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Serviços de Reparo em Embarcações de Apoio a Plataformas João Pedro Pinto da Silva Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e Oceânico. Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes Rio de Janeiro Março de 2020

Serviços de Reparo em Embarcações de Apoio a Plataformas ...João Pedro Pinto da Silva Março de 2020 Orientadora: Marta Cecilia Reyes Tapia Curso: Engenharia Naval e Oceânica

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Page 1: Serviços de Reparo em Embarcações de Apoio a Plataformas ...João Pedro Pinto da Silva Março de 2020 Orientadora: Marta Cecilia Reyes Tapia Curso: Engenharia Naval e Oceânica

Serviços de Reparo em Embarcações de Apoio a

Plataformas

João Pedro Pinto da Silva

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Naval e Oceânica, Escola

Politécnica, da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Engenheiro Naval e

Oceânico.

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Rio de Janeiro

Março de 2020

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Serviços de Reparo em Embarcações de Apoio a

Plataformas

João Pedro Pinto da Silva

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA

A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL E OCEÂNICO.

Examinado por: _____________________________________________

Orientadora: Prof.ª Marta Cecilia Tapia Reyes

_____________________________________________

Prof. Alexandre Teixeira de Pinho Alho

_____________________________________________

Prof. José Marcio Vasconcellos

_____________________________________________

Eng. Isaias Quaresma Masetti

Rio de Janeiro

Março de 2020

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iii

Silva, João Pedro

Serviços de Reparo em Embarcações de Apoio a

Plataformas. / João Pedro Pinto da Silva - Rio de Janeiro:

UFRJ/ ESCOLA POLITÉCNICA, 2020

X, 83 p.: il.: 29,7 cm.

Orientador: Marta Cecilia Tapia Reyes

Projeto de Graduação - UFRJ/ POLI/ Engenharia Naval e

Oceânica, 2020.

Referências Bibliográficas: p.84.

1. Docagem 2. Apoio a Plataformas 3. Manutenção e

Reparo 4. Estaleiro I. Tapia Reyes, Marta Cecilia. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Naval e Oceânica. III.

Serviços de Reparo em Embarcações de Apoio a

Plataformas.

Page 4: Serviços de Reparo em Embarcações de Apoio a Plataformas ...João Pedro Pinto da Silva Março de 2020 Orientadora: Marta Cecilia Reyes Tapia Curso: Engenharia Naval e Oceânica

iv

DEDICATÓRIA

À minha família.

Obrigado por todo o apoio e pela extrema confiança.

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v

AGRADECIMENTOS

À minha irmã, Mariana, meus pais, Sonia e Orlando, por toda a confiança e apoio, mesmo

estando longe na maior parte da minha formação como Engenheiro Naval. Obrigado por nunca

duvidarem de mim, atitude comum em grande parte da nossa família.

À Andreza, minha grande companheira, com quem tive a honra de dividir meus piores e

melhores momentos da graduação; obrigado por todos os conselhos, todo o carinho, todas as cobranças

e principalmente, por nunca me deixar acomodado, algo que invariavelmente minha psique insiste em

fazer.

A todos meus colegas e amigos do curso de Engenharia Naval e Oceânica, em especial Bruno

Abreu e Caio Bertolo, por me acompanharem durante as últimas matérias da graduação, e tornarem as

disciplinas de Projeto de Sistemas Oceânicos, não apenas mais fáceis de lidar, mas também uma

verdadeira alegria em trabalhar ao lado de vocês. Só nós alunos sabemos o que significa estudar entre

as paredes do Bloco C.

A todos os professores da Engenharia Naval e Oceânica, que apesar da extrema cobrança e falta

de didática de muitos, conseguiram despertar uma verdadeira paixão em mim, que é a indústria naval

como um todo.

A minha orientadora Marta Tapia, por ser um verdadeiro exemplo de professora e orientadora,

juntando um oceano de conhecimento, vontade de ensinar e apreço por todas as muitas questões que

envolvem os alunos dentro e fora de sala de aula.

A todos meus amigos e amigas do time de vôlei da AAAEP, com quem tive o prazer de disputar

diversos campeonatos, representando uma força tão grande como a Escola Politécnica e a Engenharia

UFRJ.

A todos meus companheiros de estágio, por todos os ensinamentos e oportunidades.

Ao Engenheiro Naval Jean Shinzato, por me guiar e me apoiar por todos os anos da graduação.

Page 6: Serviços de Reparo em Embarcações de Apoio a Plataformas ...João Pedro Pinto da Silva Março de 2020 Orientadora: Marta Cecilia Reyes Tapia Curso: Engenharia Naval e Oceânica

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

Serviços de Reparo em Embarcações de Apoio a

Plataformas

João Pedro Pinto da Silva

Março de 2020

Orientadora: Marta Cecilia Reyes Tapia

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

Com a retomada do mercado de Exploração e Produção de petróleo no Brasil, é crescente o

número de embarcações de apoio a plataformas operando na região da Bacia de Campos e

Santos. Nesse sentido, a presença de um estaleiro de manutenção e reparos voltado a esse

tipo de embarcações e localizado no Rio de Janeiro/RJ se mostra uma decisão comercial

acertada. Ainda assim, a dificuldade de se planejar serviços de reparo ainda é alta, devido em

grande parte à imprevisibilidade das tarefas de manutenção, principalmente em partes

submersas dos navios. É feito, portanto, uma análise dos históricos de reparos realizados pelo

estaleiro buscando parâmetros quantitativos sobre os serviços, melhorando não só o

entendimento da indústria de reparos, como também encontrando relações úteis para

melhorar o planejamento do estaleiro. Todos os dados apresentados no projeto são reais e

relativos a uma empresa específica.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Naval Architecture and Marine Engineer.

Repair Works on Offshore Supply Vessels

João Pedro Pinto da Silva

March/2020

Advisor: Marta Cecilia Reyes Tapia

Graduation: Naval Architecture and Marine Engineering

With the resumptio of Oil & Gas Market at Brazil, the numer of Offshore Support Vessels

working at Campos Basin and Santos Basin is constantly increasing. In this regard, the

presence of a maintenance and repair shipyard located in Rio de Janeiro is a sound comercial

decision. Even so, the dificulty of planning repair services is still high, due in large part to the

unpredictability of maintenance tasks, especially of submerged parts of ships. Therefore in this

Project is made na analysis of the past repair works done at a shipyard, looking for quantitative

parameters related to the services provided by the yard, improving the understanding of ship

repair industry and also finding useful informations to improve the shipyard’s planning. All data

presented in this Project is real and related to a specific company

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ÍNDICE

1 Introdução .................................................................................................................... 6

2 Reparo em Navios ...................................................................................................... 11

2.1 Locais e Métodos ................................................................................................. 11

2.1.1 Dique Seco .................................................................................................... 11

2.1.2 Carreira .......................................................................................................... 13

2.1.3 Syncrolift ....................................................................................................... 14

2.1.4 Hydrolift ......................................................................................................... 16

2.1.5 Dique Flutuante............................................................................................. 17

2.2 Reparos e Vistorias ............................................................................................. 19

3 Estaleiro de Reparos.................................................................................................. 22

3.1 Localização .......................................................................................................... 22

3.2 Dique Flutuante .................................................................................................... 24

3.3 Operação Padrão do Dique Flutuante ................................................................ 26

3.4 Preparativos para a operação de docagem ....................................................... 29

4 Atividades implementadas pelo Estaleiro ................................................................ 32

4.1 Serviços Padrão ................................................................................................... 34

4.2 Facilidades ........................................................................................................... 36

4.3 Equipamentos ...................................................................................................... 37

4.4 Limpeza/Pintura ................................................................................................... 40

4.5 Caldeiraria/Mecânica ........................................................................................... 45

4.6 Apoio .................................................................................................................... 49

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4.7 Outros ................................................................................................................... 52

5 Análise Desenvolvida ................................................................................................ 53

6 Resultados Gerais do Estaleiro................................................................................. 59

7 Resultados dos Reparos Realizados ........................................................................ 64

7.1 Famílias e Grupos de Atividades ........................................................................ 64

7.2 Atividades Detalhadas ......................................................................................... 69

8 Propostas de Melhorias ............................................................................................. 74

9 Conclusão ................................................................................................................... 82

Referências ....................................................................................................................... 84

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1- Exemplo de embarcações de apoio marítimo ...................................................... 6

Figura 1.2 Distribuição de embarcações de apoio marítimo no Brasil out/2019 ..................... 7

Figura 2.1 - Dique Seco localizado na Grécia ...................................................................... 12

Figura 2.2 - Porta-batel sendo rebocada após alagamento do dique seco ........................... 13

Figura 2.3 - Embarcação de apoio em Carreira ................................................................... 14

Figura 2.4 - Plataforma Syncrolift em posição elevada ........................................................ 15

Figura 2.5 – Syncrolift sendo utilizado na construção de PSV’s ........................................... 15

Figura 2.6 - Sequência de operação das eclusas durante docagem .................................... 16

Figura 2.7 - Imagem aérea do Hydrolift do estaleiro Lisnave ............................................... 16

Figura 2.8 - 02 diques flutuantes em cais do estaleiro Damen ............................................. 17

Figura 2.9 - Dique flutuante recebendo um conjunto de rebocadores .................................. 18

Figura 2.10 – Embarcação em construção sendo transferida do cais para um dique flutuante

............................................................................................................................................ 18

Figura 2.11 - Eventos durante a Vida útil de um navio ......................................................... 20

Figura 2.12 - Docagem de Emergência para reparo em propulsor ....................................... 21

Figura 3.1 Localização do Estaleiro na Baía de Guanabara/RJ ........................................... 22

Figura 3.2 Localização das Bacias de Campos e Santos no litoral brasileiro ....................... 23

Figura 3.3 – Exemplo de Dique Flutuante totalmente lastrado ............................................. 24

Figura 3.4 - Arranjo Geral do Dique Flutuante...................................................................... 25

Figura 3.5 Poceto do dique flutuante com propulsor azimutal arriado .................................. 25

Figura 3.6 Caminho percorrido pelo dique flutuante até região de operação de docagem ... 26

Figura 3.7 Dique flutuante sendo rebocado em direção ao cais de atracação...................... 27

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Figura 3.8 Manobra de alinhamento da embarcação ........................................................... 28

Figura 3.9 - Operadores do Dique Flutuante durante manobra de desdocagem .................. 29

Figura 3.10 - Aviso aos Navegantes para operações de Reboque ....................................... 30

Figura 3.11 - Passarela de acesso à embarcação ............................................................... 31

Figura 4.1 - Exemplo de PPU (sem valores) ........................................................................ 33

Figura 4.2 - Localização dos picadeiros considerando reforçadores .................................... 34

Figura 4.3 - Plano de Picadeiros posicionado e travado....................................................... 35

Figura 4.4 – (1) Guindaste 100T transferindo materiais para embarcação (2) Guindaste de 70T

no interior do dique em serviço de remoção de linha de eixo ............................................... 38

Figura 4.5 - Cábrea durante navegação ............................................................................... 39

Figura 4.6 - Empilhadeira em movimentação de leme ......................................................... 39

Figura 4.7 - Plataformas Elevatórias em serviços no Leme .................................................. 40

Figura 4.8 - Hidrojato de 5.000 psi ....................................................................................... 41

Figura 4.9 - Pintura do Fundo Vertical de embarcação ........................................................ 42

Figura 4.10 - Embarcação após pintura completa e marcações diversas ............................. 43

Figura 4.11 - Detalhe de Caixa de Mar aberta e pintada ...................................................... 43

Figura 4.12 - Amarras e Ferros no convés do dique ............................................................ 44

Figura 4.13 - Reparo de chapeamento no costado de embarcação ..................................... 46

Figura 4.14 - Reforçadores internos danificados (flambagem) ............................................. 47

Figura 4.15 - Substituição de balaustrada ............................................................................ 47

Figura 4.16 – (1) Teste de válvulas sendo realizado na oficina do estaleiro (2) Anodos de

sacrifício no costado de navio .............................................................................................. 48

Figura 4.17 - Defensas soldadas no costado de um navio ................................................... 49

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Figura 4.18 - Andaime sendo utilizado em propulsor azimutal ............................................. 50

Figura 4.19 – Olhais de içamento sendo utilizados para remoção de SternThruster ............ 51

Figura 4.20 - Lemes removidos, com janelas de visita abertas ............................................ 51

Figura 4.21 - END (Caixa de Vácuo) sendo realizado após reparo estrutural ...................... 52

Figura 5.1 - Exemplo de Relatório Diário de Serviço ............................................................ 53

Figura 5.2 - Relações entre Planilhas no Power BI .............................................................. 55

Figura 5.3 - Divisão em Famílias e Grupos .......................................................................... 56

Figura 5.4 - Exemplo da planilha Cadastro de Serviços ....................................................... 57

Figura 5.5 - Relatório gerado no Power BI – Resumo Docagem .......................................... 58

Figura 5.6 - Relatório gerado no Power BI - Resumo de Serviços ....................................... 58

Figura 7.1 - Exemplo de seleção de Famílias e Grupos de Atividades ................................. 69

Figura 8.1 - Operação de Load-out de navio graneleiro ....................................................... 74

Figura 8.2 - Esquema do estaleiro definitivo ........................................................................ 75

Figura 8.3 - (1) Guindaste sobre trilhos // (2) Guindastes em dique flutuante ....................... 76

Figura 8.4 - Galpão Lonado de tamanho industrial............................................................... 78

Figura 8.5 - Localização do Galpão no Estaleiro .................................................................. 78

Figura 8.6 - Planilha de referência para reparos simultâneos .............................................. 79

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1 Introdução

A indústria de exploração offshore de petróleo e gás demanda diversas embarcações

classificadas como apoio marítimo para a realização de suas operações. Navios muitas vezes

especializados, realizam tarefas de logística, manutenção e instalação de equipamentos,

antes e durante a operação de plataformas de produção e perfuração em alto mar. Tais tarefas

podem ser exemplificadas como transferência de cargas em geral, combustíveis, água

potável, instalação de sistemas de amarração, sistemas submarinos de produção e também

reboques e transferências de plataformas.

À essas embarcações, muitas vezes atribui-se o nome de Supply Ships (Figura 1.1), e podem

ser classificadas em diversas características operacionais, em que as de maior relevância

encontram-se por exemplo: PSV’s (Platform Supply Vessels), AHTS’s (Anchor Handling Tug

Supply), OSRV’s (Oil Spill Recovery Vessel) e RSV’s (ROV Supply Vessel). Segundo a

Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (ABEAM), encontram-se no país 364

embarcações dessa categoria, em pesquisa realizada em outubro de 2019 (ABEAM, 2019),

sendo 325 embarcações de bandeira brasileira e 39 embarcações de bandeira estrangeira.

Destas,175 ou 48% são do tipo PSV ou OSRV, 11% do tipo AHTS e 4% do tipo RSV, como

pode ser visto na Figura 1.2.

Figura 1.1- Exemplo de embarcações de apoio marítimo

Fonte: Bram Offshore

Como esse tipo de embarcação opera em regimes de 24 horas por dia durante todo o ano,

realizando diversas manobras em diferentes locais e em proximidade com outras estruturas

flutuantes, é comum a ocorrência de problemas de mecânicos ou até mesmo acidentes como

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abalroamentos e pequenas colisões. Além disso, vistorias periódicas exigidas pelas

Sociedades Classificadores e autoridades marítimas geram a necessidade de inspeções com

os navios em seco, ou seja, fora d’água. Faz sentido, portanto, a existência de estaleiros

especializados em reparos de embarcações de apoio marítimo, principalmente próximos a

grandes Campos de petróleo, facilitando a logística de manutenção, diminuindo o período com

a embarcação parada e reduzindo custos para os Armadores.

