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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO OLIVEIRA DE SOUZA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: TRANSFORMANDO O ÓLEO DE COZINHA USADO EM AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS E DE PRESERVAÇÃO AO MEIO AMBIENTE BELÉM PA 2018

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO OLIVEIRA DE SOUZA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: TRANSFORMANDO O ÓLEO DE COZINHA USADO EM

AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS E DE PRESERVAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

BELÉM – PA

2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO OLIVEIRA DE SOUZA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: TRANSFORMANDO O ÓLEO DE COZINHA USADO EM

AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS E DE PRESERVAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Dissertação apresentada à Universidade Federal

do Pará (UFPA). Instituto de Ciências Exatas e

Naturais. Programa de Pós Graduação em

Ciências e Meio Ambiente, como requisito

parcial para a obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Recursos Naturais e

Sustentabilidade

Orientador: Profº. Dr. Cláudio Nahum Alves

BELÉM – PA

2018

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e por nunca ter me abandonar ou me fazer perder as esperanças,

mesmo nos momentos mais difíceis e turbulentos.

A minha mãe Maria José pelo carinho, proteção e ensinamentos que me fizeram ser a pessoa

que sou hoje.

Aos dois amores, meus filhos Luís Eduardo e Maria Fernanda, que a cada dia me fazem

querer ser uma pessoa melhor.

Ao meu companheiro de 16 anos, Mário Brana, pela ajuda incondicional e por sua dedicação

à família.

Aos meus irmãos Carlos Augusto, Andréia e Adriana pelo apoio e carinho constante.

Aos meus sobrinhos Filipe e Guadalupe que amo como se fossem meus filhos. A minha

cunhada Nádia e meu cunhado Thiago que estão sempre dispostos a ajudar.

A minha sogra Dalva, meu sogro João, minhas cunhadas Alexandra e Alessandra e meu

sobrinho Benício que mesmo de longe sempre me apoiaram.

A minha amiga Renata por ter me incentivado tanto a fazer o curso de mestrado, sempre

incisiva e persistente.

A André Luiz por me ensinar a ser paciente e vê a vida sobre o prisma da simplicidade.

Ao Dr. Cláudio Nahum Alves, orientador desta pesquisa e Coordenador do Programa de

Mestrado da UFPA, pela dedicação, paciência, cordialidade e atenção dispensada a mim.

Ao Dr. Jandercy Cabral, Diretor de Projetos do ITEGAM, pelos ensinamentos relativos à

pesquisa científica.

A todos os amigos e pessoas que contribuíram direta ou indiretamente a realização desse

projeto de vida.

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RESUMO

O presente trabalho foi desenvolvido no Edifício Residencial Santa Clara, situado na Rua Rio

Tarauacá, 65, Conjunto Vieiralves, bairro Nossa Senhora das Graças, na cidade de Manaus,

no Estado do Amazonas. Tem como objetivo promover o escorreito descarte do óleo de

cozinha junto aos condôminos/moradores, visando não somente a obtenção de lucro

(bonificação) para o condomínio, mas também contribuir para a preservação do meio

ambiente, assim como nas ações socioambientais. Para alcançar tal desiderato, foram

implementadas as seguintes medidas: a) atividades estratégicas com base na educação

ambiental voltada para os moradores/condôminos, tais como palestras, apresentação de

banner, distribuição de folders; b) orientação prática aos moradores/condôminos acerca do

correto descarte do óleo de cozinha; c) implantação do uso do coletor de óleo de cozinha no

condomínio Santa Clara. Para atender ao objetivo proposto, a educação ambiental está sendo

utilizada como uma forte aliada, tornando-se presente e necessária desde a abordagem

individual de cada morador, bem como nas palestras e na distribuição do material didático. A

pesquisa torna-se relevante ante a facilidade com que a coleta do óleo de cozinha usado pode

ser realizada, além do fato de ser um projeto de baixo custo, o que facilita bastante sua

implantação em outros condomínios da nossa capital.

Palavras-chave: Óleo de Cozinha, Descarte, Condomínios, Preservação do Meio Ambiente,

Ações Sociambientais.

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ABSTRACT

This work was developed in the Residential Building Santa Clara, located at Rua Rio

Tarauacá, 65, Conjunto Vieiralves, Nossa Senhora das Graças neighborhood, in the city of

Manaus, State of Amazonas. Its objective is to promote the disposal of cooking oil with

condominium owners, aiming not only to obtain a profit (bonus) for the condominium, but

also to contribute to the preservation of the environment, as well as social and environmental

actions.To achieve this goal, the following measures were implemented: a) strategic activities

based on environmental education for residents / residents, such as lectures, banner

presentation, folders distribution; b) practical guidance to residents / condo owners about

proper disposal of cooking oil; c) implementation of the use of the kitchen oil collector in the

Santa Clara condominium. To meet the proposed objective, environmental education is being

used as a strong ally, becoming present and necessary since the individual approach of each

resident, as well as in the lectures and distribution of didactic material. The research becomes

relevant to the ease with which the collection of used cooking oil can be performed, besides

the fact of being a low cost project, which greatly facilitates its implementation in other

condominiums in our capital.

Keywords: Cooking Oil, Disposal, Condos, Environmental Preservation, Socio -

environmental Actions.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Roteiros da Coleta Seletiva Porta a Porta da empresa Tumpex ................................ 34

Figura 2. Roteiros da Coleta Seletiva Porta a Porta da empresa Marquise .............................. 34

Figura 3. Representação da Localização dos Pontos de Entregas Voluntárias (PEV's) ........... 36

Figura 4. Cooperados fazendo a separação do material reciclável ........................................... 41

Figura 5. Visita in loco na empresa H2² Ó Sustentável ............................................................ 42

Figura 6. Proposta da Semulsp para ampliação da Coleta Seletiva visando geração de emprego

e renda....................................................................................................................................... 44

Figura 7. Representação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU ............... 45

Figura 8. Cartazes de divulgação sobre a implantação da Coleta Seletiva............................... 48

Figura 9. Palestra de implantação da coleta seletiva com a presença dos Garis da Alegria e

demais funcionários da Semulsp no Condomínio Santa Clara ................................................. 48

Figura 10. Moradores do Condomínio Santa Clara que participaram da implantação da coleta

seletiva ...................................................................................................................................... 49

Figura 11. Tambor coletor de óleo de cozinha colocado em lugar estratégico do Condomínio

Santa Clara ................................................................................................................................ 50

Figura 12. Nota Fiscal referente a limpeza da Estação de Tratamento de Esgoto - Junho/2017

.................................................................................................................................................. 53

Figura 13. Nota Fiscal referente a limpeza da Estação de Tratamento de Esgoto -

Novembro/2017 ........................................................................................................................ 54

Figura 14. Situação da Lixeira do Condomínio Santa Clara em 2016 ..................................... 55

Figura 15. Frente e Verso dos panfletos distribuídos aos moradores e funcionários do

Condomínio Santa Clara sobre a importância da Coleta Seletiva do Óleo de Cozinha usado . 55

Figura 16. Frente e Verso dos folderes distribuídos aos moradores e funcionários do

Condomínio Santa Clara sobre a importância da Coleta Seletiva ............................................ 56

Figura 17. Distribuição de panfletos às secretárias dos moradores e funcionários do

Condomínio Santa Clara sobre a importância da Coleta Seletiva do Óleo de Cozinha usado . 56

Figura 18. Estação de Tratamento de Esgoto do Condomínio Santa Clara suja pelo óleo de

cozinha ...................................................................................................................................... 57

Figura 19. Estação de Tratamento de Esgoto limpa ................................................................. 58

Figura 20. Nota Fiscal da limpeza da Estação de Tratamento de Esgoto do Condomínio Santa

Clara - Junho/2018 ................................................................................................................... 59

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Figura 21. Antes e Depois da Lixeira do Condomínio após o Trabalho de Educação

Ambiental ................................................................................................................................. 60

Figura 22. Morador do condomínio descartando óleo de cozinha usado ................................. 60

Figura 23. Destinação Final do óleo de cozinha do Condomínio Santa Clara - Fabricação de

Biodiesel ................................................................................................................................... 61

Figura 24. Trabalho Manual dos cooperados - Separação e Embalagem dos resíduos ............ 63

Figura 25. Trabalho de Coleta do óleo de cozinha usado - Transporte e Armazenamento ...... 64

Figura 26. Planilha de Bonificação da empresa H²O Sustentável ............................................ 65

Figura 27. Projeto Social Casa Abrigo Boto Rosa ................................................................... 66

Figura 28. Projeto Social Rotaract Club Santo André/SP ........................................................ 67

Figura 29. Projeto Social Teto Techo ....................................................................................... 67

Figura 30. Projetos Socioambientais desenvolvidos em Manaus ............................................. 68

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Representação em percentual da quantidade de Resíduos Sólidos por modalidade

de coleta .................................................................................................................................... 32

Gráfico 2. Demonstração em percentual dos bairros de Manaus atendidos pela Coleta Seletiva

.................................................................................................................................................. 35

Gráfico 3. Mostrando a diminuição dos custos com a limpeza da Estação de Tratamento de

Esgoto do Condomínio Santa Clara entre os anos de 2016 a 2018 .......................................... 58

Gráfico 4. Aumento do número das cooperativas/associações de catadores - 2015 a 2017 .... 62

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tabela representando os custos com coleta e Disposição Final de Resíduos - Janeiro

a Agosto de 2015 ...................................................................................................................... 32

Tabela 2. Tabela representando a Estatística da Coleta Seletiva - Janeiro a Agosto de 2015 .. 33

Tabela 3. Tabela representando a Coleta Seletiva Porta a Porta - Quantidade coletada e Média

Diária de Toneladas - Janeiro a Agosto de 2015 ....................................................... 33

Tabela 4. Representação dos Endereços dos Pontos de Entregas Voluntárias (PEV's) ........... 36

Tabela 5. Galpões das Associações/Cooperativas de Catadores no ano de 2015..................... 37

Tabela 6. Galpões das Associações/Cooperativas de Catadores no ano de 2017 (PARTE 1) . 38

Tabela 6. Galpões das Associações/Cooperativas de Catadores no ano de 2017 (PARTE 2) . 39

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10

2 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 14

3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 15

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 15

3.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 15

4 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 16

4.1 A Importância da Educação Ambiental na Formação da Consciência

Ecológica ............................................................................................................ 16

4.2 Educação Ambiental e Qualidade de Vida ....................................................... 18

4.3 Responsabilidade Civil dos Condomínios na Preservação do Meio Ambiente19

4.3.1 Responsabilidade Objetiva ................................................................................... 22

4.3.2 Responsabilidade Subjetiva ................................................................................. 23

4.3.3 Responsabilidade Subsidiária .............................................................................. 23

4.3.4 Responsabilidade Solidária .................................................................................. 25

4.3.5 Responsabilidade Fracionária .............................................................................. 26

4.5 Impacto Ambiental Ocasiondo pelo Descarte Incorreto do Óleo de Cozinha. 27

4.6 Coleta Seletiva do Óleo de Cozinha Usado ....................................................... 30

4.7 Coleta Seletiva do Óleo de Cozinha Usado em Manaus ................................... 31

4.8 O Reaproveitamento do Óleo de Cozinha como Fonte de Renda .................... 40

4.9 Transformando o Óleo de Cozinha em Ações Socioambientais ....................... 44

4.10 Estudo de Caso: Implantação da Coleta Seletiva do Óleo de Cozinha no

Condomínio Residencial Santa Clara ............................................................... 47

5 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 50

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 53

7 CONCLUSÃO .................................................................................................... 70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 73

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APÊNDICES ................................................................................................................. 76

APÊNDICE A – PESAGEM DO MATERIAL RECICLÁVEL .................................. 76

APÊNDICE B – MATERIAL PESADO E EMBALADO PRONTO PARA SER

ENCAMINHADO ÀS EMPRESAS DE RECICLAGEM ................................. 76

APÊNDICE C – ÓLEO QUANDO CHEGA NA EMPRESA H2O SUSTENTÁVEL 77

APÊNDICE D – BARRIS COLETORES DE ÓLEO DE COZINHA USADO .......... 77

APÊNDICE E – LIMPEZA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO

PARA RETIRADA DA MASSA DE ÓLEO ..................................................... 78

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a opção por morar em condomínios é cada vez maior nas grandes cidades,

seja pela segurança, pelo conforto, pela praticidade, pela qualidade de vida, enfim, por

inúmeros motivos. A procura por esse tipo de moradia ocasionou no Brasil o chamado "boom

imobiliário", fazendo com que os brasileiros se adaptassem a uma nova forma de morar.

As casas de antes deram lugar aos condomínios edilícios, principalmente os verticais,

em virtude de aglomerarem um maior número de pessoas em um menor espaço geográfico.

Contudo, esse tipo de moradia pode ser bastante prejudicial ao meio ambiente a partir do

momento que os condôminos/moradores não saibam o modo correto de se descartar o óleo de

cozinha, que dentre os resíduos são os que apresentam maior risco de poluição ambiental, por

se tratar de um terrível fator contaminante para a água e o solo.

Reis (2007) afirma que os óleos vegetais são largamente utilizados em processos de

produção de alimentos tanto nas casas residenciais quanto nos estabelecimentos industriais e

comerciais. Contudo, em virtude da falta de informação da população em geral, a maior parte

desse óleo é despejado em rios, riachos, bueiros, pias, ralos ou vasos sanitários.

À frente da administração do condomínio residencial Santa Clara, vivenciou-se de

perto a situação relacionada ao inadequado descarte do óleo de cozinha proveniente das

unidades habitacionais, uma vez que o óleo despejado pelos moradores/condôminos nas pias e

nos ralos, entupiam os canos, criava uma crosta espessa nas caixas de gorduras, que ia parar

nos sistemas de esgoto, encarecendo os processos de limpeza da Estação de Tratamento de

Efluentes - ETE.

Tentando solucionar o problema dos entupimentos nos canos e visando baixar o alto

custo com a manutenção da ETE, iniciou-se no Condomínio Santa Clara um processo de

conscientização dos moradores pedindo que não jogassem óleo de cozinha na pia ou no ralo.

Alguns moradores se mostraram bastantes solícitos em ajudar, outros, porém, se mostraram

hostis e irredutíveis com relação ao descarte do óleo, o que levou a se formular a seguinte

hipótese: O correto descarte do óleo de cozinha usado contribui na preservação do meio

ambiente e nas ações socioambientais nos condomínios edilícios?.

Leciona D'Avignon (2007) que quanto mais o cidadão evitar descartar o óleo de

cozinha no lixo comum, mais estará contribuindo para a preservação do meio ambiente. Para

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ele, a maneira adequada de solucionar esse problema, seria entregar o óleo já utilizado a um

catador de material reciclável ou a uma associação de reciclagem do produto.

