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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS PRESTADOS PELOS PROMONTÓRIOS COSTEIROS NO LITORAL CENTRO-NORTE DE SANTA CATARINA CAROLINA ROCHA DE OLIVEIRA Trabalho de Conclusão apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental. Orientador: Rosemeri Carvalho Marenzi Itajaí, 2016

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS PRESTADOS PELOS PROMONTÓRIOS

COSTEIROS NO LITORAL CENTRO-NORTE DE SANTA CATARINA

CAROLINA ROCHA DE OLIVEIRA

Trabalho de Conclusão apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Ciência e

Tecnologia Ambiental, como parte dos

requisitos para obtenção do grau de Mestre

em Ciência e Tecnologia Ambiental.

Orientador: Rosemeri Carvalho Marenzi

Itajaí, 2016

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Pois Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas.

A Ele seja a glória para sempre! Amém.

Romanos 11:36

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que ilumina meu caminho.

Agradeço ao Rodrigo, marido e companheiro que esteve o tempo todo ao meu

lado, me acompanhou e me ajudou a chegar até aqui.

Aos meus pais, pelo apoio no recomeço de uma nova vida, de volta ao sul do

país, de volta à academia. E à Gabi, minha irmã, por ser ombro amigo e corretora oficial

dos meus textos.

Agradeço imensamente à professora Meri, por ser uma orientadora mãe, que

adota seus alunos, e que me empurrou até o fim! Ao professor Polette por me receber de

braços abertos e sempre atencioso, mesmo super atarefado. E ao professor Thadeu por

toda ajuda e dicas (e arquivos) passadas ao longo do trabalho.

Agradeço aos colegas pelos momentos vividos juntos, e aos amigos Otavio,

Vanessa, Camilla, Mari, Letícia, Michele, Gabriela, Angelina, Hélia (...). Um

agradecimento especial à Camila, por todos os minutos que esteve ao meu lado,

ajudando a fazer minhas figuras (no arcgis do computador dela)!

Por último agradeço a todos os professores por estarem presentes em cada aula,

dispostos a repassar seus conhecimentos e experiências, e a Isabela e Fabíola por

estarem sempre dispostas a nos facilitar a vida.

Obrigada!!!

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... 5

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ 6

RESUMO .......................................................................................................................... 7

ABSTRACT ....................................................................................................................... 8

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 9

2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 12

3. ÁREA DE ESTUDO .............................................................................................. 13

3.1. Caracterização Socioeconômica ........................................................................... 17

3.2. Caracterização Ambiental ..................................................................................... 18

3.2.1. Caracterização Geológica ..................................................................................... 20

3.2.2. Caracterização Ecológica ..................................................................................... 21

3.3. Legislação Pertinente ........................................................................................... 23

4. METODOLOGIA ................................................................................................... 30

4.1. Levantamento dos serviços ecossistêmicos relacionados aos promontórios ........ 30

4.2. Levantamento das percepções sociais quanto aos serviços ecossistêmicos dos promontórios ................................................................................................................... 31

4.3. Caracterização das praias adjacentes aos promontórios ...................................... 32

4.4. Mapeamento da estrutura da paisagem dos promontórios e avaliação dos serviços ecossistêmicos ................................................................................................................ 34

4.5. Classificação dos serviços ecossistêmicos dos diferentes promontórios presentes ........................................................................................................................ 35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 37

5.1. Serviços Ecossistêmicos dos promontórios na literatura ....................................... 37

5.2. Serviços Ecossistêmicos dos promontórios presentes, de acordo com a percepção social ............................................................................................................................. 41

5.3. Serviços ecossistêmicos prestados pelos promontórios rochosos ........................ 48

5.4. Características morfodinâmica das praias adjacentes aos promontórios .............. 52

5.5. Estrutura da paisagem dos promontórios e avaliação quanto aos Serviços Ecossistêmicos ............................................................................................................... 57

5.5.1. Avaliação dos promontórios de Penha .................................................................. 59

5.5.2. Avaliação dos promontórios de Itajaí .................................................................... 62

5.5.3. Avaliação dos promontórios de Balneário Camboriú ............................................. 64

5.6. Serviços Ecossistêmicos dos Promontórios de Maiores Valores .......................... 67

6. CONCLUSÕES..................................................................................................... 76

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 78

APÊNDICE A .................................................................................................................. 83

APÊNDICE B .................................................................................................................. 85

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Área de estudo: municípios de Penha, Itajaí e Balneário Camboriú, litoral

centro-norte de Santa Catarina. ...............................................................................13

Figura 2 – Promontórios, pontões e praias no município de Penha – SC. .......................14

Figura 3 – Promontórios, pontões e praias no município de Itajaí – SC. .........................15

Figura 4 – Promontórios, pontões e praias no município de Balneário Camboriú – SC. .16

Figura 5 – Áreas de proteção no promontório da Praia Vermelha, em Penha. Fonte:

Tischer, 2013. ...........................................................................................................26

Figura 6 – Áreas de proteção no promontório de Cabeçudas, em Itajaí. Fonte:

Tischer, 2013. ...........................................................................................................27

Figura 7 – Áreas de proteção no promontório da Costa Brava, em Balneário Camboriú.

Fonte: Tischer, 2013. ................................................................................................29

Figura 8 – Fluxograma dos processos metodológicos realizados no estudo. ..................30

Figura 9 – Representação gráfica dos resultados obtidos nas entrevistas quanto

ao conhecimento das expressões “promontórios rochosos” (a) e “serviços

ambientais” (b). .........................................................................................................42

Figura 10 – Representação do gráfico de nuvem de palavras sobre serviços

ecossistêmicos dos entrevistados obtido das entrevistas. ........................................45

Figura 11 – Representação gráfica com as categorias de classificação dos serviços

ecossistêmicos levantados a partir das entrevistas com os usuários. .......................46

Figura 12 – Serviços ecossistêmicos levantados a partir das entrevistas com os

usuários ....................................................................................................................47

Figura 13 – Zonação em planta dos serviços ecossistêmicos nos promontórios, exemplo

para o promontório da Praia Vermelha, em Penha. ..................................................51

Figura 14 – Zonação em perfil dos serviços ecossistêmicos nos promontórios, exemplo

para o promontório da Praia Vermelha, em Penha. ..................................................52

Figura 15 – Valores dos promontórios quanto aos Serviços Ecossistêmicos em Penha.

Em (a) serviços associados aos ambientes terrestres, em (b) serviços associados ao

ambiente marinho. ....................................................................................................61

Figura 16 – Valores dos promontórios quanto aos Serviços Ecossistêmicos em Itajaí. Em

(a) serviços associados aos ambientes terrestres, em (b) serviços associados ao

ambiente marinho. ....................................................................................................63

Figura 17 – Valores dos promontórios quanto aos Serviços Ecossistêmicos em Balneário

Camboriú. Em (a) serviços associados aos ambientes terrestres, em (b) serviços

associados ao ambiente marinho.............................................................................66

Figura 18 – Promontórios da área de estudo, classificados quanto a soma dos

parâmetros os serviços ecossistêmicos em ambientes terrestres. ............................69

Figura 19 – Promontórios da área de estudo, classificados quanto aos serviços

ecossistêmicos em ambientes marinhos. ..................................................................70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Serviços Ecossistêmicos de Provisão nos promontórios, de acordo com a

literatura. .................................................................................................................. 37

Tabela 2 – Serviços Ecossistêmicos de Suporte nos promontórios, de acordo com a

literatura. .................................................................................................................. 39

Tabela 3 – Serviços Ecossistêmicos de Regulação nos promontórios, de acordo com a

literatura. .................................................................................................................. 40

Tabela 4 – Serviços Ecossistêmicos Culturais nos promontórios, de acordo com a

literatura. .................................................................................................................. 40

Tabela 5 – Serviços Ecossistêmicos levantados através de entrevistas com os

usuários ................................................................................................................... 44

Tabela 6 – Serviços Ecossistêmicos levantados através de entrevistas com os

usuários. .................................................................................................................. 46

Tabela 7 – Serviços Ecossistêmicos prestados pelos promontórios rochosos na região de

estudo. Em verde os serviços prestados de forma indireta, em azul os de uso

sustentável e em vermelho os serviços proibidos. .................................................... 49

Tabela 8 – Caracterização morfodinâmica das praias, de acordo com a literatura. ......... 53

Tabela 9 – Caracterização de equilíbrio da forma em planta das praias da área de

estudo. Fonte: Silveira et al (2010). ......................................................................... 57

Tabela 10 – Valores da estrutura da paisagem para os serviços dos promontórios. ....... 58

Tabela 11 – Avaliação da estrutura da paisagem dos promontórios de Penha quanto

aos Serviços Ecossistêmicos. NOTA: Provisão (P); Suporte (S); Regulação (R);

Cultural (C) ............................................................................................................... 60

Tabela 12 – Avaliação da estrutura da paisagem dos promontórios de Itajaí quanto

aos Serviços Ecossitêmicos. NOTA: Provisão (P); Suporte (S); Regulação (R);

Cultural (C). .............................................................................................................. 62

Tabela 13 – Avaliação da estrutura da paisagem do Molhe de Itajaí quanto aos Serviços

Ecossitêmicos. NOTA: Provisão (P); Suporte (S); Regulação (R); Cultural (C). ....... 64

Tabela 14 – Avaliação da estrutura da paisagem dos promontórios de Balneário

Camboriú quanto aos Serviços Ecossitêmicos. NOTA: Provisão (P); Suporte (S);

Regulação (R); Cultural (C). ..................................................................................... 65

Tabela 15 – Valores de todos os Promontórios quanto aos serviços ecossitêmicos

prestados. NOTA: Provisão (P); Suporte (S); Regulação (R); Cultural (C)................ 68

Tabela 16 – Promontórios ordenados quanto aos valores totais da análise dos serviços

de regulação marinha, suas praias adjacentes e caracterização morfodinâmica de

acordo com a bibliografia. Nota: D para dissipativa, I para intermediária e R para

refletiva. ................................................................................................................... 72

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RESUMO

Serviços ecossistêmicos são benefícios que o homem obtém dos ecossistemas. O meio

ambiente exerce suas funções e o homem e suas atividades econômicas são

dependentes destes serviços. Promontórios rochosos são elevações rochosas acima do

nível da praia e que avançam em direção ao mar, com alinhamento predominantemente

perpendicular à linha de costa, formando praias de enseada entre eles. O objetivo desta

pesquisa foi analisar os serviços ecossistêmicos prestados pelos promontórios costeiros

dos municípios de Penha, Itajaí e Balneário Camboriú - SC, considerando os benefícios

que eles trazem ao homem, seus pontos em comum e suas peculiaridades. Para isso, foi

realizado um levantamento bibliográfico, entrevistas com diferentes usuários da área de

estudo e mapeamentos da estrutura da paisagem dos promontórios com fins de avaliar a

situação espacial no contexto de serviços ecossistêmicos. Os resultados indicaram

predominância dos serviços de Suporte, como manutenção da diversidade biológica e

conservação dos solos. Porém, de acordo com as entrevistas, os serviços mais

percebidos pelos atores sociais são os de Regulação e Cultural, como proteção costeira

e atividades de lazer. Os serviços de Provisão aparecem principalmente como

fornecimento de alimento (coleta de mariscos e pesca artesanal). A Ponta da Aguada,

Ponta das Laranjeiras e Ponta das Taquaras, em Balneário Camboriú, foram os

promontórios mais importantes para os serviços de provisão, suporte e regulação para

ambientes terrestres. Para os serviços culturais e de serviços para ambientes marinhos

destacam-se os promontórios de Penha, Ponta do Morro da Galheta, Ponta da Praia

Grande e Ponta da Praia Vermelha. Observou-se também grande influência do Molhe de

Itajaí quanto aos serviços para ambientes marinhos. As praias do Atalaia/Geremias, em

Itajaí, Vermelha e São Roque, em Penha, e a praia do Pinho em Balneário Camboriú são

as que recebem maior influência dos serviços de regulação dos promontórios adjacentes.

Os resultados deste trabalho poderão subsidiar políticas públicas de proteção dos

promontórios, assim como direcionar programas de conscientização ambiental

direcionados a realidade de cada área de estudo.

Palavras-chave: Serviços Ecossistêmicos; Promontórios Rochosos; Estabilidade Praial.

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ABSTRACT

Ecosystem services are the benefits people obtain from ecosystems. The environment

exerts its functions and humans and their economic activities depends on these services.

Headlands are elevations above the beach level and advancing towards the sea, with

predominantly perpendicular alignment to the coastline creating embayed beaches. This

study aimed to bring up and analyze the ecosystem services provided by coastal

headlands in Penha, Itajaí e Balneário Camboriú – Santa Catarina, considering the

benefits they provide to humans, their common and peculiarities points. For this, a

literature review was conducted and interviews were made with different users from the

study area, as well as an adaptation of landscape structure analysis methodology of

Carmo (2000). Results indicated the predominance of Support services such maintenance

of biodiversity and soil conservation. But, according to the interviews, the social actors

recognize more Regulation and Cultural services, as coastal protection and recreation

activities. The Provision services are mainly food supply (collecting shellfish and artisanal

fishery). Ponta da Aguada, Ponta das Laranjeiras and Ponta das Taquaras, at Balneário

Camboriú, were the most important headlands on Provision, Suport and Regulation

services for terrestrial environments. For Cultural services and services for marine

environments, were important to Penha, at Ponta do Morro da Galheta, Ponta da Praia

Grande and Ponta da Praia Vermelha. There was also greatly influenced by Molhe de

Itajaí for services to marine environments. Atalaia/Geremias beach, at Itajaí, Vermelha

and São Roque beach, at Penha, and Pinho beach at Balneário Camboriú are receiving

more influence of regulating services of adjacent headlands, these results are according

Jackson & Cooper (2009). This study may support public policies for the protection of

headlands, as well as direct environmental awareness programs directed to the reality of

each study area.

Key-words: Ecosystem Services; Rocky Headlands; Beach Stability.

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1. INTRODUÇÃO

A dependência do ser humano com a natureza sempre se deu, mas a

necessidade de alimento como forma de sobrevivência remete a uma relação de

obtenção de serviço, chegando na atualidade a inúmeras outras formas de de serviços

gerados pelos diversos ecossistemas. De acordo com Andrade & Romeiro (2009) o

conceito de serviços ecossistêmicos é relativamente recente, sendo utilizado pela

primeira vez no final da década de 1960. Estes autores definem os serviços

ecossistêmicos como benefícios, diretos e indiretos, obtidos pelo homem a partir dos

ecossistemas, destacando a importância dos serviços para produção do bem estar

humano.

Fisher et al (2009) levantaram definições similares para serviços ecossistêmicos,

dentre as quais: “são condições e processos com funções de suporte à vida” (DAILY,

1997 apud FISCHER et al, 2009, p.645); e “são produtos e serviços do ambiente,

derivados das funções utilizadas pelo homem” (COSTANZA et al., 1997 apud FISHER et

al, 2009, p 645)

Para este estudo serviços ecossistêmicos serão definidos conforme a Avaliação

do Milênio (Millennium Ecosystem Assessment - MEA) de 2005, publicada pelo World

Resources Institute. Segundo este documento “serviços ecossistêmicos são os benefícios

que as pessoas obtêm dos ecossistemas” (MEA, 2005, pg 9). Destaca-se que são

considerados tanto os serviços ecossistêmicos que fornecem benefícios diretos ao

homem, como fornecimento de água, quanto os serviços de benefícios indiretos como,

por exemplo, a diversidade genética de um ecossistema.

Andrade & Romeiro (2009) diferenciam o termo “serviços ecossistêmicos” de

“funções ecossistêmicas”, sendo que para estes autores, uma função ecossistêmica

torna-se um serviço ecossistêmico quando há possibilidade de uso pelo homem. Quando

uma função ecossistêmica não tem utilidade para o homem, ela não exerce um serviço

ecossistêmico.

Em todas as diferentes definições de serviços ecossistêmicos há destaque do

papel do homem como um beneficiário do ecossistema, ou seja, ao analisar os serviços

ecossistêmicos entende-se que a sociedade humana e suas atividades econômicas são

dependentes dos recursos fornecidos por aquele ambiente. Tendo essa visão, onde o

homem é dependente dos serviços gerados pelos ecossistemas, torna-se de suma

importância o estudo e o entendimento dos processos de geração dos serviços

ecossistêmicos de um ambiente e de suas interações com os processos antrópicos.

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MEA (2005) classifica os serviços ecossistêmicos em:

a) Serviços de Provisão: são aqueles onde o ambiente provém recursos ao

homem, como fornecimento de água, fornecimento de alimento,

fornecimento de madeira, etc.

b) Serviços de Regulação: são aqueles que o ecossistema possibilita uma

regulação do ambiente como, controle de enchentes, controle de doenças,

regulação climática, manutenção da qualidade da água, etc.

c) Serviços de Suporte: são aqueles que dão embasamento ao

ecossistema, como ciclagem de nutrientes, formação do solo,

produtividade primária, etc.

d) Serviços Culturais: são serviços utilizados pelo homem em suas

atividades sociais, como recreacional, esportiva, turística, espiritual,

paisagística, educacional, etc.

