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SERVIÇO SOCIAL ________________________________________________________ SILVÂNIA PELEGRINI MANICA A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DE ADOÇÃO NA COMARCA DE TOLEDO TOLEDO 2017

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SERVIÇO SOCIAL

________________________________________________________

SILVÂNIA PELEGRINI MANICA

A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DE ADOÇÃO NA

COMARCA DE TOLEDO

TOLEDO

2017

SILVÂNIA PELEGRINI MANICA

A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DE ADOÇÃO NA

COMARCA DE TOLEDO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de Serviço Social, Centro de

Ciências Sociais Aplicadas da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE,

como requisito parcial à obtenção do grau de

Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Ms. India Nara Smaha

TOLEDO

2017

SILVÂNIA PELEGRINI MANICA

A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DE ADOÇÃO NA

COMARCA DE TOLEDO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de Serviço Social, Centro de

Ciências Sociais Aplicadas da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE,

como requisito parcial à obtenção do grau de

Bacharel em Serviço Social.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Orientadora – Profa. Ms. India Nara Smaha

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

_____________________________________

Prof. Dr. Edson Marques Oliveira

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

_____________________________________

Profa. Dra. Eugênia Aparecida Cesconeto

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Toledo, 22 de fevereiro de 2017.

Dedico ao meu marido e as minhas filhas pela

compreensão e apoio ao longo desses 5 anos.

AGRADECIMENTO

A Deus pela oportunidade de mais uma vitória.

Aos meus pais por tudo o que representaram para mim, e pelo exemplo de

perseverança de vida.

A minha sogra por sempre estar me apoiando em as etapas que passei no correr do

curso.

A minha orientadora Índia Nara Smaha pela disponibilidade nas orientações deste

estudo.

A colaboração de todos que fizeram parte dessa pesquisa, porque se eles não têm

como realiza-la de forma completa.

A minha grande amiga Cristina, amiga que eu admiro muito, a qual tenho maior

carinho e torço muito para seu sucesso profissional.

Aos meus professores pela paciência no ensino do saber e pelos conhecimentos

transmitidos ao longo deste período.

ADOÇÃO UM DESTINO EM SUAS MÃOS

Por traz de paredes belas, Por entre grades e pequenas vielas. Vemos rostos...

Faces singelas.

Esperando o amanhã ao lado de uma família bela. Em meio a muitas crianças, sempre haverá

aquela

Que faz a diferença, independente de

raça, classe ou crença!

Correndo atrás do tempo perdido. Pagando por um pecado que não cometem, tentando achar no

tempo. Apenas o que por direito e seu.

Que a pátria mãe gentil, olhe por esta pequena gente, que perdidas pelas

Ruas ou em abrigos buscam apenas um lar, uma vida digna e descente.

Que as mães deste Brasil

Tenham amor a estas crianças

Pois apesar de sofrerem tanto, em seus

corações ainda existe esperança.

A adoção não um simples ato de caridade

Exercer, e sim o destino de muitas

Vidas que só dependem de você.

Jennifer da Silva

Outubro/2006

MANICA, Silvânia Pelegrini. Atuação Assistente Social no Processo de Adoção na

Comarca de Toledo: Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social).

Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus

Toledo, 2017.

RESUMO

O Serviço Social tem ampliado seu campo de atuação profissional, de forma inegável no

âmbito das políticas sociais públicas. Contudo no campo sócio jurídico sua intervenção

também se faz de forma indispensável, devido suas competências profissionais, entre as quais

destaca-se a prestação de orientações sociais a indivíduos, grupos e à população e a realização

de estudos e pareceres sociais. O estudo social possibilita conhecer e analisar detalhadamente

a situação vivida por determinados sujeitos ou grupo de sujeitos sociais, apresentando

elementos para a elaboração de parecer social que se trata de uma avaliação teórica e técnica

realizada pelo Assistente Social. Assim por meio de um conjunto de instrumentos e técnicas

que compõem uma prática profissional cotidiana, o profissional do Serviço Social subsidiará

nas decisões judiciais, dentre as quais no processo de adoção. Tais compreensões se

afirmaram no desenvolvimento da presente pesquisa que partiu da problematização

concernente à contribuição do Assistente Social no processo de adoção em Toledo, tendo

como objetivo geral compreender como é a atuação do Assistente Social no processo de

adoção em Toledo-PR. Trata-se de uma pesquisa de campo de aspecto exploratório, e de

abordagem qualitativa. Destacamos que no primeiro momento, realizamos um levantamento

bibliográfico sobre a história do Serviço Social brasileiro, e legislações que tratam da adoção,

com ênfase na atuação profissional no sócio jurídico, recorremos tanto as publicações

disponibilizadas na biblioteca da Unioeste, quanto as publicações acessadas por meio virtual.

Após realizarmos a coleta de informações por meio das entrevistas semiestruturas, com

profissionais técnicos que atuam na área da adoção no SAI na Vara da Infância e da

Juventude de Toledo-PR, realizadas no período de 15 de outubro à 19 de dezembro de 2016.

Com tais procedimentos, tivemos como resultado da pesquisa a constatação de que o Serviço

Social exerce papel significativo no processo de adoção, integrando a equipe técnica do SAI,

e evidenciando sua atuação no suporte técnico e fornecimento de subsídios para a decisão

judicial no processo de adoção, condizente com sua formação profissional, respeitando o

Código de Ética e a Lei que Regulamenta a Profissão de Serviço Social, e demais dispositivos

legais.

Palavras Chaves: Assistente Social, Atuação Profissional, Adoção.

LISTA DE SIGLAS

ART- Artigo

CC - Código Civil

CF - Constituição Federal

CFESS- Conselho Federal de serviço Social

CRESS- Conselho Regional de serviço Social

CIJ- Coordenação da Infância e da Juventude

CNJ- Conselho Nacional de Justiça

CNA-Cadastro Nacional de Adoção

CONSIJ-Conselho de Supervisão dos Juízes da Infância e da Juventude

CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

GAA- Grupo Apoio de Adoção

GAAT- Grupo Apoio de Adoção de Toledo

ONG- Organização Não Governamental

SAI- Serviço Auxiliar a Infância e da Juventude

STJ- Supremo Tribunal da Justiça

VIJ – Vara da Infância e Juventude

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................................10

1 SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO............................................................................. 13

1.1 O SERVIÇO SOCIAL E SUA INSERÇAO PODER JUDICIÁRIO ........................ 21

2 O SERVIÇO SOCIAL NO PODER JUDICIARIO: ENTENDENDO A ATUAÇAO

DO ASSITENTE SOCIAL NO PROCESSO DE ADOÇAO ...................................... 26

2.1 ADOÇAO: LEGISLAÇAO E ATUAÇAO PROFISSINAL........................................27

2.1.1 Instrumentos do Assistente Social no Processo de Adoção...................................... 34

2.1.2 A Atuação do Assistente Social na Vara da Infância e Juventude em Toledo-

PR...................................................................................................................................... 37

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 51

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 54

APÊNDICES ................................................................................................................... 59

ANEXOS.......................................................................................................................... 63

10

INTRODUÇÃO

O Serviço Social como profissão só existe em condições e relações sociais

historicamente determinadas, reafirmando-se como prática institucionalizada e legitimada na

sociedade ao responder as necessidades sociais derivadas da prática histórica das classes

sociais na produção e reprodução dos meios de vida (IAMAMOTO, 2005).

Assim, o profissional do Serviço Social atualmente é requisitado nos mais diversos

espaços sócio-ocupacionais, entre os quais nos espaços sócio jurídicos. Nesses espaços, tais

como na Justiça da Infância e Juventude, o Assistente Social realiza estudos e perícia social

entre outras atividades inerentes a viabilização e efetivação de direitos de

crianças/adolescentes, e muitas vezes na condição de perito. Nesse sentido nos interessa

compreender a atuação do Assistente Social, quando esse subsidia à decisão judicial nos

processos de adoção. (FAVERO, 2009)

O processo de adoção no Brasil apresentou alterações significativas ao longo dos

últimos anos, podendo ser observadas na Lei n. 8.069, de 1990, que dispõem sobre o

Estatuto da Criança e do Adolescente. Desde então modificações nesse Estatuto são

constantes, com o intuito de garantir que as crianças e adolescentes tenham seus direitos

efetivados. Nessa mesma perspectiva, também encontramos no Código de Ética do

Assistente Social, entre os seus princípios fundamentais a “ [...] Defesa intransigente dos

direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo[...]” (CFESS, 1993, p. 23). Portanto

o assistente social inserido em equipe interdisciplinar na Vara da Infância e Juventude,

buscará dar todo o suporte necessário para os trâmites do processo de adoção.

A presente pesquisa se apresenta em primeiro momento como um requisito parcial

para obtenção de grau de bacharel em Serviço Social. Contudo indagações acerca da

contribuição do Assistente Social no processo de adoção se apresentou como

problematização, e diante disso adotamos procedimentos metodológicos, tais como o

levantamento bibliográfico e documental, que subsidiaram a discussão sobre os dados e

informações empiricamente coletado. Segundo Minayo, Metodologia é “[...] o caminho de

pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade” (2004, p. 16). Para uma maior

compreensão do tema abordado, buscamos no movimento social, econômico, político e

cultura, os elementos que compõem a totalidade do objeto. Como se trata da primeira

aproximação com o objeto pesquisado, a pesquisa exploratória, possibilitou aproximar de

forma primária da realidade vivenciada no trabalho realizado pelo assistente social, no

espaço que atua.

11

Assim desenvolvemos uma pesquisa com abordagem qualitativa de aspecto

exploratório, tendo como objetivo geral compreender a atuação do assistente social no

processo de adoção em Toledo, especificamente no SAI - Serviço Auxiliar a Infância na

Vara da Infância e da Adolescência da cidade de Toledo-PR. Para o alcance, determinamos

três objetivos específicos:

1- Contextualizar historicamente a atuação do assistente Social na área jurídica.

2- Apresentar a legislação que ampara o processo de adoção no Brasil?

3- Identificar limites e possibilidade para a efetivação ao direito à adoção.

Na primeira etapa da pesquisa, realizamos um levantamento bibliográfico sobre o

Serviço Social brasileiro, recorrendo a autores, tais como Fávero, Yazbek, Iamamoto,

Barroco, entre outros que discutem o Serviço Social brasileiro e sua atuação; e como o que

nos interessa é a atuação do Assistente Social no espaço sócio ocupacional que trata de

processos de adoção, recorremos as publicações que abordam temas relacionado à adoção,

assim consultamos livros, periódicos, artigos, dissertação e teses, assim como a legislação

brasileira que dispõem do assunto em questão. O levantamento de informações se deu por

meio de entrevista semiestruturada aplicada após a devida aprovação do projeto de pesquisa

pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste,

no dia 23 de setembro de 2016.

A coleta de informações se deu no período de 15 de outubro até 19 de dezembro de

2016, por meio de entrevistas com alguns profissionais que atuam na área da adoção na Vara

da Infância e Juventude de Toledo-PR. As entrevistas foram previamente agendadas, e sua

realização possibilitou explorar mais amplamente algumas questões e também buscou

contato mais próximo entre o sujeito e a entrevistadora. Portanto, a entrevista se constituiu o

instrumento técnico utilizado para compreender a realidade, ou seja, o cotidiano

profissional, e sobretudo a intervenção do Assistente Social envolvido com o processo de

adoção.

O universo da pesquisa foi de 6 (seis) profissionais que atuam no Serviço Auxilio a

Infância e Adolescente (SAI), estrutura integrada à Vara da Infância e da Juventude de

Toledo. A escolha da amostra foi intencional por considerar que esses sujeitos são essenciais

para esclarecer o objeto de estudo. Assim, a amostra foi estabelecida com 3 sujeitos que

concederam entrevistas que contribuíram para o alcance do objetivo geral da pesquisa, ou

seja, a compreensão da atuação do Assistente Social no processo de adoção em Toledo. Os

quais serão tratados como sujeitos A B e C para garantir o sigilo e anonimato.

12

A pesquisa foi estruturada em dois capítulos. No primeiro contextualiza o Serviço

Social brasileiro a partir do período de 1930 no Brasil, e discorre de forma breve sobre a

inserção da profissão no poder judiciário. Assim no segundo capítulo apresentamos o

Serviço Social no poder judiciário, de modo à entender a atuação do Assistente Social no

processo de adoção, para tanto desenvolvemos um capítulo que trata da legislação sobre

adoção e em seguida apresentamos os resultados da pesquisa de campo, tendo como espaço

institucional a Vara da Infância e Juventude, e especificamente o Serviço Auxiliar da

Infância e Juventude – SAI.

Ressaltamos que por se tratar de pesquisa que envolve seres humanos, atentamos aos

princípios do Código de Ética dos Assistentes Sociais, e sobretudo, considerando que a ética

em pesquisa implica o respeito pela dignidade humana e a proteção devida aos participantes

das pesquisas científicas. Dessa forma a pesquisa através da entrevista teve início somente

após devida aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em pesquisa, como

anteriormente já mencionamos, no momento da entrevista ocorreu mediante leitura e

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos sujeitos participantes.

13

1 SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO

Atualmente o Serviço Social é uma profissão largamente reconhecida devido a sua

atuação em vários espaços sócio-ocupacionais, e principalmente em espaços ligados ao

campo das políticas sociais e públicas, com destaque à seguridade social; contudo a

profissão também tem ampliado sua atuação no campo sócio-jurídico, pois sua atividade

pressupõem a garantia e ampliação de direitos sociais, e intervenção nas mais diversas

manifestações da “questão social” que repercutem no campo dos direitos, no universo da

família, do trabalho e da falta do trabalho, da saúde, da educação, enfim na sociedade

contemporânea como um todo (IAMAMOTO, 2009).

A sua trajetória iniciou na década de 1930, Iamamoto e Carvalho (2005) na clássica

obra: Relações Sociais e Serviço Social no Brasil1, apresentam “[...] elementos de

interpretação histórica das principais forças determinantes na origem e evolução do Serviço

Social [...]” no Brasil (CELATS, apud IAMAMOTO; CARVALHO, 2005, p. 10). Os

autores permitem compreender que a profissão tem suas raízes na Igreja, Estado, e classes

dominantes, tanto é que outros autores ao discorrem sobre a trajetória ético-político do

Serviço Social brasileiro, mencionam, que:

[...] o Serviço Social contribui, de forma específica para a reprodução das

relações sociais capitalistas [...] as mediações ético-morais desse processo;

na origem da profissão, vinculam-se; 1) à função ideológica da moral; 2)

ao tratamento moral da “questão social”, tendo em vista os interesses de

legitimação do Estado burguês e a presença de projetos sociais

conservadores, dentre eles o da Igreja Católica; [...] (BARROCO, 2010 p.

