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Sete princípios: a teoria na prática O canal de informações do cooperativismo

Sete princípios: a teoria na prática - Revista MundoCoop · democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa. Falar sobre os princípios do cooperativismo

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Sete princípios:

a teoria na prática

O canal de informações do cooperativismo

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1º Adesão voluntária e livre 4 2º Gestão democrática 5 3º Participação econômica dos membros 7 4º Autonomia e independência 9 5º Educação, formação e informação 11 6º Intercooperação 13 7º Interesse pela comunidade 14

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Em 1948, em reunião realizada em Praga, a sociedade cooperativa foi definida nos seguintes termos: “Será considerada como

cooperativa, seja qual for a constituição legal, toda a associação de pessoas que tenha por fim a melhoria econômica e social de seus

membros pela exploração de uma empresa baseada na ajuda mínima e que observa os Princípios de Rochdale”.

Guardadas as especificidades locais e culturais, que interfere inclusive na forma de organização, as cooperativas de todo o

mundo buscam trocar experiências e dialogar, mantendo, para isso, organismos oficiais – como a Aliança Cooperativa Internacional

(ICA, na sigla em inglês) – e utilizando .coop como marca e domínio de topo genérico para os DNSs da internet.

Mas, o cooperativismo também se caracteriza globalmente por ser pautado por uma doutrina e por princípios comuns, derivados

das normas que os Pioneiros de Rochdale se impuseram a si mesmos desde o início e que ao longo do tempo sofreram alterações

pontuais e também ganharam inserções. Mundialmente, a ACI responde pela manutenção desses princípios, mas no Brasil, a

Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), enquanto organismo nacionalmente orientador do movimento, entre outras coisas, é

responsável por zelar pela vivência dos princípios em todas as cooperativas legalmente organizadas.

Esses princípios funcionam como linhas orientadoras por meio das quais as cooperativas levam os seus valores à prática. Ou

seja, demonstram como o segmento se organiza para atuar de maneira diferenciada em um mercado cada vez mais competitivo,

reforçando a diferença entre cooperativas e empresas mercantis.

Nas próximas páginas, cada um dos sete princípios é comentado por um presidente de uma Organização Estadual, esmiuçando

seu entendimento e sua experiência.

No mundo todo, mais de 1 bilhão de pessoas estão vinculadas ao cooperativismo, movimento que se organizou na Inglaterra,em 1884, e se faz presente em mais de 100 países.

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1º Adesão voluntária e livreAs cooperativas são organizações

voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os

seus serviços e assumir as responsabilidades como membros,

sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas.

Manter uma gestão alicerçada em princípios e valores é um dos principais diferenciais do

cooperativismo. Refletir sobre cada um desses princípios mostra-se uma atitude necessária,

especialmente diante dos enormes desafios éticos enfrentados pela sociedade brasileira atualmente.

Em relação ao primeiro princípio, adesão livre e voluntária, vale a pena salientar alguns aspectos.

Esse princípio estabelece que qualquer pessoa interessada em utilizar os serviços pode ingressar

em uma cooperativa, desde que o faça de forma livre e espontânea, e esteja disposta a aceitar as

responsabilidades da sociedade. Isso incentiva a decisão pessoal e madura de cada cooperado,

valorizando o protagonismo de cada pessoa na sociedade. É importante ressaltar que o associado

também é livre para se desligar da cooperativa a qualquer momento, se assim achar melhor.

Mas isso não significa que as portas devem estar abertas a qualquer um, de qualquer forma. O

cooperado deve se enquadrar nos critérios estabelecidos pela sociedade e, principalmente, deve estar

disposto a assumir as responsabilidades da sociedade. Deve incorporar o sentimento e a atitude de

empreendedor, de dono do negócio. Portanto, ao ingressar em uma cooperativa, a pessoa deve tomar uma

decisão consciente e estar disposta a compartilhar benefícios e possíveis riscos com os outros membros.

