24
ROSÁRIO LAUREANO 1 Séries numéricas e funcionais Desenv. de Taylor e de MacLaurin — Caderno 3 — ––––––––––––––––––––––––––––––––- ANÁLISE MATEMÁTICA I - 2012/13 -1 o Sem. LEI / LETI / LEI-PL / LETI-PL ––––––––––––––––––––––––––––––––- Elaborado por Rosário Laureano DM — Dpto de Matemática ISTA — Escola de Tecnologias e Arquitectura

Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

  • Upload
    hakhanh

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 1

Séries numéricas e funcionaisDesenv. de Taylor e de MacLaurin

— Caderno 3 —

––––––––––––––––––––––––––––––––-

�ANÁLISEMATEMÁTICA I - 2012/13 - 1o Sem.

� LEI / LETI / LEI-PL / LETI-PL––––––––––––––––––––––––––––––––-

� Elaborado por Rosário Laureano

� DM — Dpto de Matemática� ISTA — Escola de Tecnologias e Arquitectura

Page 2: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 2

1 Séries numéricasDada uma sucessão (un)n∈N de números reais,

(un) : u1, u2, u3, · · · un, un+1, · · · ,

(a cada número natural n está associado o termo un de ordem n) podemosconsiderar a adição de todos os seus termos, uma infinidade de parcelas. Éo que se pretende com o conceito de série numérica.

Definição 1 A série numérica de termo geral un, que se denota1 por∑

n≥1un, é a soma infinita dos termos da sucessão real (un)n∈N,

n≥1

un = u1 + u2 + u3 + · · ·+ un−1 + un + un+1 + · · · .

Embora o termo geral da série seja o termo geral da sucessão (un)n∈N, asérie

n≥1un é distinta da sucessão (un)n∈N que lhe está associada. Enquanto

na primeira os termos estão adicionados entre si, na segunda estão "soltos"como sequência ordenada.

Uma série numérica pode estar definida apenas para valores de n a partirde uma certa ordem k. Nesse caso, escreve-se

n≥k

un = uk + uk+1 + uk+2 + · · ·+ uk + uk+1 + uk+2 + · · · .

Também se podem considerar séries numéricas com início em n = 0,∑

n≥0un.

1.1 Convergência e soma de uma série

Dada uma série numérica∑

n≥1un, pode acontecer que o limite

limn(u1 + u2 + u3 + · · ·+ un−1 + un)

exista como número real. Neste caso a série diz-se convergente e o valorreal S desse limite diz-se a soma da série. Caso contrário, se não existe esselimite ou se é +∞ ou −∞, então a série numérica diz-se divergente.

Classificar uma série numérica como convergente ou divergente é identi-ficar a sua natureza. Temos a seguinte definição rigorosa.

1Também por∞∑

n=1

un,∑

n∈N

un ou simplesmente∑

n

un.

Page 3: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 3

Definição 2 Dada uma série numérica∑

n≥1un, define-se a respetiva suces-

são das somas parciais por Sn =n∑

i=1ui, ou seja,

(Sn)n∈N : u1, u1 + u2, u1 + u2 + u3, . . . .

Se a sucessão das somas parciais (Sn)n∈N for convergente com limite S,

limnSn = lim

n(u1 + u2 + u3 + · · ·+ un−1 + un) = S,

então a série diz-se convergente e o valor S diz-se a soma da série. Se asucessão das somas parciais (Sn)n∈N for divergente (caso em que tende para+∞, tende para −∞ ou não tem limite), então a série diz-se divergente.

Deste modo, a sucessão das somas parciais (Sn)n∈N determina a naturezada série numérica. Note que a sucessão (Sn)n∈N de somas parciais é distintada sucessão (un)n∈N que define a série. À primeira corresponde a sequência

S1 = u1, S2 = u1+u2, S3 = u1+u2+u3, . . . Sn = u1+u2+· · ·+un, . . .

enquanto à segunda corresponde a sequência

u1, u2, u3, . . . un, . . . .

A convergência de uma série traduz-se no essencial por: "existe um valor realS que é a soma de todos os termos da série, termos estes que são em númeroinfinito; esse valor S acumula a totalidade dos termos e não é excedido poreles". Podemos até dizer que a série converge para essa soma S.

Existem séries numéricas que têm designações bem específicas dada aestrutura do seu termo geral. Vejamos alguns casos.

Série harmónica. A série numérica

n≥1

1

n= 1 +

1

2+1

3+1

4+ · · ·+ 1

10+ · · · ,

é designada por série harmónica. Relativamente à sucessão (Sn)n∈Ndas somas parciais, prova-se que

S2n ≥ 1 + n ·1

2.

