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Londrina 2011 Regina Elizabeth Russo Hummig Simone Leal Peres Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Plano Gestor (2012-2014) Meprovi Pequeninos Valorizando a Infância

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Londrina 2011

Regina Elizabeth Russo Hummig

Simone Leal Peres

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Plano

Gestor (2012-2014)

Meprovi Pequeninos – Valorizando a Infância

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Londrina

2011

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Plano

Gestor (2012-2014)

Meprovi Pequeninos – Valorizando a Infância

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão de Projetos Sociais do Centro Universitário Filadélfia de Londrina, como requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em Projetos Sociais. Orientadora: Prof

a. Dra. Selma Frossard Costa.

Regina Elizabeth Russo Hummig

Simone Leal Peres

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Regina Elizabeth Russo Hummig Simone Leal Peres

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Plano Gestor (2012-2014)

Meprovi Pequeninos – Valorizando a Infância

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão de Projetos Sociais do Centro Universitário Filadélfia de Londrina, como requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em Projetos Sociais. Orientadora: Prof

a. Dra. Selma Frossard Costa.

Aprovado em: ____/____/2011.

_______________________________________ Profa. Dra. Selma Frossard Costa

Orientadora Centro Universitário Filadélfia

_______________________________________ Profa. Ms. Maria Inês Marques Centro Universitário Filadélfia

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AGRADECIMENTOS

Ao nosso Deus, que nos direcionou para chegarmos até aqui,

cuidando de todos os detalhes.

À admirável professora Dra. Selma, que aceitou o desafio em nos

orientar, mesmo em meio a tantas atividades.

Aos nossos queridos maridos, que sentiram nossa ausência, por

tantos momentos, mas que foram o incentivo para que concluíssemos este trabalho.

Às muitas amigas que colaboraram de tantas maneiras para a

realização e finalização deste trabalho. Sem vocês, teria sido muito mais difícil.

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HUMMIG, Regina Elizabeth Russo; PERES, Simone Leal. Serviço de convivência

e fortalecimento de vínculos – plano gestor (2012-2014) – Meprovi pequeninos –

valorizando a infância. 2011. 51 f. Monografia (Especialização em Gestão de

Projetos Sociais) – Centro Universitário Filadélfia, Londrina, 2011.

RESUMO

Este trabalho traz uma reflexão sobre a política de atendimento à criança e ao

adolescente no Brasil, tendo como centralidade o Estatuto da Criança e do

Adolescente, porém focando o serviço de convivência e fortalecimento de vínculos,

voltado para crianças de seis a catorze anos. Aponta para a importância do

planejamento estratégico como instrumento para a gestão social e, mais

especificamente, para a gestão institucional. Discute a presença das organizações

do terceiro setor e a importância do seu trabalho, prestando serviços de convivência

e fortalecimento de vínculos. Como referência, coloca em cena o Meprovi

Pequeninos, programa vinculado ao MEPROVI (Ministério Evangélico pró Vida),

Organização não governamental de atendimento a crianças de seis a doze anos, e

que têm no processo de planejamento o seu principal instrumento de gestão.

Conclui fundamentando teoricamente o processo de elaboração do plano gestor e o

apresentando, formulado no contexto da Instituição para o período 2012-2014.

Palavra-chave: Planejamento Estratégico. Plano Gestor. Terceiro Setor. Serviço de

Convivência. Fortalecimento de Vínculos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7

1 POLÍTICA DE ATENDIMENTO À CRIANÇA E O ADOLESCENTE: BREVE

RESGATE ................................................................................................................... 9

1.1 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE - ECA ............................................................................................... 9

1.2 VULNERABILIDADE ........................................................................................... 11

1.3 SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E DE FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS EM

LONDRINA ................................................................................................................ 14

2 AS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR E OS SERVIÇOS DE

CONVIVÊNCIA E DE FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS .................................... 17

2.1 TERCEIRO SETOR: CARACTERÍSTICAS E DEFINIÇÕES ............................... 17

2.2 MEPROVI PEQUENINOS: ORGANIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR DE

SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS .................... 19

2.2.1 O Ministério Evangélico Pró-Vida - MEPROVI ................................................. 19

2.2.2 MEPROVI PEQUENINOS – Programa De Atendimento à Criança e ao

Adolescente ............................................................................................................... 20

3 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO NO

MEPROVI PEQUENINOS ......................................................................................... 24

3.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: CONCEITOS E ETAPAS ........................... 24

3.2 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PLANO GESTOR (2012 – 2014) ......... 27

4 MEPROVI PEQUENINOS: PLANO GESTOR ....................................................... 29

4.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROGRAMA MEPROVI PEQUENINOS .......................... 29

4.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E FINANCEIRA ........................................... 29

4.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 30

4.4 DIRETRIZES GERAIS......................................................................................... 31

4.4.1 Visão ................................................................................................................ 31

4.4.2 Missão .............................................................................................................. 31

4.4.3 Princípios .......................................................................................................... 31

4.5. DIAGNÓSTICO .................................................................................................. 32

4.5.1 Ambiência Externa ........................................................................................... 32

4.5.2 Ambiência Interna ............................................................................................ 33

4.6 OBJETIVOS E METAS ........................................................................................ 34

4.6.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 34

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4.6.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 35

4.6.3 Metas................................................................................................................ 35

4.7 ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA ......................................................................... 35

4.8 PROGRAMAÇÃO ................................................................................................ 35

4.9 RECURSOS DISPONÍVEIS E ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE......... 43

4.9.1 Recursos Humanos: Ano Base: 2012 .............................................................. 43

4.9.2 Recursos Físicos, De Equipamentos E Materiais ............................................. 43

4.9.3 Recursos/ Convênio Público Previsto Para O Ano De 2012 ............................ 44

4. 9.4 Recursos/Parcerias Pessoas Físicas E Jurídicas ........................................... 44

4.10 SISTEMA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO ........................................... 44

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 46

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47

BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS .......................................................................... 49

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda sobre a importância do planejamento

estratégico, voltado para instituições do Terceiro Setor, como um importante

instrumento de gestão institucional.

Pretendendo contribuir com a melhoria do processo de gestão que

uma instituição já realiza, selecionou-se como cenário de estudo e aplicação o

Programa Meprovi Pequeninos, que presta serviço de convivência e fortalecimento

de vínculos a crianças de seis a dozes, e onde atuam as autoras da presente

pesquisa, como profissionais do Serviço Social. Localizada no município de

Londrina-PR, esta Instituição, que se caracteriza como uma organização do Terceiro

Setor, assim como qualquer outra, necessita ter um processo de gestão elaborado

do ponto de vista técnico e administrativo, e está voltada para a sistematização de

uma proposta de ação planejada.

Sendo assim, para a construção desse trabalho, inicialmente

realizaram-se pesquisas bibliográficas e documentais a respeito do referencial

teórico, proporcionando conhecimento básico sobre a política de atendimento à

criança e ao adolescente, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA/90), com foco no atendimento à criança em situação de vulnerabilidade social,

na faixa etária de seis a catorze anos, e, portanto, no contra turno escolar. São

crianças e pré-adolescentes que já se encontram matriculados no sistema regular de

ensino, mas que necessitam de proteção no período em que não estão na escola.

Além do conhecimento sobre essa política de atendimento, também

foi proporcionada a sistematização dos conhecimentos a respeito dos fundamentos

do planejamento estratégico, dos procedimentos metodológicos para elaboração do

plano gestor, e sobre a concepção e contextualização do Terceiro Setor no cenário

atual.

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi o de proceder à

sistematização do Plano Gestor Institucional, partindo de uma situação real,

vivenciada no ano de 2011.

Este estudo está divido em quatro capítulos. O primeiro capítulo

apresenta um breve resgate sobre a política de atendimento sob a ótica do Estatuto

da Criança e do Adolescente (1990), enfatizando a garantia dos direitos. Aborda

ainda o conceito de vulnerabilidade, ou risco pessoal e social, envolvendo crianças,

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adolescentes e seus familiares, e conceitua sobre o Serviço de Convivência Sócio

Educativo em Londrina.

O segundo capítulo traz reflexões sobre o Terceiro Setor que, nos

últimos anos, vem ganhando força e passou a ser reconhecido por sua capacidade

de mobilização de recursos humanos e materiais, para o atendimento à crescente

demanda em que o Estado não consegue abranger. Concomitantemente,

caracteriza a instituição Meprovi Pequeninos em seus aspectos gerais, como

organização sem fins lucrativos, que atende ao segmento infanto – juvenil, desde o

ano de 1996, com a proposta de serviço de convivência sócio educativa.

No terceiro capítulo, há a fundamentação sobre a importância do

planejamento como instrumento de gestão institucional, com enfoque no

planejamento estratégico, além das principais etapas de construção do plano gestor,

a serem operacionalizadas em diferentes oficinas com a participação dos sujeitos

institucionais.

Finalmente, no quarto capítulo, o Plano Gestor Institucional (2012 a

2014) é apresentado de forma sistematizado, que é o objetivo principal deste

trabalho, com destaque para a aplicabilidade no triênio que se segue.

Considerando que esse instrumento, quando aplicado corretamente,

pode ser de tal maneira transformador de realidades, pretende-se contribuir com a

instituição no seu processo de gestão, tendo como base os desafios e perspectivas

institucionais que a organização apresenta.

