa Júnior, ou sobre o “Sentimento EJ”, gostaria de me apresentar em poucas palavras. Sou uma engenheira civil e de produção pela PUC-Rio que nunca traba-lhou com engenharia civil, com mestrado em engenharia de produção pela PUC-Rio, mas que também nunca trabalhou diretamente com enge-nharia de produção. Atualmente, sou sócia de uma consultoria voltada à atração e seleção de executivos. Esse breve resumo profissional, que em um primeiro momento pode parecer um tanto quanto desconexo, é um pouco do que a EJ pode fazer por você e pela sua carreira.

A Empresa Júnior PUC-Rio foi minha primeira experiência profissional. Naquela época cheia de certezas sobre meu futuro, eu era capaz de dizer com exatidão o mês em que as coisas se realizariam em minha vida. E, claro, hoje em dia, com um pouco mais horas de voo, tenho milhões de dúvidas e incertezas sobre meu futuro. Qual o papel da Júnior nisso tudo? Mostrar que o novo surpreende e a surpresa talvez seja a melhor opção, que testar é legal, é preciso, mas acreditar no fim é uma importante par-cela do sucesso.

* Foi membro em 1998 e presidente da EJ em 2000. Engenheira civil com ênfase em produção e mestre em engenharia de produção. Sócia da Uphill – Executive Search que atua na atração e seleção de profissionais com atuação em posições de alta gestão e técnicas.

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Para contextualizar um pouco o ambiente de quando entrei na EJ, estávamos em 1998, eu no terceiro período de faculdade. O processo seletivo da Júnior? Duas entrevistas. A principal forma de divulgação? A indicação. Já com as novas contratações do processo seletivo, éramos, se não me engano, uma turma de 23 pessoas, que se alternavam, em uma sala de aproximadamente 10 m2, com o direito de uso, da sala de suporte de tecnologia da informação da incubadora, que deveria ter ou-tros 10 m2. Bons tempos aqueles!

Passado pouco tempo, fomos para um latifúndio, uma sala de 30 m2 e com computadores doados pelo Departamento de Engenharia Elétrica. Estávamos ricos! Infraestrutura já não era mais problema, agora só nos faltava realizar os sonhos. Que sonhos? Todos que coubessem em nossa imaginação. Sonho de ser a melhor empresa júnior do Brasil, sonho de disputar em licitações com as demais empresas de mercado de igual para igual, sonho de aprender tudo o que fosse possível, de ter o nosso CNPJ, de fazer a diferença, seja onde estivéssemos.

Quando entrei na EJ, entrei com a vontade de montar a Unidade de Negócio de Engenharia de Produção; um pequeno detalhe que vale lem-brar é que eu ainda estava no ciclo básico de engenharia, ou seja, nunca tinha feito uma matéria de produção, muito menos lido em profundidade sobre o tema. E lá fui eu, com o meu sonho no coração e a coragem de quem não tem dúvidas do que tem que ser feito, para o Departamento de Engenharia de Produção à procura de um professor orientador para os meus projetos, que ainda não existiam.

E, assim, com uma vontade contagiante, conseguimos nosso profes-sor orientador, professor Leonardo Lustosa, que, mesmo sem saber muito bem como tudo aquilo funcionaria, nos apoiou, nos ensinou e muitas vezes nos conduziu ao estado da arte da engenharia de produção. Bons tempos aqueles!

Um caso emblemático foi a visita que fizemos a uma fábrica de cos-méticos. Quando voltamos da visita e fomos compartilhar o que tínha-mos visto, descrevemos uma fábrica perfeita, comparável a uma indús-tria automotiva alemã. O professor Leonardo, que sabia que para alguns de nós era a primeira vez que pisávamos em um chão de fábrica, foi conosco em uma segunda visita, e então pudemos ter certeza de que

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nos faltava muito conhecimento e que, por outro lado, existia um mer-cado repleto de oportunidades para esse tipo de consultoria. E então a vontade de fazer acontecer aumentou ainda mais. E assim surgiu a área de qualidade da EJ.

Pouco depois fizemos mais alguns projetos na área de produção e então fui indicada para a presidência da EJ. Isso mesmo, indicada! Na épo-ca, não havia processo seletivo, apresentação de plataforma de gestão, nada disso! Havia apenas comprometimento, vontade de fazer certo e ex-pectativa de tempo que a pessoa ficaria na empresa. Na minha opinião, todos éramos presidentes!

Na presidência, um novo mundo se abre! Nossa pauta de reunião era no mínimo curiosa: queríamos dominar o mercado profissional, ter um bom relacionamento com a PUC, ser referência no movimento júnior, ter as melhores práticas de gestão e se possível terminar o trabalho da facul-dade antes das 4h da manhã. Essa era a nossa rotina.

Para tentar dar um pouco mais de foco, marcamos então o planeja-mento estratégico da Júnior de acordo com as metodologias mais moder-nas existentes no mercado. Ficamos dois dias em planejamento, e mais da metade do tempo usamos para tentar definir o que era o tão perseguido brilho nos olhos e a paixão que nos movia. Como transcrever todos aque-les sentimentos, sensações, sonhos e vontades? Como medir o que sequer conseguíamos definir? Eis que surge o “Sentimento EJ PUC-Rio”.

Éramos jovens, arrojados, às vezes até um pouco prepotentes, mas, acima de tudo, éramos sonhadores. Queríamos e nos dedicávamos para ser diferente e fazer a diferença, nunca nos permitíamos estar no lugar comum. Uma busca incansável de um lugar que na verdade nem sabía-mos muito bem o qual era, mas sabíamos que, quando chegássemos lá, seria muito legal.

Um caso emblemático da minha época foi uma licitação da qual a unidade de comunicação participou para assumir e reestruturar a área de comunicação de uma das maiores empresas de revelação de fotos do mercado brasileiro. Apenas para contextualizar, na época mal se falava em máquina digital.

Lembro-me que, em uma das últimas etapas da licitação, a EJ esta-va em clima de final de Copa do Mundo. Todos entrávamos em campo

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juntos, mesmo que às vezes estivéssemos sozinhos na reunião. Era muita vontade para que tudo desse certo, e não apenas o meu ou o seu projeto. Nós queríamos ver o nosso sonho realizado, e meio sonho não era sufi-ciente. A torcida era enorme, a vibração, o envolvimento, o compartilha-mento do sonho eram muito bonitos de se ver e únicos de se viver.

Não levamos a conta, mas tenho certeza que era merecido. A sensa-ção era essa, dávamos o nosso melhor; se ganharíamos ou não, isso fugia ao nosso controle. Mas a parte que nos cabia, nós gabaritávamos! Éramos brilhantes, sempre com orgulho de quem se dedicou e com a ousadia de quem sabe que é bom naquilo que se propõe.

Gostávamos da ousadia, da provocação, não gostávamos da zona de conforto, desafiávamos e éramos desafiados todo o tempo. Mas, ao mes-mo tempo que éramos assim, também éramos responsáveis, arcávamos com a consequência de nossos atos e erros. O caso CP4 exemplifica bem nossa maneira de pensar.

A CP4 foi um projeto malsucedido. De forma resumida, tivemos que contratar outra empresa para entregar o que nós havíamos prometido. Assim como compartilhávamos os acertos, também éramos companhei-ros nos momentos mais complicados. Sem infantilidade, sem melindres, erramos? Agora temos que resolver, simples assim. Essa era a Júnior. O bem maior era a EJ, essa não poderia ser penalizada.

A EJ pode permitir a quem tem interesse e a quem se dedica com co-ragem vivenciar experiências únicas, tanto no aspecto profissional quan-to no pessoal. Experiências que poucos ambientes podem proporcionar com a inocência e o cuidado que a EJ oferece. O conceito de Empresa Júnior é um projeto diferenciado, e o modelo adotado pela EJ PUC-Rio é brilhante. Parabéns aos fundadores pela iniciativa!

Assim foi minha primeira experiência profissional, três anos de uma relação densa e sem muitas regras predefinidas. Em um ambiente corpo-rativo convencional, talvez representasse uma eternidade em volume e intensidade das histórias. Dentre muitos aprendizados, saí da faculdade com a certeza de que engenharia civil não era a minha praia e que consul-toria poderia, sim, ser uma alternativa para minha carreira. Aprendi o que eu gostava muito de fazer.

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Hoje, depois de mais de 10 anos, as histórias ainda são muito reais, a lembrança é muito viva e o gostinho de quero mais, ainda presente. Ficam o orgulho contagiante e a sensação de pertencimento ainda muito forte.

Escrever sobre o “Sentimento EJ”, para mim, é contar histórias, é descre-ver experiências únicas vividas em conjunto, é rever amigos, é ser saudo-sista. É sorrir com o olho cheio de agradecimento! Obrigada, EJ, por tudo!

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Comprometimento é o melhor plano de carreira

Luis Fernando Vabo Jr.*

Foram dois anos, dois meses e cinco dias, ou 26 meses e cinco dias, ou 785 dias, ou 18.840 horas, ou 113.0400 minutos, ou 67.824.000 segundos de dedicação, zelo e amor por esse lugar mágico que chamamos de Empresa Júnior PUC-Rio.

Um lugar que propicia experiências únicas e ímpares. Experiências que pessoas provavelmente só vivenciarão quando tiverem 30 ou 40 anos. Experiências que pessoas provavelmente nunca vivenciarão.

Um lugar em que eu aprendi. Aprendi a aprender. Aprendi a acer-tar. Aprendi principalmente a errar. Errei. Acertei. Amadureci. O Vabo que entrou no auditório do Instituto Gênesis com 17 anos, às 14h do dia 17/10/2003, sem dúvida não foi o mesmo Vabo que, em 22/12/2005, en-cerrou um dos ciclos mais importantes de sua vida.

O tempo passou... e, com ele, cresci. Sofri os dois processos de cresci-mento pelos quais muitos dos empresários juniores também já passaram ou estão passando ou passarão em breve... os dois processos que sempre repetimos e por vezes não nos damos conta de suas complexidades... os processos de crescimento: profissional e pessoal.

* Ex-membro da EJ de 2003 a 2005, tendo sido presidente em 2005. Engenheiro de produção, mestre em administração de empresas, com extensão na EM Lyon Business School, na França. Professor de “Planejamento de Negócios para Empreendedores” para alunos de graduação da PUC-Rio.

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O primeiro é inexorável. O segundo é reativo. O primeiro é bruto. O segundo é delicado. O primeiro nos choca. O segundo não percebemos. O primeiro é notório. O segundo é intangível. O primeiro é claro. O segun-do é imperceptível. O primeiro e o segundo são a marca do empresário júnior, e suas intensidades são diretamente proporcionais a uma palavri-nha básica: vontade!

Explico: a esmagadora maioria dos alunos da PUC-Rio que entram na EJ nunca teve – ou teve pouquíssima – experiência profissional. É na EJ que esses alunos terão a oportunidade de lidar pela primeira vez com o mercado de trabalho, atender clientes, inserir-se em um ambiente empre-sarial, prestar serviços de consultoria, administrar uma empresa, enfren-tar problemas e criar soluções. Assim, logo de cara o membro é exposto a uma situação em que ele naturalmente deve desenvolver-se, pois há uma enxurrada de informações que são passadas logo em seu primeiro mês. À exceção de alguns trainees que saem nas primeiras semanas, todos que entram na EJ sobem rapidamente alguns degraus profissionais nos primeiros dias. Isso é inevitável. É lógico que os degraus subsequentes continuarão sendo subidos a uma determinada velocidade que varia de membro para membro em função de sua dedicação e vontade.

Na EJ tudo é possível, basta pegar e fazer. Basta ter vontade e não medir esforços para realizar.

Já o crescimento pessoal é diferente. Não são todos os membros que conseguem atingi-lo e sua intensidade de alcance é bem menor do que o profissional. Isso porque exige do membro uma capacidade de compro-metimento que, muitas vezes, diante da enorme quantidade de afazeres que cabem a todos, acaba sendo deixado em segundo plano.

