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Servidor Publico 1

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1 INTRODUÇÃO

O servidor público é denominado como titular de função da Administração

Pública, direta e indireta, integrando em cargos ou empregos das entidades politicas

administrativas, suas autarquias e fundações, exercendo atividade empregatícia com

remuneração mensal, que provem de arrecadação pública de impostos.

Visando fazer um estudo sobre esta temática, a pesquisa partiu da definição de

servidor publico, e posteriormente sobre sua estabilidade administrativa, sobre seu

cargo, função ou emprego público, regimes remuneratório e previdenciário e o direito

de greve e livre iniciativa do servidor publico.

A pesquisa teve como objetivo demonstrar a importância da atividade do

servidor público em prol do interesse da coletividade, e apontar o papel que a

Administração Pública na atuação do exercício funcional na busca de resultados

eficazes pelo rendimento do servidor. Sendo assim, este estudo tem como finalidade

levantar dados que possibilitem a reflexão sistemática do tema, bem como sua

organização e o delineamento da proposta do trabalho.

O presente trabalho traz um caso concreto que faz reconhecimento do desvio de

função do servidor publico no qual, seria quando o servidor desempenha função ou

atividade que é distinta daquela que foi designado. O caso concreto analisa uma ação de

conhecimento, referente ao direito de exigir o pagamento das diferenças remuneratórias

decorrentes do desvio de função publica.

Em suma, após apurar os dados coletados na doutrina e no caso concreto, foi

concluído que a Administração Pública não age por si só, mas em conformidade com a

lei, necessitando assim de seus servidores públicos para a realização e aquisição das

suas atividades administrativas.

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2 DISCRICIONARIEDADE E CONTROLE JUDICIAL

Segundo Celso Antônio de bandeira Mello (1998, p.48) a discricionariedade é a

margem de liberdade que remanesça ao administrador para eleger, segundo critérios

consistentes de razoabilidade, um, dentre pelo menos dois comportamentos cabíveis,

perante cada caso concreto, a fim de cumprir o dever de adotar a solução mais adequada

à satisfação da finalidade legal, quando, por força da fluidez das expressões da lei ou da

liberdade conferida no mandamento, dela não se possa extrair objetivamente uma

solução unívoca para a situação.

A discussão acerca da Discricionariedade e o seu Controle Judicial envolvem

questões, sobre a função administrativa e o dever de alcançar certa finalidade legal, ou

seja, seria o dever de satisfazer o interesse da coletividade ou o interesse de terceiro.

Logo, cabe ao administrador fazer uma analise de como proceder perante obstáculos, na

busca de uma solução que melhor atenda ao interesse público.

O controle judicial sobre atos administrativos esta ligado a interpretação que o

judiciário faz da lei, isto é, esta relacionado a legalidade, em confronto com o caso

concreto, sendo que a discricionariedade do ato administrativo nao é limitado apenas as

oportunidades administrativas elaboradas através de critérios como a conveniência, mas

sim através da sua forma e finalidade.

Por conseguinte, existe entre a lei e a atividade administrativa uma relação de

submissão, isto é, a Administração só pode fazer o que a lei determina, nos termos e

limites exposto pela legislação, sendo que tal comprovação nos permite dizer que a

atividade administrativa é baseada na ideia de função administrativa, em que o

administrador faz disposição de deveres-poderes e não de poderes-deveres.

Vale dizer, que a vontade própria do administrador constituída pela norma, é a

natureza jurídica da discricionariedade administrativa, que diante do caso concreto

haverá uma conduta coerente para satisfazer determinada finalidade legal, sendo que só

ela poderá ser validamente adotada, não importando se o administrador teve a opção de

praticar ou não o ato administrativo.

Deste modo, segundo o autor os poderes depositados nas mãos da Administração

Publica, ante seu caráter serviente, não é para ser manejado em quaisquer

circunstancias, para quaisquer fins ou quaisquer formas. Pelo contrario, é previsto como

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utilizável perante certas circunstancias, para alcançar determinados fins e especificas

formas .(MELLO, 1998, p.85)

3 SERVIDOR PÚBLICO

A Constituição Federal substitui a expressão funcionário publico por servidor

publico, por limitar em demasiado a função indicando apenas algumas categorias do

servidor público, que integram a Administração Direta, as autarquias e as fundações

publicas.