Page 4: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 4

Temos

limnS2n ≥ lim

n

(1 + n · 1

2

)= 1 +

(+∞ · 1

2

)= 1 +∞ = +∞,

o que mostra que a sucessão das somas parciais, da qual os termosS2n constituem uma subsucessão, não converge para um valor finito.Concluímos então que a série é divergente.

Séries de Dirichlet. Uma série numérica com a forma geral

n≥1

un =∑

n≥1

1

nα,

é designada por série de Dirichlet. São convergentes se α > 1 edivergentes se α ≤ 1. Note que a série harmónica é um caso particularde série de Dirichlet (com α = 1).

Séries geométricas. Uma série numérica que tenha como termo geraluma progressão geométrica (p.g.) é designada por série geométrica.Recordemos que uma progressão geométrica é uma sucessão em quecada termo resulta da multiplicação do termo anterior por um valorconstante r. As séries geométricas têm a forma geral∑

n≥1

un =∑

n≥1

(a · rn−1

)= a+a·r+a·r2+a·r3+· · ·+a·rn−1+a·rn+· · ·

com a, r ∈ R e a �= 0. O número real r é a razão da série numérica e aé o valor do seu primeiro termo. O termo geral da sucessão de somasparciais é dado por

Sn = n · aquando r = 1 (trata-se da série de termo geral constante igual a a), eé dado por

Sn =a · (1− rn)1− r

quando r �= 1. Concluímos então que a série é convergente se rn

convergir para um número real (pois todos os outros elementos noquociente são constantes). Ora, se |r| < 1 (ou seja, se −1 < r < 1)temos limn rn = 0, logo a série é convergente e tem soma S igual a

S = limn

a · (1− rn)1− r =

a

1− r(1− lim

nrn)=

a

1− r =1o termo1− razão

Mas é divergente se |r| ≥ 1 (ou seja, se r ≤ −1 ∨ r ≥ 1) pois:

Page 5: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 5

� se r = 1 temos Sn = n · a→ +∞ · a = +∞,

� se r > 1 temos rn → +∞, e

� se r ≤ −1 não existe o limite de rn; mesmo quando r = −1 temos∑

n≥1

[a · (−1)n−1

]= a− a+ a− a+ a− · · ·

mas a sucessão das somas parciais

Sn =

a se n ímpar

0 se n par

não tem limite (note que a �= 0), logo a série é divergente.

Portanto, apenas quando −1 < r < 1 (i.e., |r| < 1) podemos escrever∑

n≥1

un =∑

n≥1

(a · rn−1

)= a+ a · r + a · r2 + a · r3 + · · · = a

1− r .

Proposição 3 Se as séries numéricas∑

n≥1un e

n≥1vn são convergentes e

têm somas S e S′, respetivamente, então a série numérica∑

n≥1(un + vn)

também é convergente e tem soma S + S′.

Proposição 4 Se a série numérica∑

n≥1un é convergente e tem soma S

então a série numérica∑

n≥1(α ·un), com α ∈ R, também é convergente e tem

soma α · S.

Resulta das proposições anteriores que se duas séries numéricas∑

n≥1un e

n≥1vn são convergentes e têm somas S e S′, respectivamente, então a série

numérica ∑

n≥1

(α · un + β · vn), com α, β ∈ R,

também é convergente e tem soma α · S + β · S′.

Page 6: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 6

Proposição 5 Se a série numérica∑

n≥1un é convergente e tem soma S e a

série numérica∑

n≥1vn é convergente e tem soma S′ então

n≥1

(un ∗ vn) ≤ S ∗ S′.

1.1.1 Exercícios propostos

[No que segue TA significa Trabalho Autónomo.]

1. Justifique que a série numérica∑

n≥1

1√n

é divergente.

2. [TA] Mostre que a série numérica∑

n≥1

3

2né convergente e tem soma

S = 3.

3. Estude a natureza da série numérica∑

n≥13−n. Caso seja convergente,

determine a sua soma.

4. [TA] Proceda como no exercício anterior relativamente às séries numéri-cas

n≥1

[5 (−3)−n

],∑

n≥1[3 (−1)n] e ∑

n≥13.

5. [TA] Mostre que a série numérica∑

n≥1

(3

2n+

1

4n2

)é convergente.

1.1.2 Soluções

3. É convergente. Tem soma S =1

2.

4. A série numérica∑

n≥1

[5 · (−3)−n

]é convergente e tem soma S =

5

4. As

séries numéricas∑

n≥1[3 (−1)n] e ∑

n≥13 são divergentes.