A Empresa Júnior PUC-Rio é uma escola. Mais do que isso, ela é uma quebra de paradigmas no sistema universitário brasileiro, visto que pro-porciona benefícios ímpares e únicos a seus membros, à PUC-Rio e à so-ciedade em geral:• Aos membros: crescimento pessoal e profissional.• À PUC-Rio: padrão de excelência com geração de conhecimento e

referência nacional pelo vanguardismo.• À sociedade: representa uma vertente do empreendedorismo, agregan-

do profissionais capacitados ao mercado e agentes efetivos de mudança.

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Gostaria de destacar alguns elementos que considero presentes no Sentimento EJ PUC-Rio com os quais tive contato e aprendi:• O primeiro é o notório “Ninguém mandou que criássemos a EJ PUC-

-Rio”, que faz com que nós, ao mesmo tempo em que temos a enorme responsabilidade pela empresa, saibamos lidar com isso naturalmente.

• A ciência de que, enquanto nós estamos gerindo uma empresa, al-guns de nossos colegas de faculdade “perdem” seu precioso tempo em estágios convencionais e operacionais.

• Nunca se esqueça da capacidade de realização inerente à EJ. Se você quiser algo: pegue e faça. Demonstre sua vontade, seja para ser aloca-do em projeto externo, candidatar-se à diretoria, tornar-se gerente ou meramente sugerir uma melhoria para a empresa. A EJ não o trans-forma, ela lhe dá as oportunidades para você se transformar.

• Reconheça o privilégio de trabalhar com pessoas competentes. Faça amizades verdadeiras. Confie e seja passível de confiança. Aprenda com os erros e escolha pessoas para constantemente pedir feedback.

• Procure transformar fortes ameaças em grandes oportunidades. Essa é uma das capacidades do empreendedor.

• Cuidado com mitos e lendas. Todos possuem pontos fortes e oportu-nidades de melhoria.

• Numa candidatura à diretoria, a apresentação e a proposta represen-tam 10% de importância. Na hora de votar, leve em consideração o perfil do candidato, desde o dia que ele entrou na empresa.

• Faça as aulas da Coordenação de Ensino de Empreendedorismo (CEMP). Vale a pena ver a teoria do que é vivenciado maciçamente por nós na prática ejotaniana.

• Acredite! Não desista! Nós somos jovens! Somos empreendedores! Temos o poder da juventude, do conhecimento e da vontade!

• Cada membro que passa pela EJ deixa sua contribuição. Uns mais, outros menos. Trabalhe para que um pedaço seu fique na empresa. O seu legado deve ser uma de suas principais preocupações, afinal, 90% do que fazemos na EJ é plantar uma semente para a geração seguinte colher.

• A EJ é maior do que eu, do que você, do que todos. Essa é principal força de nossa empresa. Independentemente de quem esteja mo-

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mentaneamente sendo membro, as melhores decisões serão toma-das e diversas luzes no fim dos túneis serão acendidas.

• Aproveite o seminário. É o momento de maior assimilação de nossos valores e cultura organizacional.

• Lembre-se de que na EJ tudo é cíclico. Quem está há mais tempo deve ter paciência quando os mais novos quiserem assinar uma revis-ta para a empresa, ou descobrirem que quase ninguém vai à empresa de manhã (vamos fazer uma escala de horário?), ou dizerem que falta transparência na diretoria. Os que estão há menos tempo devem ter a humildade de entender que, muitas vezes, as soluções milagrosas que imaginam já foram pensadas, repensadas, testadas e retestadas inúmeras vezes pelos mais antigos e que somente o diálogo pautado pelo binômio paciência-humildade fará com que todos cheguem a um denominador comum.

• No final, tudo acaba bem se, e somente se, nos empenharmos para isso. Não deite em berço esplêndido. Lute por aquilo em que acre-dita.

• Honre o Sentimento EJ PUC-Rio e não se esqueça de sempre tentar aliar o comprometimento com a EJ com as outras partes de sua vida.Digo sem medo que a PUC-Rio valeu a pena para mim principalmen-

te por causa da EJ e de todo o ecossistema empreendedor com o qual tive contato durante a graduação. Além dos conhecimentos que são assimi-lados de imediato, existem aqueles que funcionam como uma semente que é plantada em nós e da qual só vamos nos dar conta muito depois.

Seis anos depois de ter saído da EJ, tive a oportunidade de retornar ao Instituto Gênesis para incubar minha empresa, para em seguida ingressar no quadro de professores de empreendedorismo da PUC-Rio e me tornar orientador da EJ. Mais do que uma oportunidade, é um verdadeiro privi-légio poder contribuir para a formação das próximas gerações de jovens empreendedores e empresários juniores.

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A Empresa Júnior como um diferencial na vida e na carreira do aluno da PUC-Rio

Bruno Waked Duarte* e Gabriella Dourado**

A Empresa Júnior é, sem dúvidas, uma das melhores atividades extracurricu-lares que se podem experimentar na Universidade. Soma ao estudante não apenas vivência profissional, mas valores e valiosas descobertas pessoais.

Tendo entrado recentemente no mercado profissional, é muito fácil notar a vantagem competitiva que temos em relação aos outros jovens profissionais devido ao aprendizado adquirido na EJ.

Em primeiro lugar vem a autoconfiança adquirida. A empresa júnior, em especial a Empresa Júnior PUC-Rio, não é fácil. É preciso ler muito, es-crever muito, estudar muito, conversar muito, enfim, suar muito. Toda essa dedicação e esforço são recompensados com o reconhecimento do mer-cado de trabalho.

No caso de o ex-EJ querer abrir sua empresa ou ingressar no mundo das startups, o caminho é muito fácil. Na EJ, por estarmos em constante contato com o ecossistema empreendedor, é bem provável que o aluno encontre futuros sócios ou mentores no caminho e já comece a desen-volver sua empresa. Mas quando a escolha é o ingresso no, digamos, mer-cado tradicional, é um pouco diferente. O nome “Empresa Júnior” ainda

* Estudante de engenharia de produção. Foi presidente da EJ em 2012.

** Estudante de publicidade. Ex-membro, foi diretora da Agência de Comunicação da EJ em 2012 e 2013.

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não é muito conhecido (porém, isso está mudando rapidamente), mas a postura com que se consegue levar uma entrevista ou uma experiência de trabalho sem dúvida impressiona o entrevistador.

De toda forma, a preparação intensa e a cultura intelectual adquiridas na EJ por si só já são o suficiente para gerar uma autoconfiança (sem per-der a humildade) no jovem.

Em seguida vem a capacidade de trabalhar bem em equipe. Na EJ, tem-se pela primeira vez (para a maioria, pelo menos) uma real experi-ência interdisciplinar de trabalho. Alunos de cursos diferentes da PUC-Rio interagem num mesmo ambiente de trabalho, para os mesmos clientes, nos mesmos projetos. E têm que trabalhar em conjunto. O trabalho de um influencia o do outro. O sucesso de um depende do sucesso do outro. E os dois acabam aprendendo não só a lidar com o colega, mas a trocar com ele, a ensinar para ele e aprender com ele. Os melhores trabalhos são aqueles em que se enxerga o problema do cliente sob perspectivas diferentes. Dessa forma fica muito mais fácil pensar na melhor forma de atacá-lo.

Outro fator importante é o contato com o cliente. Na EJ, lidamos com clientes de vários portes e backgrounds. Mas tratamos todos com extre-mo profissionalismo e respeito. Entendemos que, em uma empresa de serviços, a satisfação do cliente é nosso ativo mais valioso e passamos a trabalhar para a sua empresa como se fosse a nossa. Quando o empresário júnior ingressa no mercado de trabalho, enxerga seus clientes de uma for-ma diferenciada. Entende que eles são parceiros, são uma fonte de apren-dizado. Trabalhando em conjunto com o cliente (e não para o cliente), o empresário júnior aprende e cresce junto com o projeto.  

E o mais notável de todos esses valores que a EJ cultiva em seu mem-bro é o sentimento de dono. Chega a ser um pouco constrangedor e frustrante como muitos jovens que integram o mercado profissional de alta capacidade entram sem o mínimo espírito empreendedor. O mal da mentalidade de funcionário ainda impera na grande maioria das empre-sas, e isso acaba por limitar os “contratados” a realizar apenas o que lhes é mandado, sem se preocupar com o todo.

Dessa forma, o ex-empresário júnior destaca-se com facilidade sim-plesmente por pensar na empresa como se fosse sua. Isso se traduz nos

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feedbacks sinceros e construtivos (surpreendentemente raros no ambien-te tradicional de trabalho), no cuidado com o contato com clientes, na preocupação com o clima organizacional e a produtividade de trabalho, na busca incessante de inovação e excelência, no aprendizado contínuo e na maneira como fala do seu trabalho para os amigos e conhecidos. Sim, porque, quando se sente dono de uma empresa, você passa a se preocupar com a imagem que ela passa para o mercado. Fica feliz quando alguém fala bem e proporcionalmente triste quando alguém fala mal.

Além disso tudo – como se já não fosse suficiente –, a EJ propor-ciona uma incrível descoberta pessoal ao aluno. Ao mesmo tempo que descobre pessoas incríveis de várias áreas, aumentando sua consciência da importância do trabalho em equipe, ele passa a enxergar o enorme potencial que há dentro de si para mudar a sociedade. É um sentimento misto de autoconfiança e humildade, que constrói uma base para que o ex-empresário júnior enxergue de outra forma suas futuras venturas pro-fissionais e pessoais.

O ex-empresário júnior ganha uma noção muito mais clara do que é o trabalho na sua vida, da importância de se trabalhar feliz, com o que gosta, dos valores que carrega e quer carregar para a frente.

A EJ é um dos poucos lugares em que um jovem tem a chance verda-deira de desenvolver suas capacidades de liderança. Ter que gerir outras pessoas, com suas dificuldades, suas diferentes capacidades técnicas, suas individualidades e até mesmo seus temperamentos é uma das experi-ências mais incríveis e um dos aprendizados mais importantes da vida. E poder experienciar isso aos 20 anos traz uma bagagem indescritível e incomparável.

Na nossa experiência de EJ, já tivemos que demitir amigos. Uma ex-periência nada fácil, devemos admitir. Foi tenso e sofrido. A relação inevi-tavelmente fica um pouco abalada. Mas isso é passageiro. O aprendizado da experiência, por outro lado, é eterno. Para os dois lados. Não é fácil ser demitido por alguém de 20 anos – “Quem ele acha que é? Acha que é melhor que eu?” –, assim como não é fácil demitir – “Não sou melhor que ele, por que o estou desligando?”. Mas o processo ensina.

Por último, mas não menos importante, vale ressaltar, ainda, que a experiência de Empresa Júnior não é maravilhosa para todos. Nem todos

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saem amando a EJ. Nem todos se integram rapidamente no mercado de trabalho. É evidente que uma empresa feita e gerida por alunos vai ter defeitos. Ora, esse é objetivo dela. Se fosse perfeita, ninguém aprendia. Essa é a beleza da EJ.

Mas, mesmo para essas pessoas, a EJ contribuiu positivamente para a sua formação. Por mais que a experiência tenha sido, de forma geral, talvez ruim para elas (seja por alguma decepção com o comportamen-to de um colega, seja por algum mau desempenho em um projeto, seja simplesmente pela falta de afinidade com as áreas de atuação da EJ), isso ensinou ao aluno alguma lição. E os valores da EJ – que, como já foi dito, vão além do profissional – mantêm-se para a vida.

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Realização é meio: um breve ensaio a partir do “sentimento EJ”

Leandro Jardim*

Trabalho é inspiração

Consta que Picasso, esse grande gênio do século passado, teria dito que não lhe era possível ter controle do momento em que a sua inspiração aparecia. O melhor que podia fazer, então, era garantir que estivesse tra-balhando no instante em que ela surgisse. Tomo de empréstimo esse pensamento para iluminar um pouco o que é o Sentimento EJ para mim: a realização como veículo para a criatividade, fazendo, assim, o que me parece ser uma potente inversão no que seria o senso comum.