Conforme CARVALHO FILHO (2012, p. 588), servidores públicos são todos os

agentes que, exercendo com caráter de permanência uma função publica em decorrência

de relação de trabalho, integram o quadro funcional das pessoas federativas, das

autarquias e das fundações publicas de natureza autárquica.

Entretanto, num sentido mais restrito a terminologia, não são considerados

servidores públicos aqueles que prestam serviços as entidades privadas da

Administração Indireta, fundações públicas de direito privado e sociedades de economia

mista, ou seja, existe um sentido amplo e restrito para a expressão servidor publico.

O servidor público possui sua própria classificação dentro da Administração

Direta, que seria: servidores públicos civis e militares, servidores públicos e especiais, e

servidores públicos estatuários, trabalhistas e temporários. Os servidores civis e

militares são a primeira classificação que a Constituição estabelece, proporcionando

assim normas especificas para cada uma dessas categorias.

Já os servidores comuns e especiais, de acordo com CARVALHO FILHO (2012,

p.591) são servidores públicos comuns aqueles a quem incumbe o exercício das funções

administrativas em geral e o desempenho das atividades de apoio aos objetivos básicos

do Estado. E os especiais são aqueles que executam certas funções de especial

relevância no contexto geral das funções do Estado, sendo, sujeitos a regime jurídico

funcional diferenciado, sempre estatuário, instituído por diploma normativo específico,

organizador de seu estatuto.

E por último os servidores estatuários que são regidos por estatutos, que

enunciam seus direitos e deveres, os servidores públicos trabalhistas que seguem as

regras disciplinadoras da Consolidação das Leis do Trabalho e os servidores públicos

temporários, que são admitidos no desempenho da função por tempo determinado.

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O servidor público também possui características especificas para que possa

exercer de forma correta sua função no desempenho de suas atividades. As

características seriam a profissionalidade que é a forma efetiva do pleno exercício da

função de servidor, como ser também um profissional do Poder Publico. A

definitividade que seria a duração no cumprimento da função, ou seja, funções de

caráter temporário e situações excepcionais.

Por fim, a existência de uma relação jurídica de trabalho entre a pessoa

beneficiaria que é o empregador e o servidor publico, que prestam serviços ao Estado

sendo assim remunerado, ou seja, seria uma relação empregatícia em sentido amplo,

considerando também o trabalho nas entidades privadas em geral.

Destarte, os servidores públicos são ligados a Administração Publica por um

Regime Jurídico, caracterizado como conjunto de traços, conotações que tipificam

determina relação jurídica, que se classifica em regimes: Estatuário, Trabalhista,

Especial e Jurídico Único. Cada um dos regimes asseguram os direitos e deveres dos

servidores públicos, ou seja, disciplinam as varias categorias especificas dos servidores.

Entre a classificação dos regimes, existe um regime de Emprego Publico, que de acordo

com CARVALHO FILHO (2012, p.596) nada mais é que a aplicação do regime trabalhista

comum á relação entre a Administração e o respectivo poder. O critério para a convocação

desse regime seria por via de previa aprovação em concurso publico de provas e títulos, como

esta previsto no art. 37, II, da Lei Fundamental.

Segundo MELLO (1998, p.47) uma vez que atividades é desempenho de função

e dado a função é o cumprimento obrigatório do dever de atingir uma finalidade

antecipadamente estabelecida através do manejo de poderes exercitáveis no interesse de

outrem, o servidor público tem um importante papel no desempenho das atividades

administrativas, pois agindo de maneira compatível para o desenvolver das suas

atividades e aprimoramento, maximizando os benefícios, contribui de forma simples e

clara para a continua melhoria da gestão publica, criando assim uma nova percepção

frente ao interesse da Administração Publica.