De acordo com Fisher et al. (2009) os serviços ecossistêmicos são dependentes

dos seus benefícios ao usuário. Por exemplo: quando se avalia um rio exercendo a

função de fornecer água para consumo humano, trata-se de um serviço de provisão. Este

mesmo rio, para o usuário que pratica rafting está fornecendo um serviço cultural. Sendo

assim, para um completo levantamento dos serviços ecossistêmicos fornecidos por um

ambiente é necessário que sejam investigados diferentes usuários, com diferentes visões

e vivências sobre a região analisada.

Neste contexto, e considerando a beleza cênica associada à pressão da

especulação imobiliária, bem como a deficiência de suporte legal para a proteção dos

promontórios costeiros em Santa Catarina, este trabalho teve como principal pergunta de

pesquisa: quais são os serviços ecossistêmicos prestados pelos promontórios rochosos

do litoral centro-norte catarinense.

O termo promontório significa “porção saliente e alta de qualquer área continental,

de natureza cristalina ou sedimentar, que avança para dentro de um corpo aquoso”

(SUGUIO, 1992, p.101). É comum que este termo seja associado ao termo “rochoso”,

principalmente no sudeste e sul do Brasil, onde o embasamento rochoso da Serra do Mar

se aproxima do oceano formando, muitas vezes, projeções em direção ao mar como

proeminências rochosas que separam dois segmentos costeiros. Nesse contexto, Suguio

(1992, p 98) traz o conceito de “pontão”, definido como um “promontório rochoso alto e de

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encostas íngremes que avança mar adentro (...) e separam várias enseadas1 e praias de

bolso2”.

Fidelman (2002) também coloca que os promontórios e pontões rochosos

possibilitam a presença de praias fechadas e faixas de areias descontínuas no litoral

marinho. Guerra & Guerra (1997) traz uma definição mais simples para os promontórios,

descrevendo–os como afloramentos rochosos escarpados. Já Vilwock (1987, p.394)

define promontórios rochosos como “porções da costa marcadas por terras altas

constituídas pelo embasamento cristalino, cujas escarpas chegam ao mar”, definição

adotado por Marenzi (2004).

Ziembowicz (2012) conceitua promontório rochoso como serras cristalinas

litorâneas com formato de pontas rochosas, de diversos tamanhos, que atingem corpos

aquosos. Em 2014, a mesma autora complementa que os promontórios rochosos fazem

parte de um complexo maior chamado de maciços costeiros, representado por áreas

montanhosas e relativamente extensas (ZIEMBOWICZ et al, 2014).

Por fim, para Tischer (2013), os promontórios constituem um maciço costeiro

saliente e individualizado que compõem a paisagem litorânea, normalmente com

afloramentos rochosos escarpados avançando mar adentro e cujo comprimento seja

maior que a largura paralela à costa.

As diferentes definições de promontórios rochosos presentes na literatura dão

margem a diferentes interpretações das áreas a serem consideradas como promontórios.

Para este estudo, os promontórios rochosos são definidos como: elevações rochosas

acima do nível da praia e que avançam em direção ao mar, com alinhamento

predominantemente perpendicular à linha de costa. O limite interno dos promontórios em

direção ao continente será considerado o ponto onde o embasamento cristalino encontra

o sedimento arenoso das praias, já que no continente adentro, o embasamento rochoso

continua como morros e serras.

É válido esclarecer que, neste estudo, os promontórios serão analisados tanto em

uma escala menor, considerando os promontórios que constituem os maciços cristalinos

que avançam em direção ao mar, quanto em escala maior, onde serão interpretados os

pontões rochosos e seus serviços ambientais em escala local, nas enseadas e praias

adjacentes.

1 Setor côncavo do litoral, delineando uma baía em forma de meia-lua. Desenvolve-se

frequentemente entre dois promontórios e penetra muito pouco na costa (SUGUIO, 1998). 2 Praia de extensão limitada (algumas centenas de metros de comprimento) situada em uma

reentrância litorânea entre dois pontões rochosos, correspondendo a uma enseada de extensão limitada (SUGUIO, 1998)

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2. OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa é analisar os serviços ecossistêmicos prestados

pelos promontórios costeiros na região centro-norte do litoral de Santa Catarina.

Os objetivos específicos são:

a) Identificar os serviços ecossistêmicos relacionados aos promontórios

costeiros;

b) Conhecer as percepções sociais quanto aos serviços ecossistêmicos dos

promontórios costeiros na área de estudo;

c) Caracterizar as praias adjacentes aos promontórios, com fins de

compreender a influência destes e atribuir valores em relação aos serviços

ecossistêmicos na área de estudo;

d) Estudar a estrutura da paisagem dos promontórios costeiros, com fins de

avaliar os serviços ecossistêmicos que exercem na área de estudo;

e) Avaliar e Classificar os serviços ecossistêmicos dos diferentes

promontórios presentes na área de estudo.

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3. ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo desta pesquisa compreende os promontórios rochosos da região

centro-norte de Santa Catarina (Figura 1), mais especificamente dos municípios de

Penha, Itajaí e Balneário Camboriú. A região apresenta diferentes feições ambientais,

além dos promontórios rochosos, como praias arenosas, áreas estuarinas em

desembocaduras de rios e amplo espectro de paisagens, desde remanescentes

conservados de Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa e vegetação de restinga) até

áreas intensamente urbanizadas.

Figura 1 – Área de estudo: municípios de Penha, Itajaí e Balneário Camboriú,

litoral centro-norte de Santa Catarina.

No município de Penha, serão considerados os promontórios da Praia Vermelha,

da Ponta da Penha e o do Morro de São Miguel (Figura 2). Em Itajaí, o promontório de

Cabeçudas (Figura 3) e em Balneário Camboriú os promontórios do Morro da

Rainha/Morro do Careca e o da Costa Brava (Figura 4).

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Figura 2 – Promontórios, pontões e praias no município de Penha – SC.

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Figura 3 – Promontórios, pontões e praias no município de Itajaí – SC.

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Figura 4 – Promontórios, pontões e praias no município de Balneário

Camboriú – SC.

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A linha de costa da área de estudo se orienta predominantemente no sentido

Norte-Sul, com praias arenosas intercaladas por promontórios rochosos e áreas

estuarinas nas desembocaduras de rios. Tais feições geomorfológicas possibilitam uma

grande variedade de habitats e ecossistemas, sendo uma região de grande beleza cênica

natural apreciada por moradores e turistas.

3.1. Caracterização Socioeconômica

Trata-se de uma região do litoral catarinense onde o crescimento populacional e o

desenvolvimento econômico foram impulsionados pelo turismo e pela construção civil,

além da importância econômica do Porto de Itajaí, um dos maiores e mais importantes

portos marítimos do Brasil (Polette et al, 2012). Nihues (2009) destaca as considerações

do CMMAD3 (1988) afirmando que estas atividades econômicas têm modificado

intensamente os padrões de uso do solo dos municípios desta região, onde a falta de

planejamento e fiscalização resultaram em áreas degradadas ambientalmente.

O município de Penha tem uma população estimada de 29.493 habitantes e área

de 58,7 km² (IBGE, 2015), é o segundo maior produtor de mariscos - Perna perna - de

Santa Catarina, sendo a maricultura destaque na sua economia, que também é baseada

na agricultura, pecuária, pesca e turismo (ZIEMBOWICZ et al, 2014). A região sempre

teve destaque devido às belezas naturais, apreciadas por moradores e visitantes

(ZIEMBOWICZ, 2012). Os turistas, que chegam a 100.000 visitantes no verão (NIHUES,

2009), ao mesmo tempo em que são atraídos pela natureza exigem melhorias na

infraestrutura que podem alterar e degradar o meio ambiente (ZIEMBOWICZ, 2012).

Problemas ambientais também devem ser considerados para a maricultura,

principalmente quanto ao lançamento indiscriminado de efluentes na região. Nihues

(2009) coloca que é necessário que os pescadores artesanais e produtores de marisco

tenham conhecimento da real situação da qualidade da água e da necessidade de adotar

normas sanitárias durante o cultivo e processamento para consumo.

O promontório da Praia Vermelha, em Penha, apresenta pouca urbanização,

estando próximo ao parque aquícola dedicado à produção de mariscos (UNIVALI, 2013).

A baixa ocupação na área é mantida pelas restrições legais de ocupação, reforçadas

ainda pelo plano diretor do município. Além disso, grande parte do maciço faz parte de

duas áreas particulares (MARENZI, 2004). O promontório da Ponta da Penha e o

promontório do Morro de São Miguel são bem menores em tamanho. Suas partes altas

3 Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como

Comissão de Brundtland.

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são ocupadas pela vegetação, porém sofrem pressão direta e intensa das áreas

urbanizadas ao redor.

O município de Itajaí tem uma população estimada de 205.271 habitantes em um

pouco mais de 288 km² de área (IBGE, 2015), é um dos centros econômicos de Santa

Catarina, com intensa urbanização entre a região estuarina do rio Itajaí e os maciços

rochosos próximos à costa. É sede do maior porto pesqueiro e de um dos principais

complexos portuários do país, sendo estas as principais fontes econômicas da cidade.

Seus promontórios, que estão intensamente pressionados pela especulação imobiliária,

ainda mantém certa naturalidade paisagística, porém com algumas áreas de intensa

modificação da paisagem resultante de atividades antrópicas. O promontório de

Cabeçudas é ocupado pela Marinha do Brasil, tendo acesso restrito a militares, e

observa-se uma vegetação com menor qualidade de conservação (ZIEMBOWICZ, 2012).

No entanto, o pontão do Canto do Morcego apresenta uma melhor conservação da

vegetação, garantida pela legislação.

O município de Balneário Camboriú tem 128.155 habitantes (estimados), apenas

46 km² de área (IBGE, 2015) e possui sua economia baseada no turismo e na construção

civil. Estas duas áreas da economia têm crescido desde a década de 90, trazendo para

a cidade um intenso processo de urbanização e verticalização. É um dos principais

destinos turísticos do sul do Brasil, recebendo mais de 1,6 milhão de visitantes durante o

verão (NIHUES, 2009).

O promontório rochoso da Costa Brava, em Balneário Camboriú, apresenta média

densidade de ocupação urbana, protegido pela legislação federal, estadual e municipal,

onde sua conservação ambiental é reforçada pela Área de Proteção Ambiental - APA da

Costa Brava e a Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Normando Tedesco. O

promontório do Morro da Rainha/Morro do Careca ocupa uma área menor, onde a

vegetação é mantida pela legislação das três esferas (municipal, estadual e federal) e,

além disso, pode-se dizer que a conservação ambiental é estimulada pelo resort

instalado na área e do polo de ecoturismo e práticas de esportes, como salto de

parapente, no Morro do Careca.

3.2. Caracterização Ambiental

A planície costeira de Santa Catarina é predominantemente formada por áreas

sedimentares intercaladas pelo afloramento do embasamento cristalino (HORN FILHO,

2006). Tessler & Goya (2005) colocam que a maior ou menor distância entre a Serra do

Mar (embasamento cristalino) e a linha de costa faz com que haja uma grande

diversidade de paisagens nesta faixa do litoral, caracteristicamente recortado com alguns

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pontos em que a Serra do Mar atinge diretamente a linha de costa. Ambos os autores

descrevem a formação de promontórios e pontões intercalando praias arenosas.

A linha de costa da região é tipicamente orientada no sentido norte-sul, porém em

alguns pontos aonde o embasamento cristalino chega ao mar são observadas mudanças

da orientação da linha de praia, como, por exemplo, a praia de Laranjeiras em Balneário

Camboriú, com orientação oeste-leste.

A área de estudo é caracterizada por micromarés semidiurnas de 0,8 a 1,2 m, que

sofrem influência das marés meteorológicas, ocasionando elevação de até 1 metro em

relação ao nível médio do mar (MENEZES, 2008). Maré meteorológica é uma sobre-

elevação do nível do mar provocada pela passagem de tempestades, sendo que na

região de estudo estão associadas a variações de pressão atmosférica e a passagem de

sistemas frontais. De acordo com Neves Filho (1992), os ventos são os principais

agentes causadores da maré meteorológica, bem como são responsáveis pela geração

de ondas de curto período e maiores alturas. Segundo Krueger (2011), durante o outono

e inverno são registados o maior número de tempestades e elevação da maré

meteorológica e maior altura significativa das ondas, caracterizando as chamadas

“ressacas”.

O regime de ondas é dominado por ondulações vindas de leste com período de

oito segundos e altura significativa de 1,25 m, e vagalhões provenientes de sul com

período de 12 segundos e altura significativa de 1,55 m, destacando que durante o

inverno é observado um aumento da altura significativa das ondas (ARAUJO et al, 2003

apud MENEZES, 2008). Os eventos extremos estão associados às ondas de sul e

sudeste, com média do período entre 10 e 16 segundos e alturas variando entre 1 a 4

metros (TESSLER & GOYA, 2005).

A circulação atmosférica no sul do Brasil é basicamente influenciada por dois

centros de alta pressão, o Anticiclone Tropical do Atlântico Sul (ATAS), responsável pela

origem dos ventos alísios, e os Anticiclones Polares Migratórios (APM), responsáveis

pela passagem dos sistemas frontais vindos do sul (TESSLER & GOYA, 2005). Krueger

(2011) complementa que o clima catarinense é ainda influenciado por sistemas

associados à instabilidade causada pelo jato subtropical; sistemas frontais associados a

vórtices ciclônicos ou cavados de altos níveis; e Complexos Convectivos de Mesoescala

(CCM´s), frequentemente associados a tempestades (NOBRE et al, 1986 e MONTEIRO,

2001, apud KRUEGER, 2011).

Os ventos na região têm direção predominante de nordeste, influenciados pela

ATAS, girando para o quadrante sul quando há entrada de frentes frias, sendo os ventos

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de sul mais intensos e, em geral, responsáveis pela agitação marítima local (KRUEGER,

2011).

3.2.1. Caracterização Geológica

De acordo com Abreu et al (2003) a região de Penha e Navegantes é composta

por sedimentos holocênicos e pleistocênicos, sendo uma área influenciada por

mecanismos deposicionais fluviais, com pontos de predomínio da ação marinha. Já os

sedimentos coletados na região de Itajaí e Balneário Camboriú indicaram grande

influência marinha, demonstrada pelas assimetrias positivas e negativas exibidas pelos

sedimentos coletados na área. É uma região de elevada concentração de areias finas a

muito finas, podendo também serem observados depósitos de silte.

Horn Filho (2003, pg 83) descreve a região como:

Embasamento: migmatito, gnaisse, granito, xisto, quartzito, arenito,

conglomerado, riolito;

Depósitos do Quaternário indiferenciado: depósito coluvial, aluvial e leque

aluvial;

Depósitos do Pleistoceno: depósito praial marinho, eólico, lagunar

(Pleistoceno superior);

Depósitos do Holoceno: depósito eólico, paludial, praial marinho, lagunar,

estuarino, “sambaqui”;

Depósitos do Quinário: aterro, rejeito industrial;

Morfossedimentologia praial: litoral retilíneo, estágio dissipativo > reflectivo

a intermediário, areias finas a média.

A plataforma continental de Santa Catarina (área subaquática) apresenta larguras

médias de 130 km e inclinações entre 0,5 e 0,7º. O traçado das isóbatas é homogêneo e

paralelo à linha de costa e, do ponto de vista sedimentológico, na região em frente à área

de estudo predominam depósitos arenosos (HORN FILHO, 2003).

O relatório técnico da Univali (2013) coloca que o promontório da Praia Vermelha,

em Penha, apresenta um costão rochoso exposto composto por matacões e rochas

metamórficas fortemente intemperizados pela ação das ondas. O promontório de

Cabeçudas também é constituído por rochas metamórficas e apresenta textura enrugada,

já o promontório da Costa Brava tem constituição granítica com rochas que imergem ao

mar ou com grandes matacões, o que os torna mais uniformes e lisos. Os promontórios

de Penha são constituídos por rochas do Complexo Santa Catarina, o promontório de

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Cabeçudas em Itajaí é composto predominantemente por rochas do Complexo Brusque e

o promontório da Costa Brava caracteriza-se por rochas do Complexo Camboriú e

Granito Guabiruba (UNIVALI, 2013).

3.2.2. Caracterização Ecológica

A complexidade geológica e topográfica da área de estudo proporciona a

existência de diversas feições ambientais, praias arenosas intercaladas por promontórios

rochosos e áreas estuarinas de desembocadura de rios. De acordo com Tischer (2013),

são comuns na área de estudo: Floresta Ombrófila Densa em estágio inicial e médio,

restinga arbustiva e arbórea, praias e costões rochosos. O mesmo autor destaca que os

promontórios rochosos são “áreas de grande importância quanto à diversidade biológica

e presença de ambientes naturais costeiros" (TISCHER, 2013, p. 30). Nihues (2009)

destaca que o litoral catarinense possui ecossistemas frágeis e com extraordinária

riqueza em termos de diversidade biológica (MATTEUCCI, 2006 apud NIHUES, op.cit).

Pode se dizer que os promontórios da área de estudo ainda apresentam certa

naturalidade na sua paisagem, mesmo sofrendo pressão direta do crescimento dos

centros urbanos existentes na região.

Dividindo estes promontórios verticalmente em duas regiões principais têm-se nas

partes mais altas as áreas vegetadas, ocasionalmente com ocupação humana –, que são

caracterizados por remanescentes de Mata Atlântica com maior ou menor grau de

conservação e, nas partes mais baixas dos promontórios ocorrem os costões rochosos

expostos, com diversos graus de declividade e rugosidade, dominados por espécies

bentônicas características de costões.