Com o propósito de evitar os impactos ambientais ocasionados pelo descarte incorreto

do óleo de cozinha, procurou-se na cidade de Manaus empresas que fizessem a coleta do óleo

de cozinha. Descobriu-se junto à Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos-

Semulsp que o Município dispõe de 4 (quatro) Postos de Entrega Voluntária (PEVs), um

localizado no bairro do Dom Pedro, outro no Japiim, o terceiro na Chapada, no local

denominado Parque dos Bilhares e o último no bairro do Parque 10 de Novembro, no Parque

do Mindu. Esses postos além do óleo de cozinha também servem para coleta do lixo

doméstico e de outros materiais que podem ser reaproveitados, como garrafas pet, embalagens

de tetra-pack, plásticos, latinhas, papel e papelão, entre outros produtos.

Quanto à coleta seletiva referente a esse seguimento (óleo vegetal), obteve-se perante a

SEMULSP o contato de uma única cooperativa denominada Associação de Catadores de

Materiais Recicláveis e Reaproveitáveis - ACMARR (Lixo e Cidadania), que está atuando na

cidade desde 2005. Localizou-se com o auxílio de terceiros, o endereço da H²O Sustentável,

uma empresa com matriz em São Paulo e que desde março de 2017 está operando no mercado

manauara.

Avulta ressaltar, a deficiência que existe em Manaus no que diz respeito à entrega

voluntária e a coleta seletiva, uma vez que a cidade inteira conta tão-somente com 4 (quatro)

PEVs e parco número de empresas de coleta e reciclagem do óleo de cozinha, o que não é

suficiente para atender as demandas oriundas de uma cidade que, segundo as estatísticas do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, possui aproximadamente 2.130.264

habitantes (população estimada em 2017).

Nesse cenário, envolvendo a dicotomia entre o crescente número de condomínios

edilícios horizontais e verticais versus preservação do meio ambiente, surge a Educação

Ambiental (EA) que nas palavras de Loureiro (2012) é uma prática educativa e social que tem

por escopo construir valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem a compreensão

da realidade de vida, bem como a atuação sócioresponsável do indivíduo com relação ao meio

ambiente. Prossegue, ainda, o autor ampliando o contexto, enfatizando que a EA contribui

para a tentativa de implementação de um padrão civilizacional e societário distinto do vigente,

pautado em uma nova ética da relação sociedade-natureza.

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Diante do exposto, pretende-se com o presente trabalho identificar a educação

ambiental como fator preponderante na conscientização do condômino/morador quanto ao

correto descarte do óleo de cozinha, bem como demonstrar a responsabilidade civil dos

condomínios em relação ao meio ambiente equilibrado, a fim de contribuir com projetos

socioambientais, através dos recursos financeiros (bonificações) obtidos com a coleta do óleo

de cozinha usado.

Para se alcançar o objetivo proposto, foram implementadas atividades de

conscientização ambiental juntos aos moradores/condôminos, dentre as quais podemos

destacar, palestras por meio de slides com os funcionários da SEMUSP, apresentação de

banner, distribuição de folders e panfletos, bem como orientação prática quanto ao correto

descarte do óleo de cozinha e implantação do uso do coletor de óleo de cozinha no

condomínio em destaque.

No tocante à metodologia, o levantamento bibliográfico e revisão da literatura

referente ao assunto foram realizadas, com supedâneo na educação ambiental, atividades

estratégicas junto aos moradores/condôminos, tais como palestras, folders, banner, etc, além

de orientações práticas ao correto descarte do óleo de cozinha e colocação no condomínio de

recipiente coletor.

Considerando a pesquisa ser de natureza qualitativa sócio-ambiental, foram realizadas

visitas in loco, nos 4 (quatro) postos municipais existentes em Manaus de coleta seletiva de

resíduos, na empresa H²O Sustentável e na cooperativa “Lixo e Cidadania”.

Além de mostrar o trabalho envolvendo a coleta e reciclagem do óleo de cozinha

usado, esse trabalho evidenciará, ainda, o aspecto social dessas 2 (duas) instituições no

tocante à capacitação humana, geração de emprego e renda advindos da exploração dessa

atividade.

O trabalho está dividido em dois capítulos. No primeiro, dar-se-á enfoque na

importância da educação ambiental como formadora de uma consciência ecológica e seu

reflexo na qualidade de vida do homem. Será abordado, ainda, a responsabilidade civil que os

condomínios edilícios têm na preservação do meio ambiente, perpassando por todas as

modalidades dessa obrigação, quais sejam, responsabilidade objetiva, subjetiva, subsidiária,

solidária e fracionária. No capítulo II será explanado o impacto ambiental ocasionado pelo

descarte incorreto do óleo de cozinha, a logística com relação à coleta seletiva desse produto,

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com enfoque especial na cidade de Manaus, a geração de emprego e renda oriundos de seu

reaproveitamento e de que forma isso pode contribuir para a manutenção e fomento de ações

socioambientais. Neste capítulo, far-se-á, também, a descrição do estudo de caso realizado no

Condomínio Residencial Santa Clara, onde, aproximadamente, 42 famílias participaram de

todo o processo de conscientização e implantação da coletiva seletiva do óleo de cozinha. A

metodologia e os métodos utilizados na pesquisa encontram-se explicitados logo após o

estudo de caso. Por fim, serão apresentados resultados e discussões, considerações finais e as

referências bibliográficas.

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2 JUSTIFICATIVA

O trabalho, um estudo de caso, realizado junto aos moradores do condomínio

residencial Santa Clara, perfazendo um total de 42 famílias, quis mostrar que os condomínios

edilícios têm responsabilidade civil e social com relação ao meio ambiente equilibrado e que a

Educação Ambiental é um fator preponderante na formação de um novo padrão

comportamental do homem frente ao meio ambiente, principalmente no que diz respeito ao

não descarte do óleo de cozinha nos rios, riachos, bueiros, pias, ralos e vasos sanitários.

Almeja-se que a partir da implantação da coleta seletiva do óleo de cozinha usado no

aludido condomínio, este sirva de estimulo e exemplo a outros condomínios no município de

Manaus, para que também possam utilizar este mesmo modelo de coleta.

Que este ensaio sirva para promover a conscientização não só dos moradores de

condomínios, mas também dos estabelecimentos industriais e comerciais, enfim de que a

sociedade como um todo, se valendo do descarte correto do óleo de cozinha usado, possa se

beneficiar com uma melhor qualidade de vida, diminuição da degradação do ecossistema,

geração de emprego e renda e com ações sociambientais.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

- Identificar a educação ambiental como fator preponderante na conscientização do

condômino/morador quanto ao correto descarte do óleo de cozinha usado, a fim de

contribuir com projetos socioambientais, através dos recursos financeiros

(bonificações) obtidos com a coleta desse óleo.

3.2 Objetivos Específicos

- Reafirmar a importância da educação ambiental na formação da consciência ecológica.

- Analisar a responsabilidade civil dos condomínios em relação ao meio ambiente

equilibrado.

- Destinar de forma ecologicamente correta o óleo de cozinha usado para ser

transformado em sabão, detergente, tintas, amaciantes, velas, biocombustível (energia

limpa), entre outros produtos.

- Propor que os recursos financeiros (bonificações) obtidos com a coleta do óleo de

cozinha usado sejam revestidos em prol de projetos socioambientais.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 A Importância da Educação Ambiental na Formação da Consciência Ecológica

A preocupação pelo cuidado do meio ambiente tem uma história que remonta aos

tempos em que se fez uso da maior arma mortal já utilizada na história das guerras, a “Bomba

Nuclear”.

Nos anos de 1945, durante a segunda guerra mundial o ser humano percebeu que é

capaz de destruir todo o planeta e começou, desde então, uma luta incansável para remediar

tão grande erro (bomba nuclear) e assim preservar o ecossistema.

Segundo Worster (1992) em 16 de julho de 1945, no deserto de Los Alamos, Novo

México, Estados Unidos, o azul do céu transformou-se subitamente em um clarão ofuscante,

visto que a equipe científica liderada pelo físico Robert Oppenheimer explodia

experimentalmente a primeira bomba atômica. Apenas dois meses depois eram jogadas mais

bombas atômicas sobre as populações civis das cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki.

Após esse dia o mundo não seria mais o mesmo, pois ironicamente a bomba plantava as

primeiras sementes do ambientalismo contemporâneo, a partir daí estávamos entrando na

idade ecológica.

No ano de 1972, em Estocolmo, na Suécia, o tema da sobrevivência da humanidade

entra oficialmente em cena na “Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente”. A Educação Ambiental ganha o status de “assunto oficial” na pauta dos

organismos internacionais. Posteriormente, já no ano de 1975, a Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) promove em Belgrado, ex-

Iugoslávia, um encontro internacional denominado “The Belgrado Workshop on

Environmental Education”. Nessa conferência que contou com a presença de 65 países, foram

formulados alguns princípios básicos para a educação ambiental, onde se estabeleceu que a

EA deveria ser continua, multidisciplinar, integrada às diferenças regionais e orientada para

os interesses nacionais. Desse encontro, originou-se a Carta de Belgrado, que é considerada

um marco histórico para a evolução de temas relacionados ao meio ambiente. Deste

memorável documento, cumpre destacar a meta da EA. Confira trechos da referida missiva:

“Desenvolver um cidadão consciente do ambiente total; preocupado com os problemas

associados a esse ambiente, e que tenha o conhecimento, as atitudes, motivações,

envolvimento e habilidades para trabalhar de forma individual às questões daí emergentes”.

Em 1983, em Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas-ONU, é criada a

Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que trouxe à comunidade

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internacional importantes conceitos como “desenvolvimento sustentado” e “nova ordem

mundial”. (Grün, 2012).

A Educação Ambiental tem uma importância estratégica na busca pela qualidade de

vida, é por meio dela que se transmitem conhecimentos, valores, costumes e formas de agir na

sociedade. É ela que prepara indivíduos de todas as idades e de todos os níveis sociais, para

que tenham consciência e possam se interessar pelo meio ambiente e seus problemas,

buscando novas soluções a esses problemas e prevenir possíveis outros.

A Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, que trata sobre Política Nacional de Educação

Ambiental, dispõe em seu artigo 13: "Entendem-se por educação ambiental não-formal as

ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões

ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.".

Segue determinando, no parágrafo único e inciso I do referido dispositivo legal que, compete

ao Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, difundir a educação ambiental por

intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e

campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente.

Na cidade de Manaus, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade -

Semmas, através da Divisão de Educação Ambiental-DIEA, desenvolve atividades pautadas

na educação ambiental não formal. Opera por meios de programas, projetos e campanhas

direcionados para aspectos bem definidos da realidade social e ambiental. Usa meios

multivariados, com a função de informar e formar. Atua sobre e com as comunidades,

desenvolvendo ações de práticas educativas.

O Programa Uniambiente, também desenvolvido pela Semmas, tem por objetivo

promover cursos, palestras, oficinas de reaproveitamento de resíduos sólidos destinados à

população, às lideranças comunitárias, grupos populares e aos profissionais com interesse em

áreas ligadas ao campo da educação ambiental não formal, dentre eles podemos citar: a)

campanha de sensibilização da população quanto aos malefícios das queimadas urbanas à

saúde e ao meio ambiente, sugerindo alternativas ao correto destino de resíduos domésticos;

b) oficinas de reaproveitamento de resíduos sólidos junto a grupos e associações de jovens e

adultos e idosos; c) palestras nas escolas, a fim de estimular a construção intelectual das

crianças e sua coordenação motora e sociabilizar com outras crianças a conscientização sobre

a necessidade de preservar o ambiente.

É clarividente que para a educação ambiental atingir os mais diversos níveis e seguimento da

sociedade são necessárias políticas públicas efetivas e voltadas à conscientização da

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coletividade. O que se observa ainda é uma tímida ou muita das vezes quase nenhuma

propaganda veiculada na mídia em geral sobre educação ambiental. Mister se faz uma

parceria entre poder público, iniciativa privada e população, no sentido de promover práticas

voltadas a valorização e preservação do meio ambiente, uma vez que somente através da

educação ambiental, o homem aprende a dar valor a natureza, com enfoque no seu bem-estar,

a fim de que venha a se beneficiar parcimoniosamente dos recursos naturais disponíveis para

sua sobrevivência.

4.2 Educação Ambiental e Qualidade de Vida

O Segundo a Organização Mundial de Saúde-OMS (1998), qualidade de vida é “a

percepção do indivíduo de sua inserção na vida no contexto da cultura e sistemas de valores

nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

Para Forattini (1991), a qualidade de vida pode ser definida como "o estado de

satisfação ou insatisfação constitui na verdade, experiência de caráter pessoal e está ligado ao

propósito de obtenção de melhores condições de vida. O grau de ajustamento às situações

existentes, ou então, o desejo de mudança, poderão servir para avaliar a presença ou ausência

de satisfação".

Já Hõrnquist (1990) vê a qualidade de vida como "o grau de satisfação de necessidades

nas áreas física, psicológica e social. Essas necessidades podem ser concretas e dizem respeito

a áreas mais genéricas como alimentação e moradia, enquanto que as outras, são de natureza

mais particular como a auto-estima e a auto-realização".

Percebe-se que o conceito de qualidade de vida, transcende os níveis de satisfação das

necessidades humanas do TER para a valorização da existência humana do SER, devendo ser

avaliada pela capacidade que tem determinada sociedade de proporcionar oportunidades de

realização pessoal a seus indivíduos no sentido psíquico, social e espiritual ao mesmo tempo

em que lhes garante um nível de vida minimamente aceitável.

Nesse contexto, segundo Reigota (1998), a conscientização e a mudança

comportamental encontram na educação ambiental uma forte aliada no sentido de desenvolver

no ser humano competências e capacidade de avaliação. Seguindo essa mesma linha de

raciocínio, Pádua e Tabanez (1998), afirmam que "a educação ambiental propicia aumento de

conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para

estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente".

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É cediço que é preservando a natureza que se pode conservar a boa saúde dos

indivíduos e a vida dos recursos naturais existentes no planeta terra. Dessa forma, segundo

Segura (2001, p.165):

Quando a gente fala em educação ambiental pode viajar em muitas coisas, mais a

primeira coisa que se passa na cabeça ser humano é o meio ambiente. Ele não é só o

meio ambiente físico, quer dizer, o ar, a terra,a água, o solo. É também o ambiente

que a gente vive – a escola, a casa, o bairro, a cidade. É o planeta de modo geral. (...)

A conscientização é muito importante e isso tem a ver com a educação no sentido

mais amplo da palavra. (...) conhecimento em termos de consciência (...) A gente só

pode primeiro conhecer para depois aprender amar, principalmente, de respeitar o

ambiente.

A educação ambiental, acima de tudo, deve ser vista como um instrumento de

mudança social, pois deve buscar uma perspectiva holística de ação, fazendo com que o

homem tenha plena consciência da finitude dos recursos naturais e que é o principal

responsável pela sua degradação.