Outro aspecto interessante desse princípio é a igualdade. As cooperativas estão abertas às

diferenças, sem discriminação de ordem sexual, social, racial, política e religiosa. Essa abertura deixa

claro que a vontade de cooperar se sobrepõe às diferenças pessoais. Sem dúvida, um belo exemplo de

convivência democrática que pode nos guiar nesses tempos de ânimos acirrados e debates cada vez

mais acalorados em toda a parte.

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2º Gestão democrática

As cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática.

“A adesão voluntária não é sinônimo de adesão livre. A adesão livre é o princípio de porta

aberta. Toda pessoa é livre para entrar. O princípio da adesão voluntária significa que uma

cooperativa não poderá agrupar mais do que as pessoas que quiseram entrar, formar parte dela,

prescindindo de quaisquer obrigações externas”, disse Paul Lambert na obra Happiness, democracy,

and Cooperative Moviment. Buscando também referências na obra Bases do Cooperativismo, do

cooperativista colombiano Carlos Garzón, a gestão democrática ancora-se em duas palavras: a

gestão, que significa o ato de administrar, gerir, governar, conduzir, conceito advindo da Revolução

Industrial; e a palavra democrática, adjetivo qualificativo, de origem grega que significa governo

do povo, participativa, compartilhada, que assegura às pessoas liberdade de expressão e

manifestação de suas opiniões.

Gestão democrática, na cooperativa, portanto, unifica o conceito de autonomia, ou seja, a

administração das sociedades cooperativas deve estar nas mãos de seus próprios sócios, sem

a ingerência de pessoas e entidades estranhas. O conceito de democracia unifica participação

igualitária. No entanto, o sentido de hierarquia é essencial para qualquer organização para

que não haja interferências mútuas de um conceito com outro.

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Por sua vez, em 1969, na Alemanha, durante o XXIV Congresso da Aliança

Cooperativa Internacional, foi aprovada uma resolução que, dentre outros

pontos, recomenda:

• adaptar o sistema democrático às novas estruturas econômicas, de tal

modo que ofereça aos membros das sociedades cooperativas o máximo de

possibilidade para uma ativa partição;

• introduzir o desenvolvimento de um sistema de representação nas

sociedades cooperativas que realizam suas atividades dentro de um grande

raio de ação e/ou conta com um grande número de sócios;

• promover a estrutura democrática de modo que permita aos membros

das sociedades cooperativas, por intermédio de seus representantes,

designados pelas eleições, dirigir e controlar a política do

movimento, manter diálogo permanente e frutífero entre

as sociedades cooperativas e as organizações centrais no

espírito cooperativo, facilitando a distribuição de tarefas

entre os distintos níveis da estrutura com o fim de

assegurar o máximo de eficiência à ação do movimento

considerado em seu conjunto.

Um dos pilares do sistema cooperativo, juntamente

com os princípios da liberdade e dos demais que

configuram o caráter lucrativo deste sistema, é

a democracia, ou melhor, a gestão democrática,

consagrado na doutrina cooperativista e na lei.

Na linguagem cooperativa, este princípio se expressa

com a fórmula de “um homem, um voto”, fórmula que

incorpora conteúdo de valor incalculável e se constitui o princípio mais

importante de todos.

Nos tempos atuais, a senda do capitalismo, no ocidente, sufoca o

cooperativismo, ajusta-se as suas paixões para ficar parecido, porém,

desfigurado. O cooperativista, escritor e pensador pontiguar Manoel

Barbosa de Lucena explica o que acontece nas cooperativas nos dias

atuais: “subdesenvolvimento é ilusão de participação. Cultiva-se a

participação enquanto não atrapalha... Pretende-se fazer tudo pelos

sócios... sem eles.” Ai está o gargalo das cooperativas e o desafio a

superar: fazer tudo pelos sócios... com eles. Afinal, cooperativa é uma

sociedade de pessoas e não de capital.

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Os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades: desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação de reservas, parte das quais, pelo menos será, indivisível; benefícios aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa; e apoio a outras atividades aprovadas pelos membros.

3º Participação econômica dos membros

Os princípios que regem o modelo cooperativista, desde o seu surgimento, há mais de 170 anos

também norteiam as ações das cooperativas para que elas atinjam sua finalidade, que é contribuir

com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum.