Os costões rochosos são caracterizados pela zonação de espécies seguindo um

gradiente ambiental controlado principalmente pelo alcance da água do mar, exposição a

ondas e insolação recebida. Nos promontórios da área de estudo, crustáceos e moluscos

são os grupos zoológicos com maior frequência de ocorrência, sendo o mexilhão Perna

perna a matriz desta biota. São encontradas também espécies exóticas de moluscos e

cirripédios (UNIVALI, 2013).

A vegetação do litoral rochoso é caracterizada principalmente por liquens,

musgos, cactos e bromélias (MARENZI, 2004; IGUATEMI, 2014). Nos locais menos

íngremes, com o aprofundamento do solo, iniciam-se as formações vegetais de arbustos

e arvoretas e onde o solo é mais estruturado são observadas as espécies de porte

arbóreo (IGUATEMI, op cit) características da chamada Floresta Atlântica - Floresta

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Ombrófila Densa (FOD), que constitui o Bioma Mata Atlântica, associada aos

ecossistemas costeiros (Restingas, Mangues e Banhados).

“A Floresta Atlântica é reconhecida mundialmente como Reserva

da Biosfera e Hotspot no conceito internacional, conferindo

prioridade máxima para conservação genética. Isso decorrente da

alta biodiversidade e do caráter endêmico. (...) Para Capobianco

(2001), mesmo reduzida e muito fragmentada, a Floresta Atlântica

possui uma importância enorme, pois exerce influência direta na

vida de mais de 80% da população que vive em seu domínio”

(MARENZI, 2004, pg. 43)

De acordo com Ziembowicz (2012), nos promontórios estudados estão presentes

desde remanescentes de Floresta Ombrófila Densa em situação de clímax (em Penha),

até áreas com vegetação alterada em diferentes estágios de regeneração natural.

Observa-se também Formação Pioneira com Influência Marinha, reconhecida como

vegetação de restinga. Marenzi (2004) cita ainda a existência de alguns pontos com

Formação Pioneira com Influência Flúvio Marinha e Formação Pioneira com Influência

Flúvio-Lacustre, porém destaca o predomínio da FOD/Sub-Montana. O promontório da

Praia Vermelha é o que apresenta melhor situação para conservação da biodiversidade,

quando comparado aos promontórios de Cabeçudas e Costa Brava, onde se destaca

tipologia de floresta clímax, maior interação biótica e mais diversidade de organismos.

Para a autora, o promontório da Costa Brava tem grande valor para a conservação por

apresentar conectividade entre demais áreas de proteção da região e o promontório de

Cabeçudas é o que apresenta menores possibilidades de nichos ecológicos potenciais

(ZIEMBOWICZ, 2012).

Quanto à fauna, o trabalho de Marenzi (2004) indica algumas espécies de

mamíferos, aves e lagartos que são caçados pela comunidade da Praia Vermelha, tanto

para alimentação quanto para ornamentação e comércio para cativeiro. Alguns exemplos

são os mamíferos: gambá (Didelphis albiventris), tatu (Dasypus novemcintus ou

Cabassus unicinctus) e quati (Nasua nasua); as aves: aracuã (Ortalis squamata), canário

(Sicalis flaveola), gralha-azul (Cyanocorax caeruleus), jacuaçu (Penelope obscura), tié-

sangue (Ramphocelus bresilius), gavião (Leucopternis lacernulata ou Rupornis

magnirostri) e saíra (Tangara spp), além do lagarto teiú (Tupinambis tiguixin).

Ferrari (2009) lista, além destas espécies para o promontório de Cabeçudas, as

aves aquáticas e marinhas, como o tesourão (Fregata magnificens), biguá (Phalacrocorax

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brasilianus), gaivota (Larus dominicanus), piru-piru (Haematopus palliatus) e trinta-réis

(Sterna sp.), o que destaca o potencial de conectividade entre os ambientes dos

promontórios costeiros.

Ainda quanto à fauna, no promontório da Praia Vermelha foram registrados 12

espécies de mamíferos (132 espécies de aves, além de cinco famílias de herpetofauna e

duas famílias de ictiofauna (MARENZI, 2004).

3.3. Legislação Pertinente

A Lei Federal 12.651 de 2012, Código Florestal, estabelece como Áreas de

Preservação Permanente (APP) as encostas com declividade superior a 45º, além de

topos de morro com altura mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25º

delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da elevação,

bem como a faixa marginal ao longo de rios ou qualquer corpo d’água de 30 metros para

rios com menos de 10 metros de largura e 50 metros no entorno de nascentes (BRASIL,

2012). Fischer mapeou estas APPs, que correspondem às mesmas áreas de estudo do

presente trabalho. Contudo, considerou a Lei do Código Florestal 4771 de 1965, mas à

qual não alterou as APPs no contexto destas áreas, bem como incluiu a Resolução

CONAMA 303/2002 e a Lei Estadual 6.063 de 1982, que dispõe sobre o parcelamento do

solo urbano.

Cabe destacar que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 20, considera o

litoral um patrimônio turístico, paisagístico, histórico e paleontológico, sendo competência

comum da União, Estados e Municípios, proteger o meio ambiente e preservar a fauna e

a flora (BRASIL, 1988, art. 23). O artigo 225 da Constituição traz ainda que a Mata

Atlântica, a Serra do Mar e a Zona Costeira são patrimônios nacionais e sua utilização

far-se-á dentro de condições que assegurem a preservação do ambiente e dos recursos

naturais. Suportado pela Constituição Federal, o Pronabio (2000) defende que os costões

rochosos diretamente expostos na linha de costa são considerados como áreas de

preservação permanente.

O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC, lei 7.661/1988) define que

Zona Costeira é o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus

recursos ambientais e dá prioridade à conservação e proteção dos recursos naturais

(BRASIL, 1988b). O PNGC prevê, ainda, o licenciamento para parcelamento e

remembramento do solo para implantação de atividade que provoquem alterações das

características naturais da Zona Costeira.

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A Lei 6.513 de 1977 (regulamentada pelo decreto 86.176 de 1981), em seu

artigo 1º, considera como Áreas Especiais e de Locais de Interesse Turístico as áreas

destinadas à proteção dos recursos naturais renováveis (BRASIL, 1981, inciso III), áreas

de paisagens notáveis (inciso V) e as localidades e os acidentes naturais adequados ao

repouso e à prática de atividades recreativas, desportivas ou de lazer (inciso VI).

Tem-se também na esfera federal:

A Lei 6.938 de 1981 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, que tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da

qualidade ambiental propícia à vida e criou o Sistema Nacional do Meio

Ambiente (Sisnama) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama);

A Lei 11.428 de 2006, Lei da Mata Atlântica, que regulamenta o uso e

proteção das formações vegetais integrantes da Mata Atlântica; para a

área de estudo tem-se a Floresta Ombrófila Densa e as vegetações de

restinga (BRASIL, 2006);

A Lei 9.985 de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação, estabelecendo critérios e normas para a criação,

implantação e gestão das unidades de conservação (BRASIL, 2000);

A Lei 9.605 de 1998 – Lei dos crimes ambientais, que proíbe a caça ou

apanha da fauna silvestre;

A Lei 11.959 de 2009, que dispõe sobre a Política Nacional de

Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca (BRASIL, 2009);

A Lei 9.433 de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos

e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

(BRASIL, 1997).

A Lei 9.795 de 1999, que institui a Política Nacional de Educação

Ambiental (BRASIL, 1999)

Na esfera estadual, o Decreto nº 14.250 de 1981 considera, em seu artigo 42,

como Áreas de Proteção Especial os promontórios (SANTA CATARINA, 1981, inciso II) e

os ambientes de grande circulação biológica (inciso III). Cabe destacar que, para este

decreto, promontórios são elevações costeiras florestadas ou não, que compõem a

paisagem litorânea (art. 43, inciso III). Nestas áreas o parcelamento do solo depende de

análise prévia do órgão estadual de meio ambiente. Este decreto ainda coloca que, nos

promontórios, numa faixa de até 2.000 metros de extensão a partir da ponta mais

avançada, é proibido o corte raso da vegetação nativa e a exploração de pedreiras e

outras atividades que degradem os recursos naturais e, além disso, a construção de

edificações só poderá ser realizada após autorização dos órgãos competentes (art. 47).

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Municipalmente, o Plano Diretor de Penha, Lei Municipal 1.804 de 2001, alterada

pela Lei Complementar 02 de 2007, define a Macrozona Urbana de Proteção Ambiental

(MUPA) e a Zona Especial de Conservação Ambiental (ZECA), delimitando nestas zonas

as áreas de preservação permanente, já definidas na legislação federal e estadual. Além

destas, fazem parte da MUPA e ZECA as áreas que possuem remanescentes

significativos de ecossistemas existentes e áreas importantes para preservação da

paisagem existente. Esta zonação tem como objetivo preservar a paisagem existente e

conservar os ecossistemas que possam ser afetados pela ocupação humana (PMP 2001

e 2007).

O Plano Diretor também define a Zona Especial do Morro da Penha, que reúne as

áreas do Morro do Quilombo e do Morro da Penha que tem um zoneamento próprio com

fins de compatibilizar a preservação socioambiental com o desenvolvimento do turismo

de sol e praia de baixo impacto. Em seu artigo 95, a lei institui ainda que o Plano de

Gestão Socioambiental do município deverá criar a Área de Proteção Ambiental da Praia

Vermelha e o Parque Natural Municipal da Ponta da Vigia, que corresponde a dois dos

três promontórios estudados em Penha, que ainda não foram criados.

Segundo Ziembowicz et al (2014), no promontório da Praia Vermelha, o plano

diretor de Penha delimita zonas de preservação permanente exatamente nas áreas onde

são encontradas vegetação clímax em estágio avançado. A Figura 5, apresenta as áreas

de proteção do promontório da Praia Vermelha, em Penha, de acordo com a legislação.

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Figura 5 – Áreas de proteção no promontório da Praia Vermelha, em Penha. Fonte: Tischer, 2013.

Em Itajaí, o Código de Zoneamento, Parcelamento e Uso do Solo do município,

Lei Complementar Municipal nº 215 de 2012, define como Zona de Preservação

Ambiental todas as áreas acima da cota 20 metros, a leste da BR-101. As áreas a oeste

desta rodovia seguem as definições de APP das legislações das esferas superiores (PMI,

2012). A Figura 6 apresenta as áreas de proteção do promontório de Cabeçudas e a

ponta do Canto do Morcego.

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Figura 6 – Áreas de proteção no promontório de Cabeçudas, em Itajaí. Fonte: Tischer, 2013.

Balneário Camboriú tem como Plano Diretor a Lei 2.686 de 2006, que em seu

artigo 12 define que o município se consolide como polo regional de turismo, comércio e

serviços. O artigo 14 coloca que a Política Municipal de Turismo tem como objetivo

promover atividades de ecoturismo, bem como a preservação e recuperação do

patrimônio ambiental (PMBC, 2006).

O Plano Diretor define a Macrozona de Ambiente Natural (MAN), dividida em três

zonas menores:

Zona de Ambiente Natural I (ZAN-I): compreende os maciços na região

central do município e caracteriza-se pela concentração de ecossistemas

da Mata Atlântica existentes entre as cotas 25 m e seu terço superior,

limitado à cota 50 m (IBGE), declividade inferior a 30% e lote com área

mínima de 10.000 m², preservados, ocupados ou não por edificações,

sendo permitida a ocupação de forma restritiva, controlada e de uso

sustentável. As encostas voltadas para a Praia central, no maciço

localizado entre a Estrada da Rainha e o Oceano Atlântico deverão ser

consideradas de proteção ambiental;

Zona de Ambiente Natural II (ZAN-II): compreende os maciços localizados

ao sul do Rio Camboriú; é caracterizada pela concentração de

ecossistemas da Mata Atlântica, existentes entre as cotas 25 m e seu terço

superior, limitado à cota 100 m (IBGE), declividade inferior a 30% e lote

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com área mínima de 10.000 m², preservados, ocupados ou não por

edificações, sendo permitida a ocupação de forma restritiva, controlada e

de uso sustentável, respeitado o Plano de Manejo da APA da Costa Brava

(art. 122). As encostas voltadas para a Praia Central, no maciço localizado

entre a Interpraias e a Ponta da Aguada deverão ser consideradas de

proteção ambiental;

Zona de Ambiente Natural III (ZAN-III) caracterizada pela concentração de

ecossistemas da Mata Atlântica existentes nos terços superiores, acima da

cota 50 m (IBGE) na ZAN-I e acima da cota 100 m (IBGE) na ZAN-II

preservados, ocupados ou não por edificações, não sendo permitida

qualquer forma de ocupação para fins de habitação, atividades

econômicas ou públicas que produzam impactos ao meio ambiente

passando a ser considerada Unidade de Conservação e Preservação

Permanente.

A Lei Municipal 1.985 de 2000 cria a Área de Proteção Ambiental da Costa Brava,

que se inicia na Ponta das Laranjeiras e segue até a divisa de município com Itapema,

acompanhando o divisor de águas de microbacias das praias de Taquaras, Taquarinhas,

Pinho, Estaleiro e Estaleirinho. Nesta área fica vedada a realização de obras de

movimentação de terra em áreas com declive superior a 30% (áreas definidas como APP

pela legislação estadual), bem como o exercício de atividades que implicam a matança,

captura ou molestamento de espécies silvestres (PMBC, 2000).

Ainda quanto a Balneário Camboriú, a Lei Municipal 3.471 de 2012 cria o

Complexo Turístico Morro do Careca, estabelecendo critérios para a prática de voo livre

no município. De acordo com esta lei, a área do complexo turístico é considerada Área de

Preservação Permanente, onde deverão ser promovidas “atividades relacionadas a

manutenção do espaço público e de seu sistema nativo, inclusive com a recuperação das

áreas degradadas” (PMBC, 2012, art. 2º)

Por fim, a Portaria nº 57-N de 1999 cria a Reserva Particular do Patrimônio

Natural (RPPN) Normando Tedesco, no Morro da Aguada, onde está implantado o

complexo turístico Parque Unipraias4.

A Figura 7 apresenta as áreas de proteção do promontório da Costa Brava

4 www.unipraias.com.br

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Figura 7 – Áreas de proteção no promontório da Costa Brava, em Balneário Camboriú. Fonte: Tischer, 2013.

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4. METODOLOGIA

A metodologia de pesquisa foi dividida em fases seguindo os objetivos específicos

do projeto. O fluxograma da Figura 8 sintetiza os processos metodológicos realizados.

A seguir, são explicados cada item individualmente.

Figura 8 – Fluxograma dos processos metodológicos realizados no estudo.

4.1. Levantamento dos serviços ecossistêmicos relacionados aos promontórios

Realizou-se um levantamento bibliográfico com foco em trabalhos e artigos de

caracterização ambiental e social da área de estudo. Trabalho de identificação de fauna,

flora, usos do solo e análise de paisagem dos promontórios rochosos acrescentam

informações quanto aos serviços ao considerar a importância local e regional dos

promontórios. Também foram considerados os levantamentos de serviços ecossistêmicos

Entrevistas

Pesquisa

bibliográfica

AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS DOS PROMONTÓRIOS

Ferramentas de

geoprocessamento

– ArcGis.

CARACTERIZAÇÃO

DAS PRAIAS

ADJACENTES AOS

PROMONTÓRIOS

LEVANTAMENTO

DAS PERCEPÇÕES

SOCIAIS SOBRE

PROMONTÓRIOS

LEVANTAMENTO

DOS SERVIÇOS

ECOSSISTÊMICOS RELACIONADOS AOS

PROMONTÓRIOS

MAPEAMENTO DA

ESTRUTURA DA

PAISAGEM DOS

PROMONTÓRIOS

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de zonas costeiras. Para levantamento bibliográfico dos serviços ecossistêmicos dos

promontórios foram 33 referências analisadas, sendo, 14 trabalhos acadêmicos

(monografias, dissertações e teses), 14 artigos científicos e cinco relatórios técnicos.

4.2. Levantamento das percepções sociais quanto aos serviços ecossistêmicos

dos promontórios

Nessa fase foram realizadas entrevistas com diferentes pessoas envolvidas com

os promontórios: moradores, turistas, universitários e pesquisadores, com o objetivo de

identificar os serviços ecossistêmicos mais percebidos pela população e caracterizar sua

percepção quanto à importância destes ambientes na zona costeira (Apêndice A). As

entrevistas foram realizadas num formato aberto, onde as respostas de cada entrevistado

foram analisadas a partir de palavras chaves.

Os moradores e turistas foram entrevistados nas praias, próximos aos

promontórios, enquanto os universitários e pesquisadores encontravam-se nas

dependências do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar/CTTMar, UNIVALI.

A entrevista foi dividida em duas partes. A primeira buscou analisar o

conhecimento da população quanto aos termos “promontório rochoso” e “serviços

ambientais5”, cujas respostas poderiam ser SIM e NÃO e, quando o usuário respondia

“sim”, era solicitado que ele explicasse, com suas palavras, o significado dos termos.

Com isso, foi possível avaliar se havia domínio sobre os termos. Sempre que necessário

o significado correto dos termos era explicado aos entrevistados.