Dessa forma, através da educação ambiental pode-se alcançar maior qualidade de vida

nos centros urbanos, incluindo-se aí os condomínios. A troca de experiências individuais e a

atmosfera espiritual vivenciada por novos valores, novos significados e os laços com o meio

ambiente passam a ser privilegiados na vida cotidiana. A cultura urbana deslocará para as

pessoas a atenção exacerbada que atualmente se dá as coisas, logo, a arte de viver passa a ser

mais importante do que do o ter.

Esta revalorização da vida permitirá um aumento da capacidade de escolha e a busca

da satisfação dos sonhos e desejos na arte e na filosofia, na religião e na ciência, objetivando a

auto-realização. Só então, se conseguirá viver a vida com "qualidade".

4.3 Responsabilidade Civil dos Condomínios na Preservação do Meio Ambiente

A questão ambiental no Brasil tem atingido proporções cada vez maiores, por muitas

vezes, como motivo de responsabilização civil de pessoas físicas e jurídicas, conforme

previsto em nossa Constituição Federal, em seu artigo 225, que elevou o meio ambiente à

categoria de bem de uso comum do povo e dever do Poder Público, bem como de toda a

coletividade. A preocupação com a preservação do meio ambiente também deve fazer parte

da rotina dos condomínios, uma vez que a responsabilidade civil em matéria de dano

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ambiental é objetiva, estando o sujeito passível de responsabilização independente de culpa,

em virtude de suas atividades e da espécie do dano causado ao meio ambiente.

O síndico, na qualidade de representante legal do condomínio, deve proceder

corretamente também na questão ambiental, evitando que recaia sobre ele uma eventual

responsabilização. A gestão ambiental deve ser tratada com prioridade, por isso, é

imprescindível que os condomínios exerçam esse papel de conscientização e

responsabilidade, para que mais tarde o síndico e o condomínio não sejam responsabilizados

civil, criminal e administrativamente por eventuais danos ocasionados ao meio ambiente.

Para Diniz (2012) não devemos temer os avanços da responsabilidade civil, seu

enorme campo de abrangência e as novas formas reparatórias, visto que o melhor

desenvolvimento dessa matéria, visa garantir o estabelecimento da ordem ou equilíbrio

pessoal e social que foram ou serão afetados pelo dano. Devendo analisar a existência dos

três pressupostos da responsabilidade civil: ação, dano e nexo causal. Onde a ação que

importa na violação a direito de outrem, o dano, seja moral, seja material, e o nexo causal

entre essa ação e o dano.

A Lei nº 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, criou a

responsabilidade independente da culpa em matéria ambiental, tendo por base a teoria do

risco integral, segundo a qual cabe o dever de indenizar àquele que exerce atividade perigosa

e, assim, para que se prove a existência da responsabilidade por danos ao meio ambiente, resta

a comprovação do dano existente e do nexo de causalidade.

Vale realçar, ainda, que não é apenas a agressão ao meio ambiente que deve ser objeto

de reparação, que vai desde o surgimento da responsabilidade civil no âmbito privado até as

suas consequências por dano ambiental, mas também a privação do equilíbrio ecológico, do

bem estar e da qualidade de vida imposta à coletividade.

A responsabilização dos poluidores foi inicialmente estabelecida no âmbito da

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) através da

Recomendação C (72), 128, de 28 de maio de 1972, que instituiu o princípio “poluidor

pagador”.

Enfatiza Lisboa (2013), que esse “interesse em restabelecer o equilíbrio (moral ou

patrimonial) violado pelo dano é a fonte da responsabilidade civil.”.

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Pelo princípio do poluidor pagador, busca-se impedir que a sociedade, sustente o ônus

financeiro e ambiental da recuperação de um ato lesivo ao meio ambiente de atividades que,

fundamentalmente, irão significar um retorno econômico individualizado ao poluidor

perfeitamente identificado. Este entendimento é válido para todo o Direito Ambiental e não

apenas para os aspectos referentes à responsabilidade por danos ambientais. (CASSETARRI,

2013)

Segundo Tartuce (2016), o poluidor deve responder por suas ações ou omissões em

prejuízo do meio ambiente, de maneira a mais ampla possível, de forma que se possa

repristinar a situação ambiental degradada e que a penalização aplicada tenha efeitos

pedagógicos e impedindo-se que os custos recaiam sobre a sociedade.

Nessa mesma linha de raciocínio, leciona Freitas (2012) que o dano ambiental, dada a

sua complexidade, exige mecanismos processuais céleres, para que a tutela jurisdicional

alcance seu objetivo e seja mais eficiente, uma vez que deve atuar de maneira a evitar o

prolongamento da produção do dano. Em matéria envolvendo direito ambiental a

responsabilidade por eventual dano é objetiva e solidária.

Tonani (2011 apud Diniz, 2015) afirma que a ação é o ato humano, comissivo ou

omissivo, ilícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, onde

toda manifestação da atividade humana traz em si o problema da responsabilidade, que tem o

significado de responsabilizar-se, vir garantindo, assegurar, assumir o pagamento do que se

obrigou, ou do ato que praticou.

A responsabilidade, para o Direito, nada mais é, portanto, que uma obrigação

derivada, um dever jurídico sucessivo de assumir as consequências jurídicas de um fato,

consequências essas que podem variar (reparação dos danos e/ou punição pessoal do agente

lesionante) de acordo com os interesses lesados. Por exemplo, o art. 186 do Código Civil - Se

uma pessoa, dolosa ou culposamente, causar prejuízo a outrem, fica obrigada a reparar o

dano. (LISBOA, 2013)

A responsabilidade civil estará presente com uma finalidade punitiva ao infrator aliada

a uma necessidade que o autor designa como pedagógica, a que não é estranha à ideia de

garantia para a vítima. O dano ecológico ou ambiental tem causado graves e sérias lesões às

pessoas e às coisas. Como qualquer outro dano, deve ser reparado por aqueles que o

causaram, seja pessoa física ou jurídica, inclusive a Administração Pública. Na

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responsabilidade civil são a perda ou a diminuição verificada no patrimônio do lesado ou o

dano moral, que geram a reação legal, movida pela ilicitude da ação do autor da lesão ou pelo

risco. (TARTUCE, 2016)

Por fim, destacamos o brilhante ensinamento de Diniz (2012), no qual a

responsabilidade civil se cinge, portanto, à reparação do dano causado a outrem, desfazendo

tanto quanto possível seus efeitos, restituindo o prejudicado ao statu quo ante. A

responsabilidade civil constitui uma relação obrigacional que tem por objeto a prestação de

ressarcimento.

O instituto da responsabilidade civil possui várias espécies, tais como:

responsabilidade objetiva, subjetiva, subsidiária, solidária e fracionária. Tais modalidades

serão abordadas a seguir de forma bem detalhada.

4.3.1 Responsabilidade Objetiva

A Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002, que instituiu o Código Civil de 2002, no

parágrafo único do seu art.927, trouxe para aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar

dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Confira: “Haverá obrigação de reparar o dano,

independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade

normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os

direitos de outrem”.

Segundo Gonçalves (2015) a responsabilidade civil é objetiva, quando resultante de

ato lícito ou de fato jurídico, como alguém que age licitamente e, mesmo assim, deve

indenizar o prejuízo decorrente de sua ação, independentemente de culpa, como nos danos

ambientais (art. 14, º 1º, da Lei 6938/81).

A responsabilidade objetiva se funda no risco, que explica essa responsabilidade no

fato de haver o agente causado prejuízo à vítima ou a seus bens. É irrelevante a conduta

culposa ou dolosa do causador do dano, uma vez que bastará a existência do nexo causal entre

o prejuízo sofrido pela vítima e a ação do agente para que surja o dever de indenizar. O que se

leva em conta é a potencialidade de ocasionar danos, ou seja, a atividade ou conduta do

agente que resulta por si só na exposição a um perigo. (DINIZ, 2012)

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Nos ensinamentos de Tartuce (2016) uma das teorias que procuram justificar a

responsabilidade objetiva é a teoria do risco. O Direito Positivo congrega as regras

necessárias para a convivência social, punindo todo aquele que, infringindo-as, cause lesão

aos interesses jurídicos por si tutelados.

Já Cassettari (2013) explica que, na responsabilidade civil, o agente que cometeu o

ilícito tem a obrigação de reparar o dano patrimonial ou moral causado, buscando restaurar o

status quo ante, obrigação esta que, se não for mais possível, é convertida no pagamento de

uma indenização (na possibilidade de avaliação pecuniária do dano) ou de uma compensação

(na hipótese de não se poder estimar patrimonialmente este dano).

4.3.2 Responsabilidade Subjetiva

No dizeres de Tartuce (2016), a responsabilidade subjetiva constitui regra geral em

nosso ordenamento jurídico, baseada na teoria da culpa. Dessa forma, para que o agente

indenize, para que responda civilmente, é necessária a comprovação da sua culpa genérica,

que inclui o dolo (intenção de prejudicar) e a culpa em sentido restrito(imprudência,

negligencia ou imperícia).

Outra não é a concepção de Gagliano e Pamplona (2015) ao afirmarem que a atual

codificação privada continua consagrando como regra geral a necessidade do elemento culpa

como pressuposto da responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar

(responsabilidade subjetiva)

Para Fiuza (2012), a responsabilidade subjetiva é aplicada com regra pelos artigos 186

e 927 do Código Civil. Subjetiva, porque parte do elemento subjetivo, culpabilidade, para

fundamentar o dever de reparar.

Assim, só seria responsável pela reparação do dano aquele cuja conduta se provasse

culpável. Não havendo culpa ou dolo, não há como falar em indenização. Na ação reparatória,

devem restar provados pela vítima a autoria, a culpabilidade, o dano e o nexo de causalidade.

4.3.3 Responsabilidade Subsidiária

A responsabilidade subsidiária é a que vem "reforçar a responsabilidade principal,

desde que não seja esta suficiente para atender os imperativos da obrigação assumida".

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A obrigação subsidiária é aquela que só pode ser cobrada quando a obrigação

originária não é cumprida pelo devedor principal. Consiste na faculdade, imposta pela lei, de

exigir o adimplemento da prestação, em caso de inexistência ou insuficiência dos bens do

devedor originário, acionando o devedor subsequente. (FIUZA, 2012)

Evidencia Diniz (2012) que do lado passivo, há vários devedores sucessivos, um

respondendo caso o outro não o faça. O credor primeiro tem que acionar um deles, para

depois acionar o outro. É o caso da fiança civil, em que o fiador, como regra, só responde

depois de acionado o devedor principal.

A responsabilidade subsidiária um sujeito é o detentor da dívida originária, e o outro

detém a responsabilidade por esta dívida. Assim, não sendo possível executar o devedor

primário, havendo o inadimplemento da obrigação, poderá o credor executar os demais

sujeitos envolvidos na dinâmica obrigacional. (GAGLIANO e PAMPLONA, 2015)

Na responsabilidade subsidiária a obrigação não é compartilhada entre dois ou mais

devedores. Há apenas um devedor principal; contudo, na hipótese do não cumprimento da

obrigação por parte deste, outro sujeito responderá subsidiariamente pela obrigação.

Para os doutrinadores Gagliano e Pamplona (2015), a responsabilidade subsidiária

nada mais é que uma forma especial de solidariedade, com benefício ou preferência de

excussão de bens de um dos obrigados. Assim se uma pessoa tem o débito originário e a outra

tem a responsabilidade por esse débito. A lei especifica uma preferência de execução, onde

são demandados primeiro os bens do devedor, pois foi ele quem se vinculou, de modo pessoal

e originário, à dívida. Não tendo encontrado os bens do devedor ou não sendo eles suficientes,

inicia-se a execução dos bens do responsável subsidiário, por toda a dívida.

Como bom exemplo é a responsabilidade do Condomínio quanto ao alcance das

normas trabalhistas são qualificadas como responsabilidade subsidiária, ou seja, o

Condomínio só responde pela dívida ou débito, depois que os bens do devedor principal não

forem suficientes para a satisfação do débito.

Assim, é recomendado aos condomínios que realizam a coleta seletiva de lixo, que os

materiais sejam separados pelos moradores, e que o empregado apenas dê a destinação correta

ao material orgânico e ao reciclado. Não exponha seu funcionário a nenhum risco que possa

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trazer problemas de saúde e também uma demanda judicial seja na esfera trabalhista ou

ambiental.

4.3.4 Responsabilidade Solidária

A responsabilidade solidária é aquela onde a responsabilidade pela dívida contraída ou

outro compromisso é partilhada por várias partes (devedores solidários), sendo possível ao

reclamante (credor) cobrar a dívida integralmente a qualquer uma delas. Não pode o credor,

porém, cobrar a mesma dívida integral a duas partes ao mesmo tempo, sendo este ato

considerado de má-fé. (DINIZ, 2012)

Na esteira desse pensamento, Rodrigues (2002) afirma ser possível observar que a

responsabilidade solidária traz vantagens ao credor, visto que há mais garantia do pagamento

da dívida com a existência de mais de um devedor e é evidente que podendo escolher entre

muitos, selecionar o melhor, para lhe endereçar seu pedido de pagamento da divida. Estes não

podem se eximir do pagamento caso escolhidos para a quitação da dívida. Não podem,

também, exigir que o credor se remeta a outro dos devedores solidários, salvo no caso do

benefício de ordem.

Mais uma vez cumpre trazer à baila os ensinamentos de Gagliano e Pamplona (2015)

quando afirmam que a obrigação solidária é, sem dúvida, uma das mais importantes

categorias do Direito Obrigacional. Existe solidariedade quando, na mesma obrigação,

concorre uma pluralidade de credores, cada um com direito à divida toda (solidariedade

ativa), ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à divida por inteiro(solidariedade

passiva).

O Código Civil de 2002, dispõe: “Art.264. Há solidariedade, quando na mesma

obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou

obrigado, à divida toda”.

Um exemplo é quando o sindico do condomínio que pretenda comprar um terreno

vizinho para construir uma área de lazer. “realizada a compra da área. O condomínio é citado

para responder pelo passivo ambiental da área recentemente adquirida e o síndico alega não

saber disso. Nesse caso, ele responderá solidariamente com o condomínio, mesmo que não

tenha sido o causador do dano, respondendo judicialmente de forma objetiva por danos ao

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meio ambiente. O condomínio e o síndico serão obrigados ao pagamento de indenização em

pecúnia além de terem que regenerar aquela área degradada”.

Ocorrendo uma eventual condenação do condomínio no dever de indenizar danos

causados poderá ensejar a atribuição de responsabilidade do síndico, para exigir o

ressarcimento do prejuízo.