Page 7: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 7

1.2 Alguns critérios de convergência para séries determos não-negativos

Ao contrário do que sucede com as séries geométricas, para a maioriadas séries numéricas

n≥1un não é possível estabelecer a expressão analítica

do termo geralSn = u1 + u2 + · · ·+ un

da sucessão de somas parciais. Tal impede o cálculo do limite de Sn e aobtenção do valor da soma S da série, caso exista. No entanto, é usual fazerum estudo da série numérica por meios indirectos, através de critérios quepermitem identificar a sua natureza. É o que vamos considerar nesta secção.

Proposição 6 (Condição Necessária de Convergência, Critério Ge-ral de Convergência) Se a série numérica

n≥1un é convergente então

(necessariamente)limnun = 0.

Proof. Temos Sn = u1+ u2 + · · ·+ un e Sn−1 = u1+ u2+ · · ·+ un−1 (paran > 1). Assim, para n > 1, temos

Sn − Sn−1 = u1 + u2 + · · ·+ un − (u1 + u2 + · · ·+ un−1) = un.

Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn. Suponhamos quelimn Sn = l. Também limn Sn−1 = l, donde

limnun = lim

n(Sn − Sn−1) = l − l = 0

conforme se pretende demonstrar

Em consequência deste resultado (por contra-recíproco), se limn un �= 0então a série numérica

n≥1un é divergente,

limn un �= 0 =⇒ ∑

n≥1un série divergente .

Por vezes, designamos esta implicação como Critério do Termo Geral.

NOTA: para uma série numérica∑

n≥1un ser convergente,NÃO BASTA

(não é suficiente) que o seu termo geral un convirja para 0 (como mostra o

Page 8: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 8

exemplo da série harmónica∑

n≥1

1

n). No entanto, tal é necessário conforme

afirma a proposição anterior.

Proposição 7 (Critério Geral da Comparação ou Critério da Com-paração-formulação 1) Sejam

n≥1un e

n≥1vn duas séries numéricas tais

que, a partir de certa ordem, se tem un, vn ≥ 0 e vn ≤ un. Então, aconvergência da série

n≥1un implica a convergência da série

n≥1vn,

n≥1un série convergente =⇒ ∑

n≥1vn série convergente ,

e a divergência da série∑

n≥1vn implica a divergência da série

n≥1un,

n≥1vn série divergente =⇒ ∑

n≥1un série divergente .

Proposição 8 (Critério da Comparação-formulação 2) Sejam∑

n≥1un

e∑

n≥1vn duas séries numéricas tais que un ≥ 0 e vn > 0 para todo n ∈ N.

Se existe o limiteL = lim

n

unvn

e tem valor finito não-nulo (portanto L �= 0 e L �= +∞, ou ainda, 0 < L <+∞) então as duas séries têm a mesma natureza.

É frequente o uso de uma série de Dirichlet

n≥1

1

como série∑

n≥1vn. O valor conveniente para α ∈ Q é escolhido com base no

termo geral un da série∑

n≥1un de que se quer identificar a natureza. Também

as séries geométricas são usadas com frequência para comparação.

Page 9: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 9

Proposição 9 (Critério de Cauchy (da raíz)) Dada uma série numérica∑

n≥1un tal que un ≥ 0 para todo n ∈ N, suponha que o limite

L = limn

n√un

é finito ou +∞. Então a série é convergente se L < 1 e é divergente se L > 1ou L = 1+ (L = 1+ significa L = 1 e n

√un > 1). Quando L = 1− (que

significa L = 1 e n√un < 1) ou L = 1± (que significa L = 1 mas n

√un > 1

para alguns valores de n e n√un < 1 para outros valores de n intercalados

com os anteriores) nada se pode concluir sobre a natureza da série.

Proposição 10 (Critério de D’ Alembert (da razão)) Dada uma sérienumérica

n≥1un tal que un > 0, para todo n ∈ N, suponha que o limite

L = limn

un+1un

é finito ou +∞. Então série é convergente se L < 1 e é divergente se L > 1ou L = 1+ (L = 1+ significa L = 1 e un+1/un > 1). Quando L = 1− (quesignifica L = 1 e

un+1un

< 1) ou L = 1± (que significa L = 1 masun+1un

> 1

para alguns valores de n eun+1un

< 1 para outros valores de n intercalados

com os anteriores) nada se pode concluir sobre a natureza da série.

1.2.1 Exercícios propostos

[No que segue TA significa Trabalho Autónomo.]