73-74).

Observamos que a década de 1930, registra um processo histórico do Serviço Social,

“[...] tendo como pano de fundo o desenvolvimento capitalista industrial e a expansão

urbana [...]” momento em que várias manifestações da “questão social” foram evidenciadas

“[...] a qual se torna a base de justificação desse tipo de profissional especializado [...]”

(IAMAMOTO, 2005. p. 77). Nesse contexto o Serviço Social no Brasil, de acordo com

autores como Yasbek (2009), Iamamoto e Carvalho (2005), se institucionaliza e legitima-se,

1 Essa obra é apresentada em duas partes, sendo a primeira parte redigida por Marilda V. Iamamoto, e a

segunda parte que corresponde a uma análise histórica do Serviço Social no Brasil, foi elaborada por Raul de

Carvalho.

14

a partir dos anseios do Estado e da classe burguesas, ou seja, o empresariado da época, com

o apoio da Igreja Católica, os quais tiveram importante contribuição na formação tanto das

protoformas como do perfil profissional do assistente social da época.

Fávero, Melão e Jorge (2005), enfatizam que o cenário político, econômico, afetado

pela quebra da bolsa de Nova York – ocorrida em 1929 -, queda da exportação agrícola e

fechamento de fábricas, refletiu diretamente na vida dos trabalhadores, por meio de

desemprego, redução de salário, e uma grande exploração da sua força de trabalho, que

resultou no agravamento da “questão social”, exigindo-se dos trabalhadores uma luta por

melhores salários e melhores condições de vida.

Nesse contexto os Assistentes Sociais foram requisitados para atuarem nas ações de

enfrentamento e regulação da “questão social”2, contudo:

Cabe ainda assinalar que, nesse momento, a "questão social" é vista a partir

do pensamento social da Igreja, como questão moral, como um conjunto

de problemas sob a responsabilidade individual dos sujeitos que os

vivenciam embora situados dentro de relações capitalistas. Trata-se de

um enfoque conservador, individualista, psicologizante e moralizador da

questão, que necessita para seu enfrentamento de uma pedagogia

psicossocial, que encontrará, no Serviço Social, efetivas possibilidades de

desenvolvimento. (YAZBEK,2009 p. 131, grifo nosso).

Por meio de Barroco (2010, p. 96), entendemos, que é justamente por essa

compreensão equivocada que relacionava as manifestações da “questão social” com um

conjunto de problemas sob responsabilidade individual, que os pressupostos neotomistas e

positivistas fundamentaram os Códigos de Ética Profissional brasileiro de 1948 à 1975, que

explicitava a atuação profissional voltadas às “[...]pessoas humanas desajustadas ou

empenhadas no desenvolvimento da própria personalidade”[...],- sendo essa a apreensão

naquele momento histórico. De acordo com a autora essa compreensão e conduta – hoje

superada – reproduzia uma ética preconceituosa, que em nada contribuía na viabilização

naquilo que entendemos claramente como direitos sociais3.

Segundo Yasbek (2009), em 1940 o Estado passa a intervir com papel de regulador

e fiador no processo de reprodução das relações sociais. Assim fez presente, incorporando

2 “A Questão Social é expressão das desigualdades sociais constitutivas do capitalismo. Suas diversas

manifestações são indissociáveis das relações entre as classes sociais que estruturam esse sistema e nesse

sentido a Questão Social se expressa também na resistência e na disputa política”. (YASBEK, 2009, p. 127) 3 De acordo com a Constituição federal de 1988: “[...]Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a

alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. ” (BRASIL, 2012a. s.p

)

15

sua própria legitimação, a partir do reconhecimento legal, leis sindicais, sociais e

trabalhistas, refletindo na forma de intervenção do Serviço Social brasileiro, como

executores das políticas sociais. Nessa mesma década o Serviço Social brasileiro teve

contato com Serviço Social norte-americano, o qual tinha sua base técnica conservadora e

uma linha teórica positiva. A autora menciona que foi a partir dessa base filosófica, que o

Serviço Social na época buscou a sua modernização teórico-metodológica e a qualificação

técnica, e:

O Estado passa a ser, num certo lapso de tempo, uma das molas

propulsoras e incentivadoras desse tipo de qualificação técnica, ampliando

seu campo de trabalho, conforme estratégias estabelecidas pelos setores

dominantes para enfretamento da questão social, consolidadas em medidas

de política social. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2005, p. 83).

A partir de 1940, evidencia-se que o Estado era um grande empregador do assistente

social, assim como nos dias atuais, mas grandes empresas também eram empregadoras desse

profissional, e “[...] embora alguns segmentos buscassem na prática social uma ação

humanista, para a classe dominante importava os resultados concretos acerca do controle e

da manutenção da ordem social. ” (FÁVERO; MELÃO; JORGE, 2005, p. 39).

Nesse período no Brasil era implantado o Estado Novo, período em que o país, ficou

marcado por algumas políticas sociais, como: a Legislação Trabalhista, expressa na criação

da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em 1943, garantindo vários direitos aos

trabalhadores. Foi também uma fase marcada pelo aprofundamento do modelo

corporativista. (IAMAMOTO; CARVALHO,2005).

O trabalho do Serviço Social foi visto aos poucos pelo governo, assim como o

reconhecimento profissional especializado para o trabalho social. Na época as demandas do

setor público se centralizavam em São Paulo, no departamento do Serviço Social do Estado

e no Juizados de Menores. Contudo “[...] no Rio de janeiro com número limitado de

assistente social diplomados, inicialmente, não observam pontos de maior concentração por

instituição”, despontando, mesmo que timidamente a atuação do Assistente Social nos

espaços sociojurídicos. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2005. p. 189).

Portanto, foi no Juizado de Menores e o Serviços Assistência ao Menor da Prefeitura

do Rio de Janeiro, que os primeiros campos de trabalho no setor público requisitaram o

Serviço Social, os quais tinham como demandas na época “à infância pobre”, “a infância

delinquente”, “a infância abandonada”, (IAMAMOTO; CARVALHO, 2005), que hoje

16

entendemos que se tratavam de sujeitos com seus direitos violados, que necessitavam de

intervenção para lhes assegurarem a proteção e amparo, atualmente reconhecidas como

direito.

Contudo, nesse período histórico, a sociedade e o Estado, que atendiam as crianças

em situação de vulnerabilidade e risco social e econômico, situações que eram vistas como

caso de polícia, onde as ações eram repressivas, como a aplicação de medida de internação,

em casos de ato infracional. Havia muito pouco a preocupação do Estado em termos de

implantação de políticas sociais. “ [...] percebe-se na intervenção do Estado a força

necessária para demanda criada de restauração da ordem social. O pobre estigmatizado

como promotor da desordem, é, sem resistências, o alvo natural da justiça-assistência. ”

(RIZZINI, 2008, p. 151).

O Estado para manter o controle dessas situações que ocorriam na época contratou

profissionais do Serviço Social, para intervir, mas de acordo com princípios conservadores.

Assim, esperava-se do assistente social uma conduta profissional com ações disciplinadora e

de controle social, da qual buscava o controle das tensões sociais “[...]o serviço social é

incorporado [...] como uma das estratégias de tentar manter o controle almejado pelo Estado

sobre esse grave problema, que se aprofundava no espaço urbano”. (IAMAMOTO;

CARVALHO,1982 apud CFESS, 2014. p. 13).

A primeira assistente social a se empregar no campo de intervenção do Serviço

Social, trabalhou no Judiciário paulista no início de 1940. Contudo:

Ainda que o meio sócio-juridico, em especial o judiciário, tenha sido um

dos primeiros espaços de trabalho do Assistente Social, só muito

recentemente é que particularidades do fazer profissional nesse campo

passaram a vir a público como objeto de preocupação investigativa. Tal

fato se dá por um conjunto de razoes, das quais se destacam: a ampliação

significativa de demanda de atendimento e de profissionais para a área [...]

(FAVERO, 2011, p. 10-11).

Conforme Fávero (2013), no ano 1957, a profissão era conhecida como Serviço

Social de gabinete, pela sua competência e conhecimento de trabalho nessa área social e seu

saber sobre as relações sociais e familiares. Com aumento relevante das ações relacionadas

às crianças e adolescentes, os atendimentos foram centralizados para nos Juizados, para que

ocorresse com maior agilidade as ações e também o atendimento da população no local de

origem, assim requisitando-se a atuação do/a Assistente Social.

17

Com a expansão do capitalismo mundial nos anos 1960 na América Latina, paralela

as modificações políticas, sociais e econômica, a profissão começou a se questionar sobre o

Serviço Social tradicional, assim se deram os primeiros passos para o rompimento com o

modelo norte americano, e a busca de um amadurecimento profissional, que se refletiu no

movimento de reconceituação4, que possibilitou uma aproximação com a tradição marxista

5,

direcionando-se na construção um de novo projeto profissional, de acordo com a realidade

do país. Portanto, as bases da teoria social de Marx, no Serviço Social Latino Americano se

apresentou como um novo referencial. Ressalta-se que esse movimento se deu em pleno

período de Ditadura Militar, no Brasil, assim trazendo distintas influências de valores e

princípios éticos que o momento estabelecia. (YASBEK 2009; IAMAMOTO, 2009)

Segundo Simionatto, (2009), o Movimento de Reconceituação ampliou e aproximou

o Serviço Social da ciência social e da teoria crítica dialética. E com isso os profissionais

passaram a questionar-se não somente sobre a estrutura da esfera econômica, mas também

das esferas políticas, ideológicas e cultural. Assim:

Entra em cena considerações relativas às classes sociais, ao Estado e ao

papel das ideologias na análise e compreensão da realidade, possibilitando

mudanças significativas, não só quanto aos referencias teórico-

metodológicos para o conhecimento da realidade, mas ao próprio fazer

prático-operativo. (SIMIONATTO, 2009. p. 99).

Segundo Yazbek, (2009), o Serviço Social sob o Movimento de Reconceituação, se

confronta com diferentes tendências voltadas para a fundamentação teórica e do seu

exercício profissional:

A reflexão profissional se desenvolveu em três direções principais: 1)

perspectiva modernizadora, que buscava adequar o Serviço Social às

exigências sócio-políticas do período ditatorial, inserindo os valores e

concepções “tradicionais” em uma nova teoria e metodologia; 2)

perspectiva respaldadas no desempenho tradicional dos assistentes sociais,

referente ao exercício do Serviço Social fundado no circuito da ajuda

psicossocial; 3) perspectiva de intenção de ruptura, com Serviço Social

4 “O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina teve no período de 1965 a 1975,

impulsionado pela intensificação das lutas sociais que se refratavam na Universidade, nas Ciências Sociais, na

Igreja, no movimento estudantil, dentre outras expressões. Ele expressa um amplo questionamento da profissão

(suas finalidades, fundamentos, compromisso ético e políticos, procedimentos operativos e formação

profissional), dotada de várias vertentes e com nítida particularidade nacionais. ” (IAMAMOTO, 2009. p. 22) 5 “[...]. Um marxismo equivocado que recusou a via institucional e as determinações sócio históricas da

profissão. No entanto, é com esse referencial, precário em primeiro momento, do ponto de vista teórico mais

posicionando do ponto de vista sócio político, que a profissão questiona a sua pratica institucional e seus

objetivos de adaptação social ao mesmo tempo que se aproximou doa movimentos sociais [...]”. (YASZEK,

2009, p. 150)

18

“tradicional”. Romper com e herança teórica-metodológica no pensamento

conservador. (Com a tradição positivista). Recorrendo à tradição marxista.

Este processo de renovação foi um “movimento cumulativo”, com

diferentes momentos de dominância teórico-cultural e ideopolítica, que se

entrecruzam e se sobrepõem (NETTO, 2011, p. 154-159).

Houve, portanto, de acordo com Simionatto; Iamamoto e Yasbek (2009) duas

tendências teóricas na trajetória do Serviço Social, das quais, defrontam-se: a do

neoconservadorismo que não permite extrapolar a aparência dos fenômenos sociais; e outra

relacionada à tradição marxista, que compreende o exercício profissional a partir de uma

perspectiva de totalidade. O fortalecimento de uma tendência ou outra, “[...] depende de uma

qualificação teórica-metodológicas e prática-operativa dos profissionais e de suas opções

ética e políticas, no sentido de compreender o significado e as implicações dessas propostas,

para o futuro da profissão diante dos complexos desafios postos pelo século XXI ”

(SIMIONATTO, 2009 p. 102). Nesse sentido, muitos autores do acervo do Serviço Social,

entendem que o referencial adotado, direciona a profissão de acordo com os anseios da

classe trabalhadora, contudo o primordial é que o profissional se comprometa com a

qualidade de suas ações e busque constantemente o aprimoramento profissional.

Destacamos que, em 1979, ano que o Serviço Social se encontrava consolidado no

espaço jurídico. “[...] foi realizado o segundo concurso público para assistente social do

quadro de pessoal do TJSP, os quais foram absorvidos, a partir da última descentralização

do Juizados de Menores. (FÁVERO; MELÃO; JORGE, 2005).

Foi também nesse ano de 1979 que houve o Congresso da Virada, marco no processo

histórico de renovação da profissão, que teve um caráter contestador, houve [...] críticas ao

conservadorismo, ao capitalismo e a autocracia burguesa se desdobram no compromisso

com a classe trabalhadora e nas transformações radicais da sociedade. ” (CFESS, 2009. s.p.).

Entretanto:

Na década de oitenta, a construção do projeto profissional foi fortalecida

pelas lutas democráticas e pela reorganização política dos trabalhadores e

dos movimentos sociais organizados. Favorecendo a participação cívica

e política dos profissionais, ampliando sua consciência, esse contexto

também propicia o confronto teórico e ideológico entre tendências e a

luta pela hegemonia entre diferentes projetos societários e profissionais.

(BARROCO, 2009, p. 16)

Segundo Fávero, Melão e Jorge (2005), a partir de 1980 com as mudanças ocorridas

no Brasil, tanto na economia, na política consequentemente na sociedade, a profissão

19

precisou acompanhar todas essas transformações e adequar-se às demandas, que se

acentuavam no país pelas expressões da “questão social”.