Não se pode perder de vista, no entanto, que a experiência do

conhecimento não se encerra com a elaboração deste trabalho, mas sim abre as

portas para o contínuo e crescente aprendizado no processo de gestão institucional,

tendo o planejamento estratégico como o seu principal instrumento.

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1 POLÍTICA DE ATENDIMENTO À CRIANÇA E O ADOLESCENTE: BREVE RESGATE

1.1 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA

A questão dos direitos da infância e adolescência apresentou-se

como tema de intensos debates e polêmicas predominantemente nos anos 80.

Como pano de fundo para este debate, esteve a existência de um atendimento com

características excessivamente caritativas e filantrópicas, que culminaram em uma

história de ausência de proteção (VERONESE, 1999).

O artigo 227, da Constituição Federal de 1988, chamada de

Constituição Cidadã, explicita a temática criança e adolescente, priorizando a

proteção e o cuidado a esta parcela da população, fora do âmbito caritativo,

elevando o tema para o âmbito de direitos. Novos elementos surgem, propondo a

construção de uma legislação avançada para além do assistencialismo e do

imediatismo.

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com prioridade absoluta, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988, p. 132-133).

Com base nesses dados, o Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA), lei n° 8.069, promulgada em 1990, surge para regulamentar e assegurar os

direitos estabelecidos na Constituição Federal de 1988, com mais especificidade no

Capitulo VII, no que tange aos direitos da criança e do adolescente, considerando-os

legalmente sujeitos à proteção integral.

Os princípios norteadores para a elaboração do ECA foram a

compreensão da criança e do adolescente como pessoas em condição de

desenvolvimento e sujeitos de direitos fundamentais com absoluta prioridade de

proteção pelo Estado, pela família e pela sociedade em geral. Foram apresentados

267 artigos, na tentativa de dar respaldo às ações e a busca da garantia, efetivação

e respeito aos direitos da criança e do adolescente.

Conforme aponta Vasconcelos (2005), o ECA foi concebido em um

contexto de muita luta, através de movimentos da sociedade, que vinha debatendo e

manifestando a necessidade de mudanças no tratamento às crianças e aos

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adolescentes. É importante ter claro também que a promulgação do ECA é apenas

uma parte desta trajetória de mudanças e que, a partir daí, ainda há muito a ser

feito, tendo em vista que a violação, negligência e o descaso ainda perduram na

sociedade.

As principais modificações conceituais e de gestão trazidas pelo

ECA são:

A substituição da figura da criança em situação irregular pelo

conceito de cidadão criança, que é sujeito de direitos

individuais e coletivos;

Que a família é o ambiente mais adequado para promover a

educação e o desenvolvimento de crianças e adolescentes –

mesmo que seja uma família substituta, investir na família é

sempre a melhor opção;

Institui o município como responsável pela definição e

execução das políticas, programas e ações mais adequadas

para o atendimento de crianças e jovens, com a colaboração

das outras instâncias da organização política e social do país,

e assegurar prioridade absoluta para este atendimento;

Devolve ao Poder Judiciário o exercício exclusivo da função

judicial.

A nova legislação proporcionou uma série de avanços na

perspectiva da garantia de direitos, assim como uma nova interpretação em relação

às questões ligadas à infância e juventude. Tal proposta caracteriza-se como a

quebra de paradigma com relação à visão criada pela sociedade em torno da

infância, baseada na doutrina da proteção integral, alicerçada na política de garantia

de direitos, no estímulo à participação e no desenvolvimento de políticas sociais de

caráter universal.

Essa doutrina afirma o valor intrínseco da criança como ser humano; a necessidade de especial respeito à sua condição de pessoa em desenvolvimento; o valor prospectivo da infância e da juventude como portadoras da continuidade de seu povo, da sua família e da espécie humana; e o reconhecimento da sua vulnerabilidade, o que torna as crianças e adolescentes merecedores de proteção integral por parte da família, da sociedade e do Estado, o qual deverá atuar por meio das políticas específicas para o atendimento, promoção e defesa de seus direitos (COSTA, 1994, p. 24).

Reafirmado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do

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Adolescente (CONANDA), criado em 1991, pela Lei nº 8.242, tem-se o

reconhecimento de crianças e adolescentes como sujeitos de direitos significa

compreendê-los como detentores de todos os direitos da pessoa humana, ainda que

o exercício de alguns somente lhes possa ser assegurado no momento em que

atingirem a maturidade necessária para tal.

O CONANDA foi previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente

como o principal órgão do sistema de garantia de direitos. Por meio da gestão

compartilhada, governo e sociedade civil definem, no âmbito do Conselho, as

diretrizes para a Política Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de

Crianças e Adolescentes. Além da definição das políticas para a área da infância e

da adolescência, o CONANDA também fiscaliza as ações executadas pelo poder

público no que diz respeito ao atendimento da população infanto-juvenil.

Referente à política de atendimento a este segmento, o Estatuto

define, em seus artigos 86 a 89, que sejam realizadas articulações de ações em

conjunto com as redes governamentais e não governamentais da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Assinala ainda as diretrizes desta

política de atendimento, indicando à criação de conselhos nas três esferas

governamentais, como instâncias participativas da sociedade civil em prol da

garantia dos direitos da criança e do adolescente. Sendo assim, a parceria entre o

poder público e o poder privado de forma articulada e fortalecida, podendo ser

considerada como uma das alternativas para amenização dos problemas sociais

presentes historicamente na realidade brasileira (VASCONCELOS, 2005)

No que se refere ao atendimento à criança e ao adolescente, essa

parceria tem sido efetivada, principalmente no que se relaciona ao atendimento a

situações de vulnerabilidade. Isto porque os problemas sociais, como são

conhecidos, são a representação da situação de vulnerabilidade em que os sujeitos

estão envolvidos, como é discutido a seguir.

1.2 VULNERABILIDADE

A usurpação dos direitos é situação freqüente na atualidade,

sendo os sujeitos expostos constantemente a situações que corrompem a sua

integridade, desvirtuando, assim, os marcos legais. O estabelecimento dos direitos

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do indivíduo, nos documentos norteadores do Brasil, não garante efetivamente a sua

concretização. O panorama social brasileiro nos últimos anos foi alvo de intensas

transformações, tanto nas relações sociais como na legislação que norteia o projeto

político social. A globalização da economia interferiu diretamente nas relações

sociais, culturais, econômicas, nas relações familiares e de trabalho, desencadeando

profundas mudanças também em escala global. Nessa perspectiva, a relação dos

indivíduos com a sua cidadania e a garantia de seus direitos também passou por

modificações. Tais mazelas sociais, apresentadas como desigualdades sociais,

redundam na vulnerabilidade social e, de acordo com a Política Nacional de

Assistência Social (2004), a vulnerabilidade se constitui em situações, ou ainda em

identidades, que concorrem para a exclusão social dos sujeitos. Tais situações

originam-se no processo de produção e reprodução de desigualdades sociais, nos

processos discriminatórios, segregacionais engendrados em construções sócio-

históricas e em dificuldade de acesso às políticas públicas.

Assim, a vulnerabilidade é constituída por fatores biológicos,

políticos culturais, sociais econômicos e pela dificuldade de acesso a direitos, que

atuam isolada ou sinergicamente sobre as possibilidades de enfrentamento de

situações adversas, intensificando-se de acordo com os riscos em que são

submetidos os sujeitos. Está representada em suas diferentes relações cotidianas e

se reproduz diariamente, sem que o sujeito tenha, muitas vezes, percepção que sua

condição é de vulnerabilidade.

Tratar de vulnerabilidade exige criterioso estudo sobre a realidade

social, bem como o entendimento da estrutura política e econômica que envolve os

indivíduos. É fundamental também que tal abordagem esteja relacionada ao

entendimento sobre a violência, que é uma realidade crescente dentro da sociedade

atual, associada fortemente à situação da criminalidade e da segregação e

integração social.

Para Costa (1990), situação de vulnerabilidade ou situação de risco

pessoal e social é aquela em que se encontram as pessoas, famílias e coletividades

excluídas das políticas sociais básicas ou de primeira linha (trabalho, educação,

saúde, habitação, abastecimento, transporte, esporte, meio ambiente e lazer,

abastecimento, etc.), em razão de um conjunto diversificado de circunstâncias ou

privações. Quando não atendidos em suas necessidades básicas, estes indivíduos e

grupos são submetidos à condição de subcidadãos, ou cidadãos de segunda classe.

O autor ainda reforça que a exposição destes sujeitos à morte, à doença, à

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degradação pessoal e social, faz incluí-los no universo das chamadas situações de

risco.

Em se tratando da violência contra crianças e adolescentes, esta

pode ser expressa como violência física, psicológica, negligência, abandono e abuso

sexual. Pode ocorrer em suas residências, nas escolas, em instituições públicas ou

privadas, ou mesmo nas ruas. Nas palavras de Sposati (2004, p. 5), vulnerabilidade

torna-se abrangente, envolvendo:

[...] pessoas com deficiência ou abandono; crianças e adultos vítimas de formas de exploração, de violência ou ameaças; vítimas por preconceito por etnia, gênero e orientação sexual; vítimas de apartação social que lhes impossibilite sua autonomia e integridade, fragilizando sua existência.