Na apuração da conduta do síndico exigir-se-á necessariamente a verificação da

ocorrência de culpa, em qualquer das suas modalidades (imprudência, negligência e

imperícia) ou dolo, mediante conduta omissiva e comissiva que tenha contribuído para a

ocorrência do dano, observando-se as obrigações legais, além daquelas estabelecidas na

Convenção de Condomínio, no Regulamento Interno e nas próprias assembleias.

(GONÇALVES, 2015)

Ressalta, ainda, ilustre jurista Gonçalves (2015) que essa regra é importante no tocante

a terceiros que tratem com esse administrador. Essa administração poderá ser expressa ou

tácita, como deflui da lei. Há medidas urgentes que exigem pronta providência do

condomínio. A obtenção de autorização dos demais condôminos poderia pôr a perder o direito

de todos. Nesse sentido, é evidente que o condômino que assumiu o papel de administrador

poderá cobrar de cada titular das quotas-partes as despesas proporcionais que a administração

exigiu, de outro modo, senão, ocorreria enriquecimento ilícito.

Assim, o artigo 1318 do Código Civil in verbis: “As dívidas contraídas por um dos

condôminos em proveito da comunhão e, durante ela, obrigam o contraente, mas asseguram-

lhe ação regressiva contra os demais”.

Da mesma forma, os frutos devem ser repartidos proporcionalmente entre os

consortes, assim como eventuais danos. “Cada consorte responde aos outros pelos frutos que

percebeu da coisa comum, e pelo dano que lhe causou” (artigo 1319 do CC).

4.3.5 Responsabilidade Fracionária

Nas obrigações fracionárias, concorre uma pluralidade de devedores ou credores, de

forma que cada um deles responde apenas por parte da dívida ou tem direito apenas a uma

proporcionalidade do crédito. Do ponto de vista passivo, coligam-se tantas obrigações

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distintas quanto os devedores, dividindo-se o cumprimento da prestação entre eles.

(GANGLIANO e PAMPLONA, 2015)

Um bom exemplo disso são as obrigações trabalhistas, judiciais e extrajudiciais,

decorrentes de uma relação condominial, em que norma expressa estabelece a

responsabilidade proporcional de cada um dos condôminos.

Lei n. 2.757, de 23 abril de 1956: “Art.3º Os condôminos responderão,

proporcionalmente, pelas obrigações previstas nas leis trabalhistas, inclusive as judiciais e

extra judiciais”.

Em regra é perfeitamente compatível com as diretrizes gerais da codificação civil, uma

vez que o art. 1317 do CC-02 estabelece expressamente que, “Quando a dívida houver sido

contraída por todos os condôminos, sem se discriminar a parte de cada um na obrigação, nem

se estipular solidariedade, entende-se que cada qual se obrigou proporcionalmente ao seu

quinhão na coisa comum”.

4.5 Impacto Ambiental Ocasiondo pelo Descarte Incorreto do Óleo de Cozinha

O óleo de cozinha é um produto utilizado, diariamente, pelo brasileiro na preparação

dos mais variados tipos de comidas. Contudo, as residências, condomínios, lanchonetes e

restaurantes descartam esse óleo usado de qualquer jeito, sem se importar ou até mesmo

ignorar os impactos ambientais por ele causados.

Conforme o site manualdaquimica, o óleo de cozinha "é uma mistura de substâncias

(ácidos graxos insaturados) que não apresenta solubilidade alguma na água, pois ele é apolar,

e a água, polar. Assim, sempre que o óleo entra em contato com água, não ocorre a sua

dissolução, e eles ficam separados em virtude da diferença de

densidade."(MANUALDAQUIMICA, 2018)

Muitas pessoas têm o costume de, após preparar uma fritura, despejar a sobra do óleo

usado na pia ou ralo. Essa atitude pode causar diversos prejuízos ao meio ambiente e também

ao próprio condomínio.

Dentre os malefícios provenientes do descarte incorreto de óleo de cozinha, podemos

citar:

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- Entupimento de encanamentos residenciais e tubulações urbanas, exigindo a

utilização de produtos químicos altamente danosos ao meio ambiente para a

limpeza dessas tubulações, que muitas vezes têm de ser substituídas devido à ação

poluente do óleo.

- Interrupção da operação em estações de tratamento de água e esgoto para

substituição de componentes.

- Liberação de gases tóxicos durante sua decomposição.

- Impermeabilização do solo, impedindo o escoamento natural da água da chuva.

- Contaminação do lençol freático.

- Contaminação de rios e oceanos, comprometendo a vida marinha e intoxicando

peixes e frutos do mar que serviriam inclusive para consumo humano.

O óleo de cozinha descartado na pia ou ralo permite que este composto químico

chegue aos rios, lagos e oceanos, contaminando e degradando todos os locais por onde passa.

Primeiro ele gruda nas paredes dos canos, retendo os restos de alimentos, ocasionando, com o

passar do tempo, o entupimento do sistema de encanamento, das caixas de gorduras e das

estações de tratamento de esgotos, as quais não estão preparadas para receber diariamente

esse grande volume de óleo, o que causa a ineficácia no tratamento do esgoto e aumenta os

gastos com a manutenção das tubulações, além de atrair ratos e baratas para dentro das

residências. Segundo Castellanelli et al. (2007), o óleo indo parar nos sistemas de esgoto vai

ocasionar entupimento dos canos e o encarecimento dos processos de tratamento, além de

contaminar o meio aquático e consequentemente o meio ambiente.

Segundo o site BiodieselBr, quando ingressado aos processos das Estações de

Tratamento de Efluentes (ETEs), o óleo dificulta e encarece o tratamento em

aproximadamente 45 %. Para o pesquisador Alexandre D'Avignon, do Centro de Estudos

Integrados sobre o Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ), a decomposição do óleo de cozinha usado emite na atmosfera metano, um

dos principais gases causadores do efeito estufa, responsável pela intensificação do

aquecimento global (BIODIESEL, 2018).

Ao chegar aos rios, o óleo de cozinha, por possuir uma densidade inferior à água, e

com esta não se misturar, forma uma película capaz de causar problemas ambientais graves na

vida aquática, uma vez que tal película por não permitir a entrada de luz e de gás oxigênio na

água, ocasiona a morte de vários peixes e da vegetação, sem contar que a pouca luminosidade

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prejudica os processos fotoquímicos, os quais são de essencial importância ao ecossistema

aquático, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento dos fitoplâncton, ou seja, o

conjunto de algas microscópicas capazes de realizar a fotossíntese e que são a base da cadeia

alimentar aquática (PARAÍSO, 2008).

Conhecedora dos graves prejuízos e dos impactos ambientais acarretados pelo descarte

incorreto do óleo de cozinha nas redes de esgotos, a Secretaria de Estado da Saúde de São

Paulo, através da Coordenadoria de Controle de Doenças e do Centro de Vigilância Sanitária,

editou, em 09 de abril de 2013, a Portaria CVS 5, publicada no DOE de 19/04/2013 - nº. 73 -

Poder Executivo – Seção I – pág. 32 - 35, que dispõe em seu artigo 42, inciso IV, sobre a

proibição de se descartar óleo na rede de esgotos e em águas pluviais. Confira: "Art. 42. A

cocção por fritura deve atender aos seguintes requisitos: IV - o óleo não pode ser descartado

na rede de esgoto nem em águas pluviais, porque entope tubulações e provoca poluição;".

No tocante ao tema "óleo de cozinha usado", a Legislação Ambiental Nacional anda

na contramão das legislações hordiernas, uma vez que desde 2007, ou seja, há

aproximadamente 11 (onze) anos, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 2.074 de

19 de setembro de 2007, que dispõe sobre “a obrigação dos postos de gasolina,

hipermercados, empresas vendedoras ou distribuidoras de óleo de cozinha e estabelecimentos

similares de manter estruturas destinadas à coleta de óleo de cozinha usado” (CÂMARA DOS

DEPUTADOS, 2007).

Se o referido Projeto de Lei for aprovado, tal norma vai obrigar as empresas

produtoras de óleo de cozinha a informar nos rótulos das embalagens sobre a possibilidade de

reciclagem do produto, assim como manter postos destinados a sua coleta.

Assim sendo, ante a inexistência da força imperativa da lei sobre o tema, faz-se

imprescindível o trabalho de conscientização dos estabelecimentos, dos condomínios e da

sociedade em geral, sobre o correto descarte do óleo de cozinha, que pode ser reutilizado em

diferentes formas, sendo uma delas, a produção de sabão em escala industrial ou artesanal

(PEZZINI, 2009).

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4.6 Coleta Seletiva do Óleo de Cozinha Usado

Segundo o site semulsp.manaus.am.gov.br, a coleta seletiva “é um sistema de

separação dos resíduos gerados nas atividades, que devem ser colocados em recipientes

devidamente identificados para posteriormente ser enviados para a reciclagem.”. Esse

procedimento de coletar o lixo, não só contribui para a redução da poluição como também

propicia economia de recursos naturais, matéria prima, redução do consumo de água e

energia, além de ser uma alternativa ecologicamente correta para desafogar os aterros

sanitários, vulgos “lixões”, dos resíduos sólidos que podem ser reciclados.

Tratar lixo é caro, mas o não tratamento é mais catastrófico ainda, em virtude dos

impactos ambientais por ele causado, o que coloca em risco a sobrevivência das futuras

gerações. O descarte do óleo é apenas uma pequena parte do problema relacionado à produção

mundial de lixo.

O óleo de cozinha ao invés de ser descartado na natureza, poderia ser reaproveitado

em inúmeras possibilidades, como na fabricação de diversos produtos, produção de biodiesel,

tintas, óleos para engrenagens, sabão, detergentes, entre outros (PITTA JUNIOR et al., 2009).

Entretanto, tudo começa pela Coleta Seletiva, que além de envolver a quebra de velhos

hábitos comportamentais, ou seja, mudança de comportamento com relação ao lixo, passa por

questões bem mais amplas como educação ambiental, à preocupação com a preservação do

meio ambiente, o reaproveitamento dos recursos, a geração de emprego e renda e ações

sociais (GALBIATI, 2005).

No que diz respeito à coleta seletiva do óleo vegetal, Pitta Jr. et al. (2009), leciona que

“é recomendável que o acondicionamento seja feito em embalagens com capacidades entre

500 ml a 2 litros, no caso das habitações, e de 20 a 50 litros nos pontos comerciais. Na coleta,

o veículo adaptado para receber caçamba, tanque ou com uma mangueira de sucção, faz uma

rota pré-definida calculada habitualmente por um sistema informatizado. Quanto ao

armazenamento, o óleo é estocado até atingir determinada quantidade antes de retornar à

produção, podendo passar pelo processo de filtragem para a remoção das impurezas.”.

Em Manaus, por meio do decreto nº 0815 de 30 de março de 2011 regulamentou

finalmente a Lei nº 1.536 de 7 de dezembro de 2010 que dispõe medidas para o

reaproveitamento do óleo vegetal e resíduos, restaurantes, bares, lanchonetes e outras

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empresas com atividade de produção e venda de refeições em geral estão obrigadas a coletar o

óleo vegetal de cozinha para destinação correta e aproveitamento na produção de biodiesel e

derivados.

Por essa legislação, as Secretarias Municipais de Meio Ambiente e Sustentabilidade

(Semmas), de Saúde (Semsa) e de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp) são responsáveis

pela fiscalização e aplicação do decreto.

Segundo o decreto, a coleta do óleo vegetal será realizada pela iniciativa privada por

meio de Organizações Não Governamentais (ONG’s), associações de catadores e cooperativas

com atividades voltadas a esse fim. As empresas coletoras e estocadoras de óleo firmarão

acordos de parceria com essas instituições.

A fiscalização, supervisão e acompanhamento das coletas e estocagem do óleo vegetal

pelos estabelecimentos comerciais são de competência do Departamento de Vigilância

Sanitária (Dvisa) da Semsa.

Se constatado e comprovado o descumprimento da coleta, a Semsa deverá instaurar

processo administrativo, “sem prejuízo das responsabilidades penais e civis”, sendo as

punições definidas pelas secretarias.

Ainda que o decreto represente um avanço legislativo em termos de coleta seletiva, a

destinação correta de resíduos não é realidade na maioria das casas manauaras, assim como

nos restaurantes, bares, lanchonetes e empresas com atividade de produção e venda de

refeições em geral. Por isso, tal hábito precisa ser ampliado e incentivado através da execução

de programas de reaproveitamento, ou seja, definir a forma como deverá ser feita a coleta e a

destinação do óleo vegetal, bem como as possíveis penalidades para quem não se dispuser a

cumprir as regras.

4.7 Coleta Seletiva do Óleo de Cozinha Usado em Manaus

Os serviços de coleta e transporte de resíduos sólidos na cidade de Manaus são

executados, em quase sua totalidade, por duas empresas, Tumpex e Marquise, que executam 6

(seis) modalidades de serviço: Coleta Domiciliar, Coleta Hospitalar, Remoção Mecânica,

Remoção Manual e Coleta Seletiva.

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Todos os resíduos sólidos oriundos da coleta pública de Manaus são encaminhados ao

aterro municipal, lá recebem destinação e/ou tratamento diferenciado de acordo com o tipo de

material e sua origem, com exceção dos resíduos provenientes da coleta seletiva, os quais são

encaminhados para os galpões das cooperativas e associações de catadores parceiros da

Semulsp para triagem, beneficiamento e posterior comercialização no mercado local.

Gráfico 1. Representação em percentual da quantidade de Resíduos Sólidos por modalidade de coleta

Fonte: (SEMULSP, 2015)

De janeiro a agosto de 2015, o custo com a coleta e disposição final do lixo alcançou o

valor de R$ 123.324.247,51, média de R$ 15.415.530,94. Confira tabela abaixo:

Tabela 1. Tabela representando os custos com coleta e Disposição Final de Resíduos - Janeiro a Agosto de 2015

Modalidades de coleta Preço Médio das duas

concessionárias

Acumulado de Janeiro

a Agosto de 2015

1. 1 Coleta - 79.893.222,45

Coleta Domiciliar R$ 143,02 54.414.020,80

Coleta Hospitalar R$ 413,85 303.860,11

Remoção Mecânica R$ 83,07 9.687.045,86

Remoção Manual R$ 141,79 13.772.202,11

Coleta de Poda R$ 312,72 1.417.693,50

Coleta Seletiva R$ 713,45 298.338,07

2. 2 Disposição Final R$ 70,86 43.431.025,06

Total (Coleta + Disposição Final) - 123.324.247,51

Fonte: (SEMULSP, 2015)

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Nesse mesmo período (janeiro a agosto de 2015), a coleta seletiva foi responsável pelo

recolhimento de 7.451 toneladas de materiais recicláveis, com isso a taxa de recuperação dos

materiais recicláveis alcançou o percentual de 1,2%.