Na segunda parte das entrevistas, mais específica quanto aos serviços

ecossistêmicos, foi solicitado que o usuário listasse quais os serviços ambientais ele

acredita que são oferecidos pelos promontórios rochosos da região, com o objetivo de

identificar os serviços mais percebidos pela população. Ao final, o entrevistado era

questionado sobre quais destes serviços ele considera que interferem na sua vida

pessoal. Esta pergunta teve o objetivo de identificar os pontos comuns entre os serviços

citados como oferecidos pelos promontórios e os serviços percebidos pelo indivíduo.

Todas as entrevistas foram realizadas mediante assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Considerando que os serviços ecossistêmicos de uma mesma área são variáveis

de acordo com os benefícios ao usuário, os resultados desta etapa acrescentam pontos

de vista diferentes sobre as áreas estudadas, complementando a identificação dos

5 Para as entrevistas foi utilizado o termo “serviços ambientais” por ser um termo mais conhecido,

considerando alguns projetos no Brasil relacionados a “Pagamento por Serviços Ambientais - PSA”, inclusive o PSA em Balneário Camboriú/Camboriú para o “Produtor de Água”.

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serviços ecossistêmicos potenciais, além de validar os resultados obtidos a partir da

revisão bibliográfica.

4.3. Caracterização das praias adjacentes aos promontórios

A caracterização morfodinâmica das praias existentes na bibliografia, tanto em

perfil quanto em planta, buscou entender a influência dos promontórios nas praias

arenosas adjacentes para compor a análise de estrutura da paisagem como mais um

atributo para avaliar a situação dos diferentes promontórios como serviços

ecossistêmicos.

Os resultados obtidos foram sistematizados a fim de analisar as relações entre os

promontórios e as praias de enseada. O referencial teórico para avaliação da influência

dos promontórios foi baseado em Jackson & Cooper (2009), que considera que os

promontórios rochosos influenciam no equilíbrio morfodinâmico do perfil e na forma em

planta das praias de enseada, principalmente quando analisados em escalas temporais

pequenas (dias a meses).

Jackson & Cooper (op. cit.) analisam as praias em planta e classificam em três

categorias:

Não limitadas (unconstrained) – praias onde o pacote sedimentar não

interage com o embasamento geológico. Essas praias se caracterizam por

sedimentos abundantes e com liberdade para se ajustar às condições

ambientais, assim a variabilidade do pacote sedimentar é menor;

Semi limitadas (semi-constrained) – nessas praias ocorre interação entre o

embasamento geológico e o pacote sedimentar. O volume de sedimentos

é limitado tendo como resultado um aumento na mobilidade da praia. São

praias com perfis que costumam ser de difícil classificação nas categorias

dissipativa-intermediária-refletiva;

Limitadas (highly constrained) – praias com promontórios rochosos

destacados e com volume sedimentar limitado, causando uma mobilidade

de perfil intensa. Essas praias podem gerar células compartimentadas na

praia com perfis diferentes entre elas e em condições de alta energia, o

transporte de sedimentos em direção ao mar é intenso. Segundo as

autoras, a classificação dessas praias de acordo com Wright & Short

(1984) pode ser inadequada.

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Quanto ao perfil praial, as praias arenosas dominadas por ondas foram

classificadas em cinco estados, variando do dissipativo ao refletivo, tendo quatro estados

intermediários. Praias dissipativas apresentam sedimentos finos, declividade baixa (<3˚),

extensa zona de surfe e incidência de ondas de alta energia. Praias intermediárias

apresentam areia média, declividade de 3 a 8˚ e feições rítmicas como bancos e cúspides

praiais. As praias refletivas são caracterizadas pela ausência da zona de surfe, a onda

quebra na face da praia causando turbulência, areia grossa, declividade acima de 8˚ e

ondas de baixa energia (Silveira et al, 2011).

Em praias de enseada os promontórios provocam difração6 das ondas criando

uma variação da exposição às ondas ao longo da praia e gerando uma forma curvilínea.

A região protegida da praia tem uma tendência mais refletiva enquanto que as áreas

dissipativas tendem a ser expostas e mais retilíneas (Silveira et al, 2011). Neste trabalho

essa caracterização foi utilizada para fundamentar o cálculo do índice de forma das

praias adjacentes aos promontórios. Para Klein & Menezes (2001), tanto nas regiões

protegidas quanto nas expostas, o perfil praial é dependente do tamanho do grão do

sedimento disponível.

Quanto à estabilidade da forma em planta, as praias de enseada são classificadas

em quatro estágios: equilíbrio estático; equilíbrio dinâmico; instável e em remodelamento

natural. O equilíbrio estático ocorre quando as ondas quebram simultaneamente ao longo

de toda a praia, não provocando deriva litorânea de sedimentos. Nestas praias também

não ocorrem processos de erosão e acresção; equilíbrio dinâmico é quando o aporte de

sedimento e a deriva litorânea estão em equilíbrio ao longo da linha da praia; quando o

balanço sedimentar da praia é quebrado a praia torna-se instável (MENEZES, 2008).

Praias em remodelamento são aquelas que apresentam estruturas de engenharia

costeira como quebra-ondas e molhes (SILVEIRA et al, 2010). Isso ocorre porque as

estruturas alteram o comportamento de difração e refração das ondas ao longo da praia.

A caracterização da morfodinâmica das praias da região de estudo buscou

analisar tanto as classificações das praias em perfil quanto suas estabilidades em planta.

A análise da estrutura da paisagem nesta etapa considerou as distâncias entre os

promontórios, seus índices de forma e a curvatura das praias, considerando o quociente

entre distância em linha reta dos pontos extremos do seguimento da praia e a extensão

total da praia, ambos calculados pelo software ArcMap. Quanto mais próximo este valor

for de 1, menor é a curvatura da praia. Destaca-se que nesta etapa da pesquisa os

promontórios foram analisados em escala maior, considerando os pontões e as praias de

6 Quando uma onda encontra um obstáculo e ocorre encurvamento dos raios de onda.

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enseada entre eles. Os resultados obtidos foram categorizados em escalas de “muito

baixo” a “muito alto”, seguindo a mesma metodologia descrita no Item 4.4.

4.4. Mapeamento da estrutura da paisagem dos promontórios e avaliação dos

serviços ecossistêmicos

Para o mapeamento da estrutura da paisagem para caracterização das feições

dos promontórios foram utilizadas aerofotografias disponibilizadas online7 pela Secretaria

de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS-SC), com alta resolução

espacial (39 cm), e datadas de 2012; imagens de satélite da ferramenta Google Earth

Pro®8, também com alta resolução espacial e datadas de 2015 e imagens de satélite

Quickbird georreferenciadas, datadas de 2008, pertencentes ao banco de imagens do

Laboratório de Conservação e Gestão Costeira da UNIVALI; além de visitas a campo e

informações presentes na bibliografia.

A análise de declividade e altura dos promontórios foi realizada a partir de dados

do Modelo Digital de Terreno (MDT) fornecidos pela SDS-SC. Para linha de costa e

análise de forma dos promontórios foram utilizados os arquivos vetoriais (shapefile) de

linha de costa da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), fornecidos pelo Laboratório

de Informática da Biodiversidade e Geomática da UNIVALI.

Com as ferramentas do software ArcGis 10.2, foi realizada uma análise de

estrutura da paisagem considerando os dados de área, índice de forma e distância entre

os promontórios, com base em Carmo (2000). Também foram caracterizadas as praias

considerando a curvatura da praia em planta, em relação aos promontórios adjacentes,

de acordo com Jackson & Cooper (2009).

Para Carmo (2000), as formas das manchas na paisagem e as distâncias entre as

manchas determinam as relações ambientais existentes entre as áreas. Manchas da

paisagem com formas próximas a círculos sofrem menos impacto do meio externo e a

distância entre as manchas está relacionada com a conectividade dos ambientes. Neste

estudo, esta metodologia foi adaptada buscando avaliar as relações entre a área,

distância, índice de forma dos promontórios com os serviços ecossistêmicos fornecidos,

bem como incluído mais um atributo, o índice de curvatura de praia.

Para o cálculo do índice de forma foram considerados o perímetro e a área de

cada promontório, definido pela equação:

7 Disponível em: http://sigsc.sds.sc.gov.br/home.jsp, acessado de março a dezembro de 2015.

8 Google Earth Pro disponível para download grátis em

https://www.google.com.br/earth/download/gep/agree.html

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𝐹 = 𝑃

2𝜋 (√𝐴

√𝜋) , onde: “P” é o perímetro da unidade e “A” é a área.

Quanto mais próximo o índice de forma for de 1, o promontório terá forma mais

próxima de um círculo. Círculo é o formato onde há o menor impacto do efeito de borda

das áreas de estrutura da paisagem, pois é a forma que apresenta menor perímetro em

relação à área, acarretando em menor influência dos ventos, luz, predadores e

intervenção humana (MARENZI, 2004) dentro daquela mancha. Entende-se que esta

mesma relação se mantém para alguns serviços ecossistêmicos dos promontórios e pode

ser inversa para outros.

Para definição do perímetro e área do promontório, foi desenhado um polígono

considerado um segmento da linha de costa da SPU, iniciando no ponto onde o

embasamento rochoso dos promontórios encontra o sedimento arenoso das praias

(observadas na imagem do Google Earth Pro®), contornando o promontório e fechando

também no ponto onde as rochas encontram a areia de praia, formando uma linha reta

neste segmento. Os valores de perímetro e área foram obtidos através da função

Calculate Geometry (ArcMap) deste shapefile de polígonos produzido.

O cálculo da distância entre os promontórios foi realizado em linha reta

considerando o ponto central de cada um deles. O índice de curvatura de praia foi

calculado considerando o quociente entre a distância em linha reta dos pontos extremos

do segmento da praia e a extensão total deste segmento. Quanto mais próximo este valor

for de 1, menor é a curvatura da praia pois a distância entre os extremos e sua extensão

tem valores muito próximos.

Então, ainda quanto à adaptação desta metodologia, os resultados da análise de

forma das estruturas (área, distância e índice de forma), incluindo o índice de curvatura

da praia, foram classificados de acordo com um sistema hierárquico dentro de cada

categoria, variando de 1 a 5 e representando os pontos: muito baixo; baixo; médio; alto e

muito alto para prestação de serviços ecossistêmicos.

4.5. Classificação dos serviços ecossistêmicos dos diferentes promontórios

presentes

A classificação dos serviços ecossistêmicos na área de estudo foi realizada de

acordo com a proposta de MEA (2005) e Fisher et al (2009), a partir dos resultados

obtidos pela revisão bibliográfica e entrevistas, acrescidos os serviços que foram

observados na área, mas não levantado pelas fontes anteriores. As informações foram

organizadas em formato de tabelas, com o software Excel. Estas informações foram

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dispostas espacialmente em um Sistema de Informações Geográficas (SIG) com uso do

ArcGis.

A partir dos dados organizados em SIG, foram confeccionados os mapas com os

resultados do estudo, permitindo o entendimento visual dos serviços ecossistêmicos

levantados para a região.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Serviços Ecossistêmicos dos promontórios na literatura

A partir de uma revisão bibliográfica foram levantados os serviços ecossistêmicos

dos promontórios presentes na literatura. As tabelas a seguir apresentam os resultados

desta etapa da pesquisa, divididas nas categorias de serviços ecossistêmicos propostas

em MEA (2005): Serviços de Provisão – Tabela 1, Serviços de Suporte – Tabela 2,

Serviços de Regulação – Tabela 3 e Serviços Culturais – Tabela 4.

Tabela 1 – Serviços Ecossistêmicos de Provisão nos promontórios, de acordo com a literatura.

Serviços de Provisão Referência Bibliográfica

Caça FERRARI, 2009; MARENZI, 2004

Coleta de plantas FERRARI, 2009; MARENZI, 2004

Maricultura (cultivo) NIHUES, 2009; MARENZI, 2004

Produção natural de alimentos SANTOS & SILVA, 2012; MEA, 2005;

MARENZI, 2004

Recursos florestais CAMPHORA & ABRAHÃO, 2009;

MARENZI, 2004

Recursos hídricos SANTOS & SILVA, 2012

Recursos medicinais SANTOS & SILVA, 2012

Recursos minerais CAMPHORA & ABRAHÃO, 2009;

MARENZI, 2004; PRONABIO, 2000

Recursos ornamentais SANTOS & SILVA, 2012; MARENZI, 2004

Recursos pesqueiros CAMPHORA & ABRAHÃO, 2009;

FERRARI, 2009; PRONABIO, 2000

Produção de espécies de importância

econômica

MMA, 2007; PRONABIO, 1999

Cabe destacar que a caça e coleta de plantas, especialmente palmito (Euterpe

edulis), orquídeas e bromélias, citados por Marenzi (2004) na Morraria da Praia Vermelha

ocorrem de forma ilegal, As atividades de caça na Mata Atlântica são destacadas por

Adams (2000). Contudo, na área de estudo a caça não deve estar ocorrendo com

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intensidade, dado o fato de constituírem-se de ambientes próximos a urbanização, onde

as denúncias passam a ser um fator controlador.

Quanto as atividades de maricultura se referem a produção de mariscos instalada

em locais abrigados no entorno dos promontórios, assim como a retirada de sementes de

Perna perna dos costões para uso no cultivo em Penha (MARENZI, 2004), mas que

também ocorre em Balneário Camboriú, na praia de Laranjeiras, próximo ao promontório

de Taquarinhas.

Os recursos pesqueiros foram incluídos como serviço de provisão, dado o fato de

que algumas espécies de peixes se encontram de forma agregada próxima aos costões,

sendo os promontórios atrativos a estas, como o Mero (GERHARDINGER et al, 2006),

atualmente considerada ameaçada de extinção. Freitas (2005, p.04) coloca que “a

crescente exploração dos recursos marinhos sem o devido cuidado pode levar à

degradação do ambiente, com consequente prejuízo da qualidade de vida”.

Quanto aos recursos, florestais, hídricos, medicinais, etc, destaca-se, mais uma

vez, a ideia do homem como explorador da natureza. Entende-se que recursos naturais

são elementos da natureza utilizados pelo homem para sua sobrevivência e,

consequentemente, seu desenvolvimento. Hoje, no patamar que se encontra a civilização

humana, uma nova visão começa a surgir sobre os recursos naturais, que transcende a

ideia da natureza como recurso e o homem como explorador. Essa consciência é

relacionada à evolução de conceitos de sustentabilidade, onde o homem se coloca como

parte do ciclo natural, e não no topo como exploradors. Quanto a esse desenvolvimento,

destaca-se o papel da sociedade civil como responsável pela implantação de novas

técnicas de gestão de recursos, e como pressionadora da gestão pública.

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Tabela 2 – Serviços Ecossistêmicos de Suporte nos promontórios, de acordo com a literatura.

Serviços de Suporte Referência Bibliográfica

Agricultura* MARENZI, 2004

Ciclagem de nutrientes CAMPHORA & ABRAHÃO, 2009;

MEA, 2005

Conservação dos solos NIHUES, 2009; MEA, 2005

Diversidade biológica CAMPHORA & ABRAHÃO, 2009;

NIHUES, 2009; MARENZI, 2004

Formação rochosa SILVEIRA et al 2011; CAMPHORA &

ABRAHÃO, 2009; TESSLER & GOYA,

2005; MARENZI, 2004

Manutenção da biodiversidade / variabilidade

genética

ZIEMBOWICZ et al, 2014

Maricultura (fornecimento de sementes) UNIVALI, 2013; MARENZI, 2004

Polinização ANDRADE & ROMEIRO, 2009

Produção de biomassa PPRONABIO, 2000

Produção de oxigênio ANDRADE & ROMEIRO, 2009

Produção primária PRONABIO, 2000; MEA, 2005

Provisão de espaço / formação de solo ANDRADE & ROMEIRO, 2009; MEA,

2005

Provisão de habitats CAMPHORA & ABRAHÃO, 2009

Refúgio da fauna ou berçário marinho

(costões)

SANTOS & SILVA, 2012

Refúgio da fauna ou berçário terrestre (mata

atlântica)

SANTOS & SILVA, 2012

Pesquisa científica* VILANO & SOUZA, 2011

Atrativo turístico* ZIEMBOWICZ et al, 2014; NIHUES,

2009; MARENZI,2004

NOTA: Serviços que também podem ser considerados de Provisão

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Tabela 3 – Serviços Ecossistêmicos de Regulação nos promontórios, de acordo com a literatura.

Serviços de Regulação Referência Bibliográfica

Barreiras no transporte sedimentar SILVEIRA et al, 2010; JACKSON &

COOPER, 2009

Difração de ondas SILVEIRA et al, 2011; VILANO &

SOUZA, 2011

Dissipação da energia de ondas SANTOS & SILVA, 2012

Prevenção de erosão ANDRADE & ROMEIRO, 2009

Manutenção da qualidade da água MEA, 2005

Tabela 4 – Serviços Ecossistêmicos Culturais nos promontórios, de acordo com a literatura.

