Serpente

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    O Ovo da Serpente no Seder de Pessach?

    Nossa histria comea na Mesopotmia, na antiga regio de Bavel (Babilnia). Esse o

    bero de uma deusa conhecida como a Rainha dos Cus. Ishtar era a deusa da fertilidade. Ishtar foi conhecida por diversos nomes, tais como Innana, Oestre, Asherah,

    e tendo inspirado outras deusas da mitologia de outros povos tais como Afrodite e Isis.

    A quantidade de culturas que a veneravam atesta para sua grande popularidade. O culto

    a Ishtar teve sua origem na regio da Babilnia nos tempos primitivos, tendo sido

    adorada atravs de diversos templos e santurios nas regies em torno do Tigre e do

    Eufrates. A popularidade de Ishtar se explica pelo fato de ser considerada a deusa da

    fertilidade, o que em sociedades agrrias representava muito.

    A Mitologia de Ishta Na mitologia Babilnia, Ishtar teve muitos amantes, mas um em particular era pranteado por seu destino trgico: Tamuz (tambm conhecido como Dumuzi), o deus da colheita. Segundo os relatos encontrados nas tbuas sumrias e acadianas, tais como o texto O Cortejo de Innana e Dumuzi, Ishtar teria descido ao mundo dos mortos para tentar usurpar o trono de sua irm- gmea.

    Para adentrar o local, precisou passar por 7 portes, deixando uma pea de roupa em cada. Ao chegar sala do trono, estava completamente nua. Mesmo assim, assentou-se no trono. Sua arrogncia teria despertado a ira dos demais deuses babilnios, que a teriam matado. Ishtar teria enviado Tamuz juntamente com seus prprios demnios para pedir ajuda a alguns deuses. Porm, para ser livrada da morte, apontou Tamuz para morrer em seu lugar. Desde que teria roubado as chamadas tbuas do destino, Ishtar tornou-se conhecida como a Rainha dos Cus. Desse ttulo deriva o nome Innana, que J. Gelb em sua obra The Name of the Goddess Innin aponta como sendo derivado de Nin Anna, que significaria em acadiano senhora do cu. Ishtar/Innana era tambm a filha de Sin, antigo deus-lua da regio da mesopotmia. Seu nascimento estaria associado lua cheia, que igualmente simbolizava a fertilidade. Afinal, a lua cheia representava o momento da abundncia lunar, e a lua tinha papel importante na agricultura. Por ser a deusa da fertilidade, era portanto celebrada especialmente na primeira lua cheia da primavera.

    A Deusa-Meretriz O culto a Ishtar continha em seu cerne atos de prostituio ritual. Pois, a partir da sua posio enquanto deusa da fertilidade, Ishtar tambm governava sobre o sexo, isto , sobre a fertilidade humana. Ishtar/Innana, era portanto conhecida como a meretriz, embora o termo no fosse considerado

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    pejorativo entre seus seguidores. Ao lado, a figura de um vaso de cerca de 4 mil anos, exposto no Louvre, ilustra o aspecto de meretriz atravs da grande nfase no tringulo genital da imagem. Um dos hinos a Ishtar/Innana, recuperados entre os manuscritos sumrios, o Hino a Innana como

    Ninegala, diz o seguinte:

    Quando os servos soltam os rebanhos, e quando o gado e as ovelhas retornam ao curral e ao aprisco, ento, minha senhora, como os pobres sem nome, tu vestes uma nica vestimenta. As prolas de uma meretriz so colocadas em volta de teu pescoo, e provvel que captures um homem da taverna.

    O Ovo e o Nascimento de Ishtar

    Um dos principais smbolos da adorao deusa Ishtar est no uso litrgico do ovo. O ovo era considerado na religio babilnia como sendo um smbolo de fertilidade. A histria mitolgica do nascimento de Ishtar o que a une ao uso litrgico do ovo pode ainda ser encontrada na mitologia sria, na qual Ishtar era conhecida como Ashtarte. Um texto romano de cerca do

    sculo 2 ou 3 DC, erroneamente atribudo ao historiador Higino, narra o tema da seguinte forma: No rio Eufrates, um ovo de maravilhoso tamanho dito ter cado, o qual foi rolado para a margem pelos peixes. Pombas se assentaram sobre ele e, quando se aqueceu, chocou Ashtarte, que foi posteriormente chamada de 'A Deusa Sria'. Uma vez que ela excedeu em justia e retido, por razo de um favor concedido por Zeus, os peixes foram contados com as estrelas, e por causa disso os srios no comem peixe ou pombas, considerando que so deuses.