Cada um dos sete princípios aborda um aspecto do cooperativismo, sendo que o terceiro

- Participação Econômica do Cooperado – relaciona-se à função societária (econômica) do

cooperado. Este princípio estabelece que “os cooperados contribuem equitativamente e controlam

democraticamente o capital de suas cooperativas e que, havendo excedente nas receitas,

os cooperados podem, por votação em assembleia geral, destinar o montante para algumas

finalidades, entre as quais, o desenvolvimento da cooperativa, através da criação de reservas ou

investimentos, ou para benefício dos cooperados (distribuição das sobras) na proporção

das suas transações com a cooperativa”.

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O terceiro princípio, portanto, trata da organização econômica da cooperativa, como meio para viabilizar suas atividades

fins e os objetivos propostos, bem como busca o envolvimento do cooperado na tomada de decisões relacionadas ao

mercado e utilização do capital da cooperativa. Mas o sentido deste princípio é mais profundo, pois diz respeito a expandir

o conceito de cooperação entre os cooperados e engajá-los, fazendo com que sintam e exerçam sua condição de usuários

e clientes da cooperativa.

Além disso, como disse Jean-Louis Bancel, presidente da Confederação Francesa das Cooperativas de Crédito, por

ocasião das discussões em torno das cartilhas orientativas da ACI, em 2012, “o terceiro princípio aborda uma das facetas

da sociedade cooperativa, ou seja, um de seus diferenciais, sendo que a dimensão econômica

da qual trata se constitui em um meio para assegurar a finalidade das ações das

cooperativas”.

Mas para que os cooperados entendam o seu papel na cooperativa, faz-se

necessário a organização por núcleos, comissões ou comitês, além de um

programa de comunicação eficiente. Construir uma relação de fidelidade

entre cooperado e cooperativa, afinal, a cooperativa só cresce com

aporte de capital e as sobras são rateadas conforme a participação do

cooperado com a entrega dos seus serviços ou produção.

No Paraná, isso existe há décadas, desde os Projetos de Integração

(PICs) criados nos anos 70, há um estímulo para a participação nas

Assembleia Geral, órgão máximo e onde as decisões são tomadas, bem

como para a organização de núcleos femininos, de jovens e famílias.

Este trabalho melhora a percepção das 220 cooperativas registradas no

Sistema Ocepar – que congregam quase 1,5 milhão de cooperados – sobre

a importância da organização para a busca dos objetivos definidos pelo

grupo. Mais integração traz mais comprometimento, transparência e segurança

para a cooperativa.

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4º Autonomia e independênciaAs cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa.

Falar sobre os princípios do cooperativismo é sempre um prazer, porque significa, na essência, falar

sobre um modelo de negócios pioneiro e transformador, que atravessa as décadas cada vez mais sólido

e preparado para ajudar a impulsionar a economia dos países.

Em especial, sobre o quarto princípio, que trata da Autonomia e Independência, registramos aqui

o quão significativo é para o controle democrático e efetivo dos seus membros. Este é o princípio que

garante a autogestão das cooperativas, ou seja, que todas as ações sejam realmente controladas pelos

cooperados, sem interferência externa de qualquer natureza, seja ela de outras cooperativas, empresas

privadas ou setor público.

Quem decide o que fazer em um empreendimento cooperativo é, de fato, o cooperado. Nenhum

órgão, empresa ou pessoa que não seja cooperada pode deliberar sobre assuntos pertinentes à

cooperativa, indicando porventura o que é certo ou errado. A autonomia para isso vem apenas da base

controladora do empreendimento: o cooperado, por ocasião das Assembleias Gerais.

Portanto, este princípio está diretamente relacionado também com o da Gestão Democrática,

resguardando que a participação do cooperado nas decisões de modo algum possa ser direcionada

por entidades externas.

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O quarto princípio confirma a atuação diferenciada do

cooperativismo na medida em que ressalta a importância da

responsabilidade própria, tão fundamental para a identidade

do setor. As ações e parcerias das cooperativas com outras

entidades não podem gerar vínculos e obrigações que limitem

suas decisões. Em síntese, esse é o resumo desse princípio.