Tabela 2. Tabela representando a Estatística da Coleta Seletiva - Janeiro a Agosto de 2015

Origem Quantidade coletada em 2015

(toneladas) %

Porta a Porta 478 6,4%

Cooperativas/Associações 6.905 92,7%

Pontos (PEV’s, escolas, etc) 68 0,9%

Total 7.451 100%

Fonte: (SEMULSP, 2015)

Quanto à coleta seletiva porta a porta, nos primeiros 8 (oito) meses do ano de 2015,

foram recolhidas 478 toneladas de resíduos. As demais modalidades de coleta, neste mesmo

período, foram responsáveis por 6.973 toneladas, isso sem contabilizar os resíduos coletados

pelas cooperativas/associações de catadores junto aos grandes geradores de materiais

reutilizáveis e recicláveis.

Tabela 3. Tabela representando a Coleta Seletiva Porta a Porta - Quantidade coletada e Média Diária de

Toneladas - Janeiro a Agosto de 2015

Roteiro Empresa Dia da

Semana

Quantidade

coletada

(toneladas)

Participação

%

Média diária

(toneladas)

CST01

TUMPEX

Segunda 50 10,0% 1,4

CST02 Terça 43 9,0% 1,2

CST03 Quarta 38 8,0% 1,1

CST04 Quinta 40 8,0% 1,2

CST05 Sexta 38 8,0% 1,2

CST06 Sábado 47 10,0% 1,4

CSM01

MARQUISE

Segunda 35 7,0% 0,8

CSM02 Terça 36 8,0% 0,6

CSM03 Quarta 42 9,0% 0,8

CSM04 Quinta 38 8,0% 0,9

CSM05 Sexta 33 7,0% 1,0

CSM06 Sábado 37 8,0% 0,9

Total 477 100,0% -

Fonte: (SEMULSP, 2015)

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Figura 1. Roteiros da Coleta Seletiva Porta a Porta da empresa Tumpex

Fonte: (SEMULSP, 2015)

Figura 2. Roteiros da Coleta Seletiva Porta a Porta da empresa Marquise

Fonte: (SEMULSP, 2015)

Já no primeiro semestre desse ano de 2018, consoante site semulsp.manaus.am.gov.br,

o serviço de coleta seletiva já alcançou, em média, 300 mil pessoas. As duas empresas

Marquise e Tumpex se dividem para atender mensalmente 12 bairros da cidade, são eles:

Adrianópolis, Chapada, Coroado, Dom Pedro, Flores, Japiim, Nossa Senhora das Graças,

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Nova Esperança, Parque 10 de Novembro, Planalto, Ponta Negra e São Jorge. Os caminhões

da coleta seletiva cumprem uma média de 12 rotas por dia, totalizando 122 localidades

atendidas, entre conjuntos residenciais, condomínios, comunidades, órgãos públicos e

militares e escolas.

Gráfico 2. Demonstração em percentual dos bairros de Manaus atendidos pela Coleta Seletiva

Fonte: (SEMULSP, 2017)

Pelo gráfico acima, percebe-se que Manaus ainda é muito limitada no que tange a

coleta seletiva. Mais pontos para esse tipo de coleta precisam ser instalados. A Prefeitura diz

que não tem recursos para ficar atendendo os bairros de porta em porta. As indústrias, por sua

vez, não são responsabilizadas pelos resíduos que produzem e isso, de certa forma, emperra e

restringe a ampliação dos pontos de coleta.

Quanto à coleta seletiva do óleo de cozinha, a Semulsp não recolhe esse material porta

a porta, se o morador tiver interesse terá que levar o produto coletado nos 4 (quatro) Postos de

Entrega Voluntária (PEVs), um localizado no bairro do Dom Pedro, outro no Japiim, o

terceiro no bairro da Chapada, no local denominado Parque dos Bilhares e o último no Parque

do Mindu, no bairro Parque Dez de Novembro. Esses postos além de receberem o óleo de

cozinha usado também servem para coleta do lixo doméstico, e outros materiais que podem

ser reaproveitados, como garrafas pet, embalagens de tetra-pack, plásticos, latinhas, papel e

papelão, entre outros.

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Tabela 4. Representação dos Endereços dos Pontos de Entregas Voluntárias (PEV's)

Ordem PEV Endereço Horário de

Funcionamento

1 D. PEDRO Praça de Alimentação do D. Pedro

Conj. D. Pedro

das 8:00h as 17:00h

de segunda a sábado

2 LAGOA JAPIIM Localizado próximo a administração do

parque da Lagoa Japiim

das 8:00h as 17:00h

de segunda a sábado

3 Parque dos

Bilhares

Pq dos Bilhares segunda etapa,

entrada pela Av. Constantino Nery

das 8:00h as 17:00h

de segunda a sexta;

sábados até o meio dia

4 Parque do Mindú Localizado no Pq do Mindú das 8:00h as 17:00h

de segunda a sexta

Fonte: (SEMULSP, 2015)

Figura 3. Representação da Localização dos Pontos de Entregas Voluntárias (PEV's)

Fonte: (SEMULSP, 2015)

Atualmente, Manaus conta com 19 (dezenove) instituições entre cooperativas,

associações, núcleos de catadores e grupos independentes, para triagem e beneficiamento de

materiais reutilizáveis e recicláveis, muito diferente do cenário do ano de 2015 quando

existiam somente 7 (sete) associações/cooperativas de catadores.

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Tabela 5. Galpões das Associações/Cooperativas de Catadores no ano de 2015

Ordem Zona Cooperativa/As

sociação de Catadores

Endereço Qts. de

Catadores

Área do terreno

(m2)

Área construída

(m2)

Vínculo Data

Entrega Especificações

1 Sul Recicla Manaus Lourenço da Silva

Braga, Manaus Moderna, Centro

10 7.000 800 MNCR 06/02/15

01 escritório principl com 04 salas, todas com banheiros, 01 recepção, 01 guarita

com banheiro, tendo 2 anexos: 1 nexo com escritório e 1 banheiro, 1 anexo com 1 sala

e 6 banheiros, e uma pequena sala

2 Norte Coopcarnam

Rua Helena Cardoso, nº 42

(Antiga 7 de Maio), Bairro de Santa

Etelvina

25 4.400 4.400 MNCR 16/12/14

Composto por um único salão, com piso parcial, duas docas de entrada e cinco de

saída, com pé direito de 12 metros, sala de escritório, 2 banheiros, copa

3 Leste Coopcamare e

ACR

Av. Itaúba, 31 Bairro de Jorge Teixeira, CEP

69088-240. Manaus AM.

45 1.000 1.100 MNCR 16/06/14

Pé-direito de 8 metros útil, piso estrutural com Fck= 35 Mpa (suportando 5 toneladas por metro quadrado, paredesem alvenaria

dobrada, estacionamento, estrutura metálica com telhas em galvalume 4,3mm

e translúcida, portões metálicos, 4 banheiros, sala de administração,

contabilidade, recepção, depósito, sistema de elétrica, sistema de esgoto, sistema de

fossa, sistema de hidráulica.

4 Leste Nova Recicla

Av. Nossa Senhora da Conceição –

Bairro Cidade de Deus, Manaus-AM

22 910 1.210 MNCR 08/06/15 Galpão construído em alvenaria e coberto com telhas metálicas, incluindo mesanino,

salas de escritórios, 3 banheiros

5 Leste Arpa

Alameda Cosme Ferreira, 304, Bairro

do Zumbi dos Palmares II, Manaus-AM.

22 300 400 Independ

entes 07/01/15

Imóvel construído em alvenaria e coberto com telhas metálicas, mesanino contendo

com área de escritório e banheiro.

6 Norte Núcleos da Cooperativa

Aliança

Bairro de Santa Etelvina

9 300 300 Independ

entes 04/04/15

Construído em alvenaria e coberto com telhas metálicas, com área de escritórios e

banheiros

7 Oeste Cooperativa

Aliança

Estrada da Compensa 555,

Bairro Vila da Prata 30 3.000 1.200

Independentes

03/08/15 Construído em alvenaria e coberto com

telhas metálicas, com área de escritórios e banheiros

Total 163 16.910 9.410

Fonte: (SEMULSP, 2015)

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Tabela 6. Galpões das Associações/Cooperativas de Catadores no ano de 2017 (PARTE 1)

Id ASSOCIAÇÃO REPRESENTANTE TELEFONE ENDEREÇO Nº

CATADORES MATERIAL

1 ARPA Raul Lima de Miranda 99371-3635 99271-0211

Alameda Cosme Ferreira, 304-Zumbi II (galpão) Email: [email protected]

43 papel, papelão, plástico em

geral, pet, tetra pak

2 RECICLA MANAUS Maria do Carmo de

Oliveira 99275-1862

Rua Lourenço da Silva Braga, Manaus Moderna(ref. MAKRO)

Email:[email protected]

29 papel, latinha, papelão, plásticos, pet, tetra pak

3 POLO DO

AMAZONAS Waldirene

99327-3461 99275-1862

Email: a.catadoresreciclagens.poloam@gmail. com

[email protected]

10 papel, papelão, plástico em

geral, pet, tetra pak

4 CALMA Iran Martins 99126-0157 Av. Constantino Nery-PEV Pq. Bilhares

Email: [email protected] 12

papel, metal, papelão, plástico em geral e pet

5 ECO RECICLA Antônio Delmo Miranda 99335-9974 99443-6467

Av. Aricá, nº 11 - Mauazinho 1 16 papel, metal, papelão, plástico em geral e pet

6 COOPECAMARE-

ACR Elenir Araújo/Ana

Lúcia/Alzenira

99170-1252 99516-6022 99221-4633

Av. Itaúba, 31- Jorge Teixeira Email: acrmanaus@gmail.

Com

20 papel, metal, papelão, plástico em geral e pet

COOPERATIVAS

7 ECO

COOPERATIVA Ruth/Valdirene

99297-4601 99327-3461

R.Arquiteto J. Henrique, 2350-Col. Terra Nova Email: [email protected]

25 papel em geral, papelão em geral, plástico em geral, pet

e tetra pak

8 COOPERATIVA

ALIANÇA (2 núcleos)

Alcinéia da Cunha 99323-2962 99906-5471

Av.Compensa, 550 (galpão) Email: asalianca@gmail.

com/marcia_mamede@ hotmail.com

papel em geral, papelão em geral, plástico em geral,

metais em geral, pet e tetra pak

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Tabela 7. Galpões das Associações/Cooperativas de Catadores no ano de 2017 (PARTE 2)

Id ASSOCIAÇÃO REPRESENTANTE TELEFONE ENDEREÇO Nº

CATADORES MATERIAL

NÚCLEO DE CATADORES

9 NÚCLEO I -

(COOPERATIVA ALIANÇA)

Dolores Santos Lopes 99309-2057 Av.Tereza D'Ávila, 06, Pq. Santa Etelvina papel, papelão, plásticos,

tetra pak, ferro, jornal

10 NÚCLEO II Maria de Fátima 99205-0048 Am 010, Km 18, Ramal do Janjão, nº 196,

Lago Azul 3

11

NÚCLEO III e IV (ASCARMAN)

(AMAM) COOPERATIVA

Cacilda Soares/Izeth Souza

99343-8866

R.Jasmin, 69, Santa Etelvina Email: cacildacatadora@

gmail.com kinha_35@hotmail.

Com

10

papel em geral, papelão em geral, plástico em geral,

metais em geral, pet e tetra pak

12 NÚCLEO V

(COOPERATIVA ALIANÇA)

Regiane Moraes 99285-8821 R.Penetração, s/nº - Parque Santa Etelvina

13 NÚCLEO VI Aldenice Dias Magalhães 99243-5417 R. João Pessoa, 392 com Vista Alegre, Santa

Etelvina

papel em geral, papelão em geral, plástico em geral,

metais em geral, pet e tetra pak

GRUPOS INDEPENDENTES

14 INST. AMBIENTAL DOROTHY STANG

Jorge/Elci 99183-0909 99192-1963

R. João Pessoa, 392 com Vista Alegre, Santa Etelvina

13

15 ASSOC. CATAD. Mª

DO BAIRRO Maria Auxiliadora/Beth

99195-9085 99342-8866 99145-9110

R. Paraíso, Bc Buriti, 23- Nova Esperança II 20

16 PROJETO

RECICLAR VIDA Cláudio Costa 99102-8943

R. Cajamirin, 107, Pq. Riachuelo II - Tarumã Email: projeto.reciclar@

gmail.com [email protected]

14

17 LIXO E CIDADANIA Maria do Carmo S. de

Souza 99391-2654

R.Flávio Costa, 125- Coroado I (galpão rec. dos irmãos)

Email: lixoecidadania1@ hotmail.com

42

papel em geral, papelão em geral, plástico em geral, metais em geral, pet e tetra pak, óleo

de cozinha e madeira

18 NOVA RECICLA

(galpão) Suelen Cardoso Ramos

/Arlison 99256-9853 99276-3661

Av. NSª da Conceição, s/nº - Cidade de Deus

Email: [email protected]

papel em geral, papelão em

geral, plástico em geral, metais em geral, pet e tetra pak

19 ASS. FILHAS DE

GUADALUPE Lúcia/Marilda

99116-8764 99190-1079 98238-4720

R. Paquetá, 03, Casa 18 - Vale do Sinai - Prox.Manoa Email:

catadoresfilhadeguadalupe@hotmail. com

17

Fonte: (SEMULSP, 2017)

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Das associações/cooperativas em epígrafe, somente uma delas a Associação de

Catadores de Materiais Recicláveis e Reaproveitáveis - ACMARR (Lixo e Cidadania), aceita

o óleo usado. Contudo, essa instituição assim como a Semulsp não vai buscar o material nas

residências, recolhe nos PEVs o óleo de cozinha usado juntamente com os outros resíduos

sólidos.

A disponibilização dos PEV´s e galpões são planejados estrategicamente com o

objetivo de ampliar a área de abrangência e atendimento da população com a coleta seletiva,

possibilitando desta forma a reinserção dos materiais recicláveis no processo produtivo.

Os resíduos recicláveis oriundos da coleta seletiva porta a porta e PEV são

encaminhados aos galpões para o processo de triagem e comercialização pelas

associações/cooperativas de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis que atuam nos

galpões.

4.8 O Reaproveitamento do Óleo de Cozinha como Fonte de Renda

Os avanços tecnológicos atuais permitem processos eficientes de reciclagem dos mais

variados produtos e o óleo de cozinha não poderia fugir a regra. Contudo, em que pese o

Brasil possuir tecnologia para a reciclagem dos óleos vegetais, a coleta do óleo de cozinha

utilizado nas frituras em geral, ainda não é um hábito comum nos lares brasileiros, seja pela

falta de informação sobre os malefícios deste produto para o meio ambiente, seja pela

ineficiência do Poder Público que não oferece a coleta porta a porta ou até mesmo pela

resistência do indivíduo em mudar antigos padrões comportamentais, aqui com enfoque à

educação ambiental como forma de sensibilizar o homem a cuidar melhor de seu planeta.