Nesse sentido, quero explorar, pela minha experiência, a ideia de que ser um EJ, um empresário júnior, é colocar o fazer antes tudo. Mas antes do quê? Ora, antes de se obter um conhecimento pleno sobre o tema a ser trabalhado (talvez, até, reconhecendo um viés utópico em tal ideia). Antes de alguém pedir ou comandar uma tarefa. Antes de ter certeza se é mes-mo por ali o caminho, mas seguro de que – caso não o seja – haverá sem-pre um desvio ou retorno mais à frente, e a possibilidade de recomeçar. Porque o EJ faz alguma ideia, sim, da trilha a seguir. Consulta mapas, GPS, é empolgado, inclusive, com as novas tecnologias. O que lhe falta, apenas,

* Publicitário, professor, consultor, escritor e compositor. Publicou livro de contos, de poesia, e lançou disco. Possui composições com outros artistas e é blogueiro da “Elefantes na Varanda’”. Blog: leandrojardim.blogspot.com. Foi gerente de comunicação e diretor de clientes da EJ de 2001 a 2002.

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é o conhecimento a fundo, a prática, uma vivência sobre os tais caminhos. Unicamente porque nunca os percorreu. Ainda. Pois o que caracteriza um EJ é que ele avança mesmo assim. Não que seja um bravo excepcional, um destemido acima de tudo. Também não seria justo supor nele algum talento extraordinário. O empresário júnior simplesmente transforma a adrenalina do medo, que também sente, em dedicação extra. Em ação proativa, mas resguardada por uma aplicação, esta, sim, acima da média. E talvez seja isso o que transforma sua atitude profissional definitivamen-te. Em outra palavra, o comprometimento. Pois, no fim, mais do que um jovem profissional valorizado pelo mercado, ele conclui sua experiência na Empresa Júnior tornando-se um profissional muito valorizado por si mesmo, conhecedor de suas dificuldades e méritos. 

Homo faber

Podemos pensar também que o empresário júnior, de certa forma, vive – a seu modo, claro – a antiga ideia do Homo faber, o homem como criador. Em nosso caso, o homem como realizador. Isto é, o próprio construtor do mundo em que vive e de seu crescimento dentro dele. O construtor, em si, dos desafios para os quais se vislumbra capaz e motivado. Pois entende que é o homem que faz. E, como tal, se põe a fazer, venha o que vier. Torna natural esse raciocínio. É quando a realização passa a ser percebida por ele como um meio, e não um fim em si mesma.

Realização é meio

Tomemos, então, o conceito proposto anteriormente, se me permitem, como mola motora para a condução dos temas e pensamentos que pre-tendo abordar brevemente neste texto. E cuja fagulha, espero, tenhamos acendido.

Para o EJ, realização é meio. Mas meio para quê? Um veículo para a criatividade, por exemplo, como concluímos a partir de Picasso. E mais. Tra-balhar como jovem consultor, para citar outros exemplos, pondo em prá-tica os conhecimentos da sala de aula; atender clientes exigentes e cobrar por isso; desenvolver produtos e serviços úteis a partir de uma suada cria-tividade; sacar da caixola resoluções para pepinos criados pela falha alheia;

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em suma, tudo isso junto constitui um natural estímulo para a inovação: a necessidade de encontrar soluções novas rapidamente. Ou seja, um meio também para a tão estimada inovação. Essa que é a principal matéria-prima dos novos negócios. Mas isso não é tudo. Se retomarmos aquele jovem a ex-plorar caminhos ainda desconhecidos, usando sua apreensão como motivo para se dedicar acima da média, descobrimos a realização também como veículo para a responsabilidade. E com isso reunimos, enfim, as competên-cias que formam o empreendedor. Esse agente de mudança da moderna democracia capitalista. Sua capacidade de realizar, inovar e ser responsável pelos novos negócios que resultam de sua criatividade.

Como prometido, sigamos agora detalhando alguns desses princi-pais aspectos.

Para além da aula

A sala de aula é uma das grandes invenções da humanidade. E sobre ela se edificaram escolas, cursos e universidades. Tais instituições transformaram o mundo, e continuam a fazê-lo. Na esteira desse processo, edificaram-se milhões de pessoas, o conceito de sociedade se aprimorou (ainda pode ir além, claro) e tecnologias revolucionárias foram boladas.

Ao longo do tempo, presumo, quando as potencialidades da sala de aula já eram exploradas quase ao seu limite, começaram a ser percebi-das algumas limitações desse formato. A teoria ministrada em aula pedia para ser vista na prática. Pode ser, também, que esse fenômeno não tenha ocorrido de forma tão consecutiva, mas, sim, em paralelo. Teríamos com isso, uma narrativa em que os grandes mestres nunca se contentaram em apenas “falar sobre” e buscaram incessantemente mil maneiras de “mos-trar funcionando”. Enfim, de um jeito ou de outro, surge nesse âmbito o laboratório experimental. Casos, representações, exemplos, modelos, si-mulações, ensaios. Incontáveis maneiras de emular a experiência que sur-giram da criatividade e do comprometimento dos melhores professores.

O alerta desagradável

A utilidade e os benefícios dessa possibilidade de se testar laboratorial-mente são, claro, infinitos. Todos que já fomos alunos algum dia podemos

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testemunhá-lo. Entretanto, quando paramos um pouco para divagar so-bre esse assunto, é difícil que não nos venha à lembrança também aque-la pessoa pretensamente mais experiente, e chata, sempre pronta para cortar nossas empolgações, ofertando aquele terrorismo barato e apoca-líptico em que se diz “na vida real as coisas não são assim tão simples”. E repetidamente com essa expressão, “vida real”, que visa a desqualificar o deslumbramento do aprendiz, rotulando-o como se fosse alguma inocên-cia digna das novelas televisivas.

É duro admitir, mas, quando se põem os pés no mercado de trabalho, percebemos que havia algum fundo de razão naquele alerta desagradá-vel. Razão essa que pode derivar de diversos aspectos. Desde contas ma-temáticas, que na prática são feitas de maneira incrivelmente distinta (e possivelmente menos científica), até a ascensão profissional, que muitas vezes decorre menos do mérito ou competência do que do jogo políti-co. Isso porque, evidentemente, além da excelência técnica ou teórica, há inúmeras outras questões que interferem em nosso rendimento profissio-nal. O mundo é multidisciplinar. Ele traz, a reboque, questões humanas, vícios setoriais, problemas de liderança, mercado, finanças, clientes, enfim. Assuntos demais para que cursos universitários deem conta sozinhos em suas grades e laboratórios.

O mito do profissional pronto

Nessa mesma toada, me parece, foi caindo o velho mito de que o profis-sional só estaria pronto quando completasse o curso universitário. Ora, se mesmo em alguém graduado e pós-graduado ainda é possível perce-ber significativas lacunas de formação, perdeu o sentido desqualificar de todo um profissional que ainda esteja no meio do processo de gradua-ção. Até as escolas já começaram a perceber esse aspecto. Não existe tal coisa como estar pronto em definitivo, um profissional completo. Caberá sempre ao mercado a função de aprimoramento profissional, num ciclo que os estudiosos da área de qualidade há muito chamam de “melhoria contínua”. 

Nesse sentido, faz-se a pergunta, por que então não antecipar a en-trada do profissional no mercado? 

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O foco no mercado

Foi dessa quebra de paradigma que surgiu, portanto, ainda em 1967, na França, a ideia da empresa júnior. Uma organização que nasce para ofere-cer ao graduando, já antes de se formar, a vivência de mercado. Portanto, uma empresa júnior será mais potente o quanto mais for capaz de promo-ver essa experiência real de mercado. É um lugar em que urge o confronto da teoria com a prática. E, mais do que isso, é espaço para deixar de lado todo o traço ficcional das experimentações para antecipar a entrada na famigerada “vida real”.

Nesse sentido, a Empresa Júnior PUC-Rio se destaca entre as demais. Primeiro por ter sido pioneira na multidisciplinaridade. Em geral, cada cur-so universitário tem sua EJ. Mas, na PUC-Rio, toda iniciativa desse tipo se reúne na Empresa Júnior PUC-Rio, com seu escopo amplo, variada gama de produtos e serviços e intercâmbio constante entre alunos de diversas formações e perfis.

Entretanto, ela se destaca mais ainda pela prioridade que dá ao foco no mercado. Enquanto as demais empresas juniores ainda têm um paradigma muito atrelado à priorização do aprendizado, evitando maciçamente o pa-gamento a seus membros, a Empresa Júnior PUC-Rio acredita que a ênfase deve ser o mercado. Ou seja, trabalha com metas e indicadores de cresci-mento financeiro e estimula a remuneração variável de seus membros com base na quantidade de projetos e preços que consegue praticar.

Polêmica

Aqui cabe uma ressalva, um tema polêmico. As empresas juniores deba-tem, principalmente, a questão da remuneração dos membros desde que se entendem como tal. A EJ PUC-Rio sempre foi uma das poucas defen-soras desse foco no mercado e na remuneração dos empresários juniores. Boa parte daqueles que vêm de outras EJs discorda. Mas quem passou pela Empresa Júnior PUC-Rio sentiu na pele os efeitos positivos e enrique-cedores disso. Ninguém ficou rico na EJ, claro, nem chegou perto disso. Mas muitos se tornaram empreendedores cujo grande potencial o mer-cado comprovou. A isso atribuímos o fato de que, embora juniores, foram

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desde o início verdadeiros empresários, com seus ônus e bônus, sempre em busca do ganho. Ganho que nunca é apenas financeiro. Na verdade, que acaba sendo o inverso na maioria das vezes.

Aquele que realizou

Retomando, vale lembrar que vínhamos tratando da realização como veí-culo agora para o aprendizado. Mas uma realização que precisa ser plena. Como o próprio nome sugere, o mais próximo possível do real. Ou seja, não é o caso de se exercitar a consultoria, e, sim, de praticá-la verdadeira-mente, com todos os desafios, ganhos e responsabilidade que isso impli-ca. Desde suas estratégias comerciais até execução, entrega, adequação às imposições de clientes exigentes, faturamento, lucro e remuneração da equipe envolvida. Isto é, sendo uma verdadeira pequena empresa, com tudo aquilo que se espera dela.

Assim, quando um ex-empresário júnior recebe em mãos o seu di-ploma da graduação, todos valorizam os méritos acadêmicos que ele con-quistou. Entretanto, ele sabe, e sente, que sua experiência universitária foi maior do que isso. Mesmo que os outros não percebam, ou que seu di-ploma não o reflita explicitamente, ele está transformado pela experiência de ter sido profissional antes da formatura. Foi empresário, ou até mesmo um presidente de empresa. Foi líder, gerente, passou por um processo se-letivo e, mais que isso, organizou seleções, teve que contratar, entrevistar, avaliar dinâmicas, eventualmente até demitir (embora o termo oficial não seja esse). Ou, ainda, precisou virar noites e finais de semana para com-pensar o erro de algum colega equivocado, talvez para cumprir os sempre apertados prazos.

Nesse instante, possivelmente ainda durante a cerimônia, ele terá percebido, gratificado, o retorno que obteve de tudo isso. Seja pela satisfa-ção de seus clientes, pelo recorde de faturamento da empresa, ou mesmo pelo que comprou com sua remuneração. Mas, principalmente, por tudo aquilo que aprendeu sem que ninguém o tivesse ensinado. E que não esquecerá. Porque agora o constitui.

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Uma empresa singular e comum

Até aqui, procurei demonstrar que o foco no mercado – e essa é uma expressão cara aos membros e ex-membros da Empresa Júnior PUC-Rio – é a maneira de explorar ao máximo o sentido da realização como meio. Para aprender, criar, crescer. Por “foco no mercado” entenda-se atuar o má-ximo possível como uma empresa comum, enfrentando os desafios que a tal “vida real” impõe, conhecendo os benefícios e as armadilhas da busca pelo lucro ou recompensa financeira e, ainda, assumindo as duras respon-sabilidades que decorrem dessa postura.