Nesse contexto histórico, a partir 1983 o CFAS e CRAS na época, junto com

categoria dos/as Assistentes Sociais, realizaram um longo debate, um amplo trabalho em

conjunto, com vários encontros, tendo como objetivo exigir uma nova ética, a qual

refletissem na vontade coletiva, na busca de nova proposta na prática dos assistente social,

que resultou no Código de Ética de 1986, com posicionamento de negação do

conservadorismo e de firmação da liberdade, e tendo compromisso com a classe

trabalhadora. (CFESS, 2016).

Portanto para o Serviço Social brasileiro, a passagem de 1980 a 1990, o processo é

de maturação, expressa pela democratização com diferentes posicionamentos teórico-

metodológico e ideopoliticos. “[...] maturidade ganhou visibilidade na sociedade brasileira

pela intervenção dos assistentes sociais nos consideráveis avanços na proteção social,

garantidos na Constituição Federal de 1988 e expressos, por exemplo, no ECA, na Loas, no

SUS. ” (YAZBEK; MARTINELLI; RAICHELIS, 2008, p. 22).

Complementam Abreu e Cardoso (2009, p. 599), que nos anos 1980 o Serviço Social

apresentou avanços por meio de processos participativos despontando a “[...]construção do

Projeto Ético-Político-Profissional alternativo [...]”, e a aproximação dos movimentos

sociais populares, assim como a própria categoria demonstrou mobilização e organização

integrando ao processo organizativo dos trabalhadores; nesse contexto são criados órgãos

importantes da profissão como:

[...] a entidades sindicais nas unidades da federação e do sindicato

nacional Associação Nacional de Assistentes Sociais (ANAS, 1982) – e os

redimensionamentos políticos da então Associação Brasileira de Ensino em

Serviço Social (ABESS), hoje Associação brasileira de Ensino e Pesquisa

em Serviço Social (ABEPSS), e o conjunto Conselho Federal de

Assistentes Sociais/Conselhos Regionais de Assistentes Sociais

(CFAS/CRAS), hoje Conselho Federal de Serviço Social/Conselhos

Regionais de Serviço Social (CFESS/CRESS). (ABREU; CARDOSO,

2009, p. 599)

Nessa mesma década, a Constituição Federal de 1988, em seus art. 1º e 2º “[...]

assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-

estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade

fraterna, pluralista e sem preconceitos, políticas sociais [...]”, possibilita ao Serviço Social

uma atuação na perspectiva dos direitos sociais. (BRASIL, 2016, s.p).

20

Com o processo de amadurecimento da categoria, “[...] o Serviço Social brasileiro

contemporâneo apresenta uma feição acadêmico-profissional e social renovado, em prol do

trabalho e dos trabalhadores, o compromisso com democracia, liberdade, igualdade e da

justiça social no terreno da história”. (IAMAMOTO, 2009. p. 17). Esse momento exigiu que

a profissão buscasse novos caminhos, inovando sua conduta profissional, fortalecida por

meio de capacidade crítica, intelectual diante das demandas posta a profissão.

Portanto uma conjuntura marcada por movimentos políticos das classes

sociais, e das lutas entorno da elaboração e aprovação da Carta

Constitucional de 1988, e da defesa do Estado de Direito, que a categoria

de assistentes sociais foi sendo socialmente questionada pela prática

política de diferentes segmentos da sociedade civil”. (IAMAMOTO,2009

p. 18).

Nesse contexto, o Serviço Social brasileiro elabora seu projeto profissional, que

segundo autores como Iamamoto (2009); Barroco (2010; 2012) e Netto (2011): trata-se de

um projeto radicalmente inovador e crítico, com fundamentos históricos e teórico-

metodológicos na tradição marxista, com base em valores e princípios éticos humanistas,

expressos no Código de Ética de 1986, que rompe com a concepção tradicional e

conservadora (IAMAMOTO, 2009; BARROCO, 2012).

Entretanto na década de 1990 o país ingressa no mundo da globalização “[...]

reatualizando as velhas estratégias de equacionamento moral da ‘questão social’[...]”

[...]. Assim, ao mesmo tempo em que ocorrem as privatizações e a

desresponsabilizarão do Estado com as políticas públicas, vão surgindo,

gradativamente, propostas e programas governamentais pautadas em apelos

ético-morais; trata-se de desenvolver a sociedade civil em nome da

“solidariedade” e da “responsabilidade social”, no enfretamento das

sequelas da “questão social”, estratégia que permita a modernização de

práticas filantrópicas e a desmobilização da sociedade civil que passa a ser

situada num “terceiro setor”, cuja a lógica de funcionamento não seria nem

a do mercados nem a do Estado, mas a da solidariedade. (BARROCO,

2010, p, 179)

Portanto, podemos observar que o Serviço Social no seu percurso apresentou

alterações marcantes na sua atuação, desde a citada influência ideológica da Igreja Católica,

nos princípios éticos fundados na filosofia tomista, no positivismo e no pensamento

conservador, passando pelos processos de renovação dessas diferentes matrizes teóricas, até

o estabelecimento de um diálogo mais denso com a tradição marxista (ALMEIDA, 2009,

NETTO, 2011, BARROCO, 2010).

21

Nesse sentido o Código de Ética de 1993 representa de acordo com Barroco (2010,

2012) um salto qualitativo, ao estabelecer a relação do exercício profissional com a

viabilização dos direitos sociais, assim:

[...] os assistentes sociais vêm, em muito, contribuindo, nas últimas

décadas, para a construção de uma cultura do direito e da cidadania,

resistindo ao conservadorismo e considerando as políticas sociais como

possibilidades concretas de construção de direitos e iniciativas de “contra‐desmanche” nessa ordem social injusta e desigual. (YAZBEK, 2009a, p.

161).

Portanto, entendemos que o Serviço Social, apresenta possibilidades de intervenção

nos mais diversos espaços, entre as quais os espaços sócios jurídicos, justamente pelo seu

amadurecimento profissional e por defender de forma intransigente os direitos humanos em

um cenário de violações e barbárie, que atinge a classe trabalhadora (BARROCO, 2010).

1.1 O SERVIÇO SOCIAL E SUA INSERÇAO NO PODER JUDICIÁRIO

Nas últimas três décadas, o profissional do Serviço Social brasileiro construiu de

forma coletiva o projeto profissional, pautado em um projeto societário mais justo, resistente

ao impacto da exploração da sociedade capitalista. Espera-se um profissional comprometido

no interesse do usuário, efetivando direitos e buscando capacitação/qualificação no serviço

prestado, “[...] nos diversos campos onde atua, iluminando-os para que articulem suas ações

cotidianas a sujeitos coletivos, que também se mostrem empenhados tanto no acesso a

direitos como na busca da construção de outra ordem societária. ” Diante de tais

considerações, entendemos que o Serviço Social encontra no Poder judiciário fecundas

condições de intervenção profissional de acordo a sua perspectiva crítica que se coloca de

forma hegemônica no interior da categoria. (BORGIANNI, 2013, p. 430).

Portanto um espaço sócio ocupacional, como nas instituições jurídicas do Poder

judiciário, “ [...] o assistente social depara-se com demandas que são apresentadas de forma

individualizada, como conflitos entre partes, com litígios, cabendo ao Judiciário aplicar as

leis existentes, estabelecendo as punições cabíveis e encaminhando soluções para as

situações de conflito”. (ALAPANIAN, 2008, p. 16 apud BORGIANNI, 2013, p. 435). A

demais, segundo Borgianni (2013), o assistente social em sua intervenção, trabalha com

diversas e complexas demandas processuais, como: destituição/suspensão do poder familiar,

22

aplicação de medidas de proteção, pedido de providência, guarda tutelar, adoção, habilitação

para a adoção, com a finalidade de a partir de pareceres sociais, dar subsídios para a decisão

judicial.

Portanto, cabe ao Assistente Social muitas demandas especificas da área jurídica,

sendo seu papel dar suporte de acordo com seu conhecimento especifico da área de

formação, deste modo é a capacidade e competência profissional que possibilitaram a

inserção do Assistente Social no Poder judiciário, sendo cobrado desse profissional a sua

observância quanto aos princípios éticos da categoria no seu exercício.

O judiciário foi um dos primeiros espaços de trabalho do/a Assistente Social, “[...]

entre 1948 e 1958, período da implantação do Serviço Social junto ao então denominado,

Juizado de Menores6, [...]” assim a sua atuação reconstruiu o aspecto da histórico do Serviço

Social no âmbito do Judiciário (FÀVERO,2005, p. 9). Autores mencionam que:

O Serviço Social começou a atuar formalmente junto ao Juizado de

Menores no Final de 1940, quando ocorreu a I semana de Estudo do

Problemas de Menores, mais especificamente com a criação do Serviço

Social Família no Estado de são Paulo, pela lei nº 560, de 27/12/1949. O

desenvolvimento desse trabalho foi atribuído aos assistentes sociais, no

Juizados, abrindo um vasto campo para a consolidação de suas atividades

nesse contexto. A lei pertinente à regulamentação do Serviço de Colocação

Familiar previa, em § 5º, do artigo 6º, ...que na comarca de São Paulo o

chefe do Serviço, de preferência assistente social diplomado por Escola de

Serviço Social, seria designado pelo Juiz de Menores. (FÁVERO;

MELÃO; MELÃO, 2005, p. 48).

Naquela época na Justiça da Infância e Juventude, o Serviço Social utilizava

metodologia operacional, chamado de Serviço Social de Casos individuais com base

doutrinaria da Igreja Católica, que “[...] incluía medidas judiciais acerca do “destino” da

criança - dentre elas, a internação, a colocação em família substituta ou o que se denominava

de reajustamento na e da família de origem”. Esses procedimentos utilizados na época, pelos

Assistentes Sociais, duraram por muito tempo, contudo “[...] na contemporaneidade, o

estudo social apresenta-se como suporte fundamental para aplicação de medidas judiciais

contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente” (FÁVERO, 2007, p. 47). Entretanto:

O assistente social é solicitado pelo judiciário como um elemento neutro

perante a ação judicial para trazer subsídios, conhecimento que sirvam de

6 Denominação menores, por ser utilizada pela legislação e pela linguagem cotidiana do período estudado, para

fazer referência ás pessoas menores de 18 anos de idade. Com promulgação do Estatuto da Criança e do

Adolescente, 1990, esta denominação foi alterada para criança (até 12 anos) e adolescente (12 anos a 18 anos).

(FÁVERO, 2005, p. 9)

23

provas, de razões para determinados atos ou decisões a serem tomadas.

Através de técnicas de entrevista, visitas domiciliares, observações,

registros, realiza o exame da pobreza, emite um parecer sobre a situação

investigada e, muitas vezes, indica medidas consideradas adequadas, a

serem aplicadas, a criança, adolescente ou família. (FÁVERO, 2005, p.

28).

O Serviço Social no seu trajeto profissional, atribui novos contornos ao mercado

profissional de trabalho. Pois, vemos que ocorreu uma ampla abertura, em novos postos de

trabalho para Serviço Social, no setor sociojurídico. “Essa expansão relaciona-se com as

instituições jurídicas criadas a partir da Constituição de 1988 e com a luta democrática da

sociedade brasileiros pós-ditadura militar”. (MOTA, 2014, p. 696). Destaca-se também a

expansão do setor sociojurídico com:

[...] a criação de novos postos de trabalho nos tribunais, Ministério Público,

defensorias públicas etc., assim como a emergência de demandas por

articulação interinstitucional, envolvendo o Judiciário nos casos de

medidas socioeducativas, mediação de conflitos e violação de direitos. A

elas combinam-se campos tradicionais como o sistema prisional em face do

volume dos encarceramentos. (MOTA, 2014, p. 696).

De acordo com definição do CFESS, o termo ‘sociojurídico’, “[...] revela o lugar

que o Serviço Social brasileiro ocupa neste espaço sócio-ocupacional, após seu

redirecionamento ético e político, disposto a analisar a realidade social em uma perspectiva

de totalidade e em meio a contradições sociais profundas”. (CFESS, 2014, p. 14).

O Serviço Social prestou e continua prestando, grandes contribuições no meio

jurídico, portanto, nos cabe compreender esse espaço. Segundo Borgianni (2013), quem

trouxe a primeira tentativa referente a uma definição do setor sociojurídico, foi Eunice

Teresinha Fávero, segundo ela,

O campo (ou sistema) sociojurídico diz respeito ao conjunto de áreas em

que a ação social do Serviço Social articula-se a ações de natureza jurídica,

como o sistema penitenciário, o sistema de segurança, os sistemas de

proteção e acolhimento, como abrigos, internatos, conselhos de direitos,

dentre outra. Em outra ocasião, a mesma autora fez elucidativa

interpretação do papel social cumprido pelas instituições ou organizações

próprias do sociojurídico: organizações que desenvolvem ações, por meio

das quais aplicam sobretudo as medidas decorrentes de aparatos legais,

civil e penal, e onde se executam determinações deles derivadas. [...]

nessas áreas, direta ou indiretamente, trabalhamos com base normativa

legal e em suas interpretações pelos operadores jurídicos. (BORGIANNI,

2013. p. 413).

24

Segundo Fávero (2007), nos espaços sociojurídicos, profissionais como juízes,

promotores, assistente sociais, psicólogos, advogados entre outros estão autorizados ou

legitimados institucionalmente e socialmente a emitirem seus pareceres, suas apreciações,

suas decisões, suas determinações.

Diante do ingresso do profissional Serviço Social nos espaço sócio-ocupacionais ,

entre eles o sociojurídico, o conjunto CFESS/CRESS (2014), apresenta algumas atribuições,

tais como:

Perícia e acompanhamento: • estudos sociais/perícia social; •

atendimento e orientação ao público; • acompanhamento social (pessoas

envolvidas em processos); • assessoramento ao/à magistrado/a no

atendimento às partes; • acompanhamento de crianças acolhidas; •

desenvolvimento de atividades junto ao cadastro de adoção; •

acompanhamento a visitas de pais a filhos/as, mediante pedido judicial; •

preparação para adoção; emissão de pareceres para acessar, judicialmente,

serviços do governo federal, como o BPC; • participação em audiências, de

modo a emitir opinião técnica. Execução de serviços • atuação com penas

e medidas alternativas na implementação da prestação de serviços à

comunidade nas varas criminais. Rede/avaliação de políticas públicas •

conhecimento/articulação da rede socioassistencial;

• fiscalização de instituições de acolhimento e de execução de medidas

socioeducativas; • participação em comissões, fóruns, conselhos, grupos de

estudos, no âmbito da esfera pública e privada. Recursos humanos [...]