1. Mostre que são divergentes as séries numéricas∑

n≥1

2n,∑

n≥1

(−2)n ,∑

n≥1

(−1)n ,

e∑

n≥1

(−13

),∑

n≥1

(n+ 2

n+ 5

)2n,∑

n≥1

n+ 1

n.

Page 10: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 10

2. [TA] Por comparação, mostre que as séries numéricas∑

n≥1vn de termo

geral

vn =n

n3 + 1, vn =

1

n (n+ 1), vn =

3n− 1n3

e vn =1

2n + n

são convergentes enquanto que as séries numéricas∑

n≥1vn de termo

geral

vn =1

n− 1 (para n ≥ 2) e vn =1√

n cos2 n

são divergentes.

3. [TA] Usando um critério da comparação, mostre que as séries numéri-cas

n≥1un de termo geral

un =2

n, un =

n− 3n2

e un = sin1

n

são divergentes enquanto que são convergentes as séries numéricas∑

n≥1un de termo geral

un =n

(n2 + 1) (n+ 5), un = n sin

1

n3 + 1e un =

n

n2 + 1lnn+ 2

n+ 5.

1.3 Convergência simples e absoluta de uma sérienumérica

Definição 11 Dada uma série numérica∑

n≥1un, a série de termos não-

negativos∑

n≥1|un| diz-se a sua série modular.

Definição 12 Uma série numérica∑

n≥1un diz-se absolutamente conver-

gente quando a série modular∑

n≥1|un| é convergente.

Page 11: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 11

A relação entre a natureza de uma série∑

n≥1un e da sua série modu-

lar∑

n≥1|un| é dada pela seguinte proposição (consequência do Critério da

Comparação-formulação 1).

Proposição 13 Uma série∑

n≥1un é convergente sempre que a sua série

modular∑

n≥1|un| o for,

n≥1|un| série convergente =⇒ ∑

n≥1un série convergente .

Além disso, tem-se∑

n≥1

|un| ≥

∣∣∣∣∣∣

n≥1

un

∣∣∣∣∣∣. (1)

Proof. Dadas as desigualdades

0 ≤ un + |un| ≤ |un|+ |un| = 2|un|

e o facto de ser convergente a série∑

n≥1|un|, concluímos pelo Critério da

Comparação-formulação 1 que a série numérica∑

n≥1(un + |un|) também é

convergente. Sendo∑

n≥1

un =∑

n≥1

(un + |un|)−∑

n≥1

|un|,

a série∑

n≥1un é convergente. A desigualdade (1) resulta da desigualdade

triangular (|a+ b| ≤ |a|+ |b|, para todo a, b ∈ R)

Dada a definição de série absolutamente convergente, podemos concluirda proposição anterior que toda a série absolutamente convergente é con-vergente.

Definição 14 Uma série numérica∑

n≥1un diz-se simplesmente conver-

gente.quando é convergente mas não absolutamente convergente, ou seja,a série numérica

n≥1un é convergente mas a sua série modular

n≥1|un| é

divergente.

Page 12: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 12

Dada a proposição anterior, concluímos que se uma série numérica éabsolutamente convergente então também é simplesmente convergente,

Convergência absoluta =⇒ Convergência simples .

Por contra-recíproco, conclui-se desta implicação que se∑

n≥1un não é

simplesmente convergente então também não é absolutamente convergente,

Não-convergência simples =⇒ Não-convergência absoluta .

NOTA: para que uma série numérica∑

n≥1un seja absolutamente conver-

gente, NÃO BASTA (não é suficiente) que seja simplesmente convergente(é necessário que também convirja a sua série modular

n≥1|un|),

Convergência simples � Convergência absoluta ,

no entanto, tal é necessário.

1.4 Critérios de convergência para séries de termosnegativos e séries alternadas

Quando uma série∑

n≥1un é de termos negativos consideramos

n≥1

un = −∑

n≥1

(−un) .

A série∑

n≥1un tem a mesma natureza que a série de termos positivos

n≥1(−un)

e, caso seja convergente, tem soma de valor simétrico.

Definição 15 Uma série diz-se alternada se os seus termos alternam desinal, ou seja, se o seu termo geral un é produto do factor (−1)n por umfactor an não-nulo de sinal constante,

n≥1

un =∑

n≥1

[(−1)n · an] .

Page 13: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 13

Além do Critério do Termo Geral, o critério seguinte é o mais utilizadono estudo da natureza de séries alternadas.

Proposição 16 (Critério de Leibnitz) Seja (an)n∈N uma sucessão de-crescente de termos positivos. A série alternada

n≥1

un =∑

n≥1

[(−1)n · an]

é convergente se e só se an → 0.