Liderança

Pode parecer presunção, mas ser um empresário júnior é, sim, ser um lí-der precoce. Mesmo que não se esteja tão preparado para tal. Ao entrar na Empresa Júnior, uma vez vencido o período de experiência ou trainee e garantida a efetivação como membro, é uma mera questão de tempo, e normalmente bem pouco, até que uma responsabilidade mais séria se im-ponha. Ainda jovem e pouco experiente, o EJ vai logo gerenciar um projeto. Pouco depois, com as experiências se concluindo dentro do esperado, ele vai se tornando agora responsável por um cliente, e por uma equipe, mais adiante por um departamento ou gerência da EJ, diretoria, podendo che-gar até a presidência. Essas carreiras meteóricas muitas vezes transcorrem em períodos de 18 meses, tempo em que, de maneira intensiva, estagiários dedicados e atentos se tornam responsáveis por liderar uma trupe ainda mais jovem e inexperiente. E tudo isso não é simplesmente um ensaio ou uma dinâmica proposta por um professor. É uma experiência de liderança real. Porque haverá os estagiários abaixo, novas pessoas a selecionar, metas a defender perante os inúmeros steakholders. Há o comprometimento de muita gente, o nome da Universidade e consideráveis somas de dinheiro envolvido. A coisa é séria. E é por isso que gera também muito estresse. Faz parte. Porque, além de tudo, ainda é preciso conciliar com as exigên-cias acadêmicas da graduação. Mas é um sofrimento que estimula um olhar novo, amadurece a percepção, e, ao final, constrói aquele profissional mais confiante e consciente de suas limitações e potencialidades.

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Meio para o desenvolvimento da responsabilidade

E é aí, no tamanho dessa responsabilidade, que mora a polêmica mencio-nada alguns parágrafos antes. Há quem julgue que ela é demasiada, que o estudante precisa ter a chance de errar sem mais graves consequências. Nessa visão, quando remunerações e preços mais altos começam a entrar em jogo, essa possibilidade do erro é retirada do empresário júnior. Co-brou, agora tem que entregar. Mas e se ele não for capaz? Na Empresa Jú-nior PUC-Rio acredita-se que essa responsabilidade é justamente um dos principais aspectos que possibilitam o rápido amadurecimento. Assim, se um jovem não for capaz de entregar o que vendeu, terá que encontrar algum jeito. Vai pedir ajuda. Quiçá pagar por ela, e amargar um prejuízo.

Mas o fato é que pode haver casos ainda mais graves, como o aban-dono de projeto, por exemplo. Os processos seletivos não são perfeitos, nem todo membro se compromete como o esperado. O que acontece nesses casos? Ora, a empresa tem que assumir. Outros membros terão que entregar o valor vendido, mesmo que não recebam por isso. Porque há o nome de uma empresa e uma universidade a zelar.

É quase folclórico hoje, ainda que totalmente real, o ano em que o presidente da época convenceu todos os membros da Empresa Júnior PUC-Rio a trabalhar sem receber por meses a fio, justamente para pagar uma multa, em resposta a um processo jurídico que ameaçava fechar a empresa. Tudo pelo erro de alguns poucos. A bravura e o empenho da equipe dessa época faz ressoar de orgulho o peito dos membros até hoje.

A responsabilidade como meio para o empreendedorismo

O que esperar desse profissional? Se olharmos individualmente, é impre-visível, claro. São pessoas distintas. E experiências que, por mais equiva-lentes que pareçam, se refletem de modo variado e impactam de formas diferentes em cada um. Por outro lado, se procurarmos as semelhanças, acredito que elas convergem na atitude perante os desafios. O ex-empre-sário júnior, em grande parte das vezes (e muitas empresas reconhecem isso, valorizando tal profissional), é um empreendedor dentro da área que escolheu.

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Na lista de alumni da Empresa Júnior PUC-Rio (grupo de ex-mem-bros), que eu pessoalmente mantenho, temos inúmeros empresários bem-sucedidos, profissionais ainda jovens já em escalões altos de gran-des empresas, consultores independentes e gerentes de projetos em multinacionais. Mas temos também artistas, professores, profissionais do mercado financeiro e freelancers também, só para citar alguns exemplos. Em comum, eles veem no comprometimento com o valor a chave para o sucesso de suas empreitadas.

Empreendendo um mundo sempre novo

Para, enfim, concluir, vale lembrar que a graduação é uma etapa cada vez menos definitiva na carreira de um profissional. E digo isso também por experiência própria. Escolhe-se muito jovem o curso para o qual se pres-ta vestibular. E, muitas vezes, conclui-se a graduação ainda bem novo. A partir disso, é comum que novos rumos sejam tomados. Logo advém uma ampla gama de cursos de pós-graduação, dos acadêmicos aos empresa-riais, dos presenciais aos a distância. As possibilidades e oportunidades de trabalho se multiplicam exponencialmente, o perfil dos profissionais é cada vez mais multidisciplinar, novas profissões e formas de trabalho surgem a cada instante.

Acredito que o profissional que passa pela Empresa Júnior é mais pre-parado para essa dinâmica do mundo que, como se sabe desde o samba da Velha Guarda da Portela (de autoria de Alvaiade), “se renova todo dia”. Simplesmente porque a passagem pela EJ desenvolve esse perfil multidis-ciplinar, essa autoconfiança para enfrentar o novo, o gosto pelo desafio e um entendimento de que, em última instância, somos sempre empresá-rios de nós mesmos.

Ou, para os mais românticos, como eu, somos os artistas cujas telas ainda em branco são as etapas da nossa carreira a serem pintadas futura-mente. Pincel e tinta à mão, já não precisamos ser Pablo Picasso para saber que a inspiração nos encontrará onde quer que seja, desde que estejamos realizando. Independentemente do quê. Porque isso já é com você.

Realização é meio: um breve ensaio sobre o “sentimento EJ”

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Inovação, um elixir da juventude:você, a Empresa Júnior e essa experiência singular

Guilherme Lito*

Minha vida na Empresa Júnior, apesar de totalmente particular, foi muito parecida com a vida de centenas de outros que por lá passaram. Entrei sem experiência nenhuma, me apaixonei pelo propósito e pelas pessoas da empresa, me apaixonei de novo quando conheci os pequenos empre-endedores (clientes) que tanto trabalham para transformar o nosso Bra-sil, e, nesse processo de me apaixonar e ajudar quem transforma, o que aconteceu é que eu fui verdadeiramente transformado. De um menino que sonhava em trabalhar com o pai e tinha medo do famoso mercado de trabalho, acabei me tornando uma pessoa muito mais consciente do meu papel na sociedade, dentro de casa e na vida como um todo. Muito mais do que me formar um profissional, foi na EJ que eu me tornei um cidadão engajado. Uma pessoa que, ao invés de apontar falhas, terceiri-zando as razões pelas coisas não terem acontecido, via o que podia ser feito para evoluir, uma pessoa que, ao invés de perguntar por que as coi-sas não eram diferentes, se engajava em fazer o viável, uma pessoa que entrou achando que as respostas estavam nos processos, nos métodos, nos livros e que acabou descobrindo que a resposta está no brilho dos olhos das pessoas. 

* Engenheiro de produção. Sócio da Luz Lab Ideias Ltda. Membro a partir de 2009, foi presidente da EJ PUC-Rio em 2010.

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Sentimento EJ: 18 anos de história da Empresa Júnior da PUC-Rio

O que falar da nossa experiência na EJ, que em dois anos cresceu por volta de 80% seu faturamento, batendo recorde de satisfação dos clientes, projetos realizados, faturamento por membro, entre outros? Além de uma profunda gratidão que sinto por todo o ambiente que nos foi propiciado, a verdade é que isso tudo de que tanto se fala é o de menos. Isso é o que dá para medir, e, por mais que o que não se mede não se gerencia, não é necessariamente só o que se mede que é valioso. Estamos migrando socialmente de valores quantitativos para valores qualitativos. Quando globalmente entendemos que não é o PIB que diz se um país está bem, será que são apenas esses valores superficiais como faturamento que im-portam? Digo com profunda sinceridade que o mais relevante para mim foi o processo de transformação de cada pessoa ali dentro. O que mais me orgulha e me faz ficar arrepiado não são os gráficos, mas as conversas com as pessoas que trabalharam comigo e que hoje são apaixonadas não só pelo trabalho, mas pela vida, que entenderam na EJ que a vida é muito curta para ser irrelevante e que nosso papel na sociedade é muito maior do que nos vendem nas salas de aula e muitas vezes até em casa e na es-fera social de nossas vidas. Foi também na EJ que encontrei grande parte dos meus sócios, foi lá que encontrei grandes amigos que mantenho até hoje, foi na EJ que perdi boa parte da minha ingenuidade, e, ao mesmo tempo e ironicamente, que comecei a acreditar na humanidade. Foi a EJ que confiou em um garoto que não sabia nada de nada e que tocava vio-lão por aí e lhe ensinou que o mundo estava mudando radicalmente. Foi a EJ que me expôs a centenas de empreendedores, me apresentou pessoas que eu admiro e honro tanto, que me abriu inúmeras portas. Imagine só, desafiante essa tarefa de tentar dizer em palavras o que só se pode enten-der inteiramente quando vivido na prática.

E nós que já passamos por lá, o que somos? Um grupo de e-mail com bons contatos? Profissionais com boas indicações? Não, isso seria muito pouco. Somos uma comunidade que acredita que pode mudar as coisas e que age de diversas maneiras. Uns mais silenciosamente, outros fazendo mais barulho, uns empreendendo em conjunto, outros abrindo startups tecnológicas e sociais. É essa pluralidade de funções que nos torna resi-lientes e é o propósito único de fazer a diferença que nos une. A EJ é acima de tudo um berço de líderes, uma incubadora de cidadãos. 

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Mas o mais interessante disso tudo é que no final das contas a EJ em si não garante nada. O que faz a EJ é quem está lá dentro, e, da mesma for-ma que se pode formar um ambiente empreendedor, pode-se construir um ambiente burocrático. Na mesma medida em que podemos dissemi-nar valores éticos, podemos agir sem valor algum. Neste sentido, pode-mos formar comunidades, podemos gerar separação. 

Então, o que resta após esses 18 anos? Resta um organismo que não para de mudar e que, mesmo que muitas vezes aparentemente cometa os mesmos erros do passado, mesmo que volte a organogramas e estru-turas que não funcionaram, mesmo que faça os mesmos projetos, na ver-dade nada disso é o mesmo. Assim como o mesmo homem não atravessa o mesmo rio duas vezes porque nem o homem nem o rio são os mesmos, na EJ nada se repete. Por mais que achemos importante compararmos um ano com o outro para saber se deixamos um legado e se consegui-mos e em quais aspectos melhoramos a empresa, no final das contas o que resta é o processo individual de cada um dentro da empresa. Não é a empresa que você deixou, mas quem é você após ter deixado a empresa que conta.

Falar da EJ e da experiência que tivemos dentro dela faz o coração de qualquer ex-membro bater mais forte. Nesses 18 anos, desde que os alunos “piratas” resolveram utilizar um orelhão e uma mesa de xadrez para empreender até agora, quando já temos uma infraestrutura com salas, computadores, conselho, centenas de projetos realizados etc., podemos dizer que todas as experiências foram qualquer coisa menos “júnior”. Até quando nossos erros foram cometidos por falta de experiência, garanto que para muitos o aprendizado certamente foi de adulto. E agora, com-pletando 18 anos, por mais que seja sedutor acharmos que somos maio-res de idade, desejo também que o “Júnior” no nosso nome ainda tenha relevância no nosso dia a dia. Que o termo signifique essa coragem de se manter inocente e questionador, de constantemente mudar e acreditar no improvável, de gostar de meter a mão na lama e inovar e depois rir das experiências que passaram, de, enfim, saber que a cada novo dia há uma nova empresa e um monte de pessoas apaixonadas fazendo de tudo para que ela gere cada vez mais aprendizado e valor para todos os que interagem com ela.