Assessoria institucional [...] Planejamento e organização do serviço

social [...]; • sistematização do conhecimento social, político e cultural dos

diversos segmentos geracionais atendidos no espaço do Judiciário e dos

dados gerados pelos sistemas de informação adotados no Judiciário; •

participação/organização de eventos sobre o serviço social; • desenvolver e

assessorar pesquisas, projetos, programas e atividades relacionadas à

prática profissional dos/as assistentes sociais, no âmbito do Poder

Judiciário, [...] CFESS/CRESS (2014, p. 41).

A partir dessas atribuições apontadas pelo conjunto CFESS/CRESS, é possível

compreender o estreito vínculos dessas atribuições às ações de viabilização de direitos.

Esses profissionais atuam na perspectiva de garantia e ampliação de direitos.

Portanto, o termo “direito” amplamente usada no universo jurídico, deve ser claramente

compreendido por todos profissionais que atuam na área jurídica. Destacamos dois tipos de

direito de uma forma geral: o direito natural e o direito positivo. O primeiro se refere àquele

direito que nasce com o próprio homem independente de regramento quanto a sua utilização.

O segundo, denominado direito positivo, tem a denominação do direito em forma de

reparação de danos, surgiu ao longo caminho histórico do ser social e reconhecimento das

categorias histórica como classe social e Estado, imprimindo “[...]a ideia de direito como

25

conjunto de normas jurídicas de acordo com as quais a sociedade se organiza com a

finalidade de manter a ordem e o convívio social” (SARTORI, 2010, p. 9 apud

BORGIANNIE, 2013, p. 418).

A partir do momento em que se entende que direito e ‘jurídico’ não são

sinônimos. O direito que se torna lei é o direito positivado. Mas o direito é

mais amplo do que as leis. Ele é produto de necessidades humanas, que se

constituem nas relações sociais concretas. Relações que são dialéticas e

contraditórias. Portanto, as formas de sua positivação na lei dependem dos

interesses em disputa, das correlações de forças, dos níveis de organização

e mobilização das classes e segmentos de classes sociais. (CFESS, 2014, p.

15).

Portanto, direito é o conjunto de princípios e regras que regulamentam os conflitos

que ocorrem em uma sociedade, para manter a ordem e a harmonia da convivência em

sociedade, ele se manifesta através do poder judiciário. Podemos citar como uma recente

conquista, o reconhecimento como sujeito de direito, as crianças e adolescentes em nosso

país, tal como referenciadas na Constituição de 1988 e no Estatuto da Criança e do

Adolescente de 1990.

Ora, o direito está presente nos três poderes que dispõem na Constituição Federal,

são independentes e harmônicos entre si: Legislativo, Executivo e Judiciário. O poder

judiciário tem sua autonomia própria, tem o poder de interpretar e jugar, nos princípios da

Constituição. E por sua vez é no Poder judiciário que sujeitos de direitos recorrem quando

seus direitos são violados. Assim entendemos que o Poder Judiciário e espaços

sociojurídicos se constituem âmbito fértil para a atuação do/a Assistente Social, pois de

acordo com Borgiani (2013), cabe por meio da intervenção de Assistentes Sociais, dentro de

suas atribuições, no universo jurídico a viabilização do acesso a direitos reclamados.

26

2 O SERVIÇO SOCIAL NO PODER JUDICIARIO: ENTENDENDO A ATUAÇAO

DO ASSITENTE SOCIAL NO PROCESSO DE ADOÇAO

A caracterização dos espaços sociojurídico, como espaços sócio-ocupacionais para a

atuação do/a profissional do Serviço Social, é apresentada pelo CFESS (2014, p. 32), que

por meio de dados coletados em 2009, mapeou nacionalmente o Serviço Social no

sociojurídico, e identificou “[...] tendências acerca da inserção do serviço social em

instituições do sociojurídico”, e sobretudo apresentou um quantitativo equivalente à 3.395

assistentes sociais inseridos no sociojurídico, nas regiões: Norte, Centro-Oeste, Sudeste e

Sul, excluindo-se somente a região nordeste no ano de 2009. Assim, apresenta uma breve

abordagem crítica quanto as “[...] potencialidades do exercício profissional nesses espaços. ”

(CFESS, 2014, p. 39).

E, ao investigar o exercício do/a Assistente Social no poder judiciário, entendemos

que esse profissional, é “[...] considerado detentor de saberes capazes de dar suportes e

conferir maior legitimidade às decisões judiciais na área da infância, adolescência e família,

assim vem sendo, ao longo dos anos, cada vez mais solicitado”. O saber profissional do/a

Assistente Social, é propriamente sua formação técnica, o seu conhecimento profissional,

pautado em suas atribuições, as quais permite dar toda base para fazer um parecer social

diante de situações diversas. (FÁVERO,2007, p. 47).

Destacamos que Catusso; Souza; Ferrari ( 2013), possibilitam compreender a

dimensão técnico-operativo e o cotidiano dos/as Assistentes Sociais ao apresentar os

instrumentos técnico-operativos do exercício profissional, tais como as pericias, laudos,

estudos sociais, tão solicitados pela área judiciária, que por sua vez requer do profissional do

Serviço Social uma leitura da realidade, portanto: competente teórica e tecnicamente, e

sobretudo comprometido como o projeto profissional que repudia qualquer forma de

injustiça. E sob esse aspecto, entendemos que é a busca da efetivação da justiça que justifica

a intervenção profissional. Aliás cabe lembrar que o Estatuto da Criança e Adolescente,

garante o acesso a toda criança ou adolescente por meio da Defensoria Pública, ao

Ministério Público e ao Poder Judiciário, Vara da Infância e da Juventude, ou qualquer de

seus órgãos do Poder judiciário, de tal forma que toda criança e adolescente tenha acesso a

justiça (BRASIL, 2016a)

Entretanto, ressaltamos que a nossa discussão sobre o Serviço Social no judiciário,

demarca a atuação desse profissional na Vara da Infância e da Juventude, haja vista, que

27

observamos na Resolução nº 113, de 19 de abril de 2006, que dispõe sobre os parâmetros

para a institucionalização e fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e

do Adolescente, determina no capítulo III, - que trata das instâncias públicas de garantia dos

direitos humanos da criança e do adolescente:

Art. 6º O eixo da defesa dos direitos humanos de crianças e

adolescentes caracteriza-se pela garantia do acesso à justiça, ou seja,

pelo recurso às instâncias públicas e mecanismos jurídicos de proteção

legal dos direitos humanos, gerais e especiais, da infância e da

adolescência, para assegurar a impositividade deles e sua exigibilidade, em

concreto. Art. 7º Neste eixo, situa-se a atuação dos seguintes órgãos

públicos: I - judiciais, especialmente as varas da infância e da juventude

e suas equipes multiprofissionais, as varas criminais especializadas, os

tribunais do júri, as comissões judiciais de adoção, [...] (CONANDA,

2006, s.p, grifo nosso)

Diante de tal observação, o/a Assistente Social tem competência para atuar nas ações

de articulação da rede de Assistência Social, Saúde, Vara de Infância e Juventude, bem

como tantas outras instituições na busca de garantia de direitos sociais de sujeitos, entre as

quais nos interessa (crianças e adolescentes), buscaremos apresentar uma compreensão da

atuação desse profissional no processo de adoção, nas páginas seguintes.

2.1 ADOÇAO: LEGISLAÇAO E ATUAÇAO PROFISSIONAL

Para uma clara compreensão da atuação do Serviço Social no processo de adoção,

primeiramente é necessário entender como esse processo se estabelece de forma legal no

Brasil. E sob essa perspectiva, encontramos entre os documentos legais, o Estatuto da

Criança e do Adolescente, que ao abordar a adoção como um direito estabeleceu, em 1990,

que cada Comarca deveria manter um cadastro de pessoas habilitadas e um cadastro de

crianças disponíveis para adoção. Diante dessa determinação o Cadastro Nacional de

Adoção - CNA se constituiu um sistema de informações, que consolida os dados de todas as

Varas da Infância e da Juventude referentes a crianças e adolescentes em condições de serem

adotados e de pretendentes habilitados à adoção.

28

Por meio de consulta virtual realizada no dia 28 de janeiro de 2017, no Cadastro

Nacional, no Brasil são 38.471 pretendentes cadastrado, dentre esses 4.018 pretendentes são

do estado do Paraná. E para nossa surpresa identificamos um quantitativo inferior de

crianças e adolescentes cadastradas para a adoção, comparadas com o quantitativo de

pretendentes, pois são 7.1857 crianças e adolescentes cadastradas para a adoção, (dentre

essas, 891 se encontram no estado do Paraná), o que equivale aproximadamente 5

pretendentes para cada 1 criança/adolescente que aguarda adoção (CNJ, 2017a; CNJ, 2017b;

CNJ, 2017c). Ficam algumas questões para aprofundamento por meio de discussão crítica

em posteriores pesquisas: Qual o motivo dessas famílias ainda não terem adotado as

crianças? Perfil não desejado, morosidade no processo, fica o questionamento.

Entretanto para a discussão inicial, consideramos que de acordo com o Estatuto da

Criança e Adolescente, “[...]. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no

seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência

familiar e comunitária [...]”, de acordo com o mesmo estatuto, a colocação em família

substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção (DIGIÁCOMO; DIGIÁCOMO, 2013,

p. 22, grifo dos autores).

Assim, o verbo adotar (do latim adoptare) é apresentado nos dicionários, como o ato

de aceitar, acolher, tomar por filho, perfilhar, legitimar, atribuir a um filho de outrem os

direitos de filho próprio. “[...] a adoção é uma escolha consciente e clara, mediante uma

decisão legal, a partir da qual uma criança ou adolescente não gerado biologicamente pelo

adotante torna-se irrevogavelmente filho”. (BRASIL, 2013, p. 8).

Na história da humanidade, constatamos que na antiguidade, os povos hindus,

egípcios, persas, hebreus, gregos, romanos praticaram o instituto da adoção, acolhendo

crianças como filhos naturais no seio das famílias. A adoção é abordada na Bíblia Sagrada: a

adoção de Moisés que foi acolhido como filho pela filha do faraó, no Egito; evidenciando

dessa forma que a adoção se estabeleceu já em período histórico remoto. (BRASIL, 2013). E

no Brasil, desde a Colônia e até o Império, a instituição da adoção foi incorporado por meio

do Direito português. Havia diversas referências à adoção nas chamadas Ordenações

Filipinas (século XVI) e posteriores, Manuelinas e Afonsinas, mas nada efetivo não havia

sequer a transferência do pátrio poder ao adotante, salvo nos casos em que o adotado

7 Os Relatórios de Dados Estatísticos que apresenta o quantitativo de pretendentes e de crianças do Cadastro

Nacional de Adoção- CNA, são atualizados diariamente e disponibilizados para consulta virtual no site do

Conselho Nacional de Justiça – CNJ (CNJ, 2017a)

29

perdesse o pai natural e, mesmo assim, se fosse autorizado por um decreto real. (GUEDES;

BRASIL, 2013a; 2013b).

O processo de adoção no Brasil tem em sua trajetória histórica, alguns documentos

que compõe a legislação com características próprias do seu tempo, assim em termos

legais no Brasil temos como marco o Código Civil de 1916, destarte constatamos nesse

Código Civil, que foi a partir dele que adoção teve as primeiras regras, assim com Lei n.º

3.071, de 1º de janeiro de 1916, o seu artigo 368 do capítulo V que dispõem sobre a adoção,

estabelecia que só os maiores de 30 anos poderiam adotar. E que houvesse 16 anos a

diferença de idade entre adotante e adotivo, e que os adotantes deveriam ser “[...] marido e

mulher” (BRASIL, 2003, p. 450, grifo nosso). Atualmente de acordo com a Lei

12.010/2009, no Art. 39 é mencionado que para adoção conjunta, é indispensável que os

adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade

da família (BRASIL, 2017a).

De acordo Dias (2013), em 1916, a adoção era levada a efeito por escritura pública e

o vínculo de parentesco era só entre o adotante e ao adotado. A escritura pública era da

substancia do ato, por força art. 375. “[...] Era, porém, a adoção revogável por vontade do

adotante, quando este se tornasse capaz, vale dizer, no ano imediato em que cessava a

menoridade”. (GRANATO, 2010, p. 44). Segundo a autora, se o adotado praticasse

qualquer ato que justificasse: ofensas físicas ou injúria grave contra o adotante;

desonestidade; relações ilícitas com cônjuge da adotante ou grave enfermidade, admitia a

deserdação.

Em 12 de outubro 1927, foi elaborado o primeiro Código de Menor, ainda nos

moldes do Código Civil de 1916. “[...] esse código ficou conhecido como Código Mello

Matos, que foi o primeiro Juiz de Menores do Brasil, no Rio de Janeiro, tendo se empenhado

ao longo sua vida, para aprimorar e fazer cumprir essa legislação. ” (FÁVERO, 2005, p. 47).

Esse Código foi instituído em um período em que o processo de industrialização ainda era

embrionário na sociedade brasileira e a “questão social” era tratada como caso de polícia,

portanto, “[...]o Estado tratava através de aparatos repressivo, problemas de ordem política,

econômica e social”. (FÀVERO, 2007, p. 49). Essa lei tratou brevemente sobre crianças e

adolescentes, contudo entendidos na época como “menores abandonado e delinquentes” com

menos de 18 anos de idade.

Esse Código durante sua vigência apresentou algumas alterações no que refere a

adoção, infração e trabalho. No art. 18 “[...] mãe que apresentasse a criança não era obrigada

a se dar conhecer, nem a assinar o processo de entrega. (FÀVERO, 2005, p .48). Segundo a

30

autora o Código considerava menores abandonados, a falta de habitação certa, indigência,

impossibilidade ou incapacidade de pais ou tutores de cumprir com seus deveres com o

menor (na época era o termo usado), ou falta de alimentação.

Em 8 de maio de 1957, foi instituída a Lei nº 3.133, atualiza o instituto da adoção

prescrita no Código Civil de 1916. Com essa Lei, o legislador demostrou intenção de

incentivar a prática da adoção. Eliminando uma grande barreira na prática de adoção,

realizou o sonho de casais, isto é, estabeleceu que os casais, recém-casados poderiam adotar

após 5 (cinco anos) de casamento, esse prazo foi estipulado com intenção que não houvesse

arrependimento dos casais adotantes, se viessem ter os filhos naturais. [...] A marcante

inovação foi a possibilidade do adotado poder acrescentar ao nome dos pais de sangue os

do adotante, ou usar somente dos adotantes”. (GRANATO, 2010, p. 45, grifo nosso).