Mais especificamente sobre a infância e a juventude, estão em

situação de risco pessoal e social, crianças e adolescentes que se encontram

expostos a fatores ameaçadores, ou, que transgridam a sua integridade física,

psicológica ou moral, por omissão da família da sociedade, do Estado, ou em razão

de sua conduta (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, art. 98). Todavia,

é necessário entender que juntamente a toda criança e adolescente, existem as

famílias pertencentes aos grupos vulneráveis. A família ainda é a referência máxima

para os indivíduos, e é nela que os conflitos tendem a ter as suas principais

manifestações, sendo também o meio pelo qual a vulnerabilidade é passada de

geração em geração. Por sua peculiaridade, a família é fonte de alegrias,

desilusões, crises, problemas conjugais, etc., mas uma família não tem por princípio

a transmissão para suas gerações de pessoas vulneráveis ou de injustiça social.

Quando uma família é devidamente trabalhada, lhe é permitido

lançar uma olhar crítico sobre a sua condição e tentar romper com ciclo da exclusão,

assim como também é preciso romper o ciclo vicioso em que o indivíduo nasce e

permanece vulnerável, pois o contrário seria desacreditar no papel e na efetividade

das políticas sociais para atuar dentro dessa demanda.

[...] entender que a família, ela própria carece de proteção para processar proteção [...] em particular aquela em situação d pobreza e exclusão só é possível de otimização se ela própria recebe atenções básicas (VASCONCELOS, 2005 apud CARVALHO, 2002, p.19).

Sobretudo, as políticas públicas devem estar articuladas em prol

da redução das vulnerabilidades, que se expressa de forma multidimensional, com

fatores objetivos, como renda, acesso a bens e serviços públicos; e fatores

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subjetivos, como aspectos psicossociais negativos que dificultam o enfrentamento e

a superação das condições de vulnerabilidade. Refere-se a grupos ou pessoas que

em situação de fragilidade pessoal e social. Descrito no Sistema de Monitoramento e

Avaliação de Londrina, a questão vulnerabilidade envolve:

Discriminações decorrentes de questões étnico-racial,

cultural, etária, gênero, orientação sexual, deficiência, entre

outras;

Não acesso ou aceso insuficiente a bens e serviços;

Não acesso ou aceso insuficiente à renda;

Privação de capacidades básicas: qualificação, leitura,

escrita, saúde;

Exposição a riscos sociais: violência, conseqüências do

tráfico, exposição ao abuso e a exploração sexual e trabalho

infanto-juvenil, aliciamento, abandono, negligência;

Institucionalização;

Fragilidade e/ou ruptura de vínculos familiares e comunitários;

Ausência de documentação civil;

Não acesso ou acesso insuficiente a lazer, cultura, trabalho,

saúde, educação, habitação, infra-estrutura urbana;

Desamparo institucional por parte do Estado.

A redução da vulnerabilidade está diretamente vinculada à estrutura

de oportunidades e os ativos que as pessoas têm ou se utilizam para enfrentar

esses riscos. Para abrandar as situações de vulnerabilidade social entre as crianças

e adolescentes, é primordial que haja a efetivação das políticas públicas de forma

efetiva e articulada no enfrentamento da questão social.

E dentre as articulações e parcerias que têm sido efetivadas entre o

gestor público e as organizações da sociedade civil, que o Serviço de Convivência

sócio educativo, para o atendimento na faixa etária de seis a catorze anos, ganha

destaque. Esse tema, central neste trabalho, é importante pela sua atualidade e por

atuar na perspectiva da prevenção, buscando superar situações de vulnerabilidades

vivenciadas por esse segmento.

1.3 SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E DE FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS EM LONDRINA

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Como regulamentado pela Tipificação Nacional de Serviços Socio-

assistenciais (Resolução CNAS n° 109/2009), Serviço de Convivência e de

Fortalecimento de Vínculos é o serviço realizado em grupos, que procura garantir

aquisições progressivas ao seu público usuário, de acordo com o seu ciclo de vida, a

fim de complementar o trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de

situações de risco social. Estabelece ainda que as intervenções devem ser pautadas

em experiências lúdicas, culturais e esportivas, como formas de expressão,

interação, aprendizagem, sociabilidade e proteção social.

Ainda, baseado nesta tipificação, são considerados Serviços de

Convivência e Fortalecimento de Vínculos, o serviço para crianças e adolescentes

de 6 a 15 anos, o serviço para adolescentes e jovens de 15 a 17 anos (Projovem

Adolescente) e o serviço para idosos.

Desta forma, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

para Crianças e Adolescentes de 6 a 15 anos é ofertado na Proteção Social Básica,

com foco na constituição de espaço de convivência, formação para a participação e

cidadania, desenvolvimento do protagonismo e da autonomia das crianças e

adolescentes, a partir dos interesses, das demandas e das potencialidades dessa

faixa etária. Esses serviços podem ser ofertados nos espaços físicos dos Centros de

Referência da Assistência Social (CRAS), em unidades públicas, ou organizações

privadas sem fins lucrativos, conveniadas com o Poder Público, desde que tenham

registro no Conselho de Assistência Social (Resolução CNAS n.° 109/2009).

Regulamentado pelo Sistema de Monitoramento e Avaliação do

município de Londrina1, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

compreende um conjunto de ações sócio-educativas. É ainda realizado em horário

parcial, de acordo com a especificidade territorial, que visam a proporcionar as

crianças, adolescentes e jovens, em situação de vulnerabilidade e risco social o

atendimento, promovendo uma educação para a cidadania e participação

comunitária, possibilitando, assim, o seu desenvolvimento integral, conforme

preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, e demais legislações

voltadas à juventude.

Nesse sentido, estão assim divididos:

1 Documento elaborado pelas secretarias e comissões temáticas, gerências e serviços de proteção básica e

especial da Secretaria Municipal de Assistência Social, serviços de proteção social básica e especial da rede não

governamental, aprovado pelo Conselho Municipal de Assistência Social em outubro de 2008 através da

resolução 050/2008.

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Modalidade I: 6-14 anos, sendo: infância 6-9 anos; pré-adolescente

9-12 anos; adolescente 12-14 anos;

Modalidade II: 15-17 anos;

Modalidade III: 18-29 anos.

Atualmente, na cidade de Londrina, de acordo Garcia (2009 apud

COSTA, 2008), existem aproximadamente 85 (oitenta e cinco) organizações que

desenvolvem 127 (cento e vinte e sete) serviços distribuídos entre educação infantil,

serviços de convivência sócio-educativos, abrigos, educação profissional, entre

outros serviços de proteção ou atendimento especializados no segmento da criança

e adolescente. A maioria dessas organizações desenvolve parcerias com o gestor

público, na execução dos serviços.

Estes programas oferecem atividades grupais de convívio e trabalho

sócio educativo, com vistas ao fortalecimento de vínculos, fortalecimento da

cidadania, o desenvolvimento de sociabilidades e a prevenção e a atenção de

situações de risco social. O trabalho social tem como enfoque a criança e/ou

adolescente e/ou jovem e sua família, que centrados no atendimento à população

vulnerabilizada em seus vários aspectos, buscam amenizar as diferenças sociais em

que são expostas e submetidas esta parcela da população, primando pela garantia

de seus direitos.

Sendo assim, o foco desta monografia está na discussão da

Modalidade I, posto que apresenta o Plano Gestor de um Serviço de Convivência

Sócio Educativo, voltado para a faixa etária de seis a doze anos.

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2 AS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR E OS SERVIÇOS DE CONVIVÊNCIA E DE FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS

2.1 TERCEIRO SETOR: CARACTERÍSTICAS E DEFINIÇÕES

Denomina-se “Terceiro Setor” o conjunto das organizações não

governamentais e que se caracterizam por não terem finalidade de lucro e não

derivam do poder público. Este termo passou a ser utilizado no Brasil a partir do

início dos anos 1990, para designar as organizações da sociedade civil, sem fins

lucrativos, criadas e mantidas com ênfase na participação voluntária, que atuam na

área social visando ao enfrentamento das questões sociais. Seus objetivos podem

ser: sociais, filantrópicos, culturais, recreativos, religiosos, ecológicos ou artísticos.

Como observa Barros (2008), as entidades do Terceiro Setor são caracterizadas

como instituições sem fins lucrativos, que complementam a ação do Estado. São

instituições privadas que atuam com uma finalidade pública, possuem características

de voluntariado e são organizadas institucionalmente.

Entretanto, a filantropia, que está na origem da atuação do terceiro

setor é mais antiga. O início das ações filantrópicas no Brasil data do século XVI,

com o surgimento das santas casas de misericórdia, atuantes no país até hoje.

Institucionalizou-se, a partir daí, o atendimento a pessoas carentes.

Durante mais de três séculos, a filantropia foi desenvolvida no Brasil

sob a lógica da prática assistencialista, com predomínio da caridade cristã. Ricos

filantropos sustentavam os educandários, os hospitais, as santas casas, os asilos e

demais organizações que foram fundadas a partir do século XVIII. Foi somente no

final do século XIX e início do XX que as instituições de assistência e amparo à

população carente passaram por mudanças na sua forma de organização e

administração, deixando de ser fundamentalmente orientadas por princípios da

caridade cristã e da filantropia.