Inovação, um elixir da juventude: você, a Empresa Júnior e essa experiência singular

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Sentimento EJ: 18 anos de história da Empresa Júnior da PUC-Rio

Aos que já passaram lá antes de mim e aos que estavam comigo, honro toda a contribuição, dedicação e amor; aos que continuam e aos que ainda virão, desejo muito carinho, cuidado, boa sorte e que saibam que existe uma grande comunidade que fará de tudo para que o sonho continue vivo e júnior, sempre!

Para o alto e avante!

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Os orientadores contam alguns “causos” da causa

Depoimento de Cesar Salim*

Pode-se dizer que a Empresa Júnior PUC-Rio está completando, neste ano de 2013, a sua maioridade, pelo menos se considerarmos seus 18 anos de existência.

Vamos refletir um pouco a esse respeito: sua fundação foi na metade dos anos 1990. Nessa época, o mundo havia mudado bastante: o muro de Berlim já havia caído e a crença no socialismo soviético como uma esperança de mudança levando países a um planejamento centralizado já havia se desfeito, e a guerra fria, terminado.

Os jovens viam o mundo com uma perspectiva que lhes era trazida pelo empreendedorismo: poderiam sonhar e realizar seus sonhos, quer para criar novas empresas para trazer a inovação, quer para desenvolver um projeto social capaz de melhorar a condição de vida de grupos impor-tantes de uma cidade.

Compreendiam os jovens que seria necessária uma preparação me-lhor para enfrentar todos esses desafios: a Universidade não lhes ensina-ria tudo, e parte do seu conhecimento da vida real das empresas deveria ser adquirida pelo seu esforço pessoal. A Universidade poderia apoiar e orientar.

* Engenheiro eletricista, mestre em ciências de computação/informática, advogado, foi profes-sor do curso de Engenharia de Computação da PUC-Rio, é consultor de empresas e diretor da CSS Informática Ltda. Ex-professor do, Centro de Empreendedorismo da PUC-Rio e orientador da EJ desde 1999.

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Sentimento EJ: 18 anos de história da Empresa Júnior da PUC-Rio

Os jovens resolveram, então, criar as empresas juniores, e a nossa, na PUC-Rio, foi talvez o mais brilhante exemplo de sucesso desse movimen-to. O empreendedorismo que se instalou na PUC-Rio através do Instituto Gênesis adotou a Empresa Júnior, que se associou ao empreendedorismo por compreender que era esse o seu caminho e sua metodologia.

Em pouco tempo veríamos jovens que entraram para a Empresa Júnior correr atrás de possíveis clientes e pedir conselhos aos professo-res sobre como estruturar uma proposta de projeto para atender ao que esses clientes necessitavam para desenvolver suas empresas. Depois de conseguir vender os primeiros projetos, compreenderam que era preciso um esforço grande para entregá-los e receber não somente o dinheiro que cobraram, mas também o sorriso de satisfação de seu cliente, muitas vezes representado pelo pedido de um novo projeto.

Esse ciclo passou a ser trabalhado e cada vez mais estruturado pelos jovens da PUC-Rio. Havia ainda um problema: os membros da Empresa Júnior lá ficavam cerca de dois anos, e isso significava que o turn-over era alto, que era necessário preparar a nova equipe que iria assumir a empresa ao mesmo tempo que se atendia a clientela.

Essa clientela ia aumentando a cada ano, e os métodos de trabalho iam se aperfeiçoando: o resultado foram os prêmios que nossa Empre-sa Júnior começou a ganhar. Num dado momento, conversando com o presidente no dia em que a Empresa Júnior recebeu a maior premiação do estado do Rio de Janeiro, constatamos que não havia mais nenhum prêmio que pudesse ser dado para a Empresa Júnior.

No entanto, não podíamos pensar em descansar: havia necessidade de buscar mais horizontes e treinar a equipe da Empresa que iria subs-tituir a de então, que estava já em seu período de saída. Na Empresa Júnior não se pode parar, e pude constatar que muitas de suas equipes, em todas as épocas, trabalhavam mesmo nas férias e até nas épocas de provas.

Nossos alunos da PUC-Rio compreendem que a Empresa Júnior é um lugar especial, em que você aprende a abordar um possível cliente. Des-cobre como, através de um projeto, agregar valor à empresa do cliente, aprende a planejar e a executar esse projeto de ponta a ponta, usando as competências da equipe de que dispõe. Aprende-se, ali, a cobrar do clien-

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te e a conseguir um obrigado ao final do projeto. Será que existe melhor estágio do que esse?

Trabalhamos muito inspirados em um ideal, e os ex-presidentes não deixam de apoiar a Empresa Júnior, mesmo depois de muitos anos de for-mados. Esse reconhecimento de que a Empresa Júnior foi essencial para sua formação é uma constante naqueles que tiveram essa experiência. A percepção de que a Empresa Júnior é sua existe nos seus antigos mem-bros. A PUC-Rio cresce de valor para seus alunos pela existência da Empre-sa Júnior, pois os jovens que a constroem a cada dia se sentem apoiados pela Universidade.

Parabéns à Empresa Júnior, e muitos anos a mais de vida, sempre se renovando, mas sempre buscando padrões de qualidade elevados. Para-béns aos sempre membros da Empresa Júnior, que aprenderam como vi-venciar o mundo do trabalho, da realidade de competição pela qualidade, por meio de projetos que fizeram, com noites de trabalho e dias de luta, e venceram dificuldades.

Muitas gerações ainda vão construir a Empresa Júnior e reafirmar o seu valor na formação de nossos jovens alunos da PUC-Rio.

Os orientadores contam alguns “causos” da causa – Cesar Salim

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Os orientadores contam alguns “causos” da causa

Depoimento de Edmundo Eutrópio C. de Souza*

É com muita emoção que começo a dar o meu breve testemunho do tra-balho realizado pela Empresa Júnior PUC-Rio. Eles começaram no mesmo ano em que iniciei a minha carreira como professor e em que me casei, marcando momentos de muito crescimento profissional e pessoal.

A minha história cruzou com a EJ apenas em 2008, quando, a convite de uma aluna (Alícia), aceitei ser professor orientador na área de qualida-de, tendo em vista que, além de professor do curso de graduação em ad-ministração, na época também era gerente da qualidade de uma grande empresa de serviços.

Admirei o trabalho deles desde o início. Já tinha ouvido falar, mas não conhecia os detalhes. Coloquei-me à disposição para passar o que sabia e me entusiasmei com os jovens sedentos por novos conhecimentos e que, com tão pouca idade, se lançavam no desafio de tocar uma empresa sozi-nhos em um país que ainda carece de mais incentivos aos jovens empre-endedores. O modelo de negócios é de ganha-ganha, os jovens na busca

* Professor orientador da EJ desde 2008. Graduado em administração e economia e mestre em administração de empresas, com ênfase em planejamento organizacional, pela PUC-Rio, onde leciona desde 1995. Atua no mercado desde 1990, com experiência em empresas financeiras e não financeiras. Está na Oi desde 2001, tendo passado pelas áreas de vendas, varejo, planeja-mento de vendas e qualidade. Desde 2012 é gerente de capacitação de terceiros, cujo principal desafio é ampliar e padronizar a capacitação e a certificação dos técnicos de serviços de rede que trabalham para a Oi.

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do desenvolvimento de suas competências aceleram o seu processo a partir de uma prática consistente em vários projetos de consultoria volta-dos principalmente para pequenas empresas, cujo acesso às novas tecno-logias de gestão disseminadas pelas grandes consultorias ainda é muito restrito. Com isso, os jovens aprendem, as pequenas empresas se tornam mais produtivas e o país ganha excelentes profissionais. Digo mais, o país ganha novos líderes com maior capacidade de gerar a transformação que todos nós esperamos do Brasil, pois, na experiência que eles adquirem na EJ, desenvolvem habilidades técnicas, humanas e conceituais que os tor-nam diferenciados para o jogo político necessário à gestão da mudança em um ambiente democrático como o que temos e queremos continuar tendo.

Esse meu tempo na EJ atestou o corolário de Peter Drucker, que afirma que “ninguém aprende tanto quanto aquele que ensina”. A cada projeto eu também era obrigado a aprender um pouco mais para passar os conceitos aos jovens consultores. E na interação com eles eu acabava aprendendo mais ainda, ao conhecer a realidade de uma nova empresa e de um novo problema que se colocava.

Ao longo desse tempo, tive a oportunidade de conhecer vários alu-nos, que exerceram as funções de consultor, gerente, diretor e até presi-dente na EJ. Muitos conheci como alunos e como profissionais na EJ e no mercado, tais como a Alessandra Simões, o Victor Jabour, a Luciana Vicente e o Leandro Borges – quanto a este último, modéstia à parte, fico feliz de ter reforçado o seu interesse para fazer parte da EJ e de se tornar seu presidente.

Agradeço à EJ pela oportunidade de interagir com jovens admiráveis e, em sua maioria, brilhantes, que, junto com os meus alunos, renovam a minha esperança em um futuro melhor para o nosso país. Nesses 18 anos, meu filho nasceu, e confesso que, se um dia ele vier a estudar na PUC-Rio e fizer parte da EJ, essa será mais uma felicidade das tantas que ele tem me dado.

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Os orientadores contam alguns “causos” da causa

Depoimento de Leonardo J. Lustosa*

No início dos anos 1980, com a engenharia de produção ainda pouco difundida no Brasil, eu temia que, nos seus estágios, meus alunos não encontrassem supervisores capazes de lhes transmitir as boas práticas profissionais peculiares à engenharia de produção. Como novo professor do Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio, tinha a ideia de criar um escritório de engenharia industrial. Entendia que, através de pe-quenos projetos profissionais, os alunos perceberiam as peculiaridades da prática profissional desde o primeiro contato com o cliente, passando pela elaboração da proposta técnica e do contrato, pelo planejamento e gestão dos trabalhos, até a apresentação do relatório final. Meus planos não impressionaram meus colegas, pois sua execução exigia espaço físi-co, algo muito difícil na Universidade, e envolvia alterações na estrutura do curso.

Em 1982, encontrei-me com os professores Laurent Villeneuve e Fred Bassal, que me explicaram detalhadamente sua experiência com o Projet Prisme, um escritório de consultoria industrial na Escola Politécnica da Uni-versidade de Montreal, Canadá. Era uma disciplina de dois semestres em

* Professor orientador na fundação da EJ PUC-Rio de 1983 a 2005 na área de engenharia de produção. Engenheiro mecânico, mestre e doutor em engenharia industrial pela Stanford University, foi, de 1977 a 2012, professor e pesquisador no Departamento de Engenharia Indus-trial da PUC-Rio.

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que grupos de seis alunos de engenharia de produção realizavam proje-tos junto a empresas locais. Os professores atuavam apenas como conse-lheiros e consultores dos alunos na medida em que o grupo acreditava ser necessário, ou intervinham quando algo saía de controle. Os resultados eram excelentes, os alunos aprendiam muito sobre relações no trabalho, trabalho em equipe, gerência de projetos e, claro, aplicação de técnicas, análise de problemas e síntese de soluções criativas. A demanda por parte das empresas era maior do que a capacidade de atendê-las.

Resolvi iniciar projetos com alunos e, assim, convencer o Departa-mento da viabilidade do projeto. Tive a sorte de encontrar o aluno Bruno Lessa Carregal, que, com a ajuda de um colega, firmou um contrato com uma fábrica de pizza congelada usando pessoa jurídica ligada à PUC-Rio. Realizadas várias melhorias na disposição e na ergonomia das bancadas, nas formas, nos utensílios, na temperatura e manuseio da muçarela, logo descobriram problemas de higiene e segurança do trabalho, de controle de estoques, compras, controle de custos e de gestão de pessoal. Satisfei-tos com as mudanças feitas e com as sugestões recebidas sobre outros problemas, os donos resolveram ampliar o negócio contratando obras e outros consultores.