A Lei nº 4.665 de 2 julho de 1965, trouxe novidade importante, dispõe sobre a

legitimidade adotiva. São mudanças, como menores de sete anos em situação de risco

poderiam ser adotados e receber o mesmo direito dos filhos naturais, isso se houvesse

autorização dos pais biológicos e do juiz que iria legitimar a adoção. Através dessa Lei vem

a denominada legislação adotiva que prevê direitos iguais as crianças adotadas dando assim

mais segurança para as mesmas no seu novo lar. (GRANATO, 2010, grifo nosso)

De acordo Granato (2010), essa mesma lei determinava a exigência de um período de

três anos de guarda do menor pelos requerentes, para só então se deferir a legitimação (art.

1º, § 2º):

A legitimação adotiva só podia ser deferida quando o menor até sete anos

de idade fosse abandonado, ou órfão não reclamado por qualquer parente

por mais de um ano, ou cuja pai tivessem sido destituídos do pátrio poder,

ou ainda na hipótese do filho natural reconhecido apenas pela mãe,

impossibilitada de prover a sua criação. (GRANATO, 2010, p. 45)

Segundo a autora, foi com a Lei 6.697 de 10 de outubro de 1979, que ficou

conhecida como novo Código do Menor que introduziu a adoção plena, “[...] substituindo a

legitimação adotiva da Lei 4.655/65 que foi expressamente revogada e também admitiu

adoção simples, regulamentada pelo código Civil”. (GRANATO, 2010. p. 47, grifo nosso).

Essa lei destinava à proteção dos menores de 18 anos de idade que encontrassem e situação

de irregular, descrita no art. 2º. Que dispõem,

Art. 2 º. Para os efeitos desde Códigos, considera-se em situação irregular o

menor: I- Privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e

instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de: b) Falta,

ação ou omissão dos pais ou responsável; c) Manifestação impossibilidade

31

dos pais ou responsável para provê-lo; II- Vítima de maus tratos ou

castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável; III- em perigo

moral, devido a: a) Encontrar-se de modo habitual, em ambiente contrário

aos bons costumes; b) Exploração em atividade contraria aos bons

costumes; IV-Privado de representação ou assistência legal, pela falta

eventual dos pais ou responsável; V- Com desvio de condutas em virtude

de grave inadaptação familiar ou comunitária; VI- Autor de infração penal

(GRANATO, 2010, p. 47).

E em 1979 a adoção plena, de acordo com a Lei instituída naquele ano “[...] cortava

todos laços com família biológica do menor, entra família do adotante como se fosse filho

de sangue, era irrevogável a adoção. (GRANATO, 2010, p. 48).

Esse Código já estabelecia a Doutrina da Proteção Integral, mas baseada no mesmo

paradigma do menor (criança ou adolescente) em situação irregular da legislação anterior.

“[...] o enfoque assistencialista que regia a nova Lei, e a Política do Bem-Estar do Menor,

que tinha por objetivo suprir carência biopsicossociais da infância em situação de

vulnerabilidade social”. (FÁVERO; MELÃO; JORGE, 2005, p. 50). Segundo a autora “[...]

os Códigos de Menores de 1927 a 1979 eram explicitamente dirigidos à regulação e controle

dos então denominados menores pobres ou considerados em situação irregular perante a

sociedade representando perigo para ela. ” (FÁVERO, 2007, p. 54).

Ressaltamos, que no Brasil após longo período de Ditadura Militar, foi instituída a

sétima Constituição do país, promulga em 05 de outubro de 1988, a atual Carta Magna,

conhecida como Constituição Cidadã, apresentando um texto mais completo no que se refere

as de garantias individuais. Essa constituição apresenta em seu o Título II, que trata dos

Direitos Fundamentais, e no seu Capítulo III do Direito à Convivência Familiar e

Comunitária, uma preocupação especial com a criança e adolescente. (BRASIL, 2016a).

Na Constituição de 1988 no art. 227, trata sobre a prioridade do direito da crianças e

adolescentes em relação família, sociedade e do Estado. Assim é posto como,

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e

ao adolescente e ao jovem com absoluta prioridade, o direito à

vida, uma saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à

profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e

à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de

toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,

crueldade e opressão (BRASIL, 2016a, s.p, grifo nosso).

A Constituição de 1988, que iguala os direitos de todos os filhos ao tratar da ordem

social, no Título VIII, Capitulo VII, estabelecendo no § 6º do art. 227, “[...] Os filhos,

havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e

32

qualificação, proibidas qualquer designação discriminatória relativa à filiação”.

(GRANATO, 2010, p. 49).

Segundo Dias (2013) A adoção significa muito mais a busca de uma família para

uma criança. Nesse sentido o Estatuto da Criança e do Adolescente, promulgado com a Lei

8.069 em 13 de julho de 1990, trouxe a adoção, nos seus art. 39 a 52. O Estatuto “[...]

buscou efetivar os princípios da Proteção Integral, com a qual regulariza a adoção de todos

os menores de 18 anos, e não apenas aqueles que estivessem em situação irregular, como

ocorria na lei anterior, o Código do Menores”. (GRANATO 2010, p. 70, grifo nosso).

Em relação a adoção, “[...] o espírito do legislador estatuário é promover a

integração da criança ou adolescente na família do adotante, em tudo igualando o filho

adotivo ao filho natural. ” (GRANATO, 2010, p. 71). Assim, não se fala mais em adoção

simples ou plena e, sim numa única adoção em que visa criar laços paternidade e filiação

entre adotante e adotado. (GRANATO, 2010).

A partir da Lei 12010/2009 foi introduzido conteúdo no Estatuto, como no parágrafo

único do art. 25º que dispõem que, “[...] A adoção é medida excepcional e irrevogável, à

qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou

adolescente na família natural ou extensa, na forma do Parágrafo Único do art. 25 dessa

Lei”. (GRANATO, 2010, p. 71). Contudo esses procedimentos devem ser encaminhados

judicialmente antes do adolescente completar 18 anos, de acordo com o art. 40 do Estatuto.

Após os dezoito anos, tais procedimentos seguirão de acordo com a regra do Código Civil e

não mais do Estatuto.

No artigo 2 º do Estatuto do da Criança e Adolescente, “[...] Considera-se crianças,

para efeito desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompleto e adolescente aquela entre

doze e dezoito anos de idade”. (GRANATO, 2010, p. 70).

Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu Capítulo III, em que

assegura o Direito à Convivência Familiar e Comunitária, no Art. 19 que:

Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da

sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a

convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de

pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. (BRASIL, 2016, s.p.)

Constatamos que o Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe de uma

classificação de três concepções da família: família natural (biológica ou consanguínea),

família extensa ou ampliada e família substituta. Define-se família substituta

33

[...] a família que passa a substituir a família biológica de uma criança ou

um adolescente, quando esta não pode, não consegue ou não quer cuidar

desta criança. A família substituta pode ocupar o papel da família biológica

de forma efetiva e permanente, como na adoção, ou de forma eventual,

transitória e não definitiva, como na guarda e na tutela. A família substituta

pode ser constituída por qualquer pessoa maior de 18 anos, de qualquer

estado civil, e não precisa obrigatoriamente ter parentesco com a criança”.

(AMB, 2017 p.11).

Quanto a família extensa ou ampliada, entendemos que é aquela que se estende

para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximo

com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vinculo de afinidade e efetividade.

(BRASIL, 2016b.s.p). Segundo Dias, essas concepções de família e atuais dispositivos

legais, admite flexibilização, “[...] qualquer pessoa pode adotar. Pessoas sozinhas, solteiras,

divorciadas, viúvas. A lei não faz restrição quanto á orientação sexual do adotante, nem

poderia fazê-lo”. (DIAS, 2013, p. 500).

Aproximar-se da adoção é aproximar-se dos sentimentos mais profundos,

é conhecer êxito e fracassos, é perceber o lado positivos e o lado negativo

de milhares de pessoas, é ver as mais belas manifestações de solidariedade

e também, as mais duras expressões de egoísmo e insensibilidade.

Aproximar-se da adoção é deixar-se levar por caminhos

desconhecimentos, muitas vezes obscuros, é descobrir novos horizontes,

guiados pelas luzes da coragem e da esperança. (FREIRE apud

GRANATO, 2010, p. 10).

A adoção hoje tem a finalidade de oferecer um ambiente familiar favorável para o

desenvolvimento de uma criança que por algum motivo, ficou privada de sua família

biológica, assim o compromisso “[...] é atender ás reais necessidades da criança, dando-lhe

uma família, onde ela se sinta acolhida, protegida, segura e amada”. Adoção não é para

resolver conflitos de pessoas adultas, adoção hoje é pensada na perspectiva do bem-estar da

criança e do adolescente (GRANATO, 2010, p. 30). E a partir do momento em que a adoção

é constituída pela sentença judicial e é retificado o registro de nascimento, “[...] o adotado é

filho, sem qualquer adjetivação”. (DIAS, 2013, p. 498).

Contudo, o Estatuto da Criança e do Adolescente no art. 48, estabelece que, “ [...] O

adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito

ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18

(dezoito) anos”. (BRASIL, 2016b. s.p)

34

Outra mudança de suma importância, se refere ao cadastramento, que no Estatuto da

Criança e do Adolescente já existia uma obrigatoriedade, mas “[...]a nova lei da adoção veio

tornar indispensável a inscrição dos pretendentes à adoção nesse cadastro[...]”. (GRANATO,

2015. p. 80). Esse cadastro é estadual e nacional, agilidade no processo sobre os aptos a

adoção. Dispõem no art. 50 § 5º que, “Serão criados e implementados cadastros estaduais e

nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais

habilitados à adoção” (BRASIL, 2016, s.p).

O Cadastro Nacional de Adoção, possibilita realização de inscrição dos interessados

em adotar crianças e adolescente se estiverem aptos, ou seja, que já tenham sido atendidos

pela equipe multiprofissional da Vara da Infância e Juventude que conta com profissionais

do Serviço Social.

2.1.1 Os Instrumentos do Assistente Social no Processo de Adoção

Nas páginas anteriores apresentamos uma breve descrição da forma que a adoção foi

tratada pelas legislações de 1916 até os dias atuais, e diante disso entendemos por meio de

Fávero, Melão e Jorge (2005), que atualmente os/as Assistentes Sociais devido a sua

instrumentalidade, tem competência para subsidiar nas decisões judiciais que tratam de

processo de adoção.

Portanto o/a Assistente Social, após visita e entrevista realizam o estudo social, esse

estudo será apresentado na forma de um relatório ou parecer do profissional, o qual dará

suporte para que o juiz possa determinar suas considerações necessária e estabelecer

medidas prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. Portanto o estudo social se

constitui em importante instrumento para o trabalho do/a Assistente Social no âmbito do

judiciário, e sobretudo “[...] é previsto em Lei nº 8662/93 como sendo a realização de

estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de benefícios e serviço sociais junto a

órgãos da administração pública direta o indiretamente”, e sobretudo por meio de estudos

sócio-economicos o profissional do Serviço Social poderá contribuir de forma decisiva nos

processos da Vara da Infância e da Juventude nas mais diversas situações, entre as quais nos

processos de adoção, tal como mencionamos anteriormente. (FÁVERO; MELÂO; JORGE,

2005, p. 102).

Reafirmam Fávero, Melão e Jorge (2005), que a efetivação do trabalho do/a

Assistente Social depende dos instrumentais técnicos e operacionais, porque através deles

35

que os profissionais fazem suas intervenções, e com eles que potencializam a suas ações,

tendo como base os princípios éticos da profissão, e por meio do conteúdo teórico-

metodológico fará uma leitura para além do aparente para dar seu parecer em favor de

garantia de justiça e efetivação dos direitos sociais reconhecidos.

Nesse sentido, entendemos que a entrevista é o instrumento técnico mais utilizado

pelos profissionais de Serviço Social para operar na realidade do trabalho no judiciário.

Contudo o profissional antes de operar na realidade, precisa investigá-la. Assim é por meio

da entrevista que estabelecerá vínculo entre duas ou mais pessoas, possibilitando a coleta de

informações, além do conhecimento e compreensão das situações, que possibilita a

construção de alternativas de intervenções. Portanto, “[...] O diálogo é o elemento

fundamental da entrevista, exigindo dos profissionais a qualificação necessária para

desenvolve-lo com base em princípios éticos, teóricos e metodológicos, na direção da

garantia de direito. ” (FÁVERO; MELÃO; JORGE, p. 121).

Fávero (2007, p. 48, grifo nosso), enfatiza que “[...] nas ações que a Vara da Infância

e Juventude operacionalizam, os instrumentos e técnicas de intervenção dos quais o serviço

social lança mão são: a visita domiciliar, a entrevista, a observação com o objetivo de

pesquisa e análise acontecimentos, situações de vida”. Portanto esses instrumentos técnicos

são fundamentais e importantes para a intervenção, sobretudo relevantes para a decisão

judicial subsidiada pelo profissional do Serviço Social.

Além do mais, nas Varas da Infância e da Juventude, “[...] o assistente social faz

atendimento referente a ações de guarda de criança a terceiros, adoção, destituição do poder

familiar, internação, abrigo, maus tratos ”. (FÀVERO, 2005, p. 7). Esses atendimentos são

feitos por profissionais, que realizaram estudo de casos que levará ao parecer técnico e/ou

indicações de tratamento e medidas sociais.

A visita domiciliar tem um espaço próprio e peculiar na intervenção do/a Assistente

Social. Tem caráter de maior fidedignidade como instrumento para a leitura da realidade

social dos sujeitos atendidos. “É com as visitas que os assistentes sociais poderão constatar

a realidade de perto, portanto não é exclusiva do assistente social, mas é uma forma

investigativa importante”. (FÁVERO; MELÃO; JORGE, p. 122).

No judiciário, é comum as visitas serem determinadas pelos juízes e

proposto pelos promotores, o que pode ser entendido como interferência

nas prerrogativas de outra área profissional, na medida em que cabe ao

profissional que realiza a intervenção definir os instrumentos necessários

para objetivos do trabalho. (FÁVERO; MELÃO; JORGE. p. 122)

36

Podemos entender que as visitas domiciliares requisitadas no processo de adoção,

são momentos em que as pessoas são observadas em seus contextos familiares, quando o

profissional privilegia a análise de comportamento, interações no local de suas

circunstâncias, além de observar as condições de moradia e de acolhimento, estrutura e

funcionamento doméstico. Para Fávero (2001), é por meio da realização da entrevista ou de

uma pesquisa, que o/a Assistente Social constrói um saber. “[...] um saber que pode

constituir-se numa verdade, estabelecidas a partir do momento que pessoas são examinadas,

avaliadas, suas vidas e condutas registradas, construindo-se assim uma verdade sobre a

mesma”. (FÀVERO,2001, p. 46).