Remark 17 Quando se prova que uma série numérica alternada é con-vergente não podemos concluir que ela é absolutamente convergente. Énecessário identificar a natureza da sua série modular. Se esta for conver-gente então a série alternada é absolutamente convergente. No entanto, se asérie modular for divergente então a série alternada é apenas simplesmente

convergente. É o caso da série alternada∑

n≥1

[(−1)nn

]cuja série modular

é a série harmónica∑

n≥1

(1

n

). Este é o exemplo de uma série convergente

(simplesmente convergente) que não é absolutamente convergente, ou seja,

Convergência simples � Convergência absoluta .

Remark 18 Por vezes é vantajoso começar por identificar a natureza dasérie modular. Caso esta seja convergente fica provada a convergência ab-soluta da série alternada. É o caso da série

n≥1

(−1)nn2

ou da série ∑

n≥1

sinn

2n.

No entanto, se a série modular for divergente apenas ficamos a saber que asérie alternada não é absolutamente convergente. Ela pode ser divergente,como é o caso da série ∑

n≥1

[n · (−1)n] ,

Page 14: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 14

ou simplesmente convergente, como é o caso da série

n≥1

(−1)n√n.

1.4.1 Exercícios propostos

[No que segue TA significa Trabalho Autónomo.]

1. Averígue se a série∑

n≥1

[(−1)n + (−1)n+1

]é alternada. Mostre que é

convergente e tem soma S = 0.

2. Mostre que a série alternada∑

n≥1

(−1)nn

é simplesmente convergente.

3. Mostre que a série alternada∑

n≥1

(−1)nn2

é absolutamente convergente.

4. Mostre que a série alternada∑

n≥1[n(−1)n] é divergente.

5. [TA] Mostre que a série alternada∑

n≥1

(−1)n+2√n

é simplesmente con-

vergente.

6. [TA] Mostre que a série alternada∑

n≥1

[(−1)n+1 3

n!

]é absolutamente

convergente.

7. [TA] Mostre que são absolutamente convergentes as séries numéricas∑

n≥1un de termo geral

un =n (−1)n

(n2 + 1) (n+ 5), un = (−1)n+1 n sin

1

n3 + 1

e

un =n (−1)n+1n2 + 1

lnn+ 2

n+ 5.

8. [TA] Mostre que a série alternada∑

n≥1

[(−1)n+1 n

n+ 1

]é divergente.

Page 15: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 15

2 Séries funcionaisQuando o termo geral de uma série não depende apenas de n, mas

também de uma variável real x, a série diz-se uma série funcional (ousérie de funções). Uma das formas mais comuns de obter séries funcionaisé através do desenvolvimento de Taylor e de MacLaurin que tratamos napróxima secção.

2.1 Derivação e desenvolvimento de Taylor

Seja f : Df ⊆ R → R uma função real de variável real. Seja ainda aum ponto do seu domínio, a ∈ Df .

Definição 19 A derivada (de ordem 1 ou de 1a ordem) da função fno ponto a é

f ′(a) = limx→af (x)− f (a)

x− a ou ainda f ′(a) = limh→0f (a+ h)− f (a)

h,

sempre que este limite exista como número real.

Definem-se as derivadas de ordem superior a 1:

de ordem 2 : f ′′(x) = f ′[f ′ (x)

], também denotada por f (2)(x)

de ordem 3 : f ′′′(x) = f ′[f ′′ (x)

], também denotada por f (3)(x)

· · ·de ordem n : f (n)(x) = f ′

[f (n−1) (x)

].

Também se pode escrever f (1)(x) em vez de f ′ (x) e f (0)(x) em vez de f (x).

Seja f : Df ⊆ R → R uma função real de variável real e a ∈ Df umponto interior2 a Df . Seguindo a notação usual para derivadas de ordemsuperior a 1,

temos a seguinte definição3:

2Um ponto a é interior a Df se existe uma vizinhança de a contido em Df .3Também se pode escrever f (1)(x) em vez de f ′ (x) e f (0)(x) em vez de f (x).

Page 16: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 16

Definição 20 Se existem com valor real as derivadas até à ordem n + 1da função f em todos os pontos de uma vizinhança do ponto a, define-se odesenvolvimento de Taylor de ordem n de f no ponto a como sendo

f(x) = f(a) + f ′(a) · (x− a) + f′′(a)

2!· (x− a)2 + · · ·+ f

(n)(a)

n!· (x− a)n

︸ ︷︷ ︸Polinómio de Taylor de ordem n de f no ponto a

+Rn(x),

em que Rn(x) (designado por resto de Taylor de ordem n) é dado por

Rn(x) =f (n+1)(z)

(n+ 1)!· (x− a)n+1

para certo z compreendido entre x e a.