Serviços Culturais Referência Bibliográfica

Áreas de lazer e recreativas ZIEMBOWICZ et al , 2014

Atividades educacionais VILANO & SOUZA, 2011

Beleza cênica / Variabilidade de

paisagens

ZIEMBOWICZ, 2012; SILVEIRA et al 2011;

CAMPHORA & ABRAHÃO, 2009;

FERRARI, 2009; TESSLER & GOYA, 2005;

MARENZI, 2004

Captura de aves MARENZI, 2004

Observação de aves FERRARI, 2009

Pesca esportiva UNIVALI, 2013; CAMPHORA & ABRAHÃO,

2009; PRONABIO, 2000; MARENZI, 2004

Prática de esportes UNIVALI, 2013

Turismo e Ecoturismo ZIEMBOWICZ et al, 2014; SANTOS &

SILVA 2012; NIHUES, 2009; MARENZI,

2004

Foram levantados 16 autores que relacionaram funções ou atividades ocorrentes

nos promontórios. Porém, sem uso direto do termo Serviços Ecossistêmicos, mesmo que

o conceito seja reconhecido a partir do final da década de 1960 (ANDRADE & ROMERO,

2009). Contudo, é possível acreditar que o termo passou a ser divulgado a partir do

documento “Protecting our Planet, Securing our Future: Linkages Among Global

Environmental Issues and Human Needs", desenvolvido por 40 cientistas e publicado em

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novembro de 1998 pelo PNUMA (Programa das Nações unidas sobre o Meio Ambiente),

NASA e Banco Mundial.

Dos autores pesquisados foi possível relacionar 11 serviços de provisão, 17 de

suporte, 05 de regulação e 08 de cultura, totalizando 41 serviços ecossistêmicos no total,

para a região de estudo. Importante considerar que a ciclagem de nutriente é um serviço

considerado como de suporte por MEA (2005), uma vez que a matéria orgânica (MO)

produzida serve de nutriente para a vegetação após a mineralização de seus

componentes (ODUM, 1997), mas este mesmo serviço pode ser classificado como de

regulação, considerando o ciclo do CO2 como um processo ecológico essencial. Fisher et

al. (2009) afirmam que a classificação dos serviços depende de seus usuários, sendo

neste caso, a ciclagem de nutrientes um suporte para a vegetação e uma regulação para

os seres que depende da produção de MO e O2 ou a absorção do CO2 da camada

atmosférica.

Aproximadamente 60% serviços dos ecossistemas estão se degradando ou se

usam de maneira não sustentável, como o fornecimento de água, a purificação do ar, a

captura da pesca, etc (MEA, 2016). Portanto, estudos sobre estes serviços, podem levar

a valorização dos ecossistemas que os provêm, como o caso dos promontórios.

5.2. Serviços Ecossistêmicos dos promontórios presentes, de acordo com a

percepção social

Ao todo foram entrevistados 37 usuários, nos municípios de Penha, Itajaí e

Balneário Camboriú, 26 representando a categoria de moradores e turistas, e 11 a

categoria de universitários e pesquisadores, sendo que 65% deles possuíam nível

superior completo.

Quanto ao conceito de promontórios, 70% dos entrevistados não souberam dizer.

Percebeu-se também que, após a explicação, os promontórios eram associados aos

costões rochosos da região. Em seguida, foi solicitado ao entrevistado listar algumas

atividades que ele realiza quando visita os promontórios. Estas informações foram

usadas tanto para levantamento dos serviços ecossistêmicos da região, utilizando as

informações de forma indireta, quanto para identificação da percepção do usuário quanto

aos serviços que ele afirma que usa e os serviços que ele percebe, cita, ao final da

entrevista.

Dos moradores e turistas entrevistados, 100% associaram o termo “serviços

ambientais” a serviços e profissões ligadas à conservação e preservação da natureza,

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citando ONG´s de proteção ambiental e trabalhos de pesquisadores. Enquanto que os

universitários e pesquisadores definiram corretamente o termo “promontório rochoso”,

porém 40% destes entrevistados desconheciam o significado de “serviços ambientais”.

No geral, considerando as duas categorias de entrevistados, 70% não conheciam

a expressão “promontórios rochosos” e 84% não sabem o que são serviços ambientais

(Figura 9).

(a) (b)

Figura 9 – Representação gráfica dos resultados obtidos nas entrevistas quanto ao conhecimento das expressões “promontórios rochosos” (a) e “serviços ambientais” (b).

O desconhecimento do conceito de promontório (70%) pode ser resultado da falta

de definição do mesmo, o que incorre também na fragilidade quanto a sua proteção legal.

“No Brasil, diferente de outros ecossistemas próximos à linha de costa, como dunas,

restinga, margens de rios e manguezais, os costões rochosos não são protegidos por

qualquer legislação ambiental específica” (VILANO & SOUZA, 2011, p.02). Portanto,

junto aos costões, cabe a afirmação para os promontórios.

Estes resultados demonstram a importância da Educação Ambiental como

ferramenta para compreensão do ambiente, sendo necessário esclarecer aos usuários

conceitos, e elucidar valores que fundamentam uma sociedade que entende as questões

relacionadas à conservação e sua ligação com a melhoria da qualidade de vida do

homem.

Freitas (2005) coloca que incumbe ao poder público o dever constitucional de

proteger a flora e de adotar as necessárias medidas que visem a coibir práticas lesivas

ao equilíbrio ambiental. O autor ainda destaca o fato de que a Mata Atlântica e a Zona

Costeira serem patrimônios nacionais pela Constituição Federal, o que não significa o

mesmo que patrimônio federal, de propriedade da União, são áreas que se constituem

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em patrimônio da nação e se caracterizam por um domínio eminente, exercido pelo

disciplinamento legal de seu uso.

Quanto ao desconhecimento do termo serviço ambiental ou ecossistêmico (84%),

já que a pergunta usou esse termo buscando uma maior familiaridade com a política

pública de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), é possível considerar que este

fato implica na necessidade de disseminação deste conceito, pois pode ser uma forma de

conscientização sobre a necessidade de conservação dos ecossistemas a partir do

conhecimento do que os mesmos provêm à coletividade. Os custos totais da perda dos

serviços ecossistêmicos são difíceis de serem medidos, porém os dados disponíveis

demostram que são consideráveis e que vão aumentar (MEA, 2016).

Após a explicação do significado de serviços ambientais, inicia-se a segunda fase

da entrevista. Nela, o usuário é levado a pensar no promontório rochoso como um

prestador de serviço e é convidado a listar alguns serviços que ele entende que o

promontório oferece ao homem. A última pergunta pedia que o usuário listasse quais

destes serviços ele entende que afeta diretamente a sua vida pessoal. Destaca-se aqui

que aproximadamente 10% dos entrevistados declararam não usufruir de nenhum serviço

dos promontórios, mesmo tendo respondido alguns exemplos de serviços na pergunta

anterior.

A Tabela 5 apresenta os serviços ecossistêmicos levantados pelas entrevistas.

Alguns dos serviços foram declarados diretamente pelos usuários, como “fornecimento

de alimentos”, porém alguns serviços foram levantados através da análise de palavras-

chave das respostas (Figura 10).

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Tabela 5 – Serviços Ecossistêmicos levantados através de entrevistas com os usuários

PROVISÃO SUPORTE REGULAÇÃO CULTURAL

Captura de goiás Aquacultura Abrigo a ondas Atividades educativas

Captura de mariscos Biodiversidade Barreira contra avanço do mar

Atividades espirituais ou religiosas

Fornecimento de alimentos

Conservação ambiental

Ciclos biogeoquímicos

Atividades esportivas (caminhada, ciclismo, mergulho, parapente, surf)

Fornecimento de água

Equilíbrio da cadeia trófica

Deriva costeira – hidrodinâmica

Atividades de lazer e recreação

Pesca artesanal Formação de enseadas

Deriva costeira – sedimentos

Atividades turísticas

Recursos minerais Formação de habitats Despoluição Beleza cênica

Vegetação bioativa Manutenção da vegetação

Enseadas mais calmas Contato com a natureza

Propagação de sementes

Proteção de praias Contemplação da paisagem

Pesquisa científica Proteção contra ventos Guarda marítima*

Proteção do solo contra erosão

Observação de aves

Purificação de água Passeios em família

Manutenção da qualidade do ar

Pesca esportiva

Quebra ondas / refração e difração de ondas

Regulação climática

Segurança para banhistas

* citado pelo usuário como localização estratégica para vigiar a costa.

Observa-se que alguns dos serviços citados de forma diferentes podem ser

resumidos a um único serviço, porém, nesta tabela, optou-se por listar todos os serviços

levantados pelos usuários diferenciando os termos e palavras citadas, totalizando 7

serviços de provisão, 9 de suporte, 15 de regulação e 12 cultural, predominando os

serviços de regulação.

Na Figura 10 é possível observar, por meio da técnica de gráfico de nuvem de

palavras, construído com a ferramenta Wordle9, todas as respostas das entrevistas. Este

gráfico indica os termos mais frequentes em um dado texto ou conjunto de palavras, onde

o tamanho da letra em que a palavra é apresentada é uma função da frequência da

palavra no texto. Ou seja, palavras mais frequentes são apresentadas em maior tamanho

e as palavras menos frequentes em tamanho menor10.

9 http://www.wordle.net – acessado em jan/2016.

10 De acordo com http://www.uff.br/cdme/lpp/lpp-html/lpp-d-br.html - acessado em jan/2016.

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Figura 10 – Representação do gráfico de nuvem de palavras sobre serviços ecossistêmicos dos entrevistados obtido das entrevistas.

A partir deste gráfico fica claro que os serviços ecossistêmicos mais citados pelos

usuários são aqueles relativos ao lazer, contemplação da paisagem, pesca e captura de

mariscos, nas classes cultural e provisão, respectivamente.

Na Tabela 6 é possível verificar os diversos serviços citados agrupados nos

serviços mais comumente reconhecidos e classificados.

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Tabela 6 – Serviços Ecossistêmicos levantados através de entrevistas com os usuários.

PROVISÃO SUPORTE REGULAÇÃO CULTURAL

Fornecimento de alimentos

Aquacultura Ciclos biogeoquímicos Atividades de lazer e recreativas

Fornecimento de água

Equilíbrio ambiental

Deriva costeira Atividades educacionais

Recursos minerais

Manutenção da biodiversidade

Manutenção da qualidade ambiental

Atividades esportivas

Recurso bioativo

Formação de habitats

Proteção costeira Atividades religiosas

Propagação de sementes

Proteção do solo Atividades turísticas

Regulação climática Beleza cênica / contemplação da paisagem

Segurança para banhistas

Observação de aves

Pesca esportiva

Dentre todos os serviços ecossistêmicos levantados nas entrevistas, houve uma

maior representatividade dos Culturais (41%) e de Provisão (26%), sendo que 14% dos

serviços levantados são de suporte e 19% de regulação (Figura 11).

Figura 11 – Representação gráfica com as categorias de classificação dos serviços ecossistêmicos levantados a partir das entrevistas com os usuários.

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A Figura 12 contém o conjunto de representação gráfica sobre todos serviços

listados.

Figura 12 – Serviços ecossistêmicos levantados a partir das entrevistas com os usuários

Para os serviços de provisão fica clara a predominância das respostas quanto a

fornecimento de alimentos e pesca. Neste item também estão incluídos a captura de

mariscos (Perna perna) e goiás (Pachygrapsus sp.). Nos serviços de suporte tem

destaque as respostas quanto ao equilíbrio e conservação ambiental. Para os serviços de

regulação há predominância nas respostas que envolvem proteção costeira e

manutenção da qualidade ambiental. Por fim, os serviços culturais, que somam quase a

metade das respostas dadas pelos usuários, tem nítida predominância nas atividades

recreacionais e de lazer e na contemplação da paisagem ou beleza cênica.

Cabe citar que os resultados indicaram diferenças entre a percepção dos usuários

dos três municípios. Para Elali (2013), cada pessoa estabelece uma relação peculiar com

o ambiente onde vive, denominada de ambiência. Esta relação é caracterizada por

diferentes fatores que caracterizam esse lugar e o confere identidade própria, de tal modo

que influencia o comportamento das pessoas que vivem ou percorrem tal espaço.

Em Penha, todos os entrevistados citaram a coleta ou o cultivo de mariscos como

um serviço ecossistêmico, o que só foi citado por quatro usuários de Balneário Camboriú

e dois usuários de Itajaí. Realmente, Penha se destaca economicamente pela maricultura

(RADAVELLI, 2015), cujos bancos de sementes de concentram no promontório de Praia

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Vermelha. Contudo, Marenzi & Branco (2006) ressaltam os impactos da extração de

sementes de marisco neste município.

Em Itajaí, destacou-se a prática de esportes como caminhada e surf. A prática de

surf se concentra nas praias da Atalaiai e Brava, sendo possível a percepção do

promontório do Canto do Morcego/Cabeçudas na contribuição da formação de ondas

para este esporte. Ferrari (2009) e UNIVALI (2003) destacam estes serviços, incluindo a

prática de escalada no “paredão” do Canto do Morcego. Também, nesse sentido cabe

relacionar o serviço de recursos minerais, uma vez que a forma deste “paredão” é

consequência da retirada de material rochoso pretérito. As atividades de mineração,

apesar de importante fonte econômica, resultam em marcantes impactos ambientais

(SILVA, 2007)

Em Balneário Camboriú ressaltou-se o polo turístico da região, onde 100% dos

entrevistados citaram os serviços de contemplação da paisagem e beleza cênica. A costa

catarinense destaca-se pela sua paisagem e algumas áreas merecem destaque para a

conservação, como o setor da Costa Brava em Balneário Camboriú, reconhecida como

APA (MULLER, 2012).

As paisagens da região também são ressaltadas por Ziembowicz (2012), em Itajaí

por Ferrari (2009) e em Penha por Marenzi (2004), sendo que o conjunto de praias e

promontórios ou costões vegetados se destacam como as de maior preferência pelo

público em geral (MARENZI, 1996; SOUZA, 2014).

5.3. Serviços ecossistêmicos prestados pelos promontórios rochosos

Os resultados obtidos através da revisão bibliográfica e das entrevistas são

apresentados em conjunto na Tabela 7, sendo demarcados nas cores verdes os serviços

que os promontórios prestam de forma indireta, em azul os serviços de uso sustentável e

em vermelho os serviços de uso proibido nestes locais.

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Tabela 7 – Serviços Ecossistêmicos prestados pelos promontórios rochosos na região de estudo.

Em verde os serviços prestados de forma indireta, em azul os de uso sustentável e em vermelho

os serviços proibidos.

PROVISÃO SUPORTE REGULAÇÃO CULTURAL

Caça Formação de solo Barreiras no transporte sedimentar

Atividades de lazer e recreação

Coleta de plantas (palmito, orquídeas)

Formação rochosa Ciclos biogeoquímicos

Atividades educacionais

Fornecimento de alimentos naturais

Banco de sementes (maricultura)

Deriva costeira Atividades esportivas

Produção natural de alimentos (agricultura orgânica/jardim comestível)

Ciclagem de nutrientes Dissipação da energia de ondas

Atividades religiosas

Agricultura Conservação dos solos Manutenção da qualidade ambiental

Atividades turísticas e ecoturísticas

Recurso madeireiro Diversidade biológica Manutenção da qualidade da água

Contemplação da paisagem

Recurso medicinal Equilíbrio ambiental Prevenção de erosão Captura de aves

Recurso bioativo Formação e provisão de habitats

Proteção costeira Observação de aves

Recurso ornamental Manutenção da biodiversidade / variabilidade genética

Proteção do solo Pesca esportiva

Fornecimento de água Atrativo turístico Regulação climática

Recurso hídrico Pesquisa científica Segurança para banhistas

Recurso mineral Polinização

Recurso pesqueiro Produção de biomassa

Maricultura Produção de oxigênio

Produção primária

Dispersão de frutos, sementes e esporos

Refúgio da fauna ou berçário marinho (costões)

Refúgio da fauna ou berçário terrestre (mata atlântica)

Alguns serviços ecossistêmicos prestados pelos promontórios são potenciais

(recursos bioativos, ornamentais, e outros), e possíveis de serem autorizados aos

proprietários, porém, não foram percebidos pelos usuários. Outros serviços, como a

captura de aves (essas para cativeiro como relação cultural) e a caça, levantados pela

bibliografia, não foram citados nas entrevistas, possivelmente porque é sabido da sua

proibição, conforme a Lei dos Crimes Ambientais (BRASIL, 1998). Além disso, entende-

se que os entrevistados, por apresentarem respostas com tendência à conservação

ambiental e manutenção da paisagem, não citam alguns serviços nas entrevistas.

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Os serviços de retirada de plantas, recurso madeireiro e agricultura teriam que ser

autorizados, segundo a Lei da Mata Atlântica (BRASIL, 2006), mas dificilmente seriam

permitidos pela vegetação nas áreas de estudo (Floresta Ombrófila Densa ou Restinga)

em estágio médio e avançado de regeneração. Também por parte ser APP (BRASIL,

2012) ou terem restrições devidas aos Planos Diretores. Por isto, incluídos em vermelho.

Também, é possível esta consideração em relação ao recurso mineral, pois mesmo que

já explorado em alguns promontórios da região (Canto do Morcego), atualmente as

restrições legais não mais os permitiriam, bem como por serem áreas atrativas a

visitação, provavelmente processos de licenciamento incorreriam em mobilizações

sociais contrárias.

Por fim, é possível verificar que os serviços, na sua maioria, são providos de

forma indireta, destacados em verde, os quais são difíceis de serem quantificados (MEA,

2016), porém devendo ser valorizados em programas educativos com fins de

conscientização ambiental.

A Figura 13 ilustra em planta, com base na Tabela 7, uma distribuição resumida

dos serviços ecossistêmicos nos promontórios rochosos. Tem-se nas áreas vegetadas

mais elevadas dos promontórios uma predominância de serviços de provisão, suporte e

regulação. Nas áreas mais baixas e nos costões rochosos concentram-se os serviços

culturais, associados aos de provisão, suporte e regulação. Atividades como

contemplação da paisagem e beleza cênica expandem-se para fora da área física do

promontório, ocupando também as praias arenosas.