Já o estudo social, também é um procedimento de competência do/a Assistente

Social, é uma técnica/instrumento próprios da intervenção, com a finalidade de trazer um

conhecimento mais profundo de uma determinada situação. “[...] tem sido usado nas mais

diversas áreas das intervenções do Serviço Social, [...], seja como perito ou como assistente

técnico, em especial junto à Justiça Infância e da Juventude. ” (CFESS,2011, p. 43).

No judiciário o estudo social é realizado com a finalidade de esclarecer o

processo com conhecimentos da área do Serviço Social, também tem a

denominação de perícia social, ou um perito especialista em determinada

área de conhecimento, assim o serviço social é nomeado para realizar um

estudo e dar um parecer a respeito (FÀVERO,2009, p. 625).

A partir do estudo social, o profissional fará uma busca, de forma mais profunda,

para determinada situação, a qual foi solicitado dar parecer. O estudo social “[...] é o

instrumento utilizado para conhecer e analisar a situação vivida por determinados sujeitos ou

grupos de sujeito sociais, sobre a qual fomos chamados a opinar. ” (MIOTO, 2001, p. 153

apud FÁVELO; MELÃO: JORGE, 2005, p. 127).

Ainda, constatamos que no Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 167, tal ação é

mencionada:

A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do

Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou, se

possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão

de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de

convivência. (BRASIL,2016, s.p, grifo nosso)

Explica Fávero (2009, p. 625), “[...] o registro desse estudo ou perícia, com suas

conclusões e seu parecer, dá-se, geralmente, por meio de um relatório social ou de um laudo

37

social, trabalho esse regulamentado na legislação que dispõe sobre a profissão como

atribuição privativa do assistente social”. Lembrando que o/a Assistente Social tem sua

própria legislação: a Lei 8.662/93, que fundamenta seu trabalho, que dispõem quais são suas

competências e suas atribuições privativas, para situa-los na hora de realizar qualquer ação

especifica de sua área. E seu Código de Ética se apresenta como um norte para conduta dos

profissionais.

O relatório social é outra forma de registrar, faz-se por meio de apresentação de uma

descritiva e interpretativa de uma situação. A elaboração do relatório é feito na etapa final do

trabalho, onde o técnico, de acordo com o objetivo do estudo, expõe suas conclusões sobre a

situação analisada, emitindo um parecer sob o prisma social, visando sempre o interesse das

crianças e adolescentes nela envolvidos, assim, como assegurar os direitos de adultos

também envolvidos em ações de várias naturezas, elencadas anteriormente.

Portanto o/a Assistente Social trabalha com diversas e complexas demandas

processuais, de acordo com Schreiner, (2004) com a finalidade de a partir do parecer social,

dar subsídio para a decisão judicial, no teor do seu parecer, enfim contribuirá para a melhor

decisão quanto ao destino da criança ou adolescente.

Assim, em concordância com os autores até aqui recorridos, afirmamos que é

indispensável o trabalho do/a Assistente Social na equipe profissional da Vara da Infância e

Juventude, pois o profissional do Serviço Social ao dar seu parecer, a partir de estudo

realizado com base em sua área de conhecimento e leitura da realidade posta, dará subsídios

ao juiz. E esse parecer apresentará determinações nas decisões do juiz, que por sua vez

apresentará consequência positivas ou negativas na vida do usuário do serviço, por isso a

necessidade de ações éticas e comprometimento com os princípios do Código de Ética da

profissão.

2.1.2 Atuação do Assistente Social na Vara da Infância e Juventude em Toledo-PR

A atuação do/a Assistente Social na Vara da Infância e Juventude em Toledo-PR, se

apresentou como a problematização dessa pesquisa. Portanto tendo apresentado nas páginas

anteriores uma breve descrição acercada do Serviço Social, em especial no Poder judiciário,

adentraremos sobre a atuação desse profissional no campo delimitado para o presente

estudo, ou seja, Vara da Infância e Juventude, que entre as demais Varas constitui a

Comarca de Toledo. Por meio de entrevistas concedidas no período de 15 de outubro até 19

38

de dezembro de 2016 pelos sujeitos da amostra determinada, redigiremos nas próximas

linhas, a compreensão desses sujeitos, ora denominados sujeito A, sujeito B e sujeito C,

inerentes a atuação do/a Assistente Social nesse espaço sócio-cupacional.

A Comarca de Toledo foi implantada em 14 de dezembro de 1953, pela Lei nº

1.542, sancionada pelo Governador Bento Munhoz da Rocha Neto, abrangendo na época

dois municípios, Toledo e Guaíra. Sua instalação solene ocorreu no dia 9 de junho de 1954,

em obediência à Portaria nº 208, de 31 de maio do mesmo ano, onde passaram a existir a

Vara Criminal e a Vara Cível com o funcionamento do Cartório Criminal e o Registro Civil.

Atualmente a estrutura da Comarca de Toledo é constituída por: 03 Varas Civil; 02

Varas Criminal; 01 Vara de Família e sucessões; 01 Vara da Infância e Juventude e 01 Vara

do Juizado Especial. Com essa organização institucional muitos serviços são realizados para

os cidadãos de Toledo e região. Contudo, trataremos da Vara da Infância e Juventude, na

qual ocorre o processo de adoção, onde atuam os profissionais técnicos do Serviço Auxiliar

a Infância e Juventude - SAI, em especial Assistente Social, de tal forma buscando

apresentar resposta para a problematização do presente TCC.

Para tanto, consideramos algumas alterações trazidas para o processo de adoção no

Estatuto da Criança e do Adolescente como a Lei 12.010 de 2009, que trata da adoção,

estabelecendo a inclusão de equipe interprofissional, que será responsável pela intervenção

social e psicológica no processo de adoção. Pois consta no art. 50 § 3º :

A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de

preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça

da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos

responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à

convivência familiar. (BRASIL, 2016 s.p).

A mesma Lei, no seu art. 151, observa que cabe a equipe interprofissional:

[...] dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação

local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na

audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento,

orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata

subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do

ponto de vista técnico. (BRASIL, 2016, s.p.).

Conforme o Código de Organização e Divisão Judiciárias do Tribunal de Justiça do

Estado do Paraná, à Vara de Infância e Juventude tem a competência para julgar todos os

pedidos de adoção, guarda, destituição do poder familiar, além de outras atribuições. Sendo

39

assim na Comarca8 de Toledo no âmbito da Vara de Infância e Juventude, por meio do

Serviço Auxiliar da Vara da Infância e da Juventude (SAI), atuam profissionais do Serviço

Social, da psicologia e do direito, que compõem a equipe interprofissional com função de

acompanhar e fazer relatórios técnicos referentes aos casos em trâmite, e sobretudo darão

subsídio às decisões judiciais no processo de adoção (DIAS, 2006).

Destacamos que o Serviço Auxiliar a Infância e Juventude (SAI) foi instituído pelo

Decreto Judiciário nº 1.057, de 09 de dezembro de 1991, a partir da Lei nº 8069/90- Estatuto

da Criança e Adolescente. O Serviço está subordinado diretamente à Corregedoria Geral da

Justiça do Estado do Paraná, que é um dos órgãos fiscalizadores do trabalho efetuado pelo

Poder Judiciário e tem como finalidade assessorar a Justiça da Infância e da Juventude que

age de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (GRANDO, 2002).

O trabalho dessa equipe interprofissional no Serviço Auxiliar da Infância (SAI) de

Toledo, se realiza por meio da orientação às pessoas que buscam o judiciário para

encaminhamentos quanto a adoção, auxilia o juiz nas questões relacionadas no processo de

adoção e também outras questões judiciárias como: destituição/suspensão do poder familiar,

aplicação de medidas de proteção, pedido de providencia, guarda tutela, habilitação para a

adoção, dentre quais se expressam em parecer social, subsidiando a decisão judicial.

(TIERLING,2011)

No SAI o processo se inicia por uma visita domiciliar que possibilitará

elaboração de um estudo social, dos pretendentes, que serão anexados aos

autos. Em seguida esse processo volta ao juiz e ao ministério público,

sendo encaminhado para os grupos de preparação, na qual a Assistente

Social também atua. (Sujeito A)

E a atuação do/a Assistente Social dessa equipe, se dá com o objetivo de

contextualizar e proceder à análise das condições vivenciadas pelo profissional, através de

visita domiciliar aos pretendentes adoção, para verificar se há condições mínimas para que,

uma ou mais crianças ou adolescentes possam ter desenvolvimento digno e sadio.

Entretanto:

O assistente social, que atua no juizado da Infância e da Juventude, é

subordinado administração ao juiz de direito titular da Vara, sendo

solicitado como auxiliar para fornecer subsídios à ação judicial, a partir do

conhecimento, do saber que lhe confere a sua área de formação

profissional. [...] (FÁVERO, 2005, p. 20).

8 A Comarca é a circunscrição judiciária; geralmente coincide com a divisão administrativa do município,

sendo a área de atuação de determinado órgão do Poder Judiciário. (FÁVERO, 2005, p. 19)

40

O Estatuto da Criança e do Adolescente, fortaleceu e confirmou a obrigatoriedade de

que todo o candidato à adoção tem que passar por avaliação e preparação psicossocial e

jurídica, hoje ofertada pelo Serviço Auxiliar da Infância e Juventude da Vara da Infância e

Juventude de Toledo, para que se estabeleça o estimulo às adoções necessárias. Assim, no

art. 197-C e 197-C § 1º diz:

Intervirá no feito, obrigatoriamente a equipe interprofissional a serviço da

Justiça da Infância e da Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial,

que conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos

postulantes para o exercício de uma paternidade ou maternidade

responsável, à luz dos requisitos e princípios desta Lei. (BRASIL, 2016,

s.p).

As modificações apresentadas na Lei 12.010 de 2009, confere importantes

atribuições para as equipes multiprofissionais da Varas da Infância e Juventude que atuam

no Processo de adoção (ver anexo 1 o fluxograma). E em se tratando da atuação especifica

do/a Assistente Social, os sujeitos da pesquisa declaram que:

[...] para a atuação é primordial a utilização de instrumentos tradicionais

da profissão, tais como: a visita domiciliar, entrevistas, estudo social,

elaboração de documentos, trabalho em grupo. O Serviço Social tem papel

importante na realização do estudo social, ressalta-se que a realização

desse instrumento é atribuição privativa do Assistente Social.9 (Sujeito A)

[...] a atuação do assistente social no processo da adoção, é muito

importante e primordial. O Assistente social faz todo o trabalho inicial e

avaliação social, para que os casais possam ser inseridos no grupo, faz

algumas observações, as quais, é passada para psicólogo. Os psicólogos,

só terão contato com os pretendentes à adoção, quando eles forem

inseridos no grupo de apoio. Então é de extrema importância o trabalho

do assistente social. (Sujeito B)

Ora, observamos que a atuação do/a Assistente Social no processo de adoção tal

como se dá na Vara da Infância e da Juventude de Toledo, é reconhecida como

indispensáveis pelos sujeitos.

[...] acho absolutamente fundamental a função do assistente social; as

habilidades que tem esse profissional para subsidiar uma decisão, para

trazer os aspectos sociais e relacionais daquela família de origem, os

9 Lembramos, que esse instrumento citado pelo sujeito A, foi tratado nas páginas anteriores quando abordamos

os instrumentos do profissional do Serviço Social no processo de adoção.

41

aspectos que vão ser considerados na formação da família substituta.

Costumo dizer assim, que abrir uma vara da Infância colocar um Juiz e um

Promotor, pode fechar, se não tiver assistente social e psicólogo, não serve

para nada nosso trabalho. Pela nossa visão jurídica, se for pegar os

artigos do ECA, o dispositivo legal, para ser compreendido e para ser

aplicados, é essencial, o parecer do psicólogo e parecer social, sem isso é

quase letra morta. Há briga de juízes da Infância até hoje para que esses

concursos abram, porque a gente sabe que nosso trabalho, sem a visão

técnica do assistente social, no caso também, do psicólogo, não nos

autoriza para preencher o ECA, quando ele diz lá, que nenhuma criança

poderá ser colocada, em uma família substituta, se não for adequada,

como eu sei se é adequada, porque estou a fim, ou eu acho com base no

meus valores, que pessoa do e bem, isso era juízes da regular que fazia

antes do ECA, acho que é pessoa do bem, ela tem cara de boazinha,

porque isso que eu vou fazer, porque quem sou eu para dizer se aquela

família e adequada, agora quando você tem um laudo social

fundamentado, discutido, que foi levantado os aspecto transgeracionais,

com relações com outros equipamentos, com a escola, com Cemei (Centro

Municipal de Educação Infantil), com as relações aos membros da família,

a família nuclear, a família extensa, é primoroso e absolutamente

essencial, é para ter muito orgulho dessa profissão, que você está

abraçando.. (Sujeito C)

Os sujeitos A B e C, ao falar sobre a atuação do/a Assistente Social no processo de

adoção, todos ponderaram de forma a demostraram conhecer as atribuições e competência

profissionais do Serviço Social, e ficou evidenciado a importância desse profissional no

processo, o qual desempenha de acordo com o Estatuto da Criança e Adolescente, de modo

que todo o processo da adoção se concretize em forma de garantia de direito. Assim

entendemos que o estabelecimento das dimensões investigativas e interventivas adquiridas

por meio da formação profissional, permitem que o Assistente social estabeleça uma relação

da teoria com a realidade que se depara (CFESS, 2014).

Além do/a Assistente Social, para contemplar a exigência da Lei 12.010 de 2009, o

psicólogo também faz parte dessa equipe atuante e os sujeitos nos esclarecem:

A atribuição do Psicólogo no processo de adoção, se faz através do

preparo do ponto de vista psicológico das crianças e também dos

pretendentes a adoção, faz avalição dos pretendentes principalmente, que

são feitas no final do GAAT. Os pretendente vão participar de sete

encontros, que serão realizados uma vez por mês, provavelmente no

começa de março e, em outubro se encerra, e lá por novembro é feito o

relatório de avalição psicológico; esse relatório vai para o processo de

habilitação, a gente anexa o relatório psicológico, o certificado da GAAT

e o certificado de participação do grande encontro, daí da vista ao

Ministério Público, e depois volta para o juiz para ser analisado, só

depois o juiz dará a sentença de habilitação, e só a parti daí que os casais

pode ser pretendente a adoção e estarão habilitados. Os instrumentos de

42

trabalho específicos do Psicólogo, são: entrevistas psicológicas, avaliação

psicológicas, relatórios. (Sujeito B).