Figura 1.2 Distribuição de embarcações de apoio marítimo no Brasil out/2019

Fonte: ABEAM – www.abeam.org.br

No Brasil, uma recente crise do setor de exploração de petróleo a partir do ano de 2014,

paralisou quase que completamente a construção de novos navios e plataformas no país,

gerando demissões em massa e desmobilização de grandes estaleiros envolvidos no

mercado. Do ponto de vista da operação, pesquisas da ABEAM mostram que existiam 500

embarcações de Apoio Marítimo no Brasil em dezembro de 2014 divididos em 243 de bandeira

brasileira e 257 de bandeira estrangeira. Isso representa uma diminuição de 136 embarcações

de apoio operando no país, ou seja, uma diminuição de 27,2% em comparação com o ano de

2019. Fica claro que, mesmo com uma grande diminuição dos investimentos em novas

construções de navios, a operação e manutenção dessas embarcações pode ainda

representar um mercado relevante para o país.

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Nesse contexto, estaleiros especializados em reparos, apesar de também sofrerem os

impactos da diminuição de investimentos no setor, conseguiram manter-se em operação até

o presente momento. Tais estaleiros são também os primeiros a perceber a melhora do setor

durante os anos devido aos aumentos pontuais de embarcações em operação, o que acabou

por gerar o interesse em um estudo sobre os serviços de reparo realizados nessa área da

indústria e como esses estaleiros operaram durante um período de baixa atividade

econômica.

O estaleiro em que foram elaborados os estudos aqui apresentados, realiza principalmente

atividades de reparo de embarcações de apoio marítimo, devido em grande parte às

limitações de seu dique flutuante. Embarcações de longo curso, como petroleiros e

graneleiros, assim como porta-contentores não são possíveis de serem reparados no estaleiro

devido à suas grandes dimensões (>150 m de LOA). Teve sua fundação em agosto de 2016,

logo após o início da crise no setor, e opera desde então serviços em seu Dique Flutuante ma

cidade de Niterói/RJ. Até o final do ano de 2019 foram realizadas 70 docagens, que serviram

de base para o estudo realizado.

A indústria de reparo naval, apesar de muitas vezes se encontrar ligada à indústria de novas

construções, tem diversas peculiaridades que impedem de estaleiros de reparos utilizarem os

mesmos métodos de análise, planejamento e operação dos estaleiros convencionais. Assim

como descrito pelo Professor Bill Hills (BRUCE, HILLS, & MCDOWALL, 1999), a indústria do

reparo naval se mostra complexa, dinâmica e caótica, sendo também muitas vezes

imprevisível. De fato, apesar de existir um certo grau de planejamento da manutenção e da

docagem de embarcações tanto por parte do Armador quanto por parte dos estaleiros, ainda

existe uma grande quantidade de serviços emergentes apenas após a retirada da embarcação

da água.

Como também demonstrado por HILLS et al (1999), o reparo de navios deve lidar com prazos

de término fixos, muitas vezes por questões de contratos de operação do navio, que são

fatores limitantes no planejamento da obra. Caso um serviço não previsto apareça tendo a

docagem já iniciada, cabe ao estaleiro apenas saber lidar com o aumento da carga de trabalho

sem poder estender o seu prazo de entrega. Por esses fatores e também pela volatilidade dos

serviços de manutenção de navios, é comum a prática em estaleiros de reparos, de

subcontratação de mão de obra, através de empresas autônomas, especializadas em serviços

como tratamento e pintura de cascos ou serviços de caldeiraria, por exemplo. Essa maneira

de trabalho visa atender a demandas imprevisíveis na quantidade de serviços, onde o

estaleiro necessitaria manter uma quantidade de colaboradores ou uma estrutura muito maior

do que a operação normalmente exigiria. Cabe notar que esse modo de trabalho não é

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9

exclusivo do Brasil, e se mostra comum em diversos estaleiros de reparo ao redor do mundo,

principalmente onde os custos de mão de obra são relativamente elevados.

Tendo em vista tais particularidades dos estaleiros de reparos, buscou-se realizar um estudo

através do banco de dados do estaleiro, de melhores maneiras de analisar os serviços

prestados ao longo dos anos. Com tais análises, espera ser possível realizar um melhor

planejamento para a operação de reparos, encontrando similaridades não só entre tipos de

embarcação, como PSV’s ou AHTS’s, como também entre tipos de docagens, como feitas

para vistorias programadas ou paradas de emergência.

Outro motivo foi pela procura de um melhor entendimento dos serviços prestados no estaleiro,

se ocorreu alguma mudança nas suas características ao longo dos anos, se existem serviços

que deixaram de ser solicitados por Armadores, ou novos serviços que estejam ganhando

mais demandas. Tal análise pode ser útil para basear futuros investimentos em infraestrutura

do estaleiro, como aumento de oficinas mecânicas, aquisição de guindastes ou até mesmo

mudanças em toda a operação do estaleiro. Propostas de melhorias são de extrema

importância, principalmente no atual momento, em que se finaliza a construção do terreno em

que o estaleiro será localizado definitivamente. Atualmente o estaleiro opera de maneira

provisória em outra localidade, realizando os reparos apenas dentro de seu dique flutuante,

com uma estrutura mínima.

Portanto, o objetivo final do estudo se torna além de criar um melhor entendimento da indústria

de reparo naval no Brasil, fornecer um aumento das ferramentas necessárias para o

planejamento e controle da operação de estaleiros de reparo. Apesar de ainda imprevisível,

espera-se achar padrões nas docagens que venham a fomentar mudanças na no estaleiro

aumentando sua eficiência operacional.

Na primeira metade do presente trabalho (Capítulos 1 a 4), será dada uma visão geral dos

aspectos envolvidos no reparo de embarcações, principalmente aplicados a navios de apoio

a indústria de Petróleo e Gás. Serão abordados temas como os métodos de retirar

embarcações da água para realização de manutenções e os motivos pelos quais se realizam

docagens e vistorias. Também será detalhada a operação padrão do estaleiro analisado, bem

como as atividades de reparos contidas na carteira de trabalhos do mesmo.

No capítulo 5 será detalhada a análise das atividades desenvolvida para o estudo. Nele estará

contido também a metodologia utilizada, o tratamento de dados que foi feito para permitir a

análise, bem como uma breve explicação do software escolhido para a criação de gráficos e

relações entre os trabalhos.

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10

Nos capítulos 6 e 7, serão explicitados os resultados encontrados, fazendo também breves

avaliações das relações observadas. Cada relação será comentada, procurando entender sua

causa e efeito.

No capítulo subsequente, serão feitas, com base nos resultados encontrados, uma série de

propostas de melhorias para o Estaleiro. Aproveita-se o fato de o mesmo estar mudando de

localidade, saindo de uma operação temporária para sua posição definitiva. Com isso, é

possível realizar diversas sugestões de mudanças operacionais e investimentos a serem

realizados, com o objetivo de aumentar a capacidade do estaleiro e melhorar sua eficiência.

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11

2 Reparo em Navios

Para dar início à análise dos serviços de reparo de embarcações, deve-se primeiramente

adentrar ao tema de reparos em si e as principais formas de realizar serviços de manutenção

em navios fora da água. Existem três principais locais e métodos de se realizar atividades de

reparo em navios, sendo elas, no Cais de Reparo (1), em uma Carreira (2), ou realizando uma

Docagem (3), reparando as embarcações dentro de diques. A necessidade da retirada de

embarcações da água se dá principalmente por vistorias periódicas exigidas por Sociedades

Classificadoras e autoridades marítimas de onde o navio é registrado. Além disso, ocasionais

problemas mecânicos ou acidentes podem causar a necessidade de retirar o navio da água

para realizar manutenções.

Dentre as três opções apresentadas acima, pode-se ainda diferenciar os métodos de reparo.

Se o mesmo for realizado em um cais de reparos, os meios de se retirar as embarcações da

água e posteriormente transferi-las para o cais podem se dividir em: Syncrolift, Hydrolift e

Dique Flutuante. Se for escolhido por se fazer a docagem do navio, têm-se as opções de

realizar os reparos dentro dos Diques Secos, ou ainda dentro dos próprios Diques Flutuantes.

Já as carreiras, são normalmente utilizadas para embarcações de menor dimensão, já que

exigem potentes guinchos para retirar as mesmas da água. Cada método possui suas

vantagens e desvantagens, além de custos de investimento e manutenção completamente

distintos.

2.1 Locais e Métodos

Como os diques flutuantes podem ser utilizados tanto para se realizar transferências de navios

para o cais de reparos como podem também ser o local onde o reparo originalmente ocorre,

os métodos apresentados acima serão descritos em uma única seção, evitando repetidas

explicações. Para isso, será apresentado primeiramente o Dique Seco, a Carreira e então os

três itens de transferência de navios para o cais, o Syncrolift, o Hydrolift e o Dique Flutuante.

2.1.1 Dique Seco

Método de Docagem mais comum, Diques Secos são estruturas civis, escavadas na margem

do terreno de estaleiros, de acordo com a profundidade do local e o calado das embarcações

que se deseja operar. Possuem formatos retangulares em sua maioria e podem ser utilizados

tanto para reparo de navios como para edificação de novas construções. Por esse motivo são

muito comuns em estaleiros de maior tempo de operação, que possivelmente iniciaram suas

atividades como estaleiros de novas construções param então migrarem ou aderirem a

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atividades de reparo. Possuem um investimento inicial elevado, já que envolvem tanto a

escavação da bacia que será alagada, como também a instalação de fundações

suficientemente fortes para suportar o peso dos navios em seco.

A vedação do dique seco é feita através de uma estrutura flutuante, denominada de Porta

Batel, que, quando deslastrada, é capaz de flutuar e ser rebocada, permitindo a saída da

embarcação. Quando lastrada, apoia no fundo do dique seco, permitindo o esvaziamento do

mesmo através do uso de bombas.

Figura 2.1 - Dique Seco localizado na Grécia

Fonte: Piraeus Port Authority

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A embarcação é apoiada em estruturas de concreto, chamadas picadeiros, que são

posicionados ainda com o dique sem água, de acordo com o navio que será reparado. Com

o dique alagado, a embarcação pode ser rebocada e posicionada acima dos picadeiros, e,

feita a verificação do seu alinhamento, é possível iniciar a operação de retirada da água do

dique.

Figura 2.2 - Porta-batel sendo rebocada após alagamento do dique seco

Fonte: Estaleiro Rio Grande

2.1.2 Carreira

Como citado anteriormente, as carreiras são maneiras de se retirar barcos da água voltadas

para embarcações de menor porte. São estruturas em forma de rampa, que adentram a região

do cais do estaleiro. Sua utilização se dá por meio de uma espécie de carro sobre trilhos

(skid), onde as embarcações são normalmente apoiadas, para então serem puxadas por

guinchos localizados em terra.

A embarcação permanece no skid durante todo o período de reparo, com o mesmo sendo

fixado através de freios e cunhos ao longo da carreira. Para o processo inverso não se faz

uso dos guinchos, sendo necessário apenas a liberação das travas do skid, deslizando a

embarcação para a água, através do efeito da força de gravidade.

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Figura 2.3 - Embarcação de apoio em Carreira

Fonte: ShipTec Reparos Navais

A sua rampa deve ser construída considerando a variação de marés da região, de forma que

mesmo em situações de maré baixa, ainda seja possível retirar embarcações da água. Para

isso a rampa deve se estender para longe do cais consideravelmente, dependendo da maré

da região e da inclinação da rampa.

Carreiras são comumente utilizadas em estaleiros de construção naval, abrangendo diversos

tamanhos e capacidades, incluindo navios de grande porte. Porém, para situações de reparo,

não se utilizam tais carreiras pela necessidade dos guinchos, que torna inviável retirar

embarcações de grande porte desta maneira.

2.1.3 Syncrolift

Syncrolifts são estruturas mais complexas de retirar navios da água, dependendo de

atuadores hidráulicos individuais e grandes níveis de automação. Dessa forma, possuem um

custo de implementação relativamente alto, além de necessitar de operadores especializados

e possuir uma manutenção também custosa.

Seu princípio de funcionamento envolve a elevação de uma plataforma móvel através de

diversos atuadores hidráulicos, localizados em ambos os lados da plataforma. Para retirar

uma embarcação da água, primeiramente a plataforma é afundada, com os apoios da mesma

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já posicionados, para então o navio ser rebocado para sua posição. Os atuadores então se

encarregam se elevar a plataforma, que por consequência retira a embarcação da água.

Figura 2.4 - Plataforma Syncrolift em posição elevada

Fonte: Syncrolift AS

Uma vez que a plataforma é elevada até a altura do cais, e embarcação pode ser

movimentada através de trilhos para outro local, onde será realizado verdadeiramente o

reparo. Portanto, o Syncrolift é utilizado apenas para colocar o navio em seco, de forma que

os atuadores hidráulicos não permanecem carregados durante todo o reparo.

Figura 2.5 – Syncrolift sendo utilizado na construção de PSV’s

Fonte: Starnav

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2.1.4 Hydrolift

Os Hydrolifts podem ser considerados um misto entre Dique Seco e eclusas, como no Canal

do Panamá. Sua operação se dá pela utilização de um cais de reparos, construído na altura

do terreno inicial do estaleiro (evitando assim o trabalho de escavar o local), e um sistema de

eclusas, que eleva o nível da água até possibilitar a entrada do navio no cais.

Figura 2.6 - Sequência de operação das eclusas durante docagem

Fonte: Hydrolift para Estaleiro de Reparos de Navios – Poli Monografias (http://monografias.poli.ufrj.br/)

Esse método foi criado pela primeira vez pela “Lisnave Estaleiros Navais” localizado na cidade

de Lisboa em Portugal, e teve como ponto crítico de sua construção a impossibilidade técnica

de construir diques secos tradicionais nos terrenos arenosos disponíveis para o estaleiro.

Nele, existem 3 diferentes cais de reparos, porém com o acesso pela mesma eclusa,

permitindo ao estaleiro realizar reparos simultâneos com tempos de entrada e saída dos

navios individuais.

Figura 2.7 - Imagem aérea do Hydrolift do estaleiro Lisnave

Fonte: Lisnave Estaleiros Navais S.A.

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Os navios podem ser posicionados na eclusa principal, que recebe água através de bombas,

elevando o navio até a altura suficiente para ser rebocado até uma das “vagas” do estaleiro.

Essa característica permite o reparo de diversos navios em sequência, além de possuir um

custo de implementação menor do que o de um dique seco convencional.

2.1.5 Dique Flutuante

Dique flutuante são equipamentos que, como o próprio nome diz, flutuam. São basicamente

embarcações em forma de “U” que permitem o posicionamento de um navio em seu interior.

Sua estrutura é composta de diversos compartimentos estanque (tanques), que podem ser

alagados individualmente, de forma que o dique afunde até uma profundidade que permita a

entrada de uma embarcação acima de seu convés principal.

Figura 2.8 - 02 diques flutuantes em cais do estaleiro Damen

Fonte: Damen Shiprepair and Conversion

Após o posicionamento do navio, o dique flutuante utiliza bombas próprias para deslastro,

emergindo seu convés e o navio em si. Igualmente à outras formas de docagem, os picadeiros

têm de estar previamente posicionados no convés. Os diques flutuantes se mostram

equipamentos bastante flexíveis, podendo ser utilizados em diversas localidades, sem

necessidade de se fixar em um local, sendo apenas rebocados para diferentes localidades.