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Figura 13 – Zonação em planta dos serviços ecossistêmicos nos promontórios, exemplo para o promontório da Praia Vermelha, em Penha.

A Figura 14 apresenta o promontório da Praia Vermelha em perfil, ilustrando os

mesmos serviços da Figura 13 e resumidos da tabela 7, indicando a zonação vertical dos

serviços ecossistêmicos. A zonação ecológica vertical se dá desde o ecossistema de

costão rochoso junto ao mar composto por algas e organismos bentônicos, passando

pela vegetação de restinga até as áreas mais altas ocupadas pela Mata Atlântica, com

predominância dos serviços de provisão próximos aos costões e nas áreas mais altas,

florestadas. Os serviços de regulação ocorrem em todas as faixas e os serviços culturais

tendendo a se concentrarem nas faixas intermediárias, onde desenvolvem as atividades

de lazer.

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Figura 14 – Zonação em perfil dos serviços ecossistêmicos nos promontórios, exemplo para o promontório da Praia Vermelha, em Penha.

Observam-se os serviços de provisão, suporte e regulação relacionados às áreas

vegetadas nas partes mais altas, e uma maior diversificação dos serviços nas áreas mais

baixas dos promontórios.

5.4. Características morfodinâmica das praias adjacentes aos promontórios

As características morfodinâmicas das praias da área de estudo (Tabela 8)

tiveram o intuito de subsidiar o entendimento das influências exercidas pelos

promontórios rochosos nas praias adjacentes, como forma de incorporar mais um atributo

na avaliação destes quanto a estrutura de suas paisagens (feições) para os serviços

prestados.

De acordo com Jackson et al (2005) e Jackson & Cooper (2009), os promontórios

influenciam no equilíbrio morfodinâmico e na forma em planta das praias de enseada,

principalmente quando analisados em escalas temporais pequenas. Para os autores,

quanto menor a distância entre os promontórios, mais limitada é a praia, tendo então

maior variação morfodinâmica.

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Tabela 8 – Caracterização morfodinâmica das praias, de acordo com a literatura.

SANGOI (2005) SILVEIRA et

al (2011)

KLEIN et al (2005 apud SILVEIRA,

2011)

KLEIN & MENEZES (2001 apud SILVEIRA,

2011)

DIEHL et al (2002) ALVES et al (2004) GRECHI & KLEIN (1996)

Exposição Areia Tipologia Tipologia Tipologia Tipologia Areia Tipologia Areia Tipologia Areia Exposição

Praia Alegre exposto –

baixa energia

fina refletiva - - - - - - - - -

Praia do Medo /

Quilombo exposto

média, fina

refletiva refletiva - - - - - - - -

Armação exposto grossa refletiva - intermediária - - - - - - -

Armação Itapocoroy

protegido fina, muito fina

- - - - - - - - - -

Praia Grande

exposto grossa, média

- - - - - - - intermediária - semi

protegido

Praia de São Roque

- - - - - - - - - - - -

Praia Vermelha

exposto grossa - - - - - Intermediária - intermediária - -

Praia de São Miguel

exposto fina, muito fina

intermediária - - - - - -

Praia de Navegantes

exposto fina, muito fina

dissipativa dissipativa dissipativa dissipativa /

intermediária - dissipativa fina

intermediário / dissipativo

- -

Praia do Atalaia

exposto muito fina

dissipativa intermediária - dissipativa - - - dissipativa - protegido

Praia do Geremias

exposto – baixa

energia

muito fina

dissipativa - - - - - - - - -

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SANGOI, 2005 SILVEIRA et al, 2011

KLEIN et al, 2005 (apud SILVEIRA,

2011)

KLEIN & MENEZES, 2001 (apud SILVEIRA,

2011)

DIEHL et al, 2002 ALVES et al, 2004 GRECHI & KLEIN, 1996

Exposição Areia Tipologia Tipologia Tipologia Tipologia Areia Tipologia Areia Tipologia Areia Exposição

Praia de Cabeçudas

exposto – baixa

energia média refletiva refletiva - dissipativa - - - - - -

Praia da Solidão

exposto fina - - - - - - - - - -

Praia do Canto do Morcego

exposto média com

rochas intermediária intermediária - - - - - - - -

Praia Brava exposto grossa, média

intermediária intermediária intermediária refletiva - intermediária média intermediária - -

Praia do Buraco

exposto grossa, média

refletiva - - - - - - - - -

Praia do Coco

abrigado grossa, média

- - - - - - - - - -

Praia Central

exposto fina dissipativa dissipativa dissipativa dissipativa fina - - dissipativa - -

Praia de Laranjeiras

exposto - baixa

energia média dissipativa -

refletiva / intermediária

- - - - - - -

Praia Taquaras /

Taquarinhas exposto grossa refletiva - refletiva - - refletiva grossa

refletiva / intermediaria

média grossa

exposto

Praia do Pinho

exposto média,

fina intermediária intermediária - dissipativa grossa - - -

média grossa

exposto

Praia do Estaleiro

exposto grossa, média

refletiva - refletiva intermediária média - - - média grossa

exposto

Praia do Estaleirinho

exposto grossa, média

refletiva - refletiva - - - - intermediária - -

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Das 23 praias listadas, nove se referem aos locais de Penha, seis de Itajaí e oito

de Balneário Camboriú. Apenas em cinco delas não houve conflitos de classificação ou

caracterização: praia do Medo/Quilombo11, em Penha; praia de Navegantes12; Canto do

Morcego, em Itajaí; praia Central, Taquaras e Taquarinhas, em Balneário Camboriú. A

praia do Atalaia (Itajaí) foi considerada dissipativa por todas as bibliografias citadas, com

exceção de Klein et al (2005), que a classifica como intermediária. A praia de Geremias,

também dissipativa na maioria das referências, foi considerada como parte da praia do

Atalaia.

A praia Brava, em Itajaí, foi classificada como intermediária por todas as

referências, exceto Diehl et al (2002), que a considera como refletiva. As praias do

Estaleiro e Estaleirinho, em Balneário Camboriú, foram consideradas como refletiva em

duas citações e como intermediária por, respectivamente, Diehl et al (2002) e Grechi &

Klein (1996). Entende-se que essas diferenças nas classificações não entram em conflito,

pois são classificações próximas entre si. Essas variações podem ser justificadas por

Jackson & Cooper (2009) quando colocam que as praias de enseadas (limitadas e semi-

limitadas) podem ser de difícil classificação morfodinâmica quanto ao perfil. Esse mesmo

caso pode ser considerado para a praia da Armação, em Penha, que foi classificada por

apenas dois autores, uma vez como refletiva e outra como intermediária.

Esta situação é diferente do que se observam nas praias de Cabeçudas (Itajaí),

Pinho e Laranjeiras (Balneário Camboriú), onde algumas referências consideraram tais

praias como dissipativas e outras como refletivas, classificações opostas de perfil.

Destaca-se também a diferença entre a classificação de Sangoi (2005) e Grechi & Klein

(1996) para a praia do Atalaia quanto à exposição as ondas, considerada por esses

autores como exposta e protegida, respectivamente. O mesmo também ocorreu para a

praia Grande, sendo considerada exposta para o primeiro autor e semi-protegida para o

segundo. Jackson et al (2005) relatam que diversos autores têm percebido diferenças

entre os estados morfodinâmicos previstos através dos cálculos baseados na

granulometria, declividade e energia de onda. As praias citadas podem estar

representando casos onde ocorrem essas discrepâncias. Segundo os mesmos autores,

algumas praias apresentam grande variabilidade das ondas e a classificação baseada em

medições instantâneas não representam a praia de forma real ou podem estar

representado apenas para aquele instante de coleta dos dados.

11

Na bibliografia esta praia é citada como Praia do Quilombo, porém de acordo com o plano diretor de Penha, chama-se Praia do Medo. 12

As praias do Molhe, Navegantes e Gravatá foram todas consideradas como Praia de Navegantes, já que não apresentam divisões espaciais entre elas.

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56

É válido citar que durante a revisão bibliográfica foi observado que algumas praias

eram chamadas por nomes diferentes entre as referências. Quando havia conflito entre

os nomes, os resultados foram considerados baseados nos mapas de cada autor. Os

nomes das praias e promontórios apresentados aqui deram prioridade para os nomes

utilizados pelos planos diretores dos municípios.

Silveira et al (2010) fizeram uma análise da estabilidade do formato em planta das

praias de Santa Catarina e comparou os resultados obtidos por Klein et al (2003). A

Tabela 9 apresenta estes resultados para praias da região de interesse.

A estabilidade da forma em planta das praias de enseada é influenciada pela

batimetria, pelo pacote sedimentar e pelos promontórios adjacentes. Por exemplo, em

praias com promontórios extensos, não há transporte de sedimento entre as praias

vizinhas e a praia trabalha o pacote sedimentar como uma célula fechada. Já em praias

com promontórios pequenos, quando a profundidade de fechamento da praia está além

da extensão do promontório, pode ocorrer troca de sedimento com as praias vizinhas

(SILVEIRA et al, 2010). Para Rodriguez (1995 apud MENEZES, 2008), quanto mais

abrigada for a praia da ação das ondas, menor será a sua profundidade de fechamento,

indicando uma relação recíproca entre a extensão do promontório e a profundidade de

fechamento. Destaca-se que, de acordo com Silveira et al (2010), não há relação entre a

estabilidade da praia em planta com a classificação do perfil da praia (dissipativo –

intermediário – refletivo). Por esse motivo, a Tabela 9 apresenta resultados separados a

estas características.

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Tabela 9 – Caracterização de equilíbrio da forma em planta das praias da área de estudo. Fonte: Silveira et al (2010).

NOME SILVEIRA et al (2010) KLEIN et al (2003 SILVEIRA

et al, 2010)

Praia Alegre estático -

Praia do Medo / Quilombo

- -

Armação Itapocoroy estático dinâmico

Praia Grande dinâmico dinâmico / próox de estático

Praia de São Roque - -

Praia Vermelha estático dinâmico

Praia de São Miguel* estático estático

Praia de Navegantes / Gravatá

estático dinâmico / prox. de estático

Praia de Navegantes / Molhes

em remodelamento -

Praia do Atalaia estático dinâmico

Praia do Geremias - -

Praia de Cabeçudas dinâmico estático

Praia da Solidão - -

Praia do Canto do Morcego

estático -

Praia Brava dinâmico dinâmico

Praia do Buraco estático dinâmico

Praia do Coco - -

Praia Central** em remodelamento / estático /

dinâmico dinâmico / prox. de estático

Praia de Laranjeiras estático estático

Praia Taquaras / Taquarinhas

estático prox. de estático

Praia do Pinho estático -

Praia do Estaleiro estático estático

Praia do Estaleirinho estático -

* Em Silveira et al (2010), é citada como Praia do Lucas. **Para Menezes (2008), a praia Central encontra-se em equilíbrio dinâmico.

5.5. Estrutura da paisagem dos promontórios e avaliação quanto aos Serviços

Ecossistêmicos

A estrutura da paisagem dos promontórios considerou os atributos: área, índice de

forma, distância entre promontórios vizinhos, priorizando o menor valor entre as duas

distâncias obtidas e extensão das praias adjacentes, nesse caso priorizando o maior

índice entre os dois promontórios, e o índice de curvatura da praia.

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Carmo (2000) coloca que índices numéricos trazem uma representação da

paisagem, onde é possível acompanhar e monitorar mudanças no ambiente. Para a

autora, um conjunto de índices é recomendado quando se deseja representar o padrão

da paisagem, já que é difícil fazer uma descrição completa e detalhada de todo arranjo

espacial de uma paisagem. A avaliação da estrutura da paisagem dos promontórios

considerou em separado as categorias dos serviços ecossistêmicos, sendo que os

valores classificados em “muito baixo”, “baixo”, “médio”, “alto” e “muito alto”, receberam

os valores 1, 2, 3, 4 e 5. A Tabela 10 apresenta os intervalos dos valores das estruturas e

as classificações definidas.

Tabela 10 – Valores da estrutura da paisagem para os serviços dos promontórios. NOTA: Provisão (P); Suporte (S); Regulação (R); Cultural (C)

ÍNDICE

MUITO BAIXO

BAIXO MÉDIO ALTO MUITO ALTO

1 2 3 4 5

Área (km²) < 0,2 0,20 - 0,39 0,39 - 0,58 0,58 - 0,78 > 0,78

Distância (m) > 4520 3450 - 4520 2380 - 3450 1300 - 2380 < 1300

Índice de forma

P, S, R, C ambiente marinho

< 1,50 1,50 - 1,85 1-85 - 2,20 2,20 - 2,55 > 2,55

Índice de forma

P, S, R ambiente terrestre

> 2,55 2,20 - 2,55 1-85 - 2,20 1,50 - 1,85 < 1,50

Índice de Praia

R > 0,93 0,88 - 0,93 0,83 - 0,88 0,78 - 0,83 < 0,78

Importante verificar que os valores atribuídos para Área e Distância não variam

entre os tipos de serviços, sendo que qualquer serviço pode ser influenciado da mesma

maneira pelo tamanho da Área, onde quanto maior o tamanho, mais provisão, mais

suporte, mais regulação e mais cultura. Também os valores de Distância vão atuar da

mesma maneira em qualquer um dos tipos de serviços, mas neste caso, de maneira

inversa, ou seja, quanto maior a distância, menos serviços de provisão, suporte,

regulação e cultural. Contudo, os valores de Índice de Forma e de Praia vão depender do

tipo de serviço.

Os serviços de provisão, suporte e regulação no atributo Índice de Forma vão

também depender se o ambiente analisado é terrestre ou marinho, por exemplo, para

manter uma floresta (provisão), assim como a biodiversidade que abriga (suporte) e o

clico do carbono que resulta (regulação), com menor interferência negativa do meio

externo, mantendo-os com menor intensidade de vento, ondas, salinidade e outros

fatores nos promontórios, é melhor valor mais próximo a um (1), tendência a circular, pois

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para uma mesma área esta forma terá menor perímetro, menor efeito de borda (CARMO,

2000; MARENZI, 2004). Diferente do marinho, pois quanto mais afastado do valor um (1),

mas perímetro terá, tendendo a irregularidade com heterogeneidade de ambientes

(SHAFER, 1997), onde é possível considerar mais potencial de incrustações (provisão,

suporte e regulação associados).

Quanto a Cultura, se for considerado serviço de contemplação da paisagem e

alguns tipos de recreação e esporte, como escalada e caminhada, o Índice de Forma

com tendência a irregularidade (afastado de 1) propiciaram heterogeneidade paisagística

e geomorfológica, a qual pode ser melhor apreciada (MARENZI, 1996; PIRES, 1993).

Contudo, é possível considerar que para alguns tipos de esportes a forma agregada de

promontórios mais circulares possa ser interessante, mas na dúvida, se incluiu a apenas

a influência positiva para valores maiores de Índice de Forma.

Em relação ao Índice de Praia, manteve-se a avaliação voltada a Regulação, pois

mesmo que os outros serviços possam ter influência deste valor, são os serviços ligados

a proteção praial, dinâmica de ondas, deriva costeira, e outros afins, que mais dependem

das características e estas dos promontórios, conforme indicam Jackson et al (2005) e

Jackson & Cooper (2009). Sua relação com o índice de forma dos promontórios é

indireta, ou seja, quanto mais próximo de 1 for o índice de forma maior é sua influência

sobre a praia, considerando então os fatores do índice de ambientes marinhos.

Para melhor organização das informações, os resultados estão apresentados por

município. O Apêndice B apresenta a tabela com todas as medidas obtidas nos

promontórios da área de estudo.

5.5.1. Avaliação dos promontórios de Penha

A Tabela 11 apresenta os resultados da avaliação da estrutura da paisagem para

os promontórios de Penha. Observa-se que os índices de formas recebem duas

classificações opostas por apresentarem relações diferentes com os serviços prestados

pelos promontórios. Sendo assim, a soma também considera os Índices de Forma

separados, sendo a primeira (em rosa) para os ambientes terrestres e a segunda (em

azul) para os ambientes marinhos. Também importante notar que o Índice de Praia foi

considerado apenas para o ambiente marinho, o qual tende a resultar em valores de

maior pontuação. A Figura 15 apresenta a localização das feições e os resultados obtidos

nesta avaliação.

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Tabela 11 – Avaliação da estrutura da paisagem dos promontórios de Penha quanto aos Serviços Ecossistêmicos. NOTA: Provisão (P); Suporte (S); Regulação (R); Cultural (C)

PENHA DISTÂNCIA* ÁREA

ÍNDICE DE FORMA ÍNDICE

DE

PRAIA**

SOMA

P, S, R ambiente terrestre

P, S, R, C ambiente marinho

P, S, R ambiente terrestre

P, S, R, C ambiente marinho

Ponta da Penha

5 1 5 1 1 11 8

Ponta Praia do Medo

5 1 4 2 1 10 9

Ponta Praia da Lola

5 1 5 1 5 11 12

Promontório da Ponta da

Penha 1 3 5 1 5 9 10

Promontório Costãozinho

e Vigia 4 2 5 1 5 11 12

Ponta da Vigia

4 1 5 1 5 10 11

Ponta Praia Grande

5 2 4 2 5 11 14

Ponta Praia Vermelha

5 1 3 3 4 9 13

Ponta Morro da Galheta

2 5 3 4 4 10 15

Ponta São Miguel/Lucas

5 1 5 1 2 11 9

Ponta Morro de São Miguel

5 1 5 1 2 11 9

*considerada a menor distância entre os promontórios/pontões vizinhos. **considerada o maior índice entre as praias adjacentes

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(a)

(b)

Figura 15 – Valores dos promontórios quanto aos Serviços Ecossistêmicos em Penha. Em (a) serviços associados aos ambientes terrestres, em (b) serviços associados ao ambiente marinho.