O trabalho do psicólogo só se inicia quando os pretendentes a adoção iniciam no

GAAT, anterior a isso, todo o processo é realizado pelo/a Assistente Social, portanto o

profissional atua em todas fases do processo de adoção, ou seja, inicia antes da preparação

dos encontros do GAAT:

Anteriormente ao processo de adoção, ocorre o processo de preparação e

de habilitação dos pretendentes à adoção, e como anteriormente

apresentado, os profissionais devem estar atentos a Lei da adoção a Lei

12010/2009 regulamentada pelo Estatuto do Adolescente, art. 197, que

direciona os procedimentos a serem seguidos. (Sujeito A)

Nas entrevistas aparece a importância do trabalho realizado no SAI, pela equipe

técnica, com comprometimento de todos, assim o processo de adoção tem o

acompanhamento dos profissionais em todas as etapas necessárias, para que o processo de

adoção ocorra com sucesso, sempre em benefício da criança ou adolescente. A participação

dos candidatos à adoção nos sete encontros como citaram os sujeitos, acontece para

responder a exigências pré-determinadas.

[...]Nesse processo de toda preparação que chamamos de sete passos

para adoção, elas fazem uma avalição previa para que a gente possa ver

se tem requisitos mínimos, para que a gente começa a trabalhar no GAAT,

então eles entram com pedido de habilitação e seus documentos, que estão

na lei, passa para Ministério público, e o Ministério Público vê se está

tudo ok, pede a avalição técnica, fazendo quesito, elas fazem entregam, se

estiver tudo ok, o Mistério Público também se manifesta, se tem alguma

dúvida contra o relatório, passa para juiz, aí tem o sinal verdade para

entrar GAATs , e feito todo o trabalho de sete meses de acompanhamento

desses casais ou pessoas que querem se habilitar, no final aí fica por conta

da psicologia, os analista do judiciário da psicologia, que fazem a

avalição psicológicas que fazem entrevista individuais então tem mais esse

relatório e trabalho bastante complexo. (Sujeito C).

A Lei 12.010 de 2009, estabelece que antes da adoção, se deve fazer a habilitação,

que se refere a apuração administrativa, pelo qual o interessado a adotar tem que

comparecer na Vara da Infância e da Juventude, para fazer a petição inicial, embora não

43

precise estar acompanhado de advogado, mas deve levar os seguintes documentos, como

está art. 197-A dispõem.

[...] Cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou

declaração relativa ao período de união estável; IV- Cópias da cédula de

identidade e inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas; V - Comprovante de

renda e domicílio; VI - Atestados de sanidade física e mental; VII -

Certidão de antecedentes criminais; VIII - Certidão negativa de

distribuição cível. (BRASIL, 2016. s.p).

Diante da entrega desses documentos na Vara da Infância e Juventude, origina-se os

Autos. E os pretendentes recebem o número do cadastro junto ao Cadastro Nacional de

Adoção, podendo por meio desse cadastro acompanhar toda a fase de adoção. Feito a

entrega da documentação na Vara da Infância e Juventude, após recebimento e cadastrado, o

processo é encaminhado ao Ministério Público, quando recebido o processo do Ministério

Público, ele é encaminhado ao Serviço Auxiliar da Infância – SAI, que faz as diligências,

que são os procedimentos citados no art. 197-C, com a participação do Grupo de Apoio a

Adoção art. 197-C, § 1º. Retorna ao Ministério Público que encaminha ao Juiz de Direito

que dará a sentença deferindo ou indeferindo a inscrição (Ver anexo). (CONSIJ, 2017).

Após a verificação e apreciação do Ministério Público, e a determinação do Juiz, os

autos, ou petições são encaminhadas para a equipe especializada do SAI. Simultaneamente o

trabalho dessa equipe que é realizado de forma ética e compromissada com o direito das

crianças e adolescente se estende as crianças de Abrigo. Lembrando que atualmente é “[...]

obrigatória a participação dos postulantes em programa oferecido pela Justiça da Infância e

da Juventude [...]de garantia do direito à convivência familiar, que inclua preparação

psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças maiores ou de

adolescentes [...]” (BRASIL, 2016, s.p.)

Outro papel do SAI que é bem importante, é a indicação dos casais quando

as crianças estão disponíveis, aí o SAI faz um trabalho de analisar, quais

as necessidades daquela criança e se esses casais. Em tese existe uma

ordem cronológica, mas pode ser que talvez essa criança tenha uma

peculiaridade, alguma situação que aquele casal não vai conseguir dar

conta, ou esse casal não quer por algum motivo, então esse serão o

primeiro passo pra que eles entrem com pedido de adoção. Também tem

um trabalho do Psicólogo e do Assistente Social, para ver se essa família

consegue efetivamente desincumbir daquela criança especifica, porque

quando você se cadastra você coloca assim, eu quero uma criança 0 a 5

anos, com doença ou sem doença, daí você põem lá algumas coisa, mas

quando vem a criança real que a gente já conhece, porque ela já passou

por algum período no abrigo, talvez ela tenha algumas demanda que essa

44

família, que esteja em primeiro lugar da fila talvez não dará conta, isso

não acontece com frequência, mais as vezes acontece, aí a gente pede uma

análise técnica para justificar porque não vai ser a primeira família da

fila, vai ser segundo, a terceira ou quarta, porque todos esse trabalho é

em benefício da criança e não da família, que venha a adotar. Daí quando

elas fazem esse trabalho, o juiz da outra decisão, que é a guarda para

afim a adoção, que e possibilidade dessa família tirar essa criança do

abrigo levar para casa, para começar o estágio de convivência para ver se

na vida real vai dar certo, com base nessas documentação que elas

consegue licença maternidade ou licença paternidade e mais benefício

nesse momento, aí a equipe do SAI faz todo o trabalho de

acompanhamento do período que fixado pelo juiz, tem que explicar o

porquê de 30 dias ou um. E no final faz a sentença da adoção, como não é

uma filiação biológica ou natural, com vinculo sanguíneo, ela e

constituída através de uma sentença judicial de adoção, e essa sentença e

proferida. (Sujeito C).

De acordo com “Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos

cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação para a adoção feita de

acordo com ordem cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças ou

adolescentes adotáveis. ” (BRASIL, 2016, s.p.)

Segundo Dias (2013), depois de fazer a habilitação, e ser deferida, o candidato à

adoção, será inscrito no Cadastro Nacional de Adoção, que automaticamente cumprirá uma

fila em ordem cronológica.

[...] apenas juízes da Vara da Infância e Juventude e pessoa autorizada, do

SAI ou Cartório, alimenta o sistema e tem acesso aos dados. A

manipulação do sistema é fiscalizada pelo órgão correcional, estadual e

pelo CNJ. Essa ferramenta armazenar dados atualizados de crianças e

adolescentes que estão sob a tutela do Estado, e aptos para a adoção. O

Cadastro disponibiliza a quantidade, a localização dos pretendentes em

todas as regiões, os perfis completos e detalhados de adotantes e adotando.

(TIERLING, 2011, p. 29).

A partir do Estatuto da Criança e do Adolescente os candidatos a adoção, devem

obrigatoriamente frequentar os Grupos de Apoio oferecidos por sua Comarca, para estarem

melhor preparados no momento da adoção. “[...] Grupo de Apoio a Adoção (GAAs),

conquistaram importante espaço no cenário nacional para discussão e reflexão dos temas

relacionado a adoção. ” (GRANATO, 2010, p. 156).

O Grupo de Apoio à Adoção de Toledo (GAAT), é um projeto desenvolvido pelo

SAI, foi criado a partir da aprovação do Cadastro Nacional de Adoção, visando

regulamentar os novos procedimentos para adoção. Com a Portaria nº 17/2008, em

26.06.2008, instituída pelo Juiz de Direito da Vara da Infância e da Juventude Dr. Rodrigo

45

Rodrigues Dias. O primeiro Grupo foi criado na cidade de Toledo foi em 2009. (DIAS,

2006)

Esse grupo, foi implantado pelo Serviço Auxiliar da Infância e Juventude (SAI). Que

teve o apoio da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), e com importante

participação da docente do curso de Serviço Social, Assistente Social Professora Doutora

Zelimar Soares Bidarra, a qual ministrava a disciplina de Núcleo Temático Política da

Criança/Adolescente Politicas da Juventude, e que estuda temas que tratam da defesa dos

direitos fundamentais da criança e adolescente, por ser sua linha de pesquisa. Ainda, para

realização desse projeto buscaram a participação e experiência do SAI da Comarca de Foz

de Iguaçu-PR, que deu todo o suporte para a implantação do GAAT. (TIERLING, 2011;

DIAS, 2006).

O Grupo de Apoio a Adoção, é um trabalho que começou sob

supervisão da Unioeste do curso do Serviço Social, com a

professora Zelimar, e com as alunas dela, hoje andamos com nossa

própria perna, mas todo começo eu rendo sempre essa homenagem

a essa Instituição. Não tem com falar GAATs sem falar da Unioeste,

(Sujeito C).

Destacado pelo Sujeito C a importância do trabalho realizado pela professora

Zelimar que foi com sua contribuição e das acadêmicas do curso Serviço Social sob sua

supervisão, que se propuseram a colaborar com a implantação do GAAT, com apoio da Vara

da Infância e Juventude e do SAI, teve a abertura no dia 25 de maio de 2009 (dia Nacional

da Adoção).

Os Grupo de Apoio à Adoção (GAAs) possuem um importante papel, eles visam à

preparação de casais e pessoas que querem adotar, assim o grupo busca garantir adoções

mais seguras, desmistificando mitos e preconceitos, que são ideias presente em nossa

cultura, como: só bebês brancos, de sexo femininos e saudáveis tem sucesso para adoção;

somente a família nuclear tradicionalmente organizada, possui o desenvolvimento saudável

de uma criança. (DIAS, 2006).

O grupo, pois, tem o potencial de divulgar a prática da adoção (formas e

maneiras legais); de ser um espaço de informação, de reflexão e de apoio

para os habilitados à adoção legal (durante o período de espera); de orientar

os pretendentes à adoção, através de encontros, palestras e depoimentos

visando prepará-los para as responsabilidades subsequentes à adoção; de

estimular posturas favoráveis à adoção (seja a de caráter tardio, a de outros

padrões étnico-racial, a de limitações físico-mentais); de colaborar com a

46

garantia do direito da criança e do adolescente à convivência familiar e

comunitária, inscrito no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA

(Toledo, Projeto de Intervenção do GAAT, 2008a, s/p); e de servir para

fundamentar a decisão do magistrado quando da indicação de pretendente à

adoção para determinada criança ou adolescente, concretizando, de forma

efetiva, o princípio do superior interesse da criança e do adolescente.

(DIAS, 2016.p. 178)

Segundo informações dos sujeitos que concederam entrevistas para a realização da

presente pesquisa, no grupo, os postulantes ajuízam frente sua real situação, suas

possibilidades diante as escolhas e seus limites, compreendem por meio de discussões que

não existe um perfil ideal de pais adotivos e nem de crianças adotáveis. O grupo não obriga

os postulantes a mudarem seu perfil, mas os fazem refletir sobre a situação posta, de que

muitas vezes o êxito de uma adoção está em evitar grandes idealizações acerca do outro;

possibilita-os enxergarem que uma criança ou um adolescente antes desprezado, ou seja que

não eram considerados passiveis de adoção, possam ser adotados por livre e espontânea

vontade dos postulantes.

A Comarca de Toledo devido ao quantitativo de adoções realizadas no município,

ganhou destaque no ano de 2016 em uma pesquisa apresentada pela acadêmica Crislaine

Serra Aragão, do curso de direito da Faculdade do Sul Brasil - FASUL que discorre sobre a

Recriação da Família Biológica por meio da Adoção, a qual abordou desde o primeiro passo

em que os pretendentes à adoção se habilitam, o acompanhamento pelo grupo de Apoio a

Adoção de Toledo (GAAT), até o momento da adoção do período de 2010 a 2015. A

acadêmica relatou que acompanhou alguns processos de adoção, em que os adotantes

mencionavam preferência à um perfil de criança, contudo no decorrer no processo de

habilitação, muitas vezes esses perfis eram alterados e com menos restrições, tendo como

exemplo crianças de 7 anos que eram consideras inadotáveis, a partir da alteração do perfil

já se encontrava num novo lar. Segundo ela, “[...] essas mudanças do perfil é reflexo dos

trabalhos da Vara da Criança e do Adolescente, do GAAT e do Serviço de Auxílio da

Infância (SAI) ”. Os trabalhos realizados pelos grupos fizeram a diferença ao desmistificar

velhas concepções e mitos, possibilitaram superação de preconceitos, estabelecendo novas

possibilidades desde do processo de habilitação, da fase do acompanhamento no estágio de

convivência com os adotantes e adotados. (JORNAL DO OESTE, 2016, p. 03).

A pesquisa mostrou também que o Paraná está em 4º lugar com maior número de

crianças e adolescentes disponíveis para a adoção (com 625 crianças e adolescentes).

(JORNAL DO OESTE, 2016, p. 03). Em relação aos dados anteriores ao ano de 2016 sobre

47

quantidade de adoção realizada, o estudo, apontou que os pretendentes se habilitam, durante

o acompanhamento pelo grupo de Apoio a Adoção de Toledo (GAAT), até o momento da

adoção na Comarca de Toledo.

Esse grupo de preparação – GAAT, promove um encontro anual para os

pretendentes, esse momento em que reuni todas as pessoas que já

adotaram e os novos pretendentes. Posteriormente é promovido encontros

mensais, sete passos para adoção, ou seja, sete encontros mensais. A

atuação do Assistente social acontece desde do início do processo da

habilitação e na preparação dos pretendentes, e após a adoção, que é

momento da chegada do filho, do filho que vem através da adoção, o

Assistente Social faz o acompanhamento até a finalização do estágio de

convivência que um período estipulado pelo Juiz que são em torno de 120

dias. (Sujeito A)

Entendemos que diante dos esforços do Grupo de Apoio à Adoção de Toledo

(GAAT), podemos observar na tabela 1 e tabela 2 um quantitativo de adoções realizadas no

município, de 2010 a 2015, que demostra que crianças de faixas etárias que uma vez não

eram desejadas para adoção, nesse período mencionado, evidenciaram os números de

adoção.