Da mesma forma, podem ser atracados em locais de menor profundidade, realizando suas

operações em locais que permitam sua submersão. Por exemplo, o dique flutuante do

estaleiro analisado é atracado em um canal de 3,8 metros de profundidade, possuindo um

calado de 3,5 metros em condição normal. Para sua submersão, o mesmo é rebocado para

uma região com calado de 13 m. Como os navios reparados pelo estaleiro possuem até 5,5

metros de calado, os mesmos não poderiam sequer chegar ao cais de atracação do estaleiro.

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Outra vantagem se dá pelo fato de não ocuparem o terreno do estaleiro, já que podem ser

posicionados no cais como um navio comum

Figura 2.9 - Dique flutuante recebendo um conjunto de rebocadores

Fonte: Sanmar Floating Dock

Permitem também, de maneira análoga a um Syncrolift, a transferência das embarcações

para a terra ou vice-versa. Para isso, utilizam possuem diversos sensores de calado e

deflexão da estrutura, que controlam automaticamente as bombas de lastro, permitindo que

navios possam ser transferidos ao cais de reparos. Existe a possibilidade também dos reparos

serem realizados no interior do próprio dique flututante, caso o estaleiro não possua um cais

de reparos. Dessa forma a operação do dique flutuante se assemelha mais com a de um dique

seco. Como desvantagens, apresentam alto custo de manutenção de suas bombas e

limitantes operacionais como vento e ondas, já que a estrutura não é fixa em um local.

Figura 2.10 – Embarcação em construção sendo transferida do cais para um dique flutuante

Fonte: Estaleiro VARD Promar

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2.2 Reparos e Vistorias

Os dois principais motivos para paradas de manutenção de embarcações são: 1- Vistorias

exigidas por Sociedades Classificadoras ou autoridades marítimas; 2- Reparos emergenciais,

onde a falha de algum equipamento ou acidente impedem o navio de continuar a operar.

Durante a vida útil da embarcação classificada, são necessárias diversas inspeções para

atestar sua segurança e integridade estrutural. Muitas vezes, elementos que ficam

submersos, como propulsores, caixas de mar, thrusters e até mesmo o próprio casco do navio

devem ser avaliados, e para isso, surge a necessidade de retirar a embarcação da água.

Existem três classes diferentes de vistorias: Anual, como o próprio nome diz, realizada todo

ano, de Renovação de Classe a cada 5 anos e Intermediária, a cada 2 anos e meio, ou seja,

entre os períodos de Renovação de Classe. As vistorias realizadas ao logo da vida útil da

embarcação pode ser observada na Figura 2.11. Em vistorias anuais, não é necessário docar

o navio, já que os itens vistoriados são em sua maioria, itens de segurança e documentação,

além de uma inspeção visual da embarcação. Nas vistorias intermediárias e de renovação, é

necessário retirar a embarcação da água, para verificação do casco, válvulas de fundo,

propulsores e demais itens que ficam submersos. A exceção se dá apenas na primeira vistoria

intermediária, após 2 anos e meio de operação do navio, que também é excluída a

necessidade de docagem. A diferença entre as vistorias intermediárias e de Renovação se dá

pelo fato de que, na última, são inspecionados também itens de segurança, rádio

comunicação, sistemas de alarmes, sistemas de combate ao incêndio além de equipamentos

de salvatagem e resgate.

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Figura 2.11 - Eventos durante a Vida útil de um navio

Fonte: Hydrolift para Estaleiro de Reparos de Navios – Poli Monografias (http://monografias.poli.ufrj.br/)

Pelo fato de existir uma periodicidade nesse tipo de vistoria, o Armador pode programar

diferentes itens para serem vistoriados e reparados durante o tempo em que a embarcação

estiver parada. Com o objetivo de diminuir o período de reparo, são elaborados diversos

planos de manutenção, com diferentes empresas e grupos de trabalho, que serão realizados

durante o tempo em que a embarcação estiver em seco. Cabe ao Armador, junto ao Estaleiro,

definir prioridades e delegar atividades de forma que não se gerem atrasos e

consequentemente, perda de receita para o Armador.

É comum ocorrer concomitantemente à vistoria da embarcação, limpeza de tanques, reparo

e manutenção de válvulas intermediárias ou de transferência, reparos diversos no convés,

como pintura, renovação de olhais de peação, substituição de madeirame, reparo de itens

com corrosão avançada, como corrimãos, escadas externas ou balaustradas. Nesse

momento também são feitas alterações na embarcação para uma melhor operação da

mesma, muitas vezes sugeridas pela tripulação do navio.

Reparos de emergência ocorrem devido a falhas de equipamento, como bombas, válvulas e

propulsores, ocasionados a partir de problemas mecânicos como também à acidentes, como

colisões ou encalhes. Esse tipo de parada não prevista, costuma ser voltada apenas a

manutenção do necessário para o navio voltar ao serviço, embora não sejam poucos os casos

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em que o Armador utiliza a parada da embarcação para realizar outros serviços de reparo. Os

reparos emergenciais devem ser realizados o mais breve possível, e para isso dependem

também da disponibilidade dos Estaleiros da região.

Existem emergências em que a segurança da embarcação está comprometida, como válvulas

dando passagem, casco danificado permitindo a entrada de água ou falha em selos do eixo

propulsor, por exemplo, mas também existem casos em que a operação da embarcação

apenas fica comprometida, impedindo-a de continuar em contrato. Para esses casos, os

navios podem aguardar alguns dias ou navegar para estaleiros diferentes em busca de

condições melhores de reparos. Por exemplo, uma falha detectada em um Bow Thruster

impede o navio operar em Posicionamento Dinâmico (DP), porém não põe em risco a

segurança da embarcação. Dessa forma, se o navio estiver operando no Nordeste, um

Armador pode enviar a embarcação para o Rio de Janeiro para ser reparada próximo a bases

operacionais tanto do próprio Armador, como do fabricante do equipamento. Apesar disso,

será considerado também um reparo de emergência, já que a embarcação deve voltar a

operar o mais rápido possível, embora não seja caracterizada uma situação de risco.

Figura 2.12 - Docagem de Emergência para reparo em propulsor

Fonte: Autor

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3 Estaleiro de Reparos

3.1 Localização

O estaleiro analisado, optou por iniciar suas atividades de reparo com o Dique Flutuante

enquanto o seu terreno ainda se encontra em construção. Dessa forma, utiliza-se parte do

cais de outro estaleiro, localizado na Ilha da Conceição, bairro de Niterói/RJ como base

provisória (Figura 3.1). As cidades do Rio de Janeiro e Niterói concentram grande parte das

atividades de reparo de navios do Brasil, contando com diversos estaleiros cada um com

diferentes níveis de infraestrutura para suas atividades.

Figura 3.1 Localização do Estaleiro na Baía de Guanabara/RJ

Fonte: Google Earth

O estado do Rio de Janeiro é privilegiado em sua localização, já que além de estar em uma

região entre a Bacia de Santos e a Bacia de Campos(Figura 3.2), ainda concentra grande

parte dos escritórios e bases operacionais dos principais Armadores, facilitando a logística de

pessoal e equipamentos para os serviços de docagem. Além disso, na área do Porto do Rio

de Janeiro, operam a Triunfo Logística, fazendo carregamento de suprimentos, amarras,

âncoras para diversas embarcações de apoio à plataforma da Petrobras, além do próprio

terminal logístico da Petrobras, no Caju. Assim, o Rio de Janeiro se mostra um elemento muito

forte dentro da logística da indústria offshore, se mostrando perfeito para um estaleiro de

reparos, onde é possível fazer a manutenção de navios com o mínimo de tempo perdido, já

que evita grandes deslocamentos.

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O Estaleiro possui ainda um terreno em etapas finais de dragagem e construção, localizado

em São Gonçalo/RJ, ainda na Baía de Guanabara. Sua operação está prevista para ter início

no segundo semestre de 2020, dispondo de 130 metros de cais de atracação e um terreno de

20.000 m² aproximadamente. Nele serão ainda implementadas operações de Load-out, onde

embarcações de até 3.000 toneladas poderão ser transferidas para o terreno, desocupando

assim o Dique Flutuante do estaleiro.

Figura 3.2 Localização das Bacias de Campos e Santos no litoral brasileiro

Fonte: https://marsemfim.com.br/

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3.2 Dique Flutuante

O dique flutuante do estaleiro foi construído no Estaleiro Zemar, localizado em

Navegantes/SC, possui 95 metros de comprimento, 30 metros de boca e um pontal de 4,2

metros. Para os serviços de reparo conta ainda como uma extensão de 4 metros em sua proa,

facilitando a passagem de equipamentos como empilhadeiras mesmo quando houver

embarcações docadas. O dique possui capacidade para embarcações de até 5.800 toneladas

de deslocamento, contando ainda com uma boca interna (entre as “paredes”) de 24 metros.

Possui ainda uma sala de controle e 2 grupos geradores e paióis diversos em compartimentos

estanque.

Figura 3.3 – Exemplo de Dique Flutuante totalmente lastrado

Fonte Damen Shiprepair and Conversion

É dotado de 4 praças de bombas segregadas, duas em cada bordo, para maior segurança

em sua operação. Caso haja alguma forma de avaria na sua lateral, inundando alguma praça

de bombas, o dique mantém sua capacidade deslastrar por completo. Em sua situação de

submersão máxima chega aos 12 metros de calado, podendo docar embarcações com calado

máximo de 5,5 metros em picadeiros de 1,6 metros. Seu procedimento de lastramento é feito

com auxílio de rebocadores, já que o dique não é fixado no cais do Estaleiro com o objetivo

de aumentar a flexibilidade e velocidade de suas operações.

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Figura 3.4 - Arranjo Geral do Dique Flutuante

Fonte: Autor

O dique conta ainda com um poceto projetado para acomodar propulsores azimutais retráteis

muito comum em embarcações que requerem posicionamento dinâmico (DP), como por

exemplo PSV’s e AHTS’s. O poceto possui uma profundidade de 3m, suficiente para arriar os

propulsores retráteis da maior parte das embarcações durante a utilização do dique flutuante.

Figura 3.5 Poceto do dique flutuante com propulsor azimutal arriado

Fonte: Autor

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3.3 Operação Padrão do Dique Flutuante

O dique flutuante do Estaleiro começa a submergir seu convés com 4,20 m de calado,

podendo chegar à 12 metros dependendo da necessidade da embarcação a ser docada. O

canal onde o Dique Flutuante fica normalmente atracado possui calado de aproximadamente

3,5 metros, não sendo suficiente para realizar manobras de docagem, o que gera uma

necessidade do mesmo ter de ser rebocado até uma região mais favorável. A região escolhida

para a operação deve ser abrigada, sem a existência de ondas e com o menor trânsito de

navios possível, levando ao estaleiro a decidir realizar suas operações em frente ao cais da

Baker Hughes na própria Ilha da Conceição.

Figura 3.6 Caminho percorrido pelo dique flutuante até região de operação de docagem

Fonte: Google Maps

Para fazer a movimentação do dique, são necessários no mínimo 3 rebocadores, em um

sistema de 2 rebocadores puxando o dique por uma extremidade, e 1 rebocador na outra

extremidade do dique direcionando a manobra. O arranjo dos rebocadores pode ser feito tanto

na proa quanto na popa do dique, dependendo da posição em que o mesmo se encontrar

atracado. Por padrão as docagens são realizadas com 01 rebocador de grande porte (Aprox.

50t de BP), e dois de médio porte (Aprox. 15t de BP). Os rebocadores são responsáveis

também por manter a posição do dique durante toda operação de lastro e deslastro, já que o

dique flutuante não conta com sistemas de fundeio.

Após a transferência do dique para a posição de operação, o operador de docagem inicia a

manobra de válvulas para dar início a submersão do dique flutuante. Esse processo só tem

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início fora do canal de atracação a fim de evitar uma possível sucção de lama ou objetos

maiores pelas tomadas de sucção. Para a operação de lastramento, não são utilizadas as

bombas instaladas, o processo é feito através apenas da pressão hidrostática. O operador

controla apenas as válvulas de fundo e intermediárias para direcionar a água de lastro para

os tanques específicos, de forma que o trim e banda do dique flutuante se mantenham

estáveis.

Figura 3.7 Dique flutuante sendo rebocado em direção ao cais de atracação

Fonte: Autor

A operação de lastramento é feita até o dique atingir a condição de calado previamente

especificada, de acordo com as condições de calado da embarcação a ser docada e a folga

necessária para o seu posicionamento em relação aos picadeiros. Após alcançada a condição

final de calado, o navio pode então ser rebocado para a posição acima do convés principal do

dique flutuante. Essa manobra não deve ser feita através da propulsão da embarcação, a fim

de evitar que o escoamento gerado pelos seus propulsores movimente ou até mesmo derrube

os picadeiros. Outros dois rebocadores posicionam então a embarcação na proa do dique, e

a partir desse momento, são responsáveis apenas por manter seu alinhamento entre as

paredes do mesmo.

São utilizados então um sistema de cabrestantes do próprio dique para que, com o auxílio de

cabos da embarcação, movimentem a mesma até a posição final de docagem. Com o auxílio

de marcações feitas nas paredes do dique e instrumentos digitais como teodolitos, a

embarcação é lentamente posicionada até o ponto desejado e alinhada acima dos picadeiros.

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Figura 3.8 Manobra de alinhamento da embarcação

Fonte: Autor

Feito o alinhamento da embarcação, o operador de docagem pode dar início a manora de

deslastro do dique flutuante. Para isso, são utilizadas 02 bombas de lastro de um total de 04

bombas instaladas, com o objetivo de minimizar o desgaste das mesmas e reduzir custos de

manutenção. Cada a bomba possui uma numeração própria e são operadas em “X”, ou seja,

durante a docagem são utilizadas as bombas 1 e 3, e durante a desdocagem as bombas 2 e

4.

Enquanto a operação de lastramento do dique leva menos de duas horas até atingir um calado

de 10m, a operação inversa, com uma embarcação apoiada nos picadeiros pode se estender

por mais tempo. Não ocorrendo nenhum problema de alinhamento nos picadeiros, o deslastro

leva entre duas e quatro horas, a depender do deslocamento da embarcação.

Após a subida completa do dique, o mesmo é ser rebocado de volta ao cais de atracação.

Para otimizar o tempo de trabalho, tendo no escopo dos serviços a raspagem de incrustações

no casco, os colaboradores designados para tal dão início aos trabalhos ainda com o dique

em movimento. Por segurança, não são liberados serviços como montagem de andaimes ou

serviços que envolvam maquinário elétrico durante o deslocamento.

Para a operação de desdocagem, são feitas as mesmas manobras descritas acima, de

maneira inversa. O dique é lastrado por gravidade e deslastrado com a utilização das bombas

de lastro instaladas. A diferença se dá pelo maior risco associado ao lastramento do dique. A

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manobra é feita de maneira cadenciada, observando as condições de trim e banda da

embarcação, já que durante a docagem é comum a transferência de fluídos entre tanques

para realização de reparos, de forma que nem sempre é possível garantir os mesmos volumes

nos tanques de quando a embarcação foi docada. Também é feita uma parada durante a

operação assim que as caixas de mar são alagadas (ainda com o navio apoiado nos

picadeiros), de forma que se verifique todas as válvulas de fundo presentes na embarcação.

Dessa forma, se houver qualquer falha em alguma válvula que ponha a embarcação em risco

é possível interromper o afundamento do dique até que os problemas sejam resolvidos.

Figura 3.9 - Operadores do Dique Flutuante durante manobra de desdocagem

Fonte: Autor

3.4 Preparativos para a operação de docagem

Existem uma série de preparativos que precedem a operação do dique flutuante, entre eles

itens de segurança, verificações de tanques e aberturas no convés do dique, manutenção das

bombas, além de itens de segurança da embarcação. A partir do momento que a docagem

ou desdocagem de um navio é confirmada, é dado início a uma série de ações por diferentes

membros do Estaleiro.