Sempre que o resto Rn(x) seja próximo de 0, o polinómio

Pn(x) = f(a) + f′(a) · (x− a) + f

′′(a)

2· (x− a)2 + · · ·+ f

(n)(a)

n!· (x− a)n

é uma boa aproximação da função quando x é próximo de a, ou seja,

f(x) ≈ Pn(x) quando x ≈ a.

Trata-se da aproximação polinomial de Taylor da função f com erroRn(x) de ordem n+ 1.

Quando a = 0, o desenvolvimento

f(x) = f(0) + f ′(0) · x+ f′′(0)

2!· x2 + · · ·+ f

(n)(0)

n!· xn

︸ ︷︷ ︸Polinómio de MacLaurin de ordem n de f no ponto a

+Rn(x)

diz-se o desenvolvimento de MacLaurin de ordem n de f no ponto a.Assume-se que f (0)(a) = f(a). O factorial de n ≥ 1, que é denotado por

n!, é definido como

n! = n · (n− 1) · (n− 2) · · · · · 3 · 2 · 1.

Por convenção, o factorial de 0 é 1, 0! = 1.

Sempre que consideramos apenas um número finito n de termos no de-senvolvimento de Taylor (ou de MacLaurin), obtemos uma aproximação(polinomial) de Taylor (ou de MacLaurin) da função com erro deordem n+ 1.

Page 17: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 17

2.1.1 Exercícios propostos

[No que segue TA significa Trabalho Autónomo.]

1. Considere f(x) = (x+ 3)2, uma potência de x + 3. Utilize o desen-volvimento de MacLaurin para escrever a função f como potências dex.

2. [TA] Utilize o desenvolvimento deMacLaurin para obter um polinómiode ordem 3 que aproxime a função y = expx.

3. Utilize o desenvolvimento de MacLaurin para obter:

(a) um polinómio de ordem 5 que aproxime a função y = sinx.

(b) um polinómio de ordem 4 que aproxime a função y = cosx.

(c) Use a calculadora gráfica para comparar o gráfico da função y =sinx com o gráfico do polinómio obtido na alínea (a). Procedado mesmo modo usando os polinómios de MacLaurin de y = sinxde ordens inferiores (ordem 1, 2, 3 e 4).

(d) Use a calculadora gráfica para comparar o gráfico da função y =cosx com o gráfico do polinómio obtido na alínea (b). Procedado mesmo modo usando os polinómios de MacLaurin de y = cosxde ordens inferiores (ordem 1, 2 e 3).

4. [TA] Mostre que

lnx ≈ x− 1− 12(x− 1)2 + 1

3(x− 1)3 − 1

4(x− 1)4 .

2.1.2 Soluções

1. f ′(x) = 2 (x+ 3) , f ′′(x) = 2 e f (n)(x) = 0 para n ≥ 3. Temos então

f(x) = f(0) + f ′(0) · x+ f′′(0)

2· x2 + f

(3)(0)

3!· x3 + · · ·

= 9+ 6 · x+ 22· x2 + 0

3!· x3 + · · · = 9 + 6x+ x2.

2. Dado que (expx)′ = expx, temos

expx ≈ 1 + x+ 12x2 +

1

6x3.

Page 18: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 18

3. (a) Temos f ′(x) = f (5)(x) = cosx, f ′′(x) = − sinx, f ′′′(x) = − cosx,e f (4)(x) = sinx. O polinómio pedido é

x− 16x3 +

1

120x5.

3. (b) Dado que cosx = (sinx)′ obtemos da alínea anterior que

cosx ≈ 1− 12x2 +

1

24x4.

2.2 Séries de potências de x e de x− aConsideremos as séries de potências, um caso particular de séries fun-

cionais que constituiem uma certa generalização da noção de polinómio.

Definição 21 Chama-se série de potências de x a toda a série da forma∑

n≥1

un(x) =∑

n≥1

(vn · xn−1

)= v1 + v2 · x+ v3 · x2 + v4 · x3 + · · · .