Foi nesse período que se intensificou a atuação do Estado na

questão social, principalmente nas áreas urbanas, na saúde, higiene e educação. A

intervenção do Estado na gestão administrativa e no financiamento das

organizações assistenciais e filantrópicas também aumentou. Especialmente a partir

de 1910, as instituições assistenciais iniciaram um período caracterizado por forte

dependência econômica do Estado, que passou a exigir prestação de contas

submetendo as organizações a um controle sobre a administração e suas ações

prático-normativas.

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O início da fase da industrialização e a crescente urbanização, que

se intensificaram nas décadas de 20 e 30 alteraram o panorama brasileiro. Crescia a

massa de operários, cresciam as cidades e cresciam os problemas sociais.

Aumentou o número de organizações sem fins lucrativos que, atreladas ao Estado,

buscavam soluções para os crescentes problemas de pobreza e exclusão social.

Nos últimos anos, houve grande expansão do terceiro setor no

Brasil, rumo ao enfrentamento das questões sociais. A importância deste setor

passou a ser reconhecida, uma vez que o Estado se apresentou incapaz de atender

sozinho às demandas sociais e pela grande capacidade de mobilização de recursos

materiais e humanos que esse setor apresenta, também gerando empregos e maior

qualidade ao serviço prestado.

Existe, portanto, uma interdependência e uma indivisibilidade entre

Estado, mercado e Terceiro Setor. O Estado depende do mercado para pagamento

de tributos e prestação de serviços mediante concessão e permissão, e depende do

terceiro setor para o desempenho de atividades antes exclusivamente prestadas por

ele. O mercado depende de investimentos por parte do Estado, bem como de

incentivos fiscais para promoção de algumas atividades e depende do terceiro setor

para valorização do capital, por meio do marketing social. Já o terceiro setor

depende do mercado e do Estado como grandes financiadores de suas atividades.

O terceiro setor surge em um contexto real no qual o Estado não

consegue assumir o monopólio do bem-estar de que a sociedade necessita. Este

vem sendo criado e desenvolvido entre o Estado e o mercado, em nome da

solidariedade ditada pelos novos riscos contra os quais nem o mercado, tampouco o

Estado oferecem garantia. Abrange ações públicas que saem do domínio estatal e

passa ser encampadas por organizações da sociedade civil. É o surgimento da

sociedade privada com fins públicos, com objetivo de combater grandes problemas

do mundo atual com pobreza, violência, poluição, analfabetismo, racismo, etc. São

instituições com grande poder de representatividade, podendo ser vistas como

legítimas representantes dos interesses da sociedade civil. Qualificam-se como

entidades do terceiro setor as ONGs, associações, fundações, entidades de

assistência social, educação, saúde, esporte, meio ambiente, cultura, ciência e

tecnologia, entre várias outras organizações da sociedade civil.

O maior desafio para as organizações do terceiro setor, e as

instituições que dele fazem parte, é o de superar a prática filantrópica e

assistencialista para a direção a uma atuação marcada pelo profissionalismo e pela

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técnica, comprometida com a garantia dos direitos sociais aos segmentos atendidos,

bem como com a promoção e a inserção social.

2.2 MEPROVI PEQUENINOS: ORGANIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR DE SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS

2.2.1 O MINISTÉRIO EVANGÉLICO PRÓ-VIDA - MEPROVI

O Ministério Evangélico Pró-Vida é caracterizado juridicamente sob

a forma de associação, conforme o Código Civil vigente, e possui inscrição no CNPJ

n° 80507718/0001-08. É a instituição mantenedora de dois principais programas:

Meprovi Clínica, voltado para o tratamento da dependência química, e o Meprovi

Pequeninos, serviço de apoio sócio-educativo a crianças de 6 a 12 anos. A sede

administrativa do MEPROVI localiza-se à Rodovia Mábio Palhano, n. 3000, Londrina,

onde também ocorrem os atendimentos do MEPROVI Clínica. Por sua vez, o

MEPROVI Pequeninos está instalado à Rua Santa Terezinha, n. 609, no Bairro

Santa Terezinha, também na cidade de Londrina.

Os principais mantenedores da Instituição são: Igreja Presbiteriana

Central e Instituto Filadélfia de Londrina. Há contribuições também de pessoas

físicas e jurídicas, além de um convênio com a Prefeitura Municipal de Londrina,

para o atendimento no MEPROVI Pequeninos. Atualmente, o custo operacional do

serviço é R$ 19.036,00 mensais, tendo como valor a per capita de R$ 317,27. Deste

valor, a quantia de R$ 3.120,00 é conveniada com a Secretaria Municipal de

Assistência Social e repassada para a Instituição no valor de R$ 52,00 por criança

atendida.

De acordo com as normais regionais, a entidade possui Certificado

de Utilidade Pública Municipal e Federal, bem como registro no Conselho Municipal

de Assistência Social (CMAS), Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do

Adolescente (CMDCA) e Conselho Municipal Sobre Drogas (COMAD),

O MEPROVI iniciou suas atividades em 16 de agosto de 1987,

voltando-se para o tratamento da dependência química de jovens e adultos, do sexo

masculino. O MEPROVI explicita, em seu Plano Gestor, como Missão Institucional:

Prestar ações de atendimento integral, reconhecendo as pessoas em sua dignidade humana e como sujeitos de direitos, capacitando-as para o pleno exercício da cidadania e resgatando-as para uma vivência genuinamente cristã e transformadora de suas realidades (Plano Gestor 2009-2011, p. 3).

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Assim, o objetivo da criação da Instituição foi dar uma resposta à

realidade cotidiana em que, cada vez mais, jovens e adultos buscam nas drogas e

no álcool a fuga de seus problemas. Inicialmente, o intuito do trabalho era a busca

pela diminuição dos altos índices destes jovens e adultos envolvidos com a

dependência química e, conseqüentemente, muitos deles no mundo do crime.

2.2.2 MEPROVI PEQUENINOS – PROGRAMA DE ATENDIMENTO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE

A partir de 1996, o MEPROVI ampliou o seu espaço de atuação,

implantando o atendimento a crianças de seis a doze anos em outro espaço

geográfico, na perspectiva de um trabalho protetivo e preventivo, denominado

Meprovi Pequeninos, que se caracteriza como um programa de atendimento à

criança em situação de risco pessoal e social.

O Meprovi Pequeninos enquadra-se como serviço de proteção

social básica, que segundo a Política Nacional de Assistência Social (PNAS, 2004,

p. 34), e tem como objetivos:

Prevenir situações de risco por meio de desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos–relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).

Na perspectiva do Sistema Único de Assistência Social, tem parceria

com o gestor público Municipal, através do Conselho Municipal da Criança e do

Adolescente (CMDCA), que se faz de fundamental importância no sentido de

facilitar, à população usuária do serviço do Meprovi Pequeninos, o acesso aos

direitos e ações da Política Municipal de Assistência Social. Possui uma estrutura

organizacional e funcional, necessária ao desenvolvimento de um trabalho

preventivo, na linha da convivência e o fortalecimento de vínculos.

O Meprovi Pequeninos tem como missão Institucional garantir

atendimento físico, social, educacional, emocional e espiritual à criança em situação

de risco pessoal e social, capacitando-as para o pleno exercício da cidadania, em

uma perspectiva cristã. Presta atendimento diário a 60 (sessenta) crianças e pré –

adolescentes de 06 a 12 anos, em turno parcial ao da escola, as quais recebem

alimentação, como o café da manhã, almoço e lanche. São crianças oriundas de

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famílias em situação de risco pessoal e social, geralmente contando com a presença

apenas da mãe e irmãos, e, em muitos casos, residindo em condições habitacionais

precárias.

No intuito de uma proposta de trabalho sócio-educativo, a instituição

vem atuando junto à população infanto-juvenil, que reside em uma das regiões mais

carentes de Londrina, que desponta como um importante recurso para as famílias,

frente à necessidade de garantir aos seus filhos, segurança e atendimento básico.

Para atender o público alvo, desde abril de 2008, a instituição conta

com sede própria. A equipe técnica é composta por uma assessora técnica, uma

assistente social e coordenadora, uma coordenadora pedagógica, uma estagiária de

serviço social, seis educadoras, uma cozinheira, uma funcionária de serviços gerais.

Tem também seu quadro aberto a diversas entidades de ensino superior como

campo de estágio, abrangendo até o momento, área de nutrição, serviço social,

educação física, psicologia, estética, pedagogia, teologia, enfermagem, gastronomia.

Para consolidação do trabalho, as atividades desenvolvidas visam a

promover ações a fim de que as crianças e pré-adolescentes conheçam e acessem

seus direitos, como rege no ECA, artigo 3º:

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana sem prejuízo de proteção integral que trata esta lei, assegurando-se-lhes, por lei e por outros meios todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 1990, p. 3)

Diante disso, a instituição objetiva um atendimento integral, visando,

em suas atividades, à intervenção social, à construção ou reconstrução de laços de

significação para os grupos sociais, mediante a elaboração de estratégias que

forneçam e articulem possibilidades aos educadores deste processo, a encontrarem

soluções para os problemas gerados pelo social, em que pressupõem uma ação

intencional sobre os indivíduos, grupos ou comunidades, com a finalidade de gerar

mudanças e melhorias.