Nesse contexto, surgem as palavras "Reciclar" e "Reaproveitar" ou "Reutilizar" como

uma opção para quem quer ajudar o meio ambiente e de quebra ganhar uns "trocados" ou até

mesmo fazer disso sua fonte de renda principal.

Uma alternativa para se obter lucro é a reutilização do óleo de cozinha usado na

confecção de sabão, um processo simples, fácil e barato. Um bom exemplo disso aqui em

Manaus são a cooperativa "Lixo e Cidadania" e a empresa H²O Sustentável, as únicas na

cidade que trabalham com a reciclagem do óleo de cozinha usado.

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A cooperativa “Lixo e Cidadania” é formada por 42 (quarenta e dois) cooperados,

número fornecido pela senhora Maria do Carmo, responsável pela cooperativa, quando da

visita in loco da mestranda à sede daquela instituição. Essas pessoas são ex-catadores que

trabalhavam no lixão a céu aberto da cidade de Manaus. Quando o lixão se transformou em

aterro sanitário, esses catadores se uniram e foram formando cooperativas, conforme quadro

acima (Tabela 7), uma dessas cooperativas é a Associação de Catadores de Materiais

Recicláveis e Reaproveitáveis – ACMARR, nome de fantasia “Lixo e Cidadania”, seu

trabalho consiste em ir nos Postos de Entrega Voluntária (PEV) recolher o papel, papelão,

plástico, metais, madeira, pet e tetra pak, além do óleo de cozinha sujo lá deixado. Em

seguida, levam esses resíduos para a sede da cooperativa, situada no bairro Distrito Industrial

II, onde realizam a separação, pesagem e embalagem desses resíduos sólidos para vender as

empresas responsáveis pela reciclagem de tais produtos. Quanto ao óleo, este é aproveitado na

feitura de sabão, detergente e amaciante. Contudo, como a atividade principal da cooperativa

não é o reaproveitamento do óleo usado e sim a reciclagem de plásticos e papelão entre

outros, os produtos feitos a partir do óleo usado (sabão, detergente e amaciante) são vendidos

nos bairros do Distrito Industrial II e Coroado, bairro vizinho, e também para consumo dos

próprios cooperados.

Figura 4. Cooperados fazendo a separação do material reciclável

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

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A H²O Sustentável é uma empresa privada que atua no ramo de reciclagem do óleo de

cozinha, transformando-o em biodiesel, sua sede é em São Paulo, porém desde março de 2017

instalou uma filial em Manaus e vem atuando na coleta do óleo usado no mercado local. A

mestranda, assim como fez com a cooperativa, visitou também a H²O Sustentável, a empresa

está localizada na estrada do Brasileirinho, Zona Leste da cidade, e funciona dentro do

frigorífico do Alemão. Lá chegando, a mestranda foi recebida pelo sócio proprietário, senhor

Paulo César Marusso e sua esposa dona Tatiana, os quais lhe mostraram as dependências da

empresa e toda a logística envolvendo a coleta do óleo de cozinha usado, que vai desde a

captação de clientes, através de visitas nos restaurantes, bares, lanchonetes, shopping,

comércios em geral, condomínios, indústrias etc.; a assinatura do “Cadastro de Parceria”; a

entrega do banner, panfletos e dos recipientes coletores, mais conhecidos como bombonas; a

efetiva coleta porta a porta nos estabelecimentos parceiros; o transporte do óleo coletado em

carros apropriados; a chegada do óleo na empresa; a filtragem do produto em peneiras para a

limpeza das impurezas maiores; a decantação do óleo em tonéis para a retirada das impurezas

minúsculas que não conseguiram sair na filtragem; o envio desse material para a cidade de

São Paulo/SP; o descarte correto do óleo para ser transformado em biodiesel; e, por fim, a

destinação de uma parte dos lucros obtidos com todo esse processo operacional do óleo para

ações sociambientais, dentre algumas podemos citar: Casa Abrigo Boto Cor de Rosa, Rotaract

– Clube parceiro do Rotary Club Santo André e Teto Trecho.

Figura 5. Visita in loco na empresa H2²O Sustentável

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

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Cumpre esclarecer, que a Semulsp, por ser um órgão estadual e pertencente a

administração pública direta, não pode ter interesses financeiros com a atividade das

cooperativas ou associações de catadores ou mesmo obter quaisquer vantagens das empresas

privadas. O trabalho daquela Secretaria consiste em coletar o lixo, cerca de 2,6 tonelada/dia,

informação obtida no site semmas.manaus.am.gv.br, e levar para o aterro sanitário, cujos

resíduos são destinados a galpões das cooperativas e associações para serem separados e

posteriormente reciclados. Tudo isso, de forma gratuita junto às cooperativas e associações de

catadores, tanto é que no site ou na sede da Semulsp somente é disponibilizada a relação de

cooperativas, associações e grupos independentes de catadores (Tabela 7), sem qualquer

menção as empresas privadas que também realizam a mesma atividade (coleta e reciclagem

de resíduos).

Atualmente a SEMULSP executa diversas ações para melhorar a capacidade

operacional das Associações e Cooperativas de Materiais reutilizáveis e recicláveis estão entre

elas: a) Apoio Logístico para deslocamento dos materiais recicláveis; b) Apoio

Administrativo junto a outros órgãos para priorizar a contratação das associações e

cooperativas de catadores de materiais recicláveis para a coleta dos resíduos durante os

eventos realizados; c) Estrutura; d) Apoio no licenciamento ambiental junto aos órgãos

públicos; e) Apoio na regularização e obtenção de documentos junto aos diversos órgãos; f)

Assinatura de Convênios com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,

Perfumaria e Cosméticos-ABIHPEC.

Segundo o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Manaus que

foi estruturado para o horizonte temporal de 20 anos, ou seja, de 2009 a 2029, o mecanismos

para a criação de fontes de negócios, emprego e renda se dá mediante a valorização dos

resíduos, o que resvala pelo apoio logístico dado as associações e cooperativas de catadores

de materiais reutilizáveis e recicláveis.

Assim, a proposta da Semulps para ampliação da coleta seletiva é atribuir aos galpões

funções de PEVs, criando num raio 5km roteiros para coleta seletiva com a contratação das

Cooperativas e Associações de Catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis que operam

nos galpões.

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Figura 6. Proposta da Semulsp para ampliação da Coleta Seletiva visando geração de emprego e renda

Fonte: (SEMULSP, 2015)

Portanto, o reaproveitamento do óleo é uma forma de contribuir com o meio ambiente

e com as entidades coletoras, em virtude da criação de uma nova atividade econômica com a

coleta e o beneficiamento do óleo vegetal. Entretanto, para o sucesso desse empreitada é

necessário um trabalho conjunto de orientação, discussão e logística de recolhimento do óleo

com os estabelecimentos diretamente envolvidos.

4.9 Transformando o Óleo de Cozinha em Ações Socioambientais

Em 25 de dezembro de 2015, mais de 150 líderes dos Estados-Membros da

Organização das Nações Unida-ONU, aprovaram em Nova York, Estados Unidos, a adoção da

Agenda 2030 e dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para o planeta, quais

sejam: 1) Erradicação da pobreza; 2) Fome zero; 3) Boa saúde e Bem-estar; 4) Educação de

qualidade; 5) Igualdade de gênero; 6) Água limpa e Saneamento; 7) Energia acessível e limpa;

8) Emprego digno e Crescimento econômico; 9) Indústria inovação e infraestrutura; 10)

Redução das desigualdades; 11) Cidades e Condomínios sustentáveis; 12) Consumo e

Produção responsáveis; 13) Combate as alterações climáticas; 14) Vida debaixo d’água; 15)

Vida sobre a terra; 16) Paz, Justiça e Instituições fortes; 17) Parcerias em prol das Metas.

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Figura 7. Representação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU

Fonte: nacoesunidas.org

A fim de atingir alguns desses objetivos globais da ONU, é que a coleta de óleos

usados, assim como a de outros resíduos se faz imprescindível para a diminuição da

degradação do ecosistema, melhorando consequentemente a qualidade de vida das pessoas,

principalmente nas comunidades carentes.

Assim como o óleo de cozinha pode ser um fator gerador de emprego e renda, pode

contribuir também nas ações socioambientais. Como ocorreria a implementação de tais

projetos?

Vale aqui destacar, as ações socioambientais desenvolvidas junto a Casa Abrigo Boto

Rosa, o Rotaract Club de Santo André e a organização Teto Techo.

a) Casa Abrigo Boto Rosa – projeto nascido em 2013, a partir da experiência de

uma família que precisou de tratamento para a filha com câncer. Dessa história, surgiu essa

casa destinada exclusivamente a acolher as famílias oriundas do Norte do Brasil,

principalmente as mães que muitas vezes tem que deixar sua cidade natal para buscar

tratamento para seus filhos em São Paulo.

b) Rotaract Clube Santo André – programa parceiro do Rotary Club São Paulo,

que visa o desenvolvimento de lideranças e desenvolvimento pessoal através da prestação de

serviços humanitários integrados por jovens de 18 a 30 anos de idade, que auxiliam as

comunidades locais e internacionais. O trabalho do Rotary Club é mundialmente conhecido.

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c) Teto Techo - A Teto é uma organização presente em 19 países da América

Latina e Caribe, tem como objetivo superar a situação de pobreza em que vivem milhões de

pessoas nas favelas mais precárias. Através do engajamento comunitário e a mobilização de

jovens voluntários, a Teto procura implementar um modelo de intervenção focado no trabalho

lado a lado com os moradores das comunidades carentes, no sentido de construir moradias

mais dignas. Além da construção das casas, a organização procura promover a educação de

crianças na faixa etária de 4 a 10 anos, por meio de oficinas de leitura, e também a envolver

toda a comunidade em projetos de melhorias para seus bairros. A Teto já trabalhou em mais de

100 (cem) comunidades, construiu mais de 2.400 (duas mil e quatrocentas) casas

emergenciais, desenvolveu 26 projetos comunitários e mobilizou mais de 30 (trinta) mil

voluntários.

Trazendo os modelos acima para o universo dos condomínios, mais instituições

poderiam ser ajudadas, assim como mais ações sociais e socioambientais poderiam ser

desenvolvidas através da coleta seletiva do óleo usado, uma vez que é comum as empresas

oferecerem uma bonificação pela matéria prima (óleo sujo), ou seja, a cada 40 litros de óleo

doado, o cliente pode escolher vários produtos entre materiais de limpeza e materiais

descartáveis.

Assim, ao invés de ficar com esses produtos, o condomínio poderia doá-los as

instituições de caridade ou, caso contrário, ficaria com os produtos e o valor economizado

pela não compra dos materiais de limpeza e descartáveis, reverteria em ações socioambientais

dentro do próprio condomínio e adjacências, como horta comunitária, revitalização de uma

praça com a substituição de lâmpadas comuns por led, arborização de canteiros, telhado verde,

entre outros.

Na cidade de Manaus temos um total aproximado de 400 (quatrocentos) condomínios

residenciais e comerciais, segundo o site da TeleListas.net. Se 100% (cem por cento) desses

condomínios aderissem à entrega voluntária ou a coleta seletiva do óleo de cozinha e, 70%

(setenta por cento) desse óleo fosse transformado em biodiesel (energia limpa), os rios e

oceanos ficariam livres de várias toneladas de litros de óleo e o ar livre de agentes poluidores

como a fumaça, some-se a isso, a criação de novas cooperativas, geração de empregos e

renda, capacitação humana, bem como maiores investimentos em ações socioambientais.

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4.10 Estudo de Caso: Implantação da Coleta Seletiva do Óleo de Cozinha no

Condomínio Residencial Santa Clara

Em meados de 2017, a pesquisadora começou a procurar empresas que trabalhassem

com coleta e reaproveitamento do óleo de cozinha. Assim, entrou em contato com a Secretaria

Municipal de Limpeza e Serviços Públicos-Semulsp, órgão responsável pela gestão dos

serviços de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) e Limpeza Pública no Município de Manaus e

através desse contato telefônico, descobriu uma cooperativa denominada Associação de

Catadores de Materiais Recicláveis e Reaproveitáveis - ACMARR (Lixo e Cidadania), que

está atuando na cidade desde 2005, tendo obtido, ainda, o número de celular da responsável

pela cooperativa, senhora Maria do Carmo S. de Souza. Em seguida, a mestranda ligou para a

referida senhora e marcou uma visita in loco, a qual foi relatada, de forma detalhada, em

tópico anterior do trabalho.

Continuando suas buscas por outras instituições cuja atividade seja coleta seletiva de

óleo de cozinha, a mestranda descobriu, com a ajuda de terceiros, o endereço da H²O

Sustentável, uma empresa com matriz em São Paulo e que a partir de março do ano de 2017

começou também a atuar no mercado de Manaus. A visita à empresa e a atividade por ela

desenvolvida, foi esmiuçada em tópico específico para esse fim.

Obstinada a implantar a coleta seletiva do óleo de cozinha usado no Condomínio Santa

Clara, a pesquisadora, na qualidade de síndica daquele condomínio, compareceu, no dia 16 de

abril do corrente ano, a Semulsp, ocasião em que falou com o Subsecretário Municipal de

Gestão de Limpeza Pública, senhor Eisenhower Pereira Campos, sobre a possibilidade de

implantação da Coleta Seletiva no condomínio susomencionado, o que foi de pronto

encaminhada ao Gerente de Articulação Comunitária, senhor Fábio Maciel Araújo, que

agendou para o dia 05.05.2018, de 08:30 às 10:30 horas, a palestra de conscientização, assim

como o dia "D" para implantação da Coleta Seletiva.

A palestra agendada pela Semulsp veio a fortalecer ainda mais o trabalho de educação

ambiental já há tempos realizado pela pesquisadora, que além das conversas com os

moradores, secretárias do lar e funcionários do condomínio, distribuição de folderes e

panfletos, afixou ainda informativos nos elevadores e mural do condomínio, bem como

intensificou as mensagens, via whatsapp, no grupo dos moradores.

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Figura 8. Cartazes de divulgação sobre a implantação da Coleta Seletiva

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

A palestra do dia 05.05.2018, contou com a presença dos funcionários da Semulsp,

incluindo os Garis da Alegria, os quais além de animarem o evento ainda orientaram os

moradores, as secretárias do lar e os funcionários do condomínio sobre a necessidade e a

importância da coleta seletiva dos resíduos sólidos e do óleo de cozinha, bem como da

reutilização e reciclagem desses produtos para a preservação do meio ambiente.