TABELA 1 – Adoções realizadas na Comarca de Toledo

ADOÇOES REALIZADAS NA COMARCA DE TOLEDO

ANO Feminino Masculino 0-1 ano 1-2 anos 3-4 anos 5-10 anos + de 11 anos

2010 01 0 0 01 0 0 0

2011 11 181 12 05 03 05 04

2012 14 22 05 09 09 09 03

2013 21 25 03 07 10 15 11

2014 13 16 05 04 01 11 11

2015 14 14 05 03 04 10 05

TOTAL 74 95 30 29 27 52 34

Fonte: Jornal do Oeste, 2016.

TABELA 2 – Dados referentes à faixa etária de crianças e adolescentes adotadas na

Comarca de Toledo FAIXA ETÁRIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ADOTADAS NA COMARCA DE

TOLEDO

FAIXA ETÁRIA PRETENDIDOS (2010 /2015) ADOTADOS (2010 /2015)

0 - 1 ano 13 30

1 ano e um mês a 2 anos e 11 meses 22 29

3 anos até 4 anos e 11 meses 27 27

48

5 anos até 10 anos 27 52

Acima de 11 anos 02 34

Fonte: Jornal do Oeste, 2016.

Esses dados mostram que entre 2010 e 2015, houve em todas faixas etárias um

aumento de adotados, considerando esses quantitativos, a pesquisa mostra que famílias no

decorrer do processo mudaram o perfil perfeito , que anteriormente desejava, se antes tinha a

ideia de adotar um só bebê, mas se esses tivesse irmãos, o pretendido acaba adotando-os

também, e assim formando uma família maior, reafirmando dessa forma, que a atuação da

equipe profissional do Serviço Auxiliar da Infância e Juventude possibilita a superação de

preconceitos, pois observamos na Tabela 1, que nos anos de 2013, 2014 e 2015 foram as

crianças com mais de cinco anos que tiveram maior expressão numérica.

A faixa etária de 5 anos a 10 anos de idade eram perfis, antes, considerados

inadotáveis, houve 52 adotados nessa faixa etária, e sabemos que crianças acima de 11 anos,

não eram desejadas pela maioria, não havia interesse para adotar, porém, houve 34 crianças

dessa faixa etária adotadas. Então, podemos ver que houve aumento significativo em todas

as faixas etárias, isso se deu pelo fato, de que há mudança na busca do perfil, antes

idealizado como “perfeito” que resultava em uma demora no processo de adoção.

Contudo, ainda há de considerar que o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), tem

tornando mais ágil, transparente e preciso o processo de adoção em nível nacional, pois:

[...] é uma ferramenta criada para auxiliar os juízes das varas da infância e

da juventude na condução dos procedimentos de adoção. Lançada em 29 de

abril de 2008, o CNA tem por objetivo agilizar os processos de adoção por

meio do mapeamento de informações unificadas. O cadastro irá possibilitar

ainda a implantação de políticas públicas na área. (ADOÇAO DO

BRASIL, 2015, s.p).

Por meio de consulta no Cadastro Nacional de Adoção, no dia 28 de janeiro de 2017,

verificamos que há 38.471(trinta e oito mil e quatrocentos e setenta e um) pretendentes à

espera de filho ou filha, mas com a incompatibilidade de um perfil desejado e a realidade

que se encontra das crianças e adolescente cadastradas é um dos motivos ou barreiras pelo

qual não se consegue a realização de maior número de adoção e que novas famílias se

formem. (CNJ, 2017b).

A grande maioria dos pretendentes busca a adoção de criança recém

nascida, de cor da pele clara, declarando, ainda, a preferência pelo sexo

49

feminino e não aceitação de grupo de irmãos, fazendo com que a “fila” dos

pretendentes aumente cada vez mais, em detrimento de crianças com mais

idade, inter-racial, grupo de irmãos etc. Estes sim, são os que mais

necessitam de uma família, aguardando nas entidades de acolhimento a

chegada de seus novos pais. (CONSIJ, 2017, p.24)

Embora anteriormente tenhamos apresentado por meio da tabela 1 e tabela 2,

alterações no perfil das crianças adotadas entre 2010 a 2015 a pesquisa empírica, o sujeito

(C), aponta que o perfil da criança é uma das maiores dificuldades para que a adoção ocorra.

O GAAT faz um trabalho para tentar mudar essa questão do perfil, desmitificando

preconceitos, para que o perfil inicialmente pretendido possa ser alterado.

Há 38000 mil pessoas habilitados na fila de cadastrado querendo adotar e

mais ou menos 4000 mil crianças se for ver não era para ter nenhuma

criança para adotar, mas isso não acontece pelo perfil. Acho que é uma

responsabilidade do Estado e nossa enquanto Vara da Infância: mostrar

para esses pais e mães que é possível ser felizes com as crianças de 5, 6, 7

e 8 anos. (Sujeito C).

Na Vara da Infância e Juventude de Toledo, de acordo com a Corregedoria Geral da

Justiça (2017), ocorre a atualização periódica e a realização de revisão e atualização dos

cadastros de todos os pretendentes por meio de planilha eletrônica o que facilita a realização

de consultas rápidas, a fim de que a lista permaneça sempre atualizada e organizada

cronologicamente, possibilitando dessa forma também maior agilidade no processo de

adoção.

Constatamos que o/a Assistente Social na Vara da Infância e Juventude é

reconhecida/o como integrante indispensável da equipe multiprofissional, contudo,

constatamos que o/a Assistente Social que integra a equipe da Vara da Infância e Juventude

de Toledo, é cedida pelo Executivo Municipal. E diante disso não poderíamos deixar de

destacar que em 2014, justamente por essa condição e outras iguais no país, o CFESS emitiu

ao presidente do Conselho Nacional de Justiça um Oficio pedindo providencias, pois, em

todo o Brasil, há situações onde o/a Assistente Social é cedidos/as por órgãos públicos, e tal

condição poderá comprometer a continuidade das atividades profissionais, em prejuízo aos

usuários, pois a qualquer momento podem ser requisitadas à retornarem aos seus órgãos de

origem. E sobretudo essa condição evidencia a necessidade de contratação emergencial de

profissionais do Serviço Social por meio de concurso público para os Tribunais de Justiça

(CFESS, 2014).

50

E nesse sentido o CRESS-PR e CFESS evidenciaram a necessidade de realização de

concurso:

[...]visando à estruturação, recomposição e ampliação do quadro de

assistentes sociais, nos diversos órgãos e instituições no âmbito do poder

judiciário, de modo a atender a demanda necessária, garantindo desse

modo o ingresso de trabalhadores/as devidamente qualificados/as para o

exercício de suas atividades profissionais, em defesa dos direitos dos/as

usuários/as, bem como em defesa das condições de trabalho que se efetiva

por meio da contratação estável; (CFESS, 2014, s.p)

Entendemos que o atendimento a tal solicitação estabelecerá e reforçará as condições

técnicas e ética do exercício profissional. Pois, diante de tudo que até o momento expomos,

destacamos que o/a Assistente Social integrante de equipe multiprofissional no processo de

adoção deve apresentar medidas pautadas na compreensão de que a criança e adolescentes

são sujeitos de direitos, assim as ações devem visar a garantia dos direitos desses sujeitos

estabelecidos em lei. Portanto, se requer um comprometimento ético dos profissionais

envolvidos, dentre os quais o/a Assistente Social, ao subsidiar a decisão judicial que

determinará uma condição de vida da criança/adolescente a ser adotada. Contudo, esse

comprometimento ético é materializado quando o mesmo tiver condições técnicas

profissionais empregatícias, para o seu exercício.

51

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O profissional do Serviço Social percebe a realidade como totalidade, de modo a

perseguir suas mediações, compreender as contradições do real, pelas quais o profissional

poderá fazer a leitura da realidade e em tais contradições captar as possibilidades de

intervenção, isso se deve a sua postura crítica-investigativa, e suas dimensões teórica-

metodológica, técnico-operativo e ético-política, que sobretudo qualifica seu exercício profissional

(GUERRA, 2007).

Essas três dimensões presentes no cotidiano profissional, possibilitam que o/a

Assistente Social atue numa perspectiva de defesa e ampliação de direitos dos usuários dos

serviços: entre esses as crianças e adolescentes hoje reconhecidos como sujeitos de direito.

Destarte “[...] a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade

[...]”como sujeitos de direito civis, humanos e sociais garantidos na Constituição [...]” e em

leis vigentes (BRASIL, 1990).

Entre os direitos estabelecidos para crianças e adolescente, reconhecemos que a

adoção confere ao sujeito todos os direitos de um filho natural. Nesse sentido a adoção é

regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que determina claramente que a

adoção deve priorizar as reais necessidades, interesses e direitos da criança/adolescente.

O/A Assistente Social no Poder Judiciário, entre suas atribuições relacionadas ao

atendimento direto à população, para fins de orientação, mediação de relações, desenvolve

atividades junto ao Cadastro de Adoção, e em todo o processo de adoção.

Portanto, o trabalho do/a Assistente Social no processo de adoção tem como

principal objetivo responder às demandas dos usuários dos serviços prestados, garantindo

direitos e dando orientações necessárias no processo e sempre na busca de melhoria de vida

da criança ou adolescente que está na espera de uma família. Através do seu trabalho

minucioso na coleta de dados, que resultará um parecer social, o qual fornecerá subsídios

necessários que ajudará o Juiz em sua decisão final (CFESS, 2014).

Diante dessas informações, esse trabalho apresentou uma breve contextualização do

Serviço Social no Brasil, e espaço ocupacional no judiciário que o profissional vem

conquistando desde a década de 1940.

A pesquisa se constituiu em um estudo sobre a atuação profissional do/a Assistente

Social no processo de adoção no município de Toledo. Contemplamos as Legislações sobre

a adoção no seu contexto histórico no Brasil, verificamos que houveram muitas mudanças na

de forma gradativa, as quais foram significativas e importantes, sendo a principal delas o

52

Estatuto da Criança e do Adolescente, um instrumento para a proteção integral à criança e ao

adolescente. Verificamos que houve um crescimento na efetivação das leis visando a

garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes, no que concerne à adoção, percebemos

uma preocupação de fortalecimento de vínculos de parentesco de modo irrevogável.

A nova lei de adoção, a lei nº 12010 de agosto de 2009, evidenciou o trabalho técnico

dentro do poder judiciário, direcionando a atuação do assistente social na Vara da Infância e

Juventude, no Serviço Auxiliar da Infância e da Juventude (SAI), contexto desta pesquisa.

Os profissionais técnicos do SAI, por meio do trabalho do Grupo de Apoio à Adoção

de Toledo (GAAT), visam dar o devido apoio e suporte aos interessados em participarem no

processo de adoção. Este grupo auxilia os futuros pais a lidarem com as incertezas, medos e

a ansiedade da espera; sentimentos que perpassam o intervalo de tempo entre a decisão pela

adoção e a sua efetivação. O GAAT constitui um momento de troca de informações e

experiências entre seus participantes, tanto postulantes, como equipe técnica. Contribui com

a possibilidade de inúmeras crianças e adolescentes terem uma nova chance de crescer em

um ambiente familiar saudável. O grupo tem o propósito principal de apoiar os envolvidos

no processo, para que se obtenha sucesso e a concretização da adoção.

Portanto diante da problemática da presente pesquisa que se referia à contribuição do

Assistente Social no Processo de adoção em Toledo, essa foi respondida, pois no decorrer

da pesquisa, observamos que a intervenção e contribuição do/a Assistente Social no

processo de adoção é de grande relevância, por ser o profissional que está presente em todas

as fases no processo de adoção, faz todo trabalho inicial e avaliação social. Adicionalmente,

é um profissional que ao fazer parte da equipe interprofissional, fica responsável por

analisar a questão sob vários ângulos, emitindo a sua opinião para estabelecer um parecer

social.

Da mesma forma os objetivos específicos, entre as quais: 1- Contextualiza

historicamente atuação do assistente Social na área jurídica; 2- Apresentar a legislação que

ampara o processo de adoção no Brasil; e 3- Identificar limites e possibilidade para a

efetivação ao direito à adoção foram alcançados. Por conseguinte, o objetivo geral de

compreender como é atuação do Assistente Social no Processo de adoção em Toledo, foram

cumpridos/alcançados por esta pesquisa e podem ser evidenciados no decorrer dos dois

capítulos.

A pesquisa pode contribuir para a formação acadêmica e para todos que atuam nessa

área. Assim, entendemos que a atuação desses profissionais deve sempre ser pautada na

ética e na legalidade, de forma responsável, por meio da dimensão técnico-operativa e

53

teórico-metodológica, a fim de que venham a legitimar a categoria profissional perante a

sociedade e entre as demais profissões. Não esquecendo, sobretudo, de pautar essa prática

na Lei que Regulamenta a Profissão, Lei n.º 8.662, de 7 de junho de 1993, tendo como base

os princípios do Código de Ética do/a Assistente Social.

Apresentamos a pesquisa, contudo entendo que a mesma poderá instigar posteriores

avanços por meio de indagações surtidas da própria pesquisa, e pelas ponderações da banca

examinadora.

54

REFERÊNCIAS

ABREU, Marina. Maciel. CARDOSO, Franci. Gomes. Mobilização Social e Pratica

Educativa. Serviço Social: Direito sociais e Competência profissional. CFESS, 2009

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18/12/2016 Adoção passo a passo: Mude seu destino.

ALMEIDA, Ney Luiz Teixeira. Magistério, direção e supervisão acadêmica. In: Serviço

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AMB – Associação dos Magistrados Brasileiros. Adoção Passo a Passo: Mude seu Destino.

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APÊNDICES A

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ- UNIOESTE

FORMULÁRIO

Título da Pesquisa: A atuação do assistente social no processo de adoção na comarca

de Toledo-PR.

Objetivo da Pesquisa: Compreender como é a atuação do assistente social no processo de

adoção em Toledo.

1- Profissão?

2- Ano de formação acadêmica?

3- Maior titulação?

4- Forma de contratação na Vara da Infância e Juventude?

5- Quanto tempo de trabalha no SAI em Toledo?

6- Já teve outras experiências na área da criança e adolescência antes do SAI?

7- Qual o procedimento assumido no SAI de Toledo para o processo de Adoção?

8- Quais suas atribuições no processo de adoção?

9- Quais seus instrumentos de trabalho, ou seja, que tipos de documentação você tem que

preencher nesse processo, que lhe seja privativo?

10- Como você compreende a atuação do Assistente Social no processo de adoção no SAI

de Toledo?

60

APÊNDICE B

61

62

63

ANEXO A

ANANEXO IEXO A

64

ANEXO B

65

ANEXO C