    A partir dessa histria mitolgica, o ovo tornou- se um dos smbolos da deusa Ishtar, passando a ser usado de forma litrgica em sua adorao. Alm de fazerm

    parte de refeies litrgicas, os ovos eram decorados com motivos religiosos e arte abstrata, sendo usados como enfeites decorativos. At hoje, a Prsia e o Ir retm o costume de pintar ovos como comemorao ao Norouz, que o ano novo do Zoroastrismo. Ao lado, um exemplo dessa tradio: Onde quer que houvesse influncia do culto a Ishtar, o ovo estava presente como parte da comemorao de festas da primavera. O ovo sobre as guas tambm passou a figurar como uma alegoria mitolgica prpria criao do mundo. Ao lado, um exemplo na cultura egpcia do ovo mundano. O ovo reverenciado sobre a Ankh, smbolo que representa a unio entre Isis e Osris. Abaixo, duas imagens clssicas, do livro Mythology vol. 3 de Bryant, mostram esquerda o Ovo de Helipolis, a cidade egpcia do deus-sol. Esse ovo tem sobre si a figura do crescente visvel, associado adorao do deus-lua Sin, pai de Ishtar/Innana. direita, o Ovo de Tifon, da mitologia grega que ilustra sua associao com Afrodite, a contraparte grega de Ishtar.

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    Israel e Ishtar nos Tempos Antigos Considerando que o culto deusa Ishtar bastante primitivo e difundido, a relao entre Israel e Ishtar comeou bastante cedo. Sobre isso, a Enciclopdia Judaica afirma: Astarte o nome fencio de uma deusa-me semita primitiva, da qual as mais importantes divindades semitas se desenvolveram. Ela era conhecida na Arbia como Athtar, e na Babilnia como Ishtar. Seu nome aparece no Antigo Testamento (Melachim Alef/1 Reis 11:5; Melachim Beit/2 Reis 23:13) como Ashtoret, uma distoro de Ashtart, feita a partir da analogia de Boshet (compare com Jastrow, em Jour. Bibl. Lit. 13:28, nota). Shlomo (Salomo) teria erguido um lugar alto para ela prximo a Yerushalayim (Jerusalm), o qual teria sido removido durante a reforma de Yoshiyahu/Josias (Melachim Alef/1 Reis 11:5,33; Melachim Beit/2 Reis 23:12). Astarte chamada nessas passagens de a abominao dos sidnios porque, como as inscries de Tabnith e Eshmunazer mostram, ela era a principal divindade daquela cidade (vide Hoffmann, Phnizische Inschriften, 57, e C. I. S. No. 3). Em pases fencios, ela era a contraparte feminina de Ba'al, e certamente foi adorada com ele pelos hebreus, os quais em alguns momentos se tornaram seus devotos. Isto provado pelo fato de que Ba'alim e Ashtarot so usados diversas vezes (Shoftim/Juzes 10:6; Sh'muel Alef/1 Samuel 7:4 e 12:10)...

    De fato, isso aparece bem cedo nas Escrituras: Tornaram os filhos de Israel a fazer o que era mau perante YHWH e serviram aos baalim, e a Ashtoret, e aos deuses da Sria, e aos de Sidom, de Moabe, dos filhos de Amom e dos filisteus; deixaram YHWH e no o serviram. (Shoftim/Juzes 10:6)

    Podemos perceber, portanto, desde cedo que os israelitas comearam a seguir a Ishtar, e que isso foi considerado abominao por Elohim. At mesmo Shlomo (Salomo) caiu em tal pecado: Shlomo seguiu a Ashtoret, deusa dos sidnios, e a Milcom, abominao dos amonitas. (Melachim Alef/1 Reis 11:5)

    Todavia, aps a reforma realizada por Yoshiyahu (Josias), conforme a prpria Enciclopdia Judaica afirma, o povo voltou para as prticas bblicas, para a f em Elohim, e deixou a abominao de lado, pelo menos temporariamente: O rei profanou tambm os altos que estavam defronte de Yerushalayim, mo direita do monte da Destruio, os quais edificara Shlomo, rei de Israel, para Ashtoret, abominao dos sidnios, e para Quemos, abominao dos moabitas, e para Milcom, abominao dos filhos de Amom. (Melachim Beit/2 Reis 23:12)

    Porm, o povo de Yehud (Jud) voltaria a adorar Ishtar aps o seu retorno do exlio de Bavel (Babilnia). Essa adorao foi novamente denunciada, dessa vez pelos neviim (profetas), conforme a Enciclopdia Judaica afirma: Yirmiyahu/Jeremias (7:18; 44:17,18) e Yehezkel/Ezequiel (8:14) atestam para vrias formas dessa adorao [a Ishtar] em seu tempo, a qual pode se referir a uma importao direta da Babilnia. O uso sacrificial de sangue de porco (Isa. 65:4 e 66:3) podem ser uma referncia a esse tipo de culto similar ao que conhecido no Chipre, onde porcos eram sacrificados a Astarte (Jour. Bibl. Lit. 10:74 e Hebraica, 10:45,47)

    De fato, Yirmiyahu (Jeremias) denuncia a prtica, ao afirmar: Acaso, no vs tu o que andam fazendo nas cidades de Yehud e nas ruas de Yerushalayim? Os filhos apanham a lenha, os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha, para se fazerem bolos

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    Rainha dos Cus; e oferecem libaes a outros deuses, para me provocarem ira. (Yirmiyahu/Jeremias 7:18)