Especialistas são enfáticos ao afirmar que caso

cooperativas firmem acordo com outras organizações,

ou recorram à capital externo, somente poderão fazê-lo

assegurando o controle democrático pelos seus associados,

ou seja, mantendo a autonomia das cooperativas.

Parece complexo, mas a ideia é bem simples: não apenas

preservar, mas garantir que as diretrizes e decisões das

cooperativas não dependam de entidades ou figuras externas,

nem mesmo do governo, e que os donos do empreendimento,

realmente participem do processo decisório. Lembrar isso é sempre

pertinente e nos torna diferenciados. Em qualquer momento e toda

hora, devemos afirmar, com orgulho, dentro e fora da cooperativa, que a

soberania cooperativista reside em sua autonomia e independência.

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5º Educação, formação e informaçãoAs cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.

Qualquer setor associativista necessita de um programa educativo sistematizado. Para o

cooperativismo, a educação cooperativista é questão de sobrevivência, pois o mesmo se afirma

em base educacional pela livre e consciente adesão de seus sócios. A ideia

de união para a ajuda própria exige superar a si mesmo, como indivíduo, para integrar-se à

coletividade, plenamente vinculada em objetivos comuns, procurados pela administração, e em

responsabilidades próprias.

A cooperativa é um sistema econômico que se define como sendo meio de ajuda própria

que promova os integrantes da sociedade. É, portanto, uma empresa econômica e, como tal,

deve operar. O pensar e o agir comercialmente fazem parte da vida cooperativa.

É tarefa educacional preparar os homens que trabalhem economicamente através de

união cooperativista e acreditem neste sistema como o mais vigoroso sistema de solução das

grandes necessidades humanas.

Uma educação sistematizada de cooperativismo se coloca como meta para preparar

estes homens que pensem, trabalhem e vivam a Doutrina Cooperativista.

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A obra pioneira de “Ajuda Própria” iniciou na Inglaterra, na fase do Liberalismo Econômico, na qual a “educação permanente fora um dos

principais postulados dos pioneiros de Rochdale”. A educação cooperativista foi o mais poderoso veículo da elevação do nível de vida do proletariado

britânico e, mais trade, do povo alemão. Segundo expressão do Professor Stuart, a missão cultural que as cooperativas realizaram foi condição de

sobrevivência das próprias cooperativas. “Fue el desarrollo acelerado del capitalismo industrial el que había de generar los factores que modelarían

un medio propicio para el nacimiento del esfuerzo cooperativo”. (1)

Transpondo o século do Liberalismo Econômico para os nossos tempos, temos de pensar, com Miguel Asturias: “Necessitamos avançar, mas não a

passo de séculos, como era antes, mas como se avança agora, vertiginosamente, e isso só se pode conseguir pela aplicação

das descobertas da ciência atual”.(2)

Como se aplica a ciência atual ao crescimento cooperativista? Dr. Walter Waidelich identifica o

Cooperativismo como um “avançar racional, um ato de conhecimento...”, ou como...”avançar cultural”, ou

... “crescer técnico de difícil e complexa tarefa econômica – como compreensão tradicional da missão

cooperativista num mundo em constante mutação”.(3) Por esta razão, a educação Cooperativista jamais

pode ser considerada como obra de luxo, mas como necessidade de sobrevivência do próprio sistema

de “Ajuda Própria” – que se alimenta de autonomia, reponsabilidade e administração próprias.

A Educação Cooperativista de forma sistematizada e permanente, aliada ao crescimento

e avigoramento das Cooperativas, é o melhor instrumento para o fortalecimento do sistema

econômico da “Ajuda Própria” na solução das desigualdades econômico-sociais.

À luz dos ensinamentos de sistema econômicos de países desenvolvidos, nota- se que o crescer

do Cooperativismo se operou nos mesmos passos com que a obra pedagógica o impulsionava. Essa

razão justifica plenamente os investimentos na educação, na cultura, na formação e na informação dos

cooperativistas e da população.