Figura 9. Palestra de implantação da coleta seletiva com a presença dos Garis da Alegria e demais funcionários

da Semulsp no Condomínio Santa Clara

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

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Vale aqui destacar, as orientações dadas aos presentes à palestra com relação ao

correto descarte do óleo de cozinha:

a) após utilizar o óleo de fritura velho (de preferência em pouca quantidade), deve-se

armazená-lo em uma garrafa PET;

b) utilizar um funil para facilitar a entrada do óleo na garrafa;

c) conforme o óleo vai sendo utilizado, deve-se ir armazenando nas garrafas PET,

fechando bem as garrafas para evitar vazamentos;

d) manter o recipiente com o óleo sujo fora do alcance de crianças e animais de

estimação que podem ser atraídos pelo cheiro do óleo ou pela simples curiosidade e;

e) após encher algumas garrafas PETs de óleo proveniente das frituras, deve-se

procurar empresas e ONGs especializadas neste tipo de coleta seletiva, assim como postos de

entrega voluntária para descartar o óleo de forma correta.

No tocante ao último item "e", os moradores foram orientados a encher o tambor

localizado próxima a lixeira do condomínio e lá colocar o seu óleo, pois quando a mesma

estivesse cheia, o condomínio se encarregaria de chamar a empresa responsável (H2O

Sustentável) para vim buscar o coletor cheio, substituindo-o por outro vazio.

Figura 10. Moradores do Condomínio Santa Clara que participaram da implantação da coleta seletiva

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

Como dito alhures, a Semulsp não dispõe de coleta domiciliar para o óleo de cozinha,

os condôminos teriam que ir levar o óleo coletado nos Pontos de Entrega Voluntária (PEV), o

que geraria uma atribuição a mais ou até mesmo desestimulo aos moradores, que já se

encontram assoberbados pela agitação e correria diária da vida urbana.

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Figura 11. Tambor coletor de óleo de cozinha colocado em lugar estratégico do Condomínio Santa Clara

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

Assim, objetivando o sucesso da empreitada e visando facilitar a coleta do óleo usado

pelos condôminos, a síndica (mestranda) fechou parceria com a empresa H2O Sustentável,

uma vez que ela vem buscar o óleo no próprio condomínio.

5 MATERIAIS E MÉTODOS

Com presente trabalho, realizado junto aos moradores do condomínio residencial

Santa Clara, onde residem cerca de 42 (quarenta e duas) famílias, a pesquisadora pretende

mostrar que os condomínios edilícios têm responsabilidade civil e social com relação ao

meio ambiente equilibrado e a Educação Ambiental é um fator preponderante na

formação de um novo padrão comportamental do homem frente ao meio ambiente,

principalmente no que diz respeito ao não descarte do óleo de cozinha nos rios, riachos,

bueiros, pias, ralos e vasos sanitários. Partindo dessa premissa, a pesquisa é de natureza

qualitativa sócioambiental, pois permitiu a troca de conhecimentos entre a mestranda e os

moradores/condôminos do condomínio supramencionado.

Na realização da dissertação foram utilizados os métodos indutivo e comparativo

aliados à pesquisa bibliográfica, que se voltou para a educação ambiental no sentido de

mostrar a importância da mesma para a formação de um cidadão mais consciente com

relação aos cuidados com o meio ambiente, o que reflete numa melhor qualidade de vida,

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assim como analisar a responsabilidade civil dos condomínios edilícios quanto a

degradação do ecossistema, principalmente no que diz respeito ao descarte na natureza do

óleo de cozinha usado. Umberto Eco (2009) afirma que “um trabalho é científico se (...)

acrescenta alguma coisa aquilo que a comunidade já sabia”.

O Estudo de Caso desenvolveu-se no Condomínio Santa Clara e objetivou a

implantação da coleta seletiva de resíduos sólidos e do óleo vegetal. Contudo, o enfoque

da pesquisa foi direcionada para o correto descarte do óleo de cozinha utilizado pelas

famílias residentes no referido condomínio, em razão dos malefícios que o descarte

incorreto desse produto estava ocasionando nas tubulações, nas caixas de gorduras e na

estação de tratamento de esgoto daquele residencial. Diante dessa realidade fática, o

Estudo de Caso se fez necessário. Creswell (apud GIL, 2009) define o Estudo de Caso

como um “Estudo profundo de uma simples entidade ou fenômeno limitado pelo tempo e

atividade (um programa, evento, processo, instituição ou grupo social)”.

Na compreensão da importância de tal estudo, trazemos à baila os ensinamentos de

Antonio Carlos Gil ao afirmar que os “Estudos de Caso são reconhecidos como detentores

de potencial para o estudo do processo de mudança e adequados para a realização de

pesquisas sob o enfoque dialético” (2009). Por esse motivo, os moradores (sujeitos da

pesquisas), no total de 42 (quarenta e duas) famílias, foram determinantes e

imprescindíveis a realização do trabalho, por ser o condomínio o local de suas residências,

ou seja, o lugar onde passam um número considerável de tempo juntamente com seus

familiares.

Outro público que não se pode desconsiderar são os funcionários do condomínio,

em número de 7 (sete). Entretanto, por se tratar de um quantitativo bem reduzido e só

permanecerem no condomínio de segunda a sábado e, neste tempo de permanência, não

utilizarem óleo de cozinha, o trabalho com esses funcionários foi no sentido de orientação

do correto descarte do óleo em suas residências e prestarem suporte aos moradores do

condomínio quanto às dúvidas e dificuldades que possam surgir sobre a coleta seletiva e o

descarte do óleo.

Quanto às técnicas adotadas no campo de pesquisa, a mestranda desenvolveu um

trabalho voluntário, cuja finalidade era a implantação da coleta seletiva do óleo de cozinha

usado, para isso teve que percorrer os seguintes passos:

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1- abordagens direta aos moradores/condôminos e as secretárias do lar, com

conversas de cunho socioambiental, buscando estimular, por meio da educação, o bom

senso e as boas práticas ambientais;

2- implantação da “Campanha Santa Clara Consciente”, com distribuição de

material como folderes, panfletos e mensagens no grupo de whatsapp;

3- realização de palestra de conscientização juntos aos moradores, secretárias do

lar e funcionários;

4- entrosamento das crianças na palestra através da presença dos garis da alegria,

tendo em vista serem elas peças fundamentais para o envolvimento dos pais;

5- colocação do coletor do óleo em local estratégico de boa visibilidade e de fácil

acesso a todos;

6- parceria com empresas que realizem a coleta porta a porta no sentido de facilitar

a vida daquele que não tem tempo de deixar seu material reciclável nos postos de entrega

voluntária (PEV's);

7- materiais gráficos disponibilizados nos elevadores e mural do condomínio para

visualização extensiva de maneira a buscar mais e mais a adesão por parte dos moradores

à coleta seletiva, principalmente aqueles que não se fizeram presentes na palestra;

8- treinamento dos funcionários para que também possam orientar os moradores

no correto descarte dos resíduos;

9- realização, periódica, de atividades educativas de cunho ambiental (distribuição

de folderes, panfletos e mensagens no grupo de whatsapp), visando estimular a

continuidade da prática da coleta seletiva;

10- adoção de outras medidas (práticas verdes) que contribuem para o despertar da

consciência ambiental, tais como eventos ecológicos para as crianças, compostagem com

resto de comida, horta comunitária, economia de água e energia elétrica, entre outros.

Nossos agradecimentos ao pessoal da Semulsp, da Cooperativa "Lixo e Cidadania" e

da empresa H²O Sustentável, assim como a todos os parceiros, funcionários e moradores que

vestiram a camisa e encamparam a Campanha “Santa Clara Consciente”.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No afã de cumprir os objetivos específicos delineados no início do trabalho, quais

sejam: a) reafirmar a importância da educação ambiental na formação da consciência

ecológica; b) analisar a responsabilidade civil dos condomínios em relação ao meio ambiente

equilibrado; c) destinar de forma ecologicamente correta o óleo de cozinha usado para ser

transformado em sabão, detergente, tintas, amaciante, vela, biocombustível (energia limpa),

entre outros produtos, e: d) propor que os recursos financeiros (bonificações) obtidos com a

coleta do óleo de cozinha usado seja revestido em prol de projetos socioambientais, a

mestranda utilizou-se do estudo de caso no condomínio residencial Santa Clara e com visitas

in loco na cooperativa “Lixo e Cidadania” e na empresa H²O Sustentável, ambas escolhidas

devido a geração de emprego e renda e do trabalho social desenvolvido por elas.

Ao assumir o condomínio residencial Santa Clara em janeiro de 2016, na qualidade de

síndica, a mestranda começou a se deparar com sérios problemas relacionados a entupimento

de canos e altos custos com a manutenção da estação de tratamento de esgoto-ETE, que

demandava em torno de 6 (seis) limpezas ao ano, uma limpeza a cada 2 (dois) meses. O custo

de cada limpeza variava entre R$ 1.800,00 (hum e oitocentos) a R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Figura 12. Nota Fiscal referente a limpeza da Estação de Tratamento de Esgoto - Junho/2017

Fonte: Balancete do Condomínio Santa Clara

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Figura 13. Nota Fiscal referente a limpeza da Estação de Tratamento de Esgoto - Novembro/2017

Fonte: Balancete do Condomínio Santa Clara

A partir do momento que o óleo de cozinha usado deixou de ser descartado nas pias e

nos ralos dos apartamentos, o que passou a ocorrer após o trabalho de educação ambiental

desenvolvido pela síndica junto aos moradores, secretárias do lar e funcionários do

condomínio, os entupimentos reduziram bastante e os custos com a manutenção da ETE

baixaram consideravelmente.

O trabalho de educação ambiental consistiu em conversas informais, orientações pelo

grupo de whatsapp, distribuição de folderes e planfletos, não somente com relação à coleta

seletiva do óleo de cozinha, mais também com relação à coleta seletiva em geral,

principalmente pelo estado alarmante e calamitoso que a lixeira do condomínio se encontrava.

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Figura 14. Situação da Lixeira do Condomínio Santa Clara em 2016

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

Figura 15. Frente e Verso dos panfletos distribuídos aos moradores e funcionários do Condomínio

Santa Clara sobre a importância da Coleta Seletiva do Óleo de Cozinha usado

Fonte: Empresa H²O Sustentável

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Figura 16. Frente e Verso dos folderes distribuídos aos moradores e funcionários do Condomínio Santa

Clara sobre a importância da Coleta Seletiva

Fonte: Semulsp

Figura 17. Distribuição de panfletos às secretárias dos moradores e funcionários do Condomínio Santa Clara

sobre a importância da Coleta Seletiva do Óleo de Cozinha usado

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

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No ano de 2016, com a limpeza da Estação de Tratamento de Esgoto do condomínio

Santa Clara, gastava-se uma média de R$ 10.800,00 (dez mil e oitocentos reais) ao ano, uma

vez que eram necessárias 6 (seis) limpezas anuais, uma a cada 2 (dois) meses, cada uma no

valor de R$ 1.800,00 (hum mil e oitocentos reais). No ano de 2017, a limpeza da ETE foi

reduzida para 4 (quatro) limpezas anuais, 2 (duas) limpezas no primeiro semestre e 2 (duas)

no segundo semestre, perfazendo o valor anual de R$ 7.200,00 (sete mil e duzentos reais).

Neste ano de 2018, através da adesão de um maior número de moradores à campanha “Santa

Clara Consciente”, conseguimos baixar significativamente o custo com a limpeza da ETE,

inclusive barganhar um preço menor, ou seja, de R$ 1.800,00 (hum mil e oitocentos reais)

caiu para R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos reais), totalizando o valor anual de R$ 2.400,00

(dois mil e quatrocentos reais), isso se deu ao fato da limpeza ter ficado mais rápida e fácil,

pois não existe mais a crosta de óleo petrificada que se formava nas paredes dos tanques da

ETE.

Figura 18. Estação de Tratamento de Esgoto do Condomínio Santa Clara suja pelo óleo de cozinha

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

Neste ano, a primeira limpeza da ETE aconteceu no mês de junho, a outra está prevista

para o mês de novembro/2018, visto que os condomínios de modo geral trabalham com

cronogramas de manutenções preventivas e previsões orçamentárias.

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Figura 19. Estação de Tratamento de Esgoto limpa

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

Com o correto descarte do óleo, o condomínio conseguiu economizar em torno de R$

8.400,00 (oito mil e quatrocentos reais) ao ano, uma vez que conseguiu baixar

significativamente os custos com a limpeza da ETE, sem contar com a redução das despesas

referentes à troca de canos e entupimentos nas tubulações.

Gráfico 3. Mostrando a diminuição dos custos com a limpeza da Estação de Tratamento de Esgoto do

Condomínio Santa Clara entre os anos de 2016 a 2018

Fonte: Balancete do Condomínio Santa Clara

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Figura 20. Nota Fiscal da limpeza da Estação de Tratamento de Esgoto do Condomínio Santa Clara - Junho/2018

Fonte: Balancete do Condomínio Santa Clara

Além dos custos com limpeza e manutenção da ETE que praticamente despencaram,

como mostra o gráfico acima, outra coisa que melhorou bastante, depois desse trabalho de

conscientização ecológica, foi a lixeira do condomínio. Antes um amontoado de lixo,

acondicionado de qualquer jeito, isso quando não era jogado pelo chão, chegando a ser uma

questão até mesmo de saúde pública, visto que por inúmeras vezes os moradores reclamavam

com a síndica/mestranda de ratos e baratas que subiam pelos canos e iam parar nos

apartamentos.

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Figura 21. Antes e Depois da Lixeira do Condomínio após o Trabalho de Educação Ambiental

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

Desde a implantação da coleta seletiva do óleo, a mestranda pode observar que mais e

mais moradores estão coletando o óleo usado nos seus apartamentos e guardando em garrafas

pet ou vidro, e diariamente descartam esse óleo sujo no coletor instalado ao lado da porta de

entrada da lixeira. É valido salientar que no ponto de coleta existem as instruções necessárias

para o correto armazenamento do óleo (Figura 22), inclusive o local é monitorado com

câmeras, facilitando a fiscalização por parte dos funcionários do condomínio. Quando o

tambor está cheio, a empresa H²O é acionada para vim buscar o material, ocasião em que leva

o coletor cheio e deixa um outro vazio. Tal procedimento está sendo realizado 1 (uma) vez

por mês, sempre na última quarta-feira do mês.

Figura 22. Morador do condomínio descartando óleo de cozinha usado

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

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O óleo oriundo do Condomínio Santa Clara é coletado, como dito anteriormente, pela

empresa H²O Sustentável, que leva o óleo para a sede da empresa localizada no Ramal do

Brasileirinho, Zona Leste da cidade de Manaus, com destinação final para o Estado de São

Paulo onde será transformado em óleo diesel.

Figura 23. Destinação Final do óleo de cozinha do Condomínio Santa Clara - Fabricação de Biodiesel

Fonte: Empresa H²O Sustentável

O motivo pelo qual o condomínio não entrega seu óleo usado à cooperativa "Lixo e

Cidadania", se deve ao fato daquela não vim buscar o óleo porta a porta, assim como faz a

empresa H²O Sustentável. A coleta porta a porta facilita bastante a vida das pessoas que não

dispõem de tempo ou até mesmo não têm como deixar os materiais recicláveis nos PEV's.