O respeito às diferenças dos educandos é parte integrante dessa

proposta. Para que seja incorporada pelas crianças, a atitude de aceitação do outro

em suas diferenças e particularidade precisam estar presentes nas atitudes dos

adultos com os quais convivem na instituição. Começando pelas diferenças de

temperamento, de habilidades e de conhecimentos, até as diferenças de gênero, de

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etnia e de credo religioso, o respeito desta adversidade deve permear nas relações

cotidianas. O programa busca mostrar, às crianças, a sua importância perante a

sociedade, a comunidade e a família.

Assim como rege no ECA (1990, art. 58, p. 20):

No processo educacional respeitar-se os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade de criação e o acesso às fontes de cultura.

O trabalho é desenvolvido através das seguintes atividades: apoio

pedagógico; educação artística; formação cristã; informática; atividades lúdicas;

dança e artes; apoio escolar; saúde; valores éticos e socialização, no qual buscam

proporcionar o prazer, diversão, lazer, expressão e desenvolvimento das habilidades

corporais. Também são orientadas quanto à alimentação, higiene pessoal e

atendimento psico-pedagógico. Juntamente a tais atividades, são realizados também

projetos sociais, garantindo apoio sócio-educativo e atendimento sócio-familiar.

Estes projetos possibilitam ações que fortalecem a integração da instituição com as

famílias, na busca da consolidação de um trabalho integral.

Ronqui (2008 apud MIOTO, 2006) afirma que a família, no contexto

da vida social, tem sido valorizada cada vez mais no âmbito das propostas de

enfrentamento às diferentes manifestações de “mal-estar-juvenil”, através de

programas geralmente denominados de orientação e apoio sócio-familiar. Para que

o programa possa atender às reais necessidades da criança, a família necessita

manter-se presente e ativa.

Compartilhar com a família o processo dos filhos é um meio de

possibilitar a interação entre programa/família, com isso a família participa em como

está sendo o desenvolvimento de seus filhos no desempenho das atividades, a

introspecção de aprendizagem, as dificuldades que apresentam, o comportamento,

a socialização com colegas, educadores e outros profissionais.

Devido a isso, é necessário que os profissionais que atuam na área

utilizem suas habilidades e competências para que as famílias se percebam como

sujeitos no processo de desenvolvimento de seus filhos. Para fortalecer e favorecer

esta relação instituição/família e família/criança, busca-se promover reuniões de

pais, comemorações, apresentações artísticas, visitas domiciliares e encontros

sócio-familiares.

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Nesta perspectiva, o Meprovi Pequeninos – serviço de convivência e

fortalecimento de vínculos – visa a proporcionar, à criança e ao pré-adolescente,

uma boa infância, com direito a “direitos e deveres” garantidos e esclarecidos,

oportunidades, liberdade, segurança e desenvolvimento pleno.

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3 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO NO MEPROVI PEQUENINOS

3.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: CONCEITOS E ETAPAS

Planejar é uma ação presente na vida cotidiana do homem. Engloba

ações relacionadas à forma de se organizar para determinar ações ou definir metas.

Embora muitos ainda desenvolvam ações sem o menor cuidado, há que se dar voz a

corrente que afirma que o planejamento é a garantia de uma ação bem executada,

mesmo que o objetivo principal não seja em curto prazo alcançado.

O planejamento permite pensar a realidade em toda sua

complexidade, percebendo os limites e possibilidades. O que fazer e como fazer

surgem como aspectos norteadores para uma proposta de trabalho nas mais

diferentes esferas. Via de regra, planejar é saber para onde se vai e o que se quer,

englobando objetivos e metas sem perder sua objetividade. Isso é garantido através

da racionalidade do planejamento e deve ser concebido com bases estruturadas,

respeitando todas as suas dimensões. Daí a necessidade de um estudo previamente

detalhado da situação ou problemática, o diagnóstico, considerando pontos

fundamentais como fatores de risco, pontos fortes, pontos fracos e ameaças, para

que, posteriormente, seja possível partir para a etapa da programação, em que se

define os objetivos, metas, estratégias, recursos, monitoramento, controle e

avaliação das ações em execução (COSTA, 2009).

Apesar do grande enfoque em que o planejamento se caracteriza

como uma ação democrática, nem todas as formas de planejar garantiram este

conceito. Na década de 70, o planejamento tecnocrático surgiu como característica

em defender uma gestão centralizadora, fechado à participação de um determinado

grupo, que mantinha as projeções e decisões. Com a eclosão dos movimentos

sociais que defendiam a participação popular, nos anos de 80, ganhou força o

planejamento participativo, permitindo ampla participação de todos os envolvidos no

processo. O trabalho era construído em torno do respeito aos diferentes saberes.

Enfim, na modernidade do século XX, e em meio às crises

neoliberais, mudanças nas relações de trabalho, predominância do mundo digital e

das relações impessoais, surgiu o planejamento estratégico como resposta às

demandas organizacionais do mundo moderno, tendo como primazia a participação

de todos os envolvidos no processo, inibindo ações centralizadoras e trabalhando as

questões em sua totalidade, com respeito à participação dos envolvidos no

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processo. Perdeu-se a vertente tecnocrática centralizadora e emergiu a proposta

para a liberdade de ação e participação. Pensar no todo viabiliza o sucesso e

diminui as fragilidades. O planejamento também precisa ser planejado. Com uma

ação bem elaborada, garante o sucesso de sua execução. Deve possibilitar a

visualização do caminho a ser percorrido sem perder as nuances que o trabalho

exige.

Soares e Toreto (2010, p. 13) sintetizam:

Podemos dizer que o planejamento é um processo contínuo e dinâmico que consiste em um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuros, de forma a possibilitar a tomada de decisões antecipadamente. Essas ações devem ser identificadas de modo a permitir que elas sejam executadas de forma adequada e considerando aspectos como o prazo, custos qualidades, segurança, desempenho e outras condicionantes.

Apontado como eficaz instrumento de gestão e capaz de

proporcionar transformações de uma dada realidade, o planejamento estratégico

deve ter a magnitude de principal instrumento dentro da proposta de gestão.

O planejamento estratégico pensa a instituição como um todo, e não apenas setores e problemáticas específicas, analisa o ambiente interno e externo da instituição, estabelece objetivos maiores de longo alcance, cujo prazo variam em média, de três a cinco anos; define prioritariamente, as diretrizes gerais: visão missão e princípios. Processo este, em que a participação de todos os sujeitos envolvidos, direta e indiretamente e condição essencial (COSTA, 2009, p. 37).

A fim de atuarem na tentativa de diminuir as seqüelas

produzidas pela questão social, as instituições, sejam governamentais ou não

governamentais, precisam estar munidas de um planejamento, que orienta o gestor

aonde ele quer chegar. No planejamento estratégico, são decididas ações a serem

realizadas, com objetivos, metas e programas voltados para a população atendida

no âmbito da instituição. Para a elaboração do planejamento, é importante se atentar

para a metodologia deste processo: formulação, operacionalização e avaliação, em

uma estrutura organizada em plano, programas e projetos. Assim, o planejamento

estratégico surge como uma forma de nortear as instituições a se mobilizarem para

transformar sua estrutura funcional e organizacional, na construção coletiva de um

ideal, com destaque na participação da organização como um todo neste processo,

dando mais coerência ao conjunto de idéias.

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No processo de gestão, é primordial entender o conjunto de teorias e

estratégias específicas para o desenvolvimento da intervenção junto à população e à

sociedade como um todo, considerando inclusive as questões que se colocam frente

à prática profissional e que, por meio destes conhecimentos básicos, se

consolidarão com o desenvolver do agir profissional, podendo buscar a elaboração

de estratégias e técnicas de ação, articuladas com a realidade na busca de uma

melhor qualidade de vida para ao usuário. As dificuldades que surgem durante a

execução da proposta terão maiores chances em serem superadas se estiverem

previamente dentro de um trabalho planejado, pois são vistos como um meio de

prever e enfrentar os obstáculos, melhorando e clareando o processo de decisão.

O processo de planejamento é fundamental para pensar e repensar

a totalidade institucional, em seus aspectos técnico-operacionais e político-

ideológicos e em sua dimensão administrativa e organizacional, mas também na sua

proposta sócio assistencial de intervenção. De acordo com Costa (2009), o

planejamento institucional consiste basicamente em cinco principais fases:

1ª) Preparação institucional

A fase marcada pela organização do ambiente físico e logístico da

instituição para iniciar o processo de planejamento, assim como é também a etapa

de motivação e mobilização dos sujeitos envolvidos no processo, representado por

no mínimo uma pessoa de cada segmento institucional.

2ª) Elaboração do Plano Gestor Institucional

São utilizados recursos como oficinas, instrumentos, como

questionários e entrevistas estruturadas, discussões grupais, observação

participante para gradativamente ser formatado o documento que irá gerenciar toda

a ação institucional, além de também agregar os programas e projetos sociais que

são definidos e decididos neste momento, como parte integrante do plano gestor.

3ª) Revisão Geral do Processo de Elaboração

Momento do crescimento pessoal e grupal em que a assessoria que

media esta intervenção tem papel fundamental de conduzir à discussão, de forma

que leve à unidade na adversidade, caso surjam divergências de idéias ou embates.