Entusiasmado com os resultados, Bruno buscou novos projetos, novos colegas para colaborar e me ajudou a organizar o escritório, uma adaptação do Prisme, dando-lhe o nome de ODIN (Organização e Desen-volvimento Industrial e, também, Deus supremo da mitologia nórdica que possuía o dom da sabedoria universal). Imprimimos fôlderes para divul-gação, começamos a redação de um regimento e manual, conseguimos do departamento alguns móveis e parcos metros quadrados de espaço para o escritório e até uma estagiária do curso de secretariado. Buscamos outros projetos, mas, antes que os conseguíssemos, Bruno, em contato com um aluno de administração de empresas, tentou me vender a trans-formação do ODIN em uma empresa júnior.

Eles combinaram uma grande reunião com colegas de diversos de-partamentos, especialmente de administração, e também com professo-res. Fui sem muito entusiasmo, mas lá encontrei um auditório cheio de alunos e com apenas outro professor (de administração). Os organiza-dores discutiram muitos detalhes burocráticos da fundação da empresa,

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mas pouco falaram sobre aspectos práticos de como iriam recrutar alunos, como iriam treiná-los, como obter projetos. Bruno e eu falamos um pouco sobre nossas experiências e combinamos uma reunião para discutir as-pectos pragmáticos.

Com persistência e espírito empreendedor, Bruno e seus colegas con-seguiram motivar a administração da Universidade, já sensibilizada, para a necessidade de estimular o espírito empreendedor de alunos, e con-solidaram e formalizaram a Empresa Júnior. Característica de empresas juniores é a alta rotatividade de pessoal, e, nesse teste, a Empresa Júnior PUC-Rio foi aprovada graças ao apoio que recebeu de alunos, professores e administradores, entre eles José Alberto Sampaio Aranha. Após o traba-lho de Bruno Lessa, o grupo de engenharia de produção, com a liderança de Alessandra Mathias Simões e Andréia Frota, ganhou impulso, tendo realizado diversos projetos para pequenas e médias empresas.

Uma empresa júnior não tem as mesmas características de um labo-ratório ou escritórios universitários em que alunos têm a oportunidade de desenvolver atividades profissionais durante sua formação. Nem todos os alunos se adaptam bem ao ambiente de uma empresa júnior ou se sen-tem bem nela. Ela é sobretudo um ambiente para o aluno experimentar a vida de empresário, testar e exercitar suas capacidades de empreendedor. Por isso a empresa júnior, além de um meio para treinamento, é um lugar especial que a Universidade oferece para o aluno considerar uma opção de carreira diferente.

Com diversos alunos (talvez mais alunas), desenvolvemos vários ou-tros projetos, todos com bastante sucesso. Para citar alguns: a reorgani-zação da produção em uma fábrica de bolsas, na fábrica de próteses da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) e numa confei-taria, e, também, o desenvolvimento de sistemas de custeio para a ABBR e para uma empresa gráfica. Não posso deixar de observar que, como na vida real, não foram poucas as tentativas frustradas de vender projetos, nem os alunos que logo desistiram.

Nos projetos que tive o prazer de orientar, vi os alunos descobrirem como utilizar o conhecimento adquirido em sala de aula para resolver problemas práticos. Vi como eles rapidamente evoluíam para enxergar com olhos de engenheiros o que ocorre dentro de uma fábrica, de uma

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loja ou de uma cozinha. Vi como, mesmo com pouca experiência, eram capazes de comentar criticamente aspectos de uma proposta de projeto ou de um contrato, como assumiam sem receios a responsabilidade pelo sucesso do projeto e como eram capazes de, com pouca orientação ini-cial, redigir um relatório técnico ou gerencial que, com poucos reparos, se tornavam peças genuinamente profissionais.

Mas não só alunos aprendem. Aprendi muito sobre o que estimula um aluno a obter conhecimento e competência. Passei também a enten-der melhor os problemas de pequenas empresas que têm características muito diferentes se comparados aos que surgem nas grandes – objeto da engenharia de produção. Nas pequenas empresas, dificilmente se podem analisar e tratar problemas da mesma forma isolada que tratamos proble-mas nas grandes. Um problema de processo numa pequena empresa facil-mente se liga ao problema de layout, ao de pessoal, ao financeiro e a mui-tos outros, exigindo soluções que envolvem muitos aspectos diferentes.

Pérolas surgem ao acaso, mas podem ser cultivadas; empreendedo-res também.

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O “sentimento EJ” nas palavras de seus militantes

Depoimento de Frederico Lacerda*

Todos nós somos questionados de vez em quando sobre quais foram os grandes momentos de virada nas nossas vidas. Muita gente quer saber como chegamos aonde chegamos, ou por que escolhemos o caminho que escolhemos. Hoje, como empreendedor, sou frequentemente ques-tionado em relação a isso, e a minha experiência na Empresa Júnior PUC--Rio é sempre parte da resposta. Sou um daqueles que defendem, e re-comendam, com fervor, esse tipo de experiência. Chego a recomendar a PUC-Rio como faculdade simplesmente pela possibilidade de se passar pela Empresa Júnior, que, em minha opinião, já tem muito mais história e legado do que qualquer outra. Lá, muitos alunos inexperientes se trans-formam em profissionais exemplares, graças a uma iniciativa que já dura 18 anos e reúne certamente parte dos mais bem-sucedidos profissionais e empresários do futuro do nosso país.

É curioso falar da nossa querida EJ (lê-se “é-jota”), que retorna com bastante frequência aos assuntos entre amigos de diferentes gerações. Entre depoimentos que misturam elogios e críticas aos “jovens inexpe-rientes que estão hoje à frente da empresa”, àqueles que “não cuidam da empresa da mesma forma que cuidávamos na nossa época” ou “que não

* Publicitário, membro da EJ em 2005. Graduado em publicidade pela PUC-Rio, e mestre em ad-ministração. Atuou como consultor de gestão empresarial pela Accenture. É um dos fundadores da 21212, aceleradora de startups digitais com base no Rio de Janeiro e em Nova Iorque.

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levam tanto a sério quanto levávamos”, o que se percebe é sempre uma dose extrema de saudosismo e uma montanha de sentimentos que qual-quer outro trabalho dificilmente desenvolve em uma pessoa.

A explicação está na característica mais importante da EJ PUC-Rio, e que também é o maior motivo do alto nível de desenvolvimento pessoal e profissional de quem trabalha lá: as gerações e o ciclo de transformação que elas provocam na empresa. O trabalho constante de construção e desconstrução, que faz a empresa se renovar o tempo inteiro, pode não fazer sentido para quem é de fora, mas é essencial para quem está lá dentro.

A sensação é que a empresa está o tempo todo dando passos para trás, refazendo práticas e revendo processos que, há alguns anos, já pare-ciam estar em ordem. Mas é justamente a possibilidade de navegar entre picos e vales que permite aos empresários juniores se desenvolver tanto e tão cedo em suas carreiras profissionais.

Ao interagir com pessoas de diferentes épocas da EJ PUC-Rio, é pos-sível ver todo tipo de experiência e situação. Alguns tiveram a iniciativa empreendedora de desenvolver algo que ainda não existia quando a em-presa foi fundada.

As gerações seguintes enfrentaram diferentes realidades, em um la-boratório empresarial que envolve fases de planejamento, crescimento, estagnação, reflexão do que realmente importa (a velha história do fa-turamento versus desenvolvimento dos membros) e reestruturação. Mas talvez o maior desafio de todas essas gerações, que para os ex-membros, como eu, representa um sentimento de medo, é não deixar morrer o que todos nós construímos com tanto sacrifício e carinho por tantas horas, dias, meses ou anos.

Essa responsabilidade talvez seja o que nos faz viver tão intensamen-te a EJ PUC-Rio. Do primeiro dia de empresa, quando você embarca em uma sala cheia de computadores com o sentimento de ver “crianças brin-cando de gente grande”, até o dia em que percebe que aquelas crianças não são tão imaturas assim e que todo aquele trabalho não tem nada de brincadeira, mas envolve pressão por resultados e qualidade que não se veem em muitas “empresas de verdade”, a certeza é sempre uma: você é responsável por deixar a empresa melhor do que ela estava quando che-

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gou. Foi exatamente essa a frase que ouvi de colegas de trabalho, tutores ou chefes no meu primeiro dia de empresa e em muitos outros dias de-pois, com um tom que misturava seriedade e paixão.

O aspecto mais fundamental da Empresa Júnior é sem dúvida bastan-te diferente do objetivo da maior parte das empresas que conhecemos. Nestas, a missão está (quase) sempre voltada a gerar mais lucro aos acio-nistas. Se mudarmos a palavra “lucro” por “desenvolvimento”, encontramos o que talvez seja a maior missão da EJ PUC-Rio. O tamanho do seu lega-do não é medido pelo aumento do faturamento, quantidade de clientes atendidos ou número de aparições na mídia, e, sim, pela quantidade de alunos impactados e transformados em empreendedores e executivos de sucesso.

Outro indicador importante na vida de qualquer estudante é a quanti-dade de conexões com pessoas relevantes que ele faz. Essa é, sem dúvida, outra grande vantagem de quem participa de uma. Além de se envolver com centenas de alunos de vários cursos, o que deixa a sua experiência universitária realmente multidisciplinar, a EJ PUC-Rio me conectou com pessoas selecionadas (já que em grande parte deixaram as bermudas, ha-vaianas e chopadas de lado para vestir roupa social e trabalhar em seus primeiros períodos de faculdade), que se transformaram hoje em grandes amigos, colegas de trabalho, funcionários e até sócios. Todos nós, nesses últimos 18 anos, mantemos a EJ como um “certificado de qualidade pes-soal”, que traz todos aqueles valores tão importantes como garantia. Esse certificado cria uma conexão para toda a vida, que nos faz confiar um no outro, mesmo que não nos conheçamos pessoalmente.

Ao ingressar no curso de comunicação social/publicidade na PUC--Rio em 2005, não esperava encontrar tão cedo a certeza do que queria fazer. Fui muito feliz por tomar a decisão de procurar alguma atividade extracurricular logo no primeiro período da faculdade – afinal, diziam “não ser sensato” procurar estágio tão cedo. Que bom que eu já tinha no meu sangue um pouco do famoso “Sentimento EJ”; aquele que aprendi logo ao ser aceito para a última vaga disponível no processo seletivo da EJ PUC--Rio: quem tem brilho nos olhos vai lá e faz.

O “sentimento EJ” nas palavras de seus militantes – Frederico Lacerda

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O “sentimento EJ” nas palavras de seus militantes

Depoimento de Leandro Borges*

Nascido e criado na Zona Sul do Rio de Janeiro, nunca tive grandes insti-tuições e comunidades das quais eu poderia fazer parte. Não tinha a ga-lera do condomínio, nem da rua. Não tinha a igreja de domingo, nem o clube com os amigos.

Fruto do nosso tempo, sempre vivi com diferentes tipos de grupos ao mesmo tempo (escola, curso de inglês, galera do futebol/tênis, do Counter Strike etc.), sem nenhum padrão claro a seguir. Essa fragmentação tem seu lado positivo, mas também é perversa pela ausência do sentimento de pertencimento a uma comunidade específica da qual você tira e gera valor, ao mesmo tempo e na mesma intensidade.

Há muito tempo já tinha me desinteressado pelo caminho tradicional de formação profissional quando caí de paraquedas na Empresa Júnior PUC-Rio. Como quase tudo que realmente vale a pena na vida, foi um encontro sem querer. Foram dois minutos da aula de administração que mudaram minha vida para sempre.

Na EJ, finalmente entendi o verdadeiro benefício de se estar em uma universidade e a verdadeira força de uma comunidade, nesse caso de em-preendedores. Sendo um dos braços de incentivo ao empreendedorismo

* Graduado em administração. Foi membro em 2008 e presidente em 2009. Sócio da empresa Luz Lab Ideias Ltda., que reúne outros ex-membros da EJ PUC-Rio e oferta serviços de treina-mento para empreendedores em diversas áreas de atuação, além de espaço de coworking e loja virtual com ferramentas de gestão.

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do Instituto Gênesis, a EJ foi a melhor comunidade da qual fiz parte. Nela conheci boa parte dos meus melhores amigos e meus sócios.