Primeiramente, é feita a formalização de um Aviso aos Navegantes, publicação feita

periodicamente pela Marinha do Brasil com o fim de informar eventos marítimos ocorrendo

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em todo o território nacional. Nos folhetos de Avisos aos Navegantes são informadas

mudanças em cartas náuticas, ocorrência de reboques, avisos gerais de problemas em

embarcações e mal funcionamento de boias de sinalização por exemplo. Na Seção de Avisos

Rádio Náuticos e SAR, as manobras de reboque devem ser descritas, informando a

velocidade que será utilizada, o tamanho total do reboque, os rebocadores utilizados e a

localização da manobra, como mostra a Figura 3.10.

Figura 3.10 - Aviso aos Navegantes para operações de Reboque

Fonte: Marinha do Brasil (marinha.mil.br)

Além do Aviso aos navegantes, deve ser feita a contratação dos rebocadores que serão

utilizados na manobra diretamente com as empresas de reboque que operam no local. Como

as manobras já ocorrem de maneira similar desde 2017, o arranjo de rebocadores já é

conhecido pela empresa, tornando o processo de contratação bastante veloz. Na parte de

operação do Dique, são realizadas vistorias diárias nas bombas de lastro, a fim de evitar

possíveis problemas durante a sua operação. Ainda assim, no dia da manobra, todas as 04

bombas são testadas e aprovadas pela supervisão da empresa, bem como seus alarmes de

incêndio, bombas de porão e gases dentro da sala de bombas.

O supervisor de docagem também é responsável por verificar se todas as aberturas de

tanques do dique estão devidamente fechadas e travadas, como também os tanques de água

industrial (que não são lastreados) devem estar cheios. Tais tanques quando vazios fornecem

empuxo suficiente para impedir que o dique chegue na sua condição de calado máximo (12

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metros) e não podem ser enchidos através das bombas de lastro. Dessa forma, no dia anterior

à manobra, o supervisor confere o nível de água em cada tanque e faz o pedido ou não de

água doce para seu enchimento.

Também são contratadas para manobras, a empresa que realiza dos serviços de mergulho

durante a operação, para verificação do alinhamento dos picadeiros, e a empresa que fornece

profissionais de marinharia, responsáveis pelo manejo dos cabos de amarração do dique tanto

com os rebocadores como também com o navio a ser docado. Esses últimos também realizam

o alinhamento da embarcação no interior do dique flutuante, serviço que foi explicado

anteriormente, e pertencem a mesma empresa responsável pelo posicionamento dos

picadeiros que o navio será apoiado.

Se a manobra a ser realizada for de docagem de alguma embarcação, são exigidas listas de

todos os colaboradores que entrarão no estaleiro sob responsabilidade do Armador. Se tais

pessoas forem realizar algum serviço a bordo, é verificada toda a documentação do

trabalhador, garantindo que todos os certificados atendam às normas trabalhistas brasileiras.

Se a manobra for de desdocagem, a última ação a ser tomada antes da desatracação do

dique é a remoção da plataforma de acesso à embarcação (Figura 3.11), que deve ser feita

com o guindaste do estaleiro. Dessa forma, a embarcação fica isolada do dique flutuante, e

transferência de pessoas só poderão ser realizadas após o navio estar flutuando novamente.

Figura 3.11 - Passarela de acesso à embarcação

Fonte: Autor

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4 Atividades implementadas pelo Estaleiro

Atualmente os trabalhos oferecidos pelo estaleiro para o reparo de embarcações são em

grande parte relacionados ao apoio de manutenções mecânicas ao Armador. Tal categoria

inclui por exemplo, solda de olhais de içamento para remoção de equipamentos, remoção de

lemes para retirada de eixos, apoio com guindastes, empilhadeiras e plataformas elevatórias.

Existem também serviços de limpeza e pintura do casco e casaria, incluindo raspagem de

incrustações, hidrojato e tratamentos mecânicos para remoção de ferrugem. Além disso,

reparos ou substituições de tubulações e reparo de válvulas são frequentes e, em menor

quantidade, ocorrem reparos estruturais, como troca de chapeamento externo e substituição

de reforçadores.

Todos as atividades fornecidas são listadas em uma Planilha Excel, que é enviada ao Armador

ainda durante as negociações para a docagem. Nessa planilha encontra-se a listagem dos

serviços, o seu preço para a execução e as unidades utilizadas. Por exemplo: Reparo

estrutural em chapas até 5000 kg > Preço por kg de aço > Preço Total do Serviço. Para o

presente trabalho não serão expostos os valores referentes a cada item, a pedido do Estaleiro.

Será analisado apenas a sua realização, ou não, para cada embarcação reparada entre os

anos de 2016 e 2019. Um exemplo da planilha, chamada PPU (Planilha de Preços Unitários)

pode ser observado na Figura 4.1.

Para uma organização melhor dos serviços, o Estaleiro adota uma subdivisão dos mesmos

em categorias, formulada por semelhança de atuação, locais de trabalho ou proximidade

operacional. Suas categorias envolvem: Serviços padrão; Facilidades; Locação de

equipamentos; Limpeza/pintura; Caldeiraria; Apoio à mecânica; Outros. Todos os itens

presentes na PPU serão descritos e detalhados ao longo do Capítulo 0, buscando um melhor

entendimento do leitor sobre a operação de um Estaleiro de reparos do porte do objeto de

estudo.

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33

Figura 4.1 - Exemplo de PPU (sem valores)

Fonte: Autor

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4.1 Serviços Padrão

Os serviços padrão envolvem as tarefas obrigatórias para a maioria das embarcações que

irão realizar a docagem no estaleiro. Com exceção do fornecimento do banheiro químico, não

é possível realizar a docagem sem a execução de tais atividades, já que envolvem a operação

do dique flutuante e sua utilização.

o Preparação do Plano de Picadeiros: O plano de docagem da embarcação é um

documento de propriedade do Navio/Armador realizado durante seu projeto, e leva em

consideração não só a localização dos seus reforços estruturais, como também a

distribuição de massas da embarcação e necessidades específicas para a docagem.

Por exemplo, se o navio possuir um propulsor azimutal retrátil, o picadeiro1 deverá ter

a altura necessária para um arreamento total do mesmo, com o objetivo de permitir

uma possível remoção do propulsor. O número de picadeiros e a sua localização é

definido a partir da distribuição de massas da embarcação e do limite de trabalho de

cada picadeiro. O plano de picadeiros da embarcação deve ser adequado à

localização dos reforços estruturais do próprio dique (Figura 4.2). É então feito um

novo plano de picadeiros, que considere não somente os reforços estruturais da

embarcação, mas também a localização das sicordas e vaus do dique flutuante e

também o poceto do dique, se ele tiver previsão de utilização ou não. Tal plano de

picadeiros é então enviado de volta ao Armador para sua aprovação. Os picadeiros

são então posicionados de acordo com o plano, utilizando empilhadeiras e guindastes,

e travados no convés do dique com barras metálicas soldadas, conforme a Figura 4.3.

Figura 4.2 - Localização dos picadeiros considerando reforçadores

Fonte: Marine Insight (www.marineinsight.com)

1 Picadeiro: Estrutura sólida feita a partir de concreto ou aço, utilizados para se apoiar navios em seco. São posicionados de acordo com os reforços estruturais da embarcação.

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o Manobra de Docagem/Desdocagem: Atividade relativa à manobra do dique até o

local definido para o lastramento. Engloba a movimentação do dique flutuante com o

uso de rebocadores, o lastramento e deslastramento do dique e o alinhamento da

embarcação nos picadeiros.

o Estadia: Atividade referente a utilização do Dique durante o período de docagem.

Contado entre o dia que o navio entra no dique e a sua saída. Caso o armador não

realize nenhum reparo com o Estaleiro, tal serviço funciona como taxa de utilização do

dique.

o Mergulho: Para verificar o alinhamento da embarcação com os picadeiros, é enviado

um mergulhador profissional logo após o navio ser apoiado nos mesmos. A manobra

de lastramento do dique flutuante é interrompida e o mergulhador faz uma verificação

completa dos picadeiros. Nesse momento também é possível encontrar qualquer

diferença entre o plano de docagem enviado pelo armador e o navio real. É muito

comum a localização de sensores de fundo como echosounder2 e speed log3 não ser

a mesma por problemas durante a construção da embarcação.

Figura 4.3 - Plano de Picadeiros posicionado e travado

Fonte: Autor

2 Echosounder: Aparelho utilizado para sondagem de profundidade abaixo do casco. 3 Speed log: Sensor de aferimento de velocidade da embarcação

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4.2 Facilidades

Atividades presentes na categoria “Facilidades” incluem o fornecimento de todo tipo de

facilidade portuária para o Armador, como água doce e/ou salgada e ar comprimido. Incluem

também o fornecimento de energia elétrica para a embarcação e a retirada e descarte de

resíduos gerados pela embarcação, como esgoto sanitário, água oleosa ou lixo comum. Em

detalhes:

o Fornecimento de energia elétrica: Caso o armador necessite de energia elétrica

para certas atividades no interior da embarcação, o estaleiro fornece através de 2

geradores energia diretamente no quadro elétrico do navio. A tensão de trabalho pode

ser de 220V ou 440V com um máximo de 400 amperes.

o Fornecimento de água salgada: O fornecimento de água salgada pode ser feito com

duas utilidades. A primeira e mais comum se dá no fornecimento de água para

circulação dos sistemas do navio. Essa água tem como objetivo ser utilizada para o

resfriamento dos sistemas, caso o armador deseje operar um gerador interno, por

exemplo, e é contabilizada em diárias utilizadas. A segunda se dá no fornecimento de

água salgada para lastro, contabilizada por volume (toneladas). Como durante a o

reparo pode haver transferência de fluídos entre tanques e descarte de resíduos, pode

ser necessário o lastramento da embarcação para manter condições de trim e banda

neutras durante a desdocagem.

o Fornecimento de água doce: O armador pode decidir também abastecer seus

tanques de água doce no estaleiro, com o intuito de utilizá-la durante a docagem ou

logo após a saída da embarcação do estaleiro. Dessa forma também é fornecida água

doce, de acordo com o volume necessário.

o Fornecimento de ar comprimido: O estaleiro também pode oferecer ar comprimido

por toda a extensão do dique através de diversas linhas e pontos de saída. Ar

comprimido é utilizado tanto em diversas ferramentas a bordo como também em

equipamentos como bomba de hidrojato, bomba de pintura e agulheiros pneumáticos.

Seu fornecimento é contabilizado por números de pontos de ar solicitados pelo

armador.

o Pressurização do Sistema de Combate ao incêndio: Por segurança, o navio

durante toda a docagem deve ter seu sistema de combate ao incêndio pressurizado

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24h/dia. Como a embarcação encontra-se fora d’água, as tomadas do sistema não

podem ser utilizadas, cabendo ao estaleiro o fornecimento de água salgada. O sistema

de incêndio do dique flutuante é então conectado ao sistema de incêndio da

embarcação, pressurizando o mesmo durante o reparo.

o Remoção / Destinação de resíduos: Todo e qualquer resíduo gerado pela

embarcação deve ser removido e descartado por empresas especializadas. No caso

de resíduos gerados durante o período do reparo, seu descarte fica a cargo do

estaleiro, assim como a contratação da empresa especializada. Nessa categoria de

serviços encontra-se o descarte de lixo comum, como por exemplo papéis, madeiras

e metais limpos além de craca marinha provinda da raspagem do casco. Também são

descartados resíduos oleosos, como óleo lubrificante de propulsores ou água oleosa

vinda da praça de máquinas. Há também a destinação de lixo contaminado, que se

classifica como qualquer lixo sólido que esteja contaminado de óleo ou outras

substâncias nocivas à saúde. As empresas responsáveis pelo descarte fazem sua

destinação em locais legalizados pelo INEA e geram manifestos de resíduos que são

enviados ao estaleiro e ao Armador para controle interno.

o Montagem de Andaimes: O estaleiro fornece também ao armador a montagem e

manutenção de andaimes durante o reparo. O Armador pode escolher pela montagem

de andaimes para realização de serviços na embarcação, como pintura de casaria,

reparos em tubulações ou troca de luminárias, por exemplo. Qualquer serviço de

reparo realizado pelo estaleiro que necessite de andaimes também é computado

nessa categoria e cobrado de acordo com as dimensões instaladas dos mesmos.

o Área de Armazenamento: A pedido do Armador, podem ser providenciadas áreas de

armazenamento de materiais, antes, durante ou depois da docagem da embarcação.

Além disso, também são oferecidas salas de escritório para reuniões e almoxarifados

para equipamentos ficarem cobertos e seguros. As áreas de armazenamento externo

são separadas de acordo com o tamanho requisitado pelo Armador.

4.3 Equipamentos

O estaleiro dispõe de diversos equipamentos de carga à disposição do Armador, conforme for

solicitado. Entre eles, podem ser listados: Guindastes, empilhadeiras, plataformas elevatórias

e cábreas, contabilizados por tempo de uso pelo Armador ou suas empresas sub-contratadas.

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o Guindaste 100T: Guindaste terrestre, localizado no cais do estaleiro e com

capacidade máxima de 100 toneladas (Figura 4.4(1)). Utilizado para fazer o embarque

de materiais e equipamentos tanto na embarcação como no dique flutuante, contando

com uma lança máxima (alcance) de 40 metros. Também é utilizado para remoção de

Thrusters do dique, remoção de caçambas de cracas e embarque materiais de

andaime.

o Guindaste 70T: Guindaste sobre rodas, de tamanho reduzido, utilizado principalmente

em manobras de remoção de linha de eixo. É colocado no convés do dique flutuante

com o objetivo de reduzir movimentos relativos entre a embarcação e o guindaste

(Figura 4.4(2)). Se fosse utilizado guindastes em terra, qualquer ondulação que

incidisse no dique poderia causar um movimento indesejado, acarretando no

empenamento da linha de eixo.

Figura 4.4 – (1) Guindaste 100T transferindo materiais para embarcação (2) Guindaste de 70T no interior do dique em serviço de remoção de linha de eixo

Fonte: Autor

o Cábrea: Categoria de guindaste flutuante, de maior capacidade de carga que o

guindaste de terra. Utilizado para manobras em que a lança do guindaste de terra não

alcança o equipamento a ser içado ou a sua capacidade não se mostra dentro da curva

de carga do guindaste de terra. Equipamento alugado pelo estaleiro por ter seu uso

esporádico, não compensando o investimento. Pode ser visualizado na Figura 4.5.

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Figura 4.5 - Cábrea durante navegação

Fonte: Manobrasso Operações Marítimas

o Empilhadeira: O estaleiro possui duas empilhadeiras com capacidade de até 7

toneladas para movimentação de cargas em geral. Durante o reparo, uma

empilhadeira fica posicionada no convés do dique flutuante para movimentação de

equipamentos (Figura 4.6) enquanto a segunda fica no cais do estaleiro para

movimentações diversas. São utilizadas normalmente para movimentação de lemes,

thrusters, tambores de óleo, caixas de ferramenta, entre outros.

Figura 4.6 - Empilhadeira em movimentação de leme

Fonte: Autor

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o Plataforma elevatória: Plataformas elevatórias, também chamadas de cherry picker,

são utilizadas quando se deseja fazer algum trabalho em altura de maneira pontual,

não compensando a montagem de andaimes. São oferecidas 2 plataformas

elevatórias que permanecem a disposição no convés do dique flutuante durante todo

o reparo (Figura 4.7).