O processo de elaboração do plano gestor traz, explicitamente, à sua dimensão,

técnica e política, mas também apresenta claramente uma função pedagógica à

medida que oportuniza a aprendizagem, o crescimento, o desenvolvimento de

habilidades, a instrumentalização dos sujeitos institucionais. Esta fase também é

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importante importa fazer a leitura individual e conjunta para possíveis ajustes ou

esclarecimentos.

4ª) Execução Monitorada das Ações Planejadas (Gestão do

Planejamento)

O planejamento começa a tomar forma na medida em que as ações

que foram propostas começam a ser executadas em decorrência do alcance dos

objetivos e metas, para a superação das questões que foram apontadas no

diagnóstico. A execução do planejamento se trata da operacionalização da ação

planejada. Assim sendo, a etapa de execução necessita do sistema de

acompanhamento, monitoramento e a avaliação de cada programa, desde o seu

início, através de instrumentos previamente definidos, como: relatórios,

questionários, cronogramas e outros.

5ª) Avaliação dos resultados alcançados, revisão e

reelaboração

A fase de avaliação completa o processo de planejamento em um

desenvolvimento dialético de revisão e de retomada do processo, no qual é

constante. A partir da avaliação, toda a prática do planejamento é repensada,

buscando sempre o alcance das metas estabelecidas em função da superação da

realidade vivida, em um ciclo contínuo de reflexão, decisão, ação e revisão. As

ações planejadas e executadas são monitoradas e avaliadas enquanto estão

acontecendo, bem como ao final de todo o processo, quando é retomado tudo o que

foi feito, pautado nos critérios da eficiência, eficácia e efetividade. (BARROS, 2008).

Em síntese, a fase do monitoramento e avaliação compreende um

conjunto de procedimentos de acompanhamento e análise, com o propósito de

checar se as atividades e resultados realizados correspondem ao que foi planejado,

e se os objetivos previstos estão sendo alcançados.

3.2 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PLANO GESTOR (2012 – 2014)

Atentando-se para a importância do planejamento estratégico como

instrumento de gestão institucional, o MEPROVI tem, no decorrer dos últimos dez

anos, construído, a cada três anos, o seu plano gestor.

Sempre procurando valorizar a especificidade dos dois programas

que o compõem (Meprovi Clínica e Meprovi Pequeninos), porém sem desarticulá-los,

pois integram uma mesma instituição, o processo de construção do plano gestor

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ocorre gradativamente e de forma participativa, através de oficinas realizadas no

início do processo de elaboração do plano para um novo ciclo de atividades.

Sendo assim, no início de 2011, foram realizadas oficinas no

Meprovi Pequeninos com a participação de todos os sujeitos institucionais

(professores, técnicos, cozinheira, auxiliar de serviços gerais, estagiárias, capelão e

motorista) quando, a partir da revisão do ciclo de planejamento que se encerraria no

decorrer deste ano, realizou-se a discussão e a construção do novo plano gestor

para o ciclo que se iniciaria em 2012.

Com base na avaliação do plano gestor então existente, foram

repensadas as diretrizes gerais (visão, missão e princípios), realizada a análise

diagnóstica considerando a ambiência interna e externa, bem como elaborados os

objetivos, metas e estratégias para o triênio 2012-2014.

O resultado foi consubstanciado no Plano Gestor do MEPROVI,

incluindo o Meprovi Clínica, que atua no tratamento à dependência química e o

Meprovi Pequeninos que atua com crianças e pré-adolescentes em situação de risco

social, na perspectiva da proteção e prevenção.

Tendo em vista que esta monografia tem como objeto de trabalho o

processo de planejamento no Meprovi Pequeninos, apresenta-se a seguir a parte

que se refere somente a este programa institucional.

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4 MEPROVI PEQUENINOS: PLANO GESTOR

4.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROGRAMA MEPROVI PEQUENINOS

Serviço de Proteção Social Básica;

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos;

Modalidade I: crianças e pré-adolescentes (6-12 anos);

Descrição: atividades de convívio sócio educativo, com vistas ao

fortalecimento da cidadania, o desenvolvimento de sociabilidades e a prevenção e a

atenção de situações de risco social.

A proposta é a continuidade do atendimento de convivência Sócio-

Educativo, os quais compreendem um conjunto de ações diferenciadas às crianças e

pré-adolescentes de 6 a 12 anos de idade, em situação de vulnerabilidade social.

O trabalho é realizado em horário parcial, de acordo com a

necessidade da criança ou pré-adolescente, promovendo uma educação para a

cidadania e participação comunitária, possibilitando, assim, o seu desenvolvimento

integral, através de diversas oficinas. Todas as atividades visam desenvolver nas

crianças e pré-adolescentes a promoção de ações que potencializem a

sensibilidade, a auto-estima, atitudes críticas e conscientes, levando a uma

participação ativa na vida comunitária e acesso à cidadania, através de propostas

culturais e de lazer; solução de problemas, capacidade de decisão, habilidades de

comunicação, interação social e valores ético-sociais, visando à formação plena do

cidadão.

4.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E FINANCEIRA

O MEPROVI é dirigido por uma diretoria eleita anualmente, pela

Assembléia Geral, convocada especialmente para esse fim. Para o desenvolvimento

da sua Missão Institucional está dividido em dois Programas Sociais (Meprovi-

Clínica e Meprovi-Pequeninos).

As fontes de recursos são provenientes da Igreja Presbiteriana

Central, Instituto Filadélfia de Londrina e pessoas físicas e jurídicas. Com a

Secretaria Municipal de Assistência Social é mantida uma parceria de repasse

financeiro mensal para Meprovi Pequeninos.

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A Instituição possui cadastro e está inscrita no Conselho Municipal

de Assistência Social, Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente e

no Conselho Municipal Sobre Drogas.

4.3 JUSTIFICATIVA

O Meprovi Pequeninos é um dos Programas do Ministério

Evangélico Pró-vida (MEPROVI) que iniciou as suas atividades de atendimento a

crianças e pré-adolescentes (6 a 12 anos) há quinze anos (1996). Atendendo trinta

crianças e pré-adolescentes, por turno, oriundas de famílias em situação de

vulnerabilidade social e, geralmente, contando com a presença apenas da mãe e

irmãos, e residindo em condições habitacionais precárias, pois, em sua maioria

habitam em um assentamento existente no bairro, o Meprovi Pequeninos busca

constantemente atuar na perspectiva da garantia dos direitos principalmente

relacionados à convivência familiar e comunitária e ao desenvolvimento integral.

Por estar localizado em uma das regiões mais carentes da cidade de

Londrina, o Meprovi Pequeninos desponta como um importante recurso para

aquelas famílias, frente à necessidade de garantir a seus filhos segurança e

atendimento básico.

Desta forma busca contribuir com a efetivação do artigo 3º do

ECA/90:

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana [...] assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade [grifo nosso].

Busca também estar em consonância com a “descrição específica

do serviço de convivência sócio-educativa para crianças e adolescentes” da

Tipificação Nacional dos Serviços Socio-assistenciais:

Tem por foco a constituição de espaço de convivência, formação para a participação e cidadania, desenvolvimento do protagonismo e da autonomia das crianças e adolescentes, a partir dos interesses, demandas e potencialidades dessa faixa etária. (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 1990, p. 9)

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Portanto, o Meprovi Pequeninos atua fortalecendo as condições para

que a missão institucional seja executada e as crianças e pré-adolescentes

beneficiadas no sentido do seu desenvolvimento integral.

Este projeto integra o Plano Gestor institucional do MEPROVI (2012-

2014) e se justifica pela necessidade de nortear o trabalho e serviços prestados

junto à população usuária, em consonância com as diretrizes, princípios e objetivos

do ECA/90, da Resolução MDS/109 de 11/11/2009 (Tipificação dos Serviços) da

Política Municipal de Assistência Social e pelo Sistema de Monitoramento e

Avaliação (Resolução 050/2008 do CMAS).

4.4 DIRETRIZES GERAIS

4.4.1 VISÃO

Meprovi Pequeninos consolidado como referência municipal no

atendimento à criança e ao pré-adolescente (6 a 12 anos), em situação de risco,

através do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos sociais e familiares

4.4.2 MISSÃO

Prestar atendimento físico, social, educacional, emocional e

espiritual a crianças e pré-adolescentes, em situação de risco pessoal e social,

vulnerabilizadas pela condição de pobreza, na faixa etária de 6 a 12 anos,

capacitando-os para o exercício da cidadania, numa perspectiva cristã.

4.4.3 PRINCÍPIOS

Deus é soberano e a Bíblia é a nossa única regra de fé e

prática;

Todas as pessoas são alvos do amor de Deus e podem

conhecê-Lo através da experiência da regeneração que está

em Cristo Jesus;

O atendimento sócio-educativo ocorre a partir da perspectiva

integral do ser humano (corpo, alma e espírito);

Transparência em todas as atividades institucionais.

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A pessoa, usuária dos serviços institucionais, é criada à imagem e

semelhança de Deus, e deve ser reconhecida e respeitada em sua singularidade e

como sujeito ativo do processo sócio-educativo.