    Yehezkel cita ainda a prtica de adorao ao consorte de Ishtar, Tamuz: Levou-me entrada da porta da Casa de YHWH, que est no lado norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando a Tamuz. (Yehezkel/Ezequiel 8:14)

    O Retorno s Prticas Babilnias Algum tempo depois do exlio, algumas seitas judaicas, por razes de perseguio religiosa e tentativa de domnio sobre a vida eclesistica do povo de Israel, passaram a seguir o calendrio babilnio que, poca, fora popularizado pelos siro- fencios como um calendrio internacional. poca, eram muito raros os calendrios inteiramente civis, o que significava que os calendrios estavam profundamente associados s prticas religiosas. E o calendrio babilnio no era diferente. Assim como costumes associados ao ano-novo babilnio, conhecido como festival do de Akitu, foram incorporados pelo Judasmo, o mesmo ocorreu com alguns costumes da festa da fertilidade de Ishtar. Um deles, pode- se dizer, a celebrao do Pessach associada lua cheia. Para maiores informaes sobre a controvrsia calndrica em Israel, bem como sobre a adoo do calendrio babilnio por parte de alguns segmentos do Judasmo, vide nossa srie de estudos sobre o calendrio.

    Ishtar mesa de Elohim Outra influncia que pode ser observada no Judasmo Ortodoxo a presena do ovo de Ishtar no Seder (jantar, na realidade servio ou ordem) de Pessach! A figura abaixo mostra um tradicional prato de Pesach (a Pscoa judaica) contendo os elementos que so usados no ritual litrgico:

    Podemos observar os seguintes elementos:

    Ervas amargas, conforme indicado em Shemot (xodo) 12:8

    Vegetais, simbolizando as primcias da poca da primavera, que remontam a Vayicr (Levtico) 23:10

    O osso chamuscado do cordeiro embora para muitos seguidores de Yeshua esse rito no seja realizado, podemos ainda dizer que tem relao com o Corban Pessach (sacrifcio de Pessach), que era um cordeiro

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    O ovo da deusa Ishtar! Ser coincidncia a presena de um ovo, que no tem absolutamente nada a ver com a narrativa bblica da sada de Mitsrayim (Egito) mas que tem tudo a ver com a festa da fertilidade de primavera da deusa Ishtar, estar presente numa festa cuja poca se encaixa com tal festa pag?

    As explicaes para a presena desse verdadeiro ovo de serpente no seder judaico so as mais variadas. Explicaes extraoficiais tais como a sorte gira ou o ovo simboliza a vida (faltou ressaltar que simboliza a vida em culturas pags), so dadas das formas mais variadas e inusitadas. Mas fato que esse embarao permanece contaminando as mesas judaicas at os dias de hoje, e ningum sabe explicar como l apareceu. A explicao oficial do Judasmo dada por Shaina B. Lipskier, que afirma o seguinte: Os dois simbolismos do ovo no devem ser confundidos: Ele 'exibido' no prato do Seder para comemorar a oferta de chaguig [oferta festiva]. Ele comido antes da refeio como sinal de pranto.

    Ora, a oferta a que Shaina B. Lipskier se refere seria supostamente uma oferta adicional oferecida juntamente com o Corban Pessach (sacrifcio de Pessach), que era comida como entrada para o corban pessach. S existe um pequeno detalhe: A Tor jamais menciona tal oferta. E, ainda assim, seria estranho imaginar que um ovo (mesmo cozido ou assado) faria aluso a uma oferta queimada. E mais estranho ainda que o ovo simbolizasse o luto.

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    Na realidade, a oferta adicional existe, e o luto tambm. A oferta feita deusa Ishtar, e o luto todo de Elohim, que mais uma vez v o seu povo absorver costumes de Bavel (Babilnia), contrariando a Sua Tor, que afirma: E no andeis nos costumes das naes que eu expulso de diante de vs, porque fizeram todas estas coisas; portanto fui enfadado deles. (Vayicr/Levtico 20:23)

    Yeshua advertiu os lderes do povo ao dizer: Mas em vo me adoram, ensinando doutrinas que so preceitos de homem. (Matitiyahu/Mateus 15:9)

    Concluso Devemos tomar muito cuidado com a idolatria a tudo o que judaico. Nem tudo o que reluz ouro, como diz o ditado popular. Elohim nos chamou e nos determinou especificamente que deixssemos o sistema religioso de Bavel (Babilnia). Todavia, existe ainda muito pouco cuidado por parte dos israelitas no que diz respeito pesquisa das origens do que est por detrs das prticas do Judasmo Rabnico. Muitas prticas pags, babilnias e de outras religies, foram incorporadas ao longo dos sculos, e preciso analis-las luz da Bblia. Ao participar do Pessach, no o faamos de forma leviana, mas sim entendendo que temos a responsabilidade de nos atermos pureza da f bblica. Assim como Shaul (Paulo) nos afirma que Belial no tem parte com a Casa de Elohim, da mesma forma o ovo da serpente, um dos cones da deusa-meretriz, no deve ter parte da mesa de Elohim