4 ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DO SERVIDOR

A Constituição Federal faz previsão no artigo 37, inciso I a aquisição do servidor

aos cargos, empregos e funções publicas.

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao

seguinte:

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que

preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma

da lei; 

Os servidores públicos serão designados pelo órgão publico no que tange sua

vocação a investir em cargos, empregos e funções publicas. Segundo CARVALHO

FILHO (2012, p.604), cargo público é o lugar dentro da organização funcional da

Administração Direta e de suas autarquias e fundações publicas que, ocupado por

servidor publico, tem fundações especificas e remuneração fixada em lei ou diploma a

ela equivalente.

Cargo público pode ser classificado em três categorias: cargos vitalícios, cargos

efetivos e cargos em comissão. Os cargos vitalícios são aqueles que conferem uma

maior garantia de estabilidade ao servidor, sendo assim o servidor vitalício tem uma

estabilidade maior que o servidor estável, pois em regra somente perderá o cargo através

de processo judicial. Os efetivos são aqueles dotados de uma natureza de permanência,

no qual representa a maioria absoluta dos integrantes da administração publica. Já os

cargos em comissão, são de caráter provisório, declarados por nomeação em função do

vinculo entre eles e a direção ou chefia.

A expressão emprego público conforme DI PIETRO (2012, p.589) passou a ser

utilizada, paralelamente a cargo publico, também para designar uma unidade de

atribuições, distinguindo-se uma da outra pelo tipo de vinculo que liga o servidor ao

Estado, o ocupante de emprego publico tem um vinculo contratual, sob a regência da

CLT, enquanto o ocupante do cargo publico tem um vinculo estatutário, regido pelo

Estatuto dos Funcionários Públicos que, na União, esta contido na lei que instituiu o

regime jurídico único (Lei n°8.112/90).

Já função publica segundo CARVALHO FILHO (2012, p.605) é a atividade em

si mesma, ou seja, função é sinônimo de atribuição e corresponde ás inúmeras tarefas

que constituem o objeto dos servidores públicos. Neste sentido fala-se em função de

apoio, função de direção e função técnica, sendo funções suscetíveis de remuneração.

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Em último aspecto, existem maneiras específicas para se ingressar em cargos,

funções e empregos públicos, que são: nomeação, aprovação em concurso publico,

contratação temporária ou ate mesmo a eleição.

5 A ESTABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO

De acordo com CARVALHO FILHO (2012, p.661) estabilidade é o direito

outorgado ao servidor estatutário, nomeado em virtude de concurso publico após três

anos de efetivo exercício, como passou a determinar a EC n° 19/1998, que alterou o art.

41 da CF, pelo qual anteriormente era exigido o prazo de dois anos.

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados

para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.

O direito de estabilidade conferida ao servidor público solicita requisitos como a

temporalidade e exige também como condição para a aquisição da estabilidade, uma a

avaliação especial obrigatória de desempenho por comissão instituída para essa

finalidade, citado no art.41, § 4º, CF.

Conforme CARVALHO FILHO (2012, p.663) o direito só é conferido ao

servidor estatutário, não sendo ao servidor trabalhista. A regra da estabilidade, contida

no art.41 da CF, refere-se a servidor nomeado, e o § 1° dita que o servidor estável só

perderá o seu cargo por sentença judicial ou processo administrativo. Ora, a nomeação e

o cargo, são figuras típicas do regime estatuário, não alcançando, por conseguinte, os

servidores de regime diverso.

A estabilidade não é estendida aos titulares de cargos em comissão de livre

nomeação e exoneração, sendo incompatível com a transitoriedade de exercício que

caracteriza esse tipo de cargos. Por outro lado, quando se fala em estabilidade, o

referencial é para cargos efetivos, porque a garantia de permanência para cargos

vitalícios tem nomenclatura própria – vitaliciedade (CARVALHO FILHO, 2012,

p.663).

A estabilidade tem como fim garantir a permanência do servidor público em seu

cargo, emprego ou função publica, assegurando assim a sua eficiência na prestação de

suas atividades em prol da administração pública.