Educação é necessária para toda instituição, mas para as cooperativas é questão de sobrevivência.

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6º IntercooperaçãoAs cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

A intercooperação é um dos princípios mais relevantes, embora todos tenham importância. Afirmo isso porque a intercooperação é a

apuração da filosofia do cooperativismo, é o cooperativismo em sua maior essência. Afinal, se nós pregamos aos nossos cooperados a filosofia

cooperativista, que implica confiança e colaboração mútua, não teria sentido não fazermos o mesmo entre nossas cooperativas. Portanto, a

intercooperação é a própria afirmação da nossa identidade. Temos um exemplo recente de intercooperação, na qual estamos participando. É a

campanha “Vem Cooperar”, uma iniciativa inédita no cooperativismo brasileiro que une os dois maiores sistemas de cooperativas financeiras do

País, Sicredi e Sicoob, em parceria com as unidades da Organização das Cooperativas Brasileiras

dos Estados de Goiás (OCB-GO) e Tocantins (OCB-TO). Lançamos a primeira campanha publicitária

conjunta do ramo no País. A ação de mídia está promovendo o segmento, destacando que as

instituições financeiras cooperativas são uma alternativa atrativa ao sistema bancário tradicional.

O Sistema OCB/Sescoop-GO vai estender a mesma parceria com outros ramos do cooperativismo

goiano, além do Crédito. A ideia é também realizar campanhas publicitárias conjuntas e divulgar o

modelo de negócio cooperativista.

Ainda atendendo ao princípio da intercooperação, além desta campanha, estamos preparando um

espaço no térreo da nova sede da Casa do Cooperativismo Goiano, com previsão de inauguração em

2017, que servirá para que as cooperativas de crédito goianas tenham ali um ponto de atendimento

comum a todas as Centrais. Enfim, nós vamos buscar fazer uma intercooperação mais do que

entre cooperativas, mas também a intercooperação entre os ramos. O ramo Agropecuário fazendo

parcerias com o ramo Crédito, ou, por exemplo, incentivar para que as cooperativas agropecuárias

utilizem os planos de saúde das cooperativas de saúde, daí em diante.

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7º Interesse pela comunidade

As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros.

A preocupação com a comunidade é um dos princípios do cooperativismo. Trata-se de

uma capacidade característica das sociedades cooperativas, de proporcionar a inclusão tanto

econômica quanto social não só do quadro social, mas gerando oportunidades de trabalho e

renda também para as populações locais, nas regiões onde atuam.

Esse interesse pela comunidade está no DNA das cooperativas e, por serem sociedades de

pessoas, as cooperativas têm nos cooperados os próprios guardiões das comunidades onde

vivem, garantindo a sustentabilidade local. Este sentimento também está explícito na frase que

retrata o propósito desse modelo de negócios realmente diferenciado, o cooperativismo: “um

mundo mais justo, feliz, equilibrado e com melhores oportunidades para todos”.

Assim, o cooperativismo tem mudado para melhor a vida de milhões de pessoas, no Brasil e

no mundo, transformando realidades a partir de uma economia verdadeiramente compartilhada,

em que a base está na cooperação. O cooperativismo acredita que toda relação pode ser de

ganha-ganha e que o caminho para a construção de um mundo melhor está justamente no

trabalho conjunto.

Desse modo, no cooperativismo, que tem as pessoas como maior capital, as ações são

idealizadas e colocadas em prática pensando no todo. É com este pensamento plural que nós,

cooperativistas, trabalhamos diariamente buscando, sim, o melhor retorno aos cooperados, mas

com a missão de levar esses resultados a um número muito maior de pessoas da comunidade.

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A revista MundoCoop, há 16 anos, trabalha pelo

futuro das cooperativas, ciente da importância

da intercooperação, da educação do cooperado

e dos jovens para viver o cooperativismo de

forma cada vez mais natural e ampla.

www.mundocoop.com.br

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diversificado, o Coopplanning tem como meta ser

um instrumento diário de consulta por todos os

que atuam e se interessam por cooperativismo

enquanto movimento econômico e social.

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