Os serviços para ambientes terrestres apresentaram valores totais muito

próximos, variando entre 9 a 11, indicando grande homogeneidade entre os promontórios

de Penha. Quase metade deles (Ponta da Penha, Ponta Praia da Lola, Promontório

Costãozinho e Vigia, Ponta Praia Grande, Ponta São Miguel/Lucas, Ponta Morro de São

Miguel) atingiram a soma 11 e os fatores que mais colaboraram foram a distância entre

os promontórios e seus índices de forma. Os altos valores obtidos para os promontórios

de Penha indicam a grande influência ecossistêmica destes ambientes e, por sua vez,

destacam a importância de sua conservação. Este promontório está incluído no Plano

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Diretor de Penha como área proposta para implantação de Parque Natural Municipal da

Ponta da Vigia (PMP, 2007).

Para o ambiente marinho o maior valor obtido (15) foi observado para a Ponta

Morro da Galheta (14), que influencia a praia Vermelha, seguido da Ponta da Praia

Grande, que influencia as praias Grande e São Roque. Os fatores que mais influenciaram

nestes resultados foram a área, o índice de forma e o índice de praia para a Ponta do

Morro da Galheta, e a distância e o índice de praia para a Ponta da Praia Grande. Em

contraponto, a Ponta da Penha, que influencia a praia do Medo, teve a menor soma (8),

resultante de sua área, índice de forma e índice de praia.

5.5.2. Avaliação dos promontórios de Itajaí

A Tabela 12 apresenta os resultados da avaliação da estrutura da paisagem para

os promontórios de Itajaí. A soma dos valores considera os índices de forma separados,

sendo a primeira (em rosa) para os ambientes terrestres e a segunda (em azul) para os

ambientes marinhos. Também importante notar que o índice de Praia foi considerado

apenas para o ambiente marinho, o qual tende a resultar em valores de maior pontuação.

A Figura 16 apresenta a localização das feições e os resultados obtidos nesta avaliação.

Tabela 12 – Avaliação da estrutura da paisagem dos promontórios de Itajaí quanto aos Serviços Ecossitêmicos. NOTA: Provisão (P); Suporte (S); Regulação (R); Cultural (C).

ITAJAÍ DISTÂNCIA* ÁREA

ÍNDICE DE FORMA ÍNDICE

DE

PRAIA**

SOMA

P, S, R ambiente terrestre

P, S, R, C ambiente marinho

P, S, R ambiente terrestre

P, S, R, C ambiente marinho

Molhe Itajaí 5 1 1 5 5 7 16

Ponta central Atalaia

5 1 4 3 5 10 14

Promontório de

Cabeçudas 4 2 3 3 2 9 11

Ponta da Praia da Solidão

5 1 4 2 1 10 9

Ponta do Canto do Morcego

5 1 5 1 1 11 8

*considerada a menor distância entre os promontórios/pontão vizinhos. **considerada o maior índice entre as praias adjacentes

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(a)

(b)

Figura 16 – Valores dos promontórios quanto aos Serviços Ecossistêmicos em Itajaí. Em (a) serviços associados aos ambientes terrestres, em (b) serviços associados ao ambiente marinho.

Quanto aos serviços ecossistêmicos para ambientes terrestres foi possível

perceber que o maior valor obtido foi observado para a Ponta do Canto do Morcego (11),

seguido da Ponta da Praia da Solidão e a Ponta Central do Atalaia (10), todos devido a

suas distâncias e índices de forma. Estes resultados indicam a grande importância

ecossistêmica da região do Promontório de Cabeçudas, sendo áreas prioritárias para

conservação no município (FERRARI, 2009).

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Para o ambiente marinho e os serviços culturais, o maior valor obtido Ponta

Central do Atalaia (14), devido a suas distâncias, índices de forma e índice de praia.

Com fim de comparação, a mesma análise também foi realizada para o Molhe de

Itajaí (Tabela 13), que obteve 16 na soma dos serviços em ambienteis marinhos e para os

ambientes terrestres somam 7, o menor de todas as estruturas analisadas no estudo.

Tabela 13 – Avaliação da estrutura da paisagem do Molhe de Itajaí quanto aos Serviços Ecossitêmicos. NOTA: Provisão (P); Suporte (S); Regulação (R); Cultural (C).

ITAJAÍ DISTÂNCIA* ÁREA

ÍNDICE DE FORMA ÍNDICE

DE

PRAIA**

SOMA

P, S, R ambiente terrestre

P, S, R, C ambiente marinho

P, S, R ambiente terrestre

P, S, R, C ambiente marinho

Molhe Itajaí 5 1 1 5 5 7 16

O molhe é uma estrutura artificial construída para regular a hidrodinâmica local,

interferindo na circulação das correntes e sedimentos da área. Assim, entende-se que o

alto resultado desta estrutura obtido indica a grande influência do molhe como

controlador do ambiente marinho, exercendo serviços semelhantes aos oferecidos pelos

promontórios da região. Da mesma forma, sua soma para ambientes terrestres indicam

que esta estrutura artificial exerce sua função apenas no ambiente marinho, tendo pouco

a oferecer ao ambiente terrestre, indicando uma eficiência da metodologia aplicada em

caracterizar as estruturas analisadas.

Os resultados obtidos para a Ponta Central do Atalaia em conjunto com o do

Molhe de Itajaí indicam uma alta influência dos promontórios sobre a praia do

Atalaia/Geremias.

5.5.3. Avaliação dos promontórios de Balneário Camboriú

A Tabela 14 apresenta os resultados da avaliação da estrutura da paisagem para

os promontórios de Balneário Camboriú. A soma dos valores considera os índices de

forma separados, sendo a primeira (em rosa) para os ambientes terrestres e a segunda

(em azul) para os ambientes marinhos. Também importante notar que o Ìndice de Praia

foi considerado apenas para o ambiente marinho, o qual tende a resultar em valores de

maior pontuação. A Figura 17 apresenta a localização das feições e os resultados obtidos

nesta avaliação.

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Tabela 14 – Avaliação da estrutura da paisagem dos promontórios de Balneário Camboriú quanto aos Serviços Ecossitêmicos. NOTA: Provisão (P); Suporte (S); Regulação (R); Cultural (C).

BALNEÁRIO CAMBORIÚ

DISTÂNCIA* ÁREA

ÍNDICE DE FORMA ÍNDICE

DE

PRAIA**

SOMA

P, S, R ambiente terrestre

P, S, R, C

ambiente marinho

P, S, R ambiente terrestre

P, S, R, C

ambiente marinho

Ponta Morro do Careca

5 1 5 1 2 11 9

Ponta Morro da Rainha

5 1 5 1 3 11 10

Ponta Praia do Coco 1

5 1 4 2 2 10 10

Ponta Praia do Coco 2

5 1 5 1 2 11 9

Ponta da Aguada 4 3 5 1 3 12 11

Ponta da Aguada/Laranjeiras

5 1 3 3 1 9 10

Ponta das Laranjeiras/Lajeado

5 2 5 1 1 12 9

Ponta da Taquarinhas

5 1 5 1 2 11 9

Ponta das Taquaras

5 3 4 2 2 12 12

Ponta do Lobo 5 1 4 2 1 10 9

Ponta do Coqueiro 4 1 4 2 2 9 9

Ponta do Malta e Cana do Reino

4 1 4 2 2 9 9

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(a)

(b)

Figura 17 – Valores dos promontórios quanto aos Serviços Ecossistêmicos em Balneário Camboriú. Em (a) serviços associados aos ambientes terrestres, em (b) serviços associados

ao ambiente marinho.

Quanto aos serviços referentes a ambientes terrestres, foi possível perceber que o

maior valor obtido (12) foi para a Ponta da Aguada, Ponta das Laranjeiras/Lajeado e a

Ponta das Taquaras, os fatores que mais influenciaram este resultado foram suas

distâncias e índices de forma. Estes valores denotam a importância destes promontórios

para a região, e a necessidade de sua conservação, sendo os mesmos já contidos na

APA de Costa Brava e ressaltados por Nihues (2009). Contudo, as unidades de

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conservação de proteção integral são as mais efetivas quanto à proteção, sendo o caso

de Projeto de Lei para criação do Parque Estadual de Taquarinhas, mas aparentemente

“engavetado”. O maior resultado para os serviços marinhos foi verificado na Ponta das

Taquaras (12), devido a sua distância e área, seguido da Ponta da Aguada (11), devido a

sua distância e índice de praia. O índices de praia para Balneário Camboriú foram baixos,

nenhuma praia acima de 3, indicando uma região de praias menos curvas e, portanto,

com menor influência dos promontórios sobre as praias (SILVEIRA et al, 2010).

5.6. Serviços Ecossistêmicos dos Promontórios de Maiores Valores

A Tabela 15 apresenta os promontórios da área de estudo, colocados em ordem

decrescente do valor da soma final dos parâmetros de estrutura da paisagem, para

obtenção dos serviços ecossistêmicos analisados. São destacados por tonalidade de

verde os maiores resultados para cada município.

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Tabela 15 – Valores de todos os Promontórios quanto aos serviços ecossitêmicos prestados. NOTA: Provisão (P); Suporte (S); Regulação (R); Cultural (C)

P, S, R AMBIENTE

TERRESTRE SOMA P, S, R, C AMBIENTE

MARINHO SOMA

Ponta da Aguada 12 Molhe Itajaí 16

Ponta das Laranjeiras/Lajeado 12 Ponta Morro da Galheta 15

Ponta das Taquaras 12 Ponta Praia Grande 14

Ponta da Penha 11 Ponta central Atalaia 14

Ponta Praia da Lola 11 Ponta Praia Vermelha 13

Promontório Costãozinho e Vigia

11 Ponta das Taquaras 12

Ponta Praia Grande 11 Ponta Praia da Lola 12

Ponta São Miguel/Lucas 11 Promontório Costãozinho e Vigia

12

Ponta Morro de São Miguel 11 Ponta da Aguada 11

Ponta do Canto do Morcego 11 Ponta da Vigia 11

Ponta Morro do Careca 11 Promontório de Cabeçudas 11

Ponta Morro da Rainha 11 Ponta Morro da Rainha 10

Ponta Praia do Coco 2 11 Ponta Praia do Coco 1 10

Ponta da Taquarinhas 11 Promontório Ponta da Penha 10

Ponta Praia do Medo 10 Ponta da Aguada/Laranjeiras 10

Ponta da Vigia 10 Ponta das Laranjeiras/Lajeado 9

Ponta Morro da Galheta 10 Ponta São Miguel/Lucas 9

Ponta central Atalaia 10 Ponta Morro de São Miguel 9

Ponta da Praia da Solidão 10 Ponta Morro do Careca 9

Ponta Praia do Coco 1 10 Ponta Praia do Coco 2 9

Ponta do Lobo 10 Ponta da Taquarinhas 9

Promontório Ponta da Penha 9 Ponta Praia do Medo 9

Ponta Praia Vermelha 9 Ponta da Praia da Solidão 9

Promontório de Cabeçudas 9 Ponta do Lobo 9

Ponta da Aguada/Laranjeiras 9 Ponta do Coqueiro 9

Ponta do Coqueiro 9 Ponta do Malta e Cana do Reino

9

Ponta do Malta e Cana do Reino

9 Ponta da Penha 8

Molhe Itajaí 7 Ponta do Canto do Morcego 8

Para os serviços ecossistêmicos em ambientes terrestres os maiores resultados

foram observados na Ponta da Aguada, Ponta da Laranjeiras/Lajeado e Ponta das

Taquaras, todos fazem parte do promontório da Costa Brava, em Balneário Camboriú.

Em Penha destacou-se a Ponta da Penha e em Itajaí a Ponta do Canto do Morcego.

Essa situação indica a situação privilegiada da estrutura da paisagem de Balneário

Camboriú para os serviços em ambientes terrestres, sendo de grande importância para a

gestão pública local a priorização na manutenção e conservação ambiental destes

promontórios, sem desmerecer a importância de todos os demais.

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Quanto aos serviços em ambientes marinhos, os maiores valores foram

observados para o Molhe de Itajaí (Itajaí), Ponta do Morro da Galheta (Penha), Ponta da

Praia Grande (Penha), a Ponta Central do Atalaia (Itajaí) e a Ponta da Praia Vermelha

(Penha). Os resultados indicam também os menores valores para os promontórios de

Balneário Camboriú. Entretanto, destaca-se que, mesmo tendo essa menor pontuação

em relação aos outros municípios, Balneário Camboriú é o que apresenta melhor

infraestrutura para as atividades culturais nos promontórios, além de que o item beleza

cênica foi intensamente citado entre os entrevistados deste município, que reflete a

estratégia de uma gestão pública voltada ao turismo e ecoturismo, conforme indica

Ziembowicz (2012).

As figuras a seguir ilustram estes resultados, classificando os promontórios para

toda a área de estudo, para os serviços ecossistêmicos em ambientes terrestres (Figura

18) e de ambientes marinhos (Figura 19).

Figura 18 – Promontórios da área de estudo, classificados quanto a soma dos parâmetros os serviços ecossistêmicos em ambientes terrestres.

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Figura 19 – Promontórios da área de estudo, classificados quanto aos serviços ecossistêmicos em ambientes marinhos.

No tocante aos serviços de regulação, estes promontórios se destacam pela

influência nas praias. Para Jackson & Cooper (2009), quanto mais distantes estiverem os

promontórios, menos limitada é a praia e, portanto, menor é a variabilidade do pacote

sedimentar. Segundo estes autores, praias com alta variabilidade do pacote sedimentar

são de difícil classificação quanto ao perfil de praia, podendo haver incoerência entre os

resultados da classificação e o perfil observado, sendo que em praias limitadas, onde o

embasamento rochoso exerce forte influência no pacote sedimentar, a classificação

quanto ao perfil pode ser até inadequada.

Para Silveira et al (2010) a estabilidade da forma em planta das praias de

enseada é influenciada pela extensão dos promontórios laterais, onde promontórios

extensos não possibilitam o transporte de sedimento entre as praias vizinhas, já em

praias com promontórios pequenos pode ocorrer troca de sedimento, gerando

instabilidade da forma.

A Tabela 16 apresenta os promontórios ordenados pela ordem decrescente da

soma dos serviços de regulação marinha e as praias que eles influenciam, em conjunto

com a caracterização morfodinâmica apresentada na Tabela 8 e na Tabela 9. Em

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amarelo são destacadas as diferenças entre as classificações de estabilidade da praia,

em rosa as diferentes exposições a ondas, em verde quanto a granulometria do

sedimento e em marrom quanto a classificação do perfil praial, considerando o tom mais

escuro as diferenças mais discrepantes e em tom mais claro as classificações mais

próximas. As praias em vermelho são as que se repetem em dois promontórios.

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Tabela 16 – Promontórios ordenados quanto aos valores totais da análise dos serviços de regulação marinha, suas praias adjacentes e caracterização morfodinâmica de acordo com a bibliografia. Nota: D para dissipativa, I para intermediária e R para refletiva.

PROMONTÓRIO SOMA PRAIA ESTABILIDADE EM PLANTA EXPOSIÇÃO A

ONDAS CARACTERIZAÇÃO MORFODINÂMICA

Molhe Itajaí 16 Atalaia e Geremias estático dinâmico exposto protegido muito fina

- - D I

Ponta Morro da Galheta

15 Praia Vermelha estático dinâmico exposto - grossa - - I I

Ponta Praia Grande 14 Praia de São Roque - - - - - - - - -

Ponta central Atalaia 14 Atalaia e Geremias estático dinâmico exposto protegido muito fina

- - D I

Ponta Praia Vermelha 13 Praia Vermelha estático dinâmico exposto - grossa - - I I

Ponta das Taquaras 12 Pinho estático - exposto - média,

fina grossa

média grossa

I D

Ponta Praia da Lola 12 Praia do Quilombo - - exposto - média,

fina - - R R

Promontório Costãozinho e Vigia

12 Praia da Armação estático dinâmico exposto - grossa - - R I

Ponta da Aguada 11 Central

em remodelamento

/ estático / dinâmico

dinâmico / prox. de estático

exposto - fina fina - D D

Ponta da Vigia 11 Praia Grande dinâmico dinâmico /

prox de estático

exposto semi

protegido grossa, média

- - I -

Promontório de Cabeçudas

11 Cabeçudas dinâmico estático exposto –

baixa energia

- média

R D

Ponta Morro da Rainha

10 Buraco estático dinâmico exposto - grossa, média

- R -

Ponta Praia do Coco 1 10 Coco - - abrigado - grossa, média

- -

Promontório Ponta da Penha

10 Praia da Armação estático dinâmico exposto - grossa - - R I

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PROMONTÓRIO SOMA PRAIA ESTABILIDADE EM PLANTA EXPOSIÇÃO A

ONDAS CARACTERIZAÇÃO MORFODINÂMICA

Ponta da Aguada/Laranjeiras

10 Laranjeiras estático estático exposto -

baixa energia

- média - - D R / I

Ponta das Laranjeiras/Lajeado

9 Laranjeiras estático estático exposto -

baixa energia

- média - - D R / I

Ponta São Miguel/Lucas

9 Praia de São Miguel estático estático exposto - fina, muito fina

- - I -

Ponta Morro de São Miguel

9 Praia de São Miguel estático estático exposto - fina, muito fina

- - I -

Ponta Morro do Careca

9 Brava dinâmico dinâmico exposto - grossa, média

média - I R

Ponta Praia do Coco 2 9 Coco - - abrigado - grossa, média

- -

Ponta da Taquarinhas 9 Taquaras/Taquarinhas estático prox. de estático

exposto exposto grossa média grossa

- R R / I

Ponta Praia do Medo 9 Praia do Medo - - exposto - média,

fina - - R R

Ponta da Praia da Solidão

9 Solidão - - exposto - fina - - - -

Ponta do Lobo 9 Estaleiro estático - exposto - grossa, média

média

R I

Ponta do Coqueiro 9 Estaleiro estático estático exposto - grossa, média

média

R I

Ponta do Malta e Cana do Reino

9 Estaleirinho estático - exposto - grossa, média

- - R I

Ponta da Penha 8 Praia do Medo - - exposto - média,

fina - - R R

Ponta do Canto do Morcego

8 Canto do Morcego estático - exposto - média com

rochas - - I I

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Foi possível perceber que os promontórios com as maiores somas quanto aos

serviços de regulação para ambiente marinho estão relacionados a praias com maior

frequência de inconsistência entre as classificações morfodinâmica disponíveis na

bibliografia, corroborando assim com as afirmações de Jackson & Cooper (2009),

Jackson et al (2005) e Silveira et al (2010) quanto à influência dos promontórios rochosos

na variabilidade do pacote sedimentar das praias adjacentes.