Sendo a estabilidade adquirida pelo servidor, somente poderá ser demitido em

virtude de sentença judicial transitada em julgado; mediante processo administrativo em

que lhe seja assegurada ampla defesa e mediante procedimento de avaliação periódica

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de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa, como esta

previsto no artigo 41, §1°, incisos I, II e III da CF.

6 SISTEMA CONSTITUCIONAL REMUNERATÓRIO

O sistema remuneratório do servidor público é atualmente previsto pelo inciso X

do art.37, alterado pela emenda n°19, “a remuneração dos servidores públicos e o

subsídio de que trata o §4° do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei

especifica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral

anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices” ( DI PIETRO, 2012, p.611).

Encontra- se também previsto nos artigos 40 e 41 da Lei 8.112/90 conceitos

sobre vencimento e remuneração: art. 40. “Vencimento é a retribuição pecuniária pelo

exercício de cargo público, com valor fixado em lei” e art. 41 “Remuneração é o

vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes

estabelecidas em lei”. Sendo assim percebe- se que a uma divisão do sistema entre a

remuneração e o subsidio.

A remuneração segundo CARVALHO FILHO (2012, p.729) é o montante

percebido pelo servidor público a título de vencimentos e de vantagens pecuniárias. É,

portanto, o somatório das várias parcelas pecuniárias a que faz jus, em decorrência de

sua situação funcional. Sendo que, a remuneração básica do servidor público consiste na

importância do seu cargo ou emprego, podendo assim ser acrescidas ou não outras

parcelas a sua remuneração.

O vencimento, por conseguinte, é formado por vencimento-base ou vencimento

padrão, fixado em lei em decorrência do cargo que o servidor exerce, e por vantagens

pecuniárias, que são parcelas pecuniárias acrescidas ao vencimento-base em decorrência

de uma situação fática previamente estabelecida na norma jurídica pertinente. Sendo

que toda vantagem pecuniária reclama a consumação de certo fato, que proporciona o

direito á sua percepção. (CARVALHO FILHO, 2012, p.731)

São vantagens pecuniárias, entre outras, os adicionais e as gratificações.

Dependendo do estatuto funcional, outras vantagens podem ser previstas, como é o caso

de abonos, prêmios, verbas de representação, parcelas compensatórias, direito pessoal e

outras da mesma natureza. Todas essas são de caráter remuneratório, ou seja, incluem-

se entre os ganhos do servidor. Tais parcelas, conquanto indiquem vantagem pecuniária,

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não se confundem com aquelas que espelham natureza indenizatória, servindo para

efetuar gastos efetuados pelo servidor. (CARVALHO FILHO, 2012, p.732)

Porém, o subsídio do servidor é fixado em parcela única, sendo vedadas

quaisquer vantagens para seu aumento, prêmio, gratificação, abono, adicional, etc., em

retribuição ao exercício prestado ao Poder Público.

Os agentes políticos que recebem obrigatoriamente o subsidio são: chefes do

Poder Executivo, membros do Poder Legislativo como senadores e deputados federais e

estatuais, a Magistratura que são os juízes, desembargadores, membros do Ministério

Público, Defensoria Pública e da Advocacia Pública, incluindo-se Procuradorias dos

Estados e do Distrito Federal, além dos cargos ou agentes organizados em carreiras

políticas.

A Constituição Federal faz previsão a regra do teto remuneratório do servidor

que é assegurado no art. 37, inciso XI, passando a vigorar com a seguinte redação:

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e

empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional,

dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo

e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra

espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,

incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não

poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do

Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios,

o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o

subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o

subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder

Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de

Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por

cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo

Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite

aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos

Defensores Públicos; (Redação da EC nº 41/19.12.2003-DOU

31.12.2003)”.