Para cada valor fixo de x, a série de potências∑

n≥1

(vn · xn−1

)dá lugar a

uma série numérica. Em geral, existem valores de x que conduzem a sériesnuméricas convergentes (absolutamente ou simplesmente) e valores de x queconduzem a séries numéricas divergentes. Como exemplo, consideremos asérie de potências de x

n≥1

un(x) =∑

n≥1

xn−1 = 1 + x+ x2 + x3 + x4 + · · ·

em que vn = 1 para todo n ∈ N. Para x = 2 temos a série numérica∑

n≥1

un(2) =∑

n≥1

2n−1 = 1+ 2 + 4 + 8 + 16 + · · ·

que é divergente (o termo geral não tende para 0), enquanto para x = 1/2temos a série numérica

n≥1

un

(1

2

)=∑

n≥1

(1

2

)n−1= 1 +

1

2+1

4+1

8+1

16+ · · ·

Page 19: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 19

que é absolutamente convergente (é uma série geométrica de razão 1/2 ∈]−1, 1[, tal como a sua série modular).

Seja f : Df ⊆ R → R uma função real de variável real tal que 0 ∈ Dfum ponto interior a Df . Quando existem as derivadas de f de todas asordens no ponto x = 0, o desenvolvimento de MacLaurin conduz à série depotências de x

f(x) = f(0) + f ′(0) · x+ f′′(0)

2!· x2 + · · ·+ f

(n)(0)

n!· xn + · · ·

=∑

n≥0

f (n)(0)

n!· (x)n (série de MacLaurin de f ).

A série de MacLaurin de f é uma boa representação da função f para osvalores de x que conduzem a uma série numérica convergente. Consideremosentão a proposição seguinte que define o domínio de convergência de sériesde potências de x.

Definição 22 O conjunto de valores de x para os quais a série de potências

n≥1

un(x) =∞∑

n=1

(vn · xn−1

)

é convergente diz-se o domínio de convergência pontual (ou apenasdomínio de convergência) da série. Quando o domínio de convergênciaé um intervalo, a metade do comprimento desse intervalo diz-se o raio deconvergência da série.

Os critérios de Cauchy e de D’ Alembert podem ser usados directamentepara obter o domínio de convergência de uma série de potências, aplicadosao termo geral com módulos. Contudo, em consequência desses mesmoscritérios, é válido o seguinte resultado para determinação do domínio deconvergência.

Proposição 23 A cada série de potências de x,∑

n≥1

un(x) =∑

n≥1

(vn · xn−1

),

Page 20: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 20

está associado um número real R ≥ 0 ou R = +∞ tal que se x ∈ ]−R,R[(ou seja, se |x| < R) então a série numérica correspondente é absolutamenteconvergente e se x ∈ ]−∞,−R[ ∪ ]R,+∞[ (ou seja, se |x| > R) a sérienumérica correspondente é divergente. O valor de R é dado pelo quociente

R =1

L

em que L é o valor do limite superior

L = limn

n√|vn|.

Quando existe, o limite

L = limn

∣∣∣∣vn+1vn

∣∣∣∣

tem o mesmo valor que o limite limn n√|vn|. Neste caso, também podemos

obter L por esse limite.

Este resultado não permite concluir a natureza da série de potênciaspara x = R e x = −R (ou seja, para |x| = R). Para estes valores de x énecessário um estudo particular, ou seja, substituir na série de potências avariável x por R e por −R e estudar as séries numéricas respetivas,

n≥1

un(R) =∑

n≥1

(vn ·Rn−1

)e

n≥1

un(−R) =∑

n≥1

[vn · (−R)n−1

].

Após o estudo destas séries numéricas, os valoresR e−R são ou não incluídosno domínio de convergência, mesmo que nestas séries a convergência sejaapenas simples.

Se R = 0 (caso em que L = +∞) então o domínio de convergência dasérie de potências é D = {0}. Se R = +∞ (caso em que L = 0+) então odomínio de convergência da série de potências é D = R.

Quando R é um número real (portanto, quando R é finito) então Rcorresponde ao raio de convergência da série de potências. Dado o exposto,

o raio de convergência da série de potências∞∑

n=1

(vn · xn−1

)corresponde ao

limiteR =

1

limnn√|vn|

Page 21: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 21

e, caso exista, ao limite

R =1

limn

∣∣∣∣vn+1vn

∣∣∣∣

=1

limn|vn+1||vn|

= limn

|vn||vn+1|

= limn

∣∣∣∣vnvn+1

∣∣∣∣ .

Consideremos agora o caso mais geral de séries de potências de x− a.

Definição 24 Chama-se série de potências de x − a a toda a série daforma ∑

n≥1

un(x− a) =∑

n≥1

[vn · (x− a)n−1

].