Figura 4.7 - Plataformas Elevatórias em serviços no Leme

Fonte: Autor

4.4 Limpeza/Pintura

Uma das categorias mais importantes no reparo é a Limpeza e Pintura do casco das

embarcações. Como o intervalo entre vistorias se dá sempre entre 2 a 3 anos, é comum um

grande acúmulo de incrustações abaixo da linha d’agua, além do desgaste natural da pintura

do navio. Com isso, são feitos diversos processos de tratamento do casco, começando pela

raspagem do casco, até a pintura final de toda a embarcação.

o Raspagem: Processo de limpeza mecânica do casco da embarcação, em que os

colaboradores do estaleiro utilizam espátulas de metal para remover todas as

incrustações encontradas abaixo da linha d’água. O serviço tem início muitas vezes

assim que a embarcação é retirada da água, e leva em média entre 1 e 2 dias para

ser finalizado. As incrustações são recolhidas do convés do dique e colocadas em

caçambas para seu posterior recolhimento por empresas especializadas.

o Hidrojato: Também utilizado para limpeza do casco, em geral quando se busca fazer

uma preparação para pintura do mesmo. A limpeza é feita através de jatos de água

doce em alta pressão, utilizando bombas específicas para tal. Oferecido em diversas

intensidades, como 5.000 psi, 10.000 psi, 20.000 psi e 36.000 psi. O menos potente é

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responsável pela limpeza de impurezas deixadas pelas incrustações e pedaços de

tinta ressecada (Figura 4.8). O hidrojato de 36.000 psi é utilizado na maioria das vezes

em situações exigidas pela Sociedade Classificadora ou pelo fornecedor da tinta a ser

utilizada. Pela sua potência ele é capaz de remover toda a tinta utilizada na

embarcação e placas ferruginosas geradas ao longo da vida útil da embarcação. Esse

tipo de limpeza é necessário quando o casco se encontra com grande grau de

oxidação e presença de pittings, podendo ser feita dentro dos padrões WJ4, WJ2, WJ3

e WJ1 (SSPC/NACE, 2002).

o Pintura: O estaleiro oferece serviços completos de pintura, considerando que os

materiais utilizados (Tintas e solventes) sejam fornecidos pelo Armador, além de

seguir o plano de pintura da embarcação. Tal documento, gerado pelo fabricante da

tinta utilizada na embarcação, fornece parâmetros de área a ser pintada, quantidade

de tinta a ser utilizada, quantidade e tempo entre demãos necessário. O inspetor de

pintura também acompanha o serviço, medindo variáveis como temperatura ambiente

e velocidade do vento durante a pintura, a fim de certificar o serviço realizado e

fornecer a garantia do produto empregado. A pintura é dividida pelas áreas: Fundo

Chato, Fundo Vertical, Costado, Casaria, e em embarcações dotadas de borda falsa,

Bulwark. No fundo chato e vertical são aplicadas demãos de Antifouling, a tinta anti

incrustante do casco, nas regiões abaixo da linha d´água.

Figura 4.8 - Hidrojato de 5.000 psi

Fonte: Autor

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42

Figura 4.9 - Pintura do Fundo Vertical de embarcação

Fonte: Autor

o Tratamento Mecânico ST-3: Atividade de acabamento superficial, mecânico,

realizado normalmente com lixadeiras pneumáticas com a intenção de remover placas

ferruginosas e outros sinais de oxidação. É feito em regiões onde por algum motivo

não seja possível aplicar o hidrojato de 36.000 psi, como acessórios, chapas de menor

espessura e equipamentos mecânicos.

o Baldeação / Desengorduramento: Preparação para a pintura, feita após às etapas

de hidrojato, para limpar a superfície a ser pintada de qualquer excesso de óleo,

gordura e impurezas que não tenham sido removidas anteriormente ou, por algum

motivo, tenham contaminado a superfície a ser pintada. Para o desengorduramento

são utilizados alvejantes diluídos em água durante a aplicação, enquanto a baldeação

é apenas uma limpeza com água doce em todo o casco.

o Pintura de Letras e Marcas: Nesse item são inclusos os serviços de pintura de

detalhes no casco da embarcação, como marcas de calado, nome da embarcação,

indicações de Thrusters, indicações de tanques, Disco de Plimsoll e número de

registro na IMO. Também é feita a marcação da linha d’água da embarcação, interface

entre a tinta Antifouling e a tinta do Costado.

o Caixas de Mar: Caixas de mar são cavidades encontradas no casco, onde ficam

posicionadas as tomadas de água salgada para todos os sistemas da embarcação.

Ficam normalmente protegidas com grades, que acumulam uma grande quantidade

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de incrustações, fazendo necessária sua manutenção ocasional. O estaleiro fornece

então serviços de abertura de todas as grades de caixas de mar, raspagem interna,

limpeza das grades além de hidrojato e pintura interna e o posterior fechamento das

grades.

Figura 4.10 - Embarcação após pintura completa e marcações diversas

Fonte: Autor

Figura 4.11 - Detalhe de Caixa de Mar aberta e pintada

Fonte: Autor

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44

o Amarras: O estaleiro fornece toda a parte de limpeza das amarras e ferros utilizados

no sistema de fundeio da embarcação. Para isso é feito o arreamento de toda a

extensão das amarras, que são dispostas no convés do dique com auxílio de

empilhadeiras. Após essa etapa, as amarras podem ter suas quarteladas pintadas

assim como os ferros (âncoras) podem receber 1 demão de tinta. Também são

oferecidos serviços de reparo das amarras, como medição de espessura de elos,

substituição de corrente, abertura e fechamento de elos kenter ou até a substituição

completa das amarras.

o Paiol de Amarras: No paiol de amarras ficam localizadas toda a extensão das

amarras do sistema de fundeio da embarcação. Quando recolhidas, carregam sempre

resíduos de lama e óleo, o que gera um acúmulo dos mesmos no fundo do paiol.

Periodicamente os Armadores devem limpar esses compartimentos para não diminuir

a vida útil do sistema. Dessa forma, é oferecida a limpeza do paiol, retirada de resíduos

e a remoção de incrustações ou resíduos ferruginosos, como também pode ser feito,

a pedido do Armador, a pintura do compartimento. Para tal, também é necessária a

abertura e fechamento das elipses do paiol, com a substituição das juntas de vedação.

Figura 4.12 - Amarras e Ferros no convés do dique

Fonte: Autor

o Limpeza de Tanques: De maneira similar às atividades no paiol de amarras, pode ser

feita a limpeza e pintura de tanques da embarcação. São abertas as elipses de acesso,

substituídas juntas de vedação, feita a limpeza e remoção de resíduos internos dos

tanques. Caso os tanques sejam de óleo combustível, óleo lubrificante ou óleo diesel,

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45

o Técnico de Segurança do Estaleiro deve fazer a aferição de gases internos,

atestando a segurança para trabalhos em espaço confinado, com emissão de relatório

de segurança. O estaleiro também fornece o último serviço de maneira avulsa, caso o

armador necessite acessar algum tanque de óleo.

o Bujões de Fundo: Caso se execute reparos em tanques localizados no fundo da

embarcação, e os mesmos não possuam contaminantes como óleo combustível ou

lubrificante, é possível fazer seu esgotamento através dos seus bujões de fundo. Os

bujões de fundo são aberturas que se distribuem ao longo do fundo da embarcação e

funcionam como ralos dos tanques. Tem a forma normalmente de um parafuso e uma

porca autotravante. O estaleiro fornece os serviços de abertura, fechamento, aplicação

de um isolante como cimento ou massa epóxi. Também pode ser feito um teste com

Caixa de Vácuo para atestar a estanqueidade do tanque, de grande importância para

a segurança da embarcação.

4.5 Caldeiraria/Mecânica

As atividades de caldeiraria e mecânica envolvem os serviços de reparo propriamente ditos,

ou seja, são responsáveis pela manutenção de partes da embarcação dentro do período de

reparo estipulado pelo contrato. Os itens de caldeiraria são, em geral, serviços que envolvem

o corte de equipamentos, tubulações ou partes do casco da embarcação. Os itens de

mecânica se referem a serviços de reparo de válvulas, filtros e selos, além da substituição ou

instalação de anodos de sacrifício.

o Reparo em chapeamento: É comum que em embarcações com maior tempo de

serviço (próximo dos 20 anos), seu casco já tenha perdido parte de sua espessura

inicial devido a ação de oxidação. Caso o Representante da Sociedade

Classificadora presente na docagem afirme que o chapeamento da embarcação

esteja abaixo dos limites definidos em regra, o Armador deverá solicitar a substituição

da seção identificada. A região é apontada ao Estaleiro, que define então o

procedimento do serviço, sua utilização de mão de obra e testes que serão feitos

após o reparo. É gerado então um orçamento do trabalho a ser aprovado pelo

Armador. Para chapeamentos externos, são montados andaimes na região do

costado da embarcação, e se necessário, andaimes internos à região do reparo, para

que sejam feitos cordões de solda em ambos os lados da chapa estrutural nova. Após

feito o corte de toda a região, é posicionada a chapa nova no local para sua solda.

São soldados também todos os reforçadores internos, como cavernas e escoas, que

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porventura estejam no local. Após todos os procedimentos de soldagem, são feitos

ensaios não destrutivos de acordo com a exigência do classificador, como Caixa de

Vácuo, Testes de Estanqueidade, Testes de Líquido Penetrante ou Ultrassom.

Figura 4.13 - Reparo de chapeamento no costado de embarcação

Fonte: Autor

o Reforçadores: Para reparo e substituição de reforçadores, todo o procedimento que

antecede o serviço ocorre de maneira análoga ao chapeamento. Assim, tendo o

classificador indicado qualquer irregularidade, o reparo é apontado ao Estaleiro que

fornece um orçamento para sua execução. Serviços de Engenharia, cálculo de

equivalências de reforçadores e dimensões do reparo ficam a cargo do Armador, que

pode ou não contratar uma empresa externa para tal avaliação. Como os

reforçadores são responsáveis por grande parte da resistência estrutural da

embarcação, se a dimensão do reparo se mostrar muito extensa, deverão ser feitos

reforçadores temporários na região, de forma que não ocorram deflexões no casco

ou chapas acima dos limites estabelecidos em regra.

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Figura 4.14 - Reforçadores internos danificados (flambagem)

Fonte: Autor

o Acessórios / Balaustradas: Pelo fato de navios de apoio operarem em condições

extremas, em um regime quase que ininterrupto, é comum um desgaste maior de

balaustradas, corrimãos e pequenos acessórios de convés por oxidação. Dessa

forma, o Estaleiro fornece serviços de substituição de seções de balaustradas,

corrimãos, além de olhais de peação, proteções de guinchos, degraus, suportes de

antenas, entre outros. Tais itens são apontados pelo Armador, e reparados de acordo

com o material utilizado e a mão de obra envolvida no reparo.

Figura 4.15 - Substituição de balaustrada

Fonte: Autor

o Tubulação: Tubulações de transferência de fluídos também se mostram bastante

afetadas pelos efeitos da oxidação ao longo da vida útil da embarcação. Tubulações

externas, no caso de navios de apoio offshore, são localizadas normalmente na

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região do Cargo Rail do navio, ficando expostas ao mar e intensificando sua

degradação. Sua substituição é sempre aconselhada, já que reparos não se mostram

boas soluções a longo prazo. O serviço oferecido pelo Estaleiro é segmentado de

acordo com o diâmetro da tubulação a ser reparado e sua extensão, embora o

material utilizado na tubulação, como aço carbono, aço inoxidável ou aço galvanizado

também afetam o valor final do reparo.

o Válvulas: O Estaleiro fornece itens de reparo de válvulas diversas, sendo os mesmos

separados por diâmetro e localização das mesmas. É feita sua desmontagem,

transporte da válvula para a oficina no Estaleiro, onde a mesma pode ser reparada e

testada, para então ser remontada na embarcação. Também são possíveis serviços

de lubrificação e beneficiamento das válvulas, ou seja, garantir uma extensão da vida

útil do material da válvula contra esforços de pressão. Para os testes, o estaleiro

detém de uma bancada com diversos gabaritos de dimensões diferentes onde as

válvulas são montadas e, com a ajuda de bombas manuais e manômetros, é testada

sua estanqueidade. Para válvulas comuns, apenas o Chefe de Máquinas acompanha

os testes, enquanto para válvulas de fundo que operam diretamente com as tomadas

de água salgada da embarcação, é comum a exigência da presença de um

classificador durante os testes.

Figura 4.16 – (1) Teste de válvulas sendo realizado na oficina do estaleiro (2) Anodos de sacrifício no costado de navio

Fonte: Autor

o Anodos: Os anodos de sacrifício da embarcação são trocados com frequência

durante sua vida útil. Eles são presentes em diversas partes do casco da

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embarcação, como dentro de caixas de mar, túneis de thrusters, bolinas, tubulões

Kort e lemes. Para o Estaleiro, são separados entre anodos externos (Figura 4.16(2))

e internos, e cobrados se acordo com seu peso bruto. Sua localização é dada de

acordo com o plano de anodos da embarcação, sendo soldados no casco em locais

com bases específicas para sua fixação. Existem diferentes materiais para anodos

de sacrifício, porém os mais comuns nesse tipo de aplicação se mostram os anodos

de Zinco ou Alumínio.

o Defensas: Algumas embarcações possuem defensas normalmente feitas a partir de

pneus de avião usados, usadas para proteção do casco do navio contra impactos.

São fixadas em seu costado através de correntes soldadas e, durante a operação do

navio, muitas vezes se soltam ou se danificam. O estaleiro oferece a substituição

completa das defensas, influindo suportes, correntes e manilhas, além da remoção e

reinstalação das mesmas.

Figura 4.17 - Defensas soldadas no costado de um navio

Fonte: Autor

4.6 Apoio

As atividades de apoio se referem principalmente aos itens de auxílio às empresas de

mecânica contratadas pelo Armador. Por se tratar trabalhos muito específicos, requerem

profissionais extremamente qualificados e uma estrutura de oficinas que o Estaleiro não

possui. Por padrão, acompanham os serviços mecânicos a fabricante do equipamento e a

empresa terceirizada responsável por sua manutenção. Ao estaleiro cabe a função de

caldeiraria, como corte te suportes, soldagem de olhais de içamento e remoção de grades

como também a limpeza e pintura das regiões se necessárias. Além disso, o içamento e

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movimentação de equipamentos fica sob a responsabilidade do estaleiro. Os serviços de

apoio podem ser separados em 3 grandes áreas: Linha de Eixo, Thrusters e Leme.

o Linha de Eixo: Para essa região são consideradas tanto embarcações de propulsão

convencional (linha de eixo, pé de galinha e leme) como também embarcações de

propulsão azimutal. Os serviços oferecidos nessa área envolvem a montagem e

desmontagem de andaimes para os serviços das empresas de mecânicas, solda de

olhais de içamento para remoção de equipamentos, drenagem de óleo hidráulico ou

lubrificante, polimento de pás do propulsor em limpeza e pintura da região. Há também

o serviço de remoção e reinstalação de guarda cabos, que são apêndices soldados

próximo a base dos propulsores para impedir que linhas de pesca ou cabos sintéticos

se enrosquem no eixo propulsor.

Figura 4.18 - Andaime sendo utilizado em propulsor azimutal

Fonte: Autor

o Thrusters: Nos Thrusters ocorrem atividades similares à linha de eixo, como limpeza

e pintura da região, no caso os túneis dos thrusters, soldagem de olhais de içamento,

montagem de andaimes e drenagem de óleo hidráulico ou lubrificante. Além disso,

também existem serviços de remoção, limpeza e pintura das grades de proteção dos

propulsores e corte e soldagem de asas de suporte dos thrusters. No caso de

propulsores azimutais retráteis, existe também o serviço de remoção e instalação de

guarda cabos e limpeza e pintura do compartimento.