Por fim a Constituição determinou, ainda, que o teto remuneratório deve ser

observado, da mesma forma, por empresas públicas e sociedades de economia mista e

suas subsidiarias, quando receberem recursos das pessoas federativas a que estão

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vinculadas, com o objetivo de pagamento de despesas com o pessoal ou com custeio em

geral (art.37,§9°, CF). Significa, pois, que a remuneração paga por tais entidades,

quando dotados de recursos próprios para despesas de pessoal, não esta sujeita ao limite

fixado para os demais empregados. (CARVALHO FILHO, 2012, p.744)

6.1 REGIME PREVIDENCIÁRIO

Conforme CARVALHO FILHO (2012, p.676) regime previdenciário é o

conjunto de regras constitucionais e legais que regem os benefícios outorgados aos

servidores públicos em virtude da ocorrência de fatos especiais expressamente

determinados, com o fim de assegurar-lhes e à sua família amparo, apoio e retribuição

pecuniária.

Atualmente na Constituição estão previstos dois regimes de previdência: o

primeiro seria o regime geral da previdência social, ao passo que o segundo é o regime

previdenciário especial dos servidores públicos efetivos, sendo que o primeiro regime

tem sua disciplina prevista nos artigos 201 e 202, aplicáveis aos trabalhadores em geral,

que em regra pertencem à iniciativa privada e também para aqueles regidos pela

Consolidação das Lei do Trabalhado.

O regime previdenciário dos servidores públicos estatutários e efetivos tem sua

disciplina assegurada pelo artigo 40 da CF e seus parágrafos, aos servidores titulares de

cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas

suas autarquias e fundações. Sendo assim, significa dizer que essa disciplina abrange os

servidores que sejam não somente regidos pelos estatutos funcionais, mas também que

ocupem cargo publico de provimento efetivo. Ambos são requisitos necessários e

cumulativos. (CARVALHO FILHO, 2012, p.678)

As entidades publicas só podem adotar um regime previdenciário (próprio), para

os servidores públicos de cargos efetivos, ou seja, o conjunto de normas previdenciárias

da pessoa federativa deverá abarcar todos os servidores públicos efetivos, sem fazer

distinções relacionadas a sua categoria funcional. Ao contrario, a Constituição também

impõe a existência de apenas uma unidade gestora para determinado regime em cada

uma de suas entidades, exigindo-se que se atribua uma competência especifica para

cada órgão ou pessoa administrativa para desempenhar a atividade de gestão dos

variados componentes do regime em questão.

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Percebe- se, que nos dois regimes esta presente a ideia de previdência social

(como encargo do Poder Publico em oposição à previdência privada), que funciona à

semelhança do contrato do seguro, em que o assegurado paga determinada contribuição,

com vistas à cobertura de riscos futuros. Os assegurados contribuem compulsoriamente,

mas nem todos usufruem dos benefícios, porque nem sempre se concretiza a situação de

risco coberta pela previdência social. (DI PIETRO, 2012, p.629)

Deste modo, compreende-se que os dois regimes possuem características

semelhantes: são de caráter solidário, contributivo, obrigatório e sendo assim devem

observar discernimentos que preservem o equilíbrio financeiro e econômico, ou seja, a

aposentadoria do servidor publica pode apresentar-se como o direito de natureza

previdenciária, ou como direito vinculado ao exercício do cargo público, que depende

diretamente da contribuição e financiamento do Poder Publico.

6.2 DIREITO DE GREVE E LIVRE ASSOCIAÇÃO SINDICAL

A Constituição Federal assegura ao servidor publico o direito a greve e à livre

associação sindical, previstos nos artigo 37, incisos VI e VII.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao

seguinte:

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;

VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei

específica;

Segundo CARVALHO FILHO (2012, p.749) o direito a livre associação sindical

retrata a possibilidade de o servidor aderir ao sindicato representativo de sua categoria

profissional e corresponde ao direito já há muito exercido pelos empregados regidos

pela Consolidação das Leis do Trabalho. Por outro lado, entende-se que cada esfera de

Governo deverá regular o direito a greve por lei própria, ao longo de que a matéria de

servidor público não é privativa da união.

Os sindicatos são formados por duas características básicas: A categoria

profissional e a categoria econômica. No tocante ao sindicato dos servidores públicos,

esta excluída a categoria econômica, pois a Administração não tem objetivos

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empresarias como os empregados da inciativa privada. Deste modo, fica como critério

exclusivo a categoria profissional para se formar o sindicato.