Relevante de se destacar é o alcance social que o reaproveitamento do óleo de cozinha

e dos resíduos sólidos em geral (papel, papelão, garrafas pet, vidros, metais, embalagens tetra

pak, etc) têm no tocante a geração de emprego e renda. Nota-se, pelo gráfico abaixo, o

crescente aumento, em nossa cidade, no número de cooperativas/associações de catadores

entre o período de 2015 a 2017. De um número de 7 (sete) cooperativas/associações em 2015,

saltou para 19 (dezenove) em 2017, praticamente o triplo em um espaço de 2 (dois) anos. Os

gráficos abaixo mostram o crescente aumento do número de cooperativas/associações e

consequentemente o aumento de empregos e renda àquelas famílias que se beneficiam direta

ou indiretamente da reciclagem dos resíduos sólidos.

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Gráfico 4. Aumento do número das cooperativas/associações de catadores - 2015 a 2017

Fonte: Semulsp

A maioria das cooperativas/associações são formadas por antigos catadores que

trabalhavam no lixão a céu aberto de nossa cidade e que, após a implantação dos aterros

sanitários, conforme as diretrizes nacionais para o saneamento básico, estabelecidas pela Lei

n°11.445/2007, se viram obrigados a criarem as cooperativas/associações como forma de

sobrevivência, tendo em vista que a Semulsp deveria destinar todos os resíduos

reaproveitáveis somente às instituições de recicláveis e reutilizáveis para triagem,

beneficiamento e comercialização.

Na cooperativa “Lixo e Cidadania”, uma das beneficiadas pela Semulsp, trabalham 42

(quarenta e dois) cooperados. Se cada um desses trabalhadores tiver uma família, em média,

composta por 4 (quatro) integrantes, serão ao todo 168 (cento e sessenta e oito) pessoas

vivendo diretamente da renda gerada pela cooperativa/associação. Sem contar na economia

que essas famílias têm com relação aos produtos como sabão em barra, detergente e

amaciante, os quais são produzidos a partir do reaproveitamento do óleo de cozinha usado e

que, gratuitamente, são distribuídos aos cooperados, que além de receberem esses produtos

grátis, ainda ganham com a venda nos bairros próximos ao galpão da cooperativa.

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Figura 24. Trabalho Manual dos cooperados - Separação e Embalagem dos resíduos

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

Já a H²O Sustentável, por ainda ser uma filial nova em Manaus, possui 5 (cinco)

funcionários, incluindo o sócio Paulo, sua esposa Tatiana, seus 2 (dois) filhos e um senhor por

nome Maradona. A empresa doou ao condomínio todo o material necessário (panfletos,

banner e bombona coletora) para o trabalho de educação, conscientização e implantação da

coleta seletiva do óleo vegetal. O diferencial da empresa é a comodidade da coleta porta a

porta e a bonificação ofertada aos “clientes parceiros”. Em conversa com o sócio Paulo, este

declarou a mestranda que “a filial de Manaus assim com a matriz em São Paulo, que possui

22 anos trabalhando na área de preservação ambiental, tem tudo para crescer e ofertar mais

empregos ao povo manauara, matéria prima (óleo usado) é que o não falta”, o que dificulta o

trabalho, declarou, por fim, aquele senhor: “é a destinação final do produto, em razão da

dificuldade de se enviar todo o material para São Paulo, onde será transformado em

biodiesel.”

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Figura 25. Trabalho de Coleta do óleo de cozinha usado - Transporte e Armazenamento

Fonte: Empresa H²O Sustentável

Outra questão importante, e não menos relevante que a geração de emprego e renda,

são as ações socioambientais que o reaproveitamento do óleo de cozinha pode proporcionar

no tocante à manutenção e a criação de novos projeto sociais.

A H²O Sustentável, assim como outras empresas, tem por praxe ofertar aos clientes

parceiros uma bonificação. No caso da H²O para cada 40 (quarenta) litros de óleo coletado

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são oferecidos material de limpeza, descartáveis, rodo, avental, entre outros. Contudo, se o

cliente parceiro não quiser ficar com o produto, ele pode doá-los a uma instituição de caridade

ou até mesmo reverter o valor em prol de novos projetos sociais.

Figura 26. Planilha de Bonificação da empresa H²O Sustentável

Fonte: Empresa H²O Sustentável

Os projetos sociais apoiados pela matriz da empresa H²O Sustentável em São Paulo

são a Casa Abrigo Boto Rosa, Rotaract Clube Santo André e Teto Techo. Cabe destaque aqui,

a Casa Abrigo Boto Rosa que é responsável por atender as mães nortistas que vão para São

Paulo buscando tratamento de câncer para seus filhos.

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Figura 27. Projeto Social Casa Abrigo Boto Rosa

Fonte: Empresa H²O Sustentável

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Figura 28. Projeto Social Rotaract Club Santo André/SP

Fonte: Empresa H²O Sustentável

Figura 29. Projeto Social Teto Techo

Fonte: Empresa H²O Sustentável

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Em Manaus algumas instituições encamparam a ideia da coleta seletiva do óleo de

cozinha através da parceria com a H²O Sustentável. Tomemos como exemplo, entre outros, a

Rede Amazônica de Televisão, Ipaam, Uninorte e o Condomínio Santa Clara.

Para aderir ao programa da empresa em comento, deve-se preencher a ficha de

cadastro e assinar o acordo de parceria, após esses procedimentos, serão entregues os

recipientes coletores em quantidade necessária para o descarte dos resíduos e a certificação

ambiental, conforme legislação vigente. Todo o processo de coleta, transporte,

beneficiamento e destinação final é monitorado por diversos documentos a cargo da empresa

H²O junto aos clientes parceiros.

Figura 30. Projetos Socioambientais desenvolvidos em Manaus

Fonte: Empresa H²O Sustentável

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As ações socioambientais são formas de se promover a educação ambiental,

empreendedorismo, cidadania e cultura a milhares de crianças, jovens e adultos de

comunidades carentes. Esses projetos além de conscientizar, também incentivam e orientam

as comunidades a captar, acondicionar e destinar os resíduos recicláveis de forma

ecologicamente correta, garantindo assim o restabelecimento humanitário e ambiental e

inevitavelmente uma melhor qualidade de vida.

A educação para Freire, segundo afirma Zitkoski (2006), “[...] deve ser trabalhada

intencionalmente para humanizar o mundo por meio de uma formação cultural e da práxis

transformadora de todos os cidadãos sujeitos da sua história [...]”.

Destarte, incontestavelmente, temos que a educação é uma prática antropológica, pois:

“A educação é uma ação constitutiva de ser humano. Homens e mulheres se educam em suas

relações com o mundo, em processo permanente” (OLIVEIRA, 2006).

A partir do exposto, temos que não basta simplesmente a conscientização e a

implantação da coleta seletiva do óleo usado para que o processo esteja pronto e finalizado,

faz-se imprescindível um trabalho contínuo voltado para a educação ambiental no sentido de

manter os indivíduos sempre envolvidos e estimulados neste processo, bem como preparar as

novas gerações para os desafios que surgem a cada ano com relação aos cuidados com o meio

ambiente.

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7 CONCLUSÃO

Estudos apontam que um simples litro de óleo de cozinha usado despejado de forma

indevida no sistema de esgoto pode contaminar até 25 mil litros de água. O óleo de cozinha

usado torna ainda mais caro e complexo o processo de tratamento de água e esgoto para

consumo humano.

Sob a ótica de Grün (2012) nossa civilização não tem como se sustentar se mantidos

os atuais sistemas de valores. O autor segue em sua análise ensinando que a educação

ambiental resgata, reapropria-se de certos valores, os quais não estão no nível mais imediato

da consciência, mas se encontram reprimidos através de um longo processo histórico.

Desse modo, a tarefa da educação ambiental é fornecer novos paradigmas de consumo

no que diz respeito aos valores que regem o agir humano em sua relação com o meio

ambiente.

Nessa discussão, Galli (2012) defende que a ganância do homem acabou por levá-lo a

atos totalmente alheios a julgamento de valor, uma vez que não distingue entre o bem e o mal

que possa fazer não só ao meio ambiente, mas também a todos os seres vivos.

Desta forma, mister à necessidade de se promover a conscientização da sociedade

acerca do perigo de se descartar o óleo de cozinha de forma inadequada, principalmente nos

dias atuais, conforme leciona Figueiredo (1995), onde os efeitos da degradação ambiental

decorrentes de atividades urbanas e industriais atingem níveis cada vez mais alarmantes.

Em matéria publicada no portal do jornal Acrítica em 05/06/2015, infere-se que,

segundo os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleo (Abiove), o Brasil produz

mais de três bilhões de litros de óleos vegetais por ano, cada família consome, em média, 4

litros por mês e descarta 1 litro. Isso significa que mais de 500 mil litros de óleos são

descartados pelas famílias manauaras todos os meses, revelou uma estimativa com base em

dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Neste cenário, surgem os condomínios edilícios, uma forma de moradia muito

procurada hodiernamente. Contudo, esse aglomerado populacional concentrado em poucos

metros quadros, ocasiona danos ao meio ambiente. Assim, o síndico na qualidade de

representante legal do condomínio tem o dever legal de zelar também pelas questões

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ambientais, sob pena de, juntamente com a pessoa jurídica (condomínio), ser responsabilizado

civil e penalmente pelos danos causados à natureza.

Em Manaus temos um número aproximado de 400 (quatrocentos) condomínios

residenciais e comerciais, com a possibilidade de aumento desse número, prova disso são as

inúmeras obras condominiais espalhadas pela cidade, principalmente nas áreas da Ponta

Negra, Tarumã, Avenida Torquato Tapajós, Cidade Nova, entre outros. Se a maior parte

desses condomínios, digamos 80% (oitenta por cento) aderissem à coleta seletiva do óleo de

cozinha, o meio ambiente ficaria livre de várias toneladas mensais de litros de óleo.

Com esse trabalho, busca-se expandir a coleta seletiva do óleo de cozinha usado ao

maior número possível de condomínios. Para alcançar tal desiderato, conta-se com a parceria

da Semulsp, da cooperativa "Lixo e Cidadania" e do know-how da empresa H²O Sustentável.

Aliado ao fato da coleta seletiva do óleo usado se mostrar muito atrativa, em virtude de sua

implantação ter custo zero, uma vez que a Semulsp disponibiliza funcionários para realizarem

as palestras e a empresa H²O Sustentável fornece, gratuitamente, ao parceiro-cliente todo o

material necessário (panfletos, folderes e banner) à campanha de conscientização, bem como

as bombonas e o serviço de coleta porta a porta.

Ainda que o condomínio venha a ter gastos na aquisição do material, o custo ainda

assim é muito baixo, girando em torno de R$ 130,00 (cento e trinta reais), montante este

dispendido para a compra de 1 (um) banner tamanho médio (0,90x1,20m), no valor de R$

30,00 (trinta reais) e 1000 (mil) panfletos tamanho normal (15x21cm), preço entre R$ 89,00

(oitenta e nove reais) a R$ 100,00 (cem reais). Nota-se que o custo de implantação da coleta

seletiva do óleo é bem baixo, podendo ser considerado ínfimo se comparado com os inúmeros

benefícios que tal iniciativa proporciona tanto para o condomínio com relação à redução das

despesas relativa à substituição de canos e manutenção da ETE, quanto para o meio ambiente.

Além do alcance social como geração de empregos e renda, capacitação humana e

investimentos em ações socioambientais.

Entretanto, para que a coletiva seletiva se torne realidade na maior parte dos lares

manauaras não basta tão-somente a boa vontade de alguns, mister se faz uma parceria entre

poder público, iniciativa privada e indivíduo, cada um fazendo a sua parte.

O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Manaus (PMGIRS),

deixa bem claro a função de cada um. No tocante ao poder público, cabe assegurar

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minimamente a prestação da coleta seletiva para a maior parte da população possível,

universalizando e garantindo sua continuidade, através de uma fiscalização efetiva e

periódica, bem como o envolvimento, a inclusão social e econômica dos catadores de

materiais reutilizáveis e recicláveis, atores fundamentais no beneficiamento e

encaminhamento para a reciclagem desses materiais.

Quanto ao setor privado devem ser responsáveis por gerenciar a coleta e disposição

dos resíduos que geram. Além da obrigação das empresas que utilizam como insumo a

matéria-prima secundária, manterem cadastro no Sistema de Informações Municipais em

Resíduos Sólidos (SIMUR), a fim de possibilitar o acesso à informação pelas associações e

cooperativas de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, e sua posterior inserção ao

mercado de recicláveis.

Por fim, partindo do princípio de que a solução para o problema dos resíduos perpassa

pela educação ambiental da população, a integração das atividades de sensibilização sobre a

Coleta Seletiva, como vetor de conservação ambiental e inclusão social, segundo o Plano de

Gestão de Resíduos de Manaus, ficam a cargo da Semulsp, que através das ações da Cedolp

(Comissão Especial de Divulgação da Política de Limpeza Pública), deve levar informações

sobre destinação dos resíduos sólidos domiciliares, priorizando a participação da comunidade

através de escolas e equipes de orientação.

Um fator negativo que dificulta a adesão à coleta seletiva do óleo de cozinha diz

respeito à prestação do serviço porta a porta. A realização desse tipo de coleta pela Semulsp

seria de fundamental importância aos manauaras, assim como a adesão de empresas privadas

que fizessem o porta a porta e concedessem a bonificação (brindes) pelo fornecimento da

matéria-prima (óleo usado).

Considerando o número de manauaras, estimado pelo IBGE em 2017, em torno de

2.130.264 habitantes, os condomínios já existentes e os que futuramente serão criados, a

quantidade de residenciais e comércios de Manaus, a lógica nos permite concluir que temos

um nicho muito bom de mercado, onde tem espaço para a criação de novas

cooperativas/associações de catadores e instalações de empresas para o beneficiamento do

óleo diesel obtido através do óleo vegetal usado, o que representaria mais divisas ao nosso

Estado, empregos e rendas, investimentos em projetos socioambientais, qualidade de vida e

preservação do meio ambiente.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – PESAGEM DO MATERIAL RECICLÁVEL

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

APÊNDICE B – MATERIAL PESADO E EMBALADO PRONTO PARA SER

ENCAMINHADO ÀS EMPRESAS DE RECICLAGEM

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

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APÊNDICE C – ÓLEO QUANDO CHEGA NA EMPRESA H2O SUSTENTÁVEL

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

APÊNDICE D – BARRIS COLETORES DE ÓLEO DE COZINHA USADO

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.

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APÊNDICE E – LIMPEZA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO

PARA RETIRADA DA MASSA DE ÓLEO

Fonte: Elaborado pela autora do trabalho.