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Figura 4.19 – Olhais de içamento sendo utilizados para remoção de SternThruster

Fonte: Autor

o Leme: Em embarcações dotadas de leme, sua remoção é imprescindível caso o

Armador deseje fazer algum reparo no eixo propulsor. Dessa forma, o estaleiro fornece

itens como solda de olhais de içamento tanto no casco do navio quanto no próprio

leme a ser içado, limpeza e pintura do mesmo além de montagem de andaimes.

Também existem atividades específicas como travamento dos flaps para prevenção

contra avarias durante a movimentação dos lemes, abertura de janelas de visita para

acesso às porcas de fixação do leme e abertura de plugs para esgotamento dos

mesmos. Também é oferecida a medição de folga na madre do leme.

Figura 4.20 - Lemes removidos, com janelas de visita abertas

Fonte: Autor

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4.7 Outros

Em “Outros” estão localizados todos os itens que não se encaixam nas categorias descritas

acima. Entre eles podem ser citados o fornecimento de Técnico de Segurança, obrigatório

durante todo o período de reparo, inclusive durante as manobras de docagem e desdocagem

da embarcação e a limpeza obrigatória do convés do dique flutuante anterior à desdocagem,

para impedir que qualquer resíduo contaminante gerado durante o reparo contamine a Baía

de Guanabara. Cabe ao técnico de segurança a abertura de Permissões de Trabalho (PT) de

todos os colaboradores do estaleiro dentro do navio, fazendo avaliações de risco, definindo

quais documentos os colaboradores devem apresentar, seguindo as normas de autoridades

brasileiras, além de identificar manobras e situações de perigo durante todo o período de

reparo. O estaleiro também fornece colaboradores de diferentes funções, contabilizados por

hora, como caldeireiros, soldadores, pintores, ajudantes, entre outros. Em “Outros” também

são incluídos o fornecimento de materiais consumíveis, como gases Oxigênio, GLP e CO2,

necessários para cortes e soldas, fornecimento de maquinários pequenos, como lixadeiras,

furadeiras, bicos de maçaricos, máquinas de solda, entre outros. Há também os Ensaios Não

Destrutivos (END), realizados em diversas situações de reparos estruturais, incluindo:

Medições de Espessura, Ultrassom em soldas, Líquido Penetrante, Partículas Magnéticas e

Teste de Pressão em Tanques. Há também o fornecimento de Refeições ao Armador, caso a

cozinha da embarcação esteja impedida de operar.

Figura 4.21 - END (Caixa de Vácuo) sendo realizado após reparo estrutural

Fonte: Autor

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5 Análise Desenvolvida

Em busca de um melhor entendimento de como os serviços apresentados anteriormente se

dividiram ao longo dos anos, desde a fundação do estaleiro em 2016, foi realizada uma análise

de todos os Relatórios Diários de Serviços (RDS) gerados em cada docagem. Além disso,

também se buscou analisar as PPU’s finalizadas parada cada embarcação, já que nas

mesmas são computados todos os serviços realizados nos navios, para fechamento comercial

junto ao Armador.

Entre os anos de 2016 e 2019, foram realizadas 70 docagens diferentes no dique flutuante do

estaleiro, gerando um total de 5.168 arquivos de RDS, no formato de planilhas de Excel. Para

analisar uma quantidade tão grande de dados, foi escolhido o software Power BI, da

Microsoft, ferramenta comumente utilizada em análise de dados financeiros de empresas,

principalmente na área de vendas e fluxo de caixa. Os Relatórios Diários de Serviços têm

como objetivo a validação dos serviços realizados junto ao Armador, de forma que se tenha

um documento físico, assinado pelo representante de ambas as empresas, certificando que o

serviço foi realmente feito. Dessa forma, seu padrão de formatação tem a finalidade de ser

impresso, dificultando a busca de informações diretas e que poderiam ser utilizadas no Power

BI, como pode ser observado na Figura 5.1.

Figura 5.1 - Exemplo de Relatório Diário de Serviço

Fonte: Autor

DATE FOLHA: RDS CONTRATO

OBRA: 0054 EMBARCAÇÃO: XXXX ARMADOR: XXXXX 28/03/2019 N° 01 010 XXXXX

ItemItem

PPUServiços Qtd Unid.

Data de

Inicio

Data de

Término

Hora

Início

Hora

Término

1 8.3.1 1 un 28/03/2019

2 8.3.2 dia 28/03/2019

ASSINATURA DO ARMADOR ASSINATURA DO ESTALEIRO

OBSERVAÇÃO.:

Atividades

Conectar ou desconectar mangueiras de água salgada, por conexão e

respectiva desconexão.

Fornecimento água salgada durante a Docagem da embarcação.

Sistema de

Combate de

Incêndio

RDS - RELATÓRIO DIÁRIO DE SERVIÇOS

SISTEMA DE COMBATE À INCÊNDIO

PCP - Plan. Controle da

Produção

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Foi necessário então criar um novo padrão de planilhas Excel, que pudessem ser lidas pelo

Power BI, tendo um caráter maior de banco de dados, diferentemente do padrão utilizado nos

RDS’s. O programa trabalha com a obtenção de dados a partir de uma variedade de opções,

sendo escolhido por comodidade, utilizar também o Excel. Foram criados então 4 planilhas

distintas:

o Cadastro de Embarcações: Onde se encontram informações de cada embarcação

docada, como dimensões, ano de construção, Armador a qual a mesma pertence, e

Gross Tonnage. Todas essas informações, com excessão do Armador, podem ser

retiradas do site Marine Traffic, site em que é possível também encontrar todas as

embarcações dotadas de AIS em tempo real, ao redor do mundo.

o Cadastro de Serviços: Nessa planilha foram transferidos todos os serviços

mencionados no Capítulo 0, retirados da PPU. Os serviços foram divididos em

Famílias e Grupos, que serão abordados posteriormente.

o Base Docagens: Nessa planilha estão incluídos detalhes acerca de cada obra de

reparo, como suas datas de início e fim, sua duração em dias, o ano em que a

docagem foi realizada e o tipo de docagem, entre Programada, Emergência e

Renovação de Classe.

o Serviços Executados: Onde todos os serviços informados nos RDS’s foram

computados. Foi criada uma planilha onde cada embarcação se encontra em uma

coluna, enquanto os serviços da PPU se encontram nas linhas. Buscando uma análise

simplificada, foram utilizados apenas parâmetros 0 ou 1, indicando se o serviço foi

realizado (1) ou não (0).

Uma quinta planilha, chamada Calendário também foi criada, porém a mesma só tem a função

de informar parâmetros de início e final de cada ano, para facilitar algumas visualizações no

Power BI. As planilhas podem ser relacionadas entre si, através do Power BI, utilizando

parâmetros em comum entre elas. Por exemplo, em Cadastro de Serviços são atribuídos

números (Item PPU) para cada serviço fornecido pelo Estaleiro, de forma que em Serviços

Executados a cada embarcação são atribuídos os itens que foram realizados na sua docagem.

De maneira análoga o nome dos navios aparece tanto na planilha Cadastro Embarcações,

como na Base Docagens e em Serviços Executados. As relações entre as planilhas podem

ser visualizadas na Figura 5.2.

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Figura 5.2 - Relações entre Planilhas no Power BI

Fonte: Autor

Buscando melhores análises das atividades executados foi decidido realizar uma mudança

nas divisões das mesmas em relação ao que o Estaleiro normalmente utilizava. Ao invés de

categorias, os itens serão divididos agora em famílias, fazendo também algumas

reorganizações entre os mesmos. Por exemplo, decidiu-se por retirar o fornecimento de

Técnico de Segurança do Trabalho da categoria “Outros” para o mesmo ser localizado na

Família “Docagem Padrão”, por se tratar de um serviço obrigatório de segurança, comum a

qualquer navio que deseje realizar serviços no estaleiro.

Utilizou-se um total de 8 Famílias de Atividades, sendo elas: Docagem Padrão; Atracação;

Reparo; Facilidades; Resíduos; Equipamentos; Pintura; Locação / Fornecimento. Dessa

forma, não se utiliza mais uma categoria geral como “Outros”, melhorando a qualidade das

análises que serão feitas.

As categorias Caldeiraria/Mecânica e Apoio, foram englobadas na Família Reparo, assim

como os serviços de Ensaios Não Destrutíveis e montagem de andaimes. A opção de juntar

todos esses itens se deu pela grande importância que tais serviços apresentam. De fato, os

serviços de apoio a mecânica e caldeiraria representam grande parte da carteira de atividades

do estaleiro, tanto em número quanto em valor monetário. São também os itens que impactam

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direto no tempo de docagem, na estrutura necessária ao estaleiro, e onde pode se buscar

entender quais os serviços mais realizados por Armadores em suas embarcações. As demais

famílias, como Equipamentos, Facilidades e Locação/Fornecimento, envolvem apenas a

utilização de maquinários do Estaleiro, que, apesar de ainda representarem grande parte do

faturamento do mesmo, não irão trazer muitas informações relevantes para as análises

procuradas. A parte de pintura, engloba os serviços de limpeza do casco e seu revestimento,

e embora seja importante a ponto de possuir uma Família específica, seus serviços são todos

subcontratados pelo Estaleiro, através de uma empresa específica para tais atividades. A

parte de Resíduos também foi separada da Família Reparo, pois em praticamente todas as

docagens ocorreu a utilização de algum serviço de remoção de lixo ou resíduos oleosos, o

que poderia atrapalhar a visualização dos serviços de reparo.

As 8 Famílias de Atividades foram subdivididas em 49 Grupos de Atividades, de modo que se

tenha um maior detalhamento das categorias de serviços fornecidos pelo Estaleiro. Tais

Grupos foram escolhidos através de fatores como tipo de equipamento, região de trabalho ou

serviço a ser realizado. Uma tabela com todos os Grupos e sua respectiva Família pode ser

visualizada na Figura 5.3.

Figura 5.3 - Divisão em Famílias e Grupos

Fonte: Autor

Alguns Grupos, que ainda apresentam grande quantidade de serviços, são ainda divididos em

Subgrupos. Por exemplo, o Grupo Thruster’s é dividido nos Subgrupo Bow Thruster, Stern

Thruster e Azimuth Thruster (Retractable), já que apresentam serviços muito similares, como

montagem de andaimes e fornecimento de olhais de içamento, embora sejam localizados em

Familia Grupo Familia GrupoDOCAGEM PADRAO ACESSOS RESIDUOS LIMPEZA DE CRACAS

FACILIDADES ÁGUA DOCE DOCAGEM PADRAO LIMPEZA DO DIQUE

FACILIDADES ÁGUA SALGADA RESIDUOS LIXO COMUM E CRACA MARINHA

REPARO AMARRAS E FERROS RESIDUOS LIXO CONTAMINADO / RESÍDUO OLEOSO

REPARO ANDAIMES EXTERNOS LOCAÇÃO / FORNECIMENTO LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

REPARO ANDAIMES INTERNOS LOCAÇÃO / FORNECIMENTO LOCAÇÃO DE INSTRUMENTOS

REPARO ANODOS DE CASCO FACILIDADES MÃO DE OBRA

PINTURA EXTERNA APOIO PARA PINTURA REPARO PAIOL DE AMARRAS

FACILIDADES AR COMPRIMIDO DOCAGEM PADRAO PREPARAÇÃO DE PICADEIROS

ATRACAÇÃO ATRACAÇÃO NO CAIS REPARO PROPULSÃO

DOCAGEM PADRAO BANHEIRO QUÍMICO FACILIDADES REFEIÇÕES

DOCAGEM PADRAO BARREIRA DE CONTENÇÃO REPARO REMOÇÃO PICADEIROS

REPARO BUJÕES DE FUNDO REPARO REPARO ESTRUTURAL

REPARO CAIXAS DE MAR DOCAGEM PADRAO SEGURANÇA DO TRABALHO

LOCAÇÃO / FORNECIMENTO CONSUMÍVEIS DOCAGEM PADRAO SERVIÇOS DE MERGULHO

REPARO DEFENSAS DOCAGEM PADRAO SISTEMA de COMBATE AO INCENDIO

DOCAGEM PADRAO ENCALHE E DESENCALHE FACILIDADES SUB-CONTRATADOS ARMADOR

REPARO END - ENSAIO NÃO DESTRUTIVEL REPARO TANQUES

FACILIDADES ENERGIA ELÉTRICA REPARO TESTES PNEUMATICO

RESIDUOS ESGOTO SANITÁRIO REPARO THRUSTER'S

DOCAGEM PADRAO ESTADIA PINTURA EXTERNA TRATAMENTO / PINTURA

FACILIDADES FORNECIMENTO DE ÁREA DE ESTOCAGEM REPARO TUBULAÇÃO

LOCAÇÃO / FORNECIMENTO GASES / CILINDROS REPARO VÁLVULAS

EQUIPAMENTOS GUINDASTE / EMPILHADEIRAS / PLAT. ELEVATÓRIA REPARO VENTILAÇÃO

REPARO ILUMINAÇÃO PROVISÓRIA

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regiões diferentes. Essa divisão foi apenas para estabelecer um maior detalhamento dos

serviços, não sendo de extrema importância para as análises propostas para o presente

trabalho. Os Subgrupos ajudam, entretanto, em possíveis visualizações que se deseje criar

no Power BI, e por isso foi decidido por mantê-los.

Figura 5.4 - Exemplo da planilha Cadastro de Serviços

Fonte: Autor

O software permite criar diversos “cartões” com gráficos, índices, tabelas, conectados à base

de dados, e ligando planilhas entre si. Foi uma maneira mais rápida de se interligar diversas

tabelas do que comumente se faria com o próprio Excel. Buscou-se fazer análises de tempo

médio de docagem para cada categoria de embarcação, tempo total de docagem em cada

ano de operação, média de duração de docagem por tipo de embarcação e seu tamanho,

além da distribuição de tipos de embarcação reparada e quantidade de obras por Armador.

Foi analisada também a taxa de ocupação do dique para cada ano, ou seja, quantos dias o

dique ficou sob utilização de algum armador em relação a quantidade total de dias do ano.

Como foco do estudo, também foram listados todos os serviços prestados pelo estaleiro ao

longo dos anos, sendo possível obter as atividades mais comuns, os grupos que tiveram maior

relevância como também a quantidade de embarcações que utilizou cada atividade, família

ou grupo.

Cabe notar que o Power BI torna todas as tabelas e gráficos interativos, de forma que se pode

procurar informações específicas de acordo com o Armador e o ano de docagem, como

também encontrar relações específicas para cada Grupo ou Família de serviços. Os painéis

gerados no software são chamados de Relatórios e podem também ser publicados na internet

para visualização por diversas pessoas. Exemplos de Relatórios criados podem ser

observados nas Figuras 5.5 e 5.6

Item

PPUFamilia Grupo Subgrupo Serviço

8.11.1 EQUIPAMENTOS GUINDASTE / EMPILHADEIRAS / PLAT. ELEVATÓRIA / BALSAGUINDASTE Guindaste do Estaleiro (100 tons.)

8.11.2 EQUIPAMENTOS GUINDASTE / EMPILHADEIRAS / PLAT. ELEVATÓRIA / BALSAGUINDASTE Guindaste do Estaleiro terrestre sobre rodas (35 ou 70 ton)

8.11.3 EQUIPAMENTOS GUINDASTE / EMPILHADEIRAS / PLAT. ELEVATÓRIA / BALSAGUINDASTE Guindaste do Estaleiro (acima de 100 tons.)