Seja f : Df ⊆ R → R uma função real de variável real e a ∈ Df umponto interior aDf . Quando existem as derivadas de f de todas as ordens noponto x = a, o desenvolvimento de MacLaurin conduz à série de potênciasde x− a

f(x) = f(a) + f ′(a) · (x− a) + f′′(a)

2!· (x− a)2 + · · ·+ f

(n)(a)

n!· (x− a)n + · · ·

=∑

n≥0

f (n)(a)

n!· (x− a)n (série de Taylor de f no ponto a),

Cada uma das séries de Taylor (conforme o ponto x = a tomado) é umaboa representação da função f para os valores de x que conduzem a umasérie numérica convergente. Consideremos então a proposição seguinte quedefine o domínio de convergência de séries de potências de x− a.

Proposição 25 A série de potências∑

n≥1

[vn · (x− a)n−1

]é convergente

para os valores de x que verifiquem x ∈ ]a−R, a+R[ (ou seja, |x− a| < R)e divergente para x ∈ ]−∞, a−R[ ∪ ]a+R,+∞[ (ou seja, |x− a| > R) emque R é dado por

R =1

Lcom

L = limn

∣∣∣∣vn+1vn

∣∣∣∣ ou L = limn

n√|vn|.

Se |x− a| > R então a série de potências é divergente.

Page 22: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 22

Para x = a−R e x = a+R (ou seja, |x− a| = R) é necessário um estudoparticular.

2.2.1 Exercícios propostos

1. Considere a série de potências

´∑

n≥1

xn−1 = 1+ x+ x2 + x3 + x4 + · · · .

(a) Use o Critério da Razão de D’Alemberg para mostrar que odomínio de convergência da série de potências é o intervalo ]−1, 1[.

(b) Dado que, para cada x ∈ ]−1, 1[, a série de potências de x dálugar a uma série geométrica, obtenha

n≥1

xn−1 =1

1− x.

2. Obtenha os seguintes desenvolvimentos de MacLaurin e mostre, peloCritério da Razão de D’Alemberg, que estes são válidos para todo ox ∈ R:

(a) expx =∑

n≥1

[1

(n− 1)!xn−1

]

(b) sinx =∑

n≥1

[(−1)n−1(2n− 1)!x

2n−1

]

(c) cosx =∑

n≥1

[(−1)n−1(2n− 2)!x

2n−2

]

.

3. [TA] Mostre que série de potências de x

n≥1

un(x) =∑

n≥1

xn

[3 + (−1)n]2n,

tem o intervalo ]−4, 4[ como domínio de convergência.

4. Determine o domínio de convergência das seguintes séries de potênciasde x :

Page 23: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 23

(a)∑

n≥1un(x) =

n≥1

xn

n!

(b)∑

n≥1un(x) =

n≥1(n! · xn)

(c) [TA]∑

n≥1un(x) =

n≥1

(−1)n · xnn · 2n

(d) [TA]∑

n≥1un(x) =

n≥1

x2n−1

2n− 1

(e) [TA]∑

n≥1un(x) =

n≥1

xn√nn.

5. [TA] Determine o domínio de convergência das seguintes séries depotências de x− 2 :

(a)∑

n≥1un(x− 2) =

n≥1

[n(x− 2)n−1

]

(b)∑

n≥1un(x− 2) =

n≥1

[(−1)n (x− 2)

2n+1

(2n+ 1)!

].

6. [TA] Mostre que D = [0, 2] é o domínio de convergência da série depotências

n≥1

un(x− 1) =∑

n≥1

(x− 1)nn2

.

7. [TA] Determine os valores de x ∈ R para os quais os seguintes de-senvolvimentos em série de potências convergem para as respectivasfunções:

(a) 1 + x2 +1

2x4 +

1

6x6 + · · ·+ x

2n

n!+ · · · = exp(x2)

(b)1

2− 14(x− 2) + 1

8(x− 2)2 − · · ·+ (−1)n−1 (x− 2)

n−1

2n+ · · · = 1

x

Page 24: Sériesnuméricasefuncionais Desenv. deTayloredeMacLaurin · Dado que a série é convergente, existe o limite de Sn.Suponhamos que limnSn=l. TambémlimnSn−1=l,donde lim n un=lim

ROSÁRIO LAUREANO 24

2.2.2 Soluções4. (a) Dconv = R.

4. (b) Dconv = {0}.

4. (c) Dconv = [−2, 2[ mas a convergência é simples em x = 2.

4. (d) Dconv = ]−1, 1[.

4. (e) Dconv = R.

5. (a) Dconv = ]1, 3[ .

5. (b) Dconv = R.

7. (a) Para todo o x ∈ R.

7. (b) Para x ∈ ]0, 4[ .