Os resultados indicam, então, que as praias mais influenciadas pelos

promontórios na área de estudo são: a praia do Atalaia/Geremias em Itajaí, a praia

Vermelha e praia de São Roque, em Penha, e a praia do Pinho em Balneário Camboriú.

Destaca-se, além das praias citadas acima, a praia da Armação, em Penha, que

associada ao promontório Costãozinho do Oeste e Vigia teve alta classificação a partir

desta metodologia e, de acordo com a bibliografia, este promontório proporciona alta

difração das onda incidentes, o que gera uma variabilidade da energia de onda ao longo

da linha de praia. Sangoi (2005) separa esta praia em duas porções, Armação e Armação

de Itapocoroy, sendo esta última um ambiente protegido, dissipativo e de areia fina a

muito fina, e a primeira uma praia exposta de areia grossa. Complementam essa

caracterização Silveira et al (2011) caracterizando a praia da Armação como refletiva e

Klein & Menezes (2001 apud SILVEIRA, op.cit) como intermediária.

Para os promontórios com as menores somas, Ponta da Penha e Ponta do Canto

do Morcego, suas praias adjacentes não apresentam discrepâncias na caracterização

morfológica presente na bibliografia consultada. Estes resultados também indicam uma

menor influência sobre a regulação das praias dos promontórios de Balneário Camboriú

A partir da análise de todos os resultados, então, é possível verificar a importância

dos promontórios quanto aos serviços prestados. Ecologicamente, atuam como ilhas de

áreas conservadas dentro de uma paisagem ocupada por áreas urbanas (MARENZI,

2004). As pressões atuantes no litoral frequentemente envolvem a destruição de florestas

costeiras, áreas úmidas e outros habitats, sendo que “a maior ameaça aos ecossistemas

costeiros é a perda de habitats e serviços relacionados ao desenvolvimento” (JURAS,

2012, p.23). A conservação e manutenção das funções ecossistêmicas dos promontórios

estudados deveriam ser garantidas hoje pela legislação estadual (SANTA CATARINA,

1982) e municipal (planos diretores). Também importante considerar que os promontórios

de Balneário Camboriú pertencem à APA da Costa Brava, unidade de conservação de

uso sustentável (BRASIL, 2000), mas cuja efetivação depende do Plano de Manejo,

ainda em elaboração. Acredita-se que a instituição da APA da Praia Vermelha

(Promontório Ponta da Praia Vermelha) e o Parque Natural Municipal da Ponta da Vigia),

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previstos no plano diretor de Penha desde 2007, também pode auxiliar na conservação

ambiental da região. Considerando que as unidades de conservação são ferramentas de

gestão territorial para proteção dos recursos naturais (Silva & Souza, 2009), o mesmo

também pode ser colocado para o projeto de lei do Parque Estadual da Praia de

Taquarinhas (Projeto de Lei 612/09).

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6. CONCLUSÕES

Os serviços ecossistêmicos prestados pelos promontórios rochosos dos

municípios de Penha, Itajaí e Balneário Camboriú são principalmente serviços de suporte.

No entanto, os resultados das entrevistas indicaram uma maior percepção social dos

serviços de regulação e culturais, tendo destaque a proteção costeira, beleza cênica e

atividades de lazer. O fornecimento de alimento foi um serviço de provisão citado pelos

usuários dos três municípios, porém percebe-se que em Penha a tradição da coleta e

cultivo de mariscos aproxima a população dos promontórios rochosos.

Os serviços, na sua maioria, são providos ao homem de forma indireta,

destacando a importância da valorização de programas de Educação e Conscientização

Ambiental, possibilitando uma maior percepção da população para importância destes

serviços e, consequente, importância da conservação destes ambientes.

Conclui-se que os promontórios rochosos tem grande importância nas atividades

econômicas destes municípios e proporciona qualidade de vida aos seus moradores.

Balneário Camboriú tem sua economia baseada no turismo e os resultados indicaram

que a conservação dos promontórios é um fator importante para manutenção das

atividades turísticas nesta cidade. A Ponta da Aguada, Ponta das Laranjeiras e a Ponta

das Taquaras foram os promontórios que apresentaram as maiores importâncias quanto

aos serviços ecossistêmicos para ambientes terrestres. Para os serviços para ambientes

marinhos, destacam-se os promontórios de Penha, Ponta do Morro da Galheta, Ponta da

Praia Grande e Ponta da Praia Vermelha. Observou-se também grande influência do

Molhe de Itajaí e a Ponta Central do Atalaia quanto estes serviços.

Quanto aos serviços de regulação dos promontórios sobre a dinâmica das praias

adjacentes, quanto mais alongados e mais próximos os promontórios se encontram,

maior a instabilidade das praias de enseada, dificultando ou inviabilizando as

classificações do perfil destas praias. As praias mais influenciadas pelos promontórios

adjacentes são Atalaia/Geremias, em Itajaí, Vermelha e São Roque, em Penha, e a praia

do Pinho em Balneário Camboriú.

Por fim, conclui-se que os resultados obtidos na metodologia adaptada de

avaliação dada estrutura da paisagem, incluindo o atributo de Índice de Praia, em

comparação com os resultados obtidos na bibliografia e nas entrevistas indicam uma boa

aplicabilidade desta metodologia para análises dos serviços ecossistêmicos em áreas

diferentes, permitindo classificação e comparação entre as regiões. Destaca-se a

ponderação realizada entre os serviços de ambientes terrestres e marinhos, sendo que

este último considerou a influência dos promontórios na forma em planta das praias

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adjacentes, onde os resultados indicaram que a foi eficiente para caracterização e

diferenciação das estruturas de paisagem analisadas neste trabalho. Esta percepção

também é obtida a partir dos resultados referente ao Molhe de Itajaí, onde os resultados

indicam grande importância da estrutura para os serviços em ambientes marinhos,

função primordial desta estrutura artificial, e baixa influência nos serviços de ambiente

terrestre.

Ainda que os promontórios estudados apresentem constituição geológica

diferente, sendo os de Penha e Itajaí formados por rochas do Complexo Santa Catarina e

de Balneário Camboriú por rochas do Complexo Brusque, provêm as mesmas classes de

serviços ecossistêmicos: de provisão, suporte, regulação e cultural. Contudo, o que

diferencia a predominância de um serviço, destacando uma classe ou outra, é a maneira

como estes serviços são percebidos pela população que se beneficia dos mesmos, e isto

está atrelado às características sociais, ambientais e culturais peculiares a cada

município. Por outro lado, as feições dos promontórios vão influenciar na estrutura da

paisagem em que cada promontório está inserido, fazendo com que um serviço possa ser

mais ou menos ofertado.

Atualmente existe uma gama de leis ambientais restringindo o uso das regiões

onde estão inseridos os promontórios, porém estes não estão totalmente legalmente

protegidos, pois não há suporte legal específico, assim como ainda existe indefinição

quanto ao seu conceito. Estes fatos fragilizam os promontórios, mesmo que fisicamente,

considerando o substrato rochoso, revelem-se indestrutíveis. Contudo, a simples

alteração visual da sua paisagem por meio da retirada ou alteração da vegetação ou de

organismos marinhos incrustrados, contribui para a perda dos serviços ecossistêmicos

dos promontórios. Em Penha, Itajaí e Balneário Camboriú a conservação ambiental dos

promontórios é garantida em grande parte pela legislação estadual e municipal, porém

destaca-se a importância o papel das unidades de conservação como ferramenta para

gestão pública na proteção dos ecossistemas e seus recursos naturais para garantir a

conservação integral destes ambientes.

Como recomendações futuras, são indicados estudos de percepção social que

avaliem diferentes stakeholders (ou partes interessadas), como empresários e gestores

públicos, com o objetivo de conhecer a consciência destas pessoas e sua influência na

conservação dos promontórios. Estendendo a importância da participação social na

gestão, tem-se a necessidade de implementação das Unidades de Conservação mais

restritivas, em áreas atualmente não protegidas, ou as já previstas como em Penha e na

praia de Taquarinhas, em Balneário Camboriú.

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APÊNDICE A

ENTREVISTA

Sexo _______________ Idade___________ Escolaridade_________________

Email/telefone contato: _______________________________________________________

Assinar TCLE

Usuária da região como:

Morador Turista Veranista

Veranista: tem/aluga imóvel, mas mora em outra cidade – frequência anual.

Sabe o que são promontórios rochosos?

Sim Não

Explicação (se sim a explicação deve vir primeira do entrevistado)

Resposta do entrevistado _________________________________________________________________________

Você costuma visitar/frequentar os promontórios?

Sim Não

Atividades ____________________________________________________________________________

Sabe o que são serviços ambientais?

Sim Não

Resposta aberta _____________________________________________________________

Explicação: Serviços ambientais são serviços que a natureza presta ao homem, por exemplo, um rio presta o serviço de fornecimento de comida, presta o serviço de lazer, presta o serviço de fornecimento de água.

Com base no que são serviços ambientais, quais são os serviços que você considera que são fornecidos pelos promontórios?

Regulação climática Controle de doenças Fornecimento de água Biodiversidade Fornecimento de alimento Recursos pesqueiros Produção de solo Proteção da erosão Plantas Medicinais Produção primária Aquacultura Moradia Transito Espiritual Recreação/Lazer Educação Esporte Pesca Contemplação da paisagem

Outros_______________________________________________________________________

Uso da pesquisadora: Classes: Regulação / Fornecimento / Suporte / Cultural

Destes serviços quais você acredita que usa diretamente?

Resposta aberta_ _____________________________________________________________

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

O Sr (a) está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser

esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao

final deste documento, com a folha rubricada pelo pesquisador. Em caso de recusa você não será

penalizado(a) de forma alguma.

Cada um dos itens abaixo esclarece os detalhes da pesquisa, em respeito à resolução CNS

466/12.

Projeto: SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS PRESTADOS PELOS PROMONTÓRIOS COSTEIROS NO LITORAL CENTRO-NORTE DE SANTA CATARINA.

Objetivos: O objetivo geral desta pesquisa é analisar os serviços ecossistêmicos prestados pelos promontórios costeiros, considerando os benefícios que eles trazem em relação às alterações climáticas,

Os dados coletados na entrevista não tem o objetivo de identificar o entrevistado, objetivando, apenas, avaliar a percepção da população quanto aos pontos a ser avaliados pela pesquisa de mestrado;

A entrevista será via oral e a folha de respostas preenchida pelo pesquisador, com livre acesso para consulta pelo entrevistado;

Esta pesquisa não oferece prejuízos ou lesões, sendo o único risco considerado o desconforto do entrevistado ao responder à entrevista;

Participar dessa pesquisa irá colaborar para um melhor entendimento da visão da população a respeito dos serviços ambientais (ecossistêmicos) e, com isso, ajudar na gestão dos recursos ambientais;

A dissertação final estará disponível para consulta na biblioteca da Univali, bem como poderá ser enviada aos interessados por e-mail, caso entrem em contato com a aluna pesquisadora;

A participação estimada é de 15 minutos. De acordo com o código de ética seguido, manteremos o sigilo e as informações não serão publicadas com identificação do entrevistado. O entrevistado tem livre direito a recusa de participação da entrevista, bem como retirar seu consentimento a qualquer momento. Esta entrevista não oferece remuneração ou bonificação aos entrevistados.

Nome do Pesquisador: _____________________________________________

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, __________________________________________, RG____________________________,

CPF ___________________________________ abaixo assinado, concordo em participar do

presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os

procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha

participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem

que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de meu

acompanhamento/assistência/tratamento.

Local e data: _____________________________________________________________

_________________________________ ______________________________

Entrevistado Pesquisador

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APÊNDICE B

Tabela com as medidas dos promontórios calculadas para análise de estrutura da

paisagem.

NOME ÁREA (km²)

PERÍMETRO (km)

ÍNDICE DE

FORMA

DISTÂNCIA PROM.

ESQ (m)

DISTÂNCIA PROM DIR

(m)

Ponta da Penha 0,00113 0,14 1,15 n.a. 237,22

Ponta Praia do Medo 0,00178 0,24 1,62 237,22 607,29

Ponta Praia da Lola 0,00820 0,46 1,43 607,29 4374,34

Promontório Ponta da Penha 0,57727 3,87 1,44 na 5588,87

Promontório Costãozinho e Vigia 0,26310 2,62 1,44 4709,43 1692,08

Ponta da Vigia 0,08751 1,44 1,38 n.a. 1733,74

Ponta Praia Grande 0,20763 2,58 1,60 1733,74 1144,43

Ponta Praia Vermelha 0,08674 2,00 1,91 1144,43 3667,66

Ponta Morro da Galheta 0,97664 7,75 2,21 3667,66 n.a.

Ponta São Miguel/Lucas 0,04411 0,91 1,22 n.a. 890,10

Ponta Morro de São Miguel 0,08231 1,38 1,36 890,10 n.a.

Molhe Itajaí 0,02229 1,54 2,91 257,48 864,88

Ponta central Atalaia 0,04429 1,49 1,99 864,88 1341,82

Promontório de Cabeçudas 0,22302 3,52 2,10 1341,82 4158,92

Ponta da Praia da Solidão 0,08342 1,89 1,84 n.a. 394,88

Ponta do Canto do Morcego 0,00901 0,41 1,20 387,43 3482,98

Ponta Morro do Careca 0,09594 1,49 1,35 3482,98 1074,71

Ponta Morro da Rainha 0,18062 2,20 1,46 1074,71 4022,88

Ponta Praia do Coco 1 0,00939 0,54 1,58 225,31 n.a.

Ponta Praia do Coco 2 0,00504 0,37 1,46 n.a. 225,31

Ponta da Aguada 0,52545 3,48 1,35 4022,88 1468,78

Ponta da Aguada/Laranjeiras 0,04551 1,50 1,98 3937,24 1106,32

Ponta das Laranjeiras 0,28720 2,71 1,42 1468,74 1144,64

Ponta da Taquarinhas 0,01973 0,67 1,35 1144,64 2141,03

Ponta das Taquaras 0,51218 4,06 1,60 2141,03 1164,62

Ponta do Lobo 0,05136 1,39 1,73 1164,62 2077,46

Ponta do Coqueiro 0,13301 2,08 1,61 2077,46 1797,78

Ponta do Malta e Cana do Reino 0,13301 2,08 1,61 1797,78 n.a.

n.a. – não se aplica

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Tabela com as medidas das praias utilizadas para cálculo do índice de praia da

análise de estrutura da paisagem.

NOME EXTENSÃO

(m) DISTANCIA

(m)

ÍNDICE DE

PRAIA

Praia do Medo 158,672 154,690 0,975

Praia do Quilombo 536,591 506,936 0,945

Praia da Armação 5190,437 3940,913 0,759

Praia Grande 1852,899 1409,003 0,760

Praia de São Roque 652,063 608,890 0,934

Vermelha 3026,853 2398,554 0,792

Praia de São Miguel 695,193 633,723 0,912

Atalaia/Geremias 1097,114 809,980 0,738

Cabeçudas 719,541 690,561 0,960

Solidão 57,708 56,437 0,978

Canto do Morcego 142,000 135,549 0,955

Brava 3345,552 3134,717 0,937

Buraco 840,037 817,827 0,974

Coco 109,230 101,786 0,932

Central 5753,792 4646,283 0,808

Laranjeiras 562,486 546,838 0,972

Taquaras/Taquarinhas 1930,557 1809,397 0,937

Pinho 344,283 331,028 0,962

Estaleiro 1796,201 1693,136 0,943

Estaleirinho 1128,582 1046,619 0,927

n.a. – não se aplica