A força que emana do famoso “Sentimento EJ” e, consequentemente, dos alumni da EJ claramente influencia o cenário empreendedor da nossa cidade e, em alguns casos, de todo o país. A comunidade ali formada faz jus – querendo ou não – ao interesse da Universidade e do Instituto Gêne-sis da PUC-Rio em formar empreendedores e empresários.

Graças à fundação da EJ há 18 anos, somos hoje um grupo de centenas de pessoas insatisfeitas com a situação atual do país e trabalhando duro para construir um Brasil mais desenvolvido. Por essa razão, devemos ser gratos à PUC-Rio, ao Instituto Gênesis e, principalmente, uns aos outros, membros presentes e passados da EJ.

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Depoimento de Rafael Duton Alves*

Nenhuma palavra descreve melhor a experiência que vivenciei na Empre-sa Júnior PUC-Rio do que “transformação”. Na minha vida acadêmica e até profissional, poucas atividades me permitiram um aprendizado tão gran-de e em tão pouco tempo.

Algumas das principais habilidades buscadas nos profissionais dos dias de hoje, como proatividade, responsabilidade, disciplina, determina-ção, criatividade e resiliência, foram desenvolvidas enquanto ainda estava dentro da Universidade.

A riqueza do trabalho na Empresa Júnior está no processo a que alu-nos da Universidade, em paralelo aos estudos, são submetidos. É uma experiência única ter que criar produtos e desenvolver projetos de con-sultoria, mapear mercados e identificar clientes, desenvolver propostas, vender, negociar, executar e controlar projetos dentro dos prazos, geran-do resultados.

A recompensa para os alunos é muito mais do que financeira, é de crescimento profissional.

Um dos grandes diferenciais criados e sustentados na Empresa Júnior PUC-Rio foi o fato de esta ser e ter sido uma das primeiras empresas junio-

* Ex-membro da EJ no período de 1996 a 2000, tendo atuado como diretor. Engenheiro da computação, é cofundador de nTime Mobile Solutions, atual Movile – empresa que desenvolve softwares interativos para celulares com escritórios em sete países da América Latina – e sócio- -fundador da Aceleradora de empresas digitais 21212com.

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res multidisciplinares do Brasil. O desafio de juntar e misturar alunos dos mais diferentes cursos sempre foi muito grande, porém as consequências po-sitivas acompanharam o tamanho do desafio na mesma proporção. Não só para os clientes da EJ, que puderam aproveitar trabalhos mais com-pletos e complexos, mas para os próprios alunos – empresários juniores –, que aprendem na prática um dos maiores desafios do mundo empre-sarial: lidar com pessoas. Gerir. Gerenciar e ser gerenciado. Aprendizados que apenas quando praticados são plenamente absorvidos.

O reconhecimento de um trabalho exemplar como o realizado pela Empresa Júnior PUC-Rio não se dá apenas pelas inúmeras ofertas de em-pregos qualificados que seus participantes recebem. Aqueles que tiveram a experiência de empreender na Empresa Júnior sabem que se transfor-maram não apenas em profissionais mais qualificados e desejados no mercado, mas em verdadeiros empreendedores. Vários são os casos de startups de alto potencial criadas por ex-empresários juniores da PUC-Rio. Essa é sem dúvida a maior comprovação de sua enorme qualidade e efe-tividade.

Após a EJ, estimulado pelos desafios e superações vivenciados, segui o caminho do empreendedorismo. Na própria Universidade surgiu a pri-meira oportunidade, por meio da incubação de uma empresa no Institu-to Gênesis da PUC-Rio. Hoje ela cresceu, fez parcerias, fusões, aquisições, captou investimento e se tornou a maior empresa do seu segmento na América Latina. 

Mais recentemente, surgiu uma nova empreitada e a mesma sensa-ção de começar tudo do zero novamente, como vivida na EJ. O início de um projeto com o objetivo de replicar os aprendizados em novas em-presas e disseminar no Brasil o modelo de aceleração de startups de alto potencial. 

Com isso, fica a certeza de que o empreendedorismo não só se apren-de como se desenvolve na Universidade e na Empresa Júnior. A EJ trans-forma. Transforma alunos em empreendedores. Jovens em sonhadores.

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A Empresa Júnior PUC-Rio é uma causa pela qual você se entrega. Você deixa a EJ, mas ela nunca vai sair de você. Os anos passam, novas gerações assumem com a mesma paixão que tivemos anos atrás. É uma honra ter feito parte dessa história.

Carolina Portella(presidente, 2003)

A Empresa Júnior é responsável por todo o caminho que a minha vida profissional tomou. Como quase todo mundo que entra na fa-culdade de comunicação social, eu sonhava com as redações jorna-lísticas e com as agências publicitárias. Um belo dia, naquela ânsia de usufruir tudo que a faculdade oferecia, me inscrevi no processo seletivo da Empresa Júnior sem nem bem saber do que se tratava. E foi ali dentro, muito antes do que na sala de aula, que descobri a co-municação como um pilar fundamental em qualquer organização, o valor da multidisciplinaridade nas empresas e que o curso escolhido para graduação não deve ser o único definidor das nossas escolhas.O êxtase de descobrir tudo isso com 18 anos, a gama de experiências à qual a EJ nos apresenta e o prazer de sair mais forte e mais adulto de cada uma delas – isso eu posso chamar de “Sentimento EJ”. Uma causa que eu não me canso de defender. 

Jamile Thomé(diretora de processos, 2004-2006)

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Entrei na PUC-Rio em 2007 no curso de ciências econômicas sem ter a certeza do que eu queria para a minha vida profissional. Em meados de 2008 eu ingressei na EJ e comecei a ver que havia um caminho di-ferente na minha frente. Um caminho pouco convencional, sem cer-tezas, sem horários e sem garantias, mas transbordando de desafios, novas experiências e profissionais qualificados.Na EJ eu pude vender e gerenciar grandes projetos, administrar de-partamentos, áreas e, principalmente, pessoas. Liderei e formei pes-soas ao mesmo tempo que elas me formavam. Pude cometer erros e acertos, sem medo de inovar, desde que eu me responsabilizasse pelos meus erros e entendesse meus acertos. Eu me envolvi com pro-jetos diferentes em áreas diferentes da gestão.Hoje, no mercado de trabalho, sou um reflexo do que a EJ fez por mim. Jamais conseguiria sentar em um escritório e viver uma carreira convencional depois que a EJ me mostrou que eu posso empreender. Fico feliz de ver que ela está fazendo 18 anos, e só tenho a agradecer por tudo. Estará sempre na minha memória e nas minhas indicações.

Filippo Ghermandi(diretor financeiro, 2008)

A Empresa Júnior PUC-Rio é “a coisa” mais complexa e intrigante que eu conheço. Parece ter vida própria e algumas coisas não mudam, independentemente de quem a está habitando naquele momento.O que não muda: estudantes perdidos achando um caminho, gente boa que não sabia que era boa descobrindo seu potencial, empreen-dedores surgindo, clientes sendo atendidos e a arrogância comparti-lhada de que vamos conquistar o mundo.Habitei “a coisa” por 30 meses, errei mais do que acertei, conheci mui-ta gente boa, conheci muito cliente bom, fiz golaços e perdi jogos fáceis. Dei o melhor de mim naquele momento, infelizmente nem sempre à altura do que a EJ merece. Valeu cada minuto.

Victor Kling Jabor (presidente, 2011)

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Quando eu entrei na Empresa Júnior, mal sabia quem eu era. Não sabia o que eu podia ou não fazer e até onde eu era capaz de ir. Ou talvez soubesse. Sabia que tinha uma série de sonhos e que tinha medo deles. Medo de não poder alcançá-los, de serem muito distantes. Eu sabia quem eu era. Mas sabia errado. Após sair da EJ percebo que essa é a chave do Sentimento EJ. É um sentimento puro e sincero por um projeto cujo único objetivo é mu-dar a vida de seus participantes. E, mais do que isso, ele muda, trans-forma e arrebata a todos que têm a sorte de ter o seu destino cruzado pela Empresa Júnior PUC-Rio. A EJ é uma oportunidade de desenvol-vimento que a PUC-Rio oferece para seus alunos. O Sentimento EJ é o que potencializa isso de uma forma inacreditável. E só quem está ali dentro sente e entende.Tentar definir esse sentimento seria ingênuo de minha parte. Inteli-gentes são aqueles que sentem. 

Bruna Lima (gerente de design, 2012-2013)  

A Empresa Júnior me proporcionou, ao longo dos últimos meses, a certeza de estar muito mais preparada para os desafios que vêm pela frente. Graças a essa experiência, eu, hoje, aos 22 anos, me sinto se-gura para encarar clientes de todas as hierarquias e, principalmente, a mim mesma. Em tão pouco tempo eu pude conhecer meus limites e aprendi a querer superá-los sempre, além de ter tido a oportunidade de conhecer pessoas incríveis que pareciam completar as lacunas que me faltavam. É uma daquelas histórias mágicas que poucos terão a chance de contar mas todos irão reconhecer o valor.

Barbara Villela (gestora de imagem, 2013)

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Quando eu entrei na faculdade, vi uma palestra do presidente da época falando sobre o que era a Empresa Júnior, o que ela fazia para se manter e, principalmente, o que ela fazia com os membros. Foi exatamente naquele momento que conheci o “Sentimento EJ”, mas não sabia.Talvez tenha sido esse sentimento que me fez passar por três proces-sos seletivos para, então, entrar na empresa. Talvez tenha sido isso que me fez entrar e mergulhar de cabeça na área e na gestão, as-sumindo uma delas antes de completar seis meses. Foi ele que me colocou fogo nos olhos. Foi esse sentimento que me fez passar por situações que só vivencia-ria com 10 anos de profissão ou mais, mas que me fizeram crescer e amadurecer em tempo recorde. Valeu muito a pena e faria tudo de novo, se pudesse. 

Mariana Almeida(gestora financeira, 2013)

A EJ é um momento único na vida dos que merecidamente passam por aqui. Um lugar onde as coisas acontecem em uma intensidade absurda e onde os dias nos ensinam o que em meses demoraríamos a vivenciar. Tenho certeza de que essa experiência, que vai muito além de qualquer outra oportunidade profissional, vai continuar mar-cando a vida de cada um dos que passarem e se dedicarem com a intenção de deixar esse sonho melhor do que receberam.

Gabriel Mendes Athayde(gestor de negócios, 2013)

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Estou há um pouco mais de um ano orientando os alunos da Empre-sa Júnior, que impressionam bastante pela postura frente às ques-tões apresentadas. Vi em cada projeto um exercício dos membros em identificar oportunidades no cenário apresentado, o que entrega ao trabalho um atributo único: a marca da EJ. As dificuldades observa-das nos processos que conduzi sempre foram uma oportunidade de repensar a investigação feita junto ao cliente, a fim de que o projeto pudesse ter continuidade.