4.5. DIAGNÓSTICO

4.5.1 AMBIÊNCIA EXTERNA

a) Oportunidades:

Igreja Presbiteriana Central e Centro Universitário Filadélfia

como mantenedores do MEPROVI;

Parceria financeira com o poder público municipal na área da

Assistência Social (Meprovi Pequeninos);

Empresas e pessoas físicas como doadores assíduos e

contínuos de alimentação, gêneros alimentícios e doações em

geral;

MEPROVI tem participação ativa no Conselho Municipal da

Assistência Social (CMAS), no Conselho Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e no

Conselho Municipal de Políticas Sobre Álcool e outras Drogas

(COMAD);

Atuação de estagiários e bolsistas de diferentes áreas

(Serviço Social, Psicologia, Nutrição, Educação Física,

Teologia, Pedagogia, Estética, Enfermagem, Gastronomia) de

diversas IES (UEL, UNIFIL, UNOPAR).

b) Ameaças:

Recursos públicos minimizados;

Rede de Serviços ainda incipiente em sua articulação;

Pouco conhecimento e envolvimento dos membros da Igreja

mantenedora no trabalho cotidiano da Instituição;

Excesso de atividades burocráticas em decorrência das

parcerias com o gestor público;

Falta de segurança no trânsito e violência colocando em risco

a integridade física das famílias e crianças usuários do

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Pequeninos. (ausência de calçamento, sinalização, quebra

molas, policiamento, etc.);

Discriminação e preconceito de moradores e serviços de

outras regiões com relação ao bairro onde se localiza Meprovi

Pequeninos, como resultado da violência imperante

relacionada ao tráfico de drogas;

Ineficiência de serviços públicos comunitários para melhoria

das condições sociais do Bairro (Meprovi pequeninos);

Passividade e desarticulação dos moradores com relação a

buscar serviços públicos para a melhoria do bairro, das

famílias.

4.5.2 AMBIÊNCIA INTERNA

a) Pontos Fortes:

MEPROVI é referência no bairro no que se refere ao

enfrentamento da dependência química e municipal no apoio

sócio-educativo a crianças e adolescentes;

Meprovi-Pequeninos em sede própria;

Quadro de recursos humanos capacitado para o trabalho

sócio-educativo e também na área da dependência química;

Trabalho pedagógico do Meprovi-Pequeninos estruturado e

em execução;

Integração da equipe técnica;

Adequadas instalações para atendimento ambulatorial do

Meprovi-Clínica;

Presença de estagiários de diversas áreas técnicas;

Independência financeira de recursos públicos;

Meprovi oportuniza a participação dos funcionários e técnicos

em cursos de capacitação em temas relacionados aos dois

Programas (Clínicas e Pequeninos), sempre que possível;

Melhoria da participação das famílias do Pequeninos no

programa pedagógico institucional;

Educação cristã com professor fixo;

Alimentação balanceada e de qualidade no Pequeninos;

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Ambiente limpo e higienizado;

Planejamento conjunto.

b) Pontos Fracos:

Trabalho da Clínica e Pequeninos não integrados

adequadamente;

Dificuldade, pela equipe técnica, na observância da

operacionalização do plano gestor, arriscando cair no

“ativismo” institucional;

Inexistência do Regimento Interno tanto no Clínica quanto no

Pequeninos, dificultando a compreensão das funções e do

organograma institucional;

Ausência de estagiários de diferentes áreas (informática,

secretariado, etc.);

Trabalho com as famílias do Pequeninos ainda incipiente,

embora em fase de estruturação;

Acúmulo de funções exercidas pela coordenadora do

Pequeninos não exercendo a função de assistente social na

sua totalidade;

Inexistência de sistema informatizado para cadastramento

dos usuários do Clínica e Pequeninos, bem como de

diferentes documentos administrativos e técnicos;

Falta de compromisso e integração de grupos de estagiários e

docentes na dinâmica institucional; não respeitando o

planejamento interno da Instituição;

Espaço físico interno do Pequeninos insuficiente e com

paredes com textura inadequada;

Espaço externo descoberto expondo as crianças ao sol e

chuva;

Não clareza quanto aos critérios de admissão de crianças e

pré adolescentes no Pequeninos.

4.6 OBJETIVOS E METAS

4.6.1 OBJETIVO GERAL

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Consolidar o trabalho de convivência sócio-educativa, na perspectiva

do desenvolvimento integral e de garantia da convivência comunitária e familiar

4.6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Fortalecer os vínculos familiares e comunitários da população

usuária do Serviço;

Potencializar o desenvolvimento das diferentes Oficinas, na

perspectiva do desenvolvimento integral dos educandos.

4.6.3 METAS

Atendimento mensal a sessenta crianças de seis a doze anos e às

suas famílias, no período do contra turno escolar

4.7 ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA

O Meprovi Pequeninos está localizado na região leste do município

de Londrina, atendendo crianças e pré-adolescentes que residem na Vila Santa

Terezinha, Conjunto Pindorama e Bairro São Rafael e adjacências.

4.8 PROGRAMAÇÃO

Por se tratar de um Serviço de Convivência sócio educativo voltado

para uma população vulnerabilizada pela baixa condição econômica, estando em

situação de risco social, o MEPROVI-PEQUENINOS desenvolve suas atividades

através de diferentes oficinas, chamadas de permanentes e variáveis, buscando

avançar em direção ao cumprimento da missão institucional e primando por um

trabalho de qualidade social.

Para esse fim, está organizado de forma a atender crianças e pré-

adolescentes que, estando em idade escolar, freqüentam a Instituição no período

matutino ou vespertino. São atendidas através das seguintes Oficinas: de apoio

pedagógico, de atividades recreativas e esportivas; de educação artística; de

educação cristã; de informática; de alimentação e higiene pessoal; de atendimento

psicossocial; de atendimento sócio-familiar e ludoteca.

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Dentro da proposta organizada no planejamento estratégico

institucional para o período 2012-2014, as ações serão operacionalizadas em dois

principais focos:

1. Fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários da

população usuária do Serviço;

2. Fortalecimento das diferentes Oficinas, na perspectiva do

desenvolvimento integral dos educandos.

Os resultados previstos são para curto e médio prazo, ou apenas para

o final dos três anos de execução do Plano, com algumas atividades marcadas por

ação contínua.

A metodologia de trabalho (operações, ações, procedimentos,

prazos e indicadores) prevista para o período de 2012 a 2014 está especificada no

quadro operativo apresentado a seguir:

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QUADRO OPERATIVO

OPERAÇÃO 01: Fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários da população usuária do Serviço

1ª AÇÃO EXECUTORES PRAZO INDICADOR DE RESULTADO:

Identificação de dados informativos sobre as

famílias, no aspecto sócio-econômico, cultural

e educacional, que subsidiem o trabalho com

as mesmas

Serviço Social

(assistente social e

estagiários)

A cada nova

matrícula

Famílias conhecidas em suas necessidades e

expectativas.

PROCEDIMENTOS:

Entrevista social no momento da matrícula para formatação do perfil sócio-econômico da família; Visita domiciliar no decorrer dos primeiros quinze dias de matrícula da criança na Instituição; Visitas domiciliares necessárias ao acompanhamento de cada caso Atendimento individual aos pais e/ou responsáveis.

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2ª AÇÃO EXECUTORES PRAZO INDICADOR DE RESULTADO

Inserção dos pais e/ou responsáveis a um

conhecimento mais amplo da estrutura funcional

e organizacional da Instituição, bem como do

trabalho pedagógico realizado com as crianças

e os adolescentes, ampliando o seu espaço de

participação no cotidiano institucional;

Coordenação,

Pedagoga e

educadoras

Fevereiro e

Março de cada

ano.

Agosto e

setembro de

cada ano.

Famílias inseridas no cotidiano institucional e

vínculos fortalecidos entre família e

instituição.

PROCEDIMENTOS:

Visita da família às dependências do Meprovi Pequeninos, conhecendo a sua estrutura física e organizacional, quando da inserção da criança ou pré-adolescente na Instituição;

Reuniões semestrais dos pais com as educadoras para conhecerem as atividades pedagógicas a serem desenvolvidas; Participação dos pais na organização e realização de atividades festivas e comemorativas

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3ª AÇÃO EXECUTORES PRAZO INDICADOR DE RESULTADO:

Intervenção direta junto às famílias para a

compreensão de suas realidades sociais e

existenciais, visualizando alternativas de

enfrentamento e superação de situações

limitadoras à realização social e pessoal;

Equipe técnica

(assistente social,

pedagoga e

educadoras)

Fevereiro de

2012 a

dezembro de

2014

Famílias fortalecidas em seus vínculos

internos e externos.

PROCEDIMENTOS:

atualização contínuo do perfil sócio-econômico, educacional e profissional das famílias dos educandos, reuniões mensais com as famílias para discussão de temas do interesse das mesmas: relacionamento familiar, educação de filhos, direitos trabalhistas, exercício da cidadania, etc. atendimento individual aos casos necessários: orientação, encaminhamento para atendimentos necessários na Rede de Serviços Sócio-Assistenciais do município; concessão de cesta básica; etc.;

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OPERAÇÃO 02: Fortalecimento das diferentes Oficinas, na perspectiva do desenvolvimento integral dos educandos;

1ª AÇÃO EXECUTORES PRAZO INDICADOR DE RESULTADO:

Discussão e formatação da proposta do

trabalho sócio-educativo e sócio-familiar,

observando-se as diretrizes da PNAS, do

ECA/90 e da PMAS.