Outro critério que merece realce é o tipo de atuação do sindicato de servidores

públicos. Os sindicados são entidades que possuem finalidades como ser um

instrumento de pressão para os trabalhadores e de reinvindicação. Entretanto, o

sindicato dos servidores deve seguir a interpretação sistemática da Constituição, ou seja,

por a matéria de vencimentos dos servidores seguir o principio da legalidade, suas

alterações e aumentos são determinados pela lei. Sendo assim, seria impossível a

criação de um litígio trabalhista com objetivo econômico.

Por outro lado, o direito a greve é assegurado a todos os servidores públicos,

quaisquer litígios sobre a legitimidade, ou não, do exercício desse direito devem ser

submetidos á justiça trabalhista, inclusive quando se tratar de greve dos de servidores

estatutários, pois que nenhuma distinção o dispositivo fez quanto á natureza dos

grevistas. Note- se que a greve traduz questão diferente da discussão que envolve

direitos e obrigações oriundos da relação estatutária. (CARVALHO FILHO, 2012,

p.753)

Por fim, a previsão do direito de greve na esfera do serviço público significou

um grande progresso em determinar os direitos sociais aos servidores públicos, isto é, a

greve se mostrou, em todos os âmbitos, como a estabilidade entre o capital e o trabalho,

garantindo assim aos servidores um instrumento para reivindicar seus direitos.

7 DESVIO DE FUNÇÃO DO SERVIDOR PÚBLICO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

1ª TURMA CÍVEL

Acórdão nº 705423 14/08/2013 (Rel. Des. Teófilo Caetano)

Atualmente, é comum nos depararmos com situações em que o servidor público

exerce função que difere daquela que lhe foi atribuída, causando assim um desconforto

e mal-estar no ambiente de trabalho. Porém, a casos em que o próprio servidor não

conhece seus direitos de poder ser ressarcido pelo fato de exercer atividade diferente,

como esta previsto na súmula n°378 do STJ, ocorrendo assim o desvio de função

publica.

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O presente caso concreto ilustra o desvio de função do servidor publico no qual,

o autor Juraci de Almeida Gomes em desfavor do Distrito Federal, almeja o

reconhecimento de seus serviços em valor correspondente ao cargo de Auditor de

Controle Interno, por ter exercido, de fato, esta função no período compreendido entre

agosto de 2007 e outubro de 2011, sendo que é investido no cargo de Inspetor de

Controle Interno, no qual condenando-se o réu a lhe pagar a diferença salarial resultante

das funções que exercera, a título de danos materiais, além do pagamento de 1 (um)

salário mínimo por mês trabalhado no período de junho de 2004 a outubro de 2011

como indenização pelos danos morais que lhe foram impingidos em decorrência do

havido.

Juraci de Almeida Gomes alegou que é servidor publico distrital desde 09 de

novembro de 1981, tendo, inicialmente, exercido o cargo de Inspetor Técnico de

Controle Interno, na especialidade Finanças e Controle. E que posteriormente no ano de

2004, quando foi requisitado para a Corregedoria Geral do Distrito Federal , onde

passara a participar ativamente de diversas auditorias, nas quais atuava e assinava

documentos produzidos, começou a exercer as atribuições típicas do cargo de Auditor

de Controle Interno. O autor também faz menção que sempre exerceu com máxima

destreza e competência, qualidade e perfeição técnica e idêntica produtividade as

mesmas funções de um Auditor de Controle Interno.

Em contrapartida, o réu argumenta que não há que se falar em quaisquer

diferenças a serem pagas, na medida em que o autor fora admitido para o cargo de

Inspetor Técnico de Controle Interno, na especialidade Finanças e Controle e sempre

exercera funções compatíveis com este cargo, conforme documentação anexada aos

autos, pois sempre atuara em conjunto com Auditor de Controle Interno, ou seja, em

caráter estritamente auxiliar, tanto é que sempre subscrevera os documentos pertinentes

em conjunto com o analista de finanças e controle responsável, que atualmente

corresponde ao cargo de auditor de controle interno. Acentuara também que, nas raras

vezes em que assinara de forma isolada, consta seu nome no documento para fins de

subscrição, o que obviamente indica a participação do profissional na equipe de

trabalho.