Cristina Bravo(professora orientadora, 2012-2013)

Quando descobrem que sou professor universitário, as pessoas ge-ralmente me perguntam: “Você dá aulas de quê?” Sempre respondo que dou aulas de bagunça. Por mais que provoque sorrisos, é uma resposta sincera e muito verdadeira.Sou mesmo um bagunceiro. Desarrumo os condicionamentos dos meus alunos com provocações para fazê-los pensar/agir fora da caixi-nha, do óbvio, dos clichês, das frases feitas. Desorganizo seus lugares--comuns e convido cada um a ser senhor de seus pensamentos e autor de sua própria história. Confundo seus olhares para que per-cebam que a leitura do mundo antecede a leitura da palavra, como nos ensinou Paulo Freire. Baderno seus pressupostos para que ousem formular novas perguntas e questionar velhas respostas.Segundo Donald Schön, os educadores expressam sua insatisfação com um currículo profissional que não é capaz de preparar os estu-dantes para a atuação competente em zonas incertas de prática em que podem acontecer momentos instáveis e conflituosos. Em outras palavras, preparar para as bagunças – como o arquiteto e filósofo Russel Ackoff chama essas situações incertas e maldefinidas. A vida é mesmo uma bagunça, um caos de possibilidades. A convivência com um professor pouco tradicional, que os ensina a tomar decisões em condições de incertezas e está disponível presencial e virtualmente, cria novas pontes afetivas. E relação é diálogo, troca de ideias, exer-cício de doação recíproca. Afinal, o aluno não é apenas cognição. Ele

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também é sentidos e sentimentos. Acredito que o professor que va-loriza a emoção cria um ambiente favorável para a promoção de pes-soas emocionalmente saudáveis.Nesse aparente caos estratégico consigo adaptar meu programa de ensino ao curso real de suas vidas, procurando construir conheci-mentos para carreiras sustentáveis. Aprendi com Bartolomeu Cam-pos de Queirós que a “A vida é verbo. Passado, presente e futuro. A vida é cheia de enigmas. Quem colocou a água dentro do coco? A vida é uma grande fantasia. A criança vive de fantasia, portanto, vive de realidade. A tarefa do professor é confirmar a presença dessa crian-ça no mundo.”O professortexto.blogspot.com existe há mais de seis anos. Em média, 3 mil pessoas visitam o blog por dia. Utilizo o portal como ferramenta de suporte de minhas aulas. Ele desvenda os desejos e as limitações do professor e aposta mais na autoria do que na autoridade. E, nessa transparência, mostra aos alunos a delícia de ser autor de si mesmo.Eles aceitam o convite. O afeto como caminho ao saber, e o saber como insumo da autoria, do protagonismo. Afinal, não é para isso que a escola e a Universidade existem? Acho que os verdadeiros mes-tres têm, necessariamente, esse entendimento iluminista dentro de si.  O resultado tem sido alentador. A cada semestre crio mais e mais leitores do mundo. Esses jovens aprendizes descobrem que são capa-zes de empreender voos solos e tornam-se autores de suas histórias. Senhores de seus próprios destinos. Amém.

Luiz Favilla(professor orientador, 2013)

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Por que mais 18 anos?

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Dezoito anos de história ou é só o começo?

Marcus Mota*

Qualquer texto ou argumento que tente definir o Sentimento EJ é inefi-caz. Nada define a dedicação, o amor, a gratidão e a oportunidade que a Empresa Júnior PUC-Rio representou e representa para todos os que tiveram a vida cruzada por esse projeto fantástico.

Desde o momento em que alguém passa a fazer parte dessa família, começa a compartilhar do conceito “deixar melhor do que recebeu”. Essa frase, um mantra dentro da Empresa Júnior, foi a forma com que abri a minha candidatura para a presidência e me norteou durante todo o ano de 2013.

Do mesmo modo, tenho certeza de que norteou a todos que con-taram um pouco da nossa história aqui. A receptividade e o carinho de todos, os agradecimentos pelos convites e o auxílio que esses nomes nos prestaram ao longo de 2013 me fazem ter certeza de que o Sentimento EJ sobreviverá e se fortalecerá ao longo não só dos próximos 18 anos, mas por muito mais tempo.

A Empresa Júnior PUC-Rio nada mais é do que as pessoas que a for-mam. Talvez você pense que qualquer empresa é assim, mas é diferente. Entre as grandes, não há uma rotatividade tão alta. Entre as pequenas, não há uma cultura tão forte.

* Estudante de publicidade, ingressou na EJ em julho de 2012 e foi eleito presidente para a gestão de 2013.

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Como ocorre, como se formou e como se sustenta um elo que une gerações de jovens ao longo de 18 anos de história? Em 2013, entre algu-mas visitas internacionais que recebemos para entender o que é a Empre-sa Júnior PUC-Rio, um professor da Saint Leo University, Flórida, ficou ex-tasiado com a iniciativa. Em determinado ponto da conversa ele indagou aos membros da Empresa Júnior: “As maiores empresas do mundo têm dificuldades em manter a gestão da cultura, a gestão do conhecimento e o foco quando trocam duas ou três gerações. Como vocês fazem isso trocando a maioria dos membros ao longo do ano?”

A resposta à pergunta é este livro. Quem pensa que o que nos moti-vou a realizar esta iniciativa foi contemplar o nosso passado e comemo-rá-lo, está enganado. A grande missão deste livro é garantir essa passa-gem de conhecimento. A grande missão deste livro é garantir que esse Sentimento EJ, que nos guiou nos últimos anos, guie diversas outras gerações.

Não sabemos ao certo quem são as próximas pessoas que passarão por aqui. Não sabemos os nomes, os perfis, as ambições, os sonhos. E são essas pessoas que darão continuidade ao projeto que mudou nossas vidas.

Neste momento em que escrevo e no dia em que decidimos realizar o livro, só tínhamos a certeza de que eles devem e vão compartilhar o nosso sentimento. Foi ele que conservou a essência da Empresa Júnior ao longo desses 18 anos.

A empresa mudou? É claro que sim. A realidade em 1995 é muito dis-tante da atual, e a de 2031 será totalmente diversa da de 2013. As pessoas serão diferentes, as características serão diferentes, os serviços oferecidos serão diferentes, a estrutura será diferente. E é bom que mude. A mudança quer dizer que o Sentimento EJ, o nosso norte, se manteve o mesmo.

A mudança quer dizer que mantivemos o ímpeto de agir de acordo com o que acreditamos e de não aceitarmos passivamente o bom. Sim, nós queremos sempre o ótimo, sempre o melhor. A mudança quer dizer que não perdemos a coragem e que nós, sócios da Empresa Júnior, vie-mos para empreender em nossas vidas. Nós viemos e queremos fazer a diferença, e aqui é o melhor lugar para isso.

É por isso que é tão difícil de nos compreender e compartilhar a in-tensidade dessa experiência. Somente quem a vivencia ou já a vivenciou

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sabe o que é a Empresa Júnior PUC-Rio. Isso não é apenas um lugar, uma experiência profissional. É uma descoberta sobre o seu potencial e sobre a sua capacidade de gerar impacto.

Aqui é o local em que você encontra pessoas totalmente diferentes de você, mas que possuem a mesma crença de construir algo grande. E esse algo grande não diz respeito a uma empresa multinacional ou algo assim. Mas diz respeito a se desafiar todos os dias, a sair da zona de con-forto. Diz respeito a conquistar determinado objetivo e já mirar o próximo, sabendo sempre que há caminhos a percorrer.

E por isso sei que esse sentimento não vai acabar. Sempre existirão pessoas assim. Muitas delas, assim como eu antes de entrar na Empresa Júnior, nem sabe que são assim. Apesar dos meus 21 anos, me conheci e aprendi quem eu era e os meus limites aqui dentro.

Felizmente pude observar, ao longo de todo o meu caminho na Em-presa, uma série de jovens que chegaram aqui perdidos, procurando uma oportunidade de inserção profissional. Meses depois, vi esses mesmos jo-vens com o peito estufado, com total conhecimento sobre seu potencial e com a crença de que podem e vão fazer a diferença. Independentemen-te do esforço que isso leve.

E nesse momento vejo que contribuí, fiz minha parte para transmitir o Sentimento EJ. Percebi que somos mais do que um estágio e que o nosso papel é maior do que dar conhecimento técnico, de mercado ou de gerir uma empresa para alguém. Devemos fazer isso, mas fazemos tam-bém os jovens aprenderem a gerar conhecimento. Mais do que a receber, os membros da Empresa Júnior são estimulados a doar, a ser proativos, a empreender conhecimento.

Percebemos que nada disso se faz sozinho. Por isso, a coletividade, o trabalho em equipe e a interdisciplinaridade também permitem a perpe-tuidade desse sentimento. Enquanto todos caminharem juntos, todos os cursos da PUC-Rio, todos os sócios da Empresa Júnior, todos os professo-res orientadores, esse sentimento se manterá aceso.

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Das utopias (e das esperanças)

Gabriel Vasconcellos*

Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las...Que tristes os caminhos se não fora A mágica presença das estrelas!(Mario Quintana, Das utopias)

Não há motivo para desistir, se você sequer tentou; não há motivo para não empreender, se nem arriscamos. Não há nenhuma razão para deixar de sonhar, simplesmente porque há a chance de ter de abrir os olhos no dia seguinte. E acordar é só o começo para realizar... Não há mo-tivo para não trabalhar, se você ainda não sabe amar.

Descrever um sentimento simultaneamente puro, arrebatador e con-troverso é um grande dever; um sentimento vívido e perene, cuja mate-rialização foi incumbida à atual geração. Todavia, sei que me falta a preten-siosa capacidade de fazê-lo. Ao menos da maneira que merece.

As linhas que seguem tentam exemplificar, exprimir angústias e ex-pectativas, e evocar atitudes no prazeroso intuito de falar da Empresa Jú-nior PUC-Rio, na medida em que também deixam espaço para a constru-ção e manutenção do sonho vicejado há 18 anos e renovado a cada dia.

Nesse exercício de conceituação, tomo a consciência de quem já possui 14 meses de casa, de família. Isso significa que, ao passo que plane-jo minha iminente saída, resgato, com saudade e gosto, as memórias dos melhores meses da minha vida. Tempo de dedicação, de trabalho árduo e inesgotável. Fonte de alegria, de recompensas e de paixão. Curso de

* Estudante de jornalismo. Ex-membro, foi gestor de pessoas e vice-presidente da EJ em 2013.

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histórias, de pessoas, de experiências. Solo fértil de amizades, de conheci-mentos e, espantem-se!, de mim mesmo.

A EJ é a melhor oportunidade para conhecer-se e desenvolver-se. Disso nenhum dos leitores duvida. Assim tem sido por esses anos, e o de-safio que se impõe hoje é o de manter a sobrevivência da causa, do sonho, do sentimento. Sobreviver aos tempos modernos de inúmeras oportuni-dades, em que a minha juventude não sabe se vai ou se fica, em que tudo se quer e nada se quer também.

Que a EJ nunca acabará, eu sei. O movimento está em voga, os be-nefícios advindos da experiência e o valor que agrega para a comunidade acadêmica, além do reconhecimento, são inquestionáveis. Hesito, no en-tanto, ao pensar que, se diminuídos ou menosprezados, a cultura e o “Sen-timento” EJ podem determinar um “jeito” diferente de se “fazerem as coisas por aqui”. Não se trata de estrutura, serviços, modelos de gestão... Mas, sim, do que é intangível e, por mais clichê que seja, invisível aos olhos de quem simplesmente passa pela EJ – e acredita que somos uma empresa.

O jeito com que fazemos as coisas transforma o trabalho em vocação, a qual é um desejo muito forte e inexplicável de dar o seu melhor. Esse jeito com que fazemos as coisas aqui deixa claro que somos uma socie-dade culturalmente forte, e não uma empresa. Ou que somos uma família nômade, a qual se desloca conforme seus integrantes. E, numa família, ninguém fica de fora. O jeito com que fazemos as coisas aqui valoriza cada membro e acredita em sua capacidade de sustentar a família. Às vezes, a crença é tácita, e isso nos basta.

A admiração que despertamos e às vezes a soberba com que agimos são só impressões distorcidas daquilo em que realmente acreditamos: em nós mesmos, as pessoas que fazem e desfazem a EJ, mas também, intuitiva e obrigatoriamente, mantêm acesas as chamas, as utopias e as esperanças de que amanhã será melhor do que hoje, de que os próximos serão mais fortes do que os atuais. De que a “mágica presença das estrelas”, apesar dos percalços e desafios, indicam um futuro brilhante e melhor.

E, por fim, espero que a natural volatilidade desses sentimentos soli-difique-se em palavras e em atitudes. Essas, enfim, mudam o mundo.

“Seja a mudança que quer ver no mundo” (Gandhi).

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Banco de Imagens

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Evolução da marca

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O texto deste livro foi composto em Myriad Pro Light 11/15, com títulos em corpo 16. Foi impresso em papel Polen Soft 80g/m2 e capa em Cartão Supremo 250g/m2 , em novembro de 2013, na

gráfica da Editora Vozes, em Petrópolis, RJ.

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