8.11.4 EQUIPAMENTOS GUINDASTE / EMPILHADEIRAS / PLAT. ELEVATÓRIA / BALSAEMPILHADEIRA Empilhadeira em hora normal

8.11.5 EQUIPAMENTOS GUINDASTE / EMPILHADEIRAS / PLAT. ELEVATÓRIA / BALSAPLATAFORMA ELEVATÓRIA Plataforma Elevatória em hora normal

8.11.6 EQUIPAMENTOS GUINDASTE / EMPILHADEIRAS / PLAT. ELEVATÓRIA / BALSABALSA DE APOIO Balsa de apoio

9.1.1 PINTURA TRATAMENTO / PINTURA RASPAR INCRUSTAÇÕES NO CASCO Raspar incrustações do Casco

9.1.2 PINTURA TRATAMENTO / PINTURA BALDEAR COM ÁGUA DOCE AREA DO CASCO Baldear casco com água doce

9.1.3.1 PINTURA TRATAMENTO / PINTURA HIDROJATO DO CASCO Hidrojato 5.000 psi

9.1.3.2 PINTURA TRATAMENTO / PINTURA HIDROJATO DO CASCO Hidrojato 10.000 psi

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Figura 5.5 - Relatório gerado no Power BI – Resumo Docagem

Fonte: Autor

Figura 5.6 - Relatório gerado no Power BI - Resumo de Serviços

Fonte: Autor

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6 Resultados Gerais do Estaleiro

Inicialmente buscou-se analisar características gerais das docagens realizadas no estaleiro,

como por exemplo, a taxa de utilização do dique ao longo dos anos. Com isso, foi traçado

também um gráfico de utilização diária do dique flutuante a cada mês, possibilitando uma

visualização geral da extensão dos reparos realizados no estaleiro. Como pode ser observado

no Gráfico 6.1, os reparos no estaleiro ainda se mostram bastante instáveis, intercalando

períodos de pico com períodos de baixa procura.

Gráfico 6.1 - Ocupação mensal do Dique Flutuante

A taxa de utilização do dique flutuante, ou seja, a relação entre a quantidade de dias em que

o estaleiro teve embarcações docadas e a quantidade de dias do ano, se mostrou crescente

desde a fundação do estaleiro. No ano de 2016, onde o estaleiro iniciou suas atividades em

agosto, alcançou uma taxa de utilização anual de 7,1%, enquanto os anos de 2017 e 2018

obtiveram taxas de 38,36% e 48,22%, respectivamente. No ano de 2019 o estaleiro finalizou

sua última docagem no dia 23 de dezembro, fechando o período com uma taxa de utilização

de 55,34%.

Também foi possível buscar dados sobre os tipos de embarcações que realizaram serviços

de reparo no estaleiro. Esses dados foram cruzados também com os tempos médios de

docagem e tamanho das embarcações. O tipo de embarcação que mais realizou reparos no

estaleiro foram PSV’s, seguidos por OSRV’s e RSV’s. Os PSV’s representam quase metade

dos navios docados (47,14%), e junto com os OSRV’s (14,29%), mostram similaridades com

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a distribuição apresentada pela (ABEAM, 2019), apresentada no Capítulo 1, onde esses dois

tipos de embarcação representam 48% dos navios de apoio no país. A distribuição completa

pode ser visualizada no Gráfico 6.2.

Gráfico 6.2 - Distribuição de Embarcações

Também foi possível encontrar médias de duração de docagem, ou seja, o quanto cada tipo

de embarcação permaneceu no dique flutuante. Esse dado é importante pois atualmente o

dique flutuante representa a única localidade que é possível serem realizados os reparos nos

navios. Assim, ter o dique flutuante ocupado, apesar de ser positivo, representa um

impedimento para o estaleiro em conseguir novos contratos. Também foi utilizado para

comparação, a Arqueação Bruta das embarcações (GT ou Gross Tonnage). O GT foi utilizado

para comparação de tamanho entre navios, já que representa uma medida de volume do

casco e casaria.

Tal cenário mudará assim que o estaleiro iniciar suas operações em seu terreno próprio, onde

será possível transferir navios de até 3000 toneladas para o cais de reparos. Dessa forma, o

gráfico gerado é relevante pois associa o tamanho das embarcações ao seu tempo médio de

docagem. Foi possível perceber, por exemplo, que balsas possuem o maior tempo médio de

docagem (12,2 dias), enquanto RSV’s possuem o menor (4,88 dias). Balsas são embarcações

sem muita complexidade, utilizadas para transporte de equipamentos e dificilmente passam

das 3.000 toneladas de deslocamento, já que não possuem casaria, motores, geradores ou

ou outros maquinários pesados.

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Como é possível observar no Gráfico 6.3, com exceção dos rebocadores, embarcações

menores costumam apresentar períodos maiores de docagem. Isso se deve ao fato de que

embarcações grandes de apoio a plataforma (PSV, RSV e AHTS) possuírem contratos muito

restritos com empresas de exploração de petróleo, não permitindo paradas para manutenções

extensas. A média de tempo de AHTS’s (10,33 dias) foi influenciada por uma vistoria de

renovação de classe, que exigiu extensos reparos estruturais, levando a uma docagem de 30

dias, maior tempo observado no estaleiro. Não considerando tal embarcação, a média de

tempo de reparo de AHTS’s se torna 6,4 dias.

Já os Rebocadores, apresentaram uma média de 5,5 dias, o que pode ser justificado pela alta

rotatividade desse tipo de embarcação, que deve estar sempre operando para atender

demandas nos portos da região de trabalho. Além disso, por se tratar de embarcações

menores, possuem uma menor quantidade de serviços a serem realizados, o que leva

também a uma diminuição do seu tempo em reparo.

Gráfico 6.3 - Média de Duração por Tipo de Embarcação

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Também foi possível analisas a divisão de tipos de docagens realizadas, entre Docagens de

Classe (Vistoria de Renovação), Programadas (Vistorias Intermediárias) e de Emergência.

Como foi possível observar, em 2018 e 2019 foram realizadas 3 vistorias de classe no

estaleiro, representando docagens com um maior número de serviços e tempo de reparos.

Como pode ser observado no Gráfico 6.4, além do número de embarcações reparadas ter

aumentado ao longo dos anos, a quantidade de dias realizando tais serviços também

aumentou. Em 2019 foram realizadas 26 docagens contra 22 no ano de 2018 e, além disso,

houve um aumento de 176 dias com embarcação no dique em 2018 para 202 dias em 2019.

Gráfico 6.4 - Distribuição de Docagens ao longo dos anos

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Outros dados encontrados foram:

70 docagens realizadas entre 2016 e 2019

Maior tempo de uso do dique flutuante: 30 dias (Classe)

Menor tempo de uso do dique flutuante: 2 dias (Emergência)

Armador com maior número de docagens: Armador D (26 docagens)

Armador com o segundo maior número de docagens: Armador B (16 docagens)

Gráfico 6.5 - Nº de Reparos X Armador

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7 Resultados dos Reparos Realizados

Através dos Relatórios Diários de Serviços (RDS) analisados, foi possível encontrar a

quantidade de embarcações que executou cada atividade oferecida pelo estaleiro. Apesar de

não conter dados de quantidade de cada serviço, ainda assim é possível encontrar padrões

nos reparos realizados ao longo dos anos.

7.1 Famílias e Grupos de Atividades

Primeiramente, a partir das Famílias de serviços definidas anteriormente, observou-se que

com exceção de Atracação e de Locação/Fornecimento de Equipamentos, todas as famílias

estiveram presentes em pelo menos 80% das obras de reparo. Entretanto, com a finalização

da construção do estaleiro, a atracação de embarcações provavelmente se tornará constante.

Como pode ser observado no Gráfico 7.1, Equipamentos, Reparo e Resíduos foram

solicitados durante quase todas as docagens realizadas (69, 68 e 68 respectivamente).

Gráfico 7.1 - Distribuição de Família de Atividades entre 2016 e 2019

De fato, dificilmente uma embarcação realizará reparos sem algum dos trabalhos presentes

nessas famílias, como uso de guindaste, destinação de resíduo sanitário ou reparos

estruturais, mesmo pequenos. Procurando um maior detalhamento de tais resultados, pode-

se analisar os Grupos de Atividades. Para isso, foram gerados dois gráficos, o primeiro,

contendo os grupos de reparo presentes na Família Reparo, e o segundo contendo todos os

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grupos excluindo os da Família Reparo e Docagem Padrão. Essa escolha foi feita para facilitar

a visualização dos itens, além de retirar grupos pouco relevantes para a análise, como os da

Docagem Padrão.

Gráfico 7.2 - Grupos X Total de Docagens (com exceção de Docagem Padrão e Reparo)

Como mostra o Gráfico 7.2, o Grupo Guindaste / Empilhadeira / Plat. Elevatória e o Grupo

Limpeza do Dique foram utilizados em mais de 95% das embarcações. O resultado já era

esperado, já que mesmo que o Armador decida realizar todos os reparos com empresas

externas, ainda será necessário algum tipo de equipamento para movimentar seus

componentes, ou mesmo o uso desses equipamentos pelas empresas contratadas. A limpeza

do dique é realizada sempre que ocorre qualquer atividade que gere resíduos no convés

principal do dique. Tais resíduos podem ser respingos de tinta utilizados em pintura,

incrustações que são removidas com a raspagem do casco ou também um possível

derramamento de óleo ao realizar manutenções nos Thruster’s por exemplo. Assim como a

utilização dos equipamentos, a limpeza do dique ocorrerá quase invariavelmente.

Já no Gráfico 7.3, representando os Grupos da Família Reparo, é possível ver a dominância

dos serviços de apoio à mecânica, representados pelo grupo Thruster’s e Propulsão. Além

deles, os trabalhos realizados em caixas de mar também obtiveram grande relevância,

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principalmente por se tratar de serviços simples em que Armadores procuram sempre realizar

durante as docagens.

Gráfico 7.3 - Grupos da Família Reparo X Total de Docagens

Atividades em Válvulas e Reparo Estrutural são de grande importância para o Estaleiro, porém

só apresentam ocorrência em 41,18% e 35,29% das embarcações. Tais reparos ocorrem

sempre em grande volume. Muitas vezes, são reparadas de dez a vinte válvulas por

embarcação, assim como podem ser feitos reparos estruturais de grandes extensões, caso

ocorra a necessidade de troca de chapeamento do casco. Suas ocorrências poderiam ser

mais elevadas, porém são impactadas em grande parte pelo fato dos dois principais

Armadores (Armador B e Armador D), possuírem estaleiros próprios. Apesar disso, tais

estaleiros ficam localizados no estado de Santa Catarina, o que leva aos operadores dessas

embarcações a preferir utilizar o dique flutuante do Estaleiro analisado, mesmo que apenas

para trabalhos de vistoria mais rápidos.

O Power BI permite ainda que se faça uma separação de dados por cada cliente, o que foi

feito buscando-se maiores informações sobre os reparos realizados pelos principais

armadores (Armador B e D). Como foi comentado no Capítulo 6, tais armadores operam 60

% das embarcações já docadas no estaleiro (42 no total), o que além de demonstrar a sua

importância, torna possível analisar estatisticamente as características de seus reparos. No

Gráfico 7.4 é possível observar a destruição das Famílias de Reparo para o Armador B,

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enquanto no Gráfico 7.5 encontra-se o mesmo para o Armador D. A diferença entre os dois

se torna visível apenas na Família Pintura, onde o Armador B optou pelo serviço em apenas

50% das embarcações, enquanto o Armador D o fez para 96% das embarcações.

Gráfico 7.4 - Distribuição de Famílias para Armador B

Gráfico 7.5 - Distruição de Familias para Armador D

O Armador B, além de possuir o próprio estaleiro, localizado em Santa Catarina, possui ainda

um dique flutuante no mesmo local. Dessa forma, é possível que serviços mais complexos,

vistorias de renovação de classe e limpeza e pintura do casco sejam realizados

preferencialmente nas dependências do Armador B. Já o Armador D, apesar de não possuir

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um local de retirar embarcações da água para vistorias, possui uma base logística no Rio de

Janeiro, o que leva ao mesmo realizar apenas atividades em locais submersos no Estaleiro

analisado. É possível também notar tal diferença entre armadores observando o Gráfico 7.6

e o Gráfico 7.7, gráficos dos Grupos de Atividades para o Armador B e D, respectivamente.

Gráfico 7.6 - Grupos de Atividades para o Armador B

Gráfico 7.7 - Grupo de atividades para o Armador D

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7.2 Atividades Detalhadas

Foi possível também analisar as atividades individualmente, bastando selecionar a Família de

Atividade e o Grupo de Atividade desejados dentro do software. Para evitar uma infinidade de

gráficos no presente relatório, serão exibidas apenas as atividades que o autor considera

importantes para a análise do estaleiro, como mencionadas anteriormente, envolvem os

Grupos Propulsão, Thruster’s e Reparo Estrutural.

Figura 7.1 - Exemplo de seleção de Famílias e Grupos de Atividades

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Esses Grupos representam um grande volume de trabalho e são importantes pois cada um

engloba diferentes atividades, que podem fornecer conclusões diversas. Por exemplo, dentro

do Grupo Propulsão existem 13 Atividades distintas, sendo que delas, apenas 10 foram

realizadas entre 2016 e 2019 (Gráfico 7.8). Isso pode significar que o estaleiro não se mostra

competitivo nos 3 trabalhos que nunca foram solicitados por Armadores.

Gráfico 7.8 - Atividades de Propulsão entre 2016 e 2019

Além disso é possível também observar mudanças nas atividades realizadas em diferentes

anos. Em 2018, por exemplo, dentro de Reparo Estrutural os dois itens mais comuns foram:

“Acessórios de Convés” e “Chapa/Peça plana entre 15 e 30 kg”. Já em 2019 as duas

atividades mais realizadas de Reparo Estrutural foram “Chapa plana de 101 a 500 kg” e

“Balaustradas e corrimãos”. Isso mostra um aumento da demanda por parte dos Armadores

em serviços de substituição de chapeamentos e pode demonstrar um aumento da confiança

no Estaleiro em realizar serviços mais complexos. Também pode significar uma exigência ao

Estaleiro em aumentar sua capacidade de processamento de chapas de aço de grandes

dimensões.

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Gráfico 7.9 - Atividades de Reparo Estrutural em 2018

Gráfico 7.10 - Atividades de Reparo Estrutural em 2019

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Já nas atividades em Thruster’s, os Bow Thruster’s assumiram o papel principal dos trabalhos,

devido principalmente a um maior número de embarcações de apoio contarem com Bow

Thruster’s e não com Stern Thruster’s ou Azimuth Thruster’s. Foram encontradas 45

embarcações realizando atividades no impelidores de proa, 33 em impelidores de popa e 10

em propulsores azimutais retráteis (Gráfico 7.11). A atividade majoritária se mostra a Limpeza

e Pintura do túnel nos Bow’s e nos Stern’s, e a montagem de andaimes para os Azimutais

retráteis. Os gráficos encontrados podem ser analisados abaixo:

Gráfico 7.11 - Subgrupos de Thruster's realçados

Gráfico 7.12 - Distribuição de atividades nos Bow Thruster's

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Gráfico 7.13 - Distribuição de Atividades nos Stern Thruster's

Gráfico 7.14 - Distribuição de Atividades nos Azimuth Thruster's

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8 Propostas de Melhorias

Como o Estaleiro está em processo de finalização de sua construção definitiva, é possível

sugerir melhorias para sua operação atual. Com a nova localização, é de se esperar um

aumento significativo da demanda por trabalhos e a criação de diferentes locais de reparos,

em diferentes embarcações. Será construído um cais definitivo, que muito provavelmente

serão realizadas atracações de navios para embarque de equipamentos e materiais diversos.