Diante dos fatos apresentados, o senhor desembargador Teófilo Caetano delibera

que após a simples leitura dos dispositivos expostos, percebe-se claramente que as

atribuições do cargo de Inspetor de Controle Interno, antigo Técnico de Finanças e

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Controle – cargo detido pelo autor –, podem ser resumidas ao auxílio técnico-

especializado aos ocupantes do cargo de Auditor de Controle Interno, antigo Analista de

Finanças e Controle nas atividades de auditorias e inspeções que lhe foram confiadas,

sem que isso represente qualquer diminuição à importância do cargo. Sendo assim, a

elaboração de relatórios e demais atividades decorrentes das várias auditorias e

inspeções que são realizadas pela Corregedoria Geral do Distrito Federal demandam a

participação de servidores devidamente habilitados e qualificados, porém, cada qual no

exercício de suas atribuições.

Constata-se assim que a simples participação em auditorias e inspeções e

consequente subscrição de documentos materializadores dos trabalhos empreendidos, na

qualidade de auxiliar dos auditores de controle interno, não remetem, por si só, à

conclusão de que houvera desvio de função do autor, pois são atividades perfeitamente

enquadráveis nas atribuições do cargo que detém.

Destarte, à administração pública resguarda o poder discricionário de

reestruturar os planos de cargos das carreiras públicas e adequá-los à realidade e à

necessidade reinantes, redundando na modificação das referências de enquadramento e

na forma como deverão ser alcançadas pelos servidores que as integram. Contudo,

investido no cargo, o servidor não pode ser desviado das funções a ele inerentes, pois

essa ocorrência implica em nítida alteração substancial na relação que estabelecera com

o Estado ante a circunstância de que passa a exercer serviços incompatíveis com as

atribuições legalmente atribuídas ao cargo ao qual está encarregado e no qual fora

legitimamente investido.

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8 CONCLUSÃO

Conclui-se que, o servidor público é indispensável ao exercício das atividades da

administração publica. Portanto é inerente que o servidor público desenvolva uma visão

ampla do cargo em que ocupa na Administração, para que sua percepção frente ao todo

transforme sua maneira de pensar e agir, maximizando seus rendimentos.

Deste modo, é obrigação do servidor publico ter conhecimento da empresa,

entidade ou organização em que trabalha, conhecer o funcionamento da equipe do

serviço, comunicar-se bem e saber agir com profissionalismo, ter qualificação e

competência técnica para aprimorar sua atividade, e não menos importante, estar

motivado para que possa contribuir de forma continua com a gestão publica.

Em contrapartida, a Administração deve proporcionar métodos de

aperfeiçoamento das atividades administrativas, através de constantes treinamentos,

com o objetivo de alcançar os resultados almejados tanto a curto, quanto a longo prazo,

a partir de um planejamento estruturado, minimizando os prejuízos causados pela falta

de qualificação técnica e científica.

Em suma, a administração tem o exercício de administrar os bens públicos em

prol do interesse público, ou seja, da coletividade e o servidor publico tem o dever de

auxiliar e colaborar para aprimorar a eficiência e eficácia na prestação dos serviços para

a administração publica.

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REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS

_DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 26°ed. São Paulo: Editora Atlas, 2013. Execução de Serviços

_CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 25° ed. rev., ampl. e atual. até a Lei n°12.587,de 3-1-2012.- São Paulo: Editora Atlas, 2012.

_MELLO, Celso Antônio de. Discricionariedade e Controle Jurisdicional.

2°edição, 3°tiragem. São Paulo: Malheiros Editora LTDA, 1998.

_ http://www.tjdft.jus.br/institucional/jurisprudencia/temas-em-debate/jurisprudencia-comparada/direito-administrativo/desvio-de-funcao-servidor-publico (Acórdão nº 705423 14/08/2013)