Equipe técnica

Assessoria técnica

Janeiro e Julho

de 2012

Janeiro e Julho

de 2013

Janeiro e Julho

de 2014

Proposta de trabalho de convivência

educativa definido com clareza, mas

mantendo flexibilidade de conteúdo para as

mudanças necessárias que surgirem no

decorrer do ano.

PROCEDIMENTOS:

Realização da Semana de Planejamento (janeiro e julho de cada ano);

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2ª AÇÃO EXECUTORES PRAZO INDICADOR DE RESULTADO

Acompanhamento monitorado do trabalho

sócio-educativo e sócio-familiar realizado

Coordenação,

pedagoga e

educadoras

Ação contínua Trabalho sócio-educativo e sócio-familiar

acompanhado, monitorada e adequado de

acordo com as necessidades e demandas

surgidas.

PROCEDIMENTOS:

Reunião semanal da equipe interdisciplinar para discussão de casos e temas específicos e do encaminhamento dos trabalhos – Todas as sextas-feiras, no final do período vespertino; Revisão periódica, pela equipe técnica (coordenação, pedagoga e educadoras) e adequação das atividades realizadas junto aos educandos, implantando novas atividades, sempre que indicadas e possíveis – ação contínua; Acompanhamento e avaliação diária, pela coordenação pedagógica e monitoras, quanto ao funcionamento das Oficinas sócio-

educativas, dentro do redimensionamento das mesmas, realizado na semana de planejamento – ação contínua

3ª AÇÃO EXECUTORES PRAZO INDICADOR DE RESULTADO

Atendimento individual ao educando, na

dimensão física, psíquica, sócio-econômica,

espiritual e educacional

Equipe técnica

educadoras

Ação contínua Crianças e pré adolescentes acompanhados

e atendidos em suas necessidades

individuais e fortalecidos para o seu

desenvolvimento pessoal, em interação com

os demais.

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4ª AÇÃO EXECUTORES PRAZO INDICADOR DE RESULTADO:

Atendimento grupal aos educandos através de

oficinas de apoio pedagógico, recreação,

ludoteca, educação cristã e esporte;

Equipe técnica

educadoras

Ação contínua

Oficinas acontecendo todos os dias, nos

períodos matutino e vespertino, contribuindo

com o processo de desenvolvimento integral

das crianças e dos pré adolescentes

atendidos pela Instituição.

PROCEDIMENTOS:

Planejamento e replanejamento contínuo das Oficinas, alocando-as semanalmente no período matutino e vespertino; Criação e/ou extinção de Oficinas conforme a demanda apresentada, ao final de cada semestre; Previsão e orçamento do material pedagógico necessário para cada Oficina; Aquisição e organização do material pedagógico e esportivo necessário; Avaliação contínua junto aos educandos sobre a dinâmica e resultados de cada Oficina.

PROCEDIMENTOS:

Observação e acompanhamento, pela equipe técnica, de cada educando, atendendo-os nas necessidades apresentadas, Encaminhamento e integração do educando às atividades das oficinas sócio-educativas; Encaminhamento do educando para tratamento médico e odontológico na Rede de Serviços, sempre que necessário; Observação e acompanhamento do seu processo de inserção no cotidiano institucional; Discussão de casos nas reuniões da equipe de trabalho e tomada de decisões quanto aos encaminhamentos pertinentes. Especial atenção e observação pela equipe de trabalho do fluxograma técnico e administrativo do processo de inserção

institucional, bem como do processo de desligamento do educando, com a atuação do Serviço Social, auxiliando na realização das Visitas Domiciliares

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4.9 RECURSOS DISPONÍVEIS E ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE

4.9.1 RECURSOS HUMANOS: ANO BASE: 2012

Nome Função Formação Vinculo Carga Horária

Selma Frossard Coordenação

Geral do Meprovi

Serviço Social Doutora

em Educação

Contratada

20

Simone Leal Peres Coordenadora

do Programa

Meprovi Pequeninos

Serviço Social

Pós Graduação em

Gerenciamento em RH

Contratada 30

Antônio Meneguetti Motorista Ensino Médio Contratado 40

Ezilda F. Amaral Cozinheira Ensino Fundamental Contratada 40

Rosangela Maria

Pereira

Auxiliar Geral Ensino Fundamental Contratada 40

Kamila D. Ronqui Coordenação

Pedagógica e

Educadora Social

Pedagogia

Contratada como

prestadora de

serviço

30

Laís de Freitas Educadora Estética – em

desenvolvimento

Voluntária 20

Isabel Cristina Educadora Pedagogia – em

desenvolvimento

Contratada 30

Bruna Aiko Educadora Pedagogia – em

desenvolvimento

Voluntária 20

Aline Batan Educadora Estética – em

desenvolvimento

Voluntária 20

Bruna França Educadora Educ. Física – em

desenvolvimento

Voluntária 20

Jéssica Brunello Educadora Gestão Ambiental – em

desenvolvimento

Voluntária 20

Daniele F. Marques Estagiária Serviço Social – em

desenvolvimento

Estágio

8

Equipe de Nutrição

– UniFil

Estagiários Nutrição – em

desenvolvimento

Estágio Rotativo:

cada duas

semanas

4.9.2 RECURSOS FÍSICOS, DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS

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O Meprovi Pequeninos funciona em sede própria, em prédio de

alvenaria especialmente construído para a finalidade de prestação de serviço

convivência sócio-educativo, equipada duas amplas salas de atividades, ludoteca e

sala de informática. Para os serviços de apoio conta com cozinha, refeitório,

lavanderia e área de serviço. Também possui a sala das professoras e a sala da

coordenadora. Amplo pátio coberto e uma mini quadra completam a estrutura física,

reforçada com um play-ground.

4.9.3 RECURSOS/ CONVÊNIO PÚBLICO PREVISTO PARA O ANO DE 2012

Prefeitura Municipal de Londrina: R$4.200,00 mensais,

totalizando R$50.400,00 – 19% do orçamento anual em 2011.

4. 9.4 RECURSOS/PARCERIAS PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS

Instituto Filadélfia de Londrina: apoio logístico e financeiro

com valores ainda a serem definidos para 2012 – em 2011

supriu 17% do orçamento;

Igreja Presbiteriana Central: apoio financeiro com valores

ainda a serem definidos para 2012 – em 2011 supriu 44% do

orçamento;

Doações de pessoas físicas – em 2011 supriu 20% do

orçamento;

IAPAR, Big Frango, Mesa Brasil e Frigorífico 3D = doações de

alimentos.

4.10 SISTEMA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

O alcance dos objetivos previstos será avaliado através de:

Reunião semanal da equipe pedagógica: toda sexta-feira, à

tarde;

Reunião quinzenal da coordenação e pedagoga com a

coordenação geral;

Reunião mensal da diretoria;

Diários de classe (educadoras);

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Relatórios de visitas domiciliares e de reuniões com

familiares;

Relatório Semestral.

Os indicadores de avaliação, bem como o cronograma para cada

atividade, estão explicitados no Quadro Operativo como “indicadores de resultados”

e “prazos”, respectivamente. As reuniões de avaliação e monitoramento

considerarão critérios de eficiência, eficácia e efetividade das ações, verificando se

estas estão sendo adequadas para o alcance dos objetivos propostos e se estes

alcançados estão propiciando a execução da missão institucional e o alcance da

visão proposta para o Meprovi Pequeninos, a cada ano, até final de 2014.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Meprovi Pequeninos é uma organização do Terceiro Setor,

estruturada para o atendimento a crianças e pré-adolescentes em situação de risco

social, vulnerabilizadas pela condição de pobreza, atendendo dentro da perspectiva

de proteção, prevenção e inserção social. Sendo assim, o planejamento passa a ser

um grande aliado contra o ativismo diário, proporcionando clareza quanto à visão,

missão e princípios institucionais para melhor atuação e cumprimento da missão

institucional.

Diante da necessidade de reelaborar o plano gestor 2012/2014 do

Meprovi Pequeninos, utilizou-se o planejamento, que é um processo contínuo de

elaboração, execução e avaliação, para o contínuo avanço da ação que a instituição

se propõe a desempenhar.

Pode-se considerar que o objetivo estabelecido para a realização

desse trabalho foi alcançado, na medida em que apresentamos o plano gestor da

instituição Meprovi Pequeninos de forma sistematizada.

Para além do Plano Gestor sistematizado, este trabalho abrangeu

um contexto mais amplo, apresentando a política de atendimento à criança e ao

adolescente, com foco nos serviços de convivência sócio-educativa, respaldando

para uma discussão reflexiva, teórico e metodológico, no sentido da construção de

uma proposta de trabalho com qualidade social.

Sendo assim, a realização deste trabalho contribuiu de forma

significativa para o crescimento profissional das autoras do mesmo, proporcionando

um conhecimento ampliado de um tema complexo, que freqüentemente surge em no

cotidiano.

Mesmo assim, considerando a dinamicidade da realidade social,

sabe-se da importância das reflexões aqui contidas, para o trabalho do Meprovi

Pequeninos, nesse momento histórico, mas que, no decorrer dos próximos três

anos, sofrerá alterações que necessitarão ser acompanhadas, monitoradas e

avaliadas, para a constante otimização do trabalho realizado.

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REFERÊNCIAS

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CONANDA. Direitos da criança. Disponível em:

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