Além disso, atividades finais de reparo em itens acima da linha d’água poderão ser realizadas.

Com a ideia de se fazer Load-out4 de embarcações de até 3000 toneladas para o terreno do

estaleiro, surgirá a oportunidade de se reparar mais de 1 navio simultaneamente, o que não

é possível na operação atual do estaleiro. Surge então uma demanda por infraestrutura do

Estaleiro, que não será suprida com os equipamentos atuais. A ideia do presente capítulo é,

portanto, elencar uma série de sugestões para a melhoria da operação em sua nova

localidade, com base nas análises realizadas nos capítulos anteriores.

Figura 8.1 - Operação de Load-out de navio graneleiro

Fonte: Sungdong Shipyard

4 Load-out: Atividade de transferência de embarcações de uma estrutura flutuante para terra. Geralmente realizada com uso de trilhos ou plataformas hidráulicas motorizadas.

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Para facilitar a visualização do novo terreno, foi criado um desenho esquemático com as

dimensões reais do novo estaleiro. É possível observar na Figura 8.2 as três diferentes áreas

de reparo possíveis, sendo o dique flutuante (1), o cais de atracação (2) e o cais de reparos

(3). Fica claro que as áreas possuem uma distância entre si considerável, o que impossibilita

de os mesmos equipamentos atenderem aos diferentes reparos.

Figura 8.2 - Esquema do estaleiro definitivo

Fonte: Autor

Assim, a primeira proposta de melhoria seria a aquisição ou o aluguel de 02 unidades extra

de guindastes de terra. Com três guindastes de até 100 toneladas, será possível realizar

simultaneamente reparos no dique flutuante e no cais de reparos, além de movimentar

equipamentos para embarcações atracadas no estaleiro. Junto à aquisição dos guindastes,

serão necessárias também empilhadeiras e plataformas elevatórias extras, para atender aos

trabalhos no cais de reparos. Uma alternativa seria a utilização do atual guindaste apenas

para o cais de reparos e a instalação de um guindaste sobre trilhos (Boom Crane) na

extremidade do cais de atracação do estaleiro. Este equipamento, embora mais custoso,

poderia atender demandas tanto no dique flutuante como nas embarcações atracadas. Uma

terceira possibilidade seria a instalação de guindastes no próprio dique flutuante. Isso

aumentaria a flexibilidade do dique em realizar movimentações de cargas em toda a extensão

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da embarcação, além de permitir que retiradas de eixos dos navios fossem realizadas sem a

necessidade de guindastes menores (35 e 70 toneladas), posicionados no convés do dique.

Como impacto negativo, essa alternativa demandaria modificações na estrutura do dique

flutuante, além de diminuir o deslocamento máximo das embarcações docadas, já que estaria

adicionando peso ao mesmo.

Figura 8.3 - (1) Guindaste sobre trilhos // (2) Guindastes em dique flutuante

Fonte: HY Cranes

Também pode ser feito um planejamento da utilização de equipamentos no estaleiro. Por

exemplo, como visto anteriormente, o Armador B realizou serviços de pintura em apenas 50%

das embarcações. De um total de 16 navios, foi realizada a raspagem do casco em 7, a pintura

de marcas de calado e discos de Plimsoll em 4 e em 1 navio, foi feito hidrojato de 5.000 psi

(Gráfico 8.1). Dessa forma o estaleiro pode pensar em desmobilizar algumas plataformas

elevatórias das suas dependências (algumas são próprias e outras alugadas). Buscando

diminuir os custos operacionais pode-se trabalhar sempre com uma quantidade mínima de

equipamentos de acordo com cada Armador.

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Gráfico 8.1 - Atividades de Pintura para o Armador B

A segunda proposta de melhoria seria no sentido da criação de oficinas mecânicas e de

tratamento de chapas de aço. Como foi possível observar com o uso do Power BI, em 2019

ocorreu uma mudança nas atividades realizadas de Reparo Estrutural. Foi encontrado um

maior número de solicitações de serviços de reparo estruturais de grande porte, como troca

de anteparas completas de tanques e substituição de chapeamentos externos. Todo o

processamento dessas chapas de aço foi realizado em locais externos ao estaleiro,

aumentando o custo do reparo e diminuindo sua eficiência. Com a instalação de um galpão

de tamanho suficiente que consiga abrigar a parte de tratamento de chapas, corte e outras

atividades a competitividade do estaleiro aumentará consideravelmente.

Como as atividades na indústria do reparo são dificilmente previsíveis, pode-se utilizar o

mesmo galpão para abrigar os equipamentos de reparo em válvulas, como as bancadas de

testes e os gabaritos. Também pode ser centralizada toda a parte de caldeiraria externa aos

navios neste galpão, aumentando assim sua utilização e justificando o investimento em uma

estrutura fixa. Se possível, o galpão poderá também abrigar uma área separada de

almoxarifado e servir como local fechado para equipamentos dos Armadores. Para diminuir o

investimento inicial, e pela baixa complexidade necessária para abrigar diversas atividades

em seu interior, acredita-se que um galpão lonado seja a melhor escolha para o estaleiro.

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Figura 8.4 - Galpão Lonado de tamanho industrial

Fonte: Cobertex

A localização do galpão deve permitir seu acesso pelas 3 áreas principais do estaleiro, já que

poderá ser utilizado por embarcações em todos as etapas de reparo. Na Figura 8.5 é possível

ver a localização sugerida para o mesmo.

Figura 8.5 - Localização do Galpão no Estaleiro

Para a operação do estaleiro deverão ser tomadas algumas precauções. A primeira se refere

à utilização do dique flutuante. Como o mesmo será utilizado tanto para atividades de reparo

como para as operações de load-out de navios, a utilização do dique deverá ser planejada

com antecedência. A entrada de um navio no dique para reparo não poderá ser finalizada em

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uma data posterior à data que o navio em terra está planejado para sair. Dessa forma,

baseado nos tempos médios de reparo encontrados para cada tipo de embarcação, sugere-

se que a utilização do cais de reparos seja feita majoritariamente por balsas, OSRV’s e dragas,

que possuem médias acima de 10 dias de reparos.

Caso haja embarcação no cais de reparos e se deseje utilizar o dique flutuante para uma

docagem, deve-se atentar principalmente ao escopo inicial dos trabalhos, mas também pelos

dados encontrados nas análises de atividades. Por exemplo, caso em um reparo de uma balsa

previsto para 20 dias, uma embarcação PSV solicite uma docagem de emergência, em geral

não se deve considerar o trabalho possível caso faltem menos de 7 dias de reparos na balsa.

Como a média de tempo de reparo para PSV’s é de 6,52 dias, idealmente pode-se ainda

considerar uma margem de erro para os tempos médios, adotando um limite de 9 dias para a

docagem de um PSV no dique, enquanto o cais de reparos estiver ocupado.

Figura 8.6 - Planilha de referência para reparos simultâneos

Fonte: Autor

Na Figura 8.6 foi proposta uma planilha de referência para a realização de docagens

simultâneas no Dique Flutuante e no Cais de Reparos. A primeira linha em verde se refere ao

tempo total de reparo de uma embarcação no cais de reparos. As linhas seguintes são

relativas a cada tipo de embarcação. Em vermelho, a janela de tempo em que a embarcação

não poderá ser docada no dique flutuante. Em amarelo, é representada uma margem de

segurança, sendo o tempo médio encontrado nas análises com a adição de 2 dias extras. Já

as linhas verdes representam a janela de tempo limite em que uma embarcação poderá entrar

no dique flutuante. Tal planilha funciona apenas como referência. Caso um Armador procure

o Estaleiro para realizar um reparo e afirme que ele será finalizado antes da data prevista para

o fim do trabalho do cais de reparos, o mesmo poderá ser aceito. Caso a utilização do dique

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flutuante seja postergada, multas deverão ser aplicadas, já que o estaleiro será responsável

por atrasar a entrega da outra embarcação. Simulações de utilização mais complexas poderão

ser feitas pela equipe de Planejamento do estaleiro.

Esse novo modo de operação trará muitos benefícios para o estaleiro. A utilização do Load-

out poderá aumentar consideravelmente a utilização do dique flutuante. Cenário comum

atualmente é a solicitação de uma docagem durante a realização de um reparo em uma

embarcação. Utilizando o mesmo cenário do exemplo anterior, durante uma docagem de uma

balsa, realizando extensas trocas de chapeamento externo, pode surgir uma solicitação de

vistoria de emergência em um PSV. O reparo da balsa impede o estaleiro de aceitar os

trabalhos no PSV. Com o novo sistema, deve-se procurar sempre que possível permanecer

com o dique flutuante vazio, podendo atender a demandas emergenciais que, além de mais

rápidas, muitas vezes possuem um retorno financeiro elevado.

Pode ser criado então um sistema de prioridades, onde reparos curtos possuam prioridade no

dique flutuante, e reparos longos possuam prioridade no cais de reparos. Foram divididas as

3 áreas do estaleiro onde podem ser realizados reparos, dique flutuante, cais de reparos e

cais de atracação. Para as prioridades foram criadas 6 categorias, em 2 grupos: Tempo de

reparo e local de trabalho. As 6 categorias são Reparo curto (menos que 5 dias de duração),

Reparo médio (De 5 a 10 dias de duração), Reparo Longo (mais que 10 dias de duração),

Obras vivas (partes submersas), Convés Externo e Superestrutura. Foi criada uma tabela

sumarizando tais relações, que pode ser visualizada na Tabela 1.

Tabela 1 - Tabela de Prioridades

Ao dique flutuante, foi dado prioridade alta em atividades nas obras vivas e em reparos curtos.

Como mencionado anteriormente, deve-se procurar ocupar o dique flutuante o mínimo

possível, visando atender a reparos emergenciais.

Ao cais de reparos, a prioridade alta foi dada em atividades nas obras vivas e no convés

externo. Isso se dá em função de algumas atividades no convés que exigem remoção de

equipamentos e movimentação de cargas, que são facilitadas com a embarcação fora da

< 5 dias 5 a 10 dias > 10 dias

Reparo curto Reparo médio Reparo longo

Dique Flutuante ALTA BAIXA BAIXA ALTA BAIXA BAIXA

Cais de Reparos BAIXA ALTA ALTA ALTA ALTA BAIXA

Cais de Atracação ALTA BAIXA BAIXA - ALTA ALTA

PRIORIDADE

LOCALObras vivas Convés Superestrutura

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água. No cais de reparos podem ser realizados trabalhos mais longos, sendo assim o mesmo

também recebe prioridade alta para reparos com mais de 5 dias.

No cais de atracação podem ser feitos trabalhos de acabamento, carpintaria no interior da

superestrutura e serviços pequenos no convés. Apesar disso, grande parte dos reparos

deverão ser realizados nos outros locais do estaleiro, liberando o cais de atracação para

atividades logísticas dos Armadores. Assim, a prioridade alta foi dada apenas a reparos

curtos, e apenas no convés e na superestrutura das embarcações.

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9 Conclusão

Objetivo deste trabalho é de detalhar os aspectos que envolvem a indústria de reparo naval,

do ponto de vista de um Estaleiro de reparos, voltado para embarcações de apoio offshore.

Além de adentrar os diversos métodos de retirar embarcações da água para realizar vistorias

e manutenções, foi possível também especificar os diversos tipos de atividades que envolvem

o reparo navios de apoio.

A inerente imprevisibilidade da indústria de reparos ainda impede de se ter um planejamento

eficaz de todos as atividades que irão tomar parte em uma manutenção. Apesar disso, realizar

um estudo, buscando padrões nos trabalhos realizados em um estaleiro, ajuda a criar uma

base de dados operacional, procurando diminuir ao máximo as incertezas e imprevistos

encontrados quando se procura reparar navios de apoio offshore.

A análise realizada permitiu encontrar uma série de relações entre as atividades de reparo

efetuadas entre os anos de 2016 e 2019 no Estaleiro. Apesar de algumas características

operacionais já terem sido observadas desde a criação da empresa, a realização de um

estudo é importante para a quantificação e comprovação de “achismos”. Com os resultados

encontrados no presente trabalho é possível calcar tomadas de decisões e possíveis

investimentos futuros no Estaleiro.

Foi possível encontrar pontos fortes e fracos do estaleiro, com base no número de

embarcações que realizou cada trabalho. Nota-se que grande parte do volume de atividades

está voltado ao apoio operacional aos serviços de mecânica, como montagem de andaimes

e instalação de olhais de içamento. De fato, a atenção do Armador é quase sempre voltada

aos itens de manutenção do sistema de propulsão, que tem grande potencial de gerar atrasos

e impossibilitar a operação dos navios. Apesar disso, acredita-se que com uma melhor

infraestrutura, seja possível ganhar a confiança dos Armadores para realizar parte dos

serviços que hoje são feitos pelas empresas contratadas pelos navios.

Observou-se também uma possível mudança nas atividades de reparo estrutural. No ano de

2019 foram demandados mais trabalhos de troca de chapas do casco das embarcações,

exigindo uma maior capacidade de processamento de aço do estaleiro. Nos anos anteriores

foram encontrados majoritariamente atividades menores, como troca de peças pequenas e

reparos em corrimãos e balaustradas. Tal resultado pode demonstrar um aumento da

confiança dos Armadores na capacidade do estaleiro, e que com a infraestrutura correta, é

possível aumentar ainda mais a ocorrência de reparos estruturais de grande porte.

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Ficou clara também a constante melhora da indústria ao longo dos anos, saindo de uma taxa

de utilização do dique de 38,36% em 2017 para mais de 55% em 2019. Esses números

certamente serão ainda melhores a partir da implementação do sistema de Load-out onde

será possível desocupar o dique flutuante em reparos mais longos para receber reparos de

emergência ou vistorias curtas. Será possível aumentar a utilização do dique, abrindo diversas

frentes de atividades, em diferentes locais do estaleiro. Frequentemente durante alguma

docagem surgem solicitações de outras embarcações necessitando de reparos, que não

podem ser atendidas. Certamente com o terreno do estaleiro finalizado tais situações serão

menos frequentes.

Como proposta para trabalhos futuros, poderá ser realizado um estudo mais detalhado do

número de atividades em cada embarcação. Seria de grande utilidade possuir dados de

quantidade de mão-de-obra utilizadas em cada reparo, como também tempo de uso de

equipamentos e volume total de resíduos descartados. Para isso, se faz necessário uma

melhor organização do estaleiro, criando procedimentos padrão e garantindo também o

pessoal necessário para a realização desse controle. A forma como os dados são arquivados

hoje, seja na parte comercial, seja nos Relatórios Diários de Serviços, ainda são pouco

padronizados, o que de certa forma impossibilita de realizar estudos mais detalhados.

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Referências

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Outubro/2019. Acesso em 18 de Dezembro de 2019, disponível em Associação

Brasileira das Empresas de Apoio Maritimo: http://www.abeam.org.br/

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disponível em marinha.mil.br: https://www.marinha.mil.br/chm/dados-do-segnav-

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BRUCE, G., HILLS, B., & MCDOWALL, A. (30 de abril de 1999). Planning and Managing

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SSPC/NACE. (2002). NACE No. 5/SSPC-SP 12. Surface Preparation and Cleaning of Metals

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Zehetmeyer, M. M. (2014). Hydrolift para Estaleiro de Reparos de Navios. UFRJ,

Departamento de Engenharia Naval e Oceânica, Rio de Janeiro.